Musicalidade

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A revista da musica

Alguém viu o João Gilberto por aí? Fomos até a Rua Carlos Góis, no Leblon, tocar a campainha do apartamento de João Gilberto. Afinal, é ele que vive dizendo ‘chega de saudade’. João não atende, mas as pessoas que o cercam estão por toda a parte e, uma a uma, traçam seu perfil

Arnaldo Antunes Confessionário O cantor e poeta está em turnê para divulgar o disco “Iê Iê Iê”


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Sumário

Materias 6 Herdeiros da voz 7 Jorge Ben Jor Mãos que embaralhão 9 Villa Lobos Heitor Villa Lobos - “O Folclore sou eu” 12 Entrevista Caetano 14 Capa “Alguém viu o João Gilberto por ai” 22 Arnaldo Antunes Confessionário 24 Morte das revistas A morte das revistas de música Seções 28 Seção fixa Teatro 29 Seção fixa Cinema 30 Seção fixa DVD’s 31 Pensamento Paulo Coelho

Expediente Editor e diretor responsável: Cesar Diretor editorial e jornalista responsavel: Bernard Ferreira Diretor de redação: Bruno Ferreira Redação: Rosana Duarte Chefe de arte: Raphael Kohn Editor de arte: Bernard Santos Revisão de texto: Anselmo Fernandes Diretor de publicidade: Anselmo Santos

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Herdeiros da Voz

Herdeiros da voz Por Marcos Sacramento

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eza a lenda – confirmada diariamente em nossos ouvidos – de que o Brasil é um país de cantoras. Sim, elas aparecem com vozes lindas, sedutoras. Do choro ao rock, sopranos e contraltos, discretas ou escandalosas. Mas nem só delas vive nossa música. O cantor das multidões também continua por aí. Mas ele mudou, as multidões também não são mais as mesmas. Já o cantor, o rádio-cantor, o canário que dá a cara a tapa pra cantar as desditas, as mazelas, tragédias, miudezas, grandezas, bobagens, dramas de todos os tipos, ele está aí. O intérprete de hoje anda pelo Brasil e mundo afora: Moyséis Marques, Pedro Miranda, João Pinheiro, Gonzaga Leal, Augusto Martins, Eduardo Canto. Anda pela Lapa: Lucio Sanfillipo, Eduardo Galltti, Makley Matos, Gabriel Cavalcante. Anda em São Paulo, nos palcos alternativos e principais: Rubi, Pedro Mariano, Renato Bras, Carlos Navas. Os herdeiros da voz estão em cena e é impossível (re)conhecer todos num país tão grande! Diogo Nogueira, Marcelo Vianna, Pedro Lima, Léo Tomassini (oh! a cilada das listas!). E Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta, que, além do trabalho em dupla, mostram-se versáteis em musicais como “Sassaricando” – este que tem como figura de proa o grande intérprete Eduardo Dussek. Estilos diversos, variados graus de inserção no mercado, mais ou menos conhecidos, todos saindo de casa diariamente para fazer seu trabalho: cantar! Tião Carvalho, João Sabiá, Sérgio Santos, João Cavalvante, Fênix, Marcio Gomes... Para citar apenas alguns representantes da novíssima geração, todos eles atuando no eixo Rio-São Paulo, que, como sabemos, esta longe de traduzir o tamanho do nosso país. Mas sem esquecer de veteranos como Jair Rodrigues, Zé Luiz Maziotti, 6

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“Eu canto samba porque só assim eu me sinto contente . Eu vou ao samba porque longe dele eu não posso viver (...) Há muito tempo eu escuto esse papo furado dizendo que o samba acabou. Só se foi quando o dia clareou” Paulinho da Viola Miltinho, Ataulfo Alves Júnior, Rhichahs Tantinho da Mangueira, Luís Melodia, Roberto Silva, Pery Ribeiro, todos em plena atividade! É preciso ouvi-los, saber por quem inflam seus pulmões, apreciá-los, saber o que cantam esses novos vibratos, trinados, dós de peito, galanteios, seduções vocais variadas, atributos redimensionados pela passagem do tempo. Habilidades redefinidas por tudo que foi assimilado ao longo das últimas 6 ou 7 décadas. Da Bossa-nova a Tropicália, das válvulas ao Protools, de Custódio Mesquita a Tom Jobim, de Vicente Celestino a João Gilberto! Gostar ou não gostar. Mas ignorá-los seria uma cruel injustiça. O Brasil talvez hoje não conheça tantos cantores quanto conhecia no passado. O cenário é outro: o país dos cantores-garanhões (assim como todo o mundo) sofreu profundas mudanças sexo-culturais e o patrimônio da voz masculina de outrora se redesenhou. O cara pode cantar fino, grosso, rebolando, sério, rindo, debochando, cantar pra dentro, pra fora, fazer

vibrato, “tonitroar”, ser metálico, de veludo. Pode tudo isso, e faz. Ainda assim, ele continua traduzindo sentimentos. Com outras cores, uma outra aproximação com a esfera dos sofrimentos e das alegrias. Existem bons cantores em atividade. Basta ter um pouco mais de curiosidade. Mas o ideal é ter a curiosidade no ponto máximo, porque hoje, ouvir rádio simplesmente, pode não significar nada. Porque hoje, ligar a TV e ficar esperando o Festival da canção, o Programa da Elizeth, o Dois na Bossa, A Grande chance, o Som Livre Exportação ou qualquer outro similar pode ser frustrante. Porque hoje, talvez seja necessário ficar acordado até às 3 da manhã uma vez por mês, esperando o Som Brasil para ser surpreendido. Porque tem cantor sim! E cantando bem! Sem querer levantar bandeiras e nem formar classe, três cantores se juntaram em um único show. Eu, Moyséis Marques e Pedro Miranda confirmamos nossa existência de maneira bem humorada e divertida dividindo cena no show Estamos aí. Estreamos depois do carnaval no Teatro Rival carioca em dois dias de lotação esgotada. Surgiram diversos pedidos e o que era para ser um encontro de dois dias já começa a virar um novo espetáculo. Voltamos ao mesmo palco nos dias 6 e 7 de abril com o show, que também começa a ensaiar novos vôos. Só pra comemorar e dizer que estamos - mesmo - aí.


