Montijo Hoje I N F O R M A Ç Ã O
24 AGOSTO
2018 II SÉRIE
M U N I C I P A L
Olhar o futuro
Porque a cidade é feita pelas pessoas, com as pessoas e para as pessoas quisemos destacar aqueles que encerram em si a palavra futuro: os jovens.
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AGOSTO 2018
Estrada Nacional 4
Exemplo de coesão territorial 5 Dia da Cidade
Adega de Pegões recebe Medalha de Ouro 7 Capa Luís Rouxinol Jr. Figueiras|Montijo
Entrevista
Paulo Martinho 9
Ficha Técnica
Requalificação da EB Luís de Camões 10
Periodicidade
Especial
Bimestral
Olhar o Futuro 14-26
Propriedade Câmara Municipal do Montijo Diretor Nuno Ribeiro Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo Edição Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Impressão Sogapal Comércio e Indústria de Artes Gráficas, S.A.
Dança
United Dance Crew em campeonato mundial 27
Depósito Legal 376806/14 Tiragem 12 000 ISSN 2183-2870 Distribuição Gratuita
Obras
Pavimentações em Sarilhos Grandes 30
AGOSTO 2018
e d i t o r i a l
Uma cidade para todos
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14 de agosto celebramos o dia da cidade, uma data histórica para relembrar o dia em que um movimento de cidadãos montijenses conseguiu elevar a nossa terra à categoria de cidade. É o dia de regresso aos valores permanentes desta terra ribeirinha do Tejo para, à sua luz, refletirmos sobre o nosso futuro coletivo. Ao longo dos últimos 33 anos, a cidade cresceu, modernizou-se e transformou-se profundamente para oferecer melhor qualidade de vida aos montijenses. Da prestação dos serviços primários de saúde à ampliação da cobertura dos sistemas de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais, passando pelo alargamento da escola pública, com a instalação do pré-escolar em todo o concelho até à criação de novos equipamentos e infraestruturas para incentivar o crescimento do movimento associativo local. Numa intervenção marcada pela vontade de unir todos os montijenses, fomos transformando a cidade e o concelho assente em pilares que consideramos essenciais no exercício do poder local democrático: descentralização, cooperação e proximidade. Funcionando como um município próximo das pessoas, concretizámos a descentralização de competências nas juntas e uniões de freguesias do concelho, dotandoas com os recursos financeiros, humanos e materiais necessários para poderem responder aos desafios e exigências da sociedade atual e, assim, conseguirmos aumentar os níveis de confiança dos cidadãos na democracia. Porque o Montijo não é apenas feito pela câmara, nem pelos serviços municipais, mas sim por todos os montijenses e forças vivas do concelho, no atual mandato autárquico aumentámos em cerca de 164 mil euros as transferências financeiras para as juntas de freguesia, para que possam dar cumprimento de forma mais adequada a competências como a conservação dos espaços verdes ou a realização de pequenas reparações nos estabelecimentos escolares. Aliás, de certa forma, no Montijo temos preconizado aquilo que é intenção do atual governo em matéria de descentralização e que o Presidente da República já promulgou no início deste mês de agosto. No nosso entender, trata-se de uma importante reforma do Estado à qual iremos continuar a dar o nosso contributo, nomeadamente em áreas que, já hoje, gerimos com mais proximidade dos cidadãos e, por isso, com maior eficácia. São disso exemplo, a rede pública do pré-escolar e do 1.º ciclo de ensino básico e o abastecimento de água às populações. Naturalmente que este processo de descentralização vai evoluir, seja por iniciativa do Município do Montijo, como até aqui temos demonstrado, seja por via da publicação da nova legislação que dará sequência à lei recentemente promulgada.
Acreditamos que esta política de descentralização não se esgota nos órgãos autárquicos, sendo extensível a outros atores da sociedade, numa relação de cooperação e proximidade, aberta e transparente com os cidadãos e com todas as organizações da sociedade civil. Esta relação de grande proximidade com os cidadãos e o movimento associativo tem reflexo visível no dinamismo crescente que a cidade e o concelho têm apresentado, elevando-se o nível de prestação cultural e desportiva da nossa cidade.
Ao longo dos últimos 33 anos, a cidade cresceu, modernizou-se e transformou-se profundamente
Respeitando sempre a autonomia de cada instituição, temos reforçado as parcerias com as associações através da execução de contratos programa e protocolos de colaboração, assim como de apoios financeiros diretos para a realização de obras, aquisição de materiais, deslocação de artistas e atletas, entre outros.
para oferecer melhor qualidade de
No último ano, transferimos para o movimento associativo cultural, recreativo e desportivo uma verba próxima dos 230 mil euros, à qual acresce o benefício financeiro que resulta da cedência gratuita de equipamentos e instalações municipais e que, contabilizado, é cerca de 400 mil euros.
à ampliação da cobertura dos
A transformação do Montijo tem-se feito, igualmente, no respeito pela nossa cultura, memória e tradições. Um dos aspetos profundamente enraizados na nossa população são as diversas festividades, realizadas em todas as freguesias do concelho, que se constituem como manifestações culturais de caráter popular que perpetuam as nossas tradições mais genuínas. O apoio municipal às festas populares tem, também, sido alvo de um processo gradual de crescimento e fortalecimento ao longo dos anos. Este ano, representou um investimento de 71 mil euros, em apoios financeiros diretos às diversas comissões de festas e coletividades organizadoras, acrescido do investimento direto da câmara municipal nas Festas Populares de S. Pedro e dos custos em apoios logísticos. Executamos, deste modo, uma política e uma gestão municipal de proximidade, cooperação e descentralização, no respeito pela autonomia institucional, que acreditamos ser a resposta para os desafios diários que se colocam à construção de uma cidade. O Montijo é enriquecido por todos nós – município, freguesias, movimento associativo, empresas, cidadãos. Hoje, tal como há 33 anos, todos temos a responsabilidade de continuar a transformar a nossa terra para que o Montijo possa ser uma cidade cada vez mais solidária, justa, atrativa, inclusiva e próspera.
Nuno Canta Presidente da Câmara
vida aos montijenses. Da prestação dos serviços primários de saúde sistemas de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais, passando pelo alargamento da escola pública, com a instalação do pré-escolar em todo o concelho até à criação de novos equipamentos e infraestruturas para incentivar o crescimento do movimento associativo local.
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AGOSTO 2018
EB Joaquim de Almeida
Boas práticas de reabilitação urbana
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projeto da reabilitação da Escola Básica Joaquim de Almeida, no Bairro do Mouco, no Montijo, foi apresentado na Ordem dos Arquitetos como um exemplo de boas práticas na reabilitação urbana de equipamentos escolares. A reabilitação da EB Joaquim de Almeida é
uma das candidaturas do Município do Montijo aprovadas pelo Portugal 2020. Para além da recuperação do edifício principal do estilo Plano Centenário, onde uma das principais intervenções será a substiuição da cobertura, o projeto inclui, ainda, a ampliação do refeitório cujo projeto de arquitetura
é da responsabilidade do atelier Falanstério. Com esta intervenção, a Câmara Municipal do Montijo pretende renovar as instalações escolares existentes, assim como aumentar a sua eficiência energética, oferecendo melhores condições de ensino à comunidade escolar da EB Joaquim de Almeida.
Montijo aposta na regeneração da cidade
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o âmbito da sua política de reabilitação urbana, a Câmara Municipal do Montijo promoveu, no dia 18 de julho, no auditório da Galeria Municipal, uma sessão de divulgação do IFRRU 2020 – Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas, com o objetivo de esclarecer os procedimentos administrativos sobre este instrumento, assim como detalhar a cooperação entre a câmara e os particulares/empresas que pretendem reabilitar os seus imóveis. O evento contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, do diretor de Serviços do Ordenamento do Território da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Carlos Pina, e da coordenadora da Estrutura de Gestão do IFRRU 2020, Teresa Mouro Ferreira. O presidente da câmara afirmou a importância e o interesse da reabilitação urbana para “colmatar os vazios da cidade e atrair novos habitantes para o centro”, considerado ser essencial “não desperdiçar o IFRRU 2020, um instrumento que valoriza
a política das cidades e apoia a regeneração urbana, procurando responder aos desafios da eficiência energética, da inclusão social e da valorização do património edificado”. O autarca salientou, ainda, que a estratégia municipal de reabilitação urbana “procura uma articulação entre os proprietários, através da reabilitação dos imóveis particulares, e a autarquia, por meio da requalificação do espaço público. Teresa Ferreira abordou detalhadamente o IFRRU 2020, instrumento financeiro que disponibiliza empréstimos em condições mais favoráveis
face às do mercado para a reabilitação integral de edifícios destinados à habitação, atividades económicas e equipamentos de utilização coletiva, mediante a apresentação de um único pedido de financiamento. Para além do IFRRU 2020, os proprietários de imóveis inseridos na ARU da cidade do Montijo ,que pretendam proceder à sua reabilitação integral podem, ainda, beneficiar de incentivos fiscais e financeiros, como a isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis ou a redução de taxas urbanísticas municipais.
AGOSTO 2018
AGROLEITE
Canha recebeu Jornada Internacional Procross
A Freguesia de Canha recebeu, no dia 12 de julho, a Jornada Internacional Procross, nas instalações da empresa Agroleite. Este evento, de renome internacional, contou com a participação do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, e de produtores de leite de vários países europeus. O orador principal foi Leslie B.Hansen, professor da Universidade do Minnesota que apresentou os últimos resultados do estudo dos dez anos de comparação económica das vacas puras Holstein e das Procross e, também, o estudo da eficiência alimentar de vacas Procross. A empresa Agroleite, que integra o grupo Montiqueijo, está instalada desde 1997 em Canha e dedica-se à produção de leite destinado ao fabrico de lacticínios. Nos 90 hectares da Agroleite, existem 620 vacas que produzem diariamente 21 mil litros de leite.
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Estrada Nacional 4
Exemplo de coesão territorial
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sta é uma obra muito importante que permite concretizar um dos compromissos fundamentais que assumimos com o distrito de Setúbal e com os concelhos atravessados pela Estrada Nacional 4 (EN4)”, disse o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, na cerimónia de conclusão da obra da EN4, que decorreu no dia 16 de julho, na delegação da Junta da União das Freguesias de Pegões, em Sto. Isidro de Pegões, concelho do Montijo. “Há 30 anos que a EN4 não sofria uma reabilitação estrutural deste género. Quem conhece bem a importância desta estrada, nas ligações do Alentejo à Área Metropolitana de Lisboa, compreende que reparar esta via rodoviária, repor as condições de segurança e de mobilidade para as populações e empresas é promover a coesão territorial”, afirmou Pedro Marques. Desde 2014, que Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, insistiu fortemente na necessidade da reabilitação da Estrada Nacional 4: “esta empreitada é o resultado da vontade firme do Governo de Portugal, das autarquias, mas sobretudo das populações”, “
salientou o autarca, acrescentando que a obra assegura “condições para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do interior do Montijo, dando um contributo para a modernização do concelho”. A cerimónia de conclusão da obra de reabilitação da EN4 contou, ainda, com as presenças do presidente da Junta da União das Freguesias de Pegões, António Miguens, e do presidente do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal S.A, António Laranjo. A obra, realizada num troço de 25,5 quilómetros, compreendido entre Montijo e Pegões, iniciou-se em agosto de 2017 e teve um custo total de 3,6 milhões, cerca de 1 milhão de euros abaixo do preço base do concurso, sendo executada em 332 dias. A concretização desta obra de requalificação da EN4 permite uma forte melhoria das condições de segurança e conforto dos milhares de automobilistas que, diariamente, circulam neste troço, beneficiando diretamente as acessibilidades e mobilidade das populações dos concelhos do Montijo, Alcochete e Palmela.
