Catálogo I - Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos

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Amadeu Augusto dos Santos ANIVERSÁRIO 1957 - 2007

“Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos, 50 anos de Tradição: Entre o Passado e o Presente”


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Cinquentenário da Praça de Toiros “Amadeu Augusto dos Santos” A Praça de Toiros de Montijo festeja este ano o seu cinquentenário, e há muito que os habitantes desta cidade se habituaram a considerá-la como um símbolo da terra, edifício de crucial importância para a Santa Casa da Misericórdia, sua proprietária, e pólo do desenvolvimento sócio-cultural da região. Quando em 1949 foi vistoriada e reprovada a antiga e velhinha Praça da Rua Joaquim de Almeida, gerou-se um amplo movimento popular pró-construção de um novo taurodromo, perante o qual decidiu a Câmara Municipal oferecer terreno para a sua edificação, em consonância com as tradições que a festa dos toiros tinha nos hábitos e preferências dos montijenses. Foi constituída, assim, uma comissão “pró-nova Praça de Toiros”, com a incumbência da sua construção e montagem dos cartazes das primeiras temporadas, até que o montante investido se encontrasse saldado, passando o imóvel a ser, então, pertença da Santa Casa da Misericórdia, facto que aconteceu dez anos depois. Pois, tudo aconteceu em tempo verdadeiramente recorde, mais concretamente em oito meses, desde o lançamento da primeira pedra (1 de Fevereiro) até á inauguração (1 de Setembro de 1957), constituindo-se com o desiderato do entusiasmo e abnegação de um punhado de homens, irmanados em incomensurável aficion e comandados por esse grande montijense que foi Amadeu Augusto dos Santos. A ela e à sua equipa se ficou devendo, não só o monumental edifício, mas também, o prestígio taurino que o mesmo vem usufruindo desde a sua inauguração. Efectivamente, nele actuaram todas as grandes figuras do renovado toureiro nacional, desde Simão da Veiga e João Núncio, passando por Diamantino Vizeu, Manuel dos Santos e Chico Mendes, incluindo o montijenses Augusto Gomes Jr., que num festival chegou a actuar de matador de toiros, até a todas as figuras do panorama actual. Também aqui marcaram presença figuras internacionais de grande renome como os matadores Júlio Aparício, Miguelin, André Vasquez, Curro Giron (que foi ídolo da aficion montijense), Curro Romero, Paco Camino (que nesta praça se apresentou pela primeira vez à aficion portuguesa), Peralta, Moreno Pidal, Álvaro Domecq, Manuel Vidrié, Pablo Hermozo de Mendoza, entre outros.

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Nesta praça aconteceu o 1º registo televisivo de uma corrida de toiros em Portugal (22 de Setembro de 1957) e o 1º concurso “À procura de um novo Toureiro” (organizado pelo jornal Festa em 1960), aqui se rodou o 1º filme português a cores “Sangue Toureiro” (com Diamantino Viseu e Amália Rodrigues), aqui se consolidou a escola de toureio desse grande toureiro montijense que foi António Gregório, aqui reapareceu a maior figura nacional que foi Manuel dos Santos (26 de Junho de 1960), aqui despontou e se consolidou uma grande figura do toureio, filho adoptivo de Montijo, que é o Eng.º José Samuel Lupi, e, também, aqui nasceram 2 grupos de forcados o da Tertúlia e o dos Amadores, pelo seu historial merecem respeito de todos. Finalmente, também aqui se doutoraram, para orgulho da terra, os dois últimos cavaleiros montijenses de alternativa Alvarito Bronze e Gilberto Filipe. Em suma, são inúmeros os acontecimentos que engrandecem a história deste edifício, das quais só relembramos alguns, que as comemorações do seu cinquentenário são plenamente justificáveis. Dentro das nossas limitações, procuramos que o evento tenha a maior dignidade possível, sendo seu programa aquele que vem acontecendo, mas cuja realização só é viável pela colaboração de algumas entidades, às quais a Comissão Executiva agradece sensibilizada, tais como, a Santa Casa da Misericórdia, promotora do acontecimento, a Câmara Municipal do Montijo que, desde a primeira hora, disponibilizou apoios, instalações e logística prontificando-se a organizar a exposição “Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos, 50 anos de Tradição: Entre o Passado e o Presente”, certamente uma das realizações mais valiosas do programa. Gostaríamos de relembrar que a Praça de Toiros de Montijo sempre tem merecido de toda a comunicação social portuguesa um desvelado interesse. Agora, apelamos para que se mantenha, sendo cúmplice da publicitação de todas estas manifestações, pois só com um público interessado e participante, poderemos atingir a dignidade e a grandeza que se deseja e que a efeméride merece. A todos o nosso muito obrigada e bem-hajam. Pela Comissão Executiva A. Vasco Lucas

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Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos 50 anos de História A propósito da exposição “Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos 50 anos de Tradição entre o Passado e o Presente, não é demais exaltar as tardes de glória proporcionadas pelos grandes artistas taurinos desde a data da inauguração da Praça. Também há 25 anos, em 3 de Setembro de 1982, a Praça de Touros de Montijo passa a designar-se “Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, em homenagem a um dos maiores obreiros deste importante empreendimento do concelho. O toureio e a tauromaquia são elementos estruturantes da tradição da nossa identidade, pelo que a Praça de Touros de Montijo, considerada por Luís Rouxinol a mais importante do país, a par da do Campo Pequeno, é uma obra de arte. Ao invocarmos os 50 anos da inauguração da Praça de Touros não podemos esquecer, entre outros, os nomes de José Salgado Oliveira, Isidoro Maria de Oliveira, Dr. Manuel Nepomuceno Leite da Cruz, José Júlio da Veiga Marques, António Rodrigo Tavares Júnior, Domingos Tavares, António Maria Rasteiro, João Euclides Rosa Carneiro, Manuel Cândido da Costa, António Júlio Canarim Nepomuceno, homens que contribuíram grandemente para o financiamento do projecto. A Praça de Touros do Montijo é de uma beleza arquitectónica inquestionável, daí a necessidade de olharmos para este monumento como fazendo parte integrante da riqueza patrimonial das gentes do nosso concelho. Não obstante os seus 50 anos, a Praça de Touros de Montijo é já "um livro" de Histórias taurinas, onde decorreram episódios que deixaram marcas importantes para a tauromaquia lusa e, onde cavaleiros e forcados, toureiros e aficionados têm vindo a escrever a História taurina deste nosso Portugal. Montijo, Agosto de 2007

A Presidente da Câmara

Maria Amélia Antunes 05


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As Duas Praças de Touros de Montijo Antes de historiar factos inerentes à actual praça de touros de Montijo, gostaria se me permitem de tecer algumas passagens sobre o que foi a anterior, isto é, a antiga praça de touros de Montijo. Edificada no ano de 1887 por um grupo de aficionados montijenses, a velha praça de touros assentava numa estrutura em madeira, situando-se em terreno cedido pela Câmara, concretamente junto às cavalariças municipais e da escola primária (actual posto da P.S.P.). Os acessos do sol e à própria praça faziam-se pela rua João Pedro Iça (vulgo rua do Quartel) enquanto pela rua Almirante Cândido dos Reis (vulgo rua Direito) eram para a sombra e camarotes. Com uma lotação para 3000 lugares aproximadamente, era propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Montijo. Apetecia-me baptizá-la por praça benemérita na medida em que nela se realizaram inúmeros espectáculos de benefício para o Orfanato, Asilo, Bombeiros, Aldegalense Sport Clube e Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro. Os curros de touros eram de 12, 10 e 8 reses por vezes já corridos e vinham pela madrugada ao nascer do dia a pé com cabrestos e maiorais e cavaleiros amadores, percorrendo a estrada do pocinho das nascentes, rua Joaquim d'Almeida (vulgo rua da Graça) e rua João Pedro Iça (vulgo rua do Quartel), entrando, finalmente na praça. Antes porém das entradas de touros a pé, outro acontecimento não menos interessante havia através da apartação dos touros para a corrida que acontecia em pleno campo, algures na Barroca com comes e bebes e fados ininterruptos por fadistas amadores. Pelas 13.00 horas havia a embolação e exposição dos touros para a corrida e, pela tarde realizava-se então a respectiva corrida formal. Por esta engraçada e característica velha praça foram corridos touros de boas e reconhecidas ganadarias, de António José Teixeira, João Tomás Piteira, Santos Jorge, Oliveiras e Irmão, Pinto Barreiros, Graves, Castro Cabrelas, João Núncio, Barata e Nechas, etc. Para além dos cavaleiros amadores, Domingos Tavares, Domingos Tavares Júnior, Domingos Patola e José Paulo Relógio todos montijenses que quase sempre participavam nas cavalhadas e, ainda Lopes de Vega lembro os profissionais Cristiano Mendonça, Justiniano Gouveia que após ter deixado a arte de marialva abraçou a posição de director de corridas, Fernando de Oliveira e posteriormente outras grandes figuras do toureio equestre, como Simão da Veiga, João Branco Núncio, José Casimiro, António e Alberto Luís Lopes, D. Vasco Jardim, D. Francisco de Mascarenhas, José Samuel Lupi, Mestre José Baptista, Pedro Louceiro, David Ribeiro Teles, Luís Miguel da Veiga, Paulo Caetano e convêm não só lembrar da cavaleira rejoneadora Conchita Citron. 07


