Revista 05 • Ano 03 • 2017
Medicina veterinária
R$ 15,00
Mamíferos aquáticos no Brasil Projeto Caiman
Pesquisa e conservação de Jacarés da Mata Atlântica
ECOTURISMO
Whale Watching A Observação de Baleias
Zoológicos são legais, sim!
Cumprimento da legislação garante Zoológicos e Aquários como locais de conservação, educação ambiental e contemplação
REVISTA ZOOLÓGICOS DO BRASIL
Ações Promocionais da Revista Zoológicos do Brasil
• Evento SZB Pomerode/SC
• Banner do 41º Congresso da SZB - Zoo Pomerode/SC
• Zoológico de Sorocaba/SP
• Petland - São Paulo/SP
• Pets para Pets - São Paulo/SP
• Sacavet -USP- São Paulo/SP
Jardim Botânico de São Paulo/SP
• Stand Zoológicos do Brasil na USP - São Paulo/SP
• Stand Zoológicos do Brasil na SZB Zoo Pomerode/SC
Entre em contato através do email: comercial@zoologicosdobrasil.com.br 06
Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
editorial A legalidade dos Zoológicos e Aquários brasileiros
N
esta edição, trouxemos como matéria de capa depoimentos sobre a legalidade dos Zoológicos e Aquários brasileiros. Não podem existir dúvidas que estas instituições são amparadas pela legislação brasileira. O funcionamento dos Zoológicos e Aquários, muitas vezes, são colocados em dúvidas por grupos anti-zoológicos que acabam influenciando as pessoas mais leigas no assunto. Pois, ZOOLÓGICOS SÃO LEGAIS, SIM! E um dos mais importantes equipamentos para conservação da fauna. No perfil, trouxemos o Dr. Lélio Costa e Silva, que em sua emocionante trajetória, nos ensina que a responsabilidade e envolvimento com a profissão são indispensáveis para nossa completa realização. Também estamos iniciando, uma importante parceria com o Grupo de Estudos de Animais Silvestres – o GEAS Brasil, com a supervisão da ABRAVAS – Associação Brasi-
Marco Antônio Majolo Diretor Executivo da Revista Zoológicos do Brasil e da Office Zoo – Consultoria para Zoológicos e Aquários. Biólogo, Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. CRBio 28096-03 majolo@majolo.com.br
Foto: Carlos Campos
EXPEDIENTE Diretor Executivo Marco Antônio Majolo • majolo@majolo.com.br Diretora Comercial e Marketing Estela M. Brugnera • comercial@zoologicosdobrasil.com.br Assistente Comercial Márcia R. Penteado • marcia@zoologicosdobrasil.com.br Administração e Dep. Financeiro Carlos A. Silva Santos • carlos@zoologicosdobrasil.com.br Jornalista Responsável e Revisão Halder Ramos • jornalismo@zoologicosdobrasil.com.br Sugestões de Matérias e Artigos jornalismo@zoologicosdobrasil.com.br Revisão Técnica - Biólogo Alexandre Crisci Pessoa • alexandrecrisci@gmail.com Diagramação e Produção Gráfica Claudio Machado • cdiasmac@gmail.com
leira de Veterinários de Animais Selvagens – que engrandecerá nossa revista com conteúdos dos estudantes de veterinária de todo o Brasil, a cada edição. Outra novidade, é a sessão fixa da Associação Latino-americada de Parques Zoológicos e Aquários - ALPZA, que tem se destacado na defesa das instituições em toda América Latina, vale conferir e acompanhar as ações da ALPZA. Meu agradecimento especial ao Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica e ao Projeto Jardins da Arara de Lear que defendem princípios semelhantes com o dos Zoológicos, a conservação das espécies. Assim como, aos Zoológicos e Aquários parceiros da Revista Zoológicos do Brasil, ao amigo Diego Cecílio que desenvolve um trabalho fantástico com interação de pinguins no Ski Dubai que fica nos Emirados Árabes Unidos. Enfim, a todos os nossos parceiros, muito obrigado! Gostaria também de fazer uma homenagem especial a dois amigos que nos deixaram a pouco tempo, ao biólogo Gerson Nascimento do Zoológico de Bauru e ao Sr. Romeu Nunes Vieira que dedicou mais de trinta anos da sua vida de forma incansável para implantar o primeiro Zoológico do Espírito Santo. Particularmente, foi um grande ensinamento conviver com estas pessoas que nos fazem refletir no quanto devemos lutar por aquilo que acreditamos. Por isso, CONTINUAREMOS A NOSSA MISSÃO!
Colunistas Carlos Augusto Silva Santos carlos@zoologicosdobrasil.com.br Danilo Coimbra danilo.coimbra@usp.br Diego Cecilio diegocecilio@hotmail.com Estela Magda Brugnera estela.brugnera@gmail.com Luiz Carlos Oliveira (Lee) lee@leeart.com.br Marcus Farah marcus_farah@hotmail.com Marta Brito Guimarães vetwings@gmail.com Roberta Anastácio Bionda roberta@todafauna.vet.br Anúncios anuncie@zoologicosdobrasil.com.br Assinaturas assine@zoologicosdobrasil.com.br Atendimento contato@zoologicosdobrasil.com.br
A Capa A coruja Dodô corujão-orelhudo (Bubo virginianus)
Foto: Wagner Ávila Agência Animal Legal animallegal.agencia@ gmail.com
www.zoologicosdobrasil.com.br Zoologicos do Brasil Ltda. - Agência de Notícias CNPJ: 21438176/0001-08 - São Paulo/SP-Brasil Todos os direitos reservados. Registro no INPI: 907491839
sumário
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Zoológicos e Aquários Na Sua Linha do Tempo
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perfil Lélio Costa e Silva
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educação ambiental Respeito aos animais, à vida e ao próximo
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em destaque
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zoológicos do brasil
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nascimentos em zoológicos
MATÉRIA DE CAPA Zoológicos são legais, sim!
Opinião Vanderson Matos Santana e Danilo Coimbra
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espaço do biólogo Centro de Conservação da Fauna luta contra extinção de espécies
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Medicina veterinária Mamíferos aquáticos no Brasil
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ponto de vista Zoológicos e Aquários: vilões ou heróis?
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ZOO MUNDI O primeiro programa de interação com pinguins
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Programa de certificação Alpza
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O incrível mundo das aves Onde tudo continua, o ninho!
Aquários do Brasil
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ECOTURISMO Whale Watching A Observação de Baleias
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Borboletários do brasil Borboletário de Osasco/SP
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GEAS Brasil
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cenografia O artista plástico e o biólogo transformando ideias para Arquitetar vida!
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DICAS E AGENDA
zookids
animagem Marian Sol Miranda
Zoológicos e Aquários Na Sua Linha do Tempo Carlos Augusto Silva Santos é técnico em publicidade e propaganda e gestor de TI carlos@zoologicosdobrasil.com.br
Carlo Colorni
Bem-estar animal
2017 • Ubatuba - SP
2017
O bem-estar animal é considerado legalmente como uma das funções dos zoológicos. Podemos definir que isto tudo se inicia com um bom estado de saúde física. No entanto este conceito vai além da saúde física. Definindo-se em um sentido mais amplo que, além da saúde, podemos incluir a felicidade e a longevidade, bem como, pela capacidade de adaptação ao ambiente oferecido. Sendo assim, o enriquecimento ambiental, surge como uma tentativa eficiente de reduzir comportamentos fora do comum, e assim obtendo-se o aumento de respostas positivas e mais apropriadas para cada espécie. Segundo estudos, o enriquecimento ambiental pode ser dividido em alimentar, social, físico sensorial e cognitivo ou de percepção mental. Deseja fazer parte desta história? Então, envie e-mail para carlos@zoologicosdobrasil.com.br Onça (Panthera onca)
Confiança e Sintonia: Treino de condicionamento do Hipopótamo (Hippopotamus amphibius) Ramón. Parque Ecológico Voturuá Zoológico da Cidade de São Vicente-SP
Elisangela Borelli 2015 • São Paulo - SP
“Caminhar todos os dias em meio dos animais, observando e admirando cada movimento. Não existe nada mais gratificante.” Em Zoológico de Itatiba/SP
Loreni Santos 2015 • Sapucaia do Sul – RS
Crédito: Gramadozoo
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Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
Em visita ao Zoológico do Sapucaia do Sul/RS, posso dizer que as áreas do Zoo, além de agradáveis, nos propiciam trabalhar com nossos alunos, utilizando-as como espaço educativo.
perfil Lélio Costa e Silva
Cumprindo com seu papel “Evoluímos de um discurso conservacionista para ações dentro do conceito da transdisciplinaridade”
Foto divulgação
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m médico-veterinário além da pura prática do seu ofício, que executa suas atividades a partir de uma concepção harmoniosa sobre meio ambiente, do qual nós e os animais fazemos parte. É assim o pensamento de Lélio Costa e Silva. Mineiro de Pitangui, foi morando em Ipatinga que sua contribuição tornou-se ímpar. O Projeto Xerimbabo, idealizado por ele nos anos 80, é a prova disso porque se mantém atual a cada edição, por elevar a ação da medicina veterinária ao plano das discussões sobre sustentabilidade. Não à toa, o Xerimbabo lhe rendeu muitas honrarias. Uma delas foi na primeira edição do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, em 2010, quando o seu projeto foi considerado o Melhor Exemplo em
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Educação Ambiental. Lélio Costa e Silva é sócio-administrador da Árvore da Vida Ltda. - Consultoria e Projetos Ambientais e supervisor e responsável técnico do Cebus (Centro de Biodiversidade da Usipa), em Ipatinga. Nesta entrevista, ele fala sobre sua vida, sobre o Xerimbabo, e revela, por meio de suas concepções, uma visão humana, holística e espirituosa que norteia toda a sua prática profissional. Como tudo tem um princípio, por que escolheu ser veterinário? Meus animais de estimação de infância talvez expliquem a minha vocação: formigas, patos, peixes, cães, sapos, besouros, aranhas, cobras... Com eles brincava e conversava. Mas um dia, já na maturidade, uma criança me perguntou qual era a emoção de ser veterinário e se eu sentia “pena” dos animais machu-
cados. Então tentei lhe explicar assim: O que mais me sensibiliza em cada contato com um animal, qualquer que seja a espécie, é o olhar que cada um me dirige. É como que me chamasse à responsabilidade dizendo: “Você está aqui na Terra, por isso, cumpra a sua obrigação”. É indescritível a emoção e o compromisso que sinto nesse momento. Como você define a relação homem e meio ambiente? Acredito que o ser humano ainda irá recuperar a dimensão planetária da fraternidade. Sou otimista. Ainda espero um novo acordo do ser humano com a natureza, ou seja, consigo mesmo, onde vigorem a cordialidade, a humildade e a compreensão do Todo. Que ressurja uma nova ética, onde deverá existir o respeito ao direito de ser e de viver de cada uma das partes.
O que mais me sensibiliza em cada contato com um animal, qualquer que seja a espécie, é o olhar que cada um me dirige. É como que me chamasse à responsabilidade dizendo: “Você está aqui na Terra, por isso, cumpra a sua obrigação”. É indescritível a emoção e o compromisso que sinto nesse momento. E homem e animal? Há algum tempo escrevi um texto e peço a licença para repeti-lo aqui: Um animal faz a sua profissão de fé. Creio na liberdade reconhecida como a própria natureza. E no ser humano, húmus, que faz crescer a sua árvore da vida. Creio nas serpentes exercendo o seu papel na cadeia alimentar, ignorando o que dizem a seu respeito. Creio na recuperação da noção sistêmica do Planeta em que vivemos. Na virtude da compaixão, perdoando a dificuldade do outro - nossa dor é universal. Creio pertencer a um conjunto que se expressa em um vínculo recíproco: água, sol, ser humano, bicho e planta. Na alma que compreende a vida e no olhar especial de indulgência.Creio na lista dos animais
e plantas em ascensão, e na extinção do desejo de posse. Creio na recuperação do que está dissociado - o ser humano é também natureza. E na atitude cautelosa e inteligente de qualquer ser vivo para evitar danos ou erros. Creio na abertura dos corações para a percepção da vida como uma grande dádiva. No desprendimento, sem ornamentos, verdadeira transparência do ser. Creio na autenticidade, na sinceridade e na coerência das atitudes e palavras. Na palavra ética, do grego ethos em seu significado primeiro de morada, abrigo de todos os seres, indistintamente. Creio naqueles que percebem a poesia detida no orvalho, na lesma e no ninho do joão-de-barro. E em cada um que faz do presente, o melhor instante de vida. Creio que a Terra ainda é a nossa casa, e também dos seres humanos. Creio naturalmente, na inexistência do conceito do feio, ou do bonito, do bem ou do mal. Creio em Deus. Como surgiu o Projeto Xerimbabo Usiminas? Aqui, também peço licença para expressar-lhes uma história pessoal. Ainda na Escola de Veterinária da UFMG, em Belo Horizonte, tive meu primeiro contato com as questões ambientais durante o ano de 1977, um período obscuro em termos de democracia brasileira. Fazendo parte de um grupo que organizou a Primeira Semana do Estudante de Veterinária, realizada fora do Campus devido às proibições da época, lembro-me da tímida, porém válida, presença das questões ecológicas entre os assuntos apresentados. Alguns anos depois já em Ipatinga, MG dei início a uma vivência insistente e desafiadora ao criar em 15 de outubro de 1984 o Projeto Xerimbabo de Educação Ambiental, trabalhando em um zoológico que na verdade era “um ajuntado de animais”. Minha luta foi buscar melhores condições para os animais e tornar o local uma instituição séria, dedicada à fauna regional. A palavra Xerimbabo é uma expressão do conjunto de dialetos que formaram o Tupi do século XVIII e significa “animal de estimação”.Paralela à realização do Projeto foi apresentada ao Clube Usipa uma proposta de remodelação e ou construção de novos recintos para os animais dentro de novas concepções e
legislações da época. A partir daí, ações simultâneas aconteceram envolvendo a realização de eventos ligados à Educação Ambiental acompanhadas da construção de novos recintos, constituindo o que é o hoje denominado Centro de Biodiversidade da Usipa.-CEBUS. Por que deu tão certo? Como ele funciona? Talvez pelo seu caráter democrático e adotar uma educação ambiental de massa, demonstrando até que ponto uma ação educativa pode mudar a concepção de um zoológico, caracterizando-o como uma referência em termos da fauna e flora regionais. Também pelo seu caráter temático: a cada ano um assunto novo e contextualizado. Nesses trinta e três anos já passaram pelo Xerimbabo dois milhões e quinhentos mil visitantes, em sua maioria estudantes. Todas as atividades são gratuitas: seminários, palestras, exposição de arte-educação, oficinas, teatro, contação de histórias etc. Percebe-se que para cada etapa empreendida pelo Projeto Xerimbabo ocorreu um crescimento paralelo do zoológico como instituição. Dos anos 80 para hoje, em que mudou o nível de discussão sobre educação ambiental? Evoluímos de um discurso conservacionista para ações dentro do conceito da transdisciplinaridade: um caminho viável para a construção do conhecimento global, visando o crescimento pessoal e a incorporação de valores. Como o prefixo “trans” indica, “a transdisciplinaridade diz respeito ao que está, ao mesmo tempo, entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas” (Piaget). Certa vez eu disse para alguns amigos: Um dia, as cores da cobra-coral e as das asas de uma borboleta serão igualmente admiradas. Então estaremos mais evoluídos. Quais os desafios para as próximas edições do Xerimbabo? Manter a sua identidade, originalidade, gratuidade e o compromisso com o seu fiel público: mais de 500 escolas e outras instituições de, pelo menos, 110 cidades de Minas Gerais. Para mais informações, entre em contato: leliovet@gmail.com Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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educação ambiental Por Ananda Beltran Borges - bióloga marinha e diretora da Florescer- Oficina Sustentável anandabor@gmail.com
Foto divulgação
Respeito aos animais, à vida e ao próximo
Foto divulgação
A
EMEI Jardim de Praça Cirandinha, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, realizou um trabalho de sensibilização com crianças de 4 a 6 anos, sob consultoria da bióloga e educadora ambiental Ananda Beltran Borges, que utilizou seu vínculo de estágio de inclusão com a escola para trabalhar as questões ambientais para o respeito e acolhimento entre as crianças. A diretora da escola durante o projeto, Adriana Gimenes, realizou um processo de transversalização com os professores e os temas de eco-arte da escola para a realização do mesmo. Com as formações oferecidas pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) em Educação Ambiental, do Seminário de Proteção da Fauna Silvestre do RS realizado em parceria com o IBAMA e do Fórum Essa Escola é o Bicho em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos doa Animais (SEDA), os temas
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Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
foram alinhados à guarda responsável, à proteção da fauna silvestre, percepção ambiental e iniciação científica. No início do projeto na escola, intitulado “Respeito aos Animais, à Vida e ao Próximo”, procurou-se entender a percepção dos alunos sobre a fauna, desde zoofobias até intenções de domesticar os animais. A partir disto, foram elaboradas atividades que visaram trabalhar melhorar as questões de empatia, respeito e ecologia destes animais. Além de gerar conhecimento, cuidado e respeito sobre os animais, buscou-se extrapolar os sentimentos para a vida e para o próximo, trazendo reflexões necessárias para o próprio convívio social, acolhimento e inclusão. Como umas das atividades de percepção foram criadas maquetes que representavam diferentes ambientes como casa, fazenda, zoológico e um ambiente natural nativo. Os alunos
receberam fichas de animais e distribuíram nesses ambientes. Com esse material, foi possível ver as intenções de domesticar os animais e as percepções dos ambientes naturais. Após essa atividade, cada aluno ficou responsável por pesquisar a ecologia de um animal, seu habitat natural e introduzindo os termos doméstico/silvestre e nativo/exótico. A apresentação das pesquisas foi realizada pelos alunos e eles novamente tiveram de escolher o ambiente do animal estudado, dessa forma utilizando os termos adquiridos e indicando a ação através da pesquisa. Neste momento, as informações sobre o impacto do tráfico animal, caça ilegal e guarda responsável foram passadas, no sentido de conscientizar as crianças e elas assim passarem as informações e conscientizarem seus familiares.
