Algo Mais Que O Interesse — Elizabeth “Bess” Meriam White e Judah “Jude” Barnett Langston —
(The Rawhide Man) Diana Palmer
Sinopse: Uma autora com mais de 10 milhoõ es de coó pias impressas, Diana Palmer agora mostra o que acontece quando um homem se casa pelo petroó leo e uma mulher se casa por naõ o ter outra saíóda — soó para descobrir as verdadeiras faíóscas do amor verdadeiro. Outro exemplo de histoó rias emocionais e sensuais que fizeram de Palmer uma das principais escritoras de romance.
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Capítulo 1 Um trovão estrondou em uma elegante casa dos subúrbios da Geórgia. Mas sua habitante, uma moça que olhava pela janela, não sentiu nenhum estremecimento. Uma experiência penosa ocorrida dois dias antes a tinha deixado insensível. Elizabeth Meriam White tinha vinte e dois anos, mas parecia ter cinqüenta. A longa doença de sua mãe tinha a atormentado bastante, mas sua perda não a tinha traumatizado. Só desejava que tudo voltasse para seu lugar, mas não estava se dando conta do vazio que estava ficando sua vida. Agora não tinha ninguém. Sua meio-irmã foi para Paris nessa mesma manhã com sua parte da herança. Não tinham tido uma relação muito íntima, mas Bess esperava que depois do ocorrido tudo mudasse. Deveria ter pensado melhor. Crystal nunca tinha cuidado de sua madrasta e sempre dizia a Bess que havia dinheiro suficiente na herança para pagar uma enfermeira. Muito dinheiro. Ao ouvir isto, Bess sentia vontade de chorar. Certamente que tinham dinheiro, mas foi até que o pai de Bess morreu e sua mãe casou-se com o Jonathan Smythe e ele passou a cuidar de todos os negócios. Carla nunca se preocupou com as finanças, exceto para assegurar-se de que Jude não pudesse pôr suas mãos nas ações da companhia de petróleo do Texas que seu pai e o do Bess tinham criado. Bess tremia ao pensar em Jude Langston. Sempre o tinha visto como um homem rude e invulnerável. Jude não tinha assistido ao funeral, mas Bess sabia que o veria cedo ou tarde. Bess ficou olhando a chuva que caía sobre as folhas das árvores que estavam caídas no chão. Apoiou o rosto no vidro da janela e fechou os olhos. “OH, mamãe, nunca tinha conhecido a solidão, nunca a conheci”, pensou Bess. Carla teve um câncer que não respondeu a nenhum tipo de tratamento, nem de radiação. Ficou muito doente e Bess se fez de forte e cuidou dela para que não morresse. Sua mãe tinha sido exigente e perversa e se mostrava sempre irritada e intolerante. Mas Bess gostava dela. E continuou cuidando até que foi para o hospital. Fez tudo isso quase sem nenhuma ajuda de Crystal, porque ela estava muito ocupada com seu trabalho e não podia perder tempo indo para casa. Foi somente para pegar a parte do dinheiro que lhe cabia. Bess a fez lembrar que os recibos do hospital e o médico tinham diminuído os recursos da família. Mas então Crystal perguntou sobre as ações de petróleo. Bess passou a mão pela nuca, a cabeça estava doendo muito, sentia-se mal porque não tinha descansado nem comido. As ações das que falou Crystal ficaram gravadas em sua mente. — Inclusive terá que vender a casa, Bess, está hipotecada — tinha dito Crystal. — Assim que fique sabendo, Jude Langston virá rapidamente me ver e você sabe. — É um homem muito sexy — disse Crystal. — Poderia ter todas as mulheres que quisesse e única coisa deseja é divertir-se com o petróleo, o gado e o bebê que tem. — Katy não é um bebê, tem quase dez anos. — Sim, claro. Você vai ao rancho todos os verões, não é verdade? Mas não foi este 4
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verão. — Tive que cuidar de minha mãe — disse Bess com firmeza. — Sim, já sei. Eu podia ter ajudado, mas… O que pensa fazer com as ações? — Desejaria não tê-las, eu não gosto de ter que enfrentar o Jude. Se minha mãe tivesse arrumado as ações de outra maneira. — Ela o odiava. Lembre-se que ela não ia às festas porque sabia que ele ia estar lá. Por que se davam tão mal? — Porque ela era uma garota da sociedade, e não havia nada no mundo que Jude odiasse mais. A mãe da Katy também era assim, você sabe. Ela rompeu seu compromisso enquanto ele estava no Vietnam e se casou com outro. Por essa razão parece ele que odeia a todo mundo, inclusive a mim. Eu pensei que a batalha se acabaria quando ela morreu. — Acredito que poderá conduzi-lo. — Ao Jude? — falou Bess sorrindo. — A primeira vez que o vi foi quando estive com meu pai no rancho do Langston. Eu tinha quatorze anos. Meu pai bebeu demais e se aproximou dele com uma pistola carregada. Jude não deu nem um passo para atrás. Foi direito à pistola, a pegou e lhe golpeou nos joelhos. — Os seus olhos brilham quando fala dele — disse Crystal a Bess. — Fica toda entusiasmada, não é verdade? — Ele me assusta. — Você é terrivelmente ingênua para a idade que tem. Não é medo o que sente, você não tem experiência para saber o que é — disse Crystal virando para ir embora. — Tenho que ir Jacques está me esperando no aeroporto, me mantenha informada de como vão as coisas. E isso foi tudo, Bess ficou sozinha. Não tinha família, nem nenhum amigo em quem confiar. Não teve oportunidade de ter amigos porque tinha que cuidar de uma mãe inválida. Logo que Jude soubesse que Bess controlava suas ações faria a vida dela impossível. Embora não tivesse conseguido convencer Carla, isso não queria dizer que não o tentasse com Bess. Saiu da janela ao ver as luzes de um carro. O barulho da chuva amortecia o ruído do motor. Bess foi até vestíbulo e se sentou na escada, tocou-se na face e se comparou a Crystal. Tinha um nariz perfeito e os lábios vermelhos, seus olhos eram grandes e atraentes, embora não fosse tão bonita quanto sua meio-irmã, tampouco era feia. Algum dia encontraria um homem e se casaria com ele. Pensou em Jude e soube que ele nunca se casaria, ele nem sequer tinha proposto casamento à mãe da Katy. Bess ficou olhando a casa enorme que fazia parte da herança dos White a mais de cem anos. Crystal tinha razão, teria que vender a casa, os lucros das ações eram suficientes para que ela pudesse viver, mas não para manter a casa. Bess ficou de pé, iria por em ordem as gavetas e assim ficaria ocupada. Seria uma bênção se tivesse um trabalho, mas somente tinha cuidado do funcionamento dessa enorme casa. E muito em breve, não teria nem isso. Bess sorriu e pensou que tinha que começar a procurar um trabalho. A campainha da porta a assustou, não estava esperando ninguém, olhou-se no 4
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espelho e viu que estava um pouco despenteada, mas não tinha tempo para se arrumar, estava pálida e sem nada de maquiagem. Esperava que não fossem mais contas. Já tinha bastante desde que se fez pública a morte de sua mãe. Um estremecimento percorreu todo seu corpo quando abriu a porta. O homem que tinha em sua frente era o sonho de qualquer mulher. Era alto, forte e usava um traje que parecia ser bastante caro. Parecia-se com um modelo de revista. Mas seu rosto era inescrutável e sua boca firme. Suas sobrancelhas tinham a mesma cor azeviche que seu cabelo, que estava oculto sob um chapéu. A imagem daquele homem era tão fabulosa que Bess deu um passo para trás sem se dar conta. — Imagino que estava me esperando — disse Jude Langston. — OH, sim, junto com o dilúvio, o terremoto e as erupções vulcânicas — disse Bess com um toque de humor que sempre aparecia quando estava nervosa. — Não deveria me incomodar em te perguntar por que está aqui, é óbvio que viu o testamento. Jude entrou e fechou a porta, a água caía da borda do chapéu. — Onde podemos falar? Bess se virou recordando que ainda era a senhorita White de Oakgrove e levou Jude a uma sala. — Vejo que ainda é uma garota da sociedade — disse Jude sentando-se no sofá. — Podem me servir um café, senhorita White? Ou, os criados não trabalham hoje? — Faz dois dias que minha mãe morreu — disse Bess — portanto, deixe seus sarcasmos para outra ocasião. Sim há café, e não, não há nenhum criado. Não tem havido nenhum há muitos anos. Ou você não sabe que a única coisa que há entre mim e a miséria iminente, são essas ações que você está desejando pôr as mãos? Jude a olhou como se tivesse surpreso. — Eu trarei o café — disse Bess. Enquanto o preparava, tentou acalmar seus nervos, ficar assim não a ajudaria em nada com Jude, e seria melhor que se controlasse. Bess levou o café para a sala de jantar e encontrou Jude olhando um retrato de Carla e Bess. Jude a viu entrar com a bandeja e não lhe ofereceu nenhuma ajuda. — Obrigada por sua ajuda — disse Bess. — Pesava muito? — perguntou Jude. Bess quase riu, a situação era incrível. Ao sentar-se derramou o café, mas não notou esse deslize. — Deveria te agradecer por se lembrar de como eu gosto do café? — perguntou Jude enquanto a olhava insolentemente de cima abaixo. — Não preciso que me adule — respondeu Bess agarrando a xícara de café. — Eu te conheço. — Acredito que tem toda a razão. — Como está Katy? — perguntou Bess. — Cresce muito depressa — disse Jude com o olhar fixo em Bess. — Perguntoume por você quando viu toda a família neste verão. — Sinto não ter podido ir. Não podia deixar a minha mãe sozinha. — Bom, já falamos o bastante. Você vai vir comigo a Santo Antonio. — O que disse? — perguntou Bess surpresa. 4
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— Ouviu-me muito bem, a única maneira que tenho de controlar essas ações é me casando com você. O corpo do Bess ficou imobilizado, como se Jude tivesse lhe golpeado. Bess devia ter imaginado isso antes. — Não — respondeu Bess. — Sim — disse Jude — esperei muito tempo para ter essas ações e vou tê-las. Se você aceitar o trato, eu cumprirei minha parte da melhor maneira possível. Bess ruborizou e ficou direita na poltrona. — O que te faz pensar que eu vou aceitar? — perguntou Bess com um tom de voz frio. — Você é arrogante e egoísta, e não se preocupa com ninguém no mundo exceto pela Katy. — Isso é verdade — afirmou Jude. — Mas você virá comigo ao altar, mesmo que tenha que te levar amarrada e amordaçada. — Não pode me obrigar a me casar com você. — Acha que não? Jude ficou de pé. Em seu rosto se notava o mau humor e a ira. Saiu da sala e Bess ficou olhando. Uns minutos mais tarde, Jude voltou com o casaco e a bolsa do Bess nas mãos. — Desligarei a caixa de fusíveis, pode chamar um corretor de imóveis de Santo Antonio para que ponha a casa a venda. Agora, ponha o casaco. Bess não podia acreditar que aquilo estivesse ocorrendo. “Deve ser uma alucinação”, disse-se. Um instante depois, Jude lhe pôs o casaco e lhe deu a bolsa. — Não irei! — gritou Bess. — Nem pensar, você virá! Jude a agarrou por braço e a tirou da casa. Capítulo 2 “Isto não pode estar acontecendo”, disse-se Bess uma hora mais tarde quando estava sentada ao lado do Jude na cabine do avião. O som do motor era real e Jude estava ao seu lado, concentrado em pilotar o avião. Jude não confiava sua vida a outro piloto. Gostava de controlar tudo. Agora Bess entendia por que nenhuma mulher o tinha levado ao altar. Apaixonar-se seria também dar o controle a alguém. Bess se inclinou no assento e se perguntou como poderia sair dessa confusão. Pensou que poderia vender a ele as ações, mas de repente recordou a frase exata do testamento, Carla também tinha tomado cuidado nesse ponto, a única maneira que Jude tinha de conseguir essas ações, era casando-se com o Bess. E nisto, Carla tinha pensado, mas estava segura de que ele nunca o faria. Bess era antipática com Jude e todo mundo sabia, estavam sempre discutindo. Jude e ela tiveram uma briga por causa da Katy. Bess chegou a ruborizar-se pela linguagem que Jude utilizou. 4
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Katy contou a Bess uma briga que teve na escola por afirmar que poderia vencer dois meninos de seu tamanho. Bess pensava que isso era terrível e falou com Jude quando uma noite foram jantar em um restaurante do Passeio do Rio. Já era costume ir a esse restaurante depois da excursão e do rodeio anual. — O que tem de mau em Katy defender a si mesma? — disse Jude. — O maldito menino lhe bateu primeiro. — É uma garota — tinha respondido Bess sem poder se conter. — O que está tentando lhe fazer? — Ensiná-la a se defender. — Ensinando-a a ser voluntariosa — disse Bess sem se acovardar. Isto fez Jude estourar. Tinha os olhos resplandecentes e um olhar perigoso. — Katy é minha filha. Eu digo o que é bom ou ruim para ela e não necessito da ajuda de uma garota. Quem é você para me dizer como tenho que criar a minha filha? Que qualidades tem para ser a mãe de alguém? Jude levantou bastante a voz, Bess queria se esconder. — As pessoas estão nos olhando — falou Bess. — Pois que olhem! — gritou Jude. — Se acha que tem o direito dizer às pessoas como tem que cuidar de seus filhos, diga a todo mundo. Prossiga, senhorita White, me diga como tenho que educar a minha filha! Bess tinha sido humilhada, mas mantinha a cabeça bem alta e o olhava fixamente. — Não acredito que tenha que voltar a repetir — respondeu Bess. Jude se zangou mais ao ver que Bess não se irritava e começou a blasfemar. — É uma menina intrometida — disse Jude — por que não se casa e tem seus próprios filhos? Não pode encontrar um homem bom o bastante? Ou que ocorre é que não pode encontrar um homem? Jude virou e partiu, deixando-a com os olhos cheios de lágrimas. Ela foi então para o hotel fazer as malas, e essa foi a última vez que teve contato com o Jude, até agora. — Tão calada e tão distraída — disse Jude fazendo-a voltar a realidade. — Sem uma queixa e sem nenhum grito. É isto um comportamento humano para você? Bess levantou a cabeça e lhe olhou. — Olhe quem está falando de ser humano! — exclamou Bess. — Eu nunca disse que era. — Se tivesse duvidado disso, você teria me feito mudar de opinião faz dois verões. — Você foi embora, eu não esperava. Nunca tinha se afastado de mim — disse Jude. A frase foi insólita, mas Bess não queria complicar mais as coisas. — Eu não fui embora. Simplesmente, não via nenhuma razão para ficar nem mais um dia agüentando seus insultos. — Aquilo foi por Katy, não quero que seja uma moça da sociedade, está claro? Você lhe deu uma mão em seu vestuário, mas não quero que isso volte a ocorrer. — Não se preocupe, não estarei muito tempo por aqui e assim não lhe farei nenhum dano. — Estará aqui! E cale-se! — disse Jude olhando-a com raiva. — Eu não gosto de 4
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discutir quando estou pilotando. Não quer que aconteça um acidente, não é verdade? — O avião não se atreveria — disse Bess muito zangada. — Como à maioria das coisas que lhe rodeiam, seria muito ameaçador aventurar-se a quebrar. Jude riu, mas em seguida mudou de expressão. Aterrissaram no aeroporto do Santo Antonio a noite. Bess estava muito cansada, mas reconhecia os arredores, até que se dirigiram à saída e então viu as paredes. Todas tinham posters publicitários e com temas do oeste. — Oh, que maravilhoso! — exclamou Bess quando se fixou em um que mostrava um rancho com um moinho de vento. Parecia-se com o oeste de Texas e Bess gostou muito dele. — Por todos os céus, vamos! — gritou Jude e a agarrou pelo braço. O contato da mão de Jude parecia que a queimava. — Poderia parar de se queixar um minuto? — disse Bess a Jude. — Por que não deixa de criticar todo mundo que te rodeia e comece a olhar para si mesma?-repreendeu-lhe Jude. — O que te faz pensar que é perfeita? Bess sabia que não era perfeita, mas essas palavras a magoaram. — Não vou me casar com você, terá que passar por cima de meu cadáver. — Deixe de dizer tolices, você vai se casar comigo querendo ou não. Não quero falar mais do assunto. Diminuíram o passo e Bess ficou com o casaco. Não estava chovendo, mas fazia frio. As palmeiras pareciam estar congeladas e os carvalhos que cercavam a estrada não tinham nenhuma folha. De repente se lembrou que não tinha comido nada desde a hora do café da manhã e isto a fez lembrar que Jude disse que tinha desligado a luz. — Seu imbecil! Deixou desligada a geladeira! Jude a olhou. — Não me amole, quero que seja mais delicada. E qual o problema se a comida estragar ? Você não vai estar lá para comê-la. — A casa vai feder! — Ocuparei-me disso, me diga o nome de um corretor de imóveis. — Não pode me ordenar que venda Oakgrove! È da minha família há mais de cem anos — respondeu Bess com raiva. — Venderá se eu mandar — disse Jude com mau humor. — É somente um terreno e uma casa velha. Bess recordou os lanches da família, os passeios pelos bosques, as primaveras, os verões e o amor que cada geração tinha pelo imóvel. E, de repente, deu-se conta de que não podia vendê-la. — Não — disse Bess. — É uma herança, se um imóvel for tão insignificante, por que não vende a Grande Mesquite? — Essa é diferente — respondeu Jude. — É minha. — E Oakgrave é minha. — Meu Deus, como é teimosa — disse Jude. — Para que você a quer? — É a minha casa, quando você se der conta do que está fazendo eu voltarei a morar lá e arranjarei uma maneira de mantê-la. 4
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Jude concentrou toda a sua atenção na estrada. — Eu preciso dessas malditas ações. Sua mãe quase me fez perder a empresa pela qual trabalhei a minha vida inteira, me negando as ações que na realidade eram minhas; colocou-me em uma luta de poder que talvez eu perca. — Uma luta de poder? — repetiu Bess. — Tenho um inimigo no conselho de administração — disse Jude um pouco irritado por ter que dizer-lhe. — É muito ardiloso e pode influir na votação. Por isso, preciso das suas ações ou, do contrário, perderei a empresa. — Não pode encontrar outra maneira para obtê-las? — Tenho meus advogados trabalhando nisso. Estão estudando o testamento de sua mãe, mas não estão muito otimistas, nem eu tampouco. Sua mãe se assegurou para que eu não pudesse comprar suas ações. E você também não pode me dá-las, o único jeito para eu consegui-las é me casando com você. — Então o problema é a empresa? Pois já pode procurar outra maneira de conseguir essas ações porque eu não me vou casar com você. Prefiro morrer de fome. — O sentimento é mútuo, mas nenhum de nós dois tem muita escolha. — Eu tenho sim. — Não comigo — respondeu Jude. — Não há opção, terá que se casar e casará. — Eu te odeio! — gritou Bess. — Me dê uma boa razão pela qual eu tenha que me amarrar a você. — Katy — disse Jude. Bess se inclinou no assento e fechou os olhos. — Você não quer que eu fique perto da Katy, já me disse isso muitas vezes. Jude acendeu um cigarro e continuou olhando para a frente enquanto entravam na enorme cidade do Santo Antonio. — Ela precisa de uma mãe — disse Jude — estive pensando no que disse a última vez que nos vimos. Acredito que não tinha razão, mas estou disposto a admitir que não estava totalmente errada. Ela está se transformando em uma mulher forte, possivelmente muito forte. Uma influência sua não seria nada mal, e além disso, ela gosta muito de você. — Eu também gosto dela — disse Bess. — Mas, o que me está oferecendo? Você quer controlar minhas ações e arranjar uma mãe para Katy mas, o que eu ganho com tudo isso? — O que você quer? Se deitar comigo? Acho que poderia me esforçar. — Seu maldito ! — Bess gritou zangada. — Vamos, gatinha, me diga o que quer. — Que não me obrigue a me casar com você. — Essa é uma decisão inevitável — disse Jude. — Quando o pior passar e nós vencermos por fim, eu manterei sua casa e Katy e você poderão passar os verões ali. — Você faria isso? — perguntou Bess. — Faria. — Poderíamos então nos casar e nos divorciar em poucos meses. — E o que aconteceria com Katy? — perguntou Jude. 4
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— Oh! — exclamou Bess surpreendida. — Sim, oh! Ela está muito feliz por saber que vai estar com você, está como louca. Eu disse a ela que você viria para decidir se nos casávamos ou não. — Ela nunca vai acreditar que você quer se casar comigo — respondeu Bess. — Por que não? — disse Jude com um sorriso nos lábios. — Eu disse que gostava de você e que esperava te conquistar. — É um bastardo! — Uh, uh, uh — advertiu Jude. — Essas palavras não são apropriadas para uma dama dizer. — Jude, por favor, me deixe voltar para casa. Não posso brigar com você, estou muito cansada. — Então não brigue, não me venceria. — Bess começou a rir. — Acredita que não? Bess olhou pela janela do carro enquanto se dirigiam ao sul do Santo Antonio. Seus olhos se encheram de lágrimas ao pensar na distância em que estava de sua casa, e de sua mãe. Um soluço saiu de sua garganta e começou a chorar. Tinha tentado controlar-se, mas já não podia mais. — Meu Deus não sabe nem chorar como uma pessoa normal. Bess limpou as lágrimas. — Eu gostava dela, faz somente dois dias que ela morreu, por favor, Jude. — Essas lágrimas não a trarão de volta. E nas condições em que estava, você gostaria que tivesse continuado vivendo? Jude não podia entender a sua dor porque não tinha passado por isso. Sua mãe morreu quando ele era um menino e seu pai nunca tinha sido muito carinhoso. Ele tinha sido ainda mais intratável que Jude. Bess parou de chorar e respirou profundamente. — Não quero viver com uma estátua como você. É… É uma pessoa sem sentimentos. — Mas o viverá, e vai fazer isso pela Katy — disse Jude ao virar em uma rua que lhes conduzia ao rancho. — Eu vou fugir — disse Bess. — Te trarei de volta — respondeu Jude. — Jude! — disse Bess desesperada. — Lembra-se do verão quando tinha quinze anos? Você saiu com o Jess Bowman e estive a noite toda te procurando. Estava toda encolhida dentro do seu casaco, pois tinha torcido o tornozelo. Ele ia descendo pela estrada, tentando fazer sinais para um carro. — Lembro — disse Bess. — Você quebrou o nariz dele. — Fiquei louco e lhe bati. Zanguei-me ao ver que tinha te deixado sozinha. — Ele não podia me levar — respondeu Bess. — Eu pude, apesar de não estar tão forte como agora. Bess recordou do momento em que ele a carregou em seus braços. Toda a força e o 4
