MANUAL DE REDAÇÃO E CORREÇÃO

Page 1

MANUAL DE REDAÇÃO E CORREÇÃO

"A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em dizer apenas o que é preciso" - La Rochefoucauld

I. APRESENTAÇÃO O presente trabalho destina-se a auxiliar monitores e monitorados na redação e revisão de peças processuais, nos padrões de estilo e correção praticados pelo escritório Cleto Gomes Advogados Associados. II. INTORDUÇÃO O fato de um texto se apresentar com correção gramatical não significa que esteja bem redigido. É importante também que o texto, de conteúdo legal ou não, seja coeso e coerente. Que tenha fluidez para o leitor, e que da exposição dos fatos decorra logicamente a conclusão. Para tanto, é preciso que as frases, parágrafos e capítulos guardem relação entre si, sem solavancos ou rupturas e sem retomadas para complementação de idéias incompletas deixadas para trás. Levar em consideração o leitor também é de primordial importância. Para Charles E. Redfield, "aquele a quem se fala é, muitas vezes, tão importante quanto aquilo que se diz, já que a pergunta a quem determinará, em grande parte, como deve ser feita a comunicação"1. A intenção é outro fator relevante a ser observado na redação de um texto: quem escreve deve saber claramente seu propósito. É preciso, portanto, ser objetivo, claro, conciso, preciso, evitando-se o supérfluo. III. DO ESTILO E FORMATAÇÃO BÁSICA A definição e manutenção de um determinado estilo de redação e apresentação adotada por empresas, escritórios, meios de comunicação tem como objetivo a criação de uma marca, um estabelecimento de valor no mercado em que atuam. Por isso a estrita observância dos sinais característicos utilizados nos documentos oficiais é tão importante. No nosso escritório, todas as petições ou outros documentos oficiais devem obedecer rigorosamente aos seguintes parâmetros:


III.I Petições impressas e petições enviadas por protocolo digital a) Fonte A fonte padrão utilizada nos documentos impressos é a Arial, tamanho 11, na cor preta. A primeira linha deverá ter margem com recuo de 3,0 cm. As citações feitas em parágrafo próprio deverão ser feitas em fonte Arial, tamanho 10 e recuo de 5,0 cm. Deve ser evitado o uso indiscriminado de fontes em negrito em itálico, à exceção, quanto a essas últimas, da utilização de palavras estrangeiras e citações realizadas no corpo do texto. b) Espaçamento As linhas deverão ter espaçamento simples, com dois espaços entre os parágrafos e vedada a quebra de página no meio dos parágrafos. Entre o endereçamento das petições e a qualificação das partes, deverá haver espaçamento mínimo de 10 parágrafos. c) Títulos As petições deverão ser tituladas, de acordo com a peça que representam: Contestação, Recurso, etc., entre o endereçamento e a qualificação das partes em fonte Arial, tamanho 12, negrito. Os capítulos da petição também deverão ser destacados em fonte Arial, tamanho 12, negrito, podendo ou não ser sublinhados. d) Formatação das páginas Tendo em vista o tamanho especial do papel timbrado utilizado pelo escritório, as petições impressas deverão ter a seguinte formatação de página:


