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CONECTANDO HISTÓRIAS E CORAÇÕES

Uma exposição totalmente virtual, na plataforma do Instagram, com a cara do Brasil: tão rica, livre e espontânea na sua diversidade; tão amorosa e generosa no acolhimento de todos os trabalhos.

Uma contribuição inestimável do projeto da curadora Cibele Nakamura para o mundo da cerâmica e da Arte, ao abrir espaço para a divulgação de tantas obras e possibilitar a conexão de histórias e corações.

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O 2º Salão Ceramistas do Brasil fala da expressão de 245 artistas, de 18 estados brasileiros, em forma de cerâmica.

Visite! A exposição está a um toque de distância, em @ceramistasdobrasilexpodearte.

Aya Basílio

Artista ceramista

*Este texto foi escrito por Aya Basilio, vencedora do 2º Salão Ceramistas do Brasil, para stories do Instagram, em 10/01/2023

Uma Grande Vitrine Da Arte Cer Mica Brasileira

O 2º Salão Virtual Ceramistas do Brasil aconteceu a partir de setembro de 2022, na plataforma do Instagram (@ceramistasdobrasilexpodearte), sendo, portanto, permanente. Oferecida de forma gratuita, a exposição virtual manteve inscrições abertas no período de 1 de setembro até 5 de dezembro de 2022, resultando na participação de 245 artistas de 18 estados brasileiros.

O projeto, já em sua segunda edição, foi idealizado por Cibele Nakamura Arte Cerâmica com o objetivo de divulgar e valorizar a arte cerâmica brasileira e a intenção de oferecer oportunidade de visibilidade aos ceramistas do Brasil, expor o cenário da produção cerâmica nacional e provocar a interatividade do público com a arte cerâmica.

Não houve seleção prévia dos trabalhos – todos os inscritos puderam participar. Porém, como incentivo, foram oferecidos prêmios aos três primeiros colocados e uma menção honrosa, concedidos por uma comissão julgadora composta de cinco jurados, entre artistas especialistas em arte cerâmica, professores de arte e membros acadêmicos atuantes nessa área.

As obras expostas foram produzidas a partir de 2021, nas modalidades de escultura e design, compreendendo todo e qualquer objeto com função utilitária, como vasos, painéis e outras peças decorativas. Permitiu-se a mistura dos mais diversos materiais, desde que prevalecesse a cerâmica.

O contato diário com as obras inscritas, durante esses quase quatro meses, transportou-me a um sentimento de emoção e gratidão! Observar as técnicas de cada ceramista, conhecer seus anseios, protestos, suas dores e cores, aprender um pouco sobre os aspectos regionais, o encanto das crenças e lendas, foi um processo imensamente rico e gratificante.

Todo meu respeito e admiração a vocês, CERAMISTAS DO BRASIL!

Meus sinceros agradecimentos aos patrocinadores dos prêmios e a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste evento.

Finalizo parabenizando todos os participantes pela riqueza e diversidade do conteúdo das obras, contribuindo de forma relevante para o sucesso desta exposição.

Cibele Nakamura Curadora

O Ancestral E O Digital

Inicialmente, gostaria de falar da minha alegria em ter participado, como jurada, do 2º Salão Ceramistas do Brasil e agradecer imensamente à querida Cibele Nakamura pela iniciativa de realizar esse evento com a competência e dedicação que lhe são características. Saúdo também, alegremente, os colegas do júri e participantes da exposição.

O que dizer sobre a cerâmica, essa manifestação milenar que nos acompanha desde os primórdios da história humana? Talvez o que eu gostaria de ressaltar, neste momento, seja o significado do gesto de modelar a argila em plena era digital. Essa prática, ainda hoje, diz muito sobre nossa humanidade. Nesta seleção do 2º Salão Ceramistas do Brasil vamos encontrar manifestações das mais diversas: cores, texturas, dimensões, argilas, temperaturas, técnicas que passaram pelas mãos de artistas muito diferentes, com sensibilidades e percepções variadas. Essa multiplicidade nos oferece um panorama de parte da produção cerâmica brasileira, pois tivemos participantes de muitos estados do país. Não foi tarefa fácil a escolha das obras premiadas. Muitas outras poderiam ter sido contempladas. Aspectos técnicos, criativos, expressivos e conceituais acabaram determinando as escolhas. Há grande responsabilidade envolvida nessa seleção, pois as obras nos levam a observar diferentes trajetórias que compõem a cerâmica brasileira contemporânea.

