Hiatos Urbanos: Reabilitação Urbana em Espírito Santo do Pinhal

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hiatos urbanos

reabilitação urbana em espírito santo do pinhal

universidade estadual de campinas arquitetura e urbanismo - TFG 2019 autor: marcelo meloni montefusco orientador: evandro ziggiatti monteiro



hiatos urbanos

reabilitação urbana em espírito santo do pinhal

universidade estadual de campinas arquitetura e urbanismo - TFG 2019 autor: marcelo meloni montefusco orientador: evandro ziggiatti monteiro



Agradeço a todos que me ajudaram neste processo. Primeiramente aos meus pais que me incentivaram a me graduar e me apoiaram incondicionalmente. Em especial a minha mãe, Valeria, que me ajudou a encontrar os livros, leis e mapas que necessitava. Ao corpo docente e aos funcionários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, principalmente ao Evandro Monteiro, que me orientou neste trabalho. Aos funcionários da prefeitura e da biblioteca municipal de Espírito Santo do Pinhal por cederem espaço e materiais. Ao José Roberto Domingues, que se pôs à disposição para me contar suas lembranças sobre a antiga Pinhal. A minha companheira de todas as horas, Camila. Muito obrigado por estar ao meu lado todo este tempo. Por fim, dedico este trabalho aos meus falecidos avôs: José, que por muito tempo foi funcionário da Pinhalense, e Waldomiro, que produziu muitos dos livros que usei. Vocês me acompanharam no meu imaginário durante todo este processo.


sumário introdução

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capítulo 1: histórico breve introdução à criação da cidade e a importância do café no seu desenvolvimento

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perfil da rua barão de motta paes

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importância do café no seu desenvolvimento econômico no brasil em pinhal

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evolução da mancha urbana: a ocupação do morro do cruzeiro

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av. romualdo de souza brito e seus cursos d’água

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as indústrias de 1950 até hoje pinhalense vedete

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capítulo 2: imagem, forma e paisagem elementos da imagem da cidade

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morfologia urbana mapa de tipologias e períodos morfológicos

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análise da paisagem urbana visão serial: av. romualdo de souza brito visão serial: av. barão de motta paes

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capítulo 3: levantamentos inserção regional

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área de influência

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plano diretor e equipamentos urbanos mapas macrozoneamento equipamentos públicos e partiulares hipsometria e cursos d’água figura e fundo - arborização uso do solo sistema viário e direção de fluxos

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capítulo 4: processo criativo conceitos desbastamento cenários potencialidade de usos cenários aplicados cenários escolhidos

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diretrizes parque linear diretriz viária: novos fluxos e vias

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proposta para o baixo centro divisão de setores mapas etnográficos (proposta de usos) setores 1,2 e 3 setores 4 e 5 setores 6 e 7 legislação: operação urbana e outros instrumentos

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referências plano de pormenor CacémPOLIS ponte de pedestres sobre o vale da carpinteiria

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capítulo 5: proposta detalhamentos de proposta fases de implantação implantação geral cortes vegetação urbana: setorização de espécies programa de necessidades espacializados: edifícios chave situação atual e proposta setor 1 setor 2 setor 3 setor 4 setor 5 setor 6 setor 7

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bibliografia

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Fig. 1 Desenho da Igreja Matriz, feito por Odilon Silva Costa. Fonte: MELONI, 1941.

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INTRODUÇÃO Espírito Santo do Pinhal é a cidade na qual nasci e vivi minha juventude, só saindo dessa terrinha para o presente momento onde estou me graduando em Arquitetura e Urbanismo. Em todo este tempo lá aprendi a viver na dinâmica de uma cidade pequena - andar a pé de um lado para o outro, reconhecer as pessoas na rua, dominar o território - e tenho a sensação de que pertenço a esse local. Foi durante a graduação que percebi isso, que uma cidade grande como Campinas não é lugar para mim, me sinto melhor em locais menores. Portanto, decidi me dedicar nesta reta final a estudar minha cidade natal, conhecer suas origens, o modo com que foi construída, o porquê de suas transformações com o tempo e os problemas gerados por elas. As cidades do interior têm suas próprias complexidades, são muito diferentes das metrópoles, tudo tem sua escala reduzida; o que é um bairro para a cidade de São Paulo, pode facilmente representar a mancha urbana inteira de um município interiorano. É nesta complexidade que busco me debruçar e aprender, para que me forme um bom arquiteto urbanista, dentro dos meus propósitos. Este trabalho está dividido em cinco capítulos, o primeiro fará um breve resumo da história de Pinhal, e de fatos históricos importantes para o entendimento da intervenção. No segundo, uma análise da paisagem, imagem e morfologia da cidade. No terceiro, os devidos levantamentos de legislação, forma e dinâmica urbana. O quarto com o processo criativo, levantando cenários possíveis para intervenções, com diretrizes para criação de um parque linear, conectando os extremos leste-oeste cidade, e diretrizes viárias para a área de influência. E por último a proposta, fazendo um detalhamento maior na região que chamei de Baixo Centro, com um parque central em um vazio urbano, mudança do caráter da área de industrial para comercial, cultural e de lazer, e a criação de novas passagens pelos miolos de quadras como meios de quebrar as barreiras físicas que hoje atrapalham a dinâmica da cidade e limitam o potencial da área.

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Fig. 2 Casas em frente a Praça da Independência. Fonte: BARTHOLOMEI, 2010



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histรณrico histรณrico



Do Bebedouro ao pé da verde serra, cheia de encanto senhoril e graça, a cidade gentil, que é minha terra, dos forasteiros ao olhar descerra seu panorama esplêndido, sem jaça. De paz um nobre fervoroso anseio, do grande coração de Souza Brito, um dia à origem lhe serviu de meio, quando feliz desfecho sobreveio à iminência sombria dum conflito. Sob um céu muito azul, radioso e lindo, dum grupo de colino pelo dorso, seu casario desde então surgindo, vem ela, pouco a pouco, se expandindo, de progredir num salutar esforço. Exemplo de civismo, sobrenceira, socegada, feliz e laboriosa, com muito ardor se faz confiante obreira da grandeza da Pátria Brasileira, em que se integra e cuja causa esposa. Em seus primórdios ou no tempo atual, do Pátrio Pavilhão vivendo o lema, uma jóia tem sido o meu Pinhal a fugir como autêntico fanal de São Paulo no rútilo diadema. H. de Mello Jr. Junho de 1941


Fig. 3 Rua José Bonifácio, também conhecida como “rua Direita” por passar ao lado direito da igreja matriz. Fonte: BARTHOLOMEI, 2010, p. 128


HISTÓRIA DE PINHAL breve introdução à criação da cidade e a importância do café no seu desenvolvimento Espírito Santo do Pinhal é uma cidade paulista, localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a noroeste do estado. Encontra-se a uma distância de 98 km de Campinas e 197 km da cidade de São Paulo. Por estar no pé da serra da mantiqueira, seu relevo é colinoso e seu solo rochoso, o que retardou a sua ocupação e, por conta de seu clima tropical de altitude com temperaturas amenas, favoreceu o plantio de café, que viria a ser sua principal produção agrícola e fonte de renda para seus habitantes. A fazenda do Pinhal foi fundada em 1808 por Antônio Carlos de Azevedo na cabeceira do ribeirão dos porcos, e tem este nome devido à grande quantidade de Araucária Angustifolia que existia ali. Posteriormente, a fazenda fora vendida e dividida entre herdeiros e novos ocupantes da área (RIBEIRO, 2017). Em 1849, por conta de um conflito de terras, Romualdo de Souza Brito, um dos proprietários de terra do local, doou 40 alqueires de sua propriedade para a construção da Capela do Divino Espírito Santo - onde atualmente é a Matriz e região central da cidade - numa tentativa de apaziguar o entrave. Este ato é considerado como a fundação da cidade de Espírito Santo do Pinhal. A ocupação inicial da cidade se deu no alto da colina e seu crescimento foi, durante muito tempo, limitado pelos rios: o ribeirão carioca, o ribeirão das oliveiras e o ribeirão dos porcos. Próximo a este último, temos a rua Engenho de Serra (atual rua Barão de Motta Paes) cujo traçado é definido pelo ribeirão, oblíquo ao “tabuleiro de xadrez” que se encontra nos arredores do largo da Matriz. (RIBEIRO, 2017) É sabido que o café já era cultivado em Espírito Santo do Pinhal na década de 1820 (BARTHOLOMEI, 2010), mas foi na década de 1870, depois da chegada de João Eliziário de Carvalho Monte Negro, o Comendador Monte Negro, vindo de Portugal e estabelecido em Pinhal em 1867, e a família Motta Paes, em 1868, cujo maior representante foi José Ribeiro da Motta Paes, o Barão de Motta Paes, que os cafezais

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Fig. 4 Vista panorâmica da cidade em 1880. Na parte inferior da foto podemos ver a rua Barão (rua da Independência, na época). Fonte: Acervo Particular de Gera Staut


ganham destaque. Ambos foram muito importantes para o progresso da cidade, sendo dois dos maiores produtores de café de Pinhal.

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Desde então, o café foi o carro chefe da economia pinhalense, e ditava o rumo da cidade. Como cidadãos influentes, estes dois e tantos outros, fizeram campanha desde 1875 pela construção do ramal ferroviário de Pinhal da Companhia Mogiana, com o intuito de escoar a produção das lavouras mais rapidamente ao porto de Santos. Mas como não conseguiram entrar em acordo, o fizeram com recursos próprios. A Estação Ferroviária de Espírito Santo do Pinhal foi inaugurada somente em 1889. Até então o crescimento urbano estava estagnado. É a partir deste marco que a mancha urbana da cidade ultrapassa os limites dos rios, surgindo o primeiro bairro além destes, a Vila Montenegro, empreendimento realizado pelo Comendador Monte Negro. Esta expansão urbana fez com que a rua Barão crescesse junto, tendo final no cruzamento com a via férrea. A facilidade de negociação proporcionada pela proximidade à estação fez com que surgisse ali uma nova classe de trabalhadores, construindo suas casas e comércios (RIBEIRO, 2017).

Fig. 5 Mapa da ocupação inicial das terras de Pinhal, entre 1850 e 1890. Na parte superior podemos ver o Ribeirão dos Porcos e a rua Barão. Fonte: RIBEIRO, 2017, p. 62, grifo do autor.

Fig. 6 Estação de Trem de Pinhal. Fonte: BARTHOLOMEI, 2010, p. 97

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perfil da rua barão de motta paes Antes conhecida com o nome de rua Engenho de Serra (até 1879), rua da Independência (de 1879 a 1888) e rua General Carneiro, não é de se estranhar que essa rua, que ganhou muita importância depois da instalação da estação ferroviária, tenha sido nomeada em homenagem a um dos mais ilustres cidadãos pinhalenses, o Barão de Motta Paes, nome que perdura até hoje nesta via. No início do século XX, a entrada da cidade era na rotatória conhecida como o “relógio”, próxima à estação e por onde saía o trem. Ali também tinha início a rua Barão (assim carinhosamente chamada pela população), que dava acesso ao miolo da cidade. Esta parte inicial, pertencente a Vila Montenegro, era repleta de armazéns, principalmente de café, onde eram armazenadas as produções agrícolas à espera da viagem para o porto de Santos. Ali também existiam vendas e bazares que comercializavam produtos diversos, “de tachinhas até uma casimira importada”. Um deles era o Grande Bazar Pinhalense do português Manoel Joaquim de Gonçalves, que além dos produtos, ostentava um “pequeno zoológico” na loja, com alguns animais (DOMINGUES, 2019). Logo na entrada da cidade, via-se um prédio onde se vendiam máquinas a vapor de beneficiar café, feitas para separar as impurezas dos grãos. Nos armazéns da região podíamos encontrar grupos de catadoras de café que faziam esse serviço de forma manual. Essa característica comercial da rua Barão se estende até seu final, mas conforme vamos adentrando à cidade e se afastando da ferroviária, somem os armazéns de café e começam a despontar mais serviços e oficinas, como barbeiro, alfaiate, padaria, selaria, tapeçaria, ferraria, aluguel de bicicletas, consultório médico e farmácia, e tam-

Fig. 7 Vista da rua Barão a partir do “relógio”, entrada da cidade. Fonte: FREITAS, 2013


Fig. 8 Grande Bazar Pinhalense, na esquina das ruas Barão e Emerenciana Leite. Ano de 1903. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

Fig. 9 Padaria e fábrica de licores e cervejas no entroncamento da ruas Barão e Mal. Deodoro. Ano de 1903. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

Fig. 10 Casa de comissões e compra de café em 1903. Próximo ao entroncamento das Ruas Barão e Dr. Vergueiro. Atualmente é um terreno baldio que apresentaremos mais afrente. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

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bém fábricas de móveis, sapatos, cerveja e azulejos hidráulicos (DOMINGUES, 2019). Algo interessante de se notar era que muitos proprietários desses comércios e serviços moravam ao lado deles ou nos fundos, e era comum que houvesse, além de um acesso independente, uma conexão entre eles. Nos lotes com fundos voltados para o ribeirão dos porcos, os quintais eram compridos e se estendiam até o rio, contendo grandes pomares, e sendo o local onde as famílias faziam suas festas. Sendo a maioria dos habitantes de origem portuguesa e italiana, havia boa relação entre as famílias, que criaram ali uma comunidade sólida, com costumes, que assim como seus edifícios, eram mais simples comparados aos que rodeavam o Largo da Matriz e das Brotas (DOMINGUES, 2019).

