Sem comprimosso jacqueline bai desconhecido

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SEM COMPROMISSO THE SABBIDES SECRET BABY

Jacqueline Baird

Sofisticação e sensualidade em cenários internacionais. Abandonada por quebrar as regras... Desejada por ter o filho dele! A ingênua Phoebe Brown se apaixonou pelo magnata mediterrâneo Jed Sabbides depois que ele a levou para a cama após jantar e degustar um vinho, fazendo-a sentir-se adorada. Porém, quando Phoebe anunciou alegremente que estava grávida, Jed ficou chocado. Ela não compreendera que tinha sido apenas uma prazerosa distração? Phoebe poderia perder para sempre o homem que amava. Anos depois, Jed descobriu que Phoebe tivera um garotinho que se parecia exatamente com ele. E nada mais seria como antes...


Paixão 216 – Sem compromisso – Jacqueline Baird

Digitalização: Tatja Revisão: Maryvone

— Phoebe, que surpresa! Achei que era você, mas ouvi a criança chamá-la de mamãe. A saudação profunda e sonora mexeu com todos os nervos do corpo dela. Esforçandose para permanecer calma, Phoebe olhou para ele e o cumprimentou num tom educado. — Oi, Jed. — Eu não sabia que você já tinha um filho. Ninguém me contou. Olá, rapazinho. Ouvi você dizer a sua mãe que gostou do meu carro. — Ele sorriu para Ben. — É o mais recente modelo Bentley conversível. — Uau! Isso quer dizer que o teto dele levanta? — perguntou Ben com os olhinhos arregalados. — Sim, é só apertar um botão. Quer vê-lo por dentro? Ou melhor, tenho outra idéia: vamos dar um passeio! — Não — recusou Phoebe, puxando Ben mais para si. — Ele sabe que nunca deve entrar no carro de um estranho. — Admirável! Mas você e eu não somos estranhos. Não há mal algum em me apresentar ao seu filho, ou há?

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V/S. Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a transmissão, no todo ou em parte. Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Título original: THE SABBIDES SECRET BABY Copyright © 2010 by Jacqueline Baird Originalmente publicado em 2010 por Mills & Boon Modem Romance Arte final de capa: Isabelle Paiva Editoração Eletrônica: ABREU'S SYSTEM Tel.: (55 XX 21) 2220-3654 / 2524-8037 Impressão: RR DONNELLEY Fone: (55 XX 11)2148-3500 www.rrdoniielley.com.br Distribuição exclusiva para bancas de jornal e revistas de todo o Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rua Teodoro da Silva, 907 Grajaú, Rio de Janeiro, RJ — 20563-900 Para solicitar edições antigas, entre em contato com o DISK BANCAS: (55 XX 11) 2195-3186 / 2195-3185 / 2195-3182. Editora HR Ltda. Rua Argentina, 171,4° andar São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ — 20921-380 Correspondência para: Caixa Postal 8516 Rio de Janeiro, RJ — 20220-971 Aos cuidados de Virgínia Rivera virginia.rivera@harlequínbooks.com.br

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CAPÍTULO UM

Jed Sabbides se remexeu no assento, de tão impaciente. O avião se preparava para aterrissar e já era mesmo tempo. Certa parte de sua anatomia agitava-se só em pensar na deleitável Phoebe que o aguardava em Londres. Planejara ficar em Nova York durante três semanas, mas encurtara a viagem em um dia e reorganizara a agenda para trabalhar do escritório de Londres na manhã seguinte e poder voltar para os braços de Phoebe. Sábado à noite partiria para a Grécia, para o aniversário do pai, e com o nível de frustração que estava sentindo, decidira que apenas uma noite com Phoebe não seria suficiente... Bastaram alguns telefonemas e o jato da empresa Sabbides já o aguardava no aeroporto Kennedy. Uma carranca enrugou seu semblante. Quando algum dia na vida alterara a agenda por causa de uma mulher? Nunca... A percepção da novidade o deixou intranquilo, seus pensamentos voltaram, recordando o tempo em que pela primeira vez vira Phoebe. Saía do elevador no andar térreo do hotel em que estava hospedado quando seus olhos pousaram na jovem que caminhava pelo saguão. Parou por um momento para apreciar as formas femininas. Ela devia ter um metro e setenta de altura, os cabelos loiro-claros lhe caíam em ondas suaves sobre os ombros e exibia um perfil primoroso. A saia preta sóbria e a blusa branca não tornavam sua figura menos atraente, enquanto parecia planar sobre o chão de mármore com um par de pernas que mexia com o imaginário de qualquer homem. Jed a seguiu com o olhar até ela se colocar atrás da escrivaninha da recepção e então se virar sorridente para um hóspede que se aproximava. Aquele sorriso o fez prender a respiração. A atração foi imediata e escandalosamente física. Estava solteiro e naquele momento decidiu que a jovem seria sua. Aproximou-se e perguntou se ela poderia lhe recomendar um bom restaurante. A moça inclinara a cabeça para trás, para poder vê-lo melhor. Seu olhar fascinado absorveu os traços delicados daquele rosto oval, com sua pele leitosa, os lábios carnudos e um par de olhos azuis brilhantes que agora fitavam os seus. Sorriu e a encarou. Phoebe em grego significava claro, brilhante, e ela era tudo isso e muito mais. Era bonita, tinha um corpo perfeito e uma mente sagaz. Convidou-a para jantar naquela mesma noite. Por mais incrível que pudesse parecer, ela sem compromisso recusou, declarando que não tinha permissão para sair com hóspedes. Mas, encantada com seu charme, acabou dizendo que só trabalhava no hotel nos fins de semana para complementar a renda, enquanto cursava Ciências Políticas e História na universidade. Então Jed fizera o chekout e voltara no dia seguinte, e novamente a convidou para 3


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sair; e ela concordou. Até então, jamais qualquer mulher o rejeitara. Em geral, elas o perseguiam. Era uma experiência inédita e teve que esperar um mês para levá-la para a cama. Phoebe compartilhava uma casa com outros três estudantes, duas moças, Kay e Liz, e o terceiro era um sujeito, chamado John. Não dispunha evidentemente de nenhuma privacidade. Mas recusava-se a jantar na suíte que ele mantinha em um dos hotéis de sua família em Londres. A desculpa era que não se sentiria bem, tendo visto o tipo de mulheres que acompanhavam os homens aos seus quartos por algumas horas no hotel onde ela trabalhava. Faltavam poucas semanas para ela completar 21 anos e a sua juventude o preocupava um pouco. Não sabia se o problema era modéstia genuína ou se, como a maioria das mulheres, estava tentando obter, de modo ardiloso, mais do que ele estava preparado para oferecer. Por pura coincidência, uma noite, ao entrar no Empire Cassino, no coração de Londres, depois de Phoebe deixá-lo frustrado mais uma vez, encontrou um velho amigo de pôquer e achou a solução para o seu problema. O homem havia sido eliminado na Série Mundial de Pôquer e, após um drinque, contou-lhe que estava de partida para a América e precisava de alguém para tomar conta do seu apartamento em Londres e do seu gato Marty, enquanto estivesse fora. Num tom casual, Jed contou a Phoebe à história e perguntou-lhe se estaria interessada no trabalho. Era uma situação de benefícios mútuos e, por fim, ele conseguira mais do que um beijo de boa-noite. Mesmo assim, ela ainda o manteve esperando mais alguns dias. Era uma solução um pouco desonesta, tinha ciência disso, mas era um cínico quando se tratava de uma fêmea daquela espécie e sabia que valia a pena esperar. Phoebe fora uma surpresa em todos os sentidos. Era virgem, a primeira na vida dele, mas surpreendentemente a amante mais ávida e apaixonada com quem se envolvera. Isso fora há doze meses, percebeu de repente, outro fato inédito em sua vida. Nunca tivera um relacionamento tão longo em seus 30 anos de idade. Com sua vasta experiência com as mulheres, há muito tempo percebera que sua riqueza era o que mais as atraía. Não que isso importasse. Aos 25 anos se tomara um multimilionário por mérito próprio, cortesia do boom da internet. Como aluno da universidade, jogava pôquer on-line e depois partira para comerciar nos mercados financeiros. Essencialmente, outra forma de jogar, mas que fazia sem compromisso e melhor uso da sua mente brilhante. Então fundara a própria empresa, JS Investimentos. Atendendo a um pedido do pai, concordou em se unir à firma da família, porém sem abandonar seus negócios. Logo assumiu a responsabilidade pela Sabbides Corporation, há décadas especializada no ramo de hotelaria e outras áreas de lazer. A empresa se encontrava inacreditavelmente próspera nos dias atuais, mas sua relação com o pai, sempre tensa, agora se tornara pior. Se havia algo que o pai lhe ensinara era que ele não nascera para o casamento. Jed procurava manter sua vida sexual estritamente separada dos negócios e da família. Nenhum relacionamento durava mais 4


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que alguns meses, oito meses fora o mais longo antes de Phoebe. Não acreditava em casamento e deixara isso bem claro no início da relação. Ela rira e lhe dissera que casamento era a última coisa que tinha em mente. Estava determinada a se formar, seguir carreira e viajar pelo mundo. No primeiro encontro, quando ela perguntou o que ele fazia, simplesmente lhe respondera que era um homem de negócios e que viajava entre os escritórios de Londres, Atenas e Nova York. Porém, mais tarde, Liz, uma amiga dela lhe contara que a imprensa se referia a ele como um magnata grego, uma descrição que ele detestava. Mesmo assim isso não pareceu influenciá-la em nada. Quando estavam juntos, ela nunca falava em compromisso, nunca lhe pedia nada e tinha certeza que ela não saía com outros homens. Não havia nada com que se preocupar. Que durasse um ano ou dois, contanto que durasse o tempo da paixão; enquanto pudesse, Phoebe seria sua. Sete semanas atrás, ela colara grau e a cerimônia de graduação havia sido na semana anterior. Phoebe o convidou para assistir e lhe disse que a tia também estaria presente. Jed tinha por hábito evitar encontros com os parentes de suas amantes. Como estava em Nova York na ocasião, era a desculpa perfeita para não ir... Na manhã do dia da cerimônia, telefonou, desejando-lhe boa sorte. Phoebe não ficara zangada, especialmente depois que ele mencionou que preparara uma surpresa especial para ela. Talvez não fosse tão diferente das outras mulheres que ele conhecia, pensou cínico. Costumava presenteá-la com frequência. Grata, ela demonstrava sua satisfação na cama. Dessa vez, lhe comprara um espetacular colar de diamantes, porque para ser honesto sentia-se ligeiramente culpado por não ter comparecido à formatura dela. E agora estava um dia adiantado, o que com certeza a agradaria. O pensamento o fez sorrir em pura antecipação sensual masculina... O avião pousou. Jed se ergueu, aliviando a tensão dos ombros e endireitando a gravata. Alto, de ombros largos e cabelos escuros, era notavelmente atraente. Pegou o laptop e, com um adeus à sorridente comissária de bordo, deixou a aeronave. Phoebe desligou o chuveiro e saiu do box. Eram 21h e queria dormir cedo, assim estaria totalmente descansada e pronta para a chegada de Jed na noite do dia seguinte. Seu peito se agitou com este simples pensamento. Olhou para o reflexo no espelho da parede, enquanto alcançava uma toalha de banho para envolver o corpo esbelto. Esbelto por quanto tempo mais, desejou saber, com um crescente sentimento de alegria e um leve toque de preocupação. Ainda teria que contar ao namorado que estava grávida. Jed Sabbides era um próspero financista e também o todo poderoso atrás do trono da Sabbides Corporation. Suspeitara desde o início que ele era rico, o que a princípio a fizera se manter cautelosa em relação a ele. Parecia tão distante do seu mundo. Mas agora estava desesperadamente apaixonada, pela primeira vez na vida. Sua companheira de quarto, Liz, lhe contara sobre a extensão da riqueza dele, ao mesmo tempo em que tentara alertá-la de que Jed a estava instalando naquele apartamento para transformá-la em sua amante permanente de Londres. Liz estava errada. 5


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Verdade seja dita, após alguns dias, depois que ela se mudara para aquele apartamento, tornaram-se amantes, mas não moravam juntos. Jed a respeitava e quando estava em Londres a trabalho hospedava-se em uma suíte, em um dos hotéis de propriedade da Sabbides Corporation. Além do mais, ter um apartamento só para ela lhe permitira estudar melhor no último ano da faculdade. Apesar da riqueza de Jed, eram como qualquer outro casal apaixonado, disse a si mesma. Saíam para jantar ou ir ao cinema e, depois que a relação dos dois se tomara íntima, com frequência ele passava as noites ali. Jed havia deixado algumas peças de roupa no apartamento, mas definitivamente não vivia ali. Viajava demais e Phoebe lamentava a sua ausência ao se deitar sozinha na imensa cama de casal. Como consolo, desfrutava da companhia do gato Marty. Jed raramente falava de negócios, mas não levara muitos meses para perceber que ele era viciado em trabalho e que dividia seu tempo entre dois continentes. Mas no lado agradável, ele lhe contara uma vez que tinha uma irmã mais velha casada, com duas filhas pequenas, as quais ele adorava, então obviamente gostava de crianças, um sinal positivo, com certeza. Ia querer o bebê tanto quanto ela queria. Phoebe conhecera Jed quando ele estava hospedado no hotel onde ela trabalhava como recepcionista e sua vida mudara a partir daquele momento. Ao fitar seus olhos escuros, ficara completamente transfixada. Era o homem mais deslumbrante que já vira. Então ele sorriu e todos os nervos do corpo dela formigaram. Incapaz de desviar o olhar ficou vermelha como um pimentão. Phoebe Brown, talvez em breve Phoebe Sabbides, pensou, perdida em devaneios sobre o futuro. Puxando uma toalha, curvou a cabeça e começou a enxugar os cabelos molhados. — Aghh! — gritou cega pela toalha, quando uma mão grande segurou seu ombro nu. — O que é isso? — exclamou ao se virar e segurar o comprimento de um braço. A toalha caiu de suas mãos, o cabelo foi esquecido, enquanto fitava Jed, com o coração aos pulos. — Jed... é você. — Acho que sim. — Ele sorriu. Então as mãos audaciosas deslizaram pelos ombros dela para desenrolar a toalha que a envolvia. — Há semanas venho sonhando com isto. — Seu olhar se arrastou, apreciando a elevação dos seios fartos e os mamilos rosados que enrijeceram de imediato. — Mas a realidade supera os meus sonhos mais eróticos. Phoebe inclinou a cabeça para trás. Jed havia retirado o casaco, a gravata e desabotoado os primeiros botões da camisa, revelando a coluna do pescoço bronzeado e os pelos escuros que lhe recobriam o peito. — Ah, Jed... Senti tanto sua falta! — Exalando um suspiro, deixou-se envolver por aqueles braços fortes. Os lábios sensuais se fecharam sobre os seus. Os dois se abraçaram e se beijaram. Naquele beijo concentraram todo o desejo reprimido, que aumentara durante o tempo em que estiveram separados. 6


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Com movimentos suaves, ele acariciou-lhe as costas e quando tiveram que se afastar para respirar, Jed curvou a cabeça para capturar um mamilo atrevido no calor da sua boca, lambendo-o e sugando-o, enquanto a inclinava sobre o braço e dedicava o mesmo prazer incrível ao outro mamilo. — Droga Phoebe, não posso esperar. As mãos dela começaram a se mover devagar, uma afagando os bastos cabelos escuros e a outra deslizando pela abertura da camisa, desesperada para sentir novamente o calor daquela pele morena. Então avançou um pouco mais. Seus dedos traçaram os contornos rígidos dele sob o tecido da calça justa e soube exatamente o que ele queria dizer. Segurando-lhe a mão, Jed a encostou contra a parede e abriu as calças para libertar sua vigorosa ereção. Em seguida, ergueu seu corpo, segurando-a pelas nádegas. Phoebe entrelaçou as pernas ao redor dos quadris estreitos, enquanto ele penetrava a passagem úmida e macia. O corpo de Phoebe tremia, enquanto ele mergulhava numa dança veloz e furiosa, cada vez mais fundo, até ela se sentir na eminência de um êxtase que seu corpo exigia com urgência. Com uma última investida, Jed os levou ao limite, em direção a um clímax tumultuoso. Phoebe mergulhou a cabeça na curva do pescoço dele, o corpo esbelto estremecendo como resultado da liberação do prazer. Podia sentir as batidas pesadas do coração de Jed contra o seu e, por um longo momento, não foi capaz de se mexer. — Perdoe-me, querida. — Ela ouviu o tom áspero da voz dele e, erguendo a cabeça, fitou a escuridão dos seus olhos. — Mas estava louco para tê-la em meus braços. — Eu também — murmurou ela quando ele roçou os lábios suavemente contra os seus e a colocou no chão. Jed a segurou pela cintura, quando as pernas dela cambalearam ligeiramente. — Tem certeza que está bem? — Melhor agora. Só tenho que olhar para você para desejá-lo — admitiu ela num tom natural. — Então mantenha esse pensamento enquanto me livro destas roupas — disse, antes de se livrar delas. Jed era irresistível, um deus grego, pensou ela, a excitação agitando todas as fibras do seu corpo novamente, enquanto seus olhos vagavam livremente sobre a figura máscula. Com quase 1,90m de pura perfeição, Jed, seu amor, tinha cabelos escuros e ligeiramente ondulados. Os olhos eram de um castanho dourado que escureciam, ficando quase negros, quando invadidos pela paixão. O nariz era uma lâmina reta na estrutura fabulosa do seu rosto bonito. A boca sensual, de lábios perfeitamente esculpidos e a mandíbula quadrada. — Gosta do que está vendo? — zombou ele, o que a fez erguer o olhar rapidamente para fitá-lo. Até mesmo agora, depois de todo aquele tempo, se ruborizava por ter sido pega admirando-o. 7


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— Sim. — Gostar? Ela o amava e, talvez aquela fosse a hora de lhe contar a novidade. Mas antes que pudesse encontrar as palavras, ele a ergueu e a levou para o quarto. — Espere, Jed... Não quer uma bebida ou algo para comer após a viagem? E por que chegou uma noite antes? — Porque não pude esperar outro dia e tudo que quero é você. — Deitando-a na cama, estirou-se ao lado dela. Excitada pelo desejo dele, Phoebe o puxou para si e o que se seguiu foi uma noite como nenhuma outra. Jed fez amor com ela com uma paixão dolorosamente lenta que a levou à loucura, explorando todas as curvas e fendas do seu corpo, seduzindo todos os seus sentidos em direção a um clímax sem precedentes. Era como se não conseguissem se cansar um do outro. Por fim, horas mais tarde, deitada na curva do braço dele, ainda incapaz de dormir, sua mente girava com pensamentos desencontrados. Fitou o rosto adorável do amado e desejou saber se o filho deles se pareceria com ele. Então imaginou se aquele retorno antecipado era a surpresa especial que ele havia prometido e ficou séria, quase triste. Era estupidez, mas secretamente alimentara a esperança que poderia ser uma aliança. Em sua fantasia imaginara-o fazendo o pedido de casamento, antes de ela lhe contar que estava grávida. — Posso ouvi-la pensando, Phoebe. Qual é o problema? Erguendo a cabeça, ela acariciou-lhe o tórax e fitou os sonolentos olhos escuros. — Nada. Estava apenas imaginando se voltar mais cedo foi a surpresa que me prometeu. Devo dizer que nesse caso foi a melhor de todas. — Fico muito lisonjeado, mas a resposta é não. — Deitando-a de costas, ele pulou para fora da cama e acendeu a luz. — Fique onde está. Estarei de volta em um minuto. Phoebe o assistiu deixar o quarto nu e voltar depois de um minuto com uma caixa de couro preta nas mãos. — Sente-se. — Ela obedeceu. — Pela sua formatura. — Jed abriu a caixa, revelando um deslumbrante colar de platina e diamantes. Deslizando-o ao redor do pescoço, fechou-o. — E também pela sua graduação na cama — acrescentou, brincando com os mamilos intumescidos entre os dedos. — Não acreditava que sexo podia ser ainda melhor, mas me surpreendi. — Obrigada — murmurou Phoebe. — O colar é de tirar o fôlego. — Ela olhou para a deslumbrante cascata de pedras preciosas ao redor do pescoço, não querendo revelar a leve decepção que sentia. Mas ao ver os dedos bronzeados longos atiçandolhe os seios, não era decepção que experimentava, mas uma nova onda de excitação. Erguendo os braços para envolvê-lo pelo pescoço, roçou os lábios nos dele. — E eu o amo — murmurou num tom suave. Havia lhe dito aquilo muitas vezes antes, mas de repente lhe ocorreu que Jed nunca dissera aquelas palavras para ela em inglês. Dizia que ela era bonita e que amava seu corpo muitas vezes, o que a fez supor que tivesse dito eu te amo em grego, que 8


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era o idioma que usava no auge da paixão. Mas agora não tinha mais tanta certeza... Procurava não ser tão tola, porque depois do que haviam acabado de fazer, sem dúvida ela não era mais a inocente que se ruborizava por qualquer motivo. Phoebe montou sobre o imenso corpo masculino e assumiu o controle da situação, fazendo amor com ele com uma paixão tão poderosa, que finalmente os exauriu. Despertou mais tarde, sentindo uma mão máscula e grande em um dos seus seios e a pressão inconfundível de um homem excitado de encontro às suas nádegas. Uma voz rouca murmurava em seu ouvido. — Ah, querida, você é tão maravilhosa. Espreguiçando-se com movimentos sinuosos, ela gemeu de prazer quando a outra mão de Jed lhe circundou a cintura e desceu sensualmente, até tocar-lhe os tufos de pelos escuros entre as coxas. Mas seu estômago tinha idéias próprias e não estava sossegado. Em uma agitação de braços e pernas, ela deslizou para fora da cama e correu para o banheiro. — Que diabos aconteceu, Phoebe? — Ela o ouviu resmungar. Incapaz de responder entrou no banheiro, fechou a porta e abriu a torneira da pia. Talvez um pouco de água fria aplacasse o enjôo. Mas não adiantou e, dois segundos depois, estava de joelhos vomitando. Ergueu-se lentamente e, após limpar o banheiro, virou-se para espirrar água na face e lavar a boca. Talvez o enjôo matinal não voltasse a incomodá-la. Talvez, se aprendesse a ficar mais tempo deitada ou a se movimentar com mais cuidado, a ânsia de vômito diminuísse, ponderou, observando seu reflexo no espelho. Os lábios cheios se curvaram num sorriso feminino. Ainda não parecia diferente. Apenas parecia uma mulher bem-amada. Suspirou feliz. Jed provara de uma dúzia de modos diferentes o quanto a desejava, incluindo alguns que ela nunca experimentara antes. Agora percebia que até mesmo entre amantes o inimaginável era aceitável e perfeitamente aprazível. — Phoebe? Ela o ouviu chamar. Agora era uma boa hora para lhe contar que estava grávida, decidiu, com extrema convicção. — Estou indo em um minuto — respondeu, pegando uma toalha no armário e enrolando no corpo nu. — Por que demorou tanto? — perguntou ele, os olhos que encontraram os dela brilhando com humor e um desejo indisfarçável. O olhar de Phoebe deslizou pelo corpo musculoso e esguio estendido sobre a cama, pela pele macia e dourada com sua tênue trilha de pelos escuros em lugares estratégicos. Então percebeu que ele ainda estava excitado. Erguendo a mão, Jed fez um gesto, convidando-a a se unir a ele. O coração dela se agitou. — Estou esperando meu sexo matutino — disse ele com um sorriso de antecipação. Phoebe sentiu um calafrio sensual percorrer-lhe a espinha. Ele a desejava. Jed a amava podia ver isso em seus olhos. Dando um passo na direção dele, sorriu de volta. 9


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— E eu estou grávida e pensei que fosse vomitar. — Ela viu a antecipação enfraquecer nos olhos dele. — Mas não se preocupe, estou bem agora — acrescentou rapidamente enquanto alcançava a cama. Certa parte da anatomia de Jed desmoronou com a mesma rapidez, percebeu Phoebe, quando ele virou as pernas para o outro lado da cama e se ergueu. — Jed? — começou ela e parou chocada pelo flash de raiva que viu nos olhos dele. Ele a encarou por um longo momento e a transformação de amante ansioso a um estranho frio não podia ter sido mais óbvia. Phoebe tremeu novamente, mas dessa vez com um terrível presságio.

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CAPÍTULO DOIS

Grávida. Phoebe estava grávida. Não era possível. Ele havia tomado todas as precauções possíveis. Mas e ela? Jed se perguntou, e uma névoa vermelha de raiva o engolfou, enquanto seu cérebro, totalmente apavorado, lutava por uma resposta aceitável. Por fim confiou em si mesmo para se virar e falar sem gritar. — Tenho certeza que acha que está bem — disse ele com um cinismo corrosivo, enquanto se esforçava para manter seu legendário autocontrole. — Parada aí, com um elegante colar de diamantes ao redor do pescoço e, de acordo com você, grávida de um filho, que, presumo, irá dizer que é meu. Jed mal podia acreditar que havia bancado o trouxa, acreditando na inocência de Phoebe. Ela era como todas as outras, se não fosse pior, porque tivera êxito no que as outras falharam. — Claro que o bebê é seu. Sabe muito bem que é o único homem com quem fiz amor. Eu o amo e pensei que me amasse também. — Pensou errado. Eu não a amo. E não acredito nesse sentimento. — Por que está agindo assim? — Ela o fitou atordoada. — Por quê? Porque ser pai não estava em meus planos. Lembra-se de quando começamos? Sempre usei proteção. Então você sugeriu usar pílula e eu, idiota, fiquei tentado com a idéia de não usar preservativo pela primeira vez na vida. Apresentei-a ao meu médico particular, Dr. Marcus, e ele lhe receitou pílulas anticoncepcionais. Nem precisou se incomodar em ir buscá-las porque ele mandou entregá-las aqui. Logo não houve risco de perder a prescrição. Então me diga, quando esta concepção aconteceu? Qualquer reação que Phoebe havia esperado aquele estranho com um olhar irônico e frio que se encontrava a sua frente nem de longe lembrava o Jed que ela pensava que conhecia e amava. Suas emoções estavam congeladas e simplesmente declarou a verdade. — Naquele fim de semana em Paris. Esqueci de levar minhas pílulas. — Eu devia ter adivinhado. — A mente analítica de Jed, não mais toldada pelo sexo, somou dois mais dois e percebeu o plano de Phoebe. — Agora me lembro. Foi a única vez que você discutiu comigo em vez de se mostrar a amante ansiosa de sempre, quando voltei, depois de passar a Páscoa na Grécia. Reclamou que eu nunca a havia levado ao estrangeiro, que a única vez que esteve fora do país fora em uma excursão de um dia para a Bélgica e que nunca estivera em Paris. Então eu a levei lá. Agora espera que eu acredite que esqueceu as pílulas e nunca pensou em mencionar o fato nos três dias em que ficamos lá? Muito conveniente. Era fim de abril e agora estamos no começo de julho. Deve estar com dois meses de gravidez. — Nove semanas — emendou ela suavemente. Talvez fosse apenas choque que o 11


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fazia agir daquela maneira, meditou Phoebe. — Por que demorou tanto para me contar? Não, não responda... Deixe-me adivinhar. Esperou até concluir seus exames finais e se formar, mas na verdade nunca teve intenção de seguir uma carreira e sim de viver em um apartamento de luxo à minha custa. Você é uma mulher muito inteligente, Phoebe. A sua cronometragem foi perfeita. Mas ninguém me faz de bobo. E se a sua espetacular exibição de sexo, ontem à noite, tinha a intenção de me fazer amolecer para que me case com você, não teve sorte. Nenhum homem espera que a amante fique grávida. Através da névoa de entorpecimento, Phoebe se sentia arrasada pelo fato de ele acreditar que fosse capaz de um plano tão sórdido e por chamá-la de amante. Aquilo fora a gota d'água. — Nunca fui sua amante. Jamais seria amante de homem nenhum. Pensei que você fosse meu namorado. Pensei que você... Ele a interrompeu. — Pare com isso, Phoebe. Não finja que é ingênua. Consegui este apartamento para instalá-la. — Pensei que eu estivesse trabalhando para o seu amigo. — Estava, mas ele me vendeu o apartamento três meses depois de partir e disse que você podia ficar com o gato. Aparentemente, encontrou outro tipo de felino para se aconchegar, espero que não seja tão desonesta quanto você. — Desonesta! Como pode falar assim depois de tudo que compartilhamos? — Muito fácil. Eu lhe dei um carro, jóias, roupas... Podia ter tudo que quisesse. Mas nunca lhe ofereci uma aliança de casamento. Sabia disso desde o início e concordava comigo. Se chegou a pensar, mesmo por um minuto, que podia me prender com um filho, que nunca pensei em ter, enganou-se. Phoebe afundou na cama, a mente tumultuada. Jed dissera que nunca pensou em ter um filho. Não queria o bebê e aquilo era como enterrar um punhal no coração dela. Não podia suportar olhar para ele. Inspirou algumas vezes, tentando firmar a respiração. Então percebeu que se iludira desde o início daquela relação. Enquanto ela se apaixonara, considerando-o um namorado, ele a considerava apenas uma amante e a tratava como tal. Agora muitas das pequenas coisas que haviam acontecido durante o último ano faziam sentido. Não era de admirar que nunca a tivesse levado à Grécia para conhecer sua família e seus amigos, ou a qualquer outro lugar para onde viajava. Sempre tinha uma desculpa para não estar por perto quando tia Jemma vinha visitá-la. Jed a presenteara com um carro uma semana antes do Natal. Ela tentou recusar, alegando ser um presente muito caro, mas ele insistira, dizendo que seria útil para ela viajar para casa no feriado. Da mesma maneira que havia insistido, quando lhe deu uma presilha de ouro seis semanas depois que se conheceram e uma pulseira de diamantes no vigésimo primeiro aniversário dela, em agosto. Também insistia em levála a shoppings para comprar roupas caras que não faziam o estilo dela. Phoebe aprendeu que era mais fácil aceitar de bom grado do que contestar. Mas nunca conhecera nenhum dos amigos dele, além do homem que originalmente possuía aquele 12


