Holocausto | Sussurros do que não pode ser dito

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Sussurros



Panorama



O Nazismo foi um movimento político fundado e liderado por Adolf Hitler (1889 -1945), tendo sido instaurado numa época de crise Alemã com a proposta de ser a solução para todos os problemas da Nação. Fundamentado no nacionalismo exacerbado, Adolf Hitler incorporou o papel de messias, herói salvador do povo Alemão, o Führer idolatrado pelas massas e visto como a representação da própria nação. O nazismo não se instaurou primordialmente por causa de um pensamento antissemita já existente na população alemã, mas sim encontrou um contexto favorável para a instauração de seus ideais numa Alemanha pós Primeira Guerra. Com a derrota e consequente assinatura do Tratado de Versalhes em 28 de junho de 1919, a Alemanha se viu obrigada a cumprir uma série de exigências políticas, econômicas e militares, como a perda de territórios, o pagamentos de pesadas indenizações aos vencedores, a proibição de organizar a marinha e a estipulação de um número máximo de 100 mil homens de contingente para o exército. Tais termos induziram o país a uma crise; com a inflação disparada, boa parte da população migrou dos campos para a cidade, deixando de lado a agricultura e tradição alemã para trabalhar nos parques industriais que surgiam porém, estes, não foram suficientes para absorver esse contingente de trabalhadores e os empregos se tornaram escassos, o que levou a uma insatisfação popular. Com a rendição, iniciou-se uma disputa entre os dois principais grupos socialistas (SocialDemocratas) e comunistas (Liga Espartakus). Essa discordância e disputa entre partidos de esquerda acabou fazendo com que o crescimento isolado do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP) fosse possível sem grande resistência. Neste momento de crise, Hitler já reconhecia que a população estava buscando uma solução e um responsável pela a crise econômica, social e política que o país vivia, estando, também, propícia a aceitação de ideais nacionalistas bem definidos, uma razão e causa que se comprometesse à reerguer o país. “É somente na luta de dois princípios universais que a força bruta, empregada, persistente e decididamente, pode provocar a decisão favorável ao lado por ela sustentado. (…) Faltou a plataforma de uma nova doutrina universal por cuja vitória se deveria ter lutado. De fato, estimular uma luta de vida e morte com expressões vazias, tais como “autoridade do Estado”, “paz e ordem”, é algo que só poderia mesmo ocorrer a altos funcionários de secretaria, sabidamente ocos de ideias. Faltando, como faltou, nessa luta, uma verdadeira base espiritual (...).” (HITLER, Adolf; Mein Kampf; p. 163)

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Os ideais nazistas ganharam espaços, apresentando ao povo alemão um “culpado” pela derrota e pela crise, um inimigo do Estado. Definiram, em seu discurso, judeus, liberais, capitalistas, comunistas, homossexuais e ciganos como sendo elementos ameaçadores à integridade da nação alemã. “Seus discursos ressaltavam que a Alemanha não havia sido vencida numa frente de batalha, mas sim, apunhalada pelas costas. A derrota, segundo Hitler, não se devia àqueles que o ouviam, mas ao Kaiser que havia abdicado, aos comunistas que os tinham traído, trabalhando para o comunismo internacional e, por fim, aos judeus que os haviam traído usando as forças econômicas para enfraquecer o esforço de guerra alemão.” (NETO, Vulmeron B. M.; A Propaganda Nazista e Seus Instrumentos e Estratégias; p. 32).

Ao mesmo tempo que apresentavam tais grupos como os grandes culpados pela crise alemã, prometiam, com a purificação do país, a restauração da Alemanha como grande Potência Mundial. O crescimento do partido se deu de forma extremamente rápida, “os números conseguem dar a dimensão da proliferação dos nazistas pelo território alemão: 27 mil em 1925; 108 mil em 1928; 176 mil em 1929; 389 mil em 1930; 806 mil em 1931; 1.414 milhão em 1932. Expressiva desse avanço é a vitória alcançada pelos nacional-socialistas nas urnas em 1930, quando de doze passaram a ocupar 107 das 577 cadeiras do Reichstag (Parlamento).” (PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla; Faces do Fanatismo; p. 106.)

Hitler lutou na Primeira Guerra, defendendo a Alemanha como cabo mensageiro e, após o fim da guerra, passa a se dedicar ainda mais à política e logo obtém uma posição de prestígio no NSDAP. Em 30 de janeiro de 1933, Hitler chega ao poder de forma legal, sendo nomeado chanceler da Alemanha. O Programa de 25 Pontos (Das 25-Punkte-Programm der Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei) foi o programa político do Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), que mais tarde se transformou no NSDAP, tendo sido lançado em 1920. Seu conteúdo é o seguinte: 1. Nós exigimos a união de todos os alemães numa Grande Alemanha com base no princípio da auto-determinação de todos os povos. 2. Nós exigimos que o povo alemão tenha direitos iguais àqueles de outras nações; e que os Tratados de Versalhes e St. Germain sejam abolidos. 3. Nós exigimos terra e território para a manutenção do nosso povo e o assentamento de nossa população excedente.

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4. Somente aqueles que são nossos compatriotas podem se tornar cidadãos. Somente aqueles que tem sangue europeu, independente do credo, podem ser nossos compatriotas. Por esta razão, nenhum judeu pode ser um compatriota. 5. Aqueles que não são cidadãos devem viver na Alemanha como estrangeiros e devem ser sujeitos à lei de estrangeiros. 6. O direito de escolher o governo e determinar as leis do Estado pertencerá somente aos cidadãos. Nós portanto exigimos que nenhuma repartição pública, de qualquer natureza, seja no governo central, na província, ou na municipalidade, seja ocupada por qualquer um que não seja um cidadão. Nós combatemos a administração parlamentar corrupta pela qual homens são indicados para vagas por favor do partido, não importando caráter e aptidão. 7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. Se não puder ser possível alimentar toda a população, então os estrangeiros (não-cidadãos) devem ser expulsos do Reich. 8. Qualquer imigração adicional de não-alemães deve ser prevenida. Nós exigimos que todos os não-alemães que entraram no país desde 2 de Agosto de 1914 sejam forçados a deixar o Reich imediatamente. 9. Todos os cidadãos devem possuir iguais direitos e deveres. 10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos. Portanto, nós exigimos: 11. Que toda renda não merecida, e toda renda que não venha de trabalho, seja abolida. Quebrando as Algemas do Interesse 12. Como cada guerra impõe sobre o povo sacrifícios em sangue e bens valiosos, todo lucro pessoal proveniente da guerra deve ser tratado como traição ao povo. Nós portanto exigimos o confisco total de todos os lucros de guerra. 13. Nós exigimos a nacionalização de todos os grupos investidores. 14. Nós exigimos participação dos lucros em grandes indústrias. 15. Nós exigimos um aumento generoso em pensões para idade avançada. 16. Nós exigimos a criação e manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores entreguem os suprimentos necessários aos Estado, às províncias e municipalidades. 17. Nós exigimos uma reforma agrária de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de toda especulação na terra.

