Montijo Hoje I N F O R M A Ç Ã O
27 FEVEREIRO
2019 II SÉRIE
M U N I C I P A L
Envelhecimento Ativo Histórias, testemunhos e vivências de mulheres e homens que encontraram nos projetos municipais de envelhecimento ativo o caminho para adquirir novas competências e para fomentar as relações interpessoais e os afetos.
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Destaque
Governo e ANA assinam acordo para Aeroporto do Montijo 5
Entre Nós
Capa Semana Aberta Sénior 2016|Montijo
João Jacinto 9
Montijo à Mesa
Restaurante Ti Martinho Uma casa portuguesa, com certeza 11 Ficha Técnica Periodicidade Bimestral
Cultura
Dia Mundial da Poesia 14
Propriedade Câmara Municipal do Montijo Diretor Nuno Ribeiro Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo Edição
Especial
Envelhecimento Ativo 17-22
Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Colaboração Eduardo Brito Impressão WGROUP Depósito Legal 376806/14
Habitação Social
Câmara entrega casas a famílias do concelho 24
Tiragem 16 000 ISSN 2183-2870 Distribuição Gratuita
Obras
Nova ETAR em Canha 31
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e d i t o r i a l
Aeroporto do Montijo Motor do desenvolvimento regional
É
inquestionável que o dia 8 de janeiro de 2019 ficará marcado na história da nossa cidade, da região e do país. Após cinco décadas de avanços e recuos, de indecisões e decisões díspares, foi, finalmente, assinado o acordo para o financiamento da expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, entre o Estado Português e a concessionária da ANAAeroportos. Ficou, assim, firmado no papel a concretização dos investimentos necessários para o aumento da capacidade aeroportuária no Humberto Delgado e, sobretudo, para a construção do Aeroporto do Montijo, na Base Aérea n.º 6. Um dia histórico, naturalmente, para o Montijo, mas também, e mais importante, um dia histórico para a Península de Setúbal porque estamos a falar de um investimento de grande irradiação económica regional, de caráter supramunicipal e de abrangência transversal a todo o Arco Ribeirinho Sul. Impõem-se, assim, uma visão e uma análise mais alargadas deste investimento e dos seus impactos. O novo Aeroporto do Montijo é o maior investimento realizado em território nacional nos últimos cinco anos. Ao contrário do que alguns afirmam, numa tentativa de minimizar a sua importância e influência, a construção de uma nova infraestrutura aeroportuária a Sul do Tejo não traz apenas benefícios para o concelho do Montijo, mas sim para todo o território envolvente. Falamos de impactos substanciais ao nível da economia e da criação de emprego – os números internacionais apontam para 10 mil postos de trabalho diretos – que possibilitam a convergência socioeconómica, a coesão territorial e a diminuição das assimetrias entre as duas margens do Tejo. Falamos, igualmente, de uma oportunidade para as questões da reabilitação e reconversão urbanas, em particular de áreas industriais desativadas que representam um ónus do ponto de vista urbanístico e ambiental para os seus municípios, como são o caso da Quimiparque, no Barreiro, ou da Siderurgia Nacional, no Seixal. Este é um investimento que traz associado a si outros benefícios para a região, nomeadamente a questão das novas acessibilidades que poderão ser criadas entre Montijo-Barreiro e Barreiro-Seixal, diminuindo assim a distância destes dois municípios para o novo Aeroporto do Montijo. Em matéria de acessibilidades rodoviárias, no caso específico do concelho do Montijo, entre os vários investimentos reivindicados pela autarquia e agora contemplados no acordo de financiamento entre o Estado e a concessionária da ANA-Aeroportos, estão a conclusão da variante da Atalaia, um novo acesso rodoviário à
Ponte Vasco da Gama e a circular exterior, investimentos estratégicos para uma organização mais adequada do trânsito dentro da cidade. Outro aspeto fundamental relacionado com o novo Aeroporto do Montijo é o reforço da mobilidade e dos transportes públicos, em particular do transporte fluvial, estando previsto o aumento das carreiras e o funcionamento do Cais do Seixalinho como uma das principais plataformas de ligação a Lisboa. A visão sobre os impactos positivos do novo Aeroporto do Montijo tem de ser de facto ampla e abrangente, até na questão do turismo. Nos últimos anos, Portugal tem vivido um crescimento turístico ímpar, que começa a estar limitado pelo facto do Aeroporto Humberto Delgado estar no limiar da sua capacidade operacional. O acordo celebrado para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa não só permite efetuar os investimentos necessários no Humberto Delgado, como leva à construção do novo Aeroporto do Montijo, possibilitando a disseminação dos benefícios económicos associados ao turismo pelos municípios a Sul do Tejo que, neste momento, apenas de forma residual sentem o impacto do crescimento turístico verificado na região de Lisboa. Também no Montijo, começamos já a sentir esse efeito, por via de novos projetos na área da hotelaria que estão a dar os primeiros passos administrativos para a sua efetiva concretização. Outra área que poderá ser desenvolvida com o novo Aeroporto do Montijo é, efetivamente, o turismo fluvial no Estuário do Tejo. Portanto, mais que resolver uma necessidade há muito identificada, mais que um investimento dinamizador do desenvolvimento e atratividade do nosso concelho, o novo Aeroporto do Montijo é o início de um novo ciclo de desenvolvimento, criação de riqueza e de emprego para o Arco Ribeirinho Sul, Península de Setúbal e Área Metropolitana de Lisboa. O País precisa de um novo aeroporto, a região e o Montijo também!
Nuno Canta Presidente da Câmara
O novo Aeroporto do Montijo é o maior investimento realizado em território nacional nos últimos cinco anos. Ao contrário do que alguns afirmam, numa tentativa de minimizar a sua importância e influência, a construção de uma nova infraestrutura aeroportuária a Sul do Tejo não traz apenas benefícios para o concelho do Montijo, mas sim para todo o território envolvente.
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DESPORTO
Elisabete Jacinto faz história A
piloto montijense Elisabete Jacinto tornouse a primeira mulher a vencer uma prova de todo o terreno ao volante de um camião com a vitória no África Eco Race, um momento histórico para o desporto motorizado internacional. A África Eco Race decorreu de 30 de dezembro de 2018 a 13 de janeiro de 2019. Foi a décima participação de Elisabete Jacinto nesta prova, tendo a equipa portuguesa obtido, também, o seu melhor resultado de sempre na classificação conjunta com os automóveis ao conquistar o quinto lugar da geral. Elisabete Jacinto nasceu em 1964, no Montijo. Detentora de um vasto currículo desportivo, que iniciou, no ano de 1992, no motociclismo, alcançou vários títulos, nacionais e internacionais, no desporto motorizado de todo-o-terreno, desde as motos aos camiões, passando pelos automóveis. Em 1999 foi distinguida com a Ordem de Mérito. Numa modalidade desportiva em que a participação feminina é reduzida, note-se que no rali internacional, na categoria de camião, era a única mulher em prova, Elisabete Jacinto contribui igualmente para quebrar barreiras na promoção da igualdade de género. É com orgulho que a Câmara Municipal do Montijo congratula Elisabete Jacinto por este êxito, que é elucidativo da enorme qualidade da piloto montijense, assim como do seu percurso de sucesso no desporto motorizado internacional.
BASE AÉREA n.º 6
65 anos de memórias em livro N
o dia 17 de janeiro, teve lugar o lançamento do livro “Base Aérea N.º 6 – 65 Anos de Memórias 1953-2018”, da autoria do capitão Pedro Gonçalves Ventura. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, marcou presença no evento. Perante sala cheia, o autor apresentou a obra que é um percurso pela história da BA6, desde os tempos prévios da Península do Montijo antes da aviação até aos dias de hoje, passando pela transferência do Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso para o Montijo, pela abertura de portas da BA6 em 1953 e pela sua afirmação no panorama militar internacional. Tal como refere, no prefácio da obra, o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, “este estudo é muito mais do que um roteiro de memórias, porquanto, ao redesenhar o que foi e é a BA6, simultaneamente revisita a história da Força Aérea Portuguesa e esboça caminhos de futuro”.
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DESTAQUE
Governo e ANA assinam acordo para Aeroporto do Montijo U
m dia histórico para o Montijo, para a região de Setúbal e para Portugal”, afirmou Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, na cerimónia de assinatura do Acordo de Financiamento da Expansão Aeroportuária de Lisboa, que foi presidida pelo primeiroministro António Costa, e teve lugar no dia 8 de janeiro, na Base Aérea n.º 6, localização do futuro Aeroporto do Montijo. Da parte do Governo, tanto o primeiro-ministro, António Costa, como o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, asseguraram que nenhum aeroporto será construído sem estarem verificados os pressupostos ambientais e
“
de segurança aeronáutica, mas que o país precisa de uma solução para responder às dificuldades da operacionalidade aeroportuária em Lisboa. “Assim que haja a conclusão do estudo ambiental, que ele possa ser apreciado, decidido e, se for favorável, que a obra do novo Aeroporto do Montijo possa arrancar imediatamente”, apontou António Costa. O acordo assinado entre o Governo e a AnaAeroportos permite “que avancem desde já os investimentos necessários para o aumento da capacidade aeroportuária no Humberto Delgado, que tem a perspetiva de atingir pela primeira vez os 30 milhões de passageiros”, revelou Pedro Marques. Sobre o futuro Aeroporto do Montijo, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas disse que será um aeroporto de ligações ponto a ponto e de médio curso, que permite reforçar a proximidade a Lisboa com novas infraestruturas, acessibilidade e mais transportes públicos, criando mais de 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos: “no período da democracia será um dos maiores investimentos na Península de Setúbal. Não será um pequeno aeroporto ou um apeadeiro, mas um aeroporto de dimensão internacional”, explicou Pedro Marques. Até 2028, o acordo de financiamento para a expansão aeroportuária de Lisboa prevê um investimento de 1,15 mil milhões de euros, valor que inclui a extensão do aeroporto Humberto Delgado, que irá custar 660 milhões de euros, e a fase inicial da construção do novo Aeroporto do Montijo, no valor de 550 milhões de euros.
“Não discuto mais se esta é a decisão certa ou errada. É a decisão e há que pôr em prática. Cada dia de atraso é mais um dia que se soma aos 50 anos de espera” António Costa, primeiro-ministro, sobre o Aeroporto do Montijo.