III.II E-mails Os e-mails disponibilizados pelo escritório Cleto Gomes Advogados Associados são para uso corporativo, ou seja, exclusivamente para o desempenho das atividades profissionais de cada colaborador e deverão seguir às regras de estilo abaixo estabelecidas. Qualquer alteração desse padrão somente será realizada por iniciativa e autorização da Diretoria. a) Fonte Todos os e-mails corporativos deverão ser redigidos em fonte Arial, tamanho 11, na cor vermelha. b) Papel de Carta Deverá ser utilizado o papel de carta oficial contendo a logomarca do escritório, assim como o rodapé contendo advertência quando à confidencialidade das informações constantes do e-mail. c) Assinatura A assinatura dos e-mails do escritório deverá conter o nome do colaborador, o departamento a que pertence e os dados do escritório, conforme modelo padrão criado pela área de informática. IV. COMO ELABORAR PETIÇÕES As petições têm por objetivo apresentar com fidelidade idéias, fatos e fundamentos jurídicos essenciais à defesa do cliente. Sua elaboração é bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente e compreensão do objeto da demanda e da pretensão da parte adversa, análise detalhada dos fatos e fundamentos jurídicos, elaboração da estratégia a ser seguida, incluindo a hierarquização dessas idéias e redação clara e objetiva do texto final. As petições, embora possam apresentar várias formas e estruturas, devem reproduzir com clareza e objetividade a tese defendida e as articulações lógicas que conduzem dos fatos à conclusão, passando pela fundamentação jurídica, de modo a convencer o destinatário do seu ponto de vista. Copiar partes de textos e manuais é permitido, porém devem ser utilizado com parcimônia e somente nos casos em que a matéria discutida suscite algum tipo de controvérsia doutrinária que deva ser dirimida pelo julgado, sob pena de tornar o texto da petição enfadonho e desinteressante a quem lê. Nesses casos, os excertos devem ser breves e ter o autor corretamente identificado (autor, obra e página, editora e ano de publicação). Uma seqüência de ações para elaboração de uma boa petição é a seguinte: a) no caso de petições iniciais, conversar com o cliente quantas vezes for necessário para entender a pretensão, anotando de forma detalhada tudo o quanto for tido por relevante e reduzindo a termo o resultado dessas conversas;


b) na realização de defesas e recursos, ler atentamente as petições da parte adversa, destacando os fatos e argumentos significativos para a demanda; c) identifique a idéia principal a ser combatida, bem como a organização do pedido formulado e as idéias e conseqüências secundárias correlacionadas; d) esquematize o que deverá ser argumentado/rebatido, em estrutura de tópicos logicamente ordenados; e) redija o texto. Se necessário, reescreva. Se um capítulo está muito abaixo do seu nível de qualidade, ou se o artigo ficou sem pé nem cabeça, às vezes vale mais a pena reescrevê-lo do zero do que tentar consertar; f) não utilize palavras ou expressões cujo significado lhe seja desconhecido. Termos e palavras simples são mais fáceis de compreender e assimilar do que terminologia rebuscada ou arcaica. Nada empobrece mais uma tese do que uma palavra usada fora de contexto ou de significado; g) utilize parágrafos curtos e sucintos, tratando de um assunto de casa vez em seqüência lógica. Parágrafos imensos, tratando de diversos assuntos, tornam-se confusos e cansativos e acabam não sendo assimilados (as vezes nem mesmo lidos); h) pesquise o entendimento dos Tribunais e utilize sempre jurisprudência atualizada; i) revise o texto final. Se necessário, retorne aos itens anteriores. V. DO MONITORAMENTO Todos os advogados que iniciam suas atividades junto ao escritório Cleto Gomes Advogados Associados passam por um período de monitoramento, que servirá para estabelecer o nível de conhecimento técnico, as habilidades para solução de problemas, proatividade, interesse, evolução, ritmo de trabalho, habilidades de assumir novos desafios, entre outras características que também são permanentemente avaliadas no caso do monitoramento dos estagiários. Para que essa atividade seja profícua para ambas as partes, monitores e monitorados deverão estabelecer uma relação de parceria em que deverão ser respeitadas as seguintes diretrizes: a) monitorado e monitor deverão estabelecer um plano de trabalho, em que restará definida a forma com que se dará a revisão das peças, horários para realização dessas revisões, entre outros. b) considerando que os monitores desenvolvem outras atividades diárias além das revisões das peças, recomenda-se o estabelecimento de um prazo mínimo de antecedência para apresentação das peças para revisão, devendo os monitorados zelar pelo cumprimento desse cronograma; c) antes de iniciar a elaboração da peça, e com vistas a evitar o retrabalho, o monitorado deverá conversar com seu monitor para obter modelos e definir teses de defesa;


