Newsletter nº 4.3: Na Onda da Pandemia, importa saber o que se passa na Educação

Page 1

OBSERVATÓRIO SOCIAL DE GAIA NA ONDA DA PANDEMIA, IMPORTA SABER O QUE PASSA NA EDUCAÇÃO

newsletter edição nº 4.3


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

Editorial NA ONDA DA PANDEMIA, IMPORTA SABER O QUE PASSA NA EDUCAÇÃO A pandemia que nos assola traz consigo um mundo novo, de incerteza, risco e insegurança. Habituados a que a ciência e a tecnologia tenham formatadas respostas breves e certeiras para todas as nossas dúvidas e problemas, vemo-nos agora em terra de ninguém. Contudo, um imenso observatório se abre à nossa análise e interpretação, até porque, se queremos prevenir, precisamos de conhecer. Assim, neste número especial da newsletter do Observatório Social de Vila Nova de Gaia, dar-vos-emos conta dos resultados para o nosso concelho de um inquérito concebido e aplicado pelo Observatório de Políticas de Educação e Desenvolvimento do centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Como estão a reagir educadores/as e educandos/as à situação criada pela pandemia, sem a força enquadradora da instituição escolar, limitados aos desiguais recursos escolares e distantes da interação física de professores/as e colegas? Que consequências se verificam nos ritmos e modos de aprendizagem? Quais as principais ansiedades, necessidades e expetativas que é possível identificar? Este é um primeiro passo para esclarecer respostas de políticas públicas e para que, aos poucos, possamos voltar a controlar o nosso destino comum. João Teixeira Lopes Professor Catedrático da FLUP

2

observatoriosocialgaia@gmail.com


Desde o passado dia 16 de março, e na sequência da crise pandémica da COVID-19, os estabelecimentos de ensino nacionais foram encerrados por decreto do Governo. A suspensão das atividades presenciais, letivas, não letivas e formativas, foi determinada pelo artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 10-A/2020, publicado no Diário da República (N.º 52/2020, 1.º Suplemento, Série I, de 2020-03-13). No referido Decreto-Lei, são estabelecidas as medidas excecionais e temporárias relativas à situação epidemiológica do novo Coronavírus – COVID-19, com vista à promoção do desejável distanciamento social e isolamento profilático, com o objetivo de combater a progressão do surto pandémico. A primeira alínea do artigo 9.º determinou que ficassem “suspensas as atividades letivas e não letivas e formativas com presença de estudantes em estabelecimentos de ensino públicos, particulares e cooperativos e do setor social e solidário de educação pré-escolar, básica, secundária e superior (…).”, decisão com inevitáveis repercussões no quotidiano de milhares de estudantes e encarregados(as) de educação. Na terceira e última parte deste número especial, o enfoque irá ser colocado nos(as) próprios(as) alunos(as) do concelho de Vila Nova de Gaia, mais concretamente, nos(as) estudantes do Ensino Secundário e do Ensino Superior. Procurou-se conhecer o que pensam estes e estas estudantes sobre a resposta do sistema de ensino português à situação de exceção imposta pela COVID-19 e, acima de tudo, as suas experiências objetivas em cenário de confinamento e de ensino não presencial.

#Newsletter4.3 #ObSocial

3


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

BREVE CARACTERIZAÇÃO DOS(AS) INQUIRIDOS(AS)

A. A informação analisada na terceira parte deste número especial foi prestada por um total de 181 alunos(as) que se encontram, presentemente, a estudar em estabelecimentos de ensino do concelho de Vila Nova de Gaia. De forma a reunirem as condições para responder ao mini-questionário que lhes foi especificamente dirigido, os(as) jovens estudantes deveriam ter mais de 16 anos e estar a frequentar o Ensino Secundário, ou, em alternativa, ter menos de 30 anos e estar a frequentar o Ensino Superior. As respostas obtidas perfizeram 44,4% da amostra inicial (que era, recordamos, de 408 inquiridos(as)). 4

observatoriosocialgaia@gmail.com


Do conjunto de estudantes, 68,5% são do sexo feminino e 31,5% do sexo masculino. No que diz respeito ao tipo de escola que frequentam, a fatia mais significativa dos(as) participantes está inscrito(a) numa escola pública (63,5%) e 27,1% numa escola do setor privado. A grande maioria dos(as) inquiridos(as) – 79% – frequenta o Ensino Secundário (com maior incidência no 11.º e 12.º anos, ambos à volta das 40% de respostas) e somente 21% são estudantes do Ensino Superior. Ao longo do questionário, determinadas perguntas foram pensadas para serem respondidas pelo conjunto dos(as) estudantes, ao passo que, outras, dirigiram-se em exclu-

