Maio 2010 |REVISTA MUNICIPAL Montijo
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índice
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Montijo REVISTA MUNICIPAL| Maio 2010
Editorial -3
Comemorar a República – 20 e 21
25 de Abril visto pelos mais novos – 4 e 5
As mulheres e a República – 22 Feira Étnica foi um sucesso – 23
Exposição Pintores/Professores da SNBA – 6 Vai -se Andando no CTJA – 7
As Nossas Instituições Liga dos Amigos do Hospital – 24 e 25
Humildes e Aldeanos Mariano Barroso – 8 e 9
Ficha Técnica Directora Maria Amélia Antunes Editor Alcídio Torres Redacção Ana Cantas Ribeiro, Ana Cristina Santos – Gabinete de Comunicação e Marketing Fotografia Carlos Rosa Miguel Gervásio Grafismo e Paginação Divisão de Informação e Relações Públicas Propriedade Câmara Municipal de Montijo Impressão: Papeis do Sado
Publicação Trimestral Distribuição Gratuita Depósito Legal 121058/98 ISSN 1645-7218 5000ex. 2
Cruz Vermelha do Montijo com novas viaturas – 26
A afirmação da cultura – 10 Trinta mil pessoas invadiram o Montijo – 11 Comércio Local O Primo Chico – 12 e 13 O futuro do turismo do Montijo em debate – 14 Crianças com arte – 15
Projecto Viver o Património – 27 Empresas e Empresários Teixeira Duarte – 28 a 30 Simulacros de Sismo e Incêndio – 31 500 sobreiros na Semana Verde– 32 Limpar o Montijo – 33 Presidente de Santa Catarina visitou Montijo – 34
Estágios lá fora… - 16 Entrevista Edmundo Pedro: A lenda viva do Campo de Concentração do Tarrafal – 17 a 19
Notícias das reuniões de câmara – 35 Reforço da centralidade da cidade – 36 e 37 Obras - 38
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Maio 2010 |REVISTA MUNICIPAL Montijo
editorial
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Nesta terra de Aldeia Galega, “maciçamente republicana” a Câmara Municipal deliberou, em sessão realizada no dia 10 de Outubro de 1910, que a Praça Serpa Pinto se passasse a denominar Praça da República. Esta decisão era o culminar de um longo combate pelos ideais republicanos em Aldeia Galega (hoje Montijo), iniciado antes de 1900. Um documento do Jornal O Domingo dá conta da existência da Comissão Municipal Republicana já no ano de 1901. Os valores da igualdade, da liberdade e da fraternidade, que constituem a alma do ideal republicano, estão agora a ser comemorados em todo o país e durante todo o ano no concelho de Montijo, com inúmeras iniciativas que assinalam a data. Esta é uma oportunidade ideal para renovar os valores republicanos, como o amor à pátria e à ética na vida política, fundamentais para cultivar a semente de um novo espírito de cidadania, tão necessário para que cada um dos nossos concidadãos possa interiorizar os ideais liberais que a monarquia constitucional, em finais do século XIX e no início do século XX, perdeu de vista. No respeito por esses ideais, a República do futuro, não pode deixar de aprofundar as relações de confiança entre eleitores e eleitos, garantir a liberdade religiosa num Estado neutral, responsabilizar a família e a escola por cultivar cada vez mais o espírito cívico e cultural e exigir o cumprimento da ética republicana na gestão do bem público e comum. Nos tempos difíceis em que vivemos, os ideais republicanos exigem dos políticos e dos servidores públicos um elevado grau de responsabilidade, qualificação, transparência e seriedade da Administração e dos titulares dos órgãos de soberania num combate sem tréguas contra a corrupção e contra a criminalidade económica e financeira. No ano em que evocamos os 100 anos da implantação da República, comemoramos, em simultâneo, o 36.º aniversário da revolução de Abril de 1974. Decorridas quase quatro décadas sobre a queda da ditadura, os valores de Abril, inspirados no que de melhor herdámos dos ideais republicanos, foram, no essencial, cumpridos com a conquista da Democracia, da Liberdade, da Igualdade, do Direito de Voto, do Direito de Associação Política, da Liberdade de Expressão. Em Montijo, temos vindo a cumprir quer os ideais republicanos, quer os ideais que Abril abriu. Nesta terra “maciçamente republicana” investimos na educação, na cultura, na solidariedade, no desporto, na modernização administrativa, na qualificação das pessoas, no ordenamento do território, na protecção civil, na requalificação do espaço público, na segurança, na protecção do ambiente, na promoção e desenvolvimento económico e social e no apoio aos diversos movimentos e instituições da sociedade civil. Estes desafios só têm sentido porque queremos ir ao encontro das pessoas, respeitando e cumprindo os caminhos de esperança e bem-estar abertos pela República e pela revolução dos cravos.
100 ANOS DA REPÚBLICA Em Montijo, temos vindo a cumprir quer os ideais republicanos, quer os ideais que Abril abriu. Nesta terra “maciçamente republicana” investimos na educação, na cultura, na solidariedade, no desporto, na modernização administrativa, na qualificação das pessoas, no ordenamento do território, na protecção civil, na requalificação do espaço público, na segurança, na protecção do ambiente, na promoção e desenvolvimento económico e social e no apoio aos diversos movimentos e instituições da sociedade civil.
A Presidente da Câmara Maria Amélia Antunes
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destaque
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25 de Abril visto pelos mais novos
Passaram 36 anos desde o 25 de Abril de 1974, dia em que se deu a Revolução dos Cravos, nome dado ao golpe de Estado que derrubou, sem derramamento de sangue e sem grande resistência das forças leais ao governo, o regime ditatorial herdado de Oliveira Salazar. A revista Montijo pediu a colaboração dos mais novos para ilustrar mais um aniversário da Revolução dos Cravos. Aqui fica um olhar muito próprio das crianças através dos seus desenhos e palavras.
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A Revista Montijo agradece a colaboração da Escola Básica D. Pedro Varela e da Escola Básica do 1.º Ciclo da Atalaia, nomeadamente, dos alunos do 6.º O da prof.ª Patrícia Romero e dos alunos do 3.º ano da turma leccionada pela prof.ª Célia Guerreiro. Agradecemos ainda aos alunos de ambas as turmas cujos trabalhos não foram publicados por falta de espaço. 5
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exposições
Montijo REVISTA MUNICIPAL| Maio 2010
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Pintores professores da SNBA
Até 25 de Julho está patente na Galeria Municipal de Montijo uma exposição de cinco artistas: Gonçalo Ruivo, Jaime Silva, Mário Rita, Odete Silva e Paiva Raposo, professores do Curso de Pintura da Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA). Esta exposição, de carácter itinerante, transitou das Oficinas de Formação e Animação Cultural de Aljustrel para a nova Galeria da SNBA e, agora, está patente na Galeria Municipal de Montijo. Estes artistas apresentam, assim, ao público do Montijo, uma selecção criteriosa das
DIA DO RELÓGIO DE SOL O Serviço Educativo do Museu Municipal vai, também, assinalar o Dia do Relógio de Sol (21 de Junho) com uma actividade, no dia 19 de Junho, das 15h00 às 17h00, no Museu Agrícola da Atalaia, onde existe um relógio de Sol. A iniciativa tem como público-alvo as famílias e vai possibilitar a visita ao relógio de sol do Museu Agrícola e, posteriormente, um atelier onde, pais e filhos, poderão conhecer melhor as características deste instrumento e construírem um relógio de sol. Ao longo de todo o ano, o Serviço Educativo do Museu Municipal Montijo tem vindo a encontrar formas e meios de actuação, envolvendo as suas comunidades de públicos, reconhecendo o seu papel agenciador de diálogo e de mediação, pelo reconhecimento e pela valorização da diversidade cultural, para que as pessoas se revejam, preservem e valorizem o património do Município de Montijo. 66
Tejo, Fonte de Vida
O ESTUÁRIO E A BAÍA DO MONTIJO: FAUNA AQUÁTICA
suas obras, conscientes da responsabilidade que lhes cabe enquanto professores do Curso de Pintura da SNBA. Pode visitar a exposição “Pintores/Professores da SNBA” de segunda a sexta-feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 e ao sábado das 15h00 às 19h00.
Jorge Peixinho vida e obra
O Museu Municipal inaugurará no dia 26 de Junho, às 17h00, uma exposição dedicada ao Maestro Jorge Peixinho (1940-1995), no âmbito das comemorações dos 70 anos do seu nascimento. Jorge Peixinho foi um dos mais importantes músicos portugueses do século XX. Compositor montijense, de projecção internacional e considerado “o pai da vanguarda musical portuguesa”, teve um papel crucial na aproximação da criação musical em Portugal às mais avançadas correntes musicais europeias. Foi ainda, fundador do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, assim como incansável divulgador, ensaísta e intérprete. Pode visitar esta exposição de segunda a sexta-feira das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. Durante as Festas de São Pedro (de 26 a 30 de Junho) poderá fazê-lo também das 21h00 às 23h00.
Até Julho está patente na Zona Ribeirinha de Montijo, a exposição “Tejo Fonte de Vida – O Estuário e a Baía do Montijo: Fauna Aquática”. A exposição, composta por 30 painéis, revela as espécies mais características e abundantes da fauna aquática do estuário. Não pretendendo ser uma descrição exaustiva da fauna aquática desta área, esta mostra dá especial relevo aos peixes e alguns invertebrados. No estuário do Tejo, encontram-se numerosas e abundantes espécies de origem marinha, como o linguado-legítimo e o robalo-legítimo, que enquanto jovens procuram aqui alimento e abrigo. Outro grupo também aqui presente é o das espécies, que fazem migrações com o objectivo de se reproduzirem. Recorde-se, que o estuário do Tejo, um dos maiores da Europa e o maior da costa portuguesa, tem sido repositório de efluentes industriais, domésticos e localização preferencial para a instalação de parques industriais e actividades agrícolas. Esta realidade prejudicou, ao longo dos anos, o seu equilíbrio ecológico. No Ano Internacional da Biodiversidade, a Câmara Municipal de Montijo pretende, com esta exposição, divulgar as riquezas do Tejo e alertar a sociedade para a importância do estuário, que pela sua grande diversidade e valor ecológico, interessa conhecer, divulgar, proteger e valorizar.
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VAI-SE ANDANDO NO CTJA No próximo mês de Junho, o Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida (CTJA) preparou uma programação cultural variada. O destaque vai para a peça “Vai-se Andando”, com José Pedro Gomes, no dia 9 de Junho, às 21h30. José Pedro Gomes continua a tentar perceber o que faz de nós um povo tão especial. Realmente, o que nos leva a conseguir fazer coisas que mais ninguém faz? De uma forma que noutros países tem resultados totalmente diferentes. O que nos faz ser melhor ou pior do que os outros? O que é que nos faria ser muito melhores? Quais são as pequenas arestas a limar para ficarmos perfeitos? A encenação é de António Feio. Os textos são de Eduardo Madeira, Filipe Homem Fonseca, Henrique Dias, Luísa Costa Gomes, Marco Horácio, Nilton, Nuno Artur Silva e Nuno Markl. Os bilhetes custam 12,50 euros (plateia), 10 euros (1.º e 2.º balcão) e 7,50 euros (3.º balcão). Outros espectáculos No dia 5 de Junho, às 11h00, o CTJA receberá a peça de teatro “Retratinho de Darwin” dirigida às crianças maiores de quatro anos. A 12 de Fevereiro de 1809, em Inglaterra, nasceu um menino que viajou de barco à volta do mundo durante cinco anos, que passou muito tempo a estudar a natureza e que, quando cresceu, escreveu um livro que mudou o mundo... Com esta peça somos convidados a seguir Charles Darwin, o curioso investigador, na sua viagem a bordo do Beagle, a observar, de perto, estranhas espécies e a desenhá-las ao pormenor. Depois discutimos com Darwin, para tentar elaborar uma teoria sobre o que foi observado. Em discussão estão questões como a selecção natural, a luta pela sobrevivência, a morte ou a evolução das espécies.
Este espectáculo é uma produção do Teatromosca, com co-produção da Ciência Viva e Parques de Sintra – Monte da Lua. A autoria é de |Diana Alves, a direcção de Pedro Alves e os intérpretes são Diana Alves (bailarina) e Mário Trigo (actor). “Chouz” é o nome do espectáculo de dança contemporânea, que a sala principal do CTJA receberá no dia 3 de Junho, às 16h30. Uma bailarina calçada, descalça-se, volta a calçar-se, explora um espaço e um tempo de dança. “Chouz” é um objecto de dança, uma dança de objectos, um espectáculo que também nos reporta ao cinema de animação e ao teatro. A ideia, a criação, a coreografia, a direcção e a interpretação é de Nathalie Camille. Um espectáculo Artemrede para maiores de três anos. A entrada custa cinco euros. Para finalizar, deixamos uma sugestão para o dia 19 de Junho, às 21h30: “O ginjal ou o sonho das cerejas”, uma co-produção Casa Conveniente, Teatro Maria Matos, Centro Cultural Vila Flor, Artemrede
e O Espaço do Tempo. Os bilhetes custam cinco euros. Em palco estão 12 actores (e um cão) e três músicos, trabalhando sobre a ideia do texto como um corpo comum, onde cada voz existe para que esse corpo, o texto, nos permita continuar a afirmar o direito à utopia, o direito ao inútil, ao que já não vende, ao que não serve para nada, paradigma do teatro e da arte. Durante Maio e Junho, o CTJA disponibilizará outros produtos culturais. Para saber mais consulte o site www. mun-montijo.pt .
