“Aprendemos Juntos com o Herbário Criativo” - Catálogo da exposição

Page 1

APRENDEMOS

JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea



APRENDEMOS

JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea


ESTAMOS JUNTOS Gabriela Perdigão Cavaco [ Chefe de Divisão do Centro de Arte Contemporânea ]


Desde a sua abertura em 1993, a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea assumiu claramente uma função social e educativa, não apenas nos princípios fundadores redigidos pelo pintor Rogério Ribeiro, seu primeiro diretor, mas sobretudo por uma prática pontual e cuidada de acolhimento do Outro e do estabelecimento de relações de vizinhança com as diversas comunidades que foi tocando ao longo dos seus primeiros anos de existência. A dinâmica pedagógica que foi impressa na sua génese pautou-se pela escolha criteriosa de uma equipa habilitada e pela abertura deste espaço a um público diversificado, proporcionando-lhe um Estar na Casa, pleno de momentos de aprendizagem que estimulavam o pensamento crítico, o contextualizar e confrontar estilos, materiais, o interrelacionar várias áreas do saber e múltiplos olhares em torno da disciplina do Desenho. Neste sentido, a Casa da Cerca foi uma das pioneiras na alteração ao paradigma tradicional da maioria das instituições culturais da época. Em 1997, procurando dar resposta à afluência de inúmeros pedidos de visita e projetos educativos emergentes, oficializa-se a existência de um Serviço de Educação que passa a oferecer e a sistematizar um programa direcionado especificamente à comunidade escolar, às crianças, jovens e famílias, não esquecendo, contudo, outros diversificados públicos. Esta programação contemplou, até hoje, atividades com uma forte componente experimental, facilitadoras da aquisição de conhecimentos, estímulo da criatividade e promoção de uma cidadania participativa. Centrado numa metodologia de trabalho que cruza os domínios das artes e das ciências, na interseção entre a coleção do Centro de Arte Contemporânea, as exposições promovidas nos espaços da Casa e a existência de um Jardim Botânico com uma coleção muito peculiar de plantas, este trabalho pedagógico foi crescendo, com espaço e tempo propícios ao aperfeiçoamento e maturação de práticas inovadoras e únicas no panorama nacional. Em 2022 celebramos esta experiência em que APRENDEMOS JUNTOS, reconhecidamente, há 25 anos. A exposição APRENDEMOS JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO, que faz a ponte entre os 20 anos d’O Chão das Artes – Jardim Botânico e a data que agora comemoramos, é um exemplo da excelência e da qualidade pedagógica que queremos continuar a alcançar. 3


APRENDEMOS JUNTOS Mário Rainha Campos e Sílvia Moreira

É em Almada que se encontra a Casa da Cerca, um Centro de Arte Contemporânea que promove a aproximação à arte, em especial, ao desenho. Aqui existe O Chão das Artes - Jardim Botânico, um lugar onde se investiga e divulga a sua coleção de plantas cujos componentes são matéria-prima para o fabrico de materiais utilizados nas artes plásticas. “Aprendemos juntos” é o lema do Serviço Educativo desta casa do desenho. Temos por missão a mediação cultural, artística e educativa com os mais diversos públicos, gerando encontros de partilha e criação acerca das exposições de arte contemporânea, d’O Chão das Artes - Jardim Botânico, do património da Casa e da coleção de arte pública do município. Neste livro apresentamos a primeira exposição do ciclo de programação APRENDEMOS JUNTOS, que celebra em 2022 os 25 anos deste Serviço Educativo. A exposição APRENDEMOS JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO foi inaugurada na Galeria do Pátio em dezembro de 2021 integrando, ainda, as comemorações dos 20 anos d’O Chão das Artes - Jardim Botânico.


O HERBÁRIO CRIATIVO é um laboratório, de inscrição gratuita, que procura fazer pontes entre desenho e botânica, arte e ciência. Este projeto de educação artística assume enorme relevância na dinâmica do Serviço Educativo da Casa da Cerca, que depois integra as experiências desenvolvidas na oferta regular da sua programação. Nas férias de verão, numa semana, durante 25 horas, recebemos grupos de crianças e jovens para vivenciarmos expedições artístico-científicas. Cada participante identifica-se com uma planta do jardim, que lhe sai em sorteio, e conhece-a através de ideias e técnicas inspiradas pelas obras de arte em exposição. Estas plantas são o motivo de representação e, simultaneamente, fornecem a matéria-prima para o desenho. Sobre a coleção botânica d’O Chão das Artes, perspetivam-se renovados olhares através das diversas exposições que vão sendo apresentadas neste Centro de Arte Contemporânea. Ampliamos as fontes de inspiração pesquisando o trabalho de artistas que integram o acervo documental do Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro. Em 10 anos, APRENDEMOS JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO com cerca de 400 participantes: nove grupos dos 6 aos 9 anos, outros nove dos 10 aos 12, três dos 13 aos 15, um dos 15 aos 19 e dois dos 6 aos 15 anos com perturbações de desenvolvimento (défice de atenção /hiperatividade e transtornos do espectro do autismo). Destacamos as colaborações que fizemos em 2017 e 2018 com uma equipa do Centro de Desenvolvimento da Criança Torrado da Silva - Hospital Garcia de Orta e, em 2021, com uma investigadora do projeto Youth In Museums, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Nesta exposição refletimos as dez edições deste programa de férias artísticas. Apresentámos experiências desenvolvidas em cada ano, elegendo uma proposta e uma resposta para a ilustrar. Partilhámos em dois ecrãs a atmosfera destes encontros com imagens de todos os processos e resultados. Revelámos as fontes de inspiração, destacando a planta do ano e disponibilizando, para consulta, os catálogos das exposições de cada temporada. Na entrada da galeria, desafiámos o público a colaborar num desenho coletivo: “Plantar um Desenho n’O Chão das Artes”. Agradecemos a todos os que participaram no Herbário Criativo, direta ou indiretamente, incluindo cada elemento que integrou a equipa deste Centro de Arte Contemporânea ao longo da sua existência. 5



7





11



13


CONSTRUÍMOS JUNTOS Ana Taipas


O impacto das atividades humanas no planeta é cada vez mais um assunto incontornável que exige, de todos e de cada um, reflexão consequente e atuação direcionada. Também a produção cultural e artística, em especial aquela que depende maioritariamente de recursos materiais enquanto suportes físicos para a criação e/ou apresentação, enfrenta grandes desafios no âmbito da sustentabilidade. Como nos podemos comprometer com a implementação e comunicação de práticas individuais, coletivas e institucionais mais eficientes e responsáveis na gestão destes recursos? Na criação do projeto expositivo de APRENDEMOS JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO, as preocupações com a sustentabilidade mobilizaram desde o primeiro momento o pensamento e a ação. Assumimos a vontade de implementar uma prática de desperdício mínimo e de aproveitamento máximo de recursos existentes, procurando avaliar com coerência, e à nossa escala, a justa medida de cada variável. No caso dos elementos estruturantes (madeiras e derivados, ferragens) e de acabamento (tintas e vernizes) conseguimos alcançar uma reutilização a 100% a partir de materiais sobrantes de outras exposições, armazenados nas oficinas da Casa da Cerca ao longo de vários anos de atividade. No caso dos materiais gráficos (textos e imagens), embora tenhamos optado pelo investimento de raiz na sua produção, estudámos a sua integração nos suportes de forma a garantir a reutilização, prolongando a vida útil da exposição em itinerância e flexibilizando a aplicação futura dos conteúdos em diferentes contextos. Com os mesmos princípios que têm guiado a atuação do Serviço Educativo deste Centro de Arte Contemporânea, apurámos a capacidade de ver com outros olhos e atribuímos novas funções a produtos descartados que, ao ganharem nova vida e novo valor, nos fazem conscientes da capacidade transformadora que temos. O prazer criativo, amplificado em conhecimento, de encontrar novos usos e significados para materiais e objetos existentes e de os trazer para um plano de apuramento técnico e estético diferenciador, contrariando a inevitabilidade do desperdício, pode e deve ser partilhado, e carrega em si um enorme potencial enquanto força de movimento em direção ao futuro. Aqui e agora, com a permanente inquietação de saber fazer melhor, vamos aprendendo juntos a construir um espaço-tempo comum mais sustentável. 15