Zoolรณgicos do Brasil | Ed. 4 |2016
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em destaque
PROJETO CAIMAN Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris)
Foto Leonardo Merçon
O
Instituto Marcos Daniel (IMD) em parceria com a ArcelorMittal Tubarão torna possível o Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica. Um projeto inovador de pesquisa e conservação do Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) no Espirito Santo. O Jacaré-do-papo-amarelo, espécie símbolo da Mata Atlântica e da biodiversidade do Brasil, é fundamental para a manutenção da saúde e equilíbrio dos ecossistemas na qual estão inseridos. Frente ao impacto que as atividades humanas impõem sobre as populações de Jacaré-do-papo-amarelo no Brasil e a necessidade urgente de informação cientí-
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Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
fica sobre a espécie, o Projeto Caiman atua no desenvolvimento de pesquisas inéditas para subsidiar ações conservacionistas no estado. O projeto visa mapear e compreender os processos ecológicos e sanitários das populações de Jacaré do-papo-amarelo para conservar a espécie e a Mata Atlântica. O Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica desponta dentre as principais iniciativas de Pesquisa e Conservação de Jacarés brasileiros. É uma iniciativa continua de pesquisa e conservação das populações de Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris). Através do uso do Jacaré como uma espécie bandeira, o Projeto tem o objetvio de promover a conservação dos crocodilianos e da Mata Atlântica como um todo. Trata-se de um projeto pioneiro, fundamental para a conservação da biodiversidade brasileira. O Projeto Caiman atua em seis vertentes principais: 1- Uso do Caiman latirostris como espécie bandeira para a conservação das populações de jacarés, demais espécies ameaçadas e da Mata Atlântica; 2- Uso do Caiman latirostris como espécie sentinela da saúde ambiental; 3-Pesquisa aplicada a conservação.
Foto Leonardo Merçon
Pesquisa e conservação de Jacarés da Mata Atlântica 4- Desenvolvimento tecnológico & científico do Brasil; 5- Formação e capacitação de Jovens pesquisadores; 6- Educação e Sensibilização ambiental. Dados do projeto • O projeto monitora populações de jacarés em áreas fundamentais para a preservação em escala nacional; • Monitora a ecologia, genética e saúde e realiza exame nos jacarés; • Mais de 6000 pessoas já participaram das ações de educação e sensibilização ambiental de forma direta; • O Projeto Caiman capacita estudantes de diversas instituições de ensino no Brasil. Por meio do Projeto Caiman estamos fazendo a diferença na formação de profissionais e jovens valores brasileiros; • Referência em conservação de jacarés no Brasil. Monitorando a saúde dos jacarés no Pantanal: Em 2017 o Projeto Caiman ampliará sua área de ação e fará uma expedição para o Pantanal do Mato Grosso do Sul, um local com uma das maiores biodiversidades do planeta, para estudo da saúde populacional de jacarés do pantanal. A atividade será realizada em parceria com o projeto Simbora pro Parque, em um
Foto Leonardo Merçon
modelo de turismo científico. Por meio do turismo científico aliamos 3 atividades fundamentais da conservação: Captação de recursos: Todo o recurso é destinado a pesquisa científica e conservação dos jacarés. Educação ambiental: Os participantes tem uma vivencia transformadora, de modo que vivenciam a rotina dos pesquisadores do Projeto Caiman e trabalham de forma ativa pela conservação dos jacarés. Pesquisa científica: A expedição viabilizará uma pesquisa inédita de saúde de crocodilianos no pantanal. A atividade ocorrerá do dia 16 a 22 de julho e é aberto a todos. Venham participar de uma experiência inesquecível. Instituto Marcos Daniel “Trabalhando no presente, preservando o futuro” O Instituto Marcos Daniel, fundado em 2004, é reconhecido pelo Ministério da Justiça como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Publico (OSCIP). É uma associação civil sem fins lucrativos situada em Vitória, no Espírito Santo, e também tem atuação em outros Estados. O IMD tem como objetivo promover a conservação da biodiversidade, por meio de educação ambiental, cursos de capacitação e eventos técnico-científicos, pesquisas, projetos de conservação e consultorias técnicas. Possui uma equipe multidisciplinar contendo médicos veterinários, biólogos e outros profissionais. O instituto estuda a interface entre a saúde ambiental, a saúde animal e a saúde humana, promovendo pesquisa e a con-
servação da biodiversidade no Brasil sob a ótica da medicina da conservação. Com a missão de contribuir para a conservação da biodiversidade, gerando conhecimento científico, boas práticas, comunicando e estimulando a promoção de uma sociedade sustentável, o IMD desenvolve cinco programas: Simbora pro Parque; Projeto Caiman - Jacarés da Mata Atlântica; Projeto Chelonia mydas; Pró - Tapir: monitoramento e proteção das antas da Mata Atlântica capixaba. O Instituto Marcos Daniel atua sempre em parceria com outras instituições não governamentais, empresas, universidades e órgãos públicos compartilhando recursos e o conhecimento nos projetos que desenvolve. Por meio do Projeto Caiman, o IMD é referência em conservação de crocodilianos no Brasil. O jacaré-do-papo-amarelo O jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris, DAUDIN, 1802), é um crocodiliano de porte médio, quando adulto chega até 3 metros e 100kg de massa corporal. A espécie está distribuída em grande parte da região sudeste da América do Sul, ocupando rios, mangues e áreas alagadas na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Mais de 70% da população da espécie encontrase em território brasileiro. Sua função de predador na cadeia trófica lhe confere um papel muito importante no fluxo energético dos ambientes na qual estão inseridos. Os Jacarés de papo amarelo são essenciais para a manutenção do equilíbrio do ambiente e manutenção dos serviços ecossistêmicos, além de serem
considerados espécies sentinelas da saúde do ecossistema. O Jacaré-de-papo-amarelo figurou por muitos anos na lista de animais ameaçados de extinção, em função principalmente da destruição de seu habitat natural por ações antrópicas e caça predatória, sobretudo entre os anos na década de 40 e 50, onde ocorreu grande exploração da espécie por conta da caça ilegal. Atualmente de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2016) a espécie encontra-se classificada como espécie de “ameaçada de extinção”. Dentre as ameaças a espécie, destacam-se a perda de habitat, a caça, os interferentes endócrinos e as doenças emergentes. No Brasil, pouco se sabe sobre a ecologia e perfil sanitário das populações de Caiman latirostris, bem como suas relações ambientais. Esta carência de dados , em muitas ocasiões, comprometem a construção de um programa de conservação adequado aos crocodilianos e seus ambientes naturais. A compreensão dos aspectos ecológicos, sanitários e ecoepidemiológicas em ambientes com diferentes níveis de impacto antrópico são essenciais para a gestão da conservação de crocodilianos. Neste contexto o Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica possui um papel muito importante. Espírito Santo é uma área estratégica para a conservação do Jacaré do papo amarelo e da Mata Atlântica no Brasil. Para mais informações: yhuri@institutomarcosdaniel.org.br www.imd.org.br AUTORES Yhuri Cardoso Nóbrega – Médico Veterinário / Coordenador do Instituto Marcos Daniel • Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica. Marcelo Renan de Deus Santos – Presidente do Instituto Marcos Daniel Fotos: Leonardo Merçon
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em destaque
Projeto Jardins da Arara de Lear
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Manter Palmeiras Licuri para salvar Arara de Lear Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari)
O
projeto Jardins da Arara de Lear visa contribuir com soluções para garantir a conservação da principal base alimentar da arara-azulde-lear (Anodorhynchus leari) pela manutenção e ampliação da disponibilidade de Palmeiras Licuri (Syagrus coronata) na região de ocorrência das araras, aplicando modelos de desenvolvimento sustentável. O projeto nasceu da vontade de ajudar a arara-azul-de-lear junto com a comunidade que convive com ela. Busca somar esforços aos diversos trabalhos de conservação que vêm sendo executados, especialmente, aqueles inseridos no Plano de Ação Nacional (PAN) da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) – CEMAVE/ICMBio e pela Fundação Biodiversitas. Os principais objetivos são: - Desenvolver projetos de manutenção e ampliação das palmeiras licuri (Syagrus coronata) nas áreas de alimentação das araras, possibilitando oferecer alimento suficiente para a sustentação e o crescimento da população das araras-azuisde-lear (Anodorhynchus leari), de forma a possibilitar a regeneração e manutenção da diversidade genética necessária para diminuir o risco de extinção; • Apoiar programas de educação ambiental e extensão agroecológica junto às comunidades que convivem com as araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari); - Promover a capacitação de pessoas das comunidades locais em atividades sustentáveis de geração de renda que tenham a conservação da Arara -azul-de-lear (Anodorhynchus leari) como ferramenta; • Influenciar políticas públicas que beneficiam a conservação da biodiversidade na região; • Auxiliar na regeneração do Bioma da Caatinga, habitat de muitas espécies ameaçadas de extinção;
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Trabalho com as comunidades nas áreas de expansão das araras: comunidade de Caimbé, as araras são muito bem vindas!
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• Obter apoio financeiro para manter e ampliar os projetos em andamento, através da promoção de parcerias com empresas e pessoas que adotam programas de responsabilidade socioambiental.
Visita do Projeto aos amigos no Zôo de Bauru: (da esquerda para a direita) Dr Roni Puglia, Rodrigo, Dr Luis Pires, Aliomar Almeida.
drem nas exigências do projeto. • Busca da viabilização econômica através de ações que mantenham a sustentabilidade de todas as ações do projeto. • Trabalho em conjunto com a comunidade local na busca de alternativas viáveis de baixo impacto ao Meio Ambiente, em especial, aquelas relacionadas com o aumento da disponibilidade de alimento para as araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari). A implantação deverá ocorrer preferencialmente em propriedades particulares, em lugares de ocorrência natural da palmeira licuri (Syagrus coronata) nas áreas de alimentação das araras-azuisde-lear (Anodorhynchus leari) próximas de seus dormitórios.
Diversas ações para atingir objetivos
O projeto possui alguns programas:
Para alcançar os objetivos, o projeto Jardins da Arara de Lear desenvolve uma série de ações: • Levantamento das propriedades que tenham condições de recuperar as populações de palmeiras licuri (Syagrus coronata); • Identificação de proprietários, possíveis parceiros, que queiram participar do projeto; • Avaliação individual dos custos de implementação nas áreas que se enqua-
• Adote simbolicamente uma arara, para pessoas físicas que querem colaborar. • Criação de reservas em áreas consideradas estratégicas. • Incentivo do artesanato junto às comunidades. • Estimulo ao ecoturismo na região. Para mais informações, entre em contato: info@araradelear.com.br
Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
Foto: João Marcos Rosa
Foto: Dalila Mouta
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em destaque
ARTE PSICO
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ocê já deve ter ouvido falar da equoterapia, o uso de cavalos como método terapêutico. Mas, e sobre animais silvestres passando a integrar o processo de aprendizagem de indivíduos a partir de uma proposta pedagógica? Pois é assim que a Arte Psico (Associação de Reabilitação e Terapias Especializadas) trabalha. É quando a psicopedagogia entra em jogo, com auxílio de psicologia, psicanálise, psicolinguística, psicomotricidade e psiquiatria para compreender e intervir da melhor forma no processo. Segundo a psicopedagoga Thainara Morales, os animais são elementos necessários para contribuir no processo do aprender dos indivíduos que apresentam dificuldades de aprendizagem e necessidades especiais. Assim, ela criou o método IPAA (Intervenções Psicopedagógicas Assistidas por Animais), que encara o animal como coterapeuta usado para estimular várias áreas do saber – leitura, escrita, alfabetização, percepção visual, concentração entre outras.
