© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica especial, comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
ALBERTO DA CUNHA MELO
UM CERTO JÓ PATRIOTA (Reportagem biográfica)
Volume II Recife, 2002 E-book 2012
2
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
UM CERTO JÓ PATRIOTA
ALBERTO DA CUNHA MELO
Volume II Recife, 2002 E-book 2012
3
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
NOTA A ESTA EDIÇÃO ELETRÔNICA Este livro, Um Certo Jó, foi publicado originalmente em 2002, portanto há 10 anos, pelo projeto “Uzyna Cultural” com o patrocínio do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Pernambuco. Esta edição eletrônica é uma das ações comemorativas dos 70 ANOS de ALBERTO DA CUNHA MELO, neste 2012, há 4 anos e 6 meses de sua morte (13 de outubro de 2007). Ele era um profundo pesquisador da poesia repentista, e, a seu modo, um apologista. Acrescentei aos anexos “Uma Plêiade de Poetas”, listagem de 994 nomes que Alberto encontrara à época de suas pesquisas para edição desta reportagem biográfica que foi antecedida por outra: Um certo Louro do Pajeú publicada pela EDUFRN – Editora Universitária do Rio Grande do Norte, em 2001. A lista, apresentada pelo autor, foi omitida porque o tempo foi pouco para viabilizar atualização dos dados, como ele queria. Aqui, ela tem o valor de registro, pois autentica a fonte desta edição. Cláudia Cordeiro Olinda, 6 de abril de 2012.
4
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Catalogação original
SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO Coordenadora Geral: Ana Paula C. de Pontes Secretaria Geral: Aurean Martins Fernandes Diretor Cultural: Jemuel Nunes Alves UZYNA CULTURAL CONSELHO EDITORIAL Alberto da Cunha Melo Alberto de Oliveira Rodrigues Antônio Lisboa Cláudia Cordeiro Heleno Ramalho Joselito Nunes Projeto gráfico: Luiz Arrais Capa: Cláudia Cordeiro Foto da capa: Assis Lima Coordenação de revisão: Heleno Ramalho Revisão: Alberto da Cunha Melo Supervisão Editorial: Alberto de Oliveira Supervisão gráfica: Cláudia Cordeiro
Catalogação da publicação. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Divisão de Serviços Técnicos Copyright - 2001 Alberto da Cunha Melo Av. Gov. Carlos de Lima Cavalcante, 2234, ap. 102 – Casa Caiada
Melo, Alberto da Cunha. Um certo Jó Patriota / Alberto da Cunha Melo. – Recife (PE): SINDESEP, 2001. 80 p. 1. Cultura popular. 2. Literatura de cordel. 3. Arte. 4. Poesia. 5. Repentistas – Pernambuco. I. Título. ISBN 85-7273-127-x CDU 316.72 RN / UF / BCZM 2001/12 CDD 306 ________________________________________________________ _
5
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
LIVROS DO AUTOR MELO, Alberto da Cunha. Círculo Cósmico. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1966. ______. Oração pelo Poema. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1969. ______. Publicação do Corpo. In: Quíntuplo. Recife, Aquário/UM, 1974. ______. A Noite da Longa Aprendizagem. Notas a Margem do Trabalho Poético. Recife, 19782000, v. I, II, III, IV, V; inédito. ______. Dez Poemas Políticos. Recife, Pirata, 1979. ______. Dez Poemas Políticos. Recife, Edições Pirata, 1979, segundo clichê. ______. Noticiário. Recife: Edições Pirata, 1979. ______. Poemas a Mão Livre. Recife: Edições Pirata, 1981. ______. Soma dos Sumos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. ______. Poemas Anteriores. Recife: Bagaço, 1989. ______. Clau. Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1992. _____. A Rural também Ensina a Semear a Poesia. Recife: ed. Livro 7, 1992; folheto de cordel – divulgação do lançamento do livro Clau. ______. Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre. Recife: Bagaço, 1996. ______. Yacala. Recife: Gráfica Olinda, 1999. ______. Yacala. Natal: EDUFRN, 2000, edição fac-similar, prefácio de Alfredo Bosi. ______. Um certo Louro do Pajeú. EDUFRN, 2001. Reportagem biográfica. ______. Um certo Jó. SINDESERPE, 2002. Reportagem biográfica. ______. Meditação sob os Lajedos. Natal/Recife: EDUFRN, 2002. ______, Dois caminhos e uma oração. São Paulo: A Girafa, 2003. ______, O cão de olhos amarelos & Outros poemas inéditos. São Paulo: A Girafa, 2006. ______, Marco Zero: Crônica. Recife: CEPE, 2009. ORGANIZAÇÃO MELO, Alberto da Cunha., org. Benedito Cunha Melo, Poesia Seleta. Recife: edição do espólio, 300 exemplares impressos na gráfica da editora Bagaço, 2009. Disponível em http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/plink2ben.htm
SOBRE O AUTOR CORDEIRO, Cláudia. Faces da resistência na poesia de Alberto da Cunha Melo. Recife: Bagaço, 2003. CORDEIRO, Cláudia (org.). Uma estranha beleza: entrevista com o poeta Alberto da Cunha Melo. In: Cronos: Revista de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN, v.5/6, n.1/2. NATAL: EDUFRN, 2000, p.317-33, jan/dez, 2004/2005. FARIA, Norma Maria Godoy. Metapoesia e profecia em Alberto da Cunha Melo. Dissertação de Mestrado. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2005. MOLITERNO, Isabel de Andrade. Imagens, reverberações na poesia de Alberto da Cunha Melo: uma abordagem estilística do texto. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007. 6
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
BUENO, Alexei. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: G. ERMAKOFF, 2007, p. 383-384, verbete. COBRA, Edivaldo. Um tributo a Alberto Cunha Melo. Jabotão: edição do autor, 2008. Cordel.
7
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
SUMÁRIO
Nota do autor Apresentação Um Certo Jó Patriota Anexos Excelências para Jô Jô-Canto-Chão A Oficina de Almanzor O Repentista Nordestino e a Poética do Desafio Uma Plêiade de Poetas
Bibliografia
8
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
NOTA DO AUTOR Este livro é uma singela homenagem do autor a um grande amigo morto, o poeta-repentista Jó Patriota. Trata-se de uma reportagem escrita nos dois dias subseqüentes à morte do poeta: 11 de outubro de 1992. Ela foi publicada originalmente no Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado, no mês de fevereiro de 1993. Para divulgá-la no formato de livro, fiz algumas adaptações necessárias, sem, contudo, retirar-lhe o ar de pressa e as esperadas lacunas que caracterizam a graça do texto jornalístico, segundo meu entendimento. Aproveitando a oportunidade desta edição, adicionei à reportagem alguma iconografia, o prefácio escrito para o livro Na Senda do Lirismo (por insistência de amigos) e mais um artigo sobre as origens do repente, com o objetivo claro de provocar, mais uma vez, o mundo acadêmico, ainda não desperto para a riqueza e complexidade da poética do repente, no Nordeste Brasileiro.
Alberto da Cunha Melo
9
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
APRESENTAÇÃO
RIACHOS DA TRADIÇÃO
O Sertão é mais estado de espírito do que um simples pedaço geográfico onde mora um bocado de gente. Tem passado decerto misterioso que o presente, metamorfoseado, tenta explicar, mas não consegue entender. Assim, em lugar de cidades, já urbanizadas no cimento frio, onde se expõe o sofrimento explícito de favelas nos seus contornos, podemos lembrar que aí estavam pequenos ajuntamentos de vida comum, transitando em certo universo que começava ou findava quando a terra encontrava o céu. Apenas a imaginação andava muito no cotidiano do tempo que passava devagar. Nesse território aportou a linguagem do sentimento universal da alegria, dor, tristeza e da solidão, que se chama poesia. Era um grito no imenso silêncio. E estamos hoje a estadear encantos dessa paisagem – os poetas -, monumentos de saudade das estradas poeirentas, grotas, barrancos, serrotes e veredas da inspiração. Em minha lembrança o Sertão era assim: povo do sítio, do pé-de-serra e da rua: gente que se via em dia de feira, de missa, na festa da padroeira. Da roça para a cidade, uma conversa boa, com hora de voltar, e até a reverência de tirar o chapéu, em saudações, pelos caminhos. E se fosse boa a colheita, a alegria dobrava a animação. A praça, em frente à igreja, a festa do povo, que não perdia o sermão do velho padre. Havia lugar para tudo. A feira era o teatro da própria vida. Tinha o sanfoneiro, mostrando a arte do pé-de-serra, para ganhar uns trocados; a recitação romanceada dos cordéis; os cantadores de viola no pé-de-parede. Na mercearia, a caderneta de anotações era a nota fiscal; e o dono da loja de tecidos recebia um ano depois o mesmo valor do vendido no ano anterior. Na volta para os recantos de origem, a estrada parecia procissão... e o cocão do carro de boi cantava. Também lembro o lado triste do lugar: paisagem desolada, seca, desespero – hoje miséria colorida para imagem de televisão. Essa tristeza secular, cíclica e inevitável, pode ser desígnio divino na religião do homem da roça, mas é descaso anunciado para as esmolas dos poderes de plantão. Roças sem vida, animais também. E o Sertão ouve a voz do salta-caminho, que diz jesus-meu-deus no último galho da árvore desfolhada. Mas, quando vem o choro do céu para molhar a terra, tudo novamente enfeita a paisagem, o homem, a mulher e o amor.
10
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Quem vive em gabinete de ar-condicionado não sabe o valor da sombra de um juazeiro. À sombra dessa árvore, que traduz a resistência e a esperança do homem rural, nasceu a sabedoria popular, criada do essencial para o essencial. Mas, o que se diz moderno foi fazendo leituras aleatórias ou compartimentalizadas, e essa universidade nativa, original, foi perdendo, nos meandros dos sofismas urbanos, a força de estacas fincadas no tempo, embora conservando os alicerces nas brumas da História. Assim chegou-se ao analfabetismo cultural, até de anel no dedo: o conhecimento sem sabedoria, o muito pior do que não ler e escrever. O essencial tornou-se visível para os olhos, uma mercadoria, quando somente pode ser tocado pelo sentimento. Somos um todo formado por duas partes: aquilo que se herda e o que se adquire: e a herança de um povo é sua arte na História, que forma a identidade cultural construída pela sabedoria. È a voz do tempo que conhece e sabe. O analfabetismo cultural multiplica o não-saber e transforma nossas raízes populares em lixo urbano, descartável. Maior exemplo disso está na música, que também puxa a poesia. Enquanto o popularesco circunstancial, sem compromisso com a tradição e muitas vezes grotesco, transita de avião e carro importado, o popular da nossa origem anda de pé no chão, com o agravante de que perdeu o jumento e o carro de boi. O prejuízo da urbanização, que desaguou na globalização, pior ainda, foi muito mais danoso nas localidades interioranas, porque lá está cada riacho, no esquecimento ou no silêncio, a alimentar um rio grande e que se torna mais poluído em cada cidade maior que passa. Mas os riachos de inspiração continuam a correr, devagar, pelos mesmos íngremes caminhos, e não cansam de ver a beleza da paisagem. Os poetas populares são os riachos da tradição, enverdejando o Sertão da poesia. Então, o meu escrito é de abraços a Alberto da Cunha Melo, que nos trouxe cantares de Um Certo Louro do Pajeú, e agora de Um Certo Jó Patriota. O poeta de Yacala é um dos abnegados que fazem parte da Uzyna Cultura, uma cooperativa de idéias que mantém no antigo da grafia o propósito de dizer ao presente que o passado não morre, apenas fica em silêncio para ser lembrado. E os silenciados no tempo têm vez e voz no pensar, falar e agir dos nossos cooperados. Outros certos virão para avivar mais ainda um estado de espírito chamado Sertão – de poetas e poesias. E música. Heleno Ramalho é jornalista e compositor.
11
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
UM CERTO JÓ PATRIOTA
ALBERTO DA CUNHA MELO
12
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Jó Patriota (foto de Assis Lima)
13
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Mote:
“As ondas são cabeleiras de sereias defloradas”
Nas mais profundas geleiras Onde há mares violentos No pente oculto dos ventos As ondas são cabeleiras As brisas madrugadeiras Quando perpassam geladas Cujas ondas agitadas Tornam-se mais pardacentas Que até parecem placentas De sereias defloradas. Jó Patriota
14
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Um certo Jó Patriota Quando a dor se aproxima Fazendo eu perder a calma Passo uma esponja de rima Nos ferimentos da alma. J.P. Cf. Alberto de Oliveira
Com a morte do poeta-repentista Jó Patriota, o Nordeste mais atávico e original ficou com aquela “tristeza de passarinho morto em caminho chovendo”. Este verso, cuja autoria até hoje não pude identificar, parece fazer eco àquele com que o grande cantador se autobiografava: “simples como um passarinho chumbado”. Só menino vivido na área rural, que se armava de espingardazinhas soca-soca, municiadas com minúsculos grãos de chumbo pela boca, com as quais matava pássaros que só têm a pluma e o canto, sabe o que é um “passarinho chumbado”, ou um poeta varado pelas agressões do mundo. Jó Patriota (de Lima) morreu, aos 63 anos, numa véspera de seu dia, o Dia da Criança, em 11 de outubro de 1992 e, menos de dois meses depois, falecia um dos seus mais inseparáveis parceiros, Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915-1992). O primeiro de edema e o segundo de câncer pulmonar. A coorte dos grandes arcanjos da poesia-repentista perdeu, num átimo, parte do ar de seus pulmões, ficando irreparável e parcialmente asfixiada. Não só esta Região, mas o país inteiro ainda não sabe o que perdeu. Quanto às autoridades culturais do Estado de Pernambuco, não tomaram conhecimento dessas enormes perdas. Estamos vivendo numa época em que, para grande prejuízo do caráter nacional, a poesia tornou-se a última das necessidades. O país virou um show de variedades, um shopping-center de futilidades. Jó Patriota nasceu no sítio Cacimbas, em Umburanas, então município de São José do Egito - PE, Sertão do Pajeú, em 1º de janeiro de 1929. Fez só o curso primário e, antes de se entregar totalmente à profissão de cantador, trabalhou numa série de atividades humildes e próprias dos jovens pobres da área rural, como agricultor, tropeiro e, mais adiante, apontador de obras e funcionário administrativo de colégio. Casou-se com quem amou até o fim, Maria das Neves, filha do legendário repentista Antonio Marinho, e ela sempre fez jus à paixão de seu cantador, e ao respeito que, ambos, cultivavam às coisas do espírito, segundo seus amigos mais próximos.
“Quando o sol no ocaso oculta a luz Perde a água violenta toda a espuma Cada nuvem que passa lembra uma Página escrita, no livro de Jesus, Depois que cai a noite vê-se os Penitentes, rezando com fervor Na igreja de Deus o bom pastor Chama as suas ovelhas desgarradas, Diz o sino nas suas badaladas Já é hora do Anjo do Senhor.”
J.P Cf. Na Senda do Lirismo, Imprensa Universitária da UFRPE, Recife, 1987, 2ª edição.
15
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Em seu livro, Na Senda do Lirismo, Jó Patriota explica que foi o cantador Vicente Preto, ao ouvi-lo ensaiando os primeiros passos no repente, quem primeiro acreditou em sua vocação: - Você pode entrar no ramo – disse-lhe. Ele lembra, também, que sua primeira viola foi comprada por uma irmã, “com o dinheiro da venda de uma cabra”. Sempre acontecia alguma coisa com suas violas, porque passou a vida toda cantando com as violas “dos outros”. O que acontecia, certamente, é que sua pobreza o obrigava a vendê-las. “Eu cantando teço um hino nos areais do deserto.” J.P. (Num pé-de-parede do Bar de Caruaru, no Recife, começos da década de 80, presenciado pelo autor.)
