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Comemorações
Montijo 30 anos de cidade
Ana Moura no CTJA, Fernanda Fragateiro na Galeria Municipal e outros eventos culturais marcaram as comemorações do aniversário da cidade. Pág.6
Cais dos Pescadores avança a bom ritmo Pág. 9
Para a câmara, o Cais dos Pescadores assume dupla importância: para além de melhorar a operacionalidade da atividade piscatória é uma forma de preservar e valorizar o património e a cultura do Montijo e, igualmente, um contributo para a reconversão e requalificação da Frente Ribeirinha da cidade.
Feira Quinhentista está de volta!
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Montijo hoje | AGOSTO de 2015
Festas de S. Pedro 2015
Dias Inesquecíveis! Tertúlia Tauromáquica do Montijo e elemento da comissão de festas recorda as inovações ligadas à festa brava. “Tivemos toiros com mais presença, puros e embolados. A destacar, ainda, as entradas de toiros e a demonstração de toureio de salão levadas a cabo pela Escola Taurina do Montijo”.
Milhares de pessoas lotaram as ruas iluminadas da cidade do Montijo, entre 25 e 30 de junho. São Pedro abençoou as festividades com bom tempo e os dias foram vividos ao rubro. Mas o que as festas tinham este ano de diferente? O que levou munícipes e visitantes às ruas por dias sucessivos? José Manuel Santos, presidente da Comissão de Festas de São Pedro, pelo segundo ano consecutivo, acredita que na base está
“Tivemos toiros com mais presença, puros e embolados. A destacar ainda as entradas de toiros e a demonstração de toureio de salão levado a cabo pela Escola Taurina do Montijo” Márcio Chapa
“uma estratégia inovadora de encarar as festividades enquanto elemento de desenvolvimento socioeconómico e cultural do nosso concelho iniciada em 2014 e que conta com o apoio incondicional da Câmara Municipal do Mon-
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tijo, a quem quero agradecer na pessoa do seu presidente Nuno Canta”. Neste sentido, afirma que “a dinâmica que tem vindo a ser criada tem permitido um crescente envolvimento das pessoas independentemente da sua faixa etária. A promoção e a visibilidade dada ao movimento associativo formal ou informal foi um dos elementos chave, permitindo uma mostra do trabalho desenvolvido com as nossas crianças, jovens e seniores, pelas coletividades e outras entidades do nosso concelho”. Reforçar o fio condutor e melhorar a atratividade foi outra aposta da comissão de festas. “Quisemos manter uma ligação e uma coerência em todo o espaço das festas. Tínhamos 4.5 quilómetros de arraial, muitos palcos e outros espaços a funcionar, em simultâneo, o que permitiu uma grande diversidade de espetáculos onde todos os públicos se puderam rever”. A aplicação (APP) para smartphones foi outra novidade destas festas. “Foi a primeira vez que umas festas populares tiveram uma APP. Sabemos que agora outros irão seguir as nossas pegadas e ainda bem! É sinal que estamos no caminho certo e que as pessoas aderem às novas tecnologias”. “Este ano, lançámos outra iniciativa distintiva que foram as nossas pulseiras promocionais benzidas pelo padre Carlos Rosmaninho a quem desde já agradeço pelo ato simbólico. As cerca de seis mil pulseiras foram distribuídas de forma gratuita e aceites com entusiasmo pela população”, sublinha José Manuel Santos. Também na decoração e no
número dos burladeros, páteos e varandas se viu, este ano, maior adesão. “Sentimos uma maior proximidade das pessoas” explica José Manuel Santos, acreditando que este é um sinal de confiança “de toda a nossa comunidade em torno das nossas festas.” “Gostaria de agradecer à União das Freguesias do Montijo e Afonsoeiro, a todos os nossos patrocinadores, à igreja e aos escuteiros, às IPSS, associações, coletivida-
“Quisemos manter uma ligação e uma coerência em todo o espaço das festas. Tínhamos 4.5 quilómetros de arraial, muitos palcos e outros espaços a funcionar, em simultâneo, o que permitiu uma grande diversidade de espetáculos onde todos os públicos se puderam rever” José Manuel Santos
Mas houve mais inovações: “toda a trincheira foi em madeira, como se fazia antigamente. O almoço Pé na Areia foi uma enchente de pessoas. Um grande momento de convívio entre habi-
tantes, tertúlias e outros convidados, onde esteve presente o presidente da câmara, o presidente da comissão de festas e o presidente da União das Freguesias de Montijo e do Afonsoeiro”. “A aproximação das entidades oficiais à rua das largadas faz-nos acreditar que a festa vai no bom caminho”, referiu Márcio Chapa, aproveitando a oportunidade para agradecer a colaboração de todas as tertúlias e dos cavaleiros amadores que fizeram a recolha dos toiros”. José Maria dos Santos, presidente da Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense e elemento da comissão de festas realçou a elevada adesão de embarcações à Procissão do Mar. “Estava com algum receio porque a procissão era à hora de almoço. Pensava que não ia ter muitos barcos até porque o feriado é só no Montijo, mas felizmente foi um bom ano com a presença praticamente de todos os varinos e quase 70 embarcações”, disse. Também a procissão noturna o surpreendeu. “Normalmente, quando a procissão chega ao Mercado Municipal, as pessoas começam a debandar, mas este ano isso não aconteceu. Já fizemos procissões de quatro andores, hoje a procissão tem mais de 20 e é acompanhada por milhares de pessoas. Não se ouvia barulho, estava tudo em silêncio, foi impressionante!”. José Maria dos Santos, que há mais de uma dezena de anos se dedica às festividades, garante que “a maior parte do trabalho não se vê, mas quando correm bem todos nos sentimos gratos”.
“Já fizemos procissões de quatro andores, hoje a procissão tem mais de 20 e é acompanhada por milhares de pessoas. Não se ouvia barulho, estava tudo em silêncio, foi impressionante!” José Maria dos Santos
des, comunicação social e outras entidades. Queria ainda deixar uma palavra de profundo agradecimento a todos os elementos da comissão de festas, assim como a todas as pessoas que connosco colaboraram” conclui. Márcio Chapa, presidente da
Ficha Técnica Periodicidade Bimestral | Propriedade Câmara Municipal do Montijo | Diretor: Nuno Ribeiro Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo | Edição Gabinete de Comunicação e Relações Públicas | Impressão Sogapal – Comércio e Indústria de Artes Gráficas, S.A. | Depósito Legal 376806/14 | Tiragem 10 000 | ISSN 2183-2870 | Distribuição Gratuita
AGOSTO de 2015 | Montijo hoje
editorial
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Apoiar o novo aeroporto na Base Aérea do Montijo A
Câmara Municipal do Montijo apoia a instalação de uma nova infraestrutura aeroportuária civil na Base Aérea n.º 6, com convicção e legítima expetativa. Defendemos esta localização em alternativa a outras Bases Aéreas da Área Metropolitana de Lisboa, como sejam as Bases de Sintra ou de Alverca. Nos últimos trinta anos ocorreram transformações profundas na paisagem económica e social, quer a norte, quer a sul do Tejo. Mudaram as direções e os fluxos de pessoas e de bens em ambas as margens. Uma nova infraestrutura aeroportuária tornou-se indispensável. Tal como a Ponte Vasco da Gama, esta nova infraestrutura aeroportuária, assinala o espírito com que no nosso tempo encaramos as exigências de modernização da cidade e das freguesias. É certamente uma obra de geração, onde se devem aplicar as técnicas mais avançadas para a construção de aeroportos. Num tempo de dificuldades, é uma obra que irá potenciar o investimento e o emprego local.