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humildes e aldeanos
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} MARIANO BARROSO
Até a sonhar faço poesia Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre, pois sendo mais do que um espectáculo de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso. E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis. Fernando Pessoa Mariano Barroso é rosto conhecido na cidade de Montijo. Proprietário de uma casa comercial em pleno centro histórico é também popular pela sua veia de poeta. O homem que faz poemas, enquanto sonha, realiza-se escrevendo. Declama de cor centenas de poemas seus e de outros. Escreveu poesia aos milhares e continua a fazê-lo. Diz-se protegido por uma estrela da sorte: tem capacidade intelectual, jeito para os negócios e orgulho na família. Mariano Barroso nasceu no Samouco, a 14 de Julho de 1944. É casado, tem três filhos e dois netos. Começou a trabalhar com apenas dez anos, depois de ter terminado a quarta classe. Trabalhou em fábricas de cortiça, em mercearias e na Gazeta do Sul. Aos 15 anos juntou-se ao seu avô em Angola. Lá fez um pouco de tudo. Foi empregado de armazém, fez a tropa, empregado de escritório,
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caixeiro-viajante e empresário. “Quando me estabeleci, comprei uma casa comercial e passado um ano comprei outra. Trabalhava 20 horas por dia, mais a minha mulher”. “Atrás de um homem está sempre uma grande mulher” cita Mariano o velho ditado para homenagear a esposa com quem partilha a vida há 48 anos. “É bem verdade. Ela é o pilar. Trabalhámos sempre juntos. É uma vida inteira em comum”. Quando se deu a descolonização voltou ao Montijo, tinha 32 anos. “As pessoas estranharam como eu, sendo retornado, me ambientei tão bem à terra, desconheciam que eu era de cá. Arranjei esta casa comercial e aqui fiquei até hoje”. Angola ficou-lhe na memória e será sempre um pedaço da sua vida, mas não pensa em voltar. “Não volto. Um pensador não volta à terra onde foi feliz um dia. Por experiência de outros não é aconselhável, depois da ferida cicatrizada reabri-la seria um erro”.
Do Montijo de outrora, recorda que “não havia grandes superfícies” e lamenta as transformações que levaram, na sua opinião, a que a cidade ficasse “vazia”. “Tiraram os barcos daqui. Mudaram a Praça da República. Fecharam as grandes e pequenas empresas de produção de cortiça e de transformação de carne de porco. As grandes superfícies abriram na periferia. Não ficou nada circunscrito ao centro da cidade. Tudo isto levou a que as pessoas deixassem de cá vir.” O desabafo leva Mariano Barroso a reviver a altura em que o negócio conheceu melhores dias. “Naquela altura, pouco depois de abrir a loja, tinha um matadouro de frangos, com quatro ou cinco empregados, e na casa comercial mais uma mão cheia, tudo família. Na altura ganhei dinheiro. Agora, com a crise mundial, estou apenas eu, a minha mulher e os meus filhos e, mesmo assim, não se faz nada.” A poesia faz parte do seu mundo e dos que o rodeiam e ninguém passa despercebido ao seu talento. O comerciante diz ser “poeta de raiz”, o que torna difícil de definir a data em que começou a escrever. “Quando fui para África, a minha mãe mostrou-me cadernos da escola em que eu já fazia versos. Lembro-me que gaiato jogava à bola, nas deslocações que eram feitas nas galeras (carroças para carregamento de cortiça) levávamos o tempo todo a cantar versos da minha autoria.” No entanto, há um período em que notou uma evolução dentro de si. “Quando fui para África, o meu avô tinha uma grande biblioteca e disse-me: ‘quero que sejas um homem, uma pessoa com cultura. Só assim podes vingar na vida. Sem cultura, és apenas o Mariano que sabe jogar à bola’. Falou-me de carácter e carisma. Disse-me que para ser diferente dos outros tinha de ter ideias próprias e aconselhou-me a ler de tudo um pouco”. Desde essa altura, Mariano rendeu-se à leitura. Poesia, filosofia e religião foram os temas que mais lhe despertaram a atenção. “Li tudo, não satisfeito fui explorar as bibliotecas”. Dessa época, lembra-se de um regime ditador, fechado e desconfiado. “Um dia estava na biblioteca e um homem vem ter comigo afirmando que era para o seguir até ao escritório. Era da PIDE. Interrogaram-me sobre a razão de estar a ler livros relacionados com o comunismo. Respondi-lhes: ‘sou uma pessoa com ideias próprias, se não ler
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sobre o comunismo não chego a perceber porque que é que o governo salazarista está contra eles’. Deixaram-me ir.” Uma outra paixão despertou mais tarde – o fado. “Desafiado por um amigo, mostrei os poemas, disseram que tinha musicalidade no que escrevia. Apercebi-me que a música estava nas palavras, nas sílabas tónicas, mas como tudo era nato em mim eu nem dava por isso”. Carla Pereira, Ana Vicente, Luís Rouxinol, Leopoldina Guia, Luísa Santos, Miguel Moreno, são alguns dos nomes que já entoaram poemas seus. Escreve sobre qualquer tema e não tem explicação para a facilidade que tem em fazê-lo. “Estou virado para o quintal, começa a chover e começo a escrever. A inspiração vem de todo o lado. Faço um poema sobre qualquer coisa. Um dia escrevi um poema a partir de uma pedra negra da calçada. Já me surgiram poemas à cabeça, quando estou a descer escadas, posso até mesmo concebê-los quando estou a conversar. Até a dormir faço poesia. Houve uma noite que fiz 14 poemas”. Mariano Barroso afirma não ter momentos de inspiração. “Não tenho horas para o fazer, escrevo em toda a parte, de toda a forma e feitio. Não tem explicação. Sei de cor mais de 800 poemas de minha autoria.” Escreveu poesia para jornais em Angola e em Portugal. Lá e cá fez-se ouvir na rádio onde falava de poesia de poetas africanos e portugueses. Tem quatro livros publicados e muitos mais para publicar. “Falta-me compilar um outro conjunto de poemas, que já estão escritos, intitulado “Sem Poemas para Jessica” é o próximo volume dedicado à filha do guitarrista Sidónio Pereira”, afirma. Um homem de família que acredita ser bafejado pela sorte. “Vim para Portugal de mãos à abanar com dois filhos para criar, mas consegui erguer a minha vida e a dos meus. Senti-me sempre muito preenchido e ainda hoje tenho as horas todas ocupadas. Escrevi milhares de poemas. Já plantei ár-
“Um dia estava na biblioteca e um homem vem ter comigo afirmando que era para o seguir até ao escritório. Era da PIDE. Interrogaram-me sobre a razão de estar a ler livros relacionados com o comunismo. Respondi-lhes: ‘sou uma pessoa com ideias próprias, se não ler sobre o comunismo não chego a perceber porque que é que o governo salazarista está contra eles’. Deixaram-me ir.” vores, escrevi livros e tive filhos. Tenho sido acarinhado e reconhecido por todos”. Enquanto a vida lhe permitir, garante que irá continuar a escrever pois, tal como um impulso, é algo que não consegue controlar. Para Mariano não há dúvida que a poesia é algo que nasce com a pessoa. “Sou poeta de raiz, não se aprende a ser poeta, se assim fosse ensinava a outros”.
A UM HOMEM RICO A ti que tens por Deus o vil dinheiro E sentes-te imortal entre os mortais, Que vives na luxúria entre cristais, Julgas-te do Saber único herdeiro; A ti que vês na lama o dia inteiro A míngua duma côdea, filhos, pais, Sem lhes notar a fome, ouvir os ais, Num sofrimento atroz e derradeiro; A ti a quem a Sorte e a imoral Se irmanaram escondendo mil pobrezas, Para mostrar teus oiros triunfal, Repara, és meu irmão na amargura, Comigo hás-de cair nas profundezas, Sem o dinheiro, em qualquer sepultura!
CURIOSIDADES Qualidade (s)? Sou justo e honesto Tem Defeito (s)? Sou muito orgulhoso e pouco amigo de perdoar. Já teve decepções? A maior que tive foi a independência de Angola. Qual foi o dia mais feliz da sua vida? Foi o dia em que nasci, porque tenho sido muito feliz. E o mais infeliz? Acho que ainda não tive. Fiquei triste quando abandonei Angola, mas não considero infelicidade. Sonha? Muitas vezes. Tenho um sexto sentido, tudo o que sonho bate certo. É ambicioso? Não, sou empreendedor. Só fui ambicioso na educação dos meus filhos. Tenho o mesmo carro de há 20 anos, sou muito agarrado aos objectos. O que fazia se fosse primeiro-ministro? Demitia-me (risos) Tem vícios? Só o de escrever. Gosta de futebol? Pratiquei, fui filiado no Sporting e no Benfica para nunca perder (risos) O que é que não suporta? Hipocrisia Gosta mais de doces ou salgados? Salgados, não sou muito guloso e já não como tanto como comia, mas mantenho o bom hábito de comer devagar. Sou sempre o último a sair da mesa. O que o deixa feliz? Fui sempre feliz, tenho uma capacidade intelectual, lucrativa na administração de bens e capitais, orgulho nos meus filhos e na minha mulher e sempre acompanhado pela estrelinha da sorte. O bem-estar da minha família deixa-me feliz e fico triste quando isso não acontece.
Mariano Craveiro Barroso 9
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cultura
Montijo REVISTA MUNICIPAL| Maio 2010
} No dia 18 de Fevereiro, na sala da Assembleia Municipal, a Câmara Municipal de Montijo apresentou o seu Projecto Cultural Concelhio a vários agentes culturais do concelho. O objectivo principal é afirmar o Montijo como concelho de forte intervenção a nível cultural. A autarquia considera que a cultura é um eixo estratégico fundamental da gestão autárquica para afirmação e valorização do concelho e, por isso, apresentou um conjunto de 17 objectivos específicos. Ampliar a articulação e promoção de parcerias; contribuir para a descentralização da actividade cultural; afirmar eventos a nível nacional, promovendo o concelho
A AFIRMAÇÃO DA CULTURA como destino turístico cultural; promover o Prémio de Poesia e Ficção Narrativa Joaquim Serra; dar continuidade à Bienal Internacional de Artes Plásticas; fomentar acções de sensibilização para a preservação do património; e classificar os bens imóveis de interesse municipal ou público são alguns dos objectivos.
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Os restantes passam por acompanhar trabalhos de intervenção e recuperação do património histórico; preparar a recuperação do Moinho da Mundet e da Lançada; colaborar com instituições de ensino superior ou outras, na área do património; editar publicação periódica de carácter científico e promocional, no âmbito do património cultural do concelho; apoiar a investigação sobre o património cultural e a continuidade da edição Colecção de Estudos Locais; e impulsionar a criação do Conservatório Regional de Música do Montijo. Para finalizar, os objectivos específicos incluem, ainda, renovar o conceito de Museu Municipal, através de uma maior articulação das actividades dos diversos núcleos e de um discurso museológico em rede; implementar o Núcleo Museológico da “Mala Posta”; proceder à inventariação em suporte digital do espólio da rede museológica municipal para disponibilização online; e contribuir para a promoção e divulgação do património edificado, natural e gastronómico, dos moinhos e dos restantes núcleos museológicos do concelho, através da elaboração de Roteiros Culturais. A Câmara Municipal de Montijo entende que deve contribuir para o desenvolvimento de condições facilitadoras da criação e da produção cultural, estimulando a criatividade, promovendo competências junto dos agentes e públicos da cultura e desenvolvendo políticas integradas de programação dos equipamentos municipais e do movimento associativo. Com este Projecto Cultural Concelhio, o aprofundamento da promoção do conhecimento, da valorização da identidade, da memória histórica, do património cultural continuaram a ser pilares determinantes da estratégia definida para a cultura no concelho do Montijo.
