Retratos e outras Paisagens
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Retratos e outras Paisagens
pinturas e fotografias
17 fevereiro a 17 marรงo 2018 Galeria Municipal do Montijo
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A Galeria Municipal do Montijo tem procurado, através da sua programação, cumprir a afirmação de Arnold Hauser, que dizia em relação às Artes que “o problema não consiste em confinar a
Arte ao horizonte das grandes massas, mas sim em ampliar o horizonte das massas tanto quanto possível”. Daí a busca pela diversidade nas exposições que têm vindo a ser trazidas a público, apresentando agora, Alexandre Cabrita com “Retratos e outras paisagens”, onde podemos ver trabalhos de pintura e fotografia, algumas destas também intervencionadas. No seu trabalho pode-se perceber a sua vontade de voltar a ligar a pintura com a imagem. Alexandre Cabrita nasceu em Lisboa, em Março de 1974. Licenciou-se em Artes-plásticas - Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em 1999. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Londres, onde concluiu o Mestrado em MA Fine-Art pelo Central St-Martins, College of Art and Design do London Institute, em 2001. Trabalhou em Berlim de 2007 a 2010. Desde 2000 que tem exposto em Portugal e em países como a Itália e o Reino Unido.
O Presidente da Câmara Municipal
Nuno Ribeiro Canta
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Na longa tradição das artes no Ocidente, o uso dos processos miméticos, tomado como forma de comunicação privilegiada entre umas e outras, foi tema para longos ensaios, e aqueles vêm sendo, desde há muito, estudados. Assim, e para dar apenas um exemplo, o modo como, no Barroco, uma certa dimensão pictórica invade o campo escultórico, sendo que antes ocorrera o contrário, com o escultórico a servir de modelo de perfeição à execução pictórica. Mais tarde, quando a fotografia deu os seus primeiros passos, então simples técnica servindo a pouco mais do que curiosidade de maravilhar em feiras, a sua necessidade de se ancorar num qualquer âmbito referencial levá-la-ia a buscar na pintura os seus modelos de representação. E vemos então, desses primeiros anos da sua existência, registos de lânguidas senhoras que parecem liquefazer-se, quais virgens pré-rafaelitas de longos cabelos soltos e olhares perdidos no sonho ou paisagens a perder de vista, com massiços de árvores ao fundo, exactamente como na paisagística do naturalismo, sendo que depois se chamou a isto escola pictorialista. Nomeando o modo como a fotografia absorveu um certo olhar que lhe chegava da pintura. Mais tarde ainda, dando o cinema sinais de querer entrar na esfera artística como a sétima das artes, em si reproduziu os teatros ou os circos, conforme mais erudito ou mais popular, da clownesca pose de Chaplin às primeiras versões da Bovary, ainda mudas, com a expressividade dos gestos a procurar substituir o som que ainda não havia, forçando o dramatismo e a expressão a cúmulos que, de tão sublimes, quase rebentavam o barómetro do verosímil. De muitos modos, então, poderíamos pegar neste desejo que toda a nova forma que aparece tem de se apropriar de modelos anteriores para compreendermos quanto nisso se joga, também, de vontade de inscrever uma dimensão artística, já que normalmente nenhuma técnica nasce com os pergaminhos de ser arte.
