DESENVOLVIMENTO TIPOLÓGICO
LUCIO COSTA
desenvolvimento tipológico
Ana Carolina da Silva Oliveira Ana Cecília Veloso Santos Ana Leticia dos Santos Nestor
Apollo Gustavo Silva Cardoso
Beatriz Costa Werneck
Beatriz Pimenta de Carvalho
Danilo Celso da Silva Lara de Sá Morais
Larissa Amanda de Almeida Ribeiro
Lucas Muniz da Silva Lucas Oliveira de Araújo
Matheus Drumond Chaves Matheus Henrique Silva Santos
Pedro Henrique Barbosa Viana Rodrigues
Roberta Silvestre Sabrina de Oliveira Fabiano
Vinicius Pinheiro Pereira Coordenação: Carlos Alberto Maciel
lucio costa
3
Projeto gráfico: Filipe Gonçalves Josiany Coelho Roberta Silvestre Wallace Stanzani
Capa: Danilo Celso Sabrina Oliveira
XXXX Desenvolvimento tipológico : xxxxxxxxxxxxx / organizador : Carlos Alberto Maciel. - Belo Horizonte : Nhamerica Platform, 2019. 169 p. : il. Publicação de trabalhos acadêmicos desenvolvidos no curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. ISBN XXXXXXXXXXXX 1. Arquitetura moderna. 2. Projeto arquitetônico. 3. Arquitetura - Estudo e ensino. 4. Ateliê Américas. 5. xxxxxxxxxxxxxx I. Maciel, Carlos Alberto. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Arquitetura. III. Título. CDD XXXX Ficha catalográfica: Biblioteca Raffaello Berti, Escola de Arquitetura/UFMG
Publicação de trabalhos acadêmicos desenvolvidos no curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. A reprodução desse trabalho é autorizada, desde que citada a fonte. Essa publicação não tem fins lucrativos. Distribuição gratuita.
projetos
gamboa
casas sem dono
vila monlevade
23
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97
casa do brasil
casa de brasĂlia
alagados
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157
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5
6
repetir, repetir, repetir. até se tornar original¹ (...) A medida que uma coisa já foi feita, os senhores fazem uma coisa parecida com aquela? Não, aquilo já foi feito, é ultrapassado, tem que bolar outra coisa, né? Ora, a verdadeira arquitetura, o verdadeiro estilo de uma época, sempre esteve na repetição. O apuro das coisas repetidas caracterizou sempre o estilo do passado; é uma invenção unânime do meio social, uma determinada direção; quer dizer, sendo resolvida a casa, não custa nada, que outra seja semelhante àquela, apenas com mais apuro, tal e coisa, uma série de coisas que personalizam, individualizam aquela casa, mas dentro de uma certa uniformidade de estilo, é disto que foi feito o estilo da época, de um país, de uma região: é essa uniformidade. Lucio Costa²
1- Parafraseando Manoel de Barros: “Repetir, repetir – até ficar diferente. Repetir é um dom do estilo.” BARROS, Manoel de. O livro das Ignorãças. In. BARROS, Manoel de. Biblioteca Manoel de Barros (Coleção). 18 volumes. São Paulo: LeYa, 2013, p.10. 2- COSTA, Lucio. Entrevista. In: Pampulha. Revista de arquitetura, arte e meio ambiente. Ano 0, n.01, Nov/Dez 1979. Digitalizado e publicado em : https://www.podesta.arq.br/ publicacoes/revista-pampulha/pampulha-01/#luciocosta. [Acesso em 23/01/2021.]