Poesia Oral O poeta-repentista é, antes de tudo, um eterno peregrino. Jó não se lembrava em que ano fôra, mas nunca esqueceu o dia em que Zé Vicente da Paraíba, violeiro que, depois, se tornou um dos seus parceiros mais contumazes, passou por sua casa e disse a seu pai: - Seu Geminiano, vou levar seu filho comigo para cantar em Tabira. Não tivesse o mecenas Joselito Nunes, quando diretor da Imprensa Universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco publicado Na Senda do Lirismo, e essas poucas mais valiosas informações sobre Jó Patriota se teriam perdido para sempre. Quantos são os esquecidos (ou silenciados), por exemplo, dos 125 repentistas listados por F. Coutinho Filho, no seu livro Violas e Repentes (Edição do Autor – Recife – 1953), sendo 53 de Pernambuco, 54 da Paraíba, 7 do Rio Grande do Norte, 06 do Ceará, 3 de Alagoas e 2 do Piauí? Enquanto os cordelistas geralmente praticam uma poesia narrativa, pré-elaborada, impressa (embora para ler em voz alta), em que há apenas um só emissor, os poetas-repentistas realizam majoritariamente uma poesia dialogal, oral, improvisada, em que há, quase sempre, uma dupla de emissores. Como nosso desafio veio de uma Península Ibérica feudal e arabizada, é bom lembrar que nos fragmentos de uma Arte de Trovar, que faz parte do Cancioneiro (medieval) ColocciBrancuti, há uma referência à poesia dialogada (ou alternada, ou canto amebeu). Diz Yara Frateschi, no seu Poesia Medieval (Global, São Paulo, 1987): “Qualquer poesia dialogada poderia ser uma tenção: a Arte de Trovar, porém, reserva esse termo para os casos de debate, em que a cada um dos participantes no diálogo cabe uma estrofe, para desafio ou resposta – trata-se, portanto, de um gênero semelhante ao nosso desafio”. A autora não menciona se as tenções eram de improviso, apenas revela que as cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer circulavam em cadernos e mantinham pautas musicais. No entanto, Luis Soler, em seu livro As Raízes Árabes na Tradição PoéticoMusical do Sertão Nordestino (Ed. Universitária da UFPE, Recife, 1978), falando sobre a Europa feudal do séc. XI, diz: “Todo mundo era poeta! Em Silves – faz notar al-Qazwini – qualquer camponês à frente de sua carroça de bois podia improvisar sobre o tema que lhe fosse proposto: os poetas cruzavam a Espanha visitando as Cortes, onde lhes eram oferecidos alojamentos, gratificações, cátedras...”. Mas, antes dele, é ainda o onisciente Cascudo quem, incisivo, esclarece: “O ‘tenson’ era verdadeiramente a batalha poética entre improvisadores”. E cita, em seguida, Waldemar Vedel: “Em um princípio, tratábase siempre de disputas personales efetivas, sobre um pie poético forzado. Pero a medida que se qué concediendo maiyor importância a la forma, qué 16
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
perdiendo terreno da improvisación...” (Cascudo, Luis da Câmara, Vaqueiros e Cantadores – Ita – B. Horizonte – 1984). Uma interrogação minha tem a ver com o que o pesquisador Aleixo Leite Filho chama de “improviso recitado” e de “improviso cantado” (este o que me ocupa ao tratar do poeta-repentista), pois o próprio Soler não esclarece que tipo de improviso predominava no mundo ibérico durante a Idade Média. Outra pergunta que faço é: que parcela da poética improvisada da Idade Média foi transcrita para o papel? O fato é que, aqui no Nordeste, cada cantoria é algo irrepetível e, por ser um canto alternado, é, de certa forma, descontínuo, fragmentário, e faz com que de cada poeta sejam memorizadas poucas coisas de uma vida inteira de poesia. E essas coisas memorizadas estão dispersas numa área muito grande, porque os poetas-repentistas estão sempre se deslocando, de um lugar para outro, como os rapsodos gregos, os segréis do medievo, todos os poetas andarilhos do passado. Diferentemente dos poetas literários, inclusive os que escrevem folhetos, os repentistas mais autênticos, de um modo geral, deixam um reduzido testemunho escrito para a análise crítica. Isso já foi pior em passado remoto, quando não existiam ainda os gravadores eletrônicos. No entanto, apesar de, na sua longa vida de cantador, dezenas (ou centenas?) de cantorias de que Jó participou terem sido gravadas, tive dificuldades em ilustrar esta reportagem com fragmentos de sua produção poética.
“Na madrugada esquisita O pescador se aproveita Vendo a praia que se enfeita Vendo o mar como se agita Ora calma, ora se irrita Como panteras ou pumas Depois se desfaz em brumas Por sobre as duras quebranças Frágeis, fragílimas danças De leves flocos de espumas.
J.P. (Respondendo mote do poeta Raimundo Asfora – Cf. Na Senda do Lirismo, op. cit.)
Contra minha vontade, fui obrigado a recorrer ao seu livro Na Senda do Lirismo e aos outros livros que tratam do mundo do Repente, e repetir os mesmos versos, sem apresentar qualquer novidade. E, por quê? O fato de existir um acervo enorme de cantorias gravadas, como o deixado pelo apologista Urbano Lima e o macro-acervo do pintor italiano, naturalizado brasileiro, que se tornou um dos maiores benfeitores da cultura popular brasileira, Giuseppe Baccaro, não garante a preservação de parte da história do Repente, caso não sejam transcritas as fitas cassetes, pois o tempo pode inutilizá-las. Esses acervos devem ser adquiridos pelo Governo do Estado, as Universidades ou Centros de Pesquisa, como a Fundação Joaquim Nabuco, ou qualquer outra agência cultural e, em seguida, transcritos e publicados todos eles. Só assim se poderá acompanhar todas as mudanças por que a complexa poética do Repente vem passando ao longo do tempo. (Um bom exemplo e, talvez, um dos raros, é o Livro dos Repentes (Fundarpe – Recife – 1990) organizado pelo poeta Jaci Bezerra e o pesquisador Ésio Raphael). Só assim não ficaremos repetindo as pouquíssimas sextilhas e décimas de um grande cantador, como o foi Jó Patriota, memorizadas ou anotadas, na hora, pelos apologistas, que são os admiradores e pesquisadores da trajetória dos poetas-repentistas, tanto nos festivais competitivos, quanto nas cantorias mais 17
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
tradicionais, que se realizam em fazendas, sítios, bares e residências, chamadas no universo cantador de “pés-de-parede”. “No Moxotó, a rolinha Voa sem saber pra onde, Não pode fazer seu ninho, As árvores não têm mais fronde, E, às vezes, busca refúgio Onde o gavião se esconde.”
J.P. Cf. Poetas Repentistas Nordestinos, de Manoel Américo de Carvalho Pita, Sindicato dos Bancários do Rio Grande Do Norte, Natal, 1999)
Sem precisarem das academias ou dos departamentos de letras das universidades, os poetasrepentistas têm a sua imortalidade garantida pela memória coletiva, que transporta seus versos de geração em geração. Foi assim que os rapsodos perpetuaram a Odisséia e a Ilíada, de Homero. Sobre o assunto, diz o historiador português A. Cardoso Borges de Figueiredo, em seu livro Bosquejo Histórico da Literatura Clássica (Coimbra, 1852): “Estes cantos se conservaram por muitos séculos na memória dos rapsodos que, de terra em terra, os andavam recitando, para despertarem o heroísmo; como fizeram entre os Celtas os bardos e scaldos, e, entre nós, na Idade Média, os trovadores”. “Minha alma tem a tristeza Da coruja quando pia Na solidão dos sepulcros Nas noites de ventania.”
J.P. Registrado pelo autor em conversa com violeiros.
Como já disse, de umas quatro décadas para cá, essa tradição oral recebeu o reforço do desenvolvimento tecnológico, possibilitando que os apologistas, com seus gravadores de fita cassete” registrem e preservem, para o enriquecimento de nosso patrimônio cultural, um grande acervo de cantorias dos chamados “cobras” do repente, entre os quais sempre se destacou a personalidade forte e singularmente lírica do poeta Jó Patriota. Faz-se necessário expandir o público da cantoria. É provável que exista boa quantidade de versos do nosso poeta gravados por pesquisadores sérios, como foi Urbano Lima, que era amigo pessoal de Jó. Mas é preciso que alguma agência cultural, repito, financie o levantamento e a transcrição dos acervos de cantorias gravadas por apologistas dispersos.
Canário-de-briga e curió No prefácio que fiz para a segunda edição do já referido Na Senda do Lirismo, publicado em 1987, eu relembro que vi Jó Patriota pela primeira vez, na década de 70, numa peleja com Lourival Batista, o Louro do Pajeú. A cantoria realizou-se na residência do advogado Albany de Castro Barros, em Candeias, município de Jaboatão dos Guararapes – PE, e eu a classifiquei como uma disputa entre um canário de briga (Louro) e um curió (Jó) e destacava neste último uma tristeza melodiosa na sua maneira de ser cantador.
18
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
“Em Barra de Santa Rosa Não presta para quem Cheguei aqui me negaram Almoço, café e janta. Não há perfume na rosa Nem há milagre na santa.”
c
canta.
J.P. “Pegando na deixa” de João Luciano, numa cantoria em Barra de Santa Rosa, PB. Cf. Cancioneiro Nordestino, Espaço Pasárgada, Fundarpe, Recife, 1994.
A última vez que o vi foi no mês de abril de 1992, ano de sua morte, em São José do Egito, sua terra natal. Havíamos chegado, eu, ele e Joselito Nunes, de uma festa em Tuparetama e, ao descer do carro, Jó bateu com a porta num dos dedos de minha mão. Eu dançava de dor, por um lado, e Jó se desesperava de remorso, por outro. Às cinco horas da manhã, provavelmente sem ter dormido um minuto, Jó bateu na casa de Antonio de Catarina, onde eu estava hospedado, para saber como estava minha mão. Nele a fraternidade e a solidariedade não eram apenas temas poéticos, como é comum acontecer nos meios literários, mas constituíam o seu próprio modo de ser. “De fato Drummond de Andrade Belo poema cantou Um caminho numa pedra Por onde a infância passou E ‘uma pedra no caminho’ Que o destino colocou.”
J.P. (Sextilha memorizada pelo poeta Marcus Accioly, num desafio entre Jó e Louro do Pajeú. Mais um exemplo do Espírito aberto de Jó Patriota. Cf. Na Senda do Lirismo, op. cit.
Ao lado de Lourival batista, Jó Patriota foi um dos violeiros que mais abriu a colônia sertaneja do Recife aos poetas ditos literários. Gostava de freqüentar a Praça do Sebo (Rua da Roda), no centro da capital pernambucana, para conversar e tomar cerveja com seus novos amigos, entre os quais eu tive a honra de ser incluído, além do poeta Pedro Américo e do livreiro Melquisedec, para só falar nos mais próximos. Essa sua aproximação com os poetas ditos literários culminou com a sua filiação como membro da União Brasileira de Escritores, seccional de Pernambuco.
Violeiro de paletó Joselito Nunes tornou-se conhecido nas rodas de cantoria como um dos seus maiores entusiastas. Mas esse entusiasmo ele o converteu em ações concretas de apoio aos poetasrepentistas e demais poetas populares do Nordeste. Além de Jó Patriota, como diretor da Imprensa Universitária da UFRPE, ele publicou os poetas Pinto do Monteiro, Lourival Batista, João Furiba, Pedro Amorim, Cancão, Dedé Monteiro e Zé Marcolino. Joselito é advogado e nasceu na localidade de Migiqui, no então distrito de Prata, município de Monteiro – PB. Ele conheceu Jó em 1964, numa cantoria no Clube Recreativo da Prata e ele enfrentava naquela noite o cantador João Furiba. 19
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
- Vale salientar – explicou Joselito – que naquela época a Jovem Guarda estava em plena ascensão e eu tinha de gostar dela e dos cantores italianos. Violeiro era, naquele momento em que estávamos vivendo, algo marginal, não tinha expressão alguma para nós. A gente não tinha o menor respeito por aquela atividade cultural. Os mais velhos a cultuavam com todo o respeito. Mas eu me lembro até como Jó estava vestido naquela cantoria – um paletó marrom, com o cabelo comprido, penteado para trás e com brilhantina - . Naquele tempo, o paletó era parte da indumentária de violeiro, mas nem sempre com gravata. A gente para chocar, apenas para zonar, botou dinheiro na bandeja rasa, de flandre, com desenhos de frutos, muito magra, por sinal. Colocamos o dinheiro com o seguinte mote: a cidade está calçada/ de pedra e paralelepípedo. Jó se recusou a dizer qualquer coisa, mas João Furiba protestou com um verso dizendo que o mote estava no dicionário dos ignorantes. Começamos a ser olhados de maneira hostil e tivemos de nos retirar como persona non grata – lembrou Joselito. “Menosprezar a velhice Hoje aqui não adianta Olhe aí Manuel Bandeira Um velho de idéia santa Eu canto e não sou poeta Ele é poeta e não canta.” J.P. No Teatro de Arena, no Rio de Janeiro, em 1959. Jó conhecia os grandes poetas do Modernismo e não tinha preconceito contra a poesia literária. Cf. Na Senda do Lirismo, Op. cit.
Joselito contou, ainda, que depois daquele encontro equivocado na cidade de Prata, só reencontrou Jó Patriota muito tempo depois, através de Antonio de Catarina, em 1978: “Ele já não usava mais paletó e estava numa fase meio hippy, mais nosso contemporâneo, até suas piadas eram atuais. Daí então, a gente estabeleceu um vínculo de amizade e de admiração que só veio a se interromper com a sua morte. Jó vinha doente há muito tempo e eu não sabia. Minhas ligações com ele e com Antonio de Catarina me fizeram retornar às raízes, definitivamente, e me tornar um militante da cantoria, porque eu não gosto do termo apologista, que acho um tanto alienado. Minha militância se efetivou através da publicação de vários cantadores. Por isso, Lourival me chama de Mecenas”.
Cara Feia Prosseguindo nas suas recordações do amigo morto, Joselito vai encontrando outros motivos de comoção. “Uma coisa que me causou impacto foi achar na minha gaveta uma foto de Jó. Ele não era fotogênico, ele tinha uma cara feia, na aparência física. O impacto foi provocado porque a foto, apesar de recente, tinha a mesma aparência da imagem que eu guardava dele, na minha adolescência. Ele não tinha aparência de velho, ele não tinha nada de velho, tudo nele era recente, atual. A contradição entre a aparência séria e carrancuda e o espírito dócil, lírico, terno, desarmado e despreparado para a contenda na convivência dos homens na terra, era abissal. Jó era só ternura. Era uma ternura onde falava muito mais alto o poeta do que o sertanejo que ele era”, concluiu Joselito. 20
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Cano para Cima O temperamento dócil de Jó, lembrado por Joselito Nunes, é confirmado também pelo pesquisador Ésio Raphael, que o conhecia há mais de quinze anos. Conta Ésio o seguinte episódio, que mais parece uma anedota: “O médico Maurício Valadares, de São José do Egito, ao fazer uma longa viagem, deixou Jó tomando conta da casa dele e lhe entregou um revólver para defender-se de possíveis gatunos. Ao regressar, Jó lhe disse que tomou conta da residência pra valer, porque casa guardada por ele ninguém poderia entrar. Quando o médico olhou para cintura de Jó, teve uma surpresa: o revólver estava colocado com o cano para cima”. Essa história que contaram a Ésio é típica da região sertaneja, que procura recriar os fatos mais simples, dandolhes o feitio de “causo”, um relato meio mágico dos acontecimentos. Para Ésio Raphael, “Jó era a reserva da escola lírica do repente, seu último grande representante, uma vez que haviam falecido os demais expoentes daquela escola, como Domingos Fonseca, do Piauí, Elísio Félix, de Canhotinho da Paraíba e Manuel Xudu, que era de Pilar – PB. Jó era um sujeito irrequieto, elétrico, e, se tinha uma raiva qualquer, pouco tempo depois estava contente de novo,” esclarece o pesquisador.
Um menino O professor José Rabelo, radicado na cidade pernambucana de Arcoverde, por muitos chamada de “a Porteira do Sertão”, e que criou a primeira cadeira de Literatura Sertaneja do Brasil, na Faculdade de Formação de Professores, naquela cidade, deu o seguinte depoimento sobre o nosso Jó: “Ele me pareceu um poeta puro. Só e exclusivamente poeta. Era uma constituição emotiva. Nele, a razão era um mero instrumento acidental diante da emoção, ele só a usava a serviço da emoção. Foi, sem dúvida nenhuma, a antena que melhor captou a sensibilidade de seu povo. Ele nunca deixou de ser um menino, nunca chegou à malícia da adolescência,” enfatizou José Rabelo, casualmente lembrando Ezra Pound, que considerava os poetas “as antenas da raça”. O historiador Fernando Patriota, parente de Jó, afirmou não ter o poeta a notoriedade dos irmãos Batista, “correndo por fora, como se praticasse arte marginal, algo como um repente marginal ante o incomensurável brilho de um Louro do Pajeú, por exemplo, mas é que seu brilho vinha em espasmos, no intimismo do bando, quando o recebíamos em noites etílicas e musicais. Então, ele se poetizava, ingenuamente louvando a vida e a beleza, como um vate errante, materialmente miserável e espiritualmente universal”, finalizou emocionado.
“No tempo da juventude Ninguém gozou como eu Mas depois dos vinte anos A viola apareceu Esta penitenciária Que o tempo em troco me deu.” J.P. Em desafio com Canhotinho, na Fazenda Malhada, em Itapetim, PE. Na Senda do Lirismo. Op. Cit.
21
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Outro grande admirador de Jó, e também poeta, João Filho, natural de São José do Egito, chegou a considerá-lo “um homem-cristal, desprovido de qualquer interesse pessoal, vivendo intensamente e deixando os outros viverem” acreditando que ele “deixou em todos nós uma terrível lacuna: sem Jó, a poesia ficou sem um dos seus, sem o poeta mais sentimental e amigo que conheci”. Participando de nossa conversa, Maciel Correia, um poeta-repentista ainda não assumido, em cuja residência Jó se hospedava quase todas as vezes que ia ao Recife, achava que “a grandeza poética e humana de Jó Patriota se confundiam com a simplicidade de sua poesia e de seu coração.”
