Montijo Hoje I N F O R M A Ç Ã O
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2020 II SÉRIE
M U N I C I P A L
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Destaque
Milhares no Carnaval 5
Capa Praça da República Montijo Fevereiro 2020
Entre Nós
Luís Manso 9 Protagonistas
Companhia Mascarenhas Martins 11-12
Ficha Técnica Periodicidade
Especial
Bimestral
Construir o nosso futuro 16-25
Propriedade Câmara Municipal do Montijo Diretor Nuno Ribeiro Canta, Presidente da Câmara Municipal do Montijo Edição Gabinete de Comunicação e Relações Públicas Colaboração Pedro Cruz Paulo Pereira Lima
Ação Social
CLASS define plano de ação 27
Impressão WGROUP Depósito Legal 376806/14 Tiragem 30 000 ISSN 2183-2870 Distribuição Gratuita
Obras
Novo pavimento na Praça da Paz 31
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e d i t o r i a l
Aeroporto do Montijo
Desenvolvimento e progresso com respeito pelos valores ambientais processo de implementação do novo Aeroporto do Montijo teve um capítulo decisivo no O passado dia 21 de janeiro, com a atribuição da De-
claração de Impacte Ambiental final, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). No cumprimento da legislação em vigor, a APA deu assim luz verde para a construção do novo Aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, após ter considerado o Estudo de Impacto Ambiental apresentado, a discussão pública do mesmo e todas as evidências técnicas e científicas que foram aduzidas, apresentadas e avaliadas pelos responsáveis técnicos. Neste momento importa, por isso, analisar esta decisão histórica que assinala uma mudança no padrão de desenvolvimento da Península de Setúbal, pois trata-se de um investimento de grande irradiação económica, de caráter supramunicipal e de abrangência transversal a todo o Arco Ribeirinho Sul. A dimensão do investimento torna imprescindível a avaliação e a conjugação dos valores ambientais com os valores do desenvolvimento económico e do progresso social. Abordemos, em primeiro lugar, as questões de desenvolvimento socioeconómicas e de criação de riqueza e de emprego. A construção de uma nova infraestrutura aeroportuária a Sul do Tejo não traz apenas benefícios para o concelho do Montijo, mas sim para todo o território da Península de Setúbal. Ao nível da economia e da criação de emprego, os números apontam para 10 mil postos de trabalho diretos, o que representa por si só uma enorme mudança no cenário socioeconómico de toda a região. Este é um empreendimento que vai mexer diretamente com a vida das pessoas e das famílias, que vai alterar o paradigma da empregabilidade no concelho e na região, permitindo a fixação de população, o que contribui para o reforço da identidade local, mas, sobretudo, para facilitar a conciliação entre a vida pessoal e profissional das famílias, pois a maior proximidade entre a residência e o local de trabalho reflete-se em ganhos de tempo, diminuição dos níveis de stress e aumento da qualidade de vida. A construção do novo aeroporto do Montijo confere, ainda, capacidade para a internacionalização da economia, o que corresponde a uma necessidade imperiosa do concelho do Montijo, mas também da Península de Setúbal e é, também, condição essencial de desenvolvimento de todos os territórios nesta península. Existe um consenso geral sobre o alargamento da capacidade aeroportuária de Lisboa, uma necessidade que resulta da internacionalização de Portugal
por via do turismo, e essa necessidade é essencial para reforçar as capacidades de desenvolvimento económico e social do Montijo, mas também da região de Lisboa e, sobretudo, do país. Também no Montijo, começamos a sentir esse efeito, por via dos vários projetos de Alojamento Local que se implementaram na cidade e de projetos na área da hotelaria que estão a dar os primeiros passos. À internacionalização pela via do turismo juntar-se-á, certamente, o investimento de empresas internacionais, em particular da área da logística e distribuição, que aproveitarão a proximidade entre o novo Aeroporto do Montijo e a região de Lisboa, possibilitando assim o aumento da escala económica do nosso concelho. O novo Aeroporto do Montijo é um investimento que traz associado outros benefícios para a região, podendo ser uma oportunidade para as questões da reabilitação e reconversão urbanas, em particular de áreas industriais desativadas que representam um ónus do ponto de vista urbanístico e ambiental para os seus municípios, como são o caso da Quimiparque, no Barreiro, ou da Siderurgia Nacional, no Seixal. É, igualmente, um projeto que assume o princípio da solidariedade territorial como condição de coesão social. As assimetrias existem e ameaçam a coesão, pelo que exigem uma luta permanente pelo desenvolvimento, sobretudo pelo emprego para as pessoas. A redução da assimetria económica entre as duas margens do Tejo só será atenuada se conseguirmos assegurar a correspondente coesão social e territorial dos concelhos da Península de Setúbal. É necessário pensar nas ligações, em ponte ou em túnel, entre as penínsulas do Montijo e do Barreiro e entre o Barreiro e o Seixal, dando escala ao tecido urbano, e garantindo a ligação do comboio do Barreiro ao novo aeroporto do Montijo. Naturalmente que a concretização de um empreendimento desta envergadura, que representa um compromisso com o desenvolvimento, o progresso económico e a coesão territorial e social, não pode colocar em causa os valores ambientais. Por defendermos esta ideia, desde a primeira hora, que o Município do Montijo exigiu que fosse realizada uma avaliação rigorosa dos impactes ambientais. Congratulamo-nos, por isso, pela Decisão de Impacte Ambiental da APA, que realizou um trabalho sério e rigoroso, conduzindo a uma decisão que salvaguarda os valores ambientais e a saúde pública, através da definição de um conjunto de medidas de minimização e compensação.
Entre essas medidas, encontra-se a reabilitação de 150 hectares de salinas, que atualmente se encontram abandonadas na Frente Ribeirinha da Cidade, aproveitando este ecossistema húmido para benefício da avifauna, assim como a construção de vias rodoviárias de acesso com ciclovia, numa clara aposta na mobilidade suave. O novo aeroporto do Montijo é um investimento que deve respeitar os principais valores ambientais dos ecossistemas, o ruído, a avifauna, a mobilidade, as plantas, a vida marinha, e todos somos chamados a respeitar os compromissos que temos no presente e com as gerações futuras. Independentemente das divergências de opinião sobre o novo aeroporto do Montijo, a salvaguarda dos valores ambientais é um aspeto de convergência entre todos os intervenientes. Tomada, agora, esta decisão da APA, devemos igualmente convergir na capacidade de concertação nas grandes linhas mestras de que depende o nosso futuro coletivo. Este é mais um passo onde cada um de nós tem de assumir as suas responsabilidades. As nossas são inquestionavelmente perante o povo do Montijo. O novo Aeroporto do Montijo será, sem dúvida, um grande investimento e um grande projeto para o futuro da nossa terra e para os montijenses.
Nuno Canta Presidente da Câmara
A redução da assimetria económica entre as duas margens do Tejo só será atenuada se conseguirmos assegurar a correspondente coesão social e territorial dos concelhos da Península de Setúbal.
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Associativismo
Bombeiros celebram aniversário com mais quatro ambulâncias A
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Montijo celebrou o seu 111.º aniversário no passado dia 26 de janeiro, numa sessão solene marcada pela inauguração de mais quatro ambulâncias. São duas ambulâncias de transporte de doentes e uma de emergência, adquiridas através do apoio financeiro da Câmara Municipal do Montijo, uma das quais no seguimento da renovação do contrato com a Repsol, referente ao posto de abastecimento de combustível localizado na Avenida de Olivença. A quarta viatura é de emergência médica e teve o patrocínio do INEM. Os discursos oficiais foram marcados pelo futuro da associação e pelo apoio “imprescindível da câmara que, das mais diversas formas, está sempre presente”, tal como referiram Amável Pires, presidente da direção, e Américo Moreira, comandante dos Bombeiros Voluntários do Montijo. Ambos deixaram, igualmente, palavras de reconhecimento à dedicação e ao empenho dos seus bombeiros, realçando que a instituição precisa do apoio de todos para os novos desafios que a cidade irá enfrentar, numa clara alusão ao novo Aeroporto do Montijo. O presidente da direção, Amável Pires, mencionou, ainda, a necessidade de modernização do parque de viaturas de combate a incêndios e apelou à alteração da taxa de saída da ambulância do INEM, cujo valor pago pelo Estado considera insuficiente para os custos do serviço prestado. Nota, também, para o apelo deixado
ao presidente da câmara, para que o mesmo possa interceder junto do Governo relativamente ao apoio para o projeto de modernização do quartel dos Bombeiros. Em representação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil esteve o 2.º Comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro de Setúbal, Marcelo Lima, que agradeceu o
empenho de todos os bombeiros do município e o apoio prestado pela câmara às duas corporações do concelho, aludindo concretamente ao esforço financeiro do município na constituição das Equipas de Intervenção Permanente. Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, encerrou os discursos oficiais, afirmando que “os bombeiros mantêm um serviço exemplar de emergência e socorro das populações. Lutam pela proteção civil, partem pelos confins do país, integrados no dispositivo de combate a fogos florestais, convictos que estão a cumprir um dever para com os seus concidadãos, afirmam a vontade de resistir às dificuldades e mesmo às intrigas que muitas vezes chegam a estas casas”. O autarca assegurou, ainda, que “importa valorizar e acautelar a missão dos nossos bombeiros. Sabemos que existem dificuldades e novos riscos e desafios. Importa dignificar, reforçar e ampliar a capacidade das nossas corporações de bombeiros. Nesse sentido, estamos atentos e convictos dos apoios necessários, certos também que é essa a vontade do povo do Montijo. Vamos continuar o investimento, como fizemos hoje, em novas ambulâncias, vamos continuar a valorizar os nossos bombeiros, com equipamentos de proteção individual e melhores instalações”, concluiu. Ao longo da cerimónia, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Montijo distinguiu vários operacionais da sua corporação pelo trabalho desenvolvido, assim como as instituições, empresas e outras entidades que diariamente estão ao lado dos Bombeiros do Montijo.
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destaque
Milhares no Carnaval O Carnaval do Montijo 2020 saiu à rua nos dias 21, 23 e 25 de fevereiro e voltou a demonstrar que veio para ficar! As ruas do centro da cidade receberam milhares de pessoas no domingo e terça-feira de Carnaval, num evento de entrada gratuita, marcado pela autenticidade, animação e sátira política. O Carnaval das Escolas deu o pontapé de saída para os festejos carnavalescos. Cerca de 2000 crianças do pré-escolar e 1.º ciclo das escolas da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro desfilaram, no dia 21 de fevereiro, pelo centro da cidade. Já os Corsos Carnavalescos contaram com 1300 foliões, de 36 associações e coletividades de todo o concelho, e dez carros alegóricos. No final do corso, houve baile popular no Coreto da Praça da República. O Carnaval do Montijo foi organizado pela Associação Somos Peixinho, Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, Motoclube do Montijo, Clube Desportivo Cultural e Recreativo “Os Unidos”, A Quadrada ACD, A Baixa do Montijo ConVida, ANAU-Associação Náutica Montijense e o Grupo “Os Comilões”, com o apoio da Câmara Municipal do Montijo e da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro.
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Em Agenda
Dia Mundial da Agricultura O
Museu Agrícola da Atalaia comemora o Dia Mundial da Agricultura, no dia 22 de março, pelas 16h00, com a inauguração da exposição itinerante “Os Relógios de Sol e a Matemática”, cedida pelo Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O momento contará com a atuação do Rancho Folclórico Juventude Atalaiense. Sendo o Museu Agrícola guardião de um relógio de sol vertical meridional, em pedra lioz, com marcações em numeração romana e gnómon em ferro, pretende-se com esta mostra evidenciar a presença da matemática na sua construção. Exposição patente até 13 de junho.
Museu Agrícola |Entrada livre. Horário: 3.ª feira a sábado - 9h30-12h30 e 14h00-17h30
Exposição Impressões A
té 21 de março, a Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva, no Montijo, tem patente a exposição de pintura “Impressões” de António Videira de Sá. O autor dá a conhecer ao público montijense 31 telas, assentes na técnica em acrílico, onde podemos revela as suas impressões, em cores fortes e vivas e de traço a pender para o naif tanto da cidade e território que o acolheu há quarenta anos, como das suas deambulações pelo país e outras paragens além fronteiras ou, ainda, de figuras/representações que o interessaram e registou em tela. Biblioteca Municipal | Entrada Livre Horário: 2.ª feira e sábado - 14h00-19h00, 3.ª a 6.ª feira - 10h00-19h00
concurso
Montijo Jovem 2019 com três vencedores A
Câmara Municipal do Montijo revelou os vencedores do Concurso de Poesia e Ficção Narrativa Montijo Jovem 2019, em cerimónia que decorreu no Museu Municipal Casa Mora, no dia 14 de dezembro de 2019. Pedro Castro, com “Viagem”, venceu na categoria de Ficção Narrativa. Na modalidade de poesia, pela primeira vez houve dois vencedores em ex-aequo: Sabrina Marques, com “Perpetuum Mobile”, e Pedro Moreira, com “Viagens de Ida e Volta”. Este ano foram apresentadas 57 obras a concurso, bem mais do que é habitual, o que é elucidativo da “importância e prestígio deste prémio que é muito exigente. As autarquias são fundamentais na recolha e divulgação de talentos, de novos escritores. O Montijo percebeu isto há muito tempo quando deu início a este prémio, que se não existisse muitos jovens escritores não tinham a possibilidade de ver as suas obras publicadas”,
disse o professor Manuel Frias Martins, presidente do júri. Para além de felicitar os três vencedores, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, falou do Concurso Montijo Jovem como “um investimento na vontade de fazer da língua e da escrita um elemento da nossa cultura. São iniciativas como esta que nos defendem da simplificação dos dias de hoje, onde impera a comunicação instantânea, e permitem reforçar laços linguísticos e culturais”. Quanto aos vencedores foram unânimes na importância do concurso para o seu curto percurso enquanto escritores, funcionando como um incentivo para darem a conhecer e partilhar o que escrevem com os outros. Os vencedores receberam um prémio no valor unitário de 1250 euros e a Câmara Municipal do Montijo irá proceder a edição das suas obras, durante este ano.