Os efeitos que produzirá na rede de comunicações nacional e internacional ultrapassam a cidade, a região e o próprio país. Trata-se, aliás, de um projeto de âmbito e sentido internacional, de que, também por esse facto, nos devemos orgulhar. O apoio da Câmara Municipal do Montijo à utilização da Base Aérea do Montijo como aeroporto civil para linhas áreas de baixo custo é inseparável da satisfação de um conjunto de exigências fundamentais para garantir a qualidade de vida da comunidade montijense. É nesse contexto que exigimos já, por caderno de encargos, aos responsáveis da nova infraestrutura aeroportuária, que considerem atempadamente os seguintes aspetos: - o abastecimento de água e o tratamento de esgotos da nova infraestrutura, através das redes municipais; - a construção de uma nova ligação da Ponte Vasco da Gama à Circular Externa; - a conclusão da Circular Externa da cidade até ao Seixalinho e de uma nova ligação da Avenida Luís de Camões;
- a transformação da Estrada do Seixalinho numa Avenida com ciclovia; - a melhoria dos transportes públicos; - a utilização do Cais do Seixalinho como plataforma modal para ligação da nova infraestrutura aeroportuária a Lisboa; - a valorização ambiental e paisagística das salinas e zonas húmidas da cidade até ao Seixalinho; - a melhoria das ligações viárias da cidade à região e ao Alentejo; - o seu apoio aos necessários estudos de impacte ambiental, segurança, ordenamento e proteção civil, por forma a reduzir os possíveis impactes sobre o território; - o seu empenho em atrair investimento, emprego e infraestruturas públicas para a cidade, de modo a enquadrar as potencialidades turísticas decorrentes da nova infraestrutura aeroportuária. A Câmara Municipal do Montijo, à semelhança do que foi feito em relação à construção da Ponte Vasco da Gama, considera indispensável a criação de uma comissão de acompanhamento da obra, caso a escolha
recaia sobre a Base Aérea n.º 6, no Montijo. O município quer, na verdade, ser parte ativa em todo o processo de estudo e construção da nova infraestrutura aeroportuária. Por se tratar de uma infraestrutura estratégica para o concelho do Montijo, considero da maior importância um debate sério, construtivo e franco entre todas as forças políticas com representação autárquica, distinguindo o essencial, que afeta estruturalmente o nosso destino coletivo, do acessório, que nos distrai e nos afasta da resolução dos problemas. Como presidente da Câmara Municipal do Montijo e, caso a escolha recaia sobre o nosso concelho, estou convicto da importância que este investimento representa como oportunidade excecional de desenvolvimento e como forma de aumentar sustentadamente a qualidade de vida, o ambiente e a modernização da Cidade do Montijo.
Câmara e FPAS assinam protocolo para a Feira do Porco Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, Vitor Menino e David Neves, presidente e vice-presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) assinaram, no dia 29 de julho, o protocolo para a organização da XXIII Feira Nacional do Porco, agendada para os dias 19, 20 e 21 de maio de 2016. O presidente da câmara realçou a importância da fileira do porco para a cidade: “faz parte da nossa estratégia de desenvolvimento manter as nossas atividades tradicionais. Iremos desenvolver todos os esforços para que a XXIII Feira Nacional do Porco repita o sucesso da edição anterior”, afirmou.
Vitor Menino agradeceu à câmara “toda a disponibilidade demonstrada ao sector suinícola”, acrescentando que “esta feira dá continuidade à história da cidade e da atividade suinícola em Portugal e deve continuar a ser realizada no Montijo”. O protocolo estabelece que a FPAS é responsável por delinear o programa da feira, promover o evento a nível nacional e internacional e realizar as habituais jornadas técnicas. A câmara fica responsável por um conjunto de intervenções no Parque de Exposições do Montijo de forma a acolher condignamente a feira, assim como prestar colaboração na divulgação do evento.
Universidade Aberta
Montijo recebe Encontro de Estudantes da UAb Montijo foi palco de um encontro de estudantes da Universidade Aberta (UAb), no dia 18 de julho. Na Galeria Municipal, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, deu as boas-vindas aos estudantes e felicitou a universidade pelo trabalho desenvolvimento em prol do conhecimento em Portugal. O vice-reitor da Universidade Aberta, Domingos Caeiro, falou
da educação como um desígnio nacional, ressaltando que a instituição que preside quer continuar a ser “parte importante da construção de um sistema educativo que assegure a todas as gerações a igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior”. O evento foi organizado pelo Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta no Montijo.
