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“O Estado da Arte do Facility Management em Portugal”

João Hormigo Professor e Consultor Presidente da Associação Portuguesa de Facility Management

O Facility Management tornou-se num aspeto crítico das operações das empresas, à medida que estas procuraram otimizar os seus ativos, reduzir custos e criar um ambiente de trabalho confortável e seguro para os seus colaboradores. Ao longo dos anos, esta disciplina sofreu mudanças significativas e os avanços na tecnologia têm sido um dos seus impulsionadores mais significativos.

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Uma das tendências mais relevantes no Facility Management (FM) é o uso crescente da tecnologia para agilizar as operações e aumentar a eficiência. Sistemas de software avançados estão a ser usados para automatizar uma ampla gama de processos, incluindo programação de manutenção, gestão de energia e utilização do espaço. Ao aproveitar o poder da aprendizagem de máquina e da inteligência artificial, os Facility Managers são capazes de prever falhas de equipamentos, otimizar planos e calendários de manutenção e minimizar tempos de downtime

Entre estas tecnologias temos de destacar os “ digital twins”. Estes são réplicas virtuais dos edifícios físicos, utilizando bibliotecas de dados históricos e dados em tempo real dos edifícios para simular o comportamento destes ou de outros que ainda nem sequer tenham sido construídos. Os modelos virtuais integram diversas fontes de informação - desde representações 3D a sensores – e momentos ao longo do ciclo de vida do edificado, do desenho à construção, da operação ao descomissionamento.

A representação virtual permite que se façam simulações muito próximas da realidade, conseguindo assim antever o comportamento e “performance” do edifício na sua operação normal ou quando sujeito a situações extremas, originadas por fatores internos (uso intensivo dos equipamentos, ocupação excessiva dos espaços), ou externos (temperaturas anormalmente altas ou baixas, por exemplo).

Adicionalmente, estes modelos ajudam na implementação de modelos de manutenção preditiva, monitorização remota e antecipação de potenciais problemas (temperaturas excessivas no interior do edifício, circulação do ar e eventuais pontos de concentração de CO2, …)

Em ligação com estes temas, outra tendência-chave no Facility Management é a crescente importância da sustentabilidade e da eficiência energética. À medida que as empresas procuram reduzir a sua pegada de carbono e atender aos requisitos regulamentares, os Facility Managers são responsáveis por encontrar formas de minimizar o consumo de energia e otimizar o desempenho do edifício. Sistemas avançados de automação de edifícios estão a ser utilizados para monitorizar o uso de energia, controlar sistemas de AVAC e otimizar os níveis de iluminação, enquanto fontes de energia renováveis, como energia solar, apresentam uma utilização crescente, para reduzir a dependência de fontes de energia fósseis, bem como o consumo específico do edifício como um todo.

Ligado assim à saúde e bem-estar dos utilizadores dos espaços, a experiência destes no ambiente construído também se tornou um foco importante para os Facility Managers À medida que as organizações reconhecem a ligação entre um local de trabalho confortável e bem projetado e a produtividade e retenção de talento, estes profissionais são responsáveis por criar espaços que não sejam apenas funcionais, mas também atraentes e confortáveis, com comodidades acrescidas e que também representam novos desafios em termos de manutenção e de necessidades energéticas adicionais.

Assim, e apesar da evolução da disciplina do Facility Management, muito motivada por este aumento da exigência com os espaços, enfrentamos uma série de desafios complexos e associados ao contexto atual. Um dos mais significativos é a contínua escassez de mão de obra qualificada, particularmente em áreas como a manutenção e reparação. O aumento dos preços e falhas nas cadeias de abastecimento colocam pressão na gestão de stocks de peças e consumíveis correntes.

Também para ajudar a mitigar esta situação, os Facility Managers contam com a tecnologia e automação para reduzir a necessidade de trabalho manual e melhorar a eficiência, nomeadamente os sistemas de gestão e manutenção remota ou mesmo os de realidade aumentada, que permitem que técnicos qualificados (escassos) possam, a partir de qualquer localização, dar instruções a outros em relação ao que fazer, desde que cumprindo com a legislação e protocolos de segurança adequados.

Sobre o tema “segurança” importa mencionar a necessidade de criar redes segregadas para monitorização e controlo dos sistemas de segurança eletrónica (comumente designados por periféricos), com o objetivo de não “misturar ” estas redes com as redes corporativas das organizações. Trata-se, portanto, de evitar intrusões indevidas nas redes corporativas através de um qualquer sistema periférico.

Em conclusão, o Facility Management é uma disciplina em rápida evolução que tem visto avanços significativos nos últimos anos. A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na condução da inovação, com ferramentas de automação e análise de dados que permitem aos gestores de instalações simular e otimizar o desempenho do edifício, reduzindo custos e o impacto no ambiente ao mesmo tempo que aumentam o nível satisfação, segurança e conforto de quem usa os espaços, bem como minimizar riscos para a organização. M

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