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Montijo à Mesa RESTAURANTE CASA DAS ENGUIAS
Sucesso em cada refeição
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êm de longe para apreciar as especialidades da casa. De todo os pontos do país. Afinal estamos a falar de um dos mais badalados restaurantes do concelho – A Casa das Enguias. O corrupio é constante neste restaurante que esgota a sala, até se perder a conta ao número
“Temos de servir aquilo que o cliente não encontra com facilidade. Qualidade acima de tudo. Temos carnes de primeira qualidade, fornecedores próprios, de confiança e os melhores produtos hortícolas locais” de refeições servidas nos 280 lugares disponíveis. Para além, claro está, das Enguias, que é quase obrigatório experimentar, não aconselhamos que fique por aí. Na Casa das Enguias todos os dias são bons dias para provar esta iguaria.
Para além disso, será difícil resistir ao arroz negro, à lampreia, ao porco preto e carne de vaca e tantas outras tentações. Tudo, recomenda-se, acompanhado por vinho da região, ou seja, Adega de Pegões. A história da Casa das Enguias remonta há 69 anos. Tudo começou na Taberna Nova, numa pequena cozinha, uma sala e dois quartos. Serviam petiscos. Com o passar dos anos e o aumentar dos clientes, o negócio cresceu e expandiu-se em proporção. Mudou de nome para o atual, porque a enguia foi sempre o petisco mais apreciado. A sala aumentou de tamanho e as mesas eram cada vez mais. Uma e outra vez, a cozinha foi renovada e ampliada. O sucesso esse cresceu mais que toda a casa e dali nunca mais se foi embora. “A nossa vida está toda aqui. Tenho 61 anos de existência e de Casa das Enguias porque nasci aqui dentro. Vamos continuar sempre a dar o nosso melhor. O que aqui está vou passar aos meus filhos, tal como os meus pais lutaram para me passar o negócio”, conta o proprietário António Gomes. Não há um segredo do negócio, mas vários. A exigência e rigor na escolha das matérias primas de qualidade indiscutível, o empenho dos
30 profissionais, que emprega esta casa e, sem dúvida, a dedicação do proprietário e da sua esposa que faz a magia na cozinha: “tal como a minha mãe, a minha mulher, Fernanda, é muito difícil de substituir, é excecional no que faz”. “Temos de servir aquilo que o cliente não encontra com facilidade. Qualidade acima de tudo. Temos carnes de primeira qualidade, fornecedores próprios, de confiança e os melhores produtos hortícolas locais”, revela oproprietário. São dias sem horários certos, lutas diárias que se traduzem numa casa em que a melhor publicidade que tem é o cliente que volta sempre e passa a palavra. Um caso de sucesso, que passa de geração em geração e que assim pretende continuar. Que venham muitos e bons anos e mais iguarias à mesa! RESTAURANTE
CASA DAS ENGUIAS
Estrada Nacional 11 | 2870-524 Lançada-Montijo 21 289 1952 Encerra à segunda-feira e quinta-feira ao jantar www.facebook.com/restaurante-casa-das-enguias
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Expressões BD
Pedro Cruz Pedro Cruz é natural de Lisboa e reside no Montijo. É licenciado em Arquitetura e mestre em ensino de Educação Visual e, também, animador e autor de BD. Venceu prémios de cartoon no Amadora BD, em 2002 e 2003, e colaborou nos fanzines Nimbus, Starscape, Ronin Illustrated #2, Pedro Cruz: Selected Sketches e Efeméride #6, nas revistas XL Magazine, DN Jovem e Cais. Ilustrou a trilogia Jim Anthony: Super Detective (2009-2011) da editora Airship 27. Desde 2006, que publica semanalmente BD seriadas em pedro-cruz.blogspot.com. Entre 2013 e 2014 editou The Mighty Enlil (El Pep Edições), que foi nomeado para melhor álbum de autor português em língua estrangeira no 25.º Amadora BD. Colaborou na antologia Crumbs e desenhou e coloriu o álbum Mindex, com texto de Fernando Dordio e Mário Freitas, que foi editado este ano pela Kingpin Books. Em 2019 colaborou no fanzine Legendary Horror Stories, com texto de André Oliveira. Desde 2018 serializa a BD The Fine Game of Nil no seu blog, incluida em versão portuguesa na revista H-Alt. Também integra o coletivo montijense de banda desenhada Tágide.
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Entre Nós
ENTREVISTA | LUÍS MANSO
A extraordinária dimensão do puto do Cerrado Chaves L
uís Manso tem 45 anos, 22 dedicados aos jornalismo, 20 dos quais na SIC. Lecionou a primeira cadeira de jornalismo online em Portugal. Fundou o Última Hora no Público. Integrou a equipa embrionária da SIC Online. Fez reportagens inéditas e abordou temas polémicos. Para além das Grandes Reportagens, coordena a informação na SIC e SIC Notícias. Mas outra paixão desde cedo trilhou o seu percurso: a música, fascínio que vem de longe, levando-o a integrar bandas e a fazer digressões por todo o país. Luís Manso é feliz com o que faz. Sente-se privilegiado. Valoriza acima de tudo o respeito pelos outros e tem uma imensa gratidão por quem se cruzou no seu caminho. Abraçou todos os desafios. Trilhou o seu caminho com uma exigência abissal para consigo e entrega total às histórias que conta. Hoje, cabe-nos contar a história deste “puto do Cerrado Chaves”, como o próprio se define. A sua infância e adolescência, passadas no Montijo, não poderiam ter sido melhores, revela o jornalista, que visita regularmente a sua terra natal: “cresci com a felicidade de ter uma grande amplitude de espaço para poder brincar com todos os meus amigos. Tive tudo aquilo que acho que é merecido a uma criança, de uma maneira que, hoje em dia, não sei se é possível.” Por volta dos 15 anos começa a entrar no mundo da música. E, durante algum tempo, seria esse o tema que lhe ocupava a mente. Apesar de, ainda hoje, compor músicas, não foi esse o caminho escolhido. A 6 de outubro de 1992, um acontecimento marcou-lhe a vida: “lembro-me de ter ido para casa de propósito para assistir ao nascimento da SIC. Para mim era uma coisa impressionante, estava com uma enorme curiosidade. Comecei a acompanhar a SIC e pensei para comigo gostava de fazer isto, de dar notícias e contar histórias. Foi esse o momento decisivo.” “Na faculdade fui o aluno que não consegui ser no liceu, porque não tinha maturidade. Quando terminei a faculdade, ganhei um prémio como aluno de mérito e a partir daí as coisas começaram a proporcionar-se”, conta. Foi recomendado para fazer um estágio na TSF: “fui para a área da economia com Dalila Carvalho, uma grande mentora. Mais tarde voltei a esta rádio para trabalhar com o Fernando Alves, uma referência que me ficou para a vida.” Segue-se o Semanário Económico e depois o Jornal Público: “fundei o Última Hora, a primeira experiência, quase embrionária, de publicação ao minuto de atualidade. Fiquei lá até o ano 2000”. Nessa altura, a SIC estava a criar uma primeira equipa para fundar uma redação online. “A Dalila Carvalho recomendou-me e fui à entrevista com o José Alberto Carvalho, de quem fiquei amigo e por quem tenho um enorme respeito, e entrei para a
SIC Online”. Foi fazendo um bocadinho de tudo, acumulando as funções de jornalista e coordenador. “Em 2004 entenderam que algumas pessoas do online deveriam cruzar-se com a redação de televisão. Fui uma das escolhidas”. Mais um desafio aceite e, aos poucos, começou a fazer trabalhos em televisão e a cortar o cordão umbilical com o on-line: “em 2005/6 fico, definitivamente, na redação da SIC. Depois foi tudo muito rápido e começo com o Luís Ferreira Lopes, que era o editor de economia, depois passo para a política e, mais tarde, integro a equipa do Primeiro Jornal”. Começam a dar-se as saídas para o estrangeiro para acompanhar “momentos que marcaram a nossa história e que eu tive o privilégio de acompanhar ao vivo e em direto”. Mais tarde é, novamente, incitado, desta vez, para fazer coordenação: “sou eu praticamente que decido o que vai para o ar e como, distribuo as histórias, escolho a atualidade e como vai aparecer no alinhamento. Começo na SIC Notícias, depois na SIC Generalista, com o Primeiro Jornal ou o Jornal da Noite”. Fez coordenação durante dois anos e depois de um momento de “quase rotura da minha parte, pedi para voltar às reportagens. Hoje, faço reportagens maiores e, de vez em quando, tenho que voltar à coordenação. É bom haver este equilíbrio entre poder contar histórias e poder, por assim dizer, estar no cockpit da máquina a conduzi-la”, confessa. “As histórias que mais gosto de contar são reportagens em que tenho a capacidade para também refletir acerca delas, de recolher elementos que me permitem depois contar algo que tenha impacto na sociedade, com criatividade. Tento sempre contar a história de forma não convencional, de maneira que agarre o espectador do primeiro ao último minuto”, revela. A sua inspiração vem das pessoas: “aquilo que retiro delas faz-me sempre tentar ser uma pessoa melhor”, explica o repórter que, apesar de já ter tido oportunidade de entrevistar grandes figuras do panorama internacional, confessa que a conversa mais interessante “foi um dia passado
com uma parteira, uma senhora magnífica, e um coveiro, com um sentido filosófico da vida delicioso de se ouvir. É junto das pessoas que menos esperamos que encontramos as mensagens mais inspiradoras. A dimensão da pessoa não está naquilo que ela faz, mas no que ela é”. Gosta de pensar que o seu futuro continua no jornalismo: “quando sentes que nasceste para fazer uma coisa, e que te faz feliz, não vale a pena desviar-nos do caminho que é o certo”. Mas gostava, também de “reforçar a minha parte académica, de voltar a dar aulas e escrever dentro dos contos e da ficção”. Luís Manso termina a nossa conversa definindo-se como o resultado “de todas as pessoas que passaram por mim, de todos os erros e as escolhas acertadas que fiz na minha vida. Acima de tudo, sou o fruto de todos os valores que os meus pais me deram, das lições que a vida me deu. Sou uma soma disso tudo, mas também sou, simplesmente, o puto que cresceu no bairro Cerrado Chaves”.