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Foto divulgação
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Quando os animais ajudam crianças a aprender
As atividades promovidas pela Arte Psico são várias, desde estimulação para bebês à pet terapia, ao Projeto Focinhos na Leitura e à Terapia Assistida por Animais Exóticos. Na Psicoterapia Assistida por Animais, por exemplo, compreendese a relação homem-animal no âmbito da terapia auxiliada e mediada na presença de um animal. A estimulação por meio do método IPAA visa aos cinco sentidos do corpo humano, melhora a autoestima, trabalha as atividades cognitivas e motoras, entre outros inúmeros benefícios. As técnicas, hoje, não têm participação apenas de animais domésticos. A Exotic Therapy envolve os silvestres, além de répteis e exóticos. “Vimos a necessidade de inserir esses outros animais, pois em alguns estudos e práticas do dia a dia, percebemos que só o cão ou outro animal doméstico não era tão suficiente para alguns perfis de pacientes. Estabelecemos uma relação de Confiança com os pacientes atendidos na terapia com os animais exóticos, silvestres e répteis”, explica Thainara Morales. As espécies são legalizadas pelo Ibama, treinadas e ap-
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Thainara Morales
tas para o trabalho. “Em nossos estudos recentes, cerca de 80% desses indivíduos atendidos no método inovador são alfabetizados, e a evolução dos casos clínicos é muito mais rápido”, evidencia a psicopedagoga. As atividades têm como foco a educação ambiental, de forma que os participantes do método possam compreender. “Usamos a parte lúdica para ensinar esses alunos, criando estratégias para cada perfil atendido nas escolas e nas terapias. A educação ambiental se configura como uma excelente aliada nesse processo de valorização dos alunos por ser um processo dinâmico e transformador com a participação ativa de cada pessoa”, diz Thainara Morales. Na síntese desse aprendizado, os alunos se veem diante de situações desafiadoras, estimulando curiosidade, habilidades e a própria participação no meio social e no ambiente escolar. Para mais informações: thainaramoralesprojeto@gmail.com www.artepsico.com.br
Grupo prega amor às aves silvestres proporcionando um melhor bem-estar, a socialização de nossas aves com os seres humanos e o enriquecimento ambiental da companhia de outras aves, melhorando a sua saúde física e mental”, enfatiza. O grupo Aves Amor Incondicional procura expandir o gosto e a informação a respeito das aves. Os encontros entre criadores procuram esclarecer, inclusive, sobre as ações para combater o tráfico de espécies que, infelizmente, ainda é significativo no Brasil. “Abordamos também questões de preservação do meio ambiente por conta da influência dos seres humanos na sua degradação e onde vivem grande parte da nossa fauna, prejudicando a preservação de muitas espécies”, completa Gonsales. A união e o interesse de todos foram o trampolim para o grupo ganhar a internet (facebook.com/pg/avesamorincondicional). Pela rede social, prima-se pela necessidade de informação para ajudar outros criadores de aves e passar um pouco as experiências dos membros. São mais de 4.000 seguidores. Para mais informações, entre em contato: asgonsales@hotmail.com
Foto divulgação
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s várias espécies de aves silvestres e exóticas que sofrem nas mãos de traficantes, desde janeiro de 2016, contam com um grupo de amantes que as adora e as cria. Tudo começou pelo WhatsApp, reunindo pessoas com interesses afins. “Os encontros não ocorrem em locais fixos. Buscamos sempre ambientes diferentes. Alguns acontecem em parceria com petshop, mais a grande maioria ocorre em praias, sítios ou parques, todos em forma de piquenique e com uma assiduidade um pouco maior”, explica o idealizador do grupo, Anderson Gonsales. No Rio de Janeiro, são cerca de 50 membros. Anderson ainda conta com veterinário, biólogo e uma série de colaboradores cuja missão também é difundir país afora a proposta do grupo. Mas a simples paixão pelas aves incentivou algo a mais. Os participantes procuram trocar informações sobre conscientização ambiental, manejo adequado, boa alimentação e outras direcionadas até a quem ainda não possui aves e precisa de orientação para isso. “Nossos encontros reúne criadores e amantes de aves, mais especificamente psitacídeos, com o intuito da troca de experiências,
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AMOR INCONDICIONAL
Anderson Gonsales
Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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zoológicos do brasil
Gramadozoo tratou bugio agredido e iniciou campanha de conscientização ao parque com autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA). “Não foram lesões provocadas por briga com outros animais. Ele não possuía hematomas pelo corpo ou marcas de mordida. Os ferimentos dele eram lesões típicas de objeto cortante”, explica o veterinário Marcelo Cunha. Sentinelas da febre amarela Em função das notícias sobre a proliferação de febre amarela no Brasil, os especialistas não descartaram que as agressões pudessem ter sido provocadas por desconhecimento humano. Em 2009, quando foi registrado um surto da febre amarela, diversos macacos foram mortos. “Não podemos comprovar que as agressões tenham sido provocadas por medo
da febre amarela. Queremos alertar que o bugio não transmite a doença”, frisa o veterinário Renan Stadler, responsável técnico do Gramadozoo. Stadler chama a atenção para a situação que coloca em risco a continuidade da espécie. Segundo ele, os bugios acabam mortos pela ideia errônea de que a espécie causa febre amarela. O veterinário explica que o bugio é um sentinela e não o transmissor da doença. “Quem transmite, é o mosquito através da picada. Tem gente que vê um bugio morto e pensa que ele é o transmissor. Na verdade, o bugio é vítima do mosquito e avisa sobre a proliferação do inseto. É necessário combater o mosquito”, explica. Para mais informações: www.gramadozoo.com.br
Foto: Gramadozoo
Bugio (Alouatta sp)
Renan Stadler
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Foto: Gramadozoo
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ois ataques por humanos a bugios -ruivos no município de Nova Petrópolis, interior do Rio Grande do Sul, motivaram a equipe do Gramadozoo, zoológico da Serra Gaúcha, a lançar uma grande campanha de conscientização: bugios não transmitem febre amarela. Os veterinários do zoo de Gramado suspeitam que os casos de agressão tenham sido motivados por medo de que os macacos pudessem estar infectados com a doença. Em três dias, o parque recebeu dois animais da espécie para tratamento. Os casos foram registrados em janeiro. O primeiro, que foi agredido com facão, reagiu bem ao tratamento. Já o segundo, acabou morrendo em virtude das lesões provocadas por tiro. Com lesões na cabeça e na pata, o animal recuperado pela equipe do zoo foi resgatado pelos bombeiros e encaminhado
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Zoológico de Curitiba celebrou 35 anos presenteando animais
Leão (Panthera leo)
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Zoológico de Curitiba/PR comemorou 35 anos de atividades no dia 28 de março. O macaco mais antigo ganhou bolo, e o leão e o urso ganharam carne especial. As festas foram acompanhadas pelas crianças de três escolas da cidade, que presenciaram outros animais recebendo “os presentes”. A Prefeitura, mantenedora da estrutura, diz que a presença de estudantes é incentivada para mostrar como os animais são cuidados. Na ocasião caso, lá estavam crianças da Escola Bandeirante, da capital paranaense. Com cerca de 5 e 6 anos, elas viram o chimpanzé Bob ganhar um bolo de cenoura. O hábitos do primata, muito parecidos com os dos humanos, chamaram a atenção e divertiram os pequenos. O enriquecimento ambiental é uma prática constante para estimular
e atender às necessidades dos animais, diminuindo o estresse e melhorando o bem-estar. Mas foram o urso de óculos e o leão Simba os primeiros a participar da festa. Simba ganhou um presente dentro de uma caixa de papelão, onde havia carne e capim. Durante o aniversário, também aconteceram atividades de educação ambiental sobre o mico-leão-dourado. O ano do mico-leão-dourado é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Zoológicos e Aquários (SBZ), que escolhe anualmente uma espécie da fauna para homenagear. Com o tema Quanto mais Mico Melhor, a ideia é ajudar a disseminar informações a respeito da conservação da espécie da Mata Atlântica. Na década de 70, por conta da liberação da venda dos animais, eles eram apenas 200 vivendo em seu habitat
natural. Com um intenso trabalho de recuperação, foram trazidos animais de diversas partes do mundo e hoje eles são mais de 3 mil. O trabalho de educação com as crianças acontece em todos os zoológicos membros da SBZ. Na atividade de hoje, além de assistir a um vídeo explicativo, os alunos receberam máscaras de mico-leão-dourado. No mês de julho, deve serr apresentado o livro Zoológico 35 anos, escrito por Manoel Lucas Javorouski e Silvio Biscaia. O pré-lançamento fez parte das comemorações do aniversário de 35 anos e se trata de uma edição revisada do material lançado em 2012, pelos 30 anos parque. Para mais informações: zoo@smm.curitiba.pr.gov.br Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Grupo Cataratas investirá em melhorias no RioZoo
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RioZoo tem à frente de sua gestão o Grupo Cataratas desde outubro do ano passado, empresa reconhecida por sua expertise na gestão de atrativos naturais, de conservação, educação e pesquisa como Cataratas do Iguaçu, EcoNoronha, Paineiras Corcovado, AquaRio e Marco das Três Fronteiras. Nos dois primeiros anos do contrato de concessão, a empresa investirá R$ 65 milhões em melhorias, implementando o conceito de enclausuramento inverso, usado em zoológicos de classe mundial como o Zoo de San Diego, na Califórnia. Grosso modo, saem as grades dos recintos que separam os animais do público, de modo a melhorar a experiência para o visitante e prover um ambiente adequado aos animais. Durante a concessão, os investimentos no RioZoo somarão R$ 130 milhões, e a companhia devolverá à cidade, a moradores e visitantes um espaço completamente renovado, com importantes projetos de educação ambiental, conservação e pesquisa em parceria com instituições brasileiras de ponta. No coração da Quinta da Boa Vista, parque imperial do bairro de São Cristóvão, o Zoológico do Rio tem uma área de 126 mil metros quadrados e um plantel
de cerca de 1.300 animais, entre aves, primatas, répteis, peixes e felinos. “A nossa missão é que o RioZoo se torne referência mundial, tanto no tratamento dos animais, quanto na formação de visitantes conscientes. Nesse primeiro momento, somamos esforços para mudar os protocolos de alimentação e medicação, dando melhores condições de vida aos animais. Nos próximos anos, o Zoológico do Rio voltará a ser motivo de orgulho para a cidade”, projeta o presidente do Grupo Cataratas, Bruno Marques. Casal de leões A nova administração do RioZoo trouxe de volta os leões, animais-símbolos do Zoológico do Rio. Eles chegam graças à parceria com o Zoo de Pomerode, em Santa Catarina, sem prazo para irem embora. Pesando 140 kg, a fêmea tem 15 anos e chegou ao Zoo de Pomerode há cerca de dez anos entregue pela administração de um circo, que tinha o animal como uma das atrações. Já o macho, de 8 anos de idade, pesa 180 kg e já nasceu em cativeiro. Após o resultado de uma votação pública, os nomes dos leões foram definidos: Simba e Nala. “Esta é uma forma de apro-
ximar o público dos animais, mas os leões não atenderão por esses nomes”, explica Anderson Mendes, biólogo responsável pela ala de mamíferos do RioZoo. Recreação, alimentação e fazendinha O Zoo também ganhou pintura, reforma geral nos recintos, novas áreas de recreação infantil e uma Play Zone, com brinquedos variados, murinho de escalada e tirolesa. Na Fazendinha, a criançada pode alimentar os animais e passear nos minipôneis, além de entender a origem dos alimentos que consomem diariamente. O berçário foi outro espaço revitalizado que, em menos de um mês, já recebeu os primeiros novos moradores: um casal de ararajubas, ave brasileira ameaçada de extinção. Na parte de alimentação, o visitante também encontrará novidades. Uma nova lanchonete e food trucks oferecem opções de lanches e refeições rápidas. Para mais informações: www.riozoo.com.br
Nos dois primeiros anos de concessão, R$ 65 milhões em investimentos
Pavão (Pavo cristatus) Foto: Alexandre Macieira/Visit.Rio
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Tigre Dante passou por manejo no Zoo de Brasília
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Zoológico de Brasília realizou, a partir do final de março, procedimentos clínicos de rotina do ano para os animais do plantel. O tigre-branco (Panthera tigris tigris) macho, apelidado de Dante, de 8 anos, que pesa 174kg, foi o primeiro a receber o atendimento da equipe de veterinários, biólogos e tratadores do zoo, e contou com o apoio da empresa Scan Image, que realizou o diagnóstico por imagem e anestesia. Dante foi submetido a avaliação odontológica e radiografia da boca, avaliação ultrassonográfica do abdome, fígado, baço, rins e bexiga, coleta de sangue e urina para exames clínicos e a coleta de sêmen. De acordo com o resultado inicial dos procedimentos realizados, o tigre não apresenta nenhum problema de saúde. A médica veterinária e ultrassonografista da clínica Scan Image, Marce-
Foto: Vinícius Pereira/FJZB
Zoo de Brasília fez exames em seu plantel
la Marques, destacou apenas a presença de sedimento urinário que normalmente é encontrado em grandes felinos. “São depósitos de minerais em excesso na urina que podem formar cristais. É preciso um acompanhamento para que não haja a formação de pedra ou urólito, como chamamos”, informou. O procedimento inicial foi a sedação do tigre. A equipe do zoo precisou se certificar que o animal estava sedado para colocá-lo na caixa de transporte e encaminhá-lo para o Hospital Veterinário do Zoológico de Brasília. O anestesista e médico veterinário da Scan Image, Jairo dos Santos, acompanhou todo procedimento anestésico e certificouse de que os parâmetros do tigre estão dentro dos padrões normais. No centro cirúrgico do Hospital Veterinário do Zoo, o médico veterinário e diretor do Hospital, Rodrigo Rabello, começou o trata-
mento odontológico com a limpeza de tártaro e apontou a necessidade de um canal em um dente que estava desgastado, identificado através de radiografia feita pelo especialista em diagnóstico por imagem, João Ricardo Nardotto. Simultaneamente, a médica Marcela Marques realizava o exame de ultrassonografia abdominal no Dante e o médico veterinário e presidente do Zoológico, Gerson Norberto, acompanhado da veterinária do zoo, Fernanda Fontoura e de Carlos Frederico Martins, veterinário da EMBRAPA, realizavam os procedimentos para a coleta de sêmen. Essas amostras farão parte do Banco de Germoplasma da FJZB em parceria com a EMBRAPA. Após todos os procedimentos, o tigre foi levado de volta ao recinto onde recebeu a aplicação de um reversor da sedação feita anteriormente. No total, foram cerca de 4 horas de manejo, desde o início dos procedimentos para anestesia até a ação final do efeito anestésico. “O Dante é um animal saudável. As alterações encontradas são bem discretas e aceitáveis para essa espécie, como por exemplo, um pouco de sedimento na bexiga e algumas alterações odontológicas pertinentes ao tipo de alimentação que este indivíduo executa. Por ele ser estritamente carnívoro é comum os dentes estarem um pouco desgastados, mas nada fora do normal”, avaliou o diretor do Hospital Veterinário do Zoo, Rodrigo Rabello. Para mais informações: www.zoo.df.gov.br Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Girafa nasceu no Zoo do Beto Carrero World Oportunidade de reencontro dos animais com seu ambiente
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Zoológico do Beto Carrero World ganhou uma nova integrante, que é a mais nova girafa brasileira. O filhote é uma fêmea, e foi batizada de Catarina, em homenagem ao estado onde o empreendimento está localizado. Após cerca de 15 meses de gestação, a girafinha nasceu no dia 12 de fevereiro, com 1,90 m de altura e cerca de 80 kg. A bióloga Kátia Cassaro, responsável pelo Zoo Beto Carrero World, recebeu a novidade com alegria. “Ela nasceu muito saudável, e está se desenvolvendo muito bem nestes primeiros dias de vida”. O Zoológico do Beto Carrero World firma, cada vez mais, sua importante participação na preservação de espécies através da reprodução em cativeiro. Um trabalho sério e comprometido com a natureza é determinante para elaboração de recintos com condições favoráveis para que os animais possam procriar, e assim, aumentar a população e a chance de que sejam reintroduzidos em grande número a natureza. Por ação do homem, com a destruição do meio ambiente e caças ilegais, atualmente a girafa é uma espécie em extinção. “A população de girafas em vida livre caiu 40% na última década. A procriação em cativeiro é uma forma de ajudarmos na conservação e aumento de exemplares de girafas e também de outras espécies” explica José Daniel Fedullo, veterinário do Beto Carrero World.
