Caderno educativo

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de.arte

CADERNO EDUCATIVO PARA PROFESSORES E EDUCADORES


Poderoso pra mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Manoel de Barros

Matilha, Barrão, 2012


Caros professores e professoras,

A o pensarmos em uma formação em arte, optamos pela arte contemporânea por dois

E ste material foi criado a propósito

motivos: em primeiro lugar, por sabermos

de um projeto de extensão interno do

normalmente causa àqueles que não são

Instituto Federal de São Paulo - IFSP,

próximos deste universo tão peculiar; em

campus Matão, chamado Arte

segundo, mas não menos importante, por

Contemporânea em Jogo. A extensão tem

acreditarmos em sua potencialidade para a

como objetivo principal ser um elo entre a

educação das crianças e na possibilidade da

Instituição e a comunidade, contribuindo

criação de espaços mais lúdicos e infantis

com o desenvolvimento humano, cultural,

também com os adolescentes e adultos.

social e tecnológico da região, e é por meio de encontros e deste material que

Dentre as muitas questões sobre a arte

pretendemos esta união.

contemporânea as quais poderíamos

das dificuldades que este assunto


conversar, optamos por trazer para esta

forma divertida pela qual as crianças

formação artistas que se apropriam de

manipulam e transformam os objetos,

objetos cotidianos na criação artística.

fazendo uma panela virar chapéu ou

Escolhemos o subtema dos objetos

transformando um sapato em carro de

inicialmente por afinidade mas, para além

bonecas.

disso, também pensamos que esses trabalhos, que transformam xícaras,

Para os artistas da arte contemporânea, o

carrinhos, panelas, tapetes e desentupidores

caminhar se torna mais importante que a

em arte, nos oferecem a possibilidade de

chegada. Eles estão mais interessados em

uma educação lúdica e criativa, na qual os

envolver o público em algumas experiências

estudantes poderão jogar com a estética e a

artísticas que em criar uma obra de arte,

semântica dos objetos. Ainda podemos

com letra maiúscula. Seguindo seus passos,

acrescentar que o gesto do artista que

também acreditamos que todo educador

escolhe, manipula e transforma os objetos

pode ser um professor-propositor na sala

em arte, guarda certa proximidade com a

de aula, de modo a envolver os estudantes


nas experiências artísticas, mais que buscar um resultado final. Assim, esperamos

contribuir para essa caminhada por meio da formação e com material de apoio. Para tanto, apresentamos algumas proposições para diversas fases do ensino, mas lembramos que elas são somente sugestões

e que podem ser adaptadas e transformadas conforme as necessidades

de cada sala de aula, cada aluno e cada educador. Christiane Tragante Professora de Arte do IFSP - Matão


objetos de arte, objetos inúteis? Qual a importância dos objetos na arte contemporânea? O que diferencia um objeto

arranjos malucos dadaístas, os objetos tomaram um importante lugar na produção

artística. Desde então, nos desafiam a pensar não somente em o que pode ou não ser arte, mas principalmente em como transformar objetos domésticos e cotidianos em arte.

comum de uma obra de arte? O que pode

O Dadaísmo, movimento de arte do início do século XX, prezava pelo non-sense, misturando objetos de maneira ilógica num ato de desprezo pela razão.

um objeto? O que pode uma obra? Como a arte e os objetos dialogam com os modos de ser criança e experimentar a infância?

A partir do irreverente gesto de Duchamp, que transformou um mictório em obra de arte, e da lógica nada convencional dos

A fonte, 1917


O questionamento acerca da legitimidade da arte nasce com Duchamp, mas não a

D entro desta perspectiva, parece mais interessante compreender a arte voltando-

partir dele e nem de qualquer outra pessoa

se não para a lógica de legitimação desses

que chega-se a algum consenso. Essa é uma

objetos, mas para o gesto do artista que os

questão que, se por um lado não para de

cria, elege, arranja e transforma, retirando-

disparar a curiosidade de alguns, por outro

os do fluxo cotidiano de significados e

afasta boa parte das pessoas comuns do

dando-lhes novos sentidos. Nas palavras do

campo da arte. Afinal, “se isso (um mictório

artista e designer Bruno Munari,

ou uma roda de bicicleta) pode ser arte, então qualquer coisa também pode”.