17


2009

HERBÁRIO CRIATIVO I

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Ver, Fazer, Sentir

EXPOSIÇÕES NA CASA Fátima Pinto - “Margens” Vasco Araújo - “Happy Days”


«Ver as plantas existentes no Jardim, Fazer com que elas se tornem pretexto e matéria do Sentir.» [Ana Isabel Ribeiro] 1 Esta foi a 1.ª edição do Herbário Criativo. Cada participante investigou uma planta d’O Chão das Artes - Jardim Botânico: desenhou-a, pintou-a no seu habitat e fotografou-a para depois fazer uma COLHEITA CONSCIENTE. Cada planta sorteada foi estudada do ponto de vista botânico e serviu de pretexto para experiências artísticas inspiradas nas obras em exposição. Dos cadernos de Fátima Pinto nasceram desenhos panorâmicos a carvão coloridos com aguadas, cujos PIGMENTOS foram extraídos de minerais e de plantas aglutinados com gomas vegetais, látex de figueira e ovo, como se fazia antes da invenção dos tubos de tinta. Também brincámos às escalas pintando em telas, a óleo, paisagens com elementos imaginados - plantas de proporções gigantes eram habitadas por seres minúsculos, tal como no livro “Casa com Jardim” de Emília Ferreira e Fernanda Fragateiro. A instalação “Happy Days”, de Vasco Araújo, inspirou a escrita com CALIGR AFIA cuidada sobre o vidro com que cobrimos a folha de HERBÁRIO. 1 Diretora da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea entre 2000 e 2016

19


UMA PROPOSTA

1

Escolher o exemplar da planta a colher. Sobre uma folha de jornal, compor a planta com o cuidado de sobrepor o menor número possível de elementos, gerando uma silhueta expressiva. Cobrir com outra folha de jornal e prensar entre pesos. 2

Rasgar bocados de papel sem tinta para se produzir uma pasta totalmente branca. Colocar os pedaços numa tina com água a ferver para amolecer as fibras. Triturar com varinha mágica de modo a que a pasta fique espessa, mas homogénea. 3

1

2

Mexer a pasta e mergulhar a grade até ao fundo do recipiente com um movimento firme e rápido. Levantar lentamente na horizontal para formar uma folha de espessura uniforme. Transferir a folha para um tecido absorvente, prensar e secar à sombra. 4

Triturar as folhas de cada espécie num almofariz com ajuda de areia, para extrair os pigmentos fotossintéticos. Adicionar álcool a esta clorofila bruta e filtrar. 5

3

4

Misturar benzina, éter e acetona à clorofila bruta e mergulhar uma aresta do papel reciclado nesta emulsão. Os diferentes solventes sobem pelas fibras do papel a velocidades diferentes e, ao evaporar, depositam o pigmento que dissolveram. 6

Num lugar com pouca luz protegido de radiação UV, aplicar a emulsão de cianotipia num papel e deixar secar. Preencher a legenda da planta em folha de acetato e sobrepô-la ao papel com a emulsão, cobrir com vidro e expor ao Sol para formar imagem. 7 5

6

Processar a imagem lavando com água. Recortar a legenda para a colar sobre o papel cromatografado, que servirá de suporte para a planta prensada. Cobrir com vidro onde se escreve uma frase sobre a utilidade da planta como matéria-prima nas artes.


7

21


UMA RESPOSTA

DIOGO CEBOLA, RICARDO CEBOLA 11 anos [ Amendoeira ] [ Silva ] Cromatografia sobre papel artesanal, cianotipia em papel, material vegetal, vidro, platex, molas e tinta de acetato 2009


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO I [2009] Catarina Pereira, Diogo Cebola, Gustavo Martins, Joana Pereira, Lottje Camelo, Marina Camelo, Marta Parreira, Matilde Rosete, Pedro Costa, Ricardo Cebola, Tomás Martins Conceção e dinamização: Isabel Rainha, Mário Rainha Campos Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência: Francelina Rocha | Secretariado: Teresa Sequeira

23


2010

HERBÁRIO CRIATIVO II

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Processo e Transfiguração

EXPOSIÇÕES NA CASA “Processo e Transfiguração”


Neste Herbário, além do seu registo científico, também ousámos transfigurar as plantas sorteadas. Através de diversos processos inspirados pelos artistas da exposição, conhecemos as plantas ao prensar, desenhar, pintar (a lápis de cera, lápis aguarelável e pastel de óleo) e ao fotografar de forma analógica e digital. A série “Pinocchio” de Jorge Molder, por exemplo, levou-nos a FOSSILIZAR cada planta usando o seu MOLDE em barro para obter um CONTR AMOLDE em gesso. Também fizemos tintas de plantas para pintar. Extraímos delas pigmentos e AGLUTINANTES como o látex da figueira, o óleo do linho e a goma da cerejeira, ameixoeira e amendoeira. Compreendemos, assim, o papel dos óleos na pintura e vimos a utilidade das fibras do linho, bambu e papiro para criar suportes, tendo até usado painéis de madeira de carvalho, freixo e pinho como base de pintura. Aprendemos com as plantas e, em especial, o que podemos fazer com elas para gerar materiais para as artes plásticas, prosseguindo a ideia de Rogério Ribeiro ao criar O Chão das Artes - Jardim Botânico.

25


UMA PROPOSTA 1

Conhecer a planta, escolher um exemplar da espécie e colher cuidadosamente. 2

Investigar o que são fósseis, em especial os que se formam por moldes externos, internos e contramoldes (há fósseis por todo o lado, já encontraste algum?). 3 1

2

Amassar o barro até ficar com uma consistência homogénea. Esticar e fazer uma placa com uma espessura uniforme e lisa (lastra). 4

Dispor sobre a lastra os elementos vegetais e gravar pressionando com os dedos. Construir um recipiente impermeável com o dobro da altura da lastra (usámos pacotes de leite). Cortar a lastra à medida e encaixá-la lá dentro. Após secar, retirar a planta. 5

3

4

Fazer gesso: num recipiente de plástico com água limpa e temperada, colocar o pó de gesso espalhando-o à mão (usar luvas) até formar uma ilha no meio. Aguardar um minuto e misturar com colher até ficar sem grumos e com consistência de iogurte. 6

Verter rapidamente o gesso líquido e deixar em repouso de um dia para o outro. 7

5

6

Descolar o molde de barro e surpreender-se com a revelação do contramolde em gesso. Lavar com cuidado para não retirar todos os vestígios de barro que ajudam a definir a forma.


7

27


UMA RESPOSTA MADALENA CAMPOS 7 anos [ Alecrim ] Contramolde em gesso com vestígios de barro vermelho 2010


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO II [2010] Beatriz Lourenço, Catarina Lança, Cristina Cruz, Diogo Cebola, Inês Carvalho, Inês Godinho, Joana Lança, Leonor Viana, Madalena Campos, Mariana Cabanita, Mariana Coelho, Matilde Rosete, Miguel Madureira, Ricardo Cebola, Tiago Coelho Conceção e dinamização: Isabel Rainha, Mário Rainha Campos Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência: Francelina Rocha | Secretariado: Teresa Sequeira

29


2011

HERBÁRIO CRIATIVO III

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— 10 anos de O Chão das Artes

EXPOSIÇÕES NA CASA “Sobre-Natural - 10 Olhares sobre a Natureza”

TEMAS NO JARDIM “As Plantas d’O Chão das Artes - Ilustrações Botânicas do séc. XVI ao séc. XIX”


Nos 10 anos do Jardim Botânico convidámos 5 ilustradores científicos e 5 artistas plásticos a darem-nos a ver o seu olhar sobre a natureza. Foi com esta exposição que iniciámos uma vertente importante do Herbário Criativo: o desenho de inspiração científica. Como a aguarela foi a técnica mais utilizada nas obras expostas, resolvemos experimentá-la em papel seco e húmido. Da série “Uma mão cheia de amoras” de Sara Simões nasceu um desenho coletivo: uma sucessão de registos gráficos sobre papel vegetal, num percurso até ao dragoeiro, que sobrepostos sugerem perspetiva atmosférica. Descobrimos que o papel de plantas com goma vegetal é resistente à água e inaugurámos, no ateliê, o ecoponto que ainda hoje existe. Praticámos exercícios para soltar o traço e perder o medo de desenhar: a contra-relógio, com a mão esquerda, com a direita, com as duas, atrás das costas, com os olhos fechados e até com olhos abertos e o lápis na boca. Com esta COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM decretámos, desde então, que na Casa da Cerca dizer «eu não sei desenhar» é considerado palavrão!

