UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – PARFOR LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PÓLO ALMEIRIM/PA
ANÁLISE DA FORÇA ABDOMINAL ENTRE CRIANÇAS DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE PRAINHA – PA MAXWELL COSTA DOS SANTOS Orientador: Flavius Augusto Pinto Cunha
INTRODUÇÃO Dentre os problemas de saúde que surgem na atualidade, são cada vez mais comuns problemas relacionados à coluna vertebral em crianças e adolescentes, devido ao tempo em que ficam sentados em frente do computador, ao transporte de mochilas pesadas e à postura inadequada ao sentar ou caminhar. A presente pesquisa objetivou analisar aspectos da aptidão física a partir das variáveis do teste de força/resistência muscular da região abdominal, considerando protocolo de testes patronizados, realizados por escolares do ensino fundamental na faixa etária de 9 a 11 anos, de ambos os sexos, comparando esses registros com dados oficiais na literatura especializada. Além disso, o estudo registrou o IMC dos estudantes a partir de dados antropométricos e comparou com estudantes da mesma faixa etária em outros estudos com essa variável.
2. REVISÃO DA LITERATURA No intuito de compreender os elementos pertinentes a produção de força e resistência na região abdominal, este estudo buscou descrever as características que essas variáveis apresentam com relação à Educação Física. Além disso, fundamentou e discutiu informações referentes a musculatura da região abdominal, para compreender as relações da força/resistência abdominal no contexto da Educação Física na escola.
2.1. A musculatura do corpo humano A locomoção humana ocorre em virtude da atuação mútua dos sistemas esquelético, constituído por ossos e cartilagens, articulações e músculos. Cerca de 40% do corpo humano é composto por músculos esqueléticos e aproximadamente 10% são formados por músculos liso e cardíaco (GUYTON; HALL, 2002). A musculatura esquelética é a responsável direta pelo equilíbrio da coluna vertebral ao se mostrar capaz de estabilizar as articulações e participar da sustentação do corpo humano. Durante as atividades, esses músculos estão continuamente contraídos de modo involuntário, mesmo quando estamos relaxados sentados em uma cadeira, ou parados em pé, mantendo o chamado tônus muscular.
Organização dos músculos estriados esqueléticos
Fonte: MARTINI, 2009.
Músculos superficiais ou cutâneos estabilizadores da coluna vertebral
Fonte: PRANDI, 2011.
M煤sculos profundos ou subaponeur贸ticos estabilizadores da coluna vertebral
Fonte: www.pilatesclinicofuncional.com.br
2.2. Aspectos posturais na Educação Física Candotti et al. (2011) afirmam ser relevante a implantação no ensino básico de programas que visem a orientação no sentido da educação postural, através dos conteúdos ministrados na Educação Física, como forma de prevenir alterações na postura corporal. Através de uma prática pedagógica baseada em experiências de aprendizagem que preconiza a aquisição de conceitos e comportamentos que podem modificar os hábitos posturais adquiridos ao longo da vida e o desenvolvimento da má postura.
2.3. Atividade física para a saúde postural A Declaração do Colégio Americano de Medicina Esportiva - ACSM, recomenda que a aptidão física de crianças e adolescentes seja desenvolvida como o primeiro objetivo no incentivo à adoção de um estilo de vida apropriado com prática de exercícios, com intuito de desenvolver e manter o condicionamento físico suficiente para melhoria da capacidade funcional e da saúde.
2.4. O professor de Educação Física no combate a problemas posturais O professor de Educação Física deve ser promotor da “boa postura” e priorizar em sua prática trabalho preventivo que vislumbre dois aspectos de suma importância: a inspeção e a instrução. Esse mecanismo deverá dar ênfase às formas corretas e incorretas para a atitude postural, determinando uma linha de trabalho de orientação e prevenção (PEREIRA; FORNAZARI; SEIBERT, 2006). Visto que é primordial o trabalho corporal com as crianças na escola, de maneira a desenvolver não só habilidades corporais, mas também uma educação postural que as orientem para um trabalho corporal em que saibam respeitar o próprio corpo, não exigindo dele além do necessário (VERDERI, 2008).
2.5. A avaliação física no ensino fundamental Crianças e adolescentes estão mais sujeitas a desenvolverem problemas como a hiperlordose, a hipercifose e a escoliose, ligados a alterações na coluna vertebral, que podem se perpetuar para a vida adulta se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente. Cabe a escolas, em particular ao professor de Educação Física, suprir essa carência através da sensibilização e de implementos pedagógicos que consistam em mudanças de atitudes destes alunos e de seus familiares em relação a consciência corporal. Na escola de ensino fundamental a avaliação física deve ocorrer ao longo de todo o período escolar tendo como base a aplicação de procedimentos que visem acompanhar, minuciosamente, o desenvolvimento da criança e do adolescente.
3. METODOLOGIA 3.1. Descrição Pesquisa descritiva que utilizou a abordagem quanti-qualitativa a partir do levantamento de campo.
3.2. Local Levantamento de dados realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Alfredo Silva Hage, localizada na travessa Benjamin Constant, bairro de São Sebastião, cidade de Prainha, Pará.
