Um certo Jó, Alberto da Cunha Melo

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© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica especial, comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


ALBERTO DA CUNHA MELO

UM CERTO JÓ PATRIOTA (Reportagem biográfica)

Volume II Recife, 2002 E-book 2012

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UM CERTO JÓ PATRIOTA

ALBERTO DA CUNHA MELO

Volume II Recife, 2002 E-book 2012

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NOTA A ESTA EDIÇÃO ELETRÔNICA Este livro, Um Certo Jó, foi publicado originalmente em 2002, portanto há 10 anos, pelo projeto “Uzyna Cultural” com o patrocínio do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Pernambuco. Esta edição eletrônica é uma das ações comemorativas dos 70 ANOS de ALBERTO DA CUNHA MELO, neste 2012, há 4 anos e 6 meses de sua morte (13 de outubro de 2007). Ele era um profundo pesquisador da poesia repentista, e, a seu modo, um apologista. Acrescentei aos anexos “Uma Plêiade de Poetas”, listagem de 994 nomes que Alberto encontrara à época de suas pesquisas para edição desta reportagem biográfica que foi antecedida por outra: Um certo Louro do Pajeú publicada pela EDUFRN – Editora Universitária do Rio Grande do Norte, em 2001. A lista, apresentada pelo autor, foi omitida porque o tempo foi pouco para viabilizar atualização dos dados, como ele queria. Aqui, ela tem o valor de registro, pois autentica a fonte desta edição. Cláudia Cordeiro Olinda, 6 de abril de 2012.

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Catalogação original

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO Coordenadora Geral: Ana Paula C. de Pontes Secretaria Geral: Aurean Martins Fernandes Diretor Cultural: Jemuel Nunes Alves UZYNA CULTURAL CONSELHO EDITORIAL Alberto da Cunha Melo Alberto de Oliveira Rodrigues Antônio Lisboa Cláudia Cordeiro Heleno Ramalho Joselito Nunes Projeto gráfico: Luiz Arrais Capa: Cláudia Cordeiro Foto da capa: Assis Lima Coordenação de revisão: Heleno Ramalho Revisão: Alberto da Cunha Melo Supervisão Editorial: Alberto de Oliveira Supervisão gráfica: Cláudia Cordeiro

Catalogação da publicação. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Divisão de Serviços Técnicos Copyright - 2001 Alberto da Cunha Melo Av. Gov. Carlos de Lima Cavalcante, 2234, ap. 102 – Casa Caiada

Melo, Alberto da Cunha. Um certo Jó Patriota / Alberto da Cunha Melo. – Recife (PE): SINDESEP, 2001. 80 p. 1. Cultura popular. 2. Literatura de cordel. 3. Arte. 4. Poesia. 5. Repentistas – Pernambuco. I. Título. ISBN 85-7273-127-x CDU 316.72 RN / UF / BCZM 2001/12 CDD 306 ________________________________________________________ _

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LIVROS DO AUTOR MELO, Alberto da Cunha. Círculo Cósmico. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1966. ______. Oração pelo Poema. Recife: UFPE, separata da revista Estudos Universitários, 1969. ______. Publicação do Corpo. In: Quíntuplo. Recife, Aquário/UM, 1974. ______. A Noite da Longa Aprendizagem. Notas a Margem do Trabalho Poético. Recife, 19782000, v. I, II, III, IV, V; inédito. ______. Dez Poemas Políticos. Recife, Pirata, 1979. ______. Dez Poemas Políticos. Recife, Edições Pirata, 1979, segundo clichê. ______. Noticiário. Recife: Edições Pirata, 1979. ______. Poemas a Mão Livre. Recife: Edições Pirata, 1981. ______. Soma dos Sumos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. ______. Poemas Anteriores. Recife: Bagaço, 1989. ______. Clau. Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1992. _____. A Rural também Ensina a Semear a Poesia. Recife: ed. Livro 7, 1992; folheto de cordel – divulgação do lançamento do livro Clau. ______. Carne de Terceira com Poemas à Mão Livre. Recife: Bagaço, 1996. ______. Yacala. Recife: Gráfica Olinda, 1999. ______. Yacala. Natal: EDUFRN, 2000, edição fac-similar, prefácio de Alfredo Bosi. ______. Um certo Louro do Pajeú. EDUFRN, 2001. Reportagem biográfica. ______. Um certo Jó. SINDESERPE, 2002. Reportagem biográfica. ______. Meditação sob os Lajedos. Natal/Recife: EDUFRN, 2002. ______, Dois caminhos e uma oração. São Paulo: A Girafa, 2003. ______, O cão de olhos amarelos & Outros poemas inéditos. São Paulo: A Girafa, 2006. ______, Marco Zero: Crônica. Recife: CEPE, 2009. ORGANIZAÇÃO MELO, Alberto da Cunha., org. Benedito Cunha Melo, Poesia Seleta. Recife: edição do espólio, 300 exemplares impressos na gráfica da editora Bagaço, 2009. Disponível em http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/plink2ben.htm

SOBRE O AUTOR CORDEIRO, Cláudia. Faces da resistência na poesia de Alberto da Cunha Melo. Recife: Bagaço, 2003. CORDEIRO, Cláudia (org.). Uma estranha beleza: entrevista com o poeta Alberto da Cunha Melo. In: Cronos: Revista de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN, v.5/6, n.1/2. NATAL: EDUFRN, 2000, p.317-33, jan/dez, 2004/2005. FARIA, Norma Maria Godoy. Metapoesia e profecia em Alberto da Cunha Melo. Dissertação de Mestrado. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2005. MOLITERNO, Isabel de Andrade. Imagens, reverberações na poesia de Alberto da Cunha Melo: uma abordagem estilística do texto. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007. 6

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BUENO, Alexei. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: G. ERMAKOFF, 2007, p. 383-384, verbete. COBRA, Edivaldo. Um tributo a Alberto Cunha Melo. Jabotão: edição do autor, 2008. Cordel.

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SUMÁRIO

Nota do autor Apresentação Um Certo Jó Patriota Anexos Excelências para Jô Jô-Canto-Chão A Oficina de Almanzor O Repentista Nordestino e a Poética do Desafio Uma Plêiade de Poetas

Bibliografia

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NOTA DO AUTOR Este livro é uma singela homenagem do autor a um grande amigo morto, o poeta-repentista Jó Patriota. Trata-se de uma reportagem escrita nos dois dias subseqüentes à morte do poeta: 11 de outubro de 1992. Ela foi publicada originalmente no Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado, no mês de fevereiro de 1993. Para divulgá-la no formato de livro, fiz algumas adaptações necessárias, sem, contudo, retirar-lhe o ar de pressa e as esperadas lacunas que caracterizam a graça do texto jornalístico, segundo meu entendimento. Aproveitando a oportunidade desta edição, adicionei à reportagem alguma iconografia, o prefácio escrito para o livro Na Senda do Lirismo (por insistência de amigos) e mais um artigo sobre as origens do repente, com o objetivo claro de provocar, mais uma vez, o mundo acadêmico, ainda não desperto para a riqueza e complexidade da poética do repente, no Nordeste Brasileiro.

Alberto da Cunha Melo

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APRESENTAÇÃO

RIACHOS DA TRADIÇÃO

O Sertão é mais estado de espírito do que um simples pedaço geográfico onde mora um bocado de gente. Tem passado decerto misterioso que o presente, metamorfoseado, tenta explicar, mas não consegue entender. Assim, em lugar de cidades, já urbanizadas no cimento frio, onde se expõe o sofrimento explícito de favelas nos seus contornos, podemos lembrar que aí estavam pequenos ajuntamentos de vida comum, transitando em certo universo que começava ou findava quando a terra encontrava o céu. Apenas a imaginação andava muito no cotidiano do tempo que passava devagar. Nesse território aportou a linguagem do sentimento universal da alegria, dor, tristeza e da solidão, que se chama poesia. Era um grito no imenso silêncio. E estamos hoje a estadear encantos dessa paisagem – os poetas -, monumentos de saudade das estradas poeirentas, grotas, barrancos, serrotes e veredas da inspiração. Em minha lembrança o Sertão era assim: povo do sítio, do pé-de-serra e da rua: gente que se via em dia de feira, de missa, na festa da padroeira. Da roça para a cidade, uma conversa boa, com hora de voltar, e até a reverência de tirar o chapéu, em saudações, pelos caminhos. E se fosse boa a colheita, a alegria dobrava a animação. A praça, em frente à igreja, a festa do povo, que não perdia o sermão do velho padre. Havia lugar para tudo. A feira era o teatro da própria vida. Tinha o sanfoneiro, mostrando a arte do pé-de-serra, para ganhar uns trocados; a recitação romanceada dos cordéis; os cantadores de viola no pé-de-parede. Na mercearia, a caderneta de anotações era a nota fiscal; e o dono da loja de tecidos recebia um ano depois o mesmo valor do vendido no ano anterior. Na volta para os recantos de origem, a estrada parecia procissão... e o cocão do carro de boi cantava. Também lembro o lado triste do lugar: paisagem desolada, seca, desespero – hoje miséria colorida para imagem de televisão. Essa tristeza secular, cíclica e inevitável, pode ser desígnio divino na religião do homem da roça, mas é descaso anunciado para as esmolas dos poderes de plantão. Roças sem vida, animais também. E o Sertão ouve a voz do salta-caminho, que diz jesus-meu-deus no último galho da árvore desfolhada. Mas, quando vem o choro do céu para molhar a terra, tudo novamente enfeita a paisagem, o homem, a mulher e o amor.

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Quem vive em gabinete de ar-condicionado não sabe o valor da sombra de um juazeiro. À sombra dessa árvore, que traduz a resistência e a esperança do homem rural, nasceu a sabedoria popular, criada do essencial para o essencial. Mas, o que se diz moderno foi fazendo leituras aleatórias ou compartimentalizadas, e essa universidade nativa, original, foi perdendo, nos meandros dos sofismas urbanos, a força de estacas fincadas no tempo, embora conservando os alicerces nas brumas da História. Assim chegou-se ao analfabetismo cultural, até de anel no dedo: o conhecimento sem sabedoria, o muito pior do que não ler e escrever. O essencial tornou-se visível para os olhos, uma mercadoria, quando somente pode ser tocado pelo sentimento. Somos um todo formado por duas partes: aquilo que se herda e o que se adquire: e a herança de um povo é sua arte na História, que forma a identidade cultural construída pela sabedoria. È a voz do tempo que conhece e sabe. O analfabetismo cultural multiplica o não-saber e transforma nossas raízes populares em lixo urbano, descartável. Maior exemplo disso está na música, que também puxa a poesia. Enquanto o popularesco circunstancial, sem compromisso com a tradição e muitas vezes grotesco, transita de avião e carro importado, o popular da nossa origem anda de pé no chão, com o agravante de que perdeu o jumento e o carro de boi. O prejuízo da urbanização, que desaguou na globalização, pior ainda, foi muito mais danoso nas localidades interioranas, porque lá está cada riacho, no esquecimento ou no silêncio, a alimentar um rio grande e que se torna mais poluído em cada cidade maior que passa. Mas os riachos de inspiração continuam a correr, devagar, pelos mesmos íngremes caminhos, e não cansam de ver a beleza da paisagem. Os poetas populares são os riachos da tradição, enverdejando o Sertão da poesia. Então, o meu escrito é de abraços a Alberto da Cunha Melo, que nos trouxe cantares de Um Certo Louro do Pajeú, e agora de Um Certo Jó Patriota. O poeta de Yacala é um dos abnegados que fazem parte da Uzyna Cultura, uma cooperativa de idéias que mantém no antigo da grafia o propósito de dizer ao presente que o passado não morre, apenas fica em silêncio para ser lembrado. E os silenciados no tempo têm vez e voz no pensar, falar e agir dos nossos cooperados. Outros certos virão para avivar mais ainda um estado de espírito chamado Sertão – de poetas e poesias. E música. Heleno Ramalho é jornalista e compositor.

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UM CERTO JÓ PATRIOTA

ALBERTO DA CUNHA MELO

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Jó Patriota (foto de Assis Lima)

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Mote:

“As ondas são cabeleiras de sereias defloradas”

Nas mais profundas geleiras Onde há mares violentos No pente oculto dos ventos As ondas são cabeleiras As brisas madrugadeiras Quando perpassam geladas Cujas ondas agitadas Tornam-se mais pardacentas Que até parecem placentas De sereias defloradas. Jó Patriota

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Um certo Jó Patriota Quando a dor se aproxima Fazendo eu perder a calma Passo uma esponja de rima Nos ferimentos da alma. J.P. Cf. Alberto de Oliveira

Com a morte do poeta-repentista Jó Patriota, o Nordeste mais atávico e original ficou com aquela “tristeza de passarinho morto em caminho chovendo”. Este verso, cuja autoria até hoje não pude identificar, parece fazer eco àquele com que o grande cantador se autobiografava: “simples como um passarinho chumbado”. Só menino vivido na área rural, que se armava de espingardazinhas soca-soca, municiadas com minúsculos grãos de chumbo pela boca, com as quais matava pássaros que só têm a pluma e o canto, sabe o que é um “passarinho chumbado”, ou um poeta varado pelas agressões do mundo. Jó Patriota (de Lima) morreu, aos 63 anos, numa véspera de seu dia, o Dia da Criança, em 11 de outubro de 1992 e, menos de dois meses depois, falecia um dos seus mais inseparáveis parceiros, Lourival Batista, o Louro do Pajeú (1915-1992). O primeiro de edema e o segundo de câncer pulmonar. A coorte dos grandes arcanjos da poesia-repentista perdeu, num átimo, parte do ar de seus pulmões, ficando irreparável e parcialmente asfixiada. Não só esta Região, mas o país inteiro ainda não sabe o que perdeu. Quanto às autoridades culturais do Estado de Pernambuco, não tomaram conhecimento dessas enormes perdas. Estamos vivendo numa época em que, para grande prejuízo do caráter nacional, a poesia tornou-se a última das necessidades. O país virou um show de variedades, um shopping-center de futilidades. Jó Patriota nasceu no sítio Cacimbas, em Umburanas, então município de São José do Egito - PE, Sertão do Pajeú, em 1º de janeiro de 1929. Fez só o curso primário e, antes de se entregar totalmente à profissão de cantador, trabalhou numa série de atividades humildes e próprias dos jovens pobres da área rural, como agricultor, tropeiro e, mais adiante, apontador de obras e funcionário administrativo de colégio. Casou-se com quem amou até o fim, Maria das Neves, filha do legendário repentista Antonio Marinho, e ela sempre fez jus à paixão de seu cantador, e ao respeito que, ambos, cultivavam às coisas do espírito, segundo seus amigos mais próximos.

“Quando o sol no ocaso oculta a luz Perde a água violenta toda a espuma Cada nuvem que passa lembra uma Página escrita, no livro de Jesus, Depois que cai a noite vê-se os Penitentes, rezando com fervor Na igreja de Deus o bom pastor Chama as suas ovelhas desgarradas, Diz o sino nas suas badaladas Já é hora do Anjo do Senhor.”

J.P Cf. Na Senda do Lirismo, Imprensa Universitária da UFRPE, Recife, 1987, 2ª edição.

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Em seu livro, Na Senda do Lirismo, Jó Patriota explica que foi o cantador Vicente Preto, ao ouvi-lo ensaiando os primeiros passos no repente, quem primeiro acreditou em sua vocação: - Você pode entrar no ramo – disse-lhe. Ele lembra, também, que sua primeira viola foi comprada por uma irmã, “com o dinheiro da venda de uma cabra”. Sempre acontecia alguma coisa com suas violas, porque passou a vida toda cantando com as violas “dos outros”. O que acontecia, certamente, é que sua pobreza o obrigava a vendê-las. “Eu cantando teço um hino nos areais do deserto.” J.P. (Num pé-de-parede do Bar de Caruaru, no Recife, começos da década de 80, presenciado pelo autor.)

