Recuperadores, residuos y mediaciones. by Estudios Sociológicos Editora

RECUPERADORES, RESIDUOS Y MEDIACIONES. An谩lisis desde los interiores de la cotidianeidad, la gesti贸n y la estructuraci贸n social Gabriela Vergara Compiladora

Recuperadores, residuos y mediaciones : análisis desde los interiores de la cotidianeidad, la gestión y la estructuración social / Victoria D´hers ... [et.al.] ; compilado por Gabriela Vergara. - 1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Estudios Sociológicos Editora, 2015. E-Book. ISBN 978-987-3713-05-7 1. Estructura Social. 2. Residuo. I. D´hers, Victoria II. Vergara, Gabriela, comp. CDD 304.2

Diseño de Tapa: Romina Baldo Foto de tapa: Gabriela Vergara Diagramación: Carla Blanco Corrector: Juan Ignacio Ferreras

© 2015 Estudios Sociológicos Editora Mail: editorial@estudiosociologicos.com.ar Sitio Web: www.estudiosociologicos.com.ar Primera edición: abril de 2015. Hecho el depósito que establece la Ley 11723. Libro de edición argentina. El presente libro puede ser descargado desde el sitio web de nuestra editorial

RECUPERADORES, RESIDUOS Y MEDIACIONES. Análisis desde los interiores de la cotidianeidad, la gestión y la estructuración social Gabriela Vergara Compiladora Santiago Bachiller Sebastián Carenzo Cecilia Cross Victoria D’hers Hernando Herrera Mauro Koury Claudia Irene Marinsalta Adrián Scribano Cinthya Shammah Santiago Sorroche Gabriela Vergara

Estudios Sociológicos Editora: Estudios Sociológicos Editora es un emprendimiento de Centro de Investigaciones y Estudios Sociológicos (Asociación Civil – Leg. 1842624) pensado para la edición, publicación y difusión de trabajos de Ciencias Sociales en so¬porte digital. Como una apuesta por democratizar el acceso al conocimiento a través de las nuevas tecnologías, nuestra editorial apunta a la difusión de obras por canales y soportes no convencionales. Ello con la finalidad de hacer de Internet y de la edición digital de textos, medios para acercar a lectores de todo el mundo a escritos de producción local con calidad académica.

Comité Editorial / Referato - Pedro Matías Lisdero (Dr. en Estudios Sociales de América Latina - CEAUNC. Coordinador editorial de ESEditora. Integrante del Programa de Estudios sobre Acción Colectiva y Conflicto Social - CIECS-CONICET-UNC) - Graciela Magallanes (Directora de Estudios Sociales sobre Subjetividades y Conflictos -GGESSYCO- y docente de la Universidad Nacional de Villa María. Directora de la Revista Latinoamericana de Metodología de la Investigación Social -RELMIS-) - Claudia Liliana Gandía Doctora en Nuevos Lenguajes de la Comunicación (Universidad de La Laguna - España). Licenciada en Psicología (Universidad Nacional de Córdoba). Integrante del Grupo de Estudios sobre Subjetividades y Conflictos (GESSyCo-UNVM). Profesora Adjunta en la Universidad Nacional de Villa María (UNVM). Integrante del Centro de Investigaciones y Estudios Sociológicos (CIES). Editora y Coordinadora general de los Documentos de Trabajo del CIES.

Índice

Prólogo: Lixo, sujeira e sociabilidade Mauro Koury �� 11 Introducción. Gabriela Vergara �� 13 Gestión de residuos y política Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU. Un estudio de cinco ciudades de Argentina Victoria D'hers y Cinthia Shammah �� 25 Líderes, residuos y lugares: Reflexiones sobre la gubernamentalidad global del reciclaje desde la experiencia de una cooperativa de cartoneros de La Matanza Santiago Sorroche �� 51 Trabajo Clausura de un basural a cielo abierto e imaginarios sobre el futuro por parte de los recolectores informales de resuduos Santiago Bachiller �� 79 Trabajo, rebusque, changa: Experiencias de trabajo alrededor de la basura en el Área Reconquista Cecilia Cross �� 101 Interludio Consumo, Disfrute Inmediato y Desechos: hacia una caracterización metonímica de unas sociedades depredatorias Adrián Scribano �� 135

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Subjetividades Materialidades de la “basura” y praxis creativa: aportes para una etnografía de tecnologías cartoneras Sebastián Carenzo �� 157 La cosmovisión natural relativa de los cirujas y su cotidianidad en Villa María Hernando Herrera �� 175 Género y residuos Supervivencia, relaciones intergenéricas y trabajo informal en la vida cotidiana de las cartoneras bahienses frente a la crisis socio-económica de 2001 Claudia Marinsalta �� 201 Mujeres recuperadoras de residuos entre familias y trabajo: la percepción de proveer como amas de casa (Córdoba, 2006-2013) Gabriela Vergara �� 229 Epílogo: Pertencimento, Fronteiras e Estranhamento: sobre a noção de sujeira Mauro Koury �� 261 Datos de los autores �� 295

Prólogo Lixo, sujeira e sociabilidade Mauro Guilherme Pinheiro Koury A coletânea que agora faço o prólogo, organizada pela Dra. Gabriela Vergara, pesquisadora adjunta do CONICET, sob o título de Recuperadores, residuos y mediaciones: analises desde los interiores de la cotidianeidad, la gestión y la estructuración social, trata sobre resíduos sólidos e sobre sua significação em uma sociedade de consumo, como a ocidental. Sociedade esta, onde a produção em massa, o descartável e o desperdício são partes integrantes de sua cultura e das formas e dos modos de vida que nela se formam e se impõem como condição necessária de pertencimento. A produção do lixo, a convivência com o descartável e com o desperdício, desta maneira, fundamentam as bases de construção de um imaginário da ‘boa vida’ e do sentimento de integração dos indivíduos nesta sociabilidade. Indivíduos estes inseridos em uma lógica do possuir e do querer ter sempre mais e sempre em um prazo mais curto; o que, cada vez mais, os coloca em um ritmo atemporal de uma busca desenfreada por um futuro cada vez mais individualizado e individualista. Ritmo atemporal de busca descomedida e desregrada que pulveriza o sentido de público, da res pública, enfraquece o sentido de responsabilidade para com o outro e para com a natureza, e gera uma insatisfação crescente de uma ânsia nunca satisfeita, em uma formação e em um cultivo crescente de um homem cada vez mais melancólico e presentificado. Quer dizer, de um homem instituído dentro de um sentido de presente, a cujo passado renega, e a cujo futuro nunca alcança; e, onde o presente se encontra recheado de tensão e de uma ânsia do possuir sempre e sempre mais. O que gera uma incompletude, um sentimento de insatisfação pessoal pleno, e uma melancolia sem volta. Falo do sentimento de melancolia aqui, pensando junto a Freud (1980), quando este atesta a noção de melancolia como expressa em um sentimento de que se perdeu algo ou alguém, mas que não mais se sabe onde, nem o que e nem o porquê dessa perda. O que resta, portanto, nessa busca de algo que não mais se sabe o que, nem o porquê e nem o onde foi deixado, é a ansiedade continuada, é 9

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a depressão, e o não poder olhar para trás. É, ainda, o correr infinito para um possuir sem jamais ter, e sem jamais alcançar a satisfação ou um final. A felicidade, nesse processo é confundida, então, com esse correr desesperado para um lugar nenhum, nesse desejo incômodo do só ir sem volta, sem poder olhar para trás, e sem retorno ou diminuição de ritmo ou parada possível. Essa sociedade do desperdício, porém, por outro lado, trás em si um outro segundo e terrível aspecto, ao lado da melancolia dos que se acham incluídos em suas teias, nesse sentimento de pertencimento fragmentado e angustiado do correr para um ter sempre provisório e não satisfatório. Esse terrível segundo aspecto se encontra na produção, ao lado da fartura e da abundância, e da lógica do descartável, de uma imensa quantidade de indivíduos que são colocados de fora da lógica da abundância, mas que sobrevivem com os seus restos, e deles fazem suas vidas e organizam os seus modos de existência singulares. Esses indivíduos excluídos da lógica consumista da sociedade capitalista são incluídos nesta mesma lógica através das formas de vida marginal e miserável com que habitam esse ‘jardim de éden’ do consumo. São abarcados através das formas de participação social como escória dessa sociabilidade, - quer dizer, como não-sujeitos. São incluídos, portanto, nesta lógica, de uma forma contrária, isto é, como indivíduos que habitam o resto e nele, e através dele, constroem suas existências e se pensam como homens menores, quase intocáveis, que habitam o sujo e em cuja sujeira se permite organizar suas existências. O lixo, na sociedade de consumo, assim, ao estabelecer o indivíduo blasé, simmeliano (Simmel, 2005), ou a formação do indivíduo melancólico (Koury, 1996, 2014), corroendo a res pública e construindo o indivíduo individualista que só existe no e para o mercado e para o consumo introduz, também, o indivíduo à margem, a pobreza em sua mais degradante espécie, - aquela que vive dos restos do consumo desta sociedade. Este indivíduo à margem, que vive dos restos da sociedade de consumo, como escória social, e que trata dos resíduos sólidos e do lixo produzido às toneladas pela sociedade, contudo, também se pensa no interior desta sociedade como um ser desejante, mas, contudo, no interior de uma melancolia às avessas. Melancolia, esta, expressa na impossibilidade de um ter e da suspeita de que não tem e nunca terá condições de possuir ou de concorrer no seu interior, a não ser pela frustração e pelo sentimento de fracasso pessoal e social. O lixo, porém, ao se tornar um elemento propulsor do ter e do nunca poder ter, a não ser os resíduos, vai além nessa centralidade, pois, também, provoca a necessidade de organização de sua produção indiscriminada. Esse terceiro elemento 10

Prólogo

de produção da sociedade de consumo, para além do indivíduo blasé ou melancólico, e do indivíduo à margem, em sua pobreza degradante , pode ser encontrado nas buscas de organização e nas busca de solução para as grandes ‘montanhas’ de resíduos produzidos diariamente pela sociabilidade consumista. A coleta dos resíduos, as formas de sua reciclagem, as formas de organização em cooperativas, a indústria do lixo, entre outras maneiras de compor esse terceiro elemento, põem em relação às duas fases da sociabilidade capitalista da sociedade de consumo. Assim, os que produzem o lixo e os que coletam o lixo se relacionam de forma tensa, mas complementar como peças de um grande jogo armado em cenários e situações cotidianas. Jogo relacional este por onde operam ânsias, sofrimentos, desejos, sensações de nojo, entre outros sentimentos e sensações, - de uma maneira intermitente e, ao mesmo tempo, contínua, - no interior do tabuleiro estabelecido sobre e para os sentidos e para os significados atribuídos ao sujo e a sujeira, na estruturação da sociabilidade organizada pela lógica do consumo. E, se pode dizer, até, em relação ao descobrimento do sujo e da sujeira como produzindo novas formas para e de onde se pensar os excrementos e os seus participantes – isto é, os que vivem de recolher lixo, e os que produzem lixo – como economia, como política e até mesmo como arte. O que coloca a produção em excesso e os seus resíduos correlacionados aos mais diversos aspectos da vida social, política e econômica das sociedades ocidentais. O lixo, - e a sujeira e o nojo a ele associados, - tornaram-se, assim, uma das principais fontes de reflexão por onde se pode pensar a sociedade capitalista por inteiro. Fontes de reflexão não apenas os elementos do excesso de produção e do descartável, dos indivíduos blasés, dos indivíduos à margem, do sem sentido da sociabilidade do desejo sem fim; ou ainda, através da lógica de fragmentação da sociedade e do mundo comum, do público, no interior de um mercado tenso de concorrência sem limites, mas, também, através das possibilidades de se refletir o sofrimento do indivíduo por inteiro na sociedade contemporânea ocidental: quer dos indivíduos incluídos, quer dos excluídos. E também da reflexão sobre as possibilidades de transformação e de reorganização social, bem como das formas de relação possíveis entre os indivíduos, entre os indivíduos e a sociedade, entre os indivíduos e a natureza e, enfim, entre a sociedade e a natureza. Esta coletânea, assim, se coloca no interior desse intenso debate e desse vivo e alarmante sem sentido da lógica consumista da sociedade capitalista, tendo o lixo, a sua produção e os seus coletores e as formas de organização social nesse processo como o ponto nefrálgico das reflexões nela contidas. É um esforço salutar, também, de juntar diversos profissionais das ciências sociais argentina de distintas universi-

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dades e de quase todas as regiões do país, que trabalham com o lixo, com os seus coletores, com as formas e os modos de viver e de lidar com o sofrimento social entre os que sobrevivem do lixo como organização de vida e experiência pessoal e social, tanto quanto das questões de reciclagem, da gestão, das formas de denúncias e das propostas de reorganização social a partir da experiência de marginalização crescente de largas camadas da sociedade argentina e latino-americana hoje. Uma coletânea importante e oportuna que abre um diálogo não apenas com a sociedade argentina, mas com a sociedade latino-americana no geral, bem como com toda a sociabilidade ocidental contemporânea. Uma coletânea que extrapola as análises puramente econômicas ou políticas sobre o que fazer com os resíduos produzidos em excesso na sociabilidade de consumo em sociedades periféricas (ou não), e enfrenta questões ligadas às experiências sociais dos indivíduos e no jogo das emoções e dos sentidos organizados na lógica interacional dos indivíduos em uma sociabilidade, a argentina, e do disciplinamento dos corpos e do sofrimento produzido e as suas marcas de submissão nessa relação continuada do viver à margem ou do viver sem sentido da sociabilidade de consumo capitalista. Recife/João Pessoa, 06 de novembro de 2014.

Bilbiografía

BENJAMIN, Walter (1985) “Experiência e Pobreza”, en: Obras escolhidas, Vol. 1, Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense. pp. 114-119. FREUD, Sigmund (1980) “Luto e melancolía”, en: Obras completas, Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago. pp.2 75-292. KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro (1996) “A Formação do homem melancólico: luto e sociedade no Brasil”. Cadernos de Ciências Sociais Vol. 38, pp. 1-37. ___________ (2010) “Fotografia e pobreza”, en: Relações delicadas. Ensaios em fotografia e sociedade. João Pessoa: EdUFPB. pp. 61-70. ___________ (2014) “Estilos de vida e individualidade”, en: Estilos de Vida e individualidade. Escritos em antropologia e sociologia das emoções. Curitiba: Appris. pp. 53-68. SIMMEL, George (2005) “As grandes cidades e a vida do espírito”. Mana Vol. 11, N° 2, pp. 577-591. SONTAG, Susan (1977) On photography. Middlesex: Penguin Books.

Introducción1 Gabriela Vergara Los trabajos reunidos en esta compilación comparten el interés y las prácticas de investigación respectivas por un universo heterógeneo y complejo, que tal como se muestra aquí, puede ser abordado desde distintas disciplinas de las ciencias sociales, desde diversas perspectivas teóricas y metodológicas. También comparten el interés por indagar en los sinuosos e impredecibles caminos de los interiores. Interiores que pueden ser entendidos al menos desde tres formas diferentes. En un sentido geopolítico a partir de las tramas que se arman entre los centros-periferias de los países latinoamericanos. Un segundo significado remite a los abordajes que toman como escenario principal a la subjetividad, a sus experiencias cotidianas -sin dejar por ello de desconocer que siempre están constituidas intersubjetivamente. Otro sentido se asocia con los pliegues internos, con las dimensiones analizadas en los reversos de los procesos sociales, las políticas públicas, las (inter)subjetividades. Por uno o por varios de estos senderos los investigadores articulan sus miradas epistemológicas, teóricas y metodológicas en los complejos cruces con la política y el Estado, con el conflicto, con lo corporalsensorial, con los imaginarios, significados y percepciones, con las relaciones de género, con el consumo, con la suciedad, con el capitalismo, entre otros nodos transversales posibles. Como todo objeto de investigación que se construye, el abordaje de la recuperación de residuos tiene múltiples aristas. En otro lugar (Vergara, 2012) propuse inscribir esta actividad en su relación con tres procesos de carácter estructural.2 1 Agradezco a Vanina Fraire y María Noel Sbodio por los comentarios realizados a una versión

preliminar de estas páginas. 2 Sigo aquí lo propuesto por Adrián Scribano, en torno a caracterizar al capitalismo neocolonial actual como un aparato que extrae energías naturales y sociales, que cuenta con dispositivos de regulación de las sensaciones y mecanismos de soportabilidad social, y que opera como un aparato represivo. Este último aspecto lo he soslayado, en virtud de considerar que para la recuperación de residuos tiene una mayor capacidad interpretativa la relación objetos-sujetos (CFR. Scribano, 2007; 2009).

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a) la ex–propiación de energías de una naturaleza socializada (es decir, tanto los denominados recursos naturales o bienes comunes, como la fuerza física que se consume en el trabajo); b) una suerte de reinscripción del fetichismo de la mercancía, sensu Marx, donde los objetos-residuos-desechados gobiernan la vida de los sujetos3recuperadores-desechables; y, c) por último con la configuración de prácticas y percepciones que contribuyen a la reproducción del sistema con un nivel considerable de aceptación, naturalización, resistencia. En relación a la expropiación de energías, el capitalismo muestra en esta década y media del siglo XXI su afán extractivista que hace inevitable la explotación intensiva y excesiva de recursos naturales. El mismo énfasis se orienta a los residuos, desde donde se puede obtener no sólo la reutilización de plásticos, cauchos, cartones, papeles y vidrio sino además la generación de compost, de gas metano, y la recuperación de minerales y metales (por ejemplo, los residuos electrónicos que ingresan en la denominada “minería urbana”). Todos estos residuos (orgánicos o inorgánicos) se convierten en nuevos nichos de mercado con sus respectivas ofertas, demandas, precios, rentabilidades. Esto ha ido de la mano de desarrollos científicos y tecnológicos que van desde el diseño de una picadora de PET, hasta maquinarias para la captación de gas metano. Junto a esto, la necesaria e inevitable expropiación de fuerza física (Vergara, 2011) de quienes, sea caminando en las calles, pedaleando, empujando carros, arrastrando bolsones o moviendo los brazos rápidamente en la cinta para clasificar, hacen posible el reciclaje. Como otrora Marx lo advertía, eran los obreros del siglo XIX, en plena etapa de industrialización, los que hacían posible que los objetos tuvieran un “valor” que sólo podía ser dado por la fuerza socialmente humana de trabajo. Como entonces, pero en virtud de la heterogeneidad del mundo del trabajo actual y de sus metamorfosis, en el que conviven desde las novedosas formas de prestación de servicios, terciarización, hasta los modos tradicionales de producción, el trabajo humano sigue siendo el eje central para la creación de valor. Si reparamos en la relación entre sujetos y objetos advertimos una inversión por la cual éstos últimos son los que “mandan” a los primeros. Por caso, el dilema de qué juntar y en qué época del año se determina en gran parte en función de la cotización y disponibilidad del objeto, y no de aquello que pueda o logre con3 Utilizo este término a fin de dar mayor fuerza a la dicotomía con los objetos.

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seguir con mayor facilidad quien recupera. A lo largo de casi 8 años en distintas ciudades, con distintos actores, advertí las “sensatas” explicaciones de muchos de los recuperadores, en virtud de esa especie de familiaridad que van tejiendo en el correr del tiempo con los residuos, a quienes se les conoce sus secretos, sus sonidos, sus texturas, sus formas, sus caprichos. Sin embargo, los residuos, objetos desechados, mercancías muertas, a punto casi de ser enterradas para siempre (las semejanzas con el ciclo de vida y los rituales de sepultura son más que evidentes) encuentran la posibilidad de resucitar y ascender al “reino de las mercancías”. Vuelven a tener vida, vuelven a ser pesables, valuables, comercializables, es decir, recuperan y actualizan todas estas potencialidades que se convierten efectivamente en el hecho de que son pesadas, valuadas, comercializadas. Los sujetos mientras tanto sobre-viven de las sobras. En cuanto a las prácticas y percepciones, es posible identificar al menos tres conjuntos que pueden brindar indicios de ciertas naturalizaciones: Por un lado, la de quienes siendo recuperadores, circulan por las calles o ingresan a basurales a cielo abierto, sin participar en ningún tipo de organización colectiva. Dado su alto grado de fragmentación, no trabajan de manera explícita en articulación con otros (aunque sí, en muchas ocasiones se conocen las zonas de los otros, o los negocios, los cuales pueden ser objeto de respecto o disputa), a excepción de los que integran el núcleo familiar. Aquí también debemos considerar las relaciones con los dueños de depósitos particulares, que a veces pueden brindar beneficios en función de la antigüedad, de la confianza, de las deudas contraídas, entre otros. Esta situación que se inscribe en la percepción del trabajador independiente (Vergara, 2012), se articula en muchos casos con la naturalización de determinadas condiciones de precariedad, informalidad y a veces, explotación que reducen el campo de posibilidades para que se hagan visibles demandas, protestas, conflicto. Estas prácticas anudadas en la lógica del ‘si no salís no comés’, hacen que claramente las urgencias diarias de quienes no tienen garantizado un ‘salario’ a fin de mes, sea el principal problema a resolver. Por otra parte, encontramos a quienes trabajando de la recuperación integran colectivos, básicamente cooperativas lo cual significa muchas veces una especie de “nominación” que les da prestigio, reconocimiento social, en tanto son “vistos” -pese a la invisibilidad que los atraviesa dadas sus condiciones de vida- por un actor gubernamental o no gubernamental. Son llamados casi como emulando el sentido de vocación que Weber encuentra en el pensamiento calvinista, tendiente a salvar la angustia frente a lo incierto de la predestinación. Su ingreso, en la mayoría de los casos supone una no conflictividad hacia afuera, que en muchos

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casos se metamorfosea en conflictos internos, intergrupales, interpersonales, de productividad, por las vacaciones, por los horarios, pero que son fragmentados, aislados, temporarios. El cierre espacial establecido por los municipios de mano de empresas privadas de seguridad que muchos de los rellenos sanitarios tienen, impiden el ingreso de “ajenos” al lugar, a fin de evitar incendios, o que se roben materiales previamente separados por las cooperativas. Esto también contribuye a cierta sensaciónpercepción de ser “diferentes” y distinguidos al menos, en relación con los otros recuperadores que quedan fuera de estos espacios. Por último, podemos considerar las percepciones y prácticas de organismos internacionales, dependencias estatales, organizaciones no gubernamentales que alientan la cooperativización de la pobreza. Es decir, se busca una manera de dar formalidad a lo informal, inclusión a los excluidos, ocupación a los inempleables, resguardar el trabajo infantil presente en esta actividad. Con esto, se desancla la actividad de los procesos estructurales que la han configurado, a partir de las transformaciones promovidas por los mismos organismos internacionales. En otros términos, los Programas de Ajuste Estructural reconfiguraron gran parte de la estructura productiva, la legislación laboral, y fomentaron en parte el desarrollo del sector privado vinculado a los residuos. De hecho, la privatización de los servicios municipales de recolección de residuos en las principales ciudades argentinas puede constituirse en una de las primeras inserciones de importantes empresas de ingeniería y construcción de obras que van desde autopistas hasta rellenos sanitarios (Vergara, 2014c). Desde esta trama conformada por tales procesos identifiqué a la “paradoja de la recuperación”, como ese juego contradictorio que casi siempre da como ganadores a los objetos-residuos-desechados. Son ellos los que se recuperan, son ellos los que ingresan a la economía formal como mercancías, son ellos los que absorben ese plus de trabajo humano que les devuelve la vida y los resucita de su condición de “basura”. Esto se hace evidente al menos, tanto en términos económicos a partir de las desigualdades que presentan las cadenas de valor de cada uno de los materiales reciclables, como así también en virtud de las condiciones materiales de existencia de quienes viven de los desechos. La suciedad y sus astutas formas de contagiar todo lo que toca se convierte allí, para quienes recuperan residuos en la forma habitual de cercanía, conexión y dependencia. Unos se vuelven tan sucios y feos como aquellos. Sujetos y objetos parecieran hacer posible el “rol playing” pero solo durante un tiempo, hasta que los segundos logran dejar el juego, dejar a los sujetos, para ingresar al circuito formal de los materiales reciclables. Los primeros, en virtud de 16

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procesos estructurales, de trayectorias biográficas, quedan imposibilitados de convertirse en prestadores de servicios de higiene ambiental, en generadores de valor adicional, en empresarios de la basura: apenas hacen lo que el mercado les deja, apenas recuperan en los estrechos y exiguos resquicios de una cadena de acopiadores, depósitos y políticas públicas. Aún, cooperativizados, aún bajo cierto “amparo” por parte de los municipios, los mayores y más importantes sectores del negocio de la basura son manejados por importantes empresas, que disponen de capital para invertir en tecnología de punta para el reciclaje de residuos. La paradoja de la recuperación se articula con la “colonización de lo doméstico” (Vergara, 2014b), que se da particularmente en los recuperadores que buscan materiales en las calles y utilizan sus viviendas como pequeños depósitos transitorios. La colonización supone un proceso de invasión del espacio del hogar y las respectivas modificaciones en las prácticas y percepciones de lo cotidiano que hacen que muchas familias vivan y se hagan a la medida de los residuos, en virtud de su potencial valor mercantil. Estas categorías se (re)arman con una particular “sensibilidad de los desechables” (Vergara, 2014a) por la cual, el mundo se percibe y siente desde lo feo, lo agrio, lo sucio, lo roto, lo gastado, lo que ya fue tirado por otros y hay que juntar, cargar y cuidar. Esta es una mirada posible de la recuperación de residuos que intenta conectar las experiencias cotidianas con lógicas propias del capitalismo actual, donde el trabajo, la desigualdad y la soportabilidad (Scribano, 2010; Cervio, 2010; D’hers, 2011) siguen jalonando sus posibilidades de sostenimiento. En este sentido, podríamos preguntarnos además, si el reciclaje instalado en nuestras sociedades opera como una especie de fantasía social, sensu Scribano,4 que viene a remediar muchos de los efectos nocivos que la producción, el consumo, la disposición final de residuos generan en la naturaleza. Y que, además tendría la capacidad de generar fuentes de trabajo (las únicas posibles para ciertos agentes sociales con particulares biografías y trayectorias laborales). Una de las astucias de una fantasía que operara así, sería la de borronear los procesos estructurales que condujeron a un importante grupo de la población latinoamericana a vivir inevitablemente de las sobras (del consumo) del resto. Sea

4 El autor ha desarrollado esta categoría en diversos artículos de revistas y capítulos de libros. Entre ellos se pueden citar Scribano (2004, 2005, 2008). La preocupación por las fantasías sociales está presente en Norbert Elias, y el análisis ligado a los imaginarios sociales aparece en los estudios de Bronislaw Baczko.

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por las transformaciones de las estructuras productivas que generaron desempleo tanto en las industrias como en el campo; sea por las flexibilizaciones y nuevas formas en que se reguló desregulando el mercado laboral. Otra de las astucias sería la de volver difusos los vínculos entre capitalismonaturaleza-sociedad, dejando en el trasfondo intacto al primero y, sosteniendo la escisión entre los otros dos abogar por aquello que la sociedad puede hacer por la naturaleza (como si la naturaleza no estuviese ya, socializada y como si lo humanamente social, no fuera parte de esa naturaleza). Siguiendo esta inquietud, o por qué no, una hipótesis de trabajo, cabría la posibilidad de sospechar en una serie de fantasmas que perpetúan el miedo, la inacción. El fantasma del desempleo, la expulsión y la imposibilidad de consumir se tornan cómplices de la fantasía del reciclaje para quienes viven de los residuos.5 No estaría demás, pensar que entre estos fantasmas y fantasías, los organismos internacionales han sostenido y promueven acciones tendientes a la conformación de cooperativas a los fines de consolidar una estructura ‘productiva’ de insumos para las industrias, de bajo costo (dado que quienes recuperan sólo cobran por el peso de los materiales y no por el trabajo/servicio realizado) y de baja conflictividad laboral. Aquí el Estado además parece intervenir vía subsidios, planes sociales, aportes para el mantenimiento de plantas de reciclaje, cuya rentabilidad de otra forma, las haría económicamente inviables. En este marco, otro actor insoslayable está constituido por los vecinos cuyas prácticas, después de consumir y desechar facilitan o dificultan la labor de quienes recuperan residuos. Otra línea de estudios se abre desde aquí y podríamos también interrogarnos acerca de cuáles fantasmas y fantasías operan en estos sectores, en relación a lo feo, lo sucio, lo que tiene olor, lo que está roto, lo que ya no sirve, lo que puedo “dar” como “nuevo” porque lo usé mucho tiempo. Y cómo aparece la pulcritud, la blancura, la limpieza en relación a los distintos lugares de nuestras ciudades fragmentadas.6 Recuerdo por ejemplo, que una recuperadora me comentó que en su barrio no pasaba la recolección diferenciada que sí funcionaba en el resto de la ciudad, y por esta razón ella no clasificaba en origen. Residuos, vecinos y barrios diferentes y diferenciados.

5 En otro lugar hemos trabajado estas líneas de análisis de fantasmas y fantasías en los recuperadores de residuos. CFR Lisdero y Vergara (2010). 6 Frantz Fanon (2007) muestra cómo se configuran dicotómicamente las ciudades en tiempos colonización. Podríamos pensar en algunas similitudes con lo que intento mostrar aquí.

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En los pliegues de estas tramas estructurales, de muchos condicionamientos y limitaciones, es posible encontrar sin embargo, prácticas, percepciones y emociones que van más allá de la instrumentalidad de la acción, que escapan de la lógica mercantil. Prácticas, percepciones y emociones ligadas al amor filial, al amor conyugal, a la reciprocidad que no solo ayudan a soportar la vida cotidiana, sino que permiten advertir otras potencialidades, senderos y porvenires. En los capítulos que integran esta compilación heterogénea en muchos sentidos, se abordan muchas de estas dimensiones, de allí que una forma de organización interna fue el agrupamiento de los escritos en cuatro ejes que se articulan con un Interludio y conducen hasta el Epílogo. El primer eje se denomina Gestión de residuos y política. Allí se incluye el artículo de Victoria D’hers y Cinthia Shammah, en torno a la gestión de residuos a nivel municipal, en tanto esta esfera estatal es la primera receptora de las demandas por residuos, lo que supone un rol destacado en cuanto a la gestión. A partir de la comparación de las gestiones en 5 municipios de Argentina, las autoras construyen categorías que abarcan desde lo normativo hasta la identificación de los actores intervinientes. Santiago Sorroche, por su parte, nos abre las puertas de los entretelones de las articulaciones políticas en una cooperativa y su participación en una red internacional. Siguiendo el enfoque de la Economía Política en Antropología, se interesa por las circulaciones, fricciones y conexiones entre representantes de cooperativas y otras organizaciones a nivel internacional. Así busca mostrar no sólo lo que aprenden, sino lo que pueden aportar desde experiencias locales. El segundo eje, Trabajo, comprende las experiencias de recuperadores en dos circunstancias diferentes. Santiago Bachiller aborda el caso de los recolectores ante la clausura de un basural a cielo abierto en Comodoro Rivadavia, explorando sus imaginarios respecto al trabajo, al futuro, a lo que se pierde, a lo que vendrá. Cecilia Cross por su parte, presenta dos dimensiones en relación al significado de lo que es trabajar para los recuperadores. Una, es el análisis de la construcción y puesta en marcha de una planta de clasificación de residuos sólidos urbanos en el Área Reconquista desde donde se vislumbran las demandas y los conflictos entre los recuperadores, el CEAMSE y el Estado, cuyo saldo es la negación del reconocimiento a su condición de trabajadores. Por otro, las experiencias laborales de una joven hasta el ingreso a la planta, desde donde la autora se permite construir una jerarquía de valoraciones ascendente desde la changa hasta el trabajo asalariado. Adrián Scribano, en su “Interludio”, reflexiona en torno a los desechos, el consumo y el disfrute, tomando en forma metonímica la actividad de los

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recuperadores para dar cuenta de lógicas particulares de la sociedad capitalista actual en términos de depredación y sacrificios. Esto permite repensar la marginalidad. En las tramas que forman consumo-desecho-depredación es posible comprender ciertas prácticas sociales que se performan en la sociedad capitalista actual, cuyo estado de normalización pasa por el disfrute inmediato vía el consumo. En el tercer eje, titulado Subjetividades, encontramos la propuesta de Sebastián Carenzo quien muestra cómo aparecen ciertas materialidades incómodas que se imbrican con praxis creativas por parte de integrantes de una cooperativa de La Matanza. En esta línea se explicita una relación novedosa entre sujetos y objetos. El autor se propone ir más allá del análisis de los objetos que circulan para dar paso a una provocadora pregunta respecto del lugar de la materialidad como mediación, que permite constituir esquemas de clasificación sensoriales pero además tecnologías que desafían el conocimiento científico-tecnológico formal y la lógica mercantil. Hernando Herrera, por su parte, da cuenta de lo cotidiano en los recuperadores de residuos de Villa María (Córdoba), considerando un periodo reciente de la actividad del reciclaje. Parte para ello, del supuesto de que el contexto social opera como trasfondo, brindando elementos imprescindibles para conocer y dominar el mundo. Este contexto moldea el mundo subjetivo, sus sentidos y significaciones. De este modo, analiza ciertos ejes temáticos en relación al trabajo, a la relación con otros en las calles, los acopiadores, la familia, que dan cuenta de las percepciones y significados que se construyen en el marco de desventajas laborales, educativas, precarias condiciones de vida, entre otros. El cuarto eje, Género y residuos, presenta con mayor énfasis el lugar de las mujeres en esta actividad. Claudia Marinsalta da cuenta de las relaciones intergéneros de quienes recuperan residuos en Bahía Blanca, en el marco de un proceso socio-económico que, al menos desde los ’90 en Argentina se vio atravesado por la globalización, el neoliberalismo y la crisis de 2001. En este marco, establece una relación entre trabajo informal y feminización de la fuerza de trabajo que deja a un importante sector de las mujeres en lugares deteriorados, subordinados, discriminados. Esto permite advertir las tensiones entre mujeres y varones en relación al modelo predominante de varón proveedor. Quien escribe, presenta una propuesta teórica del abordaje de las percepciones, analizando en particular una, que se observa de manera recurrente en las mujeres. La percepción de proveer como ama de casa constituye una zona gris, intermedia, tensional, entre los ámbitos de trabajo en las calles o rellenos y el doméstico-hogareño. 20

Introducción

El libro culmina con un Epílogo que pretende ser apertura para nuevas reflexiones e indagaciones y que atraviesa transversalmente a todos los capítulos a partir de la noción de suciedad, que examina Mauro Koury. Antes de abandonar estas primeras páginas quiero agradecer de manera especial a Adrián Scribano por el apoyo brindado desde el momento cero, para la concreción de esta publicación. Otro agradecimiento especial a Mauro Koury, por su amable disposición a formar parte de esta compilación. Finalmente, a los investigadores y a las investigadoras que aceptaron y confiaron en esta propuesta, sumando a este libro sus contribuciones. Bibliografía CERVIO, Ana (2010) “Recuerdos, silencios y olvidos sobre ‘lo colectivo que supimos conseguir’. Memoria(s) y olvido(s) como mecanismos de soportabilidad social”. RELACES (Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad) Nº 2, pp.71-83. Disponible en: http://www.relaces.com.ar/index.php/relaces/article/view/59/42. Fecha de consulta, 15/01/2015. D’HERS, Victoria (2011) “La materialidad de la sombra. Abyección y cuerpo en la definición de la basura”. RELACES (Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad) N° 5, pp.62-74. Disponible en: http:// www.relaces.com.ar/index.php/relaces/article/view/92/76. Fecha de consulta, 15/01/2015. FANON, Frantz (2007 [1961]) Los condenados de la tierra. México: FCE. LISDERO, Pedro y VERGARA, Gabriela (2010). “Promesas y desencantos de los ’nuevos’ trabajos. Un análisis de los mecanismos de sujeción en los recuperadores de residuos”. Pensamento Plural N° 6, pp. 97-121. SCRIBANO, Adrián (2004) Combatiendo fantasmas. Chile: Ediciones MAD. ___________ (2005) Itinerarios de la protesta y del conflicto social. Córdoba: Copiar -UNVM, CEA-UNC. ___________ (2007) “La sociedad hecha callo: conflictividad, dolor social y regulación de las sensaciones”. En Adrián Scribano (comp.), Mapeando interiores. Córdoba: Universitas. pp. 119-143. ___________ (2008) “Fantasmas y fantasías sociales: notas para un homenaje a T.W. Adorno desde Argentina”. Intersticios Vol. 2, pp. 87-97. Disponible en: www.intersticios.es/article/download/2791/2129. Fecha de consulta, 15/01/2015.

Recuperadores, residuos y mediaciones

___________ (2009) “A modo de epílogo ¿Por qué una mirada sociológica de los cuerpos y las emociones?”, en: Adrián Scribano y Carlos Figari (comps.), Cuerpo(s), Subjetividad(es) y Conflicto(s). Buenos Aires: CLACSO-Ciccus. pp. 141-151. ___________ (2010) “Primero hay que saber sufrir…!!! Hacia una Sociología de la ‘espera’ como mecanismo de soportabilidad social”, en: Adrián Scribano y Pedro Lisdero (comps.), Sensibilidades en juego: miradas múltiples desde los estudios sociales de los cuerpos y las emociones. Córdoba: CEA-CONICET. E-book, pp.169-192. VERGARA, Gabriela (2011) “Capitalismo, cuerpos y energías en contextos de expulsión. Experiencias de trabajo en las mujeres recuperadoras de residuos de Córdoba y San Francisco”. Astrolabio Nueva Época N° 7, pp. 115-142. Disponible en: http://revistas.unc.edu.ar/index.php/astrolabio/article/view/492/533. Fecha de consulta, 10/12/2013. ___________ (2012) “Experiencias de la doble jornada en mujeres recuperadoras de residuos de Córdoba en la actualidad. Un análisis de sus tramas corporales, percepciones y emociones”, tesis de doctorado en Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, inédito. ___________ (2014a) “Emociones, cuerpos, residuos: un análisis de la soportabilidad social”. RSBE - Revista Brasileira de Sociologia da Emoção Vol. 13, N°.37, pp. 43-58. ISSN 1676-8965. ___________ (2014b) “La ‘colonización de lo doméstico’. Transformaciones espaciales y subjetivas en las mujeres recuperadoras de residuos en Córdoba (Argentina)”. Revista OBETS Vol. 9, N° 1, pp.195-218. Disponible en: http://hdl.handle. net/10045/39562. Fecha de consulta, 06/12/2014. ___________ (2014c) “Estructuración, prácticas y sensibilidades en los recuperadores de residuos (Córdoba, Argentina)”. Boletín Científico Sapiens Research, sección Sociologando, editado por Angélica De Sena (UBA-Argentina) y Begoña Enguix (UOC-España). Tema del llamado a artículos: «Neoliberalismo, marcas y procesos sociales en el siglo XXI».pp. 45-49.

Gesti贸n de residuos y pol铆tica

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU. Un estudio de cinco ciudades de Argentina1 Victoria D’hers y Cinthia Shammah Introducción La gestión de residuos sólidos urbanos2 ha estado a lo largo de los últimos diez años tanto en la agenda del gobierno como en la agenda pública. Por parte del gobierno, apuntando a dar respuesta a una problemática urbana que se acrecienta a diario, impacta sobre la gobernabilidad y genera un alto presupuesto con altos costos ambientales. Respecto a la sociedad, se han generado demandas por la minimización de residuos y por la negativa al enterramiento masivo y la acción colectiva de recuperadores incidiendo y participando del proceso de gestión. Este proceso se viene desarrollando desde lo formal-informal (Pírez, 1994) hacia incentivos de dar mayor formalidad al tratamiento y recuperación (Carré, D’hers, Shammah y Verrastro, 2013). De este modo, la “gestión” se ha convertido en la punta de lanza para trabajar en una agenda ambiental municipal y poder diseñar e implementar un plan donde se superponen en el territorio local, diversos niveles de Estado y la articulación de diversos actores tanto públicos como privados. Dicho esto, podemos observar que en los últimos años se produjeron cambios sustantivos en la gestión de residuos en diversas ciudades del país que apuntan a disminuir el impacto ambiental, valorizar los residuos y formalizar los circuitos de recuperadores urbanos. En diversas ciudades se desarrollaron distintas políticas públicas, ya sea por variables de contextos socio-económicos, por las distintas trayectorias en la gestión ambiental, por la modalidad particular con la que se articulan los vínculos entre el sector público y privado, entre otras cuestiones. Esto ha implicado por parte de los diversos niveles de gobierno avances en normativas de distinta índole, subsidios para apoyar la acción municipal, 1 Agradecemos la inestimable colaboración para este artículo de España Verrastro y María Comelli, grandes compañeras en el trabajo. 2 Definida por la ENGIRSU como un sistema basado en el “desarrollo sostenible“, con el objetivo primordial de mejorar la salud de la población, y la preservación ambiental.

Recuperadores, residuos y mediaciones

asistencia técnica, programas de capacitación, educación e inclusión social, entre otros. En este escenario, el municipio, receptor de las demandas ambientales por su potestad sobre los residuos, presenta un rol clave y complejo, alta responsabilidad en el diseño e implementación de la gestión que exceden su capacidad y se convierten en demandantes de recursos tecnológicos, económicos y técnicos. La gestión implica tanto la coordinación interjurisdiccional, como también entre diversos actores por fuera del Estado. Es por esto que las políticas municipales son y seguirán siendo estudiadas desde diversos ejes y relacionadas con múltiples cuestiones. Existen diferentes trabajos que han realizado diagnósticos sobre la gestión de residuos en Argentina (Rossi, Sarafián, Cittadino y Castiglione, 2002; González, 2010), otros han analizado el rol del gobierno local en la gestión de residuos en Argentina (Pírez, 1994; Bertolino, Fogwill, Chidiak, Cinquangelis y Forgione, 2007; Schejtman y Irurita, 2012). A nivel general, según indica Vergara (2014), Los programas de ajuste estructural reconfiguraron gran parte de la estructura productiva, la legislación laboral, y fomentaron en parte el desarrollo del sector privado vinculado a los residuos. De hecho, la privatización de los servicios municipales de recolección de residuos en las principales ciudades argentinas puede constituirse en una de las primeras inserciones de importantes empresas de ingeniería y construcción de obras que van desde autopistas hasta rellenos sanitarios (47). Así, en el nivel nacional se producen cambios normativos que explicitan las competencias y obligaciones del gobierno municipal y establecen las pautas de proyección, sin considerar los mecanismos de puesta en práctica (Verrastro, 2009; Schejtman e Irurita, 2012). En términos de política pública, se plantea el formato de un diseño de programas, pero con escasos métodos para su implementación. A nivel económico, el Estado Nacional generó mecanismos desiguales frente a la demanda municipal, los principales subsidios son dados por bancos internacionales para la construcción de plantas y la creación de rellenos sanitarios con tecnología de ingeniería sanitaria. Entendiendo que hay al menos dos sistemas en disputa, uno basado en la disposición, y otro de recuperación definido como R (Carré et al., 2013), el primero con intereses de mayor traslado, transporte y enterramiento; el segundo con miras a la valorización del residuo desde una visión de sustentabilidad ambiental, encon26

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

tramos en este interjuego de intereses dos actores aparecen como relevantes: los municipios/los recuperadores. El objetivo del trabajo se dirige a identificar y describir la gestión de residuos sólidos urbanos en cinco ciudades seleccionadas en función del peso significativo3 que tiene esa ciudad para la provincia: Mendoza (Mendoza), Córdoba (Córdoba), CABA, Rosario (Santa Fe) y Bariloche (Río Negro). Las ciudades citadas corresponden a la zona centro, Cuyo y Patagonia que han desarrollado diversas iniciativas locales, avanzado en ordenanzas respecto a residuos, planes de gestión integrales y proyectos que apuntan a la minimización y disposición controlada de residuos. Teniendo en cuenta la dinámica en la cual son los recuperadores quienes reinsertan los residuos al circuito de valorización nos preguntamos ¿hasta qué punto esto implica un cambio de modelo? ¿La presencia de cooperativas indica una mayor inclusión social y participación real? Las preguntas de investigación apuntan a: ¿cuáles son las acciones desplegadas por los municipios? ¿Cómo se pueden caracterizar los modelos de gestión en las ciudades? ¿Qué actores intervienen en el proceso? ¿Qué indicadores permiten explicar los avances respecto a la GIRSU? ¿Cómo se caracteriza el diseño e implementación de políticas de RSU? En particular, se intenta explicar en qué medida las políticas reflejan el proceso de cambio hacia mayor minimización y tratamiento de los residuos, con inclusión de diversos actores y con diversos modos de trabajo. A modo preliminar, y guiado por estas preguntas, en este artículo se analiza la gestión en base a los siguientes ejes: planes de gestión de residuos, marco normativo y estructura municipal, sistemas de recolección, tratamiento y disposición final y actores que intervienen. Finalmente, se propone un cierre provisorio hacia nuevos análisis. La gestión de residuos en cinco ciudades En el presente escrito se seleccionaron 5 ciudades relevantes de la Argentina, que permiten dar cuenta del avance en la gestión de residuos. Dichas ciudades corresponden a la zona centro, Cuyo y Patagónica, que han avanzado en diversos ejes: ordenanzas respecto a residuos, planes integrales de gestión y proyectos que apuntan a la minimización y disposición controlada de residuos, y a la participación de recuperadores en el proceso de gestión.

3 Estos municipios son relevantes para estas provincias por diversas cuestiones: tres son ciudades capitales de provincias, todas generan importantes recursos económicos para la provincia.

Recuperadores, residuos y mediaciones

Tabla 1: Los municipios en datos Habitantes1

Superficie (en Km2)

Toneladas diarias dispuestas

Plan GIRSU

Mendoza

114.822

57,57

390

2004

Bariloche

112.887

220,27

488 52

2008

Córdoba

1.329.604

576

1800 a 2000

2008

948.312

178,69

830

2001 actualizado al 2004 y 2008 2006 (Plan máxima reducción)

2.776.138

202

4500

2005

Rosario

CABA

Datos del censo 2010 INDEC Fuente: elaboración propia

A grandes rasgos, la emergencia de la gestión de residuos en estas ciudades tiene características comunes que se deben tener en cuenta: por un lado, la presencia de recuperadores generando valor en el residuo, y las protestas sociales de comunidades próximas a sitios de disposición final. Por otro, observamos que se generan avances legislativos en distintos niveles de gobierno que plantean una presión sobre la gestión local. La presencia de recuperadores se visualiza notablemente en el caso de Rosario, Ciudad de Buenos Aires y Córdoba, donde durante el 2001 emergieron recuperadores que pusieron en escena la valorización de los residuos. Esta expresión se plasmó en políticas y legislación que apuntaron a la minimización. Tanto en CABA como en Rosario se plantearon propuestas de Basura 0. Rosario pareciera corporizar la vanguardia de la separación en origen de residuos en el territorio argentino, aunque con impacto poco efectivo. En 1994 implementa el programa Separe y comienza un avance en la gestión de residuos apuntando diversos hitos: la conteinerización, la inclusión social de los recuperadores, la progresiva disminución de residuos dispuestos en rellenos. En la Ciudad de Buenos Aires este proceso comienza en 2002 con legislaciones que reconocen la acción de recuperadores y establecen metas de disminución progresiva de residuos. Con diversos conflictos4 en la última licitación dividió los residuos húmedos 4 La disposición de residuos en la provincia de Buenos Aires obligó a la CABA a desarrollar un

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

de los secos y para estos últimos incorpora a la tarea formal a los recuperadores. A la vez incorpora la tarea articulada de recolección formal de residuos entre las empresas y las cooperativas en todas las villas y asentamientos. Así como en la Ciudad de Buenos Aires se generó una fuerte tensión con la provincia de Buenos Aires por la disposición de residuos en el relleno sanitario de CEAMSE que llevó a generar una estrategia de disminución con el diseño y desarrollo de plantas de tratamiento, en Rosario se movilizaron barrios lindantes al sitio de disposición junto a organizaciones ambientalistas para exigir la ejecución de metas de minimización pautadas en la legislación. Córdoba, Mendoza y Bariloche apuntan a un sistema de gestión de residuos a partir de protestas sociales generadas en torno a los sitios de disposición final. En todos los casos disponían residuos en basurales a cielo abierto: Córdoba y Mendoza disponen sus residuos en sitios afuera de la ciudad (Córdoba junto a 25 municipios, y Mendoza junto a 3 municipios en Las Heras El Borbollón). Bariloche, junto a Dina Huapi, dispone en su propio territorio. La adecuada disposición de residuos en las ciudades analizadas ha sido el inicio para desplegar un plan de acción integral. Las protestas sociales han visibilizado la problemática desarrollada por barrios lindantes a sitios de disposición. Los recursos de amparo, cortes de ruta y bloqueos en el acceso al basural, caracterizan a las tres ciudades en lo referente a los conflictos sociales; la contaminación es el eje que aglutina a los actores movilizados. A partir de esto surgen proyectos para desarrollar rellenos sanitarios con proximidad de plantas de tratamiento en donde trabajaran cooperativas de recuperadores. Según hemos analizado la gestión de residuos en las cinco ciudades, se pueden plantear tres etapas clave a partir de la instalación de la problemática de los residuos: a. valorización/conflictos, b. legalización/GIRSU, c. formalización/ inclusión. Si bien varían los años se pueden sostener los siguientes períodos, el primero va desde 1994 a 2001, el segundo desde 2002 a 2010, y el último desde 2010 a la actualidad.

plan de minimización como método para mantener el sistema de enterramiento. También se generaron conflictos con organizaciones ambientalistas por la falta de cumplimiento de las metas Basura 0, y de los procesos de licitación. Los recuperadores urbanos han demandado la necesidad de participar en el proceso de recupero del residuo y las villas y asentamientos han exigido el sistema de recolección en sus barrios.

Recuperadores, residuos y mediaciones

Tabla 2: Etapas en la GIRSU en cinco ciudades argentinas ConflictosValorización 1994-2001

•

Legalización-GIRSU 2002-2010

• • •

• FormalizaciónInclusión Desde 2010

• • • • •

Está marcada por conflictos tanto de organizaciones ambientales que se enfrentan al enterramiento masivo, recuperadores que luchan por la inclusión y la valorización de residuos y las demandas ambientales de barrios próximos a basurales. Los municipios presentan una estructura ligada a la higiene urbana, articulan fuertemente con empresas que desarrollan la recolección. Aparecen la mayoría de los planes GIRSU con varias modificaciones en algunas ciudades. Se desarrolla una nueva normativa que apunta a formalizar el recupero, el tratamiento y el saneamiento de sitios de disposición final. Se establecen programas de separación en zonas circunscriptas de la ciudad, comienzan proyectos de articulación con recuperadores. Sin embargo, continúan los conflictos por su participación y formalización. Los municipios avanzan en fortalecer sus áreas ambientales y en conseguir financiamiento para la GIRSU. Las estructuras municipales sostienen dos perspectivas: el higienismo y el ambientalismo. Se intenta llevar el sistema de recolección diferenciada a todo el territorio, los recuperadores comienzan a participar en alguna etapa de la gestión. Los conteiners y las Plantas de tratamiento son el modelo a seguir para la recuperación. Se exige a los municipios la aplicación de los planes y de rendición de cuentas ante órganos y ciudadanos. Existen mayores exigencias para las empresas que recolectan, tratan y operan en los sitios de disposición final.

Fuente: elaboración propia.

En estos tres períodos nos interesa la acción de dos actores: los gobiernos locales en tanto decisores públicos, los recuperadores como emergentes de la valorización. Encontramos similitudes y diferencias entre ambos actores que consideramos relevante considerar a los fines de comprender la posibilidad de aplicación de los planes GIRSU como están planteados hoy en día. Similitudes en tanto se encuentran con capacidad -por su rol- de generar un cambio en el modelo, pero con amplias dificultades para hacer sostenible y expansible a todo el territorio la aplicación del modelo GIRSU. Diferencias en el sentido de que los municipios tienen una mirada de corto plazo, del mismo modo que los recuperadores requieren para su subsis-

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

tencia sortear el cortoplacismo. Por otro lado, mientras que los municipios se debaten entre el higienismo –la invisibilización del residuo- y la perspectiva sustentable de recuperar y minimizar los residuos, los recuperadores intentan incluir la mirada ambiental a la relación del trabajo con la valorización del residuo. En los apartados siguientes veremos cómo estas problemáticas se despliegan en el nivel de las normas, y de la participación de los recuperadores. Distancias y proximidades entre las normas y su aplicación Luego de esta breve contextualización general, en este apartado enfocamos en el estado actual de la legislación a nivel de cada una de las ciudades referidas. En concreto, vemos que todas las ciudades cuentan con legislación referente a la gestión en sus diferentes momentos. A su vez, si bien se fueron incorporando diferentes modos de tratamiento, recuperación y disposición diferenciada, aún establecen la disposición final por enterramiento. Asimismo, veremos cómo la existencia de normativa fuerza relativamente, al menos, la tendencia a la formalización de esta transformación. A nivel nacional, uno de los principales antecedentes institucionales para la gestión de los RSU la encontramos en la Reforma Constitucional de 1994 donde se comenzaron a articular las relaciones entre Nación y provincia, sentando bases para cumplimiento en toda la república que pudieran ser complementadas por las jurisdicciones locales. En principio, los mecanismos para la división y articulación de funciones fueron parcialmente fijados a partir de la Ley General de Ambiente N° 25.675 del 2002 que reforzó la primacía de las provincias en la aplicación de la política ambiental con la creación de un organismo controlado por las mismas, el Consejo Federal de Medio ambiente (COFEMA) que da origen al sistema federal de coordinación interjurisdiccional. En lo que hace a la gestión de los RSU específicamente, en 2004 se sancionó la Ley de Gestión de Residuos Domiciliarios N° 25.916. Todo esto dio paso al modelo de Gestión Integral de los residuos que amplió la cadena de tratamiento a las nuevas demandas: generación, disposición inicial, recolección, transferencia, transporte, tratamiento y disposición final. En sintonía en 2005, la SAyDS5

5 La SAyDS establece una política de RSU diferencial en el territorio de la Región Metropolitana de Buenos Aires (RMBA). La principal acción se desarrolla en la Cuenca Matanza Riachuelo, en la cual opera la Autoridad de Cuenca Matanza Riachuelo (ACUMAR) -organismo público que se creó en 2006 mediante la Ley N° 26.168 atendiendo a la preocupante situación de deterioro ambiental de la cuenca.

Recuperadores, residuos y mediaciones

publica la Estrategia Nacional para la Gestión Integral de Residuos Sólidos Urbanos (ENGIRSU) que sienta las bases para la implementación de los contenidos legislativos e instala la noción de Gestión Integral de los Residuos Sólidos Urbanos. Luego, la GIRSU se impuso como el método adecuado para el manejo de los RSU tras años de estudio, de numerosas experiencias realizadas en el mundo y del concurso de las ciencias exactas, médicas, naturales, sociales, económicas y el desarrollo tecnológico. Sin embargo, en todas las ciudades siguen vigentes muchos mecanismos asociados al enterramiento masivo de los residuos aunque se aplican métodos diferenciales que marcan una tendencia al cambio de modelo, como ser la recuperación de materiales reciclables, la generación de biodiesel, y las plantas de compostaje entre otros. En los casos en estudio podemos ver diversas formas de incorporación de dicha legislación, las ciudades más avanzadas son Rosario y Buenos Aires. La gestión de los residuos en la Ciudad de Buenos Aires encuentra una marca significativa a partir del Decreto N° 9.111, en 1977 bajo el gobierno de facto se crea la Coordinación Ecológica Área Metropolitana Sociedad del Estado (CEAMSE), que implicó una fuerte regionalización junto a la provincia de Buenos Aires de la disposición final en rellenos sanitarios.6 Una de las principales legislaciones del 2002 que abre paso a una profunda reforma es la ley N° 992 que incorpora a los recuperadores de residuos reciclables a la recolección diferenciada en el servicio de higiene urbana, de esta forma legalizaron su actividad. En el marco de la crisis económica, social y política argentina del 2001, en donde miles de individuos y familias marginados por la pobreza y el desempleo aparecen masivamente en las calles de la ciudad de Buenos Aires. Los hoy denominados recuperadores urbanos, tomaron la recuperación de residuos reciclables como actividad de supervivencia. A partir de su visibilidad y su accionar aliado a organizaciones de la sociedad civil pusieron en cuestión el modo de gestión de residuos. Así, durante el primer lapso que va desde el año 2002 al 2005 se abre una disputa legislativa que involucra no sólo a la administración pública, sino también a los más grandes grupos económicos y a los representantes de los recuperadores urbanos. Luego se sanciona en 6 Ésta se presenta entonces como una solución integral de ordenamiento, basada en principios tecnológicos que se vinculaban con el progreso y desarrollo local según el sistema de los países centrales. El sistema completo de recolección-transporte-tratamiento consiste en que camiones recolectan los residuos; se trasladan a estaciones de transferencia ubicadas en puntos neurálgicos de la ciudad, próximas a las autopistas urbanas proyectadas. La carga se transfiere a camiones de larga distancia y la transportan por autopista hasta rellenos sanitarios ubicados a aproximadamente quince a treinta kilómetros en la Región Metropolitana de Buenos Aires (Carré et al., 2013).

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

2005 la Ley de Gestión Integral de los RSU N° 1854, conocida como “Ley de Basura Cero”.7 En este mismo sentido, en 2003 se aprueba en Rosario la Ordenanza 7600 que contiene pautas relativas a la disposición inicial, obligaciones de los grandes generadores, normas de higiene urbana, infracciones, etc. Tempranamente, en el 2001 la Municipalidad elaboró el Plan GIRSU, el cual fue actualizado en los años 2004 y 2008 (a su vez, a nivel provincial, en el año 2009 se aprobó la Ley Provincial 13.055, que establece la adopción del Principio de Basura Cero).8 En 2006 la municipalidad anuncia el Plan Máxima Reducción, que adhiere al concepto de Basura Cero, y contiene metas de reducción de la disposición final (reducción en un 50% para 2015). En noviembre de 2008 se aprueba la Ordenanza 8335 de Basura Cero, la cual plantea metas progresivas de reducción de la disposición final de residuos.9 10 La gestión de RSU de la Ciudad de Córdoba está enmarcada dentro de la Constitución provincial (se destacan los Arts. 11; 38; 53; 66; 68). La Ley Provincial del Ambiente Nº 7343, sus modificatorias y decretos reglamentarios, regula las actividades de gestión de RSU. Específicamente, la Ley Provincial Nº 9.088 Regula la Gestión de Residuos Sólidos Urbanos (RSU) y residuos asimilables. Rigen varias leyes ligadas al ordenamiento territorial, en el marco de la evaluación de sitios para crear un sitio de disposición final (Secretaría de Ambiente/UNC, 2012: 233). De manera temprana, en 1996, la Ordenanza N° 961211 regula la gestión a nivel municipal, con una perspectiva que incorpora la 7 Los principales aspectos de esta ley son: Ley de gestión integral de residuos sólidos urbanos; adopción del concepto de Basura Cero; metas de reducción; prohibición de la incineración; programas de educación permanentes; separación en origen; principio de responsabilidad extendida del productor; recolección diferenciada; tecnología de transporte; centro de selección; registros de operadores y de cooperativas de recuperadores; tecnologías de tratamiento y disposición final; régimen de promoción de compra, de incentivos y de créditos; Infracciones; Comisión de Seguimiento de la Sociedad Civil. 8 Si bien el Plan en sí nunca fue publicado, los ejes del mismo eran: concientización y participación de la comunidad; mejorar la Higiene Urbana; disminuir la generación de residuos enviados a disposición final; incorporar el sector informal potenciando la recuperación; lograr un sistema de transporte y disposición final de residuos a nivel metropolitano eficiente y de mínimo impacto ambiental. 9 Cabe destacar que dicha ordenanza fue elaborada e impulsada por organizaciones ambientalistas de la ciudad y por vecinos de localidades aledañas movilizados ante la posibilidad de recibir basura de Rosario. 10 Organismo integrado por la Municipalidad, comunas del Gran Córdoba y el Sindicato de Recolectores de Residuos (Surbac). 11 Texto completo disponible en: http://www2.cordoba.gov.ar/portal/wp-content/uploads/downloads/ 2013/02/ORDENANZA-N%C2%BA-9612.pdf. Fecha de consulta, 5/11/2014.

Recuperadores, residuos y mediaciones

noción de reciclaje. Hoy en día, se está revisando para actualizar a lo dispuesto por la gestión integral. Finalmente, la Ordenanza 12.107 dispone la creación del Cormecor, Corporación Intercomunal para la Gestión Sustentable de los Residuos del Área Metropolitana de Córdoba, actualmente a cargo de la aplicación de la GIRSU. En Bariloche, se da un proceso entre 2010 y 2013. En 2010 se aprueba el plan GIRSU, Plan de Clausura y post clausura del vertedero (Ordenanza 2062 y 2147), en 2011 se avanza en un Plan de Ordenamiento Territorial. En 2012 se establece la articulación entre el Ministerio de Turismo de la Nación y el Municipio de San Carlos de Bariloche, en el marco del Programa GIRSU de municipios turísticos, financiado parcialmente a través del préstamo BID Nº 1.868. Más recientemente, en 2013, se acepta la cesión de la porción de parcela para el desarrollo del programa (Ordenanza 2385). Finalmente, en Mendoza se destaca la ordenanza Nº 2903/88 que establece las normas sobre la recolección, transporte y disposición final de los RSU. Rige la Ley de Erradicación de Basurales a Cielo Abierto Nº 5970/92 que obliga a los Municipios a erradicar los basurales y a implementar un sistema integral de manejo de residuos. El Gobierno Provincial se compromete a colaborar técnica y económicamente con los municipios en favor de la gestión integral, y existe una Ley de Consorcios para la Gestión Conjunta de los Residuos Sólidos Domiciliarios Nº 6957/02. La modificación del marco regulatorio fue una pieza clave para la conformación del Consocio de RSU de la Zona Centro, que es el único que se encuentra en funcionamiento. En síntesis, la provincia de Mendoza instaló cambios normativos con antelación a la sanción de las leyes nacionales, se incorporaron contenidos como el amparo ambiental o la prohibición de basurales a cielo abierto.12

12 En Mendoza, la Ley N° 5.961 significó un gran adelanto para la política ambiental que estuvo apuntalada por fuertes procesos participativos. Sin embargo, contiene ciertas ambigüedades en la delimitación entre el aviso de proyecto y la evaluación de impacto ambiental. A su vez, no se cumplimentó el plazo para la presentación en la Legislatura del Plan 75 Ambiental, lo que hubiera ayudado a la articulación interjurisdiccional entre la provincia y los municipios.

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

Tabla 3: Legislación y Estructura Municipal. Legislación

Estructura municipal

CABA

N°992/2002 Incorpora Recuperadores. 1.828/05 – Crea el programa Buenos Aires limpia y 1.854/05 Ley de Gestión Integral de los Residuos Sólidos Urbanos “Basura Cero”

Ministerio de Ambiente y Espacio Público

Rosario

Plan de Gestión Integral de Residuos Sólidos Urbanos (PIGRSU) 2001

Subsecretaría de Medio Ambiente

Córdoba

9.088/03, dentro de Proyecto Córdoba Limpia, Agencia Córdoba Ambiente – Ordenanza 12.107 Ordenanza N° 9612/06

Secretaría de Ambiente

Mendoza

Ley General de Ambiente N°5961/92 - Ministerio de Tierras, Ambiente y Ley Erradicación basurales N°5970/92 Recursos Naturales

Bariloche

Ordenanza GIRSU - 2062-CM- 2010. Ordenanza 2147-CM-11 Emergencia del vertedero municipal

Secretaria de Desarrollo EstratégicoDir. Gral. de M. Ambiente

Fuente: elaboración propia.

En cuanto a la estructura municipal, se observa que todas las ciudades han centralizado las competencias relativas a la GIRSU. La gestión de los residuos en la Ciudad de Buenos Aires está a cargo del Ministerio de Ambiente y Espacio Público. Entre sus funciones se encuentran la responsabilidad de plasmar la GIRSU con el fin de preservar los recursos ambientales y mejorar las condiciones de trabajo de los recuperadores urbanos. En Córdoba, actualmente, la Secretaría de Ambiente lleva adelante el Proyecto RSU, con un convenio entre el Gobierno de la Provincia de Córdoba, la Municipalidad de Córdoba y Gobiernos Locales del conurbano de la Ciudad de Córdoba, que establece el compromiso de constituir un ente para materializar el equilibrio y

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la conservación ecológica, la eliminación de la polución ambiental, el saneamiento de los acuíferos y de los suelos, constituyendo un objetivo particular la gestión del tratamiento y disposición final de los RSU (Secretaría de Ambiente/UNC, 2012: 4). En Rosario, ciudad considerada de vanguardia, con la asunción del nuevo intendente en 2003 se reformuló el organigrama municipal, uno de los cambios fue la creación de la Subsecretaría de Medio Ambiente, dependiente de la Secretaría de Servicios Públicos y Medio Ambiente. En el ámbito específico de gestión de los residuos, han existido del período de 2003 a 2012, planes, programas y normativas que han pretendido al menos discursivamente incorporar, tanto, cuestiones ambientales (particularmente la separación en origen) como sociales (en cuanto al abordaje realizado hacia la actividad de los recuperadores informales). El área de dependencia de la GIRSU en Bariloche es la Secretaría de Desarrollo Estratégico. En Mendoza, la autoridad de aplicación es el Ministerio de Tierras, Ambiente y Recursos Naturales, Unidad de proyectos críticos, Dirección RSU, que tiene a su cargo el citado Plan Consorcios Municipales con el objetivo de lograr la implementación de un sistema GIRSU en todo el territorio provincial. Como objetivos particulares, el Plan se propone construir las infraestructuras necesarias para el tratamiento y/o disposición final de los residuos; y conformar consorcios intermunicipales. De este modo, podemos afirmar que encontramos amplia legislación sobre el tema, con sus especificidades. En general, se ve la situación de Emergencia (2002), resultando en normativa local (2003/2005), y articulándose finalmente en los planes GIRSU hacia la década del 2010. En esta línea, en todas las ciudades vemos una mirada higienista, ligada a la disposición en rellenos sanitarios y limpieza de basurales a cielo abierto, en superposición con legislación tendiente a la minimización, con referencias a una gestión integral. Aunque las ordenanzas fueron sumando a la idea de las 3 R (Reducir, Reciclar, Reutilizar) y formalizándolo de diversas maneras, aún se mantienen dos modelos: el tendiente al enterramiento controlado, y el de reducción en origen, con tendencias a la formalización de la actividad de los recuperadores. Consideramos que hay tres componentes que deben profundizarse en la normativa de cada ciudad: a) el rol del recuperador y su grado de participación real en la GIRSU, b) los marcos en los que deben establecerse las inversiones, la aplicación de tecnologías “limpias” y c) definir las estrategias de remediación y las responsabilidades de los impactos ambientales.

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

Los recuperadores en la dinámica de la gestión. ¿Realidad o ficción de participación en la recolección? En esta configuración de la gestión de residuos, un actor “de base” se convirtió en un colectivo con poderes variables según la ciudad, pero con cierta participación en el ámbito municipal y con la exigencia desde el ámbito nacional de su inclusión social. Ahora bien, aunque se ve su incidencia en el proceso político, se abre la pregunta básica por cuál es el modo de participación real desde el momento en que los recuperadores urbanos se convierten en parte del servicio municipal en cuanto tal. ¿Cuáles son sus intereses? ¿Cómo se establece la toma de decisiones? Así, nos interesa revisar el sistema de recolección de residuos y a la vez el rol que adquieren los recuperadores en el proceso, en pos de reflexionar hasta qué punto este modo de inclusión (como una de las metas centrales de la GIRSU) no termina por apaciguar el trasfondo de conflicto e intereses contrapuestos, funcionando así como una fantasía de participación ocultando que las decisiones descansan básicamente en las empresas ligadas a la gestión, y su reverso, un “mecanismo fantasmático”. En palabras de Scribano, “La eficiencia de los mecanismos fantasmáticos se debe en parte, a su capacidad para ocultar antagonismos. La fantasías operan ocultando conflictos, haciéndolos visibles sin su antagonismo inherente. Las fantasías sociales ocultan mostrando. Hacen aceptables conflictos estructurales invisibilizándolos, desplazando la mirada social hacia otros objetos de la escenificación fantasmática” (Scribano, 2004: 9, destacado nuestro). En las cinco ciudades el servicio de recolección tiene dos modalidades, la recolección general y la recolección diferenciada. Los municipios son los responsables de la recolección, barrido y limpieza de los residuos en sus territorios. El servicio puede ser público, privado o combinar ambas modalidades. Mientras que en Bariloche el servicio de recolección de residuos es público, en Córdoba privado y en Mendoza, Buenos Aires y Rosario es mixto. Cabe aclarar que tanto Rosario como la Ciudad de Buenos Aires poseen una zona con recolección municipal para poder comparar y evaluar el servicio privado. En Bariloche, el sistema de recolección municipal está compuesto por 13 rutas, de las cuales siete poseen una frecuencia de recolección de seis días a la semana mientras que en las rutas restantes se realiza tres veces por semana. Para ello, el municipio cuenta con siete camiones compactadores operados por un chofer y tres cargadores cada uno. En Córdoba, el servicio de recolección está a cargo de empresas privadas divididas en dos zonas. La prestación del servicio público de higiene urbana se encuentra dividida en la zona norte y sur del río Suquía y se realiza una vez al día seis veces por semana, a excepción del área Central donde se realiza dos veces

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todos los días de la semana. Durante dos años estuvo en manos de la empresa estatal y volvió a privatizarse el servicio, con una mirada por parte del gobierno local fuertemente empresarial con una tendencia de costos ascendente constante (ver Levstein, Martos y Pleitavino, 2012). Tanto en Mendoza y Rosario como en la Ciudad de Buenos Aires existe más de una empresa privada operando en cada territorio. En el caso de Mendoza, dos empresas se encargan de recoger los residuos sólidos domiciliarios de la jurisdicción municipal todos los días de la semana. El servicio de recolección en Ciudad de Buenos Aires se encuentra dividido en seis zonas, una es la zona operada por el Ente de Higiene Urbana (zona testigo) y las otras zonas están a cargo de empresas privadas. El sistema de recolección comprende tanto carga manual como carga de contenedores y se realiza una vez por día, siete veces por semana, excepto en la zona céntrica de la ciudad que se recogen los residuos dos veces al día. Tanto en Rosario, Mendoza, como en Buenos Aires, la contratación del servicio privado de recolección es por cuadra limpia. Por otra parte, en Rosario la recolección de residuos domiciliarios está dividida en tres zonas, cada una de ellas es responsabilidad de empresas diferentes. Como parte del Programa Rosario Más Limpia, se municipaliza el servicio de recolección de residuos en la zona centro y avenidas de la ciudad en pos de una importante mejora en el servicio. Así, SUMAR (Servicio Urbano de Mantenimiento Ambiental Rosario), provee el servicio de recolección de residuos domiciliarios en la zona de mayor densidad poblacional con la incorporación de contenedores metálicos de carga lateral y una frecuencia diaria. Cabe destacar que Rosario, al igual que Buenos Aires pero muchos años antes, ha llevado adelante un importante proceso de conteinerización, ya en el 2012 se habían instalado más de 10.000 contenedores, aunque sólo alrededor de 600 eran para materiales reciclables. De los casos que analizamos en este artículo, Rosario ha sido la primera ciudad que ha intentado avanzar en una GIRSU que articula con una perspectiva de economía social. A través del Programa Separe, que desde 1994 impulsa la separación y la minimización de la basura a través de distintas modalidades (islas de separación en la vía pública, recolección puerta a puerta y centros de recepción en instituciones), junto con una fuerte política de educación ambiental. Así, esta mayor experiencia en el servicio de recolección diferenciada se ve reflejado no sólo en el trabajo coordinado entre el ente autárquico SUMAR y las empresas privadas de recolección con la Planta de Separación de residuos “Bella Vista”, sino también por la importante participación de recuperadores urbanos a través de cooperativas de trabajo. Estos son los encargados de recolectar, clasificar y 38

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recuperar los materiales reciclables como el papel, cartón, vidrio, metal, plástico, telas e informáticos. En los últimos años, la ciudad de Buenos Aires ha impulsado un plan gradual de recolección diferenciada que consta de una fuerte campaña de difusión. Además, se han comenzado a instalar contenedores y campanas verdes para los materiales reciclables, también se han construido cuatro centros verdes y se han fortalecido las doce cooperativas de recuperadores urbanos encargadas de recolectar y recuperar los materiales reciclables en la ciudad. Por su parte, Córdoba también posee una política de recolección diferenciada desde el año 2012 que era coordinado por el Proyecto CRESE Córdoba Recicla13 de la que participan tanto empresas privadas como el Ente municipal y cooperativas de recuperadores urbanos. Las empresas realizan la recolección domiciliaria de materiales “secos” que son trasladados a los Centros Verdes y al Centro de Reciclado CRESE, donde son separados y clasificados por los recuperadores urbanos para su posterior comercialización. De esta manera, la recuperación de residuos en los distintos sectores de la ciudad se efectúa a través de un programa de inclusión en el que participan ocho asociaciones que involucran a más de 300 personas. Con la intención por parte del municipio de ir avanzando en recolección diferenciada se podrá vislumbrar la participación dada a los recuperadores en el proceso, como la perspectiva del municipio que pareciera más favorable al sector privado que a las cooperativas de recuperadores (Levstein et al., 2012). El proyecto CRESE, al crearse el Cormecor, subsistirá con una tarea acotada al funcionamiento de los centros de separación y reciclado. El Cormecor apunta al tratamiento y disposición de residuos para la ciudad de Córdoba y la región metropolitana. Para ello se planifican 5 plantas de tratamiento (separación mecánica, neumáticos, compostaje, áridos, voluminosos valorizables).14 Cada planta está pensada para una recuperación inicial y aumentar gradualmente su capacidad, en el caso de la separación mecánica se iniciará con 350 por día y se podrá llegar a 900. En cambio, Bariloche y Mendoza cuentan con un servicio de recolección diferenciada domiciliaria específico. Por un lado, en Bariloche se está comenzando a trabajar en la recolección diferenciada por rutas a través de talleres de divulgación y concientización además de haber instalado contenedores en algunos sectores

13 Véase : http://crese.info/; http://www2.cordoba.gov.ar/portal/index.php/secretaria-de-ambiente/ crese/. Fecha de consulta, 5/11/2014. 14 Véase: http://www.lavoz.com.ar/ambiente/el-complejo-para-la-basura-se-construiria-mediadosde-2015. Fecha de consulta, 5/11/2014.

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de la ciudad para residuos secos y húmedos. Por el otro, en Mendoza a través de la Dirección de Gestión Ambiental y Desarrollo junto con el Ministerio de Ambiente y Obras Públicas, desarrolla algunos programas de recolección diferenciada y reciclado de PET, pilas, papel, aceites vegetales a través de la disposición de distintos puntos. Mientras que en Mendoza no parece haber articulación con cooperativas de recuperadores urbanos, la municipalidad de Bariloche mantiene un estrecho vínculo con la Asociación de Recicladores Bariloche (ARB), en la que trabajan alrededor de setenta recuperadores realizando actividades de reciclaje en forma de cooperativa. El municipio le otorga un subsidio mensual para gastos administrativos, insumos y elementos de seguridad personal. Si bien no realizan la recolección puerta a puerta, poseen un galpón, máquinas enfardadoras para plástico y cartón, chipeadoras, montacargas y camioneta. Tabla 4: Dos modalidades de recolección: generalizada y diferenciada Recolección generalizada

Recolección diferenciada

Córdoba

Privada Varias empresas privadas Contratación: cuadra limpia

Proyecto CRESE Córdoba Recicla Empresas + Ente + recuperadores Inicios de contenerización gradual

Mendoza

Mixta Varias empresas privadas Contratación: cuadra limpia

Programas de recolección diferenciada y reciclado de residuos puntuales. Puntos de recolección en la ciudad.

Rosario

Rosario más limpia Mixta Varias empresas privadas Contratación: cuadra limpia Conteinerización 100%

Programa SEPARE islas de separación en la vía pública, recolección puerta a puerta y centros de recepción en instituciones Ente + empresas + recuperadores

CABA

Mixta Varias empresas privadas Contratación: cuadra limpia Conteinerización gradual

Licitación de Secos a través de conteiners y puerta a puerta Recuperadores

Bariloche

Publica

Inicio de recolección diferenciada con containers para residuos secos Recuperadores

Fuente: elaboración propia.

