Paisagem Alterada - Projeto para um inventário geométrico-territorial brasileiro

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paisagem alterada



paisagem alterada: projeto para um inventário geométrico-territorial brasileiro trabalho de conclusão de curso escola da cidade 2019

clara varandas abussamra orientação: vinicius andrade


4

aos meus pais e à minha irmã, pelo caminho trilhado até aqui

à arquiteta inês, pelos meses que me recebeu, e por me ensinar tanto sobre um outro lugar


5 ao vinícius, pela imensa paciência e infinita bibliografia, que eu espero um dia acabar de ler

à inaê, por estarmos sempre lado a lado


6 8

antes

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a ideia de território

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a imagem vista do ar

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a linha e o grafismo

27

o inventariar


7 30

fotografias

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expansões à noroeste

58

os buracos na terra

74

geometrias da exploração

156

a grelha como afirmação

182

a infraestrutura da lógica

208

considerações finais

212

referências


8

Antes

Antes de tudo, deve ser dito que este trabalho parte de uma inquietação pessoal, de uma aluna de arquitetura que, ao passar por um período de vivência externa ao seu país, muito se perguntou sobre a forma do seu lugar de origem. Não houve uma metodologia única que guiou o que aqui se apresenta, houve diversas tentativas, abordagens e leituras até que se compreendeu que este se trata de um exercício de observação de um lugar. Aqui, buscou-se também resgatar a observação como capacidade da formação em arquitetura. A atenção do olhar ao território, à produção do espaço e as marcas que são produzidas no solo são defendidas neste inventário como prática primeira da leitura que se faz. Este trabalho, começa num primeiro estrato, textual, apoiado numa quadra termológica que estrutura o modo de ver essas fotografias, ou seja, se atentando aos temas do território, do grafismo, da fotografia de satélite e da consolidação de uma unidade inventarial. A partir daí se inicia o segundo estrato, o das fotografias do território brasileiro, colecionadas sobre o critério das marcas antrópicas que se encontravam registradas no território. Partindo deste olhar


9 superior sobre a terra, as fotografias foram coletadas uma a uma, seguindo uma metodologia de coordenadas própria e inventada, que abstraí o sentido da divisão política estadual do território, com o fim de encontrar registros gráficos da ação humana. As imagens foram então agrupadas em cinco diferentes categorias - expansões à noroeste, os buracos na terra, geometrias da exploração, a grelha como afirmação, a infraestrutura da lógica - que dialogam com a narrativa e procuram estabelecer um diagnóstico próprio

Havia uma curiosidade pela linha que se encontrava marcada no chão. O chão se registrou por meio da foto. A foto retratava a ocupação. A linha era o signo da ocupação, e a linha somada ao chão era o território.

do conjunto. Assim, este trabalho procura inaugurar um inventário territorial fotográfico ao mesmo tempo que possa ajudar a compreender o significado das marcas que se pôde observar

repetidamente

sobre a terra.


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A ideia de território

Foi isto que eu aprendi. Passei a ter uma enorme curiosidade em relação à construção métrica da cidade e, ao mesmo tempo, a vontade de acrescentar a mais simples arquitectura. Passei a reflectir sobre a cidade e a procurar resolver o programa de uma forma cada vez mais assertiva. Se possível, com volumes elementares, poucos materiais (alguns fazem eco à terra sobre a qual se constrói) e com as mais estáveis respostas ao devir. Sobre a permanente mudança, pode-se reflectir, intuir procurar as leis que a comandam. Mas é certo que estas sempre estarão relacionadas com o homem e com o planeta onde ele vive pedras, água, sol, plantas e animais. (Graça, 2002)

Me surpreende o tamanho do Brasil. No último ano, enquanto vivendo uma parte da vida entre parênteses, num país que não era o meu, o tamanho do Brasil vinha sempre na minha cabeça. Existem algumas maneiras de se entender o tamanho do país, uma vez que os números com tal grandeza não passam de dados abstratos - oito milhões de quilômetros quadrados. Um poderia fazer uma viagem de carro do extremo sul ao extremo norte, o que levariam oitenta e seis horas. A pé, caminhando sem parar, seriam quarenta e oito dias. Num voo estratosférico, também é possível ver a extensão de todo o pano brasileiro, como numa planta geral do


11 país. A visão de cima permite compreensões que a visão na terra não possibilita, assim como o caminhar dá uma apreensão que o voo não tem. De cima é possível comparar tamanhos. É possível ver manchas, linhas, simbolos e signos e se perguntar o que eles representam. É possível ver marcas de expansão. É de cima que se vê marcado qualquer caminho e assentamento em terra que torna o território o que ele é, e é de cima que se apreende o desenho que a ocupação determinou. Se ficam evidentes as ações e relações que foram sendo construídas sobre a terra e se os resultados destes processos tem um grafismo, este voo de cima dá cara ao território. A indagação inicial sobre o rosto do território brasileiro se deu visto que o país outro que eu vivi a vida entre parênteses - e digo aqui entre parênteses porque esse período de ausência teve também um começo e fim pautado - foi o país que teve nosso território como colônia por um imenso tempo. Viver o território de lá fez com que o nosso de cá virasse fonte de uma grande inquietação própria. Se era esperado de início encontrar lá o mesmo modo de constituir cidades e tratar a terra que conhecia daqui, foi rapidamente


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desfeito o engano, a metrópole se assentava sobre bases completamente diferentes. Porém se na busca por Portugal eu pretendia entender mais sobre o Brasil, foi no grafismo da terra que se evidenciou um início de relação. Em Portugal, o território me pareceu ser um termo primordial para toda a razão de ser. Primordial, hoje reconheço, porque o é verdadeiramente. Antes de tudo que se construiu, existia o território que já estava. Em Lisboa, a cidade se assenta sobre uma lógica muito clara de cotas que era cotidianamente vivida nos deslocamentos e onde a topografia regeu num primeiro momento a hierarquia da construção da cidade. As linhas de festo e as linhas de vale separam o que é importante do que é cotidiano. No entremeio da cota alta e da baixa, estava o caminho por onde a cidade se assentou. Carlos Fabião definiu: “A cidade andaluza, ou, mais corretamente, a cidade mediterrânea, define-se antes de tudo pelo seu contraste com o urbanismo clássico. Enquanto neste a régua e o esquadro são a expressão natural de um poder racional e racionalizado, o espaço urbano mediterrânico gera-se a si próprio como um corpo vivo, em que os equilíbrios são orgânicos e funcionais”. (Fabião, 1992)