Fig. 11 Sede do Esporte Clube Comercial em 1950. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

O Esporte Clube Comercial, ou clube da rua Barão, como é conhecido pelos mais velhos, foi criado em 1934, e tem sua sede social localizada na mesma, entre a praça Treze de maio e o “relógio” (MELONI, 1941). Este foi criado pelos habitantes da região e servia como local para festas, bailes e reuniões sociais, além de ter um time de futebol de várzea que alimentava uma rivalidade do clube com o GPEA (Ginásio Pinhalense de Esportes Atléticos), que tinha sede no centro da cidade (DOMINGUES, 2019). Nas proximidades, atravessando o rio, está situada a sede esportiva do clube, que foi construída posteriormente e conta com piscina, quadra poliesportiva coberta e campo de futebol. Ao lado do clube, hoje rua Emerenciana Leite, existia um casarão onde moravam algumas famílias (fig. 12). Nos anos 80, ele foi demolido para dar lugar ao prolongamento da rua, conferindo acesso da rua Barão para a Av. Romualdo de Souza Brito, algo que reflete problemas que perduram até hoje e que é um dos focos deste trabalho: a barreira criada pela extensão desproporcional das quadras delimitadas por estas vias.

Fig. 12 Rua Emerenciana Leite no ano de 1900. Ao fundo vemos o casarão que foi demolido para o prolongamento da via. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

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Fig. 13 Planta cadastral de Espírito Santo do Pinhal em 1929. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, grifo do autor.

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importância do café no seu desenvolvimento econômico no brasil: Durante o período denominado República Velha, de 1889 até 1930, o café foi a principal mercadoria produzida no país e juntamente com outros produtos agrícolas como algodão, cacau e borracha, foram responsáveis pela maior parte das exportações do Brasil, principalmente para a Europa e, portanto, retornavam como capital estrangeiro para o país. Com economia baseada no setor primário e com poucas indústrias, este dinheiro que entrava servia para pagar as importações de produtos manufaturados vindos dos exterior. Sendo o café um produto não essencial, quando ocorre a crise de 1929, a exportação é gravemente afetada, sendo necessária a compra do excedente da produção pelo governo e a queima das sacas de café. Com os cafeicultores endividados com os bancos públicos e privados, a quebra afetou a sociedade brasileira como um todo, gerando desemprego no campo e um movimento migratório em direção aos centros urbanos.

Fig. 14 Tabela de média anual do preço de exportação das sacas de café em libras convertidas para Mil-Réis/Cruzeiros. Fonte: TOSI, FALEIROS, 2017, pg. 24.

As medidas econômicas supracitadas, realizadas pelo governo Vargas durante toda a década de 30 não foram suficientes para reerguer a economia. Sem o capital estrangeiro entrando e com o valor baixo da moeda brasileira em relação à libra, as importações de produtos manufaturados também eram inviáveis. Foi aí que o governo encontrou a solução para a crise: desenvolver a indústria nacional; o que ocorreu com forte intervenção do Estado e também pelos grandes produtores agrícolas que resistiram a este momento.

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em pinhal:

Fig. 15 Produção de café no estado de São Paulo na safra de 1911/12. Medido em arrobas. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo

Seu relevo montanhoso e bom solo, somados às temperaturas amenas e com clima seco, foram fatores essenciais para que a produção de café em Pinhal tivesse destaque em sua qualidade e para que a cidade se tornasse uma das principais produtoras de café do estado de São Paulo. Como podemos ver na figura 15, apesar de seu pequeno território, Pinhal fazia frente a cidades maiores como Campinas assim como a fronteiriça São João da Boa Vista. Na figura 16, podemos ver o crescimento populacional durante o período áureo da produção cafeeira, atingindo seu auge antes da crise de 1929, com mais de 42 mil habitantes, marca que nunca seria superada até hoje (2019). A partir de então, vemos uma queda vertiginosa da população, causada pela migração dos camponeses para os grandes centros. O ano de 1950 marca o fim do monopólio da agricultura como responsável pela economia de Pinhal. Este é o ano em que se inaugura a principal indústria da cidade até hoje, a Pinhalense S/A Máquinas Agrícolas, também conhecida pelos habitantes na época como “a indústria”. Alguns anos depois chega à cidade a fábrica de doces Coroa.

Fig. 16 Tabela mostrando a população de Pinhal com o passar dos anos. Fonte: IBGE, SEADE e NEPO-Unicamp, organizado pelo autor

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evolução da mancha urbana: a ocupação do morro do cruzeiro A oferta de emprego trouxe a população do campo para a cidade, logo, novos bairros tiveram que surgir. Ao norte do centro, ultrapassando o leito do ribeirão dos porcos, encontra-se o morro do cruzeiro, o ponto mais alto da área urbana atualmente. Ali situavam-se algumas chácaras, que aos poucos foram sendo loteadas para suprir a necessidade de novas casas, o primeiro destes bairros foi a Vila Moreira. Quase ao mesmo tempo, a prefeitura doou um terreno para as Irmãs Missionárias Zeladoras do Sagrado Coração de Jesus construírem, logo acima, uma instituição de ensino onde residem também noviças, inaugurada em 1959, hoje chamada Colégio Divino Espírito Santo. Nos anos 1960 foram criados o Jardim Rosely, ao lado à Vila Moreira, e também a Vila Celina, que é acessada pela rua José Eduardo, próxima à praça Treze de maio. É importante ressaltar que estes três primeiros bairros foram loteados sob uma legislação ainda sem plano diretor e anteriores a lei nacional 6.766, de 1979, portanto, não reservaram espaço para área verde, nem institucional. Nos anos 1970, foi loteado o Jardim Nova Pinhal, ao lado do Colégio e da Vila Moreira, e, neste caso, foram reservadas duas áreas, representadas no mapa de 1976 - cedido pela Prefeitura de Pinhal - como “recreio” e “praça”. O primeiro é onde se encontra a igreja de Santa Terezinha, enquanto o segundo está incluído no plano diretor de 2016 na macrozona de proteção ambiental. Entre a Vila Celina e o Jardim Nova Pinhal, ainda há a chácara Bela Vista, da família del Guerra, que foi apenas parcialmente loteada, e que contém um manancial fronteiriço a estas áreas públicas apontadas. Foi entre as décadas de 1980 e 1990 que a mancha urbana de Pinhal mais cresceu, e definiu a cidade como conhecemos hoje. É importante dizer que desde então todos os novos loteamentos tiveram áreas verdes e institucionais reservadas mas, na maioria dos casos, não se concretizaram como um espaço público qualificado, agindo de forma semelhante a vazios urbanos e podendo ser facilmente confundidos com as glebas de chácaras ainda não loteadas na cidade.

Fig. 17 Foto panorâmica da cidade tirada de onde hoje é o Jardim Nova Pinhal. A direita podemos ver a chácara Bela Vista, com a casa presente até hoje ali. Na parte mais baixa do vale, podemos ver a indústria Pinhalense com sua conformação arquitetônica original. Fonte: Acervo pessoal de Gera Staut

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Fig. 18 Rua Quintino Bocaiúva. No alto, vemos o Colégio Divino Espírito Santo em construção. Logo abaixo a vila Moreira, com poucas casas construídas ainda. A movimentação popular vista na foto é decorrente da limpeza da rua e das casas após uma enchente no Ribeirão dos Porcos. Fonte: Acervo pessoal de Aparecida Domingues Rotielli.

Fig. 19 Foto aérea de Pinhal. Ao fundo vemos a Vila Celina com recente ocupação. No canto superior direito o Colégio já operante, a vila Moreira e a Vila Rosely. 1968/69. Fonte: Acervo pessoal de Ricardo Olivi.

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evolução av. romualdo da mancha de souza urbana: brito a eocupação seus cursos do morro do cruzeiro d’água As indústrias se instalaram onde, na época, era o fim da cidade, entre a rua Barão e o ribeirão dos porcos. Foi por conta delas que se abriu o primeiro lado da av. Romualdo de Souza Brito, que servia essencialmente para a entrada e saída de produtos e insumos, e durante muito tempo teve função de via local, sem qualquer tipo de pavimentação, enquanto a rua Barão operava como via de mão dupla. Como apurado nos mapas cedidos pela prefeitura de Espírito Santo do Pinhal (1975, 1976, 1982 e 1987) existia um projeto de anel viário e de vias urbanas estruturadoras da cidade. A av. Romualdo de Souza Brito era uma dessas, e também uma das poucas que se concretizaram, mas não por completo. A intenção era conectar as entradas da cidade, no extremo oeste pela av. Washington Luís, com a av. Maria Joaquina pelo leste, acompanhando o leito do Ribeirão dos Porcos. As obras foram sendo feitas aos poucos, com a última ocorrendo no fim da década de 2000 e nunca chegando ao final planejado a oeste, e a leste apenas um dos lados da marginal.

Fig. 20 Foto do Ribeirão dos Porcos recém retificado. Fonte: Magazine 1982. Gestão Paulo Klinger Costa

Entre 1977 e 1982, durante a gestão do prefeito Paulo Klinger Costa, o Ribeirão dos Porcos foi canalizado em toda a sua extensão durante a av. Romualdo de Souza Brito, e o entubamento de parte do córrego Maria Joaquina, por onde a avenida segue até o Lago Municipal.

Fig. 21 Processo de entubamento do Ribeirão Maria Joaquina Fonte: Magazine 1982. Gestão Paulo Klinger Costa

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Nas palavras da administração da época: “Um dos problemas enfrentados pela Prefeitura foi que a cidade de Espírito Santo do Pinhal por suas características de relevo acidentado tem um tempo de concentração muito curto para sua rede de drenagem. Para sanar este aspecto foi executada a retificação do Ribeirão dos Porcos, numa extensão de 1080m, pavimentação do leito e proteção dos taludes, parte em placas de concreto e o restante em enrocamento. Para correção do perfil foram executados três saltos.” (PINHAL, 1982) De fato, a canalização resolveu os problemas recorrentes de enchente, aumentando a velocidade de escoamento das águas dos rios e estreitando a calha do rio, o que abriu espaço para a construção da av. Romualdo de Souza Brito.

Fig. 22 Mapa do plano viário de Pinhal. Fonte: Autor, 2019 (feito utilizando mapas disponibilizados pela Prefeitura Municipal)

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as indústrias de 1950 até hoje pinhalense A Pinhalense S.A. Máquinas Agrícolas foi fundada no dia 1º de setembro de 1950 por seis descendentes de italianos, que viram na produção de café da cidade, ainda se utilizando de muitos processos manuais, uma oportunidade de negócio, construindo máquinas que agilizavam estes processos. A princípio eram feitas em madeira, como podemos ver na figura 23, que com o tempo e desenvolvimento de tecnologia própria, foi substituída pelo aço carbono e componentes plásticos (PINHALENSE, 2019). O crescimento da empresa foi rápido, e já nos anos 60 ocorrem as primeiras exportações. Em 2018, atingiu-se a marca de 96 países com atuação da Pinhalense, sendo assegurado pela empresa que mais da metade do café consumido no mundo passou por pelo menos uma máquina da marca. Além do café, atualmente fabricam maquinário para a cultura de pimenta do reino e pimenta rosa, castanha do Brasil, macadâmia, feijão, milho, cacau, sementes e produtos amazônicos, como o guaraná (PINHALENSE, 2019).

Fig. 23 Caminhão da Pinhalense carregando máquina descascadora de café. Fonte: Pinhalense

Hoje a pinhalense conta com três unidades de produção. A primeira delas, de 1950, ocupa uma área de 17500 m² com 580 trabalhadores empregados que fabricam toda a linha de pós-colheita de café, e outras culturas; a segunda, que data de 1978, fica localizada na av. Washington Luiz, ocupando uma área de 20000 m², empregando 120 funcionários, e responsável pela pintura, estoque e expedição das mercadorias; a terceira se localiza na saída da cidade, na estrada SP-342 que segue em direção ao município de Mogi Guaçu, ocupa uma área de 22500 m² e emprega 140 funcionários responsáveis pela fabricação das linhas de mecanização do solo (PINHALENSE, 2019). Totalizando, são 840 empregados pela indústria, responsável por, aproximadamente, 6,6% dos 12760 postos de trabalho oferecidos na cidade (IBGE, 2010) Além destes, existe um terreno em nome da empresa no Distrito Industrial Irmãos Del Guerra, também localizado na estrada SP-342, e é esperado que seja realocadas para ali pelo menos parte das funções exercidas pela unidade I, por conta dos problemas logísticos decorridos da localização muito central na cidade, de não existir espaço para expansão, e das instalações antigas ali existentes.