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No Brasil, existem apenas 16 girafas, sendo cinco fêmeas e 11 machos, e apenas dois zoológicos têm casais em condições de reprodução. Agora, a expectativa é de que seja feito um remanejo dos animais, para que ocorra a mistura de genéticas diferentes, e a procriação continue acontecendo. O parque se destaca entre os zoológicos brasileiros como um dos que mais reproduz girafas no país, sendo motivo de orgulho para toda a sua equipe. “A in-
tenção é que futuramente estes animais possam ser reintroduzidos na África, para que vivam em seu habitat e sem risco de extinção”, completa Fedullo. Para mais informações: www.betocarrero.com.br
Fêmea recebeu nome de catarina
Girafa (Giraffa camelopardalis)
Foto: Divulgação/Beto Carrero World
zoológicos do brasil
Zooparque Itatiba recebe casal de girafas ameaçadas Foto divulgação
Foto divulgação
Zoo Itatiba é o único zoológico do país a ter a girafa rothschild (girafa do norte)
Girafa rothschild (Giraffa camelopardalis rothschildi)
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casal da espécie girafa rothschild também conhecida como girafa do norte (Giraffa camelopardalis rothschildi) chegou ao Zooparque Itatiba, São Paulo, depois de uma longa viagem. Elas nasceram em um zoológico austríaco e chegaram ao Brasil pelo aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas. Por ser uma espécie ameaçada de extinção e ainda jovens, vieram acompanhadas por um especialista em importação e exportação de animais, Frank Van Der Woude, holandês, que viajou com as girafas para garantir a alimentação e os cuidados necessários para este tipo de transporte. No Zooparque, o jovem casal está na companhia de Ayana, uma fêmea da espécie Girafa do Sul, que já está no zoo há 9 anos. O objetivo principal do projeto é conservar a espécie Rothschild por meio de reprodução sob cuidados humanos. Recentemente a Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacio-
nal para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) publicou uma reavaliação da situação das girafas na Lista Vermelha das espécies, por conta do rápido declínio nas últimas três décadas. Segundo dados da Comissão, só existem 2.645 indivíduos da girafa Rothschild na natureza. Atualmente, todas as espécies de girafa são consideradas vulneráveis. Só para se ter uma ideia, 30 anos atrás o número estimado de girafas era em torno de 155.000. Hoje, esse número é avaliado em 98.445, quase que 40% de queda da população de girafas mundiais. A espécie girafa Rothschild teve a maior queda populacional, em torno de 90%, e hoje, é uma espécie avaliada como em perigo. Ela é considerada uma das espécies mais ameaçadas de Girafas e um dos grandes Mamíferos do mundo ameaçados de extinção. As girafas são os animais mais altos da terra. Os machos podem atingir 5,80 metros e as fêmeas 4,50 metros. Elas vivem em pequenos grupos se comparados com outras espécies. Em geral, cada grupo é formado por fêmeas e suas crias. Os machos se aproximam somente no momento da reprodução. A gestação das girafas vai de 14 a 16 meses com um único filhote por cria. A maturidade sexual acontece aos 4 anos no caso das fêmeas e aos 5 anos para os machos. Os filhotes ficam com as mães por aproximadamente de 15 a 18 meses, mas mamam até os 13 meses. Para mais informações: www.zooparque.com.br
zoológicos do brasil
Zoo de São Paulo oferece Programa de Aprimoramento Profissional
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Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) da Fundação Parque Zoológico de São Paulo visa contribuir de forma ativa e consistente na formação de profissionais para atuarem na conservação de animais silvestres, assim como nas áreas de educação ambiental e gestão dos recursos naturais aplicados à zoológicos. Se você é biólogo, médico veterinário, zootecnista, engenheiro agrônomo, gestor ambiental ou profissional de outra área de nível superior compatível com as atividades desenvolvidas pelo programa, está formado há não mais de dois anos e possui registro no Foto: Paulo Gil
Preguiça-de-três-dedos (Bradypus sp)
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respectivo Conselho de Classe, participe do processo seletivo de 2017. Desenvolva, sem vínculo empregatício, atividades supervisionadas de aprimoramento profissional em uma das modalidades oferecidas pela fundação: - Biologia de Animais Silvestres; - Educação para Conservação; - Medicina Veterinária de Animais Silvestres; - Enriquecimento Comportamental e Ambiental de Animais Silvestres; - Nutrição e Manejo Alimentar de Animais Silvestres; - Sistema de Gestão Ambiental e da Qualidade em Zoológicos; - Operação, Controle e Monitoramento
Ambiental em Zoológicos; - Educação Ambiental e Gestão Integrada aplicadas à Produção Rural (DPR); - Biologia Molecular e Microbiologia; - Reprodução Assistida e Biotecnologia; - Análises Clínicas. Para mais informações sobre o PAP acesse o Regulamento do Programa no site do Zoológico de São Paulo: www. zoologico.com.br. Inscrições para o processo seletivo de 2017 abertas no mês de maio. Para mais informações: www.zoologico.com.br Foto: Paulo Gil
Foto: Paulo Gil
zool처gicos do brasil
Zoo Pomerode recebeu quatro le천es-angolanos
Le천es-de-angola (Panthera leo bleyenberghi)
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O procedimento para trazê-los com total segurança ao Brasil foi longo e começou com um treinamento para viajarem sem ajuda de tranquilizantes dentro de uma caixa de ferro. Eles receberam a última refeição em solo português e 12 horas depois embarcaram em um avião. Foram 10 horas de voo em uma operação delicada que precisou da aprovação do Ibama, Ministério da Agricultura e da Receita Federal, que checaram a saúde dos animais no Brasil. Depois do desembarque no Aeroporto de Guarulhos (SP), os felinos pegaram a estrada por 600 quilômetros para chegar à casa nova. Programa de Manejo Cooperativo para fins de conservação A população de leões vem diminuindo drasticamente em todo o continente africano, de aproximadamente 400 mil indivíduos em 1950 (Myers 1975) para pouco mais de 23 mil indivíduos (Bauer and Van Der Merwe 2004), uma redução de 94,25%. Devido ao declínio populacional, associado a perda constante de habitat, a espécie foi incluída na Lista Vermelha da IUCN, na categoria de “Vulnerável” a
extinção (IUCN 2016-3). Historicamente, o Zoológico de Lisboa vem trabalhando com fauna de Angola, destacando-se o leão-de-angola (Panthera leo bleyenberghi), a girafa-de-angola (Giraffa camelopardalis angolensis) e a palanca-negra (Hippotragus niger). A população de leões-angolanos mantida em zoológicos é de 74 animais, sendo que, todos estavam em 18 instituições na Europa. O Zoológico Pomerode, Santa Catarina, é o primeiro das Américas a receber e manter essa subespécie de leão. A Fundação Hermann Weege, mantenedora do Zoológico Pomerode, é uma entidade sem fins lucrativos destinada a promoção da conservação da biodiversidade, pesquisa científica, educação ambiental e o lazer. Atualmente, participa de 24 programas de Manejo Cooperativo para fins de Conservação de âmbito nacional e internacional. Os programas de manejo cooperativo são fundamentais para a conservação da biodiversidade. O futuro de muitas espécies depende desses programas, como é o caso inclusive do Leão-de-Angola. Essa subespécie de leão habita o sudoeste da África (Namíbia, Angola, Zaire, oeste da Zâmbia, oeste de Zimbabwe e norte do Botswana). Para mais informações: www.zoopomerode.com.br
Foto: Zoológico Pomerode.
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Zoo Pomerode, em Santa Catarina, recebeu quatro Leões-de-angola. Os felinos vieram de longe, do Zoológico de Lisboa. Os animais partiram de Portugal e atravessaram o Atlântico de avião. Após oito mil quilômetros de viagem, eles estão bem adaptados ao novo lar no sul do Brasil. “Nos primeiros dois dias após a chegada deles, a gente começou o processo de alimentação de forma gradual, com 50% da dieta, 2,5 quilos de carne bovina, e agora eles já estão se alimentando com os cinco quilos diários”, afirma o biólogo e responsável técnico do Zoo Pomerode, Cláudio Maas.
NASCIMENTOS EM ZOOLÓGICOS
Foto divulgação: Suziane Fonseca
Zoo de BH • Gorila (Gorilla gorilla) O Zoológico de Belo Horizonte, Minas Gerais, registrou, em maio, o terceiro nascimento de gorila. Com parto normal, é o segundo da fêmea Imbi. Os irmãos Sawidi e Jahari nasceram em 2014. De acordo com o zoológico, com a chegada do caçula, o pai Leon deve continuar a estimular a prole com brincadeiras e passeios pelo recinto onde vivem. Os gorilas aparecem na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como espécie “criticamente ameaçada”. Eles são vítimas da caça predatória, de doenças e da perda de habitats. O gorila pode medir cerca de 1,70 metro de altura e pesar até 275 quilos.
www.portalpbh.pbh.gov.br
O Complexo Ambiental Cyro Gevaerd, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, comemora o nascimento de um macaco-caranguejeiro ou macaco-de-cauda-longa. O filhote nasceu em março. A espécie é encontrada no sudeste da Ásia, da Birmânia às Filipinas e ao sul pela Indochina, Malásia e Indonésia. Com 165 dias de gestação, cada fêmea dá à luz um filhote por vez. Embora o tempo de vida desta espécie não tenha sido relatado, é provável que seja semelhante a de outros membros do gênero, que parecem poder obter uma idade máxima de cerca de 30 anos em cativeiro.
Foto divulgação
www.zoobalneariocamboriu.com.br
Zoológico de Salvador • Anta (Tapirus terrestris) Em abril, o Jardim Zoológico de Salvador, na Bahia, comemora o nascimento de seu novo habitante: um filhote de anta. O animal, que pertence a espécie dos maiores mamíferos terrestres do Brasil e tem seu estado de conservação no Brasil considerado como vulnerável (VU), está sob os cuidados da mãe no recinto do zoo. As antas são animais muito inteligentes, devido a enorme quantidade de neurônios que possui. São consideradas também jardineiras das florestas, têm um papel importante na preservação de biomas brasileiros como a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica.
www.zoo.ba.gov.br
Zoo de Foz do Iguaçu • Onça-pintada (Panthera onca) Os veterinários e pesquisadores do Refúgio Biológico Bela Vista da Hidrelétrica Itaipu, em Foz do Iguaçu, Paraná, divulgaram a reprodução de onça-pintada. O nascimento ocorreu no final de dezembro de 2016. O filhote está sob os cuidados exclusivos da mãe, Nena, uma onça-pintada preta, de três anos. O macho Valente, de 9 anos, é o pai. O médico veterinário e responsável técnico pelo zoológico, Wanderlei de Moraes, explica que, na natureza, a mãe fica com seus filhotes durante aproximadamente um ano ou até que eles estejam prontos para sobreviver sozinhos. Nos últimos dez anos, apenas sete outros animais da mesma espécie nasceram em cativeiro no Brasil. Geralmente, a reprodução nestas condições é muito difícil, já que as onças-pintadas que chegam nestes lugares são mais velhas e passaram da idade reprodutiva. Na vida selvagem, a expectativa de vida delas é de cerca de 12 anos. Em cativeiro, podem chegar aos 25 anos. www.pmfi.pr.gov.br/zoo
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Foto: Marian Sol Miranda
Zoo de Camboriú • Macaco-caranguejeiro (Macaca fascicularis)
MATÉRIA DE CAPA
Foto divulgação
Luiz Pires
TRABALHO RESPONSÁVEL
Zoológicos são legais, sim! Por MÁRCIO CAVALLI
Cumprimento da legislação garante Zoológicos e Aquários como locais de conservação, educação ambiental e contemplação.
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ualquer estabelecimento deve seguir normas para funcionar e acolher o público, e não é diferente com os zoológicos, orientados por uma legislação específica pelo fato de acolherem espécies da fauna silvestre. O bem-estar dos animais em cativeiro é sinal de cumprimento da função de contemplação aliada à educação ambiental. É o foco dos zoológicos no quesito sustentabilidade. A importância deles é tamanha a ponto de a nossa carta-magna ser base para as demais regulamentações do setor. A Constituição Federal assegura a atividade e esclarece que o uso da fauna, para o bem do meio ambiente, não é proibido no país. O advogado Vanderson Matos Santana, especialista na tutela jurídica da fauna silvestre, exótica e doméstica; litigante do uso sustentável dos recursos da fauna e membro da Comissão de Direito Ambiental da OAB/SP, diz que o
princípio legal parte da Lei Federal nº 7.173/83. “Porém, não é a única que devem cumprir ou observar. Tratando-se de licenciamento para funcionamento de zoológicos, caso o Estado não tenha auferido as atribuições determinadas pela Lei Complementar n° 140/11 e/ou não tenha legislação própria, o empreendimento está sujeito ao cumprimento da Instrução Normativa Ibama n° 169/2008 e suas alterações.” Seguindo essa linha, o advogado gaúcho Wilson Godoi, ex-chefe de Gabinete do Ibama e da Fepam no Rio Grande do Sul, e atuante na área de Direito Ambiental, menciona que o Ibama era quem autorizava o funcionamento de parques e zoológicos. Mas a Lei Complementar nº 140, de 2011, fez com que essa atribuição coubesse às unidades federativas. “Ao transferir a competência de aprovação de funcionamentos dos zoológicos, a Lei Complementar também transfe-
riu a competência para estabelecer as normas próprias para a autorização de funcionamento de zoológicos. É o caso, por exemplo, do Estado do Rio Grande do Sul que, no ano de 2016, estabeleceu um roteiro para a concessão de autorização de funcionamento de parques zoológicos. Alguns Estados continuam fazendo uso de normativas estabelecidas pelo Ibama. É o caso, por exemplo, de São Paulo e Goiás, que elencam a Instrução Normativa Ibama n° 7/2015 como legislação aplicável à autorização de funcionamento. É importante destacar, ainda, que além dessas normas legais mencionadas, é preciso que os empreendimentos estejam devidamente cadastrados e em dia com as obrigações do Cadastro Técnico Federal – CTF, bem como que observem a legislação municipal, bem como outras normas dos conselhos federais de Biologia e Medicina Veterinária, por exemplo”, complementa Godoi. Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Vilma Geraldi
a qualquer momento pela sociedade, dentro dos parâmetros de transparência pública hoje existente por força de lei”, assegura.
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Transparência
Sistema integrado Em São Paulo, qualquer empreendimento que faça uso da fauna silvestre em cativeiro orienta-se pela Instrução Normativa Ibama nº 07/2015, que define o conceito de jardim zoológico e demais especificações técnicas. Conforme a médica-veterinária Vilma Geraldi, diretora do Departamento de Fauna da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, há um mecanismo próprio desde novembro de 2014 – o Sistema Integrado de Gestão de Fauna Silvestre (Gefau) – pelo qual são realizados os cadastros, emitidas as autorizações e feito o acompanhamento de todos os empreendimentos utilizadores de fauna silvestre, seja em liberdade ou em cativeiro. “Pelo Gefau, são emitidas as au-
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torizações de transporte para os animais, permitindo um controle on-line do plantel dos estabelecimentos que lidam com fauna silvestre. No sistema, também ficam registrados todos os recintos e as instalações, o responsável legal, o responsável técnico, a equipe técnica, o plantel e todas as autorizações já emitidas para o empreendimento e para cada animal”, detalha. Já Luiz Pires, ex-presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil e diretor do Zoológico de Bauru, evidencia a constante atualização por meio de portarias. “Através dessa legislação, foram criados parâmetros mínimos de tudo aquilo que influencia a manutenção da fauna selvagem sob cuidados humanos, seja na infraestrutura de equipamentos, recintos e mão de obra. Dessa forma, as instituições possuem um regramento a ser cumprido e ele pode ser checado
Proporcionar contemplação aos visitantes é uma das finalidades dos zoológicos, mas sem abrir mão da conservação da biodiversidade. Tudo o que é feito direciona o modo como os estabelecimentos se convertem em centros de educação ambiental, pois é neles onde as pessoas têm contato com animais nunca vistos e aprendem a respeitá-los. Pelo Brasil, há muitos exemplos de locais que estimulam a manutenção de poucas espécies em cativeiro que, caso fossem soltas na natureza, há muito tempo já estariam extintas. “Os zoológicos, como uma rede global, deveriam unir forças para garantir que suas populações de espécies ameaçadas possam sobreviver a longo prazo. Além disso, cada zoológico pode contribuir melhor para a conservação ao se especializar na reprodução de algumas espécies de interesse, pois essa especialização aumenta a taxa de sucesso da reprodução”, sustenta Vilma Geraldi. Esse trabalho passa, sem dúvida, pelo trabalho acerca do conceito de bem-estar animal (BEA). “É o estado em que o animal não apresenta distúrbios fisiológicos ou comportamentais em virtude do ambiente no qual é mantido, considerando questões como nutrição, espaço e ambientação; manejo e atividade ao qual o indivíduo é submetido. A promoção do BEA é fundamental para o bom funcionamento de um zoológico, para a manutenção da imagem dos empreendimentos e, principalmente para os animais, mas também para veicular mensagens positivas para a conservação. Isso porque os zoológicos possuem uma ótima oportunidade de conscientização da população, pela proximidade com os animais, mas isso só pode ocorrer em locais adequados e bem manejados, que sejam capazes de transmitir a seriedade do trabalho dos zoológicos para a população que pretende educar”, pontua Vilma Geraldi. Esse trabalho de preservação no
Proporcionar contemplação aos visitantes é uma das finalidades dos zoológicos, mas sem abrir mão da conservação da biodiversidade. Trabalho sério A função dos zoológicos vai além da pura manutenção da fauna silvestre. Isso porque eles promovem pesquisas que vão desde comportamento animal e parte clínica até a história de vida. Os responsáveis técnicos extraem dados sobre as espécies, como tamanho da ninhada, intervalo entre episódios de reprodução, idade em que o animal atinge a maturidade sexual, entre outros fatores importantes para complementar informações coletadas em populações naturais, essenciais ao planejamento de ações de conservação. “As pesquisas também envolvem técnicas e protocolos de manutenção de espécies em cativeiro, cuidados neonatais, protocolos de quarentena, doenças que acometem as espécies e tratamentos adequados. Vários zoológicos também acabam atuando como Centros de Reabilitação de Animais Silvestres resgatados ou apreendidos, devido à ausência de empreendimentos dessa categoria em algumas regiões do Estado, recebendo animais e trabalhando em sua recuperação para eventuais solturas, diminuindo a perda de indivíduos da natureza”, explica a médica-veterinária Vilma Geraldi. “Essa [de que zoológicos poderiam servir para tráfico de animais] é uma alegação de quem não conhece
ou mesmo quem insiste em desabonar o trabalho realizado por essas instituições na base de mentiras ou mesmo utilizando casos isolados e buscando transformar as exceções em regra. Utilizar casos isolados que ocorreram no passado é praticar injúria contra as instituições sérias hoje existentes”, argumenta Luiz Pires. Consequências Vanderson Matos Santana, advogado membro da Comissão de Direito Ambiental da OAB/SP, é muito claro: zoológicos com licença para funcionar que violam a legislação correm risco de punições legais muito maiores. Multas, embargos, apreensão de animais e até cassação da atividade são medidas previstas contra os infratores. “Vale ressaltar que é sabido que as infrações ambientais geram a chamada tripla responsabilização (penal, ad-
ministrativa e civil). Em âmbito penal, prevalece a aplicação da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), com penas de reclusão de até dois anos; em âmbito administrativo, temos a vigência do Decreto n° 6.514/08, que estipula multas de R$ 50 a R$ 50 milhões; por último, a civil permite o ajuizamento de ações indenizatórias por crimes cometidos contra o meio ambiente”, detalha o jurista. Grosso modo, o incômodo é tamanho para alguém se arriscar de maneira imprudente à atividade de zoológico. “Mas é bom lembrar que a competência de fiscalização é comum aos entes da Federação, de modo que, mesmo não possuindo legislação específica, o Município poderá autuar um zoológico caso este esteja descumprindo a legislação”, acrescenta o advogado gaúcho. Para o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Zoológicos e Aquários, Luiz Pires, o regramento é o rumo cer-
Wilson Godoi
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qual estão envolvidos os zoológicos faz com que se tornem insustentáveis argumentos de que esses locais sejam pontos para maltratos ou até de tráfico de animais.
