O cristão e o tabernáculo (atualizado 03 03)

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GILVAN DE SOUSA

O Cristão e o Tabernáculo Trazendo a simbologia do tabernáculo para a vida cristã na atualidade

ARACAJU-SE JUNHO/ 2015


Todos os direitos reservados. Copyright © para a língua portuguesa de Gilvan de Sousa. PLANEJAMENTO EDITORIAL

CHRISLEY LUIZ SANTANA DOS SANTOS CAPA

CHRISLEY LUIZ SANTANA DOS SANTOS ILUSTRAÇÕES

ALISSON MARCOS NASCIMENTO SOUSA REVISÃO ORTOGRÁFICA

LUCIA DE FÁTIMA SANTOS BISPO

SOUSA, Gilvan de

O Cristão e o Tabernáculo: trazendo a simbologia do tabernáculo para a vida cristã na atualidade. 1ª edição. Aracaju, 2015. ISBN:

Proibida a reprodução total ou de parte sem a autorização expressa do autor.


Dedicatória Dedico à minha esposa Jane Cleide. Você tem sido um esteio na minha vida, a principal benção que Deus me deu. Seu apoio foi fundamental para a construção desta obra.



Agradecimentos Agradeço a Deus pela vida, pela saúde e pelo dom. Este trabalho é um resultado de momentos de experiência com o Senhor. Aos meus pais pela educação e instrução nos pés do Senhor. O exemplo de vocês e os seus ensinamentos nortearam a minha vida espiritual e social. À minha esposa Jane Cleide pelo apoio incondicional, ajudando-me em oração e me incentivando na jornada da vida cristã. Aos meus filhos, que tiveram que abdicar de momentos de lazer e convivência enquanto me dedicava a meditar, pesquisar e escrever.


Sumário 09

INTRODUÇÃO

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Capítulo I AS OFERTAS PARA A CONTRUÇÃO

22 30 37 41 45 50 53 57

Capítulo II VISÃO PANORÂMICA Capítulo III O ÁTRIO OU O PÁTIO A Porta do Átrio

As Peças do Átrio O Altar de Bronze

A Bacia de Bronze Capítulo IV O LUGAR SANTO As Tábuas

As Travessas


59 62 66 67 70 74 80 81 84 85 91 94 106 112

A Porta

A Cobertura

O Mobiliário

A mesa dos pães da proposição O Candelabro

O Altar do Incenso

Capítulo V O SANTO DOS SANTOS A cortina

O Mobiliário A Arca

O Propiciatório

Capítulo VI O DIA DA EXPIAÇÃO Capítulo VII REFLEXÕES FINAIS REFERÊNCIAS


O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

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O Tabernáculo é uma peça que traz uma riqueza simbólica inestimável e nos ajuda a penetrar em muitos mistérios de caráter espiritual. Entender o acervo simbólico do Tabernáculo é um grande desafio que exige, do estudante da Bíblia, dedicação, oração e busca de orientação do Espírito Santo. Não foi tão fácil ter uma compreensão clara do que Deus queria mostrar para o seu povo ao dar detalhe a detalhe, a Moisés, daquela construção. Nada no Tabernáculo foi por acaso. Cada peça, cada cor, cada material utilizado na construção, cada ritual, cada detalhe decorativo ou estrutural tem significado simbólico importante.

Nosso objetivo, com este trabalho, é levar o leitor a compreender com maior facilidade um tema que parece obscuro para muitos cristãos. Esta obscuridade nós vemos no dia a dia da convivência entre irmãos, nas diversas congregações, procurando relacionar tudo que forma aquele conjunto simbólico à vida cristã na atualidade. É este relacionar que nos leva a compreender que, por meio do estudo do Tabernáculo, podemos fazer um passeio turístico pela Bíblia explorando vários temas e doutrinas, ampliando assim a cultura bíblica do povo de Deus e promovendo a edificação da Igreja do Senhor, propósito maior do nosso esforço em sistematizar questões tão comple-

9 INTRODUÇÃO

Introdução


10 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

xas que exigem conhecimentos que vão além da história dos Hebreus na caminhada do deserto.

Trazer a simbologia do Tabernáculo e aplicá-la à vida cristã, na atualidade, nos leva a ver com maior nitidez a relação existente entre o Antigo e o Novo Testamento. Há uma verdadeira relação tipológica entre Cristo e o Tabernáculo, principalmente no que se refere à sua obra redentora na Terra. No Tabernáculo, vemos como Deus é misericordioso, apesar de não abrir mão da justiça, e como Ele é propício para com o ser humano pecador. Foi ali que Ele propiciou um caminho, ainda que indireto, de se aproximar do homem, promovendo os meios para que este se reconciliasse com o seu criador. Foi o pecado que afastou a humanidade de Deus, isto aconteceu no Éden. Deus nunca esteve satisfeito com isso, razão pela qual Ele, imediatamente, prometeu propiciar um meio para reatar a relação quebrada. No Tabernáculo, vemos a primeira tentativa de Deus para aproximar-se do pecador. Cada ritual realizado pelos sacerdotes apontava para Jesus, mostrando que Deus tinha algo maior, definitivo e suficiente para abrir um caminho que promovesse a possibilidade de reconciliação entre o homem e Deus. A correlação entre o número seis e o sete, muito presente na estrutura e na mobília do Tabernáculo, demonstra que Deus


O autor da Epístola aos Hebreus nos ajuda a compreender com maior facilidade esta relação entre o Tabernáculo e Jesus e também à vida cristã. Ali, o escritor aborda várias questões relacionadas ao viver diário do cristão usando as figuras e tipos do Tabernáculo para nos fazer compreender que aqueles rituais apontavam para Jesus, o sumo sacerdote perfeito, que cumpriu todas as exigências da lei, fazendo um sacrifício único e definitivo, sendo Ele mesmo o cordeiro que derramou seu próprio sangue, substituindo todo aquele ritual de derramamento diário de sangue de animais, por um sacrifício que teria efeito eterno, alcançando todas as gerações da humanidade.

O Tabernáculo terreno apontava para o celestial, os sacrifícios apontavam para o sacrifício de Jesus, os rituais de oferta apontavam para a oração e a adoração dos fiéis, esta foi a razão pela qual Deus exigiu a Moisés que fizesse tudo conforme o modelo que Ele havia recebido no monte Sinai, sendo fiel e rigoroso em seus mínimos detalhes. É maravilhoso compreender que cada detalhe, por menor que seja, tem um valor tipológico significativo, que serve para mostrar-nos

11 INTRODUÇÃO

buscava reatar a comunhão entre Ele e a humanidade. Jesus é o caminho definitivo para este reencontro. Ele disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao pai senão por mim (João 14:6).


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de maneira didática o que Deus espera do seu povo para que viva em comunhão com Ele.

Em Cristo, a lei e todos os rituais foram cumpridos, Ele é o mediador da Nova Aliança, é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Foi Ele quem nos abriu o caminho até Deus. Agora, o caminho para o Santo dos Santos está aberto. O véu do templo de Jerusalém se rasgou no momento da sua morte na cruz. Essa foi a demonstração física, visível para os filhos de Israel, de que Jesus era o Filho de Deus e Nele, somente Nele, seria possível restabelecer o relacionamento com o criador.

Ao desenvolvermos o nosso pensamento, fizemos questão de transcrever os textos bíblicos que fundamentam nosso argumento. Isto tem um propósito: facilitar a leitura e a compreensão do assunto. Nosso estudo está dividido em partes. Iniciamos trazendo uma visão panorâmica do Tabernáculo e seguimos apresentando compartimento a compartimento, falando de cada material, de cada peça da sua estrutura, de cada cor, de cada detalhe, de cada peça do seu mobiliário e também dos rituais de sacrifício e serviço de adoração, fazendo uma relação direta com o nosso viver diário como cristãos.


Entrar no Santo dos Santos por meio da fé e falar diretamente com Deus é o nosso grande desafio. O caminho está aberto desde a crucificação de Cristo, quando o véu do templo se rasgou1. Hoje, todos nós podemos entrar livremente, não com sangue de animais, mas pelo sangue de Jesus, não com incenso e brasas, mas com oração e adoração ao Deus todo poderoso, que se manifesta a todos aqueles que, com fé, d’Ele se aproximam. Temos a ousadia de entrar no Santo dos Santos.

1 Lucas 23:44-45 - 44 Já era quase meio-dia, e trevas cobriram toda a terra até as três horas da tarde; 45 o sol deixara de brilhar. E o véu do santuário rasgou-se ao meio.

13 INTRODUÇÃO

Os rituais religiosos e os sacrifícios oferecidos no Tabernáculo mostram de que maneira o cristão deve se relacionar com Deus. O passo inicial daqueles que querem abrir um canal de diálogo com o Pai é o arrependimento e a confissão dos pecados. O segundo passo é o cultivo de uma vida de santificação e devoção. O terceiro é a prática do louvor, da oração e da adoração a Deus. A adoração tem uma ênfase importante em todos os rituais e sacrifícios, demonstrando que aqueles que querem entrar no Santo dos Santos e chegar à presença de Deus precisam cultivar uma vida de adoração. Estes são os passos daqueles que desejam uma vida cristã plena, de comunhão e intimidade com Deus.


O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

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15 AS OFERTAS PARA A CONTRUÇÃO

Ao mandar construir o Tabernáculo, Deus estava enfatizando para o povo hebreu a importância do culto, da congregação. Eles necessitavam perceber a necessidade de cultuar ao Senhor, a importância da adoração exclusiva a Deus e o valor do santuário como morada terrena de Deus, sendo Ele um lugar de convergência para aqueles que buscam viver na presença do El Shadai.

A congregação sempre foi importante na vida do povo de Deus. Tão importante, que nem mesmo na caminhada no deserto ela foi dispensada. Em cada parada do povo hebreu, rumo a Canaã, o Tabernáculo tinha que ser erguido. O Tabernáculo era a garantia da presença de Deus no meio do seu povo. Na atualidade, muitos cristãos acham dispensável a congregação. Há quem afirme que, como Deus está em todos os lugares, não é necessário congregar-se para servi-lo. Este é um grave equívoco e um desconhecimento profundo do valor do

CAPÍTULO I OFERTAS PARA A CONSTRUÇÃO

Capítulo I


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templo para Deus. A congregação foi, é e sempre será importante para o povo de Deus, por ser ela o local consagrado para o culto e a adoração ao Senhor e também o lugar de convergência entre o homem e Deus. Sabendo o valor da congregação, o escritor aos Hebreus disse: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hebreus 10:25). Observemos que, já nos dias da Igreja Primitiva, havia cristãos que não davam importância à congregação. Tais pessoas representavam um perigo à Igreja de Deus e o autor da carta aos Hebreus estava alertando os fiéis a fim de que não se deixassem levar pelas ideias daqueles que desprezavam a congregação.

Para a construção do santuário, o povo foi conclamado a ofertar, todos deveriam contribuir, entregando do melhor que cada um possuía. A ordem de Deus era: 1 Disse o SENHOR a Moisés: 2 “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar. 3 Estas são as ofertas que deverá receber deles: ouro, prata e bronze, 4 fios de tecidos azul, roxo e vermelho, linho fino, pêlos de cabra, 5 peles de carneiro tingidas de vermelho, couro, madeira de acácia, 6 azeite para iluminação; especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; 7 pedras de ônix e outras pedras preciosas para serem encravadas no colete sacerdotal e no peitoral. 8 “E farão um santuário para mim, e eu habitarei no meio deles (Êxodo 25:1-8).


Ao lermos o capítulo 35 de Êxodo, percebemos que o povo realmente se comprometeu em ofertar. Todos atenderam ao chamado de Moisés e levaram generosamente do que possuíam. Quem possuía ouro, levou ouro; quem possuía prata, levou prata; quem possuía fios para os tecidos, levou fios; e assim sucessivamente. 22 Todos os que se dispuseram, tanto homens como mulheres, trouxeram jóias de ouro de todos os tipos: broches, brincos, anéis e ornamentos; e apresentaram seus objetos de ouro

17 CAPÍTULO I OFERTAS PARA A CONSTRUÇÃO

As ofertas eram o meio de o povo assumir compromisso com Deus no Tabernáculo. Compromisso é o que o Senhor espera do seu povo. Ofertar é demonstrar gratidão, é uma forma de adorar. Como Deus não aceita qualquer adoração, a oferta deveria ser do melhor que o povo possuía. Por haver feito o melhor para o homem, Ele espera que também lhe façamos o melhor, que nossa adoração seja sincera e especial. Não podemos esquecer que o Tabernáculo a ser construído seria a casa de Deus, um lugar especial para propiciar um relacionamento íntimo entre o Criador e a coroa da criação, o homem. Foi exatamente por este motivo que o Todo Poderoso disse: “E farão um santuário para mim, e eu habitarei no meio deles”. Sendo casa de Deus, ele jamais deveria ser construído de qualquer forma ou de material inferior. Afinal, Ele é o dono do ouro e da prata, o criador de todas as coisas e o grande provedor e administrador do universo.


18 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

como oferta ritualmente movida perante o SENHOR. 23 Todos os que possuíam fios de tecidos azul, roxo e vermelho, ou linho fino, ou pêlos de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho, ou couro, trouxeram-nos. 24 Aqueles que apresentaram oferta de prata ou de bronze trouxeram-na como oferta ao SENHOR, e todo aquele que possuía madeira de acácia para qualquer das partes da obra, também a trouxe. 25 Todas as mulheres capazes teceram com suas mãos e trouxeram o que haviam feito: tecidos azul, roxo e vermelho e linho fino. 26 Todas as mulheres que se dispuseram e que tinham habilidade teceram os pêlos de cabra. 27 Os líderes trouxeram pedras de ônix e outras pedras preciosas para serem encravadas no colete sacerdotal e no peitoral. 28 Trouxeram também especiarias e azeite de oliva para a iluminação, para o óleo da unção e para o incenso aromático. 29 Todos os israelitas que se dispuseram, tanto homens como mulheres, trouxeram ao SENHOR ofertas voluntárias para toda a obra que o SENHOR, por meio de Moisés, ordenou-lhes que fizessem (Êxodo 35:22-29).

Houve, também, quem se dispusesse a trabalhar como artífice. Era o ofertar da força, do trabalho, da capacidade, da inteligência. Aqueles que se dispuseram eram pessoas profissionalmente qualificadas. Além da qualificação profissional, foram sobrenaturalmente capacitados por Deus para executarem os serviços de construção, de acordo com o que Deus havia estabelecido. Vejamos:

30 Disse então Moisés aos israelitas: “O SENHOR escolheu Bezalel, filho de Uri, neto de Hur, da tribo de Judá, 31 e o encheu do Espírito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capaci-


Necessitamos saber que Deus espera de nós o melhor. Quando nos dispomos na Sua obra, entregando-lhe nossa capacidade, inteligência e habilidades, Ele se encarrega em nos capacitar para o seu serviço. Isto nos leva à doutrina dos dons. Os dons são capacitações espirituais dadas por Deus aos homens com o objetivo de habilitá-los para o serviço do reino. Deus espera de nós disposição, entrega, comprometimento. Na Sua obra há trabalho para todos aqueles que estão dispostos a ofertarem-se. Servir a Deus significa estar disposto a comprometer-se com a Sua obra, com a propagação do Evangelho e com o crescimento do reino de Deus na Terra. Ofertar é uma atitude de fé, quando o cristão oferta na casa do Senhor, ele está contribuindo para o engrandecimento da obra de Deus. Só oferta quem tem compromisso, quem confia em Deus e em Suas promessas. Aqui, não falamos apenas de ofertar dinheiro, dentro deste contexto, oferta tem um sen-

19 CAPÍTULO I OFERTAS PARA A CONSTRUÇÃO

dade artística, 32 para desenhar e executar trabalhos em ouro, prata e bronze, 33 para talhar e lapidar pedras e entalhar madeira para todo tipo de obra artesanal. 34 E concedeu tanto a ele como a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, a habilidade de ensinar os outros. 35 A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo de obra como artesãos, projetistas, bordadores de linho fino e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e como tecelões. Eram capazes de projetar e executar qualquer trabalho artesanal (Êxodo 35:30-35).