Poesia Oral O poeta-repentista é, antes de tudo, um eterno peregrino. Jó não se lembrava em que ano fôra, mas nunca esqueceu o dia em que Zé Vicente da Paraíba, violeiro que, depois, se tornou um dos seus parceiros mais contumazes, passou por sua casa e disse a seu pai: - Seu Geminiano, vou levar seu filho comigo para cantar em Tabira. Não tivesse o mecenas Joselito Nunes, quando diretor da Imprensa Universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco publicado Na Senda do Lirismo, e essas poucas mais valiosas informações sobre Jó Patriota se teriam perdido para sempre. Quantos são os esquecidos (ou silenciados), por exemplo, dos 125 repentistas listados por F. Coutinho Filho, no seu livro Violas e Repentes (Edição do Autor – Recife – 1953), sendo 53 de Pernambuco, 54 da Paraíba, 7 do Rio Grande do Norte, 06 do Ceará, 3 de Alagoas e 2 do Piauí? Enquanto os cordelistas geralmente praticam uma poesia narrativa, pré-elaborada, impressa (embora para ler em voz alta), em que há apenas um só emissor, os poetas-repentistas realizam majoritariamente uma poesia dialogal, oral, improvisada, em que há, quase sempre, uma dupla de emissores. Como nosso desafio veio de uma Península Ibérica feudal e arabizada, é bom lembrar que nos fragmentos de uma Arte de Trovar, que faz parte do Cancioneiro (medieval) ColocciBrancuti, há uma referência à poesia dialogada (ou alternada, ou canto amebeu). Diz Yara Frateschi, no seu Poesia Medieval (Global, São Paulo, 1987): “Qualquer poesia dialogada poderia ser uma tenção: a Arte de Trovar, porém, reserva esse termo para os casos de debate, em que a cada um dos participantes no diálogo cabe uma estrofe, para desafio ou resposta – trata-se, portanto, de um gênero semelhante ao nosso desafio”. A autora não menciona se as tenções eram de improviso, apenas revela que as cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer circulavam em cadernos e mantinham pautas musicais. No entanto, Luis Soler, em seu livro As Raízes Árabes na Tradição PoéticoMusical do Sertão Nordestino (Ed. Universitária da UFPE, Recife, 1978), falando sobre a Europa feudal do séc. XI, diz: “Todo mundo era poeta! Em Silves – faz notar al-Qazwini – qualquer camponês à frente de sua carroça de bois podia improvisar sobre o tema que lhe fosse proposto: os poetas cruzavam a Espanha visitando as Cortes, onde lhes eram oferecidos alojamentos, gratificações, cátedras...”. Mas, antes dele, é ainda o onisciente Cascudo quem, incisivo, esclarece: “O ‘tenson’ era verdadeiramente a batalha poética entre improvisadores”. E cita, em seguida, Waldemar Vedel: “Em um princípio, tratábase siempre de disputas personales efetivas, sobre um pie poético forzado. Pero a medida que se qué concediendo maiyor importância a la forma, qué 16

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perdiendo terreno da improvisación...” (Cascudo, Luis da Câmara, Vaqueiros e Cantadores – Ita – B. Horizonte – 1984). Uma interrogação minha tem a ver com o que o pesquisador Aleixo Leite Filho chama de “improviso recitado” e de “improviso cantado” (este o que me ocupa ao tratar do poeta-repentista), pois o próprio Soler não esclarece que tipo de improviso predominava no mundo ibérico durante a Idade Média. Outra pergunta que faço é: que parcela da poética improvisada da Idade Média foi transcrita para o papel? O fato é que, aqui no Nordeste, cada cantoria é algo irrepetível e, por ser um canto alternado, é, de certa forma, descontínuo, fragmentário, e faz com que de cada poeta sejam memorizadas poucas coisas de uma vida inteira de poesia. E essas coisas memorizadas estão dispersas numa área muito grande, porque os poetas-repentistas estão sempre se deslocando, de um lugar para outro, como os rapsodos gregos, os segréis do medievo, todos os poetas andarilhos do passado. Diferentemente dos poetas literários, inclusive os que escrevem folhetos, os repentistas mais autênticos, de um modo geral, deixam um reduzido testemunho escrito para a análise crítica. Isso já foi pior em passado remoto, quando não existiam ainda os gravadores eletrônicos. No entanto, apesar de, na sua longa vida de cantador, dezenas (ou centenas?) de cantorias de que Jó participou terem sido gravadas, tive dificuldades em ilustrar esta reportagem com fragmentos de sua produção poética.

“Na madrugada esquisita O pescador se aproveita Vendo a praia que se enfeita Vendo o mar como se agita Ora calma, ora se irrita Como panteras ou pumas Depois se desfaz em brumas Por sobre as duras quebranças Frágeis, fragílimas danças De leves flocos de espumas.

J.P. (Respondendo mote do poeta Raimundo Asfora – Cf. Na Senda do Lirismo, op. cit.)

Contra minha vontade, fui obrigado a recorrer ao seu livro Na Senda do Lirismo e aos outros livros que tratam do mundo do Repente, e repetir os mesmos versos, sem apresentar qualquer novidade. E, por quê? O fato de existir um acervo enorme de cantorias gravadas, como o deixado pelo apologista Urbano Lima e o macro-acervo do pintor italiano, naturalizado brasileiro, que se tornou um dos maiores benfeitores da cultura popular brasileira, Giuseppe Baccaro, não garante a preservação de parte da história do Repente, caso não sejam transcritas as fitas cassetes, pois o tempo pode inutilizá-las. Esses acervos devem ser adquiridos pelo Governo do Estado, as Universidades ou Centros de Pesquisa, como a Fundação Joaquim Nabuco, ou qualquer outra agência cultural e, em seguida, transcritos e publicados todos eles. Só assim se poderá acompanhar todas as mudanças por que a complexa poética do Repente vem passando ao longo do tempo. (Um bom exemplo e, talvez, um dos raros, é o Livro dos Repentes (Fundarpe – Recife – 1990) organizado pelo poeta Jaci Bezerra e o pesquisador Ésio Raphael). Só assim não ficaremos repetindo as pouquíssimas sextilhas e décimas de um grande cantador, como o foi Jó Patriota, memorizadas ou anotadas, na hora, pelos apologistas, que são os admiradores e pesquisadores da trajetória dos poetas-repentistas, tanto nos festivais competitivos, quanto nas cantorias mais 17

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tradicionais, que se realizam em fazendas, sítios, bares e residências, chamadas no universo cantador de “pés-de-parede”. “No Moxotó, a rolinha Voa sem saber pra onde, Não pode fazer seu ninho, As árvores não têm mais fronde, E, às vezes, busca refúgio Onde o gavião se esconde.”

J.P. Cf. Poetas Repentistas Nordestinos, de Manoel Américo de Carvalho Pita, Sindicato dos Bancários do Rio Grande Do Norte, Natal, 1999)

Sem precisarem das academias ou dos departamentos de letras das universidades, os poetasrepentistas têm a sua imortalidade garantida pela memória coletiva, que transporta seus versos de geração em geração. Foi assim que os rapsodos perpetuaram a Odisséia e a Ilíada, de Homero. Sobre o assunto, diz o historiador português A. Cardoso Borges de Figueiredo, em seu livro Bosquejo Histórico da Literatura Clássica (Coimbra, 1852): “Estes cantos se conservaram por muitos séculos na memória dos rapsodos que, de terra em terra, os andavam recitando, para despertarem o heroísmo; como fizeram entre os Celtas os bardos e scaldos, e, entre nós, na Idade Média, os trovadores”. “Minha alma tem a tristeza Da coruja quando pia Na solidão dos sepulcros Nas noites de ventania.”

J.P. Registrado pelo autor em conversa com violeiros.

Como já disse, de umas quatro décadas para cá, essa tradição oral recebeu o reforço do desenvolvimento tecnológico, possibilitando que os apologistas, com seus gravadores de fita cassete” registrem e preservem, para o enriquecimento de nosso patrimônio cultural, um grande acervo de cantorias dos chamados “cobras” do repente, entre os quais sempre se destacou a personalidade forte e singularmente lírica do poeta Jó Patriota. Faz-se necessário expandir o público da cantoria. É provável que exista boa quantidade de versos do nosso poeta gravados por pesquisadores sérios, como foi Urbano Lima, que era amigo pessoal de Jó. Mas é preciso que alguma agência cultural, repito, financie o levantamento e a transcrição dos acervos de cantorias gravadas por apologistas dispersos.

Canário-de-briga e curió No prefácio que fiz para a segunda edição do já referido Na Senda do Lirismo, publicado em 1987, eu relembro que vi Jó Patriota pela primeira vez, na década de 70, numa peleja com Lourival Batista, o Louro do Pajeú. A cantoria realizou-se na residência do advogado Albany de Castro Barros, em Candeias, município de Jaboatão dos Guararapes – PE, e eu a classifiquei como uma disputa entre um canário de briga (Louro) e um curió (Jó) e destacava neste último uma tristeza melodiosa na sua maneira de ser cantador.

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“Em Barra de Santa Rosa Não presta para quem Cheguei aqui me negaram Almoço, café e janta. Não há perfume na rosa Nem há milagre na santa.”

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canta.

J.P. “Pegando na deixa” de João Luciano, numa cantoria em Barra de Santa Rosa, PB. Cf. Cancioneiro Nordestino, Espaço Pasárgada, Fundarpe, Recife, 1994.

A última vez que o vi foi no mês de abril de 1992, ano de sua morte, em São José do Egito, sua terra natal. Havíamos chegado, eu, ele e Joselito Nunes, de uma festa em Tuparetama e, ao descer do carro, Jó bateu com a porta num dos dedos de minha mão. Eu dançava de dor, por um lado, e Jó se desesperava de remorso, por outro. Às cinco horas da manhã, provavelmente sem ter dormido um minuto, Jó bateu na casa de Antonio de Catarina, onde eu estava hospedado, para saber como estava minha mão. Nele a fraternidade e a solidariedade não eram apenas temas poéticos, como é comum acontecer nos meios literários, mas constituíam o seu próprio modo de ser. “De fato Drummond de Andrade Belo poema cantou Um caminho numa pedra Por onde a infância passou E ‘uma pedra no caminho’ Que o destino colocou.”

J.P. (Sextilha memorizada pelo poeta Marcus Accioly, num desafio entre Jó e Louro do Pajeú. Mais um exemplo do Espírito aberto de Jó Patriota. Cf. Na Senda do Lirismo, op. cit.

Ao lado de Lourival batista, Jó Patriota foi um dos violeiros que mais abriu a colônia sertaneja do Recife aos poetas ditos literários. Gostava de freqüentar a Praça do Sebo (Rua da Roda), no centro da capital pernambucana, para conversar e tomar cerveja com seus novos amigos, entre os quais eu tive a honra de ser incluído, além do poeta Pedro Américo e do livreiro Melquisedec, para só falar nos mais próximos. Essa sua aproximação com os poetas ditos literários culminou com a sua filiação como membro da União Brasileira de Escritores, seccional de Pernambuco.

Violeiro de paletó Joselito Nunes tornou-se conhecido nas rodas de cantoria como um dos seus maiores entusiastas. Mas esse entusiasmo ele o converteu em ações concretas de apoio aos poetasrepentistas e demais poetas populares do Nordeste. Além de Jó Patriota, como diretor da Imprensa Universitária da UFRPE, ele publicou os poetas Pinto do Monteiro, Lourival Batista, João Furiba, Pedro Amorim, Cancão, Dedé Monteiro e Zé Marcolino. Joselito é advogado e nasceu na localidade de Migiqui, no então distrito de Prata, município de Monteiro – PB. Ele conheceu Jó em 1964, numa cantoria no Clube Recreativo da Prata e ele enfrentava naquela noite o cantador João Furiba. 19

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- Vale salientar – explicou Joselito – que naquela época a Jovem Guarda estava em plena ascensão e eu tinha de gostar dela e dos cantores italianos. Violeiro era, naquele momento em que estávamos vivendo, algo marginal, não tinha expressão alguma para nós. A gente não tinha o menor respeito por aquela atividade cultural. Os mais velhos a cultuavam com todo o respeito. Mas eu me lembro até como Jó estava vestido naquela cantoria – um paletó marrom, com o cabelo comprido, penteado para trás e com brilhantina - . Naquele tempo, o paletó era parte da indumentária de violeiro, mas nem sempre com gravata. A gente para chocar, apenas para zonar, botou dinheiro na bandeja rasa, de flandre, com desenhos de frutos, muito magra, por sinal. Colocamos o dinheiro com o seguinte mote: a cidade está calçada/ de pedra e paralelepípedo. Jó se recusou a dizer qualquer coisa, mas João Furiba protestou com um verso dizendo que o mote estava no dicionário dos ignorantes. Começamos a ser olhados de maneira hostil e tivemos de nos retirar como persona non grata – lembrou Joselito. “Menosprezar a velhice Hoje aqui não adianta Olhe aí Manuel Bandeira Um velho de idéia santa Eu canto e não sou poeta Ele é poeta e não canta.” J.P. No Teatro de Arena, no Rio de Janeiro, em 1959. Jó conhecia os grandes poetas do Modernismo e não tinha preconceito contra a poesia literária. Cf. Na Senda do Lirismo, Op. cit.

Joselito contou, ainda, que depois daquele encontro equivocado na cidade de Prata, só reencontrou Jó Patriota muito tempo depois, através de Antonio de Catarina, em 1978: “Ele já não usava mais paletó e estava numa fase meio hippy, mais nosso contemporâneo, até suas piadas eram atuais. Daí então, a gente estabeleceu um vínculo de amizade e de admiração que só veio a se interromper com a sua morte. Jó vinha doente há muito tempo e eu não sabia. Minhas ligações com ele e com Antonio de Catarina me fizeram retornar às raízes, definitivamente, e me tornar um militante da cantoria, porque eu não gosto do termo apologista, que acho um tanto alienado. Minha militância se efetivou através da publicação de vários cantadores. Por isso, Lourival me chama de Mecenas”.

Cara Feia Prosseguindo nas suas recordações do amigo morto, Joselito vai encontrando outros motivos de comoção. “Uma coisa que me causou impacto foi achar na minha gaveta uma foto de Jó. Ele não era fotogênico, ele tinha uma cara feia, na aparência física. O impacto foi provocado porque a foto, apesar de recente, tinha a mesma aparência da imagem que eu guardava dele, na minha adolescência. Ele não tinha aparência de velho, ele não tinha nada de velho, tudo nele era recente, atual. A contradição entre a aparência séria e carrancuda e o espírito dócil, lírico, terno, desarmado e despreparado para a contenda na convivência dos homens na terra, era abissal. Jó era só ternura. Era uma ternura onde falava muito mais alto o poeta do que o sertanejo que ele era”, concluiu Joselito. 20

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Cano para Cima O temperamento dócil de Jó, lembrado por Joselito Nunes, é confirmado também pelo pesquisador Ésio Raphael, que o conhecia há mais de quinze anos. Conta Ésio o seguinte episódio, que mais parece uma anedota: “O médico Maurício Valadares, de São José do Egito, ao fazer uma longa viagem, deixou Jó tomando conta da casa dele e lhe entregou um revólver para defender-se de possíveis gatunos. Ao regressar, Jó lhe disse que tomou conta da residência pra valer, porque casa guardada por ele ninguém poderia entrar. Quando o médico olhou para cintura de Jó, teve uma surpresa: o revólver estava colocado com o cano para cima”. Essa história que contaram a Ésio é típica da região sertaneja, que procura recriar os fatos mais simples, dandolhes o feitio de “causo”, um relato meio mágico dos acontecimentos. Para Ésio Raphael, “Jó era a reserva da escola lírica do repente, seu último grande representante, uma vez que haviam falecido os demais expoentes daquela escola, como Domingos Fonseca, do Piauí, Elísio Félix, de Canhotinho da Paraíba e Manuel Xudu, que era de Pilar – PB. Jó era um sujeito irrequieto, elétrico, e, se tinha uma raiva qualquer, pouco tempo depois estava contente de novo,” esclarece o pesquisador.

Um menino O professor José Rabelo, radicado na cidade pernambucana de Arcoverde, por muitos chamada de “a Porteira do Sertão”, e que criou a primeira cadeira de Literatura Sertaneja do Brasil, na Faculdade de Formação de Professores, naquela cidade, deu o seguinte depoimento sobre o nosso Jó: “Ele me pareceu um poeta puro. Só e exclusivamente poeta. Era uma constituição emotiva. Nele, a razão era um mero instrumento acidental diante da emoção, ele só a usava a serviço da emoção. Foi, sem dúvida nenhuma, a antena que melhor captou a sensibilidade de seu povo. Ele nunca deixou de ser um menino, nunca chegou à malícia da adolescência,” enfatizou José Rabelo, casualmente lembrando Ezra Pound, que considerava os poetas “as antenas da raça”. O historiador Fernando Patriota, parente de Jó, afirmou não ter o poeta a notoriedade dos irmãos Batista, “correndo por fora, como se praticasse arte marginal, algo como um repente marginal ante o incomensurável brilho de um Louro do Pajeú, por exemplo, mas é que seu brilho vinha em espasmos, no intimismo do bando, quando o recebíamos em noites etílicas e musicais. Então, ele se poetizava, ingenuamente louvando a vida e a beleza, como um vate errante, materialmente miserável e espiritualmente universal”, finalizou emocionado.

“No tempo da juventude Ninguém gozou como eu Mas depois dos vinte anos A viola apareceu Esta penitenciária Que o tempo em troco me deu.” J.P. Em desafio com Canhotinho, na Fazenda Malhada, em Itapetim, PE. Na Senda do Lirismo. Op. Cit.