Os(as) alunos(as) do Ensino Secundário, quando convidados(as) a avaliar o respetivo grau de satisfação face ao contexto de ensino não-presencial, e a fazê-lo ponderando as dimensões financeira, pedagógica e de relacionamento pessoal (Figura 1), tenderam a considerá-lo “globalmente desfavorável” (57,9%). Por sua vez, 23,7% avaliaram o novo contexto de ensino-aprendizagem como “nem favorável, nem desfavorável” e, 18,4%, como “globalmente favorável”. Entre estes(as) estudantes, prevalece, assim, uma perceção negativa, ou, pelo menos, de ceticismo, em relação a eventuais mais-valias trazidas pelo ensino à distância.

sivo aos/às estudantes do Ensino Secundário ou do Ensino Superior. Globalmente, ponderando questões financeiras, pedagógicas e de relacionamentos pessoais, considera que a atual situação de ensino não presencial lhe é: 70 57,9%

60 50 40 30 20

23,7%

18,4%

10 0 Globalmente favorável

Globalmente Nem é desfavorável favorável, nem desfavorável

Figura 1 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de satisfação face à atual situação de ensino não presencial, ponderando questões financeiras, pedagógicas e de relacionamentos pessoais. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório

UM OLHAR CÉTICO SOBRE O ENSINO À DISTÂNCIA

B.

de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

No caso dos(as) inquiridos(as) a frequentar o Ensino Superior, procurou-se compreender se a transição para o ensino à distância terá influído, ou não, no seu grau de envolvimento nas atividades académicas (Figura 2). E verificou-se que a percentagem mais

#Newsletter4.3 #ObSocial


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

significativa de estudantes (57,9%) correspondeu aos que garantiram que a sua participação nas tarefas propostas – aulas virtuais ou outras atividades não presenciais – não sofreu qualquer transformação, mantendo-se “no mesmo nível”. Todavia, um pouco mais de um terço dos(as) estudantes (34,2%) alertou para o facto de a sua participação ter decrescido, ao passo que 7,9% referiram ter notado um aumento no envolvimento com a faculdade.

7,9%

São menos interessantes que as aulas e as atividades desenvolvidas em ensino presencial

70 57,9%

50 40

Na sua opinião, em geral, as aulas e as atividades propostas pelos docentes em contexto de ensino não presencial:

São mais interessantes que as aulas e as atividades desenvolvidas em ensino presencial

A sua participação (presença) nas aulas virtuais ou nas atividades propostas pelos docentes, em relação àquilo que era a sua participação antes da suspensão das aulas presenciais:

60

aproximada de estudantes (42,1%) que defende que a transição metodológica ocorrida não comportou mudanças significativas na qualidade e atratividade do ensino, e somente 7,9% a considerar mais interessantes as aulas e atividades levadas a cabo em moldes não presenciais.

50%

Não considero que com a passagem de ensino presencial para ensino a distância tenha havido mudanças significativas em termos do interesse das aulas e das atividades

34,2%

30 20

42,1%

0

20

10

60

Figura 3 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de interesse

0 Tem- se mantido no mesmo nível

Tem aumentado

face às aulas/atividades não presenciais. Elaboração do autor.

Diminuiu

Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Figura 2 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de participação nas atuais aulas/atividades não presenciais, quando comparadas com as aulas/atividades presenciais. Elaboração

do

autor.

Fonte:

Inquérito

realizado

pelo

Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Metade dos(as) estudantes do Ensino Superior que responderam ao inquérito garante que o processo de ensino à distância não suplantou, em interesse e pertinência, o ensino presencial: 50% considera que as aulas e as atividades desenvolvidas no plano virtual e à distância são menos apelativas do que essas mesmas atividades, quando ocorridas em contexto de co presença (Figura 3). De resto, há uma percentagem

6

40

7,9%

observatoriosocialgaia@gmail.com


Considera que os docentes estão preparados para desenvolver um ensino não presencial?