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apartamento e o Dr. Marcus com quem ele estudara. Era simplesmente a amante dele em Londres. O fim de semana em Paris fora a única vez que ele a levara ao estrangeiro. Que clichê! Então outro pensamento repugnante lhe veio à mente. Se ele a considerava apenas uma amante, talvez não fosse a única. Os ombros dela caíram. Correu as mãos pelos cabelos, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. Como podia ter sido tão tola, enganara-se tanto com Jed, seu primeiro e único amor? Liz tinha razão desde o início. Jed olhou para a cabeça baixa de Phoebe e percebeu a devastação que ela não conseguia esconder. O choque e a raiva que o assolavam diminuíram um pouco. Se estava grávida, é claro que não a deixaria desamparada. Mas primeiro precisaria falar com Dr. Marcus para confirmar a gravidez e, já que costumava ficar fora por semanas, teria que se certificar de que a criança era realmente sua, antes de considerar a possibilidade de se casar com ela. Nenhum filho seu nasceria fora do casamento. Isso significaria o fim dos seus dias de solteiro. Não podia conversar com Phoebe naquele momento. Precisava de tempo para pensar e tinha um encontro para um café da manhã dentro de uma hora. Caminhando até onde ela estava sentada, pôs a mão no ombro dela. Phoebe se afastou de imediato, o que o deixou irritado novamente. — Não disponho de tempo para conversar agora. Tenho reuniões agendadas durante o dia todo e não posso faltar. E amanhã terei que ir à Grécia para a festa de aniversário do meu pai. Mas o mais importante para Jed era o fato de o pai estar se aposentando. Os advogados foram chamados e na noite do dia seguinte, seria empossado oficialmente como presidente da Sabbides Corporation, a empresa que vinha dirigindo extra oficialmente, juntamente com a sua, durante os últimos anos. Phoebe não precisava saber disso. Seus negócios nada tinham a ver com ela. — Mas não se preocupe. Falarei com Dr. Marcus antes de partir. Ele é um excelente médico e discreto. Vai cuidar da sua gravidez e eu assumirei todas as despesas, posso lhe garantir. Phoebe ergueu a cabeça lentamente e o encarou por um longo momento. Seus brilhantes olhos azuis estavam opacos. — Não estou preocupada e tenho certeza que ele é bastante competente — disse ela abaixando o olhar outra vez. — Ótimo — Jed hesitou. Jamais a vira tão subjugada. Talvez devesse dizer algo. Mas não lidava bem com emoções e ainda estava chocado. — Preciso tomar um banho. Dez minutos mais tarde, depois de uma ducha fria, teve tempo para pensar. Talvez tivesse sido muito severo com Phoebe. Por acidente ou não, não importava, ela ainda era uma mulher grávida. Vestiu-se rapidamente e foi procurá-la. Encontrou-a na cozinha, acariciando o gato aninhado em seu colo. Ela amava o maldito gato que apenas o tolerava e por alguma razão isso o 13


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aborreceu mais ainda. — Tenho que partir agora. Eu a verei amanhã à noite e poderemos discutir sobre os arranjos necessários. — Era óbvio que ele lhe fixaria uma mesada imediatamente. Quanto ao resto, uma vez a paternidade comprovada, tudo poderia ser solucionado. Phoebe o fitou. Ele trajava um elegante terno cinza escuro, camisa branca e gravata de seda. Como podia ter imaginado que ele era seu namorado, pensou intimidada com a própria ingenuidade. Jed completara 30 anos no mês anterior e ela o presenteara com um sólido selo de ouro do século XIX em formato de coração. Conseguira a peça em uma loja de antiguidades e pensou que ele perceberia o simbolismo daquele presente. Estava lhe ofertando o coração dela. Que idiota! Nunca passara de um corpo para Jed. E agora ele ainda desconfiava que ela o havia traído. Assentiu com a cabeça, incapaz de responder ao porco cruel e arrogante. Seu coração estava dilacerado com aquela reação cínica à sua gravidez. Fora acusada de ser uma caçadora de fortunas e de ter planejado a gravidez para tirar dinheiro dele. O fato de pensar tão mal a seu respeito provava que ele não a conhecia. Enquanto imaginava ter tocado o coração dele, Jed a encarava apenas como amante. Quando ele dissera num tom casual que o amigo médico cuidaria da gravidez dela discretamente, como se a criança não representasse nada, ela percebeu que estava tudo terminado. Jed não desejava um bebê. Não estava em seus planos. Os negócios eram a sua vida. O resto ficava em segundo plano. Um aborto era o que estava lhe oferecendo, não o amor e o apoio que ela estupidamente esperara. A solução dele era pagar ao amigo médico para ele se livrar da criança. Fora a pessoa mais idiota do mundo em pensar que as coisas poderiam ser diferentes. Phoebe ouviu a porta bater. Erguendose, caminhou até o quarto e se deitou na cama. Com a cabeça enterrada no travesseiro deixou as lágrimas fluírem. Chorou de dor e aflição por um amor que nunca existiu e pelo fim das suas ilusões. Por fim, o esgotamento físico e mental a subjugaram, fazendo-a adormecer profundamente. Phoebe despertou com um sobressalto e, por um momento, ficou completamente desorientada. Olhou para o relógio na cabeceira. Três da tarde? O que estava fazendo na cama? Então tudo lhe veio à mente. Debilitada, deitou-se novamente, relembrando inúmeras vezes todos os minutos, desde que Jed chegara, na noite do dia anterior. Agora percebia que para um homem sofisticado e experiente como ele, não passava de uma escrava sexual, que lhe fazia todas as vontades. O último ano fluiu em sua mente lentamente, deixando-a assombrada pela própria estupidez. Todos os presentes que ele lhe dera não passavam de pagamentos pelos seus serviços. Naquela manhã, quando lhe contara que estava grávida, o verdadeiro Jed Sabbides, o magnata dissimulado e cruel, se revelara. A reação brutal de Jed a sua gravidez a intimidou e de repente as palavras dele ao partir, sobre os arranjos necessários, assombraram-na novamente. Ficou apavorada. Não ousaria permanecer ali. Jed tinha uma personalidade 14


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poderosa e no fundo não confiava em si mesma para contestar a óbvia intenção dele de pôr um fim a sua gravidez. Deus sabia que ela não era capaz de deixar de amá-lo assim tão facilmente, mesmo sabendo que ele era um completo cretino. Tinha que deixar Jed e o apartamento. Precisava fazer as malas. Esse era o único pensamento que lhe ocupava a mente quando pulou para fora da cama rumo às gavetas e tropeçou sobre o gato. Jed Sabbides terminou a teleconferência com o outro lado do Atlântico. Outra grande transação financeira realizada. Eram 7h30 da noite e resolveu encerrar o expediente. Distraído, correu a mão pelos bastos cabelos escuros. Bloqueara com dificuldade todos os pensamentos sobre Phoebe e a notícia surpreendente da gravidez dela, enquanto trabalhava, mas agora não tinha mais desculpas. Olhou para a porta quando Christina, sua assistente, entrou. — Ainda precisa de mim para mais alguma coisa? — Não. Pode ir. — Parece cansado, Jed. Deixe-me servir-lhe um copo de uísque e fazer uma massagem em seu pescoço, isso o ajudará a relaxar. — Uísque, sim, mas massagem não. — Olhou para a assistente, surpreso por ela ter sugerido uma massagem. Devia estar parecendo bem mal, porque aquilo não era do feitio dela. Christina era morena, sem atrativos e super eficiente. Tinha sorte de tê-la por perto. Não havia perigo de Christina ficar grávida por engano... Ela nunca cometia erros. Mas e Phoebe cometera? Ponderou. Ela era muito jovem e ele fora o primeiro homem de sua vida. Talvez a gravidez tivesse sido mesmo um acidente. — Aqui está sua bebida. — Christina colocou o copo sobre a escrivaninha, com a garrafa do lado, e se posicionou atrás dele. — Tem certeza que não quer que eu alivie esses músculos tensos? — perguntou já com as mãos no pescoço dele. — Não precisa. — Jed encolheu os ombros, afastando-a. — Pode ir, Christina, estou bem. — Ok. — Ela se endireitou, mas não antes de, para surpresa dele, se curvar e murmurar de encontro ao seu ouvido. — Não se esqueça que temos que voar para a Grécia amanhã. Tente descansar. Pegando o copo de uísque, sorveu um longo gole. O choque inicial de saber que Phoebe estava grávida e que estava a ponto de se tomar pai desaparecera e agora podia raciocinar com clareza. Nunca pretendera se casar, mas se fosse honesto consigo mesmo, sabia que algum dia, no futuro, gostaria de ter um filho, um herdeiro para sua fortuna. Tivera uma infância feliz, com pais amorosos e uma irmã. A relação tensa com o pai não era por causa dos negócios, mas pelos inúmeros casamentos que se seguiram após a morte da sua mãe americana, quando ele tinha 17 anos. Jed esvaziou o copo e se serviu de mais. Não confiava nas mulheres, com exceção da mãe e da irmã. E nunca considerara a possibilidade de se casar. Mas sabia que não permitiria que um filho seu nascesse ilegítimo. Phoebe, a bela e sensual Phoebe... Seria um sofrimento tão grande ser casado com ela, perguntou-se, sorvendo outro gole de uísque. 15


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Pessoalmente, não acreditava em amor, mas era grego e acreditava na continuação do nome da família. Se precisasse de uma esposa, Phoebe era uma boa candidata. Não havia como negar que a química entre eles era fantástica e, com certeza não estava disposto a abrir mão dela. Estavam juntos há um ano, o que era um bom prognóstico para o futuro e agora estava grávida de um filho seu. Jed pegou o telefone e ordenou que a limusine viesse buscá-lo. Não queria dirigir. Ergueu-se e tomou uma decisão. Pediria Phoebe em casamento. Para sua surpresa, não se sentiu tão chocado com a decisão. Conferiu o relógio. Oito da noite. Pegou o celular no bolso para ligar para Marcus e convidá-lo para jantar. O médico era a única pessoa com quem poderia discutir a situação com sinceridade e em quem confiava. O que sabia sobre gravidez podia ser escrito na cabeça de um alfinete e, embora no fundo não acreditasse que Phoebe tivesse sido infiel, fazia sentido perguntar a Marcus quando seria possível investigar a paternidade de um bebê. Não causaria nenhum dano a Phoebe esperar algum tempo pelo casamento. Deixando a sala, fechou a porta e entrou no elevador. Contaria a Phoebe o que havia decidido, pensou generoso. Já podia até imaginar o olhar de felicidade nos expressivos olhos azuis, quando percebesse que ele estava disposto a tomá-la uma mulher honesta. Sua arrogante autoconfiança durou o tempo de uma vagarosa refeição com Marcus, durante o qual buscou o conselho do amigo sobre a gravidez de Phoebe e lhe contou que tinha intenções de se casar com ela. Quando deixaram o restaurante, disse ao motorista que primeiro levasse Marcus para casa. Quando, por fim, chegou ao apartamento dela, o encontrou vazio, com exceção do gato e um bilhete na mesa da sala. Phoebe estava deitada de costas na cama do anônimo hospital, encarando o teto branco com um olhar distante. Chorara por horas até não ter mais lágrimas para derramar. Agora se sentia entorpecida e alheia ao barulho e ao alvoroço típico de uma noite de sexta-feira naquele hospital de Londres, segundo o Dr. Norman, o velho médico que cuidara dela. Em que hospital de Londres, não fazia idéia e também não estava interessada em saber. Tudo que podia ouvir era a voz do médico, dizendo que havia perdido o bebê, mas que não era para se alarmar. Aparentemente milhares de mulheres falhavam nos três primeiros meses. Mas ela era jovem e poderia ter outros filhos. Sabia que ele estava tentando ser amável, tentando animá-la, mas nada nem ninguém conseguiria tal feito. Pôs a mão no ventre liso. Só ficara sabendo sobre a gravidez há dez dias, mas o amor instantâneo e a necessidade de proteger o precioso bebê foram devastadores. Bem, o bebê se fora e com ele seu tolo e ingênuo coração. A vida a mudara irrevogavelmente. Enquanto vivesse jamais esqueceria o horror, a dor e o desespero daquele dia. O médico lhe dissera que a deixaria internada durante a noite e marcaria um horário para ela voltar na semana seguinte para fazer uma curetagem e então a aconselhara a descansar. — Phoebe. 16


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Ao reconhecer a voz de Jed, ela virou a cabeça devagar. Ele estava parado junto à entrada, o terno não mais tão alinhado, o paletó aberto, com uma expressão de choque e asco nos olhos escuros quando a encarou. Não era surpresa. Phoebe desejou saber por que nunca havia reparado até aquele dia o quanto ele podia ser frio e cruel. — Falei com o médico quando cheguei. Ele me contou o que aconteceu. Sinto muito. Mas confie em mim, você vai ficar bem, eu lhe asseguro — disse, com um relance ao redor do quarto. Estava outra vez frio e controlado, percebeu Phoebe. — Não acredito que a ambulância a trouxe para cá e você me deixou um bilhete para alimentar o maldito gato. Deveria ter ligado para mim ou para o Dr. Marcus. Enviei um carro para buscá-lo. Ele deverá chegar a qualquer minuto e vamos sair deste lugar caótico. Ao ouvir o nome do Dr. Marcus, Phoebe fechou os olhos. Se não fosse pelo pensamento de Jed contatar o médico, não teria se apavorado e não estaria ali, refletiu, revivendo a punhalada de dor que a fizera apertar o ventre, enquanto desmoronava no chão. Não queria tomar analgésicos por causa do bebê. Mas a dor era tão aguda que a fez prender a respiração. Então sentiu o fluxo de sangue escoando pelas pernas. Pegou o telefone e discou para a emergência, mas temeu que até a ambulância chegar fosse tarde demais. Estava ali há seis horas e durante aquele tempo a minúscula vida dentro dela fora expelida. Abriu os olhos e fitou Jed. O pai do seu bebê. Percebeu que os sentimentos dele eram inexistentes. E quanto a confiar nele... nunca mais. Ainda fora arrogante o suficiente para sugerir que ela deveria tê-lo chamado. Que piada! Era quase meia-noite. Obviamente ele não tivera nenhuma pressa em chegar ali. O entorpecimento que sentia foi substituído pela amarga e triste constatação de que nem ela nem o bebê eram tão importantes para Jed quanto a sua mais recente transação empresarial. — Não — disse ela, e com um humor negro quase sorriu quando a ironia cômica da situação a atingiu. Dr. Marcus, o exterminador, já não era mais necessário. O pânico, o gato e a quina de uma das gavetas fizeram o trabalho para Jed. A constatação lhe deu forças para responder. — Não é um lugar caótico, mas um hospital estadual bastante movimentado, o tipo que nós mortais frequentamos. Não vou para outro. Já perdi o bebê. Deve estar satisfeito agora que o problema foi resolvido. Por um longo momento, Jed Sabbides se sentiu atingido pelas palavras dela. — Meu Deus! — murmurou. Era por sua causa que Phoebe estava deitada feito uma boneca de cera em uma cama de hospital. E a culpa que lhe consumia as entranhas no momento em que o médico lhe contara mais do que ele queria ouvir, agora era maior dez vezes. Ele caminhou até a cama. — Eu jamais consideraria qualquer criança um problema e sinto muito por você ter perdido o bebê. Tem que acreditar em mim. 17


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A face bonita de Phoebe estava tão branca quanto o lençol que a cobria até os ombros, a única cor eram as sombras roxas sob os olhos. Jed ficou atordoado pela tristeza e o pesar que sentiu ao fitar os grandes olhos azuis, agora não mais brilhantes, mas entorpecidos com a aceitação do que lhe havia acontecido. Não era um homem sentimental, mas ao se sentar na extremidade da cama, curvou-se e roçou os lábios suavemente contra a sobrancelha dela. Ficou assustado com a frieza daquela pele macia. Então segurou-lhe a mão e ela permitiu. — Phoebe, tem que acreditar em mim — repetiu. A mão delicada estava fria, como o olhar que ela lhe lançou. — Nunca me passou pela cabeça que você pudesse perder o bebê. Fiquei bravo esta manhã, mas no início da tarde, quando o choque passou, quase decidi que gostava da idéia de nos tomarmos uma família. Ia lhe falar hoje à noite. Era muito fácil para ele dizer aquilo agora, pensou ela, sentindo a pressão da mão dele apertando a sua. Olhou para o rosto bonito de Jed e, por um momento, imaginou ter visto dor e angústia na profundidade daqueles olhos escuros. Inacreditavelmente, sentiu uma pontada de compaixão em seu coração. Não, não era possível. Jed nunca mais ia fazê-la de boba. A decisão dele de que quase gostava da idéia de formar uma família era fraca e conveniente. Ele não estava com a mínima pressa de aprofundar o assunto, pensou ela, com um cinismo que não sabia que possuía. — Um pensamento agradável, mas não necessário. Meu bebê se foi. Mas pense pelo lado positivo, Jed. Eu o poupei de gastar uma boa soma de dinheiro. — O que está querendo dizer? — exigiu ele, esforçando-se para conter a raiva repentina que sentia. — Pode me acusar de muitas coisas, mas mesquinharia não é uma delas. Tudo que você quiser, pode ter, eu juro. A única coisa que Phoebe queria era o seu bebê de volta e aquilo não era possível. Quanto a ser mesquinho, Jed era inacreditavelmente generoso com coisas materiais, reconheceu triste. Mas quanto aos sentimentos e às emoções, era o pior homem que já conhecera. Isso se ele possuísse alguma emoção, o que duvidava. Seu autocontrole e arrogância eram incríveis e ele jamais mudaria. Jed Sabbides sempre tinha razão... — Sim, tem razão — concordou ela. — Para você, despesas com um médico particular não significam nada. Jed teve a impressão de ter perdido algo, mas nesse momento Marcus entrou no quarto acompanhado do Dr. Norman e uma enfermeira. — Quero Phoebe fora daqui agora mesmo e sob os seus cuidados, Marcus — disse ele ao amigo. — Já passa da meia-noite, Jed. Phoebe está exausta. É melhor esperar até amanhã, respondeu o médico e o Dr. Norman concordou com ele. Jed não ficou satisfeito. — Marcus, quero o melhor para Phoebe e isto não é. — Não vou a lugar algum — murmurou ela e os três se viraram para fitá-la. — 18


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Quero dormir. — Ela tem razão, cavalheiros — disse o Dr. Norman. — Vamos deixar a enfermeira lhe dar um sedativo e podemos discutir isso lá fora. Phoebe estava na cozinha, conversando com o gato. — Você estava certo sobre o homem, Marty. Eu devia ter confiado em seus instintos e não nos meus. Jed Sabbides, a despeito de sua riqueza, é emocional e moralmente falido, cruel e desprezível e eu o odeio. — O gato ronronou como que concordando. — Mas agora você me pertence e nós dois vamos partir. Phoebe colocou o animal no transportador, pegou a valise com a caixa de jóias dentro e sem olhar para trás, deixou o apartamento. Suas malas já estavam no saguão do edifício e o carro estacionado do lado de fora. Agradeceu ao porteiro por tê-la ajudado e, após ter acomodado o transportador do gato no assento traseiro do carro, sentou-se atrás do volante e partiu. Na manhã seguinte ao aborto, quando acordara, Jed estava a seu lado e o Dr. Norman lhe dera alta. Ainda arrasada pela perda, não se importou com o que lhe aconteceria e quando Jed insistira em tomar conta dela, aceitou. Estava fraca demais para resistir. Então permitiu que ele a trouxesse de volta ao apartamento. O Dr. Marcus providenciara uma enfermeira para ficar com ela no final de semana, embora Jed insistisse que podia fazer isso. Fora marcada uma consulta na clínica do Dr. Marcus na semana seguinte e após muita persuasão por parte da enfermeira e Phoebe, Jed partira naquela tarde para a Grécia a fim de assistir à festa de aniversário do pai. Dissera-lhe para ligar se precisasse e que estaria de volta no domingo à noite. Depois prometeu levá-la à clínica na semana seguinte, deu-lhe um beijo de adeus e partiu. Agora era segunda-feira e a enfermeira se fora, mas Jed não retomara. Ao tentar contatá-lo na noite anterior, uma mulher atendera o celular dele, Christina, sua assistente, e após uma conversa esclarecedora com a mulher, Phoebe decidiu que voltaria para sua terra natal. Não podia acreditar que fora tão fraca, tão covarde e que permitira que Jed a enganasse pela segunda vez. Bem, isso jamais voltaria a acontecer, jurou. O calor e o amor que pensava sentir por ele se transformaram em um desprezo frio e amargo. Então, fez aquilo que era esperado de uma amante. Levou tudo que ele lhe dera, inclusive o carro. Era pouco comparado ao valor de um filho.

CAPÍTULO TRÊS 19


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— Preferia que tivesse dito que era a embaixada grega, ao invés de simplesmente uma embaixada estrangeira — disse Phoebe, mordendo o lábio inferior apreensiva. Não se esquivara tanto nos últimos cinco anos para agora topar com qualquer outro grego em seu caminho. — Que diferença faz? Estrangeira, grega, francesa... Pare de se preocupar, Phoebe. Está estonteante com esse vestido prateado e perfeitamente condizente com a elite internacional da nossa capital. — Julian, o adulador! E o meu vestido não é prateado, é cinza claro — informou ao seu acompanhante com um sorriso, enquanto se moviam lentamente na fila para serem apresentados ao embaixador grego em Londres. — E este é um grande passo para uma professora de história de Dorset, o baile de um embaixador. — Tolice! Você estudou Política e História e é mais inteligente que a maioria das mulheres por aqui. Tem certeza de que não gostaria de trocar de carreira e se unir a mim no Ministério de Relações Exteriores em Londres? — Tenho. E de qualquer maneira, você quase nunca está em Londres. Viaja a maior parte do tempo. Julian meneou a cabeça. — Você me conhece muito bem, esse é o problema — disse ele com um suspiro. Phoebe riu, mas era verdade. Julian era mais velho que ela três anos, mas ela o conhecia há muito tempo. Tia Jemma fora secretária do pai dele durante anos e depois da morte do homem, o filho herdara tudo. Mas em vez de assumir a vasta propriedade rural de Gladstone em tempo integral, como o pai, contratou um administrador e continuou com sua carreira no governo. Tia Jemma morava em uma cabana nas cercanias de um vilarejo e Phoebe passava boa parte das férias de verão na casa dela. Depois que os pais morreram se tomara sua residência permanente. Ainda era, pensou com um sorriso torto. — Pare de sonhar, moça — zombou Julian, chegou nossa vez. — Phoebe, este é Alessandro, nosso embaixador grego e um grande amigo meu. É viúvo e as senhoras em Londres sentirão imensamente a sua falta quando voltar ao seu país no próximo mês. Phoebe sorriu ante a apresentação informal de Julian e estendeu a mão ao homem a sua frente. — Prazer. Sou Phoebe Brown. O embaixador era um homem muito atraente, de cabelos grisalhos e um sorriso caloroso. E aquele baile era aparentemente o modo de ele dizer adeus aos outros embaixadores da comunidade internacional em Londres. — O prazer é meu, Phoebe. Agora entendo por que Julian vem passando tanto tempo em Dorset ultimamente. Começando a relaxar, ela segurou o braço de Julian, enquanto ele a conduzia pela escadaria do elegante salão de baile. — Não foi tão difícil quanto estava temendo. — Ele bateu com o copo no dela. 20


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— A uma noite interessante. Phoebe sorriu e tomou um gole do maravilhoso champanhe. — Sabe, Julian, pelo menos uma vez na vida você pode estar certo. A orquestra começou a tocar uma valsa e Julian a conduziu para a pista de dança. Surpreendentemente, era um dançarino excelente. Julian, 1,89m e 29 anos, solteiro e inegavelmente bonito, com cabelos loiros, olhos cinzentos e um sorriso pecaminoso, gostava de bancar o típico homem da cidade. Depois de um longo tempo como amigo da família, nos últimos meses transformara sua relação com Phoebe em algo mais. No início, ela imaginara que era porque ele a considerava a melhor opção na área rural de Dorset. Mas seus beijos eram persuasivos e quase a convenceram do contrário. Depois do baile, passariam aquela noite no apartamento dele em Londres e embora ele nunca tivesse dito, tinha a impressão que ele estava esperando mais do que simples beijos. No entanto, tendo sido ferida antes, ainda era um pouco cautelosa em relação aos homens. — Um centavo pelos seus pensamentos? Phoebe sorriu. — Oh, eles valem muito mais que isso. Se for bonzinho, eu lhe contarei depois — provocou ela e Julian parou durante um segundo e a abraçou mais íntimo. — Acredite-me, posso ser muito bonzinho quando a ocasião surgir. — Comporte-se e dance — ralhou ela, contente pelo leve e súbito formigamento que sentiu. Talvez aquela noite fosse a hora certa para mudar. Seu celibato já fora longe demais... Naquele momento, seus cabelos da nuca arrepiaram e teve um estranho pressentimento que aquilo nada tinha a ver com Julian. Alguém a estava observando. Dez minutos depois, no bar em uma sala adjacente, Julian pediu um uísque com soda e um suco de frutas para ela. O barman os serviu e Phoebe tomou um longo gole da bebida refrescante antes de pousar o copo no balcão. Naquele instante o embaixador surgiu ao lado deles. — Permitam-me apresentar-lhes minha filha, Sophia. Phoebe se virou ligeiramente e estendeu a mão à morena atraente. — E este é o namorado dela, Jed Sabbides, o presidente da Sabbides Corporation. À menção do nome que nunca mais esperava ouvir, Phoebe gelou. No momento seguinte, Jed estava na sua frente e ela soube exatamente quem a estava observando. Estupefata e rígida com o choque, Phoebe o encarou. Por um momento, tudo que conseguiu ver foram as feições marcantes do rosto de Jed Sabbides, o primeiro homem de sua vida. Jed usava um elegante temo preto, camisa branca e gravata borboleta preta, que combinava com os olhos escuros que agora fitavam os seus. Parecia mais velho, com linhas ao redor dos olhos e fios grisalhos nos cabelos ondulados. Devia estar com uns 35 anos agora e os anos extras só serviram para tomá-lo ainda mais autoconfiante. Com um esforço estupendo conseguiu sorrir enquanto as apresentações eram feitas. Jed admitiria que a conhecia? Essa era a pergunta que gritava em sua mente. 21


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Não, claro que não. Estava com a namorada. — Phoebe. — Uma mão forte foi estendida em sua direção. — Prazer em vê-lo, Jed — disse ela ainda sem saber se ele admitiria que os dois já se conheciam. — O prazer é todo meu. — Nos olhos escuros havia cinismo e escárnio. O sorriso charmoso e brilhante que a cativara no passado desaparecera nas linhas rígidas daquela boca. Phoebe afastou a mão, mas mesmo assim ficou horrorizada ao sentir uma faísca elétrica familiar provocada pelo breve toque de Jed. Então se aproximou instintivamente de Julian, buscando proteção. Não que fosse necessário. Era obvio que Jed não pretendia revelar que já se conheciam, o que era um alívio. Além de tia Jemma, ninguém mais sabia, nem mesmo Julian, de sua ligação no passado com aquele homem. E era assim que devia continuar. A conversa versou sobre assuntos triviais e Phoebe evitava encarar Jed Sabbides. Em vez disso, seu olhar recaía sobre Sophia, a namorada dele. A moça era delicada e bonita e o vestido que usava, um tomara-que-caia vermelho, fora desenhado para acentuar todas as suas curvas. Sophia era o tipo que faria um magnata grego como Jed finalmente criar raízes e provavelmente se casar. Rica, bem relacionada e, é claro, grega. — Eu já não a vi antes, Phoebe? — A voz profunda fez a pergunta num tom casual e ela não teve escolha, senão olhar para ele. Dessa vez Phoebe não se preocupou. Jed nunca a considerara boa o bastante para ele. Ao contrário de Sophia que aparentemente conhecia toda a sua família e amigos. Ela, por sua vez, não passara de uma amante. Agora percebia que tivera sorte em fugir, porque aquele homem certamente não era bom para ela. E se estava pensando que podia atormentá-la com suas perguntas astutas, estava muito enganado. — Não, deve estar me confundindo com outra pessoa. Isto é o mais próximo da Grécia que já cheguei. Phoebe viu uma luz bruxuleante de diversão nos olhos escuros. O porco desprezível estava gostando daquela situação. — Então talvez você seja uma modelo e vi sua foto em alguma revista? — sugeriu, e Phoebe percebeu que ele estava escarnecendo. — Receio que não. — Por sorte, a namorada dele o segurou pelo braço e a impediu de dizer brusca e sarcasticamente que ele devia conhecer tantas mulheres que as faces tendiam a se confundir depois de algum tempo. — Vocês homens não sabem nada sobre modelos, Jed — provocou Sophia, agarrando-se ao braço do namorado. — Phoebe é muito cheinha para ser uma modelo. Elas são todas magérrimas. Phoebe deixou de sentir pena de Sophia, por ter um diabo cruel e arrogante como Jed como namorado. Decidiu que os dois faziam uma bela dupla. Por trás do sorriso falso e dos grandes olhos castanhos, a mulher não passava de uma boa bisca. 22


