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SAÚDE - CORPO HUMANO E OS TABUS
CORPO HUMANO E OS TABUS
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Esses padrões podem mudar ao passar do tempo, com a própria mudança de época e das gerações. Algo que era tabu para sua avó, para você hoje é normal. Além disso, um tema que é tabu para alguns pode não ser para outros. E assim trata de assuntos que são evitados pela população no geral.
Os tabus são criados por convenções sociais, religiosas e culturais. Muitas vezes são meios de preservar os bons costumes da sociedade, limitando a prática de determinados atos. Mas em outras vezes apenas se evita falar de assuntos polêmicos ou que incomodam parcela significativa da sociedade.
Também os tabus estão relacionados à linguagem, em que há proibição de pronunciar palavrões e outros nomes considerados imundos, impuros (por exemplo, diabo); ou assunto sobre o qual não se pode falar devido aos valores sociais ou culturais ou restrição a certos comportamentos, vestuário, alimentos e formas de se expressar.
Muitas vezes, trata-se de um assunto ou prática proibida por crença supersticiosa. Acredita-se que quebrar um tabu pode acarretar castigo divino, além de culpa, constrangimento, vergonha etc.
É comum, em temas tabus, utilizar-se do eufemismo, que é uma figura de linguagem em que se emprega termos considerados mais agradáveis para suavizar ou minimizar o peso de uma expressão ou assunto que é considerado proibido, grosseiro, indelicado. Vem do grego eufemísmos, que
significa “emprego de uma palavra favorável no lugar de uma de mau augúrio”.
Assim, essa figura de linguagem é utilizada para substituir uma palavra ou um termo tabu ou um conteúdo delicado e chocante, atenuando o seu sentido. Vejamos o exemplo da notícia de morte: invés de “ele morreu”, usa-se “ele faleceu”, “ele não está mais entre nós”. Em muitas sociedades a morte é um tema muito difícil, com alta carga negativa e embora o verbo “falecer” apresente exatamente o mesmo significado que o verbo “morrer”, o uso de uma palavra que não remete sonoramente à palavra “morte” pode ajudar a passar a notícia de maneira menos abrupta.
Como exposto, os tabus podem trazer bons costumes, boas práticas, regras de convivência que minimizam conflitos. No entanto, em grande número de situações trazem atraso de vida, dificuldades, limitações para a sociedade e para o indivíduo, até causando danos à saúde.
Sim, danos a saúde, porque há uma infinidade de tabus relacionados ao corpo humano e as suas funções. Exemplo típico são os relacionados à evacuação, nas conversas do dia a dia usa-se vários eufemismos para falar sobre esse ato, por exemplo, o termo gaúcho “ir aos pés”, ou mineiro “obrar”, ou o moderninho “fazer o número dois”.
Perdi a conta de quantas vezes, ao perguntar para um paciente como estava o funcionamento do seu intestino, ouvi respostas como: “Ah, doutor... tenho que falar sobre isso?” ou “Não sei não, não olho, nem vejo isso, imagina se vou prestar atenção nisso...” e por aí vai. Aliás, muita gente deve estar achando muito estranho esse tema sendo abordado numa revista. E o objetivo principal é justamente deixar claro que, por causa de inúmeros tabus, atos e funções naturais da vida tornam-se problemas, com consequentes sofrimentos, doenças e prejuízos a qualidade de vida.
Há uma grande quantia de crianças que sofrem dificuldades na evacuação, seja por erros alimentares, seja por erros no desfralde e que levam esse problema para o resto de suas vidas. Outras apresentam dores ao evacuar, por fezes duras, grandes e as vezes até pequenas, mas que não saem e que acabam por machucar o ânus dessas crianças, trazendo grande medo para as próximas evacuações e que travam, surgindo um cenário de grande dificuldade para essas crianças e seus familiares, num contínuo círculo vicioso.
Também em crianças é frequente se estabelecer a obstipação pelo ato de segurar a evacuação para não parar de brincar. Mas, tanto nas crianças como nos adultos, a atitude de segurar surge também por outros motivos, como vergonha, nojo, necessidade de completar outras tarefas, bem como aquelas pessoas que não conseguem evacuar em ambientes novos, diferente da sua casa e durante viagens etc.
Mas, enfim, o que é um intestino com funcionamento normal? Na verdade, não se baseia apenas em um único critério e sim num conjunto de dados. Quanto ao aspecto das fezes, para orientação geral, há a escala de Bristol, na qual o tipo 4 é o correto. O tipo 1, 2, 3 são consideradas obstipação e o tipo 6 e 7 são diarreia.
Muitos acham que basta analisar a frequência. Se evacuar todos os dias é normal... Errado! Se a pessoa tiver fezes tipo 1 e 2, pode ir várias vezes ao banheiro no mesmo dia, mas o diagnóstico é de obstipação. Além disso, não há necessidade de fazer uma força maior para evacuar e sem dores. Outro dado fundamental é que, ao terminar, a pessoa sinta que eliminou tudo, e não tenha sido necessário permanecer longo tempo no vaso sanitário.
Concluindo, o funcionamento do intestino deve ser confortável e trazer bem-estar para a pessoa, em todos os momentos, antes, durante, depois e entre as evacuações. Conhecer, respeitar o seu corpo e seu funcionamento é uma das atitudes fundamentais na construção do estado de saúde.
Texto por Dr. Carlos Ranzani
Médico Homeopata e Psicanalista
Texto publicado na edição de Abril da Cia Brasil Magazine www.ciabrasilatlanta.com - ®All rights reserved | No copy allowed | Shares only
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