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A oposição entre o mito da criatividade e o aprimoramento de standards é a base dessa descontraída fala de Lucio Costa aos arquitetos mineiros Alvaro Hardy, Éolo Maia, José Eduardo Ferolla, Maurício Andrés e Paulo Laender ao final da década de 70 do Século passado. Quando Doutor Lucio – como costuma ser chamado o maior mestre da arquitetura brasileira – defende que o arquiteto deva saber repetir, ele não está a defender o plágio, mas a capacidade de reconhecimento de que a arquitetura é sobretudo uma produção coletiva e uma construção social, intergeracional e não exclusivamente pautada pela originalidade individual (ainda que, em outros momentos da mesma entrevista, acentue a importância e a singularidade da obra de outro grande arquiteto brasileiro, seu contemporâneo Oscar Niemeyer). Partir desse reconhecimento é o fundamento do conjunto de disciplinas de projeto arquitetônico intituladas Desenvolvimento Tipológico que vem se dedicando, a cada semestre, ao estudo de obras e projetos de um diferente arquiteto brasileiro para elaborar novos projetos que tenham por princípio a reinterpretação, o deslocamento, a atualização, a radicalização ou a transformação de ideias, como já apontado nas publicações anteriores junto às quais este livro vem formar uma série – um “work in progress”. Comparecem aqui os trabalhos
desenvolvidos pelos estudantes nessa disciplina, ministrada no curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais no 2o semestre de 2020 – mas que se estendeu até janeiro de 2021 e foi ministrada em regime remoto devido à pandemia de COVID-19. Essa condição excepcional, pelas dificuldades que impõe tanto ao processo pedagógico como ao intercâmbio de ideias e ao trabalho integrado dos estudantes, exige destacar o afinco e o comprometimento de cada uma e cada um, ao viabilizarem esta publicação que nada deixa a dever às produzidas anteriormente, em condições típicas. Uma importante contribuição que este conjunto de trabalhos traz é a modelagem e análise de projetos não construídos de Lucio Costa: à exceção da Gamboa, construído e já bastante descaracterizado, todos os demais têm essa condição de experimentos em estado de potência. São ideias límpidas que retratam o pensamento do arquiteto e do urbanista sem as circunstâncias da construção e do uso. Para o exercício que aqui se propõe, essa é uma condição positiva ao permitir isolar certas ideias para delas desenvolver novas propostas que respondam a novos problemas em outro momento e muitas vezes em outro lugar.
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Os projetos estudados: da casa à cidade, do individual ao coletivo, do pessoal ao indeterminado Os projetos estudados constituem um panorama significativo da obra de Lucio Costa aos modos de um lado B de um disco de vinil: não apresentam as suas obras principais e mais conhecidas, mas aquelas menos publicadas, menos conhecidas e nem por isso menos interessantes. Por outro lado, são as obras construídas que muitas vezes informam soluções possíveis e prováveis para a “construção” virtual desses projetos que integram esse lado B, uma vez que aquelas repetem, interpretam e refinam uma certa linguagem comum a cada momento de sua produção. Aqui um objetivo secundário se cumpre: aprofundar o conhecimento da obra de um arquiteto brasileiro fundamental através do estudo do projeto e de sua interpretação crítica. Um passeio entre a casa e a cidade se realiza entre a Casa de Brasília, as casas sem dono, as casas proletárias na Gamboa, a proposta para a Vila Monlevade e a urbanização com edifícios multifamiliares de Alagados, aos modos de uma superquadra. Esse passeio permite perceber os valores fundamentais da arquitetura moderna se transformando, partindo da depuração formal e da adaptação tropical dos “Cinco pontos para
uma nova arquitetura” de Le Corbusier, muito presentes nas produções iniciais, em direção a uma austeridade quase monástica que Alagados traz e cuja variação construída das Quadras Econômicas de Brasília confirma. O que nos conduz à outra polaridade, entre individual e coletivo, que separa as habitações unifamiliares de um lado – as casas modernas burguesas com suas entradas de serviço e dependências de empregados – e a vida coletiva de outro, nos edifícios, nos conjuntos e na habitação estudantil da sua proposta para a Casa do Brasil em Paris – também construída depois, entretanto com projeto modificado por Le Corbusier e Andre Wogenscky. Por último, essa oposição avança para a discussão do que é pessoal – a casa que tem dono ou que, mesmo sem dono, traduz um sentido do que seria uma casa burguesa naquele momento, pouco mais de 40 anos depois da abolição da escravidão no Brasil – e aquilo que, por não ser pessoal, deve ser indeterminado e repetido, seja a casa da vila, seja o apartamento proletário, seja a célula de habitação estudantil. Esses temas informam de distintos modos os projetos desenvolvidos pelos estudantes a partir do estudo e da interpretação dos projetos de Lucio Costa. Passemos, pois, a eles.