13 A herança islâmica de uma cidade labiríntica, de traçado inerente a topografia, ainda que não absoluta na construção urbana, é visível nas cidades lusas e, mais ainda que visível, retrata também a fixidez. O caráter inerte da malha orgânica labiríntica muito remete a um território imutável e fixo. Na vivência da cidade aprendi que este território era um suporte e, usando aqui a definição do arquiteto João Luís Carrilho da Graça, que muito trata deste tema, era também uma invariabilidade, que receberia nossa existência e seria marcada por ela 1. A leitura então se tornou clara: o território continuava a ser visto como o alicerce urbano, que havia fundamentado uma primeira ocupação que progrediu para se tornar Portugal. A consideração pela presença física da terra, fez com que as linhas que formariam o território, fossem elas as estradas que cruzariam o país ou as malhas que organizariam as cidades, se comportassem como plano fluído, moldado por esse suporte. Foi lendo os escritos deste arquiteto que, por sua vez, leu os de Gianfranco Caniggia e José Ignácio Linazasoro, que comecei então a me atentar às linhas que definiam aquele lugar, 1

TORRECILLAS, 2014.

e às linhas que depois procuraria ver no meu


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próprio país. Se era tão primordial aos portugueses a atenção ao terreno, à topografia, aos vales e às montanhas, que lógica havia regido a consolidação de uma colônia portuguesa na América para que houvesse resultados tão díspares? Com que intenção se fez o traço primeiro da ocupação deste lugar, e que tipo de legado essa intenção nos deixou? Como resumo a essas questões, é importante antes pontuar o que logo se tornou óbvio: ao Brasil não cabe a mesma leitura que se faz de território em Portugal. Para além das evidentes diferenças de composição, dimensão e geografia, não foi possível construir um território sobre as mesmas bases de Portugal porque houve uma diferença lógica na maneira de ocupar. No Brasil, não se pode considerar o território como parte separada do processo humano ou como elemento primordial da ocupação. Isto porque durante grande parte do processo de antropização da América, nosso território foi exaustivamente explorado por uma metrópole ultramar. Aqui, o território “resultou” após um intenso processo colonizatório inicial e a ocupação tornou-se indissociável daquilo que era apenas terra.


15 É partindo deste fato que este trabalho pretende inventariar: se a partir do momento que se fez uma leitura do território brasileiro ele esteve marcado por uma intenção exploratória, a marca no chão e o processo são intrínsecos a ele, pois são heranças de uma lógica de produção do espaço. Olhar atentamente para a extensão do território brasileiro através destas fotografias e para a história que caminha junto a ele, me mostrou que as linhas que se traçam sobre um chão, sejam essas linhas de tinta ou de terra, são determinantes para o que se virá a ser e, mais ainda que as linhas, a intenção com que o traço é feito. As ocupações violentas, traumáticas e decisórias que foram feitas sobre este pedaço do mundo deixaram cicatrizes e heranças caracterizam a cara que o território tem. É sobre isso que se trata o inventário aqui proposto, identificar no território as marcas nele presentes e o tipo de intenção que é legada a nossa produção do espaço. No fim desta introdução que costura a mim e ao trabalho junto ao território, devo dizer que com este inventário não se pretende fazer nenhum tipo de redesenho ou proposição de reestruturação. Não há aqui intenção de anular o que foi da nossa história ou reverter


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o modo que a máquina gira na intenção de vislumbrar algo “próspero” para este pedaço de América. O trabalho a seguir contenta-se com ser um inventário provisório, e não alcança ser completo. É antes um projeto de inventário que visa principalmente chamar atenção ao tema e ao seu imenso potencial, e construir um repertório que reconhece padrões e sistemas. O trabalho reivindica o mérito por identificar os registros da ocupação do território como aspecto cultural de grande interesse e afirmar que o que foi da nossa formação nos trouxe até aqui. Este inventário pretende colocar à frente dos olhos tudo o que temos e registrar as marcas que desenhamos sobre o chão.


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A imagem vista do ar

Os satélites popularizados pelo Google Earth são responsáveis por disponibilizar imagens do mundo às quais nada escapa; onde, em princípio, tudo está visível. A obsessão pela visibilidade produz uma coleção de dados que supostamente produziriam conhecimento para saciar cada espírito científico, transferindo a exploração de terras desconhecidas para a exploração de imagens reconhecidas. Mas que máscaras são criadas nesse poderoso processo de visualização? Quanta coisa acontece sob a seleção do cursor famigerado que não se vê, não se escuta e não se preserva, prestes a desaparecer num piscar de olhos e num selecionar de botão? Os dados estão visíveis no Google Earth, mas não vemos o ato político no qual cada matiz é apagado da imagem, ou seja, não vemos o ato mesmo no qual cada fragmento verde desaparece do território. (Marques, 2011, p. 26-7)

No ano de 2016, um avião sobrevoou baixo a selva de Belize, na América Central, e fazendo uso de pulsos de luz fotografou o chão por entre as árvores e cartografou assim a superfície do solo. Foram encontrados ali restos de uma enorme rede de canais de transporte e campos de cultivo em forma reticular construídos por civilizações maias e recobertos pela camada do tempo 2. Em 2017, cinquenta novos exemplares dos geoglifos da província de Nazca foram descobertos - mapeados DOMÍNGUEZ, 2019, online.

num nível de detalhe que foi apenas possível

GRESHKO, 2018, online.

tam entre 200 e 700 A.C 3. Recentemente,

2

3

usando drones. Alguns desses geoglifos da-


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outros geoglifos, encontrados na Amazônia brasileira, alteraram profundamente a leitura que se faz da ocupação do território. As mais de seiscentas figuras geométricas encontradas até então contrariam uma historiografia conservadora de uma floresta pouco habitada durante o período pré-colombiano, e preveem civilizações complexas com forte apelo urbano 4. O impressionante desenvolvimento recente das tecnologias da informação e imagem tem proporcionado muitas novas frentes de pesquisa na área da preservação cultural. Apesar de serem também forma de dominação e controle, os sistemas contemporâneos de monitoramento global via satélite, a geração de imagens resultantes desse monitoramento e os sistemas georreferenciados com seus banco de dados proporcionam uma ferramenta inédita para a observação do território, contribuindo para a ressignificação de um ponto de vista sobre o patrimônio construído: a visão de cima ganha um novo significado e as imagens de satélite passam a ter aqui um papel de registro. A fotografia da superfície da Terra permite que se veja a extensão das marcas humanas