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Montijo hoje | AGOSTO de 2015
Estórias com História
Aldeia Galega quinhentista
Um barqueiro nas malhas da Inquisição pós vários pedidos ao Papa, nomeadamente em 1515, no reinado de D. Manuel I, e outros dois durante o reinado de D. João II, o A Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, depois de um início gorado em
1531, foi instaurado em Portugal no ano de 1536. Criado especificamente para perseguição das heresias, o Santo Ofício teve a responsabilidade de vigilância e castigo de um número crescente de delitos. Os crimes de judaísmo, islamismo e protestantismo seriam os mais graves. Cerca de 1560, a Inquisição encontra-se em pleno funcionamento. O país está dividido em três distritos inquisitoriais, onde estão instalados tribunais. O de Évora abrange toda a zona sul do país até ao Tejo; o de Lisboa abarca a Estremadura, o percurso do Sado até Leiria; ao tribunal de Coimbra cabia toda a região de Leiria para norte, incluindo a Guarda que gravita entre Coimbra e Lisboa consoante a afluência de processos de um e de outro distrito. Um quarto tribunal inquisitorial situa-se em Goa.1 Quando o barqueiro Pedro Fernandes, filho do lavrador António Anes, zarpou do cais de Aldeia Galega em direcção a Lisboa, na quinta-feira de 15 de Novembro de 1576, jamais imaginava que iria passar os próximos 17 meses nos cárceres da Inquisição. Nesse dia, Pedro Fernandes, natural de Vila Franca2, “homem de meia idade, moreno, baixo de corpo grosso”, escandalizou os seus passageiros quando, “indo no meio do mar e encalmando-lhe o vento, começou a dizer e a pesar de São Lourenço3, dizendo que era um cornudo cabrão que arderia no inferno. O que disse por muitas vezes, que ninguém ousou repreender por virem no mar e por ele ser soberbo”. “Se considerarmos que o número de denúncias à Inquisição é infinitamente maior do que o número de processos, temos a imagem de uma sociedade em que as relações, também as relações conflituais, passam de forma continuada pelo mecanismo da denúncia. A Inquisição
funcionava, então, a Casa do Despacho da Santa Inquisição, e “estando aí os senhores inquisidores apareceu perante eles” denunciando o dito barqueiro. Ao mesmo tempo, indica duas pessoas que consigo iam no barco e que podiam corroborar as suas afirmações. No seu testemunho, Gil Marques não sabe o nome do referido barqueiro, pelo que lhe é mandado “informar-se do nome do homem que dissera as palavras contra o bem aventurado São Lourenço”. Gil Marques regressa no dia seguinte, 22 de Novembro, dizendo “que se informou e que o dito homem se chama Pedro Fernandes de Pontevedra, é barqueiro em Aldeia Galega e ficava na Ribeira no seu barco”. Nesse mesmo dia, após recolher os testemunhos de Manuel Mendes, alcaide no lugar de Montoito, e de Brás Carreixo, barbeiro na vila de Borba, os inquisidores mandam ordem “a Damião Mendes de Vasconcelos, meirinho deste Santo Ofício para que prendais um Pedro Fernandes [...] o qual se achará na Ribeira, na sua barca, por culpas que contra ele há neste Santo Ofício”. A ordem é cumprida e, ainda no dia 22, Pedro Fernandes dá entrada nos cárceres dos Estaos. A 24 de Novembro realiza-se a 1.ª sessão, na qual é dada a conhecer ao réu Pedro Fernandes a acusação. O réu afirma ser “cristão baptizado, se confessa e comunga quando manda a Santa Madre Igreja, que ouve missa e pregação, que nenhum dos seus parentes foi nunca preso pela Santa Inquisição. Que de tudo perde perdão e misericórdia que ao tempo que disse estas palavras havia bebido um pouco de vinho que lhe fez mal”. Pedro Fernandes reconhece que “arrenegara do vento e que também pesou de São Lourenço, do cabrão cornudo do santo que o não mandava”. No entanto, não reconhece ter afirmado que “São Lourenço ardia nos infernos”. Segundo os inquisidores, “admoestado a confessar a verdade das suas culpas ele não o quis fazer inteiramente e sempre negou a substância”. O réu é mandado para o cárcere. Esta situação prolongar-se-á até Agosto de 1577, altura em que o tribunal, considerando
aconselhado Pedro Fernandes a reconhecer as suas culpas, pois nos artigos da defesa é afirmada a confissão do réu, acrescentada do seu arrependimento. A defesa indicou, também, quatro testemunhas para serem ouvidas. Estas deveriam pronunciar-se sobre dois artigos. Um, primeiro, teria como objectivo comprovar ser o réu cristão velho, e crente da santa igreja de Roma; o segundo artigo procurava obter testemunho sobre os acontecimentos que motivavam a acusação. Estranhamente, uma das testemunhas de defesa, Pero de Paiva, de 60 anos, sacerdote de missa, morador na freguesia de Santa Catarina, afirmou no seu testemunho desconhecer o réu Pedro Fernandes “nem saber parte de nada”. João Fernandes, de 40 anos, vinhateiro, morador nas casas do Conde de Linhares disse “que tem a Pedro Fernandes por cristão velho, não sabendo se confessa ou comunga por que ele pousa em Aldeia Galega e ele aqui na cidade mas que é homem costumado ajudar”. Do resto “disse não saber nada pois Pedro Fernandes anda no mar e ele na terra”. Domingos Pires, de 30 anos, morador em Lisboa, natural do “termo do prado”, afirmou, também, ser o réu cristão velho e que mais não podia acrescentar por ele viver em Aldeia Galega. Sobre o segundo artigo, afirmou “estar no barco, quando o réu disse as palavras contra o bem aventurado São Lourenço tinha bebido muito bem de uma borracha8, que não sabe as palavras que o dito Pedro Fernandes disse por estar a dormir. Nem pode testemunhar se ao tal tempo o dito Pedro Fernandes estava fora do seu juízo porque haviam bebido muito bem”. António Lopes, o último testemunho de defesa, era também barqueiro e morador em Aldeia Galega. Em abono do réu, afirmou ser Pedro Fernandes “cristão velho e homem de bem, amigo das missas e pregações, ser confessado todos os anos e tomado o santíssimo sacramento como bom cristão”. Sobre os acontecimentos na barca, durante a travessia, corroborou o testemunho de Domingos Pires, reafirmando que haviam estado a beber de uma “borracha” e que “sem que comessem mais que um pão todos os três andando remando todo o dia sem descansarem que pode ser que lhe fizesse mal o vinho que bebeu”. Finalmente, a 16 de Março de 1578, é conhecida a sentença de Pedro Fernandes. “Acordão os inquisidores ordinários e deputados da Santa Inquisição que [...] tudo visto é a qualidade da culpa do réu heréctica e condenada por tal. Porém, havendo respeito a qualidade de sua pessoa ser homem muito ignorante e dizer as ditas palavras em tempo que parecia que não estava em seu perfeito juízo, com o mais que dos autos resulta, mandam que o réu Pedro Fernandes em pena e penitencia do seu delito vá ao auto-da-fé em corpo descalço com uma vela acesa na mão e a cabeça descoberta e lá faça abjuração de leve, suspeito na fé e por tal o declaram e lhe assinam cárcere a arbítrio dos inquisidores, pelo tempo que parecer necessário para ser bem instruído na fé, e que cumpram para sua salvação, e de mais pena o relevão havendo respeito ao que provou em sua abonação ser costumado a se tomar do vinho, com outras considerações que no caso se ouvirão e o admoestam que daqui em diante será muito atentado em suas palavras sob pena de ser gravemente castigado.” O referido auto-da-fé realizar-se-ia a 16 de Março de 1578. Um mês mais tarde, a 12 de Abril, estando Pedro Fernandes “muito arrependido e instruído nas cousas da fé e da doutrina e confessado e comungado, foi solto o réu para amparo de sua mulher”, Maria Fernandes. O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição foi extinto em 1821. Eduardo Martins
O Tejo, a Ribeira e os Estaos, no Rossio, próximo do local onde hoje se ergue o Teatro Nacional. Cenário da desventura do barqueiro de Aldeia Galega Pedro Fernandes. Vista panorâmica de Lisboa, 1619 (pormenor). Colecção Count Magnus Gabriel De la Gardie, Biblioteca Nacional da Suécia.