Pagar Cachaça com Verso O lado boêmio de Jó originou muitas histórias a seu respeito, e, como todas as histórias contadas no mundo dos repentistas, estão sempre cercadas de fantasia. Não que sejam mentirosas, mas, com os antigos diziam, a verdade termina e o contador de “causos” continua. Algumas esquisitices, que a própria família não entendia, marcaram a vida do poeta, como a de sair de casa para uma rápida visita à fazenda de Patrício Filó, na cidade pernambucana de Ingazeira, e só voltar cinco dias depois, como no famoso conto de Trevisan, “Na força do Homem”. O poeta Paulo Cardoso, que é conterrâneo de Jó, conta que, nos idos dos anos 50, “ainda criança de calças curtas, pelejando a vida numa bodega daquela cidade (São José do Egito) – bodega essa que vendia de tudo, inclusive cachaça – tive a honra de servir a Jó Patriota ‘bicadas’ ao preço de quinhentos réis, escutando atento os seus versos improvisados, já naquela época mostrando seu lirismo nato, os quais, vez por outra, valendo como pagamento”, recorda. “Eu vi a lua morrendo Numa agonia de prata.” J.P. Registrado pelo autor em conversa com violeiros.
Outro poeta, Sérgio Medeiros, este também enrustido e conterrâneo do cantador, demonstrou dúvida sobre uma suposta justiça universal declarando que “uma coisa que me deixa curioso é saber qual o critério adotado para tirar alguém do mundo. Imagino que deva existir algum ou nenhum critério, tudo é feito aleatoriamente, ou então tem torcida de vida e de morte. E uns resistem, vivem, se agarram, ou então se esquecem de viver e pensam somente na morte. Eu acho que Jó Patriota não tava nem aí.”
Jó(vem) Uma das qualidades do poeta morto era o de se dar bem com jovens e velhos, convivendo harmonicamente com todas as gerações. O novíssimo compositor Walmar, que morreu tragicamente alguns anos depois de Jó, deu o seu depoimento utilizando a técnica da fragmentação vocabular: “Um e(terno) menino, cujo brinquedo predileto foi a poesia, com profunda essência de pureza e lirismo... só sei que lhe devemos muito, por seus ensinamentos ímpares, através de sua maneira de ver(cejar), de vi(ver) e de ser o menino Jó(vem) Patriota.”
22
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Adeus A minha lembrança de Jó está ligada a fatos singelos, como a de irmos juntos jogar no bicho, e de que sempre jogávamos no gato, todas as vezes que ele me visitava no trabalho. Nunca deu gato. Nunca fomos premiados no “bicho” nem na loteria, mas caminhávamos juntos pelas ruas do Recife e, parafraseando Bandeira, humildemente falando na vida e nas mulheres que amamos, enquanto tomávamos uma cerveja e aprendíamos que a amizade também é um prêmio, um grande prêmio da vida, que a morte não pode arrebatar. E agora, parafraseando Drummond, Jó é uma viola pendurada na parede: “mas, como dói...”.
Olinda, outubro de 1992.
23
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
]
24
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
ANEXOS
01. 02. 03. 04. 05.
Excelências para Jó Patriota Jó Cantochão (artigo) A Oficina de Almanzor (artigo) O Repentista Nordestino. (ensaio) Uma Plêiade de Poetas
25
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Excelências(*) para Jó Patriota
(*) Segundo Luís da Câmara Cascuda, no seu valioso Dicionário do Folclore Brasileiro, “excelência é um canto entoado à cabeça dos moribundos ou dos mortos, cerimonial de velório ainda existente na Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco e, possivelmente, noutros Estados”. Aqui, o termo está sendo usado como sinônimo de “elogio” aos mortos.
26
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
DOIS POEMAS DE DEDÉ MONTEIRO
São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu (Mote da Associação Cultural de SJE glosado pelo poeta Dedé Monteiro, em 14.10.1992)
Para Das Neves Marinho e filhos
Dois herdeiros saudosos e tristonhos Soluçaram perdendo um pai de ouro, Que escondia na alma um grão tesouro Carregado de luzes e de sonhos... Pesadelos enormes e medonhos Foi Dasneves, talvez, quem mais sentiu. Quando a tumba fechou-se e o céu se abriu Para entrar o Condor dos cantadores. São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Quem ouviu Patriota versejando, Com certeza, saudade está sentindo. Se os poetas do céu estão sorrindo Os que ficam na terra estão chorando. Sua voz embargada e o verso brando Que até bem pouco tempo a gente ouviu, Veio o vento da morte e decidiu Transformá-los em luto, pranto e dores. São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Sua terra natal ficou sem calma, Cada fã guarda n’alma a dor secreta De perder para sempre este poeta Que encarnava o lirismo em corpo e alma. A platéia ficou sem bater palma, De tocar a viola se omitiu, Quando viu que o destino destruiu Quem melhor construiu versos de amores. 27
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Envolvida num luto inigualável, Amargando saudade e dissabores, Separada do vate insuperável, São José do Egito chora flores. Suas glosas divinas e profundas, Primorosas, primeiras sem segundas, Quem tentou imitar, não conseguiu. E é por isso que o berço do repente Canta, em prantos, dizendo a dor que sente Pelo pai do lirismo que partiu.
JÓ PATRIOTA Dedé Monteiro Passa tudo, disseste, tudo passa... É verdade, poeta, tens razão. Pois fizeste da vida, em vez de praça, Passarela de sonho e de ilusão... 28
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Decantaste a saudade, a noite, taça, O lirismo, a tristeza, e solidão, A criança, a candura, o riso, a graça E a grandeza dos filhos do sertão! E hoje, após tanta volta, sem revolta, Como um filho fiel que à Pátria volta, Tu voltaste ao recesso do teu Lar
Pra da morte cair no negro abismo, Nos lançando no mar do teu lirismo Cujas ondas singraste até cansar...
HEREDITARIEDADE Antônio de Marmo Marinho Patriota(*) Desencarna o poeta do repente Aqui deixa seus versos por lembrança Seu lirismo me serve de herança Sua verve me serve de semente Se o seu corpo de mim está ausente 29
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Seu espírito ainda está dentro de mim Pois um grande poeta não tem fim E de Jó Patriota eu sou vertente Se o seu corpo tombou e a terra o come A poesia, o lirismo e o seu nome Farão parte do mundo eternamente E a saudade que queima no meu peito Vou tentar como Jó do mesmo jeito Afogá-la num copo de aguardente. (*) Antonio de Marmo Marinho Patriota (Noé) é poeta e filho de Jó Patriota.
EM MEMÓRIA DE JÓ PATRIOTA
Héctor Pellizzi(*) Nós não tínhamos a intimidade de parentes nem de amigos noturnos de fim de madrugada. Nós tínhamos A intimidade da palavra, O sorriso companheiro, O abraço e a saudade. Nós éramos dois versos divididos em duas pátrias: o Pajeú e o Pampa, e dentro da tristeza que me espanta pela chama da morte que arde, se faz sombra teu nome na cruz que ilumina a tarde. (*) Héctor Pellizzi é poeta argentino naturalizado brasileiro. 30
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
MOTE DE ZÉ BODEIRO, DE SÃO JOSÉ DO EGITO GLOSADO POR ZETO CANTADOR Mote: Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso Tive um sonho bonito e transparente, Ontem à noite, depois que fui dormir, Como a caixa bonita de um presente, O meu sonho ficou mais renitente, Quando junto de mim surgiu um riso, Era o verso chegando num aviso, Recebendo seu filho no seu canto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. 31
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Bem cedinho Cancão se levantou, Pra deixar tudo dentro dos conformes, Através dos arcanjos deu informes, E a notícia no céu logo ecoou, Com a zoada São Pedro se acordou, O semblante cansado inda conciso, Mas depois colocou na face o riso Quando viu Jó chegar cantando tanto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. Nesta festa havia convidados, Como Pinto, Xudu e Canhotinho, Zé Soares, Fonseca e Antonio Marinho Que através de Canção foram chamados. Neste palco também dependurados, Véus de rendas nascidas do improviso E o chão de brilhante era tão liso Que Jesus colocou seu santo manto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. Neste palco ao invés de som ligado, Tinham sons dos clarins do infinito, Que eram sons parecidos com um grito, Davam vida ao recinto iluminado, Ao chegar Mestre Jó foi coroado, Com auréolas nascidas do sorriso, E depois pra contê-lo foi preciso Goles puros da cana do encanto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. (Zeto Cantador é poeta e compositor)
32
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Jó Patriota Alberto de Oliveira A tristeza que eu sinto A saudade que me invade Na partida da poesia E a morte da humildade É como se visse agora De manhã, rompendo a aurora, A solidão do baixio Às cinco horas da tarde. As suas palavras mansas Cheias de sabedoria Tinham o dom de me levar Aos reinos da fantasia Ainda tenho na memória Momentos bonitos, de glória, O sertão revisitado Nas tardes de poesia. 33
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Não mais a paz que acalenta Não mais o amigo terno Não mais o verso bem feito Não mais o abraço fraterno Só a saudade medonha Horrenda, vil, a peçonha Do amigo simples, humilde Que partiu para o eterno. Eu sempre tive carinho Ternura e muita afeição Quando as pessoas são simples Despojadas, sem ambição É como se fossem um rio São rumos pro meu navio Nesta vida enganosa De perfídia e traição. (Alberto de Oliveira é poeta)
Duca, Corbiniano, Lena, Alberto, Clio e Jó UFRPE – 1992 (De acordo com arquivo de fotos de Joselito Nunes.)
34
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
TELEGRAMA PARA DAS NEVES Clio Guimarães Ribeiro e Almir Castro Barros A viola de repente Perde um grande trovador. Jó Patriota descansou Com a sua viola encantada. Agora a lua agoniada Derrama lágrimas prateadas Sem esconder sua dor. (Clio Guimarães é advogado e Almir Castro Barros é poeta)
O PATRIOTA DO EGITO Romero Amorim No silêncio da viola Faz-se a hora da partida. Sem dizer adeus à vida Jó Patriota vai embora... São José do Egito chora O pranto que a dor desata. Na saudade em serenata Que amortalhou a poesia A lua também morria “numa agonia de prata”... Debruçado à sua lira, Olhar preso no infinito, O Patriota do Egito Num verso final expira... Decerto Deus decidira O lugar do menestrel. Rompendo da vida o véu A sua vontade exorta: 35
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
- O reino de Patriota Não é do Egito, é do céu! (Romero Amorim é poeta e compositor)
POEMA PARA UMA VIDA INTEIRA Bezerra de Lemos Quem sabe um dia... ... AID UM EBAS MEUQ No destempero do tempo Na vontade que ficou No atropelo das horas No repente que morreu Na garganta, de repente No peito de Jó Patriota. Quem sabe um dia... ... AID MUEBAS MEUQ No púbis do teu desejo Na vontade de ficar No avesso do teu não Do grito que não sucumbiu No agora desse ontem Da tua vontade grávida Que no sertão germinou. (Olinda – agonizante – 05.12.1992) (Bezerra de Lemos é crítico literário e professor de Literatura)
36
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
PÉ-DE-PAREDE NO CÉU Karoba Nunes (Para Jó Patriota) De repente, de repente, Enquanto lá para o céu Jó Patriota subia, Do céu descia a poesia, Formando belas cascatas. São José se despedia E todo o pranto desata A sua “lua morrendo Numa agonia de prata”. Lá em cima uma alegria Brilha na casa de Davi, O rei-poeta com salmos Dizia que para bons Existem muitas moradas, Cantando em pé-de-parede, Saudando a sua chegada. Até Antonio Marinho O recebeu sorridente Para tirar-lhe a tristeza Pinto foi logo dizendo Aqui a gente só canta Sem ter bandeja na mesa, E quem foi um Jó na terra Ganha o céu como riqueza. Depois, Manoel Xudu Lembrou versos de Fonseca E Canhotinho pra Jó, Cantados numa peleja: Seus versos têm a doçura 37
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Dos santos lábios de Deus. Jó, ouvindo, respondeu: Doce como os versos seus Só o mel de uruçu As águas do coco verde A flor do mandacaru Do riso de uma criança E o canto do uirapuru. Zé Marcolino tocou Fazenda Cacimba Nova Sua música predileta, Que lá num pé-de-parede Do céu nosso Jó cantava E Cancão batia palmas. Enquanto Dimas Batista A Rogaciano dizia: Jó glosando com as flores Muçambê, mandacaru Está sentindo saudades Das flores do Pajeú. Depois, outros violeiros Faziam versos a Deus Agradecendo a chegada De Jó lá no reino seu, Enquanto aqui a saudade E em todo o sertão doeu. (12.10.1992) (Karoba Nunes é artista plástico e compositor)
38
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
JÓ-CANTO-CHÃO(*) Alberto da Cunha Melo A primeira vez que vi e ouvi Jó Patriota cantar foi na casa do advogado Albany Castro Barros, num eclético e simpático encontro na praia de Candeias, município de Jaboatão. Quem me levou até lá foi seu irmão Almir Castro Barros, poeta. Isso faz uns dez anos, no mínimo. Jó tinha como parceiro de cantoria Lourival Batista, o famoso “Louro”, outro grande do clã dos Patriotas o mais conhecido e importante clã dos violeiros do Nordeste. A imagem que me ocorreu, minutos após a peleja, foi a de uma refrega entre um canário-de-briga (Louro) e um curió. Não estou tomando a qualidade canora desses passarinhos maravilhosos como medida comparação. Mas, só o comportamento. Lourival, num dos seus melhores momentos, provocava a “briga”. Jó fingia aceitá-la, revidava e depois arrastava o parceiro para a fraternidade violeira, com “Louro” aceitando a mudança e brilhando como sempre. Porque é difícil, senão impossível, brigar de verdade com Jó, o mais cordial e pacífico dos repentistas nordestinos. Outra observação que foi literalmente confirmada depois que comecei a conviver (na Praça do Sebo do Recife), pelo menos esporadicamente, com o artista e com sua arte, diz respeito à tristeza sonora, à personalidade tristemente melódica de seu modo de ser violeiro. Senti nele algo de cantochão de igreja ou lamento gregoriano (isso mesmo!) a ressoar por trás de uma excelente dicção e de um timbre agradável e sonhador. Quando atribuo sugestões um tanto litúrgicas ao trabalho de Jò, não estou fazendo trocadilhos bíblicos com o seu nome. Leiam seu livro Na Senda do Lirismo, para, a um nível meramente conteudístico, ter uma idéia, mesmo sem a viola e o canto, de suas preferências. Na Senda do Lirismo publicado – louvem-na – pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – Pró-Reitoria de Atividades de Extensão – Coordenadoria de Comunicação, (Arte e Cultura) é o único livro de Jó. Ele reúne uma parcela lamentavelmente mínima do que cantou ou escreveu (inclusive antes de ter “ingressado na profissão” de violeiro). É uma mini-antologia de fragmentos das suas glosas e desafios, decorados ou gravados por atentos ouvintes de pé-de-parede, e fundamente marcada pela temática moral e religiosa do Sertão pernambucano. Moralidade e religiosidade que convivem na sua prática violeira, e não no livro, com a maliciazinha criativa e sadia de vaqueiros conversando à sombra de algum paiol de milho. Mas esse seu lado jo-coso não foi incluído na 1ª edição de seu livro, seja porque é uma dimensão pouco significativa de sua arte, predominantemente amorosa e m(oral), seja porque a memória, que é sempre seletiva, refletindo idiossincrasias __________________ (*) Prefácio do livro de Jó Patriota Na Senda do Lirismo, aqui transcrito por insistência de amigos.
39
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
dos que o auxiliaram na reunião do material, inibiu a sua inclusão. Não acredito que Jó e seus amigos mais próximos (entre os quais infelizmente ainda não me posso incluir) vetaram conscientemente as tiradas humorísticas e inventivamente safadinhas (contra Delfim Neto, por exemplo) de algumas de suas cantorias... Jó é tão bom que, mesmo faltando um pedaço, não deixaria de o ser. Os que estão habituados a assistir aos desafios e às glosas sabem que a primeira regra de ouro exige que os motes tenham rimas pobres, porque são mais numerosas, como as em ada, ida, ão, etc. Isso porque não existem, por exemplo, rimas para ãe. O diabo é que Jó num momento de sufoco, para glosar um mote involuntário de uma parente, chegou a rimar Jesus com o surpreendente “vê-se os”. Vamos à décima inteira: “Quando o sol no ocaso oculta a luz Perde a água violenta toda a espuma Cada nuvem que passa, lembra uma Página escrita, no livro de Jesus, Depois que cai a noite vê-se os Penitentes, rezando com fervor Na igreja de Deus o bom pastor Chama as suas ovelhas desgarradas, Diz o sino nas suas badaladas Já e hora do Anjo do Senhor.”