19 e a correlação que elas estabelecem entre si. Permite ver o habitado e o inabitado, o explorado e a terra virgem. Fazer uma leitura vertical destas imagens, que convoque elementos fundadores dos grafismos que nelas se apresentam e reconheçam neles o caráter histórico, social e econômico que os rege, é ir além do que a imagem nos permite ver. É um jogo entre o visível o invisível, a forma e a estrutura que a sustenta. O processo de observação aqui proposto para este inventário teve uma metodologia própria. Fazendo uso das imagens do satélite Landsat 8, se iniciou uma busca pelo grafismo do território. Foram traçados quinze paralelos e outros quinze meridianos que abrangiam os limites do país e dividiam o recorte em duzentos e cinquenta e cinco quadrantes, dos quais cento e vinte e seis se encontravam dentro do território nacional. Cada um desses quadrantes abrangia uma área de 90.000 km². Fotografou-se então cada um dos quais eram contidos no Brasil, num processo que partia da gradação: numa primeira visão geral do quadrante, se percebiam as diferenCALISTO, 2019, online. 4

tes composições morfológicas e antrópicas


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que se encontravam marcadas à distância. Depois, numa aproximação, buscou-se fotografar cada uma delas e a fronteira entre estas. A última aproximação buscou as particularidades do entorno, relações imediatas que podiam ser percebidas através deste tipo de visão, determinadas pelos grafismos que eram percebidos de longe. Resultaram um total de duzentas e setenta fotos, em diferentes escalas, representando relações diversas. Esse primeiro conjunto foi agrupado em subgrupos e peneirado, procurando dentro das fotografias indícios geométricos correlatos. Neste inventário estão presentes oitenta e cinco fotos, reunidas nos seguintes grupos: das manchas à noroeste, grafismos da exploração da terra, os buracos no chão, as cidades como resultado e as linhas construídas. Neles, se pretendeu ver de que modo o grafismo se apresenta no território, dando atenção especial às linhas visíveis na terra e a que tipo de relações elas estabelecem tanto intragrupos quanto de maneira geral entre si, localizadas no contexto de formação histórica e econômica do país.


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A linha e o grafismo

1 - Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz. 2 - Procurou-se depois a adaptação à topografia local, ao escoamento natural das águas, à melhor orientação, arqueando-se um dos eixos a fim de contê-lo no triângulo equilátero que define a área urbanizada. (Costa, 1957, p. 22)

As linhas que foram traçadas sobre a América Latina podem ser vistas a imensa distância. Existe uma dança de escalas que nos aproximam e afastam delas, e permitem ver as diversas formas de manifestação da geometria no chão. São linhas de divisas, de tratados políticos, de mega infraestruturas viárias, de pequenas estradas de terra, e aquelas que estão ordenadas dentro da malha de uma cidade. São linhas primárias e secundárias na interligação de assentamentos, que são marcadas no chão e reafirmadas pelos fluxos, e são também linhas políticas que determinam fronteiras e que nem sempre partem de uma marca no solo, mas frequentemente são visíveis através das relações que determinam. O movimento de aproximar ao encontrar o indício da linha é uma espécie de arqueolo-


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gia visual; existe um objeto curioso e rígido em seu grafismo que risca o chão, que sulca o solo ou que corta uma montanha, e nasce dele o interesse em entender essa segunda camada, que se soma ao território e que faz com que ele se molde ao objeto, e obedeça às novas regras que este impõe. O traçar de linha sobre um território é uma manifestação humana, mas outros tipos de intenções podem estar contidos nesse exercício. Em 1493, uma primeira linha ortogonal, traçada sobre um mapa, definiu uma divisão da América entre dois povos europeus. A primeira afirmação de posse sobre esse continente, de propriedade a ser dividida, se dá neste contexto no ultramar, partindo de um gesto de traço. Muitos outros tratados se seguiram a este, outras linhas sobre papel, que continuamente dividiram a terra e delegaram posses a terceiros. Esta primeira não era uma linha física, era uma linha abstrata, que não conhecia o que passava por baixo dela, se eram rios, florestas ou vales, mas confirmava a posse sobre todo seu redor. A linha como afirmação de posse e vetor de desenvolvimento é uma constante reconhecida neste inventário brasileiro. O exercício


23 do traço como organizador do espaço ou como desbravador de um lugar ainda não ocupado é percebido com facilidade nas fotos e de maneira geral no território, independente de regionalismos. Presentes aqui como divisões de lotes agrários entre grandes latifúndios, infraestruturas que interligam pequenas cidades, sulcos geométricos que rasgam a Amazônia ou pequenos assentamentos em grelha, o traço geométrico vem imbuído de um grafismo que denuncia as relações dos quais ele é resultado, relações essas que transitam da pequena à grande escala. O antropólogo Antônio Risério, na seguinte passagem, procurou reconhecer as bases do estabelecimento de uma urbanização formal e continuidade do emprego geométrico no Brasil: “Podemos pensar aqui, num horizonte bastante genérico, o sentido da estruturação urbana formalizada, geométrica, no Brasil. É evidente que o sentido do traçado urbano regular ou racionalista é dado numa espécie de tripé relacional. Numa ponta, a grelha surge em plano dialógico, situada no próprio campo das linguagens urbanísticas. Em outras, sua aparição é indestacável da contextura cultural, solicitando assim leituras interpretativas de natureza histórica, sociológica e antropológica. E, ainda em outra, a grelha se materializa em


24 circunstâncias concretas, do ponto de vista político e social - sob o jogo e o fogo de interesses e projetos de determinados atores em movimento no conjunto da sociedade. (...) De qualquer sorte - e de modo genérico, repito - penso que, no caso brasileiro, podemos fazer uma grande distinção. Num primeiro momento, a grelha brasileira é indissociável, principalmente, dos conceitos colonizar e civilizar. Num segundo, de civilizar e modernizar.” (Risério, 2012)

Da citação, uma vez já colocada a indissociação da geometria de um contexto cultural e histórico, se ressalta a participação da forma ortogonal num jogo de interesses e intenções que avança temporalmente para além da colonização. Ademais à grelha, o levantamento de imagens a seguir consegue afirmar que as noções de uma geometria ligada ao colonizar, ao civilizar e ao modernizar se estendem além dos grids urbanos. Os vetores de expansão que se verão a noroeste são exemplo disso. A BR-230, Rodovia Transamazônica, cruza transversalmente o Brasil, pela porção norte. Construída no início da ditadura militar, pretendia cruzar o território e interligar a região norte ao resto do país, se es-


25 tendendo inclusive até os países vizinhos à oeste e povoar uma área vista pelo governo como inabitada. O plano nunca se concluiu, e a rodovia hoje consta com mais de cinco mil quilômetros dos quais apenas mil e oitocentos se encontram pavimentados. No trecho que passa pelos estados da Amazônia e do Pará a rodovia estabelece um eixo de exploração que a distância se confunde com o caminho de um rio. Visto de longe, a estrada é um traço branco constante, com eixos perpendiculares que se originam dela, mas que não alcançam vilas ou assentamentos, consolidam apenas verticais de extração de madeira e desmatamento. Os vetores em formato de espinha de peixe se verão constantes nas imagens que se seguem desta região. Do tripé de termos que se afirmou acima caracterizar linhas, eixos e vetores encontrados no território, se verá sobre a BR-230 total cabimento. Sua intenção parte de um processo civilizatório e moderno, que imaginava interligar, povoar e consolidar um eixo noroeste do país aos moldes do centrosudeste. A realidade do traço, entretanto, acabou por ser mais colonial, se assim pode5

BRASIL, 2018, p.30.

se dizer: é uma linha que permeia a região e


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estabelece geometrias e manchas de extração de madeira, que avançam junto com seu risco no chão. Parcamente estabelecem cidades, se sim, pequenas, pontuais, isoladas e ortogonais. O exemplo da Transamazônica é particular, mas de modo geral, é um modelo que se vê repetir à exaustão território adentro. Deste devaneio sobre o grafismo no território do Brasil, é necessário transpor ao inventário a ideia geral e buscar identificar nele a intenção política do traçado, a raiz que rege as linhas que rasgam o território. O desenho que está presente no território é expressão de uma civilização, e também da mentalidade da produção do espaço. São linhas antrópicas, presentes, e determinantes de relações com o entorno. São linhas que ganham complexidade à medida que se avaliam seus desígnios.