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poder de seu corpo eram visíveis, era uma segurança que nunca tinha sentido em sua vida. — Isso foi no verão seguinte a morte de Elise e antes que tirasse Katy de seu padrasto. Também foi o mesmo verão que você fez tudo o possível para estar afastada do rancho — disse-lhe Jude. — Foi então que começou a me evitar. Bess sentiu que ruborizava ao recordar. Aquela noite sentiu algo que a deixou obcecada. Por isso, evitou ir ao rancho, exceto nas ocasiões em que ia ver Katy e também quando ia às reuniões familiares que se celebravam várias vezes ao ano. Na verdade, ela não era da família, mas por causa da estreita relação que tinham mantido seu pai e o dele, ela sempre era incluída. — Por que se ausentava? — perguntou Jude. — Nós sempre tivemos nossas diferenças, mas nunca te fiz mal. Tudo isso era verdade, Bess ficou olhando fixamente para suas mãos. — Não sei — mentiu Bess. — Tinha medo de levar uma cantada? Bess ruborizou e Jude riu. — Tinha quinze anos — recordou-lhe Jude. — Antes você não tinha nada para atrair um homem, mas agora tem. Jude olhou fixamente para o seio de Bess. Ela, ao notar, cruzou os braços e baixou os olhos, mas estava tão aturdida que teve que fazer um esforço para não voltar a chorar. — Pelo amor de Deus, não volte a chorar! Suponho que poderia seduzir qualquer homem, mas não tente comigo. “Será que disse isso a sério?”, perguntou-se Bess. Mesmo que tivesse, isso também não servia de consolo. — Terei que me ajoelhar e te agradecer por você achar que tenho algum atrativo para os homens. — Sim, mas são poucos — murmurou Jude. Bess se virou olhando-o zangada. — Meu deus! Quando se zanga, é alguém — disse Jude. — Esses olhos, esse cabelo. Mas estou seguro de que esse ar de elegante frieza nunca te abandona. — Minha mãe me disse que me comportasse sempre como uma dama. — E você é — afirmou Jude. — Mas teria sido melhor e mais excitante se tivesse te educado como uma mulher. Não havia resposta para uma observação como essa, portanto Bess continuou olhando a paisagem e tratou de ignorar Jude. Capítulo 3 A governanta de Jude, Aggie López, saiu para recebê-los. — O quarto da Bess está preparado? — perguntou Jude. — Sim, senhor Langston. 4
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A senhora Aggie olhou para Bess e sorriu. — Precisa alimentar-se, senhorita. Algumas semanas a base de fritos e apimentados farão com que aumente um pouco de peso,eu asseguro. Vamos, vou te levar a seu quarto e lhe prepararei algo para comer. A pequena acaba de ir para a cama. Estava muito ansiosa. — Mas já passa da meia-noite! — exclamou Bess. — Vamos — grunhiu-lhe Jude — é claro que não concorda com a hora em que vai dormir.Nunca está de acordo com nada. Bess lhe olhou com raiva. — Os crianças precisam descansar, igual aos adultos — respondeu Bess. — E falando de descanso, deveria olhar a si mesmo. — O que tenho de mau? — perguntou Jude. — Se me der um dia inteiro sem que ninguém me interrompa, farei uma lista detalhada do que tem de mau. Aggie ficou os olhando da escada. — Bom, por que está tão espantada? — perguntou Jude a Aggie. — Vai levá-la ao quarto ou não? — É verdade que vão se casar? — perguntou a senhora. — Fizemos um acordo apoiado no amor — disse Bess enquanto olhava para Jude. — Ele quer minhas ações e eu quero a sua filha. Jude disse algo grosseiro, virou e foi para o seu escritório. Entrou e fechou a porta de um golpe. — Algum dia quebrará as janelas — disse Aggie. — A vida é mais emocionante desde que vim trabalhar aqui. Não me interessa, mas não tem o rosto sorridente de uma noiva feliz. — Eu não quero ser uma noiva, — respondeu Bess — embora ele está tratando de que eu seja. — Já imaginava, — disse Aggie — mas nunca lhe perguntarei por que não o recusa. A seis meses estou trabalhando para o senhor Langston e ele sempre faz o que quer. Faz muito tempo que lhe conhece, senhorita? — A vida toda — disse Bess seguindo a senhora pelas escadas. — Então não precisa que lhe conte mais sobre ele. Disse-me que sua mãe tinha morrido. Sinto muito. — Sim. As lágrimas brotaram dos olhos de Bess ao se recordar da sua mãe. Aggie agarrou Bess pelo ombro. — Senhorita, a dor passa com o tempo. Faz alguns anos que eu também perdi a minha mãe, e ainda me dói, mas dizem que com o tempo a ferida se cicatriza. Bess afirmou com a cabeça e tratou de sorrir. — Este é seu quarto. Katy voltou a decorá-lo quando soube que viria. Aggie mostrou a Bess o quarto. Tinham colocado uma colcha nova na cama que combinava com as cortinas de cor bege, também havia uns tapetes de cor azul e um papel de parede muito bonito. E em cima da cômoda, tinha um vaso com flores naturais. 4
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— É lindo! — exclamou Bess. — Esperava que você gostasse — disse uma voz vinda da porta do quarto. — Katy! — exclamou Bess e lhe estendeu os braços. Katy correu para eles e sorriu. Era a viva imagem de seu pai. Seus olhos verdes se ressaltavam mais com a cor negra de seu cabelo, também ia ser muito alta. Quase chegava ao ombro de Bess. — Cheira muito bem — disse Katy. — Como as flores, sempre cheira muito bem, Bess. — Eu adoro que diga isso — disse Bess com um sorriso. — Como vai no colégio? — Odeio a matemática e a gramática. Mas me dou muito bem na aula de música. Toco flauta, faço-o muito bem com o coro. E também sou muito boa na aula de arte. — Que bom ouvir que sabe tocar um instrumento — disse Bess. — foi as boas vindas mais simpática que tive em muito tempo. — Discutiu com papai de novo, né? — murmurou Katy com um sorriso. — Eu ouvi. Bess ruborizou. — Tivemos um desentendimento insignificante. — Sempre têm desentendimentos insignificantes — disse Katy a Aggie e sorriu. — Papai gosta de dar ordens e Bess não gosta que as dêem. — Agora, Katy… — começou a dizer Bess. — Já sei, só devo me preocupar de minhas coisas — disse Katy. — Mas você vai ser minha mãe e também me interessa, não? Ao ouvir esta última frase, os olhos de Bess começaram a brilhar, mas não saiu deles nenhuma só lágrima. — Oh, sinto muito — disse Katy. — Sinto muito, me esqueci. — Está bem — disse Bess esfregando-os olhos. — passou muito pouco tempo,e eu gostava muito dela. — Nunca conheci minha mãe — disse Katy — mas meu pai disse que era uma fêmea de primeira classe. — Não deve dizer essas coisas — disse Bess muito zangada. — Mas papai diz. — Sim, mas você não deveria falar assim de sua mãe. Além disso, as damas não usam uma linguagem como essa. Katy a olhou desconcertada. — Amanhã terá que me mostrar o rancho. Faz mais de um ano que não venho aqui e estou certa de que houve muitas mudanças. Isso fez que Katy sorrir de novo. — É claro que sim! A menos que você prefira que papai lhe mostre. — Ele pode me mostrar depois — Bess respondeu. — Agora, o que acha de irmos para a cama? Estou muito cansada e quero descansar. — Diga me onde está sua bagagem senhorita, e eu a guardarei. — Isto é tudo o que trouxe — Bess respondeu abrindo o casaco e mostrando o 4
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vestido que estava usando. — Jude disse que não faltaria nada. — Vou te emprestar um vestido meu — disse Aggie. — Os homens nunca pensam nessas coisas. — Por que não fez uma mala? — perguntou Katy. — Porque seu pai passou para me pegar e não me deu tempo para mais nada, somente para pôr o casaco. — Boa noite, Bess — disse Katy indo para seu quarto. Bess não se lembrava de quanto era grande a Grande Mesquite, até que no dia seguinte deu uma volta por ela com Katy. A casa, que sempre tinha gostado, já era muito antiga. — Há alguns verões passados, eu estava acostumada a brincar no balanço da entrada — disse Bess a Katy olhando para a casa. — E a senhora que trabalhava aqui me preparava chá e grandes sandwiches de tomate. E enquanto comia isso, continuava me balançando. — Papai e você acostumavam brincar juntos? — perguntou Katy. — Não, querida — disse Bess com um sorriso. — Seu pai era já um homem e eu só tinha dez anos. Não o via quase nunca, foi para o colégio e depois para o Vietnam. — Oh, sim. Sei tudo sobre essa guerra — disse Katy. — Papai teve um horrível… — Katy! — gritou Aggie da porta. — Deanne está ao telefone, quer falar com você. — Já vou Aggie — disse Katy. — Deanne é minha melhor amiga. Não demorarei. — Não se preocupe por mim — disse Bess. — Darei um passeio ao redor da casa e vou dar uma olhada no gado. — Não se aproxime do estábulo, papai tem a Manta ali — advertiu-lhe Katy. — Que nome! É um touro? — Não, é uma égua — respondeu Katy . — Chamam-na assim porque gosta de se jogar sobre a gente, como se fosse uma manta. — Irei com cuidado — prometeu Bess. Katy foi correndo para casa e Bess ficou passeando pelo pátio. Estava com a mesma roupa que no dia anterior e um pulôver grosso de Jude para cobrir o frio, embora odiasse usar algo dele. Estava pensando nele, quando o viu sair do estábulo com uma rédea na mão puxando a Manta. Bess se aproximou da cerca e se sentou em cima. — Vai levá-la para passear? — perguntou Bess. — Não — respondeu Jude. — vou lhe colocar a rédea para que Bandy possa trabalhar. Bess viu como Jude se aproximava da égua e lhe falava com doçura para tranqüilizá-la. Nunca o tinha ouvido usar esse tom de voz, exceto quando falava com Katy. Ele foi se aproximando cada vez mais da égua, até que lhe pôs a rédea. Jude continuou acariciando seu sedoso pêlo negro enquanto o vaqueiro chamado Bandy saía do estábulo com uma corda na mão. Jude disse algo ao vaqueiro e depois se sentou na cerca junto a Bess. Usava uma calça jeans e uma velha camisa. Essa roupa combinava com ele. 4
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— Não confie muito nela, Bandy — disse Jude enquanto acendia um cigarro. — É como todas as mulheres, um puro nervo. Bess tirou o cabelo do rosto. Jude ficou olhando e perguntou apontando para o pulôver: — Onde conseguiu isso? — Aggie me deu — respondeu Bess. — Você não me deixou trazer nada. — Não ficou muito bem — disse Jude gracejando. — Não me importa,pelo menos estou quente. Mas se quiser que… — Ehhh, fique quieta e não faça drama! — disse Jude olhando-a fixamente nos olhos. — É um pulôver velho, eu o usava quando estava no Vietnam. “Provavelmente, isto lhe trouxe lembranças que preferiria esquecer”, pensou Bess sentindo-se culpada. — Esta manhã não se levantou gritando e dando golpes no chão — disse Jude. — Isso significa que deixou de lutar contra a idéia do casamento? — Não, fiz isso pela Katy, ela está tão iludida. — Sim, já te disse isso. Bess o olhou cheia de ira. — Eu não gosto de você, Judah Barnett Langston! — disse Bess com voz firme. — Que decepção! — respondeu Jude. — Pensei que ocultava uma grande paixão por mim. — Sinto estragar seus sonhos. Não me deitaria com você por nada do mundo. — O que ocorre com você é que não sabe nada sobre sexo. Em compensação, eu sei tudo. Bess ficou parada diante desta inesperada e íntima observação e ruborizou. — Eu nunca disse o contrário — falau Bess. — Mas estava pensando — disse Jude com um sorriso. — Eu não encontrei a Katy dentro de um repolho. A discussão estava indo muito longe e, Bess não gostava. Ela não sabia nada sobre sexo, somente o que tinha lido em alguns livros. E a última pessoa com quem ela queria aprender isso, seria Jude Langston. Não podia imaginá-lo sendo meigo e delicado com uma mulher. — Onde está Katy? — perguntou Jude. — Sua amiga Deanne ligou — murmurou Bess. — Deanne é uma garota de cidade. Está muito adiantada para sua idade, eu não gosto que Katy se junte com ela. — Porque tem vestidos? Acredita que Katy, quando for maior, vai correr pelo rancho atrás de um touro com um laço na mão? Jude a olhou nos olhos e Bess desviou o olhar. — Muitas vezes desejei que tivesse sido um menino — disse Jude deixando Bess surpreendida . — Mas não é culpa dela. —Está com quase dez anos. É a idade apropriada para as festas, os vestidos e que os meninos a rodeiem. Seria muito triste se a privasse dessas coisas. Jude a olhou e jogou o cigarro com raiva. — Por que não se mete em suas coisas? Vá colher flores ou algo assim. É só para 4
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isso que serve. Jude desceu da cerca e as lágrimas apareceram nos olhos de Bess, ela virou e foi para a casa. Um assobio a fez deter-se. — O que! — gritou Bess. — Vá a cidade e compre uns vestidos. Deixei uma conta aberta para você em uma loja chamada Joske. — Não quero nada, obrigada. — Como você quiser — disse Jude sem se importar. — Se quer se casar de combinação, é problema seu. — Não me vou casar com você ! — gritou-lhe Bess. — Casará, se eu não encontrar outra maneira de obter essas ações. Bess teve vontade de agarrar uma pedra e atirar-lhe, mas conhecia muito bem Jude e não o fez. No fim de semana, os advogados de Jude desistiram de tentar encontrar algum brecha no testamento da mãe de Bess. Na sexta-feira á tarde, Jude chegou como se quisesse estrangular Bess. Mas ao em vez disto, a fez entrar na sala de jantar e lhe disse que fechasse a porta. — Não há outra saída que não seja o casamento — disse Jude. — Não podemos anular o testamento a menos que possamos comprovar a incapacidade mental de sua mãe e o advogado de sua família me assegurou que não podemos fazê-lo. — Não — respondeu Bess — ela esteve consciente de seus atos até o último momento. Jude pegou um livro em cima da mesa e o jogou. — Maldição, eu não quero me casar! — disse Jude olhando para Bess. — Bem, não me jogue a culpa — disse Bess. — Eu não te trouxe aqui, tem que aceitar isso. Não me importaria de esquecer tudo. — Nem eu tampouco, mas preciso dessas malditas ações e logo. É inútil lutar, Bess. Falarei com o pastor. Podemos nos casar em São José, se quiser. — Na igreja? — perguntou Bess. — É fantástico. — Então, está de acordo com as bodas? — perguntou Jude. — Não acredito que tenha outra opção — respondeu Bess. — Além disso tem razão, Katy precisa de uma mulher ao seu lado. E eu preciso dela. Não tenho ninguém para gostar desde que… Bess parou de falar para que as lágrimas não brotassem de seus olhos. — Ela foi toda a família que tive no mundo. — Então vá a gráfica e encomende os convites, pedirei a minha secretária que te ajude a fazer a lista dos convidados — disse Jude olhando-a com carinho. — Quer que sua meio-irmã venha? — Não — respondeu Bess sem pensar. — Sabia que responderia isso. Mas tem que convidá-la, é seu único parente. — Convidarei. Jude ficou olhando-a. — Você não gosta da Crystal, não é? — perguntou Jude. 4
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— Ela também não gostaria de você, se não beijasse a terra por onde ela pisa. A principal ambição de Crystal na vida, é manter a Crystal feliz e contente. Mas os homens não se dão conta disso. — Já sei. Eles estão muito ocupados para dar-se conta — disse Jude enquanto contemplava a figura de Bess. — Você vivia na sombra dela, não é verdade? Nada no mundo a teria magoado mais que essa última frase. Bess se esforçou para sorrir e virou-se para sair da sala. — É um pouco orgulhosa, mas tem muita confiança em si mesma — disse Jude. — Existe algo que te decomponha, grande dama da sociedade? Aposto que quando está com um homem na cama se comporta com a mesma frieza. — Chega! — exclamou Bess irritada. — Esse assunto não te interessa. — Não se preocupo Bess, no que se refere a isso, o nosso casamento não será real. — Graças a Deus — murmurou Bess enquanto abria a porta e se dirigia ao corredor. — Não consigo te imaginar ardente e cheia de paixão. Algumas mulheres são muito frias — disse Jude. Bess fechou a porta com golpe e partiu para que Jude não pudesse ver suas lágrimas. Dois dias depois, Bess e Katy fizeram uma viagem a Santo Antonio. A loja onde Jude tinha aberto a conta em seu nome, era uma das maiores da cidade. Bess decidiu aproveitar-se da situação. Katy disse que preferia ficar no parque que havia em frente a loja com Bandy, que tinha se oferecido para levá-las a cidade. — Mas eu quero que você me ajude — disse Bess a Katy. — De certo modo, também te interessa. Você será a madrinha do casamento. Isso lhe fez mostrar mais interesse, mas depois de ter entrado em várias lojas, Katy estava muito inquieta. Ao final, uma das vendedoras lhe sugeriu um vestido no estilo mexicano. Era um modelo de gaze branca de mangas curtas. Parecia o vestido de uma camponesa, mas era muito bonito. Quando Bess o provou e mostrou para Katy, a jovem ficou sem respiração. — Ficou muito bonito — disse Katy com um sorriso. — Está linda, Bess! — Obrigada, querida. Agora temos que procurar algo para você. Katy protestou, mas Bess se impôs. Depois de ter entrado em várias lojas, acabou se decidindo por um vestido azul de veludo. Bess também lhe comprou um laço de veludo azul para combinar, uns sapatos brancos, uma linda bolsa e as luvas. — Todo mundo vai rir de mim — disse Katy. — Mas não na igreja — respondeu Bess. — Além disso, vai ser em uma das antigas missões. — De verdade? — perguntou Katy. — Seu pai disse. — Bom, então não ficará tão mal. “Isso espero”, pensou Bess. Não podia imaginar-se vivendo bem bem com Jude, ela se perguntava como Katy ia reagir diante de tantas brigas. — O que comprou? — perguntou Jude, quando chegou a tarde vindo de uma 4
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reunião que tinha tido no colégio onde era administrador. — Um vestido branco — respondeu Katy antes de Bess. — E para mim um azul. Mas… eu não poderia usar calça jeans e botas? — Sinto muito, mas não — disse Jude. — Mas pode se trocar quando acabar o casamento. — Bom, é melhor eu fazer os deveres, odeio a escola. Não posso deixá-la? — Não até que não tenha dezoito anos ou obtenha um diploma — disse Jude. Katy não disse mais nada e subiu as escadas. — Mostre-me o vestido — disse Jude. — Vou buscá-lo. — É melhor vesti-lo. — Traz azar, mas dá na mesma, como vou me casar com você já o terei. — Bess parou de falar. — Vá colocá-lo — disse Jude com um sorriso insolente. Quando Bess retornou, Jude ainda estava bebendo o café. Bess pos o vestido na frente do corpo para que Jude pudesse ver. — Branco? — disse Jude gracejando. — E por que não? Além disso, tenho todo o direito de usá-lo e o usarei. — É virgem? — perguntou Jude. — Sim e não me importo — disse Bess categoricamente. — Ainda restam algumas. — Acredito que deveria ter me dado conta, você se controla muito. — Claro, comparada a você. Graças a Deus não vou dormir em sua cama. Bess ia sair da sala, mas Jude ficou na sua frente. Agarrou-a pelo braço e a apertou com força. — Não me provoque — disse Jude com crueldade — ou saberá do que sou capaz. — Está me machucando — sussurrou Bess enquanto tentava se soltar dele. — Sempre tenta desviar as coisas — disse Jude. Os olhos de Jude estavam cheios de ira e tinha um olhar ameaçador. — Você começou — respondeu Bess. — Suponho que sim — disse Jude olhando-a nos olhos. — Você me tira do sério Bess. Sempre o faz. — Sei que preferia morrer a ter que se casar comigo. E espero que se dê conta que para mim significa o mesmo, mas é melhor tentarmos viver bem pela Katy. — Concordo — disse Jude. — Comigo? — Isso representa um problema — disse Jude enquanto a segurava pelo cotovelo e sentia o de sua pele. — Meu Deus, está muito magra. — É a moda — respondeu Bess. — E portanto, é sexy! Embora francamente, isso é algo que não me preocupa. — Deve ter o sangue muito frio, senhor Langston — disse Bess sem se acovardar. — É muito rude, não tem boas maneiras. — Muito forte, senhorita — respondeu Jude. — A propósito, Katy não gosta de ir para a cama às oito. 4