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Protagonistas COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS
“Já fomos longe demais para voltar atrás” A
ntes do pano subir, longe dos olhares do público, há uma maratona marcada pela resiliência durante o processo de produção e pela persistência e intensidade de gerir uma pequena companhia artística, fora dos grandes centros urbanos e da esfera pública. Hoje, neste nosso palco informativo, os Protagonistas são a Companhia Mascarenhas-Martins, numa entrevista a duas vozes sobre um projeto assente em profundas convicções, doses generosas de criatividade e muitas horas de trabalho.
ral do concelho”, com o objetivo claro “de aproximar as pessoas de objetos e atividades artísticas que não são os mais evidentes ou idênticos aos que lhes chegam por meios como a televisão ou as redes sociais”, afirmam. Um caminho transversal, multidisciplinar, intenso e, também, com algum improviso que acaba por ser inevitável porque “em Portugal, fora do âmbito público, as entidades independentes como nós têm muitas dificuldades. São sempre precárias, com financiamentos abaixo das ne-
E a verdade é que… já lá vão cinco anos, desde que começaram, agora, “chegámos ao ponto em que já fomos longe demais para voltar atrás”, confessa Levi Martins, um dos fundadores, juntamente com Maria Mascarenhas. Decidiram seguir por um caminho diferenciador, mas, simultaneamente, complementar à oferta artística existente no território do Montijo: “não estamos a competir com a câmara e a junta, mas a complementar a programação artística e cultu-
cessidades para fazer um trabalho continuado e estável”. “O nosso caso tem as suas particularidades. Assumimos um projeto de intervenção local, fora de Lisboa e do Porto. Achámos sempre mais interessante vir para um local onde não existia uma estrutura como a nossa. Se calhar é uma aventura mais acidentada, mas também mais aliciante, porque por mais sinuoso que seja este percurso, está a ser desbravado por nós, com o apoio da
câmara e da junta, e isso possibilita novos caminhos que nas cidades grandes já estão definidos pelos teatros nacionais ou municipais de maior dimensão”, acrescentam. A ideia de transversalidade é inerente não só à produção artística propriamente dita – teatro, música, formações, debates – como aos próprios fundadores da companhia. São produtores, encenadores, atores, músicos, mas também gestores, contabilistas, assessores de comunicação e um outro sem número de funções obrigatórias numa estrutura profissional. Um esforço pessoal adicional que “implica suplementos vitamínicos”, como diz Maria Mascarenhas em tom de brincadeira, deixando transparecer a ideia que Levi Martins concretiza ao afirmar que “se a estrutura fosse mais sólida, conseguíamos fazer um trabalho mais consequente, teríamos uma robustez que permitia chegar a mais público e fazer mais projetos. Politicamente, a nível nacional, não se deu ainda o passo para decidir que entidades como a nossa são fundamentais para complementar o serviço público na área da cultura”. Nestes cinco anos de atividade, a seu lado têm um conjunto, cada vez mais alargado, de pessoas que já fazem parte da Companhia e de entidades locais, como o Ateneu Popular do Montijo e a Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, numa relação de diálogo e reciprocidade “onde todos ganham: nós porque precisamos de espaços para ensaiar ou para as nossas atividades e estas duas associações, em particular, porque estão numa fase de renovação e é importante contribuirmos para esse novo impulso”, afirma Maria. O futuro mais imediato é de intensa atividade no mês de março. De 12 a 15 de março, a Companhia Mascarenhas-Martins está em palco no Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida com a peça “Há dois anos que eu não como pargo” e, posteriormente, a 27 de março para a celebração do Dia Mundial do Teatro, com a leitura encenada de uma mensagem, desta vez pelas mãos de Inês Monteiro Pires, “uma das mais novas do grupo, que vai encenar uma produção à luz das velas, demonstrando as suas preocupações ambientais”, e associando o Dia Mundial do Teatro à Hora do Planeta, que se assinala a 28 de março. No horizonte para os próximos anos está a continuidade das produções artísticas, “com dois espetáculos por ano, o evento de aniversário da Companhia com concerto, a continuidade da celebração do Dia Mundial do Teatro, mas gostá-
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vamos de ir mais longe, de conseguirmos fazer mais programação”, admite Levi Martins Para ir mais longe, são necessários mais apoios, “por isso vamos voltar a concorrer aos apoios sustentados da Direção-Geral das Artes para podermos ser mais ambiciosos. Outra coisa que pode fazer uma diferença fulcral é ter um espaço próprio. Estamos a chegar ao limite das garagens emprestadas, não queremos deitar fora os cenários que fazemos, por exemplo. Desde o início que temos esse objetivo e esperamos conseguir concretizá-lo nos próximos anos”, conclui. Agora que estão apresentados os nossos Protagonistas, cabe-lhe a si, enquanto espetador, acompanhá-los, lado a lado, neste percurso artístico. Eles sobem já ao palco do Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida neste mês de março e contam com os seus aplausos quando o pano fechar sobre mais uma produção com a marca da Companha Mascarenhas-Martins.
ESTREIA
Há dois anos que eu não como pargo Com texto do jornalista Miguel Branco, de 12 a 15 de março, a Companhia Mascarenhas-Martins traz à cena no Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida a peça “Há dois anos que eu não como pargo”. Um espetáculo “mais dirigido aos jovens, com
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CTJA
A Noite da Dona Luciana O
Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida recebe uma das melhores peças de teatro dos últimos anos em Portugal: “A Noite da Dona Luciana” de Copi sobe ao palco no dia 28 de março, pelas 21h30. A entrada é gratuita. A peça é uma comédia irreverente e florida, ao estilo de Copi (escritor, romancista, cartoonista e dramaturgo argentino), que dilui as fronteiras entre a imaginação e os estereótipos vinculados pelo inconsciente coletivo ao estabelecer uma ácida caricatura humorística, que vai desde a realidade quotidiana aos confins do absurdo e da extravagância. As situações criadas tanto se inscrevem no cliché e na situação comum, como se dissolvem num universo fantasioso. Num teatro acontece um ensaio tardio, onde estão presentes o encenador, a atriz e o técnico. O ensaio é interrompido por uma velha stripper transsexual, que se envolve num confronto com a Companhia, lançando o espectador numa espiral entre a verdade e o delírio, a paixão e o humor negro. O espetáculo teve duas nomeações para os Prémios da Sociedade Portuguesa de Autores: Melhor Espetáculo do Ano e Melhor Atriz do Ano (Rita Cruz). A encenação é de Ricardo Neves-Neves, num
espetáculo do Teatro do Elétrico, com Custódia Gallego, José Leite, Márcia Cardoso, Rafael Gomes, Rita Cruz e Vítor Oliveira no elenco.
Adega de Pegões ganha prémio na Rússia texto do Miguel Branco escrito com base nas suas próprias experiências e dos amigos. São três amigos que vivem juntos, num subúrbio. Um deles conduz tuk-tuk’s, o outro faz biscates como limpar o Oceanário, e o terceiro trabalha numa hamburgueria gourmet. O que conduz tuk-tuk’s escreve umas rimas e os amigos começam a dizer que ele tem jeito e devia ser rapper”, conta Levi Martins. A partir deste cenário, a peça flui por temas como a precariedade no emprego jovem, as escolhas e o sentido de vida. “É um espetáculo suburbano que faz todo o sentido estrear na Margem Sul”, afirma. Em palco vão estar João Jacinto, André Alves, Inês Dias, Levi Martins, Miguel Branco e Pedro Nunes, num espetáculo com encenação e produção de Levi Martins. CTJA | Teatro | M/14 | 7,50 € Horário: 5.ª feira e sábado às 21h00 domingo às 16h00
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Vinho Adega de Pegões Aragonez foi eleito o melhor vinho presente no concurso internacional de Vinhos Prodexpo, em Moscovo, na Rússia. Este concurso, que se realiza anualmente, é a maior e mais prestigiante competição de vinhos a ter lugar na Rússia. É a segunda vez que a Adega de Pegões ganha o “Cisne de Ouro”, troféu para o melhor vinho, pois já tinha recebido esta distinção em 2017 com o Vinho Adega de Pegões Syrah. Para alem deste troféu, a Adega de Pegões ganhou ainda uma Prodexpo Star (segunda distinção mais alta), mais 11 medalhas de ouro e 7 de prata, sendo igualmente a empresa de vinhos mais premiada na competição. Se 2019 foi o melhor ano de sempre para a Adega de Pegões, com um total de 211 prémios, sendo 9 de Grande Ouro ou troféus, 82 de Ouro, 80 de Prata e 40 de Bronze, 2020 começa, assim, da melhor maneira e promete vir a ser um grande ano para a Adega de Pegões, que continua a ver premiada a qualidade dos seus vinhos.
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Estórias com História
Fragmentos de vida e morte: que história conta a arqueologia Paula Alves Pereira*
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Escavação Arqueológica Em 2008, a abertura de valas de uma empreitada da SIMARSUL, incidiu sobre a antiga necrópole da Igreja de São Jorge e Ermida de Nossa Senhora da Piedade, em Sarilhos Grandes. A primeira referência à Igreja de São Jorge surge num documento de 16 de agosto de 1390, onde o Bispo de Lisboa, D. João Aires concedeu autorização para a construção de uma igreja e de um cemitério em Sarilhos Grandes, povoação que se localizava no vasto território da Ordem de Santiago. Em 1502, o Mestre da Ordem de Santiago, D. Jorge Furtado confirmou a consagração da igreja e do cemitério. Porém desconhece-se a data exata para a construção da Igreja de S. Jorge.
acompanhou a empreitada de 2008 foi realizada na Zona Especial de Proteção (ZEP) da Igreja de São Jorge e Ermida de Nossa Senhora da Piedade e abrangeu 25 m2, de onde foram exumados 21 enterramentos. Os enterramentos encontravam-se em sepulturas designadas por covachos, escavadas nas areias. Durante a escavação arqueológica constatou-se que o subsolo e os enterramentos tinham sido afetados pelas infraestruturas de saneamento básico e águas pluviais construídas em décadas anteriores. No entanto, identificou-se um espaço de necrópole com uma grande densidade de enterramentos que originaram a reutilização de sepulturas. Identificaram-se vários níveis de pavimento em argamassa de cal e areia que estavam associados a uma estrutura construída com blocos de calcário e arenito. Os enterramentos escavados correspondiam a uma população cristã sepultada no adro da Igreja de S. Jorge desde a sua construção até à abertura ou à construção do cemitério municipal em meados do século XIX. A maioria dos enterramentos apresentava a típica orientação cristã. Numa das Visitações da Ordem de Santiago foram mencionados os valores para os enterramentos no interior da igreja: “Achamos per enformaçam de homens Antigo que sobre iso perguuntamos, que aquelles que se enterram na dita Irmjda pagam seysçemtos Reaees.” [...] E mandamos que se allguum se quiser lamçar na dita JgreJa, que seus herdeiros ponham primeiramemte penhor que valha a dita comthia E mais pera ladrjlhar a cova na mãao do mordoommo, [...]”
Escavação arqueológica no Largo da Igreja, Sarilhos Grandes. 2008
A Morte A Morte era vista como a verdadeira existência, a Salvação Eterna que estava ao alcance de quem tivesse praticado o Bem. Assim, acreditava-se que os atos em vida de um bom cristão o levariam a alcançar o Paraíso. Por outro lado, poderia ir para o Inferno se tivesse tido um comportamento incorreto. Porém. no leito de morte, todo o cristão poderia alcançar a Vida Eterna no Paraíso, doando os seus bens. Quanto maiores as suas dádivas, maior seria a possibilidade de alcançar a Salvação. A Morte era assim um compromisso entre mortos e vivos. Aos vivos competia a responsabilidade de cumprir os compromissos religiosos de quem morria, através da doação de bens e de orações. Caso não cumprissem estas obrigações poderiam ser assombrados pela alma dos mortos.
Desde a Idade Média até ao século XIX, os mortos eram enterrados nos adros, no interior das igrejas e nos conventos e mosteiros. As igrejas e os seus campos santos eram lugares para a salvação da Alma. Quanto mais próximo estivesse do Sagrado, maior seria a salvação do cristão. As pessoas mais abastadas e com títulos de nobreza, adquiriam sepulturas no interior das igrejas, enquanto que o cidadão comum era sepultado no adro. Em Sarilhos Grandes, a Ermida de Nossa Senhora da Piedade foi mandada construir pela família Cotrim, tornando-se num panteão funerário, que preservou a memória dos Cotrim e o seu compromisso religioso para a salvação da família. A escavação arqueológica de salvaguarda que
Os sepultamentos no interior das igrejas eram restritos apenas a quem tivesse bens e aos membros das ordens religiosas. Quem fosse sepultado no interior dos espaços sagrados teria que oferecer algo compatível com esse privilégio. Porém registou-se uma preocupação em não sepultar os corpos no corpo principal da igreja, mesmo que o edifício tivesse mais que uma nave. As sepulturas no interior das igrejas deveriam ser rasas e sóbrias. Os cemitérios tornaram-se locais sagrados e de culto, localizados nos adros das igrejas, eram um dos lugares dedicado a Deus e à salvação Eterna. A sacralização desses espaços definida pelo Bispo de Plasencia, Gutierre Vargas de Carvajal, no sínodo de 1534, proibiu atividades consideradas profanas como banquetes, jogos ou corridas de touros. O defunto só alcançaria a Salvação Eterna se tivesse recebido a extrema-unção. Os funerais eram rituais solenes sem manifestações expansivas de dor e pesar. A partir do século XVI, a Salvação Eterna era considerada como a verdadeira vida do Cristãos, pelo que muitos defuntos passaram a ser enterrados com hábitos religiosos de confrarias, como forma de despojamento dos bens terrenos em prol da Salvação da Alma. Aos familiares competia dar cumprimento aos rituais funerários de forma a salvaguardar as preocupações escatológicas sobre o destino da Alma. O corpo era entregue aos cuidados da Igreja, e deveria ser sepultados num local sagrado, amortalhado em determinadas vestes ou colocado num caixão. O lugar da sepultura dependia de fatores sociais e económicos. O Cristão que detinha bens e dinheiro comprava sepultura no interior da igreja, no entanto, o local do sepultamento estava também relacionado com a devoção a determinados santos associadas a ordens religiosas ou confrarias. Esta associação a ordens ou confrarias religiosas verificou-se nos cemitérios dos adros, onde constam nos livros de óbitos o sepultamento de pessoas junto aos altares (tanto no interior como no exterior das igrejas) dos seus santos devotos. A escolha da localização da sepultura estava também associada a um medo das forças do mal, do oculto, pelo que a escolha de lo-
Ermida de Nossa Senhora da Piedade.