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Incentivos para formalizar el tratamiento de residuos en detrimento de la disposición final En este último apartado consideramos brevemente cada caso en cuanto a las formas de tratamiento y disposición final, tanto formal como informal. Revisaremos primero las formas de valorización en donde el modelo principal parecieran ser las plantas de tratamiento, y luego la disposición final, viendo cómo esta particular definición de la cuestión permite o no problematizar el diseño de la gestión vigente (véase Carré et al., 2013). Como ya dijéramos, la ciudad de Rosario es una de las más avanzadas en materia de GIRSU. Respecto de las formas de tratamiento y disposición final, tanto formal como informal, presenta gestión diferenciada y alta participación de recuperadores urbanos. A su vez, se distribuyeron más de 500 contenedores para facilitar la disposición y la recolección de materiales orgánicos, papeles y cartones, y envases plásticos. Por último, fue construida una planta de transferencia y en el próximo año, se sumará una planta de compostaje. En Bariloche, se cuenta con un proyecto de armado de planta de tratamiento y cierre del basural municipal. Por un lado, se firmó una obra para la planta de tratamiento y reciclado de RSU con la empresa DEISA Desarrollo de Equipos Industriales S.A. y la instalación de un vertedero municipal a partir del apoyo del Ministerio de Turismo de la Nación financiado por el BID.15 La construcción de la planta de clasificación, será operada por la Asociación de Recicladores Bariloche. En Córdoba, se encuentran algunas experiencias en recolección diferenciada con el ya referido proyecto CRESE y plantas sociales con participación de cooperativas de recuperadores, que según Rossi et al. (2002) fue una de las primeras ya que data de 1995. La operación de los centros verdes y de recuperación de residuos en distintos sectores de la ciudad se efectúa a través de un programa de inclusión social, involucrando a diversas instituciones. En Mendoza, a través de la Dirección de Gestión Ambiental y Desarrollo y en conjunto con el Ministerio de Ambiente y Obras Públicas, y el Club de Leones de la Provincia, se encuentran desarrollando el Programa de Recolección Selectiva y Reciclado de Envases PET.16 Los mismos son recolectados por 15 La comuna está diseñando el sistema de recolección diferenciada de residuos secos y húmedos, definiendo su implementación progresiva para acompañar la apertura de la futura planta de reciclaje (Véase el artículo del 16/11/2013: http://www.prensa.argentina.ar/2013/11/16/45861-contrato-paratratamiento-de-residuos-en-bariloche.php, para acceder al contrato para tratamiento de residuos en Bariloche. Fecha de consulta, 07/12/2014). 16 En Mendoza, se pueden citar los siguientes Programas y Proyectos Ambientales: en las

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camiones municipales y enviados a una empresa que se encarga de su respectivo tratamiento. En la ciudad de Buenos Aires, el tratamiento se realiza en los Centros Verdes, en las plantas de tratamiento ubicadas en el CEAMSE y en las Plantas Sociales. En la última licitación pública se separaron los residuos secos (recolectados por recuperadores) de los húmedos (recolectados por empresas privadas/EHU). Por otra parte se planea colocar campanas en toda la ciudad y se está generando tratamiento de diversos residuos, además de los reciclables, para los áridos, poda. Esto le permitió disminuir hasta un 30% la cantidad de residuos dispuestos en CEAMSE. Al considerar la disposición final, el escenario se torna conflictivo. En todas las ciudades analizadas, la problemática de los basurales a cielo abierto es una de las más acuciantes. En Rosario, los esfuerzos se concentraron en cerrar 20 microbasurales e instalar Puntos Verdes para la recolección ordenada de los residuos. También se recuperaron espacios para el esparcimiento de los vecinos. Para la disposición final cuenta con el relleno sanitario de Ricardone que si bien hubo una leve disminución,17 los programas implementados tienen escasa incidencia en la recuperación efectiva de residuos (Geary et al., 2011). En Córdoba los residuos eran enterrados en el predio denominado Potrero del Estado, desde hace aproximadamente 30 años. Su cierre en el año 2010 generó un problema para la deposición para la ciudad y los 17 Municipios, y desde el primero de abril de 2010 los residuos se están disponiendo en el predio transitorio denominado Piedra Blanca (referido como de acotada vida útil), por decisión de la Municipalidad de Córdoba, a la vera de la Ruta Nacional 36. El pueblo de Bouwer, donde está el predio a 17 km. de la ciudad de Córdoba, está afectado por la contaminación y es fuente de fuertes conflictos sociales -con un pico a mediados de 2013-. Si bien fue preclausurado no tiene etapa de clausura y posclausura, a la vez que los residuos están siendo depositados a escasos km. de allí. Según el Informe GIRSU la disposición se plantea como “la problemática más sensible Vendimias Distritales y Acto Central Municipal se realizó una entrega de folletos destinados a generar conciencia ambiental, sobre la problemática de los Residuos Sólidos Urbano y sobre el Programa de Recolección de Pilas y Baterías; Programa de Recolección Diferenciada de Pilas y Baterías (153 puntos de recolección, se han retirado más de 3.320 Kg de pilas); Campaña para conmemorar el 5 de Junio - Día Mundial del Medio Ambiente; Programa de Reciclado del Papel de la Municipalidad. (convenio con la Fundación CONIN para la donación del residuo de papel generado en las oficinas del edificio municipal); entre otros. 17 Véase: http://www.lacapital.com.ar/la-ciudad/Rosario-envia-cada-vez-menos-basura-al-rellenosanitario-de-Ricardone-20130929-0013.html. Fecha de consulta, 06/12/2014.

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de la gestión municipal (…) Se observa que los esfuerzos implementados por la municipalidad han resultado no satisfactorios, toda vez que no se resuelve su erradicación. Entendemos que con la gestión integral de los RSU se disminuirá su generación, permitiendo paulatinamente la erradicación de los mismos.” (Informe GIRSU, 2012: 19)”. La creación del Cormecor SA creada para la gestión de los residuos con mayoría accionaria de la Municipalidad, pretende resolver la gestión integral de los residuos:se expropiarán dos sitios, uno al norte de Juárez Celman y otro a cuatro kilómetros de la localidad de Bouwer.18 El proyecto contó con la asistencia técnica de la Asociación de Residuos Sólidos y con el INTI. En Bariloche, el basural se encuentra próximo a un barrio privado Arelauquen19 y a tres barrios de sectores pobres. Si bien todos son afectados por el basural, el perjuicio mayor es para los barrios pobres por su grado de vulnerabilidad y porque el sentido del viento los afecta directamente. Los barrios pobres han desarrollado recursos de amparo, cortes de ruta, bloqueos en el acceso al basural, por otro Arelauquen ha visibilizado la acción en la prensa. En el basural comenzó en el 2002 a funcionar la Asociación de Recicladores Bariloche, 60 recuperadores que actualmente evitan el arrojo de 180 toneladas por mes. En cuanto a Mendoza, comenzará en breve la construcción de un nuevo relleno sanitario y estaciones de transferencia de residuos en la zona este de la ciudad. Hasta el momento, los mismos son trasladados al relleno sanitario El Borbollón, en General Las Heras, operado por la empresa LIME S.A.20 Antes de 18 Véase el detalle del conflicto em: http://communitycba.com.ar/el-problema-de-la-basuraen-bower/ y http://bouwersinbasura.blogspot.com.ar/ para el estado de la cuestión hoy. El caso tuvo gran repercusión, y tanto los habitantes como investigadores de instituciones internacionales afirman que la concentración de basura presente -más de 12 millones de toneladas- ya resulta en una población contaminada, a la que se sigue afectando con lo que se descarga en Piedra Blanca, a escasa distancia de Bouwer y del antiguo vertedero. Según el diario La Voz del Interior de junio de este año, “La ley provincial de ambiente Nº 10.208, aprobada en medio de graves disturbios el miércoles pasado, establece que las instalaciones de tratamiento y destino final de residuos domiciliarios con capacidad de recibir basura de más de 100 mil habitantes estarán sujetas de manera obligatoria a la evaluación de impacto ambiental. Ese proceso incluye un estudio de impacto ambiental y una audiencia pública obligatoria, previo al otorgamiento de la las autorizaciones por parte del Ministerio de Agua, Ambiente y Servicios Públicos provincial.” (http://www.lavoz.com.ar/politica/ bouwer-impulsaran-consulta-popular). En este contexto, Cormecor busca resolver la localización del predio que reemplazará a Piedra Blanca antes de fin de año. 19 Respecto a Arelauquen es un desarrollo de Burko internacional que tiene más de 700 hectáreas. Se encuentra ubicado sobre el lago Gutiérrez, al sudoeste del casco urbano, está entre la ladera sur del cerro Otto y la ruta nacional 40 sur (ex 258; ruta que une a Bariloche con El Bolsón). 20 Sólo entre el 2001 y 2004 los residuos de la capital se dispusieron en el basural municipal de Guaymallén.

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la operación privada era un basural municipal. El relleno sanitario está ubicado próximo a barrios de pobres que se dedican en su gran mayoría a la clasificación de residuos. En Las Heras, se activaron protestas sociales de vecinos por la incineración de residuos patogénicos y farmacéuticos que lograron en alianza con una fundación interponer acciones de amparo colectivo solicitando la finalización de las incineraciones.21 A partir de esto la Justicia, ordenó la clausura de los hornos de incineración, y se inauguró la planta de tratamiento de residuos patogénicos en 2011, luego de 10 años de lucha. Esto evidencia la fuerte relegación que tienen determinados territorios en el ordenamiento. Según un estudio de la Universidad Tecnológica Nacional, se considera que se depositan allí son parcialmente controlados, en contraste con los que se tratan en la planta de Maipú, catalogados como totalmente controlados.22 En la ciudad de Buenos Aires, se generó un conflicto con la Provincia de Buenos Aires por la disposición en el relleno sanitario de CEAMSE. Esto obligó por un lado a acelerar los procesos de minimización y tratamiento de RSU y por otro a pagar un canon más alto al CEAMSE como compensación. La vida útil del relleno sanitario Norte III está llegando a su fin y el hecho de disponer en otro territorio incentivo a la disminución de los residuos. Conclusiones Las ciudades analizadas en este artículo, si bien heterogéneas, permiten ilustrar cómo es implementada la gestión integrada de residuos en Argentina, sobre cómo se están gestionando las 9300 toneladas diarias aprox. de residuos generadas en estas cinco localidades. Es importante destacar la dificultad de acceso a información pública relevante para conocer la gestión integral de residuos sólidos urbanos, las ciudades presen21 Véase: http://www.elsol.com.ar/nota/86787/provincia/capital-restringio-el-uso-del-crematoriopor-una-protesta.html. Fecha de consulta, 5/11/2014. 22 “Hay un acuerdo preliminar para formar el consorcio del Gran Mendoza y Lavalle que se firmó entre el gobernador y los intendentes, a partir de eso estamos trabajando en una propuesta técnica que si todo sale bien podrá concretarse en 2014 (…) Para que el sistema funcione se utilizará la planta de Maipú, el relleno controlado de Las Heras y además se invertirá en infraestructura 30 millones que son parte de un préstamos del Banco Interamericano de Desarrollo (BID) que gestionó la nación por un total de 150 millones. La idea también es cerrar los tres vaciaderos a cielo abierto que quedan en la zona Puente de Hierro en Guaymallén, El pozo en Godoy Cruz y Campo Cacheuta en Luján de Cuyo.” Disponbile en: http://archivo.losandes.com.ar/notas/2013/10/21/ basura-gran-mendoza-cuesta-50.000-745567.asp. Fecha de consulta, 06/12/2014.

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tan diversos grados de transparencia en la información. Por un lado podría ser un indicador de cómo se gestiona y el grado de participación público-privada en el modelo de trabajo, por otro la escasa información en determinadas ciudades genera una alta incertidumbre sobre lo implementado en cada territorio. Existe un gran dinamismo en la gestión de residuos que apunta a disminuir el impacto ambiental, valorizar los residuos y a formalizar los circuitos de recuperadores urbanos. La emergencia de la gestión de residuos en estas ciudades tiene características comunes que debemos considerar: la existencia de planes de gestión apoyados por diversos niveles de gobierno, la creación de plantas de tratamiento y de remediación de basurales, la presencia de recuperadores generando valor en el residuo y las protestas sociales de comunidades próximas a sitios de disposición final. Por otro, se generan avances legislativos en distintos niveles de gobierno que plantean una presión relativa sobre la gestión local. Si bien se evidencia que el tema se encuentra en la agenda de gobierno, los gobiernos locales no cuentan con los recursos financieros, técnicos para hacer frente al cambio y precisan de datos concretos para realizar una planificación estratégica local. Máxime teniendo en cuenta que la gestión de residuos se ha convertido en los últimos años en la punta de lanza de la agenda ambiental. La delegación de funciones en los municipios si bien genera competencias, en el caso de la GIRSU no estuvo acompañada por la transferencia de recursos materiales, económicos y técnicos necesarios para desempeñarla (Gutiérrez, 2012) por lo que la capacidad municipal se encuentra limitada. Los diseños sostenidos en los planes GIRSU presentan amplias dificultades para ser implementados. La formalización del recupero y reciclaje de residuos en la GIRSU pareciera mucho más complejo que la construcción de una planta, sin considerar la obligación de obtener resultados concretos en la minimización de residuos. Las plantas se presentan como imagen del ambientalismo por parte del sistema financiero internacional. Este financiamiento internacional requiere de una fuerte adaptación a modelos argentinos de GIRSU, como es el caso de los recuperadores. Esto nos permite cuestionarnos si existe un modelo o modelos de GIRSU argentino. Sin intenciones de responder a esto taxativamente, vemos características como la presencia de recuperadores organizados y un servicio de recolección sistemático en todas las ciudades. Si bien las R y los tratamientos van ganando espacio en el ciclo de los residuos, en los incentivos, en las políticas concretas aun pelean con el cortoplacismo de la gestión. Estas miradas cortoplacistas ponen en tensión dos paradigmas: por un lado el ambientalismo que apunta a la recuperación, por el otro el higienismo como estrategia de limpieza diaria de la ciudad (Shammah, 2014).

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En cada ciudad se desarrollaron distintas políticas públicas, ya sea por los diferentes contextos socio-económicos, por las distintas trayectorias en la gestión ambiental, por la modalidad particular con la que se articulan los vínculos entre el sector público y privado. El sector privado ve aumentada su participación con esta nueva GIRSU, asumiendo mayor eficiencia y generando inversión que no es realizada por el Estado. No sólo recolectan, operan rellenos sanitarios, reciclan residuos, sino también que en muchos casos desarrollan las plantas de tratamiento. Así, se dan costos ambientales que no son internalizados por estos actores, como la total cobertura de la recolección, avances tecnológicos, etcétera, a la vez que el Estado no exige que así sea (Acurio, Rossin, Teixeira y Zepeda, 1997). En este sentido, los niveles de discusión sostenidos por el Estado van por vías diferentes: con los empresarios, se plantea la problemática de la inversión y las tecnologías limpias; con los recuperadores, la formalización del proceso y el grado de apoyo. Y siguiendo esta línea de prevalecer el interés privado, la GIRSU ha dejado por fuera la definición sobre la generación de residuos con una pendiente ley de envases. Sin duda, esta ley afectaría a los intereses de las grandes empresas, planteando un cambio a nivel de los grandes generadores, transformando a su vez la perspectiva de desarrollo que sostiene al modelo productivo basado en el consumo compensatorio (Scribano y De Sena, 2014). En este panorama, la existencia de cooperativas tampoco garantiza la inclusión real en la cadena de valorización del residuo, viendo la operación de ciertas fantasías en el nivel de hacerlos visibles ocultando su antagonismo de fondo: si bien se formaliza la participación de los recuperadores hasta cierto punto (y en consonancia con las numerosas regulaciones en esta dirección), esto no se materializa en mejoras generalizadas de las ganancias de los trabajadores y en sus condiciones laborales. Finalmente, la discusión de fondo se plantea a nivel de lo urbano como problemática, y la externalización de su pasivo ambiental a nivel de sus conurbaciones. Se debe retomar la pregunta sobre qué lugar le cabe al municipio en la planificación estratégica de la gestión de los residuos, y cómo las “buenas prácticas” cambian el paradigma, u operan como un cambio superficial. No se visualiza una disminución masiva del volumen de residuos dispuestos en los rellenos, los basurales persisten como problemática y a pesar de la formalización creciente de los recuperadores, no tienen la incidencia de los privados en las tomas de decisiones de más largo alcance.

Políticas y prácticas en torno a la gestión de los RSU

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Líderes, residuos y lugares: Reflexiones sobre la gubernamentalidad global del reciclaje desde la experiencia de una cooperativa de cartoneros de La Matanza Santiago Sorroche Introducción A fines del año 2007 comencé a llevar adelante mi trabajo de campo en una cooperativa de cartoneros del partido de La Matanza.1 La misma fue impulsada por ex-referentes de la Federación de Tierra y Vivienda (FTV), nucleando a desocupados y desocupadas del barrio de San Alberto, en la localidad de Isidro Casanova. A poco de comenzar mi trabajo de campo, quedé fuertemente impresionado por los viajes que realizaba Luciano,2 presidente de la cooperativa, a diferentes lugares de América y del mundo. Era invitado por una ONG (Organización No Gubernamental) a viajar a Italia para contar su experiencia, participaba de encuentros de organizaciones cartoneras en Bogotá, y en diferentes puntos del Brasil. Mantenía en esos espacios discusiones con cartoneros de todo el continente, quienes más tarde lo invitaban a participar en encuentros en sus propios países, como Chile o Perú. Pero lo que me sorprendía aún más, era la constante referencia a un viaje a Belo Horizonte,3 donde había conocido la experiencia de la recolección diferenciada, o coleta seletiva como era llamada en Brasil. Tras el retorno del viaje, y habiendo visto la experiencia brasilera, Luciano propone al resto de la cooperativa instaurar un programa de recolección diferenciada en la localidad vecina de Aldo Bonzi.

1 El partido de La Matanza se ubica al oeste de la provincia de Buenos Aires. Su población de 1,775,816 hab., representa el 13.9% del total de los habitantes de la Región Metropolitana de Buenos Aires. De la población total del partido la población femenina es de 909.126 habitantes, mientras que la masculina es de 866.690 hab. Por su parte, la localidad de Isidro Casanova, donde se encuentra la cooperativa, cuenta con 186 000 habitantes. Mientras que el analfabetismo en el distrito llega al 2,2%, y la población con NBI -Necesidades Básicas Insatisfechas- en el partido llegan al 12% (INDEC, 2010). 2 Los nombres de las personas han sido cambiados para mantener su confidencialidad. 3 Fue la participación en el cuarto encuentro “Lixo e Cidadanía” organizado en Belo Horizonte, Minas Gerais.

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Bajo esta inspiración, en el año 2006 lanzaron, contando con el apoyo del programa “Reciclando Valores” del ministerio de la Producción de la Provincia de Buenos Aires y del Instituto Municipal de Desarrollo Económico y Social (IMDES) del municipio de La Matanza, el programa de recolección diferenciada “Reciclando Basura, Recuperamos Trabajo”. Un año más tarde, en 2007, y tras la constatación de que la experiencia había logrado reducir un 13% de los residuos producidos en la localidad, el mismo fue relanzado contando esta vez con la presencia de las autoridades municipales. El éxito alcanzado por el programa posibilitó, al mismo tiempo, que funcionarios municipales que apoyaron su puesta en marcha, desde el IMDES, sean nombrados en la recién creada Secretaría de Ambiente municipal. En este trabajo nos interesa, entonces, profundizar en estas vinculaciones con otras experiencias que posibilitan la circulación de ideas, proyectos y personas, a diferencia de otros trabajos en la literatura que han focalizado en la circulación de materiales reciclables a escala global, principalmente materias primas recuperadas en el sur que vuelven al norte para reingresar al circuito productivo (Crang, Hughes, Gregson, Norris y Ahamed, 2013). Me propongo, como señalé más arriba, un aspecto escasamente explorado en estos flujos globales el cual tiene que ver con la circulación de referentes y líderes de organizaciones de recuperadores y recicladores en las redes de activismo transnacional dinamizadas por ONGs. En función de lo señalado, seguiré el enfoque de la economía política en antropología, desarrollando un análisis que pondera el carácter multidireccional de estas conexiones (Wolf, 2005). En esta línea, se evidencia cómo aquellas prácticas aprehendidas en el ámbito transnacional resultan reconfiguradas en el espacio local en razón de las particularidades especificas (tales como leyes y regulaciones, disputas políticas y, en este caso particular, sistemas de gestión de residuos) del territorio donde son desplegadas. Partiendo de un trabajo de campo extendido en una cooperativa de cartoneros del Gran Buenos Aires, fundadora y activa participante de la Red Latinoamericana de Recicladores (RED LACRE), realizaré una reflexión sobre el modo en el que esta participación en arenas globales fue modelando la labor cotidiana, situada localmente, de la cooperativa. Es importante señalar que la puesta en marcha del servicio de recolección diferenciada, que como mostré anteriormente surgió inspirado por la práctica y experiencia brasilera, llevó a que la cooperativa reformulara la propuesta original conformando una demanda en torno al reconocimiento de su trabajo como un servicio público, que debe ser pagado por el Estado. 52

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En este sentido, la propuesta es mostrar cómo las prácticas que, en general, la literatura ha mostrado como meramente locales (siendo, sin embargo, éste el ámbito donde adquieren sus características particulares), son re-significadas en espacios globales, permitiendo que la cooperativa obtenga reconocimiento tanto por parte de los otros miembros de la red, como también de agentes estatales, técnicos de ONGs y funcionarios de organismos multilaterales. Me parece central, igualmente, mostrar cómo la participación en estos espacios tensiona, hacia el interior de la cooperativa, el trabajo cotidiano de la misma, haciendo necesario que se redefinan los roles y actividades particulares hacia dentro de la cooperativa en función tanto de subsanar la falta de quien debe partir a los encuentros como para facilitar la participación en los mismos. En este trabajo, entonces, me propongo centrar en estas instancias de encuentro y discusión, al mismo tiempo que daremos cuenta de las dificultades que la participación en los mismos genera hacia el interior de la cooperativa, enfatizando cómo estas conexiones imprimen diversas particularidades a la dinámica de trabajo, organización y construcción política. En primer lugar desarrollaré un pequeño estado de la cuestión referido a los flujos transnacionales, tanto de objetos como de personas y prácticas políticas, para a continuación desplegar algunos conceptos que serán de utilidad en el desarrollo de este trabajo. En segundo lugar, desarrollaré las implicancias de la Red LACRE junto con las vinculaciones y recuperaciones que se producen por parte de la cooperativa a nivel local, como las dificultades que se presentan al interior de la cooperativa para poder asegurar su funcionamiento y la participación en estas instancias. Finalmente, en las conclusiones, discutiré algunas ideas que considero centrales para un trabajo que intente analizar las conexiones que se establecen entre el ámbito global y el local, y viceversa. Flujos trasnacionales La literatura relacionada al tema de flujos transnacionales vinculados al reciclado se ha centrado en los flujos de mercancías o productos reutilizados desde el norte hacia el sur o viceversa en el caso de productos recuperados que vuelven como materia prima. Por un lado, estos flujos se orientan desde los países desarrollados hacia los países asiáticos de residuos electrónicos (Tong y Wang, 2012) principalmente, y otros productos como ropa de segunda mano o barcos para su reconversión (Crang et. al., 2013). Por el otro lado, también se observan flujos de materias primas recuperadas para que sean reutilizadas en los procesos produc-

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tivos. Uno de los casos es el envío de plásticos hacia las fábricas de fibras textiles derivadas de estos productos. En este trabajo, como señalé en la Introducción, me interesa centrarme en otros flujos: los de ideas, personas y recursos. En lo que refiere a las organizaciones cartoneras y su vinculación trasnacional, y siguiendo el caso de la Red LACRE en particular se encuentra el trabajo de Fernández Gabard (2011). La autora ha señalado la importancia de una organización que traspase las fronteras nacionales para, de manera conjunta, articular la lucha política por el reconocimiento de la actividad. Sin embargo, su trabajo no indaga sobre quiénes participan y circulan en estos espacios, como tampoco da cuenta del impacto de la red a nivel local. El aumento creciente de activismo4 a nivel internacional y la conformación de redes desde esta participación, hicieron que desde todas las ramas de las ciencias sociales se comenzara a prestar mayor atención a estos movimientos que traspasaban las fronteras de los estados nación. El levantamiento zapatista en Chiapas en el año 1994 marcó, como ha señalado Nash (2006), un quiebre en las organizaciones, las cuales empezaron a considerar las vinculaciones allende de las fronteras nacionales como una parte necesaria y primordial en la organización y mantenimiento de las mismas. La necesidad de establecer vínculos con otros rincones del planeta se ha hecho cada vez más fuerte en un mundo donde la globalización avanza sobre las diferentes geografías. Si bien, como señalé, en las ciencias sociales en general este tema ha sido ampliamente desarrollado, en función de este trabajo nos centraremos en los aportes que ha brindado la Antropología al estudio de la participación de militantes sociales en espacios trasnacionales. Dentro de este marco, podemos entonces desatacar el trabajo de Albro (2005) quien analizó lo que da en llamar “activismo internacional”, siguiendo a un líder de la guerra por el agua en Cochabamba (Bolivia), destacó las características que posibilitaron y magnificaron su incidencia internacional. Por su parte, los trabajos de Edelman (1998, 2007) se han centrado en la conformación y funcionamiento de movimientos campesinos trasnacionales, especialmente en Centroamérica (como el caso de la Vía Campesina), analizando tanto las potencialidades como sus debilidades. 4 He decidido mantener el término activismo frente a otros como militancia o participación política, para poder enmarcarlo dentro de la discusión que se desarrolla en las ciencias sociales y que hablan de activismo transnacional.

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El trabajo de Edelman (2001) analiza en profundidad a los movimientos sociales y las implicancias que para estos tiene la participación en espacios de vinculación trasnacionales, para lo cual realiza un exhaustivo e interesante relevamiento de los trabajos académicos que se ocupan de la cuestión. La centralidad de su trabajo es dar cuenta de organizaciones que él denomina, “globalización desde abajo”.5 El autor recupera este concepto introducido por Falk (1993) “… para referir a una sociedad civil global que conecta ‘fuerzas sociales trasnacionales animadas por preocupaciones ambientales, derechos humanos, hostilidad al patriarcado, y la visión de una comunidad humana basada en la unidad de las diversas culturas buscando darle fin a la pobreza, la opresión, la humillación y la violencia colectiva’”6 (Edelman, 2001: 304). La “globalización desde abajo” entonces, se contrapone a una “globalización impuesta desde arriba”, organizada por los estados nación o los organismos internacionales. Por otra parte, Engle Merry (1997, 2005) analizó cómo los movimientos locales en contra de la violencia de género han recuperado planteos de organizaciones internacionales para, a nivel local, generar legislación como también apoyo y contención para las víctimas. Sin embargo, tal como señala la autora, existen dificultades y tensiones que se producen al momento de la aplicación de los conceptos globales en los espacios locales. En este sentido, señala la falta de mediación por parte de los Estados o agencias estatales en el empleo de estos conceptos globales. Sin embargo, no dan cuenta de las especificidades de las localidades donde son desplegados. Al mismo tiempo remarca, y me parece interesante recuperar, la importancia de los estudios etnográficos, ya que estos permiten “…examinar cómo los discursos globales de los derechos son apropiados en las localidades locales y cómo estos discursos globales son en sí mismos construidos desde las peleas locales” (Engle Merry, 1997: 249). Kumarini (2010) por su parte, ha analizado una organización norteamericana que apoya el desarrollo de la India. Fundada por Indios, o hijos de migrantes, que viven en los Estados Unidos, esta organización recauda fondos en Norteamérica y los utiliza en programas de desarrollo en la India. Muchos de sus integrantes son segunda generación de migrantes, por lo tanto no conocen la tierra de sus 5 Appadurai (2000) ha recuperado esta idea, para ver cómo es que “los pobres y quienes los apoyan (…) responden, interrogan y dan vuelta estos postulados”. Aquí el autor retoma la noción de “globalización desde abajo” proponiendo también el uso del término “globalización de las organizaciones de base”. De estas organizaciones, va a señalar Appadurai, “…las más reconocibles son las ONG (…) quienes movilizan grupos locales, nacionales o regionales altamente específicos” (15). 6 Todas las citas, cuyo original está escrito en inglés, corresponden a una traducción propia.

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padres, por lo que se generan diferentes interpretaciones de la situación india, centrándose entonces en la construcción de identidad de quienes participan en esta organización. Maiba (2005) analizó, siguiendo dos grupos (uno en Chicago y otro en Berlín) integrantes de una organización internacional (PeopleGlobalAction). Señala que lo que distingue a los movimientos transnacionales actuales de sus precursores históricos son las capacidades intensificadas de cooperar y coordinar actividades de los movimientos más allá de las fronteras nacionales. Una escena activista dispersa geográficamente se ha vuelto una fuerza que disputa vis a vis con las estructuras de poder al poner en simultáneo, y concertados, eventos de protesta (41). El autor concluye que los investigadores deben entender los procesos por los cuales los movimientos movilizan y coordinan sus actividades, teniendo en consideración que son organizados desde redes informales. Solo es necesaria una organización rudimentaria para poder llevar adelante las redes. Es importante rescatar el señalamiento de Maiba (2005) en tanto que “…el activismo local no es solo contingente en las inmediatas circunstancias locales y nacionales sino que también impactan en las trasnacionales. Los estudios empíricos muestran que los eventos locales son influenciados por factores que trascienden las fronteras nacionales a través de los esfuerzos cooperativos y concertados de los activistas transnacionalmente vinculados” (61). Por su parte, Sassen (2003), analiza los flujos de mujeres más allá de las fronteras –centrándose en lo que la autora denomina economía sumergida, donde se obtienen beneficios a costa de los que se encuentran en las situaciones más desventajosas-, dando el nombre de contrageografías de la globalización. “Estas contrageografías están profundamente imbricadas con algunas de las principales dinámicas constitutivas de la globalización: la formación de mercados globales, la intensificación de redes transnacionales y translocales y el desarrollo de tecnologías de la comunicación que eluden fácilmente las prácticas convencionales de control” (41). Al mismo tiempo, “Estas contrageografías son dinámicas y cambiantes en sus características de emplazamiento: en algún sentido son parte de la economía sumergida, pero también es evidente que utilizan la infraestructura institucional de la economía regular.” (42). En función de analizar estos aspectos la autora se centra en lo que ha dado en llamar “feminización de la supervivencia” (44).

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Estos trabajos han dado cuenta de la centralidad que adquieren las redes y organizaciones transnacionales en la lucha por el reconocimiento de los derechos y la capacidad de poder incidir en los planteamientos y ejecución de políticas globales. También han mostrado la manera en que han sido desplegados diferentes proyectos globales en espacios locales. Si bien han dado cuenta cómo los planteos originados en espacios transnacionales son reformulados en los espacios locales, han prestado menos atención al proceso por el cual prácticas locales terminan incidiendo en lo trasnacional. Consideraciones teóricas He decidido utilizar el término transnacional para referirme a estas redes siguiendo la definición que del término hacen Portes, Guarnizo y Landolt (2003): “…a ocupaciones y actividades que requieren de contactos sociales habituales y sostenidos a través de las fronteras nacionales para su ejecución” (18).7 Si bien los autores se refieren a los vínculos que se establecen entre migrantes y sus comunidades de origen considero que es posible, e incluso necesario, ampliar esta definición al caso de las redes de activismo, para de esta manera contar con una concepción que nos permita analizarlas en mayor profundidad. En función de aproximarme a estas vinculaciones trasnacionales recuperaré el trabajo de Tsing (2005), cuyo caso de investigación se centra en la explotación de los bosques indonesios. Para mostrar cómo las conexiones globales adquieren vida, la autora utiliza el concepto de fricción que se produce en estos encuentros de escala global. Las fricciones (cuyas cualidades pueden ser: el considerarlas como incómodas, desiguales, inestables y creativas), son interacciones donde continuamente se coproducen las culturas; son las cualidades de la interconexión a través de la diferencia. “El concepto de fricción nos recuerda que los encuentros heterogéneos y desiguales nos pueden llevar a nuevos arreglos de cultura y de poder” (5). La idea de fricción, según Tsing, da cuenta de la importancia de la interacción en definir los movimientos, las formas culturales y la agencia de quienes participan, “lo que nos facilitan es también la estructura a la que nos confinan” (6). De esta 7 Al mismo tiempo, y me parece importante señalar en concordancia con los trabajos reseñados más arriba, señalan dos tipos de transnacionalismo. El que se produce “desde arriba”, el cual es llevado a cabo por actores institucionales poderosos (corporaciones, Estados) y el “desde abajo” que son iniciativas populares llevadas a cabo por los inmigrantes y sus contrapartes en sus países de origen. El caso de la Red LACRE puede entenderse entonces como un caso de transnacionalismo “desde abajo”.

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manera, el concepto nos permite ver cómo se producen estas apropiaciones de diferentes matices (ideas, proyectos, conceptos entre otros) en espacios locales, en diferentes contextos. Si bien su trabajo está centrado en la producción cultural, creo que puede sernos de utilidad para poder ver cómo se llevan adelante los intercambios que pueden ser desde diferentes ideas y concepciones hasta propuestas de trabajo. Sin embargo, como lo desarrollo a continuación, considero necesario siguiendo el planteo de Wolf (2005), considerar a estas fricciones como resultado de conexiones, es decir, como fuerzas que actúan sobre espacios locales.8 El trabajo de campo mostró que entre ambos ámbitos se establece una relación mutua, cuestión que desde la Antropología, y dentro de ella la economía política en particular, ya ha dado cuenta. Aquí recupero lo señalado por Mintz (1996) sobre la región del Caribe, ya que sus habitantes han estado involucrados en un mundo más amplio, dado que desde 1492 esta zona se vio atrapada en redes de control imperial. En este sentido, Mintz considera que cualquiera que trabaje en la región se vería inclinado a considerar esas redes de control y dependencia desde el punto de vista del Caribe, es decir, desde abajo y hacia fuera, partiendo de la vida local, más que desde arriba y hacia adentro. Pero esta visión desde el interior tiene algunas de las desventajas que tiene el mirar desde afuera. Cualquier visión que excluya el lazo entre la metrópoli y la colonia, al escoger uno de los dos, ignorando la otra, es necesariamente incompleta. Lo mismo sucede si no se toman en cuenta los planteos de Mintz en relación al estudio de las cuestiones sobre lo global y lo local. Si se considera, únicamente, que lo que se desarrolla en el espacio global se despliega en el espacio local, sin ver qué sucede en este último, estamos perdiendo las propias apropiaciones y resignificaciones que se producen en los territorios que investigamos. Recupero entonces el concepto de conexiones (Wolf, 2005), el cual será central en el desarrollo de este capítulo. La Red Latinoamericana de Recicladores Como ha señalado Edelman (2005) lo que se puede ver en los últimos veinte años “…es el auge de movimientos sociales que luchan (o aspiran a luchar) dentro de sus países y simultáneamente con aliados de otros países a nivel internacional” (4). Al participar de estos espacios buscan “ganar fuerza de: 1) un acceso mejorado a la información, 2) solidaridad internacional, 3) acceso a recursos materiales, 4) 8 Para un desarrollo más amplio del planteo de Wolf en nuestra investigación ver Sorroche (2012a).

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un repertorio expandido de opciones estratégicas y tácticas, y 5) una correlación entre sus reivindicaciones de carácter global y sus campañas de presión contra las instituciones multilaterales en cuyas políticas buscan incidir” (5). Si bien Edelman se refiere a la Vía Campesina, el caso de las organizaciones cartoneras no escapa a este fenómeno. Es así que, primero a nivel sudamericano para luego expandirse a toda América Latina, en el año 2008 se conformó la Red Latinoamericana y del Caribe de Recicladores (Red LACRE). La misma tuvo un largo proceso de conformación a través de una serie de encuentros,9 realizados en diferentes puntos de Brasil y en Colombia. La dinámica de los mismos consiste en la realización de talleres que finalizan en reuniones plenarias donde se establecen los puntos de acuerdo alcanzados que luego se publican en las “cartas” y “declaraciones”.10 El primer Congreso Latinoamericano de Recicladores se llevó a cabo en Caixas do Sul (Brasil) en el año 2003 y fue organizado por el Movimiento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). La “carta” elaborada a partir de los acuerdos en este encuentro consta de 18 puntos, entre los que se destacaron una serie de reivindicaciones que apuntaron a: promover la organización de los cartoneros; fomentar la vinculación a nivel continental; rechazar la privatización del sector; luchar por la instauración de sistemas de recolección diferenciada llevados adelante por cartoneros; articular con otros movimientos sociales para garantizar la aprobación de leyes y políticas públicas que favorezcan la actividad del sector (Carta de Caixas do Sul, 2003). Este encuentro fue la base desde la cual se diagramó el segundo, llevado a cabo en el año 2005 en São Leopoldo (Brasil), que continuó y amplió las líneas establecidas en el primero, destacándose las siguientes reivindicaciones: conquistar políticas públicas que sean planeadas y ejecutadas con la participación de las organizaciones de recicladores; exigir el financiamiento para el montaje o mejora de la infraestructura de los emprendimientos; continuar con el fortalecimiento de la articulación de los recicladores en América Lati9 Los principales encuentros que posibilitaron la conformación de la Red LACRE fueron los congresos latinoamericanos que se llevaron a cabo en Brasil (2003 y 2005) y Colombia (2008). Las/os integrantes de la Red reconocen como antecedente el 4to foro “lixo e cidadania” (2004), en la que como señalé anteriormente participó la Cooperativa, en la ciudad de Belo Horizonte. La participación de delegaciones de varios países en este encuentro permitió iniciar un proceso de intercambio de experiencias que visibilizaron la necesidad de generar un espacio común de discusión y trabajo. 10 Es importante señalar que previamente a los encuentros se desarrollaron “reuniones de articulación” presenciales y virtuales para su preparación.

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na y apoyar el crecimiento de las organizaciones en cada país (Carta de São Leopoldo, 2005). La incipiente articulación latinoamericana y la vinculación con organizaciones de otros continentes llevaron a la realización del Tercer Congreso Latinoamericano y el Primer Congreso Mundial de Recicladores. Llevado a cabo en Bogotá (Colombia) en el año 2008, fue allí donde se lanzó la Red y se establecieron los principales puntos que guiarían su accionar. En uno de los puntos en los que se diferencia de las anteriores declaraciones exigen “…a los poderes públicos y a los gobiernos que en la contratación del servicio de aseo, estos prioricen a las organizaciones de recicladores dando las condiciones para su efectiva inclusión, mediante el desarrollo de acciones económicas, sociales y ambientales que concreticen acciones afirmativas” (Carta de Bogotá, 2008). Los encuentros siguieron sucediendo, en Brasil, Chile, Colombia, Perú y Nicaragua, y los integrantes de la Red LACRE también han participado de la Expo Catadores, reunión anual del MNCR. Como resultado de estos encuentros, la red se fue fortaleciendo como un espacio legítimo de intercambio, formación y trabajo entre diferentes organizaciones del continente. Este proceso de articulación debe comprenderse teniendo en cuenta la acción de ONGs internacionales, principalmente la fundación AVINA y WIEGO (Women in Informal Employment: Globalizing and Organizing), que financiaron tanto la organización de los encuentros como los viajes y viáticos de sus participantes. En particular cabe señalar que en el año 2008, la red se constituyó en “beneficiaria” de un fondo para el desarrollo de proyectos de sus integrantes, financiado por la fundación Bill y Melinda Gates.11 La obtención de este fondo es sin duda una conquista para las organizaciones que participan de la red que permite “promover a los emprendimientos y movimientos” y financiar “proyectos” de las organizaciones que forman parte de la red a nivel local. Como señala Edelman (2007), [l]as organizaciones populares que sirven o representan a sectores económicamente marginales han empleado fondos del exterior para abrir y mantener oficinas, expandir programas de todo tipo, realizar actividades 11 El fondo consta de 5 millones de dólares y tiene una duración de 5 años. El mismo es administrado por la fundación AVINA. El fin de estos fondos es para la promoción de los emprendimientos y para el fortalecimiento y conformación de los movimientos nacionales que forman parte de la misma. Las diferentes organizaciones que forman parte de la red deben presentar proyectos para poder acceder al financiamiento.

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de cabildeo y de presión política, elevar sus perfiles en los ámbitos nacional e internacional, y lograr una legitimidad política sin precedentes debido al apoyo y a las conexiones de sus aliados extranjeros. Toda esta actividad a menudo tiene un impacto positivo y apreciable (6). No hay que olvidar que estas redes “…son proyectos políticos, no empresas lucrativas…” (Edelman, 1998: 32), lo que hace necesarias estas fuentes para financiar los viajes, encuentros y otras necesidades de la Red LACRE. Pero también estos fondos están orientados a fortalecer experiencias locales. En este marco la cooperativa ha sido beneficiada con el otorgamiento de fondos, previa presentación de un proyecto, para la fabricación de maquinarias específicas para la actividad, o como lo denominan ellos mismos el desarrollo de “tecnología cartonera aplicada”.12 Mientras que los destinados al desarrollo y apoyo de los movimientos nacionales están orientados a la realización de encuentros tendientes a la creación del movimiento, dado que Argentina es el único miembro fundador de la red que no cuenta con uno consolidado. Pero no son únicamente recursos materiales, también se adquiere prestigio y reconocimiento, poniendo en evidencia lógicas diferenciales que permiten mejorar las condiciones del emprendimiento. Por un lado, la participación en la red posibilita la vinculación con diversas ONGs, y por lo tanto, el acceso a proyectos y subsidios, “ayudas” como son llamados por la cooperativa. Por el otro lado, la participación en los espacios, otorgan tanto reconocimiento como respaldo internacional (de ONGs u otras organizaciones a través del trabajo conjunto), lo que permite a la cooperativa constituirse en un interlocutor válido, tanto con las diferentes agencias estatales como con medios de comunicación. Yendo de viaje Una tarde de octubre me llama Luciano y me pregunta si puedo ir a la mañana siguiente. Se va a ir de viaje y quiere que lo ayude a organizar algunas cosas. Esta vez tiene que ir a Canadá a presentar la experiencia de la cooperativa en un foro sobre economía social. Dos meses antes lo 12 El mismo constaba del desarrollo y optimización de maquinaria para el trabajo con los materiales recuperados, es decir de post-consumo. Para más información sobre el desarrollo de tecnología específica por parte de la cooperativa, véase Barbaro (2012) y Carenzo (2014).

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ayudé con los trámites necesarios para obtener la visa, la mayoría de los requerimientos y formularios estaban en inglés y me ofrecí a ayudarlo. La visa le fue otorgada y ya estaba todo listo para el viaje. A la mañana siguiente llegué temprano a su casa. Al mediodía él debía partir para el aeropuerto. Al llegar a su casa está su hijo, Ernesto, quien también trabaja en la cooperativa. Están arreglando números que se debe pagar durante el tiempo que no esté él, qué impuestos y servicios vencen, qué trámites hay que hacer. Mientras tanto, su hija, un poco más de 10 años menor que Ernesto está organizando sus cosas, pasará los siguientes días en lo de su madre. Me preguntan si puedo acompañarlo a una visita a una fábrica que quiere comenzar un servicio de recolección diferenciada con la cooperativa. Les digo que no hay ningún problema, que Ernesto me avise una vez que la reunión sea combinada y lo acompañaré. Mientras tanto Luciano va armando la valija, me cuenta que ésa la compró en Italia. No es el primer viaje que hace al exterior, ya ha conocido varios lugares de América Latina y ha estado en Europa: en Italia, en Francia y en Dinamarca. Está muy emocionado con el viaje, “no sé por qué pero siempre de chico quería conocer dos lugares, Canadá y Rusia, no puedo creer que se me dé poder conocer Canadá”. Nos reímos los tres mientras nos cuenta esto. Finalmente su hija termina su bolso y se va. Se despiden y promete que la llamará todos los días. Se lleva una bolsa que Luciano preparó con la comida que había en la heladera. Luego llama a un remis para las 2 de la tarde. Le da indicaciones a Ernesto, quien sale al galpón a llevar unas cosas. Cuando sale Luciano me dice: “es un quilombo organizar todo esto, cuando me voy tengo que dejar un montón de cosas listas, las que me encargo yo. Tengo que dejar bien preparadas las cosas que hay que pagar, adonde hay que ir.” Le pregunto por el encuentro. Me dice que está emocionado con ir, que ya preparó todo. “Y, ir hay que ir, pero la verdad que es un quilombo”. Me vuelve a decir como unos días antes. Mientras tanto sigue armando su valija. “Esta la compré en Italia, la primera vez que fui para allá”. Me cuenta que los viajes le gustan mucho porque le permite conocer otros lugares y como allí se gestionan los residuos. “Después no me pueden venir con cuentos que se maneja de otra manera, si yo lo vi”. Lo llaman por teléfono, cuenta que se está yendo de viaje, que se encargará Ernesto de eso. Al cortar me cuenta que es de la empresa con la que están en tratativas para comenzar con la recolección diferenciada. 62

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“Ves lo que te digo, no puedo parar ni un minuto”. Comienza a explicarme lo que quiere que haga, tiene que ver con llevar unos papeles a AVINA,13 terminar la redacción de un informe final que veníamos llevando adelante con él y mantener el contacto con ellos. Me cuenta que se va a juntar con gente de varias organizaciones que están en Canadá, que ya convino reuniones con ellos. “La otra vez en Brasil me pude contactar con una de las jefas de Pepsico y ahí pudimos hacer que salga el proyecto con AVINA”. Cuenta que son importantes los vínculos que se logran en esos espacios, que tampoco es fácil, que hay que discutir bastante. Que él fue consolidándose con el correr de los encuentros. Que así logró el apoyo para participar de la Cumbre por el Cambio Climático en Copenhague, Dinamarca. Me cuenta que la experiencia de la cooperativa y la demanda por el reconocimiento del servicio público, es algo que antes no estaba en discusión. “Hablaban de la colecta selectiva, pero nadie hablaba de servicio, querían los materiales solamente. Y yo empecé que había que luchar por el servicio y ahora todos están reclamando por el servicio”. Lo llama a Diego, le dice que no se olvide de llevar la lista de los integrantes de la cooperativa, la cual es necesaria para que cada uno pueda cobrar un monto de “ayuda” que el municipio les brindará. Le dice que es importante que lo lleve en los próximos días antes que termine la semana. Son las dos de la tarde y llega el remis que lo llevará al aeropuerto. Ya con la valija lista, salimos a la vereda. Su madre que vive a pocas casas de lo de él, viene a saludarlo. Llega Ernesto, le dice que está todo en orden. Le dice que cualquier cosa él sabe dónde está la plata. Nos saluda y se sube al remis. Me quedo hablando con Ernesto, le digo que cualquier cosa que haya que hacer que no dude en llamarme. En este fragmento podemos entonces ver la necesidad de redefinir los roles al momento de partir de viaje. También podemos observar la necesidad de Luciano de dejar todo preparado al momento de su partida, explicando cuáles son los temas pendientes que él dejo para que sea algún integrante de la cooperativa quien se haga cargo de las gestiones que, generalmente, él lleva adelante. Estas gestiones

13 “Avina es una fundación latinoamericana que busca contribuir al desarrollo sostenible de América Latina fomentando la construcción de vínculos y alianzas entre líderes sociales y empresariales, y articulando agendas de acción consensuadas”. Fuente: http://www.avina.net/esp/sobre-avina/. Fecha de consulta, 14/01/2015.

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exceden las cuestiones más administrativas, como puede ser el pago de servicios e impuestos, siendo imprescindible el llevar adelante las relaciones con empresas, organismos estatales u ONG. Es importante señalar la centralidad que adquieren para el funcionamiento y mantenimiento del emprendimiento las “ayudas”14 que reciben tanto de agencias estatales como ONG. La importancia de los subsidios no radica solamente en la mejora del proceso productivo, sino también para enfrentar los periodos donde los precios de los materiales con los que la cooperativa trabaja enfrentan bajas,15 lo que hace necesaria la constante gestión para su obtención o mantenimiento. Esto incluye desde la participación en reuniones, como la de Diego en el municipio, la entrega de informes, como el que debía entregar yo mismo a la ONG o la compra de insumos, o maquinarias, estipulados en los proyectos presentados. Esto requirió por parte de Luciano de la adquisición de un saber especifico que incluye desde la preparación de proyectos, la participación en reuniones hasta la negociación de las condiciones en que los diferentes proyectos se llevarían adelante. La adquisición del mismo proviene de sus experiencias previas de militancia (Sorroche, 2011) como de la participación y discusión con agentes estatales o los técnicos de las ONG, pero también en los ámbitos internacionales. Estos conocimientos también contienen cuestiones básicas de la problemática medioambiental siendo, al día de hoy, uno de los ejes centrales del discurso público de la cooperativa, el cual le permite ingresar en discusiones con otros actores, además de adquirir una mayor relevancia, principalmente, mediática. Pero es también el intercambio de conocimientos y experiencias entre los participantes las que van moldeando a las experiencias locales. Como señalé más arriba, y desarrollaré en el próximo apartado, fue la participación, y el compartir con otras organizaciones lo que sirvió de ejemplo a la cooperativa para el desarrollo de la recolección diferenciada en Aldo Bonzi.

14 Esta categoría entonces es utilizada, en el contexto de este trabajo, para referir a las diversas maneras de cooperación de otros actores para con el emprendimiento, que adquieren un sentido único basado en cada una de esas particulares relaciones. 15 Los materiales reciclables enfrentan una marcada variabilidad en sus precios, esto se debe a diferentes factores, uno de los principales es la estacionalidad siendo los meses de diciembre a marzo los de precios más bajos. Si bien esta es una baja previsible, puede que un cambio en la cotización del dólar, del petróleo o restricciones a las importaciones los modifiquen, si bien puede que no necesariamente bajen sus valores, no hay manera de predecir estas fluctuaciones.

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Participación transnacional En el año 1999, tanto Luciano como Diego16 fueron convocados por Luis D´Elia, a quien conocían por su militancia en el barrio, a sumarse a la FTV. Si bien lo conocían de antes, solo habían trabajado juntos en algunas actividades concretas, como cuenta Luciano: “Y yo con Luis no hablaba hacia un tiempo, un día me lo cruzo, si quería trabajar con él, que necesitaba un chofer, él sabía que yo podía ir, le dije que me deje pensarlo. Al otro día me llamó, ‘Vamos para Mar del Plata’, y bueno, ahí volví, y era el chofer de él, le atendía el celular (Luciano, mayo de 2010, entrevista)”. Así es que retomó el contacto y empezó a militar en la FTV. En un primer momento él se dedicó a ser el chofer y asistente personal. Pero no estaba conforme con esta participación en el movimiento, en términos de su participación política. Él quería participar en la militancia barrial, el “estar en el barrio”, como podemos observar en el siguiente relato: “Yo quería estar en el barrio, haciendo algo más político. Y en la CTA [Central de Trabajadores Argentinos, vinculada con la FTV] le decían a Luis, no podés tenerlo a Luciano de chofer, tenés que ponerlo hacer algo. Ahí es cuando me dice de que comience a participar en la Mesa de Emergencia Social de La Matanza [esta mesa fue impulsada desde el gobierno municipal y contaba con la participación de concejales, integrantes de las organizaciones sociales y funcionarios municipales]. Y ahí conocí a muchos” (Luciano, mayo de 2010, entrevista). Finalmente, por causa de estas diferencias en torno a su lugar en lo político, principalmente por no poder llevar adelante una militancia barrial, es que Luciano se distancia de los planteos de la federación y decide retirarse de la FTV. En busca de una nueva actividad política, y también laboral (debido a que se había quedado desocupado17), es que a fines del 2003 Luciano se reencuentra con viejos compañeros de militancia –tanto de la FTV como del barrio-, y deciden comenzar a juntarse para vender materiales reciclables en conjunto. Es así que Luciano y Diego comienzan a organizar el trabajo de los cartoneros del barrio, desde una perspectiva centrada en la recuperación del “trabajo genuino”. En este sentido podemos observar una continuidad con los planteos de la FTV. La experiencia de ambos en esta organización, se relacionó fuertemente con la recuperación del empleo, frente a la disminución sostenida de este durante la década del ´90 (Manzano, 2007). 16 Actualmente secretario de la cooperativa. 17 Mientras trabajó con Luis D’Elía recibía un sueldo como chofer del dirigente piquetero.

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En este marco es que Luciano y Diego plantean la conformación del emprendimiento productivo. Para esto, aprovechan el galpón de Diego, dedicado a la compra-venta de materiales reciclables, convocando a las personas del barrio que acudían al mismo para vender los materiales recolectados. Con el tiempo fue planteándose la idea de armar una cooperativa a partir de dos ideas claves que, según mi entender pueden pensarse como valores o principios: “trabajo” y “compañerismo”. Fue durante los primeros momentos de esta construcción que se vincularon con una ONG italiana llamada COSPE, que se encontraba organizando una red de organizaciones cartoneras. Ellos invitaron a la cooperativa a participar del encuentro Lixo e Cidadania, en la ciudad de Belo Horizonte. Durante el encuentro Luciano tuvo la posibilidad de conocer la experiencia que llevaban adelante las cooperativas brasileras, como contaba Luciano: “Y bueno, salió lo de poder a ir a Brasil, de conocer la experiencia... me fui allá y cuando vine, empezamos a romper las bolas con esto de la basura diferenciada... porque allá... los compañeros hacían una colecta... Es más, lo primero que decía era: colecta selectiva, porque... me había quedado de allá...” (Luciano, taller en una ONG, febrero de 2009, entrevista). Este viaje será una instancia bisagra en la formación de la cooperativa. A partir de allí, Luciano comienza a trabajar en esta idea que le parece sumamente interesante y totalmente diferente de lo que realizaban otros colectivos de trabajo que conocía: el poder establecer un servicio de recolección puerta a puerta.18 En el año 2006, contando con el apoyo del Instituto Municipal de Desarrollo Social (IMDES) y financiamiento del Ministerio de la Producción de la provincia de Buenos Aires y de la Fundación AVINA, se lanza el programa “Recuperando basura, recuperamos trabajo” en la localidad de Aldo Bonzi. El programa que tras algunos meses de su ejecución había reducido un 13% los residuos que generaba la localidad era considerado todo un éxito por el municipio y otras agencias 18 Si bien algunos colectivos realizaban recolección puerta a puerta –como en el caso de la cooperativa El Ceibo en la Ciudad de Buenos Aires-, Reciclando Sueños marcaba algunas diferencias. En primer lugar, se comenzó entregando volantes, y también capacitando a todos los vecinos de la localidad. La diferencia sustancial entonces, residía en que para participar de la recolección diferenciada con El Ceibo, era necesario comunicarse con la cooperativa y acordar un día de recolección. Reciclando Sueños, además, tenía dos recorridos preestablecidos que eran efectuados dos días a la semana. Al mismo tiempo, todos los materiales que pudieran ser reciclados eran recuperados por la cooperativa, sin importar su valor de mercado al momento de la recolección. Estos puntos se articulaban en pos de la construcción de la demanda por el reconocimiento de la recolección diferenciada, y puerta a puerta, como un servicio público, esto será desarrollado más adelante. Agradezco el comentario de Gabriela Vergara quien me señaló que en la ciudad de Córdoba en el año 2008 se puso en marcha también un servicio de recolección diferenciada entre la ONG Raíces y la Cooperativa “Los Carreros de Villa Urquiza”.

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estatales como la Secretaría de Ambiente y Desarrollo Sustentable de la Nación. Sin embargo, la cooperativa no recibía pagos por este trabajo, por lo que esta consideración contrastaba fuertemente con el día a día del emprendimiento. Los costos de logística se hacían cada vez más altos, las reparaciones al camión o la camioneta, y la constante fluctuación de precios dificultaban la previsión a futuro y asegurar los retiros constantes para los asociados. Fue en este marco, que comenzó a configurarse la demanda por el reconocimiento de la actividad como un servicio público. Anclada tanto en la generación de trabajo genuino para los cartoneros como también en el apoyo del Estado en lo que es considerado un servicio esencial para la población, que además de ser una manera más ambientalmente sustentable, permite la reincorporación de los materiales reciclables a los circuitos productivos. La cooperativa comenzó entonces a marcar la necesidad de ser reconocidos como servidores públicos y que su trabajo sea pagado como tal. Entre otras cuestiones, las pecheras que utilizaban para realizar su trabajo llevaba la inscripción “Servicio de recolección diferenciada de residuos sólidos urbanos de La Matanza”.19 El primer viaje a Brasil había permitido el desarrollo de la idea de generar un sistema de recolección diferenciada. En este sentido, circular en estos espacios contribuyó al desarrollo de la propuesta política tanto de la cooperativa como de Luciano, quien empezó a participar cada vez en más encuentros, entre otros Expo Catadores y también el congreso desarrollado en Bogotá. Fue allí donde, contando su experiencia y su visión sobre la actividad cartonera en las charlas y discusiones que se llevaron adelante en esos espacios, que la demanda por el reconocimiento del servicio público fue presentada a las otras organizaciones cartoneras del continente. Como podemos observar en el siguiente fragmento: “Cuando empecé a ir a los encuentros y decía que tenían que reconocernos como servicio público, me miraban como un loco, ¿qué está diciendo éste?, me miraban raro. Pero con el tiempo todos empezaron a darse cuenta que con los materiales solo 19 Si bien en los últimos años diversas experiencias han comenzado a pugnar por el reconocimiento de su trabajo y, en función de este, el pago por la recolección y clasificación de los residuos, la cooperativa Reciclando Sueños fue pionera, comenzando a conformar la demanda por el reconocimiento del servicio público en el año 2007. Como señale en otro trabajo (Sorroche, en prensa), la cooperativa logró que se incorporara esta demanda en las cartas que la Red LACRE genera luego de sus encuentros y donde explicitan las posiciones de la misma. Esto fue logrado en el congreso del año 2009 llevado a cabo en Bogotá. Antes de esa fecha incluso, y como mostré en mi tesis de licenciatura (Sorroche, 2010), los mismos técnicos de las ONG’s –como el caso de AVINA-, se oponían a esta idea, a la que luego se sumaron y apoyaron. En el año 2009, la misma ya había alcanzado un alto nivel de consenso entre las organizaciones.

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no funciona, que no alcanza, que hay que luchar por el verdadero reconocimiento de la actividad” (Luciano, diciembre de 2012, ExpoCataodores, São Paulo, registro de campo). De esta manera, la demanda por el reconocimiento del servicio público, que en un primer momento no era reconocida ni llevada adelante por el resto de las organizaciones, comenzó a ser recuperada y se convirtió en la principal demanda de la Red LACRE. Aquí lo que ocurre con la negación sistemática, tanto del gobierno local como provincial de reconocer la labor de los cartoneros es que se invisibiliza todo el trabajo que Reciclando Sueños, en este caso en particular, dispone en el desarrollo de la actividad. Si bien al vender los materiales ellos reciben una retribución, ésta no es suficiente para cubrir los costos que se desprenden de la recolección diferenciada. La misma no se reduce solamente al momento de ir casa por casa recolectando, sino que también se utilizan cientos de horas/hombre de la cooperativa en capacitar a los vecinos, explicarles sobre la correcta disposición de los materiales reciclables –y sobre el sistema de gestión de residuos imperante en el AMBA-, como también la clasificación y acondicionamiento de los materiales para su posterior venta. Aquí se produce entonces una apropiación de este plusvalor20 generado por la cooperativa por parte, no solo de la empresa de residuos que debe pagar menos para el enterramiento o por los intermediarios que acumulan volumen para vender directamente a las empresas y así adquirir mayores ganancias, sino también por parte del gobierno municipal que reduce los residuos enviados a los rellenos sanitarios, e incluso al mostrar a la cooperativa llevando adelante un trabajo de cuidado –y promociónambiental, a través de volantes e información haciendo parecer que el apoyo municipal al servicio era más que meramente en los papeles. Lo que me parece interesante mostrar, ahora en sentido inverso, es la manera en que este posicionamiento político de la cooperativa ha incidido –también- sobre los lineamientos de la Red LACRE produciéndose una fricción, siguiendo el planteo de Tsing (2005). En este caso en particular, en un primer momento fue la cooperativa, a través del conocimiento adquirido por Luciano, la que se apropió de una actividad llevada adelante en el exterior, la coleta seletiva desarrollada en Belo Horizonte, para luego en base a esta experiencia formular una demanda en torno al reconocimiento como servicio público de la actividad que trasciende las fronteras locales para ser incorporada por los integrantes de la Red LACRE como una reivindicación del movimiento a nivel continental, es decir una instancia de organización política 20 Agradezco, nuevamente, a Gabriela Vergara por hacerme notar esta cuestión en los comentarios que realizó a una versión previa de este trabajo.

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trasnacional. Podemos entonces observar un “ida y vuelta” entre la instancia global y la local, donde las implicancias de la puesta en marcha en el nivel local, produjo re-significaciones que fueron luego apropiadas en el espacio más amplio. “Ir hay que ir, pero la verdad que es un quilombo” En este apartado me gustaría asentar que si bien los viajes y la participación en los espacios transnacionales brindan ventajas para la cooperativa, tales como el acceso a proyectos, ideas y vínculos; el concurrir a los mismos genera algunos problemas hacia el interior del colectivo de trabajo. En primer lugar, se hace necesaria una reorganización de las tareas, como señalé más arriba. Luciano, quien participa de los mismos, es al mismo tiempo el responsable de la cooperativa frente a los proyectos, provenientes tanto de las ONG como de las agencias estatales. Esto hace necesario que en los momentos en que él participa de estos viajes, algún integrante de la cooperativa ocupe su rol –incluso en algunas ocasiones he sido yo mismo-, lo que requiere un trabajo de “enseñar” cuáles son las tareas necesarias, las reuniones y llamados que hay que realizar en ese momento. Sin embargo, este es solo uno de los problemas que se presentan a la hora de partir de viaje. En variadas oportunidades, tras la partida de Luciano en algún viaje, los rumores surgían y se desperdigaban rápidamente en la cooperativa. Esto sucedía principalmente cuando el viaje se producía en algún mes complicado para la obtención de los retiros. Entonces se empezaba a hablar de las últimas ventas, que generalmente habían sido más bajas (debido a una baja del precio de los materiales) y, vinculado a esto, de dónde se obtenían los fondos para el viaje. Los chismes y rumores han sido, desde ya hace mucho tiempo, objeto de estudio de la Antropología. Como ha señalado Hagene (2010) el rumor puede ser entendido como una subcategoría de las “prácticas políticas cotidianas” (35). Por su parte, Gluckman (1963) señaló que el rumor y el escándalo están entre “los fenómenos culturales y societales más importantes a los que somos llamados a investigar” (307). Al mismo tiempo, Gluckman mostró que la función de éstos era mantener tanto la unidad y los valores de los grupos como también las posiciones sociales dentro de los mismos. Lo que me interesa recuperar aquí, es la función performativa que tienen los mismos, como lo ha señalado Fasano (2006) siguiendo a Austin. Es decir, que los mismos actúan sobre la vida social en la que son desplegados. Al mismo tiempo, considero interesante lo señalado por Guerin y Miyazaki (2006) en relación a los planteos de

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Rosnow: “Rosnow señaló que los rumores son transmitidos debido a que la gente necesita explicar eventos inciertos o ambiguos (…) Él señaló cuatro factores importantes para la transmisión del rumor: debe presentar resultados relevantes para quien lo escucha, debe incrementar la ansiedad personal, debe tener una incertidumbre generalizada (como la ambigüedad), y debe tener alguna credibilidad” (24). El rumor no tiene entonces las connotaciones comunitarias del chisme. Shibutani (1966) por su parte, señaló que “…el rumor va a ser considerado [en este libro] como una forma de comunicación recurrente a través de los cuales los hombres que se encuentran atrapados en situaciones ambiguas intentan construir una interpretación que tenga significado utilizando sus recursos intelectuales. Por lo que debe ser considerado como una forma colectiva de resolución de problemas” (17, resaltado en el original) También es interesante recuperar a Elias y Scotson –en Los establecidos y los outsiders (2000)- principalmente el señalamiento de que los rumores no son un fenómeno independiente, lo que es digno de convertirse en tal, depende de las normas y creencias colectivas y, también, de las relaciones comunitarias. El aspecto esencial de los mismos no es solo el interés por las personas sino el interés colectivo que tienen. Al mismo tiempo, permiten que se hable con terceros sobre cosas prohibidas, es decir, lo que el propio individuo no debería hacer. En incontables ocasiones, durante las asambleas o talleres que se desarrollaban semanalmente en la cooperativa, Luciano tenía que explicitar los números y de donde provenían.21 Los rumores aparecían como preparatorios de los temas a discutir en la próxima asamblea. Recuperaré entonces las notas de campo: Hay bastante revuelo en la cooperativa. Se ha vendido el cartón y el rumor es que eran varios kilos más los que estaban. Algunos hablan de 5000 kilos, otros dicen que eran alrededor de 3000. Las ventas, sin embargo, eran un poco más de 2000 kilos. También se ha hablado sobre los viajes de Luciano y su financiamiento. Cansado de las discusiones Diego, secretario de la cooperativa, propone que se discuta en asamblea. Hace unas semanas que los retiros han disminuido. Los fondos de un proyecto proveniente de ACUMAR han dejado de llegar a la cooperativa. Llega Luciano a la cooperativa y Diego le cuenta del problema. A él no le gusta la situación, y en algún punto tampoco la acusación velada hacia él. Luciano entonces propone lo siguiente: Que cada uno diga cuanto cartón creen que hay en el lugar donde se lo guarda antes de venderlo. Empiezan 21 Para un análisis de una de estas oportunidades ver Fernández Álvarez (en prensa).

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a decir. Unos dicen 1000, otros 2000, otro dice 400. Tras los diferentes números que dijeron, Luciano pide que saquen el cartón y que vayan pesándolo. Al final la suma es unos 800 kilos. Luciano señala que nadie había podido dar con la cantidad exacta. Que eso es lo que sucedió la otra vez. Que si está faltando plata para alcanzar los retiros tiene que ver con que con la recolección sola no alcanza. Que los fondos están trabados para todo el municipio. Y que los viajes son financiados por una ONG, y que él no se va a la playa sino a trabajar (Registro de campo 11/2009). Esta situación se había dado tras el ingreso de nuevos integrantes la cooperativa, quienes al ver que los retiros no se mantenían en el tiempo, comenzaron con el rumor de que alguien se estaba quedando con algo. Fue en ese momento, donde Luciano encontró en los rumores una crítica velada, que lo acusaba de ser quien se llevaba el dinero faltante, que era usado en los viajes. Sin embargo, aquí podemos observar cómo el rumor performó esa realidad haciendo necesario que se muestre que con solo ver lo que hay, no hay forma de dar cuenta de cuanto cartón hay. El rumor entonces se establecía como una forma de mostrar el descontento por la baja de la cantidad de dinero recibido en los retiros, que se daba en el mismo momento que Luciano había sido invitado a participar en un encuentro. Incluso Luciano no era el encargado de realizar las ventas, sino que eran los mismos trabajadores que rotaban acompañando al chofer de la cooperativa. Podemos, entonces, recuperar el planteo de Elias y Scotson (2000), en tanto que los rumores tienen dos polos: aquellos que los circulan y aquellos sobre quienes hablan al ser circulados. Por lo que si tenían repercusión se debía a que ambos grupos estaban de acuerdo de que estaba mal lo que señalaban. En este caso, Luciano sí contaba con el poder para revertir ese rumor y fue, por esa razón, que desplegó la actividad de pesar el cartón. De esa manera inhabilitó al rumor, mostrando la imposibilidad de dar cuenta de la cantidad de material que había preparado para su venta. Unos días más tarde, antes de partir hacia Brasil a la reunión anual de la Red LACRE que se desarrolló en el marco de la ExpoCatadores, al ir a despedirse de la gente de la cooperativa, Marina le preguntó: “¿Se va de viaje Luciano?” A lo que él le respondió: “Me voy a un encuentro de cartoneros en Brasil. A mostrar lo que hacemos acá y a traer algunas cosas que hacen allá. Lo primero que nosotros fuimos haciendo acá fueron cosas que aprendimos allá. Nosotros esto de recolección diferenciada ni sabíamos nada cuando empezamos, y después de verlo allá, nos propusimos de hacerlo acá. Cuando venga voy a traer algunas filmaciones, algunas fotos, y volantes y cosas que hacen allá…”.

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Así, de esta manera, Luciano reforzaba la centralidad que los viajes tenían para la cooperativa. Tanto como una forma de mostrar su trabajo desarrollado sino también las opciones de aprendizaje y mejoramiento que podría brindar para la cooperativa. El viajar permitía mostrarse, presentarse como un ejemplo a seguir, pero también posibilitaba conocer otras experiencias y potenciar el trabajo de la cooperativa. Incluso permitía reactualizar vínculos no solo con otros cartoneros del continente sino también con técnicos de ONG y funcionarios de organismos internacionales, que posibilitaban motorizar proyectos en el propio territorio, como mostré más arriba. Concluyendo En este artículo mostré las diferentes relaciones que se establecen entre una cooperativa de cartoneros del partido de La Matanza y diferentes ámbitos de articulación transnacional. Como he señalado, la literatura sobre la problemática de la articulación en redes transnacionales se ha multiplicado en los últimos años. Sin embargo, y aquí la intención de este trabajo, la reformulación de estas propuestas conocidas en los espacios globales y desplegadas en la práctica local, que posteriormente, al adquirir características particulares, inciden en las redes transnacionales, ha sido poco estudiada. Mi propuesta entonces, fue mostrar cómo la práctica de la recolección diferenciada, aprehendida en Brasil, cobró características particulares en su despliegue en el ámbito local. La misma puesta en marcha evidenció la imposibilidad de mantenerla solo con la venta de los materiales reciclables, lo que llevó a la construcción de una demanda en torno al reconocimiento de la actividad como un servicio público, que debía ser financiado como tal por parte del Estado. El “éxito” de la recolección diferenciada, si bien se presentaba como la contracara del día a día que debía enfrentar la cooperativa, llevó a que sea invitada a diferentes encuentros por todo el mundo, pero principalmente en América del Sur, donde fueron miembros fundadores de la Red LACRE. Al mismo tiempo, posibilitó que la demanda por el reconocimiento del servicio público fuera tomada por la propia red como una demanda propia. Produciéndose lo que he dado en llamar una dialéctica entre lo global y lo local (Sorroche, 2013). Sin embargo, y como mostré en este trabajo, la participación en estos espacios no está exenta de problemas hacia el interior de la cooperativa. Estos van desde la reorganización del trabajo, en función de suplir esa ausencia, incluyendo mi 72

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propia participación. Al mismo tiempo, se presentaban cuestionamientos sobre el financiamiento de los viajes, donde se desperdigaba el rumor de que había faltantes en la venta de materiales. Esto hizo necesario que se revisaran los materiales para poder mostrar que el mismo era infundado, teniendo que exponer la importancia que los viajes tenían para el desarrollo de la cooperativa, tanto por el acceso a recursos como también por la circulación de ideas que permiten ser reapropiadas y resignificadas en cada espacio local. Utilicé entonces el concepto de fricción desarrollado por Tsing (2005), para referirme al despliegue de estas prácticas y su apropiación particular en un espacio local. A modo de conclusión creo que, si bien permite analizar las redefiniciones locales de la recolección diferenciada, la noción de Tsing presta poca atención a las relaciones de poder que se hacen presentes en el transcurso de la implementación de la misma. Esta visión, fuertemente influenciada por una visión culturalista, nos impide ver que, como señalará Roseberry (1989), hay dos aspectos de la cultura que se escapan del análisis. El primero es la presencia de diferenciación social y cultural, incluso dentro de un texto uniforme. Las referencias a la diferenciación son, en parte, una referencia a las conexiones entre cultura, relaciones de poder y dominación. El segundo aspecto que se pierde es el de ver a la cultura como un proceso social material. Sin el sentido de cultura como un proceso material o de creación -como escritura y también teniendo en cuenta qué es lo que se escribe- tenemos otra vez una concepción de la cultura como un producto pero no como producción. Se ha separado a la cultura del proceso de creación cultural y, por lo tanto, han hecho posible la constante reproducción de una antinomia entre lo material y lo ideal. Este trabajo entonces se planteó como una muestra de superar esta antinomia mostrando la creatividad que se puso en juego en el momento de desarrollar localmente un servicio de recolección diferenciada fuertemente influenciado por la experiencia brasilera. Bibliografía ALBRO, Robert (2005) “‘The water is ours, carajo!’: Deep citizenship in Bolivia’s water war”, en: June Nash, Social Movements: An Anthropological Reader. New York: Blackwell. APPADURAI, Arjun (2000) “Grassroots Globalization and the Research Imagination”. Public Culture Vol. 12, Nº 1, pp. 1–19. BARBARO, Julián (2012) “Análisis etnográfico de un proyecto de innovación tecnológica en la cooperativa de cartoneros Reciclando Sueños (La Matanza)”. Ponencia

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Trabajo

Clausura de un basural a cielo abierto e imaginarios sobre el futuro por parte de los recolectores informales de residuos Santiago Bachiller Introducción La provincia de Chubut -Patagonia Argentina- ha establecido la sustitución de los basurales a cielo abierto por plantas de tratamiento de residuos. Teniendo en cuenta dicho contexto, entre el 2008 y el 2011 realicé un trabajo de campo etnográfico con quienes subsisten gracias a la recolección de residuos en el vertedero municipal de Comodoro Rivadavia. El presente artículo tiene por objetivo analizar los imaginarios que sustentan los recolectores respecto del futuro cierre del basural y su sustitución por una planta de tratamiento y reciclaje. El artículo ha sido organizado en base a diversos apartados. El primero de ellos consiste en una delimitación del campo de estudio, en el cual se caracteriza brevemente a la ciudad de Comodoro Rivadavia, para luego expresar las singularidades del basural municipal y de la población que recurre al mismo buscando satisfacer su subsistencia. La siguiente sección supone explicitar la heterogeneidad al interior de dichos imaginarios sobre la clausura del basural, mostrando cómo tal diversidad responde a diversos ítems, entre los cuales se destaca la antigüedad de los sujetos en las tareas de recolección informal o el nivel de conexión con el mercado de empleo. El tercer apartado se subdivide en distintos ejes: su denominador común consiste en indagar en los imaginarios sobre el cierre del basural y la apertura de la futura planta de tratamiento. El primer subtítulo gira en torno a los siguientes interrogantes: ¿Qué piensan los recuperadores informales de residuos sobre el cierre del basural a cielo abierto? ¿Creen que realmente será clausurado? ¿Qué marcos interpretativos utilizan para representar la futura clausura? A continuación, el segundo subtítulo pretende responder las siguientes preguntas: ¿Qué piensan hacer en caso de que se cierre el basural? ¿Cómo imaginan que dicho cierre afectará a sus vidas? ¿Sus respuestas supondrán la búsqueda personal y fragmentada de soluciones o implicarán en cambio la conformación

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de un colectivo que reclame al Estado conjuntamente? ¿Qué tipo de demandas formularán al Estado? ¿Qué estrategias adoptarán para que sus pedidos sean atendidos favorablemente? El último subtítulo se organiza en base a los imaginarios sobre la apertura de la planta de tratamiento: ¿Creen que tienen posibilidades de ingresar en la planta? ¿Pondrán algún tipo de condición para ingresar en la planta de tratamiento y recuperación de residuos? Finalmente, y profundizando en las expectativas laborales asociadas con el futuro de estas personas, se formula la siguiente pregunta a los recolectores: ¿cómo imaginan un trabajo ideal? Más allá de la diversidad en los modos de imaginar el futuro ligado al cierre del basural y la apertura de una planta de tratamiento, el denominador común para la mayoría de los recolectores consiste en representar al basural como un espacio que trasciende la mera subsistencia. Anticipándonos a lo formulado en la conclusión, es posible afirmar que el basural es también concebido como un ámbito de sociabilidad, un escenario de cotidianidad que aporta un sentido de normalidad que allí se ha espacializado, e incluso supone la seguridad de un recurso que, en oposición a lo que fueran sus experiencias en el mercado de empleo, siempre está ahí. Por consiguiente, para la mayoría de estas personas la clausura del basural representa una amenaza múltiple, que trasciende y no puede equipararse con la pérdida de la fuente de trabajo. 1.- Delimitando el campo de estudio Comodoro Rivadavia se localiza en el centro este de la Patagonia Argentina, constituyéndose en el corazón de la zona hidrocarburífera conocida como Golfo de San Jorge. La ciudad surgió a principios del 1900 y creció de acuerdo a los ritmos y requerimientos de la actividad petrolera. La producción de petróleo determina que Comodoro sea una de las ciudades del país que posee las mejores estadísticas en lo que respecta a tasas de desocupación -2,9% frente a un promedio nacional del 6,7%- (El Patagónico, 24/02/2012) o de pobreza -2,7%, mientras que la media nacional se sitúa en un 6,5%- (El Patagónico, 26/04/2012). No obstante, el petróleo también supone múltiples formas de desigualdad social, genera grandes brechas salariales, las cuales se traducen en distancias simbólicas. En una ciudad donde la economía local se encuentra sobredeterminada por la producción del petróleo, se verifica una tendencia en el trabajo asalariado: la escisión entre un segmento de trabajadores reducido que conserva garantías de estabilidad, y otro sector sujeto a la inestabilidad y desvinculado de las instituciones de seguridad social (Cicciari, 1999). Es este último sector el que, en ocasiones 80

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amenazado por el desempleo y permanentemente diezmado por la inestabilidad laboral, nutre al basural de recolectores informales. La caracterización que a continuación realizaré sobre el basural y la población que frecuenta dicho predio buscando satisfacer su subsistencia es producto de diversas fuentes: el trabajo de campo etnográfico, tres informes municipales realizados en los años 2000, 2007 y 2010, y un informe elaborado en el 2011 por la empresa Ingeniería y Asistencia Técnica en Argentina S.A. –en adelante IATASA-, la cual fue contratada por el Municipio para asesorar en lo concerniente al Plan de Gestión Integral de Residuos Sólidos Urbanos. El actual basural a cielo abierto tiene unos 35 años de antigüedad; quienes llevan más años dedicándose a las tareas de recolección, recuerdan haber trabajado en dos basurales que fueron tapados con tierra, para ser reemplazados por el actual predio municipal. Asimismo, si bien IATASA (2011) detectó unos 20 pequeños vertederos informales desparramados en distintos barrios, el espacio reconocido oficialmente como sitio de disposición final es precisamente el basural a cielo abierto en torno al cual gira el presente artículo. El vertedero ocupa una superficie de 30 hectáreas y se localiza colindante con el barrio industrial y a poca distancia de la Villa Balnearia de Rada Tilly. Por otra parte Clear, la empresa encargada del servicio de limpieza de la ciudad, realizó tareas de cobertura y colocación de venteos para gases; asimismo, a lo largo del trabajo de campo pude observar reiteradas tareas de relleno de áreas anteriormente destinadas a la disposición de residuos, con lo cual la zona directamente expuesta para la operación de los residuos se reduce a una superficie de unas 4 hectáreas. Los últimos gobiernos provinciales se comprometieron a sustituir el actual basural a cielo abierto por un relleno sanitario que prevé el enfardado con recubrimiento; para ello, se está construyendo una planta de separación y recuperación de materiales en otra zona de la ciudad. IATASA (2011) reconoce que, hasta el presente en Comodoro Rivadavia, las únicas actividades de reciclaje son llevadas a cabo por “recuperadores informales dentro del basural, en condiciones poco sanitarias y de seguridad e higiene” (69). Del mismo modo, la empresa alega que la implantación del proyecto de Gestión de Residuos Sólidos Urbanos ofrece una solución sanitaria a los recuperadores que actualmente trabajan en el basural; dando por supuesto que los mismos desean formalizar sus actividades, recomienda su inclusión como trabajadores en la futura planta de reciclaje. Pero la afirmación de IATASA en cuanto a que existen altas posibilidades de incorporar a los recuperadores ni siquiera se sostiene en el mismo informe: por un lado, en una sección se afirma que al basural asisten unos

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72 recuperadores mientras que, en otro apartado, la cifra asciende a 200 personas; por el otro, en el informe se desprende que la planta en construcción dispondrá de tecnología de punta, con lo cual no precisará de más de 20 puestos de trabajo. De tal modo, el cierre del actual vertedero equivale a incrementar la situación de exclusión social que padecen actualmente los recolectores informales. Al caracterizar a la población que subsiste de lo que recolecta en el basural a cielo abierto, el primer punto a destacar consiste en las fluctuaciones permanentes que inciden en la cantidad de personas que se aproximan al vertedero, como así también impiden trazar límites identitarios estables. La cantidad de recolectores y sus particularidades identitarias cambian según múltiples variables, entre las cuales cabe mencionar el precio de los materiales a reciclar,1 cómo el sujeto se vincula con el mercado de trabajo -conseguir un empleo fijo o changas ocasionales incide en el nivel de presencia en el predio-, el grado de satisfacción de las necesidades básicas -a mayor necesidad, mayor presencia en el basural-, etc. Las crisis económicas y sociales son otro factor importante en cuanto al número y las características de la población que se aproxima al basural buscando aplacar sus necesidades; asimismo, la región posee sus particularidades, y siendo el petróleo el principal motor económico de la zona, las crisis nacionales no siempre se condicen con las regionales, las cuales se encuentran condicionadas por la evolución de los precios y la extracción de esta materia prima.2 No contamos con cifras que permitan conocer con precisión cuántas personas se dedican a la recolección de residuos en Comodoro Rivadavia. En el marco del proyecto provincial de clausura de los basurales a cielo abierto, la municipalidad local realizó los tres informes mencionados anteriormente. El más completo fue llevado a cabo a fines del 2000, arrojando el número de 221 recolectores (Informe Municipal, 2000). Posteriormente, en una segunda encuesta realizada el 23 de marzo de 2007 se contabilizaron 63 personas (Informe Municipal, 2007). El último censo se ejecutó a fines del 2010, dando por resultado la presencia de 119 personas (Informe Municipal, 2010). La disparidad de tales estadísticas responde 1 Debido a la caída de los precios actualmente nadie recupera plástico o vidrio y pocos se preocupan por el cartón y el papel. Dicha situación se exacerba ya que en Comodoro no existen plantas de reciclaje; los materiales recuperados –mayormente metales, aunque también comida e indumentariason vendidos a 2 o 3 depósitos, los cuales a su vez los venden a las grandes industrias de Bahía Blanca o Buenos Aires. El costo del traslado, genera que actualmente no sea redituable dedicarse a la recuperación de materiales como el vidrio o el plástico. 2 En tal sentido, Comodoro Rivadavia padeció una depresión especialmente significativa entre mediados y fines de la década de 1990 como consecuencia de la privatización de Yacimientos Petrolíferos Fiscales (Salvia, 1999).