Escola M. E. F. JosĂŠ Alfredo Silva Hage
Fonte: Arquivo pessoal.
3.3. Participantes Foram 15 estudantes, de ambos os sexos do 4º ano do ensino fundamental, com faixa etária entre 9 e 11 anos.
3.4. Procedimentos Mensuração da estatura corporal com fita métrica padrão, descritas em metros e medida da massa corporal com balança digital em quilogramas, para a identificação do IMC: IMC = massa corporal (Kg) / estatura (m)2. Teste de força/resistência abdominal que consiste em um indivíduo realizar o maior número de movimento de flexão do abdômen no intervalo de um minuto.
3.5. Análise de dados Interpretados a partir de estatística descritiva considerando a média e desvio padrão dos valores encontrados no protocolo de testes realizado pelo grupo e comparados com o referencial padrão da literatura.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
70 60 50 40 30 20 10
MÉDIA DO IMC (%) 60
20 6.7
13.3
0 ade Obesid
so
investigado
e Sobrep
l Norma
eso Baixo p
Gráfico 1: Registros do IMC do grupo
Os valores da média do IMC indicam que a grande maioria dos pesquisados está dentro da normalidade para a faixa etária, de acordo com a tabela PROESP-BR. Entretanto, a indicação tanto de baixo peso quanto de obesidade precisa ser observada mais de perto com essa população, pois se não houver nenhuma ação concreta que possa modificar esse quadro, os registros podem indicar uma tendência de alteração da composição corporal. É possível enquadrar os mesmos em dois grupos críticos que refletem possíveis problemas alimentares ocasionados por fatores educacionais ou socioculturais característicos da realidade em que estes estão inseridos.
COMPARAÇÃO DO IMC (homens/mulheres) 70 60 50 40 30 20 10
62.5
57.1
28.6 12.5
12.5
12.5
14.3
0 so
MULHERES
Gráfico 2: Comparação do IMC entre homens e mulheres do grupo.
ade Obesid
e Sobrep
l Norma
eso Baixo p
HOMENS
0
Na anรกlise do IMC, quando comparado homens e mulheres do grupo investigado, os resultados mostraram que nรฃo hรก muita diferenรงa entre essas variรกveis, exceto no que se refere ao sobrepeso. Os valores foram respectivamente para homens e mulheres: peso normal 62,5 e 57,1%, baixo peso 12,5 e 28,6%, sobrepeso 12,5 e 0, e obesidade 12,5 e 14, 3%.
MÉDIA DE ABDOMINAL P/ MINUTO DO GRUPO(%) 50 40 30 20 10
46.6 26.7
26.7
0
0
te Excelen
da Acima Média
avaliado.
Média
ia da méd Abaixo
Fraco
Gráfico 3: Força abdominal do grupo
0
Esses dados evidenciam que um percentual considerável dos envolvidos nesta pesquisa apresentam os grupos musculares do abdome muito fracos, possivelmente causados pela redução de tono muscular nesta região. Visto que, conforme afirma Martini et al. (2009), mesmo quando um músculo esquelético se encontra em repouso, algumas unidades motoras estão continuamente ativas. Contrações dessas unidades não produzem força suficiente para desencadear movimento, porém tencionam o músculo. Para isso unidades motoras são aleatoriamente estimuladas de forma que há uma tensão constante nos tendões fixos, porém fibras musculares individuais podem levar algum tempo para relaxar.
5. CONCLUSÕES A postura corporal adequada depende de atividades físicas focadas no fortalecimento da musculatura da região abdominal e de bons hábitos que devem ser adquiridos desde a infância. Para isso é necessário que os profissionais da Educação Física que atuam com crianças e adolescentes do ensino fundamental, reconheçam a importância de suas ações no desenvolvimento global desses indivíduos. Pois estes profissionais são, em muitos casos, a única fonte disponível de informação e orientação segura que norteiem estes indivíduos para o seu desenvolvimento físico de maneira mais efetiva, além de contribuir na harmonização de outros aspectos ligados ao social.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsiever, 2006. CANDOTTI, E. A. A Educação Postural como conteúdo curricular da Educação Física no Ensino Fundamental II nas escolas da Cidade de Montenegro/RS. Rio grande do Sul: Movimento, 2011. PEREIRA, V. C. G; FORNAZARI, L. P.; SEIBERT, S. N. O rastreamento de alterações posturais nas escolas como ferramenta ergonômica na prevenção de afecções da coluna vertebral. In: 14ª Congresso Brasileiro de Ergonomia, Curitiba PR, 2006. VERDERI,
E.
PEP
-
Programa
de
Educação
Postural:
Disponível
http://www.programapostural.com.br/paginas.php?id=123&cat=15&tit=Altera%E7%F5es %20das%20Curvas%20da%20Coluna%20Vertebral. Acesso em: 07 de maio de 2015.
em:
MARTINI, F. H; TIMMONS, M. J; TALLITSCH, R. B. Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 2009. PRANDI, F. R. Treinamento funcional e core training: uma revisão de literatura. Monografia - Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Educação Física. Santa Catarina. Florianópolis, SC, 2011.
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. Marthin Luther King
Obrigado!