Eficiência energética na indústria

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DOSSIER

revista técnico-profissional

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o electricista Helder Marques e Diogo Cortez Alves Smartwatt

eficiência energética na indústria No âmbito da Estratégia Nacional para a Energia foi criado, pelo Decreto-Lei n.º 71/2008, o Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE), regulamento que classifica como Consumidoras Intensivas de Energia (CIE) as indústrias com um consumo anual superior aos 500 tep. Este consumo mínimo anual é o equivalente a cerca de 2.300.000 kWh de energia eléctrica, 500 toneladas de fuelóleo ou mesmo 550.000 Nm3 de gás natural. › INTRODUÇÃO Recentemente Portugal, juntamente com os restantes membros europeus, assumiu metas de redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), no horizonte 2020. Segundo dados da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) de 2009, o sector da indústria em Portugal é responsável por um consumo de cerca 4.858.000 tep (toneladas equivalentes de petróleo) o que representa 27% da energia final consumida no país. Parte deste consumo é causado pela utilização ineficiente da energia devido à existência de equipamentos não ajustados às operações requeridas ou com baixa eficiência energética. Em instalações industriais obsoletas as poupanças identificadas podem significar reduções superiores a 30% do consumo anual. As CIE que se enquadrem no regulamento, e outras que voluntariamente queiram reduzir os seus consumos, deverão de acordo com o decreto-lei realizar “auditorias energéticas que incidam sobre as condições de utilização de energia e promovam o aumento da eficiência energética, incluindo a utilização de fontes de energia renováveis.” Consoante o seu consumo anual, superior a 500 tep ou superior a 1.000 tep, é elaborado

um PREn (Plano de Racionalização do Consumo de Energia) que equacione melhorias de 6% ou 4% em indicadores pré-calculados que irão servir de comparação ao longo do período que vigorará o PREn. Os indicadores em causa relacionam o consumo de energia com o VAB da instalação ou com a produção do período em análise (intensidade energética) ou as emissões de gases de efeito de estufa com o consumo total de energia (intensidade carbónica).

› MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA APLICADAS EM AMBIENTE INDUSTRIAL

por mais de 60% do consumo de energia da empresa, com um custo anual de cerca de 160.000 €. Tendo em consideração a não existência de qualquer tipo de recuperação de calor no equipamento de queima, foi aplicado um sistema de recuperação de calor dos gases de escape. O equipamento dimensionado permitiu recuperar a energia dos gases de escape a cerca de 250º C e transferi-la para o fluido a tratar no ciclo evaporativo, com uma potência térmica de recuperação de aproximadamente 130 kW.

› Recuperação de calor A recuperação de calor é a medida de eficiência energética com maior representatividade no âmbito dos PREn, sendo transversal aos diferentes sectores industriais. Caso de Estudo: Trata-se de uma indústria de tratamento de resíduos, com consumo energético superior a 500 tep. O principal consumo de energia é sob o vector térmico para um ciclo evaporativo (24 horas por dia, 5 dias por semana), fornecido pela queima de um combustível renovável, responsável

Figura 1 . Sistema de recuperação de calor dos gases de escape (Fonte: Ambitermo).


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