“Entender o que é a arte é uma preocupação

Argumento racional que cessa o debate.

(inútil) do adulto. Entender como fazê-la, ao

Tudo é arte ou nada é arte?

invés disso, é de verdadeiro interesse da criança”¹. ¹ “Capire che cos'è l'arte è una preoccupazione (inutile) dell'adulto. Capire come si fa a farla è invece un interesse autentico del bambino” (tradução própria). Retirado em 01 de agosto de www.brunomunari.it.


É

neste sentido que partimos da ideia de

colocou Loris Malaguzzi, são feitas de cem

que a arte contemporânea e os modos de

linguagens e tantas outras cem coisas.²

ser/pensar das crianças dialogam em alguns aspectos. Talvez seja até possível

M as antes de continuar, é preciso deixar

dizer que o público infantil é o mais

pistas do que entendemos por criança e

adequado para fruir a tão questionada arte

infância. Podemos dizer que coexistem duas

contemporânea, pois observar uma criança

formas de pensar a infância. Uma delas é

em contato com a arte é vê-la em sua

cronológica e quantificável: uma etapa do

potencialidade: ela brinca, inventa, cria,

desenvolvimento humano. Essa forma de ver

produz, poetiza, por fim, ela se deixa afetar.

a criança está sempre em jogo quando

Tal aproximação só é possível porque a arte

pensamos em sua formação e na melhor

contemporânea não pode ser única e linear,

maneira de fazê-las passar por essa fase, de

mas é feita de multiplicidades: temas,

transformar as crianças em outra coisa:

suportes, sentidos, linguagens e tendências.

Assim também são as crianças que, como já

² EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem linguagens da criança. A abordagem de Reggio Emilia na Educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.


adulto, cidadão, profissional, consumidor

mesmo, do centro, do tudo; a outra, a

consciente e etc. Outra forma seria pensar a

diferença, o fora, o singular. Uma leva a

infância enquanto experiência. Podemos

consolidar, unificar e conservar; a outra a

chamar essa experiência de devir-criança.

irromper, diversificar e revolucionar”.

Sob esse ponto de vista, a infância nada tem

a ver com a idade, mas sim com uma forma

É a infância enquanto intensidade que

específica de se relacionar com o mundo e

busca alternativas aos poderes institucional-

com a temporalidade: infância como

lizados: é o menino que insiste em não ficar

acontecimento, criação e resistência. É a

sentado em sua cadeira o dia inteiro, é a

infância não normatizada, aquela que insiste

menina que que não quer brincar sempre de

em criar saídas, linhas de fuga dos modos

boneca, mas é também o artista que quebra

centralizadores e totalizadores de ser e estar

com a lógica produtiva subvertendo a

no mundo. Para Kohan³, a distinção não é

funcionalidade dos objetos, por exemplo.

normativa, mas ontológica e política.

Enquanto a primeira “afirma a força do

³ KOHAN, Walter Omar (org.) Lugares da infância: filosofia. DP&A, 2004


Ou seja, quando afirmamos que os modos

ínfimas e imprestáveis para tema de poesia.

de ser/pensar das crianças dialogam com a

arte contemporânea, não estamos nos

O poeta crianceiro inventa um mundo a

referindo somente a infância enquanto

partir do seu quintal, usa a linguagem torta,

etapa cronológica, mas o que estamos

menor, como ele mesmo coloca, o idioleto

dizendo é que os artistas podem ser um

manoelês. Mistura suas memórias inventa-

pouco crianceiros e as crianças um pouco

das: infância de dois tempos, um cronológico

artistas quando são capazes de olhar para

e outro de intensidades. Aprende ele

os objetos e estabelecerem com eles

também com as crianças, a liberdade e a

relações intensivas de outra natureza, outras

poesia.

formas de se situar no mundo menos controladas e controladoras.