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Gamboa: a passagem do objeto ao sistema O reconhecimento e o isolamento de uma ideia – o quadrado e seu sucessivo fracionamento em quadrados menores – é o ponto de partida para uma investigação radical sobre o a possibilidade de gerar variedade a partir de uma forma simples. Da lógica de uma arquitetura funcional e compacta se desdobra um sistema com potencial ampliado para produzir espaços de habitação de distintas configurações e escalas. Aposta na capacidade de responder a uma gama maior de demandas cotidianas, fazendo avançar conceitualmente aquele princípio transformador da arquitetura moderna que, pela primeira vez, desloca o olhar do palácio para a casa das pessoas comuns. A exploração geométrica proposta no trabalho deixa de subordinar o desenho à circunstância do terreno, como na Gamboa e sua testada curva, extrapolando a escala dos quadrados da edificação à organização urbana, definindo assim um sistema; deixa de se limitar à organização planimétrica e passa a orientar o desenho dos planos verticais e aberturas. A passagem do objeto ao sistema permite especular sobre a alarga a abrangência do trabalho do arquiteto ao não se limitar ao desenho de um edifício singular e proporcionar que outros
arquitetos, em outros momentos, possam lançar mão do sistema para resolver novos problemas. Casa do Brasil: a diferenciação entre o desenho do chão e da construção Tema recorrente na arquitetura moderna brasileira, a diferenciação – ou melhor, oposição – entre o desenho do chão – térreo, embasamento ou pilotis – e da construção – torre, prisma, volume racional baseado na repetição e organização modular – é a principal ideia do projeto de Lucio Costa para a Casa do Brasil, que é transposta pelo grupo de estudantes para outro lugar – mais urbano, mais tropical – no centro de Belo Horizonte. Ao contrário da proposta para Gamboa, que abstrai o contexto e caminha para o sistema, este trabalho modifica o contexto. O confronto com esse novo lugar informa a nova implantação com aumento da permeabilidade e redução da ocupação do térreo; a maior altura da torre apostando na maior densidade; e o alinhamento do volume principal à avenida e ao grande edifício presente na quadra em frente, evidenciando que o desenho de um edifício extrapola a leitura do lote e se estende ao reconhecimento do contexto. Esse deslocamento geográfico também orienta as adaptações necessárias no desenho dos espaços internos, como a introdução de varandas que adoçam o rigor do clima. Traz do projeto estudado
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a materialidade e a organização mais livre do térreo, entretanto ampliando sua abertura. Casa de Brasília: a radicalização de programa, espaço e forma Projetada para suas duas filhas, a casa apresenta uma justaposição de dois volumes – um quadrado sobre um retângulo – e um deslocamento que gera a sombra em pilotis. Sua maior peculiaridade é, entretanto, a organização simétrica do pavimento superior que cria dois núcleos íntimos que se relacionam através dos espaços centrais internos – sala e escada - e externo – pátio central descoberto. O projeto desenvolvido a partir do reconhecimento dessas ideias – uma ideia de organização funcional e outra, formal – radicaliza essa bipartição da área íntima duplicando o volume superior, que passa portanto a conformar dois núcleos familiares privados e independentes que se articulam a um núcleo de convívio e sociabilidade no térreo. Formalmente, opera, além da duplicação do volume, a sua elevação e destacamento em relação ao volume inferior, o que resulta em uma maior variedade dos espaços livres e em uma experiência mais radical da casa ao gerar um intervalo aberto e parcialmente avarandado que configura um espaço coletivo de uso indeterminado, como
um pilotis, porém elevado do solo. Uma terceira operação – de rotação – faz com que cada núcleo privado tenha uma orientação distinta, eliminando uma indesejável abertura espelhada entre janelas. Alternâncias entre dentro e fora, introspecção e extroversão, coletivo e privado, sombra e sol, ao fim, orientam a adoção de terraços habitáveis sobre as casas, que ali se reconectam para novamente proporcionar um lugar de encontro. Alagados: do funcional ao indeterminado O trabalho se aproxima da Casa de Brasília ao propor uma atualização programática com introdução de flexibilidade, ampliando os tipos de unidades através da organização modular e concentração de áreas molhadas, associada a uma revisão formal através da alteração de escala do bloco, gerando outra relação entre construções e vazios, com edifícios de escala mais urbana, enfatizada pela adoção das circulações avarandadas como ruas aéreas. A localização dos espaços coletivos e institucionais, ao invés de setorizados e dispersos em blocos isolados, passa a integrar os pilotis, eliminando a funcionalização original que diferenciava as partes residenciais do conjunto em relação às não residenciais e animando as áreas de sombra. Uma sequência de operações formais e programáticas que urbanizam o edifício, desfuncionalizam as