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SAND
Projeto de investigação pioneiro arranca em Sarilhos Grandes cais para sepultamento junto à pia batismal, associado ao renascimento da alma através das águas; ou as sepulturas no adro das igrejas onde seriam pisadas por todos, representaria a humildade do cristão. No entanto, as famílias manifestavam a sua vontade em permanecer juntas no seu sepultamento, e em certas necrópoles registou-se quer através da documentação como do registo arqueológico e antropológico, uma organização social do espaço com diferenciação espacial entre adultos e crianças e homens e mulheres. O Óbolo de Caronte e as Tradições Religiosas Os enterramentos de Sarilhos Grandes apresentavam o tradicional ritual cristão, com a cabeça do jazente posicionada a Poente e os pés a Nascente, estando a alma preparada para renascer com o nascer do Sol. Os corpos terão sido sepultados na sua maioria com mortalhas, despojados de adereços ou adornos. Recolheu-se apenas, na mão direita de uma criança de 5-6 anos (enterramento nº 3) , um ceitil de D. João III, cunhado entre 1523 a 1557. A colocação de uma moeda na mão ou na boca, correspondia a uma tradição pagã, que remonta à mitologia grega posteriormente incorporado por várias religiões. A moeda, designada por óbolo representa o pagamento a Caronte, o barqueiro que efetua a travessia da alma do mundo dos vivos para o mundo dos mortos, pelo rio Estige (Styx). Se o defunto não pagasse a viagem, a sua alma ficaria presa no limbo para toda a Eternidade e poderia regressar para atormentar os vivos. Para além do ceitil colocado na mão do esqueleto nº3 foram recolhidas mais duas moedas que se encontravam fora de contexto: um ceitil de D. João III e meio dinheiro de Sancho II. *Coordenadora do projeto SAND - Sarilhos Grandes Entre Dois Mundos
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o final do mês de março, na Ermida de Nossa Senhora da Piedade, em Sarilhos Grandes, terão início os trabalhos de escavação arqueológica do Projeto de Investigação SAND – Sarilhos Grandes entre Dois Mundos. Entre 30 de março e 30 de abril, decorrerá o primeiro campo escola de arqueologia e antropologia, no interior da Ermida de Nossa Senhora da Piedade. O segundo momento de escavações será realizado no exterior da Igreja de São Jorge, de 3 de
A nova intervenção arqueológica terá também como objetivo identificar contextos associados à construção da Igreja de São Jorge e da Ermida de Nossa Senhora da Piedade. Recorde-se que 2008, foi realizada uma escavação arqueológica no Largo da Igreja, em Sarilhos Grandes, que permitiu identificar 21 esqueletos dos séculos XV-XVII, associados ao antigo cemitério da Igreja de S. Jorge. Os dados recolhidos possibilitaram a identificação de alguns parasitas relacionados com a ingestão de carnes e de águas contaminadas,
agosto a 4 de setembro. O Projeto SAND – Sarilhos Grandes entre Dois Mundos tem a duração de dois anos (2020-2021), foi aprovado pela Direção Geral do Património Cultural e resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal do Montijo e a Universidade de Coimbra. O objetivo do projeto é estudar a população de Sarilhos Grandes, no período medieval e moderno, através de um estudo histórico, bio-arqueológico, paleoparasitológico e alimentar dessa população, que permita caraterizar a dieta, as doenças e os rituais funerários da população de Sarilhos Grandes, bem como identificar novos elementos de contacto com o Oriente e o Ocidente.
o consumo de batata, centeio/trigo, feijão ou grão-de-bico entre outros vegetais, bem como de crustáceos. Alguns destes achados, incluindo o fungo Candida albicans, foram pela primeira vez identificados em território nacional nas cronologias em estudo. A população de Sarilhos Grandes teve grande dinâmica durante a época medieval e dos descobrimentos portugueses e incluía diversas pessoas ilustres como a família nobre Cotrim, da qual se destaca Rui Cotrim de Castanheda, que participou na segunda viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1502, e que estará sepultado na Ermida de Nossa Senhora da Piedade.
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Em Agenda PICA
Poéticas em desconcerto O PICA, Projeto de Intervenção Cultura e Artes, encerra o mês de março com poesia e música, num (des)concerto que não vai deixar ninguém indiferente, no dia 28 de março, pelas 16h00, na Ermida de Santo António, no Montijo. Os TTC Music Moments levam a música e o Coletivo PICA os poemas. Juntos apresentam “Poéticas em desconcerto” e querem fazer a diferença com uma apresentação fora da caixa. O evento tem a parceria da Banda Democrática 2 de Janeiro e o apoio da Câmara Municipal do Montijo. Entrada livre.
EXPOSIÇÃO
Com o batôn nos dentes: desenho e pintura EXPOSIÇÃO
Cartadas de cães e gatos De 27 de março a 30 de maio, o Museu Municipal Casa Mora tem patente a exposição de ilustração “Cartadas de cães e gatos”. Na sequência de um convite da editora Apenas Livros, a ilustradora montijense Susana Resende criou um par de baralhos de cartas ilustrados Gatos Baralhados e Baralhos de Cães, para a coleção Autor em 2018 e 2019, como forma de homenagear estes companheiros que tanto contribuem para a nossa felicidade. Museu Municipal | Entrada livre Horário: 3.ª a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30
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o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Galeria Municipal do Montijo inaugura a 7 de março, pelas 15h30, a exposição “Com o batom nos dentes: desenho e pintura” de Paula Sousa Cardoso e Isabel Sabino. Exposição patente até 24 de abril. Também na História de Arte, o preconceito de género secundarizou o talento e a importância das mulheres artistas, mantendo-as ausentes de museus e espaços de arte, por isso, para terminar o ciclo comemorativo dos seus 20 anos, que tem trazido a público artistas que fazem parte da sua história, a Galeria Municipal exibe, agora, a obra artística de duas mulheres. São elas Isabel Sabino, possuidora de um riquíssimo percurso artístico e académico, que nos apresenta uma série de desenhos centrados em personagens femininas; e Paula Sousa Cardoso, vencedora do Prémio Vespeira na VII Bienal de Artes Plásticas, que nos traz uma série de trabalhos onde “cruza interiores bem decorados com sinais e/ou objetos, por vezes, estranhos”. Galeria Municipal | Entrada livre Horário: 2.ª a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30
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DESTAQUE
APA dá luz verde ao Aeroporto do Montijo Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu A Declaração de Impacte Ambiental final ao novo Aeroporto do Montijo, no passado dia 21 de janeiro.
“Este é um passo significativo para o arranque do novo Aeroporto do Montijo, um investimento fundamental para o desenvolvimento do nosso concelho e de toda a região de Setúbal, que vai permitir internacionalizar a economia local e regional, potenciar a coesão social e territorial e reduzir as assimetrias existentes entre as duas margens do Tejo”, disse o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta. O autarca afirmou, ainda que, a decisão da APA, tomada nos termos da lei, assegura as questões ambientais associadas à implementação do novo Aeroporto do Montijo nos terrenos da Base Aérea n.° 6, condição que sempre foi exigida pelo município. Recorde-se, que o Município do Montijo emitiu parecer favorável ao Estudo de Impacte Ambiental, realçando a necessidade do projeto do Aeroporto do Montijo contemplar o reforço do sistema de transportes públicos, assegurar medidas de proteção ambiental, bem como a execução de algumas vias rodoviárias estruturantes para a cidade, como são os casos da conclusão da Circular Externa ou da requalificação da Estrada do Seixalinho, entre outras questões que ao longo de todo este processo o Município do Montijo tem considerado fundamentais para a implementação do novo aeroporto. A decisão da APA A Declaração de Impacte Ambiental da APA considera os impactes negativos e a sua possibilidade de minimização ou compensação, bem com os impactes positivos, sendo condicionada à adoção da solução dois do estudo prévio de extensão para sul da pista 01/19 e à adoção da solução alternativa do estudo prévio de ligação rodoviária à A12. A solução dois é a extensão da pista 01/19 para sul, através da construção de uma estrutura de betão armado, suportada por estacas de fundação. Já a solução alternativa para o acesso rodoviário à A12 consiste num traçado que se desenvolve ao longo de cerca de 3,2 quilómetros e faz a ligação com a rede viária existente ou projetada, procurando minimizar a afetação de propriedades e habitações. Entre as razões que justificam a decisão, o relatório da APA refere que diversos estudos técnicos da Autoridade Nacional de Aviação Civil e da Eurocontrol para a NAV Portugal evidenciaram a vantagem competitiva e respetiva longevidade de uma solução de operação simultânea do Aeroporto Humberto Delgado e de um aeroporto complementar no Montijo como a mais eficaz, eficiente e racional para responder às necessidades decorrentes do crescimento rápido da procura em Lisboa. Os principais impactes positivos são apontados ao nível socioeconómico, “assumindo-se como muito significativos, de nível local, regional e até nacional. O aeroporto originará impactes positivos, diretos e indiretos, os quais terão incidência, em particular ao nível da demografia (pela atração de população residente), do emprego (pelo aumento da oferta de emprego), da competitividade e internacionalização (pela dinamização das atividades económicas, atração de investimen-
tos, potenciação da oferta turística e recreativa local e regional) e da qualidade de vida (pelo aumento do rendimento, do acesso a novas oportunidades de serviços e de empregos, das acessibilidades e transportes”, refere o relatório final da APA. O documento indica, ainda, que o novo Aeroporto do Montijo pode constituir-se como um elemento catalisador de outros investimentos no Arco Ribeirinho Sul, nomeadamente “a ligação rodoviária, entre as penínsulas do Seixal e do Barreiro e entre o Barreiro e o Montijo, contemplando as travessias dos braços de rio que existem entre estes territórios, salvaguardando que o avanço deste projeto deverá ser coordenado com o novo Aeroporto do Montijo em fase de execução”.
o controlo do número de voos nas restantes horas do período noturno (23h00-24h00 e 06h00-07h00). - Constituição de uma Comissão de Acompanhamento Ambiental com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do projeto e a implementação das condições impostas pela Decisão de Impacte Ambiental; - Aquisição de salinas numa área total no mínimo igual à área sujeita a perturbação forte, ou seja, 1467 hectares. - Plano de Gestão da Vida Selvagem e estudo para avaliação do efeito de perturbação das aeronaves sobre as aves na Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo.
Exigências, medidas de minimização e compensação São 157 as medidas de minimização e compensação apresentadas pela APA na Decisão de Impacte Ambiental, às quais se juntam outras exigências e recomendações com o objetivo de atenuar ou eliminar os impactes negativos do novo Aeroporto do Montijo. Entre estas medidas e recomendações destacam-se as seguintes: - Para responder ao aumento da procura no transporte fluvial, assegurar o reforço da frota existente, pelo
O Projeto O Aeroporto do Montijo será implantado dentro dos limites da Base Aérea n.º 6 que se localiza na margem esquerda do Rio Tejo, a 25 quilómetros de Lisboa. O projeto assenta numa conceção especialmente vocacionada para serviços ponto-a-ponto e companhias low cost e prevê a extensão para sul da pista 01/19 que ficará com um comprimento de 2 400 metros. A plataforma de estacionamento é concebida para um total de 24 lugares de estacionamento de aeronaves para o ano de abertura (2022) e 36 para o ano horizonte do projeto (2062).
suporte financeiro à aquisição de dois navios de propulsão elétrica, a alocar em exclusividade ao transporte entre o Cais do Seixalinho e Lisboa; - Criação de serviço de shuttle rodoviário entre o Aeroporto do Montijo e o Cais do Seixalinho, bem como estudar a criação de serviços rápidos de autocarros para ligação entre o Aeroporto do Montijo e a Gare do Oriente e entre o Aeroporto e a estação ferroviária do Pinhal Novo. - Adoção de procedimentos de voo durante a aproximação por sul e a descolagem para sul que permitam a redução de ruído; - Reformulação do Programa de Reforço do Condicionamento Acústico de Edifícios deficitários na área delimitada pelas isófonas de ruído particular para intervir em edifícios escolares, hospitalares e em edifícios habitacionais. A implementação das medidas previstas no programa deve ser suportada financeiramente pela proponente do projeto, num valor estimado entre 15 e 20 milhões de euros. - A proibição de voos entre as 00h00 e as 06h00 e
Em matéria de acessibilidades, o projeto prevê a construção de uma ligação rodoviária do Aeroporto do Montijo à A12 e beneficiação da Estrada do Seixalinho, que permite o acesso ao terminal fluvial do Cais do Seixalinho. Está calculada a construção de um Terminal de Passageiros, edifícios de apoio, novos sistemas de drenagem, iluminação, parques de estacionamento, novos acessos rodoviários, entre outros. O Terminal de Passageiros apresentará uma área total de 45 000 m2. O acesso ao Aeroporto do Montijo far-se-á através de infraestruturas rodoviárias dotadas de uma ciclovia. O projeto será desenvolvido em duas fases: fase de abertura – 2022 (dimensionada para o ano 2032) e fase de expansão – 2054 (dimensionada para o ano 2062). Para o ano de abertura, as previsões de tráfego aéreo estão estimadas em 7,8 milhões de passageiros e 46 mil movimentos por ano. Para o ano de 2062, perspetivase 17,4 milhões de passageiros e 85 mil movimentos de aeronaves por ano.