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Jude tinha notado o novo horário que Bess tinha implantado. — Ela me disse isso. — O curioso é que te obedece — replicou Jude. — Como eu disse uma vez, ela gosta de você . Jude tentou convencê-la de que não tinha razão, mas acabou por render-se. Tirou a gravata e desabotoou a camisa. — Me sirva uma bebida. — Eu não… — Uma bebida — interrompeu Jude. — Deveria ter me lembrado. Nada de bebidas, nada de sexo, nada de maus hábitos. Tem todas as virtudes de uma Santa. Jude saiu da sala sem dizer mais nenhuma palavra e fechou a porta. Bess pegou um vaso e o jogou contra a porta. Deu um golpe muito forte e caiu ao chão se fazendo em pedacinhos. Nesse momento, Jude abriu a porta e a olhou depois de ver o ocorrido. — Está plantando um jardim? Você não foi muito boa faz uns meses. — Eu sei o que eu gostaria de plantar. Bess pendurou o vestido de noiva e se abaixou para recolher os pedaços do vaso. Jude se agachou para ajudá-la e suas cabeças se chocaram. Jude a pegou pelos ombros e a levantou. Ela o olhou nos olhos e percebeu que ele estava a ponto de explodir de raiva. Bess podia sentir a respiração de Jude em sua boca e perceber o aroma de sua colônia. Parecia que estavam dançando. Seus olhos procuraram com desespero os de Bess e seus dedos foram deslizando por sua pele sentindo a suavidade . Os dois se olharam nos lábios, sabendo o que um queria do outro. Jude se aproximou mais e Bess pôde ver a firmeza de seu rosto, sem poder acreditar, era muito excitante sentir sua respiração tão perto dela. Passaram-se alguns segundos e ela se perguntou o que sentiria quando ele a beijasse. Uma parte de seu corpo tinha medo, mas a outra o desejava. Jude acariciou o cabelo de Bess e o jogou para trás, ficou olhando para sua boca sem piscar. Ela podia sentir o corpo dele muito perto do seu e isto despertou sensações que há tempos não sentia. O contato com ele a fez tremer e ficar sem forças, inclusive tinha que se esforçar para respirar. Jude também não podia fazê-lo. Murmurou algo e inclinou sua cabeça. Estava a ponto beijá-la quando ouviram a voz de Katy, que vinha do andar de cima. — Meu Deus, o que aconteceu? Jude a soltou, ela se virou e para pegar o vestido de noiva. Estava muito confusa pelo que tinha acontecido. — Sua futura mãe estava plantando flores — disse Jude, e foi para seu escritório. Aggie entrou e Bess pegou o vestido, ao sair Katy lhe sorriu. No dia seguinte, Bess se manteve afastada de Jude. Ela sabia que ele não a deixaria ir, mas ainda não estava preparada para o que ia ocorrer. Katy tinha saído para escovar a égua e Aggie estava preparando a comida, quando Jude entrou na sala, Bess estava ali preparando a lista de convidados para o casamento. — Nós temos que conversar — disse Jude com as mãos nos bolsos. — Eu não 4
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gosto que joguem vasos em minha cabeça. — Peço que me perdoe — suplicou Bess. — Não seja tão arrogante, tem coisas que não se esquecem — disse Jude se aproximando de Bess. — Você me jogou o vaso de propósito . — E o que importa isso? — disse Bess. — Preciso de suas malditas ações, e lembra-se que é por isso me vou casar com você? — Você vai se casar por isso — disse Bess com todo seu orgulho. — E eu vou me casar pela Katy. — De acordo. Deixemos as coisas tal como estão. — Eu… — Bess olhou o peito de Jude, quase sentindo o calor de seu corpo. — Você o que? — perguntou Jude. — Não queria que isso acontecesse. Você me enfurece Jude. — Nós sempre estamos soltando faíscas, mas isto tem que acabar. — Então, deixe de me maltratar — respondeu Bess. — Me trate como um ser humano e não como um animal. — Eu te trato assim? Pensei que estava sendo mais amável. — Não acredito que possa mudar sua forma de ser. — Você crê que me compreende? — perguntou Jude com um sorriso zombador. — Eu adoraria que me dissesse como sou. — Não me atreveria a ir tão longe. — Não tenho muita consideração com as mulheres, é a isso que se refere. A mãe de Katy me ensinou muito a respeito delas. — Ensinou todas as coisas ruins e nenhuma boa — disse Bess. — Como se atreveu a dizer a Katy que sua mãe era uma… — Não pode dizer a palavra? Poderia sujar sua língua ao dizê-la? — perguntou Jude. — Foi uma crueldade dizer isso diante da Katy. Uma garota precisa da ilusão de uma mãe e você tirou isso dela. Além disso, ela já morreu e já não pode fazer mal a Katy. — Mas recordar dela lhe faria mal. Não quero falar de Elise com você. — Não estou pedindo que o faça — disse Bess evitando seu olhar. — Mas seria muito amável da sua parte que não falasse mal dela para Katy. — Não posso falar com você — disse Jude muito zangado. — Sempre terminamos discutindo, diga o que diga. — Me perdoe por respirar — respondeu Bess. — Maldita seja! Jude se zangou bastante e empurrou Bess contra as almofadas. A lista de convidados que estava fazendo ficou completamente amassada quando ela caiu em cima dela. — Faz com que o sangue me suba à cabeça — disse Jude. — Nunca em minha vida quis bater em uma mulher com tanta vontade como em você, portanto, não me atormente mais. 4
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Bess não disse nenhuma palavra. Jude tinha ficado muito violento e ela ficou com medo, sentou-se e tratou de não piorar mais as coisas. Jude ficou olhando o rosto pálido de Bess. — Tem medo de mim, não é verdade? — perguntou Jude olhando-a nos olhos. — Acredito que tem medo sim. Por isso está mais ofensiva comigo. O ataque é a melhor defesa, não é assim que você pensa? Bess deixou a lista de lado e se levantou, tentando manter a distancia do Jude. — Tenho que ajudar Aggie — disse Bess muito nervosa. — Não tem que fazê-lo. Não tem que fugir e nem se esconder. — Tomarei cuidado com o que digo de agora em diante. Isso te deixará satisfeito, não é verdade? Jude franziu o cenho e a olhou. — Está com medo — disse Jude. Bess se virou, e saiu batendo a porta. Depois disso, Jude estava sempre perto dela. E isso a deixava muito nervosa. Para se distrair, Bess dava longos passeios pelo rancho, sempre fascinada pelo que a rodeava. Katy lhe disse que na primavera havia muitas flores, e Bess, que nunca tinha estado ali naquela época do ano, imaginava que seria como uma explosão de maravilhosas cores. Mas ainda era inverno e nada podia florescer, exceto a crescente atração de Bess por Jude. Ela surpreendia a si mesma o olhando fixamente quando ele não a via. Estava ficando cada vez mais difícil para Bess não lhe olhar quando se reuniam para jantar. E em troca, Jude a olhava com uma expressão estranha. No dia do casamento, Bess vestiu o vestido de noiva, mas em seus olhos se via a incerteza. Estava fazendo o mais adequado? Era lógico que ele a forçasse a um matrimônio que podia destruí-la? Bess tinha medo de Jude, mas não pelas razões que ele acreditava. Temia-o por amá-lo. A discussão deles serviu para ela ver quanto o queria. Mas Jude não queria nada dela, somente suas ações, e ele tinha deixado isso bem claro. Poderia Bess arriscar-se a viver tão perto dele e passar um dia após o outro sem deixar que ele percebesse que ela o amava? Jude era muito sagaz, e se ele descobrisse, cada vez que discutissem poderia zombar de seus sentimentos. Quando Bess ia descer as escadas, esteve a ponto de voltar atrás. Mas já era muito tarde. Os convidados, os amigos de Jude e toda a família Langston, estavam esperando-a na igreja do subúrbio de Santo Antonio. Bess se sentia vazia, igual a quando sua mãe morreu. Viver com um homem como Jude ia ser uma experiência penosa. Bess pegou o buque de rosas brancas e desceu as escadas. Capítulo 4 A igreja de São José e San Miguel do Aguayo, obteve o apelido de Rainha das Igrejas do Texas. Tinha uma estrutura elegante e as paredes eram tão cheias de história, 4
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que fez Bess estremecer no momento em que a adentrava de braço dados com vizinho de Jude, Adam Teague, um homem alto e com o cabelo grisalho que Bess já conhecia a anos. O altar estava cheio de flores de Páscoa. Era a estação propícia para elas, pois faltavam somente duas semanas para que chegasse o Natal. Bess tinha perguntado a Jude se poderia adiar a cerimônia até então, mas ele estava impaciente para conseguir as ações.Jude tinha contratado alguns mariachis para dar mais alegria à cerimônia. Bess pensou que aquela versão da marcha nupcial, era a mais linda que já tinha ouvido. A música fazia eco no interior da igreja enquanto Bess avançava para o altar nos braço de Teague. Seu coração começou a pulsar com força quando Jude virou para olhá-la. Apesar de todo o romantismo que havia no ambiente, o que Bess viu os olhos do Jude foi uma expressão de ódio. Teague a deixou ao lado de Jude, Bess estava muito nervosa e não se inteirou de nada da cerimônia. Nem sequer se deu conta de que Katy estava a seu lado. As palavras do sacerdote ecoaram no interior da igreja e algumas promessas eram as mesmas repetidas nos dois séculos de existência da missão. Jude pôs o anel no dedo do Bess e pronunciou algumas palavras, e depois, deu-lhe o beijo de recém casados. Já eram marido e mulher. Bess ouviu os mariachis começar a tocar quando Jude segurou o seu braço para sair da igreja. Do lado de fora, todos os convidados estavam esperando para lhes atirar arroz. Bess estava com frio porque o vestido que usava não era apropriado para um dia de dezembro. Quando entrou no Mercedes com Jude e Katy, sorriu e fingiu estar vivendo os momentos mais felizes de sua vida, dirigiram-se para a casa e Bess deu uma última olhada na igreja. Tudo tinha acabado. Desejou poder voltar atrás e esquecer todo o ocorrido. — Algum dia voltaremos e verá a janela rosa, Bess — prometeu Katy, mas em seguida corrigiu-se. — Quis dizer mamãe. Bess se emocionou muito e olhou o rosto radiante da Katy. — Eu gosto disso. Eu gosto muitíssimo e além disso, soa muito bem — disse Bess. — Isso é um absurdo — respondeu Jude olhando para Katy. — Ela não é sua mãe. — Sim senhor — disse Katy e voltou a olhar para Bess. — Parabéns, Bess. — Obrigada — respondeu Bess ignorando a crueldade de Jude. Bess teria que lhe dizer, mais cedo ou mais tarde, que um homem devia ser amável e não tão grosseiro, insuportável e insensível como ele era. Nos dias seguintes ao casamento, Jude se manteve afastado da casa. Também era muito difícil que Bess o visse, inclusive de noite. Em realidade, Jude havia dito claramente como ia ser aquele matrimônio: uma associação sem nenhuma intimidade. Bess estava mais tranqüila porque sabia que não voltaria a acontecer nenhum confronto como o ocorrido uns dias antes do casamento. Como tinha muito tempo livre, começou a preparar as coisas para o Natal. — Nunca montamos uma árvore, nem nada — disse Katy a Bess. — Não existe Papai Noel e papai diz que isso é uma tolice. Bess ficou horrorizada e se aproximou da Katy. — Mas, querida, você não sabe o que significa o Natal? 4
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— Os professores nos falam dele — murmurou Katy. — Mas você não vai a missa na Véspera de natal? Katy a olhou um pouco constrangida. — Papai diz… — Seu pai fala muito — interrompeu Bess. — Agora, vamos comprar uma árvore e presentes, pelo menos, para nós duas. E nós duas vamos a missa na Véspera de natal, queira seu pai ir ou não. Aggie e eu prepararemos um peru com todos os adornos necessários para o dia de Natal. Os olhos de Katy estavam brilhantes e cheios de alegria. — Oh, Bess, tudo isso parecer ser maravilhoso. Mas papai não deixará. — Já veremos — disse Bess com firmeza e deu uma olhada na sala para saber onde ia colocar a árvore. — Vamos colocá-la ali, para que se possa ver do lado fora também. Tem enfeites para por na árvore? Katy moveu a cabeça negativamente. — Já teve uma árvore alguma vez? — perguntou Bess. Katy voltou a negar. — Então, vamos à loja — disse Bess. — Vá buscar uma blusa. Enquanto isso, irei falar com seu pai, e depois, pedirei a um dos homens que nos leve a cidade. — Vai fazer isso? — Esteja certa que sim — disse Bess e indo falar com Jude. Ela o encontrou no estábulo, conversando com um dos homens. Bess esperou que terminassem. Jude saiu um momento depois , parou diante de Bess e acendeu um cigarro. — Quer alguma coisa, senhora Langston? — perguntou Jude com grande sarcasmo. — Sim, senhor Langston — respondeu Bess. — Quero que alguém nos leve a cidade para comprar uma árvore de Natal e algumas coisas mais. — Não — respondeu Jude . — Em minha casa, não. Bess sabia que iam voltar a brigar mas estava preparada. Levantou com firmeza a cabeça e olhou fixamente para ele. — Antes de nos casarmos, esteve de acordo em que nos dessemos bem, não é verdade? Não te pedi nada até agora. Nenhuma só coisa. Mas agora te peço a metade da sala. Precisamente, quero a parte que dá para a estrada porque tem uma janela grande. Por isso quero pôr a árvore ali e não me importa do tipo que seja. Também vou comprar alguns enfeites, um peru e um presunto. — Vai pôr o peru e o presunto na árvore? — perguntou Jude. Bess o olhou sem se intimidar. — Também quero que compre algo para Katy e que coloque embaixo da árvore. Mas um presente que você compre, não sua secretária. — Algo mais? — Não. Isso é tudo. — Você disse a sua parte. Agora, vou dizer a minha. Os natais são para os que não têm cabeça e não têm nada melhor a fazer. — Silêncio! — gritou Bess. — Você sabe muito bem o que é o natal e por que o celebram, e é vergonhoso saber o que disse a Katy. Como acha que ela se sente 4
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quando todas as outras crianças lhe contam os presentes que ganharam no Natal e que depois vão à igreja dar graças a Deus por eles? O que supõe que diz? Jude ficou um pouco aturdido. — Que é somente um dia mais — respondeu Jude. — Mas isso não se pode dizer a uma menina que não tem mãe — respondeu Bess quase perdendo o controle. — Concordo — respondeu Jude muito zangado por ter que ceder. — Pode pôr uma árvore e comprar um peru, mas não espere que vá à igreja porque não vou. Bess virou-se para partir, mas Jude se aproximou e a agarrou pelo ombro. — Onde vai comprar a árvore? — Não sei. A mão de Jude acariciou com suavidade o braço de Bess. — Você colocou tudo isso na cabeça da Katy. — Ela só quer ter o que têm as outras crianças. — De acordo. Vou levá-las á cidade. Bess ficou surpresa. — Eu… eu pensei em pedir a um dos homens. Não esperava que você viesse. — Não quer que eu te leve? Bess ficou muda. Durante alguns segundos, os dois ficaram ali de pé e sem falar nada, apenas se olhando fixamente. — Vamos! Senão ficará tarde — disse Jude a agarrando pelo braço. — Chame a Katy. Jude pegou o chapéu e foi para a garagem. Tinha sido uma surpresa que Jude tivesse aceitado. No caminho para a cidade, a única coisa que Bess fazia era olhar de vez em quando para ele com curiosidade. — Tenho que passar pelo escritório — disse Jude enquanto dirigia. — Deixarei vocês na cidade para que irem fazendo as compras. Vou esperá-las às três em frente ao hotel Menger. — De acordo — respondeu Bess. Jude ficou olhando para sua mulher enquanto ela saía do carro. Bess sorriu e lhe mandou um beijo. Isso o fez partir deixando as marcas das rodas no chão ao arrancar. — A polícia vai prendê-lo se fizer isso outras vezes — disse Bess. — Nunca o tinha feito antes — murmurou Katy com um sorriso. — Ele está muito estranho desde que você chegou. Bess sorriu. — Hoje faz um dia maravilhoso. Parece que estamos no outono — Bess franziu o cenho — O outono é até o dia vinte, não é verdade? — Sim, mas todo mundo pensa que como estamos em dezembro é inverno. Bess, é verdade que meu pai nos deixará comprar uma árvore de Natal? — Sim. Vamos nos apressar. Compraram os enfeites para a árvore com um cheque que Jude tinha colocado na sua bolsa. Bess mandou Katy à padaria para que comprasse pão e alguns bolos. Enquanto isso, ela se apressou em comprar algumas coisas que sabia que Katy iria gostar, antes de que pudesse se arrepender, comprou uma calculadora de bolso que 4
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Jude tinha muita vontade de ter. E também uma gravata horrível, que sabia que ele não ia gostar. No dia de Natal decidiria que presente lhe dar. Às três, Jude as pegou na frente do hotel. Bess olhou com euforia para o edifício e a rua. — Hoje, não — disse Jude. — Tenho uma reunião esta noite. Só tenho tempo para comprar a maldita árvore e voltar para casa. Katy parecia triste, mas Bess lhe sorriu. — Você e eu voltaremos outro dia,combinado? Jude arrancou o carro com violência e lançou um olhar mortífero a Bess, que ela tentou ignorar. — Sempre me desafiando, não é verdade? — murmurou Jude enquanto ligava o rádio do carro. Estava tocando uma canção triste de amor, com um refrão que se repetia muitas vezes “sinto meu coração doente por você”. Bess levantou o olhar e sorriu para Jude. — Do que ri? — perguntou Jude. — Sinto meu coração doente por você — disse Bess cantarolando a canção. Katy estava morrendo de rir. Jude não gostou que rissem dele. Levantou a mão e pegou Bess pelo cabelo. — Pare de me gozar, Bess — disse Jude e a soltou ao ouvi-la gritar. — A minha vida estava muito tranqüila até você chegar. — Isso é o que você pensa? Eu acredito que é por culpa de seu mau caráter. — Tenha muito cuidado, senhorita — aconselhou Jude. — Com o tempo, ficará indefesa. Bess sabia o que ele queria dizer, mas se sentia confiante o bastante para zombar dele. — Não me assusta — respondeu Bess. — Meus antepassados sobreviveram aos aventureiros políticos e à guerra. Eu acredito que vou sobreviver a você. — Nós tivemos na família índios apaches e comanches — disse Jude olhando para Bess. — De fato, minha avó era uma índia apache. “Isso explica seu cabelo negro e seu aspecto tão forte”, pensou Bess. — E posso provar isso. Tenho fotografias de alguns primos longínquos, peça a Katy que te mostre. — Oh, sim — respondeu Katy — alguns estão com um arco e flechas. E também com uma faca e um manto de búfalo. — Eu costumava ler muito sobre o Cochise e os Apaches Chiricahua — disse Bess. — As histórias do oeste eram as que meu pai gostava mais. Tinha álbuns com fotos antigas da guerra, algumas eram muito bonitas. Involuntariamente, Bess ficou olhando para o rosto do Jude, que estava sem se barbear. — Alguns índios apaches pegam as mulheres brancas para que cuidem de suas casas — disse ele. Bess olhou pela janela. — Ali tem uma árvore de Natal — disse Bess. — Poderia parar? Jude parou na calçada. Katy saiu correndo para onde estavam os pinheiros. 4
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— É uma estupidez — disse Jude. — por que comprarmos uma árvore se temos tantas no rancho? — Porque este dinheiro vai para as crianças que não têm nada no Natal — respondeu Bess. — Supondo que Katy vivesse como alguma dessas famílias das casas pela qual passamos, Jude. O olhar de Jude foi muito frio e penetrante, e Bess sentiu todo o corpo tremer. — O dinheiro não trás a felicidade — continuou Bess. — Eu sei muito bem, mas a falta de dinheiro pode causar muita desgraça. Jude viu que Katy estava mostrando uma árvore. — Já encontrou uma que gosta — disse Jude a Bess. — Você terá que decorá-la. — Eu adoro decorar árvores de Natal, já comprei muitos enfeites. — Sim, já sei — disse Jude com um sorriso. — Um peru e um presunto. Bess sorriu alegremente. Seus olhos estavam cheios de afeto e seu rosto tinha uma expressão de bem-estar. Ergueu a cabeça e os raios do sol refletiram em seu cabelo, lhe dando um brilho especial. Jude ficou olhando-a e depois se juntaram a Katy. A árvore que Katy queria era um pinheiro enorme, que media mais de dois metros e meio. Jude tentou fazê-la mudar de idéia, mas foi impossível porque era o único pinheiro que tinha gostado. Jude concordou e o homem lhe mostrou a conta. Bess e Katy voltaram para o carro porque estava ventando e fazia muito frio. Bess olhou para trás, para ver se por acaso Jude se arrependia. Jude pôs a árvore onde elas queriam. Tinha que voltar para a cidade para participar de uma reunião e disse que jantaria por lá. Bess sorriu quando viu a expressão de Aggie. — Nunca come na cidade — disse Aggie. — Não o entendo. — Está zangado por ter tido que nos comprar uma árvore — explicou Bess sorrindo. — Que árvore magnífica! — exclamou Aggie. — Nós, em casa, sempre montamos um presépio, que é o típico. Mas a árvore é linda. — Nós também compramos o presépio — Katy disse. — Compramos luzes e todo o tipo de enfeite, vou ligar para a Deanne para contarlhe Katy saiu correndo e Bess olhou sorridente a árvore enorme. — Ela se divertiu muito toda hoje e em alguns momentos ficou muito nervosa. — O senhor nunca gostou das celebrações, senhora — disse Aggie. — Bom, mas este ano vamos celebrar — respondeu Bess. — Insisti e teremos peru, um presunto e todo tipo de enfeite. Eu tenho um livro de receitas… bom, tinha. Terei que ligar para o caseiro para que me envie isso por correio. — Vendeu sua casa? — perguntou Aggie. — Oh, não. Contratei a um caseiro para que a conservasse. É da minha família há muitos anos e eu não poderia vendê-la. Foi parte do nosso acordo de casamento. Eu lhe daria as ações, mas ficaria com minha casa. Também disse a ele que queria uma parte da sala — disse Bess olhando para a árvore. — Respondeu-me que nesta casa não ficaria nada. Mas desde que nos casamos, esta casa também me pertence e por isso vamos montar uma árvore de Natal. 4