Dos excelentes bandarilheiros que bregaram com maestria os touros lidados pelos referidos cavaleiros destaco os montijenses Augusto Gomes Júnior e António Gregório, depois Agostinho Coelho, Pedro Gorjão, Júlio Procópio, António Correia, Júlio Glória, José Agostinho dos Santos e outros. Dos forcados que pegaram touros mencionarei os excelentes grupos amadores de Santarém (que incluía pegadores montijenses), de Montemor, de Alcochete, da Moita, de Vila Franca, do Montijo e possivelmente outros que agora me passa. No tocante a lide apeada muitas foram as figuras que pisaram esta velha praça, matadores como, Augusto Gomes Júnior, Armando Soares, António dos Santos, José Falcão, José Júlio, E. Barroca, Ricardo Chibanga, Manuel dos Santos, Diamantino Viseu, Mário Coelho, Carlos Aranha, Silvério Peres, carniceiro do México, Ninõs Fuentes, Gregório Garcia e Conchita Citron. Relativamente à actual praça de touros passo a transcrever na íntegra um escrito elaborado por meu pai que revela como foi conseguido o projecto de arquitectura e a construção. Por meados de 1948, na secretaria da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, estando presente o seu provedor e mais mesários foi nomeada uma comissão composta pelos senhores Dr. António Gonçalves Rita (advogado), Dr. Manuel Nepomuceno Leite Cruz (médico veterinário), José Salgado da Oliveira (industrial e proprietário), Amadeu Augusto dos Santos (pintor decorador e comerciante), José Júlio Pinto da Veiga Marques (lavrador e proprietário), António Rodrigues Tavares (agricultor e Industrial), José da Silva Leite (agricultor e proprietário), António Ramos Rasteiro (industrial e proprietário), Domingos Tavares Bastos (proprietário e agricultor) e Euclides Rosa Carneiro (relojoeiro e comerciante). Pelo sr. presidente foi dito que a razão da nomeação desta comissão, era o motivo da conservação e restauração da velha praça de touros construída por uma comissão de aficionados em 1887 e que se achava em ruínas e a cuja comissão pediam o seu concurso dando-lhes plenos poderes para poderem organizar festas e angariar verba para o concerto de conservação ou o melhor que pudesse ser feito para esse fim. Nomeada esta comissão, logo de inicia que organizou um quete entre a comissão em que cada um entrou com quinhentos escudos para concertos na dita praça. Feitos os devidos concertos, organizou a mesma comissão uma corrida de touros em favor das obras em curso em que ganharam 30.257$20 o que pagou as obras e o restante foi entregue à Santa Casa. No ano seguinte pensou a comissão de que eu também fazia parte Fazer uma obra de maior relevo mas … tal não foi consentido pelos poderes superiores. Veio a Montijo uma embaixada representativa da Inspecção Geral dos Espectáculos e Urbanismo que reprovou a ideia de se puder de futuro realizar espectáculo de qualquer espécie naquele recinto, condenando então em absoluto e alegando que aquele local estava destinado a ser para o mercado municipal; em resumo estava definitivamente condenada a antiga praça de touros que tão engraçada era e onde se deram inesquecíveis festas de toiros. Varias demarches se fizeram ainda se gastou seis mil escudos num estudo de projecto para se embelezar toda a fachada e parte interior e nada se conseguiu até que recebemos uma intimação rigorosa mas arbitraria da Inspecção Geral dos Espectáculos para que a praça fosse demolida. A Ideia da Construção de uma nova Praça de Touros para a Misericórdia … 08


Não desmereceu esta comissão e sempre na ideia de fazer algo para que em Montijo não acabasse a festa de touros, reunimos e resolvemos escrever à Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Montijo afim de expor a ideia da construção de uma nova praça de touros que honrasse o Montijo e que pudesse ter defesa em corridas de boa apresentação. Foi nos seguintes termos a carta dirigida à Santa Casa: Montijo, 08 de Novembro de 1950 A Exma. Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Montijo Exmos. Srs. Os signatários fazem parte de uma comissão que tem em vista construir em Montijo uma praça de touros. A essa Santa Casa pertence uma praça velha que não é permitido nem é possível a sua reconstrução de modo que, de futuro tenha defesa para realização de espectáculos tauromáquicos e, não tendo esta comissão o intuito de qualquer modo prejudicar os interesses da misericórdia pedem a V. Exas. que se dignem dizer-lhes com possível brevidade se a Misericórdia interessa o facto de em conjunto com esta comissão poder tomar na sua colaboração e, nomeadamente, na sua colaboração financeira e no intuito de se efectuar a edificação de uma nova praça de touros de modo que num futuro mais próximo possível essa nova praça de touros venha a ser propriedade da Misericórdia. (esta carta foi assinada por todos). A resposta foi um pouco demorada e só tivemos aviso para reunir a 19 de Dezembro do mesmo ano. Das conversações dessa resultou que a praça fosse construída em favor da Misericórdia prometendo a Mesa da Santa Casa que a venda da velha praça então já condenada pelos poderes superiores seria investido na nova praça o seu resultado de venda, caso que o Senhor Governador Civil do Distrito apoiou prometendo interessar-se pela ideia e mais ainda diligenciar quaisquer verba de ajuda como comparticipação pelo desemprego. Correu esta reunião na melhor das disposições e toda a assistência radiante pela forma como a Mesa da Misericórdia aceitou a iniciativa, dando à Comissão Pró-Praça de Touros todos os poderes para tratar do assunto da venda da antiga praça. Começou então a acção desta Comissão com bastante intensidade, diligenciado o mais breve possível da velha praça. Um dos componentes da Comissão e a quem se deve também esse grande momento que a Montijo deu nome e valor e que para maior honra para nós tem o nome dum distinto artista e filho da nossa terra que se chamou Joaquim de Almeida nome que em letras bem brilhantes ornamentou esse grande edifício do novo cinema. Pois foi este grande amigo proprietário desta casa de espectáculo que nos alvitrou a seguinte sugestão oferta de 400 mil escudos pela antiga praça caso a Câmara Municipal o autorizasse a edificar no mesmo local o novo cinema mas, só na condição dessa verba ser integrada na obra da praça de touros. Depressa fizemos saber à Câmara Municipal escrevendo-lhes neste termos: Exmo. Senhor Presidente e Vereadores Câmara Municipal da Concelho de Montijo Pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia desta vila e com o apoio de Exmo. Sr. Governador Civil do Distrito foi esta Comissão nomeada com plenos poderes necessários para tratar do assunto obra Praça de Touros. É desejo desta Comissão levar a efeito a construção duma nova praça de touros e para isso tem envidado os seus esforços, visto que 09


a construção a verificar-se. Em muito viria contribuir para o desenvolvimento comercial e turístico de Montijo e ainda porque, nas condições que pretendemos levar por diante à nossa pretensão, poderíamos dotar a Santa Casa da Misericórdia (…) de futuro, com uma propriedade da qual lhe poderá advir um interessante rendimento. Encontrando-se alguém interessado na aquisição da actual praça de touros desde que seja autorizado a construir no mesmo local, em substituição, um novo cinema, pelo que se torna necessário que essa Mui Digna Câmara lhe facilite quaisquer dificuldades que possam surgir em referência a assuntos urbanísticos, pedimos a V.as Exas. se dignem pronunciar sobre o que o assunto lhes oferecer. Chamamos a devida atenção de V.as Exas. para o assunto, visto que a ser realizada essa aquisição, em muito viria a contribuir para que possamos levar a bom termo as nossas diligências, pois que a verba auferida pela referida venda transitaria automáticamente como comparticipação da Santa Casa da Misericórdia na construção da nova praça, segundo deliberação da Mesa em última reunião consoante com a Comissão Pró-Praça de Touros. Contamos pois, com a melhor boa vontade de V.as Exas. na resolução do assunto, do que poderá facilitar-nos os nossos desejos, dotando assim o Montijo, com dois edifícios interessantes que viriam, não só, valorizar a nossa terra, como a sua construção poderia atenuar a elevada crise que dia a dia se acentua nesta vila. Certos de que V.as Exas. darão a colaboração necessária na resolução deste problema, ficamos a aguardar o favor das vossas breves notícias e temos a honra de nos subscrever com protestos de elevada consideração A BEM DE MONTIJO COMISSÃO PRÓ-PRAÇA DE TOUROS (esta carta foi assinada por todos) As respostas levaram tempo, no entanto, a comissão não descurou o assunto até que em 31 de Maio tivemos a seguinte resposta: Montijo, 31 de Maio de 1951 À Exma. Comissão Pró-Praça de Touros Montijo Em resposta ao ofício dessa Comissão de 19 de Março último, tenho a honra de informar V.as Exas. que depois de ouvidos os competentes serviços de urbanização, foi por esta Câmara deliberado aceitar para a localização do cinema a construir nesta vila, o terreno onde existe a actual praça de touros que foi indicado por essa digna Comissão. Como porém, se torna indispensável anexar o terreno onde está instalado a abegoaria municipal para poder ser implantado o edifício, a Câmara, no desejo de prestar a melhor colaboração, dispõe-se, desde já, encetar a transferência das referidas instalações e a transaccionar com a empresa interessada na construção do novo cinema. A BEM DA NAÇÃO O Presidente a) Cristiano Victor Leite da Cruz Mais uma etapa vencida com uma resposta que nos deixou na melhor das disposições e que nos encorajou a ir em diante cheios de vontade e fé. Encorajados com tão agradável resposta e pronta boa vontade da Câmara, organizámos festas, intensa propaganda e iniciamos os preparativos para a subscrição pública e ao mesmo tempo estudar a forma de conseguir meios de pudermos mandar realizar um estudo de ante projecto para se poder fazer uma ideia dum caminho a seguir. 10