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O curioso é verificar ainda, e por outro lado, o quanto as artes mais tradicionais sempre foram capazes de se apropriar dos sinais trazidos por algumas dessas técnicas para se renovarem. Não teria havido impressionismo sem a invenção da fotografia, já que muito do que Manet trouxe para a pintura o foi buscar, em termos de enquadramento ou mesmo de ângulo de toma de vista, à fotografia. Como não teria havido Futurismo sem a invenção prodigiosa do cinema, já que nele o movimento, mesmo se apenas sugerido, nasce mais da observação das imagens do que da observação da própria vida. E assim poderíamos ir vendo, a par e passo, o modo como, reciprocamente, a renovação das artes se fez tantas vezes pela apropriação de sinais vindos das técnicas da ilusão e do prodígio. Quando olhamos para as novas séries de pinturas de Alexandre Cabrita, o que desde logo surpreendemos é essa vontade de voltar a ligar a pintura com a imagem (e nessa inscrição de todas as formas na modalidade da imagem consiste o cerne da questão da pós-modernidade), mas não com uma imagem qualquer como com aquela, precisa, que nos chega do cinema. Claro que se poderia argumentar que, da pop de um Mel Ramos ou de um Wesselmann (para não falar de Warhol) às novas figurações de um Jacques Monory ou de um Bernard Rancillac, a apropriação de imagens do cinema foi uma constante e que, por isso, nada de novo aqui acontece. Mas basta olhar com um pouco mais de atenção para sabermos que não é assim. Com efeito, Cabrita, que já em tempos propusera uma trémula imagem de Clint Eastwood, visita agora o cinema por razões bem diversas. Eu diria que, em certa medida, o faz a partir de um ponto em que se tornasse possível, por paradoxal que isso pareça, tratar a pintura como uma forma de expressão que estivesse a aparecer (como se) pela primeira vez e que, como tal, esta precisasse de ir buscar no cinema um modelo expressivo. Ou seja, como se a pintura fosse uma novíssima forma de arte que procurasse ancorar nas imagens dessa outra velha arte em que se tornou o cinema os modelos de legitimação que a tornariam credível.
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Porque na verdade não se trata de apropriar a escala exibicionista do cartazismo cinematográfico (como ocorria na pop ou nas novas figurações) como, pelo contrário, de reverter em pintura um certo esplendor da imagem herdado dessa arte por excelência do século XX em que o cinema se tornou. Isto é, não se trata de apropriar uma qualquer tipificação do cinematográfico, seja esta a do glamour (à Warhol) ou a da atmosfera (à Monory), como antes de procurar surpreender esse quid que, desde o seu próprio interior, operaria na imagem do cinema, procurando trazer para dentro da pintura aquilo em que ele consiste. Neste sentido, mesmo se os seus procedimentos formais são muito diversos, Cabrita aproxima-se dos processos conceptuais de um Julião Sarmento. Com efeito, ao surpreender Jack Nicholson num frame de Profissão Repórter (The passenger) de Antonioni, ou Batman em Bombaim ou, ainda, a bela de King Kong na perfeição carnal da sua quase nudez a contrastar com o informe do bruto animal que a deseja, o que Alexandre Cabrita traz para o interior da (sua) pintura é da ordem da veemente constatação de um facto: o de estarmos, simultaneamente, diante de uma cada vez maior perda de referência ao real e face a uma relação a perder de vista entre imagens e imagens de imagens. E esse é o nó conceptual e estético que alimenta não apenas a arte como a própria dimensão, cada vez mais virtualizada, de toda a contemporaneidade... (continua)
Bernardo Pinto de Almeida Dezembro 2006
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Maria, 115 x 90 cm, รณleo sobre tela, 2018
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Zahra, 100 x 120 cm, รณleo sobre tela, 2017