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— A senhora, está o deixando louco — disse Aggie com um sorriso. — Nunca tinha visto ele tão confuso. Passa todo o tempo amaldiçoando, mas o vejo sorrir cada vez que a olha. O sorriso de um homem que está satisfeito com o que tem. Isso era algo espantoso. Bess teve que conter-se para não pular de alegria, mas não fez muitas ilusões. Jude tinha decidido não aproximar-se de Bess, portanto seria melhor que não esperasse muito dele. Katy e Bess decoraram a árvore e terminaram bem a tempo para que Katy fosse dormir. Quando Bess ligou as luzes da árvore, Katy ficou olhando-a como se nunca tivesse visto nada tão maravilhoso. Um instante depois, deu um abraço em Bess. — Eu te amo — disse Katy abraçando-a com força, depois partiu correndo. Bess ficou olhando a árvore com os olhos cheios de lagrimas. Quem teria imaginado que a árvore significaria tanto para a menina? Bess recordou os natais de quando era pequena, com seu pai e sua mãe. Então, as lágrimas correram por seu rosto. Tinham sido uma família feliz, muito feliz. Mas seu pai morreu e sua mãe se casou com o pai de Crystal. Depois disso, a felicidade de Bess desapareceu por completo. Mas seu passado tinha sido maravilhoso, e por isso, queria que tudo fosse maravilhoso para Katy. Uma menina de sua idade deveria ter boas lembranças de sua infância. Era quase meia-noite quando Bess foi para a cama. Jude não tinha chegado ainda. Estava espantada por ele ter concordado com suas exigências, mas Jude era cheio de surpresas e Bess sabia que não poderia forçá-lo. Possivelmente a expressão de Katy, quando se levantasse no dia de Natal, seria suficiente para que Jude parasse para pensar. Jude não pôs nenhum impedimento à árvore de Natal. De fato, fez de conta de que não estava ali. No dia da véspera de Natal, Bess o viu descer com um enorme pacote pela escada. Ela se alegrou muitíssimo pela Katy. A única coisa desagradável que tinha acontecido com Bess, era uma postal de Crystal dizendo que tinha recebido sua carta contando do casamento e que iria passar umas férias com Jude e ela. Crystal era tudo o que Bess precisava para romper a trégua que tinha estabelecido com Jude. Sentia vontade de gritar, Crystal sempre tinha tirado lhe tudo. Ela era mais bonita, mas Bess não se importava. Tinha Katy e ao menos a esperança de algum tipo de relação com Jude. E o que aconteceria se Crystal decidisse perseguir o marido de Bess? Uma nuvem escura se apossou do pensamento dela, e de repente, teve medo. Capítulo 5 — O que é isto? — perguntou Jude a Bess quando a viu arrumar a mesa para o dia de Natal. — Um guardanapo — respondeu Bess. Jude ficou olhando o guardanapo, pego-o na mão e o sacudiu. — Nunca tinha visto uma coisa tão ridícula! Bess o olhou fixamente. 4
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— Pode encontrar guardanapos assim elegantes em todos os restaurantes do país — disse Bess com sarcasmo. — Mas se prefere, pode limpar a boca com a manga da camisa — Como um selvagem? — perguntou Jude atirando o guardanapo em cima do prato. — Isso é o que sempre me considerou. — Isso não é verdade. Bess deixou de pôr a mesa e ficou em pé lhe olhando sem se acovardar. — Não é? — disse Jude sorrindo. — Então, por que me joga vasos de barro e tenta me esbofetear? — Jude — disse Bess suplicante. — Por que não podemos esquecer o passado? — Seriamente acredita que possamos ignorar a maneira que reagimos um com o outro? — perguntou Jude com um pequeno sorriso. — Meu deus, não posso recordar a última vez que uma mulher brigou comigo como você faz. A observação trouxe visões inoportunas à mente de Bess. Nunca tinha imaginado Jude com uma mulher na cama, e isso a sobressaltou. Infelizmente, Jude notou. — Não me referia a isso — murmurou. — Não queira ler os meus pensamentos — disse Bess continuando com sua tarefa. — No que estava pensando? Não acreditava que as damas fizessem insistência em coisas tais como o sexo. Bess tratou de ignorar o insulto. — Katy deve estar esperando — disse Bess. — Por favor, não ria de seu vestido. Comprei para que o pusesse na véspera de natal para ir a missa. — Nunca rio de minha filha — respondeu Jude. — Nossa filha — disse Bess com um tom de voz frio. — Perdão. Bess terminou de pôr a mesa. — Poderia lhe dizer algo bonito quando a vir vestida. — Fique tranqüila , querida — disse Jude, observando como Bess se afastava para trás ao se dar conta de que ele ia acariciá-la — . Desde a semana passada está me provocando, mas minha paciência tem limite. — É que mal tem ter um pouco de paciência? — Segundo as circunstâncias normais, tenho o bastante — respondeu Jude deixando Bess nervosa. O que mais Bess odiava, era que ruborizava com freqüência. — Pois não sabia — respondeu. Jude não respondeu e Bess ficou olhando. Não podia desviar seus olhos dele e a intensidade desse olhar a fez estremecer. Jude se aproximou dela. Bess podia perceber o aroma de sua colônia e ouvir os batimentos de seu coração. — É muito fria — disse Jude — igual ao gelo. Pergunto-me há anos se seria capaz de te derreter. — Não pense que vai poder fazê-lo — sussurrou Bess. Jude podia sentir o efeito que causava em Bess com o contato de suas mãos e suas carícias. — Sou um homem — disse Jude. — E é algo que parece que você se esqueceu a 4
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muito tempo. Tenho as necessidades normais de qualquer pessoa. O coração de Bess pulsava a toda velocidade. Quis soltar-se, mas Jude a aproximou ainda mais de seu corpo. — Não fuja. Não vou te fazer mal — sussurrou Jude. — Ao menos, desta vez não. Tenho muita curiosidade, e quero saber por que é tão fria comigo. — Você faz com que minha vida seja triste — respondeu Bess. — Tirou-me de minha casa e me obrigou a casar com você, insulta-me e ainda por cima tem a ousadia de me perguntar por que me afasto quando se aproxima de mim. — Sempre fugiu de mim, inclusive muito antes de te trazer aqui. Exatamente há dois verões. — Só tentei me defender. — Refere-se a quando me ataca e faz que eu estoure com você — disse Jude. — Sei que algumas vezes agi muito mal com você. Essa confissão era surpreendente, porque Jude jamais tinha cedido nem pedido perdão. Bess ficou olhando-o. — E não sabe por que, não é verdade? — perguntou Jude. — Porque me acha antipática. Jude sorriu. — Deus, é uma principiante. Está desabrochando, igual às orquídeas na estufa — disse Jude segurando-a pelo queixo. — Isso me lembra algo. Não quero que volte a pôr essas malditas flores no meu escritório. Bandy fez uma observação a respeito delas esta manhã, e também da árvore de Natal que montou. Disse que eu estava amolecendo. — E o que tem com isso? É tão rude que não pode desfrutar dos pequenos prazeres da vida. Esse comentário fez Jude se zangar. — Nós não precisamos de tudo isso — disse Jude. — A árvore de Natal, as guirlandas nas portas e dos demais enfeites, daqui a pouco, terei que pegar um desses enfeites e costurar na roupa intima. Bess sentiu vontade de rir, mas pôs a mão na boca e tentou disfarçar. Jude continuava abraçado a ela. Com a mão que mantinha em suas costas, abraçou-a com mais força e Bess se deu conta de que a proximidade estava fazendo efeito nele também. — Você toca piano, não é verdade? — perguntou Jude lhe pegando uma mão. — Sim. — Suas mãos são encantadoras — murmurou Jude. A respiração de Jude estava cada vez mais rápida. Ele desabotoou alguns botões da camisa e pôs a mão de Bess em seu peito. Bess ficou rígida com o contato de sua pele. Jude desabotoou outro botão e deslizou a mão dela por todo seu peito até chegar a seus mamilos. Bess não sabia que aquilo podia produzir o mesmo prazer no homem e na mulher, e ergueu os olhos. Ficaram se olhando durante um longo momento, até que Jude inclinou a cabeça para poder beijar os lábios de Bess. — Abra os lábios e corresponda a meus desejos — sussurrou Jude. Bess o obedeceu sem dizer uma só palavra, ficou nas pontas dos pés e se 4
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aproximou de sua boca, pouco a pouco. Abriu os lábios e correspondeu ao beijo dele. Todo seu corpo começou a sentir umas sensações muito agradáveis. A respiração de Jude se misturou com a de Bess, fazendo-se cada vez mais violenta. Suas mãos deslizaram pela cintura dela e a apertou mais contra seu corpo, enquanto seu beijo ficava mais potente. As mãos de Bess deslizaram por todo o peito de Jude, sentindo o calor de seus músculos. Ele gemeu de prazer e agarrou Bess com mais força, para que ela pudesse sentir o mesmo. Ela pôs suas mãos ao redor de seu pescoço e o abraçou com força. Bess sentiu como se estivesse se afogando em um novo e agradável prazer. De repente, Jude a afastou um pouco e ficou olhando-a. Em seu rosto se mesclava a ira e a satisfação. Bess se separou dele e se dirigiu para a mesa. Surpreendeu-lhe que Jude a deixasse partir tão facilmente. — Katy e eu vamos a missa dentro de alguns minutos — disse Bess. — Você gostaria de vir conosco? — Não, não posso. Se Bess não estivesse tão nervosa, poderia ter notado o tom áspero na voz de Jude e a dificuldade de sua respiração, que revelava o quanto estava agitado. Mas Bess não se deu conta e Jude se virou para sair. — Vou jantar fora. Pode fazer o que quiser com a Katy. — Ela é sua filha, Jude — disse-lhe Bess. — Não posso ficar aqui com você. Isso foi bastante cruel, mas Bess não reagiu. — Não se preocupe, Katy e eu estaremos fora de casa, ao menos por umas duas horas. — Prefiro sair. Conheço tudo sobre a alta sociedade e não suporto — disse Jude fechando a porta. Bess foi para a cozinha ver como estava Aggie com a comida. Mas antes de entrar, tentou secar as lágrimas que insistiam em brotar sem que se pudesse fazer nada para evitar. Fingiu estar alegre para que Katy não suspeitasse de nada e usou a desculpa de que Jude tinha tido que sair por problemas de negócios. Isso tranqüilizou a menina, mas não a conformou. Ela pôs o vestido rosa que Bess tinha lhe comprado e soltou o cabelo. Estava linda, Mas Jude nem sequer se incomodou em ficar um momento a mais para vê-la. Quando chegou a hora de ir dormir, Katy foi ao quarto de Bess e as duas ficaram conversando de como eram os natais na Georgia quando Bess era pequena. — Sente muito a falta de sua sua mãe? — perguntou Katy. — Sim. Sinto muitíssima falta, mas ela estava muito doente e foi melhor que Deus a levasse. — Agora está no céu — disse Katy compreendendo Bess. — Você não se arrepende de ter vindo para cá, não é verdade? Nem tampouco de ter se casado com papai. — Não, não me arrependo — respondeu Bess com um sorriso. — Basta ver a filha maravilhosa que tenho. 4
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Katy ruborizou e começou a rir. — Bess, faziam-se festas de Natal quando você era jovem? — perguntou Katy. — Não muitas. Mas quando minha meio-irmã cresceu, seu pai insistiu em dar. Ela tinha montões de amigos. — E você? — Não, querida, você sabe que sou muito simples. — Papai não pensa o mesmo — disse Katy — Eu o ouvi dizer ao senhor Teague que você foi uma visão. Essa palavra significa bonita, não é? — Há muitos tipos de visões — disse Bess e pensou que provavelmente Jude quis dar a entender que ela era como um pesadelo. Bess começou a pensar na forma em que ele a tinha beijado naquela tarde e aquele beijo foi ficando cada vez mais ardente. Mas, por que Jude a tinha beijado? — Bom, querida, estou um pouco cansada e amanhã é Natal. Vamos dormir — disse a Katy. — Amanhã vamos torrar umas amêndoas para comer como aperitivo, concorda? — Concordo — falou Katy ficando de pé. — Bess, estou muito contente por você ter vindo viver conosco. — E eu também — respondeu Bess. Nesse momento Jude entrou no quarto. Não se incomodou em bater na porta e quando entrou ficou olhando para sua filha. Jude estava bastante despenteado e seu olhar era severo. — É dia de festa? — perguntou Jude. — Acabávamos de nos dar boa noite — respondeu Bess sentando-se na cama. — Boa noite, papai — disse-lhe Katy a seu pai e este se abaixou para que ela o beijasse. — Devia ter indo conosco à igreja, foi maravilhoso. O sacerdote me disse que eu estava muito bonita. Katy, antes de sair, lançou um último olhar a Bess. — Boa noite, Bess. — Boa noite, querida. Katy saiu do quarto e fechou a porta. — A igreja, a árvore de Natal e o peru estão deixando minha casa e minha vida de cabeça para abaixo — disse Jude queixando. Ele respirava com dificuldade e Bess em seguida se deu conta de que tinha estado bebendo. — A missa foi muito bonita — disse Bess uns segundos mais tarde. — E Katy ficou encantada. — Se você diz. — disse-lhe Jude enquanto olhava a camisola de Bess. — Toda de renda, você a pôs de propósito? — O que? — Essa camisola — disse Jude e se aproximando mais da cama, sentou ao seu lado e continuou olhando a camisola, que tinha um sutiã elástico e sem alças. — Não imaginava que fosse entrar aqui — disse Bess. — Oh, certamente que não. Mas pôs isso, querida — disse-lhe Jude com um sorriso. — Deu-se conta de como te olhei e gostou. 4
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Jude lhe segurou as duas mãos, com uma das suas e a fez deitar-se contra o travesseiro. — Se quiser que eu te olhe, Bess, não tem mais que me dizer isso — Enquanto falava, Jude lhe abaixou a parte de cima da camisola, deixando seus seios descoberto. Jude ficou olhando, deixando que seus olhos seguissem por todas as linhas e curvas de seu corpo. Seu rosto estava rígido, mas seus olhos brilhavam de excitação. Bess não podia mover-se. O olhar absorto de Jude não a deixava mover-se. Estava olhando como nenhum homem anteriormente o tinha feito e como conseqüência sua respiração parecia cada vez mais a um ofegante. Finalmente, os olhos de Jude, depois de observar todo o seu corpo, encontraramse com os de Bess, e neles pôde ler a confusão que ela sentia. — Você gosta disto, não é verdade? — perguntou-lhe Jude. — Alguma vez esteve assim com um homem? Bess negou com a cabeça, não podendo pronunciar nenhuma só palavra. — Alguma vez? — repetiu Jude. — Como você mesmo disse, tenho poucos atrativos — sussurrou Bess desviando seu olhar. — Não — respondeu Jude com firmeza. — Não. Tem um corpo muito bonito, tão delicado como o interior de uma concha marinha. Nunca tinha visto nada tão encantador como isso. Bess notou que Jude estava bêbado, mas estava fazendo ela sentir coisas que nunca antes tinha experimentado. Bess queria que Jude se deitasse para assim poder beijá-lo. — Estamos casados — disse Jude. — Não há problema no que estamos fazendo. Bess sentiu um nó na garganta. — Sim, eu sei — respondeu. Jude estendeu sua mão e acariciou o rosto de sua mulher. — É tão jovem — disse com voz terna — não sabe o que é o sofrimento e a dor. Jude respirou profundamente, levantou-se e acendeu um cigarro. Bess continuou deitada, confusa com tudo o que estava acontecendo. — Jude? Jude se virou e ficou olhando sua nudez. Tinham se passado somente alguns segundos. — Oh, meu Deus! Por que não se cobre? Tomei três uísques, Bess, e faz meses que estive com uma mulher. — Você não me deseja, e não faz falta que volte a repetir isso — disse Bess com um tom frio enquanto arrumava a camisola. — Você ficaria surpresa se soubesse as coisas que desejo, mas sou realista e conheço minhas próprias limitações. — Você com limitações? — disse Bess jogando uma manta por cima. — Que estranho! Jude ficou olhando-a enquanto levava o cigarro para sua boca. Seu olhar era tão másculo e sensual que Bess teve vontade de sair da cama e lhe abraçar. A maneira com que tinha acariciado seu corpo era inexplicável e Bess sabia que embora tinha estivesse 4
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bêbado, nunca esqueceria essa noite. — Na realidade, não é tão fria como imaginava — disse Jude. — Para você é como um tipo de armadura ou uma maneira de se proteger. — Pois deixa de me desarmar. — Não estou fazendo isso. Você é muito mais complicada. Esta tarde, na sala… Jude se interrompeu para que Bess recordasse esse momento. — … você seguia a cada passo que eu dava. Não esperava que me beijasse, inclusive quando lhe pedi isso. Eu estava brincando. Bess fechou os olhos e tentou acalmar seus nervos. — Importaria-se de encontrar outro método de tortura para o futuro? — perguntou Bess. — Como você mesmo disse, sou muito principiante para conhecer a diferença. — Fiz mal a você? — perguntou Jude. Bess sorriu amargamente. — Para que uma pessoa te faça mal, tem que te importar muito e, certamente, isso não é o que me ocorre contigo. Jude deixou sair um som de sua garganta e apagou o cigarro que ainda estava pela metade. — Maldita seja! Por que me passou pela mente que o nosso casamento ia ser simplesmente um acordo, um matrimônio apoiado em um assunto de negócios e sem nada de sentimentos? Eu não mudei de opinião. Só quero as ações e nada de complicações. — Então, deixa de criá-las — disse Bess. — Deixe você de dar pé a elas — gritou-lhe Jude. — Sou um ser humano. Sou sensível à tentação como qualquer outro homem. — Eu não sei. — Me tente de novo e verá o que acontece — disse Jude. Depois ficou olhando-a fixamente até que ela desviou o olhar para o lado. — Não esquecerei sua advertência — respondeu Bess.Jude andou pelo quarto muito zangado. — Jude, por que nenhuma vez montou uma árvore de Natal? — Porque nunca tinha me dado conta até agora do que isso significava para Katy. Durante todo este tempo, fingiu que não se importava. E eu estava muito ocupado, agora está muito contente. Você conquistou seu coração e a colocou no bolso. Mas não tente conquistar a mim. — Pode ficar tranqüilo — disse Bess tentando se acalmar. — por que deveria fazêlo? De qualquer modo, você não me deseja. — Desejei você esta tarde — respondeu Jude. Bess ruborizou e Jude se deu conta dessa reação. — Que reação mais interessante! É muito virginal — disse Jude. — Não é porque eu queira. Tive uma pequena oportunidade para atrair a atenção dos homens enquanto Crystal viveu em casa. — O oropel normalmente escurece o ouro — disse-lhe Jude. — Sua meio-irmã é muito bonita, concorda. Roubava todos os seus namorados? 4
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— Todos. — Então, é porque não se importavam muito. Foi muito melhor que conservasse sua castidade. — Isso será um grande consolo para mim na velhice. — Não acredito que mude com o passar dos anos — disse-lhe Jude contemplandoa. — Sabe? tem um corpo muito bonito. Bess se deu conta de que Jude não estava sendo tão intratável como acostumava a ser. Se ela pudesse encontrar alguma forma para chamar sua atenção antes Crystal que o fizesse… e se pudesse… — Jude… está muito cansado? — perguntou-lhe Bess. — Está me oferecendo seu corpo? — Você o quer? — perguntou Bess um pouco nervosa. — Oh, sim. Desejo-te. Bess ficou de pé e sentiu o imprudente e o proibido ao mesmo tempo, esforçou-se para lhe olhar nos olhos. Deslizou a camisola por seu corpo e a deixou cair ao chão. Jude a olhou como se nunca tivesse visto uma mulher em sua vida. — É a graça e a elegância juntas — disse-lhe Jude. — Imaginava que seria orgulhosa inclusive quanto se entregasse. É encantadora, Bess. Muito encantadora. Não me provoque, querida. Faz tempo que não faço amor e tenho muita vontade. Jude foi apartar se, mas Bess lhe agarrou por braço. — É tão difícil assim para você ? — sussurrou Bess. — Não. Justamente o contrário. Mas e se ficar grávida. — OH, eu adoraria. Eu gostaria de ter um filho seu. Jude ficou nervoso. — Bess. — Não quer um filho, Jude? Jude se aproximou de Bess e acariciou seu corpo nu, apoiando o rosto sobre seu cabelo. — Sim — respondeu Jude. — Quero um filho e quero você também. Mas… — Mas, o que? — Bess, você sabe que eu estive no Vietnam? — Sim. — Minha unidade se encontrou com uma emboscada e balearam meu corpo. Meu quadril direito e a coxa parecem o mapa de uma estrada. As cicatrizes se apagaram um pouco com o passar dos anos, mas conheci mulheres que me pediam para apagar a luz. Jude sorriu ao dizer isto, mas Bess sentiu sua dor. Quanto devia ter sofrido! — Eu nunca te pediria que apagasse a luz — disse Bess ao seu ouvido. — Não me importaria que tivesse perdido um braço ou uma perna, no final, segue sendo Jude. — Amanhã pode se lamentar do ocorrido. — Preocuparei-me com isso pela manhã, Jude, por favor. — Meu Deus, não tem que suplicar! Não se dá conta de que eu te desejo? Jude se inclinou e a beijou com paixão. Bess sentiu quando a levantou em seus braços e a seguir a deitou na cama. Jude começou a tirar roupa com muita agilidade. Ela sabia que Jude não estava de todo sóbrio e que não havia barreiras entre eles. Bess não desgrudou os olhos quando Jude ficou de costas e ela pôde ver as cicatrizes do quadril e da coxa. Essa parte não era 4
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muito morena. Possivelmente porque nunca ia nadar nem tampouco ficava de bermuda. As cicatrizes não eram muito agradáveis, mas também não eram tão horríveis como Jude havia dito. Todo o resto de seu corpo era musculoso. A parte de cima era larga e ao chegar aos quadris se estreitava. — Algum comentário? — perguntou-lhe Jude. — Esperava que eu desmaiasse? — perguntou-lhe com um sorriso. — Quase estive a ponto, mas não foi pelas cicatrizes. — Alguma vez tinha visto um homem nu? Bess negou com a cabeça. — Tentarei tomar cuidado — disse Jude e deu lhe um beijo. — Mas eu sou muito torpe, senhora Langston. Faz muito tempo que não estou com uma mulher na cama. Bess estendeu seus braços e lhe abraçou enquanto Jude brincava com sua boca, parecia que naquele momento estava conhecendo verdadeiro Jude. — Não pensei que pudesse te atrair — sussurrou Bess. Jude levantou a cabeça. — Por que não? — Porque fugia de mim. — Não se iluda — respondeu Jude. — Eu não te amo, Bess. Eu te desejo e isso é tudo. Bess sentiu as náuseas brotar de dentro dela e esteve a ponto de se afastar de Jude com um empurrão. Mas havia algo em sua forma de se comportar que era diferente. Bess sabia que não ia conseguir mudá-lo da noite para o dia, mas só tinha que ter paciência. Pelo menos, ele a desejava. — Não espero nenhum milagre — disse Bess. — Tentarei te satisfazer, se você me disser o que tenho que fazer. — Maldição, Bess! — O que aconteceu? De repente, Jude se deitou de costas. — Me acaricie — pediu Jude. As delicadas mãos de Bess acariciaram seus ombros e seu peito, voltando a sentir a textura de sua pele. Jude a olhou enquanto seguia deitado de barriga para cima na cama. Quando suas mãos chegaram à cintura e depois à parte baixa do estômago, Jude sorriu diante do sobressalto de Bess. — É uma covarde. — Eu sou nova nisto — disse-lhe Bess com um sorriso. — Já aprenderá. Jude trouxe o corpo de Bess mais para perto do dele e se deitou em cima dela. — Agora, vou te tocar — disse-lhe Jude e começou a beijá-la. — É minha vez. Bess sentiu que seu corpo ardia de paixão. Os dedos de Jude percorriam cada milímetro do seu corpo e com os lábios seguiu a mesma trajetória. O quarto estava em silêncio só se ouviam os sons que eles faziam. Bess abriu os olhos e lhe olhou fixamente. Todo o corpo de Jude estava sobre ela. 4