31


UMA PROPOSTA 1

Ler e interpretar um mapa para compreender o lugar onde estamos e para onde queremos ir. 2

Conhecer atentamente a planta com todos os sentidos, dando especial atenção à sua morfologia externa. 3

1

2

Pesquisar sobre a planta em livros ou na internet. Através do seu nome científico conseguimos aceder a informação visual produzida em todo o mundo em diversos idiomas. 4

Tal como no exercício físico fazemos aquecimento, também o fazemos para soltar o traço. Nesta imagem, jogamos ao desenho de observação guiado em espelho: de um lado, o guia usa o lápis para apontar o que o outro deve desenhar à mesma velocidade. 5

3

4

Fazer uma fotocópia com a planta sobre o vidro. Colar uma folha de papel vegetal a uma das arestas da cópia e passar por cima com grafite macia. O que não se conseguir ver através do vegetal pode ser realçado com lápis branco diretamente na cópia. 6

Sobre o papel de aguarela, colocar o vegetal com a grafite para baixo. Transferir o desenho, passando por cima com lápis de mina dura. Pintar com aguarelas começando pelas cores claras. Para fundir as cores, humedecer previamente a zona a pintar. 7 5

6

Fazer papel de plantas que pode ser usado como moldura para enquadrar o desenho.


7

33


UMA RESPOSTA

CONSTANÇA PENEDO 8 anos [ Uva-espim ] Desenho a grafite sobre papel e pintura a aguarela 2011


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO III [2011] Alice Albarrão, Beatriz Mendes, Beatriz Sapinho, Bernardo Santos, Constança Penedo, Daniel Salgado, Daniela Dinis, Diogo Lavrador, Guilherme Ming, Guilherme Pereira, Gustavo Martins, Inês Carvalho, Inês Godinho, Inês Ming, Joana Gonçalves, João Alves, João Balbino, João Correia, João Valente, Kiara Camelo, Leonor Figueira, Lottje Camelo, Madalena Sacramento, Margarida Freire, Margarida Sacramento, Margarida Sinhana, Maria de Fátima Nunes, Maria Filipe, Maria Silva, Marina Camelo, Mariana Coelho, Mariana Raposo, Marta Araújo, Matilde Rosete, Miguel Cardoso, Pedro Costa, Pedro Monteiro, Rafael Matos, Tomé Silva, Vasco Paixão, Vasco Valente, Verónica Silva, Violeta Penedo Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sónia Francisco Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência: Alexandra Canelas, Victor Borges | Secretariado: Teresa Sequeira

35


2012

HERBÁRIO CRIATIVO IV

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— A Ciência do Desenho

EXPOSIÇÕES NA CASA Isabelle Faria - “Seven Years/ Seven Sins”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: Leonardo da Vinci

PLANTA DO ANO Videira


Em 2012 a figura humana foi o tema das exposições, desde os cânones clássicos e renascentistas às práticas artísticas contemporâneas. Tendo como referência os retratos de Isabelle Faria em técnica mista sobre papel de grandes dimensões, e a homenagem a Leonardo da Vinci no Jardim dos Pintores, usámos as CÂMAR AS DE DESENHAR para esboçar homens e mulheres de Vitrúvio garantindo assim rigor na perspetiva e nas proporções do corpo humano. Foi neste ano que começámos a destacar uma planta na nossa programação e a videira foi a primeira. Desenhámos com GR AFITE (de origem mineral) e com CARVÃO de videira (de origem vegetal). Jamais voltaremos a confundi-los! Na sequência destas férias artísticas programámos, com a Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual, uma masterclass de 30 horas com o ilustrador científico Pedro Salgado, para jovens dos 10 aos 15 anos.

37


UMA PROPOSTA

1

Procurar informação sobre a planta: família, nome científico, nome vulgar, aplicações para as artes e origem. 2

Encontrar ilustrações científicas em livros de botânica. No desenho científico, regista-se com rigor o que é comum na espécie em estudo. No desenho artístico, valoriza-se a expressão e a interpretação livre de quem representa um exemplar. 3

1

2

Sobre a ilustração científica escolhida, colocar papel translúcido e passar as linhas principais a grafite. Algumas técnicas são mais fáceis com desenhos de maior escala, por isso, sugerimos a técnica da quadrícula para ampliar esse registo. 4

Em alternativa, propomos fotocopiar, recortar, compor a imagem a desenhar numa folha branca e colar. Fazer fotocópia de ampliação dessa composição e passar por cima a lápis de grafite sobre papel vegetal ou esquiço. Se necessário, colar várias folhas. 5

3

4

Pintar a pastel de óleo, aproveitando a sua força excecional de expressão. O desenho de grandes dimensões permite o uso deste material sem perder pormenor. Atenção: usar uma folha de proteção para evitar sujar as zonas já pintadas. 6

Friccionar com um pedaço de papel para esbater as cores e obter transições suaves. Retirar o excesso de pintura com pano de algodão. Usar lápis de cor para definir pormenores mais finos. Limpar com borracha as zonas que não estão pintadas. 7 5

6

Escrever na composição, com letra bonita, o nome científico da planta, o nome comum e a sua aplicação nas artes. Completar com assinatura e desfrutar a realização pessoal que sentimos quando damos por terminada uma obra de grandes dimensões.


7

39


UMA RESPOSTA

EDUARDO FERREIR A 8 anos [ Maravilha ] Técnica mista (lápis grafite, pastel de óleo e lápis de cor) sobre papel 2012


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO IV [2012] Alice Albarrão, Alice Calado, Ana Arranja, Ana Sinham, Beatriz Adelino, Beatriz Cruz, Beatriz Lourenço, Bruno Pedreira, Carlota Simões, Catarina Duarte, Catarina Negrão, Catarina Vasconcelos, Cláudio Negrão, Constança Simões, Daniel Salgado, Diniz Rodrigues, Eduardo Ferreira, Francisco Branco, Guilherme Pereira, Henrique Adelino, Henrique Simões, Inês Carvalho, Inês Godinho, Inês Quaresma, Inês Sousa, Joana Faustino, João Correia, Kiara Camelo, Lara Batista, Leonor Campos, Leonor Jorge, Lottje Camelo, Madalena Fontainha, Mael Grueau, Mafalda Ramos, Margarida Cardoso, Margarida Matos, Margarida Silva, Mariana Coelho, Mariana Raposo, Marriana Rocha, Marina Camelo, Marinela Silva, Marisa Silva, Matilde Arsénio, Rafael Matos, Sara Cardoso, Tiago Faustino, Tiago Paiva Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sónia Francisco Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência no Jardim: Emília Ferreira | Secretariado: Teresa Sequeira

41


2014

HERBÁRIO CRIATIVO V

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Desenhos de Vestir

EXPOSIÇÕES NA CASA “O Desenho está na Moda”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: “Os Jardins de William Morris” Estufa: “Os Padrões de William Morris”

PLANTA DO ANO Lírio


Este ano a Casa da Cerca dedicou-se a estudar o desenho aplicado à indústria e a celebrar os 180 anos do nascimento de William Morris, fundador do movimento Arts & Crafts. O lírio foi a planta do ano e, pela primeira vez, não houve sorteio de plantas porque todos estudámos a mesma. N’O Chão das Artes observámos algumas características da sua morfologia externa e aplicações nas artes, enquanto matéria-prima para a obtenção de corantes, pigmentos e produção de papel. No Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro consultámos livros de botânica, analisámos ilustrações científicas e representações do lírio em obras de várias épocas da história da arte. Realizámos desenhos que foram usados para criar MÓDULOS e PADRÕES, ornamentando peças de vestuário já usadas. Queremos promover a consciência ambiental e o desenvolvimento sustentável, também no campo da moda, por isso reciclámos roupas que adaptámos e personalizámos. No final, fizemos desfiles de moda com produções fotográficas.