Primeiras dificuldades Dr. António G. Rita um dos componentes da Comissão, um dos grandes influentes devido ao seu estado de saúde ou aos seus afazeres pediu a demissão ficando a Comissão diminuída, jamais por uma pessoa de certa posição e que muito nos poderia ser útil. Em todo o caso fomos por diante e então em reunião foi posto em discussão o caso do estudo do projecto e como tal poderia ser conseguido pois a maior dificuldade era a falta de fundos. Depois de várias démarches e pedidos de orçamento chegámos à conclusão que o mínimo do custo desse estudo seria de 12.000$00 a 18.000$00, verba que não tínhamos e se tornou difícil realizá-la. Então eu, o carola, o pateta que tudo achava facilidades e que só via o caminho do optimismo (segundo me conheciam) mas que apesar de tudo a persistência foi sempre a minha divisa e essa mesma que levou tudo ao caminho da realidade, não desisti da ideia de Montijo ter uma praça de touros e procurei nova modalidade para conseguir forma de vencer esta dificuldade. Um Pedido de Sacrifício Nestas alturas estava o meu filho no Porto e frequentava como aluno a Academia das Belas Artes, estudando o curso de Arquitectura. Um dia aproveitando umas férias pedi-lhe, fazendo ver as dificuldades que tínhamos para conseguirmos um estudo para a edificação d'uma Praça de Touros. Fingiu não perceber a minha pretensão e então falei-lhe claramente que a situação era difícil pois que só ele nos poderia ajudar fazendo-nos esse grande feito de fazer esse dito estudo. Não me disse que não, é claro, mas apresentou argumentos que eu achei muito razoáveis mas que a minha força de vontade não se deu por vencida e então insisti. Argumentou que estava no 3º ano e que os conhecimentos para uma obra desse quilate eram muito diminutas e sobre este género (praça de touros) ainda menos porque nem sequer um pormenor havia que conhecesse. Apesar de tudo não me querendo contrariar e querendo ser útil à minha vontade e à sua terra, propõe-se trabalhar e dar-nos a sua ajuda dentro dos conhecimentos que tinha, diligenciando procurar elemento para o fim em vista. Começou então a minha maior luta, o meu maior sacrifício, noites sem dormir, fazes de arrependimento, mas sempre com a fé do que a minha persistência venceria e levaria de vencida todas as más vontades todas as contradições, todas as maldades que me rodeavam e que eu em parte não conhecia porque algumas eram tão cínicas que eu acreditava por boas e por sinceras. Começou então meu filho a fazer os primeiros estudos para o ante-projecto enquanto nós Comissão tratávamos do local para a praça e em várias démarches com a Mesa da Misericórdia e com a Câmara para concepção do novo tauródromo. Enquanto a Comissão Pró-Praça de Touros continuava a angariar fundos para fazer face à construção da nova praça de touros, organizando oito corridas formais e quatro vacadas que renderam 302.324$00 e outros espectáculos que deram o lucro de 54.157$00 a Câmara Municipal, por reunião de nove de Setembro de 1951, deliberou ceder à Santa Casa da Misericórdia de 11


Montijo, um terreno para a construção da nova praça de touros, com a área de 5.500 metros quadrados e situada a nascente da circular recém projectada (actual Avenida Olivença), em local vazadouro de resíduos da fábrica Mundet. Conhecido o local onde a nova praça de touros ficaria implantada, procurei obter conhecimentos sobre praças de touros, visitando algumas portuguesas e outras espanholas até que esbocetos atrás de esbocetos consegui, finalmente, uma solução que, em termos funcionais arquitectónicos e estruturais me agradou. Essa solução deu origem ao anteprojecto o que de imediato submetido à apreciação da Câmara foi, rapidamente aprovado por deliberação de três de Março de 1954. Em fins do mesmo ano de 1954, concluído o projecto de arquitectura apresentei os respectivos dossiers á apreciação e aprovação da Câmara Municipal e da Inspecção Geral dos Espectáculos. A Câmara rapidamente, aprovou o projecto, mas já o mesmo não aconteceu em relação à Inspecção Geral dos espectáculos a qual solicitou esclarecimentos, assentavam em dois reparos: um sobre o corredor pedonal interior da praça, o outro acerca dos burladeros propostos no interior da teia. Perante estes reparos houve, obviamente, a obrigatoriedade de responder à Inspecção Geral de Espectáculos através de uma cuidada exposição, na qual em relação ao corredor pedonal interior da praça se argumentou a necessidade de criar espaçamentos com objectivos funcionais, de acessibilidade a todas as áreas da praça e por outro lado de lazer e convívio a todos os aficionados. Relativamente, aos burladeros propostos no interior da teia justificou-se razões de segurança de todos os intervenientes do espectáculo e, como esconderijos o de evitar distracção e perturbação dos touros enquanto estão a ser lidados. Esta exposição subscrita por mim, como projectista da praça, por todos os membros da Comissão Pró-Praça de touros, por todos os Mesários da Santa Casa da Misericórdia de Montijo e por muitos toureiros que, assim, quiseram manifestar o seu apoio e concordância, foi enviado à Inspecção Geral dos Espectáculos a fim de ser apensa ao projecto de arquitectura. Em reunião de 13 de Abril de 1956, o Conselho Técnico da Inspecção Geral dos Espectáculos constituído pelos senhores Comandante Oscar Neto de Freitas, Arqtº. Luís Benavente, António Emidio Abrantes, Luís Ribeiro Viana e Aníbal Maria Fernandes, deliberou aprovar o projecto de arquitectura da nova praça de touros de Montijo. Quando o povo montijense soube da aprovação do projecto acreditou então que a construção da sua nova praça de touros era uma realidade, gerando-se de imediato uma enorme onda de solidariedade de apoio à Comissão Pró-Praça de Touro, através das mais variadas manifestações, de donativos, sacos de cimento, de areia, cal, tijolos, dinheiro e horas de trabalho. Estando o projecto de arquitectura definitivamente aprovado faltava concluir o dossier, o projecto de estabilidade e a empresa construtora do edifício.

Amadeu Gomes dos Santos, Arq.

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AGRADECIMENTOS A Câmara Municipal de Montijo e a Comissão Executiva das Comemorações do Cinquentenário da Praça de Toiros de Montijo, agradece a todos aqueles que amavelmente cederam peças possibilitando assim a realização desta exposição.

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Amadeu Augusto dos Santos ANIVERSÁRIO 1957 - 2007 Catálogo da Exposição

“Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos, 50 anos de Tradição: Entre o Passado e o Presente”

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Os primeiros registos conhecidos sobre a actividade tauromaquia em Montijo, datam do reinado de D. Manuel I (1495-1521). Tal como referem as “Constituições da Guarda” de 1500 os touros eram lidados nos adros das igrejas, associados aos festejos litúrgicos. No caso de Aldeia Galega, poder-se-á colocar a hipótese de ao culto do Espírito Santo e festas em sua honra, estar associado festejos onde o touro depois de corrido à corda era sacrificado, para que a sua carne fosse consumida no bodo comunitário, o único permitido no reinado de D. Manuel.

DE ALDEIA GALEGA A MONTIJO: SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA

No entanto, é no período, que medeia a atribuição do foral à localidade, 1514 e a morte do monarca em 1521, que surgem as primeiras referências às touradas em Aldeia Galega. D. Manuel1 surge-nos, assim, ligado a uma actividade que passava a ser obrigação da Câmara: organizar uma tourada para divertimento dos habitantes da localidade, estipulando o monarca, que à Câmara cabia suportar as despesas com o referido divertimento. Assim, os Visitadores da Ordem de Santiago em 1564 assim o referem “… que quando se correm touros na ditta villa fazem pallanques E metem as tranqueiras peguadas com a parede da cappella-moor, E se sobem sobre ella o que faz muito danno a parede E telhado …”2 o que doravante fica proibido sob pena de pagamento de 10 cruzados de multa. Facto de novo enunciado na visitação de 1607 “… no adro desta igreja se fazião palanques pª ver touros o qe hee muito indecente e pêra estranhar …”3 e mais uma vez, proibiam tal acontecimento, com coima no valor de vinte cruzados.

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Registo de uma provisão para se fazer a obra de São Sebastião, Livro de registo de leis, ordens e alvarás, fl. 148, 148v., Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal. 2 Mário Balseiro Dias, Visitações e Provimentos da Ordem de Sant'Iago em Aldeia Galega de Ribatejo - Volume II 1553-1571: Ed. Autor, Montijo 2006, P. 91. 3 José de Sousa Rama, Coisas da Nossa Terra - Breves Notícias da Villa de Aldeia Gallega do Riba-Tejo: Câmara Municipal de Montijo, 2001, P. 122.

