Montijo hoje junho 2016

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Montijo em festa por S. Pedro Pág. 7

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Montijo e Afonsoeiro | Fernando Caria: “Estamos cada vez mais próximos dos nossos fregueses” Pág. 2


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Montijo hoje | JUNHO de 2016

Fernando Caria, presidente da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro:

“Estamos cada vez mais próximos dos nossos fregueses” A meio do mandato, o presidente da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, Fernando Caria, orgulha-se de ter já cumprido 90 por cento das promessas eleitorais e, em jeito de balanço, percorre todo o itinerário político e social que tem marcado a gestão autárquica até aos dias de hoje. O autarca socialista, que partilha a gestão do executivo da União das Freguesias com o Bloco de Esquerda, responde a quatro questões essenciais: como se tem desenvolvido a gestão autárquica na freguesia nos seus aspetos positivos e negativos; o que foi cumprido e falta cumprir dos compromissos eleitorais assumidos com os fregueses; quais as principais obras e desafios projetados para o próximo ano e meio? Para Fernando Caria, a gestão autárquica partilhada no executivo com o Bloco de Esquerda é muito positiva, ao ponto de já ter cumprido cerca de 90 por cento das promessas eleitorais. Neste âmbito, “iniciámos a reposição de todas as placas toponímicas que se encontravam em péssimas condições; acompanhámos a vida das escolas, apoiando-as em expediente e limpeza (30 mil euros anuais), além de procedermos a algumas reparações”. No que se refere ao espaço público, “temos vindo a proceder à remodelação do equipamento urbano (bancos e papeleiras) e à manutenção dos parques infantis,

neste caso com a preciosa ajuda da Câmara Municipal do Montijo. O investimento nos seis parques infantis intervencionados (entre 14 sob nossa responsabilidade) ultrapassou os 83 mil euros com Iva”. A Câmara Municipal do Montijo é chamada a um esforço de 50 por cento face ao valor total do investimento. Uma outra vertente importante da intervenção autárquica tem a ver com a área social, onde a

União das Freguesias do Montijo e Afonsoeiro investe trimestralmente mais de três mil euros, em parceria com sete instituições de solidariedade social, para a compra de alimentos destinados às famílias carenciadas. Além desta ajuda, a união concede apoio jurídico a munícipes carenciados e com litígios ligados principalmente a problemas habitacionais.

Fernando Caria refere como importante o trabalho desenvolvido com as colónias de férias dos seniores e das crianças, que ocupam 300 meninos e 200 seniores no mês de agosto. No caso das crianças, o transporte, o lanche, a animação cultural, o serviço dos nadadores salvadores é totalmente gratuito, enquanto aos seniores é oferecido o serviço de transporte. No caso dos seniores, “fazemos ainda dois passeios

anuais, um a Fátima (em maio) e um outro em setembro com outro itinerário”. Fernando Caria sublinha a importância de tratar em igualdade de circunstâncias o Montijo e o Afonsoeiro, não havendo qualquer discriminação com os munícipes da ex-freguesia do Afonsoeiro. No que se refere ao apoio ao movimento associativo, é justo reconhecer que, através dos contra-

tos programa e de outros apoios, este ano já ultrapassámos os 30 mil euros. A gestão autárquica da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro foi, desde a primeira hora, condicionada pelo facto dos autarcas do mandato anterior terem ousado discordar do princípio da agregação das duas freguesias. A liberdade de opinião foi penalizada pelo anterior governo com cortes financeiros às autarquias desavindas e discordantes do processo de agregação. Mas, na verdade, a agregação não foi acompanhada dos indispensáveis meios humanos e, claro, financeiros. No caso do Montijo e Afonsoeiro, antes da agregação, as duas autarquias dispunham de eleitos a tempo e meio, agora com a agregação (e um território maior) a União de Freguesias dispõe, apenas, de um eleito a tempo inteiro. O que falta cumprir? O desconhecimento do número de idosos da freguesia que vivem sós é um problema que a União das Freguesias do Montijo e Afonsoeiro ainda não conseguiu resolver, não obstante ter solicitado essa informação junto do Instituto Nacional de Estatística e das autoridades policiais (PSP e GNR). Só na posse desta informação a autarquia pode instalar na casa de cada idoso isolado um sistema de segurança para, em caso de necessidade, alertar os familiares mais próximos ou as próprias autoridades policiais. Fernando Caria acredita no cumprimento desta promessa até ao final do mandato e, até lá, lutará para consolidar a obra feita e apostar na qualificação dos parques infantis, através da substituição do material danificado e da criação de mais um ou outro parque em locais de maior densidade populacional. A meio do mandato e, com base

no lema “Fazer mais com menos”, o presidente da União das Freguesias do Montijo e Afonsoeiro pretende cumprir de forma equilibrada e equitativa as várias medidas e ações que anunciou no programa eleitoral. Apostado em renovar o espírito de filantropia e de solidariedade, Fernando José Gouveia Caria procura, através de simples atos, melhorar a vida dos seus fregueses e, por consequência, a vida da freguesia, afirmando estar “cada vez mais próximo dos nossos fregueses”.

Num ápice Um autarca de referência? Jorge Sampaio Uma obra a destacar em Montijo? O monumento em memória dos combatentes que perderam a vida na guerra das antigas colónias portuguesas Uma frustação política Não ver as oposições colocar os interesses das populações acima dos interesses partidários Um desejo? Ver concretizada uma reorganização correta das freguesias O mais difícil neste mandato? A dificuldade em criar um executivo da junta por uma clara falta de diálogo ou de bom senso entre os partidos Um facto positivo? O atual executivo da junta (PS e BE) ter trabalhado bem e em prol das populações

Reuniões de câmara descentralizadas na Atalaia e Sarilhos Grandes “As reuniões descentralizadas pretendem um contacto direto com as populações, aproximar os eleitos dos eleitores e reforçar a confiança dos cidadãos na democracia local”, afirmou o pre-

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sidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, na reunião de câmara que teve lugar no dia 11 de maio, no salão da sede da União das Freguesias da Atalaia e do Alto Estanqueiro-Jardia.

Na reunião foram debatidos diversos temas de interesse para a população como as intervenções na Escola Básica da Atalaia, as obras da EN4, o lançamento do Projeto Arte Urbana do Montijo e a atribuição de um subsídio à União Mutualista Nossa Senhora da Conceição para aquisição de equipamento de Imagiologia Médica. No dia 8 de junho foi a vez da freguesia de Sarilhos Grandes receber a reunião descentralizada que teve lugar na sede do Vasco da Gama Futebol Clube da Lançada. Pavimentações, o tratamento de efluentes, arruamentos, obras na escola básica, a limpeza de va-

las e a necessidade de uma extensão de um centro de saúde foram algumas das questões levantadas pelos fregueses. Da ordem do dia foram aprovadas, entre outras questões,

o valor a pagar no Serviço de Complemento de Horário para as Atividades de Animação e Apoio à Família do Ensino PréEscolar que se mantém nos 65 euros mensais.

Ficha Técnica Periodicidade Bimestral | Propriedade Câmara Municipal do Montijo | Diretor: Nuno Ribeiro Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo | Edição Gabinete de Comunicação e Relações Públicas | Colaboração: Joaquim Carreira Tapadinhas Impressão Sogapal – Comércio e Indústria de Artes Gráficas, S.A. | Depósito Legal 376806/14 | Tiragem 10 000 ISSN 2183-2870 | Distribuição Gratuita


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Festas Populares de S. Pedro

Quando a tradição se funde com a modernidade

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edição 2016 das Festas Populares de S. Pedro oferece um vasto programa festivo, que vai desde as arruadas; aos bailes; ao concerto com Aurea, incluindo o de encerramento das festas com Jorge Palma; às largadas de toiros; à procissão fluvial; às exposições; à procissão noturna; à tradicional lavagem; ao desfile noturno das marchas populares; à 2.ª marcha solidária; à 6.ª Grande Corrida de Toiros da Adega Cooperativa de Pegões, passando pelo espetáculo de fogode-artifício piromusical de encerramento das festas. As Festas Populares de S. Pedro são a grande afirmação da identidade coletiva montijense e continuam a ser a marca distintiva da cidade. As Festas Populares de S. Pedro, também conhecidas por Festa dos Pescadores, continuam este ano no Montijo (de 28 de junho a 3 de julho) com toda

a sua animação, alegria, encanto e numa busca permanente de aliar a tradição à modernidade. O povo vê e reconhece São Pedro como o “porteiro do céu”, o manda-chuva e o padroeiro dos pescadores, daí as festividades em seu nome serem conhecidas como Festas dos Pescadores. Estamos na presença de uma tradição milenar que começou na Europa no século VI, quando o Vaticano transformou o 24 de junho numa comemoração cristã, festejando o nascimento de S. João, que batizou Cristo. Mais tarde, Portugal acrescentou ao calendário festivo mais duas datas: o nascimento de S. António e o dia da morte de S. Pedro. Apesar dos testemunhos escritos mais antigos associarem o início das Festas, em Montijo ao ano de 1856, só em 1949 elas foram verdadeiramente reativadas.