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— Assustada? — sussurrou Jude. — Sim — respondeu Bess. — Não voltará a doer depois da primeira vez — murmurou Jude enquanto tentava controlar seu corpo. — Está doendo? Estava sim, mas Bess negou com a cabeça. E um minuto mais tarde, isso se tornou realidade. O olhar de Jude estava cheio de ternura e Bess perdeu a noção do tempo. O abraço se tornou algo tão excitante, que ela sentiu como se estivesse agonizando pela febre. Seu corpo estava ardente e já não podia voltar atrás. Estava muito angustiada e cheia de tensão. — Não — sussurrou Bess cravando as unhas no ombro de Jude — Não posso! Jude sorriu. Com suas mãos segurou o corpo de Bess e a forçou a aceitá-lo por inteiro. Então, a paixão foi consumada quando explodiram em êxtase e depois começaram a relaxar. A Bess parecia que já tinha se passado muitas horas quando por fim voltou a respirar com normalidade. Estava tremendo e recordou tudo o ocorrido. — Não era o que você esperava, querida? — perguntou Jude dando lhe um beijo. — Eu pensei que seria mais doloroso. — Não doeu? Mas você gritou. Bess ruborizou e tentou disfarçar, mas Jude notou. Ele a imobilizou na cama. Nos olhos dele havia uma expressão selvagem que ela nunca tinha visto. — A última vez foi por você — disse Jude. — Esta vez é por mim. A noite foi, ao mesmo tempo, a mais longa e a mais curta de sua vida. Bess estava aturdida diante do ardor inesgotável de Jude. Ela ruborizou ao recordar tudo e se perguntou de onde teriam tirado tanto vigor. O amor terno da noite foi acabando e Jude começou a se vestir. Bess não notou quando Jude apagou a luz. Ele pegou a camisa e ficou olhando-a sem que Bess pudesse ver com muita nitidez seus olhos. Bess se deitou sob o lençol porque já não podia suportar esse olhar. — Agora já sabe, não é verdade? — disse Jude com um sorriso. — Sabe que te desejo a tal ponto que fico louco. Mas não acredito que vá me pôr uma corda no pescoço por isso. Você não pode ser minha proprietária. Nem se me desse um filho. Direi a Aggie que leve todas as suas coisas a meu quarto e de agora em diante, dormirá comigo. — Mas você disse que também queria um filho — disse Bess gaguejando. — Meu deus, eu queria você! Concordaria com qualquer coisa para ter você. — Jude suspirou e se virou. — Fazia meses que não estava com uma mulher, e isso é muito tempo. Todo o uísque que tomei me afetou bastante. Você tirou a camisola e se aproximou de mim como uma Vênus. Sou um ser humano e tem que compreender isso. Bess se abraçou ao travesseiro e as lágrimas correram por seu rosto. Durante umas horas ela tinha pensado que ele estava tão fascinado como ela, e que, o que tinham compartilhado tinha sido algo mágico e maravilhoso também para Jude. Mas tudo tinha sido uma farsa, igual a seu casamento. 4
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— Lamentar-se, não te servirá de nada — disse-lhe Jude. — Lembre-se de que tudo foi idéia sua. Bess não respondeu. Não podia, tinha um nó na garganta, que não pôde dizer uma só palavra. Jude ficou de pé diante da cama durante alguns segundos e Bess pensou que ele queria dizer algo. Mas se limitou a virar e sair do quarto dando uma pancada na porta. Capítulo 6 Bess se levantou e tentou fazer de conta de que tudo ia bem. Colocou um vestido bege que tinha mandado trazer da Georgia e prendeu o cabelo na nuca. Não se incomodou em aplicar um pouco de maquiagem porque ninguém ia ver, exceto Jude. E ele não se importava com o aspecto que tivesse. Ele a tinha desejado muito e tinha lhe amado. Bess acreditava que isso significava algo, mas o único significado era o sexo. Bess sorriu diante da própria ingenuidade. De noite voltaria a dormir com ele e tudo poderia acontecer de novo. Mas prometeu a si mesma que sua resposta não seria tão desinibida. Jude não ia conseguir que ela repetisse essa loucura, não quando sabia que ele a odiava por tentá-lo. Bess pegou a escova e esteve a ponto de atira-la contra o espelho. Se não tivesse sido tão estúpida e confiante, não tivesse acontecido aquilo. Como se nada tivesse ocorrido, Bess foi ao quarto de Katy e bateu na porta. Abriua pôs a cabeça para dentro. — Ouça! — disse Bess. — Acredito que Papai Noel já veio. Quer descer e olhar? — OH, vamos! — exclamou Katy pondo o roupão e os chinelos. Bess apoiou sua mão no ombro de Katy, temendo um encontro com Jude quando chegassem lá em baixo. Lá estavam todos os presentes que Bess tinha colocado debaixo da árvore, mas também havia alguns mais. Ficou olhando um pacote enorme e retangular, que estava embrulhado com papel marrom e com um laço na ponta. Possivelmente Aggie o tivesse colocado ali. — Não deveríamos acordar o meu pai? — perguntou Katy. — Acho que sim — disse Bess. — Por que não sobe e bate na porta? — Não precisa — disse Jude do vestíbulo. — Acordei muito cedo. Jude usava somente uma calça jeans e tinha uma xícara de café na mão. Estava descalço e tinha um aspecto estranho. Bess não conseguiu olhá-lo nos olhos. A única coisa que fez foi seguir Katy até a sala, sem se importar que Jude estivesse perto dela. — Sabia que viria me ver abrir os presentes — disse Katy a seu pai. — Este é para você, espero que goste. Jude se sentou no tapete e abriu o presente. Era uma bonita piteira que Katy tinha comprado com o dinheiro que tinha economizado. Bess sabia que ele não a usaria, mas a menina insistiu em comprar. — OH, papai, obrigada! — exclamou Katy quando viu uma caixa que continha uma câmara fotográfica, um rolo de filme e um flash. — Lembrou-se. 4
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— Não poderia esquecer — murmurou Jude e Bess sorriu. — Não vai abrir os seus? — perguntou a Bess. — Sim — respondeu ela pegando um pacote pequeno. — Esse não é ao que eu me referia, mas não importa. Continue — disse Jude. Bess tirou os laços e desembrulhou o pacote. Era um frasco de sua colônia preferida, aproximou-se de Katy e lhe deu um beijo. — Obrigada, querida. É a colônia que eu mais gosto. — Esperava que você gostasse. E obrigada pelo seu — disse Katy enquanto sustentava na mão a calculadora musical que Bess tinha lhe dado. Jude pegou o pacote retangular e deu a ela. — Não esperava nada — disse Bess. — Nem eu tampouco — disse Jude enquanto segurava na mão o pacote com a gravata que Bess tinha comprado. Bess rasgou o papel e quando viu o que era, ficou sem fala. Os olhos se encheram de lágrimas, mas fez tudo o possível para não chorar. Era o quadro que tinha visto no aeroporto de Santo Antonio. A paisagem era um rancho com uns moinhos de vento recortando-se em um céu azul. — O gato comeu a sua língua? — perguntou Jude. Bess respirou profundamente. — Obrigada — disse Bess. — Eu gostei muito. Quando Jude começou a desembrulhar seu presente Bess o deteve. — Não — disse ela. — Isso é só uma gravata. Tenho outro. Bess subiu correndo as escadas e foi a seu quarto buscar a calculadora que também tinha comprado. Quando voltou, estava sem fôlego, deu o pacote a Jude para que o abrisse. Jude começou a abri-lo e quando viu o que era, ficou olhando para Bess. — Como sabia que queria isto? — quis saber Jude. — Da mesma forma que você sabia que eu queria isto — disse Bess tocando o quadro. Jude se sentou em uma poltrona. Em seus olhos havia uma expressão pensativa. — E? — E, o que? — Não mereço um beijo? — perguntou Jude. — A Katy ganhou um. — É verdade, Bess — disse Katy. — É Natal. — Ela é muito tímida — disse Jude a sua filha. — Por que não vai chamar Aggie e dizer que deve abrir seus presentes? — Certo! — respondeu Katy sorrindo e saiu correndo para chamá-la. Bess ficou muito nervosa ao se dar conta de que estavam sozinhos. — Está com vergonha? — perguntou Jude. — Já não há nada que não conheça em você. — OH, claro que o há — respondeu Bess. — Minha mente e meu coração. Você não conhece nada disso. — Mas não me importa — disse Jude. — Seu corpo é o único que me interessa. Aproxime-se. — Vá para o inferno! 4
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— É Natal — recordou Jude com um sorriso arrogante. — Se aproxime ou direi a Katy que não gosta de mim. — Concordo. Essa é toda a verdade. Jude se inclinou e a agarrou pelo braço. Deitou-a no tapete e a imobilizou. — Lute comigo — sussurrou Jude com um sorriso. — Lute comigo, Bess, e já veremos quem vence. No rosto de Bess se refletia toda a fúria que sentia. Jude gostava de dominá-la. — Assim está melhor — disse Jude enquanto aproximava seus lábios dos de Bess. — Agora, abra a boca como fez na noite passada e vamos nos embebedar um no outro. A mente de Bess se rebelava inclusive quando seu corpo obedecia a Jude, Bess tentou mostrar-se fria, mas Jude era muito apaixonado e ela gostava da severidade e da força de seu abraço. E também gostava de como Jude ficava excitado quando a tinha em seus braços. — OH, Bess, continue assim, que eu gosto! — sussurrou Jude. Bess o abraçou e sentiu todo o peso de seu corpo em cima dela. — Katy está para chegar — sussurrou Bess. — Eu as ouvirei quando se aproximarem — disse Jude em voz baixa. Bess sentiu uma mão em sua cintura, que se subia até chegar a seus seios. Acariciou-os e Bess esteve a ponto de gritar diante de tanto prazer. A forma com que ele a acariciava os seios fez que perdesse o controle. Tentou soltar-se, mas não pôde. O prazer era muito forte. Jude se afastou um pouco. Em seus olhos havia um olhar de desejo. — Esta noite dormiremos juntos. Terei-te de novo — disse Jude voltando para beijá-la. — OH, meu Deus, te desejo! Jude se encostou mais a ela, para que Bess se desse conta de todo seu ardor. — Você pode senti-lo, não é verdade? — disse Jude. — Um homem não pode esconder seu desejo, como uma mulher faz. Estive só te beijando e agora quero mais. Queria poder me saciar de você e sabe disso. É uma mulher perigosa. Jude levantou e se sentou em uma cadeira. Pegou um cigarro de cima da mesa e o acendeu. Bess se sentou e arrumou o cabelo. — Está muito bem — disse-lhe Jude. — Nada parece te perturbar, nem sequer rolar pelo chão comigo. Bess ficou de pé com muita elegância. Agarrou o papel de presente e o enfiou em uma das caixas de Katy. — Não tem nada a dizer? — perguntou Jude. — O que você gostaria que te dissesse? Sou vulnerável a você. Não posso evitar. Não tenho experiência suficiente para fingir que não gosto do que faz comigo, mas não é agradável de sua parte rir de mim. Jude se pôs-se a rir. — Eu nunca pretendi ser agradável com você. — Se me odeia tanto, peça o divórcio — disse Bess. — Que retribuição você gostaria de ter? — perguntou Jude com muito sarcasmo. — Um poço de petróleo ou dois? Ou uma pele de visom e um Ferrari a cada ano? 4
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— Não quero dinheiro — respondeu Bess. — Nunca quis. Posso trabalhar para ganhá-lo — Posso imaginar isso, de garçonete. Bess estava a ponto de explodir de raiva. — Não é nenhuma vergonha fazer um trabalho honesto. Poderia fazer esse trabalho e muitos mais. Não estou bem preparada, mas não me dá medo trabalhar duro. Pode guardar o seu dinheiro. Não preciso dele, nem de você também. Jude se levantou da cadeira. — Serio? Poderia te obrigar a me suplicar. — Sim, sei que faria isso — respondeu Bess. — Maldita! É fria e intocável. — Aqui está Aggie — disse Katy entrando com a senhora. Katy ficou olhando o rosto pálido de Bess e a seguir o de Jude. — Estava dizendo ao Jude que minha irmã vai passar umas férias conosco — disse Bess muito aturdida. — Crystal? — perguntou Jude assombrado. — Sim — respondeu Bess com um sorriso. — Queria ter dito isso antes, mas não sabia como fazê-lo. — Não me importa tê-la aqui. Quanto tempo vai ficar? — Não me disse. — Tem medo da concorrência? — perguntou Jude, sabendo que essa pergunta a faria mal. — Nunca tive nenhuma rivalidade com Crystal — respondeu Bess com dignidade. — Ela faz o que quer. Jude ficou olhando-a, mas não disse uma só palavra. Deu várias tragadas no cigarro e se aproximou de Katy e de Aggie. Esta soltou uma exclamação quando viu o cachecol que Bess tinha lhe comprado e o xale que Katy e Jude tinham dado. Na hora da refeição, Jude subiu para se vestir e Katy e Bess ajudaram Aggie a pôr a mesa. Não faltou nem um detalhe. Tudo tinha sido preparado seguindo as instruções de um livro de receitas que Bess tinha. Até o pão foi feito em casa. Havia presunto, peru, molhos, miúdos de ave com batatas, pão de milho, ervilhas, purê de batata e suflê de batata. De sobremesa havia biscoito de fruta, bolo de maçã e chocolate. Bess fez um esforço para comer, mas fazia tempo que tinha perdido o apetite. Em troca Jude não teve nenhum problema para comer. Seu olhar esteve, todo o tempo, em Bess. Ele a odiava e ela sabia. Mas não havia nada que pudesse fazer ou dizer em sua própria defesa. Bess era consciente de que tinha lhe provocado. Mas também o tinha querido com loucura, embora ele não quisesse ser parte dela. Bess fixou seu olhar na xícara de café que tinha em sua frente. “por que terá se incomodado em comprar o quadro?”, perguntou-se. “Terá sido pela Katy?” — Bess, por que está tão triste? — perguntou Katy. — Menina, a senhora não tem a mãe para celebrar com ela os natais — disse Aggie. — Por isso se sente tão triste. Bess olhou para Aggie e sorriu. — Obrigada. Estou superando muito bem. Agora tenho uma família com quem 4
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posso celebrar. Jude soltou o guardanapo e se levantou da mesa, dirigiu-se a seu escritório e fechou a porta com um golpe. — O que ocorre com papai? — perguntou Katy. — Não gosta dos natais — disse Bess. — Acho que se zangou. — Mas ele disse que gostava da árvore — disse Katy. — E também me disse o trabalho que teve para encontrar o quadro que você gostou. Já tinham vendido e teve que procurar o homem que o comprou. Que estranho era que se preocupasse tanto por alguém por quem tinha tanta antipatia. Enquanto Bess estava pensando no comportamento do Jude, soou o telefone. Aggie foi atender e retornou em seguida para avisar a Bess. Bess pegou o telefone sabendo que só havia uma pessoa que pudesse chamá-la nesse momento. — Sim? — Olá, Feliz Natal! — disse Crystal. — Envie alguém para que venha me buscar no aeroporto, vim para alegrar suas monótonas férias. Capítulo 7 O aeroporto estava cheio de gente quando chegaram Jude e Bess, mas não demoraram para encontrar Crystal, inconfundível com seu cabelo comprido e loiro. — Querida! — exclamou Crystal enquanto corria para Bess e Jude. Jogou-se nos braços de Jude, em vez de nos de Bess e esta ficou horrorizada. Crystal o beijou na boca com muito ardor. O pior foi que Jude não pareceu se importar e limitou a lhe devolver o abraço e sorrir. — Olá! — exclamou Jude. — Quanto tempo te vai ficar conosco? Crystal o olhava encantada. — O tanto que me deixem — disse Crystal. — Tive uma pequena briga com meu conde porque vinha para Grande Mesquite. Como vai? Bess ficou rígida enquanto Crystal a abraçava. Ela sabia que o afeto que Crystal estava mostrando era pura exibição. — Vamos! — disse Crystal. — Está passando mal este natal sem a Carla, não é verdade? Bess ficou com os olhos cheios de lágrimas e teve que se afastar. — Estou encantada de que tenha vindo nos visitar — disse Bess. — Perdeu a ceia de Natal. Mas não importa, porque Aggie te preparará algo. — Senhor, não poderia comer nem um pedacinho de pão! — exclamou Crystal. — Comi no avião. Estou cheia, mas nunca como muito mesmo. Tenho que manter meu corpo. Bess sabia que Crystal sempre se comportava assim com os homens. Fazia o possível para que a olhassem. Dirigiram-se ao estacionamento. Jude não desviava o olhar dela. — Está muito calada, Bess — disse Crystal quando entraram no carro. 4
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— Dormiu mal está noite — disse Jude, e Bess ruborizou sem que Crystal notasse. — Quando li o postal em que me dizia que iam se casar, quase morri — disse Crystal a Jude. — Você sempre jurou que nunca permitiria que uma mulher te dominasse. — E o continuo dizendo — respondeu Jude acendendo um cigarro. — Casei-me com Bess por causa dessas malditas ações. Não podia obtê-las de outra maneira e tenho que agradecer isto a Carla. — Ela te odiava, não é verdade? — disse Crystal sorrindo. — Pobre Jude, o casamento não é bom. Bess estava sentada no banco traseiro e tentava ignorar tudo o que falavam. Se Jude tivesse deixado Katy vir, ao menos teria com quem falar. — Mas tem suas compensações — disse Jude olhando pelo retrovisor. — Não é verdade, Bess? — Sim — respondeu Bess. — Katy é uma delas. Jude não gostou dessa resposta e lançou a ela um olhar ameaçador, Crystal soltou uma gargalhada. — Isso é típico de você — disse Crystal á sua meio-irmã. — Sempre adorou crianças. A propósito, quer ter algum? — Sim — disse Bess. — Bess se dá muito bem com Katy — disse Jude. — São muito boas amigas. — Tenho muita vontade de rever a Katy — disse Crystal com um sorriso. — Era muito pequena a última vez que a vi, quando reunimos toda a família. — deixou a família esquecida durante muitos anos — disse Jude. — OH, estive muito ocupada — confessou Crystal. — Todo o tempo viajando. Bess seguia sem dizer nada, se limitava somente a olhar pela janela. Quando chegaram ao rancho, Bess levou Crystal ao quarto de hospede. Aproveitando esse momento que estavam sozinhas lhe perguntou: — Diga, quanto tempo vai ficar? — Não muito. Não se importa, não é? Preciso de um lugar para ficar até que ponha em ordem minha vida e meus assuntos financeiros. “Será realmente isso ou está atrás de meu marido?”, perguntou-se Bess. Bess apoiou na porta e olhou para Crystal. — É bem-vinda — disse-lhe. Crystal se afastou da janela e se aproximou de Bess. — Não anda bem seu casamento? — perguntou Crystal. — A maioria das relações, ao começar, têm muitos obstáculos, querida. Bess se limitou a olhá-la. — Como foi em Paris? — Maravilhoso — respondeu Crystal sorrindo. — Bess, desejo que… Crystal parou de falar e ficou olhando a sua meio-irmã. — Obrigada por me deixar vir. — Quando terminar de desfazer a mala, apresse-se em descer. Katy adorará te ver. — Fico feliz de que também se alegre — disse Crystal a sua meio-irmã, que já saía pela porta. 4
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Katy se mostrou cortês com Crystal, mas Bess teve a impressão de que a menina não simpatizava com ela. — Ela não se parece em nada com você , não é? — perguntou Katy a Bess enquanto passeavam pelo rancho. Crystal tinha suplicado a Jude que explicasse o funcionamento da calculadora e arrumou para ele ter todo o tempo para ela. — Não — respondeu Bess. — Nunca tivemos uma relação de irmãs. Não tínhamos nada em comum. Katy ficou olhando para Bess e lhe perguntou: — Vai ter filhos? — Espero que sim — respondeu Bess. — Você se importaria? — OH, não. Eu adoraria ter um bebê para cuidar, eu adoro os bebês. Cheiram muito bem. Bess sorriu e pensou em como seria bom ter um bebê, poder lhe beijar e compartilhar todo seu carinho com a Katy. Nesse momento, seu resplandecente rosto se apagou. Jude não tinha mostrado muito interesse em ter um. Ele só a desejava. — Quer ir ver como Manta corre? — perguntou Katy. — Bandy diz que esta indo muito bem, que é uma boa égua. — Primeiro tem que aprender a não deitar-se em cima da gente — disse Bess rindo. — Vamos vê-la. Manta estava comendo aveia quando elas chegaram pelo corredor lateral do estábulo. Sacudiu a cabeça e ficou as olhando fixamente enquanto se aproximavam do estábulo com muito cuidado. Bess pegou Katy pela mão. — Tenha muito cuidado — disse-lhe Katy. — Pode te morder. — Já sei, mas não acredito que o faça — disse Bess se aproximando para lhe acariciar o focinho. — OH, Manta, você é muito bonita. Sempre quis ter um cavalo, mas nunca tive tempo. Mamãe estava tão doente, que tinha que estar sempre cuidando dela. — Como era o sítio onde cresceu? — perguntou Katy. — Muito verde, querida — disse Bess. — Lembro que havia uma grande alameda na ribeira do rio. Também havia enormes plantações de amendoim e de soja. Nossa casa era de dois andares e na parte de atrás havia um pátio com uma fonte. — Foi ao colégio como eu? Bess balançou a cabeça dizendo que sim. — Estive em um colégio interno, no Norte. Eu não gostava muito, mas estava na moda. Teria preferido ir a uma escola pública da cidade e ficar mais tempo com meus pais. — Eu estou muito contente com a minha — disse Katy. — Eu gosto de ir com todas as minhas amigas. — Eu nunca tive amigas — disse Bess. — Exceto uma. Morreu quando ainda estava no colégio, e eu lamentei sua morte durante muito tempo. Não faço amigos íntimos com muita facilidade. — Você é meu melhor amiga. — Mas, você é diferente — sorriu Bess. — É muito especial. Katy se abraçou a 4
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Bess.