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Havia engordado uns dois quilos nos últimos cinco anos, mas ninguém poderia chamá-la de gorda. Ensinava História e Educação Física, e seus músculos eram bem delineados. Apenas seu ventre se encontrava um pouco mais proeminente. Havia uma boa razão para isso. Porém, não era da conta daqueles dois. — Sua namorada tem razão. Na verdade, sou professora de história em uma escola para meninas perto da minha casa — disse ela, então pegou o copo no balcão, tomou outro gole do suco e desejou nunca ter permitido que Julian a persuadisse a vir ao baile. — História? Uma matéria interessante. O que prefere ensinar? Antiga ou moderna? — perguntou Jed, arque-ando uma sobrancelha, sardônico. Phoebe o fitou com um olhar fulminante. — Ambas. — Muito sábio da sua parte. A história antiga pode nos ensinar muito sobre as pessoas. Será que era a única a ouvir o cinismo no tom dele? — Tenho certeza que não há ninguém que possa ensinar mais do que você — disparou ela e parou. Oh, inferno! Por que não podia manter a boca fechada? Todos a estavam olhando como se ela tivesse perdido o juízo. Talvez tivesse. Jed Sabbides sempre provocara aquele efeito nela. O riso amável de Julian quebrou a tensão do momento. — Ah, Phoebe, retiro o que disse sobre você se unir a mim no Ministério das Relações Exteriores — comentou ele passando o braço ao redor dos ombros dela. — Nunca daria uma boa diplomata. — Os três gregos sorriram. — Você diz o que pensa, uma falha fatal para um membro do corpo diplomático. — Julian curvou a cabeça e roçou os lábios ligeiramente contra os dela. — Mas em outros aspectos não tem defeitos — acrescentou. Por um breve momento, Jed Sabbides ficou atordoado pela onda súbita de raiva que sentiu quando Julian Gladstone beijou Phoebe. Cinco anos haviam se passado desde que a vira pela última vez, desde que voltara para constatar que ela o abandonara, levando tudo que ele lhe dera, inclusive o gato. Não ficou satisfeito na ocasião, mas depois de tudo que acontecera entre eles, não era surpresa. Então, seguiu sua vida em frente, supondo que ela havia feito o mesmo. Phoebe não significava mais nada para ele, disse a si mesmo. Mas não conseguia resistir à tentação de provocá-la, desejando saber por quanto tempo ela seria capaz de sustentar a mentira de que não o conhecia. Porém ver outro homem beijando-a despertara-lhe o instinto de posse primitivo que sentia anos atrás. E ela estava usando os diamantes. Um presente dele. O que de alguma maneira o ofendeu ainda mais. Nunca tivera uma amante mais sexualmente compatível do que Phoebe e aquela constatação abalou seu firme autocontrole. — Lembrei-me de onde a conheço. — Jed não estava mais divertido, mas irritado pela rejeição dela. — Você trabalhava como recepcionista em um hotel onde me hospedei uma vez. Era uma estudante na ocasião, creio eu. 23


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— É possível. Trabalhei meio período em um hotel, mas muitas pessoas atravessam a recepção e é impossível lembrar-se de todos. A mulher elegante que se encontrava à sua frente agora era o oposto da jovem inocente de que ele se lembrava. O vestido de seda cinza aderia-se às suas curvas e os saltos dos sapatos deixavam-na ainda mais alta. Ela o fitou com um olhar frio. Jed não se lembrava de vê-la tão irritada no passado. — Venha Jed. — Sophia agarrou-o pelo braço. A orquestra está tocando a nossa música. Vamos dançar. — Sim, claro. — Jed olhou para a namorada, a raiva que sentia enfraqueceu e seu controle se restabeleceu. Então, percebeu ironicamente que Phoebe o enfurecia, mas a mulher que ele pretendia pedir em casamento, era o oposto, deixava-o frio. A música soava lenta e Sophia descansou a cabeça no tórax dele. Estava satisfeito em deixá-la daquele modo. Isso evitava ter que conversar, o que lhe dava tempo para pensar. Normalmente, não costumava frequentar aquele tipo de reunião, mas como Sophia pedira, e era filha do embaixador, concordara. Ficariam na embaixada naquela noite e decidira que seria uma boa oportunidade para fazer a coisa convencional e pedir a mão dela ao pai. Sophia era uma mulher atraente, bastante conhecida por seus trabalhos voluntários, angariando fundos para numerosas entidades de caridade em Atenas. Era oriunda de uma família amiga e grega, logo sabia o que era esperado de uma esposa grega. Ela possuía quadris adequados para a gravidez ou assim ele pensava até meia hora atrás, quando Sophia e o pai haviam iniciado a primeira dança. Ele ficara aguardando no topo da escadaria com um copo de champanhe nas mãos. Depois de tomar um gole, olhara distraído ao redor, quando de repente seu olhar se estreitou transfixado pelo casal parado no meio do salão. A haste do copo quebrou em seus dedos. Mas dispensou a preocupação do garçom, seus olhos estavam fixos no casal. O homem era alto e loiro e a mulher em seus braços era Phoebe. Não havia dúvida. A imagem dela ficara gravada em sua mente para sempre. Phoebe Brown... Os cabelos claros penteados para trás, revelavam as feições primorosas. Tinha a cabeça inclinada para trás e sorria para o acompanhante. Seu olhar seguiu a linha esbelta daquele pescoço delicado até o vale suave dos seios, uma divisão tentadora exibida com fartura pelo decote do vestido longo que ela usava. Foi obrigado a colocar a mão no bolso da calça, surpreso pelo modo como ficara excitado só de olhar para ela. Mas afinal, ela sempre lhe provocara esse efeito e aparentemente nada havia mudado. Não tirou mais os olhos dela um instante sequer Então reconheceu algo. A presilha de diamantes em forma de borboleta, que lhe prendia um dos lados dos cabelos ao alto da cabeça, fora um presente seu. A primeira jóia que lhe comprara e ela a levara junto com todo o resto quando deixara o apartamento. Na ocasião, dissera a si mesmo que eram apenas presentes, pouco, em vista do que ela havia passado e a tirou da mente. Então por que agora ficara tão aborrecido ao vê-la usando o presente 24


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em companhia de outro homem? Os dois eram íntimos, era óbvio pela linguagem corporal. Com certeza, eram amantes ou até mesmo marido e mulher. Naquele momento, viu a futura noiva e o pai dela se aproximando e forçou um sorriso. Fingindo um moderado interesse no homem alto e loiro fez algumas perguntas ao embaixador e logo descobriu quem ele era. Julian Gladstone, um abastado proprietário de terras e uma estrela ascendente no Ministério de Relações Exteriores, era conhecido por suas brilhantes habilidades linguísticas. O embaixador sabia pouco a respeito de Phoebe, mas ofereceu-se para apresentá-lo a Gladstone, dizendo-lhe que ele ia gostar de conhecêlo, que todos gostavam... Bem, acabara de conhecê-lo e não gostara dele. — Jed, a orquestra parou de tocar. — Sophia roçou o corpo sensualmente de encontro ao dele. — Você estava a uma milha de distância — reclamou ela com um beicinho. — Perdido em seu abraço — murmurou ele, enquanto a conduzia de volta ao grupo no bar. Sophia não se deixou enganar e amuada caminhou na direção de Julian. Tremulando os longos cílios, sugeriu que ele a tirasse para dançar. Os lábios de Jed se torceram novamente. Se Sophia estava tentando provocar-lhe ciúmes, não importava. Gladstone era cavalheiro demais para recusar e isso lhe deu a oportunidade de se aproximar de Phoebe. — Agora somos só nós dois. — Ele percebeu a rejeição nos olhos azuis brilhantes. Phoebe enrijeceu ao mesmo tempo em que ergueu o queixo determinada. — Dance comigo — exigiu ele, segurando-a pelo pulso, antes que ela pudesse recusar. Phoebe abrira a boca para negar, mas o toque elétrico da palma lisa de Jed contra a sua pele a fez prender a respiração. Com a outra mão ele a envolveu pela cintura e a puxou para si em direção à pista de dança. A música soava lenta novamente. Phoebe pousou as mãos sobre os ombros largos de Jed, tentando manter um pouco de distância entre os dois. Tudo que tinha a fazer era dançar. Não precisava conversar com ele. Virou a cabeça de leve, mas podia sentir os olhos escuros sobre ela. — Pare de ficar olhando para o espaço e me conte como tem vivido, Phoebe. Considerando a sua aparência, acho que muito bem. Está mais bonita que nunca. — Obrigada. Estou bem — retrucou ela determinada a ser friamente educada. Mas era difícil com os braços de Jed ao seu redor. — Então me diga por que tenho a impressão de que não gostou nem um pouco de me ver outra vez. Até mesmo negou que me conhecia — disse ele com um sorriso zombeteiro. — Eu? Você teve oportunidade de dizer que nos conhecíamos, quando falei que era um prazer vê-lo, em vez de conhecê-lo. Mas não o fez e eu entendi. E óbvio que não queria transtornar Sophia. Mas o que não entendo é por que começou com seus joguinhos estúpidos. Teve sorte de eu não contar a verdade. Sua noiva não precisa 25


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saber que tipo de homem vil você é. — Sophia não é minha noiva. — Diga isso ao embaixador, porque suponho que ele esteja esperando que ela seja e muito em breve. — Sophia pode ter dado essa impressão ao pai, mas não é necessariamente verdade. — Bem, é uma pena, porque acho que vocês formam um par perfeito. De repente, Phoebe imaginou que se Jed estivesse casado e morando na Grécia com uma família, ela se sentiria melhor e seu segredo estaria a salvo. — Mas por que está me encorajando a casar? Talvez porque tenha planos de se casar com Julian Gladstone e não quer que eu conte a ele sobre o nosso caso e como tudo terminou? É isso, Phoebe? Quer manter nosso pequeno e trágico segredo? A face dela empalideceu. Lembrá-la do aborto já era ruim o bastante, mas se Jed soubesse de toda verdade... — Não seja ridículo. Julian e eu somos amigos há anos e ele sabe tudo a meu respeito. Apenas acho que você e Sophia formam um ótimo casal. — E são amantes há quanto tempo? — Isso não é da sua conta. Jed não disse nada, apenas entrelaçou os dedos aos dela e apertou-os contra o tórax largo. Phoebe sabia que estava em apuros. O calor da mão máscula em sua cintura a envolveu. Os dedos esguios se moveram, subindo lentamente até alcançarem a pele lisa e nua sob a pesada cortina de cabelos. Seu corpo formigava, o sangue fervia nas veias e sensações há muito esquecidas inundaram seu corpo. Não queria se sentir assim. Não queria sentir nada com aquele homem. Seus nervos enrijeceram a ponto de quebrar, enquanto lutava para manter o controle. Tudo que precisava fazer era agüentar até o final da dança e depois daquela noite jamais veria ou ouviria falar de Jed novamente, disse a si mesma. — Chega de falar em outras pessoas, Phoebe — murmurou ele ao ouvido dela. — Aproveite esta dança. Você sempre adorou dançar comigo e nada mudou. — Relaxe... Sabe que deseja isso. Estavam tão próximos que ela podia sentir o cheiro da pele masculina, a sugestão sutil da água-de-colônia dolorosamente familiar. A mão dele em suas costas deslizou, pressionando-a até não haver mais distância entre seus corpos. Phoebe ergueu a cabeça e viu o intenso brilho sensual naqueles olhos escuros. Então sentiu a pressão escandalosa da ereção dele de encontro a sua coxa. Um calafrio perpassou sua espinha, atingido-lhe o ventre. Durante um segundo se sentiu terrivelmente tentada. — A química entre nós ainda existe, Phoebe. Posso senti-la tremendo. A jovem que ele conhecera teria se ruborizado e então avidamente se derretido de encontro a ele. Mas Phoebe não era mais aquela pessoa. Tinha mais coragem e amor-próprio agora. Não sucumbiria a um suíno sexy e arrogante como Jed. 26


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E o mais importante é que não havia apenas ela para proteger... A constatação lhe deu forças. Espalmando as mãos no tórax dele, inclinou a cabeça para trás e o encarou. — Lembre-se de onde está e guarde isso para a sua namorada. Você me dá nojo, Jed. Aquelas palavras ditas com convicção atingiram o ego dele. Abaixando o olhar, Jed a libertou, deixando os braços caírem ao longo do corpo. A boca estava firmemente comprimida e ela esperou pela explosão de raiva. Mas isso não aconteceu. — Pegou pesado, Phoebe, mas eu entendo. A música parou, vamos nos juntar aos outros? — Segurando-a firmemente pelo braço, curvou os lábios num sorriso sardônico. — A propósito, fico feliz de ver que ainda está usando a presilha que lhe dei de presente. Ficou ainda mais bonita em seus cabelos, estão mais compridos agora. Phoebe havia esquecido a maldita presilha. Era a única jóia que conservara e agora desejava ter se desfeito dela também. Um rubor tingiu-lhe a face. — Então você ainda fica ruborizada. — E, erguendo-lhe o queixo com a ponta de um dedo, Jed a encarou bem dentro dos olhos. — Fico feliz que tenha guardado algo que eu lhe dei, embora nós dois saibamos que não era isso que você realmente queria e por isso eu lamento muito, sinceramente. A reação de Phoebe o surpreendeu. Ela ofegou e virou o rosto, mas não antes de ele perceber o flash de pânico e medo em seus olhos. Tentou segurá-la pelo braço, mas ela encolheu os ombros e caminhou apressada na direção de Julian, sem uma palavra em resposta. Aquela reação era no mínimo intrigante. A seu modo, ele estava tentando ser condolente, referindo-se ao passado que compartilharam e ao trágico aborto que ela sofrera. Não tivera a menor intenção de deixá-la em pânico e isso o fez desejar saber por que Phoebe reagira daquela maneira. Sentada no assento de trás do Bentley dirigido pelo chofer de Julian, Phoebe perguntou a que distância ficava o apartamento dele. — Não estamos indo para o meu apartamento, Phoebe. Pode ficar descansada. Instruí Max a nos levar de volta a Dorset. Por mais que eu a deseje, não quero ser substituto de outro homem. A viagem levará uma hora ou mais, tempo suficiente para você me contar sobre Jed Sabbides. Já o conhecia, não é? — Sim, eu o conheci quando estava na universidade. — E então ela contou tudo a Julian. — O homem não me pareceu ser tão vil, mas ele saiu perdendo — disse Julian, passando o braço ao redor dos ombros dela. — Esqueça esse rato. E ela quase esqueceu... Especialmente quando, ao chegarem em casa, Julian a advertiu com um sorriso: — Não estou entregando os pontos, Phoebe. Ficarei fora durante duas semanas ou mais e ligarei assim que voltar Então, beijou-a de leve nos lábios e partiu.

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CAPÍTULO QUATRO

Na matriz ateniense da Sabbides Corporation, um Jed pensativo recostou-se na cadeira de couro preto, o olhar fixo na pasta de papéis sobre a escrivaninha à sua frente. Leo Takis, um amigo e diretor de uma empresa de segurança que ele utilizava com frequência, lhe entregara o envelope pessoalmente 15 minutos atrás, com o comentário que, de acordo com seu detetive inglês, Sid, não havia nada de 28


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extraordinário. Queria de fato abrir aquele envelope? Tinha um dia ocupado pela frente e inúmeras coisas mais importantes a resolver. Mas naquelas duas semanas, após o baile na embaixada em Londres, sua vida havia se transformado em um inferno, tudo por causa de Phoebe Brown. Não conseguia se concentrar no trabalho. Não propusera casamento a Sophia. Pelo contrário. Terminara tudo, dizendo-lhe que não daria certo e voltaria para a Grécia na manhã seguinte. Sophia e o pai provavelmente nunca mais voltariam a falar com ele. A cada vez que pensava no modo como Phoebe se comportara naquela noite, aumentava seu pressentimento de que algo lhe fora ocultado. Era um bom jogador de pôquer, excelente na arte de interpretar sinais e algo lhe dizia que ela estava blefando. A frieza, o modo como continuara fingindo que jamais o conhecera antes, a resposta sensual, que ela tentara tão arduamente negar, quando ele a apertou nos braços e o medo em seus olhos quando a música terminou e os dois deixaram o salão... Phoebe evitara olhar para ele o resto da noite e isso instigara sua mente astuta a desejar saber por quê. Bem, aquela fora a desculpa perfeita para contratar os agentes secretos da agência de Leo. Na realidade, rever Phoebe despertara recordações que ele havia banido da mente com sucesso anos atrás. Jed fez uma careta. Desde então ficara em constante estado de excitação. Mas infelizmente, após o baile, quando levou Sophia para o quarto e a tomou nos braços, nada aconteceu! Pensou em insistir, fantasiar que estava com Phoebe... Mas naquele momento a verdade incômoda o atingiu. Havia mentido para si mesmo durante anos. Nunca fizera sexo com alguém que lhe desse mais prazer do que Phoebe. Na realidade, amargara um terrível celibato dois anos após o término do relacionamento deles. Percebeu então que seu sensato plano de se casar com Sophia jamais daria certo. Ela era uma amiga e não merecia um marido que não a amasse. Jed pegou o envelope. Dentro estavam os detalhes sobre a vida de Phoebe Brown desde a semana em que deixara o apartamento de Londres até os dias atuais. Ele segurou o arquivo na mão e o achou leve. Bom ou mau sinal? Não sabia. Mas de uma coisa estava certo: precisava de Phoebe em sua cama novamente. Devagar, abriu o envelope e começou a ler. Cinco minutos depois, contemplou a fotografia de mãe e filho na parte final do breve relatório, antes de largar a papelada sobre a escrivaninha. Então, girou a cadeira e olhou para a brilhante luz do sol de outubro através da parede de vidro do escritório. Os olhos escuros se estreitaram em uma carranca contra a chama de raiva que queimava dentro dele. Um mês depois de se formar, Phoebe Brown voltara a viver com a tia em um pequeno vilarejo em Dorset. O que não era surpresa. Passara um ano se especializando para ser professora e agora lecionava em uma escola em Dorset. Comprara um pequeno chalé em péssimo estado de conservação anexo ao da tia, transformando-o mais tarde em uma propriedade independente. Levava uma vida tranquila e monótona ao lado da 29


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família, era respeitada pela comunidade e estimada por todos que a conheciam. O mais surpreendente, no entanto, e que o deixou mais irritado, era um detalhe daquela família... Phoebe era mãe solteira de um menino de quatro anos de idade. Não incomum na idade dela e nos dias atuais. Mas o que chamou sua atenção de imediato, fora o fato de o bebê ter nascido apenas sete meses e uma semana após o aborto que ela sofrera e não constar o nome do pai na certidão de nascimento do menino. Não conseguia acreditar naquilo. No fundo, não queria acreditar, mas não havia como negar. Estava lá na cópia da certidão de nascimento. O bebê nascera no Bowesmartin Cottage Hospital no condado de Dorset. Devia ter nascido prematuro, é óbvio. Bem, a doce e inocente Phoebe que ele pensava que conhecia não representava nada para ele. Era passado e o melhor seria deixar as coisas como estavam. Mesmo com toda a sua beleza, ele a desprezava. Durante anos carregara um imenso sentimento de culpa pelo que havia acontecido entre eles, mas agora não mais. Isso simplesmente reforçava o que ele sempre acreditou: o amor não existia e as mulheres sempre tinham segundas intenções. Phoebe não fora capaz de esperar mais de uma semana para se atirar nos braços de outro homem e engravidar novamente. Talvez fosse o tipo de mulher que queria um filho mais do que um companheiro. O que importava? A relação deles havia terminado há muito tempo. O que Phoebe Brown fazia da vida dela não era da sua conta. Virou-se outra vez para a escrivaninha, determinado a tirá-la da mente de uma vez por todas, alcançou a pasta de documentos para guardá-la e hesitou. Algo sobre Phoebe e o filho dela não se encaixava... Pegou a fotografia e olhou mais uma vez, agora mais atentamente. Era óbvio que fora tirada à distância. Havia outras mulheres e crianças na área de recreação. Mas as feições de mãe e filho em primeiro plano estavam bem nítidas. Definitivamente, tratava-se de Phoebe sorrindo para a robusta criança de cabelos escuros que segurava sua mão. Enquanto estudava a imagem no papel, teve um sentimento de reconhecimento que se aprofundou à medida que ele examinava a fotografia. Ergueu-se com um impiedoso brilho de aço nos olhos escuros. Se suas suspeitas estivessem corretas, Phoebe Brown era uma tremenda atriz e a mulher mais desprezível que tivera o infortúnio de conhecer. Com uma carranca, entrou no escritório da secretária e pediu que ela cancelasse todos os seus compromissos em Atenas, até segunda ordem. Ia visitar o escritório de Londres. Não precisava da agência de Leo para descobrir o que tinha em mente. Conduziria a própria investigação pessoal e, se suas suspeitas tivessem fundamento, faria Phoebe pagar todos os minutos de todos os dias para o resto da sua vida pela mentira desprezível que lhe pregara. — Ele deu muito trabalho? — perguntou Phoebe a Kay, apertando a mão de 30


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Ben, que tentava puxá-la para a calçada. — Não, ele é ótimo. Ficou brincando com Emma. Phoebe vivia nos arredores da aldeia de Martinstead e lecionava em uma escola particular perto de Bowesmartin. Kay, sua amiga e companheira de quarto dos tempos de estudante, viera visitá-la quando Ben nasceu e acabou se casando com o veterinário local. Sua filha era 18 meses mais nova que Ben e Kay costumava pegar o menino no jardim de infância e cuidar dele até Phoebe sair do trabalho e vir buscá-lo. — Obrigada. Não faz idéia do quanto aprecio sua ajuda. Na próxima semana trabalho só meio período, graças a Deus. Depois serão apenas mais seis semanas e tia Jemma já estará de volta. Tudo bem para você? — Pare de se preocupar. Não é problema algum. Agora vá, está frio aqui fora. — Está bem. — Phoebe riu e começou a caminhar pela calçada de mãos dadas com o filho que saltitava a seu lado. Jemma estava de férias na Austrália e quatro dias depois que partira, Phoebe percebera o quanto dependia da mulher para ajudá-la com Ben. A tia estava a seu lado quando Benjamim nascera e depois cuidou do menino, enquanto ela se especializava para dar aulas e então trabalhar.. Quando Ben começara na escola em setembro, ela encorajara a tia a finalmente tirar os dois meses de férias que vinha planejando há anos. Tia Jemma merecia um descanso. Sempre cuidara dela e agora se dedicava da mesma maneira a Ben. Phoebe olhou para o filho. Os dois tinham sorte. Ser professora era uma vantagem para uma mãe solteira, pensou contente. Seu período de férias coincidia com o do filho e na semana seguinte poderia relaxar com Ben. O menino agora queria um papel de parede com figuras de carros ou dinossauros. — Mamãe! Mamãe! — gritou a criança e estacou, forçando-a a parar também. — Sim, querido, o que é? — Posso ter um carro igual àquele na minha parede? — perguntou o menino apontando para o carro estacionado na calçada oposta. Ela riu. Era um monstro preto, com uma aparência letal e rodas enormes. O tipo que atraía o olhar de jovens e velhos pensou seca. — Mamãe, podemos atravessar para ver que marca de carro é aquela? Mas Phoebe mal ouviu o pedido entusiasmado de Ben quando a porta se abriu e um homem saiu de dentro do veículo. Alto e magro, usava um suéter preto e calça jeans, seu olhar tão escuro e perigoso quanto o carro. Jed Sabbides... — Phoebe, que surpresa! Achei que era você, mas ouvi a criança chamá-la de mamãe. A saudação profunda e sonora mexeu com todos os nervos do corpo dela. Esforçando-se para permanecer calma, Phoebe olhou para ele e o cumprimentou num tom educado. — Oi, Jed. 31


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— Eu não sabia que você já tinha um filho. Ninguém me contou. Olá rapazinho. Ouvi você dizer a sua mãe que gostou do meu carro. — Ele sorriu para Ben. — É o mais recente modelo Bentley conversível. — Uau! Isso quer dizer que o teto dele levanta? — perguntou Ben com os olhinhos arregalados. — Sim, é só apertar um botão. Quer vê-lo por dentro? Ou melhor, tenho outra idéia. Vamos dar um passeio. — Não — recusou Phoebe, puxando Ben mais para si. — Ele sabe que nunca deve entrar no carro de um estranho. — Admirável! Mas você e eu não somos estranhos. Não há mal algum em me apresentar ao seu filho, ou há? Ele sabia... Esse foi o primeiro pensamento de Phoebe, então o bom senso prevaleceu. Jed poderia ter suspeitas, mas não sabia com certeza e ela não lhe contaria. Umedecendo os lábios, considerou suas opções. Podia pegar Ben e ignorar Jed ou aplacar qualquer suspeita que ele pudesse ter, sendo educada. As boas maneiras venceram. — Ben — disse, olhando para o filho. — Este é Jed. — Ela engoliu em seco, forçando um sorriso nos lábios tensos. — É um conhecido da mamãe. — Não mentiria, chamado-o de amigo. — Diga olá. Ben a fitou com um olhar confuso, então encarou Jed solenemente. — Oi, Jed. Sou Benjamim Brown. Vivo em Peartree Cottage, Manor House Lane em Martinstead. Phoebe sentiu vontade de gritar. No ano anterior passara semanas ensinando Ben a dizer seu nome e endereço, no caso de se perder e agora ele revelara aquilo ao último homem que ela queria que soubesse onde ela vivia. Então o filho traiçoeiro a fitou com um sorriso. — Agora posso dar uma volta no carro do moço, mamãe. — Sim, claro que pode, Ben — disse Jed. — Darei uma carona para você e sua mãe até em casa. — Não, não é necessário. A despeito de qualquer outra coisa, é ilegal uma criança viajar em um carro, a menos que disponha de um assento infantil e duvido que possua um. — Ela lançou um relance descrente ao monstro preto. — Vamos caminhando até em casa. — Mas mamãe... — Sinto muito, filho. Sua mãe tem razão. Jed a fitou e Phoebe percebeu o torcer cínico dos lábios dele. Seu coração despencou ao ouvi-lo dizer a palavra filho naquele tom casual. De alguma maneira ele ficara sabendo. Mas ela não fazia a mínima idéia de como descobrira e já que em uma memorável ocasião havia lhe dito claramente que um filho não estava em seus planos, o fato de estar querendo se envolver a pegara de surpresa. 32


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— Sim, mas há um assento infantil no carro da mamãe. Você pode ir até em casa conosco e pegá-lo. Pode ser mamãe? — O quê? — Phoebe encarou Ben, a criança brilhante e inteligente da qual tanto se orgulhava, e pela primeira vez desejou que o menino não fosse tão inteligente. — Boa idéia, Ben, se sua mãe concordar. A última coisa que ela precisava era que Jed descobrisse que ainda tinha o carro que ele lhe dera. A presilha no baile já lhe causara bastante embaraço e desejou dizer não. Mas em vez disso arrumou uma desculpa. — Acho que não é uma boa idéia. É muito difícil, colocar e tirar o assento infantil do meu carro. E, além do mais, está ficando tarde, você tem que tomar seu chá e ir para cama às 7h30. Tenho certeza que o Sr. Sabbides é um homem muito ocupado. Talvez outro dia. — Não tão ocupado. Mas concordo sobre o assento, Phoebe. Tenho outra idéia. — Após conferir o relógio, ele olhou para Ben e sorriu. — Enquanto você e sua mãe vão para casa tomar chá, vou fazer algumas ligações. Mas estarei de volta às 6h com um assento e sairemos para dar uma volta, que tal? Horrendo, Phoebe pensou amarga. Mas, ao ver o sorriso radiante na face do filho, não foi capaz de desapontá-lo. — Se o Sr. Sabbides tem certeza, por mim tudo bem — mentiu. — Tenho certeza. Jed a fitou com um relance afiado e ela teve a sensação de que ele não estava falando sobre um passeio de carro. Mas com um pouco de sorte, não encontraria um assento infantil assim tão facilmente em Dorset e eram 4h30 da tarde de uma sextafeira. Weymouth, na costa, era a cidade mais próxima com lojas que vendiam esses artigos. Ele acabaria desistindo ou se perdendo. — Eu voltarei, Phoebe. Pode contar com isso. — Isso é o que você diz. Jed lhe dissera as mesmas exatas palavras quando partira para a Grécia para o aniversário do pai e mentira. Relembrar o passado ajudou-a encontrar forças para resistir Ele não queria um filho cinco anos atrás e com toda a certeza não o iria tirar dela agora. — Acredite em mim — declarou ele e, arrepiando o cabelo do menino com a mão, acrescentou: — Vejo você mais tarde, Ben. — Voltando ao carro, ligou e motor e partiu. Jed Sabbides dirigia a uma velocidade arriscada pelas estreitas pistas rurais em direção a Weymouth, com a mente girando. Não esperava tê-los encontrado. Havia parado na agência de correios de Martinstead apenas para pedir informações de como chegar Peartree Cottage. A criança se parecia demais com ele naquela idade. Ben era seu filho. Podia apostar sua vida nisso. Mas não fazia sentido. Na semana anterior, olhando a foto da mãe e do filho, suas suspeitas aumentaram. A primeira coisa que fez ao chegar a Londres foi contatar Marcus e marcar um jantar com o amigo na noite seguinte. Após 33


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relembrarem os tempos de estudantes e o passado em geral, Jed o questionara sobre o aborto, sem mencionar que Phoebe tivera outro bebê. Não queria parecer um idiota paranóico! Marcus lhe dissera que na ocasião havia conversado com Dr. Norman e lido o boletim médico e que não havia dúvida que Phoebe perdera a criança. O sexo da criança ainda era indistinto. Então, tendo bebido mais do que deveria, Marcus o aconselhou a esquecer a jovem encantadora e o lembrou de que ela não cumpriu o compromisso de ir à clínica para a curetagem, o que não era surpresa, dadas as circunstâncias. Após deixar o velho amigo em casa, Jed tentou contatar o Dr. Norman na manhã seguinte, mas infelizmente o velho médico havia morrido. Seria possível os médicos estarem errados? Tinham que estar! De alguma maneira Phoebe mentira e os enganara que havia abortado. Ao se aproximar dela naquela tarde vira o mesmo pânico em seus olhos. Escondendo o filho dele... Se estivesse certo, jurava que ia fazê-la sofrer por todos os dias da vida de Ben que ele havia perdido. Enquanto Ben brincava feliz no chão da cozinha, Phoebe preparara o jantar dos dois, com os pensamentos tumultuados. Jed suspeitava de algo. Não era possível que fosse apenas uma coincidência ele estar ali. Mas quem teria lhe contado? Não Julian. Tinha certeza que o amigo era bastante discreto. Carregando dois pratos de linguiça grelhada, purê de batata, ervilhas e cenouras, colocou-os sobre a mesa e deu um grande abraço no menino. Precisava se certificar de que Jed não seria uma ameaça a sua vida feliz com o filho. Oh, Deus! Que tipo de exemplo aquele coração frio e cruel poderia dar a uma criança? Naquele momento, chegou a uma conclusão. Jed não tinha provas de que Ben era filho dele e desde que ela negasse, havia pouco que ele pudesse fazer. Phoebe consultou o relógio. 18h45. Jed estava atrasado. Com um pouco de sorte, ele jamais voltaria. O insensível não voltara quando lhe prometera. Por que a promessa ao filho dela seria diferente? Ben podia ficar chateado durante algum tempo, mas superaria a decepção. Problema resolvido. — Muito bem, querido. Está na hora de tomar banho e ir para a cama. — Mas e o meu passeio de carro? O seu amigo prometeu. A decepção nos olhos castanhos tocou o coração dela. — Ele deve ter se atrasado. Quem sabe ele vem outro dia. — Você acha? — Oh, tenho certeza. — Está bem, posso levar a lancha para a banheira? — perguntou o menino no mesmo instante em que a campainha tocou. Oh, inferno! Amaldiçoou Phoebe, mas Ben já estava correndo para abrir a porta. Jed estava parado no degrau com um sorriso largo na face. — Você voltou! Mamãe disse que viria. — Sua mãe me conhece bem. Consegui um assento infantil, logo, se ela 34