Um ano depois da elevação da vila do Montijo a cidade (1986), a imagem de S. Pedro tem vindo a ser transportada para junto da Base Aérea n.º 6, embarcando em procissão fluvial até ao antigo cais de Aldeia Galega do Ribatejo. As Festas Populares do Montijo são mais que um acontecimento que decorre nas ruas, praças e becos, em honra de S. Pedro. Têm uma dimensão comunitária enorme e são fruto do movimento associativo presente nas tertúlias, coletividades e associações, numa manifestação de festa, alegria e liberdade. São uma ocasião de afirmação da autoestima do povo, que se torna particularmente significativo na tradição da classe piscatória. Este ano, à semelhança de anos anteriores, milhares de pessoas de todo o país acorrerão, mais uma vez, às Festas Populares de S. Pedro, que se afirmam definitivamente como um dos

principais certames da Área Metropolitana de Lisboa. Decorridos 67 anos sobre o renascimento das Festas Populares de S. Pedro é de elementar justiça enaltecer e agradecer o contributo para a organização das festividades, entre muitos outros, dos trabalhadores do município que cooperaram na organização das festas, da sociedade civil, nomeadamente dos homens e mulheres das tertúlias, coletividades, associações e grupos diversos, e das várias Comissões de Festas. A todos eles, o nosso obrigado pelo seu abnegado esforço, pela sua dedicação ao serviço da grandiosidade de umas festas que dignificam a nossa cidade e o nosso concelho.

Montijo recupera 700 mil euros PEDU Montijo já está no papel

Após um trabalho exaustivo e negocial, a Câmara Municipal do Montijo readquiriu cerca de 700 mil euros de fundos comunitários relativos a três obras: reabilitação do Mercado Municipal, requalificação da Rua Miguel Pais e adaptação do edifício devoluto para Jardim de Infância no Alto Estanqueiro Jardia. O processo remonta a 2009 quando a autarquia, no âmbito do Eixo Prioritário 2 – Sustentabilidade Territorial, Regulamento Específico Política das Cidades – Parcerias para a

Regeneração Urbana, viu aprovado o Programa de Ação Requalificação e Dinamização da Frente Ribeirinha do Montijo. Estas operações acabaram por ficar comprometidas por contingências várias, decorrentes dos processos e da aplicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2012, de 15 de março de 2012. Considerando a situação injusta, o município submeteu as candidaturas das obras acima referidas, ao abrigo do Aviso para a Apresentação de Candidaturas

para a Reabilitação Urbana em Regime de Aprovação Condicionada (Overbooking), publicado pelo POR Lisboa em 1 de agosto de 2014. Assim, as três candidaturas submetidas em 2014 pelo Município de Montijo ao PORL, em regime de aprovação condicionada – Overbooking, foram objeto de financiamento efetivo, correspondendo a um investimento total de 1.052.957,00 euros com financiamento FEDER de 684.315,90 euros, (65 por cento).

Santa Maria da Feira foi o cenário da assinatura dos contratos de delegação de competências dos Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDU), incluindo o PEDU Montijo, no dia 31 de maio. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, e o presidente da Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional de Lisboa, João Manuel Teixeira, formalizaram a assinatura destes contratos que vão permitir ao Município do Montijo realizar os seguintes investimentos, no âmbito do Portugal 2020: Montijo ciclável e a reconversão da linha de caminho-de-ferro; reabilitação da Ermida de Santo António da Quinta do Pátio d’Água e ações de regeneração no Bairro do Afonsoeiro e no Bairro da Caneira. O Município do Montijo contratualizou com o Programa Operacional Regional de Lisboa, estes investimentos, pois elegeu

Os contratos permitirão ao Município realizar os seguintes investimentos: Montijo ciclável e a reconversão da linha de caminho-de-ferro; reabilitação da Ermida de Santo António, da Quinta do Pátio d’Água e ações de regeneração no Bairro do Afonsoeiro e no Bairro da Caneira. como prioridades a promoção de estratégias de baixo teor de carbono para todos os tipos de territórios; a adoção de medidas destinadas a melhorar o ambiente urbano e a revitalizar as cidades; e a concessão de apoios à regeneração física, económica e social das comunidades.


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Montijo hoje | JUNHO de 2016

Opinião

ATENEU POPULAR DE MONTIJO

Um percurso singular na cultura montijense Há 2 anos, ou seja em 15 de Setembro de 2014, esta nossa cidade, que ao tempo era um modesto lugar e se denominava Aldeia Galega, comemorou os 500 anos do foral novo, outorgado pelo rei D. Manuel I, enquanto esta nossa modesta e prestimosa associação – Ateneu Popular de Montijo – festejou também os 75 anos da sua fundação, ou seja, as suas bodas de diamante, embora no mesmo ano, mas no dia 15 de Dezembro. São datas simbólicas para a vida dos povos e em especial para os habitantes e naturais desta nossa terra, agora cidade de Montijo. Mas hoje, ainda em 2016, aqui neste espaço informativo, e porque somos herdeiros desse passado, estamos a rememorar um acontecimento histórico, homenageando os homens que, num amplexo de fraternidade, criaram uma nova casa de cultura e de são convívio, a que chamaram Ateneu, espaço que na civilização grega era referência a lugar de cultura, e, que em Montijo, sempre servirá para dar alento a uma corrente de convívio e confraternização que é preciso ser reactivada nos momentos de crise, tanto nacional como internacional. Não há coincidências, porque como diz o adágio a mesma água não corre duas vezes debaixo da mesma ponte. Mas há analogias, há repetição de ciclos em contextos e situações diferentes. Este Ateneu nasceu em 1939, no ano em que se iniciou a 2.ª Grande Guerra, quando um grupo de jovens, todos com menos de 20 anos, num projecto de paz e harmonia, encontrou um suporte no Esperanto para um combate do qual resultasse um maior respeito e compreensão entre as gentes e as nações, através do melhor conhecimento dos povos entre si. O esperanto, essa língua criada pelo linguista e médico polaco Luís Lázaro Zamenhoff (1859-1917), pretendia ser um veículo universal de entendimento, porque falando todos a mesma língua, se fundaria uma base de igualdade e de aproximação sem arremedos de patriotismos e de superioridades. Isto justifica que o primeiro nome desta associação tivesse sido plasmado na língua esperantista, Aro da Montijanoj Esperantamikoj, que traduzido para português quer dizer Associação de Montijenses Amigos do Esperanto. Esta designação manteve-se nos primeiros anos antes da oficialização do nome de Ateneu Popular de Montijo e a aprovação oficial dos seus estatutos pelo Governo Civil de Setúbal, em 1946. Muitos dos exemplares que pertenceram à primeira biblioteca tem o carimbo da associação esperantista. Sucede até, segundo atesta O Ateneu de 14.07.1946, o seu órgão informativo, a primeira grande discussão que dividiu opiniões foi sobre se a biblioteca devia ter apenas obras escritas em esperanto ou também em língua portuguesa. Venceu a proposta mais abrangente conforme podemos verificar. Assim, durante muitos anos, os sócios desfrutaram de obras dos melhores escritores nacionais e estrangeiros, pois havia um espírito formativo na aquisição dos livros. O interesse pelo funcionamento da biblioteca era tão evidente que, na composição dos corpos sociais que dirigiam a colectividade, havia lugar a 2 bibliotecários. Não deixa de ser significante que tendo o Ateneu nascido num momento de crise internacional, quando o conflito mundial da 2.ª Grande Guerra estava activado, ainda que sofrêssemos as suas consequências sem entrar directamente no confronto das armas, estejamos hoje, aqui num órgão informativo, a lembrar esse espaço social, também confrontados com uma crise mundial, mais propriamente uma guerra económica e financeira, muito focada na Europa e por isso reflectida atrozmente também em Portugal. E como não há coincidências, a principal potência europeia, neste emaranhado transnacional, volta a ser a Alemanha. Deixemos essas considerações, tão úteis como necessárias, e voltemos ao Ateneu, que tal fénix renascida, está em acção permanente na persecução dos seus objectivos culturais, recreativos e desportivos. I – Do sonho à realidade Não podemos ficar pelos números e pelas estatísticas quando se trata de pessoas e de realidades a elas inerentes. Dizer que um grupo de jovens fundou uma associação é muito pouco e, por amor da verdade, da justiça e do respeito que o passado nos deve merecer a todos é preciso, sempre que necessário, evocar os seus nomes. Como se passaram mais de sete décadas que o Ateneu foi fundado foi preciso recorrer a fontes. Assim, consultadas as disponíveis, encontramos como fundadores da colectividade, as referências a Norberto José da Silva, Cosme Benito Resina, Joaquim Lavado, Manuel Luciano Lucas Alegria, que quando da inauguração da sede já havia falecido, António André Lopes Barreto e José das Neves Rodrigues. Destes pioneiros, só está entre nós o nosso amigo e sócio n.º1, Cosme Benito Resina, porque, infelizmente, todos os outros já faleceram. O primeiro objectivo desses jovens foi formar um grupo esperantista e isso foi conseguido muito rapidamente. Reuniam na oficina de carpinteiro do Manuel Luciano Alegria que tinha apenas 19 anos, que estava situada na actual Avenida dos Pescadores, onde hoje é o Banco Santander e que era conhecida pela oficina do Manel Cerol. Posteriormente, por interferência do filho Norberto José da Silva, o sr. Custódio José da Silva, conhecido também por Custódio Pôlas, pôs à disposição do grupo um recanto da sua oficina de carpinteiro, no número 13 da Rua Joaquim de Almeida. Aí se viveu toda a actividade do Ateneu, agora com um leque mais alargado de jovens, salientando-se ainda a colaboração de Henrique de Oliveira Dias,