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to para os parques. É o respeito à legislação, sempre atualizada. “Ela garante a transparência e a segurança jurídica para afugentar ‘aventureiros’ que possam pensar em utilizar os estabelecimentos para praticar crime contra a fauna ou mesmo biopirataria”, garante Pires. “Toda atividade deve ser regida por normas, mas é o cumprimento delas que garante a idoneidade de um zoológico, cuja transparência é revelada em todas as fases do empreendimento, do planejamento à operação. E esse estabelecimento, quando conta com pessoas realmente qualificadas, dá mais um sinal positivo de que merece ser reconhecido como ambiente de acolhida para a fauna silvestre e de exemplo não só de contemplação como de educação ambiental. “Há muitos bons profissionais atuando nesta área. Assim como as normas devem ser observadas rigorosamente para mostrar a seriedade do trabalho, elas obviamente devem ser observadas, com mais rigor, para manter o bem-estar dos animais abrigados, uma vez que esse é exatamente o objetivo das normativas que regulamentam o funcionamento de Zoológicos e Aquários”, finaliza o advogado Wilson Godoi. Por toda a legislação que assegura o bom funcionamento para acolhimento da fauna, e pelo cuidado com a vida animal nos aspectos da sustentabilidade e da educação ambiental, a visita a zoológicos está garantida! Quem busca contemplação nos parques, acima de tudo, desejam sentir-se bem em um ambiente arejado, asseado e adequado às finalidades às quais se propõe. Essa satisfação se completa no bem-estar dos animais, que reflete ao público de várias maneiras, visto serem eles espelhos da fauna silvestre. A visita ao zoológico sempre é uma aula. Nós, seres humanos, seja qual a função nesse tipo de estabelecimento, como profissionais ou visitantes temos o dever de incentivar o zelo e o cuidado para com as nossas espécies, cada qual no seu papel. Porque todos integramos o mesmo ciclo, o mesmo ecossistema.
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Opinião LEGALIDADE DO ZOOlógicoS
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ntes de irmos a fundo à questão, temos que, necessariamente, fazer um parêntese para ilustrar a caótica situação que os zoos, parques e outros empreendimentos com fauna vivem. Para isso, já adianto que hoje vivemos em um momento crítico e triste na história do empreendedorismo com fauna. Veja que, muitas vezes, o empreendedor é submetido ao cumprimento de uma série de exigências legais, normativas e até discricionárias, quanto a recintos, manejos, tratos e alimentação. Tudo isso amparado por técnicos especialistas na área como zootecnistas, veterinários e biólogos. Eis que entra um elemento vestido de preto, com o cabelo colorido, o rosto cheio de tarraxas, vestimenta típica de guerrilha e sem qualquer formação na área que permita minimamente deliberar sobre animais, adotando discurso de uma corrente abolicionista dos animais, causando uma verdadeira devassa no interior do empreendimento ao xingar, quebrar e incomodar a paz dos que frequentam. Além dos prejuízos econômicos, como se não bastassem, ao denunciar os elementos temos uma policia judiciária totalmente inoperante e até membros do Ministério Público que adotam o biocentrismo fascista. É uma inversão de valores sem precedentes. Então, sugiro apenas que se cumpra fielmente a legislação e os regulamentos mencionados. Pelo menos, o empreendedor estará agindo em exercício regular de direito, caprichando nas dimensões, assepsia e enriquecimento ambiental dos recintos.
Frise-se que, mesmo assim, diante do quadro ilustrado acima e pelo constante estado de desgovernaça que nós, brasileiros, estamos acostumados, não está imune a criticas, piquetes, entre outros. Vanderson Matos Santana é advogado desde 2006. Tem 37 anos, é especialista na tutela jurídica da fauna silvestre, exótica e doméstica; litigante do uso sustentável dos recursos da fauna e membro da comissão de direito ambiental da OAB/SP. Tem especialização em Direito Público, Direito Civil e Processo Civil e é especializando em Direito Ambiental. vanderson-santana@hotmail.com
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Opinião Danilo Coimbra é Especialista em Bioética pela Faculdade de Medicina da USP, Bacharel em Direito da USP e graduando em Medicina Veterinária pela FZEA-USP/SP. danilo.coimbra@usp.br
Legitimidade e legalidade
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debate sobre a legalidade dos zoológicos pauta a edição da Revista Zoológicos do Brasil. No entanto, antes de debater a legalidade, tema já abordado por colegas da área do Direito, optei por debater a legitimidade ou, se preferirem, a moralidade deste tipo de estabelecimento. Eu acredito que os principais argumentos legitimadores do movimento zoológico sejam o seu papel na educação e conservação das espécies. Os zoológicos cumprem a missão de aproximar as espécies animais e a humana. Os animais mantidos nos zoológicos devem ser considerados “embaixadores”, que estão ali não para entreter os humanos, mas para representar suas espécies e
toda a biodiversidade, exercendo papel educador e educativo. Se nós, humanos, não conhecermos o “outro”, como poderemos respeitá-lo? O segundo e importantíssimo papel dos zoológicos é na conservação das espécies. As inestimáveis contribuições dos zoos ao redor do mundo confirmam esta tese, e legitimam a manutenção em cativeiro de animais ameaçados de extinção. Um zoo que seja meramente um “depósito de animais” não deve ostentar esse nome. Falando brevemente das leis, os diplomas legais devem refletir a ética social, que é mutável por natureza. O que era moralmente aceitável há 30 anos pode não o ser nos dias de hoje. Por isso,
os argumentos em defesa dos zoos devem ser atualizados de acordo com a moralidade presente. Devemos avançar em relação a argumentos que defendem o papel dos zoos como local de “entretenimento”. Tais argumentos são eticamente bastante discutíveis. É óbvio que o entretenimento esteja presente, mas esse não pode ser o foco da manutenção de um espaço de animais. A exposição dos animais deve servir à manutenção dos papéis de educação e conservação que todo zoo deve cumprir. Espero que estas reflexões acerca da relação homem-animal tenham contribuído para o debate. Numa próxima oportunidade, nos deteremos nos diplomas legais que tratam sobre o tema.
Aquários do Brasil
Aquário de Ubatuba comemora 21 anos
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Mais de duas décadas contribuindo para a educação ambiental e conservação dos animais marinhos e ambientes costeiros
pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus)
Pinguinário - Aquário de Ubatuba/SP
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m fevereiro de 2017, o Aquário de Ubatuba, no litoral de São Paulo , comemorou 21 anos de uma história repleta de conquistas e realizações. Tudo começou em 1996 quando um grupo de oceanógrafos, com objetivo de atuar na conservação do ambiente marinho através da educação ambiental e de pesquisa, fundou o primeiro aquário privado aberto para a visitação pública do Brasil. É considerado referência e foi pioneiro em iniciativas como o uso de materiais recicláveis e de baixo impacto ambiental na cenografia dos tanques, uso de Iluminação natural para economia de energia e qualidade de vida dos animais e plantas, aquecimento d´água por meio de placas solares e trocadores de calor, cenografia composta com espécies vegetais aquáticas, anfíbias e terrestres que realizam o tratamento biológico da água, sistema de filtragem semiaberto que promove renovação periódica da água por meio da recirculação da água no sistema, introdução no país do conceito de tanque de contato, onde os visitantes podem tocar estrelas e pepinos do mar, ouriços, lagostas e raias, acompanhados de um monitor, construção e manutenção de um tanque de Águas-Vivas e o primeiro a reproduzir em cativeiro espécies deste grupo. Sua diretoria também contribuiu para a Normativa Federal para Aquários em 2000 e hoje um membro da equipe ocupa o cargo de Coordenador do Comitê de Aquários da SZB (Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil) e é suplente no Conselho Consultivo. A entidade é membro da SZB, SPZ (Sociedade Paulista de Zoológicos), Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência e ainda de um Centro de Divulgação Científica, cadastrado junto ao Governo Federal. Possui um Pinguinário que abriga animais da espécie Spheniscus magellanicus, conhecidos como pinguins-de -magalhães, resgatados nas praias da região, onde os visitantes participam da alimentação interativa. E também uma galeria de água doce e salobra com 24 mil litros, recém-revitalizada,
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cisco em Belo Horizonte/MG, de Rio das Ostras/RJ, do Parque Escola Sabina em Santo André, do Pantanal em Campo Grande/MS, o Oceanário Brasil em Rio Grande/RS, o Oceanário de Aracajú/SE, o Amazonário em Belém-PA e a reforma do Aquário de Cuiabá-MT.
Oceanário Brasil – Projeto Terramare
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Reabilitação Instituto Argonauta
Reabilitação – Instituto Argonauta Foto divulgação
Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha, uma ONG reconhecida em 2007 como uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Desde sua fundação, já foram atendidos mais de 2221 animais entre pinguins, golfinhos, baleias, lobos-marinhos, entre outros. Destes, cerca de 40% foram reabilitados e devolvidos à natureza. São realizadas pesquisas com os dados coletados, convertidas em publicações científicas. O Instituto possui convênio com a Prefeitura Municipal de Santo André para manutenção do Aquário no SABINA Parque Escola do Conhecimento, e contrato com a Univali (Universidade do Vale do Itajaí) para realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos – PMP-BS no Litoral Norte de SP. Além dos convênios e contratos, o Instituto é mantido por repasses do Aquário de Ubatuba que destina parte da verba arrecadada nas bilheterias do Museu da Vida Marinha para a ONG Terramare Fundada há 15 anos, a Terramare é uma empresa gestada dentro do Aquário de Ubatuba, especializada em serviços de Consultoria para Projetos, Construção e Operação de Aquários de Visitação Pública. Desenvolve soluções criativas e inovadoras para novos projetos e para revitalização de recintos aquáticos e semiaquáticos. Aliam turismo, pesquisa, educação e desenvolvimento econômico à conservação ambiental. Alguns dos projetos são: os Aquários de Aparecida/SP, da Bacia do Rio São Fran-
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que representa o igapó e o manguezal, abrigando variadas espécies. Hoje, possui um circuito de visitação composto por 21 recintos com mais de 700 animais e cerca de 130 espécies diferentes. É reconhecido como um dos melhores aquários da América do Sul e do Brasil pelo site Trip Advisor e considerado uma das melhores opções de lazer educativo no litoral de São Paulo, aplicando o conceito de edutainment (do inglês, fusão das palavras education = educação + entertainment = entretenimento), permitindo que os visitantes aprendam a valorizar a biodiversidade aquática e marinha em um percurso autodidático que representa os mais variados ecossistemas do Brasil e do mundo. Desde a inauguração já recebeu mais de 3.000.000 pessoas. Oferece programações educativas, principalmente para as crianças que participam de atividades recreativas que estimulam o aprendizado e a criatividade. Atende ainda, sem nenhum subsidio, crianças de escolas públicas de Ubatuba gratuitamente, mediante a capacitação dos professores. Preocupado em contribuir para o desenvolvimento de novos profissionais possui convênios e protocolos de cooperação técnico-científica com mais de 125 instituições nacionais e internacionais de ensino para realização de estágios e pesquisas conjuntas. Instituto Argonauta Em 1998, a Diretoria do Aquário de Ubatuba e outros profissionais ligados à proteção do meio ambiente fundaram o
Para mais informações: www.aquariodeubatuba.com.br
Alimentação Interativa – Pinguinário Aquário de Ubatuba Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Aquários do Brasil
Aquário de Santos, educando e encantando há sete décadas
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ão é à toa que o Aquário de Santos, em São Paulo, é o queridinho dos santistas. Segundo parque público em visitação no Estado de São Paulo, reconhecido até pelo Guinness World Records, é o mais antigo do gênero no Brasil. Há sete décadas encantando gerações, o aquário tem cerca de 900 animais marinhos de120 espécies de águas doce e salgada – animais nativos da nossa fauna e também animais exóticos - expostos em 32 tanques com cenografias que recriam seu habitat. Espaço de lazer, conhecimento e educação ambiental, o Aquário de Santos é entretenimento garantido para toda a família. O parque santista foi pioneiro ao implementar projetos de preservação do mar e seus habitantes. Nele nasceu, em novembro de 2001, o primeiro pinguim em cativeiro do Brasil – a Fraldinha. A Unidade de Educação Ambiental promove atividades, oficinas, cursos e visitas monitoradas enfocando hábitos, costumes, ocorrências e curiosidades dos animais além de conceitos de educação ambiental para construirmos uma sociedade mais justa socialmente e ecologicamente equilibradas. São cerca de cinco mil estudantes atendidos por ano. Tanque de invertebrados marinhos
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No tanque dos invertebrados marinhos, que é um equipamento da Educação Ambiental, os visitantes podem conhecer os hábitos das estrelas-do-mar, ouriços, caranguejos-eremitas, anêmonas e outros moluscos e ainda aprender sobre a importância de não retirar
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Polvo (Octopus vulgaris)
conchas das praias e as consequências negativas que o lixo descartado de forma incorreta pode causar para milhares de animais marinhos. Curiosidades • O Aquário de Santos é a primeira instituição brasileira a realizar resgate e recuperação de animais marinhos. O Setor de Veterinária presta assistência tanto aos animais cativos, quanto aos que aparecem doentes ou feridos na orla e são recolhidos pela Polícia Ambiental. Eles são tratados, reabilitados e na medida do possível, devolvidos ao seu ambiente natural. • O leão-marinho Abaré-Inti é a principal atração - ele ocupa o maior tanque em extensão lateral do parque, que, com 309,81 m² e 380 mil litros de água salgada, oferece visão total para os visitantes . Abaré-Inti chegou ao Aquário em dezembro de 2011, com sete anos - Abaré significa ‘amigo do homem’; Inti, o deus sol dos incas, era seu nome no Zoo de São Paulo, onde nasceu. Carnívoro, alimentado quatro vezes por dia com sardinha, manjuba e pescada, o mamífero come, sozinho, 12 quilos de peixe por dia - os 30 pin-