27

O inventariar

De acordo com o Dicionário do Patrimônio Cultural do IPHAN 6, inventário, em seu sentido primeiro, de acordo com a sua etimologia, se origina do termo latino inventarium, com o sentido de “achar”, por à mostra, dar a conhecer 7. Segundo Lia Motta e Maria Beatriz Rezende o termo inventário associa-se ao termo patrimônio. Elas escrevem: “(os dicionários da língua portuguesa) em comum empregam o sentido de relacionar, contabilizar, descrever, enumerar minuciosamente, proceder a levantamentos individuados e completos, achar, descobrir, sendo modos pelos quais se torna possível valorar os itens que compõem um determinado patrimônio. No caso do patrimônio cultural, inventariar os bens significa produzir um conhecimento que necessariamente parte do estabelecimento de critérios, pontos de vista e recortes sobre determinados universos sociais e territoriais. Processo, conforme afirmado anteriormente, que é permeado por juízos de valor, uma vez que se destina à construção de narrativas sobre determinados grupos sociais e/ou determinada história. Essencial em qualquer uma das perspectivas de inventariação é o objetivo do trabalho. O que e como documentar dependerá de qual patrimônio se pretende construir.” (Motta e Rezende, 2016, p. 5) 6

IPHAN, 2016.

HOUAISS, 2016 apud MOTTA; REZENDE, 2016.

7


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Choay 8 entende que pesquisar e estudar – levantar dados e compará-los – significa buscar dotar a produção do saber de um caráter científico. O inventário é até os dias de hoje considerado um instrumento a serviço de um saber científico, embora esteja claro que não se trata de um instrumento neutro, como, de resto, nenhum conhecimento o é. Mas, a atitude de inventariar objetiva produzir o conhecimento dentro de recortes e critérios explicitados em um método, em procedimentos ou, pelo menos, em premissas. Partindo de um grande conjunto de fotos, e identificando uma narrativa que perpassava a todas elas, se entendeu que este trabalho de observação e coleta, finaria em um inventariado. Por não pertencer a nenhuma disciplina pontual, e sim buscar um diálogo correlato, à primeira vista este pode parecer um conjunto irracional de bens, porém, não o é. Fotografar a superfície do território, registrou um modo de organização e produção do espaço cujo plano de fundo é um caráter exploratório. Partindo deste conjunto é possível constituir para além de um registro, um discurso visual e gráfico que pretende um diagnóstico interdisciplinar 9. Deste modo, o


29 inventário pretende tornar o território fotografado um documento histórico, a ser periodicamente revisto em diálogo crítico com a realidade.

8

CHOAY, 2001.

9

LIMA, 2004, p. 69.


30

projeto para um inventário geométrico-territorial brasileiro O inventário a seguir se divide em cinco temas, que buscam no seu desenvolvimento um encaminhar lógico. As manchas à noroeste são uma primeira aproximação, ainda afastada ao território. Dela partimos para os grafismos da exploração da terra e os buracos no chão, que focam numa escala mais aproximada, buscando marcas da exploração do solo. Os dois últimos extratos, as cidades como resultado e as linhas construídas, tratam de presenças físicas construídas, que dão suporte à ocupação do território. Seguindo o mapa ao lado, fotografou-se o território por quadrantes que mediam 300 por 300 quilômetros. Foram tiradas mais de uma foto por requadro. Desse exercício, resultaram 270 fotos e com o desenvolver do trabalho foram selecionadas 85, que não cobrem os quadrantes em sua totalidade, mas constituem um requadro das relações que serão discutidas. Marcadas no mapa ao lado ( ) estão os quadrantes que são apresentados neste inventário. As fotografias foram registradas durante o mês de Outubro de 2019, usando o Google Earth Pro, satélite Landsat 8. Optou-se por não registrar a escala das fotos. A organização da ficha de inventário é apresentada na página seguinte.


31 A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

85 /270

14

300 300 km

15 nota:

Todas as fotos contidas no trabalho são de autoria própria e foram tiradas utilizando o Google Earth Pro (Landsat 8) como ferramenta. As fotos foram registradas durante o mês de Outubro de 2019, de acordo com as atualizações correntes do satélite.

N

O


32

0°00'S 0°00'O norte coordenada geográfica

A 1

fotografia

mapa de coordenadas e quadrante ( )

quadrante aproximado com estados

diagrama da relação que se atenta na imagem


coordenada do quadrante

breve descrição da imagem

33

X-XX-XX


34

As manchas à Noroeste

Este primeiro conjunto de imagens parte da escala mais afastada do território. O levantamento a seguir constitui no inventário uma primeira ideia de continuidade da noção de colonização nos moldes exploratórios. Nas fotos, vetores desmatados criam desenhos vistos de longe que, numa aproximação progressiva se mostram padronizados. São lotes desmatados, organizados ao longo de estradas informais, ligadas à uma estrada principal. No encontro entre duas vias correntemente se encontravam pequenos assentamentos. Estes consolidavam redes de pequenas cidades ao longo de uma rodovia principal. Os vetores de expansão do Noroeste fazem parte de uma intenção governamental de conduzir um processo civilizatório, modernizador e colonizador na região norte a partir da década de 60. A Transamazônica ou o conjunto de rodovias que se consolidou com Belém-Brasília são estruturantes dessa lógica e acabam por estruturar também os grafismos de exploração que veremos nas imagens a seguir. A realidade dessas linhas, que constituem grafismos ora semelhantes à uma espinha de peixe, ora perdidos em aglomerados, acaba por não obedecer a


35 um processo constituinte de uma ocupação de fato. As linhas que permeiam o noroeste brasileiro estabelecem desenhos no solo e manchas de extração que avançam junto ao traço, não pretendendo estabelecer cidades, mas ocasionando assentamentos pontuais que suportam a lógica do mover-se a medida que o entorno já estava por demais exaurido. Neste contexto, o “desbravar” e o “ocupar” são sinônimos de explorar.


36

8°26’S 70°36O

A 1

AM

AM


Br-364, trecho entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, no Acre. A linha passa pelas cidades de Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó e Taruacá, todas elas com menos de 40.000 habitantes; nesses encontros entre estrada e cidade se vêem manchas de progressão de desmatamento, linhas estreladas que avançam para o interior.

37

A-05-01


38

7°31’S 60°43’O

A 1

AM


Apuí e Manicoré, cortadas pela Rodovia Transamazônica.

39

F-05-01


40

9°16’S 68°19’O

A 1

AM

AC


Conecção entre as cidades de Feijó e Taruacá, e mancha que elas determinam.

