Materia Caxias

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SÉRIE

PARTIDO VIVO Arquivo PCdoB Caxias

A partir da esq.: Raul Carrion, Silvio Frasson, Renato de Oliveira, Abgail Pereira, Assis Melo e Déo Gomes; dirigentes comunistas celebram os 90 anos do PCdoB em atividade na Câmara Municipal de Caxias do Sul (março, 2012)

Protagonismo comunista e classista em Caxias do Sul Cláudio Gonzalez*

Dando continuidade à série de reportagens sobre as bases operárias do PCdoB pelo país, Princípios foi a Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, conhecer a exitosa experiência sindical dos metalúrgicos e comunistas que atuam no segundo maior polo metal-mecânico do Brasil. 93


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Vista panorâmica de Caxias do Sul

ão é apenas a tradicional Festa da Uva que faz a fama de Caxias de Sul. A maior cidade da Serra Gaúcha é também conhecida como “cidade do trabalho”. Segundo informações do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), os 17 municípios da região serrana concentram cerca de 2.900 empresas do ramo, são 2.700 só em Caxias, constituindo o segundo maior polo metal-mecânico do país – fica atrás apenas do polo do ABC paulista. Estas empresas – entre elas gigantes como a Tramontina, Marcopolo e Randon – geram um faturamento anual de R$ 21,2 bilhões (R$ 17,6 bi em Caxias do Sul), riqueza produzida pelas mãos dos mais de 70 mil trabalhadores que elas empregam. No dia 29 de abril, quando o jornalista da Princípios foi a Caxias para fazer esta reportagem, a confirmação de que havia chegado em uma cidade com forte marca classista ocorreu logo na chegada. Em pleno horário nobre, no intervalo do programa Fantástico, da Rede Globo, os televisores do bar do aeroporto anunciavam a festa do Dia do Trabalhador na cidade, evento promovido pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Talvez não haja no país outro exemplo tão eloquente de uso de espaços de comunicação por parte de uma entidade sindical. E o grande protagonista desta ousadia é o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região. Princípios conversou com o presidente em exercício da entidade, Leandro Velho. Ele falou sobre a forte presença dos comunistas no sindicalismo caxiense e relatou avanços, problemas e desafios da atuação sindical e partidária na região.

Conquista de espaços O PCdoB está bem posicionado no movimento sindical de Caxias do Sul. O partido tem presença destacada na maioria das entidades de trabalhadores. Além de comandar o Sindicato dos Metalúrgicos, que é a maior organização sindical de toda a região, os comunistas também dirigem outros 15 sindicatos em

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MISSÃO SOCIALISTA: Leandro Velho, presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, ao lado da placa fixada na entrada da sede social da entidade.

Caxias e cidades próximas, incluindo o importante Sindicomerciários. Cada uma destas entidades foi conquistada com muito trabalho militante e politização. “Não somos sindicato tipo despachante, só para carimbar. Falamos nas portas de fábrica que participamos da política sim. Nossa missão é mudar a sociedade. E para mudar a sociedade o sindicato classista é uma ferra-


PARTIDO VIVO

Protestos em frente à Metalúrgica Abramo Eberle. 1963 - Coleção: Família Segala

COMUNICAÇÃO: Foto histórica de um protesto sindical em Caxias destaca a importância da comunicação para a luta dos trabalhadores. Hoje, o Sindicato dos Metalúrgicos investe em veículos que vão do tradicional jornal da entidade (12 de Fevereiro) a inserções na programação da TV aberta (Minuto Metalúrgico), além de site, outdoors, cartazes, folhetos, eventos e programas de rádio.

menta fundamental. Tem as suas limitações para atuar, claro! Não podemos confundir sindicato com partido. Mas dentro daquilo que o sindicato puder alcançar na questão política, nós estamos em todas, desde o campo até a cidade. Em todos os segmentos o sindicato sempre está presente”, diz Leandro Velho, que é vice-presidente do sindicato e assumiu interinamente a presidência depois que o presidente da entidade, Assis Melo, se licenciou para cumprir o mandato de deputado federal pelo PCdoB-RS. Segundo Leandro, a própria eleição de Assis para a Câmara dos Deputados é reflexo desta ampla e politizada atuação sindical.