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vedete Onde antes costumava ser um pomar da família Tamaso, na antiga entrada da cidade (DOMINGUES, 2019), hoje encontramos a Vedete Comércio e Confecções. O galpão utilizado por ela atualmente foi primeiramente a Coroa, fábrica de doces montada por Altamiro dos Reis, e que segundo o Sr. José Roberto Domingues, tinha como carro chefe a produção de compotas de manga. Posteriormente foi vendida para a Olé, que também produzia doces, e após a sua desativação nos anos 90, o imóvel foi comprado pela Prefeitura Municipal, na gestão do Prefeito Paulo Klinger Costa em 2005. Em um dos edifícios, afastado dos galpões maiores, funciona hoje o centro administrativo da prefeitura, com algumas secretarias. Já o galpão maior, foi concedido para a Vedete Comércio e Confecções, que produz tecidos de cama, mesa e banho e emprega mais de 200 funcionários.

Fig. 24 Foto aérea na década de 70. No canto inferior a fábrica Coroa recém inaugurada. Fonte: Acervo da Biblioteca Municipal de Pinhal

Fig. 25 Imagem de satélite. Indústrias em destaque. Fonte: Google, 2019, grifo do autor.

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imagem, forma e paisagem



“Limites: os limites são os elementos lineares não usados nem considerados pelos habitantes como vias. São as fronteiras entre duas partes, interrupções lineares na continuidade, costas marítimas ou fluviais, cortes do caminho-de-ferro, paredes, locais em desenvolvimento. [...]” (LYNCH, 1960, p. 58, grifo do autor)


Fig. 26 Elementos da Imagem da Cidade: Bairros, Pontos Nodais, Marcos, Vias e Limites. Fonte: LYNCH, 1960.

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ELEMENTOS DA IMAGEM DA CIDADE A imagem da cidade é um termo cunhado por Kevin Lynch, e que aparece no livro homônimo, publicado em 1960. Este se concentra na aparente clareza ou <<legibilidade>>, como é dito pelo autor, que nos possibilita reconhecer e organizar as partes da cidade. A imagem é algo criado através da percepção e dos sentidos de um indivídio quando vivencia, ou mesmo somente conhecendo por fotos, uma determinada cidade ou lugar. Quando questionados por Kevin Lynch - durante seus estudos para escrever o livro - os habitantes das cidades de Boston, Jersey City e Los Angeles tinham respostas muito semelhantes, mas não idênticas. Isso está relacionado com o fato de que cada um tem suas memórias e significados próprios. A análise feita por Lynch se utiliza dos efeitos criados pelos elementos físicos da cidade na construção da imagem e no mapa mental presente em cada um dos citadinos. Estes elementos físicos são divididos em: vias, marcos, pontos nodais, limites e bairros. Para este trabalho, decidi aplicar os conceitos desenvolvidos por Lynch para analisar e delimitar a área de influência do projeto, organizando-a a partir destes cinco elementos. Cada uma das principais vias da cidade têm sua identidade relacionada a questões totalmente diferentes. A primeira delas, a av. Washington Luiz, é reconhecida pela sua largura exagerada, típica de uma via de entrada de cidade. Já a av. Romualdo de Souza Brito segue o curso do Ribeirão dos Porcos. Num paralelo ao livro, a rua Barão e a av. Oliveira Motta se comportam como a rua Washington em Boston, a primeira constantemente associada ao comércio, e a outra é sempre lembrada por ser onde se localiza o Theatro Avenida. É importante dizer também que, por terem um início e fim bem delimitados e uma continuidade muito clara, a rua Barão e a av. Washington Luiz têm suas identidades mais fortes, e ajudam

imagem, forma e paisagem | 35

Fig. 27 Festividade em um bairro da cidade. Fonte: Acervo da Biblioteca Municipal de Espírito Santo do Pinhal

Fig. 28 Theatro Avenida após o restauro, na década de 2000. Fonte: Site da prefeitura de Espírito Santo do Pinhal


vila moreira jardim nova pinhal

morro do cruzeiro

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Bairros Bairros

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Pontos nodais Pontos nodais importância importância

Marcos Marcos

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guiar os novos visitantes até o centro da cidade. As outras duas mais importantes são a rua direita e a rua José Bernardes que estruturam o centro da cidade, passando ao lado da praça da igreja Matriz e que têm uma leve deflexão por conta do relevo. Os limites, que como dito por Lynch são as fronteiras entre duas partes, são os elementos que me trouxeram a escolher esse tema e local para meu trabalho final de graduação. Na região estudada, eles são muito presentes e se apresentam em camadas. Para ir do centro para o Morro do Cruzeiro têm de se cruzar vários limites, o primeiro deles é o grande paredão da rua Barão, que pode ser visto desde o alto do centro como uma perspectiva velada, depois o limite do Ribeirão dos Porcos que também é associado ao tráfego de veículos na via marginal, e por último o limite topográfico.

36 | hiatos urbanos


Não à toa, todas as pontes que cruzam o ribeirão foram classificadas nste trabalho como pontos nodais, já que existem confluências muito grandes nessas áreas de habitantes em busca da travessia centro-bairros. Há alguns marcos em Pinhal que podem ser notados de vários locais. Por exemplo, quando se entra na cidade através da av. Washington Luiz é possível ver a cúpula e as torres da igreja Matriz, principalmente a noite, quando suas luzes estão acesas. Outro marco - que não está registrado em meu mapa - é a serra do bebedouro, localizada a leste e distante da cidade, mas presente como agente localizador. Ambos podem ser vistos na gleba da chácara Bela Vista, juntamente com os prédios do centro. Outros marcos são mais pontuais e dão a sensação de graduação das vias, como por exemplo o sobrado antigo que vemos na rua barão, em frente a pinhalense (foto 14 da visão serial da rua Barão - neste capítulo, p. 52). Esse sentimento de saber em qual ponto da via está também é proporcionado pelos pontos nodais, e por alguns bairros que estão contíguos por entre as vias.

Fig. 29 Igreja Matriz vista a parti da vila Palmeiras. Década de 1960. Fonte: Acervo Particular de Gera Staut

Podemos dizer que a legibilidade nesta região da cidade é, em geral, boa, mas estas camadas de limites, ou até melhor: barreiras, limitam muito a clareza e o desenvolvimento potencial da área. A solução demandada aqui é a de maior transposição entre estes limites, e não a dissolução, já que entendo a existência deles como parte da imagem construída na mente dos cidadãos. Fig. 30 Praça Rio Branco, atrás da prefeitura. É possível ver, do centro da cidade, os limites físicos da serra do bebedouro ao fundo Fonte: Espírito Santo do Pinhal - 150 anos

imagem, forma e paisagem | 37


Fig. 31 Alnwick tipes of planunits. Fonte: CONZEN, 1960, figura 20.

38 | hiatos urbanos


MORFOLOGIA URBANA

Fig. 32 Casa na Vila Celina. Fonte: Acervo do autor

A morfologia urbana estuda a forma urbana e análise dos seus processos de formação e transformação, sendo a paisagem urbana fruto da ocupação humana sobre o suporte ambiental (PEREIRA COSTA, 2016). Para Conzen (1960), principal personagem na criação da Escola Inglesa de morfologia, é essencial o entendimento que a paisagem urbana é alterada com o tempo, seja com a permanência de edifícios de vários períodos ou então como um palimpsesto, onde, com o passar do tempo, edifícios mais antigos são demolidos para construção de novos, ou descaracterizados. Para a análise é necessária uma hierarquização, conhecida como visão tripartite: o plano urbano, o tecido urbano e o uso e ocupação do solo. É preciso também definir períodos morfológicos, convencionando datas de início e fim, que contenham fatos históricos que materializem diferenças na paisagem urbana. Além dos métodos que caracterizam a escola inglesa, me utilizei da seguinte abordagem proposta por Alessandro Filla Rosaneli no seu artigo A morfologia urbana como abordagem metodológica para o estudo da forma e da paisagem de assentamentos urbanos: - Forma e variação do formato dos quarteirões: analisar a variação da geometria nos mesmos; - Tamanho e variação da dimensão dos quarteirões: verificar as características dimensionais e a variação da superfície útil da área dedicada à propriedade privada; - Tipo e variação do tipo de quarteirão: identificar a variação e o grau de padronização (número de lotes) da estrutura interna dos mesmos; - Forma e variação do formato de lote: observar o grau de diferenciação empregado para a parcela mínima de organização espacial, em razão de sua forma; - Orientação frontal dos lotes – avaliar as preferências de orientação e o grau de variabilidade interna da proposta; - Dimensão relativa, forma, localização (relação formal com o todo urbano) e implantação (relação física com o sítio) das praças: averiguar as soluções utilizadas para as praças nos planos;” (ROSANELI, 2011, p. 12)

imagem, forma e paisagem | 39


mapa de tipologias e períodos morfológicos

períodos morfológicos 1849 - 1889 da fundação da cidade até a chegada da ferrovia

(i)

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(ii) 1

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1889 - 1950

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50

67

da chegada da ferrovia à instalação das indústrias

3

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51

68

4

28

1950 - 1960 êxodo rural e inauguração do colégio

(iii)

1960 - 1980 primeiras ocupações em direção ao morro do cruzeiro 1980 - 2000 grande expansão urbana

52

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5

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(xv)

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(xxiv)

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(xxi) 73

(xvi)

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(xxv) 83

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(iv)

2000 - 2019 estagnação da mancha urbana

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(xxvi)

(xxiii)

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(xiv)

(ix)

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(xiii)

(viii)

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(xxii)

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(xix)

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(xviii)

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1

2


legenda (i) praça da independência e Igreja Matriz (ii) 1 2 3

“tabuleiro de xadrez” entorno imediato da praça - comércios e residências, maioria sem recuo; leste da praça - uso misto, gabarito baixo, lotes pequenos, maioria sem recuo; entorno da escola Almeida Vergueiro - sobrados com lotes grandes e recuo lateral ou frontal; 4 subtipo do entorno imediato da praça;

(iii) rua barão 5 entorno ao ponto nodal na av. XV de novembro - comércios, gabarito e dimensões variáveis, sem recuo; 6 grandes residências da rua barão - sobrados com recuos laterais ou frontais; 7 sobrados com fachada “lisa” e sem recuos; 8 pequenos comércios - em geral térreos, ornamentados; 9 esporte clube comercial - prédio modernista; (iv) 10 11 12 (v) 13 14 15 16 17 18 19

baixo centro / início da vila montenegro residências pequenas, em grande parte térreas; subtipo da tipologia 10; escola; entorno próximo da estação ferroviária pequenos armazéns de café com fachadas lisas; residências do largo da estação - térreas e ornamentadas; hotel santos; grandes residência da av. oliveira motta; pequenos armazéns de café com modulação sequenciada; grande armazém de café em tijolo a vista - isolado na quadra; edifício da estação ferroviária;

(vi) escolas 20 grupo escolar almeida vergueiro; 21 escola estadual cel. batista novaes; (vii) 22 23 24 25 (viii) 26 27 28 (ix) 29 30 31 32

proximidades da av. artur vergueiro galpões de oficina; pequena vila residêncial em aclive com ruas sem saída ; sobrado comercial destacado pela esquina e o córrego; comércios, em geral térreos e ornamentados, ou sobrados desfigurados; edificações modernas próximas ao poliesportivo casa sem recuo, térrea - ornamentada; sobrado institucional, com recuos - sem ornamentos; tipo residencial em terreno grande de esquina, com recuo; vila montenegro largo são joão e igreja; tipos residenciais sem recuos - alguns ornamentados; subtipo da tipologia 29, em terrenos menores - fachadas mais simples; casarão do comendador montenegro;

42 | hiatos urbanos


33 34 35 36

pequenos galpões de oficinas - fachadas lisas; residências em terrenos grandes, centralizadas nos terrenos; sobrado comercial simples e sem recuos; casas com poucos ornamentos e sem recuo frontal;

(x) 37 38 39 40 41 42

vila moreira - residências simples avarandadas primeiras residências da região - lotes com diferenças de dimensões; parte alta da vila, deflexão das quadras - similar aos próximos tipos; construção grande com estilo destoante - transição para o tipo 25; variação do tipo 42 - com recuo; tipos residenciais construídos à esmo, sem padrão de lotes; residências simples com lotes padronizados - sem recuos;

(xi) colégio divino espírito santo - edifícios de 3 andares lineares - construído sobre arrimo; (xii) 43 44 45 46 47 48

jardim nova pinhal e rosely - residencial com recuo e lotes padrão casas modernistas geralmente térreas - todas respeitam os recuos; tipos mais simples e térreos; subtipo da tipologia 43 - edifícios mais modernos, sobrados; tipos destoantes - conjunto habitacional de 3 andares; lotes e edifícios grandes em rua sinuosa - todas contém piscinas; subtipo da tipologia 44 - edifícios mais modernos, sobrados;