Isso é o que faz o poeta Manoel de Barros, por exemplo, quando convoca as coisas

No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio do verbo. O delírio do verbo estava no começo, lá onde a

Eu escuto a cor dos passarinhos. criança diz:


A criança não sabe que o verbo escutar não funciona

nea que, ao nosso modo de pensar, podem

para cor, mas para som.

devir-criança. São artistas que brincam,

Então se a criança muda a função de um verbo, ele

nos possibilitar espaços de jogam com a arte quebrando com a lógica

produtiva, subvertendo a funcionalidade das

delira

coisas e criando novas camadas simbólicas

E pois.

sobre os objetos cotidianos. São os enigmas

Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer

de Regina Silveira, os inutensílios de Guto

nascimentos –

da casa de Nino Cais, a brincadeira de

O verbo tem que pegar

delírio.4

Lacaz, as relações íntimas com os objetos esconder de Sergio Romagnolo, as misturas

de Barrão, as coleções de Alexandre Cunha

Na esteira de Manoel de Barros, trazemos outros tantos artistas da arte contemporâ-

e as gambiarras de Cao Guimarães. O que 4 BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2004.


esses artistas crianceiros têm em comum? Todos têm um deslumbramento infantil pelos objetos.

Inseridos na lógica capitalista, nossa

artistas fazem é olhar demoradamente para esses objetos, despir cada um deles de seu papel social, de sua função primordial e colocá-los numa nova perspectiva. Uma

perspectiva minoritária, de liberdade que,

relação com os objetos é imediatamente

ao transformar em arte cada um desses

utilitária. Nossos olhares estão sempre em

objetos, retiram-nos do fluxo capitalista e

busca de um pra quê. Ficamos encantados

recusam que se transformem em

quando uma máquina nos poupa tempo já

mercadoria. Neste sentido, esse olhar

que nosso tempo é curto pois é sempre

brincante é um tanto quanto ético e político,

nossa moeda de troca. Vivemos uma

como bem coloca Paulo Leminski:

ditadura da utilidade que, como coloca Leminski5 , está tão arraigada ao lucrocentrismo que nos faz pensar que a própria vida tem que dar lucro. O que esses

5 LEMINSKI, Paulo. Anseios Crípticos. Editora Criar: Curitiba, PR, 1986, p. 58-60


“Existe uma política na poesia [e na arte em

também como propostas artísticas.

geral] que não se confunde com a política

Sabemos que isso não seria possível o

que vai na cabeça dos políticos. Uma política

tempo inteiro e que nos perderíamos no

mais complexa, mais rarefeita, uma luz

caos das infinitas possibilidades. No entanto,

política ultra-violeta ou infra-vermelha. Uma

se ao menos formos capazes de, como as

política profunda, que é crítica da própria

crianças e os artistas, criarmos fendas que

política, enquanto modo limitado de ver a

suspendam um pouco o tempo, chacoalhem

vida”

nossas certezas e nos proporcionem

Por fim, encerramos esta introdução com o desejo de um modo menos limitado de ver a vida. Como nosso tema em questão abrange os muitos objetos do mundo, terminamos com a esperança de que nossos olhares passem a enxergar os objetos

suspiros no meio da rotina que nos robotiza, parte de nossos desejos já terão sido realizados.


proposições A seguir apresentaremos algumas proposições baseadas nas obras de artistas

destacamos que quando pensamos em crianças para além da faixa etária, enquanto um devir, abrimos uma possibilidade para

que a arte seja disparadora de átomos de infantilidade.

que têm como tema caro ao seu trabalho,

os objetos cotidianos. Optamos por separar as proposições conforme a idade do público: crianças pequenas, crianças maiores e adolescentes e jovens. Contudo, é importante frisar que é o professor ou professora

quem conhece mais profundamente os discentes e são eles quem têm a liberdade

de adaptar as propostas e usá-las como achar conveniente. Além disso, também

Nossa ideia parte de Hélio Oiticica e Lygia Clark para os quais a obra é um convite para a experiência.