— E você também, eu adoro que seja minha mãe. — E eu também, querida. Bess deu um beijo em Katy e voltou a acariciar o focinho de Manta. — Você gostaria de andar a cavalo? — perguntou Katy. — Temos muitos cavalos e Benny é muito dócil. Os olhos de Bess se encheram de alegria. — Sim! — Vamos! Alguns minutos mais tarde, Bess ia a cavalo ao lado de Katy e se dirigiam pelo caminho da propriedade. Fazia um pouco de frio, mas não se notava muito. — Acredito que deveria ter posto as botas — disse Bess olhando os sapatos. — E também uma calça. Com vestido não se pode montar a cavalo. O que acontecerá se alguém nos ver? Katy sorriu ao ver as pernas de Bess no ar. — Ninguém nos verá, prometo-lhe isso. Cavalgaram através do bosque e dos pinheiros e Bess pensou que nunca havia se sentido tão bem. Nesse momento não se lembrava nem de Crystal nem de Jude, seus pensamentos estavam centrados na beleza da paisagem. — O gado parece que tem frio. E eu também — murmurou Bess olhando as pernas nuas. — Será melhor que… — Por fim te encontrei — disse Jude picando as esporas em seu cavalo para aproximar-se dela. — Está louca? No rosto de Jude se refletia a ira e seus olhos repararam nas pernas de Bess. — Não se zangue, papai. Quisemos sair para andar a cavalo e Bess não quis retornar a casa para trocar de roupa. — Não, será melhor que pegue uma pneumonia — respondeu Jude. — Voltaremos agora — disse Bess. Todo o prazer que tinha sentido momentos antes, tinha desaparecido. — Vamos, Katy. — Vá para casa — ordenou-lhe Jude. — Sim, papai — respondeu Katy e antes de partir olhou para Bess. — Onde está Crystal? — perguntou Bess. — Em casa, perguntando-se por que sua meio-irmã não pode passar uns minutos falando com ela. — Foram para seu escritório e fecharam a porta — recordou-lhe Bess. — Supus que queria privacidade e vim com a Katy andar a cavalo. — Você se importou que eu fechasse a porta? — quis saber Jude. Bess se importou, mas não queria que Jude soubesse. — Faça o que te agradar, Jude. Não tenho direito a dizer nada. Ele a olhou como se ela o tivesse golpeado. Jude a agarrou pelo braço com força e disse: — Por todos os céus, deixa de me olhar como uma órfã! — Sou uma órfã. E me sinto perdida. 4
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— Bess… maldita seja! Jude desceu do cavalo, e, antes que Bess pudesse se dar conta, também a fez desmontar e caiu no chão em cima dela, deixando-a imobilizada. — Não lute comigo — sussurrou Jude. — Não tinha a intenção de fazê-lo. Bess começou a desabotoar a camisa de Jude enquanto acariciava sua boca com seus lábios. Abriu a camisa e lhe acariciou o peito. A boca de Jude estava cada vez mais exigente, e Bess pôde sentir como estremecia com suas carícias. Jude a levantou e a levou para debaixo de um enorme carvalho, onde se deitaram sobre um leito de folhas. Jude passou suas mãos pelas costas para tentar desabotoar o ziper do vestido, enquanto suas bocas se acariciavam. — Pegarei… pegarei uma pneumonia — murmurou Bess enquanto Jude tirava o seu vestido. — Eu te aquecerei — sussurrou Jude abraçando-a com seu corpo para sentir sua nudez. "Aposto que está pensando em Crystal", pensou Bess. Jude desejava Crystal, pensou Bess, mas não podia quebrar os votos do matrimônio e tentava desafogar sua paixão com Bess. — Por favor — choramingou Bess, enquanto Jude a devorava com seus beijos. — Não se detenha agora — disse Jude lhe acariciando os quadris. — Você se dá conta do quanto te desejo? — Eu também te desejo — murmurou Bess, enquanto tirava a camisa de dentro da calça e lhe acariciava os músculos das costas. — OH, Jude, te desejo, te desejo…! — É todo fogo — disse Jude inclinando sua cabeça para poder beijar os seios do Bess. — Assim, querida, continue assim — murmurou ao sentir que ela se arqueava contra ele. — Está me consumindo vivo, Bess, sabia? Quando te vejo, dói-me todo o corpo. Quase me deixou louco a noite passada , quando te fiz minha… desejo-te agora, Bess, aqui e agora. Jude estava perdendo o controle, igual a Bess. Era uma insensatez. Katy ou qualquer outra pessoa poderia chegar nesse momento, . Alguns minutos mais tarde, ambos estavam nus. A paixão abrasadora que os consumia fazia com que não sentissem frio. Enquanto seus corpos se fundiam no silêncio da noite, Bess deu um grito entrecortado, que se mesclou com o canto longínquo dos pássaros. Jude a olhou intensamente. Seu olhar estava cheio de desejo. Abraçou-a pela cintura e a apertou contra seus quadris, enquanto o seu coração pulsava a grande velocidade. O mundo pareceu girar a seu redor. Bess o ouviu repetir seu nome várias vezes, até que explodiu dentro dela. Minutos depois, quando já estavam mais calmos, ele disse: — Meu Deus, estamos loucos! Nós vamos congelar. Os olhos do Bess estavam fechados e suas mãos acariciavam o cabelo de Jude, enquanto saboreava esse momento de tê-lo tão perto. 4
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Jude se levantou, recolheu sua roupa e começou a vestir-se, enquanto, Bess fazia o mesmo. Mas ela estava tão tremula, que ele teve que ajudá-la a se vestir. — Está tremendo — disse Jude, ajudando-a com a jaqueta. Sim, tremia, mas não era pelo frio. — Obrigada — respondeu Bess. Jude lhe acariciou as bochechas e ficou olhando, inclinou-se e beijou seus lábios, com um beijo tão terno, que o coração Bess deu um salto. — É o sonho de qualquer homem — disse Jude. — Uma dama em público e uma gata selvagem na cama. Bess ruborizou e Jude sorriu. Era um sorriso diferente a anterior, mas só durou um instante. — Meu deus, fizemos amor no meio do caminho! — disse Jude olhando o lugar onde estavam deitados. Bess sacudiu as folhas do cabelo com mãos tremulas. — Vão sentir falta de nós, Jude. — Foi você que disse que queria um bebê — disse Jude olhando-a com sarcasmo. — Eu só estou te fazendo um favor. Bess virou, sentindo-se vazia de novo . — Então, só foi por isso? — perguntou Bess. — Pensei que tinha deixado Crystal de lado e tinha vindo procurar alívio comigo. — Por que pensa que eu não poderia fazer isso com a Crystal? Você sabe que ela não se importaria com as minhas cicatrizes na escuridão. — Então, por que não faz? — disse Bess com um sorriso frio. — Ela gosta dos homens com dinheiro. — Isso é assunto dela. Esqueça o que disse de levar suas coisas para meu quarto. Não poderá me cortar as asas. Bess tinha vontades de gritar. Tentou controlar-se e subiu no cavalo segurando as rédeas com força. — Concordo — disse Bess. — Prefiro dormir sozinha. Antes que Jude pudesse dizer alguma coisa, Bess partiu a galope. Não podia agüentar mais nenhum sarcasmo dele, e nenhuma ameaça respeito de Crystal. Estava muito machucada. Capítulo 8 Á noite, na hora do jantar, tudo transcorreu como nos velhos tempos. Bess comia, enquanto Crystal era o centro das atenções. Sua meio-irmã estava encantadora e Jude estava reagindo a todo esse encanto como se estivesse cego. — Quer um pouco de pão, Bess? — perguntou Katy. — Não, querida. Obrigada. — Papai não ficou bravo porque você foi andar a cavalo de vestido, não é verdade? — OH, não! — sussurrou Bess e pondo toda sua atenção na comida. 4
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— Bess — interveio Crystal — lembra-se dos Cochrans? Encontrei-me com eles na França. Bert já vai para o colégio. — Parece-me estupendo — disse Bess, negando-se a continuar a conversa. Bess se desculpou logo que pôde e subiu as escadas com a Katy enquanto Jude ficava olhandoa. As semanas transcorreram lentamente. Crystal precisava da ajuda de Jude para resolver todos os seus assuntos financeiros. Aparentemente, Crystal tinha investido uma parte da herança de Carla e precisava de conselhos sobre como devia investir na bolsa. "É uma desculpa perfeita para atrair toda a atenção de Jude", pensou Bess. Da sua parte, Jude passava a maior parte do tempo fora de casa ocupado com seus negócios e, se falava com Bess, o fazia em tom áspero. Nem se lembrava dos dias que passou com ela, enquanto ria e brincava com Crystal, como se ela fosse sua verdadeira esposa. — Como é a vida com Jude? — perguntou-lhe Crystal uma tarde que estavam juntas. — Por que pergunta? — disse Bess. — Só quero começar uma conversa, ou tentar. Bess, estou aqui a aproximadamente um mês e ainda não tivemos tempo para conversar. Por que não podemos conversar? Se for por causa da Carla, sei que deveria ter te ajudado, mas já é muito tarde. Não pode evitar de que sempre me mimassem tanto, não é verdade? Bess desviou o olhar, gostaria de ter um pouco desse sentimento de que Crystal parecia lamentar . — Claro, ser tão bonita tem suas vantagens — murmurou Bess. — E suas inconvenientes — respondeu Crystal. — Já chegou a pensar que eu nunca soube por que os homens estavam comigo? Não sabia se me queriam por minha pessoa ou por minha beleza. A beleza não dura, Bess. E não tenho nada que seja realmente meu. Nem um marido, nem filhos, nem um futuro que se espere com ilusão. "Quer o meu marido?", Bess esteve a ponto de lhe perguntar . — O que aconteceu com seu conde francês? — perguntou Bess. Crystal desviou o olhar e ficou séria. — Eu o odeio. Bess pensou em perguntar por que, mas não tinha a confiança suficiente para fazêlo e, além disso, não sabia como aproximar-se do Crystal, embora também nunca tenha tentado . — Encontrará outro — disse-lhe. — Você gostaria de tomar um café? Crystal a olhou como se quisesse dizer algo, mas a frieza de Bess não a animou. Crystal esboçou um breve sorriso. — Certo, encontrarei alguem. A propósito, quando Jude volta de sua viagem? Bess ficou gelada. — Suponho que dentro de alguns dias. Pedirei a Aggie que nos traga o café — disse Bess saindo. — O que eu disse errado agora? — perguntou-se Crystal olhando a mesa com um sorriso triste. 4
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Bess parou no corredor para tentar se controlar. Por que será que Crystal não tinha ido com Jude, se desejava tanto sua companhia? Jude não se importaria. Bess fez uma careta e as lágrimas escorreram pelo seu rosto. Jude levaria Crystal a todos os lugares com ele e, ao mesmo tempo, não se daria conta se Bess caisse morta a seus pés. — Bess? — perguntou Crystal, ao ouvir um choro que vinha da porta. Bess secou as lágrimas com o manga da sua blusa. — Sinto muito — murmurou da porta. — Muitas vezes me lembro da mamãe. — Sei que a sente falta dela, querida — disse Crystal. — Eu também sinto. Creio que me dei conta do quanto ela me importava quando já era muito tarde para dizerlhe. Crystal se aproximou de Bess, mas esta se afastou antes que pudesse tocá-la. — Diz que não se importa que eu esteja aqui, não é verdade? Você não gosta que Jude me ajude nos assuntos financeiros que estou metida? — Não — disse Bess friamente. — Graças a Deus. Sabia que não teria ciúmes. Crystal não tinha notado a frieza entre marido e mulher, a maneira em que eles se evitaram desde aquela tarde em que tinham feito o amor no bosque. — Trarei o café — disse Bess. Crystal ficou olhando-a fixamente. Seu rosto tinha uma expressão indecifrável. No dia que Jude voltou para casa, Katy e Aggie tinham ido fazer compras com Crystal em Santo Antonio. Bess estava sentada no balanço da entrada quando ele chegou e seu coração se acelerou ao vê-lo. Jude subiu as escadas como se estivesse muito cansado. — Não acha que está frio para ficar se balançando? — perguntou-lhe Jude. Bess estava usando uma jaqueta de couro de Jude, uma calça jeans muito ajusta, e um pulôver amarelo. O cabelo estava preso. Não tinha se dado conta do frio que fazia. — Eu gosto de me balançar — respondeu Bess. — OH, sim. Já eu sei — murmurou Jude. — Onde está Crystal? — Foi às compras com Aggie e Katy. Os dedos de Jude apertaram com força a alça da maleta. — Maldição! por que faz isso? Bess o olhou. — Fazer o que? — Se fechar como uma flor quando eu me aproximo — disse-lhe Jude. — Acha que não me dei conta? Quando entro na sala e está brincando e rindo com a Katy, logo, muda a cara por completo. Bess baixou o olhar. — O que espera que eu faça, que corra para você? — Não posso imaginar você fazendo isso. Jude deixou a maleta em cima de uma cadeira e se sentou ao lado de Bess. Acendendo um cigarro. A sensação de tê-lo tão perto a acovardava. Bess escondeu as mãos para ocultar seu nervosismo. — Vai passar muito tempo aqui fora no verão — disse-lhe Jude. — Deus, como 4
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está linda, com as pernas bronzeadas e tão sorridente! Quando está longe de sua meioirmã, fica diferente. Mas quando estão juntas, muda o seu jeito, e é isso o que está te acontecendo agora. — Como posso competir com alguém como Crystal? — perguntou Bess como se não se importasse. — Ela poderia enfeitiçar até um dragão. — Acredito que sim. Mas não é por sua beleza, Bess. É porque ela tem uma personalidade muito forte. — Isso é uma indireta? — Você não tem tudo. Nunca teve. É por isso que a inveja e não pode ficar com ela no mesmo lugar? Porque ela sabe se comunicar e você não? Bess odiava esse sorriso zombador. E odiava o que ele estava dizendo. Levantou sua mão para lhe bater. Jude a pegou pelo braço e seus a olhou com ferocidade. — Doeu o que te disse? — Se afaste de mim, você é um selvagem — disse Bess cheia de raiva e frustração. Jude a sacudiu, apesar dos esforços de Bess para se soltar. Depois, apagou o cigarro e a abraçou. — Jude! — Relaxe, querida — disse Jude ao seu ouvido — e desfrutaremos de um do outro, como da última vez que estivemos no bosque. Não pode sentir o que eu sinto? Bess ficou quieta quando sentiu o calor de corpo dele contra o seu, jogou-se em seus braços, sentindo o aroma de sua colônia, o aroma de seu corpo e seu calor. Jude riu diante do seu desconcerto e soltou o seu braço. Levantou o seu rosto para poder olhá-la nos olhos. — Dama da sociedade — disse-lhe Jude enquanto a tinha em seus braços. — Você não gosta disto? Odeia viver com um homem que não pode recitar Shakespeare, nem discutir o último best-seller contigo? Bess olhou para ele. — Você estudou. — Sim, formei-me em Economia, mas não tive tempo para ler muito. — Eu também não tive muito tempo para ler e tampouco posso recitar Shakespeare. Jude pareceu vacilar e seus dedos deixaram de apertar seu queixo para acariciá-la. — Conheço tudo de você? — Provavelmente não, mas, o que importa? Você queria uma mãe para a Katy e minhas ações. Isso não é o suficiente? — Acredito que para você é — disse Jude procurando seu olhar. — Pode estar muito bem sem mim, não é verdade? — Você é que esteve me evitando — respondeu Bess. — Sente minha falta quando estou fora? — quis saber Jude, levantando seu queixo e olhando-a nos olhos. — Não, acho que não sente minha falta. — E por que teria que sentir? — Não fui muito amável com você, não é verdade, Bess? Trouxe você aqui à força 4
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e te obriguei a se casar comigo. Seus dedos roçaram os lábios de Bess e a olhou como se nunca tivesse criado nenhum problema a ela. — Somos casados, mas é como se não estivéssemos. — E não temos nenhuma solução para isso — disse Bess. — Sim — admitiu Jude. — E até agora, nenhum dos dois fez algum esforço para dar certo, concorda? Bess o olhou com cautela. — Eu não fui infiel — disse Jude — Se for isso ao que quer se referir. A única mulher com quem estive desde que me casei foi você. Bess ruborizou e desviou o olhar. Jude acariciou o seu cabelo e o soltou. — Por outro lado só fizemos amor duas vezes, e em ambas as ocasiões te mandei para o inferno depois. Acredito que isso não foi muito legal de minha parte. — Sinto ter te enganado — replicou Bess. — Você nunca me enganou — respondeu Jude. — Nunca. Os dois ficaram se olhando nos olhos. — Comportei-me com você como um menino. Não pude parar. Não pude controlar o que sentia. Você me fez ficar vulnerável e por isso te odiei. Bess não podia acreditar no que Jude estava dizendo. — Eu? — Sim, você. Jude acariciou seu pescoço e depois deslizou sua mão até seus seios, deixando Bess sem fôlego. — Tudo começou aquela noite que passei contigo, quando tinha quinze anos — disse Jude. — Se eu tivesse te beijado nessa noite, teríamos nos amado como lobos famintos. Começamos a nos desejar desde o primeiro momento em que nos abraçamos. Lembra-se? Jude deslizou seu dedo por cima do seu seio e ficou olhando-o. — Em pleno dia. Sim, Bess se lembrava. Algo em seu interior a tinha feito saber que ele a desejava. Mas só era desejo e não era isso o que Bess queria. Ela queria amor. Os dedos de Jude entraram debaixo de seu pulôver e sentiram o frescor de sua pele. — Não usa sutiã, Bess? — perguntou Jude. Os seus sutiãs ficaram pequenos e não teve tempo para ir comprar outros, mas não ia dizer isso a Jude. Bess o agarrou pelo braço e lhe disse: — Jude, não. — É minha, por que não posso te tocar quando quero? — O que ocorre com você, Jude? Esteve sentindo falta da companhia de Crystal? Jude ficou gelado. — O que disse? — Você a quer, não é verdade? — murmurou Bess. — Inclusive já fez amor com ela. — Está com ciúme? 4
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— Deixe-me ir, por favor. — Não, ainda não, me responda primeiro. Está com ciúmes? Bess fechou os olhos e apoiou a cabeça no ombro de Jude. — Me pergunte por que passo tanto tempo com Crystal e lhe direi porque — disse Jude. Mas Bess não queria saber a resposta. Impulsivamente, Bess lhe rodeou o pescoço. Jude a olhou como se estivesse louca. Bess sorriu diante do olhar de Jude. Acariciou o cabelo dele e, com muito cuidado, tirou-lhe o chapéu. — É isto o que quer? — perguntou Jude enquanto lhe acariciava o cabelo. Jude abriu sua boca e tentou forçar os lábios de Bess, com um assalto que era todo ternura. Bess estava abraçada a ele, e seus lábios responderam à pergunta de Jude. As mãos do Jude voltaram a deslizar-se por debaixo de seu pulôver para sentiu o calor de seus seios. Bess gemeu e se estremeceu. Jude levantou a cabeça e a olhou nos olhos. Com seus dedos começou a fazer círculos ao redor de seus mamilos e esperou a reação de Bess. — Quando estarão de volta? — perguntou Jude. — Não sei. Jude se inclinou e roçou seus lábios. — Poderíamos fechar o quarto com chave — sussurrou Jude. — Sim. Bess soltou um grito, quando as carícias de Jude ficaram bruscas. Jude se afastou. — Te machuquei? — É que estou muito sensível — disse-lhe Bess com um sorriso nervoso. — E não sei por que. — Tomarei cuidado você, desta vez, serei mais gentil. Vou te tratar como se fosse virgem, Bess. Bess tremeu quando Jude a pegou em seus braços. — A primeira vez você resistiu — recordou Bess. — Você estava em meus braços cheia de paixão e desfrutando do prazer que eu estava te oferecendo. Meu deus, eu me senti muito orgulhoso de que fosse virgem e de que eu te fizesse sentir isso pela primeira vez! — Não sabia — disse-lhe Bess. — Não podia lhe dizer isso. É verdade que me deseja? — OH, sim, te desejo — disse Bess o agarrando pelo pescoço. — Jude… Os olhos de Jude estavam cheios de alegria quando entrou com ela na casa. Uma vez dentro, Jude se abaixou para beijar seus seios apesar do pulôver que usava. Seu coração estava pulsando a velocidade surpreendente enquanto se dirigia com ela para a escada. Bess sentia a mesma ferocidade que compartilharam aquele dia no bosque. Possivelmente ele não a amasse mas ao menos a desejava. E Bess também o desejava. Quando chegaram ao último degrau, ouviram o motor de um carro que se aproximava e Jude começou a amaldiçoar. — Agora não — gritou Jude. — meu Deus, agora não! Pouco a pouco, Jude a afastou e o remorso e a amargura se fizeram presentes em seu rosto. 4
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Bess tentou arrumar o cabelo da melhor forma que pôde, sem poder olhá-lo. — Bess? — perguntou Jude. Bess não pôde lhe responder e nesse momento a porta da casa se abriu. Eram Katy e Crystal, que entravam rindo. — Por fim voltou — disse Crystal sorrindo, enquanto se aproximava de Jude. — Nós sentimos falta de você , não é verdade garotas? — Sim, sentíamos falta dos gritos vindos do escritório — resmungou Aggie enquanto levava os pacotes para a cozinha. — Bem-vindo, papai! — exclamou Katy. Jude começou a rir. Bess teve a impressão de que ele estava mais depravado que nunca. Ela se virou e foi para a cozinha. Jude se dirigiu para lá para ver o que tinham comprado. — Não quer ver o que compraram? — perguntou Jude a Bess. Bess se deteve antes de chegar à cozinha, mas não quis se virar para ver o olhar de alegria que Jude estava nem ouvir as adulações que estava recebendo de Crystal. — Gostaria de um café. Vou fazer um. Bess não voltou a olhar Jude nos olhos durante toda a noite. Não suportava recordar como ele a tinha excitado. Bess se manteve afastada de seu caminho até que pôde escapulir e ir para a cama. — Por que não foi conosco? — perguntou — Katy a Bess enquanto se dirigia ao quarto. — Nós sentimos sua falta. Crystal falou que devíamos tê-la convencido para que fosse. — Tinha muitas coisas que fazer, querida — disse Bess com um sorriso. — Me alegro de que tenha se divertido. — Na verdade, não me diverti — disse Katy. — Crystal é legal, mas se passa o tempo todo falando e ninguém mais pode dizer uma palavra. Os olhos de Bess se nublaram. Abraçou-se a Katy e lhe deu um beijo. — Te adoro — sussurrou Bess. — Eu também te adoro. Boa noite, Bess. Não é maravilhoso que papai esteja em casa? — É estupendo, querida. — Disse que subiria a meu quarto mais tarde para me cobrir. — Boa noite, querida — disse Bess. — Durma bem, Bess. Uma vez no quarto, Bess vestiu a camisola e se deitou na cama. Sentia náuseas e notou que o aumento de seus seios se fazia incômodo. Sua menstruação já deveria ter vindo a três semanas, e ainda nada, se sentiu um pouco nervosa. Tinha o pressentimento de que ia dar um filho a Jude. Inconscientemente, passou a mão pelo ventre. Um filho. Um filho com os olhos verdes e o cabelo escuro, ou uma menina que se parecesse muito com a Katy. Bess sorriu. Embora perdesse Jude, pelo menos teria um filho seu. Poderia lhe dar todo o amor e o carinho que ela queria ter dado a Jude. Mas Jude não a amava. Ele só queria seu corpo e, desde que Crystal tinha chegado, nem sequer isso. Que aconteceria se Crystal quisesse Jude? Ela estava jogando suas cartas e Bess 4
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não podia imaginar por que ela ficava na Grande Mesquite tanto tempo. Por que não ia para Oakgrove, a França ou a qualquer outro lugar? Mas seria muito pouco cortês lhe dizer para ir embora. De qualquer jeito, Jude não a deixaria partir. Ele preocupava-se com ela, e se divertia com ela. Bess golpeou o travesseiro com muita raiva. Enquanto Bess pensava nisto, a porta do quarto se abriu e Jude entrou. Usava a calça do pijama e estava com a camisa desabotoada. Parecia muito cansado. — Sim? — perguntou Bess. — Assim voltamos para a estaca zero, não é verdade? As barreiras ainda estão levantadas e por isso não posso me aproximar de você. — Não pode? — Fisicamente, sim — respondeu Jude. Pôs as mãos nos bolsos e se aproximou da cama. Ficou olhando para Bess e ela ruborizou. — Isso era tudo o que queria, não é verdade? — perguntou Bess. — Isso foi no princípio. Sei que te magoei muito. — Não se preocupe Jude, eu sobrevivi — falou Bess baixando o olhar. Jude se sentou na cama e Bess se afastou dele. — OH, Deus, não faça isso! — gritou Jude. — Não vou te machucar. Se você não quiser, nem sequer vou te tocar. Bess relaxou um pouco, mas ainda permanecia tensa. — O que quer? — Precisa perguntar? — disse Jude tirando um cigarro do bolso. — Importa se eu fumar? Bess moveu a cabeça. Jude se levantou para pegar um cinzeiro e, antes de sentarse, disse: — Bess, não podemos continuar assim. — Quer o divórcio? — Não! — gritou Jude. — Por todos os céus, te disse desde o começo que não ia ser um casamento de uma só noite! — Sim, certamente — sussurrou Bess. — Nós devemos tentar, mas os dois ao mesmo tempo. Fazendo todas as coisas juntos e vivendo um matrimônio normal. Devemos nos deter a tempo e não fazer Katy viver num campo de batalha. Jude estava preocupado pela Katy e era normal. — O que sugere? — Poderia começar dormindo comigo. — Sua cama é grande o suficiente para os três? — perguntou Bess. — Vou te direi isso mais uma vez: não me deitei com sua irmã — disse Jude com voz fria. — Minha meio-irmã — corrigiu Bess. — Meu deus, não podemos conversar sem discutir? O rosto de Bess tinha uma expressão muito fria, mas manteve fechada a boca. — Bess, me ajude — disse-lhe Jude. — Não sabe o quanto é duro para mim. Dói 4
