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ara criar este Receitário pedimos a 12 amigues que nos enviassem uma receita especial. Pessoas queridas com quem trocamos afetos que passam pela comida, pela prática de cozinhar e comer junto. Cada uma das receitas carrega uma porção de histórias. No processo de busca destas alquimias diminuímos distâncias, relembramos sabores, sentimos saudades, aprendemos sobre o cuidado e a partilha, tão importantes nestes tempos. Agradecemos ao Peetssa, Gui, Bel e vó Salete, Lê, Paola, Rafa, Lídia de Bermudez, Dri, Jana, Majô, Ju, Bio e Dona Mauri (in memoriam) por todos os aprendizados compartilhados. Não podemos deixar de agradecer ao Gil Fuser pela arte-final, a Lia Zatz pela revisão dos textos, a Juliana Di Grazia pelas fotos e a Daniel e Eugênio Lima por cederem a receita do Bolo de Reis de Dona Mauri. Amor, coragem e bom apetite a todes! Cibele Lucena e Flavia Mielnik
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egue uma varinha de bambu, amarre um fio de nylon na ponta fina flexível e na outra ponta do fio, um anzol. Procure um pequeno córrego de águas calmas e cristalinas. Leve um balde e um pedaço de pão. Cutuque o miolo do pão, arranque um pedaço e faça uma bolinha do tamanho de meia ervilha. Coloque-a no anzol e atire-a ao córrego próximo às raízes da mata. Aguarde em silêncio a pontinha da sua varinha dançar freneticamente. Puxe com carinho. Encha o balde com a água calma e cristalina do córrego e guarde todos os Lambaris que conseguir pescar durante o dia. Ao anoitecer, deixe o balde sob uma torneira pingando para manter seus Lambaris vivos. Na manhã seguinte, pegue seu balde, vá até a ponta da praia e procure pelo rio que a nomeia. Suba o rio até encontrar o mangue. Dica: quando você afundar na lama até o joelho, você chegou no mangue. Quando o rio começar a serpentear observe a correnteza da água e procure pequenos redemoinhos. Provavelmente os encontrará do lado de dentro de uma curva, em uma parte mais estreita. Encontre uma raiz de árvore para sentar. Coloque um Lambari no anzol, pela calda, e ofereça-o ao redemoinho. Aguarde, em silêncio, a pontinha flexível da sua varinha de bambu dançar freneticamente. Puxe com carinho. Passe o dia todo sentado em silêncio oferecendo Lambaris em troca de Bagres. Só pare quando o rio te oferecer um Robalo. Após conseguir seu Robalo, devolva ao rio tudo que não for comer. Com muita alegria, amole bem sua faca e, com carinho, faça um corte desde o queixo do Robalo até o começo da calda. Tire a barrigada. Se tiver sorte, encontrará dois saquinhos de cor laranja com formato de lesmas. Lave-os na água do mar. Segurando pela calda, tire os filés de carne branquinha, cortando rente ao espinhaço. Tire o couro, raspe a carcaça e adicione-os em uma panela de água fervente. Cozinhe em fogo brando para
extrair a essência do Missoshiro. Ao perceber que a gordura está boiando, retire a panela da fogueira e acrescente pasta de soja podre. Não jogue fora a carcaça. Pode ser que o seu pai [como o meu fazia] pegue a cabeça, sugue os olhos, cuspa bolinhas brancas, morda as bochechas e fique chupando sonoramente aquela carcaça até não sobrar carne para os Urubus. Em uma frigideira, aqueça um fiozinho de óleo até queimá-lo, criando assim uma película antiaderente. No susto, jogue os dois saquinhos de cor laranja com formato de lesmas. Queime de um lado, queime do outro. Pegue uma porção, que caiba na palma da mão, de arroz branco de ontem, coloque uma bolinha vermelha azeda no centro, amasse-a entre as palmas, jogue a bolinha no pote com uns pontinhos pretos que parecem formigas. Os filés? Simplesmente corte, molhe no molho preto de soja podre e coma. Desta forma, com as mãos, selvagem mesmo. Se você for um pouco mais exigente, pode pingar limão e acrescentar cebola crua em fatias finas e gengibre ralado. Japoneses e indígenas são parentes, têm comum ancestralidade. Olhos cortados, pele grossa e escura, poucos pelos. Silenciosa, paciente e respeitosamente, não desprezam nenhuma parte do ser com o qual a natureza os alimenta. O jantar está servido: Sashimi de Robalo pescado com Lambaris vivos no redemoinho da parte interna da curva do rio que nomeia a praia; Missoshiro de cabeça, couro, cauda e espinhaço de Robalo; Ovas de Robalo na chapa; Acompanhamento: Oniguiri com umeboshi e gergelim torrado. SemCreamCheeseSemMaionese. Peetssa