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a varios factores, entre los que se destacan los diversos métodos de registro implementados por la municipalidad local en cada ocasión.3 Por otra parte, y tal como veremos luego, condicionada por la proliferación de los cartoneros durante la crisis de principios de la década del 2000 y en función del ingreso a la actividad, la literatura especializada ha generado un criterio clasificatorio que distingue entre recolectores estructurales -para quienes la recolección es un oficio que fue aprendido en el ámbito familiar- y nuevos -quienes fueron expulsados recientemente del mercado de trabajo- (Perelman, 2007). Es posible que la mayor cantidad de recuperadores detectada en el 2000 respecto de los demás informes, también guarde relación con las consecuencias de la crisis nacional de desempleo, y regional ligada con la privatización de YPF. Más aún: en el informe del año 2000, se estimaba que un 40% de las personas entrevistadas inició su vínculo con el basural tras haber perdido el empleo (Informe Municipal, 2000). El trabajo de campo etnográfico nos lleva a afirmar que, en estos últimos años, la presencia de personas recientemente desvinculadas del mundo del empleo ha disminuido, siendo más significativa la asistencia de quienes tienen un vínculo histórico con el basural. Si bien el presente trabajo pretende mostrar la diversidad en los imaginarios sobre el futuro cierre del basural, lo cierto es que, siguiendo las clasificaciones en función del tiempo que el sujeto lleva desarrollando las actividades de recolección, la mayoría de los recuperadores del basural municipal de Comodoro Rivadavia deberían ser catalogados como estructurales. Por consiguiente, cabe aclarar que su opinión se encuentra sobrerepresentada a lo largo del artículo. El informe del año 2000 es el único que brinda datos sobre los antecedentes laborales de los recolectores; en el mismo se constata lo observado en el trabajo de campo etnográfico: la historia laboral de estas personas está marcada por ocupaciones informales con características de inestabilidad y precariedad -con un 22% de las respuestas la albañilería fue, de hecho, el oficio más citado-. No es casual que en el informe el segundo lugar lo hayan ocupado quienes sostuvieron no tener experiencia laboral; allí se posicionan los menores de edad y quienes toda

3 El informe del año 2000 supuso un trabajo de campo discontinuo de tres meses de duración, donde se utilizaron técnicas como la observación simple y diversos tipos de entrevistas. En cuanto a la encuesta llevada a cabo en el 2007, la misma se limitó a un único día –lo cual lleva a suponer que la cifra final ha sido infravalorizada-; además, y a diferencia del registro anterior, dicho censo sólo se preocupó por obtener datos sociodemográficos básicos. A fines del 2010 la Municipalidad se aproximó al vertedero municipal en dos jornadas. Muchos de los recuperadores de residuos no fueron contabilizados en el basural, sino cuando se presentaron en las dependencias municipales con el fin de figurar en las planillas oficiales para ser incluidos en la futura planta de tratamiento.

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su vida subsistieron mediante la economía informal. En todo caso, lo que abunda entre estas personas son las profesiones sin cualificación, que a su vez son las más afectadas frente a las fluctuaciones económicas. Es entre tales tipos de trabajos que se dan las tasas más altas de precariedad en lo que se refiere al nivel de salarios, la estacionalidad y el carácter cíclico de los empleos, la falta de un contrato que garantiza los derechos o los niveles de accidentes laborales (Neffa, 2009). La exclusión social consiste en un fenómeno multifactorial, se trata de un concepto que atraviesa tangencialmente las diversas formas de dominación social (Abrahamson, 1997). De tal modo, la exclusión que padecen los recolectores informales se nutre de la combinación de diversos factores que, si bien aquí no tenemos la posibilidad de desarrollar, vale la pena mencionar. Entre los mismos, es de destacar el nivel de instrucción -la mayoría no ha completado la escuela primaria (Informe Municipal, 2010), en algunos casos los antecedentes penales y la dificultad de reinsertarse laboralmente, en otros las dificultades asociadas con ciertas adicciones, etc. Por otra parte, a lo largo del proceso etnográfico, me llamó la atención la significativa presencia de apellidos mapuches entre los recolectores informales. Asimismo, en sus biografías es notable cómo en la mayoría de los casos y en función de la edad del sujeto entrevistado, ellos o sus padres fueron peones rurales. Se trata de personas que fueron afectadas por los procesos de despoblamiento rural, que poseen poca experiencia urbana y que, al llegar a la ciudad, el lugar que ésta les reservó fue una periferia –con el término periferia me refiero a los barrios donde construyeron sus viviendas, al lugar simbólico para ellos destinado y ligado con el basural, al sitio que ocupan en la cadena productiva, etc. De algún modo, y parafraseando a Bourgois (2010), se trata de “los descendientes de una población desarraigada, repetidamente reubicada al ritmo implacable de la historia económica” (78). 2.- Factores que inciden en los modos de imaginar el futuro cierre del basural No existe una única forma de imaginar el futuro tras el cierre del basural; la diversidad en los imaginarios que sustentan los recolectores depende de distintas variables, entre las cuales la más importante es la antigüedad en las tareas de recolección. Hemos visto que la literatura sociológica ha tomado al tiempo como un criterio clasificatorio, estableciendo distinciones y generando categorías como las de históricos, esporádicos o intermitentes (Schamber, 2008). El tiempo de permanencia en las actividades de recolección es central, ya que condiciona el modo en que los sujetos conciben al trabajo –a mayor antigüedad en las actividades 84

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de recolección, mayor propensión a definir dichas prácticas como sinónimo de un trabajo-, las sociabilidades, o la concepción del basural como un espacio de cotidianidad. Quienes tienen una vinculación ocasional con el basural, quienes poseen un empleo y sólo acuden al mismo en momentos puntuales, suelen representar al vertedero como un espacio marcado por el estigma, donde las prácticas de recolección no son definidas como sinónimo de un trabajo, y evitan establecer vinculaciones con otros recolectores. Para estas personas, la clausura no equivale a un evento traumático. No obstante, la mayoría de los recolectores conciben al basural como un espacio cotidiano marcado por una tensión entre la sociabilidad y la fragmentación. Por un lado, el basural supone un sitio de sociabilidad, un lugar de encuentro con conocidos, que facilita la conformación de grupos en función de variables como la edad o el compartir una adicción, la construcción de campamentos en torno a los cuales se reúnen distintas personas para conversar o para pernoctar durante días, más de una pareja se constituyó tras haberse conocido en el basural, etc. Es muy común que al basural acudan grupos familiares ya que, como sostiene la literatura (Saraví, 1994; Perelman, 2007) dichas estrategias de subsistencia toman a la unidad doméstica como eje articulador. En definitiva, las prácticas habituales de recolección garantizan la repetición de una rutina en un mismo espacio, conllevan la conformación de redes e incluso aportan un sentido de normalidad que se espacializa en el vertedero (Lawrence y Low, 1990). Tal como sostiene Visacovsky (2011), “la normalidad –cualquiera fuese su forma- representa un modo necesario al cual apelan los actores para definir el mundo en el que viven y el curso de las acciones propias y ajenas” (38). El basural, a los ojos de los recolectores que llevan años asistiendo al predio municipal, se materializa en un orden donde la vida cotidiana fluye, tornando previsibles las propias acciones y las de los otros, permitiendo la conformación de un sentido de normalidad a partir del cual damos por sentado que las cosas son como son. Ello es especialmente cierto para quienes crecieron acompañando a sus padres al basural; no obstante, a medida que transcurren los años y la subsistencia se articula alrededor de la cotidianidad en el basural, incluso quienes en el pasado contaron con un empleo formal terminan naturalizando sus prácticas en el vertedero. Por otra parte, la sociabilidad se encuentra amenazada por un omnipresente sentimiento de desconfianza hacia el otro y una enorme voluntad por no subordinarse ante nadie. En el trabajo de campo detecté una serie de códigos que regulan la convivencia, los cuales no siempre son respetados: en más de una ocasión se ge-

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neraron enfrentamientos por apropiarse de los mejores espacios -donde descargan la mayoría de los camiones- o bolsas de residuos. Ante la pregunta si se hicieron amigos en el vertedero, la respuesta más frecuente fue negativa, destacando que “al basural yo voy a trabajar, no a hacer amigos”. Asimismo, una característica común en los recolectores es el esfuerzo por evitar cualquier forma de liderazgo. La fragmentación no sólo apunta a cómo realizan sus tareas de forma individual, a lo sumo mediante una cooperación de acuerdo a parámetros familiares, sino también a su vocación por no subordinarse a las órdenes de nadie. En tal sentido, las experiencias de explotación en el marco del trabajo son el pasado a contrastar; es entonces cuando en los discursos se concatenan frases como “yo me las arreglo sólo”, con otras donde se recuerda que “a mí nadie me dice lo que tengo que hacer”. En el basural, el recolector depende de sí mismo, toma las decisiones respecto a cómo desempeñar sus tareas. Que no exista la figura del jefe da cuenta de una ventaja respecto de un trabajo convencional: la sensación de subordinación es atenuada, no hay sujeción ni formas convencionales de explotación (Bachiller, 2013). La tendencia a la fragmentación también guarda relación con los modos en que históricamente el Estado, en su versión provincial o municipal, interactuó con estas personas. En tal sentido, quienes poseen una mayor antigüedad en el vertedero recuerdan los intentos estatales por generar una cooperativa.4 El fracaso de tal iniciativa, en la cual un recolector sospechado de ser cómplice de corrupción de diversos funcionarios municipales se fugó con el dinero destinado a la cooperativa, hasta el día de hoy provoca reacciones hostiles frente a las sugerencias de organizar un colectivo. Del mismo modo, durante más de diez años empleados municipales se acercaron de forma intermitente al basural tan sólo para censar a la población. Dichas aproximaciones nunca derivaron en mejoras sustanciales en lo que respecta a la calidad de vida de los recolectores, sino que a lo sumo se limitaron al otorgamiento de planes sociales para individuos en concreto, al pago de subsidios específicos y temporales en épocas electorales o ante la proximidad de las fiestas navideñas, etc. Más aún, los censos parecen haber reforzado las divisiones entre los recolectores. La generación de tales estadísticas siempre estuvo relacionada con la necesidad conocer la magnitud del problema que la Municipalidad deberá sortear cuando llegue la fecha de la clausura; de hecho, en todos los ingresos municipales al vertedero, se interrogó a los recolectores si estarían dispuestos a ingresar en la futura 4 La bibliografía sobre la organización de cooperativas de recuperadores informales ha sido prolífica; al respecto es posible consultar los trabajos de Paiva (2008), Fajn (2002), Carenzo y Fernández Álvarez (2011).

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planta de tratamiento. Pero la Municipalidad nunca tuvo la capacidad de establecer un contacto continuo y fluido con los recolectores. Por otra parte, los trabajadores sociales encargados de realizar tales listados precisaron de interlocutores válidos de cara a negociar los pedidos de subsidios o ayudas sociales; ello supuso el surgimiento de referentes, los cuales nunca fueron aceptados como tales por parte de la mayoría, así como fueron motivo de una permanente sospecha incluso por parte de los recolectores que les prestaron su apoyo circunstancial. Por último, la acción estatal se limitó a ciertos recolectores históricos, es decir a muchos -no todos- de quienes llevan años asistiendo asiduamente al predio municipal. De tal modo, el listado municipal no contempló a quienes poseen empleos temporales y sólo se aproximan al vertedero en las etapas de desempleo, a quienes recolectan sólo durante las noches –la Municipalidad nunca ingresó al predio en tal horario-, ni a quienes poseen un empleo y sólo acuden al basural los fines de semana o los fines de mes para complementar los magros ingresos salariales. En definitiva, la pregunta que articuló el accionar de la Municipalidad se redujo a la siguiente: ¿quién es realmente del basural? La lógica imperante consiste en discriminar quién es el sujeto que verdaderamente merece asistencia, mientras que la respuesta a dicho interrogante implica la exclusión de decenas de personas. La fragmentación, como característica en la sociabilidad de los recolectores que dificulta la conformación de un colectivo que reclame por sus derechos ante la futura clausura, también se asocia con el modo en que estos trabajadores informales adoptaron dicha pregunta como criterio válido de clasificación al interior del vertedero. 3.- Imaginarios sobre el cierre del basural 3.1.- ¿Qué piensan los recolectores sobre el cierre? Los imaginarios sociales sobre el futuro cierre del basural que sustentan los recolectores informales de residuos se apoyan en los esquemas interpretativos disponibles a partir de los cuales se funda un sentido de realidad y normalidad, y ello es así porque “los conjuntos sociales ya disponen de categorías o narrativas que puedan suturar las grietas de sentido” (Visacovsky, 2011: 33). Dichos imaginarios sociales se inscriben en un marco de memoria donde, durante décadas, las distintas gestiones municipales incumplieron sus promesas de una inminente clausura; consecuentemente, la mayoría de los recuperadores cree que dicho evento jamás tendrá lugar. Cuando me limitaba a escuchar las conversaciones entre los recolectores, el posible cierre del vertedero no era un tema habitual de conversación. Por lo general,

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fui yo quien introdujo el tema. Entonces, sus respuestas derivaban en anécdotas puntuales sobre el pasado, donde el denominador común parecía ser su presencia como un incordio para la empresa encargada de la recolección de los residuos o para el Estado municipal. En tal sentido, recordaban las campañas de Comodoro Limpio, el ocasional cierre del basural, o el pacto entre la Municipalidad y los grandes supermercados en función del cual los alimentos vencidos eran arrojados al vertedero empapados en lavandina.5 Así, los discursos sobre la clausura se inscribían dentro de tales recuerdos asociados con los intentos infructuosos por expulsarlos del sitio. Asimismo, ligaban los rumores sobre la clausura con la falsedad de una dirigencia política que intenta seducir a los votantes de clase media: los recolectores llevan más de una década escuchando este tipo de propuestas, y la experiencia los ha llevado a interpretar a las mismas como otra promesa electoral sin contenido. Por otra parte, la falta de respuestas frente al posible cierre remite a la confusión generada por la superposición de las múltiples versiones de especialistas, discursos políticos o rumores mediáticos que durante más de diez años circularon en la sociedad local sobre el cierre del basural. Como sostienen Auyero y Switsun (2008), la confusión se genera socialmente, y uno de sus efectos sociales reside en la dificultad para entablar una organización colectiva. La ausencia de acciones encaminadas a organizarse y resistir frente a la futura clausura se vincula con una histórica falta de poder a la hora de administrar el curso de sus vidas la cual, a su vez, ha condicionado el modo en que estas personas conciben a la temporalidad (De Certeau, 1996). En los relatos de los recolectores, se deduce la propia incapacidad para encarrilar los acontecimientos, la imposibilidad de amoldar el propio porvenir. Estas personas suelen mostrarse despreocupadas frente a un futuro que dan por sentado como incierto. Paradójicamente, ello no supone necesariamente falta de autoestima; por el contrario, 5 Comodoro Limpio fue una iniciativa municipal iniciada en el 2009 que consistió en instalar volquetes en la zona industrial de la ciudad con el propósito de que las empresas depositen sus residuos industriales en los mismos. Los metales abandonados serían luego vendidos a ciertos depósitos en vez de ser abandonados en el vertedero. Respecto del cierre temporal del basural, en diversas entrevistas se mencionó que aproximadamente entre el 2000 y el 2001, durante unos seis meses, el predio municipal fue cercado con alambre y se instaló una garita de seguridad para evitar el ingreso de los recolectores. Dichos obstáculos dificultaron las tareas de recolección, ya que los recuperadores no pudieron ingresar al predio con sus automóviles –gracias a los cuales acumulan y transportan una mayor carga. No obstante, los recuperadores rompieron el alambre y continuaron asistiendo al vertedero asiduamente. Luego, tras múltiples conflictos entre los cuales se destaca la quema de la garita por parte de los recuperadores, la empresa encargada de gestionar el predio municipal dio marcha atrás con dichas medidas.

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son recurrentes las afirmaciones que denotan confianza en sí mismos a la hora de enfrentar las adversidades. Por consiguiente, la ausencia de planificación de las propias acciones frente a la futura clausura remite a dicho parámetro de desconfianza en cuanto a las posibilidades de incidir sobre el propio futuro y, en simultáneo, a la confianza en la propia acción de cara a sortear las dificultades del presente. Así, cuando los recolectores plantean al cierre como plausible, entienden que no tienen la posibilidad de evitar dicha clausura, por lo cual lo más aconsejable es confiar en la propia capacidad de amoldarse a los nuevos escenarios que surjan en el futuro. Finalmente, recuperando los argumentos de Mary Douglas (1992) recordamos que las percepciones del riesgo implican construcciones culturales sobre el futuro, y que las mismas varían según los diferentes conjuntos que componen las sociedades. Consecuentemente, para la mayoría de quienes apelan al basural como forma de lograr la subsistencia cotidiana, la inseguridad no es un temor a exorcizar, sino un elemento natural que conforma la vida cotidiana. Como puede deducirse de lo sostenido anteriormente, en ciertos pasajes del trabajo de campo el cierre surgió como una preocupación real, aunque debo reconocer que fui yo quien por lo general incentivó tales discusiones. Yo tenía acceso a información que ellos desconocían, como por ejemplo los informes elaborados por la empresa IATASA para la Municipalidad. De tal modo, organicé una reunión en el basural a la cual asistieron unos 30 recolectores y en la cual les enseñé el Informe de IATASA con las fotografías de la nueva planta de reciclaje y el dato de que la misma emplearía a no más de 20 personas. Fue entonces cuando uno de mis informantes claves, quien a su vez se había erigido como un mediador entre la Municipalidad y un grupo de recolectores, movilizó a unos 30 recolectores en otra serie de reuniones.6 En tales días, y en contraposición a lo que hasta entonces había registrado en mi trabajo de campo, me enteraba que el posible cierre sí había sido un tema discutido en los últimos diez años, aunque el mismo transcurrir del tiempo sin novedades diluyó la intensidad del debate.

6 Me refiero a nuestra asistencia, pese a no haber sido invitados, a la presentación de IATASA del segundo informe a la Municipalidad, a un curso de extensión que organicé en la Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco en el cual los recuperadores expusieron sus temores ante el futuro cierre del basural, y a una serie de encuentros con los medios de comunicación locales que también tuvieron el fin de hacer públicos sus temores.

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3.2.- ¿Qué harían frente al cierre del basural? Como se sostuvo anteriormente, al preguntar a los recolectores qué harían en caso de un hipotético cierre del basural, se deduce que las respuestas no son monolíticas sino que varían de acuerdo a ejes como la antigüedad de sus actividades en el basural, si poseen algún tipo de empleo en el momento en que son interrogados, si poseen antecedentes penales, etc. La primer respuesta, y en esto coinciden todos los recolectores más allá del tiempo que llevan vinculados con el vertedero, suele articularse en función de ciertas estrategias individuales/familiares. Es decir, mencionan que, en caso de clausura, “buscarán un trabajo, recolectarán la basura en los barrios, como antes, habrá que buscar en otros basurales más pequeños”, etc. La lógica imperante consiste, nuevamente, en una combinación entre la confianza en sí mismos y la desconfianza en los demás recolectores -especialmente en aquellos que se erigen como referentes-, entre el optimismo de saber que siempre fueron capaces de afrontar las dificultades sin depender de nadie -en tal sentido, el cierre del basural sólo supondría un obstáculo más a sortear en sus vidas- y el fatalismo de pensar que nada de lo que hagan modificará el curso de unos acontecimientos que son determinados por fuerzas externas. Pero, a medida que sus relatos transcurren, la pregunta por sus reacciones ante el cierre se convierte en un disparador, donde los relatos de fragmentación y prácticas individuales dan paso a la conformación de un posible colectivo. Es el momento donde por primera vez se articula un nosotros, predominando las respuestas grupales de resistencia. Ello se asocia con diversas cuestiones. En primer lugar, para la mayoría de los recolectores el basural es un espacio de cotidianidad donde el sentido de normalidad se ha espacializado, por lo cual no es su existencia sino su clausura lo que representa una discontinuidad con el pasado que condicionará el futuro, una dislocación respecto del orden social conocido (Visacovsky, 2011). De tal modo, la clausura supone una crisis, un evento crítico, una “experiencia de índole desestabilizadora de las categorías sociales establecidas, donde el mundo existente conocido es arrasado no sólo en sus vidas y sentido de comunidad, sino sobre todo en cuanto a los criterios con los cuales ha sido pensado hasta allí” (Das, en Visacovsky, 2011: 32). En segundo lugar, tales eventos críticos, al movilizar a los recursos interpretativos preexistentes, los someten a un proceso de transformación. Es decir, la resolución de la crisis no consiste en un ajuste estructural ni en el retroceso a un equilibrio inicial, sino que implica momentos creativos. Finalmente, dicho aspecto creativo suele articularse en torno a la exigencia de reparación y justicia frente al Estado por parte de los afectados en calidad de víctimas; cuando 90

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ello sucede, la innovación se asocia con la transformación de los sujetos en un movimiento social, en una comunidad política (Das, 1995). Como era de esperarse, el posible cierre es una mayor preocupación para quienes llevan toda la vida subsistiendo gracias al vertedero, para quienes tienen una avanzada edad, problemas de salud o antecedentes penales, para quienes en definitiva, saben que no tienen posibilidades en el mercado formal de empleo. Asimismo, los discursos que resaltan las estrategias colectivas son más fuertes en quienes identifican al basural como sinónimo de trabajo, como un espacio de sociabilidad y cotidianidad. Los recolectores coincidieron en lo que refiere a posibles estrategias colectivas de resistencia, lo cual da cuenta de que el hipotético cierre ha sido un tema de conversación entre estas personas. Dichas estrategias se sintetizan en el enunciado “hacer kilombo”. Al respecto, evoco la frase enunciada por Adrián, un informante clave que opinó lo siguiente: “no se va a cerrar, y si se cierra quemamos todo”; en tal sentido, muchos recolectores explican su situación señalando que otros grupos obtuvieron beneficios mediante acciones colectivas violentas, por lo general ligadas con el corte de rutas nacionales, mientras ellos siempre permanecieron ocultos en el basural “sin hacer kilombo”. De tal modo, la clausura es identificada como un punto de inflexión que marcaría un antes y un después, tanto en los modos de obtener recursos como en el tipo de vinculaciones que a partir de entonces se establecerán entre los recolectores y entre los recuperadores y el Estado. Asimismo, el término “hacer kilombo” subsume otras prácticas, como acercarse masivamente al centro de la ciudad y arrojar allí la basura, cortar los dos accesos al basural impidiendo la descarga de residuos, realizar piquetes en la ruta que conduce a la Villa balnearia de Rada Tilly, etc. Ahora bien, las coincidencias se diluyen al preguntar qué reclamarían al Estado frente a la posible clausura. Las respuestas se dividen entre quienes plantean que solicitarán un subsidio y quienes en cambio reclamarán por un empleo. El primer grupo está conformado por personas que, por distintos motivos, sienten que no podrán afrontar la disciplina inherente a un trabajo convencional –ancianos, personas que padecen distintas enfermedades, etc. El segundo grupo es el más nutrido; considerando las tortuosas experiencias laborales precedentes, no es de extrañar que todos los interrogados hayan circunscripto sus respuestas al ingreso a la futura planta de reciclaje. Es decir, el único empleo que los recolectores imaginaron que el Estado podría conseguirles es aquel que supone una línea de continuidad con el basural.

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3.3.- ¿Cómo imaginan la futura planta de reciclaje? En el análisis del imaginario que los recolectores sustentan sobre el futuro cierre del vertedero, es interesante indagar las representaciones de estos sujetos sobre la planta de reciclaje. La primera reacción se identifica con una serie de preocupaciones, las cuales por lo general suelen desplazarse hacia otros recolectores que son identificados como inempleables; entonces, los recuperadores se preguntan qué harán los menores de edad o los ancianos. Mencionan que a ciertos compañeros nadie le daría empleo debido a sus problemas con el alcohol o las drogas, pronuncian el apellido de determinadas personas recordando sus causas penales o su frágil salud. En otros pasajes de sus relatos, los temores se expresan en términos personales. Fue lo que ocurrió, por ejemplo, al observar las fotografías presentes en el informe de la empresa IATASA que les proporcioné; entonces, una mujer opinó: “hay muchas máquinas… si hay tanta máquina no va a haber lugar para todos nosotros”. En este punto afloraron nuevamente las múltiples versiones, reforzando la sensación de incertidumbre e impotencia. Un joven afirmaba haber escuchado que “van a traer gente de otros lugares para la planta”, otro sostenía que los puestos laborales estaban reservados para los empleados de la empresa de limpieza Clear, mientras que un tercero sostuvo que “nos van a dar un plan trabajar –subsidio- no un trabajo, ya vas a ver”. Cuando preguntaba si estarían interesados en ingresar en la planta de reciclaje, las respuestas afirmativas fueron masivas. Los únicos que rechazaron tal opción fueron quienes, como mencioné anteriormente, sostienen que no podrán adaptarse a las condiciones de un empleo formal, por lo cual se conformarían con un subsidio estatal. Al averiguar si los recicladores pondrían condiciones frente a una posible incorporación en la planta, todos respondieron negativamente. Al interrogarlos con mayor profundidad, el requisito que surgió masivamente se resumió en la siguiente frase: “ganar bien”. Nadie alegó sobre las condiciones en que se realizaría el empleo, sino que la cuestión salarial fue el ítem subrayado. Y ello es así pues, en primera instancia, muchos recolectores sostienen que ganan más dinero vendiendo los metales recuperados respecto de lo que percibirían mediante los empleos para ellos disponibles -en tales pasajes de sus relatos, y en oposición al mercado de trabajo, el basural llega a ser descrito como un espacio de ascenso social. En segundo lugar, las respuestas apuntan a la desconfianza en cuanto a que la oferta estatal consista en un Plan Trabajar y no en un empleo genuino. La experiencia les ha enseñado que, cuando existieron, las ayudas sociales en el plano laboral se limitaron a un placebo del empleo que supuso un ingreso económico exiguo, con contraprestaciones ridículas (Bachiller, 2013). Así, la dignidad del trabajo se estructura en torno a un 92

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ingreso salarial “decente” y a un sentimiento de utilidad social, cuestiones que entienden que son imposibles de satisfacer mediante un Plan Trabajar. Como sostuvo un informante en una entrevista, “si es para perder el tiempo por 2000 pesos... no vale la pena entrar en la planta”. Por último, profundizando en las expectativas laborales ante el futuro cierre del vertedero, en las entrevistas incluí la siguiente pregunta: “si pudiera elegir, ¿de qué le gustaría trabajar?” Todas las respuestas se limitaron, nuevamente, al aspecto monetario. “Ganar bien” fue la frase priorizada; de tal manera, la exclusión impacta en las expectativas, la capacidad de imaginar o soñar un futuro promisorio se reduce a un mínimo (Bachiller, 2013). No hay espacio para fantasear, pues la realidad siempre contradice los deseos; las respuestas apuntan a satisfacer las necesidades más acuciantes. No obstante existieron excepciones a dicha regla: algunas personas, la minoría, se permitió expresar sus deseos. Significativamente, sus anhelos se articularon en torno a que la planta de reciclaje opere de un modo similar a como funciona el basural. En tal sentido, las ilusiones de estos recuperadores consistieron en soñar con un empleo en el cual no exista un jefe que dé órdenes, horarios fijos que cumplir, ni otras formas características típicas de la subordinación laboral. En definitiva, como reconoció un informante clave, sus deseos consisten en “hacer en la planta lo mismo que hacemos en el basural”. Reflexiones finales A partir de un trabajo de campo etnográfico con quienes subsisten mediante la recuperación informal de residuos en el vertedero municipal de Comodoro Rivadavia, el objetivo de este trabajo residió en analizar los imaginarios que dichos recolectores sustentan respecto del plan provincial de substitución de los basurales a cielo abierto por plantas de tratamiento y reciclaje. En primer lugar, se constató que los imaginarios sobre el cierre responden a una diversidad, donde ciertas variables son especialmente significativas. Entre las mismas, se destaca la antigüedad de los sujetos en las tareas de recolección y la biografía laboral. Dichas variables afectan el modo en que las personas conciben al vertedero. Así, se sostuvo que para quienes llevan menos tiempo desarrollando las prácticas de recolección, o para quienes tienen una conexión más fuerte con el mercado de empleo, la clausura no es singularizada como un evento traumático. Sin embargo, y a diferencia de este grupo, la mayoría de los recolectores tiene un vínculo histórico con el basural. Para ellos, el vertedero no es solamente el sitio donde garantizar la subsistencia familiar, 93

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sino también un ámbito de sociabilidad, un espacio de cotidianidad que moldea el sentido de normalidad. La rutina en el vertedero implica una naturalización del hábitat, lo cual permite sobrellevar la situación de exclusión aunque, simultáneamente, dificulta la conformación de un colectivo que problematice y lidie con las fuentes del malestar (Auyero y Switsun, 2008). Cuando se interrogó a estas personas qué piensan sobre el futuro cierre, las respuestas fueron unánimes: inscribiendo al evento en un marco de memoria marcado por las promesas incumplidas de la clase dirigente local, entienden que dicho suceso nunca ocurrirá. La confusión generada por las múltiples y diversas voces –políticas, mediáticas, de especialistas, etc.- que durante décadas giraron en torno al cierre, refuerzan dicho pensamiento. Asimismo, la ausencia de acciones encaminadas a lidiar con la futura clausura responde a otros factores. En tal sentido, se mencionó una propensión a la fragmentación entre los propios recolectores –la cual se tensiona con una tendencia opuesta que incita a la sociabilidad. Se afirmó que la fragmentación guarda relación tanto con las experiencias negativas de sujeción que los recolectores tuvieron en su vida laboral como con diversas intervenciones estatales. También se vinculó a la ausencia de acciones dirigidas a evitar la clausura con una sensación de falta de poder a la hora de modificar el curso de los acontecimientos que, paradójicamente, se desarrolla en paralelo a una confianza en la propia capacidad para amoldarse a los nuevos escenarios. En ciertos momentos de la etnografía la clausura del basural surgió como un evento plausible. Se ha reconocido que mi presencia condicionó el surgimiento de aquellos relatos que graficaron al cierre del basural como una amenaza real. En todo caso, la mayoría de estos discursos se organizaron en base a una lógica donde se resaltan las estrategias individuales, o a lo sumo familiares, encaminadas a lidiar con dicho peligro. No obstante, los relatos subrepticiamente dan un giro y, por primera vez, plantean la conformación de un nosotros que luchará colectivamente contra las consecuencias que desatará la clausura. Tal giro guarda relación con un hecho: especialmente para quienes poseen una mayor antigüedad en el basural, su cierre supone una crisis. Recuperando la distinción antropológica entre criterios emic y etic, y si bien los recuperadores no lo han planteado explícitamente, entiendo que el cierre del vertedero conlleva una amenaza múltiple para estas personas. Por un lado, la futura clausura supone la disrupción de un sentido de normalidad que se ha espacializado a partir de la cotidianidad en el vertedero. Del mismo modo, una parte sustancial de las sociabilidades de estas personas se articularon en 94

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torno al basural. Por el otro, su desaparición es más grave aún que la pérdida de un empleo; la experiencia indica que del mundo del empleo se entra y sale constantemente, mientras que el basural representa, en palabras de un informante clave, la “tranquilidad de saber que siempre está ahí”: es el sitio que garantiza la subsistencia en etapas de desempleo, es la seguridad para quien dispone de un empleo pero cuenta con una experiencia vital donde los empleos nunca fueron duraderos, es el ámbito donde complementar los magros ingresos propios de los empleos no cualificados. Además, la clausura trasciende la situación de desempleo pues para quien carece de cualificaciones, es analfabeto o analfabeto funcional, posee antecedentes penales y/o problemas de salud, el basural es el único sitio de empleabilidad, su cierre representa la disolución del último reducto que aporta cierto sentido de seguridad (Bachiller, 2013). Entonces, las estrategias que se relatan como parte de una resistencia conjunta apuntan a distintos modos de “hacer kilombo”. Las diferencias emergen, en cambio, al interrogarlos sobre qué le solicitarán al Estado. La mayoría mencionan su voluntad por conseguir un empleo; los menos alegan que por razones de salud o edad no se encuentran en condiciones de soportar un empleo convencional, por lo cual precisarían de un subsidio. La última pregunta que organizó el artículo supuso indagar qué imaginan que ocurrirá con la futura planta. Todos se mostraron interesados aunque preocupados por sus posibilidades de ingresar en la misma. Averiguando si pondrían algún tipo de condición, las respuestas fueron masivas: el único requisito mencionado fue obtener un buen salario; en tal sentido, la desconfianza se articuló en torno a que la respuesta estatal consista en un Plan Trabajar –es decir, en un subsidio que no garantiza la subsistencia familiar y que no satisface el criterio de utilidad social inherente al trabajo. Finalmente, profundizando en sus expectativas laborales, tras solicitarles que imaginen un empleo ideal, las respuestas nuevamente se circunscribieron a “ganar un salario digno”; cuando las biografías laborales se encuentran tan marcadas por las penurias económicas, aparentemente la posibilidad de fantasear con dimensiones del trabajo que exceden lo monetario quedan obturadas (Bachiller, 2013). Significativamente, quienes se permitieron ampliar un poco el alcance de sus fantasías, mencionaron su voluntad de ingresar en la planta de tratamiento y que dicho empleo sea similar al que desarrollan en el basural –es decir, sin la disciplina laboral inherente a la mayoría de los empleos. El cierre del actual vertedero a cielo abierto supondrá una nueva expulsión de grupos que históricamente padecieron los procesos de exclusión social en

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carne propia. Por un lado, dicho problema no se limitará a los recolectores informales, sino que repercutirá en la propia ciudad. Si no se los contempla en el futuro programa de tratamiento de residuos, sus prácticas se tornarán visibles, Comodoro deberá afrontar dificultades que otras ciudades experimentan, ligadas con la recolección informal en los espacios públicos; tal como sostiene la bibliografía especializada que estudió el surgimiento del fenómeno cartonero en la ciudad de Buenos Aires tras la crisis de fines de los 1990 y principios de la década del 2000 (Dobo de Socolsky, 2006; Dimarco, 2005), ello supondrá una mayor proximidad –y probablemente una relación conflictiva- con los vecinos, una mayor estigmatización para los recolectores, etc. Por otro lado, se trata de reconocer que los recolectores informales son un actor clave en el circuito a partir del cual la basura se convierte en mercancía, representan el primer eslabón de la cadena de reciclaje (Carenzo, 2011; Schamber y Suárez, 2007). En ciudades como Buenos Aires, los recolectores informales logran una tasa de recuperación y reciclado de materiales altísima, llegando a porcentajes similares a los países del primer mundo (Schamber, 2008). En Comodoro no hay cifras de tal tipo, pero sí es posible afirmar que los recuperadores informales son responsables de ralentizar la velocidad con la cual se satura el basural municipal, así como de reintroducir en el sistema económico materiales que de otro modo se hubiesen perdido. Por si fuera poco, dichas prácticas de recuperación y reciclaje se inscriben en un proceso de expoliación urbana, el cual permite la acumulación de ganancias empresariales a costa de la calidad de vida de los recolectores (Schamber y Suárez, 2007); es decir, estas personas trabajan para los grandes complejos industriales como procesadores de materias primas sin su correspondiente salario (Schamber, 2008). Por consiguiente, se torna preciso readaptar el Plan Municipal de Gestión Integral de Residuos Sólidos Urbanos, reconociendo la utilidad social de la labor desarrollada durante décadas por parte de los recuperadores informales, generando empleos como operarios en la futura planta de tratamiento o en otras empresas abocadas a la gestión de los residuos urbanos. Se trata de reconocer el lugar que históricamente estas personas han ocupado en la cadena de reciclaje, promoviendo medidas políticas que no se restrinjan a criterios económicos sino que, por el contrario, incluyan a lo ambiental y a la justicia social como vectores igualmente importantes.

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Trabajo, rebusque, changa: Experiencias de trabajo alrededor de la basura en el Área Reconquista Cecilia Cross Introducción Desde fines del siglo XVIII las sociedades occidentales se han organizado en torno a la producción de mercancías. Quienes pueden comprar o alquilar los medios de producción, se apropian del producto del trabajo colectivo y lo venden en el mercado para obtener más capital con el que recomenzar el proceso. Son los/as capitalistas. El resto de las personas, después de un penoso proceso de disciplinamiento y resistencias, que comenzó en el Siglo XVIII y sigue vigente, hemos sido persuadidas de que nuestro mejor destino era poder alquilar nuestra fuerza de trabajo en el mercado, para de este modo tener acceso legítimamente a disfrutar -aunque sea mínimamente- del producto del trabajo colectivo (Castel, 1997; Polanyi, 1989). De acuerdo con la teoría clásica del valor desarrollada por Karl Marx, quienes logran vender esa preciosa mercancía en el mercado son/somos los/as trabajadores/as, sometidos/as a un proceso de explotación colectiva, ya que el precio de venta de nuestra mercancía –la fuerza de trabajo- que es el salario, es menor al valor que –colectivamente- producimos. El salario, sin embargo, tiene otra connotación: significa que alguna empresa o institución ha asumido la responsabilidad de garantizar que nuestra capacidad de producir, de integrarnos al proceso colectivo de producción, se renueve diariamente (de la Garza Toledo, 2001) . De este modo el salario se convirtió en el paradigma de la integración social: quienes hemos accedido al salariado hemos sido dignos de ser considerados/as parte del gran engranaje, dignos/as de ser explotados/as, pero también de que alguna empresa o institución asuma la responsabilidad por nuestra reproducción social (Thompson, 1967). En cambio, ¿qué pasa con aquellos/as que no acceden al salario? ¿qué ocurre con quiénes logran alquilar su fuerza de trabajo pero no asegurarse de que una empresa o institución pública dé cuenta de su capacidad de hacer? Esta pregunta ha desvelado a las ciencias sociales desde su origen, a tal 101

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punto que ha sido considerada desde ciertos enfoques como el interrogante que ha dado nacimiento nada menos que a la Sociología (Portantiero, 1977). La historia social les ha dado un lugar central a través del concepto de “cuestión social”, definido como aquellos factores que ponen en riesgo la cohesión social, asociados al pauperismo en el siglo XIX, al desempleo en el XX y a la inempleabilidad en el XXI (Castel y Haroche, 2001; Gautier, 2002). Este último concepto, de hecho, fue desarrollado desde la Economía para señalar a aquellas personas cuya productividad –presunta- es demasiado baja para ser admitidas en el mercado de trabajo, es decir para que una empresa se haga cargo de garantizar sus condiciones de reproducción (Gazier, 1991). En Argentina, esta misma pregunta tuvo tal centralidad desde mediados de los ’90 para agentes estatales, militantes, dirigentes, académicos/as y trabajadores/ as que, como han señalado Fernández Álvarez y Manzano (2007), buena parte de las interacciones en el espacio público se organizaron en torno a esta cuestión configurando un campo de fuerzas en torno al desempleo, en cuyo contexto se diseñaron, implementaron y administraron políticas sociales focalizadas (Danani, 2013; Kerstenetzky, 2006; Leboult, Fischer y Saha, 2014). En este contexto, entonces, el objetivo de este trabajo es analizar los vínculos sociales que producen las políticas sociales focalizadas dirigidas a sectores definidos como vulnerables dada su inempleabilidad. En particular abordamos la construcción y puesta en marcha de una planta de clasificación de residuos sólidos urbanos emplazada en el relleno sanitario Norte III de la Coordinación Ecológica Área Metropolitana Sociedad del Estado (CEAMSE), que funciona desde 2009 y cuyo proceso de construcción y puesta en marcha hemos acompañado desde 2004 hasta la fecha. Esta planta fue impulsada, junto con otras, con el propósito de generar puestos de trabajo para los/as quemeros/as1 que viven en los barrios alrededor del relleno que conforman el Área Reconquista. Los/as quemeros/as son las personas que acceden al relleno sanitario en busca de materiales para vender o mercadería para consumir. En cuanto a la estructura de este artículo, en el próximo apartado presentamos las notas teórico-metodológicas de la investigación sobre la que se sustenta este texto. Luego analizamos el programa de plantas sociales cómo ámbito de producción de lazos sociales, revisando las disputas por el sentido de este ámbito de trabajo desde el punto de vista de las agencias financiadoras, los/as líderes de la organización y una joven trabajadora.

1 Las itálicas señalan categorías nativas, las comillas referencias textuales.

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Políticas sociales focalizadas y construcción de capacidades colectivas Este artículo presenta resultados de una investigación comenzada en 2001 que a la fecha tiene continuidad en el contexto del proyecto de investigación PICT 2295/12 “Disputas por las formas de regulación del trabajo en establecimientos agropecuarios y emprendimientos asociativos en el período 2003-2013” financiado por el Ministerio de Ciencia, Tecnología e Innovación productiva de Argentina bajo mi dirección. Desde el comienzo la investigación ha sido desarrollada desde los supuestos del paradigma interpretativo que nos lleva a analizar el sentido de las prácticas y discursos insertos en el mundo de la vida de los sujetos que las llevan a cabo (Vasilachis de Gialdino, 2009). De allí que la metodología de trabajo ha sido de tipo cualitativo, por lo que el objeto de la investigación no ha sido la constatación de hipótesis teóricas sino la definición de conceptos y categorías a partir de los datos, utilizando el enfoque de la Grounded Theory (Glaser y Strauss, 1967), para de este modo comprender sentidos y estructuras de significación que sustentan las prácticas observadas (Raymen, 2009). Esto no significa, sin embargo, que la investigación o la presentación de resultados se hayan llevado a cabo con prescindencia de una adecuada revisión de los debates y aportes teóricos de otras indagaciones contemporáneas o previas. Muy por el contrario la construcción del marco conceptual es lo que permite, en esta tradición investigativa, formular el problema de investigación -para señalar los límites y alcances de nuestra indagación- y elaborar resultados en diálogo con las interpretaciones vigentes en el campo científico (Snow, Morril y Anderson, 2003). En cuanto a las técnicas y procedimientos utilizados para el relevamiento de los datos hemos trabajado con dos enfoques, dentro de los métodos cualitativos, que se han alternado y complementado a lo largo de estos más de diez años de trabajo: los estudios cualitativos clásicos y la investigación acción participativa (Gustavsen, 2008).En el primer contexto se trabajó con técnicas que pueden clasificarse de acuerdo a la división clásica entre fuentes secundarias y fuentes primarias. Las primeras constaron de referencias bibliográficas y revisión de informes –fundamentalmente los de la Encuesta Permanente de Hogares (EPH) del Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC) de Argentina o la base del Sistema de Información, Monitoreo y Evaluación de Programas Sociales (SIEMPRO) dependiente del Consejo Nacional de Coordinación de Políticas Sociales de dicho país. Esta información fue triangulada (Cisterna Cabrera, 2005) con la obtenida a través de las fuentes primarias, fundamentalmente para reconstruir y analizar el proceso de formulación de demandas y establecimiento

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de prácticas de gestión de programas sociales en las organizaciones territoriales estudiadas. Dichas fuentes primarias incluyeron la observación de actividades tales como asambleas plenarias, gestión de programas sociales, organización de actividades comunitarias y también de marchas y actos a lo largo de todo el período analizado. Además, entre 2001 y 2014 se realizaron 78 entrevistas en profundidad (Taylor y Bogdan, 1996) a personas vinculadas a las organizaciones territoriales estudiadas, algunas de las cuales fueron actualizadas a lo largo del período analizado. En tanto este estudio sigue las líneas de la Grounded Theory la selección de los/as entrevistados/as fue realizada en función de la técnica de muestreo teórico (Glaser y Strauss, 1967). Elegimos entrevistar a personas que ocuparan roles diferentes en las organizaciones estudiadas y se hubieran integrado en distintos momentos a estos procesos, con variadas condiciones de género, edad y diversas experiencias políticas y laborales. Asimismo, entrevistamos a 14 informantes clave, entre dirigentes políticos/as y sindicales, funcionarios/as y trabajadores/as de la CEAMSE. A fin de comprender el modo en que se desarrolló la gestión local de programas sociales se analizaron documentos tales como boletines, folletos, discursos, declaraciones, volantes y publicaciones en la web. Asimismo estudiamos los principales programas vigentes entre 2001 y 2014 y entrevistamos a funcionarios/as públicos/as del ámbito nacional, provincial y municipal. Complementariamente, examinamos información periodística de los diarios de mayor circulación en la zona metropolitana de Buenos Aires, es decir Clarín, La Nación y Página/12, para dar cuenta de los posicionamientos públicos de nuestros/as entrevistados/as, tanto quienes estaban vinculados/as a organizaciones territoriales como quienes revistaban como funcionarios/as públicos/as. En cuanto a los trabajos de investigación acción, estos comenzaron en 2004 a partir de la demanda efectuada por una organización del Área Reconquista, a la que llamaremos “Vecinos Unidos” (VU)2 de acuerdo con la cual requerían que, frente a la posibilidad de construir una planta social de clasificación de residuos -proceso que analizaremos más adelante- necesitaban, de acuerdo a sus palabras, “convertir un grupo de quemeros en un colectivo de trabajadores” y no tenían “ni la menor idea de cómo hacerlo”. A partir de allí comenzamos a trabajar en conjunto, utilizando los datos previamente recogidos y analizados como preinvestigación 2 Los nombres propios asignados a la organización, la planta y nuestros/as entrevistados/as son ficticios para preservar el compromiso de confidencialidad asumido al realizar la investigación.

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para poder avanzar en las etapas subsiguientes, conforme al diseño que propone Ander Egg (1990). Desde ese momento, tuvimos 5 procesos de trabajo con la organización (2004-2005; 2007-2009; 2010-2012; 2014 y continúa) que se fueron alternando en torno a tres ejes principales: desarrollar las capacidades locales de gestión (Cross y Freytes Frey, 2009), fortalecer el colectivo de futuros/as trabajadores/as de la planta (Freytes Frey, Menéndez, García Allegrone y Cross, 2007) y desarrollar estrategias para mejorar las chances de inserción escolar y laboral de los/as adolescentes y jóvenes de la zona (Freytes, Frey y Cross, 2011). En este marco se realizaron 74 talleres participativos cuyos registros fueron incorporados al corpus de datos de la investigación. Dicho corpus de datos fue analizado desde su producción y fue retomado en diferentes momentos. Es decir que no sólo hemos tomado las entrevistas, los registros, las fichas, sino las reflexiones suscitadas en el primer análisis y los subsiguientes, los cuales fueron efectuados desde diversas preguntas y marcos analíticos de referencia. Conforme a esto, el desafío que hemos adoptado ha sido considerar cada testimonio, registro, declaración pública e interpretación académica –propia y ajena- en su contexto de producción, sin sustraernos al desafío de repensarlo en función de los acontecimientos que se sucedieron con posterioridad y los rastros de la experiencia previa de quien habla. En este marco, consideramos pertinente rescatar la función narrativa tal y como ha sido presentada por Paul Ricoeur (2000). En el acto de narrar se pone de manifiesto el carácter temporal de la experiencia humana, a través del proceso de elaboración de la trama que permite articular un discurso. Al construir su biografía las personas seleccionan episodios y establecen conexiones causales, fines y efectos no deseados otorgando coherencia su relato. No obstante, la trama así construida no puede comprenderse por fuera de sus condiciones de elaboración, las cuales involucran no sólo la construcción de una identidad narrativa que posiciona a la personas respecto al mundo (Ricoeur, 1996), sino a sus interlocutores/as. De este modo, al analizar nuestros registros lo que buscamos es comprender los procesos de disputa en torno a los sentidos que adquiere la implementación de los programas sociales, dando cuenta además de cómo se transforman las posiciones subjetivas de las personas involucradas en el proceso y los vínculos que entablan mientras llevan a cabo las distintas actividades que demandan dichos programas. A lo largo de estos años hemos observado que las políticas sociales focalizadas requieren en su implementación la creación de capacidades colectivas (Ricoeur, 2004), es decir, el reconocimiento de criterios de justicia en el uso y adjudicación de los recursos, lo cual permite a la vez seleccionar a los/as “beneficiarios/as” y distribuir

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áreas de competencia entre instituciones intervinientes, habitualmente, agencias estatales, ONG y organizaciones sociales o de base (Cross, 2010). Nuestra hipótesis es que estas capacidades colectivas no solo rigen el proceso de implementación de la norma sino que atraviesan los marcos de sentido desde los cuales se articulan las experiencias (Throop, 2003) de quienes dan forma al proceso de implementación. El debate acerca de la experiencia tiene una larga tradición en la teoría social, cuya explicitación excede los alcances de este trabajo. Sin embargo, más allá de la postura que se adopte, el concepto de experiencia alude a ese punto –inaccesible en modo directo, aunque imaginado- en el que las percepciones –aquello que nos pasa como organismo vivo- se simbolizan y por tanto pueden hacerse conscientes. Esa simbolización se produce contraponiendo esa percepción con marcos significativos constituidos a lo largo de nuestra vida, que no pueden pensarse a priori de los vínculos establecidos con quienes nos rodean. De este modo, la subjetivación no ocurre sólo frente a nuestra consciencia –como en el cogito cartesiano- sino también frente a ese conglomerado difuso al que llamamos sociedad, integrada precisamente por otros/as semejantes y diferentes (Ricoeur, 2004). Ahora bien, si la experiencia es inaccesible en modo directo ¿cómo será posible relevarla? Recuperando a Ricœur (2000), consideramos que en el “acto de narrar” se ponen de manifiesto los marcos de sentido que permiten articular la experiencia humana, situándola temporalmente a través del proceso de “elaboración de la trama” de un discurso. En esa articulación las personas se sitúan frente a otras personas y a los objetos estableciendo su modo específico de ser-en-el-mundo a través de las representaciones que construyen acerca de sí y de aquello que las rodea. Estas representaciones no son “ideas flotantes que se mueven en un espacio autónomo”, sino “mediaciones simbólicas que contribuyen a la instauración del vínculo social” (Ricoeur, 2004: 175). Por ello, las personas que apelan a marcos comunes de sentido constituyen “comunidades de valor” que les permiten situarse frente a otros/as y los objetos reclamando para sí el reconocimiento de ciertas capacidades. Lo que galvaniza estas comunidades es la vigencia de un horizonte común de autorrealización, una expectativa compartida acerca de lo que implica llevar una “vida realizada”, lo cual constituye el “ergon”, el sentido último, de la vida en sociedad (Ricoeur, 2004: 112). Para alcanzar esa expectativa se requiere de la acreditación de capacidades, las cuales no pueden ser reivindicadas individualmente, si no son reconocidas socialmente, de allí que su reconocimiento permite a las personas sentirse miembros plenos de su comunidad, así como su negación constituye una experiencia de menosprecio que lleva a que éstas construyan imágenes degradadas de sí (Ricoeur, 2004). 106

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Las referencias a estos marcos de sentido se ponen de manifiesto, particularmente, en la justificación y en la puesta en juego de pruebas de calificación mediante las cuales la acción se evalúa en contraposición con principios que rigen la moral de ese sujeto, reconociendo o negando sus capacidades y por tanto su responsabilidad (más allá de su intención) (Ricoeur, 2004: 174). Por ello, el concepto de experiencia supone no sólo la existencia de otros/as sino también de otros/as situados/as socialmente quienes nos confirman como sujetos, pero también como desiguales (Throop, 2003). Este es el método con el que trabajamos en este artículo, comenzando en lo que sigue por situar histórica y territorialmente el programa de plantas sociales. Vida cotidiana en el Área Reconquista El sistema de disposición de los residuos en la zona metropolitana de Buenos Aires vigente desde 1977 está basado en el sistema de rellenos sanitarios, centralizado por CEAMSE. Esta sociedad estatal interjurisdiccional, que comprende a la Ciudad y a la Provincia de Buenos Aires, ha concesionado los servicios a favor de una Unión Transitoria de Empresas (UTE) conformada por Benito Roggio e Hijos y ORMAS S.A.I.C.I.C. Desde 2009 el único relleno que funciona en plenitud es el ubicado en el Complejo Ambiental Zona Norte III, el cual está bordeado por el río Reconquista. Este río le da nombre al área que conforman un conjunto de barrios precarios. La mayor parte de los vecindarios que conforman el área Reconquista fueron constituidos a fines de los ’90 en procesos de “toma de tierras”. Desde todos ellos se puede ver “la montaña” de basura que se erige al otro lado de la autopista del Buen Ayre. En esta zona los niveles de pobreza e indigencia están por encima de la media del conurbano bonaerense y es posible observar la existencia de diversas organizaciones barriales, algunas como expresión local de partidos políticos, que gestionan programas gubernamentales y no gubernamentales. En esta área, muchos/as vecinos/as son quemeros/as. Ingresan regularmente al relleno sanitario, al que llaman “la quema”, a procurarse “mercadería” o “materiales” que consumen o venden. Quienes no ingresan tampoco son ajenos/as a esta práctica: “Saben dónde conseguir rescates”, es decir insumos o productos a bajo costo por haber sido recogidos en el complejo ambiental. Esta práctica es fuente de conflictos con el CEAMSE, siendo uno de los principales focos de tensión en este territorio. Y es que, a pesar de ser una práctica

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habitual, el ingreso al relleno sanitario está prohibido. Esta contradicción entre práctica y regulación redunda en una alta exposición de los/as quemeros/as a la violencia, tanto entre sí como frente quienes custodian el predio. El máximo nivel de conflicto en este punto se produjo frente a la desaparición de Diego Duarte,3 joven residente del área Reconquista. La movilización en demanda de justicia protagonizada por Alicia, hermana de Diego, y por varias organizaciones de la zona, dirigentes de partidos de izquierda y representantes de organismos de derechos humanos no sólo logró instalar públicamente la convicción de que existió responsabilidad empresarial en su desaparición, sino también la necesidad de sincerar la dependencia de los/as vecinos/as respecto al relleno sanitario. Este sinceramiento tuvo lugar en un contexto marcado por otros dos conflictos que excedieron la zona estudiada. Primero, la resistencia de grupos vecinales de diferentes localidades del conurbano bonaerense a la apertura de nuevos rellenos sanitarios, que permitieran reemplazar los que fueron cerrados por estar saturados o por conflictos planteados por organizaciones ambientalistas y/o vecinales (Carenzo y Míguez, 2010). Segundo, la denuncia a la excesiva centralización del modelo de gestión actual y su escasa “sustentabilidad ecológica y social”. El CEAMSE fue creado con el propósito de centralizar el tratamiento de la basura, prohibiéndose las actividades de reciclado de materiales. En este marco, la basura fue declarada propiedad del estado y se penalizaron las actividades de clasificación y venta de materiales por particulares. Así se estableció una distinción entre el circuito formal-legal y el informal-ilegal que incrementó la precariedad en las condiciones de vida y trabajo de los/as recicladores/as, pero no logró erradicar su actividad como pretendía (Carenzo y Míguez, 2010). A partir de 2002, en un contexto de fuerte movilización social, el reconocimiento a las actividades de reciclado fue impulsado desde dos vertientes. Por un lado, activistas que buscaron crear conciencia acerca de la necesidad de incorporar el reciclado a la gestión de los residuos, como única alternativa sustentable desde el punto de vista ecológico. Por otro, grupos de recicladores/as que con el apoyo de expresiones partidarias, estudiantiles y sindicales, lograron defender tanto la relevancia social de sus actividades como su derecho a “ganarse la vida” mediante 3 Diego Duarte desapareció la noche del 15 de marzo de 2004. Había ingresado al relleno sanitario a buscar metales con su hermano para que éste pudiera comprarse zapatillas nuevas con las que asistir al colegio. Según denunció este último, fue enterrado bajo una montaña de basura por una retroexcavadora. El cuerpo de Diego aún no fue encontrado y las circunstancias de su desaparición no han sido esclarecidas judicialmente.

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la recuperación, clasificación y venta de materiales descartados. El eco político alcanzado por ambas vertientes se plasmó en la legislación a través de la Ley Nacional 25916, la Ley 13592 de la Provincia de Buenos Aires, y las Leyes 992 y 1854 de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires que impulsan un “modelo social de gestión de los residuos” que incorpora como agentes activos a los/as “recuperadores/as urbanos/as” (Álvarez, 2009). En este marco, CEAMSE acordó con el estado provincial una serie de medidas destinadas tanto a atender los conflictos locales como a adecuarse al nuevo contexto institucional y político (Cross y Freytes Frey, 2009). Una de ellas fue la promoción de plantas de clasificación de residuos, emplazadas en el complejo ambiental Norte III. Algunas de estas plantas serían construidas con el apoyo provincial y adjudicadas a líderes locales para que “incluyeran” a “las familias humildes que residían en la zona” en el “circuito formal” de la basura. Se les llamó “plantas sociales” para distinguirlas de las “privadas” concesionadas a empresas. Como requisito se exigió la formalización de cooperativas de trabajo, conforme a los principios de “economía social”. Así fue presentado este proyecto en un documento web de CEAMSE. En las inmediaciones del Complejo Ambiental Norte III surgieron organizaciones de base, que representan a la gran cantidad de familias humildes que viven de la separación y venta de residuos. La consecuencia fue el ingreso ilegal de personas indigentes al frente de operaciones del relleno que, además de generar diversas dificultades en la disposición final de los residuos, se exponen a contraer infecciones o sufrir cortes o heridas. Y, lo que es más grave, ponen en riesgo sus vidas al desplazarse entre maquinarias de gran porte. Los equipos interdisciplinarios formados por CEAMSE están trabajando para orientar y dar un marco de contención social a estas personas que se encontraban en el mayor desamparo, para que dieran los pasos a fin de constituirse en asociaciones civiles. Y que así sus integrantes encontraran en las plantas sociales su acceso al sistema formal de trabajo (CEAMSE, 2005). Este fragmento muestra la caracterización que se efectúa desde CEAMSE del conflicto con los/as habitantes del Área Reconquista, particularmente en relación a las tensiones con las organizaciones barriales constituidas en la zona. La población es caracterizada en términos de “familias humildes que viven de la separación y venta de residuos” que se “encuentran en el mayor desamparo”. Las “organizaciones de base” son responsabilizadas por el ingreso de estas personas al relleno, con los consabidos riesgos que esto importa a su integridad física, sobre todo frente a las “máquinas de

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gran porte” que operan en ese sitio. Esta caracterización recuerda las denuncias acerca de las circunstancias que rodearon la desaparición de Diego Duarte. Que se efectúe en este contexto da una pauta de la importancia de este conflicto en la puesta en marcha del programa y de la posición de la empresa frente a situaciones como esta. En este marco se pone de relieve la cuestión de la formalidad. Se contraponen las “organizaciones de base” con las “asociaciones civiles” que promueve CEAMSE. El “desamparo” en que viven las familias se asocia con su incapacidad de “acceder al sistema formal de trabajo”. Así, se instala la contraposición formallegal-seguro vs informal-ilegal-peligroso, presentando a la empresa como agente que promueve el mejoramiento de las condiciones de vida en el barrio a través del programa de plantas sociales. Esto se lograría no sólo facilitando el acceso al “sistema formal de trabajo” de los/as “indigentes” que acceden al relleno, sino asistiendo a las organizaciones de base a través de sus “equipos interdisciplinarios”. A través de esta caracterización, entonces, se construye al sujeto de esta política como incapaz: vulnerable, desamparado y a la inserción de estas personas en el colectivo de trabajadores/as de la planta como el antídoto a esa vulnerabilidad. No obstante, hay que decir que las condiciones de trabajo en estas plantas resultaron bastante alejadas del salariado como paradigma de integración social. A pesar de que CEAMSE impone diversas exigencias a las pautas de gestión de las plantas, no ha asumido la responsabilidad de garantizar la reproducción social de los/as trabajadores/as y sus familias. Como resultado de esta situación, los/as trabajadores/as de las plantas no cuentan con acceso a la seguridad social, sus ingresos dependen principalmente de la venta de los residuos que puedan clasificar y del precio de venta que puedan conseguir y están permanentemente expuestos a riesgos sanitarios diversos. Esta subordinación sin reciprocidad, fue fuente de varios conflictos que analizamos a continuación. Las plantas sociales como ámbito de trabajo Las plantas sociales del relleno Norte III operan con entre 60 y 100 trabajadores/as en dos turnos de lunes a sábado. La mayor parte de los/as trabajadores/as residen en las inmediaciones de la planta, tienen entre 18 y 55 años y la cantidad de varones y mujeres es similar. Si bien cada planta tiene sus peculiaridades en cuanto a la organización del trabajo es posible reconocer tres figuras presentes en cada una de ellas. El/ la “presidente”, principal referente, la persona que mantiene las relaciones con el CEAMSE y con los compradores que se acercan a adquirir la mercadería procesada. 110

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Habitualmente, la presidencia está a cargo de personas con una larga trayectoria de militancia social, sindical o política en la zona. La denominación como “presidente” está tomado del formato cooperativa, que se ha impuesto como obligación a todas las plantas para poder funcionar. La segunda figura son los/as encargados/ as, personas de confianza de los/as presidentes que están en el día a día, generalmente hay uno/a o dos por turno. Los/as trabajadores/as de los distintos puestos constituyen la tercera de estas figuras. En todas las plantas, el proceso de trabajo está organizado en dos circuitos denominados domiciliario y privado, en función del tipo de camión recolector que le da inicio. El circuito domiciliario comienza con el ingreso al predio de la planta de un camión de recolección que descarga todo su contenido en una tolva. En ese lugar dos trabajadores -habitualmente de menos de 30 años, siempre varonesoperan sobre las bolsas con sendos tridentes para favorecer su elevación hacia una cinta transportadora ubicada a unos cuatro metros de altura. Una vez allí, dos o tres trabajadores/as las desgarran y comienzan con el proceso de clasificación. A lo largo de la cinta hay 16 recipientes huecos–ocho a cada lado- en cuya salida externa se ubican carros con ruedas en los que se recogen distintos tipos de residuos preclasificados en la cinta. Cada trabajador/a tiene a su cargo dos bocas ubicadas una a su izquierda y otra a su derecha. Dos personas, habitualmente varones, se encargan de reemplazar los carros cuando se llenan, trasladando los que están completos a las posiciones del piso en las que se efectúa una clasificación detallada. Lo que no es recogido, el rechazo, es conducido por la cinta a unos contenedores ubicados fuera de la planta. En el interior de estos contenedores, llamados roll off, se ubican dos varones, usualmente menores de 30 años, que acomodan el rechazo para aprovechar al máximo la capacidad de esos contenedores.4 Una vez llenos, los roll off son descargados en el relleno sanitario por personal del CEAMSE, procediéndose al enterramiento del rechazo. El circuito domiciliario continúa en el “piso” con tareas de clasificación más detallada en las que se identifican diversas variedades de plásticos, cartones, papeles, etcétera. En algunos casos esto implica separar materiales por color, en otros “limpiar” lo recogido, por ejemplo, quitando tapas y etiquetas a las botellas. Dependiendo del “material” del que se trate (o del cliente al que esté destinado), ese puede ser el final del proceso o una etapa previa al “prensado”. La planta cuenta 4 Cuando éstos se llenan hay que detener la cinta y pedir su reemplazo a personal del CEAMSE, de ahí que la productividad de todo el proceso dependa en buena medida de que este trabajo sea bien realizado.

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con dos prensas neumáticas manejadas por varones –generalmente mayores de 30 años- quienes no sólo se ocupan de operarlas sino de chequear que los procesos de clasificación previa hayan sido efectuados adecuadamente. De ahí que esta tarea sea considerada la más calificada. Como puede verse, a pesar de que la cantidad de varones y mujeres es similar hemos encontrado que existen trabajos masculinos que son aquellos que involucran fuerza física y/o conocimiento técnico. Del mismo modo, a la hora de “ranchar”, es decir de juntarse a compartir un momento de descanso o algo para comer, los/as menores de 30 años se reúnen en un sector y los/as mayores en otro. Por su parte, el circuito privado comienza con la llegada, mucho más irregular y aleatoria, de camiones que transportan residuos sólidos urbanos generados en empresas o grandes establecimientos comerciales que contratan un circuito propio de recolección. Cuando uno de estos camiones llega a la planta se moviliza un grupo de entre 5 y 10 personas que se acerca a descargarlos. Esta tarea debe ser efectuada en el menor tiempo posible, porque los choferes de los camiones tienen horarios que cumplir, llevando a cabo un proceso de preclasificación que permita conservar los materiales. Luego de esa preclasificación se pasa al trabajo de “piso” y, de ser necesario, a la prensa. El único material que recibe un tratamiento especial es el nylon. El vocablo nylon se utiliza como un genérico que agrupa diversos materiales plásticos más bien blandos y flexibles, que habitualmente se utilizan para embalaje. Estos materiales tienen un alto valor de reventa pero exigen un tratamiento que resulta bastante engorroso, porque deben venderse limpios para aprovechar al máximo su potencial. Por esa razón, solo se clasifica y vende el nylon que viene en los privados. Para evitar que se contamine, se lo apila, limpia y clasifica en un sector aparte, a la intemperie. La diferencia entre los distintos tipos de nylon es bastante sutil y hay que estar muy entrenado/a para distinguirla, ya que no hay diferencias de colores o inscripciones que ayuden a la clasificación, como sí ocurre con otros materiales como el polipropileno expandido o el PET, por ejemplo. En este circuito privado, que suele ser un poco más “limpio”, es también el que aporta los mejores ingresos5 y por eso la demanda a CEAMSE por este tipo de camiones está siempre presente en todos los diálogos entre presidentes y con 5 Es difícil efectuar un cálculo preciso, pero lo habitual es que el procesamiento de un privado rinda hasta 100 veces más que un domiciliario, primero por la calidad de los materiales, segundo por el estado en que llegan, tercero porque de los materiales que transportan los privados se puede recuperar entre un 70% y un 100%, en cambio de los camiones domiciliarios se recupera entre un 8% y un 10%.

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las autoridades del relleno. Asimismo, éstos/as últimos amenazan con “no mandar más privados” para imponer ciertas condiciones. Por ejemplo: “Si no abren el sábado, no se les manda más privado”, “Hasta que no limpien el volado6 no hay más privado”, “Si no arrancan con el segundo turno no se les va a mandar más privado”. También estaban a la orden del día las sospechas acerca de que a tal planta se le enviaban más (o mejores) privados porque tenía cierto arreglo con tal o cual directivo. Estas prácticas llevaron a que durante varios años las plantas sociales compitieran entre sí, recelaran las unas de las otras, y se hicieran todo tipo de acusaciones. Sin embargo, cuando en 2011 empezó a sonar fuerte el rumor de que el relleno iba a ser cerrado se puso en marcha la conformación de una “mesa” integrada por presidentes/as de las plantas sociales para articular acciones conjuntas. Esta solidaridad se profundizó frente a la expectativa de que las plantas de clasificación de residuos se iban a reemplazar por plantas de Tratamiento Mecánico Biológico (MBT) que requieren mucha menos mano de obra, lo cual llevó a un corte de la Autopista del Buen Ayre en junio de 2012 que se difundió con una carta abierta a la Presidenta de la Nación que, entre otras cosas, decía lo siguiente acerca del trabajo en las plantas: (…) Usted, Sra. Presidenta, sabe que nuestra región es reconocida por ser una zona en la que el cirujeo ha sido desde hace décadas un refugio constante frente a la pobreza, habiéndose hecho tristemente célebre desde los fusilamientos de J.L. Suarez. Las familias que aquí viven transitan o han transitado todas las formas del cirujeo: en la ciudad y en la quema o relleno, en el Tren Blanco (ahora Camión blanco) y con el carro y el caballo. Esta actividad siempre fue un sustento para nuestras economías familiares, para algunas de emergencia, para otras permanente (…) Las plantas fueron entonces presentadas como una posibilidad de generar fuentes de trabajo genuino y digno para muchos compañeros. Sin embargo, luego de casi 9 años de lucha, este objetivo no se ha concretado (…) Nosotros somos los que sabemos acerca de cómo manejar los residuos. El reciclado no llegó a la Argentina de la mano de ninguna empresa u ONG internacional ecologista, que hoy nos invita a admirarlos y a aprender de cómo hacen en Europa, pretendiendo implantar sus conceptos, como “basura cero”. El reciclado no llegó tampoco por los millonarios presupuestos de 6 Se le llama “volado” a los residuos que, literalmente, se vuelan desde los galpones y se alojan en el cerco perimetral del Complejo Sanitario.