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evento
A Zona Ribeirinha de Montijo foi pequena para acolher as trinta mil pessoas que nos dias 10 e 11 de Abril participaram no Dia Nacional do Motociclista. De facto, não há memória de uma iniciativa com tanta afluência na nossa cidade e a beleza da Zona Ribeirinha salientou que este é um palco de eleição para a realização de eventos desta dimensão. O local escolhido contribuiu para embelezar a moldura humana que invadiu o recinto, com toda a alegria e o vibrar das cerca de 15 000 motos que, de norte a sul do país, responderam ao apelo da Federação Portuguesa de Motociclismo e do Motoclube do Montijo, percorrendo centenas de quilómetros para participar no dia que muito sentimentalmente lhes pertence. A organização do programa comemorativo do XIV Dia do Motociclista não se resumiu à cerimónia de carácter religioso e, deste modo, na véspera, o Motoclube de Montijo preparou um conjunto de actividades que permitiram o envolvimento de toda a população. As ruas do Montijo encheram-se para ver o desfile nocturno de tochas, iniciativa original e invulgar, na qual participaram cerca de 1500 motos, com partida da Zona Ribeirinha e chegada junto ao largo da feira. Aqui decorreu o Motor Show da GNR, um espectáculo de perícia motociclista do 2º Esquadrão da Unidade de Segurança e Honras de Estado de Estado da GNR. A noite terminou com a actuação dos Bang Bang Roses, banda de tributo aos Guns n’ Roses, que animou os presentes nesta noite festiva e quente de Abril. O luminoso domingo representou o me-
lhor presente de S. Pedro para os motociclistas de todo o país. Vieram de norte a sul do país, do Minho ao Algarve, como se comprovava pelos “sotaques” bem diferenciados dos minhotos e transmontanos, dos beirões, alentejanos e algarvios, que encheram a nossa cidade, com a sua alegria e o brilho reluzente das suas motos, ocupando rapidamente toda a zona Ribeirinha. As cerimónias tiveram início com a pro-
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A emoção e o calor humano foram a chama daquela celebração que o Padre Zé Carlos conduziu de forma tão original apelando aos valores da amizade e da solidariedade, que os motards sempre devem lembrar e, igualmente, tocou de forma invulgar os mais insensíveis corações. O XIV Dia Nacional do Motociclista foi inquestionavelmente um sucesso, atribuído à própria simbologia e ao significado que representa para os motociclistas, mas re-
TRINTA MIL PESSOAS INVADIRAM O MONTIJO cissão, que teve início na Igreja Matriz e incluiu os andores do Arcanjo S. Rafael Padroeiro dos Motociclistas, S.Pedro Padroeiro da Classe piscatória e Nossa Senhora da Atalaia, cuja devoção é bem patente no Montijo e em toda a região de Setúbal e Lisboa. A Banda da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro e a Brigada a Cavalo da GNR honraram os seus pergaminhos e dignificaram o momento com a sua participação, que contou igualmente com a generosa colaboração da Paróquia do Montijo e do Grupo de Escuteiros Agrupamento 72. A cerimónia religiosa contou, com a saudação do Bispo, da Diocese de Setúbal, D. Gilberto, que dirigiu àquela impressionante plateia palavras de saudação e acolhimento. A Missa Solene, que se seguiu foi uma cerimónia e também uma enorme festa de exaltação de todos estes valores, que o Padre Zé Fernando, mentor deste Dia do Motociclista, tão querido e respeitado pelos motards, tão brilhante e emocionalmente transmitiu àquela imensa plateia que respeitou como ninguém os momentos de reflexão e silêncio espiritual, mas soube rejubilar sempre que o seu querido Padre Motard, apelou de forma tão sentimental e sincera, aos seus nobres sentimentos, e à sua saudável irreverência.
sultou essencialmente da capacidade de organização demonstrada, mais uma vez pelo Motoclube do Montijo. Este iniciativa, de cariz cultural vincadamente motociclista, demonstrou que o sucesso dos eventos é resultado do teor do programa e da forma como permite o envolvimento das populações,associando uma organização efectiva capaz de gerar pólos de atractividade entre residentes e potenciais visitantes. Os participantes aprovaram a escolha do Montijo e felicitaram o Motoclube pela organização, demonstrando assim que houve uma ligação feliz do XIV Dia Nacional do Motociclista com a Zona Ribeirinha. Afinal este “casamento” resultou na verdade! Lúcia Araújo
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comércio local
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FRANCISCO BAGÃO
O Primo Chico Francisco Bagão, mais conhecido como o “Primo Chico” , apesar da crise económica que o país atravessa não teme o futuro. Este homem, destemido, de alma alentejana e coração aldeano alcançou um sonho antigo – abrir um restaurante. O restaurante “O Primo Chico”, sito na Estrada Nacional n.º4, a última casa à saida da Atalaia, abriu a 23 de Maio de 2009. Dispõe de 92 lugares, e emprega nove pessoas. A cozinha é como a decoração que recheia este restaurante: tradicionalmente portuguesa, feita de memórias e vivências, com sabores de norte a sul do país, sem esquecer as ilhas. Tudo temperado com originalidade. Uma casa portuguesa com certeza! “Desde miudo que tenho o sonho de ter um restaurante. Comecei a trabalhar com apenas 12 anos numa pastelaria”, comenta Francisco Bagão, que veio de Alcaçovas, Alentejo, para o Montijo muito jovem. O restaurante tem o nome do Primo Chico, como é conhecido em Montijo. “Chamo de primo(a) a todas as pessoas, acho que é uma maneira simpática de cumprimentar. Torna o ambiente mais familiar.” A queda do comércio local e a escassez de quem se dedique à produção de leite na zona levaram o Primo Chico a apostar na área da restauração. “Sou uma pessoa que gosta de olhar para o futuro. Noto que as pessoas estão a virar-se para as grandes superfícies, o comércio local está em declínio, as pessoas que criam ovelhas vão começar a acabar. Ninguém vai querer trabalhar naquela área, há-de chegar uma altura em que vai escassear matéria-prima, o leite, para produzir os queijos, e eu estou a pensar seriamente como será o futuro da minha filha e das minhas duas netas. Estou a deixar-lhes uma enxada cravada, porque acredito que quando vier para aqui o aeroporto esta será uma boa aposta”. Francisco Bagão aproveitou o terreno 12
“herança do avô da minha esposa que deixou para os netos”, e arrancou com as obras. “Não tive medo de investir nem tenho medo do futuro. Investimos um milhão e trezentos mil euros, na casa aqui ao lado, onde moramos, e no restaurante. Ainda tive que pedir dinheiro ao banco para concluir a obra.” A ornamentação do local é a sua forma especial de fazer com que os seus clientes sejam recebidos como em sua casa, tem traços da sua vivência, recordações de sítios onde esteve e muitas histórias para contar. “Porque eu sou de Alcáçovas, as mesas, as cadeiras e os pratos são tipicamente alentejanos trazem-me à memória a mesa da minha avó em dias de festa. As embarcações, recordam as Festas Populares de São Pedro. Por exemplo, as rochas ali expostas são de cada uma das ilhas dos Açores que visitei, tenho lá muitos amigos”. Foi para a ementa, que Francisco reservou toda a criatividade. Com confecção rica e variada, destaca-se logo nas entradas “carpaccio de ananás com morcela de porco preto e queijo de cabra com mel e nozes”. Nos peixes sobressaem “as cataplanas, bacalhau na brasa com espinafres salteados, a garoupa, o cherne e lapas que me trazem directamente dos Açores”. Para os amantes da carne, “as costeletas de borrego grelhadas com açorda de enchidos, as cabeças do bicho assadas no forno o leitão grelhado com migas de espargos verdes são dos pratos mais solicitados”, explica.
Outra das características peculiares de alguns dos pratos que aqui se podem saborear é a fusão entre as iguarias e o queijo que Francisco Bagão produz, como o bife da vazia com molho de queijo e o bacalhau gratinado com queijo do Primo Chico. “A familia da minha esposa
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esteve sempre ligada a esta área dos queijos. Nós demos-lhe continuidade. Temos a fábrica há 32 anos, da qual nos orgulhamos muito. As pessoas gostam daquela meia cura do queijo ‘aldeano’, por isso pensei em juntá-lo a algumas receitas. Também tenho os queijos frescos, salgados, picantes e meia cura nas entradas.”, explica o empresário. O Primo Chico tem também uma variedade de sobremesas, “o arroz doce, mousse de chocolate, mousse de avelã e o doce do Primo Chico com requeijão, doce de abóbora, com amêndoas e avelãs”. A equipa de nove funcionários garante o bom funcionamento do restaurante. “Estou satisfeito com os empregados que tenho, trabalham muito”, desabafa Francisco Bagão, que garante não ser fácil encontrar funcionários de qualidade. “Neste ramo da restauração, só quem gosta é que aqui trabalha. Exige sacrifícios e muitas horas, sem fins-desemana, nem tempo para ir a uma esplanada, por isso fecho à Quarta e Quinta
“Porque eu sou de Alcáçovas, as mesas, as cadeiras e os pratos são tipicamente alentejanos trazem-me à memória a mesa da minha avó em dias de festa. As embarcações, recordam as Festas Populares de São Pedro. Por exemplo, as rochas ali expostas são de cada uma das ilhas dos Açores que visitei, tenho lá muitos amigos”.
aos jantares, porque todos precisamos de descansar”. Quanto aos preços, “há-os para todas as carteiras, depende apenas do que vem comer”, garante Francisco Bagão acrescentando “temos menus infantis, com prato, bebida e sobremesa por apenas oito euros. Por exemplo, hoje o prato do dia foi polvo à lagareiro, um polvo por pessoa, é um prato de sete euros. Todos os pratos são bem confeccionados e fartos”. A pouco mais de um mês de fazer um ano que abriu as portas o balanço é positivo. “Apesar do sitio (que as pessoas têm que se deslocar especificamente para virem aqui comer), e da grande encruzilhada de outros restaurantes que há por perto, estou muito satisfeito. Já temos uma clientela, que nos visita com muita regularidade se não mesmo diariamente”. “Esta é uma casa portuguesa com certeza porque todos os pratos que aqui temos são tradicionais de todo o Portugal. Bom peixe e boa carne, serve-se do Minho ao Algarve”, concluiu o Primo.
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turismo
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O FUTURO DO TURISMO DO MONTIJO EM DEBATE A criação da marca Montijo, o desenvolvimento do turismo cultural e a aposta na qualificação profissional foram as ideias-chave do Focus Group sobre o Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico de Montijo (PEDTM), que decorreu no dia 6 de Março, na Galeria Municipal. Mais de 30 pessoas, com interesse no sector turístico ligadas à hotelaria, restauração, movimento associativo e entidades públicas, participaram neste grupo de trabalho, que
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pretendeu recolher um conjunto de sugestões, de opiniões e de acções que possam constar no PEDTM. Para além das ideias-chave já referenciadas, os participantes sugeriram, ainda, a necessidade de eventos de grande visibilidade, a reabilitação urbana do centro histórico, a aposta no turismo de natureza/aventura, na gastronomia, nos vinhos, nas flores, no rio, no campo e o fortalecimento das parcerias entre os diversos agentes intervenientes no sector. No início do Focus Group, Luísa Carvalho e Teresa Costa, da Escola Superior de Ciência Empresariais (ESCE) do Instituto Politécnico de Setúbal, realçaram que “nesta fase de diagnóstico do PEDTM já foram identificadas os eventuais produtos turísticos que poderão ser a aposta do concelho: o turismo rural, de natureza, paisagístico, náutico, a gastronomia e os vinhos e o turismo de negócios (dependente da construção do novo aeroporto)”. Os técnicos, que se encontram a elaborar o PEDTM, também identificaram os pontos fortes e fracos do concelho no âmbito turístico. Entre os pontos fortes, os responsáveis da ESCE destacaram “as boas acessibilidades, a tradição e identidade cultural, a ruralidade, a sensibilidade das instituições locais e dos agentes socioeconómicos relativamente ao turismo como instrumento de desenvolvimento local, os recursos naturais e o património passíveis de recuperação”, entre outros. Como pontos fracos foram apontados, por exemplo, “o desequilíbrio entre o número de visitantes e de turistas, a falta de Marca associada ao destino turístico Montijo, as carências na qualificação de recursos humanos e o património edificado urbano degradado”. Esta análise permitiu que os técnicos identificassem um conjunto de cinco prioridades estratégicas: criar e desenvolver infra-estruturas de apoio ao sector do turismo, promover o investimento privado no turismo e a hospitalidade com forte aposta na qualidade da oferta, garantir uma educação para o turismo, projectar a região como um lugar de destino turístico rural e reforçar a coordenação e parcerias entre os agentes locais. Recordamos que, em Dezembro de 2008,
a Câmara Municipal de Montijo e a ESCE do Instituto Politécnico de Setúbal assinaram um protocolo de colaboração para a execução do PEDTM, que tem como objectivo geral identificar as linhas orientadoras para o desenvolvimento sustentável do turismo no concelho do Montijo. De acordo com o texto do protocolo, a apresentação pública do PEDTM será realizada em Dezembro de 2010.
EXPOSIÇÃO DE ARTESANATO S. PEDRO 2010 Em simultâneo, a Quinta do Pateo d’ Agua (r/c) e o Posto de Turismo vão receber, de 26 de Junho a 31 de Julho, a exposição de artesanato São Pedro 2010. Este ano, esta mostra, que já vai na sua 5.ª edição, vai ser dedicada exclusivamente à cerâmica de Barcelos, versando sobre a temática de São Pedro (imagem e vida do santo). Nesta exposição, que resultou de uma colaboração entre câmara de Montijo e o município de Barcelos, encontraremos todo o tipo de cerâmica: figurado, vidrado, pintado, grés e loiça preta, de diversos artistas e artesãos como as sobejamente conhecidas artesãs Júlia Ramalho, Júlia Cota e Rosalina Baraça, entre outros. Como sucedeu nas anteriores exposições, muitas das peças que estarão expostas são peças originais e únicas, feitas com muita criatividade e expressão artística. Este ano, parte das receitas obtidas na venda das peças reverterão a favor da valência “Sol dos Meninos” do Centro Social de São Pedro do Afonsoeiro. Visite esta exposição única! Surpreenda-se.
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ensino
Miúdos e Graúdos comemoram Dia Mundial da Agricultura No dia 20 de Março comemorou-se o Dia Mundial da Agricultura. Para assinalar a data, a Câmara Municipal de Montijo desafiou, pais e filhos, a descobrirem o Museu Agrícola da Atalaia. Uma organização do Serviço Educativo do Museu Municipal de Montijo. A iniciativa pretendeu dar a conhecer os processos de transformação do vinho e do azeite, bem como demonstrar como se cuida de uma horta. Os 21 participantes tiveram ainda oportunidade de construir um espantalho. Graça D’ Água e o marido não perderam a oportunidade de passar um dia diferente com as suas duas filhas Mariana, de sete anos, e Marta, de quatro. “Tomei conhecimento desta iniciativa através da Associação de Pais Rosa-dos-Ventos do Afonsoeiro e resolvemos aderir, até porque são raras as iniciativas dirigidas a pais e filhos. Já marcámos data para cá voltar”. Iniciativas como esta agradam a miúdos e graúdos concorda Paula Rosa, da Associação de Pais Rosa-dos-Ventos, que veio com a filha. “Tive conhecimento através do site da Câmara Municipal de Montijo, achei uma óptima ideia e divulguei na associação. Todos nos divertimos. Uma experiência a repetir, sem dúvida! Era bom que houvesse mais actividades como esta.” Explorando a componente pedagógica, o Museu Agrícola da Atalaia conserva alfaias e equipamentos característicos da casa agrícola de outrora, a Quinta Nova da Atalaia, nomeadamente, o lagar, a adega, a charrua, o alambique, uma horta e um pomar, entre outras curiosidades.