20 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

tido mais amplo e significa também a entrega do imaterial, do nosso ser, das nossas habilidades, da nossa força, do nosso tempo, das nossas influências, das nossas possibilidades. Deus espera que todo o Seu povo esteja disposto a ofertar, assim como se dispôs o povo hebreu.


21 Figura 1 – O cristão tendo uma visão panorâmica do Tabernáculo


22 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Capítulo II VISÃO PANORÂMICA

Deus apresentou a Moisés todos os detalhes da construção, tanto do santuário quanto do seu mobiliário, definindo todos os materiais a serem utilizados, as cores, as medidas, as espessuras, os detalhes, os formatos, os desenhos, a arrumação, tudo de forma muito específica, descrevendo detalhe a detalhe. O Tabernáculo deveria ser construído de acordo com o modelo que o Senhor havia mostrado a Moisés no monte Sinai (Êxodo 25:9-40).

O Tabernáculo era uma barraca que servia como um templo portátil, totalmente desmontável. Era composto de três compartimentos: o Átrio ou Pátio; o Lugar Santo; e, o Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos. Ocupava um espaço de cem côvados2 de comprimento e cinquenta de largura (Êxodo 27:18). Pela medida do côvado, teria aproximadamente cinquenta metros de comprimento por vinte e cinco de largura. Não podemos definir a medida exata, por considerar que o côvado é uma medida variável. 2 Côvado – do latim cubitum, que significa cotovelo. Medida que corresponde à distância entre o cotovelo e a ponta dos dedos de um homem. Trata-se de uma medida variável, isto porque dependia do tamanho do braço de quem estava medindo. Variava entre 0,45 a 0,60 cm. Fonte: Dicionário da Bíblia, de John Davis.


A parte coberta do Tabernáculo formava um paralelogramo de trinta côvados de comprimento (aproximadamente quinze metros) por dez de largura (aproximadamente cinco metros) e dividia-se em dois compartimentos: o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Nela havia somente uma porta, que deveria sempre estar virada para o oriente, tipificando Jesus o Sol da Justiça descrito por Malaquias4. O fato de ter uma única porta, também aponta para Jesus a única porta que conduz a humanidade a Deus. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6). Ainda afirmou: “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (João 10:9). Assim, Ele estava deixando claro que é o meio exclusivo de acesso a Deus. As paredes do Tabernáculo eram formadas por quarenta e oito tábuas, sendo vinte de cada lado e oito no fundo. Das oito tábuas, duas formavam ângulos. Cada

3 Isaías 59:1-2 - 1 Vejam! O braço do SENHOR não está tão encolhido que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. 2 Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. 4 Malaquias 4:2 Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas.

23 CAPÍTULO II VISÃO PANORÂMICA

Estava separado do acampamento por uma cerca constituída de 60 colunas de bronze sobre as quais se apoiava um cortinado de linho branco de cinco côvados de altura (aproximadamente dois metros e meio). Esta cerca representava a separação entre Deus e o pecador3.


24 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

tábua tinha dez côvados de altura (aproximadamente cinco metros) por um côvado e meio de largura (aproximadamente setenta e cinco centímetros).

O mobiliário era formado por sete peças: o altar de bronze; a bacia de bronze; a mesa dos pães da proposição; o candelabro; o altar do incenso; a arca; e, o propiciatório. Destes móveis, dois estavam no Átrio ou Pátio, três no Lugar Santo e dois no Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo. Vistos de cima, observava-se toda mobília arrumada em formato de cruz. Este é mais um aspecto que aponta para Jesus, aquele que foi crucificado para propiciar o nosso resgate da escravidão espiritual.

Visto de cima, não se via nada de interessante no Tabernáculo, sua estrutura externa não apresentava nada de especial, nada que chamasse a atenção, era nada mais do que um cercado com uma muralha branca em volta de uma barraca, cuja cobertura era de pele de texugo, material que não possuía beleza. Esta foi a visão que Isaías teve do Cristo homem, aquele que se esvaziou da sua divindade para assumir a forma de servo, para sentir as nossas limitações, dificuldades, dores e ansiedades, tendo como objetivo propiciar a salvação da humanidade por meio do sacrifício vicário na cruz. Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?


Toda beleza do Tabernáculo estava no seu interior, indicando que somente podemos ter um conhecimento real de Cristo quando entramos pela porta. É dando passos de fé que o cristão adquire um conhecimento mais profundo de Cristo, penetra nos Seus mistérios e conhece o Seu poder e a Sua glória. O Cristo ressuscitado e glorificado só pode ser visto por aqueles que alcançaram a salvação através da graça. Aquele que tem todo poder só se torna uma realidade na vida daqueles que cultivam uma vida de santificação. Esta é a razão de muitos cristãos nunca terem experimentado uma experiência profunda com Cristo, seu conhecimento em relação a Ele é muito superficial, não sabem o que significa de fato salvação, não sabem o que significa uma vida de comunhão e intimidade com o Senhor. Nunca experimentaram sua graça, não sabem o que significa ser batizado com o Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11; Lucas 3:16). Também não sabem o que significa de fato viver uma vida de milagres, tomar posse da unção do Senhor, tendo uma experiência cristã que vai além da prática religiosa.

25 CAPÍTULO II VISÃO PANORÂMICA

2 Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos. 3 Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima (Isaías 53:1-6).


26 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Na atualidade, muitos cristãos veem Cristo como um grande líder, um garçom ou servente com poderes especiais para satisfazer as suas necessidades materiais imediatas, tais como: prosperidade financeira; casa; carro; empreendimentos empresariais; cura das doenças físicas, mesmo que estejam com a alma doente. Estes cristãos frequentam o templo, mas não fazem parte da Igreja de Cristo. O templo não passa de um espaço de convivência social, de uma nova forma de lazer, de uma organização religiosa. Não são capazes de entender que a Igreja de Cristo é um organismo vivo, como um corpo que tem vida (I Coríntios 12:27). Estes cristãos não conseguem sentir a glória de Deus, penetrar nos seus mistérios, exercitar os dons espirituais para a promoção da edificação da Igreja (I Coríntios 12:7). Não compreendem o que significa uma vida transformada (Filipenses 3:21), regenerada (I Pedro 1:23), não sabem o que significa de fato ser salvo (Marcos 16:16). Vemos, inclusive, que muitos líderes estão transformando os templos em espaços com estrutura mais adequada para propiciar a convivência social do que para cultuar a Deus. Um lugar para shows, espetáculos, atividades teatrais, não para adorar a Deus, um lugar de oração, um refúgio para a alma


Nestas igrejas, os cultos não passam de reuniões, onde se promovem atividades de autoajuda, de confissão positiva, de busca da prosperidade sem a preocupação de juntar tesouros no céu (Mateus 6:20). As mensagens são muito mais recheadas de palavras de encorajamento, de desafio, do que da essência do Evangelho, que tem em seu conteúdo mais genuíno um convite ao arrependimento, à conversão, à renúncia do mundo e do pecado e incentiva os cristãos a exercitarem a fé e a santificação como meios para que o pecador se aproxime de Deus e sinta, de fato, o significado da salvação, da paz verdadeira que somente em Cristo se pode alcançar (João 14:27). A mensagem do Evangelho deve conduzir o homem e a mulher a confiar no Senhor e firmar sua fé na rocha verdadeira, a crer na promessa da volta de Jesus e a desfrutar da alegria da salvação (Salmos 51:12), a fazer como Abraão e demais heróis da fé, que enfrentaram toda sorte de desafios, que tiraram força da fraqueza e se tornaram poderosos nas batalhas espirituais, que creram naquilo que não viam e tornaram reais coisas que pareciam impossíveis, conforme descreve o escritor aos Hebreus, no capítulo 11.

27 CAPÍTULO II VISÃO PANORÂMICA

cansada e atormentada pelas agruras do pecado (Mateus 11:28).


28 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Figura 2 – Visão do Átrio ou Pátio


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30 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Capítulo III O ÁTRIO OU O PÁTIO

O Átrio (ou Pátio) era a parte exterior do Tabernáculo. Era um retângulo de cem côvados de comprimento por cinquenta de largura (aproximadamente cinquenta por vinte e cinco metros). O Átrio era formado por um cortinado branco de linho puro de cinco côvados (aproximadamente dois metros e meio), sustentado por sessenta colunas (vinte do lado direito; vinte do lado esquerdo; dez à frente e dez ao fundo) de madeira de acácia, com suas bases de bronze e os ganchos de prata. A entrada ficava no lado oriental. O portão era formado por quatro colunas de madeira de acácia com bases de bronze e colchetes de ouro e quatro cortinas de cor branca, azul, púrpura (roxa) e carmesim (Êxodo 27:9-19).

A cortina branca, que servia como muralha divisória, demonstrava para o povo de Israel que havia uma separação entre Deus e o homem e que o caminho para a presença de Deus não estava aberto5. Observemos alguns detalhes da estrutura dessa divisória:

5 Isaías 59:1-2 - 1 Vejam! O braço do SENHOR não está tão encolhido que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. 2 Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá.


2. Todas as peças do Pátio eram de bronze. Era no Pátio onde os pecados eram julgados. Era também ali onde se ofereciam os sacrifícios pelos pecados. O nosso Deus é justo, embora misericordioso e amoroso, Sua justiça é implacável. Se não fosse a morte de Jesus em nosso favor, pagando assim o preço da nossa redenção e outorgando por seu sacrifício nossa justificação, estaríamos todos irremediavelmente mortos7. 11 Deus é um juiz justo, um Deus que manifesta cada dia o seu furor. 12 Se o homem não se arrepende, Deus afia a sua espada, arma o seu arco e o aponta, 13 prepara as suas armas mortais e faz de suas setas flechas flamejantes (Salmos 7:11-13).

6 Gênesis 2:16-17 - 16 E o SENHOR Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, 17 mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”. 7 Romanos 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em{4} Cristo Jesus, nosso Senhor.

31 CAPÍTULO III O ÁTRIO OU O PÁTIO

1. As colunas e as bases eram de bronze. O bronze, pela sua dureza, tipifica justiça, juízo. A divisão entre o arraial de Israel e a casa de Deus (o Tabernáculo) é a consequência do pecado: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá” (Isaías 59:2). Ali se evidenciava o significado da morte espiritual. Morte é sempre símbolo de separação. A morte espiritual é a separação entre o homem e Deus. O homem foi feito para viver na presença de Deus, foi o pecado a causa da separação6.


32 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

3. Os ganchos que sustentavam as cortinas eram de prata. A prata é o símbolo da redenção do homem em seu estado de pecado. Jesus foi vendido por 30 moedas de prata8. Trinta moedas era o preço de resgate de um escravo comum. Isto mostra que Deus, apesar de justo, é um Deus misericordioso. Como Ele não pode conviver com o pecado, providenciou um meio para resgatar o homem do estado de pecado a fim de voltar a aproximar-se dele9.

4. As cortinas eram brancas. O branco é símbolo de pureza, de santidade. A santidade de Deus não pode conviver com o pecado10. É justamente por isso que o Senhor exige de nós santidade. Ele disse ao povo hebreu: “Eu sou o SENHOR que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus; por isso, sejam santos, porque eu sou santo” (Levítico 11:45). Não podemos pensar que podemos ser cristãos verdadeiros sem renunciar nossas práticas pecaminosas. Na minha experiência como missionário, tive que conviver com o desafio de evangelizar evangélicos. Nos trabalhos de evangelização, encontrei pessoas que viviam na prostituição, no alcoolismo, nas drogas, na poligamia, etc. Quando falávamos de Jesus para estas pessoas, elas imediatamente diziam: 8 Mateus 26:14-15 - 14 Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes 15 e lhes perguntou: “O que me darão se eu o entregar a vocês?” E lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata.

9 Hebreus 9:11 Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. 12 Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, de uma vez por todas, e obteve eterna redenção. 10 Isaías 59:2 Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá.


Lamentavelmente vemos, na igreja brasileira, muitas pessoas aderindo a alguma igreja evangélica, sem, contudo, renunciar sua vida de pecado para poder experimentar a transformação e a presença de Deus na sua vida, não apresentam sinais de conversão, nem de arrependimento dos pecados (Mateus 3:8; Atos 2:38; 3:19-20). São pessoas que, embora este-

33 CAPÍTULO III O ÁTRIO OU O PÁTIO

“Eu também sou cristão, sou membro de uma igreja evangélica, vou aos cultos de vez em quando, dou o meu dízimo”. Certa vez eu estava no templo, quando chegou um jovem usuário de drogas pedindo para entrar porque queria orar. Este jovem estava todo machucado fisicamente, com a cabeça raspada, todo desfigurado. Como eu o conhecia, porque frequentemente ele chegava ao templo para orar, lhe perguntei: “O que lhe aconteceu? Foi atropelado?” Ele me respondeu: “Pastor, eu fui preso e espancado pelos policiais na prisão”. Ao ver aquela figura carente de misericórdia, lhe disse: “Meu jovem, entregue sua vida a Jesus, deixe Ele mudar o seu viver, transformar essa sua triste realidade”. Ele, prontamente, me respondeu: “Pastor, eu sou cristão, frequento uma igreja evangélica, meu pastor é fulano de tal, você o conhece?” Prontamente lhe respondi: “Conheço, entretanto, meu jovem, deixe-me dizer que além de frequentar a igreja do pastor fulano de tal, você precisa ter um encontro com Cristo e pertencer de fato à Sua Igreja. Ele não está satisfeito com essa sua vida miserável, Ele pode mudar essa sua triste realidade”.


34 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

jam no templo, continuam afastadas de Deus, porque o grande Eu Sou não pode conviver com o pecado.

5. O cortinado de separação era formado por 60 colunas. Olhando para o Tabernáculo, vemos sempre uma correlação entre o número seis e sete. O número seis é, simbolicamente, o número do homem e o sete, o de Deus. As colunas eram sessenta, um múltiplo de seis (6 x 10). As peças da mobília eram sete. O número dez é o número da totalidade das coisas. Do ponto de vista simbólico, aqui está demonstrado que é possível o relacionamento entre Deus e todas as pessoas através de Jesus. Quando Jesus disse em João 3:16 que Deus amou o mundo, Ele não estava se referindo ao planeta, ou ao universo, mas às pessoas. O amor de Deus é tão grande que é capaz de propiciar reconciliação com todos os seres humanos, restituindo-lhes a vida perdida no Éden como consequência do pecado de Adão. Ele pode proporcionar a todos a vida eterna, uma vida transformada, regenerada, de paz e de um perfeito relacionamento com o Criador. É justamente por isso que a medida do Tabernáculo era de cem côvados de comprimento por cinquenta de largura. Aqui, mais uma vez, está simbolicamente demonstrada a misericórdia de Deus a todas as pessoas, em todas as épocas, culturas e lugares. 6. Visão externa da cobertura do Tabernáculo. O Tabernáculo possuía três coberturas: Um cortinado


13 As dez cortinas internas serão quarenta e cinco centímetros mais compridas de cada lado; e o que sobrar será pendurado nos dois lados do tabernáculo, para cobri-lo. 14 Faça também para a tenda uma cobertura de pele de carneiro tingida de vermelho, e por cima desta uma cobertura de couro (Êxodo 26:13-14).

Quem olhava da parte de fora, somente conseguia ver por cima da cortina branca, que servia de muro, a cobertura de couro que, por ter características rústicas e ásperas, ficava semelhante ao deserto, visto que o vento depositava sobre ela areia do deserto. Neste aspecto, o Tabernáculo assemelha-se a Jesus, quando Isaías o descreve: 1 Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? 2 Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos. 3 Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima (Isaías 53:1-3).

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tecido de linho branco, azul, vermelho (carmesim) e roxo (púrpura); outra de pelo de carneiro tingida de vermelho; e, a terceira de couro (pele de texugo) que era a cobertura propriamente dita.