43


UMA PROPOSTA 1

Investigar o significado de módulo e padrão e procurar referências na história da arte. Por exemplo, identificar módulos nos padrões de William Morris e perceber como se repetem ritmicamente. 2

Descobrir padrões na natureza, nas plantas, nas suas folhas e flores. Dentro delas, existem inúmeros padrões que só se veem ao microscópio. Para existir ritmo, a repetição de um módulo pode ter variações que, aliás, costumam enriquecer a unidade. 3 1

2

Escolher uma planta como módulo para fazer um padrão. Conhecê-la em diversas dimensões: através da botânica, ecologia, mitologia, simbologia, história dos povos e da arte, seus usos e receitas, poesias, paisagens, memórias... 4

Selecionar a imagem que servirá de base para realizar os sucessivos desenhos de simplificação. Com esses exercícios, encontrar o módulo que se quer repetir. Fazer sequências repetitivas do módulo, criando uma composição rítmica em rotação e/ou translação. 3

4

5

Fazer variações de cor, escala e/ou posição. Transferir a melhor experiência com papel vegetal para a peça de roupa que se quer reciclar. Usar canetas de tecido para pintar. Passar com ferro de engomar por cima do desenho. 6

5

6

Realizar uma produção fotográfica de moda para divulgar a nova peça de roupa: cuidar da imagem (cabeleireiro, maquilhagem...), estudar poses, equilibrar contrastes de luz com refletores e escolher o melhor enquadramento para fotografar. 7

Brincar às passagens de modelos com muito estilo, público e DJ.


7

45


UMA RESPOSTA ALICE ALBARR ÃO 11 anos [ Lírio-roxo ] Pintura a caneta para tecido sobre camisa de cambraia de algodão 2014


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO V [2014] Alice Albarrão, Artur Oliveira, Beatriz Adelino, Bruno Carmona, Diogo Sabino, Francisco Rosete, Inês Nunes, José Pinto, Kiara Camelo, Laura Carmona, Mafalda Cruz, Mafalda Ramos, Margarida Matos, Maria de Fátima Antunes, Mariana Raposo, Marina Camelo, Marta Nunes, Martim Foster, Matilde Silvestre, Matilde Lopes, Matilde Neto, Miguel António, Patrícia Santos, Ricardo Feio, Rita Carvalho, Rita Pedrosa, Samuel Carvalho, Tomé Silva Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sónia Francisco Apoio Documental: Ana Margarida Martins | Secretariado: Teresa Sequeira Assistência: Emília Ferreira (Jardim), Brígida Martins (maquilhagem), Noel Gomes (DJ)

47


2016

HERBÁRIO CRIATIVO VI

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Desenhos Solares

EXPOSIÇÕES NA CASA “Musas Inspiradoras”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: “Um Jardim Super Pop - Andy Warhol” Estufa: “Plantas Inspiradas. Plantas Inspiradoras”

PLANTA DO ANO Amendoeira


O que é que nos inspira? Esta foi a pergunta com que percorremos o ano a procurar fontes de inspiração: na arte, no jardim, na paisagem, ou na luz que nos conduz. O Jardim dos Pintores estava “Super Pop”, refletindo a obra “Flowers” de Andy Warhol. O seu processo artístico, e a luz como matéria sensível de desenho, geraram ideias para o laboratório deste verão. Estudámos as plantas in loco e em ilustrações científicas. Os exemplares colhidos, após prensados, foram usados para fazer composições em MONOTIPIAS, criando múltiplos de cores contrastantes. Investigámos várias técnicas de impressão das plantas: TATAKI ZOMÉ, SERIGRAFIA, ANTOTIPIA e LUMINOGRAFIA. Tingimos flores à martelada e fizemos serigrafias com Marc Parchow e Conceição Candeias. Criámos papéis sensíveis à luz com suco de beterraba e álcool, sobre os quais fizemos fotogramas com plantas e com desenhos de simplificação a tinta permanente em acetato. A intensa experimentação de técnicas deu azo à criação de diversas oficinas que hoje oferecemos no nosso programa educativo.

49


UMA PROPOSTA

1

Colher plantas e guardar dentro de um livro de capa dura para as levar até ao lugar onde serão prensadas criteriosamente. De preferência proteger com papel de jornal ou outro papel absorvente, pois as plantas podem manchar! 2

Fazer monotipia com guache, aplicado com esponja, sobre a página de uma folha. Colocar a face pintada voltada para baixo sobre um cartão. Imobilizar com uma mão e, com a outra, pressionar com a esponja, do centro para fora como quem desenha o sol. 3

1

2

Escolher cores contrastantes: claras e escuras; quentes e frias; com mais e menos saturação; ou complementares (as opostas num círculo cromático). A textura da folha fica impressa com uma cor e o fundo com outra. Virar a folha ao contrário e repetir. 4

Desenhar à vista outro exemplar da planta colhida. Passar o desenho para uma folha de acetato com caneta de tinta permanente. Virar ao contrário e, no verso, desenhar novamente sobre as linhas, de modo a que a tinta preta fique mais densa e opaca. 5 3

4

Tornar um papel sensível à luz cobrindo-o com o suco de uma beterraba fresca triturada com uma colher de álcool. Secar o papel no escuro. 6

Instalar o acetato, ou uma planta, sobre o papel fotossensível, prensado entre um vidro e uma prancheta dura, presos com molas. Expor ao sol e esperar que a cor se esbata. Este processo pode demorar horas, dependendo da quantidade da radiação UV. 7 5

6

Quando o vermelho perder intensidade, retirar o vidro e surpreender-se com o momento da revelação. Guardar o desenho solar dentro de um livro para que a imagem não desapareça. Tal como a imagem se forma, também desaparece se estiver à luz.


7

51


UMA RESPOSTA

ALEXANDR A VIEIR A 10 anos [ Rosa ] Antotipia sobre papel (suco de beterraba e álcool). Matriz: tinta permanente sobre acetato 2016


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO VI [2016] Alexandra Vieira, Alice Calado, Beatriz Clemente, Carolina Flores, Diogo Bernardino, Diogo Sabino, Duarte Almeida, Gabriel Bastos, Gonçalo Vieira, Inês Clemente, João Esteves, João Papança, José Fontinha, Lara Papança, Laura Bastos, Madalena Gonçalves, Manuela Furtado, Margarida Morgado, Maria Bagulho, Maria Laura, Maria Raposo, Mariana Vilela, Marta Silva, Pedro Andrade, Rita Carvalho, Samuel Carvalho, Sara Esteves, Sofia Castelão, Sofia Montez, Tiago Flores, Tiago Silva Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sónia Francisco Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência no Jardim: Emília Ferreira | Secretariado: Teresa Sequeira Oficina de Serigrafia: Marc Parchow e Conceição Candeias | Estagiária: Marta Pinharanda

53


2017

HERBÁRIO CRIATIVO VII

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Jardim Sensorial

EXPOSIÇÕES NA CASA “Fazer Sentido”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: “Jardim dos Sentidos” Estufa: Nuno Alecrim - “Sentidos”

PLANTA DO ANO Bambu


Dedicámos a 7.ª edição do Herbário Criativo ao estudo das árvores do Jardim Botânico. Cada participante, identificado com uma árvore do jardim aleatoriamente atribuída, partiu à descoberta das suas características. Ao longo de cinco dias, foi descobrindo plasticamente essa árvore inspirando-se em algumas obras de arte que nesse período estavam em exposição. Aprendemos juntos a ver as árvores com outros olhos, em quatro semanas de férias artísticas repartidas por grupos de crianças e jovens dos 6 aos 9, dos 10 aos 12 e dos 13 aos 16 anos, incluindo um grupo com perturbações de hiperatividade e défice de atenção. A exposição “Arborae trahere” (desenhar as árvores) assinalou os 20 anos de Serviço Educativo da Casa da Cerca. A partir dos exercícios propostos neste laboratório criativo, explorámos ESTRUTURAS, TEXTURAS, SILHUETAS, CORES, cheiros das árvores, e partilhámos a nossa descoberta desafiando a perceber, com todos os sentidos, o valor da biodiversidade.