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Em 1527, na visitação efectuada pelos Visitadores da ordem de Santiago, à igreja da Atalaia, são fornecidos elementos quanto à forma de toureio “... novilho que Gomez Neto ofereçeo a nossa senhora (...) se coreo as capãs ...”4. A corrida de touros anual para divertimento das gentes locais continuava a realizar-se cumprindo a Câmara com o estipulado pelo rei D. Manuel, tendo em 1730, gasto a quantia de 18$980 réis5. Em 1754, o Rei D. José, a pedido do “Presidente, Vereadores e mais Oficiais da Câmara, Nobreza e Povo da Villa de Aldegallega do Ribatejo”6 suspendeu por seis anos a obrigação estipulada por D. Manuel, direccionando o dinheiro dispendido nos espectáculos tauromáquicos nas obras de recuperação da Igreja de São Sebastião. Assim, em 17 de Junho de 17607, voltou o monarca a prorrogar esta determinação por mais oito anos, de modo a que as verbas revertessem a favor das obras de reconstrução do templo. A proibição de realização de touradas foi reiterada em 2 de Abril 1791, por Diogo Inácio de Pina Manique, ao enviar ao Provedor da Comarca de Setúbal, uma carta precatória circular, onde recomendava que fosse proibida a realização de touradas, independente do motivo. Independente das proibições régias, observadas até 1837, a manutenção das tradições e o amor à festa brava surgem como explicação para que no século XIX, Aldeia Galega já possuísse uma praça de touros, construída no bairro de Santo António, conforme se pode constatar pelo registo existente no Livro de Foreiros à Câmara datado de 1805-1811, que deixou de funcionar em 1852. Segundo Amadeu Augusto dos Santos teria sido construída nos terrenos pertencentes à Quinta do Pátio d'Água. 4

Mário Balseiro Dias, Visitações e Provimentos da Ordem de Sant'Iago em Aldeia Galega de Ribatejo - Volume I, p. 116. 5 Livro da receita e despesa dos bens do Concelho de Aldegallega, 1730-1732, fl. 17v, Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal. 6 Registo de uma provisão para se fazer a obra de São Sebastião, Livro de registo de leis, ordens e alvarás, fl. 148, 148v., Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal. 7

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Ibidem.


Livres das proibições régias, em 1842 é fundada a Sociedade do Divertimento de Touros da Villa de Aldeia Gallega do Ribatejo, constituindo assim a primeira associação tauromáquica do Concelho, com o objectivo de proporcionar algum divertimento aos seus associados. Esta sociedade tinha como presidente, Cristiano Augusto da Silva, como tesoureiro, João Quaresma, como secretário, Jacinto Rodrigues de Oliveira Soares e como vogais, Epifânio António de Sousa, António Joaquim Leite, António Pereira Duarte, Dr. João Pedro Alberto e António Saragoça Júnior. A referida sociedade, realizou entre 20 e 22 de Agosto de 1842, corridas de touros gratuitas, presumivelmente na praça de touros existente no Bairro de Santo António. Entre 1852 e 1862, período que medeia a demolição da praça antiga e a construção da nova, localizada junto ao edifício dos Frades da Graça, não se encontram documentadas actividades tauromáquicas em Aldeia Galega. Assim, pelas Festas da Piedade em 1862, ressurgiram as festas tauromáquicas na Vila, quando um grupo de cidadãos edificou uma praça de touros, realizando-se nos dias 24 e 25 de Agosto do dito ano, duas corridas de touros. Com o objectivo de dar continuidade a estas actividades, no ano de 1865, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, determinou, em reuniões de 13 de Agosto e 13 de Setembro8, organizar uma corrida de touros, cuja receita revertia a seu favor. Para levar a efeito esta corrida foi constituída uma comissão formada pelos irmãos, Justiniano Gomes António, Domingos Tavares, Emídio dos Santos Marques, Julião da Veiga Marques, José Gomes Paralta, Firmino Augusto da Silva, António

8 Acta da reunião de 13 de Agosto de 1865 e de 13 de Setembro de 1865, fl. 21-22, Santa Casa da Misericórdia de Montijo, Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal.

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Caetano de Oliveira, Joaquim Sousa Barlavento, Manuel Soares Ventura e Francisco António. No dia 24 de Setembro realizou-se então a primeira corrida de touros promovida pela Santa Casa da Misericórdia, que rendeu para a organização 138$810 reis. Esta nova praça construída sem grandes preocupações de segurança, permitia o fácil acesso à arena por parte dos espectadores o que originou alguns desacatos, tais como os que aconteceram no dia 29 de Junho de 1868, aquando um desentendimento entre os forcados de Aldeia Galega e um grupo de curiosos oriundos da localidade vizinha de Alcochete. Os últimos, instigados por alguns espectadores de Lisboa e da Moita, saltaram para a arena dispostos a pegar um touro, que o director da corrida tinha mandado recolher, visto os forcados da localidade não o terem conseguido pegar. Este incidente teve honras de reportagem, na edição do Diário de Noticias de Lisboa do dia 25 de Agosto de 1868. Para que incidentes deste tipo não voltassem a acontecer, a 21 de Agosto de 1871, o Administrador do Concelho de Aldeia Galega, determina através de edital, a proibição de qualquer pessoa, à excepção dos funcionários da praça, saltar para a arena. A vida desta praça de touros foi bastante efémera, uma vez que ao fim de vinte anos já se encontrava completamente degradada, o que levou à sua demolição. Foi seu primeiro arrendatário Francisco António da Veiga, que pagava mensalmente a quantia de 13$500 réis e dava de donativo à Santa Casa da Misericórdia 6$000 réis, por cada espectáculo ali realizado. Na reunião extraordinária da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, de 12 de Novembro de 18879, Domingos Tavares10, uma das personagens mais importantes em termos políticos e sociais, na

9 Acta da reunião de 12 de Novembro de 1887, fl. 108v., Santa Casa da Misericórdia de Montijo, Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal. 10

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Foi Presidente da Câmara e era um dos mais ricos proprietários agrícolas locais.


qualidade de irmão da Santa Casa, propõe a construção de uma nova praça de touros a ser edificada no local da anterior. A sua execução contou com o apoio do deputado do círculo e proprietário da Herdade de Rio Frio, José Maria dos Santos, que forneceu a madeira necessária e ainda ofereceu a quantia de um conto de reis. Para a construção da nova praça foi constituída uma Comissão, composta por Domingos Tavares, Francisco da Silva, António Gualdino Gouveia Salgado, João Rodrigues de Oliveira e António Gouveia Dimas (dissolveu-se em 28 de Outubro de 1905, visto António Gouveia Dimas e Francisco da Silva apresentarem a sua demissão em virtude de os restantes membros já terem falecido). Esta praça de touros construída, segundo projecto do mestre carpinteiro José Vito da Silva, foi concluída em 23 de Junho de 1888 e inaugurada no dia de São Pedro do mesmo ano. Tinha capacidade para 3000 espectadores e um diâmetro exterior de 42 metros. Após a sua conclusão, a Comissão, solicitou autorização ao Administrador do Concelho para que a Santa Casa da Misericórdia a explorasse, por um período de três meses. Aldeia Galega voltava assim, a granjear fama de terra amadora da tauromaquia chegando a ombrear com Lisboa na realização de bons espectáculos tauromáquicos. No intuito de manter a tradição de oferecer aos aficionados boa tauromaquia, realizaram-se em Aldeia Galega até ao ano de 1928, corridas com touros em pontas, autorizados devido ao carácter benemérito. Tendo as mesmas sido proibidas a 11 de Abril de 1928, dois anos depois, o Ministro do Interior, autorizou a lide de dois touros em pontas em cada corrida, desde que se destinassem a artistas estrangeiros. Assim, em Junho de 1946, o jornal Gazeta do Sul, anunciava uma corrida de touros de morte em Montijo com a presença de Conchita Cintron e Pepe Ortiz.

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Personagens de destaque na vigência da praça de touros da Graça Durante a vigência da praça de touros da Graça destacaram-se algumas personalidades como os cavaleiros Justiniano Gouveia e Cristiniano Mendonça.

Justiniano Gouveia, nasceu em Aldegalega a 20 de Julho de 1878. Actuou muitas vezes como cavaleiro amador, tomou a Alternativa em 1920 no Campo Pequeno. Dividiu a sua vida entre as suas grandes paixões a tauromaquia e o teatro. Alvo de grandes elogios em relação às suas actuações, quando se retirou do toureio continuou ligado à festa brava como director de corridas.

Justiniano Gouveia

Cristiniano Mendonça, nasceu em Aldegalega a 3 de Março de 1866. Estreou-se na praça de touros da sua terra natal, em 3 de Novembro de 1889. Devido às suas brilhantes actuações, foi incitado a se tornar profissional, facto que sempre recusou. Assim, manteve-se como cavaleiro amador, actuando só em corridas de carácter benemérito. Uma das figuras Montijenses mais emblemáticas da época é Augusto

Gomes Júnior, o segundo matador de touros de Portugal. Augusto Gomes, nasceu a 19 de Dezembro de 1913 em Aldegalega, e inicia-se na actividade tauromáquica em 1932, frequenta a escola de Luciano Moreira. A sua primeira actuação em público, como bandarilheiro amador, foi no ano de 1932, tomando a Alternativa, nesta categoria, em Julho de 1937, no Campo Pequeno. Actua também como novilheiro em 1939, na mesma praça, alternando com Joselito Moreno.