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18. Nós exigimos que uma guerra dura seja travada contra aqueles que trabalham para o prejuízo do bem-estar comum. Traidores, usurários, aproveitadores, etc., serão punidos com morte, independente de credo ou raça. 19. Nós exigimos que a lei romana, que serve a um arranjo materialista do mundo, seja substituída pela lei comum alemã. 20. A fim de tornar possível para todos os alemães capazes e industriosos obter educação mais elevada, e assim a oportunidade de alcançar posições de liderança, o Estado deve assumir a responsabilidade de organizar completamente todo o sistema cultural do povo. Os currículos de todos os estabelecimentos educacionais serão adaptados para a vida prática. A concepção da ideia do Estado (ciência de cidadania) deve ser ensinada nas escolas desde o início. Nós exigimos que crianças especialmente talentosas de pais pobres, quaisquer que sejam suas classes sociais ou ocupações, sejam educadas às custas do Estado. 21. O Estado tem o dever de ajudar a elevar o padrão de saúde nacional fornecendo centros de bem-estar maternal, proibindo trabalho infantil, aumentando aptidão física através da introdução de jogos compulsórios e ginástica, e pelo maior encorajamento possível de associações relacionadas com a educação física do jovem. 22. Nós exigimos a abolição do exército regular e a criação de um exército nacional (popular). 23. Nós exigimos que haja uma campanha legal contra aqueles que propaguem mentiras políticas deliberadas e disseminem-nas através da imprensa. A fim de tornar possível a criação de uma imprensa alemã, nós exigimos: (a) Todos os editores e seus assistente em jornais publicados na língua alemã deverão ser cidadãos alemães. (b) Jornais não-alemães deverão somente ser publicados com a permissão expressa do Estado. Eles não deverão ser publicado na língua alemã. (c) Todos os interesses financeiros em, ou de qualquer forma afetando jornais alemães serão proibidos a não-alemães por lei, e nós exigimos que a punição por transgredir esta lei seja a imediata supressão do jornal e a expulsão dos não-alemães do Reich. Jornais que transgridam o bem-estar comum serão suprimidos. Nós exigimos ação legal contra aquelas tendências na arte e literatura que tenham influência ruidosa sobre a vida do nosso povo, e que quaisquer organizações que que atentem contra as exigências agora mencionadas sejam dissolvidas. 24. Nós exigimos liberdade para todas os credos religiosos no estado, à medida que eles não coloquem em risco a existência ou ofendam a moral e senso ético da raça germânica. O Partido como tal representa o ponto-de-vista de um cristianismo positivo sem ligar-se a qualquer credo particular. Ele luta contra o espírito judaico materialista internamente e externamente, e está convencido de que uma recuperação duradoura do nosso povo só pode vir de dentro, sobre o princípio:

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Bem comum antes do bem industrial 25. A fim de executar este programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e todas as suas organizações. A formação de comitês profissionais e de comitês representando os vários estados do país, para assegurar que as leis promulgadas pela autoridade central sejam executadas pelos estados federais. Os líderes do partido assumem a responsabilidade de promover a execução dos pontos agora mencionados a todo custo, se necessário com o sacrifício de suas próprias vidas.

Com sua grande capacidade para oratória, passa a conquistar grandes audiências e muitos seguidores adeptos de seus discursos. Era incorporada a sua fala uma grande carga emotiva e extrema convicção, sempre projetando os ressentimentos de uma nação para um alvo definido como culpado e causador de todos esses problemas. Além do uso da oratória em seus discursos e comícios, Hitler viu a importância da propaganda, tendo feito uso de inúmeras ferramentas e meios de comunicação como rádio, cinema, artes, imprensa, música, cartazes, eventos, entre outros. “Compreendi, desde logo, que a aplicação adequada de uma propaganda é uma verdadeira arte, quase que inteiramente desconhecida dos partidos burgueses. (…) A que resultados formidáveis uma propaganda adequada pode conduzir, a guerra já nos tinha mostrado. Infelizmente tudo tinha de ser aprendido com o inimigo, pois a atividade, do nosso lado, nesse sentido, foi mais do que modesta. Justamente o insucesso total do plano de esclarecimento do povo do lado alemão, foi para mim um motivo para me ocupar mais particularmente da questão de propaganda.” (HITLER, Adolf. Mein Kampf. p. 167)

A propaganda no período nazista era fundamentada no princípio de que a massa é ignorante e que a mensagem deveria ser direta, objetiva e simples, sem se ater pontos muito complexos ou a um grande número de questões e que, assim, essa mensagem conseguiria ser assimilada pela massa, que essa massa tem sua compreensão e capacidade de reter a informação reduzidas. “A capacidade de compreensão do povo é muito limitada, mas, em compensação, a capacidade de esquecer é grande. Assim sendo, a propaganda deve-se restringir a poucos pontos. E esses deverão ser valorizados como estribilhos, até que o último indivíduo consiga saber exatamente o que representa esse estribilho. Sacrificando esse princípio em favor da variedade, provoca-se uma atividade dispersiva, pois a multidão não consegue nem digerir nem guardar o assunto tratado. O resultado é

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uma diminuição de eficiência e consequentemente o esquecimento por parte das massas. A propaganda deveria ser uma forma de entreter essas massas e não instruí-las de maneira didática, além de que deve ser produzida de forma a ser compreendida por qualquer espécie de público.” (HITLER, Adolf; Mein Kampf; p. 171)

Num momento inicial, no período pré-eleição de 1928 a 1930, o rádio foi utilizado como principal veículo de propaganda ideológica nazista, tendo a principal função de conseguir apoio e convocar a participação da massa. Foram produzidos rádios populares (Volksempfangänger), que eram vendidos para a população por preços baixíssimos, sintonizando apenas emissoras determinadas pelo partido. Passado esse período e com o partido já consolidado no poder, visto a importância que a propaganda tinha, para Hitler, na conquista do apoio popular, assim que ele assumiu o poder foi criado o Ministério do Reich para Esclarecimento Popular e Propaganda (Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaganda), em 13 de março de 1933, tendo Joseph Goebbels como ministro. É fácil entender a importância da propaganda para o estabelecimento de um governo no poder se pensarmos em sua definição: “Valendo-se de ideias e conceitos, a propaganda os transforma em imagens, símbolos, mitos e utopias que são transmitidos pela mídia. A referência básica da propaganda é a sedução, elemento de ordem emocional de grande eficácia na conquista de adesões políticas. Em qualquer regime, a propaganda é estratégica para o exercício do poder, mas adquire uma força muito maior naqueles em que o Estado, graças à censura ou monopólio dos meios de comunicação, exerce rigoroso controle sobre o conteúdo das mensagens, procurando bloquear toda atividade espontânea ou contrária à ideologia oficial. O poder político, nesses casos, conjuga o monopólio da força física e da força simbólica; tenta suprimir, dos imaginários sociais, toda representação do passado, presente e futuro coletivos que seja distinta daquela que atesta a sua legitimidade e cauciona o controle sobre o conjunto da vida coletiva. Em regimes dessa natureza, a propaganda política se torna onipresente, atua no sentido de aquecer as sensibilidades e tende a provocar paixões, visando a assegurar o domínio sobre os corações e mentes das massas.” (PEREIRA, Wagner P.; Cinema e propaganda política no fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo, p. 02)

Goebbels compartilhava da visão de Hitler a respeito da propaganda, entendendo que ela deveria ser simplificada, repetitiva e apelar ao emocional, visto que o indivíduo está muito mais propício a absorver uma mensagem quando esta não passa racional, sendo avaliada apenas de forma emocional pela pessoa. Segundo Joan Ferres (1998) a política não é vendida a partir da argumentação e sim a partir da ilusão. As ideias e projetos são substituídos por promessas vazias.

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Em seus diários, Goebbels afirma que: “A propaganda deve, portanto, ser sempre essencialmente simples e repetida. Afinal de contas, obterá resultados práticos, no sentido de influenciar a opinião pública, aquele que puder reduzir os problemas à sua expressão mais simples, e que tenha coragem de persistir em apresentá-las sempre na sua forma simplificada, apesar das objeções dos intelectuais.” (GOEBBELS, Joseph; 29/1/42)

O Ministério da Propaganda foi responsável por grande parte das produções cinematográficas da época, muitos dos filmes da época foram encomendados por Goebbels e Hitler. Vemos a presença do campo cinematográfico da época nas escolas, visto que de 62 mil existentes, 40 mil possuíam sala de projeção. Antes mesmo da ascensão de Hitler ao poder, já haviam sido produzido filmes com conteúdo nazista. “As produções cinematográficas que figuraram no “Terceiro Reich (...) constituíam 941 dos 1094 filmes, incluindo 295 melodramas e biografias, 123 filmes policiais e épicos de aventura. Quase metade delas – para ser preciso, 523 – eram comédias e musicais. Tais filmes parecem demonstrar que o regime nazista criou espaço para diversões inocentes; eles refletem, apontam os historiadores revisionistas, que a esfera pública não era completamente subjugada pelas instituições estatais.” (Cf. ALBRECHT, G. Nationalsozialistische Filmpolitik. Stuttgart: Enke, 1969. p. 96-97.)