Jorge Ben Jor Vamos começar falando de tudo que a caixa Salve, Jorge! não tem. Os 13 discos que Jorge Ben (então sem o Jor, adotado em 1989) gravou pela Philips não vêm acompanhados de libretos caprichados como deveria ser. Em suas contracapas, apenas textos pobres da jornalista Ana Maria Bahiana, além de fichas técnicas com zero de pesquisa, o que é muito estranho uma vez que a Por José Flávio Júnior coordenação do projeto é do jornalista Rodrigo Faour, responsável por trabalhos impecáveis, como o da caixa Camaleão, de Ney Matogrosso. On Stage, À L’Olympia e Tropical, três discos lançados pela mesma gravadora, só que no exterior, não entraram no pacote. A omissão é lamentável. A embalagem da caixa e a capa do CD de raridades (com 28 faixas tiradas de compactos, coletâneas ou que sobraram das gravações) não trazem imagens da época, entre 1962 e meados dos anos 70. Mas isso é porque Jorge não gosta de se ver moço. Ficou conhecido o episódio em que ele mandou a MTV mudar o cenário de seu Acústico porque havia uma foto antiga sua como pano de fundo - isso um dia antes da gravação do especial! E apenas por Jorge ser essa figura cheia de manhas e manias é que dá para relevar as pisadas de bola de Salve, Jorge!. A Universal - que herdou o catálogo da Philips - passou exatos dez anos tentando desovar esse material. E dele faz parte um dos cinco discos mais importantes da MPB: o filosófico A Tábua de Esmeralda (1974). Inspirado pelo que aprendeu em dois anos de seminário, Jorge compôs uma obra fascinante, capaz de mudar a vida de uma pessoa logo na primeira audição. Versos como “trazem consigo cadinhos”, de Os Alquimistas Estão Chegando, nunca mais serão repetidos. Só cabem mesmo no universo criado pelo cantor nesse clássico. Quase tão genial quanto A Tábua de Esmeralda, Solta o Pavão saiu um ano depois. Abre com a espetacular Zagueiro, provando que, em seu auge criativo, Jorge podia fazer poesia com qualquer personagem do futebol. Outro álbum irretocável é Ben (1972), cuja mística voltou a crescer depois que a canção Que Nega É Essa sonorizou a cena mais bonita do filme É Proibido Fumar, de Anna Muylaert. É dele também a gaiata O Circo Chegou, que rima “Deise” com “raio laser” (ou “leisi”, na pronúncia de Jorge). É verdade que teve sempre a companhia de grandes arranjadores e músicos (em especial o Trio Mocotó, banda de apoio em três discos, entre eles o referencial Força Bruta, de 1970). Mas nada é mais importante do que a levada que Jorge desenvolveu ao violão (e à guitarra, a partir de África Brasil, de 1976) com sua abençoada mão direita. Ela embaralhou rock, samba, funk, blues e obrigou a música brasileira a ir atrás.

Jorge Ben Jor - Mãos que Embaralham

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Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos O Folclore Sou Eu Perseguições policiais, comportamento de dom-juan, viagens à floresta amazônica para recolher sons indígenas. Conheça as lendas - e os fatos - que marcam a trajetória de Heitor Villa-Lobos, o maior compositor erudito do Brasil Por Paula Nadal

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compositor carioca Heitor Villa-Lobos morreu no dia 17 de novembro, há exatos 50 anos, como reiteram as diversas homenagens que se espalham pelo país. Mas quando nasceu? Por um bom tempo, a informação manteve-se envolta em mistério. Biografias de diferentes épocas apontam datas que oscilam entre 1881 e 1891. O enigma deve-se especialmente à peculiaridade de que o músico, considerado o maior autor erudito do Brasil, nunca se importou com a precisão cronológica. Sua carteira de identidade francesa, por exemplo, citava 1891 como o ano em que veio ao mundo. Já seu título de eleitor indicava 1883, e entrevistas concedidas pelo próprio regente mencionavam 1888. Foi o biógrafo Vasco Mariz quem matou a charada. Encontrou o registro fidedigno do nascimento na igreja de São José, onde ocorreu o batismo do artista. O documento exibe a data de 5 de março de 1887. Em contrapartida, outros aspectos da trajetória de Villa-Lobos continuam incertos. Com graça e entusiasmo, o músico gostava de espalhar lendas sobre si mesmo, descrevendo façanhas que costumavam alçá-lo à condição de super-homem. Agia assim não só para atrair as atenções, mas para reiterar a imagem de gênio revolucionário que o acompanhava. A estratégia surtia efeito porque tinha como lastro um talento e uma produtividade realmente excepcionais. O maestro assinou mais de mil composições ao longo dos 72 anos de vida. Do extenso legado, sobressaem dez óperas, 12 sinfonias, 20 peças para

violão e cerca de 200 para piano, um musical da Broadway (Magdalena), os 14 Choros e as nove Bachianas, em que buscou criar uma versão nacional dos Concertos de Brandemburgo, escritos por Johann Sebastian Bach. O regente concebeu ainda suítes, bailados, cantatas, sinfonietas e trilhas cinematográficas. Também incorporou à estrutura da orquestra sinfônica instrumentos percussivos como o reco-reco e o berimbau, ousadia que apenas engrossa uma extensa lista de inovações. Entre as muitas facetas nebulosas de Villa-Lobos, cultivadas ou não por ele, Musicalidade investigou sete, na esperança de distinguir as fronteiras que separam as lendas dos fatos. Confira o

resultado: 1- A LENDA O artista fugiu de casa com 16 anos, viajou pelo país e recolheu temas folclóricos de cada uma das regiões brasileiras. Os fatos De clarinete e violão em punho, o músico saiu mesmo de casa aos 16 anos. Contrariou a vontade da mãe, que desejava ver o filho estudando medicina. Depois de vender uns livros da biblioteca deixada pelo pai e, assim, amealhar algum dinheiro, Villa pediu abrigo à madrinha. Passou, então, a frequentar mais intensamente as rodas boêmias dos chorões cariocas. Sabe-se que permaneceu pelo menos dois anos Musicalidade - 9


Villa-Lobos

com o grupo Cavaquinho de Ouro, comandado por Quincas Laranjeira, e chegou a participar de uma homenagem ao aviador Santos Dumont em 1903. À época, já escrevia polcas e valsinhas, que apresentava nos bares, cinemas e cabarés da cidade para engordar o orçamento. “Sobre as viagens pelo Brasil”, diz o jornalista Toninho Vaz, que pesquisa a vida do maestro com vistas a uma biografia, “não é possível garantir quantas ele realmente fez naquele período.” Há fortes indícios de que se afastou do Rio de Janeiro em 1905 e circulou por Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, sustentando-se à custa de pequenos concertos e exibições esporádicas com grupos locais. Segundo Vasco Mariz, durante a jornada, o compositor teria anotado temas musicais que considerava interessantes em um código semelhante à taquigrafia. Essas anotações, ao que parece, inspiraram o Guia Prático, uma vasta antologia de canções populares infantis elaborada entre 1932 e 1936. Outros relatos alimentam a tese de que, também no começo do século 20, Villa-Lobos visitou o Mato Grosso e Goiás. Não existe, porém, comprovação dessas viagens. 2- A LENDA O regente formou-se no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro. Fez, ainda, cursos de harmonia com os professores Frederico Nascimento e Agnelo França. Os fatos Na verdade, o autor pouco estudou em termos formais. Não completou o ensino médio nem se diplomou pelo Instituto Nacional de Música (hoje Escola de Música da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro). É certo que, em 1904, passou por aquela instituição, mas muito rapidamente, para participar de um curso noturno de violoncelo e solfejo. Pesquisadores não descartam, entretanto, a possibilidade de que tenha assistido a aulas esporádicas em outros lugares. Foi o pai do maestro, Raul VillaLobos, um funcionário da Biblioteca Nacional, quem lhe deu as primeiras lições de violoncelo. Ele também o apresentou à noite fervilhante do Rio de Janeiro e às rodas de choro. Depois da morte precoce do pai, em 1899, o jovem músico seguiu convivendo com 10