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Cristiniano Mendonça


Devido a todos os êxitos alcançados, Augusto Gomes, decide vestirse de seda e ouro, e em 21 de Junho de 1942 estreia-se em Espanha, na praça de touros de Pamplona, alternando com Rafael Albaicín e Rafael Perea “Boni”, a 23 de Junho de 1946 debuta em Madrid, sendo o primeiro novilheiro português a actuar nessa praça. Em 1947, toureia na Venezuela, Colômbia e Perú, alcançando o êxito em terras Sul Americanas. De regresso à Europa, toma Alternativa de matador de touros, a 10 de Agosto, na praça de touros de Constantina Espanha, tendo como padrinho António Bienvenida, perante o testemunho de Jaime Marco “El Choni”. Augusto Gomes Júnior

Em 1951, renuncia à Alternativa de matador de touros, mas continua como bandarilheiro até 1972, data da sua retirada em Almerim.

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A empresa Gil, Gomes & Santos Lda., arrendatária da praça de touros de Montijo no ano de 1947 e proprietária do antigo cinema teatro Joaquim de Almeida, popularmente conhecido como o “barracão”, subarrenda a Amadeu Augusto dos Santos, a citada praça de touros, para a realização de espectáculos tauromáquicos. No entanto, dado o estado de conservação da mesma, no ano de 1948 foi criada uma Comissão para angariação de fundos com vista ao restauro do imóvel.

DO SONHO À REALIDADE: A NOVA PRAÇA DE TOUROS

Esta comissão era formada pelos seguintes elementos: António Gonçalves Rita (advogado), Manuel Nepomuceno Leite Cruz (médico veterinário), José Salgado de Oliveira (industrial e proprietário), Amadeu Augusto dos Santos (pintor decorador e comerciante), José Júlio Pinto da Veiga Marques (lavrador e proprietário), António Rodrigues Tavares (agricultor e industrial), José da Silva Leite (agricultor e proprietário), António Ramos Rasteiro (industrial e proprietário), Domingos Tavares Bastos (proprietário e agricultor) e Euclides Rosa Carneiro (relojoeiro e comerciante). A sua primeira iniciativa foi solicitar a cada um dos seus membros, um donativo no valor de 500$00, para o fundo de reconstrução da praça de touros e organização de uma corrida de touros para angariar verbas para a reconstrução da praça que rendeu 30.257$20. O restauro do imóvel mostrou-se inviável, já que em 1949 uma comissão da Inspecção-Geral de Espectáculos considerou encerrar o recinto, por este não oferecer condições de segurança. Apesar desta determinação, tentou ainda a Comissão encetar várias iniciativas com vista a evitar tal situação, pelo que solicitou um projecto de remodelação de interiores e fachada da praça de touros, que importou em 6.000$00. No entanto, tal facto não chegou para demover a Inspecção-Geral de Espectáculos, que em 1950 veio a ordenar definitivamente a demolição do imóvel, que desapareceria assim ao fim de seis décadas ao serviço da tauromaquia em Montijo. Em 8 de Novembro de 1950, os elementos da Comissão de recuperação da antiga praça de touros, escrevem à Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, com o 25


objectivo de averiguar a disponibilidade desta, para conjuntamente edificar a nova praça de touros, que viria a ser propriedade da Misericórdia. A 19 de Dezembro de 1950 reuniu então a citada Comissão com a Mesa da Misericórdia, tendo sido acordado que a praça ficaria sendo pertença da Santa Casa e que o produto da venda do terreno da antiga praça, revertia para a construção da nova. Após esta reunião, a 19 de Março a Comissão oficiou a Câmara das suas intenções. A Câmara veio a responder a 31 de Maio de 1951 dando conta da deliberação do Executivo de 29 de Maio de 1951, relativo à pretensão apresentada. Informava assim a Câmara: “... aceitar para a localização do cinema a construir nesta vila, o terreno onde existe a actual praça de touros ...” e uma vez que o terreno em que se encontra as instalações da abegoaria municipal também seria necessário para a instalação do dito cinema “... a Câmara, no desejo de prestar a melhor colaboração, dispõe-se, desde já, a encetar a transferencia das referidas instalações e a transaccionar com a empresa interessada na construção do novo cinema.”11 Agradada com tão sugestiva resposta por parte da Câmara, logo a Comissão se redobrou em esforços e iniciativas para angariação de fundos com vista a construção da nova praça de touros. A Câmara Municipal a 28 de Agosto de 195312, face ao exposto no oficio nº 644 da Santa Casa da Misericórdia, delibera em reunião do Executivo ceder gratuitamente à Santa Casa da Misericórdia um terreno, no local denominado Mercado, com a área de seis mil trezentos cinquenta e oito metros quadrados em forma circular.

11 Livro de actas das sessões da Câmara Municipal de Montijo, 12 de Dezembro de 1940 a 28 de Dezembro de 1951, pp, 187. Câmara Municipal de Montijo. Arquivo Municipal. 12

Livro de actas das sessões da Câmara Municipal de Montijo, 28 de Abril de 1953 a 13 de Setembro de 1955, pp, 39 e 39v. Câmara Municipal de Montijo. Arquivo Municipal.

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Estava assim dado o passo fundamental para que a nova praça fosse uma realidade. Formalizado pela portaria nº 115, II Série, emanada do Ministério do Interior, 2ª Repartição. Em 1956, a 8 de Maio a Câmara Municipal reunida em sessão e “De harmonia com os pareceres respectivos (...) deliberou aprovar os projectos de obras da Santa Casa da Misericórdia, para construção de uma Praça de Toiros no local denominado Mercado...”13 facto efusivamente comemorado pela população da Vila. Com o intuito de apoiar a construção da nova praça foram efectuadas várias iniciativas, desde a realização de espectáculos tauromáquicos na Praça de Touros do Campo Pequeno e da Moita, respectivamente 13 de Setembro e 21 de Outubro de 1956, assim como a angariação de materiais de construção. Estes dois espectáculos tauromáquicos renderam à Comissão cerca de 60.000$00. No Domingo, de 27 de Janeiro de 1957 é organizado o “1º Comboio de Materiais” onde se angariaram materiais de construção necessários para a edificação da nova praça de touros. Durante este cortejo desfilaram pelas ruas da localidade diversos veículos com materiais resultantes das generosas ofertas que foram doadas. No dia 1 de Abril iniciava-se finalmente as obras de construção da nova praça de touros de Montijo, coroando assim o esforço da Comissão, que desta forma via erguer-se o objectivo final do seu trabalho, ultrapassando assim as dificuldades colocadas. Na sua edição de 8 de Maio de 1957 o jornal “O Distrito de Setúbal”, publica a notícia de que no passado Domingo dia 5, realizou-se uma festa de homenagem à Comissão Pró-Praça de Toiros, organizada por um grupo de aficionados. Assim, pelas 11 horas a população

13 Livro de actas das sessões da Câmara Municipal de Montijo, 27 de Setembro de 1955 a 25 de Março de 1958, pp, 47. Câmara Municipal de Montijo. Arquivo Municipal.

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em cortejo dirigiu-se ao local onde se estava a construir a nova praça, acompanhada pelas duas bandas de música da localidade e por delegações de todas as colectividades que se faziam representar pelos seus estandartes. Chegados ao local, numa tribuna previamente construída e devidamente engalanada com motivos ribatejanos, foi constituída a mesa de honra pelos senhores José da Silva Leite, Presidente da Câmara, Justiniano Gouveia, Provedor da Misericórdia, José Salgado de Oliveira, Presidente da Comissão Pró-Praça, Dr. Pires da Costa, da Sociedade Tauromáquica Moitense, Dr. Paulino Gomes pela Imprensa, António João Serra Júnior, Vice-Presidente da Câmara, Dr. Gonçalves Rita da comissão promotora da homenagem e pelo autor do projecto da nova praça, Arqtº. Amadeu dos Santos. Durante esta cerimónia foram oradores os senhores, Rui de Mendonça, Leopoldo Nunes, Dr. Gonçalves Rita, Dr. Paulino Gomes, Augusto Mendes e Amadeu Augusto dos Santos e José da Silva Leite, que explanaram sobre o significado e o alcance da obra que ali os reunia a todos nesta singela homenagem. Após os discursos foi executado o hino do Montijo pela Banda Democrática, sendo de seguida lida e assinada a acta desta festa que em conjunto com diversas moedas em circulação nesta altura e outros objectos foram depositados sob o portal principal da entrada da nova praça de touros. Com o objectivo da boa prossecução dos trabalhos a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia reúne a 15 de Maio de 195714, em sessão extraordinária, para celebrar um contrato com a Comissão Pró-Praça de Toiros, onde se pode ler o seguinte: “A Santa Casa cede um terreno com 6358 m2, a que atribui o valor intrínseco de esc. 286.110$00, que possui no local denominado “Mercado”, mantendo-se como único titular do respectivo direito de propriedade.

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Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Montijo.