um entusiasta que se finou muito novo, até que nos finais de 1945, o Ateneu muda-se para a nova sede, inaugurada oficialmente em 14.07.1946, após aprovação dos estatutos pelo Governo Civil de Setúbal em 23 de Maio do mesmo ano. II – Da clandestinidade à luz do Sol De acordo com o que está descrito no número único de O Ateneu, datado de 14.07.1946, um dos grandes impulsionadores, para que a acção cultural passasse muito para fora do seu estrito ambiente de grupo, foi José das Neves Rodrigues, tipógrafo na Gazeta do Sul, que captou muitos sócios para a colectividade. O Ateneu gerara muita simpatia na população montijense, dado que se tratava de um grupo de rapazes que abandonaram a taberna e o jogo para se instruírem. Como já atrás mencionámos, nos finais de 1945, foi alugada a casa que viria a ser sede oficial, mas havia ainda um obstáculo a transpor. A colectividade não tinha estatutos, logo funcionava na clandestinidade e, apesar da boa vontade, segundo confessam, faltava-lhes a experiência em tais situações. Por essa época funcionava em Montijo, na Rua Bulhão Pato, uma livraria denominada “A Bolsa do Livro”, da qual era proprietário um senhor de nome João Vieira Alves, homem muito vivido e experiente. A sua intervenção junto do grupo foi muito importante e oportuna e foi dele a ideia de mudar o nome de “Aro Montijanoj Esperantamikoj” para Ateneu Popular de Montijo, pois só assim se conseguiriam estatutos para a associação. Ele próprio redigiu um projecto de estatutos que foram aprovados pelo Governo Civil de Setúbal em 23 de Maio de 1946, tendo para o efeito servido a boa vontade do então Presidente da Câmara, José Feliciano Ferreira, delegado especial do Governo. O Ateneu foi uma associação muito respeitada e querida junto da população montijense. Se folhearmos os números especiais do seu jornal, publicados em datas festivas, constatamos a adesão do comércio e da indústria locais que nos honraram com a sua publicidade. Esta é, ainda, uma fonte que nos diz dos estabelecimentos existentes à época e hoje lamentavelmente, quase todos, desaparecidos. Seguiram-se alguns anos de fulgor na sua vida social com realizações inéditas para a época e que granjearam a admiração de muita gente, havendo alguns associados não moradores em Montijo. III – A sede social – inauguração O programa da inauguração da sede social foi preenchido com actividades diárias que decorreram todos os dias desde 14 a 21 de Julho de 1946, começando com uma sessão solene no Cine-Teatro Joaquim de Almeida, seguida de uma conferência pelo professor Álvaro Sousa de Oliveira, sob o tema O Ateneu e a Cultura. No dia seguinte, 2.ª feira, um concerto na Praça da República pela Banda 1.º Dezembro, dirigida pelo maestro Victor Cândido dos Santos, interpretando obras de Rossini e Verdi, entre outras. Na terça-feira, no salão nobre da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais, uma conferência pública da professora e escritora Irene Lisboa subordinada ao tema As vantagens do ler. Na quarta-feira, dia 17, realizou-se um serão artístico e recreativo, no Salão Teatro da Banda Democrática, com entrega de prémios aos melhores alunos das escolas primárias oficiais do concelho. Na quinta-feira, jantar de confraternização, com inscrições (14$00) abertas na sede. Na sexta-feira, conferência pública no Salão Teatro da Banda Democrática, pelo Dr. A. Francisco Ramos da Costa, economista e Presidente da Direcção da Cooperativa dos Trabalhadores de Portugal, sob o tema Cultura Económica. No sábado, ainda no mesmo local, conferência pública do Eng. J. Marques da Costa, denominada Da Instrução Profissional e Técnica em Portugal. No domingo, confraternização com uma festa campestre na Quinta Rôta no Samouco, abrilhantada por uma orquestra. Na quarta-feira 24, ainda uma sessão de cinema na esplanada da Praça de Touros, com o filme “A Princesa e o Pirata”, com que findaram os festejos. Como verificamos pelos documentos umas festas de arromba. IV – Mudanças – Algumas vezes como o caracol Das associações montijenses o Ateneu é a que teve instalações nos mais diversos lugares da antiga vila e actual cidade. Desde as instalações nas oficinas de carpintaria da Avenida dos Pescadores e Rua Joaquim de Almeida, n.º 13, enquanto associação sem estatutos, até aos dias de hoje, começando pela primeira sede na Rua Joaquim de Almeida nº 74,1.º até ao actual espaço que hoje aqui se comemora, o Ateneu teve sede na Praça 1.º de Maio, mas passado algum tempo voltou à Rua Joaquim de Almeida, 74. Depois mudouse para a Rua Almirante Reis, para o 1.º andar por cima da Mimosa. Daí foi para um 2.º andar, por cima do BES, na Praça da República, onde entrou num declínio total. Dali alguém, num momento de desespero, carregou com ele para a Rua Bulhão Pato, onde para além do serviço de biblioteca e do funcionamento da instrução primária se praticava ténis de mesa e onde viveu durante alguns anos, donde se transferiu para a sede que acabamos de deixar. Voltou novamente a pôr os pés no chão, porque nasceu em piso térreo e agora volta a ele novamente, embora agora numas instalações de que o Montijo se pode orgulhar. Houve ainda num período áureo em que o desporto amador foi componente das suas actividades, um pavilhão alugado ao sr. Leão, na Rua José Ferreira Pio, onde se praticou hóquei em patins e té-