guins, juntos, ingerem 15 quilos • Os animais do Aquário de Santos consomem cerca de uma tonelada de alimentos por mês, dos mais diferentes tipos de pescado: 20 kg de camarão, 120 kg de lula, 20 kg de marisco, 100 kg de tilápia, 100 kg de cavalinha, 400 kg de sardinha, 200 kg de manjuba, 120 kg de pescado • O Tanque Oceânico é o segundo maior do Aquário, com 385 mil litros de água - nele estão robalos, bagres, miraguaias, pampos, sernambiguaras, carapicus, caicanha e cardumes de grande porte - Três espaços são destinados aos pinguins - dois deles ligados por uma passagem submersa e um solário, com ambiente inspirado na Patagônia • Os 32 tanques contam com um milhão e 300 mil litros de águas doce e salgada, tratadas por 50 bombas de filtragem, seis delas exclusivas para o tanque do leão-marinho. • Uma grande turbina de ar comprimido, ligada a todos os tanques, é responsável pela oxigenação da água, enquanto uma moderna subestação elétrica alimenta as bombas e um gerador de emergência garante a sobrevivência dos animais em caso de falta de energia
Linha do tempo 2 de julho de 1945 – Inauguração, com a presença do então presidente Getúlio Vargas. Anos 1950 – Pioneiro na recuperação de pinguins, os atendimentos nortearam a criação do protocolo de manejo em vigor até hoje. Anos 1960 – ‘Garoto propaganda’ em peças publicitárias de empresas nacionais. Anos 1970 - 1º parque com animais a implementar projetos de Educação Ambiental sobre os ambientes aquáticos e seus habitantes. Anos 1980 - Início do processo de marcação de tartarugas-marinhas para identificação das rotas migratórias, trabalho que o projeto Tamar só realizava na Bahia. 1997 – Reforma garante um auditório e mais espaço para o setor técnico. 2006 – Ampliação e revitalização triplicam a área com tanques novos e maiores, valorização dos espaços e modernização dos ambientes. 2016- Novas reformas na cenografia e na acessibilidade aos tanques dão ao Aquário de Santos um ar de modernidade. Para mais informações: www.santos.sp.gov.br Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Aquários do Brasil
AquaRio abriga mais de 350 espécies
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o chegar ao maior aquário da América do Sul, o visitante se depara com a ossada de uma baleia Jubarte de 13 metros de comprimento e 37 toneladas, suspensa no lobby do prédio que abrigou no passado o antigo Frigorífico do Estado. Encalhada na Praia da Macumba, no Rio de Janeiro, em 2014, a ossada do mamífero foi tratada por mais de dois anos até a finalização da osteomontagem. O passeio entre os aquários que abrigam 4,5 milhões de litros de água salgada (equivalente a duas piscinas olímpicas) leva os visitantes a uma verdadeira viagem ao fundo do mar. Nos 26 mil metros quadrados de área construída e cinco andares do AquaRio, concebido pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman, o visitante é apresentado a um circuito com 28 tanques, onde pode conhecer um pouco mais sobre os peixes da costa brasileira, do Caribe e do Indo-Pacífico. Ao todo, são 4,5 milhões de litros de água salgada para cerca de três mil animais de 350 espécies diferentes. Logo no início do passeio, moreias, peixes-leão, peixes -pedra e raias elétricas estão no tanque destinado aos seres marinhos considerados perigosos. Seguindo o circuito, chega-se ao grande tanque Oceânico, uma das prin-
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cipais atrações do espaço, com 3,5 milhões de litros de água e sete metros de profundidade que desemboca num túnel de acrílico onde moram raias, peixes e até tubarões como os da espécie mangona (Carcharias taurus) e da espécie lambaru (Ginglymostoma cirratum), que impressionam pelo seu porte. Programação Ainda dentro da programação do AquaRio, há atividades como o Museu de Ciências, com exposições de temas relacionados ao ambiente marinho e aquático e o Aquário Virtual, que por meio de tecnologias inovadoras e total interatividade permite ao visitante acesso simultâneo ao real e ao virtual. É possível se divertir criando um “peixe virtual”, que acompanha a viagem pelos corredores do AquaRio e a outras visitas ao local. Em todos os tanques, telas de led transmitem informações sobre espécies e seus habitats. Outra atração de interação para o visitante são os chamados “tanques de toque”, onde a experiência sensorial permite uma interação tátil com raias e tubarões-bambu (Chiloscyllium punctatum).
Educação, conservação e pesquisa O Aquário Marinho do Rio de Janeiro, ou AquaRio, é um equipamento moderno e multifuncional de educação, pesquisa, conservação, lazer, entretenimento e cultura, que oportuniza a cidade do Rio de Janeiro a oferecer visitação de um espaço único com atrações e tecnologias inovadoras ainda não vistas no Brasil. Uma parceria com o Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tornou possível a criação do Centro de Pesquisas Científicas, que objetiva o desenvolvimento de estudos e o gerenciamento educacional de alunos e estagiários no aquário, criando novas oportunidades de pesquisa da vida marinha. Também será criado um Centro de Conservação da Biodiversidade, com a função de preservar animais com risco de extinção, reproduzindo-os em cativeiro para posterior reintrodução em seu habitat. A responsabilidade com o meio ambiente é uma preocupação do AquaRio. Por isso, todos os animais em exposição nos aquários obedecem à legislação e aos controles do Inea/Ibama. Para mais informações: www.aquario.rio
ECOTURISMO
Foto: Projeto Baleia Jubarte
Estela Magda Brugnera é Empresária de Turismo, Consultora em Gestão de Pessoas e Diretora Comercial da Revista Zoológicos do Brasil. estela.brugnera@gmail.com
Whale Watching A Observação de Baleias
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ol, céu azul, vento refrescante no rosto, mar e baleias. Isso mesmo! Assim como já é praticado ao redor do mundo, no Brasil, também é possível avistar baleias bem de perto! O Whale Watching é uma atividade de lazer emocionante, relaxante, divertida e educativa, tudo ao mesmo tempo! A cada ano, as baleias jubarte (Megaptera novaeangliae), também conhecidas como baleias-corcundas ou baleias-cantoras, migram mais de 25 mil quilômetros, das águas frias da Antártida, onde se alimentam, em busca de águas mais quentes e tranquilas dos trópicos para reprodução. A dica desta edição, é conhecer um pouco mais sobre o Projeto Baleia Ju-
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barte que tem por objetivo monitorar e fazer a conservação desses mamíferos em águas brasileiras. O Instituto, com sede na Praia do Forte/BA, é constituído por uma equipe de biólogos preparados para receber esses ilustres visitantes que chegam entre os meses de julho a novembro. Possui uma ótima infraestrutura de atendimento ao turista, sendo possível, antes do passeio, participar de palestras e visitar um museu para obter informações sobre o mamífero, como hábitos, comportamento e curiosidades. Sendo necessário um agendamento prévio. Para ver as baleias a partir de terra, procure locais elevados e leve binóculos (10x50 são os melhores). Se embar-
cado, siga as normas do local para não perturbar as baleias, assegurando sua presença por mais tempo. Previna-se contra o frio e os ventos com roupas adequadas. As regras e leis de aproximação têm como objetivo minimizar impactos danosos às populações de baleias, garantir que as pessoas tenham a melhor oportunidade para aproveitar e aprender sobre os animais, permitir que os cetáceos continuem as atividades nas quais estão engajados, sem entrar em contato direto com barcos e pessoas, a não ser que eles escolham fazê-lo, e permitir que os animais escolham a forma e a duração da interação. Boa avistagem!
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Curiosidades
Baleia-jubarte (Humpback whale)
Hábito de vida Baleias-jubarte alimentam-se de krill e de pequenos peixes. Cada baleia consome até 1 ½ toneladas de comida por dia durante os meses de verão. Como os demais misticetos, possui uma série de 270-400 barbatanas no maxilar superior. Elas são pretas e medem cerca de 80 cm de comprimento. Os machos cantam durante a temporada reprodutiva, provavelmente servindo para atrair as fêmeas e manter outros machos afastados. Foto: Projeto Baleia Jubarte
Conservação A Comissão Internacional Baleeira (CIB) deu-lhes status de proteção mundial em 1966. Devido à sua recuperação desde a proibição da caça, em 2014 a baleia-jubarte saiu da Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção e encontra-se atualmente na categoria quase ameaçada no Brasil e pouco preocupante no Mundo (União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN).
Etimologia
Foto: Projeto Baleia Jubarte Foto: Projeto Baleia Jubarte
O nome do gênero Megaptera significa asas grandes, do grego mega-/ μεγα- (grande) e pteron/πτερα (asa), referência às suas nadadeiras peitorais que se assemelham a asas. Já seu nome específico novaeangliae vem do latim novus (nova) e angliae (Inglaterra) e é uma referência geográfica de onde o espécime tipo foi descrito pela primeira vez pelo naturalista alemão Georg Heinrich Borowsk em 1781. Então, seu nome científico significa “grandes asas da Nova Inglaterra”. Quando a jubarte mergulha costuma arquear a região da nadadeira dorsal, deixando corcova do dorso mais saliente. Desta característica deriva seu nome em inglês, humpback whale, ou baleia corcunda. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Baleia-jubarte
* A maioria das informações e imagens foram cedidas e permitidas para esta matéria, expressamente, pelo Projeto Baleia Jubarte. Mais informações: www.baleiajubarte.org.br Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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BORBOLETÁRIO DE OSASCO/SP
Foto divulgação
Um zoológico de lepidópteros
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Borboletário de Osasco é um zoológico de lepidópteros, que contém um berçário para lagartas (criatório) e um jardim de borboletas (criadouro), uma área telada com cerca de 132m² e que abriga cerca de 400 borboletas de 7 espécies. Ele está localizado nos fundos do Parque Ecológico Ana Luiza Moura Freitas, no Jardim Piratininga, zona norte de Osasco, São Paulo. O criatório é um laboratório onde as lagartas são criadas. No local, são dispensados todos os cuidados e conhecimento técnico para que o ciclo de vida do inseto seja concluído com sucesso. Ciclo A vida desses insetos começa com as borboletas ovipositando em sua
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planta-hospedeira. Os ovos são coletados e recebem um número de lote. Em seguida, ocorre a eclosão dos ovos, com a saída das lagartas, que são separadas em outros potes e são alimentadas todos os dias até que atinjam seu tamanho máximo e entrem na fase de pupa. As pupas são separadas em uma caixa até o momento de sua emergência, quando os insetos são novamente separados. Desta vez, em uma caixa telada. Em seguida, é feita a sexagem: saber qual é macho e fêmea e, então, levados para o criadouro. Quando as lagartas saem dos ovos, têm milímetros de comprimento e, conforme vão crescendo, podem chegar a dez centímetros, dependendo da espécie, segundo a bióloga Paulina Arce, responsável técnica do Borboletário de Osasco. Essa fase é a mais delicada para
a criação de borboletas. “São insetos vorazes que exigem atenção. Algumas têm instintivamente comportamento gregário, para confundir predadores, e outras são canibais. Precisamos separá -las ou mantê-las com alimento farto”, afirma Paulina. “Dá para supor quais são canibais e quais são gregárias só de observar os ovos das borboletas nas plantas. Quando a espécie é canibal, a borboleta põe um ovo por folha e, assim, evita que seus ‘filhotes’ comam uns aos outros ao nascer. Já as gregárias, põem ovos juntos na mesma folha, para que as lagartas se unam e se protejam de aves, entre outros predadores”, completa a bióloga. Segundo Paulina, cada espécie põe ovos somente em folhas que sirvam de alimento para as larvas. “Os biólogos
facilmente localizam e coletam os ovos no criadouro para levar ao berçário do borboletário”.
Despertar consciente para a sustentabilidade
Mais informações: 11 3599-3516 borboletario.sema@osasco.sp.gov.br
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borboleta-do-manacá (Methona themisto)
Foto: Estela M. Brugnera
Foto: Estela M. Brugnera
No criadouro, é possível observar as diferentes cores, tamanhos e formas das borboletas, além de se maravilhar com as diversas maneiras de alimentação (néctar das flores e frutas em fermentação). A interação dos insetos com os visitantes é importante para despertar a responsabilidade quanto ao uso racional dos recursos naturais e a sustentabilidade nas cidades. O espaço é visitado por alunos de escolas municipais, estaduais e particulares. Além das escolas, o espaço é visitado por instituições, igrejas, associações de crianças carentes, portadores de necessidades especiais e grupos de terceira idade. No mundo virtual, o aumento do número de acessos ao blog do borboletário e a sua página na rede social Facebook demonstra que o interesse pelo assunto, seja por curiosidade ou por motivos de pesquisa, apresenta tendências de crescimento. Os acessos ao blog acontecem de computadores de vários países, principalmente Estados Unidos, Alemanha, Rússia e China. Além disso, entre os seguidores, aparecem outros borboletários de várias nacionalidades. O espaço recebe visitas de terça-feira à sábado, das 10h às 16h. Em dias de chuva e frio, não é aberto a visitação.
borboleta-olho-de-coruja (Caligo eurilochus brasiliensis)
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GEAS Brasil A importância dos zoológicos na formação dos estudantes e as experiências com o GEAS
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devido à aprovação da proposta de extinção que faz parte do pacote de redução de gastos do governo do Estado. A proposta foi aprovada na Assembleia Legislativa no dia 20 de dezembro, dia em que a fundação completava 44 anos desde sua fundação. Foram 30 votos favoráveis e 23 contrários e os empregados da instituição deverão ter seus contratos de trabalho rescindidos dentro de 180 dias. O governo argumenta que a extinção da FZB e consequente absorção de suas instituições por um departamento da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável não traria prejuízos para os animais, já que apenas transferiria a administração do parque para uma parceria público-privada. Entretanto, tal tipo de gestão traz incertezas quanto à funcionalidade do CETAS que recebeu mais de dois mil animais em 2015, e quanto à função e acessibilidade do Zoológico, que recebe cerca de 620 mil visitantes ao ano, dos quais 200 mil são estudantes. Para mais informações: www.geasbrasiloficial.wixsite.com/geasbrasiloficial
Atividade prática de confecção de dardos no Zoológico de Sapucaia do Sul/RS.