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concordar, podemos dar uma volta agora. — Você está atrasado. Está quase na hora de Ben ir dormir. Mas ela não estava surpresa por Jed ter conseguido o assento infantil. O homem era capaz de achar um lago em um deserto. O que a pegou de surpresa fora o fato de ele ter colocado a cadeirinha no banco da frente de passageiro. Não estava certa se era permitido por lei uma criança viajar no assento dianteiro, mas quando tentou objetar Jed lhe dissera que fora informando pela vendedora da loja que não havia problema. — Bem, é melhor ser um passeio rápido — concedeu ela por fim. Quinze minutos mais tarde, se encontrava sentada no assento traseiro do carro, remoendo silenciosamente seu ressentimento. Assim que entraram no veículo, Jed demonstrara como o teto levantava, para a alegria de Ben. Phoebe podia ouvir a excitação na voz do menino quando Jed lhe deu o que parecia instruções de como dirigir. Sentiu vontade de gritar que o filho só tinha 4 anos e pedir para ele reduzir a velocidade. Mas sabia que era inútil. Havia esquecido como Jed tinha propensão a dirigir como um louco. Quando o carro parou em um semáforo em frente ao Bowesmartin Cotagge Hospital, ouviu Ben falar para Jed: — Vim aqui quando quebrei o braço e o homem disse que eu era muito valente — a criança se vangloriou feliz da vida. — Disse também que o meu nascimento foi um milagre, porque tive um irmão gêmeo que morreu antes de eu nascer. Phoebe fechou os olhos, toda a cor desapareceu de seu rosto. O passado voltara para se vingar. — Que interessante, Ben — ela ouviu Jed responder. Abriu os olhos e viu que ele a observava pelo retrovisor. — Os bebês às vezes dizem coisas extraordinárias, não é Phoebe? — escarneceu ele e o brilho de triunfo amargo nos olhos escuros a fez gelar até os ossos. — Não sou um bebê. Agora tenho quase 5 anos. Sou um menino grande — declarou Ben, salvando-a de ter que responder. Phoebe olhou cegamente através da janela, enquanto as luzes mudavam e Jed dirigia. O nascimento de Ben fora um milagre e sua mente vagueou até o passado, enquanto lá fora a paisagem familiar passava apressada. Vivia há quase dois meses com a tia Jemma, quando por fim lhe contara sobre o seu caso de amor desastroso com Jed e o aborto que sofrera. A razão fora que uma semana antes fizera uma visita a sua ginecologista local, porque continuava sentindo náuseas e inchaço. Algo estava errado. Contara à médica que sofrera um aborto sete semanas antes, mas não conseguia recordar o nome do hospital de Londres, só o do Dr. Norman. Não viu motivo para mencionar Jed ou Dr. Marcus, embora, no fundo temesse ter sido precipitada, partindo de Londres sem ter feito a curetagem. Ainda podia sentir o pânico que tomou conta dela, após a ginecologista tê-la examinado e auscultado seu peito, bem como o abdômen. A médica lhe dissera que ela estava grávida de 16 semanas e que o bebê estava bem. Providenciou para que ela 35


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fizesse um ultrassom no hospital e procurou tranquilizá-la. Era uma ocorrência rara, mas originalmente ela estivera grávida de gêmeos e perdera um.

CAPÍTULO CINCO

Phoebe se considerava afortunada por cinco anos atrás não ter comparecido à consulta com o Dr. Marcus para o procedimento de curetagem. Mas não se sentia afortunada agora ao sair do quarto de Ben. O menino adormecera rapidamente, mas ela sabia que teria dificuldade para dormir naquela noite, com a ameaça de Jed ainda zunindo em seus ouvidos. Ao voltarem ao chalé, Ben agradeceu o passeio de carro e então acrescentou que era um super carro, mas que ele gostava mais da cor do carro do tio Julian que era vermelho bem brilhante. Phoebe foi obrigada a rir do olhar 36


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aborrecido no rosto bonito de Jed. — Então, você gosta do carro vermelho e também do tio Julian, hein Ben? — Sim. Ele é meu amigo e da mamãe, como você — disse o menino, ao deixar o carro todo contente. — Lembrarei disso — afirmou Jed ao se despedir da criança. O sorriso de Phoebe desparecera, quando ele se virou na direção dela. — O tio Julian que vá se danar! Eu voltarei e é melhor você ter algumas respostas preparadas. Pensar na ameaça de Jed não estava lhe fazendo bem algum, decidiu Phoebe ao entrar no quarto e retirar as roupas úmidas. Dar banho em Ben era uma operação complicada, mas gratificante. Minutos depois, desceu os degraus em silêncio e caminhou até a cozinha. Uma xícara de chá a acalmaria. Não havia porque se preocupar com uma batida na porta que talvez nunca acontecesse. Abriu um dos armários e retirou uma caneca. Um sorriso lânguido curvou seus lábios. Fora um presente feito por Ben no último Natal, com a ajuda de tia Jemma. A inscrição na porcelana branca proclamava que a dona da caneca era a melhor mãe do mundo. Uma lembrança oportuna! Sua posição estava bem clara e se Jed Sabbides voltasse, tudo que ela precisava fazer era se lembrar que era a melhor mãe do mundo e mandá-lo andar... Phoebe encheu a caneca com chá e foi se sentar no sofá em frente à lareira. Tomou um gole, ligou a televisão e zapeou pelos canais, mas não havia nada que despertasse o seu interesse. Suspirando, olhou ao redor da sala. Amava aquela casa. Comprara-a com a ajuda de um colar de diamantes e algumas outras jóias, não desejadas. Mas infelizmente, estava com um profundo pressentimento de que seu lar feliz estava a ponto de desmoronar, se Jed cumprisse sua ameaça. Uma hora mais tarde, conferia a redação de Elizabeth Smith, uma de suas alunas, na biblioteca, quando ouviu uma batida na porta da frente. Pensou em não responder, mas não queria que o sono de Ben fosse perturbado e relutante se ergueu. Respirando fundo, abriu a porta. Estava escuro lá fora, mas a luz do corredor iluminou a figura alta de Jed com a mão elevada, como se fosse bater novamente. Paciência nunca fora uma das suas virtudes, recordou ela. Os olhos escuros que a fitaram eram inescrutáveis, mas Phoebe podia perceber a tensão nos ombros largos dele. Estava usando a mesma roupa casual e a barba escura por fazer sombreava-lhe a mandíbula quadrada. Parecia ainda mais perigoso e ameaçador do que antes. O coração dela começou a bater um pouco mais acelerado. — Está muito tarde para uma visita. Seja o que for que queira me dizer, não pode esperar até a manhã? Quero dormir cedo. — E segurando a maçaneta, começou a fechar a porta. Mas uma mão forte segurou-lhe o pulso, impedindo-a. — Quem está aí dentro? Tio Julian? — perguntou ele, entrando e fechando a 37


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porta em seguida. — Não seja desagradável. Eu gostaria que você partisse — continuou, determinada a permanecer cortês, mas firme. — Por que, droga? Por quê? — exigiu Jed, segurando-a pelo braço e puxando-a de encontro ao seu físico alto. — Você me disse que estava grávida prontamente. O que fiz de tão errado para alguns meses depois você me negar o direito de conhecer o meu filho? Phoebe viu a fúria e a raiva contida em seus olhos e ignorou-as, erguendo a cabeça com altivez. — Ele não é seu filho. — Era uma última tentativa desesperada de fazê-lo partir. Estava atenta à tensão que o dominava e à pressão daquele corpo rijo de encontro ao seu. Jamais conhecera um homem que a afetasse tanto e começou a tremer. — Sei a mentirosa que você é e poderia estrangulá-la pelo que me fez — ameaçou ele, rodeando-lhe o pescoço com a mão livre, os dedos longos afundaram nos vastos cabelos loiros, puxando-lhe a cabeça para trás. — Mas não se preocupe. Há outros modos de fazê-la sofrer. Cativa daquele aperto férreo, Phoebe o fitou e reconheceu a sensualidade ameaçadora na profundidade daqueles olhos escuros. — Não — Espalmando a mão contra o tórax largo de Jed, tentou se desvencilhar. Mas ele a puxou com fúria, esmagando-a de encontro ao corpo. E sem pensar em mais nada, inclinou a cabeça e a subjugou com um beijo brutal. A mão dele segurava-lhe a cabeça com firmeza, enquanto a boca saqueava a dela com uma paixão cruel, contra a qual Phoebe lutou para resistir. Mas era um esforço inútil. Indiferença era sua única esperança, mas era uma esperança vã. O doloroso gosto familiar, inacreditavelmente despertou-lhe um desejo há muito negado. Phoebe tentou dissipar as recordações físicas, mas seu corpo parecia ter adquirido vontade própria e a traiu. Jed sentiu aquela resposta imediata e suavizou o beijo. Devagar, deslizou os lábios ao longo do pescoço esbelto, sentindo a fúria com que a pulsação dela latejava. Phoebe mal percebeu quando ele ergueu a mão e com o polegar roçou de leve um mamilo intumescido, pressionado de encontro ao tecido da blusa que ela usava. Nesse instante, ela percebeu que estava em perigo. — Tire suas mãos de mim! — Contorcendo-se, livrou-se da carícia sedutora e deu um passo atrás. Jed a encarou por um longo momento, os olhos escuros tempestuosos. Então riu, o som cruel ecoou no silêncio pesado. — Você ainda me quer, Phoebe. Senti o seu coração disparando, seu corpo tremendo... — escarneceu. — De raiva. Você me dá nojo — mentiu ela, aturdida pela facilidade com que Jed quase a seduzira novamente. — Isso não é verdade. Mas eu não esperaria que uma mentirosa como você 38


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admitisse a verdade. Foi o tom frio e arrogante, bem como aquelas palavras que fizeram Phoebe, sem parar para pensar, erguer a mão e esbofetear aquele rosto bonito. — Vá embora da minha casa agora ou chamarei a polícia! — Não. — Segurando-a pelo pulso, ele a arrastou até a sala de estar. — E fale baixo ou vai acordar o Ben. — Não preciso que me diga como devo cuidar do meu filho. — Sente-se. Embora não admitisse, Phoebe agradeceu por Jed fazê-la sentar-se. Suas pernas estavam fracas e ainda não se recuperara do poder daquele beijo, nem assimilara sua reação a ele. — Eu a perdôo pelo tapa, porque talvez eu tenha sido um pouco severo, mas era uma escolha entre beijá-la ou torcer seu belo pescoço. Teve sorte de eu escolher a primeira opção. Mas devia saber que não há nada que excite mais um homem do que uma mulher desafiadora. — Não acredito que disse isso. Porco chauvinista. Você devia viver na Idade Média. — Não, devia viver com meu filho. — Ele a encarou, a expressão fria. — E por isso que estou aqui e porque temos que conversar. Mas primeiro eu gostaria de tomar uma bebida. — Retirando o casaco, colocou-o sobre o braço do sofá. A visão de Jed em um suéter que delineava os contornos do seu tórax musculoso era algo que ela não contemplava há muito tempo. Forçando-se a desviar o olhar, Phoebe se ergueu. — Chá ou café? — perguntou. — Não tem nada mais forte? — Somente vinho. — Sem esperar por resposta, ela deixou a sala, contente por poder escapar da presença poderosa de Jed. Tentaria colocar os pensamentos em ordem. Cinco minutos depois voltou à sala de estar com duas taças e uma garrafa de vinho branco. Jed estava junto à escrivaninha com um porta retrato de prata nas mãos, estudando atentamente a foto de Ben. Phoebe sentiu um aperto no peito ao perceber o brilho maravilhado nos olhos dele, enquanto deslizava um dedo pela face risonha da criança na fotografia. — Vinho — murmurou ela, colocando o copo sobre a mesa. — Quantos anos tinha Ben aqui? — Jed ergueu o porta-retrato. — Dois. — Phoebe não queria falar sobre Ben com ele. Não queira aquele homem perto do filho dela. Mas tinha um horrível pressentimento de que não teria escolha. — E aqui ainda bebê, com Julian Gladstone. E a outra pessoa presumo que seja sua tia Jemma, não é? — Sim, Julian é um velho amigo da família e a tia Jemma, você nunca a 39


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conheceu porque sempre estava ocupado demais, pelo que me recordo. É a foto do batismo de Benjamim. Os dois são os padrinhos. — Julian Gladstone é padrinho do meu filho? — Ele a encarou com um olhar afrontado. — É padrinho do meu filho. E é um excelente padrinho. A casa dele fica a um quilômetro daqui e os dois se vêem com bastante frequência. Ben o adora. Jed não respondeu. Alcançando o copo, tomou um longo gole de vinho e a fitou com um olhar desdenhoso. — Desista, Phoebe. Ben é meu filho. Ele mesmo virtualmente disse isso no carro. Não sou bobo e a sua tentativa patética de valorizar o papel de Julian Gladstone na vida do menino não vai funcionar comigo. No momento que a vi com Gladstone na embaixada, percebi que estava escondendo algo de mim. Então procurei um amigo meu, dono de uma agência de segurança, para investigar a sua vida desde que deixou Londres. Boquiaberta, Phoebe o encarou horrorizada, enquanto Jed continuava seu relatório. — Não tinha certeza absoluta de que Ben era meu filho até ele comentar no carro que seu nascimento fora um milagre. Para confirmar minhas suspeitas, liguei para Marcus, que me informou que era perfeitamente possível, embora raro. Então visitei o hospital onde ele nasceu. A recepcionista foi bastante solícita. Perguntei se eu podia conseguir uma cópia dos prontuários de Ben, porque eu e você estávamos de partida para a Grécia e precisávamos deles, como medida de precaução no caso do nosso filho ter um acidente por lá. A mulher no fundo era uma romântica e quando lhe contei sobre nossa trágica separação, como nos reencontramos e que pretendíamos nos casar, ela foi mais do que útil. Ela me deu uma xerox. Sei que Ben nasceu em janeiro, por meio de uma cesárea e que já devia ter nascido duas semanas antes. Sei que era um dos bebês dos gêmeos que você estava esperando. Logo foi muito inteligente da sua parte esquecer o nome do hospital onde aconteceu o aborto! Também sei que Ben quebrou o braço caindo de uma pereira em seu quintal. — Você não tinha esse direito, a mulher não tinha esse direito! — Phoebe exclamou furiosa pelas revelações dele. — Sim, tenho todo o direito. Ele é meu filho e você deliberadamente o tirou de mim. Se há alguém que não tinha o direito de fazer o que fez, esse alguém é você. Como lhe disse antes, quero respostas. — Vou lhe dar respostas, tentando usar suas próprias palavras. Um homem não espera que sua amante fique grávida. Um filho não está nos meus planos. Isso o faz lembrar-se de algo? Você nunca quis um filho Jed. — Fiquei um pouco apavorado. Sou um homem solteiro e como tal sou programado para acreditar que o pior resultado do sexo é a gravidez. Foi um choque para mim. — Não sou idiota. Você nunca se apavora com nada em sua vida. Nada o choca, Senhor Invencível. Estava de posse do seu frio controle habitual e quis dizer 40


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exatamente todas aquelas palavra. Em seguida, como bem me recordo, disse para eu não me preocupar que o discreto Dr. Marcus cuidaria da minha gravidez e as despesas correriam por sua conta. Um aborto foi o que você me ofereceu. Mas para a sua sorte abortei naturalmente e não precisou gastar um centavo. O rico e poderoso, Jed Sabbides, seguro do seu lugar no mundo, temido por alguns e respeitado por todos, pela primeira vez na vida se viu sem fala. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Nunca lhe passara pela cabeça sugerir um aborto a Phoebe. Estava tentando assegurá-la de que o Dr. Marcus a assistiria durante a gravidez. Mas, pensando bem, talvez ela tivesse interpretado errado. — Nunca lhe sugeri um aborto — murmurou ele, mas Phoebe não o estava escutando. — Graças a Deus você não veio me buscar para me levar à clínica na semana seguinte, em vez disso instruiu Christina, sua assistente, a me dizer que discutiu o meu aborto com ela, que não ia voltar e lhe pediu para me aconselhar a partir. Caso contrário, Ben teria sido raspado do meu útero pelo discreto Dr. Marcus. E agora tem a coragem de me perguntar por que eu nunca lhe falei sobre o Ben. Você me dá nojo, por ter vindo até aqui e adular uma recepcionista de hospital com um monte de mentiras para conseguir informações. Dizer que íamos nos casar... Isso nunca vai acontecer. Como não aconteceu a última vez que me disse que decidira que formaríamos uma família depois que perdi o bebê. Um estratagema simples para bancar o bonzinho, mas na verdade não significava nada. Continua sendo o mesmo diabo egoísta, que só pensa nos próprios desejos. Então perdoe meu ceticismo, mas não acredito, nem por um minuto, que esteja interessado em ser pai, nem nesse seu súbito desejo de ter um filho. E vou deixar bem claro. Não vai tirar o meu... — Terminou de colocar o meu caráter em frangalhos? — exigiu ele, pousando o copo e se erguendo. Jed ouvira com raiva e horror crescentes, enquanto percebia que não podia refutar a análise de Phoebe em relação ao seu comportamento no passado. Ele a havia chamado de amante, dito que um filho não estava em seus planos. Phoebe lhe contara sobre a gravidez tão casualmente, que foi como se algo explodisse em sua cabeça, deixando-o em estado de choque. Mas nem por um segundo pensara na possibilidade de um aborto. Mais tarde no hospital, quando lhe disse que formariam uma família, isso significava que pretendia se casar com ela. Mas agora podia perceber o quanto aquilo devia ter soado vazio para ela depois de tudo que acontecera e era verdade que ele havia comentado com Christina sobre o aborto. Jed não queria acreditar na história de Phoebe sobre Christina ter lhe dito para deixar o apartamento. Entretanto, não podia descartá-la. Dispensara os serviços da assistente depois que ela deixara embaraçosamente óbvio que desejava uma relação mais pessoal com ele. Naquela noite, na Grécia, havia deixado o celular com Christina, então talvez fosse verdade. Os erros do passado não podiam ser mudados, mas isso não o impedia de querer o filho dele. A única diferença era que teria que mudar de tática. 41


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Jed permitiu que seus olhos escuros vagassem pelo corpo dela. Phoebe era bonita a qualquer hora. Perdera a conta dos dias, das semanas, dos meses que sofrera por causa dela, depois que se separaram. Seu olhar se demorou nos seios empinados sob o moletom macio e sentiu o corpo ficar excitado. Desejava-a tanto que quase podia senti-la e, naquele momento lhe ocorreu uma solução alternativa, não muito ética, mas conhecendo Phoebe intimamente, por certo eficaz. — Você não tem caráter — disparou ela — E terminamos anos atrás. Ou melhor, você terminou comigo — emendou. — É muito tarde agora para mudar de idéia, seja qual for a abominável razão, e conhecendo você, com certeza deve haver uma. Perdida nas amargas recordações do passado, Phoebe não reparou que Jed havia encurtado a distância entre eles e só agora podia ver que a expressão, cuidadosamente controlada, no rosto bonito não se refletia no brilho predatório dos seus olhos escuros. — Você me conhece tão bem — murmurou ele zombeteiro, enquanto as mãos fortes a alcançavam, envolvendo-a pelos ombros. Phoebe enrijeceu. Seu coração saltou uma batida. Não queria que Jed tivesse a satisfação de perceber que ela era vulnerável a sua aproximação. — Você está certa, é claro — continuou ele. — Existe uma razão. Sou um homem muito rico e me ocorreu que preciso de um filho e um herdeiro. Um já existente é preferível a ter que encomendar um bebê. Estou confirmando sua baixa opinião sobre mim? Nada havia mudado, pensou Phoebe. Jed não mudara... Continuava o mesmo falido emocionalmente e preferia viver daquele modo. — Sim — respondeu ela por fim. — E agora que entende por que não lhe contei sobre o Ben pode nos deixar em paz. Case-se com Sophia e tenha seus próprios filhos. — Pode ser difícil já que rompemos e ela não está mais falando comigo. — Mulher sábia — zombou ela e não foi capaz de suprimir um sorriso. Por que o fato de Jed e Sophia terem terminado a agradava, ela não questionou. O seu sorriso confirmava isso! Conversar não o levaria a lugar algum, pensou Jed. E o irreprimível sorriso de Phoebe o lembrara violentamente do que havia sentido falta todos aqueles anos. O que julgara não ser muito ético minuto atrás, já não lhe parecia assim. Na vida profissional não via problema algum em se aproveitar da fraqueza dos concorrentes para conseguir um negócio, era uma prática aceitável. Então por que não fazer o mesmo na vida pessoal?

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CAPÍTULO SEIS

De repente, as mãos de Jed se apertaram nos ombros de Phoebe, fazendo-a perder o equilíbrio e se encontrar comprimida contra o peito musculoso. — Largue-me! — disparou ela, tomada de assalto com o movimento brusco. — Cale-se — retrucou Jed, erguendo-a nos braços, deitando-a de costas no sofá e se inclinando sobre ela. Por um momento, Phoebe se encontrou demasiado atordoada para se mover, 43


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mas logo tentou se desvencilhar Porém, com o corpo forte pressionando-a contra o acolchoado do sofá, tudo que conseguiu foi bater com os punhos contra o peito de Jed. — Solte-me — gritou ela em pânico. — Jed soltou uma risada e, imobilizandolhe os punhos com uma das mãos, segurou-lhe o queixo com a outra para que ela o encarasse. — Está louco? Que diabos pensa estar fazendo? — indagou, contorcendose. O que serviu apenas para sentir os contornos musculosos do corpo de Jed de modo mais íntimo. — Exatamente o que está imaginando, porque não tenho nada a perder — respondeu ele, com um sorriso pecaminosamente sensual. — Segundo você, não tenho caráter, sentimentos... quer continuar? — Os olhos negros se encontravam fixos nos dela, enquanto a mão que lhe segurava o queixo escorregou pelo corpo de Phoebe e se introduziu sob sua blusa. A fúria deu lugar a outra sensação, enquanto cada terminação nervosa de Phoebe se contraía ao calor do contato da mão forte e a pressão da coxa musculosa. Sentiu a respiração de Jed em sua face, quando ele inclinou a cabeça e roçou os lábios nos dela. Phoebe sabia que devia protestar, mas com o peso do corpo másculo a comprimindo e a fragrância familiar lhe embotando os sentidos, não conseguia encontrar a voz e, para seu constrangimento, Jed percebeu o calor da paixão a incendiar. Os lábios quentes lhe pressionaram a pulsação do pescoço e depois se moveram suavemente para sua orelha. — Não quero forçá-la a fazer nada que não tenha vontade, mas esta sempre foi a melhor forma de comunicação entre nós e nada mudou. Tem apenas de pedir e pararei agora. Phoebe engoliu em seco. A tensão na atmosfera era quase palpável. Os olhos negros a fitavam e a mão pousada sobre suas costelas escorregou para lhe envolver um dos seios. Os dedos longos se introduziram sob a renda do sutiã para lhe tocar o mamilo enrijecido. Phoebe não pôde evitar que um suspiro de prazer lhe escapasse da garganta. Quando Jed lhe capturou os lábios em um beijo sensual, ela estremeceu. A língua exigente lhe invadiu a boca com um erotismo delicado, que não lembrava em nada a forma como ele a colocara naquela posição. Enquanto os dedos continuavam a lhe estimular os mamilos, Jed depositava uma trilha de beijos breves ao longo do queixo delicado, da testa e, em seguida, escorregando pela face para lhe tomar mais uma vez a boca sedenta. Ele a beijava com paixão tema e, embora a mente de Phoebe lhe dissesse para resistir, o corpo não captava a mensagem e tremia com o familiar desejo. Nada lhe restava senão sucumbir, impotente, à maestria com que os dedos longos a acariciavam. Sequer percebera que ele lhe havia desabotoado o sutiã até que o sentiu inclinar a cabeça e a roçar entre seus seios. Um gemido rouco lhe escapou da garganta. Sabia que não seria capaz de fazêlo parar. Sentia a mente e o corpo presos entre o desejo e o desespero pela própria reação. — É tão perfeita... — murmurou Jed em tom rouco, erguendo a cabeça para fitar os olhos azuis estonteantes. — Não tem idéia do quanto tempo desejei isto. — 44


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Baixou a cabeça para lhe estimular os mamilos com a língua e os dentes. Por fim, o desejo venceu. Phoebe se contorceu sob o corpo forte, consumida por uma paixão tão intensa que a fez emitir um protesto quase doloroso quando Jed interrompeu a carícia torturante. Ele a estava enlouquecendo e Phoebe se via incapaz de resistir. Os olhos negros se ergueram para fitá-la. — Eu a quero, Phoebe — confessou ele em tom de voz rouco. — Muito. Mas a decisão é sua — acrescentou, antes de inclinar a cabeça e roçar os lábios na curva do pescoço delicado, murmurando palavras em grego. Ela se encontrava perdida, transportada de volta no tempo quando se amavam. — Diga-me que me quer. Diga, Phoebe. — Oh, sim — gemeu Phoebe, quando os lábios sensuais encontraram os dela. Quase não percebeu quando os dedos longos lhe encontraram o fecho da calça jeans. Estava anestesiada para tudo, exceto a fragrância masculina almiscarada e o sabor dos lábios de Jed. Antes que percebesse, encontravam-se despidos e deitados no amplo sofá. O olhar de Phoebe escorregou, inebriado, pela amplitude do peito musculoso e bronzeado. Fazia tanto tempo que o vira e o tocara! Esticou a mão para acariciar o corpo forte, redescobrindo o prazer de traçar com a ponta dos dedos seus contornos rígidos. Jed segurou a mão que vagava por seu corpo. — Deixe-me vê-la — pediu com um ruído rouco, os olhos negros e incineradores percorrendo-lhe a face, o colo, os seios, o ventre, onde se demorou fitando a discreta cicatriz até chegar aos pelos que cobriam o ápice das coxas. — É deslumbrantemente bela, Phoebe — disse ele, levando a mão delicada aos lábios e lhe pressionando um beijo na palma, antes de soltá-la. A intensidade da carícia a fez prender a respiração. Esticando os braços, Phoebe enterrou as unhas na pele firme dos ombros largos, puxando-o para perto. — Espetacular — murmurou ele. — Amo seus cabelos — acrescentou, escorregando os dedos ao longo dos fios compridos e macios. Em seguida, enquanto Jed prosseguia a exploração erótica de cada ponto sensível do corpo macio de curvas perfeitas, Phoebe foi atingida por um dilúvio de sensualidade tão intenso que mal lhe permitia respirar. Jed inclinou a cabeça tomando-lhe um dos mamilos nos lábios, enquanto a mão escorregava por entre as coxas macias para lhe tocar o centro da feminilidade. As chamas que a consumiam se transformaram em uma conflagração, fazendo-a tremer violentamente ante a força do desejo que a cegava. Involuntariamente, Phoebe entreabriu as pernas para lhe permitir o acesso, escrava da excitação que o toque de Jed lhe proporcionava. — Tão macia, quente e pronta para me receber — murmurou ele. A boca ávida perfazia uma trilha de beijos molhados pelos seios e pescoço, até encontrar os lábios de Phoebe. Imitando os movimentos de um ato sexual, explorou-lhe o interior da boca antes de voltar a lhe morder e sugar os mamilos. Phoebe pressionou as mãos sobre as costas largas na ânsia de tê-lo dentro 45