Sendo a cantoria ou o desafio forma poético-musical por excelência, a presteza na utilização de rimas consoantes e toantes determina a pobreza ou a riqueza de recursos do cantador, do violeiro. Isso a ponto de depender seu sucesso tanto do arsenal vocabular como da habilidade de recorrer às assonâncias mais imprevisíveis, a que seus parceiros mais ortodoxos estão sempre atentos. Mas é preciso ganhar tempo, para investir e ganhar a platéia. E, nisso, violeiros como Jó Patriota são exemplares. Falei ligeiramente do acento religioso da poesia de Jó Patriota. Mas ele é mesmo conhecido e aplaudido pelo teor romântico/platônico de seu canto amoroso. Deixemos que ele mesmo mostre um pouco de como surge esse canto: “Adiza Correia, uma jovem já falecida, tinha muita vontade de me conhecer, todavia morreu sem conseguir o seu intento. Viajando com Canhotinho de São Vicente para Itapetim, Canhotinho, sabedor da pretensão da jovem, me deu este mote: “No pé da cruz de meu bem”. “Quem me conhecer queria Morreu sem me conhecer E eu não pude obter Nem sua fotografia Mas na sua cova, um dia, Vou rezar como ninguém Se meu rosário, também, Do cordão quebrar as pontas Eu vou soltar suas contas 40
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
No pé da cruz de meu bem.”
Não é à-toa que o Romantismo é ainda a maior escola estética do planeta. Sua capacidade de negar a realidade através dos sonhos e sua utópica visão revolucionária (seja correndo para o passado ou fugindo para o futuro – a science-fiction está aí - ) desafia todos os realismos e vanguardas racionais que apareceram até hoje. Se duvidam, façam uma análise de conteúdo da canção discográfica do Ocidente, só para começar. É nesse romantismo utópico (se é pleonasmo, pouco me importa) que está a força de Jó diante das plateias do sertão, do agreste, da mata e do litoral. Vem desse romantismo, também, a fragilidade dele diante de um mundo em que os românticos cantam e os racionais matam. A peleja desigual entre Caim e Abel. E o único consolo, meu velho e grande Jó Patriota, é que a derrota dos bons é ainda um motivo de canto. Ou não? Recife, junho de 1985.
41
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
A OFICINA DE ALMANZOR (Ecos do canto árabe na lírica ibero-ocidental) Arabistas e antiarabistas brigam Há séculos para determinar a influência da Poética muçulmana sobre a lírica ibérica Conta-se que, durante o domínio árabe na Europa, um certo Almanzor, ministro do califa Hixe II, não só criou na Espanha uma oficina poética sob a direção de um critério literário, onde os poetas eram pagos segundo o mérito de suas composições, como também costumava levar em suas expedições guerreiras uma penca de 40 poetas para registrar seus feitos. Isso foi entre os fins do século 10 e princípios do século II. Em seu magnífico Curso de Literatura Portuguesa (Lisboa, 1875), José Maria d’Andrade Ferreira procura descrever a influência da cultura árabe sobre a Europa, especialmente na Espanha, onde “floresceram com mais vívido esplendor os frutos de sua civilização prodigiosa: Córdoba, a científica; Granada, a poética; Sevilha, a monumental”. As teorias contrárias ou a favor da influência da poética árabe na Europa se vêm digladiando há séculos. Eu não tenho tempo nem formação para entrar nessa briga. Mas sempre simpatizei com a teoria rabista, que afirma ser todo o trovadorismo medieval, o imprecisamente dito provençal e o galaico-português, esteticamente moldado pela poética muçulmana. E Adnrade Ferreira vai mais além, ao afirmar que “o estilo oriental difundiu-se em todas as línguas romanas”. Enquanto isso, os antiarabistas sempre filiaram os trovadores medievais à poesia romana da Antiguidade, à secularização da poesia religiosa do medievo ou a eles próprios, os poetas. M. Rodrigues Lapa, antiarabista possesso, no seu Das Origens da Poesia Lírica de Lisboa (Lisboa, 1929), acha que só deve ser creditada aos árabes “a transmissão de certos motivos poéticos e musicais da civilização greco-latina”. Cita ele o erudito alemão Konrad Burdach, para quem o conceito do amor cortês, o culto à mulher e vassalagem amorosa, na poesia trovadoresca, são uma mera “resultante da arabização da cultura greco-latina”. Arabizar tal cultura não seria influenciá-la? Rodrigues Lapa encerra o assunto dizendo simplesmente que “o fundo visível da poesia românica, dita popular, é a poesia litúrgica.” Uma invasão de quase 42
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
800 anos tende a cegar de ressentimento os historiadores europeus. As duas teorias também divergem sobre a origem da rima na poesia medieval. Não só os antiarabistas ressentidos atribuem o seu uso pelos trovadores à influência dos cânticos religiosos, a partir do século 4. O carrancudo crítico alemão Wolgang Kayser diz: “A rima final penetrou nas literaturas europeias procedente da lírica latina dos princípios da Idade Média”. Discordando, Andrade Ferreira lembra que a rima na poesia latina é encontrada “como circunstância puramente ocasional”, enquanto “a poesia árabe aparece quase toda rimada”, embora a rima “não passe às vezes de assonâncias, (...) as assonantes, como ainda hoje usam os espanhóis”. O livro de Andrade Ferreira fez-me lembrar de Luís Soler; outro arabista que passou despercebido por Pernambuco e deixounos seu precioso As Raízes Árabes na Tradição Poético-Musical do Sertão Nordestino, onde magistralmente descobre nos violeirosrepentistas do Nordeste uma forte sobrevivência da cultura árabe peninsular, especialmente no desafio poético. Soler bate forte nos historiadores antiarabistas, que fazem coro com a tradição oficial de “fazer de conta que tudo começou na Europa”, e passam por cima de uma influência que se estende “à tençó (tensão ou tenson) e aos jeux-partis provençais, às desgarradas e desafios portugueses, aos constrasti italianos e às palhadas ou payadas de vários países hispano-americanos”. Impregnado de tais teorias, eis que me chega o poeta Alberto de Oliveira, com seu megaprojeto Pelas Trilhas do Repente e do Improviso, que terá como abertura o subprojeto Noitada BrasilEspanha, com a participação de glosadores espanhóis, violeirosrepentistas nordestinos e declamadores dos dois países, que dirão poemas de João Cabral de Melo Neto e Federico García Lorca. Então me lembro que a poesia árabe ibérica se expressava não só em formas populares, mas parte dela apresentava uma dicção palaciana e erudita. Os ecos dessa poética nas formas cultas da poesia ocidental (tão orgulhosa de sua ascendência horacianoaristotélica), eis mais um bom tema para pesquisa. Pergunto-me até que ponto há vestígios árabes em Lorca e Cabral. “O embrujo (feitiço) mouro, que persiste na Espanha Meridional”, segundo Oscar Mendes, “não podia deixar de fascinar esse poeta(Lorca)” e “a forma simplesmente modelada, simétrica, artística”, que Andrade Ferreira admirava na poesia árabe, 43
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
certamente está presente nos poetas espanhóis que influenciaram Cabral, principalmente porque, como me disse Mário Hélio, ele foi mais atingido pelos poetas espanhóis “da tradição medieval”. O megaprojeto de Alberto de Oliveira envolverá várias artes, não se limitando, portanto, aos violeiros-repentistas, e já conta com o apoio do Centro Cultural Brasil-Espanha. Só espera, agora, contar com a colaboração de empresários com alma de Almanzor. Alberto da Cunha Melo Artigo publicado na revista Continente Multicultural, ano I, nº 5, maio/2001
44
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
O REPENTISTA NORDESTINO E A POÉTICA DO DESAFIO
“Não conheço documentação sertaneja anterior ao séc. XVIII”, diz Luis da Câmara Cascudo na sua imprescindível Literatura Oral do Brasil, editado em 1952. Quando publiquei minha resenha sobre o livro As Raízes Árabes, na Tradição Poético-musical do Sertão Nordestino, de Luis Soler, primeiramente na revista Pasárgada, (Ano IV, nº 6, julho de 1995) e, posteriormente, como anexo ao meu livro-reportagem Um Certo Louro do Pajeú (EDUFRN – Natal, 2001), chamei a atenção para o fato de que o poeta-repentista (ou desafio poético) como é hoje conhecido no Nordeste parece surgir de repente, no século XIX, pois as referências mais antigas que encontrei falavam de poetas como Agostinho Nunes Costa, que nasceu em 1797 e morreu em 1858, e Hugolino Teixeira - RN nascido em 1832 e falecido em 1895, ambos, portanto, situando suas atividades artísticas naquele século. Cascudo fala que não conhece documentação sertaneja anterior ao século XVIII, mas sobre este século ele só faz referência a quadras heptassilábicas, que foram realmente usadas pelos mais antigos repentistas e que hoje é ainda muito praticada no Brasil com o nome de trova, mas 45
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
não faz citação de desafios, algo que, se tivesse encontrado, não deixaria de lhe fazer referência, pois seu livro é o mais completo tratado sobre literatura oral do país. Há, portanto, volto a repetir o que disse na velha resenha, um “apagão” (para usar um termo atual) de três séculos sobre a história do desafio poético entre nós, porque algo de tal complexidade não acontece do dia para a noite, precisa de uma longa gestação, é fruto de um demorado processo cultural. O livro pioneiro de Luis Soler, que procura, pela primeira vez, encontrar numa parte do mundo medieval europeu, aquela que foi dominada durante 800 anos pelos árabes, as raízes estéticas da instituição do desafio repentista no Nordeste brasileiro, revela que, embora o século do descobrimento do Brasil tenha sido o do Renascimento na Europa, não foi a estética renascentista, horaciana-aristotélica, que invadiu os sertões nordestinos, mas a de origem popular, profundamente influenciada pela poética árabe, avançando como um camelo beduíno pelos agrestes e regiões desérticas deste país. Bem acompanhado pela obra de Gilberto Freyre, diz Soler no seu belo livro que quem trouxe para esta parte do Brasil essa poética medieval de extraordinário vigor e musicalidade, não foram os nobres transplantados de Portugal para ganhar capitanias hereditárias neste país, mas as “populações a nível da soldadesca, de camponeses e pequenos comerciantes, no melhor dos casos; de párias e buscadores de fortuna: não fosse assim, aliás, e o vasto sertão, duro e difícil, incompatível com naturezas frágeis, não os haveria de reter”. Mas adiante, ele diz com outras palavras que a viola e a rabeca faziam parte do matulão desses colonos pobres mas espertos, e que esses instrumentos de tal forma se fixaram em nossos sertões que, depois do século XVII, quando a rabeca, por exemplo, transformou-se em violino na Europa, ela continuou soberana no interior do Nordeste. Uma foto do livro Cantador, de Leonardo Mota (Livraria Castilho, Rio, 1921) mostra uma peleja entre Jacob Passarinho, com viola e Cego Aderaldo, com rabeca. Nesta mesma época, outro poeta-repentista famoso, o Cego Symphrônio, também a usava. Hoje, não conheço nenhum poeta-repentista que use a rabeca. Agora eles usam geralmente a viola de dez cordas ou um violão adaptado. Mas a rabeca é ainda utilizada por grupos musicais nordestinos comprometidos com a verdade estético-musical da Região.
46
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Se foram três séculos silenciosos quanto à divulgação de qualquer registro histórico do nosso Repente, ou, mais precisamente, do desafio de repentistas, o que talvez mais contribuiu para esse silêncio foi a criminosa proibição, pela coroa portuguesa, de haver gráficas no Brasil, até 1808, quando D. João VI veio para cá. Provavelmente, muitos documentos que registraram entre os usos e costumes da colônia, o desafio e a improvisação, pela fragilidade dos materiais empregados ou pela descuidada forma de preservá-los, não resistiram ao tempo e extinguiram-se nas gavetas em forma de manuscritos. Mas é possível, no entanto, que em velhos arquivos portugueses existam registros sobre as formas de poesia praticadas pelo povo nos três primeiros séculos deste país. O desafio do Repente é um desafio ao mundo acadêmico que ainda continua. Enquanto isso, a presença holandesa no Nordeste tem sido estudada com a merecida frequência, inclusive motivando o deslocamento de pesquisadores para os arquivos de Portugal e da Holanda. No entanto, no âmbito propriamente cultural, de cultura em seu sentido estrito de manifestações artísticas, tudo indica que, se não fossem as obras de Gilberto Freyre e Câmara Cascudo, entre outros poucos, quase nada saberíamos sobre elas, em sua feição popular, mesmo as do séc XIX. 47
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Parece até que a universidade brasileira faz questão de desconhecer a literatura oral. Na verdade, o que acontece é que, quando algum pesquisador quer defender tese de mestrado ou doutorado, e usa a literatura oral como evidência, quase sempre são as dimensões não estéticas as escolhidas, isto é, são seus conteúdos antropológicos, folclóricos, os mais ou os únicos a ser explorados. Sobre esse viés de raízes preconceituosas, em artigo no diário de Pernambuco de 17 de julho de 2001, Ítalo Bianchi desabafa: “Chegou o momento de acabar com todas as tentativas de enquadrar a arte – todas as artes – em diversos graus de valoração que vão do sublime ao trivial, a partir de não se sabe que grau termina o folclore, o artesanato, o utilitarismo etc”. No que diz respeito à literatura oral, à poesia oral, especialmente, cabe ainda citar o poeta Affonso Romano de Santana (O Globo, 14.07.2001): “Orfeu era aquele que, dando vida rítmica e melódica às palavras, fazia com que as feras se apaziguassem e até as pedras o escutassem.” É hora, portanto, de a literatura oral ser escutada pelas nossas elites acadêmicas. Volto a lembrar que o poeta pernambucano José Rabelo, criou em Arcoverde na Faculdade de Formação de Professores, um cadeira de Literatura Sertaneja. É um gesto pioneiro que até agora não encontrou eco na Universidade Federal de Pernambuco e, ao que tudo indica, em universidade nenhuma do país. Soube que, recentemente, a Universidade de Campina Grande, no seu Curso de Letras, incluiu a literatura oral como disciplina, o que é notícia rara e auspiciosa. Os brasileiros gostam de imitar os vícios e não as virtudes dos países economicamente hegemônicos. Imitamos o que há de pior na indústria cultural dos Estados Unidos, mas nos fazemos de cego ou surdos para certos pioneirismos do irmão do Norte. Mas uma vez recorro ao mestre Luis da Câmara Cascudo para fundamentar minhas decepções de brasileiro. No seu livro sobre literatura oral, escrito nos finais da década de 40 do século passado, ele já constatava que, naquela época, “as grandes universidades dos Estados Unidos incluíram a literatura oral nas suas cátedras, no estudo de idiomas, antropologia, literatura comparada e música, em Berkeley, Columbia, Harvard, Indiana, North Carolina, Pensilvânia, Princeton, Richamond, Stanford etc.”. Embora às vezes eu não conheça o meu lugar e tenha o topete de, como agora, não concordar com o anti-arabismo de Cascudo, isto é, com o fato de ele não comungar com a hipótese de Soler e Teófilo Braga, por exemplo, de que o desafio português, 48
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
transplantado para o Brasil, é de origem árabe e que foi, inclusive, imitado pelos próprios poetas provençais em suas “tensões”, não posso deixar de reconhecer nele o estudioso que mais fez pela valorização da literatura oral no país. Quanto a Teófilo, em sua História da Literatura Portuguesa (Imp. Portuguesa, Porto, 1870) ele diz claramente: “Os cantares à desgarrada ou desafios, que ainda hoje se usam pelas nossas aldeias, são de origem árabe, e pelos provençais foram imitados na forma de tornegamen e tenções”.
Apesar de admirar Teófilo Braga, Cascudo mais de uma vez afirmou que nosso desafio é de origem clássica, greco-latina que vem do canto amebeu, ou canto alternado, que era muito praticado entre os pastores na Grécia antiga. Contra esse argumento temos, além de Teófilo, a opinião respeitável de José Maria d’Andrade Ferreira, no seu livro Curso de Literatura Portuguesa (Livraria Mattos – Lisboa, 1875) que procura analisar as origens da poesia medieval, de onde teria surgido o trovadorismo português e, por 49
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
tabela, dizemos nós, as raízes estéticas dos nossos cantadores, de nosso desafio: “a poesia meridional da idade-média, pelo seu donaire e desassombro, livre, ligeiro, pelas suas preocupações habituais, pelo entusiasmo que a inflamam, pela forma métrica que adotou, não conserva parentesco nenhum com a antiguidade. (...) Possui um certo parentesco, sim, posto que não de consanguinidade mui chegado, porém esse é com a poesia o Oriente, que o predomínio dos árabes trouxe e implantou na Espanha”. Esta briga entre arabistas e não-arabistas (embora eu penda mais para os primeiros) não me intriga tanto quanto a falta de um elo entre a poética do desafio documentada a partir do séc. XIX e o processo cultural que a engendrou até ela chegar à “fisionomia própria”, reconhecida por Ariano Suassuna, dos dias de hoje. O problema da literatura oral está na paradoxalidade de seu próprio nome, uma vez que foi feita para ser ouvida e não lida. Isso é verdade até para os próprios folhetos, pois são escritos para serem lidos em voz alta. Mas se a literatura oral nordestina existiu no passado, nos três séculos para nós silenciosos do ponto de vista do registro histórico, em nossa, vamos dizer, Idade Média editorial, o certo é que ela foi ouvida, e não só por analfabetos. Ouviram-na, seguramente, padres jesuítas e pessoas ligadas à política e á administração da colônia que sabiam ler e escrever. Existe essa documentação que Cascudo diz desconhecer? Só descobrindo-a é que teremos o testemunho dessa “outra literatura – conforme ele – sem nome em sua antiguidade, viva e sonora, alimentada pelas fontes perpétuas da imaginação, colaboradora da criação primitiva, com seus gêneros, espécies, finalidades, vibração e movimento contínuo, rumorosa e eterna, ignorada e teimosa, como rio na solidão e a cachoeira no meio do mato.” Falamos de jesuítas que poderiam ter registrado fatos que serviriam de pista para o nosso pesquisador. Houve sim, um padre jesuíta, Fernão Cardim que, em documentos datados de 1584 fala sobre índios que “fazem trovas de repente” e o fato de ser um bom improvisador, seja homem ou mulher, poderia salvar-lhes a vida, quando aprisionados por tribo inimiga.