1 xícara de folhas de cenoura (sem os talos grossos) 1/2 xícara de salsa 1 punhado de ervas aromáticas (manjericão, hortelã, manjerona, coentro) 1 dente de alho espremido 1/2 xícara de sementes de girassol ou amendoim Azeite a gosto Gotas de vinagre
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oste as sementes de girassol por 1 minuto em fogo alto, mexendo sempre. Reserve. Frite o alho por 1 minuto em azeite e reserve (para não dar bafinho depois, o crush agradece). Higienize as folhas, remova talos grossos. Ferva uma panela com água e jogue as folhas por 15 segundos nela. Remova-as com uma escumadeira e passe em água fria (este processo garante um pesto verde, caso contrário fica marrom). Retire da água e seque bem as folhas. Em um processador de alimentos (ainda melhor um pilão de pedra) triture as castanhas grossamente. Adicione as ervas picadas, o alho, as gotas de vinagre e o azeite, apenas o suficiente para bater. Acerte o sal. Sirva com uma boa massa ou pão de fermentação natural. Dura 2 dias em geladeira. Guilherme Ranieri
2 xícaras de chá de trigo para kibe 1 kg de batata inglesa 2 xícaras de grão de bico 2 cebolas médias brancas Sal Pimenta árabe Hortelã (3 galhos) Manjericão (3 galhos) Massa: lavar o trigo e trocar a água 2 vezes. Escorrer bem ele na mão, reservar em uma bacia e cobrir com um pano por 10 minutos. Cozinhar o grão de bico e as batatas (em panelas separadas). Passar as batatas pelo espremedor e misturar com o trigo. Moer um punhado de grão de bico e juntar com a mistura de batata com trigo. Adicionar os temperos (hortelã e manjericão bem picadinhos), pimenta e sal. A sabedoria agora está na mistura: amassa, amassa, mistura, mistura. Deixa uma tigelinha com água para umedecer a mão e seguir amassando. Adicionar um filete de azeite na massa. Estará pronta quando a consistência ficar parecida com a de um patê. Recheio: picar as duas cebolas em quadradinhos e refogar com azeite até ela ficar transparente. Adicionar o grão de bico (a parte que sobrou), deixar um pouco para pegar o gosto da cebola e desligar o fogo. Montagem: dividir a massa em duas partes. Untar uma assadeira (tamanho 26 cm mais ou menos) com azeite. Abrir uma camada de massa forrando o fundo da assadeira (com a metade da massa). Distribuir o recheio. Para a camada de cima, fazer bolinhas na mão com a massa e abrir até que esteja fina para colocar sobre o recheio. Sempre umedecer a mão para trabalhar com a massa. Vai alisando até tampar tudo. Desenhar quadradinhos na camada de cima de 3 x 3 cm, molhando a faca (de mesa de ponta redonda). Em cima de cada quadrado colocar uma amêndoa. Cobrir com manteiga derretida (em cima) e azeite (dos lados). Ser generosa/o com o azeite e a manteiga pois eles é que vão dar o gostinho. Forno para dourar de 30 a 40 minutos.
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la ama microscópio: Meus avós se conheceram na fila do vestibular em uma época em que não tinha telefone. Ele mandava telegramas, ela nunca aparecia. Até que chegou um “esta é a última vez” e ela resolveu ir. Minha avó é a primeira feminista que conheci. Não só por ter se casado com o homem por quem se apaixonou, coisa rara para uma mulher de 1926, mas por ter ido à faculdade e feito biologia, outra paixão dela. Meus avós eram filhos de imigrantes e acho que por isso a comida na casa deles tem um pouco esse gosto de conciliação. Depois deles decidirem ficar juntos, apareceu uma nova barreira: minha avó não era da “colônia”. E é engraçado termos decidido juntas por uma receita de kibe de mentira, porque ela não é a libanesa. Ela me contou da primeira ida à casa dos sogros quando ainda namoravam: todos na mesa e um prato à sua frente com uma assustadora montanha de kibe cru, testando-a. Passaram-se nove anos de namoro até que ela foi aceita. Com o tempo, se tornou uma grande cozinheira de comida árabe. Acho que isso é por causa da grande atenção que ela dá aos detalhes, como se tudo estivesse sendo visto através de um microscópio. Ela ama microscópio. Hoje, o kibe de mentira é um hit da nossa família, especialmente entre os vegetarianos. Para mim ele tem gosto de conciliação e cuidado. Bel Falleiros e Vó Salete
Um pé de escarola bem grande Uma cabeça de alho enorme Meia dúzia de tomates bem maduros (ou 1 lata de tomates pelados) Parmesão ralado Tomatinhos frescos pequenos e suculentos Pimenta preta moída na hora Anchovas, para quem quer um sabor mais original.