1,15 mil milhões de euros
Investimento Total
10 mil empregos
Postos de trabalho (diretos e indiretos) no novo Aeroporto do Montijo
7 milhões
número de passageiros no primeiro ano do Aeroporto do Montijo
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DESCENTRALIZAÇÃO
Câmara homologa transferência de competências o dia 6 de fevereiro foi deliberada, em N reunião de câmara, a proposta do acordo prévio do Município do Montijo, enquanto membro da Área Metropolitana de Lisboa (AML), para assunção em 2019, por parte da AML, das competências previstas nos decretos-leis sectoriais referentes à Lei n.º 50/2018, de 16 de agosto. A proposta espelha, também, a resolução da autarquia em aceitar a transferência para o Município do Montijo, em 2019, de todas as
competências previstas nos decretos-leis sectoriais já publicados. A questão prende-se com a Lei-Quadro da Transferência de Competências para as Autarquias Locais e para as Entidades Intermunicipais (Lei n.º 50/2018 de 16 de agosto), onde foram estabelecidos os princípios gerais da transferência de competências para os municípios, freguesias e entidades intermunicipais. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, e o executivo socialista esclarece-
ram que sempre defenderam a transferência de competências para o município, como forma de aproximar os serviços públicos das populações e como estratégia de afirmação do poder local democrático. A concessão do acordo prévio do município ao exercício pelos órgãos da AML das já referidas competências foi aprovada com os votos favoráveis do PS, os votos contra da CDU, tendo o vereador do PSD optado por ausentar-se no momento da votação.
OBRAS
Reabilitação do edifício dos Paços do Concelho E
stá em curso a reabilitação do edifício dos Paços do Concelho do Município do Montijo. A intervenção decorre de uma candidatura apresentada ao POR Lisboa 2020, no âmbito do Plano de Ação de Reabilitação Urbana do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Município do Montijo, correspondendo a um investimento total elegível de 204.915,86 euros
e financiamento FEDER (50 por cento) de 102.457,93 euros. A reabilitação do edifício dos Paços do Concelho conjuga as necessárias reparações com a melhoria do comportamento térmico e consequente redução das necessidades energéticas, melhorando o desempenho e reduzindo os custos de utilização. As obras consistem na renovação integral da
cobertura degradada do imóvel, com introdução de isolamento térmico, na substituição dos vãos exteriores por unidades termicamente isoladas, na requalificação térmica e na renovação da sua pintura exterior. Incluem, ainda, a pintura interior, a reabilitação de vãos interiores, a remodelação de instalações sanitárias e a instalação de sistema de deteção de incêndios.
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PROTEÇÃO CIVIL
Bombeiros Voluntários do Montijo assinalam 110 anos N
o cumprimento do lema “Vida por Vida”, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Montijo festejou 110 anos ao serviço dos montijenses, com uma sessão solene no dia 27 de janeiro, presidida pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Futuro foi a palavra dominante no discurso do governante, que abordou o novo modelo de proteção civil tão debatido publicamente nos últimos tempos: “o que é fundamental hoje é olhar para o futuro, perceber que os desafios são complexos e que é necessário dar prioridade à prevenção, à qualificação técnica e especializada e ao profissionalismo”. “No novo modelo de proteção civil é necessário interligar todas as forças. Os bombeiros voluntários são a coluna vertebral do nosso sistema e, por isso, terão cada vez mais uma palavra a dizer naquilo que é o futuro da proteção civil, no respeito pela sua autonomia de organização e no respeito pelo seu modelo de comando”.
Em 2018
18 500
Serviços prestados pelos BVM
300 mil 732 euros
Apoio financeiro municipal (126 mil euros no âmbito do protocolo de colaboração e 174 mil 732 euros para aquisição de ambulâncias e viaturas de combate a incêndios
O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, também marcou presença na cerimónia e reafirmou a confiança e apoio incondicional da autarquia aos bombeiros: “no Montijo temos feito da proteção civil um movimento de aproximação aos problemas das pessoas e, por isso, fomos construindo com os nossos bombeiros, ao longo dos últimos anos, uma resposta de socorro e de emergência, cada vez mais, qualificada, criando uma corrente de cumplicidades assente no princípio da solidariedade institucional”. Pela corporação dos Bombeiros Voluntários do Montijo, o comandante Américo Moreira e o presidente da direção, Amável Pires, deixaram palavras de agradecimento ao esforço e competência dos seus bombeiros, agradeceram o apoio da Câmara
Municipal do Montijo e abordaram a necessidade de continuar a dotar os bombeiros com mais recursos, tendo em conta o desafio do novo Aeroporto do Montijo. O presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Montijo solicitou, ainda, o apoio do ministro Eduardo Cabrita para a concretização do projeto de ampliação do atual quartel. Como habitualmente, a sessão solene contou com promoções e condecorações de bombeiros e associados e com a distinção de entidades e empresas que colaboram regularmente com os Bombeiros Voluntários do Montijo. Foi, igualmente, batizada a nova ambulância de transporte de doentes, adquirida com o apoio financeiro da Câmara Municipal do Montijo.
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Expressões
ILUSTRAÇÃO
Eduardo Brito Eduardo nasceu a 6 de julho de 1996 e vive atualmente no Montijo, onde desenvolve os seus projetos pessoais e trabalha como freelancer para o estrangeiro. O seu grande interesse pelas artes plásticas surgiu quando era criança, mais tarde, na sua adolescência, decidiu tirar uma licenciatura de Desenho em Belas Artes, onde aprofundou as suas técnicas de desenho tradicional, pintura digital, estudos anatómicos, storyboard e animação. Após a licenciatura, começou a trabalhar para o estrangeiro como freelancer em Arte Conceptual e Storyboard para filmes, séries, experiências interativas e também para jogos. O trabalho digital do artista é geralmente baseado em cenários de Ficção Científica e Fantasia, proveniente de vários filmes e livros que o influenciaram quando era muito jovem. Embora o seu trabalho atual seja apresentado maioritariamente em formatos digitais, Eduardo também cria várias ilustrações em formato tradicional.
Este é um espaço focado na imagem. Ilustração, fotografia, desenho, pintura e outras formas artísticas que expressam o ideário conceptual de talentos locais, mais ou menos consagrados, que através da arte expressam a sua visão do Mundo.
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Entre Nós ENTREVISTA | João Jacinto
Do caos nascem as estrelas
A
té os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”, dizia Charlie Chaplin. A narrativa de vida do ator João Jacinto enquadra-se neste pensamento do famoso humorista. João, neste mês de fevereiro, é a capa da agenda de eventos da autarquia, por desempenhar a personagem central da peça “O Medo de Existir” que, à data do fecho desta edição, ia estar em palco no Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida durante três dias. João Jacinto nasceu a 10 de outubro de 1988. Vem de uma família ligada às artes, principalmente, na área da música. O seu irmão é o músico Ruben Jacinto. Mas este mundo não lhe dizia nada. Ao invés, na adolescência, sentia até uma certa antipatia pelo meio artístico. “Tolices”, refere um pouco envergonhado. “Só muito tarde, despertei para as artes”, confessa o jovem ator. “Estava muito virado para o desporto, como o futebol, mas não sabia o que queria ser. Sempre estive perdido. Nada me despertava interesse. Na escola não tinha dificuldades, mas também não estudava. Nem um bloco de notas tinha. Quando as matérias se começaram a densificar comecei a ter más notas. Hoje, arrependo-me muito”. A meio do décimo ano sai da Escola Secundária Poeta Joaquim Serra. “Fiz inúmeros psicotécnicos, falei com psicólogos, mas de nada me adiantava, continuava sem escolher caminho algum apenas ia aos treinos de futebol no antigo Clube Desportivo do Montijo, no Vitória de Setúbal ou no Pinhalnovense. Jogava bem, mas não era profissional”. Frequentou o ensino profissionalizante em Setúbal. Desistiu. Veio para a Escola Profissional do Montijo, cumpriu os três anos, com esforço, mas não sentia qualquer atração pela formação. “Não gostava de nenhuma das áreas. A esta altura estavam queimados anos da minha vida”. O nevoeiro em que vivia adensou-se ao ponto de comprometer o seu estado de saúde, entrando em depressão. “Tenho noção que fui uma dor de cabeça, principalmente para a minha mãe, que já não sabia o que fazer”, confessa. Foi nesta altura que um pouco de luz entra na sua vida: “aos poucos foi-se fazendo um clique. Já estava um pouco melhor quando o meu pai me disse para me juntar a ele no Grupo Coral. Aceitei. Acabei por participar no musical “Da Coroa ao Cravo”. Foi a primeira vez que subi ao palco e adorei”. Aos 20 anos, João Jacinto percebeu finalmente o que lhe despertava os sentidos. Afinal, a vida ia-lhe dando sinais, só que ele não tinha sabido interpretá-los: “em criança era sempre chamado para apresentações e divertia-me. Numa fase ‘rebelde’ quando ia a exposições passava a ser um
aluno interessado e mesmo na Escola Profissional lembro-me de assistir à apresentação de um exercício de interpretação em palco e pensar ‘Eu podia estar ali’”. Agora, já não tinha dúvidas do trilho a percorrer: “foi um acordar para a vida. Não demorei muito tempo a perceber que queria ser ator”. No Verão seguinte fez um workshop na Espaço Evoé, em Lisboa, e matriculou-se na escola para o ano curricular seguinte. Seguiu-se a ACT-Escola de Atores em Lisboa. “Fiz três anos de formação na
culdades, alegrias, muito hardwork, até hoje, com bons resultados. Somos uma família”. Depois de integrarem o projeto megalómano de Luis Miguel Cintra, “Um D. João Português”, que percorreu inúmeras salas do país, a Companhia Mascarenhas-Martins mergulhou no seu novo projeto: “O Medo de Existir”, onde o nosso entrevistado brilha como ator principal, em carreira desde maio do ano passado. Para além dos palcos, o jovem ator também leciona a disciplina de Teatro na Escola de Artes
ACT. Foi a melhor coisa que fiz na vida. Tive professores e colegas fantásticos”, afirma. Conhecimentos adquiridos, foi altura de colocar em prática a aprendizagem. Das curtas-metragens às peças de teatro já interpretou diversos papéis. “O mundo do teatro não é fácil. Considero que tenho tido muita sorte, acompanhada de muito trabalho, fiz de tudo um pouco, pago ou não, numa fase imediata à conclusão do curso, tinha de continuar a investir e o importante era adquirir mais experiência”. Muito importante, até mesmo decisivo, foi integrar a Companhia de Teatro montijense MascarenhasMartins. “Foi a melhor coisa que me aconteceu na vida”, revela emocionado. “São pessoas incríveis, de uma dedicação, profissionalismo e ética excecional. Nos últimos anos partilhámos imensas difi-
Sinfonia e Eventos, no Montijo. “Já dei aulas a adultos e jovens. Este ano tenho uma turma de pré-adolescentes e, outra, de crianças. Dá-me muito prazer. É um desafio e uma aprendizagem constante”. João Jacinto revela que ser ator é muito mais que decorar as deixas: “é preciso estudar muito, pesquisar, perceber segundas leituras e desvendar subtilezas. Ensaiar à exaustão e mesmo assim, há sempre algo para aperfeiçoar”. A história de João Jacinto poderia ter tido outro desfecho, menos feliz. Humildemente agradece tudo o que hoje tem às pessoas que apareceram na sua vida e a quem permaneceu sempre a seu lado, como a mãe “guerreira” e o irmão que considera “o meu ídolo”, o pai que o apoiou. O futuro não sabe o que lhe reserva, mas, o que for, que seja em palco!
