BORDADO DE
TIBALDINHO Produto Artesanal Certificado
Bordado Tibaldinho 1
TRADIÇÃO COM ORIGEM NO SEC. XIX
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A Certificação do Bordado de Tibaldinho é fundamental como forma de promover e garantir a autenticidade, genuinidade e qualidade da produção. Constitui uma estratégia de valorização e credibilização do mesmo, dado desenvolver medidas que qualificam a oferta, permitindo defender não só o produto artesanal, mas também os próprios consumidores. Representando igualmente uma relevante medida de salvaguarda para a proteção legal deste património singular, o município procedeu à inventariação e Registo do Processo de confeção do Bordado de Tibaldinho no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial.
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O Bordado de Tibaldinho constitui um caso específico entre os bordados tradicionais portugueses. Caracteriza-se por ser um harmonioso bordado a branco, sobre tecido igualmente branco, algodão, linho ou meio linho, executado artesanalmente com grande predominância de ilhós, o que lhe confere uma gramática decorativa e simbolismo único e singular, tornando-o inconfundível. O enleio (espiral de ilhós) e as canoas são os motivos mais característicos desta produção. Pelo seu valor patrimonial e simbólico, considera-se um bordado genuíno, constituindo parte importante do 4 Bordado Tibaldinho
património cultural e imaterial do País. Um símbolo de identidade e orgulho da comunidade do Concelho de Mangualde e particularmente da Freguesia de Alcafache, que urge preservar, valorizar e promover. Em termos da sua representatividade histórica, o Bordado de Tibaldinho constitui uma tradição de origem indeterminada, sendo que os exemplares mais antigos de que temos conhecimento têm entre 150 a 200 anos.
pequenas indústrias regionais portuguesas, na exposição comemorativa do I Centenário da Independência do Brasil, realizada em 1922 no Rio de Janeiro, tendo sido também mencionado por Maria Júlia Antunes em 1929 no IV Congresso Beirão realizado em Castelo Branco. Em ambas as situações era já designado como Bordado de Tibaldinho.
A partir dos anos 20 do século passado, este bordado ganha especial relevo, estando presente na representação das Bordado Tibaldinho 5
Muito embora uma quantidade significativa de bordadeiras permaneça na freguesia de Alcafache, particularmente na aldeia de Tibaldinho, existem também bordadeiras noutras freguesias do concelho, extravasando para concelhos limítrofes. Assim, é considerada como área de delimitação geográfica para esta produção artesanal todo o concelho de Mangualde e os concelhos limítrofes de Viseu e Nelas, na perspetiva de possibilitar a continuidade do desenvolvimento e disseminação desta atividade por uma área de abrangência mais ampla, permitindo um maior incremento do Bordado de Tibaldinho. Desta forma, será possível que as bordadeiras de todo o concelho de Mangualde e dos concelhos limítrofes, de Nelas e Viseu, vejam as suas produções certificadas, caso o pretendam e cumpram os parâmetros técnicos e estéticos exigidos para esta produção artesanal tradicional. 6 Bordado Tibaldinho
As exímias artesãs do Bordado de Tibaldinho bordam com amor e dedicação todo o tipo de peças, onde sempre se destacou a confeção de toalhas de mesa de várias dimensões com os respetivos guardanapos, toalhas de chá, toalhas de mãos, camilhas, lençóis, panos de tabuleiro, panos para cestos de pão, panos decorativos para mobiliário. Só mais tarde começaram a ser bordadas peças de outro tipo, como camisas, blusas, várias peças para enxoval de bebé, vestidos e toalhas de batismo, vestidos de comunhão, vestidos de noiva, individuais de mesa, cortinas, base para copos, aventais e laços para garrafas, almofadões, almofadas, panos para colocar em molduras alguns com monogramas e datas que perpetuam acontecimentos importantes como, por exemplo, casamentos, bodas de prata e ouro.