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Outro grande admirador de Jó, e também poeta, João Filho, natural de São José do Egito, chegou a considerá-lo “um homem-cristal, desprovido de qualquer interesse pessoal, vivendo intensamente e deixando os outros viverem” acreditando que ele “deixou em todos nós uma terrível lacuna: sem Jó, a poesia ficou sem um dos seus, sem o poeta mais sentimental e amigo que conheci”. Participando de nossa conversa, Maciel Correia, um poeta-repentista ainda não assumido, em cuja residência Jó se hospedava quase todas as vezes que ia ao Recife, achava que “a grandeza poética e humana de Jó Patriota se confundiam com a simplicidade de sua poesia e de seu coração.”

Pagar Cachaça com Verso O lado boêmio de Jó originou muitas histórias a seu respeito, e, como todas as histórias contadas no mundo dos repentistas, estão sempre cercadas de fantasia. Não que sejam mentirosas, mas, com os antigos diziam, a verdade termina e o contador de “causos” continua. Algumas esquisitices, que a própria família não entendia, marcaram a vida do poeta, como a de sair de casa para uma rápida visita à fazenda de Patrício Filó, na cidade pernambucana de Ingazeira, e só voltar cinco dias depois, como no famoso conto de Trevisan, “Na força do Homem”. O poeta Paulo Cardoso, que é conterrâneo de Jó, conta que, nos idos dos anos 50, “ainda criança de calças curtas, pelejando a vida numa bodega daquela cidade (São José do Egito) – bodega essa que vendia de tudo, inclusive cachaça – tive a honra de servir a Jó Patriota ‘bicadas’ ao preço de quinhentos réis, escutando atento os seus versos improvisados, já naquela época mostrando seu lirismo nato, os quais, vez por outra, valendo como pagamento”, recorda. “Eu vi a lua morrendo Numa agonia de prata.” J.P. Registrado pelo autor em conversa com violeiros.

Outro poeta, Sérgio Medeiros, este também enrustido e conterrâneo do cantador, demonstrou dúvida sobre uma suposta justiça universal declarando que “uma coisa que me deixa curioso é saber qual o critério adotado para tirar alguém do mundo. Imagino que deva existir algum ou nenhum critério, tudo é feito aleatoriamente, ou então tem torcida de vida e de morte. E uns resistem, vivem, se agarram, ou então se esquecem de viver e pensam somente na morte. Eu acho que Jó Patriota não tava nem aí.”

Jó(vem) Uma das qualidades do poeta morto era o de se dar bem com jovens e velhos, convivendo harmonicamente com todas as gerações. O novíssimo compositor Walmar, que morreu tragicamente alguns anos depois de Jó, deu o seu depoimento utilizando a técnica da fragmentação vocabular: “Um e(terno) menino, cujo brinquedo predileto foi a poesia, com profunda essência de pureza e lirismo... só sei que lhe devemos muito, por seus ensinamentos ímpares, através de sua maneira de ver(cejar), de vi(ver) e de ser o menino Jó(vem) Patriota.”

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Adeus A minha lembrança de Jó está ligada a fatos singelos, como a de irmos juntos jogar no bicho, e de que sempre jogávamos no gato, todas as vezes que ele me visitava no trabalho. Nunca deu gato. Nunca fomos premiados no “bicho” nem na loteria, mas caminhávamos juntos pelas ruas do Recife e, parafraseando Bandeira, humildemente falando na vida e nas mulheres que amamos, enquanto tomávamos uma cerveja e aprendíamos que a amizade também é um prêmio, um grande prêmio da vida, que a morte não pode arrebatar. E agora, parafraseando Drummond, Jó é uma viola pendurada na parede: “mas, como dói...”.

Olinda, outubro de 1992.

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ANEXOS

01. 02. 03. 04. 05.

Excelências para Jó Patriota Jó Cantochão (artigo) A Oficina de Almanzor (artigo) O Repentista Nordestino. (ensaio) Uma Plêiade de Poetas

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Excelências(*) para Jó Patriota

(*) Segundo Luís da Câmara Cascuda, no seu valioso Dicionário do Folclore Brasileiro, “excelência é um canto entoado à cabeça dos moribundos ou dos mortos, cerimonial de velório ainda existente na Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco e, possivelmente, noutros Estados”. Aqui, o termo está sendo usado como sinônimo de “elogio” aos mortos.

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DOIS POEMAS DE DEDÉ MONTEIRO

São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu (Mote da Associação Cultural de SJE glosado pelo poeta Dedé Monteiro, em 14.10.1992)

Para Das Neves Marinho e filhos

Dois herdeiros saudosos e tristonhos Soluçaram perdendo um pai de ouro, Que escondia na alma um grão tesouro Carregado de luzes e de sonhos... Pesadelos enormes e medonhos Foi Dasneves, talvez, quem mais sentiu. Quando a tumba fechou-se e o céu se abriu Para entrar o Condor dos cantadores. São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Quem ouviu Patriota versejando, Com certeza, saudade está sentindo. Se os poetas do céu estão sorrindo Os que ficam na terra estão chorando. Sua voz embargada e o verso brando Que até bem pouco tempo a gente ouviu, Veio o vento da morte e decidiu Transformá-los em luto, pranto e dores. São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Sua terra natal ficou sem calma, Cada fã guarda n’alma a dor secreta De perder para sempre este poeta Que encarnava o lirismo em corpo e alma. A platéia ficou sem bater palma, De tocar a viola se omitiu, Quando viu que o destino destruiu Quem melhor construiu versos de amores. 27

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São José do Egito chora flores Pelo pai do lirismo que partiu. Envolvida num luto inigualável, Amargando saudade e dissabores, Separada do vate insuperável, São José do Egito chora flores. Suas glosas divinas e profundas, Primorosas, primeiras sem segundas, Quem tentou imitar, não conseguiu. E é por isso que o berço do repente Canta, em prantos, dizendo a dor que sente Pelo pai do lirismo que partiu.

JÓ PATRIOTA Dedé Monteiro Passa tudo, disseste, tudo passa... É verdade, poeta, tens razão. Pois fizeste da vida, em vez de praça, Passarela de sonho e de ilusão... 28

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Decantaste a saudade, a noite, taça, O lirismo, a tristeza, e solidão, A criança, a candura, o riso, a graça E a grandeza dos filhos do sertão! E hoje, após tanta volta, sem revolta, Como um filho fiel que à Pátria volta, Tu voltaste ao recesso do teu Lar

Pra da morte cair no negro abismo, Nos lançando no mar do teu lirismo Cujas ondas singraste até cansar...

HEREDITARIEDADE Antônio de Marmo Marinho Patriota(*) Desencarna o poeta do repente Aqui deixa seus versos por lembrança Seu lirismo me serve de herança Sua verve me serve de semente Se o seu corpo de mim está ausente 29

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Seu espírito ainda está dentro de mim Pois um grande poeta não tem fim E de Jó Patriota eu sou vertente Se o seu corpo tombou e a terra o come A poesia, o lirismo e o seu nome Farão parte do mundo eternamente E a saudade que queima no meu peito Vou tentar como Jó do mesmo jeito Afogá-la num copo de aguardente. (*) Antonio de Marmo Marinho Patriota (Noé) é poeta e filho de Jó Patriota.

EM MEMÓRIA DE JÓ PATRIOTA

Héctor Pellizzi(*) Nós não tínhamos a intimidade de parentes nem de amigos noturnos de fim de madrugada. Nós tínhamos A intimidade da palavra, O sorriso companheiro, O abraço e a saudade. Nós éramos dois versos divididos em duas pátrias: o Pajeú e o Pampa, e dentro da tristeza que me espanta pela chama da morte que arde, se faz sombra teu nome na cruz que ilumina a tarde. (*) Héctor Pellizzi é poeta argentino naturalizado brasileiro. 30

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MOTE DE ZÉ BODEIRO, DE SÃO JOSÉ DO EGITO GLOSADO POR ZETO CANTADOR Mote: Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso Tive um sonho bonito e transparente, Ontem à noite, depois que fui dormir, Como a caixa bonita de um presente, O meu sonho ficou mais renitente, Quando junto de mim surgiu um riso, Era o verso chegando num aviso, Recebendo seu filho no seu canto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. 31

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Bem cedinho Cancão se levantou, Pra deixar tudo dentro dos conformes, Através dos arcanjos deu informes, E a notícia no céu logo ecoou, Com a zoada São Pedro se acordou, O semblante cansado inda conciso, Mas depois colocou na face o riso Quando viu Jó chegar cantando tanto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. Nesta festa havia convidados, Como Pinto, Xudu e Canhotinho, Zé Soares, Fonseca e Antonio Marinho Que através de Canção foram chamados. Neste palco também dependurados, Véus de rendas nascidas do improviso E o chão de brilhante era tão liso Que Jesus colocou seu santo manto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. Neste palco ao invés de som ligado, Tinham sons dos clarins do infinito, Que eram sons parecidos com um grito, Davam vida ao recinto iluminado, Ao chegar Mestre Jó foi coroado, Com auréolas nascidas do sorriso, E depois pra contê-lo foi preciso Goles puros da cana do encanto. Vi Cancão preparando o palco santo Pra chegada de Jó no Paraíso. (Zeto Cantador é poeta e compositor)

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Jó Patriota Alberto de Oliveira A tristeza que eu sinto A saudade que me invade Na partida da poesia E a morte da humildade É como se visse agora De manhã, rompendo a aurora, A solidão do baixio Às cinco horas da tarde. As suas palavras mansas Cheias de sabedoria Tinham o dom de me levar Aos reinos da fantasia Ainda tenho na memória Momentos bonitos, de glória, O sertão revisitado Nas tardes de poesia. 33

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Não mais a paz que acalenta Não mais o amigo terno Não mais o verso bem feito Não mais o abraço fraterno Só a saudade medonha Horrenda, vil, a peçonha Do amigo simples, humilde Que partiu para o eterno. Eu sempre tive carinho Ternura e muita afeição Quando as pessoas são simples Despojadas, sem ambição É como se fossem um rio São rumos pro meu navio Nesta vida enganosa De perfídia e traição. (Alberto de Oliveira é poeta)

Duca, Corbiniano, Lena, Alberto, Clio e Jó UFRPE – 1992 (De acordo com arquivo de fotos de Joselito Nunes.)

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TELEGRAMA PARA DAS NEVES Clio Guimarães Ribeiro e Almir Castro Barros A viola de repente Perde um grande trovador. Jó Patriota descansou Com a sua viola encantada. Agora a lua agoniada Derrama lágrimas prateadas Sem esconder sua dor. (Clio Guimarães é advogado e Almir Castro Barros é poeta)

O PATRIOTA DO EGITO Romero Amorim No silêncio da viola Faz-se a hora da partida. Sem dizer adeus à vida Jó Patriota vai embora... São José do Egito chora O pranto que a dor desata. Na saudade em serenata Que amortalhou a poesia A lua também morria “numa agonia de prata”... Debruçado à sua lira, Olhar preso no infinito, O Patriota do Egito Num verso final expira... Decerto Deus decidira O lugar do menestrel. Rompendo da vida o véu A sua vontade exorta: 35

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- O reino de Patriota Não é do Egito, é do céu! (Romero Amorim é poeta e compositor)

POEMA PARA UMA VIDA INTEIRA Bezerra de Lemos Quem sabe um dia... ... AID UM EBAS MEUQ No destempero do tempo Na vontade que ficou No atropelo das horas No repente que morreu Na garganta, de repente No peito de Jó Patriota. Quem sabe um dia... ... AID MUEBAS MEUQ No púbis do teu desejo Na vontade de ficar No avesso do teu não Do grito que não sucumbiu No agora desse ontem Da tua vontade grávida Que no sertão germinou. (Olinda – agonizante – 05.12.1992) (Bezerra de Lemos é crítico literário e professor de Literatura)

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PÉ-DE-PAREDE NO CÉU Karoba Nunes (Para Jó Patriota) De repente, de repente, Enquanto lá para o céu Jó Patriota subia, Do céu descia a poesia, Formando belas cascatas. São José se despedia E todo o pranto desata A sua “lua morrendo Numa agonia de prata”. Lá em cima uma alegria Brilha na casa de Davi, O rei-poeta com salmos Dizia que para bons Existem muitas moradas, Cantando em pé-de-parede, Saudando a sua chegada. Até Antonio Marinho O recebeu sorridente Para tirar-lhe a tristeza Pinto foi logo dizendo Aqui a gente só canta Sem ter bandeja na mesa, E quem foi um Jó na terra Ganha o céu como riqueza. Depois, Manoel Xudu Lembrou versos de Fonseca E Canhotinho pra Jó, Cantados numa peleja: Seus versos têm a doçura 37

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Dos santos lábios de Deus. Jó, ouvindo, respondeu: Doce como os versos seus Só o mel de uruçu As águas do coco verde A flor do mandacaru Do riso de uma criança E o canto do uirapuru. Zé Marcolino tocou Fazenda Cacimba Nova Sua música predileta, Que lá num pé-de-parede Do céu nosso Jó cantava E Cancão batia palmas. Enquanto Dimas Batista A Rogaciano dizia: Jó glosando com as flores Muçambê, mandacaru Está sentindo saudades Das flores do Pajeú. Depois, outros violeiros Faziam versos a Deus Agradecendo a chegada De Jó lá no reino seu, Enquanto aqui a saudade E em todo o sertão doeu. (12.10.1992) (Karoba Nunes é artista plástico e compositor)

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JÓ-CANTO-CHÃO(*) Alberto da Cunha Melo A primeira vez que vi e ouvi Jó Patriota cantar foi na casa do advogado Albany Castro Barros, num eclético e simpático encontro na praia de Candeias, município de Jaboatão. Quem me levou até lá foi seu irmão Almir Castro Barros, poeta. Isso faz uns dez anos, no mínimo. Jó tinha como parceiro de cantoria Lourival Batista, o famoso “Louro”, outro grande do clã dos Patriotas o mais conhecido e importante clã dos violeiros do Nordeste. A imagem que me ocorreu, minutos após a peleja, foi a de uma refrega entre um canário-de-briga (Louro) e um curió. Não estou tomando a qualidade canora desses passarinhos maravilhosos como medida comparação. Mas, só o comportamento. Lourival, num dos seus melhores momentos, provocava a “briga”. Jó fingia aceitá-la, revidava e depois arrastava o parceiro para a fraternidade violeira, com “Louro” aceitando a mudança e brilhando como sempre. Porque é difícil, senão impossível, brigar de verdade com Jó, o mais cordial e pacífico dos repentistas nordestinos. Outra observação que foi literalmente confirmada depois que comecei a conviver (na Praça do Sebo do Recife), pelo menos esporadicamente, com o artista e com sua arte, diz respeito à tristeza sonora, à personalidade tristemente melódica de seu modo de ser violeiro. Senti nele algo de cantochão de igreja ou lamento gregoriano (isso mesmo!) a ressoar por trás de uma excelente dicção e de um timbre agradável e sonhador. Quando atribuo sugestões um tanto litúrgicas ao trabalho de Jò, não estou fazendo trocadilhos bíblicos com o seu nome. Leiam seu livro Na Senda do Lirismo, para, a um nível meramente conteudístico, ter uma idéia, mesmo sem a viola e o canto, de suas preferências. Na Senda do Lirismo publicado – louvem-na – pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – Pró-Reitoria de Atividades de Extensão – Coordenadoria de Comunicação, (Arte e Cultura) é o único livro de Jó. Ele reúne uma parcela lamentavelmente mínima do que cantou ou escreveu (inclusive antes de ter “ingressado na profissão” de violeiro). É uma mini-antologia de fragmentos das suas glosas e desafios, decorados ou gravados por atentos ouvintes de pé-de-parede, e fundamente marcada pela temática moral e religiosa do Sertão pernambucano. Moralidade e religiosidade que convivem na sua prática violeira, e não no livro, com a maliciazinha criativa e sadia de vaqueiros conversando à sombra de algum paiol de milho. Mas esse seu lado jo-coso não foi incluído na 1ª edição de seu livro, seja porque é uma dimensão pouco significativa de sua arte, predominantemente amorosa e m(oral), seja porque a memória, que é sempre seletiva, refletindo idiossincrasias __________________ (*) Prefácio do livro de Jó Patriota Na Senda do Lirismo, aqui transcrito por insistência de amigos.

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dos que o auxiliaram na reunião do material, inibiu a sua inclusão. Não acredito que Jó e seus amigos mais próximos (entre os quais infelizmente ainda não me posso incluir) vetaram conscientemente as tiradas humorísticas e inventivamente safadinhas (contra Delfim Neto, por exemplo) de algumas de suas cantorias... Jó é tão bom que, mesmo faltando um pedaço, não deixaria de o ser. Os que estão habituados a assistir aos desafios e às glosas sabem que a primeira regra de ouro exige que os motes tenham rimas pobres, porque são mais numerosas, como as em ada, ida, ão, etc. Isso porque não existem, por exemplo, rimas para ãe. O diabo é que Jó num momento de sufoco, para glosar um mote involuntário de uma parente, chegou a rimar Jesus com o surpreendente “vê-se os”. Vamos à décima inteira: “Quando o sol no ocaso oculta a luz Perde a água violenta toda a espuma Cada nuvem que passa, lembra uma Página escrita, no livro de Jesus, Depois que cai a noite vê-se os Penitentes, rezando com fervor Na igreja de Deus o bom pastor Chama as suas ovelhas desgarradas, Diz o sino nas suas badaladas Já e hora do Anjo do Senhor.”