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EXPOSIÇÃO
Sarilhos Grandes celebrou S. Jorge A Freguesia de Sarilhos Grandes festejou S. Jorge, entre os dias 20 e 24 de julho. As tradições ligadas aos arraiais populares, aos bailes, às largadas, aos momentos religiosos voltaram a encher de pessoas e de animação as ruas de Sarilhos Grandes. A procissão em honra de S. Jorge teve lugar no dia 22 de julho e foi um dos pontos altos destas festividades que, ao longo dos anos, fruto do esforço e dedicação da comissão organizadora e de todas as entidades envolvidas, têm conseguido captar cada vez mais o público, contribuindo assim para a dinamização social e cultural da Freguesia de Sarilhos Grandes.
Quim Barreiros cativou Pegões As Festas de S. João trouxeram animação e música a Pegões, que voltou a receber centenas de visitantes para os concertos com artistas como Quim Barreiros e Rebeca. Como manda a tradição, a festividade contou, ainda, com largadas, bailes, espetáculos de dança, quermesse, tasquinhas e sardinha assada. Na sexta-feira, dia 22 de junho, os Batucando fizeram as honras da abertura oficial do recinto de tasquinhas na presença das entidades oficiais. Destaque, também, para o dia 24 de junho marcado pela procissão em honra do padroeiro S. João e de N.ª Sra. de Fátima.
Arqueologia: desenho científico e outras histórias
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té 22 de setembro, a Galeria Municipal acolhe a exposição Arqueologia: desenho científico e outras histórias de Guida Casella, artista plástica residente no Montijo há dez anos. Para além de uma pequena retrospetiva do percurso de Guida Casella, a exposição inclui ainda uma série de desenhos inéditos, de generosa dimensão, em carvão vegetal, das ruínas industriais do Montijo, que a artista realizou propositadamente para esta exposição, procurando criar laços entre o património e uma componente estética enqua-
drada no seu trabalho de desenho científico. Guida Casella nasceu em Lisboa, em 1974. Licenciada em Pintura, pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, realizou mestrado em Ilustração Arqueológica e está a fazer o doutoramento em Media Digitais. O seu trabalho gráfico é muito diverso e passa por desenho arqueológico ou etnográfico encomendado por câmaras municipais, institutos ou museus ligados ao património. Galeria Municipal|Entrada Livre Horário: 2.ª feira a sábado|9h00-12h30 e 14h00-17h30
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DIA DA CIDADE
Adega de Pegões recebe Medalha de Ouro A
14 de agosto de 1985, a vila do Montijo era elevada a cidade. Em 2018, as comemorações do 33.º aniversário deste momento histórico ficaram marcadas pela entrega da Medalha de Ouro do Concelho à Cooperativa Agrícola de Sto. Isidro de Pegões, numa cerimónia que decorreu no auditório da Galeria Municipal do Montijo, no dia 14 de agosto. Mário Figueiredo, presidente da administração da Cooperativa, recebeu a Medalha de Ouro das mãos do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, agradeceu a distinção e assinalou o percurso da empresa até aos dias de hoje. “Agradeço a todos os colegas da direção, equipa técnica e todos os trabalhadores, não esquecendo aqueles que há 30 anos comigo foram capazes de escrever nas costas de uma letra para arranjar dinheiro para pagar as uvas aos associados. Nesta altura, felizmente, a Cooperativa não necessita
disso. Com a colaboração de todos, passámos dos dois milhões de litros de produção anual, para 12 milhões. Esperamos continuar a crescer”, disse. O presidente da Câmara Municipal do Montijo evidenciou que “no dia da cidade, em que reafirmamos o compromisso de continuar o Montijo e a identidade dos montijenses, quisemos afirmar que a cidade é construída por todos. Para sublinhar o contributo de todos, associámos a estas comemorações a entrega da Medalha de Ouro à Cooperativa Agrícola de Sto. Isidro de Pegões, que é hoje um exemplo na vitivinicultura nacional e leva o nome do Montijo e de Pegões aos quatro cantos do mundo”. “Esta é também uma homenagem a todos aqueles - diretores, técnicos, enólogo, trabalhadores, associados - que, diariamente, desempenham o seu papel para o engrandecimento da Cooperativa”, acrescentou o autarca.
Nuno Canta salientou, ainda, que a dispersão territorial do concelho não impediu a existência de unidade entre os montijenses, sublinhado a importância das políticas públicas na criação de infraestruturas que potenciam a integração, a coesão territorial e a qualidade de vida dos cidadãos. A Medalha de Ouro do Concelho é a mais alta distinção que o município pode conceder. A assinalar 60 anos de atividade, a Cooperativa Agrícola de Sto. Isidro de Pegões tem um lugar de destaque no tecido empresarial local, sendo uma instituição de enorme prestígio que projeta o nome do Montijo em Portugal e no estrangeiro. Para além da entrega da Medalha de Ouro do Concelho, as comemorações do 33.º aniversário da cidade contaram, ainda, com a inauguração da exposição “Arqueologia: desenho científico e outras histórias” de Guida Casella e finalizaram com um magnífico concerto de Camané.
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FORMAÇÃO
Incorpora quer ampliar responsabilidade social no concelho
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encontro organizado no âmbito do Conselho Estratégico para o Desenvolvimento Económico Local do Concelho do Montijo, sob o tema Empregabilidade e Responsabilidade Social nas Organizações, no dia 13 de julho, no auditório da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo (AFPDM), foi o mote para a apresentação do Programa Incorpora da Fundação “la Caixa”. O evento contou com a presença e intervenção do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, da vice-presidente, Maria Clara Silva, e do Diretor do Programa Incorpora Fundação “la Caixa”, Jaume Farré. O presidente do Conselho de Administração da AFPDM, João Martins, salientou que, o Programa Incorpora, objeto de protocolo entre a associação e a Fundação “la Caixa”, marca a criação de “um centro de formação aberto” que pretende “identificar pessoas, empresas e facilitar a integração de pessoas com dificuldades num projeto de vida melhor”. O evento terminou com a visita ao Open Training Center da AFPDM.
AMBIENTE
Montijo apoia Sociedade Portuguesa de Botânica
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Câmara Municipal do Montijo decidiu associar-se ao projeto Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, através de um apoio financeiro de dois mil euros atribuído à Sociedade Portuguesa de Botânica. A Lista Vermelha da Flora Vascular pretende ser um documento de referência que vem preencher uma lacuna no conhecimento sobre o estado de conservação da flora vascular do país, permitindo
Gilbardeira, Ruscus aculeatus
definir prioridades nas políticas de gestão da conservação da biodiversidade, tanto a nível nacional como local. Com este apoio financeiro, o Município do Montijo associa-se publicamente a este projeto que incluirá um relatório técnico com dados de localização das espécies ameaçadas no concelho do Montijo e das medidas de conservação a adotar para a sua salvaguarda.
Reabilitação da ciclovia O troço de ciclovia ao longo da Av. Fialho Gouveia e da Av. de Portugal foi alvo de uma intervenção de reabilitação. O piso, que apresentava irregularidades devido às raízes das árvores, foi retificado e repintado com slurry vermelho, numa empreitada que pretende conferir melhores condições às centenas de pessoas que, diariamente, utilizam esta via pedonal e ciclável para a prática desportiva.