O Bordado de Tibaldinho também é aplicado em peças de alfaia litúrgica, como toalha de altar, toalha de credencia, pano de sacramento, sanguíneo, corporal e vestuário, como é exemplo as vestes do menino Jesus da Igreja de São Vicente de Alcafache e o magnífico manto de Santa Barbara da capela de São Lourenço de Tibaldinho, não podendo deixar de mencionar o esplendor do palio da Freguesia de Alcafache, cujo folho foi bordado com a colaboração de várias bordadeiras de Tibaldinho/Alcafache com o tradicional motivo dos enleios (espirais de ilhós) e nos intervalos uma cruz elaborada igualmente com ilhós. Com esta descrição não se pretende fechar o leque de peças que se executam, mas sim mostrar que o bordado de Tibaldinho pode ser aplicado em variadíssimas peças de vestuário, complementos de vestuários e têxtil/lar.
A bordadeira não se agarrou às raízes do passado. Sabiamente acompanha a evolução e explora novos caminhos para a aplicação deste bordado, sempre respeitando a gramática identificadora que distingue este bordado artesanal tradicional. O Bordado de Tibaldinho, sendo uma herança secular, não se pode fechar no passado, pois é relevante que vá ao encontro de novas criações contemporâneas e de um futuro eclético e inovador. Ao mesmo tempo, deve garantir a preservação e identificação que o passado lhe confere, criando oportunidades de inovação, e uma maior abrangência para as exigências de uma comercialização que é desejável num mundo globalizante, mas sem perder a sua identidade e aquilo que diferencia e distingue esta produção artesanal.
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GLOSSÁRIO DE MATERIAIS, TÉCNICAS, UTENSÍLIOS E MODO DE TRABALHAR O Bordado de Tibaldinho é uma Arte tradicional secular, elaborada artesanalmente, que se caracteriza por ser executado com linha da paleta do branco ao cru em tecidos de algodão, meio linho e linho igualmente na mesma paleta de cor.
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Tecidos – 100% Algodão branco, 100% Linho ou meio linho.
Dedal – vulgar de costureira, de utilização facultativa.
Linhas – Atualmente, as mais usadas são: 100% algodão ou algodão mercerizado nº5, 12, 14, 16, 20 e 25.
Tesoura – De pequenas dimensões e pontas em bico, mais prático para abrir os ilhós (cortar o tecido).
Agulha – vulgar, de preferência curta, na espessura fina ou mais grossa, conforme a linha e o tecido.
Lápis, borracha, papel vegetal ou de engenheiro, químico e fita métrica (materiais necessários para criar e passar os desenhos para o tecido).
Almofada-luva - De forma ovalada, é feita de trapos pelas próprias bordadeiras, possui uma bolsa num dos lados para guardar utensílios, a tesoura é presa por um ourelo (fita) de cerca de 60 cm atado a um dos anéis da tesoura e cosido ao rebordo da bolsa da almofada-luva. Esta almofada é colocada sobre os joelhos e é sobre ela que a bordadeira apoia a mão segurando o pano e borda.
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DESCRIÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO No Bordado de Tibaldinho, o desenho, também designado por risco, é previamente feito em papel vegetal. Este é colocado em cima do pano, e decalcado com o lápis através de papel químico, ajustando o desenho ao tamanho da peça (caindo em desuso o riscar diretamente no pano). Sensivelmente durante as últimas sete décadas, este trabalho era efetuado quase exclusivamente pela “riscadeira” da aldeia, a saudosa D. Alice Pais Albuquerque, mas hoje em dia já várias bordadeiras detêm esse conhecimento.
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No bordado de Tibaldinho, os “buracos” ilhós, são abertos com tesoura.
A bordar
“Tosquiar” o bordado do reverso significa cortar os restos de tecido que ficaram desfiados quando efetuados os crivos e ilhós.
A lavagem manual implica esfregar muitíssimo bem com sabão natural.
As peças são “branqueadas ao sol”, ou seja, a peça impregnada de sabão é estendida na relva ou em cima de um tecido de felpo, sendo molhada enquanto branqueia. 12 Bordado Tibaldinho
Depois de branqueado ao sol é novamente bem esfregado, e colocado em goma diluída em água para secar ao ar, ou com a goma em spray e engomado ainda húmido do reverso, colocando um tecido de felpo para ajudar a não espalmar os pontos. Todos estes passos têm técnicas muito próprias, que não se perderam no tempo graças à transmissão fiel da tradição desta arte secular.