41

B-06-01


42

9°16’S 68°19’O

A 1

AM


Sena Madureira e Rio Branco. As linhas que saem de Rio Branco para o norte se tornam vetores de extração madeireira. A leste da cidade a mancha não avança pois encontra a fronteira com a Bolívia e, nela, a Reserva Nacional da Vida Selvagem Amazônica de Manuripi.

43

C-05-01


44

10°21’S 64°46’O

A 1

AM

RO


Ligação entre as cidades de Nova Mamoré e Ariquemes, próximas a Porto Velho, Rondônia. Nesta região o grafismo semelhante à uma espinha de peixe é bastante recorrente. As grandes manchas verdes que se mantém são reservas indígenas, estranguladas pelo avanço extrativista.

45

D-06-01


46

11°43’S 61°48’O

A 1

AM

RO

RO


Constelação de cidades pequenas e de malha ortogonal que acompanham a BR-364 dentro do estado de Rondônia e consolidam um eixo central à mancha desmatada.

47

E-06-02


48

3°48’S 54°25’O

A 1

PA


Dois eixos longitudinais organizam o extrativismo no Pará. Neste, nordeste, o grafismo em espinha de peixe ao longo da Rodovia Transamazônica.

49

H-04-01


50

7°21’ S 55°9’O

A 1

PA


Segundo eixo longitudinal, este sentido sul, com grafismo de espraiamento menos ortogonal e mais disperso.

51

H-05-01


52

0º57’N 60º05’O

A 1

RR


Aproximação à espinha de peixe; vetores desmatados e cidades em nós centrais.

53

F-02-02


54

5º08’S 56º06’O

A 1

AM

PA


Vetores perpendiculares à BR-163.

55

G-05-03


56

8°26’S 72°47’O

A 1

AM

AC


Cidade de Marechal Thaumurgo, cujos únicos meios de acesso são via transporte fluvial ou aéreo. A cidade está 80km distante de qualquer cidade vizinha, e pode-se notar uma grande mancha de extração do solo junto à ela e às margens do Rio Juruá.

57

A-06-01


58

7º20’S 55º51’O

A 1

AM

PA


Linha desmatada em meio a reserva, uma propriedade única ocupa a área.

59

G-05-01


60

Os buracos no chão

A série a seguir é constituida por retratos de subtrações na paisagem. A exploração de recursos minerais, atividade encontrada em grande parte do país, retira do solo insumos exportáveis e cria recortes no território ao mesmo tempo que constrói séries de novas rodovias e barragens que constituem este sistema. A paisagem aqui se define pelos buracos na terra em conjunto com vilas e assentamentos de médio porte que não chegam a superar, em área, a projeção das minas às quais estão associadas. Aqui os registros da terra expressam fortemente as políticas econômicas vigentes nos últimos cinco séculos, sem deixar de carimbar o avanço tecnológico deste tipo de exploração. É possível distinguir dois cenários: enquanto nas regiões mineiras mais antigas as estações, assentamentos, e buracos abandonados no solo permanecem perdidos em meio à nova lógica maquinista da exploração, em regiões onde a extração de minérios é mais recente, o avanço das técnicas tornou desnecessária a repetitiva criação de novas cidades. Os assentamentos que resistiram e seguem crescendo têm agregado a seus traçados extensões residenciais carimbadas, construídas pelas corporações mine-


61 radoras que operam as terras e se apropriam das encostas das montanhas. O desenho topográfico das cidades foge à regra quando a atividade se distância do Sudeste, novos focos ao Norte implantam uma lógica ortogonal e industrial tanto à atividade, quanto às cidades que a acompanham.


62

17°12’S 46°53’O

A 1

MG

GO

MG

10

NOSSA, 2017, online.

11

LABOISSIÈRE, 2015, online.


Mina Morro do Ouro e cidade de Paracatú. Nos anos 1980, a empresa canadense Kinross, conseguiu do governo a concessão do Morro do Ouro, onde pequenos garimpeiros tiravam ouro em bateias. 10 A mina é a maior do mundo a céu aberto e a empresa mantém o monopólio sobre a área. 11

63

K-09-03


64 A 1

AP

12

HYDRO, 2019, online.

1°31’S 48°42’O


Hydro Alunorte e cidade de Barcarena. A Hydro Alunorte é a maior refinaria de alumina do mundo fora da China. A alumina é produzida a partir da bauxita. Parte do minério produzido é exportado e a parte restante é consumida pela Alubras, também em Barcarena. A coloração vermelha que se vê na foto é dos depósitos de resíduos sólidos.12

65

J-02-01


66

16°17’S 56°38’O

A 1

CE

MT

13

DNPM, 2019, online


Garimpo em Poconé, municipio com maior número de barragens no Mato Grosso, 33 no total. 13

67

G-09-01


68

19°38’S 43°14’O

A 1

MG

14

BRASIL, 2019, online.


Minas da Vale, em Itabira. Projeções indicam que em 50 anos as reservas de ferro ali encontradas estarão esgotadas 14; a cidade restará junto às crateras.

69

L-10-02


70

21°11’S 44°56’O

A 1

MG SP

15

ALCOA, online.

SP


Alcoa Alimínio S.A em Poços de Caldas. A cidade foi a primeira do Brasil a receber uma unidade da Alcoa e começou suas atividades em 1970. Atualmente, a empresa é líder no setor em bauxita, alumina e alumínio, sendo Poços de Caldas a única unidade Alcoa que produz pó de alumínio no mundo inteiro.15

71

K-11-11


72

21°53S 46°22’O

A 1

MG SP

16

INB, online.

SP


A exploração do urânio no município de Caldas (MG) se iniciou em 1995, porém sua inviabilidade econômica foi contestada pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil), que encerrou as atividades da unidade. Atualmente, o local, seus antigos equipamentos de mineração e os materiais radioativos lá presentes são permanentemente monitorados. 16

73

K-11-09


74

21°18'S 44°39'O

A 1

MG

MG SP

RJ


Mineração concentrada ao longo do curso do Rio das Mortes, próximo à São João Del Rey.

75

L-11-02


76

Geometrias da exploração

Só temos a escolha entre uma natureza domada com tanta impiedade, que mais se tornou uma fábrica ao ar livre [...] e outra que [...] foi suficientemente ocupada pelo homem para dar-lhe o tempo de saqueá-la, mas não bastante para que uma lenta e incessante coabitação a tenha elevado à categoria de paisagem. (Lévi-Strauss, 1953, p. 90).