é um instrumento que enraíza pela primeira vez em todo o país este sistema.”4 Por norma, alguém denunciava alguém. Para infelicidade de Pedro Fernandes, pai de quatro crianças de tenra idade, a indignação de alguns dos seus passageiros, de maior fervor religioso, pesando-lhes as consciências por testemunhar tão graves blasfémias, faria com que o episódio tivesse um desenvolvimento dramático. O processo5 parece indicar Gil Marques, 26 anos, tabelião no lugar de Montoito6, como denunciante, pois passados alguns dias do sucedido, a 21 de Novembro, dirigiu-se aos Estaos, no actual Rossio, onde
que o réu, apesar de “muitas vezes admoestado com muita caridade a confessar suas culpas e dizer a verdade delas o que ele até agora não quis fazer”, apresentou um libelo criminal contra ele. O libelo destinavase ao réu negativo ou cuja confissão não fosse considerada completa e pressupunha uma nova fase do processo. Lavrado o libelo acusatório pelo Promotor, é “designado um defensor que, reunindo com o réu, escreve os artigos de defesa que ambos entendem e indica as testemunhas para serem ouvidas”7. O licenciado António Dias da Maia, designado defensor do réu, a quem o Regimento da Inquisição trata por Procurador, terá, com certeza,
1 Raquel Patriarca, Um Estudo Sobre a Inquisição de Lisboa: O Santo Ofício na Vila de Setúbal - 1536-1650, dissertação de mestrado, FLUP, Porto, 2002. 2 Distrito de Viana do Castelo. 3 Mártir católico e um dos sete primeiros diáconos da Igreja Cristã. O seu culto já se tinha difundido na Igreja no século IV. 4 Giuseppe Marcocci, citado por Isabel Salema, Quem tem medo da Inquisição portuguesa?, jornal Público [online], 12/04/2013. 5 Lisboa, A. N. T. T., Inquisição de Lisboa, proc. 028/06426. 6Actualmente, Montoito é freguesia do concelho de Redondo. 7 Arlindo Correia, Os Processos da Inquisição, [online], http://arlindo-correia.com/100512.html. 8 Recipiente de couro para transporte de líquidos.
Feira Quinhentista está de volta! De 11 a 13 de setembro, Montijo realiza novamente uma viagem ao passado. A II Feira Quinhentista de Aldeia Galega traz novidades e promete repetir o sucesso do ano passado. Os momentos de maior destaque corresponderão à apresentação de quadros históricos, baseados em factos e lendas, de três momentos importantes passados em Aldeia Galega do Ribatejo: a chegada de El-Rei D. Manuel I ao
Cais das Faluas; a Posta e a Lenda de Aldegalega. Este ano, aos torneios de armas, à animação de rua, às arruadas e desfiles, às tascas, tavernas e bancas de mercadores juntam-se algumas novidades: haverá teatro de marionetas, mais espetáculos musicais, jogos tradicionais, atividades pedagógicas, entre outros eventos. A Feira Quinhentista de Aldeia Galega é promovida pela
Câmara Municipal do Montijo em cooperação com a Associação Cultural História e Património - ALIUS VETUS com o objetivo de assinalar a data de atribuição do foral novo à Aldeia Galega, no âmbito da reforma dos forais promovida por D. Manuel I. A entrada é livre. Junte-se a nós e faça uma viagem ao passado. Não perca a II Feira Quinhentista de Aldeia Galega!
AGOSTO de 2015 | Montijo hoje
Lugar de Encontros e de momentos únicos Depois do êxito do ano passado, as expetativas estavam altas e o projeto municipal Montijo Lugar de Encontros não desiludiu! De maio a julho, foram mais de 20 eventos marcados pela diversidade e pela presença de muito público. A importância do Montijo no sector da floricultura voltou a marcar a inauguração do Lugar de Encontros, no dia 9 de maio, com a iniciativa Vamos Florir o Montijo. Em junho, o Grupo Mãos à Obra, em parceria com a câmara, promoveu novamente com enorme sucesso o desfile Montijo na Moda. O stand up comedy subiu ao palco do Jardim Casa Mora, no dia 10 de julho, com o humorista Jorge Serafim. Um espetáculo que levou às gargalhadas o público que encheu a Casa Mora.
No Moinho do Cais, no dia 17 de julho, a música aliou-se à gastronomia e vinhos. Cerca de 60 pessoas tiveram um fim de tarde inesquecível com uma deliciosa ementa de frutos do rio ao som da
guitarra clássica de Titus Isfan, professor do Conservatório Regional de Artes do Montijo. O desporto também marcou presença no Montijo Lugar de Encontros. Yoga, basquetebol,
andebol, judo, dança, ginástica, xadrez foram algumas das modalidades promovidas pelo movimento associativo do concelho. No dia 25 de julho, no Jardim Casa Mora, o encerramento do projeto aliou a tradição do fado à criatividade das guitarras acústicas. Fado em Orquestra juntou as fadistas Margarida Arcanjo e Piedade Salvador à originalidade da Orquestra GuitarDrums. O Montijo Lugar de Encontros foi, mais uma vez, exemplo profícuo da importância das parcerias entre a câmara, o movimento associativo, o comércio local e outras entidades do concelho. Em 2016, o Montijo Lugar de Encontros regressa com outros espetáculos, outros protagonistas, mas sempre com o propósito de ser um palco de encontros com as nossas gentes e a nossa cultura.
Anim’art Montijo repete sucesso Música, gastronomia, dança, pintura, teatro e muita animação foram alguns dos ingredientes do maior sucesso do projeto municipal Montijo Lugar de Encontros 2015. Pelo segundo ano consecutivo, no dia 20 de junho, o Anim’art Montijo provou que é possível encher as ruas com centenas de pessoas em torno de uma ideia comum: animar e dar vida ao centro do Montijo. Sete ruas, 24 eventos e 30 lojas criaram um dia memorável no centro da cidade. Da Praça da República à Frente Ribeirinha, passando pelas ruas Almirante Cândido dos Reis, Afonso Palla, Agostinho Fortes, Joaquim de Almeida, Rua da Cruz,
Avenida dos Pescadores e Avenida João de Deus, os comerciantes envolveramse neste projeto, integrando a Rota pelo Comércio Local com a promoção de diversos eventos junto aos seus estabelecimentos. O Grupo de Cavaquinhos da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, o Grupo South River Jazz Band, a Ti Maria Albertina – poetisa do Povo, o Conservatório Regional de Artes do Montijo, a Escola de Artes Sinfonias & Eventos, a Confraria da Carne de Porco, o Musical Club Alfredo Keil e outras entidades contribuíram, igualmente, para o sucesso do Anim’art Montijo.