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unidades habitacionais, desconstroem a setorização dos usos térreos, mudam sua escala e estabelecem uma relação mais conectada entre a experiência do edifício e a experiência do vazio da cidade revelam um percurso que se apropria da ideia moderna original e a revisita com um olhar contemporâneo que vai da arquitetura à infraestrutura, pensando o edifício como um suporte aberto à transformação. Casas Sem Dono: do individual ao coletivo Como em Alagados, o trabalho desenvolvido a partir das Casas Sem Dono procura atualizar programaticamente a proposta original, considerando um contexto contemporâneo para a vida coletiva nas cidades. Para tanto, as casas unifamiliares se transformam em multifamiliares através da simplificação funcional e da redução de áreas das unidades, viabilizadas pela ampliação da área construída total através de operações geométricas simples: espelhamento, duplo espelhamento e repetição. A forma simétrica resultante dessas operações é subvertida, conforme o caso, pela disposição de terraços assimétricos, reaproximando a solução formal final à lógica dos partidos assimétricos dos projetos estudados. A eliminação de áreas e circulações de serviço atualiza a ideia de casa para o contexto contemporâneo reduzindo a segregação socioespacial no interior
do espaço de morar. Por último, a variação da terceira casa reconhece um percurso sob o pilotis, que no projeto original constituía a garagem, e propõe um atravessamento de quadra, considera usos não residenciais e define um percurso elevado de acesso às unidades do segundo pavimento que cria uma alternativa de atravessamento em cota elevada tanto da quadra como da construção, abrindo e urbanizando o edifício. Vila Monlevade: o desenho topográfico como forma de urbanizar o edifício A Vila Monlevade tem várias virtudes e características urbanas, arquitetônicas, funcionais e materiais já amplamente discutidas pela crítica, que a apresenta como produção seminal para a adaptação dos princípios modernos ao contexto – social, econômico e ambiental – brasileiro. Para este exercício, entretanto, um aspecto – talvez menor, mas não menos importante - foi definidor de um processo que é mais um experimento do que um projeto: o modo como a topografia pode ser reconhecida e modificada para propiciar espaços de uso e, transpondo para o desenho da construção, como o plano inclinado pode proporcionar novas possibilidades para a experiência dos espaços interiores. Essa ideia parte da identificação de uma clara oposição entre planos de uso horizontais
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como espaço arquitetônico e superfícies inclinadas e topográficas como áreas livres, naturais ou urbanizadas. E também entre os planos de uso em distintos níveis e os elementos funcionais que os conectam. Um radical embaralhamento entre estes opostos produz uma desfuncionalização dos espaços de uso; introduz o plano inclinado no espaço interior; e ativa a topografia como lugar potencial. Ao ampliar a escala do conjunto, esse edifício-labirinto toma emprestado do projeto original o ritmo regular do pilotis e a continuidade do tratamento parietal das fachadas, radicalizando também o uso das treliças, tão caras ao arquiteto e interpretadas com diferentes desenhos em vários de seus projetos. Apresenta-se aqui um exercício projetual que pressupõe uma prática teórica e investigativa do projeto que se dá numa esfera não funcional, sem uma finalidade programática, mas que incide sobre um elemento fundamental da construção – os planos inclinados que articulam os planos de uso – desconstruindo a forma regular, introduzindo uma variação na ordem modular, ampliando as escalas. Realiza isso em um processo de desconstrução, reconstrução e reconexão em que elementos articuladores entre planos são também recintos habitáveis.
