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Via Nazionale
05 NCB | SEXTA | 22 MAIO 2020
Clarissa Padovani Mussoi é bibliotecária, especialista em Leitura e Produção Textual. CEO da Códice, uma consultoria em gestão da informação e colaboradora do Jornal Novo Carlos Barbosa e da Revista Information Management (IIMA). clarissa@codiceconsultoria.com.br
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Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar. Percebi as pedras no chão, reluzentes ao sol, assim que pisei na Via Nazionale. Pedras cinzas e brilhosas espelhavam a luz do astro-rei e, consequentemente, a minha felicidade. A única palavra que poderia definir esse sentimento, mediante a uma reação hermética, era contemplar.
Nunca me senti tão romana. E entre bares e gelaterias, um caffè ristretto cairia muito bem. Buongiorno Itália! Lasciatemi cantare, sono un’italiano vero, altamente bem definido por Toto Cutugno e, aplicado à minha pessoa, poderia definir como uma tarantella dentro de mim. Vivi alguns poucos, mas intensos dias nessa via, mais especificamente entre as Vias Napoli e Quattro Fontane, onde está situado o Hotel Miami.
Da janela do quarto, podia enxergar à esquerda a Piazza della Repubblica, seu chafariz e ao fundo a Chiesa di Santa Maria Degli Angeli e dei Martiri. Enquanto o vento entrava pela janela e a cortina tocava levemente meu braço, virei meu rosto e à direita da via, no final, enxergava um pedaço da Piazza Venezia.
Nesse ponto estratégico do ir e vir, caminhar por essa via era fácil. No entanto, os diversos monumentos desse lugar e os detalhes das pinturas dos prédios complementavam esse cenário tom sobre tom em que tudo se comunicava perfeitamente nessa poesia. Não tinha mistério, já me sentia em casa.
A Via Nazionale é uma rua em que as pedras cinzas se encontram e misturam com as pedras dos prédios, em que o trânsito de automóveis é mão dupla, em que o Palazzo delle Esposizioni é o centro das atenções pela imponência e por ocupar praticamente um quarteirão inteiro. A fachada lembra mais um dos Arcos de Roma. Reforço nos paralelepípedos romanos pelo desenho acurvalado e em sincronia, lembrando conchas na areia.
Fiquei refletindo por diversos dias a importância dessa via e “pela primeira vez, atravessei o centro histórico da velha Roma. Desci por via Nazionale, atravessei Piazza Venezia entreolhando (aquela sacada), circulei por Largo Argentina, Corso Vittorio e, enfim, pelas ruelas adjacentes a Via Arenula até a Monte della Farina, junto a S. Andrea della Valle”. Estranhamente, um escrito do meu nonno Fulvio completaria essa descrição em que, mes
mo sem saber, realizei o mesmo circuito que ele havia feito.
Então, percebi que ao escrever esse texto e conectar o que meu avô havia escrito, confirmei que não estava sozinha. Essa viagem em família havia sido realizada com todos nós e ele, presente de um jeito diferente. Agradeço a Portuno o empréstimo de suas chaves permitindo conhecer um pouco essa linda cidade.
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Fotos: Clarissa Padovani Mussoi
Via Nazionale
fosse minha, eu mandava ladrilhar. Percebi as pedras no chão, reluzentes ao sol, assim que pisei na Via Nazionale. Pedras cinzas e brilhosas espelhavam a luz do astro-rei e, consequentemente, a minha felicidade. A única palavra que poderia definir esse sentimento, mediante a uma reação hermética, era contemplar.
Nunca me senti tão romana. E entre bares e gelaterias, um caffè ristretto cairia muito bem. Buongiorno Itália! Lasciatemi cantare, sono un’italiano vero, altamente bem definido por Toto Cutugno e, aplicado à minha pessoa, poderia definir como uma tarantella dentro de mim. Vivi alguns poucos, mas intensos dias nessa via, mais especificamente entre as Vias Napoli e Quattro Fontane, onde está situado o Hotel Miami.
Da janela do quarto, podia enxergar à esquerda a Piazza della Repubblica, seu chafariz e ao fun-
do a Chiesa di Santa Maria Degli Angeli e dei Martiri. Enquanto o vento entrava pela janela e a cortina tocava levemente meu braço, virei meu rosto e à direita da via, no final, enxergava um pedaço da Piazza Venezia.
Nesse ponto estratégico do ir e vir, caminhar por essa via era fácil. No entanto, os diversos monumentos desse lugar e os detalhes das pinturas dos prédios complementavam esse cenário tom sobre tom em que tudo se comunicava perfeitamente nessa poesia. Não tinha mistério, já me sentia em casa.
A Via Nazionale é uma rua em que as pedras cinzas se encontram e misturam com as pedras dos prédios, em que o trânsito de automóveis é mão dupla, em que o Palazzo delle Esposizioni é o centro das atenções pela imponência e por ocupar praticamente um quarteirão inteiro. A fachada lembra mais um dos Arcos de Roma. Reforço
nos paralelepípedos romanos pelo desenho acurvalado e emsincronia, lembrando conchas na areia.
Fiquei refletindo por diversos dias a importância dessa via e “pela primeira vez, atravessei o centro histórico da velha Roma. Desci por via Nazionale, atravessei Piazza Venezia entreolhando (aquela sacada), circulei por Largo Argentina, Corso Vittorio e, enfim, pelas ruelas adjacentes a Via Arenula até a Monte della Farina, junto a S. Andrea della Valle”. Estranhamente, um escrito do meu nonno Fulvio completaria essa descrição em que, mes-
mo sem saber, realizei o mesmo circuito que ele havia feito.
Então, percebi que ao escrever esse texto e conectar o que meu avô havia escrito, confirmei que não estava sozinha. Essa viagem em família havia sido realizada com todos nós e ele, presente de um jeito
diferente. Agradeço a Portuno o empréstimo de suas chaves permitindo conhecer um pouco essa linda cidade.
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