Como Ministro da Propaganda, Joseph Goebbels via no cinema de entretenimento um vasto campo a ser explorado pela propaganda nazista. A maioria dos filmes produzidos na época abordavam a temática e ideologia nazista de maneira discreta, se tratando na maioria de filmes escapistas dedicados ao entretenimento que apresentavam questões político-ideológicas nazistas misturadas à ficção. Havia nesses filmes, frequentemente, uma dualidade entre o “bem” e o “mau”, extremamente apelativo ao emocional do expectador e não deixando-o com dúvidas em relação a qual personagem merecia sua admiração, sendo este sempre o estereótipo ariano. “Toda propaganda deve ser popular e estabelecer o seu nível espiritual de acordo com a capacidade de compreensão do mais ignorante dentre aqueles a quem ela pretende se dirigir. Assim a sua elevação espiritual deverá ser mantida tanto mais baixa quanto maior for a massa humana que ela deverá abranger. Tratandose, como no caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair ao seu círculo de atividade um povo inteiro, deve se proceder com o máximo cuidado, a fim de evitar concepções intelectuais demasiadamente elevadas. Quanto mais modesto for o seu lastro científico e quanto mais ela levar em consideração o sentimento da massa, tanto maior será o sucesso. (...) A arte da propaganda reside

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justamente na compreensão da mentalidade e dos sentimentos da grande massa. Ela encontra, por forma psicologicamente certa, o caminho para a atenção e para o coração do povo.” (HITLER, Adolf. Mein Kampf. p. 170)

Os filmes eram o meio mais utilizado para generalizar e estereotipar os tidos como “inimigos do Estado” de acordo com os preceitos nazistas. Os judeus eram sempre representados como serem inferiores, como personagens maldosos, degenerados que só buscavam os próprios interesses, que ameaçavam a integridade e pureza ariana, encarnando personagens como o destruidor do povo, conspirador, banqueiro desonesto, comunista, entre outros. Isso resultava na incitação do ódio e desprezo do povo alemão e reforçando assim o pensamento antissemita. Vemos isso em obras ficcionais como “O Judeu Süss” (Jud Süß, 1940), de Veit Harlan, que narra a história do judeu Süss, que “favorece seus irmãos de sangue sob as benesses do duque, cobra impostos abusivos, dá provas de crueldade contra os indefesos alemães e mostra-se um grande sedutor das damas daquela sociedade. Obcecado por Dorotea, ele torturará seu noivo para forçá-la a entregar-se aos seus perversos desejos. De fato, trata-se de uma sequência impagável: um afeminado Süss abana um lencinho branco pela janela, dando o sinal para que a tortura comece. A atormentada mulher ouve os gritos do noivo e sussurra orações de súplica, para deleite do judeu que, não satisfeito em assediá-la, ainda diverte-se com sua fé. Ela obviamente preferiria morrer a ceder, mas não suporta a tortura imposta a ambos e entrega-se ao vil judeu. Mas ela redimirá a vergonha tirando a própria vida: Dorotea deixa-se afogar em um lago. (...)Então segue-se a memorável (e terrível) cena da execução pública, com o judeu miseravelmente desesperado e aos gritos, clamando sua inocência, enquanto a jaula no qual ele é confinado é erguida numa altura vertiginosa.” (KURTZ. Adriana Schryver. O Cinema Nazista à Serviço do Holocausto Judeu (Ou um Percurso da Fábrica de Sonhos à Morte Industrial); p. 09) O filme ressalta características definidas como estereótipo judeu pelo regime nazista, como um povo desonesto, aproveitador e indigno. O filme atua de forma inconsciente no telespectador, conquistando-o de forma emocional pela dualidade entre herói versus vilão estabelecida, sem apelar para um discurso político que, normalmente, passaria pelo lado racional, mas sim com a utilização de uma obra ficcional que conquista o espectador para a causa através de um julgamento emocional.

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Além de filmes com caráter escapista, que visavam influenciar e alcançar o apoio principalmente as massas de forma desapercebida, foram produzidos filmes que destacavam a importância do jovem para a nação, exaltando para conceitos morais e patriotas como fraternidade, companheirismo e espirito de entrega a uma causa, como um mártir, e enaltecendo sua participação na militância e apresentando-a como indispensável, características que marcaram a Juventude Hitlerista (Hitlerjugend). Em “O Triunfo da Vontade” (Triumph des Willens), de Leni Riefenstahl, vemos esse apelo de forma direta, nas palavras de Hitler: “Precisamos criar um novo homem para nossa raça não sucumbir ao fenômeno da degeneração típica dos tempos modernos”. Outra temática recorrente no cinema era a glorificação do Führer, como por exemplo “A Vitória da Fé” (Der Sieg des Glaubens, 1933), de Leni Riefenstahl, que apresentava o primeiro Congresso do Partido Nazista em Nuremberg, com Hitler no poder. Uma produção que deve ser destacada das demais é o documentário Der Führer Schenckt die Juden eine Stadt (O Führer Doa uma Cidade aos Judeus, 1944), de Kurt Gerron. Nele, a realidade do campo de concentração de Theresienstadt foi maquiada e manipulada a fim de ser apresentada à Alemanha e à comunidade internacional como um “paraíso terrestre” doado aos judeus, que eram apresentados como “hospedes” do Reich. No documentário, é apresentada uma rotina “cuja programação incluía lúdicas apresentações musicais, atividades esportivas, manhãs de lazer em oficinas especiais e tardes de leitura em bibliotecas.” (KURTZ. Adriana Schryver. O Cinema Nazista à Serviço do Holocausto Judeu (Ou um Percurso da Fábrica de Sonhos à Morte Industrial); p. 04) Theresienstadt foi um campo de concentração modelo, que recebia visitas das comissões internacionais de direitos humanos e para onde eram mandados parte dos intelectuais e artistas judeus. Os próprios prisioneiros eram atores do documentário, eles eram maquiados para esconder as marcas do cativeiro e do trabalho forçado, sendo obrigados a seguir um roteiro que fantasiava a realidade do campo de concentração e após a representação, muitos eram assassinados. “Monika fora forçada a participar da filmagem da propaganda [...] Ela tinha de tomar conta das crianças que comiam pão com manteiga diante das câmeras enquanto atrás delas havia guardas com armas prontas para disparar [...] Não apenas as crianças, mas também todos os demais sumiram imediatamente após o término das filmagens” (MANN, Frido. Terezín – Hitler Oferece uma Cidade aos Judeus; p. 248, 249).