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Especial
Construir o nosso futuro
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a Avenida dos Pescadores, na Praça 5 de Outubro, na Rua José Joaquim Marques, na Praça da República e em muitas outras ruas, travessas e avenidas da cidade é visível, aos olhos de todos, a reabilitação de edifícios no tecido urbano mais antigo. São investimentos privados, movidos pelos incentivos e benefícios resultantes da delimitação da Área de Reabilitação Urbana criada pelo município em 2015, que estão, pouco a pouco, a dar uma nova cara à cidade. Nesta crescente dinâmica de reabilitar para viver melhor, tem sido, igualmente, evidente o reforço do investimento público municipal nos domínios da educação, património, espaço público, ambiente e mobilidade. Neste Especial dedicamos atenção aos vários investimentos municipais já executados, em curso ou projetados para o futuro próximo. Damos, também, a conhecer os números do investimento privado e a visão de quem, sendo especialista, trabalha diariamente estas questões. A aposta na reabilitação e reconversão urbanas veio para ficar, numa conjugação de iniciativa pública e privada. O objetivo principal é simples, mas ambicioso: melhor a qualidade de vida e construir o futuro do Montijo.
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Reabilitar como regra E
ntrou em vigor no passado dia 15 de novembro o Decreto-Lei n.º 95/2019, de 18 de julho, que redefine o regime aplicável à reabilitação de edifícios ou frações autónomas. A publicação deste novo diploma legal visa criar condições para que a ação de reabilitação predomine, em detrimento da construção nova, isto é, para que a reabilitação do edificado existente passe de exceção a regra. Foi revogado o regime excecional e temporário do Decreto-Lei n.º 53/2014, de 8 de abril, que dispensava as obras de reabilitação da aplicação de diversas normas técnicas da construção, sendo também alterados diversos outros diplomas aplicáveis à edificação. O novo diploma tem a sua aplicação regulamentada pelas Portarias n.ºs 301/2019 a 305/2019, publicadas a 12 de setembro. As alterações resultantes são particularmente relevantes no domínio da segurança estrutural e ação sísmica, definindo as situações em que a obra de reabilitação passa a ficar sujeita à elaboração de um relatório de avaliação de vulnerabilidade sísmica, conducente ao eventual reforço da resistência das edificações. Procura-se igualmente a melhoria progressiva das condições de acessibilidade para a generalidade dos utilizadores e, bem assim, dos comportamentos térmico e acústico das edificações de uso habitacional. A publicação do novo quadro legal vem reconhecer o papel central da habitação e da reabilitação urbana para a melhoria da qualidade de vida das populações, para a revitalização e competitividade das cidades e para o incremento da coesão social e territorial. Visa a dinamização da reabilitação de edifícios e a sua adequação aos atuais padrões de segurança e de habitabilidade, para garantia do conforto e da salubridade dos alojamentos, incentivando simultaneamente uma gestão racional dos consumos, em consonância com os princípios da sustentabilidade ambiental. A atuação dos diversos agentes no domínio da construção, após esta atualização normativa, implica novas exigências no desenho das soluções pela arquitetura e na elaboração dos projetos de especialidades de engenharia, carecendo também de uma nova atitude, mais exigente, mais lúcida e mais célere, em matéria de gestão urbanística. O Município do Montijo tem em vigor, desde 2015, uma Área de Reabilitação Urbana – a ARU da cidade do Montijo – delimitada por um extenso perímetro que engloba as áreas mais antigas da cidade e se estende aos Bairros do Areias e do Afonsoeiro, abrangendo a esmagadora maioria dos imóveis carecidos de reabilitação, assim conferindo a um maior número de proprietários o direito de acesso aos benefícios fiscais e financeiros aí aplicáveis. Destacam-se, na fiscalidade, as isenções por cinco anos no pagamento do IMI, a possibilidade de isenção de IMT na aquisição de habitações reabilitadas e a incidência de IVA à taxa reduzida de 6 por cento, em vez dos habituais 23 por cento, nas empreitadas de execução de Ações de Reabilitação. As taxas urbanísticas têm associadas reduções desde 50 por cento, sendo de 80 por cento para a utilização habitacional. A localização do imóvel na ARU permite também o acesso a financiamento em condições vantajosas, como é o caso do programa IFRRU 2020, dire-
cionado para o apoio ao investimento, individual ou empresarial, no âmbito da Reabilitação Urbana, contemplando empréstimos com maturidades até 20 anos, períodos de carência com o máximo de 4 anos e taxas de juro muito abaixo das praticadas no mercado para investimentos da mesma natureza. Neste âmbito, compete ao município desempenhar um papel certificador necessário à obtenção dos benefícios que, no que concerne aos impostos, se obtêm da Administração Tributária. Assim, previamente ao início da obra e paralelamente ao licenciamento desta, deve ser requerida à câmara municipal a determina-
“Decorridos cinco anos de vigência da ARU da cidade de Montijo, contabilizam-se já mais de 50 operações urbanísticas requeridas para a reabilitação de cerca de 130 habitações, dezenas de espaços de comércio de proximidade e novos alojamentos hoteleiros, perfazendo um montante de investimento estimado, só na execução de obras, em mais de oito milhões de euros.” ção do nível de conservação do imóvel ou fração, para que, repetido este procedimento de controlo após a conclusão, a autarquia emita uma certidão de melhoria do nível de conservação, habilitando o proprietário aos benefícios fiscais aplicáveis. Estar informado é fundamental, quer recorrendo aos serviços técnicos municipais, quer consultando regularmente as fontes de informação relevantes, nomeadamente o “Portal da Habitação” e o portal “Casa Eficiente 2020”, do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), o “Portal das Finanças” e também a página eletrónica do município. Aí se divulgam a regulamentação e as oportunidades disponí-
veis, nomeadamente os diversos programas de apoio à melhoria do comportamento ambiental e à redução de consumos de energia, ao arrendamento de habitação ou outros. Complementando a ARU da cidade do Montijo e os benefícios que disponibiliza à promoção privada, o Município do Montijo publicou, em junho de 2018, a Operação de Reabilitação Urbana territorialmente coincidente – a ORU da cidade do Montijo – orientando a realização de intervenções estruturantes de reabilitação e requalificação de espaços públicos, áreas verdes naturais e edifícios municipais no correspondente Programa Estratégico de Reabilitação Urbana. Diversas intervenções municipais, já realizadas, em curso e a iniciar, beneficiam de apoio através do cofinanciamento pelo Programa Operacional Regional, POR Lisboa 2020. Globalmente, a reabilitação urbana conhece no Montijo um interesse e uma adesão sempre crescentes. Concretamente, decorridos cinco anos de vigência da ARU da cidade de Montijo, contabilizam-se já mais de 50 operações urbanísticas requeridas para a reabilitação de cerca de 130 habitações, dezenas de espaços de comércio de proximidade e novos alojamentos hoteleiros, perfazendo um montante de investimento estimado, só na execução de obras, em mais de oito milhões de euros. Acrescem todas as demais ações de conservação e reabilitação que, isentas de controlo prévio, não são contabilizáveis, mas têm contribuído igualmente para a requalificação do edificado e para a reabilitação do tecido urbano. Esta é uma dinâmica da maior relevância, também pelo incremento que promove da atividade económica, mas sobretudo porque os resultados serão uma cidade e um território mais atrativos e competitivos, socialmente coesos e ambientalmente preservados e sustentáveis, atingindo o fim último do investimento na Reabilitação Urbana: a melhoria das condições de vida das pessoas. Paulo Pereira Lima, Arquiteto C.M. Montijo / Reabilitação Urbana
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Especial R E A B I L I TA Ç Ã O
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U R B A N A
AMBIENTE E MOBILIDADE
Jardim das Nascentes É
, atualmente, a Ação de Regeneração Urbana mais dispendiosa que está a ser executada pela Câmara Municipal do Montijo. O Jardim das Nascentes, em construção na zona do Alto das Vinhas Grandes, tem um custo total de 1 291 723,27 euros e financiamento FEDER (50 por cento) de 645 861,64 euros, ao abrigo de candidatura municipal ao POR Lisboa 2020. Uma obra de conservação, proteção, promoção e desenvolvimento de um património natural integrado no Corredor Verde Urbano do Montijo - estrutura verde com elevado valor ecológico e importância supra-urbana e regional - que é vital para assegurar a continuidade deste território natural de interligação entre o Estuário do Tejo e o interior do território concelhio, mas também de
agregação da malha mais antiga da cidade com as áreas de expansão urbana para nascente. A requalificação paisagística, que está a ser executada, abrange toda a propriedade, integralmente inserida em área da Reserva Ecológica Nacional e com uma área natural de 3,7 hectares, para preservação das suas características biofísicas e hidrológicas, nomeadamente da vegetação ripícola e das duas linhas de água de escorrência pluvial, essenciais na hidrografia regional, corrigindo as margens da linha de água afetadas por situações de erosão. Pretende-se que o Jardim das Nascentes funcione como uma área natural propícia à fruição como espaço de natureza e de lazer, adequada para práticas culturais e de caráter recreativo. Com notável centralidade e hoje muito bem servida em matéria
de acessibilidades, quer por rodovias quer pela rede ciclável municipal, o Jardim das Nascentes tem um elevado potencial para complementar a utilização da Casa da Música Jorge Peixinho, na vertente cultural, numa evidente simbiose entre a vegetação envolvente e o património edificado. Neste momento estão em curso os trabalhos de preparação para a colocação dos pavimentos finais nos caminhos e zonas de estadia e na ciclovia, a conclusão das zonas onde irá existir o anfiteatro, jogos de água e o lago, bem como a preparação da terra vegetal para se iniciarem as plantações. Um investimento na preservação do ambiente e na utilização eficiente dos recursos naturais existentes. Um investimento no futuro ambiental e climático da cidade.
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educação
Escola Básica Joaquim Almeida Em mais um investimento em matéria de educação e reabilitação urbana, está a ser finalizada a obra de recuperação da Escola Básica Joaquim de Almeida e ampliação do refeitório escolar. A obra permite não só a renovação das instalações existentes, que são bastante antigas, mas também aproveitar a ocasião para que essa renovação permita, com a aplicação de novos materiais, aumentar a eficiência energética das referidas instalações. Nesse sentido, a intervenção executada na envolvente exterior dos edifícios (edifício
património e espaço público
Praça 1.º de Maio e Largo do Guitarrista É
uma intervenção de reabilitação e reconversão do espaço público urbano que está projetada para breve: a Praça 1.º de Maio e o Largo do Guitarrista serão alvo de obras de requalificação com o objetivo principal de devolver o espaço ao usufruto dos cidadãos. A Praça 1.º de Maio, anteriormente designada por Largo da Misericórdia, tem grande relevo para a história, cultura e identidade montijenses. Pelo menos desde o séc. XV que ali desembocavam arruamentos principais do núcleo urbano antigo e caminhos que conduziam para fora da vila. Ali se localizam a Igreja e o antigo Hospital da Misericórdia, em local que foi também referência devido a um antigo poço e a coretos, todos já desaparecidos. Subsistem nesta praça e nas imediações diversos edifícios centenários e notáveis pelos revestimentos e ornamentação de fachadas. O espaço público está hoje entregue à circulação e estacionamento automóvel, com diminutos passeios pedonais e muito deficientes condições de acessibilidade, não possibilitando a permanência dos cidadãos ou a realização de atividades no espaço público. A intervenção prevista tem como objetivo transformar o espaço público e impulsionar a base
socioeconómica local, através da requalificação e da melhoria do ambiente urbano, da promoção da acessibilidade pedonal e da utilização do espaço público, do reordenamento do tráfego e do estacionamento automóvel, da recuperação e construção de infraestruturas e equipamentos urbanos e da valorização do espaço público através de medidas de dinamização cultural e económica. A intervenção devolverá ao uso pedonal grande parte da área da Praça, fomentando a permanência, viabilizando e criando motivos de atração para a utilização coletiva do espaço público, nomeadamente pelo comércio e limitando a circulação automóvel a manter na área restante. O projeto inclui o prolongamento do espaço pedonal a partir da Rua da Misericórdia e a criação de um recinto de estadia marcado com banco circular, que surge como epicentro da praça e concentra os elementos de referência da praça. Tal como na operação de prolongamento do Passeio do Cais, a intervenção conta com projeto artístico de calçada portuguesa da autoria de Fernanda Fragateiro, dentro da mesma lógica de utilização do chão enquanto espaço amplo e livre para retratar o tema da fauna e da flora que habita o território do Montijo.
principal e refeitório) permitiu um aumento significativo do seu isolamento térmico, nomeadamente ao nível da cobertura e da caixilharia. Para além disso a instalação de um sistema de geração de energia elétrica e, também, do sistema solar de aquecimento de águas, possibilita uma redução do consumo de energia elétrica e também de gás. A parte mais onerosa desta obra diz respeito à ampliação do refeitório escolar e à requalificação de todo o espaço de recreio. A obra tem um custo total de 648 664,65 euros, correspondendo a um investimento elegível de 216.039,86 euros e financiamento FEDER (50 por cento) de 108.019,93 euros. Esta é mais uma intervenção onde a câmara municipal assumiu, claramente, o seu investimento na educação, reabilitando e modernizando os edifícios escolares, proporcionado mais conforto aos seus utilizadores e otimizando recursos na procura de redução global significativa da fatura energética.