50
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Cascudo afirma que “a poética indígena foi, intrinsecamente, o elemento de menor influência na literatura oral do Brasil”, e nem sequer suspeita da probabilidade de que essas improvisações resultem de influência dos colonos sobre os índios, assim como estes chegaram a influenciar os colonos até na prática da antropofagia, o que horrorizava os jesuítas. De qualquer forma há muito pouca informação disponível para que se chegue a qualquer conclusão satisfatória no momento. O que me incomoda nesta falta de pesquisas sobre a poesia oral é o fato de que ela tem uma história ou pré-história infinitamente mais longa do que a poesia escrita e é onipresente em todas as sociedades conhecidas, inclusive nas mais primitivas. O antropólogo Melville J. Herskovits constata, ao estudar estas últimas sociedades, “que a poesia existe unicamente como palavras para a música, e música e palavras são partes essenciais da dança, tudo isso contribui para dar às representações dramáticas dos povos ágrafos sua atração estética e sua validez artística”. Essa constatação no leva a deduzir que a especialização ou a autonomia da poesia e da música acompanhou o desenvolvimento da escrita, no caso da poesia, e da partitura, no caso da música. Mas isso aconteceu há muito pouco tempo na história da humanidade. 51
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
A história da poesia recitada e cantada, aqui no Ocidente, por exemplo , nos remete, segundo A. Cardoso Borges de Figueiredo, no seu Bosquejo Histórico da Literatura Clássico, Grega, Latina e Portuguesa (Universidade de Coimbra, 1852) à poesia mítica, sacerdotal praticado entre os séculos 1856 a.C. a 1184 a.C. Para se ter uma ideia de como a poesia escrita é recente, basta dizer que só no séc. VI a.C. as epopeias de Homero passaram a ter uma versão escrita. Outro exemplo ainda mais contundente é o Japão, que foi povoado no VIII milênio (isso mesmo, milênio) a.C. e só teve uma antologia de poesia escrita no séc. VIII d.C. . Anterior, portanto, ao alfabeto e à escrita, essa poesia oral multimilenar acompanhou o homem no trabalho e no repouso, nos cultos religiosos e nas orgias, na guerra e na paz. Foi celebração e testemunho. Demonstração de prazer e de tristeza, de fraternidade e de disputa. Embalo para os berços e gemido à beira dos túmulos. Culto a Eros e louvor a Tânatos.
Na poesia oral do Nordeste Brasileiro há que destacar o fato de existirem os grandes declamadores (como Dedé Monteiro e Chico Pedrosa) de poemas seus ou de outros poetas, decorados, e 52
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
os improvisadores individuais, que desenvolvem temas dados pela plateia, como os antigos glosadores nordestinos ou quaisquer poetas-repentistas da atualidade, quando provocados. O pesquisador Aleixo Leite Filho, no seu livro Cartilha do Cantador (Edição do autor – Recife, 1985), classifica a poesia oral do nordeste em duas modalidades: a) improvisos recitados, que eram muito praticados pelos chamados glosadores, no passado, entre eles: Nicandro Nunes da Costa (1829-1918), Luis Dantas Quesado (1850 - ?), Moisés Lopes Sesiom (1883-1932) e Belarmino de França (1897-1983), e b) improvisos cantados, o “repente dos cantadores violeiros”, de que estou me ocupando exclusivamente neste texto. Estes que geralmente se apresentam em duplas, nos pés-deparede (pequenas plateias) ou grandes auditórios (festivais, congressos etc.), pelas grandes e pequenas cidades nordestinas, com seu jeito especialíssimo que só os séculos de isolamento de onde foram gerados podem explicar a originalidade. O desafio de poetas-repentistas, também chamado de canto amebeu (do gr. amoibaios, alternado), diferentemente do folheto de cordel, que é uma literatura escrita para ser lida em voz alta (não se deve esquecer que a leitura silenciosa, aqui no Ocidente, só se tornou rotineira a partir do séc. X), é muito pouco estudada pelos estudiosos do fenômeno poético,e não só os acadêmicos. Daí a minha insistência em cobrar uma posição mais esteticamente especializada na abordagem dessa poética, eliminando o viés de olhá-la como um traço folclórico, como um dado pitoresco de nossa chamada cultura popular. Quanto à improvisação, creio que ela é mais estudada como uma técnica musical do que poética, e muito pesquisada nas suas formas de música mais tradicionais, como os cantos gregorianos na Idade Média, os cantos judeus das sinagogas, o maquan islâmico e o raga indiano. A improvisação musical é encontrada, também, na música primitiva e popular (flamenco, jaz) e até no sambista carioca. Não sei se a improvisação poética está presente, como a poesia em si, em todas as sociedades, ágrafas ou não. Em seu livro História da Música Brasileira (Rio, 1942), Renato Almeida diz que o desafio não é uma forma peculiar ao nosso cancioneiro, mas comum ao folclore universal”. Eu tenho as minhas dúvidas, embora nos tempos de sociólogo do então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco, em minhas leituras de antropologia cultural deparei-me 53
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
com o desafio poético entre os esquimós, povo na época reduzido a umas 50 mil pessoas. Essas leituras inspiraram-me o poema “Os Esquimós” publicado no meu livro Noticiário (Ed. Pirata – Recife, 1979), que abaixo transcrevo:
Os Esquimós (Para os poetas esquimós Equeerko e Marratese) Como somos poucos, tentamos preservar-nos; e a canção é a única forma de defender o nosso amor, e a canção é a única forma de reaver as vísceras de urso que alguém nos roubou, e a canção é a única forma de castigar o que pecou, e a canção é a única forma de medir o vencedor, e a canção é a única forma de batalha que nos restou.
Voltando ao improviso poético, ele aqui no Nordeste e, particularmente, em Pernambuco, não se restringe à prática do poeta-repentista. Conversas que tive com o poeta Alberto de Oliveira e o pintor e compositor, Karoba Nunes, e mais especialmente, com a pesquisadora Verônica Moreira, convenceram-me de que há incidência de improviso no coco praieiro, no coco pisado (sertanejo), na embolada, na capoeira, no aboio, no maracatu rural, na ciranda e, até mesmo nas excelências, esses estranhos cantos fúnebres nordestinos. Para terminar esse passeio pelo mundo do poeta-repentista, gostaria de ressaltar a capacidade de resistência (na concepção de 54
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Alfredo Bosi) dessa poética, num mundo cada vez mais informatizado, cibernético e entregue ao apelo visual. Quanto a este último, como bem frisou Affonso Romano de Sant’anna, em artigo já citado, “uma das grandes tolices alardeadas por algumas vanguardas retrógradas, além das anunciadas mortes da poesia, foi a de que a poesia, no mundo da informação, tenderia a ser cada vez mais visual.” A multiplicação em todo o Nordeste de congressos de repentistas, o surgimento de programas de rádio e de televisão testemunhando a vitalidade do desafio, revelam que a poesia oral está mais viva do que nunca, e cada vez mais complexa, pois o desafio já conta, segundo Verônica Moreira, com mais de sessenta “gêneros”, ou seja, modalidades de disputa poética. O historiador Joaquim Ferreira, no seu livro História da Literatura Portuguesa (Porto, 1939) cita apenas cinco “gêneros” no trovadorismo provençal: a canção, o planh, a tenção, a pastorela e a serventes. A poética do Repente mostra-se, portanto, muito mais diversificada e complexa. Só falta transpor o preconceito da grande mídia e da Universidade. Até mesmo um anti-acadêmico, como Gilberto Freyre, pioneiro na valorização de formas e usos das populações esquecidas do Brasil, eu flagrei uma certa insensibilidade em relação à poética repentista do Nordeste, quando, no prefácio ao livro Itinerário, de Mauro Mota (José Olympio – Rio, 1983), ao elogiar o modo do poeta Ascenso Ferreira dizer os seus poemas: “deve-se registrar da poesia cantada de Ascenso Ferreira que não seguiu, ao cantar seus versos, o ‘sertanejismo’ suposto por alguns, no exato tom monótono dos cantadores populares do sertão nordestino.” Acredito que a capacidade de resistência e a alta qualidade estética do desafio repentista estão demolindo e irão demolir completamente os portões da insensibilidade e do preconceito. Alberto da Cunha Melo Olinda, 19 de julho de 2001.
55
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
UMA PLÊIADE DE POETAS-REPENTISTAS A presente listagem de... poetas-repentistas do Nordeste foi colhida da pequena bibliografia consultada pelo autor e apresenta uma série de lacunas. Há poetas em que apenas o nome é citado, sem local de origem, sem data de nascimento ou de morte. Outros apresentavam a referência única do Estado em que nasceram. Outros, ainda, aparecem com apenas o nome artístico com que foram ou são conhecidos no mundo repentista. Eu poderia ter listado apenas os poetas que apresentassem os dados completos, mas resolvi divulgar todos, na esperança remota de que numa improvável segunda edição deste livro corrija essas lacunas e incorreções, para isso contando com o apoio da comunidade que admira e estuda a poética do repente. O melhor levantamento que conheço sobre esta poética é o Dicionário Bio-Bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, de Atilo Augusto F. de Almeida e José Alves Sobrinho, obra que precisa ser atualizada e reeditada urgentemente. Deste livro só transcrevi os poetas classificados claramente como cantadores ou repentistas. O folclorista Manoel Américo de Carvalho Pita, no seu livro Cultura Nordestina (Natal, 1999) faz menção à estimativa do poeta Domingos Tomás, segundo a qual existiriam atualmente no Brasil algo em torno de 5000 poetas-repentistas. Se isso é verdade, esta listagem dá apenas uma rasa idéia desse fabuloso universo poético que nos permeia. Daí porque o fenômeno do poeta-repentista do Nordeste, embora não seja eu um entusiasta da abordagem sociológica da arte, caracteriza-se, dentro de uma metodologia funcionalista-durkheimiana, como um puro e inquestionável fato social e, portanto, anterior e exterior à vontade ou aprovação de nossas elites intelectuais, acadêmicas ou não. POETAS REPENTISTAS Nome Completo
Nome Artístico
Naturalidade
Ano Nasc.
Adalberto Fulgêncio de Carvalho
Adalberto Carvalho
Hipólito-PI
1957
Adauto Ferreira Adauto Ferreira Lima Adelgicio Alves de França Aderaldo Ferreira de Araújo Afonso Oliveira Silva Agostinho Lopes dos Santos Agostinho Nunes da Costa Agostinho Nunes da Costa Agripino Alves do Santos
Ano Falec.
Campina Grande-PB Adauto Ferreira Cego Aderaldo
Caruaru-PE
1949
Teixeira-PB Crato – CE Iguatu-CE São José do Egito – PE Sabui – RN Sabugi-PB Caruaru - PE
1032
56
1936 1906 1797 1797
1972 1858 1858
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Alberto Porfírio da Silva Alberto Porfírio da Silva
CE
Aleixo Criança
Santa Luzia-PB
Alfredo José de Menezes
Palmeira dos Índios-PE
1925
Alípio Tavares
Ipanguassu-RN
1917
Alípio Tavares de Lira
Sacramento-RN
1913
Amaro Bernardino de Oliveira Amaro Bernardino de Oliveira
São José do Egito – PE São José do Egito-PE
1903 1903
Amaro Dias
PE
Amaro Elias
Torre de Taquaritinga-PE
Amélia Siríaco
MA
1912
Anastácio Mendes Dantas André Avelino dos Santos Aniceto Pereira de Lima
Bacurau do Norte Sinesio Pereira
Picuí-PB Floranea-RN Vertentes de Taquaritinga-PE
1937 1935
Aniceto Pereira de Lima
Sinésio Pereira
Vertentes-PE
1935
Anistaldo Faustino
Água Preta-PE
1934
Anistaldo Faustino Lins Anita Lopes de Almeida
Água Preta-PE São José do Egito – PE
1934 1928
Anselmo Vieira de Souza
Ipueiras--CE
1867
1926
Antônio Machado Antonio Açudinho
São José do Egito – PE
1887
1940
Antonio Aleluia
Cupira-PE
Antonio Aleluia da Silva Antonio Alves de Oliveira
Antonio Aleluia
Panelas-PE Iguatu-CE
1926 1950
Antonio Alves Neto
Antonio Alves
Mauriti-CE
1867
Antonio Américo de Medeiros Antonio Apolinário Cruz
Antonio Américo Moreno e Testa Ferro Antonio Barbosa
Antonio Barbosa de Morais Antonio Batista Guedes
São João do Sabuji-RN de Guarabira-PB
1930 1922
Imaculada-PB Bezerros-PE
1931 1880
1918
Bezerros – PE
1880
1918
Lavras de Mangabeira-CE
!910
Antonio Cavalcante Teixeira
Irauçuba-CE
1950
Antonio Chagas de Maria Antonio Correia Antonio da Silva
Acaraú-CE PB São José do Egito-PE
1913
Antônio Batista Guedes Antonio Bezerra da Silva
Tota Bezerra
Antonio Calíope de Oliveira
Antonio de Catarina Antonio de Lisboa Filho
Antonio Lisboa
São José do Egito-PE
1937
Marcelino Vieira-RN
1956
Antonio Antonio Antonio Antonio
de Morais Deodoro dos Santos Faustino Feitosa de Lima
Ceará Mirim-1944 Itabuna-BA Sapé-PB Monteiro-PB
1943 1921
Antônio Antonio Antonio Antonio
Felipe Felix da Costa Fernandes da Mota Fernandes Nóbrega