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instrumentistas legendários da boemia carioca, como Anacleto de Medeiros e Felisberto Marques. Mesmo assim, não deixou de se influenciar pelas vanguardas europeias, principalmente pelos compositores franceses Maurice Ravel e Claude Debussy e, após a década de 1920, pelo russo Igor Stravinsky. 3- A LENDA Villa-Lobos regeu o primeiro concerto na cidade fluminense de Nova Friburgo, em 1915. Os fatos Levantamentos de Toninho Vaz atestam que Villa estreou como maestro no dia 26 de abril de 1908, quando dirigiu uma camerata de 17 músicos no Theatro Santa Celina, já demolido, em Paranaguá (PR). Durante a exibição, fez solos de violoncelo e mostrou uma de suas criações, Recouli. O compositor se fixou em Paranaguá depois de abandonar o Rio por causa das perseguições impostas pela polícia às rodas de choro. De início, refugiou-se em Niterói, na região de Gragoatá, mas acabou embarcando num navio rumo ao litoral paranaense. Lá trabalhou numa fábrica de banana glacê e apaixonou-se pela filha do coronel Elísio Pereira. O pai da moça lhe deu trabalho em sua empresa de navegação, exportação e importação, onde o músico exerceu por um ano e meio a função de caixeiro-viajante. Cogita-se também que, ao longo da estadia em Paranaguá, Villa-Lobos

tenha namorado a filha de um homem chamado Bendazesky, proprietário de uma fábrica de fósforos de duas ca-

beças — algo absolutamente insólito, ainda que verossímil. Especulações à parte, seu retorno ao Rio ocorreu assim que o pai de uma de suas namoradas o expulsou de Paranaguá, sob o argumento de que o regente não seria um bom partido. 4- A LENDA Em fevereiro de 1922, nos três concertos que conduziu durante a Semana de Arte Moderna, o maestro se apresentou de casaca e chinelo, com o intuito de provocar a plateia. Os fatos Realmente, nas três vezes em que subiu ao palco do Teatro Municipal de São Paulo, Villa-Lobos usava um elegante black-tie, sapato social num dos pés e chinelo no outro. Complementava o visual com um guarda-chuva, que lhe servia de bengala. Vaiada por boa parte do público, a atitude foi vista como iconoclasta . Se houve, a intenção agressiva do gesto certamente derivou de algo mais prosaico: Villa amargava feridas nos pés decorrentes do excesso de ácido úrico. Daí a necessidade do chinelo. O compositor participou da Semana depois de receber um convite do poeta Ronald de Carvalho e do diplomata Graça Aranha, que o procuraram em sua casa, no Rio. Villa se interessou de imediato pela ideia, mas lamentou não ter como bancar a viagem nem como contratar instrumentistas. Acabou conseguindo um patrocínio, mediado por Paulo Prado, paulistano influente, que obteve doações de empresários e produtores de café. O artista não escreveu nenhuma peça em especial para os três concertos. Enquanto os regia, enfrentou alguns contratempos engraçados, como a alça arrebentada do vestido de uma violinista, Paulina d’Ambrósio — o que levou um sujeito na plateia a gritar “Levanta a fitinha, moça!” e outro a indagar “Alguém tem um alfinete aí?”. Anos depois, em 1957, numa entrevista à revista Manchete, Villa-Lobos declarou que “a Semana de Arte Moderna fez um bem imenso ao romance e à poesia brasileiras, mas não aportou nada à música”. 5- A LENDA O maestro desbravou a selva amazônica para coletar sons indígenas. Os fatos Os únicos registros de uma viagem


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de Villa ao Norte do país são os programas de concertos realizados em Manaus e Belém, quando tocava com a Companhia de Operetas Luis Moreira, desfeita em 1911. “Se na ocasião o músico incursionou pela selva, não deve ter sido por muito tempo, já que ainda em 1911 ele se encontrou com uma namorada em Fortaleza”, avalia Fabio Zanon, um dos maiores violonistas brasileiros da atualidade e estudioso da trajetória do compositor (o músico toca neste mês em São Paulo.

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Caetano Veloso

Chega de Verdade Caetano Veloso fala de suas letras cheias de nomes, do futuro de seu “boteco virtual”, o blog obraemprogresso, pagode baiano, Lobão e seu gosto por shows. Confira a íntegra da entrevista que o artista, que lança Zii e Zie, concedeu a BRAVO! por e-mail ao editor de música José Flávio Junior.

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cidiu mudar o nome do disco de Transamba para Zii e Zie(ainda que o primeiro estivesse mais para um nome de trabalho provisório)? Caetano - O título nunca foi Transamba. Lancei a palavra como uma sugestão de definição do que estávamos fazendo. Descobri depois que havia o disco de Marcos Moran e Samba Som Sete chamado Transamba. Achei legal. Mas sempre pensei em pôr um título em italiano, possivelmente com uma expressão em que um som se repetisse em duas palavras. Lembrei de “pian, piano”, coisas assim, embora soubesse que não seria uma dessas. Fiquei maravilhado ao ler “zii e zie” em meio a uma frase de Istambul, de Orhan Pamuk, na tradução italiana (uma moça me deu o livro na Itália). Não tem nada a ver com Pamuk ou com Istambul. Era a língua italiana. A repetição do som “zi” condizia com o que eu buscava - e ser “tios e tias” tornava ainda mais profundo o sentido íntimo de saudade de São Paulo que venho sentindo na feitura de disco tão carioca.

gia da axé music? Esse pode ser seu próximo álbum? Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, que passeiam pelos ritmos urbanos da Bahia no Do Amor, estariam dentro do projeto? Caetano - Tenho esse sonho. Mas não sei se chegou o tempo. Sim, eu tocaria com Ricardo e Marcelo. E com Pedro Sá, Moreno (Veloso) e Davi Moraes. Além de Du e Jó, os irmãos gêmeos percussionistas geniais de Salvador. Talvez também fizesse sozinho com meu violão.

Musicalidade - Esse encontro com Chico para a capa de Bravo! levou você a pensar de alguma forma nos caminhos distintos que

ram dos 70 tocando com entusiasmo. Mesmo em minha geração há muitos. Gosto de tocar com esses músicos com quem toco porque todo o projeto nasceu de minhas conversas com Pedro Sá quando fazíamos (os discos) Noites do Norte e A Foreign Sound. Nossas inteligências convergem. Ele sugeriu Ricardo e Marcelo. Vi que não podia ter feito escolha melhor.

Musicalidade - Após Lobão lançar Para o Mano Caetano, sua obra coincidentemente passou a ficar mais interessante para muita gente. Você gravou o disco com Jorge Mautner, soltou o quase unânime Cê e mostrou as canções de Zii e Zie antes que elas

Musicalidade - Para Pedro Sá, Zii e Zie talvez seja até superior a Cê por ter um lado experimental mais nítido. Como você enxerga esse disco na sua discografia e no momento artístico que você está atravessando? Caetano - Cê foi concebido quase como um disco de heterônimo. Foi pensado e realizado com o fito de criar uma banda de rock com som e repertório originais. É um lance só, de ponta a ponta. Agora o que aconteceu foi que fizemos um disco com essa banda já existente e amadurecida. Aí a banda vem com mais inventividade e soltura. A nova abordagem de aspectos do samba é sempre em torno do óbvio mas é radical. Experimento. Mas não tenho uma visão de conjunto tão nítida, já que fui escrevendo as canções e mostrando-as em shows semanais e pela internet.