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Montijo hoje | AGOSTO de 2015
Comemorações
Montijo, 30 anos de cidade A 14 de agosto de 1985, a Lei n.º 32/85 elevava a vila do Montijo a cidade. Foi o culminar de um processo iniciado a 14 de fevereiro de 1979, com uma proposta apresentada em sessão de câmara subscrita pelo então presidente, Primo Jaleco, e pelos vereadores socialistas Resina Bastos e Lucília Alves. O passo seguinte passou pela entrega de um projeto de lei na Assembleia da República, através do Grupo Parlamentar do PS, no dia 9 de maio de 1984, e que viria a ser aprovado a 8 de julho de 1985. O documento enunciava os vários requisitos que a vila reunia para a elevação a cidade, como a sua importância económica em sectores como a suinicultura e a existência de um conjunto de infraestruturas e serviços essenciais à população (escolas, hospital, bombeiros, entre outros). 30 anos depois, o Aniversário da Cidade foi celebrado sob o signo da cultura, até porque a data encerrava em si um duplo significado com a celebração do 10.º aniversário de reabertura do Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida (CTJA), palco do momento mais solene das comemorações com a intervenção do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta. Um dia de celebração da cidade, das suas gentes e das suas conquistas. Tal como afirmou Nuno Canta, “desde o velho Cais de Aldeia Galega, Montijo tornouse numa cidade cosmopolita que
soube preservar e conciliar um rico património histórico e cultural com as exigências dos tempos modernos. Uma cidade preparada para novos voos e novos investimentos”. “É com orgulho e admiração que olhamos para a obra levada a cabo no Montijo com vista a uma maior humanização dos espaços públicos, à coesão social, à preservação do património e proteção do ambiente, à afirmação da cultura e à melhoria constante da vida dos seus habitantes”, acrescentou. Após o discurso oficial, a elegância do Desfado de Ana Mou-
ra. Um espetáculo de grande qualidade, onde a fadista revisitou alguns dos seus maiores êxitos e deslumbrou o público que esgotou o CTJA. As comemorações do 30.º aniversário da cidade e do 10.º aniversário do CTJA contaram, ainda, com a inauguração da exposição Desenhos da Terra, do Mar e do Ar de Fernanda Fragateiro, uma sessão de cinema ao ar livre em Canha, a festa de aniversário do CTJA, o lançamento do livro Artes Plásticas no Montijo – Passado e Presente e o Encontro de Bandas Filarmónicas.
AGOSTO de 2015 | Montijo hoje
A Minha Casa
Diamantina Balisa, 66 anos, conheceu o Montijo de outros tempos, onde as brincadeiras e aventuras de criança e juventude eram feitas na rua, à porta dos vizinhos e nos cafés da Praça da República. Inês Santos, 15 anos, é a nossa voz da juventude. A voz do futuro do Montijo, de um Montijo que para ela não é apenas a cidade, pois cresceu entre a urbanidade deste lado e a tranquilidade rural de Canha. Duas gerações. Dois exemplos dos montijenses de ontem, de hoje e do futuro. Duas vozes que nos falam do que gostam, do que querem ver melhor e da importância desta terra que é, para elas, a sua Casa.
Diamantina Balisa Profissão: atualmente reformada. Foi secretária numa editora discográfica em Lisboa. Interesses/Atividades: membro do Grupo Coral do Montijo. Frequenta também a Escola de Artes Sinfonias & Eventos onde tem aulas de canto e integra o grupo Orquestra de Canto. Ligação ao Montijo: nasceu no Montijo, na antiga Rua de Oliveira, hoje Rua Gago Coutinho. Sempre viveu no Montijo e começou a sua vida profissional aqui. “Assim como tenho uma grande ligação ao meu país, sempre tive à minha terra”, afirma. Quais as primeiras memórias do Montijo?
Não sei em que ano foi, mas a minha primeira memória é: Rua Gago Coutinho, acordar e ver a rua completamente branca porque tinha nevado. Depois passei da Gago Coutinho para a Calçada.
Vivia com os meus avós, perto da antiga fábrica do Isidoro. Brincávamos muito na rua. Quando os meus pais foram viver para uma quinta na Estrada do Samouco, lembro-me de ver, no verão, as galeras cheia de gente nova que ia para a praia da Casa Branca na Base. Como soube da elevação do Montijo a cidade? O que sentiu nesse dia? Nessa altura já trabalhava em Lisboa. Ia a ler o jornal e comentei com os companheiros do barco. Ficámos todos contentes! Ainda hoje recordo sempre os versos do poeta José Joaquim Caria sobre o que sentiu nesse dia. É aquilo que, ainda hoje, sinto pelo Montijo. Quais as principais mudanças em 30 anos de cidade? Acho que a cidade, como tantas outras, teve uma evolução normal. Houve coisas negativas e positivas. A mudança do barco para o Seixalinho tirou movimento ao centro da cidade. Antigamente, a Praça da República tinha muita vida por causa dos cafés e esplanadas. É normal que isso tenha mudado devido ao crescimento da cidade e às novas tecnologias. A remodelação da Praça da República e o encerramento ao trânsito da Almirante Reis acho que foram situações boas. A Ponte Vasco da Gama foi outra mudança boa. Fez o Montijo crescer, com zonas bonitas, novas que têm muita gente. A Zona Ribeirinha ainda precisa de mais desenvolvimento, mas foi um princípio de uma intervenção que poderá ser ótima para o Montijo, sobretudo para o comércio. O que gostaria de ver diferente no Montijo? Para mim, o Montijo tem um coração: o seu centro, que está muito degradado. O crescimento da cidade prejudicou o centro histórico. Não sei até que ponto, a câmara pode intervir no património privado, mas é preciso vermos soluções para este problema. Hoje há mais dinâmica no centro, por parte dos próprios comerciantes e isso já é um princípio, mas é preciso fazer mais pelo coração do Montijo.
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Viagem ao passado O que representa para si o Montijo? É a minha casa. Um desejo de aniversário. Que o Montijo continue o seu desenvolvimento, agora mais no centro da cidade. Que cuidem do Montijo, tanto a câmara como os munícipes, que devem ser os principais cuidadores da sua terra. Todos temos que ajudar o Montijo a crescer.
Recordamos, através de um antecessor do Montijo Hoje, a primeira comemoração do aniversário da cidade. Em 1986, a edição de julho do Boletim Municipal foi ilustrada com o cartaz alusivo à data e dava à estampa os versos do poeta José Joaquim Mota Caria.
Inês Santos Profissão: estudante de Ciências Socioeconómicas na Escola Secundária Jorge Peixinho. Interesses/Atividades: matemática. Ficou em primeiro lugar na 2.ª fase das Olimpíadas da Matemática na sua escola e no Pangeia classificou-se nos dez primeiros lugares da zona sul. Quer seguir o curso de gestão. Ligação ao Montijo: Sempre viveu no Montijo e afirma “gostar de cá viver”. A família materna tem raízes em Canha e, por isso, tem feito o seu crescimento entre o Montijo, Loures (onde reside a família paterna) e Canha. Como é viver no Montijo? Sempre vivi cá e gosto. Os meus pais optaram por viver no Montijo. Eu não sei, só o futuro o dirá, mas para já gosto de viver no Montijo. Se um dia trabalhar em Lisboa, será ótimo morar aqui. Quais as primeiras memórias do Montijo? São no meu infantário: o Cen-
tro Infantil António Marques da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição. Gostei muito de lá andar e, ainda hoje, me lembro. A quem não conhece, o que dirias sobre o Montijo?