nis de mesa. Também em instalações do Onze Unidos funcionava um campo de basquetebol e aulas de ginástica. Inaugurada em Dezembro de 1948 e durante alguns meses funcionou no Afonsoeiro uma delegação, que era dirigida por Domingos Martins e Horácio de Sousa, que ministrou aulas de instrução primária e que possuía uma pequena biblioteca. Tal como a Nau Catrineta, este Ateneu tem muito que contar, porque retrata anseios e sonhos, realizados ou não, de muita gente. V – O ecletismo reinante Esta colectividade teve fases de uma utilidade extrema para o desenvolvimento cultural da população de Montijo, sem desfavorecer alguma vez o enriquecimento físico tão necessário, que nalguns períodos também cultivou sem concorrer com os clubes essencialmente destinados a esse fim. Durante muitos anos, quando atingir a 4.ª classe, o 2.º grau da Instrução Primária, era quase uma licenciatura, as aulas do Ateneu foram a solução para tantos deserdados que na altura própria, na sua meninice, não tinham conseguido tal objectivo. Na documentação relacionada com o funcionamento regular da escola encontramos nomes de pessoas que foram figuras prestigiadas nesta terra e que frequentaram as aulas desta colectividade. Nos primeiros anos de actividade no Ateneu deram aulas diversos professores do ensino oficial e recordamos os já falecidos Álvaro Sousa de Oliveira, José Margalho Félix Pinto e Domingos Andrade. Posteriormente, em diversos momentos do funcionamento do ensino primário no Ateneu, mais professores do ensino oficial colaboraram com o Ateneu e estão ainda entre nós. Ainda na educação foram administrados, com maior ou menor regularidade, curso de Língua Materna e História Pátria, aulas de Inglês e Esperanto, Trabalhos Manuais e os cursos de Português e História. Na formação profissional, durante décadas, funcionou o curso de Dactilografia e, durante os primeiros anos, o curso de Corte e Costura. Também houve aulas de Contabilidade, Cálculo Comercial, Escrituração e Caligrafia e ainda um denominado Curso Comercial. Em períodos diferentes houve secções dedicadas ao cinema, ao cineclubismo, ao teatro e aos espectáculos de variedades. As secções desportivas também enriqueceram as actividades propostas e vividas no Ateneu. Começando pelo basquetebol que cedeu a sua equipa ao Desportivo de Montijo que acabara de se fundar (1.09.1948), passando pelos efémeros patins, ténis de mesa, andebol, voleibol e futebol de salão, culminando com o xadrez que se pratica desde os primórdios e ainda hoje perdura. Também os sectores do campismo, pesca e a secção organizadora de excursões, passeios e convívios, foram duma utilidade evidente, porque ajudaram à confraternização das pessoas, num momento em que muitas viviam isoladas e com receio de encontros e reuniões. Ainda nos anos 40, quando as dificuldades económicas das pessoas e das agremiações eram manifestas, o Ateneu organizou uma subscrição para a aquisição de uma cadeira de rodas para o aluno Manuel Rama Tinoco e colaborou com um carro no cortejo de oferendas a favor da Santa Casa da Misericórdia de Montijo. Quanto ao aspecto cultural propriamente dito, para além das exposições, das palestras e de tantos outros eventos, há a destacar a actividade e utilidade da biblioteca nos anos 40 a 60. Uma palavra especial para as edições de comunicação que têm o Ateneu como proprietário, “O Ateneu” (1946) e “Aldeia Galega” (1985), que são uma presença e uma marca inesquecíveis, ainda que realizadas em épocas diferentes, pois há um espaço de 39 anos entre os dois primeiros números de cada. Porque analisámos com algum cuidado estas duas publicações, desde a sua génese, ressaltou-nos, em relação à primeira, a vontade e o querer de Cosme Benito Resina. Quanto à segunda o dedo, diria melhor, a mão de Rui Aleixo está sempre presente. Contudo são diferentes as suas competências, porque contrariamente ao Aleixo, que escreve e assina num momento de liberdade, o Cosme labuta no mar das dificuldades inerentes ao cargo (editor) e tem de estar atento à Censura e deixa que os outros escrevam, porque um homem não pode fazer tudo. O Ateneu é uma publicação virada essencialmente para aspectos culturais e formativos e está travado por uma censura férrea. Aldeia Galega nasce em plena democracia, livre de peias censuradoras, mas também num período difícil para a nossa terra e o nosso país. Não é por acaso que no número 2, de Março de 1985, tem um aturado trabalho de análise social sobre as dificuldades que o país atravessa, que intitulou “A fome espreita em Montijo?”. Isto para salientar que as publicações do Ateneu não foram folhas volantes sem conteúdo prestável, apenas como certificado que alguém se lembrou de publicar. Elas ficam para a história local como documentos duma vivência responsável que sempre norteou esta colectividade. Vamos olhar o futuro e pensar seriamente que o momento difícil que o país atravessa, por isso o Montijo também, há-de ser ultrapassado como foi o Adamastor e numa homenagem ao jornal “O Ateneu” n.º 3, de Outubro de 1947, ou seja de há 69 anos, retirei um pensamento de Blaise Pascal (1623-1662), que diz o seguinte: - “Toda a sucessão dos homens durante a sequência dos séculos, deve ser considerada como um só homem que subsiste sempre e continuamente aprende”Por isso, meus amigos, levado este pensamento à letra, nós somos a sequência dos nossos antepassados e os vindouros sequência de nós, por isso aqui estamos a cumprir, esperando que outros também o façam.

Joaquim Carreira Tapadinhas


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Comissão Parlamentar do Ambiente visita Montijo O Estuário do Tejo foi o mote para a visita dos deputados da Comissão Parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação (CAOTDPLH) ao Montijo, no dia 24 de maio. No Salão Nobre dos Paços do Concelho do Montijo, os deputados da CAOTDPLH reuniram com os autarcas dos municípios do Montijo, Seixal, Almada e Alcochete.

O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, foi o anfitrião da reunião, tendo expressado o seu agrado pelo interesse dos deputados em “reunir e partilhar do saber dos autarcas sobre o Rio Tejo”. Demonstrou, igualmente, a sua preocupação com “o momento delicado que atravessa o Estuário do Tejo, devido à poluição e às dificuldades de navegabilidade que apresenta”.

O deputado Pedro Soares, que preside à CAOTDPLH, realçou a importância dos municípios e dos autarcas no levantamento dos problemas existentes e na procura de soluções, pois o “rio Tejo coloca-se como um elemento de enorme valorização para a maior parte dos municípios que estão à sua volta, quer ao nível das questões ambientais quer no plano das atividades económicas”.

Música, gastronomia e flores marcam aniversário A inauguração de um mural de azulejos, com nomes de sócios e simpatizantes, deu início às comemorações do 35.º aniversário Vasco da Gama Futebol Clube da Lançada no dia 26 de maio Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, o vice-presidente, Francisco dos Santos, e Joaquim Batalha, presidente da Junta de Freguesia de Sarilhos Grandes, estiveram presentes neste encontro. Nuno Canta agradeceu o facto de ser referido no mural

de azulejos, afirmando que o mesmo “perpetua os valores do movimento associativo e da união entre as pessoas realizado por subscrição pública e que muito engradece a cidade do Montijo.” No âmbito das comemorações do aniversário, a coletividade realizou, também, a II Feira da Gastronomia e da Flor que decorreu de 27 a 29 de maio. A vereadora Maria Clara Silva marcou presença na inauguração deste evento que, durante três dias, animou dezenas de visitantes.

Vozes da terra assinalam inauguração de Salão de Festas Casa cheia numa noite de fados com rostos da terra. Foi assim que aconteceu a inauguração do Salão de Festas e Eventos da Associação dos Bombeiros Voluntários de Canha, no dia 4 de junho. O evento contou com a presença

do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta. “A Câmara Municipal do Montijo continuará sempre a associarse de forma empenhada ao trabalho desta associação humanitária, certos de que essa é a vontade do

povo do Montijo e de Canha”, afirmou o presidente, recordando que a autarquia atribuiu um subsídio à corporação “para manutenção e obras no quartel e também para apetrechá-la dos meios de socorro e urgência”.

Lions Clube Montijo festeja aniversário O Lions Clube do Montijo celebrou o seu 24.º aniversário no passado dia 27 de maio, no Museu Agrícola da Atalaia. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, também esteve presente e apontou o Lions Clube do Montijo como “um exemplo a seguir no combate ao egoísmo e no impulso à solidariedade no nosso concelho”, acrescentando que os Lions Clube são instituições “atuantes, exigentes e presentes, que transpor-

tam consigo os valores de um Mundo melhor, mais justo, livre e fraterno”. Em dia de aniversário, a presidente do Lions Clube do Montijo, Teresa Pinto, relembrou a intensa atividade da instituição ao longo do último ano, agradeceu as parcerias estabelecidas com a câmara, as juntas de freguesia e outras entidades do concelho, desejando que “no próximo ano seja possível estarmos cá todos em prol da nossa comunidade”.


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Montijo hoje | JUNHO de 2016

O encanto das mulheres da Festa Montijo Hoje foi conhecer alguns dos rostos femininos que trabalham em prol das festas populares. Umas são fadas das flores de papel. Há, ainda, quem, quase por magia, torne tudo possível a partir de uma secretária e a pescadora que, descalça, honra o santo padroeiro.