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dela, preenchendo-a. Um grito de prazer lhe escapou dos lábios quando as mãos fortes lhe ergueram os quadris e Jed se posicionou entre suas coxas. Um tremor lhe percorreu o corpo ao sentir a rigidez da ereção provocando-a com investidas curtas, roçando contra o ponto mais sensível de sua feminilidade até levá-la ao limite máximo da excitação. Jed parecia não ter pressa. — Por favor — suplicou ela. Só então ele escorregou para dentro da intimidade quente, pulsante e sedosa. Phoebe agarrou-se ao corpo forte, envolvendo-lhe a cintura com as longas pernas, enquanto Jed a erguia ainda mais, intensificando a força com que a penetrava, preenchendo-a por completo até que ela fosse arrastada em uma espiral de paixão e o corpo convulsionasse em um clímax enlouquecedor. Com uma última investida, Jed abandonou o supremo esforço, perdendo a batalha para o autocontrole, enquanto derramava sua essência em um orgasmo prolongado e mútuo. Phoebe sentiu todo o peso do corpo musculoso sobre ela. A cabeça de Jed enterrada na curva de seu pescoço. Fechou os olhos, lânguida, sob o efeito dos resquícios do ato de amor. Escorregou as mãos, lentamente pelas costas largas, deleitando-se com as gotículas de suor que as cobriam e com a respiração alterada de Jed. Era como se tivessem repetido a primeira vez: vagaroso, temo, quando Jed lhe pertencia. Abriu os olhos quando sua mente registrou tal pensamento. Jed nunca lhe pertencera. Teve de morder os lábios para evitar um gemido. Suplicara-lhe para que a possuísse. Porém, não haviam feito amor e sim sexo. Girando o olhar à lareira apagada, deixou cair as mãos nas laterais do corpo, sentindo-se gelar até os ossos. Como permitira que aquilo acontecesse outra vez? Detestava Jed, mas sucumbira a sua magia sensual da mesma forma que fizera anos atrás. Naquela época, o amava, mas agora não tinha desculpas. Envergonhava-se do desprendimento com que se entregara a ele. Por fim, Jed girou para o lado, suportando o peso do corpo em um dos cotovelos. Um sorriso sonolento e satisfeito lhe curvava os lábios e lhe fazia brilhar os olhos. — Isso é o que chamo de comunicação — gracejou Jed, afastando-lhe uma mecha de cabelos da face. — Bem melhor do que perdermos tempo com discussões infrutíferas que não nos levarão a lugar algum, não acha? — Não — respondeu Phoebe, evitando-lhe o olhar. Aquele era o seu problema em relação a Jed. Bastava que ele a tocasse para que se dissolvesse em seus braços. Phoebe recolheu o jeans e a camisa que se encontravam espalhadas pelo chão e atirou as peças de roupa contra o peito de Jed. Perdendo o equilíbrio, ele caiu no chão. Ignorando-lhe o grito de surpresa, Phoebe se ergueu com o orgulho próprio em frangalhos, recolheu as próprias roupas e se vestiu com movimentos frenéticos. Jed continuava esparramado no chão, fitando-a, atônito. — Bem, ser nocauteado foi uma novidade — disse ele, sorrindo. — Não era essa a reação que eu esperava — continuou, enquanto se erguia lentamente. — Sei que apreciou cada segundo do que acabamos de compartilhar, tanto quanto eu. Portanto, 46


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acho que podemos discutir o futuro de maneira racional. — Não temos futuro algum. O que aconteceu foi um erro — afirmou Phoebe, virando-se para fitá-lo. O que foi outro erro. Os cachos negros pendiam sobre a testa de Jed e uma expressão tolerante e divertida se encontrava estampada na face de traços perfeitos. Quanto ao corpo adônico... Phoebe se forçou a afastar o olhar. Quase havia se esquecido o quanto ele era belo, completamente nu. — E coloque suas roupas. Tia Jemma chegará em breve — mentiu. — Não costumava ser tão pudica — disse ele, rindo à socapa e se aproximando. — Nem tão mentirosa. — Eu não minto — mentiu Phoebe mais uma vez, fitando-o com o olhar desafiador. Jed esticou o braço e lhe prendeu o nariz entre os dedos. — Crescerá como o do Pinóquio — provocou Jed. — Porque fiquei sabendo que sua tia foi passar dois meses na Austrália. O bom humor de Jed a enervou. — Deixe-me adivinhar. A recepcionista do hospital lhe contou? Essa é a desvantagem de se viver em uma comunidade rural. Todos sabem da vida uns dos outros — comentou Phoebe em tom amargo. — Depois da história que inventou, vou ter de responder a perguntas durante meses, após sua partida. — Não vou a lugar algum sem Ben, não me importa o tempo que demorar para convencê-la. Quero levá-lo para a Grécia para conhecer meu pai e o restante da família. Phoebe ergueu o olhar para fitá-lo e percebeu pela expressão do belo rosto másculo que Jed não estava brincando. — Isso não vai acontecer — retrucou ela, corajosamente, embora tremesse em seu íntimo ante a perspectiva de Ben ir para a Grécia. Sem mencionar a possibilidade de Jed retomar a sua vida, após a prova recente que tivera de sua degradante resposta a ele. Fechando os olhos por um instante, Phoebe meneou a cabeça, humilhada com a própria fraqueza. — Já se divertiu o bastante. Portanto, vista-se antes que pegue um resfriado — aconselhou no mesmo tom que costumava se referir ao filho. Em seguida, ergueu a taça de vinho e se deixou afundar na poltrona. Sentia-se exausta, embora para ser honesta, tinha de admitir que nunca estivera tão sensualmente estimulada. Como Jed conseguira deixá-la daquela forma tão rapidamente, imaginou. Cinco anos de celibato podia ter aquele efeito sobre uma mulher, supôs, tomando um gole do vinho. — Embora, pensando bem, uma pneumonia poderia afastá-lo de minha vida — resmungou Phoebe. — Não é algo nobre de se dizer ao pai do seu filho e em nada parecido com a Phoebe de coração terno e olhos sorridentes que conheci. Surpresa, ela arriscou um olhar a Jed, mas se ele pensava que podia amansá-la só porque haviam feito sexo, estava muito enganado. Sentiu-se aliviada ao vê-lo colocar a calça jeans, mas não pôde deixar de admirar os músculos tentadores do peito 47


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largo antes de ele vestir o pulôver preto. Sentia-se desgostosa consigo mesma e com Jed por terem feito sexo como animais no sofá de tia Jemma, mas não podia negar o calor que a aquecia e a fragrância almiscarada e masculina que ainda impregnava suas narinas. De repente, estremeceu, temendo não só por Ben, mas por si mesma. — Você nunca me conheceu. Nunca quis conhecer nada além da mulher disposta a ir para sua cama e fazer tudo que pedisse. — Teve de fazer um esforço hercúleo para sustentar o olhar de Jed. — Se pensa que fazer sexo comigo mudará alguma coisa, está completamente enganado. Não sou mais a menina inocente que achava que sexo era o mesmo que amor. Devia se sentir orgulhoso, pois me ensinou muito bem. Sexo é apenas sexo. — Jed não parecia orgulhoso. Os olhos negros a fitavam com raiva e com outra emoção que Phoebe não soube definir. — Amo meu filho. Ben é um menino encantador, feliz, amado por todos a seu redor e não permitirei que um homem frio e sem coração como você se interponha entre nós. — Parece esquecer que ele também é meu filho — retrucou Jed. — Infelizmente não posso esquecer esse detalhe. Concordei que entrasse porque precisamos de fato conversar. — Finalmente, está usando o bom senso — comentou Jed, aproximando-se. Phoebe ergueu uma das mãos para impedi-lo. — Espere e ouça — ordenou ela, fitando-o com olhar frio. — Contarei a Ben que é o pai dele, quando achar que está preparado. Estou disposta a permitir que o visite, mas sob minhas condições. A frequência dessas visitas serão acordadas entre nós ou através de um advogado. Porém, de qualquer modo, não permitirei que o leve para passear sozinho ou viaje com ele para a Grécia, porque não confio que o traga de volta. — Como se atreve a ditar regras para mim? — indagou Jed, ultrajado. Escutara Phoebe denegri-lo por tempo suficiente. Segurando-a pelos braços, ergueu-a da poltrona. — Agora é sua vez de escutar. Para começar, nunca sugeri que interrompesse a gravidez há cinco anos. Fiquei furioso quando disse que estava grávida porque não era algo que estava esperando e me pegou de surpresa. Quando lhe disse para não se preocupar que o Dr. Marcus cuidaria de você, significava que iria providenciar a melhor assistência médica para cuidar de sua gravidez e pagaria por tudo. Portanto, coloque isso de uma vez por todas nessa sua mente distorcida. Para mim, qualquer forma de vida é sagrada. Nunca iria sugerir que abortasse um filho meu — declarou, veemente. — Sei que afirmei que ter um filho não estava em meus planos. Mas como poderia estar se havia me revelado que estava grávida minutos antes? Se pensa que pode se utilizar de uma interpretação errônea de minhas palavras para me impedir de reclamar a paternidade de Ben, esqueça. Teve meu filho apenas para si por anos, mas não mais. Isso eu lhe garanto. — Os olhos negros lhe percorreram o corpo. Phoebe era tão feminina e ainda assim, tão ardilosa, pensou Jed. — Podemos resolver isso de uma maneira muito simples: colocando o bem-estar de nosso filho em primeiro lugar e nos casando para lhe proporcionar um lar estável. Ou podemos optar pelo modo mais difícil e brigar nos tribunais pela custódia de Ben. São 48


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as duas únicas chances que tem, acredite-me. Recuso-me a ser um pai esporádico na vida do meu filho. Phoebe deixou escapar um suspiro trêmulo. O fato de Jed ter negado que lhe sugerira um aborto fazia algum sentido. Poderia ter estado enganada por todos aqueles anos? De qualquer forma, não importava. O comentário sobre a mente distorcida lhe embotava todos os outros pensamentos. Jed tinha a capacidade de transtorná-la. Porém, não havia dúvidas de que ele acabara a abandonando e qualquer desculpa que inventasse, não mudaria tal fato. Lutara para recuperar sua autoestima após a traição de Jed, construir uma vida, uma carreira para sustentar o filho e se orgulhava do que conseguira. Não permitiria que a personalidade forte de Jed Phoebe o fitou com olhar desafiador e, evitando se referir à questão do aborto concentrou-se no último comentário de Jed. — Não conseguirá ser mais que isso — zombou ela. — Sempre foi um viciado em trabalho que voava entre os continentes em viagens de negócios com uma frequência impressionante. Durante nosso relacionamento de um ano, conseguimos ficar juntos menos de seis meses. A não ser que tenha havido uma mudança radical em seu estilo de vida, sempre será um pai esporádico, casado ou não. E como disse, prefiro não me casar. O corpo de Jed se enrijeceu. Deixando cair as mãos e cerrando os punhos, fitou-a por um longo instante com olhar severo. Em seguida, os cílios espessos baixaram, mascarando-lhe a expressão. — Eu não mudei — respondeu por fim. — Mas você, sim. Quase nunca discutia comigo antes. Recordo-me de uma menina linda, brilhante e sensual, disposta a explorar tudo que a vida podia lhe oferecer. Não uma mulher de língua afiada... — Quer dizer uma menina tola e crente — interrompeu Phoebe. — Disposta a fazer tudo que você quisesse. Bem, esse tempo acabou. Sou mãe. Amo meu filho e a vida que levo. Não preciso de você. Quero que vá embora agora. — De repente, Phoebe se sentia confusa, cansada e queria ficar sozinha. — Não se preocupe. Eu irei. Mas antes de partir, precisa ouvir algumas verdades. Algo em que pensar até meu retorno, amanhã — retrucou ele, conciso. — O que quer que pense, Ben precisa de mim. Por mais que tente negar, o menino é, em parte, grego. Será herdeiro de uma grande empresa grega um dia e de muito mais. Precisa aprender o idioma e como lidar com tal responsabilidade. Não é algo que vá aprender entocado em uma cidadezinha rural da Inglaterra com apenas a mãe e a tia como família. Phoebe o escutava cada vez mais alarmada. — Recordo-me que me contou que seus pais morreram em um acidente de carro quando tinha dezessete anos. Porém, Ben tem um avô, uma tia, um tio, primos e uma dúzia de outros parentes na Grécia. Sem mencionar um pai — prosseguiu, erguendo uma das sobrancelhas em uma expressão arrogante. — Acha que um dia ele lhe agradecerá por tê-lo privado da maior parte de sua família? — indagou Jed. — Ou ao contrário, ficará ressentido por ter lhe negado o 49


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que era dele por direito? Com o coração apertado, Phoebe percebeu que o que ele dizia podia ser verdade. Tinha mesmo o direito de privar o filho de conviver com seus familiares gregos? Em seu íntimo sabia que não e a conclusão a levou à exaustão. Tudo que desejava era ir para a cama, enterrar a cabeça no travesseiro e esquecer aquele dia. — Talvez tenha razão — disse por fim com voz cansada. — Sabe que tenho — retrucou Jed. Os olhos negros não mais frios ao fitá-la. — Não é certo criar um filho sem um pai. Mesmo um esporádico como julga que serei. — Ergueu a mão e traçou o contorno da face delicada com um dedo. — Porém, se me der a chance, poderei surpreendê-la. E assim o fez. Enlaçando-a pela cintura, fitando-a com um calor inegável, roçou os lábios aos dela. O beijo foi terno e gentil. Quando ele o interrompeu, exibiu um sorriso oblíquo. — Por que fez isso? — perguntou Phoebe, mais tocada pela ternura com que ele a beijara do que gostaria de estar. — Por Ben, pelo que tivemos no passado e pelo que acabamos de compartilhar naquele confortável sofá. Sente-se e termine sua bebida. Encontrarei a saída. Só quando ouviu a porta bater, foi que Phoebe se deixou afundar na poltrona outra vez e esvaziou a taça de vinho, voltando o olhar ao sofá. Surpreendentemente, apesar do medo que sentia e da humilhação diante da própria fraqueza, um sorriso lhe curvou os cantos dos lábios ainda intumescidos pelos beijos ardentes ao lembrar o corpo avantajado de Jed esparramado no chão e o olhar de surpresa com que a fitara. Idêntico ao de Ben quando caía. Porém, em vez de sentir raiva, Jed se mostrara divertido. Também a surpreendera quando negara com tanta veemência ter lhe sugerido um aborto. Durante anos, agarrara-se àquele fato para odiá-lo. Porém, agora era forçada a admitir que talvez estivesse errada. Jed nunca mencionara a palavra. Tudo que ouvira fora que o Dr. Marcus cuidaria de sua gravidez e que ele arcaria com as despesas. No estado emocional em que se encontrava, podia ter distorcido o sentido daquele comentário. Não que aquilo fizesse alguma diferença no presente. Jed voltara, queria o filho e ela teria de lidar com ele. CAPÍTULO SETE

Quando Phoebe conseguiu adormecer, um homem alto e moreno veio assombrar seus sonhos. Despertou, sobressaltada, para deparar com Ben parado ao lado da cama. Consultou o relógio: 6h30 da manhã. Observando o menino saltar para cima da cama e pedir para que acordasse, sorriu e o abraçou. Porém, em seu íntimo estava preocupada com a mudança que a chegada de Jed Sabbides talvez causasse na vida da criança. Quanto a sua própria vida, o simples pensamento de ter Jed de volta a ela a apavorava. Ter de encontrá-lo durante as visitas regulares a Ben era algo que não a 50


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agradava, mas, após uma noite agitada, chegara à conclusão de que um dia teria de permitir a Jed mais do que visitas supervisionadas ao filho. Submeter Ben a uma batalha pela custódia seria um esforço inútil. Como mãe, sabia que conseguiria a custódia total, mas dariam a Jed direitos paternos de qualquer forma. A única alternativa que lhe fora oferecida — casar-se com ele — estava fora de questão. No passado, acreditara em Jed com a alma e o coração e ele destruíra sua confiança, o que era essencial para um casamento dar certo. Nunca mais confiaria nele e não conseguia imaginar inferno pior do que estar casada com um homem ao qual, tinha de admitir, não conseguia resistir sexualmente e não confiava. Durante anos, a falta de sexo não a incomodara, mas em instantes Jed a reduzira a uma fêmea faminta com uma facilidade que a assustara. De forma alguma colocaria seu coração em risco outra vez. Naquele momento, Phoebe se decidiu. Diria a Jed que estava disposta a fazer concessões nas condições do direito à visita e permitir que ele visse Ben. A princípio, seria apenas em sua presença, mas tão logo o filho se sentisse à vontade com ele, poderia vê-lo, sozinho, mas não lhe diria nada aquele dia. Levaria Ben para um trailer que possuíam em um camping à margem de Weymouth Bay. Passavam todos os feriados lá e Ben adorava aquele lugar. Poderiam buscar o papel de parede do quarto dele em uma loja de decoração de Weymouth, procurar fósseis em Lyme Regis, antes de fechar o trailer para a temporada de inverno. Não estava exatamente fugindo... Talvez fosse covardia, admitiu Phoebe, mas não estava disposta a encarar Jed tão cedo. Não após ter se desintegrado em seus braços na noite anterior. O carro de Phoebe estava estacionado ao final do caminho que levava ao chalé, a bagagem se encontrava no porta-malas e estavam quase prontos para partir. Era uma bela manhã de outono. O sol brilhava e Phoebe inspirou profundamente, recobrando o ânimo. Estava protegida do frio, com um suéter de lã azul com forro e calça comprida cinza. — Muito bem, pegou tudo que queria? A mochila e as botas de borracha de cano alto para a praia? — Phoebe perguntou ao filho, sorrindo quando a criança ergueu a sacola vermelho vivo com as botas. — Ótimo. Coloque-as no carro e depois podemos ir. De repente, o barulho do motor de um carro quebrou o silêncio e a fez congelar. Porém, relanceando o olhar à estrada, reconheceu a Ferrari vermelha de Julian e deixou escapar um suspiro de alívio. O carro estacou com um solavanco e Julian saiu, caminhando em direção a ela. Sustentava um sorriso largo estampado no rosto atraente. — Olá Phoebe. Ben, meu afilhado preferido. Vejo que vai procurar fósseis. — Fora Julian que introduzira o menino naquela atividade e lhe dera a mochila com os apetrechos. 51


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— Sim — respondeu o menino, sorrindo, animado, antes de colocar as coisas no assoalho do carro. — Como está, Phoebe? — perguntou Julian com os olhos cinza fixos nos dela. — Bem — respondeu ela, sorrindo quando Julian lhe envolveu os ombros com o braço. — Pois não parece. Olheiras profundas... o que esteve fazendo? — brincou ele. — Nada de... — Porém, o barulho do motor de outro carro a impediu de responder. Inacreditável. Phoebe gemeu, quando o Bentley preto vindo da direção oposta estacou a alguns centímetros da Ferrari, bloqueando o caminho da casa. Jed Sabbides não estava de muito bom humor. O primeiro telefonema que dera no dia anterior, após descobrir que Ben era de fato seu filho, fora para Leo, o chefe da firma de segurança que trabalhava para a família Sabbides para providenciar que seu guarda-costas, Sid, se encarregasse da segurança de Phoebe e Ben na Inglaterra, com algumas precauções extras. Uma delas era informá-lo caso eles deixassem a casa. Não tinha intenção de deixar que Phoebe fugisse dele mais uma vez. Por aquele motivo, quando recebera o telefonema, enquanto fazia o desjejum, partira imediatamente. E pelo que podia ver, chegara bem a tempo. Phoebe, com os cabelos longos presos em um rabo de cavalo, trajada com as roupas de frio, estava estonteante e o corpo de Jed reagiu com instantâneo entusiasmo mesmo enquanto ele franzia o cenho para o homem que a acompanhava. Que diabos fazia Julian Gladstone ali tão cedo? E com o braço sobre os ombros de Phoebe. Não queria saber o que tiveram no passado, mas como na noite anterior Phoebe fora sua outra vez, o quanto antes Julian entendesse a situação, melhor. Não deixou que a raiva que sentia transparecesse, enquanto estacionava o carro e saía. Phoebe sentiu a tensão de imediato. Os olhos azuis se arregalando. Com o rosto impecavelmente escanhoado, trajava o mesmo casaco de couro preto do dia anterior e por baixo um suéter branco de gola role. As pernas longas e musculosas ocultas sob o tecido da calça jeans. Parecia mais pecaminoso do que nunca. Julian inclinou a cabeça para lhe murmurar ao ouvido. — Ah, agora entendo os círculos escuros em volta de seus olhos. — Em seguida, se empertigou, falando com seu sotaque inglês. — Presumo que seja Jed Sabbides. Está muito longe de casa, meu velho. Phoebe esperava faíscas elétricas, quando Jed se aproximou, porém não poderia estar mais enganada. — Olá, Phoebe — cumprimentou, com um breve franzir de cenho, antes de se agachar, dirigindo-se ao filho. — Olá, Ben. — A expressão se suavizando ao fitar a criança. Phoebe observou a resposta eufórica do filho, antes de pousar o olhar nas coxas musculosas sob o tecido do jeans e mais acima, no contorno do sexo. Apressouse em desviar o rosto, surpresa com o rumo que seus pensamentos tomavam e aliviada quando Jed se ergueu para saudar Julian. — Bom dia, Julian Gladstone, certo? 52


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Por um longo instante, Phoebe se limitou a observar a cena que se descortinava diante dela. — Belo carro. É o último modelo da Ferrari. — Atônita, ela viu os dois homens girarem para admirar o potente veículo. — Encomendei um desse mesmo modelo há duas semanas, mas ainda não tive chance de dirigi-lo. Como ele se comporta? Nos próximos cinco minutos Phoebe sentiu-se invisível, o que não deixava de ser um alívio. O breve olhar que Jed lhe lançara ao cumprimentá-la deixara claro que fazer amor — fazer sexo — na noite anterior não significara nada para ele. Enquanto ela, após anos de deliberado celibato, bastava olhar para Jed para ser invadida por anseios eróticos. Sacudiu a cabeça para dispersar os pensamentos inconvenientes, enquanto observava, sem palavras, Julian, Jed e Ben se encaminharem ao veículo de luxo. A criança se sentou no banco do carona, enquanto os dois homens discutiam seriamente sobre o que ela presumia serem os méritos relativos ao veículo importado. Quando retomaram, Jed e Julian pareciam amigos de longa data. — Mãe, Jed tem uma Ferrari nova em sua casa, na Grécia, igual à do tio Julian. Acha que podemos comprar um carro novo em breve? — indagou o filho, lançando um olhar desdenhoso, que em muito se assemelhava ao do pai, ao Mini Cooper que possuíam. — Sim, claro. Vou lhe comprar um novo — respondeu Jed, antes que Phoebe pudesse se manifestar. — Dei este carro de presente de Natal para sua mãe, muito antes de você nascer. Estou surpreso que ela ainda o tenha. — Dirigiu um sorriso zombeteiro a Phoebe, que lhe fez a pressão sanguínea aumentar de imediato. — Bem, divirtam-se — disse Julian, fitando Phoebe nos olhos. — Tenha um bom dia. Entrarei em contato — concluiu antes de partir. Ainda chocada pelo fato de Ben e Julian terem sido envolvidos no charme inato de Jed, Phoebe se ressentiu por ele ter revelado que lhe dera o carro e pela audácia de afirmar que lhe compraria outro. — O que disse a Julian? — indagou à figura alta e imponente a seu lado. — A verdade. Que passei uma noite muito agradável com você e lhe agradeci por ter sido um bom padrinho para Ben — respondeu ele, sacudindo os ombros largos. Não via necessidade de informar a Phoebe todo o teor da conversa que tiveram. A princípio, Julian se mostrara hostil e mencionara o fato de ele ter desejado que Phoebe interrompesse a gravidez. Jed lhe explicara veementemente o que dissera a ela na época. Também afirmara de homem para homem, que a mente de uma mulher era terra desconhecida para a lógica masculina e que a interpretação que as mulheres podiam dar a um punhado de palavras podia ser completamente oposta àquilo que os homens queriam dizer. Julian concordara, porém relatar aquela conversa a Phoebe só iria fazê-la chamá-lo de chauvinista e não estava disposto a discutir. Tinha problemas suficientes em persuadi-la a seguir sua linha de pensamento. Percebia que Phoebe não lhe dedicava sequer um pingo de confiança e, enquanto não a persuadisse, não poderia ficar com Ben. 53


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Na noite anterior, contatara seu advogado britânico e lhe contara toda a história. Na opinião dele, Jed tinha poucas chances de conseguir a custódia do filho nos tribunais ingleses, a não ser que pudesse provar que Phoebe era uma mãe incapaz, o que estava longe de ser verdade. Era uma professora respeitada, financeiramente viável, proprietária de seu imóvel e possuía uma tia que a ajudava, tomando conta da criança quando estava ausente. O advogado orientou-o para que chegasse a um acordo amigável com Phoebe ou tentasse levar os dois para a Grécia, onde teria mais chances nos tribunais. Com o conselho do advogado em mente, Jed engendrara um plano para passar o máximo de tempo possível com Phoebe, fazendo o papel de velho amigo em vez de amante, enquanto conhecia melhor o filho. Sabia que ela o desejava e uma vez que conseguisse fazê-la confiar nele um pouco mais, poderia persuadi-la a visitar a Grécia e se casar com ele. Caso contrário, iria para os tribunais. Com aquele plano estruturado, não daria a Phoebe a chance de discutir. — Tire a bagagem do seu carro e a transfira para o meu, enquanto coloco Ben na cadeirinha. Ele me disse que vão passear o dia todo fora e meu carro é bem mais confortável para todos nós — disse Jed, dirigindo-lhe um breve sorriso e percebendo a fúria estampada nos olhos azuis. Baixando o olhar a Ben, acrescentou: — Não é verdade? — perguntou, tomando a mão do filho e se dirigindo ao carro. Com a face rubra de vergonha e raiva, Phoebe observou, boquiaberta, a mudança de planos. Porém, com Ben caminhando, animado, ao lado do pai e lhe segurando a mão com total confiança seria difícil argumentar. Discutir com Jed na presença do filho serviria apenas para que Ben se ressentisse por sua interferência. Talvez fosse exatamente aquilo que Jed esperasse. Mordendo o lábio inferior, recolheu os apetrechos do menino e, ignorando propositalmente a mala dentro do carro, trancou-o e escorregou para o branco traseiro do conversível sem dizer uma palavra. Porém, para seu horror, Ben se lembrou. — Mamãe, você esqueceu a mala com nossa bagagem para o final de semana. Jed lançou-lhe um olhar por sobre o ombro. — Pensei que havia planejado passar apenas um dia fora. Ben me contou que iriam caçar dinossauros... algo que nunca fiz antes. Mas desfrutar todo o fim de semana me parece bem melhor. Onde exatamente estavam planejando ficar? — perguntou ele em tom suave. — Em nosso trailer, próximo ao mar. Pode ficar conosco se quiser, não é, mamãe? — perguntou Ben e, pela primeira vez na vida, Phoebe teve ímpetos de estrangular o próprio filho. — Não, passaremos apenas um dia agora — disse ela, entre dentes. — Jed é um homem muito importante e não podemos gastar seu precioso tempo conosco — explicou em tom sarcástico. — Estamos perdendo tempo. Vamos. — Porém, Jed não obedeceu. — Não, Phoebe. Não os privaria de um final de semana inteiro. Estou com 54


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tempo disponível e adoraria desfrutá-lo com vocês. — Isso não é ótimo, mamãe? — perguntou Ben. Em seguida, o brilhante filho informou a Jed que o trailer era grande, com dois quartos e um sofá que se transformava em cama. Não lhe deixou ao menos a desculpa de que não haveria acomodação para aquele demônio manipulador. Mencionar que Jed não trouxera bagagem seria perda de tempo. Como aquele patife ardiloso dissera, podia comprar qualquer coisa de que necessitasse. E então, com um sorriso cínico, Jed insistiu em pegar a chave do carro e transferir a bagagem para o porta-malas do Bentley. Sem argumentos, Phoebe limitouse a observar em um silêncio horrorizado. Como, em nome de Deus, iria imaginar que o plano de escapar de Jed acabaria com ele os acompanhando no programa de final de semana e se hospedando no trailer, entre todos os lugares do mundo? Certamente seria um choque cultural para o presunçoso milionário grego. Duvidava que ele sequer soubesse o que era um trailer. Jed a fitou através do espelho retrovisor. Os olhos negros falseando, divertidos. — Muito bem, Phoebe, que caminho iremos tomar? — indagou com um sorriso largo. Por um instante, ela se recordou da primeira vez em que o viu. O brilho do sorriso que a cativou de imediato. Sentiu os cantos dos lábios se curvarem em um esboço de sorriso, mas trincou os dentes ao perceber que ele tinha uma boa razão para sorrir, ao contrário dela. — Weymouth — disse Phoebe de modo abrupto. — Seu GPS irá guiá-lo — acrescentou, virando o rosto para fitar a janela, tentando ignorá-lo. Algum tempo depois, o carro finalmente estacou em frente à guarita na entrada do estacionamento dos trailers. Após se identificar na guarita de segurança, Phoebe entregou, irritada, o bilhete de entrada a Jed pela janela aberta do carro. A irritação não abrandou quando chegaram ao trailer e Jed estacionou o carro com maestria ao lado dele. Em questão de segundos, ele erguera Ben nos braços e esperava, impaciente, para que Phoebe abrisse a porta. Instruindo Ben a colocar seus apetrechos no quarto que costumava ocupar, Phoebe tentou persuadir Jed a partir, dizendo-lhe de maneira direta que não queria que ele permanecesse ali e que um homem acostumado ao luxo, odiaria aquele lugar. Mas seus esforços foram em vão. Jed a surpreendeu, informando-a de que atravessara a América dirigindo um trailer bem menor do que aquele em sua juventude. Quando Ben interferiu na discussão, segurando a mão de Jed e insistindo em lhe mostrar as acomodações do trailer, ela desistiu. Ao contrário das expectativas de Phoebe, o dia não foi um completo desastre. Após almoçarem em um restaurante especializado em frutos do mar localizado no porto, a tarde foi divertida. Foram de carro até Portland Bill para ver o farol e fazer um tour pelo Castelo Portland. Jed tirou várias fotos com o telefone celular. A mais bela, mostrava Ben esparramado 55


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sobre um canhão. Porém, isso fora após Phoebe se recuperar do choque que tomara ao fazerem compras pela manhã. Ben não se decidira por apenas um papel de parede. Escolheu um com desenhos de carros e outro, de dinossauros. Phoebe concordou, apesar de saber que em termos de decoração dois motivos não seria o ideal. O que acontecera a seguir, a fez perceber de uma vez por todas até onde se estendia a riqueza e o poder daquele homem. Quando Jed questionou o dono da loja, sobre o horário ideal para fazerem o trabalho, Phoebe lhe explicou que eles não faziam a decoração e que ela mesma aplicaria os papéis de parede. — Não seja ridícula — dissera ele. Após alguns telefonemas, pediu a chave da casa de Phoebe e a entregara a um homem rechonchudo chamado Sid, juntamente com as sacolas. Ao que parecia Sid era o filho do guarda-costas de Jed e ficaria em sua casa tomando conta de tudo enquanto os decoradores faziam o trabalho durante o final de semana. Um planejamento perfeito. No momento, após tomar banho e vestir um macacão de tecido aveludado e com decote em "V", Phoebe sentou-se na cama, observando o filho adormecido e foi forçada a admitir que, não importava o quanto protestasse contra a idéia de um guarda-costas, a vida de Ben mudara para sempre. Jed simplesmente afirmara que sendo Ben seu filho, a ameaça de seqüestro seria uma constante na vida do menino e aquilo a deixara sem argumentos. Inclinando-se para frente, afastou alguns cachos de cabelos da testa do filho e lhe depositou um beijo suave na face. Erguendo-se, tomou coragem e deixou o quarto.