A quem não conhece, sobretudo aos jovens, falava que é um bom local para sair à noite, com muitos cafés e bares. E depois falaria das nossas Festas de São Pedro, em particular do Bibe Elétrico que já faz parte do Montijo e que adoro. O que gostas mais e menos no Montijo? Gosto do nosso Parque Municipal e das nossas ciclovias. Naturalmente que gosto também da animação noturna e do facto de estar perto de Lisboa. Não há nada que goste menos. É a minha cidade, para mim já é tudo natural. O que gostarias de ver diferente no Montijo? Gostava de ver a minha terra com mais participação das pessoas, mais dinâmica para se conseguir impor na região de Lisboa.
As pessoas vão do Montijo para Lisboa e gostava que o contrário também sucedesse. Gostava que houvesse mais espaços de animação noturna com qualidade no Montijo. Como imaginas o Montijo daqui por 30 anos? Cada vez com mais pessoas, pela proximidade a Lisboa e, agora, com a eventualidade do novo Aeroporto. O que representa para ti o Montijo? É a minha casa. Um desejo de aniversário Os parabéns ao Montijo. Todas as cidades têm os seus defeitos, mas eu não me imagino a viver sem ser aqui. Que o Montijo continue o seu desenvolvimento para todas as pessoas que cá moram e trabalham e que não se esqueça da dinâmica que pode existir por estar tão perto de Lisboa.
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Montijo hoje | AGOSTO de 2015
Plataforma logística
ALDI aposta no Montijo O historial é centenário, a origem é alemã e no Montijo encontraram o local indicado para instalar a sua central de distribuição para o território nacional. A ALDI Portugal, Supermercados Lda, está em franca expansão e procura, no nosso concelho, um terreno de dez hectares para construir uma nova plataforma logística com 40 mil metros quadrados.
central de distribuição está diretamente relacionada com a expansão do número de lojas. Neste momento, a ALDI tem 49 lojas em Portugal, com particular incidência nas zonas do Algarve e Península de Setúbal, mas perspetiva um crescimento de dez lojas por ano até atingir as 110 lojas. Com um volume de faturação elevado, a ALDI Portugal segue o modelo de sucesso da empresa a nível europeu: qualidade máxima a preço mínimo, a que se junta o investimento na qualificação dos seus trabalhadores. E qual é o objetivo principal? Continuar a ser líder no mercado europeu de retalho alimentar.
residem no Montijo e outros funcionários fixaram residência no concelho. Para além deste impacto direto, os gerentes da ALDI apontam outros contributos da empresa para a dinamização da economia local como impostos e outras receitas camarárias. Depois existem outros impactos como a doação de bens alimentares a instituições do concelho, em parceria com a ação social do município, ou as sinergias com fornecedores locais de serviços de serralharia, carpintaria, cons-
trução civil e até mesmo algum comércio local”. “Como impacto indireto consideramos a visibilidade do concelho a nível institucional e internacional da ALDI”, acrescentam. Uma empresa centenária Em 1913, o pai dos irmãos Karl e Theo Albrecht abriu uma pequena loja. Anos depois, em 1945, os irmãos assumiram o negócio dos pais e iniciaram a expansão da empresa, abrindo lojas simples onde os clientes podiam
A ALDI e o Montijo Este interesse foi, aliás, transmitido ao presidente da Câmara Wolfgang Graff e Marc JanMunicipal do Montijo, Nuno Can- czukowicz desejam que a central ta, que visitou as instalações da de distribuição da ALDI permaALDI, no passado neça no Montidia 14 de julho, Para além de “Neste momento, jo. com o objetivo evitarem a desloa central da empresa calização dos traprincipal de aproximar a autarquia emprega 60 trabalha- balhadores para dores. Cerca de 1/3 outra zona do ao tecido empresarial local. dos trabalhadores do país, encontraram Nuno Canta armazém logístico no nosso concelho foi recebido por fatores fundaresidem no Montijo e os Wolfgang Graff e mentais para a sua outros funcionários atividade: “localiMarc Janczukowicz, gerentes da fixaram residência no zação estratégica, concelho.” disponibilidade de ALDI Portugal, teve oportunidade recursos humanos de conhecer detacom qualificações lhadamente a atividade da empre- especializadas, boas infraestrutusa e expressar a disponibilidade da ras e acessibilidades”. câmara em cooperar com a ALDI Neste momento, a central da no desenvolvimento económico empresa emprega 60 trabalhado Montijo. dores. Cerca de 1/3 dos trabaA necessidade de ampliação da lhadores do armazém logístico
BA6 comemora 63.º aniversário No âmbito das comemorações do 63.º aniversário da Força Aérea, a convite do Comandante António Temporão, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, esteve no dia 27 de junho na Base Aérea n.º 6 para uma visita personalizada às aeronaves. O presidente, acompanhado por uma comitiva de convidados, visitou as aeronaves e ouviu as explicações sobre as suas características. Nuno Canta ficou, ainda, inteirado sobre as ações realizadas pela Força Aérea Portuguesa, como as missões de busca e salvamento no mar e as missões humanitárias com organizações internacionais. A Força Aérea tem também realizado missões no Mar Mediterrâneo na procura de barcos com imigrantes ilegais, assim como patrulhamento aéreo, operando na identificação de atividades ilegais como o tráfico de drogas.
encontrar produtos de qualidade a preços baixos. Em 1962 fundiram o conceito discount na Alemanha. O nome ALDI deriva do apelido Albrecht e da palavra discount. Em 1973 começaram a expansão para outros países na Europa. Em Portugal, a ALDI está presente desde 2006. No universo empresarial do Grupo, a ALDI Portugal é a empresa que mais investe ao nível europeu, atingindo 30 milhões de euros de investimentos por ano em Portugal.
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Frente Ribeirinha
Cais dos Pescadores avança a bom ritmo A obra do Cais dos Pescadores do Montijo já tem os acessos à plataforma praticamente concluídos. Neste momento, estão a decorrer trabalhos especializados no fundo do rio, com uma equipa de mergulhadores a realizar o assentamento dos caixotões de betão que serão, posteriormente, cheios e selados para permitir o nivelamento da plataforma do cais. Paralelamente a estes trabalhos mais morosos e condicio-
nados pelas marés, em estaleiro estão a ser produzidos painéis de betão armado que irão proteger das marés a plataforma. O Cais dos Pescadores resulta de uma candidatura da Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense apresentada ao PROMAR - Programa Operacional Pesca 2013-2017, através da ADREPES, no valor de 500 mil euros. A intervenção tem o apoio da Câmara Municipal do Montijo que, através de protocolo, atri-
buiu um apoio financeiro de 113 mil 825 euros referentes à componente local de financiamento da construção do cais. Para a câmara, o Cais dos Pescadores assume dupla importância: para além de melhorar a operacionalidade da atividade piscatória é uma forma de preservar e valorizar o património e a cultura do Montijo e, igualmente, um contributo para a reconversão e requalificação da Frente Ribeirinha da cidade.