Também as técnicas de acabamentos são relevantes neste bordado, ou seja, o “aparar” o recorte (retirar o excesso do tecido além do recorte que determina o acabamento da peça). Bordado Tibaldinho 13
PONTOS MAIS UTILIZADOS E QUE INDIVIDUALIZAM A PRODUÇÃO DO BORDADO DE TIBALDINHO CASEADO OU PONTO DE RECORTE Muito usado na bainha dos trabalhos, constituindo o remate do Bordado de Tibaldinho, o recorte pode ser executado com arcos simples, ou acompanhados por pequenos ilhós, cadeia de ilhós, ponto cadeia, etc, ou seja, dando espaço à criatividade da bordadeira para enriquecer o acabamento da peça.
Nos trabalhos de menor dimensão também é usual executar os arcos do recorte a ponto de machoco redondo.
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PONTO ATRÁS
PONTO DE CADEIA
BORBOTO OU NOZINHOS
PONTO DESENCONTRADO
PONTO DE ESPINHA OU (ESPINHA DE COBRA)
CORDONÉ OU CORDÃO
PONTO A CHEIO
PONTO ESPINHADO
Este exemplo é trabalhado com ponto de canotilho, mas também é possível aparecerem outros pontos apostos ao ponto cheio.
PONTO PÉ DE GALO
PONTO FORMIGA OU AREIA
PONTO DENTE DE RATO
PONTO DE PÉ A FUGIR
POMPOM OU PONTO DE VELUDO
MACHOCO DE PEVIDE
CRIVO DE UMA PERNA
CRIVO DE DUAS PERNAS
CRIVO DE TRÊS PERNAS Embora existam outros crivos, o crivo de uma, duas e três pernas são os que mais caracterizam o Bordado de Tibaldinho.
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Ilhós ou vulgo “Buraco” é sem dúvida o elemento mais utilizado no Bordado de Tibaldinho, o orifício é aberto com tesoura e posteriormente rematado a ponto de cordão/cordoné.
RODÍZIO
Por vezes, o ilhós rematado a cordão/cordoné passa a ponto cheio num dos lados, designando-se ilhós de cesto ou de sombra.
ESTRELA
Além do ilhós, existem outros elementos que diferenciam esta produção, como por exemplo: ÓCULOS DE CRUZ ÓCULOS DE REDE
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PATA DE GALINHA
VERDE GAIO
DOIS OITOS
No Bordado de Tibaldinho encontramos uma grande variedade de flores, estrelas e folhas, assim como laços, pássaros, cestos, uvas, limões, bolotas e trevos.
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Se é Primavera e o sol rompe, elas sentam-se no rebate das suas portas e bordam. No granito da escada, que dá acesso à varanda, juntam-se às duas e três e bordam. Pelo Verão, procuram a frescura de um alpendre ou de uma latada e bordam. Na sombra de uma oliveira, enquanto outros comem a merenda, bordam. Pelo Outono, dão uma fugida a ajudar nas vindimas, mas logo recomeçam, serenas, e bordam. Se é Inverno e o frio aperta, juntam-se à lareira e, quer de dia quer de noite ao serão, bordam, bordam. Bordam tal como as suas mães, e avós, e as mães de suas avós…
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CONTACTOS ARTESÃS CERTIFICADAS Cidália Ferreira Lopes Rodrigues
Luísa Maria Gomes Mendes Santos
Carta de UPA: 121506 Morada: Rua Principal, N.º 20 Localidade: Tibaldinho Telefone: 232 610 344 Telemóvel: 963 885 043 Email: cidaliaflrodrigues@sapo.pt
Carta de UPA: 122836 Morada: Rua da Suenga, n.º 3 Localidade: Tibaldinho Telefone: 232 610 658 Telemóvel: 964 195 296 Email: luisasantos3@sapo.pt
Lídia Marisa Morais Rodrigues
Isaura Maria Gouveia Pais de Figueiredo
Carta de UPA: 122971 Morada: Rua da Alegria 1-A Localidade: Tibaldinho Telemóvel: 965 061 704 Email: limusical@hotmail.com
Carta de UPA: 122972 Morada: Rua Mestre de Avis, Lote 11-2º Esq. Localidade: Mangualde Telemóvel: 964 485 290 Email: isaurafig61@hotmail.com
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Ó povo de Tibaldinho Ninguém te paga o dinheiro Vai mostrando o teu valor Através do mundo inteiro Tuas belas camponesas Alegres vão para seus prados Tuas lindas bordadeiras Fazem seus ricos bordados
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