Além do terreno, a Misericórdia contribuirá com a quantia de 320.100$00, que resultou da venda da antiga Praça de Touros. A Comissão responsabiliza-se pelas dívidas que possam vir a existir e pela exploração da praça de Toiros, até ao completo reembolso da importância por ela despendida, para além dos donativos e da contribuição da Misericórdia. A exploração não pode exceder o prazo de 19 anos. Se antes do prazo os lucros líquidos atingirem importância superior à que a Comissão despendeu e referente ao encargo dos responsáveis, a Praça de Toiros e o excedente daquela importância serão imediatamente entregues à Santa Casa da Misericórdia, que passará a efectuar a exploração por sua conta e risco.” Estava assim concretizado o sonho. A população tinha respondido com o seu trabalho voluntário para a construção da nova praça, e os industriais José Salgado de Oliveira e Izidoro Sampaio de Oliveira tinham contribuído para a obra com a quantia de 100.000$00 e empréstimo de uma verba de cerca de 400.000$00. O projecto15 do novo edifício de autoria do Arqtº. Amadeu José Gomes dos Santos, que na memória descritiva e justificativa do imóvel indicava que o mesmo foi “… devidamente estudado, quer no aspecto funcional, quer no aspecto estético, com simplicidade, obedecendo a todos os artigos que a Inspecção Geral de Espectáculos exige.” O edifício é composto por “… 3 sectores de sombra (1, 2 e 8); 3 de sol (4, 5 e 6); 2 de sombra-sol (3 e 7); balcões, camarotes e galerias de sombra, além de lugares privativos para músicas, imprensas, rádios, direcções, etc.” tem uma lotação aproximada de 6.500 pessoas.

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Autorização administrativa de construção, Processo A/48/1956, Câmara Municipal de Montijo, Arquivo Municipal.

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Para a sua execução foram gastas 380 toneladas de cimento, 32 toneladas de ferro, 360 milheiros de tijolo, 8100 metros lineares de vigotes pré esforçados, 1500 m3 de brita, 2000 m3 de areia e 220 m3 de madeira. As obras ocuparam 160 operários diariamente entre Abril e Agosto de 1957, pelo que a sua construção durou 5 meses, ou seja foi construída em 126 dias úteis e importou no valor de 2.200.000$0016. Assim, a 28 de Agosto17 a comissão constituída por José Salgado de Oliveira, Manuel Nepomuceno Leite da Cruz, Amadeu Augusto dos Santos, José Júlio da Veiga Marques, António Rodrigues Tavares Júnior, Izidoro Maria de Oliveira, Domingos Tavares, António Ramos Rasteiro, João Euclides Rosa Carneiro, Manuel Cândido da Costa e António Júlio Canarim Nepomuceno, deu a obras da nova praça de touros de Montijo por concluída. Pelo que a 29 de Agosto a empresa construtora da praça, “Empresa de Construções e Edificações, Lda.” representada pelos senhores, Dr. Nunes dos Santos, Manuel Vidigal, Eng.º Manuel Maria Ferreira e Francisco Dias Pereira, construtor, decidiu comemorar o fim da obra oferecendo um almoço nas instalações da praça de touros a cerca de 200 pessoas, incluindo aficionados, autoridades, imprensa, rádio, amigos e convidados. A 1 de Setembro de 195718, a localidade acorda pelas 08.00h ao som do estampido dos foguetes e morteiros e uma multidão de pessoas começavam a encher as ruas dando à Vila um aspecto festivo, próprio dos dias de grandes comemorações. Nas ruas Almirante Reis e Joaquim de Almeida, as fachadas dos prédios encontravamse com as janelas e varandas ornamentadas ao estilo ribatejano com motivos tauromáquicos, e pelas 09.00h deu-se início ao concurso de montras e janelas. Ás 09.30h deu-se início à venda do “Chocalho”

16 Jornal, O Distrito de Setúbal, 3 de Setembro de 1957. 17 18

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Jornal, O Distrito de Setúbal, 3 de Setembro de 1957. Jornal, A Província, de 5 de Setembro de 1957.


por um grupo de raparigas que se vestiam com trajes regionais. Por volta das 10.00h o Executivo da Câmara e dezenas de individualidades deslocaram-se para os limites do Concelho onde foram aguardar a chegada do Dr. Miguel Rodrigues Bastos, Governador Civil. Após os cumprimentos protocolares formou-se no cruzamento da avenida Corregedor Rodrigues Dias e rua José Joaquim Marques um cortejo composto de lavradores e campinos que “… em luzida cavalgada e escoltando o carro da Autoridade Máxima do nosso Distrito desfilará pela Rua José Joaquim Marques, Praça da República, Ruas Almirante Reis e Joaquim de Almeida, em direcção à nova Praça.” Ao longo de cerca de três quilómetros o cortejo percorreu a Vila entre alas compactas de populares e forasteiros que ovacionavam constantemente o ilustre convidado e demais autoridades até à entrada do novo edifício onde era esperado pelas bandas filarmónicas da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro e Banda Democrática 2 de Janeiro, bombeiros, colectividades, imprensa, rádio, comissão de festas de São Pedro. Assim, coroando o esforço do povo de Montijo e da Comissão Pró-Praça de Touros é pelas 11.30h o edifício da nova praça de touros solenemente inaugurado por sua Ex.ª o Governador Civil do Distrito de Setúbal, Dr. Miguel Bastos, personagem que acarinhou a iniciativa e concorreu com os seus préstimos para a boa consecução da mesma. Após o corte simbólico da fita e depois de breves palavras de felicitações para o Presidente da Câmara e para os membros da Comissão Pró-praça de Touros que não escondiam a comoção, entrou o Governador Civil e demais entidades oficiais no novo imóvel ao som do hino de Montijo executado pelas duas bandas e do estampido de inúmeros morteiros e foguetes, bem como de numerosos e estrondosos aplausos. Rapidamente a população

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invadiu o novo espaço e a praça de touros ficou repleta de populares que não se cansavam de aplaudir os ilustres convidados. Pelas 12.00h foi a capela da praça de touros e a imagem de Nossa Senhora de Atalaia que lá se encontrava solenemente benzida pelo reverendo Padre Manuel Gonçalves dos Santos, Prior de Montijo, cujo acto foi devidamente acolitado, após o que se ouviu uma salva de 75 morteiros e lançamento de fogo de artificio diurno tipo “Fogo Japonês”. Ás 12.30h procedeu-se à embolação dos touros que seriam corridos na corrida inaugural. Em seguida, dirigiram-se as autoridades e demais convidados para o salão de festas da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro onde teve lugar o almoço a que presidiu o senhor Governador Civil e que decorreu muito animado. Cerca das 16.00h saiu da zona do novo mercado municipal o cortejo à antiga portuguesa composto por, charameleiros, pagens, clarins, azémola das farpas e coches, que passou pela praça da república, e ruas Almirante Reis e Joaquim de Almeida em direcção à nova praça de touros, por alas compactas de populares. Pelas 18.00h deu-se início à corrida de touros inaugural presidida pelo senhor Governador Civil e dirigida pelo senhor Justiniano Gouveia, estando a praça completamente lotada. Depois das cerimónias típicas de uma tourada à antiga portuguesa começou a lide toureando a cavalo o Dr. Fernando Salgueiro, D. Francisco de Mascarenhas, Manuel Conde e D. Luís de Ataíde, os forcados foram os Amadores de Santarém que se dividiram em dois grupos. Tanto as lides a cavalo como as pegas dos forcados foram muito aplaudidas pela assistência que naquele Domingo de Setembro encheu a nova praça de touros num espectáculo de luz e cor. Foram lidados 8 touros da ganadaria de D. Duarte Atalaia e 1 oferecido pelo senhor Manuel Caria, que se destinava depois de morto a ser distribuída a sua carne pelos pobres da localidade.

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“CANTOR” 1.º Touro da corrida de Touros Inaugural

O primeiro touro a ser lidado nesta praça, foi o exemplar denominado Cantor, que foi lidado pelo cavaleiro D. Fernando Salgueiro que teve como peões de brega, Augusto Mendes Júnior, ex-matador de touros natural de Montijo e José Fernandes, foi o mesmo pegado de caras pelo forcado Joaquim de Oliveira Monteiro. Finda a corrida de touros realizou-se no salão de festas da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, um jantar oferecido pela Comissão da Praça a que presidiu José da Silva Leite, na sua qualidade de Presidente da Câmara. O jantar com cerca de 300 convidados, dos quais se destacavam António Abreu antigo cabo dos forcados de Santarém, Rodes Sérgio, Manuel Conde, Dr. Paulino Gomes, Dr. Gonçalves Rita, Manuel Giraldes da Silva, Augusto Mendes e Gentil Marques que usaram da palavra, terminou com um breve apontamento de fados e canções por Constança Nunes e Fausto Ribeiro que foram acompanhados à guitarra e à viola por Alfredo Rodrigues e Amadeu Ramim.

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Após a inauguração da Praça de Touros de Montijo a 1 de Setembro de 1957, a Comissão continuou a trabalhar para que esta fosse palco de grandes corridas de touros, assim, houve bons espectáculos tauromáquicos em Montijo, tal como a corrida para comemorar a instalação da luz eléctrica nesta praça.