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SANIDADE ANIMAL
DGAV e FPAS apresentam sistema informativo A
Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) apresentaram publicamente o Sistema Informativo da Sanidade dos Suínos, no dia 10 de janeiro, nas instalações da Bolsa do Porco do Montijo. No encerramento do evento, o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, defendeu que o novo Sistema Informativo da Sanidade dos Suínos é uma “boa prática simplex que facilita os operadores económicos e a
transparência do processo produtivo. Um exemplo concreto da aplicação do digital a um sector que tem dado provas de grande modernidade e que continua nesse caminho”. Também presente no evento, Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, afirmou a importância da suinicultura para a economia local, enalteceu o papel da FPAS na dinamização do sector, evidenciado que o novo sistema é “mais um elemento de transformação da suinicultura portuguesa na construção de
um sector moderno, desenvolvido e de futuro”. Vitor Menino, presidente da FPAS, regozijouse pela nova ferramenta que “permitirá a todos, uma maior transparência, responsabilizando todos os intervenientes, fazendo diminuir os custos e aumentar a eficiência, permitindo ainda combater os desafios com que nos deparamos, designadamente as imposições legais da União Europeia sobre a saúde animal e as metas ambientais”. No evento teve lugar, ainda, a assinatura de um protocolo entre a DGAV e a FPAS para a realização da iniciativa “Porco d’Ouro”. O Sistema Informativo da Sanidade dos Suínos é uma plataforma web, desenvolvida pela DGAV, a Faculdade de Medicina Veterinária e a Nomad Consulting, que permite aos operadores do sector suinícola fazer a gestão da sanidade dos suínos de uma forma mais acessível e facilitada.
A partir de 1 de março, a FPAS muda a sua sede para as instalações da Bolsa do Porco do Montijo, numa parceria com a câmara municipal que concedeu apoio financeiro para a execução das obras necessárias.
PRODEXPO 2019
Adega de Pegões ganha 19 prémios na Rússia A Adega de Pegões voltou a ser distinguida com 19 prémios na edição deste ano do conceituado concurso Prodexpo 2019, em Moscovo, na Rússia. Entre os prémios atribuídos, destaca-se a conquista do Prodexpo Star, o segundo prémio mais alto do concurso, com o vinho Vinhas de Pegões Syrah, sendo que poucos foram os vinhos portugueses que obtiveram esta distinção. Conseguiram ainda mais 11 medalhas de ouro e
7 de prata com destaque para os vinhos Sobreiro de Pegões, Rovisco Pais, Alto Pina e Adega de Pegões que alcançou 9 das 11 medalhas de ouro conquistadas pela Adega de Pegões. Recorde-se que este concurso é de boas memórias para a Adega de Pegões, pois foi lá que, em 2017, obteve o Grand Prix Prodexpo com o vinho Adega de Pegões Syrah, prémio mais alto que se pode atribuir a um vinho tinto no mundo, neste prestigiado concurso russo.
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Montijo à Mesa
RESTAURANTE TI MARTINHO
Uma casa portuguesa, com certeza! N
um ambiente rústico, que apela a tradições portuguesas, encontram-se, à mesa, sabores regionais acompanhados por vinhos que também içam a nossa bandeira. Para sobremesa sugerem-se iguarias, da doçaria tradicional, que falam a mesma língua. O restaurante Ti Martinho está situado no n.º 160 da artéria mais bairrista da cidade do Montijo, a Avenida dos Pescadores. À entrada dão-nos as boas-vindas, os anfitriões são Sílvia Bernardo Mocho e André Filipe Fernandes Catalão, que assumiram o leme deste ‘barco’ desde o falecimento, há um ano, do seu mentor, Júlio Mocho. Em sua homenagem as portas continuaram abertas e prontas a receber clientes que partem como amigos desta casa. “Recebemos muita gente da terra, mas também muitos dos clientes vêm de fora, de norte a sul do país”, comenta Sílvia. Bacalhau Assado à Ti Martinho, Polvo à Lagareiro e Grelhada Mista de Porco Preto são os pratos mais cobiçados e também os que
constam da ementa desde 2012, ano da inauguração. As duas salas que oferecem, hoje, 40 lugares, nasceram literalmente do nada. “A casa foi concebida de raiz. De duas garagens, o meu pai, Júlio Mocho, criou este restaurante que, no seu plano inicial, seria apenas um espaço para reunir amigos”. Os anos foram passando e a ementa engrandeceu e enriqueceu com pratos como as espetadas de tamboril e as de vitela, preparados de rabo de boi e a chanfana. Sabores caseiros que podem ser acompanhados de inúmeras opções vinícolas de cunho português como o Piano, do Douro, o alentejano Convento da Tomina ou os da Península de Setúbal, onde se encontram os do concelho do Montijo, como o Reserva da Adega de Pegões Alicante Bouschet. Os doces também não passam indiferentes. Aqui pode-se degustar sobremesas que prometem sabores intensos como a tarte de amêndoa e a de maçã reineta, a sericaia, o pudim de ovos e o bolo de bolacha.
A maior preocupação dos proprietários é também o desafio futuro: “pretendemos continuar a ser uma casa de família, a cuidar bem de quem nos visita, com uma oferta que prima pela qualidade dos produtos que apresentamos à mesa”, confessa a proprietária. No espaço, que oferece uma palete de paladares de ambiente familiar e acolhedor, o que não faltam são boas razões para se sentar à mesa. Portuguesa, com certeza! Bom apetite!
RESTAURANTE
Ti Martinho
Av. dos Pescadores, 160, Montijo 00351 - 212 310 880; 00351 - 913 412 758 12:00 às 22:00. Encerra à 3ª feira timartinho.adega@gmail.com facebook.com/Adega-Ti-Martinho instagram.com/adega-ti-martinho-montijo
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SOLIDARIEDADE
Cartazes sobre a Paz na Biblioteca té ao próximo dia 5 de março está patente, A na Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva, a exposição intitulada “Peace-A bondade importa” com os mais de 50 trabalhos concorrentes ao 31.º Concurso Anual de Cartazes sobre a Paz, promovido pelo Lions Clubs Internacional. Entrada livre. A exposição consiste numa mostra de trabalhos
literatura
de artes visuais dos alunos do Agrupamento de Escolas Poeta Joaquim Serra e do Agrupamento de Escolas do Montijo, no âmbito do referido concurso. No concurso concelhio, os três primeiros lugares foram entregues às alunas da Escola Secundária Poeta Joaquim Serra, Lina Monteiro, Laura Marques Pinto e Joana Machado, respetivamente.
TURISMO
Montijo presente na BTL O Município do Montijo vai voltar a mostrar as potencialidades turísticas, económicas e culturais do concelho na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorre de 13 a 17 de março, na Fil – Parque das Nações, em Lisboa. Durante os cinco dias de certame, a Câmara Municipal do Montijo, em parceria com diversos entidades do concelho, vai promover as tradições, as atividades económicas, as festividades, o desporto de natureza, entre outros fatores turísticos distintivos do concelho Esta é a 31.ª edição da BTL, que, em 2018, teve a presença de 1200 expositores, entre nacionais e estrangeiros, e cerca de 77 000 visitantes, reflexo do crescimento do setor turístico, a nível nacional. A Bolsa de Turismo de Lisboa é o ponto de encontro dos profissionais ligados ao setor turístico, nas suas mais diversas áreas de negócio, que aqui se reúnem, a cada ano, para apresentar as suas ofertas ao mercado e ao público em geral.
Raquel Matos Silva apresenta O Legado Oculto N
o dia 12 de janeiro teve lugar, no Museu Municipal Casa Mora, apresentação do livro “O Legado Oculto” de Raquel Matos Silva. Foram muitos os amigos, familiares e curiosos que estiveram na apresentação da primeira obra da jovem autora montijense. Editado pela Chiado Books, “O Legado Oculto” é um romance policial, que combina o suspense com conturbadas relações interpessoais, passado na alta sociedade londrina do século XIX. Raquel Matos da Silva nasceu no Montijo, em 1988, cidade onde estudou até 2006 e onde reside atualmente. Com Mestrado em Psicologia Clínica Dinâmica, o seu gosto pela literatura manifestou-se desde tenra idade e a grande paixão pela escrita reflete-se neste seu primeiro livro.
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Estórias com História
“Nunca
mais te chamo galeguinha”
Dr. Avelino da Rocha Barbosa* oi no Diário do Governo de 7 de Julho de 1930 F que saiu o Decreto n.º18.434, cujo artigo 1.º é do seguinte teor: «A vila e concelho de Aldeia Galega do Ribatejo, distrito de Setúbal, passam de ora avante a denominar-se Montijo.» O artigo 2.º revoga qualquer legislação em contrário. É curioso recordar, a traços largos, a história deste baptizado, para o qual inúmeros trabalharam e de que um único veio a receber por inteiro a compensação e a glória: Carlos Hidalgo Gomes de Loureiro, durante muitos anos presidente do município e que aqui deixou, por obras várias e de vulto, bem assinalada a sua acção. Já no tempo de D. Maria II, e aquando da sua passagem por aqui em viagem para o Alentejo, o Sr. Sustância, que presidia aos destinos municipais, se lhe dirigira em respeitosos cumprimentos e solicitando a mercê da mudança dum nome que a muitos parecia em evidência deprimente e caricato. O Sr. Sustância, que entretanto, não se mostrara à altura ou em disposição de sugerir denominação mais conveniente e aceitável, recebeu de Sua Majestade a promessa de ser o assunto entregue e recomendado ao Ministro do Reino que, ao que se saiba, não dispôs de tempo para o efeito. A mesma solicitação foi mais tarde feita ao Duque de Saldanha, que naturalmente pelas suas absorventes congeminações estratégicas e políticas deve ter considerado de pouca monta e escasso interesse tão frágil e inconsequente problema. Depois duma outra tentativa falhada junto de Rodrigues Sampaio, coube ao saudoso patrício Sr. Sousa Rama a tarefa de tomar a peito a factura duma extensa exposição, assinada por muitos conterrâneos e dirigida ao Sr. Domingos Tavares, ao tempo presidente incontroverso da edilidade. Todas estas petições e exposições tiveram o fim inglório dos papéis inúteis. Deve anotar-se, para compreensão capaz da irrisória dificuldade, a controvérsia e disparidade de soluções apontadas, pelos mais variados autores e bairristas. Algumas primavam pelo disparate, como a de Linda Aurora do Tejo, que mereceu ao autor d’As Farpas o comentário de que por esta e por outras «o povo perdeu a noção do ridículo». Entre outros nomes propostos fazem-se referências ao de Vila Mor ou Vila Maior (Dr. Paulino Gomes Júnior), Vila Lusa (General Albino), Lusitânia (José Augusto Cunha), Alda (Sousa Rama) e Aldegalega (José Quaresma). Deve considerar-se que foi a extrema confusão e divisão de critérios que dificultou o ponto final duma aspiração tão antiga, tão comum e tão unânimamente desejada. Consciente destas realidades contraditórias, o Sr. Carlos Loureiro, primeiro presidente do município na actual situação política, encarregou o prof. Silva Teles, ao tempo no corpo docente do extinto Curso Superior de Letras, da elaboração dum parecer definitivo. São verdadeiramente interessantes os comentários que nesse documento, hoje desaparecido, se fazem:
«Alda ou Aldegalega, dois nomes que igualmente recordam a legendária Alda e a sua Estalagem da Estacada, por ser construída sobre estacaria, «linda mulher de olhos azuis», não foram de considerar por somenos motivo para tão perpétua consagração. Vila Maior ou Vila Mor, seria ou não seria? E quando deixasse de o ser? Mudar-se-ia então o nome à terra como quem muda de camisa? Linda Aurora do Tejo? Como se chamariam os seus habitantes? E como Lusitânia, se a velha Lusitânia tinham um
O coronel Namorado de Aguiar, amigo pessoal e de infância do exponente, logo ali lhe prometeu a sua ajuda, a qual rematou por um telegrama no mesmo dia enviado para o Montijo e do seguinte teor: «Nunca mais te chamo galeguinha./ Namorado». O telegrama era dirigido à filha do presidente da câmara e era o primeiro que os Correios de Portugal transmitiam com a nova denominação. E assim, ainda antes que saísse no Diário do Governo, o novo nome iniciava a sua marcha oficial e histórica.