O 2º Salão Ceramistas do Brasil tem, nesse sentido, uma importância muito grande ao possibilitar reunir essa produção e oferecer não somente um amplo cenário das expressões criativas, mas também por constituir um acervo da memória do que vem sendo produzido no Brasil ao longo dos últimos anos em cerâmica.

Desejo aos participantes que continuem a se dedicar com a intensidade e criatividade que observamos em cada obra que nos foi apresentada. E vida longa à linda caminhada que o Salão Ceramistas do Brasil vem realizando! Que sigamos, amorosamente, nos envolvendo com a argila e deixando que ela fale por nossas mãos.

Cláudia Zanatta

Artista, professora do Departamento de ArtesVisuais/IA/UFRGS na área de cerâmica, onde atua no Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais e no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais.

O ARTISTA, SEU TEMPO, SEU ESPAÇO

Em cada foto, busco uma fresta iluminada de humanidade – seu tempo, sua aura. Pela tela do meu iPhone , dedico-me a analisar cada objeto postado. São 245 obras, de 18 territórios brasileiros. Nesta exposição, projeto da curadora Cibele Nakamura, cada obra exposta carrega seu protagonismo e corrobora a valorização da linguagem da cerâmica contemporânea. Sou uma entre cinco jurados do 2º Salão Ceramistas do Brasil e é da nossa competência selecionar quatro colocados neste concurso totalmente virtual.

Nesse projeto, os jurados se entregam às buscas pela web, principalmente pelo Instagram , a plataforma oficial. É instigante, levanta polêmicas e nos desafia. A responsabilidade de selecionar obras cerâmicas tendo apenas a linguagem da fotografia como referência é o grande desafio. Busco informações detalhadas, como a formação do autor, sua trajetória, localização, técnica, quais processos de criação. Busco, em cada foto, possíveis frestas iluminadas, que deixam escapar acontecimentos espontâneos ocorridos durante o processo. Um resquício de humanidade, de expressividade, de regionalidade, de modo de vida desse ceramista, do seu tempo. Busco aproximação e, principalmente, empatia!

A minha experiência com a cerâmica sempre foi olhar e tocar, sentir o objeto com todos os meus sentidos, como se ele fosse uma extensão do meu corpo.

Um profundo e vasto conteúdo em uma foto! Simulacro da obra? Ou obra final, para a web? O objeto de cerâmica existe de fato? Imagino o objeto desse ceramista brasileiro, seja a escultura ou o utilitário. Um corpo de cerâmica que ocupa e exige um espaço físico, como um lugar na Arquitetura. Penso: originalmente, a cerâmica foi feita pelas pessoas, a serviço das pessoas. Inúmeros artefatos descobertos em sítios arqueológicos continuam sendo valiosas testemunhas cronológicas que elucidam cientificamente modos de vida de preciosas civilizações do passado. Porém, na contemporaneidade, os arqueólogos almejam esclarecimentos para além de dados de tempo, espaço e valores estéticos dos achados cerâmicos. Inspirados pela arte contemporâneaque procura a fusão da arte com a vida, com o presente, com a cultura popular, que olha para o processo, democratiza meios de comunicação de forma rápida e eficiente pela web, informando e inspirando ao mesmo tempo muitas pessoas do mundo todo -, esses arqueólogos, profissionais multidisciplinares que são, buscam compreender, nas cerâmicas históricas, um pensamento, um valor, certamente impregnado pela sociedade à qual pertenceu.

Diante dessas observações, qual seria, hoje, a maneira mais honesta e eficiente, e quais os conteúdos necessários para se premiar a obra de um ceramista?