Câmara executa obras nas escolas A Câmara Municipal do Montijo está a executar obras em diversas escolas do ensino básico do concelho, com o objetivo de assegurar melhores condições para alunos e professores no arranque do novo ano letivo. Na Escola Básica Joaquim de Almeida está a ser colocado novo pavimento em mosaico cerâmico em quatro salas de aula. A Escola Básica Luís de Camões está a ser alvo do mesmo tipo de intervenção, com a execução de lajes e colocação de pavimento nas salas do rés-do-chão. Estas
duas obras estão a ser executadas ao abrigo de uma empreitada de trabalhos diversos em edifícios escolares num valor superior a 33 mil euros (mais IVA). Por sua vez, na Escola Básica Ary dos Santos, a cobertura foi totalmente substituída. Um investimento na ordem dos 34 mil euros (mais IVA) que permitiu eliminar a antiga cobertura existente em placas de fibrocimento. Também no Jardim de Infância de Pegões estão a ser executadas obras de adaptação para funcionamento de mais uma sala de aula.
Quinta do Saldanha com nova cobertura A Câmara Municipal do Montijo está a proceder à substituição da cobertura da Casa Senhorial da Quinta do Saldanha. A antiga cobertura encontrava-
se danificada e com esta intervenção foi possível substituí-la e proceder ao reforço do isolamento térmico do edifício, dotando-o, assim, de condições mais ade-
quadas para o seu pleno funcionamento. Uma obra num valor superior a 40 mil euros (mais IVA), com conclusão prevista para final de agosto.
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Conversas do Bairro debatem PDM As Conversas do Bairro prosseguiram nos meses de junho e de julho, com três sessões em Sarilhos Grandes, Canha e Pegões. Mais uma vez, o debate foi em torno da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) e dos seus objetivos estratégicos: atrair mais habitantes, captar mais investimento, incentivar a reabilitação e a regeneração urbana, apostar na qualificação do espaço público, potenciar o espaço rural/ florestal e promover a melhoria ambiental do território. Em Sarilhos Grandes, no dia 22 de junho, algumas das ideias em destaque foram a reconversão da zona ribeirinha da freguesia, incluindo o moinho de maré; a criação de uma ligação pedonal com ciclovia ao Montijo; a redefinição dos perímetros urbanos; e a realização de uma feira internacional da agricultura biológica. A sessão seguinte em Canha, no dia 4 de julho, ficou marcada pelas preocupações com o despovoamento da vila, a necessidade de atrair atividades económicas e a requalificação urbana do centro da freguesia. Entre as propostas apresentadas pela equipa do PDM nota de realce para o reperfilamento da EN 251, a criação de uma variante à Vila de Canha e a integração da área da Ribeira numa estrutu-
ra verde urbana com espaços de lazer e percursos pedonais. O tema forte da sessão decorrida em Santo Isidro de Pegões, no dia 18 de julho, foi o desenvolvimento económico. Presidente da câmara, munícipes e a equipa do PDM realçaram a importância de
criar uma zona em Pegões para a instalação de empresas, perspetivando-se na revisão do PDM uma área de 72 hectares em Pegões Gare para esse efeito. Outros contributos desta sessão foram o Plano de Intervenção em Espaço Rural que vai
permitir a construção nos atuais casais do Colonato de Pegões e, simultaneamente, salvaguardar a manutenção da integridade arquitetónica do Colonato, assim como a necessidade de infraestruturação ao nível do abastecimento de água e rede viária.
A 1.ª fase da iniciativa Conversas do Bairro ficou, assim, encerrada. Durante cinco meses, autarcas, técnicos e população debateram a revisão do PDM com o objetivo principal de elaborar um documento mais aberto, participado e transparente.
Espaço Oposição
PSD
O AEROPORTO O Aeroporto de Montijo poderá ser uma realidade no médio prazo, certamente até 2020. Os protagonistas na Câmara e Assembleia Municipal devem definir a posição do Montijo, salvaguardando o interesse e o compromisso do concelho pelo projecto, aumentando a confiança dos decisores. O PSD é defensor desde a
primeira hora do aeroporto no Montijo, mesmo quando outros diziam que “a Margem Sul é um deserto”. O Aeroporto Complementar é fundamental para o futuro do nosso concelho. No entanto, existem ainda, à esquerda, opositores ao Aeroporto Complementar na BA.6 – Montijo, sendo o PSD a única força política do Município a de-
fender sem reservas esta solução porque: - É a única que valoriza as infraestruturas existentes na Base, mantendo a sua operacionalidade, maximizando o desenvolvimento do Montijo; - É compatível com a continuidade de funcionamento do Aeroporto da Portela - fundamental para o turismo centralizado em
Lisboa e para a continuidade da TAP como companhia de bandeira; - Tem o projecto mais sustentável, não comprometendo o futuro de Portugal. Com menos de 200 milhões de euros é possível realizar uma solução aeroportuária para os próximos 50 anos, em vez dos 3.300 milhões que o PS queria desbaratar.