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ré preparo: coloque música de sua preferência, abra uma garrafa de um bom vinho tinto para ele começar a respirar e pode começar a bebê-lo se quiser. Lave, escorra e rasgue com as mãos as folhas de escarola. Descasque e amasse, como preferir, a cabeça de alho. Ponha os tomates maduros numa panela com um dedo de água no fundo para cozinhar (ou abra a lata dos pelados), depois passe pelo liquidificador. Lave os tomatinhos suculentos e corte-os ao meio.
Modo de Fazer: frite o alho numa panela grande. Quando estiverem dourados, retire-os e coloque sobre papel toalha para escorrer. Na mesma panela, refogue rapidamente a escarola. Assim que estiver murcha, desligue o fogo. Em uma outra panela, refogue um pouco de alho e sal e adicione os tomates cozidos triturados. Escolha uma travessa que vá ao forno e ponha todo o molho no fundo, depois coloque a escarola por cima sem o caldo, que pode ter acumulado no fundo. Distribua uniformemente os tomatinhos, as anchovas (caso resolva adicionar um sabor mais original), o alho frito, o parmesão ralado (do tipo Grana Padano, fica incrível) e bastante pimenta moída na hora. Leve ao forno rapidamente, para servir bem quente. Ao retirar do forno regue com um bom azeite. Tempo de preparo: 20 minutos. Sugestão: pode ser servido com um pão italiano quentinho ou com uma massa, ao dente, de sua preferência. Elenira Arakilian
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u comecei a fazer esse polvo quando vim morar no Porto da Barra, em Salvador, numa rua que tem uma peixaria. E se tornou um hábito ir nadar de manhã, voltar da praia, passar na peixaria, perguntar o que tem. Uma vez, resolvi me aventurar a cozinhar um polvo. Era o que tinha e tinha acabado de chegar. Me senti desafiada por ele, comprei e trouxe para casa. Pesquisei formas de amaciar a carne, minha primeira preocupação, para que depois ela pudesse ser preparada. O método que tenho usado aqui no meu quilombo fantasma é o choque térmico. Eu compro o polvo já limpo, peço para o Sr. Enoc da peixaria limpar, tirar as entranhas, o cérebro, tirar a gosma da pele. Deixo no congelador até endurecer (não virar uma pedra) e enquanto isso coloco água para ferver. Quando está começando a congelar, coloco ele na água fervendo, apenas por tempo suficiente para mudar de cor (5 a 8 minutos). Ele vem cinza e na água fervente fica rosa. Eu coloco uma bacia com gelo ao lado da panela. Tiro o polvo da água fervendo e coloco na bacia de gelo. Coloco essa bacia de novo no congelador para ele se resfriar e depois de novo na água fervente. Faço esse procedimento 3 vezes. Na terceira vez, tiro do congelador e não coloco de volta na água, porque ele já está pronto. É quando começo a prepará-lo no tempero. Uma opção básica é alho, cebola, tomate e coentro. Faço um refogado no azeite doce e coloco o polvo, já em pedaços, mantendo os tentáculos um pouco maiores. Corto a carne do corpo em cubos e deixo marinando neste refogado. Vou regando com mais azeite e mantenho sempre um tanto do coentro para jogar no final. Coloco um pouco de erva no começo para soltar caldo e guardo folhas frescas para o final, o que mantém o perfume. Uma coisa que gosto de fazer é usar a água quente (que recebeu o polvo algumas vezes) para fazer um arroz de polvo. Uso arroz branco ou arroz japonês. Quando o arroz já está quase cozido eu vou misturando suavemente o polvo do refogado. Por cima, coloco folhas frescas de coentro batidinhas. As quantidades de cebola, alho e tomate são intuitivas. Eu gosto do polvo suculento, com bastante sabor, então coloco 4 tomates, 1 cebola inteira, 3 ou 4 dentes de alho.