A exploração, se verá adiante, é visual. Veremos a seguir que é tudo aquilo deixa rastro, marca o solo, exaure a terra e transparece um mote econômico à produção do espaço. A constância geométrica não interessa tanto quanto a relação que a mancha agrícola e pecuária estabelece com o território que se assenta. À medida que esses grandes latifúndios ocupam formalmente o solo, estabelecem conflitos entre a topografia que os recebe, entre fronteiras agrícolas, administrativas, áreas de reserva e áreas virgens. O resultado é uma composição entre formas orgânicas e naturais do território em contraponto com loteamentos desenhados de forma arbitrária à pré-existência. Confunde-se também causa e consequência: a imensa dimensão dos lotes, pastos ou manchas agrícolas mascara qualquer indí-


77 cio de que um assentamento urbano tenha preexistido à exploração do solo. Como se verá a seguir, grandes empresas colonizadoras ou grupos latifundiários, atuam na expansão da atividade agrícola para o interior dos estados e fundam assentamentos que muito frequentemente não apenas levam o nome da empresa, como se desenvolvem em malhas ortogonais, rigorosamente desenhadas e implantadas ao centro da mancha.


78

13°25’S 58°49’O

A 1

MT

RO

17

MAGGI, online.


Padrão agrícola avançando na topografia; latifundio da Fazenda Tucunaré, em Sapezal, pertence ao Grupo André Maggi, considerado um dos maiores sojicultores do mundo. A cidade, que fica no centro da mancha, foi fundada por André Maggi nos anos 90. 17

79

F-07-01


80

13°50’S 46°02’O

A 1

TO

BA GO MG

18

SNA, 2014, online.


Região do MATOPIBA, nome que se dá à fronteira agrícola entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, responsável por 10% da produção de grãos do país. 18

81

K-08-03


82

22°9’S 47°47’O

A 1

BA TO

19

Ibid.


Ainda região do MATOPIBA, nome que se dá à fronteira agrícola entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, responsável por 10% da produção de grãos do país.19

83

K-07-02


84

11°26’S 55°27’O

A 1

MT

MT

20

TOLEDO, 1999, online.


Padrão agrícola ao longo da BR-163; ao centro a cidade de Sinop, fundada pela empresa Colonizadora Sinop S.A., que se tornou notável por atuar na colonização de terras nos estados do Paraná e Mato Grosso nas décadas de 60 e 70. Segundo Roberto Pompeu de Toledo, a empresa se especializou em “fazer surgir do nada, ou de certos nadas que identificava no mapa do Brasil, ambientes propícios à formação de aglomerações humanas.” 20

85

H-07-01


86

18°15’S 44°56’O

A 1

MG


Grids agrícolas em meio entre montanhas; padrões ortogonais em contraste com topografia marcada e orgânica, próximos à Bacia do Rio São Francisco.

87

L-10-03


88

30°13’S 53°49’O

A 1

RS


Extrativismo seguindo o curso do Rio Vacacaí e determinando pequenas cidades de malha ortogonal, como São Sepe, em meio à mancha.

89

H-14-01


90

3°51’S 40°59’O

A 1

MA CE PI


Linhas de pequenas propriedades agrícolas organizadas em direção ao Açude Jaburu I.

91

M-04-03


92

12°18’S 44°26’O

A 1

BA BA


Pequenos lotes agrícolas individuais e retangulares, seguindo as linhas de vale na região Oeste da Bahia.

93

L-07-02


94

6°39S 40°56O

A 1

CE PI


Propriedades ao longo da BR-020.

95

M-05-01


96

12°31’S 43°28’O

A 1

CE

CE

RN

PB


Pastos acompanhando linhas de infraestrutura; organização em blocos geométricos.

97

N-05-02


98

3°41’ S 47°28’O

A 1

PA MA

21

ULIANÓPOLIS, online.


Grandes propriedades produtoras de açúcar ao longo da Rodovia BelémBrasilia. A cidade de Ulianópolis teve o início da sua colonização em 1958, quando os grandes projetos governamentais implementados na região Amazônica facilitavam a aquisição de terras. 21

99

K-04-01


100

8°40’S 46°16’O

A 1

MA TO

PI


Grandes propriedades de soja e aldogão ocupando vales de montanha na fronteira entre Tocantins e Maranhão.

101

K-06-02


102

11°12’S 54°30O

A 1

MT


Padrão agrícola e lavouras ao longo do Rio Teles Pires

103

H-08-01


104

20°44’S 52°08’O

A 1

MT

GO

GO


Padrão agrícola permeado por áreas naturais de manancial do Rio Verde, Goiás.

105

I-09-01


106

21°36’S 57°52’O

A 1

MS


Fronteira entre Brasil (esquerda) e Paraguai (direita); diferença nos padrões agrícolas, ortogonalidade e organização lavouras paraguaias em contraste com o espraiamento da mancha no estado do Mato Grosso do Sul.

107

G-11-01


108

27°8’S 53°39’O

A 1

RS


Fronteira entre Brasil (direita) e Argentina (esquerda) - linha imaginária mas aqui desenhada pela divisão entre uma reserva natural argentina e pela mancha dos campos de agricultura familiar de Santa Catarina.

109

H-13-01


110

7°37’S 51º36’O

A 1

PA

22 IMAZON, 2019, p. 2.


Fronteira da terra indígena Kayapó definida pelo conflito com a mancha dos grandes latifúndios. O território no Pará tem uma área comparável a da Áustria, e está entre as dez terras indígenas mais pressionadas pelo desmatamento segundo os dados de Ameaça e Pressão da Imazon, referentes ao calendário de desmatamento de 2019, que compreende o período de agosto de 2018 a julho de 2019 . 22

111

I-04-01


112

9°33’S 40°37’O

A 1

BA

PI

BA

PE


Linha de divisa física entre estados do Piauí e Pernambuco e contraste gráfico dos padrões de uso de solo, separados pela linha.

113

M-06-01


114

15°19’S 45°36’O

A 1

TO

BA GO MG

23

COOAPI, 2019, online.


Agricultura extensiva em Chapada Gaúcha (ao centro), município de maior crescimento econômico no estado de Minas Gerais. 23

115

K-08-05


116

5°55’S 44°6’O

A 1

MA

PI


BR-226 dividindo grande propriedade agrícola.

117

L-05-02


118

9°17’S 44°55’O

A 1

PI

PI

PI

BA


Terras agrícolas progredindo geometricamente no solo.

119

L-06-01


120

10°20’S 54°41’O

A 1

PA

MT


Um dos sete pastos para pecuária pertencentes ao Grupo Bom Sucesso em Matupá, com dez mil hectares em área.

121

H-06-01


122

24°54’S 51°38’O

A 1

PR

PR


Linhas ortogonais definidas por encontros entre áreas preservadas e áreas cultivadas.

123

I-12-06


124

8º08’S 43°27’O

A 1

PI

PI

PI

BA

24

MEDEIROS, 2019, online.


Núcleo Santa Clara, propriedade da Brasil Ecodiesel; a empresa instalou 630 famílias, em 19 células de produção. A cada uma foi cedido um lote, do qual 7,5 hectares são para o plantio de mamona. A escolha da mamona para produção de biodiesel no lugar da soja vinha de uma tentativa do governo de expandir o motivo agrícola do combustível no Nordeste, de modo a descentralizar o monopólio da soja. 24

125

L-06-04


126

19°20’S 54°32’O

A 1

MS


Geometria do latifundio e a linha mínima que liga à fazenda, plantação de cana de açucar.