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Como homem, Cristo era igual aos demais, nada de especial havia Nele que o diferenciasse dos demais. Ele era um homem comum, de origem humilde, sem nenhum aspecto físico que o fizesse um homem admirável ou desejado. Pelo Seu estilo de vida e pelo Seu trabalho ministerial, era um homem de pele queimada pelo sol, de pés e mãos calejados pelo trabalho e pelas caminhadas e de vestimentas próprias de um cidadão comum originário de uma família de poucos recursos financeiros. Foi justamente por isso que os soldados, designados para prendê-lo, necessitaram da ajuda de Judas, o Iscariotes, para reconhecê-lo dentre os seus discípulos 11.

11 Mateus 26:48 O traidor havia combinado um sinal com eles, dizendo-lhes: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele; prendam-no”.


À entrada do pátio, haverá uma cortina de nove metros de comprimento, de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, obra de bordador, com quatro colunas e quatro bases (Êxodo 27:16).

O Tabernáculo tinha uma única entrada. A porta era formada por quatro colunas e uma cortina, de aproximadamente nove ou dez metros, tecida com quatro cores: branco, azul, roxo (púrpura) e vermelho (carmesim). Ela era um tipo de Cristo, o único meio do homem chegar até Deus. A porta ficava sempre direcionada para o oriente. Jesus disse: “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (João 10:9).

Na numerologia bíblica, o número quatro está relacionado com a plenitude da Terra (são quatro os pontos cardeais) e isto significa que, na atualidade, todos têm a oportunidade de entrar no santuário12. A cortina estendida nas quatro colunas da entrada, por suas cores significativas, aponta para os quatro Evangelhos, que são universais e narram o ministério de Jesus sob quatro prismas: 1. Púrpura (roxo) – A púrpura é uma cor que está relacionada com a realeza. Simbolicamente, aponta para o Evangelho de São Mateus, o evangelho do Filho

12 João 3:16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito{4}, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Marcos 13:27 E ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu.

37 CAPÍTULO III O ÁTRIO OU O PÁTIO

A PORTA DO ÁTRIO


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do Rei. Mateus enfoca por quatorze vezes este aspecto do ministério de Jesus e o chama de Filho de Davi13, o rei cuja descendência Deus prometeu perpetuar no trono de Israel14. Mateus registra a genealogia de Jesus, partindo de Abraão, indicando a Sua ascendência real como descendente de Davi15.

2. Carmesim (vermelho) – (vermelho) – O carmesim está relacionado com o sangue e indica Cristo na cruz. O Evangelho de São Marcos apresenta Jesus como o servo sofredor, é o Evangelho do Servo. Mateus focaliza a pessoa de Jesus do ponto de vista de Sua realeza, e isto nos leva ao Santo dos Santos, onde Deus habita sobre o propiciatório, entre os querubins. O escritor Almeida (1985) afirma que Marcos apresenta os traços de Jesus do ponto de vista da cruz, como o servo sofredor, e isto nos leva ao altar de bronze. Em Mateus 13:23 e Marcos 4:8,20, respectivamente, verificamos de forma nítida esses dois pontos de vista: Na parábola do semeador, a frutificação em Mateus é decrescente, “a cem, a sessenta

13 Mateus 1:1 Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão: Mateus 1:17 Assim, ao todo houve catorze gerações de Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia, e catorze do exílio até o Cristo. 14 II Samuel 7:16 Quanto a você, sua dinastia e seu reino permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre”. Isaías 9:7 Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isso.

Lucas 1:32-33 - 32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim”.

15 Mateus 1:1-2 -1 Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão: 2 Abraão gerou Isaque; Isaque gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos;


3. Linho Branco – O branco é símbolo de perfeição, de santidade. Aqui, aponta para o caráter de Jesus como homem perfeito, santo, aquele que, como nós, passou por todo tipo de tentação, mas sem pecado16. O Evangelho de São Lucas enfoca Jesus como o Filho do Homem, o homem perfeito. É justamente por isso que Lucas descreve como ninguém os laços e a estrutura familiar de Jesus, identificando parentes nos relatos do seu nascimento e infância. Todo homem importante necessita provar sua ascendência. Para provar a ascendência humana de Jesus, Lucas apresenta a genealogia dele partindo de Adão17. Observemos a diferença na descrição da genealogia entre Mateus e Lucas, o primeiro retroage até Abraão – ascendência real, o segundo retroage até Adão – ascendência humana. 4. Azul – Esta cor indica sempre o céu ou aquilo que é celeste. O Evangelho de João é o Evangelho do Filho de Deus. João abre o Evangelho dizendo: “No princí16 Hebreus 4:15 pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. 17 Lucas 3:38 filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus.

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e a trinta por um”. Já em Marcos a vemos de forma crescente, “a trinta, a sessenta e a cem por um”, conforme as três divisões do Tabernáculo. Como não há interesse social na identificação da árvore genealógica de servos, já que estes dificilmente figurarão na História da humanidade, o Evangelho de Marcos não apresenta a genealogia de Jesus.


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pio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus” (João 1:1). Jesus como Filho de Deus cumpre a profecia de Isaías:

9 Você, que traz boas novas a Sião, suba num alto monte. Você, que traz boas novas a Jerusalém, erga a sua voz com fortes gritos, erga-a, não tenha medo; diga às cidades de Judá: “Aqui está o seu Deus!” 10 O Soberano, o SENHOR, vem com poder! Com seu braço forte ele governa. A sua recompensa com ele está, e seu galardão o acompanha. 11 Como pastor ele cuida de seu rebanho, com o braço ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que amamentam suas crias (Isaías 40:9-11).

João procura descrever, no seu Evangelho, o caráter divino de Jesus. Ele diz que Jesus estava com Deus e era Deus. Diz ainda que todas as coisas foram feitas por Ele, apontando assim Jesus como o Deus Criador18. Como Deus não possui ascendência, nada existiu antes Dele, João não apresenta a árvore genealógica de Jesus. Assim diz o SENHOR, o seu redentor, que o formou no ventre: “Eu sou o SENHOR, que fiz todas as coisas, que sozinho estendi os céus, que espalhei a terra por mim mesmo (Isaías 44:24).

18 João 1:1-2 - 1 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. 2 Ele estava com Deus no princípio.


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AS PEÇAS DO ÁTRIO

Figura 3 – O conjunto das peças do Tabernáculo

No átrio havia duas peças da mobília do Tabernáculo: o altar de bronze e a bacia de bronze. Todas as peças do átrio eram de bronze. Isto indicava que aquele era o lugar de juízo, de julgamento e também de perdão e de reconciliação com Deus. O ALTAR DE BRONZE

Figura 4 – O altar de bronze


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1 “Faça um altar de madeira de acácia. Será quadrado, com dois metros e vinte e cinco centímetros de largura e um metro e trinta e cinco centímetros de altura{1}. 2 Faça uma ponta em forma de chifre em cada um dos quatro cantos, formando uma só peça com o altar, que será revestido de bronze. 3 Faça de bronze todos os seus utensílios: os recipientes para recolher cinzas, as pás, as bacias de aspersão, os garfos para carne e os braseiros. 4 Faça também para ele uma grelha de bronze em forma de rede e uma argola de bronze em cada um dos quatro cantos da grelha. 5 Coloque-a abaixo da beirada do altar, de maneira que fique a meia altura do altar. 6 Faça varas de madeira de acácia para o altar e revista-as de bronze. 7 Estas varas serão colocadas nas argolas, dos dois lados do altar, quando este for carregado. 8 Faça o altar oco e de tábuas, conforme lhe foi mostrado no monte (Êxodo 27:1-8).

Entrando no Tabernáculo, a primeira peça que encontramos é o altar de bronze. Este altar é também chamado o altar da transferência. O altar de bronze era a maior peça do Tabernáculo e media cinco côvados em todos os lados por três côvados de altura (aproximadamente dois metros e meio de largura por um metro e meio de altura), era uma peça quadrada. Foi feito de madeira de acácia, revestido de bronze e possuía quatro chifres, um em cada extremidade. Era ali que os pecados dos israelitas eram julgados quando eles ofereciam os sacrifícios. A morte dos animais representava a sentença do homem. O sangue era derramado pelo sacerdote na base do altar, porém, antes de derramar, ele tomava com o dedo e aspergia


Diariamente, o sacerdote deveria oferecer dois holocaustos, um pela manhã e outro pela tarde. Vejamos como era oferecido o holocausto:

38 “Eis o que você terá que sacrificar regularmente sobre o altar: a cada dia dois cordeiros

19 Levítico 4:27-30 - 27 “Se for alguém da comunidade que pecar sem intenção, fazendo o que é proibido em qualquer dos mandamentos do SENHOR, o seu Deus, será culpado. 28 Quando o conscientizarem do seu pecado, trará como oferta pelo pecado que cometeu uma cabra sem defeito. 29 Porá a mão sobre a cabeça do animal da oferta pelo pecado, que será morto no lugar dos holocaustos. 30 Então o sacerdote pegará com o dedo um pouco do sangue e o porá nas pontas do altar dos holocaustos, e derramará o restante do sangue na base do altar. 20 João 1:7 Ele veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem.

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os quatro chifres do altar. O sangue servia para cobrir os pecados. Assim, o homem voltava para casa com os seus pecados perdoados, ou seja, cobertos. Todos os utensílios do altar eram de bronze e apontavam para o calvário, onde Cristo foi julgado pelos nossos pecados. Observamos que todas as peças do Átrio e suas colunas eram de bronze. Na tipologia bíblica, o bronze, pela sua dureza, tipifica juízo ou julgamento. No Tabernáculo, ele tipifica o julgamento do pecado. O altar possuía quatro chifres, um em cada canto. Nesses chifres era aspergido o sangue das vítimas19. Na numerologia bíblica, o número quatro indica a plenitude do mundo e o chifre indica, na tipologia, poder ou autoridade. Este conjunto nos mostra que o sangue de Jesus tem poder para nos purificar de todo o pecado, não somente na atual geração, mas em todas as gerações, em toda a história da humanidade, desde o passado mais remoto até o inalcançável porvir20.


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de um ano. 39 Ofereça um de manhã e o outro ao entardecer. 40 Com o primeiro cordeiro ofereça um jarro da melhor farinha misturada com um litro de azeite de olivas batidas, e um litro de vinho como oferta derramada. 41 Ofereça o outro cordeiro ao entardecer com uma oferta de cereal e uma oferta derramada, como de manhã. É oferta de aroma agradável ao SENHOR preparada no fogo. 42 “De geração em geração esse holocausto deverá ser feito regularmente à entrada da Tenda do Encontro, diante do SENHOR. Nesse local eu os encontrarei e falarei com você; 43 ali me encontrarei com os israelitas, e o lugar será consagrado pela minha glória (Êxodo 29:38-43).

Observemos os elementos que compunham o sacrifício:

1. Um cordeiro de um ano. Este cordeiro, que era imolado e tinha seu sangue derramado, tipificava Jesus. Cada animal ali imolado, em substituição ao homem, apontava para Jesus cravado na cruz em nosso lugar. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo21. Isaías descreve Jesus como aquele que tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores [...] foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades [...] (Isaías 53:4-6).

2. Um jarro da melhor farinha misturada com um litro de azeite de olivas e um litro de vinho. A farinha era o elemento essencial para a fabricação do pão e aqui tipifica a Palavra de Deus, a palavra ungida pelo Espírito Santo (o azeite) e que produz vida e alegria (o vinho) como resultado da graça de Deus que 21 João 1:29 No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!20 João 1:7 Ele veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem.


No altar de bronze, os nossos pecados confessados são julgados e o pecador é justificado23. Ali, nos colocamos ao pé da cruz de Jesus, onde o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo foi imolado em favor de toda a humanidade (João 1:29). É na cruz onde visualizamos Deus, indo na direção do homem, levando misericórdia e perdão. Como o homem pecador não podia ir até o propiciatório para falar e sentir a presença real de Deus, Ele ia com toda a sua misericórdia até o altar do holocausto, sendo propício e misericordioso com o homem pecador, transmitindo Seu amor e compaixão por meio do sacerdote. A BACIA DE BRONZE

Figura 5 – A bacia de bronze 22 Salmos 51:10-12 - 10 Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável. 11 Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito. 12 Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer. 23 O termo “justificar” vem do gr. “dikaioo” e significa “tornar justo”. É um termo forense, que indica que uma pessoa acusada é considerada inocente e absolvida pelo tribunal.

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dela emana. Estes três ingredientes devem estar diariamente presentes na vida cristã: a Palavra; a unção do Espírito; e, a vida e alegria da salvação22.


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17 Disse então o SENHOR a Moisés: 18 “Faça uma bacia de bronze com uma base de bronze, para se lavarem. Coloque-a entre a Tenda do Encontro e o altar, e mande enchê-la de água. 19 Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés com a água da bacia. 20 Toda vez que entrarem na Tenda do Encontro, terão que lavar-se com água, para que não morram. Quando também se aproximarem do altar para ministrar ao SENHOR, apresentando uma oferta preparada no fogo, 21 lavarão as mãos e os pés para que não morram. Esse é um decreto perpétuo, para Arão e os seus descendentes, geração após geração” (Êxodo 30:17-21).

A segunda peça do átrio é a bacia de bronze. Era aí, na bacia de bronze, que os sacerdotes lavavam as mãos e os pés antes de entrarem e saírem do Lugar Santo. A bacia foi feita com os espelhos de bronze das mulheres e estava sempre cheia de água, para limpeza constante dos sacerdotes que ministravam na Casa do Senhor. Ela simbolizava a Palavra de Deus. A Bíblia não descreve a sua medida, a bacia é a única peça cuja dimensão é desconhecida. Isto nos mostra que não é possível mensurar o poder purificador da Palavra de Deus, nem a amplitude dos Seus mistérios. Antes de entrar no Lugar Santo para ministrar, o sacerdote tinha que lavar as mãos e os pés24. Pés simbolizam caminho, vida. Isto significa que o cristão deve ter a sua vida em processo contínuo de santificação. Mãos simbolizam obras, ações. As nossas obras e ações devem ser santas. O cristão deve cuidar para que as suas obras não sejam revestidas de objetivos impuros, reprováveis. Sem vida santificada e sem boas obras, o cristão não pode ministrar na presença de Deus.

24 Êxodo 40:30-32 - 30 Colocou a bacia entre a Tenda do Encontro e o altar, e encheu-a de água; 31 Moisés, Arão e os filhos deste usavam-na para lavar as mãos e os pés. 32 Sempre que entravam na Tenda do Encontro e se aproximavam do altar, eles se lavavam, como o SENHOR tinha ordenado a Moisés.


22 Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. 23 Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho 24 e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência (Tiago 1:22-24). 12 O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. 13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. 14 Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno (João 15:12-14). 1 Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. 2 Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:1-2). 19 Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; 20 idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções 21 e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. 22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fideli-

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É importante observarmos um detalhe: Quando o sacerdote se abaixava para lavar-se, a água que refletia como espelho mostrava-lhe, em primeira dimensão, seu próprio rosto e, em segunda, o céu, isto porque a bacia ficava na parte descoberta do Tabernáculo. Aplicando este detalhe à nossa vida cristã, significa que quando olhamos para a Palavra de Deus, a Bíblia, ela pode, como um espelho, refletir em primeira dimensão a nossa vida, mostrando o nosso estado perante Deus. Olhando para a Bíblia, vemos o Senhor dizendo-nos:


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dade, 23 mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. 24 Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. 25 Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito (Gálatas 5:1925). 28 Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. 29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação (I Coríntios 11:28-29). 15 Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, 16 pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo” I Pedro 1:15-16).

Na segunda dimensão, ela nos mostra as coisas celestiais, ou seja, as promessas de Jesus, o amor de Deus, Sua glória, Seu poder. Vejamos:

1”Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar- lhes lugar. 3 E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver (João 14:1-3). 12 Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. 13 E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 O que vocês pedirem em meu nome, eu farei (João 14:12-14). 16 E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, 17 o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. 18 Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês (João 14:16-18).


16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).

É na bacia de bronze onde o cristão inicia o processo de santificação através da lavagem da Palavra de Deus. A Palavra é água que limpa, que purifica25. Sem santificação contínua não há verdadeira adoração e louvor. Ministrar na presença de Deus exige santidade.