Comunicação é poder O diretor de Comunicação do sindicato, João Cleber Soares, aponta o forte investimento em comunicação como um trunfo para dar visibilidade e credibilidade à ação sindical. “Depois que Clomar Porto [da empresa Ilume Comunicação Integrada] assumiu o planejamento da nossa comunicação, conseguimos mudar a imagem do sindicalismo na cidade. Antes, muitas pessoas nos viam como radicais briguentos... Mas divulgando nossas mensagens e dialogando com a sociedade e os trabalhadores através dos meios de comunicação, pudemos mudar esta concepção. Hoje, somos respeitados por todos os segmentos”, diz Cleber. Entre as iniciativas de maior destaque na comunicação sindical, Cleber cita o Minuto Metalúrgico, com inserções transmitidas semanalmente pela RBS TV (Globo) no intervalo da “novela das 8”.

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118/2012 Coleção Família Segalla

Arquivo Fecosul

Presidente da CTB/RS, Guiomar Vidor, fala aos trabalhadores durante festa do 1º de Maio em Caxias do Sul

Trabalhadores na greve dos metalúrgicos que paralisou a cidade, em 1963

O sindicato também veicula programas em três rádios comerciais, produzidos em estúdio próprio pela equipe do sindicato, e possui uma rádio online, a Rádio Metalúrgico. Além disso, edita mensalmente e distribui nas portas das fábricas o jornal 12 de Fevereiro, principal canal de comunicação da entidade com a categoria. “Achamos que nossa comunicação está boa, mas sempre é possível melhorar”, afirma Cleber. Segundo ele, o sindicato quer ampliar a participação nas rádios e dialogar mais com os jovens. Ele destaca ainda os investimentos em pesquisas e planejamento estratégico.

Formação e história Além da comunicação, os metalúrgicos comunistas colocaram a formação como prioridade em seu último planejamento. “Estamos investindo muito em formação teórica. E prática também. Criamos agora 14 núcleos de operários em 14 fábricas – acho que isso é inédito no Brasil. Já tivemos duas etapas de formação com o pessoal, particularmente os que integram a direção”, relata Leandro Velho. Ele informa também que o sindicato contratou um assessor de formação política e sindical

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Roberto Carlos Dias

Déo Gomes

“A ideia é discutir o programa socialista do nosso partido com profundidade e preparar a nossa militância para as disputas eleitorais que temos pela frente e também para os módulos de formação comunista”.

O PCdoB de Caxias também está apostando na formação dos militantes, através de cursos ministrados pelo secretário de Formação do partido, Déo Gomes. A primeira etapa do curso ocorreu em dezembro de 2011 e contemplou 40 militantes que tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais o programa socialista para o Brasil. “O nosso partido faz a política entre as massas, que o difere de todos os outros partidos políticos no campo da burguesia ou da pequena-burguesia”, diz Déo Gomes, que além de secretário de formação do PCdoB, trabalha como dentista no Sindicato dos Metalúrgicos. Déo é um dos principais responsáveis pela consolidação da presença comunista em Caxias. Em 1976, após vários anos de trabalho partidário no RS, ele mudou-se para Caxias e deu início à organização do partido na região serrana. Era o passo fundamental para ajudar na construção mais ampla do PCdoB no Estado. Em 1979, participou da reor­ ganização do PCdoB estadual em encontro em Canela, quando era participante ativo da luta pela Anistia. Em 1981, volta a atuar em Porto Alegre junto à direção estadual do partido. De volta a Caxias, em 1987, Déo reassume a direção do PCdoB.