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Carolina #2, 145 x 145 cm, รณleo sobre tela, 2017
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Holofernes, 150 x 200 cm, รณleo sobre tela, 2013
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Justaposição, 50 x 40 cm, tinta da china sobre papel, 2017
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Vicky, 50 x 40 cm, tinta da china sobre papel, 2017
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Paisagem #1, impressĂŁo digital sobre papel, 2016
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Paisagem #2, impressĂŁo digital sobre papel, 2016
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Paisagem #3, impressĂŁo digital sobre papel, 2016
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Fotografia Intervencionada - Painel, 66 x 50 cm, acrĂlico sobre fotografia, 2017
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Holofernes 150 x 200 cm óleo sobre tela 2013
A Máscara 90 x 60 cm óleo sobre tela 2013
O Grito 91 x 74 cm óleo sobre tela 2013
Psycho 145 x 145 cm óleo sobre tela 2013
Carolina #2 145 x 145 cm óleo sobre tela 2017
Zahra 100 x 120 cm óleo sobre tela 2017
Retrato Abstracto 120 x 100 cm óleo sobre tela 2018
Maria 115 x 90 cm óleo sobre tela 2018
Maria 50 x 40 cm tinta da china sobre papel 2017
Vicky 50 x 40 cm tinta da china sobre papel 2017
Justaposição 50 x 40 cm tinta da china sobre papel 2017
Justaposição #3 50 x 40 cm tinta da china sobre papel 2017
Paisagem #1 impressão digital sobre papel 2016
Paisagem #2 impressão digital sobre papel 2016
Paisagem #3 impressão digital sobre papel 2016
Paisagem #4 impressão digital sobre papel 2016
Fotografia Intervencionada #1 acrílico sobre fotografia 2017
Fotografia Intervencionada #2 acrílico sobre fotografia 2017
Fotografia Intervencionada #3 acrílico sobre fotografia 2017
Fotografia Intervencionada #4 acrílico sobre fotografia 2017
Alexandre Cabrita Nasceu em Lisboa – Março de 1974. Licenciou-se em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Londres, onde concluiu o Mestrado em Pintura (MA Fine Art) pela Saint Martin’s School of Art & Design. Colaborou com a Galeria Minimal entre 1999 e 2009. E entre 2007 e 2010 teve atelier em Berlim. Com várias exposições individuais, participou também em várias exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro. As diferentes realidades ou imagens entrechocam-se nas pinturas de Alexandre Cabrita, num jogo de aparências e interpretações, reinventando as memórias da pintura, por vezes com uma evocação fotográfica, sobretudo fazendo desaparecer todo o traço representativo ou naturalista. Em 2014 passou a incorporar, na sua práctica, a fotografia digital e analógica. Exposições Individuais 2016 – Trabalhos – Galeria Valbom, Lisboa – Paisagem Imaginada – Centro de Artes e Espectaculos de Sever do Vouga 2013 – Persona – Galeria A’Parte, Porto – Trabalhos Recentes – Galeria Vieira da Silva, Loures 2010 – Viagens – Places – Galeria Valbom, Lisboa 2008 – Trabalhos Recentes, Galeria Minimal, Porto 2007 – Batman em Bombaim, Galeria Minimal, Porto 2006 – Novas Pinturas, Galeria Minimal, Porto 2005 – O Desafio do Outro, Galeria Minimal, Porto 2004 – Alexandre Cabrita, Espaço Prisões do Castelo de São Jorge, Lisboa 2002 – Clip0005copiacopy, Galeria Minimal, Porto 2001 – The Little Hunchback, Galeria Minimal, Porto 2000 – Kunstkammer, Wunderkammer, Gabinete de Curiosidades, Galeria Minimal, Porto
Exposições Coletivas 2017 – Pintura e Escultura, 11 Setembro | 30 de Outubro 2017, Galeria Valbom, Lisboa 2015 – COLECTIVA – Ap’Arte Galeria de Arte Contemporânea, Porto 2014 – COLECTIVA – Ap’Arte Galeria de Arte Contemporânea, Porto
COLECTIVA DE PINTURA E ESCULTURA – Galeria Valbom, Lisboa
2013 – ATELIERS ABERTOS 2013 – [atelier - 39 | 93 – studio], Lisboa
BRASIL PORTUGAL AGORA – Ap’Arte Galeria de Arte Contemporânea, Porto
EXPOSIÇÃO DE PINTURA, DESENHO E TÉCNICA MISTA SOBRE PAPEL, Galeria Valbom, Lisboa