Avenida dos Pescadores, cerca de 1930.
bem outro significado e nem sequer passara, em sua maior realidade, para baixo de Leiria? E como Vila Lusa, mais do que as outras?» O prof. Silva Teles entendeu – e bem – que deveria antes de tudo atende-se às realidades geográficas e estas ensinavam que toda esta região era conhecida pela denomicação de Montijo (pequeno monte) que não era outro que o alto da hoje Atalaia, denominação esta de Montijo que foi devidamente registada, digamos, num mapa da região mandado elaborar pela Ordem de Sant’Iago da Espada e hoje existente na Torre do Tombo. Se se dizia «rio do Montijo», «península do Montijo», porque não então chamar ao povoado simplesmente Montijo? Esta foi pois a solução proposta, aquela que resultou dum estudo atento, imparcial e lógico. Entregue a proposta e o estudo ao Sr. Ministro do Interior de então, o Coronel Mateus, teve o epílogo picaresco que passo a contar. É claro que um problema desta índole não pode constituir a preocupação dum ministro assoberbado por outras dificuldades bem maiores e mais urgentes. Mas um encontro fortuito sob as arcadas do Terreiro do Paço foi motivo de uma troca de palavras breves, entre o então Ministro da Guerra, Coronel Namorado de Aguiar, e o presidente da câmara local, que explicou ter feito em tempo entrega duma tal exposição da qual aguardava despacho.
Texto extraído das Selecções da Gazeta, III Volume, 1956-1960, originalmente publicado no semanário Gazeta do Sul (Nº 1451), na rubrica Páginas da Vida Montijense - Homens e Factos
Avelino José da Rocha Barbosa Nasceu no Montijo, a 23 de dezembro de 1919, e faleceu a 17 de fevereiro de 1989. Licenciou-se em Medicina, na Universidade de Coimbra, tendo feito diversas especializações. Foi, desde sempre, médico no Montijo, onde foi o 1.º diretor da Consulta do Dispensário do Montijo. Ainda na sua terra natal, fundou e inaugurou, em colaboração e na presença de médicos franceses, o primeiro serviço em Portugal de Medicina do Trabalho em meio hospitalar. Pessoa muito ativa na comunidade local, foi diretor da Gazeta do Sul e fundador do Círculo Histórico-Cultural do Montijo. Após a revolução do 25 de Abril de 1974, foi o 1.º presidente da Assembleia Municipal do Montijo.
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CULTURA
Montijo comemora Dia Mundial da Poesia A
MONTIJO JOVEM 2019
Candidaturas ao Concurso Poesia e Ficção Narrativa Estão abertas as inscrições para o Concurso Poesia e Ficção Narrativa, promovido pela Câmara Municipal do Montijo com o objetivo de revelar novos talentos no domínio da criação literária. Podem concorrer todos os cidadãos nacionais ou estrangeiros residentes em Portugal com idades compreendidas entre os 15 e os 35 anos. As obras a concurso devem ser entregues até dia 21 de junho 2019 no Gabinete da Juventude ou remetidas com registo em envelope fechado. Os vencedores do concurso receberão um prémio pecuniário de 1250 euros (valor unitário líquido) e as suas obras serão editadas pela câmara.
CTJA
Ciclo de Cinema O Cinema-Teatro Joaquim d ‘Almeida (CTJA) está a dinamizar, pelo terceiro ano consecutivo, o Ciclo de Cinema dedicado a filmes nomeados e/ou premiados em célebres festivais internacionais ligados à 7.ª Arte. No dia 29 de março, às 21h30, será exibido o filme São Jorge de Marco Martins, um drama luso-francês de 2016. A película conta com a participação de Nuno Lopes, Beatriz Batarda, José Raposo, Mariana Nunes e Jean-Pierre Martins. Jorge (Nuno Lopes) é um pugilista desempregado que tenta a todo o custo encontrar formas de garantir o sustento da mulher e do filho. Quando ela, emigrante brasileira, decide fugir da crise financeira que se instalou em Portugal e regressar ao seu país, Jorge fica sem saber o que fazer. Como último recurso, aceita um trabalho numa empresa de cobrança de dívidas. Usando o seu treino para a luta corpo a corpo, passa a intimidar pessoas que, tal como ele, se encontravam numa situação desesperada. De um momento para o outro, vê-se a atravessar a fronteira da moralidade e a entrar num mundo da criminalidade gerada pela pobreza e pela falta de alternativas. O ator Nuno Lopes recebeu o Prémio Orizzonti para Melhor Ator no Festival de Veneza pela sua participação. O filme foi, também, o grande vencedor dos Prémios Sophia de 2018 para melhor filme, melhor realização, melhor ator principal e secundário, melhor argumento original, melhor fotografia e melhor direção artística, atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema.
Câmara Municipal do Montijo dá voz à cultura popular, com o lançamento do livro “Ti Maria Albertina – a poetisa do povo”, de Maria Marques Jacinto, no Museu Municipal Casa Mora, no dia 21 de março, Dia Mundial da Poesia, às 21h30. Maria Marques Jacinto apresenta-nos uma poesia marcada pelas raízes ao Montijo e por uma abordagem com humor e ironia de temas do quotidiano. “Ti Maria Albertina – a poetisa do povo” é o 2.º volume da Coleção Poesia, criada pela câmara com o objetivo de dar um contributo decisivo para o conhecimento dos autores montijenses, fomentar o interesse pelo livro e pela leitura e projetar a cultura local. Ainda no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Poesia, também no Museu Mu-
“Sou a poetisa do povo Já devem ter percebido E depressa me comovo Com estas coisas do amor Mas tenho um jeito atrevido No meu sentido de humor E gosto do meu copinho Também da minha cevada Dava-me cá um jeitinho Agora estar bem casada Ele por mim enternecido Mas carregado de notas Tinha outra vez um marido Até que batesse as botas Queria estar endinheirada Que a massa não me faltasse Sem que fosse deserdada Mesmo que a morte o levasse” Ti Maria Albertina
nicipal Casa Mora, mas no dia 23 de março, às 21h30, o Grupo de Teatro Sem Limites da Universidade Sénior apresenta “Os Poetas e as Cantigas”. O Grupo de Teatro Sem Limites convidou o Grupo Gerações para uma noite de poesia a que se junta a música. Uma noite em que os sons dão força às palavras numa simbiose perfeita que aviva os nossos sentidos. O Dia Mundial da Poesia celebra-se todos os anos a 21 de março. A data foi criada na 30.ª Conferência Geral da UNESCO a 16 de novembro de 1999. Este dia pretende celebrar a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação, procurando fazer uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa.
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EXPOSIÇÃO
Mariana Marote apresenta Elementa D
e 8 de março a 20 de abril, a Galeria Municipal do Montijo abre portas para os trabalhos de fotografia, escultura e desenho da artista plástica Mariana Marote com a exposição “Elementa”. A natureza é a peça chave do trabalho de Mariana Marote que apresenta peças de arte que refletem, acima de tudo, a sua proximidade com a natureza, centrando-se o seu trabalho, principalmente, na experimentação das propriedades físicas e químicas da fotografia e as suas possibilidades matéricas. Mariana Marote, nascida no Funchal, tem raízes no Montijo. Realizou a sua formação académica na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, com licenciatura em Arte Multimédia-Ambientes Interativos e com mestrado em Arte Multimédia-Fotografia. Participou em mostras individuais e coletivas, destacando-se “Another Way of Seeing” (New Orleans, 2013), “Paisagens inesperadas” (Lisboa, Museu do Chiado, 2015) e “Segunda Natureza” (Lisboa, MAAT, 2016). Foi reconhecida com Prémio de Aquisição na 17.ª Bienal de Cerveira de 2013 e com menção honrosa na 8.ª Bienal de Vila Verde, em 2014.
Galeria Municipal | Entrada Livre Horário 2.ª feira a sábado | 9h00-12h30 e 14h00-17h30
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A II Mostra de Bandas Semana da Juventude, organizada pelo Gabinete da Juventude da Câmara Municipal do Montijo, tem como objetivo incentivar a criatividade artística e musical dos jovens, bem como a promoção e divulgação de novos talentos na área musical. Esta mostra permite aos participantes a apresentação pública dos seus trabalhos na Semana da Juventude e à banda vencedora a participação no Festival da Liberdade. Podem participar bandas amadoras, sendo aceites todas as correntes musicais em temas originais ou covers. As inscrições estão abertas até 15 de março. Mais informações através do email juventude@mun-montijo.pt.
EDUCAÇÃO
Simarsul lança Aquaquiz
A
prender o valor da água através de um jogo é a nova proposta da Simarsul e das empresas do Grupo AdP – Águas de Portugal, através do Aquaquiz, um jogo dirigido aos alunos do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico. O Aquaquiz é um jogo interativo e pedagógico, em formato de quiz, que se destina a promover a sensibilização e a educação ambientais. Concebido para ser jogado em sala de aula, apresenta-se num tabuleiro virtual com perguntas relativas a diferentes dimensões da água, abrangendo matérias dos conteúdos programáticos. Além do tabuleiro virtual, o jogo está também disponível em aplicação móvel para smartphone. O Aquaquiz é gratuito e pode, também, ser jogado em ambiente familiar e entre amigos.