CAPÍTULO OITO

Suspirando profundamente, Phoebe atravessou o pequeno corredor que se abria para a copa, cozinha e a área de estar. Um amplo e acolchoado sofá nas cores creme e marrom tomava toda a extensão de uma das laterais do trailer e se estendia em curva alguns centímetros para cada lado. A parte central podia se converter em uma cama de casal se necessário. Uma mesa de centro de tampo de vidro se encontrava em frente ao sofá e na parede oposta ficava uma lareira elétrica. Confortável e prático, mas não o tipo de ambiente luxuoso a que Jed estava acostumado, pensou ela, cética. Porém, ao vê-lo esparramado em um dos cantos do sofá, conversando em grego ao celular, percebeu que ele parecia muito à vontade. Como se pressentisse a aproximação de Phoebe, ele interrompeu a ligação e ergueu a cabeça, fixando os olhos negros nela. 56


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— Ben adormeceu? — perguntou. — Sim. Por favor, não interrompa seus telefonemas por minha causa. Farei um chá e depois vou para a cama. — São apenas 20h e evitar discutir a questão relativa a Ben não irá fazê-la. desaparecer. Venha até aqui e, enquanto me acompanha em uma taça de champanhe, tente se comportar como a mulher inteligente que é em vez de continuar fugindo. Só então, Phoebe percebeu a garrafa da bebida espumante e duas taças sobre a mesa. — De onde tirou isso? — Do refrigerador do carro. Temos assuntos mais importantes a tratar. Ben é seu filho e o educou muito bem. É um menino esperto, inteligente e adorável e isso se deve a você, mas ele também precisa de um pai. E necessitará cada vez mais à medida que crescer. Não há melhor momento como agora para discutir o futuro do nosso filho. — Erguendo-se, Jed arrancou a rolha da garrafa de champanhe com um movimento rápido, evitando o baralho da explosão e encheu duas taças. — Sabe que estou certo. — Estendeu-lhe uma das taças e ela a aceitou. — Não tenho intenção de saltar em cima de você — disse em tom pausado e sardônico. — Bem, a menos que me peça. — Os lábios sensuais se curvaram no mais breve dos sorrisos. — Sente-se aqui e relaxe — ordenou, voltando a se acomodar no sofá. Jed tinha razão... como sempre... não havia motivo para evitar a conversa crucial por mais tempo. Quanto a relaxar... para seu dissabor, sabia que não conseguiria com Jed por perto. O confinamento do trailer não ajudava em nada, mas não teve escolha senão se sentar ao lado dele, embora mantivesse certa distância. — Saúde! — brindou Jed, encostando a taça à dela. — Saúde! — murmurou Phoebe, relutante, aceitando o brinde e tomando um gole do champanhe. — Assim não está melhor? Um brinde aos velhos tempos entre dois amigos. — Acho que sim. — Embora Jed nunca a tivesse visto realmente como amiga e sim como amante. Uma parceira sexual conveniente, mas não boa o suficiente para dividir sua vida. Sempre tomara cuidado para que ela não conhecesse sua família ou tivesse contato com seus seletos e sofisticados amigos, tais como o embaixador e Sophia. Tinha de ter em mente que ele estava ali por causa do filho, nada mais. Jed percebeu a hesitação que enevoava os olhos azuis. Percebia que algo do que ele dissera lhe suscitara uma lembrança amarga do passado, embora honestamente não soubesse qual era. — É um belo trailer. Há quanto tempo o comprou? — perguntou Jed, decidindo por amenidades, antes de citar as leis. — Bem distante de seus padrões luxuosos — retrucou ela, arqueando uma sobrancelha ao fitá-lo. Não se enganava com aquela mudança súbita de assunto. — Mas é perfeito para nós — acrescentou, decidindo por tomar parte de qualquer diálogo que protelasse o assunto referente a Ben. — Na verdade, alugamos um trailer aqui por oito semanas no verão em que transformamos os dois chalés em um. Ben tinha apenas oito 57


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meses, mas gostava tanto do mar que tia Jemma decidiu que compraríamos nosso próprio trailer. Passamos todos os feriados aqui e também alguns finais de semana — explicou Phoebe, sorvendo outro gole do champanhe. — Percebi que Ben adora o mar. — Jed a fitou com os olhos castanho-escuros sorridentes. — Tive um ótimo dia com vocês. Gostei muito. — Sim, eu notei — murmurou Phoebe, aquecida por aquele sorriso estonteante, tomando outro gole da bebida espumante. — Ben ama aquele restaurante no porto e também a pizzaria, embora haja outro bom restaurante onde poderíamos ter almoçado. — Sentia que estava começando a divagar e se apressou em esvaziar a taça de champanhe. Jed tomou a enchê-la, sabendo por experiência pregressa, que Phoebe não possuía muita resistência ao álcool. Dentro em breve, relaxaria e se tomaria mais maleável a seu plano para o futuro de Ben. Ardiloso, talvez, mas não menos ardiloso do que os esforços de Phoebe em privá-lo do filho. — Você o exauriu, o que é um grande feito. — Phoebe se recostou ao sofá e o fitou de soslaio. — Na verdade você me surpreendeu. Tem muito jeito com ele e Ben parece gostar de você. Jed a observou em silêncio por um longo instante. Phoebe não tinha idéia do quanto soava condescendente. Desde o primeiro instante em que vira Ben, sentira uma conexão tão intensa que o surpreendeu. Ouvi-la dizer que a criança parecia ter gostado dele, fora como uma ferroada, embora devesse ficar satisfeito pela pequena concessão que ela fizera, depois de ter tentado lhe negar a paternidade. — Obrigado, Phoebe. — Se ela percebeu o sarcasmo em seu tom de voz, não demonstrou. — Mas adquiri muita prática com meus sobrinhos. Minha irmã tem quatro filhos. Duas meninas e dois meninos. Quando Ben for para a Grécia, os primos ficarão eufóricos e a tia Cora e o tio Theo o adorarão. Quanto ao meu pai, que acabou de se divorciar de sua quarta e, espero, última esposa, conhecer Ben tomará sua vida completa. Jed percebeu o lampejo de dúvida e confusão nos olhos azuis, antes de ela baixá-los rapidamente e tomar mais um gole de champanhe. Em seguida, voltou a fitálo por sob os longos cílios e ele identificou algo mais. Por um instante, desejou cortar a conversa e beijá-la. Porém, o sexo era algo que podia ter e deixar se necessário. O filho era algo completamente diferente. Agora que encontrara Ben estava determinado a ficar com ele. De preferência com Phoebe, mas se não fosse possível, teria Ben de qualquer maneira. — Sim, bem... — murmurou ela. Ouvir Jed comentar sobre a família tinha um sabor doce e amargo. Quando se relacionaram no passado, ele comentara que a irmã tinha duas filhas e que a mãe falecera quando era adolescente, porém não tinha idéia de que o pai havia casado quatro vezes. Na verdade, sabia muito pouco sobre Jed, além de ele ser um ótimo amante. — talvez um dia — disse, observando enquanto Jed tomava a lhe encher a taça e pousava a dele sobre a mesa. — Talvez, não é suficiente — afirmou ele, enquanto Phoebe sorvia um grande gole de champanhe para estabilizar a pulsação. — Quero que ele conheça a família 58


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grega que possui. Isso não é justo comigo nem com Ben. Ele precisa saber que sou o pai dele e amanhã vou lhe contar, goste você ou não. Seria bem melhor que concordássemos. Phoebe fitou o brilho determinado nos olhos castanhos faiscantes e um arrepio de medo lhe percorreu a espinha. Tomou mais um gole de champanhe e aquilo lhe deu segurança necessária para se opor a ele. — Não. Acho que está sendo um pouco prematuro. Ben precisa de tempo para conhecê-lo e se adaptar a você. Tentar argumentar de forma racional não o estava levando a lugar algum. — Prematuro — repetiu ele. — Estranho, vindo de você — prosseguiu em tom de sarcasmo. — Uma mulher que estava disposta a deixá-lo crescer acreditando que sua paternidade era desconhecida. Como acha que me sinto? — perguntou. — Nosso reencontro foi pura coincidência e foi apenas a sua falta de habilidade em esconder o pânico que sentia que me fez suspeitar de alguma coisa. Posso ver que foi muito bem cuidado, mas era eu quem deveria o estar sustentando. Phoebe torceu os lábios. — Não se martirize com isso. De certa forma, você está — disse ela, dando uma risadinha. — Acha que isso tem graça? O que quis dizer? — indagou de modo brusco. — Simples. As jóias que me deu serviram para custear meu curso de professora e aquele ostentoso colar de diamantes permitiu que eu comprasse o chalé ao lado do da minha tia. O restante pagou este trailer. Como vê, não tem por que se sentir culpado quanto ao aspecto financeiro. Phoebe deixou escapar um soluço, antes de prosseguir. — Embora no aspecto moral, acho que pagar por sexo com jóias é uma atitude dissoluta. Mas, bem... de acordo com você, eu as mereci, portanto fiquei com elas e as utilizei. Jed nunca a vira daquela forma, portanto ignorou o comentário e olhou ao redor do trailer. — Vendeu mesmo os presentes que lhe dei? — indagou, relembrando o chalé reformado, perplexo com o fato de aqueles valores que para ele significavam uma gota no oceano, a terem ajudado financeiramente por cinco anos. — Sim. A maior parte deles. Incapaz de se conter, Jed a envolveu pela cintura, erguendo-lhe o queixo entre os dedos. Os olhos azuis falsearam, enquanto ela exibia um sorriso luminoso. O champanhe havia certamente lhe soltado a língua, pensou Jed. Provavelmente, nunca lhe teria contado a verdade se estivesse sóbria. O fato de ter provido algo para Ben o fazia se sentir bem melhor. — Não precisava me contar isso, mas fico feliz que tenha me informado. — Incapaz de resistir à tentação, Jed roçou os lábios levemente contra os dela. — O prazer foi todo meu — murmurou Phoebe, ocultando o azul dos olhos sob os cílios longos. A cabeça de Phoebe pendeu sobre a curva do ombro largo, expondo-lhe o pescoço esguio e a mão macia pousou na coxa musculosa. Jed sentiu o corpo se 59


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contrair pela tensão. Ergueu a cabeça e deixou o olhar escorregar pelas feições delicadas e mais abaixo, no sulco dos seios firmes expostos pelo decote em "V". A pressão na virilha, com a qual lutara o dia inteiro, se intensificou. Phoebe ergueu o olhar para fitá-lo, entreabrindo os lábios e se tomou impossível para ele resistir a baixar a cabeça e traçar com a língua o contorno da boca apetitosa, antes de lhe explorar o interior. Em seguida, depositou uma trilha ardente de beijos ao longo do pescoço esguio. — Jurei não mais fazer isso. Phoebe se encontrava embriagada pela delicadeza dos beijos que lhe faziam queimar a pele, mas o comentário lhe penetrou a mente. De repente, percebeu que se encontrava comprimida contra o corpo avantajado, acariciando-lhe a coxa musculosa. Não conseguia entender como se colocara mais uma vez naquela posição com o homem que desprezara e temera durante os últimos cinco anos. Por certo fora a quantidade de champanhe... — Não estamos fazendo nada — disse ela, tentando se afastar e retirando imediatamente a mão da coxa de Jed. — Na verdade, seria melhor que fosse para um hotel — prosseguiu, distanciando-se o máximo que pôde no sofá, temendo se levantar, pois se sentia tonta. Esperava que fosse pelo efeito do champanhe e não pelos beijos. — Não confia em si mesma e eu não vou a lugar nenhum. Não se preocupe. Serei forte por nós dois. O tom sarcástico irritou Phoebe. — A parte central do sofá se transforma em cama. Há lençóis sob a mesa. Vou para minha cama e não quero vê-lo ou ouvi-lo até amanhã de manhã, seu patife arrogante e convencido. Jed a deixou ir. Pegou o telefone celular e repassou as fotos que tirara durante o dia. Seu filho: Benjamim. Independente da vontade de Phoebe, aquela criança era sua família e faria tudo para que Ben fosse com ele. Verificou suas ligações e, em seguida, conectou o laptop a uma rede sem fio segura e trabalhou pelas próximas três horas. Alguns problemas haviam surgido e teria de resolvê-los pessoalmente em Londres, concluiu, quando desligou o computador. Agora que sabia da inacreditável verdade, sentia-se energizado e louco para voltar ao trabalho. Não perderia mais tempo tentando sensibilizar Phoebe. No dia seguinte, contaria a Ben que era o pai dele. A menina sexy e maleável de 21 anos se metamorfoseara em uma mulher sofisticada, teimosa e ainda mais sensual. Poderia esperar. Por fim, ela concordaria com sua forma de pensar. Não era um homem presunçoso, mas tinha ciência de sua boa aparência, seu cérebro brilhante e sua riqueza. Especialmente a fortuna. Nunca conhecera uma mulher que não ansiasse pela chance de se casar com ele. Phoebe não seria diferente. A tentação de uma vida luxuosa superaria quaisquer escrúpulos que talvez possuísse. Porém, não esperaria para ter o filho junto dele. Phoebe acordou e gemeu. Por instantes, não sabia ao certo onde se encontrava. Forçou-se a abrir os olhos e percebeu que estava no trailer e, à medida que as 60


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lembranças da noite anterior afloravam, gemeu outra vez. Outro dia com Jed era algo que não estava disposta a passar. Esforçara-se ao máximo para resistir a ele, embora seu corpo parecesse se divertir fazendo dela uma mentirosa. Sentou-se na cama e consultou o relógio de pulso: 9h da manhã. Não podia ser... Ben costumava acordar com o raiar do dia. Seu primeiro pensamento fora a possibilidade de o filho estar doente. Atirando as pernas para fora da cama, estava quase se levantando quando o menino adentrou o quarto correndo. — Que bom! Está acordada. Jed disse que a deixasse dormir, mas você não acordava mais. Fomos à cafeteria a beira-mar e tomamos café da manhã. — Deveria ter me chamado. Sabe que não deve ir a lugar nenhum sem eu saber. — Phoebe estava aterrorizada com o pensamento de Jed ter levado Ben. Poderia ter partido com ele. Aquele era seu pior pesadelo. — Jed disse que não tinha problema, porque você estava cansada e precisava dormir. Phoebe baixou o olhar ao filho e percebeu a preocupação estampada nos olhos da criança. — Sim, não havia problema — disse, forçando um sorriso. — Mas não faça isso outra vez sem me avisar, está bem? — Depositando-lhe um beijo na testa, empertigouse, amaldiçoando Jed em silêncio. Apenas para encontrá-lo parado ao pé da cama. — Bom dia, Phoebe. Espero que tenha dormido bem — disse ele em tom de voz rouco. Os olhos escuros vagando por seu corpo, com explícita admiração masculina. Phoebe engoliu em seco e sentiu os seios se enrijecerem sob o tecido da blusa. Jed estava tão deslumbrantemente másculo, trajando calça jeans e um suéter azul, que a fez consciente do pijama curto que vestia. — Sim — resmungou ela, ruborizada pela vergonha. Tentou esticar a blusa de algodão colada, mas conseguiu apenas realçar ainda mais os mamilos intumescidos. — Mamãe, não vai acreditar! Phoebe ficou feliz por poder voltar a atenção ao filho. — No quê? — perguntou ela. — Durante o café da manhã, Jed me contou que tenho um pai e que sabe onde ele está. No mesmo instante, o traje exíguo deixou de preocupá-la. Por um segundo, ela fechou os olhos. As faces ruborizadas adotando uma palidez fantasmagórica ao mesmo tempo em que desejava que o chão se abrisse e a engolisse ou, de preferência, engolisse Jed Sabbides. Tinha ciência de que um dia teria de conversar seriamente com Ben sobre o pai, mas não daquela forma, sendo forçada a fazê-lo. Descerrou as pálpebras para descobrir Ben com os olhos fixos nela, vibrando de empolgação. Erguendo a cabeça lentamente, fitou Jed. — O assunto surgiu no meio da conversa e não iria mentir para o menino — explicou ele. — Mas disse-lhe que tinha de pedir sua permissão, primeiro. Phoebe sustentou o olhar nada inocente de Jed, faiscando de raiva. — Que maravilhoso de sua parte. Agora, se importa em sair para que eu possa 61


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me vestir? — Mas quero saber onde está meu pai, agora. Ben estava irredutível e, embora aquela não fosse a forma que escolhera para lhe contar, não permitiria de maneira alguma que Jed o fizesse por ela. O orgulho e a raiva lhe estreitaram a espinha. Erguendo Ben e o colocando em seu colo, afastou alguns cachos de cabelos da fronte do menino. — Você sabe que lhe expliquei que não tinha um pai porque nós nos separamos muito antes de você nascer, certo? Muito bem, Jed sabe onde está seu pai porque ele é o seu pai e agora ele nos encontrou. Ben dirigiu um olhar solene a Jed. — Você é mesmo meu pai? — Sim. Sua mãe e eu perdemos o contato e eu não sabia de sua existência até sexta-feira passada, quando nos reencontramos. Para a minha felicidade, soube que você era meu filho. Prometo-lhe que nunca mais nos separaremos. — Posso chamá-lo de papai? — perguntou o menino, inseguro, fazendo o coração de Phoebe sangrar por ela e pelo filho. — Claro que sim. Não há nada que deseje mais do que ouvi-lo me chamar de papai — replicou Jed, abraçando o menino.

CAPÍTULO NOVE

Phoebe tomou uma ducha e se vestiu, enquanto Ben foi com o pai à piscina coberta do camping. Concordara apenas porque caminhariam até o centro de recreações e porque Jed, com uma expressão cínica, deixou as chaves do Bentley com ela. Sozinha com seus pensamentos, Phoebe temia o futuro. Jed podia proporcionar ao filho tudo que o dinheiro podia comprar e tudo que ela podia dar ao filho era muito amor e trabalhar duro para sustentá-lo. Com um suspiro desanimado, terminou de limpar o trailer. Tentou não deixar suas dúvidas transparecerem quando Jed e Ben retornaram. Passaram o restante do dia dirigindo de Weymouth a Chesil Beach e depois ao patrimônio mundial, Jurassic Coast. A praia terminava na cidade de Lyme Regis, um lugar conhecido pelos fósseis que lá haviam sido encontrados. Após algumas breves e tímidas perguntas, Ben, em sua inocência infantil, aceitara Jed como pai com um entusiasmo que fez Phoebe se sentir culpada por mantê-los afastados por anos, além de experimentar uma pontada de ciúmes. Ben era 62


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seu filho e era difícil aceitar que dali em diante, ela não seria mais o centro do universo dele. Pai e filho pareciam fascinados um pelo o outro, enquanto procuravam por fósseis. De fato, acabaram por encontrar o que Ben descreveu ser o dente de um dinossauro. Quando retomaram a Peartree Cottage, Sid os encontrou à porta e, após entregar as chaves a Phoebe, partiu. Ben se mostrou eufórico com a nova decoração do quarto e meia hora mais tarde, havia tomado banho e dormia profundamente. — Parece um anjo dormindo — murmurou Jed. — Sim. Observar Jed admirar o filho com expressão tema no olhar, suavizou o coração de Phoebe. — Mas às vezes é bastante genioso... como o pai — retrucou Phoebe em tom amargo, antes de girar e se retirar do quarto. Necessitava de um café e se dirigiu à cozinha. Não reconhecia a criatura na qual Jed a estava transformando: língua afiada, ciumenta e temerosa do futuro. Desde quando se tomara tão insegura? — Gostaria de tomar um café, por favor — A voz grave de Jed lhe cortou os pensamentos. — Está bem — disse ela, preparando outra xícara. Jed se encontrava muito próximo e aquilo tinha um efeito devastador sobre seus nervos. — Controle-se, Phoebe. — Jed lhe tomou uma das canecas da mão e exibiu um sorriso de tirar o fôlego. — Foi um dia maravilhoso, não o estrague me dando um banho de café — brincou, afastando uma cadeira e se acomodando à mesa. — Sente-se — sugeriu ele. — Temos muito que conversar. Phoebe desejou ignorá-lo bem como o que ele tinha a dizer. Jed era demasiado perigoso para sua vida e bem-estar emocional, mas não tinha escolha. Iria escutá-lo e convidá-lo a se retirar, decidiu, puxando uma cadeira e se sentando do lado oposto da mesa. — Então fale, mas seja breve. Foi um longo dia — disse em tom sincero. — Estou cansada. — Sim, está com aparência cansada — concordou Jed, esticando a mão e lhe afastando uma mecha de cabelos para trás dos ombros. O contato dos dedos longos no pescoço lhe fez o corpo formigar. — Desculpe-me por não me encaixar em seus padrões de elegância feminina, mas nunca aspirei possuí-los — retrucou, sarcástica. Danação! Os lábios de Jed se contraíram em uma linha fina. Gestos temos e comentários preocupados não o estavam levando a lugar algum. Era hora de fazê-la aceitar a realidade daquela situação. — Não por muito tempo — afirmou Jed de modo abrupto. — Em breve encarnará o tipo de dama elegante que tanto abomina. Não por mim. Não dou a mínima importância para o que veste, prefiro-a nua, mas por Ben. Ele necessitará de uma mãe adequada, à sociedade a qual pertencerá, inevitavelmente, goste você ou não Amanhã terei de viajar para Londres, mas estarei de volta na manhã de terça-feira para 63


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buscar você e Ben. Terá um dia para fazer as malas. Devemos chegar à Grécia ao anoitecer. Phoebe se ergueu. Ouvira com crescente ressentimento o plano de Jed, mas agora se encontrava furiosa pela arrogância com que ele se achava no direito de lhe dar ordens. — Não — respondeu Phoebe, fitando-o, furiosa. Nem eu nem Ben vamos para a Grécia até eu decidir que é o momento certo. Já foi longe demais. Ben sabe que você é o pai dele e, por ora, terá de se contentar com isso. Já terminou de tomar seu café e está na hora de ir embora. — Cruzando a cozinha, disparou pelo corredor, trêmula de raiva. Jed se ergueu em um impulso e a seguiu. Segurando-a pelo braço, girou-a para que o encarasse. — Não aceitarei um "não" como resposta. E seu hábito de fugir acaba agora. Entendeu? — Não estou fugindo e fique sabendo que eu e não vamos a nenhum lugar com você na terça-feira ou tão cedo. Em sua vida profissional, pode dar ordens a seus subordinados, mas não permitirei que faça o mesmo comigo e com meu filho. — Está sendo totalmente insensata. Tem uma semana de férias. Nada a impede de ir para a Grécia com Ben. Sabe que ele ama o mar e tem de admitir que passar as férias em um trailer exíguo não se compara com desfrutá-las na Grécia, com um clima ameno, vista para o mar e cercado de todos os luxos — argumentou Jed em tom sarcástico. — Droga, Phoebe! Lembro-me de um tempo em que não perderia tal oportunidade. Tinha planos de viajar e conhecer o mundo. O que aconteceu com você? Por um longo instante ela o fitou, sentindo os dedos longos lhe apertarem o braço e o calor que emanava do corpo forte. Desejou que ele fosse embora e nunca mais voltasse, mas sabia que aquilo não iria acontecer. Jurara que nunca mais o deixaria feri-la e a raiva que suprimira durante anos aflorou. — Você aconteceu em minha vida. Devastou-a uma vez e não permitirei que o faça de novo. Um sorriso gélido curvou os lábios de Jed. — E quanto a Ben? Pretende devastar a vida dele por causa de sua covardia em encarar os fatos? É uma excelente mãe, garanto-lhe, mas Ben necessita de um homem em sua vida, porque é muito permissiva com ele. — Phoebe recuou como se tivesse sido esbofeteada. As palavras de Jed tocaram em um ponto nevrálgico. Tia Jemma lhe dissera o mesmo. — Responda-me. Por que permitiu que levasse Ben para passear de carro na noite de sexta-feira? Porque deixou que eu passasse não apenas um dia, mas todo o final de semana com vocês? — Porque é um dominador que refuta qualquer objeção que eu faça — disparou ela, detestando pensar que Jed talvez estivesse certo. — Apesar de me sentir lisonjeado por ter tal influência sobre você, a verdade é que Ben é quem a domina. Observei seu comportamento e reparei que teme tanto desapontar o menino que se torna permissiva. E ele sabe disso, Phoebe, acredite-me. 64


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Sou o pai dele. Eu me comportava exatamente dessa maneira com minha mãe, até meu pai me impor limites. — Jed lhe voltou um sorriso seco. — Por enquanto, isso pode não ser um problema, mas será no futuro, sem a influência decisiva de um homem para orientá-lo. Esta manhã, deixou que ele a pressionasse a lhe contar quem era o pai, antes mesmo de se levantar e ontem deixou que ele escolhesse dois tipos de papel de parede, em vez de fazê-lo tomar uma decisão. Isso será algo de que ele necessitará para ter sucesso na vida. — Quando se formou em psicologia infantil? — provocou Phoebe. — Para um homem que não queria ter filhos e soube que era pai há apenas três dias, tem muita coragem em questionar minhas qualidades maternais. Se pensa que manipular Ben o fará me persuadir em ir para a Grécia, pode esquecer. Isso seria típico de um tipo desprezível como você. O sorriso de Jed esmoreceu, enquanto a fitava com uma fúria que fez o corpo de Phoebe estremecer. — Sua pequena... — começou ele, porém se calou e a enlaçou pela cintura puxando-a contra o calor do corpo forte. Quando Jed lhe envolveu a nuca com a outra mão e aproximou os rostos de ambos, sentiu-a fraquejar e estremecer. Aquilo fez com que uma parte da raiva que sentia se abrandasse. — Não seja presunçosa. Persuadi-la a ir para a Grécia não é meu objetivo principal, mas sim o meu filho — afirmou em tom áspero. — Ambos sabemos que se dissolveu em meus braços, louca de desejo e faria o mesmo neste exato momento. Os olhos azuis se encontravam dilatados e escurecidos e deliberadamente ele a apertou com mais força ainda, escorregando a perna entre as coxas macias e lhe tocando o contorno dos seios sobre o suéter de lã. — Pode continuar me impingindo a velha acusação de que eu não desejava um filho — murmurou contra a orelha delicada, mordendo de leve o lóbulo e lhe arrancando um suspiro. — E desejava que interrompesse a gravidez. Continue repetindo para si mesma até acreditar nessa idéia estapafúrdia, mas a única pessoa a quem está enganando é a si mesma. — Essa é sua opinião — murmurou Phoebe. Porém, Jed percebeu o rubor da excitação estampado no rosto delicado. Deus! Ela era tão linda, sensual e estupidamente teimosa! A pulsação da ereção quase o fez gemer. Irritava-se pelo fato de tê-la desejado desde o primeiro instante em que a vira, com uma ânsia que desafiava qualquer lógica. A passagem dos anos em nada alterara tal desejo. Suprimindo a crescente libido, Jed a soltou. — Não vou mais discutir com você. Tampouco a levarei para a cama para saciar o desejo que claramente demonstra. Perdi muito tempo nas últimas semanas a seguindo. Não posso forçá-la a vir comigo, mas voltarei na terça-feira, por volta do meio-dia, para buscá-los e você passará ao menos o resto da semana na Grécia. — Espera que eu concorde com tanta facilidade? — indagou Phoebe. Sabia que tudo que ele precisava era tomá-la nos braços e todos os pensamentos lógicos lhe fugiriam da mente, mas agora, distante do calor do corpo de Jed, recobrara o raciocínio. — Muito bem, pode desistir, porque não vou. — Percebeu-o estreitar o olhar 65


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e acrescentou: — Pelo menos, ainda não. — O bom senso lhe dizia que não podia se opor completamente a Jed. — Os acordos de uma custódia levam tempo para serem costurados de modo que agradem ambas as partes. Não pode sair por aí distribuindo ordens para todo mundo a sua volta. — Como quiser — retrucou Jed em tom baixo e letal. — Então eu a vejo no tribunal. A cor se esvaiu do rosto de Phoebe. — Tribunal? Quer ir aos tribunais? — Se não é capaz de chegar a um acordo comigo, não vejo outra opção. — Os olhos azuis se arregalaram, temerosos, quando Jed lhe ergueu o queixo com um dedo. — A decisão é sua. Tem um dia para pensar. Jed inclinou a cabeça e antes que ela pudesse lhe perceber a intenção, os lábios quentes tomaram os dela em um beijo profundo e firme que a deixou tonta. Como se tivessem vontade própria, os braços delicados envolveram os ombros largos. As batidas aceleradas do coração de Phoebe insensibilizando-a para qualquer coisa que não fosse o gosto e o toque de Jed. De repente, ele interrompeu o beijo e, empertigando-se, retirou-lhe as mãos dos ombros e a afastou gentilmente. — E melhor eu ir embora. — Com um gesto extremamente gentil, ele lhe afastou uma mecha de cabelos da face. Phoebe ainda se encontrava hipnotizada no transe daquele beijo. Porém, quando ergueu o olhar para fitá-lo percebeu a expressão zombeteira. — Caso contrário, posso ficar tentando a ficar outra vez. — Retirou a mão. — Você me deseja, Phoebe. Não consegue se controlar. Mas a próxima vez que eu fizer amor com você será depois de decidirmos o futuro de Ben e não antes. — Girou para partir, mas estacou e se voltou. — Por falar nisso, esqueci de usar proteção na outra noite. Acredito que saiba como tomar contraceptivos melhor do que no passado. — Os olhos escuros encontraram os dela. —Acho que não haverá problemas, certo? — Claro que não — respondeu Phoebe, antes de ele anuir e partir. Porém, as últimas frases de Jed quase a mataram. Permaneceu no corredor por um longo tempo, com o olhar perdido, antes de se dirigir à sala de estar e afundar no sofá. Não tomava pílula anticoncepcional desde que ela e Jed se afastaram, mas jamais admitiria. Desesperada, fez os cálculos e suspirou. Acontecera uma semana antes de seu período fértil. Não havia tanto perigo. Além disso, fora apenas uma vez, naquele sofá, pensou ela socando o móvel como se ele tivesse culpa. Porém, se havia um culpado era Jed. Ele nunca esquecia a proteção. No início do relacionamento de ambos era meticuloso no uso dos preservativos até se certificar de que passara tempo suficiente para a pílula fazer efeito. Na verdade, não poderia acusá-lo de ter deliberadamente "esquecido" de usar proteção na outra noite. Se estivesse grávida, não teria mais ninguém a quem culpar a não ser a si mesma. Para ser justa, era natural que Jed esperasse que ela estivesse tomando pílula. Fora ela a deixar que ele pensasse que era mais do que amiga de Julian. Abriu os olhos 66


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e se ergueu. De nada adiantava ficar sentada ali, temendo o pior. A melhor coisa que tinha a fazer era ir dormir. Mas estar grávida seria a pior coisa do mundo, indagou-se Phoebe deitada na cama, meia hora mais tarde. Ben ficaria eufórico com um irmão ou uma irmã. O desejo que sentia por Jed não a cegava para o tipo de homem que era. Ele não a amava, como lhe dissera em uma inesquecível ocasião. Durante o desjejum na manhã seguinte, mencionou a Ben a possibilidade de viajarem para a Grécia durante as férias e o menino ficou eufórico. Porém, Phoebe ainda não se decidira. O dia se tomou pior, quando ela e Ben foram passear no vilarejo e ele contou a todos que encontraram que tinha um pai.