PARTIDO VIVO Arquivo sindicato/divulgação

AMPLITUDE: Protestos contra a violência no trânsito e pela construção de passarela na rodovia BR-116, pela instalação de uma universidade pública na cidade e contra o processo de desindustrialização mostram a relação ampla dos sindicatos e dos comunistas de Caxias com lutas gerais da população

“Sindicato faz bem à sociedade”

Em 1996, tornou-se o vereador mais votado de Caxias do Sul, com 3.142 votos. Em 2000, foi reeleito e ajudou a ampliar a representação do PCdoB, com a eleição de dois vereadores comunistas. No ano de 2004, último da segunda legislatura, os desafios se apresentaram de forma mais grandiosa para Déo, que, além de ocupar a presidência da Câmara de Vereadores, concorreu como candidato a prefeito pelo PCdoB. Atualmente, além de secretário de Formação, Déo também é coordenador político da Fundação Maurício Grabois Serra Gaúcha. Caxias é a primeira cidade sem ser capital a ter uma sucursal da Grabois. “Através do núcleo local da Grabois temos conseguido atrair alguns acadêmicos para o debate de propostas para a cidade, para formular nosso plano de governo. Assim, ocupamos espaço em segmentos com os quais temos tido dificuldades de inserção local, como é o caso da classe média e da intelectualidade progressista”, diz o jornalista Roberto Carlos Dias, secretário de Comunicação do PCdoB de Caxias.

Ele diz também que o deputado Assis Melo assumiu o compromisso de lutar pela instalação de uma extensão da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) na cidade. “Isso deu um respaldo muito grande para a atua­ção do Assis entre a juventude e setores acadêmicos”, salienta Roberto, lembrando que Caxias do Sul conta apenas com instituições privadas de ensino superior. Outro segmento que tem aumentado a interlocução com o partido graças ao mandato de Assis Melo é o da saúde. Profissionais da enfermagem obtiveram importante conquista no mês passado com a aprovação, na Comissão do Trabalho da Câmara, de um parecer do deputado Assis ao projeto de lei que estabelece o piso salarial dos enfermeiros. As recentes manifestações pela produção e emprego e contra a desindustrialização também reforçaram este leque de bandeiras gerais que têm servido para dar visibilidade à atuação e ao projeto nacional dos comunistas.

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Rumo à Prefeitura G

aúcho de origem simples, nascido em 1962 na então localidade de Monte Alegre dos Campos, denominado 8º Distrito de Vacaria, Assis Flávio da Silva Melo superou suas próprias expectativas. Profissional soldador-montador, formou-se no ensino médio aos 43 anos. Aos 45, em 2008, sagrou-se como o vereador mais votado da história de Caxias do Sul, com 8.399 votos. Na eleição de 2010, foi eleito deputado federal pelo PCdoB, com 47.141 votos. Com uma trajetória marcada pela luta sindical, ele se prepara agora para enfrentar sua jornada mais ousada: disputar a prefeitura de Caxias do Sul. Assis é o caçula dos homens em uma família de dez irmãos. Na campanha para prefeito, vai contar com o apoio de outros milhares de irmãos de luta que o têm como liderança há mais de vinte anos. Assis liderou as grandes greves de metalúrgicos de 1989 e 1990 e preside a entidade classista desde 2001. O esporte também faz parte das paixões de Assis de Melo, que já jogou basquete na equipe da empresa Marcopolo. A história, o trabalho, as ideias, a garra de Assis e o apoio de uma militância confiante na disputa dão condições para que no dia 7 de outubro ele possa vencer mais este jogo. Em 2008, Assis foi eleito vereador com votação histórica