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educação
Infantário O Saltitão Câmara Municipal do Montijo está a terminar a obra de requalificação do Infantário A “O Saltitão”, situado no Bairro do Mouco, no
Montijo, com o objetivo de reforçar e qualificar a resposta social de creche, que o Infantário tem proporcionado ao longo de vários anos às crianças e famílias do concelho. O conjunto dos trabalhos realizados inclui a melhoria das instalações sanitárias do rés-do-chão e, fazendo o aproveitamento da cobertura, a ampliação das instalações através da construção de duas salas no primeiro piso e substituição da respetiva escada de acesso, reparação de pavimentos e colocação de isolamento térmico. O Infantário “O Saltitão”, uma instituição particular de solidariedade social que funciona em edifício cedido pelo município, passará assim a contar com uma nova área mais adequada às regulamentações e necessidades atuais. A obra está a ser executada ao abrigo de uma candidatura municipal ao POR Lisboa 2020, no âmbito do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial da Área Metropolitana de Lisboa, com um custo total de 78.631,64 euros, correspondendo a um investimento elegível de 63.520,00 euros e financiamento FEDER (50 por cento) de 31.760,00 euros.
HABITAÇÃO SOCIAL
Bairro da Caneira
no final de 2019, a primeira fase reabilitação dos edifícios de habitação Fsocialoideconcluída, do Bairro da Caneira, no Montijo.
Nesta primeira fase, a intervenção centrou-se na beneficiação deste património edificado municipal e incidiu na reparação e conservação dos paramentos e outros elementos exteriores das fachadas dos imóveis. A intervenção executada assegurou a extensão da durabilidade das edificações, conferindo adequadas condições de habitabilidade e salubridade para a utilização das habitações. Posteriormente, numa segunda fase, a Câmara Municipal do Montijo irá proceder à beneficiação das coberturas. A obra resulta de uma candidatura apresentada pelo município ao POR Lisboa 2020, correspondendo a um investimento total de 78.735,74€, com financiamento FEDER (50 por cento ) no montante de 39.367,87€, e procura dotar os edifícios melhores condições de habitualidade, contribuindo para as políticas sociais de promoção da inclusão social e de combate à pobreza e qualquer tipo de discriminação.
PATRIMÓNIO E ESPAÇO PÚBLICO
Edifício dos Paços do Concelho E
ncontra-se em curso a segunda fase da obra de requalificação do edifício dos Paços do Concelho, num investimento na ordem dos 150 mil euros. Entre os aspetos principais da intervenção está a promoção de condições facilitadoras da acessibilidade dos cidadãos com mobilidade reduzida, através de uma rampa de acesso na porta virada para a Praça Gomes Freire de Andrade e da instalação de um elevador para acesso ao piso superior do edifício. A primeira fase da obra de reabilitação do edifício dos Paços do Concelho decorreu durante o ano de 2019 e foi executada através de candidatura municipal ao POR Lisboa 2020, representando um investimento total elegível de 204.915,86 euros e financiamento FEDER (50 por cento) de 102.457,93 euros.
A obra conjugou as necessárias reparações do edifício com a melhoria do comportamento térmico e consequente redução das necessidades energéticas, melhorando o desempenho e reduzindo os custos de utilização. Entre os trabalhos executados, esteve a renovação integral da cobertura degradada do imóvel, com introdução de isolamento térmico; a substituição dos vãos exteriores por unidades termicamente isoladas; a requalificação térmica; a renovação de pinturas interiores e exteriores; a remodelação de instalações sanitárias; e a instalação de sistema de deteção de incêndios. Com esta intervenção, a autarquia pretende recuperar e requalificar o edifício, ao mesmo tempo que valoriza toda a sua envolvente junto à Frente Ribeirinha da Cidade de Montijo
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EDUCAÇÃO
Escola Básica do Afonsoeiro P
revisivelmente a obra de requalificação da EB Afonsoeiro terá início no final do verão deste ano e tem um prazo de duração de 360 dias. Num investimento superior a 826 mil e 208 euros, a empreitada inclui a construção de um edifício de pré-escolar com três salas de aula e uma sala polivalente; a ampliação do refeitório; a remodelação do polidesportivo; a substituição da cobertura e de outros elementos no edifício de Plano Centenário; e a requalificação de todo o espaço de recreio. A obra de ampliação e adaptação da EB Afonsoeiro assume particular importância na política municipal de educação, pois finaliza o ciclo de investimentos na rede de pré-escolar, prevista na atual Carta Educativa Municipal para o território da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro, dando assim resposta a mais 75 crianças, entre os três e os cinco anos de idade. Para a execução da obra, que não é compatível com o funcionamento das aulas, a câmara e o Centro Social de São Pedro do Afonsoeiro assinaram um protocolo de colaboração que permite viabilizar uma solução para o funcionamento da Escola Básica do Afonsoeiro, no período de execução das obras de requalificação deste estabelecimento de ensino. Trata-se de um terreno municipal junto à própria escola, que foi cedido em direito de superfície ao Centro Social de São Pedro do Afonsoeiro. Com
o protocolo, a referida instituição autoriza o Município do Montijo a instalar construções modelares, com caráter provisório, para funcionamento das salas de aulas. A obra da EB Afonsoeiro compreende “uma grande reabilitação do edifício do Plano Centenário, colocando novos vãos de janelas, com vidro duplo, substituição da cobertura e colocação de isolamento térmico. Será também organizado, remodelado e modernizado todo o recreio escolar, assim como
EDUCAÇÃO
ampliado o refeitório existente”, realça Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo. “Esta obra tem uma importância histórica porque finaliza o ciclo de investimentos de pré-escolar a que nos tínhamos comprometido aquando da aprovação da Carta Educativa em 2009. Praticamente, temos uma cobertura de 100 por cento na rede pré-escolar. Hoje o município pode orgulhar-se desta resposta. Quando chegámos à Câmara era praticamente zero”, refere o presidente.
CRIA - Centro de Recursos para a Infância e Adolescência
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em só de obra física é sustentado o investimento municipal executado nos últimos na área da educação e na melhoria de qualidade de vida das pessoas. O Centro de Recursos para a Infância e Adolescência – CRIA é um bom exemplo de uma política municipal que está no terreno na promoção da educação de crianças e jovens, procurando reduzir o abandono escolar e combater o insucesso escolar. Pretende ainda aumentar a capacitação das escolas para implementarem com sucesso uma diferenciação pedagógica e métodos de ensino mais eficazes, contribuindo para capacitar docentes para práticas colaborativas e pedagogias inovadoras.
Entre as várias iniciativas do CRIA está o Laboratório de Aprendizagem, que funciona no Centro Cívico do Esteval, um modelo holístico e inovador da sala de aula, que está à disposição das escolas dos vários níveis de ensino do município, mediante marcação prévia, para dinamização pelos docentes de aulas e outras iniciativas com os alunos. O projeto enquadra-se no Plano Nacional para a Promoção do Sucesso Educativo, bem como com nos Planos de Ação Estratégica das escolas do concelho. O CRIA recebeu financiamento comunitário através do POR Lisboa 2020, representando um investimento total de 459.742,21 euros, com financiamento FSE (50 por cento) de 229.871,11 euros.
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EDUCAÇÃO
Escola Básica Luís de Camões A
obra de reabilitação da Escola Básica Luís de Camões, no centro do Montijo, terminou no final do ano de 2018 e foi a primeira de um conjunto de três grandes intervenções realizadas ou a realizar em estabelecimentos de ensino, ao abrigo de candidaturas apresentadas ao POR Lisboa 2020. Tratou-se de uma reabilitação profunda de toda a escola, incluindo a substituição da caixilharia dos vãos exteriores, a remodelação da cobertura, as pinturas de paredes interiores e exteriores, a renovação das instalações sanitárias, a requalificação dos espaços exteriores (recreio), a reformulação das acessibilidades, a montagem de um sistema de geração de energia elétrica através de painéis fotovoltaicos e, ainda, a instalação de um sistema solar de aquecimento de águas sanitárias para utilização no refeitório escolar. Com este conjunto de medidas procedeu-se a uma modernização das instalações, com aumento do conforto para os seus utilizadores, mas também a uma otimização de recursos que permite para além do mais uma redução global significativa da fatura energética. Um investimento na requalificação e modernização do parque escolar que foi executado com o apoio financeiro do POR Lisboa 2020, correspondendo ao valor total de 196.619,94 euros e financiamento FEDER (50 por cento) de 98 309,97 euros.
PATRIMÓNIO E ESPAÇO PÚBLICO
Ermida de Santo António F
oi a primeira operação municipal de regeneração urbana concluída ao abrigo do POR Lisboa 2020: a Ermida de Santo António da Quinta do Pátio d’ Água foi reabilitada procurando a valorização do património arquitetónico para espaço cultural. A obra de requalificação foi inaugurada em junho de 2017 e representou um investimento total de 159.987,98 euros com financiamento FEDER (50 por cento) de 79.993,99 euros. A operação inseriu-se nas ações definidas no Plano de Ação de Regeneração Urbana do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Município do Montijo. A Ermida de Santo António, que remonta ao séc. XVI e está classificada como Imóvel de Interesse Público, beneficiou, assim, de uma obra de requalificação e restauro integral que sucede à alteração de meados do séc. XX, executada
então segundo o primeiro projeto conhecido do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro. Entre as obras executadas, destaca-se a intervenção artística da autoria da artista plástica montijense Fernanda Fragateiro, denominada ‘Chão Comum’ – simultaneamente obra de arte e pavimento funcional – na qual a luz coada pelos vitrais inscreve uma permanente metamorfose cromática. A obra de Fernanda Fragateiro reforça a essencialidade deste espaço singular, numa manifestação de sensibilidade e depuração que valoriza um património arquitetónico de grande relevo para a memória e a identidade montijenses. A intervenção pretendeu dotar a Ermida de Santo António de condições para a utilização e fruição públicas, enquanto palco privilegiado para eventos culturais compatíveis com aquele contexto patrimonial.
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AMBIENTE E MOBILIDADE
Ciclovia Montijo – Pinhal Novo A
obra de construção da ciclovia Montijo-Pinhal Novo, na antiga linha de caminho-de-ferro. está na fase final. Um investimento no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), decorrente de uma candidatura ao POR Lisboa 2020, que tem o valor global de 726 289,89 euros com financiamento FEDER (50 por cento) de 363 144,95 euros. A obra concretiza uma Ação de Mobilidade Urbana Sustentável, através da implementação de ciclovia entre a antiga estação de caminho-de-ferro do Montijo e o limite com o vizinho concelho de Palmela, na localidade do Pinhal Novo. Denominado de Montijo Ciclável, é uma intervenção de alcance intermunicipal que consiste na cons-
trução de uma via destinada à utilização de ciclistas e também de peões, procurando promover a mobilidade quotidiana sustentável, com repercussão na proteção do ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida das populações, indo ao encontro da estratégia global de medidas para a redução de emissões de CO2. A intervenção permite, ainda, unir o centro urbano à entrada principal da cidade do Montijo, ligando as freguesias intermediárias, Sarilhos Grandes e Alto Estanqueiro-Jardia ao Pinhal Novo. Encontram-se a decorrer os trabalhos de construção do lancil e colocação de tout-venant. Previsivelmente, a obra estará concluída em meados do mês de abril.
PATRIMÓNIO E ESPAÇO PÚBLICO
Prolongamento do Passeio do Cais O
projeto de reabilitação da Rua Miguel Pais e prolongamento do Passeio do Cais está concluído e será alvo de candidatura a fundos comunitários. A médio prazo, a Rua Miguel Mais e a zona junto ao antigo Bingo vão ganhar uma nova imagem e funcionalidade. A intervenção projetada incide no troço compreendido entre o atual Passeio do Cais e a Rua Conde Paçô Vieira, devolvendo ao uso pedonal grande parte da área de espaço público, preservando o espaço verde existente a sul do antigo edifício das Salgadeiras (Bingo). A intervenção planeada inclui um projeto artístico em calçada portuguesa desenhado pela artista plástica montijense Fernanda Fragateiro. Intitulado “Caminhar. Pensar. Estar. Conversar. Brincar. Aprender. Esquecer.” é descrito pela artista da seguinte forma:
“Só o céu é maior que o chão. Utilizar o chão como lugar extenso e livre, aberto a todos, para transmitir conhecimento e beleza, é transformar o espaço em que nos deslocamos em oportunidade para observar cuidadosamente o que olhamos, mas que nem sempre vemos. O chão faz-se em calçada, com desenhos a preto sobre fundo branco. Composto por um conjunto de silhuetas sobre o tema da fauna e da flora que habita este território, o projeto do chão orienta-se no sentido de chamar a Natureza para a reconstrução da paisagem do Montijo como Cidade Parque”. A reabilitação da Rua Miguel Pais, prolongando o já requalificado Passeio do Cais e afirmando a ligação entre a Frente Ribeirinha da Cidade e o coração do núcleo urbano mais antigo - a Praça da República - envolve-se num novo enquadramento, potenciador de sinergias e de efeitos de
escala, gerando uma imagem comum, homogénea, atrativa e estimulante, apoiada num espaço público renovado, que se antevê indutora de uma estimulação do retorno ao centro urbano. Inserido no perímetro de delimitação da Área de Reabilitação Urbana da cidade do Montijo e sendo, cada vez mais, nítida a capacidade do património cultural para potenciar uma atratividade conducente à revitalização dos centros urbanos, justifica-se a valorização deste espaço de uso coletivo, atraindo a diversidade de público interessado nos variados aspetos – de natureza histórica, arquitetónica, paisagística, social e de interesse público – que lhe estão associados, reafirmando a sua importância e valorizando o seu contributo para o incremento da dinâmica social, económica e cultural montijenses.