d) Uma vez definidas as teses, o monitorado deverá iniciar o seu próprio banco de modelos, a fim de servir como subsídio para a elaboração de outras peças que digam respeito ao mesmo tema; e) estando o monitor ausente do escritório, deverá o monitorado procurar a Gerência Jurídica com o objetivo de que lhe seja designado revisor temporário; f) o monitor deverá no ler as peças palavra por palavra a fim de evitar pequenos erros, mormente no que concerne à formatação das peças e à conformidade destas ao padrão adotado pelo escritório; g) ao concluir que o monitorado apresenta segurança suficiente para a elaboração de peças sem revisão, o monitor deverá comunicar o fato à Gerência Jurídica, que em análise conjunta com as Coordenações de Área e Staff, fará a liberação gradual da revisão; h) a majoração dos critérios de complexidade das petições executadas pelos monitorados dependerá da análise e opinião dos monitores e será analisada pela Gerência Jurídica em conjunto com as Coordenações de Núcleo e Staff. i) os monitores deverão reportar mensalmente, até o último dia útil de cada mês, a evolução dos monitorados no que concerne ao conhecimento técnico, habilidades para solução de problemas, proatividade, interesse, evolução, ritmo de trabalho, habilidades de assumir novos desafios, entre outras características consideradas importantes. Tais avaliações serão levadas ao conhecimento das Coordenações de Área e Staff; j) os monitores deverão dar feedback imediato e permanente aos monitorados em relação à evolução apresentada, indicando os caminhos para correção de erros e melhora na avaliação. h) com exceção dos estagiários, que são permanentemente acompanhados por monitores, a revisão de peças não deverá se estender por longos períodos. Caso isso ocorra, a situação do monitorado deverá ser reportada pelo monitor à Gerência, que levará o caso à avaliação do Grupo de Gestão. VI. O QUE MUDOU COM A REFORMA ORTOGRÁFICA2 a) Trema Com a Reforma Ortográfica, o trema – sinal de dois pontos usado em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que, qui, gue e gui, é pronunciada – é abolido e deixa de fazer parte da língua portuguesa. O sinal só é mantido em nomes próprios de origem estrangeira e nos seus derivados. b) Acento Agudo Não se usa mais o acento agudo nas seguintes hipóteses: •

Ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (com acento tônico na penúltima sílaba) ANTES AGORA alcalóide alcaloide alcatéia alcateia andróide androide


apóia (verbo apoiar) apoia apóio (verbo apoiar) apoio asteróide asteroide bóia boia Coréia Coreia celulóide celuloide clarabóia claraboia colméia colmeia estréia estreia Européia Europeia heróico heroico idéia ideia jibóia jiboia jóia joia paranóia paranoia platéia platéia As palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis continuam sendo acentuadas. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. •

No “i” e no “u” tônicos das palavras paroxítonas quando vierem depois de um ditongo ANTES baiúca bocaiúva cauíla feiúra tuiúca

AGORA baiuca bocaiuva cauila feiura tuiuca

Já nas palavras oxítonas, quando o “i” ou o “u” estiverem em posição final ou seguidos de “s”, o acento agudo permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. •

No “u” tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

Nas formas verbais terminadas em guar, quar e quir, quando forem pronunciadas com “u” tônico. Exemplo: verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.

Já se os verbos terminadas em guar, quar e quir forem pronunciados com o “a” ou “i” tônicos é necessário utilizar a acentuação. Exemplo: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. c) Acento diferencial Utilizado para permitir a identificar as palavras que têm a mesma pronúncia (homófonas), o acento diferencial também é abolido com a reforma ortográfica. Deixam de acentuadas palavras como: - pára (do verbo parar)/para (preposição); - pêra (substantivo)/pera (preposição) - péla (verbo pelar)/ pela (junção de preposição e artigo)


- pêlo (substantivo/pelo (do verbo pelar) - pólo (substantivo)/polo (junção de por e lo) Exemplos: ANTES As crianças gostam de jogar pólo A moça pára o taxi Ela quis uma pêra no lanche Fomos ao pólo Norte O gato tem pêlos cinza