(xiii) 49 50 51

vila celina - residências modernas casas da via principal - mais recorrente o aparecimento de sobrados; casas das vias paralelas - térreas, mais simplificadas; subtipo da tipologia 50 - com quintais grandes com edícula;

(xiv) 52 53 54

chácaras urbanas chácara das rosas - terreno grande e arborizado com construções pontuais; chácara Bela Vista - terreno recortado e arborizado - casa centralizada; lotes que destoam em grandeza comparado com os adjacentes;

(xv) sede esportiva do esporte clube comercial - pouca área construída (xvi) fórum - edifício modernista - não há outro parecido na cidade (xvii) 55 56 57 58

conjunto da Pinhalense Máquinas Agrícolas primeiros galpões - construído em alvenaria, e repetido lateralmente; galpão metálico com telhado abobadado; expansão metálica dos galpões que ocupam todo o recuo disponível; nova construção em alvenaria - local para exposição de produtos;

(xviii) centro industrial da Vedete e sobrado destoante; (xix) 59 60 61 62 63

galpões e vazios na av. romualdo de souza brito pequenos galpões mais antigos - o recuo é agregado à faixa da calçada; grandes galpões que recortam o terreno em aclive - pouco ocupados; comércios pouco edificados - produtos são armazenados a relento; sobrados comerciais e fundos dos comércios na rua barão; galpões de oficinas

imagem, forma e paisagem | 43


(xx) 64 65 66 67 68 69 70 71 72

adições posteriores no centro da cidade edificações de aproximadamente 8 andares sem recuo; posto de gasolina e supermercado; sede do clube recreativo - sobrado modernista; banco do brasil e seu estacionamento; cine santa clara - muito modificado - hoje loja de eletrodomésticos; supermercado e seu estacionamento; edificações de aproximadamente 15 andares; cine éden - demolido para construção de financeira - sobrado sem recuo; galpão térreo comercial - sem recuo;

(xxi) av. romualdo souza brito - fundos da av. artur vergueiro 73 lotes pouco construídos - arborizados 74 galpões comerciais com áreas descobertas para armazenamento de produtos ao relento (xxii) 75 76 77 78

vila cruzeiro e jardim das rosas - residencial em lotes grandes segue o padrão de quadra dos tipos xiii, mas com lotes maiores - grandes sobrados; quadras sinuosas com grande relação com o bosque adjacente; quadras com formatos mais quadrados - lotes profundos; subtipo mais recente da tipologia 75

(xxiii) grandes equipamentos públicos 79 centro poliesportivo - grande galpão com telhado abobadado; 80 rodoviária - construção em alvenaria; (xxiv) galpões industriais na vila montenegro 81 sem recuo - se aproveita do declive para aumentar o pé direito; 82 se assemelha a tipologia 33, embora mais moderna; (xxv) 83 84 85 86

adições posteriores com escala mais próxima às preexistências comércios próximos a rua barão; pequeno galpão industrial - hoje loja de departamento; residência que ocupa mais que o dobro da área de suas adjacentes; comércios próximos ao córrego - utilizam a viela como extensão para seus serviços;

(xxvi) galpões industriais e comerciais na av. washington luiz 87 distrito industrial jaime estevan resende - galpões em alvenaria e cobertura metálica; 88 galpões com escala agigantada; (xxvii) 89 90 91 (xxviii) 92 93 94 95 96

adições posteriores supermercado e estacionamento feitos com grande recorte no terreno; galpão comercial em lote profundo - loja de departamentos; lotes profundos - supermercados e vazios; vazios urbanos demolição de edifício para prolongamento da rua emerenciana leite; áreas sem edificações; estacionamentos; posto de gasolina; subtipo do 95 - diferença de período morfológico.

44 | hiatos urbanos


ANÁLISE DA PAISAGEM URBANA Gordon Cullen, em seu livro Paisagem Urbana (CULLEN, 1983), estrutura este conceito com três aspectos: a ótica, o local e o conteúdo. É neste primeiro em que nos apresenta a visão serial: um modo de representar graficamente o caminhar com fotos ou desenhos de pontos de vista que, em sequência, formam uma progressão que é pontuada por uma série de contrastes súbitos que tem grande impacto visual e dão vida ao percurso. Me apropriei deste método e classifiquei as imagens com os outros dois aspectos. O aspecto local diz respeito ao sentimento provocado no sujeito em decorrência de sua posição no espaço e da visão que ele tem dos objetos, com ângulos e sobreposições. Já o conteúdo tem a ver com os elementos que constroem a cidade, como os pavimentos, texturas e categorias, e é nesse último que vou dar enfoque. Cullen (1983) considera como grandes categorias as metrópoles, cidade, arcádia, parque, zona industrial, zona rural e solo virgem e que estas podem aparecer de forma individual ou justapostas. Durante a análise das fotos tiradas para a formação desta visão serial, percebi que na área estudada estão presentes várias dessas categorias: cidade, zona industrial, arcádia e zona rural; e que existem justaposições dessas duas ou mais dessas categorias em grande parte das imagens selecionadas. Nas próximas páginas veremos a visão serial em dois recortes distintos, um pelo percurso pela av. Romualdo de Souza Brito e outro na rua Barão de Mota Paes. Em cada uma das imagens estarão nomeados os aspectos locais presente nelas, e aquelas em que há uma clara justaposição de categorias terão uma borda na cor verde.

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Fig. 33 Rua Barão de Motta Paes. Fonte: Acervo Particular de Aparecida Domingues Roteli


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[1]

[2] ondulação

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15 14

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[3] divisão de espaços

[4]

[5]

[6]

[7]

[8]

[9] recessão

[10] edifício barreira

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[11] ligação e conexão: barreiras

[12] saliências e reentrâncias

[13] acidentes

[14]

[15] pontuação / ondulação

[16] pontuação / ondulação

[17]

48 | hiatos urbanos


[18] recessĂŁo

[19] acidentes

[20]

[21]

[22]

[23] edifĂ­cio barreira / perspectiva delimitada

Fonte das fotos: Acervo particular do autor, 2019.

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[1]

[2]

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[3] saliências e reentrâncias

[4]

[5] estreitamento

[6]

[7]

[8] perspectiva grandiosa

[9] aqui e alĂŠm

[10] infinito

imagem, forma e paisagem | 51


[11] entrelaçamento

[12]

[13] edifício barreira

[14]

[15] vão insondável

[16] deflexão

Fonte das fotos: Acervo particular do autor, 2019.

[17]

52 | hiatos urbanos


imagem, forma e paisagem | 53



3

levantamentos



22°11’33.5”S 46°44’49.8”O


são joão da boa vista

32km andradas

aguaí

25km

50km santo antônio do jardim

12km esp. sto. do pinhal

jacutinga

estiva gerbi

23km

40km mogi guaçu

36km

mogi mirim

47km Fig. 34 Espírito Santo do Pinhal e as distâncias para as cidades vizinhas. Fonte: Google Modificado pelo autor

58 | hiatos urbanos

albertina

15km

itapira

47km


LEVANTAMENTOS inserção regional As cidades ao redor de Espírito Santo do Pinhal sempre foram muito próximas, seja pela distância ou pela reciprocidade entre seus cidadãos. O crescimento populacional foi semelhante em todas elas, com exceção a Mogi Mirim e Mogi Guaçu, os grandes centros da região; a produção de café foi também algo que compartilharam por um tempo, embora somente as cidades com relevos mais acidentados como Pinhal, Santo Antonio do Jardim e Jacutinga continuem produzindo em escala maior. O mais interessante destas cidades é que se comportam como extensões umas das outras, tendo cada uma seus comércios especializados, suas festas típicas, suas atrações turísticas, que fazem com que ocasionalmente as pessoas saiam de suas casas e viagem por alguns minutos até seu município vizinho, ou até mesmo caracterizando-se como movimentos pendulares, por exemplo alguém que more em uma delas e estude ou trabalhe em outra. Portanto, quando pensamos em impactos do projeto devemos lembrar que ele pode também mudar a dinâmica da região como um todo, dando novos atrativos para intensificar ainda mais esse intercâmbio de cidades vizinhas e também trazendo mais turistas para a região como um todo.

levantamentos | 59

Fig. 35 Década de 1910, estrada do matadouro (atual rua Ver. Estevo de Filipi). Na foto podemos ver os trilhos do trem passando pelo meio da via. Fonte: Acervo Particular de Gera Staut


área de influência

Fig. 36 Área de influência destacada no perímetro urbano da cidade. Fonte: Autor.

Para delimitação da área de influência foram utilizados os seguintes critérios: o espigão do morro do cruzeiro, vazios urbanos, grandes mudanças morfológicas e limites de bairros e vias importantes. Ela estará presente em todos os mapas deste capítulo.

plano diretor e equipamentos urbanos O Plano Diretor de Pinhal não é algo muito bem definido, e podemos reparar nisso já olhando suas macrozonas (mapa na pg. 8). Primeiramente, a macrozona de adensamento preferencial, representada em branco, ocupa a maior parte do território, em alguns casos ocupando áreas nas margens dos rios, que deveriam estar englobadas na macrozona de proteção ambiental. Outra questão é a grande área reservada a expansão urbana, numa cidade em que a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) projeta até 2050 uma população completamente estagnada, sem crescimento. Podemos imaginar que o desenvolvimento econômico possa levar a um aumento no número de domicílios, mas não é suficiente para justificar tamanha expansão, a não ser uma pressão exercida por aqueles que querem enriquecer através da espe-

60 | hiatos urbanos


culação imobiliária. Por que permitir que se façam loteamentos além da rodovia, se afastando cada vez mais do centro da cidade? Há duas macrozonas no centro, a de interesse paisagístico, que se trata do perímetro do Núcleo Histórico Urbano - retratando o primeiro período morfológico, de 1849 a 1889, estudado no capítulo 2 deste memorial - e a de adensamento restrito, que seria o centro expandido - e que retrata o período morfológico de 1889 a 1950. Essas duas são fronteiriças à macrozona industrial II, que permite a presença de indústrias de pequeno e médio porte, e incentiva ao uso não residencial. Levando em conta o caráter histórico e logístico da rua Barão de Motta Paes é sensato dar preferência aos comércios e serviços, porém o crescimento da mancha urbana faz com que esta área não seja o local ideal para as indústrias hoje. O reflexo da não concretização da construção das vias estruturais e dos anéis viários (cad. 1, p. 19) faz com que o tráfego de veículos pesados seja por vias despreparadas para esse propósito, e causa transtornos à população; por exemplo, na ligação entre as ruas Dr. Abílio Pinheiro e Quintino Bocaiúva (ver mapa de sistema viário na p. densidade 18) é recorrente que caminhões carregados + invadam as casas por não ter espaço suficiente para a manobra e a declividade da via ser muito elevada. A macrozona industrial II, reservada para indústrias de grande e médio portes, se localizam em áreas mais adequadas, se aproveitando da proximidade das rodovias. Lá se encontra o novo Parque Industrial Irmãos Del Guerra, onde a Pinhalense - indústria cuja unidade I encontra-se na macrozona industrial I - tem um terreno para construção de uma nova fábrica. Já é esperado que parte da linha de produção da unidade I seja transferida para essa nova. Enquanto isso, a Vedete não dispõe da mesma solução, embora esteja instalada em galpão de propriedade da prefeitura. Nas próximas páginas veremos um mapa mostrando a posição dos equipamentos públicos e particulares na cidade. Há dois pontos a ressaltar aqui: o primeiro deles é que existem poucos equipamentos relacionados à cultura - sendo três desses frutos de iniciativas recentes - e todos eles se encontram na região central da cidade, dentro ou muito próximos à área de influência deste estudo. O segundo ponto é a inexistência de equipamentos relacionados à saúde dentro da área de influência. Essa questão pode estar relacionada à densidade populacional que é menor no centro, porém é lá que se encontra a população mais idosa da cidade (IBGE, 2010).