55


UMA PROPOSTA

1

Passear n’O Chão da Artes, com os pés descalços e de olhos fechados, guiado por alguém de olhos abertos. Descobrir as árvores tateando as suas raízes, tronco, ramos, folhas, saboreando os frutos, os cheiros e os sons das folhas a dançar ao vento. 2

Colher uma folha viçosa da árvore e colocá-la entre um pedaço de pano cru dobrado ao meio. Sobre uma superfície dura, martelá-la como quem desenha para a estampar no pano. Para obter uma impressão uniforme, usar a face plana do martelo. 3

1

2

Planificar outra folha e colocá-la sobre uma superfície dura e lisa, com a página anterior voltada para cima. Cobrir com papel esquiço e segurá-lo com firmeza. Friccionar levemente, com um bloco de grafite, e ver a textura a revelar-se. 4

Para compreender melhor as texturas visuais de uma árvore, usar imagens a preto e branco. Enquadrar um pormenor da copa, por exemplo, e registar as diversas gradações de claro/escuro com grafite, simulando a sua textura natural. 5 3

4

Para investigar as cores da planta, propomos criar um inventário cromático dos vários elementos que a compõem. Identificar cada cor natural (dando atenção à tonalidade, timbre e saturação) procurando imitá-la, afinando a mistura com lápis de cor. 6

Representar texturas de árvores numa desbunda plástica. Forrar a mesa com o papel a pintar. Afinar as cores das tintas para as misturar no papel. Sugerir texturas visuais usando objetos inusitados: ramos, escova de dentes, borrifador, vassoura... 5

6

7

Desenhar as silhuetas da copa e do tronco da árvore a representar. Eleger as texturas visuais para usar em ambos os elementos. Transferir o desenho de contorno para os papéis pintados. Recortar, compor e colar num suporte com história (papel reutilizado).


7

57


UMA RESPOSTA

MATILDE MILHÕES MAIA 11 anos [ Choupo ] Colagem. Papéis pintados a guache, café, açafrão e chocolate. 2017


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO VII [2017] Alexandre Miguel, Alfredo Bidarra, Alice Carrasco, Alice Calado, Artur Oliveira, Beatriz Espalha, Beatriz Clemente, Bruno Guilherme, Clara Carrasco, Diana Ferreira, Diogo Rapaz, Diogo Sabino, Duarte José, Ema Figueiredo, Ema Belchior, Gil Madeira, Gonçalo Vieira, Inês Clemente, João Esteves, Joaquim Madeira, José Pinto, Júlia Madeira, Kiara Camelo, Laura Pinto, Leonor Cunha, Lorena Correa, Madalena Campos, Madalena Rodrigues, Madalena Gonçalves, Manuel Milhano, Maria Raposo, Maria de Fátima Antunes, Maria Sacramento, Maria Andrade, Maria Bajanca, Mariana Machado, Mariana Simão, Matilde Maia, Miguel Brogueira, Miguel Tiago, Nuno Moreira, Pedro Andrade, Pedro Geraldes, Pedro Costa, Raúl Carvalho, Ricardo Rosário, Rita Carvalho, Rodrigo Silva, Rodrigo José, Samuel Carvalho, Sara Esteves, Simão Madeira, Tomás Jardim Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira Apoio Científico: Sónia Francisco | Apoio Documental: Ana Margarida Martins Secretariado: Teresa Sequeira | Estagiários: Gabriel Costa, Leandra Loureiro, Sandra Tavares, Sara Silva | Tutores: Alexandra Rato, Carlos Mateus, Erica Rocha, Eurico Santos, Maja Escher, Mariana Fernandes, Maribel Fortes, Miguel Horta Centro de Desenvolvimento da Criança Torrado da Silva - Hospital Garcia de Orta: Luísa Rocha, Maria José Fonseca

59


2018

HERBÁRIO CRIATIVO VIII

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Os Materiais do Desenho

EXPOSIÇÕES NA CASA Ana Hatherly - “O Prodígio da Experiência” Paulo Brighenti - “Velho Sol”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: Yayoi Kusama Estufa: “Os Materiais do Desenho”

PLANTA DO ANO Oliveira


Como no mito de Ariadne, o fio de Ana Hatherly guiou-nos ao universo da POESIA VISUAL e com a palavra exercitámos o desenho da escrita. Cada uma das plantas sorteadas foi prensada e desenhada a lápis e com lupa, sendo a sua representação interpretada com recurso a materiais extraídos de várias espécies. Fizemos papel de junça, tintas de noz e de bugalho e aparos de bambu. Demos nova vida ao desperdício: construímos lápis de grafite, com minas enroladas e coladas em papel de embrulho, e criámos composições de plantas sobre papel reciclado, com sobras de papéis coloridos da instalação artística “Com muita Pinta”, que homenageava Yayoi Kusama no Jardim dos Pintores. Recolhemos texturas de plantas, usando blocos de cera natural em finas folhas de papel. Antes de pintar cada FROTAGEM com tinta-da-china e aguadas, reforçámos o suporte com mais folhas de papel coladas com goma de árvores. Na criação de materiais do desenho, tanto na sua construção como na sua aplicação, vivemos a poesia d’O Chão das Artes.

61


UMA PROPOSTA

1

Usar o nome “Ana Hatherly” como palavras chave para descobrir poesia visual, na internet ou em livros. Escolher a imagem de uma obra em que a artista tenha desenhado com palavras escritas. O que se vê? O que se sente? Que histórias fazem lembrar? 2

Observando a planta e a sua ilustração científica, desenhar para a ver melhor. Usar o vidro da janela como mesa de luz, a cópia A4 da ilustração, papel vegetal, lápis bem afiado e lupa para analisar os pormenores que se revelam enquanto se desenha. 3

1

2

A partir do desenho feito no tamanho A4, selecionar uma área correspondente ao tamanho A5 e recortá-la. Ampliar, numa fotocopiadora, para A3 – o formato quatro vezes maior do que a composição recortada. 4

Construir um riscador para escrever com tinta extraída da noz. Fizemos cálamos de bambu, mas poderíamos ter feito riscadores com penas de aves ou aparos de caligrafia com latas de refrigerante. 5

3

4

Fazer tinta de noz. Separar a polpa seca do fruto da nogueira. Esmagar a polpa martelando-a dentro de um pano. Colocar o pó num frasco (até metade), encher com água após ferver e fechar. No dia seguinte, coar com filtro de café e a tinta está feita. 6

Fazer exercícios para soltar o gesto, para dominar melhor o riscador e a tinta. Nós traçámos linhas em várias direções, círculos, espirais, contra espirais e ensaiámos assinar o nosso nome com outras fontes caligráficas. 7 5

6

Colocar papel vegetal sobre o desenho A3 previamente ampliado. Desenhar, sobre as linhas principais, escrevendo palavras e versos sobre a planta. No nosso caso escrevemos, por exemplo, o nome científico, usos nas artes visuais e outras curiosidades.