Musicalidade - Você escreveu, até como forma de provocação, que não há nada melhor do que pagode baiano. Ver o Psirico em cena reforça sua vontade de tirar do campo das idéias a tal antolo-

ambos seguiram? Por que o seu interesse na canção não morre, sua vontade de ir a shows não diminui e seu prazer por tocar com músicos novos não acaba, enquanto muitos artistas chegam aos sessenta desestimulados com a música pop ou mais empolgados com outras formas de arte? Caetano - A tendência a ouvir menos música na velhice eu já registrei em texto. Mas gosto de canção sempre. E de ir a shows. Shows me deixam excitado e sempre idéias vêm à minha cabeça quando estou na platéia de um show de Bethânia, dos Racionais ou do Radiohead. Não sei se Frank Sinatra ou Louis Armstrong, Roberto Silva ou Riachão tinham menos prazer em tocar quando chegaram aos 60: todos esses passa-

ficassem prontas na turnê Obra em Progresso, premiada por Bravo!. Exercitou até seu lado standup comedy (ou sit-down comedy) nessa temporada de shows, inclusive comentando uma entrevista de Lobão para o Jornal do Brasil. Você acha que deu um tempo com as verdades e viveu alguns enganos nesse período, como diz a música de Lobão? Caetano - Amo a frase de Lobão para mim: “Chega de verdade”. Toda hora me vejo precisando repeti-la para mim mesmo. Em Jeito de Corpo (do álbum Outras Palavras, que, aliás tem os nomes de todos os Trapalhões) eu digo: “Falta aprender a mentir/ Entro até numas por ti”. Continuo tentando. Musicalidade - 13

Caetano Veloso

Musicalidade - Por que você de-


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Alguém viu o

João Gilberto por aí? Fomos até a Rua Carlos Góis, no Leblon, tocar a campainha do apartamento de João Gilberto. Afinal, é ele que vive dizendo ‘chega de saudade’. João não atende, mas as pessoas que o cercam estão por toda a parte e, uma a uma, traçam seu perfil. Por Gilberto Amendola

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m 2002, Tião Alves ainda fazia entregas para o restaurante Degrau, famoso no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Um dia, o dono do estabelecimento chamou-o de canto e, em tom grave, pediu para que ele cumprisse uma verdadeira missão: “levar um bacalhau para um cliente muito especial e reservado.” Alves achou aquilo tudo esquisito demais. De qualquer forma, não ousou questionar a ordem. Alves seguiu para o prédio Jardim Leblon, na Rua Carlos Góis. Logo de cara, percebeu que o edifício não tinha nada de especial - era até bem simples. Ainda com as recomendações do patrão na cabeça, tocou o interfone e falou com o porteiro. “É uma entrega do Restaurante Degrau para o apartamento do oitavo andar.” Normalmente, os moradores dos outros andares precisam descer para pegar suas encomendas, mas aquele misterioso habitante tem o privilégio de esperar em seu apartamento. Contrariando uma norma básica de segurança de qualquer edifício fuleiro, o entregador é quem precisa subir para levar os pedidos. Alves só precisou tocar a campainha uma vez. Logo, a identidade daquele cliente foi revelada: era o calado, inacessível e figurão da Bossa Nova, João Gilberto. O entregador conhecia a fama do músico e teve medo.

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Capa O que aconteceu em seguida é o próprio Alves quem vai narrar. “Ele foi muito simpático. Me convidou para entrar e me ofereceu uma taça de champanhe. Como sou evangélico, não aceitei. Ele me ofereceu, então, um café. Depois ficamos conversando sobre futebol. Ele é vascaíno. Falamos sobre o Vasco. No final, me deu uma bela caixinha. Ele é uma pessoa maravilhosa.” Hoje, Alves é subgerente do Degrau. “Quando o João Gilberto quer fazer algum pedido é pra mim que ele liga. Só fala comigo. Ele gosta de um bom bacalhau ou de um badejo”, conta. “Quando tem algum pedido do João, os entregadores adoram. Ele é muito generoso.” A fama de “mão aberta” já é uma 16

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lenda entre os entregadores de comida do Leblon. Fala-se em caixinhas de R$ 10 a R$ 50 (além da simpatia e do convite para o cafezinho). Outro entregador, o Paulo Souza, 51 anos, confirma tudo. Há muitos anos no Restaurante Le Coin, também do Leblon, Souza diz que já subiu no apartamento de João. “Ele pedia muito picadinho. Agora, faz tempo que não pede. Acho que brigou com o gerente do restaurante. Até onde eu me lembro, a casa dele é bonita, mas não tem exagero. Não tem frescura de grã-fino. Ah, e a caixinha é maravilhosa”, diz. Aparentemente, o maior contato de João com o mundo externo se dá através dos entregadores de comida.

Tocamos o interfone A reportagem do JT foi tentar a sorte. Tocamos o interfone do prédio do João. Infelizmente, não existe um contato direto com o apartamento dos moradores, apenas com a portaria. Ainda assim, o porteiro permitiu que entrássemos no hall do edifício (mas sem fotos). “Aqui, fazemos o nosso trabalho. E o nosso trabalho é não deixar ninguém incomodar o morador”, diz Francisco Regis, 29 anos.Quando João vai receber alguma visita, ou um entregador de comida, ele avisa antes a portaria. Sem esse contato prévio, ninguém está autorizado sequer a tocar o interfone do apartamento. As visitas mais famosas ao João foram, segundo


Capa moradores, Miúcha (ex-mulher), Bebel Gilberto (filha), Caetano Veloso e Chico Buarque. Outro funcionário do prédio que fala um pouco sobre João é o garagista, José Benito de Souza, 62 anos. “Ele não dirige. É sempre um carro de vidro preto ou um táxi que vem buscálo. Aliás, dizem que é sempre o mesmo taxista. Não reparei. Ele é um homem muito educado e querido por todos aqui”, avisa Souza.Informalmente, a reportagem descobre que o esquema das “caixinhas” generosas funciona também com os funcionários do prédio. A rede de proteção a João Gilberto é sustentado por agrados de R$ 10 ou R$ 20.Os vizinhos são só elogios ao morador ilustre. Todos destacam sua educação no elevador. “Tem sempre um bom dia, boa noite ou boa tarde”, comenta a produtora de cinema Glória Carvalho, 40 anos. A única reclamação dela é, pasmem, em relação à falta de barulho. “Eu sou a vizinha de cima, moro no nono andar. Juro que eu queria que ele tocasse aquele violão mais alto. Infelizmente, nunca ouvi o violão do João. João, toca mais alto!”, protesta a vizinha.Segundo Krikor Tcherke-