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CRIANÇAS COM ARTE
O Clube Europeu da EB1/JI N.º1 de Montijo tem promovido junto dos seus alunos, desde o início do ano, um conjunto de actividades direccionadas para as artes plásticas, nomeadamente, visitas às exposições de Cindy Sherman, Robert Longo e Joana Vasconcelos, no Museu Colecção Berardo. Num primeiro momento, as crianças realizaram uma visita guiada ao Museu para compreenderem os significados das obras expostas, estimulando-lhes a curiosidade e permitindo a aquisição de novos conhecimentos. Após as visitas, os monitores do Museu Berardo deslocaram-se à EB1/JI N.º1 de Montijo para implementarem, com as crianças, oficinas de trabalho experimental e criativo, que assentam nas ideias e diálogos estabelecidos entre os alunos e os monitores durante a visita às exposições. Esta iniciativa promovida pelo Clube Europeu da EB1/JI N.º 1 está a ser um sucesso. As crianças têm demonstrado interesse e entusiasmo e muitas pedem aos pais para regressarem ao Museu Berardo.
A Câmara Municipal de Montijo, através do Gabinete de Desenvolvimento Associativo e Cidadania, presta apoio logístico a esta iniciativa.
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formação
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ESTÁGIOS LÁ FORA Nove jovens estiveram, entre 28 de Fevereiro e 28 de Março, a realizar estágios profissionais no Centro de Formação ZAW – Zentrum für Aus-und Weiterbildung na Alemanha. Os jovens são finalistas do curso de refrigeração e climatização da Escola Profissional de Montijo (EPM) e foi nessa área que efectuaram os seus estágios.
Durante a estadia na Alemanha, os alunos tiveram preparação linguística, visitaram empresas de produção de aparelhos de ar condicionado para grandes superfícies e comboios de alta velocidade e estagiaram num centro de formação dedicado, essencialmente, à refrigeração doméstica e comercial. Estes estágios foram suportados, na sua totalidade, por uma candidatura conjunta da câmara e da EPM ao programa comunitário Leonardo da Vinci.
… e estágios cá dentro Se os nossos jovens têm tido a oportunidade de estagiar em outras cidades europeias, o inverso também acontece e, por isso, a cidade de Montijo recebe jovens europeus com o intuito de efectuarem estágios nas suas áreas de formação. Desde Janeiro, já estiveram cinco grupos provenientes da Roménia, num total de 65 jovens, em Montijo a realizar estágios nas áreas do turismo, da res-
JUVENTUDE EM ACÇÃO Ao longo dos últimos quatro anos, a Câmara Municipal de Montijo, em parceria com a Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento de Montijo, tem enviado dezenas de jovens para países europeus, com o objectivo de participarem em cursos de formação, seminários e intercâmbios internacionais. Para os próximos meses de Junho e Julho estão agendados os seguintes projectos: intercâmbio “Crowded Family”, de 21 a 29 de Junho, na Turquia; e curso de formação “The Puppet Power”, de 22 a 30 de Julho, na Sérvia. Todos estes projectos são financiados através do programa comunitário Juventude em Acção, que assegura o pagamento de 70 por cento das passagens aéreas, bem como todas 16
as despesas com alojamento e alimentação. Os interessados em participar nestes projectos internacionais devem contactar o Gabinete de Desenvolvimento Associativo e Cidadania, através do telefone 212 327 878.
tauração, do comércio e do desporto. Para os próximos meses estão agendados novos estágios de jovens romenos, polacos e espanhóis, em diversas áreas, como a informática, a hotelaria e o comércio. Estes estágios são realizados no âmbito do programa comunitário Leonardo da Vinci e promovidos pela autarquia e pela EPM.
Cartão Jovem Municipal
Adere!
Se tens entre 12 e 30 anos (inclusive) e resides no concelho do Montijo adere ao Cartão Jovem Municipal para usufruíres de descontos em vários estabelecimentos comerciais do concelho e em equipamentos e serviços municipais. O Cartão Jovem Municipal, uma iniciativa pioneira da autarquia montijense, existe desde 2000. A adesão é gratuita. Para adquirires o teu Cartão Jovem Municipal basta dirigires-te ao Gabinete da Juventude, na Avenida dos Pescadores, com duas fotografias tipo-passe, uma fotocópia do bilhete de identidade ou cartão do cidadão, uma fotocópia do cartão de contribuinte e um atestado de residência emitido pela tua junta de freguesia.
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entrevista
O dia estava chuvoso. A agenda havia assinalado o 10 de Fevereiro de 2010 como o dia da entrevista a Edmundo Pedro. Subimos no elevador até ao 2.º dt do n.º 4 da Rua Antero de Figueiredo. Aproximávamo-nos da sala, onde em 1961 vários patriotas tinham preparado ao pormenor o assalto ao Quartel de Beja, levado a cabo na noite de 31 de Dezembro do mesmo ano. Na nossa presença estava o “Capitão Pimenta” como era cognominado na prisão de Caxias. Na preparação do golpe de Beja, Edmundo Pedro entrou fardado de capitão. Estava combinado que o ex-tarrafalista vestiria a pele de oficial do exército. “Foi a promoção e a despromoção mais rápida da história militar (três horas entre uma e outra)”. Na sala contígua, o alcochetano nascido no Samouco há 93 anos saboreava com interesse e intensamente o debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado. O compromisso assumido para a entrevista era, no entanto, escrupulosamente respeitado. Às 11h30 começava o diálogo, num cenário onde se misturava a arte da pintura, espalhada pelas paredes, com os livros de Balzac, Máximo Korki, Camilo Castelo Branco e Soljénistsyne aprumados na velha estante. Na nossa frente estava o homem e o resistente antifascista que inaugurou a 29 de Outubro de 1936 o Campo de Concentração do Tarrafal. É um dos dois presos políticos portugueses ainda vivos, que “inauguraram” o “campo da morte lenta”. Há poucas semanas, um terceiro, Joaquim de Sousa Teixeira, acabou por falecer, resistindo mais de 60 anos aos oito que passou no Tarrafal (1936/44). A dureza e a brutalidade assassina deste Campo, bem como das inúmeras prisões por onde passou, puseram à prova a coragem, a firmeza e o homem de princípios que sempre foi e continua a ser Edmundo Pedro. Não é por acaso, que é o único cidadão português a ser agraciado com duas Ordens da Liberdade por dois Presidentes da República: Mário Soares e Jorge Sampaio.
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EDMUNDO PEDRO
A lenda viva do Campo de Concentração do Tarrafal
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entrevista
Montijo REVISTA MUNICIPAL| Maio 2010
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Revista Municipal – Caro Edmundo, temos quase tanto tempo de democracia como de ditadura. O que é para si viver num regime e no outro? Edmundo Pedro - Tenho uma amarga experiência da ditadura. Fui detido aos 15 anos de idade e estive preso, praticamente, até aos 27 anos. Perdi os direitos políticos. Era da Juventude Comunista, onde fui eleito para a direcção, conjuntamente com Álvaro Cunhal, em Abril de 1935. O que vivi dá-me autoridade suficiente para falar sobre o carácter do regime fascista de Salazar, que se inspirou no regime corporativista de Mussolini. Neste âmbito, Salazar criava a Assembleia Nacional, a PIDE/DGS e a milícia fascista, tudo com o objectivo de travar a luta de classes. O regime de Salazar foi menos
de, não obstante desejar que tivéssemos ido mais longe. No entanto, reconheço, que não são as vanguardas isoladas que conseguem alguma coisa. Uma democracia de qualidade está intrinsecamente ligada a um povo de qualidade, está ligada a cidadãos com uma intervenção lúcida e consciente. A falta de profundidade verificada nas mudanças não tem a ver com o 25 de Abril, mas com o estádio em que Salazar deixou o país. Todavia, ao contrário de outros, não considero que haja asfixia democrática no país, uma vez que toda a gente tem liberdade para falar e criticar, mormente os órgãos de comunicação social. No domínio da Educação, do SNS (Serviço Nacional de Saúde), da autonomia municipal deram-se grandes passos em frente.
por parte de um torneiro, membro do PCP, que trabalhava nessa serralharia. Um ano depois (aos 13) entrei para o Arsenal do Alfeite. Aí conheci o Bento Gonçalves Em vésperas do 18 de Janeiro de 1934 (movimento insurreccional político-sindical da Marinha Grande), fui responsabilizado por várias tarefas, nomeadamente pela distribuição de panfletos e pelo rebentamento de postes de alta tensão, em Lisboa. No entanto, a minha vida também era feita de amor. O meu caso com a Hermínia marcou a minha vida. Constituiu uma fase importante do meu amadurecimento como homem, uma fase que me permitiu antever precocemente o que representava, para um ser humano, a descoberta do amor. As me-
espectacular que o de Mussolini, mas tinha as mesmas características institucionais, apesar de nada ter a ver com o nazismo, excepto num aspecto: na existência de um Campo de Concentração, inexistente em Itália até à invasão alemã do país. A ditadura impunha os espancamentos brutais aos presos políticos e a tortura do sono, dos quais também fui vítima. O anterior regime nada tem a ver com o que construímos depois do 25 de Abril de 1974 e pelo qual lutei uma vida inteira. Os capitães de Abril até costumam dizer, com graça, que eu fui capitão antes de Abril, quando participei no assalto ao quartel de Beja, na campanha de Humberto Delgado e no movimento da Igreja da Sé com o Piteira Santos. Fico satisfeito por termos conquistado a liberda-
RM – Fez no dia 17 de Janeiro 76 anos que Edmundo Pedro foi preso, pela primeira vez, pela PIDE. Tinha acabado de completar 15 anos. Que sentimentos contraditórios experimentou com essa prisão? EP – Há jornalistas que perguntam: “Com 15 anos tinha alguma consciência política? Na verdade, eu era fisicamente um homem com essa idade e já tinha grande experiência da exploração. Empreguei-me aos 12 anos numa serralharia, era um trabalho de escravo. Da Boa Vista à Rua do Salitre carregávamos perfis de ferro pesadíssimos às costas. À noite, estudava, levava pois uma vida de cão. Toda essa vivência deu-me a verdadeira noção da sociedade em que vivíamos e da existência de explorados e exploradores. Tudo começou com a sensibilização política
mórias desta relação como a vivida com a dona Rosa torturavam-me quase sempre, nomeadamente quando estive pela primeira vez preso e 39 dias incomunicável na esquadra de Alcântara. Apesar de tudo, mantinha a moral elevadíssima, ao ponto de irritar os polícias, principalmente quando cantava algumas canções revolucionárias. RM – A deportação para Cabo Verde, para o Tarrafal, dá-se quando tinha apenas 17 anos. Foi um dos primeiros presos políticos a estrear o Campo de Concentração. Qual a principal memória que lhe fica desta prisão? EP – Não sabíamos o que nos esperava. Quando chegámos deparámo-nos com um Campo de Concentração repleto de barracas de lona, onde o calor era intensíssimo e mais tarde, com a degradação da lona, chovia den-
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“(...) suportei o mais longo internamento na frigideira (uma construção em cimento armado, com seis a sete metros quadrados, com temperaturas que atingiam os 50 graus). Estive 70 dias a pão e água, o que me provocou uma tuberculose.”
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entrevista
tro. Morreram muitos presos vítimas de epidemias. Lá morreu Bento Gonçalves. Quando fui para o Tarrafal tinha começado a guerra de Espanha e as nossas expectativas passavam pela rápida vitória dos republicanos, pelo que não imaginava estar no Tarrafal mais de um ou dois anos. Estive lá dez anos. RM – Com alguns momentos de grande dor e sofrimento, nomeadamente quando o puseram na frigideira, depois de abortado o plano de fuga, onde participava também o seu pai? EP – É difícil de imaginar, mesmo para mim, que suportei o mais longo internamento na frigideira (uma construção em cimento armado, com seis a sete metros quadrados, com temperaturas que atingiam os 50 graus). Estive 70 dias a pão e água, o que me provocou uma tuberculose RM - Qual o sentimento de se estar junto com um pai e uma mãe na prisão? Com o seu pai esteve também junto no Tarrafal? EP – Estivemos os três presos no Governo Civil de Lisboa. A nossa luta era comum e, por isso, amparámo-nos muito uns aos outros. Comunicávamos do calabouço cinco para o calabouço dois, onde estava a minha mãe, através dos buracos da respiração. RM – Bento Gonçalves, Pavel, Álvaro Cunhal. Qual destes três nomes lhe merece maior respeito? EP – De longe o Bento Gonçalves, por ter características muito especiais. Possuía uma grande visão, uma grande cultura humanitária e técnica. Hoje o PCP seria outro se o Bento Gonçalves não tivesse morrido aos 40 anos no Tarrafal. A sua acção no Tarrrafal, para além das tarefas de dirigente político e de representante, incontestável, dos prisioneiros junto da direcção do campo, desdobrou-se em múltiplos aspectos. A faceta que mais contribuiu para estabelecer o seu enorme prestígio – que ultrapassou, de longe, as limitadas fronteiras do campo de concentração - foi a extraordinária capacidade demonstrada para resolver, de forma original, problemas técnicos de enorme complexidade com meios ultra-rudimentares, nomeadamente a construção dos enormes símbolos da nossa heráldica nacional, em Cabo Verde. RM - Para quando a publicação do 2º volume de “Memórias”? EP – Já escrevi 300 páginas, mas faltam coisas importantes, de forma a poder sair em Maio deste ano.