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A estratégia da propaganda nazista consistiu primordialmente na apresentação de uma situação problema – a crise econômica, a “degeneração” da raça ariana, etc – e a apresentação de uma solução – o regime nazista, como é feito na propaganda de qualquer tipo. Oferecia-se, através da propaganda, uma realidade perfeita e utópica, melhor do que a realidade vivida pelo povo alemão, tendo Hitler, o Führer, como salvador, messias. Eram utilizadas estratégias difundidas da propaganda como a repetição incansável de uma mesma ideia até que ela se torne uma verdade absoluta, o que funcionava de maneira ainda mais eficaz por conta do monopólio da mídia pelo partido nazista. Buscava-se também criar um senso de comunidade e transformar os ideais nazistas em opinião comum, fazendo com que o povo alemão partilhe de um sentimento de união e pertencimento. Isso é facilmente percebido nos megacomícios. “O showmício, no qual políticos e números musicais se alternam diante do público, bem como a utilização de astros de telenovela como cabos eleitorais, mostram o quanto Goebbels estava certo ao dar uma forma de entretenimento ao cotidiano político. (…) Sua sutil mistura de propaganda e divertimento apresentava resultados concretos, malgrado o desprezo por parte dos intelectuais, que não compreendiam porque um doutor em filosofia fazia uma propaganda tão simples, apelando basicamente para emoções. Mas ele estava no caminho certo. Assim, contrariando algumas concepções de seus colegas, criou uma forma de ação de propaganda na qual os símbolos nazistas dividiam espaço com diversão e escapismo” (REES, Laurence. Vende-se Política).

Jônatas Marosin, em seu texto “A Influência da Propaganda Nazista no Marketing Político Atual” destaca uma série de “leis” que serviram como preceitos para a propaganda nazista, sendo elas: Lei da Simplificação, Lei da Ampliação, Lei da Orquestração, Lei da Transfusão e Lei da Unanimidade. A Lei da Simplificação e do Inimigo Único consistem em resumir e transferir a culpa de uma situação complexa – a crise na Alemanha – para um único grupo – os judeus, e toda a esperança de recuperação para um único elemento – o Führer. Na Lei da Ampliação e Desfiguração consiste na evidenciação de notícias favoráveis e ocultamento de informação desfavorável, sendo isto facilitado em um sistema totalitário como foi o nazismo, por conta do monopólio dos meios de comunicação pelo NSDAP. O partido buscava ilustrar os estrangeiros de forma depreciativa, como inimigos, os soviéticos como violentos, os franceses como covardes e os judeus, principal alvo, como aproveitadores sem pátria. A Lei de Orquestração consiste na repetição de uma mesma ideia e de um mesmo tema durante um longo período

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de tempo. A Lei de Transfusão conta com a transmissão dos valores de uma ideia já consolidada para outra, foi o caso da mitologia que foi utilizada como justificativa para a superioridade racial ariana. A Lei de Unanimidade e Contágio contava com a organização de grandes comícios, desfiles e discursos, bem como a organização de grupos como a Juventude Hitlerista e a Liga das Moças Alemãs que reuniam a população e provocavam um sentimento de união, criando a ilusão de um “corpo” homogêneo maior. Para relacionar o tema ao contexto atual, é interessante ressaltar um trecho do mesmo texto de Jônatas Marosin: “A cada novo ano eleitoral no Brasil, seja para qual for o cargo pretendido, em qualquer das escalas de poder, nota-se a utilização crescente de uma variada gama de táticas do marketing nas campanhas políticas. Esta prática fica evidente quando, uma das primeiras providências a ser tomada em uma corrida eleitoral, pelos respectivos comitês políticos, é a montagem das equipes responsáveis pela comunicação da campanha que irá iniciar. São profissionais renomados que ganham fama e enriquecem currículos elegendo candidatos país afora. As mesmas providências e cuidados em relação à comunicação são tomadas nos governos já constituídos, para construir, manter ou melhorar sua imagem junto ao público.”

Em paralelo à imagem midiática fornecida pelo NSDAP, encontravam-se os atos de perseguição e extermínio que não eram apresentados à população de forma clara. Foram criadas Leis de Nuremberg, promulgadas em setembro de 1935, que privavam o convívio e participação social dos judeus. Elas eram divididas em dois tópicos, sendo eles as “Leis para os cidadãos do Reich” e “Lei para a defesa do sangue e da honra”. Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães de 15 de setembro de 1935 Seção 1 1. Ficam proibidos os matrimônios entre os judeus e cidadãos alemães ou de sangue alemão. Os matrimônios concluídos em desafio desta lei são nulos, até mesmo se, com a finalidade de esquivar desta lei, forem concluídos no exterior. 2. Os procedimentos para anulação só podem ser iniciados pelo promotor público. Seção 2 São proibidas as relações sexuais fora do matrimônio entre os judeus e alemães ou de sangue alemão. Seção 3 Não será permitido aos judeus empregar criadas domésticas alemãs ou com sangue alemão.

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Seção 4 1. É proibido aos judeus exibir a bandeira nacional ou as cores nacionais do Reich. 2. Em compensação, é permitida a exibição das cores judias. O exercício desse direito é protegido pelo Estado. Seção 5 1. Uma pessoa que agir contra a proibição da Seção 1 será castigada com trabalhos forçados. 2. Uma pessoa que agir contra a proibição da Seção 2 será castigada com prisão ou com trabalhos forçados. 3. Uma pessoa que agir contra as determinações das Seções 3 e 4 será castigada com prisão de até um ano e multa ou com uma dessas penalidades. Seção 6 O Ministro do Interior do Reich, de acordo com o substituto do Führer e do Ministro da Justiça, emitirá os regulamentos legais e administrativos requeridos para a aplicação e suplementação desta lei. Seção 7 A lei entrará em vigor um dia após sua promulgação, porém a Seção 3 só entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 1936. Lei de Cidadania do Reich de 15 de Setembro de 1935 Artigo 1º §1. Um sujeito de um Estado é uma pessoa que pertence à união protetora do Reich Alemão, e que portanto, tem obrigações particulares em relação ao Reich. §2. O status de sujeito é adquirido de acordo com as provisões da Lei de Cidadania do Reich e do Estado. Artigo 2º §1. Um cidadão do Reich é somente aquele sujeito que é de sangue alemão ou aparentado e que, através de sua conduta, mostra que é tanto desejoso quanto apto para servir lealmente ao povo e ao Reich alemão. §2. O direito à cidadania é adquirido por concessão de documentos de cidadania do Reich. 3. Somente o cidadão do Reich goza plenos direitos políticos de acordo com a provisão das leis. Artigo 3º O Ministro do Interior do Reich em conjunção com o representante do Führer emitirão os decretos legais necessários para executar e suplementar esta lei.

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Lei de Cidadania do Reich: Primeira Regulamentação de 14 de novembro de 1935 Artigo 1º §1. Até que regulamentações adicionais referentes a documentos de cidadania sejam emitidas, todos os sujeitos de sangue alemão ou aparentado, que possuíam o direito de votar nas eleições do Reichstag no tempo em que a Lei de Cidadania veio a ter efeito, possuirão por enquanto os direitos de cidadãos do Reich. O mesmo será verdadeiro para aqueles a quem o Ministro do Interior do Reich, em conjunção com o representante do Führer, deu cidadania preliminar. §2. O Ministro do Interior do Reich, em conjunção com o representante do Führer, pode revogar a cidadania preliminar. Artigo 2º §1. As regulamentações no Artigo 1º são também válidas para os sujeitos do Reich de sangue judeu mestiço. §2. Um indivíduo de sangue judeu mestiço é um que descende de um ou dois avós que eram racialmente 100% judeus, na medida que ele ou ela não contam como um judeu de acordo com a Artigo 5º, §2. Um avô será considerado como 100% judeu se ele ou ela pertenceu à comunidade religiosa judaica. Artigo 3º Somente o cidadão do Reich, como portador de plenos direitos políticos, exerce o direito de voto em assuntos políticos ou pode assumir cargo público. O Ministro do Reich do Interior, ou qualquer agência empossada por ele, pode fazer exceções durante o período de transição, com relação à ocupação de cargo público. Os negócios de organizações religiosas não serão afetados. Artigo 4º §1. Um judeu não pode ser um cidadão do Reich. Ele não tem direito a votar em negócios políticos e ele não pode ocupar cargo público. §2. Funcionários públicos judeus se aposentarão em 31 de Dezembro de 1935. Se esses funcionários serviram no front na guerra mundial, ou pela Alemanha ou por seus aliados, eles receberão no total, até que atinjam a idade limite, a pensão à qual eles tinham direito de acordo com o último salário que receberam; entretanto, eles não progredirão em idade avançada. Após alcançar a idade limite, suas pensões serão calculadas novamente, de acordo com o último salário recebido, na base do qual suas pensões foram calculadas. §3. Os negócios de organizações religiosas não serão afetados. §4. As condições de serviço de professores em escolas públicas judaicas continuam inalteradas até que novas regulamentações para os sistemas de escola judaica sejam emitidas. Artigo 5º §1. Um judeu é qualquer um que descenda de no mínimo três avós que são 100% judeus. Artigo 2º, §2, segunda sentença será aplicada.