CAPÍTULO DEZ

Por fim, Phoebe não precisou optar, pois os acontecimentos decidiram por ela. Desistindo de tentar dormir, levantou-se às 6h da manhã e foi até o quarto do filho que dormia profundamente. Talvez por que o tivesse deixado ficar acordado até tarde na noite anterior. Não quisera ficar sozinha com seus pensamentos. Estava longe de tomar uma decisão, enquanto se ensaboava debaixo da ducha quente. Ao fechar a torneira, ouviu o som distante do telefone. Enrolando o corpo trêmulo de frio em uma toalha que pegou no armário, disparou pelos degraus da escada, imaginando quem estaria ligando tão cedo. Ergueu o fone e antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz transtornada de Jed soou do outro lado da linha. — Onde diabos se meteu? Estou tentando falar com você há vinte minutos. — Estava tomando banho e agora estou tremendo de frio no corredor com apenas uma toalha enrolada no corpo, portanto... — Droga, Phoebe! — cortou ele. — A última coisa de que preciso agora é de sua imagem quase nua — disse em tom pausado, fazendo com que o efeito calmante da água gelada desaparecesse. — Fique calada e escute. Meu pai teve um ataque cardíaco ontem à noite. Está no Centro de Tratamento Intensivo do hospital. Cheguei à Grécia às 3h da manhã. 67


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— Sinto muito — disse Phoebe, emocionada. Até mesmo um homem duro como Jed devia estar abalado com o estado de saúde do pai. — Não quero sua compaixão, mas apenas que faça o que eu disser. Falei com o médico que está cuidando dele e as próximas 48 horas são cruciais. Tem momentos em que está consciente e outros não, mas lhe contei sobre Ben e ele quer conhecê-lo. Não permitirei que meu pai morra sem ver o neto. Um carro estará em sua porta às 9h da manhã para levá-los ao aeroporto. Providenciei para que Sid os acompanhe e os traga até o hospital, entendeu? — Sim... não. Espere — gaguejou Phoebe com o coração disparado pelo pânico. — Não tenho tempo para discussões. Faça o que eu disse. — E com isso, ele desligou. Phoebe segurou a mão de Ben lhe dirigindo um sorriso confiante, enquanto cruzavam o corredor do Centro de Tratamento Intensivo. — Verá seu pai em breve e conhecerá seu avô, que não está muito bem. Mas não se preocupe que ele logo se recuperará. — Sid disse que sou um menino crescido e não tenho medo de nada — retrucou Ben. — Não é mesmo? — indagou o garoto ao guarda-costas. — Claro. — Sid indicou-lhes os acentos recostados à parede. — Direi ao Sr. Sabbides que estão aqui — acrescentou, desaparecendo pela porta do lado oposto. Phoebe estava assustada. Tudo estava acontecendo tão rápido que se sentia perdendo o controle da situação. Após o telefonema de Jed, acordara Ben e lhe comunicara que iriam para a Grécia ver o pai, o que deixou o menino eufórico. Relutante, fez as malas, sabendo que não podia negar o último desejo de um homem à beira da morte. Caso estivesse mesmo moribundo! Não a surpreenderia que Jed usasse a doença do pai para atingir seus objetivos. Porém, quando um preocupado Sid aparecera em sua porta, fechara a casa e entrara no carro, resignada. De repente, a porta do outro lado do corredor se abiu e Sid veio ao encontro dos dois. — O Sr. Sabbides estará aqui dentro de instantes, portanto os deixarei agora — disse ele, se retirando. Atenta, Phoebe observou a porta oscilando. Os nervos à flor da pele, quando Jed apareceu. — Phoebe... você veio — disse ele com um tom estranhamente rouco. — Sim — retrucou ela, fitando o rosto tenso. Os olhares de ambos se encontraram por intermináveis segundos. As sombras da intimidade do passado mesclando-se ao presente para compor um raro momento de compreensão mútua. — Não tinha certeza se concordaria em vir — admitiu ele. — Mas estou feliz que tenha vindo. O olhar de Phoebe escorregou pela figura alta e imponente. O paletó havia manchado em algum lugar e a calça estava amarrotada. Os cabelos negros revoltos lhe caíam sobre a testa, como se tivesse passado as mãos pelos fios incontáveis vezes. O 68


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rosto se encontrava estranhamente pálido e os olhos, fundos. Uma profunda preocupação tomou conta de Phoebe, fazendo-a desejar se erguer em um impulso e abraçá-lo. Porém, lutou para controlar tal impulso. — Não me deixou outra opção — retrucou em tom suave com um esboço de sorriso. Aquele não era o momento de discutir. — Ben ficou totalmente fascinado com seu primeiro vôo. — Serei piloto quando crescer, papai — disse o menino. O esboço de um sorriso curvou os lábios contraídos de Jed, ao se abaixar e erguer o filho nos braços. — Poderá ser qualquer coisa que quiser quando crescer, mas agora quero que conheça seu avô. — E voltando o olhar a Phoebe. — Meu pai quer conhecê-la também. O médico lhe deu uma medicação e embora esteja acordado no momento, dormirá em breve. Venha. — Phoebe se ergueu e seguiu Jed e o filho. Uma mulher de cabelos negros e estatura baixa veio ao encontro deles. — Sou a irmã de Jed, Cora — apresentou-se, sorrindo para Ben. — Você deve ser Phoebe. Ouvi falar muito sobre você e é um prazer finalmente conhecê-la, embora não nestas circunstâncias. Quero que venha jantar conosco esta noite para conhecer o restante da família. — Esta noite não será possível — interrompeu Jed, colocando Ben no chão. — Vá tomar um café. Nós não demoraremos e é melhor que fique aqui por algumas horas, enquanto levo Phoebe e Ben para a casa. Revirando os olhos grandes e escuros a irmã murmurou: — O oráculo falou. — E colocando a mão sobre o braço de Phoebe. — Amo meu irmão, mas eu o conheço. Não permita que ele a intimide. Levarei as crianças para lá amanhã de manhã. Elas farão companhia a Ben. Independente do que Jed pense, um quarto de hospital não é local apropriado para crianças — concluiu com um sorriso triste. — Vejo-a mais tarde. Phoebe lhe devolveu o sorriso. Cora era simpática, embora o comentário de ter ouvido falar muito dela lhe parecesse estranho. Inspirou profundamente e, em seguida, congelou com o cenário a sua frente: um homem de cabelos brancos estava deitado no leito, com a cabeça apoiada nos travesseiros, uma máscara de oxigênio descartada sobre o pescoço e equipamentos de soro conectados ao seu pulso e peito. Uma gama de aparelhos lhe monitorava as funções vitais. O rosto do homem estava vincado pelas rugas e pela dor. Ben fitava curiosamente o avô, enquanto Jed dizia algo em grego ao pai e, em seguida, alterou para o idioma inglês para apresentá-lo a Ben. Phoebe percebeu os olhos entorpecidos do homem se iluminarem e aquilo a fez sentir um nó na garganta. Ben estendeu a mão para avô e ele a segurou. Ali estavam representadas as três gerações da família. Todos essencialmente masculinos, com os mesmos olhos castanho-escuros e cabelos espessos e levemente cacheados. Eram incrivelmente parecidos. De repente, a percepção a atingiu como um soco na boca do estômago. Aquela era a família de Ben e, embora não quisesse, não tinha o direito de lhe negar os benefícios da família paterna. — Você é muito velho — ouviu Ben dizer. 69


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— Meu filho... não é educado fazer esse tipo de comentário — disse Phoebe, porém a repreensão foi diluída na risada de Jed e do avô. — A verdade não dói — disse o pai de Jed em tom fraco e rouco. — Aproximese para que possa vê-la. Phoebe se moveu e se postou ao lado de Ben e Jed, sem saber ao certo o que esperar. — É mãe do meu lindo neto — disse ele, com os olhos rasos d'água. — Agradeço-lhe do fundo do meu coração por trazê-lo até a mim. — O prazer foi meu — murmurou Phoebe. — Fico feliz em conhecê-lo — continuou em tom menos formal. — E espero que se recupere em breve. — Sem conseguir prosseguir, engoliu com dificuldade a emoção que lhe apertava a garganta. O homem deitado no leito se esforçava para respirar, mas não havia como negar a satisfação genuína e a emoção em seu tom de voz. O olhar do pai de Jed se moveu vagaroso sobre ela. Em seguida, comunicandose em grego, dirigiu-se ao filho por alguns minutos. Phoebe se surpreendeu com o rubor que se espalhou pela face de Jed e percebeu que estava envergonhado quando respondeu. — É muito bonita, Phoebe — disse o senhor, voltando-se outra vez para ela e lhe segurando a mão com força surpreendente para a condição em que se encontrava. — Meu filho é um idiota. Deve desculpá-lo. Essa não foi a educação que eu e a mãe dele lhe demos. Jed se casará com você imediatamente e... — Basta, pai! Esse não é o momento — ordenou Jed. — Tem de descansar para se recuperar. — Já esperou tempo demais — suspirou o pai, soltando a mão de Phoebe e enterrando a cabeça nos travesseiros, enquanto fechava os olhos. — Não tenho muito tempo e não pode negar o último desejo de um velho doente de vê-lo casado. Aquele homem parecia o mestre da chantagem emocional, pensou Phoebe. Porém, ao observar Jed se inclinar para frente e posicionar a máscara de oxigênio sobre o rosto do pai, dizendo-lhe palavras de conforto em sua língua natal e lhe depositando um beijo na fronte, sentiu-se culpada por tal avaliação. Aquele homem estava lutando pela vida. Porém, o que mais lhe tocou a alma foi ver o frio Jed que tentara odiar durante tanto tempo, mostrando-se tão cuidadoso com o pai. — Ele adormeceu — disse Jed, sorrindo e segurando a mão do filho. Em seguida, relanceou o olhar a Phoebe. — Cora ficará com papai, podemos ir agora. Envolvendo-lhe os ombros com o braço, ele os guiou ao longo do corredor. Para todos os efeitos, pareciam formar uma família. E seria tão ruim se fossem? Phoebe sentiu-se tensa diante do pensamento e do roçar da perna musculosa contra sua coxa, enquanto caminhavam. O desgosto de ser tão facilmente afetada por aquele homem se misturou ao ressentimento que alimentava em relação a ele. Jed conhecia muitos aspectos de sua personalidade. No passado, frequentemente afirmava que ela tinha um coração muito mole em relação a todos a sua volta. Era culpa dele o fato de estar 70


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naquela posição de impotência em um país estranho. Retirando a mão que lhe envolvia os ombros, Phoebe se voltou para encará-lo. — Agora não — disse ele como se lhe estivesse lendo a mente. — Recriminações podem esperar Tive uma noite péssima e o dia não está sendo melhor. Quanto a meu pai... que se dane o homem! Ele é inacreditável. Phoebe o fitou, surpresa. — Não é uma coisa muito agradável de se dizer. — Tudo que quero é levá-los para casa, tomar um banho e trocar de roupa. — Fechou os olhos por alguns segundos e voltou a abri-los. — E talvez tirar um cochilo. Phoebe o observou atentamente, percebendo que o homem dinâmico e poderoso que sempre julgara infatigável parecia de fato exausto. — Parece estar mesmo precisando — respondeu ela, enquanto deixavam o hospital. Ao entrar no carro, Jed se acomodou no banco da frente do passageiro e recostou a cabeça para trás. Phoebe e Ben estavam ali e aquilo o fazia se sentir aliviado. O pai conhecera o neto e estava feliz. Não obstante o desfecho das próximas trinta horas, a expectativa de vida do pai ficaria drasticamente reduzida. Pensando no último desejo do pai, pegou o telefone celular e entrou em contato com seu advogado. A casa ficava localizada na costa, a certa distância da cidade, se estendia por muitos acres. Uma autêntica mansão com uma vista panorâmica para o mar. Ben se mostrou intimidado, assim como Phoebe, quando Jed os guiou através do imenso saguão. Uma mulher com expressão preocupada veio ao encontro deles e Jed a apresentou como a criada, Maria, que por sorte tinha algum conhecimento do idioma inglês. Em seguida, falou rapidamente em grego com o patrão, enquanto ele olhava ao redor com expressão interessada. Uma ampla e extravagante escada era a peça decorativa central em meio ao chão de mármore do saguão, que levava a meia dúzia de aposentos. De repente, uma das portas se abriu e uma mulher a transpôs. Sophia! Phoebe reconheceu imediatamente, enquanto ela se encaminhava em direção a Jed. Em seguida, deu o braço a ele e lhe falou em grego. Phoebe se sentia como um poste, alternando o olhar entre ambos. Que eram íntimos, estava óbvio pela forma como ela o segurava, mas aquilo não era novidade. Então por que se sentia tão mal ao vê-los juntos? Porque ainda amava Jed. O incômodo pensamento aflorou em sua mente. Não. Não podia... não devia... sucumbir mais uma vez a algo que a havia ferido mortalmente no passado. Duvidava ter forças para sobreviver a uma nova decepção. Uma noite de sexo e um fim de semana juntos a deixara ansiando por mais, mas aquilo era atração sexual e não amor Provavelmente o fato de ter testemunhado o lado temo de Jed com o pai e com Ben a estava confundindo, disse a si mesma. Lembrou-se de que, segundo o que dissera Jed dias atrás, Sophia não estaria mais falando com ele. Mentiroso! A mesma mulher que agora segurava delicadamente pelos ombros e a afastava dele com um sorriso nos lábios. — Obrigado por sua preocupação, Sophia, mas estou certo de que meu pai se 71


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recuperará. Fale em inglês, por favor. Temos convidados. — E puxando Ben pela mão disse. — Este é meu filho, Benjamin. A mãe dele, Phoebe, você já conhece. — Seu filho! — exclamou Sophia, recobrando-se rapidamente, antes de acrescentar: — Olá, Benjamin. — Em seguida, se voltou a Phoebe. — Claro que me recordo de você. Como poderia esquecer? — indagou, dirigindo-lhe um sorriso cortês e franzindo o cenho. — Embora me lembre que não se recordava de Jed na época e agora aparece nesta casa com o filho dele. Um tanto bizarro! — E voltou a se dirigir a Jed na língua natal. Phoebe percebeu a postura tensa de Jed ao responder e um lampejo de emoção no olhar de Sophia. — Agradeça a seu pai pela preocupação — disse em inglês. — Mas agora terá de nos dar licença. Foi um longo dia. Maria a acompanhará até a porta. Sophia fitou Phoebe, curiosa. — O menino é a imagem exata do pai. Não sei se é uma tola ou muito esperta. — E dando de ombros. — De qualquer forma, desejo-lhe sorte. Precisará dela com Jed, acredite-me — acrescentou, antes de se retirar em companhia de Maria. De certo modo, Phoebe quase sentia compaixão por Sophia. Fora a mulher que chegara mais próximo de se casar com o mais cobiçado solteiro da Grécia. Fora isso que o pai de Sophia insinuara para ela e Julian no baile do embaixador. Então, o que teria acontecido? — A notícia do ataque cardíaco do meu pai foi dada na rádio local — explicou Jed, segurando-lhe o braço. Phoebe se desvencilhou. — Para alguém que não estava falando com você, Sophia foi bastante loquaz — disse ela, sarcástica. — Ela estava aqui para dar apoio à família. Um gesto natural de amiga. — Uma grande amiga, seu mentiroso... Os olhos de Jed se estreitaram e quando Maria se aproximou, ele se dirigiu ao filho. — Acompanhe Maria, filho. Ela lhe dará um copo de suco. Phoebe abriu a boca para objetar, mas o menino seguiu a criada, muito animado. — Nunca me chame de mentiroso na frente de Ben — repreendeu Jed em tom áspero. — Ele não precisa ouvir seus comentários depreciadores e ciumentos. — Ciúmes de você? Não me faça rir! — Porém, tinha de admitir que ele estava muito próximo da verdade. — Ao contrário de você — rebateu, optando pelo ataque como a melhor forma de defesa. — Não tenho o hábito de mentir. Acha mesmo que eu queria estar aqui com você? Fique sabendo que não. A única razão pela qual vim para cá, foi por Ben e seu pai. Possuo um coração e jamais negaria um pedido de um homem seriamente doente. — Ótimo — disse ele. — Não tem idéia do quanto fico feliz em ouvir isso. — Agora, se me der licença, preciso tomar uma ducha. Maria lhe mostrará a casa — Com 72


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poucas passadas, cruzou o corredor e subiu a escada. Phoebe, ao contrário, não vira nada de agradável no que dissera. Os últimos dias tinham sido infernais e não via perspectivas de melhora. Suspirou e se sentiu aliviada ao ver Ben correndo em sua direção com Maria logo atrás. — Mamãe, comi bolo de mel recheado. Maria riu, limpando-lhe a boca com um guardanapo de papel. — Ele é muito ligeiro. Agora vou lhes mostrar a casa, está bem? Phoebe concordou e ficou impressionada com o que viu. Admirada seria a palavra certa, pensou, após conhecer cinco salas de visitas, algumas mais formais que outras, um escritório e um jardim de inverno. O andar inferior abrigava uma academia de ginástica, uma ampla piscina e os andares superiores eram igualmente impressionantes. Maria lhe contou que haviam duas suítes principais e mais cinco de hóspedes. No último andar, ficavam localizados os aposentos dos criados. Por fim, guiou Phoebe para dois quartos contíguos destinados a ela e Ben. Sugeriu que depois do dia estafante que tiveram, talvez fosse melhor tomarem um banho, descansar e comer algo. Geralmente o jantar era servido às nove horas, mas com o patrão no hospital poderiam servi-lo a qualquer hora que os moradores estivessem presentes. Ensinou Phoebe a utilizar o interfone e lhe pediu para que a contatasse quando quisessem jantar. Uma hora mais tarde, de banho tomado, com a roupa trocada e sentada à mesa bem servida, Phoebe sorriu, indulgente, vendo o filho comer ovos mexidos e tomates grelhados. Sentia-se quase relaxada... até que Jed adentrou a sala de jantar. Involuntariamente, Phoebe se empertigou na cadeira. Os cabelos negros estavam penteados para trás, ainda úmidos pelo banho. Havia se barbeado e vestido terno risca de giz, camisa branca e gravata cinza. Porém, não tinha mais a aparência cansada. Na verdade, estava estonteante. Phoebe tentou em vão controlar a pulsação acelerada diante do poder que o físico masculino avantajado irradiava e desviou o olhar. Tentara por anos convencer a si mesma que o havia esquecido e o desprezava. Porém, desde que ele a seduzira algumas noites atrás com uma paixão tema que lhe destruíra as defesas, era forçada a admitir que estava mentindo para si mesma. Era como se seu corpo estivesse programado para responder apenas a ele e duvidava que um dia algum homem o substituísse. Jed moveu-se, varrendo-a com o olhar. Phoebe optara por um vestido que se colava aos seios fartos. Tentando ignorar a frustração que sentia, ergueu os olhos para fitar a face delicada. À luz clara do ambiente, parecia pálida e Jed percebeu os halos escuros em tomo dos olhos azuis. Um misto de tensão e algo mais o engolfou ao vê-la juntar as mãos sobre o colo e baixar o olhar. Por alguns segundos sentiu a consciência pesar, mas logo focou a atenção em Ben. — Achei que o encontraria aqui — disse ele ao filho. Phoebe não merecia sua compaixão. Enganara-o por cinco anos e mais uma vez no baile da embaixada. — Tenho 73


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de sair, filho — disse, consultando o relógio de pulso. — E como não vou voltar antes de você dormir, quero lhe desejar boa noite agora. Durma bem. — Despenteou os cabelos do menino e com um gesto de cabeça para Phoebe, partiu.

CAPÍTULO ONZE

Phoebe desceu os degraus da escadaria. A casa estava imersa em um silêncio assustador. Ben se encontrava profundamente adormecido, conforme constatara as duas vezes em que fora ao quarto do menino. Verificou as horas no relógio de pulso: 22h30, mas estava demasiado agitada para tentar dormir. Lembrou-se de ter visto uma televisão em uma sala de estar do andar térreo, embora não soubesse em qual delas. Na segunda tentativa, entrou em um aposento iluminado apenas pela luz tênue de uma luminária, próximo à janela. Ajustando os olhos à penumbra, Phoebe percebeu que se tratava do escritório. — Entre e tome um drinque comigo — a voz grave reverberou no aposento e ela viu Jed esparramado no sofá de couro preto com um copo na mão. — Seria bom ter companhia. — Não. Eu vou... você está bem? — perguntou Phoebe, preocupada com o tom de voz tenso. — Não sei. O amanhã dirá. Phoebe não pôde evitar o sentimento de culpa. Estivera tão preocupada com seus próprios problemas que não considerara os temores de Jed, sabendo que as próximas 48 horas, dais quais já se passara metade, eram cruciais para a sobrevivência do pai. Testemunhara a ternura com que ele o tratava e concluíra que Jed não era o ser destituído de emoções que julgara. Sentiu o coração suavizar e, hesitante, caminhou em direção a ele. — Não sabia que tinha voltado — murmurou ela, estancando em frente a Jed. O paletó risca de giz se encontrava dobrado sobre o braço do sofá, a gravata afrouxada e os primeiros botões da camisa abertos, revelando o pescoço largo. Tinha uma aparência sexy e arrogante, mas parecia totalmente solitário... Phoebe sentou-se ao lado dele. — Sei como se sente, mas beber não vai ajudá-lo. — Não pode saber como estou me sentindo — retrucou Jed, esvaziando o 74


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conteúdo do copo e o pousando na mesa ao lado do sofá. — Sim, posso — afirmou ela, pousando uma das mãos no antebraço de Jed em um gesto consolador. — Quando meus pais sofreram o acidente de carro, minha mãe morreu no local e nunca tive a chance de dizer que a amava. Porém, meu pai sobreviveu por mais uma semana e, embora fosse desesperador vê-lo partir aos poucos, tive tempo de me despedir e expressar meus sentimentos por ele. Portanto, em vez praguejar contra o seu, deveria lhe dizer o quanto o ama. Acredite em mim, isso o fará se sentir muito melhor. — Ah, Phoebe! — disse ele, envolvendo-lhe os ombros com o braço e a puxando para perto. Ela era tão generosa, tão feminina! Jed quase lamentou o que estava prestes a fazer. — Agradeço-lhe a preocupação, mas não é necessária. — Os imensos olhos azuis se encontravam fixos nele. Tocou-lhe a face com um dedo e a percebeu prender a respiração. Teve de lutar contra a tentação de se apossar do que sabia lhe pertencer. Porém, fizera exatamente aquilo na sexta-feira e tudo que conseguira foi fazê-la se afastar. Não podia arriscar. Tudo estava planejado e o tempo era essencial. Poderia esperar mais um dia. — Quando praguejei ao sairmos do hospital, não era contra ele. Foi uma expressão de admiração por meu pai — continuou Jed. — Ele conhece meus sentimentos. Zeramos nossas diferenças em uma longa conversa que tivemos logo após seu quarto divórcio. Meu pai me explicou por que se casava com tanta frequência. Ele amava minha mãe de todo o coração. Considerava-a sua alma gêmea. Porém, quando ela se encontrava em estado terminal, fez com que ele jurasse que se casaria de novo e não se tornaria o tipo de homem que não tinha respeito pelas mulheres e dormia com qualquer uma. Meu pai cumpriu a promessa. O tolo, e se casou com todas as mulheres com quem fez sexo após a morte dela. Aquele era um Jed que ela nunca conhecera. Confidenciando-lhe detalhes íntimos de sua família. — Manter a promessa não foi tolo e sim romântico. Deve ser um homem extraordinário e não um cínico como você — provocou Phoebe. — Ainda o achará um romântico amanhã, quando nos casarmos? — O quê? — perguntou Phoebe, erguendo um olhar estupefato para fitá-lo. Jed só podia estar brincado, porém a expressão na face de traços perfeitos lhe dizia que não. — Você ouviu. Meu pai quer que nos casemos. Ele lhe disse isso. Pediu-me para preparar a cerimônia enquanto você está aqui. Concordei para acalmá-lo. Se isso facilita as coisas para você, nunca fiz sexo com Sophia. Somos amigos de longa data. Considerei me casar com ela porque nossos pais são muito amigos. Um casamento de conveniência, assim como será o nosso. O fato de Jed nunca ter feito sexo com Sophia a agradou, mas a menção ao casamento por conveniência apenas para agradar ao pai a enfureceu. — Você concordou? Está louco? — Não. Simplesmente levei a sério suas afirmações de que não mente, tem um 75


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coração e nunca negaria o pedido de um homem seriamente doente. O pedido do meu pai é para que nos casemos. E então? É uma mulher de palavra? Phoebe sentia como se tivesse sido mergulhada em uma tina de gelo. Todos os sentimentos ternos fugiram. Dissera todas aquelas palavras, mas jamais imaginara que Jed as usaria por conveniência. Inclinou a cabeça para trás com expressão desafiadora. — Essa é a mais maliciosa distorção de palavras que já ouvi. Só você seria capaz de uma atitude dessas. — Não é pior do que a sua ao interpretar minha oferta de tomar conta de você ao saber que estava grávida como uma sugestão para que interrompesse a gravidez. Ou o fato de ter negado a mim e ao meu pai preciosos anos ao lado de Ben — rebateu Jed, austero. — Agora pode nos recompensar. O casamento está programado para acontecer amanhã, no hospital. Tudo que tem a fazer é comparecer e assinar quando for requisitada. — Não sou tola — disparou Phoebe. — Isso é impossível. Não podemos nos casar assim tão rápido. Precisamos de documentação, como certidões de nascimento. A mão longa se moveu pelo pescoço delicado. — Está tudo providenciado. Sid me deu seu passaporte e quando saí mais cedo foi para me encontrar com o prefeito, que é muito amigo do meu pai. Ele providenciou uma licença especial, devido ao estado de saúde precário de meu pai, para um casamento civil a ser realizado à beira do leito do hospital. — Roubou meu passaporte! — Ela o entregara a Sid quando passaram pelo controle no aeroporto e se esquecera de pedi-lo de volta. — Não. Tomei-O emprestado. — Jed lhe inclinou a cabeça para trás, arrastando o olhar pelos lábios sensuais, por todo o comprimento do pescoço esguio e elegante até a curva generosa dos seios. — Passamos bons momentos no ano durante o qual nos relacionamos. Seria tão difícil ficar casada comigo? — indagou ele, tomandolhe os lábios quando Phoebe os entreabriu para responder em uma exploração erótica e sensual. Ela tentou se convencer de que não era aquilo que desejava, mas o beijo apaixonado provou que estava mentindo para si mesma e Phoebe se fundiu ao corpo forte, correspondendo-o com igual fervor. Quando por fim Jed recuou, estava com a respiração ofegante. — Nosso casamento faz sentido. Ben e meu pai ficarão felizes e nós temos uma química sexual muito intensa. O que poderia ser melhor? — indagou ele, com um lampejo de satisfação no sorriso sensual. — E quanto ao amor? — perguntou Phoebe. — O amor é mais uma palavra para definir desejo. Tente ser racional. Um homem se sentirá satisfeito em um casamento em que o sexo é bom. Se não houver sexo, mas apenas a emoção que você chama de amor, ficará insatisfeito e irá procurálo em outro lugar. Tensa, Phoebe empertigou os ombros. — Essa é a definição de casamento mais cínica que ouvi — disse ela, furiosa. O único foco de Jed era o dinheiro e poder Casando-se com ela, teria um filho para 76