AMBIENTE
Semana Verde promove oliveira D
e 18 a 23 de março, a Semana Verde do Montijo comemora o Dia Mundial da Árvore e sensibiliza a comunidade para a adoção de boas práticas ambientais. Este ano, a árvore-emblema é a oliveira que será ofertada aos munícipes e plantada, simbolicamente, no dia 21 de março, às 15h00, no Jardim Casa Mora. Dinamizada pela Casa do Ambiente, em 2019, a Semana Verde aposta no modelo Parking Day, com o objetivo de dar maior visibilidade à iniciativa e sensibilizar a comunidade para a não utilização do automóvel no centro da cidade. Assim, ao longo da semana de 18 a 23 de março, o separador central da Avenida 25 de Abril,
entre a Biblioteca Municipal e o Jardim Casa Mora, estará vedado ao estacionamento e no local vão decorrer diversas atividades, num espaço devidamente decorado com relva artificial, vasos com árvores e outras plantas. Para além da distribuição da árvore-emblema, na Semana Verde vão existir momentos de lazer, de leitura, jogos e pinturas para as crianças, sempre numa abordagem pedagógica no sentido de promover a sensibilização ambiental. Haverá, ainda, oportunidade para dar a conhecer o trabalho do Gabinete Municipal de Sanidade Pecuária através da vacinação de animais e de uma campanha de sensibilização para a adoção de animais do Canil Municipal.
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Especial
Envelhecimento ativo Q
uando, em 2012, a União Europeia dedicou o ano europeu ao tema do envelhecimento ativo já no Montijo, desde 1998, que eram executadas políticas públicas neste sentido, reconhecendo o contributo dos seniores para a sociedade e oferecendo-lhes meios e ferramentas potenciadoras de um envelhecimento ativo, saudável e com dignidade. Nesta primeira edição de 2019 do Montijo Hoje, quisemos contar algumas das histórias por detrás dos projetos municipais de envelhecimento ativo. Damos, assim, rosto e voz aos que encaram esta fase da vida não como uma fatalidade, mas como uma oportunidade. Nas próximas páginas registam-se os testemunhos e as vivências dos alunos que encontraram no Gabinete Sénior, nas duas Academias Seniores e na Universidade Sénior o caminho para adquirir novas competências e para fomentar as relações interpessoais e os afetos.
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Especial ENVELHECIMENTO
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ATIVO
HELIODORO REIS
Envelhecer com saber e naturalidade E
stes projetos ajudam a encarar de outra forma esta fase da vida. Vim com esse propósito e estou a alcançá-lo”. A frase é de Heliodoro Reis, 76 anos, caloiro da Universidade Sénior do Montijo e surge quando, a meio da entrevista, se fala da questão do envelhecimento. É nessa fase da entrevista que Heliodoro confessa uma conversa tida, a dada altura, com o seu médico: “sentia-me um pouco deprimido pela ideia de estar a envelhecer. Abordei-o nesse aspeto e ele animou-me, dizendo que era a lei da vida, mas a verdade é que nem sempre encaramos com facilidade o sentir que estamos a envelhecer e há que ganhar alguma coragem e encarar com naturalidade esta fase da vida”. Toda a sua vida profissional foi feita como comercial numa grande empresa nacional de pronto-a-vestir, conheceu o país de lés-a-lés e, quando se reformou, aos 75 anos, pensou imediatamente em frequentar a Universidade Sénior.
“Sempre me disseram que o saber não ocupa lugar, sou muito curioso e, para mim, o estar a envelhecer na mesa do café é uma coisa tristíssima. Estava habituado a andar por todo o país, a ter contacto e comunicar com várias pessoas e, por isso, achei que a Universidade Sénior era o melhor caminho”, afirma. Ali, nas aulas de Heráldica, Calendários e Relógios e Literatura Nacional e Estrangeira, diz poder aprofundar temas “que conhecia vagamente com a ajuda dos professores que nos põem em contacto com assuntos que só tinha ouvido falar por alto e que não tinha hipótese de saber mais senão tivesse vindo ao encontro da Universidade Sénior”. O aprofundamento dos conhecimentos teóricos é uma das vantagens da frequência das aulas na Universidade Sénior, mas não só. Heliodoro Reis diz que é “uma aprendizagem a vários níveis, quer de matérias teóricas, quer de vivências com novas pessoas. Estou muito satisfeito,
já influenciei algumas pessoas a vir porque é realmente uma boa forma de estar na vida”, enaltecendo toda a disponibilidade e dedicação dos professores voluntários, da reitoria e das funcionárias da Universidade Sénior. Esta experiência bastante positiva é para continuar. Heliodoro Reis não vai desistir e está já a planear inserir no seu percurso a disciplina de Marketing e Comunicação. O objetivo é simples e está no início deste texto: envelhecer com saber e naturalidade.
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CASIMIRO MAIA
Quando o segredo é não parar O
s 80 anos não se notam, nem na aparência e muito menos na energia e vitalidade. Casimiro Maia é utente do Gabinete Sénior, em particular do projeto Saudável +65, onde pratica ginástica duas vezes por semana. Se está a ler e a questionar “aos 80 anos?!”, revelamos já que a ginástica não é nada… quando comparada com os quatro mil quilómetros anuais que continua a fazer de bicicleta. “Sempre fui um homem do desporto. A ginástica aqui é muito boa, adoro isto. Não consigo estar em casa, estou aqui ou na rua a fazer atletismo e ciclismo. Fui ciclista profissional e, ainda hoje, faço quatro mil quilómetros por ano de bicicleta e, uma média, de 20 quilómetros por semana de atletismo”. Uma energia única que aplicou ao longo de um percurso de vida muito preenchido: “sempre tive uma vida de trabalho. Formei-me, a estudar de noite, no curso de radiologia, trabalhei como chefe de radiologia no hospital da CUF até 1985, depois sai, abri uma empresa ligada aos estivadores e portos de mar que vendi em 1998, reformei-me e comecei a ocupar o tempo nos projetos de envelhecimento ativo”, esclarece.
“As pessoas são o mais importante. Nunca pensei encontrar pessoas tão interessantes, que hoje são minhas amigas” Para além da ginástica pelo Gabinete Sénior, Casimiro Maia está, também, inscrito na Academia Sénior de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia onde frequenta o coro, o teatro e as aulas de informática, “uma coisa que não existia no meu tempo e hoje até brinco com a informática”, diz. Mais que exercitar o corpo, afirma que a participação nestes projetos é “uma forma de conviver com as pessoas. É um crescimento, sobretudo, intelectual” e dá o exemplo das aulas de teatro, onde “lemos muito, estudamos, memorizamos e, isso, ajuda a cabeça a pensar. Parar é o fim e não quero que isso me aconteça neste momento”. Durante estes anos de participação nos projetos municipais de envelhecimento ativo, já trouxe novos membros, mas confessa verificar ainda alguma resistência nas pessoas, “não sei se por complexo ou vergonha. Enquanto puder, vou continuar porque gosto muito do que aqui faço. Adoro isto!”.
É, por isso, perentório em dizer que “se estes projetos acabassem, se calhar havia gente que ia morrer mais depressa. Ainda bem que, cada vez mais, estes projetos estão espalhados pelo concelho e a câmara, as juntas, os técnicos e os professores voluntários fazem isto por nós. Estes projetos são muito importantes para a comunidade”. No fim, mais que um balanço pessoal extrema-
mente positivo e uma enorme vontade de continuar neste caminho, Casimiro Maia fala do que é mais essencial na vida, no geral, e também nestes projetos, em particular: “as pessoas são o mais importante. Nunca pensei encontrar pessoas tão interessantes, que hoje são minhas amigas. Os técnicos dos projetos, como a Sandra Outeiro e a Ana Morais, os professores e os colegas são todos extraordinários”, conclui.
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ATIVO
MARIA JOSÉ BORRALHO
“Sou feliz na Academia Sénior” M
aria José Borralho, 71 anos, é daquelas pessoas especiais que têm o dom de encarar a vida sempre com a simplicidade de um sorriso. No meio das seis dezenas de alunos da Academia Sénior de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia é, certamente, a que tem o papel de incentivar os outros a participar, a primeira a dizer que está presente porque, como a própria diz, “sou feliz e estes bocadinhos na Academia são o melhor que tenho na vida”. Quando parou de trabalhar, aos 69 anos, decidiu que “nunca se é velho para aprender. Velhos são os trapos, podemos fazer mais devagar, com mais ou menos dores, mas fazemos na mesma e arranjamos tempo para tudo”, afirma. Já frequentava o Coro da Academia e inscreveu-se nas restantes atividades que lhe ocupam, praticamente, todos os dias da semana: “ando na música, no teatro, na boccia, na ginástica, nas aulas de saúde e bem-estar e nas aulas de psicologia. Isto é muito importante para mim pelo convívio, pela amizade com os outros, por ter o tempo todo ocupado e fazer-me sair de casa”. Não se entrega à ideia que a idade é um entrave, pois “quanto mais paramos, mais murchamos,
como uma flor quando deixa de ser regada. A idade não nos proíbe de coisa nenhuma. Se temos uma dor ou outra, o que é normal, quanto mais parados pior ficamos, temos de nos mexer, não só o corpo como a mente”. Gostava que houvesse, pelo menos, mais uma hora de ginástica durante a semana, mas compreende que “os professores são voluntários, não têm disponibilidade para mais e é de grande valor darem o tempo deles por nós e pela comunidade”. Participa nos passeios, nos espetáculos, nas festas e outras atividades paralelas às aulas e incentiva quem está a ler a aderir a estes projetos: “ninguém devia desperdiçar a oportunidade de vir e sentir o que é estar numa academia destas. É muito gratificante a aprendizagem, tal como é ver as coordenadoras da Academia, os professores, o próprio presidente da câmara, satisfeitos, a agradecer o que nós, com esta idade, ainda damos à comunidade”. E porque a poesia, que é um reflexo da sua postura de vida humilde e sempre agradecida, é uma das particularidades desta aluna da Academia Sénior, este texto só poderia terminar com versos feitos propositadamente por Maria José Borralho.