RM - Estamos quase a comemorar o 36.º aniversário da revolução de Abril. Que mensagem transmitiria aos jovens de hoje? EP – Que se interessem pela política e pelos destinos do país. A política é a mais
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nobre das ciências, pois é ela que comanda os destinos da humanidade, para o bem ou para o mal. É preciso que os jovens participem e estejam presentes em tudo o que interesse ao nosso futuro colectivo.
O retrato de Edmundo Pedro Edmundo Pedro nasceu em 1917 em Alcochete. Foi operário e correspondente comercial, entre muitas outras ocupações. Aderiu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas em 1931. É preso pela primeira vez no ano seguinte, com 15 anos apenas, por estar a preparar uma greve nas oficinas do Arsenal do Alfeite. Libertado um ano depois, começou a organizar movimentos de agitação e de propaganda nas Escolas Industriais. Logo que foi libertado, retomou a oposição à ditadura como militante da Juventude Comunista. Em Abril de 1935 foi eleito, com Álvaro Cunhal, entre outros, para a direcção da Juventude Comunista. Voltou a ser detido em 1936, passando pelas prisões do Aljube, Peniche e Caxias antes de embarcar para o Tarrafal, em Cabo Verde, onde estreou o célebre Campo da Morte Lenta. Era o mais jovem prisioneiro político daquele campo de concentração. Regressou dez anos depois, numa altura em que fora suspenso pelo PCP pelo facto de ter encetado uma fuga, conjuntamente com o seu pai e outros presos, sem autorização do partido. Entre 1962 e 1965, conheceu mais uma vez as paredes da prisão, depois de ter participado no assalto ao Quartel de Beja. Ao longo de todo o tempo que mediou entre o fim de 1945 e o 25 de Abril de 1974, conspirou sempre contra a ditadura. De forma especialmente activa, a partir da campanha para a Presidência da República do general Humberto Delgado, durante a qual começou a
preparar, com Piteira Santos, Varela Gomes e outros, um movimento insurreccional que pusesse fim à ditadura. Depois do 25 de Abril, aderiu ao PS. Por este Partido, foi eleito Deputado à Assembleia da República na I e na III Legislaturas. Pelo meio, uma passagem pela Presidência da RTP, altura em que voltou a ser preso, acusado sem fundamento de estar a armazenar material de guerra. Estava, isso sim, a juntar as armas que tinham sido entregues pelo exército ao PS no «Verão quente» de 1975 com o conhecimento de Ramalho Eanes e que, agora, o Exército mandara devolver. Foi absolvido meio ano depois. Alguns anos depois, regressou ao Parlamento, na V Legislatura, mas em regime de substituição. Edmundo Pedro, enquanto preso político, teve um comportamento exemplar, nunca divulgando aos algozes da ditadura um único nome, um único facto, ou uma única informação. 19
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comemorações
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COMEMORAR A REPÚBLICA No final da monarquia, Aldeia Galega do Ribatejo era “a terra mais maciçamente republicana”. A frase proferida por António José de Almeida (Presidente da República entre 1919 e 1923) na Câmara dos Deputados é ilustrativa da importância dos ideais republicanos no Montijo de outrora. Por considerar que o Montijo de hoje continua a rever-se no ideário republicano,
a Câmara Municipal de Montijo preparou um diversificado conjunto de eventos para comemorar o centenário da República. A sessão solene comemorativa do centenário da implantação da República terá lugar no dia 5 de Outubro, às 9h00, nos Paços do Concelho com o hastear da bandeira e a intervenção da presidente da Câmara Municipal de Montijo.
Programa
Exposição Ilustrativa da participação da população do concelho na Revolução do 5 de Outubro de 1910 Inauguração: 14 Agosto – 21h00
Exposições 14 de Agosto a 30 de Outubro | Galeria Municipal
Aldeia Galega “Terra Maciçamente Republicana”
4 Outubro a 1 de Dezembro | Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva
A Primeira República página a página
Mostra documental sobre os primeiros dias da República na imprensa da época Inauguração: 4 Outubro – 17h00
Exposições Itinerantes Paulino Gomes, um montijense republicano e democrata 7 a 30 de Junho | Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro | 2.ª a Domingo: 13h00 às 23h00 5 a 28 de Julho | Terminal Transtejo no Cais do Seixalinho | 2.ª a Domingo: 6h00 às 23h00 9 a 31 de Agosto | Museu Agrícola da Atalaia | 3.ª a 6.ª: 9h30 às 12h30 e 14h00 às 17h30 e Sábado, Domingos e Feriados: 14h30 às 18h00 3 a 27 de Setembro | Museu Etnográfico de Canha | 2.ª a 6.ª: 10h00 às 12h30 e 15h00 às 17h00. 1 a 25 de Outubro | Pólo Cultural do Afonsoeiro | 2.ª a Domingo: 10h00 às 19h00. Encerra à 4.ª feira. 420
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Grupo Coral do Montijo – Maestro José Balegas
República e edifício dos antigos Paços do Concelho (Galeria Municipal)
4 de Outubro | 21h30 | Praça da República
Reconstituição histórica da proclamação da República em Aldeia Galega
Concerto comemorativo da implantação da República Aldeia Galega nas vésperas da república. As eleições municipais de 1908
7 a 30 de Junho | Terminal Transtejo no Cais do Seixalinho | 2.ª a Domingo: 6h00 às 23h00 5 a 22 de Julho | Soc. Recreativa de Pegões Velhos | 3.ª a Domingo: 8h00 às 00h00 23 a 31 de Julho | AMUT Sarilhos Grandes | 2.ªa Domingo: 13h00 às 23h00. Encerra à 3.ª feira 9 a 22 de Agosto | Fórum Montijo | 2.ªa Domingo: 9h00 às 00h00 3 a 27 de Setembro | Museu Agrícola da Atalaia | 3.ª a 6.ª: 9h30 às 12h30 e 14h00 às 17h30 e Sábado, Domingos e Feriados: 14h30 às 18h00 1 a 25 de Outubro | Escola Secundária Jorge Peixinho | 2.ª a 6.ª: 9h00 às 23h00
5 de Outubro | 16h00 | Praça da República
Org: Escola Profissional de Montijo, Escola Secundária Jorge Peixinho e Escola Secundária Poeta Joaquim Serra
Concerto da República
Banda da Soc. Filarmónica 1.º de Dezembro 24 de Outubro | 16h30 | Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida
Res Publica
Espectáculo de marionetas que conta a história da implantação da República – Artemrede 4 de Dezembro | 16h30 | Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida
Debaixo da mesa
Espectáculo de teatro para bebés – Artemrede
Animação de Rua 4 de Outubro | 11h00
Gentes da República
Conferências
Actividade de divulgação da toponímia republicana pelas ruas do Montijo
30 de Setembro | 18h00 | Sala da Assembleia Municipal
4 de Outubro | 15h00 | Praça da
A literatura portuguesa na época republicana
Orador: Professor Doutor Ernesto Rodrigues – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 7 de Outubro | 18h00 | Sala da Assembleia Municipal
O significado histórico da implantação da República em Portugal
Orador: Professor Doutor José Manuel Garcia – Gabinete de Estudos Olisiponenses –CML
Espectáculos 14 de Agosto | 21h30 | Praça da República
Da Coroa ao Cravo 21
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acção social
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Dia Internacional da Mulher
AS MULHERES E A REPÚBLICA No âmbito das Comemorações do Dia Internacional da Mulher e inserido no Programa das Comemorações do Centenário da República, a Câmara Municipal do Montijo realizou no dia 8 de Março a conferência “ As Mulheres e a República”, na sala da Assembleia Municipal. A conferência foi proferida por Manuela Tavares, da União de Mulheres Alternativa e Resposta, Maria Alice Samara, da Escola Superior de Educação de Setúbal, e João Esteves, da Universidade Nova de Lisboa – Centro de Estudos sobre a Mulher.
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O conferencista João Esteves afirmou que “a República embora não tenha trazido liberdade, soube integrar as mulheres na política” e lembrou que a República não se restringe ao 5 de Outubro de 1910: “na época, houve uma certa republicanização das mulheres, uma participação intensa de mulheres na formação de associações e na participação em sessões nas ruas a partir de 1908. As mulheres estavam claramente na luta política pela República em Lisboa, no Ribatejo e em Montijo”. “Em 1908 (Aldeia Galega é a 1.ª Câmara Republicana eleita com uma esmagadora maioria de votos), na véspera das eleições, havia uma mulher a participar num comício republicano. Em 1909 temos mais mulheres a participar em comício republicanos, aqui na zona de Aldeia Galega”, recordou o pedagogo. Maria Alice Samarra referiu o “longo processo de aprendizagem de democratização” a que as mulheres foram sujeitas. “Primeiro aparece anónima, discreta e vai estar na audiência a ouvir líderes republicanos e depois começa não só a ouvir
como a participar, a ter uma voz activa”. Por sua vez, Manuela Tavares destacou algumas mulheres como Ana de Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher que votou contra a vontade dos republicanos, entre outras. A conferencista referiu que “nos tempos da República, em Portugal, as mulheres organizavam-se, actuaram, escreveram” e por essa razão “neste centenário é altura de marcarmos a memória histórica, é altura de dizermos que elas existiram e falar da luta que elas travaram”. Ainda no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher teve lugar no dia 13 de Março a peça de teatro “A Casa de Bernarda Alba”, no Cinema Teatro Joaquim d’Almeida.
Plano Municipal de Cidadania Até Junho, 30 jovens do concelho estão a participar no Plano Municipal de Promoção para a Cidadania. Durante quatro horas semanais, os jovens desenvolvem as tarefas propostas pelas instituições onde estão inseridos, auferindo uma bolsa mensal de 58 euros. O Plano Municipal de Promoção para a Cidadania, uma iniciativa do Gabinete da Juventude, é implementado desde 2000 e já contou com a participação de mais de 300 jovens. A população-alvo do Plano são os jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos, estudantes e/ ou residentes no concelho, que tenham interesse em ajudar as pessoas socialmente mais vulneráveis e em melhorar a sua formação cívica enquanto cidadãos do seu país e do Mundo. As inscrições para o Plano Municipal de Promoção para a Cidadania 2010/2011 vão abrir em Outubro, no Gabinete da Juventude. Mais informações através do telefone 21 232 78 87.
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acção social
Alegria e criatividade num desfile exuberante de música, cores e sabores de várias culturas marcaram a I Feira Étnica organizada pela ASSIM – Associação dos Imigrantes de Montijo, no dia 20 de Março, no Centro Cívico do Esteval. A Feira contou com uma mostra de gastronomia, cultura e música de vários países e culminou com um desfile de trajes típicos africanos. Nesta tarde solarenga, procedeu–se ainda à entrega dos prémios aos primeiros três classificados da Maratona Fotográfica “Fotografar a Multiculturalidade”. O 1º prémio foi entregue a Mariana Magalhães, da Escola Secundária Jorge Peixinho, com a fotografia “Um arco-íris de culturas”. O segundo lugar foi para Korchevskyi Serhii, também da Escola Secundária Jorge Peixinho, com a fotografia “O desempenho de imigrantes em Portugal”. Em terceiro lugar, com a fotografia “Mistura de culturas, Cheiros e Sabores”, ficou Wilter Matzine da Escola Profissional de Montijo.
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FEIRA ÉTNICA FOI UM SUCESSO Os prémios foram de 250, 150 e 100 euros, respectivamente, em vales para descontar em material informático ou audiovisual Aos participantes interessados foi entregue o Guia de Recursos para as Famílias, traduzido em romeno e em russo. Esta actividade enquadrou-se no Projecto para a Promoção da Interculturalidade, resultante de uma candidatura da Câmara Municipal de Montijo ao ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural e ao FEINPT - Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros. A iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Montijo, através do Projecto TU KONTAS (+ ainda) e do Centro Local de Apoio à Integração dos Imigrantes (CLAII).
Presidente da Black Panthers visitou Montijo O presidente da Associação Juvenil Black Panthers de Cabo Verde, Alcides Amarante, visitou a cidade de Montijo no passado dia 2 de Março, no âmbito de um projecto que pretende enviar oito jovens voluntários para Cabo Verde. Alcides Amarante realizou uma reunião de trabalho com a presidente da Câmara Municipal de Montijo, Maria Amélia Antunes, o vereador da Juventude, Renato Gonçalves, e o presidente da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo, João Martins. No final, demonstrou o seu contentamento: “sinto-me optimista e certo de que, com o nosso conhecimento e boa vontade, colheremos frutos das sementes recentemente lançadas, para que a nossa cooperação vigore a contento das nossas preocupações”. Em Julho, oito jovens montijenses vão desenvolver trabalho de voluntariado na Black Panthers, ao nível da implementação de ac-
tividades desportivas e de animação sóciocultural junto dos utentes da Associação e ministrarão, também, cursos de informática. A Black Panthers é uma associação juvenil, de natureza comunitária que, neste momento, ajuda 450 jovens carenciados do Bairro da Várzea da Companhia e de outros bairros suburbanos adjacentes à Cidade da Praia. Fundada em 1980, a Associação tem o propósito de identificar, estruturar e implementar programas de âmbito social, cultural, educativo e desportivo, em prol dos jovens e dos mais vulneráveis. Há duas décadas, que a Black Panthers é uma parceira estratégica do governo cabo verdiano, no âmbito da promoção de programas de integração juvenil, que passam pela implementação de cursos de informática e de animação socio-cultural e pela promoção de eventos desportivos.