7

63


UMA RESPOSTA

SAMUEL CARVALHO 13 anos [ Agave ] Desenho a aparo de bambu com tinta de noz sobre papel vegetal 2018


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO VIII [2018] Agostinho Rosado, Alexandra Vieira, Alfredo Bidarra, Alice Calado, Alícia Correia, Ana Ferreira, Ana Sara Carmo, Beatriz Clemente, César Henriques, Clara Costa, Cristiano Cruz, David Magalhães, David Pereira, Delfim Martins, Diana Delgado, Diogo Sabino, Duarte Almeida, Eduardo Pereira, Ema Sotto-Mayor, Evan Santos, Francisca Lai, Gabriel Mendes, Gaspar Menezes, Gil Madeira, Gonçalo Vieira, Inês Caixeiro, Inês Clemente, Inês Costa, Inês Rocha, Ivo Henriques, João Nogueira, Joaquim Madeira, Júlia Madeira, Laura Almeida, Leonor Teles, Liberdade Montez, Lourenço Val, Lourenço Rio, Luísa Costa, Madalena Campos, Madalena Gonçalves, Madalena Rodrigues, Manuel Miguel, Margarida Claudino, Mariana Lúcio, Mariana Simão, Matilde Maia, Miguel Brogueira, Miguel Lemos, Pedro Geraldes, Rafael Simões, Ricardo Pereira, Rita Carvalho, Rita Geraldes, Samuel Carvalho, Simão Madeira, Sofia Mendonça, Sónia Santos, Teresa Barbosa, Tiago Anacleto, Tiago Correia, Vicente Mendes Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira Apoio Científico: Sónia Francisco | Apoio Documental: Ana Margarida Martins Secretariado: Teresa Sequeira | Estagiária: Sara Silva | Voluntária: Beatriz Correia Tutores: Alexandra Rato, Catarina Sá, Eurico Santos, Mariana Fernandes, Sofia Campaniço Centro de Desenvolvimento da Criança Torrado da Silva - Hospital Garcia de Orta: Filomena Cardosa, Joana Rosa, Luísa Rocha, Maria José Fonseca

65


2019

HERBÁRIO CRIATIVO IX

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Plantas Tintureiras e Companheiras

EXPOSIÇÕES NA CASA Daniela Ortiz - “O ABC da Europa Racista”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: Gabriela Albergaria - “Vala e Cômoro” Estufa: “Os Materiais do Desenho”

PLANTA DO ANO Plantas Tintureiras e Companheiras


Em 2019 refletimos sobre a ideia de boa convivência entre plantas e pessoas, biodiversidade e multiculturalidade. A instalação artística “Vala e Cômoro”, no Jardim dos Pintores, e a exposição “ABC da Europa Racista” deram o mote para exercícios de escrita criativa sobre simbiose e boa vizinhança. As frases geradas foram manuscritas numa obra coletiva de serigrafia com desenhos do Atelier Ser, usando o mesmo processo do projeto de arte participativa “Serigrafar com Plantas” realizado na Festa da Casa da Cerca desse ano. Preparámos colas para as nossas composições com gomas das árvores; desenhámos flores e ramos, com os quais nos enfeitámos; pintámos com plantas tintureiras; fotografámos; comemos ricas sopas e saladas; usámos relva para fazer papel e nele colámos plantas desidratadas ao sol que foram usadas no processo fotográfico LUMINOGRAFIA. Criámos uma versão gigante do livro “O Príncipe Branco” de Daniela Ortiz, publicado pela Casa da Cerca nesta altura. Esta e outras obras em exposição geraram debates questionando o racismo, o colonialismo, a monocultura e o capitalismo.

67


UMA PROPOSTA 1

Colher plantas tintureiras e boas companheiras: plantas que, se estiverem juntas com outras espécies, vivem melhor (crescem com mais vigor, ficam mais saborosas, tornamse mais resistentes, enriquecem a terra com nutrientes, afastam parasitas,...). 2

Consultar livros ou catálogos de exposições de artistas que trabalham a técnica da colagem. A obra “ABC da Europa Racista” de Daniela Ortiz foi a nossa referência. 1

2

3

Desenhar duas plantas que sejam boas companheiras, fotocopiar e recortar a cópia pela linha de contorno, destacando a figura do fundo. 4

Fazer cola: recolher goma exsudada de prunóideas (ameixeira, amendoeira,...). Colocar as gomas num frasco com água quente. Mexer bem até dissolver e ficar um líquido espesso. Após coar, está pronta a usar. 5 3

4

Colar os dois recortes das plantas companheiras num suporte que tenha uma cor contrastante (nós usámos papel kraft). Ao compor as duas figuras, interligar os elementos de forma harmoniosa. 6

Prensar para colar e planificar melhor. Se não existir uma prensa, colocar a colagem entre pesos, por exemplo, livros pesados. 7

5

6

Pintar a composição com tintas vegetais feitas a partir de plantas tintureiras: maravilhas, erva-carmim, açafrão-das-Índias, beterraba, abrunho, couve-roxa, sangue-de-drago...


7

69


UMA RESPOSTA

JOAQUIM MADEIR A 10 anos [ Beterraba e maravilha ] Colagem. Fotocópia de desenhos sobre papel kraft, cola vegetal e pintura com tintas de plantas 2019


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO IX [2019] Adriana Braga, Alexandre Rocha, Alfredo Bidarra, Alícia Correia, Carolina Bento, Constança Araújo, David Pereira, David Vasco, Delfim Martins, Diogo Sabino, Diogo Fernandes, Diogo Pires, Eduardo Ferreira, Eduardo Pedro, Francisca Lúcio, Guilherme Carvalho, Henrique Carvalho, Henrique Ferreira, Inês Caixeiro, Inês Rocha, João Fernandes, Joaquim Madeira, Madalena Rodrigues, Mafalda Cruz, Maria Raposo, Mariana Santos, Marta Jales, Matilde Azevedo, Matilde Maia, Nuno Moreira, Pedro Geraldes, Rita Braz, Rita Carvalho, Rodrigo Silva, Samuel Carvalho, Santiago Mimó Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira Apoio Científico: Sónia Francisco | Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência no Jardim: Emília Ferreira | Secretariado: Anabela Almeida Estagiários: Beatriz Correia, Rodrigo Russo, Tiago Shady, Sara Silva, Sara Patinha Voluntário: Simão Madeira

71


2021

HERBÁRIO CRIATIVO X

FONTES DE INSPIR AÇÃO

— Luz, Sombra e Cor

EXPOSIÇÕES NA CASA Alex Cecchetti - “Tudo é Bem-vindo!” Catarina Leitão - “Biblioteca Natural”

TEMAS NO JARDIM Jardim dos Pintores: “As Cores do Jardim - Johannes Itten” Estufa: “A História de um Jardim - 20 anos d’O Chão das Artes - Jardim Botânico” Jardim dos Leitores: “Vaso Verde” - painel cerâmico de Lourdes Castro

PLANTA DO ANO Dragoeiro


Na celebração dos 20 anos d’O Chão das Artes, o jardim foi o tema da programação do ano. Homenageamos Johannes Itten no Jardim dos Pintores com plantas organizadas segundo as cores que geram para pintar e tingir. Fizemos cromatografias de cada planta para registar a lápis de cor as várias tonalidades dos seus pigmentos fotossintéticos. Os desenhos de inspiração científica foram pintados com tintas de plantas, juntando-se à paleta de cores o sangue-de-drago da planta do ano - o dragoeiro. Com os mais novos, inspirados na obra “Vaso Verde” de Lourdes Castro - instalada no Jardim dos Leitores - e no MITO DE BUTADES sobre a origem do desenho, as plantas ganharam escala humana. Através das sombras, desenhámos contornos de corpos e plantas com cores contrastantes, sobrepondo silhuetas de inesperadas escalas. Convocámos os jovens a programar connosco a sua residência artística Herbário Criativo, diversificando experiências individuais e coletivas. A TINTUR ARIA foi a mais agregadora, estimulada pela exposição de Alex Cecchetti - “Tudo é Bem-vindo!”.