60 anos ou mais + -

levantamentos | 61

Fig. 37 Mapa de densidade dentro do perímetro urbano de Pinhal Fonte: IBGE (adaptado pelo autor)

Fig. 38 Mapa de número absoluto de habitantes com 60 anos ou mais no perímetro urbano de Pinhal. Fonte IBGE (adaptado pelo autor)


macrozoneamento

legenda

vi - proteção ambiental

i - adensamento preferencial

vii - de interesse social

ii - adensamento restrito

viii - interesse paisagístico

iii - estritamente residencial

área de expansão urbana

iv - industrial -I

área de influência

v - industrial - II

62 | hiatos urbanos


0

100

250

500

1000 m

levantamentos | 63


sã bo o jo a ão vi d st a a

legenda esporte (área pública)

área verde (sem uso público)

esporte (área privada)

área verde (com uso público)

educacional (área pública)

saúde (público)

educacional (área privada)

praças

cultural

área de influência

lago da dinda

bosque be giardini clínica de repouso santa rosa

i og ,m s çu ina ua mp g gi , ca mo rim mi

64 | hiatos urbanos


o ni tô m an di o r nt ja sa do

lago municipal

colégio divino espírito santo

asilo

sanatório

esporte clube comercial

eto i

e. e. almeida vergueiro

matriz hospital teatro avenida

ferroviária poliesportivo chácara das rosas

estádio fernando costa

0

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500

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jacuting a

estádio josé costa

levantamentos | 65

a

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hipsometria e cursos d’água

legenda + 935m

+ 820m área de influência

Como dito anteriormente, Pinhal encontra-se em uma região com relevo acidentado, classificado como mar de morros. Olhando para o mapa abaixo, consegue-se separar a cidade em duas regiões geográficas: o sul, com vários vales e morros de topo convexo mais aprazíveis; e o norte, com declividade maior, onde se encontra o morro do cruzeiro, ponto mais alto da área urbana. Entretanto, logo entre essas duas regiões, há o Ribeirão dos Porcos, que forma um grande eixo plano conectando o leste à oeste da cidade, passando próximo do centro, e das duas principais áreas de lazer da cidade, o lago municipal e o lago da dinda. É interessante pensar que sendo um eixo qualificado, este seria caminho mais agradável para um deslocamento a pé pela cidade. parque são judas tadeu

jardim do trevo jardim hélio v. leite

lago da dinda jardim santa rita

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vila centenário

distrito industial irmão del guerra

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vila são pedro

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figura e fundo - arborização Como podemos ver no mapa abaixo, os maciços arbóreos são muito rarefeitos no centro da cidade, se limitando a quintais de casas, algumas praças, e áreas de proteção como o bosque Beto Giardini. Dentro da área de intervenção (em laranja) as áreas arborizadas são ainda menores. Durante o percurso na marginal, as árvores encontradas, quando existentes, têm porte pequeno, com exceção às proximidades do clube comercial, onde as copas geram sombra nas vias quase o dia todo. A chácara Bela Vista se limita, na sua área mais plana, a uma vegetação rasteira, mesmo próximo ao manancial existente. Na área com declive maior é onde se encontram mais árvores, formando uma mata densa.

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Na av. Romualdo de Souza Brito, encontramos em grande quantidade o uso classificado como comércio e serviço (não construído), que representam principalmente depósitos de materiais para construção. Nota-se também alguns vazios urbanos construídos, grandes galpões cujo uso é muito rotativo, o que reflete a ineficácia da utilização desta área para fins comerciais na atual situação em que se encontra.

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No mapa ao lado podemos ver a clara diferença de usos entre os dois lados separados pelo Ribeirão dos Porcos. A sul desse, temos uma área heterogênea, com usos institucionais espalhados e regiões com maior concentração de comércios e serviços, como a rua Barão e o entorno da praça da independência, principalmente na Rua Marquês do Herval. Já a norte, o uso predominante é o residencial, com alguns poucos institucionais e comércio e serviços. Notamos ali também, grandes áreas de vazio, sendo a maior delas representada pela chácara Bela Vista, fronteiriça ao ribeirão. À oeste, encontramos uma grande área verde, o Bosque Beto Giardini, fechado ao público por ser uma reserva de mata virgem, e logo ao lado o Distrito Industrial Jaime Estevan Resende, onde se encontram indústrias de pequeno porte e alguns comércios e serviços.

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sistema viário e direção de fluxos As rua Barão funciona em conjunto com a marginal sul da av Romualdo , formando um sistema binário de vias, uma fazendo o sentido inverso à outra. Por conta disso, a marginal norte da avenida é subutilizada pelos automóveis, ja que seu uso é redundante ao da rua Barão, levando seus transeuntes no mesmo rumo. Associado ao potencial de ser uma via plana numa cidade repleta de morros e alguns trechos com boa arborização, este lado da avenida se tornou local para caminhadas entre outras práticas esportivas. Não estranhe as vias em mão inglesa, elas não estão representadas incorretamente. É algo recorrente na cidade.

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processo criativo


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CONCEITOS

Fig. 39 Lago municipal de Pinhal. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Espírito Santo do Pinhal.

desbastamento O desbastamento (diradamento) é um termo cunhado por Gustavo Giovannoni (18731947), arquiteto e engenheiro italiano, para definir um seu método de adaptação dos velhos centros às novas dinâmicas impostas pelo tempo, utilizado para um projeto de reurbanização do bairro renascentista de Roma. Segundo Giovanonni (1913), as habitações se comportam como árvores em um bosque, quando uma morre outra nasce, formando assim um ciclo perpétuo onde sua configuração raramente varia em relação ao primitivo esquema de edificação. Cada período de tempo tem suas necessidades, e as construções daquele período refletem uma resposta a elas, que muitas vezes se torna obsoleta, necessitando serem retificadas. É interessante lembrarmos do termo palimpsesto, cunhado por Conzen para descrever exatamente isso - um período morfológico se sobrescrevendo sobre outro. Estes centros antigos necessitam de novas vias, para dar vazão aos novos fluxos, porém essas devem ser bem planejadas, sendo executadas somente na quantidade necessária e articulando os principais pontos nodais e monumentos, de forma respeitável, se aproveitando também dos espaços livres disponíveis (GIOVANNONI, 1913). Deve-se saber quais são os marcos imutáveis, edifícios históricos e quais grupos de edifícios existentes, para assim, se projetar um ambiente onde alguns desses, escolhidos, sejam preservados e destacados, por exemplo numa nova perspectiva possibilitada pelos novos enquadramentos.

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Fig. 40 Plano de desbastamento proposto por Giovannoni para Roma em 1913. Fonte: American Academy in Rome. Disponível em

<https://www.aarome.org/news/features/ randall-mason-looks-at-giovannoni-s-romeat-the-turn-of-the-twentieth-century> acesso dia 11/06/2019


Fig. 41 Esquema do conceito de desbastamento aplicado ao projeto. Fonte: Produzido pelo autor.

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Na figura 41, vemos um esquema do conceito de desbastamento aplicado a lugar hipotético, com características que encontramos na área de estudo. 1. Uma grande diferença entre o tamanho e o alinhamento das quadras, além da presença de um curso d’água se apresentam como barreiras que dificultam o atravessamento; 2. Fechamento de algumas vias, com passagem somente para pedestres, desapropriações para alargamentos e criação de uma nova rua, com tráfego compartilhado; 3. Novos edifícios são construídos nos lotes restantes, se aproveitando da nova dinâmica criada. Qualificação do passeio junto ao curso d’água; 4. Projeto concretizado. Novos fluxos são inseridos e alteram a dinâmica da cidade.

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cenários Como forma de estudo, me proponho neste trabalho a criar um projeto que possa ser executado pelo poder público, capaz de impor estas ideias através do Plano Diretor, de operações urbanas e outras ferramentas dispostas pelo Estatuto da Cidade (2001). Essas ideias projetuais indicam um rumo para as ocupações dos habitantes e proprietários locais, formando cenários. Desde a crise de 1929, a cidade não teve um grande crescimento, sendo possível notar pelo número de habitantes, ainda hoje menor do que naquela época (fig. 15, capítulo 1). A culpa disso é a estagnação econômica criada após a crise, e que a cidade nunca conseguiu reverter por completo. A tendência é que haja um envelhecimento da população, visto que os jovens têm saído da cidade em busca de novas oportunidades . Como uma iniciativa para reverter este quadro de estagnação, o município foi classificado como de interesse turístico no estado de São Paulo pela Lei nº 16429 /2017, a partir de agora receberá R$550.000,00 para investimentos em infraestrutura relacionados ao turismo. Como parte disso, já restaurou o edifício da Prefeitura Municipal, cujo pavimento térreo se tornará museu, e está em vias de restaurar a estação ferroviária, que contará com auditório e salas multiuso. Sabendo disso, há dois cenários claros a serem montados: um onde o turismo se torna algo forte na cidade, fazendo com que os proprietários mudem os usos de seus imóveis e construam novos em prol de um retorno financeiro baseado no turismo; e outro onde se criem espaços mais agradáveis que ativem o sentimento de pertencimento e possibilitem um fortalecimento do comércio e serviço local, sendo as intervenções mais pontuais, tentando resolver os embaraços criados pelo aumento mal planejado da área urbana.

Fig. 42 Rua “Direita”. Perspectiva velada da Igreja Matriz. Fonte: www.guiadoturismobrasil.com

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96 potencialidade de usos por cenário

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pequenos comércios na rua barão alguns destes lotes vão até a av. Romualdo S. Brito, nesse caso o uso é diferente nas duas fachadas - é viável que esses comércios sejam porta de entrada para o seu uso nos fundos, que pode ser o mesmo que o voltado para a rua barão, ou complementares. ex.: uma mercearia/empório voltada para a rua barão, e nos fundos um restaurante/ padaria que também servisse esses produtos; as construções existentes são coberturas simples, sem alvenaria de vedação - portanto os lotes podem sofrer desapropriação parcial para alargamento da av. Romualdo S Brito e do leito do ribeirão, dando acesso também para o galpão maior da Vedete - as partes restantes dos lotes podem ter novas construções, o que aumenta as possibilidades (ex.: bares e restaurantes com área ao ar livre);

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algumas residências, sendo a mais marcante o sobrado de esquina; é interessante serem mantidas por que são marcos no imaginário da cidade (ver foto 13 na visão serial da av. Romualdo S. Brito - capítulo 2, p.48) é um potencial novo acesso ao esporte clube comercial - pode se transformar em uma casa noturna; pinhalense primeiros galpões da pinhalense - tem o potencial para ser um grande espaço para eventos. Ex.: a feira comercial da festa do café, que hoje é realizada em um pequeno galpão afastado. Mesmo sendo um espaço particular pode ser cedido para utilização pública em eventos como feiras livres noturnas, o carnaval da cidade, e possíveis novas iniciativas culturais. Num cenário mais voltado ao turismo, tem potencial também para se tornar um shopping; estrutura ocupa todo o recuo possível e encobre os galpões mais antigos - existe um potencial de supressão para alargamento da av. Romualdo S. Brito e criação de uma esplanada. Haveria uma diminuição do efeito visual de pontuação e ondulação, listado na visão serial; galpão em estrutura mista de alvenaria e aço sem uso de recuo - potencial de demolição parcial do galpão para criar uma esplanada em frente ao restante dos galpões da Pinhalense, juntamente ao grupo acima - o restante da estrutura pode complementar o uso dos galpões principais ou também um uso esportivo; galpões que podem ser utilizados para a montagem de um estacionamento coberto, como apoio para o uso dos galpões remanescentes; local para exposição de produtos da pinhalense - pode ser mantido o uso. Junto com o edifício ao lado formam o efeito visual de vão insondável (olhar a foto 15 na visão seriada da rua Barão). É interessante ser mantido já que é por onde hoje entram os funcionários e pode também servir para entrada de visitantes ao espaço no futuro, remetendo à esta época; vedete sobrado onde hoje funciona o setor administrativo da prefeitura - pode continuar a ter uso público para a prefeitura;

84 | hiatos urbanos


estacionamento e talude arborizados - podem servir como alameda para a passagem dos pedestres por dentro da quadra (ou estacionamento), e complementar os usos do galpão da fábrica; galpões industriais da vedete - retirada dos anexos que invadem o recuo para a av. Romualdo S. Brito, podendo alargar a via - alguns galpões podem ser suprimidos para aumentar a alameda e também dar passagem por dentro da quadra e acessar os comércios presentes nos fundos do galpão - possíveis usos são os esportivos, como quadras e piscinas e salas para aulas de ginástica, ou então um auditório para exibições de filmes e peças de teatro e dança; atualmente posto de gasolina e restaurante tradicional da cidade - são usos interessantes para o local, entretanto, como são ladeados por duas avenidas movimentadas, acabam sofrendo com o movimento, principalmente de motoristas que cortam caminho por dentro do lote - podemos nos aproveitar disso e criar uma nova rua; galpões na av. Romualdo S Brito com uso rotativo e vazio arborizado que fazem fundos a um grupo de lotes não construídos na rua Barão - é uma área potencial para o desbastamento e a construção de uma nova rua, dividindo a quadra; neste mesmo local descrito acima, analisando os mapas, junto com a hipsometria, podemos notar que essa área nos permite ter a chácara Bela Vista no campo de visão numa altitude semelhante - há um potencial de conexão aérea por meio de pontes sendo uma opção de conexão direta com o morro do cruzeiro, sem a necessidade de descer até o ribeirão; chácara bela vista parte da chácara Bela Vista, com declividade alta, onde faz-se presente um maciço arbóreo que deve ser mantido - margeando-se a rua, é interessante a construção de um caminho que conecte os grupos que serão citados abaixo até a praça da igreja Santa Terezinha, onde é possível ter uma vista panorâmica da cidade; parte da chácara Bela Vista, onde encontra-se um manancial, que é entubado e deságua no Ribeirão dos Porcos - é necessária uma a restauração da mata no entorno dele - mais próximo a rua pode-se criar um caminho por onde se acessa a igreja Santa Terezinha; gleba não loteada, sem árvores e com várias pedras - é lindeira à av. Romualdo S. Brito, e visto a falta de áreas verdes próximas do centro, se mostra um local interessante para a um parque público - o espaço não é amplo, logo, uma edificação tiraria o caráter de amplitude do local - na av. Romualdo S Brito, é comum ver pessoas praticando atividades físicas, então um potencial é ser um espaço para que elas possam descansar ou se preparar para seus exercícios, funcionando também como espaço contemplativo; parte já loteada da chácara, mas não edificada da chácara Bela Vista, se localiza logo em frente a uma grande residência, ou também utilizá-los para construção de um hotel - a construção nestes lotes é possível sem prejudicar o visual do parque linear para o centro da cidade. Portanto, pode continuar o padrão residencial como no restante do bairro - o último dos lotes, lindeiro à área do parque, poderia se utilizar como uso institucional, se aproveitando da fachada para a área pública (ex.: uma sede para o grupo de escoteiros ou um posto policial).

processo criativo | 85


cenários aplicados Me baseando na análise de possíveis cenários. Esses são suposições feitas sobre um possível rumo tomado que afeta o município como um todo, e portanto, também a área de projeto, logo imaginei quais seriam as decisões projetuais que teriam como finalidade o auxílio a concretização deles. Na figura 44, temos atitudes mais comedidas, se desapropriando apenas o que se julga estritamente necessário para melhora da dinâmica atual da cidade. A ocupação dos lotes se propõem a ter usos menores como residências e comércios e serviços locais. Já na figura 43, vemos um cenário com medidas mais drásticas, mais desapropriações para alargamento do passeio e criação de largos. Os usos são maiores, como hotéis e galerias de comércio e serviços - se fazem necessários mais estacionamentos e uma estrutura viária mais robusta.