O Montijo deve aproveitar esta oportunidade única, rejeitando os devaneios da CDU e de parte do PS que não compreendem que a sustentabilidade e o desenvolvimento económico são os maiores aliados contra o subdesenvolvimento e contra o desemprego! Pedro Vieira, Vereador do PSD
BE
QUE AEROPORTO PRECISAMOS? A Área Metropolitana de Lisboa precisa de um aeroporto internacional para fazer face as limitações do Aeroporto da Portela. Fundamentalmente: . O aeroporto da Portela está a tingir o limite de passageiros; . O parqueamento de aviões em certas horas do dia está quase no limite; . A única pista impede o núme-
ro de aterragens e descolagens de aviões; . Os slots (horários de descolagens e aterragens) estão congestionados a determinadas horas do dia. Qual a melhor alternativa para o Aeroporto de Lisboa, para os habitantes, para a economia da região e qual representa menores custos para o estado e para os contribuintes? A Base Aérea n.º6 no Montijo é
uma das opções mais viáveis para a utilização desta infra-estrutura militar como Aeroporto Civil. A posição da CM Montijo, do Presidente da Vinci (Gestora dos Aeroportos) e do Secretário de Estado dos Transportes, levam a que a Base Aerea n.º 6 do Montijo possa operar voos civis de companhias Low Cost. O Bloco de Esquerda defende que esta estrutura possibilite o
desenvolvimento sustentável da região, que o investimento seja concertado com os vários municípios envolventes e que estejam integrados no projecto. Exigimos que as mais valias económicas que daqui surjam sejam investidas nos municípios, através de projectos englobantes e estruturantes e que se dê primazia às empresas locais. Os estudos de impacte ambiental, os impactes na
fauna, flora, o ruido, a circulação de veículos, emissões de gases, entre outros, sejam tornados públicos. Queremos desenvolvimento sustentável, investimento saudável, postos de trabalho qualificado, ordenamento do território, urbanismo controlado e ambiente saudável. Boas decisões Ricardo Caçoila, BE Montijo
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Academias Seniores encerram ano letivo Mais um ano letivo encerrado e, mais uma vez, houve festejo nas Academias Seniores. Na festa da Academia Sénior da União das Freguesias da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia, no dia 22 de junho, teve lugar a apresentação de um filme sobre as atividades da academia e foram entregues lembranças aos docentes voluntários. Depois da inauguração da exposição dos trabalhos realiza-
dos pelos alunos, o Grupo Coral atuou e os seniores mostraramse em boa forma na demonstração de ginástica. A cerimónia terminou da melhor forma com a estreia da Marcha da Academia. O IV Espetáculo da Academia em Movimento da Academia Sénior de Pegões e Canha realizou-se na Sociedade Recreativa de S. João das Craveiras em Pegões, no dia 4 de ju-
lho. Dinamizado pelos alunos dos ateliers de teatro contou com leituras animadas, animação desportiva e cognitiva, a atuação do Coro da Academia Sénior e alguns convidados especiais. As duas iniciativas tiveram por objetivo mostrar à comunidade local e às famílias dos utilizadores das academias as aprendizagens que foram desenvolvidas durante o ano letivo.
Ação Social
Seniores do concelho em almoço de S. Pedro Não faltou boa disposição em mais um almoço convívio organizado pelo Gabinete Sénior, que teve lugar no dia 25 de junho no Círio dos Olhos d’Água, na Atalaia. O almoço de convívio comemorativo dos Santos Populares contou com a presença dos se-
niores dos projetos Junto de Si - Academias Seniores (Pegões/ Canha e Alto Estanqueiro-Jardia), do Gabinete Sénior e de Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho. A animação musical esteve a cargo de Paulo Gamito. A iniciativa teve o apoio, a
nível de bens alimentares, da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, da União das Freguesias de Pegões e da União das Freguesias da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia, com a colaboração do Grupo de Escoteiros do Montijo e do Motoclube do Montijo.
Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes O Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes foi apresentado, no dia 23 de junho, na Galeria Municipal. O estudo resulta de um protocolo de parceria entre a câmara e o Centro de Estudos para a Intervenção Social (Cesis), com base numa candidatura aos fundos comunitários, no valor de dez mil euros, para a Integração de Nacionais de Países Terceiros. O plano ambiciona ser um documento estratégico para a integração de imigrantes, um instrumento de melhoria das condições de vida no concelho e de promoção da sua coesão social. Maria Clara Silva, vereadora do pelouro da Ação Social, referiu que, de acordo com dados de
2013, residem no Montijo 1439 imigrantes nacionais de países terceiros, maioritariamente brasileiros e ucranianos, representando cinco por cento da população residente. “A formalização do vínculo contratual, as condições precárias e o exercício da atividade profissional em zonas isoladas” foram algumas das problemáticas patentes no plano, evidenciadas pela vereadora. Dar visibilidade à problemática da imigração, a constituição de uma plataforma de acompanhamento e de avaliação ao Plano Municipal do Montijo para a Integração de Pessoas Imigrantes do Montijo (2015-2017), foram os objetivos apontados para o futuro.
Concluídas obras na Quinta da Lua As obras de ligação da sub-bacia da Quinta da Lua em Pegões ao sistema em alta foram concluídas durante o mês de junho. Um investimento superior a 16 mil euros (mais IVA) que consistiu na construção de um coletor de 450 metros, para transporte de águas residuais afluentes até à Estação Elevatória de Águas Resi-
duais de Pegões Cruzamento que, posteriormente, são conduzidas à ETAR da Meliça para tratamento. A obra liberta a linha de água adjacente das águas residuais domésticas, contribui para o desenvolvimento sustentável daquela parte do território municipal e melhora a qualidade de vida da população de Pegões.
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2015
8 Exposição
Fernanda Fragateiro na Galeria Municipal É uma exposição feliz e luminosa que Fernanda Fragateiro tem patente na Galeria Municipal. Em Desenhos da Terra, do Ar e do Mar, a artista plástica montijense apresenta uma seleção muito especial de desenhos para crianças que tem realizado e publicado ao longo dos últimos 20 anos. Desenhos criados a pensar em crianças,
mas que envolvem pessoas de todas as idades pela maneira como conseguem contar histórias a partir de si mesmos. Uma exposição que dará a todos muita vontade de inventar as suas próprias histórias. A mostra pode ser visitada até 30 de outubro, de terça-feira a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.
Modelismo
Modelscala A Associação de Modelismo do Montijo está já a preparar o seu evento mais emblemático e participado. De 26 a 27 de setembro, o Modelscala volta a reunir, no Montijo, os amantes da modalidade. No Pavilhão Desportivo n.º 2 do Esteval são esperados centenas de participantes e de visitantes. A entrada é livre. O Modelscala 2015 terá as vertentes de exposição, de concurso e, pela primeira vez, OnFocus. A pré-inscrição de peças poderá ser feita até ao dia 18 de setembro. Saiba mais em: www.ammontijo.com.
Formação
Start the change De 20 a 28 de setembro, Montijo acolhe o curso de formação internacional Start The Change. Se tens mais de 18 anos inscreve-te neste projeto e vem adquirir conhecimentos em áreas como o empreendedorismo, o associativismo e a cidadania europeia. Este curso é desenvolvido ao abrigo do programa comunitário Erasmus + que assegura o pagamento de 70 por cento dos custos das passagens de avião e todas as despesas de alojamento e alimentação. Para inscrições e mais informações contacta o Gabinete da Juventude, através do número 21 232 78 78 ou do email: juventude@mun-montijo.pt. Participa!
A Flor e a Cidade
Até 30 de outubro, o Mercado Municipal do Montijo mostra-lhe algumas das razões que fazem do Montijo a Capital da Flor. A exposição A Flor e a Cidade apresenta 16 fotografias onde a ligação do Montijo à floricultura e às flores é a nota dominante. A mostra resulta da participação dos jovens no passeio fotográfico com o mesmo nome, promovido pelo Gabinete da Juventude em maio, no âmbito da Semana da Ju-
ventude. A empresa Florineve foi parceira fundamental deste evento, com a cedência das instalações para a realização do passeio. Aproveite esta oportunidade para conhecer o talento dos nossos jovens e visitar o espaço do Mercado Municipal recentemente renovado. Horário: terça-feira a domingo, das 7h00 às 14h00.