47,4% 52,6%

Sim, geralmente sim

Não, em geral não estão

Figura 4 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face ao nível de preparação da comunidade docente para desenvolver ensino não presencial. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

FALTA PREPARAÇÃO AO CORPO DOCENTE, NA PERSPETIVA DOS ALUNOS

C. Há, aliás, como demonstrado na Figura 4, uma percentagem sensivelmente maior de estudantes do Ensino Superior – 52,6% – que considera que o corpo docente não tem, geralmente, as competências desejáveis para implementar o ensino não presencial. Percentagem que está, porém, muito próxima da que reúne os estudantes que

IMPACTOS PSICOLÓGICOS DO CONFINAMENTO

têm a opinião contrária: 47,4% defendem que, em geral, os(as) docentes têm revelado preparação para a nova lógica de ensino-aprendizagem.

D. #Newsletter4.3 #ObSocial

7


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

Regressando ao conjunto dos(as) estudantes que participaram no estudo, verificou-se que, no momento imediatamente após o encerramento das escolas, a reclusão foi muito acentuada: 30,6% dos(as) estudantes declarou não ter saído de casa nesse período e 37,6% asseverou ter permanecido em casa, saindo, apenas, para um jardim/quintal ou parque de estacionamento (quase 70% do total de inquiridos(as)). As percentagens dos(as) que saíram episodicamente e para espaços próximos e controlados são bastante inferiores; e é ínfima a percentagem dos(as) estudantes que mencionaram sair à rua com frequência, afastando-se do seu local de residência (1,7%) (ver Figura 5).

no seu bem-estar, comparativamente ao período anterior. A maior fatia dos(as) inquiridos(as) – 38,1% – indicou estar a sentir maior ansiedade, o que, somado às restantes percentagens (11,6% que experiencia solidão, 11,9% apatia e 7,4% agitação), significa que a maioria dos(as) estudantes vivenciou o confinamento e o consequente isolamento social com algum grau de perturbação do seu bem-estar psicológico.

Em geral, o isolamento em casa tem tido impacto no seu bem-estar? 45 38,1%

40 35 30

Desde que as escolas/instituições de ensino encerraram:

26,1%

25 20 30,6%

Não tem saído mesmo de casa

11,9%

10

Não tem saído de casa, a não ser para jardim/quintal ou parque de estacionamento da casa

37,6%

Tem saído à rua (ou espaço comum de um condomínio) todos os dias para espairecer

7,4%

5 0

3,5%

Tem saído à rua (ou espaço comum de um condomínio) duas ou três vezes por semana

Não. Não tenho Sim, sinto-me mais Sim, noto maiores apático níveis de tido alterações de ansiedade comportamento em relação ao que ocorria antes do isolamento

Sim, sinto-me isolado

Sim, sinto-me agitado

9,2% Figura 6 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face ao

Raramente sai à rua (ou espaço comum de um condomínio)

17,3%

impacto do isolamento no seu bem-estar. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de

Tem saído à rua, afastando-se do lugar onde mora, mais que uma vez por semana

Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila

1,7%

Nova de Gaia (2020).

0

10

20

30

40

Figura 5 – Percentagem de inquiridos(as), por situação de saídas desde que as escolas/instituições de ensino encerraram. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

A repercussão do isolamento no bem-estar geral dos(as) jovens estudantes foi objeto de uma autoavaliação, visível na Figura 6. É de realçar que apenas pouco mais de um quarto dos(as) respondentes (26,1%) garantiu não ter sentido um impacto significativo 8

15

16,5%

Auscultaram-se, também, os(as) estudantes sobre as condições de que estes(as) dispõem, nas suas habitações, para a operacionalização do ensino à distância (Figura 7). À semelhança do que se fez com os(as) respetivos pais/mães e/ou encarregados(as) de educação (ver newsletter #4.1), interessou-nos, desta feita, avaliar de que forma os(as) próprios(as) alunos(as) qualificam a experiência de aprendizagem. A apreciação que fazem é globalmente positiva: 44,2% refere que as condições de que dispõem são

observatoriosocialgaia@gmail.com


“ótimas” e 37,6% garante serem “boas” (num total de 81,8%) – uma visão mais animadora do que a que fora expressa pelos(as) encarregados(as) de educação.