“O João canta de 14 a 16 horas por dia. Ele fica ensaiando, procurando a nota. Ele ficou anos tocando Menino do Rio. Tocou umas 500 vezes a música até achar que ela estava perfeita.”

sian, ex-advogado, ex-empresário e amigo íntimo de João Gilberto, ele toca, sim, o seu violão no apartamento. “O João canta de 14 a 16 horas por dia. Ele fica ensaiando, procurando a nota. Ele ficou anos tocando Menino do Rio. Tocou umas 500 vezes a música até achar que ela estava perfeita.” Krikor explica que difícil mesmo é fazer com que o músico toque fora de casa. “Quando o João toca violão fora da casa dele, ele fica preocupado se tem algum microfone escondido gravando suas músicas, suas composições.” O amigo e ex-empresário também conta

que a vida do pai da Bossa Nova começa às duas da madrugada. “Nesse horário ele começa a ficar ativo. Quando tem amigos na sua casa, ele mostra as músicas. Ele diz: ‘Escuta essa, olha isso, escuta essa nova’. E assim ele vai, madrugada adentro.” Você já viu o João ? No prédio, não conseguimos mais nada. O jeito foi percorrer os arredores e sair perguntando: “Você já viu o João Gilberto por aí?”. O primeiro a responder a pergunta foi o jornaleiro Edmilson de Almeida, 37 anos. “Se eu já vi o João Gilberto? E você, já viu uma nota de duzentos?”, brinca. Mesmo assim, Almeida garante que viu João uma única vez. “Ele saiu com uma pasta embaixo do braço e ficou conversando com um homem, que parecia ser um empresário. Eu acho que eles estavam conversando sobre shows ou dinheiro”, lembra.Em um simpático café, pertinho do prédio de João, as atendentes falam sobre o gênio da Bossa Nova. “Aqui, a gente só encontra a Miúcha, ex-mulher dele. Eu acho que ele Musicalidade - 17


Capa não deve gostar muito de café”, analisa a balconista Luzia Quirilo, 32 anos. Percebemos que encontrar João Gilberto é uma espécie de prêmio ou, como disseram alguns vizinhos, uma bênção. Por isso, muitas lendas surgiram ao redor do edifício Jardim Leblon. Por exemplo, os guardadores de carro da região garantem que existe um sósia do músico circulando pela Rua Carlos Gois. “Toda vez que o João vai sair, um sósia desce primeiro e despista todo mundo”, garante Antônio de Souza, 41 anos, 20 deles trabalhando bem em frente ao prédio de João Gilberto. “Ele adorava dirigir. Pegava o carro e saía pela madrugada dirigindo. Hoje, João não dirige mais por dois motivos. Porque já está com mais idade e porque não ia ficar legal ser assaltado no semáforo ou morto por algum bandido”, comenta o amigo Krikor.Na videolocadora, localizada embaixo do prédio, uma atendente (que pediu para não ser identificada) conta que uma mulher jovem costuma retirar vídeos para João Gilberto. Que tipo de filme o músico assistiria em casa? “Comédias leves”, revela a atendente.A história mais surreal de todas, no entanto, é a do vendedor de coco Severino Avelino, 39 anos. O homem trabalha para uma barraca na praia do Leblon chamada João. “Nada a ver com o João Gilberto. João é apenas o nome do dono da barraca”, explica. Avelino afirma que já serviu uma água de coco para João Gilberto. “Ele estava sem camisa e de bermuda, sentado de frente para o mar. Eu ficava levando coco pra ele. E ele tomando sol e curtindo a praia.” Colaboração: Felipe Branco Cruz

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João Gilberto fará shows em São Paulo, Rio e Salvador AE - Agencia Estado

SÃO PAULO -

No ano em que a Bossa Nova completa 50 anos, João Gilberto retorna aos palcos para apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Na capital paulista, o público terá a oportunidade de ver o cantor em dois shows, nos dias 14 e 15 de agosto, no Auditório do Ibirapuera. Daqui, ele segue para o Teatro Municipal carioca e, depois, para Salvador, onde se apresenta no Teatro Castro Alves. A venda de ingressos será anunciada em breve. Esta é uma das raras chances de ver o músico, que faz poucas aparições no cenário artístico. Para este ano, estão previstos apenas oito shows, incluindo as quatro apresentações que ele fará no Brasil. No dia 22 de junho, o baiano fará uma única apresentação no Carnegie Hall, em Nova York, e, em novembro, três concertos no Japão. João Gilberto é considerado um dos criadores da Bossa Nova. O músico passou meses ensaiando exaustivamente até encontrar a batida ideal do seu violão e um jeito de cantar que limpava todos os excessos. Ao unir seu som e sua voz às melodias de Tom Jobim e às letras de Vinicius de Moraes, João inventou o gênero, cujo marco inicial é o lançamento do disco ‘’Canção Do Amor Demais’’, de Elizeth Cardoso, só com composições de Tom e Vinicius. Ali já havia o violão de João Gilberto em duas faixas. Entretanto, a voz do cantor só surgiu quando ele lançou, em 1958, os clássicos Chega de Saudade e Bimbom. As informações são do Jornal da Tarde. João Gilberto. dias 14 e 15 de agosto, no Auditório Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº. A venda de ingressos será anunciada em breve. Informações: (011) 5908 - 4290 ou www.auditorioibirapuera.com.br

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Para críticos, João Gilberto e bossa nova ainda são insuperáveis FERNANDA EZABELLA - REUTERS

SÃO PAULO - Nos 50 anos da bossa nova, apenas um nome faltava para completar as comemorações que se espalham pelo país. O cantor e violonista João Gilberto confirmou oito apresentações para este ano, a partir de junho, para celebrar o gênero que ajudou a fundar, com seu cantar meio falado, meio baixinho, e seu jeito novo de tocar violão. “João Gilberto não dá um show, dá um recital”, diz Zuza Homem de Mello, crítico e historiador de música, explicando que o artista baiano de 76 anos está longe das parafernálias que os artistas usam em suas apresentações. De fato, basta um banquinho e um violão, praticamente sinônimos de bossa nova, para o cenário de um “recital” de João Gilberto. “Ele prescinde de tudo o que é efeito. Prescinde de tudo o que é necessário para mascarar a essência do espetáculo que é a música propriamente dita”, continua Zuza, autor de “Folha Explica João Gilberto”, em entrevista à Reuters. O deslumbramento de suas platéias sempre lotadas vem em grande parte das sutilezas e detalhes com que ele cria e recria, de forma obsessiva, canções que o acompanharam por toda sua carreira -- como “Doralice”, “Corcovado”, “Insensatez”, “O Pato”, “Samba de uma Nota Só”. “Agora, isso só é percebido por quem está prestando completa atenção na apresentação dele ou no disco”, disse. “Senão, a pessoa acha que é a mesma coisa. É sutil.” O primeiro show do ano será em 22 de junho no Carnegie Hall, em Nova York. Depois, se apresenta nos dias 14 e 15 de agosto no Auditório Ibirapuera, em São Paulo; dia 24 de agosto, no Theatro Municipal do Rio; e dia 5 de setembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Haverá ainda três shows no Japão.