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plantas modernas de valoración energética o MTB -Tratamiento Mecánico Biológico- (…) Sería de ingratos no reconocer cuánto nos han ayudado a resolver urgencias programas como el “Argentina Trabaja” o la Asignación Universal por Hijo, entre otros. Pero ahora queremos también que se nos reconozcan nuestros derechos como trabajadores calificados que somos, con legítimas pretensiones de participar del esfuerzo colectivo que hacen todos los argentinos para mantener limpia su casa, su ciudad, su provincia. Si CEAMSE cobra por contaminar, nosotros queremos cobrar por reciclar (“Carta abierta a CFK”, 2012). En estos fragmentos se pone de manifiesto la resistencia al discurso que coloca a los/as trabajadores/as de las plantas sociales como vulnerables, incapaces, dependientes de la buena voluntad institucional, de CEAMSE por ejemplo, a través de la idea del reciclado como un oficio. Este oficio calificado permite prestar un servicio público, mejor inclusive que el de Roggio Ambiental. Sin embargo, mientras a esta empresa se le paga un canon por llevar a cabo un proceso que a la larga contamina, a los/as trabajadores de las plantas sociales no se les quiere pagar por reciclar. La reivindicación de este oficio como capacidad colectiva, permite asimismo dar un nuevo sentido a la historia del área Reconquista y a la trayectoria de sus habitantes. De este modo, la condición quemera, ya no es presentada como un atributo de vulnerabilidad, sino de poseer las conocimientos necesarios para constituirse como legítimos intelocutores/as del estado en la discusión acerca del modo en que se gestionarán los residuos de cara al futuro. El análisis de este párrafo también nos permite comprender el sentido que adquiere el programa de plantas sociales en este proceso, al ser resaltado como momento en el que el oficio adquiere su cariz colectivo. En el momento previo se habla de trabajadores/as que han “transitado todas las formas del cirujeo”, como algo permanente o como un recurso frente a la emergencia. Estos/as trabajadores/as perseguidos/as por el decreto ley de 1977 que no solo crea la CEAMSE, si no que prohíbe formalmente el reciclado, se convierten en objeto de políticas públicas cuando la empresa que administra la línea Mitre coloca furgones para que puedan transportan sus carros hacia y desde la ciudad o cuando la nueva legislación los/as reconoce como agentes principales del nuevo modelo de gestión de residuos. El momento posterior a la creación de las plantas sociales, que no cumplen con muchas de sus promesas, sin embargo les permite sustentar sus actuales demandas al erigirse como colectivos de trabajo capaces de prestar un servicio público cuya centralidad es imposible desconocer. 114

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De este modo, quienes durante generaciones han prestado este servicio exigen, por un lado, que las soluciones a los problemas que plantea localmente la gestión de residuos no se enfrenten con “conceptos implantados”, como la planta MTB cuya construcción resistían, pero por otro que se les pague por el trabajo que llevan a cabo, del mismo modo que se le paga a Roggio Ambiental. Este modo de presentar la demanda está formulada en términos que reafirman la prescindencia de CEAMSE respecto a asegurar la reproducción de los/ as trabajadores/as de las plantas y sus familias: no se le exige a CEAMSE que pague salarios, sino al gobierno que reconozca a las plantas como prestadoras de servicios. No obstante, la respuesta al conflicto constituyó otro orden de cosas, el 9 de julio de 2012 representantes de las plantas sociales, el CEAMSE, el Gobierno de la Ciudad y la Provincia de Buenos Aires firmaron un acuerdo por el cual el CEAMSE se comprometía a: “implementar un mecanismo de estímulo pecuniario al reciclaje consistente en el pago de un canon por cada tonelada de residuo recuperado, por un valor suficiente para alcanzar una retribución justa”(Acta acuerdo firmada entre CEAMSE, GCBA, GBA y presidentes de plantas sociales, 9/7/2012). Este acuerdo tiene la particularidad de incorporar dos criterios para el pago del canon: la cantidad de materiales procesados, por un lado, la justicia en la retribución percibida por los/as trabajadores por otro. Esta dualidad pone de manifiesto que la disputa acerca del estatus de los/as trabajadores/as de las plantas seguía estando abierta: la cantidad de materiales procesados, por un lado, la justicia en la retribución percibida por los/as trabajadores, ¿por el otro? El primero de estos criterios, al apuntar a retribuir la productividad, pretende establecer un intercambio entre iguales: se cobra por el servicio prestado. El segundo, se acerca al criterio de responsabilidad por parte del capital de garantizar la reproducción de los sectores subalternos a través de garantizar un ingreso justo. No obstante, la resolución del conflicto se orientó al segundo de estos criterios haciendo a CEAMSE responsable de controlar la cantidad de material procesado y efectuando el correspondiente el pago. De todos modos, el criterio de productividad sigue vigente de hecho ya que el grueso del ingreso de los/as trabajadores/as está vinculado a las ventas de materiales y el poder de CEAMSE para imponer condiciones también, porque los privados siguen siendo cruciales a la hora de redondear una buena quincena. Por su parte, el Estado nacional también contribuyó a fortalecer el programa al incluir las cooperativas de las plantas en el programa Argentina Trabaja, dirigido a poblaciones vulnerables. Así, la profundidad del conflicto se manifiesta en esta triple apelación a los/as trabajadores/as de las plantas: como prestadores de un

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servicio, como integrantes de cooperativas de reciclado y como beneficiarios/as de la política social dirigida al núcleo duro del desempleo. Sin embargo, el estatus de trabajador plenamente integrado les sigue siendo negado, así como los derechos asociados al salario, a pesar de que el esfuerzo fiscal que se realiza para retribuirlos no es menor. Esto muestra, según interpretamos, que el reconocimiento de dicho estatus no depende de factores puramente económicos, como supone el enfoque de la inempleabilidad, sino que involucra factores políticos que van más allá de esta población. Así como el ejército industrial de reserva descripto por Marx en el siglo XIX o los semibárbaros de los que habla Castel en el siglo XX, estos/as trabajadores/as inempleables vienen a recordarnos las bondades de someternos a la dominación capitalista. Camila: Pasarla bien en el trabajo Camila tiene 23 años y dos hijas de 5 y 2 a su exclusivo cargo. Vive con su papá Roberto, que también trabaja en la planta, su mamá, sus hermanos y hermanas y dos de sus sobrinos/as. Su mamá y una de sus hermanas cuidan a sus hijas mientras ella trabaja. La casa familiar fue construida en un sector de un lote de terreno que su tío “le habilitó” a su padre, pero ella tiene “cierta privacidad”. “Gracias a que trabaja en la planta” se pudo hacer “una pieza” para ella y sus hijas en la parte posterior del terreno en la que se erige la vivienda familiar. Sin embargo, el comienzo fue muy duro para ella: C: A mí en sí, no me gusta nada, pero al principio no quería saber nada de la planta. Porque… eh… mucho no aguantaba el olor, la mugre… que hay ahí... Y ahora como que ya me acostumbré y bueno… ya… Me empezó a gustar trabajar ahí. Me empezó a gustar a trabajar ahí ahora. Los encargados son muy buenos, no te vigilan tanto… y… vos estás tranquila que no te molestan para nada. Y bueno, por esos motivos. Además son muy buenos amigos… Ahí me hablo con todos. (Camila, entrevista realizada en la planta, 2009). Lidiar cotidianamente con la basura es una de las cosas más difíciles de trabajar en la planta: la exposición constante a los malos olores, durante varias horas, es una de las cuestiones que se mencionan con mayor frecuencia como fuente de malestar. Sin embargo, Camila logró acostumbrarse a ese aspecto del trabajo transcurrido un tiempo, y lo que hoy resalta es el clima de trabajo que ha encon116

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trado en “el galpón”, como ella se refiere a la planta,7 el cual es una buena razón para ir a trabajar cada día. Esta contraposición entre el malestar provocado por las condiciones de trabajo y el bienestar por el trato que reciben de parte de los/as “encargados” aparece de modo bastante peculiar y con mucha insistencia en los discursos de los/as trabajadores/as de la planta social. Las protestas contra ciertas arbitrariedades en la asignación de tareas y cierto maltrato, sobre todo verbal, eran sumamente frecuentes en los talleres participativos. Paradójicamente, en la mayor parte de las entrevistas lo que se recogía era exactamente el testimonio opuesto, como en este caso. Interpreto que esto se debe a que la cuestión del “compañerismo” y de “tratarse bien” formaba parte de los objetivos declarados y los compromisos asumidos por parte de los/as “encargados/as” y, por lo tanto, un punto sensible sobre el que negociar ciertos apoyos y/o explicitar los límites a la supuesta homogeneidad que debe asumir un colectivo de trabajo que se busca identificar como cooperativa. A su vez, la valoración del ámbito de trabajo como ámbito de creación de lazos sociales comienza a permear los marcos de sentido desde los cuales los/as trabajadores/as articulan sus experiencias, extendiendo esta evaluación a otras experiencias laborales previas, como se ve en este fragmento en el que Camila cuenta sus trabajos previos: C: Y yo dejé la escuela definitivamente cuando me quedé embarazada y ya cuando nació ella me puse a laburar, empecé de volantera. Tenía dieciocho. Bueno, estuve de volantera un mes en capital (…) Por una amiga de mi madrina, que trabajaba. Que necesitaba… una chica para repartir los volantes y… me llevó a mí. Era de diez a tres de la tarde. Era re poco, doscientos pesos por mes. Y ahí estuve un mes, porque me dijo que ya no necesitaba. Y después acá cerca de mi casa… atendía una panadería. Ahí conseguí por mi prima… Mi prima también trabajaba ahí entonces… era… dos… turnos… Era a la mañana y después a la tarde. A mí me tocaba a la mañana. Y era porque a mi prima no le gustaba levantarse temprano. Que estuve… sí… dos meses estuve. 7 Lo habitual es que los/as trabajadores/as se refieran a las plantas de clasificación de residuos como “galpón”. Esta designación remite al proceso de trabajo quemero en el que se designa como galpón el establecimiento en el que se comercializan los materiales recuperados. De alguna manera esta designación denota cierta exterioridad porque “el galponero” siempre es otro que, además, impone condiciones –por ejemplo el precio al que va a comprar, pero también el modo en que quiere recibir los materiales: compactados o no, limpios o no, clasificados de uno u otro modo etc. Al mismo tiempo, señala cierta continuidad alrededor del oficio, al conservarse los significantes para designar cosas diferentes, lo cual también ocurre en otras situaciones, como cuando se le llama quema al relleno sanitario, por ejemplo.

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Ahí me pagaban…creo que ciento cincuenta… Sí, igual, doscientos pesos por mes. Era poco. Bueno y después… fábricas… Una fábrica de reglas… que queda por allá, por… Libertad… por ahí. Que conseguí porque a la vuelta vive mi tío. … Un miércoles… el viernes ya me llamaron para el lunes. Era la primera fábrica que… mirá que yo había dejado en fábricas y nunca me llamaba…Ahí eran muchas mujeres, más grandes que yo… hablábamos… había buen compañerismo. Había mujeres y había… Había más mujeres que hombres. Yo me acuerdo que eran muy respetuosos. No te faltaban el respeto, te… hablaban bien. Tenían mucha paciencia en explicarte las cosas, cómo tenés que hacer, como no… Ahí estuve los tres meses de contrato. Ahí… cobraba novecientos pesos por mes. Y no me renovaron, mirá que nunca faltaba. Iba a plena lluvia…pero no… No, no sé por qué… Capaz que no les gustaba como trabajaba. Bueno, después de ahí…una fábrica de textil. Y después la textil era por una amiga de mi amiga… que le había dicho que estaban tomando chicas. Entonces ellas fueron… Bueno, entonces me dijeron a mí para que yo vaya. Entonces fui y me tomaron… Y… no me gustó porque tenía que… hacer unos nudos que eran re difíciles… Yo lo hacía con el dedo…Tenía que cruzarlo, tenía que darlo vuelta… no sé…Yo mucha paciencia no tengo. En la textil me fui yo… porque no… no aguanté. Era todo de lana. Empecé… en verano. Cuando venía en el colectivo parecía que tenía sarna… cómo me picaba el cuerpo. Porque a la vez que va el rodillo… sale las pelusitas… Y cuando se pega en el cuerpo, se te pegan en la cabeza… Y ahí dejé porque no me gustaba, no… Me volvía loca… ahí con la lana me volvía loca. Aparte, eran todos apagados. No te hablabas con nadie. Vos querías hablar con uno… y era como que estaba como apagado, ¿viste? Bueno, y yo a mí no me gusta así… A mí me gusta joder con todos… me gusta joder, me gusta… tampoco pasarme de la raya… Primero confianza de a poquito, después ya bueno, yo ahí tenía diecinueve años. Y estuve ahí una semana, porque no aguantaba. Después de ahí ya no… no conseguía…Hasta hace poco que estoy en galpón, no… (Camila, entrevista realizada en la planta, 2009). Como les ha pasado a muchos/as otros/as de nuestros/as entrevistados/as, para Camila la llegada de su primera hija supuso el comienzo de la vida laboral y, como casi siempre ocurre, las posiciones laborales las fue consiguiendo a través de relaciones más o menos estrechas de afinidad, amistad o parentesco. Su primer trabajo fue como “volantera” y el modo en que se refiere a esa posición refleja la escasa demanda de calificaciones del puesto: “necesitaban una chica”. Sin embargo, esto 118

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no era un obstáculo para que ella fuera a trabajar y, si dejó de hacerlo, fue porque no la necesitaban. Luego, fue a trabajar a una panadería, como parte de un arreglo casi en términos personales con su prima: ella iba a la mañana porque a aquella no le gustaba levantarse temprano. Una vez más, los motivos a los que alude para señalar la asignación de horarios y tarea nada tienen que ver con sus habilidades, competencias o capacidades. Otro aspecto saliente del relato de Camila es el modo en que valora sus experiencias laborales. Lejos de la idea de que las posiciones laborales son evaluadas racionalmente en términos del criterio costo beneficio, que lleva a muchos/as cientistas sociales a pensar que quienes acceden a posiciones laborales precarias son quienes no pueden acceder al salario, Camila valora sus posiciones laborales en función de cuánto le gusta o no la tarea y el tipo de vínculos que le permite desarrollar. Así la metáfora del mercado de trabajo como modo de explicar el modo en que se accede a una posición laboral se muestra insuficiente para comprender esta trama. Es posible observar, asimismo, que para ella no todos los trabajos representan lo mismo, de hecho hace una pausa para destacar su primera colocación en una fábrica: “Bueno, y después, fábricas”. Esta inflexión es más bien de sentido, ya que esta primera experiencia en fábrica no implicó en su caso una colocación más estable que las anteriores: estuvo apenas tres meses. A su vez, la incomodidad que experimentó en la empresa textil la llevó a abandonar rápidamente esa posición. Sin embargo, al menos idealmente, esta colocación era mucho más valorada que las demás que había obtenido: en los casos anteriores en los que llegó a ocupar un puesto porque alguien le propuso tal o cual actividad, en cambio, para acceder a las fábricas ella se ocupó de hablar con sus allegados/as acerca de su interés. Por otra parte, en sus palabras se pone de manifiesto cuáles son los requisitos, que según entiende, se requieren para conservar un puesto de trabajo de esas características: no faltar a trabajar, ser respetuosa, ser buena compañera. Sin embargo, a pesar de que ella intentó cumplirlos, no le renovaron el contrato. Ese “no sé por qué” en términos personales la coloca a ella en posición de responsabilidad, de hecho su reflexión final es que puede que la razón por la que no le hayan renovado el contrato haya sido que “no les gustó cómo trabajaba”. Esa perplejidad muestra de qué modo disciplinan los discursos, como el de la inempleabilidad, a los/as trabajadores/as precarios/as. Otro aspecto que sobresale en el relato es que el salario en la fábrica era notablemente más elevado que el obtenido en las ubicaciones previas, casi cuatro veces más. Seguramente, ese era uno de los principales aspectos que la hicieron ilusio-

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narse cuando recibió el llamado que la convocaba a trabajar. Sin embargo, desde su posición actual, se ponen de relieve otros aspectos de la experiencia laboral que parecen tener mucho más peso en el relato: el “buen compañerismo”, tanto de parte de las mujeres que eran mayores, como de los varones que “no te faltaban el respeto”, “te hablaban bien”, la “paciencia en explicarte las cosas, cómo tenés que hacer, como no”. Estos dos clivajes varones/mujeres, jóvenes/mayores también muestran rastros de su experiencia presente, ya que en las plantas, como hemos explicado jóvenes y mayores, varones y mujeres son los clivajes que organizan los grupos. Sin embargo, como queda de manifiesto cuando aborda su experiencia en la empresa textil, acceder a un empleo en una fábrica no garantizaba de por sí la satisfacción. En este punto resaltó tanto lo difícil que le resultaba la tarea encomendada, como el malestar que general que le provocaban las condiciones de trabajo: hacía mucho calor y debía trabajar con lana, las “pelusitas” se le “pegaban” en el cuerpo y le daban comezón. Es decir, una vez más, asume por completo la responsabilidad por no haber podido conservar el trabajo, ella “no aguantó”. Y al mencionar los aspectos que le desagradaban de esa experiencia menciona su falta de entendimiento con los/as compañeros/as de trabajo a quienes describe como “apagados”. De todos modos, dado que trabajó solo una semana, lo que parece más notable de este fragmento es el hecho de que al valorar una experiencia laboral la relación con los/as compañeros/as de trabajo tenga un peso tan importante respecto a otras cuestiones, pero además que sea presentado como un aspecto exigible: ella no se queja de que no le brindaran los elementos de protección adecuados para trabajar, ni de la falta de refrigeración, si esas cuestiones la molestaron, fue ella que no aguantó. En cambio, el clima laboral sí le parece algo exigible, un motivo para dejar el trabajo respecto al cual ella no se hace ningún reproche, pero además se siente habilitada: tenía diecinueve años, era razonable que se le ofreciera un clima de trabajo más amigable. En esta cuestión se pone de manifiesto una de las improntas del trabajo en la planta social en el modo en que articula sus experiencias Camila. En todo caso, después de estas primeras experiencias fallidas, nuestra entrevistada comenzó a trabajar en el galpón, como cuenta a continuación: C: Acá, yo supuestamente sabía de nylon. Yo no sé mucho de nylon. Porque… tenés que entrar con experiencia, pero lo que yo tengo es que yo soy de aprender rápido las cosas. Cuando me gusta soy de aprender rápido. Y bueno, ese día… había entrado… bueno, mi viejo… así nomás, ¿viste?, por pasada… me dijo: esto es así y así. Y bueno, después de ahí… miraba la cinta, miraba lo que se juntaba, lo que no se juntaba… ¿Cómo se trabajaba? Todos los días 120

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aprendés un poco. Aprendí mirando. Porque cuando Sara me decía… andá a la cinta a juntar bazar, yo decía: ¿qué es bazar?, decía yo. Agarré y le preguntaba... a Carla, le preguntaba, porque como yo ya tenía más experiencia la Carla…Ella trabajaba en los chinos… Ella ya trabajó. ¿Carla qué es bazar? Plástico. ¿Qué era tetra? El tetra ya sabía… Después qué era… el PET… ¿qué es el PET?, le decía. Son las cosas blancas… creo que… Bueno, después ya está… ya la cinta ya sé que… para qué lado se junta esto o aquello… Ya está ya sé todo (Camila, entrevista realizada en la planta, 2009). A diferencia de lo que señala acerca de sus colocaciones previas, Camila menciona que para ingresar a trabajar “en el galpón” se tuvo en cuenta su “supuesto” conocimiento acerca del nylon. Quien acreditaba dicho conocimiento era su padre, Roberto, que lo había adquirido por haber trabajado en otra planta y haber recibido capacitación específica en el CEAMSE. No obstante, no tuvo oportunidad de explicarle el trabajo con detenimiento porque era uno de los responsables de la prensa, ubicada dentro del galpón. Dado que el nylon se clasifica afuera, su presencia allí hubiera revelado que había mentido acerca de los conocimientos de su hija. Camila confió en que no iba a resultar problemático aprender luego lo que se suponía que ya sabía, dada su capacidad de observación. Pero, de todos modos, ya que los/as encargados/as no le explicaban demasiado y ella no quería ponerse en evidencia, tuvo que recurrir a otras compañeras, como Carla, que ya conocía el trabajo, por haber estado en el galpón de los chinos.8 De todos modos, dado que el sector de nylon depende de la afluencia de privados eventualmente le tocaba subir a la cinta y clasificar otro tipo de materiales como bazar o tetra, para lo cual pedía ayuda a su compañera Carla. Es notable como al hablarse de la cuestión de la capacitación para el trabajo la responsabilidad recaía en los/as trabajadores/as más calificados/as y no en los/as encargados/as, al menos en estos primeros años. Esta división del trabajo entre los/ as encargados/as, que tenían la potestad organizativa y disciplinaria y algunos/as trabajadores/as que sabían el oficio y efectuaban el control de calidad del trabajo realizado en la cinta y el piso es muy habitual. Por un lado, refleja la división social tradicional del trabajo en las fábricas, pero por otro, señala los límites de la supuesta homogeneidad de la población destinataria del programa. Lejos de ello, 8 Con ese nombre se designaba a una de las plantas privadas que funcionaba justo en el terreno lindero de ésta y recibía es e nombre porque los compradores que se acercaban a adquirir los materiales clasificados eran de esa nacionalidad –no así los/as trabajadores/as, ni los/as encargados/as.

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mientras los/as encargados/as habitualmente tienen experiencia previa en gestión de programas sociales diversos y suelen tener relaciones de amistad y confianza con los/as presidentes, los/as trabajadores/as de la prensa cumplen funciones de logística y mantenimiento, cuidan a “los clientes” evitando que un mal armado de un fardo traiga problemas –por ejemplo al contaminar por mezclar materiales de distinto tipo o calidad- y defienden ciertas posturas colectivas frente a los/as presidentes, con la autoridad que les da su conocimiento. Asimismo, otro de los supuestos que cuestiona este modo de organización, es la idea –bastante extendida como hemos visto- de que la diferencia entre cirujear por cuenta propia o hacerlo colectivamente es de grado. Y esto no es así de ninguna manera, ni en el caso de los/as quemeros/as, ni en el de los/as cartoneros/as.9 Quienes realizan la actividad por su cuenta no siempre van en busca del mismo tipo de material, ni lo utilizan con los mismos propósitos. Algunas de las personas que trabajaban en la planta iban a la quema a buscar alimentos, otras a buscar elementos con los que luego elaboraban productos para vender.10 Sin embargo, en la quema lo que más se busca es “la tierrita”, los metales. Esto es debido a que los tiempos de recolección son muy acotados, es muy difícil bajar de la montaña con una carga muy pesada, hay mucha competencia, arrebatos, peleas. Entonces, lo más conveniente es quedarse solo con lo que se puede llevar en las manos o a lo sumo en una bolsa pegada al cuerpo. Por eso, en la inmensa mayoría de los casos, lo que se recogen son cables y trozos de metal, teléfonos celulares, algún aparato electrónico que luego se pueda desarmar. Los cables se queman al salir para separar el plástico del cobre, y un proceso similar de descarte se hace con todos los materiales plásticos que suelen venir adheridos a los metales, que es lo que finalmente se va a comercializar. En cambio, en la planta es posible tratar diversos elementos, principalmente papel, cartón y plásticos que se venden en grandes volúmenes. De todos modos, la tierrita también se rescata y habitualmente constituye el ahorro para los momentos de baja, es decir, cuando cae demasiado el precio de los materiales –como en vacaciones- o no se puede trabajar porque se rompe la cinta, o surge algún otro imprevisto. De este modo, la puesta en funcionamiento de la planta supuso un enorme esfuerzo de desarrollo de capacidades, no solo organizativas sino técnicas,

9 Para un trabajo pormenorizado acerca de los cambios del trabajo “en calle” al trabajo “en cooperativas” para los/as cartoneros/as de la Ciudad de Buenos Aires ver el artículo de Johanna Maldovan Bonelli (2014). 10 Al respecto se puede ver Cross (2013).

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de las que los/as integrantes de las organizaciones carecían por completo, pero que tampoco los/as promotores/as del programa habían anticipado. De este modo el proceso de trabajo en la planta fue producto del encuentro entre distintos tipos de saberes y lógicas organizativas: las que aportaron los/as trabajadores/as con experiencia en empresas privadas que realizaban actividades similares, las que impulsaron los/as dirigentes de la organización; las que impone el sistema de gestión de residuos (que distingue circuito privado y circuito domiciliario) así como las distintas agencias que financiaron los diversos componentes del programa. Éstas no solo se juegan en la definición de las prácticas productivas, sino que van impregnando los marcos de sentido desde los cuales los/as trabajadores/as articulan sus experiencias, como puede verse en lo que sigue: C: Yo necesito trabajar porque con el papá de mi otra nena estoy mal. Él cuando yo hablo con él me pasa plata, pero a veces no. Aparte para independizarme yo sola, para comprar lo que yo quiero. Yo a veces necesito porque mi nena más grande quiere todo y el papá de ella se suicidó, así que solo nos tiene a nosotros para que miremos por ella, yo y mi papá. Y aparte para no estar tan sin hacer nada en tu casa. Digamos, ya es como que tenés una ocupación. Aparte como para conocer más gente de afuera… ¿no? No estar tanto encerrada en tu casa. Te cerrás y no conocés a nadie (…) Acá con la única que no me llevo es con la Samantha y con la Gringa. Con esas dos no (…) Pero bueno, con la Laura jodemos, después con Fito, con Carlos, con Claudio hasta ahí nomás, es medio apagadito también. Y después sí, con los mayores, a veces yo cuando entro a la mañana yo grito: “¡Buen día!” algunos ni me contestan, pero bueno (…) A mí me gustan todos los trabajos. No, menos textil. Eso ya lo rechazo. Pero no… yo soy… de que me enseñás una vez y aprendí, y chau, ya me gustó. Mirá, me levanto a la hora que sea que yo voy a trabajar. Lo que soy muy responsable en los trabajos, nunca falto. Acá en el galpón nunca falto, por nada (...) Pero la que sufre es mi mamá porque me dice que yo tenía posibilidad de estudiar, de hacer algo distinto para mí, pero a mí no me gustaba estudiar, no me hallaba en la escuela, era muy cabeza hueca, me la pasaba peleando… yo pienso que si terminaba el colegio por ahí hoy podría tener un trabajo en una fábrica, y estar bien con mi obra social y mi regio sueldo para que a ellas no les falte nada… Pero como que cuando sos chica no entendés y después la pagás, por cabeza hueca, … Al menos acá en el galpón tenemos un trabajo que es más o menos seguro, y algo de mercadería te llevás y tenés ayuda con los planes, con todo, pero si no tendría que andar de pura changa, de volantera, que se yo y, una cosa es cuando

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lo que hacés es para vos, que por ahí trabajas hoy para ir a tomar una cerveza y mañana te quedas de vaga, que tampoco vas a aprender nada ni progresar, pero no te importa… otro cosa es cuando ya tenés que hacerte responsable, porque ellas no pidieron nacer, no? Y yo me tengo que rescatar para darles a ellas un futuro aunque sea, no? Porque si no tenés oficio ¿cómo te rebuscás? (Camila, entrevista realizada en la planta, 2009). Como puede verse en este último fragmento, Camila carga con pesadas responsabilidades a pesar de su edad. Sus dos hijas dependían casi enteramente de ella y por eso trabajaba en la planta. El papá de su hija menor colabora esporádicamente con su manutención y subordinaba el cumplimiento de sus obligaciones a la relación que mantenía con Camila; era extremadamente celoso y quería “volver a toda costa”. Entonces, el dinero de “la mensualidad de la nena” que él tendría la obligación de entregarle no es algo con lo que ella pueda contar. El papá de su otra hija se suicidó. Por suerte, contaba con el apoyo de su papá y su mamá, que además adoraban a sus nietas, pero esta era una ayuda que no la relevaba de su responsabilidad, por eso necesitaba independizarse, tener su dinero, para afrontar sus obligaciones y cubrir sus necesidades. El apego y la responsabilidad de las madres hacia sus hijos/as, este tipo de maternalismo (Luna, 2009) está sumamente extendido entre las mujeres que trabajan en la planta, así como la consiguiente tolerancia al desapego de los varones una vez terminada la relación amorosa. El complemento de esta situación es que cuando un varón comienza una relación con una mujer que tiene hijos/as asume la responsabilidad por todos/as ellos/as como si fueran propios/as, no solo económicamente: si el padre biológico “no les dio el apellido”, lo hacen ellos. Consecuentemente, casi siempre, los/as hijos/as que tienen de relaciones previas suelen quedar a cargo de su madre y, eventualmente, de su nueva pareja.11 En cuanto al modo en que ella misma se presenta, resulta llamativo cómo se refiere a sí misma en el pasado, insistiendo en que era una cabeza hueca y en su presente, en el que se define como responsable. Ser cabeza hueca implica haber desperdiciado la posibilidad de estudiar, de terminar la escuela, que hoy le permitiría estar en mejor posición para tener un trabajo, es decir, encontrarse

11 Como explicaba una de las mujeres en uno de los talleres celebrados en la planta: “Los hijos son de la madre. El tipo viene y te jura que te va a dar lo mejor a vos y a tus hijos. Cuando se va, se olvida de todo y te deja los que tuviste con él… somos muy tontas a veces las mujeres” (Registro de taller participativo, 26/06/2007).

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empleada en una fábrica. De todos modos, cuando habla de los motivos por los cuales no pudo terminar la escuela lo que aparece en primer plano, una vez más, en la dificultad para encontrarse a gusto, ese no hallarse, que es un sentimiento tan común entre los/as jóvenes del Área Reconquista, según hemos podido relevar, que habitualmente sienten que la escuela es un lugar hostil para ellos/as (Freytes Frey y Cross, 2011). Pero si antes era cabeza hueca, por contraste, en el galpón ella es sumamente responsable. No falta jamás a trabajar y aprende rápidamente las tareas. Esto no le resulta complicado porque, además, se siente a gusto. Y respecto a esta cuestión aparece nuevamente el sentido principal que tiene para ella su experiencia de trabajo: construir nuevas relaciones, conocer gente, salir de su casa, no estar encerrada. Por eso, al evaluar su situación actual restituye los clivajes que caracterizan la sociabilidad en la planta: jóvenes/mayores, varones/mujeres. Acerca de su grupo de pertenencia, los más jóvenes, hace una reflexión más pormenorizada: las chicas con las que se habla y con las que no se habla, su amiga Laura, los varones que le caen mejor, como Fito y Carlos, y los que le resultan “apagados”, como Claudio. Y luego, al hablar de “los mayores” lo hace en general y denotando una relación mucho más distante: apenas los/as saluda en general al llegar, sin embargo, está muy atenta a quienes responden o no a su saludo. Asimismo, como otro de los aspectos que le permiten valorar su experiencia de trabajo en el galpón vemos la elaboración de una jerarquización entre las distintas posibilidades laborales que se le fueron presentando. La categoría menos valorada es la changa, en la que incluye actividades como las que realizó volanteando en la panadería. Este tipo de tarea supone ingresos magros e inestables, que por ahí no exigen tanto esfuerzo, pero que no permiten aprender nada, ni asumir las responsabilidades que exige la crianza de los/as hijos/as, ni progresar. En el tope de la jerarquía está el trabajo asalariado, ese que puede ofrecer una fábrica a personas que han terminado el colegio secundario, el cual garantiza no solo estabilidad, sino un regio sueldo y acceso a la seguridad social, a través por ejemplo de una obra social. Apenas un poco por debajo está el “rebusque”, es decir la posibilidad de trabajar por cuenta propia, la cual está cerrada para ella porque “no tiene un oficio”. En efecto, dado que ella aprendió acerca del reciclaje en la planta, seguramente tendría muchas dificultades para convertirse en quemera, lo cual implica una actividad completamente diferente como ya hemos explicado. Y en ese esquema el trabajo en el galpón es presentado como lo más cercano a un trabajo asalariado a lo que ella pueda aspirar: ofrece la posibilidad de tener un ingreso más o menos estable y seguro y acceder a ciertas prestaciones con las

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que reunir recursos, como por ejemplo, los que necesitó para hacerse su propia pieza en la que vivir con sus hijas. Entre estas prestaciones se destacan el acceso a la mercadería, es decir, los alimentos que se rescatan y se les permite repartir. Los “planes” como designa ella al subsidio que se entrega a los/as trabajadores/as a través del programa Argentina Trabaja, que fue gestionado por CEAMSE, y que no solo permitió mejorar los magros ingresos que se obtenían de la venta de materiales sino garantizar un ingreso mínimo a quienes estaban de licencia mientras no podían ir a trabajar. De este modo, dado que ella no ha sido capaz de terminar la escuela secundaria, el trabajo en el galpón es su mejor opción por varias razones: las relaciones que ha entablado con sus compañeros/as, la posibilidad de aprender y progresar, no quedarse encerrada en su casa, poder independizarse –por tener su dinero, pero también su lugar-aunque sea relativamente de su papá y su mamá. Reflexiones finales En este artículo analizamos el tipo de inserción social a que da lugar un programa social: el de las plantas sociales emplazadas en el relleno Norte III, el cual está orientado a crear puestos de trabajo para poblaciones definidas por su vulnerabilidad, en virtud de inempleabilidad. Tales puestos de trabajo no constituyen una alternativa al empleo en tanto ofrecen condiciones de trabajo sumamente duras y un ingreso escaso e inestable, además de modalidades de contratación precarias e informales. Sin embargo, es presentado, tanto por quienes lo han diseñado como por los distintos sectores que componen la población destinataria como una mejora respecto a sus condiciones previas de vida y trabajo. Nuestro foco estuvo, precisamente, en estudiar los procesos sociales y políticos que permiten esta común caracterización del programa, así como de la población a la que está dirigido. A este fin dimos cuenta del proceso de formulación de este programa, del mundo de la vida de las personas que viven y trabajan en los alrededores del relleno sanitario Norte III y los distintos relatos acerca de quiénes son, qué es lo que pueden y no hacer. Así fue posible observar que la cuestión de la basura constituye un punto central para comprender el mundo de la vida que rodea las plantas sociales, porque es a la vez medio de vida, fuente de sufrimiento, prenda de conflicto. Las pugnas por la apropiación del valor que circula en torno a la recolección y enterramiento de los residuos ha constituido el eje de varios conflictos locales y extra locales, agudizados en el pasado reciente, que dieron lugar, no solo a un cambio en la legislación vigente desde los ’70, 126

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sino a un programa social específicamente diseñado: el de las plantas sociales. Desde su formulación éste piensa a los/as trabajadores/as desde sus carencias, naturalizando su exclusión del mercado de trabajo, lo cual marca, a nuestro entender, su principal limitación en función de atenuar la vulnerabilidad social de estos sectores. Asimismo, hemos observado que la asociación entre exclusión del empleo y vulnerabilidad social también está presente en el discurso de los/as trabajadores/as y se expresa en el modo en que se sitúan en su propia historia, haciéndose responsables de sus carencias y de los déficit de integración que padecen al no acceder al empleo asalariado. No obstante, también hemos podido observar la vigencia de importantes resistencias hacia esos discursos, bajo la forma de la reivindicación del oficio, pero también de desnaturalización del carácter exclusivamente económico del salario. De este modo, los componentes de acuerdo y resistencias en torno al significado de la inempleabilidad organizan las luchas de sentido, pero también la vida cotidiana dentro y fuera de las plantas. La asociación entre trabajo asalariado e integración social es un punto en común en los discursos institucionales, en los posicionamientos políticos de los/as líderes locales, en el discurso de quienes trabajan en las plantas. La vulnerabilidad a la que queda sometido quien no accede al salario, también. E inclusive, la noción de que hay algo negativo en la persona de estos/as trabajadores/as precarios/as que les impide acceder a esos puestos de trabajo, alguna responsabilidad de su parte. Sin embargo, también hay resistencias que van desnudando el carácter no instrumental sino profundamente político de esta exclusión. Son fondos fiscales los que gestiona el CEAMSE y los de los programas sociales, sin embargo el modo en que esos fondos se transfieren a los/as trabajadores/as de las plantas, lejos de mejorar su integración social, refuerzan su situación de precariedad: se les paga por tonelada procesada, a destajo, o bien a través de un programa pensado para desocupados/as. Asimismo este carácter no instrumental del salario se manifiesta en el modo en que se valora un puesto de trabajo: no solo por el ingreso que se percibe, sino por las relaciones que permite entablar, lo bien o lo mal que se la pasa, el respeto que se recibe, lo que se aprende, las capacidades que se reconocen a quienes están incluidos/as en un colectivo de trabajo. Para entrar en la planta hay que saber, hay que tener oficio –o decir que se lo tiene- y eso ya es de por sí diferente a tener una changa o rebuscárselas en la calle o en la quema. Por eso, respecto al trabajo en la planta, más allá de un ingreso más o menos estable, se ponderan las relaciones, la forma en que se es tratado, las posibilidades de conocer

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a otras personas, hacer amigos. Y de este modo es posible ver que estar integrado a un colectivo de trabajo implica ser reconocido como una parte importante y significativa de la sociedad, una sociedad que se organiza para producir mercancías y reproducir el valor. Y si bien es cierto que estar en el proceso productivo como trabajador/a implica ser explotado/a, significa también ser un miembro valioso de la sociedad, entablar vínculos, asumir responsabilidades, aprender tareas. En cambio, estar por fuera es estar de más. Por eso, sostenemos que las relaciones entre quienes ofrecen y demandan fuerza de trabajo no constituyen una simple transacción mercantil. Descubrir la complejidad de los vínculos que se entablan en torno al trabajo nos permite señalar el escaso valor heurístico del concepto de inempleabilidad. Su utilización no nos permite conocer por qué algunos/as trabajadores/as no se insertan en empleos formales, porque oculta el hecho de que la informalidad y la precariedad son necesarias para disciplinar a todos/as los/as trabajadores/as y no un hecho contingente derivado de las carencias de ciertas personas o grupos. Más aún, al hacer responsables a los sectores más vulnerados de su propia vulnerabilidad, coadyuva a sostener el proceso de reproducción de la pobreza y la desigualdad. Bibliografía ÁLVAREZ, Raúl (2009) ‘‘La basura en clave de lucha de relaciones de poder en el proceso de cierre de una descarga clandestina en José León Suárez’’. Question Vol. 24, N° 1, pp. 1-3. ANDER-EGG, Ezequiel (1990) Repensando la Investigación- Acción- Participativa. Comentarios, críticas y sugerencias (4ta ed.). Buenos Aires: Lvmen Humanitas. CARENZO, Sebastián, y MÍGUEZ, Pablo (2010) ‘‘De la atomización al asociativismo: reflexiones en torno a los sentidos de la autogestión en experiencias asociativas desarrolladas por cartoneros’’. Revista Maguaré N° 24, pp. 233-263. CASTEL, Robert (1997) La metamorfosis de la cuestión social. Una crónica del salariado. Buenos Aires: Paidós. CASTEL, Robert y HAROCHE, Claudine (2001) Propriété privée, propriété sociale, propriété de soi: entretiens sur la construction de l’individu moderne. Paris: Fayard. Cisterna Cabrera, Francisco (2005) ‘‘Categorización y triangulación como procesos de validación de conocimiento en investigación cualitativa’’. Revista Theoria Vol. 14, N° 1, pp. 61-71. 128

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Interludio

Consumo, Disfrute Inmediato y Desechos: hacia una caracterización metonímica de unas sociedades depredatorias Adrián Scribano “El hombre no ha usado totalmente sus potencias para adelantar el bien en la vida, porque ha esperado que alguna potencia exterior a él, y la naturaleza, hicieran el trabajo que tenía que hacer él” (Freud) PILTRAFA, 1596, ‘residuos menudos de viandas’, ‘colgajo de carne, etc.’. Como el testimonio más antiguo tiene la forma peltraza, princ. S. XV, probte. es derivo de un verbo *pertrazar, lat. vg. •PERTRACNARE ‘tironear’, ‘descuartizar’ (deriv. intensivo de TRAHERE, TRACTUS, de igual significado). El moderno piltrafa y sus variantes piltraca y peltraba se deberán a cambios de sufijo o a un cruce con otras palabras (en particular pelfa, filfa).

Introducción La vida de las sociedades latinoamericanas transcurre en un cotidiano flujo elíptico entre consumo mimético, solidarismo y resignación por un lado y un complejo de prácticas intersticiales que re-arman las tramas del sentir a través del gasto festivo, el amor, la esperanza y la felicidad. Como hemos sostenido en otro lugar: “[u]nas sociedades orientadas al disfrute inmediato, vertebradas en el consumo mimético e intervenidas desde el consumo compensatorio tienden a desalentar los procesos de protesta social y reproducir una política de las sensibilidades que transitan entre la indiferencia y la resignación” (De Sena y Scribano 2014: 78). Pero a la vez, venimos afirmando hace tiempo ya que las mismas subjetividades y sensibilidades tachadas, desechadas y expulsadas son el punto de giro que abre la compuerta para observar las voces polifónicas, la multiplicidad de torsiones corporales y diversidad de caminos que existen en los meandros de la

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dominación neo-colonial. La reciprocidad “ancla” al don en tanto forma de intercambio e implica todos aquellos modos de relaciones donde los sujetos y los colectivos permutan bienes y recursos en condiciones de paridad. El gasto festivo es el modo de reconversión de energías sociales y corporales que permiten abrir, expandir y multiplicar las potencialidades de los sujetos y los colectivos. Las fiabilidades que advienen por los sinuosos caminos de lo “inter-personal”, por -y desde- las situaciones de co-presencia y como credibilidad colectiva, sientan las bases contra la resignación. Desde la fiabilidad que generan las formas sociales del amor se resemantizan las energías corporales y sociales que involucran los actos de anulación del otro por apropiación de su “goce” (sensu Marx). El placer no es solo una de las tecnologías sociales de constitución de subjetividades (in)adecuadas, sino un campo de expresión del re-apasionamiento de la vida social (Scribano, 2009). En este Interludio la intención es proponer un juego metonímico: el análisis de los desechos es un indicador de la “forma” de una sociedad depredatoria y sacrificial. Es en el sentido señalado que queremos revistar aquí la clasificación de los desechados en sociedades sacrificiales como un “pre-ludio” a una re-conceptualización de lo marginal. Los estudios sobre los/las cirujas, cartoneros/ras, clasificadores/ras en sus diversas formas y acepciones son una excelente pista para reconstruir las tramas del sentir de una sociedad basada en la expulsión de la mayoría como aseguramiento/garantía de las posibilidades de desechar de pocos. Los que “tratan-con-losdesechos” son un testimonio del lugar de esos restos que deja una sociedad que depreda, son huellas de los exvotos dejados en el altar sacrificial del disfrute y son ofrendas laicas para que el consumo se perpetúe. La conexión que pretendemos mostrar es la siguiente: una sociedad normalizada en el disfrute inmediato a través del consumo (Scribano, 2013a; Scribano y De Sena, 2014) en el contexto de la depredación como estructura de reproducción sistémica (Scribano, 2012a), la religión neo-colonial en tanto contenido de la economía política de la moral (Scribano, 2012b; 2013b) y la espectacularización de lo social (Scribano y Moshe, 2014) establecen como lógica de interrelación social a las prácticas del desechar. Proponemos entender a esta “extensión” de las “prácticas del desechar” siguiendo las huellas del análisis que otrora realizasen tanto Weber como Adorno y Horkheimer respecto al lugar de la racionalidad instrumental en tanto expansión/ incorporación de la lógica de la ciencia moderna como estructura de las prácticas sociales en los albores del Siglo XX. 136

Consumo, disfrute inmediato y desechos

En el marco de lo anterior lo que planteamos es: a) comprender que el modo/ forma de normalización se conecta con los estilos de disfrute inmediato que se crean en “tensión” con las “maneras del consumir” generando una diversidad de “prácticas del desechar”, b) entender cómo las aludidas prácticas son uno de los ejes básicos para la constitución de la espectacularidad sacrificial que caracteriza la normalización. Para decirlo de otro modo, desechar ha devenido “esquema de acción” y vector de las prácticas del sentir que acaecen como resultado de la conexiones consumo=desecho=depredación. Es en este sentido que, explorando el consumo, la sacrificialidad y el desechar proponemos algunas pistas de comprensión de un fenómeno que estimamos central en la estructuración contemporánea de nuestra sociedad. En este contexto hemos elegido la siguiente estrategia expositiva: a) re-visitamos las conexiones entre consumo y disfrute en tanto rasgos de la normalización de la sociedad, b) esquematizamos algunas de las relaciones entre sacrificio, consumo y desecho, y c) sintetizamos algunos ejes para conceptualizar las prácticas del desechar. En un sentido estricto este Interludio fue escrito y pensado como esquematización de un programa de investigación que siguiendo las huellas del desechar permita comprender mejor las consecuencias de un conjunto de prácticas sociales que se performan en los procesos de estructuración de una sociedad normalizada en el disfrute inmediato a través del consumo. 1.-Consumo y Disfrute: dos bandas mobesianas de una sociedad normalizada Para comprender la importancia de la tríada consumo=desecho=depredación en tanto lógica de la acción social, como forma de interacción y como factor de estructuración del contenido de diversos dispositivos de regulación de las sensaciones se hace necesario comenzar resumiendo algunas de las implicancias de las articulaciones/desarticulaciones entre disfrute y consumo. Vivimos en sociedades normalizadas en el disfrute inmediato. El eje de las políticas económicas de muchos de los estados de la región es su carácter “neokeynesiano” por lo cual los incentivos y gestión de la expansión del consumo se transforman en una de sus principales herramientas. Créditos para el consumo, subsidios para el consumo, incentivos “oficiales” para el consumo se cruzan y superponen con el estado consolidado y en continuo desarrollo del capitalismo en su contradicción depredación/consumo. Se producen/reproducen así, unas sociedades estructuradas en torno a un conjunto de sensibilidades cuyo contexto de elaboración lo constituyen los continuos esfuerzos por “seguir consumiendo”.

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Una mirada parcial a unas pocas informaciones puede contextualizar lo que aquí se pretende señalar. Si tomamos en cuenta la estructura del consumo masivo aparecen dos vectores de comprensión del fenómeno: a) qué se consume y cómo se financia dicha práctica. El informe al respecto, de una consultora privada en base a datos del INDEC, nos puede brindar una primera aproximación: Durante el 3er trimestre de 2013, el rubro más dinámico del sector fue el de Electrodomésticos, con una expansión interanual de +40.1% (AR$2,341 M vs. AR$1,670 M). Algo más atrás se ubicó la Indumentaria y calzado, con un incremento de +29,8% (AR$924 M vs. AR$712 M). Alimentos y bebidas, con un avance de +24,8% (AR$22,047 M vs AR$17,661 M), y por último el rubro Artículos de limpieza y perfumería (+23,2%, AR$4,569 M vs AR$3,707 M) (Deloitte, 2014: 18) Gráfico 1

Fuente: tomado de Deloitte (2014: 18).

Esta “estructura” del consumo es posibilitada por un conjunto de prácticas de toma de créditos que grafica una tendencia de vinculación entre disfrute/abstinencia:

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Consumo, disfrute inmediato y desechos

Acompañando la recuperación mostrada por los principales indicadores de consumo, la demanda de financiamiento continúa expandiéndose a paso firme, en algunos casos incluso a un ritmo levemente mayor que el exhibido en la segunda mitad de 2012. Los préstamos privados para consumo (créditos personales + tarjetas) registraron un avance interanual de +35.1% en el 1er. semestre del año y de +35.5% en julio-13/ diciembre-13. En el caso de los créditos prendarios (que se otorgan principalmente para la compra de automotores), se observó un ritmo de crecimiento superior al de los últimos seis meses de 2012, con un aumento de +39.3% en enero-13/junio-13 y de +45.3% en la última mitad del año (vs +35.0% en julio-12/diciembre-12). De esta manera, en 2013, los créditos personales + tarjetas aumentaron un +35.3% mientras que los préstamos prendarios lo hicieron un +42.5% interanual (Deloitte, 2014: 13). En el contexto expuesto es interesante reparar que dicha estructura del consumo co-bordea el análisis de los residuos sólidos en CABA en cuanto su composición: Gráfico 2

Fuente: Fiuba/Ceamse (2011:93)

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Para expresarlo de un modo sintético: el aumento y la diversidad en el consumo implica claramente aumento y diversidad en los desechos. Esto que es una indicación inicial y obvia permite sostener que tanto el consumo como el desechar son prácticas sociales en expansión diversificada. Consumir y desechar son prácticas que se tensionan y cuyas posiciones/lugares en los procesos de estructuración social implican un conjunto de aperturas/cierres de unos haceres en tanto bandas mobesianas de la misma. Mucho se ha discutido en el transcurso del siglo XX sobre el consumo y se han brindado una serie de explicaciones en tanto pistas para comprender su centralidad en la organización de las relaciones sociales. Como ha sostenido Bauman siguiendo el rastro del consumo es posible bosquejar algunos de los contenidos centrales de las diversas formas de vida de las sociedades: A través de la historia humana, las actividades de consumo o relacionadas con él (producción, almacenamiento, distribución y eliminación de los objetos de consumo) han proporcionado un flujo constante de esa “materia prima” que han modelado –con la ayuda del ingenio cultural impulsado por la imaginación- la infinidad de formas de vida que tienen las relaciones humanas y sus patrones de funcionamiento (Bauman, 2007: 44). Cuestión que, de una manera diversa y desde otra mirada teórica, Jameson afirma respecto a las conexiones que se podían constatar entre la expansión del capital a nivel global, el posmodernismo (como “propuesta” cultural) y la “pérdida” de la relación sociedad/preservación: Creo que la emergencia del posmodernismo está estrechamente relacionada con la de este nuevo momento del capitalismo tardío consumista o multinacional. Creo, también, que sus rasgos formales expresan en muchos aspectos la lógica más profunda de este sistema social en particular. Sólo podré mostrarlo, sin embargo, en el caso de un gran tema: a saber, la desaparición del sentido de la historia, el modo en que todo nuestro sistema social contemporáneo empezó a perder poco a poco su capacidad de retener su propio pasado y a vivir en un presente perpetuo y un cambio permanente que anula tradiciones como las que, de una manera o de otra, toda la información social anterior tuvo que preservar (Jameson, 2002: 37). 140

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El abandono de los rastros de la historia como modo de hacer el presente y su reemplazo por el desecho como la lógica de interacción está íntimamente conectado con los sentidos que adquieren las mercancías (y las formas de tratarlas) en tanto “códigos” /sentidos de las relaciones sociales, al respecto Douglas e Isherwood han escrito: Un conjunto de mercancías en propiedad de alguien constituye un informe físico y visible de la jerarquía de valores que suscribe quien lo ha elegido. Las mercancías podrán ser estimadas o tenidas por inadecuadas, desechables o reemplazables, pero sólo si apreciamos el modo en que son utilizadas para conformar un universo inteligible, podremos saber cómo solucionar las contradicciones de nuestra vida económica. En el interminable diálogo sobre el valor que está implícito en el acto del consumo, las mercancías en su conjunto representan una serie más o menos coherente y deliberada de significados, que podrán ser percibidos sólo por quienes conozcan el código y los escudriñen en busca de información (Douglas e Isherwood, 1990: 19). Es en el marco de estas maneras de entender el consumo, las relaciones mercancías-seres humanos-mercancías y la preservación, que se comprende de un modo diverso los señalamientos realizados por Illouz respecto a las conexiones entre mercancías y emociones: Las mercancías son ‘emocionales’ en esta cultura de consumo caracterizada por la producción de prácticas de consumo experienciales, esto es, no el consumo de objetos materiales sino en cambio, se advierten mejor como formas de experiencias. Estas experiencias a la vez producen ‘emociones’: un crucero puede inducir ‘relajación’; un viaje al Himalaya ‘una sensación de excitación y aventura’; un partido de fútbol puede producir un sentimiento de ‘orgullo nacional’; ir a un concierto especial un sentimiento de ‘distinción social’; comprar comida de McDonalds en Moscú significa ‘sentirse un miembro del American way of life’; etc. Más aún, el consumo experiencial está estrechamente entrelazado con las relaciones interpersonales (Illouz, 2009: 386-87. La traducción es nuestra). Estas experiencias inauguran un conjunto de políticas de las sensaciones que como nos ha indicado Appadurai constituye un giro al fetichismo de las mercancías:

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En cuanto al fetichismo del consumidor, con esta expresión quiero señalar que el consumidor fue transformado, por obra de los flujos de mercancías (y los paisajes mediáticos, sobre todo la publicidad comercial, que suele acompañar tales flujos), en un signo, tanto en el sentido del simulacro propuesto por Baudrillard, que sólo asintomáticamente se acerca a la forma de un agente social real, como en el sentido de una máscara que reviste la verdadera posición de agencia, que no es la del consumidor sino la del productor y las diversas fuerzas que conforman la producción (Appadurai, 2001: 39). Es en el marco de estas vivencias asociadas al fetichismo del consumidor que puede comprenderse cómo un conjunto de prácticas del sentir devenidas políticas de las sensaciones develan/muestran su carácter de práctica ideológica solidaria con las expropiaciones excedentarias. Al respecto Ivanova ha señalado: Finalmente, es a través del consumo que la explotación capitalista adquiere su característica central. Este proceso tiene dos dimensiones. Primero, la ideología del consumismo provoca al trabajador no solo a consumir todo su ingreso (valor de intercambio adquirido a cambio de la venta de fuerza de trabajo), sino también se compromete en el consumo a crédito lo cual implica el compromiso a vender la fuerza de trabajo en el futuro. Segundo, la ideología del consumismo incrementa la tolerancia de los trabajadores a la explotación, lo cual se percibe ahora como el precio a pagar para obtener el ingreso al paraíso del shopping. Así, llevar el carácter ilimitado de la explotación capitalista a sus límites más extremos constituye la verdadera esencia del consumismo como proyecto social (Ivanova, 2011: 332-33). Es en el contexto expuesto que se pueden entender que así como se ha discutido en los últimos años del siglo pasado las nuevas formas de intimidad, las diversas maneras de modernidad, las consecuencias de la globalización, las indagaciones en torno a las políticas de las emociones en el contexto regional parecen un desafío para re-pensar una de las nociones de los años 60 y 70 del mismo siglo: la sociedad normalizada. Si a dicho desafío se le suman los contextos de depredación de los bienes comunes, niveles elevados de pobreza e indigencia, déficits alimentarios y fuertes procesos de segregación y racialización la pregunta por los volúmenes de felicidad y optimismo existentes enfatizan aún más la urgencia de reflexión al respecto. 142

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La normalización puede ser entendida como la estabilización, repetición compulsiva, adecuación nomológica y desconexión contextual del conjunto de relaciones sociales que las prácticas de los individuos adquieren en un tiempo/espacio particular. En el sentido de lo afirmado y en el marco de los objetivos del presente artículo, se puede comprender cómo la normalización de lo social es una consecuencia pero a la vez una generadora de la repetición en el tiempo de los mecanismos de soportabilidad social y los dispositivos de regulación de las sensaciones. Ahora bien, para poder caracterizar adecuadamente el “estado” de las sociedades aludidas es necesario esclarecer la experiencia de disfrute inmediato como eje privilegiado por el cual pasan las elaboraciones de las normalizaciones posibles. La centralidad operante de las conexiones entre consumo, disfrute y normalización se transforma en una clave para la comprensión de la economía política de la moral en la actualidad. En relación directa con lo que hemos señalado para la normalización respecto a la repetición compulsiva, el disfrute inmediato es el dispositivo por el cual se actualizan las diversas y múltiples maneras de generar sucedáneos, reemplazos, satisfactores a través del consumo en tanto mecanismo de disminución de ansiedades. Las conexiones entre consumo, disfrute, objetos adquiere la estructura procedimental de las adicciones: existe un objeto que libera momentos de contención/adecuación a un estado de sensibilidades específico con tal poder/capacidad que su ausencia demanda su inmediato remplazo/reproducción. Sin esos objetos se verifica un quiebre en las siempre indeterminadas tramas emocionales de forma tal que se experimenta una falta, vivencia que induce/produce la necesidad de un nuevo e inmediato consumo del objeto referido. Es en este sentido que el disfrute puede ser comprendido como la resultante compleja y contingente vivenciada como un paréntesis «aquí-ahora», como una continuidad en el tiempo y que produce un estado de desanclaje subjetivo. El disfrute se resuelve en el instante como espacio/tiempo de realización que se actualiza sin mediación alguna con la percepción de continuidad/discontinuidad. Así, es in-mediato, es un “ya” que adquiere sentido en su repetición indefinida. Rasgo por el cual puede entenderse porque se experimenta “en sí mismo” como flujo continuo del tiempo. El disfrute es el marcador macro/micro de las horas, los días y los años, de ahí que sea el parámetro para la “pérdida de sentido de la edad”. El disfrute inmediato se acopla a la estructura de desanclaje tiempo/ espacio de la sociedades produciendo un desanclaje subjetivo, es decir, ni la copresencia, ni el “trabajo de cara”, ni la estrategias de resguardo de la subjetividad

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son (ni deben ser) puestas en juego en el acto de disfrutar. Es por ello, que el disfrute se hace como un circunstancial, contingente, fugaz pero «absoluto» y radical “aquí-ahora.” El disfrute inmediato es un acto con pretensión de totalidad que suspende el flujo de vida de todos los días, de ahí que se «haga», se produzca, se performe, se dramatice. El disfrute inmediato refiere a una manera de apropiación «intensa», “superficial” y restitutiva de objetos de disminución de ansiedades por medio de tecnologías salvíficas. El disfrute inmediato se da en el contexto del consumir en tanto prácticas con pretensión de totalidad por y a través del cual el individuo subjetiviza al objeto re-construyéndolo en sus potencias estructuradoras de experiencias vicarias. Siendo el disfrute un acto y el consumir una acción, la dialéctica de sus mutuas interacciones dispone la vida como un conjunto de prácticas orientadas hacia ellos con la promesa de operar como “borradores” de recuerdo del esfuerzo. Hoy todo el sistema de creencias ha re-absorbido el contenido de lo sacrificial (tal como lo analizamos en el próximo apartado aquí) enfatizando el momento de disfrute como el acto que “da sentido” a las acciones de consumo, serialidades de actos/acciones que materializa lo que la “vieja” sociedad de consumo había vuelto signo. Se redobla la obligación/precepto/mandato para el disfrute en la ritualidad del consumo como formas sociales de síntesis que hace de la apropiación individual del disfrute “la” conexión privilegiada con la totalidad social. El consumir deviene paradojalmente un “aquí-para siempre” que se instala con la promesa de contener el conjunto de parusías laicas cuyas estructuras tecnologizantes le otorgan un carácter salvífico al disfrute. El consumo contiene las llaves del paraíso en la tierra por las cuales las estructuras de expropiación/depredación/desposesión son relegadas a un segundo plano, se diluyen en las promesas de experiencias totales y pasan a ser la materialidad que describe las gramáticas de las actuales “luchas de clases”. El consumo invierte/modifica las conexiones objetos/individuos, individuos/individuos y objetos/objetos condensando en un “ahí” las múltiples posiciones revestidas de contingencia pero devenidas en indicador de estructuralidad de dichos objetos e individuos. El consumo transformando las relaciones aludidas redefine lo que en ellas hay de cantidad/calidad; volumen/densidad; acceso/denegación con Otro, con “alguien”/consigo mismo orientándolas al (y para el) disfrute inmediato. Se produce por esta vía la estructuración de lo vivo, la vida y lo vivible a través del consumo que otorga disfrute: el consumo deviene creencia. 144

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En consonancia con lo que expusiéramos respecto a la normalización, el disfrute inmediato en y a través del consumo produce: des-realización como pérdida de “contacto con la realidad”, alejamiento de los patrones de adecuación de la acción en co-presencia y desublimación represiva. El disfrute inmediato “en-el-consumo” al ser una estrategia sucedánea de síntesis social ocupa al menos tres posiciones simultáneas en los procesos de coordinación de la acción: a) es un puente con los otros, b) es un modo elaborar la presentación social de la persona y, c) fundamentalmente cobija la contradicción de ser un acto individual realizado frente a los Otros. La magia social del disfrute consiste en su fuerza para romper/unir lo público/ privado; se consume para ser visto consumiendo, se llega al paroxismo del disfrute si se dramatiza para alguien. En la actualidad el consumo como parte nodal de la “Economía” opera en el centro de las contradicciones de la vida capitalista: en el corazón de las dialécticas entre mercantilización-desmercantilización, en la redefinición entre lo privado y lo público, y en la re-estructuración de las experiencias productor/consumidor. El disfrute en el consumo se vincula fuertemente a las Políticas de Vida (sensu Giddens) dado que desde él se responde a la pregunta sobre: ¿qué hacer con la identidad? Teniendo a la mímesis como objetivo las externalizaciones de los sujetos por y en el objeto deviene asunto para ser mostrado/mirado. Es por esta vía que se producen dos procesos convergentes: a) la redefinición de lo que se vivencian como experiencias interiores que alojadas en lo circunstancial, indeterminado y contingente tras-vestidas de instantáneo, efímero, perecedero niegan por exceso la ideas de Illouz (2009) sobre la existencia de intimidades congeladas y, b) re-construyen el lugar social de aquello que se designa como “íntimo” transformándolo en el borde entre mostrar/ocultar, entre el como sí/así como, entre afuera/adentro, entre público/privado operando como una con-figuración inversa de des-coacción emocional/ coacción emocional (sensu Elias) como “carrera” de una intimidad deseada. Las formas sociales de «estar-en-el-mundo» encuentran en el consumo/disfrute/intimidad su línea demarcatoria y los criterios de validez de lo que debe considerarse una vida vivida con intensidad. El disfrute como existenciario de la vida capitalista, en tanto experimentación para ser relatado/vivido frente y para otros, se conecta con los estados de ensoñación donde el consumo explica la creencia en un mundo vivido para ser visto. La creencia en el consumo mimético es una vivencia que estructura la vida de todos los días alrededor del mostrar como superficie de inscripción de toda sensibilidad que anhele algún grado de “veracidad”.

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Las relaciones entre consumo mimético, disfrute y normalización implican un “proyecto de vida”, unos “estilos de vida” y unas “lógicas de interacción del desecho” que delinean lo que hay de sacrificial en el capitalismo de la espectacularización. Lo efímero se da la mano con lo que se deja de lado, el fetichismo de la mercancía se torsiona con el fetichismo del consumidor, el imperativo del disfrute conlleva lo desechable en tanto practicas del sentir que se ofrecen para que la vida continúe, para que el consumir no cese. 2.- Sacrificio como trama de la depredación En el contexto de lo expuesto adquiere importancia la estructura sacrificial de una sociedad que, bajo la cobertura de una economía política de la moral, ofrece a millones de sujetos en los altares del consumo. El sacrificio deviene la fuerza de lo innombrable: desechar cuerpos, depredar energías corporales. Uno de los aspectos que aporta las mayores de las perplejidades e instituyen el carácter de paradojas icónicas a los espectáculos de la religión colonial en la actualidad, es el lugar y contenido del sacrificio. Como es muy conocido desde la explicación del ascetismo (Weber) a la comprensión de la estructura y origen del capitalismo como despilfarro/lujo (Sombart), pasando por su instanciación colonial como ahorro ascético ritualizado en los pliegues de la(s) modernización(es) (Morandé, Larrain) las prácticas sacrificiales han estado en el centro de las discusiones sobre la constitución de las estructuras capitalistas. Del mismo modo desde señalar a la abstinencia como uno de los nodos centrales de la vida de los trabajadores (Marx) pasando por definir las relaciones de mercado como procesos de intercambio equivalentes de sacrificios (Simmel) hasta el énfasis del lugar de las coacciones emocionales en tanto denegación de las pasiones ante lo público como clave del proceso civilizatorio (Elías), las lógicas de la abstinencia/renuncia/resignación han estado presente en las interpretaciones de las sociabilidades de los mundos capitalistas. Cuando se analiza la estructura espectacular del mundo social como nodo de la configuración de la religión neo-colonial aparecen con fuerza dos interrogantes fundamentales: a) ¿Qué lugar ocupa la vida de producción/desgaste/esfuerzo que implica el trabajo y las estrategias para “ganarse la vida”? y, b) ¿Qué lugar depara el espectáculo para los que producen los objetos del disfrute? Millones de seres humanos no asisten a los espectáculos de la sociedad normalizada; millones de sujetos no consumen para disfrutar, sólo alcanzan a tener 146

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(tienen reservado ese lugar) consumos restitutivos; millones de personas no llegan a consumir nada. Tanto por la vía de los que consumen para el disfrute como por la vía de millones que están bajo el influjo de las políticas del hambre, las fundacionales formas del capitalismo ahorro, despilfarro y explotación no explican su lugar en las sociedades espectacularizadas y normalizadas en el disfrute inmediato. Debemos volver la mirada sobre un par solidario del espectáculo: el sacrificio, puesto que en su negación y consumación encontraremos los quiebres que las suturas del espectáculo no puede soldar. El sacrificio encarna el regreso de lo real como horroroso. En los análisis de Bataille, Callois y Girard (más allá de su distancia y diversidad) es fácil encontrar algunas claves para conectar sacrificio y espectáculo a través de la muerte y el horror. Siguiendo las huellas de Bataille podemos sostener: cuando la angustia aparece, luego la risa comienza, desde donde surge con fuerza cómo en la distracción que brinda el espectáculo el primer exorcismo para apartar la angustia se hace en la densa trama de la risa como lubricante del disfrute. El disfrútalo!!!como mandato completa el vínculo paradójico con la falta: ahí está la presencia del sacrificio. El espectáculo se propone como el transporte hacia la vivencia de una divinidad radiante, adorada incuestionablemente que revela una forma de intimidad expresable: el consumo para el disfrute inmediato. Pero justamente en tanto anverso solidario sobre el que opera la catarsis reside el hecho que comemos/consumimos lo que la muerte sacrificial de millones de hombres/mujeres ha elaborado para que se produzca el contacto/empatía entre (nos-)otros y nosotros mismos. Ahora bien si seguimos el argumento propuesto aquí sobre la normalización en el disfrute inmediato, la estructura espectacular de las síntesis sociales y sus roles en la constitución del actual estado religioso del capitalismo global, la estructura sacrificial del mismo adquiere ese carácter ambiguo/paradojal que lo caracteriza en la actualidad. En primer lugar, tanto los mecanismos de soportabilidad social como los dispositivos de regulación de las sensaciones están constituidos para demonizar y “apartar” lo que hay de renuncia en la vida de todos los días. Sea por la vía de la participación en los espectáculos como por el camino del consumo incesante, la vida de los sujetos se transforma en un escape de todo aquello que reste poder a las condiciones de límite/obturación de los tiempos/espacios de abstinencia. Ahora bien, por el mismo motivo, la centralidad del sacrificio deviene cada vez más evidente puesto que se transforma en meta y pre-requisito de toda acción, siendo la

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práctica negada por excelencia. La “parte maldita” no es ya el gasto improductivo; es su negación como fantasma que recuerda su “absoluta” presencia. En segundo lugar, la cadena objetos/deseos/objetos no puede ser realizada sin la asignación desigual de la apropiación excedentaria que emerge de las expropiaciones sistemáticas a los bienes comunes. La realización de los supuestos objetuales de la normalización implica la necesaria reproducción de las prácticas de abstinencia/renuncia/resignación por parte de los millones de habitantes del planeta. El sistema-mundo que otrora modificara los equilibrios/desequilibrios de las expropiaciones de diversa manera: el esclavismo, el colonialismo de materias primas, la explotación proletaria, etc., encuentra en las cadenas de valor y los procesos de valorización los objetos/procesos tras de los cuales y por los cuales millones de sujetos los proveen para que la(s) adoración(es) tenga(n) lugar. El esclavo/algodón/indumentaria, el colonizado/cacao/alimentación, el obrero/hierro/automóvil han sido complejizados/reproducidos en grupos humanos enteros dispuestos para la generación de energía/minerales/agua. Solo piénsese en los millones de celulares usados en la lógica del consumo y en las prácticas de los espectáculos, el volumen de Litio necesario para su funcionamiento y los procesos de expropiación del mineral en el mundo. Como indican tanto las estructuras de muchas de las actuales religiones monoteístas, como lo postulan un sin número de religiones/creencias del mundo entero, se reproduce el lugar de un cordero sacrificial que en su absoluta transparencia desaparece tras los rastros del consumo. En tercer lugar, en la porosidad de la transparencia pornográfica de la espectacularización -como éxtasis en el disfrute inmediato en tanto celebración de la religión del capital- aparecen las demonizaciones de las Otredades radicales. Lo que ya no es necesario ocultar es que los que no puedan/quieran adoptar la disposición/posición de devoto/asistente/consumidor son parte del eje del mal, son predicadores del odio, son los ángeles caídos que viven en el mundo del No, del esfuerzo, del eterno sacrificarse. Profanadores que recuerdan que no es posible disfrutar. Emergen aquí, una vez más, los hermeneutas del espectáculo re-configurando los papeles de brujas/ideólogos/inquisidores. Los que no puedan pasar por la sensibilidad del espectáculo y aceptar el consumo mimético, la resignación y el solidarismo quedan apartados bajo la inversión del mensaje bíblico: los primeros serán los primeros. Los que vivencien las prácticas de entrega serán los elegidos y sus actos de abandono de sí mismos en los brazos del disfrute reconvertirán su bio-grafía, alejándolos de toda culpa. En una mirada al bies y paralelamente los espectáculos se convierten en “autos de fe”, como ceremonias 148

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de reconocimiento de culpa y estructuración de reconciliaciones que hacen del espectáculo una vivencia para todas y todos. Se puede percibir claramente cómo la espectacularización de la vida como eje de la ritualidad de la religión neocolonial, tiene en el sacrificio ritual de millones de seres humanos su anverso constitutivo bajo la cobertura del mandato Disfrútalo!!!. Ellos sí saben lo que hacen. En uno de los textos más clásicos sobre el sacrificio se puede encontrar una de las bandas de moebio que se abren/cierran sobre consumo/sacrificio/desecho: “Pero el acto de abnegación que está involucrado en todos los sacrificios, recuerda con frecuencia a las consciencias individuales de presencia de las fuerzas colectivas que mantienen exactamente su existencia ideales” (Hubert y Mauss, 2002: 78). La abnegación en tanto renuncia a cualquier otra vía para reparar y reproducir el mundo que no sea en y a través del desechar (en tanto “resultado” del consumir/disfrutar) prepara el camino a la extensión de dicha práctica como “modo de relación”. Rasgo que nos permite revistar lo que Girard señalara para las conexiones entre violencia, víctima y lo colectivo: “El sacrificio sirve para proteger a la comunidad toda de su propia violencia; esta provoca a la comunidad en su conjunto a escoger víctimas fuera de sí misma. Los elementos de las disensiones distribuidas a lo largo de la comunidad son proyectadas hasta la persona víctima del sacrificio y eliminadas, al menos temporalmente, por su sacrificio” (Girard, 1979: 8). El desechar lo que está por fuera del disfrute inmediato en el consumo fortalece un conjunto de prácticas sacrificiales que re-instalan el fin/muerte de la mercancía/consumidor como condición de posibilidad de la reproducción social. Una sociedad normalizada en el disfrute inmediato tiene a la obsolescencia/ muerte/desecho como contracara y en esta dirección resuenan las palabras de Marcuse: Ya sea que la muerte sea temida como una amenaza constante, o glorificada como un sacrificio supremo, o aceptado como destino, la educación para el consentimiento de la muerte introduce un elemento de rendición dentro de la vida desde el principio —de rendición y sumisión—. Sofoca los esfuerzos «utópicos». Los poderes que existen tienen una profunda afinidad con la muerte; la muerte es un signo de la falta de libertad, de la derrota (Marcuse, 1983: 214). Es en este sentido que la abnegación en el sacrifico suplanta/complementa el lugar/posición del antiguo cálculo racional por la efímera sensación de lo que

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desecha (se desecha en) el disfrute. Se efectiviza una inversión espiralada de lo que sugiriera Marcuse respecto al hecho que “…la liberación futura demanda sacrificios opresivos en el presente…” (Marcuse, 2001:40) redefiniendo las conexiones entre desecho/sacrificio/consumo. Se re-inventan (en y por las mercancías consumidas) los antiguos “códigos” del capitalismo donde la racionalidad es trastocada en la elaboración de dispositivos de regulación de las sensaciones que aceptan desapercibidamente lo que hay de sacrificial en los desechos del disfrute inmediato: Estamos nuevamente confrontados con uno de los más irritantes aspectos de la civilización industrial avanzada: el carácter racional de su irracionalidad. Su productividad y eficiencia, su capacidad para incrementar y ampliar confort, para convertir residuos en necesidad y destrucción en construcción, el grado en que se somete la naturaleza (también la naturaleza propia del hombre) al poder del hombre lo que hace cuestionable a la misma noción de alienación (Marcuse, 2001:53; la traducción es nuestra). Nuevamente, abnegación/violencia/muerte/desecho/consumo se articulan y desarticulan en un “modo de estar en el mundo” donde el aceptar/habituarse al desecho como forma de relación social implica un lugar para la muerte en el sacrificio: Desde hace más de treinta años se perfila entre las masas de los países altamente industrializados la tendencia a abandonarse en manos de una política de la catástrofe en lugar de perseguir intereses racionales, y ante todo, la conservación de su propia vida. Se les prometen ciertas ventajas, es verdad, pero a la vez se sustituye con ahínco el ideal de su propia felicidad por la violencia y la amenaza, se las carga con sacrificios desmesurados, se pone en peligro inmediato su existencia y se apela a latentes deseos de muerte (Adorno, 1991:135). Así como en el Siglo XX el holocausto fue la contracara de la sociedad del consumo en el siglo XXI el sacrificio de millones de seres humanos comprendidos como meros productores de desechos es la contracara del perpetuo banquete de los que consumen.

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3.- Sociedad-en-desechos La normalización de la sociedad en y a través de la espectacularidad sacrificial implica entre otros componentes: la ritualización de un ponerse en las manos del mañana como fantasía de redención, las conexiones entre desecho/ clasificación como metamorfosis del sistema de desigualdad y unas prácticas del sentir moldeadas desde lo desechable, lo desechado y el desechar como interacción. Esto implica la estructura de relaciones sociales en una sociedad de los desechos. En un mundo depredatorio las lógicas de interacción se constituyen entre las torsiones elípticas que se instancian entre el consumir y desechar. Una de las astucias de la actual economía política de la moral consiste en extender las prácticas y gestos de la depredación planetaria de energía a la vida cotidiana. Al igual que desde el comienzo del siglo XX la lógica instrumental (sensu Horkheimer) se extendió como lógica práctica (sensu Bourdieu); hoy la lógica depredatoria marca los encuadres pre-reflexivos de la consciencia y esquemas de interpretación (sensu Giddens) bajo la forma de prácticas del desechar. El consumir como acto inaugural del capitalismo sacrificial implica, (en este contexto argumentativo) la extensión de su “formato” abarcando las conexiones de los seres humanos con los objetos, con todos los seres vivos y con ellos mismos. Todo acto del consumir involucra desechos, residuos y desperdicios. Tres resultados pero a la vez condiciones de posibilidad de toda relación en el mundo de lo desechable que en su volumen y diversidad actúan como modelos de las “próximas” acciones de disfrute-en-el-consumo. Desechar involucra así a la parte del objeto/sujeto/proceso que se deja sin consumir dada la estructura del propio acto y la parte del objeto que, dadas la condición/estructura/materialidad del objeto es inapropiado/imposible de destrucción. Lo sacrificial se tensiona con y en lo desechable como lógica práctica del hacer en la sociedad capitalista contemporánea. Una sociedad que retoma los desechos para usarlos como mercancías, una sociedad que sacrifica lo que está al margen, una sociedad que entrega en el altar de la producción una ofrenda cotidiana para que el mundo siga como está, una sociedad que ritualiza neo-colonialmente las energías corporales en pos de la depredación estructura un conjunto de relaciones sociales en torno a la tríada consumo=objeto=despojo. Los objetos se paran de cabeza y comienzan a gobernar el mundo de los hombres en y a través de un fetichismo que hecho cuerpo inauguran las prácticas de una religión laica puesta en valor en la economía política de la moral.