Em geral, a sua casa (no espaço onde está agora a residir), em termos da disponibilidade de equipamentos informáticos e da disponibilidade de espaço oferece:

0

20

Ótimas condições para concretizar o ensino não presencial (a distância)

60

44,2%

Boas condições para concretizar o ensino não presencial (a distância)

37,6%

Condições razoáveis para concretizar o ensino não presencial (a distância) Más condições para concretizar o ensino não presencial (a distância)

40

17,1%

1,1%

Figura 7 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de condições de equipamentos e de espaços para o desenvolvimento das tarefas escolares (a distância). Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

SAUDADES DA ESCOLA

E. Ter saudades da escola e vontade de regressar é uma realidade para uma imensa maioria de jovens: 88,4% dos(as) estudantes inquiridos(as) afirma aspirar fazê-lo (ver Figura 8), uma percentagem superior aos 68,9% que, como se viu na newsletter #4.1, terão verbalizado esse desejo junto dos seus encarregados(as) de educação. Aliás, o anseio de retorno à escola é premente para 53,6% dos(as) estudantes (“voltava já amanhã, se pudesse”). Esta manifestação #Newsletter4.3 #ObSocial

9


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

de vontade, porém, colide com diversos estudos que têm demonstrado que os jovens portugueses têm uma ligação frágil com a escola. É o caso da monitorização realizada regularmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), intitulada Spotlight on adolescent health and well-being, onde Portugal aparece como um dos países onde os(as) jovens manifestam menos gosto pela escola. Ou seja, fica patente, de forma muito clara, como o papel das instituições de ensino vai muito além da mera transmissão da educação formal (tal como tivemos oportunidade de referir na newsletter supracitada).

surge a “necessidade de contacto humano” – ou seja, de reativação das relações sociais presenciais – apontada por 30,2% dos(as) inquiridos(as). A necessidade de socialização e o anseio de resgate da normalidade equiparam-se, pois, em importância, às preocupações com o processo de ensino-aprendizagem.

Razões para desejar voltar à escola: 0 Falta de motivação

10

20

Não sei/Não respondo 34,8%

37,3%

Necessidade de contacto humano Necessidade de voltar à rotina

11,6%

40

7,1%

Ineficácia das aulas não presenciais

Sente vontade de voltar à escola?

30

30,2%

9,5%

15,9%

53,6%

Figura 9 – Percentagem de inquiridos(as), por razões que os levam a afirmarem desejar voltar à escola. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Sim, voltava já amanhã, se pudesse

Nova de Gaia (2020).

Sim, mas para já não Não

Figura 8 – Percentagem de inquiridos(as) que sente (ou não) vontade de voltar à escola. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

O aparente paradoxo foi, de resto, esclarecido, quando se questionaram os(as) estudantes que exprimiram vontade de regressar à escola sobre as suas motivações (Figura 9). Embora a principal razão a emergir se prenda com a perceção da ineficácia da metodologia de ensino não presencial (37,3%), no imediato segundo lugar 10

Como demonstrado na Figura 10, a esmagadora maioria das escolas/instituições de ensino frequentadas pelos(as) inquiridos(as) terão desenvolvido atividades de ensino não presencial depois de encerradas (97,2%). Do conjunto de alunos(as), três quartos (75%) está satisfeito com a solução encontrada. Todavia, mais de metade (56,8%) declara-se apenas “moderadamente satisfeito”, face a 18,2% que garante estar “completamente satisfeito” (Figura 11). Entre a fatia de estudantes abrangida pelo ensino à distância, 85,8% considera que a solução encontrada tem funcionado; a

observatoriosocialgaia@gmail.com


percentagem mais significativa dos(as) estudantes, porém – (54,5%) – defende que a metodologia posta em prática necessita ser melhorada. Os que rejeitam em absoluto a relevância da nova modalidade de ensino-aprendizagem são pouco mais do que 12% (Figura 12).

Globalmente, está satisfeita(o) com essa solução?

Sim, completamente satisfeito(a)

18,2%

Sim, moderadamente satisfeito(a)

56,8% Estou ligeiramente insatisfeita(o)

A sua escola/instituição de ensino desenvolveu atividades de ensino não presencial depois de encerrada?