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§2. Um judeu é também um que é descendente de dois pais judeus, se (a) ele pertencia à comunidade religiosa judaica no tempo que esta lei foi emitida, ou ingressou na comunidade depois, (b) ele era casado com uma pessoa judia, no tempo que a lei foi emitida, ou casado com um subsequentemente, (c) ele é o fruto de um casamento com um judeu, no sentido da Seção 1, que foi contraído depois que a Lei Para a Proteção do Sangue e Honra alemães entrou em vigor, (d) ele é o fruto de uma relação extra-marital com um judeu, de acordo com a Seção 1, e nascerá ilegítimo após 31 de julho de 1936. Artigo 6º §1. Requisitos para a pureza do sangue como estipulados na Lei do Reich ou em ordens do NSDAP e seus escalões - não cobertos no Artigo 5º - não serão afetados. §2. Quaisquer outros requisitos para a pureza do sangue, não cobertos no Artigo 5º, podem ser feitos somente através de permissão do Ministro do Interior do Reich e do representante do Führer. Se quaisquer demandas forem feitas, elas serão inválidas a partir de 1º de janeiro de 1936, se elas não tiverem sido exigidas pelo Ministro do Interior do Reich em acordo como o representante do Führer. Essas demandas devem ser feitas pelo Ministro do Interior do Reich. Artigo 7º O Führer e Chanceler do Reich pode conceder dispensa das regulamentações estipuladas na lei.

O controle da população era extremo e exercido tanto de forma ideológica quanto militar. De forma ideológica, através da intenso bombardeio midiático e do ensino controlado segundo os padrões nazistas desde jovem, visto que meninas eram obrigadas a frequentar instituições que as ensinavam economia domestica e noções de enfermagem, e a educação masculina, separada, era preparatória para que jovens ingressassem na Juventude Hitlerista e, posteriormente, eram induzidos a escolher entre a Juventude Hitlerista, ou as subdivisões Juventude Hitlerista da Marinha, Juventude Hitlerista da Aviação ou Juventude Hitlerista das Divisões Motorizadas. De forma militar, o controle era feito pela SS (Schutzstaffel), SA (Sturmabteilung), SD (Sicherheitsdienst) e Gestapo. Essas unidades se articulavam para eliminar os inimigos do Estado (judeus, comunistas, homossexuais, entre outros). O crescimento desse poderio militar se deu de forma muito rápida, podemos ver isso acompanhando o número de membros da SS. Em 1932, contavam com 60 mil membros; em dois anos, chegou a 100 mil; em 1939, já contava com 240 mil membros e, durante a Segunda Guerra, chegou a um milhão de membros. Após a criação das Leis de Nuremberg, a discriminação se tornou algo legitimado e assim conseguiu obter ainda mais força. Em apoio as Leis de Nuremberg, foi determinado que en-

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quanto a Gestapo estivesse cumprindo a vontade da liderança nazista, ela estaria agindo legalmente e estaria isenta de qualquer responsabilidade legal de um eventual processo. Ainda demonstrando o poder da polícia secreta de Hitler, está a “custódia protetora” (Schutzhaft), que era a “permissão” para prender qualquer cidadão sem motivo determinado. Era assinado um termo que dizia que o cidadão pediu para ser preso “por medo de ser ferido em pessoa”, porém, esse termo normalmente era assinado sob tortura. Inicialmente, surgiram os guetos judaicos, onde muitos judeus foram exilados possuindo condições miseráveis, praticamente sem acesso à alimentação e higiene, e onde a presença da força militar nazista era fortíssima. Os guetos eram uma medida provisória para o controle e segregação da população judaica. Foram implementados os campos de concentração, alguns designados à prisão e ao trabalho forçado, outros ao extermínio, que buscavam por em pratica a “solução final”, ou seja, o plano de aniquilação completa do povo judeu e dos demais “inimigos do Estado”. Muitos alemãs não tinham conhecimento das condições e reais objetivos dos campos de concentração, visto que essa realidade era camuflada através da propaganda Nazista. Existiram também os Einsatzgruppen (unidades móveis de extermínio), que realizaram o assassinato de milhares de pessoas em operações de asfixia por gás. O maior campo de extermínio foi Auschwitz-Birkenau, inaugurado em 1940. Já no inicio de 1943, possuía quatro câmaras de gás e, em seu auge de deportações, calcula-se que mais de 6.000 judeus eram asfixiados por dia neste campo de concentração. Lista dos principais campos de concentração. 1. Dachau, em 1933, na Alemanha; 2. Sachsenhausen, em 1936, na Alemanha; 3. Buchenwald, em 1937, na Alemanha; 4. Flossenbürg, em 1938, na Alemanha; 5. Neuengamme, em 1938, na Alemanha; 6. Ravensbruck, em 1939, na Alemanha; 7. Stutthof, em 1939, na Alemanha;

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8. Gross-Rosen, em 1941, na Alemanha; 9. Natzwiller-Stutthot, em 1941, na Alsácia; 10. Mauthausen, em 1941, na Aústria; 11. Bergen-Belsen, em 1943, na Alemanha; 12. Dora, em 1943, na Alemanha. Lista dos principais campos de concentração encarregados do extermínio em massa 1. Aushwitz, em 1940; 2. Chelmno, em 1941; 3. Maïdanek, em 1941; 4. Sobibor, em 1942; 5. Treblinka, em 1942; 6. Belzec, em 1942. Estatística do número de Judeus – 1948 versus 1955:

1948

1955

População judaica na América do Norte

4.971.261

5.222.000

População judaica na América do Sul

226.958

638.030

9.372.666

3.424.150

População judaica na Ásia

572.930

1.609.520

População judaica na África

542.869

675.500

População judaica na Oceania

26.954

58.250

População judaica mundial:

15.753.638

População judaica na Europa

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11.627.450


An谩lise Psicol贸gica 21


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Para uma compreensão da temática com base numa análise psicológica, foram utilizados dois autores que teorizam a respeito do nazismo, buscando compreender e explicar suas causas, sua estrutura e consequências. Erich Fromm (1900 – 1980), foi um psicanalista, filósofo e sociólogo alemão, integrante da Universidade de Frankfurt junto a figuras como Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, entre outros. Em seu livro “O Medo à Liberdade”, discorre sobre a problemática presente na relação entre indivíduo x liberdade e sociedade x liberdade. Tendo vivenciado o período do nazismo, no capítulo “A Psicologia do Nazismo”, do mesmo livro, o teórico foca a relação de busca pela liberdade versus a psicopatia de um sistema autoritário, com enfoque no nazismo. Como apoio para o estudo, foi utilizado também uma tese de Alan Ricardo Duarte Pereira e outros dois artigos de internet sobre o capítulo em questão. Antonio Gramsci (1891-1937), outro autor a ser analisado, foi um filósofo político italiano. Durante o tempo em que foi preso, escreveu diversos cadernos que, posteriormente, foram compilados em uma obra intitulada “Cadernos do Cárcere”, que vem a ser analisada a seguir, o filósofo analisa se tanto o fascismo quanto o período inicial do nazismo, o qual pode vivenciar, podem ser caracterizados como uma revolução passiva. Como apoio é utilizada uma tese de Fernanda de Assis Ferreira e Ana Maria Said. Iniciando-se com Erich Fromm e sua teoria a respeito da liberdade, o autor explica que, para alguns, a liberdade pode ser algo muito almejado enquanto, para outros, uma ameaça e um peso. Para relacionar seu conceito de liberdade com o que ele caracteriza como processo de individuação, Fromm faz uma analogia com o nascimento e o crescimento de uma criança. No momento do nascimento, a criança se encontra desprotegida, ao qual Fromm denomina de vínculos primários, onde há uma ausência de individualidade, mas, justamente por essa ausência e cuidado de outros, há uma sensação de segurança e orientação. Conforme a criança rompe com esses vínculos primários, a criança passa a se perceber como sozinha no mundo, vendo que precisa fazer as coisas por si só e tomar suas próprias decisões. Muitas vezes, acaba assustada por ter que enfrentar o mundo sozinha, e, segundo Fromm, em sua analogia, é nesse período em que ela se apresenta propícia para aderir à pensamentos midiáticos e de massas já estruturados e prontos, ou seja, “surgem impulsos para se renun-

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ciar à própria individualidade, para superar o sentimento de isolamento e de impotência (...)” (FROMM, 1974, p.33). Nesse momento, a liberdade para o indivíduo acaba tendo uma conotação negativa, sendo um fardo a ser carregado, e assim surge o medo à liberdade. Acaba ocorrendo, com isso, quase que uma renuncia inconsciente à liberdade, que passa desapercebida pelo indivíduo. Aprofundando-se no capítulo “A Psicologia do Nazismo”, Fromm começa nos apresentando duas das principais teorias que buscam uma compreensão psicológica de regimes autoritários, com enfoque no nazismo. Na primeira, o nazismo é visto como fenômeno meramente político, econômico e cultural. Na segunda teoria, o nazismo é tido como inteiramente psicológico ou psicopatológico, na qual seus integrantes são vistos como mentalmente desequilibrados. Segundo Fromm, não se pode entender o nazismo como um fenômeno somente político ou somente psicológico, para ele “o nazismo é um problema psicológico, mas os próprios fatores psicológicos têm de ser interpretados como sendo moldados por fatores socioeconômicos; o fascismo é um problema econômico e político, mas sua aceitação por parte de toda uma nação tem que ser entendida a partir de uma base psicológica” (FROMM, 1974, p.243). Fromm ressalta que uma parte da população se submeteu ao nazismo sem apresentar muita resistência, embora não concordasse com suas práticas, grupo formado principalmente pela classe operária. Outro grupo, composto pela classe média inferior, católicos e pela burguesia liberal, aderiu à ideologia nazi com entusiasmo, tornando-se militantes. Fromm afirma que, de modo geral, a população mais velha constituiu a base de uma massa passiva, já a geração mais jovem teve uma participação ativa na luta nazi, muito por conta das propagandas voltadas para esse público (Hitler Youth). Segundo FROMM, “A ideologia nazi (...) exerceu nestes jovens uma atração emocional poderosa, atraindo-os para a causa nazi e transformando-os em lutadores e crédulos apaixonados” (FROMM, 1974, p.246). Boa parte da população foi convencida a aderir ao nazismo por conta do sentimento de que, sem a existência de outros partidos políticos, os quais foram abolidos, se opor ao nazismo seria o mesmo que se opor à própria pátria, apoiar o nazismo trazia consigo um sentimento de pertencimento à Alemanha.

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Muitos autores entendem o nazismo como tendo sido desencadeado pela crise econômica pós-guerra e pós Tratado de Versalhes, porém, Fromm afirma que “O nazismo nunca teve quaisquer princípios políticos ou econômicos genuínos. É indispensável compreender que o princípio mesmo do nazismo é seu oportunismo radical” (FROMM, 1974, p.255). Ainda segundo Fromm: Hitler resultou em um instrumento tão eficiente porque combinava as características do pequeno burguês, ressentido e cheio de ódios (...) com as do oportunista, disposto a servir aos interesses das grandes indústrias (...). (FROMM, 1974, p.255)

Hitler, segundo o autor, apresentava uma dicotomia em sua personalidade, ou seja, de um lado, apresentava uma necessidade masoquista de se render e submeter a um poder superior e, de outro, uma necessidade sádica de exercer poder sobre um ser considerado inferior. Fromm afirma que tal sentimento masoquista de se entregar à uma força superior é o mesmo que sentem as grandes massas de serem dominadas. O autor afirma que, nesse momento, bem como retomando o que foi dito acima, no momento da renuncia da liberdade, é difícil ver a diferença entre renunciar em silêncio e sacrificar-se de bom grado. Apresentando as chamadas racionalizações por Hitler, o autor aponta os argumentos utilizados pelo mesmo para convencer a população a acreditar e seguir seus ideais. A primeira racionalização diz que a dominação dos outros povos é necessária para a paz mundial e para os povos dominados. Ela defende que a paz mundial só é possível com a existência de uma cultura superior, que só será alcançada através da dominação. A segunda, que o desejo de poder é uma necessidade criada por forças superiores como, por exemplo, Deus e as chamadas por ele leis eternas da Natureza. Hitler, para embasar tal afirmação, utiliza-se de uma distorção do Darwinismo, ressaltando que esta seria uma necessidade natural e inata de “conservação da espécie”. A terceira diz que sua agressividade é uma reação contra outros que desejam dominar a raça alemã. Iniciando agora uma análise da teoria de Antonio Gramsci, com base na tese de Fernanda de Assis Ferreira e Ana Maria Said, é necessário contextualizar o cenário político em que Gramsci viveu, é necessário tomar conhecimento de que ele, italiano, na época do fascismo fez oposição ao regime de Mussolini e, por conta disso, foi condenado à prisão, onde desen-

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volveu seu trabalho como filósofo analisando o contexto em que viveu, “um século em que a história da humanidade fora marcada por um turbilhão de acontecimentos que levaram a cabo as tentativas de progresso que (...) levou o mundo a experimentar profundas transformações que hoje, ditas superadas, desembocam em grandes guerras, crises e tipos de governos que assombram o mundo.”. Em “Cadernos do Cárcere”, Gramsci discute se o fascismo foi uma revolução passiva, primeiro caracterizando o momento pré-revolução como um momento de crise orgânica do capitalismo e colapso do sistema vigente, que tornaram a atmosfera propícia para o surgimento de um pensamento e homem totalitário. Gramsci afirma que revoluções passivas não são propriamente revolução, pois elas, segundo ele, não geram um Estado novo, apenas fazem com que seja possível a manutenção do status da burguesia que se encontrava em um momento de crise, enquanto a massa não percebe essa diminuição de poder e se posiciona passivamente diante da retomada desse poder, sem buscar alterar a estrutura social vigente e colocar uma nova classe no poder. Segundo Gramsci, a crise da classe hegemônica buscava recuperar poder e via isso sendo possível somente através da força. Gramsci enumera três das causas da desagregação da classe dominante em decorrência da guerra: 1) porque grandes massas, anteriormente passivas, entraram em movimento, mas num movimento caótico e desordenado, sem direção, isto é, sem uma precisa vontade coletiva; 2) porque classes médias que tiveram na guerra funções de comando e de responsabilidade foram privadas disto com a paz, ficando desocupadas justamente depois de fazer uma aprendizagem de comando, etc.; 3) porque as forças antagônicas se revelaram incapazes de organizar em seu proveito esta desordem de fato (GRAMSCI, 2012, v.3, pp. 268-269). Assim, podemos entender que a revolução passiva pode ser entendida como uma revolução de restauração pois não traz mudanças no estrato social, apenas muda o modo de ser social, conservando e restaurando o status de poder da classe dominante, enquanto a massa de oposição encontrava-se desorganizada e desarticulada. Segundo o autor, essa desorganização dessas “massas amorfas” é fundamental para a ascensão de um regime totalitário e fascista. Nesse momento de enfraquecimento da classe hegemônica, essas “massas amorfas” deveriam se organizar para a tomada de poder. (GRAMSCI, 2012, v.3, pp. 268-269)

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1.