Este conjunto de trabalhos não esgota a leitura da obra de Lucio Costa, mas revela sua potência para gerar desdobramentos na contemporaneidade, para resolver novos problemas e para estimular a imaginação, algo tão raro como necessário para os tempos que correm.
Carlos Alberto Maciel é arquiteto, mestre e doutor pela UFMG, sócio do escritório arquitetosassociados e professor de projeto no curso de arquitetura e urbanismo da UFMG. Orientou o conjunto dos trabalhos aqui apresentados na disciplina de Projeto intitulada Desenvolvimento Tipológico.
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vila operária gamboa
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro década de 1930
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a vila é estabelecida a partir do posicionamento das unidades habitacionais visando máximo aproveitamento do terreno. Suas divisões internas seguem uma lógica racional decorrente da fragmentação espacial da planta através de sua geometria quadrada. A passarela externa traz sinuosidade ao projeto, resultado da forma do terreno. Atreladas a ela, varandas de acesso às unidades criam áreas de transição entre os espaços semipúblicos da passarela e espaços privados das habitações. Detalhes como a forma regular e repetitiva das esquadrias e a maneira com que as unidades se encontram posicionadas reforçam a intenção em expor a lógica geométrica.
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terreno
nĂşcleos hidrossanitĂĄrios
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paredes externas
paredes internas
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esquadrias
varandas e coberturas
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passarelas e escadas de acesso
guarda-corpos
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0
3
15 planta geral do primeiro pavimento
0
1
5 composição da quitinete
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forma base do apartamento
divisão em 4 módulos
varandas em meio módulo
composição das áreas molhadas
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desenvolvimento Lucas Muniz, Lucas Oliveira e Pedro Rodrigues
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radicalizando a lógica da modulação espacial quadrada foi desenvolvido o sistema quadramalha. Um módulo base foi pensado a partir de dimensões mínimas para circulação e ocupação, do qual se possibilita expansões sequenciais em quadrados capazes de acomodar usos distintos. Essa modulação serve também de base para o dimensionamento de aberturas, esquadrias e outras envoltórias externas, de modo a evidenciar as formas quadradas. Circulações externas seguem a mesma lógica ao se submeterem à malha desenvolvida, assim como agrupamentos e conjuntos possíveis.
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malha estruturante - 1,20m x 1,20m
paredes externas
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paredes internas
esquadrias
40
cobertura
elementos externos - cobogรณs
41
0
1
5 conjunto de apartamentos 2 quartos - 14 x 14 mรณdulos
42
paredes externas
paredes internas
43
esquadrias
coberturas
44
elementos externos - brises e cobogรณs
passarelas, escadas e guarda-corpos
45
0
1
5 conjuntos de quitinetes - 08 x 08 mรณdulos
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0
1
5 apartamento 3 quartos - 10 x 10 mรณdulos
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0
1
5 apartamento 4 quartos - 11 x 11 mรณdulos
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casas sem dono Rio de Janeiro, RJ 1934 a 1936
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as casas sem dono são três residências hipotéticas para terrenos padrão do Rio de Janeiro. A concepção parte da adaptação dos conceitos modernos de Le Corbusier - o uso do pilotis, a planta e a fachada livre, as janelas em fita e os terraços jardim - ao contexto tropical brasileiro. A conformação dos ambientes é feita com uma demarcação clara das áreas de serviço, áreas sociais e áreas íntimas, visando sempre uma continuidade entre interior e exterior. Duas das residências têm seu partido definido a partir de um pátio central, a terceira é definida a partir do seu percurso de entrada.