Projeto para 2012 Para Silvio Frasson, presidente do PCdoB de Caxias do Sul, a posição de destaque que o partido alcançou na cena política local deve-se justamente a esta amplitude das lutas e bandeiras que os comunistas assumem, com destaque para o protagonismo dos metalúrgicos. Isso reforça o projeto eleitoral que o partido acalenta para 2012: lançar Assis Melo como candidato a prefeito. O Comitê Central do Partido já deu seu aval aos planos dos comunistas caxienses e colocou a campanha pela prefeitura de Caxias na lista de “batalhas” prioritárias, junto com outras 17 cidades do país. Uma recente pesquisa divulgada pelo jornal O Caxiense mostra Assis bem posicionado na disputa, com 18,7% das intenções de voto. À frente dele estão empatados a candidata do PT, Marisa Formolo, com 23,8%; e Alceu Barbosa, do PDT, com 23,7%. O atual prefeito da cidade, Ivo Sartori (PMDB), cumpre o segundo mandato e não pode disputar a reeleição. Deve apoiar o candidato do PDT. Além de disputar pra valer a Prefeitura, o PCdoB quer eleger três vereadores. E não faltarão candidatos competitivos para alcançar este objetivo. Só do Sindicato dos Metalúrgicos sairão três candidatos comunistas.

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Celeiro de lideranças Projetar fortes lideranças sindicais e políticas tem sido uma tradição dos metalúrgicos de Caxias. Além de Assis Melo, a categoria tem outra liderança importante atuando no legislativo: o vereador comunista Renato Oliveira, que também é metalúrgico de profissão e está no quarto mandato consecutivo, assegurando sustentação política para o partido na Câmara de Vereadores. Um outro diretor do Sindicato, Todson Marcelo Andrade, elegeu-se vereador pelo PCdoB na cidade de Carlos Barbosa, também na Serra Gaúcha. Até mesmo o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas (PT), que já prefeito de Caxias por duas vezes, tem vínculos com os metalúrgicos da cidade. Ele é médico do Sindicato e está atualmente licenciado da função. No último dia 27 de abril, a Câmara dos Deputados realizou uma sessão em homenagem aos metalúrgicos. Entre os 16 homenageados estava o titular do Conselho Fiscal do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias, Jorge Rodrigues. Ele presidiu a entidade por três mandatos (1993 -1995; 1996 - 1998 e 1999 - 2001). “Os metalúrgicos de Caxias do Sul e região são admirados em todo o Brasil. Isso se deve, principalmente, à importância da categoria para o desenvolvimento local, da região e do país. É uma mão de obra


PARTIDO VIVO Arquivo

Cláudio Gonzalez

Da esq. p/ dir.: Paulo Paim, Guiomar Vidor e Abgail Pereira

qualificada, que produz bens de padrão internacional. Geram a riqueza de Caxias e ajudam o Brasil a andar para frente. Os trabalhadores do setor metal-mecânico, que na região já somam 58 mil profissionais, são conhecidos também pela capacidade de se organizar para lutar por direitos”, disse Assis Melo durante o ato de homenagem. Além dos metalúrgicos, outra categoria que tem projetado lideranças políticas e sindicais importantes na cidade serrana é a dos comerciários. O atual presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Caxias do Sul (Sindicomerciários), Silvio Frasson, também preside o PCdoB local. O mesmo sindicato já havia sido dirigido por Guiomar Vidor, hoje presidente da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Cláudio Gonzalez

Roberto Carlos Dias (e.), secretário municipal de Comunicação do PCdoB; e Silvio Frasson, presidente do PCdoB-Caxias

Rio Grande do Sul (Fecosul) e também presidente da seção gaúcha da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), cargo para o qual foi reeleito em 2009, quando também passou a integrar a direção nacional da Central. Em 2010, Guiomar foi candidato a deputado estadual. Obteve mais de 15 mil votos, mas não foi suficiente para elegê-lo. Sua companheira, Abgail Pereira, é outra liderança sindical comunista que se destacou em Caxias do Sul. Pedagoga, Biga, como é conhecida, é servidora pública e foi presidente por três mandatos do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Restaurantes, Bares e Similares e em Turismo e Hospitalidade de Caxias do Sul (Sintrahtur). Em 2008, candidatou-se a vice-prefeita na chapa liderada por Pepe Vargas. Antes, em 2004, concorreu à vereadora para a Câmara de Caxias. Não venceu, mas tornou-se a terceira mulher mais votada naquele pleito. Em 2010, disputou o Senado e obteve mais de um milhão e meio de votos. A votação não a elegeu, mas foi decisiva para garantir a reeleição de seu colega de chapa, o senador Paulo Paim (PT-RS), e impedir que as duas vagas gaúchas do Senado ficassem com a direita. Atualmente, Abgail é secretária de Turismo do Rio Grande do Sul.