AGORA As crianças gostam de jogar polo A moça para o taxi Ela quis uma pera no lanche Fomos ao polo Norte O gato tem pelos cinzas

Observação Duas palavras fogem à nova regra: pôr (verbo) e pôde (o verbo conjugado no passado) continuam com o acento diferencial. No caso do pôr é para evitar a confusão com a preposição por. Já o pôde continua com acentuação para não ser confundido com pode (o mesmo verbo conjugado no presente). Nas palavras fôrma/forma o uso do acento é facultativo. d) Acento Circunflexo O acordo também retirou o acento circunflexo das palavras terminadas em ôo(s) e nas conjunções da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo (êem) dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados. ANTES Crêem Dêem Lêem Vêem Prevêem Vôo Enjôos

AGORA Creem deem leem veem preveem voo enjoos

Observação: A acentuação dos verbos ter e vir e seus derivados não muda. No plural, é mantido o circunflexo (ex: elas têm, eles vêm). Já as palavras com mais de uma sílaba continuam recebendo o acento agudo (Ex: ele detém, ele intervém). e) Acentuação Gráfica Tipo de palavra ou sílaba Proparoxítonas

Quando acentuar sempre

Exemplos (como eram) simpática, lúcido, sólido, cômodo

Observações (como ficaram) Continua tudo igual ao que era antes da nova ortografia. Observe: Pode-se usar acento agudo ou circunflexo de acordo com a pronúncia da região: acadêmico, fenômeno (Brasil) académico, fenómeno (Portugal).


Paroxítonas

Se terminadas em: R, X, N, L, I, IS, UM, UNS, US, PS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS; ditongo oral, seguido ou não de S

fácil, táxi, tênis, hífen, próton, álbum(ns), vírus, caráter, látex, bíceps, ímã, órfãs, bênção, órfãos, cárie, árduos, pólen, éden.

Continua tudo igual. Observe: 1) Terminadas em ENS não levam acento: hifens, polens. 2) Usa-se indiferentemente agudo ou circunflexo se houver variação de pronúncia: sêmen, fêmur (Brasil) ou sêmen, fémur (Portugal). 3) Não ponha acento nos prefixo paroxítonos que terminam em N nem nos que terminam em I: inter-helênico, super-homem, antiherói, semi-internato.

Oxítonas

Se terminadas em: A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS

vatapá, igarapé, avô, avós, refém, parabéns

Continua tudo igual. Observe: 1. terminadas em I, IS, U, US não levam acento: tatu, Morumbi, abacaxi. 2. Usa-se indiferentemente agudo ou circunflexo se houver variação de pronúncia: bebê, purê (Brasil); bebé, puré (Portugal).

Monossílabos tônicos (são oxítonas também)

Í e Ú levam acento se estiverem sozinhos na sílaba (hiato)

saída, saúde, miúdo, aí, Araújo, Esaú, Luís, Itaú, baús, Piauí

1. Se o i e u forem seguidos de s, a regra se mantém: balaústre, egoísmo, baús, jacuís. 2. Não se acentuam i e u se depois vier ‘nh‘: rainha, tainha, moinho. 3. Esta regra é nova: nas paroxítonas, o i e u não serão mais acentuados se vierem depois de um ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura, maoista, saiinha (saia pequena), cheiinho (cheio).


4. Mas, se, nas oxítonas, mesmo com ditongo, o i e u estiverem no final, haverá acento: tuiuiú, Piauí, teiú. Ditongos abertos em palavras paroxítonas

EI, OI,

idéia, colméia, bóia

Esta regra desapareceu (para palavras paroxítonas). Escreve-se agora: ideia, colmeia, celuloide, boia. Observe: há casos em que a palavra se enquadrará em outra regra de acentuação. Por exemplo: contêiner, Méier, destróier serão acentuados porque terminam em R.