Outro jeito diferente de fazer é cozinhar com cardamomo. Fica muito gostoso! Depois das 3 etapas de choque térmico, coloco um fio de óleo de coco na frigideira, boto a carne do polvo em pedaços, acrescento suco de laranja e umas sementinhas de cardamomo (suavemente, porque é forte) e sirvo com purê de banana da terra. Atualmente, não tenho feito polvo por conta do petróleo. Triste isso! Uma pena, porque um dos trunfos de estar aqui é poder comer da natureza, o polvo fresco. Os pescadores tiveram uma queda brutal nas vendas. É preciso falar disso. Toda a pesca artesanal do Nordeste está comprometida. Os animais retirados do mar para estudos estavam todos com traços de óleo no corpo. Não metabolizamos esse óleo, ele se deposita no nosso organismo, são metais pesados, minerais que podem nos causar danos à saúde, sobre os quais sequer existem estudos conclusivos. Estamos enfrentando um problema gravíssimo e os órgãos oficiais silenciando, criando versões estapafúrdias. É nosso papel levantar as delícias e as denúncias. Paola Barreto
½ kg de maíz pelado (canjica) ¼ de porotos blancos (feijão branco) 200 gr. de trigo sarraceno con cáscara (opcional) 200 gr de arroz integral (opcional) Zapallo (abóbora japonesa) 2 cebollas 1 morrón (pimentão vermelho) ½ kg. de repollo ½ kg. de zanahoria rallada y entera 3 dientes de ajo Huesitos de cerdo (costelinha) 1 chorizo colorado (linguiça) Panceta ½ kg de carne de vaca bien desgrasada (carne magra) 5l de água Preparo: la noche anterior poner en remojo (deixar de molho) el maíz y los porotos, separados.
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scolhi o Locro Salteño porque é uma comida que gosto muito, uma comida que se come entre muitos e boa também de se fazer em muitos. Uma comida que precisa ser preparada com tempo, não se pode fazer correndo (o melhor é fazer no dia anterior!). Locro fala das origens da América, tem elementos trazidos pelos que chegaram para conquistar, misturados às coisas da terra. E como toda comida antiga é regional, cada Locro é um Locro e em cada parte da Argentina há uma versão diferente. Muitas vezes fiz esta receita para o meu aniversário, sempre gostei de fazer para receber amigos, confraternizar e abrir o inverno.
El mismo dia: si se usan cueritos de chancho (toucinho, orelha), se cocina a parte en olla a presión 15´ (15 minutos na panela de pressão). El chorizo colorado y la panceta hervir para desgrasar (ferver para tirar gordura). En una olla con abundante agua poner el maíz y los porotos a cocinar, con el fuego muy suave. Agregar las cebollas, el repollo cortados en Juliana (tiras longas e finas), la zanahoria rallada y los ajos. Media hora después que esté hirviendo agregar la carne cortada en dados de 3 cm, la panceta y el chorizo. Cocinar por mas media hora. Probar el maíz y los porotos, tienen que estar casiblandos (quase macios). Después poner los huesitos de cerdo y el zapallo en trocitos que se tiene que deshacer (até desmanchar). Agregar el trigo y el arroz integral. Una cuchara de pimentón. Una cucharita de comino. Salsa para agregar por encima (molho): en una sartén (frigideira) poner a calentar aceite, cuando está bien caliente agregar cebolla de verdeo (cebolinha), antes de apagar el fuego se agregan dos cucharaditas medianas (colheradinhas médias) de pimentón (páprica picante) y se apaga sin que se queme. Un poquito de picante y a la mesa. Rafael Leona
P Picadillo (recheio): 500 gr de cebolla picada bien fina 100 gr de morrones (pimentão) picado finito 1 kg de carne picada (moida) 5 huevos duros 100 gr aceitunas Condimento a gusto Masa: 1 kg de harina leudante (farinha com fermento) 1 huevo 200 ml de leche 200 ml de agua Sal