15,9%

Estou completamente insatisfeita(o)

5,7%

1,1%

1,7%

3,4%

Não sei responder

0

20

40

60

Figura 11 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de satisfação com o ensino não presencial. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação 97,2%

Sim

Não

(OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Considera que a solução de ensino encontrada pode manter-se até ao final do ano letivo, no caso de não poder voltar tão cedo à escola?

Não sei 60

Figura 10 – Percentagem de inquiridos(as) que afirmam (ou não) que a sua escola/instituição de ensino desenvolveu atividades de ensino não presencial, depois de encerradas as escolas. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

54,5%

50 40

31,3%

30 20

12,5%

10 0

1,7% Não. Tem Sim, a Sim, a que ser solução solução encontrada funciona, funciona e outra não precisa mas tem que solução para ser ser alterada melhorada o ensino não presencial

Não sei

Figura 12 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face a sustentabilidade do ensino não presencial. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

#Newsletter4.3 #ObSocial

11


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

ga de trabalho “adequada” (48,1%) e os(as) que alertam para a sobrecarga de trabalho que o confinamento acarretou (45,3%). De resto, somente 6,6% refere que o esforço exigido diminuiu neste período (Figura 13).

Na sua opinião, o estudo não presencial, feito em casa: 60

48,1%

50

45,3%

40 30 20 10

MEDIDAS EXCECIONAIS E TEMPORÁRIAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS EXCECIONAIS E TEMPORÁRIAS LEVADAS A CABO NO ÂMBITO DO SISTEMA DE ENSINO

F. Um outro aspeto ligado ao ensino não presencial que se procurou conhecer foi a perceção dos(as) estudantes a respeito da exequibilidade do nível de exigência instituído. Neste ponto, o que se verificou foi que há uma razoável equivalência entre a percentagem de estudantes que consideram a car-

12

0

6,6%

Representa uma carga de trabalho ligeira para os alunos

Constitui uma carga Exige demasiado de trabalho trabalho aos alunos adequada

Figura 13 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção do nível de esforço no estudo não presencial. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

A apreensão provocada, junto dos(as) estudantes, pela súbita alteração dos procedimentos escolares ou académicos, é evidenciada na resposta a um conjunto de questões que incidem nas expectativas face ao futuro próximo. Por um lado, temos os 74,1% de estudantes que afirmam crer que o final do ano está comprometido: a maior parte destes(as) alunos(as), 47%, refere que, ainda que regressem à escola – como veio a acontecer, aliás, com alguns anos/casos específicos –, não estariam reunidas as “condições para lecionar e avaliar” (Figura 14). A preocupação com o modo como a avaliação será desenvolvida e materializada é, além do mais, comum a 85,1% dos(as) estudantes (37,6% dos quais se dizem “muito preocupados(as)”) (Figura 15). observatoriosocialgaia@gmail.com


Na sua opinião, considera que o final do ano letivo está comprometido? 0

20

Sim, acho que os alunos não voltarão à escola este ano letivo

40

27,1%

Sim, mesmo que os alunos voltem à escola, não haverá tempo/condições para lecionar e avaliar Não, acho que, mais tarde ou mais cedo, os alunos voltarão à escola e que será possível terminar o ano letivo

60

47%

6,6%

Não, mesmo que os alunos não voltem à escola será possível lecionar e avaliar

19,3%

Figura 14 – Percentagem de inquiridos(as), por perceção face ao

No que diz respeito à ação das respetivas instituições escolares e aos aspetos menos positivos dessa ação (Figura 16), verificou-se que os que reúnem mais respostas – 45,8% – são os que de alguma forma se prendem com as particularidades da nova metodologia de ensino-aprendizagem e com a incerteza que estas geram: 26,8% dos(as) alunos(as) receiam lacunas na aprendizagem e 19% queixam-se do excesso de trabalho a que têm estado sujeitos. As questões mais relacionadas com os aspetos emocionais e psicológicos do confinamento (a privação das relações sociais ou a fragilidade a que está sujeita a saúde mental dos(as) estudantes) são também mencionadas, embora com menos expressão.

final do ano letivo, caso se mantenha a decisão de encerramento dos estabelecimentos de ensino. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