Sendo a cantoria ou o desafio forma poético-musical por excelência, a presteza na utilização de rimas consoantes e toantes determina a pobreza ou a riqueza de recursos do cantador, do violeiro. Isso a ponto de depender seu sucesso tanto do arsenal vocabular como da habilidade de recorrer às assonâncias mais imprevisíveis, a que seus parceiros mais ortodoxos estão sempre atentos. Mas é preciso ganhar tempo, para investir e ganhar a platéia. E, nisso, violeiros como Jó Patriota são exemplares. Falei ligeiramente do acento religioso da poesia de Jó Patriota. Mas ele é mesmo conhecido e aplaudido pelo teor romântico/platônico de seu canto amoroso. Deixemos que ele mesmo mostre um pouco de como surge esse canto: “Adiza Correia, uma jovem já falecida, tinha muita vontade de me conhecer, todavia morreu sem conseguir o seu intento. Viajando com Canhotinho de São Vicente para Itapetim, Canhotinho, sabedor da pretensão da jovem, me deu este mote: “No pé da cruz de meu bem”. “Quem me conhecer queria Morreu sem me conhecer E eu não pude obter Nem sua fotografia Mas na sua cova, um dia, Vou rezar como ninguém Se meu rosário, também, Do cordão quebrar as pontas Eu vou soltar suas contas 40

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No pé da cruz de meu bem.”

Não é à-toa que o Romantismo é ainda a maior escola estética do planeta. Sua capacidade de negar a realidade através dos sonhos e sua utópica visão revolucionária (seja correndo para o passado ou fugindo para o futuro – a science-fiction está aí - ) desafia todos os realismos e vanguardas racionais que apareceram até hoje. Se duvidam, façam uma análise de conteúdo da canção discográfica do Ocidente, só para começar. É nesse romantismo utópico (se é pleonasmo, pouco me importa) que está a força de Jó diante das plateias do sertão, do agreste, da mata e do litoral. Vem desse romantismo, também, a fragilidade dele diante de um mundo em que os românticos cantam e os racionais matam. A peleja desigual entre Caim e Abel. E o único consolo, meu velho e grande Jó Patriota, é que a derrota dos bons é ainda um motivo de canto. Ou não? Recife, junho de 1985.

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A OFICINA DE ALMANZOR (Ecos do canto árabe na lírica ibero-ocidental) Arabistas e antiarabistas brigam Há séculos para determinar a influência da Poética muçulmana sobre a lírica ibérica Conta-se que, durante o domínio árabe na Europa, um certo Almanzor, ministro do califa Hixe II, não só criou na Espanha uma oficina poética sob a direção de um critério literário, onde os poetas eram pagos segundo o mérito de suas composições, como também costumava levar em suas expedições guerreiras uma penca de 40 poetas para registrar seus feitos. Isso foi entre os fins do século 10 e princípios do século II. Em seu magnífico Curso de Literatura Portuguesa (Lisboa, 1875), José Maria d’Andrade Ferreira procura descrever a influência da cultura árabe sobre a Europa, especialmente na Espanha, onde “floresceram com mais vívido esplendor os frutos de sua civilização prodigiosa: Córdoba, a científica; Granada, a poética; Sevilha, a monumental”. As teorias contrárias ou a favor da influência da poética árabe na Europa se vêm digladiando há séculos. Eu não tenho tempo nem formação para entrar nessa briga. Mas sempre simpatizei com a teoria rabista, que afirma ser todo o trovadorismo medieval, o imprecisamente dito provençal e o galaico-português, esteticamente moldado pela poética muçulmana. E Adnrade Ferreira vai mais além, ao afirmar que “o estilo oriental difundiu-se em todas as línguas romanas”. Enquanto isso, os antiarabistas sempre filiaram os trovadores medievais à poesia romana da Antiguidade, à secularização da poesia religiosa do medievo ou a eles próprios, os poetas. M. Rodrigues Lapa, antiarabista possesso, no seu Das Origens da Poesia Lírica de Lisboa (Lisboa, 1929), acha que só deve ser creditada aos árabes “a transmissão de certos motivos poéticos e musicais da civilização greco-latina”. Cita ele o erudito alemão Konrad Burdach, para quem o conceito do amor cortês, o culto à mulher e vassalagem amorosa, na poesia trovadoresca, são uma mera “resultante da arabização da cultura greco-latina”. Arabizar tal cultura não seria influenciá-la? Rodrigues Lapa encerra o assunto dizendo simplesmente que “o fundo visível da poesia românica, dita popular, é a poesia litúrgica.” Uma invasão de quase 42

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800 anos tende a cegar de ressentimento os historiadores europeus. As duas teorias também divergem sobre a origem da rima na poesia medieval. Não só os antiarabistas ressentidos atribuem o seu uso pelos trovadores à influência dos cânticos religiosos, a partir do século 4. O carrancudo crítico alemão Wolgang Kayser diz: “A rima final penetrou nas literaturas europeias procedente da lírica latina dos princípios da Idade Média”. Discordando, Andrade Ferreira lembra que a rima na poesia latina é encontrada “como circunstância puramente ocasional”, enquanto “a poesia árabe aparece quase toda rimada”, embora a rima “não passe às vezes de assonâncias, (...) as assonantes, como ainda hoje usam os espanhóis”. O livro de Andrade Ferreira fez-me lembrar de Luís Soler; outro arabista que passou despercebido por Pernambuco e deixounos seu precioso As Raízes Árabes na Tradição Poético-Musical do Sertão Nordestino, onde magistralmente descobre nos violeirosrepentistas do Nordeste uma forte sobrevivência da cultura árabe peninsular, especialmente no desafio poético. Soler bate forte nos historiadores antiarabistas, que fazem coro com a tradição oficial de “fazer de conta que tudo começou na Europa”, e passam por cima de uma influência que se estende “à tençó (tensão ou tenson) e aos jeux-partis provençais, às desgarradas e desafios portugueses, aos constrasti italianos e às palhadas ou payadas de vários países hispano-americanos”. Impregnado de tais teorias, eis que me chega o poeta Alberto de Oliveira, com seu megaprojeto Pelas Trilhas do Repente e do Improviso, que terá como abertura o subprojeto Noitada BrasilEspanha, com a participação de glosadores espanhóis, violeirosrepentistas nordestinos e declamadores dos dois países, que dirão poemas de João Cabral de Melo Neto e Federico García Lorca. Então me lembro que a poesia árabe ibérica se expressava não só em formas populares, mas parte dela apresentava uma dicção palaciana e erudita. Os ecos dessa poética nas formas cultas da poesia ocidental (tão orgulhosa de sua ascendência horacianoaristotélica), eis mais um bom tema para pesquisa. Pergunto-me até que ponto há vestígios árabes em Lorca e Cabral. “O embrujo (feitiço) mouro, que persiste na Espanha Meridional”, segundo Oscar Mendes, “não podia deixar de fascinar esse poeta(Lorca)” e “a forma simplesmente modelada, simétrica, artística”, que Andrade Ferreira admirava na poesia árabe, 43

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certamente está presente nos poetas espanhóis que influenciaram Cabral, principalmente porque, como me disse Mário Hélio, ele foi mais atingido pelos poetas espanhóis “da tradição medieval”. O megaprojeto de Alberto de Oliveira envolverá várias artes, não se limitando, portanto, aos violeiros-repentistas, e já conta com o apoio do Centro Cultural Brasil-Espanha. Só espera, agora, contar com a colaboração de empresários com alma de Almanzor. Alberto da Cunha Melo Artigo publicado na revista Continente Multicultural, ano I, nº 5, maio/2001

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O REPENTISTA NORDESTINO E A POÉTICA DO DESAFIO

“Não conheço documentação sertaneja anterior ao séc. XVIII”, diz Luis da Câmara Cascudo na sua imprescindível Literatura Oral do Brasil, editado em 1952. Quando publiquei minha resenha sobre o livro As Raízes Árabes, na Tradição Poético-musical do Sertão Nordestino, de Luis Soler, primeiramente na revista Pasárgada, (Ano IV, nº 6, julho de 1995) e, posteriormente, como anexo ao meu livro-reportagem Um Certo Louro do Pajeú (EDUFRN – Natal, 2001), chamei a atenção para o fato de que o poeta-repentista (ou desafio poético) como é hoje conhecido no Nordeste parece surgir de repente, no século XIX, pois as referências mais antigas que encontrei falavam de poetas como Agostinho Nunes Costa, que nasceu em 1797 e morreu em 1858, e Hugolino Teixeira - RN nascido em 1832 e falecido em 1895, ambos, portanto, situando suas atividades artísticas naquele século. Cascudo fala que não conhece documentação sertaneja anterior ao século XVIII, mas sobre este século ele só faz referência a quadras heptassilábicas, que foram realmente usadas pelos mais antigos repentistas e que hoje é ainda muito praticada no Brasil com o nome de trova, mas 45

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não faz citação de desafios, algo que, se tivesse encontrado, não deixaria de lhe fazer referência, pois seu livro é o mais completo tratado sobre literatura oral do país. Há, portanto, volto a repetir o que disse na velha resenha, um “apagão” (para usar um termo atual) de três séculos sobre a história do desafio poético entre nós, porque algo de tal complexidade não acontece do dia para a noite, precisa de uma longa gestação, é fruto de um demorado processo cultural. O livro pioneiro de Luis Soler, que procura, pela primeira vez, encontrar numa parte do mundo medieval europeu, aquela que foi dominada durante 800 anos pelos árabes, as raízes estéticas da instituição do desafio repentista no Nordeste brasileiro, revela que, embora o século do descobrimento do Brasil tenha sido o do Renascimento na Europa, não foi a estética renascentista, horaciana-aristotélica, que invadiu os sertões nordestinos, mas a de origem popular, profundamente influenciada pela poética árabe, avançando como um camelo beduíno pelos agrestes e regiões desérticas deste país. Bem acompanhado pela obra de Gilberto Freyre, diz Soler no seu belo livro que quem trouxe para esta parte do Brasil essa poética medieval de extraordinário vigor e musicalidade, não foram os nobres transplantados de Portugal para ganhar capitanias hereditárias neste país, mas as “populações a nível da soldadesca, de camponeses e pequenos comerciantes, no melhor dos casos; de párias e buscadores de fortuna: não fosse assim, aliás, e o vasto sertão, duro e difícil, incompatível com naturezas frágeis, não os haveria de reter”. Mas adiante, ele diz com outras palavras que a viola e a rabeca faziam parte do matulão desses colonos pobres mas espertos, e que esses instrumentos de tal forma se fixaram em nossos sertões que, depois do século XVII, quando a rabeca, por exemplo, transformou-se em violino na Europa, ela continuou soberana no interior do Nordeste. Uma foto do livro Cantador, de Leonardo Mota (Livraria Castilho, Rio, 1921) mostra uma peleja entre Jacob Passarinho, com viola e Cego Aderaldo, com rabeca. Nesta mesma época, outro poeta-repentista famoso, o Cego Symphrônio, também a usava. Hoje, não conheço nenhum poeta-repentista que use a rabeca. Agora eles usam geralmente a viola de dez cordas ou um violão adaptado. Mas a rabeca é ainda utilizada por grupos musicais nordestinos comprometidos com a verdade estético-musical da Região.

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Se foram três séculos silenciosos quanto à divulgação de qualquer registro histórico do nosso Repente, ou, mais precisamente, do desafio de repentistas, o que talvez mais contribuiu para esse silêncio foi a criminosa proibição, pela coroa portuguesa, de haver gráficas no Brasil, até 1808, quando D. João VI veio para cá. Provavelmente, muitos documentos que registraram entre os usos e costumes da colônia, o desafio e a improvisação, pela fragilidade dos materiais empregados ou pela descuidada forma de preservá-los, não resistiram ao tempo e extinguiram-se nas gavetas em forma de manuscritos. Mas é possível, no entanto, que em velhos arquivos portugueses existam registros sobre as formas de poesia praticadas pelo povo nos três primeiros séculos deste país. O desafio do Repente é um desafio ao mundo acadêmico que ainda continua. Enquanto isso, a presença holandesa no Nordeste tem sido estudada com a merecida frequência, inclusive motivando o deslocamento de pesquisadores para os arquivos de Portugal e da Holanda. No entanto, no âmbito propriamente cultural, de cultura em seu sentido estrito de manifestações artísticas, tudo indica que, se não fossem as obras de Gilberto Freyre e Câmara Cascudo, entre outros poucos, quase nada saberíamos sobre elas, em sua feição popular, mesmo as do séc XIX. 47

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Parece até que a universidade brasileira faz questão de desconhecer a literatura oral. Na verdade, o que acontece é que, quando algum pesquisador quer defender tese de mestrado ou doutorado, e usa a literatura oral como evidência, quase sempre são as dimensões não estéticas as escolhidas, isto é, são seus conteúdos antropológicos, folclóricos, os mais ou os únicos a ser explorados. Sobre esse viés de raízes preconceituosas, em artigo no diário de Pernambuco de 17 de julho de 2001, Ítalo Bianchi desabafa: “Chegou o momento de acabar com todas as tentativas de enquadrar a arte – todas as artes – em diversos graus de valoração que vão do sublime ao trivial, a partir de não se sabe que grau termina o folclore, o artesanato, o utilitarismo etc”. No que diz respeito à literatura oral, à poesia oral, especialmente, cabe ainda citar o poeta Affonso Romano de Santana (O Globo, 14.07.2001): “Orfeu era aquele que, dando vida rítmica e melódica às palavras, fazia com que as feras se apaziguassem e até as pedras o escutassem.” É hora, portanto, de a literatura oral ser escutada pelas nossas elites acadêmicas. Volto a lembrar que o poeta pernambucano José Rabelo, criou em Arcoverde na Faculdade de Formação de Professores, um cadeira de Literatura Sertaneja. É um gesto pioneiro que até agora não encontrou eco na Universidade Federal de Pernambuco e, ao que tudo indica, em universidade nenhuma do país. Soube que, recentemente, a Universidade de Campina Grande, no seu Curso de Letras, incluiu a literatura oral como disciplina, o que é notícia rara e auspiciosa. Os brasileiros gostam de imitar os vícios e não as virtudes dos países economicamente hegemônicos. Imitamos o que há de pior na indústria cultural dos Estados Unidos, mas nos fazemos de cego ou surdos para certos pioneirismos do irmão do Norte. Mas uma vez recorro ao mestre Luis da Câmara Cascudo para fundamentar minhas decepções de brasileiro. No seu livro sobre literatura oral, escrito nos finais da década de 40 do século passado, ele já constatava que, naquela época, “as grandes universidades dos Estados Unidos incluíram a literatura oral nas suas cátedras, no estudo de idiomas, antropologia, literatura comparada e música, em Berkeley, Columbia, Harvard, Indiana, North Carolina, Pensilvânia, Princeton, Richamond, Stanford etc.”. Embora às vezes eu não conheça o meu lugar e tenha o topete de, como agora, não concordar com o anti-arabismo de Cascudo, isto é, com o fato de ele não comungar com a hipótese de Soler e Teófilo Braga, por exemplo, de que o desafio português, 48

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transplantado para o Brasil, é de origem árabe e que foi, inclusive, imitado pelos próprios poetas provençais em suas “tensões”, não posso deixar de reconhecer nele o estudioso que mais fez pela valorização da literatura oral no país. Quanto a Teófilo, em sua História da Literatura Portuguesa (Imp. Portuguesa, Porto, 1870) ele diz claramente: “Os cantares à desgarrada ou desafios, que ainda hoje se usam pelas nossas aldeias, são de origem árabe, e pelos provençais foram imitados na forma de tornegamen e tenções”.

Apesar de admirar Teófilo Braga, Cascudo mais de uma vez afirmou que nosso desafio é de origem clássica, greco-latina que vem do canto amebeu, ou canto alternado, que era muito praticado entre os pastores na Grécia antiga. Contra esse argumento temos, além de Teófilo, a opinião respeitável de José Maria d’Andrade Ferreira, no seu livro Curso de Literatura Portuguesa (Livraria Mattos – Lisboa, 1875) que procura analisar as origens da poesia medieval, de onde teria surgido o trovadorismo português e, por 49

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tabela, dizemos nós, as raízes estéticas dos nossos cantadores, de nosso desafio: “a poesia meridional da idade-média, pelo seu donaire e desassombro, livre, ligeiro, pelas suas preocupações habituais, pelo entusiasmo que a inflamam, pela forma métrica que adotou, não conserva parentesco nenhum com a antiguidade. (...) Possui um certo parentesco, sim, posto que não de consanguinidade mui chegado, porém esse é com a poesia o Oriente, que o predomínio dos árabes trouxe e implantou na Espanha”. Esta briga entre arabistas e não-arabistas (embora eu penda mais para os primeiros) não me intriga tanto quanto a falta de um elo entre a poética do desafio documentada a partir do séc. XIX e o processo cultural que a engendrou até ela chegar à “fisionomia própria”, reconhecida por Ariano Suassuna, dos dias de hoje. O problema da literatura oral está na paradoxalidade de seu próprio nome, uma vez que foi feita para ser ouvida e não lida. Isso é verdade até para os próprios folhetos, pois são escritos para serem lidos em voz alta. Mas se a literatura oral nordestina existiu no passado, nos três séculos para nós silenciosos do ponto de vista do registro histórico, em nossa, vamos dizer, Idade Média editorial, o certo é que ela foi ouvida, e não só por analfabetos. Ouviram-na, seguramente, padres jesuítas e pessoas ligadas à política e á administração da colônia que sabiam ler e escrever. Existe essa documentação que Cascudo diz desconhecer? Só descobrindo-a é que teremos o testemunho dessa “outra literatura – conforme ele – sem nome em sua antiguidade, viva e sonora, alimentada pelas fontes perpétuas da imaginação, colaboradora da criação primitiva, com seus gêneros, espécies, finalidades, vibração e movimento contínuo, rumorosa e eterna, ignorada e teimosa, como rio na solidão e a cachoeira no meio do mato.” Falamos de jesuítas que poderiam ter registrado fatos que serviriam de pista para o nosso pesquisador. Houve sim, um padre jesuíta, Fernão Cardim que, em documentos datados de 1584 fala sobre índios que “fazem trovas de repente” e o fato de ser um bom improvisador, seja homem ou mulher, poderia salvar-lhes a vida, quando aprisionados por tribo inimiga.

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Cascudo afirma que “a poética indígena foi, intrinsecamente, o elemento de menor influência na literatura oral do Brasil”, e nem sequer suspeita da probabilidade de que essas improvisações resultem de influência dos colonos sobre os índios, assim como estes chegaram a influenciar os colonos até na prática da antropofagia, o que horrorizava os jesuítas. De qualquer forma há muito pouca informação disponível para que se chegue a qualquer conclusão satisfatória no momento. O que me incomoda nesta falta de pesquisas sobre a poesia oral é o fato de que ela tem uma história ou pré-história infinitamente mais longa do que a poesia escrita e é onipresente em todas as sociedades conhecidas, inclusive nas mais primitivas. O antropólogo Melville J. Herskovits constata, ao estudar estas últimas sociedades, “que a poesia existe unicamente como palavras para a música, e música e palavras são partes essenciais da dança, tudo isso contribui para dar às representações dramáticas dos povos ágrafos sua atração estética e sua validez artística”. Essa constatação no leva a deduzir que a especialização ou a autonomia da poesia e da música acompanhou o desenvolvimento da escrita, no caso da poesia, e da partitura, no caso da música. Mas isso aconteceu há muito pouco tempo na história da humanidade. 51

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A história da poesia recitada e cantada, aqui no Ocidente, por exemplo , nos remete, segundo A. Cardoso Borges de Figueiredo, no seu Bosquejo Histórico da Literatura Clássico, Grega, Latina e Portuguesa (Universidade de Coimbra, 1852) à poesia mítica, sacerdotal praticado entre os séculos 1856 a.C. a 1184 a.C. Para se ter uma ideia de como a poesia escrita é recente, basta dizer que só no séc. VI a.C. as epopeias de Homero passaram a ter uma versão escrita. Outro exemplo ainda mais contundente é o Japão, que foi povoado no VIII milênio (isso mesmo, milênio) a.C. e só teve uma antologia de poesia escrita no séc. VIII d.C. . Anterior, portanto, ao alfabeto e à escrita, essa poesia oral multimilenar acompanhou o homem no trabalho e no repouso, nos cultos religiosos e nas orgias, na guerra e na paz. Foi celebração e testemunho. Demonstração de prazer e de tristeza, de fraternidade e de disputa. Embalo para os berços e gemido à beira dos túmulos. Culto a Eros e louvor a Tânatos.

Na poesia oral do Nordeste Brasileiro há que destacar o fato de existirem os grandes declamadores (como Dedé Monteiro e Chico Pedrosa) de poemas seus ou de outros poetas, decorados, e 52

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os improvisadores individuais, que desenvolvem temas dados pela plateia, como os antigos glosadores nordestinos ou quaisquer poetas-repentistas da atualidade, quando provocados. O pesquisador Aleixo Leite Filho, no seu livro Cartilha do Cantador (Edição do autor – Recife, 1985), classifica a poesia oral do nordeste em duas modalidades: a) improvisos recitados, que eram muito praticados pelos chamados glosadores, no passado, entre eles: Nicandro Nunes da Costa (1829-1918), Luis Dantas Quesado (1850 - ?), Moisés Lopes Sesiom (1883-1932) e Belarmino de França (1897-1983), e b) improvisos cantados, o “repente dos cantadores violeiros”, de que estou me ocupando exclusivamente neste texto. Estes que geralmente se apresentam em duplas, nos pés-deparede (pequenas plateias) ou grandes auditórios (festivais, congressos etc.), pelas grandes e pequenas cidades nordestinas, com seu jeito especialíssimo que só os séculos de isolamento de onde foram gerados podem explicar a originalidade. O desafio de poetas-repentistas, também chamado de canto amebeu (do gr. amoibaios, alternado), diferentemente do folheto de cordel, que é uma literatura escrita para ser lida em voz alta (não se deve esquecer que a leitura silenciosa, aqui no Ocidente, só se tornou rotineira a partir do séc. X), é muito pouco estudada pelos estudiosos do fenômeno poético,e não só os acadêmicos. Daí a minha insistência em cobrar uma posição mais esteticamente especializada na abordagem dessa poética, eliminando o viés de olhá-la como um traço folclórico, como um dado pitoresco de nossa chamada cultura popular. Quanto à improvisação, creio que ela é mais estudada como uma técnica musical do que poética, e muito pesquisada nas suas formas de música mais tradicionais, como os cantos gregorianos na Idade Média, os cantos judeus das sinagogas, o maquan islâmico e o raga indiano. A improvisação musical é encontrada, também, na música primitiva e popular (flamenco, jaz) e até no sambista carioca. Não sei se a improvisação poética está presente, como a poesia em si, em todas as sociedades, ágrafas ou não. Em seu livro História da Música Brasileira (Rio, 1942), Renato Almeida diz que o desafio não é uma forma peculiar ao nosso cancioneiro, mas comum ao folclore universal”. Eu tenho as minhas dúvidas, embora nos tempos de sociólogo do então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco, em minhas leituras de antropologia cultural deparei-me 53

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com o desafio poético entre os esquimós, povo na época reduzido a umas 50 mil pessoas. Essas leituras inspiraram-me o poema “Os Esquimós” publicado no meu livro Noticiário (Ed. Pirata – Recife, 1979), que abaixo transcrevo:

Os Esquimós (Para os poetas esquimós Equeerko e Marratese) Como somos poucos, tentamos preservar-nos; e a canção é a única forma de defender o nosso amor, e a canção é a única forma de reaver as vísceras de urso que alguém nos roubou, e a canção é a única forma de castigar o que pecou, e a canção é a única forma de medir o vencedor, e a canção é a única forma de batalha que nos restou.

Voltando ao improviso poético, ele aqui no Nordeste e, particularmente, em Pernambuco, não se restringe à prática do poeta-repentista. Conversas que tive com o poeta Alberto de Oliveira e o pintor e compositor, Karoba Nunes, e mais especialmente, com a pesquisadora Verônica Moreira, convenceram-me de que há incidência de improviso no coco praieiro, no coco pisado (sertanejo), na embolada, na capoeira, no aboio, no maracatu rural, na ciranda e, até mesmo nas excelências, esses estranhos cantos fúnebres nordestinos. Para terminar esse passeio pelo mundo do poeta-repentista, gostaria de ressaltar a capacidade de resistência (na concepção de 54

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Alfredo Bosi) dessa poética, num mundo cada vez mais informatizado, cibernético e entregue ao apelo visual. Quanto a este último, como bem frisou Affonso Romano de Sant’anna, em artigo já citado, “uma das grandes tolices alardeadas por algumas vanguardas retrógradas, além das anunciadas mortes da poesia, foi a de que a poesia, no mundo da informação, tenderia a ser cada vez mais visual.” A multiplicação em todo o Nordeste de congressos de repentistas, o surgimento de programas de rádio e de televisão testemunhando a vitalidade do desafio, revelam que a poesia oral está mais viva do que nunca, e cada vez mais complexa, pois o desafio já conta, segundo Verônica Moreira, com mais de sessenta “gêneros”, ou seja, modalidades de disputa poética. O historiador Joaquim Ferreira, no seu livro História da Literatura Portuguesa (Porto, 1939) cita apenas cinco “gêneros” no trovadorismo provençal: a canção, o planh, a tenção, a pastorela e a serventes. A poética do Repente mostra-se, portanto, muito mais diversificada e complexa. Só falta transpor o preconceito da grande mídia e da Universidade. Até mesmo um anti-acadêmico, como Gilberto Freyre, pioneiro na valorização de formas e usos das populações esquecidas do Brasil, eu flagrei uma certa insensibilidade em relação à poética repentista do Nordeste, quando, no prefácio ao livro Itinerário, de Mauro Mota (José Olympio – Rio, 1983), ao elogiar o modo do poeta Ascenso Ferreira dizer os seus poemas: “deve-se registrar da poesia cantada de Ascenso Ferreira que não seguiu, ao cantar seus versos, o ‘sertanejismo’ suposto por alguns, no exato tom monótono dos cantadores populares do sertão nordestino.” Acredito que a capacidade de resistência e a alta qualidade estética do desafio repentista estão demolindo e irão demolir completamente os portões da insensibilidade e do preconceito. Alberto da Cunha Melo Olinda, 19 de julho de 2001.

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UMA PLÊIADE DE POETAS-REPENTISTAS A presente listagem de... poetas-repentistas do Nordeste foi colhida da pequena bibliografia consultada pelo autor e apresenta uma série de lacunas. Há poetas em que apenas o nome é citado, sem local de origem, sem data de nascimento ou de morte. Outros apresentavam a referência única do Estado em que nasceram. Outros, ainda, aparecem com apenas o nome artístico com que foram ou são conhecidos no mundo repentista. Eu poderia ter listado apenas os poetas que apresentassem os dados completos, mas resolvi divulgar todos, na esperança remota de que numa improvável segunda edição deste livro corrija essas lacunas e incorreções, para isso contando com o apoio da comunidade que admira e estuda a poética do repente. O melhor levantamento que conheço sobre esta poética é o Dicionário Bio-Bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, de Atilo Augusto F. de Almeida e José Alves Sobrinho, obra que precisa ser atualizada e reeditada urgentemente. Deste livro só transcrevi os poetas classificados claramente como cantadores ou repentistas. O folclorista Manoel Américo de Carvalho Pita, no seu livro Cultura Nordestina (Natal, 1999) faz menção à estimativa do poeta Domingos Tomás, segundo a qual existiriam atualmente no Brasil algo em torno de 5000 poetas-repentistas. Se isso é verdade, esta listagem dá apenas uma rasa idéia desse fabuloso universo poético que nos permeia. Daí porque o fenômeno do poeta-repentista do Nordeste, embora não seja eu um entusiasta da abordagem sociológica da arte, caracteriza-se, dentro de uma metodologia funcionalista-durkheimiana, como um puro e inquestionável fato social e, portanto, anterior e exterior à vontade ou aprovação de nossas elites intelectuais, acadêmicas ou não. POETAS REPENTISTAS Nome Completo

Nome Artístico

Naturalidade

Ano Nasc.

Adalberto Fulgêncio de Carvalho

Adalberto Carvalho

Hipólito-PI

1957

Adauto Ferreira Adauto Ferreira Lima Adelgicio Alves de França Aderaldo Ferreira de Araújo Afonso Oliveira Silva Agostinho Lopes dos Santos Agostinho Nunes da Costa Agostinho Nunes da Costa Agripino Alves do Santos

Ano Falec.

Campina Grande-PB Adauto Ferreira Cego Aderaldo

Caruaru-PE

1949

Teixeira-PB Crato – CE Iguatu-CE São José do Egito – PE Sabui – RN Sabugi-PB Caruaru - PE

1032

56

1936 1906 1797 1797

1972 1858 1858

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Alberto Porfírio da Silva Alberto Porfírio da Silva

CE

Aleixo Criança

Santa Luzia-PB

Alfredo José de Menezes

Palmeira dos Índios-PE

1925

Alípio Tavares

Ipanguassu-RN

1917

Alípio Tavares de Lira

Sacramento-RN

1913

Amaro Bernardino de Oliveira Amaro Bernardino de Oliveira

São José do Egito – PE São José do Egito-PE

1903 1903

Amaro Dias

PE

Amaro Elias

Torre de Taquaritinga-PE

Amélia Siríaco

MA

1912

Anastácio Mendes Dantas André Avelino dos Santos Aniceto Pereira de Lima

Bacurau do Norte Sinesio Pereira

Picuí-PB Floranea-RN Vertentes de Taquaritinga-PE

1937 1935

Aniceto Pereira de Lima

Sinésio Pereira

Vertentes-PE

1935

Anistaldo Faustino

Água Preta-PE

1934

Anistaldo Faustino Lins Anita Lopes de Almeida

Água Preta-PE São José do Egito – PE

1934 1928

Anselmo Vieira de Souza

Ipueiras--CE

1867

1926

Antônio Machado Antonio Açudinho

São José do Egito – PE

1887

1940

Antonio Aleluia

Cupira-PE

Antonio Aleluia da Silva Antonio Alves de Oliveira

Antonio Aleluia

Panelas-PE Iguatu-CE

1926 1950

Antonio Alves Neto

Antonio Alves

Mauriti-CE

1867

Antonio Américo de Medeiros Antonio Apolinário Cruz

Antonio Américo Moreno e Testa Ferro Antonio Barbosa

Antonio Barbosa de Morais Antonio Batista Guedes

São João do Sabuji-RN de Guarabira-PB

1930 1922

Imaculada-PB Bezerros-PE

1931 1880

1918

Bezerros – PE

1880

1918

Lavras de Mangabeira-CE

!910

Antonio Cavalcante Teixeira

Irauçuba-CE

1950

Antonio Chagas de Maria Antonio Correia Antonio da Silva

Acaraú-CE PB São José do Egito-PE

1913

Antônio Batista Guedes Antonio Bezerra da Silva

Tota Bezerra

Antonio Calíope de Oliveira

Antonio de Catarina Antonio de Lisboa Filho

Antonio Lisboa

São José do Egito-PE

1937

Marcelino Vieira-RN

1956

Antonio Antonio Antonio Antonio

de Morais Deodoro dos Santos Faustino Feitosa de Lima

Ceará Mirim-1944 Itabuna-BA Sapé-PB Monteiro-PB

1943 1921

Antônio Antonio Antonio Antonio

Felipe Felix da Costa Fernandes da Mota Fernandes Nóbrega

Vitória de Sto. Antão – PE Surubim-PE Catolé do Rocha-PB Bananeiras-PB

1924 1922 1921

Antonio Fernandes Reinaldo

RN

1947

Antonio Ferreira da Cruz Antonio Ferreira da Cruz

Antonio Sobrinho

Ingá-PB Tabuleiro-CE

1876

Antonio Ferreira da Silva

Taboleiro do Norte-CE

1926

Nova Cruz

1925

Antonio Francisco Dias Antonio Francisco dos Santos Antonio Gitirana Antonio Gomes da Silva

Cão Dentro

PI AL Acare-CE

Lavandeira

PB Campina Grande-PB Campo Maior-PI

1973

Antônio Guerreiro Antonio Hermenegildo Antonio Honorio Sobrinho Antonio Jerônimo de nSouza

Cão Dentro

57

1930

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Antonio Jocélio Chaves da Silva

Maranguape-CE

1963

Antonio José Queiroz

Serrinha-BA

1957

Antonio Julião Antonio Laurentino da Silva

Araruna-PB Guarabira-PE

1903

Antonio Lourenço da Silva

Bonito-PE

Antonio Lourenço da Silva

Antonio Jocélio

Antonio Chuchu

1953

Pilar-PB

Antonio Lula Antonio Machado

Cajazeiras – PB

Antonio Machado Antonio Manoel da Cruz

Caruaru-PE

1952

Caruaru – PE

1943

Antonio Maracajá

Acopiara-CE

1938

Antonio Marinheiro

Taperoá –PB

Antonio Marinho

São José do Egito-PE

1887

1940

Antonio Marinho do Nascimento Antonio Marques da Silva

Passarinho do Norte

São José do Egito-PE Ibiara-PB

1887 1934

1976

Antonio Marques Teixeira Filho

Antonio Teixeira

Antônio Manoel da Cruz

Antônio da Cruz

Pedro Velho-RN

1927

Antonio Monção Neto Antonio Nunes de França

Forquilha-CE Alexandria-RN

1938 1938

Antonio Nunes de França

Alexandria-RN

Antonio Nunes Fernandes

Alexandria-RN

Antonio Pedro da Silva

Alagoas

Antonio Pendência Antonio Pereira Antonio Pereira de Morais

CE Várzea Alegre-CE Livramento-PB

1911

Canindé-CE

1938

Antonio Maracujá Antonio Pereira

Antonio Pereira de Souza Antonio Ptimo Ferreira

1950

1945

Bule-Bule

Antonio Cardoso-BA

Antonio Rodrigues Antonio Rodrigues

Bem Te Vi Bem tivi

Jaguaribe Mirim-CE CE

Antonio Sales Antonio Sales de Lima Gato velho

1947

CE Pacajus-CE

1938

Sumé-PB São José do Egito-PE

1922 1903

Antonio Silvestre

Bananeiras-PB

Antonio Silvino

CE

Antonio Tomé Antonio Tomé do Nascimento Antonio Tomé Soares

Santa Cruz do Inharé-RN Cuité-PB

1890 1904

Antonio Zacarias

Angicos-RN

1920

Apolônio Cardoso

Mossoró-RN

Arão Francisco de Pontes

Arão Antonio

Nova Cruz-RN

Ari Teixeira

Quixadá-CE

Aristo José dos Santos Aristo José dos Santos

Caruaru-PE Caruaru – PE

Arnaldo Cipriano

Parelhas-RN

Arnaldo Cipriano

PB

Arnaldo Pessoa de Aguiar

1983

Monteiro-PB

Antonio Ribeiro da Conceição

Antonio Samuel Pereira Antonio Silva Sobrinho

1940

Arnaldo Pessoa-PE

1915 1915

São José do Egito-PE

1968

Garanhuns-PE

1924

Ascendino Alves dos Santos Ascendino Aureliano Cavalcante

Soledade-PB São Bento-PB

1903 1900

Guarabira-PB

Aurélio Emilio da Silvaira

Nazaré da Mata-PE

1934

1923

Artur Alves de Morais

Augusto da Silveira

1953

1946

1960

1939

Baltazar Teixeira dos Santos Barra Lima

Surubim-PE

Bartolomeu de Oliveira Belarmino de França

Glosador

Teixeira-PB

1832

Paulista-PB

1897

58

1895 1983

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


Belino das Freixeiras Benedito Guilherme da Silva Benedito Pereira Filho

Bnedito Pereira

Benedito Siriaco

Cuité--PB

1924

Anadia-AL

1914

1956

MA

Benjamim José de Almeida

1904

1975

Benjamim Mangabeira Benoni Courado da Silva

Maranguape-CE

1938

Berlamino Nogueira

Teixeira-PB

1832

1895

Bernadete de Oliveira

Limoeiro-PE

Bernardo Nogueira

Teixeira-PB

1835

1895 1975

Bernardo Nogueira Bonédis Eduardo da Silva

1832 Bonédis Eduardo

Parelhas-RN

Bonifácio Trindade da Silva

Vertentes de Taquaritinga-PE

Camila do Martinzão

MA

1932

Canário Pardo

PI

Cândido Teixeira dos Santos

Acaraú-CE

1926

Cesanildo Araújo Lima

Canindé-CE

1932

Patos-Pb

1875

Cícero Batista Clemente

Touros-RN

1940

Cícero Batista do Nascimento

Lages do Sabugi-RN

Cícero Bernardes de Souza

São José do Egito-PE

Cesário José de Pontes

Cego Cesário

1947

Cesário Monte dos Santos Chagas Batista Chico Machado

1975

Cícero Bernardo Cícero Lopes de Lima

Cícero Catota

Cícero Lopes de Lima Cícero Mariano dos Santos

Cícero Mariano

Cícero Nascimento Cícero Soares da Silva

São José do Egito-PE

1928

São José do Egito-PE

1923

Cachoeira dos Índios-Pb

1964

Salgadinho-PB Neve Branca

Bom Jardim-PE

Ciriaco Lira

També-PB

Clarindo Pimenteira

RN

1950

Clarindo Pimenteira

Bananeiras-PB

Clarindo Roseira

Caiçara-Pb

Claudino Roseira

Surubim-PE

1865

Clidenor Varela de Lima

Santa Cruz do Inharé-RN

1931

Clodomiro Paes

Itapetim-PE

Clodomiro Paes de Andrade

Agrestina-PE

1939

Craúna do Norte

São José de Campestre-RN

1938

Crispim Manoel Limeira

PB

Curió

SE

Dalvino Xavier Lima

Bezerros-PE

1903

Daniel Nogueira da Silva

Araruna-PB

1936

Corre Mundo

Daniel Olimpio Silva

Gravatá-PE

1962

Daniel Ribeiro

Daniel Olimpio

Santana do Matos-RN

1897

Dedé Pereira

PI

Deocleciano Xavier de Lima

Bezerros-PE

1933

Dimas Batista Patriota

São José do Egito-PE

1921

Dimas Guedes Patriota

Itapetim-PE

1921

Diniz Batista Pontes

Timbaúba-PE

1942

Diniz Vitorino Ferreira

Monteiro-Pb

1940

Diomedes Laurindo Lima

Diomedes Mariano

1957

Tabira-PE

1964

Dionísio José da Costa

Caruaru – PE

1948

Dionizio Luiz

Surubim-PE

1974

Domingão Pereira

59

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


Domingo Pereira Domingos Cardoso Damasceno

Ceará Mirim-RN

1878

Domingos Martins Fonseca

Miguel Alves-PI

1913

Domingos Martins Fonseca

Miguel Alves-PI

Domingos Matias dos Santos

Jacaraú-PB

Domingos Tomás

Dona Inês-PB

Domingos Tomás de Lima

Araruna-Pb

Domingos Ema

1954

Edésio Vicente da Silva

Monteiro-PB

1924

Edisio Calixto Lorena

Mossoró-RN

1956

Edmilson Ferreira

Várzea Grande-PI

Edmundo Fernandes

Bacabal-RN

Eduardo de Moura

Machados-PE

Edvaldo Zuzu Edwaldo Antonio da Silva

1925

Carpina-PE Machados-PE

1959

Elcias Chaves Maracaba

São João do Jaguaribe-CE

1910

Elesbão

Parnaíba-PI

Edwaldo Zuzu

Elias Ferreira Eliseu Elias da Silva

1959

1970

PE Eliseu Ventania

Martins-RN

Eliseu Ventania

1924

Martins-RN

Elisio Felix

Canhotinho

Taperoá-PB

Elísio Félix de Souza

Canhotinho

Taperoá-Pb

Emidio NunesFilho

1915

1965

Monteiro-PB

Enevaldo Nipólito de Moura

Enevaldo Hipólito

Picos-PI

1971

Erasmo Ferreira Tavares

Erasmo Ferreira

Fagundes-PB

1972

Erasmos Francisco dos Santos

Sta. Luzia do Sabugi-PB

1927

Ercílio Pinheiro

Luis Gomes-RN

Ernesto Limeira Euclides José de Lima

Jaboatão-PE

Expedido Sobrinho

1916

Baixio-CE

Expedito Alves Granjeiro

Silvio Granjeiro

Aboiara-CE

1943

Expedito Alves Granjeiro

Silvio Caldas Granjeiro

Milagres-CE

1946

Expedito João de Sales

Camutanga-PE

1956

Fabião Hermenegildo Ferreira da Fabião das Queimadas Rocha Fausto Correia de Lima

Santa Cruz –RN

1848

Fausto Mambira

MA

Feliciano Gonçalves Simões Fenelon Dantas de Figueiredo

CE

Xano

PB São Mamede-PB

1948

Fenelon Dantas

São Mamede-PB

1948

Fenelon Dantas de Figueiredo

1928

Ferino de Góis Jurema

Teixeira-PB

Firino de Góis Jurema

Teixeira-PB

Firmino Teixeira do Amaral

1886

Firmo Batista de Lima

Monteiro-PB

1927

Firmo Cavalcanti

Brejo da Cruz-PB

1890 1965

1926 1944

Flávio Fernandes Moreira Francemiro Pereira Dantas

Miro Pereira

Patu-RN

Francisca Barbosa

Xica Barbosa

Patos-PB

Francisco Alexandre da Silva

Chicózinho

São Tomé-RN

1924

Francisco Alves de Souza

Francisco Caetano

Cuité-PB

1955

Francisco Alves Ribeiro

Barra de Sta. Rosa - PB

1920

Francisco Augusto dos Santos

Choro-CE

1950

Francisco Augusto Lima Filho

São Vicente-RN

1938

Francisco Barbosa de Souza

Monsenhor Tabosa-CE

1947

Francisco Bento

Bananeiras-PB

Francisco Buriti Freire

Carnaubinha-CE

60

1918

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


Francisco Camilo da Silva

Picuí-PB

1924

Francisco Canuto Moreira

Mergulhão do Norte

Mombaça-CE

1946

Francisco Cavalcante Farias

SenaDOR Pompeu-CE

1912

Francisco Chagas da Silva

Cuité-PB

1926

Francisco Damião

PB

Francisco das Chadas Batista

1882

Francisco das Chagas Cordeiro

Trairi-CE

1939

Francisco das Chagas Ramalho

Picuí-PB

1915

Francisco das Chagas Rodrigues Chagas de Souza Francisco de Assis Chagas

São Tomé-RN

1946

Pedra Branca-CE

1953

Francisco de Assis da Silva

Chico de Assis

Alexandria-RN

1962

Francisco de Assis Oliveira

Chico Sobrinho

Souza-PB

1955

Edízio Calixto

Mossoró-RN

1956

Jardim de Piranhas-RN

1918

São Tomé-RN

1900

Francisco Edízio Lorena Francisco Ercílio Pinheiro Oliveira Francisco Estevam de Souza

de Francisco Pedra Chico Quincó

Francisco Evaristo da Silva

Uiraúna-PB

1924

Francisco Felix Damasceno

Pedras de Fogo-PB

1875

Francisco Fernandes da Mota

Catolé do Rocha-PB

1925

Francisco Ferreira de Lima

Cariris-CE

1950

Francisco Gomes de Souza

Santana do Matos-RN

1930

Francisco Hermenegildo Ferreira da Rocha Francisco Ivo

Santa Cruz-RN

1848

1930

1977 1971

1928

Jaguaretama-CE

Francisco Ivo Peixoto

Jaguaretama-CE

1949

Francisco Joel de Oliveira

Araruna-PB

1925

Francisco Leonel

Bezerros –PE

Francisco Lucena de Medeiros

São João do Sabuji-RN

1927

Caraubas-RN

1947

Francisco Lúcio Ferreira Francisco Lusimar Rocha Francisco Maia

Louro Branco

Feiticeiro-CE

Francisco Maia de Queiroz Francisco Maia de Queiroz

Louro Branco

São João do Jaguaribe-CE

1943

Jaguaribe-CE

1943

Francisco Mariano do Nascimento Chico Mariano

Jardim-CE

1941

Francisco Melquíades da Silva

Ipanguaçu-RN

1910

Francisco Moreira Vieira

Maranguape-CE

1918

Francisco Moreno

Bezerros-PE

Francisco Nunes de Oliveira

Rouxinal da Palmeira

Palmeira dos Índios-AL

1904

Francisco Paulino da Silva

Francisco Paulino

João Dias-RN

1982

Francisco Pequeno

PB

Francisco Porfírio Sobrinho

Chico Porfírio

Francisco Raimundo da Silva

Vieira

Francisco Rodrigues de Lima Francisco Romano Caluête

Romano d’água

da

Tabuleiro do Norte-CE Piancó-PB

1937 1935

Mãe Teixeira-PB Jaguarana-CE

Francisco Sales

CE

Francisco Sales Sombra

Jaguaruana-CE

Francisco Valério

Araruna-PB Assis Morato

Francisco Vieira

1891

1898

1974

1939 1934

Cuité-PB

1903

PB

Francisco Zanilde Batista

Iguatu-CE

Frankalino

CE

Gaudêncio Pereira Lima

Itabaiana-PB

Gavião

Campina Grande-PB Estrelinha

1840

Ibiara-PB

Francisco Vieira Lima

Generino Francisco dos Prazeres

1952

Cubati-PB

Francisco Rosa

Francisco Valério Moura

1953

Campina Grande-PB

61

1977 1945 1866

1910

1914

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


Genival Costa

Pilar-PB

Geraldo Alencar Santos

Morada Nova-CE

Geraldo Amâncio Ferreira

Cedro-CE

Geraldo Feitosa

Olho d’Água do Piancó-PB

1948

Geraldo Severiano dos Santos

Morada Nova-CE

1938

1946

Germano Alves Araújo Leitão

Germano de Lagoa

Teixeira-PB

1842

Germano Alves de Araújo Leitão

Germano da Lagoa

Teixeira-PB

1842

Gerôncio Delfino de Lima

PB

Gerson Carlos de Morais

Cajazeiras-PB

Gregório Filomeno Menezes

São José do Egito-PE

1944

Heleno Pinto

Lagoa do Monteiro-PB

1899

Monteiro-PB

1899

Heleno José do Nascimento

Heleno Belo

Campina Grande-PB

1877

Heleno José do Nascimento

Heleno Belo

Campina Grande-PB

1878

Heleno Bezerra da Silva Heleno Bezerra da Silva Pinto

Heleno Pinto

Monteiro-PB

Heleno Severino

PE

Heleno Severino as Silva

Sta. Cruz do Capibaribe-PE

1948

Sta. Cruz do Capibaribe-PE

1932

Heleno Severino da Silva

Heleno Severino

Henrique Ferreira Dias

Henrique Xixó Henrique Dias

1958

ou Alagoa Nova-PB

Herculano de Messias

CE

Hermenegildo de Pontes

Araruna-PB

Hermínio das Fronteiras

PI

Hernandes Pereira Heronildes de Oliveira Rosa

1904 1898

Lavras-CE Palmeirinha da Bahia

1901

1932

1945

BA

Hilário Marinho

São José do Egito-PE

1926

Hilário Marinho

São João do Cariri-PB

1926

Horácio Benigno Pereira

Milagres-CE

1933

Hugulino Nunes da Costa Inácio Bezerra de Souza

São João do Cariri-PB

Inácio Bezerra de Souza

São João do Cariri-PE

Inácio da Catingueira

Piancó-PB(?)

1845

Inácio da Catingueira

Catingueira-PB

1845

Inácio Itaici Rabelo

Morada Nova-CE

1944

Inácio Mauricio

Macaiba-RN

1878

1879 1881

Inácio Quinteiro Inês Gomes Ferreira

Tabira-PE

Inocêncio Gato

Marcelino Vieira-RN

Inocêncio Gato

Pau dos Ferros-RN

Irmãos Catota Isaías Pereira

Vitória de Sto. Antão-PE

Ismael Freire da Silva

Bananeiras-PB

1924

Ismael Pereira da Silva

Ismael Pereira

Aurora-CE

1961

Ismael Pereira de Souza

Ismael Pereira

São José do Egito-PE

1942

Caruaru-PE

1945

Ivanildo Vila Nova Izidro Ferreira Izidro Marcelino de Almeida

São José do Egito-PE

1926

Jacó Alves Passarinho

Mutamba-CE

1883

Jacó Passarinho

Aracati-CE

Jerônimo do Junqueiro

CE

Jerônimo Moreira

CE

Jó Patriota João Abel Pereira

João Abel

João Albino da Costa João Alves de Souza João Américo Gomes

João Caetano

São José do Egito-PE

1929

Cachoeira do Índios-PB

1938

Patu-RN

1923

Cuité-PB

1925

1973

1992

CE

62

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


João Aniceto da Rocha

Sta. Cruz-RN

João Antonio de Sena

Serraria-PB

João Barbosa de Lima João Batista Bernardo

Caruaru-PE João Furiba

João Batista Dantas

Vertentes-PE

1931

Itapetim-PE

João Batista Dantas João Batista de Siqueira

1926

São José do Egito-PE

1977

São José do Egito-PE

1912

João Batista do Nascimento

Morrinhos-CE

1925

João Batista Duarte

Sobral-CE

1942

São José do Egito-PE

1912

João Bezerra Pinheiro dos Santos José Bezerra

Souza-PB

1947

João Bilro

RN

?

João Bilro do Japi

Nova Cruz-RN

1877

PB

1942

Monteiro-PB

1921

João Batista Siqueira

João Bonifácio Lino

Cancão

Cancão

Rouxinol

João Campos da Silva João Claudino dos Santos

João Pistola

João Clemente Dias

1877

Pedra Lavrada – PB Santa Rita –PB

João Cordeiro de Lima João Cruz da Silba

Bom Jardim-PE

1914

João da Catingueira

Piancó- PB

1940

João da Costa

Itabaiana-PB

João de Cecília

Pilar-PB

João de Natalia

PE

João Elias de Lucena

Machadinho

João Elias de Lucena João Fabrício João Faustino

1954 1957

Vertentes-PE

1913

Vertentes-PE

1913

Caruaru-PE Serrador

Exu-PE

João Feitosa

PE

João Ferreira

Queimadas-PB

1924 1955

João Formiga João Francisco

RN

João Francisco da Silveira

João Silveira

Guarabira-PB

João Francisco de Melo

João de Melo

Correntes-PE

1927 1918

João Francisco de Souza

Joça do Mestre Chico

Picuí-PB

1918

João Francisco dos Santos

Cego João Francisco

Alagoa Nova-PB

1911

João Gomes

Teixeira-PB

João Gomes

Nazaré da Mata-PE

João Gomes da Silva

Sta. Rita-PB

1924

João Izidro Ferreira

Itapetim-PE

1911

João Izidro Ferreira

São José do Egito-PE

1912

Buenos Aires-PE

1936

João Joaquim do Nascimento

João Joaquim

João José de Lima

Cego João de Lima

Caruaru- PE

1932

João José dos Santos

Azulão

Sapé-PB

1932

João Leite Neto

Etiel da Viçosa

João Lopes Freire João Lourenço da Silva

1938

1974 1974

Ribanceira-AL Bananeiras-PB

1930

João Lourenço

Pilar-PB Areia-PB

1903

João Luiz da Fonseca

João da Cruz

Parelhas-RN

1922

João Luiz de Souza

João Luiz

João Luciano João Luciano dos Santos

Piancó-PB

1953

João Malaquias

Puxinanã-PB

1880

João Mandioca

PB

João Manuel da Silva

Bezerros-PE

1920

João Mariano da Silva

Saboeiro-CE

1956

1970

João Marinho

63

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


João Martins dos Santos

Jericoacoara-CE

1933

João Melchiades Ferreira da Silva

Bananeiras-PB

1869

João Monteiro

PB

João Monteiro

PB

João Paulino de Medeiros

São Tomé-RN

1920

João Paulino de Oliveira

Açu-RN

1902

João Paulino Nascimento

RN

João Pedra Azul João Pedro de Andrade

1933

Bom Jardim-PE Bemtivi

Crato-CE

João Pereira da Luz

João Paraibano

Princeza Izabel-PB

João Pereira da Rocha

João Rocha

Camutanga-PE

João Pereira Luz

João Paraibano

Princesa Isabel-PB

João Pereira

Dona Inês-PB 1952 1953

João Pinga Fogo João Preto

São José do Egito-PE

João Severo de Lima

Patos-PB

João Severo de Lima

Patos-PB

1909

João Siqueira Amorim João Siqueira Amorim

Barbalho-CE

João Tavares

Cajazeiras-PB

João Ventura

Parnaíba-PI

João Viana dos Santos

Esperança-PB

João Vieira

RN

João Zacarias

Angicos-RN

João Zacarias

RN

João Zacarias Joaquim Barros Cavalcanti

1860

1943

1915

Angicos-RN BARROS

Joaquim Bernardino de Oliveira Joaquim Cardoso de Farias

Mestre Cardoso

Joaquim Cardoso de Farias

Mestre Cardoso

Joaquim Crispiano Neto

Santana do Matos-PB

1921

São José do Egito-PE

1894

Bananeiras-PB

1880

1953

1880 Santo Antonio-RN

Joaquim dos Reis Joaquim dos Reis Joaquim Ferreira

Joaquim Ferreirinha

Flores-PE

1907

1959

Joaquim Francisco Santana

Sem Fim

Camutanga-PE

1877

1917

Joaquim Gonçalinho

Quinca Gonçalinho

Joaquim Lopes da Silva

Quixadá-CE

1921

Joaquim Manoel de Oliveira Melo JoaquimMelo

Caruaru-PE

Joaquim Ferreira da Cruz Joaquim Francisco

Joaquim Rufino Silva Joaquim Venceslau Jaqueira

AL

Joaquim Vitorino Ferreira

Flores-PE

1907

Joel Vitor de Oliveira

Correntes-PE

1922

Jomaci Dantas Nóbrega

Patos-PB

1967

1959

Jonas Andrade Jonas Andrade de Souza Neto

Jonas Andrade

Conceição-PB

1967

Jorge Macedo Ferreira

Jorge Macedo

Quixeré-CE

1968

José Alves da Silva

Gilberto Alves

Feira Grande-SE

1955

José Alves de Souza

José Caetano

Cuité-PB

1936

José Alves Veloso

José Moreno

Dona Inês-PB

1933

José Amâncio de Moura

Taboleiro-CE

1924

José Antonio

Araruna-PB

José Antonio da Cauã

Rio Peixe-PB

José Antonio de Melo

Florânia-RN

1926

José Antonio dos Santos

Antenor Navarro -PB

1940

64

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


José Apolônio dos Santos

Olivedos-PB

José Bernardino de Oliveira

São José do Egito – PE

1900

José Bernardo de Lima

Caruaru – PE

1934

José Bispo da Paz

Caruaru - PE Itapagé-CE

1949

José Braga de Mesquita Sobrinho

Braga de Mesquita

José Caetano

1937

1939

RN

José Caetano da Silva

Quixeramobim-CE

1925

Zé Cardoso

Encanto-RN

1951

José Clementino de Souto

José Alves Sobrinho

Picuí-PB

1921

José Clementino de Souto

José Alves Sobrinho

Picuí-PB

José Cardoso da Silva José Claudino José Clemente

José Cosme da Silva

Currais Novoes-RN

José Crispim Ramos

Feira de Santana-BA

José Cruz da Silva

Bom Jardim-PE

José da Hora

Timbaúba-PE

José da Silva Filho

Tabira-PE

1921

José Daniel Nunes

RioBranco-AL

1925

Santana do Ipanema – AL

1945

José de Almeida da Silva

Zé de Almeida

José de França Filho

1917 1937

Timbaúba-PE

José de Lima José de Matos José de Menes e Silva

Crato-CE Zé Viola

José de Queiroz Moreno

Bocaína-PI

1964

Caruaru-PE

José de Queiroz Moreno José Dionísio da Cunha

Pombos – PE

José do Carmo

PE

José Duda Neto

PB

José Duda Simão

P

José Duda Simão José Dumont Neto

PE Zé Neto

José Edmilson José Emidio

1947

Lavandeira

José Erasmo Souza

Alexandria-RN

1941

Tabuleiro do Norte-CE

1956

Campina Grande-PB

1937

Redenção-CE

1936

Boqueirão-PB

1944

José Faustino Vila Nova

Caruaru-PE

1911

José Faustino Vilanova

Caruaru –PE

José Faustino Neto

José Faustino

1969

José Felix Sobrinho José Fernandes Ferreira

Zé Fernandes

Maurití – CE

José Ferreira da Silva

Zé da Silva

Tabira-PE

1960 1919

José Ferreira dos Santos

Zé da Onça

Brejão-PE

1934

José Ferreira dos Santos

Zé da Onça

Brejão-PE

1934

José Ferreira Lima

Conceição de Azevedo-RN

1895

José Ferreira Sobrinho

Palmeira dos Índios-PE

1934

José Filomeno de Menezes

Zeca Filó

São José do Egito –PE

José Filomeno de Vasconcelos

São José do Egito – PE

José Filomeno Junior

São José do Egito-PE

1926

São José do Egito – PE

1926

José Filomeno Júnior

José Filó

José Francisco Zé Menino

Campina Grande-PB

1927

José Francisco de Oliveira

Mororó

Água Branca-AL

1922

José Francisco Gonçalves

Dedé Gonçalves

Belo Jardim-PE

1938

José Francklin José Galdino dos Santos

1951 1951

PA

José Francisco de Oliveira

José Galdino da Silva Duda

1937

Baturité-PB Zé Duda

Cabaceiras-PB

1866

Ferreiros – PE

1950

65

1931

© Cláudia Cordeiro Tavares da Cunha Melo. Edição eletrônica comemorativa dos 70 Anos de Alberto da Cunha Melo


José Garcia

Puxinanã-PB

José Gaspar José Gaspar de Souza

Zé Gaspar

Serra do Padre-PB

José Gerônimo Ferreira José Gomes da Silva

Limoeiro-PE

1937

José Gomes de Souza

Zé Gomes

Alexandria-RN

1949

José Gomes do Amaral

Zé Lulu

São José do Egito – PE

1916

José Gomes Ferreira

Zezé Lulu

São José do Egito-PE

José Gomes Sobrinho

Zé Miguel

PE

José Gonçalves da Silva

Várzea Alegre-CE

1926

José Gonçalves Filho

Caruaru – PE

1949

José Guedes da Silva

Teixeiras-PB

José Guedes Silva

Teixeira-PB

José Gustavo

São José do Egito-PE

José Gustavo José Henrique José Herculano dos Santos

PA Zé Duda

Campina Grande-PB

1933

José Hernandes Pereira da Silva

CE

1944

José Inácio

Camutangá-PE

1927

José Inocêncio da Silva

Campina Grande-PB

1927

José Izidro Filho

Vicência-PE

1945

José Joavelim Rafael da Silva

Flores – PE

1919

José Joavelim Rafael da Silva

Flores do Pajeú-PE

1919

José Limeira

Campina Grande-PB

1900

José Lopes Neto

José Catota

São José do Egito-PE

1917

José Lopes Neto

Zé Catôta

São José do Egito – PE

1917

José Lourenço da Silva

PB

1931

José Luiz

Alagoas-MA

1932

1955

José Lourenço

José Luiz Carlos de Lima

Santo Antonio – RN

1966

José Luiz Filho

Zéluiz

Serraria-PB

1916

José Manoel dos Santos

José Baiano

Caruaru – PE

1945

Piancó-PB

1917

Zé Marcone

Cajazeiras-PB

1965

José Marcelino Neto José Marcone de Souza José Maria

CE

José Maria Cordeiro José Maria do Nascimento

1975

Zé Maria

Morrinhos-CE

1928

Araçoiaba-CE

1945

José Maria do Nascimento

Araçoiaba-CE

1945

José Maria Lopes

Sobral-CE

1935

José Mariano

Areia-PB

José Marques da Roseira

AL

José Martiniano Cavalcanti

Sapé-PB

José Martins

Patos – PB

José Martins

Patos-PB

José Matias de Matos

Barreira-CE

1936

1942

José Medonho José Miguel

Arcoverde-PE

José Miúdo

PE

José Monte

Cajazeiras-PB

José Monte Neto

Tenente Ananias-RN

José Monteiro Guedes

José Monteiro

Patos-PB

José Mota Filho

Mota Pinheiro

Boa Viagem-CE

1905

José Mota Pinheiro

Boa Viagem-CE

1922

José Neones de Freitas

Capistrano de Abreu-CE

1948

José Nilson Ferreira José Nunes de Souza

Zé de Cazuza

Jaguaribara-CE

1950

Prata-PB

1929

66

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José Nunes Filho

Zé Cazuza

Monteiro – PB

1929

José Nunes Filho

José Tota

Cerro Corá-RN

1901

José Patrício

Monteiro – PB

José Patrício Ferreira de Siqueira Patriota José Paulino José Paulino Torto

Monteiro-PB Patos-PB

José Paulino de Morais

Parelhas-RN

1893

José Paulino Sobrinho

Araruna-PB

1921

José Pedro

PB

José Pedro da Silva

Rato

Alagoas

José Pereira

Dedé do Iguatu

Iguatu-CE

1949

José Pereira

Palmeira-PB

1919

José Pereira

Patos-PB

1922

José Pereira da Costa José Pereira da Luz

Teixeira-PB Edezel Pereira

José Pereira da Silva

Princeza Izabel – PB

1965

Caruaru-PE

José Pereira de Lima

CE

José Pereira de Souza

Bem Te Vi (2o.)

José Pereira de Souza

Bemtivi

1926

Crato-CE

José Pereira Sobrinho

São José do Egito-PE

José Pinheiro

São Luiz-MA

1913

José Pinheiro de Carvalho

Santana do Matos – RN

1940

José Plínio de Medeiros

Jardim do Seridó-RN

1926

José Porfírio da Silva

Quixadá-CE

1919

José Porfirio da Silva Segundo

José Porfírio

Morada Nova-CE

1934

José Porfírio da Silva Segundo

José Porfirio

Morada Nova-CE

1934

José Pretinho

Crato – CE

José Pretinho

Crato-CE

José Pretinho José Reginaldo da Silva

Zequinha

José Ribamar Carvalho

José Ribamar

José Ricardo de Souza José Rodrigues de Lima José Sabino

1910 1965

Machados-PE

1955

Monteiro-PB

1948

Caraúbas-RN

1962

Serra Branca-PB

1944

Livramento-PB

1936

1945

Cego Sabino

José Saldanha Menezes Sobrinho

Santana do Matos-RN

1918

José Severino da Silva

Rouxinol da Floresta

Carpina-PE

1949

José Silveira Braga

Zé de Vidal

Santana dos Matos – RN

José Siqueira de Amorim José Soares do Nascimento

Caruaru – PE

1906

José Soares do Nascimento

Caruaru-PE

1906

José Torres

Monteiro-PB

José Tota

Flores – PE

José Tota

Flores-PE

José Vicente

Cajazeiras-PB

José Vicente do Nascimento

Pocinhos-PB

José Vicente Mota

São José do Egito – PE

José Vieira José Vieira Filho

RN Zé Ferreira

José Virgolino de Souza

Orós-CE

Mergulhão

José Vitorino de Souza

José Josina

Santana do Matos-RN

José Zilmar

Zé Zilmar

Horizonte-CE

Josefa

Zefinha do Chabocão

Josefa Anselmo de Souza Josival Viana

1939

Bezerros-PE

José Virgulino de Souza

Josefa Maria da Silva

1922

Santinha Mauricio

1908

1939 1939

1929

Chabocão – CE São Benedito-CE

1915

Limoeiro-PE

1951

Souza-PB

1948

67

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Josival Viana

Souza-PB

1948

Josué Alves da Cruz

Serraria –PE

1907

Josué Alves da Cruz

Serraria-PB

1904

Josué Felix de Souza

Taperoá-PB

1908

Josué Ferreira Dias

Prata-PB

1905

Josué Romano

Teixeira-PB

1877

1968

1913

Jovino Alves dos Santos Julião Jurandir Tembório

Preta – PB

Justino José Fernandes

PI

Justino Maravilha

Campina Grande-PB

Juvenal Evangelista Santos

Picuí-PB

1941

Juvenal Mousinho

Araruna-PB

1907

1963

1924

Juvenal Oliveira Juvenal Oliveira Labareda Laurindo Gato Laurindo Pereira

Crato-CE Bernardo Cintura

Teixeira-PB Teixeira-PB

1849

Lauro Germano da Silva

Vem Vem

Caiçara-PB

1935

Lázaro Pessoa de Aguiar Leandro Tranquilino Libanio Mendes de Lima

Lázaro Pessoa

São José do Egito-PE Cardeal-BA Serraria-PB

1974 1952 1907

Laurindo Pereira

Lino Pedra Azul de Lima

Monteiro-PB

Lino Pedra Azul de Lima Lourinaldo Ferreira Nascimento Lourinaldo Vitorino Ferreira Lourival Bandeira Lima Lourival Batista de Lima

do Lorinaldo Vitorino

1907

Venturosa-PE

1959

Venturosa-PE Viçosa – AL

1959

Viçosa-AL

1922

Lourival Batista Patriota

São José do Egito – PE

1915

Lourival Pereira Lima

Jucás-CE

1950

Luciano Leonel Lucio Flavio da Silva

Cachoeirinho-PE Brejo da Cruz-PB

1980 1956

Luis Antonio Luis Bernardes de Souza

Patos-PB São José do do Egito-PE

Luis Bernardo Luis Dantas Quesado

Antenor Navarro-PB

Luis Mangabeira

CE

Luis Oliveira Campos Luis Pereira

Mossoró-RN CE

Luis Tenório Luiz Bernardo de Souza

Lourival Bandeira

Alagoa do Monteiro-PB

Luiz Bernardes

Luiz dos Reis da Silva

1850

Picuí-PB

1928 1936

Luiz da Silveira

Nazaré da Mata-PE

Luiz Gonzaga

Luiz Antonio

PB

Luiz Gonzaga Sobrinho

Sobral-CE

1931

Luiz Lopes de Souza

Nazaré da Mata-PE

1940

Luiz Mangabeira

CE

Luiz Manoel de Sales

Caruaru - PE Sto. Antonio do Salto Onça -RN Nazaré da Mata-PE Quixadá-CE Itaporanga-PB

Luiz Pereira de Lima Luiz Pereira Naum Luiz Pinto

Luiz Pereira

Luiz Rodrigues de Souza

Bico

Luiz Salvino de Santana Madapolão

1992

Monteiro-PB São José do Egito-PE

Luiz Emilio da Silveira

Luiz Mauricio Ribeiro

1962

1929 da 1936 1943

São Tomé-RN

1940

Timbaúba-PE AL

1928

68

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Malaquias Vieira Manoel Alves de Souza

Manoel Caetano

Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Apolinário Pereira Bandeira de Caldas Belarmino de Souza Belarmino Duarte Belinguim Benone Limeira

Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Cabaceira Caetano Calixto Lorena Carneiro Casimiro

da Luz Ventania Damião das Dores

Patattiva do Arraial

Cigarra do Agreste

Manoel Feijão Manoel Felix da Costa Soares Manoel Fernandes Lopes Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Ferreira de Lima Ferreira Diniz Ferreira Sobrinho Filomeno de Menezes Filomeno de Menezes Floriano Ferreira Floriano Ferreira Francisco Francisco Francisco Chagas Fulo Furtado Galdino Baneira Gavião Gomes Medeiros Inês de Oliveira Joaquim do Muquem José Ferreira Leopoldino de Mendonça Leopoldino de Mendonça Lino de Souza Lourenço da Siva

Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Lourenço Sobrinho Luis dos Santos Luiz Martins Martins de Moura Martins de Oliveira Mendes Monteiro

Manoel Manoel Manoel Manoel

Morais Noé da Silva Noé da Silveira Nogueira

CE Vitória de Sto. Antão-PE Bananeiras-PB São José do Egito-PE Teixeira-PB

Silveira

Dionísio Filho do Ó Bernardo Domingos Domingos dos Passos Duda Pereira Ezequiel da Silva

Manoel Monteiro

PE São José dos Piranhas-PB Triunfo-PE Limoeiro-PE PE Monteiro-PB RN PB Augusto Severo-RN PB Vicência-PE

Manoel Caveira Manoel Celerino da Silva Manoel Manoel Manoel Pereira Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Daudete Bandeira

PB Cuité-PB

1903

1976 1955

1945 1905 1929 1963 1945

1914

1912

1938 1925

Patos-PB PB Panelas-PE Panelas-PE

1922 1910 1910

Caruaru – PE

1924

PI CE Fernandes Manoelmarinheiro Manuel Chulé Manoel Ferreirinha Mane Filó Manoel Neném Manoel Nenen Manoel Dodô

Serrador Manoel Serrador Manoel Chuchu Chuchu Manoel Chuchu

e RN CE Ibiara-PB Queimadas-PB Monteiro-PB Afogados da Ingazeira-PE Bom Conselho-PE

1930 1907 1930 1930 1884

Pombal-PE Taperoá-PB Buenos Aires-PE

1960

CE Patos-PB Afogados da Ingazeira-PE Currais Novos-RN Itarema-CE CE Picuí-PB AL União dos Palmares-AL Santana do Matos-RN ou Pilar-PB

São José do Pilar São José do Egito-PE Manoel Luizdo Sucuru Caruaru-PE PB São José de Mipibu-RN Fortaleza-CE Parnaíba-PI Manoel Monteiro das Sumé-PB Cinco Vacas Manoel Monteiro de Vitória de Sto. Antão-PE Vitória de Santo Antão Ceará Mirim-CE

Manoel Noé

1888

Nazaré da Mata-PE Recife-PE

69

1948

1927 1918 1855

1950

1939 1932 1932 1926

1910 1865

1937 1922

1985

1940

1971 1971

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Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel

Nogueira Lopes Patativa Patichulim Paulino Paulino Lira Pedro Clemente Pedro Clemente

Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manoel Manuel

Pequeno Piraná Preto Preto Limão Preto Limão Rafael Neto Raimundo de Barros Regino Regino Riachão Rodrigues Rodrigues de Souza Santana Severino da Silva Soares da Silva Teixeira Teixeira de Lima telegrama Vicente de Queiroz Vicente dos Santos Vieira de Lucena Vieira do Paraíso Vieira do Paraíso Vieira Machado Votirno Ferreira Xavier de Macedo Bezerra da Silva

Bonito-PE

Cego Clemente

CE Machados-PE Machados-PE Brejo da Madre Deus-PE Manoel Bom Jardim-PE Araruna-PB Currais Novos-RN Patos-PB Bananeiras-PB Bananeiras-PB Aafogados da Ingazeira-PE

Serrador

Manoel Gavião

Pilar-PB Santa Rita-PB Araruna-PB PE Monsenhor Fabrício-CE PE Campina Grande -PB Campina Grande-PB Pedro Velho-RN Picuí-PB PE Cajazeiras-PB São Mamede-PB Guarabira-PB Guarabira-PB PI Flores-PE São Tomé-RN Caruaru - PE

1910

1969 1924 1921 1904

1970

1918 1918 1933 1880 1904

1948

1935 1926 1922 1900

1918 1915 1882 1882

1927 1927

1917 1941

Manuel Clementino Leite Marcelino Marcilio Patriota Marcolino Cobra Verde Marcos Paixão Maria Alexandrina da Silva Maria Josefa da Silva Maria Lindalva Gomes Maria Tebana Mário Faustino Mario Paulo dos Santos Mario Verdelinho Matias Soares Matias Soares Maximiano Lopes Maximino Bezerra de Almeida Melquiades Amaro Miguel Alves da Silva Miguel Faustino Vila Nova Misael Ciriaco da Silva Moacir Cosme de Lima Moacir Cosme de Lima Moisés Lopes Sesiom Murilo Evangelista da Silva Napoleão Natanael Cordeiro de Lima

Mocinha de Passira Santinha Maurícia

Maximino Bezerra

PB Nazaré da Mata-PE Venturosa-PE Lagoa do Monteiro-PB Areia-PB Gonçalo Ferrera-PE Machados-PE Paulista-PE Pombal-PB

1944 1942

1932 1947

1953 1957 1923 1890

Aquiroz-CE

1945 1945 132? 1883 1923

Natanael Cordeiro

São José do Belmonte-PE

1960

Nivaldo França Noel Calixto

IbiRA-pb 1945 Santo Antonio do Salto da Onça-RN Teixeira-PB 1829 PB Feira Grande-AL 1946

Moacir Laurentino Glosador

Nelson Ribeiro Lima Nestor Marinho Nicandro Nunes da Costa Nivaldo Rodrigues Macedo Noel Calixto dos Santos

Ouro Velho – PB CE MA Passira-PE Limoeiro-PE Araruna-PB RN PE Natuba-PB Alagoas PB

70

1945 1932

1918

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Norberto Monteiro Odilom Joaquim de Melo Odilon Nunes de Sá Oliveira Francisco de Melo Olívio do Livramento Olívio do Livramento Onésimo Maia Onofre Araújo de Góis Orestes Paulino de Vasconcelos Osmario Paulino de Vasconcelos Otacílio Batista Patriota Otacílio Domingos da Silva Otacílio Guedes Patriota Otilia Soares Otílio Lourenço Paulino Felisberto Paulino Monteiro Paulo Ferreira Paulo Jorge da Silva Paulo Pereira Paulo Pereira Vicente Leite Pedro Antonio Dias Pedro Bandeira Pereira de Caldas Pedro Barbosa de Souza Pedro Cassiano de Melo Pedro Cesário Ribeiro Pedro Fernandes Pedro Fernandes Pedro Ferreira Pedro Firmino Cabral Pedro Luiz Pedro Mouco Pedro Nicolau de Oliveira Pedro Nogueira da Silva Pedro Nonato da Cunha Pedro Passarinho Pedro Paulo Ventania Pedro Paulo Ventania Pedro Pereira de Melo Pedro Rouxinol Pedro Simião Pedro Trindade Florêncio Pedro Vieira de Amorim Pinto Teixeira Pio Pereira das Neves Porfírio Paranaguá Preto Limão Prigildo Bernardo de Souza Quincas de Brejão Rafael Paraibano Raimundo Alves de Souza Raimundo Alves Pereira de Souza Raimundo Borges de Almeida Raimundo Caetano Raimundo Cassiano Filho Raimundo Cialdense de Maria Raimundo Galdino Raimundo Galdino de Melo Raimundo Laurindo Silva Raimundo Lira Raimundo Lopes da Rocha Raimundo Luiz de Vasconcelos Raimundo Nonato Mariano Raimundo Nonato Neto Raimundo Pelado Raimundo Pereira da Luz Raimundo Pereira da Silva

São João do Cariri-PB Monteiro-PB Patos-PB Panelas-PE Livramento-PB Taperoá-PB Mossoró-RN Caraubas-RN Garanhuns-PE Garanhuns-PE São José do Egito-PE Nova Cruz-RN Itapetim-PE Campina Grande-PB PE CE Belo Jardim-PE SE São José do Egito-PE Sanatana do Matos-RN Maurité – CE Nova Cruz-RN São José das Piranhas-PB Igarassu-PE Crato-CE Alto Santo-CE RN RN CE Arcoverde-PE Picuí-PB PI Quixadá-CE Morada Nova-CE Itapipoca-CE

Calumbi Oliveira de Panelas

Paulo Jorge Paulo Pereira

Beija Flor

Brasa Viva Pedro Tijela

Caicó-RN Caicó-RN Viçosa-AL Itaporanga-PB ARRAIAL-ce Caruaru-PE Teixeira-PB

Ventania Sanhauá

Pinta Silva

1919 1922 1900 1946

1932 1937 1946 1923 1932 1923 1915

1942 1958 1948 1968 1920 1938 1958 1922 1914

1913 1897

1952 1930

1942 1944

1907

1919 1921

São José do Egito-PE Bezerros-PE RN São José do Egito-PE Garanhuns-PE Raimundo Caetano Raimundo Caetano

Cuité-PB Cuité-PB

1959 1959

Raimundo Borges

Flores-PE Cuité-PB Baturité-CE Marinhos-CE Várzea do Açu-RN RN Limoeiro-PE Martins-RN Belém-PA Bela Cruz-CE Marcos-CE Barro – CE

1945

Raimundo Nonato Raimundo Pelado Sul Raimundo Pereira

1927 1928

1919 1954 1893 1927 1940

1976

do Missão Velha-CE Limoeiro-PE

71

1914

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Raimundo Rodrigues de Souza Raimundo Souza Lima Raul Ferreira Renato Monteiro Ricardo Soares Pontes Rio Preto Rio Preto Rio Preto Roberto Felinto de Queiroz Rogaciano Bezerra Leite Rogaciano Leite Rogério Menezes Sobrinho Romano Elias da Paz Romano Elias da Paz Romano Verissimo Roque Gentil do Nascimento Rozendo Santiago de Oliveira Santino Hermenegildo Santino Luiz Saturnino Mandu Sebastião Braz Eloi Sebastião Cândido dos Santos Sebastião Cândido dos Santos Sebastião Cavalcanti de Siqueira Sebastião Cesário Sebastião Dias Filho Sebastião Dias Filho Sebastião José da Silva Sebastião José da Silva Sebastião José do do Nascimento Sebastião Neris Sebastião Olimpio de Souza Sebastião Rodrigues da Silva Sebastião Zacarias Severino Antonio de Lima Severino Antonio dos Santos Severino Augusto Maranhão Severino Batista dos Santos Severino Borges da Silva Severino Ciriaco Severino Ciriaco Silva Severino Severino Severino Severino

Cordeiro de Souza Damião dos Ramos Xavier dos Ramos Xavier

Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino

Elias Felix da Silva Ferreira Ferreira Ferreira da Silva Francisco de Lima Filho Jorge José da Silva José dos Santos Lourenço da Silva Pinto Lourenço da Silva Pinto

Severino Severino Severino Severino

Luiz da Silva Manoel da Silva Mendes de Queiroz Mendonça da Silva

Severino Severino Severino Severino Severino

Milanês da Silva Milanez da Silva Monteiro Monteiro da Silva Nunes Feitosa

Roberto Queiroz

Romano Elias

Azulão Azulão Beijo Sebastião Dias Sebastião Silva

Monsenhor Tabosa-PB Ipu-CE Vitória de Santo Antão-PE Bonito-PE Ipu-CE PB PB PI Bom Jardim-PE Itapetim-PE São José do Egito-PE Imaculada-PB Mamangape-PB Mamanguape-PB Teixeira-PB Morrinhos-CE

1929 1910 1933 1918

1966 1920 1921 1962 1901 1903 1931

CE Salgadinho-PB Santa Luzia-PB Poções-PE Quixadá-CE PE PR Afogados da Ingazeira-PE

1935 1890 1890 1940

Caicó-RN Ouro Branco –RN Guarabira-PB Pilo~ezinhos-PB Pilar-PB

1950 1950 1974 1944 1916

Bananeira-PB Campina Grande-PB Angicos-RN Severino Batista Cuité-PB Biu Dionísio Vitória de Santo Antão – PE Severino Maranhão São José do Egito – PE Parelhas-RN Borges Aliança-PE PE Severino Ciriaco ou Bom Jardim-PE Ciriaco Bíu de Crisanto São José do Egito – PE Bonito-PE Raminho Xavier Riacho das Alnas-PE Raminho Xavier Caruaru - PE São José do Egito Cuité-PB Ferreirinha Remigio-PB Touros-RN Touros – RN Vertente de Taquaritinga-PE PE Nazaré da Mata-PE Pelado Vitória de Sto.Antão-PE Monteiro – PB Pinto ou Pinto do Alagoa do Monteiro-PB Monteiro Asa Branca

Barra Mina

Crato-CE Patos-PB Bem Te Vi Neto ou Patos-PB Bem Te Vi Bezerros-PE Bezerros – PE Cajazeiras-PB Monteiro-PE São José do Egito – PE

72

1969

1936

1975

1932 1924 1933 1973 1915 1919 1910 1929 1950 1950

1942 1944 1951 1945 1965 1944 1929 1896 1895

1913 1920

1917 1948

1972 1958 1958

1972

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Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino Severino

Nunes Feitosa Paulo dos Santos Pelado Pereira da Luz Pereira da Silva Pereira da Silva Pereira Silva Perigo Putrião Sanhaçu Sanhassu Severo

Severino Tantão do Rego Silvério Pereira

Biu Paulo Severino Pereira

Santa Terezinha-PE Camocim de São Félix-PE Limoeiro-PE Princesa Izabel – PB També-PE PE CE Patos – PB Livramento-PE CE CE

1948 1936 1925 1971 1922

1875

1880

1913 1913

Patos-PB Campina Grande-PB Lula da Liberdade

Silvino Pirauá de Lima

Patos-PB

1848

Silvino Pirauí Lima

Patos-PB

1848

Cuité-PB

1929

Simeão Alves de Souza

Simeão Caetano

Simplicio Pereira da Silva

CE

Sinfronio Pedro Martins

Messejana-CE

Sinval de Carvalho

Caruaru – PE

Teodosio Pereira Lima

PE

Terezinha Tiètre

São João do Cariri – PB

Tiago Passarinho

Catolé do Rocha-PB

Trajano Guedes

PI

1883

1932

Ugulino Nunes da Costa

Gulino de Teixeira

Teixeira-PB

1832

Valdir Rodrigues Teles

Valdir Teles

Livramento _PB

1955

Valdomiro Alcântara Mendes

Sertânia-PE

1935

Venceslau Ferreira

Poeta Vencedor

Viçosa-AL

1920

Vicente Alves Batista

Vicente Preto

São José do Egito – PE

1911

Vicente Amaro

1965 1982

São José do Egito – PE

Vicente Amaro de Souza Vicente Bernardino de Souza

1895

Vicente Amaro

Vicente Granjeiro Landim

Lagoa do Monteiro-PB

1919

Monteiro-PB

1921

Mata Grande-AL

1901

Vicente Guia Vicente Lucio

RN

Vicente Lúcio

RN

Vicente Rufino

Assaré-CE

1925

Vicente Sabiá Vicente Santana

CE

Virgolino

CE

Vitorino de Souza Bezerra Vitorino Ferreira

Vitorino Bezerra

Picos – PI

1962

Ingazeira-PE

Vitorino Ferreira Paz

Flores-PE

Waldomiro Felix Galvão

Santo Antonio do Salto da 1940 Onça-RN Fagundes-PB

Zacarias Moura

1882

1946

Zé Enfeitado Zé Limeira Zezinho Silva

Sapé-PB

Zito Nunes de Siqueira

Monteiro-PB

73

1945

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