73


UMA PROPOSTA

1

Pesquisar obras de artistas que explorem técnicas de tinturaria e estampagem. Nós inspirámo-nos no trabalho “Dervish Skirts for Witches (Botanical Mysticism)” de Alex Cecchetti. 2

Após pesar e lavar o tecido a tingir, colocar numa panela com água fria para a mordaçagem com alúmen (10% do peso do tecido). Este processo prepara as fibras para o tingimento, dando estabilidade e durabilidade à cor. Pôr ao lume sem ferver durante cerca de 1 hora. 3 1

2

Fazer ataduras com cordel encerado, reservando zonas onde o tinto não entra. Estas reservas da cor original do tecido geram efeitos diversos e desenhos surpreendentes. Para saber mais sobre esta técnica, pesquisar pelas palavras-chave “tie-dye” ou “shibori”. 4

Preparar as plantas para fazer os tintos – separar os componentes corantes, esmagar, cozer, filtrar... Colocar o preparado na água e deixar ao lume, sem ferver, o tempo necessário para obter a cor pretendida. Juntar sal para ajudar a fixar a cor. 3

4

5

Colocar o tecido no tinto o tempo necessário até atingir a cor que se deseja. A saturação da cor pode justificar horas ou dias de imersão. Tirar o tecido da panela com a água já arrefecida, enxaguar e secar à sombra. 6

Criar uma peça de roupa ou um adereço com o tecido tingido. 7

5

6

Desenhar, com papel vegetal, sobre a imagem de uma planta e transferir esse desenho para a peça costurada. Com uma caneta fina própria para tecido passar por cima das linhas e completar o desenho.


7

75


UMA RESPOSTA MADALENA GONÇALVES 17 anos [ Açafrão-das-Índias ] Tinturaria natural em T-shirt, lenço e saco de algodão. Desenho a tinta permanente 2021


PARTICIPAR AM NO HERBÁRIO CRIATIVO X [2021] Alice Calado, Ary Brinca, Catarina Costa, Cristina Cruz, Dinis Vitorino, Diogo Freitas, Eduardo Rovisco, Ema Oliveira, Ema Sotto-Mayor, Gabriel Campos, Gil Madeira, Inês Valverde, Júlia Pires, Júlia Madeira, Lara Ferreira, Leonor Marques, Lola Pereira, Madalena Rodrigues, Madalena Gonçalves, Mariana Tendinha, Simão Madeira, Sindy Delgado, Sofia Féria Conceção e dinamização: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira Apoio Científico: Sónia Francisco | Apoio Documental: Ana Margarida Martins Assistência no Jardim: Emília Ferreira | Secretariado: Anabela Almeida Estagiária: Mariana Pereira | Investigadora: Carolina Silva

77


GLOSSÁRIO

AGLUTINANTE Substância que mantém unidas várias partículas. Como exemplo: gomas exsudadas dos troncos de algumas árvores (ameixeira, amendoeira, cerejeira, pessegueiro), látex e óleos extraídos de diversas plantas que se usam para ligar pigmentos e fazer tintas.

ANTOTIPIA Processo de impressão fotográfica ecológico que utiliza como matéria-prima os pigmentos e corantes fotossensíveis de origem vegetal. As antotipias (anthos = flor e typos = marca) são efémeras e desvanecem-se com o passar do tempo, podendo durar apenas alguns dias se ficarem expostas à luz solar direta. Ao contrário de muitos outros processos fotográficos, gera positivos diretos, pois são as zonas que não apanham luz solar (radiação ultravioleta) que permanecem mais escuras e com a cor mais saturada. Esta técnica foi originalmente pesquisada por Mary Somerville e Caroline Herschel, que apresentaram os seus resultados a John Herschel, sobrinho de Caroline, que publicou o processo em 1842.

CALIGR AFIA Conhecida como a “arte da bela escrita” é uma modalidade de desenho cuja técnica consiste em traçar à mão letras ou palavras, escritas de modo elegante, regular e harmonioso.

CÂMAR A DE DESENHAR Processo de desenho sobre imagem luz recorrendo a câmaras obscuras óticas. O conhecimento do fenómeno câmara obscura é provavelmente mais antigo que a própria história, mas é durante o Renascimento que começa a ser usado como auxiliar de desenho. É, com um engenho ótico semelhante aos que se usavam para desenhar, que Joseph Nicéphore Niépce realiza em 1826 a famosa fotografia que muitos reconhecem como sendo a primeira.


CARVÃO

COR

Riscador de origem vegetal (madeiras: videira, salgueiro, azinheira, murta, nogueira, vidoeiro). É usado, sobretudo, para desenhos em suportes de grandes dimensões. Pelas suas características intrínsecas é facilmente manuseável, proporciona grande fluidez no traço e uma ampla gradação de tons de claro/ escuro.

Impressão que a luz, difundida ou transmitida pelos corpos, produz no órgão da visão. Existem três parâmetros básicos para medir e descrever a cor: matiz, brilho e saturação. É mais fácil compreender a relação entre as cores quando estão organizadas num círculo cromático; as análogas são as contíguas, as complementares são as opostas, as três primárias são equidistantes, as secundárias também e cada uma fica no meio das duas primárias que a geram. A combinação de cores primárias dá origem a cores secundárias que, quando combinadas entre si, formam cores terciárias e assim por diante. Ao falar em cores primárias é importante definir se nos referimos ao sistema aditivo ou ao subtrativo, pois há que distinguir entre cor-luz e cor-pigmento. Quando misturamos cor-luz obtemos o branco, ao somar partes iguais das três cores primárias (vermelho, azul, verde). No caso da cor-pigmento é o oposto, obtemos o negro quando misturamos partes iguais das três cores primárias (azul cião, magenta e amarelo). As cores primárias de luz são as mesmas que as secundárias de pigmento, tal como as secundárias de luz são as primárias de pigmento.

CIANOTIPIA Processo de impressão fotográfica em tons de azul, descrito em 1842, pelo cientista e astrónomo John Herschel. Teve e tem muitos utilizadores, sendo conhecido por ter sido o método usado pela botânica Anna Atkins, a primeira autora que usou a fotografia em trabalhos científicos e que em 1843 publicou o livro “Photographs of British Algae – Cyanotype Impressions”. Nesta técnica podem ser usados diversos suportes (papel, papiro, madeira, tecido, vidro, etc.) para serem emulsionados com dois produtos químicos: o citrato férrico de amónio e o ferricianeto de potássio. As imagens são reveladas ao sol e processadas simplesmente com água.

COLHEITA CONSCIENTE Colher da natureza apenas o que é estritamente necessário, provocando o menor dano possível às plantas e ao seu habitat.

COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM Neste Serviço Educativo Aprendemos Juntos! Entendemos o conceito de Comunidade de Aprendizagem como um grupo de pessoas que aprende num processo de colaboração criativa, potenciando habilidades e superando dificuldades. Acreditamos que as diferenças entre os participantes são mutuamente enriquecedoras.

CONTR AMOLDE [ do molde externo ] Molde inverso de outro molde, para replicar a forma matriz. É obtido a partir do preenchimento do molde externo, reproduzindo o aspeto exterior do modelo original.

COR ANTE Substância solúvel, natural ou artificial, utilizada para conferir cor aos tecidos.

CROMATOGR AFIA Técnica que foi descrita pelo botânico M. S. Tswett em 1900 durante as suas pesquisas sobre a clorofila e que se pode usar para separar os diferentes pigmentos existentes nas plantas.

ESTRUTUR A Modo como se organizam as partes de um todo. Meio de suporte dos elementos que constituem a forma.

79


FÓSSIL Restos ou vestígios de antigos seres vivos que ficaram subterrados e conservados nas rochas sedimentares. Podem ser: somatofósseis – restos ou partes integrantes dos próprios seres vivos ou os seus moldes; icnofósseis – vestígios da sua atividade (por exemplo: pegadas e galerias escavadas).