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PATRIMÓNIO E ESPAÇO PÚBLICO
Casa da Música Jorge Peixinho A
Câmara Municipal do Montijo já deu os primeiros passos para iniciar o projeto da Casa da Música Jorge Peixinho, com a abertura do procedimento por concurso público para a empreitada com o valor base de 991 mil euros. A operação a realizar consiste na reabilitação e requalificação de um edifício que é património municipal, classificado como Conjunto de Interesse Municipal, localizado na zona do Pocinho das Nascentes, no mesmo local onde está em curso a obra do Jardim das Nascentes. O projeto da Casa da Música é dedicado ao
Maestro Jorge Peixinho, músico natural do Montijo, criando as condições infraestruturais necessárias ao bom acondicionamento e preservação do seu espólio, à exposição seletiva ao público e à disponibilização aos investigadores na área das ciências musicais. A reabilitação do imóvel é orientada para a função de equipamento cultural, procurando igualmente fomentar o ensino artístico, particularmente a crianças e jovens, proporcionando o desenvolvimento de programas educativos, mais propriamente através da música, da
dança e de outras expressões dramáticas. Este compromisso é central ao projeto, perseguindo resultados que permitam atingir as prioridades para ele traçadas, aliando o desenvolvimento cultural à preservação do património histórico municipal e ao desenvolvimento turístico do concelho. O edifício que será reabilitado é representativo da arquitetura residencial burguesa montijense. Erigido no dealbar do séc. XX com pormenores de desenho erudito, exibe fachadas ornamentadas com elementos de suave pendor romântico, de conceção influenciada pelas discussões que na época visaram as questões estilísticas da arquitetura e da “casa portuguesa”. Para além da preservação volumétrica da casa de habitação original, a reabilitação e reconstrução das edificações anexas conformará um volume que se destina à criação de um auditório polivalente para as áreas da música e das artes de palco. Procura-se assim preservar e recuperar o património municipal e, simultaneamente, potenciar a atratividade do território e do concelho, tanto cultural como turística, contribuindo para facultar aos seus habitantes e a todos os que nos visitam o enriquecimento através do conhecimento e do acesso a atividades culturais e de lazer, sendo também um importante fator de coesão social e um estímulo ao desenvolvimento do comércio na envolvente local.
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Entrevista | Arquiteto Fidalgo Mineiro
Uma perspetiva sobre a reabilitação urbana N
este Especial do Montijo Hoje, dedicado à reabilitação urbana, quisemos dar a palavra a quem trabalha nesta área há quase três décadas, cuja formação e experiência profissional permite uma análise mais técnica sobre as vantagens e as dificuldades, em suma, sobre os prós e contras deste processo complexo, mas essencial para a reconversão do tecido urbano das cidades. Alexandre Fidalgo Mineiro está no Montijo desde 1999. Arquiteto há 26 anos, é autor de muitos projetos de arquitetura das novas zonas residenciais do Montijo, mas tem, também, trabalho desenvolvido na requalificação urbana, tanto ao nível da intervenção privada como pública. É, por exemplo, o arquiteto do projeto da Casa da Música Jorge Peixinho. Afirma ter-se vivido, efetivamente, um crescimento na área da reabilitação urbana, influenciado por um conjunto de questões e pelo contexto económico do país: “numa altura de crise, em que as zonas históricas das cidades estavam cada vez mais degradadas, a legislação que surgiu veio facilitar a recuperação. A juntar a isso, houve um aumento da procura turística que levou ao aparecimento do alojamento local, que fez crescer muito a remodelação de imóveis antigos”. A cidade do Montijo não foge a esta dinâmica, “cujo principal motor é o investimento privado. Até há algum tempo, a construção nova estava parada e, também, por isso notou-se mais esse crescimento da requalificação de edifícios antigos. A reabilitação urbana está a crescer, mas são muitos anos acumulados de casas degradadas, em muito mau estado, no centro histórico. Este é um processo de ritmo lento e ficará sempre aquém do desejável”, afirma. Nesta matéria, o arquiteto considera que o município “fez o que está ao seu alcance. Aproveitou as oportunidades da legislação e utilizou as novas ferramentas disponíveis para auxiliar os privados, até porque a nível administrativo os procedimentos municipais estão, cada vez mais, simplificados”, diz, acrescentando que “agora falta é financiamento para que a câmara consiga motivar os proprietários que não fazem a reabilitação dos seus edifícios. As pessoas precisam de sentir, efetivamente, que há consequências de ter o património abandonado e em mau estado”. Se a legislação existente até agosto, em certa medida, “era demasiado permissiva”, com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 95/2019, de 18 de julho foram introduzidas alterações substanciais nesta área. “A nova legislação complicou bastante a reabilitação urbana. Passámos do oito para o oitenta. Todas as intervenções devem cumprir
a legislação e é preciso, naturalmente, a nível técnico encontrar soluções que cumpram os critérios da lei, mas há situações muito complicadas em edifícios de pequena dimensão nos centros da cidade, sobretudo no cumprimento das questões das acessibilidades”. “Esta nova legislação tem requisitos muito restritos ao nível das condições estruturais, térmicas e
ramente viável a recuperação só de uma casa, passando a ser viável comprar quatro ou cinco casas, um quarteirão, para recuperar na totalidade. Não sei é até que ponto haverá investidores interessados para reabilitar dentro das novas regras”, salienta. Relativamente ao investimento municipal em matéria de reabilitação e reconversão urbanas,
“Numa altura de crise, em que as zonas históricas das cidades estavam cada vez mais degradadas, a legislação que surgiu veio facilitar a recuperação. A juntar a isso, houve um aumento da procura turística que levou ao aparecimento do alojamento local, que fez crescer muito a remodelação de imóveis antigos”
Alexandre Fidalgo Mineiro está diretamente envolvido na Casa da Música Jorge Peixinho, um projeto que alia a “recuperação de um imóvel antigo muito interessante à construção de um novo edifício num contraste entre o antigo e o moderno”, procurando dar cumprimento ao objetivo funcional deste novo espaço cultural que vai nascer na cidade. No horizonte para o Montijo e toda a região envolvente está a perspetiva de implementação do novo Aeroporto, um investimento público de enorme envergadura que “poderá ser muito bom para aumentar a reabilitação urbana no centro da cidade. Para um investidor, valerá a pena fazer obras de valorização dos edifícios antigos da cidade, porque certamente vai haver um aumento da procura e, consequentemente, maior rentabilidade”, conclui.
das acessibilidades, por exemplo. Acredito, por isso, que vai existir uma diminuição neste impulso da reabilitação porque deixa de ser financei-
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AMBIENTE
Brigada Ruas Limpas A Brigada Ruas Limpas, iniciativa de sensibilização ambiental promovida pela Câmara Municipal do Montijo através da Casa do Ambiente, tem próxima saída agendada para o dia 3 de março. Uma vez por mês, os técnicos municipais acompanhados por alunos das escolas do concelho visitam os locais residenciais e espaços verdes em horas de maior movimento, para sensibilizar a população para o seu papel
EDUCAÇÃO
Dia da Escola Jorge Peixinho homenageia mérito escolar na manutenção do espaço público e, consequentemente, na prevenção de focos de contaminação e preservação do meio ambiente. Os alunos da Escola Básica D. Pedro Varela já deram o exemplo e no final de 2019 fizeram parte da Brigada Ruas Limpas, tendo assim a oportunidade de aprender mais sobre assuntos como a separação de resíduos, a recolha de dejetos de canídeos, o porquê de não alimentar animais errantes na via publica (pombos e gatos) e a colocação em local adequado dos monos em articulação com os serviços de higiene urbana do município.
A
Escola Secundária Jorge Peixinho festejou mais um Dia da Escola, no dia 24 de janeiro, no Cinema-Teatro Joaquim d’ Almeida. Perante sala cheia, foram distinguidos os alunos do quadro de mérito e de valor referente ao ano letivo 2018/2019. A diretora da Escola Secundária Jorge Peixinho, Maria João Serra, relembrou as diversas atividades organizadas ao longo do ano letivo passado, naquilo que considerou “uma escola viva e feliz. Hoje, estamos aqui, num momento simbólico onde prestamos homenagem aos alunos do quadro de mérito e de valor, a professores, turmas e outros que desenvolveram projetos e atividades na nossa escola”. Em dia de homenagem, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, deixou palavras de reconhecimento a todos os que foram construindo a Escola Secundária Jorge Peixinho e a Escola Pública no Montijo. “O nosso futuro coletivo está na capacidade de reforçarmos o ensino e valorizarmos o conhecimento. Não temos dúvidas que o princípio organizador das sociedades democratas e que o desenvolvimento cultural e científico da humanidade assentam na Escola Pública. É um tema central na consolidação da cidadania e dos valores democráticos, no respeito pelos direitos humanos e na construção de
uma sociedade e de um mundo melhores”, disse o autarca. Ao longo da cerimónia, foram homenageados os alunos, dos diferentes anos de escolaridade, do Quadro de Mérito e de Valor 2018/2019, assim como estudantes, turmas e professores que se destacaram na participação em várias atividades, como o desporto escolar, o Concurso Nacional de Leitura ou ações de solidariedade. Foi, ainda, homenageado Nuno Luz, jornalista desportivo e antigo aluno da Escola Secundária Jorge Peixinho.
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AÇÃO SOCIAL
CLASS define plano de ação O
Conselho Local de Ação Social e de Saúde do Montijo realizou a sua primeira reunião de 2020, no passado dia 23 de janeiro, na Casa do Ambiente. Em agenda esteve o Plano de Ação do CLASS, que define aquelas que são as atividades propostas para o ano de 2020, entre as quais se encontram as apresentações da Estratégia Municipal para a Igualdade e Cidadania, da Estratégia Local de Habitação, da Carta Local de Habitação e do Plano Municipal para a Integração de Migrantes. O CLASS propõe-se, ainda, a dinamizar ações de formação para os técnicos e dirigentes da Rede Social. A ordem de trabalhos contou, também, com a aprovação da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo como entidade executora do Contrato Local de Desenvolvimento Social 4G (CLDS 4G), cujo plano de ação foi, igualmente, apresentado. O CLDS4G vai estar no terreno de junho de
2020 a maio de 2023, executando ações em todas as freguesias do concelho, procurando promover a inclusão social de grupos populacionais que revelem maiores níveis de fragilidade social. Relativamente ao Plano Municipal para a Integração de Migrantes e à fase de diagnóstico e conceção que se encontra em curso, foi revelado que, oficialmente, existem mais de três mil migrantes no concelho, dos quais 1809 são provenientes de países fora da União Europeia, tendo-se verificado um crescimento significativo de pessoas oriundas de países asiáticos nas freguesias Este do concelho (Pegões e Canha). Por último, Liliana Rumor, médica do Centro de Saúde do Montijo, apresentou o projeto Prescrição Social, que esta unidade de cuidados de saúde primários, vai implementar. O objetivo é o médico prescrever respostas sociais, através da ligação ao assistente social e aos apoios existentes na comunidade.
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Em Agenda
Dia Internacional das Mulheres No Montijo, as comemorações do Dia Internacional das Mulheres voltam a ter como destaque a cerimónia de entrega de medalhas de distinção de mérito, desta vez a mais de 20 mulheres comerciantes do centro do Montijo, no dia 10 de março, pelas 18h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A este momento, junta-se a apresentação pública do Plano de Ação Local para a Igualdade e Cidadania, no dia 12 de março, pelas 14h30, no auditório da Galeria Municipal. Para finalizar, no mesmo espaço, mas no dia 13 de março, às 16h00, terá lugar a palestra “A Mulher do Séc. XXI Desafios, Dilemas e Descobertas “, com Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho.
Ciclo de Cinema AÇÃO SOCIAL
Balcão da Inclusão O
Balcão da Inclusão surge na sequência de um protocolo de cooperação estabelecido entre o Município do Montijo e o Instituto Nacional de Reabilitação e visa disponibilizar informação sobre o acesso aos direitos e deveres cívicos das pessoas com deficiência, contribuindo desta forma para a igualdade de oportunidades e melhoria das condições de vida destes cidadãos, familiares e profissionais.
Este serviço tem como principal objetivo prestar às pessoas com deficiência/incapacidade um atendimento especializado sobre os seus direitos, benefícios e recursos existentes. O novo serviço funcionará às terças-feiras das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, no número 124, da Rua José Joaquim Marques, mediante marcação prévia através do 212327739 ou do email ddsps@mun-montijo.pt.