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El juego dialéctico entre consumir, desechar y disfrutar inaugura una reorganización/reestructuración inter e intra clase, y repite la extensión de las condiciones de posibilidad del capitalismo como sistema. El desecho es un punto de la estrategia sacrificial de una sociedad de consumo compensatorio: normalizada en el disfrute inmediato la sociedad opera una doble sustitución, la ofrenda deviene nuevo desecho y los restos se metamorfosean en ofrendas. La eficacia sustitutiva del consumo re-escribe lo que hay del representado en la víctima propiciatoria; es el representado mismo quien opera en identidad mimética con lo ofrecido (objeto) la naturalización de su victimización para mantener el orden/consumo y alejar la sombra de la crisis. Ahuyentar la crisis trasponiéndose en objeto del objeto es el rol del desechado en los desechos de su vida, es una vida para que no cese la vida-en-el-consumo. Donde hubo desecho, consumo queda y por él se obtiene la reproducción del disfrute en los altares de las compensaciones para disolver el conflicto. Eludir el conflicto concentrándose en lo que hay de sacrificial en las ofrendas de lo desechable señala claramente la “invención” de “potencia exterior” al ser humano que hace de las piltrafas una “consecuencia lógica” de una sociedad que depreda y se depreda. En muchos de los sentidos aquí apuntados los estudios que componen este libro, creemos son pistas importantes para conocer mejor el mundo de los desechos en términos de sus agentes centrales. Es por ello que analizar los desechos es un capítulo y no el menor para reescribir las formas que hoy adquieren los márgenes, los bordes y los límites que se dibujan en las pulcras ciudades que deben esconder lo hediondo de los efectos del disfrute inmediato. Bibliografía ADORNO, Theodor W. (1991) “De la Relación Entre Sociología y Psicología” en: Actualidad de la filosofía. Barcelona: Paidós. APPADURAI, Arjun (2001) La modernidad desbordada. Argentina: FCE, Trilce ___________ (1991) La mercancías y la política de valor en La vida social de las cosas. México: Editorial Gribaljo. BAUMAN, Zygmunt (2007) Vida de consumo. México: FCE. BAUDRILLARD, Jean (2007) La Sociedad De Consumo Sus Mitos Sus Estructuras. México: Siglo XXI DOUGLAS, Mary e ISHERWOOD, Ryan (1990) El mundo de los bienes; hacia una antropología del consumo. México: Editorial Gibraljo. 152

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Subjetividades

Materialidades de la “basura” y praxis creativa: aportes para una etnografía de tecnologías cartoneras Sebastián Carenzo Hacia una cultura material de las cosas descartadas El enfoque movilizado en la investigación que da sustento a este artículo focaliza en la producción específica de una cultura material ligada a la disposición, recolección, clasificación, acondicionamiento y reciclado de residuos.1 Focalizando en la práctica cotidiana desplegada en una cooperativa de cartoneros/ as2 donde vengo realizando trabajo de campo desde fines de 2004 evidencio cómo las distintas formas de degradación de la materia descartada como “basura” resulta indisociable de una performance cultural que involucra un conjunto de tecnologías y saberes específicos susceptibles de ser enseñados y aprendidos, así como una serie de técnicas corporales, sensoriales y actitudinales (en sentido maussiano) necesarias para ejercitar estas prácticas. Siguiendo la propuesta del equipo de investigación Matière à Penser (MàP) para el abordaje etnográfico de la cultura material, evidencio cómo la labor de cartoneros/as y clasificadores/as remite a un proceso de constitución recíproca de sujetos y objetos (Warnier, 2001; Warnier, Julien y Rosselin, 2009). En este sentido cobran especial relevancia analítica tanto las materialidades en juego como los sentidos, las percepciones y emociones, a través de los cuales la materia manipulada (objetos descartados pero también artefactos y dispositivos para su tratamiento) son incorporados por las personas, delineando sus gestos, cuerpos, movimientos y subjetividades. De allí que focalizar analíticamente en la materialidad de la “basura” resulta mucho más que simplemente objetivar las “cosas” que circulan y dar cuenta de sus itinerarios. Supone provocar la formulación de nuevas preguntas, por caso 1 Este capítulo presenta resultados parciales del Proyecto PIP-CONICET 0488 del cual soy director, en tal sentido recupera fragmentos de un trabajo de textualización en curso cuyos avances fueron presentados en el XI Congreso Argentino de Antropología Social (Rosario, 2014) y luego reelaborados para el texto que aquí presento. 2 Empleo este término en tanto categoría de autoadscripción de mis interlocutores.

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aquella a la cual este artículo busca contribuir: ¿en qué modo las materialidades asociadas a la “basura” juegan en la construcción de mediaciones (distribución de conocimiento, poder, legitimidad, identidades) que organizan la trama relacional tejida en torno a la gestión de residuos? Esto implica por ejemplo, no solo dar cuenta de las decenas de clases y tipos de materiales que los cartoneros recuperan, clasifican y algunos incluso hasta procesan, sino también prestar atención seriamente a procesos de diseño y/o adaptación de tecnologías elaboradas por estos agentes como parte de su labor cotidiana. Tal como he venido evidenciando en los últimos años, las prácticas desarrolladas por cartoneros/as incluyen una profusa elaboración de taxonomías, procesos físicoquímicos y dispositivos materiales (incluso maquinaria) que conforman verdaderas tecnologías de clasificación y procesamiento desarrolladas con relativa autonomía del sistema de conocimiento científico y tecnológico, pero no por ello menos sistemáticas ni complejas (Carenzo, 2011; Carenzo, Acevedo y Bárbaro, 2012; Carenzo, 2014). Profundizando esta línea, en este artículo reconstruyo y analizo desde un enfoque etnográfico la práxis creativa desarrollada en la cooperativa Reciclando Sueños de La Matanza (¿un interior dentro del centro?), que involucra desde la auto construcción de máquinas y herramientas para el trabajo, empleando materiales recuperados de la vía pública, hasta procesos aplicados al reciclado de residuos industriales. El análisis de esta experiencia, supone un triple desplazamiento que ilumina nuevas aristas en la problematización que vengo elaborando respecto de la relación entre producción de valor y desarrollo/adaptación de tecnología.3 Por una parte, en relación a la centralidad que adquiere la clasificación como práctica nodal en la labor de las cooperativas, explorando los límites y posibilidades de trascender esta práctica, abriendo con ello la posibilidad de reconocimiento de otras habilidades y destrezas. Por otra, en términos del sentido unidireccional que caracteriza las propuestas técnico-profesionales para el “agregado de valor”, basadas en la idea que la valorización del trabajo de los cartoneros/as depende de la posibilidad de avanzar linealmente en las diferentes “cadenas de valor” en tanto proveedores de insumos reciclados para las industrias. Finalmente en 3 En el marco de esta investigación en curso analizo prácticas de adaptación, diseño y construcción de tecnologías desarrolladas en la Cooperativa de Provisión de Servicios “Reciclando Sueños” (La Matanza, Prov. Buenos Aires), explorando el potencial analítico de un enfoque de cultura material para abordar la sociogénesis de los circuitos que permiten la transformación de los residuos en mercancías. Más específicamente focalizo en la construcción de “formas sociales de valor” (Graeber, 2001) que organizan y modelan estos circuitos donde la materia desechada resucita en la vida social, cargándose de nuevos sentidos, sosteniendo y/o produciendo nuevos vínculos e identidades.

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relación al locus social donde se despliega esta praxis experimental que da lugar a innovaciones tecnológicas, en tanto no se derivan del aporte de agentes técnicos especializados, sino que es elaborada desde el marco de una cooperativa de cartoneros/as cuyos integrantes carecen de los capitales simbólicos, económicos y técnicos que permiten acreditar socialmente estas competencias. El arte de experimentar sin capitales Los inicios de la Cooperativa Reciclando Sueños de La Matanza se remontan al año 2003 cuando un grupo de ex-referentes de la Federación de Tierra y Vivienda,4 se organizan en el Barrio San Alberto para trabajar en forma asociada en la recuperación de residuos de la vía pública.5 Con este fin van nucleando un grupo de varones desocupados del barrio que no contaban con experiencias previas de trabajo asociativo y que desarrollaban prácticas de recuperación de materiales de los residuos en forma individual.6 El nuevo formato suponía mejorar las condiciones de autoempleo alcanzando mayores ingresos al comercializar un volumen mayor en forma colectiva. No menos importante era la relativa protección que la forma asociativa brindaba frente a los frecuentes eventos de abuso por parte de las fuerzas de seguridad, dado que la actividad estaba formalmente prohibida en el ámbito del área metropolitana de Buenos Aires.7 4 Esta organización formaba parte de los denominados movimientos “piqueteros” que tuvieron un amplio protagonismo durante los sucesos anteriores y posteriores al 2001 en la construcción de demandas vinculadas al mejoramiento de las condiciones de vida de los sectores más humildes de la población. 5 El Municipio de La Matanza constituye uno de los distritos más pobres y densamente poblados del Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA), con una extensión de 325.71 km2 y una población de 1.251.457 según los datos disponibles (INDEC, 2001). Según datos provenientes de una encuesta realizada por el Municipio, en 2004 el 18,6% de los hogares y el 28,7% de las personas se encontraban con Necesidades Básicas Insatisfechas (NBI). San Alberto es uno de los barrios donde esta situación de pobreza se expresa en forma más evidente. 6 Para un análisis detallado de los cambios en la gestión pública de los residuos y las prácticas de reciclaje de Argentina, ver Schamber (2008). 7 El artículo 11 del Decreto-ley 9.111/78, sancionado durante la última dictadura militar, solo exceptuaba de la prohibición al personal de las empresas adjudicatarias del servicio de recolección en cada municipio, asegurando de este modo la rentabilidad de la prestación. En este marco cualquier desviación podía resultar penalmente sancionada, motivando además la intervención de la fuerza pública de seguridad para su asegurar su cumplimiento. Recién en 2006 con la sanción de la Ley 13592 se deja sin efecto este decreto en al territorio de la provincia de Buenos Aires, cabe destacar la Cooperativa Reciclado Sueños junto con otras organizaciones estuvieron involucradas en las discusiones con funcionarios y legisladores que dieron lugar al texto definitivo de la ley.

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Desde aquel entonces la cooperativa desarrolló una activa labor para promover el desarrollo de un modelo de gestión de los residuos para el distrito basado en la articulación entre cartoneros/as y “vecinos/as” como parte de la solución de una problemática común. Esta orientación se plasmó en la puesta en marcha entre 2006 y 2010 del Programa de separación domiciliaria y recolección diferenciada “Reciclando Basura, Recuperamos Trabajo” implementado con apoyo municipal en las localidades de Aldo Bonzi, Tapiales y centro comercial de San Justo. Esta experiencia operó como plataforma para elaborar la principal demanda de la cooperativa (hoy extendida vía redes transnacionales a otras organizaciones de cartoneros del país y de la región) consistente en luchar por el reconocimiento de la actividad realizada como un “servicio público”.8 Mi vínculo con Reciclando Sueños se originó hacia fines de 2004 como parte de un equipo más amplio encargado de implementar un proyecto de “investigaciónacción”. Desde entonces he venido trabajando -junto con otros/as colegas- en el marco de una propuesta de investigación colaborativa, donde tratamos de articular nuestra formación y entrenamiento en etnografía con el aporte de otras perspectivas (como por ejemplo la educación popular).9 Sin embargo más allá de esta caracterización racionalizada (y ex post) acerca de mi trayectoria de investigación y acompañamiento con los integrantes de Reciclando Sueños, debo destacar que uno de los atributos que más me fascinaron (y claramente aún lo hacen) de esta experiencia está asociado a su encomiable destreza para hacer y deshacer máquinas empleando toda clase de elementos, herramientas y materiales, entre los que se destacan aquellos que recuperan de la “basura”. Todavía hoy disfruto enormemente llegar al fondo del galpón donde están emplazadas las máquinas para lavado, molido y secado de plásticos, para perderme entre una selva confusa y abigarrada de caños, dínamos, “gusanos”, transformadores, motores eléctricos, “bobinados” desarmados, rulemanes del tamaño de una rueda de automóvil, paneles de control de máquinas destartaladas, entre otras joyas que capturan inevitablemente mi atención. Sobre este fondo se acopia el “fierro”, pero no el que luego es comercializado como chatarra, sino el que ha sido “seleccionado”. En este sentido, Webb Keane (2001) señala acertadamente que la materialidad de los objetos (expresada en su durabilidad, morfología, etcétera) 8 El gasto derivado de la prestación de este servicio rankea entre el primer y quinto lugar en el orden de erogaciones de mayor magnitud dentro de los erarios municipales. La demanda por el reconocimiento como “servicio público” apunta a redireccionar parte de esos fondos para financiar experiencias como la desarrollada en el programa “Reciclando Basura, Recuperamos Trabajo”. 9 En otro lugar profundizamos sobre este recorrido, ver: Fernández Alvarez y Carenzo (2012).

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excede los atributos convencionales encarnados en su fabricación primigenia, posibilitando por ende su movimiento entre diferentes dominios semióticos. Así la categoría “seleccionado” clasifica (inmovilizando) esta porción de la materia puesta en circulación por acción de los trabajadores de la cooperativa, en función de destacar este atributo en particular: son cosas o pedazos de ellas, que en potencia pueden ser reutilizadas en un sinfín de modelos posibles de máquinas, herramientas y/o medios de transporte. Así por ejemplo un viejo transformador eléctrico proveniente del desguace de una antigua heladera comercial, puede ser reconvertido en un versátil soldador transportable, tal como ocurrió con la primer herramienta de trabajo autofabricada en la cooperativa (Ver Imagen 1). Imagen 1: Soldador transportable fabricado en la cooperativa con materiales y objetos recuperados y reutilizados

Foto: Sebastián Carenzo

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La operación clave que quiero destacar al focalizar en estos “fierros seleccionados” es justamente la de prefigurar es decir la capacidad (creativa) de representar algo anticipadamente. Pero no solo en términos de definir un objeto específico prediseñado, tangible aunque más no sea en la imaginación; sino principalmente en el sentido de prefigurar en forma latente múltiples usos y recontextualizaciones en función de una o dos propiedades/cualidades potenciales objetificadas (Miller, 1987) en esas cosas o fragmentos de ellas: capacidad para contener volúmenes, rigidez para sostener peso, formas versátiles para ser reutilizadas como “codos” y “uniones”, etcétera. Volviendo a la soldadora, aún antes de ser efectivamente pensada y realizada, su materialización requirió que potencialmente ciertos materiales sean reservados como “seleccionado” aún sin saber si efectivamente serían empleados algún día. En efecto, transformador eléctrico, mango de bicicleta, flejes y caños de acero, ruedas de “changuito”, interruptores y cables eléctricos, tuvieron que sufrir un desvío de la ruta que la propia cooperativa organizó para su comercialización genérica como plásticos y metales. La circulación de cada uno de estos materiales fue siendo suspendida en forma independiente, para quedar reservados, acumulados, en estado latente. Esta es justamente la razón de mi fascinación por este conjunto de “fierros” cuyo desorden aparente engaña como abandono: la posibilidad de adivinarlos posteriormente en medio de la tosca apariencia de una nueva máquina o herramienta, sea terminada o en progreso. Ahora bien, no cualquier integrante de la cooperativa tiene la competencia para determinar qué va al “seleccionado” y qué no, o mejor dicho esta competencia es monopolizada por Marcelo en función de un expertice tecnológico que recupera tanto los aportes en su propia trayectoria biográfica, como principalmente en su progresivo y minucioso conocimiento de los circuitos económicos vinculados al reciclado de materiales. La clasificación como tecnología encarnada Marcelo tiene actualmente 47 años, no solo es uno de los fundadores -y actual presidente- de la cooperativa, sino además es el responsable del diseño y construcción de la mayoría de los “desarrollos tecnológicos” elaborados, tal como los denomina con tanto orgullo como ironía. Su padre hizo carrera de operario en la planta de Mercedes-Benz en Gonzales Catán, a la cual también ingresó desde muy joven. Allí aprendió nociones básicas de soldadura y mecánica, aunque a diferencia de su padre siempre fue bastante rebelde, repartiendo su tiempo entre 162

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el empleo en la fábrica y la militancia dentro de espacios políticos de izquierda. A inicios de los noventa fue víctima de una de las tantas “reestructuraciones de personal” que lo dejó en la calle. No volvió a conseguir empleo en fábricas, pero en cambio profundizó su trabajo en el “armado territorial” de la FTV, llegando a integrar el círculo de confianza de Luis D’Elía (su principal dirigente). Esta labor militante fue complementada también con el trabajo de venta ambulante en la vía pública, hasta que hacia 2003 tras una serie de conflictos internos que lo alejan de la FTV empieza a darle forma al proyecto de conformación de una cooperativa junto a otros cinco ex-referentes de la organización que militaban en el San Alberto y alrededores. Marcelo caracteriza esta iniciativa como “la posibilidad de volver a articular lucha política y trabajo”, una propuesta desde la cual “refundar” el trabajo territorial, convocando a “los compañeros” desde la actividad a la cual la gran mayoría de los habitantes del barrio se dedicaba: el cirujeo o cartoneo. Dueño de un espíritu inquieto y muy “busca”, Marcelo fue quien se puso al hombro el proyecto de la cooperativa, no solo “metiendo la mano en la basura”, sino también delineando sus principales líneas de acción. En aquel entonces esto suponía básicamente mejorar las condiciones en las cuales cada compañero hacía la recolección (disponer de carros y bolsones, protección frente a abusos policiales), pero por sobre todo por fortalecer las destrezas requeridas para clasificar el material, ya que ahí estaba la clave para valorizar el trabajo que realizaban. Hasta ese entonces vendían el material recolectado discriminando solamente por grandes rubros: papel y cartón, PVC, botellas, aluminio, cobre y chatarra. En el siguiente testimonio Marcelo reconstruye el proceso de sistematización e incorporación de un saber específico vinculado la clasificación que comenzaron a desarrollar desde mediados de 2003 cuando se origina la actual cooperativa: Nosotros al principio juntamos todo el plástico junto y le decíamos PVC. No sé por qué le decíamos PVC. Bolitas, polietileno, eso no se juntaba nada. Se juntaban cosas grandes y lo que hoy nosotros llamamos bazar, o polietileno de alta o polipropileno, en aquel momento le decíamos PVC todo junto. Porque donde lo vendíamos lo compraban todo junto y nos decían plástico, plástico duro. (…) O sea lo que hacía el tipo que nos compraba era comprarnos a lo que valía más barato, lo paga más barato y después separaba ganando el doble o el triple con la separación. Tuvimos que aprender a separar. (…) Yo fui siempre el más hincha pelotas en algunas cosas, entonces iba y le decía a compañeros de otras cooperativas

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que quizá conocían un poquito más de plástico. ¿Éste qué plástico es? Y me decían PP. Entonces yo agarraba un fibrón, le ponía PP y me lo traía. ¿Y éste…? Cuando logré tener todo más o menos esos plásticos vine acá y les dije: compañeros, esto tenemos que empezar a ver. Yo lo que veía es que todos agarraban y prendían fuego y quemaban el material y después fuimos entendiendo que los materiales reaccionan de forma distinta. Hay uno que, por ejemplo, vos lo querés prender fuego y no se prende fuego. El PVC por ejemplo, vos lo prendés fuego y se hace un carbón, no hace llama. Bueno, si prendíamos y no hacía llama era PVC o podía ser algún derivado del PVC pero bueno, más o menos estábamos más cerca. El polietileno tenía un olor a vela cuando vos lo prendías. El alto impacto tenía un olor medio dulzón y largaba un humo negro. El PET cuando lo prendés hace como si fuese que hierve el plástico y saltan cositas y larga un olor muy dulzón, entre dulzón y agrio, medio raro. Entonces tenías que aprender esas cosas y lo escribíamos como nosotros podíamos. Así fue que empezamos a clasificar en serio. (Marcelo Loto, registro de campo, 18 de mayo de 2012). El relato destaca la importancia de los modestos aprendizajes que Marcelo elaboraba a partir de su vínculo con intermediarios (denominados “galponeros”), encargados de pequeñas y medianas industrias a quienes vendían el material y también compañeros/as de otras cooperativas y grupos que se iban formando por aquel entonces. Así, siguiendo a Julien, Rosselin y Warnier puedo señalar que la elaboración nativa de una “tecnología de clasificación” resulta de un proceso de construcción recíproca de sujetos y objetos, donde el valor analítico de la cultura material asociada no puede reducirse a la mera descripción del entorno de la acción. Por el contrario, la relación con las materialidades en juego son parte constitutiva de la acción misma, así como de la propia construcción de los sujetos. Esto es lo que denominan como “valor práxico” de las cosas, es decir que el necesario trabajo de ajuste entre los cuerpos y los objetos no se limita a un simple proceso de familiarización, sino a un proceso de constitución recíproca, donde las cosas y las personas se procesan material y emocionalmente en forma simultánea (Julien, Rosselin y Warnier, 2009). Así, la resistencia, plasticidad, reactividad inherente a la materialidad de las cosas -en este caso objetos y fragmentos plásticos- que resulta explorada por Marcelo no solo aportaba a la elaboración de un expertice clasificador más agudo, más fino. También aportaba a la constitución de un oficio en devenir en tanto categoría colectiva 164

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(“cartoneros”, “recuperadores urbanos”), pero además a las subjetividades de sus integrantes como parte encarnada de ese colectivo, de ese oficio aún difuso. Así, para convertirse en cartonero/a había que incorporar este aprendizaje, había que saber oler, tocar, escuchar y mirar para poder diferenciar y clasificar. A su vez la exploración y el conocimiento progresivo de la materialidad de los objetos manipulados, en este caso de sus propiedades físico-químicas, permitía ajustar la praxis clasificatoria, logrando mayor precisión en la separación de los distintos tipos y calidades de materiales manipulados. Esto no solo les permitió alcanzar mejores condiciones de comercialización, sino que también dotaba de mayor entidad a una práctica cuya legitimidad aún era seriamente cuestionada y debatida en la arena pública (Carenzo, 2014). En esta línea es preciso reparar en las condiciones en las cuales se produce el método de clasificación desarrollado, ya que a diferencia de otras experiencias de autogestión del trabajo que se organizaban en torno a actividades ya consolidadas en términos de su gestión técnica, económica y hasta legal; la recuperación y clasificación de materiales provenientes de la “basura” no contaba con un acervo de saberes socialmente disponibles y susceptible de ser transferido en forma más o menos sistemática (sea por vía de profesionales técnicos, manuales, cursos o sitios de internet). Como evidencia Marcelo en su relato, el saber requerido para la clasificación se fue sistematizando e incorporando desde la práctica cotidiana, priorizando el registro oral, poniendo en juego la réplica y la imitación (como cuando escribe “PP” en el objeto, para usarlo de modelo in vivo), así como el despliegue sensible de los sentidos (vista, tacto, oído y olfato) para identificar materiales desde un registro alejado de categorías científicas (composición química) pero, no por ello menos precisas como aquellas que les permitían distinguir el tipo de plástico por el aroma (dulzón, agrio) que desprendían al entrar en combustión. Desafíos de una materialidad incómoda El desarrollo de una tecnología de clasificación resultó clave para organizar el proceso de trabajo e incrementar la rentabilidad en la comercialización del material reclasificado. Sin embargo, es preciso destacar que este desarrollo se sostenía en la venta de aquellos materiales susceptibles de ser comercializados en el mercado del reciclado existente. Esto implica que por las manos de los/ as cartoneros/as pasan otros materiales que si bien técnicamente podrían ser reciclados aún no cuentan con una industria consolidada que los demande.

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En algunos casos esto responde a la inexistencia de infraestructura industrial adecuada para su procesamiento, en otras el obstáculo está dado por el origen pos-consumo del material recuperado (donde puede ensuciarse y mezclarse con otros componentes que dificultan su procesamiento). Ciertamente se trata de una materialidad incómoda. Son materiales que “salen” mucho -que llegan a la cooperativa y son manipulados- pero al no poder comercializarse se acumulan como “rechazo” insumiendo tiempo y energías. Estos objetos representan el anverso, el lado b, del fenómeno de constitución recíproca sujetos/objetos que destaqué en el apartado anterior. Es una materialidad que interpela la recuperación-reciclado como oficio emergente y de los/as cartoneros/as como sus más conspicuos agentes. En forma análoga al modo en el cual Jean-Luc Jamard (2009) y su propuesta de una “antropología del error” y también Julien, Rosselin y Warnier (2009) focalizan etnográficamente en la práctica de aprendices de oficios –más precisamente en el valor del error y la equivocación- para testimoniar el proceso progresivo de ajuste entre materialidad y disposiciones senso-motrices, creo interesante detenerse en estas categorías de materiales incómodos cuya sola presencia interpela a la acción creativa de cartoneros como Marcelo. Si bien los autores citados refieren básicamente a la adquisición de una competencia senso-motriz a partir de la labor del trabajador sobre sí mismo -práctica, concentración, habilidad, etc.- (2009: 94), creo que la analogía es válida en relación a la propia resistencia de cualquier materia a ser manipulada con destreza desde la práctica de un oficio, así como en relación a ser socialmente procesada, tramitada, reutilizada, reciclada. Lejos de proponer una lectura fetichizante, por el contrario intento evidenciar el arduo trabajo humano requerido para tratar de asimilar el enorme volumen de materialidades residuales que el sistema de producción y consumo produce diariamente (sin por ello ser computada como externalidad negativa en ninguna economía vigente).10 Para ejemplo basta un cartel.

10 En otro lugar he profundizado en esta cuestión (Carenzo, 2011), una lectura que requiere ser puesta en relación con otros aportes sustantivos para esta discusión elaborados por Vergara (2011) y Bachiller (2013).

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Imagen 2: Cartel explicativo de la terminología de clasificación SPI

Foto: Mauro Oliver

En efecto, la Imagen 2 retrata uno de los carteles elaborados por Marcelo para que sus compañeras/os actualicen referencias durante la labor de clasificación. El cartel traduce la terminología del sistema SPI (Sociedad de Industrias del Plástico) cuyos números (1 a 7) enmarcados en el ícono del reciclaje funcionan como standard mundial para indicar el tipo de composición química del plástico utilizado para la fabricación de un objeto, y en tal sentido señala su potencial para ser posteriormente reciclado. Aquello a destacar por el momento es que el cartel operaba como un acto de traducción del sistema SPI al sistema de clasificación nativo. Algunas categorías, por ejemplo la Nro. 1, coinciden ya que se trata del PET o tereftalato de polietileno que es la materia prima con la que se elaboran las botellas de gaseosas entre otros objetos de uso cotidiano y que cuenta con una línea de comercialización consolidada. En otras la traducción remite a un tipo de objetos que requiere una especificación nativa particular. Esto es lo que sucede con el Nro. 6 que corresponde al poliestireno en el sistema SPI y a “vasitos” en el sistema de la cooperativa. En efecto esta categoría comprendía los vasos de café o té descartables, pero además una variedad más amplia de envases y embalajes elaborados con este material incómodo (técnicamente

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reciclable pero sin mercado).11 La pregunta que me atacó entonces es por qué esta categoría 6 (poliestireno en el sistema SIP y a “vasitos” en la nomenclatura nativa) fue finalmente incorporada en este cartel que servía como parámetro guiar la labor cotidiana de clasificación de aquellos materiales que sí tenían mercado. La respuesta guarda relación con el carácter desafiante de esta materialidad incómoda que señalé anteriormente. A diferencia de otros materiales que ya tenían su circuito comercial más o menos aceitado, estos bolsones que acumulaban materia (in)útil (“vasitos”) se transformaron durante varios meses en una vívida obsesión para Marcelo. Sencillamente se resistía a pensar que un material utilizado para hacer envases descartables no pudiera reutilizarse en la fabricación de nuevos productos. Había que “buscarle la vuelta”, insistía una y otra vez. Así fue que intentó diferentes formas de procesarlo/venderlo: probando mezclas con otros tipos de plásticos, moliéndolo para alimentar una rudimentaria extrusora, tratando de reducirlo incorporando una fuente de calor (soplete de gas a garrafa) dentro de la secadora auto-construida con la base de una mezcladora de obra a la que le acoplaron un tambor de aceite. Imagen 3: Secadora para plásticos transportable fabricada en la cooperativa con materiales y objetos recuperados y reutilizados

Foto: Sebastián Carenzo. 11 Un ejemplo representativo está dado por poliestireno expandido, más conocido por “telgopor”, su nombre comercial.

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Lamentablemente ninguno de estos intentos funcionó. Marcelo finalmente no consiguió encontrarle la vuelta para comercializar este material, pese a dedicar jornadas enteras experimentando formas de procesamiento, ocupando tiempo, energía y dinero en viabilizar sinnúmero de averiguaciones respecto de posibles usos y procesos para este esquivo material. Desde luego el punto a destacar en la argumentación que estoy proponiendo no está dada por el éxito o fracaso final de estos intentos, sino justamente en el propio ejercicio de buscarle la vuelta. Es decir, crear el espacio para experimentar aun cuando las condiciones objetivas indicaban la “irracionalidad” de esta empresa. Veamos esto con más detalle. En primer término, la experimentación basada en el ensayo y error se realizaba en un contexto signado por urgencias bien concretas de todo tipo, donde todo el tiempo y el dinero disponibles en el cooperativa, claramente no bastaban para lidiar con ellas. Básicamente Marcelo pensaba qué y cómo hacer con “vasitos” mientras iba de camino a una reunión con el secretario de ambiente municipal para ver si conseguía una “ayuda” para “levantar los retiros de los compañeros”; mientras cambiaba un cheque en una “cueva” para acceder a “algo de efectivo”; mientras trataba de mediar en uno de los “quilombitos” cotidianos entre compañeros; mientras arreglaba el burro del Chevrolet del ’46 que se había “empacado” por segunda vez en una semana dejando a la cooperativa “sin logística”. Marcelo piensa mientras. Por otra parte, Marcelo trataba de buscarle la vuelta con las herramientas, dispositivos y recursos que tenía a mano. Así por ejemplo, intentaba procesar los vasitos con un molino autoconstruído que se “atoraba” frecuentemente y que “sacaba el material muy grueso” dificultando su posterior extrudado. Finalmente, aun cuando todo este proceso experimental hubiese tenido éxito, es decir que hubiese resultado en una forma de comercializar el material, el aporte de éste a la operatoria económica global de la cooperativa no hubiese sido para nada determinante. Básicamente la clave del “negocio” en este eslabón de la cadena pasa por crear volumen, y ciertamente este material no era de los más frecuentes. Es por todo esto que la praxis creativa desarrollada por Marcelo y sostenida (con mayor o menor acuerdo, pero sostenida al fin) por sus compañeros en la cooperativa, obliga a pensar esta cuestión colocada por las materialidades incómodas en un horizonte mucho más lejano -y desafiante- que el que caracterice como tecnología de clasificación. No se trataba de gestionar mejor un material para el que ya había un mercado consolidado, por ejemplo afinando su clasificación e incluso avanzado en su procesamiento. En efecto, el trabajo sobre “vasitos” puede ser comprendido como un proceso creativo y experimental destinado a

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desarrollar una tecnología de procesamiento necesaria como requisito previo para intentar crear un mercado para este material difícil y esquivo que exigió tanto a las destrezas personales de Marcelo, como a las capacidades instaladas de la cooperativa para sostener esta praxis experimental. El principal desplazamiento que sugiere el análisis de esta experiencia procede en relación a la estrechez de miras con la cual nos aproximamos a la labor de cartoneros/as. Performada por un economicismo implacable tendemos a pensar que la acción creativa de sujetos necesitados está anclada de forma indeleble en el plano de la supervivencia, que guía la asignación de esfuerzos y recursos de modo instrumentalista basado en una racionalidad económica orientada a maximizar beneficios y minimizar los costos.12 Como señala David Graeber (2001) la noción de valor en sentido económico, no alcanza para dar cuenta de la riqueza de energía creativa que ponemos en acciones (aparentemente) innecesarias. Para dar cuenta de ello recupera la crítica que Malinowski elabora en Los Argonautas acerca del recurso al utilitarismo para pensar las economías en contextos no occidentales. El empeño y dedicación puesta por los trobiandeses en el cultivo de sus jardines de ñame, hace que la productividad de éstos exceda por mucho la demanda de consumo local. Buena parte terminaba pudriéndose, y más aún, aquella otra que era efectivamente consumida no correspondía a la familia del cultivador sino a sus parientes políticos. Antes que minimizar esfuerzos y maximizar el aprovechamiento del esfuerzo invertido, Malinowski muestra la importancia que adquieren otras formas de pensar la relación entre esfuerzo y valor. Estos cultivadores trabajaban mucho más de lo “necesario” porque no solo era importante que el cultivo produzca lo suficiente sino también que sea hermoso y atractivo. Siguiendo esta línea puedo señalar que el desarrollo de una tecnología de clasificación en cartoneros suena plausible y lógica: individuos que organizan un sistema de conocimiento que asegura las condiciones de reproducción inmediata. En cambio la experimentación con materiales incómodos (“vasitos”) que van mucho más allá de la clasificación (lo necesario) y más allá incluso de la lógica desde la cual se piensa el “agregado de valor” desde las agencias que apoyan a este sector13 (lo posible), nos suenan cuando menos desatinadas, cuando no directamente

12 En otra parte abordamos la discusión en torno a las economías de los sujetos necesitados (Wilkis y Carenzo, 2008). 13 Por ejemplo, en el caso del plástico, estos esfuerzos se concentran en mejorar su clasificación y acondicionamiento pero siempre vendiendo el material “en bruto” a intermediarios e industrias de reciclaje.

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irracionales.14 Estos grandes temas, relativamente novedosos en términos de su elaboración social, tales como el reciclado, la reutilización y el pos consumo, son todavía pensados como patrimonio de expertos. Como sociedad esperamos que cualquier avance o novedad en este campo sea resultado del trabajo realizado en centros científicos y tecnológicos, pero no desde personas y experiencias que no cuentan con ninguno de los capitales para acreditarse legítimamente en el terreno de la innovación. Todavía preguntas Los avances de investigación presentados en este capítulo corresponden a un primer ejercicio de textualización de resultados iniciales del trabajo etnográfico en relación a esta problemática en particular. En tal sentido, requieren aún de un mayor nivel de elaboración para poder plasmar en conclusiones de algún tipo. Sin embargo quisiera cerrar el texto con una reflexión que describe mi propia relación con los procesos de innovación que me propuse problematizar a partir del trabajo con los integrantes de Reciclando Sueños. En su monumental proyecto de crítica al vínculo entre técnica y progreso humano, Lewis Mumford advierte sobre la tendencia a identificar las herramientas y las máquinas con la tecnología, ó o en sus palabras a sustituir “la parte por el todo” (2010: 12). Claramente este sesgo constituyó parte de mi interés inicial por la praxis creativa desarrollada principalmente por Marcelo, pero también por otros integrantes de Reciclando Sueños. Como por ejemplo Sebastián, apodado “el ingeniero”, quién lamentablemente abandonó la cooperativa luego de haber sufrido un robo a mano armada mientras trabajaba en una de las máquinas más maravillosas que se elaboraron en esta experiencia: una secadora de plástico con un túnel de 6 metros de largo al que se le inyectaba aire caliente con una turbina totalmente autoconstruída en el galpón de la cooperativa. Sinceramente me fue casi imposible abstraerme de la fascinación por estos singulares objetos desarrollados en una atmósfera absolutamente arlteana (y conurbana). Al ir profundizando en la etnografía, fui comprendiendo lo que Mumford señalaba, que la técnica objetivada en las herramientas es parte de una biotécnica anclada en la dotación vital del hombre. De este modo fui intentando interrogar 14 Esta reflexión sobre la “racionalidad/irracionalidad” se establece en diálogo con una línea de reflexión elaborada por María Inés Fernández Alvarez quien conforma el equipo que trabaja y acompaña esta experiencia. Ver: Fernández Alvarez (2011).

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progresivamente cuáles eran las condiciones objetivas y subjetivas en las cuales esta praxis creativa tenía lugar. Siguiendo más aún las recomendaciones formuladas por Mumford me fui acercando a dar cuenta del sentido vívidamente lúdico que se ponía en juego, tanto en quienes efectivamente elaboraban los diseños y tenían a cargo su materialización como también en el resto de los/as compañeros/ as. Desde luego había quienes portaban tanto resquemores como admiraciones, respecto a figuras como Marcelo y Sebastián; pero invariablemente cuando llegaba el momento de probar el funcionamiento de un artefacto o proceso recientemente construido, todos/as participaban del ritual con altísimo grado de nerviosismo y emoción. Un estado de euforia similar se suscitaba en ocasión de las frecuentes visitas de periodistas, funcionarios y/o técnicos de agencias gubernamentales y ONG’s que se acercaban a la cooperativa para conocer y difundir la labor allí realizada, entrevistando a sus integrantes, fotografiando y filmando el desarrollo del proceso de trabajo elaborado. En ese contexto, las máquinas autoconstruídas objetificaban capacidades y destrezas inusuales en relación a otras experiencias asociativas desarrolladas por población en similares condiciones, y en este sentido eran fuente de orgullo colectivo y diferenciación en relación a “otros”. Volviendo a lo que quería destacar para el cierre, creo que el principal desafío que encontramos al acercarnos a este tipo de experiencias es poder descentrarnos del registro que tiende a ubicar estas prácticas exclusivamente en el plano (bastante chato) de la supervivencia, que tiende a forzar lecturas instrumentalistas de la relación con la tecnología; así como también de pensar estas expresiones materiales (máquinas y herramientas) desde una épica del “trabajo/trabajadores” desde la cual también se despliegan lecturas moralizantes que terminan encasillando la acción creativa en un marco de estrecha racionalidad. Al mismo tiempo esto no supone hacer un festejo de la irracionalidad, claro que estas máquinas y herramientas sirven para comer y reclamar por una dignidad invisiblizada (o por lo menos se intenta que así lo sea). Lo que quiero destacar tiene que ver con estar (más) atentos a recuperar la importancia de las fantasías, las proyecciones, los deseos, aquello que resulta aparentemente inconducente, desproporcionado o incluso tan fuera de lugar como un cartonero vanagloriándose de su audacia creativa frente a ingenieros con título -como frecuentemente hace Marcelo-. Nuevamente, no para construir la necesidad en virtud, sino para recordarnos que en algunas ocasiones son estas personas, las que al desplazarse del lugar donde frecuentemente las colocamos, nos obligan a reflexionar sobre lo que aún resulta socialmente (im)pensable.

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La cosmovisión natural relativa de los cirujas y su cotidianidad en Villa María Hernando Herrera Introducción Este escrito es un extracto de mi trabajo final de grado, estudio que fue desarrollado en Villa María y concluido en 2011. En aquella ocasión se buscaba analizar los sentidos y significaciones que diversos actores sociales poseen de la recuperación de residuos. Dichos actores estaban relacionados al tratamiento de residuos en la ciudad. Mediante una yuxtaposición de visiones naturales, se estableció una contrastación de sentidos. Es decir, una expresión de la misma realidad en las perspectivas de distintos actores -a veces discordantes o rivales-. Ese trabajo trató de abandonar el punto de vista parcial, intempestivo, oblicuo, dominante en que se ubica el observador externo, para examinar la variedad de puntos de vistas coetáneos sobre una misma realidad. En el presente artículo se aborda el contexto social y las significaciones de la cotidianidad de personas particulares que viven de esta actividad “informal” de recolección y venta de residuos como material reciclable. Partimos con el objetivo de comprender el ámbito cotidiano e intersubjetivo que condiciona el horizonte de sentidos de los sujetos en cuestión. Las “visiones naturales y relativas” de los cirujas -y cartoneros-, se encuentran insertas en una situación social concreta. Es importante destacar que lo que aquí se describe son realidades no generalizables. En el primer apartado se explicita el marco teórico y metodológico, apuntando como hipótesis que pese a su trivialidad aparente, hay que tomar en serio el contexto social en el que los sujetos normalmente están insertos, pues proporciona los elementos necesarios para el conocimiento y dominio de su campo de acción social cotidiano. Es de la descripción de ese contexto del cual se infieren las relaciones que condicionan el conjunto de sentidos y significaciones subjetivas. Para reconocer los sentidos y significaciones que tiene la actividad desde los puntos de vista de quienes viven de ella, se recurre a un análisis centrado en un método cualitativo; las técnicas utilizadas en el trabajo de campo son observación

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participante y en entrevistas en profundidad. En segundo lugar se describe el origen y contexto del cirujeo en Argentina, puntualizando características de la actividad en Villa María (Córdoba). Cabe señalar que los cirujas no son una figura nueva dentro del espacio social, sino que se ha ido configurando junto con los procesos de transformación social, económica y política que se sucedieron en el país durante décadas. En tercer lugar, el escrito contextualiza y analiza la cotidianidad de quienes realizan la recuperación de residuos reciclables en la ciudad, centrándonos en fragmentos de entrevistas que reflejan los sentidos y significaciones, la perspectiva natural y relativa de los cirujas. Para el análisis de las entrevistas se establecieron cinco ejes de temáticos que comprenden la cotidianidad del cirujeo -Vergüenza, Forma de vida, Núcleo familiar, Vía pública y vehículos, Recolección y venta-, y que sirven para un reconocimiento ordenado de las percepciones específicas de los cirujas. Según apuntan Schütz y Luckmann (2003) los “esquemas significativos de experiencia predominantes en una sociedad, o la cosmovisión natural-relativa, son imitados por el ordenamiento del lenguaje en campos semántico-sintácticos” (228). Este escrito aporta un conocimiento sociológico, que no ignora el conflicto preexistente en las relaciones sociales. Por el contrario, al poner atención en el horizonte de sentido cotidiano de estos sujetos sociales, el lector podrá hacerse una idea de las numerosas condiciones desventajosas con las que enfrentan su vida cotidiana. Estos condicionamientos sociales juegan un papel central en el espacio y el tiempo del mundo cotidiano en que habita la conciencia activa de los sujetos, y que se comparte con “otros” sujetos. Debemos tener en cuenta que el reciclaje genera beneficios sociales como el ahorro de energía, de agua, disminuye la contaminación y los costos de los insumos industriales, y genera empleos. La recolección y recuperación de materiales reciclables es una opción incluida por numerosos países para el reciclado de los desechos generados por la sociedad de consumo contemporánea. El cirujeo contribuye al reciclaje, aunque es una ocupación de subsistencia realizada por personas en condiciones económicas y sociales muy precarias; dicha actividad contribuye al cuidado del medioambiente y da sustento a numerosas familias. El reaprovechamiento de los residuos resulta ecológica y económicamente auspicioso. Resumiendo, el objetivo de este escrito es describir el contexto social y las condiciones cotidianas de la ocupación aquí estudiada, reflejando las perspectivas de distintos cirujas en tanto “visión relativa del mundo” -individuos que realizan recolección informal de residuos-. El abordaje confluye en un estudio sobre la significatividad social de la recuperación de residuos en la ciudad de Villa María. 176

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Marco Teórico Metodológico: el “mundo de la vida”, lo intersubjetivo y la cosmovisión natural relativa El fenómeno social de los cartoneros tuvo un auge inusitado a partir de la crisis argentina del 2001, y de las numerosas producciones académicas que reflejaron un interés por la problemática (Perelman, 2004; Dimarco, 2005; Escilar, Mutuberría, 2007; Aimar, Giannone y Lisdero, 2007; Schamber y Suárez, 2007; Vergara, 2008) todos señalan que la creciente desocupación del país empujó a muchas personas a recurrir al cirujeo para subsistir. La presente investigación analiza específicamente las visiones particulares que los cirujas tienen del cirujeo como actividad laboral. El objeto de estudio está inscripto como parte de una realidad social con una estructura finita de sentido, condicionada por el contexto social y cotidiano del tratamiento de los residuos existente hasta el 2011 en la ciudad. Se parte de la presuposición teórica de que el contexto como intersubjetividad, condiciona el conocimiento y la experiencia biográfica de los sujetos. Para abordar el fenómeno en cuestión la presente investigación remite a la sociología fenomenológica de Alfred Schütz. De esta teoría se obtienen pautas que permiten delimitar y ordenar datos correspondientes al contexto histórico-social concreto, político, económico, y las relaciones humanas de los individuos en situaciones sociales delimitadas. En el marco de la cotidianidad se observan las dimensiones temporal y espacial, donde se enmarcan y desarrollan las condiciones de todo sentido de las interacciones sociales concretas. El tratamiento, disposición y reutilización de los residuos urbanos involucra tanto al Estado en sus distintos ámbitos (Suárez, 1998; Schamber y Suárez, 2002, 2007; Escilar, Mutuberría Lazarini, Rodríguez y Rodríguez, 2007), como a empresas recolectoras, a las industrias y cooperativas recicladoras de residuos, a los acopiadores intermedios y, finalmente, a los recuperadores informales –denominados comúnmente cirujas, cartoneros, carreros, etc.-. El fenómeno de la recuperación de residuos comprende, por un lado, la falta de integración de grupos relegados económica y socialmente, y, por otro, el reciclado como método de tratamiento de los residuos. La intención es indagar sobre las visiones particulares y sentidos que los propios cirujas tienen sobre la recuperación de residuos y el contexto donde la desarrollan, presentando evidencia de un conjunto y contexto de esas vivencias. Esta perspectiva trata de evadir un relativismo subjetivista, fundándose en las circunstancias del mundo social para lograr reconocer parte de lo que acontece en ese mundo (Bourdieu, 2002).

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Específicamente se otorga relevancia a los sentidos y las significaciones expuestas por los cirujas en tanto “visión relativa del mundo”. Existen teorías sociales que argumentan que el medio social normalmente otorga a los sujetos elementos de conocimiento necesarios para el dominio de su campo de acción. Coincidiendo con las ideas de Edmund Husserl1 (1949), la sociología fenomenológica de Schütz y Luckmann (2003) propone que todo conocimiento social -el sentido común, lo objetivo, acervo común de conocimiento- se transforma en conocimiento subjetivo. Con este planteo es posible interpretar la realidad social desde una perspectiva histórica del conocimiento cotidiano de los propios sujetos. De acuerdo a lo planteado por dichos autores, las personas reaccionan de determinadas maneras particulares influenciadas por un contexto de estímulos sociales. Toda actividad humana se encuentra inmersa en un contexto cultural que produce y reproduce múltiples sentidos en la relación con los actores que explícita o implícitamente interactúan en un campo social determinado. Aquí interesa acentuar la dimensión simbólica de los fenómenos sociales como un constituyente ontológico de los objetos sociales, con la preocupación de comprender la dimensión del sentido y el significado en la cotidianeidad de los sujetos de este estudio. Agregamos que los objetos sociales tomados como acción, o bien como un discurso o texto, expresan valores y sentidos. Por último, señalar que las “significaciones y la cultura no son agregados a los hechos sociales, sino que ellas están en el trasfondo de los mismos. La significación inscripta en una cultura, si es descripta, tendrá que estar en las objetivaciones de las acciones humanas” (Rodríguez, 1998: 35). Schütz y Luckmann (2003) definen mundo de la vida: “como mundo natural y social, es el escenario y lo que pone límites a mi acción y a nuestra acción recíproca (…) no solo actuamos y operamos dentro del mundo de la vida sino también sobre él” (27). Si partimos del ámbito del mundo de la vida es factible comprender las condiciones en que se establecen las interrelaciones, el conocimiento social de los sujetos, y a la vez rastrear los sentidos otorgados a las situaciones sociales concretas. El sujeto, según esta perspectiva teórica, a través “de los sucesos de reflejo intersubjetivo, aprende aspectos significativos de la estructura social e internaliza la cosmovisión natural-relativa” (Schütz y Luckmann, 2003: 239). Y la cosmovisión relativa y natural del mundo se corresponde a la socialización del individuo en determinadas experiencias biográficas estructuradas socialmente. El acerca1 Husserl revela el campo de una ciencia a la que interesa aprehender las vivencias de la conciencia y el yo puro como esencia intersubjetiva. La fenomenología concibe al sujeto como el polo de donde parte el conocimiento como relación con el mundo.

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miento al contexto cotidiano de la acción admite la interpretación particular del sentido de los distintos actores -de sus percepciones, puntos de vista y opiniones-. En cuanto a la metodología utilizada, y por el tipo de investigación se recurrió a técnicas cualitativas. La delimitación del campo de trabajo se estableció por las formas concretas de desarrollo de la actividad de recuperación de residuos en Villa María y Villa Nueva. La recolección de datos incluyó lecturas de bibliografía pertinente, y revisión de fuentes de documentos estatales -Programas, Legislaciones, Ordenanzas, Boletines, etc.-. En el seguimiento de noticias periodísticas de la prensa escrita se consultaron publicaciones en Internet. El trabajo de campo se apoya en observaciones y en entrevistas (Delgado y Gutiérrez, 1999) a variados actores2 vinculados con la recolección informal y recuperación cooperativa de residuos, tales como funcionarios municipales, miembros de cooperativas de reciclado, integrantes de sindicatos y una asociación civil, pero centralmente enfocamos este trabajo en los recuperadores informales -cirujas y cartoneros-. Los encuentros fueron previamente acordados, y realizados en distintos momentos y en las viviendas o barrios de cada sujeto entrevistado. Las entrevistas fueron acompañadas de observación participante, ambas instancias sirvieron para reconocer las significaciones que estos sujetos específicos otorgan a la actividad. Según Schütz y Luckmann (2003) los “esquemas significativos de experiencia predominantes en una sociedad, o la cosmovisión natural-relativa, son imitados por el ordenamiento del lenguaje en campos semántico-sintácticos” (228). El lenguaje así es concebido como objetivación de la sedimentación de la experiencia social del sujeto, el cual prefigura la cosmovisión natural relativa, la acción del habla cobra sentido ligada a una situación social determinada. Resumiendo, en toda situación social es dado al sujeto únicamente cierto sector del mundo, y su cosmovisión natural relativa es factible de ordenarse en los enunciados verbales. Los interrogantes y observaciones de la recolección de datos apuntan a captar y registrar el ámbito de relaciones cotidianas de los sujetos, la relación con diferentes agentes con los que se relaciona en su entorno “laboral”, sus trayectorias laborales, las percepciones, opiniones y representaciones respecto a situaciones de su trabajo. Para el análisis de las entrevistas se establecieron ejes temáticos que ayudan a describir la cotidianidad de los cirujas. Las tareas antes señaladas además permitieron realizar una aproximación etnográfica, lo que ayudó a reconocer la inserción relacional de la recuperación de reciclables y los quehaceres cirujas del 2 Todos los entrevistados residen en el conglomerado Villa María-Villa Nueva.

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contexto nativo. Según afirma Guber (2001) el método etnográfico de campo comprende, como instancia empírica, “un ámbito de donde se obtiene información y los procedimientos para obtenerla (…) la investigación no se hace ‘sobre’ la población sino ‘con’ y ‘a partir de’ ella” (41). Podemos agregar sobre la tarea etnográfica la idea de Delgado y Gutiérrez (1999), la cual debe “producir un informe con estilo descriptivo, buscando el mayor realismo y objetividad posible de sus descripciones, ocultando o retrasando para un apartado final sus valoraciones y juicios personales, no utilizando la primera persona y buscando una posición narrativa de observador omnisciente” (146). Inicio del cirujeo en Argentina y características locales actuales En Argentina los cirujas -actualmente denominados “recuperadores informales de residuos”-3 no son una figura nueva dentro del espacio social, sino que se ha ido configurando junto con los procesos de transformación social, económica y política que se sucedieron en el país durante décadas. Para contextualizar la recuperación informal y venta de residuos reciclables, podemos decir que es una estrategia de supervivencia de los sectores más relegados económica y socialmente. Obtienen una baja remuneración a pesar de que el reciclado es un negocio altamente rentable, ya que genera materia prima para distintas industrias y fábricas y, por otra parte, promueve un beneficio ecológico. Las empresas recicladoras en su producción se vinculan directa o indirectamente con la fuerza de trabajo de los recuperadores informales de materiales reciclables, que pertenecen a un sector de mano de obra barata y en condiciones precarias de trabajo. Si bien la actividad se inicia en las necesidades relacionadas con la supervivencia de los sujetos en consideración -cirujas, cartoneros, carreros, etc.-, termina al mismo tiempo asegurando la reproducción de los actores económicamente más poderosos, desde el acopiador y de los intermediarios hasta llegar a las grandes industrias. Puede decirse entonces que el trabajo de recolección informal de reciclables parte de la necesidad orgánica del proceso de producción y el consumo capitalista. En particular en el siglo XX, con la concentración de la población humana en 3 “Recuperador” es una denominación que buscar evitar consideraciones despectivas o prejuiciosas, que puedan estar enraizadas en las denominaciones más tradicionales tales como ciruja, cartonero, botellero, carrero, etc. Esta concepción está contenida en la Ley Nº 992 de la ciudad de Buenos Aires, de fines del 2002, que plantea la modificación de la denominación cartonero o ciruja por “recuperador”.

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asentamientos urbanos, el incremento demográfico, se convierten en un problema ambiental importante.4 El reciclaje informal existe en la mayoría de países en vías de desarrollo. En Latinoamérica es una actividad común que permite sobrevivir a un segmento vulnerable de la población.5 En Argentina la recuperación de materiales reciclables que desarrollan los cirujas, tiene la fundamental condición la informalidad laboral, se encuentra fuera del marco legal. En contraposición se realizan tareas similares, por un lado, dedicadas a la recolección de residuos para la mantención de la higiene urbana, realizadas por “basureros” y “barrenderos”, y por otro, la recuperación de material reciclable principalmente por “cooperativas de reciclado”. Estos actores son contratados o funcionan en condiciones formales, ya sea en relación a empresas privadas o a la gestión pública. El origen de la figura del ciruja en Argentina se remonta a fines del siglo XIX, junto al aumento poblacional en los centros urbanos y al inicio de la gestión pública de los residuos. Según comenta Suárez (1998) en su estudio sobre la historia de la gestión de los residuos en Buenos Aires, en aquella época todo el conjunto de unidades domésticas que residía en el basural se dedicaba a las actividades de recuperación y aprovechamiento de los residuos. Se empezó a llamar ciruja a quien hurgaba en la basura buscando materiales para comercializar. Separaban huesos, vidrios, botellas, tarros de lata, vasijas, fragmentos de bronce, hierro, zinc, estaño, papeles, cajas y cartones. El término ciruja –apócope de cirujano– proviene del campo de la higiene y significa “cirujano de la basura” por analogía de una actividad minuciosa. En cuanto al inicio de la actividad, es paralelo al momento en que las “autoridades asignan un único sitio oficial para la disposición y quema de los residuos a cielo abierto (…) Allí es donde surgió el nuevo actor social que vivía de la selección de lo que se pudiera encontrar entre la basura, tanto para su consumo como para la reventa, y al que más tarde 4 La Fundación ACUDE (Fundación Ambiente Cultura y Desarrollo) define como residuos a los desechos de la actividad humana a los que “no se ha encontrado una función útil aún o cuya recuperación o uso no es rentable en estos momentos. Si se considera de esta forma a los desechos, se puede ver que lo que es basura para unos, puede no serlo para otros. Por ejemplo, el papel o las botellas que se descartan pueden ser buscados por las personas que los recolectan para venderlos (cirujas) o la chatarra que se tira puede volver a utilizarse como metal nuevamente” (1999: 1-3). 5 El reciclaje en países subdesarrollados es muy diferente a los países desarrollados. En los primeros existen pocos programas oficiales de reciclaje y pocas leyes que lo alienten, gran parte de las actividades de reciclaje las realizan los recicladores informales. El reciclaje en los países subdesarrollados existe porque genera ganancias para todos los individuos involucrados en esta actividad (Schamber y Suárez, 2007: 230).

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se lo empieza a denominar ciruja” (Schamber y Suárez, 2002: 2-3). Según Fajn (2002) el llamado croto de las primeras décadas del siglo XX, tenía un sesgo de no permanencia, su estilo era más de la renuncia que del despido, y más el abandono del hogar que la pérdida de la vivienda. El croto por lo general, y por decisión propia, busca salirse de una relación contractual laboral, escapa del trabajo asalariado y sólo lo contrae temporalmente para luego seguir su camino, en cambio los cirujas actualmente son por lo general expulsados forzosamente de la sociedad salarial a la que desearían regresar rápidamente: El crotismo, frecuentemente es asociado a una pobreza por elección, a una forma de vida en búsqueda de cierta libertad, despojada de las ataduras del trabajo rutinario y de los estándares de la vida moderna, con puntos de contacto con las perspectivas del pensamiento anarquista (…) Poco tiene en común, aquel movimiento de crotos que recorría los caminos, con trabajos intermitentes y andar nómade, con los cirujas urbanos actuales, que buscan desesperadamente entre la basura algún residuo reciclable (Fajn, 2002: 13). En la actualidad esta actividad es desarrollada por sectores populares urbanos como estrategia de supervivencia6 y reproducción. La recolección de materiales reciclables implica otras tareas complementarias como la separación y clasificación de algunos materiales, la limpieza de otros, el preparado de los medios de trabajo, etc. El trabajo de cartonero se caracteriza por ser una actividad intermitente, con escasos ingresos, y desarrollarse a la intemperie en condiciones degradantes, recolectando el cartón u otros elementos que puedan incorporarse al mercado del reciclado. Esta actividad no requiere dedicación exclusiva por lo tanto generalmente se complementa con la realización de “changas”. Numerosos cirujas intercalan la recolección de materiales reciclables con esta actividad informal denominada “changa” (Schamber y Suárez, 2002), que incluye tareas temporales tales como, albañilería, fabricación de ladrillo, limpieza de patios, trabajos en el campo, etc. En muchos casos la recuperación de residuos reciclables es la única fuente de ingreso del hogar, algunos realizan la actividad durante todo el año. Los recolectores informales 6 Las estrategias de supervivencia signadas por la informalidad, mayormente se ejecutan en condiciones precarias de trabajo, inestabilidad laboral, bajos ingresos y consecuencia para la salud física, psicológica y relacional para quien tiene el contacto directo con los desechos urbanos.

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de residuos “ocasionales”, individuos que ingresan y salen constantemente de la actividad, suelen complementarlo con estas “changas”, lo hacen como un rebusque, al que se puede recurrir cuando no hay otra posibilidad de ingreso. Es el caso un ciruja que recupera materiales reciclables como alternativa ante el desempleo, que comenta: I: Changas, changuitas, hago fletes, hago losas, soy peón de changarín, sí, soy changarín. Me gusta mucho, me gusta muy mucho laburar, yo lo hago [el cirujeo] porque lo hago por mi familia, viste, yo ya soy grande, y bueno, pero qué va a hacer, pero yo que no tengo laburo seguro tengo que hacerlo, qué va a hacer (E4, Villa Nueva, julio del 2010, p.9). El cirujeo y el cartoneo son considerados un trabajo informal, ya sea porque se encuentran fuera de los marcos legales y jurídicos, o bien porque los mismos no los comprende. Al no tener normas que lo regulen, la manera de operar varía dependiendo de las capacidades materiales de cada recolector -transporte, espacio de almacenaje, elementos de trabajo para el enfardado hogareño, colaboración de otras personas, vínculos entre los recolectores y los acopiadores, etc.-. Es extendida la opinión de que el cirujeo vulnera toda norma de higiene y salud establecida porque, por ejemplo, se manipula y acopia en viviendas elementos cortantes e infecciosos. No obstante, la actividad hace un gran aporte a la ecología colaborando en la disminución de materiales residuales que tendrían como destino el enterramiento en los rellenos sanitarios (Schamber y Suárez, 2002), reinsertándolos como insumos para distintas industrias. En la actividad de la recuperación de residuos reciclables las redes institucionales laborales son escasas, esto es consecuencia de la inexistencia de sindicatos u organizaciones destinadas a la intervención en la actividad laboral del recuperador, y falta de una participación política permanente (Fajn, 2002). La población que actualmente tiene como actividad principal la recuperación de materiales reciclables resulta altamente heterogénea en cuanto a sus antecedentes laborales y orígenes sociales. Sin embargo, comparten la situación de exclusión social, la precariedad económica y laboral, con serias dificultades para acceder a bienes materiales y culturales. Entre la población de recuperadores principalmente se distinguen dos tipos: el “ciruja estructural” y el “nuevo ciruja” (Perelman, 2007). Los primeros son los que provienen de un ámbito en donde el cirujeo es una actividad de larga data en su familia, por lo cual no es visto como una ruptura en sus hábitos laborales. Para

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ellos el cirujeo supone una forma “habitual” de vida y algunos individuos asocian la recolección informal de residuos a una “elección” de vida (Perelman, 2004). Este sector en la mayoría de los casos carece de educación formal e ingresan a la actividad desde muy jóvenes. Las dificultades para ingresar y mantener trabajos formales, es decir aquellos en los que se tiene que cumplir determinadas pautas y horarios o regímenes de beneficio y sanciones, son mayores en este sector. En el segundo grupo, y en general, se encuentran personas que han tenido una larga trayectoria laboral formal, y encuentran en la actividad una alternativa ante el desempleo y el hambre. Se da en el “nuevo ciruja” -“ciruja por caída” o “ciruja por circunstancia”- una ruptura con su trayectoria laboral frecuentemente en relación a un empleo formal, fenómeno relacionado con la “nueva pobreza” en Argentina.7 De esta manera, los primeros meses del año 2002 marcan un punto de inflexión, ya que la devaluación monetaria produjo el encarecimiento de los productos importados, incluyendo la materia prima e insumos industriales provenientes del exterior. Es así que aumenta la reutilización de ciertos materiales -papel, cartón, vidrio, metal, plásticos-, los cuales experimentaron un fuerte incremento en sus precios. Estos productos comenzaron a ser rentables y ante la situación de desempleo aparecía favorable la posibilidad del reciclaje informal, especialmente la recolección y venta de cartones. De este modo el cartoneo se convierte en una estrategia laboral para un alto porcentaje de esa población desocupada. Las razones se deben, entre otras a que se trata de una actividad de, relativamente, fácil acceso, no necesita una alta inversión de capital y puede comenzarse en cualquier momento. En el conglomerado Villa María-Villa Nueva la actividad no está regida directamente por ninguna norma. Son muchas las personas que se suman a la informalidad de la recuperación de materiales reciclables. Por ahora no existen fuentes fidedignas que ofrezcan un relevamiento de la cantidad de individuos que nutren las filas del cirujeo del espacio local. Debido a la ausencia de 7 La implementación del paquete de políticas neoliberales implicó cambios en los índices de ocupación y desocupación (Peñalva y Rofman, 1996; Pucciarelli, 1998; Rofman, 2000; Censo, 2001; Informe preliminar Ocupacional Censo, 2001; SIEMPRO, 2002). El crecimiento de las tasas de desocupación acrecentó el número de ocupaciones precarias e informales. Un gran sector poblacional sobre todo aquellos de escasos recursos que tenían mínimas posibilidades de acceso a un empleo genuino. En este contexto a principios del siglo XXI Argentina se encuentra con un mercado de trabajo pauperizado, aumento de tasas de desocupación y de las actividades ligadas a la supervivencia con bajas remuneraciones. Todas estas situaciones son causales del aumento del número de ocupaciones precarias e informales, el cirujeo y cartoneo se encuentran en este grupo de ocupaciones.

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censos y de relevamiento estadístico sobre los recolectores informales de materiales reciclables a nivel local, los datos demográficos que se manejan de esta población son los proporcionados por informes periodísticos y estimaciones de funcionarios municipales que agenciaron la conformación de una cooperativa de cirujas. En términos estructurales la ciudad en 2008 registra niveles de pobreza menores que la media departamental, figura que un 10%8 de la población vivía con las necesidades básicas insatisfechas (NBI). Los cálculos sobre la demografía de los recolectores informales de residuos son estimativos. En agosto del 2003 el diario local (El Diario del Centro del País, 2 de agosto de 2003) publicó una nota que indica que la cantidad de cirujas se había incrementado considerablemente en la ciudad. Se señala además que este tipo de trabajo incluye cerca del 3% de la población de Villa María,9 lo que equivale a alrededor de dos mil personas. Agrega que eran más de doscientos cincuenta familias, de las cuales aproximadamente 50 trabajaban regularmente en el basural municipal, mientras que las otras lo hacían en la vía pública. Los funcionarios municipales y los propietarios de depósitos mayoristas -de materiales reciclables que sirven como insumo industrial- consultados por el periodista en aquel momento, coincidieron en que la cantidad de cirujas se había incrementado al menos en un 40% en 2002.10 En el 2007, se obtiene una referencia más precisa cuando se informa que sólo en el barrio San Nicolás hay diecisiete grupos familiares dedicados a esta actividad (El Diario del Centro del País, 3 de agosto de 2003), realizando la recolección en el casco céntrico en la mayoría de los casos.

8 Según muestran Aimar, Delgado y Peano (2008) los datos del Censo Nacional de Población, Viviendas y Hogares del 2001, en la provincia de Córdoba 13% de la población presentaba Necesidades Básicas insatisfechas (NBI). Para el departamento General San Martín los valores de personas y hogares con NBI se encuentran apenas por debajo de los provinciales, el 10,0%. Así mismo, y con respecto a la ciudad de Villa María, el número de hogares y población con NBI es inferior a los agregados departamentales, con 8,3%. 9 Según muestra el CER a partir del Censo Nacional de Población, Vivienda y Trabajo, cumplido durante el 2001, Villa María tenía una población de 73.581 habitantes. Se estimó que a mediados del mes de noviembre de 2003, la población de la ciudad es de 75.296 habitantes. UNVM, 2008. 10 Favorecido por la densa desocupación, agudizada tras la crisis económica de fines del 2001, y la devaluación de la moneda en el 2002, que hizo que la venta de ciertos materiales reciclables fueran más rentables.

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La cosmovisión natural relativa de los cirujas: las condiciones locales en que desarrollan cotidianamente la recolección informal de materiales reciclables En el presente acápite consideramos algunas experiencias comunes de la cotidianidad de quienes realizan la recuperación informal de residuos reciclables, centrándonos en los sentidos y las significaciones de los propios cirujas. Ahora se describen situaciones cotidianas y se intercalan con fragmentos de entrevistas para graficar las afirmaciones. Las entrevistas en profundidad y las observaciones sirvieron para analizar el sentido social que estos sujetos específicos otorgan a la actividad. Según Schütz y Luckmann (2003) los “esquemas significativos de experiencia predominantes en una sociedad, o la cosmovisión natural-relativa, son imitados por el ordenamiento del lenguaje en campos semántico-sintácticos” (228). Como ya señalamos, el lenguaje es concebido como objetivación de la sedimentación de la experiencia social del sujeto, el cual prefigura la cosmovisión natural relativa, la acción del habla cobra sentido ligada a una situación social determinada. Para el análisis de las entrevistas se establecieron cinco ejes temáticos que comprenden la cotidianidad de los cirujas -Vergüenza, Forma de vida, Núcleo familiar, Vía pública y vehículos, Recolección y venta-, y que sirven para un reconocimiento ordenado de las percepciones específicas de los cirujas. En un proceso continuo de la realidad histórica se tensiona, se resignifican y se articulan diferentes concepciones y significaciones sobre la actividad en cuestión. Cada una de las diversas percepciones individuales –naturales y relativas- sobre el cirujeo, delimitan un campo semántico cargado de significaciones sociales; las significaciones se hacen presentes en cada enunciación discursiva subjetiva. El mundo simbólico del lenguaje es necesario para la aceptación y reconfiguración del espacio social. Todo proceso de construcción de sentido por el cual se le otorga significación a la propia actividad resulta de una confrontación entre aquellas que uno construye de sí mismo y la que recibe de los “otros”. La descripción de las significaciones de las prácticas específicas está inscripta en un territorio con relaciones sociales cotidianas, las cuales son apropiadas subjetivamente. El mundo es esencialmente compartido con otras personas que conviven intersubjetivamente y en intercomunicación, el mundo de la vida es la fuente que da unidad y sentido. Además, según Bourdieu (1996), el mundo social “es el lugar de luchas a propósito de palabras que deben su gravedad –y a veces su violencia- al hecho de que las palabras hacen las cosas, en gran parte, y que cambiar las palabras, y, más generalmente, las representaciones (…), es ya cambiar las cosas” (62). 186

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Para los recuperadores informales de residuos, la recolección y venta de materiales reciclables resulta una práctica fundamental para la reproducción material cotidiana que constituye todo o gran parte de sus ingresos. El fenómeno social de los cartoneros tuvo un auge inusitado a partir de la crisis argentina del 2001, período que coincide con la creciente desocupación de Argentina, que empujó a muchas personas a recurrir al cirujeo para subsistir. Al revisar los cestos de residuos domiciliarios, es común que lo hagan selectivamente. Hay quienes usan guantes, es importante en el quehacer tener cuidado con los objetos punzantes. Este trabajo requiere como mínimo saber qué hacer con cada material reunido, clasificarlo y empaquetarlo. Si se trata de papel, se deben realizar fardos, atados si son trapos, de abollado de aluminio, de quemado de cable para el cobre, etc. Por ejemplo, el cartón se ensucia fácilmente, se lo debe clasificar y entregar limpio, seco y atado, para que el precio a cobrar sea mayor. De los materiales comercializables11 el que se junta principalmente en los últimos años es el cartón, por su valor conveniente, y por su facilidad de transporte, además se comercializa distintos tipos de papeles, metales, otros como vidrio y botellas, plásticos,12 inclusive huesos, entre otros. Vergüenza No podemos dejar de lado que trabajar manipulando residuos contribuye inevitablemente a la estigmatización de quienes realizan la actividad. La vergüenza también está presente y esto se da principalmente en los sujetos que han tenido un paso laboral por el sector de empleo formal, la vergüenza en estos casos se da inicialmente cuando están frente a los vecinos de la ciudad. Perelman (2010) describe la vergüenza en los cirujas: “aparece cuando el sujeto enfrenta una confusión extrema entre aquello que es para la mirada de los otros y aquello que es para sí mismo. La vergüenza aparece cuando lo que se recibe es una imagen de sí estigmatizada, fijada, petrificada en la mirada de los otros, humillante e invalidante y donde la posibilidad de romper y actuar sobre ella no tiene lugar” (109). Cabe aclarar, que no todos lo viven como estigma, que la actividad esté estigmatizada no implica que los sujetos se sientan estigmatizados, o que exista una homogénea

11 Los condicionantes particulares más importantes para la elección de qué materiales vender son básicamente a causa del precio coyuntural de cada material -en la ciudad los acopiadores locales venden todos a los mismos lugares-. La disponibilidad de material en cada época del año. Y la capacidad de transporte y almacenamiento propio del ciruja. 12 En la ciudad no se compra demasiado plástico, se lo vende afuera.

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“recepción” de esa visión estigmatizante. El sentido de pertenencia heredado, la aceptación de la actividad y la honra con que sostienen la recolección callejera los cirujas estructurales. Pero un integrante de una ex cooperativa de cirujas, recuperar en la calle implica haber pasado “vergüenza” -en el sentido de los nuevos cirujas-, asociada al estigma social del cirujeo: R: Bueno, lo que más se aprende en la vida de esto, es ser honrado, perder la vergüenza, que es lo más fundamental, porque vos cuando salís a la calle tenés que perder la vergüenza, porque pasas vergüenza en la calle, porque hay gente que te mira como si fueras uno de los más bajos, viste [lo dice con voz entrecortada], pero es un trabajo como cualquiera. Y ser honrado, si ves esto en la calle pedirlo, si te lo dan bien y sino mala suerte (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p.7). Forma de vida En la recolección informal de residuos no existe un desempeño reglamentado de trabajo. Para algunas personas es una ventaja no tener patrones, pero se necesita de cierta disponibilidad propia para ejercer la actividad. Una de las características que resaltan particularmente los recolectores informales de su trabajo -sobre todo los cirujas estructurales- es la autonomía, la posibilidad de elegir cuándo salir a trabajar sin dependencia de un patrón. El pensamiento de tres recolectores ex cooperativistas se acerca bastante al del croto, -como decía Fajn (2002)- buscan salirse de una relación contractual laboral: R: No, porque, te digo, yo toda mi vida a este trabajo lo hice solo, y acá soy patrón, soy peón yo, no me gusta que nadie me mande, y ahí [en empresa concesionaria del vertedero] tenía que agarrar agachar el lomo (E2, Villa María, julio del 2010, p.10). L: No, no, a mí me parece la forma esta nomás, de trabajar yo solo, mañana no voy a trabajar, yo no voy a trabajar. (…) Yo soy el dueño, yo soy el patrón y el empleado a la vez (E7, Villa Nueva, julio del 2010, p.4). JC: De chico he andado cirujeando, por ahí me ataca una temporada de ir a trabajar bajo patrón en algún lado, pero un mes dos, cuatro y ya después… [vuelve a cirujear] (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p.3). La “forma de vida” no es una estrategia coyuntural, sino que la conservan como una herencia familiar. Algunos entrevistados manifestaron que sus progenitores se dedicaban a la actividad en los basurales locales ya a mediados del siglo XX. Es el 188

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caso de uno de los impulsores de la cooperativa denominada “La Unión” -comenzó con su familia en su niñez, “esto me viene de mi infancia, de mis abuelos”-, la actividad forma parte de su vida, nació y quiere morir cirujeando. No reniega de su labor, hace especial hincapié en la “honradez” que sostiene su trabajo, reconociendo estar satisfecho con el esfuerzo que le costó levantar su casa mediante el cirujeo: Entrev.: ¿A usted le gusta este trabajo? R: Me gusta hacerlo, aparte yo con esto [el cirujeo], todo esto que esta acá [señala su casa] lo hice todo a fuerza de eso [del cirujeo], juntando cartón en la calle, juntando ladrillo, y así fui levantando estas cuatro paredes (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p.8). Núcleo familiar Hay quienes trabajan de manera individual, otra modalidad es salir de a dos o más porque se obtiene mayor cantidad de material que favorece el volumen de venta, pero la ganancia se comparte. Los núcleos familiares suelen trabajar en conjunto, por ejemplo, en la ciudad al salir en grupo se separan con diferentes carros o carritos, padres e hijos o parejas abarcando así más espacio recorrido en menos tiempo. Cuando un núcleo familiar es el que realiza la actividad existe una dinámica del grupo y una división de tareas. Pero, en general en la ciudad, no suelen verse niños solos juntando materiales, si son muy chicos van con los padres y se quedan cuidando el carro. El núcleo familiar juega un papel importante en la división de tareas, como cuenta el entrevistado, llevaba a su domicilio los materiales recolectados en el basural y su familia lo ayudaba en la clasificación y enfardado: JC: No, no, no, la familia metida allá [en el basural] no. Yo más vale traía [los materiales] a las casas y después ellos me acomodaban el papel, yo metía el papel con el cartón junto, viste, el metal lo metía todo junto, después ellos me lo separaban ahí en las casas. Allá [al basural] iba yo solo (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p.16). Vía pública y vehículos En Villa María hay cirujas que hace más de cuarenta años trabajan tanto en la vía pública y/o en distintos basurales. En las calles de la urbe suelen verse personas de ambos sexos y de distintas edades haciendo este tipo de trabajo de pequeña escala. Esta actividad tiene sus desventajas ya que el recorrido se hace a pie o en bicicleta lo que implica exponerse a los intensos calores, fríos, lluvias, etc. De

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igual manera exponen su integridad física movilizándose en pequeños rodados, como ciclomotores con carros, viejos rastrojeros o camionetas. Existe la ordenanza municipal Nº 5967 del 2008 para el código de Tránsito, Procedimientos y Sanciones. En el capítulo V se trata sobre las condiciones para circular en la vía pública con transporte de tracción a sangre, entre ellas no se puede entrar al casco céntrico con carros tirados a caballo, además se exigen ciertas condiciones que debe poseer el animal. A lo que hay que agregar, por ejemplo, que los carros de tracción animal generan inconvenientes en el tránsito vehicular, deben cumplir una serie de requisitos para circular por la zona urbana, entre otras los caballos deben estar herrados, hechos que nos comentan tres de los entrevistados: Entrev.: Y, ¿usted ahora, digamos, también sigue trabajando pero con una camioneta? R: Sí, yo tengo un vehículo. Los caballos los vendí por la razón de que acá ya se pobló el barrio, y ya los caballos molestan ya, viste, tenés que entenderlos. E: Y los caballos, digamos, en el centro así, ¿no se pueden usar en la ciudad? R: Sí, sí, no, yo he usado los caballos en el centro, pero los tenía bien herrados, bien alimentados, porque hasta eso también, o sea, que al centro, centro, no podía entrar con los caballos, pero yo andaba en todas las orillas, viste. E.: Claro, porque hay una vialidad… R: Hay un sector que te dan. Y siempre… Hasta el último llegó el momento que ya, yo no sé si me esperaban o qué pero todos los días tenía a uno que me veía, me miraba los caballos, me le levantaba los pies [patas] si tenía herraduras, lo miraba si estaba golpeado, si estaban lastimados. (…) a mí se me dificultaba a veces que con los caballos… Tenía que dejar los caballos parados en una esquina, y salir dar toda la vuelta para poder conseguir un cartón o una bolsa, viste, de papel, pero después no. O el miedo a veces, viste que, hay veces que pasa aquel que: “No me vas a rayar el auto con el carro”, o que un caballo se te espante, pero los caballos míos eran un perro (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p. 6-8). J: Sí, siempre con el carro. Caballos tuve yo cuando… Y acá hay un problema con el asunto de los caballos. Hay una pequeña bronca y… Que no quieren que haya (…) Hay personas que saben si le das de comer o no le das de comer al caballo. (E3, Villa María, julio del 2010, p.7). I: (…) no puedo andar con el caballo si no tiene herraduras, tengo que hacerlo herrar, y yo le dije, yo en este momento no tengo la plata. Porque, viste, que 190

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para hacer vos herrar un caballito tenés que contar con setenta, ochenta mangos [pesos $], yo no los tengo, y yo le dije mire, si yo me voy a poner a herrar el caballito, no como porque son setenta mangos, porque tenés que contar en los clavos, herraduras, tenés que buscar a uno que te lo herré, todo eso, viste, porque no… Nadie lo herra (sic) así nomás [enfatiza]. Así que yo, bueno, y yo hay veces salgo, tengo un carrito a mano (…) ando cartoneando, yo dejo el carro atado en una orilla, me meto por el centro con el carrito, doy toda la vuelta de la manzana, vengo descargo el carro al otro carro y me vengo piolita a la casa, y no molesto a nadie. Me hago una rebuscada (…) junto todo lo que sea para vender (E4, Villa Nueva, julio del 2010, p.3). Recolección, vehículos y venta También es de importancia para los cirujas tener un circuito urbano donde ubicar materiales, o tener lugares que se los entregan. Según afirman Schamber y Suárez (2007), “hacerse de ‘clientes’ es una práctica que potencia la capacidad de obtener materiales (…) el recorrido de una ruta genera clientes y la obtención de clientes fija esas rutas” (35-36). La oferta de materiales a los centros de acopio por parte de los cirujas fluctúa, se modifica entre alzas y bajas en el transcurso del año dependiendo de los precios del momento. La disponibilidad de algunos materiales se acrecienta por períodos, por ejemplo, depende mucho de la cantidad de ventas de los comercios con el correspondiente sobrante de cajas. En los momentos del año en que hay menos materiales suelen hacer recorridos más largos para obtener pequeñas cantidades. Algunos pueden trabajar con itinerarios y horarios propios, hay quienes salen a juntar varias veces durante el día, otros sólo de noche, a la madrugada o a la mañana. En ciertos lugares, días y horarios hay más materiales que otros. Algunos recolectan dos o tres horas, otros hasta que se llena el carro, y si no hay suerte “hasta que se pueda”. Otra modalidad que adquiere el trabajo (informal) individual-familiar es en los basurales de los pueblos cercanos, por lo general se deben conseguir permisos. Para llegar hasta los basurales es imprescindible poseer un transporte, ya que se necesitan autos, rastrojeros o carros a caballos, como relata un ciruja que recupera materiales en basurales de la región: I: Yo ahora actualmente ando por el basural de Cabral, voy a Tío Pujio, voy a todos estos basurales cercones [cercanos] que hay acá en la zona, porque yo, viste, como tengo el carrito [a caballos] no puedo andar, yo tuviera un camioncito, una chatita si me voy más lejos.