FROTAGEM Técnica das artes plásticas usada para reproduzir graficamente a textura de um objeto ou de uma superfície. Obtém-se através da fricção de um riscador numa folha de papel de gramagem fina colocada sobre o assunto pretendido. A barra de grafite mole ou os blocos de cera natural, por exemplo, são materiais riscadores que potenciam ótimos resultados.

GR AFITE Do grego graphein (riscar, sulcar). De origem mineral (carbono puro, tal como o diamante) obtém-se através de extração mineira. Misturada com argila, usa-se para produzir os cilindros finos e compridos (mina) que existem no interior da madeira dos lápis ou nas lapiseiras. A variação das percentagens de argila e de grafite geram diferentes graus de dureza.

HERBÁRIO Coleção de plantas secas prensadas e organizadas cientificamente, contendo informação sistemática, a data e local da colheita. A herbariologia é o ramo da Botânica que estuda as plantas em herbário, contribuindo para o conhecimento da biodiversidade vegetal mundial.

LUMINOGR AMA Processo de impressão fotográfica sobre papel de gelatina e sais de prata. O termo “impressão lumen” foi usado por Jerry Burchfield, um ativista ambiental que, no início deste século, reaproveitou papel fotográfico expirado para registar a beleza da flora ameaçada nas florestas da Amazónia. Os fotogramas são revelados

simplesmente por ação da luz do sol, durante dias ou semanas. Usando flores e folhas viçosas como matriz, produzem-se fotogramas coloridos resultantes da reatividade dos seus sucos com os químicos do papel. É impossível fixar a imagem e as extraordinárias cores dos luminogramas, tal como se veem no exato momento em que se retira a matriz. Sugere-se, por isso, que se registe esse momento com fotografia digital e que se estabilize o lumen com uma solução rica em cloreto de sódio, após o que se deve guardar num lugar escuro, consciente de que, mesmo assim, o papel continua fotossensível. O fotograma pode ainda ser fixado com um banho mais demorado e com o dobro da diluição de tiossulfato de sódio do que se costuma usar como fixador, mas ficará com as cores e com o contraste bastante desvanecido.

MITO DE BUTADES Mito grego associado à origem do Desenho, narrado pelo romano Plínio, o Velho. Conta a história de uma jovem rapariga (para muitos, chamada Koré, filha do ceramista Butades de Sicião) que, ao despedir-se do namorado que ia para a guerra, riscou o contorno da sombra projetada do rapaz numa parede. Não sabendo se o iria voltar a ver, a sua existência fixou-se num desenho. A partir desse esboço, Butades modelou o rosto do jovem em barro. Segundo os antigos gregos, o desenho e a escultura surgiram de um ato de amor.

MÓDULO Elemento visual natural ou artificial que, quando repetido segundo uma determinada ordem, gera um ou vários padrões. Distinguem-se quatro formas básicas de obter um padrão: alternância (padrão organizado alternando módulos ou a cor do mesmo módulo); translação (padrão organizado segundo a repetição do módulo paralelamente a si próprio); rotação (padrão organizado repetindo o módulo através de um movimento giratório em torno de um eixo); e simetria (padrão organizado repetindo as mesmas formas em espelho, em relação a um eixo imaginário).


MOLDE [ Escultura ]

SERIGR AFIA

Peça que permite a reprodução da forma de um objeto por ser o negativo do modelo original. Em escultura, o molde pode ser preenchido com diferentes materiais: gesso, bronze, alumínio, látex, cera, fibra de vidro, etc.

O termo serigrafia deriva da palavra latina sericum (seda) e da palavra grega graphé (ação de escrever ou desenhar). É um processo de gravura “planográfica”, que faz impressões permeográficas de estampas. A superfície da tela serigráfica é fotossensibilizada por processos químicos, de modo a que, tal como no stencil, uma espécie de máscara vede áreas onde a tinta não deva atingir o substrato. A tela é uma malha esticada num quadro próprio, para que a tinta passe através da estampa quando é pressionada com um rodo ou espátula. É possível imprimir com diversos tipos de tintas ou cores, em variados tipos de materiais, superfícies, espessuras ou tamanhos e de forma mecânica ou automatizada.

MONOTIPIA Técnica de impressão que permite fazer uma só prova.

MORDENTE Substância (ião metálico) que possibilita a ligação entre o corante e a fibra através de ligações químicas.

PADR ÃO VISUAL Agrupamento de formas organizadas segundo uma determinada estrutura. Organiza-se pela repetição de um dos seus elementos visuais a que se chama módulo. Pode ser regular ou irregular, simétrico ou assimétrico.

PIGMENTO Substância insolúvel obtida a partir de fontes naturais ou artificiais (mineral, vegetal, animal ou sintética) que fica suspensa num aglutinante. As partículas dos pigmentos são muito maiores que as dos corantes. Os pigmentos são utilizados para conferir cor às tintas.

POESIA VISUAL Expressão artística que cruza a poesia com as artes visuais, a escrita com o desenho. Criação de uma imagem com as palavras de um poema. Além de trabalhar a polissemia das palavras, a poesia visual explora significados e expressividade na forma como as palavras se dispõem num suporte – tem de ser lida e vista, simultaneamente. Há registos de poemas visuais desde a Antiguidade, “O Ovo” de Símias de Rodes, por exemplo, é um dos mais antigos.

SILHUETA Perfil ou contorno exterior de uma pessoa, planta ou objeto. Linha que delimita as formas e que separa a figura do fundo.

TATAKI ZOMÉ De origem japonesa, significa em português “martelagem + tingimento”. É a arte de estampar flores e folhas em tecido usando simplesmente um martelo.

TEXTUR A Caraterística visual e táctil da superfície das formas. Pode ser definida como rugosa, lisa, áspera, macia, etc.

TINTUR ARIA Arte ou ofício pelo qual se alteram as cores de tecidos através da utilização de pigmentos ou corantes de origem natural ou sintética.

81




APRENDEMOS

JUNTOS COM O HERBÁRIO CRIATIVO

Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea 11.12.2021 > 10.04.2022

Presidente da Câmara Municipal de Almada e Vereadora da Cultura: Inês de Medeiros

Acolhimento: Anabela Almeida, Emília Ferreira, Hélder Gonçalves, Victor Borges

Diretor Municipal de Desenvolvimento Social: Mário da Rocha Ávila

Montagem: Ana Taipas, Mário Rainha Campos, Paulo Ramos, Sílvia Moreira, Sónia Francisco, Victor Borges, Divisão de Manutenção de Equipamentos Municipais da CMA - Carpintaria: José Raposo (encarregado), António Costa, Bruno Bem, Jorge Narciso, José Matos, Mariano Carita, Mário Brandão - Pintura: António Amaro (encarregado), António Ribeiro, Joaquim Costa, Luís Esteves - Eletricidade: Luís Bernardo (encarregado), António Constantino, Nuno Martins

Diretora de Departamento de Cultura: Ana Cristina Pais Chefe de Divisão do Centro de Arte Contemporânea: Gabriela Perdigão Cavaco Programação e Curadoria de Artes Visuais: Filipa Oliveira

Materiais Gráficos: Print Zone, Xcut

[ EXPOSIÇÃO ]

[ CATÁLOGO ]

Curadoria e Textos: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira

Textos: Gabriela Perdigão Cavaco, Ana Taipas, Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira

Projeto Expositivo e Design Gráfico: Ana Taipas Apoio Científico: Sónia Francisco Fotografias: Mário Rainha Campos Comunicação: Paula Freire Apoio Documental: Ana Margarida Martins, Ana Sofia Godinho Apoio Administrativo e Secretariado: Carla Novais Produção: Ana Taipas, Paulo Ramos Serviço Educativo: Mário Rainha Campos, Sílvia Moreira

Fotografias: Mário Rainha Campos Design Gráfico: Ana Taipas Revisão: Paula Freire




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.