Atrair a juventude

JUVENTUDE: jovens compareceram em massa na festa do Dia do Trabalhador, mas estavam interessados na música, não nos discursos

O potencial de forjar lideranças a partir da luta sindical tem despertado tanto na direção do PCdoB quanto na direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias a preocupação com a pouca participação política dos jovens trabalhadores da região. Segundo Leandro Velho,

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são poucos os jovens que se interessam pelas discussões promovidas pelo sindicato. “Isso é um problema para uma categoria que tem cerca de 40% de jovens”, afirma o dirigente sindical. Segundo ele, o jovem trabalhador não se identifica mais com aquela imagem do operário “peão”, de macacão e boné. “O jovem metalúrgico não se considera metalúrgico. Ainda mais aqueles que estudam, por exemplo, mecatrônica. Fizemos uma pesquisa aqui no sindicato. Quase 50% dentre os jovens demitidos o são porque pedem para sair. Ele fica ali na fábrica esperando uma oportunidade de crescer, mas se ela não acontece rápido, ele sai, porque não é aquilo que ele queria. A pesquisa nos dá uma pista de que o sujeito vai ter consciência de classe aos 28, 29 anos de idade”, relata Leandro.

Ele diz ainda que tem notado maior envolvimento dos jovens nas questões imediatas. “Por exemplo, nós vamos discutir sobre participação nos lucros e aí eles participam porque é imediato. Dissídio não, as discussões levam um mês até se chegar a um número”. Ao pensar respostas para o problema, volta-se à questão da comunicação. “Dentro desse projeto que faremos agora, vamos mudar o linguajar, o tipo de jornal, usar mais a internet e as rádios preferidas da juventude”, lista Leandro, apontando algumas iniciativas que o sindicato pensa em lançar mão para conquistar a atenção dos jovens para a pauta sindical. Em sua clássica obra “Que Fazer?”, Lênin já dizia que uma boa comunicação era essencial para o sucesso da revolução. 110 anos depois, comunicar com eficiên­ cia continua sendo essencial para a luta dos trabalhadores. E os metalúrgicos de Caxias do Sul mostram que estão fazendo a coisa certa. Cláudio Gonzalez

Arquivo

<Bruno Segalla, em cena de documentário, demonstra no boné sua militância socialista. No detalhe, medalha da Eco 92, criada por ele. À direita, sua obra mais conhecida, o monumeto “Jesus Terceiro Milênio”, instalado no parque de exposições da Festa da Uva

Bruno Segalla: operário da arte

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caxiense Bruno Segalla (1922-2001) está no rol dos grandes artistas do Rio Grande do Sul e também é considerado um dos melhores medalhistas do Brasil. Como escultor, criou centenas de peças em cerâmica, madeira e bronze. O acervo do Instituto Bruno Segalla conta com mais de oito mil itens. A maioria das suas obras está vinculada a posicionamentos políticos e humanos. Em Caxias do Sul, ele assina monumentos importantes, como o Jesus Terceiro Milênio. Mas o que poucos sabem é que Segalla trabalhou ativamente, e por muitos anos, como metalúrgico e sindicalista. Ele iniciou seu trabalho na extinta empresa Eberle S.A, aos 14 anos. Em 1957, Segalla assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos. Seis anos depois, liderou a maior greve de Caxias até então, mobilizando oito mil trabalhadores. Comunista de carteirinha, participou ativamente da vida cultural e política da cidade. Foi vereador e suplente de deputado estadual. Cassado durante a ditadura, foi preso duas vezes pelos militares. Esteve na Rússia e se aproximou de Prestes e mais tarde de Leonel Brizola, de quem foi amigo e confidente. Com seu talento artístico e ativismo político, Segalla deixou seu nome registrado na história de Caxias do Sul e serve de inspiração para as novas gerações de comunistas.

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