55
56
casa 01
57
58
terreno
estrutura primeiro pavimento
lajes primeiro pavimento
estrutura segundo pavimento
lajes segundo pavimento
laje e estrutura terceiro pavimento
paredes
esquadrias
59
01
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
60
01
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
61
planta terceiro pavimento
isomĂŠtrica terceiro pavimento
62
casa 02
63
terreno
estrutura primeiro pavimento
lajes primeiro pavimento
estrutura segundo pavimento
lajes segundo pavimento
paredes
64
esquadrias
65
01
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
66
01
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
67
68
casa 03
69
70
estrutura primeiro pavimento
esquadrias primeiro pavimento
paredes primeiro pavimento
lajes primeiro pavimento
estrutura segundo pavimento
paredes segundo pavimento
esquadrias
isomĂŠtrica
71
0 1
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
72
0 1
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
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desenvolvimento Matheus Drumond e Roberta Silvestre
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o exercício atualiza os projetos à ideia contemporânea de morar, criando habitações compactas com áreas compartilhadas mantendo as qualidades espaciais propostas por Lucio. A mudança programática e a alteração da compartimentação existente ocorre através de operações de espelhamento, adição e sobreposição de volumes conjugadas a variação da posição dos terraços, subvertendo a simetria dos conjuntos. A primeira residência apresenta quatro habitações que compartilham um pilotis e terraço comuns; a segunda é transformada em um edifício de quatro pavimentos com quatro apartamentos por andar; e a terceira propõem um pilotis público com uso comercial e quatro residências elevadas.
77
78
casa 01
79
80
estrutura primeiro pavimento
lajes primeiro pavimento
estrutura segundo pavimento
lajes segundo pavimento
estrutura terceiro pavimento
lajes terceiro pavimento
paredes
esquadrias
81
0 1
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
82
0 1
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
83
0 1
5
planta terceiro pavimento
isomĂŠtrica terceiro pavimento
84
casa 02
85
estrutura
estrutura completa
86
lajes
circulação vertical
paredes hidrossanitárias
paredes
esquadrias
isométrica
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01
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
88
01
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
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casa 03
91
estrutura primeiro pavimento
paredes primeiro pavimento
lajes primeiro pavimento
estrutura segundo pavimento
lajes segundo pavimento
paredes segundo pavimento
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esquadrias
93
0
1
5
planta primeiro pavimento
isomĂŠtrica primeiro pavimento
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0
1
5
planta segundo pavimento
isomĂŠtrica segundo pavimento
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vila monlevade JoĂŁo Monlevade, Minas Gerais 1934
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98
a vila constitui um sentido de urbanidade pela articulação dos edifícios. entre a casa, a escola e o clube há uma familiaridade tipológica. os pilotis, como forma de adaptação à topografia, criam um ambiente de convívio e um intervalo entre público e privado, interior e exterior, e reforçam a independência formal dos volumes superiores. o projeto tropicaliza o ideário moderno eurocêntrico com o uso das sombras dos pilotis e o encontro entre a técnica vernácula - barro armado, treliças e venezianas - e o concreto armado. a variação topográfica é sempre resolvida através de arrimos e pisos planos.