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(…) se está cirujeando muy mucho, en el basural de Tío Pujio, después está este que está acá para el lado de Oliva, está para el lado de James Craik, todos esos ahí, esos son los que no te dejan entrar. Esos sí que tenés que ir con permiso. (…) con un carrito no podés andar lejos. Yo, date cuenta que vos con unos animalitos vas hacer un recorrido supongamos de tres, cuatro leguas, que vendría a ser veinte km, veinticinco km. No es como vos tener una chatita, un camioncito, que vos te vas lejos, no, no, yo con el carrito me voy, ese es el recorrido mío. Yo con la yegüita que yo tengo y el otro caballito yo me hago un kilómetro de ponele veinticinco, veinte km me lo hago, durante el día, hay que hacerlo con un animal [pone énfasis en esta última frase] (E4, Villa Nueva, julio del 2010, p.8). Luego de la recolección clasifican y enfardan en sus propias viviendas para poder venderlos a los acopiadores mayoristas. Los cirujas realizan sus ventas casi siempre en forma diaria, otros acumulan por semanas o quincenas dependiendo de cada material y del terreno disponible. En muchas ocasiones los cirujas que tienen espacio y transporte adecuado juntan el material de varios recolectores generando así mayor volumen lo que repercute en el precio de venta. El tipo de vehículo que cada quien posee, influye en el nivel de venta que se realice a los mayoristas, y de la lealtad de la entrega depende el contrato tácito del precio establecido con cada comprador. El recolector que cuente con una considerable cantidad de materiales asegurados, y con una camioneta que soporte gran cantidad de carga, consigue mejor precio por sus entregas. Por ejemplo, un ciruja estructural -dedicado exclusivamente a la recuperación de reciclables- dispone de materiales que desecha un supermercado a través del contacto con los encargados del lugar, y efectúa sus ventas siempre al mismo acopiador en Villa Nueva y en ciertas ocasiones las consensúa en conjunto con otros recolectores ocasionales. Almacena hasta tener una gran cantidad y un camión mayorista se llega a su domicilio una vez por semana a cargar lo acumulado: Entrev.: ¿Hay mucha competencia en la calle para trabajar? R: Sí, sí hay mucha competencia. Sí, pero viste, yo no… A la competencia no le hago porque yo ya tengo los negocios que a mí me guardan el papel, y no tengo más que ir y buscarlo ahí, viste. E.: Y en esa competencia, digamos, la relación con los demás… R: No. Es buena, es buena porque cuando nos encontramos nos saludamos, nos paramos a conversar, o hay veces ellos me preguntan a mí: [Emula un diálogo. Le preguntan] “¿Dónde vendés el telgopor vos?”, [contesta] mirá 192

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viene un camión a buscármelo a las casas, bueno dice: “Yo te lo vendo a vos y vos…”, regio, y así viste. Nos ponemos a conversar, o: “Cuánto te pagan esto a vos”, y yo le digo, mirá me pagan veinte, [como si alguien le diría]: “¡Uh! aquel me paga diez”, y bueno peléaselo. E.: No es una competencia mala, digamos. R: No, no, no, es una competencia que… O sea, nos cubrimos entre nosotros los precios, y si ponéle que vos no tenés donde vender este papel y yo tengo, bueno, mirá traélo para acá y acá lo vendes, listo, no, no, no hay rivalidad, no hay (E2, Villa Nueva, julio del 2010, p.8). Conclusión En este trabajo hemos repasado la historia reciente de recolección, recuperación informal de residuos y el contexto cotidiano de dicha actividad en Villa María. Sus relaciones con distintos actores sociales –vecinos, comerciantes, con acopiadores, entre los mismos cirujas, etc.-, incluyendo con el sistema oficial municipal de gestión de higiene urbana. Hemos observado las características ambientales de la actividad de recuperación de residuos y su rol productivo en la cadena comercial de reciclaje. Todo aunando los criterios espaciales, temporales y sociales con la finalidad de conocer las condiciones del mundo de la vida estudiado, mediante un acercamiento de carácter científico, por donde pueden transitar los horizontes de sentido vividos y por lo tanto la discursividad “natural” de los interlocutores. Perseguir las visiones naturales relativas del mundo, a través de testimonios puntuales, que permiten comprender las creencias y las concepciones propias de quienes cirujean. El abordaje del fenómeno desde la vida cotidiana aporta una construcción del saber al que se accede al indagar e interpretar el carácter histórico-social específico del grupo en cuestión. Esto nos permite precisar categorías adecuadas a las interacciones y procesos que se dan al interior de tal o cual actividad humana inserta en relaciones sociales que conforman un mundo peculiar. Cualquier actividad humana -en este caso el cirujeo, como realidad con una estructura finita de sentido- cuenta con determinado acervo social de conocimiento, que lo aprehende cada sujeto de manera particular a través de su historia. Lo cotidiano es el recorte que define un primer nivel analítico posible de las actividades observables en cualquier contexto social determinado (Schütz y Luckmann, 2003). Este trabajo se sitúa en la estructura de relaciones sociales particulares que afectan a los recuperadores, lo que permite un acercamiento para comprender los puntos de vista tanto de los cirujas (compulsando la posición relativa que ocupan los 193

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recolectores como sector informal en la cadena de comercialización de residuos, con los hechos sociales que afectan objetivamente las condiciones para ejercer el cirujeo). Las vivencias personales se incorporan como un tipo particular de experiencias sociales predispuestas a manifestarse en expresiones genéricas. Lo personal es a menudo lo más impersonal (Bourdieu, 2002). El presente estudio ha tratado de reconocer el proceso de construcción de sus percepciones como recolectores informales de materiales reciclables. Los cirujas y los cartoneros poseen un sentido social de la recuperación de residuos, y significaciones determinadas en gran medida por las condiciones del entorno social a la que ellos se encuentran sometidos. Condiciones de desocupación, pobreza, aislamiento, injusticia, precariedad, falta de acceso a educación, salud y aspectos culturales entre otras. El conjunto de cirujas y de cartoneros se adecúan a variadas condiciones para el acceso o la llegada, la permanencia, las expectativas, y las formas de efectuar la actividad. Cabe señalar, que aunque aquí no lo desarrollamos, en Villa María en más de una oportunidad se ensayó una solución cooperativa de parte de varias familias cirujas, experiencia que no pudo consolidarse, por falta de recursos, incomprensión mutua, o además, por conflictos con las autoridades. Resulta complejo para cualquier organización cooperativa de los sectores populares desposeídos, establecer las condiciones para generar una organización cooperativa pujante, que permita a sus miembros subsistir mientras se capitalizan las mejoras que proporcionaría el trabajo en conjunto. En el caso local, en general los propios cirujas y cartoneros manifestaron la preferencia de trabajar individual o familiarmente –de manera informal-. Lo cual se relaciona principalmente con la necesidad de obtener un ingreso diario, y no vislumbrar demasiadas ventajas en la asociación cooperativa. La impostergable satisfacción de necesidades vitales de existencia es uno de los factores que alienta la informalidad de la actividad. Bibliografía AIMAR, Lucas, DELGADO, Florencia, HERRERA, Hernando (2008) “Protesta

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La cosmovisón natural relativa de los cirujas ...

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13 Este informe fue preparado por un equipo dirigido por Alejandro Giusti y Gladys Massé. Integraron ese equipo: Gustavo Álvarez, Mariela Goldberg, Marcelo Cucca, Eduardo Movia y Mariana Rodríguez.

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GĂŠnero

Supervivencia, relaciones intergenéricas y trabajo informal en la vida cotidiana de las cartoneras bahienses frente a la crisis socio-económica de 2001 Claudia I. Marinsalta La producción de “residuos humanos” o, para ser más exactos, los seres humanos residuales (los “excedentes” y “superfluos”, es decir, la población de aquellos que o bien no querían ser reconocidos, o bien no se deseaba que lo fuesen o que se les permitiese la permanencia), es una consecuencia inevitable de la modernización y una compañera inseparable de la modernidad. Es un ineludible efecto secundario de la construcción del orden (cada orden asigna a ciertas partes de la población existente el papel de “fuera de lugar”, “no aptas” o “indeseables”) y del progreso económico (incapaz de proceder sin degradar y devaluar los medios de “ganarse la vida” antaño efectivos y que, por consiguiente, no puede sino privar de su sustento a quienes ejercen dichas ocupaciones) (Bauman, 2006: 16). (El destacado es del autor).

Introducción Durante la década del ‘90 en Argentina se produjo una crisis económica, característica de la globalización y del neoliberalismo, que planteó cambios en las reglas económicas, así como un fuerte impacto en las relaciones laborales a través de un programa de ajuste estructural, ocasionando una importante precarización y desempleo, acentuando las desigualdades y la marginación. Las consecuencias de la crisis y de esas políticas, profundizadas por la carencia de un Estado fuerte que desafiara los planteos dogmáticos de la globalización económica, pusieron de manifiesto la exclusión del sistema productivo de miles de trabajadores, en muchos casos, sin posibilidad de reubicarse en el mercado laboral y, en otros, integrando el circuito informal de trabajo para procurarse su sustento y el de sus familias.

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En este contexto socio-económico en la ciudad de Bahía Blanca1 (Provincia de Buenos Aires, Argentina) en 2001 -momento de máxima tensión- se desarrolla, entre otras actividades, el cartoneo -recolección y reciclado de residuos y desechos domiciliarios: papeles, cartones, vidrios, metales, etc.- como una estrategia de supervivencia y una alternativa para solucionar la situación de vida de miles de bahienses que desarrolla una conciencia colectiva y un sentimiento de pertenencia construyendo una identidad específica sustentada en una red de solidaridades. A través de su actividad callejera, busca interpelar al Estado2 para modificar las reglas básicas del modelo impuesto y se erige como denuncia de un orden social opresivo, excluyente e injusto que requiere la atención de la comunidad. Este trabajo analiza esta problemática social desde la perspectiva de género3 -concibiendo lo femenino y lo masculino como construcciones socio-culturales dinámicas que establecen determinadas formas de relaciones de poder intergenéricas producidas y reproducidas por el discurso hegemónico- que indaga sobre la “ausencia” de las cartoneras, la recuperación de su presencia y visibilidad así como la influencia y las repercusiones de esta realidad sobre la masculinidad hegemónica.4 Si consideramos que las relaciones de género están atravesadas por la noción 1 Es el cuarto centro más poblado de la Provincia de Buenos Aires, detrás del Gran Buenos Aires, Gran La Plata y Mar del Plata. En relación con el aspecto económico, es el polo petroquímico más importante del país, posee uno de los principales puertos comerciales de aguas profundas y, además, concentra muchos de los propietarios rurales del sur de la Provincia, en consecuencia, la ciudad ha desarrollado un dinamismo productivo basado en el comercio, la industria y las actividades agropecuarias. 2 El reclamo más importante al Estado municipal se produjo con la movilización del 26 de marzo de 2007 frente a la Comuna en la cual los cartoneros solicitaban disposiciones para organizar su actividad. CFR. La Movilización cartonera (2007, 27 de marzo) La Nueva Provincia, p. 1; New drug appears to sharply cut risk of death from heart failure. (1993, 15 de julio) The Washington Post, p. A12. 3 Pueden citarse sobre el concepto de género, entre otros, los siguientes trabajos: COBO BEDIA, Rosa (1995) “Género”, en: Celia Amoros (dir.), 10 palabras clave sobre Mujer, España: Edit. Verbo Divino, pp. 55-83; CONWAY, Jill K., BOURQUE, Susan C. y SCOTT, Joan W. (1999) “El concepto de género”, en: Marysa Navarro y Catharine R. Stimpson (comps.), ¿Qué son los estudios de mujeres?. Bs. As.: F.C.E, pp. 167-178; MAQUIEIRA D’ANGELO, Virginia (2008) “Género, diferencia y desigualdad”, en: Elena Beltran y Virginia Maquieira (eds.), Silvina Álvarez, Cristina Sánchez, Feminismos. Debates teóricos contemporáneos. Madrid: Alianza Editorial, pp. 159-190; MOLINA PETIT, Cristina (2000) “Debates sobre el género”, en: Celia Amorós (ed.), Feminismo y Filosofía, Madrid: Editorial Síntesis S.A., pp. 255-284; SCOTT, W. Joan (2011) “El género: un categoría útil para el análisis histórico”, en: Joan W. Scott, Género e historia. México: F.C.E., Universidad Autónoma de la Ciudad de México, pp. 48-74. 4 En la segunda mitad de la década del ’90, en América Latina, comenzaron los estudios sobre los hombres y las masculinidades. Esta línea de investigación examina cómo construyen los varones su masculinidad, cuál es el modelo dominante, su “deber ser”, sin embargo, debemos tener en cuenta

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de poder y por diferencias en el valor y el prestigio que se atribuyen a hombres y mujeres, esta investigación posibilitará reconocer la tensión que surge entre estas trabajadoras informales y los varones cercanos caracterizados por el mandato social impuesto por el discurso patriarcal dominante como sustentador, proveedor y protector de la familia. De manera que se focalizará en cuestiones tales como de qué modo, en qué medida y con qué alcances las cartoneras han sido integradas, reconocidas y aceptadas como sujetos íntegros5 que tienen necesidades, intereses y objetivos. Asimismo, se examina la relación entre ellas y con los hombres más próximos, el trabajo precarizado que realizan y su nivel de productividad para reconocer cómo se insertan en el mercado laboral informal, qué efectos causa su inclusión, qué características tiene su actividad, cómo se relaciona con su vida cotidiana y cómo se reproduce y manifiesta la discriminación laboral por género. El diseño metodológico está inscripto en la tradición de “estudios de casos”. Por medio de ejercicios de triangulación, se combinaron las técnicas de las metodologías cualitativa (entrevistas personales y/o grupales a los actores involucrados, observación participante para comprender la relación intergenérica y la realidad cotidiana del grupo, bibliografía secundaria y artículos periodísticos) y cuantitativa (empleo de censos y estadísticas nacionales y municipales) para acceder a distintos aspectos de la realidad. Además, tomamos una muestra por bola de nieve constituida por 13 cartoneras argentinas entre 20 y 66 años así como de 6 cartoneros, también, argentinos entre 25 y 65 años, en entrevistas abiertas y semi-estructuradas. El trabajo de campo se llevó a cabo durante un período de cinco meses (marzo-julio de 2007) en el barrio Maldonado, Villa Irupé y Spur -en los hogares y en un comedor comunitario- y en las calles del centro de la ciudad.

que esta no es universal, cambia al relacionarse con aspectos como la edad, la clase social, la etnia y las sociedades, así como suele entrar en contradicciones, conflictos y tensiones al enfrentarse en la vida cotidiana con los otros y otras. Por ello, uno de los desafíos actuales, es explorar las diferentes culturas y los grupos sociales en distintos momentos históricos. Además, Connell (2003) sostiene que se construyen en el entramado de las relaciones de poder, de producción y de los vínculos emocionales y sexuales entre los géneros, “…el concepto es inherentemente relacional. La masculinidad no existe más que en oposición a la feminidad” (104) (El destacado es del autor). 5 En el sentido de Bonder (1998), experimentando “…otros modos de percibir, sentir y expresar la subjetividad y vivir las relaciones intersubjetivas, que (…) quizás pueda hacer posible cumplir una deuda civilizatoria pendiente: la construcción de diferencias no jerárquicas” (15) (El resaltado es de la autora).

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1. Contexto económico-social durante la crisis del 2001 en Bahía Blanca Las políticas neoliberales aplicadas en nuestro país en la década del ‘90 durante la gestión menemista y la breve experiencia de la Alianza, significaron la implementación de un programa de reformas estructurales que produjeron una modernización excluyente (Svampa, 2005). El Estado adopta una serie de estrategias (las privatizaciones de los servicios públicos, la desregulación de la economía, la reforma administrativa -reducción de empleados y racionalización de los recursos públicos-, la descentralización de los servicios, el aumento de la presión impositiva, la apertura económica y la flexibilización del mercado de trabajo)6 que indica su proceso de retirada como proveedor de bienes y servicios colectivos, convirtiéndose así en el factor de ajuste y de reestructuración que alcanzó la totalidad del mercado laboral y trajo aparejado el desmantelamiento del marco regulatorio anterior en el cual los sectores bajos y medios estaban incorporados a la actividad laboral y protegidos por los derechos sociales. Este modelo, se traduce, entre otras cuestiones, en la redefinición de la relación salarial, caracterizada por una creciente individualización de las relaciones laborales, un deterioro de la protección de los trabajadores por parte del poder sindical y una fuerte flexibilización laboral. El desmantelamiento del sector industrial, acompañado por niveles crecientes de desempleo y una importante precarización de las relaciones de trabajo, significó también una degradación en las condiciones de vida de los trabajadores así como la concentración de capitales para algunos grupos económicos privilegiados que se favorecieron con dichas medidas. Si bien el estallido se produce a fines de 2001, la crisis argentina sirvió para poner de manifiesto desde los ‘90 un amplio escenario de protesta que reunió el reclamo de los excluidos y de la clase media en defensa de su derecho a la propiedad, surgiendo construcciones sociales como respuesta y contraposición a la aplicación del neoliberalismo. Los nuevos actores, a través de una variedad de formas de ocupación del espacio público, exigieron cambios en las reglas de inserción social que les permitieran la subsistencia. Ahora bien, las consecuencias de la crisis y de las políticas de ajuste se manifiestan en forma diferente para los hombres y las mujeres, profundizadas por la carencia de un Estado fuerte que desafíe los planteos dogmáticos de la globalización

6 La construcción del nuevo modelo se afianzó mediante las leyes 23696 y 23697/89. Éstas redefinieron las relaciones entre el Estado, el mercado y la sociedad civil que se sostenían desde mediados del siglo XX y fueron complementadas por otras reformas en lo comercial, financiero, tributario, previsional y en el mercado de capitales.

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económica. De allí que las medidas que se adoptan como respuesta a esta realidad -beneficios a los empleadores sobre los obreros y empleados, la desindustrialización, la tercerización del empleo acompañada de la precarización de las relaciones laborales- afectan, fundamentalmente, a la fuerza de trabajo femenina, incorporándola al desarrollo de actividades informales u ocultas y que, en consecuencia, continúan siendo ignoradas y discriminadas, planteando una división de trabajo por género en la cual son las más perjudicadas.7 Como en el escenario nacional, la emergencia económica declarada a fines del 2001, agudizó la situación socio-económica bahiense, produciendo un importante deterioro en la calidad de vida de la población local debido a la inestabilidad laboral, a la precarización de las condiciones de trabajo y el incremento de las cifras de subocupación. Además, los índices de desempleo, pauperismo e indigencia treparon a cifras inéditas, mostrando una realidad cuyo futuro era incierto.8 Estas apreciaciones cobran aún mayor fuerza si se tiene en cuenta la acción gubernamental, a través de diversos planes públicos de empleo y de ayuda a familias carecientes y, sobre todo, a partir de la implementación de subsidios estatales (Jefes y Jefas de Hogar [2002], Plan Nacional Familias [2002], Plan Nacional de Seguridad Alimentaria [2003], entre otros) así como la colaboración de diferentes instituciones.

7 Salvia, Con, Epstein y Pacetti (2003) agregan que “… la discriminación por género no puede ser totalmente explicada en términos salariales, sino que cabe seguir explorando la naturaleza de los trabajos en los cuales las mujeres se insertan. Un dato a tener en cuenta es que la mayor incorporación femenina al mercado laboral tuvo lugar en condiciones socio-ocupacionales altamente deterioradas, tanto debido a la baja calidad de los empleos demandados como por las condiciones de reproducción de las economías domésticas afectadas por el desempleo y la caída de ingresos de los preceptores tradicionales. En este sentido, la mayor participación de la mujer en el mercado laboral asumió durante la década un efecto claramente ‘competitivo’ tanto en puestos como en ingresos en los diferentes segmentos de empleo (tanto en el sector formal como informal)” (7). 8 La población del Partido de Bahía Blanca registrada en el censo del 2001 era de 284.776 personas; para fines de 2001, unas 185.000 personas pertenecían a hogares con ingresos menores al costo de la canasta familiar básica y en junio de 2002, la cifra se incrementó a 215.000. Como consecuencia de la situación económica, unas 30.000 personas pasaron a quedar debajo de la línea de pobreza sin tener acceso a un conjunto mínimo de bienes y servicios primarios. Estos individuos representaban aproximadamente un 70% de la población total de referencia, en tanto que la proporción era del 60% en diciembre de 2001. Los niveles de pobreza e indigencia descendieron en el segundo semestre de 2006, los hogares pobres eran el 12,8% y las personas, el 19,3%; los hogares indigentes eran el 5,2% y las personas, el 8,0%. Aún hoy, las cifras resultan inquietantes ya que en los tres primeros meses de 2014, la tasa de desempleo se ubicó en el 8,8% de la Población Económicamente Activa, siendo la cuarta ciudad de la Argentina con la mayor tasa de paro, detrás de Catamarca (9,4%), Córdoba (9,1%) y Mar del Plata (9%) entre los 31 aglomerados urbanos. Los datos son obtenidos del Instituto Nacional de Estadísticas y Censos (INDEC).

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2. El trabajo informal: estado del arte Se define trabajo a la ejecución de tareas que requieren un gasto de esfuerzo físico y mental, que tiene como objetivo la producción de bienes y servicios para satisfacer las necesidades humanas, por el cual se recibe un salario regular y está reglamentado por una normativa legal, convirtiéndose en la fuente de ingresos vitales de quien lo realiza. Además, constituye un ámbito de socialización de los individuos, organiza la vida cotidiana y garantiza un lugar en la sociedad.9 Los hombres y las mujeres como trabajadores tienen trayectorias heterogéneas en las cuales las experiencias difieren de acuerdo con los lugares que ocupan en la sociedad, en la familia y en el ámbito laboral. Para los primeros, el trabajo remunerado, estable, realizado en el ámbito público a tiempo completo y con un salario les permite ser el sostén y el responsable de su familia, posibilitándole decidir sobre sus vidas (propia y de sus familiares) y así mantener su autonomía. Este es considerado el mandato al varón adulto que tiene el valor necesario para construir la subjetividad masculina ya que le da estatus, reconocimiento, respetabilidad social y, también, poder, autoestima, autoridad y dinero, y, de esta manera, afirma su superioridad frente a los otros/as que están a su alrededor. Subirats (2007) sostiene que “…lograr esta posición es lo que preocupa fundamentalmente (…) lo que consume lo mejor de su inteligencia y su energía” (98). Aquellas, en cambio, entran en condiciones de desigualdad, correspondiendo, desde la perspectiva de género, a un estereotipo de trabajadora -“estereotipo ocupacional”-10 basado en su rol sexual. Las ocupaciones hacia las que se desplazan son redefinidas como “femeninas” e implican menor cualificación, formas de empleos inestables, en las que la seguridad laboral y los salarios son bajos, con pocas oportunidades de promoción y condiciones de trabajo frecuentemente malas. Como sostiene Benería (1979): “La división del trabajo por sexo en la producción no-doméstica tiende a reproducir jerarquías sexuales existentes en la unidad doméstica y a crear mecanismos de subordinación para la mujer. Esta subordinación se refuerza con 9 Para Arce y Ciancia (2000): “El trabajo es la actividad fundamental del ser humano, y contribuye a la construcción de su identidad. En este sentido debe posibilitar, más que ninguna otra actividad, el desarrollo de todas las capacidades humanas, incluyendo las imaginativas y creativas, además, concebido de esta manera, no sólo no es producto de enfermedad sino que posibilita el desarrollo a la vida humana misma” (2). Por su parte, Mallimaci (2005) afirma que “El trabajo es salario, es también factor de integración y puede ser pensado también como ‘valor ético’. La ‘cultura del trabajo’ en nuestro país engloba las tres valoraciones” (17). 10 Mijares (2003) explica que “El ‘estereotipo ocupacional’ determina que una buena parte del trabajo femenino se realice en la amplia gama de los trabajos vinculados al servicio y a los cuidados: tareas educativas, asistencia social, oficinista, enfermeras, camareras, servicio doméstico…” (119).

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una estructura de la producción jerárquica y explotadora, como ocurre en la producción capitalista moderna” (35). El mayor deterioro se comprueba en el sector más pobre de la población. La categoría laboral que más creció, en estos últimos años, fue el trabajo asalariado precario y la desocupación, incorporando mayoritariamente a las mujeres pobres que, al ser más vulnerables, constituyen una fuerza de trabajo marginal que el sector formal del mercado de trabajo no absorbe, agudizando la pobreza e imposibilitando el desarrollo económico y una distribución equitativa. Entre las diversas corrientes del pensamiento crítico en torno al tratamiento de la informalidad en Argentina se tendrá en cuenta en este artículo el enfoque de la Organización Internacional del Trabajo (OIT), adoptado por el Programa Regional de Empleo para América Latina y el Caribe (PREALC) y vinculado conceptualmente con la Comisión Económica para América Latina (CEPAL). El trabajo informal es considerado como un sector heterogéneo que incluye actividades de diversas características -reducida cantidad de capital por trabajador, bajo nivel tecnológico, limitada división social del trabajo, mano de obra poco calificada, predominio de actividades unipersonales, escaso desarrollo de relaciones salariales, inobservancia de normas que regulan la actividad formal, operaciones de pequeña escala, etc.- y que está subordinado a segmentos modernos de la economía.11 Esta perspectiva toma como eje de análisis la forma de producción y centra su interés en las unidades productivas de pequeña escala -empresa familiar- en el medio urbano, que brindan un ingreso para sobrevivir. Así, en Argentina, desde la década del ‘80, las tendencias estructurales muestran en el mercado laboral una modificación de la participación femenina que la inserta en el trabajo informal urbano y que implica la “femenización de la fuerza de trabajo”, expresada por un notable incremento de mujeres en la composición del mercado de trabajo en condiciones desvalorizadas, desfavorables y deterioradas: ocupaciones mal pagas y rutinarias, empleos temporarios, part time, degradados y descualificados, correspondiendo, desde la perspectiva de género, a un estereotipo de trabajadora basado en su rol sexual. Las ocupaciones hacia las que se desplazan las mujeres son redefinidas como “femeninas”, de acuerdo con una caracterización conservadora de las mismas.

11 Busso (2004), desde dicha perspectiva, afirma que “… el sector informal comprende las siguientes categorías ocupacionales: trabajadores independientes o cuentapropistas (excluídos profesionales y técnicos), trabajadores familiares no remunerados, empleados en el servicio doméstico y asalariados de microempresas (unidades productivas con menos de cinco empleados)” (3).

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3. Feminización de la fuerza de trabajo La precarización del trabajo femenino lleva a la expansión de empleos inseguros por su discontinuidad en el tiempo -temporal o parcial-, a nuevas formas de empleo -sin estabilidad y trabajo subcontratado- o desempleo y a la falta de regulación en cuanto a leyes laborales (ausencia de contratos y de convenios colectivos), salarios (no siempre se respeta el mínimo), horarios, seguridad social e higiene. Así, la informalización del trabajo femenino en Argentina se percibe a través de la desregulación de trabajo, del vacío legal y la precariedad laboral puesta de manifiesto en la pérdida de las conquistas laborales. Los cambios económicos producidos en estos últimos años han modificado el mercado laboral a través del aumento de la participación femenina y de la precarización de sus actividades, cuya consecuencia socio-económica más importante es la “feminización del trabajo” o, como la denomina Arriagada (1997), “revolución silenciosa” (33). El foco del problema es identificar cómo la división sexual del trabajo confina y constriñe a las mujeres en situaciones laborales subordinadas, en trabajos intensivos y en posiciones inferiores en la organización económica; es decir, que implica una mayor incorporación de mujeres al mercado de trabajo y en condiciones laborales deterioradas, privando las habilidades manuales, la docilidad para realizar tareas estandarizadas y el escaso tiempo para organizarse en sindicatos u otro tipo de organizaciones e instituciones que defiendan sus derechos. La globalización tiene un impacto diferente y no neutral para hombres y mujeres. Se agravan, entonces, las condiciones preexistentes poco equitativas para el acceso a los recursos económicos y la toma de decisiones en la búsqueda de la igualdad de oportunidades. En este marco, las mujeres trabajadoras deben enfrentar numerosos obstáculos e impedimentos para su integración laboral y, por lo tanto, para su desarrollo personal y su autonomía económica. Sin embargo, no podemos negar la creciente participación de la mano de obra femenina en determinadas ocupaciones con características propias, mayoritariamente en el sector informal y precario y con niveles de remuneración inferior al de los varones. En este contexto, debemos reconocer que su integración como fuerza laboral se relaciona con un estereotipo ocupacional sexual que identifica sus actividades con la discriminación y la subordinación, planteando, así, la “feminización de la fuerza de trabajo”.

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4. La actividad del cartoneo La crisis de 2001 pone en evidencia un modelo social excluyente caracterizado por una gran asimetría en la distribución económica y en el poder social de los habitantes del país. Por ello, la protesta se convirtió en una referencia constante en la vida política cotidiana argentina, apareciendo en escena nuevas y distintas formas de lucha y nuevos actores colectivos que desafían la realidad socio-económica del país. Como sostienen Scribano y Schuster (2001) “… no hizo falta mucho tiempo para que la crisis mostrara sus rostros: la altísima concentración de la riqueza y la desocupación (…) Millones de argentinos sufrieron la precarización laboral y el empobrecimiento sistemático…” (18). En consecuencia, el proceso de vulnerabilidad social y marginalidad, vinculado al desempleo, al trabajo informal y a la precarización laboral, engendra subjetividades e identidades relacionadas con un sujeto que realiza una ocupación precaria, temporal y complementaria y que, además, está marcada por la incertidumbre que brinda la certeza de la pérdida del empleo asalariado. Estos “nuevos pobres”, representados especialmente por los desocupados y que carecen de lazos sociales, inician el camino hacia la exclusión. En este contexto, crecieron los trabajadores informales que desarrollan un amplio abanico de actividades. En el espacio urbano bahiense se hacen presentes los cartoneros, intentando transformar la realidad que los deja fuera como individuos sociales y exponiendo sus intereses, reivindicaciones y demandas. Ante ello, denuncian el orden social opresivo, excluyente e injusto y combaten su pobreza,12 utilizando como instrumento la acción directa -su presencia en las calles recolectando y recuperando la basura que otros desechan- a fin de llamar la atención de las autoridades y exigiendo al Estado la implementación de políticas públicas sociales para solucionar sus angustiantes problemas.13 La recuperación informal de residuos se transformó en una estrategia de supervivencia de un amplio sector de la población bahiense como consecuencia de la crisis iniciada en el 2001, debido al atractivo aumento del precio de los ma-

12 Svampa (2005) considera que “… la súbita visibilidad de los cartoneros (…) venía a refrendar, de una vez y por todas, la entrada del país en la extrema pobreza latinoamericana” (265). 13 La Municipalidad no tuvo ni tiene en agenda un programa integral para la inclusión de los cartoneros ni la implementación de proyectos para contrarrestar las dificultades y desventajas que ellos enfrentan. En relación con esta problemática, el Concejal Julián Lemos presentó el 1 de abril de 2011 un Proyecto de Ordenanza: “Adoptando como principio orientador para la gestión de los residuos sólidos urbanos generados en su territorio, el concepto de ‘Basura Cero’” (Expediente HCD 373/2011).

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teriales reciclables, producto de la devaluación y del cierre de las importaciones. Quienes realizan esta tarea son personas que, con anterioridad, tenían su oficio -asalariados industriales o de servicio, cuentapropistas, trabajadores de la construcción, empleados de comercio, empleadas de servicio doméstico, etc.- y que ahora, desempleados y/o desalentados por la falta de empleo, no pueden cubrir el sustento diario personal y familiar. Esta actividad no está reglamentada por la Municipalidad de Bahía Blanca, surgiendo, entonces, una cadena de reciclaje fuera del sistema oficial de disposición de desechos. Sin embargo, se convirtió en una tarea económicamente productiva que permite una opción para sobrevivir como única fuente de ingresos de muchas familias de nuestra ciudad. El cartoneo aparece como viable: se sabe cómo llegar a hacerlo, se puede comenzar en cualquier momento, no requiere capital, no es necesario demasiado conocimiento previo ni habilidades, se sabe dónde encontrar el material,14 cómo y dónde venderlo. Estos son saberes comunes que necesitan del esfuerzo individual15 para ponerse en marcha. Al caracterizarlo, sólo marcaremos tendencias generales que nos permitan interiorizarnos de la acción colectiva de sus actores, señalando la heterogeneidad de sus circunstancias vivenciales que entran en conflicto, dirimiendo cuestiones de poder, al resquebrajar o potenciar las subjetividades16 intervinientes, que cuestionan a la sociedad bahiense. La población cartonera está conformada, aproximadamente, por 800 familias, compuesta, en su mayoría, por argentinos, que habitan las zonas periféricas de la ciudad -Bajo Rondeau, Villa Irupé, Maldonado, Villa Nocito, Spur, Villa Rosario, Villa Duprat, entre otros-. Según los grupos de edad, se observa recolectores desde los 14/15 años hasta los 65/70 años, con un nivel mínimo de escolaridad básica. El recorrido se inicia en las calles de la ciudad o en los basurales,17 constitu14 M (28 años, varón) nos dice “… sólo hay que caminar y recolectar…”. De aquí en adelante, la primera letra es la inicial del nombre del/a entrevistado/a, V significa varón y M, mujer. 15 La actividad cartonera es fundamentalmente individual (en el sentido de actividad independiente): cada uno define sus prioridades y necesidades, sus intereses, sus relaciones con los otros, con el mercado y las laborales, etc. 16 Entendiendo que la subjetividad “…engloba las acciones y las prácticas, los cuerpos y sus intensidades; que se produce en el entre con nosotros y que es, por tanto, un nudo de múltiples inscripciones deseantes, históricas, políticas, económicas, simbólicas, psíquicas, sexuales, etc.” (Fernández, 2008: 9). (El destacado es de la autora). 17 Son lugares periféricos donde los vecinos de la ciudad arrojan sus residuos o se deshacen de aquello que no les sirve o interesa. Los más importantes se encuentran en Villa Caracol, en la

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yendo el espacio o el territorio del cual se apropian material y simbólicamente y donde se hacen visibles: “Un ámbito territorial no es sólo un espacio geográfico determinado. Es una delimitación específica de la sociedad. Expresa unas relaciones de producción, una forma de aplicar la tecnología a la naturaleza, una tradición cultural, una red de relaciones de poder, una historia y una práctica cotidiana” (Castells, 1981: 298).18 Este ámbito público se transforma en un escenario de conflicto,19 suscitando contradicciones urbanas por las demandas evidentes de estos actores sociales que impugnan el orden de la ciudad y exigen con su presencia nuevas relaciones socioculturales. Atraviesan la ciudad, organizan su recorrido en la zona céntrica y articulan calles no periféricas, recreando diariamente un mapa pre-establecido.20 Caminan, utilizan “changuitos” empujados a mano o con bicicletas, carros tirados por caballos -propios, prestados o alquilados- y van construyendo una ruta de clientes que les brindan su colaboración. Trabajan rápido y concentrados, en silencio, entre las sobras de la abundancia que dejan los consumidores. La actividad se realiza de lunes a viernes -el sábado no hay recolección de residuos domiciliaria y, por lo tanto, las familias bahienses no dejan su basura para ser recogida- y los domingos. El horario suele extenderse de 18.30/19.00 horas a 1.00/2.00 horas de la mañana de acuerdo con las posibilidades personales y familiares, convirtiéndose en un visible grupo laborioso al anochecer. ex quema del balneario Maldonado así como también en el Bajo Rondeau y Villa Rosas. Su clandestinidad se debe a que la Municipalidad de Bahía Blanca, desde 1992, adoptó como sistema de disposición final de residuos sólidos urbanos el Relleno Sanitario (Ley provincial N° 9111) que absorbe cantidades variables de desperdicios en un lugar indicado para ser enterrados. Su objetivo es erradicar la quema urbana -depósito de basura en un espacio abierto o cerrado-, prohibir el cirujeo y abrir un espacio fuera del ámbito urbano para la ubicación definitiva de los residuos, manteniendo un estricto control sanitario. El terreno utilizado se encuentra ubicado en Villa Grumbein (al S-E de la ciudad). El sistema de administración elegido es el de contratación privada mediante la correspondiente licitación pública. 18 Zibechi (2003) define la territorialización como el “…arraigo en espacios físicos recuperados o conquistado a través de largas luchas, abiertas o subterráneas. Es la respuesta estratégica de los pobres a la crisis de la vieja territorialidad de la fábrica y la hacienda, y a la reformulación por parte del capital de los viejos modos de dominación” (186). 19 Situación que se pone de manifiesto a través de la protesta de vecinos por las bolsas rotas que ensucian las veredas, por la presencia de los carros que obstruyen el tránsito, por el desorden que originan en la ciudad. 20 Fundamentalmente, transitan los lugares donde habita la población con mayor poder adquisitivo, con un alto nivel de consumo y que, por lo tanto, produce una variedad considerable y constante de residuos.

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Cartón, vidrio, papel -de diferente tipos-, metal, plástico, latas son los desperdicios más recolectados. Hay momentos del año en que la labor se incrementa, sobre todo, durante el verano y el retorno de las vacaciones. Para los cartoneros, entre ellos, M (28 años, V) estos materiales “… no son basura, son plata…” que les permite ganar dinero para sobrevivir.21 Pueden llegar a ganar 20/25 pesos diarios, dependiendo de la cantidad de horas de trabajo y de los desechos que obtengan. En sus 8 horas de recorrido, suelen proveerse de 100 kilos de cartón. Al decir de Anguita (2003) “… son los que menos recursos tienen quienes no están dispuestos a ceder este botín. No hay trabajo, ni ventas, ni buenos sueldos pero, al menos, hay basura” (131). Esta tarea, realizada de manera personal o familiar, supone una división del espacio en zonas de recolección que son respetadas entre los trabajadores. Dirá Ju (52 años, V) “… el primero que llega se queda con lo que hay allí…”. Algunos cartoneros prefieren recolectar con alguien ya que esto les ayuda en la actividad, la hace más distendida y, a veces, menos costosa debido a que comparten los instrumentos de trabajo, por ejemplo, el carro. También, implica una estrategia de seguridad en sus recorridas nocturnas. Por otro lado, hay quienes escogen recorrer las calles solos o en familia; de esta manera, la ganancia obtenida no debe ser compartida y disfrutan de mayor independencia y autonomía para realizar su ocupación. La organización del trabajo respeta una secuencia laboral precisa: recolección en calles y/o basurales, selección y clasificación en sus hogares y la comercialización en el depósito. La forma en que se organiza tiende a reproducir la vida cotidiana y familiar, respetando la distribución de tareas y la jerarquización sexual. La recolección es una tarea que puede realizar el hombre solo o con el grupo familiar, así como una mujer acompañada por sus hijos varones o algún miembro masculino de la familia. La selección y clasificación de los materiales es tarea femenina, se realiza en el ámbito hogareño -en el patio o en algún galpón de la casa. Una vez separados los que sirven para ser reciclados, son embolsados y, luego, comercializados por el jefe de la familia con el intermediario o el depósito del acopiador. Los hombres son los que venden el material, generalmente, cada 15 días, obteniendo un promedio de 50 o 70 pesos. El grupo familiar funciona como una unidad económica, donde la división sexual del trabajo pone en eviden21 Los precios que se mencionan a lo largo del artículo son de Junio de 2007: el kilo de cartón, 20/22 centavos; el kilo de vidrio molido, 7; papel blanco, 30 y el de segunda, 5; metal, 10; botellas de plástico, 22 centavos.

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cia una clara relación asimétrica intergenérica y de dominación masculina frente a la alteridad femenina. El cartoneo relaciona numerosos actores sociales que participan del circuito de recuperación y reciclaje. En primer lugar, el vecino (un particular o comerciante) le provee de las materias primas -residuos- al cartonero, tratando de conformar una clientela que sea estable, conformada por porteros de edificios, vendedores, instituciones, negocios conocidos, etc.22 Otro de los actores interviniente es el acopiador y dueño del depósito -pequeño o mediano- que acumula los materiales para venderlos a los grandes centros o a las industrias que se dedican a reciclar y que establecen qué, cuánto y a qué precio compra el material para ser transformado.23 Reynalds (2003) sostiene que los depósitos cumplen una función importante en la cadena del reciclado puesto que los considera como la bisagra entre la actividad informal -los cartoneros- y la formal -la industria-. En Bahía Blanca hay varias empresas que se dedican a la compra de los materiales reciclables, sobre todo, el cartón y el papel.24 A veces, son ellos quienes proveen a los recolectores de los medios de transporte, lo que, generalmente, los obliga a venderles con exclusividad y, en consecuencia, a un precio menor: M (28 años, V) informa que “Si te prestan el carro, después debes aceptar lo que te dicen: si para ellos tenés 30 kilos no podés discutir…”. Jo (30 años, V) relata que debe observar con detenimiento al acopiador del depósito ya que, seguramente, tratará de obtener beneficios engañándolo con el kilaje de su mercadería, pagándole poco y en efectivo porque, así, la remuneración es menor. Como hemos señalado, las condiciones laborales son precarias debido a la sobre-explotación en sus arduas y extenuantes jornadas, realizadas en un ambiente hostil, sin protección legal, soportando la discriminación y el maltrato de muchos habitantes de la ciudad. Desde el punto de vista de la asistencia, no tienen ninguna protección sanitaria municipal aunque la tarea que realizan es en la basura 22 Jo (30 años, V) ha acordado la recolección de cartones y papeles con algunos locales de la calle San Martín y Alsina, así como con la sede de la Universidad Nacional del Sur en la Avenida Colón. Además, se le puede acercar “basura” a su lugar de parada -la esquina de Soler y Alsina-. 23 Podemos mencionar, entre otras, Papelera del Plata, Papelera Celulosa, Bornhauser y Papelera Entre Ríos. También, las empresas que hacen lo propio con el aluminio (Sicamar Metales S.A., Metal Vineta S.A., etc.) y el plástico (Mexcom S.R.L. y Soundplast). 24 Los depósitos más conocidos en Bahía Blanca están ubicados en Avenida Arias 54, Chiclana 2750, Tierra del Fuego 1075, Brickman 1241, Blandengues y Santa Cruz. En la ciudad, se recolectan aproximadamente 325.000 kilos de cartón por mes, por cada uno de los cuales pagan alrededor de 20/23 centavos. Las empresas venden el cartón a papeleras de la región o lo envían a Buenos Aires donde el kilo se cotiza a 60 centavos.

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y con sus manos. El riesgo se hace evidente ante las posibles lastimaduras, cortes y pinchazos en lugares donde los residuos y los roedores generan focos infecciosos: el trabajo “… se ejerce en condiciones que vulneran toda norma de higiene y salud establecida, dado que se trata de una actividad donde se manipula, y en muchos casos se acopia en las viviendas de los recolectores, desechos entre los que se encuentran basuras, elementos cortantes y otros potenciales infecciosos” (Schamber y Suárez, 2002: 71). Otras manifestaciones que impactan sobre su salud son las relacionadas con el importante esfuerzo físico que demanda la tarea, exteriorizándose en lumbalgias, contracturas, desgarros, esguinces, etc. M. E. (46 años, M) comenta: “…el dolor de espalda lo sentís al otro día…cuando arrastro una carga enorme en el carrito…camino muchas horas…[o] reviso agachada las bolsas de basura…” También, los problemas que encuentran están relacionados con posibles accidentes automovilísticos, por ejemplo, ser atropellados por autos o que les tiren cigarrillos en los carros, incendiando la carga, así como la presión ejercida por la policía que conduce a relaciones sociales conflictivas.25 Algunos de estos inconvenientes se solucionarían con la conformación de una cooperativa. En la ciudad, esta iniciativa fue planteada desde la Municipalidad a la cual los cartoneros se resisten en la medida en que significaría resignar recursos materiales para el funcionamiento del organismo. La población cartonera desarrolla una actividad informal con un alto grado de vulnerabilidad que demanda largas jornadas de labor, recorriendo numerosas cuadras de la ciudad para recuperar materiales reciclables. Esta circunstancia de vida condiciona los medios adecuados para salir de la situación de emergencia y marginalidad social en la que se encuentra. 4.1. La identidad cartonera La noción de identidad colectiva es un elemento importante para entender la dinámica del cartoneo. Tal vez, entre los cientistas sociales quien la explicó con mayor precisión fue Melucci (en Tejerina, 1998): “…es una definición interactiva y compartida, producida por varios individuos que interactúan y que hace referencia a las orientaciones de su acción, así como el ámbito de oportunidades 25 En las entrevistas surge una visión negativa de la policía. Se la reconoce como un oponente que los avasalla a través de golpes, maltratos, amenazas y suelen exigirles dinero para dejarlos trabajar en las calles por las noches. Ju (52 años, V) admite que “…antes nos secuestraban los carros, nos pedían plata para poder sacarlos…un día a mi hijo lo tuvieron trabajando en la comisaría para poder sacar el carro de ahí…”.

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y restricciones en el que tiene lugar su acción” (130) y se elabora emergiendo del conflicto mismo. Se define, entonces, como el proceso continuo de una construcción social que se redefine constantemente -es dinámica- en la interacción con las situaciones en las cuales deben actuar. Los cartoneros crean una identidad propia como desocupados y/o trabajadores informales en un espacio determinado. Es un cuerpo colectivo que adquiere visibilidad, a veces frágil y volátil, otras compacta y sólida. De esta manera, construye un “nosotros” que aparece en escena considerado a través de sus manifestaciones y prácticas, ocupando un lugar en la realidad social que intenta indicar de manera precisa los límites del espacio público -la calle, la plaza, las esquinas-. Ahora bien, en relación con esta cuestión, podemos observar dos aristas del concepto de identidad. Por un lado, la consideración recientemente mencionada, vinculada con el sentido de pertenencia, la construcción de una identidad positiva, por la cual los/las cartoneros/as se sienten “nosotros”, incluidos en un grupo de actores con símbolos, prácticas y representaciones sociales que los diferencia de “otros” que no pertenecen. Además, manifiestan una actitud significativa y positiva frente a la actividad que realizan, la consideran un trabajo valorado y valorable socialmente ya que, para ellos, es su estrategia de supervivencia. Admiten que “… es un trabajo digno, como cualquier otro…”, “…peor es robar…”, “…salís cuando querés…”, haciendo especial referencia a la autonomía personal e independencia laboral que adquieren, lo que les permite reivindicar sus propias experiencias para poder autodefinirse y nombrarse. Por otro lado, también puede reconocerse una connotación negativa que se relaciona con la mirada de los otros: el/la cartonero/a está ubicado al final de un proceso laboral como desocupado y pobre, en contacto con la basura, con los desechos de otras personas. Su actividad los estigmatiza y actualiza la imagen de precarización material y simbólica que se pone de manifiesto por medio de las disputas discursivas y normativas con la sociedad.26 De esta manera, las solidaridades o la red de los lazos sociales se fracturan o debilitan, agregando un padecimiento adicional al sujeto que tiene que enfrentar las diferentes condiciones laborales enunciadas. En este trabajo, esta consideración tiene un ingrediente más: las mujeres presentes y visibles en la calle y cartoneando. El menosprecio y el androcentrismo,

26 A través del análisis de los artículos del diario La Nueva Provincia se pone de manifiesto la construcción de la identidad cartonera negativa en relación con tres disputas en el espacio público con la ciudadanía bahiense: el discurso higienista, el desorden de la ciudad y los conflictos de tránsito. Cfr. nota al pie 21.

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manifestado por la sociedad, repercute en la constitución de la identidad de las mujeres, individual y colectivamente, y dificulta el desarrollo de su autoestima. Ante esta situación, surge de las entrevistas el cuestionamiento que realizan a este estereotipo establecido e intentan poner de manifiesto propuestas que transformen los patrones culturales de las relaciones de poder intergenéricas sociales frente a las formas de dominación habituales. 5. Mirada desde el género. Las cartoneras En este trabajo, recuperamos la presencia de las mujeres cartoneras en la ciudad de Bahía Blanca como sujetos integrales. Si bien es evidente la subordinación y discriminación que sufren, ya que se mantiene intacta la división sexual del trabajo y, por lo tanto, son relegadas a las funciones y responsabilidades naturales que se les atribuyen, no obstante, despliegan una fuerza impulsora como agentes políticos vinculados con la lucha por sus necesidades básicas, intereses y especificidades. El ingreso de las mujeres al mercado laboral informal afecta la vida familiar y el poder jerárquico del hombre como un elemento disgregador, perturbador, amenazante que trastoca y subvierte el orden imperante.27 Debemos tener en cuenta que históricamente la identidad cultural femenina se construye a través del discurso de la domesticidad que establece, mediante connotaciones positivas, los roles tradicionales femeninos. Las mujeres tienen a su cargo el ámbito doméstico, la familia y la reproducción, es decir, congregan en este rol la reproducción biológica y cultural de la sociedad. Su “deber ser” es criar y educar a sus hijos y atender y cuidar a su marido y a otros miembros de la familia en la esfera privada y, además, ocuparse de los quehaceres de la casa. Esta situación las constriñe al estereotipo sustentado por la sociedad que se relaciona con lo dispuesto por el discurso patriarcal. En función de ello, la familia es considerada como la unidad básica de reproducción del sistema de principios y normas morales que son transmitidas a las nuevas generaciones. El confinamiento de las mujeres en la esfera doméstica pone de manifiesto unas relaciones asimétricas y jerárquicas entre los sexos, involucrando una clara y pre-

27 Surge, entonces, un cuestionamiento a la masculinidad hegemónica que tensiona las relaciones de género. La presencia laboral femenina en el ámbito público lleva al resquebrajamiento del mandato social que llena de temor a los varones, desestabiliza su realidad y sienten cómo se derrumba el rol de protector y proveedor.

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cisa división de actividades, lo que significa para ellas sujeción, sumisión y falta de reconocimiento. Por ello, quedan impregnadas de esta construcción simbólica en la cual se establece con claridad el ideal femenino que ellas transmiten a sus hijos y que intentan revalorizar a través del desarrollo eficaz de sus tareas, en busca de una mirada positiva de los miembros masculinos de su familia, lo que las llevaría a aumentar su autoestima, su poder e influencia familiar. En resumen, el discurso de la domesticidad y la dicotomía entre lo público y lo privado pretenden ocultar la discriminación y la opresión femenina dentro de un orden natural que se supone universal e igualitario. Se exige a las mujeres el cumplimiento de su rol pre-establecido y, de acuerdo con ello, se establecen relaciones sociales intergenéricas en el marco de estructuras de dominación y subordinación construidas históricamente. Ahora bien, cuando ellas necesitan salir a trabajar, como en el caso de las cartoneras, para contribuir con la subsistencia familiar, la representación simbólica del “ser mujer” se resquebraja y perturba el orden social imperante. Debido a esto, la actividad femenina como trabajadora fuera del hogar pierde valoración positiva y, generalmente, se la oculta. Las mujeres se enfrentan, entonces, a una doble exclusión: ser pobre y ser mujer, agudizando su situación de vulnerabilidad.28 Para profundizar esta dimensión de la discriminación y subordinación de estas mujeres, tendremos en cuenta el análisis bidimensional de género de Fraser (2002), que reconoce la situación de sujeción femenina desde la clase y el status: “(...) En este punto, el género aparece como una categoría axial que se abre en dos dimensiones del orden social, la dimensión de la distribución [clase] y la dimensión del reconocimiento [status]” (3). De esta manera y desde la perspectiva distributiva, consideramos la división sexual del trabajo en la actividad cartonera, por la cual le corresponde realizar determinadas tareas -consideradas como femeninas- por las que no recibe ninguna retribución monetaria, generando distintas formas de injusticia. Por otro lado, la perspectiva del reconocimiento alude a pautas culturales que se ponen de manifiesto en las leyes, en las políticas gubernamentales y en la normativa que invaden la vida cotidiana y pública, implicando la exclusión ciudadana y la negación de plenos derechos como mujeres.29 28 Nash (1999) afirma que “…el trabajo remunerado de las mujeres careció de valoración positiva, no fue concebido en términos de un trabajo sino de ayuda, algo complementario y accesorio limitado a momentos de penuria…” (56), es decir, cuando el jefe de familia no puede cumplir con su obligación de mantenerla. 29 Una tercera dimensión de explotación, que no se analizará en este artículo, es la del poder o el orden político que se definen como “...la(s) concepción (es) del poder que subyacen a toda actividad

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Ante lo cual, Nash (1999) señala que “[a] pesar de la realidad de la trayectoria laboral de las mujeres de las clases trabajadoras, se les niega una identidad de trabajadora ya que se construye el eje de la feminidad en torno a la maternidad y la reproducción” (53). 5.1. Especificidades Múltiples y heterogéneas historias personales permiten conocer circunstancias diferentes en un contexto dinámico y complejo, inmerso en valores, creencias, principios morales y costumbres que forman parte de la vida cotidiana de las cartoneras. Influidas y perturbadas por la realidad imperante, muestran cómo ha repercutido en sus vidas y cómo han resuelto o no sus conflictos personales. Se realizó una serie de entrevistas para interiorizarnos de sus experiencias. No obstante, enfrentamos varias dificultades que imposibilitan acceder a ellas: su “invisibilidad”, su falta de predisposición y la negativa de los varones cercanos para poder charlar con nosotras o con otras mujeres, las actividades domésticas y familiares que les impiden momentos de diálogo y reflexión y, sobre todo, porque no tienen un lugar de encuentro para tratar sus problemáticas y donde se las pueda encontrar con facilidad. Ellas quedan dentro de sus hogares, realizando sus responsabilidades propias, luego de la participación en la actividad callejera. Esta tarea tiene una fuerte impronta individualista, pero además, al ser realizada, en parte, en el domicilio familiar, las dispersa y aísla y, por lo tanto, dificulta que identifiquen sus intereses y actúen en consecuencia. Estas mujeres se incorporan a partir del papel, admitido por ellas mismas, que les toca cumplir, consistente en mantener el paradigma social de su identidad como esposas y madres. El cartoneo femenino se vincula a la creciente participación de las desocupadas en el trabajo informal como única posibilidad de subsistencia o como complementación del sustento familiar. La calle es el lugar de trabajo, de aprovisionamiento, donde se hacen visibles. L (48 años, M) admite que “… me surgió la idea… dije, no tengo trabajo, está difícil conseguirlo… lo que ganaba mi marido no alcanzaba y tenía los chicos chiquitos, entonces salí…Me dediqué a esto: a cirujear. Primero me daba vergüenza pero después, todo pasó…”. P (25 años, M) afirma, “…venimos a cirujear… no nos queda otra…”. política (politics), entendida como los procesos convencionalizados de expresión de conflictos e interés; negación, alianzas y oposición, diálogo y negociación, construcción y enfrentamiento, juego de elección y repartición de poder y recursos de los más distintos tipos” (Guzmán, 2002: Ud. 3). En este contexto, las cartoneras no pueden acceder a formular disposiciones ni ejercer funciones como participantes que les permitan construir una comunidad coordinada horizontalmente.

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Como mujeres, focalizan su preocupación en el consumo diario del alimento y otras necesidades básicas familiares. Además, su participación está relacionada con su vida cotidiana y con su rol pre-establecido de amas de casa: M. E. (46 años, M) informa que “sacamos entre 80 y 100 pesos por semana por la venta de cartón. Esa plata me permite comprar mercadería y algo de carne para la semana… A veces me regalan un poco de verdura…”. Enfatizando esta realidad de vida, Busso (2004) sostiene que “[p]ara estas mujeres cartoneras la lucha por la subsistencia de la familia trasciende las paredes de sus hogares, existe un compromiso con su trabajo…un medio de supervivencia” (36). Las entrevistas fueran realizadas a mujeres argentinas entre 20 y 66 años de edad de los barrios de Spur, Maldonado y Villa Irupé. En su mayoría viven en parejas (no siempre estables) -dos de ellas están solas- formadas desde muy jóvenes, debido a que, prontamente, se convirtieron en madres de varios niños. En algunos casos, permanecen en la casa familiar porque suelen construir sus viviendas en el mismo terreno que sus padres o suegros30 o, directamente, comparten la misma casa. El nivel de escolaridad al cual han accedido es la escuela primaria -dos ellas son analfabetas-, debido a que han tenido que ayudar económicamente a su familia, hacerse cargo de sus hermanos más pequeños o, al quedar embarazadas muy jóvenes, debieron responsabilizarse de sus hijos. 5.2. División sexual del trabajo Recorren las calles de la ciudad con sus carros, carritos o bicicletas, con un circuito pre-establecido,31 más o menos 70-100 cuadras entre las 19.30/20.00 hs. hasta las 24.00/1 hs.32 Generalmente, no van solas y si así lo hicieran deben tomar algunos recaudos: M (35 años, M) sostiene que si sale a cirujear sin compañía, se disfraza de varón: gorro que le tape el cabello y la cara y una campera grande, sobre todo, para evitar “… los avances de los tipos con buenos autos, que son señores…”, aunque admite que a veces, también, debe cuidarse de las señoras, que al confundirlas con jóvenes varones, intentan un acercamiento sexual. 30 Así, por ejemplo, C (35 años, M) construyó con su pareja una casa con cartón forrada con retazos de alfombras en el mismo terreno que sus suegros. 31 En general, las mujeres suelen actuar fuera del micro-centro debido a posibles peligros. N (40 años, M) comenta que en el centro hay muchos cartoneros y es difícil trabajar, por ello su circuito abarca las siguientes calles: Terrada, Viamonte, Juan Molina, Bravard, Zelarrayan, Mitre, 11 de abril y luego vuelve a su casa del barrio Villa Irupé. 32 El horario y la cantidad de horas y cuadras del recorrido es variable, depende de las necesidades, el estado climático y el entusiasmo del momento. C (35 años, M) cartonea, con su pareja, durante toda la noche. Según expresa le gusta lo que hace y exaltada comenta: “…si hay un contenedor, me vas a ver… para arriba revolviendo…”.

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Si bien algunas de las mujeres entrevistadas exponen que salen la mayoría de los días de la semana, otras mencionan que sólo lo hacen cuando tienen necesidades acuciantes. Sin embargo, los días más elegidos son los domingos, lunes, miércoles y viernes. Esta situación se relaciona con los días de la semana que hay más “basura” (como ya mencionamos, los sábados los bahienses no sacan los residuos porque no se lleva a cabo su recolección) y/o con la organización de las actividades propias de sus familias. Los materiales que recolectan son, fundamentalmente, papel blanco o de segunda (revistas y diarios), cartón, metal -cobre, hierro, chatarra- y botellas de vidrio, que luego muelen, y de plástico. Pero, también, recogen todo aquello que les sea útil para su casa: N (40 años, M) nos comenta que todos los adornos que vemos en su comedor fueron obtenidos mediante la recolección urbana. Además, pueden conseguir utensilios domésticos y, en algunos casos, los vecinos les han dado artefactos hogareños importantes así como enseres para el hogar. A veces, como manifiesta R (46 años, M) los vecinos les dan ropa “nueva” que acondicionan para sus hijos, para los hijos de sus conocidos o venden. De la charla, surge que se suele encontrar, en algunas bolsas de residuos, ropa “…tajeada, cortada quemada…manchada con mate o café…”, inutilizada para aquellos que pudieran hacerse de ellas. M (35 años, M), haciendo evidente la rabia y el resentimiento por la actitud de los asalariados, sostiene “…como ellos no la quieren usar, que no la use nadie…”. Con respecto a la comida que pueden conseguir, no la utilizan como alimento propio y/o familiar, sino para sus animales domésticos -perros y gatos- o para los caballos, instrumentos indispensables de trabajo. Sin embargo, suelen tomar para consumir aquello que los vecinos previamente han clasificado de manera adecuada. Luego de recuperar los materiales de la basura, la tarea femenina es la separación, acondicionamiento y acopio de esos desechos en el hogar -en el patio o en algún galpón-, ayudadas, a veces, por los niños de la familia. Esta actividad está incluida dentro de los quehaceres domésticos en una clara y rutinaria división sexual del trabajo. P (25 años, M) dice “tengo que poner las revistas en un lado, el diario en el otro, el papel blanco, allá, el de color, acá… Todos los días el mismo trayecto, la misma cosa…”. Una vez realizado este paso, el varón a cargo es el que se relaciona con el intermediario o el depósito para vender los materiales posibles de reciclar. Visita al acopiador una vez por semana o cada 15 días. La transferencia a los varones del fruto de su trabajo es una muestra evidente de la asimetría y jerarquización sexual

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en el ámbito familiar,33 poniendo en evidencia formas de discriminación que ellas padecen y naturalizando ciertos vínculos y relaciones de poder. El dinero obtenido es para adquirir aquellas necesidades que el sustento familiar no posibilita: zapatillas, materiales escolares, alguna ropa y alimentos. I (38 años, M) recorre la ciudad con sus hijos; durante el día selecciona lo que le sirve y con lo que obtiene logra sobrevivir, “…tal vez comprar zapatillas y algo de comida, pero para la garrafa no alcanza por eso tuve que revestir las paredes con nylon”. En la conversación con las cartoneras entrevistadas, se detecta un conflicto intra-grupal consistente en considerarse cirujas o cartoneras. Las mujeres de más edad, entre los 30/35 y los 66 años, se reconocen como cirujas, un oficio aprendido desde muy pequeñas, en compañía de sus padres y realizado en la quema de la ciudad. Éste existió siempre y se trasmite de generación en generación, como una herencia, con una normativa relacional precisa y determinadas formas de trabajo que deben respetarse. La tarea es realizada, fundamentalmente, en los vaciaderos a cielo abierto. Les cuesta caminar la calle, aunque lo hacen para satisfacer sus necesidades básicas. Además, vinculan la recuperación de desechos con una actividad novedosa y provisoria que llevan a cabo personas que el mercado excluyó. Según las cirujas, quienes recién comienzan a desarrollarla recogen sólo algunos materiales, no tienen técnicas de trabajo y suelen tener una mirada negativa y vergonzante de esta tarea. M. L. (45 años, M) acota “Soy ciruja desde que tengo memoria… Yo soy ciruja. De la basura saco ropa y adornos para la casa, nunca comida…”. M (35 años, M) dice: “nosotras, las cirujas, no rompemos las bolsas ni dejamos todo desordenado en la calle…los pibes nuevos no saben trabajar…”. No obstante estas diferencias, la situación laboral de unas y otras se caracteriza por la informalidad, la precariedad y los bajos niveles de cualificación. Muchas veces, es un trabajo complementario al que realizan durante el día: servicio doméstico, limpieza y mantenimiento de casas, cuidado de personas en hospitales, vendedoras ambulantes, etc. Las cartoneras consideran esta tarea como provisoria, realizada fundamentalmente por necesidad lo que le da un carácter preferentemente individualista. Ellas tampoco desean la formación de una cooperativa que las comprometa a vincularse laboralmente con otros/as recolectores/as ya que defienden los beneficios de su in33 De las mujeres encuestadas, sólo una con pareja, Mo (38 años, M) se queda con el dinero que obtiene del cartoneo, pero es el marido el que vende lo seleccionado. Podría suponerse que si ellas fueran a realizar la transacción quedarían expuestas a ciertos riesgos tanto económicos como sexuales por parte del dueño del depósito, mostrando la superioridad masculina por sobre la sumisión femenina.

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dependencia. J (66 años, M) sostiene de modo tajante: “…prefiero trabajar sola…”. M. I. (37 años, M) aclara: “…mejor sola…para no contraer obligaciones con alguien; salís a la hora que querés, nadie te dice nada…si no tenés que estar dando explicaciones…”. Por otro lado, N (40 años, M) justifica su negativa a la creación de esta organización comentando: “…si yo llevo el carro repleto y el otro sólo 10 cartones, eso resulta injusto… ¿por qué tengo que compartir con él la ganancia de mi trabajo?”. A estas circunstancias femeninas, debemos añadir las objeciones surgidas por los hombres que se niegan a que las mujeres realicen este tipo de tareas. Aluden a una serie de estereotipos construidos sobre lo femenino y lo masculino, por lo cual la valoración de las destrezas entre unas y otros son diferentes: las habilidades de las mujeres son inferiores. Sostienen, entonces, que ellas no tienen la fuerza necesaria para empujar el carro o acarrear los materiales obtenidos, las extensas jornadas laborales las distrae de sus responsabilidades domésticas, el horario no es el apropiado para movilizarse, debiendo enfrentarse a los peligros callejeros: otros cartoneros, la policía, la gente “común”, los hombres34 y, a veces, también, las mujeres.35 Es decir, las cartoneras se hacen visibles al participar de la actividad y se convierten en problema, por lo tanto deben ser acompañadas y protegidas por un varón -padre, esposo, hermano o hijo. Irónicamente Busso (2004) admite que “Indudablemente, en una actividad que se caracteriza por el desgaste que supone mover las pesadas cargas, el esfuerzo que implica caminar más de 100 cuadras diarias, la extensa jornada que este trabajo requiere, alterando la organización familiar (…) no es extraño que las mujeres no tengan una participación mayor” (35). Debido a esto y marcando las asimetrías de género, en los espacios en los que se construye, se discute y se ejerce el poder no se encuentran representadas pues son ámbitos predominantemente masculinos. De esta manera, se reafirman los mecanismos de dominación que tienen raíces en la vida familiar y en el establecimiento de roles discriminatorios para las mujeres, internalizados en la sociedad y que se manifiestan en las diferentes prácticas cotidianas. Con todo, pueden ser reconocidas como motor de cambio que han debilitado las fronteras que separan lo público de lo privado y contribuido a dotar de características públicas a sus problemas considerados privados -básicamente la supervivencia familiar. Raubes (2002) expresa: “Las mujeres resultan articuladoras naturales entre lo cotidiano y lo estratégico; entre el mundo privado y el mundo público, la familia, el barrio y la sociedad, la sobrevivencia, el mundo laboral y el poder…” (115). 34 En relación con un posible acercamiento o acoso sexual. 35 Muchas veces deben soportar los enojos y las reacciones de las vecinas por el “desorden callejero”.

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Sin embargo, estas cartoneras no han encontrado los medios adecuados para construir un espacio de participación propia donde exponer y discutir sus temas personales -jerarquización familiar, trabajo digno, educación propia y de sus hijos, derechos reproductivos- y su situación colectiva -desocupadas o trabajadoras informales-. Se podría argumentar, como razones de esa imposibilidad, algunas cuestiones que se relacionan con su vida personal y familiar: el cumplimiento del rol pre-establecido por la sociedad en el ámbito familiar, el poco tiempo de que disponen para realizar otras actividades que no sean las domésticas y el cartoneo y, también, una decisión personal. Por ello, no pueden crear ámbitos de debate en los cuales intervengan como actores sociales para interpelar al Estado municipal y requerir respuestas, decisiones y soluciones gubernamentales enfocadas hacia la equidad de género. Conclusiones Desde la década de los ‘80, en el mundo laboral de América Latina, el reordenamiento de la economía global lleva a una serie de modificaciones expresadas por la regulación de las relaciones laborales y por la política de empleo, salarios y condiciones de trabajo. Además, esta situación se hace más precaria y conflictiva debido a la presencia mínima del Estado como garante de los derechos fundamentales de los trabajadores. La globalización tiene un impacto no neutral y diferente para hombres y mujeres. Se agravan, entonces, las condiciones preexistentes poco equitativas para el acceso a los recursos económicos y la toma de decisiones en la búsqueda de la igualdad de oportunidades. Producto de la crisis de 2001, muchos habitantes de la ciudad de Bahía Blanca, en consecuencia, deben encontrar una estrategia para lograr la supervivencia personal y familiar en el circuito informal de trabajo. Esta situación laboral aumenta la cantidad de hogares en los que el flujo de recursos se torna imprevisible, generando un elevado grado de incertidumbre respecto del futuro y conspirando contra la inclusión social al limitar las posibilidades de consolidar sus relaciones sociales. Surge, entonces, la ocupación del cartoneo que, a través de su acción colectiva y de la construcción de su identidad, significa una fisura en el orden social, desafiando al Estado municipal y a la sociedad de Bahía Blanca, que deberán brindar cambios profundos a esta situación. En el trabajo se menciona las características de la actividad -provisoria, complementaria e individualista- y de la identidad cartonera, poniendo especial atención a la realidad femenina y en las relaciones intergenéricas de poder. En sus

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historias de vida aparecen en escena diversos actores con trayectorias heterogéneas y multifacéticas, que entran en conflicto y cuyas experiencias vivenciales, atravesadas por situaciones límite, difieren de acuerdo con los lugares que ocupan en la familia, en el ámbito laboral y en la sociedad. Se privilegia, entonces, las voces de las cartoneras que a través de las entrevistas realizadas expusieron sus padecimientos, soledades y desamparo, con rostros y cuerpos agotados por la desazón cotidiana ocasionada por la profunda crisis socio-económica: “[e]stos cuerpos estresados, enfermados, agotados, descompensados, estallados frente a la presión insoportable de la crisis…humillados y desvastados por el hambre, por el sobretrabajo o la desocupación o por el camino desventurado de la mera supervivencia” (Fernández, 2008: 264). En el transcurso de las charlas comentaron tanto sus esperanzas como sus frustraciones, demostrando una angustiante tensión entre sus ilusiones que las empujan hacia el futuro y las desdichas y dificultades permanentes que impiden lograr sus expectativas. Para las cartoneras, el futuro sigue manifestándose contradictorio y conflictivo, sobre todo, frente a la crisis de incertidumbre y a la imposibilidad de pensar en un porvenir diferente personal, familiar y/o colectivo. De alguna manera, estas mujeres están padeciendo el futuro: ¿Qué significaría padecer el futuro? Se hace necesario pensar qué capacidades psíquicas se encuentran alteradas, inhibidas, coartadas, cuando alguien no puede hacer proyectos para su vida futura. Vivir permanentemente en estrategias de supervivencia supone no solo un cotidiano de excesiva actualidad que se consume en el día de hoy sino también un vivir, pensar y sentir desde una lógica del instante. No poder planificar al mediano y al largo plazo tiene entre otras cosas como consecuencia la disminución, cuando no la anulación de la capacidad de ensoñar, de imaginar, de inventar (Fernández, 2008: 91) (El resaltado es de la autora). No obstante, en este contexto de angustia generalizada, renuevan su confianza en el porvenir y plantean las posibles soluciones que crearían nuevas oportunidades para salir de las condiciones de vulnerabilidad y marginalidad que enfrentan. En primer lugar, reclaman un empleo y salario digno a fin de revertir su situación de desocupadas o de trabajadoras precarias, inestables y mal remuneradas para poder progresar económicamente y, de esta manera, salir de la pobreza. La otra cuestión que enfatizan es la educación, sobre todo, para sus hijos, ya que ella significa una herramienta para acceder a mejores oportunidades laborales. Para 224

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ellas, estos logros básicos e indispensables resolverían la urgencia de satisfacer sus necesidades mínimas para la subsistencia. Con una mirada hacia el futuro y con un reservado optimismo, suponen otro mundo posible. Desde la perspectiva de género, la división sexual de los roles constituye la base ideológica del modelo familiar y, en consecuencia, las mujeres siguen cumpliendo su “deber ser” que las constriñe al estereotipo planteado por la sociedad y que se vincula con lo dispuesto por el discurso patriarcal dominante. Sin embargo, participan de manera creciente como mano de obra en determinadas ocupaciones con características propias, mayoritariamente en el sector informal y precario pero siempre con niveles de remuneración inferior al de los varones. Esta realidad laboral tensiona las relaciones entre los sexos debido a que las tareas femeninas son observadas a través de una serie de prejuicios enraizados en la cultura, transmitidas de generación en generación, manteniendo y profundizando la segregación del mercado laboral. En este marco se debe reconocer que su integración como fuerza laboral se relaciona con un estereotipo ocupacional sexual que discrimina y subordina sus actividades. Las mujeres trabajadoras, en este caso, las cartoneras, deben enfrentar numerosos obstáculos e impedimentos para su integración laboral y, por lo tanto, para su desarrollo personal y su autonomía económica. Incorporadas al cartoneo desde su identidad como esposas y madres y empujadas por la necesidad, buscan soluciones. Desde nuestra perspectiva de análisis, el concepto de género tiene puesta la mirada en la superación de los estereotipos discriminatorios, rechazando la consideración de que ellas tienen características naturales que les permiten cumplir sólo determinados roles, y en el cambio de las relaciones de poder que cuestionan las prácticas cotidianas, el mundo normativo y las representaciones simbólicas tradicionales de la sociedad. Por ello, la intención de esta dimensión de las relaciones intergenéricas implica una observación diferente de la realidad femenina. Estas consideraciones desencadenan fuertes tensiones ya que este enfoque se sustenta en principios de justicia y solidaridad, de aceptación de la diversidad y de una amplia participación democrática que no corresponde al modelo socioeconómico y cultural imperante. Es necesario, entonces, avanzar en el reconocimiento de los diferentes tipos de discriminación para poder eliminarlos y así abrir la posibilidad de la igualdad de oportunidades y de derechos laborales a través de medidas positivas a fin de garantizar que el Estado cumpla con los compromisos asumidos en pos de lograr una real igualdad, que incluya el reconocimiento a la diversidad y que ayude a la construcción de la propia identidad femenina en la sociedad actual. Ésta llegará cuando, como sostiene Bonder (1998), se manifieste “…una ética de la esperan-

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za como condición indispensable para las relaciones intersubjetivas sustentadas en la solidaridad, el interjuego de la diversidad y unidades en la acción” (17, el destacado es de la autora). En consecuencia, el reconocimiento a estas circunstancias femeninas llevaría a la búsqueda de la solución al posicionárselas como cuestión a debatir en la agenda pública. Pero si no se considera a las mujeres como sujetos de derecho que pugnan por ocupar distintos espacios ni se las escucha en sus reclamos, es decir, si no se revierten las consignas impuestas, la conflictividad de la situación es de muy difícil resolución. Como señalan Guzmán y Todaro (en Rangel de Paiva Abreu, 1995) (…) las mujeres se vuelven sujetos sociales a través de su relación con los otros, en un doble movimiento de identificación o empatía y de diferenciación o afirmación de los límites personales. La posibilidad de trazar perfiles propios está condicionada por su ubicación en el sistema económico y social, por las modalidades con que una sociedad aborda la reproducción biológica y social, por las modificaciones en los patrones reproductivos, que se traducen en una mayor o menor demanda de fuerza de trabajo femenina (8). Bibliografía ANGUITA, Eduardo (2003) Cartoneros. Bs. As.: Grupo Editorial Norma. ARCE, Roxana y Hortencia CIANCIA (2000) “Salud, trabajo y hogar: significaciones que elaboran las trabajadoras informales”, en: Voces en conflicto, espacios de disputa. Ponencia presentada en las VI Jornadas de Historia de las Mujeres y I Congreso Latinoamericano de Estudios de las Mujeres y de Género. Bs. As., 2 a 5 de agosto. pp. 1-10. ARRIAGADA, Irma (1997) “Realidades y mitos del trabajo femenino urbano en América Latina”. Revista CEPAL Nº 21, p. 1-41. BAUMAN, Zygmunt (2006) Vidas desperdiciadas. La Modernidad y sus parias. Bs. As.: Paidós. BENERÍA, Lourdes (1979) Reproducción, producción y división sexual del trabajo. Bs. As.: FLACSO-PRIGEPP. BONDER, Gloria (1998) Género y subjetividad: avatares de una relación no evidente. Chile: Programa Interdisciplinario de Estudios de Género (PIEG). BUSSO, Mariana (2004) Representación y organización de los trabajadores informales en Argentina: un diagnóstico preliminar. Bs. As.: Centro Cultural de la Cooperación. 226

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Mujeres recuperadoras de residuos entre familias y trabajo: la percepción de proveer como amas de casa (Córdoba, 2006-2013) Gabriela Vergara Introducción Salen con los carros tirados por caballos, con los hijos a cuesta. Buscan comida, cartones y vidrios. Mezcla de mendicidad y de trabajo informal, de pobreza extrema y precariedad. Salen en bicicletas con canastos atrás o bien caminan empujando un carro más grande. Algunas salen caminando con sus hijos y lo relatan con orgullo en una suerte de privilegio que no toda madre puede tener: trabajar cerca de los hijos. Piden en negocios, levantan lo que a sus ojos sirve para la casa, para comer, para vender. Separan en los patios de sus casas, en las partes traseras contiguas a un ferrocarril, o en el predio de una cooperativa. Arman farditos que atan con hilos, algunos que encuentran dando vueltas por un basural. Acomodan y apilan. En el mejor de los casos hay una habitación, o un galpón o un lugar seco, para poner cartones, que se hospedan en las viviendas hasta el momento en que llega el camión. Otras, clasifican materiales, revuelven montañas repletas de basura. Allí encuentran comida, juguetes, ropa o zapatillas, junto a los consabidos objetos para reciclar. Charlan entre ellas, se cuentan de la ‘junta’ del hijo que no le gusta o de la moto que se quieren comprar, o hacen alharaca de la computadora que pudieron comprarle o de la fiesta de 15 que pudieron hacer en el salón del barrio. Mientras trabajan, en las más diversas formas, etapas y momentos de clasificar y recuperar residuos no eluden sus prácticas como madres, sus responsabilidades y tareas. Tanto es así, que la lluvia, ese triste y fresco fenómeno de la naturaleza se reinscribe en las complicaciones para salir a clasificar o tomar entre las manos la basura mojada, pero también, casi al unísono, es el problema de cómo secar la ropa de los chicos, de lo que quedó tendido antes de salir, de los pisos sucios de la casa, del barro de la calle.