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Entre Nós ENTREVISTA | PAULO MARTINHO
“Metais à mistura” galardoam investigador químico
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aulo Nuno Martinho, investigador do CQB – Centro de Química e Bioquímica e do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, foi o grande vencedor do prémio Arthur E. Martell Early Career Researcher 2017, atribuído pelo Journal of Coordination Chemistry ao melhor artigo científico do ano. Foi também o primeiro português a consegui-lo. O artigo publicado, resultado de um estudo feito graças a “um esforço de equipa”, foi selecionado entre 300 candidaturas internacionais. Nascido a 3 de novembro de 1974, o cientista passou a infância e a adolescência no Montijo. Desde que colocou as mãos no kit de ciências, oferecido pela tia, na primária, que apanhou o gosto por “experimentar, descobrir e misturar materiais” e nunca mais parou. Fez o ensino secundário na Escola Secundária Jorge Peixinho, optando pela área da quimicotecnia. Quando concorreu à faculdade, sabia exatamente o que pretendia: “não tinha dúvidas. Queria fazer investigação e tirar doutoramento”. Na Faculdade de Ciências de Lisboa formou-se em Química Tecnológica. Terminada a licenciatura, como “gostava de ensinar, queria aperfeiçoarme e ganhar mais experiência na área do ensino, tirei a segunda licenciatura em ensino da física e da química”. No final de mais esta etapa, impunha-se a escolha: seguia a via do ensino ou o caminho da investigação que sempre ambicionou? Paulo encontrou-se numa encruzilhada e decidiu que queria ir alémfronteiras. Candidatou-se para dar aulas de química na Guiné a crianças carenciadas, ao mesmo tempo que submeteu a candidatura para o doutoramento. O sim chegou duas vezes. Optou pelo seu plano inicial, a investigação. Escolheu o Reino Unido como destino de eleição “estava decidido em ir para Inglaterra, mas para abranger mais hipóteses candidatei-me também para a Irlanda. Ambas foram aceites. Estudei os currículos dos orientadores, os projetos e, sob a influência do meu irmão, que já conhecia o país, acabei por ir para Dublin, e ainda bem, porque foi a melhor escolha”. Durante quatro anos desenvolveu a sua investigação com temperaturas climáticas muito instáveis, numa comunidade aconchegante: “os irlandeses são pessoas atenciosas, muito simpáticas. É a minha segunda casa. Também tive sorte com a orientadora, que me deu liberdade e, ainda, tive hipótese de viajar e conhecer outras culturas como o Japão, Nova Zelândia, Estados Unidos, Reino Unido e Suíça”. “Quando estamos expostos a esta forma de fazer ciência, não estamos fechados, vamos construindo
o nosso caminho a falar com as pessoas, de todas as nacionalidades, é uma riqueza tremenda”, revela o investigador que fez o doutoramento em química, especificamente a inorgânica, “ciência que estuda compostos com metais misturados, como são exemplo as porfirinas existentes no nosso sangue“. Seguiu-se a bolsa de pós-doutoramento na Alemanha. Desta vez “a criar dispositivos para possível aplicação, uma vez que podem funcionar como sistema binário, armazenando informação”. Também aqui, teve oportunidade de trabalhar e fomentar amizades com gentes de outras nacionalidades. Em 2012, em plena crise económica, volta a Portugal. “Foram várias vontades que se uniram, o querer ajudar o meu país, querer acompanhar o crescimento do meu sobrinho e estar perto da família” confessa. Embarca numa nova aventura, ganha mais uma bolsa de pós-doutoramento e, desta feita, para trabalhar com Maria José Calhorda, com quem já fizera a tese final de licenciatura. Integra assim, na Faculdade de Ciências, “um grupo muito interessante com uma vertente experimental e outra de cálculos teóricos que se complementam”. Inicialmente deu continuidade ao projeto dos compostos para armazenamento de informação, agora, com maior independência científica, dada a experiência que adquiriu. Com mais autonomia dentro do grupo, candidata-se a projetos de investigação: “comecei por orientar estudantes de mestrado e final da licenciatura”. Com uma das mestrandas desenvolve um projeto que ganhou o prémio de Estímulo à Investigação Científica da Fundação Calouste Gulbenkian. Nessa altura, Paulo Martinho teve, então, a oportunidade de explorar novas áreas, voltando-se para a vertente ambiental: “dediquei-me ao estudo do excesso de dióxido de carbono e como podemos convertê-lo em moléculas mais interessantes, passíveis de reciclagem. Tive a honra de conduzir a mestranda e ser seu orientador da tese de doutoramento na área da conversão de dióxido de carbono”, claro está, com metais envolvidos. Ao mesmo tempo que orientava a tese de douto-
ramento, candidatou-se e ganhou um projeto de investigação, no âmbito do magnetismo. “Estamos agora a iniciar o terceiro e último ano. O objetivo foi agrupar as propriedades magnéticas, ou seja o metal, com propriedades como a luminescência, que funciona como indicador, facilitando a sua utilização”. Surgiu, neste âmbito, a hipótese de trabalhar com ferrocenos, um projeto com o qual já tinha dado os primeiros passos no final da licenciatura e que deu origem ao artigo premiado no Journal of Coordination Chemistry. O estudo debruçou-se sobre compostos que matam células tumorais associadas ao carcinoma cervical. “É um estudo inicial de
uma família de compostos que usam ferrrocenos que revelou ter atividade para avançar de forma promissora. Importante para se tentar desenvolver compostos para, um dia, poderem ser utilizados para matar células cancerígenas”, explica. Aventureiro, interessado em abrir horizontes e com vontade de continuar na emergente descoberta de novos compostos, assim é Paulo Nuno Martinho, para quem a ciência é uma constante na sua vida, como uma música que não esquecemos, ou um local que nunca nos cansamos de contemplar. É tão forte a paixão que nem nas corridas, que com disciplina faz semanalmente, consegue parar de pensar numa ‘nova mistura’, mas, acima de tudo isso, está o prazer de trabalhar em equipa: “tudo na minha vida tem de ter metais, estão lá sempre (risos) mas, em qualquer projeto, o mais importante são as pessoas, são os seus objetivos comuns que fazem o melhor fio condutor”.
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EDUCAÇÃO
Requalificação da EB Luís de Camões
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Câmara Municipal do Montijo iniciou os trabalhos de requalificação da Escola Básica Luís de Camões, no Montijo. A obra tem um valor total de 185 490, 51 euros e está inserida no conjunto de candidaturas do município aprovadas pelo Portugal 2020, tendo por isso financiamento de 50 por cento deste programa comunitário. A escola, do tipo Plano Centenário, está a ser alvo de uma reabilitação que inclui a remodelação da cobertura, a renovação das instalações sanitárias, a requalificação do espaço exterior do recreio, a reformulação da acessibilidade ao edifício, a substituição da caixilharia e a instalação de sistemas de energia que potenciam a eficiência energética. Com esta intervenção, a autarquia dá continuidade ao seu plano de modernização dos equipamentos escolares, promovendo a otimização de recursos e oferecendo melhores condições a alunos, professores, pessoal não docente e outros intervenientes no processo educativo. A obra tem prazo de execução de 180 dias.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO PORTUGAL
Vivos a ensinar, livres a aprender
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projeto Escola 4.0 - Vivos a Ensinar, Livres a Aprender está à votação no Orçamento Participativo Portugal (OPP). Até 30 de setembro, vote em https://opp.gov.pt/ proj/300 O projeto surge de um grupo de pais do concelho do Montijo e tem como principal eixo de intervenção apoiar e potenciar as escolas públicas (concelhos do Montijo e de Palmela) para uma prática pedagógica mais inclusiva, de educação com todos e para todos, apoiado na transição subjacente às recentes alterações legislativas neste âmbito. O modelo de trabalho proposto pretende promo-
ver o acesso a um leque variado de experiências que vão ao encontro dos interesses, ritmos e características pessoais de cada aluno, num contexto escolar livre, que pelas emoções e expressividade atribui significado ao conhecimento, numa relação de partilha, confiança, reciprocidade, empatia entre as crianças e a comunidade escolar e local. Conta, também, com um segundo eixo dirigido à comunidade que consiste no desenvolvimento de ações diversas (gratuitas) no âmbito da parentalidade consciente, mindfulness, programação neurolinguística, comunicação não violenta, psicologia positiva, entre outras.
Educação para a saúde em debate no CTJA Experts nacionais na área das emoções estiveram presentes no dia 4 de julho, no Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida, numa sessão plenária dedicada ao tema Educação para a Saúde no Arco Ribeirinho. O evento, organizado pelo Cenforma - Centro de Formação de Professores de Montijo e Alcochete, contou com a participação do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, na mesa de abertura. O autarca afirmou que importa “continuar a estimular o trabalho da comunidade educativa, na educação para a saúde, mas, também, em outras áreas de interesse público”, salientando que esse objetivo só poderá ser alcançado “com a participação de todos: dos professores, dos profissionais de saúde, dos políticos, mas também dos pais e dos alunos”. Recorde-se que as jornadas tiveram início a 2 de julho com uma sessão de workshops creditados para educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário.
AGOSTO 2018
Festival Nacional de Folclore
Festas de S. Pedro repetem sucesso
O Rancho Folclórico e Etnográfico Os Águias do Alto Estanqueiro promoveu mais uma edição do seu Festival Nacional de Folclore, no passado dia 28 de julho, na sede da coletividade. Para além do rancho anfitrião, esta trigésima edição contou com a participação do Rancho Folclórico de Salvador do Monte, de Amarante, do Grupo Etnográfico das Terras da Tábua, de Tábua e do Rancho Folclórico Serra do Ceira, de Góis. A vereadora da Câmara Municipal do Montijo com o pelouro da Cultura, Sara Ferreira, marcou presença neste XXX Festival Nacional de Folclore.
edição de 2018 das Festas Populares de S. Pedro trouxe milhares de pessoas às ruas do Montijo, naquele que é o maior evento cultural do concelho e que têm sido um importante elemento de reforço das tradições locais. As festas saíram à rua de 27 de junho a 2 de julho e consigo trouxeram as procissões em honra do santo padroeiro dos pescadores, as largadas, os espetáculos, os bailes, os arraiais populares, o Bibe Elétrico, o fogo de artifício e, sobretudo, as pessoas: os montijenses e os visitantes. Uns vieram dar mais notoriedade às festas, como Paulo Gonzo e o grupo The Black Mamba, outros marcaram presença pela primeira
Pegões recebe Artur Bual Na sede da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Pegões está patente a exposição Artur Bual: o seu legado artístico no concelho do Montijo, no cumprimento da política de descentralização cultural do Município do Montijo. A mostra dá a conhecer o trabalho deste artista de referência nacional que deixou, na Freguesia de Pegões, um importante conjunto de obras públicas, nos domínios da pintura e da escultura, como são exemplos a peça Homenagem à Agricultura ou as pinturas existentes nas igrejas das Faias e de Pegões. Artur Bual, um dos grandes artistas plásticos portugueses da contemporaneidade, teve uma carreira muito marcada pelo expressionismo. O Montijo entrou na sua vida na década de 50 do século passado, quando foi contratado para trabalhar pela Junta de Colonização Interna, exercendo funções de desenhador e envolvendo-se em diversos projetos técnicos e artísticos no Colonato de Pegões.
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vez, como foi o caso da Banda da Sociedade Recreativa Nossa Senhora das Vitórias da Ilha de São Miguel, dos Açores, que participou na procissão noturna de S. Pedro. Existem, também, aqueles que nunca podem faltar, como acontece com o Bibe Elétrico, que voltou a contar com centenas de participantes, e há, ainda, as centenas de pessoas que, de um modo ao de outro, estão a organizar e a participar ativamente nas festas e que lhe dão o caráter mais genuíno possível. Foram todos estes rostos que estiveram no Montijo a festejar e a viver as Festas Populares de S. Pedro.
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Estórias com História
A senhora da Atalaya Publicada na edição de 5 de setembro de 1897 do periódico Branco e Negro: Semanário Ilustrado* e assinada por Arnaldo Fonseca, a reportagem reflete o ideário republicano do autor, de pendor anti religioso, sendo, no entanto, e fundamentalmente, um testemunho pitoresco da tradicional Festa de Nossa Senhora da Atalaia.