casas
99
100
pilotis
vigas e muro de arrimo
parede meeira
101
segundo pavimento
paredes de vedação
102
estrutura do telhado
telhas eternit
103
corte transversal
104
planta do primeiro pavimento
0
1
5
105
planta do segundo pavimento
106
clube
107
108
pilotis
vigas
escadas
109
piso e paredes de vedação
segundo pavimento
110
paredes de vedação
estrutura do telhado
telhas eternit
111
corte transversal
112
planta do primeiro pavimento
0
1
5
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planta do segundo pavimento
114
escola
115
116
pilotis
piso
vigas
117
segundo pavimento
paredes de vedação e esquadrias
118
forro de taquara e estrutura do telhado
telhas eternit
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elevação frontal
corte transversal
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planta do primeiro pavimento
0
1
5
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planta do segundo pavimento
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123
desenvolvimento Ana Carolina Oliveira, Apollo Gustavo e Danilo Celso
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126 exercitar a habitabilidade dos planos inclinados
é uma forma de incluir a topografia no desenho do objeto arquitetônico, urbanizando-o. os pilotis elevam o volume e propiciam o uso do chão inclinado. sobre eles, um amplo e variado espaço de uso público não determinado funcionalmente oferece uma diversidade de percursos e permanências. as aberturas e fechamentos nas lajes, paredes, e fachadas, apresentam o vazio contraposto à experiência háptica da variedade de superfícies inclinadas. os desníveis oferecem uma experiência contínua e não uniforme do espaço e da topografia não horizontal como lugar potencial, testando os limites da sua habitabilidade.
127
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terreno
pilotis
primeiro plano
acessos
segundo plano
muxarabi
129
130
131
elevação lateral
vista superior
0
5
25
132
133
casa do brasil Paris, Franรงa 1952
135
136 desenhado para abrigar 106 estudantes em Paris,
o bloco prismático elevado de cinco pavimentos concentra quartos na fachada sul e serviços como sanitários e circulação - na fachada oposta. O térreo de formas livres, abrigando ateliê de arte, auditório e estúdio de música, reforça a integração e a continuidade com as áreas abertas através dos pilotis, dos planos envidraçados e da concentração dos espaços funcionais - apartamento do diretor, administração e refeitório. O revestimento de pedras e o destacamento do volume superior acentuam a sobreposição de duas matrizes formais.
137
138
139
140
1 - apartamento da reitoria 2 - sala de estudos 3 - auditório 4 - refeitório 5 - secretaria 6 - administração 7 - circulação vertical 8 - área de convivência 9 - ateliê 10 - estúdio de música
primeiro pavimento
0
3
15
141
1 - quartos para casais 2 - quartos individuais 3 - sanitários 4 - circulação vertical
1 - quartos individuais 2 - sanitários 3 - circulação vertical
segundo pavimento
pavimento tipo
142
143
desenvolvimento Ana CecĂlia Veloso, Larissa Ribeiro e VinĂcius Pinheiro
145
146 o bloco prismático de dez andares com 300
quartos individuais tem localização equidistante às unidades acadêmicas da UFMG na região central de Belo Horizonte. Varandas voltadas para Avenida Afonso Pena foram acrescentadas à organização funcional do projeto de referência, reforçando a leitura da sua ordem modular. Espaços de sociabilidade se distribuem ao longo dos pavimentos. O pilotis ressalta a independência do volume superior, amplia a permeabilidade física e visual e abriga um anexo - restaurante universitário - que interpreta a materialidade e a independência formal dos espaços coletivos da Casa do Brasil. A mudança de escala responde ao novo contexto.
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localização do terreno
intenso ameno
148 fluxo de pedestres arterial coletora
vias
N
trajetรณria solar
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fachada voltada para a afonso pena
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fachada oposta
151
0
5
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unidade estudantil
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elementos componentes do pilotis
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detalhe do cobogรณ
155
casa de brasĂlia brasĂlia, DF 1960
157
158 a
casa é setorizada em dois volumes, um sobreposto ao outro, sendo o inferior uma área de convivência e serviços e o superior, decomposto em dois núcleos íntimos espelhados, constituídos por uma suíte com closet e escritório, que são conectados por um pátio interno e uma sala de estar. essa disposição permite que o edifício apresente espaços de convívio ao mesmo tempo que de intimidade. volumetricamente, a sobreposição e o deslocamento dos blocos geram regiões sombreadas e possibilitam a inserção de um pátio interno no volume inferior.