127

H-10-02


128

11°49’S 49°40’O

A 1

MT

TO


Latifúndio único em Formoso do Araguaia.

129

J-07-01


130

6°33’S 36°42’O

A 1

RN

RN

PB


Cidade quadricular de Tenente Laurentino Gomes central na mancha de pequenas propriedades num vale de montanhas.

131

O-05-04


132

14°24’S 47°37’O

A 1

TO

BA GO MG


Mancha agrícola geométrica adentrando topografia.

133

K-08-02


134

25°42’S 51°29’O

A 1

PR

PR


Padrão no solo após a colheita da cana de açúcar.

135

I-12-02


136

20°20’S 50°32’O

A 1

GO MG

SP


Padrão agrícola permeado por corpo d’agua que rompe com a geometria.

137

J-10-06


138

12°11’S 43°34’O

A 1

BA BA


Grandes lotes para pasto pecuário ao longo da BR-242, lotes grandes, retangulares e organizados.

139

L-07-04


140

1º 23’S 47º 15’O

A 1

PA MA


Lavoura de palmeiras, para refinaria de óleo de Palma, perto de Capanema.

141

K-03-01


142

29°0’S 49°33’O

A 1

RS


“Conurbação agrícola” entre as cidades de Sombrio e Araranguá; malha de pequenas propriedades agrícolas organizadas ao longo da BR-101.

143

J-14-01


144

28°35’S 49°1’O

A 1

SC

RS


Fazendas de arroz e outros pequenos latifundios próximos à cidade portuária de Tubarão, organizados pelas infraestruturas viárias.

145

J-13-03


146

19°14’S 40°12’O

A 1

MG ES


Lotes geométricos ao longo do curso do rio que vão diminuindo em tamanho a medida que se afastam; lotes ocupam e invadem as bordas da área de preservação.

147

M-10-03


148

8°38’S 40°48’O

A 1

BA

PI

BA

PE


Aglomerado de pequenas propriedades quadriculares no sertão da Bahia.

149

M-06-05


150

12°33’S 41°53’O

A 1

BA


Pequenas propriedades em beira de estrada; assentamentos lineares ao longo de infraestruturas.

151

M-07-01


152

25°03’S 51°07’O

A 1

PR

PR


Terras produtivas ao longo das estradas próximas à cidade de Iretama, e frequência de solos desgastados, em vermelho.

153

I-12-03


154 A 1

BA

13°22’ 40°31’


Plantações de eucalipto definindo manchas que diferem e sobresaltam do solo.

155

N-09-02


156 A 1

BA

21°10’S 45°32’O


Padrões formados por extrativismo de madeira ao longo de estradas e vias menores.

157

N-09-03


158

A grelha como afirmação

Entre os vetores que foram apresentadas no primeiro tramo deste inventário - as manchas agrícolas e agropecuárias e as minas de extração - existe em comum, como é de se esperar, o tema da cidade. Tais maneiras de produzir o espaço tendem a uma lógica sistêmica da ocupação que resulta em pequenos assentamentos, que dão suporte à essas imensas geometrias do território. Não parece se pretender a contínua expansão do assentamento nesta lógica, nem a consolidação de um sistema que de fato trabalhe a coabitação das duas esferas, visto que a atividade econômica tende a ser macro enquanto a ocupação é frequentemente micro. A constância é principalmente da presença da grelha. Nestes pequenos assentamentos, a grelha provou ter um caráter afirmativo na ocupação. Reforçando a fala de Antônio Risério, anteriormente citado, o traçado urbano regular parte de um tripé relacional. Das três relações que ele pontua, cabe aqui a da grelha que se materializa em circunstâncias políticas, sobre o interesse de determinados atores – a mesma grelha que ora é colonizatória ora modernizadora. A ortogonalidade dos traçados das cidades que se vinculam à estas atividades econômicas parece existir


159 para reafirmar uma ocupação no local. A grelha neste cenário não mantém vínculos com o território nem parece se reger pela pré-existência. É um modelo genérico de cidade, que não demanda grandes infraestruturas para se implantar. É um assentamento que mais sustenta a tomada do território pela exploração como parte de um sistema, do que dialoga com um contexto cultural, territorial e sociológico.


160

12°35'S 52°12'O

A 1

MT

MT

25

IBGE, 2016, online.


Querência 25 pib per capita (ppc) R$ 75.163,71

161

I-07-01


162

13º40'S 57º53'O

A 1

MT

26

Ibidem.


Campo Novo do Parecis 26 ppc R$ 75.163,71

163

G-08-01


164

24°10'S 54°5'O

A 1

MS

PR

27

Ibidem.


Terra Roxa

27

ppc R$ 36.596,92

165

H-12-02


166

16°17’S 56°38’O

A 1

RR

AM

28

Ibidem.


Alto Alegre (antiga Colônia Agrícola Coronel Mota) 28 ppc R$ 15.495,83

167

E-02-01


168

12°37'S 47°52'O

A 1

MT

TO

29

Ibidem.


Paranã

29

ppc R$ 18.348,55

169

J-07-02


170

8°11'S 43°47'O

A 1

PI

PI

PI

BA

30

Ibidem.


Colônia do Gurgéia 30 ppc R$ 8.099,49

171

L-06-03


172

11°22'S 40°0'O

A 1

BA

31

Ibidem.


Capim Grosso 31 ppc R$ 11.347,86

173

M-07-03


174

10°35’S 39°25’O

A 1

SE SE SE BA

32

Ibidem.


Monte Santo 32 ppc R$ 5.975,48

175

N-07-07


176 A 1

BA

33

Ibidem.

12°42'S 39°41’O


Itatim

33

ppc R$ 20.524,38

177

N-08-05


178 A 1

BA

34

MUCURI, online.

35

IBGE, 2019, online.

18°00’S 39°51’O


179

N-09-01

A antiga vila de pescadores, na qual pesca e a agricultura eram de subsistência, atualmente ocupa o terceiro lugar de principais exportadores do Estado da Bahia. O Município de Mucuri apresenta o maior índice industrial em seu PIB entre as cidades do extremo Sul baiano, um dos principais fatores que faz a cidade alcançar um PIB per capita maior que de Salvador, uma vez que a industria de celulose é extremamente forte na cidade ppc R$ 47.890,59

.

35


180

6°55’S 36°12’O

A 1

RN

RN

PB


Retícula em grelha junto à lotes agrários ao longo de estrada informal.

181

O-05-07


182

7°13’S 35°09’O

A 1

RN

RN

PB


Lotes de moradia ao longo de estrada de terra; cada conjunto de lotes está em frente a projeção de uma terra para plantio, o que sugere um loteamento de agricultura familiar.