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Festa Grande! E’ assim que dos logarejos que domina e espreita n’um raio de muitas léguas o alto da Atalaya, se acclama mezes antes, a festa a vir. Caiam-se os casinholos, remendam-se trapitos, preparam-se roupas novas… p’r’á festa grande… E a festa grande chega, e lá vão em romaria, nos cyrios, com muita fé e com muita esperança as cachopas nas suas chitas tezas, queimar as azas fulvas na fogueira do arraial… e queimal-as com muita caridade. As velhinhas, essas já não teem azas, nem azas nem alento, mas noite fóra, com o seu dedito engelhado e curvo, vão apontando ao longe, muito ao longe, a fogueira do arraial a arder, a arder, e a queimar as azas fulvas das cachopas… Festa grande! Imbecilmente grande na crassa fé dos simples, animalmente grande na sua tonteria. Fé, vinho e amor!… A fé verificada n’uma qualquer promessa… por ter a Senhora da Atalaya patrocinado milagrosamente o trabalho parto d’uma vacca. Vinho… vejam vocês a fama do Samouco! E amor… succede que sendo em agosto a festa grande… é em maio o mais tardar que os recenseamentos accusam um tributo enorme! * A chegada dos cyrios, sabbado, a Aldegallega é o começo da festa. E com mais quatro kilometros de má estrada a percorrer, ei-los depois um a um trepando á ermidinha d’ Atalaya. Os de Lisboa com os seus anjinhos brancos; os seus irmãos de melena engraxada, o chapeu desabado, a capa azul e branca; as suas ovarinas de saias rodadas, o pé descalço ou metido na tamanquinha aguda e como aves saltitando sempre, que nunca ninguem as viu andar… humanamente! Os de Palmella em carretas, a Senhora n’uma berlinda sob um baldaquino de damasco e a carreta puxada por um burro orgulhosamente ajaesado com uma colcha de crochet, d’essas da cama. E outros e outros, com o seu pendão alçado, a imagemsinha n’um andor, tremelicando, anjos da côr de chocolate em cabeleiras encanudadas e lustrosas, uma fantasia de musica atraz, e a cauda dos romeiros… mafaricos alegres piruetando em cima de cavallos… e bebendo… e bebendo… A’ noite, a feira, o arraial,. Fantástico d’aspecto, visto estender-se a festa pelo declive d’ Atalaya, e emergir da noite escura esse monticulo, a chammejar por mil buracos a sua luz e a sua febre. Canta-se, dança-se. Já os cyrios s’installaram nas suas casas, illuminaram-lhes as fachadas, dão
bailes. Uma chusma, duas, vinte, como filas de doidos que fossem n’um começo d’emigração, gritam n’um côro dissonante um canto popular: Vá di banda di banda di banda Vá di banda dia banda… olé Cá vae o Carlos maluco Que parece um chimpazé… E’ um preto quem sutaca o verso, n’um passo triumphal, o olhar faiscando-lhe nas trevas da cara, um dos braços gesticulando na angustia d’uma correria selvagem… Pobre Carlos maluco!... Tinha dezoito tostões entre a palma d’um pé e a sola da boa, e era desertor… Alguem o conheceu, arrancou-o cruelmente á vida, estatalou-o nas palhas d’uma masmorra e lá esteve o vadio alegre, entre quatro paredes esburacadas, o resto da festa, a ouvir rugir a turba, o rebentar dos foguetes, o ressoar das musicas. Cá vae o Carlos maluco… * E antes que o dia nasça, os caramellos, elles de jaqueta voltada, ellas de toalhas bordadas na cabeça, vão na sua velha romaria á fonte santa, á fonte milagrosa,
mesma embriaguez. Vinhas, pinhaes, o encaliçado de Lisboa, a barra nevoenta, Palmella e o seu castello com os recortes nitidos das muralhas velhas. O disco do sol sobe, sobe sempre, agora rubro, depois côr d’ouro. Ha nevoa entre as verduras, separando planos, esfumando-se, dissolvendo-se até que o sol já alto é uma poeira branca. Então a faina dos cyrios, a volta dos caramellos ao cruzeiro, a cavallo, sem chapeu, o pendão erguido, e as mulheres na garupa com o seu sceptro dourado. E é assim uma fila de cincoenta, n’um galopar de victoria, ellas com o seu perfil bonito, elles rudes, fortes, negros, brutos. E cada grupo lembra um rapto e um triumpho, e parece que assim caminham, na gloria d’um abraço, a offerecer á Senhora d’ Atalaya um sacrificio pagão d’amor. Sinos repicam, um bombo ou um tambor compassam a gemedora d’uma gaita de folles – como um pulmão doente que esmurrassem – e os foguetes estalam constantemente, estridulantemente. No ermidinha beija-se, no seu throno, o mando da Senhora, uma Senhora anã e sorridente, espreitando atravez d’um vidro as outras Senhoras em baixo, que lá vão anualmente visital-a e se alinham p’ra semelhante preito aos lados da capella. Ha promessa: - uma moça, chorosa, pendura duas tranças no manto da Senhora:
Vista geral da Atalaya [uma das várias fotografias publicadas na reportagem]
molhar a cara, molhar as mãos, chafurdar, rir. Proximo á fonte filas d’alguidares esperam freguezes, e o pregão repete-se: «A dez réis… ó gentes… quem mais se lava?» E já uma franja de prata borda em baixo, ao longe, rez dos montes, a cupula do ceu, e ainda a sarabanda é a mesma. Ninguem accorda porque ninguem dormiu. Apenas aspectos novos vem enquadrar a
-- O’ minha Mãe Santissima, acceitae estas tranças… E soluça, e soluça… Mais tarde a procissão, quando o sol começa a descer, é maior a sombra dos pinhaes e grupos comem, espojados na caruma dos pinheiros. E de novo a noite cae, e a orgia é a mesma.
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PATRIMÓNIO
E então, do cruzeiro á ermida, a todo o declive do alto, começam as promessas cheias d’uncção – gente de joelhos, segurando cyrios accesos, ou de galão, por entre a turba em festa, por entre danças, por entre berros, por entre o fremito da feira, com todos os seus contactos, arrasta-se com todos os seus desejos, lixando os joelhos na areia da subida, soffrendo, alheia á sensualidade em que se atasca. E a turba bebeda affasta-se… Comprehende-se o respeito. Fé… Vinho e Amor… Ninguem alli insulta a ingenua fé d’um simples. O bêbedo que grunhe e empurra, é venerado, como um santo doido. E se acaso se topa n’um pinhal sem lua, um par cheio d’amor, não ha quem lhe mate o cio com uma blasphemia…. * Porque depois, passada a festa grande, a Fé vaese no primeiro peccado ou na primeira morte; o Vinho é como um sonho… já sonhado; e o Amor tambem se dilue, como o vinho e como a fé… O’ Mãe Santissima da moça das tranças negras! *In Hemeroteca Digital de Lisboa
Arnaldo Fonseca
(1868-1936?)
Foi fotógrafo profissional, em Lisboa, ao longo das décadas de 1890 e 1900, sendo também autor de diversos textos jornalísticos, quer no semanário Branco e Negro, quer no Boletim Photographico, do qual foi um dos fundadores e diretor. Terá iniciado a atividade fotográfica em contexto militar, como comprova a capa de uma obra de sua autoria, o Manual-Guia do Photographo Amador. Foi também professor de fotografia, investigador de processos fotoquímicos, pioneiro da fotografia aérea em balão (1896), fundador e dirigente da Sociedade Portuguesa de Photographia. Republicano, abandona a fotografia quando ingressa na carreira diplomática em 1911, com colocações sucessivas como cônsul em Manaus, Vigo, Verin, Cantão, Baía, Porto Alegre, Marselha e Lyon. Foi distinguido com a Comenda da Ordem de Cristo, com a distinção de Cavaleiro da Ordem de Santiago e da Legião de Honra, e com um louvor, em 1912, pelos relevantes serviços prestados na fronteira durante as incursões monárquicas. Ilustração: carvão de Carlos Reis In http://manuel-bernardinomachado.blogspot.com
Cristo do Senhor dos Aflitos
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União Europeia definiu 2018 como Ano Europeu do Património Cultural, numa comemoração da diversidade e riqueza do património, tanto ao nível europeu como nacional, regional e local. O património cultural, seja ele material, imaterial, natural ou até digital, rodeia-nos, assume diversas formas e constitui uma herança que é passada de geração em geração, perpetuando o sentimento identitário de pertença a um determinado território. É, naturalmente, na esfera local que o Município do Montijo foca a sua atenção, pelo que a comemoração do Ano Europeu do Património Cultural é o pretexto ideal para incentivar mais pessoas a descobrir, a explorar e a preservar o nosso património. Ao falarmos em património cultural material, há uma peça no espólio municipal que, pela sua raridade e valor, merece destaque: o Cristo do Senhor dos Aflitos. A imagem representa um Cristo Crucificado, agonizante, em marfim, sobre cruz em madeira exótica, revelando aspetos próprios das peças indoportuguesas do século XVII e XVIII. Para lá da antiguidade, o Cristo do Senhor dos Aflitos apresenta características singulares. Desde logo a sua dimensão: a imagem tem 1,17 metros de altura, assente sobre cruz em madeira exótica com 1,63 metros de altura, e, no total, pesa 17,7 quilos. Às dimensões invulgares junta-se a qualidade de execução. O corpo da imagem (cabeça, tronco e pernas) foi esculpida a partir da zona compacta de uma grande presa de marfim, calculando-se que esta tivesse um tamanho de cerca de 3,5 metros de comprimento, por 25 a 30 centímetros de diâmetro, com o peso aproxi-
mado de sessenta quilos. Ao corpo da imagem estão assemblados outros elementos de marfim, nomeadamente, os braços e as extremidades do panejamento do cendal. No ano passado, a peça foi alvo de nova intervenção de restauro pelo Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), por ocasião da cedência temporária da imagem para a exposição A Cidade Global – Lisboa no Renascimento. Após análise, os técnicos do MNAA centraram a sua intervenção na estabilização do marfim, com remoção das camadas de proteção da superfície anteriormente aplicadas; na extração possível da sujidade em zonas intersticiais; e na reassemblagem de elementos soltos e na fixação da escultura de marfim à cruz de madeira. Devido à sua preciosidade, a imagem encontra-se guardada em local seguro, apesar de originalmente pertencer ao conjunto edificado da Quinta do Saldanha, em particular à Ermida do Senhor dos Aflitos, que, em junho último, foi também alvo de intervenção: técnicos de uma empresa especialista em restauro e conservação procederam ao tratamento da tela interior do nicho do altar-mor e à desinfestação dos elementos em madeira e talha. No local, a autarquia procedeu à colocação de uma imagem do Cristo Crucificado do Senhor dos Aflitos, feita à semelhança da imagem original, que foi benzida no passado dia 23 de junho, possibilitando assim a devida salvaguarda da peça original e, simultaneamente, a abertura regular ao público da Ermida. O espaço é visitável todas as quartas-feiras, das 9h00 às 11h00.
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Olhar o futuro P
orque a cidade é feita pelas pessoas, com as pessoas e para as pessoas, neste Especial que assinala o aniversário da cidade quisemos destacar aqueles que encerram em si a palavra futuro: os jovens. Os nossos protagonistas são Diana Gago, Andreia Serrão, Bruno Martins, Ruben Guerreiro, Luís Rouxinol Jr, Tiago Correia, Rafaela Pereira, o par Matilde Paixão e Guilherme Roboredo, Miguel Cáceres, Tiago Costa, Tiago Oliveira, Miguel Azinheira, Pedro Neto e Miguel Martins.
O percurso e os resultados extraordinários destes jovens – são estes, poderiam certamente ser outros – exemplificam as potencialidades da nossa juventude e, em muitos casos, do movimento associativo local. Do ciclismo à dança, da tauromaquia ao xadrez, passando pelo judo, ginástica, ténis, basquetebol, música ou pelo mundo dos negócios são jovens valores do Montijo que têm em comum o talento, a dedicação e o sucesso. Nas próximas páginas espreite o presente, para poder Olhar o Futuro!