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Vivir de lo que otros tiran, de los residuos, constituye algo habitual para hogares en los cuales de una manera más o menos directa las mujeres están casi siempre involucradas y, otras tantas, invisibilizadas. Sin pretensiones de generalización, la actividad de los recuperadores se conecta en términos macroestructurales con las transformaciones y metamorfosis del mercado de trabajo, a lo largo de las últimas cuatro décadas.1 Es una de las múltiples maneras de ganarse la vida ante las continuas expulsiones del ámbito laboral que, no solo en Argentina sino en toda Latinoamérica se han dado en el marco de la desarticulación de los modelos de industrialización por sustitución de importaciones, los programas de ajuste estructural, la desindustrialización, la tercerización/terciarización de las actividades, la re-primarización de las exportaciones, entre otros (esto explica, al menos en parte, las razones por las cuales, tras la crisis del 2001-2002 que los sacó a las calles de manera masiva, la siguiente recuperación económica no logró insertarlos en otras actividades menos informales, menos precarias y menos perjudiciales en términos de salud). Junto a ellos, la feminización, de manera más o menos transversal fue cualificando las categorías de desempleados, de ocupados, de subocupados, de puestos informales, de la mano de segregaciones horizontales y verticales que se mantuvieron en algunos sectores con mayor persistencia que en otros. En este contexto, las mujeres constituyen un componente importante en el circuito de recuperación de residuos, una actividad que en muchos casos la realiza el grupo familiar, incluyendo, claro está, a los niños. En el cruce entre metamorfosis/informalización y feminización del mercado laboral, las mujeres recuperadoras de residuos dan cuenta de formas particulares en que se reinscriben los vectores de clase y género. De allí que el objetivo de este capítulo sea la descripción e interpretación de un conjunto de esquemas perceptivos como proveedoras en tanto amas-de-casa. Dicha percepción reconfigura el clásico modelo que escindía géneros, prácticas y espacios sociales. En otras palabras, se trata de dar cuenta de lo que sucede cuando predominan las urgencias básicas, cuando trabajar tiene como fin primordial la obtención de recursos para la reproducción diaria, tanto a través de los ingresos monetarios, como de alimentos, ropa, u otros bienes que se destinan directa1 En otro lugar (Vergara, 2014b) conecté esto con la preocupación ambiental de los organismos internacionales que se plasma en la mercantilización del aire a través del mercado de bonos de carbono implementado a partir del Protocolo de Kyoto y con el negocio de la basura que tiene dos áreas específicas: las cadenas de valor de los materiales reciclables que utilizan las industrias y los servicios concesionados para la recolección, transporte y disposición de los residuos.

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mente al uso/consumo familiar. Urgencias y recursos que son conocidos por las recuperadoras en tanto responsables del ámbito doméstico. Las percepciones resultan ser una categoría interesante para explorar las experiencias en clave de género y clase social. Por ejemplo, permiten conocer el lugar de la maternidad en las mujeres de sectores populares, la cual aparece como un lugar inevitable, ligado al instinto y a la necesidad, resultante de una construcción social inscripta en particulares condiciones materiales de vida (Marcús, 2006). En el caso de las mujeres que recuperan residuos, desde los esquemas de percepción se puede indagar la subjetividad en términos del autocuidado, de la salud y la enfermedad (Dal’ Agnoll y Fernandes, 2007). En esta ocupación, se puede comprender cómo opera la dialéctica inclusión/exclusión, salud/dolencia, orgullo/humillación. Los catadores están asociados pero siguen en la informalidad, siendo víctimas de humillación; tienen un oficio pero esta inclusión sigue ocultando otros tipos de exclusiones sociales, a partir de cómo los recuperadores perciben su trabajo y las condiciones del mismo (Medeiros y Macedo, 2006). De igual modo, la basura puede aparecer como un medio de supervivencia y la salud como la capacidad para realizar dicha actividad, negando que existan riesgos o posibilidades de enfermedad derivados del contacto con los desechos (Porto, Junca y Gonçalves, 2004). En este capítulo, tomo el siguiente esquema argumentativo. En primer lugar defino la noción de percepciones en el marco de una Sociología de los Cuerpos y las Emociones. En segundo término, identifico las principales características de la feminización del trabajo en Argentina y Córdoba en las últimas décadas, lo cual me permite problematizar la postura del feminismo occidental: cuando las condiciones de vida son precarias, trabajar no es una conquista de género sino una inevitabilidad de clase.2 En un tercer momento presento los esquemas de clasificación e interpreto fragmentos de entrevistas y registros etnográficos provenientes de diversas instancias de investigación3 que conforman este modo de percibirse proveyendo como responsable del hogar. 2 Más aún, si se tienen en cuenta las investigaciones de la historia del trabajo y el género en Argentina, desde fines del siglo XIX y XX se puede advertir cómo las mujeres pobres siempre trabajaron de manera remunerada, con lo cual el modelo de varón proveedor, aparece como un constructo ideológico, en el sentido que pretendió universalizar divisiones del trabajo, de los géneros y las etnias, que se correspondían sólo con algunos sectores socioeconómicos particulares. Aquí además deberíamos considerar las diferentes circunstancias productivas en el marco de la división internacional de trabajo, que ubica a los países en distintas posiciones respecto del costo de la fuerza de trabajo y su uso más o menos intensivo. 3 Ver Anexo.

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Finalmente, reflexiono acerca de la relación entre percepciones, cuerpos y trabajos que se inscriben de manera dialéctica con formas metamorfoseadas de plusvalía, con la polarización y fragmentación social que muestran cómo se sobre-vive viviendo de las sobras y con una feminización de las responsabilidades tanto laborales como domésticas. A la vez se presentan a las emociones como una categoría analítica conexa y enlazada con lo expuesto aquí. 1. Percepciones en clave sociológica Mientras recorrían una calle, M. divisó una caja de cartón, al lado de un árbol. Al darse cuenta que su pequeño hijo pasaba sin advertir esta presencia, le dijo: ‘no ves que es plata el cartón’. (relato en base a entrevista a M., San Francisco, 2008)

En términos epistemológicos, se distinguen perspectivas realistas y fenomenalistas. Las primeras afirman que los objetos existen independientemente de la presencia del perceptor. Para las segundas, no hay otra realidad que no sea aquella dada por la experiencia, es decir, no hay mundo más allá de lo percibido. Los enfoques realistas se dividen a su vez en directos -cuando no hay intermediarios u objetos a través de los cuales percibimos a otros, cuando la aprehensión es total-, o indirectas -cuando la aprehensión de los objetos siempre es mediada por ideas o datos sensoriales. Ambas posturas tienen vigencia, puesto que los realistas directos no se reconocen como infalibles ni omniscientes en el conocimiento del mundo. A su vez, dentro de este grupo pueden distinguirse los realistas directos ingenuos de los científicos (Dancy, 1993). Los desarrollos que realizo en estas páginas me acercan a la postura del realismo crítico, el cual asume en términos ontológicos que el mundo tiene estructuras cambiantes con mecanismos de funcionamiento por lo cual la sociedad tiene una existencia propia de manera independiente de quienes la conocen. En un sentido epistemológico, sin embargo se asume que el conocimiento científico depende y está condicionado por la sociedad (Scribano, 2008). Desde esta perspectiva podemos dar cuenta de mecanismos que existen, aunque no sean advertidos por los agentes en lo cotidiano. Los procesos de estructuración capitalistas, pueden no ser total y directamente percibidos pero eso no conduce a negar su presencia.4 4 Esto se inscribe además en la tarea sociológica de tomar distancia del sentido común que tanto Marx, Weber y Durkheim realizaron. Sea el análisis estadístico, la construcción de conceptos o la historización

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Retomando la noción de percepción, asumo que la misma se vincula con la condición corporal de todo agente. A partir de la relación cuerpo-mundo, la percepción abarca un nivel sensorial o físico, una actividad corporal (cerebral) de procesamiento de información junto con patrones socioculturales de interpretación y tipificación que se generan de acuerdo con los lugares sociales que ocupan los cuerpos; lugares diferentes y diferenciales. Por ello, la realidad depende de la posición ocupada que forma un particular punto de vista desde donde se ve el mundo. En su tesis doctoral, Karl Marx refiere a la objetividad de la percepción sensible según Epicuro, a diferencia de la postura contradictoria de Demócrito al considerar el fenómeno sensible como verdadero pero inestable. Al respecto, dice Marx: “mientras Demócrito reduce el mundo sensible a una apariencia subjetiva, Epicuro hace de él un fenómeno objetivo” (2004: 23). Por el momento dejo pendiente esta idea de objetividad5 frente a lo sensible, para retomar la idea de Maurice Merleau Ponty de que las percepciones se vinculan con un-estar-en-el-mundo desde nuestros cuerpos, que implican un saber básico y elemental, el trasfondo y presupuesto de las prácticas y además, siempre un punto de vista (Merleau Ponty, 1985). En todo caso podemos considerar que toda percepción resulta de las relaciones entre el sujeto perceptor ubicado en un lugar, el acto por el cual percibe y el contenido de lo percibido. En las sociedades actuales, estas dimensiones en conjunto se inscriben en un marco constituido por los medios de comunicación, por una jerarquía socialmente construida de los sentidos y por supuestos epistémicos que ordenan lo percibido, dimensiones éstas que se modifican con el paso del tiempo (Lowe, 1986). Es decir, existe una construcción social de las percepciones que además se configura desde las diferencias derivadas de las posiciones que ocupan los agentes, en el contexto de determinadas relaciones desigualmente constitutivas del capitalismo. de las prácticas permite identificar características de los procesos sociales de un modo diferente al denominado sentido común. Esto no implica afirmar que los agentes sociales no son reflexivos y no tienen conciencia de lo que les sucede, de la pobreza en que viven, del dolor que ésta genera. 5 Una perspectiva opuesta a que postulo es la de Jürgen Habermas (1987). Para este autor, las percepciones son subjetivas y brindan certezas sensibles. “Todo el que sea dueño de sus sentidos, debería poder hacer (…), en otro acto de percepción, la «misma» percepción y poder estar seguro de ella. De ahí que las percepciones se hayan considerado a menudo paradigma del conocimiento en general y las teorías de la verdad se hayan desarrollado la mayor parte de las veces recurriendo a estos elementos, los más simples e indubitables del conocimiento (en alemán, incluso el propio término «percepción» [Wahrnehmung], hace ya referencia a la verdad). … Por mi parte, voy a defender la tesis de que la verdad pertenece categorialmente al mundo de los «pensamientos» (…) y no al de las percepciones” (Habermas, 1997:133).

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Los estudios que enfatizan las diferencias culturales, retoman la noción de percepción reconociendo que contienen una estructura biológica y sensorial que los agentes portan al nacer y les permite desempeñarse en los primeros años de vida. De allí que no se circunscriben al lenguaje sino que, al captar los objetos dispuestos en el mundo, se pone en marcha una aprehensión pragmática, desde los usos de las primeras cosas con las que se toma contacto.6 Esta primera aprehensión sensorial se va complejizando con la adquisición del lenguaje y encuentra variaciones entre diferentes sociedades, en una misma comunidad en distintos períodos o bien, al interior de la misma. Desde la antropología se ha puesto en evidencia las formas en que operan las percepciones según las culturas. Así, en Occidente, los olores del propio cuerpo son ocultados por perfumes, fragancias y aromas (Vargas Melgarejo, 1994) como si se intentara borrar la naturaleza, los vestigios de la animalidad. Más aún, todos los sentidos se hallan involucrados en procesos selectivos que se enraízan en los modos de clasificar el mundo que se aprehenden socio-culturalmente. Pero dicha selectividad opera en el juego de luces y sombras, de lo presente y de lo ausente, es decir, en el caso de la percepción del espacio ésta no solo se forma con lo que se ve sino también con lo que ha sido eliminado. Las personas que se han criado en diferentes culturas aprenden de niños, sin que jamás se den cuenta de ello, a excluir cierto tipo de información, al mismo tiempo que atienden cuidadosamente los contenidos de otra clase. Una vez instituidas, esas normas de percepción parecen seguir perfectamente invariables toda la vida (Hall, 2003). Emile Durkheim recurrió a los principios de clasificación para entender cómo las sociedades simples distinguían lo sagrado de lo profano, como base para la religión. (Precisamente esta idea reaparece como uno de los componentes del habitus, en la obra de Pierre Bourdieu). Tomando distancia de la fenomenología, el funcionalismo y las perspectivas culturalistas/idealistas, entiendo que la percepción se genera de acuerdo con los lugares sociales que ocupan los cuerpos; lugares diferentes y diferenciales sobre todo en una sociedad capitalista. Precisamente por la vinculación estrecha que tiene el perceptor en tanto sujeto encarnado en una posición, es que la corporeidad y el mundo conducen a no poder asociar la percepción con la imagen o el acto cognitivo de un individuo aislado, externo y puramente racional. Desaparece la idea de un observador ante el mundo como una cosa puesta frente a él, como 6 En el sentido en que Merleau Ponty refiere a la relación entre el asa de una taza y la mano, para tomarla.

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un “espectáculo o representación susceptible de ser aprehendido de un vistazo” (Bourdieu, 1999: 188). Esta es una primera característica que permite dejar de lado aquellas consideraciones respecto de lo externo y lo interno, de la percepción como una copia diferente de lo real o bien como una mediación entre el objeto y la representación; del realismo y el fenomenalismo. Percibir no es solo captar las impresiones de los sentidos, aunque eso sea una parte importante del proceso; involucra además componentes socialmente estructurados que reafirman la conexión cuerpo-mundo:7 La percepción del mundo social es el producto de una doble estructuración social: por la parte ‘objetiva’ esta percepción está socialmente estructurada porque las propiedades relacionadas con los agentes o las instituciones no se ofrecen a la percepción de manera independiente, sino en combinaciones de muy desigual probabilidad (…); por la parte ‘subjetiva’, está estructurada porque los esquemas de percepción y de apreciación susceptibles de funcionar en un momento dado (…) son el producto de luchas simbólicas anteriores y expresan, de manera más o menos transformada, el estado de las relaciones de fuerza simbólicas (Bourdieu, 1990: 288). Ocupar un lugar en el mundo es tener una posición que geométricamente siempre implica una relacionalidad con otros. En las sociedades capitalistas, los lugares son diferenciables y diferentes en relación con la capacidad de apropiación-expropiación de recursos, energías, bienes, servicios. Este lugar ocupado en la estructura social es uno de los componentes que hacen al agente-perceptor. Por este motivo, como vimos en el epígrafe del presente apartado, quienes trabajan en la recuperación de residuos ven como mercancía a aquellos objetos que para la mayoría sólo es basura. Sin embargo esto no implica un mecanicismo o una

7 Podría parecer una limitación recortar conceptos de la trama de relaciones que el propio Bourdieu ha generado, es decir, tomar percepciones sin considerar el campo, el habitus, el sentido práctico. El intento en este caso, es poder enriquecerlo con otros aportes teóricos e inscribir esta categoría de percepción en otra trama de relaciones conceptuales tal como he intentado hacer en mi tesis doctoral. En esta línea y aunque exceda las posibilidades de desarrollarlo en este escrito, es preciso advertir que las percepciones se conectan con las emociones, dentro de prácticas que realizan los agentes entendidos en su condición corporal y que en el marco de la sociedad capitalista existen lugares diferenciales en el espacio físico que es a su vez social.

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relación de causa-efecto. No todas las personas expulsadas ven en la basura la posibilidad de obtener ingresos. A la inversa, los acopiadores, que compran y venden residuos, son empresarios medianos y grandes para quienes la basura es también un negocio. Estas son combinaciones con probabilidades de resultados desiguales, entre las cuales se identifican algunas correlaciones y correspondencias. Para Bourdieu, la dimensión objetiva-estructural se complementa con la segunda. El componente subjetivo está formado por esquemas de percepción y apreciación que denotan una temporalidad anclada en las disputas que se dan en determinado campo, tal como sucede en la percepción artística y, en particular la que analiza el sociólogo francés en el Quattrocento. Al considerar las capacidades visuales de quienes podían gustar y disfrutar de las pinturas, Bourdieu indica que esa visión de época se forma a partir de lo que los sujetos hacen a diario, de lo que escuchan en los distintos ámbitos donde realizan sus actividades económicas, políticas, religiosas y que luego ponen en práctica en la vida cotidiana, frente a las obras de arte. Si bien los términos que utilizan para clasificar las obras son diversos y heterogéneos “tienen una estructura: se oponen o se ligan, se recubren o se engloban. Sería fácil trazar un diagrama donde esas relaciones estuvieran figuradas, pero sería introducir una rigidez sistemática que los términos no tenían y no debían tener en la práctica” (Bourdieu, 2003: 243). Los esquemas actúan como parámetros, como taxonomías que diferencian, ordenan desde la práctica y lo cotidiano, desde el mundo conocido por el cuerpo, por sus posturas, por sus maneras de estar que permiten distinguir y diferenciar objetos, agruparlos, contrastarlos con otros. Estos esquemas de clasificación se complementan y articulan con formas de apreciar, de valorar, del gusto respecto de dichos objetos. Estos esquemas que clasifican, que distinguen se configuran desde lo corporal, en función del lugar que se ocupa en la estructura social pero también a partir de los vaivenes y ondulaciones de las biografías que –aunque nunca se desprenden de sus condicionamientos objetivos- pueden presentar particularidades. Así pues, la percepción se configura socialmente a lo largo de la biografía,8 a lo largo del proceso de constitución de la corporeidad, a lo largo de la construcción intersubjetiva de la subjetividad. La exclusión de la información marca una primera

8 Esto permite considerar cómo intervienen los esquemas de anticipación o de tipificación que tanto en Goffman como en Giddens están presentes y, que en el caso de Bourdieu –más allá de otras diferencias que lo separan del último- podrían aparecer como esa tendencia que desde el sentido práctico se tiene frente al mundo, porque se lo conoce y se sabe con bastante certeza de sus formas.

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manera por la que aquello que se clasifica, ha sido ya previamente clasificado. Las percepciones tienen su reverso en todo aquello que no es percibido, por haber sido anteriormente eliminado. A título ilustrativo y tomando prestadas palabras de una de las recuperadoras de San Francisco, ellas juntan lo que les con-viene: lo visto como residuo se configura como en un juego de figura y fondo, a contramano de lo que es basura. Esto implica una suerte de proceso de filtración por el cual no percibimos toda la información que captan nuestros sentidos. Selectividad y filtración que se configuran desde lo corporal, desde la posición y condición social que se tiene. En el siguiente apartado describo el contexto estructural de la feminización del mercado de trabajo. 2. Mujeres pobres para trabajos pobres “(…) es necesario trabajar, ¿de qué otra manera podemos vivir si no trabajamos?” (T., Córdoba, 2008) Entrev.: ¿Para usted qué es el trabajo? / J: Bueno el trabajo es para ayudar a la casa o para que no nos falte la comida. / E: ¿Por qué piensa usted que la gente trabaja? / J: Porque hace falta (M., Córdoba, 2008) E: ¿Y para vos, más o menos, por qué la gente trabaja? / S: Y la gente trabaja porque a veces le hace falta la plata y tienen que mantener a sus hijos todo eso, entonces tienen que trabajar porque si no trabaja cómo vamos a tener, cómo van a tener plata” (S., Córdoba, 2008) (Fragmentos de mujeres recuperadoras extraídos de Carola, 2009, pp.56)

En América Latina, desde los ‘60, comenzó a aumentar la tasa de actividad femenina (en orden del 10% en 30 años), mientras bajaba 7% la de los hombres (Jelin, 2006). En Argentina, las mujeres masivamente ingresaron al mercado en esta década, en un contexto de movilidad ascendente promovida por los efectos de la industrialización. En este caso, “las principales protagonistas fueron las mujeres de clase media con alta educación, cuyos ingresos contribuyeron, en muchos casos, a la expansión del consumo familiar y del mercado interno” (Geldstein, 1994: 13). Esto permitió identificar una tendencia irreversible para las décadas siguientes (Rechini de Lattes y Wainerman, 1977), donde mujeres de distintos estratos socioeducativos tenían diferentes horizontes laborales (Sautu, 1979) que se articularon con representaciones de género donde lo femenino-maternal como cuidado podía aparecer en puestos de trabajo tales como la docencia o la enfermería, consolidando segregaciones horizontales y verticales.

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En virtud de los cambios en la dinámica económica del país, desde mediados de la década del ‘70, el contexto de crisis, movilidad descendente y desempleo creciente expandió la fuerza de trabajo femenina en los sectores bajos, donde las madres de familia en muchos casos se convirtieron en la fuente principal de ingresos. Esta tendencia se mantuvo en la década siguiente, cuando el empleo masculino en el sector de la industria y la construcción decayó (Geldstein, 1994). En los ‘90, la participación femenina continuó expandiéndose por el creciente desempleo de los jefes de hogar o la merma en sus salarios (Halperin Weisbord y Labiaguerre, 2009), en el marco de la apertura comercial, la paridad cambiaria, las crecientes importaciones y el consecuente cierre de fábricas pequeñas y medianas. En este escenario las mujeres siguieron ofreciendo su fuerza de trabajo aunque ésta no logró ser totalmente absorbida. Así, por ejemplo, en un periodo de crecimiento económico como 1993-1995, la tasa de desocupación femenina llegó a los dos dígitos, superando a la masculina (Cortés, 2003). En este marco, la feminización del trabajo se dio principalmente por factores de privación en lugar de elección, por necesidad y no por ‘carrera’, como parte de prácticas que buscaron mantener los ingresos del hogar, cuando el mercado laboral sólo ofrecía contracción, precarización de las relaciones de empleo y caída de los salarios (Halperin Weisbord y Labiaguerre, 2009). De este modo, feminización y precarización laboral se conjugaron con una masculinización del desempleo y la subocupación (Rodríguez Enríquez, 2001). Sin embargo las segregaciones horizontales y verticales mostraron que se mantenía una jerarquía de los hombres, quienes percibían mayores ingresos y sus tareas contaban con mayor prestigio (Aguirre, 2003). En este marco, la tradicional distinción entre varones y mujeres que predominó durante el siglo XIX y principios del XX, conocido como modelo de varón proveedor, tuvo en las últimas décadas un corrimiento hacia otra forma: el modelo de dos proveedores, en virtud de modificaciones en el mercado de trabajo que hicieron imprescindibles aumentar los ingresos de los hogares. El incremento de las mujeres en el mercado de trabajo, no solo como generadoras de ingresos complementarios en los hogares, sino en muchos casos el principal a partir del generalizado desempleo masculino en los ‘90 cuestionó la hegemonía masculina como el proveedor del hogar (Gil y de Anso, 2011). En términos estadístico esto se vio reflejado en América Latina en un aumento de la participación laboral del cónyuge-mujer, que pasó del 37% en 1990 a 47,6% en el 2002, haciendo que dentro de las familias biparentales en la mitad de los casos, el ama de casa se constituyese en un aporte permanente del ingreso familiar. En Argentina para el mismo período, en familias biparentales urbanas el incremento fue de 35,2% al 43,2% (Sunkel, 2006). Esto implica la 238

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emergencia de un nuevo patrón de comportamiento integrado por dos proveedores y una cuidadora (García y Oliveira, 2007; Martín Palomo, 2008), lo que se traduce para las mujeres en la doble jornada o la doble presencia entre las exigencias del mercado y las demandas de la vida (Carrasco, 2003).9 En este contexto, mientras el trabajo no perdía centralidad sino que se metamorfoseaba (Antunes, 2000), la precariedad permitió que, a contrapelo de la imagen de que ‘es pobre el que no trabaja’, se fue haciendo cada vez más visible que los pobres mantenían esa condición aun trabajando (Goldberg, 2005). Con lo cual, en estos hogares, el empleo femenino no es un indicador de realización de proyectos personales10 o de mayor equidad de género ante la extensión de nuevas oportunidades, sino de prácticas elementales para la subsistencia de familias que están cada vez más expulsadas. 2.1 Una descripción de la situación en Córdoba En Córdoba11 a fines del siglo XX, se pueden identificar dos etapas en cuanto al comportamiento del empleo femenino. En 1977 éste se redujo en un 19% debido al estancamiento en el sector de comercio y servicios que expulsó mujeres, al igual que la industria –principalmente textil-. Las consecuencias estructurales del nuevo modelo económico, acentuaron en 1980 los efectos de la desindustrialización y la paralización de la construcción. Como contrapartida, se produjo 9 La ‘triple jornada’ consiste en los tiempos y prácticas que las mujeres destinan en su participación en acciones colectivas, organizaciones barriales, entre otras (Andújar, 2005; Gil y de Anso, 2011). 10 A decir de Bell Hooks (2004: 33), sobre una feminista americana: “Se refería de hecho a la situación de un grupo selecto de mujeres blancas, casadas, de clase media o alta y con educación universitaria: amas de casa aburridas, hartas del tiempo libre, del hogar, de los hijos, del consumismo, que quieren sacarle más a la vida. Friedan concluye su primer capítulo afirmando: «No podemos seguir ignorando esa voz que, desde el interior de las mujeres, dice: “Quiero algo más que un marido, unos hijos y una casa”». A ese «más» ella lo definió como una carrera”. Estas expectativas no fueron distribuidas equitativamente entre las mujeres, ni siquiera al interior de los Estados Unidos. En esta línea, la mayoría de los casos abordados en esta presentación han trabajado desde niñas, en las calles, junto a sus progenitores. 11 En la primera década del siglo XX, Córdoba contaba con casi la misma proporción de mujeres trabajando que varones. CFR. Alessio (2012). Cuando desde el ecofeminismo se analiza la participación de la mujer en el trabajo rural, se observan diferencias de género y de clase social a partir de datos provenientes del Censo Nacional Agropecuario. Por ejemplo, la ocupación “operadores de ordeñadoras y otras instalaciones de tambo” involucra a un 38% de mujeres no familiares del productor frente a un 7% de mujeres familiares. CFR. Perona (2012). La referencia al ámbito rural se vincula a partir de la expulsión de mano de obra que durante los ´90 se generó en este sector. Muchas de las personas entrevistadas durante estos años han trabajado en el tambo, y luego llegaron a las ciudades para comenzar a juntar materiales reciclables, como una de las pocas alternativas laborales.

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un auge en el sector de servicios financieros que elevó el empleo femenino en un 33% frente a un nuevo retroceso masculino en 1980. Siguiendo la clasificación de la CIIU (Clasificación Internacional Industrial Uniforme), en 1974 más del 50% de las trabajadoras se concentraban en cuatro actividades: la fabricación de prendas de vestir –excluyendo el calzado-, la instrucción pública, los servicios médicos, odontológicos, otros servicios de sanidad y el servicio doméstico (esta última es una ocupación emparentada con la recuperación de residuos que muchas mujeres ya han efectuado, realizan en paralelo al reciclaje, o la hacen en reemplazo de éste). En la primera de dichas actividades “las mujeres representaban además el 75% del empleo de la rama 322 [textil excepto calzado] y éste a su vez, el 49% del total que trabajaban en la industria” (Alasino, 1991: 176), lo cual mostraba una segregación horizontal femenina en este sector que fue particularmente afectado en Córdoba en el marco de la desindustrialización. Considerando la segregación vertical, las mujeres estaban sobrerrepresentadas en puestos de baja calificación y sub-representadas en las de mayor nivel jerárquico. Es decir que, de la mano de la feminización del empleo crecieron las ocupaciones femeninas de baja calificación y, en menor proporción, las profesionales. Según el censo de 1980, las mujeres se ubicaban con más del 70% en cada una de las siguientes ocupaciones: enfermeras, profesoras/maestras, servicio doméstico y obreras, conformando el 36% de la fuerza de trabajo total (Alasino, 1991). La feminización laboral en Córdoba no remite a conquistas de género, por lo que no llega a subvertir el modelo varón-proveedor. La tendencia que se dio entre 1973 y 1984 da cuenta de un período en el que se produce una brusca caída de los ingresos que duplica la cantidad de ocupados que obtenían menos de media canasta familiar. Entre estos ocupados había una sobrerrepresentación de las mujeres, lo cual indica que la mayor participación femenina que se da después de 1977 resultó de presiones económicas generadas en los hogares en el marco de un extendido estado de carencias, fenómeno que se combinó con una atracción del mercado en puestos típicamente femeninos con buenos ingresos, dentro del sector servicios. En este sentido, la reducción de la diferencia en los ingresos entre varones y mujeres no se dio por un aumento de equidad, sino por “un mayor deterioro de los ingresos de los ocupados masculinos, como consecuencia de una pauperización general de la economía urbana” (Alasino, 1991: 183). Esta paradoja muestra menor desigualdad de género por un lado, pero mayor polarización y pobreza –es decir, distanciamiento entre clases- por otro. A la desindustrialización, tercerización, y pauperización se le suma la informalización, como parte del deterioro en las relaciones de trabajo. En 1974, los puestos peor remunerados, el cuentapro240

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pismo sin calificación profesional y el trabajo familiar sin remuneración eran las principales formas de inserción de las mujeres, dando cuenta así que existía, tal como se sostiene de manera convencional “un mayor grado de informalización de la fuerza de trabajo femenina” (Alasino, 1991: 187). La feminización del empleo se dio simultáneamente a la informalización. Según datos de la EPH de octubre de 1986, en Córdoba la tasa de participación de los varones duplicaba a las mujeres, sin embargo, considerando los niveles sociales aparecían notables diferencias en este último grupo. Los ingresos del estrato femenino alto duplicaban al respectivo de ingresos bajos. La inserción de las mujeres pobres se encontraba afectada por diversas variables entre las cuales se puede mencionar: el nivel educativo, las demandas del trabajo doméstico según las etapas del ciclo de vida, el nivel de ingresos que mostraba la inexistencia de diferenciación por género entre los pobres y, en el caso de las mujeres adultas, la desprotección respecto de la cobertura previsional dada la ausencia de una actividad laboral formal previa en la etapa de actividad. Considerando el primer factor, se observaba que a mayor nivel educativo se daba una mayor participación femenina en los grupos no-pobres, mientras que entre las pobres “sus tasas de participación se muestran poco sensibles ante variaciones en los años de escolaridad” (Montoya, 1993: 208): el 32.5% tenía hasta primario incompleto, el 26.2% indicó primario completo-secundario incompleto y el 31% contaba con un nivel medio completo y superior incompleto, sin valores en el superior completo. En cuanto al segundo factor, se advertían diferencias dentro de las mujeres pobres. Las cónyuges tenían una participación de 15.9% frente al 56.5% de las jefas de hogar, con lo cual éstas se posicionaban como proveedoras por ser amas de casa. Por otra parte, el desempleo era mayor en las mujeres pobres, aunque es posible que se vinculara con formas de desempleo oculto o bien con subempleo visible e invisible ligado a la informalidad. Si se comparan los períodos de convertibidad y post-convertibilidad, se identifican algunas tendencias notables en Córdoba en términos de empleo. Entre 1990-2002, las actividades generadoras de empleo no varían, aunque sí los datos relativos, dado que se incrementan fuertemente los servicios (hotelería, transporte, comunicaciones, entre otros), mientras decrece la industria. Dentro de este último, el rubro metalmecánico predominante en la ciudad, entre 1998-2002, perdió 25.000 puestos de trabajo. Estos cambios en la estructura productiva de la ciudad tuvieron repercusiones en el tipo de empleo ofrecido. Si en los ‘90 Córdoba estaba por debajo del total de aglomerados en cuanto a la tasa de desempleo, hacia 2002 la superaba en

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4% (25% de personas desocupadas frente al 21.6% del total de aglomerados). Sin embargo, los porcentajes de desocupados descendieron hacia 2006, en tanto aumentaba la precariedad del empleo desde la convertibilidad hacia la postconvertibilidad, concentrándose en la construcción y el sector textil. Hacia 2006 casi la mitad de la PEA estaba conformada por empleos precarios y desocupados. Otro aspecto a destacar es la relación entre nivel educativo y tipo de empleo, pues se advierte que a mayor nivel educativo hay menos participación en puestos precarios. Mientras el 66.3% se ubica en sin instrucción, el 22.2% tiene universitario completo, dentro de los que tienen empleos precarios. Por su parte, este tipo de puestos se concentra en las ramas de comercio, restaurantes y hoteles (23.3%), servicios (18%), construcción (17.4%) y servicio doméstico (15%). Considerando las causas del desempleo para 2006 en Córdoba se observa también la dinámica de la oferta y la calidad del empleo: el 14.52% había quedado desempleado por despido-cierre, el 14.48% por fin de trabajo temporario, el 11.1% porque le pagaban poco o no le pagaban. Si bien hubo más empleo en la post-convertibilidad, se destaca la informalidad en actividades que se incrementaron tales como la construcción, el servicio doméstico y el cuentapropismo no profesional (Valdés, 2010). Para 2010 el empleo precario era del 38.5%, el subempleo inestable del 11.3%, el desempleo abierto de 10,8%, mientras que un 39,4% tiene empleos plenos de derechos.12 Los trabajadores que buscaban más horas para estar ocupados alcanzaban el 28.4%, superando el promedio total de aglomerados excepto el desempleo abierto. Las mujeres presentaban mayores porcentajes dentro de los desempleados y en el caso de las ocupadas, condiciones más precarias que los hombres. En la relación con el sistema de seguridad social las mujeres y quienes no habían terminado el secundario carecían de cobertura o aportes (ODSA, 2011). Sin pretender lograr un registro exhaustivo de la evolución del mercado laboral en Córdoba y considerando la ausencia de estudios al respecto, es posible identificar que los procesos de reconfiguración del mercado laboral producidos a partir de las políticas de Ajuste Estructural, generaron modificaciones que perduran en el tiempo. Este proceso constituye uno de los componentes principales que generan condiciones de posibilidad para que la recuperación de residuos sea inevitable para determinados grupos. 12 El subempleo inestable comprende vínculos laborales que carecen de aportes previsionales y no tienen continuidad laboral, presentan baja remuneración y/o los acceden a programas de empleo. Los empleos plenos de derechos tienen continuidad y aportes.

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Ahora bien, si ponemos en paralelo las biografías de las mujeres recuperadoras entrevistadas, se advierten aspectos recurrentes más allá de las edades diferentes, del lugar de residencia, de la antigüedad y modalidad en la ocupación; aspectos que, en términos generales dan cuenta de sus posiciones sociales: bajos niveles educativos, tempranas y precarias inserciones laborales (vendiendo comida, abriendo puertas de taxis, limpiando casas, juntando cartones, entre otras), múltiples carencias de recursos, ingresos e infraestructura habitacional.. Para ellas, trabajar no ha significado una conquista en términos de géneros, de desigualdades, de patriarcados y de sumisiones. Solas o con sus parejas, en las calles o en los rellenos sanitarios encuentran no sólo un espacio de trabajo al juntar objetos que se vuelven materiales reciclables/mercancías. Son además lugares donde se encuentran otros recursos: ropa, comida, bienes de uso para el hogar. 3. Los esquemas de la percepción de ‘proveer como ama de casa’ “Porque ellos me daban el azúcar, la yerba, fideos que se rompían, así… todo bien preparado y me daban. Yo a la comida nunca me faltó con el carro” (S, carrera de Córdoba, 2008).

En el apartado anterior identificamos aspectos estructurales que dan cuenta de las posiciones y condiciones que ocupan y tienen quienes recuperan residuos; los lugares desde donde estos cuerpos precarios13 (Seveso Zanin y Vergara, 2012) clasifican, sienten y actúan en el mundo. En lo que sigue analizo un corpus de material que reúne diferentes instancias de investigación (individuales, colectivas, propias y de terceros), en distintos períodos y, a partir de la realización de diversas técnicas de producción de información (entrevistas semi-estructuradas, en profundidad, y registros etnográficos).14 En términos metodológicos tanto el uso de fuentes secundarias en la investigación cualitativa (Goffman, 1989; Scribano y De Sena, 2009) como la articulación de técnicas ofrece una complejidad y riqueza de información que al triangular

13 Entendemos la «precariedad corporal» como una determinada manera en que se configura una clase social, considerando la reproducción bio–social, las capacidades de acción–movimiento y la concepción del mundo, las cuales permiten visualizar las desventajas acumuladas que se traman entre los procesos de explotación económica, opresión política y expulsión social. 14 Ver Anexo.

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datos se constituye en una alternativa a la validez y fiabilidad (Flick, 1992). El interés de esta compleja trama de registros y voces se inscribe en el supuesto teórico de que más allá de las particularidades es posible identificar procesos y mecanismos de estructuración social, que se inscriben en los cuerpos y configuran modos particulares de percibir y clasificar el mundo. A continuación explicito los esquemas que conforman la percepción de proveer como ama de casa y luego presento fragmentos de entrevistas y de registros respectivos. Si bien es posible identificar una división del trabajo por géneros en la recuperación de residuos (Vergara, 2008), en esta oportunidad me interesa advertir que pese a su aparente contradicción, las mujeres perciben tan propia su responsabilidad respecto de lo doméstico que recorren las calles en busca de objetos –en sus diversos usos y destinos- para poder resolver diferentes demandas del hogar (Vergara, 2010). Los esquemas de clasificación (que operan de manera anticipada en tanto se construyen a partir de la relación entre espacio y tiempo social) de los objetos-mercancías buscados o recibidos en las calles se articulan con las prácticas cotidianas de resolución de las demandas de la casa. De este modo, se constituyen entre los pliegues de las experiencias que se dan en las familias y en las calles. Así, por ejemplo, permiten que se vuelva natural el hecho de que, porque hay que cuidar de otros y garantizarles la sostenibilidad de la vida, es que se clasifican los residuos y se maniobran los dilemas entre la “libertad-del-carro” (a decir de una de las entrevistadas) y las constricciones de una ocupación que tiene poco de cuenta-propia. El conjunto de esquemas que configuran esta (auto)percepción se asienta en un cruce entre desigualdades de clase y de género: tanto varones como mujeres proveen, pero las últimas lo hacen desde el lugar particular de sus condiciones materiales de vida y de feminidad. La percepción de proveer por ser ama de casa o jefa de hogar se forma, al menos, a partir de tres esquemas de clasificación: a) El esquema de la provisión por privación, que diferencia entre la libertad (es decir la elección de una carrera, una profesión, por la vocación) y la necesidad. Esto significa que las mujeres recuperadoras dan cuenta de sus comienzos en la actividad urgidas por las privaciones, movidas por sus biografías de calle cuando eran niñas, cuando cartoneaban con sus padres. Salen a trabajar por un conjunto de necesidades derivadas de las obligaciones domésticas y de la imposibilidad de que otro (el varón proveedor) las cubra parcial o totalmente, tanto en el caso de quienes están con sus parejas o bien, indefectiblemente quienes están solas con sus hijos. Lo específico de 244

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esta provisión es la obtención de materiales reciclables que se separan de la basura, esto nos conduce al segundo esquema. b) El segundo esquema lo denomino sagrado-versus-profano, cuyo primer término comprende al conjunto de materiales inorgánicos que hay que buscar, clasificar y cargar, como contrapartida de la profana-basura, de la que no se puede obtener ningún beneficio ni ingreso. Este esquema enlaza el primero y el tercero, en tanto es central para la realización de la provisión, y porque habilita a la conformación de la clasificación de lo que sirve al interior de lo “sagrado”. c) En el cruce de los dos anteriores, emerge un tercer esquema de clasificación vinculado a la provisión del hogar (afirmando el primer esquema) pero que surge desde el segundo. De este modo, se toman objetos que no se comercializan, sino que se destinan al uso directo (negando y afirmando el esquema sagrado-versus-profano). Así, se crea otra dimensión de lo sagrado-para-el-hogar, que consiste en el conjunto de objetos, ropa, bienes para la casa, que no se venden y que son reutilizados en los hogares. Ilustración 1.- Esquemas clasificatorios de la percepción de proveer como ama de casa

Fuente: elaboración propia.

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A continuación presento una tabla con las principales categorías que se construyeron desde el material analizado: Tabla 1. Categorías de análisis de la Percepción “proveedora como ama de casa”15 a) Esquema de provisión b) Esquema de lo sagrado por privación (reciclable y reutilizable) versus lo profano (la basura, lo que no sirve)

c) Esquema de lo sagrado para el hogar (los destinos de lo “sagrado” que no se vende)

*por necesidad cuando el *la identificación de los *comida cónyuge está desocupado materiales *ropa y calzado *por necesidad cuando la *las bolsas y sus contenidos *lo que puede llegar a servir mujer es jefa de hogar * lo sagrado según el precio más allá de los apremios *por necesidad, aunque el cónyuge trabaje, pues los *la segunda separación: el *lo que no se puede dejar de usar aunque esté roto recursos son insuficientes armado de los fardos15

a) En relación con el primer esquema, las mujeres recuperadoras ya sean jefas o cónyuges identifican que el ingreso a la actividad está impulsado por el imperio de la necesidad, vale decir, “cuando no alcanza”: La provisión por privación ubica a la necesidad como el móvil principal que define la incorporación a la actividad. Este esquema no es exclusivo de la recuperación de residuos, y puede operar dirigiendo las prácticas de las mujeres hacia otras ocupaciones como el servicio doméstico, por ejemplo. Sin embargo, al articularse con los otros dos esquemas de manera relacional configuran la percepción del proveer como ama de casa. De igual modo, expresiones similares podemos encontrar en varones, en el sentido de que deben llevar ingresos al hogar para sus familias, pero en este caso no es llamativo, ya que cumplen o se inscriben dentro de las formas habituales de clasificar el mundo y ubicarse en el espacio público, en tanto herencia social de género. En otros términos podríamos analizar que para ellos es problemático el desempleo en un sentido (narcisista) diferente al de la mujer. 15 Aunque los fardos se arman en una prensa en el caso de quienes trabajan en rellenos sanitarios,

los recuperadores que recorren las calles hacen pequeños fardos manualmente a los fines de facilitar su acopio y traslado hasta los depósitos en una de las fases de la ocupación que denomino ‘colonización de lo doméstico’. CFR. Vergara (2014a). En este sentido, esta categoría es más cercana a las experiencias de quienes están en las calles.

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*cuando el cónyuge está desocupado:16 L.: y bueno después ahí, trabajábamos sin nada... al aire libre, después se fue armando la cooperativa nos fueron haciendo eso... / Entrev.: ¿y cómo fue eso que te decidiste quedar ahí... que te…? / L: y porque mi marido no tenía trabajo... qué se yo una mala situación por eso... fui a trabajar allá... para mí era una ayuda eso (L., RS, Eta1º, Rafaela, 2013). *cuando la mujer es única sostén del hogar: Entrev.: ¿desde cuándo hace que realiza esto? / D.: y bueno, yo que lo estoy haciendo sola con los chicos hace dos años /E.: dos años, por qué digamos, cuál fue el motivo que comenzó para empezar a trabajar, a recolectar / D.: y antes lo hacía el padre con los chicos y ahora yo, como le digo yo que en la fábrica trabajaba el más grande este, eh lo juntaban se lo juntaban y él lo iba a buscar, así que como quedé sola con los chicos lo voy a buscar yo, lo voy a preparar, hago los fardos y voy yo (D., C, Eta2º, San Francisco, 2006). M: y yo tenía otra realidad, antes era ... eh empleada doméstica... bueno obviamente con 3 hijos sola, viste como que, esos empleos de horas... por ahí no, no terminan de cerrar el tema monetario(…) y bueno y sí encaré como viste toda persona que necesita ... (…) en su momento yo entre sí… por la necesidad sí ... de decir tenía que darle de comer a ellos y pagarme el alquiler (M., RS, Eta1º, Rafaela, 2013). *cuando no alcanza aunque esté el cónyuge: (…) me dijo que apenas hacía un mes que estaba allí, que antes trabajaba de empleada doméstica y que el marido se había puesto como un taller de carpintería pero que como no les alcanzaba, había empezado allí ya que su mamá también trabajaba ahí (Reg. Etnog. VM, RS, 05/06/2007). Entrev.: ¿y cuánto hace que se dedican a juntar cartones? / T.: y hará, hace dos años, no más que eso…y eso porque a veces no nos alcanzaba para dar de comer a los hijos que tenemos…no podemos darles un pedazo de pan duro… / E.: Y ¿por qué se les ocurrió eso? / T.: Porque veíamos muchos cartones en la 16 En adelante las referencias son: inicial de nombre de pila ficticio; lugar de trabajo (relleno sanitario o calles); tipo de técnica (entrevista 1º, entrevista 2º o registro etnográfico), ciudad (Córdoba, Villa María, Frontera/San Francisco, o Rafaela) y año.

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calle, entonces nos dedicamos a eso a juntar cartones o cosas así que encontramos… (T., C, Eta 2º, Frontera/San Francisco, 2006). b) El segundo esquema consiste en la diferenciación dentro de lo desechado de aquello que sirve y lo que no sirve, de lo sagrado que se aparta de lo profano. A través de los pliegues de las distintas modalidades, circunstancias y lugares en que se realiza la ocupación de recuperar residuos, existe un esquema (central en la percepción de la propia actividad y que comparten todos aquellos que se dedican a esto), por el cual se distinguen, clasifican y agrupan los objetos. Hay una basura de segundo orden que resulta de las prácticas de clasificar: eso que ya no sirve, lo que no se junta, lo que va a la tolva.17 El esquema de lo profano/sagrado expresa metafóricamente que los recuperadores clasifican objetos de manera diferente al resto de los agentes sociales que no se dedican a esta actividad. Basura para ellos, es el cotidiano universo al que tienen que sumergirse desde el comienzo; es un fondo desde donde emergen como figuras los objetos reciclables, cuya identificación viene pre-establecida por los depósitos o por los grandes acopiadores en virtud de las variaciones de precios del mercado. Así pues, dictaminan cómo clasificar el cartón, cómo separar las botellas de PET (con o sin tapa, cristal y color), cuál no se comercializa (tal el caso del telgopor o la tela, en algunas ciudades). Este conocimiento que se construye en el tiempo muchas veces se realiza de la mano de otros recuperadores ya expertos. Los compañeros enseñan en una cooperativa, la cinta adiestra en el relleno,18 el dueño del depósito indica cómo hay que separar para ganar más. *la identificación de los materiales: S: viste yo no sé los precios, ni tampoco sé qué es lo que es una cosa u otra, ellas [refiere a las compañeras de la cooperativa] me van enseñando / Entrev.: vas aprendiendo sobre la marcha / S: voy aprendiendo día a día qué lo que es, ves ¿esas botellas? yo no las conozco, yo las rompo porque no sé, y bueno, y ellas me van enseñando las cosas que... qué es para reciclar, cuál el precio de una, el valor de otra” (Soledad, C, Eta1º, Córdoba, 2008). 17 Se le denomina a un carro dispuesto al final de la cinta de clasificación que, luego de ser llenado, es llevado por un tractor hasta el lugar de enterramiento. 18 Suele ser habitual cuando alguien comienza a clasificar en un relleno, se lo ubique en la cinta para que vaya conociendo los materiales y aprenda a diferenciarlos. Es interesante cómo la construcción de los esquemas de percepción se halla íntimamente enlazada con las prácticas y los sentidos sensoriales.

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Entrev.: ¿cómo era?, Uds. entraban y después ahí ¿qué hacían? / D: y sacábamos el cartón, la botella, el diario, trapos, ropas, lo que nos servía… (...) / E.: Cuando entraban al basural juntaban todo… ¿qué sería todo? / D: Ropa, calzados, trapos, botellas, cartón, lo que es papel… (...) un tiempo iba [al basural]… iba con un motito con el carro, pero dejé… a veces tenía que ir de noche, y ahora con eso que te piden mil cosas para circular. Lo hice una o dos semanas. / E.: ¿Y rendía eso algo? / D: y no. / E: Y ahí ¿qué juntaba más que todo? / D: el cartón y la botella. (Dalma, RS, Eta.2º, San Francisco, 2006). *las bolsas y sus contenidos: la basura o el material: E: cuando llegas allá [relleno sanitario] rompés las bolsas, por supuesto porque no vas a traes mugre a tu casa… (...) Me llevo la bolsa grande y llego a casa, después llego y busco separo lo que sirve y no sirve, siempre teniendo cuidado de las víboras, arañas, perros muertos…y… hay que tener cuidado porque podes terminar en el hospital, una cosa de esas no podes (Ester, RS, Eta2º, San Francisco, 2006). Entrev.: y usted ¿cómo se va dando cuenta donde puede haber algo que...? / B: yo me doy cuenta la bolsa, por el bulto (Bibiana, C, Eta 1º, San Francisco, 2008). L: y ahora no salen tantas cosas que te sirven viste por ahí... / Entrev.: aja / L: y menos esa basura / E.: aja / L: en esa basura por ahí no sacas nada, no esa basura casi nada... más que plásticos esas cosas... qué sé yo por ahí podes encontrar algo, un par de zapatillas, una remera... algo que te pueda servir pero sino... esa basura no tiene nada / E: es mucha... / L: mucho material (L, RS, Eta 1º, Rafaela, 2013). *lo sagrado según el precio: V: mirá, hace como dos semanas atrás, no, [se corrige] un mes casi atrás no se estaba comprando nada ¿eh?, el cartón vos lo ves, lo vas a ver siempre en las calles ahora y si está creo que a quince centavos, no te lo pagan nada (V, C, Eta 1º, Córdoba, 2008) H.: así que bueno sí hasta que conseguí trabajo gracias a Dios y bueno... lo dejé pero vos sabés que por ahí me dan ganas de juntar... porque veo en la calle cartón y cartón y cartón y digo ‘¿nadie lo junta ahora?’ (risas). Sí está

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bien que lo pagan poco pero yo digo... si lo juntaran mirá vos lo que pienso ¿no?, no lo juntan porque dicen que no lo pagan como lo estaban pagando antes, pero yo digo lo juntan, tantos cartones que hay ahora encima con esto acá de las fiestas hay cartones pero cartones por todos lados, un montonazo y te juntás varios kilos y te hacés unos pesitos ¿no cierto? Decí que yo no lo tengo acá al carrito porque sino soy capaz de agarrar una noche y salir a juntar cartones (H., C, Eta1º, San Francisco, 2008). *la segunda separación: el armado de los fardos: A.: entonces los cartones, no, tengo que cruzar el carrito por el otro lado, lo entro por allá atrás y lo dejo cargado, y al otro día me levanto y me... ya los empiezo a atar. Lo enfardo bien y lo voy poniendo arriba del banco (…) no, a la mañana nomás apenas me levanto, tomo unos mates, después ya me pongo a atar el cartón por un lado, el diario por el otro lado, el diario lo enfardo aparte / Entrev.: aparte / M: sí, el diario va aparte, las revistas van aparte, todo eso (A, C, Eta 1º, San Francisco, 2008). R.: y bueno, las botellas tengo los tachos, como ser eso va todo roto viste, y el cartón tengo el galpón viste, (…) después tenés que atarlo a los cartones, los cartones... tenés que atarlo (…) atarlos, guardarlos nada más para que no se mojen, no se echen a perder” (R, C, Eta. 1º, San Francisco, 2008). c) El tercer esquema consiste en los destinos de lo sagrado que no se vende, el cual se da simultáneamente y se desprende del anterior, durante la práctica manual, visual, sensorial, auditiva de clasificar. Supone identificar cosas que sirven para usar, inclusive para comer, para regalar, para dar a otros integrantes de la familia, a los vecinos. Por momentos, la identificación de estos objetos parece más importante que los materiales reciclables que quedan como en un segundo plano. Muchas veces, en las calles recuperar residuos no aparece con tanta prioridad como sí lo es, el hecho de conseguir negocios (despensas, verdulerías o carnicerías) que les provean a diario de alimentos o restos de comida para quienes tienen animales (sean caballos, perros o cerdos) y, además cartones o botellas. En el caso de las mujeres, los objetos tienen destinos claros identificados previamente por conocer el ámbito doméstico, por conocer sus carencias. No se encuentra todo lo que se necesita, pero (casi) todo lo que se encuentra se lleva, aunque esté roto. 250

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*comida: B: es lindo porque no te falta nunca de comer, porque siempre te hacés negocios de un restaurante o de una panadería y vos sabés que vos siempre vas a esos lugares y siempre vas a tener la comida del día (B, C, Eta2º, Córdoba, 2008). S: porque ellos me daban el azúcar, la yerba, fideos que se rompían, así... todo bien preparado y me daban. Yo a la comida nunca me faltó con el carro (S, C, Eta1º, Córdoba, 2008). B: la señora allá donde voy a retirar las cosas, las botellas, el otro día me dio ravioles, canelones, asado, esos pollos que vienen mechados qué sé yo, con palitos, qué sé yo (…) ésa es la diferencia, que usted trabaja en un lugar ¿no cierto?, usted tiene que ir a comprarse la ropa, tiene que ir a comprarse el calzado... en cambio nosotros tenemos todo ahí... tenemos todo, lo único que tenemos que comprar, el azúcar, ni yerba porque la yerba también nos dan (B, C, Eta1º, San Francisco, 2008). *ropa, zapatillas, útiles, platos: E.: sí, rinde porque traíamos botellas, ropa que tiran… y sí porque hará dos años… no sabes la cantidad de ropa… la otra vez encontré una bolsa grande con cuatro delantales para mis nietos… ¡nuevos!... ropa. Los he vestido a todos mis nietos… (E, RS, Eta2º, 2006, Frontera/San Francisco). I.: sí, yo sí, eso lo he hecho varias veces [hurgar las bolsas], saco platos, vasos... ya me traje como dos o tres floreros / Entrev.: ¿ah sí? / I: sí, cosas que venden ahí por el centro ya, he sacado platos, tazas, vasos… algunos me llaman, alguna gente me dan así, cubiertos todo eso (I., C, Eta1º, San Francisco, 2008). [mientras clasificaban en la cinta] (…) Al costado de la mujer de gorro naranja había un jean, una bufanda, (…) una lapicera, un par de zapatillas. En diversos momentos observan un objeto, o bien lo separan enseguida, y apenas tienen un tiempo lo observan con detenimiento y luego lo vuelven a la cinta o lo ponen detrás de ellas. La otra mujer separó una bolsa con discos compactos, ropa de niños (…) (pensé que en esto se parecen a los recuperadores de las calles, que son como las ‘extras’ o los premios por el trabajo) (RS, Reg. Etnograf., 13/06/2013).

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*lo que puede llegar a servir más allá de los apremios o las necesidades: N: no ves que yo llevo todas las recetas acá y me dice, ‘¡qué! si vos no tenés plata ¿cuándo lo vas a hacer? y juntás papeles, juntás más’... llevo revistas, y le digo ‘no sé, algún día voy a tener plata y todo esto lo voy a comprar’ / Entrev.: sí es cierto porque hay recetas que son…/ N: ‘todo esto -le digo yo-, voy a comer algún día’ (…) sí, si vos vieras yo acá cuando voy, una bolsa seguro, seguro es papeles, llevo cosas de la escuela para los chicos, recetas de comida, cosas de... de moda a veces o leer (…) el otro día llevé un libro del parto sin dolor (¿?) se lo voy a dar a [su hija] para que cuando ella se case y sea mamá... (N., C, Eta1º, Córdoba, 2008). Entrev.: y las cosas esas que así que encuentran que pueden traer eso que me decías recién del cotillón qué sé yo, son cosas que entusiasman como para seguir yendo... ¿o cómo lo ves vos? / L: qué sé yo, eso / E.: ¿cómo es eso? / L: eso lo iba trayendo [cotillón que encontraba para la fiesta de cumpleaños de su hija]... qué sé yo (risas) porque sabía, bueno lo fui juntando de así, de a poco (L, RS, Eta1º, Rafaela, 2013). *lo que no se puede dejar aunque esté roto: R: sí, sí, no, venderlo no, no, eso ya no lo vendo, no eso ya lo dejo para la casa... / Entrev.: si sirve para la casa... / R: sí, sí, lo de la casa no vendo nada, no, no, no, yo no lo vendo viste (…) mirá, esa mirá cómo estaba rota ahí [muestra una copa de champagne] / E: está un poquito marcadita ahí / R: claro, esa ya no la venden... y esa porque está ahí y ya no las venden, ellas las tiran y yo les he puesto un tarro, un fuentón y ellas me las juntan para el vidrio viste, pero yo miro lo que sirve... (R, C, Eta1º, Frontera/San Francisco, 2008). (…) L. encontró una bolsa con ropa de señora, trajes y blusas. No estaban rotos ni descocidos. (…). Yo le di un patito con ventosas para poner en el baño para su nieto y un resaltador verde. Luego encontré una bolsa con carteras, 3 o 4 había, de tela y una tejida que estaba rota. Las miré (me siento naturalmente movida a revisar eso, aunque no me lo llevaría…), a una le faltaba un cierre y la otra estaba bien. Le pregunté a L. si la quería, le dije que yo usaba morrales, me dijo que se las iba a dar a una señora que le cambiara el cierre y que se las daría ‘a la madre’ (RS, Reg. Etnograf., 06/09/2013).

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Estar en las calles juntando residuos o bien, clasificando en un basural, en un relleno sanitario, permite obtener objetos de otros, usados. A diferencia de otras circunstancias,19 en el relleno, en las calles, donde existe una mediación en esa relación inter-clase de la desigualdad encontrar cosas-de-terceros parece un logro propio, el resultado de la suerte, una forma de ‘ayudar’ que tiene un extraño recorrido a través de los camiones de recolección de la basura, o de la disposición en bolsas. En este sentido, la primer clasificación donde se separa la basura (lo profano) de los materiales reciclables (lo sagrado) parece un ritual de pasaje, un sacrificio que se compensa con el acceso a los otros ‘premios’, a lo que se puede llevar uno como-si-lo-hubiese comprado. En otro lugar (Vergara, 2012) he profundizado esto como indicios de la configuración de una sensibilidad de los desechables, es decir un conjunto de percepciones y emociones por las cuales natural y desapercibidamente las mujeres recuperadoras se sienten a disposición de los objetos/ residuos, dependiendo de éstos, acostumbrándose a su convivencia, reconvirtiendo en ese vínculo la propia subjetividad: los objetos desechados confirman la desechabilidad de lo humano. En este sentido, volver a los hogares para estas mujeres tiene una particularidad: la provisión se configura en ese cruce siempre incierto e inestable entre lo que se gana por el cartón y lo que se consigue para comer, para vestir, para usar. A modo de conclusión A lo largo de estas páginas traté de exponer un argumento que podría sintetizarse en los siguientes tópicos: -una forma posible en términos teórico-metodológicos de conocer las experiencias de quienes viven en la expulsión, es a partir de las percepciones (constituidas desde el cuerpo que conoce el mundo y, desde donde el capitalismo expropia energías), -junto a esto, la feminización del trabajo precarizado tiene características específicas en el caso de las mujeres pobres, cuyos cuerpos han sido expulsados socialmente pero pueden en el caso de las recuperadoras, prestar aún energías para la transfiguración de los residuos en mercancías, 19 Es el caso de quienes trabajando en el servicio doméstico reciben bienes, de parte de esa familia de ropa que ya no usan, tal como relataba la hermana de dos recuperadoras de Córdoba, que limpiaba y cuidaba los hijos de una familia de un barrio de nivel socioeconómico alto.

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-la percepción del propio trabajo se inscribe desde el cruce de los dos espacios (físicos y sociales) que conocen muy bien desde pequeñas: lo doméstico y las calles, la lógica de la vida y de la ganancia. Esto permite identificar las prácticas de proveer recursos al hogar no como una disputa a la hegemonía masculina, sino como una manera de (sobre)vivir, una manera de estar en el mundo, fuera y dentro de sus hogares. Los esquemas de clasificación, apreciación y anticipación de los objetos-mercancías buscados o recibidos en las calles se articulan y son configurados de manera dialectizada con las responsabilidades domésticas. De la relación que se entabla entre los tres esquemas de clasificación descriptos en el último apartado se configura la percepción que las mujeres recuperadoras tienen respecto de sí como proveedoras en tanto no se desprenden de sus ‘obligaciones domésticas’: proveen porque conocen las demandas de su hogar. La relación entre percepciones, cuerpos y trabajos se inscribe en procesos de carácter estructural que tienen que ver con: -la permanencia de formas metamorfoseadas de plusvalía derivadas de las características de la recuperación de residuos, que he denominado ‘paradoja de la recuperación’, pues los que se recuperan son los materiales a costa de la expulsión social de varones, mujeres y sus familias; -el incremento de distancias y brechas entre clases sociales que alertan sobre la polarización y fragmentación social, lo que se advierte en el hecho de que se sobre-vive viviendo de las sobras; -y, el aumento de obligaciones (laborales y domésticas) que no siempre encuentran modos de ser compartidos con el cónyuge (porque no está o porque estando no se involucra), lo cual da cuenta de una feminización de las responsabilidades (propias de la ocupación y propias del cuidado). A decir de Bourdieu, la dominación que recae en las mujeres parece nunca tomarse descanso, ni dentro ni fuera del hogar. El análisis de las percepciones es un momento de indagación que permite comprender las formas cognitivas de la dominación hecha cuerpo, lo cual nos lleva a interrogarnos por las relaciones con lo afectivo. Si bien esta dimensión no fue abordada en estas páginas, a fin de poder profundizar en lo perceptivo, cuerpos, percepciones y emociones constituyen una trama de categorías posible para profundizar el entendimiento de las experiencias de quienes viven en la expulsión, pero trabajan para la economía formal de los residuos, sobre-viviendo de las sobras. 254

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En el caso de las recuperadoras, es posible hipotetizar en la presencia de una tensa dualidad entre el orgullo por conseguir bienes y recursos para satisfacer las necesidades urgentes del hogar, y la melancolía por lo que no se pudo ser; entre la alegría por encontrar ropa ‘gratis’ y la desazón de ‘no le va nadie de la familia’ o no tengo cuándo ponerme eso; entre la astucia de hallar entre los vidrios una copa de champagne, y la amargura de saber que se debe usar rota con un poco de sidra para las fiestas. La lógica del capital, en su dimensión más sutil de la gestión de las sensibilidades y las percepciones, parece encontrar formas para que las tensiones no advengan en contradicciones, que lo ambiguo parezca complementario, que los sacrificios encuentren siempre recompensas. Quedan sin embargo, abiertos los surcos para que en los pliegues y reveses de estas prácticas se conserven aun acorralados, los afectos por la vida, el sentir que importan los otros de la familia en tanto humanos, la certeza de que el cuidado supera con creces la sumisión. Bibliografía AGUIRRE, Rosario (2003) “Ciudadanía social y el trabajo de las mujeres en el contexto de la globalización. Apuntes para la formulación de políticas alternativas”, en: Magdalena León (comp.), Mujeres y trabajo: cambios impostergables. Brasil: Veraz Comunicação. pp. 50-57. ALASINO, Carlos (1991) “Estancamiento económico e inserción femenina: el caso del mercado de trabajo en la ciudad de Córdoba”, en: María del Carmen Feijoó (comp.), Mujer y sociedad en América Latina. Buenos Aires: FLACSO. pp. 163-198. ALESSIO, Constanza (2012) “Las mujeres en el mundo del trabajo, ciudad de Córdoba, 1904-1919”. Revista Prohistoria Vol. 17, pp. 51-76. Disponible en: http:// www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1851-95042012000100003&script=sci_arttext. Fecha de consulta, 10/01/2015. ANDÚJAR, Andrea (2005) “Mujeres piqueteras: la repolitización de los espacios de resistencia en la Argentina (1996-2001)”. Informe final del Concurso: Poder y nuevas experiencias democráticas en América Latina y el Caribe. Programa Regional de Becas Clacso. Disponible en: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/becas/ semi/2005/poder/andujar.pdf. Fecha de consulta, 10/01/2015. ANTUNES, Ricardo (2000) “Las metamorfosis en el mundo del trabajo”. Nómadas N° 12, pp. 28-37. BOURDIEU, Pierre (1990) Sociología y cultura. México: Grijalbo. ___________ (1991) El sentido práctico. Madrid: Taurus Ediciones. 255

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Anexo Detalle de fuentes primarias y secundarias utilizadas, según técnicas y lugares Técnica/ Tipo de fuente Entrevistas en profundidad

Primaria

Secundaria (colectiva)

Córdoba, 2008(a) San Francisco, 2008(a) Rafaela, 2013(b)

Entrevistas semiestructuradas Registro Etnográfico

Secundaria (individual)

Córdoba, 2008(d)

San Francisco y Frontera, 2006(e)

Villa María, 2007(c) Rafaela, 2013(b)

Aclaraciones: (a) Entrevistas realizadas en el marco del trabajo de campo para la tesis doctoral. (b) El material surge del trabajo de campo realizado en esa ciudad en el marco de mi beca posdoctoral de Conicet. Título del proyecto: “El trabajo y la soportabilidad entre los desechos. Tramas corporales, percepciones y emociones de recuperadores de residuos en los rellenos sanitarios de Rafaela(Santa Fe) y Villa María(Córdoba) en la actualidad”. (c) Registro obtenido en una instancia de aproximación etnográfica que realicé en Villa María, en el marco del seminario homónimo que dictó el prof. Aldo Ameigeiras en la Maestría en Ciencias Sociales UNC. (d) Corresponden a las entrevistas semiestructuradas que realizó en Córdoba, en 2008 Martín Carola para su tesis de licenciatura en Sociología, y que utilicé con su autorización, como fuente secundaria para mi tesis doctoral. CFR. Carola (2009). (e) Entrevistas semi-estructuradas realizadas en San Francisco en el año 2006 por el grupo de Estudios Serafín Trigueros de Godoy perteneciente al Programa de Estudios de Acción Colectiva y Conflicto Social CEA-UE Conicet, del que formé parte. Muchas entrevistas se realizaron en la localidad vecina de Frontera, provincia de Santa Fe, de la cual San Francisco, se halla separada sólo por una avenida. Esta proximidad genera condiciones para que los recuperadores que viven en Frontera se trasladen 3 ó 4 km. aproximadamente para juntar cartones, botellas en la ciudad cordobesa, incluso vender sus materiales allí.

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Epílogo A noção de Sujeira entre as fronteiras do Estranhamento e do Pertencimento1 Mauro Guilherme Pinheiro Koury Introdução Este trabalho busca compreender as representações sociais sobre o que é sujeira na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, Brasil.2 O seu principal objetivo é o de levar o leitor às experiências, reflexões e comparações enunciadas pelos indivíduos que se dispuseram a responder a pesquisa que serve de subsídio para este trabalho. Este artigo parte do princípio de que não são apenas as regras ou as normas de condutas de uma sociabilidade que abrangem a noção de imaginário social, mas como os homens, enquanto indivíduos e enquanto grupos e coletividades, as percebem, as aspiram ou as denunciam enquanto práticas sentidas ou experimentadas no dia a dia de uma sociabilidade, e que contribuem para a escultura de modos e estilos de vida e de condutas morais. Os processos culturais e sociais para serem compreendidos necessitam de que se aceite a existência de algo a mais que os abrange e transpõe. É através da noção de imaginário social, segundo Durand (1989, 1982), que se tenta abarcar esse algo a mais. De acordo com Castoriadis (1982), o imaginário social usa a dimensão do simbólico para existir e se exprimir, ao mesmo tempo em que pressupõe e necessita da capacidade imaginária de designar significações. Neste sentido, o imaginário social dispõe e coordena a realidade social e é trabalhada por ele, em um constante movimento de interpenetração e trocas: o imaginário social, assim, pertence ao campo das representações sociais. 1 Artigo com reformulações originalmente publicado na RBSE–Revista Brasileira de Sociologia da Emoção Vol. 10, N° 29, pp. 218-254, ISSN 1676-8965, 2011. 2 É fruto de uma pesquisa sobre o que é considerado sujo ou sujeira realizada pelo GREM, sob a coordenação do autor, em seis capitais de estados brasileiros. As capitais onde a pesquisa foi realizada, além de João Pessoa (Paraíba), foram as de Recife (Pernambuco); Belém (Pará); São Paulo (São Paulo); Curitiba (Paraná) e Brasília (Distrito Federal).

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O pertencimento da dimensão do imaginário ao campo das representações ocorre no processo de tradução de uma realidade apreendida através da experiência social e cultural cotidiana que permite a ação social e as relações e interrelações possíveis entre indivíduos e entre indivíduos, grupos e sociedade. A realidade social arquitetada pela ação dos homens em relação, deste modo, é fruto desse processo, onde indivíduos e sociedade se interpenetram e se autoagenciam. Este artigo parte, assim, do entendimento da noção de imaginário social, pertencente ao campo das representações sociais, e que atua na forma de uma rede de significados, de percepções e de sensações por onde se interpenetram e se autodefinem, - em movimentos permanentes de tensões, - valores, crenças, símbolos, mitos, aspirações, medos e receios, esperanças e ideologias que asseguram um modo de viver social, e, no caso específico aqui trabalhado, os referenciais nacionais e locais dos informantes da pesquisa analisada. É através do imaginário que as sociedades delineiam suas identidades e objetivos, detectam suas afinidades e desafetos, suas noções de semelhança e de dessemelhança, de pertencimento, de fronteiras e estranhamento, e organizam sua temporalidade (Koury, 2001), como passado, presente e futuro, ou em seus aspectos plurais onde se articulam as categorias de tempo e espaço de variadas formas erigidas, sentidas e determinadas por uma coletividade, em seus entrecruzamentos locais e nacionais (Baczko, 1984, 1985). O imaginário social se expressa, deste modo, pelas apreensões do cotidiano, tanto quanto por ideologias e utopias, e também por símbolos, alegorias, rituais e mitos. Tais elementos configuram e reconfiguram não exclusivamente as normas, preceitos e procedimentos que regulam comportamentos e práticas sociais, mas, igualmente, instâncias afetivas e estéticas que contribuem para a formação, conformação e andamento das ações sociais e das visões de mundo. O que permite a moldagem de condutas e estilos de vida, em movimentos contínuos ou descontínuos de preservação da ordem, podendo agir como fator de coesão social, de um detectar de descontentamentos ou de introdução de mudanças. Este trabalho busca compreender as representações sociais sobre o que é sujeira na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, como já dito anteriormente, a partir de uma pesquisa realizada em seis capitais de estados no Brasil. O seu principal objetivo é o de levar o leitor às experiências, reflexões e comparações enunciadas pelos indivíduos que se dispuseram a respondê-la. Parte do princípio de que não são apenas as regras ou as normas de condutas de uma sociabilidade que abrangem a noção de imaginário social, mas como os homens, enquanto indivíduos e enquanto grupos e coletividades, as percebem, as 262

Epílogo

aspiram ou as denunciam enquanto práticas sentidas ou experimentadas no dia a dia de uma sociabilidade, e que contribuem para a escultura de modos e estilos de vida e de condutas morais. O imaginário social também é alvo de disputas e de formas diferentes de apreensão do real, já que interpreta a realidade e suscita a adesão a determinados sistemas de valores, ao mesmo tempo em que motiva à ação (Durand, 1969). O uso de tal definição torna possível, neste artigo, por fim, compreender não apenas como os indivíduos, grupos ou nação percebem a realidade, mas também como atuam nela, ou a aspiram, em decorrência dessa percepção. Ter o imaginário social como objeto de estudo, deste modo, é buscar a compreensão de como os moradores da cidade de João Pessoa, que serviram como informantes nesta pesquisa entendem, interpretam, discursam e julgam e, ao mesmo tempo, sentem, aspiram e atuam a realidade em que vivem, a partir de suas experiências cotidianas em suas casas, seus bairros, seu estado e seu país, através de uma categoria a eles indicadas para a reflexão: os conceitos de sujo e sujeira.3 Este artigo elenca as principais categorias levantadas pelos respondentes, em suas considerações sobre o que consideram como sujeira, e discute a importância desta noção para o entendimento de como os informantesas apreendem e as denunciam, enquanto exercícios sentidos ou experimentados no cotidiano de uma sociabilidade, e que colaboram para a modelagem de modos e estilos de vida e de condutas morais. A questão do que é sujeira é uma problemática que perpassa a construção teórica das Ciências Sociais desde o seu início. O lidar com o que é puro ou impuro está presente nos dois principais teóricos construtores da escola sociológica francesa, Durkheim (1996) e Mauss (1974), tanto quanto de seguidores como Lévi -Strauss (1970) e Louis Dumont (2007), e se expressa em formas próprias, à luz da análise durkheimiana, no clássico livro Pureza e Perigo da antropóloga inglesa Mary Douglas (1976). Está presente também nos estudos de Norbert Elias (1990 e 1993), quando de sua análise sobre o processo civilizador e sobre o conceito de vergonha, tanto quanto na análise de Erving Goffman (1988, 1967) e seus estudos sobre o estigma e sobre os processos de embaraço e constrangimento, bem como nos trabalhos de Pierre Bourdieu (2007) sobre os processos de distinção, e de Richard Sennett (1998, 1972) sobre o declínio do homem público e sobre as lesões ocultas de classe, entre outros. 3 As noções de Sujo e Sujeira foram usadas com o mesmo significado pelos informantes, sem diferenciá-las entre si. Este artigo, neste sentido, também trabalha as duas noções sem diferenciá-las, respeitando as enunciações dos respondentes à pesquisa.