183

O-05-09


184

A infraestrutura da lógica

Partindo da lógica de exploração, a expansão torna-se uma consequência clara e direta. Neste sentido, mecanismos transformam o território de modo a torná-lo o que convém, a quem convém. Sendo a terra objeto e produto desta lógica, as últimas linhas deste inventário tratam dos rasgos construídos de modo a estruturar e garantir o bom funcionamento do sistema da exploração do território. Á medida que são descobertos novos commodities que provém da terra, outros grafismos passam a aparecer, de modo que o território permanece em constante mudança, sobrepondo camadas da ocupação humana, numa constante busca pelo melhor proveito. Tais mecanismos acabam criando grafismos que desenham no território também sua temporalidade. Esta última camada do inventário se atém a lógica da exploração, porém, com sua faceta mais contemporânea, são linhas em constante transformação.


185


186

22°27'S 52°59'O

A 1

MG SP

SP


Rodovia Washington Luís cruzando o cerrado ao norte de São Paulo.

187

K-11-01


188

8°34'S 43°57'O

A 1

PI

PI

PI

BA


Linhão de encaminhamento energia cruzando o solo junto com BR-135.

189

L-06-02


190

9°21'S 39°5'O

A 1

PE

PE

BA

AL SE SE


Estrada informal cruzando Rodovia Santos Dumont.

191

N-06-03


192 A 1

BA

9°19'S 36°42'O


Trecho retificado do Rio São Francisco.

193

N-08-02


194

9°30'S 37°26'O

A 1

PE

PE

BA

AL SE SE


Trecho em obras da canalização do Rio São Francisco.

195

N-06-01


196

8°58'S 38°16'O

A 1

PE

PE

BA

AL SE SE

35

JAGUARIBA, online.


Cidade de Nova Jaguaribara e Barragem do Castanhão. A construção da barragem aterrou dois terços da cidade original de Jaguaribara, e o realocamento dos habitantes deu origem à primeira cidade planejada do Ceará. A barragem leva o nome da família a quem pertencia as terras agrárias de Jaguaribara, que foram alagadas e realocadas também junto a cidade. 35

197

N-06-02


198

22°27'S 52°59'O

A 1

MS

SP

PR

36

CESP, 2019, online.


Usina Hidrelétrica Porto Primavera, a barragem mais extensa do país com 10,2 km, porém, comparativamente, é uma das que gera menos energia do mundo. 36

199

I-11-01


200

5°06'S 37°07'O

A 1

RN

RN

PB

37

PETROBRÁS, 2013, online.

38

SERRA DO MEL, online.


Refinarias de sal próximas à cidade de Mossoró; campos de extração de petróleo pertencente à Petrobras em Canto do Amaro compõe a zona pontilhada 37; ao lado, as terras quadriculadas fazem parte da Serra do Mel, antigo projeto de colonização, concluído em 1982, que hoje constituem 1.196 lotes agrários, divididos em vilas agrárias comunitárias, dedicadas especialmente à produção de caju. 38

201

O-05-01


202

5°18'S 36°43'O

A 1

RN

RN

PB


Campo de extração de petróleo pertencente à Petrobrás; os campos de petróleo são identificados sempre pela malha pontilhada dos poços de perfuração.

203

O-05-02


204

5°21'S 36°48'O

A 1

RN

RN

PB


Campo de extração de petróleo pertencente à Petrobrás e usina termelétrica do Vale do Açu, que produz energia e vapor empregados na extração do combustível.

205

O-05-06


206

5°21'S 35°53O

A 1

RN

RN

PB


Parque eólico e subestação geridas pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, subsidiária da Eletrobras; os parques eólicos geram essas linhas pontilhadas em filamentos ao longo da paisagem.

207

O-05-08


208

10°37'S 36°58'O

A 1

SE SE SE

AL


Campos da Petrobrás de extração de petróleo em Carmópolis.

209

O-07-02


210

Considerações finais

A leitura de uma ocupação claramente ligada à exploração da terra, coloca os recursos naturais no centro da relação do território brasileiro com o próprio país e o mundo. O inventário contraria a ideia de uma paisagem singular e imponente e a visão urbana de uma produção do espaço que ruma a ser planejada e funcional. As fotografias mostram que a paisagem foi profundamente recortada e dividida, e que a produção do espaço não consolida uma unidade. Pôde-se ver no compilado de fotos uma realidade estabelecida, com um modus operandi definido quando se trata da ocupação do solo. A linha enquanto grafismo presente na composição do território se mostrou diretamente ligada à exploração dos recursos naturais da terra, a ponto de se tornar um critério dominante na organização do inventário. O desmonte do território e dos recursos naturais brasileiros e a transformação da paisagem em indústria produtiva, reproduzem um discurso colonizatório datado, que muito facilmente se confunde com a ideia do progresso, da modernidade, e de ambição econômica de uma civilização. A sequência de retiradas, cortes, corrosões,


211 sobreposições de infraestruturas e assentamentos, que foram compilados acima, constituem um repertório de operações na paisagem que transformam o território e imprimem nele seus processos, que nem sempre pretendem a fixidez e a continuidade da ocupação. Deste modo, fazem parte do território as estruturas que exploram e alteram sua constituição, visto que a intenção por trás de todas elas, é parte primordial da maneira que se ocupa o território e obedecem à uma perspectiva desenvolvimentista. O repertório aqui identificado revela a intenção da conquista e posse que, por tanto remeter a ocupações posteriores, soa como o modelo único disponível no imaginário nacional. Assim a produção urbana do espaço brasileiro foi marcada por estes grandes traços, normalmente associados a obras de infraestrutura, concebidos para a eficiência da exploração do território. A história contada através da exploração e seus conflitos não é coisa do passado. A superfície modificada do território é a mais contemporânea morfologia do país. Sob uma perspectiva crítica, a ação de inventariar o território como ele se apresenta


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em sua maneira mais recente é um esforço da ordem do inacabável, visto que existe uma eterna continuidade nas transformações do solo e da paisagem. O inventário presente fornece um compilado territorial, geométrico, brasileiro, urbano, agrário, minerário, infraestrutural e industrial, que descreve uma leitura contundente da realidade, mas que, porém, não alcança ser completo e nem permanecerá inalterado a partir dele. O inventário então passa a servir como registro de um dado período, a ser comparado com o futuro por vir. Esse contínuo diálogo que se propõe com o que virá pretende dar ênfase à ocupação do território como aspecto cultural de grande interesse, e manter sempre à vista a progressão das linhas que traçamos no chão.


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Bibliografia

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nota: Todas as fotos contidas no trabalho são de autoria própria e foram tiradas utilizando o Google Earth Pro (Landsat 8) como ferramenta. As fotos foram registradas durante o mês de Outubro de 2019, de acordo com as atualizações correntes do satélite.


paisagem alterada: projeto para um inventário geométrico-territorial brasileiro

clara varandas abussamra escola da cidade, 2019 são paulo/sp orientador vinicius andrade revisão yuri quevedo carolina guagliano edição de fotos beatriz ji hye hong encarte tamara crespin estudio vertical 1º semestre felipe klinger sophia boldrini beatriz sallowicz papéis pólen 90g colorplus roma 180g fonte Atlas Grotesk 6 cópias



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