Decididamente, penso que esse ceramista, seja na busca por um prêmio, seja para manter-se e progredir no seu status quo , deva seguir o “dó” da cerâmica, dedicando-se a pesquisar e compreender o seu tempo e seu espaço. Que se permita revelar, na sua obra, o seu profundo respeito pelos quatro elementos primordiais da natureza. A relação íntima com esses elementos é o fator determinante que deve desafiá-lo durante todo o processo da criação.

Hideko Honma

professora e curadora de arte

Coer Ncia Entre Forma E Conceito

Primeiramente, gostaria de agradecer à curadora, Cibele Nakamura, pelo convite, confiança e pela oportunidade de conhecer tantos artistas anônimos para mim, até então.

Não foi uma tarefa fácil. Nunca é tranquilo julgar nossos colegas, sobretudo porque a qualidade e o nível dos trabalhos foram bastante elevados. Emocionou-me, profundamente, ver a quantidade de obras utilizando a argila como meio de expressão.

Para chegar à seleção de obras premiáveis, analisei cada uma das inscritas e suas descrições. Levei em conta a forma e o conceito, avaliando a coerência entre os dois. E, para a decisão final, visitei o Instagram do artista, a fim de conhecer outros trabalhos já realizados e a trajetória de cada um. Finalizo parabenizando a curadora por seu incansável desempenho em estimular, provocar e valorizar o fazer cerâmico.

Estilo Como Diferencial

Fazer parte do júri de premiação do 2º Salão Ceramistas do Brasil foi uma honra e também um grande desafio, por ter de escolher apenas quatro entre as mais de 240 obras inscritas.

O meu contato com a cerâmica data de quando eu tinha pouco mais de dez anos e acompanhava o meu pai no escritório de contabilidade, em São Caetano do Sul, nas suas visitas aos clientes ceramistas (Cerâmica Tupã e Porcelana Teixeira).

Quando me formei geólogo e fui trabalhar na Cerâmica São Caetano, à procura de matérias-primas, tive a oportunidade de viajar pelo Brasil e conhecer vários centros de cerâmica artesanal – Maragogipinho, na Bahia; Tracunhaém, em Pernambuco; a oficina de Francisco Brennand, em Recife; as fabricantes de bonecas do Vale do Jequitinhonha; as cerâmicas marajoaras do Pará.

Como presidente da Associação Brasileira de Cerâmica, criei a Comissão de Cerâmica Artística, e, nos congressos, começamos a realizar exposições de arte. Posteriormente, comecei a fabricar massas cerâmicas para artistas, criei a Revista Mão na Massa , e começamos a organizar os Congressos Nacionais de Técnicas Para as Artes do Fogo (CONTAFs).

Tudo isso prova o meu entrosamento com o meio, mas julgar e classificar é realmente uma tarefa das mais difíceis e complexas. Tive oportunidade de observar atentamente, por fotos, todas as peças enviadas. Existem coisas realmente muito interessantes - e o melhor exemplo está nas premiadas.

Nesse tempo todo de convívio com a Arte, mais de 60 anos, pude observar que aqueles que se sobressaem têm um estilo próprio: basta olhar a peça e você já sabe quem é o autor. Portanto, a minha recomendação básica para todos os artistas é que busquem o seu estilo.

Mostrem sempre as suas obras, visitem exposições, deixem peças em galerias, enfim, divulguem ao máximo o seu trabalho e, com certeza, terão sucesso!

Parabéns a todos!

Paschoal Giardullo

Geólogo, consultor de empresas de cerâmica e mineração, proprietário da empresa Massas Pascoal, diretor da Revista Mão na Massa, idealizador do Congresso Nacional de Técnicas para as Artes do Fogo - CONTAF

Apresenta O Dos Jurados

CLÁUDIA ZANATTA

Artista, vive e trabalha em Porto Alegre (RS). Professora do Departamento de Artes Visuais/IA/UFRGS na área da cerâmica, onde atua no Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais e no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Possui graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000), graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994), mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003) e doutorado em Arte Público y Poéticas Visuais – Universidad Politècnica de València (Espanha) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (co-tutela). É líder do Grupo de Pesquisa CNPq Arte Pública Participativa: articulação entre poética e cidadania, no qual desenvolve a pesquisa Poéticas da Participação. Membro do Conselho Deliberativo da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas pelo Comitê de Poéticas Visuais.