PRAÇA DE TOUROS DE MONTIJO: O INÍCIO DE UMA NOVA ETAPA

Para além das corridas, a Praça de Touros de Montijo, foi palco da rodagem do primeiro filme a cores português “Sangue Toureiro”, com Amália Rodrigues e Diamantino Viseu, todas as cenas de lide foram filmadas na referida praça, havendo, inclusive, cenas da inauguração do espaço. As corridas de touros das Festas de São Pedro de 1958, as primeiras festas na vigência da nova Praça foram um acontecimento tauromáquico muito importante. Todas as corridas contaram com cartéis de luxo e, na segunda corrida, a de 30 de Junho, Curro Girón foi carregado em ombros, para fora da praça devido ao brilhantismo da sua lide. Mas não foram apenas as corridas que abrilhantaram as festas, as “entradas” ribatejanas também foram muito importantes, tal como nos relata um jornal da época “ (…) A Monumental Praça de Touros em Montijo encheu-se de regozijo nas 3 corridas das festas de S. Pedro, as primeiras na nova Praça (…). Reviveram-se as antigas “entradas”, à maneira Ribatejana, tendo como madrinha a artista Maria Pereira, esta percorreu as ruas da típica vila, no tradicional caleche, envergando um traje regional especialmente executado para o efeito. Foi acompanhada por jovens montijenses vestidos também com adequados trajes. As “entradas” espectáculo de arrojo e valentia que os montijenses bem apreciaram e de que estavam privados há muito, foram este ano um dos números mais apreciados das festas. O reviver das tradicionais esperas de gado, fica pois como número marcante das festas deste ano e brilhantemente ligado ao nome de Maria Pereira símbolo da verdadeira fadista que vibra, se alegra ou sofre com o mais belo espectáculo da nossa terra A CORRIDA DE TOUROS (…)”19. 19

Festa, 4 de Julho de 1958, p. 5.

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A 26 de Junho de 1960 outro grande acontecimento ocorreu nesta Praça, o reaparecimento em Portugal do matador Manuel dos Santos, após uma brilhante temporada em México. Todos estes acontecimentos continuaram ligados à Comissão PróPraça de Touros, assim, a Santa Casa da Misericórdia de Montijo, sua proprietária, homenageou, em 1961 esta Comissão e alguns elementos que fizeram parte desta, José Salgado d'Oliveira - 1969 e Amadeu Augusto dos Santos em 1973. Contudo, a grande homenagem a esta Comissão e, principalmente, ao homem que mais lutou para que esta praça fosse uma realidade Amadeu Augusto dos Santos culminou nas comemorações dos 25 anos que, tal como se pode comprovar na Acta da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, o seu nome foi atribuído à Praça de Touros. “(…) foram enviadas cartas-convite às entidades convidadas pela Mesa, para assistirem à sessão solene, que terá lugar no salão do Café Portugal, no dia três de Setembro pelas dezanove horas, comemorativa do vigésimo quinto aniversário da Praça de Touros. No intervalo da corrida que se realiza a seguir, será descerrada uma lápide, onde se faz justiça à Comissão PróPraça de Touros, ao povo de Montijo e dar-se à Praça o nome “Amadeu Augusto dos Santos”20. Por esta altura era provedor da Santa Casa Jorge Luís Vargas Bentes Franco. A partir desta data a Praça de Touros de Montijo, passou a denominar-se Praça Amadeu Augusto dos Santos. Durante as comemorações dos 30 anos, em 1987, houve também uma homenagem a António Rodrigues Tavares, outro membro da referida Comissão. Estas homenagens ficaram registadas em placas que estão colocadas nas paredes de entrada da Praça de Touros, para além destas, encontram-se também outras, onde se evidenciam a de homenagem a José Samuel Pereira Lupi (1971) e a de homenagem ao Grupo de Forcados Amadores de Montijo (1971). A entrada desta praça também conta com várias pinturas de cartazes de corridas, 20

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Santa Casa da Misericórdia de Montijo, Acta da Sessão Ordinária nº 81, 30 de Agosto de 1982.


sendo duas destas pintadas por Amadeu Augusto dos Santos (uma de cada lado do portão principal) em 1957, restauradas em 2000. Este imóvel foi palco de actuação de grandes figuras de toureio nacional e internacional promovendo a festa brava e projectando personagens locais nível nacional e internacional.

OS HOMENS DA LIDE: PRAÇA DE TOUROS DE MONTIJO Montijo sempre foi uma terra de aficionados, de homens ligados à tauromaquia, alguns atingiram o seu sucesso na Praça de Touros de sua terra. Em Montijo há um matador de touros, novilheiros, bandarilheiros, cavaleiros e dois grupos de forcados.

CAVALEIROS José Samuel Lupi, montijense de coração, nasceu em Lisboa em 1931. José Samuel Lupi

Luís Rouxinol

Apresentou-se como cavaleiro amador na Praça de Touros do Campo Pequeno em 1955 e tomou a Alternativa em 11 de Junho de 1963, tendo como padrinho Mestre João Branco Núncio e testemunha Manuel Conde. Detentor de uma grande arte, José Lupi actuou em várias praças do País e de Espanha com várias apoteoses, foi colhido duas vezes, mas continuou sempre a tourear, sendo uma referência nesta arte e um papel muito importante na divulgação do papel do toureio a cavalo. Quando se retirou continuou a sua actividade como ganadeiro.

Luís Rouxinol, toureia pela primeira vez em público no Campo Pequeno, aos nove anos numa garraiada do liceu Gil Vicente. Seguiram-se vários triunfos de amador, até 1986, ano em que presta prova como praticante, tomou a Alternativa a 10 de Junho de 1987 em Santarém, durante a corrida da Rádio Renascença. Desde essa data que se notabilizou como cavaleiro, sendo actualmente uma das maiores figuras do toureio a cavalo em Portugal.

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Vítor Gonçalves, tomou a Alternativa a 15 de Agosto de 1990, na Praça de Touros da Figueira da Foz, foi apadrinhado por Luís Miguel da Veiga. Carlos Miguel Caleira, estreia-se durante um espectáculo de Variedades Taurinas, como cavaleiro amador, na Praça de Touros de Montijo, no dia 2 de Outubro de 1983 e tira a sua prova de cavaleiro praticante, no dia 31 de Março de 1991, na Praça de Touros de Alcácer do Sal. Tomou a Alternativa no dia 14 de Setembro de 1995, sendo seu padrinho Joaquim Bastinhas, onde mostrou a sua garra e o seu valor.

Carlos Miguel

Gilberto Filipe, tomou a Alternativa na Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, praça de touros da sua terra natal, a 29 de Junho de 2004, apadrinhado por Joaquim Bastinhas. Brilhou na última corrida TV, 28 de Junho de 2007, que decorreu na praça de touros da sua terra, onde muitos defendem que deveria ter ganho o prémio para a melhor lide. É considerado um jovem promissor.

Lorival Bronze, tomou a Alternativa a 9 de Junho de 2006, na Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, sendo seu padrinho João Moura.

Gilberto Filipe

Lorival Bronze

NOVILHEIROS Carlos do Carmo, primo de Alexandre do Carmo, toureou pela primeira vez em Montijo no dia 1 de Novembro de 1959, actuou em Espanha, País onde fixou residência.

Alexandre do Carmo, filho de um bandarilheiro, iniciou a sua carreira de novilheiro em 12 de Setembro de 1960, em Moita do Ribatejo, possuidor de grandes artes tauromáquicas, toureou muito no México. Após a sua retirada fixou residência em Espanha.

Eduardo Costa, prestou provas de novilheiro praticante em Sousel, em 1974. Em Montijo actuou a 27 de Julho do mesmo ano, contudo a sua carreira foi muito curto devido a um trágico acidente de viação em 1978, onde viria a falecer. 38

Carlos do Carmo

Alexandre do Carmo


BANDARILHEIROS António Gregório, o mestre, este homem natural de Montijo, aficionado

António Gregório

Alberto Reimão

Francisco Plirú

desde criança, dedicou toda a sua vida à lide dos touros. Tomou a Alternativa a 5 de Outubro de 1952 no Campo Pequeno, destacou-se ao lado de José Lupi. Criou uma escola em Montijo, onde ensinou vários homens tais como: Alexandre do Carmo, Carlos do Carmo, Luís Alegria, Francisco Plirú, Luís Peixinho, Alberto Reimão e António José Martins. Esteve ligado à Tertúlia Tauromáquica de Montijo.

Alberto Reimão, prestou provas de bandarilheiro praticante a 6 de Novembro de 1969 na Praça de Touros de Montijo, a praça da sua terra natal. Em 1971 tomou a Alternativa em Évora, acompanhou o cavaleiro José Maldonado Costa. Em 1991 um acidente, enquanto toureava, mutilou-o ficando sem uma das vistas. Francisco Plirú, tomou a Alternativa em Montemor-o-Novo a 7 de Julho de 1963, actuou com vários cavaleiros tais como: Luís Miguel da Veiga, Varela Cid, José Núncio, Fernando Salgueiro, José Cortes, Paulo Caetano, Joaquim Bastinhas. Para além de actuar com cavaleiros, também lidou e bandarilhou para vários matadores de touros de Portugal e Espanha. Em Vila Franca de Xira conquistou a Orelha de Prata de uma das novilhadas organizadas pela revista Novo Burladero. António José Martins, tomou a Alternativa na Praça de Touros de Montijo a 1 de Agosto de 1970, teve grande sucesso em Espanha e acompanhou vários cavaleiros e matadores.

António José Martins

Manuel Barahona, iniciou a sua actividade aos 12 anos, foi um dos pupilos de António Gregório, com o sonho de ser novilheiro. Perante as dificuldades em conseguir singrar nesta actividade, abandonou-a aos 24 anos e emigrou para França. Contudo, a sua paixão pela festa brava fê-lo voltar à lide, assim tomou a Alternativa de bandarilheiro em Junho de 2001 em Albufeira. Manuel Barahona

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Luís Peixinho, vestiu o seu primeiro traje de seda e ouro a 30 de Junho de 1970, na Praça de Touros de Montijo, contudo, devido às dificuldades encontradas, optou por se dedicar a bandarilheiro, obtendo a Alternativa a 10 de Junho de 1978 em Santarém. Júlio André, iniciou-se em 1975 na escola de toureio da Peña Taurina Os 10, dirigida por António José Martins, tomou a Alternativa em 15 de Setembro de 1992 na Praça de Touros da Moita, sitio onde iniciou a primeira fase da escola de toureio, sendo um dos professores.