reparado del Picadillo (recheio): rehogar la cebolla picada finita con los morrones en aceite. Agregar la carne picada y que se cocine bien. Una vez que la carne esté cocida le agregas 100 gr de aceitunas, 5 huevos picados y el condimento a gusto. La Masa: juntar todos los ingredientes de la masa y cuando la tenés toda armada la dejar reposar un rato, como 1 hora en la heladera tapada con un repasador. Después se estira y con un cortante circular la vas cortando y se van armando las empanadas. En cada circulo de masa poner una cuchadara (colherada) de relleno y cerrar apretando con un tenedor (garfo). Freír en aceite bien caliente (no tibio, bien caliente!) y si no al horno, eso al gusto del consumidor. Lidia Speroni
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enho 44 anos, nasci e passei a infância no interior de São Paulo quando nem se imaginava que existiriam transgênicos. Um ingrediente muito usado na cozinha familiar era a farinha de milho. Dá pra fazer muitas receitas com ela: paçoca de carne, virado de banana, que era uma receita da minha avó, farofa e cuscuz, uma das minhas favoritas. Meus amigos nordestinos que comem cuscuz com manteiga no café da manhã estranhavam quando colocávamos sardinha, frango e palmito no bicho. Mas depois de provar, ficavam bem sorridentes. Em minha casa costumávamos comer a versão com sardinha, modelada numa forma de pudim e servida para cortar. Essa que compartilho, aprendi a fazer frequentando a Rua do Porto, em Piracicaba. Íamos comer peixe na beira do rio e, antes de traçá-lo, pedíamos um cuscuz de entrada. Era molinho e de frango, de lamber os beiços! Tempere um peito de frango com sal, pimenta do reino e alho. Pele 5 ou 6 tomates maduros, tire as sementes e corte em cubos. O tomate pode ser substituído por uma lata de tomates pelados, dependendo da pressa ou da preguiça. Essa quantidade varia de acordo com o gosto de cada um. Faça um refogado com cebola a gosto e os tomates, deixando grudar um pouquinho no fundo da panela pra dar mais sabor. Quando isso acontecer, coloque o frango para dourar junto com o refogado e vá pingando água. Quando estiver douradinho, cubra com água e deixe cozinhar até poder desfiar.
Desfiado o frango, devolva tudo para o caldo e acrescente palmito, um pouco de ervilha, azeitona e cheiro verde. Para quem gosta de pimenta, pode colocar meio dedo de moça sem sementes pra dar um sabor. Ficará levemente picante. Esta base do cuscuz deve ter bastante caldo para o passo final, que é colocar a farinha de milho e deixar engrossar. A farinha que costumo usar é em flocos, tipo biju, mais usada em São Paulo e em Minas. Vá acrescentando aos poucos e mexendo. O ponto é quando começa a desgrudar do fundo da panela. Pode ficar tipo um creme ou mais consistente, pra colocar numa forma redonda e virar. Isso se controla na quantidade de farinha. Se optar pelo cuscuz mais duro, coloque ovos cozidos no fundo da forma untada com azeite antes de virar a massa. Gosto de regar com azeite de oliva na hora de servir. O frango pode ser substituído por sardinha ou camarão e é permitido comer acompanhado de uma pinguinha! Adriana Vieira
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o tempo em que morei no morro da Sereia, em Salvador (Bahia) e descobri que o azeite de dendê me trazia intuitivamente uma conexão com algo que me pertencia. Do tempo em que aprendi a valorizar o que é nosso, usar o que está disponível e ter uma comida rica e nutritiva. Do tempo em que morar na frente do mar e usar a banana, fruto trazido pelas águas salgadas ao Brasil, dava alegria e doçura nesse prato tão saboroso.