2012 – COLECTIVA DE PINTURA E ESCULTURA – Galeria Valbom, Lisboa 2011 – COLECTIVA DE PINTURA E ESCULTURA – Galeria Valbom, Lisboa
COLECTIVA – Ap’Arte Galeria de Arte Contemporânea
ARTE LISBOA 11 – Galeria Valbom, Lisboa
2010 – COLECTIVA DE PINTURA E ESCULTURA – Galeria Valbom, Lisboa
PT A PROP – Galería Aragón, Barcelona
2009 – ARTE LISBOA – Galeria Valbom, Lisboa 2008 – ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto
10 OLHARES – Galeria Valbom, Lisboa
2007 – ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto 2006 – ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto
Maynar d Leigh Gallery, London
2005 – ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto 2004 – QUARANTANOVE: 2 – Alexandre Cabrita e Riccardo Abbate – Galeria Lipoly y Lopez – Roma
ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto
2003 – ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto
Fiera d’Arte Contemporânea Forli – Itália
2002 – ARCO – Madrid, Galeria Minimal, Porto
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Fichas Técnicas 2001 – ARCO – Madrid, Galeria Minimal, Porto
ARTE LISBOA – Galeria Minimal, Porto
Directions Exhibition, Central Saint Martin’s CAD, Londres
Degree Show Central Saint Martin’s CAD, Londres
2000 – Colectiva, Galeria Minimal, Porto
FAC 2000, Galeria Minimal, Porto
1999 – Exposição Colectiva – Galeria de Arte Periférica, Lisboa
FAC 1999, Galeria Arte Periférica, Lisboa
1998 – Prémio Vespeira, Bienal de Artes Plásticas, Montijo 1997 – Colectiva, Escola Superior de Comunicação, Lisboa
Olhar ou Ver Perspectivas de Futuro – Finalistas da Universidade de Belas Artes de Lisboa, Centro Cultural Emérito Nunes, Sines
Finalistas das Belas Artes, S.N.B.A., Lisboa
1995 – Mostra de Arte Empresa dos Trabalhadores do Metro, Lisboa 1992 – O Tempo e as Artes – Instituto de Meteorologia, Lisboa 1991 – Trabalham além do Trabalho – Instituto de Meteorologia, Lisboa Prémios 1997 – Menção Honrosa, Prémio Pintura e Escultura D. Fernando
Ficha Técnica [catálogo] Título Retratos e outras Paisagens: pinturas e fotografias Alexandre Cabrita Edição Câmara Municipal do Montijo Autor Câmara Municipal do Montijo Organização Galeria Municipal do Montijo Texto Bernardo Pinto de Almeida Fotografia Cedidas pelo autor Projeto gráfico Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Divulgação Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Tiragem 300 ex. ISBN 978-989-8122-51-3 Impressão Gráfica, Lda. Depósito Legal 437533/18
Ficha Técnica [exposição]
1998 – 2.º Prémio de Pintura João Barata, Lisboa
Produção e Organização Divisão de Cultura, Bibliotecas, Juventude e Desporto/ Galeria Municipal
Publicações e crítica
Design Gráfico Gabinete de Comunicação e Relações Públicas
II, Sintra
2010 – ALMEIDA, Bernardo Pinto de – A Desmedida vocação da imagem, Viagens - Places, Galeria Valbom, Lisboa
SOUSA, Rocha de – Alexandre Cabrita – Imagem resgatada – JL, Lisboa
2005 – POMAR, Alexandre – O desafio do outro. “Expresso – Cartaz” 2003 - CRESCI, Simona – Un’immagine del Portugallo. “Arte Critica – Rivista di Cultura Figurativa”. Ano X, n.º 35/36
Montagem Divisão de Cultura, Bibliotecas, Juventude e Desporto/ Galeria Municipal Divisão de Obras, Serviços Urbanos e Ambiente Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Montijo, fevereiro 2018 Realizada em parceria com a Galeria Valbom
2002 – GALERIA MINIMAL – Alexandre Cabrita. Catálogo de exposição, Porto
ALMEIDA, Bernardo Pinto de – Transição – Ciclopes, mutantes e apocalípticos, Lisboa: Assírio & Alvim
2000 – GALERIA MINIMAL – Gabinete de curiosidades. Catálogo de exposição, Porto 22
Galeria Municipal do Montijo Rua Almirante Cândido dos Reis, 12 • 2870-253 Montijo Telefone: 21 232 77 36 E-mail: cultura@mun-montijo.pt Horário: 2.ª a Sábado das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 www.mun-montijo.pt
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