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Jo達o Gilberto, chega de deixarmos com saudade...

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Arnaldo Antunes Confessionário O cantor e poeta está em turnê para divulgar o disco “Iê Iê Iê” Por Armando Antenore

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estos mínimos, simplórios, quase imperceptíveis têm o poder de anular o mal? Uma parte de Arnaldo zomba da pergunta: claro que não! Mas outra parte hesita: claro que não? E, sem grande esforço, logo se impõe. É por isso que o cantor nunca deixa de bater na madeira quando escuta, diz ou pensa algo ruim. Três pancadinhas curtas, toc toc toc, e as nuvens pesadas se dissipam, ainda que ilusoriamente. Se não há madeira nas proximidades, bate sobre a própria cabeça com a mão direita fechada. Gestos mínimos, simplórios, quase imperceptíveis que, no entanto, revelam uma pretensão imensa: a de conter o indomável — Virginianos, ensina a astrologia, gostam de organização. Precisam ordenar tudo e detestam não acabar uma tarefa. Arnaldo nasceu em setembro de 1960. Está sob a regência de Virgem. Portanto... Espalha listinhas de afazeres pelas bordas do computador que mantém no quarto. Passa meses ensimesmado à procura de soluções para um disco ou um livro inconcluso. E perde o sono por causa de e-mails que não conseguiu responder durante o dia. — Em cena, também costuma bater na cabeça. De novo, um gesto mínimo e simplório, só que nada imperceptível. Arnaldo desfere um tapinha na testa, joga-se de leve para trás e meneia o corpo simultaneamente, como quem toma um passe e mergulha num rápido transe. O palco torna-se, então, um lugar de descarrego e entrega. O reino onde o compositor finalmente se curva à desordem e celebra o descontrole. Desde os 19 anos, engata um casamento no outro. Foram três uniões, incluindo a atual, com a artista plástica Márcia Xavier. As duas primeiras seguiam um modelo mais corriqueiro. A de agora se dá em casas separadas. Romântico, afetuoso, sente-se bem numa relação estável e duradoura. Talvez até acredite em almas que se completam à semelhança de tampas e panelas, pés cansados e chinelos velhos ou metades de uma única laranja. Mas evita admitir porque não suporta chavões. — Na adolescência, buscando extravasar os ímpetos amorosos, gravou a Fita das Musas com o grupo de amigos que, depois, iria fundar os Titãs. Tratava-se de um K7 em que os garotos reuniam vinhetas, músicas e poemas inéditos. Uma parcela considerável das criações se referia às mulheres que incendiavam os sonhos dos rapazes. A lista, muitíssimo democrática, englobava tanto as meninas da vizinhança quanto a inquieta Yoko Ono, parceira de John Lennon, e a inebriante Maria Schneider, estrela do filme O Último Tango em Paris. Ele não sabe, nem deseja saber, de onde vieram seus antepassados. Portugal? Espanha? Tampouco se preocupa em descobrir a etimologia do próprio nome. Sinceramente, não vê nenhuma graça em bancar o arqueólogo de si mesmo. Quando morava com os pais e os seis irmãos, se mudou umas sete vezes, sempre dentro de São Paulo. Tinha prazer de integrar uma família tão nômade. Os deslocamentos, típicos da classe média que paga aluguel, não lhe traziam insegurança ou angústia. Pelo contrário: imaginava-se um explorador que jamais desperdiçava a chance de ocupar novos territórios. — Adulto, se estabeleceu no Alto de Pinheiros, bairro nobre paulistano. Entretanto, por força das turnês, continua alimentando o espírito andarilho e não sofre com as agruras que teimam em assombrar os viajantes de carteirinha. Tumulto nos aeroportos, alterações drásticas de clima, saudades do temperinho caseiro? Nada o incomoda. Aprecia as viagens mesmo nas ocasiões em que a agenda apertada só lhe permite ir do hotel para o local do show. Observar uma cidade desconhecida pela janela do carro é também um modo de vivenciá-la. Certa vez, ainda adolescente, o cantor levou uma bronca do pai, um professor de matemática que cultiva o hobby de tocar piano. Arnaldo não lembra exatamente o que motivou o puxão de orelha. Recorda-se, porém, que estremeceu diante dos gritos paternos. As pernas bambas o desnortearam. Concordava que deveria respeitar o “velho”. Mas sentir medo dele? Por quê? Não encontrava argumento razoável que legitimasse o terror. Chamou o pai de lado e lhe pediu: “Nunca mais me deixe temê-lo” — Hoje, com os quatro filhos, tenta justamente inspirar respeito sem disseminar o medo. Nem sempre consegue. Musicalidade - 23


Morte das revistas

A morte das revistas de música Braulio Lorentz

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leitor que passa os olhos pelas revistas penduradas nas bancas de jornal não tem chance de encontrar uma publicação que seja dedicada à música, sem segmentações de estilo. Só no ano passado, três revistas sobre bandas, discos e shows pararam de circular: Bizz e Revista da MTV, da Editora Abril, e Outracoisa, da L&C Editora. Em meio a um punhado de títulos especializados em gêneros (heavy metal, eletrônica) ou voltados para instrumentistas, sobrevive a versão brasileira da Rolling Stone - que tem na música seu assunto principal, mas que também fala de política, TV, cinema e comportamento. O mercado de música infelizmente nunca teve um grande número de leitores - sentencia Ronny Hein, diretor da Editora Peixes, com títulos sobre cinema, TV, culinária e surf, entre outros. - Revistas do gênero sempre sobreviveram por meio de assinantes e anúncios de gravadoras. Os mercados editorial e fonográfico estão aturdidos, em busca de novos caminhos.

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Morte das revistas O leitor que passa os olhos pelas revistas penduradas nas bancas de jornal não tem chance de encontrar uma publicação que seja dedicada à música, sem segmentações de estilo. Só no ano passado, três revistas sobre bandas, discos e shows pararam de circular: Bizz e Revista da MTV, da Editora Abril, e Outracoisa, da L&C Editora. Em meio a um punhado de títulos especializados em gêneros (heavy metal, eletrônica) ou voltados para instrumentistas, sobrevive a versão brasileira da Rolling Stone - que tem na música seu assunto principal, mas que também fala de política, TV, cinema e comportamento. - O mercado de música infelizmente nunca teve um grande número de leitores - sentencia Ronny Hein, diretor da Editora Peixes, com títulos sobre cinema, TV, culinária e surf, entre outros. - Revistas do gênero sempre sobreviveram por meio de assinantes e anúncios de gravadoras. Os mercados editorial e fonográfico estão aturdidos, em busca de novos caminhos. Para José Wilson Fonseca, diretor geral da MTV, há um contexto desfavorável para as publicações musicais. - Não acho que seja coincidência o

fim dessas três revistas - afirma Fonseca, que ainda lamenta o fim da publicação de sua emissora, em dezembro, que era distribuída só para seus 17 mil assinantes. - Talvez o tema música não tenha força para manter uma publicação mensal. A notícia está na internet Fonseca decidiu acabar com a versão do canal no papel, mesmo tendo tantos assinantes. Ele conta que preferiu concentrar esforços em fazer mais programas ao vivo e na entrada da TV digital no Brasil, que exige grandes investimentos e encarece muito a produção. - Notícias de música estão disponíveis nos sites. O bolso do jovem continua do mesmo tamanho do de antes da internet. Agora ele prioriza outras coisas, como celulares e videogames exemplifica o diretor da MTV. Em sua última fase, a Bizz tirava entre oito e 10 mil exemplares ao mês. Dentre as publicações do ramo, era a de maior tradição. A primeira edição foi para as bancas em 1985. - A Bizz vendia 80 mil quando a Capricho vendia três milhões. Agora, a Capricho vende 50 mil, e nós, 10 mil. A proporção melhorou - consola-se