O Bairro dos Pescadores ganha novas cores, em dias de festa. Milhares de flores de papel revestem as paredes dos pátios temáticos. Arte muito apreciada por quem ali entra e saí. Sorriem espantados, registam o momento

necer. “Há três anos, depois de fazerem um concurso de varandas que envolveu apenas a zona das largadas, disse ao presidente da comissão: para o ano eu e a minha vizinha estamos cá para adornar os Pescadores”, explica Manuela Cavaco. Assim foi. Atrás de uma vizinha veio outra e a tradição renasceu. As mulheres da festa não moram apenas ao pé umas das outras. São cúmplices, companheiras e amigas. “O ano passado começámos em abril, este ano em fevereiro. Estamos perto do dobro do que fizemos em 2015”, diz orgulhosa Manuela Cavaco, relembrando que “quem corre por gosto não cansa”. Os dias e os serões são passados com boa disposição. Contam

ticipam na decoração dos bairros com elementos de papel. Com os adornos prontos começa uma nova etapa. “Depois de armar as flores nos seus lugares, no dia de inauguração, dão-se os últimos retoques. Quando as festas acabarem, vamos começar tudo de novo. Este ano não vamos parar”, garante Manuela Cavaco. No andar de baixo está Paula. Há cinco anos que trabalha com a comissão das festas. Começou em janeiro e para que os seis dias de festas corram na perfeição, faz telefonemas, manda e-mails, atende feirantes e quem mais se dirija ao balcão a um ritmo alucinante. Afirma gostar do trabalho com o público: “vamos ganhando

e apreciam os pormenores. Mas será que sabe quem as fez? É no primeiro andar da comissão de festas que quase tudo acontece. Pelas mãos voluntárias destas mulheres passam muitos metros de papel e arame que dão origem às tão apreciadas flores. Manuela Cavaco é uma delas. É do tempo em que os pescadores e suas famílias adornavam os pátios, hábito que viu desva-

anedotas e matam a gula, com doces caseiros que confecionam à vez. “Aqui não há sacríficos, estamos em família.” dizem entre gargalhadas e sorrisos rasgados, com a Rádio Amália de fundo. Enquanto isso, as mãos não param. Para além deste grupo de nove mulheres1, também habilidosos utentes de instituições de solidariedade social do concelho, par-

confiança e amizade. Conhecemos pessoas fantásticas”, mas também sublinha que nem sempre é tarefa fácil. “Quem vem às festas nem imagina o que está por detrás desta organização. Temos que ser fortes. Saber ouvir, mas também ser firme quando é preciso. Ter paciência e disponibilidade. Ao início tudo é mais calmo mas à medida que se aproxima a data

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Fernando Pessoa

das festas o trabalho aumenta, garante quem está habituada a este ritmo. “Vale sempre a pena” mesmo sabendo que para si as festas terminam mais tarde. “Um mês depois com as contas feitas, tudo arrumado e os agradecimentos a todos os participantes na festa entregues, chegamos ao fim”. O barrete, a camisa de quadrados, a cinta por cima das calças pretas e os pés descalços fazem parte do figurino de Maria Amélia Cardoso Cordeiro, a mulher que se destaca entre os pescadores, na procissão fluvial, um dos

momentos mais cativantes das festas. A sua devoção é tão grande como o rio que atravessou vezes sem conta. “Fui pescadora durante quarenta anos, a única profissional no Montijo. Era a única mulher a trabalhar no mar e adorava o que fazia.” Para Maria Amélia participar na procissão “faz parte de ser católica e pescadora” e a família também a acompanha. “Agora carrego o estandarte, mas durante muitos anos levei o andor. Na procissão vai também uma das minhas filhas e a minha neta. Eu só não fui quando estava de canadianas. Enquanto puder lá estarei”, afirma a destemida pescadora. As mulheres das festas têm um encanto especial. São humildes, devotas e dedicadas. Não contabilizam as horas despendidas. Não são os números que importam. Fazem o que gostam. Importa o dar. Importa o crer. Importa a fé. Bem hajam!

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Voluntárias: Manuela Cavaco; Mara Oliveira; Myleñe Pêtas; Clarinda Lino; Manuela Roquete; Eulália Moreira; Marta Moreira; Zulmira Sousa e Isabel Ribeiro; Instituições Particulares de Solidariedade Social: União Mutualista N.ª Sr.ª da Conceição; Cercima; Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos do Montijo; Residências Montepio; Centro Social de São Pedro; Saúde Sénior e Caminho do Bem Fazer.


JUNHO de 2016 | Montijo hoje

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Festas em honra de Sto. Isidro As Festas em Honra do Padroeiro Santo Isidro tiveram lugar de 13 a 15 de maio. Desporto, música, bailes, petiscos,

Montijo em festa por São Pedro São seis dias de muita animação, alegria e, também, devoção. Seis dias repletos de brilho, de tradições, de sabores, de cor, de ritmo e de emoções. Seis dias de festa. Seis dias de Festas Populares de São Pedro - o maior cartaz turístico da cidade do Montijo, este ano com Jorge Palma e Aurea.

Em destaque 28 de junho | 22h00 Praça da República

Concerto com Aurea 00h30 | Centro da Cidade

Bibe Elétrico

De 28 de junho a 3 de julho, as ruas do Montijo voltam a receber milhares de pessoas. A Comissão de Festas perspetiva ultrapassar os 300 mil visitantes que, certamente, encontrarão inúmeros atrativos para preencher os seus dias e noites no Montijo, nas ruas e pátios temáticos que estão a ser ornamentados por milhares de flores de papel e outros elementos decorativos. Um programa diversificado, abrangente e amplo, para todas as idades e todos os gostos: das procissões às tradições taurinas, da gastronomia à música, das marchas aos bailaricos. Junte-se a nós, venha celebrar São Pedro, Montijo espera por si!

Os números das festas São cinco quilómetros de arraial, revestido por 60 mil lâmpadas de várias cores; 80 mil metros quadrados é a área de influência da festa na zona central do Montijo. Mais de 15 mil flores e outros elementos decorativos produzidos por um grupo de voluntárias e pelos utentes das IPSS do concelho ornamentam as ruas do Montijo. No total, são 143 eventos (118 de música e/ou dança, quatro religiosos, cinco desportivos e 16 atividades taurinas) repartidos em oito palcos, que vão envolver mais de 2500 participantes.

artesanato e outras atividades para todas as idades fizeram parte do programa das festas de maio.

Taipadas festeja Sto. António A localidade das Taipadas (freguesia de Canha) esteve em festa, de 9 a 12 de junho. Este ano, os festejos de Santo António tiveram mais um dia e sempre com muita animação. A abertura oficial contou com a presença do presidente da Câmara Municipal do Montijo,

Nuno Canta, e do presidente da Junta de Freguesia de Canha, Armando Piteira. Bailaricos, quermesse, a tradicional procissão em honra de Santo António, atividades desportivas foram alguns dos ingredientes de mais esta edição das festas das Taipadas.

29 de junho | 10h30 | Saída da Base Aérea n.º 6

Procissão Fluvial em honra de S. Pedro 22h00 | Saída da Igreja Matriz

Procissão Noturna de S.Pedro 30 de junho | 22h30

Noite da Popular Fm 1 de julho | 22h00 | Praça da República Desfile de Marchas Populares 00h00 | Bairro dos Pescadores

Noite de Comes e Bebes

2 de julho | 22h00 | Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos

6.ª Grande Corrida da Adega de Pegões 00h30 | Centro da Cidade

Bibe Elétrico

01h30 | Rua Joaquim de Almeida Noite de Comes e Bebes 3 julho | 22h30 | Praça da República

Concerto com Jorge Palma 00h00 | Zona Ribeirinha

Encerramento das Festas Espetáculo de fogo-de-artifício piromusical com a queima do batel.

Vinhos de Pegões arrecadam medalhas Os vinhos da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões voltaram a destacar-se no panorama internacional. Desta vez na 15.ª edição do Concurso Enológico Internacional La Selezione del Sindaco que se realizou em Itália, entre os dias 26 e 28 de maio, na cidade de L’Aquila. A região portuguesa mais premiada foi a Península de Setúbal, com 20 medalhas, e foi para o Município do Montijo que foram

mais medalhas, com 13 arrecadadas pela Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões. O júri, composto por 80 provadores, atribuiu um total de 16 medalhas de Grande Ouro, 118 medalhas de Ouro e 215 medalhas de Prata. Cerca de duas centenas de vinhos portugueses participaram este ano no concurso, sendo que, no total Portugal trouxe de Itália 68 medalhas: 3 de Grande Ouro, 23 de Ouro e 42 de Prata.


