OUTUBRO 2020
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Entre Nós ENTREVISTA | RITA CAEIRO
A paixão pela dança H
á quem, desde muito cedo, facilmente perceba o seu caminho na vida. Há, também, naturalmente, o oposto. Mas neste Entre Nós focamos atenção num exemplo de quem aos cinco anos já delineava o seu percurso pessoal e profissional…mesmo que fosse por brincadeira. Vinte anos depois, a brincadeira no recreio da escola passou a algo sério. Basta ver Rita Caeiro em palco para perceber que a paixão pela dança está nos seus genes. Tem confiança e sensualidade. Ritmo, talento e um brilho muito próprio de quem faz aquilo que gosta. Lá no passado estão os tempos do Externato Espaço Verde, onde aos cinco anos, “mais os amiguinhos, íamos para o alpendre, metia a música no rádio a pilhas e dava aulas de dança. Os pais quando nos iam buscar perguntavam sempre se a aula já tinha terminado”, conta. A dança foi acompanhando o seu trajeto escolar,
altura que forma o grupo de Dancehall Mad G Wine. E aqui abrimos um parêntesis para explicar que o Dancehall é uma dança jamaicana proveniente do reggae music mixado e que Rita e o seu grupo foram pioneiros na introdução da modalidade no Montijo, logo no início do seu desenvolvimento em Portugal. Mas voltemos a história da nossa protagonista, que aos 19 anos abre o seu próprio estúdio onde até hoje dá aulas a uma média de 80 alunos de todas as idades. Pelo meio vai reforçando os seus conhecimentos na área da dança, através
lá vão seis anos e tenho tido sempre alunos, o que, se calhar, demonstra que estou no bom caminho”, afirma. Nesta coreografia do percurso de Rita Caeiro há uma linha orientadora que é, muitas vezes, a chave do sucesso em qualquer atividade: “o melhor na vida é levantarmo-nos de manhã e saber que vamos fazer uma coisa que gostamos. Não há nada que pague termos um trabalho que é, simultaneamente, responsabilidade e diversão. Quando fazemos o que gostamos somos muito mais felizes”.
de formações em Portugal e no estrangeiro. E quando tão jovem se cria o próprio negócio e se consegue manter o mesmo é importante juntarmos a este texto outros pormenores da personalidade de Rita Caeiro. É sonhadora, independente e determinada: “quando efetivamente desisti da escola comecei logo a dar aulas, a ganhar o meu dinheiro. Depois apareceu a oportunidade de abrir o meu estúdio e agarrei totalmente. Já
Nos seus alunos tem “uma família, com quem vai aprendendo e crescendo” e partilhando experiências, saberes e sonhos. Até porque afirma, com humildade, acreditar “muito que a vida tem algo para nos dar, que nascemos para fazer algo muito especial no mundo. Sou uma pessoa que agradece muito aquilo que tem, os meus alunos e a minha família que são o mais importante. E sou muito feliz!”.
“O melhor na vida é levantarmo-nos de manhã e saber que vamos fazer uma coisa que gostamos. Não há nada que pague termos um trabalho que é, simultaneamente, responsabilidade e diversão. Quando fazemos o que gostamos somos muito mais felizes”. inclusive nos momentos mais instáveis: “por uma décima não conclui o curso de desporto no ensino secundário e, nessa altura, fiquei um pouco perdida. Aos 17 anos disse aos pais que queria desistir da escola e tentar perceber o meu caminho”. Obviamente a opção foi a dança, até porque foi sempre algo “natural. É a minha forma de expressão. Não tenho outra forma de exprimir os meus sentimentos que não seja a dança”, refere. Um percurso inteiramente apoiado pela família e com o incentivo de uma das referências da dança no Montijo: “fazia parte do grupo da Ana Pereira, os G-Motion, o maior grupo de dança que existia no Montijo. A Ana ensinou-me muito e fez crescer esta minha paixão pela dança”, diz Rita. Com 18 anos começa a dar aulas em escolas de artes no Montijo e, simultaneamente, a fazer trabalhos como bailarina profissional. É nessa