Fig. 43 Cenário de desenvolvimento turístico e macroeconômico. Fonte: Produzido pelo autor.

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Fig. 44 Cenário de desenvolvimento sociocultural e microeconômico. Fonte: Produzido pelo autor.

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demolições construções

demolições construções

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cenário escolhido: turismo sustentável A partir daqui veremos a construção de uma proposta mais detalhada para a região do Baixo Centro. Analisando os cenários de intervenção, percebemos que há incompletudes em ambos. Em países emergentes como o Brasil é comum o uso do turismo como forma de desenvolvimento econômico (RICCI; SANT‘ANA, 2009), mas há vários tipos de turismos, muitos deles conflitantes entre si, e aliado ao fato que oportunidades econômicas atraem investidores externos, é preocupante que neste processo haja a perda das características que fazem com que a cidade seja atraente para o turismo. Para tanto é necessário um planejamento turístico a fim de nortear as politícas públicas e desenvolver produtos turísticos (SANCHO, 2001, apud RICCI; SANT‘ANA, 2009). Para o caso de Pinhal entendemos que os produtos turísticos devam ser atrelados a arquitetura, a história da cidade e à produção agrícola, em especial o café. Para a concretização disso, faz-se necessária a criação de um Arranjo Produtivo Local que englobe desde a produção agrícola, até a transformação em produtos e serviços. Resgatando algo que vimos no capítulo 1 deste trabalho, devemos lembrar que a produção de café entre os séc. XIX e XX moldou a arquitetura da cidade, trouxe a ferrovia e com ela suas mercadorias, e foram erguidos vários armazéns de café, muitos deles ainda existentes. Esta relação entre o comércio e a produção agrícola - proporcionada pela necessidade de que tudo passasse pela estação de trem - se encontra enfraquecida, e pode se utilizar de um novo vetor como turismo para ser reavivada. Fig. 45 Vinícola Guaspari. a. plantação de uvas na região serrana de Espírito Santo do Pinhal. b. uvas do tipo syrah. c. café também produzido na vinícola Fonte: Folha de SP.

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legenda parque linear รกreas verdes conectadas

centro

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DIRETRIZES

Fig. 46 Bosque Beto Giardini. Fonte: Acervo particular do autor.

parque linear A primeira diretriz, universal nos cenários, seria a criação de um parque linear que acompanhasse as margens do Ribeirão dos Porcos e do Córrego Maria Joaquina ao longo da av. Romualdo S Brito. Este caminho teria o potencial de conectar as áreas verdes da cidade ao centro da cidade, além de servir como caminho peatonal alternativo para a população, incentivando o deslocamento a pé e o desuso do automóvel. Para tanto, deve ser pensado trecho a trecho, as possibilidades, e neste trabalho nos debruçaremos na região do Baixo Centro, nos utilizando da marginal subutilizada da avenida como base para a criação da via de pedestres. Será detalhada em breve.

Fig. 47 Ponte sobre o encontro do Ribeirão dos Porcos e o Córrego Carioca. Fonte: Produzido pelo autor.

Fig. 48 corte esquemático Lados opostos da marginal com usos opostos. Fonte: Produzido pelo autor.

processo criativo | 89


diretriz viária: novos fluxos e vias A nova diretriz viária tem o intuito de preparar a região da cidade para a supressão de uma via arterial para se tornar um calçadão de pedestres e resolver problemas existentes e outros gerados pelo projeto. Aconselho ao leitor abrir o capítulo 3 na p. 72 para comparar os fluxos e vias existentes com o proposto. Primeiramente, adaptamos o sistema binário existente entre a r. Barão e a av. Romualdo, mantendo o sentido da primeira, e suprimindo uma das marginais da segunda. O cruzamento da av. Romualdo com a av. Washington Luiz e a r. Ana Vilas Boas, que era algo muito problemático, não existe mais, e a partir deste ponto a av. Washington Luiz se torna de mão única no sentido da r. Barão. Esta adaptação faz com que a rodoviária, no local onde está se torne um problema - com os ônibus tendo que fazer um caminho pela r. Barão para sair da cidade - portanto criamos uma nova onde hoje é o centro administrativo da prefeitura. Criamos também duas novas ruas, servindo para acesso à rodoviária, e desafogando o cruzamento da av. Querino dos santos com a r. Barão. Onde hoje é a chácara Bela Vista, abrimos uma nova rua, suprimindo a existente, a fim de aumentar a área livre para implantação de um parque central. Criamos novas pontes sobre o ribeirão dos porcos para conectar melhor os dois lados da cidade e os dois sentidos do binário Barão/Romualdo. Por fim, foram escolhidos locais estratégicos para implantação de estacionamentos, como uma alternativa para aqueles que só conseguem chegar de automóvel na área, sem precisar reservar espaço para tal dentro da área nobre do projeto. r. rua d

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PROPOSTA PARA O BAIXO CENTRO

Fig. 49 Trecho da rua Barão de Motta Paes. Fonte: Acervo particular do autor.

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bosque do Pinhal alameda do comércio largo 13 de maio travessa da ponte parque centro Pinhalense caminho pro lago

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mapa etnográfico (proposta de usos) setores 1, 2 e 3 adaptação da metodologia “radiografias urbanas”, de Laura Figueiredo (FIGUEIREDO, 2015)

Fig. 50 Travessia de pedestres em frente ao antigo galpão da Vedete. Fonte: Produzido pelo autor.

Fig. 51 Largo atrás da Vedete, potencial para bares e restaurantes. Fonte: Produzido pelo autor.

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mapa etnográfico (proposta de usos) setores 4 e 5 adaptação da metodologia “radiografias urbanas”, de Laura Figueiredo (FIGUEIREDO, 2015)

Fig. 53 Baixo Centro: nova rua e ponte de pedestres vistas a partir do parque centro. Fonte: Produzido pelo autor. Fig. 52 Nova rua e ponte de pedestres vistas a partir da rua Barão. Fonte: Produzido pelo autor.

Fig. 54 Corte. Relação entre o Parque Centro e o Baixo Centro. Fonte: Produzido pelo autor.

legenda

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96 | hiatos urbanos

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paisagem


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25

50

100 m


mapa etnográfico (proposta de usos) setores 6 e 7 adaptação da metodologia “radiografias urbanas”, de Laura Figueiredo (FIGUEIREDO, 2015)

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98 | hiatos urbanos

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mobilidade urbana


Fig. 55 [2] Caminho por entre a via de pedestres. Os galpĂľes da pinhalese ao fundo. Uma nova ponte para carros e pedestres. Fonte: Produzido pelo autor.

0 5 10

25

processo criativo | 99

50

100 m


legislação: operação urbana e outros instrumentos A Operação Urbana Consorciada é uma ferramenta regulamentada pelo Estatuto da Cidade, e utilizada quando o grau de complexidade e os custos do projeto urbano desenhado são elevados. Ela permite que o poder público coordene um conjunto de intervenções com a participação dos proprietários e moradores da área, e também de investidores privados em troca de benefícios legislativos, regularização fundiária e valorização dos respectivos imóveis. As intervenções visam “alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.” (2001, Estatuto da Cidade) Com base nisto podemos esperar uma cooperação dos proprietários - principalmente dos comércios - para a realização do projeto, prevendo a valorização de seus imóveis, e a importância como chamariz turístico para a cidade.

morro do cruzeiro

1

2 5 4

3 6 7

legenda pontos atrativos com projeto definido cenário aplicado para ocupação de particulares

centro

100 | hiatos urbanos


1 nova rodoviária e complexo artístico

“Coroa”: Ambos em terreno público, onde antes eram o Centro Administrativo Municipal e a indústria têxtil Vedete respectivamente. O primeiro será realocado para outros edifícios da prefeitura, enquanto a Vedete ganhará uma concessão de uso em um terreno do novo distrito industrial.

2 alameda do comércio:

Evitou-se ao máximo a desapropriação por completo, sendo requerida em um único caso para poder ser aberta a passasgem para a rua Barão. Assim garantimos uma maior diversidade de proprietários que receberão incentivos para criar fachadas ativas voltadas para a alameda

3 travessa da ponte e o terraço público:

Serão desapropriados 3 terrenos baldios, e um galpão deverá ser demolido para a construção da via de pedestres. Estará reservado espaço para construção de um edifício que terá uso comercial e de serviços. Assim como na Alameda, os proprietários receberão incentivos para criar fachadas ativas voltadas para a travessa. Em especial, um dos galpões voltado para a travessa, receberá incentivo a mais para tornar seu terraço público.

4 nova sede dos escoteiros:

A ser instalado na região já loteada da chácara Bela vista, fazendo divisa com o parque centro. Para tanto a área deve ser descrita no plano diretor como de interesse público para implantação de equipamento urbano e comunitário, dando o direito de preempção ao poder público.

5 parque centro:

Deve constar no Plano Diretor Municipal como Área Especial de Interesse Paisagístico. Posteriormente será possível a aquisição pelo poder público através de desapropriação ou através de acordo, haja visto que os proprietários são os mesmos da indústria Pinhalense.

6 complexo esportivo Pinhalense:

Poderá ser colocado o direito de preempção neste edifício que ficará em desuso, após a retirada do local como Macrozona Industrial no Plano Diretor. Nesse último e na lei da operação urbana, deverá ser previsto, a implantação de um complexo esportivo de caráter público se utilizando da estrutura do edifício existente.

7 galpão de eventos comerciais e culturais:

Para haver um uso mútuo entre os eventos comerciais da indústria e culturais do município, é indicado uma Parceria Público Privada (PPP), onde ambos terão responsabilidades gestão das obras e do espaço. Os galpões da implantação original da Pinhalense são passíveis de tombamento.

processo criativo | 101


alguava

cacém

Fig. 56 Foto de satélite retratando a situação do local antes da execução do projeto, em 2004. Em destaque estão a linha férrea e a Ribeira da Jarda. Fonte: Google, modificado pelo autor.

102 | hiatos urbanos


REFERÊNCIAS plano de pormenor cacémPOLIS risco, 2007, sintra - portugal

Fig. 57 Parque Ribeira das Jardas. Caminhos acompanhando o curso d’água. Fonte: Habitar Portugal 12-14

O Cacém é uma freguesia do concelho de Sintra, localizada próxima a Lisboa em Portugal. É dividida da freguesia de Alguava pela linha de ferro que as conectam com a cidade de Lisboa. Esta região sofreu com o crescimento desordenado desde a década de 1970, e nos anos 2000 foi contemplada pelo Programa Polis (Programa de qualificação ambiental e urbana da União Europeia) para a reabilitação da área próxima a linha férrea e da Ribeira das Jardas (RISCO). Como podemos ver nas imagens de satélite, a linha de ferro, e o curso d’água são grandes limites que separam as duas freguesias, que acrescido o fato de terem poucos pontos de passagem, criam barreiras para os habitantes, algo semelhante ao que vemos na área de estudo em Espírito Santo do Pinhal. Outro ponto que os assemelha é a posição do centro e seus equipamentos, muito próximos, mas mais ao alto, tornando esta região baixa, local estratégico de acesso. Como forma de mitigar estes efeitos, foram criadas novas vias de automóveis, que ajudam na conexão por entre as freguesias e atravessando a linha férrea, e também outras pedonais ou compartilhadas. Foram desapropriados e demolidos alguns edifícios em mau estado de conservação e que

Fig. 58 Croqui mostrando a estação de trem, a nova centralidade proposta e reurbanização. Fonte: Risco Arquitectura e Desenho Urbano

processo criativo | 103


Fig. 59 Planta esquemática com as demolições e novas construções. Fonte: Risco Arquitectura e Desenho Urbano.

atrapalhavam a viabilidade do projeto. Esta região, conhecida como Baixa do Cacém, recebeu novos equipamentos, como uma Biblioteca e um edifício de comércio e serviços, além de uma grande área de estacionamento, se tornando uma nova centralidade para a freguesia (RISCO).