Agora, vamos entrar no Tabernáculo propriamente dito, é o que vamos abordar nos próximos capítulos. Ele tinha uma estrutura de madeira revestida de ouro, de trinta por dez côvados (quinze metros de comprimento por cinco de largura)26, dividido em duas partes por uma pesada cortina chamada de véu, também de quatro cores. A primeira parte era chamada de LUGAR SANTO. O segundo compartimento chamava-se O SANTO DOS SANTOS, ou O LUGAR SANTÍSSIMO.

25 João 15:3 Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. 26 Medida aproximada.

49 CAPÍTULO III O ÁTRIO OU O PÁTIO

4 Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. 5 Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo” (Atos 1:4-5).


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Capítulo IV O LUGAR SANTO

Figura 6 – Visão parcial do Lugar Santo

O Lugar Santo era o primeiro compartimento da parte coberta do Tabernáculo. Media vinte côvados no seu comprimento e dez na largura (dez metros por cinco)23. Ali, havia três peças: O castiçal, à esquerda; a mesa de pães à direita; e, o altar do incenso na parte de trás, antes do véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, ou Santo dos Santos. 27 Medida aproximada.


51 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

1 “Faça o tabernáculo com dez cortinas internas de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo (púrpura) e vermelho, e nelas mande bordar querubins. 2 Todas as cortinas internas terão a mesma medida: doze metros e sessenta centímetros de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. 3 Prenda cinco dessas cortinas internas uma com a outra e faça o mesmo com as outra cinco. 4 Faça laçadas de tecido azul ao longo da borda da cortina interna, na extremidade do primeiro conjunto de cortinas internas; o mesmo será feito à cortina interna na extremidade do outro conjunto. 5 Faça cinqüenta laçadas numa cortina interna e cinqüenta laçadas na cortina interna que está na extremidade do outro conjunto, de modo que as laçadas estejam opostas umas às outras. 6 Faça também cinqüenta colchetes de ouro com os quais se prenderão as cortinas internas uma na outra, para que o tabernáculo seja um todo. 7 “Com o total de onze cortinas internas de pêlos de cabra faça uma tenda para cobrir o tabernáculo. 8 As onze cortinas internas terão o mesmo tamanho: treze metros e meio de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. 9 Prenda de um lado cinco cortinas internas e também as outras seis do outro lado. Dobre em duas partes a sexta cortina interna na frente da tenda. 10 Faça cinqüenta laçadas ao longo da borda da cortina interna na extremidade do primeiro conjunto de cortinas, e também ao longo da borda da cortina interna do outro conjunto. 11 Em seguida faça cinqüenta colchetes de bronze e ponha-os nas laçadas para unir a tenda como um todo. 12 Quanto à sobra no comprimento das cortinas internas da tenda, a meia cortina interna que sobrar será pendurada na parte de trás do tabernáculo. 13 As dez cortinas internas serão quarenta e cinco centímetros mais compridas de cada lado; e o que sobrar será pendurado nos dois lados do tabernáculo, para cobri-lo. 14 Faça também para a tenda uma cobertura de pele de carneiro tingida de vermelho, e por cima desta uma


52 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

cobertura de couro. 15 “Faça armações verticais de madeira de acácia para o tabernáculo. 16 Cada armação terá quatro metros e meio de comprimento por setenta centímetros de largura, 17 com dois encaixes paralelos um ao outro. Todas as armações do tabernáculo devem ser feitas dessa maneira. 18 Faça vinte armações para o lado sul do tabernáculo 19 e quarenta bases de prata debaixo delas: duas bases para cada armação, uma debaixo de cada encaixe. 20 Para o outro lado, o lado norte do tabernáculo, faça vinte armações 21 e quarenta bases de prata, duas debaixo de cada armação. 22 Faça seis armações para o lado ocidental do tabernáculo, 23 e duas armações na parte de trás, nos cantos. 24 As armações nesses dois cantos serão duplas, desde a parte inferior até a superior, colocadas numa única argola; ambas serão assim. 25 Desse modo, haverá oito armações e dezesseis bases de prata, duas debaixo de cada armação. 26 “Faça também travessões de madeira de acácia: cinco para as armações de um lado do tabernáculo, 27 cinco para as do outro lado e cinco para as do lado ocidental, na parte de trás do tabernáculo. 28 O travessão central se estenderá de uma extremidade à outra entre as armações. 29 Revista de ouro as armações e faça argolas de ouro para sustentar os travessões, os quais também terão que ser revestidos de ouro. 30 “Faça o tabernáculo de acordo com o modelo que lhe foi mostrado no monte. 31 “Faça um véu de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e mande bordar nele querubins. 32 Pendure-o com ganchos de ouro em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro e fincadas em quatro bases de prata. 33 Pendure o véu pelos colchetes e coloque atrás do véu a arca da aliança. O véu separará o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. 34 Coloque a tampa sobre a arca da aliança no Lugar Santíssimo. 35 Coloque a mesa do lado de fora do véu, no lado norte do tabernáculo; e o candelabro em frente dela, no lado sul. 36 “Para a entrada da tenda faça uma


Visto de fora, o Lugar Santo e o Santo dos Santos formavam um retângulo de trinta côvados de comprimento por dez de largura. Na descrição da estrutura não dá para separar os dois espaços, eles formavam um só compartimento dividido por uma cortina. O material utilizado na construção de ambos era exatamente igual. Vejamos alguns detalhes da estrutura destes dois ambientes: AS TÁBUAS

1. Sua Origem - As tábuas são originárias da floresta e cada uma delas pode representar um cristão. Eram em número de quarenta e oito (Êxodo 26:18-25). Lembremos que o número quatro é simbolicamente o número do mundo e o número doze o número representativo do povo de Deus. O número quarenta e oito é a multiplicação de quatro por doze, representando assim todo o povo de Deus, em todas as épocas, em todos os lugares, culturas e povos.

Estávamos na floresta, que é o mundo, sujeitos a todas adversidades e perigos próprios de um ambiente selvagem. Através da mensagem do Evange-

53 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

cortina de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, obra de bordador. 37 Faça ganchos de ouro para essa cortina e cinco colunas de madeira de acácia revestidas de ouro. Mande fundir para eles cinco bases de bronze (Êxodo 26:1-37).


54 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

lho, trazida pelos trabalhadores do reino, que são os pregadores, fomos cortados e derrubados aos pés de Jesus pelo arrependimento, quando ouvimos a Palavra de Deus, a espada cortante28. Depois de derrubados, fomos trazidos para a carpintaria do Nazareno, a Igreja, onde fomos trabalhados. 1 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, 2 nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. 3 Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. 4 Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, 5 deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões - pela graça vocês são salvos. 6 Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, 7 para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus (Efésios. 2.1-7).

2. Sua transformação - Quando a madeira chega à carpintaria, ela está em estado bruto, natural, cheia de nós, casca, tortuosidade, etc. Para que a madeira se transforme em tábuas é necessário usar a ferramenta adequada para serrá-la, aplainá-la, etc. Da mesma forma, quando chegamos à Casa de Deus, a Igreja, através do arrependimento, trazemos todos 28 Hebreus 4:12 Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração.


29 II Timóteo 3:16-17 - 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, 17 para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

Efésios 4:11-16 - 11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, 13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 14 O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. 15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16 Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. 17 Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos.

30 Colossenses 3:5-11 - 5 Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. 6 É por causa dessas coisas que vem a ira de Deus sobre os que vivem na desobediência, 7 as quais vocês praticaram no passado, quando costumavam viver nelas. 8 Mas agora, abandonem todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente no falar. 9 Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas 10 e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador. 11 Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos.

55 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

os vícios adquiridos no mundo e as deformações da alma causadas pelo pecado. A igreja é a carpintaria do Nazareno, Jesus, onde através da Palavra de Deus, que é a ferramenta adequada para a perfeição do crente29, somos trabalhados, limpos, transformados. O Espírito Santo começa o processo de aperfeiçoamento, despojando-nos dos vícios, das obras da carne e de todas as mazelas do pecado30.


56 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

São milhares as vidas transformadas pela mensagem do Evangelho. Homens e mulheres, antes escravos do pecado, completamente deformados física e espiritualmente, hoje são novas criaturas, completamente regeneradas, que não mais trazem sobre si as marcas do pecado que antes carregavam. O Evangelho é poder para a salvação e transformação de todos aqueles que são trazidos do mundo para a Casa do Senhor e ali se permitem ser trabalhados pela Palavra de Deus, a ferramenta mais eficaz no processo de mudança e regeneração de vidas (Romanos 1:16). 3. Seu revestimento - Depois de trabalhadas, todas as tábuas tinham o mesmo tamanho, mediam dez côvados de altura por um côvado e meio de largura (aproximadamente cinco metros por setenta e cinco centímetros) e eram revestidas de ouro31. Ouro, na Bíblia, simboliza glória, realeza. Cada tábua possuía traços e marcas que indicavam sua individualidade. Era o revestimento que encobria estas particularidades e tornava todas as tábuas iguais, não havia como diferenciar uma da outra. Como já dissemos anteriormente, estas tábuas tipificam o cristão individualmente. Quando mergulhamos na graça de Deus, nossa vida é revestida pelo poder que emana do Espírito Santo. O cristão revestido do poder de Deus não se diferencia dos demais. Quando olhamos para ele, não vemos os seus defeitos, eles estão cobertos pela 31 Êxodo 26:29 Revista de ouro as armações e faça argolas de ouro para sustentar os travessões, os quais também terão que ser revestidos de ouro.


AS TRAVESSAS

26 “Faça também travessões de madeira de acácia: cinco para as armações de um lado do tabernáculo, 27 cinco para as do outro lado e cinco para as do lado ocidental, na parte de trás do tabernáculo. 28 O travessão central se estenderá de uma extremidade à outra entre as armações. 29 Revista de ouro as armações e faça argolas

32 Êxodo 26:19 e quarenta bases de prata debaixo delas: duas bases para cada armação, uma debaixo de cada encaixe. 33 Mateus 26:15 e lhes perguntou: “O que me darão se eu o entregar a vocês?” E lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata.

57 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

glória do Senhor na sua vida. Para Deus, somos todos iguais e Ele espera que, ao reunirmo-nos, sejamos todos iguais, não havendo entre nós traços ou marcas que nos coloquem em evidência fazendo com que sejamos melhores ou piores que os demais. Se somos cristãos verdadeiros, cheios da unção do Espírito, somos todos irmãos, vivendo em harmonia como verdadeiros membros do corpo místico de Cristo na Terra, a Igreja (I Coríntios 12:12-20). 4. Suas bases - As bases das tábuas eram de prata32. Eram elas que davam sustentação às tábuas. A prata é símbolo de redenção. Como servos de Deus, nossa base de sustentação está no calvário. Lembremos que Jesus foi vendido por 30 moedas de prata33. Este era o preço de um escravo comum, o preço que eu e você, leitor, valíamos, como escravos do pecado que éramos. Na cruz, Jesus pagou, por meio do seu sangue, o preço da nossa redenção e nos outorgou a liberdade plena.


58 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

de ouro para sustentar os travessões, os quais também terão que ser revestidos de ouro (Êxodo 26:28-28).

As travessas eram barras de madeira que serviam para manter as tábuas de pé e unidas34. Elas também eram revestidas de ouro, da mesma forma que as tábuas. As travessas eram em número de cinco para cada lado, exceto no lado oriental, onde ficava a entrada. Estas travessas, em número de cinco, indicam que os crentes devem viver unidos para desfrutarem da graça do Senhor por Sua misericórdia. Por serem em número de cinco, elas também apontam para os ministérios. São cinco os dons ministeriais.

11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12 com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, 13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo (Efésios 4:11-13).

Os dons ministeriais têm o propósito de promover a edificação e a unidade da Igreja. Isso só é possível porque Deus é misericordioso. O número cinco é também o número da misericórdia, Betesda35 foi o lugar onde Jesus demonstrou Sua misericórdia ao 34 Salmos 133 - Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união! 2 É como óleo precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes. 3 É como o orvalho do Hermom quando desce sobre os montes de Sião. Ali o SENHOR concede a bênção da vida para sempre. 35 Betesda significa Casa de Misericórdia. O tanque de Betesda estava dentro de um espaço construído com cinco alpendres, ou entradas.


A PORTA

Para a entrada da tenda faça uma cortina de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, obra de bordador. 37 Faça ganchos de ouro para essa cortina e cinco colunas de madeira de acácia revestidas de ouro. Mande fundir para eles cinco bases de bronze (Êxodo 26:36-37). As colunas da porta de entrada do Pátio tinham bases 36 João 5:2-9 - 2 Há em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamado Betesda{2}, tendo cinco entradas em volta. 3 Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas. 4 De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitadas as águas, era curado de qualquer doença que tivesse. 5 Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. 6 Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: “Você quer ser curado?” 7 Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. 8 Então Jesus lhe disse: “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”. 9 Imediatamente o homem ficou curado, pegou a maca e começou a andar. Isso aconteceu num sábado,

37 Lucas 7:48 - E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados. Mateus 9:2 - E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados.

59 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

paralítico que ali esperava o mover das águas36. O movimento das águas naquele lugar era também um ato misericordioso de Deus em favor dos enfermos. A salvação não alcança apenas a alma, ela é suficiente para alcançar o ser humano por inteiro, ou seja, espírito, alma e corpo. Lembremos de que aqueles que buscaram em Jesus a cura física, também tiveram os seus pecados perdoados37, ou seja, tiveram uma regeneração completa.


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de bronze e ganchos de prata. Já a porta de entrada do Lugar Santo tinha bases de bronze e ganchos de ouro. Isso significa que, em qualquer estágio da nossa vida cristã, a justiça divina deve prevalecer sobre a nossa vida. Se a nossa fé não estiver baseada na justiça divina, ou seja, na observância da Palavra de Deus, ela não tem sustentação. Os ganchos de ouro demonstram que, ao entrar no Lugar Santo, temos o primeiro contato com a glória de Deus. Enquanto no Pátio todos os móveis eram revestidos de bronze, no Lugar Santo eles eram revestidos de ouro.

Na entrada do Lugar Santo havia cinco colunas. Lembremos que o número cinco, na numerologia bíblica, é o número da misericórdia e, também, da responsabilidade, do trabalho. São cinco os dons ministeriais38. Folheando os Evangelhos, observamos que: ao primeiro servo o Senhor deu cinco talentos39; são cinco as virgens prudentes40; foram cinco os pães que o Senhor multiplicou para alimentar a grande multidão41. Embora Deus seja abundantemente misericordioso, ele exige de nós comprometimento com Ele. Quando Deus resolveu cumprir sua pro38 Efésios 4:11 E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, 39 Mateus 25:15 A um deu cinco talentos{1}, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem.

40 Mateus 25:1-2 - 1 “O Reino dos céus será, pois, semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo. 2 Cinco delas eram insensatas, e cinco eram prudentes.

41 Mateus 14:19 E ordenou que a multidão se assentasse na grama. Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, deu-os aos discípulos, e estes à multidão.


Na porta do Lugar Santo, encontramos a conjunção do número quatro (a cortina tinha quatro cores) e o número cinco (cinco colunas na entrada, cinco travessas). Como já dissemos, o número quatro é o número da plenitude do mundo (são quatro os pontos cardeais) e isto indica que todos nós podemos entrar no Lugar Santo. Entretanto, necessitamos saber que, embora todos tenham a possibilidade de entrar no Lugar Santo, isto somente é possível pela misericórdia do Senhor, desde que o crente esteja disposto a assumir um compromisso com Ele (o número cinco é o número da misericórdia e da responsabilidade). Não se pode adorar a Deus de qualquer forma, o Lugar Santo é um lugar de adoração, um local sagrado de relacionamento entre Deus e o homem, demonstrado no candelabro, em sua conjunção entre o nú-

42 Gênesis 17:1-13 - 1 Quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade o SENHOR lhe apareceu e disse: “Eu sou o Deus todo-poderoso{1}; ande segundo a minha vontade e seja íntegro. 2 Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei muitíssimo a sua descendência”. 3 Abrão prostrou-se, rosto em terra, e Deus lhe disse: 4 “De minha parte, esta é a minha aliança com você. Você será o pai de muitas nações. 5 Não será mais chamado Abrão; seu nome será Abraão{2}, porque eu o constituí pai de muitas nações. 6 Eu o tornarei extremamente prolífero; de você farei nações e de você procederão reis. 7 Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes. 8 Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus deles. 9 “De sua parte”, disse Deus a Abraão, “guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. 10 Esta é a minha aliança com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. 11 Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. 12 Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês. 13 Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua.