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Montijo hoje | JUNHO de 2016

Lugar de Encontros: No Montijo, claro! Até julho, a Câmara Municipal do Montijo irá promover, às sextas-feiras e sábados, vários encontros, reunindo a dança, a música, o desporto, a moda, a gastronomia e os vinhos. A quarta edição do projeto Mon-

tijo Lugar de Encontros teve início no 21 de maio, na Praça da República, e contou com cores e cheiros próprios de uma cidade merecedora do título Capital da Flor. Montras floridas, grinaldas de flores, passeios de charretes, dan-

Compro no Mercado realizou 2.ª edição No dia 4 de junho teve lugar, a 2.ª edição da iniciativa Compro no Mercado, integrada no projeto Montijo Lugar de Encontros, que incluiu provas de vinhos e degustação de produtos da região, venda de artesanato e de produtos regionais, assim como animação pelo grupo Combo Tradicional, da Escola de Artes Sinfonias & Eventos. Nesta edição foram 18 as pessoas que compraram no Mercado Municipal e participaram na 2.ª edi-

ção do Cabaz Criativo. Anabela Pedro, Marieta Duarte e Fernanda Guerreiro foram as vencedoras que conquistaram o primeiro, segundo e terceiro lugar, respetivamente. A iniciativa Compro no Mercado Municipal foi promovida pela Câmara Municipal do Montijo, em colaboração com os vendedores do Mercado Municipal, artesãos, promotores locais e os vinhos Malo Tojo.

ça e muitos motivos para registar o momento de encontro com a flor, nada faltou na iniciativa realizada em parceria com a Marca Flores do Montijo e com a Junta de Freguesia da União das Freguesias do Montijo e Afonsoeiro. À noite, a Quinta do Saldanha recebeu o Desfile de Moda Ecológica apresentado pelo grupo disciplinar de Artes Visuais e Tecnológicas do Agrupamento de Escolas de Montijo e no domingo, dia 22 de maio, no Passeio do Cais teve lugar o Color Music Fest, promovido pela Associação Frente Ribeirinha. Nos dias 3 e 4 de junho, o projeto municipal Montijo Lugar de Encontros trouxe música com a singularidade e a inovação do espetáculo “Os sopros visitam

A Escola Básica do Esteval foi o único estabelecimento de ensino do país a receber o selo de ouro do projeto europeu eSafety Label que distingue as boas práticas ao nível da segurança digital. Esta distinção é um motivo de orgulho para o Município do Montijo e reflete o trabalho desenvolvido pela direção do

Agrupamento de Escolas Poeta Joaquim Serra, pelo pessoal docente e não docente, alunos, encarregados de educação e município, que têm feito da escola um espaço de aprendizagem que extravasa os programas letivos. Em Portugal foram atribuídos 138 eSafety Label, quatro dos quais de prata e apenas um de ouro.

Até julho há muito mais para descobrir e viver. Consulte a programação completa no site oficial do Montijo Lugar de Encontros.

Paisagens culturais do Montijo As comemorações do Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, no Montijo incluíram uma palestra sobre Paisagens culturais no Montijo – a humanização do território. No Museu Municipal Casa Mora, os arquitetos e técnicos municipais Paulo Lima e Luís Pedro Cerqueira abordaram as relações entre o espaço rural e o espaço urbano do concelho do Montijo. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta,

EB Esteval é ouro em eSafety Label

o pop rock” pelo Conservatório Regional de Artes do Montijo e o memorável recital do Octeto de Metais da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

abriu a palestra recordando que “o que somos hoje como território e povo depende em larga medida do contributo dos nossos antepassados para ultrapassar os tempos difíceis e garantir a nossa identidade. Somos uma terra orgulhosa da sua história, do seu contributo para o encontro de pessoas e de culturas”. Paulo Lima abordou o espaço rural e a colonização agrícola de Santo Isidro de Pegões, tendo realizado uma apresentação sobre

o Colonato de Pegões e a sua influência na construção da paisagem da zona este do concelho do Montijo. A intervenção de Luís Pedro Cerqueira foi sobre o espaço urbano e a Frente Ribeirinha do Montijo, a sua evolução deste território, as várias atividades socioeconómicas que ao longo dos séculos foram construindo a paisagem cultural da zona ribeirinha da cidade e que, ainda, hoje são de algum modo visíveis.


JUNHO de 2016 | Montijo hoje

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Entrevista Matilde Paixão e Guilherme Roboredo

Os nossos campeões Aos 12 anos já têm um curriculum de fazer inveja! Desde os seis, que tratam por tu o cha cha cha, o samba, o jive ou a rumba. Ao talento juntam-se muitas horas de treino e alguns sacrifícios. O resultado final são as vitórias nacionais e internacionais. Matilde Paixão e Guilherme Roboredo são os nossos campeões das danças de salão! São 21h30, de um dia de semana, e é no Pavilhão dos Bombeiros Voluntários do Montijo que se reúnem os pares de competição da Escola Dance 2 You, da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro. Matilde e Guilherme estão lá, empenhados primeiro nos exercícios físicos e depois no treino orientado pela experiente professora Angelique Pires. Guilherme é pura energia. A Matilde uma aparente serenidade. Quando se juntam para fazer aquilo que mais gostam, a timidez de Matilde desaparece, a energia contagiante de Guilherme ganha, ainda, mais expressividade e ao primeiro passo de dança conseguem captar todas as atenções. Em dezembro de 2012, com apenas oito anos, na WDC Disney, foram Campeões do Mundo no escalão menos de dez anos em Latinas. No ano seguinte 2013, venceram a Disney Cup Under 10 Juvenile Latinas. Em janeiro de 2015 foram vencedores do Troféu de Brest (França), no escalão WDC AL Open Under 16 Latinas. Ainda em 2015 participaram em várias competições da VIII Disney Cup –

WDC AL World Open 2015 onde obtiveram excelentes resultados e alcançaram lugares nas meiasfinais de Disney Cup U12 Junior Latin e U14 Juvenile Latin. Este ano, no 3rd International Alsace Trophy, nas categoria de WDC/AL -14 Latin e WDC/AL -16 Latin obtiveram o 1.º lugar e na categoria WDC/AL Youth -21 Latin o 3.º lugar. Venceram, também, o III Almada Trophy, no escalção Juvenil/Junior Champ Latin.

cativa nas danças de salão e, por isso, enquanto gostarem é para “continuar e ganhar!”, salienta Guilherme. Para além de campeões nas danças de salão, são igualmente excelentes alunos. “Eles sabem que o resultado escolar é o mais importante. A dança vem depois da escola”, afirma Angelique Pires.

deles. Entendem-se bem, uns dias melhor que outros, mas são crianças. Passam muito tempo juntos, o que não é fácil. Eduquei-os a trabalhar como profissionais, mas o mais importante é divertiremse. Depois o futuro logo se vê!”, esclarece a professora. A vitória, em 2012, na WDC Disney ficou marcada na vida

E o que faz da Matilde e do Guilherme campeões? “Eles são bons porque ouvem muito. Fazem tudo conforme lhes é ensinado. Treinam imenso, isto é a vida

destes pequenos dançarinos: “dançámos duas vezes e a Angelique zangou-se porque fizemos coisas erradas na primeira dança. Quando voltámos a dançar,

“Desde as roupas à inscrição nas competições, passando pelas viagens tudo é muito dispendioso. É importante que as empresas do concelho tomem a iniciativa de nos apoiar financeiramente, em contrapartida da publicidade que fazemos além-fronteiras à cidade e às empresas”. Resultados magníficos que espelham a dedicação e a entrega destes dois campeões às danças de salão. Matilde explica que treinam “duas horas, três vezes por semana. Por vezes, ao fim de semana temos aulas particulares com a professora”. Ela prefere o cha cha cha, ele o jive. Apesar de alguns sacrifícios, como “abdicar de festas de aniversários dos amigos ou de idas à praia” como confessa a mãe de Guilherme, os dois dançarinos admitem que é “a diversão” que os

ganhámos. Depois na cerimónia houve o hino, entrei com o cachecol de Portugal em pista e, também, houve pais a chorar”, confessam, entre risos, Guilherme e Matilde. Para o ano, novos desafios esperam por estes campões, que necessitam “de apoio financeiro. Desde as roupas à inscrição nas competições, passando pelas viagens tudo é muito dispendioso. É importante que as empresas do concelho tomem a iniciativa de nos apoiar financeiramente, em contrapartida da publicidade que fazemos alémfronteiras à cidade e às empresas”, afirma Angelique Pires. Angelique Pires é a professora responsável pela Escola Dance 2 You da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro. Com mais de 20 anos de experiência como professora e uma vida dedicada às danças de salão como dançarina, Angelique Pires tem impulsionado esta modalidade no Montijo e apela à participação, sobretudo, do sexo masculino: “a dança não é só para as raparigas. Precisamos de rapazes”. A Escola Dance 2 You tem 40 alunos de competição, 50 na dança social e 30 nas aulas de crianças. Para além de Matilde e Guilherme, outros pares têm conseguido resultados expressivos nas competições nacionais. Neste momento, a Dance 2 You tem dois pares no Top 10 no escalão de adultos. Em preparação está já o 2.º Festival do Montijo de Danças de Salão, no dia 24 de setembro de 2016, perspetivando-se alcançar o mesmo sucesso da primeira edição.