Ditongos abertos em palavras oxítonas

ÉIS, ÉU(S), ÓI(S)

papéis, herói, heróis, troféu, céu, mói (moer)

Continua tudo igual (mas, cuidado: somente para palavras oxítonas com uma ou mais sílabas).

Verbos arguir e redarguir (agora sem trema)

arguir e redarguir usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativo afirmativo.

Esta regra desapareceu. Os verbos arguir e redarguir perderam o acento agudo em várias formas (rizotônicas): eu arguo (fale: ar-gúo, mas não acentue); ele argui (fale: ar-gúi), mas não acentue.

Verbos terminados em guar, quar e quir

aguar enxaguar, averiguar, apaziguar, delinquir, obliquar usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativo afirmativo.

Esta regra sofreu alteração. Observe:. Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, usando a ou i tônicos, aí acentuamos estas vogais: eu águo, eles águam e enxáguam a roupa (a tônico); eu delínquo, eles delínquem (í tônico). tu apazíguas as


brigas; apazíguem os grevistas. Se a tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele não será acentuado: Eu averiguo (diga averigú-o, mas não acentue) o caso; eu aguo a planta (diga agú-o, mas não acentue). ôo, ee

vôo, zôo, enjôo, vêem

Verbos ter e vir

na terceira pessoa do plural do presente do indicativo

eles têm, eles vêm

Continua tudo igual. Ele vem aqui; eles vêm aqui. Eles têm sede; ela tem sede.

Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir)

na terceira pessoa do singular leva acento agudo; na terceira pessoa do plural do presente levam circunflexo

ele obtém, detém, mantém; eles obtêm, detêm, mantêm

Continua tudo igual.

Acento diferencial

Esta regra desapareceu. Agora se escreve: zoo, perdoo veem, magoo, voo.

Esta regra desapareceu, exceto para os verbos: PODER (diferença entre passado e presente. Ele não pôde ir ontem, mas pode ir hoje. PÔR (diferença com a preposição por): Vamos por um caminho novo, então vamos pôr casacos; TER e VIR e seus compostos (ver acima). Observe: 1) Perdem o acento as palavras compostas com o verbo PARAR: Para-raios, parachoque. 2) FÔRMA (de bolo): O acento será


opcional; se possível, deve-se evitá-lo: Eis aqui a forma para pudim, cuja forma de pagamento é parcelada.

Trema

Trema (O trema não é acento gráfico.) Desapareceu o trema sobre o U em todas as palavras do português: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müleriano

f) Hífen Não se usa mais o hífen nos seguintes casos:

Prefixo terminando com vogal e o segundo elemento começando com as consoantes s ou r. Nessa situação, a consoante tem que ser duplicada.

ANTES

AGORA

anti-religioso anti-semita contra-regra contra-senha extra-regulamentação Enjôos

antirreligioso antissemita contrarregra contrassenha preveem extrarregulamentação

Observação: O hífen continua sendo utilizando quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também Exemplos: hiper-requintado, super-resistente. •

Prefixo terminando em vogal e o segundo elemento começando com uma vogal diferente. ANTES

AGORA

auto-aprendizagem auto-estrada extra-escolar

autoaprendizagem autoestrada extraescolar


infra-estrutura auto-estrada auto-instrução auto-aprendizagem

infraestrutura autoestrada autoinstrução autoaprendizagem

Prefixo terminado por consoante e o segundo elemento começando por vogal. Exemplos: hiperacidez hiperativo interescolar interestadual interestelar interestudantil superamigo superaquecimento supereconômico superexigente superinteressante superotimismo

Nas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol madressilva mandachuva paraquedas paraquedista pontapé

O hífen é usado nos seguintes casos:

O hífen continua sendo utilizando quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também Exemplos: hiper-requintado super-resistente

Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico anti-histórico co-herdeiro macro-história mini-hotel proto-história sobre-humano


super-homem ultra-humano Exceções subumano e inábil •

Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico anti-imperialista anti-inflacionário anti-inflamatório auto-observação contra-almirante contra-atacar contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato semi-interno

Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos: hiper-requintado inter-racial inter-regional sub-bibliotecário super-racista super-reacionário super-resistente super-romântico

Nos prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré e pró Exemplos: além-mar além-túmulo aquém-mar ex-aluno ex-diretor ex-hospedeiro ex-prefeito ex-presidente pós-graduação pré-história pré-vestibular


pró-europeu recém-casado recém-nascido sem-terra •

Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu anajá-mirim capim-açu

ELEMENTOS OU PALAVRAS Compostas comuns

REGRAS

PALAVRAS COMPOSTAS EXEMPLOS

Usa-se hífen nas palavras compostas comuns, sem preposições, quando o primeiro elemento for substantivo, adjetivo, verbo ou numeral.

Amor-perfeito, boa-fé, guarda-noturno, guarda-chuva, criado-mudo, decreto-lei.

OBSERVAÇÕES

A) Formas adjetivas como afro, luso, anglo, latino não se ligam por hífen: afrodescendente, eurocêntrico, lusofobia, eurocomunista. B) Mas com adjetivos pátrios (de identidade), usa-se o hífen: afro-americano, latino-americano, indo-europeu, ítalo-brasileira, anglo-saxão. C) Se a noção de composição desapareceu com o tempo, deve-se unir o composto sem hífen: pontapé, madressilva, girassol, paraquedas, paraquedismo (perdida a noção do verbo parar); mandachuva (perdida a noção do verbo mandar). D) Demais casos com para e manda usam hífen: para-brisa, para-choque (sem acento no para); manda-tudo, manda-lua. E) Compostos com elementos repetidos também levam hífen: tico-tico, tique-taque, pinguepongue, blá-blá-blá. F) Compostos com apóstrofo também levam hífen: cobrad’água, mãe-d’água, mestred’armas.

Nomes geográficos

Usa-se o hífen em nomes

Grã-Bretanha, Grão-Pará,

Demais nomes geográficos compostos não usam hífen:


antecedidos de grão, grã ou verbos

geográficos compostos com grã e grão ou verbos de qualquer tipo.

Passa-Quatro.

América do Norte, Belo Horizonte, Cabo Verde. (O nome Guiné-Bissau é uma exceção).

Espécies vegetais/ animais

Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies vegetais e animais.

bem-te-vi, bem-me-quer, erva-de-cheiro, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, coco-da-baía, joão-de-barro, não-me-toques (planta).

Se a palavra for usada em sentido figurado, não leva hífen: Ela está cheia de não me toques (melindres).

Mal

Usa-se hífen com mal antes de vogais ou h ou l.

mal-afamado, mal-estar, mal-acabado, mal-humorada, mal-limpo.

Escreva, porém: malcriado, malnascido, malvisto, malquerer, malpassado.

além-mar, aquém-oceano, recém-casado, recém-nascido, bem-estar, bem-vindo, sem-vergonha. à vontade, cão de guarda, café com leite, cor de vinho, fim de semana, fim de século, quem quer que seja, um disse me disse.

Quando o bem se aglutina com o segundo elemento, não se usa hífen: benfeitor, benfeitoria, benquerer, benquisto.

Além, aquém, recém, bem, sem

Usa-se hífen com além, aquém, recém, bem e sem.

Locuções

Não se usa hífen nas locuções dos vários tipos (substantivas, adjetivas etc).

Escreva com hífen no feminino: má-língua, más-línguas.

A) Certas grafias consagradas agora são exceções à regra. Escreva: água-de-colônia, arcoda-velha, pé-de-meia, mais-queperfeito, cor-de-rosa, à queimaroupa, ao deus-dará. B) Outras expressões/locuções que não usarão hífen: bumba meu boi, tomara que caia, arco e flecha, tão somente, ponto e vírgula. C) Escreva também sem hífen as locuções à toa (adjetivo ou advérbio), dia a dia (substantivo e advérbio) e arco e flecha.

Encadeamento de palavras

Os encadeamentos vocabulares levam hífen (e não mais traço).