Ricardo Alexandre, que já editou duas publicações que naufragaram: a independente Frente, que vendeu 1.500 exemplares de cada uma das três edições lançadas em 2002, e a Bizz. Alexandre diz que a Frente era evidentemente um fiasco do ponto de vista comercial. - Revista de música não tem público. Se quiser fazer, você vai ter de moldar a sua vida, sua alma, sua estrutura e seu trabalho para tocar uma revista pequena. Se for para trabalhar por amor a alguma causa, prefiro escrever sobre religião. Diretora do núcleo jovem da editora Abril, Brenda Fucuta concorda com Alexandre. - Nosso objetivo era aprofundar os temas musicais para o público de 30 a 40 anos. Não alcançamos uma circulação sustentável. O mercado editorial impresso de música é de nicho. As revistas de grande circulação passam por estilo de vida e celebridades. A música se pulverizou por muitas mídias - analisa Brenda. Entre as revistas lançadas nesta década, uma das que tiveram mais fôlego foi a Zero. Foram 15 edições, com tiraMusicalidade - 25


Morte das revistas

gem (declarada) de 50 mil exemplares entre 2002 e 2004. - A revista acabou porque não era mais viável comercialmente para nós - conta Luiz César Pimentel, que era diretor de redação da Zero. - Tínhamos um acordo com a Editora Escala em que eles davam uma taxa mensal para produção da revista. Imprimiam, distribuíam e ficavam com o dinheiro de banca. A receita de publicidade era dividida igualmente. Quando mudaram o diretor comercial da editora, disseram que dali em diante seria 80% para eles e 20% para nós. Com cinco edições em 2005 e tiragem média de 25 mil exemplares, a Mosh, da editora HMP, acabou por falta de anunciantes. - O espaço para revistas de música no Brasil é mínimo. A parcela de leitores que se interessa por música de boa qualidade é muito menor do que imaginavámos - garante Regis Tadeu, que editava a Mosh. Para os padrões atuais, a grande

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maratonista das bancas foi a Outracoisa, que durou 22 edições nas prateleiras e saiu do mercado após o fim do contrato de patrocínio com a Petrobras. O último número foi lançado em novembro; a revista sempre trazia um CD encartado, e a tiragem era de oito mil a 25 mil. - Não tínhamos um departamento comercial capaz de fazer surgir um patrocínio - explica Adilson Pereira, editor do título, que levava a alcunha de “revista do Lobão” por causa da participação do músico no conselho editorial. - As publicações têm que ser comercialmente viáveis, mas é preciso encarar a missão com romantismo. “A ‘RS’ não é revista de música” Pimentel também é da turma dos otimistas. - O Brasil é um país para revistas: de música e do que quer que seja - garante o jornalista. - Tantos títulos de música acabaram pois há um monopólio no Brasil que une distribuidoras e editoras, que determinam o que vai para as ban-

cas ou não. Eles buscam resultado imediato. Se lançassem uma publicação de música, de qualidade, a preço bastante acessível, daria pé. Ademir Corrêa, editor da Rolling Stone nacional, não vê sua revista como uma publicação do tipo. - Historica e erroneamente a Rolling Stone é considerada uma revista de música - diz. Ele está munido de um gráfico de porcentagem dos temas da revista: 35% de música; 15% de mídia e indústria do entretenimento; 15% de política e comportamento; 10% de moda; 10% de cultura geral (cinema, TV, internet, games); e 10% de tecnologia. - Não temos concorrência, por isso temos que nos basear em publicações internacionais - explica o editor da RS, que tem tiragem média de 100 mil. - Seria difícil manter uma revista só de artes plásticas ou de um segmento cultural. É o caso de uma revista de música.


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Teatro

Rádio no Ar Raul Gazolla e Marcos Veras interpretam comédia sobre o rádio brasileiro

Estrelada por Raul Gazolla e Marcos Veras, a comédia Rádio no Ar fica em cartaz no Teatro Miguel Falabella, até 30 de abril. Nos bastidores de um programa popular de rádio AM, que mistura elementos tecnológicos com atrações tradicionais dos anos 70 até os tempos atuais, os atores vivem os profissionais que se dividem em múltiplas funções, para dar continuidade aos programas. Com direção de Duda Ribeiro, o espetáculo faz alusão à realidade das rádios do passado e também retrata algumas do presente, por meio da identificação dos signos radiofônicos. Assim, a peça leva o espectador aos bastidores dos programas e faz uma homenagem bemhumorada a todos os comunicadores de rádio.

Voca People Sucesso absoluto na internet, aliens do planeta Voca estão de volta ao Brasil.

Aguardados em Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, o Grupo Voca está de volta ao Brasil e traz uma série de apresentações. Habitantes do planeta Voca, oito integrantes interpretam um repertório variado de música pop e clássica, por meio de uma abordagem totalmente singular e inusitada. O conjunto conquistou a simpatia do público e desde 2009 já registrou mais de sete milhões de acessos no YouTube, tornando-se um fenômeno entre os internautas. Da capela ao Beat-Box, os extraterrestres apresentam um espetáculo recheado de muito bom humor, surpresas e, claro, uma curiosidade típica desses alienígenas interessados em conhecer o nosso país. Em suas apresentações, o público poderá conferir a fabulosa capacidade de reprodução sonora que esses cantores intergalácticos possuem. Sem a utilização de nenhum instrumento musical, o grupo dispensa qualquer objeto que produza som em nosso mundo. 28

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A Gaiola das Loucas Peça protagonizada por Miguel Falabella e Diogo Vilela é encenada em um cabaré .

Até 27 de janeiro de 2011, o Oi Casa Grande apresenta o musical A Gaiola das Loucas, que estreou na Broadway em 1983, com adaptação de texto de Harvey Fierstein e música de Jerry Herman. A montagem é inspirada na peça La cage aux folles, do francês Jean Poiret, que entrou em cartaz em 1973 no Théâtre du Palais Royal, em Paris. Na versão brasileira musicada, Miguel Falabella e Diogo Vilela interpretam, respectivamente, Georges e Albin, que vira Zazá quando “montado”. O primeiro é o dono do cabaré que dá nome ao espetáculo, onde se passa a peça. O outro é um transformista e principal atração do tal cabaré. Ambos são gays e casados há mais de 20 anos. Os problemas começam quando o filho de Georges, Jean-Michel (Davi Guilhermme), fruto de uma aventura amorosa, anuncia que vai se casar. Nada demais, não fosse o pai da moça o presidente de um partido ultraconservador, que prometeu, se eleito, acabar com os homossexuais da Riviera.