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Escrito por Daniela Nicknich, Giulia Zanardo, Jacqueline Meyer, Lucas Domingues, Marina Schüler - Estudantes de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Membro da Diretoria do GEAS-UFRGS
Foto divulgação
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s formas de comunicação do nosso mundo globalizado, as quais ocorrem de forma acelerada e, na maioria das vezes, superficial, acarretam na reprodução desenfreada de informações incoerentes. Recentemente, os zoológicos têm sido alvo frequente de críticas oriundas da população leiga, que defende a extinção dessas instituições. O argumento baseiase em uma visão antiquada a respeito dos zoológicos, na qual são percebidos como prisões para animais, meramente para a contemplação humana. Entretanto, a adequação do conceito e das funções dos zoológicos os posiciona, atualmente, sobre quatro pilares, a saber: lazer, educação ambiental, pesquisa e conservação. Assim, tornam-se importantes locais para a aquisição de conhecimento sobre animais selvagens, área ainda pouco abordada nos currículos dos cursos de Medicina Veterinária do país. Por essa razão, alunos interessados em trabalhar neste meio necessitam buscar capacitação extra-curricular e, neste cenário, os grupos de estudo em animais selvagens (GEAS) têm um papel fundamental. A parceria entre zoológicos e GEAS pode render oportunidades de envolvimento teórico-prático dos alunos com a área. Neste intuito, o GEAS UFRGS visa realizar atividades em conjunto com os zoológicos. Em 2016, foram realizadas atividades em duas instituições da região metropolita-
na de Porto Alegre. Todas as atividades que o GEAS UFRGS propõe são abertas para profissionais e alunos dos cursos de Medicina Veterinária, Biologia, Agronomia e Zootecnia, de qualquer universidade. O Zoológico Municipal de Canoas, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, contém em seu plantel principalmente espécies da fauna silvestre local, tendo como principal objetivo o resgate e reabilitação de fauna, permanecendo na instituição apenas aqueles animais em condição impeditiva de reabilitação para soltura. No mês de setembro, o GEAS UFRGS organizou, em parceria com os responsáveis técnicos do local, uma saída técnica com visita guiada e atividade teórico-prática sobre contenção física e avaliação clínica de aves e répteis. No mês de outubro, o GEAS UFRGS esteve presente no Zoológico de Sapucaia do Sul, realizando visita técnica e atividade prática de confecção de dardos e treinamento com zarabatana em bichos de pelúcia. O parque tem uma proposta mais diversificada, abrigando animais nativos e exóticos em seu plantel. Além disso, o Zoológico também funciona como um Centro de Triagem de Animais Selvagens (CETAS).A instituição pertence à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB), a qual se encontra em uma situação de instabilidade,
Equipe GEAS-UFRGS: Lucas Domingues, Jacqueline Meyer, Marina Schüler, Daniela Nicknich e Giulia Zanardo
cenografia Luiz Carlos Oliveira (Lee) é cenógrafo do Aquário de São Paulo e uma das referências nacionais, quando o assunto é cenografia para animais. leeart2@gmail.com Colaboração de Rafael Gutierrez, biólogo especialista em Manejo de Animais Silvestres. E, atualmente, supervisiona as atividades operacionais do Setor de Manejo de Animais no Aquário de São Paulo.
Rafael Gutierrez e Luiz Carlos Oliveira (Lee)
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xplorar a natureza é algo que está embutido nas necessidades dos seres humanos, talvez algo em nosso DNA, uma herança de nossos antepassados. É por isso que uma caminhada na praia para contemplar o pôr do sol, uma trilha em uma floresta, um banho em uma bela cachoeira, um mergulho no oceano com corais e peixes coloridos nos conecta com a mãe natureza, nos trazendo tanta paz e satisfação. Assim, como estratégia de compen-
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O artista plástico e o biólogo transformando ideias para arquitetar vida!
sar a ausência desses momentos e também oferecê-los para pessoas que por motivo de distância, idade, dificuldade de locomoção e até tempo não podem experimentar esses ambientes naturais, os zoológicos e aquários de hoje desempenham um importante papel para esse público. As decorações e tematizações de recintos são desenvolvidas para atender as necessidades biológicas, fisiológicas e psicológicas dos animais e tentam promover aos visitantes uma experiência em
diferentes habitats. Essa imersão aproxima o público e facilita na divulgação de informações sobre ecossistemas além de encantar, principalmente, as crianças. O papel fundamental de um profissional da área da biologia é bastante conhecido nos zoológicos e aquários. Biólogos desempenham funções de melhorarem as práticas de manejo dos animais e manutenção dos recintos, elaboram dietas e cardápios, aplicam enriquecimento, fazem observação de comportamento, desenvolvem atividades de educação ambiental, conhecem leis que regulamentam e normatizam práticas de gestão de fauna e conservação. Porém uma atividade muito importante e bastante requisitada são as atividades de montagem de recintos, confecção de estruturas para enriquecimento e inúmeras outras atividades que envolvem criatividade e muita destreza manual. Claro que tudo isso só torna-se viável com a participação de um Artista Plástico que com seus estudos e habilidades é capaz de adaptar e concretizar as ideias de biólogos e veterinários. Essa aliança, convivência interdisciplinar, entre Biólogo e Artista Plástico agrega muita informação e conhecimento para projetos de elaboração de recintos, itens de enriquecimento e para práticas de educação ambiental e é capaz de gerar excelentes resultados. O conhecimento de diferentes materiais e a habilidade com técnicas variadas fazem com que resina, fibra, cimento, madeira, isopor, gesso, entre outros se transforme em recintos e ambientes encantadores para os visitantes, atinja as ideias propostas pelo biólogo e, principalmente resulte em um ambiente funcional, bonito e estimulante para os animais em que lá vivem! Para mais informações: www.arquiteturaanimal.com.br
espaço do biólogo
Foto divulgação
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Centro de Conservação da Fauna luta contra extinção de espécies
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naugurado em junho de 2015, em Araçoiaba da Serra, região de Sorocaba, o Centro de Conservação da Fauna Silvestre do Estado de São Paulo (CECFAU) conta com uma área de 80 mil metros quadrados. O espaço é o pioneiro da América Latina na manutenção de espécies ameaçadas de extinção. A bióloga Angélica Midori Sugieda, assessora de conservação da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), explica que o centro, além de ter o foco principal na conservação das espécies brasileiras, tem também o propósito de entendê-las melhor. “Quando temos o animal na natureza, a gente entende de uma maneira. Já no cativeiro, conseguimos perceber alguns detalhes que, às vezes, não conseguimos ver no ambiente natural. A ideia do CECFAU foi alinhar essas duas coisas: a primeira é ter toda a expertise de cuidar desses animais em cativeiro e ajudar a desenvolver essas espécies; e a segunda é de manter um grupo que é chamado de backup, ou seja, você mantém esses animais em cativeiro e, em uma eventual necessidade, consegue devolve -los para a natureza, com segurança”, afirma a bióloga.
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Angélica detalha como surgiram os projetos que hoje são realizados no CECFAU. “Tivemos várias reuniões e oficinas para saber que tipo de espécies nós teríamos condições de cuidar, tratar e fazer todo um planejamento para devolvê-los na natureza, se for o caso. Consultamos muitos documentos técnicos, como o Plano de Ação Nacional do ICMBIO, que mostra quais são as espécies que estão com problemas e qual a necessidade de cada uma”. Depois do estudo, foram selecionados o Mico-leão-preto, o Tamanduá -bandeira e a Arara-azul de Lear. “Eles já estão no CECFAU com recintos adequados e já passaram pela fase de adaptação. Os micos estão no terceiro filhote e os tamanduás também tiveram dois filhotes nascidos por lá. Já as araras, demandam um pouco mais de tempo de adaptação e na escolha de seu parceiro”, alerta Angélica. Rotina do biólogo A bióloga Laura Nunes Garcia Vieira, chefe do setor do Centro de Conservação da Fauna Silvestre do Estado de São Paulo, detalha a rotina do Biólogo
em Araçoiaba da Serra. “Temos uma rotina diária de manutenção das áreas do recinto e a de promoção do bem-estar dos animais. Nossa função é manter o recinto limpo, com oferta de alimentos conforme a dieta prescrita para eles e com um enriquecimento ambiental. Diariamente, colocamos itens para que eles possam se exercitar e se distraírem”. Segundo Laura, o biólogo tem diversas funções no centro. “O biólogo faz tanto a parte administrativa, que é a de organizar a rotina dos animais, como a parte técnica, que é o manejo em si. Os biólogos participam bastante de exames de rotina, na assistência de um casal que teve filhote, fazendo todo o acompanhamento parental dos pais com a cria. É o biólogo também que auxilia o veterinário nos exames. Como é o profissional que conhece o animal em si, ele é que vai fazer a contenção física e prepará-lo para que o veterinário possa examiná-lo”, finaliza a chefe do setor.
Para mais informações: www.zoologico.com.br/conservacao/cecfau
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Medicina veterinária Roberta Bionda Anastacio é médica veterinária e diretora na Clínica Veterinaria Toda Fauna, Pomerode- SC roberta@todafauna.vet.br
Mamíferos aquáticos no Brasil
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Foto: Roberta Bionda Anastacio
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Brasil possui uma grande diversidade de fauna e, ainda assim, somos contemplados com animais que migram para cá através do ar e também da água. Neste último caso, me refiro aos mamíferos aquáticos marinhos, que percorrem grandes quilômetros pelas correntes oceânicas. Em 2005, eu tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com uma espécie que rotineiramente aparece em nossas praias aqui do sul do Brasil e que despertam curiosidade: os lobos-marinhos. A espécie que a natureza me apresentou foi a Arctocephalus australis. Muito confundido com a foca, cheio de simpatia, mas que possui características diferentes e esconde possíveis doenças que podem prejudicar o ser humano e até mesmo outros animais. Os machos normalmente têm uma capa de pele de coloração cinza-escura. As fêmeas e os machos subadultos têm coloração mais clara, cinza ou bege, no peito e focinho, e podem ter pelos cinzas ou marrons em suas barrigas. Possuem um focinho achatado e pontiagudo, as narinas são voltadas para a frente e o nariz ultrapassa a boca. Têm orelhas longas e proeminentes, característicos da família Otariidae e a vibrissas (“bigodes”) dos adultos são de um branco-cremoso, relativamente curtos. Os machos adultos
Lobo Marinho (Arctocephalus australis)
são maiores que as fêmeas, com o pescoço mais grosso e ombros maiores. Além disso, os machos também desenvolvem pelos longos na cabeça e nos ombros. O tamanho dos lobos-marinhos varia de acordo com a região, mas em média os machos adultos medem até 2 metros de comprimento e pesam de 150 a 200 quilos. Já as fêmeas, medem até 1,5 m de comprimento e pesam de 30 a 60 kg. Os recém-nascidos medem de 60 a 65 cm e pesam de 3,5 a 5,5 kg. Também chamados de lobo-mari-
nho sul americano, os animais da espécie vivem em grandes grupos nas regiões mais frias da América do Sul, como Argentina e Chile. Fenômenos da natureza, como o El Nino, fazem com que estes animais caiam nas correntes marítimas e, ao se deslocarem por quilômetros, possam se perder e assim chegar a costa brasileira, desde o Rio Grande do Sul , até mesmo a Pernambuco. Uma vez encontrando um exemplar desta ou de qualquer outra espécie nas praias a recomendação é sempre: não se
aproximar. Muitas vezes eles encostam nas praias apenas para descansar e, ao final do dia, voltam ao mar para se alimentar e até mesmo se possível retornar através de corrente opostas, ou de corrente de contra fluxo, ao seu ponto de partida. Há aqueles animais que acabam chegando bastante debilitados, com algumas patologias e mordidas de tubarões. Na ocasião em que eu fui chamada para prestar socorro ao lobo-marinho, com a ajuda do Corpo de Bombeiros e ainda da SOS Pinguins , ONG que eu havia assumido a pouco tempo, conseguimos resgatar o animal e, desta forma, começou minha incansável corrida contra o tempo para aprender o que eu podia no menor tempo possível para reabilitar o animal. Minha preocupação era também em relação às pessoas que por curiosidade poderiam ser agredidas pelo animal, que na verdade estaria se defendendo. Na oportunidade, estava ocorrendo um congresso aqui no sul, onde o diretor e o veterinário chefe do Instituto Mamíferos Aquáticos estavam presentes e através de amigos e colegas acabei conhecendo-os e aprendendo o mínimo necessário para tentar salvar a espécie. O Lobo-marinho estava um pouco magro, mas ativo. Provavelmente devido a longa distância percorrida, onde mesmo se alimentando teve um grande gasto de energia. O animal recebeu fluídoterapia com polivitamínicos diariamente e manteve-se ativo no decorrer dos dias em que os procedimentos foram realizados. Foram duas semanas intensas e incansáveis. Aprendi que a espécie pode até ter uma adaptação fácil a ambientes estranhos. No entanto, demoram um pouco para começar a se alimentar, o que necessita preparo técnico para evitar acidentes. O trabalho envolveu aprender sobre a dieta, localizar fornecedores de alimentos, como alimentá-los, como coletar sangue para análise de patologias e até mesmo zoonoses (doenças que passam para humanos), tratamentos, entendimento do comportamento da espécie
e, por fim, chegar a soltura do animal sem causar danos a ele e aos profissionais e voluntários envolvidos. Nossa equipe era formada pelo Batalhão da Polícia Ambiental de Joinville- SC, uma equipe da Marina Sol Náutica, que trabalhou com as lanchas, Bombeiros das cidades de São Francisco do Sul e Pomerode, além da equipe de profissionais de laboratórios que agilizavam os exames para que pudéssemos fazer os tratamentos necessários e preparar o animal para soltura. Durante o processo, pudemos perceber que a melhor forma para atender este tipo de ocorrência é estabelecendo uma rede de atores (empresas, ONG, profissionais, poder público, zoológicos, universidades e outros), que possam previamente se reunir, traçar um Plano de Ação, deixando claro qual a função de cada um durante uma ocorrência do tipo. O atendimento técnico a animais
aquáticos marinhos é de extrema relevância. Os procedimentos bem conduzidos geram uma série de informações de cunho ambiental, classificando estes espécimes errantes como bioindicadores. Dados, como a presença de contaminantes como metais pesados e hidrocarbonetos, podem ser detectado em análises de gordura corporal, assim como em biópsias do fígado. Disseminação de viroses, de endo e ecto parasitas, detectados em amostras específicas, da mesma forma nos ajudam a entender o que pode estar acontecendo com o nosso planeta.
Colaboração de Gerson Norberto Diretor do Zoo de Brasília. Fonte: Jornal de Pomerode
Lobo Marinho (Arctocephalus australis)
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ponto de vista Marcus Farah é Educador Ambiental. marcus_farah@hotmail.com mspiritoselvagem.blogspot.com
Zoológicos e Aquários: vilões ou heróis?
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mesmo assim, não conseguiram se recuperar totalmente e foram encaminhados por não terem mais condições de sobreviver na natureza; ou, até mesmo, são animais apreendidos e recuperados do tráfico de animais. Para esses animais é possível, sim, dar boas condições de vida em cativeiro, fazendo um recinto apropriado, mantendo uma alimentação adequada e utilizando de técnicas de enriquecimento ambiental para estimular os instintos naturais e suprir suas necessidades básicas. Em zoológicos e aquários, existem equipes formadas por profissionais especializados, biólogos, veterinários, zootecnistas, oceanógrafos, tratadores e outros, que estudam e trabalham diariamente para garantir o bem-estar animal, bem como monitores destinados à educação ambiental. Além disso, atualmente, os zoológicos são muito mais do que lugares destinados ao entreterimento e exposição animal. Eles têm um papel fundamental na educação ambiental e na conservação das espécies. Muitos trabalham com reabilitação de animais, outros apoiam projetos de conservação de espécies ameaçadas e outros reproduzem espécies ameaçadas de extinção. A reprodução em cativeiro ajuda a proteger espécies ameaçadas. Um exemplo disso é a nossa ararinha azul (Cyanopsitta spixii), que habitava a caatinga e está extinta na natureza desde o ano 2000, mas graças à reprodução em cativeiro, ainda existem exemplares que
mantém vivas as esperanças de reintrodução desse animal no seu habitat natural. Nos dias de hoje, com os avanços tecnológicos e a rotina acelerada, as pessoas estão cada vez mais distantes da natureza. E se não temos contato com a natureza, como vamos proteger o que não conhecemos? As pessoas só protegem o que gostam, e só gostam do que conhecem. Zoológicos e aquários aproximam as pessoas de animais incríveis que elas não teriam a oportunidade de ver de outra maneira, permitindo que haja uma interação entre homem e animal, despertando nelas o desejo de proteger e preservar. Como educador ambiental, vejo no meu dia a dia os resultados positivos que o contato com os animais trazem às pessoas. Em diversos casos presenciei pessoas despertando o amor por animais e a vontade de preservá-los depois de ver de perto, não através de televisão, livros ou revistas, mas ao vivo e a cores, em carne e osso, vivo e respirando. Diversos são os relatos de mudanças de hábitos para hábitos sustentáveis, tanto em adultos, como em crianças. Zoológicos e aquários são necessários para a conservação das espécies e desempenham um papel essencial na educação ambiental. Sendo assim, esses animais que permanecem em cativeiro são embaixadores da educação ambiental e ajudam a preservar todos os outros que continuam em vida livre, na natureza.