2 cebolas rochas grandes 4 tomates grandes 3 bananas da terra no ponto, maduras, mas não muito moles (firmes) 1 litro de leite de coco Azeite de dendê Pimenta dedo de moça Coentro e salsinha fresca Cortar uma cebola bem picadinha e botar na panela para refogar com o azeite de dendê. Acrescentar em camadas cortadas em rodelas: uma de cebola, uma de tomate e uma de banana da terra. Repetir duas vezes o procedimento (no total duas camadas de cada ingrediente). Colocar a pimenta dedo de moça (tirar a semente e cortar em pedacinhos, mais ou menos ¼ da pimenta inteira). Adicionar o leite de coco até cobrir a última camada. Se não for suficiente, acrescentar mais leite de coco ou água, para render. Colocar sal e tampar. Deixar 35 minutos no fogo e mexer de vez em quando para ver se está cozinhando bem. Finalizar com coentro e salsinha. Se fizer em panela de barro (recomendo!) começar com fogo alto até o dendê esquentar e depois seguir com fogo baixo. Sugestão: servir com arroz de coco. Janaina Fragoso
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sta receita quem me ensinou foi minha tia Cristina, colombiana, que é super cozinheira. Eu sempre gostei do arroz de coco e ele carrega toda minha relação afetiva com a Colômbia. Não é difícil de fazer mas o preparo é demorado e isso de ficar um tempo grande na feitura de uma comida faz bem. Eu sempre faço de modo rudimentar, coloco o coco na boca do fogão para trincar, depois bato com martelo para despedaçá-lo, gosto dessa mão na massa. É uma receita da região costeña, um prato típico de Cartagena, onde tem a maior presença negra, fortes influências africanas. É um arroz suave e gostoso e esse processo refinado de depurar a água de coco até virar grãozinhos, acho mágico e lindo. Ingredientes: 1 coco seco 500g de arroz Uvas passas Rapadura Sal a gosto Com o coco na mão: 1. Tirar a água do coco seco – reservar num recipiente. 2. Abrir o coco seco, tirar a polpa (uma colher de inox funciona super bem), picar a polpa em pedaços pequenos. 3. Colocar no recipiente do liquidificador 1/3 de água para 2/3 de coco.
A primeira batida deverá ser coada e posta na panela para cozinhar (esta água é que será usada para formar os “grãos de coco”). Depois da primeira batida no liquidificador, faça mais uma vez o mesmo procedimento: bata água e o coco. Essa segunda água batida e coada será usada para cozinhar o arroz - por enquanto deixe a água sem coar, reservada. Começa o processo de cozimento: 1. Colocar a primeira batida da água com coco (coada) na panela. 2. Deixe em fogo médio e vá acompanhando o processo, que é lento. A água se transformará pouco a pouco em um líquido mais espesso e mudará de cor. Importante manter o fogo baixo para não queimar o ouro da nossa receita. Esse líquido se transformará em grãos marrons, granulados de óleo de coco. Depois disso, basta misturar o arroz nesse granulado, como fazemos normalmente. E em seguida acrescentar a segunda coada mais a água de coco reservada. Use a nossa medida tradicional para fazer arroz. Uma medida de arroz para 2 de água. Acrescente o sal. Quando o arroz estiver cozido, desligue o fogo, jogue as uvas passas, misture a gosto e insira raspas de rapaduras sobre o arroz de coco. Importante: a segunda batida, ao ser colocada na panela também deve ser coada! Majoí Gongora
1 copo americano de polvilho doce 1 a 2 copos americanos de polvilho azedo 1 ovo 1 colher de chá de manteiga 1/4 de copo americano de água 1 xícara de tapioca granulada 1/4 de queijo meia cura (400g) 1/4 de xícara de gergelim preto 1 colher de café de sal
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ale o queijo e separe. Coloque água na tapioca e deixe por uns 10 minutos. Coloque o polvilho doce no recipiente onde a massa será feita. Ferva a água e jogue a manteiga até derreter. Espere esfriar e jogue no recipiente com o polvilho. Acrescente o ovo e mexa.
Acrescente o sal, o gergelim, o queijo e a tapioca. Misture bem. Vá acrescentando polvilho azedo até a consistência da massa ficar boa. O ideal é ir secando a massa até conseguir preparar as bolinhas do pão sem que ela grude muito nas mãos. Observações: Pode variar o queijo! Mais forte ou mais suave. Mas a consistência do queijo varia na consistência da massa. Dependendo do queijo, tem que colocar mais ou menos polvilho. Você vai sentindo! Queijos têm diferentes oleosidades também. Se o queijo for muito oleoso, tem que colocar menos manteiga. Juliana Bucaretchi e Fabio Riff
1 xícara de chá de margarina 1 xícara de chá de açúcar mascavo 1 xícara de chá de açúcar comum 4 gemas 1 caixinha de leite condensado 2 xícaras de chá de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento em pó 1 xícara de frutas cristalizadas 1 xícara de uvas passas e ameixas picadas 4 claras em neve
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odo de preparo: Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas e vá despejando sem parar de bater o leite condensado. Acrescente a farinha de trigo peneirada com o fermento e as frutas cristalizadas, as passas e as ameixas. Misture as claras em neve e leve ao forno pré-aquecido por 50 minutos aproximadamente. Use assadeira de pudim. Tempo de preparo: uma hora Rendimento: 12 porções Maurinete Lima
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