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GUILHERME E MATILDE
Conquistar o mundo a dançar Têm como cartão de visita ser o único par português que detém um título mundial em danças de salão. Guilherme Roboredo e Matilde Paixão, da Escola Dance2You da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, são o paradigma de muito talento, dedicação e trabalho. Desde os quatro anos que dançam juntos e começaram a competir em 2011. Agora, com 14 anos de idade, a cumplicidade entre ambos é cada vez mais evidente, assim como a enorme evolução enquanto dançarinos. Com apenas oito anos, em 2012, foram Campeões do Mundo, no escalão menos dez anos em Latinas, na competição WDC Disney. De lá para cá, todos os anos, os troféus em competições nacionais e internacionais são uma constante,
numa afirmação clara da projeção deste par no mundo das danças de salão. Este ano, já alcançaram o primeiro lugar na Gala Val de Loire e no XIX Festival do Alentejo, neste último nas categorias de Junior Champs Latina e Junior Novice A Modernas, resultados que só são possíveis com muita dedicação e trabalho. Treinam duas horas, três vezes por semana e, ainda, têm aulas particulares com a professora Angelique Pires. No futuro mais imediato destes campeões está a presença no Adriatic Pearl 2018, em setembro na Cróacia, no WDC Al Dutch Open Championship, no mês de novembro na Holanda, e no WDC AL World Open Championship, a decorrer em dezembro, em Paris.
BRUNO MARTINS
Peça a peça até Mestre FIDE Em cinco anos, Bruno Martins fez um percurso relâmpago e notável num desporto que prima pela estratégia e capacidade de raciocínio. Até aos 10 anos, nunca tinha sequer olhado para um tabuleiro de xadrez. Dois anos depois tornava-se Campeão Nacional de Lentas de Sub-12, no ano seguinte Campeão Nacional de Semirrápidas de Sub-14. Agora, com 15 anos, é o atual detentor do título nacional em lentas no escalão de Sub-16. A próxima etapa é o Campeonato Europeu de Jovens, na Letónia, de 19 a 30 de agosto. À partida (n.r. entrevista realizada a 8 de agosto), as expetativas eram modestas e realistas: “espero fazer o melhor possível, mas vai ser muito difícil. Os jogadores de outros países têm outro desenvolvimento no xadrez”, explica, dando o exemplo da Rússia: “as crianças aprendem xadrez desde que entram para a escola. É obrigatório e eles ajudam os jogadores que têm potencial com bolsas de estudo”. “Começo o europeu no lugar 50 do Ranking ELO e um bom resultado será não perder pontos e manter essa posição”, acrescenta. Este ranking é a classificação oficial adotada pela Federação Internacional de Xadrez (FIDE), que permite categorizar estatisticamente os jogadores. E nesta classificação, Bruno Martins superou os 2200 pontos, o que lhe dá acesso a cumprir um dos seus objetivos: “se conseguir manter esta pontuação durante seis meses torno-me Mestre Nacional. Depois quero ganhar novamente o campeonato nacional do meu escalão e gostava de ser Mestre FIDE”. Para além do enorme gosto em jogar xadrez, os treinos, pelo menos uma vez por semana com um Mestre Internacional, e a persistência e dedicação, que revela nas horas que passa a ver vídeos ou em programas de computador que permitem analisar as melhores jogadas e jogadores, são os ingredientes para alcançar estes objetivos. Este campeão incentiva outros jovens a praticar a modalidade no Ateneu Popular do Montijo porque o xadrez “ajuda ao nosso crescimento pessoal, a desenvolver o raciocínio, o cálculo e a saber ganhar e perder”.
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CLUBE DE TÉNIS DO MONTIJO
Campeões nos courts da região Não jogam com o objetivo de atingir o primeiro lugar no ranking nacional, nem para se tornarem no próximo Rafael Nadal do circuito mundial de ténis. Jogam tão simplesmente pelo prazer de praticar desporto e foi com mérito e dedicação que Pedro Neto, Tiago Oliveira, Tiago Costa, Miguel Azinheira e Miguel Martins (n.r. ausente aquando da entrevista), do Clube de Ténis do Montijo, se sagraram Campeões Regionais de Sub-18. O resultado no campeonato regional foi inesperado, como os próprios confessam: “a nossa ambição era o segundo lugar. Nunca pensámos ganhar”, afirma Miguel Azinheira, o tenista decisivo para a vitória. “O antepenúltimo jogo com o atleta do Clube de Ténis de Setúbal, equipa que já era campeã há cinco ou seis anos, foi complicado. O Miguel conseguiu a vitória, num jogo onde pensávamos não ter hipótese”, esclarece Tiago Oliveira. Desde muito cedo que o ténis faz parte da vida destes jovens montijenses. Miguel Azinheira começou a jogar aos seis anos. Tiago Oliveira tinha a mesma idade quando pegou na raquete
pela primeira vez e já foi, em várias ocasiões, campeão regional em pares e a título individual, em diversos escalões. Pedro Neto começou a jogar há sete anos, tendo já sido também campeão regional em pares. Tiago Costa é o benjamim da equipa. Começou a jogar há apenas um ano e meio e fez a sua estreia em torneios oficiais neste campeonato regional. Sob orientação técnica de Bruno Pepe, treinam em média duas vezes por semana, conforme a época do ano: “no inverno por causa das condições atmosféricas e da escola treinamos menos. Reforçamos os treinos quando chegam as competições importantes”, explica Tiago Oliveira. O futuro no ténis passa pela “revalidação deste título de campeão regional, já não com esta formação porque o Pedro vai atingir o limite de idade. Sabemos que será difícil, mas vamos tentar”, acrescenta. O título de campeões regionais deixou orgulhoso o Montijo e, naturalmente, a direção do Clube de Ténis do Montijo: “sendo a equipa de Setúbal a favorita, eles portaram-se muito bem. O Miguel Azinheira, que é muito raro partici-
par em torneios, fez um brilharete num dos jogos ao ganhar ao jogador com mais experiência competitiva. Para além deles, tivemos mais três equipas no campeonato regional e foi uma boa experiência para todos”, afirma Raul Oliveira, vice-presidente do clube. Atualmente, a escola de ténis tem cerca de 50 atletas, de diversas idades, notando-se uma trajetória de crescimento: “tem havido um trabalho de equipa entre esta direção, que tomou posse em maio de 2017, e o treinador. Nota-se que a escola está a crescer e estamos a pensar em colocar mais um treinador”. Este crescimento leva, igualmente, à necessária melhoria das condições físicas do clube. “Com o apoio do Instituto Português do Desporto e da Juventude e da Câmara Municipal do Montijo vamos colocar novos pisos nos campos e fazer alterações na instalação elétrica. Estamos empenhados, dentro dos poucos recursos que temos, em dar melhores condições aos nossos atletas e, naturalmente, a todos os munícipes que queiram praticar ténis no Montijo”, conclui.
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RAFAELA PEREIRA
De uma brincadeira ao Campeonato do Mundo Joga a extremo ou a base, o que revela agilidade, rapidez e, simultaneamente, organização e planeamento. Rafaela Pereira é atleta da equipa de sub-16 de basquetebol da Casa do Benfica do Montijo e, aos 15 anos, já marcou presença nos campos de basquete internacionais ao serviço da seleção angolana, no Campeonato do Mundo de Sub-17 em Basquetebol Feminino. A estreia internacional ainda está fresca, terminou no passado dia 29 de julho, na Bielorrússia e surgiu até de forma inesperada: “a seleção de Angola já tinha tentado a minha participação na competição Afro Basket, o que não se concretizou. Um certo dia estava a treinar e ligaram ao meu pai a perguntar se podia viajar no dia seguinte e, assim, fui a caminho da Bielorrúsia. Estava um pouco receosa, mas fui muito bem-recebida no grupo. A competição correu dentro do que nos era possível, tendo em conta que as outras seleções eram muito fortes. Foi uma boa experiência”, afirma. O basquete começou como “uma brincadeira. Há seis anos, deixei os trampolins e como não consigo estar parada, decidi experimentar o basquete e gostei”. Hoje, Rafaela assume claramente os seus objetivos futuros na modalidade: “quero continuar os estudos, mas continuar a fazer basquete, apesar de ser difícil conciliar e saber que não é uma modalidade que dê para jogar a vida toda”. Na equipa da Casa do Benfica do Montijo, a atleta encontrou as condições técnicas e de grupo para “evoluir como jogadora”, afirma, acrescentando que em campo é “competitiva, mas essencialmente gosto de me divertir, de fazer fintas e abafos”. O projeto da equipa de basquetebol da Casa do Benfica do Montijo existe há quatro anos e tem registado uma evolução crescente, fruto do trabalho e dedicação das atletas e da equipa técnica, orientada por Margarida Vital. Na época que terminou, conseguiram colocar duas equipas (sub-16 e sub-19) nas Taças Nacionais Femininas. A equipa de sub-16 esteve a um passo da Final Four Nacional, tendo perdido o jogo decisivo por um ponto. A próxima época será já no escalão de sub-19 e, apesar de perspetivar “algumas dificuldades pois vamos jogar, muitas vezes, com atletas três anos mais velhas que nós”, Rafaela Pereira acredita que conseguirão bons resultados, até porque “somos uma equipa muito coesa e equilibrada”.