Devir é um encontro entre duas pessoas, acontecimentos, movimentos, ideias, entidades, multiplicidades, que provoca uma terceira coisa entre ambas 6.

³ KOHAN, Walter Omar (org.) Lugares da infância: filosofia. DP&A, 2004


Sob esse viés nem seria necessária qualquer indicação de público-alvo, pois, como já apresentamos, estaríamos pensando na

infância não a partir da questão cronológica, mas sim enquanto uma condição da

experiência infantil. Assim, se julgar conveniente, é perfeitamente possível que uma proposição indicada para crianças pequenas possa servir aos adolescentes e jovens, por exemplo.

Para facilitar o andamento das propostas, indicamos que seja montada uma grande

caixa de objetos. Caso isso não seja possível, pode-se pedir que as crianças os tragam de casa a cada atividade.


regina silveira | objetos-enigmas

Ao juntarmos dois objetos díspares estamos criando um novo campo de significação e também um enigma que quer ser decifrado. Mas será possível decrifrá-lo?

Regina SIlveira, Enigma 1, 1981.


regina silveira

| atividades Crianças pequenas: Feche as cortinas de uma sala deixando-a bem escura. Utilize a caixa de objetos ou os objetos trazidos pelas crianças. Com o auxílio de um Datashow ou uma lanterna, deixe as crianças explorarem as sombras e incentive-as a adivinhar a que objeto pertence determinada sombra. Elas também podem brincar com o fato de um objeto estar mais próximo ou mais distante da fonte de luz e, com isso criarem sombras mais longas ou mais curtas, dificultando a adivinhação.

Crianças maiores: Peça para que as crianças, em grupos, criem um enigma a partir da junção de um objeto e a sombra de um segundo objeto. Para fazer a sombra, basta utilizar um data show, lanterna ou retroprojetor, lápis, tesoura e papel cartão preto. Para escolher dois objetos díspares, é possível abrir um dicionário, livro ou revista ao acaso e usar a primeira palavra que aparecer. Depois de concluído o objeto de arte, os grupos fazem uma apresentação para a turma e discutem os enigmas. Será possível entender o que eles querem dizer? Deixe-os pensar livremente.

Adolescentes e jovens: Divida a sala em pequenos grupos. Por meio de uma colagem (física ou digital) cada grupo cria um enigma a partir da escolha aleatória de dois objetos. Depois de criados os primeiros trabalhos, eles são trocados e os grupos precisam criar uma “resposta” ao enigma visual.


guto lacaz

| máquinas inúteis

É possível criar objetos para funções inúteis? Pequenas máquinas poéticas e sensoriais? Ou máquinas impossíveis de serem criadas?

Guto Lacaz, Óleo Maria a Procura da Salada, 1982.


guto lacaz

| atividades Crianças pequenas: Incentive as crianças pequenas a utilizarem a função dos objetos no próprio corpo. Pegador, batedor de ovos, forminha de silicone, espremedor de laranja, tudo pode ter sua função deixada à parte para se transformar em objetos sensoriais nas mãos das crianças pequenas.

Crianças maiores: Distribua um objeto utilitário para cada criança. Em seguida, peça também para que elas escrevam um substantivo abstrato em um papel (fome, briga, preguiça, etc). Junte os papeizinhos em um saco e faça um sorteio. Quando cada criança tiver em mãos um objeto e um substantivo, elas passam a criar ferramentas malucas: como por exemplo, um coador de preguiça ou um espremedor de fome. Para finalizar a atividade, cada criança apresenta sua criação e o grupo brinca de imaginar um mundo onde essas ferramentas realmente pudessem existir e funcionar.

Adolescentes e jovens: Discuta com os adolescentes sobre o utilitarismo no sistema capitalista. Aborde o consumismo excessivo e a obsolescência programada. Peça para que eles criem máquinas inúteis. Para isso você pode pedir ajuda do professor ou professora de física. Um dica é criar alguns brinquedos autômatos ou outros dispositivos à manivela, com a única finalidade de não servirem para nada.


nino cais

| objetos cotidianos e corporalidade

Quais objetos te fazem ter alguma memória afetiva? Quais podem ser extensões do nosso corpo?