Fig. 60 Planta do resultado final proposto. Fonte: Risco Arquitectura e Desenho Urbano.

Muitos destes edifícios demolidos estavam muito próximos a Ribeira das Jardas, que consegue um respiro maior após as intervenções. Para recuperar o curso d’água, foi construído um parque urbano acompanhando-o, cujo projeto foi realizado pelo NPK arquitectos paisagistas. É um projeto simples mas interessante, que aproxima a população da água ao mesmo tempo em que deixa uma boa área de várzea. O desnível existente da rua para o córrego é vencido através de arrimos feitos com gabiões

Fig. 61 Parque Ribeira das Jardas. Caminhos acompanhando o curso d’água. Fonte: Habitar Portugal 12-14

104 | hiatos urbanos


e formam vários platôs, como podemos ver nos cortes da figura 63. As diferenças de larguras entre esses patamares dão uma fluidez que simpatiza com as curvas do córrego, e dão dinâmica ao traçado, possibilitando ao pedestre varias sensações e paisagens diferentes. Estes caminhos acabam por passar por debaixo das pontes de autos e também de outras para pedestres, que atravessam os limites do córrego. É interessante observar na foto ao lado, a visão entrelaçada - como diria Cullen - pela proximidade da ponte e a visão longilínea do caminho a ser percorrido - caminho de peões. O uso contemplativo e de deslocamento é o mais recorrente, se alternando com pontuais parques para crianças, áreas gramadas chamadas pelos autores como de estadia e recreio informal, e também largos que conectam os edifícios comerciais e de serviços da Baixa Cacém ao Parque.

Fig. 62 Percurso do parque sob ponte peatonal. Fonte: Habitar Portugal 12-14

Fig. 63 Cortes Esquemáticos. Fonte: Habitar Portugal 12-14

processo criativo | 105


ponte de pedestres sobre o vale da carpinteira carrilho da graça arquitectos, 2009, covilhã - portugal

A cidade de Covilhã, está localizada próxima a Serra da Estrela em Portugal. Por conta disso conta com um relevo muito acidentado, tendo altitude que varia entre 450m e 800m em sua área urbanizada. A ocupação inicial da cidade ocorreu entre dois vales, o da Carpinteira e o da Goldra, tendo posteriormente se expandido para além deles, principalmente do primeiro (FERNANDES, 2012). Se compararmos com a ocupação inicial de Pinhal, vemos nisso uma semelhança, já que a cidade paulista também tinha seu núcleo urbano definido pelos vales ao lado, mas claro, com altimetria muito mais suave. As ruas da cidade de Covilhã acompanham as curvas de nível, portanto, contornam as regiões dos vales, tornando a travessia, principalmente a pé, mais árdua. Sendo um lugar alto, sua paisagem é vasta e deslumbrante, e sabendo que seria quase impossível esconder uma ponte na paisagem, o arquiteto a projetou para que fosse o mais simples possível, compondo a paisagem sem se destacar exageradamente. Apesar disso, sua forma sinuosa é instigante por parecer se alterar a depender do pon-

Fig. 64 Uma linha com três ângulos dão a forma sinuosa a ponte. Fonte: Archdaily

106 | hiatos urbanos


Fig. 66 Numa visão inferior, a ponte ganha destaque, formando uma silhueta sobre o céu. Fonte: Archdaily

to de vista. Ela é convidativa não somente para se atravessar quando necessário, mas também para parar e observá-la, e adentrá-la para se ter uma vista do horizonte, livre dos obstáculos da cidade.

Fig. 65 A vista que se tem de uma região mais alta da cidade. A ponte compõe o cenário, sem se sobressair ao que é mais importante, o horizonte. Fonte: Archdaily

processo criativo | 107



5

proposta


110 | hiatos urbanos


DETALHAMENTOS DA PROPOSTA fases de implantação Por se tratar de uma intervenção de porte grande em uma cidade pequena, decidimos dividir o projeto em fases de implantação, dando tempo para a captação de recursos e a negociação e aquisição dos edifícios e terrenos necessários no projeto. fase 1 é quando ocorrem as primeiras mudanças na malha viária, a fim de preparar a região para a subtração de vias para autos. Nesta fase já faz-se necessária a construção da nova rodoviária e a av. Romualdo S. Brito pode se tornar uma via compartilhada antes de ser fechada para os carros. A rua Barão deixa de ser asfaltada e volta a ter paralelepípedos como forma de induzir a redução da velocidade. fase 2 as indústrias encerram suas atividades. São desapropriados os terrenos e edifícios e abertas as novas ruas para pedestres e criados largos. A av. Romualdo S. Brito se torna um calçadão.

Fig. 67 Perspectiva da situação proposta pelo autor. Vista da pinhalense à partir do calçadão da av. Romualdo S. Brito. Produzido pelo autor.

fase 3 equipamentos urbanos

fase 2 novas vias peatonais

fase 1 mudança viária

existente

fase 3 são instalados os equipamentos urbanos. Há uma adaptação dos edifícios particulares existentes a nova realidade. Novos edifícios particulares são construídos (cenário).

Fig. 68 Mapa “explodido” mostrando as fases de implantação do projeto. Produzido pelo autor.

proposta | 111


implantação geral escala gráfica

0

25 10

100

200 m

50

b c a

1

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b

legenda / programa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

c

legenda / materiais

nova rodoviária complexo artístico “Coroa” arquibancada gramada nova sede dos escoteiros lagos escalonados recomposição de mata ciliar terraço público complexo esportivo “Pinhalense” galpão de eventos “Pinhalense” estacionamento para eventos

asfalto

via compartilhada (bloco intertravado)

ciclovia

calçada (bloco intertravado)

paralelepípedo

prédios novos (cenário de ocupação dos particulares)

água deck em madeira áreas verdes

112 | hiatos urbanos


6

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3

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5

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4

g g 9 10 8 7

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legenda / vegetação acerola

castanha-do-pará

aldrago

diadema

alecrim-de-campina

fedegoso

pau-ferro

embaúba

pau-cigarra

amoreira araçá

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araucária

goiabeira

aroeira-salsa canela-sassafrás caroba

jequitibá-branco

jequitibá-rosa jabuticabeira

guanadi ipê-amarelo

jatobá

ipê-roxo-de-sete-folhas

peroba-rosa

quaresmeira sibipiruna

manacá-da-serra

unha-de-vaca urucum

pitangueira jacarandá-paulista

ipê-branco

mulungu

tarumã

proposta | 113

existente


cortes 0

5

20

1

50 m

10 r. dr. julio de mesquita (nova via)

escala gráfica

bosque de araucárias complexo artístico “coroa”

nova rodoviária

corte aa

ipês-roxos e amarelos

av. romualdo s. brito

calçadão

passarela de pedestres

ribeirão dos porcos

alameda do comércio (via peatonal)

r. barão

corte cc

av. romualdo s. brito

calçadão

r. barão

jequitibá-branco

nova sede dos escoteiros

travessa da ponte (via peatonal)

r. barão

corte ff

complexo esportivo “pinhalense”

praça intermediária

114 | hiatos urbanos

calçadão

acesso pelo túnel

galpão de eventos “pinhalense”

av. romualdo s. brito

elevador urbano

corte ee


calçadão

ribeirão dos porcos

r. barão

av. romualdo s. brito

flamboyants

ipês-roxos e amarelos complexo artístico “coroa”

arquibancada pomar

palco reversível

r. dr. ivan b. ribeiro

corte bb

recomposição da mata ciliar

r.benedito monfardini

jequitibás-rosa

corte dd

arquibancada gramada lagos escalonados

r. manoel p. ribeiro (nova via)

arquibancada gramada

complexo esportivo “pinhalense”

estacionamento para eventos

corte gg

galpão de eventos “pinhalense”

pomar

proposta | 115

ribeirão dos porcos

r. honório soares

lagos escalonados


vegetação urbana: setorização de espécies margem do ribeirão Objetivo: recuperar mata ciliar do ribeirão dos porcos com diversidade de espécies e portes e oferecer sobra aos transeuntes. Espécies: Araçá, Aroeira-Salsa, Alecrim-de-campina, Diadema, Embaúba, Guanadi, Mulungu, Pau-ferro, Sibipiruna, Tarumã. pomares Objetivo: criar atrativos para os transeuntes do calçadão. Espécies: Acerola, Amoreira, Araçá, Goiabeira, Guanadi, Jabuticabeira, Pitangueira, Uvaia bosque de araucária e arquibancada Objetivo: criar áreas sombreadas com uma massa de araucárias (símbolo da cidade) ou com copas largas (flamboyant) Espécies: Araucária, Flamboyant.

destaques de paisagem Objetivo: criar destaques com árvores “monumentais” ou de floração intensa. Espécies: Caroba, Ipê-amarelo, Ipê-branco, Ipê-roxo, Jatobá, Jequitibá-branco. parque centro: arquibancada Objetivo: Sombrear e destacar a arquibancada. Solo seco e rochoso. Espécies: Caroba, Jequitibá-rosa. parque centro: lagos escalonados Objetivo: aproveitar o espaço amplo e com grande declive para garantir diversidade de espécies, não obstruir a vista e criar atrativos para usos contemplativos. Solo úmido e rochoso. Espécies: Aldrago, Alecrim-de-campinas, Aroeira-salsa, Diadema, Embaúba, Guanadi, Urucum, Sibipiruna, Peroba-rosa.

ruas Objetivo: criar sombreamento em ruas mais estreitas se utilizando de árvores de porte pequeno.

recuperação do manancial Objetivo: recuperar a mata ciliar do manancial existente com diversidade de espécies.

Espécies: Ipê-amarelo, Unha-de-vaca, urucum.

Espécies: Aldrago, Alecrim-de-campina, Aroeira-salsa, Diadema, Embaúba, Guanadi, Urucum, Sibipiruna, Peroba-rosa.

Fedegoso,

áreas urbanas amplas Objetivo: arborizar praças e áreas mais amplas, podendo se utilizar de árvores de porte maior. Espécies: Aldrago, Castanha-do-pará, Canela-sassáfras, Caroba, Pau-cigarra, Jacarandá-paulista.

116 | hiatos urbanos


proposta|| 117 117 proposta


programas de necessidades espacializados: edifícios chave Estes edifícios chave servirao como chamarizes para o púbico e ajudarão no desenvolvimento da área, concretizando o cenário esperado para os edifícios de particulares. O Complexo Artístico “Coroa” será um espaço para produção artística, algo carente hoje na cidade. Pode abrigar alguns projetos existentes como o projeto “Guri”, a Banda Filarmônica Cardeal Leme e outras existentes, o “Sarau”, entre tantos outros. O Complexo Esportivo “Pinhalense” garante uso na região do projeto em horários diversos. Diferente dos ginásios poliesportivos da cidade, este tem uma característica mais recreativa, possibilitando uso diversificado ao mesmo momento. O Galpão de Eventos Comerciais e Culturais “Pinhalense” será objeto de parceria público-privada entre a prefeitura e a indústria de máquinas agrícolas. Ambos necessitam de espaço para seus eventos; a Pinhalense poderá, por exemplo, realizar esposições comerciais relacionadas à agricultura, enquanto a prefeitura pode se utilizar do espaço para abrigar eventos que hoje não tem espaço fixo como o carnaval, feiras, a festa do café, e também novas iniciativas.

complexo artístico “Coroa” galeria de arte

“incubadora de artistas”

restaurante informações turísticas

118 | hiatos urbanos


complexo esportivo “Pinhalense” vestiário, sanitários e salas multiuso

quadras

arquibancadas

galpão de eventos comerciais e culturais “Pinhalense” administração museu pinhalense

estacionamento

acesso de serviço

áreas de apoio espaço livre para eventos

proposta | 119


setor 1: bosque do Pinhal infográficos de situação atual e proposta legenda sentido da via

construído (cenário aplicado)

demolido

r. dr. julio de mesquita

r. gov. pedro de toledo

supermercado

atual chácara das rosas (secretarias da prefeitura)

terreno baldio indústria têxtil “vedete” (galpões originais da antiga “coroa)

estacionamento em paralelepípedo

anexos posteriores da fábrica

ribeirão dos porcos

posto de gasolina

centro administrativo municipal

av. romualdo s. brito

av. romualdo s. brito

r. dr. julio de mesquita

av. washington luiz

restaurante avenida

r. ana vilas boas

r. gov. pedro de toledo

supermercado

proposta nova rua : prolongamento da r. dr. j. de mesquita restaurante e informações turísticas nova rodoviária

“incubadora” de artistas calçadão (parque linear)

av. washington luiz

restaurante avenida

av. romualdo s. brito pomar

ciclovia

ribeirão dos porcos

chácara das rosas (secretarias da prefeitura)

av. romualdo s. brito

120 | hiatos urbanos

r. ana vilas boas


Fig. 69 Nova configuração da av. Washington Luiz em cruzamento elevado com duas novas ruas. No centro da vista, um tanto encoberto pelas árvores, vemos a nova rodoviária. Produzido pelo autor.