2.

3.

4.

5.

27

1, 2, 3. Propagandas nazistas 4. Cartaz do filme Jud S端ss 5. Manual de identidade do nazismo


6.

7.

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6. ComĂ­cio no PalĂĄcio dos Esportes (Sportpalast) 7. Jovens saudando Hitler


8.

9.

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8. Hitler no Congresso de Nuremberg 9. Décimo aniversário do NDSAP, 1933, Munique


10.

11. 6. Fotografia de boicote aos judeus. Nas placas: “Alemães! Se defendam! Não comprem de judeus.”. Berlim, 1933 30 7. Corpos no campo de concentração Buchenwald, Abril, 1945


12.

13. 8. Cova comunitária no campo de concentração Bergen-Belsen 31 9. Décimo aniversário do NDSAP, 1933, Munique


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Projeto 33


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O que? Plataformas para desenvolver o diálogo acerca do nazismo, botando em questão a dualidade entre a imagem transmitida pela propaganda midiática e a realidade do holocausto. Busca-se também humaniza-lo e torna-lo “palpável” para pessoas que não presenciaram ou não possuem algum tipo de ligação emocional com o tema. As plataformas propostas são uma instalação multimídia utilizando projeção mapeada e sensores interativos (programados na plataforma arduino) e uma brochura que não seja apenas composta por uma massa de texto, mas que possua interferências gráficas que aproximem a publicação do que seria um livro de arte. (ex.: Cosac Naify) * A vídeo instalação interativa já se encontra estruturada conceitualmente e já há uma ideia concreta de como ela será construida fisicamente e tecnicamente. Devido a extensão do projeto, a brochura ainda não foi pensada. Sua estruturação se dará durante as férias.

Para quem? O projeto busca trabalhar com jovens cuja formação ideológica ainda esteja em desenvolvimento; com o objetivo de fazê-los questionar as informações que chegam até ele e, também, de fazê-los perceber que consequências um pensamento fundamentalista e extremista pode acarretar. Onde? Idealmente, em instituições culturais abertas ao diálogo e que recebam um público diverso, além dos jovens. (ex.: CCBB, Caixa Cultural, Oi Futuro). Tema do projeto: Tratar a dualidade presente na representação do holocausto, sendo um lado o “belo” e nobre, apresentado pela propaganda, e o outro lado ocultado, sendo este a realidade da perseguição, da segregação e do extermínio em massa. Oportunidade e relevância: Apesar de uma diversidade midiática infinitamente maior que possuímos hoje em dia, ainda persiste o problema de parcialidade – em menor escala do que em comparação ao momento histórico destacado, obviamente – onde algumas mídias continuam a anunciar apenas uma versão de um fato determinado que seja favorável, de alguma maneira, à seus interesses. Mesmo com uma quantidade e diversidade enorme de informação, parte dessas mídias, muitas vezes, possuem um alcance de público muito grande e acabam tendo uma grande influência sob as massas.

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Podemos, então, traçar um paralelo entre a publicidade do regime nazista – que buscava apenas apresentar o lado belo e nobre do Nazismo – e alguns canais midiáticos atuais, que apresentam apenas uma parte dos fatos de algum ocorrido.

É interessante também tratar do assunto do fanatismo, visto que podemos perceber um recente aumento nos crimes de ódio ao redor do mundo, tanto físicos quanto através das redes sociais; é notável que pensamentos de extrema direita começam a circular cada vez mais. Torna-se relevante relembrar o genocídio ocorrido por conta de um pensamento xenofóbico, fanatista e fundamentalista num momento em que tais facetas ideológicas voltam a aparecer. (ex.: conflito no Oriente Médio, ataques neonazistas, bancada evangélica, entre outros). Apresentando o tema de forma mais conceitual e humanizada, despertando o emocional do leitor e aproximando-o dos ocorridos pode fazê-lo desenvolver um juízo de valor e se afastar de tais pensamentos fundamentalistas. O tema, normalmente apresentado por um ponto de vista histórico apenas, não gera tal aproximação. Além disso, objetiva-se estimulá-lo a questionar e refletir a respeito de informações que chegam até ele, incentivando-o a entender o contexto e buscar informações complementares, assim, não se deixando influenciar tanto por uma primeira informação que seja apresentada pela mídia. Problemas de design abordados: 1. Como trabalhar o fluxo de leitura e hierarquia em uma publicação não convencional 2. Quais técnicas podem ser exploradas em uma brochura para torna-la uma peça diferenciada 3. Como desenvolver uma linguagem e conceito coerentes para tanto a peça gráfica quanto a instalação 4. Que elementos utilizar para transmitir esse conceito em ambas as plataformas 5. Como estabelecer uma relação de sistema entre as peças Condições para viabilizar o projeto: 1. Desenvolvimento de uma publicação sobre o holocausto na aula de biônica 2. Início de uma linguagem e pensamento gráfico já desenvolvido 3. Oficinas sobre projeção mapeada 4. Oficinas sobre arduino e material disponível 5. Suporte na PUC por conta dos laboratórios

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A proposta é desenvolver uma instalação interativa audiovisual com a temática do nazismo e enfoque na dualidade existente entre a propaganda versus a realidade. É pretendido apresentar como primeira imagem, o que era visto na propaganda, o lado belo do nazismo que era apresentado à população da forma mais nobre e glorificada possível. Em um primeiro momento, o expectador terá contato com imagens dos grandes comícios e desfiles, dos uniformes impecáveis, do estereótipo da raça ariana pura e superior presente nos cartazes e filmes da época, dos discursos inflamados de Hitler e da admiração por parte das suas grandes audiências, do campo de concentração modelo como era Theresienstadt, do manual de identidade visual do NSDAP, e grupos como a Juventude Hitlerista e a Liga das Moças Alemãs. Tendo se deparado com essas imagens, o expectador, ao interagir com a exposição é colocado na posição de investigador e contestador dessa imagem pré-selecionada e apresentada e, assim, ele tem acesso ao outro lado dessa verdade que era ocultado pelas imagens anteriormente apresentadas, tendo agora contato com imagens dos campos de concentração e do extermínio que dominou a era nazi, dos guetos, da perseguição à toda uma comunidade e a autoafirmação de uma “raça” se sobrepujando à outra. O objetivo é fazer o expectador refletir a respeito da disparidade e distância entre a imagem divulgada pontos de vista em uma mesma questão e estabeleça um julgamento com base nelas, ao invés de agir como receptor passivo informações já pré-julgadas e com opiniões pré-formadas. A estética que será utilizada na instalação foi desenvolvida durante um trabalho para a aula de biônica, que também tratou da temática nazista. Nele, foram utilizadas frutas como metáfora para os elementos integrantes da história nazista. Maçãs foram utilizadas para representar o povo alemão, tendo a característica do apodrecimento gradativo da fruta utilizada como justificativa e motivação conceitual, esta, representando o pensamento antissemita sendo difundindo e penetrando no ideário do povo alemão, tornando-se uma verdade absoluta. O Kiwi foi escolhido para representar a parcela da população perseguida, principalmente os judeus. Dele, foi aproveitada a característica da carbonização gradativa, para fazer alusão a essa perseguição, tortura e extermino, que foram igualmente gradativos. O objetivo é salientar essas características “físicas” da fruta como algo sempre presente, se apresentando como uma associação conceitual em paralelo às imagens e sempre presente, apesar das imagens serem variantes.