Vitória de Sto. Antão – PE Surubim-PE Catolé do Rocha-PB Bananeiras-PB
1924 1922 1921
Antonio Fernandes Reinaldo
RN
1947
Antonio Ferreira da Cruz Antonio Ferreira da Cruz
Antonio Sobrinho
Ingá-PB Tabuleiro-CE
1876
Antonio Ferreira da Silva
Taboleiro do Norte-CE
1926
Nova Cruz
1925
Antonio Francisco Dias Antonio Francisco dos Santos Antonio Gitirana Antonio Gomes da Silva
Cão Dentro
PI AL Acare-CE
Lavandeira
PB Campina Grande-PB Campo Maior-PI
1973
Antônio Guerreiro Antonio Hermenegildo Antonio Honorio Sobrinho Antonio Jerônimo de nSouza
Cão Dentro
57
1930
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Antonio Jocélio Chaves da Silva
Maranguape-CE
1963
Antonio José Queiroz
Serrinha-BA
1957
Antonio Julião Antonio Laurentino da Silva
Araruna-PB Guarabira-PE
1903
Antonio Lourenço da Silva
Bonito-PE
Antonio Lourenço da Silva
Antonio Jocélio
Antonio Chuchu
1953
Pilar-PB
Antonio Lula Antonio Machado
Cajazeiras – PB
Antonio Machado Antonio Manoel da Cruz
Caruaru-PE
1952
Caruaru – PE
1943
Antonio Maracajá
Acopiara-CE
1938
Antonio Marinheiro
Taperoá –PB
Antonio Marinho
São José do Egito-PE
1887
1940
Antonio Marinho do Nascimento Antonio Marques da Silva
Passarinho do Norte
São José do Egito-PE Ibiara-PB
1887 1934
1976
Antonio Marques Teixeira Filho
Antonio Teixeira
Antônio Manoel da Cruz
Antônio da Cruz
Pedro Velho-RN
1927
Antonio Monção Neto Antonio Nunes de França
Forquilha-CE Alexandria-RN
1938 1938
Antonio Nunes de França
Alexandria-RN
Antonio Nunes Fernandes
Alexandria-RN
Antonio Pedro da Silva
Alagoas
Antonio Pendência Antonio Pereira Antonio Pereira de Morais
CE Várzea Alegre-CE Livramento-PB
1911
Canindé-CE
1938
Antonio Maracujá Antonio Pereira
Antonio Pereira de Souza Antonio Ptimo Ferreira
1950
1945
Bule-Bule
Antonio Cardoso-BA
Antonio Rodrigues Antonio Rodrigues
Bem Te Vi Bem tivi
Jaguaribe Mirim-CE CE
Antonio Sales Antonio Sales de Lima Gato velho
1947
CE Pacajus-CE
1938
Sumé-PB São José do Egito-PE
1922 1903
Antonio Silvestre
Bananeiras-PB
Antonio Silvino
CE
Antonio Tomé Antonio Tomé do Nascimento Antonio Tomé Soares
Santa Cruz do Inharé-RN Cuité-PB
1890 1904
Antonio Zacarias
Angicos-RN
1920
Apolônio Cardoso
Mossoró-RN
Arão Francisco de Pontes
Arão Antonio
Nova Cruz-RN
Ari Teixeira
Quixadá-CE
Aristo José dos Santos Aristo José dos Santos
Caruaru-PE Caruaru – PE
Arnaldo Cipriano
Parelhas-RN
Arnaldo Cipriano
PB
Arnaldo Pessoa de Aguiar
1983
Monteiro-PB
Antonio Ribeiro da Conceição
Antonio Samuel Pereira Antonio Silva Sobrinho
1940
Arnaldo Pessoa-PE
1915 1915
São José do Egito-PE
1968
Garanhuns-PE
1924
Ascendino Alves dos Santos Ascendino Aureliano Cavalcante
Soledade-PB São Bento-PB
1903 1900
Guarabira-PB
Aurélio Emilio da Silvaira
Nazaré da Mata-PE
1934
1923
Artur Alves de Morais
Augusto da Silveira
1953
1946
1960
1939
Baltazar Teixeira dos Santos Barra Lima
Surubim-PE
Bartolomeu de Oliveira Belarmino de França
Glosador
Teixeira-PB
1832
Paulista-PB
1897
58
1895 1983
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Belino das Freixeiras Benedito Guilherme da Silva Benedito Pereira Filho
Bnedito Pereira
Benedito Siriaco
Cuité--PB
1924
Anadia-AL
1914
1956
MA
Benjamim José de Almeida
1904
1975
Benjamim Mangabeira Benoni Courado da Silva
Maranguape-CE
1938
Berlamino Nogueira
Teixeira-PB
1832
1895
Bernadete de Oliveira
Limoeiro-PE
Bernardo Nogueira
Teixeira-PB
1835
1895 1975
Bernardo Nogueira Bonédis Eduardo da Silva
1832 Bonédis Eduardo
Parelhas-RN
Bonifácio Trindade da Silva
Vertentes de Taquaritinga-PE
Camila do Martinzão
MA
1932
Canário Pardo
PI
Cândido Teixeira dos Santos
Acaraú-CE
1926
Cesanildo Araújo Lima
Canindé-CE
1932
Patos-Pb
1875
Cícero Batista Clemente
Touros-RN
1940
Cícero Batista do Nascimento
Lages do Sabugi-RN
Cícero Bernardes de Souza
São José do Egito-PE
Cesário José de Pontes
Cego Cesário
1947
Cesário Monte dos Santos Chagas Batista Chico Machado
1975
Cícero Bernardo Cícero Lopes de Lima
Cícero Catota
Cícero Lopes de Lima Cícero Mariano dos Santos
Cícero Mariano
Cícero Nascimento Cícero Soares da Silva
São José do Egito-PE
1928
São José do Egito-PE
1923
Cachoeira dos Índios-Pb
1964
Salgadinho-PB Neve Branca
Bom Jardim-PE
Ciriaco Lira
També-PB
Clarindo Pimenteira
RN
1950
Clarindo Pimenteira
Bananeiras-PB
Clarindo Roseira
Caiçara-Pb
Claudino Roseira
Surubim-PE
1865
Clidenor Varela de Lima
Santa Cruz do Inharé-RN
1931
Clodomiro Paes
Itapetim-PE
Clodomiro Paes de Andrade
Agrestina-PE
1939
Craúna do Norte
São José de Campestre-RN
1938
Crispim Manoel Limeira
PB
Curió
SE
Dalvino Xavier Lima
Bezerros-PE
1903
Daniel Nogueira da Silva
Araruna-PB
1936
Corre Mundo
Daniel Olimpio Silva
Gravatá-PE
1962
Daniel Ribeiro
Daniel Olimpio
Santana do Matos-RN
1897
Dedé Pereira
PI
Deocleciano Xavier de Lima
Bezerros-PE
1933
Dimas Batista Patriota
São José do Egito-PE
1921
Dimas Guedes Patriota
Itapetim-PE
1921
Diniz Batista Pontes
Timbaúba-PE
1942
Diniz Vitorino Ferreira
Monteiro-Pb
1940
Diomedes Laurindo Lima
Diomedes Mariano
1957
Tabira-PE
1964
Dionísio José da Costa
Caruaru – PE
1948
Dionizio Luiz
Surubim-PE
1974
Domingão Pereira
59
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Domingo Pereira Domingos Cardoso Damasceno
Ceará Mirim-RN
1878
Domingos Martins Fonseca
Miguel Alves-PI
1913
Domingos Martins Fonseca
Miguel Alves-PI
Domingos Matias dos Santos
Jacaraú-PB
Domingos Tomás
Dona Inês-PB
Domingos Tomás de Lima
Araruna-Pb
Domingos Ema
1954
Edésio Vicente da Silva
Monteiro-PB
1924
Edisio Calixto Lorena
Mossoró-RN
1956
Edmilson Ferreira
Várzea Grande-PI
Edmundo Fernandes
Bacabal-RN
Eduardo de Moura
Machados-PE
Edvaldo Zuzu Edwaldo Antonio da Silva
1925
Carpina-PE Machados-PE
1959
Elcias Chaves Maracaba
São João do Jaguaribe-CE
1910
Elesbão
Parnaíba-PI
Edwaldo Zuzu
Elias Ferreira Eliseu Elias da Silva
1959
1970
PE Eliseu Ventania
Martins-RN
Eliseu Ventania
1924
Martins-RN
Elisio Felix
Canhotinho
Taperoá-PB
Elísio Félix de Souza
Canhotinho
Taperoá-Pb
Emidio NunesFilho
1915
1965
Monteiro-PB
Enevaldo Nipólito de Moura
Enevaldo Hipólito
Picos-PI
1971
Erasmo Ferreira Tavares
Erasmo Ferreira
Fagundes-PB
1972
Erasmos Francisco dos Santos
Sta. Luzia do Sabugi-PB
1927
Ercílio Pinheiro
Luis Gomes-RN
Ernesto Limeira Euclides José de Lima
Jaboatão-PE
Expedido Sobrinho
1916
Baixio-CE
Expedito Alves Granjeiro
Silvio Granjeiro
Aboiara-CE
1943
Expedito Alves Granjeiro
Silvio Caldas Granjeiro
Milagres-CE
1946
Expedito João de Sales
Camutanga-PE
1956
Fabião Hermenegildo Ferreira da Fabião das Queimadas Rocha Fausto Correia de Lima
Santa Cruz –RN
1848
Fausto Mambira
MA
Feliciano Gonçalves Simões Fenelon Dantas de Figueiredo
CE
Xano
PB São Mamede-PB
1948
Fenelon Dantas
São Mamede-PB
1948
Fenelon Dantas de Figueiredo
1928
Ferino de Góis Jurema
Teixeira-PB
Firino de Góis Jurema
Teixeira-PB
Firmino Teixeira do Amaral
1886
Firmo Batista de Lima
Monteiro-PB
1927
Firmo Cavalcanti
Brejo da Cruz-PB
1890 1965
1926 1944
Flávio Fernandes Moreira Francemiro Pereira Dantas
Miro Pereira
Patu-RN
Francisca Barbosa
Xica Barbosa
Patos-PB
Francisco Alexandre da Silva
Chicózinho
São Tomé-RN
1924
Francisco Alves de Souza
Francisco Caetano
Cuité-PB
1955
Francisco Alves Ribeiro
Barra de Sta. Rosa - PB
1920
Francisco Augusto dos Santos
Choro-CE
1950
Francisco Augusto Lima Filho
São Vicente-RN
1938
Francisco Barbosa de Souza
Monsenhor Tabosa-CE
1947
Francisco Bento
Bananeiras-PB
Francisco Buriti Freire
Carnaubinha-CE
60
1918
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Francisco Camilo da Silva
Picuí-PB
1924
Francisco Canuto Moreira
Mergulhão do Norte
Mombaça-CE
1946
Francisco Cavalcante Farias
SenaDOR Pompeu-CE
1912
Francisco Chagas da Silva
Cuité-PB
1926
Francisco Damião
PB
Francisco das Chadas Batista
1882
Francisco das Chagas Cordeiro
Trairi-CE
1939
Francisco das Chagas Ramalho
Picuí-PB
1915
Francisco das Chagas Rodrigues Chagas de Souza Francisco de Assis Chagas
São Tomé-RN
1946
Pedra Branca-CE
1953
Francisco de Assis da Silva
Chico de Assis
Alexandria-RN
1962
Francisco de Assis Oliveira
Chico Sobrinho
Souza-PB
1955
Edízio Calixto
Mossoró-RN
1956
Jardim de Piranhas-RN
1918
São Tomé-RN
1900
Francisco Edízio Lorena Francisco Ercílio Pinheiro Oliveira Francisco Estevam de Souza
de Francisco Pedra Chico Quincó
Francisco Evaristo da Silva
Uiraúna-PB
1924
Francisco Felix Damasceno
Pedras de Fogo-PB
1875
Francisco Fernandes da Mota
Catolé do Rocha-PB
1925
Francisco Ferreira de Lima
Cariris-CE
1950
Francisco Gomes de Souza
Santana do Matos-RN
1930
Francisco Hermenegildo Ferreira da Rocha Francisco Ivo
Santa Cruz-RN
1848
1930
1977 1971
1928
Jaguaretama-CE
Francisco Ivo Peixoto
Jaguaretama-CE
1949
Francisco Joel de Oliveira
Araruna-PB
1925
Francisco Leonel
Bezerros –PE
Francisco Lucena de Medeiros
São João do Sabuji-RN
1927
Caraubas-RN
1947
Francisco Lúcio Ferreira Francisco Lusimar Rocha Francisco Maia
Louro Branco
Feiticeiro-CE
Francisco Maia de Queiroz Francisco Maia de Queiroz
Louro Branco
São João do Jaguaribe-CE
1943
Jaguaribe-CE
1943
Francisco Mariano do Nascimento Chico Mariano
Jardim-CE
1941
Francisco Melquíades da Silva
Ipanguaçu-RN
1910
Francisco Moreira Vieira
Maranguape-CE
1918
Francisco Moreno
Bezerros-PE
Francisco Nunes de Oliveira
Rouxinal da Palmeira
Palmeira dos Índios-AL
1904
Francisco Paulino da Silva
Francisco Paulino
João Dias-RN
1982
Francisco Pequeno
PB
Francisco Porfírio Sobrinho
Chico Porfírio
Francisco Raimundo da Silva
Vieira
Francisco Rodrigues de Lima Francisco Romano Caluête
Romano d’água
da
Tabuleiro do Norte-CE Piancó-PB
1937 1935
Mãe Teixeira-PB Jaguarana-CE
Francisco Sales
CE
Francisco Sales Sombra
Jaguaruana-CE
Francisco Valério
Araruna-PB Assis Morato
Francisco Vieira
1891
1898
1974
1939 1934
Cuité-PB
1903
PB
Francisco Zanilde Batista
Iguatu-CE
Frankalino
CE
Gaudêncio Pereira Lima
Itabaiana-PB
Gavião
Campina Grande-PB Estrelinha
1840
Ibiara-PB
Francisco Vieira Lima
Generino Francisco dos Prazeres
1952
Cubati-PB
Francisco Rosa
Francisco Valério Moura
1953
Campina Grande-PB
61
1977 1945 1866
1910
1914
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Genival Costa
Pilar-PB
Geraldo Alencar Santos
Morada Nova-CE
Geraldo Amâncio Ferreira
Cedro-CE
Geraldo Feitosa
Olho d’Água do Piancó-PB
1948
Geraldo Severiano dos Santos
Morada Nova-CE
1938
1946
Germano Alves Araújo Leitão
Germano de Lagoa
Teixeira-PB
1842
Germano Alves de Araújo Leitão
Germano da Lagoa
Teixeira-PB
1842
Gerôncio Delfino de Lima
PB
Gerson Carlos de Morais
Cajazeiras-PB
Gregório Filomeno Menezes
São José do Egito-PE
1944
Heleno Pinto
Lagoa do Monteiro-PB
1899
Monteiro-PB
1899
Heleno José do Nascimento
Heleno Belo
Campina Grande-PB
1877
Heleno José do Nascimento
Heleno Belo
Campina Grande-PB
1878
Heleno Bezerra da Silva Heleno Bezerra da Silva Pinto
Heleno Pinto
Monteiro-PB
Heleno Severino
PE
Heleno Severino as Silva
Sta. Cruz do Capibaribe-PE
1948
Sta. Cruz do Capibaribe-PE
1932
Heleno Severino da Silva
Heleno Severino
Henrique Ferreira Dias
Henrique Xixó Henrique Dias
1958
ou Alagoa Nova-PB
Herculano de Messias
CE
Hermenegildo de Pontes
Araruna-PB
Hermínio das Fronteiras
PI
Hernandes Pereira Heronildes de Oliveira Rosa
1904 1898
Lavras-CE Palmeirinha da Bahia
1901
1932
1945
BA
Hilário Marinho
São José do Egito-PE
1926
Hilário Marinho
São João do Cariri-PB
1926
Horácio Benigno Pereira
Milagres-CE
1933
Hugulino Nunes da Costa Inácio Bezerra de Souza
São João do Cariri-PB
Inácio Bezerra de Souza
São João do Cariri-PE
Inácio da Catingueira
Piancó-PB(?)
1845
Inácio da Catingueira
Catingueira-PB
1845
Inácio Itaici Rabelo
Morada Nova-CE
1944
Inácio Mauricio
Macaiba-RN
1878
1879 1881
Inácio Quinteiro Inês Gomes Ferreira
Tabira-PE
Inocêncio Gato
Marcelino Vieira-RN
Inocêncio Gato
Pau dos Ferros-RN
Irmãos Catota Isaías Pereira
Vitória de Sto. Antão-PE
Ismael Freire da Silva
Bananeiras-PB
1924
Ismael Pereira da Silva
Ismael Pereira
Aurora-CE
1961
Ismael Pereira de Souza
Ismael Pereira
São José do Egito-PE
1942
Caruaru-PE
1945
Ivanildo Vila Nova Izidro Ferreira Izidro Marcelino de Almeida
São José do Egito-PE
1926
Jacó Alves Passarinho
Mutamba-CE
1883
Jacó Passarinho
Aracati-CE
Jerônimo do Junqueiro
CE
Jerônimo Moreira
CE
Jó Patriota João Abel Pereira
João Abel
João Albino da Costa João Alves de Souza João Américo Gomes
João Caetano
São José do Egito-PE
1929
Cachoeira do Índios-PB
1938
Patu-RN
1923
Cuité-PB
1925
1973
1992
CE
62
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
João Aniceto da Rocha
Sta. Cruz-RN
João Antonio de Sena
Serraria-PB
João Barbosa de Lima João Batista Bernardo
Caruaru-PE João Furiba
João Batista Dantas
Vertentes-PE
1931
Itapetim-PE
João Batista Dantas João Batista de Siqueira
1926
São José do Egito-PE
1977
São José do Egito-PE
1912
João Batista do Nascimento
Morrinhos-CE
1925
João Batista Duarte
Sobral-CE
1942
São José do Egito-PE
1912
João Bezerra Pinheiro dos Santos José Bezerra
Souza-PB
1947
João Bilro
RN
?