Saltitando A grande festa de encerramento do ano letivo desportivo voltou a trazer centenas de crianças ao Parque Municipal. O Saltitando Montijo 2016, no dia 2 de junho, reuniu cerca de 450 alunos para uma manhã de convívio desportivo. Promovido pela Câmara Municipal do Montijo

Festival de Natação Na Piscina Municipal do Montijo, a época desportiva da Escola Municipal de Natação encerrou com mais um Festival de Natação, no dia 3 de junho. Alunos, pais e professores participaram numa festa, que deu a conhecer o trabalho desenvolvido pela Escola Municipal de Natação. O Festival de Natação 2016 foi um dos mais participados de sempre: na hidroginástica participaram 45 utentes, na classe pais e filhos,

e nos níveis AA e AA+ da natação, 20 e 25 utentes, respetivamente, num total de 115 participantes. A Escola Municipal de Natação teve 900 utentes inscritos na época 2015/2016. O seu principal objetivo é a oferta da prática de atividades aquáticas com características variadas, abrangendo as seguintes modalidades: pais e filhos, adaptação ao meio aquático, natação pura, hidroginástica, hidromovimento e reabilitação aquática.

em conjunto com a Coordenação do Desporto Escolar da Península de Setúbal e com o apoio do Núcleo do Montijo da Cruz Vermelha Portuguesa, o Saltitando Montijo envolveu os alunos das escolas básicas do concelho do Montijo, numa iniciativa muito animada, com desporto, dança e música.


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Montijo hoje | JUNHO de 2016

Recuperada ponte em Sarilhos A Câmara Municipal do Montijo procedeu a uma intervenção na ponte pedonal que liga a freguesia de Sarilhos Grandes à freguesia de Sarilhos Pequenos (concelho da Moita). A ponte apresentava sinais evidentes de degradação e já tinha sido sinalizada pela câ-

Manutenção de caminhos rurais e limpeza de bermas

mara. Foram efetuados trabalhos de conservação e reparação da infraestrutura no valor de 4 962 euros + Iva. Com esta obra ficam, assim, garantidas melhores condições de segurança para o atravessamento e circulação de peões naquele local.

Rua do Pinheiro concluída

Para garantir uma melhor qualidade do espaço público e assegurar condições de circulação adequadas a peões e automobilistas, a Câmara Municipal do Montijo está a executar trabalhos de regularização de caminhos de terra-batida em diversos locais do concelho. Está a ser, igualmente, realizada a ceifa das faixas de gestão de combustível com o objetivo de reabilitar as bermas pedonais das estradas e caminhos municipais e, simultaneamente, prevenir o risco de incêndio.

O Bairro do Areias ganhou um novo acesso rodoviário. Foram concluídas as obras de pavimentação da Rua do Pinheiro. A intervenção contemplou, ainda, a consolidação da vala que se encontra naquele local.

Espaço Oposição

BE

Direito a Escolher A Educação é um pilar básico no desenvolvimento sustentável dos países. A generalização da educação em Portugal é assegurada, e muito bem, pelo Estado português. A Escola pública generalizada e gradual, universal e tendencionalmente gratuita (deveria ser gratuita na sua plenitude) é uma das maiores conquistas que o nosso povo teve nas últimas décadas. Muito se tem falado nos últi-

mos tempos acerca do direito a escolher o local onde os nossos filhos devem estudar. Devo dizer que concordo plenamente com essa teoria. Especialmente que se deve escolher a escola pública de qualidade onde os nossos filhos devem estudar. Qualquer outro cenário pareceme que ultrapassa as reais necessidades dos alunos, das escolas e da comunidade.

A própria OCDE afirmou as políticas educativas onde existe escola pública e privada, a tendência é para criar escolas de primeira e de segunda, que agravam as assimetrias sociais, sem ganhos na qualidade de ensino e das aprendizagens para a generalidade dos alunos. O facto é que nestes “acordos” que foram estabelecidos entre o Estado e os privados, a transpa-

rência ficou a porta. Foram criadas redes clientelares de privados que engordavam a custa dos nossos impostos, isto é, eu pago os meus impostos para que exista escola pública de qualidade para todos, e não para encher os bolsos de pessoas sem escrúpulos em que o único intuito é o de enriquecer. Abro excepção aos locais onde não existe escola pública, aí sim, deve-se continuar a sub-

sidiar turmas para que os alunos prossigam nos seus estudos. Custa-me ver pais, alunos e professores serem instrumentalizados e sofrerem pressões para participarem nos protestos. Direito a escolha sim, mas quem quer frequentar escolas privadas deve assumir todo o encargo com as despesas.

readores do PSD votaram contra os regulamentos municipais que apresentados pelo senhor presidente sem qualquer diálogo com os restantes vereadores eleitos. Os regulamentos que o PSD impediu de serem aprovados representavam o maior aumento de taxas aplicáveis às famílias e às empresas dos últimos 10 anos. A condução política obscura e

sem diálogo, será sempre combatida pelos autarcas do PSD, que lutam pela transparência e pelo esclarecimento da população.

Ricardo Caçoila

PSD

O Autismo Democrático A Democracia é o regime político em que todos os cidadãos eleitos participam igualmente na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação representativo do voto. O que se passa no Montijo é preocupante. O Presidente da Câmara pretende substituir-se unipessoalmente

ao órgão Câmara Municipal, observando o regular funcionamento da democracia. Este senhor não envolve as forças políticas eleitas pelo povo do Montijo na elaboração de documentos relevantes - Regulamentos municipais e do PDM. Os vereadores da oposição são afastados de participar no desenvolvimento desses documentos

e são impedidos de expressar no momento oportuno a sua posição aos funcionários e entidades que elaboram esses documentos. O senhor Presidente arroga-se de representar unipessoalmente toda a Câmara, não respeitando o valor do voto, numa atitude de autismo democrático. Por esse motivo na reunião de câmara de dia 25 de Maio os ve-

“ Em política o que parece é”, Francisco Sá Carneiro Pedro Vieira, vereador do PSD

CDU O regimento de funcionamento das sessões de câmara e as reuniões descentralizadas A CDU é legitimamente reconhecida por toda a gente, até pelos adversários políticos, pela grande obra que realiza no país e em particular no distrito. Um esforço notável da FEPU/ APU/CDU superou o estado de subdesenvolvimento em que se encontravam as populações locais, sem acesso a bens fundamentais como a água corrente,

energia elétrica, rede de esgotos, equipamentos de saúde, infantários, creches, bibliotecas, parques desportivos, entre outros. O fascismo não fora só a privação das liberdades fundamentais, mas também a miséria e a marginalidade. A prioridade foi para a batalha das infraestruturas básicas, num distrito onde cerca de metade da

população em 1974 não tinha acesso às redes de saneamento básico. Batalha que exigiu esforços gigantescos e que, apesar das inúmeras dificuldades (política do poder central e limitações financeiras), em 1984, no essencial, estava praticamente vencida, com os municípios do distrito mostrando os índices mais elevados do país.

A intervenção da FEPU/APU/ CDU contribuiu decisivamente para que que o Montijo ocupasse então, com orgulho, um lugar ímpar no distrito. Mas o projecto CDU conseguiu mais: devolveu às pessoas a consciência na sua capacidade de intervir, para com as suas mãos e razão, construírem o seu destino. Porque o Montijo precisa

deste projecto e de reencontrar este caminho, propusemos que a Câmara reunisse junto dos munícipes, nas freguesias, mostrando como cada força política atua e os interesses que defende. Aí estaremos, junto de “quem mais ordena”, para prestar contas e lutar pelo Futuro. Connosco podem sempre contar!


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Quatro anos de sucesso A Academia Sénior de Pegões e Canha festejou o seu quarto aniversário no dia 28 de abril. Uma tarde muito animada no auditório da Junta da União das Freguesias de Pegões, marcada pelos testemunhos dos alunos sobre a importância da Academia nas suas vidas. A festa de aniversário contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, da vereadora do pelouro da Ação Social, Maria Clara Silva, do presidente da União das Freguesias de Pegões, António

Miguéns, do presidente da Junta de Freguesia de Canha, Armando Piteira, e do presidente da direção da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo, João Martins. Ao longo da tarde, autarcas e público presente foram brindados com a sabedoria e a dedicação dos alunos. Mais que um local de aprendizagem, tanto os alunos como os professores voluntários demonstraram que a Academia Sénior é um local de solidariedade, de partilha e de afetos.