A Associação tem também em curso um projecto de alargamento e re-equipamento da Creche Mini Black, actualmente com capacidade para 80 crianças, mas insuficiente face à procura do bairro em que está inserida. Paralelamente à creche, funciona uma estrutura desportiva infanto-juvenil. Se quer participar neste projecto de voluntariado em Cabo Verde, contacte o Gabinete de Desenvolvimento Associativo e Cidadania, através do telefone 21 232 78 78 ou do e-mail associativismogdac@gmail.com
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as nossas instituições
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Liga dos Amigos do Hospital
A IMPORTÂNCIA DE AJUDAR OS OUTROS A palavra Hospital remete-nos para um local onde ninguém gosta de estar, onde alguns estão por deveres profissionais e outros por vontade de dar um pouco de si a quem mais precisa, sem receber nada em troca. No Hospital Distrital do Montijo, estes últimos são os voluntários da Liga dos Amigos do Hospital, uma instituição particular de solidariedade social fundada em 1992. Manuel Barroso, médico, é o seu presidente desde 1995, mas o grande mentor e impulsionador da instituição foi Joaquim Vintém Lopes, já falecido. “Desde o início que fomos bem recebidos pela comunidade e pelo Hospital. Estas instituições são
sempre meritórias, porque ajudam as pessoas a viver melhor. É esse o nosso principal objectivo”. Essa ajuda é prestada no dia-a-dia hospitalar, nas diversas enfermarias e na urgência, pelos 22 voluntários, mas também através de outros recursos aos sócios da instituição. “Somos uma grande ajuda aos sócios. Fornecemos gratuitamente os sacos para os ostomizados. São cerca de 100 pessoas. Para os doentes é muito vantajoso, até porque, por vezes, são pessoas com dificuldades. Para além dos sacos, consoante as possibilidades financeiras dos associados, através da Liga é mais fácil
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adquirirem outros materiais, como camas articuladas, colchões anti-escaras, cadeiras de rodas, canadianas, andarilhos ou tripés. A Liga dos Amigos do Hospital Distrital do Montijo tem protocolos com estabelecimentos comerciais do concelho na área da saúde, que possibilitam aos sócios descontos na aquisição de diversos produtos. A instituição tem, também, dentro das suas possibilidades, apoiado o Hospital, com a oferta de material para colmatar as necessidades dos vários serviços. Contudo, é no quotidiano hospitalar, pela acção directa dos voluntários, que o trabalho da Liga é mais visível. “Os voluntários apoiam os doentes e os familiares. É uma ajuda sempre bem vinda, em especial na urgência, porque as pessoas estão sempre impacientes. Penso que as pessoas têm boa impressão do trabalho da Liga”, refere o presidente. A sede da Liga funciona nas instalações do Hospital, mas o sonho da instituição é ter as suas próprias instalações. “O nosso grande projecto futuro é a construção da nossa sede que funcionará como lar da terceira idade e centro de dia. A câmara
“Desde o início que fomos bem recebidos pela comunidade e pelo Hospital. Estas instituições são sempre meritórias, porque ajudam as pessoas a viver melhor. É esse o nosso principal objectivo”. cedeu-nos o terreno, já temos o projecto, agora falta o dinheiro”. “Quando houver possibilidades, ao nível da Segurança Social, apresentaremos uma candidatura, mas sabemos que mesmo aprovada teremos de juntar outras verbas”, acrescenta. Dinheiro é sempre um recurso escasso nas instituições de carácter social. “Não recebemos muito donativos, nem subsí24
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“Há muitos casos de idosos que são deixados no Hospital pelos familiares e que acabam por falecer aqui. Quando chega a uma certa altura, as famílias entendem que os velhotes são um estorvo, desaparecem ou arranjam todas as desculpas para não os levarem. É muito complicado!”. dios da Segurança Social. A quota de associado é, no mínimo, um euro, o que é apenas simbólico”.
“Há muitos idosos que são deixados no Hospital”. Há dez anos, o falecimento do marido levou Zelinda Piteira à Liga dos Amigos do Hospital Distrital do Montijo. “Fiquei transtornada com o falecimento do meu marido. Como conhecia o trabalho da Liga e precisava de ocupar o meu tempo e a minha cabeça, achei que seria bom ajudar-me, ajudando os outros”. No período em que esteve, exclusivamente, como voluntária, Zelinda trabalhou com a assistente social do Hospital. No contacto directo com os doentes houve uma situação que a marcou particularmente: “uma senhora que, naquele dia, já eram 20h00 e não me deixava ir embora. Agarrava-se à minha mão e dizia ‘não vá, fique aqui comigo, que eu vou morrer’. A senhora nessa noite faleceu. Nunca mais me esqueci desta situação”, conta. Para além deste episódio, o abandono dos idosos por parte dos familiares é outra questão que incomoda e preocupa a voluntária. “Há muitos casos de idosos que são deixados no Hospital pelos familiares e que acabam por falecer aqui. Quando chega a uma certa altura, as fa-
mílias entendem que os velhotes são um estorvo, desaparecem ou arranjam todas as desculpas para não os levarem. É muito complicado!”. Após um ano como voluntária foi convidada para coordenar o grupo de voluntários e integrar a direcção da instituição. Actualmente, Zelinda coordena 22 voluntários. A mais nova tem 23 anos e a mais velha 82. Não existe um horário específico para o trabalho dos voluntários, que prestam o servi-
ço de acordo com a sua disponibilidade. No serviço de urgência, as suas tarefas passam, sobretudo, por acompanhar o doente a fazer exames e levar as fichas aos médicos. Nas enfermarias, quando o doente é dependente, o voluntário ajuda-o na ingestão das refeições. Para Zelinda, a tarefa mais importante do voluntário da Liga é “saber ouvir. Os doentes gostam muito de falar e, por isso, estão sempre à nossa espera para nos sentarmos um pouco ao pé deles e poderem conversar. Contam-nos a vida toda!”. O voluntariado tornou-se não só a ocupação de Zelinda Piteira como, sobretudo, a sua vocação. “É muito bom ser voluntário. Às vezes basta um sorriso, uma palavra. Estes pequenos gestos, que não nos custam nada e são muito importantes para quem os recebe, são uma dádiva muito grande. É pena não termos mais voluntários e mais sócios, são pouco mais de 700, porque a Liga é para a comunidade, não é para nós”, conclui. São estes gestos e palavras de solidariedade, de apoio, de conforto e de carinho, que os voluntários da Liga dos Amigos do Hospital Distrital do Montijo oferecem, todos os dias, aos doentes e a quem se cruza com eles no tal lugar onde ninguém gosta de estar e onde eles estão pelo prazer e importância de ajudar os outros.
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sociedade
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} A Delegação do Montijo da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) tem ao seu serviço duas novas viaturas: uma de transporte de doentes e outra ambulância medicalizada, com o objectivo de servir melhor os interesses e necessidades das pessoas do concelho. A Cruz Vermelha do Montijo presta serviços na área da saúde (os sócios são os beneficiários prioritários), nomeadamente testes de glicemia, colesterol, medição da tensão arterial, serviços de enfermagem no posto ou no domicílio, transporte de doentes para consultas externas ou tratamentos de fisioterapia, cedência de canadianas, cadeiras de rodas e apoio psicológico, através de consultas com técnicos especializados. Para além destes serviços, a instituição tem um papel importante no apoio social a pessoas socialmente desfavorecidas, através da entrega de roupa e de bens alimentares. Desde o dia 4 de Março, que a Delegação de Montijo da CVP tem uma nova Comissão Administrativa composta por Pedro Marques (presidente), Ludovico Branco Dias (vice-presidente), Karina San-
CRUZ VERMELHA DO MONTIJO COM NOVAS VIATURAS
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tos (secretária), M.ª de Lourdes Reis (tesoureira) e Nuno Vilhena (vogal). Esta Comissão vai, de acordo com os novos estatutos da instituição, organizar a nova direcção composta por cinco curadores e cinco zeladores, que elegerão o presidente da delegação. A Delegação de Montijo da CVP tem na sua linha de orientação, a valorização dos princípios e deveres do voluntário; a criação de condições através do investimento em recursos tecnológicos e viaturas para melhorar os índices de competência do seu pessoal; e a valorização do empenho dos voluntários, criando condições para a sua formação e profissionalização de alguns serviços.
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acção social
Projecto VIVER O PATRIMÓNIO
Até Julho, a Câmara Municipal de Montijo, através do Serviço Educativo do Museu Municipal, está a implementar junto da população idosa o projecto-piloto “Viver o Património”. O projecto tem como finalidade desencadear um processo de desenvolvimento, de troca de experiências e avivar memórias colectivas, através do património cultural do Montijo, contribuindo para um envelhecimento activo da população idosa do concelho.
Desenvolvido em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Montijo, Centro de Dia da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição, Casa do Povo de Canha e Centro de Acção Social e Cultural das Faias, os técnicos do Serviço Educativo do Museu Municipal estão, com os utentes de cada instituição, a dinamizar uma visita patrimonial e uma actividade lúdica e criativa na sede de cada associação.
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IDOSOS DO CONCELHO FESTEJAM CARNAVAL No dia 12 de Fevereiro realizou-se o tradicional Baile de Máscaras para as Pessoas Idosas, no Pavilhão dos Bombeiros Voluntários de Montijo. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Montijo, através do Gabinete do Idoso, no âmbito da Agenda Sénior – Projecto Outros Olhares. Participaram no evento cerca de 300 idosos provenientes de todo o concelho. A animação esteve a cargo de Nélio Pinto. Álvaro Pinto, de 63 anos, destacou-se na multidão com uma farda original. “Vesti a pele de Luís de Camões, um grande poeta português”. O fato, que surpreendeu todos os presentes, foi pensado e executado por Matilde Manso do Lar Montepio de Montijo ao detalhe e nem a coroa de louros foi esquecida. Para Álvaro, o importante foi participar: “mesmo com a crise há muita alegria, o importante é participar, vou a todas as iniciativas do Gabinete do Idoso e gostava que houvessem mais”. De Canha, veio Hermínio Rodrigues para “brincar” ao Carnaval com um fato “envelhecido mas honrado”, sublinhou. “Tem mais de 120 anos, é uma homenagem ao meu tio que era um comandante da dança”, afirmou o dançarino assumido. “Gosto muito do baile e de bailar. Venho já há alguns anos, só é pena as actividades serem cada vez menos”. Maria Amália Leandro, que se apresentou de espanhola, partilha da mesma opinião. “Quando era nova nunca brinquei ao Carnaval. Agora sempre que posso participo nesta e em outras actividades do Gabinete do Idoso. Gosto de tudo, só é pena não haver mais”. Depois do baile foi servido um lanche oferecido pela autarquia, pelas juntas de freguesia e instituições do concelho. Estas e outras iniciativas promovidas pelo Gabinete do Idoso, ao longo do ano, procuram combater o isolamento, privilegiar o convívio e melhorar a qualidade de vida dos idosos do concelho. 27
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empresas e empresários
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Montijo REVISTA MUNICIPAL| Maio 2010
TEIXEIRA DUARTE CONSTROI MEGA-ESTALEIRO EM MONTIJO A empresa Teixeira Duarte já iniciou os trabalhos de terraplanagem para a construção do seu mega-estaleiro, numa área de 127.000m2 no concelho de Montijo (por detrás do Fórum Montijo), onde se concentrará grande parte das suas operações de suporte à Produção, nomeadamente o Equipamento, as Oficinas Gerais, os Armazéns centrais, a Engenharia de Suporte, o Laboratório de Materiais, especializado em betões e solos. Neste espaço irá ainda implantar-se uma unidade de Metalomecânica do Grupo. As previsões apontam para a criação de, aproximadamente, 230 empregos directos, podendo atingir os 300 quando a actividade estiver em pleno funcionamento. A facturação anual rondará os 50 milhões de euros anuais. A Revista Montijo entrevistou José Ferreira, porta voz da empresa, que nos dá uma visão alargada dos propósitos deste investimento e da sustentabilidade ambiental do empreendimento.