“Pela câmara fui convidada Para uma conversa passada Por alguém que me entrevistou Falei sobre a Academia Que me deu muita alegria Se precisar de mais, aqui estou Atalaia, Alto-Estanqueiro e Jardia A que pertence a Academia Onde eu entro com muito prazer É com as coordenadoras E também com as professores E o presidente não posso esquecer Também da câmara, o presidente Apoia aqui toda a gente Que frequenta as atividades É ele que nos ajuda E sempre que nos vê, saúda E assim esquecemos as nossas idades A todos muito obrigada Pela época animada Que nos ajudam a sentir Sem a câmara e a freguesia Não havia Academia Para nos fazer sorrir”
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ACADEMIA SÉNIOR PEGÕES E CANHA
Um verdadeiro ponto de encontro À
volta de uma mesa, entre linhas, tecidos, botões e máquinas de costura estão, habitualmente, quinze alunas que assumem a solidariedade como uma das palavras chave da Academia Sénior de Pegões e Canha. É no Atelier Solidário que, uma vez por semana, se entregaram ao projeto de costurar 80 vestidos que serão entregues a crianças em África pela ONG Dress a Girl. Paralelamente, confecionaram almofadas criativas que, no passado dia 14 de fevereiro, Dia dos Afetos, foram dadas a educadores e professores que trabalham com crianças com necessidades especiais. Entre o alinhavar de um vestido e o coser de um botão, vão contando que a Academia Sénior é “uma segunda família. Passamos aqui mais tempo do que em casa”, diz Custódia Ferreira. “Andamos a envelhecer com dignidade, a tra-
balhar o espírito em comparação com outras pessoas da nossa idade que, por preconceito, sobretudo nos meios rurais, não vêm para aqui e passam dias inteiros no sofá, o que para mim é muito mais prejudicial para a saúde”, acrescenta. A ideia é partilhada por Teresa Mira, aluna responsável pelo Atelier Solidário juntamente com a aluna Isabel Carinhas: “a Academia foi o melhor que aqui apareceu. Aprendemos a fazer muita coisa, passeamos, conhecemos outras pessoas, convivemos e começamos a reviver por dentro. Esta casa dá-me muita alegria”. Para além do afeto pela Academia Sénior, as quinze alunas têm em comum o dinamismo e o gosto por aprender. Todas frequentam mais que uma disciplina. Isabel Carinhas, por exemplo, anda também nas aulas de informática, na animação desportiva e cognitiva e, agora,
nas marchas, um novo projeto da academia. Com a orientação dos professores voluntários, partilham conhecimentos e saberes entre todas, mas também com a comunidade, em particular junto dos mais jovens, demonstrando que a solidariedade intergeracional é uma característica única dos projetos de envelhecimento ativo. Exemplo claro disto são as sessões de poesia e leitura animada que realizam nas escolas e que os mais novos “adoram”, como confessam Teresa e Custódia. Ao contrário das restantes entrevistas deste Especial sobre os projetos de envelhecimento ativo, a presença da Academia Sénior de Pegões e Canha é um testemunho coletivo que reflete a importância deste local na vida daquela comunidade. Um espaço que é, como afirmam as próprias alunas, “o melhor ponto de encontro” porque “aqui somos pessoas felizes!”.
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Especial ENVELHECIMENTO
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ATIVO
Envelhecimento saudável, ativo e com dignidade A
Organização Mundial de Saúde define envelhecimento ativo como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem. É, em suma, o reconhecimento que as pessoas não devem ser consideradas inativas apenas porque envelhecem, pelo contrário devem ter ao seu dispor oportunidades que promovam o seu bem-estar físico e mental, a sua segurança e a sua participação na sociedade. Mais que envelhecer de forma saudável, numa
dade de vida e realização pessoal à população idosa e na qual todos vivenciem um envelhecimento ativo digno e saudável” (in www.sns.gov.pt). No Município do Montijo, as políticas públicas promotoras do envelhecimento ativo são orientadas no sentido de ir ao encontro dos pressupostos acima enunciados, na convicção que também as autarquias são preponderantes na criação de oportunidades que promovam a participação e a qualidade de vida das pessoas idosas. O primeiro passo destas políticas remonta a 1998
preocupação com a idade e os cuidados de saúde, o conceito de envelhecimento ativo é encarado de forma mais abrangente e abarca a ideia que as pessoas idosas devem ter uma efetiva participação na vida da sua comunidade. É um conceito que implica uma atuação assente em estratégias multidisciplinares e de proximidade, tendo como objetivo primordial que os seniores possam ter uma vida ativa, saudável e com qualidade. A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável (2017-2025) assumiu como missão “ter uma sociedade onde o processo de envelhecimento ao longo do ciclo de vida venha a conferir elevados níveis de saúde, bem-estar, quali-
e à criação do Gabinete do Idoso que teve como objetivo desenvolver atividades para a população sénior do concelho, com vista à sua integração comunitária, procurando combater a solidão e o isolamento social através do fomento das relações interpessoais. Hoje esta estrutura é designada de Gabinete Sénior e engloba três projetos: os Ateliers Seniores, a Agenda Sénior e o Saudável 65 (com ginástica e hidromovimento). Ao longo do ano, realiza dezenas de atividades que, em 2018, atingiram as duas mil participações. Procurando dar um impulso, ainda, maior à educação e formação ao longo do ciclo da vida, em 2006, foi instituída a Universidade Sénior, do Montijo, assumindo-se assim uma estratégia
de promoção da literacia da população sénior, através da disponibilização de um espaço que estimula o interesse e a aprendizagem por diversas áreas de estudo. No ano letivo 2018/2019, a Universidade Sénior tem 185 alunos inscritos e 31 disciplinas. A partir deste projeto foram constituídos grupos de natureza artística e cultural que são hoje uma marca identitária da Universidade Sénior e um recurso cultural do município. Falamos da Tuna Académica, do Grupo de Danças Tradicionais, do Grupo de Música Tempos e Contratempos e do Grupo de Teatro Sem Limites. Num concelho com características territoriais e demográficas díspares, em 2012, numa parceria com a Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo e o Núcleo do Montijo da Cruz Vermelha Portuguesa surgiu o projeto Junto de Si, alvo de financiamento comunitário através do Programa de Desenvolvimento Rural. Com este projeto procurou-se desenvolver atividades formativas e lúdicas junto de uma população particular: os seniores das freguesias rurais do concelho (Canha, Pegões, Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia), com o objetivo de combater o isolamento e incrementar o convívio intergeracional. Por meio do projeto Junto de Si, nasceram duas respostas sociais: a Academia Sénior de Pegões e Canha e a Academia Sénior de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia, que desenvolvem atividades socioculturais, formativas e de convívio, incrementando o gosto pela aprendizagem ao longo da vida e fortalecendo a participação social da comunidade sénior. A Academia Sénior de Pegões e Canha conta com 199 alunos e a Academia Sénior de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia é frequentada por 60 alunos. Este conjunto de projetos dirigidos aos seniores distingue-se pelo afeto, o respeito e a integração na comunidade, procurando a valorização pessoal dos seniores. São projetos executados em parceria, quer com a própria população a que se dirigem, quer com as instituições de solidariedade social, as juntas de freguesias, a comunidade escolar e, até mesmo, as dezenas de professores voluntários que despendem do seu tempo pessoal a favor da comunidade. Projetos que irão continuar a ser executados, indo ao encontro de uma visão política assente na criação de ambientes potenciadores da integração e participação de todos na comunidade, que promove a solidariedade entre gerações e a valorização social da população sénior.
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Agenda Sénior 2019 As Janeiras interpretadas pelo Grupo Coral dos Ateliers Seniores, no dia 4 de janeiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho marcaram o arranque da Agenda Sénior 2019. A Câmara Municipal do Montijo promove o projeto Agenda Sénior com o objetivo de combater o isolamento social e promover um envelhecimento ativo da população do concelho, com diversas atividades ao longo de todo o ano. Uma das muitas ações que se encontram a ser desenvolvidas são os workshops sobre a “Importância do Riso”. A iniciativa desenvolvida em parceria com o ACES Arco Ribeirinho, no âmbito do projeto Viver Mais com Saber-Literacia em Saúde está a ter lugar, de forma itinerante, nas diferentes freguesias do concelho. O próximo terá lugar no dia 15 de março na delegação da junta de freguesia da União das Freguesias da Atalaia e Alto EstanqueiroJardia, pelas 15h00. Os referidos workshops estão integrados na Agenda Sénior 2019 e serão dinamizados pela enfermeira especialista da Unidade de Saúde Pública, Patrícia Martins, e por João Santos, animador sociocultural do Município do Barreiro.
ENVELHECIMENTO ATIVO
Academia Sénior comemorou 5.º aniversário N
o dia 31 de janeiro a Academia Sénior da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia comemorou o seu quinto aniversário, no Polo da Freguesia, no Alto Estanqueiro. A cerimónia contou com a presença do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, do vereador Ricardo Bernardes e do secretário da União de Freguesias da Atalaia, e Alto Estanqueiro-Jardia, Tolentino Gomes. Na cerimónia que, também, contou com a atuação do Grupo Coral, foram recitadas poesias. Os
voluntários partilharam as suas experiências num momento bastante emotivo. A Academia conta com 60 alunos. As atividades proporcionadas, em regime de ensino não formal, permitem a aquisição de conhecimentos ao nível das novas tecnologias, bem como a divulgação da história, das tradições, da cultura e da arte locais, ao mesmo tempo que impulsionam o envolvimento dos alunos em iniciativas culturais, de cidadania e de lazer, incentivando as relações interpessoais entre várias gerações.
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AÇÃO SOCIAL
Câmara entrega casas a famílias do concelho A
Câmara Municipal do Montijo atribuiu 18 fogos de habitação social a cerca de duas dezenas de famílias do concelho. Dos fogos atribuídos, 17 estão localizados nos bairros da Caneira, Esteval, Esteval Novo e Lançada, e um está localizado no Bairro Almansor, em Canha. Os fogos foram atribuídos no âmbito dos concursos públicos que decorreram entre 10 de setembro e 5 de dezembro de 2018. As casas foram submetidas a obras de requalificação. Recorde-se que o Município do Montijo tem um parque habitacional dedicado à habitação social com um total de 493 fogos distribuídos pelos Bairros da Caneira, Esteval, Esteval Novo, Lançada, Atalaia e Vila de Canha. Esta cerimónia de entrega das chaves e assinatura de contratos decorreu no dia 17 de dezembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, e corroborou as políticas municipais que garantem o direito à habitação, na consciência que a resposta a muitos problemas que afetam o quotidiano dos nossos concidadãos depende em grande medida da ação das autarquias.
EXPOSIÇÃO
Pequenos mundos N
o âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, no dia 15 de março, às 18h00, o Museu Municipal inaugura a exposição “Estipêndio Enjorcado”, da artista plástica Vanda Palma. É por meio da ilustração tridimensional que Vanda Palma conta as suas estórias, utilizando caixas de madeira onde constrói pequenos mundos, quase em exclusivo povoados por figuras femininas que criam os cenários de tragicomédia que povoam o imaginário da autora, que encontra naturalmente inspiração nos livros, na poesia, na mulher. Vanda Palma nasceu em Setúbal. Atualmente vive em Castro Verde. Depois de uma breve passagem por uma oficina local de serigrafia, decidiu dedicar-se profissionalmente às artes plásticas. Em Portugal, o seu trabalho está representado em algumas lojas, apresenta-se regularmente em feiras e certames dedicados ao artesanato de autor e exposições. Também viaja pelo mundo, com exposições em países como Alemanha, Itália, Espanha, Canadá.