Aspetos negativos na ação da instituição escolar: 0

Está preocupada(o) com as avaliações no final do ano letivo? 47,5%

50

35

Falha nos equipamentos de trabalho

30

Apoio insuficiente por parte das instituições escolares

25 14,9%

15

Consequências negativas na saúde mental dos alunos Não sei/Não responde

10

30 26,8%

Aprendizagem incompleta

Falta de contacto humano

37,6%

20

20

19%

Sobrecarga de trabalho

45 40

10

7,7% 8,9% 10,7% 8,3% 18,5%

5 0

Sim, muito preocupada(o)

Sim, tenho alguma preocupação

Não

Figura 16 - Percentagem de respostas, por aspetos negativos mencionados pelos inquiridos(as), quanto à qualidade das respostas apresentadas pelas instituições escolares ao cenário criado pela pandemia. Elaboração do autor. Fonte: Inquérito

Figura 15 – Percentagem de inquiridos(as), por nível de

realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação

preocupação com as avaliações no final do ano letivo. Elaboração

(OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

do autor. Fonte: Inquérito realizado pelo Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – resultados do concelho de Vila Nova de Gaia (2020).

#Newsletter4.3 #ObSocial

13


OBSERVATÓRIO SOCIAL DE VILA NOVA DE GAIA

NOTA METODOLÓGICA As newsletters dedicadas ao tema da COVID-19 incluem os resultados parciais de um estudo em curso do Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) – Impacto do Covid-19 no sistema de ensino português . O inquérito por questionário foi a técnica escolhida para o levantamento dos dados. Este instrumento foi aplicado online, através da plataforma Surveys e contém 59 questões (fechadas, na sua maioria). Dependendo da situação em que o inquirido se apresenta, o rumo das questões pode ser diferente. O inquérito dirige-se aos seguintes públicos: (1) “Mãe/Pai de um(a) aluno(a) do sistema de ensino português”; (2) “Encarregado(a) de educação, mas não mãe/pai, de um(a) aluno(a) do sistema de ensino”; (3) “Alguém que não tem filhos nem educandos a frequentar o sistema de ensino” e (4) “Aluno do sistema de ensino [(…) se, tendo 16 ou mais anos, estiver a frequentar o sistema de ensino pré-universitário ou se for estudante do ensino superior com menos de 30 anos]”. Pretende-se, por um lado, avaliar a situação dos(as) alunos(as) –filhos(as)/educandos(as) – através da perspetiva do(a) seu/sua pai/mãe e/ou do(a) encarregado(a) de educação e dos(as) próprios(as) alunos(as) (aqueles(as) com mais de 16 anos). Para isso, esta população foi questionada sobre o impacto do isolamento no seu bem-estar; a adaptação ao ensino não-presencial e a avaliação das condições físicas de trabalho (espaço e equipamentos presentes em casa). Por outro lado, com o mesmo inquérito, procurou-se avaliar a situação daqueles(as) que o respondem – pais/mães e/ou encarregados(as) de educação ou alunos(as) com mais de 16 anos -, questionando a sua perspetiva face ao fecho e modos de operar o ensino das próprias escolas e o impacto do isolamento na sua condição perante o trabalho. O inquérito ficou disponível a partir do mês de março e tem sido respondido por milhares de residentes dos vários concelhos do país. O OP. Edu, entidade que avançou com a investigação, partilhou com o Observatório Social de Gaia, no mês de abril, um conjunto de 408 respostas referentes ao concelho de Vila Nova de Gaia.

Coordenadores do estudo: Ana Benavente, Paulo Peixoto e Rui Machado Gomes.

1

14

observatoriosocialgaia@gmail.com


FICHA TÉCNICA Equipa do Observatório Daniela Silva Faculdade de Letras da Universidade do Porto up201503277@letras.up.pt Tânia Leão Faculdade de Letras da Universidade do Porto tsilva@letras.up.pt

Coordenação Geral João Teixeira Lopes Departamento de Sociologia, FLUP Instituto de Sociologia, FLUP jlopes@letras.up.pt Publicação e Conceção Gráfica Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Agradecimentos Observatório de Políticas de Educação e Formação (OP. Edu) (http://www.op-edu.pteu/)



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.