A relação professor-aluno; o trajeto Tóquio-São Paulo; a ponte Rio-Niterói; um acordo Angola-


Brasil. Hungria. Lorena.

Hífen no fim da linha

8. Quando cai no fim da linha, o hífen deve ser repetido, por clareza, na linha abaixo.

ÁustriaAlsácia-

Atravesso a ponte Rio- Niterói. Couve--flor.

Este quadro está apoiado nas obras: BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008. INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008. GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

PREFIXOS OU FALSOS PREFIXOS

COM PREFIXOS OU FALSOS PREFIXOS REGRAS EXEMPLOS

Vogais iguais

Usa-se o hífen quando o prefixo e o segundo elemento juntam-se com a mesma vogal.

anti-ibérico, auto-organização, contra-almirante, infra-axilar, micro-ondas, neo-ortodoxo, sobre-elevação, anti-inflamatório.

Vogais diferentes

Não se usa o hífen quando os elementos se unem com vogais diferentes.

autoescola, autoajuda, autoafirmação, semiaberto, semiárido, semiobscuridade, contraordem, contraindicação, extraoficial, neoexpressionista, intraocular, semiaberto, semiárido.

OBSERVAÇÕES

Mas os prefixos co, pro, pre, re se juntam ao segundo elemento, ainda que este inicie pelas vogais o ou e: coocupar, coorganizar, coautor, coirmão, cooperar, preenchimento, preexistir, preestabelecer, proeminente, propor reeducação, reeleição, reescrita.


Consoantes iguais

Usa-se o hífen se a consoante do final do prefixo for igual à do início do segundo elemento.

inter-racial, super-revista, hiper-raquítico, sub-brigadeiro.

Se o segundo elemento começa com s, r.

Não há hífen quando o segundo elemento começa com s ou r; nesse caso, duplicamse as consoantes.

antirreligioso, minissaia, ultrassecreto, ultrassom.

Se o segundo elemento começa com m, n, com vogais e h, m, n.

Usa-se o hífen: se o primeiro elemento, terminado em m ou n, unir-se com as consoantes h, m ou n.

circum-murado, circum-navegação, pan-hispânico, pan-africano, pan-americano.

Ex, sota, soto, vice

Usa-se hífen com os prefixos: ex, sota, soto, vice.

Escreva, sobrepor.

Pré, pós, pró

Usa-se hífen com os prefixos pré, pós, pró (tônicos e acentuados com autonomia).

ex-almirante, ex-presidente, sota-piloto, soto-pôr, vice-almirante, vice-rei. pré-escolar, pré-nupcial, pós-graduação, pós-tônico, pós-cirúrgico, pró-reitor, pró-ativo, pós-auricular.

O prefixo termina em vogal ou r e b e o segundo elemento se inicia com h.

Usa-se o hífen quando o prefixo termina em r, b ou vogais e o segundo elemento começa com h.

anti-herói, inter-hemisférico, sub-humano, anti-hemorrágico, bio-histórico, super-homem, giga-hertz, poli-hidratação, geo-história.

A) Mas as grafias consagradas serão mantidas: reidratar, desumano, inábil, reabituar, reabilitar, reaver.

Sufixos de origem tupi

Usa-se o hífen com sufixo de origem tupi,

Anajá-mirim, Ceará-mirim,

Porém, conforme a regra anterior, com prefixos hiper, inter, super, deve-se manter o hífen: hiper-realista, inter-racial, superracional, superresistente.

porém,

Se os prefixos não forem autônomos, não haverá hífen: predeterminado, pressupor, pospor, propor.

B) Se houver perda do som da vogal final, prefere-se não usar hífen e eliminar o h: cloridrato (cloro+hidrato), clorídrico (cloro+hídrico).


quando a pronúncia exige distinção dos elementos.

capim-açu, andá-açu, amoré-guaçu.