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carregar o maldito nome da família, enquanto se satisfazia sexualmente. Tinha vontade de esbofeteá-lo para apagar aquele sorriso de satisfação que ele estampava na face, mas pensou bem e hesitou. Além disso, havia a possibilidade de estar grávida. Dois filhos ilegítimos seria demais. Fitando-o sob os cílios longos, não podia negar que Jed era um homem pecaminosamente atraente. No passado, amara-o com todo seu coração, mas não mais. Muito bem, ele que fosse para o inferno. Iria jogar o próprio jogo de Jed. — Está bem. Concordo em me casar com você. Mas o que ele não sabia era que o sexo estaria fora de questão. Aquele arrogante que tentasse viver sem sexo e veria em quanto tempo ela se divorciaria por adultério. — Obrigado. — Jed depositou um beijo no topo da cabeça de Phoebe. — Sabia que acabaria optando pela sensatez. — Tem razão, como sempre — disse ela, porém o sarcasmo em seu tom passou despercebido a Jed. — Fico feliz que finalmente concordamos. — ele se ergueu, pegou o paletó e o vestiu. — Tenho de ir para o hospital para que Cora possa voltar para casa. — Contarei a ela e ao meu pai as boas-novas. Cora poderá ajudá-la a comprar algo para vestir. — E lhe erguendo o queixo com um dedo. — Relaxe e não se preocupe. Tudo dará certo. — E com aquelas palavras, partiu. Phoebe permaneceu parada feito uma estátua ao lado de Jed à beira do leito de hospital. O enfermo foi recostado aos travesseiros. A face corada e os olhos falseando. Phoebe não saberia dizer se aquilo era um bom ou um mau sinal. Percorreu o cenário surreal com o olhar. Os monitores cardíacos apitando e um juiz do outro lado do leito falando sem parar, sem que ela captasse só uma palavra do que o homem dizia. Por sorte, a cerimônia civil foi breve. Cora e o marido Theo serviram como testemunhas e, surpreendentemente, o Dr. Marcus. Observou, entorpecida, Jed assinar os documentos necessários e depois passar a caneta a ela para que fizesse o mesmo. Uma cerimônia destituída de emoção. Exceto quando Jed a tomou nos braços e a beijou. No mesmo instante o torpor foi substituído pelas batidas desenfreadas de seu coração. O barulho da rolha de um champanhe estourando a trouxe de volta à realidade. Taças foram cheias e distribuídas. Cora ajudou o pai a tomar um gole da bebida borbulhante, antes de o médico pedir a todos que se retirassem. Phoebe ergueu o olhar ao homem que agora era seu marido. Mostrava-se frio e controlado como de costume, enquanto a guiava para fora do quarto. Uma sala de recepção foi providenciada no hospital particular para a festa de casamento. Phoebe piscou, surpresa, ao ver um grupo de mais de vinte pessoas reunidas para cumprimentá-los. Jed a apresentou ao seleto grupo, mas ela se encontrava demasiado entorpecida para decorar o nome de todos. Em algum momento durante o beijo que Jed lhe dera, sua determinação em manter um casamento sem sexo havia evanescido. Em determinado momento da recepção Jed a deixou para conversar com 77


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algumas pessoas e Phoebe agradeceu por ficar sozinha, o que não durou muito tempo. O Dr. Marcus se aproximou com uma taça de champanhe na mão. — Phoebe, querida! — exclamou ele. — Está linda! Fiquei satisfeito em saber que milagrosamente deu à luz e agora isto. — Disse fazendo um gesto para englobar a sala. — Demorou, mas Jed por fim convenceu-a a se casar com ele. Lembro-me da terrível noite em que foi trazida ao hospital. Eu e Jed havíamos jantando um pouco antes e, apesar de ele esconder suas emoções, posso lhe dizer que estava eufórico em relação à criança e me disse que se casaria com você. E depois veio a notícia da tragédia. — Marcus tomou um gole de champanhe, enquanto Phoebe o escutava, pálida, diante das revelações. — Ele ficou arrasado com a notícia e permaneceu assim por muito tempo. Também não ajudou o fato de no mesmo final de semana o pai ter tido seu primeiro ataque cardíaco. Um dia após seu aniversário. Jed ficou no hospital por 48 horas. Ele pensou que a havia perdido quando finalmente pôde voltar a Londres, mas o destino opera de forma misteriosa. Ele a reencontrou e finalmente se casaram. Phoebe foi atingida por um choque após o outro. Primeiro ouvir que Jed queria se casar com ela e depois ficar sabendo que ele não a abandonara deliberadamente. Porém, antes que pudesse formular uma resposta, Jed se aproximou e colocou o braço sobre seus ombros. — O que está dizendo para minha esposa, Marcus? — perguntou ao amigo. — Dando-lhe os parabéns, é claro. — Você está bem? — sussurrou Jed ao ouvido de Phoebe, quando o médico se retirou para conversar com outros convidados. — Vi que ficou pálida com algo que Marcus lhe disse. Ele a ofendeu? Os lábios tentadores estavam muito próximos dos dela e uma miríade de pensamentos assolaram a mente de Phoebe. O calor do braço que lhe enlaçava a cintura, o corpo forte colado ao dela e os olhos castanho-dourados brilhando ao fitála. — Não — retrucou ela, percebendo o grande erro que cometera há cinco anos. Fitando a face de Jed com olhar pensativo, pousou a mão sobre o peito musculoso. De acordo com Marcus, aquele homem estonteantemente belo pensara em se casar com ela naquela época. O homem que ainda amava... — Phoebe. Está muito calada — disse ele, segurando-lhe a mão. Phoebe exibiu um sorriso luminoso, sentiu as batidas do coração de Jed se acelerarem e quase riu de seu plano de lhe negar sexo durante o casamento. — Estava apenas pensando no quanto... — Calou-se, antes de lhe dizer que o amava. — seu pai deve ter ficado feliz — emendou, retirando a mão. Por alguns instantes, a euforia que lhe trouxera a revelação de Marcus a cegara para a realidade. Jed quisera se casar com ela há cinco anos, mas apenas por estar grávida, não por amá-la. E agora se unira a ela por causa de Ben. Nada mudara a não ser o fato de saber que Jed nunca lhe sugerira interromper a gravidez e não a abandonara deliberadamente. Recordou-se do momento em que Jed descobriu que Ben era seu filho e 78


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afirmou que deviam se casar. Ela respondera que ele nunca passaria de um pai esporádico ao que Jed lhe pedira uma chance, para lhe provar o contrário. Muito bem, estavam casados agora. Talvez fosse o momento de dar uma chance ao homem que amara e odiara por tanto tempo. Bem como a si mesma, já que o amava e sempre amaria. Jed aumentou a pressão com que lhe enlaçava a cintura. — É hora de partirmos — disse em tom firme. Phoebe olhou ao redor e se decidiu. Iria tentar fazer com que aquele casamento desse certo. Talvez estivesse esperando outro filho e com o tempo Jed poderia vir a amá-la. Ao se despedirem de Cora, Jed informou que passariam a noite fora e pediu que o contatasse caso fosse necessário. — O que quis dizer com passarmos a noite fora? — indagou Phoebe, quando deixaram o hospital. Ben e os sobrinhos de Jed estavam na casa dos Sabbides com Maria e a babá de Cora, tomando conta deles, mas não por toda a noite. — Tenho que voltar para cuidar de Ben. — Não. Ele será muito bem cuidado. — Mas nunca deixei Ben durante toda uma noite. — Pois está na hora de deixar — retrucou Jed, abrindo a porta do carro esporte luxuoso. — Acabamos de nos casar, lembra? — zombou ele. — Por mais que eu ame Ben, não pretendo passar minha noite de núpcias com ele. — Ele sentirá minha falta. Não posso deixá-lo. Além disso, não tenho roupas... — Ele não sentirá. Você pode. E não precisará de roupas — retrucou ele, sorrindo. Desistindo, ela fechou os olhos. O dia tinha começado com Jed informando a Ben que seus pais iriam se casar. O menino se mostrara mais do que satisfeito. Em seguida. Cora chegara com os filhos e um caos se instalou na mansão. Uma seleção de vestidos se materializara em seu quarto. Phoebe escolhera o mais simples, sem alças, com corpete justo e saia curta que terminava dez centímetros acima do joelho. Porém, o traje era guarnecido com um, sobretudo fino da mesma cor, com apliques em cristal, de modo que ela não se sentia muito exposta. Deixou escapar um longo suspiro e abriu os olhos a tempo de ver o carro parar. — Não fica muito longe. — Phoebe tomara a decisão de aceitá-lo como seu marido, mas aquilo não a impedia de se sentir nervosa. Jed não lhe voltou resposta. Limitou-se a sair do carro e contorná-lo para abrir a porta do passageiro e ajudá-la a descer — Onde estamos? — indagou ela, olhando ao redor. Alguns quarteirões à frente podia ver a silhueta da Acrópole. Phoebe se voltou para fitá-lo. — Estamos no meio de Atenas — respondeu para si mesma. —Aquela é a Acrópole — apontou, empolgada. — Sim — respondeu Jed. — Ficaremos no meu apartamento esta noite — informou enquanto a envolvia pela cintura e a guiava através das portas de vidro. Em seguida, apresentou-a ao zelador como sua esposa e a levou ao elevador. Quando alcançaram a porta do apartamento, Jed enfiou a chave na fechadura e a ergueu nos braços, carregando-a para dentro. 79


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— O que está...? — Phoebe lhe enlaçou o pescoço com as mãos. — Está maluco? Ponha-me no chão! — gritou quando os sapatos de salto alto escorregaram de seus pés. — Louco por você — retrucou ele, fechando a porta com as costas, cruzando o saguão e a ampla sala de estar em direção ao quarto. Encontrava-se tão excitado que teve de se controlar para não atirá-la sobre a cama e possuí-la naquele instante. — Oh, meu Deus! Pétalas de rosas — murmurou Phoebe. Jed olhou ao redor e se deparou com sua cama coberta por lençóis de linho branco e pétalas de rosas. Coisas de Cora, sem dúvida, mas não era homem de perder oportunidades. — Especialmente para você — disse em voz rouca, antes de pousá-la no chão.

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CAPÍTULO DOZE

Phoebe ergueu o olhar para fitá-lo. Os olhos azuis cintilando, com expressão divertida. — Nunca o julguei um romântico do tipo que espalha pétalas de rosas pela cama — disse, meneando a cabeça e Jed se surpreendeu com a luminosidade do sorriso que ela lhe voltou. — Não sou, mas por você... — Escorregou as mãos sob o tecido fino do, sobretudo do vestido, fazendo-o deslizar pelos ombros delicados e cair ao chão. Um rubor intenso se espalhou pela face de Phoebe. O fato de ele ter se lembrado das pétalas de rosas a encantara e o nervosismo que sentia desapareceu no instante em que as mãos longas lhe envolveram as costas e deslizaram o zíper do vestido de casamento. Cada peça de roupa teve o mesmo destino do sobretudo. Por fim, Jed lhe deslizou a lingerie de renda pelas pernas esguias. Em seguida, ajoelhou-se e ergueu cada um dos pés de Phoebe para livrá-la da diminuta peça. Quando ele se ergueu, o olhar incinerador a percorreu da cabeça aos pés, antes de Jed a puxar contra o corpo e lhe emoldurar a face com as mãos. — Phoebe, minha linda esposa — disse, roçando de leve os lábios contra os dela, enquanto soltava a presilha que lhe prendia o penteado, deixando que a massa espessa de cabelos sedosos lhe caísse em cascata sobre os ombros. Mais uma vez lhe tomou os lábios em um beijo profundo, escorregando as mãos sobre os braços delicados até lhe envolver a cintura. Um suspiro suave de prazer escapou dos lábios de Phoebe, enquanto oscilava em direção a ele, segurando-se aos ombros largos. De repente, foi erguida do chão mais uma vez e colocada gentilmente sobre cama. — Nunca vi nada tão perfeito quanto você — sussurrou Jed com voz rouca, quase reverente, enquanto se livrava das próprias roupas. — Oh! — Phoebe ofegou ao fitar o corpo alto, bronzeado, de músculos definidos e a potente ereção. — Você é extraordinária, Phoebe — disse ele fitando-a nos olhos — e finalmente é minha esposa — declarou em tom possessivo. Percorreu com a ponta do polegar o pescoço macio e o deixou escorregar mais para baixo até que a palma da mão lhe envolvesse o seio, enquanto os dedos ágeis lhe estimulavam os mamilos. — Ahhh! — gemeu Phoebe. Os olhos dilatados e brilhantes esmiuçando a face máscula de traços perfeitos ao mesmo tempo em que enterrava as mãos na massa de cabelos negros. Os lábios e as mãos de Jed exploravam eroticamente cada ponto sensível do 81


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corpo de curvas suaves. Phoebe sentiu o sangue engrossar nas veias quando ele ergueu a cabeça e lhe capturou um dos mamilos enrijecidos na boca, sugando-o e o mordendo de leve até lhe arrancar um grito de prazer da garganta. Phoebe sentia o peso do corpo musculoso comprimindo o dela, o contato ardente das mãos fortes contra a pele. O tempo pareceu não mais existir, enquanto ela mergulhava em um mar de sensações tão intensas que nada mais tinha importância. Phoebe se contorceu sob o corpo forte, quando a mão de Jed escorregou por entre as coxas macias. Os dedos longos encontrando o ponto mais sensível de sua intimidade, enquanto utilizando a língua a levava a um estado de excitação nunca antes experimentado. Os braços delicados se fecharam em tomo do torso de Jed, enquanto ele se posicionava entre suas pernas. Phoebe o ouviu murmurar palavras roucas e desconhecidas e em segundos estava onde ela o queria. Penetrando-a vagarosamente. Perdida nos espasmos da paixão, Phoebe arqueou o corpo, agarrando-se aos ombros, ao pescoço e a cada centímetro do corpo másculo. Jed espalmou as mãos nas nádegas macias, erguendo-a para penetrá-la ainda mais fundo com investidas rápidas, que no próximo segundo se tomavam mais curtas e lentas para preenchê-la totalmente outra vez. Trêmula, Phoebe o fitou nos olhos. A face de Jed se encontrava tensa pelo esforço de controlar a própria paixão. Com um gemido rouco, ele investiu mais uma vez, penetrando-a o mais fundo que pôde. No mesmo instante, o corpo de Phoebe começou a convulsionar prenunciando o clímax, ao mesmo tempo em que Jed abandonava o autocontrole sobre-humano e se juntava a ela na viagem alucinante que os levou ao êxtase orgástico. Phoebe se colou a ele, sentindo o corpo musculoso tremer e o peito largo arfar sobre ela até que Jed colapsou com a cabeça enterrada nos cabelos longos que se encontravam espalhados pelo travesseiro. Ainda trêmula, ela lhe envolveu as costas com os braços, aconchegando-o, amando-o antes de Jed rolar para o lado e deitar de costas. Phoebe não sabia precisar quanto tempo se passou até que a mão forte a puxasse contra o corpo quente e musculoso. — Agora é de fato minha esposa — murmurou Jed. — Mas só para ter certeza... — Phoebe sentiu os lábios quentes lhe roçarem o pescoço e a orelha, reiniciando a magia que os levou a redescobrir a paixão incontrolável do passado. Phoebe abiu os olhos, bocejou e olhou ao redor. Jed estava esparramado de costas com um dos braços estirado sobre o travesseiro acima de sua cabeça. Encontrava-se totalmente relaxado. Cuidadosamente, ela ergueu o corpo, sustentandoo sobre um cotovelo e observou o homem estonteante a seu lado. Estava profundamente adormecido com os cabelos negros sobre a testa e os lábios levemente entreabertos. Aquele homem era o seu marido, pensou ela, sentindo uma palpitação. Sorriu ao reparar que uma pétala de rosa estava colada ao peito musculoso. Ficou tentada a retirá-la, mas deteve-se para não acordá-lo. Jed ficara acordado durante 48 horas. 82


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Seria melhor deixá-lo dormir. Escorregando as pernas para fora da cama, encaminhou-se ao toalete, onde lavou o rosto, escovou os dentes e penteou os cabelos. Não queria ligar a ducha para não perturbar o sono de Jed. Após recolher as roupas que ficaram espalhadas pelo chão, vestiu-se e saiu do quarto na ponta dos pés para explorar o apartamento. Percorreu a cozinha imaculadamente limpa, decorada em tons de preto e em aço inox, vagou pela sala de estar, que à luz do dia parecia surpreendentemente ampla e confortável e foi atraída pelas portas de vidro que davam para a varanda com uma vista espetacular para a Acrópole. Deteve-se lá por algum tempo e depois continuou sua exploração, agora adentrando em outro quarto. Em seguida, alcançou o último aposento que supusera ser um escritório, mas se parecia mais com o convés de uma espaçonave. Monitores revestiam duas paredes, parecendo a bolsa de valores particular de Jed. Outra sala tinha um sofá cinza acolchoado, no centro se encontrava uma ampla mesa com dois computadores e uma cadeira de espaldar alto. E então, Phoebe percebeu algo que a fez estacar, transfixada. Sobre a mesa, encontrava-se uma caixa aberta contendo o coração de ouro que ela dera a Jed em seu trigésimo aniversário. O fato de ele ter guardado aquela lembrança era, além do sexo extraordinário, uma prova de sua importância para Jed. Talvez ele nunca viesse a amála, mas podiam ter um casamento feliz. Com aquele pensamento, girou nos calcanhares para encontrar Jed parado à soleira da porta. Os ombros se encontravam caídos como se carregasse o peso do mundo neles. — Você está bem? — perguntou ela. Jed ergueu o olhar ao som da voz de Phoebe. Havia acordado eufórico, após a noite mais extraordinária de toda sua vida. No mesmo instante, tateara à procura da fonte de sua felicidade: Phoebe. Porém, tudo que encontrara fora o lado da cama vazio e frio. Olhou ao redor e, ao constatar que não havia sinal dela, pela segunda vez em sua vida de adulto, entrara em pânico. Levantara-se, vestira um robe e apurara os ouvidos. O apartamento se encontrava em profundo silêncio. Ela partira. Foi então que a compreensão o atingiu como um raio: amava Phoebe. Sempre a amara. Nunca fora apenas sexo com ela. Nenhuma mulher o fizera sentir daquela forma e não suportaria perdê-la outra vez. — Phoebe! Ainda está aqui... temi que tivesse partido — confessou ele com voz rouca. Com os olhos arregalados, ela o fitou confusa. — De onde tirou essa idéia? Claro que ainda estou aqui. Nós nos casamos ontem, lembra-se? — indagou, genuinamente preocupada quando Jed cambaleou em direção ao sofá e se sentou, enterrando a cabeça nas mãos. — Nunca temeu nada em sua vida — disse Phoebe, tentando suavizar a atmosfera, enquanto caminhava em direção a ele. Aquele homem era um típico macho alfa, destemido. Uma característica que o tomava poderoso e desejável. Quando Jed 83


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ergueu o olhar para fitá-la, ela percebeu algo parecido com uma profunda dor e, de repente, seus temores aumentaram. — Aconteceu alguma coisa? Com seu pai ou Ben? — Não é nada disso — retrucou Jed, segurando-lhe a mão e entrelaçando os dedos nos dela. Jed parecia tão vulnerável que a intrigou. Ele a puxou de leve e Phoebe se sentou a seu lado. Em seguida, Jed a fitou nos olhos. — Acordei esta manhã e me virei para abraçá-la. Você não estava lá. Procurei no toalete e percebi que havia recolhido suas roupas que ficaram espalhadas pelo chão. E então, concluí que havia partido — disse ele em tom rouco. — Fugira outra vez e eu a amo. Jed acabara de confessar que a amava. Palavras que Phoebe acalentara ouvir durante tanto tempo, mas nas quais não conseguia acreditar. Fitou a bela face máscula e percebeu a tensão nos olhos negros. — Mas... eu não acredito em você. — Não a culpo. Sei que a tratei de maneira abominável no passado... e no presente, também. Talvez devesse começar do início. — O tom de Jed era indeciso, o que era uma novidade, pensou Phoebe. — Mas, por favor, me escute — suplicou ele. — Se não lhe disser tudo agora, talvez nunca mais tenha coragem. — Muito bem, estou escutando. — Phoebe o encorajou. — Amei-a desde o primeiro instante em que a vi, mas em minha presunção, tomei sua inocência e seu amor como algo que me pertencesse sem lhe dar nada em troca. — Não é verdade. Deu-me muitas jóias — retrucou ela. — Exatamente. Algo que não significava nada comparado a minha fortuna e, como você mesma disse, uma atitude dissoluta. — Jed a fitou e tentou sorrir — Os meses que passamos juntos foram os mais felizes de minha vida... até me deparar com uma tragédia e não saber lidar com ela. Pensei apenas em mim mesmo e não em seus sentimentos. Mas nunca pensei em deixá-la. Meu pai teve um ataque cardíaco. — Eu sei. Marcus me contou — murmurou Phoebe. — Não podia usar o telefone celular no Centro de Tratamento Intensivo então entreguei meu aparelho para Christina e lhe pedi para que a avisasse de que eu ia me atrasar. — Ela não me telefonou. Eu é que liguei para ela — disse Phoebe. — Em tom simpático, disse-me que estava acostumada a dispensar suas mulheres, que você havia pedido para me dizer que não voltaria e que eu partisse. — Ela fez o quê? — Uma das sobrancelhas negras se ergueram em uma expressão ultrajada. — Ela nunca dispensou nenhuma mulher para mim. Fui eu quem a demitiu há quatro anos, quando descobri que ela queria ser mais do que minha secretária. Christina me disse que você queria partir. — Discutir o passado é inútil — disse Phoebe, meneando a cabeça. — Sejamos honestos. Poderia ter me encontrado se realmente quisesse. Não teve dificuldade alguma em me encontrar semana passada. Marcus também me contou que queria se casar comigo no passado, mas ambos sabemos que o motivo era o bebê. Assim como 84


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agora. — Não iria confiar na confissão de Jed com tanta facilidade. — Mereço isso, mas o que está dizendo não é verdade. — Os olhos negros se fixaram nos dela e Phoebe percebeu a vulnerabilidade refletida neles. — Não a procurei porque era emocionalmente covarde. Quando cheguei ao apartamento e constatei que havia partido, pensei que seria melhor assim, pois daquela forma não teria de encarar meus sentimentos. Também me sentia culpado por você ter perdido o bebê. — Por quê? — perguntou Phoebe, confusa. — Pela primeira vez depois que me tomei adulto, entrei em pânico quando me contou que estava grávida. Quando me recobrei do choque, soube que desejava me casar com você, mas estava com vergonha de lhe dizer. Quando o médico me disse que havia perdido o bebê, mencionou também ter notado alguns leves hematomas em seus pulsos e em outras partes de seu corpo e me aconselhou a não ser tão impetuoso no sexo, quando você voltasse a engravidar. Entrei em seu quarto, revoltado comigo mesmo e me sentindo o culpado pela perda do bebê. A cabeça de Phoebe encontrava-se em um redemoinho. Aquela confissão a tomara de assalto. A expressão desgostosa no rosto de Jed, quando entrara no quarto do hospital não era em relação a ela e sim a si próprio. Uma fagulha de esperança se acendeu no coração de Phoebe. Talvez ele a amasse. — O médico jamais deveria ter lhe dito aquilo. A forma como fazíamos amor não lhe dizia respeito e eu me deleitava com cada minuto. Certamente não foi culpa sua se perdi a criança. — Talvez não, mas com a interferência de Christina, tive mais uma desculpa para não tentar encontrá-la. Para ser honesto, fiquei aliviado. Sempre estive no controle de minhas emoções e o que sentia por você me aterrorizava. Nosso relacionamento foi o mais longo que tive. Tentei me convencer que não passava de atração física, mas no fiando sabia que era mentira. Amava tudo em você. Seu sorriso de tirar o fôlego, seu raciocínio rápido, as declarações de amor que fazia tão espontaneamente. Daria tudo para ouvi-las outra vez. — Phoebe exibiu um sorriso hesitante, mas ainda não estava totalmente convencida. — Esta manhã, entrei em pânico pela segunda vez em minha vida quando pensei que havia partido. Porém, por uma razão diferente. — As mãos longas apertaram as dela. Os ângulos da face máscula se encontravam tensos e Phoebe imaginou o que estaria por vir. — Porque finalmente admiti que a amo e não suporto o pensamento de perdê-la. Não conseguirei passar pelo mesmo sofrimento outra vez. — Jed lhe emoldurou a face com as mãos. Os olhos negros a fitando com intensidade. — Tem de acreditar em mim, Phoebe. Eu a amo. Nunca sequer olhei para outra mulher nos dois anos depois que partiu. — As mãos longas escorregaram para os ombros de Phoebe, fazendo-a estremecer de leve, porém Jed não percebeu. — Acho difícil acreditar nisso — murmurou ela. Jed era um homem bastante viril e o pensamento a lisonjeou, aumentando-lhe a centelha de esperança. — Mas é a pura verdade, eu lhe juro. Sei que não acredita em mim, mas 85


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também como poderia depois do modo como me comportei? No momento em que a vi na embaixada, decidi tê-la de volta. Tive vontade de socar Gladstone quando ele a beijou. Phoebe reconheceu a ira nos olhos negros. — Isso foi tudo que ele conseguiu — confessou Phoebe, respondendo com igual sinceridade. — No dia em que soube sobre Ben fiquei furioso e a culpei, mas a culpa foi minha por ter desperdiçado cinco anos negando meus sentimentos. Sei que não a mereço e não estou pedindo para que me ame, mas que apenas fique ao meu lado e me deixe amá-la. Por favor, dê-me uma nova chance. — Phoebe ergueu a mão e lhe afastou uma mecha de cabelos negros da testa. Nunca imaginara Jed suplicando seu amor, mas confiava nele? — Disse que meu pai foi um tolo por cumprir a promessa que fizera a minha mãe, mas agora sei exatamente como ele se sentia. Eu a amo, a adoro, venero o chão em que pisa. Sou eu o grande tolo por não ter admitido isso antes. E se sua resposta for não... — Jed parecia um homem que caminhava para o cadafalso — deixarei você e Ben livres. Poderá voltar à Inglaterra e serei um pai visitante. — Eu o amo, Jed e sempre o amei — confessou ela com os olhos cheios de lágrimas, quando uma onda de emoção a engolfou. Aquele homem magnífico, seu marido, a amava. — Se não se lembra, eu costumava dizer isso o tempo todo. Era muito inocente para esconder meus sentimentos. — Jed ainda reconhecia aquela mesma inocência estampada nos olhos azuis. — Nada mudou. Eu o amo e sempre amarei... — Ah, Phoebe. Se soubesse o quanto ansiei por ouvi-la dizer essas palavras outra vez! — murmurou Jed com voz rouca, beijando-a em seguida, de modo quase reverente. Um beijo repleto de amor que tocou o coração de Phoebe e lhe dissolveu os ossos. — Fez-me o homem mais feliz do mundo — declarou ele, quando interrompeu o beijo. — Lembra-se de um dia ter me dado um coração de ouro? Eu o guardei por anos. Era meu talismã e sempre me deu esperança. — Claro que me lembro. Acabei de vê-lo em cima de sua mesa e saber que o guardou por tanto tempo me encheu de esperança — disse Phoebe em tom suave. — Agora você meu deu seu coração de verdade. Vou amá-la e protegê-la pelo resto da vida. Em segundos, ela se encontrava envolta nos braços fortes. O robe de Jed descartado e o vestido de Phoebe atirado ao chão. Fizeram amor de modo lento e terno, murmurando palavras de amor um para outro. E quando a paixão atingiu o ponto de ebulição ele a penetrou, unindo seus corpos e almas.

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EPÍLOGO

— Os casamentos gregos são mesmo incríveis — disse Phoebe, voltando um sorriso luminoso ao marido. — Viu seu pai e tia Jemma dançando com as crianças? Jed olhou ao redor do salão de baile e localizou o casal de idosos. — Se meu pai não tivesse um coração cansado, Jemma certamente o cansaria. Phoebe parecia radiante. Jed não tinha palavras para definir com justiça a beleza da esposa. Por dentro e por fora. Os cabelos, claros como o luar, estavam atados em um intrincado laço no topo da cabeça, para cascatearem, brilhantes e sedosos, por suas costas. O vestido longo, de cetim branco, bordado com cristais Swarovski, se ajustava ao corpo de curvas perfeitas como uma luva. Jed insistira em um casamento na igreja. Phoebe poderia chamá-lo de chauvinista, mas lhe dava imenso prazer saber que fora o único homem que fizera amor com ela. — Está se divertindo? Não foi o pesadelo que previu, certo? — perguntou Jed, enlaçando-a pela cintura e lhe sorrindo, apaixonado. — Claro que estou. A cerimônia religiosa foi linda e dessa vez captei tudo que o padre falou — respondeu Phoebe, rindo, divertida. Jed estava sempre certo. Ele insistira em um casamento pomposo, da mesma forma que insistira com tia Jemma, depois que ela voltou da Austrália, para que passasse algumas semanas com eles na Grécia. Agora a tia passava a maior parte do tempo ali. Um ano havia se passado desde que Ben conhecera o pai e dominava o idioma grego como se fosse um nativo. O menino adorava sua grande família grega e seus amigos. Phoebe amava a todos, especialmente seu marido. A cada dia que se passava, o amor de ambos se fortalecia. Não tinha dúvidas de que ele a amava e confiaria sua vida a ele. Erguendo a mão, Phoebe lhe acariciou os cabelos negros e espessos, antes de beijá-lo. — Eu a amo, esposa — murmurou Jed, quando recobrou o fôlego. — Vamos partir agora e eu lhe mostrarei o quanto. — Eu também o amo, marido — retrucou ela com um sorriso sensual lhe curvando os lábios e um brilho pecaminoso nos olhos azuis. —Agora você tem um herdeiro. Um segundo e mais um de bônus. Não sei se deveríamos — provocou. — Não se atreva, Jed — disse ela, quando o marido a puxou para perto. Jed se mostrara surpreso quando, após três meses de gestação, Phoebe lhe revelou que estava grávida. Não queria que ele se tomasse paranóico quanto à vida sexual de ambos. Jed era um marido super protetor. Revelara-lhe que concebera na 87


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noite em que se reencontraram, porém, não quisera admitir que não tomava pílula desde que eles se separaram, por não ter tido outro amante. Jed se mostrara emocionado. Phoebe nunca parava de surpreendê-lo. Até mesmo quando há três meses dera à luz dois filhos gêmeos. Um menino, Leo, e uma menina, Le Anne. Phoebe, sua esposa e mãe de seus filhos, enchera-lhe a vida de amor e alegria e Jed agradecia todos os dias por tê-la encontrado. Porém, às vezes, um homem tinha de fazer jus a sua masculinidade. Portanto, ele a ergueu nos braços e a carregou para fora do salão de baile para o deleite de todos os convidados e da família.

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