8 DE MARÇO
Dia Internacional da Mulher
A
Museu Municipal | Entrada livre. Horário: 3.ª feira a sábado | 9h00-12h30 e 14h00-17h30
data assinala-se a 8 de março e, mais uma vez, no Montijo tem como momento alto a cerimónia de entrega de Medalhas de Distinção de Mérito Municipal a mulheres que se destacam no panorama do turismo, a partir das 18h00, no auditório da Galeria Municipal. Ao programa de comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal do Montijo junta mais dois eventos. Através dos projetos de envelhecimento ativo, no dia 12 de março, a partir das 15h00, no auditório da Galeria Municipal, será promovida a palestra “Mulheres que marcaram a História de Portugal”, que tem como oradora Ana Pessoa, professora do Instituto Politécnico de Setúbal. Para finalizar, no dia 28 de março, também no auditório da Galeria Municipal, a partir das 9h30, terá lugar a conferência “Igualdade e Cidadania – discriminações que persistem”. O evento é promovido pela câmara em parceria com a Plataforma Supraconcelhia da Península de Setúbal da Rede Social.
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SAÚDE
Unidade de Senologia é Centro de Referência A Unidade de Senologia do Centro Hospitalar Barreiro Montijo foi reconhecida como Centro de Referência pela Breast Centres Network, sendo o 9.º centro do país a obter este reconhecimento. A Breast Centres Network é a primeira rede internacional de centros clínicos dedicados exclusivamente ao diagnóstico e tratamento do cancro da mama, projeto integrado na European School of Oncology, com o objetivo de promover e melhorar os cuidados em cancro da mama na Europa e no Mundo. Este reconhecimento como centro de referência vem confirmar a excelência do trabalho desenvolvido, a qualidade dos cuidados prestados e os níveis elevados de eficiência e humanização.
COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS
Reflexão e música em dia de aniversário
No dia 12 de janeiro, na Galeria Municipal, a Companhia Mascarenhas-Martins voltou a apostar numa tarde de reflexão e numa noite com música para comemorar o seu quarto aniversário. Este ano, convidou o Ateneu Popular de Montijo para uma conversa sobre “Cultura e Progresso”, na sequência de um convite feito no sentido inverso em 2018. A reflexão centrou-se na história desta coletividade com um lugar importante no desenvolvimento cultural do Montijo. À noite, no concerto “Oitentas”, André Reis, Inês Monteiro Pires e Levi Martins revisitaram uma década que costuma dividir opiniões. Fundada a 6 de janeiro de 2015, a Companhia Mascarenhas-Martins tem desenvolvido trabalho em diversas áreas artísticas e culturais. No ano de 2018 produziu os espetáculos de teatro “Um D. João Português” (coprodução com Teatro Viriato e Centro Cultural Vila Flor) com encenação de Luis Miguel Cintra, e “O Medo de Existir”, com texto e encenação de Maria Mascarenhas.
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empresas
E. Leclerc atento ao desperdício alimentar e à valorização ambiental O
hipermercado E. Leclerc convidou o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, a conhecer os projetos que desenvolve no combate ao desperdício alimentar e na promoção da valorização de resíduos. Com o apoio da empresa social Phenix, o E. Leclerc tem apostado na chamada segunda vida dos produtos, procurando uma gestão mais eficaz dos produtos alimentares em fim de linha. O projeto “Leve-E-Fresco” é pioneiro no país e consistiu na criação, dentro do supermercado, de uma zona específica de comercialização que dá visibilidade aos produtos em fim de prazo de validade a preços mais reduzidos. A esta nova área, junta-se a estreita colaboração com a comunidade local, através, por exemplo, da Cáritas Diocesana da Paróquia da Atalaia que, com a parceria do E Leclerc, presta apoio alimentar a 70 famílias/200 pessoas. De abril a dezembro de 2018, o hipermercado doou 2000 quilos de produtos por mês, o que equivale a 4000 refeições mensais. Paralelamente ao combate ao desperdício alimentar, desde 2013 que administração do E. Leclerc tem em prática o projeto “Zero Desperdício=Zero Lixo”, que implementou boas práticas na gestão dos resíduos recicláveis que resultam da atividade diária do hipermercado, por meio da formação aos funcionários, de ações de sensibilização, da implementação de práticas de reciclagem (inclusive para os clientes que podem, por exemplo, entregar no hipermercado as cápsulas de café usadas para reciclagem).
Só em 2018, o E. Leclerc atingiu as 93 toneladas de resíduos recicláveis, um número que não só traz vantagens ambientais para todos, como é reflexo de uma gestão financeira eficaz, pois a empresa conseguiu alcançar o equilíbrio entre a despesa com o tratamento do lixo indiferenciado e a receita obtida com a venda dos resíduos recicláveis. O presidente da câmara enalteceu todo este trabalho, desenvolvido pela administração e trabalhadores do E. Leclerc, realçando a importância do projeto “Leve-E-Fresco” para a “franja da sociedade que não consegue aceder aos apoios sociais, mas tem um rendimento insuficiente e menos poder de compra para fazer face até às despesas alimentares”. David Lebreton, administrador do E. Leclerc Montijo, salientou que, enquanto empresa instalada e gerida localmente, o hipermercado procura estar junto da comunidade, assumindo a sua responsabilidade social através do trabalho com fornecedores locais, do patrocínio a eventos, do apoio às associações, da própria formação dos seus trabalhadores, assim como pela integração de jovens estudantes das escolas profissionais da região. O E. Leclerc foi criado em França, em 1949, contando atualmente com 610 lojas naquele país e 126 no estrangeiro. Desde 1999 que está no Montijo, numa área comercial de 3900 m2, empregando 78 pessoas, 64 das quais há mais de dez anos, tendo 73 funcionários em regime de efetividade.
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ASSOCIATIVISMO
Batucando entrega Bolsas de Mérito P
elo terceiro ano consecutivo, a Orquestra de Percussão Batucando distinguiu os membros mais empenhados e com melhores resultados escolares, através da entrega das Bolsas de Mérito Batucando, numa cerimónia que decorreu no dia 26 de janeiro, no Salão Nobre da Junta da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro. O evento contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, e do presidente da Junta da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, Fernando Caria. Os dois autarcas foram unânimes na importância do contributo da Orquestra de Percussão Batucando para a cultura e para o movimento
associativo montijenses, com Nuno Canta a afirmar que “não eramos capazes de desenvolver a dimensão cultural da nossa cidade senão tivéssemos associações como o Batucando, que com esforço e empenho vão construindo o nosso associativismo”. Os premiados com as Bolsas de Mérito Batucando, referentes ao ano letivo 2017/2018, foram Pedro Pereira (1.º lugar), Catarina Vilelas (2.º lugar) e Inês Fernandes (3.º lugar). Foram, ainda, entregues troféus e menções honrosas pelo cumprimento total de objetivos, atuações e ensaios do grupo. As Bolsas são atribuídas numa parceria com a União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro.
ASSOCIATIVISMO
Ateneu Popular do Montijo festeja 79 anos É
uma das coletividades ao serviço da cultura e do desporto no Montijo e comemorou 79 anos num jantar de aniversário, no dia 12 de janeiro. Na sede do Musical Clube Alfredo Keil, o Ateneu Popular do Montijo reuniu à mesa sócios, convidados, amigos e entidades oficiais. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, fez questão de marcar presença, assim como as vereadoras Maria Clara Silva e Sara Ferreira. O Ateneu Popular do Montijo foi fundado em 15 de dezembro de 1939. Ao longo de quase oito décadas, tem contribuído para a formação cultural e desportiva dos cidadãos montijenses. Neste momento, tem em funcionamento uma seção de xadrez, promovendo igualmente diversos eventos culturais, de forma autónoma ou em parceria com outras entidades.
Unidos celebram 39.º aniversário O
Clube Desportivo Cultural e Recreativo “Os Unidos” assinalou o seu 39.º aniversário com um vasto conjunto de atividades. A sessão solene decorreu no dia 2 de janeiro, na sede da coletividade, e contou com a presença da vereadora do pelouro da Cultura e Desporto, Sara Ferreira. Para além dos discursos oficiais, na cerimónia foram homenageados os sócios com mais de 25 anos de associados. As comemorações do 39.º aniversário de “Os Uni-
dos” prolongaram-se até ao dia 6 de janeiro, com momentos de poesia pelo Grupo Mãos à Obra, uma noite de fados, atividades desportivas para adultos e crianças, a atuação do grupo de cantares alentejanos “As Ceifeiras” e um baile com Paulo Gamito. O Clube Desportivo Cultural e Recreativo “Os Unidos” foi fundado em 2 de janeiro de 1981 e, ao longo dos anos, tem contribuído para a promoção da prática cultural e desportivo no concelho do Montijo.
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OBRAS
Câmara promove manutenção dos edifícios municipais A
manutenção e melhoria dos edifícios que são propriedade municipal tem sido uma prioridade para a Câmara Municipal do Montijo que, neste momento, se encontra a requalificar os edifícios cedidos, a título gratuito, às forças de segurança da cidade. Assim, decorrem obras de requalificação no Posto Territorial da GNR do Montijo, no Afonsoeiro. A intervenção compreende a remoção da cobertura de fibrocimento, a construção de novos gabinetes,
a reabilitação da cozinha e do espaço de convívio dos militares, pintura geral e substituição de portas e janelas. Por sua vez, também o edifício da Esquadra da PSP do Montijo está a ser alvo de obras de manutenção. Estão a ser realizados trabalhos de pintura exterior e interior, reabilitação de portas, balneários e casas de banho, como forma de garantir a manutenção do edifício e assegurar melhores condições de trabalho aos agentes da PSP.
SMAS MONTIJO
Nova captação no Corte das Cheias Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Montijo procederam à execução de uma nova captação no polo de abastecimento do Corte das Cheias, que permite diminuir as horas de exploração da antiga captação para valores recomendáveis face a situações de avaria, possibilitando um funcionamento redundante neste polo de abastecimento. O polo do Corte das Cheias abastece, em conjunto com outras quatro captações subterrâneas, um dos sistemas mais habitados do concelho com cerca de 29 249 consumidores. É responsável por fornecer cerca de 902 879 m3 de água por ano num sistema de abastecimento onde são captados anualmente cerca de 2 524 214m3. A obra teve um custo aproximado de 64 mil euros, mais Iva.
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ASSOCIATIVISMO
Banda Democrática 2 de Janeiro apaga 105 velas A
Banda Democrática 2 de Janeiro assinalou o seu 105.º aniversário com uma sessão solene, no dia 2 de janeiro, na sede da coletividade, que contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, da presidente da Assembleia Municipal, Catarina Marcelino, sócios e convidados. O evento iniciou-se com a atuação dos alunos da Escola de Música da Banda Democrática 2 de Janeiro, seguindo-se os discursos oficiais pautados pela importância da coletividade para a prática cultural e desportiva no Montijo. O presidente da direção da Banda, António Carlos Ramos, fez um balanço do vasto trabalho desenvolvido ao longo do ano de 2018 e, igualmente, uma retrospetiva do percurso de dez anos à frente dos destinos da coletividade. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, afirmou “o seu respeito e confiança em todos os montijenses que participam no movimento associativo, como é o caso dos que estão à frente da Banda e dão continuidade a este grande projeto de cultura e desporto”. Como habitualmente, a sessão solene contou com a entrega de diplomas aos sócios com 25 e 50 anos de associados.