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Rúben Guerreiro
Na elite do ciclismo internacional E
se lhe dissermos que um dos maiores talentos do ciclismo nacional é do Montijo? Apesar do próprio rejeitar este título, a verdade é que Rúben Guerreiro é apontado na modalidade como o mais promissor jovem ciclista português. Das estradas nacionais passou rapidamente para os grandes palcos do ciclismo internacional quando ingressou na equipa Trek Segafredo, nada mais nada menos, que a última equipa de Alberto Contador! Aos seis anos começou em provas de BTT, até que aos 17 conseguiu convencer o pai que a ideia era mesmo o ciclismo de estrada. Fez o percurso no escalão de júnior em equipas nacionais e seguiu-se a transferência para a Axeon, uma equipa americana de novos talentos, onde se manteve até atingir a idade limite em sub-23. Depois, naturalmente, a entrada no escalão de elite do ciclismo internacional através da Trek Segafredo. Agora, com 24 anos, tem um palmarés digno de registo: foi camisola amarela da Volta a Portugal do Futuro em 2014, Campeão Nacional de Fundo de Sub-23 em 2016, título que volta a conquistar no ano seguinte, mas já no mais alto escalão do ciclismo nacional. Este ano já participou em “44 corridas, consegui ficar dez vezes nos dez primeiros e por três vezes nos lugares do pódio. Todos os anos tenho conseguido uma vitória e espero, também este ano, conseguir até outubro, quando finaliza a época”, afirma o jovem ciclista de Sto. Isidro de Pegões. Ainda mais impressionante que o currículo é a intensidade do treino quando se está no pelotão internacional: “quando estou em casa, treino na Arrábida. Se estou um mês inteiro em casa ou se tenho alguma corrida mais importante, vou à Serra da Estrela ou à Serra Nevada para me preparar melhor. Faço entre
20 a 30 horas semanais de treino, duas a seis horas por dia, num percurso de 150 a 250 quilómetros. Só repouso um dia e há semanas que treino todos os dias”. Confessa-se um ciclista de montanha ou média montanha, combativo e tem no contrarrelógio o seu ponto fraco. Este ano, em terras lusas teve uma participação marcante e de alto nível na Volta ao Algarve, em fevereiro. Acabou a quinta etapa, na subida ao Alto do Malhão, em segundo lugar: “tive fugido desde o início com mais 30 ciclistas. Vestia a camisola de campeão nacional, tinha os amigos e familiares lá e no final só fui batido por Michal Kwiatkowski, antigo campeão do mundo e um dos melhores da atualidade”, explica. Num meio cada vez mais difícil e competitivo, onde todos querem ganhar, Rúben admite que o objetivo é continuar na Trek Segafredo ou noutra equipa internacional do circuito UCI World Tour e procurar “fazer bons resultados nas maiores corridas, com muito trabalho, ambição e corrida a corrida”. Com a camisola da Trek Segrafredo é quase garantida a sua presença numa das grandes voltas mundiais: de 25 de agosto a 16 de setembro, Rúben Guerreiro estará nas estradas de nuestros hermanos para a edição de 2018 da Vuelta: “espero que a equipa me confirme na prova. Vão ser 21 etapas, com dois dias de descanso, vai ser muito duro. Se tiver oportunidade de fazer um bom resultado não irei desperdiçar, mas será, sobretudo, um momento de aprendizagem porque, ao fim e ao cabo, espero que o meu futuro seja nestas grandes voltas”. Seja nas estradas nacionais, no Tour de France, no Giro, na Vuelta ou em qualquer outra corrida de ciclismo, certamente que Rúben Guerreiro vai continuar a dar cartas no pelotão internacional e a ser um motivo de orgulho para o Montijo.
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Andreia Serrão
Caminho suave até ao topo
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nicialmente a resposta de “querer ser igual ou melhor que a Telma Monteiro” parece uma surpresa e, até, um atrevimento. Contudo, não é! Nas próximas linhas conheça os motivos por que Andreia Serrão, 17 anos, é uma das mais promissoras atletas do Montijo e do país. O seu quotidiano é feito entre a escola e o Clube de Judo do Montijo, onde treina “seis vezes por semana, quando há provas mais importantes os treinos são bi-diários. Habitualmente, aos sábados vou aos treinos associativos e muitas vezes vou, também, à federação treinar com atletas mais fortes, o que é muito importante para melhorar o trabalho”, explica. Este ano conseguiu o estatuto de alto rendimento, mas o objetivo é “ganhar o estatuto de alta competição e, para isso, preciso de vencer competições europeias e para o ano será, ainda, mais difícil porque vou para o escalão de juniores”. Atualmente, compete na categoria de -70 quilos, no escalão de cadetes, mas começou a praticar a modalidade aos 11 anos e arrastou toda a famí-
lia: a irmã, o pai e a mãe, que até já tinha sido campeã nacional de judo. Com dedicação, espírito de sacrífico, muito trabalho e mentalidade de vencedora, os resultados foram surgindo naturalmente. No segundo ano de juvenil ficou em segundo lugar no campeonato nacional, no primeiro ano de cadete conseguiu o terceiro lugar. Este ano “foi muito bom. Fiquei no primeiro lugar do zonal em cadetes e juniores e fui Campeã Nacional de Cadetes nos -70 quilos, tendo ficado em terceiro lugar na mesma categoria em juniores”. A estreia em provas europeias de maior dimensão aconteceu nas Taças da Europa de Cadetes, e este ano, em Coimbra, conseguiu um sétimo lugar e, consequentemente, o apuramento para o Campeonato Europeu, que decorreu de 26 de junho a 2 de julho, na Bósnia. Aí representou Portugal pela primeira vez numa grande competição, conseguindo um nono lugar na sua categoria. Neste percurso no judo, Andreia conta com o apoio das suas duas famílias: a de sangue e a do
Clube de Judo do Montijo, que neste momento tem 200 atletas federados, nos diversos escalões. “Como os meus pais também fazem judo compreendem melhor o que faço, que não posso faltar a treinos porque há um compromisso familiar, por exemplo”, afirma, acrescentando que “o Clube de Judo do Montijo é a outra família. Tenho lá os meus amigos. Estou lá praticamente todos os dias para melhorar o meu trabalho, mas sobretudo para conseguir ajudar os outros judocas. Os meus resultados são, também, deles”. Mais que uma arte marcial, o judo, que na tradução para português significa caminho suave, é uma escola para a vida: “o judo faz-nos crescer. Ensina-nos valores como a amizade; a disciplina, que nos ajuda no futuro pessoal e profissional; e o respeito pelo próximo, mesmo que seja o adversário”, conclui. E o futuro desportivo de Andreia Serrão promete ser um caminho, umas vezes mais suave que outras, até ao topo dos pódios nacionais e internacionais do judo.
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TIAGO CORREIA
Com o Montijo na voz “Para mim o fado é vida e a minha vida tem sido sempre aqui e, por isso, sinto o Montijo em cada fado que canto, como sinto tudo o que vivenciei. Acredito que levo o Montijo nos fados que canto”. A frase surge com a mesma naturalidade e serenidade com que fala da paixão pelo fado ou da sua maior referência de vida: o avô. Aos 21 anos, Tiago Correia é um jovem que vive o presente, sem olhar muito para o futuro e, atrevemo-nos a dizer, com a típica saudade do passado tão característica no fado. O fado entrou na sua vida aos 12 anos quando “o avô me pediu para ouvir o Fernando Farinha. A minha paixão começou aí, porque me identifiquei com a musicalidade e a força da língua portuguesa que são transmitidas pelos fadistas mais antigos, como Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Amália, Fernanda Maria ou Maria Teresa de Noronha”. Com muita aprendizagem, trabalho e dedicação, foi fazendo o seu percurso neste meio artístico: participou nos programas televisivos Uma Canção para Ti e Nasci para o Fado. Apenas com 13 anos, pisou o palco do Casino de Estoril, no musical Fado-História de uma Vida, de Filipe La Féria. Em 2014, marcou presença na segunda edição do Caixa Alfama. No Montijo, participou em duas grandes noites do fado no Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida, uma das quais ao lado de Celeste Rodrigues. “Em 2016, surgiu a oportunidade de trabalhar numa casa de fados em Lisboa. Estou no restaurante O Forcado, no Bairro Alto, às sextas, sábados, domingos e segundas-feiras. É uma experiência que me está a ensinar muito, até a lidar com o público”, afirma. O seu disco de estreia está em preparação para sair à rua em 2019. Simples Lamento, o primeiro single, é um tema de homenagem ao seu avô: “tudo o que tenho na vida devo aos meus avós. O meu avô deu-me a herança musical. Passei muitas tardes, depois da escola, a ouvir fado com ele. Havia um grande amor e amizade entre nós e, após a sua partida, há cerca de um ano, achei que devia homenageá-lo de alguma forma. Este Simples Lamento é um tema muito verdadeiro, é um agradecimento”. Fadista de cunho mais tradicional, diz “preferir abdicar de uma nota bem dada, para vincar a palavra porque o fado vive da mensagem que transmite. Canto sempre com o coração”. É com alma de fadista, de uma forma espontânea e humilde, que termina a entrevista a dizer que apenas sonha “ser sempre feliz no que faço. Não gosto muito de olhar para o futuro, porque acho que esquecemos o presente e o presente é o que nos traz as memórias do passado”.
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Diana Gago
Vencer com trabalho e audácia Quando o talento se alia à dedicação e ao trabalho, o resultado só pode ser a vitória. Se adicionar um pouco de audácia e irreverência, tão próprias da juventude, ficam reunidas as condições ideais para triunfar. Diana Gago, atleta medalhada, é exemplo disto mesmo: aos 16 anos, compete no escalão de elite da modalidade de trampolins e prepara-se para o desafio de representar Portugal no Campeonato do Mundo por idades, que vai decorrer na Rússia, em novembro. “O meu principal objetivo é chegar as finais no próximo mundial”, afirma com convicção. O treinador do Ginásio Clube do Montijo, David Pombo, confirma que esta meta “é bastante realista. A Diana tem ganho diversos títulos a nível regional e nacional, até mesmo em competições internacionais realizadas em Portugal. Agora queremos dar o salto para os campeonatos lá fora. Os resultados dela leva-nos a acreditar que é possível chegar à final”. É com muito trabalho, treinos diários de trampolins e de tumbling, que Diana tem conseguido resultados extraordinários. Marcou presença no Campeonato da Europa onde integrou a equipa júnior nacional de duplo minitrampolim que obteve a medalha de prata, apesar de uma lesão a ter impedido de participar plenamente nas provas. A vitória mais recente foi no Torneio Internacional de Trampolins ScalabisCup 2018, em Santarém, onde subiu ao primeiro lugar do pódio em duplo minitrampolins, na categoria de sub-17. A participação da atleta montijense no próximo campeonato do mundo será no duplo minitrampolim (escalão de sub-16). Este aparelho é a especialidade de Diana, mas “ela tem a particularidade de fazer todos os aparelhos. Existem poucos atletas a fazê-lo. Graças ao seu esforço, a Diana conquistou um lugar de destaque nos trampolins. A nível nacional é bastante conhecida na modalidade”, salienta o treinador. A dedicação é um dos fatores para o sucesso, ao qual se junta “o lado aventureiro dela. Quando era nova não ganhava muitas competições. Foi crescendo, evoluindo cada vez mais. Não tem medos e isso é importante na ginástica de trampolins porque é um desporto com alguns riscos”, acrescenta. Diana confirma esta ideia: “as minhas amigas andavam nos trampolins e decidi experimentar. Comecei aos nove anos. No início, quando os saltos eram mais simples não evolui muito. A certa altura comecei a perceber que tinha mais jeito para os saltos mais difíceis e são esses que gosto de fazer”. Tal como muitas outras crianças do Montijo, a atleta escolheu o Ginásio Clube do Montijo para a prática desportiva. Neste momento, o clube tem cerca de 100 ginastas na modalidade de trampolins, em diversos escalões. David Pombo treina os escalões de competição e de representação. No horizonte mais curto de Diana Gago está a final do campeonato do mundo, “mas se ela continuar a trabalhar como até agora nada é impossível”, salienta o treinador David Pombo, com Diana a garantir que quer continuar a praticar a modalidade, onde, certamente, irá continuar este caminho de sucesso.