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160
laje primeiro pavimento
pilares e paredes
laje segundo pavimento
161
paredes
cobertura
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0 1
5
cortes longitudinais
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cortes transversais
164
primeiro pavimento
0 1
5
segundo pavimento
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desenvolvimento Ana LetĂcia Nestor, Beatriz Pimenta, Lara Morais
167
168 a setorização foi radicalizada ao duplicar o volume
superior e ao alternar as fachadas cegas, de modo que não seja possível visualizar o outro bloco, assim ampliando a sensação de privacidade de cada núcleo. ao destacar os volumes superiores do inferior e possibilitar a ocupação dos terraços, criamse espaços intermediários abertos de convivência. os pátios internos superiores foram mantidos, possibilitando uma integração de ambientes e foi adotada uma planta livre, admitindo diversos layouts conforme necessidades e preferências.
169
170
laje
pilares e paredes
laje terraรงo
171
paredes
laje terraรงo
172
SEducationalVersion
primeiro pavimento
terraรงo intermediรกrio
GSEducationalVersion
รกreas molhadas
173
segundo pavimento
terraรงo superior
0 1
5
174
0 1
5
cortes longitudinais
175
cortes transversais
176
177
alagados Salvador - BA 1972
179
180 o conjunto, formado por edifícios residenciais e
equipamentos públicos, organiza-se em quadras de 160mx320m. A disposição losangular das vias cria a quadra-praça, com as edificações nas extremidades e centro livre. Os pilotis soltam os blocos do chão, integrando o espaço sombreado com as áreas públicas e verdes do entorno. Há duas tipologias de edifícios: uma com oito e outra com dezesseis apartamentos por andar. Dois tipos de apartamentos - proletários e favelados - oferecem pouca variedade para diferentes perfis de usuários Todos os blocos possuem as mesmas dimensões, resultando em um conjunto homogêneo.
181
tipologia proletรกrios
pilares e vigas 182
escadas, eixo hidrรกulico e depรณsito de lixo
alvenaria vazada e laje
pilares, vigas e escadas
alvenaria 183
esquadrias e ripado
platibanda e suporte reservatรณrios
cobertura e reservatรณrio
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pilotis
0
1
0
5
1
pavimento tipo
5
layout
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corte longitudinal
tipologia favelados
pilares e vigas
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escada e depรณsito de lixo
alvenaria vazada e laje
pilares, vigas e escadas
alvenaria
187
esquadrias e ripado
platibanda e suporte reservatรณrio
cobertura e reservatรณrio
188 pilotis
0
1
0
5
1
pavimento tipo
5
layout
189
corte longitudinal
corte trasnversal
190
quadra
institucionais e comĂŠrcio
residenciais
191
desenvolvimento Beatriz Werneck, Matheus Santos e Sabrina de Oliveira
193
194 aos pilotis se associam atividades institucionais
e comerciais, ampliando a apropriação local ao nível da rua e a dispersão destas atividades pela quadra. Buscando um maior adensamento, as edificações ganharam mais pavimentos e tiveram sua extensão aumentada, mantendo, porém, as proporções do projeto de referência. Maior flexibilidade de usos e diversidade de usuários no conjunto são possibilitadas através de unidades polivalentes passíveis de agrupamento. Para isso, as circulações passam a ser periféricas e externas ao volume, viabilizando ventilação cruzada em todas as unidades. A modulação é reforçada por ripados reeditados da proposta original.
195
pilares e vigas
196
pilares e vigas
alvenaria
esquadrias e ripado
platibanda e suporte reservatório
197
cobertura e reservatório
circulação vertical
caixa de escada
pilotis 198
pavimento tipo módulo mínimo
pavimento tipo módulo inferior duplex
0
10
50
pavimento tipo - módulo superior duplex
1 mรณdulo
2 mรณdulos - duplex
2 mรณdulos
199
200
corte transversal
corte longitudinal
72
22,2
201 40 10
7,5
12
proporções do projeto original e do projeto desenvolvido
possibilidades de fechamento do módulo
guarda-corpo
brise móvel de madeira
202
quadra
equipamentos
edificaçþes de uso misto
203
204
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PFLEX 2020.2
EAD UFMG