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saber como a tratei. Mas pelo menos faça um esforço, né? Bess o olhou com curiosidade. Perguntava-se a que se devia aquela mudança dele. Ou era outra artimanha para fazê-la pagar por tê-lo obrigado a realizar um casamento que não queria? — Não confia em mim, não é verdade? — Como poderia, se cada vez que me aproximava de você, encontrava alguma maneira de se afastar ou de me fazer pagar pelo que considera uma fraqueza sua? Jude abaixou a cabeça e deu uma tragada em seu cigarro. — Sim. Suponho que fiz isso. Além da Katy, é a única fraqueza que tenho. — E você odeia isso — murmurou Bess. — Odeia perder o controle de qualquer situação. — E você não? — perguntou Jude. — Você lutou contra mim desde a primeira vez, e não esteve disposta a ceder. Mas as coisas não saíram como pensava, e chegou a se zangar contigo mesma tanto como eu. — Eu fui a única que pagou por isso. — Sim, sei, te fiz mal. Jude se inclinou sobre ela. — Mas deixando todo isso de lado, nós não podemos continuar assim. Nos evitando a cada noite e fazendo sofrer um ao outro. Estamos casados, Bess. Se nos entendermos melhor, nosso matrimônio dará certo. — Então, diga a Crystal que vá embora. — É isso um ultimato? — perguntou Jude. — Pensa que pode me dar ordens porque sabe que te desejo? — Não estou fazendo isso. — Eu acho que sim — disse Jude ficando de pé. — Eu já dei o primeiro passo. Quando quiser falar comigo, já sabe onde me encontrar. — Claro que sim — respondeu Bess. — Em qualquer lugar que minha meio-irmã esteja. Jude a olhou e fechou a porta com força. Bess ficou deitada na cama, com lágrimas nos olhos. Por que não tinha querido tentá-lo? Por que suas emoções estavam tão confusas que não podia nem pensar? Bess apoiou o rosto no travesseiro. Provavelmente, tudo o que tinha eram nervos. Seu corpo não podia voltar para seu ritmo normal. Ela não estava grávida, não podia estar. Tudo estava em sua imaginação. Durante os dias seguintes, Jude a convidou para ir com ele a muitos lugares: à cidade para comprar arame, para fazer passeios pelo rancho e a participar dos eventos sociais. Bess declinou-se de todos os convites sem dar explicações. — Meu deus, Bess! Não poderia tentar? — Estou tentando. Ficando sozinha — respondeu Bess. Jude suspirou e a olhou. — Algum dia deixarei a escolha em suas mãos, querida — disse Jude. — Agora vou te levar para minha cama e vou te amar. Depois, falaremos. Bess ruborizou e se levantou da cadeira. — Sobre o que? Sobre quanto me odeia por me desejar? Na realidade, eu não te desejo, Jude. 4
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Jude fez um movimento para se aproximar dela, mas Bess se afastou. Jude franziu o cenho e vacilou. — Poderia te obrigar a me pedir perdão. — Qual seria a finalidade? — perguntou Bess. — Nenhuma vez te causei algum problema, não é verdade? Mostrei-me muito cortês com a Crystal e entre nos dois há uma enorme barreira. Katy pensa que tudo vai muito bem. — Bess, você me odeia? — perguntou Jude. Bess notou o cansaço que mostrava a cara de Jude e do quanto estava triste estava. — Não — respondeu Bess. — Não te odeio. — Poderíamos dormir juntos — disse Jude. — Sem nada de sexo. Somente dormir. Poderíamos tentar para nos conhecer melhor. Bess não podia fazê-lo, ao menos nesse momento. Não estava disposta a deixar que Jude notasse que estava grávida. — Eu gosto dormir sozinha — murmurou Bess. — Esse é o maior problema de nosso casamento — disse Jude. — você gosta de fazer tudo sozinha. — Eu não te tirei da sua casa, nem te obriguei a se casar comigo! — gritou Bess com lágrimas nos olhos. Jude se aproximou e a abraçou com todas suas forças. — Silêncio, querida — murmurou Jude. — Não chore, por favor. Jude tentou acalmá-la. Deu-lhe um beijo na testa, nas bochechas e na boca. — Não chore, querida. Não posso suportar. Jude estava muito carinhoso. Nunca tinha se comportado assim, e Bess estava assombrada com esse seu comportamento. Jude tirou um lenço do bolso e secou as suas lágrimas. — Confie em mim — disse Jude olhando-a nos olhos. — Você estava acostumada a me olhar assim antigamente, mas eu fui muito desagradável com você. — Você não queria se casar comigo. Eu sei disso — falou Bess. Jude lhe agarrou pelos ombros. — Eu não queria me casar com ninguém. Queria-te muitíssimo. Desejei você durante anos e uma vez que te possui, a única coisa que consigo pensar é em voltar a te ter — disse Jude apoiando sua testa na dela. — Bess, quando me levanto pelas manhãs, eu gostaria de tê-la a meu lado e, quando vou para a cama á noites, desejo que esteja comigo. Isso não é vingança suficiente para você? Claro que o era. Mas Bess sabia que não poderia suportar Jude na intimidade, sabendo que ele não a amava. — Estou muito cansada, Jude — murmurou Bess. — Estou com vontade de dormir. Jude se separou dela. — Na verdade você não me quer, não é isso? — perguntou Jude. Ele a deixou e, antes de sair do quarto, sorriu para ela. — Não me surpreendo. As mulheres nunca se acostumaram a mim e nunca me quiseram. Quando Jude chegou a porta, Bess começou a recordar de Elise e das cicatrizes, e 4
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de toda a tortura que ele tinha sofrido com uma mulher que não o queria. — Jude! — gritou Bess. — Durma, Bess. Não vou te incomodar de novo. — Jude saiu do quarto e fechou a porta. Capítulo 9 Na manhã seguinte, quando Bess desceu para tomar o café da manhã, Crystal já estava na mesa. sentou-se ao lado de Jude e não disse nada. — Por fim desceu — disse Crystal. — Pensei que fosse ficar o dia todo na cama. Na realidade, Bess não estava na cama. Esteva no banheiro, porque tinha tido náuseas ao levantar-se. Mas não estava disposta a contar isso a ninguém. — Estava com sono — disse Bess a sua meio-irmã. — Olá, Katy. Bess saudou a menina, ignorando Jude. — Crystal quer ir ver o Álamo — disse-lhe Jude. — Se divertirão muito . Estou segura — respondeu Bess. — Katy e você também virão conosco — acrescentou Jude. — Não. Eu não — disse Bess. — Não quero andar pela cidade. Jude ficou olhando-a. — Já disse que vem comigo. — Bess, não estrague o dia — disse Crystal. — Outro dia disse a Katy que queria ir. Por que não vem hoje? Bess não podia dizer a sua meio-irmã o por que não queria ir e se limitou a beber o seu café. — Tá bom — disse Bess por fim. — Você vai gostar — disse Katy. — Você e eu passearemos pelos jardins e eu vou te mostrar o esquilo que posa para as fotos. — Não está brincando — disse Jude com um sorriso. — É um esquilo que fica quieto quando o fotografam. — Já tirou alguma foto dele, Jude? — perguntou Crystal. — Não, mas meu escritório é muito perto dos jardins do Álamo. Algumas vezes, na primavera, passo por lá na hora do almoço quando vou ao restaurante. A praça do Álamo era perto do hotel Menger e Bess ficou surpresa com grandeza dos jardins, cheios de caminhos, bancos, mesas e monumentos dedicados a personagens históricos. A igreja de Santo Antonio do Valero continuava com a estrutura original. Bess tocou as paredes e estremeceu ao pensar que cento e oitenta homens tinham morrido ali, em um dia frio de março de 1836. Olhou ao seu redor e tentou imaginar a morte desses homens diante da esmagadora força mexicana da Santa Ana. — Seis dos homens que morreram aqui eram georgianos, incluindo o Bowie, embora tenha gente que diga que ele era de Kentucky — disse Jude a Bess. — De verdade? — Alguns eram da Irlanda, outros da Inglaterra e outros da Alemanha. Travis era 4
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do sul da Carolina e Crockett do Tennessee. Eles nos deixaram uma herança muito especial, uma espécie de valentia para fazer frente à morte, igual eles fizeram. — Eles foram uns homens especiais — murmurou Bess. — E estavam acostumados à morte. Viveram tempos muito difíceis, sem nenhum tipo de luxo. — Já li alguns livros sobre isso — disse Bess. — A maioria não estavam de acordo sobre quantos homens morreram aqui. — Houve testemunhas e viram quem sobreviveu — disse-lhe Jude. — Eles são os melhores historiadores, se aproxime. Jude levou Bess ao local onde se encontrava a pólvora e as balas. Jim Bowie estava neste mesmo local quando atacou o inimigo. Ao lado tinha outra sala que estava protegida por uma grade de ferro e que continha diferentes bandeiras. — Algumas inscrições da parede são muito antigas — explicou Jude a Bess. Nas paredes havia pinturas que representavam as tropas mexicanas invadindo a cidade. Também havia armas em uma vitrine junto com outros objetos. Bess parou na porta de saída e ficou olhando para o teto escutando o eco da voz de um guia que narrava os dias de sítio e a batalha final. — Está com frio? — perguntou Jude a Bess. Ela negou com a cabeça. — É que — Bess se interrompeu e olhou para Jude. — Eu tenho lido coisas sobre o Álamo, mas estar aqui… é muito diferente. O livro não tem páginas suficientes para expressar tudo isto. Jude rodeou os ombros dela com um braço e a aproximou dele. — Aqueles homens sabiam o que faziam e por que. O que ocorreu aqui e em Goleiem permitiu a independência do Texas e do estado. E tudo graças a um punhado de homens que não quiseram erguer uma bandeira branca — disse Jude, olhando para Bess. — Inclusive as mulheres lutaram. Os dois ficaram olhando-se fixamente e sem piscar. — Por fim encontrei vocês — disse Crystal interrompendo-os. — Vamos, temos que ver as lembranças. Havia um enorme carvalho na saída, cujos galhos davam diante das ruínas do Long Barracks. Jude continuava abraçado a Bess, e ela se aproximou ainda mais enquanto olhava as portas de entrada. — Não quero entrar aí — disse Bess. — Nem eu também — respondeu Katy. — vamos ver o esquilo, por favor. — Acho que é melhor ir ao museu — disse Crystal. — Há turquesas nas lojas do museu? eu adoro as turquesas. Bess não quis discutir com sua meio-irmã o que se faria primeiro. Ao final, entraram. Ali havia muitas coisas para ver e Bess se soltou de Jude. Bess esteve vendo manuscritos, moedas, retratos históricos e armas, enquanto, Crystal e Katy estiveram vendo as jóias e as lembranças. Crystal convenceu Jude a lhe comprar um bracelete de turquesa muito caro. Para Katy comprou uma boina de mapache. — O que você quer, senhora Langston? — perguntou Jude a Bess com uma expressão de alegria em seu rosto que Bess nunca tinha visto. 4
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— Eu gostaria de um anel — respondeu Bess. — Um anel? — Sim, com uma pedra preciosa. Jude se inclinou na vitrine e disse para Bess dar uma olhada. Bess escolheu um de prata com incrustações de turquesa. Bess pos o anel no mesmo dedo da aliança de casamento. Jude o pagou, mas não foi tão caro como o presente da Crystal. — Só quer isso? — perguntou-lhe Jude. — Sim — respondeu Bess enquanto olhava o anel. — Obrigada, Jude. — Devia ter uma aliança de casamento melhor — disse-lhe Jude. — Não importa — respondeu Bess. — Eu gosto da que tenho. É muito simples, mas tem uma elegância e uma dignidade que não têm os diamantes. — É uma mulher muito estranha. — Por que pensa assim? — perguntou Bess. — Casou-se comigo. — Sim — respondeu Jude. — Casei-me com você. — Sem ter nenhuma opção. — Sobre o matrimônio, Bess… — Não se incomode — interrompeu Bess. — Falamos sempre disso e sempre é a mesma coisa. No final, terminamos discutindo. — Deveria tentar me conhecer mesmo que fosse só um pouco e então, não diria isso. Deve tentar mudar e não se afastar de mim. — É mais seguro me afastar de você — disse Bess um pouco áspera — é menos doloroso. O rosto de Jude ficou pálido e a olhou com amargura. — Sei que não fui muito amável com você. E se você não se dá conta, estou tentando me comportar melhor nestes dias, mas parece que você quer tornar isso mais difícil. — Está tentando? Para você ir atrás da Crystal significa tentar seriamente? — Está com ciúmes? — Não estou. E se estivesse, morreria antes que você soubesse. Eu não revelaria meus segredos ao inimigo, senhor Langston. — Eu sou seu inimigo? — O que você acha? — Tento não pensar em nada, Bess. Nesse momento, Katy se aproximou correndo deles. — Se apressem para ver o esquilo! Tem um homem dando nozes a ele. Quando Bess chegou, o homem ainda estava dando nozes e o esquilo as pegava da sua mão. — Tem estilo — disse o homem rindo enquanto o roedor agarrava as nozes da sua mão. — Seguro que impressiona aos turistas. Eles não podem entender quão domesticado está. — Gostaria de ter trazido a máquina fotográfica — disse Bess. — Que fotografia bonita daria! Outro turista pensou o mesmo e se aproximou com sua câmera para tirar uma 4
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foto.
Bess pensou que depois daquela excursão qualquer pessoa teria voltado para sua casa, mas eles ainda foram dar uma volta pelo centro da cidade. Foram à Villita, onde havia feira de artesanato e continuaram pelo Passeio do Rio. Passaram por vários de restaurantes e pubs que tinham terraços onde os turistas se sentavam na primavera e no verão para contemplar o rio. Bess deu um suspiro enquanto passeava por ali, e desejou que o tempo estivesse melhor para poder sentar-se em uma mesa e contemplar o rio. Estava muito cansada. Devia ser a causa da gravidez. Jude pegou a pelo braço. — Quer descansar um pouco? Bess o olhou surpresa por sua cortesia. — Sim, eu gostaria — respondeu Bess. — Só faltam uns passos mais para chegar ao restaurante. Jude as levou a um restaurante de onde se via o rio. Sentaram-se e um garçom lhes levou os menus. Bess estava com muita fome e pediu umas chuletas. Enquanto, Jude a contemplava com um olhar protetor e Crystal seguia falando como um papagaio. Ela continuou falando durante toda a refeição, até que por fim Jude se levantou, pegou no braço de Bess, e não no da Crystal, e se dirigiram para onde tinham estacionado o carro. Parecia que Jude estava com medo de que Bess se afastasse dele. Quando chegaram em casa, Bess foi para seu dormitório e se deitou, sentia-se muito cansada e com vontade de vomitar. Todos seus pensamentos estavam confusos, porque não sabia em realidade o que queria… nem o que Jude queria dela. Capitulo 10 Bess dormiu. Quando despertou já era noite. Ao se mover, notou que usava a camisola. “Eu me troquei antes de dormir?”,perguntou-se Bess. Nesse momento a porta se abriu e Jude entrou com uma bandeja cheia de comida. — Por fim despertou — murmurou ele pondo a bandeja em cima da cama. — Aggie achou que você tinha que comer algo. Bess colocou o travesseiro nas costas e se sentou na cama. — Estou morta de fome — disse Bess com um sorriso. — Você vestiu a camisola em mim? — Você dormiu com a calça e o pulôver — disse Jude. — Pensei que assim ficaria mais confortável. — Estou sim. Obrigada. — Coma — disse-lhe Jude oferecendo um pouco de frango que Aggie tinha preparado. — Está delicioso! Bess pegou o garfo e continuou comendo enquanto Jude a olhava. — Quer um pouco de sobremesa? — perguntou Jude. — Aggie fez torta de maçã. Bess moveu a cabeça negando. 4
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— Não consigo comer mais nada. — Parece que engordou — murmurou Jude enquanto recolhia a bandeja. — A calça não está se fechando, você só tinha subido o zíper. — Comi muito ultimamente — disse Bess mentindo. — Além disso, é que te importa se eu ganhar peso? Nunca me olha. — Eu me dou conta de tudo o que é referente a você — disse Jude. — De tudo. — Serio? — perguntou Bess. — Mas repara mais na Crystal. Jude a acariciou no rosto e a olhou com ternura. — Crystal sabe como paquerar, querida. Você nunca se preocupou em aprender. — Quer dizer que deveria aprender com ela? — perguntou Bess. — Acha que ela poderia me ensinar a ser uma libertina? — Você a odeia, não é verdade? — perguntou Jude. — É porque inveja o êxito que ela tem com os homens? — Maldito seja! — Não tem muito boas maneiras, senhora Langston — disse Jude. — Sabe, desde que veio para cá , melhorou muito. Continua sendo uma dama, mas mais humana. — Olhe quem fala de humanidade! — disse Bess com um sorriso cínico. — O que sabe você disso? — É uma pergunta ou uma provocação? Uma vez te pedi que dormisse comigo e você não aceitou. Suponha que eu passe por cima de seus desejos e imponha minha vontade. Bess sentiu pânico. Ainda era muito vulnerável a ele, e precisava tempo para pôr em ordem seus pensamentos sobre o casamento. — Não, por favor. Não faça isso — sussurrou Bess. — E se eu prometer ser amável e não te ferir? Bess não podia fazer agora o que Jude queria dela. Ainda não. — Não me vou ficar com rodeios, já lhe disse isso a noite passada. — Já sei que me disse isso, mas não acreditei — disse Jude ficando de pé. — Você me desejava quando nos casamos! — Sim. Isso é verdade. E você me jogou isso em cara até que me aborreci. — Acredito que sim. Mas você não pensava o mesmo no outro dia quando estava sentada no balanço da entrada. Bess tentou evitar seu olhar. — Mas isso foi naquele dia. Não agora — respondeu Bess. — E o que mudou? — Você — respondeu Bess com firmeza. — Não sei o que fazer com você. Não me atrevo a confiar em você. Primeiro me obrigou a casar somente pelas ações. Depois, quis se deitar comigo e procurou me ferir o máximo possível. E agora diz que quer levar um matrimônio como Deus mandou. Algumas vezes penso que gosta de me torturar. — É isso o que acha? — perguntou Jude aproximando-se da cama. — Bess…, por que temos que brigar? Eu sou o primeiro a admitir que dei muitas razões para que não confie em mim, mas temos que chegar a um acordo. — Serio? — perguntou Bess com o olhar baixo. Jude estendeu a mão e levantou o 4
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queixo dela. — Ultimamente está muito mudada — murmurou Jude trocando de assunto. — Seu rosto está mais redondo e seus seios cresceram. Jude baixou o olhar até seus seios e Bess ruborizou. — Obrigada por me trazer o jantar — disse Bess. — Só me diz obrigado e boa noite? — disse Jude. — Há um tempo atrás te tive na palma da minha mão, Bess. Fui um estúpido ao não me dar conta disso antes de ser tarde demais — disse Jude recolhendo a bandeja. — Descanse, querida. Possivelmente daremos um jeito em tudo. — Crystal ainda está acordada? — Bess perguntou a Jude quando ele se dirigia para a porta. Jude virou para olhá-la. — Sim. Está com ciúmes, amor? — Saia! Odeio os homens, odeio você e odeio a Crystal. Odeio o mundo inteiro. Jude se limitou a sorrir. — Quando se cansar de resmungar, vá me buscar. Descobrirá que é mais fácil do que você pensa. Bess não queria ouvir mais nada. Estava muito ocupada tentando fazer com que as lágrimas não brotassem. Bess se deitou e tratou de dormir. Sonhou que Crystal e Jude estavam na cama. Iria matá-lo. E também mataria a Crystal. E depois, iria para sua casa na Georgia. De repente, despertou muito cansada e se sentindo mal. A vingança foi o último pensamento que teve na mente. Olhou o relógio e se deu conta de que já era muito tarde para ir à igreja, não gostava de chegar quando a missa já havia começado. Colocou um vestido e escovou o cabelo. A casa estava em completo silêncio. Somente, ouvia-se um pouco de ruído no escritório. A porta estava entreaberta. Bess empurrou a porta e a abriu toda. Ficou completamente pálida. Crystal estava abraçada a Jude e estavam se beijando. Bess ficou olhando para eles fixamente e o mundo veio abaixo. Odiou-os com todas suas forças. Nesse momento, Jude levantou a cabeça sorrindo e viu Bess. O olhar de Jude em qualquer outro momento teria sido muito cômico, mas para Bess foi só uma confirmação da sua pior suspeita. Crystal ficou olhando-a absorta. — Bess! — disse Crystal vacilante. — Me deixe explicar… — Não é o que você está imaginando — respondeu Jude muito aturdido. — Certamente que não — respondeu Bess. Bess tinha os lábios trêmulos. Todos os anos que tinha aceitado o comportamento de sua meio-irmã com frieza, ficaram no esquecimento. — Maldita seja! — gritou Bess para Crystal. — Não é suficiente que durante dez anos tenha me tirado tudo e que quando mamãe adoeceu durante tantos anos, foi para a Europa me deixando sozinha para cuidar de tudo. Não, com tudo isso ainda não estava contente, teve que vir aqui, para acabar com a minha família. 4
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Crystal estava ficando pálida. — Bess, espere… — Vá para o inferno! Sempre me tirou todos os homens que tive. Você enrolou a minha mãe para que te deixasse as jóias de minha avó e a herança que eu teria passado a meus filhos, e fez de tudo para conseguir dinheiro. Inclusive teve a coragem de perguntar pela fazenda de Oakgrove, que era minha. Por todos os céus, Oakgrove, que pertence a minha família a tantos anos! E agora quer me tirar o Jude. — Bess, por favor… — suplicou Crystal aproximando-se dela, mas Bess se afastou. Ela tirou a aliança de casamento do dedo… o anel que um dia Jude lhe pôs e o de prata que ele comprou quando foram ao Álamo. — Para que não te falte nada, toma… — disse Bess atirando os dois anéis. — Fique com tudo! Pela primeira vez, me tirou algo que eu não queria desde o começo. Jude ficou olhando-a enquanto dizia isso, mas não disse nenhuma só palavra. — Vou voltar para minha casa — disse Bess limpando as lágrimas. — Tenho que seguir adiante com minha vida. E não quero voltar a vê-los, a nenhum dos dois! Bess se virou e saiu do escritório, sem fazer caso das desculpas de Crystal. Sem saber para onde ir, Bess abriu a porta da rua e correu pelas escadas. Estava com os olhos tão nublados pelas lágrimas que não viu o primeiro degrau. Perdeu o equilíbrio e caiu rolando até o final das escadas. Sentiu uma dor muito forte e a seguir perdeu os sentidos. Teve um sonho horroroso. Sonhou que estava se afogando e pedia ajuda a Jude, mas ele não podia ouvi-la porque estava dançando com a Crystal. Cada segundo que passava, afogava-se mais… e mais… — Acorde, acorde! — disse uma voz a seu lado. Bess abriu os olhos e viu um homem que usava óculos e que a estava examinando com um aparelho óptico. — Olá — murmurou Bess. — Olá — disse o senhor enquanto voltava a lhe olhar os olhos com o aparelho. — Bom, parece que não foi nada.Você teve sorte. Bess deu uma olhada pelo quarto. Estava quase vazio, tinha somente uma enfermeira ao fundo. — A criança? — murmurou Bess ao se lembrar o que tinha acontecido. — O que aconteceu com meu filho? O médico franziu o cenho. — Está grávida? — Sim, acredito que sim — respondeu Bess, descrevendo para ele os sintomas que tinha. O médico a examinou com muito cuidado e pediu para fazerem o teste. — Deve passar toda a noite aqui — disse-lhe o médico. — Não acredito que tenha sofrido nenhum dano, mas terei que me assegurar. Não se preocupe. Atenderei-a muito bem. — Doutor, por favor, se estiverem aí fora meu marido e minha família, não lhes 4