Hideko Honma

É ceramista há mais de 25 anos, professora e curadora de arte. Bacharelada em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo e pós-graduação em História da Arte na Universidade de São Paulo. Por mais de uma década lecionou Estética e História da Arte na Faculdade Santa Marcelina. Estudou cerâmica na tradicional região de Arita e Imari, na província de Saga, no Japão. Hideko também dissemina seu conhecimento por meio de oficinas e cursos ministrados em seu ateliê, localizado no bairro de Moema, em São Paulo. Ao longo dos anos, a artista desenvolveu laços e parcerias muito especiais com renomados chefs, que requisitam seus bowls e pratos para compor saborosas criações gastronômicas. Está sempre envolvida em trabalhos sociais, como, por exemplo, o tradicional Sukiyaki do Bem.

Maria Cheung

Artista plástica ceramista, chinesa naturalizada brasileira, escolheu a cidade de Foz do Iguaçu (PR) para morar, onde mantém seu ateliê de cerâmica. A artista vive no Paraná, desde 1995, e divide-se entre participações em exposições como jurada, salões de arte e produções artísticas. Durante sua trajetória, acumulou vários prêmios em salões de arte e realizou inúmeras exposições no Brasil e também no exterior.

A marca de seu trabalho é o resgate cultural por meio de instalações de arte conceitual.

Paschoal Giardullo

Geólogo pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USPUniversidade de São Paulo. Possui cursos de extensão em Geologia do Petróleo, Geocronologia e Geologia Econômica. Vive e trabalha em São Paulo. Tem 60 anos de atividades profissionais como executivo e consultor de empresas cerâmicas, minerações e empresas de engenharia e consultoria. Trabalhou na cerâmica São Caetano. Foi minerador de matérias-primas cerâmicas e fabrica massas cerâmicas artísticas há mais de 40 anos, a conhecida Pascoal Massas. Diretor da Revista Mão na Massa , juntamente com Caio Giardullo. É um dos autores do Nosso Livro de Cerâmica, obra básica para quem produz cerâmica artística. Idealizador e promotor do Congresso Nacional de Técnicas Para as Artes do Fogo – CONTAF, realizado anualmente.

Rubens Pontes

Paulista, residente em São Bernardo do Campo (SP), é artista, professor e curador. Bacharelado em Artes Plásticas pela UNIART (Santo Amaro-SP). Possui licenciatura em Artes Visuais pela UNIMES (Santos-SP). Desde 1997, atua como professor de desenho, pintura, história da arte e poéticas visuais, orientando oficinas e cursos em instituições públicas e privadas (Espaço Henfil de Cultura/SBC, Pinacoteca/SBC, Casa do Olhar/SA, SESI/SBC, Colégio Piaget/SBC, Colégio Vértice/SP). Foi professor de Artes Plásticas na ABRA/ SP por 14 anos. Desde 2004, leciona Artes Plásticas na Gare Cultural (SP) e coordena, em conjunto, o Núcleo Gare Cultural (https://www.onucleo.art.br). De 2016 a 2021, assinou a curadoria da Galeria Vértice, em São Paulo. Como artista, trabalha em várias frentes, como instalações, intervenções, vídeos, objetos, fotografias, pinturas, colagens e desenhos. Participa de diversas exposições individuais e coletivas. Tem premiações e obras em acervos de instituições públicas e privadas.

Apresenta O Da Curadora

Cibele Nakamura

Artista ceramista, formada em Administração com especialização em Franchising. Iniciou sua pesquisa com cerâmica em 2000. Participa, desde 2003, de diversas exposições. A partir de 2017, começa atuar também no segmento de curadoria e promoção da arte cerâmica. Foi membro da Comissão de Arte Koguei/Craft - Bunkyo, por 11 anos, e do Júri da Grande Exposição Bunkyo-Arte Koguei, por 7 anos. Ministra workshops de suas especialidades por todo o Brasil.

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