Cinema

Chico Xavier Elenco: Nelson Xavier, Matheus Costa, Ângelo Antônio, Tony Ramos. Gênero:

Estrelada por Raul Gazolla e Marcos Veras, a comédia Rádio no Ar fica em cartaz no Teatro Miguel Falabella, até 30 de abril. Nos bastidores de um programa popular de rádio AM, que mistura elementos tecnológicos com atrações tradicionais dos anos 70 até os tempos atuais, os atores vivem os profissionais que se dividem em múltiplas funções, para dar continuidade aos programas. Com direção de Duda Ribeiro, o espetáculo faz alusão à realidade das rádios do passado e também retrata algumas do presente, por meio da identificação dos signos radiofônicos. Assim, a peça leva o espectador aos bastidores dos programas e faz uma homenagem bemhumorada a todos os comunicadores de rádio.

Como treinar seu Dragão

Atraídos pelo Crime

Elenco: America Ferrera, Jonah Hill, Jay Baruchel, Gerard Butler, Christopher Mintz-Plasse. Gênero: Animação

Elenco: Richard Gere, Don Cheadle, Ethan Hawke, Wesley Snipes. Gênero: Ação

Soluço é um viking adolescente que não combina muito bem com a longa tradição de sua tribo de heróicos matadores de dragões. Seu mundo vira de cabeça para baixo quando ele encontra Banguela um dragão que desafia tanto ele quanto seus amigos a mais »encararem o mundo a partir de outro ponto de vista.

Três policiais do Brooklyn - Eddie Dugan (Richard Gere) Tango (Don Cheadle) e Sal (Ethan Hawke) - com carreiras distintas ficam presos na mesma cena de um crime. Juntos eles devem solucionar o caso mas para isso serão testadas a lealdade e a moral mais ». brbrbInadequações:b Este filme contém cenas de cosumo de drogas relaxão sexual e assassina

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DVDs

Rádio no Ar Elenco: Amanda Peet,John Cusack,Chiwetel Ejiofor Gênero: Aventura

Aventura épica gira em torno de uma data significativa para várias culturas. Quando uma série de cataclismos levam ao fim do mundo, um grupo de pessoas tenta sobreviver num cenário catastrófico. A cultura Maia afirma que a terra, como a gente conhece, terá um fim no ano de 2012. A teoria revela que o fim da terra começa com o alinhamento planetário e uma inversão dos pólos da Terra após um grande tsunami. Após isto o caos se instala e o planeta terra começa a se tornar inabitável

Adrenalina 2: Alta Voltagem Elenco: Jason Statham, Amy Smart Gênero: Aventura

O assassino profissional Chev Chelios (Jason Statham) está de volta. Mesmo saltando de um helicóptero e caindo bem no meio das ruas de Los Angeles, Chev está de volta e passa bem - pelo menos até descobrir que o seu coração indestrutível foi trocado por uma bomba artificial movida a bateria. Ao saber que o seu coração está sendo levado para um chefão da Triad que precisa de um transplante, Chev e sua namorada Eve (Amy Smart) vão tentar recuperá-lo. Eles terão que enfrentar uma gangue de chineses, mafiosos mexicanos, dançarinas de striptease muito bem armadas, atrizes pornô enfurecidas e a nata do submundo de Los Angeles. Eles têm pouco tempo, pois a bateria do aparelho que o mantém vivo é de pouca duração. Uma das histórias de ação mais eletrizantes já contadas no cinema. 30

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Lua Nova Elenco: Dakota Fanning,Kristen Stewart,Robert Pattinson,Taylor Lautner Gênero: Aventura

Sequência do sucesso “Crepúsculo”, que traz de volta o jovem vampiro Edward. Depois que Bella (Kristen Stewart) se recupera do ataque de um vampiro que quase lhe tirou a vida, ela agora comemora seu aniversário com o Edward e sua família. No entanto, um acidente durante a celebração provoca um ferimento em Bella, fazendo seu sangue ficar exposto - uma visão que se mostra muito intensa para os Cullens. É quando eles decidem abandonar a pequena cidade de Forks, Washington, afastando assim Bella e Edward para a segurança dos dois. Inicialmente inconsolável, Bella logo encontra conforto no antigo amigo Jacob Black (Taylor Lautner). A garota só não imagina o perigo que está por vir. .


Pensamentos

Paulo Coelho Os melhores pensamentos “Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize o seu desejo”. (O Alquimista) “É preciso não relaxar nunca, mesmo tendo chegado tão longe” (O Alquimista) “O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo e nunca se esquecer da sua missão ou do seu objetivo.” (O Alquimista) “Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um ‘sim’ ou um ‘não’ pode mudar toda a nossa existência.” (Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei) “A maior mentira do mundo: em determinado momento de nossa existência, perdemos o controle de nossas vidas, e ela passa a ser governada pelo destino.” (O Alquimista) “O amor só descansa quando morre. Um amor vivo é um amor em conflito.” (As Valkírias) “A felicidade às vezes é uma bênção, mas geralmente é uma conquista.” (Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei) “Só um homem que não tem vergonha de si, é capaz de manifestar a glória de Deus.” (As Valkírias) “Existem derrotas, mas não existe o sofrimento. Um verdadeiro guerreiro sabe que ao perder uma batalha está melhorando sua arte de manejar a espada. Saberá lutar com mais habilidade no próximo combate.” (Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei) “Poucos aceitam o fardo da própria vitória; a maioria desiste dos sonhos quando eles se tornam possíveis.” (O Diário de Um Mago) “Os portões do Paraíso foram abertos de novo. Por algum tempo, ninguém sabe exatamente quanto, poderão entrar todos os que perceberem que estes portões estão abertos.” (As Valkírias) “Só um caminho por onde qualquer pessoa pode passar é capaz de nos levar a Deus.” (O Diário de Um Mago) “Nós sempre temos tendência de ver coisas que não existem, e ficar cegos para as grandes lições que estão diante de nossos olhos.” (O Diário de Um Mago) “As tarefas diárias jamais impediram alguém de seguir seus sonhos.” (As Valkírias) “Toda a vida do homem sobre a face da terra se resume a buscar o Amor. Não importa se ele finge correr atrás de sabedoria, de dinheiro ou de poder.” (Brida) “Não precisamos saber nem ‘como’ nem ‘onde’, mas existe uma pergunta que todos nós devemos fazer sempre que começamos qualquer coisa: ‘Para que tenho que fazer isto?’” (As Valkírias) “O maior de todos os pecados: o arrependimento” (O Diário de Um Mago) “Quando alguém evolui, evolui tudo que está a sua volta” (O Alquimista) “Existem muitas maneiras de cometer suicídio. Os que tentam matar o corpo ofendem a Lei de Deus. Os que tentam matar a alma também ofendem a Lei de Deus, embora esta falta seja menos visível aos olhos do homem” (Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei) Musicalidade - 31


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