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Revista Montijo - Quais as principais características do investimento a fazer pela Teixeira Duarte no concelho de Montijo? José Ferreira - A Teixeira Duarte encontra-se a desenvolver um empreendimento no Montijo onde se concentrará grande parte das suas operações de suporte à Produção, nomeadamente o Equipamento, as Oficinas Gerais, os Armazéns centrais, a Engenharia de Suporte. Teremos também neste terreno de 127.000m2 o nosso Laboratório de Materiais, especializado em betões e solos. Destaque para a implantação da unidade de Metalomecânica do Grupo, onde se irá desenvolver a
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concepção, desenvolvimento e produção de estruturas e para a unidade de Cofragens, onde se concentrará toda a engenharia e a produção de apoio às obras. O complexo contará igualmente com um Posto Médico, com mais de 300 m2 de salas de formação de apoio a todos os trabalhadores do Grupo e espaços exteriores para formação especializada de manobradores em equipamentos diversos, nomeadamente na área de Geotecnia e Fundações, onde a empresa tem grande tradição e conhecimento. São mais de 16.000m2 de edifícios e armazéns e 85.000m2 de placas de armazenamento. RM - A empresa fez alguma avaliação ex-ante, de forma a não limitar a análise do projecto e do investimento apenas aos aspectos da sua viabilidade económica? Analisou, por exemplo, também as dimensões que apelam ao critério da pertinência, adicionalidade e coerência? JF - Um dos objectivos deste novo empreendimento é a criação de melhores condições de trabalho aos colaboradores afectos a esta unidade, em total respeito pelo ambiente em que se insere, pelo que estes critérios orientaram as decisões tomadas no processo. Nesse sentido, todo o processo tem sido tratado com especial preocupação pela sustentabilidade. Esta preocupação reflectiu-se na integração de um conjunto de medidas e de equipamentos que garantirão a eficiência energética e a preservação ambiental do meio em que o projecto se insere. Dessas medidas destacam-se, ao nível das energias renováveis, a instalação de uma turbina eólica, com 1750w de potência, a montagem de 18 painéis fotovoltaicos policristalinos de 225 kw, que produzirão 19.000Kw/ano, complementados com um sistema de baterias para armazenamento e aproveitamento de toda a energia produzida. Haverá igualmente um sistema de colectores solares para produção de águas quentes. Também a instalação de sensores de luminosidade e sistema DCV para controlo da quantidade de CO2 nos espaços tornará os equipamentos mais eficientes energeticamente. As águas pluviais serão aproveitadas para a rede de rega, lavagens, rede de incêndios e instalações sanitárias. Os edifícios serão térmica e acustica-
mente eficientes, dotados de caixilharia com vidro duplo e com painéis de redução acústica em zonas de maior ruído. O empreendimento integrará também um parque para ecopontos, respeitando a política implementada na Teixeira Duarte, ao abrigo da sua certificação ambiental. Por outro lado, durante o processo de selecção da nova localização, as características apresentadas pelo terreno foram decisivas, nomeadamente a sua dimensão, morfologia e inserção numa zona industrial em expansão, permitindo acolher um projecto que pretendemos vencedor. RM - Por que escolheu a empresa este concelho e não outro para o seu investimento? JF - Para a eleição do concelho do Montijo contribuiu a sua localização central no País, o facto de ser servido por excelentes acessos (IC32, Ponte Vasco da Gama, fácil ligação à A1, A2 e A6), garantia de uma boa operacionalidade para uma actividade que não necessita de estar dentro da cidade de Lisboa. Contribuiu também decisivamente o interesse por este investimento demonstrado pela C.M. do Montijo, que além de ter celebrado um protocolo com a Teixeira Duarte com vista à construção de infra-
“Para a eleição do concelho do Montijo contribuiu a sua localização central no País, o facto de ser servido por excelentes acessos, garantia de uma boa operacionalidade (...). Contribuiu também decisivamente o interesse por este investimento demonstrado pela C.M. do Montijo, que além de ter celebrado um protocolo com a Teixeira Duarte com vista à construção de infra-estruturas numa zona industrial em expansão, acompanhou sempre o projecto com um corpo técnico eficaz e disponível proporcionando uma sinergia que resultou num célere licenciamento.” 29
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empresas e empresários
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“As previsões apontam para a criação de cerca de 230 empregos directos quando a actividade estiver em pleno funcionamento, atingindo a fasquia dos 300 trabalhadores com a expansão da actividade.” estruturas numa zona industrial em expansão, acompanhou sempre o projecto com um corpo técnico eficaz e disponível proporcionando uma sinergia que resultou num célere licenciamento e, assim, ajudando a viabilizar, em cerca de dois anos, um projecto que pela sua dimensão e especificidade foi licenciamento em oito entidades distintas. RM - Quantos postos de trabalho (directos e indirectos) serão criados com a laboração da empresa em velocidade cruzeiro? JF - As previsões apontam para a criação de cerca de 230 empregos directos quando a actividade estiver em pleno funcionamento, atingindo a fasquia dos 300 trabalhadores com a expansão da actividade. Relativamente a postos indirectos, e pela experiência com as actuais instalações em Loures, a sua existência é inequívoca, sendo, no entanto, de difícil quantificação. RM - A produção é para consumo interno da empresa ou destina-se a outras empresas ou mercados? JF - A produção destina-se essencialmente às obras de clientes da Teixeira Duarte espalhadas pelo País e resto do Mundo, nomeadamente Espanha, os países do Magrebe onde a empresa actua como Marrocos, Tunísia, Argélia e Líbia e países de Língua Oficial Portuguesa como Angola e Moçambique. Neste parque estão também os serviços gerais de apoio à própria actividade da empresa. RM - Qual a facturação anual prevista? JF - A capacidade de produção instalada perspectiva podermos atingir com facilidade uma facturação na ordem dos 50 milhões de euros anuais. 30
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O ADN da empresa A Teixeira Duarte iniciou a sua actividade em 1921, pelo seu fundador Eng.º Ricardo Esquível. A empresa, foi constituída como sociedade por quotas em 1934 e transformada em sociedade anónima em 1987. Após sucessivos aumentos de capital, a Sociedade veio a ser admitida à cotação na Bolsa de Valores de Lisboa em 1998, tendo em 2002 deslocado de novo a sua sede para um moderno e funcional parque de escritórios desenvolvido pela própria Empresa em Porto Salvo – Oeiras e denominado “Lagoas Park”. Representando um dos mais importantes Grupos Económicos Portugueses, a “Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A.” (Teixeira Duarte) é actualmente controlada pela sociedade de raiz estritamente familiar “Teixeira Duarte – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A.”, a quem são imputáveis mais de 52 por cento do capital social. Destacando-se pela sua imagem de empresa séria, responsável e competente, os seus administradores, bem como os seus principais quadros e directores são profissionais de longa trajectória, feita na sua quase totalidade ao serviço da Teixeira Duarte e que se regem pelos princípios que, desde a fundação, sempre têm estado presentes: trabalho honesto e árduo, dignificando uma verdadeira Casa de Engenharia. Mantendo como actividade base a construção, a Teixeira Duarte prossegue como pioneira nas suas áreas originárias da Geotecnia e Fundações, com elevados padrões de qualidade e um alto nível tecnológico. No âmbito da Construção Civil e Industrial tem desenvolvido projectos de grande dimensão e complexidade, abrangendo todo o tipo de construção; igualmente nas Obras Públicas é reconhecida pelas suas intervenções nos mais variados sectores, marcadas por práticas da engenharia mais avançada e pela realização de grandes projectos de infraestruturas. Em 2002, a Teixeira Duarte obteve, nas
áreas acima referidas e através de um processo rigoroso e assumido por toda a Empresa como um objectivo de grande significado e impacto em toda a organização, a certificação do Sistema de Gestão da Qualidade. Ainda no âmbito da construção, a Teixeira Duarte mantém fortes presenças em áreas especializadas, como as obras ferroviárias e marítimas, as obras subterrâneas e as obras de reabilitação, tendo, para esse efeito, criado várias sociedades vocacionadas para esses ramos e participações sociais em múltiplos ACE, constituídos para situações específicas de grande dimensão. A Teixeira Duarte tem-se vindo a alargar a outros sectores produtivos, como a Imobiliária, a Hotelaria, a gestão de Fundos Imobiliários, a Comercialização de Viaturas e de Combustíveis, a exploração de Parques de Estacionamento, as tecnologias ligadas ao Ambiente e, recentemente, ainda o sector
dos Transportes Urbanos, em parceria com outras entidades públicas e privadas. Já desde a década de 70, a Teixeira Duarte iniciou um processo sustentado de internacionalização, que lhe tem proporcionado expandir todas essas suas actividades em países como Angola, Moçambique, Macau e Venezuela. A Teixeira Duarte é titular de diversas participações financeiras, sendo as mais expressivas e qualificadas, revestindo mesmo valor estratégico as detidas no “Banco Comercial Português, S.A.” e na “CIMPOR – Cimentos de Portugal – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. No ano de 2010 a Teixeira Duarte inicia em Montijo a construção do seu mega-estaleiro, com as principais actividades da empresa ali concentradas.
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protecção civil
No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Protecção Civil, o Serviço Municipal de Protecção Civil de Montijo (SMPC) realizou no dia 1 de Março um simulacro de sismo e incêndio na EB1/JI do Bairro da Caneira. As crianças mostraram disciplina perante o olhar atento de professoras e educadoras de infância. Em grupos dirigiram-se para o pátio, em espaço aberto, onde aguardaram pacientemente. Os olhares curiosos seguiam, ao longe, a actuação dos adultos. Participaram neste evento, os Bombeiros Voluntários de Montijo, a Polícia de Segurança Pública e a Delegação de Montijo da Cruz Vermelha. A coordenação foi assegurada pela Câmara Municipal de Montijo, através do SMPC de Montijo, acompanhado por técnicos do Departamento de Obras e Meio Ambiente, e pela EB1/JI do Bairro da Caneira. O cenário foi um colapso de uma estrutura que se abateu e feriu três alunos, em resultado do sismo de intensidade VIII na Escala de Mercalli. O sismo originou uma ruptura no sistema de alimentação de gás à cozinha, havendo uma fuga e consequente explosão com o resultado de dois feridos adultos. No final, as crianças tiveram oportunidade de estar no interior da viatura dos bombeiros, experimentaram a farda e colocaram capacetes.
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SIMULACROS DE SISMO E INCÊNDIO O objectivo deste simulacro foi testar o Plano de Evacuação e Emergência deste estabelecimento de ensino, aprovado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, envolvendo a comunidade educativa que executou os procedimentos de segurança inscritos no Plano, ao mesmo tempo que permitiu exercitar a operacionalidade dos
agentes de primeira intervenção da Protecção Civil, reforçando o conhecimento da realidade física da escola e dos riscos inerentes à mesma. Também, no dia 23 de Fevereiro, teve lugar um exercício de simulacro de incêndio, num restaurante do Fórum Montijo, com o objectivo de testar o Plano de Emergência desta superfície comercial. Nesta acção estiveram envolvidos os Bombeiros Voluntários de Montijo, a Guarda Nacional Republicana e o Núcleo de Montijo da Cruz Vermelha Portuguesa. Recorde-se, que estes simulacros servem, também, para testar/treinar as capacidades dos agentes de protecção civil, os seus conhecimentos sobre a estrutura física da escola e os meios operacionais da mesma. O Serviço Municipal de Protecção Civil procura, assim, numa óptica de cultura de prevenção do risco, promover uma maior preparação dos intervenientes (agentes de protecção civil e comunidade escolar) e dar resposta à política do município para a segurança das escolas.
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ambiente
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500 SOBREIROS NA SEMANA VERDE À semelhança de anos anteriores, a Câmara Municipal de Montijo promoveu a semana verde, de 15 a 21 de Março, no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Árvore. Este ano a árvore, símbolo da campanha, foi o sobreiro. A autarquia distribuiu 500 árvores pelas escolas do concelho e a munícipes, no centro da cidade. As árvores foram cedidas gratuitamente pela Associação Nacional de Municípios e pelos viveiros Aliança do grupo PortucelSoporcel. O sobreiro é principalmente utilizado para a produção de cortiça, o único produto em que Portugal é o primeiro produtor mundial. O sobreiro é uma espécie autóctone da flora portuguesa, muito característica do território montijense. De nome científico Quercus suber L., o sobreiro é uma árvore que apresenta folhas semi-resistentes, em média, com 15 a 20 metros de altura. O tronco tem uma casca espessa e suberosa, vulgarmente designada por cortiça. O seu fruto é a bolota. No dia 21 de Março, Dia Mundial da Árvo-
re, no Vale Salgueiro, a autarquia procedeu à plantação simbólica de alguns sobreiros. O vereador do pelouro do Ambiente, Nuno Canta, evocou a importância da espécie“. O sobreiro é característico da nossa região e tem grande importância na nossa economia. Foram várias as empresas de transformação de cortiça que se instalaram no concelho”. Embora a maior parte das fábricas de transformação de cortiça tenha encerrado, o autarca acredita que esta será uma indústria que regressará. “A preservação desta espécie é importante para o concelho, acredito que, de futuro, vai haver alguma potencialização a nível industrial.” Este ano, a celebração da árvore, no Montijo, associou-se a outras evocações internacionais e nacionais, como o Ano Internacional da Biodiversidade, o Projecto Plante uma Árvore (da Associação Nacional de Municípios) e a Celebração do Centenário da República Portuguesa. As comemorações possuem uma matriz comum, a
responsabilidade humana para com a natureza. Recorde-se que, após a implantação da República, desenvolveu-se um grande entusiasmo pela arborização das ruas nas cidades. A autarquia pretende com esta iniciativa apelar à participação dos munícipes para a preservação do património ambiental, com a plantação de árvores, de modo a promover a sustentabilidade dos espaços verdes e florestais.
COASTWATCH EUROPE A Câmara Municipal de Montijo em parceria com o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente – implementou novamente, durante Fevereiro e Março, o projecto Coastwatch Europe, que pretende recolher dados ambientais ao nível da fauna, flora e poluição. No dia 13 de Março, na parte norte da Base Aérea N.º 6 do Montijo, 30 elementos do Agrupamento 72 - Montijo do Corpo Nacional de Escutas procederam à recolha de dados ambientais, com o apoio dos técnicos da autarquia e dos responsáveis pela Base. Tal como nos anos transactos, a Câmara de Montijo, através do pelouro do Ambiente, coordenou as equipas locais, constituídas por alunos, professores, escoteiros e outros participantes. Este ano, a área de recolha de dados foi 32
toda a zona ribeirinha de Montijo, desde a Base Aérea n.º 6 até à freguesia de Sarilhos Grandes. Os dados recolhidos foram enviados ao GEOTA, coordenador nacional do projecto Coastwatch Europe, e servem para a elaboração de um relatório anual de caracterização da situação ambiental das zonas costeiras. O projecto Coastwatch Europe pretende alertar para os principais problemas do litoral, através da sua observação directa, nomeadamente aqueles que resultam da ocupação humana ao longo de várias gerações, intensificada nas últimas décadas do século XX. Este projecto, de carácter europeu, é coordenado pela Irlanda desde 1988 e conta com a colaboração de cerca de 23 países, entre os quais Portugal.