61 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

messa de dar um filho a Abraão, exigiu do patriarca o estabelecimento de um pacto com Ele42.


62 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

mero seis e sete, assim como na mesa dos pães de preposição onde eram colocados doze pães, seis de cada lado (Levítico 24:5-6). Esta divisão representava a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, dividida em dois testamentos: o antigo e o novo. É através da Palavra que Deus se relaciona com o cristão, expressando Sua vontade, Seus mandamentos, Seu amor, Sua misericórdia e as Suas promessas. A Cobertura

1 “Faça o tabernáculo com dez cortinas internas de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e nelas mande bordar querubins. 2 Todas as cortinas internas terão a mesma medida: doze metros e sessenta centímetros de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura [...] 6 Faça também cinqüenta colchetes de ouro com os quais se prenderão as cortinas internas uma na outra, para que o tabernáculo seja um todo. 7 “Com o total de onze cortinas internas de pêlos de cabra faça uma tenda para cobrir o tabernáculo. 8 As onze cortinas internas terão o mesmo tamanho: treze metros e meio de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. 9 Prenda de um lado cinco cortinas internas e também as outras seis do outro lado. Dobre em duas partes a sexta cortina interna na frente da tenda [...]14 Faça também para a tenda uma cobertura de pele de carneiro tingida de vermelho, e por cima desta uma cobertura de couro (Êxodo 26:1-2; 6-9; 14).

O Tabernáculo era formado por quatro coberturas. Olhando de dentro para fora, a ordem era a seguinte:


1. A cortina de linho, trançada de azul, roxo e vermelho, com bordados de querubins era a visão de quem estava dentro do Tabernáculo - Aqui, temos a visão de Cristo como a Palavra encarnada, agora glorificada44 (as quatro cores representam os Evangelhos, a Palavra). Os querubins são os guardiões do trono de Deus e o Senhor estava presente no Tabernáculo. Ao visualizarmos a cortina, observando suas cores e bordados, podemos ter uma visão mais nítida e real de Jesus. Nela podemos ver o Cristo Rei dos reis e Senhor dos Senhores45, o servo humilde, fiel e obediente46, o Filho do homem em sua majestade47 e o Filho de Deus glorificado após a vitória sobre a morte 43 Efésios 4:11 Púrpura, na versão ARA e ARC.

44 João 1:14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito{5} vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.

45 I Timóteo 6:14-16 - 14 Guarde este mandamento imaculado e irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, 15 a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16 o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém.

63 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

dez cortinas de linho branco, trançado de azul, roxo43 e vermelho, com bordados de querubins; onze cortinas de pelos de cabra; uma cobertura de pelo de carneiro tingida de vermelho e outra cobertura de couro (pele de texugo, na versão ARA). Cada uma destas coberturas tem significado importante:


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e o inferno48. O número dez (as dez cortinas) representa a amplitude deste conhecimento. Nela também vemos cinquenta laçadas de azul e cinquenta colchetes de ouro, que tinham a função de unir os dois grupos de cortinas. Este número aponta para a graça e o poder de Jesus derramado sobre a Igreja no dia de pentecostes (cinquenta dias depois da páscoa).

2. As cortinas de peles de cabra - Estas cortinas brancas não eram tingidas e representavam a pureza de Cristo. Ele viveu uma vida pura, sem pecado. Somente Ele podia perguntar: Qual de vocês pode me acusar de algum pecado? (João 8: 46). Ali estava representada a santidade de Jesus49. Aplicando à nossa vida cristã, elas apontam para a santificação que são os passos seguintes ao encontro com Cristo no calvário50.

46 Filipenses 2:5-8 - 5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6 que, embora sendo Deus{1}, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo{2}, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma{3} humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! 47 Atos 7:55-56 - 55 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus, 56 e disse: “Vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé, à direita de Deus”.

48 João 17:5 E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse. Apocalipses 1:12-18 - 12 Voltei-me para ver quem falava comigo. Voltando-me, vi sete candelabros de ouro 13 e entre os candelabros alguém “semelhante a um filho de homem”{5}, com uma veste que chegava aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor do peito. 14 Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram como chama de fogo. 15 Seus pés eram como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o som de muitas águas. 16 Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu fulgor. 17 Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: “Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último. 18 Sou Aquele que Vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades.


4. Cobertura de couro - Esta era a visão de quem olhava para o Tabernáculo do lado de fora: a pele de texugo era rústica, áspera e sem beleza, como ela estava exposta, ficava coberta pela areia do deserto, adquirindo uma aparência semelhante ao deserto. Assim, quem olhava para o Tabernáculo, do lado de fora, nada via de belo ou especial. O Tabernáculo, visto de fora, assemelhava-se a Jesus, como descreve Isaías: 49 Hebreus 4:14-15 - 14 Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, 15 pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. 50 II Coríntios 5:17 Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!

I Tessalonicenses 4:7 Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade.

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3. Cobertura de pele de carneiro tingida de vermelho - Esta cobertura, por sua cor, simboliza a expiação propiciada pelo sangue de Jesus. O vermelho aponta para o calvário, onde Cristo derramou o seu sangue. “No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). É através do sangue de Jesus que a alma do homem pode ser purificada, obtendo através do perdão a santificação. O primeiro passo para o homem natural penetrar na sala dos mistérios de Deus, a fim de adquirir conhecimento e comunhão mais profunda com o Senhor, é abrir o seu coração, permitindo que ele seja lavado no sangue de Jesus.


66 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

2 Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos. 3 Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima (Isaías 53:2-3).

Quem olha para Cristo, sem tê-lo recebido como Salvador, nada de especial consegue ver Nele. Ele não passa de um homem, de um revolucionário, de um líder religioso, de um grande filósofo, ou simplesmente o fundador do cristianismo. Somente conseguimos ver a beleza de Cristo quando o miramos com os olhos da fé. O MOBILIÁRIO

O mobiliário do Lugar Santo estava arrumado da seguinte forma: do lado direito estava a mesa dos pães da proposição, do lado esquerdo o candelabro e ao fundo, em frente à cortina que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, estava, de forma centralizada, o altar do incenso.


67 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

A MESA DOS PÃES DA PROPOSIÇÃO

Figura 7 – A mesa dos pães da proposição ou da presença

23 “Faça uma mesa de madeira de acácia com noventa centímetros de comprimento, quarenta e cinco centímetros de largura e setenta centímetros de altura. 24 Revista-a de ouro puro e faça uma moldura de ouro ao seu redor. 25 Faça também ao seu redor uma borda com a largura de quatro dedos e uma moldura de ouro para essa borda. 26 Faça quatro argolas de ouro para a mesa e prenda-as nos quatro cantos dela, onde estão os seus quatro pés. 27 As argolas devem ser presas próximas da borda para que sustentem as varas usadas para carregar a mesa. 28 Faça as varas de madeira de acácia, revestindo-as de ouro; com elas se carregará a mesa. 29 Faça de ouro puro os seus pratos e o recipiente para incenso, as suas tigelas e as bacias nas quais se derramam as ofertas de bebidas. 30 Coloque sobre a mesa os pães da Presença, para que estejam sempre diante de mim (Êxodo 25:23-30).


68 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Ao atravessarmos a cortina da entrada do Lugar Santo, encontramos, à nossa direita, a mesa dos pães da proposição. Sobre a mesa eram colocados os pães da presença, arrumados de seis em seis, eram doze pães. Estes pães eram feitos de flor de farinha e pesava cada um duas dízimas de uma efa51.

5 “Apanhe da melhor farinha e asse doze pães, usando dois jarros para cada pão. 6 Coloque-os em duas fileiras, com seis pães em cada uma, sobre a mesa de ouro puro perante o SENHOR. 7 Junto a cada fileira coloque um pouco de incenso puro como porção memorial para representar o pão e ser uma oferta ao SENHOR preparada no fogo. 8 Esses pães serão colocados regularmente perante o SENHOR, cada sábado, em nome dos israelitas, como aliança perpétua. 9 Pertencem a Arão e a seus descendentes, que os comerão num lugar sagrado, porque é parte santíssima de sua porção regular das ofertas dedicadas ao SENHOR, preparadas no fogo. É decreto perpétuo” (Levítico 24:5-9).

Sobre eles era colocado incenso puro. A cada sábado, os pães eram substituídos por Arão. Os pães substituídos eram alimento para Arão e seus filhos no Lugar Santo. Estes pães tipificavam Cristo, o pão vivo que desceu do céu52. Observemos que os pães estavam em dois grupos de seis (seis é o número do homem) e formavam um total de doze (número representativo do povo de Deus). Eram doze as tribos de Israel e doze o número dos apóstolos, os quais re51 A efa era uma medida para secos equivalente a aproximadamente 36 litros. Assim, cada pão seria de 7,2 litros. Fonte: Pequena Enciclopédia Bíblica, de Orlando Boyer.

52 João 6:51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.


1 E ele me disse: “Filho do homem, coma este rolo; depois vá falar à nação de Israel”. 2 Eu abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer. 3 E acrescentou: “Filho do homem, coma este rolo que estou lhe dando e encha o seu estômago com ele”. Então eu o comi, e em minha boca era doce como mel (Ezequiel 3:1-3).

Observemos que sobre os pães se derramava incenso54. O incenso tipifica a unção do Espírito. Do ponto de vista simbólico, o incenso sobre os pães tipifica a unção e inspiração da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada55.

Quando Arão tomava os pães para alimentar-se, imaginamos que deveriam estar duros e um tanto amargos, isto pelo fato de estarem expostos por uma semana e terem sido untados com incenso. A Palavra de Deus às vezes parece dura e amarga, mas, é o alimento ideal para aqueles que querem crescer e se fortalecer no Senhor. Ainda que a Palavra do Senhor

69 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

presentavam todo o povo de Deus no antigo e novo testamento. Com base neste argumento, podemos compreender que Cristo é o pão que alimenta todos os homens53.Os pães da proposição tipificam, ainda, a Palavra de Deus, que é alimento para aqueles que querem servir ao Senhor.


70 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

venha nos corrigir, devemos recebê-la. Mesmo que, a princípio, a exortação do Senhor produza tristeza, seu resultado é um fruto pacífico56. O CANDELABRO

Figura 8 – O candelabro

31 “Faça um candelabro de ouro puro e batido. O pedestal, a haste, as taças, as flores e os botões do candelabro formarão com ele uma só peça. 32 Seis braços sairão do candelabro: três de um lado e três do outro. 33 Haverá três taças com formato de flor de amêndoa num dos braços, cada uma com botão e flor, e três taças com formato de flor de amêndoa no braço seguinte, cada uma com botão e flor. Assim será com os seis braços que saem do candelabro. 34 Na haste

56 Hebreus 12:11 Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados (Hebreus 12:11).


O candelabro formava uma única peça de ouro puro e pesava trinta e cinco quilos (um talento)57. Esta peça era formada por uma haste central e mais três hastes de cada lado. Cada haste tinha detalhes que formavam uma flor, um botão de flor e um cálice. No candelabro, vemos o encontro de Deus com o homem. As hastes laterais eram seis, tipificando o homem. A haste central tipificava Cristo. A conjunção do número seis com o sete demonstra que o homem só pode ter comunhão com Deus por meio de Jesus58. O candelabro era o símbolo da comunhão entre Deus e o homem através de Jesus mediado pelo Espírito Santo. As lâmpadas eram abastecidas de azeite puro de oliva, ofertado pelos filhos de Israel, conforme Deus havia ordenado.

57 Fonte: Bíblia a Rocha. Nova Versão Internacional. Editora Candeia, 2001.

58 João 14:6 - Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”.

71 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

do candelabro haverá quatro taças com formato de flor de amêndoa, cada uma com botão e flor. 35 Haverá um botão debaixo de cada par dos seis braços que saem do candelabro. 36 Os braços com seus botões formarão uma só peça com o candelabro, tudo feito de ouro puro e batido. 37 “Faça-lhe também sete lâmpadas e coloque-as nele para que iluminem a frente dele. 38 Seus cortadores de pavio e seus apagadores serão de ouro puro. 39 Com trinta e cinco quilos{6} de ouro puro faça o candelabro e todos esses utensílios. 40 Tenha o cuidado de fazê-lo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte (Êxodo 26:31-40).


72 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

20 Ordene aos israelitas que lhe tragam azeite puro de olivas batidas para a iluminação, para que as lâmpadas fiquem sempre acesas. 21 Na Tenda do Encontro, do lado de fora do véu que se encontra diante das tábuas da aliança, Arão e seus filhos manterão acesas as lâmpadas diante do SENHOR, do entardecer até de manhã. Este será um decreto perpétuo entre os israelitas, geração após geração (Êxodo 27:20-21).

O azeite é o mais conhecido símbolo do Espírito Santo. No candelabro fica demonstrado que é o Espírito Santo quem promove a comunhão entre o homem e Deus, permitindo que ele mantenha uma vida frutífera de santificação. Andar na luz é viver em comunhão com o Pai e com o Filho, através do Espírito Santo. É justamente por isso que não devemos entristecer o Espírito Santo59.

As luzes brilhavam desde a tarde até o amanhecer, eram as únicas luzes que iluminavam o Lugar Santo. O sacerdote tinha a responsabilidade de manter as lâmpadas em ordem.

1 Disse o SENHOR a Moisés: 2 “Ordene aos israelitas que lhe tragam azeite puro de oliva batida para as lâmpadas, para que fiquem sempre acesas. 3 Na Tenda do Encontro, do lado de fora do véu que esconde as tábuas da aliança, Arão manterá as lâmpadas continuamente acesas diante do SENHOR, desde o entardecer até a manhã seguinte. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações (Levítico 24:1-4).

59 Efésios 4:30 Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção.


60 João 15:1-8 - 1 “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2 Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. 3 Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. 4 Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. 5 “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. 6 Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. 7 Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. 8 Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos. 61 I João 1:7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo{2} pecado.

73 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

Como cristãos, devemos saber que somente estando ligados a Jesus podemos dar frutos60. Só através d’Ele poderá fluir em nós o Espírito Santo. O Espírito Santo é o meio pelo qual podemos gozar de íntima comunhão com Deus e com os nossos irmãos61. Todos os dias, o sacerdote tinha que colocar em ordem o candelabro. Certamente tinha que abastecer as lâmpadas com azeite, retirar as cinzas e repuxar os pavios. Para o cristão manter uma vida plena de comunhão com Deus, necessita cultivar diariamente uma vida de oração, adoração e santificação. Muitos cristãos andam com a sua luz apagada por não cuidarem da sua vida espiritual. Um detalhe importante é que a única luz que brilhava no Tabernáculo era a luz do candelabro. O historiador Flávio Josefo (2005) afirma que durante o dia ficavam acesas as três lâmpadas. Lembremos que o


74 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

número três é o número da Trindade. Isto significa que, no Lugar Santo, a única luz que brilha é a luz de Deus. Quando o cristão entra no Lugar Santo, deixa de ser um homem natural e passa a viver guiado pelo Espírito, tendo sua vida iluminada pelo Todo Poderoso. Ali já temos uma visão mais nítida de Jesus, como também da glória e do poder de Deus representados pelo ouro que cobria os móveis e as tábuas. O ouro era a única matéria prima do candelabro, significando que quando o cristão vive em comunhão com Jesus, através da unção do Espírito Santo na sua vida, a glória do Senhor faz do seu ser uma luz62. O ALTAR DO INCENSO

Figura 9 – O altar do incenso 62 Mateus 5:14-16 - 14 “Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. 15 E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. 16 Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.