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Luís Rouxinol Jr.
O futuro da dinastia Rouxinol
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uas paixões: cavalos e futebol. Acompanhava com frequência o pai nas praças de touros, mas a ideia era ser futebolista. Aos 11 anos, as paixões invertem-se e o gosto pela tauromaquia começa a crescer paralelamente à ambição de vir a ser “uma figura do toureio”. Luís Rouxinol Jr., ou melhor Luís André Vicente da Silva, é mais um dos jovens que prova que há muito talento, sucesso e futuro no Montijo. A estreia nas arenas aconteceu em Serpa, a 28 de maio de 2011, tinha 14 anos. “Compartilhei cartel com figuras: o António Ribeiro Telles,o meu pai, o Brito Paes, o Tito Semedo, o maestro Vítor Mendes e um toureiro espanhol, o Salvador Cortez. Comecei com um triunfo importante que foi um grande incentivo”. Numa espécie de passagem de testemunho entre gerações, que dá inicio à dinastia Rouxinol nas praças de touros, a corrida de alternativa só podia ter ocorrido numa data especial: nos 30 anos de alternativa do seu pai, Luís Rouxinol. A 20 de julho de 2017, Luís Rouxinol Jr. concretiza “o sonho. Foi uma noite muito impor-
tante. Tirar a alternativa no Campo Pequeno, o meu pai como padrinho, com dois membros da família Ribeiro Telles como testemunhas e a ganadaria Murteira Grave. Foi o culminar de muito esforço”. Com um toureio clássico, nas pisadas do seu pai e de outras referências da tauromaquia como João Moura, António Ribeiro Telles e Pablo Hermoso de Mendoza, esta temporada “já atuei na praça da minha terra, no Montijo, onde conquistei o troféu para melhor lide o que foi muito bom. Tive uma corrida muito importante nas Caldas da Rainha entre as dinastias Rouxinol, Telles e Moura. A dinastia Rouxinol saiu triunfadora. Já fiz 11 espetáculos, penso estar ainda no Campo Pequeno, regressar ao Montijo, vou pisar também outras arenas importantes e irei à Califórnia em outubro”, explica o jovem toureiro. E se, como diz o ditado, filho de peixe sabe nadar, a verdade é que a tradição familiar tem vantagens e desvantagens para Luís Rouxinol Jr. “Tenho os cavalos do meu pai, os seus en-
sinamentos e apoio que são fundamentais, mas também exigem mais por ser filho dele, acham sempre que tenho obrigação de fazer melhor, o que sendo uma desvantagem acaba por fazer com que a exigência seja maior e incentiva-me a trabalhar mais. Senão formos exigentes com nós próprios não temos aspirações para ser realmente bons na profissão que escolhemos”. Lutador, persistente, trabalhador, humilde são os adjetivos que caracterizam Luís Rouxinol Jr.: “abdico de muita coisa, mas luto pelos meus sonhos, nunca desisto dos meus objetivos, sei escutar os conselhos dos mais velhos e sou uma pessoa trabalhadora”. Aos 21 anos, este é um jovem montijense que decidiu perpetuar o legado familiar e, consequentemente, uma tradição profundamente enraizada na cultura do Montijo e de, grande parte, do país. No mundo da tauromaquia, o seu futuro avizinhase brilhante: “acho que estou no bom caminho. Tenho em casa o meu maior exemplo, o meu pai, e espero daqui a dez anos estar consagrado como figura do toureio como ele”.
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Especial
FUTURO
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Miguel Cáceres
Empreendedorismo aldeano
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ôr mãos à obra pode ser uma frase feita, mas aplica-se que nem uma luva à história de Miguel Cáceres, montijense de 24 anos, e à criação da cerveja Aldeana. Nesta entrevista fica o registo de um percurso que começou com uma descoberta em França e levou ao desenvolvimento de um negócio local que aposta na ligação às raízes do Montijo. Em 2014, a experiência de Erasmus, em Lille, foi o ponto de partida para a ideia: “deparei-me com uma realidade que não havia em Portugal. Entrava num bar e tinha dez cervejas diferentes à escolha. Aqui estamos habituados a ter apenas dois tipos de cervejas, o que é pouco entusiasmante. Quando voltei, não tinha a cerveja que bebia lá e decidi aprender a fazer”, explica Miguel Cáceres. A primeira experiência não correu muito bem, mas após muita pesquisa e aprendizagem numa fábrica de cerveja artesanal, “a qualidade da cerveja foi evoluindo e ou avançava com a ideia ou não podia dedicar tanto tempo ao projeto”, que acabou por se concretizar, com o lançamento oficial, em abril de 2017. Nascia assim a cerveja Aldeana, que tem no nome parte da história do Montijo: “quem é do Montijo percebe logo a relação a Aldeia Galega. Achei, também, engraçado ligar à lenda de Alda a Galega e espelhar, assim, um pouco da história da nossa cidade”. “Os produtos artesanais refletem a dedicação e o gosto de quem faz e, a meu ver, a forma de transmitir isso às pessoas é se o produto significar alguma coisa para elas. No caso da Aldeana, toda a gente como eu que é do Montijo e gosta de cá viver, acaba por sentir este amor à terra e logo à partida emocionalmente acaba por ficar ligado à cerveja”, acrescenta. Essencialmente, os mil litros de cerveja produzidos mensalmente são distribuídos nos pontos de venda do comércio local, mas a Aldeana já leva o nome do Montijo para outras paragens: Porto, Lisboa, Leiria, Setúbal, são alguns dos exemplos.
O negócio está a evoluir positivamente e Miguel Cáceres perspetiva o aumento da produção e um “crescimento natural para a marca. Acredito que vai chegar a altura em que não serei só eu a trabalhar na Aldeana, terei outras pessoas comigo”. Para além do Aldeana Box, um serviço de subscrição com lotes exclusivos que já está em andamento, Miguel Cáceres está a preparar a participação em diversos eventos, a 2.ª Rota da Cerveja Aldeana e o novo sabor de inverno: “há sempre três cervejas ao mesmo tempo: a Original, a Loira e uma terceira que será sempre sazonal. O ano passado foi a Aldeana de Natal, agora é a Aldeana de Verão e no inverno será uma nova cerveja preta Aldeana”, conclui.
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Dança
United Dance Crew em campeonato mundial De 18 a 20 de outubro, os United Dance Crew – UDC, da Escola de Artes Sinfonias & Eventos, viajam até à Holanda para representar o Montijo e o hip hop português no Campeonato Mundial Hip Hop Unite 2018. Na bagagem levam muita vontade e humildade: “vamos para aproveitar e absorver ao máximo a experiência. A classificação e tudo o que vier a mais é a recompensa pelo nosso trabalho”, afirma a professora Marta Fuste. O Campeonato Mundial Hip Hop Unite 2018 vai reunir 17 equipas de vários países, num total de 1500 bailarinos. Os UDC ficaram apurados após a participação no campeonato nacional, que decorreu em maio e onde alcançaram o 2.º lugar no escalão sénior, o 5.º lugar nos adultos e o 4.º lugar em juniores, tendo sido o único grupo de dança do concelho presente na competição. Na preparação para a prova mundial, o grupo vai reforçar as quatro horas semanais de treinos das classes de competição, em particular dos 18 elementos que viajam até à Holanda, porque, tal como afirma Marta Fuste, “para o talento crescer é preciso muito trabalho. Cada vez temos mais equipas a competir e melhores resultados”. O espírito de equipa e de família é bem visível entre alunos, professores, pais e responsáveis pelos UDC em todos os aspetos do grupo, incluindo na preparação para a viagem à Holanda: “já não é a primeira experiência internacional, mas esta tem outra envolvência até a nível financeiro”, explica Luís Jaleco, responsável pela Escola de Artes Sinfonias & Eventos. Na angariação de verbas para a viagem, os UDC estão a desenvolver um conjunto de iniciativas que vão desde a venda de rifas e de vestuário com a
marca UDC, passando pela realização de um Arraial no dia 15 de setembro, no Jardim Casa Mora. Sempre com grande dinamismo, o grupo está também a preparar a segunda edição do FreakShow que sobe ao palco do Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida, no dia 10 de novembro, e promete repetir o sucesso da edição de 2016. Os UDC nasceram há quatro anos, da união de dois grupos de dança orientados por Marta Fuste. Inicialmente com dez elementos, o grupo tem hoje
80 bailarinos, divididos pela Classe Kids (três aos sete anos), Classe I (oito aos 12 anos), Classe II (a partir dos 12 anos), Classe de Competição III, Classe de Competição Avançados e Classe Xl (adultos). A Escola de Artes Sinfonias & Eventos surgiu em 2012, pelas mãos de Luís Jaleco e Filipe Silva. Tendo como objetivo principal o ensino da música, foi alargando o projeto a outras artes performativas como a dança e o teatro. No ano letivo transato, contou com cerca de 400 alunos.
CULTURA
CTJA recebeu mais de 15 mil pessoas De janeiro a julho de 2018, passaram pelo Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida (CTJA) mais de 15 mil pessoas, entre espetadores e participantes nos 65 eventos de diversa índole ali realizados. A programação diversificada do CTJA
procurou ir ao encontro das expetativas da população e incluiu espetáculos de dança, música, teatro, entre outras artes performativas. Em 2018, o projeto artístico do CTJA contou, ainda, com um ciclo de cinema, cafés-concerto e os espetáculos em cooperação com a Artemrede,
dos quais se destaca o projeto A Manual on Work and Happiness. O espaço esteve, igualmente, ao serviço da comunidade com a sala principal a ser cedida a dezenas de entidades para a realização de espetáculos, seminários, entre outras atividades.
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DESPORTO
Carlos Prates é Campeão Ibérico de Jiu Jitsu Recuperação do Polidesportivo Sarilhos
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stá em curso a empreitada de recuperação do Polidesportivo de Sarilhos Grandes, que pretende dotar o espaço de melhores condições para a prática de exercício físico. A obra representa um investimento de 37 979,88 euros e inclui a reabilitação do piso desportivo e a colocação de nova iluminação.
modelscala
XVII Concurso e Exposição de Modelismo
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os dias 29 e 30 de setembro, o Modescala está de volta ao Pavilhão Municipal n.º 2 para fazer do Montijo a capital do modelismo nacional. Esta é a décima sétima edição deste evento que, este ano, assinala também o vigésimo aniversário da Associação de Modelismo do Montijo. Como habitualmente, são esperadas dezenas de participantes nacionais e estrangeiros e centenas de peças em exposição, neste que é o maior certame da modalidade em Portugal. O Modelscala 2018 é organizado pela Associação de Modelismo do Montijo com o apoio da Câmara Municipal do Montijo, da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, dos Bombeiros Voluntários do Montijo e dos Bombeiros Voluntários de Alcochete. A entrada é livre. Coloque já na sua agenda uma visita à Modelscala 2018!
