E X P O S I Ç Ã O
Brinquedos Antigos, a 5.ª dimensão Coleção particular de
Ondina Pires 10 Dezembro 2016 a 14 Janeiro 2017 Galeria Municipal do Montijo
Ondina Pires Nasceu a 9 de novembro 1961, Lisboa. Mestrado em Estudos Americanos. Exposições: Palácio Foz, Fábrica Features (Benetton)... Publicação de artigos de opinião e crítica cultural: Correio da Manhã (Jovem); revista Time Out; revista Umbigo. Publicação dos livros “Scorpio Rising...” (2009); “Biografia autorizada de Victor Gomes: Juntos outra vez” (2014). Próximo ano (2017) publicação de livro sobre estéticas alternativas. Carreira musical como vocalista, baterista e compositora: grupos “Ezra Pound e a Loucura”; “Pop dell’Arte”; “The Great Lesbian Show”. Atualmente, membro do coletivo artístico português “Cellarius Noisy Machinae”.
Nunca fui uma colecionadora convencional. Digamos... mais “ajuntadora-manipuladora” de brinquedos e outros objetos. Em primeiro lugar, colecionar é um hobby muito dispendioso; em segundo lugar, é necessário espaço para colocar e mostrar as peças todas, dando destaque a cada uma delas; em terceiro lugar, nunca fui muito metódica na catalogação de cada item – fábricas, fabricantes, datas... Por último, na minha opinião, os brinquedos não são objetos inanimados, bibelots ou psicomanias de excéntricos. São, sim, material de observação e situacionismo artístico. Através do mundo dos brinquedos e das brincadeiras antigos /as fui criando mundos alternativos e oníricos, umas vezes a solo, outras em parceria: entre 1999 e 2003, com João Gralha; entre 2010 até ao tempo presente, com Jorge Ferraz, Afonso Cortez e Vítor Inácio (coletivo artístico intermedia Cellarius Noisy Machinae).
Porquê brinquedos antigos? Memórias de infância, anos de 1960, Lisboa antiga, em que existiam tabacarias com móveis de carvalho e tampas de vidro resguardando “tesouros de plástico” como mobílias pequeninas para bonecos, as loiças, os carrinhos, entre outros; em que ir a uma drogaria comprar uma vassoura implicava ver enormes bonecas ou camiões de plástico, dentro de sacos cheios de pó. Estes espaços e as feiras ao ar livre eram para os pobres. Os meninos ricos tinham bazares de brinquedos como a “Quermesse de Paris” ou a “Casa Pinóquio” na Baixa lisbonense. Era uma autêntica tortura passar pelas montras dessas lojas. Elas não eram para bolsas débeis... Além de tudo isto, e de muito mais, os brinquedos das décadas de 1950 a 1970 eram detentores de encanto, de afetos pueris e de grande beleza poética. De plástico, de celulóide, de baquelite, de lata ou de madeira, os brinquedos antigos despoletam imaginários do “faz-de-conta”; do tempo em que a criançada brincava “a sério” com tachinhos, carritos, berlindes, bonecas, comboios... Ora “és tu o médico” ora “és tu o doente”; ora “és tu a mamã” ora “és tu o bebé”; ora “és tu o condutor” ora “és tu o passageiro”! Nesta alternância de papéis, através de um medium físico – o brinquedo – iam-se definindo futuros, ambições, afetos, personalidades. No tempo atual, as crianças estão mais viradas para um mundo digital em que premir um botão da consola, do smartphone, do tablet ou do computador é praticamente tudo o que brincam. Os brinquedos físicos, à venda nos grandes espaços comerciais, são massificados e tão “politicamente corretos”, com tantas normas e decretos, que até aborrece, subestimando a inteligência dos miúdos. Sim, não vá um infante engolir o urso de peluche! Cruzes.
Esta amostra contempla brinquedos da década de 1940 até cerca de 1998 e, na sua maioria, de fabrico português. A maior parte do acervo é respeitante à década de 1960. Destacam-se as marcas portuguesas OSUL, LUSO, SEDIL, ANCASIL, Hércules, Pátria, Patriota, Leiria, Jato, PEPE, Ribeirinho...ou o artesão Coelho de Sousa, 1940/1950 (famoso pela criação de baldes de praia litografados). Como livro de referência, destaco “O Brinquedo em Portugal: 100 anos do Brinquedo Português” (1997) de Carlos Anjos, João Arbués Moreira e João Solano, Ed. Livraria Civilização Editora. Dedico esta exposição ao artista plástico, galerista e grande colecionador de brinquedos portugueses, Carlos Barroco (falecido em março de 2015). Bem-vindos à 5ª dimensão do brinquedo!
Agradecimentos pelo apoio moral e logístico a: Ana Maria de Brito Reis Silva e Dra. Filomena Serrazina, bem como, a todos os envolvidos da Câmara Municipal do Montijo.
“Memórias de infância, anos de 1960, Lisboa antiga, em que existiam tabacarias com móveis de carvalho e tampas de vidro resguardando “tesouros de plástico” como mobílias pequeninas para bonecos, as loiças, os carrinhos…”
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