O altar do incenso era um móvel feito de madeira, coberto de ouro, quadrado, medindo um côvado (aproximadamente cinquenta centímetros) em todos os lados e dois côvados (aproximadamente um metro) de altura, com quatro chifres, um em cada lado. Neste altar se oferecia incenso aromático, feito especialmente para este fim. A fórmula do incenso foi dada pelo próprio Deus. 34 Disse ainda o SENHOR a Moisés: “Junte as seguintes essências: bálsamo, ônica, gálbano e incenso puro, todos em quantidades iguais, 35 e faça um incenso de mistura aromática, obra de perfumista. Levará sal e será puro e santo. 36 Moa parte dele, até virar pó, e coloque-o diante das tábuas da aliança, na Tenda do Encontro, onde me encontrarei com você. O incenso lhes será santíssimo. 37 Não façam nenhum outro incenso com a mesma composição para uso pessoal;

75 CAPÍTULO IV O LUGAR SANTO

Faça um altar de madeira de acácia para queimar incenso. 2 Será quadrado, com quarenta e cinco centímetros de cada lado{1} e noventa centímetros de altura; suas pontas formarão com ele uma só peça. 3 Revista de ouro puro a parte superior, todos os lados e as pontas, e faça uma moldura de ouro ao seu redor. 4 Faça duas argolas de ouro de cada lado do altar, abaixo da moldura, que sustentem as varas utilizadas para carregá-lo, 5 e use madeira de acácia para fazer as varas e revista-as de ouro. 6 Coloque o altar em frente do véu que se encontra diante da arca da aliança{2}, diante da tampa{3} que está sobre ele, onde me encontrarei com você. 7 “Arão queimará incenso aromático sobre o altar todas as manhãs, quando vier cuidar das lâmpadas, 8 e também quando acendê-las ao entardecer. Será queimado incenso continuamente perante o SENHOR, pelas suas gerações. 9 Não ofereçam nesse altar nenhum outro tipo de incenso nem holocausto{4} nem oferta de cereal nem derramem sobre ele ofertas de bebidas{5}. 10 Uma vez por ano, Arão fará propiciação sobre as pontas do altar. Essa propiciação anual será realizada com o sangue da oferta para propiciação pelo pecado, geração após geração. Esse altar é santíssimo ao SENHOR (Êxodo 30:1-10).


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considerem-no sagrado, reservado para o SENHOR. 38 Quem fizer um incenso semelhante, para usufruir sua fragrância, será eliminado do seu povo” (Êxodo 30:34-38).

Era proibido oferecer, neste altar, incenso estranho, holocaustos, oferta de cereal ou de bebidas63. O incenso é um tipo da oração, do louvor e da adoração a Deus. O sacerdote tinha o dever de queimar incenso no altar pela manhã, ao preparar as lâmpadas, e ao cair da tarde, ao acender as lâmpadas, diariamente. O cristão deve cultivar uma vida diária de oração e adoração. Não podemos manter a comunhão com Deus se não exercitarmos diariamente a oração e a adoração. Se quisermos gozar de intimidade com Deus, devemos imitar Daniel64.

Observemos a expressão do anjo ao falar a Daniel. Ele disse: “você é muito amado”. Nesta expressão fica 63 Êxodo 30:9 - Não ofereçam nesse altar nenhum outro tipo de incenso nem holocausto nem oferta de cereal nem derramem sobre ele ofertas de bebidas.

64 Daniel 6:10 - Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para Jerusalém e ali fez o que costumava fazer: três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus.

Daniel 10:17-23 - 17 Ouve, nosso Deus, as orações e as súplicas do teu servo. Por amor de ti, Senhor, olha com bondade para{3} o teu santuário abandonado. 18 Inclina os teus ouvidos, ó Deus, e ouve; abre os teus olhos e vê a desolação da cidade que leva o teu nome. Não te fazemos pedidos por sermos justos, mas por causa da tua grande misericórdia. 19 Senhor, ouve! Senhor, perdoa! Senhor, vê e age! Por amor de ti, meu Deus, não te demores, pois a tua cidade e o teu povo levam o teu nome. 20 Enquanto eu estava falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu povo, e trazendo o meu pedido ao SENHOR, o meu Deus, em favor do seu santo monte - 21 enquanto eu ainda estava em oração, Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio voando rapidamente para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde. 22 Ele me instruiu e me disse: “Daniel, agora vim para dar-lhe percepção e entendimento. 23 Assim que você começou a orar, houve uma resposta, que eu lhe trouxe porque você é muito amado”.


Outro exemplo de vida de oração, encontramos na Igreja primitiva66. A consequência da oração e adoração dos primeiros cristãos era a salvação diária de 65 Fonte: Pequena Enciclopédia Bíblica, de Orlando Boyer.

66 Atos 2:42-47 - 42 Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. 43 Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. 44 Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. 45 Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. 46 Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, 47 louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.

Atos 3:1-7 - 1 Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo na hora da oração, às três horas da tarde. 2 Estava sendo levado para a porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo. 3 Vendo que Pedro e João iam entrar no pátio do templo, pediu-lhes esmola. 4 Pedro e João olharam bem para ele e, então, Pedro disse: “Olhe para nós!” 5 O homem olhou para eles com atenção, esperando receber deles alguma coisa. 6 Disse Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande”. 7 Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes.

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demonstrado o grau de intimidade entre Daniel e Deus. Daniel era um homem que tinha tanto prestígio com Deus que, certa vez, logo que ele começou a orar, buscando entender o significado das profecias do profeta Jeremias, Deus mandou o anjo Gabriel para trazer-lhe a resposta. O anjo Gabriel (do grego Gavriel = Homem de Deus)65 é um anjo que goza de muita autoridade no reino celestial. Ele é o anjo mensageiro que se ocupa dos interesses do povo judeu. Todas as vezes que ele apareceu, trouxe mensagens relacionadas com a vida e o futuro de Israel.


78 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

almas e a operação de milagres, cumprindo o que o Senhor havia prometido67.

O incenso a ser oferecido tinha que ser produzido de acordo com a fórmula que Deus deu68. Nem tudo que tem nome de louvor agrada a Deus. Na atualidade, muitas igrejas confundem qualquer tipo de música ou expressão musical e teatral como louvor. Muitas destas músicas são desprovidas de unção, são apenas músicas gospel que tem como propósito agitar o ambiente com seus ritmos ensurdecedores, mas que não trazem mensagens que edificam a alma, fortaleçam a fé, ou conduzam o ouvinte ao arrependimento e à devoção verdadeira a Deus. O culto deve ser racional, santo e vivo. 1 Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto raciona de vocês. 2 Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:1-2).

67 João 14:12-13 - 12 Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. 13 E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho.

68 Êxodo 30:34-38 - 34 Disse ainda o SENHOR a Moisés: “Junte as seguintes essências: bálsamo, ônica, gálbano e incenso puro, todos em quantidades iguais, 35 e faça um incenso de mistura aromática, obra de perfumista. Levará sal e será puro e santo. 36 Moa parte dele, até virar pó, e coloque-o diante das tábuas da aliança, na Tenda do Encontro, onde me encontrarei com você. O incenso lhes será santíssimo. 37 Não façam nenhum outro incenso com a mesma composição para uso pessoal; considerem-no sagrado, reservado para o SENHOR. 38 Quem fizer um incenso semelhante, para usufruir sua fragrância, será eliminado do seu povo”.


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O que agrada a Deus é o louvor comprometido, aquele que busca exaltar o Seu nome. O louvor que chega ao céu é o louvor verdadeiro, sincero, sem artificialidades, expressão de um coração contrito que busca crescer em santidade e graça, que conduz o ouvinte à reflexão sobre sua realidade espiritual, que o faz crescer nafé e na comunhão com o Senhor.


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Capítulo V O SANTO DOS SANTOS

31 Faça um véu de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e vermelho, e mande bordar nele querubins. 32 Pendure-o com ganchos de ouro em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro e fincadas em quatro bases de prata. 33 Pendure o véu pelos colchetes e coloque atrás do véu a arca da aliança. O véu separará o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. 34 Coloque a tampa sobre a arca da aliança no Lugar Santíssimo. (Ex. 26:31-34).

O Santo dos Santos era o segundo e o mais importante compartimento da parte coberta do Tabernáculo. Suas dimensões eram iguais em todos os lados e media dez côvados (aproximadamente cinco metros), tanto na distância entre as paredes como entre o piso e o teto. O número dez representa o número da totalidade das coisas, ou seja, da plenitude. Estava separado do Lugar Santo por uma cortina, da qual falaremos adiante. Naquele ambiente não havia nenhuma luz natural, como a do Sol ou da Lua, nem luz artificial, como a do candelabro. A única luz que brilhava naquele ambiente era a da glória de Deus. Ali, a “Sh’cheena” (termo hebraico que significa presença de Deus) se manifestava de maneira forte e muito poderosa. No Santo dos Santos estava a arca e o propiciatório. Ali, o sacerdote entrava uma vez por ano, no dia da expiação69. 69 Hebreus 9:7 - No entanto, somente o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, apenas uma vez por ano, e nunca sem apresentar o sangue do sacrifício, que ele oferecia por si mesmo e pelos pecados que o povo havia cometido por ignorância.


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A cortina, mais chamada de véu, tinha a mesma composição e estrutura da cortina que ficava na entrada do Lugar Santo. A diferença é que ela tinha detalhes bordados com figuras de querubins. A cortina era sustentada por ganchos de ouro, postos em quatro colunas, de madeira de acácia, cobertas de ouro e sustentadas em bases de prata. Esta cortina estava posta atrás do altar do incenso e servia para separar o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, ou o Santo dos Santos. O Lugar Santo e o Lugar Santíssimo era um só ambiente, separado somente por esta cortina. As cores demonstram que o conhecimento da Palavra de Deus e o comprometimento com a doutrina de Cristo são necessários em todas as fases da vida cristã. Não é possível penetrar nos mistérios de Deus sem o conhecimento da Sua Palavra. O salmista diz: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmos 119:105). Paulo aconselhou Timóteo dizendo: 2 Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade (II Timóteo 2:15).

1 Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: 2 Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora

CAPÍTULO V O SANTO DOS SANTOS

A CORTINA


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de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. 3 Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. 4 Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos (II Timóteo 4:1-4).

Muitos cristãos não conseguem entrar no Santo dos Santos por não quererem dar passos de fé submetidos ao que nos ensina a palavra de Deus. Eles preferem dar lugar ao engodo, ao emocionalismo, ao superficialismo de muitos pregadores que aprenderam técnicas para manipular as emoções dos incautos fazendo-os chorar, pular, gritar, falar aparentemente em línguas e até cair, sem que tenham de fato penetrado nos mistérios do Deus Altíssimo. Entrar no Santo dos Santos exige santidade, compromisso, atitude de fé, envolvimento com Deus por meio da oração e da adoração, conhecimento da Sua palavra e disposição para tornar-se um vaso de benção para a glória do Senhor, não de si próprio. Muitos pregadores estão muito mais preocupados com o prestígio social e político e o retorno financeiro que o ministério da Palavra pode lhe proporcionar do que com o compromisso de pregar a mensagem que salva, que transforma vidas, que cura almas enfermas, que liberta o homem da escravidão do pecado. Já não é tão comum como antes a transmissão nos púlpitos das congregações, a mensagem do arrependimento, como aconteciam nos dias da igreja primitiva e também nos


70 Hebreus 10: 19-20 - 19 Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, 20 por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.

83 CAPÍTULO V O SANTO DOS SANTOS

tempos iniciais da igreja da atualidade, após o grande avivamento pentecostal ocorrido no início do século XX e que se tornou uma realidade até quase o final do século. Falar de arrependimento, de salvação, da volta de Jesus, da fé de Abraão e dos verdadeiros heróis da fé, conforme narra o escritor aos Hebreus no capítulo onze, de santificação, está fora de moda. São temas que já não agradam mais, que não atraem ouvintes interessados em um cristianismo que visa apenas o terreno, a solução dos problemas imediatos, a prosperidade, a aquisição de bens materiais. São mensagens que se focam em temas de autoajuda, de incentivo à confissão positiva, corrente doutrinária que deturpa a fé verdadeira, aquela que é o “firme fundamento das coisas que se esperam e a prova daquilo que não vemos” (Hebreus 11:1). Os testemunhos destes cristãos estão relacionados ao sucesso financeiro, à aquisição de bens materiais, à realização dos sonhos, à conquista de prestígio social e político. São, em geral, mensagens focadas em relevar a eloquência e a capacidade de oratória de homens com seus discursos comoventes ou incentivadores, mas desprovidas da verdadeira unção do Espírito Santo.


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As quatro colunas de ouro, com seus ganchos de ouro e bases de prata, demonstram que todos nós podemos penetrar na glória e nos mistérios de Deus. Para tanto, necessitamos tão somente estar dispostos a caminhar pelo novo e vivo caminho: Jesus70. Só é possível chegar até Deus por meio de Jesus71 e, andar com Jesus exige compromisso72. O véu era a barreira de separação entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Ele foi rasgado quando Jesus cumpriu integralmente o plano divino de salvação73.

Portanto, em Jesus temos a possibilidade de acesso ao Santo dos Santos, ou seja, de chegar à presença de Deus, sentir o seu poder, mergulhar e desfrutar da graça (do grego charis) e desvendar os mistérios da sua Palavra. Vamos à arca. O MOBILIÁRIO

O mobiliário do Santo dos Santos era um conjunto que formava uma só peça, constituído da arca e do

71 João 14:6 - Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. 72 João 15:14 Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno

73 Lucas 23:44-46 - 44 Já era quase meio-dia, e trevas cobriram toda a terra até as três horas da tarde; 45 o sol deixara de brilhar. E o véu do santuário rasgou-se ao meio. 46 Jesus bradou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Tendo dito isso, expirou.


A ARCA

Figura 10 – A Arca 10 “Faça uma arca de madeira de acácia com um metro e 74 dez centímetros de comprimento (2,50 côvados ), setenta centímetros de largura e setenta centímetros de altura (1,50 côvados) (grifo nosso). 11 Revista-a de ouro puro, por dentro e por fora, e faça uma moldura de ouro ao seu redor. 12 Mande fundir quatro argolas de ouro para ela e prenda-as em seus quatro pés, com duas argolas de um lado e duas do outro. 13 Depois faça varas de madeira de acácia, revista-as de ouro 14 e coloque-as nas argolas laterais da arca, para que possa ser carregada. 15 As varas permanecerão nas argolas da arca; não devem ser retiradas. 16 Então coloque dentro da arca as tábuas da aliança que lhe darei (Êxodo 25:10-16).

A arca nada mais era do que um baú, feito de madeira de acácia e revestido de ouro puro, por dentro e por fora, medindo aproximadamente um metro e 74 Bíblia Sagrada - Versão ARC – Almeida Revista e Corrigida.

85 CAPÍTULO V O SANTO DOS SANTOS

propiciatório e estava localizado no centro do compartimento. Vejamos:


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vinte e cinco centímetros de comprimento, setenta e cinco centímetros de largura e altura, colocada dentro do Santo dos Santos. Ela representava a base do trono de Deus e tipificava a presença do Altíssimo no meio do seu povo. Ali, sobre a tampa, no meio dos dois querubins que se encontram sobre a arca da aliança, eu me encontrarei com você e lhe darei todos os meus mandamentos destinados aos israelitas (Êxodo 25:22).

Dentro da arca foram depositados:

1. As tábuas da lei75 - As tábuas da lei, ou da aliança, tipificam a Palavra de Deus, os Seus mandamentos, a manifestação da Sua vontade. A lei estava escrita em pedras, demonstrando o caráter de eternidade e de firmeza da Palavra de Deus. É a Palavra de Deus a base sólida da fé do cristão.

24 “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. 26 Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda” (Mateus 7:24-27).

75 Êxodo 25:21 Coloque a tampa sobre a arca, e dentro dela as tábuas da aliança que darei a você.