Até maio, o Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida apresenta um ciclo de cinema com alguns dos melhores filmes portugueses e estrangeiros da atualidade. Os bilhetes têm o custo unitário de três euros. 20 de março | 21h30 Uma luta desigual, de Mimi Leder 17 de abril | 21h30 Toni Erdmann, de Maren Ade 29 de maio | 21h30 Lucia cheia de graça, de Giani Zanasi
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ASSOCIATIVISMO
ASSOCIATIVISMO
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Aniversário Ateneu Ateneu Popular de Montijo festejou o seu 80.º aniversário com um almoço convívio na sede do Musical Clube Alfredo Keil, no dia 25 de janeiro. São 80 anos de história de uma associação que tem dado um contributo fundamental para a cultura e para o desporto no Montijo. Uma coletividade que mantém uma atividade muito intensa, em particular na promoção da modalidade do xadrez, mas também abrindo as suas portas à cultura, com exposições, um clube de fotografia, debates e momentos de reflexão sobre os mais variados temas.
Banda 2 de Janeiro comemorou 106 anos Banda Democrática 2 de Janeiro comemorou 106 anos de existência, no dia 2 de janeiro. Na sessão solene, na sede da coletividade, tomaram posse os membros da nova direção recentemente eleita e foram galardoados os sócios com 25 e 50 anos. Maria Fernanda Fernandes, presidente da mesa da Assembleia Geral, realçou ser “uma honra ocupar esta função, não só pelo significado que esta casa teve na defesa dos valores da democracia e da liberdade e do seu papel na comunidade o que por si só seria suficiente, mas também porque faz parte das minhas memórias de família, uma vez que o meu avô foi aqui músico”. O presidente da Direção da Banda, António
Carlos Ramos, fez um balanço do trabalho desenvolvido ao longo do ano de 2019, realçando as inúmeras parcerias que a coletividade mantém com diversas associações do concelho: “estou certo que se inicia um novo ciclo. Todos os que tomaram posse são pessoas da comunidade com percursos em áreas diferentes, mas notáveis, com experiência e, ao mesmo tempo, temos gente jovem. Estou certo que vamos fazer mais e melhor”. O presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, encerrou as intervenções deixando uma palavra de estímulo à direção “(...) para que continuem este grande projeto e deem continuidade ao legado cultural e associativo que tanto nos orgulha.”
PRÉMIOS NATAL
Comissão da Baixa
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Comissão da Baixa do Montijo Convida esteve a sortear prémios no Natal de 2019. Por cada 10 euros de compras nas lojas participantes, os clientes participaram num sorteio com prémios patrocinados pelos membros da Comissão da Baixa. O primeiro prémio foi um fim de semana com pequeno almoço à escolha do premiado, oferecido pelo estabelecimento Mercado de Viagens; um seguro de acidentes pessoais no valor de 125 euros, oferta da Montiseg; e um jantar para duas pessoas no Restaurante O Pescador. A premiada foi uma cliente da Loja Bambil.
DESPORTO
Juventude F.C. Sarilhense vai ter relvado sintético A
Câmara Municipal do Montijo vai atribuir um apoio de 50 mil euros ao Juventude Futebol Clube Sarilhense para a construção de relvado sintético. A proposta foi aprovada por unanimidade na reunião de câmara de 19 de fevereiro. O apoio destina-se a apoiar a candidatura do clube ao Programa de Reabilitação de Instalações Desportivas, promovido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), para a colocação de relva sintética no seu campo de futebol, num investimento total de 156 602,34 euros, que poderá ser financiado até 50 por cento por parte do IPDJ. Ao financiamento da candidatura, junta-se, assim, o apoio financeiro de 50 mil euros da autarquia. O clube compromete-se a assegurar o remanescente do financiamento necessário para a execução do campo relvado. Este apoio assume particular relevância pois, por decisão decretada em tribunal, a titularidade do
campo de futebol do Juventude Futebol Clube Sarilhense foi, finalmente, concedida de forma vitalícia ao clube, criando-se assim condições legais para a câmara apoiar financeiramente a candidatura do clube ao Programa de Reabilitação de Instalações Desportivas do IPDJ.
FEVEREIRO 2020
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PRÉMIO
Dance Fusion no pódio Academia Dance Fusion alcançou um A resultado notável no Campeonato Oficial de Dança do Mundo “All Dance Portugal 2020”,
que decorreu no dia 2 de fevereiro, no Europarque em Santa Maria da Feira. O grupo de Dança Moderna, Devils Dance, liderado por Sílvia Carvalho, professora e diretora da Academia Dance Fusion, conseguiu o primeiro lugar do pódio na vertente Show. Foram um total de oito grupos a nível nacional a competir nesta vertente e a Dance Fusion viu assim reconhecido o seu trabalho, que mais uma vez é um motivo de orgulho para o Montijo.
AÇÃO SOCIAL
Academia Sénior cumpre seis anos de existência O
sexto aniversário da Academia Sénior do do Alto Estanqueiro-Jardia teve lugar no dia 31 de janeiro, na delegação da União das Freguesias da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia, no Alto Estanqueiro. Um aniversário que ficou marcado por uma homenagem surpresa a uma das mais antigas alunas da Academia, Leonilde. A cerimónia contou com as presenças de Ricardo Bernardes, vereador responsável pelo pelouro de
Desenvolvimento Social e Promoção da Saúde, e de Tolentino Gomes, secretário da União de Freguesias da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia. Como habitualmente, a festa contou com a visualização de um filme retrospetivo do ano transato e um momento de agradecimento aos voluntários, seguindo-se a atuação do Grupo Musical da Academia Sénior de Atalaia e Alto EstanqueiroJardia.
DESPORTO
Semana da Juventude Apresenta a tua ideia! A
té 13 de março, apresenta a tua ideia e faz parte da Semana da Juventude! Podes apresentar a tua candidatura nas mais diferentes áreas: desporto, dança, exposições, torneios, workshops, seminários, um sem fim de hipóteses a explorar, basta teres ideias! Este ano a Semana da Juventude irá decorrer de 27 de maio a 6 de junho 2020, em vários locais do concelho, entre os quais o Parque Municipal do Montijo. Podem candidatar-se associações de estudantes associações e estruturas juvenis; grupos informais de jovens, sem personalidade jurídica, que se reúnam para realizar atividades pontuais (os
grupos informais de jovens deverão ser constituídos por um mínimo de três pessoas e a média de idades do grupo não deverá ultrapassar os 30 anos); jovens com atividade individual (artistas, criativos), com idades compreendidas entre os 14 e os 30 anos. A Semana da Juventude é promovida pela Câmara Municipal do Montijo, através do Gabinete da Juventude, com o objetivo de apoiar e estimular a participação e a intervenção dos jovens munícipes no concelho do Montijo. Mais informações através do número 21 232 78 78 ou do endereço eletrónico juventude@munmontijo.pt
Clube de Judo conquista bronze
O
Clube Judo do Montijo alcançou mais um resultado brilhante, com a conquista de duas medalhas de bronze no Campeonato Nacional de Cadetes, realizado no passado dia 8 de fevereiro, em Odivelas. A atleta Mariana Serrão foi medalha de bronze na categoria -63Kg e o atleta Wilson Freitas conquistou, também, o terceiro lugar do pódio, mas na categoria +90Kg. O Clube de Judo do Montijo voltou assim a demonstrar que é um referência nacional na modalidade, fruto do trabalho diário de dirigentes, técnicos e atletas.
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Ação Social
Câmara entrega habitações sociais A
Câmara Municipal do Montijo procedeu à entrega de 12 habitações sociais, no dia 23 de dezembro de 2019, em cerimónia simples, mas simbólica, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho. As chaves foram entregues pelas mãos do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, que afirmou saber “que este momento representa para vós a concretização de um sonho”, acrescentando que só com o esforço de várias pessoas envolvidas neste processo foi possível dar uma casa que vos “permita viver de
forma mais integrada e com mais dignidade”. O programa municipal de habitação social, recordou o presidente, assenta” no diálogo permanente, que parte do princípio que a cidade não pode, nem quer, esquecer quem tem dificuldades, que todos temos direito a uma vida digna e, por último, que todos temos uma obrigação para com os outros, ou seja, a autarquia cumpre o seu o papel, o vosso é zelar pelas habitações”. Os fogos atribuídos estão localizados nos bairros do Esteval e Esteval Novo, na Caneira, no Afonsoeiro e na Atalaia.
SMAS montijo
Reabilitação do Reservatório das Taipadas O
s Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Montijo (SMAS Montijo) procederam à reabilitação, impermeabilização e proteção das superfícies do interior da cuba do Reservatório das Taipadas e à requalificação de tubagens, num investimento que rondou os 23 500 euros. A obra envolveu a aplicação de uma membrana em PVC, sendo esta uma solução existente no mercado para reabilitação, impermeabilização e proteção das superfícies no interior das cubas de reservatórios de abastecimento. As obras de reabilitação passaram, também, pela beneficiação das tubagens de adução e descarga no interior da cuba. Com esta obra assegura-se uma maior fiabilidade no abastecimento público, quer ao nível da qualidade da água distribuída, quer na segurança do sistema.
Espaço Oposição
BE
Amianto em edifícios públicos O amianto é uma fibra mineral com propriedades como a resistência altas temperaturas, é isolante, flexível, durável, incombustível, resiste aos ácidos, etc. É composto por matérias-primas de baixo custo, foi considerado o “mineral mágico” no séc XX. Com o tempo, começaram a surgir casos de pessoas contaminadas por amianto, já que o corpo humano retém as partículas do material e uma vez inaladas nunca mais se libertam do organismo. O pó estimula mutações celulares no organismo, potenciando tumores vários. Cerca de 100 mil pessoas morrem por ano no mundo devido a doenças causada pelo amianto. O Bloco de Esquerda tem, desde que esta situação é conhecida, alertado para a urgência da contabilização
dos edifícios que têm este tipo de material mortal e na sua descontaminação. Não sendo técnico nem especialista nesta matéria sensível, mas observando o nosso concelho e os telhados de inúmeros edifícios, arrisco a dizer que estamos perante um grave atentado à saúde pública no Montijo. Que edifícios públicos e privados têm amianto? Que escolas, têm este material na cobertura (a CM Montijo tem atualmente responsabilidade de praticamente todas as escolas do nosso concelho)? Como exigimos ao poder político que atue urgentemente? Estamos a prejudicar a vida de milhares de cidadãos e o futuro saudável das futuras gerações.
Se for um caso de custos, certamente que os custos dos tratamentos oncológicos são manifestamente superiores a médio e curto prazo. Então porque este governo e estas autarquias não agem com caráter de urgência? Cabe-nos exigir aos políticos que atuem rapidamente ou esta matéria não é relevante no poder no Montijo? As prioridades da CM Montijo tem de passar por este grave problema. Ricardo Caçoila Bloco Esquerda Montijo
FEVEREIRO 2020
OBRAS
Melhoramentos no Campo da Liberdade F
oi executada nova intervenção de melhoramento no Campo Municipal da Liberdade, no valor de 50 mil euros. A operação centrou-se na criação de uma entrada independente para visitantes que tencionem ver os jogos das suas equipas, sem cruzamento com os adeptos da casa, incluindo um percurso pedestre vedado até às bancadas reservadas para o efeito, permitindo, no entanto, o acesso às instalações sanitárias e a entrada e saída de viaturas de emergência. De igual modo, o exterior dos balneários foi recuperado, incluindo paredes, portas, gradeamentos e pavimento de entrada. O acesso ao campo de futebol por parte da equipa também foi melhorado com a remoção da lona que se encontrava a tapar o mesmo e a substituição por chapa canelada de dupla face, de forma a proteger os jogadores das intempéries e de objetos lançados das bancadas.
Obras
Novo pavimento na Praça da Paz Câmara Municipal do Montijo está a proceder à substituição de pavimento na Praça da Paz, no A Afonsoeiro, num investimento superior a 93 mil euros
que vai ao encontro das solicitações da população. A intervenção que está a ser executada implica a remoção do pavimento atual existente entre espaços relvados e arborizados, a abertura de caixa e enchimento com tout-venant compactado sobre o
OBRAS
Construção de passadeiras sobrelevadas A
autarquia deu continuidade à construção de passadeiras sobrelevadas em vários locais da cidade, nomeadamente nas ruas Eça de Queiroz, D. Afonso V, Fontes Pereira de Melo, Eng.º Duarte Pacheco, José Joaquim Marques, Cidade de Guimarães, Av. Amália Rodrigues e Av. dos Pescadores. Esta medida destinada a acalmar o trânsito au-
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tomóvel, tem com objetivo induzir os condutores a praticar, em certas zonas críticas, velocidades moderadas, onde os atravessamentos da via são mais frequentes por parte dos peões, como é o caso de zonas de escolas e edifícios públicos, zonas comerciais ou residenciais de alta densidade, mitigando-se assim as consequências de eventuais colisões entre veículos e peões.
qual é assente blocos de betão tipo pavet de cor amarela com pendente adequada à rede de drenagem pluvial já existente no local. De igual forma encontram-se a ser regularizadas algumas calçadas com saneamento de raízes e o levantamento e reposição de calçada grossa com a introdução de blocos de granito a delimitar os lugares de estacionamento.