Nino Cais, Sem Título, 2012.


nino cais

| atividades Crianças pequenas: Leve para a sala de aula a caixa de objetos e em seguida, tire fotos com as crianças camufladas em alguns deles. Deixe-as livre para que escolham os objetos e inclusive para que batam as fotos. Em seguida, exiba as fotos no Datashow e brinque com elas de adivinhar quem é quem.

Crianças maiores: Como os objetos cotidianos estão presentes afetivamente na nossa vida? Peça para que as crianças tragam objetos pessoais de que gostem ou aqueles que são cotidianamente utilizados. Em seguida, elas tiram fotos camuflando esses objetos com o próprio corpo. Ao final da atividade, as fotos são exibidas por meio de um Datashow e comentadas. O quanto esses objetos já fazem parte de nosso corpo, de nossa memória e de nossa afetividade?

Adolescentes e jovens: Os objetos são extensões de nossos corpos? Peça para que os adolescentes pensem nos objetos que nos auxiliam no cotidiano. Retome com eles todas as vezes em que usamos algum objeto desta forma durante o dia. Peça que eles façam um desenho ou colagem de cyborgs misturando o corpo orgânico com os objetos mecânicos. Incentive-os a ir além e a criarem, inclusive, cyborgs pouco funcionais, como um empresário com mãos de batedor de ovos, por exemplo. Ao final os trabalhos são expostos e imagina-se um mundo habitados por esses seres.


alexandre da cunha | objetos e suas formas

Para além da função de cada objeto, podemos enfatizar suas formas, cores e texturas, transformá-los em pequenos objetos estéticos e colecionálos.

Alexandre da Cunha, Terracotta Ebony 2, 2003.


alexandre da cunha

| atividades Crianças pequenas: Pegue uma caixa de papelão média e faça duas aberturas para que as crianças coloquem as mãozinhas. Incentive-as a sentir a forma e a textura do objetos antes de vê-los.

Crianças maiores: Incentive as crianças para que prestem atenção à forma, cores e texturas dos objetos em detrimento de sua função. Para isso, peça que elas escolham duplas de objetos e criem um diálogo entre eles. Neste roteiro, os objetos se cansam de suas funções e querem se tornar objetos estéticos, como enfeites, broches, vasos, chapéu ou mesmo uma escultura. Ao final da proposição, as crianças apresentam os diálogos para a turma.

Adolescentes e jovens: O colecionismo sempre esteve presente no campo da arte. Que tal montar uma coleção com a turma? Peça para que os estudantes tragam objetos e montem pequenas coleções organizadas por critérios estéticos, como forma, cor ou textura. Que arranjos são possíveis de serem feitos? Brinque com o fato da coleção não ser feita a partir de objetos importantes (como comumente é feita), mas sim de objetos comuns e cotidianos, contudo que conversam por suas características estéticas. Ao final, exponha a seleção para a comunidade escolar como se fosse uma rara coleção. Prestem atenção à reação do público.


sergio romagnolo | objetos camuflados

Até que ponto um objeto é reconhecido? Até quando uma coisa é uma coisa? Quantas camadas de materiais podemos acrescentar a um objeto sem que ele deixe de ser ele mesmo?

Sérgio Romagnolo, Fusca Grande, 2003.


sergio romagnolo

| atividades Crianças pequenas: Para essa brincadeira serão preciso recipientes de diversos tamanhos, opacos, transparentes e semitransparentes como potes de plástico de diversos formatos, caixinhas de papel, sacos de papéis e tecido, e tudo o que puder servir como recipiente para esconder os objetos. As crianças serão incentivadas a esconder os objetos nos recipientes atentando-se para os tamanhos, texturas e formatos.