3. O maná77 - O maná era o alimento dispensado por Deus diariamente para o povo de Israel durante a caminhada no deserto78. O maná tipifica Jesus, o pão vivo que desceu do céu79. Também tipifica a Palavra 76 Hebreus 9:1-4 - 1 Ora, a primeira aliança tinha regras para a adoração e também um tabernáculo terreno. 2 Foi levantado um tabernáculo; na parte da frente, chamada Lugar Santo, estavam o candelabro, a mesa e os pães da Presença. 3 Por trás do segundo véu havia a parte chamada Santo dos Santos, 4 onde se encontravam o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, totalmente revestida de ouro. Nessa arca estavam o vaso de ouro contendo o maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança. 77 Êxodo 16:32-34 - 32 Disse Moisés: “O SENHOR ordenou-lhes que recolham um jarro de maná e que o guardem para as futuras gerações, para que vejam o pão que lhes dei no deserto, quando os tirei do Egito”. 33 Então Moisés disse a Arão: “Ponha numa vasilha a medida de um jarro de maná (aproximadamente quatro quilos), e coloque-a diante do SENHOR, para que seja conservado para as futuras gerações”. 34 Em obediência ao que o SENHOR tinha ordenado a Moisés, Arão colocou o maná junto às tábuas da aliança, para ali ser guardado.

78 Êxodo 16:35 Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até chegarem a uma terra habitável; comeram maná até chegarem às fronteiras de Canaã.

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2. A vara de Arão que floresceu76 - A vara florescida é o símbolo da vida abundante e renovadora produzida pela palavra de Deus. Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24 – versão ARC). Ela também tipifica a Palavra que guia. A vara era usada pelos pastores hebreus para guiar, para conduzir as ovelhas pelo caminho. O salmista disse: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmos 119:105). Aquele que deseja andar no caminho sem perder o rumo, vivendo uma vida de santificação, deve amar e observar a Palavra de Deus.


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de Deus, o alimento sólido para a alma do cristão espiritualmente adulto e também o leite para o cristão espiritualmente infantil80. O cristão bem alimentado da Palavra de Deus tem saúde e vigor espiritual. Ele não se deixa embaraçar com qualquer vento de doutrina que surge. Também não se deixa manipular por homens presunçosos e gananciosos que visam obter lucro conduzindo o povo de Deus ao erro81. Lamentavelmente, muitos cristãos, a exemplo dos judeus que disseram a Moisés: “Mas agora perdemos o apetite; nunca vemos nada, a não ser este maná” (Números 11:6), perderam o apetite pela Palavra de Deus. Eles preferiam as carnes, os peixes, os pepinos, as melancias, as cebolas e os alhos do Egito (Números 11:4-5). Esqueceram-se de que estas comidas, que eles diziam comer de graça, tinham o preço de uma severa escravidão, da qual eles passaram mais de quatro séculos orando por liberdade (Êxodo 12:40). Não lembravam que Deus tinha ouvido a oração deles e visto o sofri79 João 6:58 Este é o pão que desceu dos céus. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre

80 Hebreus 5:12-14 - 12 Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! 13 Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal.

I Corintios 3:1-3 - 1 Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. 2 Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, 3 porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos? 81 Efésios 4:14 O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro.


Muitos cristãos, na atualidade, também estão esquecidos do sofrimento no mundo, da forma como eles foram escravizados, manipulados e explorados por satanás. Esquecem-se que viveram como vítimas, oprimidos, vilipendiados e humilhados pelo tentador. Que ansiaram por liberdade, por sentirem-se amparados por Deus, por serem alimentados com um alimento que satisfizesse o vazio de suas almas famintas e sedentas. O que vem em suas mentes são os momentos de aparente prazer e felicidade, mas que traziam um resultado amargo e incerto para as suas vidas. Para estes cristãos a sã doutrina, a verdadeira Palavra do Senhor, lhes causam tédio, cansaço, fastio. O culto verdadeiro e racional já não tem mais graça, é monótono, sem inovação. Para eles são mais atraentes as reuniões que parecem culto, mas que não passam de shows, onde homens e mulheres se apresentam como verdadeiros atores trazendo sempre inovações que não preenchem o vazio de suas almas. Esta é a razão pela qual muitos cristãos vivem perambulando de igreja em igreja, de congregação em congregação. Estão atrás de movimentos, de novidades, de reuniões que trazem uma nova linguagem, que satisfazem os desejos imediatos da carne, mas que não fortalecem a alma e o espírito. São cristãos fracos, espiritualmente anêmicos, que como usuários de entorpecentes, precisam estar sempre experimen-

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mento, estando agora cumprindo sua promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó (Êxodo 3:7-10).


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tando novas emoções para sentirem-se anestesiados, entorpecidos, com uma momentânea sensação de alegria e prazer, mas que sempre estarão necessitando de mais, porque como suas almas continuam famintas, eles se sentem insaciados. Amados, precisamos refletir no que disse o apóstolo São Paulo aos cristãos em Roma:

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que82é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:1-2).

Nosso culto deve agradar a Deus, deve ser santo, fruto do nosso raciocínio, ou seja, inteligente. Precisamos valorizar o ensino da Palavra genuína nos nossos cultos, não mensagens de autoajuda ou discursos motivacionais, cantar músicas que adorem a Deus e conduza a alma ao envolvimento com o Senhor, à comunhão com Deus, à santificação, à edificação, ao crescimento espiritual, ao uso adequado dos dons na igreja, de modo que, como disse Paulo “o amor não seja fingido” (Romanos 12:9), mas que haja em nós amor verdadeiro a Deus e aos nossos irmãos na fé, sendo fervorosos, não alucinados, no espírito, de 82 Ou seja: Tomeis forma.


O PROPICIATÓRIO

Figura 11 – O Propiciatório

7 “Faça uma tampa de ouro puro com um metro e dez centímetros de comprimento por setenta centímetros de largura, 18 com dois querubins de ouro batido nas extremidades da tampa. 19 Faça um querubim numa extremidade e o segundo na outra, formando uma só peça com a tampa. 20 Os querubins devem ter suas asas estendidas para cima, cobrindo com elas a tampa. Ficarão de frente um para o outro, com o rosto voltado para a tampa. 21 Coloque a tampa sobre a arca, e dentro dela as tábuas da aliança que darei a você. 22 Ali, sobre a tampa, no meio dos

91 CAPÍTULO V O SANTO DOS SANTOS

maneira que sejamos conduzidos a servir ao Senhor com alegria, apegados à esperança da vida eterna, crendo na volta de Jesus, sendo pacientes na tribulação, perseverando em oração, superando nossas dificuldades com resignação e alegria, de modo que sejamos capazes de abençoar para sermos abençoados (Romanos 12:10-18).


92 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

dois querubins que se encontram sobre a arca da aliança, eu me encontrarei com você e lhe darei todos os meus mandamentos destinados aos israelitas (Êxodo 25:17-22).

O propiciatório era a tampa do baú (a arca), peça feita de ouro puro, com um metro e vinte e cinco de comprimento e setenta e cinco centímetros de largura, tendo um querubim em cada extremidade, posicionados um de frente para o outro, com as asas estendidas para cima, de forma que as asas cobriam a tampa da arca. Os querubins são uma ordem angelical que tem como função proteger o trono de Deus. Ele, o Senhor Todo Poderoso, habita entre os querubins83. O propiciatório tipificava o trono de Deus, um trono de poder representado pelo ouro, mas também um trono de misericórdia. O termo propiciatório significa “lugar onde Deus é propício e está a favor dos homens”. Deus é um Deus de misericórdia, isto ficou demonstrado no Tabernáculo. Como o homem não podia ir até Deus no propiciatório, Deus ia até o homem no altar do holocausto e ali dispensava o seu favor aos pecadores, propiciando-lhes o perdão.

83 Gênesis 3:24 Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida. Números 7:89 Quando entrava na Tenda do Encontro para falar com o SENHOR, Moisés ouvia a voz que lhe falava do meio dos dois querubins, de cima da tampa da arca da aliança. Era assim que o SENHOR falava com ele.

Salmos 80:1-3 - 1 Para o mestre de música. De acordo com a melodia Os Lírios da Aliança. Salmo da família de Asafe. Escuta-nos, Pastor de Israel, tu, que conduzes José como um rebanho; tu, que tens o teu trono sobre os querubins, manifesta o teu esplendor 2 diante de Efraim, Benjamim e Manassés. Desperta o teu poder, e vem salvar-nos! 3 Restaura-nos, ó Deus! Faze resplandecer sobre nós o teu rosto, para que sejamos salvos.


93 CAPÍTULO V O SANTO DOS SANTOS Figura 12 – O conjunto da Arca e do Propiciatório

O cristão, diante da arca e do propiciatório, está na presença do Senhor Todo-Poderoso. Ali, ele pode desfrutar da “Sh’cheena” de Deus e ter uma noção mais real da glória e do poder do Altíssimo. Não é possível chegar à presença do Senhor sem primeiro passar pelo caminho do arrependimento, da confissão e da santificação. Também não será possível, se não estivermos dispostos a cultivar uma vida de oração, adoração e comunhão com Deus, tendo a Sua Palavra como o nosso manual de vida e a bússola para a caminhada cristã. Entrar na presença de Deus é um privilégio para aqueles que estão dispostos a viver de acordo com a Sua Palavra, a Bíblia Sagrada.


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Capítulo VI O DIA DA EXPIAÇÃO

1 O SENHOR falou com Moisés depois que morreram os dois filhos de Arão, por haverem se aproximado do SENHOR. 2 O SENHOR disse a Moisés: “Diga a seu irmão Arão que não entre a toda hora no Lugar Santíssimo, atrás do véu, diante da tampa da arca, para que não morra; pois aparecerei na nuvem, acima da tampa. 3 “Arão deverá entrar no Lugar Santo com um novilho como oferta pelo pecado e com um carneiro como holocausto. 4 Ele vestirá a túnica sagrada de linho, com calções também de linho por baixo; - porá o cinto de linho na cintura e também o turbante de linho. Essas vestes são sagradas; por isso ele se banhará com água antes de vesti-las. 5 Receberá da comunidade de Israel dois bodes como oferta pelo pecado e um carneiro como holocausto. 6 “Arão sacrificará o novilho como oferta pelo seu próprio pecado, para fazer propiciação por si mesmo e por sua família. 7 Depois pegará os dois bodes e os apresentará ao SENHOR, à entrada da Tenda do Encontro. 8 E lançará sortes quanto aos dois bodes: uma para o SENHOR e a outra para Azazel. 9 Arão trará o bode cuja sorte caiu para o SENHOR e o sacrificará como oferta pelo pecado. 10 Mas o bode sobre o qual caiu a sorte para Azazel será apresentado vivo ao SENHOR para fazer propiciação, e será enviado para Azazel no deserto. 11 “Arão trará o novilho como ofer-


95 CAPÍTULO VI O DIA DA EXPIAÇÃO

ta por seu próprio pecado para fazer propiciação por si mesmo e por sua família, e ele o oferecerá como sacrifício pelo seu próprio pecado. 12 Pegará o incensário cheio de brasas do altar que está perante o SENHOR e dois punhados de incenso aromático em pó, e os levará para trás do véu. 13 Porá o incenso no fogo perante o SENHOR, e a fumaça do incenso cobrirá a tampa que está acima das tábuas da aliança, a fim de que não morra. 14 Pegará um pouco do sangue do novilho e com o dedo o aspergirá sobre a parte da frente da tampa; depois, com o dedo aspergirá o sangue sete vezes, diante da tampa. 15 “Então sacrificará o bode da oferta pelo pecado, em favor do povo, e trará o sangue para trás do véu; fará com o sangue o que fez com o sangue do novilho; ele o aspergirá sobre a tampa e na frente dela. 16 Assim fará propiciação pelo Lugar Santíssimo por causa das impurezas e das rebeliões dos israelitas, quaisquer que tenham sido os seus pecados. Fará o mesmo em favor da Tenda do Encontro, que está entre eles no meio das suas impurezas. 17 Ninguém estará na Tenda do Encontro quando Arão entrar para fazer propiciação no Lugar Santíssimo, até a saída dele, depois que fizer propiciação por si mesmo, por sua família e por toda a assembléia de Israel. 18 Depois irá ao altar que está perante o SENHOR e pelo altar fará propiciação. Pegará um pouco do sangue do novilho e do sangue do bode e o porá em todas as pontas do altar. 19 Com o dedo aspergirá o sangue sete vezes sobre o altar para purificá-lo e santificá-lo das impurezas dos israelitas. 20 “Quando Arão terminar de fazer propiciação pelo Lugar Santíssimo, pela Tenda do Encontro e pelo altar, trará para a frente o bode vivo. 21 Então colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessará todas as iniqüidades e rebeliões dos israelitas, todos os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode. Em seguida enviará o bode para o deserto aos cuidados de


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um homem designado para isso. 22 O bode levará consigo todas as iniqüidades deles para um lugar solitário. E o homem soltará o bode no deserto. 23 “Depois Arão entrará na Tenda do Encontro, tirará as vestes de linho que usou para entrar no Santo dos Santos e as deixará ali. 24 Ele se banhará com água num lugar sagrado e vestirá as suas próprias roupas. Então sairá e sacrificará o holocausto por si mesmo e o holocausto pelo povo, para fazer propiciação por si mesmo e pelo povo. 25 Também queimará sobre o altar a gordura da oferta pelo pecado. 26 “Aquele que soltar o bode para Azazel lavará as suas roupas e se banhará com água, e depois poderá entrar no acampamento. 27 O novilho e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido ao Lugar Santíssimo para fazer propiciação, serão levados para fora do acampamento; o couro, a carne e o excremento deles serão queimados com fogo. 28 Aquele que os queimar lavará as suas roupas e se banhará com água; depois poderá entrar no acampamento. 29 “Este é um decreto perpétuo para vocês: No décimo dia do sétimo mês vocês se humilharão e não poderão realizar trabalho algum, nem o natural da terra, nem o estrangeiro residente. 30 Porquanto nesse dia se fará propiciação por vocês, para purificá-los. Então, perante o SENHOR, vocês estarão puros de todos os seus pecados. 31 Este lhes será um sábado de descanso, quando vocês se humilharão; é um decreto perpétuo. 32 O sacerdote que for ungido e ordenado para suceder seu pai como sumo sacerdote fará a propiciação. Porá as vestes sagradas de linho 33 e fará propiciação pelo Lugar Santíssimo, pela Tenda do Encontro, pelo altar, por todos os sacerdotes e por todo o povo da assembléia. 34 “Este é um decreto perpétuo para vocês: A propiciação será feita uma vez por ano, por todos os pecados dos israelitas”. E tudo foi feito conforme o SENHOR tinha ordenado a Moisés (Levítico 16:1-34).


Inicialmente, ele sacrificava um novilho como oferta pelo seu próprio pecado e de sua família e um carneiro como oferta queimada por si e por sua família. A oferta queimada, ou holocausto, era a oferta que subia a Deus como cheiro suave, significando louvor e adoração ao Senhor. O novilho é um tipo de Cristo como o servo sofredor, aquele que levou sobre si os nossos pecados85.

Em seguida, tomava dois bodes e lançava sorte sobre eles, para saber qual dentre os dois deveria ser oferecido como sacrifício pelo pecado do povo de Israel e qual seria o bode expiatório, ou o bode emissário. O bode emissário era aquele que recebia os pecados do povo, mediante a confissão do sumo sacerdote com a mão sobre a sua cabeça. 84 26 Disse o SENHOR a Moisés: 27 “O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação. Façam uma reunião sagrada e humilhem-se, e apresentem ao SENHOR uma oferta preparada no fogo. 28 Não realizem trabalho algum nesse dia, porque é o Dia da Expiação, quando se faz propiciação por vocês perante o SENHOR, o Deus de vocês. 29 Quem não se humilhar nesse dia será eliminado do seu povo. 30 Eu destruirei do meio do seu povo todo aquele que realizar algum trabalho nesse dia. 31 Vocês não realizarão trabalho algum. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações, onde quer que vocês morarem (Êxodo 23:26-3). 85 I Pedro 2:24 Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.

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O dia da expiação acontecia no décimo dia do sétimo mês84. Vários eram os sacrifícios e ofertas que tinham como propósito conduzir o homem pecador à presença de Deus, mas o dia da expiação era o dia mais importante, porque era naquele dia que o sumo sacerdote entrava sozinho no santuário.