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montijense Carlos Prates alcançou o título ibérico de Jiu Jitsu, em Espanha, no passado mês de junho. A praticar a modalidade há pouco mais de um ano, este atleta de 31 anos teve uma ascensão meteórica neste desporto. O triunfo teve um duplo sabor a vitória, pois “permitiu-me acabar invicto a carreira competitiva em faixa branca e ser o português mais rankiado do mundo. Passarei agora a competir em faixa azul”. A etapa espanhola começou com um combate de apenas 15 segundos. O montijense venceu o segundo combate por pontos, admitindo que “esperava mais dificuldades”. A prova em Espanha foi a última desta competição: “venci o Campeonato Nacional 2018 e o Spanish National 2018, na categoria de -76 quilos. A junção destas duas competições dá o título ibérico”, explica Carlos Prates. O atleta montijense junta a este título o de Campeão Nacional 2017, na categoria -70 quilos. Este ano, na referida categoria venceu o Mafra
Challenge e num open internacional em Munique ganhou a um atleta do escalão mais de 100 quilos. Por detrás destas vitórias estão treinos diários, de duas horas, muita dedicação, intensidade e disciplina na forma de treino. Os próximos desafios são o Open Lisboa 2018, no final de setembro, e o campeonato europeu, onde a meta é “pelo menos conseguir o pódio. Ninguém vai lá para perder. Na minha primeira luta fiz tanta força que a certa altura não conseguia mexer a mão”, exemplifica. A par dos objetivos pessoais, Carlos Prates está envolvido no desenvolvimento de um projeto social da Gracie Barra Jiu Jitsu Montijo, que pretende levar a modalidade aos jovens economicamente mais vulneráveis do concelho. A Gracie Barra é a maior e mais premiada escola de jiu jitsu do mundo. Está no Montijo na Rua José Joaquim Marques e tem mais de 40 praticantes, de várias idades.
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Montijo no Concurso Rainha das Vindimas O Município do Montijo vai estar representado no Concurso Nacional da Rainha das Vindimas, com a atual Miss Capital da Flor, Natália Fedorchuk. O evento decorrerá no dia 8 de setembro, em Alenquer. O Concurso Nacional da Rainha das Vindimas tem como objetivo a preservação e a promoção das tradições e da cultura rurais mais genuínas dos diferentes territórios de Portugal, procurando fomentar entre os jovens a ligação à terra e aos seus produtos. O concurso é promovido pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho, desde 2009, e tem vindo a afirmar-se de ano para ano, conquistando uma visibilidade cada vez maior e uma participação mais expressiva dos municípios.
EMPRESA
Ginásio Pumpadicted abre no Cais das Faluas
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Frente Ribeirinha do Montijo conta com um novo espaço dedicado ao desporto: o Pumpadicted In Loco Gym foi inaugurado oficialmente, no dia 24 de junho, no Cais das Faluas, num evento que contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, do presidente da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, Fernando Caria, e da vereadora do pelouro do Desporto, Sara Ferreira. Na inauguração, o proprietário David Araújo res-
CANHA
Comércio Local
Festas de N.ª Sr.ª da Oliveira
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Bailes, largadas de toiros, charanga, espetáculos musicais compõem, entre outras manifestações tradicionais, o programa das Festas de N.ª Sr.ª da Oliveira, em Canha, de 31 de agosto a 2 de setembro. Como sempre, um dos momentos altos da festividade é a procissão em honra de Nossa Senhora da Oliveira que terá lugar no domingo, dia 2 de setembro. A nível musical, Toy é o cabeça de cartaz, no dia 2 de setembro, a partir das 22h00, no Palco Principal. No mesmo local, no dia 31 de agosto, às 22h30, atua o grupo Sons do Minho e, no dia 1 de setembro, a dupla Ricardo e Henrique.
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salvou a evolução deste projeto: “faz hoje um ano, que no nosso clube eramos 100 sócios, quando inauguramos o primeiro Pump Addicted no Cais do Seixalinho. Hoje somos 1000 sócios”. Nuno Canta realçou que “ao apoiar este investimento e simplificar a aprovação das obras numa área de reabilitação urbana, quisemos sublinhar que a fidelidade às nossas tradições constitui uma condição essencial para a construção do nosso futuro”.
Peddy Paper para conhecer o Montijo Comissão da Baixa do Montijo quer trazer, novamente, todos à rua! No dia 22 de setembro, com partida às 9h00 do Tryp Hotel Montijo, o 2.º Peddy Paper A Baixa do Montijo ConVida é uma proposta para conhecer melhor o Montijo. As inscrições estão abertas até 15 de setembro. O jogo é feito por equipas (máximo de 4 elementos) mas se não quiser ou não conseguir reunir os amigos, também o pode fazer individualmente.
As crianças podem participar, desde que acompanhadas por adultos. Habilite-se a ganhar vários prémios, entre os quais uma estadia de uma noite no Tryp Hotel Montijo e termine a manhã em beleza, num maravilhoso almoço de convívio no Jardim da Casa Mora. Inscrições e informações através do email comissaobaixa@gmail.com Mais detalhes do evento em: https://www. facebook.com/events/2143423129267983/
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Medidas especiais contra incêndios No âmbito do Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios, a vigorar de 1 de julho a 30 de setembro, o Serviço Municipal de Protecção Civil alerta que, devem ser asseguradas medidas especiais de prevenção contra incêndios florestais. Nesse sentido durante o período indicado não é permitido fumar ou fazer lume de qualquer tipo em espaços florestais, fazer queimas e queimadas, lançar balões com mecha acesa ou qualquer tipo de foguetes. Também não é permitido realizar fogueiras para recreio, lazer ou confeção de alimentos. Recorde-se que Portugal sem fogos depende de todos nós.
Rede Viária
Pavimentações em Sarilhos Grandes
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ando cumprimento ao seu plano de manutenção e melhoria das infraestruturas da rede viária do concelho, a Câmara Municipal do Montijo iniciou as obras de conservação e reabilitação da Rua dos Caçadores e da Rua do Porto da Hortinha, ambas na Freguesia de Sarilhos Grandes. Tratam-se de duas vias que, ainda, se encontravam
em piso de terra batida e que agora estão a ser alvo de pavimentação, permitindo assim a criação de melhores condições de mobilidade os moradores e a todos os que, diariamente, circulam naquela zona. A empreitada, no valor de 61 085,00 euros, iniciou-se durante o mês de julho e tem um prazo de execução de 90 dias.
Nova viatura para bombeiros O último dia das Festas Populares de S. Pedro ficou marcado pela doação da Câmara Municipal do Montijo à Associação Humanitária dos Bombeiros do Montijo de uma viatura de socorro. A entrega do veículo teve lugar no dia 2 de julho, no desfile de bombeiros e respetivas fanfarras do concelho, Montijo e Canha, junto à Igreja Matriz. Neste momento marcante para as duas corporações, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, homenageou todos os soldados da paz do concelho e do país, sublinhando “a importância da viatura para a corporação, porque é um veículo capaz de entrar nas ruas mais estreitas da cidade, que vai estar ao serviço da população para o seu socorro e segurança”.
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Espaço Oposição
Aeroportos Em janeiro de 2017, o governo de António Costa anunciou a construção de um segundo aeroporto para a região de Lisboa, o aeroporto do Montijo, com a abertura prevista para 2022. Esta opção está envolvida em polémica. Muitos são os argumentos pro e contra. Para cada opinião existe outra imediatamente contrária e que refuta a argumentação. O que me leva a escrever esta opinião enfoca a temática das condições ou ausência de condições e direitos de quem irá trabalhar neste novo aeroporto. No aeroporto de Lisboa, apesar do aumento exponencial de aviões, passageiros e movimentos, os direitos e as remunerações dos trabalhadores não acompanham o aumento de trabalho, em alguns casos a diminuição do vencimento é real. Generalizou-se o recurso ao falso trabalho temporário e outsourcing. Não se aplica a contratação coletiva e reduz-se direitos e regalias. Frequentemente trabalhase abaixo do limite mínimo de funcionários necessários para garantir serviços.
Os funcionários das várias empresas trabalham em turnos frenéticos, a um ritmo alucinante, sem nexo nem razão. A qualidade dos serviços e a segurança aérea estão postas em causa devido, por exemplo, ao cansaço e à exaustão. Tudo isto destrói física e psicologicamente os trabalhadores do setor, que vivem no limite do esforço físico, o aumento dos acidentes de trabalho é uma realidade. Em algumas empresas de handling são praticados horários repartidos ou monofolgas, sendo altamente prejudicial para a saúde, para a vida familiar, cultural, económica e até política Nada disto é desejável para esta nova infraestrutura. É responsabilidade dos atores políticos nacionais, regionais e locais garantir a qualidade de vida dos turistas que por aqui irão passar e de quem trabalha e mora neste e nos concelhos vizinhos. Ricardo Caçoila Bloco Esquerda Montijo
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PLURICOOP
Câmara recupera património municipal
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Município do Montijo recuperou o terreno municipal onde foi construída a antiga Pluricoop no Bairro do Areias. A notificação da sentença favorável à extinção e reversão de direito de superfície do terreno foi recebida no dia 19 de junho. Este processo remonta a agosto de 1979, altura em que o município cedeu, em direito de superfície, gratuitamente, um terreno à Cooperativa de Consumo do Bairro dos Areias para que aí ficasse instalada a loja do bairro e que, mais tarde foi integrada na Pluricoop - Cooperativa de Consumo,
Crl, para servir os habitantes daquele bairro. Com a falência da Pluricoop, o terreno e a loja foram arrolados como bens da massa falida. O município interpôs uma ação judicial para extinção e reversão de direito de superfície do terreno e, no decurso das negociações entre as partes, foi realizada uma transação da qual resultou a extinção do direito de superfície e a aquisição pelo município da propriedade do edifício levantado na referida parcela, pelo valor de 45 mil euros, concretizando-se assim a recuperação de património que é público e deverá continuar ao serviço da população.
SMAS MONTIJO
Remodelação de sumidouros Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Montijo procederam a uma obra de remodelação de sumidouros junto ao Corredor Verde da Mundet, na Rua José Joaquim Marques, no Montijo. A obra, no valor de 12 mil euros, pretende minimizar as situações de acumulação de água na via pública na época de chuvas.
Rua 1.º de Dezembro
Intervenção na rede de saneamento
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oi realizada à renovação de parte da rede de saneamento na Rua 1.º Dezembro, no Montijo, numa intervenção dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Montijo. A empreitada, que representou um investimento de 37 mil euros, surge na sequência do colapso de uma galeria de águas residuais. A identificação de danos estruturais na rede de saneamento do local levou à necessidade da sua substituição de forma a garantir a segurança nesta via e a melhoria da drenagem das águas residuais.