Fig. 70 O Bosque do Pinhal. Antes estacionamento em paralelepípedos, agora forma uma área ampla entre a rodoviária e o Complexo Artístico “Coroa”. As Araucárias são o símbolo da cidade e sua copa alta permite uma visão desobstruída; à sua sombra poderá ocorrer a feira noturna gastronômica - algo novo na cidade - e outros eventos ao ar livre. Produzido pelo autor.

Fig. 71 Calçadão de pedestres acompanhando a margem do Ribeirão dos Porcos e a fachada do Complexo Artístico “Coroa”, onde antes se encontrava a marginal mais movimentada da av. Romualdo S. Brito. O pomar recompõe parte da mata ciliar ao mesmo tempo que relembra o passado, quando nos quintais das casas da rua Barão haviam inúmeras árvores frutíferas. Produzido pelo autor.

proposta | 121


setor 2: alameda do comércio infográficos de situação atual e proposta legenda sentido da via

demolido

construído (cenário aplicado)

r. mal. deodoro da fonsceca (ferroviária)

r. emerenciana leite

r. armando paiva (terminal e rodoviária)

av. querino dos santos av. gov. pedro de toledo

r. barão de mota paes

av. washington luiz

atual galpões sem uso

ribeirão dos porcos

depósitos de material de construção

indústria têxtil vedete (antiga coroa) galpões originais

anexos posteriores sede esportiva clube atlético comercial

r. hermenegildo martini

av. romualdo s. brito

r. emerenciana leite

r. mal. deodoro da fonsceca (ferroviária)

r. armando paiva (terminal central)

av. querino dos santos av. gov. pedro de toledo

r. barão de mota paes

av. washington luiz

proposta ribeirão dos porcos novos usos comerciais

galeria de artes

“incubadora” de artistas

informações turísticas

restaurante

sede esportiva clube atlético comercial

pomar

largo sombreado por Jequitibá-branco

122 | hiatos urbanos

av. romualdo s. brito

r. hermenegildo martini


Fig. 72 Arquibancada externa voltada para a abertura do palco reversível do Complexo Artístico “Coroa”. Aqui poderão acontecer ensaios abertos e apresentações de menor escala dos projetos artísticos da cidade, que agora tem uma sede nesse prédio público. Em dias comuns os flamboyants plantados no perímetro da arquibancada tornarão este espaço um local agradável para descanso. Produzido pelo autor.

Fig. 73 A alameda do comércio abriu o miolo desta grande quadra, possibilitando a construção de novos edifíicios comerciais e que os edifícios com fachada para a rua Barão possam abrir para os fundos também (num exemplo de ocupação, uma mercearia com fachada para a rua Barão pode oferecer serviços de café ou restaurante na entrada da alameda, uma área mais agradável para trânsito e estar de pedestres). Produzido pelo autor.

Fig. 74 O encontro da alameda de pedestres e o calçadão da av. Romualdo S. Brito é marcado pela formação de um largo onde será plantado um Jequitibá-branco, árvore de grande porte com copa extensa que garante sombra aos pedestres e aos clientes destes comércios. Produzido pelo autor.

proposta | 123


setor 3: largo 13 de maio infográficos de situação atual e proposta

r. abelardo césar (descida do centro)

r. dr. vergueiro

r. eduardo teixeira

atual

praça 13 de maio

r. emerenciana leite r. barão de mota paes

sede social clube atlético comercial galpões com pouco ou nenhum uso

av. romualdo s. brito

ribeirão dos porcos

depósito de material de construção

r. josé eduardo

Fig. 75 Cruzamento da rua Emerenciana leite e da av. Romualdo S. Brito e seu calçadão. Uma nova ponte permite a passagem dos carros sobre o ribeirão. A direita, o clube comercial agora permite acesso do público também pelos fundos. Produzido pelo autor.

124 | hiatos urbanos


legenda sentido da via

r. dr. vergueiro

construído (cenário aplicado)

demolido

r. abelardo césar (descida do centro)

r. eduardo teixeira

proposta

largo 13 de maio

r. emerenciana leite r. barão de mota paes sede social clube atlético comercial nova ponte

calçadão (parque linear)

novos usos

rtilhada

via compa

ciclovia

av. romualdo s. brito

ribeirão dos porcos

r. josé eduardo

Fig. 76 Ciclovia em nível diferente do calçadão da Av. Romualdo S. Brito permite uma aproximação dos ciclistas ao Ribeirão dos Porcos. O caminho é marcado por uma fileira de Ipês-brancos e roxos. Produzido pelo autor.

proposta | 125


setor 4: travessa da ponte infográficos de situação atual e proposta

r. vig. monte negro

acesso ao centro

r. vicente gonçalves

legenda

atual

sentido da via demolido

empena alta sem recuo

construído (cenário aplicado)

terrenos baldios

indústria “pinhalense” galpão recente

r. honório soares

terreno baldio bem arborizado av. romualdo s. brito

chácara bela vista

ribeirão dos porcos

r. vig. monte negro

acesso ao centro

r. vicente gonçalves

proposto

travessia exclusiva de pedestre por dentro da quadra

comércios e serviços com incentivos a fachada ativa para o interior da quadra edifício existente - novos usos com terraço público

r. honório soares

elevador urbano (conexão calçadão / níveis intermediários da travessa / terraço público / rua Barão)

complexo esportivo “pinhalense”

av. romualdo s. brito

calçadão passa por debaixo da ponte área alagável

pomar

nova sede dos escoteiros

parque centro

ciclovia

ribeirão dos porcos

nova ponte conectando os dois lados do ribeirão

126 | hiatos urbanos

passarela de pedestres


Fig. 77 A travessa de pedestres permite a circulação desses pelo miolo desta grande quadra, dando acesso da rua Barão para o calçadão da av. Romualdo S. Brito, descendo um desnível de doze metros através de escadarias e platôs, onde os comércios e serviços podem montar fachadas ativas. À direita da imagem vemos o acesso da rua Barão à passarela de pedestres que os encaminham para o parque centro ou ao elevador urbano. Produzido pelo autor.

Fig. 78 Acesso a travessa da ponte pelo calçadão da av. Romualdo S. Brito. No centro da imagem se encontra o Complexo Esportivo “Pinhalense”. O telhado é sustentado por uma estrutura metálica independente, o que permite a colocação destas faixas de cobogós que ventilam o interior do edifício. Produzido pelo autor.

Fig. 79 Vista da passarela de pedestres que conecta a travessa e a rua Barão ao Parque Centro. Dela é possível ter visão ampla do centro e da av. Romualdo S. Brito. O elevador urbano proporciona acessibilidade aos níveis intermediários da travessa. Produzido pelo autor.

proposta | 127


setor 5: parque centro infográficos de situação atual e proposta legenda sentido da via

construído (cenário aplicado)

demolido

atual

encosta com vegetação preservada (APP) r. mario delbim - subida para o mirante da igreja santa terezinha

área doada para execução de novo arruamento

área verde pública reservada ao lazer

r. manoel pio ribeiro

manancial sem mata ciliar

r. dr. ivan b. ribeiro

r. monsenhor josé mendes

chácara bela vista r. pacífico piagentini

curso do manancial canalizado sob a r. benedito monfardini

novo arruamento previsto pela prefeitura

av. romualdo s. brito

ribeirão dos porcos encosta com vegetação preservada (APP)

proposto área doada para execução de novo arruamento

recomposição da mata ciliar

r. mario delbim - subida para o mirante da igreja santa terezinha área verde pública reservada ao lazer

r. manoel pio ribeiro

residencial r. monsenhor josé mendes

arquibancada gramada r. dr. ivan b. ribeiro r. pacífico piagentini novo arruamento previsto pela prefeitura

uso misto

nova ponte conectando os dois lados do ribeirão

nova sede dos escoteiros

av. romualdo s. brito

ribeirão dos porcos

passarela de pedestres

128 | hiatos urbanos

reafloramento do curso do manancial e represamento em lagos escalonados


Fig. 80 Os pedestres, ao chegarem ao Parque Centro pela passarela, passam por entre as copas dos Jacarandás. Ao fundo vemos parte da arquibancada gramada, e os Jequitibás-rosas marcando a paisagem. Produzido pelo autor.

Fig. 81 Na imagem vemos os lagos escalonados com estrutura em gabião. Esses são fruto do reafloramento do curso do manancial existente, com a água retida nestes lagos. Produzido pelo autor.

Fig. 82 A arquibancada gramada tem formato e função não convencionais. A intenção é que seja um espaço para contemplação à paisagem da cidade e do pôr-do-sol, por isso conta disso o formato cônico tradicional dá lugar a este formato angulado que direciona o olhar. Produzido pelo autor.

proposta | 129


setor 6: pinhalense infográficos de situação atual e proposta

legenda demolido

sentido da via

atual

construído (cenário aplicado) r. xavier ribeiro

acesso dos trabalhadores (túnel)

r. josé bernardes

loja pinhalense

adm. pinhalense

r. barão de mota paes

r. vig. monte negro

r. honório soares

terreno baldio

indústria pinhalense galpão recente

r. quintino bocaiúva

galpão anexo da pinhalense

ribeirão dos porcos

indústria pinhalense galpões originais

anexos posteriores

proposto

r. xavier ribeiro

acesso do túnel

r. josé bernardes

museu pinhalense

adm. pinhalense

r. barão de mota paes

av. romualdo s. brito

r. benedito monfardini

r. vig. monte negro

r. honório soares

acesso ao estacionamento

complexo esportivo “pinhalense

r. quintino bocaiúva estacionamento para eventos ribeirão dos porcos

nova ponte conectando os dois lados do ribeirão

galpão de eventos “pinhalense” pomar

deck em madeira

130 | hiatos urbanos

calçadão passa por debaixo da ponte área alagável

r. benedito monfardini

av. romualdo s. brito


Fig. 83 Um dos acessos ao Galpão de Eventos “Pinhalense”. As pérgolas e os Jatobás criam áreas de estar com sombras. Ao fundo o acesso pelo túnel desemboca em uma praça com Ipês-brancos e amarelos, com rampas e escadarias. Produzido pelo autor.

Fig. 84 O calçadão da av. Romualdo S. Brito se alarga quando se aproxima ao galpão de eventos possibilitando a concentração do público antes e depois da realização de grandes eventos. Nesse espaço sofre um rebaixo - para que possa passar por baixo da ponte de carros que faz com que se aproxime à altura do ribeirão, tornando a área sujeita a alagamentos. Por conta disso é majoritariamente gramada. Nesta região se concentram áreas frutíferas que relembram os antigos quintais dos casarios da rua Barão. Produzido pelo autor.

Fig. 85 O calçadão da av. Romualdo S. Brito ladeando o Galpão de Eventos “Pinhalense”. Além da ciclovia, um deck em madeira possibilita aos transeuntes uma aproximação ao Ribeirão dos Porcos. Produzido pelo autor.

proposta | 131


setor 7: caminho pro lago infográficos de situação atual e proposta r. xv de novembro (rua direita)

acesso ao centro

r. josé bernardes

r. barão de mota paes

atual r. quintino bocaiúva

av. romualdo s. brito

av. artur vergueiro

ribeirão dos porcos

av. romualdo s. brito (sentido lago municipal)

r. xv de novembro

Fig. 86 Este trecho final do projeto se emenda a uma outra região comercial, a av. Artur Vergueiro. Produzido pelo autor.

132 | hiatos urbanos


legenda sentido da via

demolido

construído (cenário aplicado)

r. xv de novembro (rua direita)

acesso ao centro

r. josé bernardes

r. barão de mota paes

proposta r. quintino bocaiúva

av. romualdo s. brito

av. artur vergueiro

ribeirão dos porcos

av. romualdo s. brito (sentido lago municipal)

r. xv de novembro

Fig. 87 Fim/início do calçadão da av. Romualdo S. Brito. A praça existente no centro da imagem ganha área e se junta a margem do ribeirão. Aqui já é comum a presença de trailers de comida. A ciclovia continua pela av. Romualdo até o lago municipal. Produzido pelo autor.

proposta | 133


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134 | hiatos urbanos


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136 | hiatos urbanos




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