Este quadro está apoiado nas obras: BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008. INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008. GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

VII. ERROS COMUNS DE REDAÇÃO 3 São erros gramaticais e ortográficos que devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no entanto, como ocorrem com maior freqüência, merecem atenção redobrada. Veja quais são e analise o roteiro para fugir deles. 1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal se opõe a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar. 2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias. 3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais. 4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias. 5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer. 6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti. 7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás. 8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido, comprovar a prova, outra alternativa. 9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter. 10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use "por que" separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.


11 - Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes. 12 - Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória. 13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias. 14 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: “hum” (um), "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro". (invólucro). 15 - Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias. 16 - Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandoume. 17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama. 18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados. 19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Contase com os amigos. 20 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo. 21 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade. 22 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão. 23 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres. 24 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.


25 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão eqüivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso. 26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc. 27 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de. 28 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão. 29 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã. 30 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro. 31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho). 32 - Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? 33 - "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo. 34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc. 35 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga. 36 - "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui. 37 - A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você. 38 - A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais. 39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.


40 - Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano. 41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória. 42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram. 43 - Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa. 44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado. 45 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas. 46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matériaprima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc. 47 - Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega. 48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O e não "junto. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos" leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao" banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao" Procon). 49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos. 50 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se" . / Os amigos nos darão (e não "darão-nos" um presente. / Tendome formado (e nunca tendo "formado-me" . 51 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias. 52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira. 53 - A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos. 54 - Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.


55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador. 56 - Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu. 57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por. 58 - À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem. 59 - Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam). 60 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem. 61 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.) 62 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc. 63 - Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas. 64 - 4 65 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos. 66 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto. 67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores. 68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quando eqüivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia. 69 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos


reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos" . 70 - Vou sair "essa" noite. Este designa o tempo no qual se está ou o objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20). 71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zeroquilômetro, zero hora. 72 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria. 73 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu. 74 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de por), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos. 75 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio. 76 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc. 77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc. 78 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc. 79 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e por: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos. 80 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue. 81 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que... 82 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas:


A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados. 83 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. 84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir" significa impor: Infligiu séria punição ao réu. 85 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito). 86 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado). 87 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar. 88 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores. 89 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras). 90 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas" . 91 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido. 92 - "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas. 93 - A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc. 94 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo têlo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido... 95 - Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si" . 96 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são" 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.


97 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms." , 5 ms, 10 kgs). 98 - "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias... 99 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás. 100 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver. 101 – Siglas formadas exclusivamente por consoantes (CNPJ, CPF, RG, CBF) ou com até três letras (ONU, ITA, USP) devem ser grafadas totalmente com caracteres maiúsculos. 102 – Siglas que contêm vogais e, portanto, são pronunciadas como uma palavra, devem apresentar apenas a primeira letra maiúscula: Crea, Sesc, Eletropaulo, Sudene, Fundep.. 103 - Não devem ser colocados pontos intermediários e ponto final nas siglas. Associação Paranaense de Reabilitação – APR (e não A.P.R.). 104 - Não existe plural de siglas. O plural de Associação Paranaense de Reabilitação -APR é Associações Paranaenses de Reabilitação – APR e não APRs ou APR’s; 105 – Números ordinais, quando escritos na forma de algarismos, não devem ser precedidos de zero. O correto é 1ª Vara e não 01ª Vara. 106 – Hum mil reais não existe. A forma correta de escrever o numeral por extenso é um.


1

SCARTON, Gilberto; SMITH, Marisa M. Manual de redação. Porto Alegre: PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, [2002]. Disponível em: < http://www.pucrs.br/manualred >. Acesso em: 23.01.2012. 2 http://www.reformaortografica.net/category/mudancas/trema/#ixzz1lLJaaLCi, consulta realizada em 03.02.2012 3 Itens 01 a 100 - http://www.estadao.com.br/manualredacao/ Acesso em 23.01.2012 4 Texto suprimido em razão das alterações introduzidas pela reforma ortográfica


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.