DESPORTO
Clube de Judo do Montijo soma sucessos A
ndreia Serrão, Diogo Gancho, Miguel Carrera, Vítor Condelipes e Mariana Serrão, atletas do Clube de Judo do Montijo, continuam a colecionar títulos em provas nacionais e internacionais. No passado dia 12 de janeiro, na Copa de Espanha Cidade de Tortosa, escalão de juniores, Andreia Serrão conseguiu o primeiro lugar do pódio na categoria de -70 quilos, numa prova que reuniu 270 atletas. A atleta voltou a entrar em competição em Espanha, no dia 27 de janeiro, onde alcançou a medalha de bronze na Copa de Espanha em Salamanca (escalão júnior, -70 kg). Já na prova de apuramento da zona Sul para o Campeonato Nacional de Cadetes e Juniores, realizada no Pinhal Novo, no dia 19 de janeiro,
Andreia Serrão voltou a impor-se com o título de Campeão Zonal, escalão de juniores, categoria -70 quilos, e Diogo Gancho alcançou o segundo lugar, no mesmo escalão, mas na categoria de -73 quilos. Ainda nesta prova, Diogo Gancho conseguiu também o título de Campeão Zonal no escalão de cadetes, -73 quilos; Miguel Carrera foi vicecampeão no mesmo escalão e categoria; Vítor Condelipes obteve o segundo lugar na categoria -66 quilos; e Mariana Serrão conseguiu o mesmo resultado na categoria de -63 quilos. O contributo que o Clube de Judo do Montijo tem dado à promoção e à prática desportiva, merece reconhecimento e destaque, engrandecendo o Montijo no panorama desportivo nacional e internacional.
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EDUCAÇÃO
Escola Jorge Peixinho distingue alunos A
Escola Secundária Jorge Peixinho celebrou o mérito dos seus alunos numa sessão comemorativa no dia 25 de janeiro, no Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida. Com casa cheia, o Dia da Escola Jorge Peixinho serviu para prestar homenagem aos alunos do quadro de honra e valor. Foi um dia de celebração para alunos, professores, pessoal não docente, pais e todos aqueles que constroem o quotidiano daquela escola, afirmou
o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, assim como a diretora da Escola Secundária Jorge Peixinho, Maria João Serra. Na sessão comemorativa foram distinguidos os alunos do quadro de honra e valor, bem como os estudantes que se destacaram pela participação em outros projetos e atividades, como o desporto ou a robótica. Todos os anos, nesta cerimónia é atribuída uma distinção a um antigo aluno da escola. Este ano,
o homenageado foi Ricardo Pereira, ex-guarda redes da Seleção Nacional de Futebol que, apesar de ausente por motivos profissionais, gravou uma mensagem em vídeo onde expressou o seu agradecimento e referiu a importância da Escola Jorge Peixinho no seu percurso de vida. Em palco, houve, ainda, momentos de dança, pelo Conservatório Regional de Artes do Montijo, de escrita criativa e música por alunos da própria escola.
EDUCAÇÃO
Câmara atribui Bolsas de Estudo A
Câmara Municipal do Montijo aprovou a atribuição das Bolsas de Estudo Cidade do Montijo para o ano letivo 2018/2019, num investimento total de 6800 euros. No total, são concedidas dez bolsas de estudo a alunos do ensino secundário e seis bolsas de estudo a estudantes do ensino superior. Para o ano letivo 2018/2019, foram recebidas 22 candidaturas para as Bolsas de Estudo Cidade do Montijo, uma iniciativa municipal destinada a estudantes economicamente carenciados, que se
constitui como uma boa prática ao nível da intervenção socioeconómica complementar à ação social escolar. Consciente da importância do investimento em medidas de intervenção socioeconómica, complementares à ação social escolar, junto dos alunos com menores recursos económicos e das respetivas famílias, desde o ano letivo de 1999/2000 que a câmara atribui as Bolsas de Estudo, como forma de incentivar os jovens a prosseguir os estudos de nível secundário e superior.
Até ao ano letivo de 2006/2007, foram apoiados anualmente dez alunos do ensino secundário, com bolsas no valor unitário de 300 euros, e cinco alunos do ensino superior, com bolsas de 500 euros. No ano letivo de 2007/2008, estes valores foram atualizados, atendendo às dificuldades das famílias e de acordo com as possibilidades financeiras da câmara, passando a ser atribuídas dez bolsas, no valor unitário de 350 euros para os alunos do secundário, e seis bolsas, no valor unitário de 550 euros para os estudantes do ensino superior.
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SEGURANÇA
Nova iluminação na Frente Ribeirinha Câmara Municipal do Montijo procedeu A ao reforço da iluminação pública na Frente Ribeirinha da Cidade. Foi removida a iluminação de pavimento existente e colocados 31 novos candeeiros elevados,
enquadrados esteticamente com o mobiliário urbano do local, que tornam a zona mais iluminada e contribuem para aumentar a qualidade estética e a segurança daquela zona. A intervenção surge na sequência da necessida-
de de criar mais condições de conforto no local, pois existia uma fraca iluminação, em particular, no arco que envolve o Moinho de Maré, devido aos atos de vandalismo praticados ao longo dos anos.
Espaço Oposição
BE
Transferência de Competências Os partidos BE, PCP, PSD E CDS (oposição na Assembleia Municipal), convocaram uma reunião extraordinária (necessário 1/3 dos total de eleitos), com o fim de debater a transferência de competências para as Autarquias. Até 2021 serão transferidas para as autarquias diversas competências, podem ser gradualmente ou então de uma só vez (caso o município decida aceitar). Para as novas responsabilidades/competências o governo não irá transferir verbas ou rec. humanos para os municípios e é aqui que reside um dos problemas. Outro problema
é a desigualdade que irá criar entre os municípios nas diversas áreas. Deveria ter sido realizada uma avaliação sobre quais as competências a transferir para cada um dos município e destas quais são as que cada município esta realmente preparado para receber. No caso do Montijo a má experiencia que o protocolo com o Min. Educação, levou a que sob a responsabilidade da camara, todos os anos existam graves perturbações nas escolas com a falta de auxiliares nas várias escolas. A descentralização administrativa deve visar o reforço da
PSD
coesão territorial e social, a organização do território e a melhoria das condições dos cidadãos. Mas a realidade no Montijo é que o “governo” municipal fugiu ao debate de ideias numa atitude triste de ausência de democracia penalizando a diferença de opiniões. É de lamentar a atitude do PS, que por maioria de votos evitou este importante debate. Esta atitude defrauda as espectativas da democracia e dos presentes na Ass Municipal bem como de todos os cidadãos que se viram privados de saber ao certo o que esta em jogo com esta transferência de competências. Ricardo Caçoila Bloco Esquerda Montijo
Montijo cada vez mais pobre A Península Setúbal é a quarta região mais pobre do país. Com base num estudo elaborado pela Plataforma para o Desenvolvimento da Península de Setúbal, que abrangeu os anos entre 2000 e 2016 chegou-se a este resultado que leva a que esta região divirja da Europa e tenha vindo a perder qualidade de vida. Analisando a situação económica e social da Península de Setúbal o estudo revela que os concelhos da margem sul possuem metade do rendimento per capita quando comparados com os da margem norte,
ou seja, resumidamente as pessoas que residem nesta área recebem metade daquelas que residem por exemplo em, Mafra ou Loures. A Península de Setúbal no período abrangido decresceu de 68% para 55% em termos de rendimento per capita, e o PIB per capita da margem norte é mais do dobro do da margem sul evidenciando a estagnação que a região atravessa. Neste contexto o Município de Montijo encontrase entre os mais pobres da região sendo mesmo o quarto nesse contexto na Área Metropolitana de
Lisboa, dados preocupantes para um Município que se proclama o mais atractivo do País. A oligarquia do PS criou no Montijo uma clientela que engorda à conta dos nossos impostos e semeia pobreza e exclusão social. O Montijo que até ao início da década de 90 era um dos concelhos mais industrializados e ricos da Grande Lisboa é hoje um dos mais pobres. É esta a pesada herança de 20 anos de poder Autárquico Socialista, uma gestão incapaz de tornar a cidade naquilo que os Montijenses ambicionam, verdadeiramente atractiva na plenitude da palavra.
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AMBIENTE
Canha com nova Estação de Tratamento de Águas Residuais A
Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Canha está fisicamente concluída, encontrando-se atualmente em fase de ensaios para iniciar o período de arranque com águas residuais até final do mês de fevereiro, uma vez que foi, igualmente finalizada a empreitada de execução do Sistema de Drenagem e Elevatório do Subsistema de Canha. O período de arranque da ETAR, ainda no âmbito da empreitada, terá uma duração mínima de seis meses e destina-se a verificar as garantias contratuais da obra. A nova ETAR está dimensionada em horizonte de projeto para tratar as águas residuais de 1.760 habitantes e um caudal médio de 350 m3/d, representando um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros, que garante uma melhoria das condições de tratamento das águas residuais recolhidas pelo Município do Montijo na sua rede “em baixa”, operacionalizando eficazmente os investimentos das duas entidades ao nível do saneamento da região e gerando importantes benefícios ao nível da proteção da saúde pública e do ambiente, eliminando focos de poluição e assegurando a melhoria da qualidade das massas de água.
Este é o último subsistema de saneamento completo (ETAR e sistema de drenagem e elevatório) a realizar pela Simarsul no Município do Montijo, que assim conclui os investimentos de grande dimensão neste concelho.
OBRAS
Asfaltamentos no Bairro do Esteval A
o longo dos últimos anos, a Câmara Municipal do Montijo tem executado um vasto trabalho de manutenção das estradas e ruas do concelho, quer através de novos asfaltamentos de alguma vias em terra batida, sobretudo nas zonas rurais, quer com repavimentações na zona mais urbana do concelho. Neste âmbito, até ao final deste mês de fevereiro
está a ser executada uma empreitada de repavimentação no Bairro do Esteval, numa intervenção orçamentada em mais de 117 mil euros. Estão a ser repavimentadas as ruas Jorge de Sena, Eça de Queiroz, Professor Luís Gomes, Gil Vicente, Ferreira de Castro, Manuel Tiago e Praça Sá Carneiro.
A ETAR de Canha está inserida num projeto cofinanciado pelo Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), Portugal 2020, com o apoio da União Europeia, no âmbito do Fundo de Coesão.
OBRAS
Nova praça prossegue a bom ritmo Continuam em curso as obras da nova praça Pública, junto à Monumental Amadeu Augusto dos Santos, no Montijo. Já foram executados os trabalhos relacionados com as redes de abastecimento de água e de saneamento. Encontram-se a decorrer as obras de construção de lancis, calçadas e a pavimentação da zona de ciclovia e da própria avenida. Um investimento que resulta das obrigações impostas pelo município do Montijo, no âmbito das obras do empreendimento urbanístico denominado de Nossa Sr.ª da Atalaia, e que vem ao encontro da política municipal de regeneração urbana da cidade.