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diga ainda nada sobre o bebê. — Não quer que revelemos seu segredo, né? De acordo. Mas se não os deixar entrar aqui, terei que ter um pau para me proteger aí fora. Seu marido, desde que a trouxe, esteve fazendo perguntas a todo mundo que saía do quarto. Direi a ele que entre. Bess não queria falar com Jude. Estava muito fraca para discutir com ele. E tampouco seria capaz de dar alguma explicação. Bess fechou os olhos. Quando os abriu, encontrou Jude diante dela, com um olhar que a assustava. — Como se sente? Bess umedeceu os lábios e tentou respirar profundamente. — Estou um pouco cansada — murmurou. Jude esticou o braço e segurou mão dela. Ele esperava que Bess a puxasse, mas não foi assim, e ela se deu conta de que usava o anel outra vez. — O médico disse que não tem nada. Então por que a mantém aqui? — perguntou Jude a Bess. — Só… para me fazer alguns exames — disse Bess. — Estou muito bem. Jude entrelaçou seus dedos com os de Bess. — OH, Meu Deus… querida…! — exclamou Jude fechando os olhos. — Bess…! Jude parecia apavorado. Bess tentou soltar a mão, porque queria endireitar-se e lhe abraçar, mas ele não entendeu seu gesto e se afastou. — Quer que eu fique com você? — perguntou Jude. Bess estava se desvanecendo e não pôde ouvi-lo. A dor estava desaparecendo… Quando voltou a si era completamente noite. Quando abriu os olhos, viu Crystal entrar com um refresco na mão. O olhar de Bess ficou frio, ia falar quando Crystal se aproximou da cama rapidamente e a impediu dizendo: — Por favor, não se mexa. Por favor, Bess. Farão eu sair daqui. Prometi ao Jude que não te deixaria nem um minuto sozinha. Bess voltou a se deitar e fechou os olhos. — Por favor, escute — suplicou Crystal. — Se quiser que eu vá embora, então, chamarei uma enfermeira ou a alguém para que fique com você. De acordo? — Não posso ir a lugar algum — respondeu Bess virando a cabeça. — Não, não pode — disse Crystal enquanto se sentava na beirada da cama. — O que viu… eu juro isso por Deus, foi somente um beijo de agradecimento. Apesar do que você acha, eu não vim aqui para te roubar o marido. Como se eu pudesse… — Crystal parou uns segundos e continuou : — Jude não me quer. Bess ficou olhando para a parede. O que mais desejava era que sua meio-irmã partisse. — Esta manhã Jacques, meu namorado francês, me ligou — disse Crystal. — Quer casar-se comigo, Bess. Você pode imaginar isso? Quer se casar comigo o quanto antes. Pela primeira vez, Crystal chamou a atenção de Bess. Ela se virou e a olhou. — Nunca acreditei que pudesse me sentir tão bem. Inclusive Jude me disse que se certamente Jacques me queria, pediria para que eu voltasse para seu lado. Eu quis partir faz algumas semanas, mas Jude me pediu para ficar. Possivelmente ele queria que ficasse mais tempo para que você sentisse ciúmes. Então, o que eu fiz foi tentar lhe 4
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ajudar um pouco. Mas o que fiz foi piorar as coisas. Querida, você é tão introvertida… — Crystal se interrompeu e segurou a mão dela. — Você não nos permitiu nos aproximar o suficiente de você para te explicar. E acredito que entendo o porque. Algumas vezes me comportei muito mal com você, não é verdade? Eu sabia que você não queria que eu estivesse aqui, mas disse a mim mesma que se eu me esforçasse um pouco, seria capaz de chegar até você. Só queria ter alguém com quem falar. — Não tenho ninguém, só me resta você. — Por que não me disse isso? — perguntou Bess. — Não sabia como fazer. Tudo me parecia muito confuso, Bess. Dou risada, brinco e finjo ser superior. Mas às vezes tento deixar de atuar e ser eu mesma. Especialmente com as pessoas que me importa. — Como Jacques? — Crystal sorriu. — Olhe, ele pensou que eu era uma coquete que não tinha sentimentos. Vim aqui muito machucada, mas ocultei tão bem, que ninguém se deu conta. Só o Jude. Suponho que acontecia o mesmo com ele e por isso notou. Bess fechou os olhos. Não podia suportar mais. — Por favor, não me odeie — pediu Crystal. — Somente o estava agradecendo. Não poderia te magoar por nada do mundo. Bess esticou o braço e agarrou a mão de Crystal. — Sinto muito, não tinha entendido — disse Bess. — Arrependo-me de todas as coisas que te disse… — Tinha toda a razão — respondeu Crystal com um sorriso. — Que temperamento que você tem! — Não sabia que o tinha, até que Jude começou a me atormentar. — Pobre homem — murmurou Crystal. — Hoje pagou por todos os pecados, inclusive os que não tinha cometido. — Está aqui? — perguntou Bess a sua meio-irmã. — Esteve o dia todo. Faz alguns minutos disse a ele para ir a comer algo. Está muito transtornado pelo ocorrido. Sente-se responsável. — Bom, Jude já pode se ir casa … — E fazer o que? — perguntou Crystal. — Bess, esse homem te ama. Nunca vi um homem sofrer tanto como ele. Quando caiu pela escada, eu tive que ir chamar a ambulância porque ele não queria te deixar sozinha. E quando a ambulância chegou, os homens tiveram que afastar Jude porque não queria se separar de você. Estava muito assustado. Graças a Deus que Katy não estava em casa quando ocorreu. — Katy! — exclamou Bess tentando sentar-se na cama, mas Crystal não a deixou. — Pobre Katy, ligou para ela? — Faz umas horas. Aggie e ela estão em casa. — Sinto-me uma idiota. E tudo isto, porque eu sentia ciúmes e não podia admitir. Perdoa-me? — Se você me perdoar . OH, Bess, não sabe que eu nunca seria capaz de competir com você? É tão doce e tão atenciosa que todo mundo gosta de você. É carinhosa, generosa, tem uma confiança em si mesma e uma elegância, que eu nunca teria nem em milhões de anos. A beleza se acaba, mas o caráter nunca. 4
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Bess abriu os braços e abraçou a sua meio-irmã chorando. — De verdade que está bem? — perguntou Crystal. — Sim. Estou só um pouco dolorida. Mas logo ficarei bem. — Menos mal, porque pela manhã tenho que pegar um avião para a França, antes de que ele mude de opinião quanto ao anel de noivado que me prometeu. Não se importa? — Não, se puder ir ao casamento — respondeu Bess com um sorriso. — O primeiro convite será seu. Jude te levará. — Sim — respondeu Bess. Crystal estreitou sua mão. — Dê uma oportunidade a ele. Ele também não teve uma vida fácil — disse Crystal. — Leva muito a sério suas responsabilidades. — Você é mais que isso para ele, querida. Se você o tivesse visto como eu o vi, teria se dado conta. Agora tem que descansar. Ficarei aqui sentada e tomarei o refresco. Pela manhã já estará melhor, combinado? — Combinado — disse Bess sorrindo para sua meio-irmã e tratou de dormir um pouco para descansar. Quando voltou a abrir os olhos, o doutor estava ali e Crystal lhe atirava um beijo da porta. — Sinto-me como se fosse o Papai Noel — disse o doutor Barnes a Bess. — O que prefere, menino ou menina? — Estou grávida de verdade ? — perguntou Bess. — Sim — respondeu o doutor: — Não são más notícias, né? — Não! — exclamou Bess levando as mãos a seu ventre. — Não é necessário que volte a te ver esta noite, sua expressão diz tudo — murmurou o doutor. — O bebê está bem. E você também. Acredito que pela manhã terá alta. Durma bem. Bess se limitou a sorrir. "Que segredo maravilhoso", pensou. Fechou os olhos e começou a sonhar com isso. Capítulo 11 A luz do sol entrou pela janela e despertou Bess. Sentiu todo o corpo machucado e dolorido. Abriu os olhos e viu o Jude sentado em uma cadeira ao lado da cama. Seus olhos pareciam estar injetados de sangue enquanto a olhava. Estava despenteado e com a camisa e a calça amassados. A camisa estava desabotoada até meio do peito deixando ver sua pele bronzeada. Bess recordou com prazer as vezes que ficou perto dele. — Jude? — murmurou Bess. Jude se ajeitou e a olhou. — Como está? — perguntou-lhe. 4
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— Um pouco machucada. Onde está Crystal? — A caminho de Paris. Disse-me que te ligará esta noite. — OH! Que alegria. — Falou que você conversou com ela ontem à noite. — Crystal me contou por que estava te beijando. Eu me arrependo-me de todas as acusações que fiz. Jude agarrou a mão de Bess, levou-a a seus lábios e fechou os olhos enquanto a beijava. — Cale-se, por favor — disse Jude. — Meu deus! Quando te vi no chão, me deu vontade de dar um tiro na cabeça. — Não foi tua culpa — disse Bess. — Claro que sim. Jude voltou a beijar a palma de sua mão e se afastou da cama. Aproximou-se da janela e subiu mais a persiana. — O doutor me disse que hoje poderia ir para casa. — Eu adoraria. — Se se sentir bem, vai — disse Jude. — Mas não quero que corra nenhum risco. — Estou muito bem. Jude se afastou da janela e se aproximou da cama. — Bess… — disse um pouco vacilante. — Aggie me disse que ultimamente não tomava o café da manhã. Bess o olhou e ficou um pouco nervosa. — Te disse isso? Jude se sentou ao lado de Bess, agarrou sua mão e tocou o anel. Jude deslizou sua mão pelo ventre dela e o acariciou. — Vai ter um filho, amor? — perguntou-lhe Jude. Essa pergunta fez Bess ruborizar, ficou indecisa durante alguns segundos e o olhou nos olhos. — Sim, vou ter um filho. Jude observou seu corpo e o novo contorno de sua cintura e estômago e sorriu. Mas quando a olhou, esse sorriso desapareceu por completo. — Por que não me contou? — perguntou Jude. — Tive medo — respondeu Bess tremendo. — De mim? — Não! — respondeu Bess baixando o olhar. — Tive medo de te atar mais do que estava. Pensei… que queria a Crystal. — E eu pensava que você não me queria. Inclusive me disse isso. — Porque não estava segura . Nunca estive. Você é muito fechado. Nunca soube o que pensava nem o que sentia. — Pois então somos dois. Não notou que voltei a pôr o anel no seu dedo? — Sim. Obrigada. Não quis dizer nem a metade daquilo, é que ultimamente ando muito nervosa. Jude lhe soltou a mão e voltou a passar-lhe pelo ventre. — Já se move? — perguntou Jude. 4
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— É muito cedo — respondeu Bess com um sorriso. — Verdade que não se importa? — Não. Desde o primeiro momento eu te disse que gostaria de ter um filho com você. — Fez algumas observações muito horríveis a respeito deste assunto — recordou Bess. — Foi em defesa própria, Bess. Uma vez te disse que me fazia perder o controle. Ergui um muro entre o mundo e eu, e você chegou e o derrubou. Naquele momento não entendi, portanto, tive que lutar com as armas que tinha. — E agora? — Agora estou arrependido. Quis que Crystal ficasse mais tempo aqui para que seu namorado francês sentisse falta dela e viesse procurá-la. E também para que você sentisse ciúmes. Se eu tivesse imaginado o que ia acontecer não teria feito nada disso. Se você tivesse se ferido ou tivesse perdido a criança, não poderia continuar vivendo. — Você não sabia que eu me reagira assim só por causa de um beijo inocente — disse Bess. — Exatamente. Ela estava muito nervosa porque ia se reconciliar com o homem que ama. Agora me arrependo de ter deixado que ela me beijasse. — disse Jude lhe acariciando o rosto. — E era ela quem me estava beijando… e não ao contrário. Eu só quero você. O rosto de Bess se iluminou diante dessa observação. O olhar de Jude estava cheio de ternura e não precisava dizer nenhuma só palavra para saber o que os dois estavam sentindo. Jude lhe acariciou o ventre e deslizou a mão até chegar a seu seio. O corpo de Bess já ardia de paixão quando ele se aproximou para beijá-la. Nesse momento o doutor Barnes entrou e se sentou em uma cadeira para falar do bebê. Ignorando o agradecimento dos pais lhes deu o nome de um bom ginecologista e felicitou Jude. Aproximou-se de Bess e lhe receitou umas vitaminas para que tomasse durante a gravidez. — A partir de agora tem que se alimentar corretamente — disse o doutor Barnes. — Está um pouco magra. — Comerá, mesmo que tenha que forçá-la — disse Jude. Bess olhou para ele e o doutor Barnes sorriu. — Assim que eu gosto — disse o médico. — Tem que entrar em contato com este ginecologista para agendar uma consulta. O pré-natal é muito importante. A propósito, se interessar a vocês assistir a um curso sobre a gestação e o parto, no hospital eles dão aulas. O ginecologista poderá falar mais a respeito disso, de todo o jeito. — Eu gostaria de assistir — disse Bess. — E eu também — murmurou Jude. — Iremos juntos. Bess teve que desviar seu olhar de Jude devido ao prazer que lhe proporcionaram essas palavras. O doutor foi embora. O resto da manhã passou tão rapidamente, que quando Bess se deu conta, Jude já a estava levado para casa. Bess se sentiu diferente quando chegou a sua casa e Katy começou a abraçá-la. Jude esteve se gabando como um pai orgulhoso. Manteve-se o tempo todo ao lado de 4
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Bess. E para espanto de todos, quando Bess, Katy e Aggie se aprontaram para ir a missa no domingo, encontraram-se com Jude que as estava esperando. — Vai conosco à igreja? — perguntou Bess. — O que tem de que um homem vá com sua família à igreja? — Nada, certamente que nada — disse Bess. — Então, se apresse e não nos faça chegar tarde — disse Jude a Bess. Quando chegaram à igreja, o ministro metodista ficou surpreso quando viu Jude sentar-se em um banco com sua família. Mas em seguida se recompôs e sorriu. Bess, tendo seu marido ao lado, era a mulher mais feliz do mundo. Foi algo muito especial que Jude se dirigisse de boa vontade à casa de Deus. O homem frio com o que ela se casou fazia alguns meses, estava agora completamente diferente. Jude se esforçou para cantar. Parecia que não fazia isso a muito tempo, mas Bess achou que ele cantou muito bem. Olharam-se e sorriram. Esse sorriso foi suficiente para que ela entendesse o que queria dizer. Nessa noite, Bess colocou Katy na cama e não ficou muito tempo com ela, como estava acostumada a fazer. Disse que sua cabeça doía muito e com isso se desculpou. Mas aquilo era uma mentira. Naquele momento, Jude vinha em primeiro lugar. Bess ouviu o barulho da água antes de entrar no quarto de Jude e teve que armarse de coragem para entrar. Passou e fechou a porta. Os móveis do quarto eram escuros e com alguns acessórios na cor bege e marrom. A cama era enorme. Bess ruborizou ao olhá-la, porque seria de grande importância para o resto da noite. Bess vestiu um robe de cetim azul e foi para o banheiro. Jude estava na ducha, terminando de enxaguar o cabelo. Bess se sentou em um banco que havia ao lado da porta e ficou olhando através das cortinas. Dava para ver sua pele morena e o cabelo escuro de seu peito, estômago e coxas. Alguns segundos mais tarde Jude fechou o chuveiro e abriu as cortinas. ficou completamente gelado ao ver Bess ali sentada. Bess lhe sorriu e tentou não voltar atrás. — Olá. — Olá — murmurou Jude enquanto pegava uma toalha. — Não se assustou? — perguntou Bess examinando-o de cima abaixo. — Não — disse Jude. — Com você não. Ela sabia que Jude estava pensando em suas cicatrizes. Era uma de suas pequenas inseguranças que ele tratava de ocultar embaixo dessa couraça de orgulho e arrogância. Bess levantou, aproximou-se de Jude e o abraçou. — Jude… — murmurou Bess um pouco nervosa. Jude a abraçou e tirou a toalha. — Está levando tudo isto um pouco longe — sussurrou Jude. — Não quero que pegue friagem nos pés. — Esta noite quero fazer amor com você — sussurrou Bess ao ouvido dele. — Uma vez me disse que quando estivesse pronta era para eu vir te buscar. — Está me seduzindo? — perguntou Jude. — Bom, mais ou menos — admitiu Bess. — Você terá que me guiar. Na realidade, isto não é um hábito para mim. 4
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— Está perdendo o tempo falando. Bess o olhou, mas teve que desviar o olhar em seguida. Jude sorriu ao ver que ruborizava. — Tudo isto foi idéia sua. Tire o seu robe. — Mas ainda não terminei de falar — disse Bess. — Sempre tive vontade de que uma mulher grávida e nua me secasse — disse Jude. — Se não tenho vergonha de mostrar meus defeitos, por que teria que se envergonhar de mostrar o seu corpo para mim? — Você não tem defeitos — respondeu Bess. — Eu te amo como é, e essas cicatrizes são um sinal de valor. Quando te conhecer melhor, as beijarei uma a uma. Jude sorriu. — Quando me conhecer melhor? — Bom, teremos que dormir várias vezes juntos — disse Bess. — Virtualmente somos estranhos. — Nos conheceremos mais depressa se você tirar esse maldito robe. — Você nunca teria se atrevido se eu não viesse. — disse Bess. — Acredita mesmo nisso? Bess desatou o cinto do robe, deixando-o cair ao chão e deixou que Jude a olhasse. Ele a olhou de um jeito que fez seu coração disparar. Bess deslizou suas mãos pela cintura dele e subiu até a cabeça. Seus corpos se juntaram e Jude gemeu de prazer. — Jude! — sussurrou Bess ao seu ouvido. Jude a abraçou com mais força e começou a beijá-la apaixonadamente. — Preciso de você — disse Jude. — Preciso muitíssimo. Começaram a brincar e a mordiscar os lábios, até que Jude a agarrou pela cabeça e lhe deu um beijo. Ele a apertou contra seu corpo. Bess sentiu seus joelhos fraquejarem. — Não posso esperar mais — disse Jude levantando-a em seus braços. — Sinto muito querida, mas não posso esperar nem um segundo mais. — Eu concordo com você. Jude beijou seus seios e logo chegou até seu ventre. Deitou-a na cama e a abraçou. — O bebê — murmurou Jude. — A única coisa que tem que fazer, amor, é não ser muito brusco — sussurrou Bess deslizando suas mãos por seu peito, cintura e quadris. — Me ame agora… da mesma maneira que fez aquele dia no bosque… — Bess! — gemeu Jude beijando-a. — Eu te amo — murmurou Bess nos lábios de Jude. — Te amo muito. — Sabe o que está me dizendo? — perguntou Jude enquanto a abraçava e acariciava seu corpo. — Sim, sei. Me ame embora seja só um pouco, querido — sussurrou Bess. — Só um pouco… não te peço mais que isso. Bess começou a sentir mais prazer quando Jude ficou em cima dela. Lembrou daquelas vezes que estiveram juntos sentindo um ao outro. — Desta vez faremos amor — disse Jude. — Você é minha vida, meu coração e o meu mundo inteiro. 4
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O ardor começou a fluir pelo corpo de Bess como se fosse fogo e ela se deu conta de toda a verdade que havia nessas palavras. — Meu amor…! — gritou Bess lhe abraçando. — Mova-se comigo — disse Jude sem fôlego e lhe mordiscando os lábios. — Sim… assim Bess. OH Deus, Bess… Bess, eu te amo, te amo…! Jude sussurrou essas palavras como se fossem uma ladainha, e os dois começaram a gemer e a ficar sem fôlego. Fundiram-se em um só corpo e Bess viu o resplendor de um arco íris. Para Bess, nesse momento, não existia o tempo. Parecia que já se relaxavam quando surgiu de novo a paixão. Jude voltou a abraçá-la, mas esta vez parecia que o contato era mais íntimo. Os beijos eram mais longos e mais profundos. Jude ensinou a Bess coisas que a fizeram gritar de prazer. Bess se alegrou de ver o prazer que era capaz de lhe dar. Jude chegou até tal ponto, que já não era capaz de controlar-se. Estava tremendo e deu o prazer e satisfação que Bess estava pedindo. Por fim, esgotados, cobriram-se e ficaram dormindo, um nos braços do outro. Jude despertou Bess quando os primeiros raios do sol começaram a entrar através da janela. Voltaram a fazer amor enquanto se ouvia o canto dos pássaros. Foi, inclusive, muito melhor do que quando fizeram de noite. — E eu que pensei que gostava de ficar solteiro — murmurou Jude enquanto lhe acariciava o cabelo. Bess se inclinou e lhe deu beijos por todo o peito. — De agora em diante, me assegurarei de que não se arrependa de ter se casado comigo. Bess acariciou o rosto dele. — Ontem à noite foi o meu primeiro Natal. Eu já tinha tentado de tudo. Tinha a esperança de que alguma noite você me desejasse e viesse correndo a meu quarto — disse Jude com um sorriso. — Eu também queria ir — disse Bess. — Mas não estava segura de sua reação. Sabia que, se tivesse opção, você não teria se casado comigo. E pensei que, se te mostrasse o quanto me importava, você poderia usar isso contra mim. E também estava furiosa pela Crystal. Jude a beijou no rosto. — Bess, quando chegou aqui, odiava a idéia de um casamento. Mas depois de estar contigo durante algumas semanas, dei-me conta de que não podia viver sem você. Fiz tudo o possível para conseguir aquele quadro que você gostou tanto e deixei o caminho livre para que ensinasse a Katy como vestir-se e como eram as festas. Via como brincava e ria com nossa filha e quis me unir a vocês, mas não sabia como — Bess lhe deu uma dentada no ombro. — Katy e eu podemos te ensinar. — Fiz de tudo para que se importasse comigo — disse Jude olhando-a . — Mas não conseguia me aproximar de você. E essa noite, quando disse que me queria… Bess pôs um dedo nos lábios dele. — Sempre te quis muito. Queria-te desde que tinha quinze anos. Não sei em que momento o carinho se converteu em amor. Mas só sei uma coisa: não podia viver 4
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afastada de você. — Isso também aconteceu comigo, senhora Langston, e também não gosto de dormir sozinho. Dormirá de agora em diante comigo? — Nós adoraríamos — respondeu Bess. — Nós adoraríamos? — perguntou Jude perplexo. — Sim, seu filho e eu. Não se deu conta de que Katy está louca de alegria? — Sim, e estou muito contente — disse Jude abraçando-a. — Acha que estou sexy? — perguntou Bess. — OH, Deus, claro que sim! — exclamou Jude sorrindo. — Só espero que meus braços sejam compridos o bastante para poder te abraçar quando estiver com mais meses de gravidez. Bess começou a rir. — Teremos muitas histórias para contar a nossos netos — murmurou Bess. — Inclusive posso imaginar seus rostos quando lhes contar como você me tirou de Oakgrove e me trouxe para o Texas para que me casasse com você. — Se você fizer isso, eu lhes contarei como me seduziu no bosque — disse Jude. — É um chantagista. — Então, manteremos nossos segredos. Só para nós dois. E quando ficar velho, sussurrarei em seu ouvido todas essas lembranças diante deles, para que vejam como você fica vermelha. Bess o acariciou no rosto. — Vou te amar por toda a minha vida — disse Bess. Jude a beijou com doçura. — E eu te amarei mais que tudo no mundo — disse Jude sentando-se na cama. — O que acha de tomarmos o café da manhã? Iremos a Santo Antonio, ao restaurante que está à beira do rio. — Só se me prometer não ficar de pé e começar a me insultar — disse Bess. — Eu poderia fazer isso a uma mulher grávida? — perguntou Jude enquanto se levantava e a olhava. — Está linda assim na cama. Poderia perder a cabeça por você. Bess voltou a deitar e rolou na cama. — Serio? Que emocionante! se deite e discutiremos isso. — É uma bruxa — murmurou Jude. Bess estendeu os braços. — Sinto-me muito só nesta cama tão grande. — Tenho que fazer umas ligações para consertar… — Tenho uma dor horrível, amor. Por favor… Jude se aproximou da cama e se deitou ao lado de Bess. — Ao diabo com as ligações. Eu também estou com uma dor horrível. Bess sorriu. Estava radiante de felicidade. Por suas veias corria o fogo líquido do desejo. Deslizou suas mãos pelas costas de Jude, sentindo toda a força de sua musculatura. Jude já não era o homem rude e sem maneiras que ela tinha conhecido. Fim
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