Luís Alegria, iniciou-se como novilheiro, tendo tentado a sua sorte como matador de touros, contudo, devido às dificuldades, decide-se pela carreira de bandarilheiro em 1960, categoria que abraça até se retirar na década de 80 do século XX.

Luís Filipe, o mais novo dos bandarilheiros, fez prova de praticante a 18 de Julho de 1992, em Lagos. Destaca-se em especial com as bandarilhas.

FORCADOS Os grupos de forcados são exclusivamente lusitanos, apenas grupos de homens portugueses proporcionam este tipo de espectáculo, em Portugal não existe corrida de touros sem uma pega. Desde os primórdios da humanidade que o homem sente atracção em dominar um animal como o touro considerado uma força da natureza. Este género de confronto, reporta-nos ao mito de Teseu contra o Minotauro, onde o herói se confronta com algo superior a si, mas que consegue vencer. Tal como na Roma Antiga, estão em confronto duas forças desiguais Homem / Touro, a heroicidade dos homens sem artifícios e armas transforma este no momento, num teste à valentia humana, transformando a praça num local de grandes emoções.

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O forcado não possui carteira profissional, pelo que é amador. Desde a abolição das corridas de morte que os grupos de forcados protagonizam o clímax do espectáculo tauromáquico. O tipo de espectáculo destacou-se no século XIX. Contudo, a sua origem remonta ao século XVII, onde no Terreiro do Paço os monteiros da choca, surgiram numa corrida a 10 de Outubro de 1661, aquando da celebração do casamento de Dª. Catarina de Bragança com o rei de Inglaterra. Teriam como função vedarem a passagem para a tribuna real, defendendo-se com forcados. Assim, as pegas podem ter surgido como divertimento real, o rei D. Afonso VI e o seu irmão D. Pedro II pegavam touros. Apesar da existência de teorias, que defendem a sua origem como popular, onde no campo, o homem, desenvolveu a sua técnica devido ao contacto com o gado bravo. TERTÚLIA TAUROMÁQUICA DE MONTIJO

Independentemente da sua origem, é a partir do reinado de D. Afonso VI, principalmente devido ao facto dos touros serem corridos embolados que, as pegas se implementam. Actualmente, todas as terras que se consideram aficionadas, têm um ou mais grupo de forcados, Montijo, possui dois grupos de forcados.

TERTÚLIA TAUROMÁQUICA DE MONTIJO A Tertúlia Tauromáquica de Montijo foi constituída em Outubro de 1948, tendo diversas pessoas ligadas à sua fundação, tais como: João Euclides Rosa Carneiro, Carlos Júlio Oliveira, Euclides Marques e António Tavares. Tinha como objectivos desenvolver o espírito de solidariedade e promover acções de carácter cultural, social e filantrópico no âmbito da tauromaquia. Esta instituição foi a primeira do género do Distrito de Setúbal. O seu grupo de forcados formou-se por iniciativa do Dr. Paulino Gomes, Cambola, Carlos Ramos e José Parrinha, sendo o seu primeiro cabo Renato Dias. Este grupo obteve diversos prémios tais como: o Troféu para a melhor pega, em 5 de Agosto de 1977, para 41


o forcado Domingos Ribeiro; Troféu da Feira Taurina de S. Sebastião e Prémio da Comissão Pró-Praça de Touros de Montijo. Contudo extinguiu-se na década de 80 do século XX. Apenas na década seguinte em 1996, principalmente devido à fundação da Escola de Formação de Moços de Forcado, a Tertúlia voltou a contar com o seu Grupo de Forcados que ainda continua a actuar, tendo tido no passado dia 14 de Julho 2007 na Corrida das Flores a despedida do seu cabo Luís Branquinho. Este grupo, sob o comando de Luís Branquinho, alcançou vários prémios, tais como: o da melhor pega na 1ª Corrida da temporada de 2003 em Montijo.

FORCADOS AMADORES DE MONTIJO Em 1964 foi fundado o Grupo de Forcados Amadores de Montijo, que resultou de uma cisão da Tertúlia Tauromáquica de Montijo, tendo sido seus fundadores: Albino da Veiga Bruno, Dr. Amílcar Branco, António Rodrigues Tavares Júnior, Diogo da Silva Mendonça, Fernando Beatriz, Francisco Arroja Beatriz, João Carlos Relógio Piteira, Joaquim José Lucas, Joaquim Manuel Bento Oliveira, Joaquim Pereira da Silva, José Jara Lino, Engº. José Samuel Pereira Lúpi, Engº. Manuel Arroja Beatriz, Manuel Pires Rosa, António Manuel da Silva Ramalho e Manuel Giraldes da Silva. A sua sede, a Casa de Forcado, foi inaugurada a 27 de Julho de 1970, esta traduz-se por ser uma verdadeira homenagem ao forcado, onde as suas paredes forradas de fotografias e cartazes são testemunho disso. Os seus momentos de glória são recordados, tal como os momentos de maior pesar, onde se faz referência a António Gouveia colhido de morte numa corrida de touros em Angra do Heroísmo. Este grupo é reconhecido a nível nacional e internacional, tendo actuado em várias praças de touros. Distinguido com vários prémios, entre eles o Prémio de Imprensa Melhor Grupo de Forcados de Portugal de 1970, sendo na altura, seu cabo António Sécio, o segundo na história dos Amadores de Montijo. O primeiro cabo deste grupo, seu fundador, José Jacinto Carvalheira, teve o apoio de Júlio Nepomuceno, Carlos Gato e Albino Bruno na coordenação da parte técnica no momento da constituição. 42

FORCADOS AMADORES DE MONTIJO


Uma das figuras emblemáticas deste grupo é José Luís Horta, popularmente conhecido como “Maxinó” que se destacou pela sua audácia e longevidade tendo ainda pegado com cerca de 50 anos. Actualmente, o Grupo de Forcados Amadores de Montijo continua a actuar e a merecer a atenção dos aficionados perante a sua valentia, tendo como cabo Ricardo Figueiredo, o grupo está presente em várias corridas nacionais e internacionais, como por exemplo em Califórnia. Na última corrida TV, 28 de Julho de 2007, que decorreu na Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos, o grupo alcançou o prémio para a melhor pega.

TROFÉUS: CASA DO FORCADO DOS AMADORES DE MONTIJO Os Troféus da Casa do Forcado dos Amadores de Montijo, surgiram durante a organização das comemorações dos 30 anos do grupo, tendo a temporada de 1994 marcado o início da sua atribuição. Estes têm como objectivo, “ (…) distinguir os triunfadores de cada temporada, depois de avaliadas as suas actuações, na praça de toiros Amadeu Augusto dos Santos.”21 Atribui-se os troféus para a melhor lide a cavalo, melhor lide a pé, melhor pega, melhor touro, melhor bandarilheiro e Prestígio Tauromáquico. Através da classificação de um júri isento, sem ligação à Casa do Forcado, os troféus incentivam a competição saudável e melhoram as prestações artísticas dos intervenientes do espectáculo que, todos os anos, decorrem na Praça de Touros de Montijo. Todos os prémios atrás mencionados são atribuídos anualmente, através de votação de um júri escolhido para a ocasião. Contudo, existe o Troféu Prestígio Tauromáquico, que é da exclusiva responsabilidade dos elementos da Casa do Forcado, este pretende distinguir uma entidade ou uma personalidade que se tenha distinguido na Festa Brava.

21 José Manuel Cáceres, Troféu: Casa do Forcado dos Amadores de Montijo 1994-1999: Casa do Forcado dos Amadores de Montijo, 2000, P. 3.

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O último Troféu Prestígio, foi atribuído à Santa Casa da Misericórdia de Montijo em 2006, por ser a proprietária da Praça Amadeu Augusto dos Santos, cujo cinquentenário se comemora no presente ano. O que torna a temporada de 2007 muito importante, havendo uma grande expectativa na atribuição dos troféus deste ano.

OUTRAS FIGURAS DE DESTAQUE: Para além dos grupos de forcados actuais, existiu um outro que se chamava Grupo Profissional de Montijo, tendo por cabo António Maria Serralha (Conicha) e duas trupes cómicas: O Cantiflas Toureiro e os seus Medrosos, este grupo foi fundado e liderado por Manuel Flores, conhecido por “Manolo” dado a sua origem espanhola Puerto de Santa Maria. Manolo veio pequeno para Montijo e foi chefe dos curros da Praça de Touros de Montijo, o seu amor pela festa brava levou o a constituir este grupo; Charlots do Montijo este grupo era liderado por Joaquim Caramelo, pai da primeira mulher forcado de Montijo Maria Beatriz Fernandes, que desde os 12 anos começou a participar em garraiadas. A sua participação, juntamente com as suas companheiras, era uma das maiores atracções desta trupe. Em Montijo existiram duas escolas de toureio, uma liderada por António Gregório e outra por António Reimão, a primeira das quais formou muitos bandarilheiros montijenses. Todos estes homens e mulheres honram, ou honraram, a sua terra, a eles também se deve o sucesso desta Praça e das suas gentes, por isso esta é a nossa homenagem a todos eles.

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