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Imagens do trabalho realizado na disciplina de bi么nica


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Imagens do trabalho realizado na disciplina de bi么nica


É pretendido usar cada fatia de uma fruta como uma tela individual para projeção de um vídeo específico, como se fossem pequenos “amostras” de vídeo 3x4 cujo expectador escolhe um deles para focar sua atenção e adentrar em uma daquelas diversas histórias simultâneas (sejam elas relacionadas à propaganda nazista, com imagens projetadas sobre fatias de maçãs, ou sobre a perseguição e extermínio, com os vídeos projetados sobre os kiwis). O objetivo é apresentar a saturação e ao bombardeio da propaganda nazista à que o alemão era submetido. Contemplando aspectos técnicos da instalação, ela utilizará a técnica de video mapping, na um projetor irá projetar imagens hora nas fatias de maças, hora nas fatias de kiwis. No momento que o expectador adentrar a sala, estarão projetadas imagens relacionadas à propaganda sobre as maçãs. No momento em que o expectador esbarrar ou tocar em fatias de kiwis penduradas por fios no teto, será ativado um sensor de movimento ligado ao arduino (placa de programação que permite programar esse sensor), que desligará os vídeos da propaganda sobre as maçãs e apresentará, agora, vídeos dos guetos e campos de concentração sobre os kiwis. Espera-se trabalhar com o som também, fazendo experiências de sobrepor diversos áudios relacionados a propaganda, ressaltando a ideia de “bombardeio” por parte dos meios de comunicação controlados pelo NSDAP e em alguns momentos fazer com que o áudio de discursos específicos importantes se sobressaiam à massa sonora disforme, por exemplo. Também espera-se, a cada kiwi que seja ativado (cada um possuirá um sensor diferente), disparar um som que interrompa bruscamente essa massa amórfica que estava presente durante a projeção das imagens relacionadas à propaganda. A titulo de experimentação, foi desenvolvido um código simples de arduino combinado a dois sensores de movimento, idênticos aos que serão utilizados na instalação. O código funciona alternando o acendimento e desligamento de LED`s, que representam os vídeos que serão ligados e desligados. Segue o código abaixo e vídeo da estrutura em funcionamento encontra-se no seguinte endereço: https://www.dropbox.com/s/qqgz6n5kw2ztp2z/Projeto%20final%20mov.mp4?dl=0

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* A explicação do código encontra-se após //, em cinza *No vídeo, o LED branco representa o vídeo principal, contendo a propaganda nazista, e os LED`s vermelhos representam dois vídeos diferentes sobre o extermínio.

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Similares 45


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Holocausto 18 Camps Potion Design Los Angeles Museum of the Holocaust A obra 18 Camps apresenta displays interativos contam a época mais sombria do holocausto, cada um apresenta um campo de concentração específico. Cada tela apresenta fotografias históricas dos campos de concentração, histórias das vítimas, relatos de sobreviventes e dados estatísticos. Algumas telas apresentam, ainda, poemas e arte de sobreviventes.

Memory Pool Potion Design Los Angeles Museum of the Holocaust O Estúdio Potion Design desenvolveu a obra interativa Memory Pool, uma mesa interativa que conta e aproxima o usuário à histórias de milhares de famílias que presenciaram a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto através de fotografias e relatos. Na mesa interativa, estão dispostas digitalmente várias fotos das famílias, e o usuário pode escolher uma delas para se aprofundar na história da mesma.

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Tree of Testimony Los Angeles Museum of the Holocaust Tree of Testimony é uma vídeo-escultura que apresenta depoimentos de sobreviventes do holocausto em 70 telas diferentes, apresentando mais de 52,000 depoimentos. O visitante do museu pode escolher qual depoimento escutar em meio a todos os apresentados.

Eyewitness Interactive Table Potion Design United States Holocaust Memorial Museum Eyewitness Interactive Table é uma mesa interativa que apresenta depoimentos relacionados ao holocausto, além de informações, documentos e fotografias dessas pessoas.

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Livros Bartleby, o escrivão - Uma história de Wall Street Herman Melville Cosac Naify Para conseguir ler o livro, o leitor precisa descosturar a capa e cortar todas as páginas não refiladas, revelando, assim, o texto.

Primo Levi- Chemistry and Life Hila Ben-navat Projeto final que reconta a história de Primo Levi, escritor e sobrevivente do holocausto, de forma gráfica, colocando em evidências questões como a hierarquia em Auschwitz, a perda de identidade, entre outras.

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Projeção Mapeada White Frames Blow Factory Instalação que apresenta várias molduras nas quais são projetadas imagens dinâmicas, utilizando projeção mapeada.

Firewall Aaron Sherwood e Mike Allison Nesse exemplo há diversas tecnologias: Processing, Max/MSP, Arduino e Kinect. Processing é uma linguagem de programação de código aberto voltada para projetos visuais. Max/MSP é outra linguagem de programação para a composição de músicas e multimídia. Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica que pode ser utilizada para o desenvolvimento de objetos interativos. Kinect é um sensor de movimentos. Essas tecnologias integradas permitiram a criação dessa exposição interativa. O kinect capta os movimentos (profundidade que o tecido spandex é empurrado), e de acordo com isso acelera/aumenta a música ou o inverso (MAX/MSP). A projeção também muda com a interferência do toque do expectador, através da combinação do Kinect com Processing.

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Bibliografia http://www.lamoth.org/exhibitions/virtual-tour/ http://www.dexigner.com/news/22713 http://www.lamoth.org/support-the-museum/tree-of-testimony-usc-shoah-fo/ http://www.potiondesign.com/project/eyewitness/ http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/10900/Bartleby,-o-escriv%C3%A3o---Uma -hist%C3%B3ria-de-Wall-Street.aspx https://www.behance.net/gallery/338188/Primo-Levi-Chemistry-and-Life http://blowfactory.com/white-canvas http://vimeo.com/54882144 Fromm, Erich. Psicologia do Nazismo. In:___. O medo à Liberdade. Rio de Janeiro: Zahar, 1977. Cap. 6, p. 174-199. http://rafaelocremix.wordpress.com/2010/04/16/psicologia-do-nazismo-estudando-erichfromm-2/ http://www.filosofia.com.br/vi_classic.php?id=9 GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. 5. ed. Tradução de Carlos Nelson Coutinho, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. 6 v. GERWARTH, Robert. O Carrasco de Hitler. PINSKY, Jaime e Carla B.; Faces do Fanatismo. WILLIAMSON, Gordon. A Atuação da SS na II Guerra Mundial. COUTO, Sérgio Pereira. Dossiê Hitler. SANTOS, Valéria Cristiane Moura; Luz, Câmera, Hitler! Cinema e Propaganda a Serviço do Nazismo. HITLER, Adolf. Mein Kampf. NETO, Vulmeron Borges Marçal; A Propaganda Nazista, Seus Instrumentos e Estratégias. MAROSIN, Jônatas; A Influência da Propaganda Nazista no Marketing Político atual. KURTZ, Adriana Schryver. O Cinema Nazista À Serviço Do Holocausto Judeu (Ou Um Percurso Da Fábrica De Sonhos À Morte Industrial) PEREIRA, Wagner Pinheiro; Cinema e Propaganda Política no Fascismo, Nazismo, Salazarismo e Franquismo. MARTINO, Luís Mauro Sá; A estética da propaganda política em Goebbels.

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Cleo Lacoste 52


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