KONT´@RTE inaugura na Caneira Semana Aberta confirma êxito letivo A Universidade Sénior realizou a Semana Aberta de 6 a 9 de junho. O evento contou com exposições, desporto, música, conferências, teatro, entre outras iniciativas organizadas por alunos e professores. Inaugurada a 6 de junho e patente no átrio dos Paços do Concelho até 1 de julho, a exposição de Artes Decorativas e Heráldica. No dia seguinte a Praça da República foi palco de uma manhã desportiva com a participação de alunos e professores das disciplinas de Zumba e Danças Tradicionais da Universidade, grupos de desporto sénior do Projeto Junto de Si de Pegões e do Alto Estanqueiro, assim como uma demonstração de SwáSthya Yôga. Uma aula aberta dedicada ao tema La chanson française e uma conferência dedicada ao tema Música entre Gerações foram as iniciativas do dia 7 de junho. Aulas de artes decorativas e pinturas ao ar livre, na Praça da República e outros pontos da ci-

dade marcaram mais um dia da Semana Aberta que contou ainda com uma aula aberta sobre Malacologia (ramo da biologia que estuda os moluscos), apresentada por José Manuel Pedroso da Silva, no auditório da Quinta do Saldanha. O Cortejo Académico, com a participação do grupo Batucando, exibiu-se no dia 9 de junho pelas ruas da cidade, seguindose a queima das fitas na Praça da República e um arraial académico, no Jardim da Casa Mora, com atuação de diversas tunas e do Grupo de Danças Tradicionais da Universidade. No dia 16 de junho o Cinema Teatro Joaquim d´Almeida recebeu a revista “Cousas e Louzas da Nossa Terra”, uma adaptação do grupo de Teatro da Universidade Sénior. A Semana Aberta terminou no dia 17 de junho com o Baile de Finalistas na Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro animado pelo conjunto musical “Companhia Limitada”.

Demonstração de artes marciais e de expressões artísticas, a atuação de um grupo de crianças e jovens do bairro, com música e danças ciganas, foram alguns dos momentos que marcaram a inauguração, no dia 6 de maio, do projeto KONT´@ RTE - E6G para o triénio 2016 a 2018, na sede do projeto, no Bairro da Caneira.

Na cerimónia, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, realçou que este é “um projeto com soluções inovadoras para enfrentar as causas das desigualdades que corroem a nossa coesão social, demonstrando a força que tem a cooperação das instituições do concelho”. Presente no encontro, a diretora do Programa Escolhas do Alto

Comissariado para a Imigração e Diálogo Internacional, Luísa Malhó, referiu que este projeto “só faz sentido se todos participarem, se trabalharmos juntos para construirmos este projeto em prol deste bairro, se todos se empenharem não só em cuidarem deste espaço, mas também em proporem atividades ao projeto”.

Caminhar com cor e amor Foi um mar de gente e de cor que invadiu o Passeio do Cais, no dia 17 de maio. A caminhada Caminhar com Cor, Caminhar com Amor, contou com cerca de 1200 crianças das escolas básicas Joaquim de Almeida, Ary dos Santos,

Luís de Camões, Caneira e Liberdade. Numa manhã de desporto e de afetos, o evento contou com uma aula de Zumba Kids pela Academia Dance Fusion e um lanche oferecido pela Junta da União das Fre-

guesias do Montijo e Afonsoeiro. A iniciativa integrou o movimento Cidade dos Afetos e foi uma parceria do ACES – Agrupamento de Centros de Saúde do Arco Ribeirinho e da Câmara Municipal do Montijo.


junho

2016 I SÉRIE

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Santos na Casa

Os Santos regressam à Casa Mora, para dar mais cor às Festas Populares de São Pedro. A partir de 29 de junho, visite o Museu Municipal e aprecie a exposição Santos na Casa, que reúne artesanato genuinamente português dedicado aos três santos populares, com peças de artesãos nacionais conceituados. A exposição está patente até 30 de julho, de terça-feira a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. Não perca!

Arte urbana nasce no Montijo Montijo Jovem O VIII Concurso de Poesia e Ficção Narrativa Montijo Jovem está a aceitar candidaturas até 30 de dezembro. Se tens entre 15 e 25 anos e gostas de escrever, esta é uma excelente oportunidade para mostrares o teu talento literário. O concurso compreende duas modalidades: poesia e ficção narrativa. Os vencedores das duas categorias recebem, como prémio, 1250 euros cada. Mais informações através do e-mail juventude@mun-montijo.pt ou consulte o regulamento do concurso em www.mun-montijo.pt. A Câmara Municipal de Montijo patrocinará a publicação dos trabalhos vencedores, tal como fez com Corpo Casa Mundo, a obra vencedora na modalidade de poesia do Montijo Jovem 2014. Da autoria de David Elrich, o lançamento de mais esta obra vencedora do concurso aconteceu no passado dia 13 de maio, no Museu Municipal Casa Mora.

Canha com corrida noturna O desporto de lazer regressa à Vila de Canha, no dia 8 de julho, pelas 21h30, com o Night Run X-Terra Canha. O evento vai ter duas opções de participação: corrida e/ou caminhada. O percurso é o mesmo e será realizado essencialmente em terra batida. Esta é a primeira Night Run em Canha com o objetivo de promover a prática do desporto e de uma vida saudável. Saiba mais em http://nightruncanha.blogspot.pt/

A arte urbana arrancou no Montijo com um imponente mural onde as flores são a peça chave. O artista por trás da obra é José Carvalho ou Oze Arv, um dos mais conceituados street artist portugueses, que venceu o Concurso de Arte Urbana Cidade do Montijo. O seu talento e capacidade artística deram cor e vida a um edifício na Praça Gomes Freire de Andrade. Durante cerca de uma semana, executou um mural que tenta “transmitir o tema do concurso que era Montijo Capital da Flor. A forma como o tema estava apresentado no regulamento, denota que o município tem um carinho por esta atividade e tentei fazer essa transmissão na parede. A cor representa a cor que as flores trazem ao mundo e a figura humana é o sentido maternal de preservar a flor”. A sua presença no Montijo não foi indiferente e a abordagem da população bastante positiva: “tem sido ótimo. As pessoas passam e dão-me os parabéns, inclusive algumas pessoas que também participaram

no concurso e ser reconhecido pelos meus parceiros é bom”. Licenciado em artes plásticas, José Carvalho iniciou-se há 20 anos na arte urbana. Em duas décadas as mentalidades evoluiram, Lisboa tornou-se uma referência na arte urbana que, como o próprio afirma, tem na “valorização do espaço urbano inútil” a sua mais valia, e este primeiro projeto no Montijo poderá ser apenas o começo: “o Montijo tem muito potencial para a arte urbana. A primeira peça é sempre o mais complicado, mas depois as pessoas gostam e aderem”, conclui. O Concurso de Arte Urbana foi promovido pela Câmara Municipal do Montijo, com o apoio imprescindível da Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, e teve como objetivos dinamizar o centro histórico da cidade, reforçar a ligação das artes e das expressões plásticas, despertar o interesse da comunidade pela cultura de arte contemporânea e, simultaneamente, combater a utilização desordenada e indiscriminada dos graffiti na cidade.

Na Volta da Maré Até 30 de julho, a Galeria Municipal do Montijo oferece-lhe a exposição de pintura e desenho Na volta da maré, de Isabel Sabino. Venha descobrir o universo imaginário desta artista plástica, distinguida com vários prémios e que, ao

longo de mais de três décadas, tem apresentado o seu trabalho em dezenas de exposições coletivas e individuais. A entrada é livre. Horário: 2.ª feira a sábado 9h00-12h30 e 14h00-17h30

Montijo

Lugar de Encontros

08 jul.

Sex.

SUNSET WINE

19H00 às 22H00 | Moinho de Maré do Cais

O Porco à volta do mundo! Informações: Posto de Turismo pturismo@mun-montijo.pt | 21 232 77 84

09 jul.

Sáb.

Encontros Desportivos | 10H00 às 13H00 | Passeio do Cais Participe nas várias modalidades!

Noite Marialva e “Não Só” | 17H00 | Passeio do Cais Cortejo de Charretes e muita animação!

15 jul.

16 jul.

Sex.

22H00 | Palco Coreto - Praça da República

Sáb.

21H30 | Jardim Casa Mora

Danças & Ritmos do Mundo

Deixe-se levar pela dança oriunda de diferentes países.

23 jul.

Sáb.

22H00 Praça da República

Concerto

“South River Jazz Band”


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