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Feita a escolha, Arão trazia o novilho ofertado em seu favor e da sua família para oferecê-lo em sacrifício pelo seu próprio pecado. Concluído o sacrifício, ele tomava um pouco do sangue do novilho, o incensário portátil, cheio de brasas tiradas do altar do holocausto, dois punhados de incenso aromático em pó, feitos especialmente para o serviço do Tabernáculo, e os levava para trás da cortina, ou o véu. Dentro do Santo dos Santos, colocava o incenso sobre as brasas no incensário e agitava o incensário que produzia fumaça. A fumaça tinha como objetivo cobrir o propiciatório. Estando o propiciatório totalmente coberto, Arão tomava um pouco do sangue do novilho trazido para o Santo dos Santos e aspergia com o dedo no propiciatório, na parte da frente e sobre ele. Depois, também com o dedo, repetia o ritual de aspersão com sangue somente na frente do propiciatório. Concluída esta parte, o sumo sacerdote saía do Santo dos Santos para sacrificar o bode da oferta pelo pecado do povo. Terminado o sacrifício, tomava do sangue do bode e também levava para trás da cortina, no Santo dos Santos. Da mesma forma que fez com o sangue do novilho, tomava o sangue do bode e aspergia no propiciatório com o dedo na parte da frente e sobre ele. Assim, cumpria o ritual de propiciação pelo Santo dos Santos, e por toda a Tenda da Congregação, cobrindo assim todos os pecados e rebeliões dos Israelitas. Durante o ritual da expiação, ninguém, além


Do propiciatório, Deus era propício para com o seu povo e declarava o perdão pelos pecados de toda a nação de Israel. O dia da expiação ocorria somente uma vez por ano e era o único momento em que o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos.

86 Números 7:89 Quando entrava na Tenda do Encontro para falar com o SENHOR, Moisés ouvia a voz que lhe falava do meio dos dois querubins, de cima da tampa da arca da aliança. Era assim que o SENHOR falava com ele.

99 CAPÍTULO VI O DIA DA EXPIAÇÃO

do sumo sacerdote, podia entrar no Tabernáculo. Era dali de cima do propiciatório que Deus falava ao sumo sacerdote86. A presença de Deus era tão forte que ninguém podia entrar no Tabernáculo enquanto o sumo sacerdote ministrava no Santo dos Santos (versículo 17). A presença de Deus é irresistível ao homem pecador. Na caminhada do deserto, Moisés pediu a Deus para lhe mostrar a Sua glória e o Senhor respondeu: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxodo 33:20). Ora, se Moisés era um homem que tinha tanta intimidade com Deus, que falava com Ele cara a cara como o homem fala com seu amigo, não suportaria ver a glória de Deus em sua plenitude (Êxodo 33:11; Números 12:8), imaginem nós, homens pecadores. Ali a “Sh’cheena” de Deus se manifestava de maneira tão gloriosa e poderosa que era insuportável a qualquer homem pecador. No Santo dos Santos não havia luz natural, nem artificial, a única luz que brilhava era a presença poderosa de Deus.


100 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Ninguém mais tinha acesso àquele lugar sagrado. Isto demonstrava que o acesso a Deus não estava aberto aos homens87.

Com a morte de Jesus, o véu que representava a barreira de separação entre o homem e Deus foi rasgado88. Uma vez rasgado o véu, o caminho a Deus ficou aberto. Jesus é o caminho pelo qual todo e qualquer pecador pode se aproximar de Deus. Hoje, podemos, pela fé, entrar no Santo dos Santos, falar diretamente com Deus e desfrutar da “Sh’cheena”, ou seja, da sua presença gloriosa, ainda que de maneira superficial. Não podemos vê-lo em sua plenitude (I Reis 19:13). Ali, podemos confessar nossos pecados, buscar a sua misericórdia e penetrar nos seus mistérios, apossando-nos de todas as bênçãos espirituais que o Senhor pode proporcionar a aqueles que lhe servem com fidelidade. 19 Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, 20 por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. 21 Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. 22 Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé,

87 Hebreus 9:8 Dessa forma, o Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o caminho para o Santo dos Santos enquanto permanecia o primeiro tabernáculo.

88 Mateus 27:46-51 - 46 Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: “Eloí, Eloí,{6} lamá sabactâni?”, que significa “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”{7} 47 Quando alguns dos que estavam ali ouviram isso, disseram: “Ele está chamando Elias”. 48 Imediatamente, um deles correu em busca de uma esponja, embebeu-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. 49 Mas os outros disseram: “Deixem-no. Vejamos se Elias vem salvá-lo”. 50 Depois de ter bradado novamente em alta voz, Jesus entregou o espírito. 51 Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.


Concluído o ritual no Santo dos Santos, o sumo sacerdote ia até o altar do holocausto para fazer a propiciação. Ali, tomava do sangue do novilho e do bode do sacrifício e colocava-o sobre as pontas (os chifres) do altar. Em seguida, aspergia o sangue com o dedo na parte superior do altar, a fim de purificá-lo e santificá-lo das impurezas do povo de Israel. Terminada a propiciação pelo Santo dos Santos, pelo Tabernáculo e pelo altar do holocausto, o sumo sacerdote trazia para a frente do Tabernáculo o bode emissário, ou o bode expiatório, colocava sua mão sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessava os pecados de todo o povo de Israel. Na sequência, ordenava que o homem, especialmente eleito para este fim, conduzisse o bode para o deserto, e o soltasse em um lugar completamente inabitado. Assim estava feita a expiação pelos pecados do povo. O bode é um símbolo do pecador e, neste caso, ambos os bodes tipificam Cristo, aquele que levou sobre si os nossos pecados e derramou o seu sangue na cruz a fim de fazer uma expiação definitiva em favor de toda a humanidade.

101 CAPÍTULO VI O DIA DA EXPIAÇÃO

tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e tendo os nossos corpos lavados com água pura. 23 Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. 24 E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras (Hebreus 10:19-24).


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Terminado o ritual de confissão e envio do bode emissário, Arão entrava no Tabernáculo e ali tirava a roupa de linho especialmente destinada para a entrada no Santo dos Santos. Em seguida se banhava com água e vestia as suas próprias roupas para oferecer holocausto por si mesmo e pelo povo, a fim de fazer propiciação em seu favor e em favor do povo de Israel. Também queimava sobre o altar do holocausto a gordura da oferta pelo pecado. O homem que levava o bode emissário, ao retornar, deveria lavar-se e lavar as suas roupas. Somente depois de limpo poderia entrar no acampamento.

Para finalizar todo o ritual, o novilho e o bode sacrificados, cujo sangue fora levado para o Santo dos Santos a fim de fazer a propiciação, deveriam ser levados para fora do acampamento para que fosse queimada a carne, o couro e o excremento. O homem que queimasse os animais deveria lavar-se e lavar as suas roupas após a conclusão da tarefa. Só depois de limpo poderia entrar no acampamento.

Assim estava concluído todo o ritual do dia da propiciação. Este era um dia especial para todo o povo de Israel. Era um dia tão importante que Deus decretou feriado. Aquele era um dia de humilhação nacional, onde ninguém poderia realizar qualquer trabalho, inclusive os animais e os estrangeiros residentes entre os filhos de Israel. Este foi um decreto perpétuo de Deus.


A nós, os cristãos, Deus demonstrou o Seu grande amor dando-nos Jesus, o seu Filho unigênito, para que fosse imolado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo89. Como nós não podíamos chegar até Deus, por causa do nosso estado de pecado, Deus veio até nós por meio de Jesus, abrindo-nos um novo e vivo caminho. Em Jesus, toda a lei foi cumprida para que pudéssemos ser beneficiários da Sua misericórdia. No dia da expiação somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos. Agora, após a morte de Jesus, todos nós podemos entrar no Santo dos Santos para falar diretamente com Deus. O rasgar do véu do templo em Jerusalém90 foi a demonstração física de que o caminho estava aberto. Agora temos acesso a Deus, “temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hebreus 10:19-20). 89 João 1:29 No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 90 Mateus 27:50-51 - 50 Depois de ter bradado novamente em alta voz, Jesus entregou o espírito. 51 Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se partiram.

103 CAPÍTULO VI O DIA DA EXPIAÇÃO

Todo este ritual tinha um propósito: demonstrar o favor e a misericórdia de Deus para com os filhos de Israel. Como o povo em seu estado de pecado não podia ir até Deus no propiciatório, Ele vinha até o povo, após haver coberto os seus pecados através do ritual da propiciação, no altar do holocausto. Ali, Deus manifestava todo o Seu amor pelos judeus, a quem Ele escolheu para ser o Seu povo.


104 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Se você pode entrar, então dê passos de fé, percorra o Tabernáculo de Deus, ofertando-lhe louvor, adoração e devoção, não esquecendo de rogar-lhe perdão pelos pecados, beneficiando-se da Sua misericórdia. Também saiba que é necessário cultivar uma vida de santificação e de comprometimento com Deus. Assim, você poderá se posicionar diante do trono do Altíssimo e viver em toda a Sua plenitude a Sua “Sh’cheena”, ou seja, a Sua presença. Tome posse deste privilégio e desfrute da grande misericórdia de Deus para conosco, seres humanos pecadores. Amém!


CAPÍTULO VI O DIA DA EXPIAÇÃO

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106 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Capítulo VII REFLEXÕES FINAIS O estudo da simbologia do Tabernáculo aplicado à vida cristã, na atualidade, demonstra que quando o ser humano está vivendo longe de Deus, ele só consegue ter uma visão muito simplória de Jesus, isto ficou claro quando abordamos a visão que se tinha do Tabernáculo olhando-o do lado de fora, por cima do cortinado branco que o separava do arraial. O que se via do Tabernáculo era apenas a cobertura que, pela textura do material que a compunha, nada de belo ou interessante apresentava. Quando o homem, em seu estado de separação de Deus, olha para Jesus, vê nada mais que um homem, um profeta, um filósofo, um revolucionário, um líder religioso ou algo semelhante. Vislumbrar Jesus em seu estado de glória somente é permitido àqueles que entraram pela porta do arrependimento, purificaram as suas almas através da lavagem da Palavra e iniciaram o processo de santificação dando passos de fé rumo ao trono de Deus, representado no Tabernáculo pelo propiciatório dentro do Santo dos Santos. A vida cristã inicia-se ao pé da cruz, onde confessamos os nossos pecados àquele que tem autoridade


Ao chegar no Lugar Santo, o cristão aprende que sem o comprometimento com Deus e a Sua Palavra não é possível servir a Jesus de forma que o agrade. Ali também aprendemos que o alimento da nossa alma é a Palavra de Deus; que não há verdadeiro serviço ao Senhor sem o azeite da unção do Espírito Santo na sua vida e sem a luz, fruto da santificação e da comunhão com Deus. A verdadeira adoração somente pode brotar de um coração limpo, remido pelo sangue de Jesus e disposto a fazer a Sua vontade, tendo como objetivo principal o engrandecimento do nome do Senhor, sem o propósito de partilhar com Ele esta glória. O verdadeiro adorador alegra-se com o privilégio de poder servir a Deus,

107 CAPÍTULO VII REFLEXÕES FINAIS

suficiente para perdoá-los: Jesus. É a partir dali que o cristão passa a ter uma nova visão de Cristo, porque para ele se abre a porta do Tabernáculo, hoje, o Tabernáculo espiritual, lugar onde ele começa a dar passos de fé, tendo na lavagem pela Palavra de Deus, representada pela bacia de bronze no pátio, o meio suficiente para viver uma vida de santificação e uma prática cristã pautada na sã doutrina. É a santificação que leva o cristão a andar em novidade de vida, fazendo com que caminhe e a cada passo, rumo ao Santo dos Santos, ele aprofunde o seu conhecimento do Salvador, penetre mais intensamente nos mistérios de Deus e goze da sua graça mais e mais, abundantemente.


108 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

mas entende que a honra e a glória é somente ao Senhor e a Ele unicamente deve ser tributada.

No estudo da simbologia do Tabernáculo, aplicado à vida cristã na atualidade, aprendemos que temos hoje a possibilidade de entrar no Santo dos Santos e chegarmos à presença de Deus pela fé, através do novo e vivo caminho. Quando Jesus expirou na cruz, o véu do templo, em Jerusalém, rasgou-se, demonstrando não somente para os judeus, mas para toda a humanidade que, o caminho que havia sido fechado no Éden como consequência do pecado de Adão e Eva, agora estava novamente aberto, possibilitando a todos nós o acesso direto a Deus. Na antiga aliança, o acesso ao Pai era exclusivo do sumo sacerdote, que entrava no Santo dos Santos, uma vez por ano, levando sangue de novilho e bode, brasas retiradas do altar de bronze e incenso. Nenhum outro ser humano tinha acesso direto a Deus. Aqui, aprendemos que a adoração é o meio pelo qual o ser humano pode entrar na presença de Deus e envolver-se na Sua glória. O cristão adorador consegue desfrutar com mais intensidade da graça e da unção de Deus. É no Santo dos Santos onde a “Sh’cheena” de Deus alcança toda sua plenitude. É ali que o diálogo direto com Deus se estabelece e onde Ele nos é propício. É diante do propiciatório, figura representativa do trono de Deus, que o cristão consegue


Entrar no Santo dos Santos, pelo novo e vivo caminho, é hoje um privilégio para todo e qualquer servo de Deus, não porque tenhamos méritos próprios, mas porque fomos alcançados pelos méritos de Jesus. Foi Ele quem cumpriu toda a lei e assumiu o preço da nossa redenção. Foi um preço muito alto, um preço de sangue, mas Ele se dispôs a pagá-lo cumprindo assim o plano de salvação da humanidade planejado pelo Pai antes da fundação do mundo. Em Jesus se cumpriu a promessa feita a Adão e Eva no Éden. Ele é a semente da mulher que foi suficientemente capaz de ferir a cabeça da serpente e assumir todo o poder sobre a morte e o inferno. Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o Sumo Sacerdote perfeito de uma nova aliança que entrou no Santo dos Santos, não no terreno que era apenas uma representação do verdadeiro, mas no celestial feito por mãos eternas, levando o Seu próprio sangue e fazendo um sacrifício capaz de alcançar toda a humanidade em todos os tempos, obtendo para nós a redenção ao apresentar-se Diante do Pai, Deus, em nosso favor. Como temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos e aproximarmo-nos de Deus por meio de

109 CAPÍTULO VII REFLEXÕES FINAIS

ter uma noção mais nítida da sua misericórdia em nosso favor e consegue ter a clara compreensão da glória e do inexplicável poder daquele que disse “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3:14).


110 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Jesus, que nos abriu um novo e vivo caminho, podemos adorá-lo dizendo: Deixou o esplendor de sua glória, Sabendo o destino aqui. Estava só e ferido no Gólgota, Para dar sua vida por mim! Mesmo na morte lembrou-se Do ladrão que a seu lado estava. Com amor e ternura falou-lhe, No paraíso comigo estarás!

Se isto não for amor, o oceano secou, Não há estrela no céu, as andorinhas não voam mais. Se isto não for amor, o céu não é real! Tudo perde o valor, se isto não for amor!

“Shirley Carvalhaes”

Portanto, adoremos ao Senhor, somente Ele é digno de receber toda honra, toda glória e todo louvor. Apropriemo-nos da Sua misericórdia, sabendo que pela fé “temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hebreus 10:19-20). Amém!


CAPÍTULO VII REFLEXÕES FINAIS

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112 O CRISTÃO E O TABERNÁCULO

Referências

ALMEIDA, Abraão de. O tabernáculo e a igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 1985. BÍBLIA. Português. Biblia Sagrada. Nova Versão Internacional. 1ª ed. São Paulo: CANDEIA, 2001.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Ed. Revista e Atualizada no Brasil de João Ferreira de Almeida, com as referências e anotações de Dr. C.I. Scofield. Flórida. Sociedade Bíblica do Brasil, 1983. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Ed. Revista e Corrigida no Brasil de João Ferreira de Almeida. BOYER, Orlando S. Pequena Enciclopédia Bíblica. 7ª ed. Miami: VIDA, 1978.

DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Trad. de J.R. Carvalho Brada. 10ª ed. Rio de Janeiro. JUERP, 1984. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Trad. Vicente Pedroso. 9ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.


CAPÍTULO VII REFERÊNCIAS

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