Crianças maiores: Nesta brincadeira as crianças vão camuflar os objetos. Para isso é interessante que estejam à mão diferentes formas de cobrir e embrulhar como tecidos e papéis diversos. Sentados em roda, uma criança por vez escolhe um objeto sem que nenhuma outra veja e o envolve com um material também a escolha para depois apresentá-lo à turma. As outras crianças olham o embrulho e desenham o que imaginam ser o objeto camuflado. Caso não seja possível adivinhar somente observando, o objeto pode ser passado de mão em mão. Ao final o objeto é revelado e os desenhos são expostos.

Adolescentes e jovens: O que identifica um objeto? Peça para que os estudantes recortem de revistas um objeto e retirem suas partes deixando o mínimo dele. Depois os trabalhos são expostos e os colegas tentam adivinhar quais são os objetos. Discuta sobre o todo e suas partes. Será que os objetos serão reconhecidos?


barrão

| objetos híbridos

Que novos objetos podemos fazer juntando partes de dois ou três outros? Para que eles servem? Como se chamam?

Barrão, Escada I, 1992.


barrão

| atividades Crianças pequenas: Selecione da caixa de objetos, aqueles que são desmontáveis. Junto das crianças, criem misturas extravagantes juntando partes de objetos díspares. Se achar conveniente, é possível usar o Datashow, lanterna ou retroprojetor para brincar novamente com as sombras. Ao final inventem histórias malucas com esses novos objetos.

Crianças maiores: Peça para que as crianças criem um objeto híbrido a partir da junção de partes de dois objetos ou mais. Elas podem atribuir um nome para a criação e pensar para que serve esse novo objeto (é bem possível que ele não sirva para nada!). Ao final, as crianças apresentam suas criações umas às outras e expõem-se os trabalhos.

Adolescentes e jovens: Utilize a mesma proposição das crianças maiores para os adolescentes e jovens. Ou, se quiser, acrescente um desafio: que ao juntar parte de dois objetos, um deles perca sua função. Como uma escada se sustenta com pés de carrinho? Você pode também tomar como exemplo a obra Cadeau, de Man Ray.

Cadeau, 1921.


cao guimarães | gambiarras

Quais são as outras utilidades que um objeto qualquer pode oferecer? O que improvisação tem a ver com criatividade?

Cao Guimarães, Gambiarras #83, 2008.


cao guimarães

| atividades Crianças pequenas: Leve a caixa de objetos e sorteie um para cada criança. Para que mais esses objetos podem servir? Peça para que elas pensem a respeito das outras funções nada convencionais que os objetos podem ter. Para auxiliar na criação, leve várias gambiarras como exemplo e discuta com elas a ideia de improvisação.

Adolescentes e jovens: Como as gambiarras podem nos ajudar no cotidiano? Converse com os alunos a respeito das gambiarras e investigue se eles já criaram alguma em uma situação de urgência. Peça para que pesquisem em casa e com os amigos sobre as gambiarras, tirem fotos e crie com a turma um catálogo desses trabalhos. Aborde com os adolescentes o “jeitinho brasileiro” sob um novo olhar: o da criatividade.


obras citadas http://post.at.moma.org/content_items/550-enigmas-the-works-of-regina-silveira

http://www.gutolacaz.com.br/artes/fotos/objetos/maria_002.html http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/47168 https://hyperallergic.com/180348/a-gallery-looks-back-on-40-years-of-showing-art-in-brazil/ http://www.democrart.com.br/aboutart/artista/sergio-romagnolo/ http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9454/barrao http://www.xippas.com/artists/cao-guimaraes/ https://www.moma.org/collection/works/81212


Este material foi criado para uso de formação docente do IFSP, câmpus Matão. Ele poderá ser reproduzido e

Realização

distribuído para a sociedade envolvente, por

organizações governamentais e não governamentais, não estando autorizada a modificação no seu conteúdo e não estando autorizada sua utilização para fins

comerciais.

Texto Christiane Tragante Diagramação Maria Clara Georgette

Revisão Cinthia Tragante

Apoio


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