João Bilro do Japi
Nova Cruz-RN
1877
PB
1942
Monteiro-PB
1921
João Batista Siqueira
João Bonifácio Lino
Cancão
Cancão
Rouxinol
João Campos da Silva João Claudino dos Santos
João Pistola
João Clemente Dias
1877
Pedra Lavrada – PB Santa Rita –PB
João Cordeiro de Lima João Cruz da Silba
Bom Jardim-PE
1914
João da Catingueira
Piancó- PB
1940
João da Costa
Itabaiana-PB
João de Cecília
Pilar-PB
João de Natalia
PE
João Elias de Lucena
Machadinho
João Elias de Lucena João Fabrício João Faustino
1954 1957
Vertentes-PE
1913
Vertentes-PE
1913
Caruaru-PE Serrador
Exu-PE
João Feitosa
PE
João Ferreira
Queimadas-PB
1924 1955
João Formiga João Francisco
RN
João Francisco da Silveira
João Silveira
Guarabira-PB
João Francisco de Melo
João de Melo
Correntes-PE
1927 1918
João Francisco de Souza
Joça do Mestre Chico
Picuí-PB
1918
João Francisco dos Santos
Cego João Francisco
Alagoa Nova-PB
1911
João Gomes
Teixeira-PB
João Gomes
Nazaré da Mata-PE
João Gomes da Silva
Sta. Rita-PB
1924
João Izidro Ferreira
Itapetim-PE
1911
João Izidro Ferreira
São José do Egito-PE
1912
Buenos Aires-PE
1936
João Joaquim do Nascimento
João Joaquim
João José de Lima
Cego João de Lima
Caruaru- PE
1932
João José dos Santos
Azulão
Sapé-PB
1932
João Leite Neto
Etiel da Viçosa
João Lopes Freire João Lourenço da Silva
1938
1974 1974
Ribanceira-AL Bananeiras-PB
1930
João Lourenço
Pilar-PB Areia-PB
1903
João Luiz da Fonseca
João da Cruz
Parelhas-RN
1922
João Luiz de Souza
João Luiz
João Luciano João Luciano dos Santos
Piancó-PB
1953
João Malaquias
Puxinanã-PB
1880
João Mandioca
PB
João Manuel da Silva
Bezerros-PE
1920
João Mariano da Silva
Saboeiro-CE
1956
1970
João Marinho
63
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
João Martins dos Santos
Jericoacoara-CE
1933
João Melchiades Ferreira da Silva
Bananeiras-PB
1869
João Monteiro
PB
João Monteiro
PB
João Paulino de Medeiros
São Tomé-RN
1920
João Paulino de Oliveira
Açu-RN
1902
João Paulino Nascimento
RN
João Pedra Azul João Pedro de Andrade
1933
Bom Jardim-PE Bemtivi
Crato-CE
João Pereira da Luz
João Paraibano
Princeza Izabel-PB
João Pereira da Rocha
João Rocha
Camutanga-PE
João Pereira Luz
João Paraibano
Princesa Isabel-PB
João Pereira
Dona Inês-PB 1952 1953
João Pinga Fogo João Preto
São José do Egito-PE
João Severo de Lima
Patos-PB
João Severo de Lima
Patos-PB
1909
João Siqueira Amorim João Siqueira Amorim
Barbalho-CE
João Tavares
Cajazeiras-PB
João Ventura
Parnaíba-PI
João Viana dos Santos
Esperança-PB
João Vieira
RN
João Zacarias
Angicos-RN
João Zacarias
RN
João Zacarias Joaquim Barros Cavalcanti
1860
1943
1915
Angicos-RN BARROS
Joaquim Bernardino de Oliveira Joaquim Cardoso de Farias
Mestre Cardoso
Joaquim Cardoso de Farias
Mestre Cardoso
Joaquim Crispiano Neto
Santana do Matos-PB
1921
São José do Egito-PE
1894
Bananeiras-PB
1880
1953
1880 Santo Antonio-RN
Joaquim dos Reis Joaquim dos Reis Joaquim Ferreira
Joaquim Ferreirinha
Flores-PE
1907
1959
Joaquim Francisco Santana
Sem Fim
Camutanga-PE
1877
1917
Joaquim Gonçalinho
Quinca Gonçalinho
Joaquim Lopes da Silva
Quixadá-CE
1921
Joaquim Manoel de Oliveira Melo JoaquimMelo
Caruaru-PE
Joaquim Ferreira da Cruz Joaquim Francisco
Joaquim Rufino Silva Joaquim Venceslau Jaqueira
AL
Joaquim Vitorino Ferreira
Flores-PE
1907
Joel Vitor de Oliveira
Correntes-PE
1922
Jomaci Dantas Nóbrega
Patos-PB
1967
1959
Jonas Andrade Jonas Andrade de Souza Neto
Jonas Andrade
Conceição-PB
1967
Jorge Macedo Ferreira
Jorge Macedo
Quixeré-CE
1968
José Alves da Silva
Gilberto Alves
Feira Grande-SE
1955
José Alves de Souza
José Caetano
Cuité-PB
1936
José Alves Veloso
José Moreno
Dona Inês-PB
1933
José Amâncio de Moura
Taboleiro-CE
1924
José Antonio
Araruna-PB
José Antonio da Cauã
Rio Peixe-PB
José Antonio de Melo
Florânia-RN
1926
José Antonio dos Santos
Antenor Navarro -PB
1940
64
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
José Apolônio dos Santos
Olivedos-PB
José Bernardino de Oliveira
São José do Egito – PE
1900
José Bernardo de Lima
Caruaru – PE
1934
José Bispo da Paz
Caruaru - PE Itapagé-CE
1949
José Braga de Mesquita Sobrinho
Braga de Mesquita
José Caetano
1937
1939
RN
José Caetano da Silva
Quixeramobim-CE
1925
Zé Cardoso
Encanto-RN
1951
José Clementino de Souto
José Alves Sobrinho
Picuí-PB
1921
José Clementino de Souto
José Alves Sobrinho
Picuí-PB
José Cardoso da Silva José Claudino José Clemente
José Cosme da Silva
Currais Novoes-RN
José Crispim Ramos
Feira de Santana-BA
José Cruz da Silva
Bom Jardim-PE
José da Hora
Timbaúba-PE
José da Silva Filho
Tabira-PE
1921
José Daniel Nunes
RioBranco-AL
1925
Santana do Ipanema – AL
1945
José de Almeida da Silva
Zé de Almeida
José de França Filho
1917 1937
Timbaúba-PE
José de Lima José de Matos José de Menes e Silva
Crato-CE Zé Viola
José de Queiroz Moreno
Bocaína-PI
1964
Caruaru-PE
José de Queiroz Moreno José Dionísio da Cunha
Pombos – PE
José do Carmo
PE
José Duda Neto
PB
José Duda Simão
P
José Duda Simão José Dumont Neto
PE Zé Neto
José Edmilson José Emidio
1947
Lavandeira
José Erasmo Souza
Alexandria-RN
1941
Tabuleiro do Norte-CE
1956
Campina Grande-PB
1937
Redenção-CE
1936
Boqueirão-PB
1944
José Faustino Vila Nova
Caruaru-PE
1911
José Faustino Vilanova
Caruaru –PE
José Faustino Neto
José Faustino
1969
José Felix Sobrinho José Fernandes Ferreira
Zé Fernandes
Maurití – CE
José Ferreira da Silva
Zé da Silva
Tabira-PE
1960 1919
José Ferreira dos Santos
Zé da Onça
Brejão-PE
1934
José Ferreira dos Santos
Zé da Onça
Brejão-PE
1934
José Ferreira Lima
Conceição de Azevedo-RN
1895
José Ferreira Sobrinho
Palmeira dos Índios-PE
1934
José Filomeno de Menezes
Zeca Filó
São José do Egito –PE
José Filomeno de Vasconcelos
São José do Egito – PE
José Filomeno Junior
São José do Egito-PE
1926
São José do Egito – PE
1926
José Filomeno Júnior
José Filó
José Francisco Zé Menino
Campina Grande-PB
1927
José Francisco de Oliveira
Mororó
Água Branca-AL
1922
José Francisco Gonçalves
Dedé Gonçalves
Belo Jardim-PE
1938
José Francklin José Galdino dos Santos
1951 1951
PA
José Francisco de Oliveira
José Galdino da Silva Duda
1937
Baturité-PB Zé Duda
Cabaceiras-PB
1866
Ferreiros – PE
1950
65
1931
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
José Garcia
Puxinanã-PB
José Gaspar José Gaspar de Souza
Zé Gaspar
Serra do Padre-PB
José Gerônimo Ferreira José Gomes da Silva
Limoeiro-PE
1937
José Gomes de Souza
Zé Gomes
Alexandria-RN
1949
José Gomes do Amaral
Zé Lulu
São José do Egito – PE
1916
José Gomes Ferreira
Zezé Lulu
São José do Egito-PE
José Gomes Sobrinho
Zé Miguel
PE
José Gonçalves da Silva
Várzea Alegre-CE
1926
José Gonçalves Filho
Caruaru – PE
1949
José Guedes da Silva
Teixeiras-PB
José Guedes Silva
Teixeira-PB
José Gustavo
São José do Egito-PE
José Gustavo José Henrique José Herculano dos Santos
PA Zé Duda
Campina Grande-PB
1933
José Hernandes Pereira da Silva
CE
1944
José Inácio
Camutangá-PE
1927
José Inocêncio da Silva
Campina Grande-PB
1927
José Izidro Filho
Vicência-PE
1945
José Joavelim Rafael da Silva
Flores – PE
1919
José Joavelim Rafael da Silva
Flores do Pajeú-PE
1919
José Limeira
Campina Grande-PB
1900
José Lopes Neto
José Catota
São José do Egito-PE
1917
José Lopes Neto
Zé Catôta
São José do Egito – PE
1917
José Lourenço da Silva
PB
1931
José Luiz
Alagoas-MA
1932
1955
José Lourenço
José Luiz Carlos de Lima
Santo Antonio – RN
1966
José Luiz Filho
Zéluiz
Serraria-PB
1916
José Manoel dos Santos
José Baiano
Caruaru – PE
1945
Piancó-PB
1917
Zé Marcone
Cajazeiras-PB
1965
José Marcelino Neto José Marcone de Souza José Maria
CE
José Maria Cordeiro José Maria do Nascimento
1975
Zé Maria
Morrinhos-CE
1928
Araçoiaba-CE
1945
José Maria do Nascimento
Araçoiaba-CE
1945
José Maria Lopes
Sobral-CE
1935
José Mariano
Areia-PB
José Marques da Roseira
AL
José Martiniano Cavalcanti
Sapé-PB
José Martins
Patos – PB
José Martins
Patos-PB
José Matias de Matos
Barreira-CE
1936
1942
José Medonho José Miguel
Arcoverde-PE
José Miúdo
PE
José Monte
Cajazeiras-PB
José Monte Neto
Tenente Ananias-RN
José Monteiro Guedes
José Monteiro
Patos-PB
José Mota Filho
Mota Pinheiro
Boa Viagem-CE
1905
José Mota Pinheiro
Boa Viagem-CE
1922
José Neones de Freitas
Capistrano de Abreu-CE
1948
José Nilson Ferreira José Nunes de Souza
Zé de Cazuza
Jaguaribara-CE
1950
Prata-PB
1929
66
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
José Nunes Filho
Zé Cazuza
Monteiro – PB
1929
José Nunes Filho
José Tota
Cerro Corá-RN
1901
José Patrício
Monteiro – PB
José Patrício Ferreira de Siqueira Patriota José Paulino José Paulino Torto
Monteiro-PB Patos-PB
José Paulino de Morais
Parelhas-RN
1893
José Paulino Sobrinho
Araruna-PB
1921
José Pedro
PB
José Pedro da Silva
Rato
Alagoas
José Pereira
Dedé do Iguatu
Iguatu-CE
1949
José Pereira
Palmeira-PB
1919
José Pereira
Patos-PB
1922
José Pereira da Costa José Pereira da Luz
Teixeira-PB Edezel Pereira
José Pereira da Silva
Princeza Izabel – PB
1965
Caruaru-PE
José Pereira de Lima
CE
José Pereira de Souza
Bem Te Vi (2o.)
José Pereira de Souza
Bemtivi
1926
Crato-CE
José Pereira Sobrinho
São José do Egito-PE
José Pinheiro
São Luiz-MA
1913
José Pinheiro de Carvalho
Santana do Matos – RN
1940
José Plínio de Medeiros
Jardim do Seridó-RN
1926
José Porfírio da Silva
Quixadá-CE
1919
José Porfirio da Silva Segundo
José Porfírio
Morada Nova-CE
1934
José Porfírio da Silva Segundo
José Porfirio
Morada Nova-CE
1934
José Pretinho
Crato – CE
José Pretinho
Crato-CE
José Pretinho José Reginaldo da Silva
Zequinha
José Ribamar Carvalho
José Ribamar
José Ricardo de Souza José Rodrigues de Lima José Sabino
1910 1965
Machados-PE
1955
Monteiro-PB
1948
Caraúbas-RN
1962
Serra Branca-PB
1944
Livramento-PB
1936
1945
Cego Sabino
José Saldanha Menezes Sobrinho
Santana do Matos-RN
1918
José Severino da Silva
Rouxinol da Floresta
Carpina-PE
1949
José Silveira Braga
Zé de Vidal
Santana dos Matos – RN
José Siqueira de Amorim José Soares do Nascimento
Caruaru – PE
1906
José Soares do Nascimento
Caruaru-PE
1906
José Torres
Monteiro-PB
José Tota
Flores – PE
José Tota
Flores-PE
José Vicente
Cajazeiras-PB
José Vicente do Nascimento
Pocinhos-PB
José Vicente Mota
São José do Egito – PE
José Vieira José Vieira Filho
RN Zé Ferreira
José Virgolino de Souza
Orós-CE
Mergulhão
José Vitorino de Souza
José Josina
Santana do Matos-RN
José Zilmar
Zé Zilmar
Horizonte-CE
Josefa
Zefinha do Chabocão
Josefa Anselmo de Souza Josival Viana
1939
Bezerros-PE
José Virgulino de Souza
Josefa Maria da Silva
1922
Santinha Mauricio
1908
1939 1939
1929
Chabocão – CE São Benedito-CE
1915
Limoeiro-PE
1951
Souza-PB
1948
67
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Josival Viana
Souza-PB
1948
Josué Alves da Cruz
Serraria –PE
1907
Josué Alves da Cruz
Serraria-PB
1904
Josué Felix de Souza
Taperoá-PB
1908
Josué Ferreira Dias
Prata-PB
1905
Josué Romano
Teixeira-PB
1877
1968
1913
Jovino Alves dos Santos Julião Jurandir Tembório
Preta – PB
Justino José Fernandes
PI
Justino Maravilha
Campina Grande-PB
Juvenal Evangelista Santos
Picuí-PB
1941
Juvenal Mousinho
Araruna-PB
1907
1963
1924
Juvenal Oliveira Juvenal Oliveira Labareda Laurindo Gato Laurindo Pereira
Crato-CE Bernardo Cintura
Teixeira-PB Teixeira-PB
1849
Lauro Germano da Silva
Vem Vem
Caiçara-PB
1935
Lázaro Pessoa de Aguiar Leandro Tranquilino Libanio Mendes de Lima
Lázaro Pessoa
São José do Egito-PE Cardeal-BA Serraria-PB
1974 1952 1907
Laurindo Pereira
Lino Pedra Azul de Lima
Monteiro-PB
Lino Pedra Azul de Lima Lourinaldo Ferreira Nascimento Lourinaldo Vitorino Ferreira Lourival Bandeira Lima Lourival Batista de Lima
do Lorinaldo Vitorino
1907
Venturosa-PE
1959
Venturosa-PE Viçosa – AL
1959
Viçosa-AL
1922
Lourival Batista Patriota
São José do Egito – PE
1915
Lourival Pereira Lima
Jucás-CE
1950
Luciano Leonel Lucio Flavio da Silva
Cachoeirinho-PE Brejo da Cruz-PB
1980 1956
Luis Antonio Luis Bernardes de Souza
Patos-PB São José do do Egito-PE
Luis Bernardo Luis Dantas Quesado
Antenor Navarro-PB
Luis Mangabeira
CE
Luis Oliveira Campos Luis Pereira
Mossoró-RN CE
Luis Tenório Luiz Bernardo de Souza
Lourival Bandeira
Alagoa do Monteiro-PB
Luiz Bernardes
Luiz dos Reis da Silva
1850
Picuí-PB
1928 1936
Luiz da Silveira
Nazaré da Mata-PE
Luiz Gonzaga
Luiz Antonio
PB
Luiz Gonzaga Sobrinho
Sobral-CE
1931
Luiz Lopes de Souza
Nazaré da Mata-PE
1940
Luiz Mangabeira
CE
Luiz Manoel de Sales
Caruaru - PE Sto. Antonio do Salto Onça -RN Nazaré da Mata-PE Quixadá-CE Itaporanga-PB
Luiz Pereira de Lima Luiz Pereira Naum Luiz Pinto
Luiz Pereira
Luiz Rodrigues de Souza
Bico
Luiz Salvino de Santana Madapolão
1992
Monteiro-PB São José do Egito-PE
Luiz Emilio da Silveira
Luiz Mauricio Ribeiro
1962
1929 da 1936 1943
São Tomé-RN
1940
Timbaúba-PE AL
1928
68
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Malaquias Vieira Manoel Alves de Souza
Manoel Caetano
Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Apolinário Pereira Bandeira de Caldas Belarmino de Souza Belarmino Duarte Belinguim Benone Limeira
Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Cabaceira Caetano Calixto Lorena Carneiro Casimiro
da Luz Ventania Damião das Dores
Patattiva do Arraial
Cigarra do Agreste
Manoel Feijão Manoel Felix da Costa Soares Manoel Fernandes Lopes Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Ferreira de Lima Ferreira Diniz Ferreira Sobrinho Filomeno de Menezes Filomeno de Menezes Floriano Ferreira Floriano Ferreira Francisco Francisco Francisco Chagas Fulo Furtado Galdino Baneira Gavião Gomes Medeiros Inês de Oliveira Joaquim do Muquem José Ferreira Leopoldino de Mendonça Leopoldino de Mendonça Lino de Souza Lourenço da Siva
Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Lourenço Sobrinho Luis dos Santos Luiz Martins Martins de Moura Martins de Oliveira Mendes Monteiro
Manoel Manoel Manoel Manoel
Morais Noé da Silva Noé da Silveira Nogueira
CE Vitória de Sto. Antão-PE Bananeiras-PB São José do Egito-PE Teixeira-PB
Silveira
Dionísio Filho do Ó Bernardo Domingos Domingos dos Passos Duda Pereira Ezequiel da Silva
Manoel Monteiro
PE São José dos Piranhas-PB Triunfo-PE Limoeiro-PE PE Monteiro-PB RN PB Augusto Severo-RN PB Vicência-PE
Manoel Caveira Manoel Celerino da Silva Manoel Manoel Manoel Pereira Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Daudete Bandeira
PB Cuité-PB
1903
1976 1955
1945 1905 1929 1963 1945
1914
1912
1938 1925
Patos-PB PB Panelas-PE Panelas-PE
1922 1910 1910
Caruaru – PE
1924
PI CE Fernandes Manoelmarinheiro Manuel Chulé Manoel Ferreirinha Mane Filó Manoel Neném Manoel Nenen Manoel Dodô
Serrador Manoel Serrador Manoel Chuchu Chuchu Manoel Chuchu
e RN CE Ibiara-PB Queimadas-PB Monteiro-PB Afogados da Ingazeira-PE Bom Conselho-PE
1930 1907 1930 1930 1884
Pombal-PE Taperoá-PB Buenos Aires-PE
1960
CE Patos-PB Afogados da Ingazeira-PE Currais Novos-RN Itarema-CE CE Picuí-PB AL União dos Palmares-AL Santana do Matos-RN ou Pilar-PB
São José do Pilar São José do Egito-PE Manoel Luizdo Sucuru Caruaru-PE PB São José de Mipibu-RN Fortaleza-CE Parnaíba-PI Manoel Monteiro das Sumé-PB Cinco Vacas Manoel Monteiro de Vitória de Sto. Antão-PE Vitória de Santo Antão Ceará Mirim-CE
Manoel Noé
1888
Nazaré da Mata-PE Recife-PE
69
1948
1927 1918 1855
1950
1939 1932 1932 1926
1910 1865
1937 1922
1985
1940
1971 1971
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel
Nogueira Lopes Patativa Patichulim Paulino Paulino Lira Pedro Clemente Pedro Clemente
Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manuel
Pequeno Piraná Preto Preto Limão Preto Limão Rafael Neto Raimundo de Barros Regino Regino Riachão Rodrigues Rodrigues de Souza Santana Severino da Silva Soares da Silva Teixeira Teixeira de Lima telegrama Vicente de Queiroz Vicente dos Santos Vieira de Lucena Vieira do Paraíso Vieira do Paraíso Vieira Machado Votirno Ferreira Xavier de Macedo Bezerra da Silva
Bonito-PE
Cego Clemente
CE Machados-PE Machados-PE Brejo da Madre Deus-PE Manoel Bom Jardim-PE Araruna-PB Currais Novos-RN Patos-PB Bananeiras-PB Bananeiras-PB Aafogados da Ingazeira-PE
Serrador
Manoel Gavião
Pilar-PB Santa Rita-PB Araruna-PB PE Monsenhor Fabrício-CE PE Campina Grande -PB Campina Grande-PB Pedro Velho-RN Picuí-PB PE Cajazeiras-PB São Mamede-PB Guarabira-PB Guarabira-PB PI Flores-PE São Tomé-RN Caruaru - PE
1910
1969 1924 1921 1904
1970
1918 1918 1933 1880 1904
1948
1935 1926 1922 1900
1918 1915 1882 1882
1927 1927
1917 1941
Manuel Clementino Leite Marcelino Marcilio Patriota Marcolino Cobra Verde Marcos Paixão Maria Alexandrina da Silva Maria Josefa da Silva Maria Lindalva Gomes Maria Tebana Mário Faustino Mario Paulo dos Santos Mario Verdelinho Matias Soares Matias Soares Maximiano Lopes Maximino Bezerra de Almeida Melquiades Amaro Miguel Alves da Silva Miguel Faustino Vila Nova Misael Ciriaco da Silva Moacir Cosme de Lima Moacir Cosme de Lima Moisés Lopes Sesiom Murilo Evangelista da Silva Napoleão Natanael Cordeiro de Lima
Mocinha de Passira Santinha Maurícia
Maximino Bezerra
PB Nazaré da Mata-PE Venturosa-PE Lagoa do Monteiro-PB Areia-PB Gonçalo Ferrera-PE Machados-PE Paulista-PE Pombal-PB
1944 1942
1932 1947
1953 1957 1923 1890
Aquiroz-CE
1945 1945 132? 1883 1923
Natanael Cordeiro
São José do Belmonte-PE
1960
Nivaldo França Noel Calixto
IbiRA-pb 1945 Santo Antonio do Salto da Onça-RN Teixeira-PB 1829 PB Feira Grande-AL 1946
Moacir Laurentino Glosador
Nelson Ribeiro Lima Nestor Marinho Nicandro Nunes da Costa Nivaldo Rodrigues Macedo Noel Calixto dos Santos
Ouro Velho – PB CE MA Passira-PE Limoeiro-PE Araruna-PB RN PE Natuba-PB Alagoas PB
70
1945 1932
1918
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Norberto Monteiro Odilom Joaquim de Melo Odilon Nunes de Sá Oliveira Francisco de Melo Olívio do Livramento Olívio do Livramento Onésimo Maia Onofre Araújo de Góis Orestes Paulino de Vasconcelos Osmario Paulino de Vasconcelos Otacílio Batista Patriota Otacílio Domingos da Silva Otacílio Guedes Patriota Otilia Soares Otílio Lourenço Paulino Felisberto Paulino Monteiro Paulo Ferreira Paulo Jorge da Silva Paulo Pereira Paulo Pereira Vicente Leite Pedro Antonio Dias Pedro Bandeira Pereira de Caldas Pedro Barbosa de Souza Pedro Cassiano de Melo Pedro Cesário Ribeiro Pedro Fernandes Pedro Fernandes Pedro Ferreira Pedro Firmino Cabral Pedro Luiz Pedro Mouco Pedro Nicolau de Oliveira Pedro Nogueira da Silva Pedro Nonato da Cunha Pedro Passarinho Pedro Paulo Ventania Pedro Paulo Ventania Pedro Pereira de Melo Pedro Rouxinol Pedro Simião Pedro Trindade Florêncio Pedro Vieira de Amorim Pinto Teixeira Pio Pereira das Neves Porfírio Paranaguá Preto Limão Prigildo Bernardo de Souza Quincas de Brejão Rafael Paraibano Raimundo Alves de Souza Raimundo Alves Pereira de Souza Raimundo Borges de Almeida Raimundo Caetano Raimundo Cassiano Filho Raimundo Cialdense de Maria Raimundo Galdino Raimundo Galdino de Melo Raimundo Laurindo Silva Raimundo Lira Raimundo Lopes da Rocha Raimundo Luiz de Vasconcelos Raimundo Nonato Mariano Raimundo Nonato Neto Raimundo Pelado Raimundo Pereira da Luz Raimundo Pereira da Silva
São João do Cariri-PB Monteiro-PB Patos-PB Panelas-PE Livramento-PB Taperoá-PB Mossoró-RN Caraubas-RN Garanhuns-PE Garanhuns-PE São José do Egito-PE Nova Cruz-RN Itapetim-PE Campina Grande-PB PE CE Belo Jardim-PE SE São José do Egito-PE Sanatana do Matos-RN Maurité – CE Nova Cruz-RN São José das Piranhas-PB Igarassu-PE Crato-CE Alto Santo-CE RN RN CE Arcoverde-PE Picuí-PB PI Quixadá-CE Morada Nova-CE Itapipoca-CE
Calumbi Oliveira de Panelas
Paulo Jorge Paulo Pereira
Beija Flor
Brasa Viva Pedro Tijela
Caicó-RN Caicó-RN Viçosa-AL Itaporanga-PB ARRAIAL-ce Caruaru-PE Teixeira-PB
Ventania Sanhauá
Pinta Silva
1919 1922 1900 1946
1932 1937 1946 1923 1932 1923 1915
1942 1958 1948 1968 1920 1938 1958 1922 1914
1913 1897
1952 1930
1942 1944
1907
1919 1921
São José do Egito-PE Bezerros-PE RN São José do Egito-PE Garanhuns-PE Raimundo Caetano Raimundo Caetano
Cuité-PB Cuité-PB
1959 1959
Raimundo Borges
Flores-PE Cuité-PB Baturité-CE Marinhos-CE Várzea do Açu-RN RN Limoeiro-PE Martins-RN Belém-PA Bela Cruz-CE Marcos-CE Barro – CE
1945
Raimundo Nonato Raimundo Pelado Sul Raimundo Pereira
1927 1928
1919 1954 1893 1927 1940
1976
do Missão Velha-CE Limoeiro-PE
71
1914
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Raimundo Rodrigues de Souza Raimundo Souza Lima Raul Ferreira Renato Monteiro Ricardo Soares Pontes Rio Preto Rio Preto Rio Preto Roberto Felinto de Queiroz Rogaciano Bezerra Leite Rogaciano Leite Rogério Menezes Sobrinho Romano Elias da Paz Romano Elias da Paz Romano Verissimo Roque Gentil do Nascimento Rozendo Santiago de Oliveira Santino Hermenegildo Santino Luiz Saturnino Mandu Sebastião Braz Eloi Sebastião Cândido dos Santos Sebastião Cândido dos Santos Sebastião Cavalcanti de Siqueira Sebastião Cesário Sebastião Dias Filho Sebastião Dias Filho Sebastião José da Silva Sebastião José da Silva Sebastião José do do Nascimento Sebastião Neris Sebastião Olimpio de Souza Sebastião Rodrigues da Silva Sebastião Zacarias Severino Antonio de Lima Severino Antonio dos Santos Severino Augusto Maranhão Severino Batista dos Santos Severino Borges da Silva Severino Ciriaco Severino Ciriaco Silva Severino Severino Severino Severino
Cordeiro de Souza Damião dos Ramos Xavier dos Ramos Xavier
Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino
Elias Felix da Silva Ferreira Ferreira Ferreira da Silva Francisco de Lima Filho Jorge José da Silva José dos Santos Lourenço da Silva Pinto Lourenço da Silva Pinto
Severino Severino Severino Severino
Luiz da Silva Manoel da Silva Mendes de Queiroz Mendonça da Silva
Severino Severino Severino Severino Severino
Milanês da Silva Milanez da Silva Monteiro Monteiro da Silva Nunes Feitosa
Roberto Queiroz
Romano Elias
Azulão Azulão Beijo Sebastião Dias Sebastião Silva
Monsenhor Tabosa-PB Ipu-CE Vitória de Santo Antão-PE Bonito-PE Ipu-CE PB PB PI Bom Jardim-PE Itapetim-PE São José do Egito-PE Imaculada-PB Mamangape-PB Mamanguape-PB Teixeira-PB Morrinhos-CE
1929 1910 1933 1918
1966 1920 1921 1962 1901 1903 1931
CE Salgadinho-PB Santa Luzia-PB Poções-PE Quixadá-CE PE PR Afogados da Ingazeira-PE
1935 1890 1890 1940
Caicó-RN Ouro Branco –RN Guarabira-PB Pilo~ezinhos-PB Pilar-PB
1950 1950 1974 1944 1916
Bananeira-PB Campina Grande-PB Angicos-RN Severino Batista Cuité-PB Biu Dionísio Vitória de Santo Antão – PE Severino Maranhão São José do Egito – PE Parelhas-RN Borges Aliança-PE PE Severino Ciriaco ou Bom Jardim-PE Ciriaco Bíu de Crisanto São José do Egito – PE Bonito-PE Raminho Xavier Riacho das Alnas-PE Raminho Xavier Caruaru - PE São José do Egito Cuité-PB Ferreirinha Remigio-PB Touros-RN Touros – RN Vertente de Taquaritinga-PE PE Nazaré da Mata-PE Pelado Vitória de Sto.Antão-PE Monteiro – PB Pinto ou Pinto do Alagoa do Monteiro-PB Monteiro Asa Branca
Barra Mina
Crato-CE Patos-PB Bem Te Vi Neto ou Patos-PB Bem Te Vi Bezerros-PE Bezerros – PE Cajazeiras-PB Monteiro-PE São José do Egito – PE
72
1969
1936
1975
1932 1924 1933 1973 1915 1919 1910 1929 1950 1950
1942 1944 1951 1945 1965 1944 1929 1896 1895
1913 1920
1917 1948
1972 1958 1958
1972
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino
Nunes Feitosa Paulo dos Santos Pelado Pereira da Luz Pereira da Silva Pereira da Silva Pereira Silva Perigo Putrião Sanhaçu Sanhassu Severo
Severino Tantão do Rego Silvério Pereira
Biu Paulo Severino Pereira
Santa Terezinha-PE Camocim de São Félix-PE Limoeiro-PE Princesa Izabel – PB També-PE PE CE Patos – PB Livramento-PE CE CE
1948 1936 1925 1971 1922
1875
1880
1913 1913
Patos-PB Campina Grande-PB Lula da Liberdade
Silvino Pirauá de Lima
Patos-PB
1848
Silvino Pirauí Lima
Patos-PB
1848
Cuité-PB
1929
Simeão Alves de Souza
Simeão Caetano
Simplicio Pereira da Silva
CE
Sinfronio Pedro Martins
Messejana-CE
Sinval de Carvalho
Caruaru – PE
Teodosio Pereira Lima
PE
Terezinha Tiètre
São João do Cariri – PB
Tiago Passarinho
Catolé do Rocha-PB
Trajano Guedes
PI
1883
1932
Ugulino Nunes da Costa
Gulino de Teixeira
Teixeira-PB
1832
Valdir Rodrigues Teles
Valdir Teles
Livramento _PB
1955
Valdomiro Alcântara Mendes
Sertânia-PE
1935
Venceslau Ferreira
Poeta Vencedor
Viçosa-AL
1920
Vicente Alves Batista
Vicente Preto
São José do Egito – PE
1911
Vicente Amaro
1965 1982
São José do Egito – PE
Vicente Amaro de Souza Vicente Bernardino de Souza
1895
Vicente Amaro
Vicente Granjeiro Landim
Lagoa do Monteiro-PB
1919
Monteiro-PB
1921
Mata Grande-AL
1901
Vicente Guia Vicente Lucio
RN
Vicente Lúcio
RN
Vicente Rufino
Assaré-CE
1925
Vicente Sabiá Vicente Santana
CE
Virgolino
CE
Vitorino de Souza Bezerra Vitorino Ferreira
Vitorino Bezerra
Picos – PI
1962
Ingazeira-PE
Vitorino Ferreira Paz
Flores-PE
Waldomiro Felix Galvão
Santo Antonio do Salto da 1940 Onça-RN Fagundes-PB
Zacarias Moura
1882
1946
Zé Enfeitado Zé Limeira Zezinho Silva
Sapé-PB
Zito Nunes de Siqueira
Monteiro-PB
73
1945
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
BIBLIOGRAFIA PITTA, Manoel Américo de Carvalho. Cultura Nordestina Vol. 01, Poetas Repentistas Nordestinos, Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, Natal, 1999. COUTINHO FILHO, F. Violas e Repentes, Edição do Autor, Recife, 1953. MOTTA, Leonardo. Cantadores, Livraria Castilho, Rio de Janeiro, 1921. FUNDARPE. Cancioneiro Nordestino, Espaço Pasárgada, Recife, 1994. LEITE FILHO, Aleixo. Cartilha do Cantador. Edição do Autor, Recife, 1985. SOBRINHO, José Alves. Glossário da Poesia Popular. Editel, Campina Grande, PB. BEZERRA, Jaci et ali. Livro dos Repentes, Fundarpe – CEPE, Recife, 1991. WILSON, Luís. Roteiro de Velhos Cantadores e Poetas Populares do Sertão, FIAM/ Centro de Estudos de História Municipal, 1986. CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura Oral do Brasil, Ed. José Olympio, Rio de Janeiro, 1952. CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro, Ed. Ediouro, Rio de Janeiro, RJ, s.d. SOLER, Luis. As Raízes Árabes, na Tradição PoéticoMusical do Sertão Nordestino. Editora Universitária da UFPE, Recife, 1978. CASCUDO, Luis da Câmara. Vaqueiros e Cantadores.] Edição Itatiaia/USP, São Paulo, 1984. VIEIRA, Yara Frateschi. Poesia Medieval, Global Editora, São Paulo, 1982. FERREIRA, Joaquim. História da Literatura, Domingos Barreira, Editora Porto, 1939. ALMEIDA, Átila Augusto F. de. et alli. Dicionário BioBibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada. 74
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
Editora Universitária. Centro de Ciências e Tecnologia. João Pessoa/Campina Grande, PB, 1978. FIGUEIREDO, A. Cardoso Borges de. Bosquejo Histórico da Literatura Clássica, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1852. BRAGA, Teófilo. História da Literatura Portuguesa (Imp. Portuguesa, Porto, 1870). FERREIRA, José Maria d’Andrade. Curso de Literatura Portuguesa, Livraria Mattos, Lisboa, 1875. ALMEIDA, Renato. História da Música Brasileira, F. Briguiet & Cia., Rio, 1942. MELO, Alberto da Cunha. Noticiário, Ed. Pirata, Recife, 1979. MOTA, Mauro. Itinerário, José Olympio, Rio, 1983. HERSKOVITS, Melville Jr. Antropologia Cultural, V.II, Ed. Mestre Jou, São Paulo, 1963.
75
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo
76
© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo