CadernoA
VITÓRIA - ES - DOMINGO - 20 DE JULHO DE 2013
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R$ 0,50
Manifestações no Brasil Quais as razões? Kauã Alexandre Aguiar
JUSTIÇA Sessenta e seis pessoas foram detidas ao longo do protesto desta sexta-feira (19), em Vitória, e 48 foram encaminhadas para o presídio, segundo a Polícia Civil. O número, no entanto, segundo o TJ-ES, era de 44. Durante o protesto. PEDÁGIO Um protesto de cerca de 50 pessoas fechou o trânsito em frente ao pedágio da Rodovia ES-060, a Rodovia do Sol, em Guarapari, no final da tarde deste sábado (20). DEPREDAÇÃO A OAB-ES condenou os atos de violência ocorridos durante o protesto desta sexta-feira (19) no Centro de Vitória.
O Governo Federal continua em reunião e Protestos não param por todo o país. Noah Machado
Gabrieli Souza
COPA Neste domingo, duas manifestações nas proximidades do estádio reuniram entre 4 mil e 5 mil pessoas cada uma para protestar contra os gastos públicos para a construção dos estádios e contra as remoções de moradores afetados pelas obras para a Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro. Apesar das expectativas, os dois protestos reuniram menos pessoas do que a manifestação do dia 20 de junho, quando cerca de 300 mil manifestantes marcharam pelas ruas do centro. A policia agiu violentamente. desacato total à sociedade. Henrique Santoro
CEM MIL PESSOAS Mais de 100 mil pessoas saíram em passeata pelas ruas de Vitória, durante a manifestação realizada na noite desta quinta-feira (15). REDES SOCIAIS O papel das redes sociais (Twitter e Facebook) foi decisivo para a articulação dos discursos e para divulgar hora e local dos protestos.
Manifestante é agredida por um oficial da PM Um PM da Tropa de Choque atirou spray de pimenta no olho de um mulher de 19 anos, neste sábado, duran-
te manifestação no Espirito Santo. Foto foi destaque nos principais jornais internacionais.Veja os fatos.
Jornalista Ferida na testa
Ferida na testa por um PM durante os protestos de quinta-feira. Caso vai a Justiça. Havera punição desta vez?
“ Não há justiça por meio da força bruta” Giuliana
CADERNO A
2 CIDADE
O Brasil Acordou Manifestações no Brasil: quais as razões?
ARTIGO
VITÓRIA 20 JULHO DE 2013
Chico Alburquerque
Manifestações populares no Brasil. O primeiro passo para a solução da corrupção nas contas públicas e melhoria da educação, saúde e segurança se dá pela imediata exoneração de todos os políticos nos Tribunais de Contas. Gabriel Lima
No dia 21, a presidente da República falou para a nação em cadeia nacional de rádio e televisão, buscando dar respostas aos anseios da população. Atitude louvável, mas o que o povo questiona já não deveria ser de conhecimento de todas as autoridades? Por Elias Jubilo
O
início das manifestações populares no Brasil, desde o meio de junho, deixou perplexas as autoridades da União, estados e municípios. De um protesto contra o aumento da passagem dos ônibus, a população incorporou temas pouco discutidos. Em que cenário surgiram os questionamentos por parte da população? São vários, mas alguns desses assuntos diretamente refletem na vida das pessoas. O cenário econômico internacional revela que nossos problemas internos não são causados por fatores vindos de fora; o cenário interno revela aumento da inflação, baixo crescimento da economia sem perspectivas de melhora no curto e médio prazo, perda de poder aquisitivo face a reajustes automáticos de serviços públicos privatizados (pedágio, transporte coletivo, telecomunicações, energia) e serviços prestados ao povo sem o padrão Fifa; para a Copa de 2014, houve gastos questionáveis para construir estádios particulares sem a transparência adequada e necessária. A Fifa, uma entidade privada internacional, impõe (e o governo aceita) exigências que ignoram nossa soberania. Além disso, há uma sensação de que os condenados pelo mensalão não irão ficar atrás das grades.
Aumenta a corrupção porque a impunidade assegura meios de os políticos corruptos escaparem da prisão. A PEC 37, já derrubada, defendia que o Ministério Público não tivesse mais o poder investigativo (contra corrupção, desvio de recursos, obras superfaturadas etc.), e pergunta-se: quem se beneficiaria com a exclusão do MP das investigações? Há um silêncio sepulcral por parte dos governantes (nas três esferas)
Nossos problemas internos não são causados por fatores vindos de fora quando a população questiona algum gasto público não esclarecido quanto ao seu objetivo ou necessidade. Nenhuma discussão sobre a adoção de medidas econômicas que podem afetar a política fiscal, em que mais gastos são autorizados sem contrapartida de receita. Não se propõe uma reforma tributária com menos impostos, gastos com maior retorno econômico e social, com um substancial corte de despesas da União, estados e municípios. No dia 21, a presidente da República falou para a nação em cadeia nacional
de rádio e televisão, buscando dar respostas aos anseios da população. Atitude louvável, mas o que o povo questiona já não deveria ser de conhecimento de todas as autoridades? A presidente pode dar as respostas junto com os demais poderes. Que cada poder assuma suas atribuições de fato, cortando os próprios privilégios. Hoje, o político cassado volta para sua casa legislativa, o condenado pelo Supremo não está na cadeia e à população cabe somente a tarefa de pagar impostos. O Brasil precisa mudar, e muito. E que comece pelo poder político, que é a reforma mais urgente de que a nação precisa. A reforma política de verdade deve contemplar fidelidade partidária, voto distrital, mandato do partido e não do político, fim da reeleição para todos os níveis, vereador como trabalho voluntário e não remunerado, cargos comissionados representando no máximo 2% do total de servidores, e fim do aparelhamento do Estado com indicações políticas. O que é necessário para mudar o país de agora e do futuro não são medidas pontuais para baixar o preço da passagem, mas medidas profundas, estruturais, de curto, médio e longo prazo. conômicas que podem afetar a política fiscal, em que mais gastos no País Br.
Policiais Violentam manifestante indefeso.
O
primeiro passo para a solução da corrupção nas contas públicas e melhoria da educação, saúde e segurança se dá pela imediata exoneração de todos os políticos nos Tribunais de Contas, para se iniciar no Brasil os procedimentos primários da ética e moralização das contas públicas. Os Tribunais de Contas não podem ter membros políticos ou ex-políticos, e sim, Contadores, Economistas, Administradores, Advogados entre outros, desde que independentes, éticos e contratados por concurso público onde seja exigido conhecimentos avançados de contabilidade pública e direito administrativo. A presidência e demais cargos de direção dos Tribunais de Contas devem ser eleitos por votação exclusiva dos membros do Tribunal, e sem interferência de partidos políticos, do poder legislativo e do executivo. Isto é uma questão de lógica basilar; como exemplo a segurança do galinheiro não poder ser da raposa. Um presidiário fazendo a segurança do presídio é mais do que um ato
profano, é uma pura e imoral sacanagem, tal qual político aprovando a prestação de contas de político e bandidos só. E como cidadão brasileiro desejo que a presidenta e os governadores prestem atenção ao povo, ajam e sejam politizados, e deem este primeiro passo rumo a democracia e controle do poder e contas públicas. Partidos políticos, do poder legislativo e do executivo. Isto é uma questão de lógica basilar.
Chico Alburquerque Bacharel em Ciências Contábeis; Membro ACIN Mestre em Ciência Jurídica, Perito-Contador, Auditor, Consultor Empresarial, Sócio fundador e administrador da appaHoog e Cia SS; Escritor e pesquisador de matéria contábil, professor doutrinador de perícia contábil, direito contábil e de empresas em cursos de pós-graduação.
CIDADE 3 A polícia responde com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha e gás de pimenta ao povo.
Julia Gonçalves
Uma jovem passa mal ao inalar Gás lacrimogenio durante Jogo do Brasil.
Copa das Manifestações Deixa legado misto para o Brasil Rogério Wassermann e Caio Quero Da BBC Brasil .
D
esacreditada até pouApesar das expectaticas semanas atrás, a vas, os dois protestos reuseleção brasileira bateu a niram menos pessoas do campeã mundial Espanha que a manifestação do dia por 3 a 0 na final da Copa 20 de junho, quando cerca das Confederações, dispu- de 300 mil manifestantes tada na noite deste domin- marcharam pelas ruas do go no estádio do Maracanã, centro da cidade após a no Rio de Janeiro, para ga- partida entre Espanha e nhar pela quarta vez o tor- Taiti no Maracanã. A políneio – a terceira seguida. cia respondeu com bombas O "renascimento" da de efeito moral, gás lacriseleção brasileira, que ter- mogêneo, balas de borraminou com uma invencibi- cha e gás de pimenta. Celidade de 19 meses da Es- nas de corre-corre e tensão panha, é uma das marcas tomaram o entorno do Madeixadas pela competição, racanã, e os manifestantes que serve como um teste da foram obrigados a se dispreparação do Brasil para persar enquanto a polícia sediar a Copa do Mundo do avançava. Apesar das exano que vem. pectativas, Do lado os dois de fora dos protestos e s t á d i o s , o Gás pôde ser sentido r e u n i r a m que marcou o dentro do Maracanã. menos pestorneio foram soas do que as manifesa manifestações populares que vêm tação do dia 20 de junho, tomando as ruas do país quando cerca de 300 mil há mais de duas sema- manifestantes marcharam nas. A competição chegou pelas ruas do centro da cia ser apelidada por alguns dade após a partida entre comentaristas de "Copa Espanha e Taiti no Madas manifestações".Neste racanã. A polícia respondomingo, duas manifesta- deu com bombas de efeito ções nas proximidades do moral, gás lacrimogêneo, estádio reuniram entre 4 balas de borracha e gás mil e 5 mil pessoas cada de pimenta. Cenas de coruma para protestar con- re-corre e tensão tomaram tra os gastos públicos para o entorno do Maracanã, a construção dos estádios e os manifestantes foram e contra as remoções de obrigados a se dispersar moradores afetados pelas enquanto a polícia avançaobras para a Copa do Mun- va. Começando a falar de do e da Olimpíada de 2016, miojo e lacrimol nós somos que acontecerá no Rio de feras bixo, sem duvida o Janeiro. Não o porque de . brasil esta sendo apoiado
Foto: Julia Gonçalves
O governo federal continua em reunião e Protestos não param por todo o país.
Gás no Estádio Manifestantes e policiais voltaram a se enfrentar diante do Maracanã O gás lacrimogêneo disparado pela polícia para conter o pequeno grupo de manifestantes que tentava se aproximar do estádio pôde ser sentido dentro do Maracanã em pelo menos duas ocasiões. Pouco antes do início da partida, quando era executado o hino do Brasil, alguns torcedores sentados nas fileiras de cima do anel superior do estádio tiveram que colocar suas camisetas sobre as bocas e os narizes para evitar o efeito do gás. Funcionários e voluntários retiravam as pessoas do corredor de circulação atrás das cadeiras,
área mais afetada. Meia hora depois, o gás voltou a ser sentido no mesmo local, desta vez com menos intensidade. Funcionários das portarias do estádio próximas à área afetada relataram ter sentido os efeitos do gás com grande intensidade. Uma assensorista do elevador localizado na lateral do Maracanã disse ter sido forçada a deixar seu posto após a cabine se encher de fumaça. Taiguara Souza, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio de Janeiro, afirmou que um grupo de três advogados e outras pessoas foram atingidas por gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto negociavam com a polícia a saída de um grupo de 150 ma-
nifestantes que estavam "encurralados" em uma pequena via próximo ao Colégio Militar, que fica perto do Maracanã."Parece que a intenção era reprimir e não dispersar", disse o advogado. A Comissão de direitos humanos da OAB, assim como membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, acompanharam a passeata para tentar coibir eventuais abusos. De acordo com a Polícia Militar, no entanto, um representante do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública afirmou que o confronto começou quando manifestantes atiraram "bomba. e a borracha vai comer solta no lombo de malucos bitolados brasileiros. Esta vai para você Kaká Aguiar :-).
CADERNO A
4 CIDADE
Verás que um filho teu
VITÓRIA 20 JULHO DE 2013
Foto: Gabriel Lima
NÃO FOGE À LUTA A
Por Elias Jubilo
s manifestações de junho tiveram duas fases demarcadas por características distintas, mas ambas organizadas online, através da rede social Facebook, princi-
palmente pelo Movimento Passe Livre (MPL);44 e focadas em solucionar o aumento dos preços das taxas de transportes anunciadas. Na primeira fase vemos um não apoio da mídia,
pouca participação da população e muitos conflitos violentos entre os manifestantes e a polícia, e um foco quase exclusivo na questão do valor do transporte. No segundo momento, há uma
grande cobertura da mídia, volumosa participação popular, além de aceitação de uma parcela maior da população, menos repressões policiais e atendimento de exigências de transportes.
As manifestações no Brasil seguem o mesmo processo de “propagação viral” de protestos em outros países, como a Primavera Árabe, no mundo árabe, Occupy Wall St. Gabrieli Souza
Alice Damaceno
Jornalista Ferida na testa Noah Machado
O protesto seguiu noite a dentro com a tomada das Esplanada dos Ministerios. Repressão Policial
Em Brasília, ativistas ocuparam a Esplanada dos Ministérios e centenas deles subiram a rampa e no teto do Congresso Nacional. No dia 13 de junho de 2013, agentes da Polícia Militar do Estado de São Paulo, atuando contra manifestações populares do Movimento Passe Livre, prenderam mais de 60 manifestantes por estarem portando vinagre. O vinagre seria utilizado como meio de proteção.
A ação policial a fim de conter os manifestantes recebeu duras críticas, especialmente após os protestos do dia 13 de junho. A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional publicou uma nota onde critica a violenta resposta policial às manifestações populares,71 132 dizendo que "vê com preocupação o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ôni-
Renato Alberto
Manifestações Nacionais
Jovem é agredida com Spray de pimenta por Policial Militar.
bus no Rio de Janeiro e em São Paulo" e que "também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes". A ONG ainda afirma que "o transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação, saúde e moradia.
Policia entra em ação e muitos são feridos durante protesto.
CIDADE 5
Manifestação leva 100 mil as ruas de Vitória e minoria destrói cidade em meio a protesto.
Após protesto pacífico, pequeno grupo depredou o TJ e o pedágio. Passeata seguiu da Ufes até a sede do Poder Judiciário. Por Elias Jubilo
M
ais de 100 mil pessoas saíram em passeata pelas ruas de Vitória, durante a manifestação realizada na noite desta quinta-feira (20), segundo informações da Secretaria Estadual de
Segurança Pública (Sesp). O protesto foi encerrado com atos de vandalismo no Tribunal de Justiça doEspírito Santo, que foi depredado por uma minoria de manifestantes. O pedágio da Terceira Ponte teve
cabines quebradas e queimadas. Lojas também foram saqueadas. Depois da confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar dispersou o grupo com tiros de balas de borracha e gás lacrimogênio. Os manifes-
tantes saíram da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pouco antes das 18h, e caminharam, em passeata, pela Reta da Penha até a Assembleia Legislativa e depois até o Tribunal de Justiça. Um
outro grupo deixou a Universidade de Vila Velha, atravessando a Terceira Ponte, que liga Vila Velha à Vitória, e seguiu ao encontro dos demais manifestantes. A Rodosol interditou os sentidos da ponte. Alice Damaceno
CEM MIL manifestantes vão as ruas de Vitória para pedir melhorias. Os participantes passaram pela praça do pedágio da Terceira Ponte e seguiram em direção à Assembleia Legislativa. Policiais militares se concentravam dentro e na porta do prédio para impedir o avanço de manifestantes. Muitas pessoas se concentraram no local.
Julio Cardoso
CADERNO A
6 CIDADE Deputado que adiou votação diz que ocupação da Ales é ‘um exagero’
Julio Cardoso
A partir das redes sociais, onda de protestos tomou 353 cidades do Brasil.
VITÓRIA 20 JULHO DE 2013
OAB-ES condena atos de depredação durante protesto Julio Cardoso
Facebook, Twitter foram os principais meios de comunicação em ação. Entidade disse que atos ultrapassam os limites democráticos. Um grupo depredou patrimônios públicos e privados da capital.
Por Mark Ito
S
ão Paulo - No dia 6 de junho, os jornais de São Paulo ainda repercutiam mortes violentas em tentativas de assalto quando uma primeira manifestação de 150 jovens, aparentemente despretensiosa, aconteceu no centro da cidade, na hora do rush, rumo à Avenida Paulista. Era o primeiro protesto do Movimento Passe Livre (MPL) que nos dias seguintes atrairia os holofotes da imprensa e se espalharia como "epidemia" pelo Brasil, contagiando rapidamente a população de diferentes cidades. Até quinta-feira, a população saiu às ruas com cartazes para protestar em pelo menos 353 municípios, conforme levantamento feito pelo Estado em eventos no Facebook e em menções na imprensa regional. Ao todo, houve pelo menos 490 protestos em três semanas (mais de 22 por dia). Já a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em pesquisa feita nas prefeituras, identificou protestos em 438 cidades.
O papel das redes sociais (Twitter e Facebook) foi decisivo para a articulação dos discursos e para divulgar hora e local dos protestos. Mas a epidemia só ganhou força depois do dia 17, ao monopolizar o noticiário das grandes redes de televisão. "Fazendo um paralelo com o casamento, esses eventos não têm causa única. O casal não termina porque a toalha foi deixada em cima da cama. Essa toalha pode ser a gota d'água de brigas antigas. O mesmo ocorreu nos protestos, que explodiram por uma longa história de crises enfrentadas em silêncio", diz o professor de comunicação digital LuliRadfahrer (ECA-USP). Forbes enxerga, no entanto, um ponto em comum nas demandas. "Trata-se de uma sociedade civil renovada, mais informada e educada, que continua tendo de lidar com as instituições do século passado, anacrônicas, que não atendem mais os anseios da população brasileira.
Gildevan Fernandes Pediu vistas do decreto que prevê fim do pedágio. Após decisão, manifestantes ocupam presidência da Assembleia. Por Eliseu Pereira
A
utor do pedido de vistas que suspendeu a votação do decreto legislativo que prevê o fim do pedágio da Terceira Ponte, o deputado Gildevan Fernandes (PV), classificou, nesta quarta-feira (3), a ocupação da Assembleia como 'um exagero'. O parlamentar comentou, por meio de assessoria, a manifestação popular desencadeada pelo seu ato. Segundo o deputado, não houve pedido do Executivo para adiar a votação e também não há pressa para levar o projeto novamente ao plenário. Após o adiamento da votação do Decreto Legislativo que suspende a cobrança do pedágio na Terceira Ponte, devido ao pedido do relator do projeto na Comissão de Justiça, Gildevan Fernandes (PV), um grupo de mais de 50 pessoas ocupou o gabinete da presidência da Ales. Eles dizem que vão ocupar a Assembleia até o projeto ser votado. Gildevan alegou que há diversos pareceres de inconstitucionalidade no pro-
jeto de autoria de Euclério Sampaio (PDT), e, por isso, precisa estudá-lo melhor. Na manhã desta quartafeira (3), deputados e manifestantes se reuniram e não houve acordo para o fim da ocupação. Gildevan afirmou que apoia as manifestações, mas discorda da ocupação. "Acho os movimentos populares que estão sendo desenvolvidos no país e no estado, muito positivos. As manifestações ocorridas dentro da Ales no período da Sessão, são democráticas e legitimas. Mas daí, invadir a sala da presidência da Casa, é um exagero e portanto negativo", afirmou o deputado. Apesar de apontar a ocupação como 'negativa', o deputado afirmou, pela assessoria, que não pretende adiantar o retorno do projeto ao Plenário. "Considerando que não houve sessão hoje, estou no direito de apresentar o parecer na segunda (15). No entanto, eu pretendo antecipar.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) condenou os atos de violência ocorridos durante o protesto que aconteceu nesta sexta-feira (19) no Centro de Vitória. A entidade enfatizou o apoio a manifestações legítimas do povo brasileiro, mas afirmou que esses atos ultrapassam os limites democráticos e desservem o país. Durante a passeata, os manifestantes cobravam o fim do pedágio da Terceira Ponte, a desmilitarização da polícia, a não criminalização dos movimentos sociais e o fim da corrupção. A concentração aconteceu na Assembleia Legislativa, onde os manifestantes saíram para o Palácio Anchieta, sede do governo, às 7h30. Um grupo depredou o Palácio Anchieta e o Palácio da Fonte Grande, também do governo, a Secretaria de Estado da Fazenda e bancos. Policiais militares agiram com bombas de efeito moral. "Não é possível que as reivindicações legítimas da população brasileira sirvam de escudo para que alguns poucos levem transtorno a toda a população e destruam o patrimônio público - histórico inclusive e privado", disse o presidente da OAB-ES Homero.
CIDADE 7
Vi o Policial mirar e atirar na minha cara. Diz repórter ferida no olho "A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada". Foto: Henqique Santoro
Famosos se reúnem e pedem mudanças Carmo Dalla Vecchia, entre outros, aparecerem com olho roxo em referência à jornalista que foi atingida por bala de borracha durante manifestação. Diogo Bullert
“ Não há justiça por meio da força bruta” Giuliana foi atingida por uma bala de borracha durante protesto contra reajuste do transporte. Por Rebeca Silva
F
erida no olho por uma bala de borracha disparada pela polícia durante os protestos de quinta-feira (13), a repórter Giuliana Vallone, da Folha de S.Paulo, disse nesta sexta-feira (14) que seu globo ocular não sofreu danos e que ela já consegue enxergar com o olho afetado. Segundo ela, a bala que a atingiu foi disparada sem que ela ou qualquer manifestante tivesse provocado a polícia. "Vi o policial mirar em mim e em meu colega e atirar na minha cara", escreveu ela em seu perfil no Facebook. Ao contar como se feriu, a jornalista disse que estava fora do prin-
cipal palco de confrontos. "Já tinha saído da [rua] Consolação, onde já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência." Giuliana diz que estava na rua Augusta, onde havia poucos manifestantes, e com identificação da "Folha" quando foi atingida. Sobre seu estado de saúde, Giuliana afirma que escapou de uma lesão permanente porque seus olhos não estavam descobertos. “O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.” E que, apesar de estar inchada e com pontos na pálpebra, já consegue enxergar com o olho afetado, “o que
não acontecia quando cheguei aqui (ao hospital).” “A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada”, escreveu ela em seu perfil no Facebook
“Risco da profissão” O disparo que atingiu o rosto da jornalista tinha como destino original manifestantes que atacavam a polícia, mas bateu no chão e acertou a repórter, disse o comandante da Polícia Militar Benedito. O ministério da Justiça vai averiguar as causas e analisara os fatos até que os cupados sejam punidos.
Na noite deste domingo, 16, vários famosos se mobilizaram nas redes sociais em ação que clama por mudanças no Brasil usando as hashtags “muda Brasil” e “dói em todos nós”. Carmo Dalla Vecchia, Fernanda Rodrigues,Thaila Ayala, Mayana Neiva, Miguel Rômulo, entre outros, postaram no Instagram fotos suas em que aparecem com o olho roxo - em referência à repórter Giuliana Vallone, do jornal “Folha de São Paulo”, que foi atingida por bala de borracha durante manifestação em São Paulo. As imagens fazem parte do protesto fotográfico "Dói em Todos Nós", do fotógrafo Yuri Sardenberg. “Vivi muito anos metendo o pau no que achava que
estava errado nesse país, na nossa política, criticando e sentindo falta de fazer algo a mais, sentindo falta de atitude da população, de nós brasileiros acomodados. O país do futebol e carnaval, do "tudo tem um jeitinho", da malandragem! Me senti enojada e envergonhada muitas vezes e agora sinto repulsa de toda essa sujeira e maquiagem feita o tempo todo no nosso país. Principalmente do que esta acontecendo agora! Tenho pena das pessoas que não tem informações, nada além dessas notícias deturpadas da Rede Globo de TV. Instagram fotos suas em que aparecem com o olho roxo - em referência à repórter Giuliana Vallone, do jornal de Sao Paulo.
CADERNO A
8 CIDADE
VITÓRIA 20 JULHO DE 2013
Foto: Diogo Bulert
Justiça do ES determina liberação de 34 detidos em protesto no ES. 23 adultos e 11 menores devem ser liberados. Durante protesto, polícia prendeu suspeitos de depredação. Por Eliseu Pereira
O
DESABAFO PELO POVO
“Esses Juizes fazem o quer, como quer. Não tem mais respeito pelo povo. Então é pra eles saberem que o povo está saturado. Eles têm que passar medo, tem de saber que não são imortais”. Carla Nogueira.
Foto: João Castro
Polícia revistou pessoas após o protesto.
Foi necessario o uso da policia para operar com exatid’ao na pacifica;’ao do povo. Este bando de mal carater e xexelentos, todos ficaram pasmos com o dito
Protesto fecha o trânsito e pedágio é liberado na Rodovia do Sol, no ES Grupo de 50 manifestantes protesta na Rodovia do Sol, em Guarapari.Rodosol informou que pedágio foi liberado por medida de segurança.
Foto: Amélia Tozzi
a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), foram de depredação, dano ao patrimônio público e desacato. Nos outros protestos, os detidos eram encaminhados para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) e liberadas. Por meio de nota oficial, o Tribunal de Justiça informou que ‘por diversas vezes externou o repúdio a atos de danos ao patrimônio, dos quais já foram alvos, inclusive, prédios do Poder Judiciário’. O TJ -ES informou também que busca responder o dever de pacificação social e que vai cumprir sempre o seu papel de garantir absoluto respeito ao Estado Democrático de Direito.
Foto: Amélia Tozzi
Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES) determinou, no final da noite deste sábado (20), a soltura de 23 pessoas presas e 11 menores apreendidos durante o protesto da última sexta-feira (19), em Vitória. A decisão foi da Juíza de Direito Plantonista Viviane Brito Borille, que entendeu que em apenas dez casos houve algo próximo da descrição individualizada da conduta relatada nas ocorrências. Anteriormente a Polícia Civil havia informado que 48 pessoas permaneceriam presas. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), os detidos que a juíza determinou a soltura já foram liberados dos presídios. Sessenta e seis pessoas foram detidas ao longo do protesto desta sexta-feira (19), em Vitória, e 48 foram encaminhadas para o presídio, segundo a Polícia Civil. O número, no entanto, segundo o TJ-ES, era de 44. Durante o protesto, o Palácio Anchieta, sede do governo do estado, sofreu depredações. Outros prédios públicos e agências bancárias também form depredados. Os crimes cometidos, segundo
“Quando dei por mim, ja estava lambendo asfalto, e minha cara ja tinha virado pandeiro de PM. Apanhei muito e agora nao sei como superar. Sinto o gosto da lapa na espinha, doi muito tudo isso.” Judas Tristão.
Por Moisés Egypt
U
m protesto de cerca de 50 pessoas fechou o trânsito em frente ao pedágio da Rodovia ES-060, a Rodovia do Sol, em Guarapari, no final da tarde deste sábado (20). A Rodosol, concessionária da via, informou que, por medida de segurança, liberou a cobrança do pedágio durante o protesto, que voltou ao normal com o fim da manifestação. O protesto durou aproximandemente três horas e causou congestionamento na rodovia. A Polícia Militar acompanhou a manifestação, sem nenhum resgistro de incidentes. Os manifestantes liberavam grupos pequenos de carros para passarem pelo pedágio e depois voltavam a fechar a via. Eles usaram cartazes contra o pedágio
e contra os deputados que votaram pela manutenção da cobrança na Terceira Ponte. Os manifestantes são do bairro Praia do Sol, em Guarapari e fazem reivindicações. “A gente reivindica a menor tarifa do pedágio, a isenção do morador de um raio de cinco quilômetros do pedágio até a comunidade, porque isso é um absurdo”, disse um dos manifestantes. O protesto gerou uma longa fila de carros no sentido Vitória e no sentido Guarapari. Tapumes foram colocados nas cabines para evitar depredação, segundo a Rodosol. Sobre o pedido de isenção de pagamento do pedágio, feito pelos moradores, a Rodosol disse que segue um contrato e não pode quebrá-lo. E assim sucedeu a operação.