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Recuperadores, residuos y mediaciones

No Brasil, o tratamento da temática é mais recente e ocorrem principalmente nas análises sobre a vida cotidiana. Martins (1999, 2008) e Koury (2003, 2008) são dois autores, entre outros, que tem trabalhado a questão. O primeiro, em sua coletânea sobre as noções de vergonha e decoro, debruça-se sobre a questão nos seus estudos sobre o poder da vergonha, a condição de estranho, o decoro nos ritos de interação e o nojo; e na sua investigação sobre as mediações culturais do cotidiano operário discute a questão dos odores, sons e cores entre moradores da periferia da cidade de São Paulo (São Paulo). O segundo autor, por sua vez, discute a problemática da vergonha na vivência do luto entre moradores de classe média das vinte e sete capitais de estados brasileiros; e a questão dos medos corriqueiros, traduzidos em estranhamentos, estigmatizações e quebras de confiança entre os moradores da cidade de João Pessoa (Paraíba). De uma forma mais fragmentária, vários outros autores discutem a problemática da sujeira, da impureza, do pudor e suas correlações com a questão das conceituações sobre classificações sociais, muitos deles estão presentes na literatura utilizada no decorrer deste artigo. Este trabalho, no seu conjunto, encontra-se constituído em duas partes, além da introdução e das considerações finais: na primeira, se faz uma caracterização dos entrevistados na cidade de João Pessoa e, se oferece noções básicas da pesquisa que serve de base ao artigo, para, na segunda parte, discutir as categorias encontradas nas respostas dos informantes. Informações sobre a pesquisa Durante o primeiro semestre de 2009 foi realizada uma pesquisa em seis capitais de estados brasileiros com o objetivo de saber quais as representações sociais dos informantes sobre sujeira no âmbito de suas cidades e no Brasil de hoje. A aplicação dos questionários para o desenvolvimento desta pesquisa se deu durante o trabalho de campo para a coleta de dados para uma pesquisa maior, sob a coordenação do autor, intitulada Medos corriqueiros e Sociabilidade urbana no Brasil.4 A questão do que é sujeira relacionada com a do que é medo apareceram várias vezes em entrevistas realizadas na primeira e segunda fase da pesquisa Medos Corriqueiros, chamando a atenção do autor. Daí ter aproveitado um momento de treinamento e aproximação com os locais onde a nova fase se daria, para trabalhar 4 Para resultados relativos à pesquisa Medos corriqueiros e sociabilidade urbana no Brasil, ver, entre outros trabalhos: Koury (2005, 2006, 2007, 2008).

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Epílogo

através de uma pesquisa do tipo enquete a problemática do que é sujeira para informantes moradores de seis capitais de estados do Brasil. Para Antônio Carlos Gil (1987) o termo enquete se refere “à reunião de testemunhos sobre determinado assunto”(14-15), com maior frequência a partir do uso de questionários. No caso desta pesquisa, os testemunhos ou informações solicitados diziam respeito aos significados de sujo e de sujeira para os respondentes das seis cidades trabalhadas. Uma enquete, neste sentido, conduz inquietações de pesquisa para colher e analisar abaixo determinadas indagações testemunhos e experiências vividas sobre um determinado assunto. A enquete assim deve ser sentida pelo pesquisador como nada mais do que uma coleção de testemunhos sobre um determinado assunto. Assunto este passível de ser influenciado pelo momento vivido pelo informante no momento de suas respostas e narrativas. Neste caso, a enquete fornece um instantâneo das inquietações dos informantes, na ocasião em que foi abordado e concedeu em responder a pesquisa. A enquete, assim, reflete um momento, um estado de espírito dos acontecimentos e de situações que interferem na vida do informante em um tempo e em um espaço específicos. O que pode mudar, se a mesma enquete for aplicada em outro dia, mês ou ano. Esta indicação é importante para enfatizar a amplitude e os limites para o conhecimento científico de uma enquete e, também, para indicar que imagens de momentos específicos, como instantâneos, se aplicadas em vários períodos de tempo nos mesmos espaços, podem ser comparadas, e podem indicar conjuntos de inquietações identificadoras de um perfil comportamental de uma comunidade ou de uma nação. Daí sua significância para a pesquisa social. Mesmo se um questionário for aplicado apenas em um tempo-espaço, o instantâneo ou o conjunto das imagens reveladas através das respostas dos informantes fornece ao pesquisador subsídios importantes para a compreensão de hábitos, costumes, anseios, problemas e inquietações de uma população dada, que podem servir para a ilustração de fenômenos, mesmo que flutuantes, já que apenas um instantâneo, na análise social. Portanto, o conjunto de respostas levantadas pela enquete, através de uma coleção de testemunhos em seis capitais, e aqui analisada, especificamente, para a cidade de João Pessoa, Paraíba, permite indicadores analíticos em termos da cultura e da sociedade, dos medos, receios e anseios, dos costumes através das informações obtidas, tornando possível ao pesquisador traçar um quadro compreensivo sobre as experiências, reflexões e comparações emitidas e acionadas por uma temática específica: no caso, sobre o que é sujeira para os entrevistados.

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Foram aplicados nas seis capitais onde a pesquisa foi realizada 390 questionários com indivíduos de ambos os sexos, com idade mínima a partir de 15 anos, sendo 90 para a cidade de São Paulo e 60 para João Pessoa e para as demais cidades da amostra. A abordagem foi feita de forma aleatória, em pontos de grande movimento ou aglomerações de pessoas, em diversos locais de cada cidade pesquisada. As pessoas que se dispunham a responder a enquete eram colocadas frente a duas questões básicas: o que era sujeira para o informante e o que ele indicava como sujeira.5 As respostas foram colhidas através de um questionário, que continha, além de perguntas sobre a caracterização do informante,6 as duas questões abertas acima mencionadas. A partir destas duas questões elaboravam seus testemunhos sobre o assunto solicitado. Cada respondente obtinha um número, de 001 a 390 e, no final, suas respostas foram transferidas para listagens7 onde cada resposta de cada informante era repassada e formava um conjunto completo de testemunhos, aproximando os respondentes e ao mesmo tempo os individualizando. As listagens permitiram uma visualização completa do conjunto das respostas a cada questão, tanto quanto permitiam uma percepção completa das respostas totais por cidade e por informante.8 Com as listagens prontas se passou para uma leitura atenta do conjunto das respostas e sobre elas foi iniciado o processo de classificação das respostas. De acordo com Abramo (1979), todo processo de classificação é uma subdivisão de um objeto em seus componentes, tendo em vista a relação entre os objetivos propostos pela pesquisa e o conjunto dos testemunhos levantados em campo. Esta subdivisão se faz através da elaboração de critérios de análise suscetíveis de compor categorias amplas onde as diversas respostas possam ser agrupadas. Selltiz (1974), por seu lado, informa que os princípios de classificação utilizados no processo de pesquisa permitem decidir quais as categorias gerais e significativas para a análise e interpretação dos dados. As categorias formuladas devem ser exaustivas 5 Para uma apresentação das formas de abordagens e dos locais em cada cidade em que foram colhidos os testemunhos para a pesquisa, ver Koury (2009). 6 A parte de caracterização do informante continha: bairro onde morava, cidade, estado, estado civil, idade, religião, renda e profissão. Era garantido o anonimato do respondente. 7 Os números associados aos informantes, também estavam subordinados a cidade a que pertenciam: assim, por exemplo, os números de 001 a 060, foram destinados aos respondentes da cidade de João Pessoa, e assim por diante, associando cada informante a sua cidade. Neste processo foi utilizado o programa Excel, da Microsoft. 8 Sobre o processo de construção de listagens, tabulação e critérios de classificação, ver, entre outros, Abramo (1979), Richardson (1985), Goode e Hatt (1972) e Selltiz (1974), entre outros.

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Epílogo

e exclusivas e, a partir de sua montagem e primeira formulação devem passar por uma tabulação inicial para verificar a necessidade de formulação de categorias mais abrangentes, sobre as já trabalhadas, ou a necessidade de criação de um conjunto de noções a elas vinculadas, para distinguir diferentes tipos de respostas, no interior de categorias mais amplas, que poderiam fornecer uma mais vasta gama de elementos para a análise dos dados, que as categorias mais amplas, tal qual formuladas, tornaram invisíveis ou escondem. No caso da pesquisa aqui trabalhada, o conjunto das respostas organizadas em listagens passou por um processo de construção que redundou em doze categorias. Estas categorias foram construídas através das respostas as questões sobre o que é sujeira e o que era indicado como sujeira na opinião dos informantes, segundo o critério de exaustividade e exclusividade. A partir da elaboração de um livro de código9 com as categorias analíticas construídas, as 390 respostas foram tabuladas, para o conjunto das seis cidades, e especificado para os 60 questionários da cidade de João Pessoa, objeto deste artigo. As doze categorias analíticas elaboradas a partir dos dados fornecidos pelos informantes foram: Falta de Higiene; Fluídos; Imoralidade; Falta de Confiança; Gente Fraca; Estigmatizações e Preconceitos; Mendicância (Gente Pobre e Suja); Homossexualidade; Falta de Consciência Ecológica; Violência Urbana; Desrespeito ao Cidadão e Falta de Zelo com a Coisa Pública. Estas categorias ajudaram o pesquisador a perceber as grandes temáticas indicadas pelos respondentes dentro de uma perspectiva de cada cidade pesquisada e sua comparação, fornecendo um mapa do que os informantes afirmaram e indicaram sobre o que é sujeira. Seguindo os ensinamentos de Selltiz (1974), para facilitar a análise deste trabalho, estas doze categorias encontradas nas falas dos informantes foram sintetizadas em três. Esta síntese foi elaborada a partir dos objetivos do trabalho, que tem por intenção teórica compreender o que os respondentes definiam sobre o que é sujeira e o que era identificado como tal; ou seja, o de permitir compreender a representação social da sujeira para o conjunto dos respondentes das seis cidades pesquisadas e, aqui, especificamente, para a cidade de João Pessoa,10 facilitando o entendimento da noção de imaginário social como uma noção pertencente ao campo das representações sociais e que age como uma trama de significações, de impressões, de percepções por onde se deliberam os valores, as crenças, os mitos, 9 Livro de Código se refere a um catálogo com as diversas categorias elaboradas para cada questão. O livro de código facilita o processo de tabulação dos dados de uma pesquisa. 10 Uma possível comparação entre elas é feita em Koury (2009; 2011).

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as aspirações, os medos e receios, e as esperanças e ideologias que asseguram um modo de viver social. ¿Como elaborar a síntese e quais seriam as categorias principais delas retiradas que melhor poderiam expressar a relação entre os objetivos propostos pela pesquisa e o conjunto dos testemunhos levantados em campo? E, ao mesmo tempo, ¿como as novas categorias-sínteses poderiam ampliar a possibilidade analítica obtida pelas doze categorias encontradas na primeira classificação a que os testemunhos foram submetidos? Tendo por pressuposto analítico de que as representações sociais emitidas pelos respondentes configuram não apenas as normas, preceitos e procedimentos que regulam práticas sociais e condutas, mas, também, instâncias afetivas e estéticas que contribuem para a conformação e andamento das ações sociais e das visões de mundo dos informantes, as doze categorias foram submetidas a uma nova classificação-síntese, resultando em três categorias gerais: a categoria de Moralidade (que englobou as categorias de falta de higiene, fluidos, imoralidade, estigmatizações e preconceitos, falta de confiança e gente fraca, agora transformada em noções organizadoras da categoria Moralidade); a categoria Violência Urbana; e, por fim, a categoria Ética, política e cidadania. Interessa, a este artigo, deste modo, apresentar e compreender as categorias indicadas, tendo em vista a discussão sobre sujeira e sociabilidade. Caracterização dos Informantes na cidade de João Pessoa Como dito acima, foram aplicados 60 questionários na cidade de João Pessoa, com a questão ‘O que é Sujeira para Você?’ Os questionários foram aplicados em locais de grande concentração de pessoas, ou seja: nas Universidades e nos Shoppings da cidade, nos centros de compras populares, nos terminais de ônibus e trens urbanos, no Parque Solon de Lucena e nas praias, todos eles espaços de passagem e de aglomeração da população local em seu todo. Dos 60 questionários aplicados, 34 foram com mulheres (56,7%) e 26 com homens (43,3%), em idades que variaram de maiores de 15 anos a mais de 65 anos, ou, mais precisamente, sete (11,7%) informantes possuíam entre 15-25 anos; 16 (26,7%) entre 26-35 anos; 15 (25,0%) entre 36-45 anos; 14 (23,3%%) entre 46-65 anos e, finalmente, oito (13,3%) tinham mais de 65 anos de idade, conforme a Tabela 1, abaixo.

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Epílogo

Tabela 1- Idade/Sexo dos entrevistados - João Pessoa - N/% Idade/Sexo

M N%

F N%

Total N%

15-25

3 11,5

4 11,7

7 11,7

26-35

8 30,8

8 23,5

16 26,7

36-45

6 23,1

9 26,6

15 25,0

46-65

6 23,1

8 23,5

14 23,3

66+

3 11,5

5 14,7

8 13,3

26 100

34 100

60 100

Total Fuente: elaboración propia.

Perguntados sobre a renda familiar os entrevistados de João pessoa informaram rendas que variaram de menos de um salário mínimo (SM) até mais de vinte salários mínimos. Tabela 2 - Renda Familiar - João Pessoa - N/% Renda Familiar

até 1 sm

1 a 3 sm 3 a 5 sm 5 a 10 sm doze

% 10 20 Fuente: elaboración propia.

10 a 20 sm

20 sm e+

Total

doze

16,70

18,30

100

Como se pode verificar na Tabela 2, acima, esta variação por classes de renda familiar mostrou-se do seguinte modo: seis (10%) entrevistados informaram possuir uma renda familiar de até 1sm; doze (20%) entre 1-3sm; 10 (16,7%), entre 3-5sm; 11 (18,3%), entre 5-10sm; doze (20%), entre 10-20sm; e nove (15%) dos entrevistados informaram sua renda familiar com maior do que 20sm. Quanto ao nível de instrução, os informantes apresentaram, também, um leque variado, indo do analfabeto até pós-graduados, nos níveis de especialização, mestrado e doutorado. O mesmo acontecendo com as informações sobre os tipos de ocupação dos entrevistados: em relação à ocupação os entrevistados se situaram, no momento da pesquisa, em funções que iam de desempregados e donas de casas, de ambulantes a empresários, de comerciários a profissionais liberais, entre outros, compondo um elenco diverso de ocupações. Este artigo não se apresenta 269

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tabelas mais específicas sobre renda e ocupação, se contentando e, mostrar, apenas, a diversidade de faixas de renda e de ocupação entre os respondentes. No contexto deste artigo, deste modo, não se vai trabalhar com temática pesquisada no âmbito de gênero, nem de faixa etária, ocupacional ou econômica, apesar de apresentar alguns cruzamentos nesta direção. Privilegiar-se-á, sobremodo, as respostas dadas pelos informantes, de uma forma geral, e suas reflexões e representações sobre a questão da sujeira. Análise das categorias Toda análise e indagação que se debruce sobre a sujeira têm por base uma reflexão das relações entre a ordem e a desordem e das relações possíveis entre os aspectos positivos e negativos do processo de criação social. Processos que envolvem o binômio limpo e sujo, puro e impuro, os silêncios ou silenciamentos, e os discursos mortos e esquecidos ou subsumidos na lógica hegemônica social (Kristeva, 1986), que podem ampliar conceitos, revisá-los e integrá-los à ordem, em uma subversão de identidade, onde se acomoda a outrora desordem à lógica contemporânea da ordem. Estudar o comportamento e as representações sociais sobre o que é sujeira, deste modo, leva a reflexão e a busca de compreensão sobre o desenho da sociedade e da cultura e as mudanças de comportamento e nos costumes dos seus habitantes, no caso aqui específico, moradores da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, e dos medos e receios enfrentados na cotidianidade. Buscar-se-á, aqui, apresentar como a cidade de João Pessoa, através dos sessenta entrevistados, sente, vivencia e representa a noção de sujeira a partir das três categorias gerais obtidas do processo de codificação e tabulação dos dados recolhidos no trabalho de campo acima discutido. As três categorias obtidas foram: a categoria de Moralidade; a categoria Violência Urbana; e, por último, a categoria Ética, política e cidadania. Tabela 3 – O que é Sujeira Por sexo – João Pessoa - % Categorias/Sexo

Total %

Moralidade

33,40%

25,00%

58,40%

Violência Urbana

15,00%

10,00%

25,00%

Ética, Política e Cidadania Total Fuente: elaboración propia.

270

8,30%

16,60%

56,70%

43,30%

100,00%

Epílogo

Como pode ser visualizado na Tabela 3 acima, as três categorias em que os habitantes da cidade de João pessoa, entrevistados na pesquisa, situaram suas questões sobre o que é sujeira, mais de cinquenta por cento dos informantes remeteram a sua resposta para a categoria de Moralidade (58,4% das respostas), seguidas das categorias de Violência Urbana (25% das respostas) e Ética, Política e Cidadania (16,6% das respostas). Em uma comparação por sexo dos entrevistados, a categoria Moralidade obteve um índice maior de respostas femininas (33,4%) em relação às masculinas (25%); a categoria Violência Urbana, por sua vez, tem um percentual de 15% de respostas para o sexo feminino, contra 10% para o masculino; e a categoria Ética, Política e Cidadania com um índice igual de sugestão entre os dois sexos, ambos com 8,3% das respostas. Uma apresentação e análise de cada categoria recolhida das respostas dos entrevistados se fazem necessária. Esta apresentação se iniciará pela categoria que teve maior significação nas narrativas e testemunhos dos entrevistados, e prosseguirá com a análise das demais categorias a partir do mesmo critério de indicações. A categoria de Moralidade A categoria de Moralidade engloba noções expressas pelos entrevistados que vão da falta de higiene aos fluidos; do que entendem por imoralidade, falta de decoro e pornografia; pelas estigmatizações e preconceitos apresentados; até uma discussão travada no âmbito da falta de confiança que compreende desde a noção de gente fraca e sem caráter até as questões da traição.11 Tabela 4 - A categoria Moralidade - João Pessoa - % Moralidade

Total

Falta de Higiene

45,7%

17,0%

28,7%

Imoralidade

14,3%

5,7%

8,6%

Falta de Confiança

40%

20%

100%

43%

57%

Total Fuente: elaboración propia.

11 É interessante frisar, que muitas das opiniões expressas pelos informantes se situam, muitas vezes, cruzadas a várias senão todas as três categorias, mas, por questões metodológicas foram divididas a partir do critério da ênfase dadas a uma delas.

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Como pode ser visto na Tabela 4, acima, esta categoria engloba o maior número de indicações dos respondentes sobre o que afirmaram por sujeira. Dos 60 respondentes na cidade de João Pessoa, 58,4%12 significaram a sujeira através da categoria Moralidade que remete diretamente para o campo simbólico do puro -impuro, da limpeza-sujeira. Dualidades que operam com um conjunto de classificações sociais que remetem a sujeira à desordem, a desorganização, à mentira e à perversão. O elevado índice de respostas demonstra a importância desta categoria para a compreensão da cultura e organização social e formas de vida entre os joãopessoenses. Os significados de sujeira encontrados em dicionários da língua portuguesa (Buarque de Holanda, 1980, 1992; Houaiss, 2001; Michaelis, 2010) falam dos sentidos da falta de limpeza a sordidez; de algo manchado a maculado; de algo ou alguém infeccionado ou contagiado; até a referência a alguma coisa com muitas incorreções ou emendas. Dentro de um contexto físico, a noção de sujeira ganha o significado de um horizonte brumoso e mal definido. Em termos figurativos, sujeira tem o significado de algo ou alguém que encerram elementos, dados, informações inconvenientes ou prejudiciais; bem como sinaliza algo ou alguém indecente, indecoroso e imoral. Chega mesmo a afirmar alguma coisa ou pessoa indigna, desonesta sórdida ou canalha. O emprego da palavra na cidade de João Pessoa vai do receio de perder a confiança de alguém, como no dizer “ficar sujo com alguém”, até o ganhar sentidos de alguém desmoralizado e que perdeu o crédito e em alguém em quem não se pode confiar: como na assertiva, “o cara tá sujo”, ou outras do mesmo sentido. Contém ainda uma concepção relacional disposta nos ditados “rir-se o sujo do mal lavado” ou “rir-se o roto do esfarrapado”, onde se zomba de alguém por falha que também lhe é própria. Em muitos casos, inclusive, chega a comparar a sujeira ao diabo, demonizando o outro ou a coisa considerados sujeiras. A ação de sujar, deste modo, tem o sentido de tornar-se sujo e, ao assim fazer-se, emporcalhar. A ação de sujar não apenas atinge o próprio indivíduo, mas possibilita a contaminação espaço-temporal onde o ato se realizou, infectando ou poluindo o ambiente e o outro ao redor. O objeto, o indivíduo ou a instituição onde existe, ou é possuidora de sujeira, tornam-se não confiáveis, porque a sujeira comporta o elemento do impuro, da impureza, que corrompe o espaço, o tempo e as relações ao seu redor. Assim, corromper, perverter, depravar faz parte da ação do sujo, de 12 Ver Tabela 3.

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Epílogo

alguém ou algo que comporta sujeira. Esta ação tende a manchar, a macular, a conspurcar, a profanar, em si, tudo o que se toca ou tudo o que se encontra no entorno. O simbolismo religioso está cheio da dualidade limpo-sujo, puro-impuro, como parte da trajetória do sagrado e os compromissos dos homens para com ele; a literatura médica, também, coloca na relação entre o puro e o impuro toda uma discussão sobre o contágio e a transmissão de doenças, criando regras e códigos de conduta que procuram barrar a contaminação do ambiente e dos outros daqueles impuros ou tocados pela impureza em sua volta. As ciências sociais estudam estas duas representações da dualidade limpo-sujo mostrando a construção social e cultural por trás destas práticas, e demonstram a sujeira como um elemento de estratificação social (Dumont, 2007; Douglas, 1976). As noções que compõem a categoria de Moralidade podem ser divididas em dois grupos de situações. O primeiro dizendo respeito à sujeira física do corpo e do ambiente, onde se encontram a falta de higiene e os fluidos (escarros, excrementos, saliva, sangue, urina, lágrimas, cheiros, etc.); e o segundo, que diz diretamente da questão do caráter, e se encontra presente entre as perversões, a fraqueza pessoal: preguiça, cansaço, falta de vontade, e a falta de confiança: traição, mentira, desonestidade, etc. Ao se olhar a categoria de Moralidade, vê-se que ela corresponde a 58,4% em João Pessoa, o que denota uma importância especial desta categoria nas representações sociais sobre a sujeira entre os entrevistados da capital paraibana. Os aspectos associados à categoria de Moralidade na cidade de João Pessoa dão ênfase, sobretudo à questão da falta de higiene, relatada principalmente nos aspectos da falta de higiene corpórea e doméstica,13 mas, também, estendida à sujeira da cidade: a cidade vista como uma cidade mal cuidada, com esgotos vazando em vias públicas, lixo urbano acumulado pelas praças e ruas, ou seja, a indicação de falta de higiene está relacionada também com a falta de cuidado público com a cidade e falta de educação da população, que não cuida da cidade, quebra equipamentos coletivos, “joga lixo por todos os cantos”, picham paredes, muros e equipamentos 13 Em alguns estudos realizados por acadêmicos brasileiros, como o de Barbosa (2006) e o de Fleischer (2002) que trabalham com o imaginário sobre a sujeira no Brasil contemporâneo e entre as housecleanners brasileiras nos Estados Unidos, por sua vez, a diferenciação metodológica de sujeira é feita entre a sujeira física e a sujeira simbólica. A sujeira física tendo, em si, o próprio significado do que é considerado impuro, e a sujeira simbólica, representando o imaginário social sobre o considerado impuro (sujeira física) e as formas de controle cultural e social sobre ele. Neste universo trazido por Barbosa e Fleischer, balizados nos estudos de Mary Douglas (1976), da sujeira como algo fora do lugar, a questão da ordem é vista como não apenas a organização da desordem provocada pela sujeira (física), mas no seu combate permanente.

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coletivos, e ajuda a enfear e “emporcalhar” a cidade.14 Dividindo por sexo, as 45,7% das indicações para a noção de falta de higiene, de acordo com a Tabela 4 acima, 17% foram indicações masculinas, contra 28,7% de femininas. Em termos de representações sociais sobre o que é sujeira, e como uma noção pertencente ao campo da categoria Moralidade, aqui trabalhada, situa-se a também a problemática da Falta de Confiança, com indicações de 40% dos respondentes.15 Esse elemento moral: a falta de confiança parece revelar o que estudos do autor sobre as transformações recentes vividas pela cidade de João Pessoa, nos últimos quarenta anos, vêm apontando; isto é, o crescimento da cidade veio acompanhado por uma perda progressiva nos laços de confiabilidade entre os habitantes da cidade, principalmente entre pessoas com mais de quarenta anos e principalmente entre os mais velhos,16 que acompanharam esse processo crescente de mudanças não só nos aspectos físicos, mas, especialmente, relacionados aos aspectos comportamentais dos habitantes da cidade. A perda da pessoalidade e dos laços de confiança e de pertencimento nestas últimas décadas ocasionou uma visão mais pessimista sobre as mudanças nos costumes e hábitos da sociedade 14 A sujeira é definida por Forty (2007) como “matéria fora do lugar: o sujo é o rótulo que atribuímos ao que percebemos como desordem, estado muitas vezes considerado ameaçador” (217). De acordo com Forty (2007), nas campanhas para a melhoria dos padrões de limpeza, foram utilizados pelos reformadores e higienistas dois conjuntos de argumentos. Estes dois argumentos influenciavam um ao outro de forma concomitante, produzindo um imaginário social propício para uma sociabilidade em que a vigilância constante de si e do outro era o lema de sua própria existência e sentido (Foucault, 1986). O primeiro recorria para a razão e se baseava em critérios científicos, como foi o caso da ordem médica e os perigos de contaminação causados pela falta de higiene e doença. Este primeiro argumento atingiria a arquitetura e as formas criadas por designers, em ambientes claros, de formas precisas, que exalassem funcionalidade e asseio, bem como um conjunto de ordens médicas e sociais de controle do impuro: ampliação de vias públicas; disciplinamento das casas; combate à doença e a insalubridade; desqualificação do saber popular sobre higiene e saúde; criação de espaços exclusivos para os mortos: os cemitérios; comparação da pobreza à sujeira e delinquência; criação de asilos de mendicância, entre outros. O segundo argumento era, sobretudo, de ordem emotiva, e estimulava os sentimentos de ansiedade e culpa em relação à sujeira. Para uma visão mais ampla sobre essas questões ver, entre outros, Thompson (1989); Áries (1989); Davis (1990); Foucault (1986, 2007), entre outros. No Brasil ver os estudos de Koury (1986, 2003, 2009, 2011); Diniz (2001); Reis (1991); Sá (1999), David (1995), entre outros. 15 As indicações de homens e mulheres para esta noção de Falta de Confiança, no interior da categoria Moralidade, se equivaleram, com 20% para ambos os sexos, conforme pode ser visto na Tabela 4. 16 É interessante notar que muitos jovens e adultos com menos de quarenta anos respondentes à pesquisa na cidade de João Pessoa, remete a noção de falta de confiança como um caminho para se pensar o que é sujeira na cidade, e trazem argumentos parecidos aos que a remetem para um passado vivido e não mais recuperado. Associando a noção da falta de confiança à quebra de laços sociais e ao individualismo crescente na cidade.

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local, ampliando a visão da cidade a través dos seus aspectos morais de estranhamento do outro, da desconfiança no outro, e inclusive relacionados aos aspectos ligados a quebra de laços pessoais, ligados à dissolução de casamentos, da traição, do “ninguém mais acredita em ninguém”, do “os laços entre as pessoas tornaram-se desgastados, hoje se fica com um... amanhã com outro...”, de fragilidade dos laços que levam a uma sociabilidade “sadia”, e comentada a partir de um ideal de passado perdido e estranhado com a rapidez dos acontecimentos que levaram a configuração de uma nova João Pessoa nas últimas décadas. Este mesmo ideal de passado perdido faz os entrevistados levantarem problemas referentes à sujeira como elemento simbólico representacional do comportamento urbano na cidade, quando remetem à questão da moralidade a noção de imoralidade;17 esta última fazendo parte dos novos hábitos da cidade em que vivem, e que os levam a uma comparação saudosista com a cidade onde viveram: “moças e rapazes não mais namoram, e logo estão em relações íntimas, sem ligar para o que a sociedade pensa”, não existe mais respeito “com os valores da família”, a “imoralidade toma conta das relações, as famílias e as pessoas de fé ficando à mercê de comportamentos que não condizem com os de uma comunidade sadia”,18 quebrando uma possível harmonia social e causando um desequilíbrio e uma desordem estrutural nos processos comportamentais e nos costumes da cidade, entre outros aspectos. Um dos aspectos mais gritantes indicados nas respostas dos entrevistados de João Pessoa e associados com a categoria Moralidade relata aspectos relacionados a problemática de estigmatizações e preconceito e apresentam as questões relativas à homossexualidade, à pobreza e ao preconceito étnico. Ela trás a indicação de 16,7% do total dos que significaram a categoria Moralidade, e que a veem como sujeira, e se encontra diluída nas três noções que incorporam a categoria Moralidade na pesquisa, isto é, entre a questão de higiene, a questão da imoralidade e da falta de confiança. O preconceito é uma noção que permanece uniforme no conjunto das indicações dos entrevistados da cidade e, sem um cuidado analítico especial, diluída no conjunto das informações mais diretamente indicativas da categoria Moralidade. A noção de preconceito presente em várias respostas revela a formação de estigmas sociais graves, os quais veem os outros da relação como fora dos padrões classificatórios da cultura de que faz parte. Dentro de uma relação sujeira-limpe17 Com 14,3% das indicações dos respondentes que sugeriam a categoria Moralidade como um dos principais aspectos de sujeira nas relações socioculturais da cidade. Sendo estes compostos por 5,7% de indicações masculinas, contra 8,6% das femininas. 18 Depoimento de uma senhora de cinquenta e cinco anos, católica de nascimento e convertida a Assembleia de Deus, moradora do bairro nobre de Tambaú, em João Pessoa.

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za, puro-impuro, estes estigmas se constituem em marcas que procuram naturalizar e impor modos de agir e posturas sociais e culturais através do qual fabrica o outro como alguém fora do lugar. Como um desclassificado social, como um ser de segunda categoria, ou mesmo, nas formas mais radicais de comportamento, como um não ser. No caso da homossexualidade, a aversão aos que a praticam é visto através da desordem causada no sistema classificatório macho-fêmea, causando ansiedades. Estas estigmatizações aparecem quando as fronteiras externas de uma dada cultura, ou quando as linhas que delineiam as relações internas de uma sociabilidade são ameaçadas. O medo do perigo das situações que não se encaixam nos sistemas classificatórios ideais, parece por a pessoa em constante tensão e medo, daí a tendência a isolar o elemento da desordem e impor a ele atributos de demonização, como produtos de forças malignas, impondo uma eterna vigilância. Em uma sociedade em rápida mudança como a da capital paraibana, os espaços de identificação da hierarquia macho-fêmea se fazem sentir através do crescimento da homofobia, mas, ao mesmo tempo, parece haver uma relativa tolerância ao macho (hetero) que se veste de mulher em momentos festivos; bem como com relação ao lado festivo da viadagem ou das bichinhas,19 claro, “desde que elas se coloquem no seu lugar”, como assegurou um informante, isto é, em uma espécie de limbo onde não reivindiquem inclusão social, nem busquem quebrar os limites classificatórios do entendimento do gênero. “Elas lá e nós cá”, afirmou outro informante, que diz, inclusive, que gosta de ver “as bichinhas desfilarem em frente do meu ponto de ônibus, quando volto para casa no final do expediente”. Ou, como afirma outro entrevistado, “gosto de ver essa viadagem na televisão, imitando cantoras, sorridentes, umas verdadeiras artistas... Acho mesmo que é lá, do outro lado do vidro da televisão que elas deveriam permanecer, como artistas inatingíveis, deusas. Mas isso não acontece. Elas são homens, e como tal ameaçam a nossa própria integridade moral”. Nessa altura o discurso se transforma em preconceito e aversão mais aguda, simbolizando o lado diabólico do homem-mulher e a desordem provocada por essa desorganização. A maior parte dos que informaram a homossexualidade como sujeira, porém, advogam o isolamento e a rejeição total daquele que se desvirtua, havendo casos de mulheres e homens aplaudirem mães e pais de família que ao descobrirem a 19 Bichinhae viadagem são termos muito usados no vocabulário popular brasileiro para designar o homossexual masculino individual ou em grupo. Vários entrevistados usaram os termos na busca de desqualificar o ser humano homossexual e reclassificá-lo sob a ótica do pejorativo.

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Epílogo

tendência dos seus filhos para a homossexualidade, os expulsarem de casa (Koury, 2011, 2011a; Koury e Barbosa, 2012). Muitos dos entrevistados de João Pessoa creditam a desordem provocada pela homossexualidade aos males contemporâneos, entre eles a AIDS é apontada como produto gay, bem como a “degeneração dos costumes sociais na cidade e no país como um todo”, de acordo com as palavras de um informante. A questão do preconceito étnico, por outro lado, só apareceu indiretamente e de forma fragmentada entre os entrevistados. O preconceito contra os negros aparece como a indicação mais precisa de estigmas sociais e são motivos de chacotas e piadas de mau gosto, do tipo “negro quando não faz na entrada, faz na saída” e outras do gênero, e são indicados quase sempre como desordeiros e, nas representações dos informantes, muitos o afirmam como sujos e como marginais em potencial. São vistos como elementos de desordem e perigo, principalmente, se além de problemas étnicos apresentarem a questão da pobreza em seu currículo. Se ricos, ou de classe média alta, a questão da etnia deixa de ser significativa, passando a haver certa tolerância em aceitar a diferença no ambiente social e mesmo familiar. A categoria pobreza, assim, funda o grande hiato entre os respondentes, e aparece, nas respostas dos informantes, ligado ao estigma de classe. Os pobres e, sobretudo, os mendigos, são considerados sujos, sem educação, sem acesso aos códigos de higiene e que enfeiam e “emporcalham” a cidade. São ameaçadores em si, vistos como marginais e ladrões, que provocam medo e receio na população. São vistos como drogados, maltrapilhos, que surgem de repente nos sinais de trânsito de cada cidade pedindo dinheiro ou assaltando. São não confiáveis, abjetos, elementos estranhos estabelecidos pela extrusão e que devem ser mantidos sob rígido controle social, para que não avancem sob o organizado e ameacem os cidadãos. Sim, a pobreza não é vista pelos informantes através do conceito de cidadania, mas, ao contrário, como elementos da desordem e da fragmentação social. Nas palavras de um entrevistado: “Eu tenho pena das crianças, mas é uma pena de uma criança geral, não aquela que está ali, com um vidro de cola, drogado, na minha frente. Dessa eu corro, como corro do seu pai, da sua mãe, de quem lá que seja...”. Ou como afirmou outro informante: “vejo um maltrapilho na rua e fico trêmulo, confuso, com medo. Se houver um canto que eu possa atravessar, eu sigo, mesmo que aumente o caminho, pois me sinto mais seguro por não passar frente a ele...”. Ou ainda nas palavras de outro: “Acho que o governo deveria achar um jeito de por essa gente sob controle, pois vai chegar o dia em que essa gente vai nos por sob controle, o

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controle do medo. Como já existe por aqui... é só olhar em volta e ver; é só olhar os jornais e vê...”. Ao serem vistos como bandidos, através da ótica do medo de que “vai chegar o dia em que essa gente vai nos por sob controle...”, a pobreza urbana é estranhada, e sobre ela paira o desejo de retirá-las do corpo social, afastando o perigo que ameaça o respondente e a sua família e a sociedade em geral. O apontar como sujeira esses aspectos morais, associados à questão da falta de educação e da conformação do caráter, parece demonstrar uma preocupação com a desordem inerente à própria subjetividade que cada noção emite: os riscos com a saúde, provocados pela falta de higiene doméstica e da cidade; a possibilidade de transmissão de vírus pela falta de cuidados básicos são receios emitidos e são exemplos desse processo. Assim como, como lembra Rebouças (2000), a desordem causada pela sujeira, como falta de ordenação, causando desequilíbrio nos indivíduos em relação e no todo social. Do mesmo modo que o elemento de sujeira, apontado nos atos obscenos e na sociedade que não põe limite à exposição dos corpos e das perversões, fala da desordem e dos perigos inerentes a se viver em uma época onde “o respeito aos costumes e as tradições, ao bom comportamento e à família não mais existem”, como argumentou uma informante. A categoria Moralidade, assim, parece apontar para a análise de Elias (1990 e 1993) sobre a autodisciplina e a vergonha causada pela desordem do outro, porque reflete a sua própria indisciplina e da sua cultura; e de Sennett (1998) e Giddens (2004), que direcionam o olhar para o declínio do público e a ascensão da intimidade. E uma e outra levam na direção de alguma coisa fora do lugar, no sentido dado por Mary Douglas (1976), que incomoda e que causa vexame, que enoja e causa vergonha e receio de contaminação. Os elementos físicos da sujeira, presentes na categoria Moralidade, por outro lado, parece direcionar a reflexão dos informantes para a dimensão metonímica da sujeira sugerida por Lévi-Strauss (1970), apontando aqueles que a cometem como porcos, como imundos e, na direção da perversão, de amorais e permissivos. São eles, quem a produzem, são eles os sujos, o que causam sujeira e poluem o ambiente, contaminando o ambiente ao redor e, pior, envergonhando e contagiando a todos, pois a sujeira, nesse momento, passa a ser representada na sua dimensão simbólica e generalizante: é a sociedade permissiva que fecha os olhos à falta de educação e a quebra dos laços da tradição, ocasionando uma fragmentação que atinge a todos: a sujeira produzida emporcalha não só que a produziu ou consentiu, mas a todos. 278

Epílogo

Esse corromper simbólico, que contamina o social, parece produzir um sentimento de impotência em cada indivíduo presente, o que aumenta o receio de contaminação e o medo de relacionar-se, ocasionando um sentimento de reserva pessoal e uma ampliação do isolamento pessoal ou familiar, ao mesmo tempo em que provoca o crescimento de uma aversão sobre aqueles causadores da sujeira. O nojo incitado parece ser pertinente a emoções, comportamentos ou impressões que causam vergonha e pudor: as funções de excreção e sexuais do corpo humano (Cony, 2005). A indicação da categoria Moralidade como sujeira, trás em si uma espécie de reação que condena qualquer pessoa, qualquer objeto ou qualquer idéia que seja capaz de confundir ou contradizer as classificações tidas como ideais e colocadas, pelos respondentes, no plano de um passado fantasiado como melhor, mas perdido e sem retorno. A cultura daí emergida funda e refunda as disposições erigidas através de um código de condutas morais e éticas, que visam a assegurar a harmonia, o bem estar e a sempre instável relações dos homens com os elementos da natureza e do sobrenatural ao seu redor. Criam códigos de pureza, de purificação e separam em graus variados os diversos tipos de puros até o mais impuro e sujo existente. Pureza e sujeira, portanto, são dois elementos de uma mesma relação. Dispostos, porém, em campos hierárquicos opostos, encontrando-se em eterna tensão pela possibilidade de um intervir no outro: na ação de purificar o contaminado, ou na ação de contaminação do puro. A ordem e a organização social, estando no equilíbrio entre as duas esferas. A sujeira, assim, como contraponto da pureza, se encontra no reino da desordem, da desorganização social. É um elemento que conduz a uma idéia imaginária da evitação e do impedimento: do que deve ser evitado, impedido, visto, sentido, enfim, a sujeira é uma coisa vista como algo do reino da feiura, do abominável, e que deve ser impedido e excluído. A sujeira é aquele que provoca medo, receio. O apenas olhar a sujeira provoca um sentimento de nojo, de enjôo e um receio de contaminação. A idéia de poluição e seu corolário contágio, trás em si o desejo simultâneo de contenção, controle e, até, extermínio. A sujeira e tudo o que é considerado sujo remete a evitação, seja pela busca de contenção, pela segregação, pelo isolamento, ou pelo extermínio e morte. As representações sociais sobre o que é considerado sujeira, deste modo, criam campos de entendimento e visão de mão dupla: de um lado, a visão preconceituosa, que vê o outro, o contaminado, como aquele que deve ser isolado ou excluído. De outro lado, a visão envergonhada, que compreende e enxerga o outro através de si mesmo,

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como consequência da falta de um atributo que também é seu, e que deve ser escondido do olhar de um terceiro, ou procurado meios para a sua superação. Elias (1990, 1993) em seus estudos sobre a conformação dos costumes na sociedade alemã a partir do século XVIII e, principalmente, XIX demonstra as bases de atribuições de novos costumes e as formas de como os antigos costumes foram depreciados como sujeira, no processo de individualização crescente da sociedade alemã do período. Mostra, ainda, como esse processo se fez pela interiorização da disciplina e do aumento da vergonha, como movimentos de afirmação da pessoa e do julgamento moral de si próprio e dos demais (Koury, 2013). A sujeira vista através da vergonha, então, era sentida como um problema pessoal de cada indivíduo, não apenas no olhar para si próprio, mas e principalmente no olhar para o outro. O controle social, desta forma, se colocava entre o indivíduo e o outro, através da vergonha e da exposição. Tudo era permitido deste que em uma intimidade pessoal ou dentro de uma intimidade compartilhada, nunca pública. No público, a exposição de uma intimidade não condizente com o social e culturalmente desejado transformava-se em abjeção, em punição, em risco de contaminação, em desordem. Sennett (1998) segue e amplia esta análise e coloca a individualidade resultante do crescimento da esfera da intimidade como um declínio acentuado na sociedade ocidental do homem público. O que provoca dois processos antagônicos e simultâneos: o aumento da vergonha de exposição em público, e um aumento do controle da desordem e da contaminação proveniente das esferas do considerado sujeira; e um desenvolvimento enorme do reino das perversões, enquanto possibilidade de ação pessoal ou compartilhada no consentido, e da curiosidade de verificação do outro, do íntimo através do buraco da fechadura. O abjeto passa assim por uma mão dupla: o medo da contaminação e a busca do controle sobre ele; e o olhar curioso, que busca flagrar o outro em situações constrangedoras em ambientes íntimos. Ou, ao mesmo tempo, fazendo condenar aqueles que ousam expor-se em público e, simultaneamente, exibindo-se ao pressentir que alguém o olha disfarçadamente. O público, deste modo, se coloca como prisioneiro do privado, e como tal, fragmenta-se e é apropriado pelo espaço da intimidade: ampliando as bases do individualismo, e subsumindo o sujeito à esfera do desejo, e da ampliação do sentimento da vergonha. Da ação envergonhada sobre seus próprios atos e da própria sociedade que o cerca. Simmel, em seu texto A tragédia da cultura (1998) dá as bases teóricas iniciais que orientariam posteriormente a análise de Sennett e Elias. 280

Epílogo

Goffman (1967), perseguindo os caminhos inspirados na análise simmeliana, estuda os processos de interação ritual e apreende que as relações entre os indivíduos são executadas e preenchidas por um ritual de conveniências e convenções sociais, onde o um e o outro respondem aos sinais esperados no decorrer do processo interativo: desde a forma de sentar, os gestos, as expressões e ruídos corporais e da face, até o expresso através da fala fazem parte de uma ritualística que se falha causa no outro constrangimento e, simultaneamente, constrange o outro da relação. A falha desorganiza e é considera como algo que provoca sujeira ou suja o ambiente, podendo, em determinadas situações, contaminar a todos os presentes. O processo de desorganização social causado pelo constrangimento, afeta as relações entre os parceiros da conversação, podendo o que falhou ser desculpado ou até ser expulso e evitado de novas possibilidades interativas. O ritual poluído indica situações de desordem que desorganiza todo o ambiente, quando não o contamina. Em outro estudo sobre o estigma, Goffman (1988) vai mais além, e revela que essa desordem não só se coloca nas formas de se comportar e nas formas de se expressar, mas também em situações onde o outro da relação possui algum traço que o diferencia negativamente perante o parceiro ou parceiros da relação. Ele cita exemplos que vão do uso de óculos com um grau elevado de miopia, até a presença de sinais e marcas corporais: de uma simples pinta inconveniente em um lado exposto do corpo do parceiro até a diferencial ligado a questões étnicas, posturas ou má-formação. Em outros exemplos, ele coloca aspectos mais diretamente ligados a costumes e moda: o de não estar vestido de forma condizente, e o de não possuir um vocabulário harmônico com o ambiente em que se encontra; em outros exemplos fala diretamente de aspectos sociais ligados à esfera econômica: como ser pobre ou aparentar pobreza, ou ser de uma classe social considerada inferior a do ambiente em que se encontra etc. O constrangimento podendo mesmo transformar o ambiente em um meio hostil, pondo o fim na relação encetada, chegando até ao isolamento ou a expulsão do constrangedor; ou mesmo, adquirir formato de humilhação àquele que constrangeu o ambiente com o seu diferencial, servindo de chacota e piadas entre os pares. A sujeira e a convivência com a sujeira provocam um sentimento moral de rejeição que, se levada a extremo, leva a busca de exclusão ou de extermínio do agente contaminador, ou provoca vergonha ao ambiente que o recebeu. Do mesmo modo, no indivíduo possuidor de algo considerado diferente e visto como desagradável ao ambiente em que se encontre presente, provoca um sentimento de humilhação, de acovardamento, de vergonha pessoal por ser possuidor de algo que constrange o outro, ou de não se encontrar a altura do outro ou outros da relação. Vive em permanente culpa de não ser igual, e sua baixa estima o faz sentir-se inferior.

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Simone Weil (1979) em seus estudos sobre a opressão e a condição operária relata, em seu diário, o processo de vergonha e baixa estima que acompanha o ato cotidiano da pobreza operária. Relata a vergonha e a culpa sentida por ela, quando na saída da fábrica, depois de um dia extenuante de trabalho, de sentar em um ônibus para voltar para sua casa. Ela fala do sentimento de aversão à sua condição, que possivelmente iria causar no outro usuário, interiorizado, e se pergunta se ela tem o direito, mesmo pagando pelo transporte público, de sentar e sujar com sua pobreza e cansaço o ambiente do ônibus. Esse estado limite de emoção demonstra como o sentir-se impuro, sujo, indigno, incapaz, diferente, advoga ao espírito de quem assim se sente, e dá o direito àqueles que o acham, de atribuição de um estigma social. Conceito moral produzido socialmente que objetiva algo ou alguém que não é limpo, em todas as suas acepções. A categoria Violência Urbana A associação entre pobreza e crime acompanha as sociedades ocidentais de longa data. No Brasil, desde o final do século XIX, com o final da escravidão, a necessidade de conter um contingente de trabalhadores livres, em número crescente, que aportavam nas cidades, levou a todo um processo de formação de leis que objetivavam a disciplina e o controle social, moral e higiênico das classes trabalhadoras. Novos controles prisionais, orfanatos, abrigos de mendicância, registros profissionais como controle e garantia do pobre trabalhador, entre outras formas de contenção, são produtos desta fase de consolidação do capitalismo no ocidente e no país. No século XXI esta associação tem provocado novas formas de reconfigurações sociais nas cidades. Caldeira (2000), por exemplo, estuda as transformações ocorridas na cidade de São Paulo nas duas últimas décadas do século XX, apontando para a crescente fragmentação dos laços sociais entre cidadãos e pobres. Pobres, aqui, considerados como o outro, como o fora de lugar na ordem classificatória social, a não ser como um não ser, via desordem, isto é, como bandidos em potencial. Sonia Ferraz (2001), em um trabalho sobre as formas de morar nas cidades brasileiras neste início do século XXI, analisa a intensificação do medo generalizado de morar nas cidades e a arquitetura decorrente e resultante da relação entre violência e pobreza. Para ela, o estreitamento da relação homem pobre e violência urbana é um fato construído diariamente pela mídia, e que vem sendo capaz de produzir a sensação crescente de insegurança e medo das elites em relação à pobreza e tem contribuindo para uma maior segregação social e física e para o crescimento do mercado de proteção. 282

Epílogo

Marcelo Souza (2008) discutindo a relação entre medo e cidade, e tendo como referência as grandes cidades e metrópoles brasileiras, fala sobre o sentimento de insegurança que parece cada vez mais compor o cenário das cidades brasileiras, como se estivesse presente em todo e qualquer lugar, a qualquer hora e momento. Afirma que esse sentimento crescente de insegurança generalizado toma conta de todos os habitantes urbanos e é “como se a ‘geografia do medo’... muitas vezes parece deslocar-se em parte da incidência objetiva dos crimes violentos, [e] se superpusesse à ‘geografia da violência’... [provocando] um medo generalizado... matizado de acordo com a classe, a cor de pele, a faixa etária, o sexo e o local de residência, [que] toma conta de corações e mentes” (Souza, 2008: 54). Esse medo generalizado atua recondicionando hábitos de deslocamento e lazer, influenciando formas de moradia e modelando discursos padrões sobre a violência urbana, que reascende, amplia e consolida o próprio medo no íntimo de cada habitante e de toda a cidade. Entre os entrevistados da cidade de João Pessoa, em primeiro lugar, é necessário notar que a categoria Violência Urbana está associada às relações de estigma tratadas na categoria Moralidade, e, principalmente as ilações que remetem para a noção de pobreza urbana e a sua demonização, que vêem pobres e mendigos como sujos e como bandidos em potencial. Esta categoria responde por 25% dos informantes, que a indicaram como uma representação de sujeira, como pode ser visto na Tabela 5, abaixo; sendo 15% de mulheres, contra 10% dos homens. Tabela 5 - Categoria Violência Urbana por Sexo – João Pessoa - % Categoria/Sexo Violência Urbana Fuente: elaboración propia.

Total

15%

10%

25%

Muitos dos informantes são claros na relação pobreza e violência, e no medo e no sentimento de insegurança permanente que sentem, mesmo no interior de suas casas. Uma entrevistada, por exemplo, fala do pânico diário de sair de casa, depois que ficou “presa no meio de um tiroteio entre polícia e moradores da favela próximos” a sua residência. Outro informante indica um dos motivos que, para ele, e para a mídia local, é uma das fontes de preocupação das classes médias da capital: o seu depoimento informa sobre os sequestros relâmpagos que assolam a cidade, “onde qualquer um pode ser vítima, e se não tiver dinheiro, pior, é morte certa, é morte certa. Não tem pai de família daqui que não fique aperreado com os seus expostos a qualquer

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momento e toda a hora a passar por um horror desses...”. Uma respondente, por seu turno, fala dos assaltos nos pontos de ônibus e nos parques da cidade, que a fazem ter medo de se deslocar a pé, e mesmo de sair de casa. Afirmando que, “se eu não tivesse que trabalhar vivia trancada em casa, sem sair para nada. Pedia tudo por telefone ou internet”. Outro informante relata que “nunca fui assaltado, mas morro de medo de que isso aconteça”, e conta que o vizinho ao lado de sua casa teve um revólver apontado para a sua cabeça, na hora em que abria a garagem e, por sorte, só levou apenas o carro. Outro entrevistado fala da insegurança de viver na cidade, com assaltos constantes e arrastões; outro comenta o gasto com a segurança que vem tendo nesses últimos anos. Informa que o bairro em que mora, Cabo Branco, transformou-se de um bairro pacato, onde todos se conheciam, para um lugar perigoso, onde os moradores têm medo de sair de suas casas, vive trancado, de muro altíssimo, cheio de grades e apetrechos de segurança. “Vivo numa prisão”, informa, “com medo até de botar o nariz prá fora de casa”. Todos os depoimentos relatam o medo generalizado, que reforçam a idéia de “separação, purificação, demarcação e punição das transgressões” (Douglas, 1976: 4), e dos transgressores, apontados como os pobres e bandidos, em uma correlação onde um e outro se misturam e torna-se um todo homogêneo e indiferenciado, como categorias excluídas da estrutura formal do poder e consideradas sujas, poluidoras e ameaçadoras. A categoria Ética, Política e Cidadania A última categoria indicada pelos entrevistados da cidade de João Pessoa, na Tabela 6, abaixo, como algo sujo, fala sobre a Ética, Política e Cidadania, e trás no seu interior as noções de Desrespeito ao Cidadão, Falta de Zelo com a Coisa Pública e Falta de Consciência Ecológica. Tabela 6 – Categoria Ética, Política e Cidadania – João Pessoa % Categoria/Sexo

Total

Desrespeito ao Cidadão

3,3

4,9

8,2

Falta de Zelo com a coisa pública

1,7

3,4

Falta de Consciência Ecológica

3,3

1,7

5,0

8,3

16,6

Total Fuente: elaboración propia.

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Epílogo

Como pode ser visto na Tabela 6, os 16,6% de informantes que indicaram como sujeira a categoria Ética, Política e Cidadania, situaram suas indagações em três grandes noções: a primeira remete ao Desrespeito ao Cidadão, com 8,2% das representações dos informantes da cidade;20 seguida pela noção de Falta de Zelo com a Coisa Pública, com 3,4% das indicações,21 e, por último, a noção de Falta de Consciência Ecológica, com 5% das indicações.22 A cidade de João Pessoa tem uma aguda consciência ecológica travada, principalmente, na luta pela conservação das áreas verdes da cidade e sobre a proibição de construção de edifícios com mais de três andares nos três primeiros quarteirões contíguos ao litoral. Os informantes que indicaram a falta de consciência ecológica procuram ligar a questão com o conceito de desenvolvimento sustentável, e muitos nos seus discursos elaboraram críticas aos planos diretores da cidade e sua preocupação com o futuro da capital. Os respondentes apontam como sujeira à poluição do ar e dos rios, o desmatamento desenfreado, as queimadas, bem como o lixo acumulado nas encostas dos morros ou jogados nos rios e canais da cidade, bem como a luta contínua para assegurar uma orla sem espigões, sempre burlada pelo valor das áreas onde se situam os bairros mais elegantes da cidade, entre outros aspectos. Coligando esta noção de falta de consciência ecológica com a de desrespeito ao cidadão, esta primeira se interrelaciona com as indagações da segunda quando aborda a falta de saneamento, e o esgotamento sanitário a céu aberto ou ligado clandestinamente aos rios e às praias, que levam ao prejuízo à população da cidade em relação ao lazer, à reserva de água potável e à saúde pública, causando epidemias e perigos de diversas espécies. Indicam ainda os gases poluentes, o mau cheiro das cidades, o chorume e os gases produzidos pelo lixo acumulado em depósitos de acolhimento sem nenhuma estrutura. Acusam os políticos de não se preocuparem com a questão, com grande prejuízo para as cidades e para os cidadãos que nela vivem. Remetem, assim, as suas narrativas para a associação da falta de consciência ecológica com as questões de falta de zelo com a coisa pública e do desrespeito com os cidadãos. A noção de Falta de Zelo com a Coisa Pública, no interior da categoria Ética, Política e Cidadania, por sua vez, fala diretamente contra a falta de ética na 20 Isto é, 3,3% dos homens entrevistados e 9% das mulheres sugeriram o desrespeito ao cidadão brasileiro e joãopessoense, como algo indigno e sujo. 21 Homens e mulheres constam ambos com 1,7% das representações sobre a falta de zelo com a coisa pública como algo sujo e que “enoja”, usando o termo usado por um dos entrevistados, a sociedade brasileira e de João Pessoa, especificamente. 22 3,3% dos homens a indicaram e 1,7% das mulheres.

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política e na administração pública no Brasil. Os informantes são claros na comparação da política praticada por políticos profissionais no Brasil como sujeira, nas esferas federal, estadual e municipal, apontando elementos como a corrupção ativa, como o desvio de verbas, a má aplicação dos recursos públicos, o descaso com as políticas públicas no país, principalmente ligadas à educação e à saúde e no controle da criminalidade, a questão da fome associada ao desvio de verbas e ao legislar e agir em causa própria. Esta noção, também, remete a política na cidade e no país à politicagem, e aponta os escândalos que a sociedade brasileira e a paraibana vivenciam desde os anos finais do século XX até agora: como o de desvio de verbas públicas, o mensalão, a operação vampiro e outras; ou como subornos, contratações ilícitas, enriquecimentos rápidos e inexplicáveis de políticos, e uso da máquina pública para cabide das mais diversas práticas abusivas de beneficiamento da família ou pessoal; ou ainda, como o eterno acabar em pizza das CPIs, os partidos como cabides de interesses estratégicos para uso pessoal, a falta de ética como fundamento partidário, entre inúmeros outros, como um dos males do Brasil contemporâneo. Males que são apontados pelos informantes como sendo a prática da política no Brasil, e que os fazem desabafar o nojo que sentem da política e dos políticos, considerados, como disse um informante, “como um bando de porcos no chiqueiro, quando aparece alguma lavagem (a mistura de restos de comida com que são alimentados os porcos criados em fundos de quintais)”. A noção de Desrespeito ao Cidadão, por outro lado, é uma categoria que engloba respostas associadas à cidadania e a qualidade de vida dos habitantes da cidade, e onde se vêem respostas ligadas a problemas de saneamento básico, de esgotamento sanitário, de falta de estrutura de transportes públicos, das condições das vias expressas (calçadas, ruas, avenidas, estradas), da carência de iluminação pública, da condição de higiene da e na cidade, entre outras queixas. Esta noção, também, se encontra associada com a da Falta de Zelo com a Coisa Pública, com comparações depreciativas da política legislativa e executiva do país, como a dada por um informante, insatisfeito com a falta de estrutura urbana do seu bairro e que tinha sido prometido melhorias por um vereador que recebeu muitos votos dos moradores de lá: “pois é doutor, os políticos são como gatos de rua, só aparecem quando querem se eleger, depois esquece o eleitorado”. Esta afirmação geral, dada por um informante, sintetiza, grosso modo, uma boa parte das mágoas com os políticos por parte do homem comum urbano brasileiro. Essa queixa trás embutida outras tantas, que dizem respeito, principalmente, ao poder executivo. Embora, em muitos casos, revele ainda uma mentalidade clientelista por parte do eleitorado, da relação político-eleitor. 286

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Promessas pessoais feitas durante a campanha para possíveis eleitores e depois esquecidas quando conseguem assumir algum posto no legislativo ou no executivo, são apontadas por alguns informantes, que se colocam descrentes do voto e aproximam a prática política da podridão, e que veem o político como aproveitador, e a política como sujeira. Por outro lado, a grande maioria das respostas reside no descumprimento de promessas de campanha para melhorias na infra-estrutura urbana, a partir do próprio bairro ou comunidade do eleitor. Outro núcleo grande de indicações do desrespeito ao cidadão se coloca em alguns problemas de âmbito mais geral que atingem os moradores como a coleta do lixo na cidade, os problemas de transporte urbano, o estado de falência em que se encontram estradas, avenidas e ruas na cidade e em todo o país, dificultando a circulação de automóveis e pessoas, aumentando o número de acidentes de trânsito e o trafego diário das vias públicas. Outro conjunto de respostas fala da falta de policiamento nas ruas, da falta de iluminação pública, dificultando a circulação de pessoas, principalmente aquelas mais pobres, gerando medo. Outro aspecto associado como desrespeito ao cidadão, e indicativo da política como algo que dá nojo, fala da saúde pública, e das dificuldades do seu uso e do desaparelhamento dos hospitais e postos de saúde; da educação formal e do enfraquecimento da escola pública; falam ainda do distanciamento salarial dos políticos profissionais, bem como dos outros poderes, em relação ao salário do trabalhador comum, entre outros tantos aspectos. Outro núcleo de indicações fala diretamente da questão do trato da violência como fazendo parte de um comércio e uma indústria do medo. O que mostra a associação da política e do desrespeito ao cidadão, com relação ao trato da violência pela respublica, isto é, como uma coisa do povo. Indicam os políticos em cargos legislativos e executivos como os responsáveis pelo acirramento da violência no país, não por falta de recursos aplicados, mas pelo desvio destes recursos, seja em propaganda, seja por outras formas: despreparo das forças públicas, falta de policiamento estratégico, desinteresse real da questão, embora com aparente interesse da eterna fonte de recursos para estimular este comércio e indústria nos municípios, estados e país, ampliando a cultura do medo entre os cidadãos. Esta categoria mostrou-se importante nesse estudo por mostrar como a população brasileira vê e sente a política em desenvolvimento no país através dos seus políticos profissionais. A falta de ética, o uso pessoal e partidário da máquina política, o desrespeito ao cidadão, são apontados como problemas estruturais da política no país que levam a descrença do eleitor para o destino de seu voto: “em qualquer político novo ou antigo que se vote, ele assumiu o poder vira um safado igual

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aos demais que só pensa no seu bolso e no seu benefício”, sintetiza uma informante de João Pessoa, e o fazem ver a política como algo sujo. Mostra também o lado clientelístico por trás das reclamações dos eleitores em relação aos políticos nacionais e, também, indicam um lado trágico desse desordenamento: a descrença da política e a anomia produzida por este ceticismo, bem como, uma visão da política como um lugar onde “o sujeito, se tiver rebolado, pode se dar bem”, como insinuou outro informante. O que parece confirmar os dados de uma enquete realizada em 2005 pelo Ibope em várias cidades brasileiras, e publicada no Jornal do Comércio, Recife, de 20 de outubro de 2005. Esta enquete mostrou que 67% dos informantes afirmavam que, se estivessem no poder, faziam a mesma coisa que os políticos que lá estão: roubar e colocar a máquina política a seu favor. Dados constrangedores que demonstram o imaginário social do jeitinho pessoal, já tratado pelo antropólogo carioca Roberto DaMatta (2001) sobre a forma de ser do brasileiro. Ou da expressão popular: “rouba, mas faz”, como forma síntese do político que se dá bem, mas também executa obras, tão comum na política nacional desde meados da década de cinquenta do século passado. Nunca, porém, a política foi tão mal vista como nos últimos anos. Em várias respostas os respondentes ampliavam o seu argumento com a indicação do “voto porque sou obrigado”, e da intenção de votar nulo ou em branco, “pois todos os políticos, no fundo, são iguais”: o que equivale a desonestos e que só pensam em si. Espelhando a desilusão com a política, com os políticos e com os poderes constituídos no país. Considerações finais A categoria de sujeira, analisada neste trabalho, é uma categoria analítica importante para a reflexão e para a compreensão dos valores e atitudes que permeiam o comportamento social dos informantes joãopessoenses e sobre as representações sobre o que é considerado sujeira e sentido como ameaças na vivência cotidiana dos informantes. Pelo demonstrado parece ter ficado claro a relevância da sujeira para a reflexão antropológica e sociológica, na medida em que permitem compreender e discutir a importância da categoria para o entendimento de como os informantes as apreende e as denunciam, enquanto significados e práticas experimentadas no cotidiano de uma sociabilidade por eles vivida, e que colaboram para a constituição de modos e estilos de vida e de condutas morais. Valores, crenças e aspirações, medos e receios e esperanças que asseguram um modo de viver social, bem como identidades e objetivos, afinidades e desafe288

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tos, noções de semelhança e de dessemelhança, de pertencimento, de fronteiras e estranhamento, sentidos pelos informantes em seus entrecruzamentos locais e nacionais, são enunciados nos testemunhos relatados pelos respondentes da pesquisa, ampliando o leque de informações por onde pode se compreender o imaginário social em que se baseiam as respostas dos informantes e de como ele se expressa em suas vidas cotidianas. Tais elementos permitiram ao pesquisador examinar, através da noção de sujeira, as instâncias afetivas e estéticas, bem como as normas e preceitos que estão por trás, e que parecem servir como reguladores de formas de conduta e modos e estilos de vida dos respondentes da cidade de João Pessoa. O que permitiu a compreensão dos processos de coesão social, e de descontentamentos ou buscas de mudanças entre os entrevistados, enquanto práticas sentidas ou experimentadas no seu cotidiano. Este artigo, assim, elencou as principais categorias levantadas pelos entrevistados, em suas considerações sobre o que consideram como sujeira, e discutiu a importância da categoria para os informantes na construção cotidiana do sentir e agir social e cultural, e que colaboram para a elaboração de uma rede de significados que levam à configuração de condutas morais e modos de vida. Este artigo, assim, tendo as representações sociais como objeto de estudo, buscou ampliar a compreensão de como os moradores da cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, que serviram como informantes nesta pesquisa, sentem, interpretam e julgam a realidade em que vivem, a partir de suas experiências cotidianas em suas casas, nos seus bairros, na cidade, e até mesmo no país, através de uma questão a eles indicada para a reflexão: a noção de sujeira. Mostrou, ainda, que esta noção trás em si a idéia de uma ofensa contra a ordem e contra aos valores sociais vistos idealmente como positivos, e regidos e alimentados na prática diária da vivência cultural e social e, inclusive, de suas ambiguidades. A noção de sujeira, aqui analisada, por fim, pôs ainda em relevo as correlações estabelecidas entre as estruturas do sistema social local e nacional e as formas mais ou menos explícitas de autoridade, com os elementos de poluição e infração que, com eles, interagem como tensão e como enfrentamento. Dentro do ângulo da moralidade, a pesquisa mostrou o sentimento de vergonha e da baixa estima dos informantes ao indicarem a sujeira no cotidiano da cidade, das residências e das pessoas, permitindo a formação de estigmas sociais, traduzida na objetivação de que algo ou alguém não é limpo, de acordo com os critérios de uma moralidade que classificam e desclassificam os outros da relação.

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No interior de um ponto de vista onde a ética espelha as classificações sociais ideais, por outro lado, o trabalho mostrou a importância da categoria sujeira para explicitar e apontar falhas no caráter e nas instituições social, como lido pelos informantes com relação à política e aos políticos locais, estaduais e nacionais. Este artigo é um esforço para a compreensão da noção de sujeira, a partir das informações trazidas à tona pelos testemunhos de 60 entrevistados da cidade de João Pessoa. Nele se buscou apresentar os critérios de classificação lançados nas suas respostas e dos medos e receios indicados em relação ao outro relacional, social e culturalmente exposto; bem como apresentar como os entrevistados vivenciam e expressam as formas de conduta, de valores e dos costumes a eles, sentidas como semelhantes, ou anunciadas como dessemelhantes e apreendidas como práticas distantes e não civilizadas (Elias, 1990 e 1993), vistas pelos entrevistados como sujas e que causam asco. O artigo procurou mostrar e compreender as experiências, ansiedades, reflexões e comparações emitidas pelos informantes, traçando um panorama sobre como pensam a noção de sujeira, e de sua significação para a análise social. Bibliografia ABRAMO, Perseu (1979) Pesquisa social: projeto e planejamento. São Paulo: T.A. Queiroz. ÀRIES, Philippe (1989) O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves. BARBOSA, Lívia (2006) “Cultura, consumo e identidade: limpeza e poluição na sociedade brasileira contemporânea”, en: Lívia Barbosa y Colin Campbell (orgs.), Cultura, consumo e identidade. Rio de Janeiro: Editora da FGV. pp. 107 a 138. BACZKO, Bronislaw (1985) “Imaginação Social”, en: Enciclopédia Einaudi (Anthropos-Homem), Vol. 5. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda. BACZKO, Bronislaw (1984) Les imaginaires sociaux. Mémoire et espoirs collectifs. Paris: Payot. BOURDIEU, Pierre (2007) A Distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Editora Zouk. BUARQUE DE HOLANDA, Aurélio (1980) Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira ___________ (1992) Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa – ilustrado. São Paulo: Civilização Brasileira CALDEIRA, Teresa Pires do Rio (2000) A cidade dos muros. São Paulo: Editora 34 e EDUSP. 290

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Datos de los autores

Santiago Bachiller Investigador del CONICET. Docente e investigador de la Universidad Nacional de la Patagonia Austral (UNPA/UACO). Doctor en Antropología Social. Departamento de Antropología Social y del Pensamiento Filosófico Español, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad Autónoma de Madrid. Magister del programa “Estudios Iberoamericanos: Realidad Política y Social” por la Universidad Complutense de Madrid. Licenciado en Antropología Social por la Universidad de Buenos Aires. Becario Posdoctoral CONICET 2008-2010. E-mail: santiago. bachiller@gmail.com. Sebastián Carenzo Doctor en Antropología. Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires. Licenciado en Ciencias Antropológicas orientación Socio-cultural. Facultad de Filosofíay Letras. Universidad de Buenos Aires. Investigador Asistente Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET). Proyecto Circuitos de transferencia y relaciones económicas: un estudio antropológico sobre las prácticas de consumo inter-cultural de artesanías del pueblo Chané. Director Dr. Alejandro Balazote. Sección de Antropología Social (ICA-FFyL, UBA). Desde 2009 y continúa. Investigador-docente en el Programa Economía Política y formaciones sociales de frontera: Etnicidades y territorios en redefinición”. Sección de Antropología Social (ICAFFyL, UBA). Secretario Académico. Sección de Antropología Social, Instituto de Ciencias Antropológicas (FFyL-UBA). Desde 2009 y continúa. Profesor Titular Nacional Maestría en Antropología Social, FfyL/UBA (sedes Buenos Aires y Tilcara). Desde 2009 y continúa. Jefe de Trabajos Prácticos (honorario), Escuela de Nutrición, Facultad de Medicina, UBA. Desde 2012 y continúa. E-mail: sebastian.carenzo@gmail.com. Cecilia Cross Doctora de la UBA en Ciencias Sociales, Magister de la UBA en Ciencias Sociales del Trabajo, Licenciada en Ciencia Política (Facultad de Ciencias SocialesUBA). Investigadora Adjunta Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y 295

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Técnicas (CONICET) con sede en el Centro de Estudios e Investigaciones Laborales (CEIL). Proyecto: Estudio de los procesos de implementación local de programas de reciclado en la zona metropolitana de Buenos Aires desde el enfoque de la Organización Social Total del Trabajo. Directora proyecto PICT: Disputas por las formas de regulación del trabajo en establecimientos agropecuarios y emprendimientos asociativos en el período 2003-2013. Profesora Asociada Regular en Historia de la Ingeniería y la Tecnología –Instituto de Ingeniería y Agronomía (UNAJ). Consejera Directiva CEIL (CONICET), Coordinadora del Programa Estudios de las Organizaciones y del Trabajo (CEIL-CONICET), Revisora de Cuentas de la Asociación de Especialistas en Estudios del Trabajo E-mail: crosscecilia@gmail.com. Victoria D’hers Doctora en Ciencias Sociales (UBA), Licenciada en Sociología (UBA). Investigadora Asistente del CONICET con Lugar de Trabajo en el Instituto de Investigaciones Gino Germani, Grupo de Estudios de Sociología de las Emociones y los Cuerpos. Dirige el proyecto “Construcción de las sensibilidades y estudios de percepción ambiental. Aperturas metodológicas” en la Facultad de Ciencias Sociales, UBA. Es parte del Grupo de Estudios Ambientales del mismo Instituto. Indaga temas ambientales desde el año 2007 (Beca UBACyT en Centro de Información Metropolitana, FADU, UBA; Beca CONICET Tipo II y Posdoctoral en IIGG). Dicta clases en Ciencias Sociales y Medio Ambiente, Cátedra Sejenovich desde el 2004, y Teoría Social, Metodología, Epistemología: cruces y entramados, Cátedra Scribano, ambas en la Carrera de Sociología, UBA. Cursó el Profesorado en Artes-Instituto Universitario Nacional de Arte (IUNA) y colabora en el Instituto de Investigaciones del Dpto. de Artes del Movimiento-IUNA. Prof. Certificada de Yoga-Método Iyengar. E-mail: victoriadhers@gmail.com. Hernando Herrera Licenciado en Sociología por la Universidad Nacional de Villa María. Doctorando en Semiótica, Becario doctoral CONICET.E-mail: elronquido@hotmail.com. Mauro Koury Profesor Doctor en Sociología y Coordinador del GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções de la Universidade Federal da Paraíba, Brasil. Profesor del PPGA - Programa de Pós-Graduação en Antropologia de la misma universidad. 296

Sobre los autores

Claudia Irene Marinsalta Licenciada en Historia por la Universidad Nacional del Sur (1983), Magíster en Género, Sociedad y Políticas por FLACSO/PRIGEPP (2009) y diploma Superior en Ciencias Sociales con Especialización en Género y Políticas Públicas por FLACSO/PRIGEPP (2004). Su experiencia docente a nivel universitario, comienza su actividad como Auxiliar Docente con Dedicación Semi-Exclusiva en Historia Moderna con extensión a Historia Contemporánea I en el Departamento de Humanidades de la Universidad Nacional del Sur (1998 – 2006). En la actualidad es Profesora Adjunta con Dedicación Exclusiva en Historia Moderna con extensión a Contemporánea I en el Departamento de Humanidades de la Universidad Nacional del Sur (2006 y continúa). Dicta Seminarios de orientación en Historia Moderna y Contemporánea. Departamento de Humanidades de la Universidad Nacional del Sur. Ha sido tutora de seminarios perteneciente a la Maestría en Género, Sociedad y Políticas (FLACSO). Como investigadora es codirectora y ha sido miembro desde 1995 de Proyectos de Investigación calificados favorablemente por evaluación externa, financiado por la Secretaría General de Ciencia y Tecnología y el Departamento de Humanidades de la Universidad Nacional del Sur relacionados con Historia de las Mujeres y Estudios de Género durante la época victoriana. Ha publicado libros, capítulos de libros, Actas de Congreso y artículos en revistas enmarcados en su área de conocimiento. Participó de reuniones científicas nacionales e internacionales y, en algunos de ellos, ofició de organizadora del evento, coordinadora de mesa y comentarista. E-mail: cjml@speedy.com.ar. Adrián Scribano Doctor en Filosofía por la Universidad de Buenos Aires. Investigador Principal del CONICET. Director del Programa de Estudios sobre Acción Colectiva y Conflicto Social del CIECS-CONICET. Director del Grupo de Estudios sobre Sociología de las Emociones y los Cuerpos del IIGG-UBA. Director de la Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad. (RELACES). Director del Centro de Investigaciones y Estudios Sociológicos (CIES). E-mail: adrianscribano@gmail.com. Cinthya Shammah Doctoranda en Ciencias Sociales en la Universidad de Buenos Aires, Magister en Administración y Políticas Públicas en la Universidad de San Andrés, Licenciada en Ciencias de la Comunicación en la Universidad de Buenos Aires. Forma

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parte del Área de Estudios Urbanos del Instituto de Investigaciones Gino Germani UBA. A su vez, ha desarrollado actividades de investigación, asistencia técnica y docencia en ámbitos públicos y privados. Recibió una beca doctoral por parte del CONICET. También se desempeña como investigadora en la Fundación Interamericana del Corazón Argentina. E-mail: cinshammah@gmail.com. Santiago Sorroche Licenciado en Ciencias Antropológicas. Orientación Socio-cultural. FFyLUBA. Doctorando en Antropología Social. FFyL-UBA. Becario doctoral tipo II del CONICET. Ha desempeñado cargos docentes en la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires, tanto en materias como seminarios. Actualmente se desempeña como docente del seminario anual de investigación “Teoría y metodología en la investigación antropológica de las prácticas y los procesos políticos” en la FFyL-UBA. Y como Ayudante de Primera en la materia “Sociología de las Organizaciones”. Carrera de Administración de Empresas, FCE, UBA. Es integrante del UBACyT: “La productividad política de la autogestión: etnografía de las prácticas cotidianas de organización colectiva en el área metropolitana de Buenos Aires” SEANSO, ICA, FFyL, UBA. Dirigido por la Dra. María Inés Fernández Álvarez. E-mail: sorroche.santiago@gmail.com. Gabriela del Valle Vergara Doctora en Ciencias Sociales por la Universidad de Buenos Aires (UBA). Magister en Ciencias Sociales con Mención en Metodología de la Investigación, por la Escuela de Trabajo Social, Universidad Nacional de Córdoba (UNC). Licenciada en Sociología por la Universidad Nacional de Villa María (UNVM). Integrante del Centro de Investigaciones y Estudios Sociológicos (CIES) y del Grupo de Estudios sobre Subjetividades y Conflicto (GEsSyCO). Becaria Posdoctoral CONICET 2013-2015. Designada como Investigadora Adjunta del CONICET. Docente de la Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (UCES) Sede Rafaela en las materias de Sociología (en la lic. En Recursos Humanos y Comunicación Social) como titular; de Comportamiento Organizacional (en la lic. En Recursos Humanos) como asociada; y de Metodología de la Investigación Psicológica (en la lic. En Psicología) como adjunta. Integrante de la Comisión de Evaluación para la Integración y la Calidad en el Aprendizaje de la licenciatura en Psicología UCES Rafaela. E-mail: gabivergaramattar@gmail.com.

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