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Anta (Tapirus terrestres)
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Foto: Marcus Farah
Foto: Karen Loto
Foto: Marcus Farah
odos concordam que o lugar dos animais é (ou deveria ser) na natureza. Porém, atualmente, um mundo onde todos os animais podem viver livres e em harmonia, sem perigo de desaparecer, está muito longe da realidade. Estamos cansados de saber dos problemas que esses animais em vida livre enfrentam para sua sobrevivência. Não dos problemas naturais, como competições por territórios e predadores naturais, mas sim problemas causados pelo homem. Desde o desmatamento, caça ilegal, tráfico de animais até a disposição inadequada de lixo. Tudo isso traz diversos problemas às espécies que compartilham o planeta conosco. E como combater isso? Existem diversas formas de se combater esses problemas e, com certeza, instituições como zoológicos e aquários tem um papel fundamental para isso, o que muitas pessoas parecem não compreender. Talvez, o preconceito com essas instituições exista por causa dos primeiros zoológicos, que foram criados exclusivamente para entretenimento e demonstração de riqueza e poder. Os animais eram retirados da natureza e mantidos em condições precárias, jaulas pequenas e sem nenhum cuidado. Mas, hoje em dia, não é mais assim. Nos dias de hoje, na maioria dessas instituições, os animais já nasceram em cativeiro; ou foram encontrados debilitados, resgatados, tratados em centros de reabilitação e,
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zoo mundi Por Diego Cecilio - Especialista em Comportamento Animal. diegocecilio@hotmail.com
Ski Dubai Snow Penguins
O primeiro programa de interação com pinguins
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Pinguim-rei (Aptenodytes patagonicus)
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m 31 de dezembro de 2011, dez pinguins-rei e dez papua viajaram do Sea World, San Antônio, Texas, para a sua nova casa, Ski Dubai, o maior centro de esqui do mundo, que fica nos Emirados Árabes Unidos. O programa de interação com pinguins é o primeiro do gênero. Há instituições que oferecem programas com estruturas similares, mas nenhum deles tem um programa de treinamento tão complexo como o desenvolvido no Ski Dubai. O principal objetivo da nossa interação com pinguins é conectar as pessoas de todas as idades e nacionalidades com a natureza em Dubai. Fazer com que tais experiências inspirem os visitantes a melhorar os seus hábitos para colaborar com a conservação ambiental. O que oferecemos aos nossos visitantes é “um encontro com pinguins”. A oportunidade de conhecer, aprender e a chance única de tocar um pinguim. Todas as partes do programa são importantes, mas o tempo de contato físico com o animal é único. Uma vez que esse contato é que as pessoas provavelmente nunca mais vão sentir o mesmo sobre esses animais fantásticos novamente. É claro que as apresentações educacionais e programas de interação com animais proporcionam às pessoas informações importantes, que podem inspirá-los a realizar ações de conservação. Desta forma, tentar satisfazer nosso
objetivo de reconectar as pessoas com o Meio Ambiente e seus problemas. A equipe de trabalho é formada por um curador, um chefe de técnicos, 14 treinadores de nove nacionalidades diferentes e 28 pinguins; 12 pinguins-rei e 17 papua. O número de recintos onde vivem são mantidos a uma temperatura de entre 5° e – 5°C. Os pinguins foram treinados para seguir os treinadores e utilizar todas as áreas. Treinadores têm uma relação muito próxima com os pinguins, que tem sido desenvolvida ao longo dos cinco anos desde que o projeto permitindo aves e seus treinadores participam de interações com os visitantes em um ambiente livre de riscos e estresse. A operação com pinguins ocorre focando principalmente no bem-estar animal, os ciclos naturais da espécie, como períodos de muda e reprodução, não são afetados pelo programa de treinamento. Programas educativos e de reprodução O programa foi concebido para grupos escolares nos Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de ensinar não apenas sobre a biologia destas aves incríveis através de um programa interativo, mas também sobre as ameaças que enfrentam em seu ambiente e como colaborar com cuidado. E, desde sua chegada, os pinguins
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Pinguim-gentoo (Pygoscelis papua)
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formaram casais. Eles construíram seus ninhos e ovos. Em 2016, a reprodução das duas espécies começou a se desenvolver. Durante o ano, nasceram três pinguins papua e dois rei. Nesta época de reprodução, vários de nossos pássaros estão incubando ovos novamente. Os nascimentos representam uma importante conquista não só para os pinguins, mas também para a equipe, porque mostra que o programa em Ski Dubai está na direção certa. O programa conseguiu alcançar algo que, pelas características únicas da operação realizada aqui, muitos “especialistas” pensaram que não era possível. Pesquisa Hubbs-Sea World O Ski Dubai está associado e coopera com o Instituto de Pesquisa HubbsSea World EUA. A prestigiada instituição viaja para a Antártida para estudar pinguins em seu ambiente natural. Os dados obtidos são comparados com nossa colônia no Ski Dubai para ser incluído em programas de investigação. Foi durante uma dessas viagens que utilizamos pela primeira vez um drone na Antártida para contar o número de pinguins em diferentes colônias. Nossos animais foram treinados para vocalizar quando necessário com um comando. Desta forma, colaboramos com Dr. Brent Stewart em seu estudo sobre
o uso de vocalização para o reconhecimento entre os indivíduos. Alguns de nossos pássaros são treinados para reconhecer formas e cores e discriminar entre objetos que são apresentados. Esse trabalho de formação foi premiado em 2016 na Conferência de IMATA (Associação Internacional de Treinadores de Animais Marinhos) Natação com pinguins Em 2015, nós começamos um programa único no mundo, nadar com os pinguins. Essa atividade é feita uma vez por semana para até duas pessoas que, uma vez dentro da piscina, rapidamente esquecem que a temperatura da água é de apenas 9°C. O processo de treinamento consistiu na dessensibilização das aves para a presença dos treinadores na água. Os animais não só rapidamente se acostumaram, mas claramente desfrutam da nossa presença lá. O programa Ski Dubai continua crescendo. Por ano, 79 mil pessoas participaram das interações. No entanto, estamos convencidos de que descobrimos apenas uma pequena porcentagem do que essas aves incríveis são capazes de realizar. Para mais informações visite: www.skidxb.com Zoológicos do Brasil | Ed. 5 |2017
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Programa de certificação Alpza Por Martín Zordan, diretor-executivo da ALPZA
A importância para Zoológicos e Aquários da América Latina Foto Congreso ALPZA 2016
pe de profissionais; • Finalmente, mesmo que uma instituição seja inspecionada e não atenda aos padrões de acreditação, vai identificar áreas de melhoria e práticas. Ele também irá estabelecer parcerias para implementar essas recomendações e, potencialmente, ser útil para buscar mais apoio de organizações governamentais se for o caso. O que a instituição deve fazer para ser certificada?
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anto no Brasil como na América Latina, Zoológicos e Aquários necessitam de ferramentas para garantir que eles executem boas práticas e sejam consolidados como instituições comprometidas com a conservação e o bem-estar e animal. Em diferentes regiões do mundo, as associações de Zoológicos e Aquários oferecem programas de certificação para atestar que cumprem com seu papel. Na América Latina, desde novembro de 2016, a ALPZA (Associação Latino-Americana de Parques Zoológicos e Aquários) tem oficialmente um programa de certificação. O programa inclui 180 padrões divididos em quatro áreas: segurança, proteção animal, educação e conservação.
Quais são os benefícios do programa de acreditação ALPZA? Um programa de certificação, independentemente do domínio, é a garantia mais importante para o público que uma organização atende ou excede os padrões estabelecidos. Os benefícios da certificação incluem: • Promover o reconhecimento profissional dos melhores zoológicos e aquários na
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América Latina, indicando as normas atuais para a categoria; • Promover a excelência em instituições zoológicas para fazer que evoluam continuamente à luz dos padrões crescentes para o campo; • Proporcionar uma evolução imparcial periódica aos colegas de profissão; • Fornecer funcionários com uma ferramenta inestimável para aprender com outras instituições e compreender a importância de acreditação através da formação e participação posterior como inspetores oportunidade BBB e / ou pertencer a instituições credenciadas; • Ajudar a distinguir as instituições zoológicas que trabalham sob altos padrões daquelas que não atendem a esses padrões; • Aumentar a elegibilidade para subsídios (podem prever que as instituições são elegíveis para receber certos fundos e doações de fundações, corporações e outras fontes); • Fornecer orientação para agências privadas e governamentais, que muitas vezes precisam de opinião de especialistas como uma base para o julgamento qualitativo sobre contribuições, subvenções, contratos e outros; • Melhorar significativamente a capacidade de atrair e reter de alta qualidade equi-
1- Responder o formulário que está disponível em www.alpza.com/acreditacion e enviá-lo para info@alpza.com. Caso sua instituição não cumpra a certos padrões, você deve fazer alterações para buscar adequação; 2- Após a visita dos inspetores, a acreditação do Programa ALPZA será agendada; 3- ALPZA irá creditar a instituição por cinco anos desde que a visita de inspeção atenda aos padrões. O programa tem um custo para as instituições que procuram certificação? Os únicos custos a suportar pela instituição zoológica que procura certificação correspondem ao custo de três inspetores da Alpza: passagem aérea, hospedagem, alimentação e transporte terrestre. Nós convidamos você a ser credenciado pela ALPZA! Para mais informações visite ou entre em contato: www.alpza.com/acreditacion info@alpza.com
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O incrível mundo das aves Marta Brito Guimarães É Médica Veterinária no Hospital Veterinário da USP/SP e Consultora Veterinária Especializada em Animais Silvestres da empresa WINGS vetwings@gmail.com
Foto Carlos Campos
Onde tudo continua, o ninho!
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ncontrar um ninho sendo feito por um casal de aves é o melhor sinal de que ainda temos esperança de ver nossas espécies neste planeta. Os tipos de ninhos elaborados pelas aves variam de acordo com as espécies e com os materiais encontrados para a sua construção. Podemos observar em vida livre desde um ninho esférico preso na folha de uma árvore elaborado por uma das menores aves do Brasil como o caçula (Myiornis ecaudatus) que pesa apenas 5 gramas ao ninho de uma ema (Rhea americana) que pesa por volta de 34 kg feito em formato côncavo no solo com 2 metros de diâmetro.
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A resistência e camuflagem dos ninhos contra intempéries e predadores são fundamentais para a sobrevivência dos filhotes e a escolha do local pelo casal é primordial nessa questão. Barrancos, buracos em árvores, chão e troncos são alguns dos locais escolhidos e que variam com a capacidade que a espécie tem de defendê-lo contra predadores. Às vezes, o mesmo ninho pode ser utilizado por diversos casais em diferentes estações reprodutivas como no caso dos guarás (Eudocimus ruber). Às vezes, outras aves se aproveitam do casal de outra espécie, além do ninho, e botam seus ovos no ninho das aves que já estão chocando. Esse
é o caso do chupim (Molothrus bonariensis), espécie encontrada próxima aos centros urbanos e muitas vezes alimentadas pelos pardais (Passer domesticus). Desta forma, conhecendo e aprimorando nossas técnicas em cativeiro podemos mimetizar os ninhos para projetos de conservação de aves ameaçadas e favorecer a reprodução das espécies, como o projeto da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) no Pantanal desde 1998. As aves mantidas como animais de estimação também buscam ansiosamente pela construção de seus ninhos principalmente nas estações de primavera e verão. A ausência de materiais apropriados disponíveis, faz com que busquem qualquer objeto que sirva para a elaboração do ninho. Isto pode variar desde plásticos, tecidos, jornais, papelões, fios de nylon, etc. e quando a ave tem o costume de ser solta em casa, pode até mesmo escolher um local abrigado como embaixo da pia da cozinha, dentro de uma gaveta de armário, embaixo de uma mesa, atrás do sofá, etc. É fundamental que criadores e proprietários estejam atentos ao comportamento e necessidades do casal. O conhecimento das espécies em vida livre permite que o sucesso reprodutivo em cativeiro seja ainda maior. Vale a pena conferir a descrição de diversos ninhos das aves brasileiras no livro “Berços da Vida- ninhos de aves brasileiras” de Dante Buzzetti e Silvestre Silva com as descrições de ninhos nunca antes divulgado. Para mais informações, acesse: www.vetwings.com.br
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dicas
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Anualmente a SZB realiza seu Congresso que é uma possibilidade de capacitação, intercâmbio e troca de conhecimentos, através de palestras, minicursos e apresentação de trabalhos científicos. Sempre buscando trazer junto a instituição sede, palestrantes de alto nível que vão proporcionar aos participantes conhecimentos específicos em áreas multidisciplinares que fazem parte da rotina de zoológicos e aquários. Em 2018 o congresso será realizado em Brasília/ DF de 04 a 07 de abril. www.42congressoszb.com.br
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Próximos Congressos ALPZA 24º Congreso ALPZA 2017 • 29 de mayo al 2 de junio Anfitrión: Zoológico Nacional de Cuba La Habana, Cuba 25º Congreso ALPZA 2018 • Segunda semana de abril Anfitrión: Mundo Marino San Clemente de Tuyú, Argentina 26º Congreso ALPZA 2019 • Segunda semana de junio Anfitrión: Parque das Aves Foz de Iguazú, Brasil.
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Com centenas de animais, ar puro e clima de roça, a Fazenda Angolana é uma ótima opção de zoológico infantil e lazer rural. Localizada em São Roque, a 54 quilômetros da capital paulista, o local é ótima opção para quem quer fugir da correria e agitação
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ada de trânsito, poluição, correcorre ou estresse. Bem diferente do ambiente das grandes cidades, a Fazenda Angolana é rodeada por animais exóticos e de estimação, vegetação nativa e muito ar puro. Localizada em São Roque, a 54 quilômetros da capital paulista, o local já se tornou uma ótima opção para quem está à procura de sossego e diversão durante o ano todo. O amplo espaço, de 157 mil m2, foi inaugurado em 1985. De lá para cá, a Fazenda Angolana passou por algumas mudanças e hoje é totalmente dedicada ao turismo rural. “É um local para a família. Tudo o que fizemos na Angolana até agora foi pensando no bem-estar e felicidades dos nossos visitantes. Queremos que todos que venham conhecer a Fazenda Angolana encontrem um ambiente tranquilo e descontraído, totalmente propício ao lazer e à diversão” ANIMAIS A Fazenda Angolana possui cerca de 150 espécies espalhadas por todo o
empreendimento. Os bichos ficam em locais protegidos e monitorados por veterinários e especialistas. As áreas são divididas de acordo com a espécie e raça dos animais, o que facilita o acesso e interação com os visitantes. Entre os animais disponíveis na Angolana, é possível encontrar mini coelhos, mini porcos, cachorros, aves exóticas, pôneis, pássaros, ovelhas, cabras, bodes, mini vaca e outras muitas espécies. A Fazenda também possui um parque infantil rústico para divertir as crianças. RESTAURANTES E CAFETERIA Quem passa pela Fazenda Angolana pode escolher a típica comida preparada no Restaurante com Fogão à Lenha e se deliciar com pratos saborosos e com gostinho típico do interior. Há também opções deliciosas e igualmente caseiras no Restaurante à La Carte. Outra boa pedida na Cafeteria da Fazenda é saborear um café delicioso de coador ou espresso entre outras delicias da fazenda e da região, como vinhos, queijos, doces, pimentas e etc.
Quando: Sextas, sábados, domingos e feriados nacionais, das 9h às 17h. Onde: Acesso pela Rod. Prefeito Quintino de Lima, km 5 São Roque/SP. (A Partir desse ponto é só seguir as placas até o local que fica á 1800 metros em terra) A Fazenda Angolana também oferece pacotes especiais para escolas, empresas, terceira idade e eventos em geral. www.fazendaangolana.com.br • (11) 4711-1640/4711-1179
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Lhama
(Lama glama) fotografado no Zoo BalneĂĄrio CamboriĂş / SC www.zoobalneariocamboriu.com.br Foto: Marian Sol Miranda masolmi.mm@gmail.com