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ambiente
O concelho de Montijo não foi excepção e no dia 20 de Março, também, recebeu o Projecto Limpar Portugal (PLP). No total, 52 voluntários recolheram um valor estimado de cinco toneladas de resíduos em cinco lixeiras localizadas na zona norte da cidade (junto ao Samouco) e na zona ribeirinha, na margem do canal de Montijo ao longo da Rua da Bela Vista. Todos os resíduos recolhidos no concelho foram encaminhados para o aterro multi-municipal da AMARSUL pela empresa SGR - Sociedade Gestora de Resíduos SA, que disponibilizou oito contentores de 6m3 cada. As viaturas da Câmara Munici-
Eco Feira
2009/2010
No âmbito do projecto Hortas Escolares, a Câmara Municipal de Montijo, através da Casa do Ambiente organizou novamente a Eco-Feira de Projectos Escolares 2009/2010, no dia 19 de Maio, na Praça da República. Durante toda a manhã, as crianças das escolas participantes no projecto Hortas Escolares puderam, assim, vender os seus produtos hortícolas e participar em inúmeras actividades.
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LIMPAR O MONTIJO pal do Montijo também efectuaram transporte de alguns resíduos para o mesmo destino. De acordo com José Sousa, coordenador do projecto Limpar Portugal em Montijo, as “lixeiras intervencionadas foram menos de 20 por cento do total referenciado até ao momento e, destas, nem todas foram completamente limpas porque coexistiam grandes quantidades de resíduos de construção e demolição”, cuja recolha não era a prioridade da iniciativa e era impráticavel tendo em conta os meios disponibilizados. Para o responsável, apesar do PLP no concelho ter sido um sucesso, ficou aquém dos resultados obtidos noutros municípios do distrito. “A adesão dos voluntários foi bastante reduzida, quer a montante, durante a complexa tarefa de planeamento, quer na coordenação e colaboração nas várias operações simultâneas de limpeza necessárias, tendo em conta a quantidade e dispersão de lixeiras no concelho”. Por exemplo, os concelhos de Almada e Setúbal “tiveram cerca de 1000 voluntários cada e em Almada recolheram cerca de 180 toneladas”, acrescenta. José de Sousa salienta, ainda, que sem a colaboração “incansável da Casa do Ambiente e do Serviço Municipal de Proteçcão Civil teria sido impossível o concelho do Montijo ficar representado no mapa do PLP”. Para além deste apoio, o coordenador do PLP em Montijo acrescenta ainda a “colaboração das juntas de freguesia do Montijo e do Afonsoeiro, da Delegação de Montijo da Cruz Vermelha, dos grupos de escuteiros, da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, da Escola Secundária Jorge Peixinho, da SEPNA GNR e da empresa SGR – Sociedade Gestora de Resíduos SA”. O PLP foi uma “óptima experiência piloto, porque todos os poucos voluntários que participaram ficaram mais fortemente sensibilizados para problemáticas como a existência de comportamentos cívicos inaceitáveis, a dificuldade na limpeza de todos os tipos de lixos ilegalmente aban-
donados e os graves problemas de saúde pública e ambientais a eles associados”, refere José de Sousa. O coordenador do PLP em Montijo deixa uma sugestão final: “seria importante que as limpezas fossem repetidas, concluídas e até continuadas. Caso tal não aconteça, corre-se o risco de, com o passar do tempo, voltar tudo ao início e chegarmos à triste conclusão que o esforço intenso e abnegado de alguns cidadãos se revelou completamente desprovido de sentido, face ao desleixo e incúria de outros”. O Projecto Limpar Portugal surgiu da iniciativa de um grupo de amigos, após o conhecimento de um projecto semelhante desenvolvido na Estónia em 2008 e tornou-se num movimento cívico que, através da participação voluntária de pessoas particulares e de entidades privadas e públicas, pretendeu promover a educação ambiental e reflectir sobre a problemática do lixo, do desperdício, do ciclo dos materiais e do crescimento sustentável.
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cooperação
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PRESIDENTE DE SANTA CATARINA VISITOU MONTIJO O presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina (Cabo Verde), Francisco Tavares, realizou uma visita ao Montijo nos dias 18 e 19 de Abril, com o objectivo de conhecer a realidade do concelho montijense e de preparar o conteúdo do acordo de geminação entre os dois municípios.
Na recepção oficial, realizada no dia 18 no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a presidente da Câmara Montijo explicou que esta visita surge após “uma declaração de princípios, subscrita por mim e pelo presidente Francisco Tavares quando visitei em Março o município de Santa Catarina, para um futuro acordo de geminação nas áreas da economia, formação, desporto e cultura”. O presidente de Santa Catarina realçou que o seu município tem um projecto para se tornar “um concelho pivot no desenvolvimento económico cabo-verdiano. Esse projecto assenta em três pilares: conhecimento, cultura e riqueza. Para implementá-lo devemos contar com as nossas potencialidades, mas também com a cooperação com outros municípios”. No dia 19, na Galeria Municipal, os presidentes das duas câmaras municipais, o presidente do conselho de Administração da Escola Profissional do Montijo e a administração da em-
presa Raporal celebraram um memorando de entendimento com o objectivo futuro de ser estabelecido um acordo de geminação entre os dois municípios. Neste memorando, entre outros aspectos, ficou definida a criação de uma comissão conjunta entre a Câmara de Santa Catarina, a Raporal e a Câmara do Montijo, que terá como objectivo a elaboração do estudo de viabilidade económica de uma empresa dinamizadora do sector de carnes em Santa Catarina. No domínio da formação profissional, a Escola Profissional de Montijo assegurará gratuitamente a formação profissional nas áreas das Artes Gráficas e das Instalações Eléctricas a dois alunos de Santa Catarina por ano. Estas vagas poderão aumentar se existirem outras formas de financiamento. Durante a sua estadia em Montijo, o presidente da Câmara de Santa Catarina visitou a Adega Cooperativa de Santo Isidro de Pegões, a vila de Canha, o Monte das Mós que tem um projecto de criação de cavalos lusitanos, treino e prática de equitação tradicional portuguesa, o Santuário da Atalaia, o Museu de Ex-Votos na Atalaia, a Raporal e a Escola Profissional de Montijo. No final da visita, a edil montijense e o presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina mostraram-se bastante agradados com o sucesso da visita e os compromissos estabelecidos para o futuro.
MONTIJO RECEBEU AUTARCAS DO TARRAFAL Nos dias 19 e 20 de Abril, a Câmara Municipal de Montijo recebeu a visita do presidente da Câmara Municipal do Tarrafal, João Domingos, e dos vereadores José Manuel Tavares e Eurico Lopes Costa. O objectivo desta visita foi conhecer a realidade do concelho montijense, aproveitando experiências que se possam adequar à sua realidade. A comitiva visitou depois os Paços do concelho, a Raporal, a Escola Profissional de Montijo, o Moinho do Cais, a Quinta do Pateo D´Água e o Cinema Teatro Joaquim D’Almeida. Na terça-feira, as visitas foram direccionadas para a temática ambiental, visitaram a AMARSUL, a ETAR do Seixalinho, os Serviços de Recolha de Resíduos da autarquia montijense e a ETAR Biológica, nas Taipadas. 34 34
No final da visita. João Domingos confessou que a visita, embora curta, “ultrapassou todas as expectativas. Visitamos sítios que não esperávamos. Vivemos experiências muito interessantes.” Por sua vez, a edil revelou disponibilidade para formalizar a cooperação. “Assumo aqui o compromisso de assinar um documento simples e de lhe enviar e colocar à sua consideração para darmos execução prática a esta experiência. Esperamos que estes nossos primeiros contactos tenham continuidade e, estou certa, que vão ter porque temos vontade política para cooperar.” Recorde-se, que o Concelho do Tarrafal é um concelho/município na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Tem cerca de 20.000 habitan-
tes. A sede do município é a vila do Tarrafal.
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notícias das reuniões de câmara
Tarifa de Resíduos Sólidos fixada em três euros A Câmara Municipal de Montijo aprovou no dia 24 de Março, em reunião ordinária, fixar a tarifa de resíduos sólidos em três euros. Na reunião de Câmara de 27 de Janeiro, a Câmara Municipal havia aprovado a passagem da tarifa de resíduos sólidos de 1.20€ para 8.22€, aprovação condicionada à necessidade de aproximar progressivamente os valores das tarifas do custo real suportado pelo município na prestação das mesmas. A votação teve, então, os votos favoráveis do PS e PSD e a abstenção da CDU. No entanto, por manifesto lapso, o valor de 8.22€ foi incluído na tabela de tarifas aprovada na reunião de câmara de 27 de Janeiro, uma situação não sinalizada atempadamente nem pelos serviços, nem pelos autarcas, nem por qualquer cidadão, na fase de discussão pública. Ao receberem agora as suas facturas, os munícipes deram conta do aumento do preço das tarifas em 8.22€ e reclamaram. Nesse sentido, e de acordo com a orientação de adequar o valor das taxas e tarifas ao seu valor real, definido na reunião do dia 27 de Janeiro, a autarquia aprovou rectificar esta situação, aumentando a tarifa de resíduos sólidos em três euros. Esta proposta foi aprovada com os votos a favor do PS e do PSD. A CDU que não tinha votado contra o aumento das tarifas em 8,22 € (na reunião de 27 de Janeiro) votou agora contra o aumento para três euros. A fixação das novas tarifas e taxas municipais decorre da realização de um estudo feito por uma empresa especializada, que apontou para a necessidade de ajustar os preços pagos pelo consumidor ao custo real do serviço prestado pelo município. Seja como for, considerando a actual crise económica do pais, é dever do município prosseguir politicas de solidariedade, coesão social e territorial, capazes de atenuar os efeitos da crise económica e financeira em que vivemos. Esta decisão assume efeitos retroactivos, pelo que os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento irão proceder ao estorno das importâncias cobradas a mais.
Na reunião de câmara foram ainda aprovados os sete dos oito protocolos de competências para as juntas de freguesia do concelho (com excepção da Junta de Freguesia de Sarilhos Grandes), no valor total de 494.000,00€. A proposta foi aprovada com os votos a favor do PS e as abstenções do PSD e da CDU.
Câmara aprovou contas de 2009 Na reunião de câmara de 7 de Abril, a Câmara Municipal de Montijo aprovou, com os votos a favor do PS e as abstenções do PSD e da CDU, os documentos de prestação de contas referentes ao ano de 2009. A Câmara Municipal iniciou o ano de 2009 com um orçamento de 38.035.828,00 euros que foi corrigido, durante o decurso do respectivo ano, para 41.857.925,70 euros. O Relatório de Gestão evidencia uma redução das receitas face a anos anteriores. A receita total arrecadada, em 2009, teve uma taxa de realização de 72 por cento e foi de 30.143.515,41 euros. Face a 2008, este valor representa um decréscimo de 6,18 por cento. A receita corrente foi de 23.189.315,49 euros, o que representa um decréscimo de 9,83% comparativamente com 2008. Já a receita de capital cresceu, mas tem a sua explicação na utilização do empréstimo de curto prazo no valor 1,5 milhões de euros, do empréstimo de médio e longo prazo de 1,034 milhões de euros e, ainda, na comparticipação para a construção da Escola Integrada do Esteval/Areias no montante de 1,4 milhões de euros. Nas receitas correntes e impostos directos, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) teve um decréscimo de 15 por cento
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e o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Bens (IMT) de 41 por cento em relação ao ano anterior. A Derrama, pelo seu lado, cresceu significativamente por efeito do momento da entrega deste imposto e que veio colmatar o seu decréscimo no ano de 2008. Relativamente à despesa, a sua realização atingiu o montante global de 28.487.536,34 euros, o que representa uma taxa de 68,06 por cento face ao orçamentado. A despesa corrente atingiu o montante de 22.947.000,92 euros e uma taxa de realização de 80,38 por cento que demonstra um bom desempenho financeiro. A estrutura de despesa em 2009 foi de 80,55 por cento de despesa corrente e 19,45 por cento de despesa de capital. Na despesa corrente, 62,33 por cento são despesas com pessoal; 25,33 por cento despesas de aquisição de bens e serviços e 8,14 por cento de transferências correntes. Apesar do processo de transferência de competências ao nível da educação para o município, as despesas com pessoal apresentam, na realidade, um crescimento devido ao aumento das prestações sociais e das medidas de apoio à família. Nas transferências correntes para Educação, Cultura e Recreio houve um acréscimo de 33,83 por cento o que, em valor absoluto, significou um aumento de 87.767,74 Euros. As transferências para as Juntas de Freguesia tiveram um aumento de 12,72 por cento durante o ano de 2009. O investimento foi de 3,6 milhões de euros e a aquisição de bens de capital de 307.904,10 euros. A dívida de curto e médio prazo teve um crescimento inferior a 2008. O resultado líquido do exercício de 2009 é negativo (-2.518.285,85 euros) e tem a sua justificação na quebra dos resultados operacionais pela diminuição dos impostos e das taxas cobradas. Num contexto de crise económica e financeira, que se traduz numa redução significativa de receitas municipais, a Câmara Municipal de Montijo conseguiu manter a estabilidade e a contenção na despesa, respeitando a necessidade permanente de manter os níveis de qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, apoio às famílias e ao emprego.
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urbanismo
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Foi aprovada a candidatura “O reforço da centralidade da cidade de Montijo” apresentada pela Câmara Municipal de Montijo ao PORL – Eixo Política das Cidades – Parcerias para a Regeneração Urbana desenvolvida em parceria com a APL – Administração do Porto de Lisboa, a Junta de Freguesia de Montijo, a Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal, o Clube Atlético de Montijo e a Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense. A candidatura, no valor de cerca de 7 milhões de euros, (50 por cento comparticipado por fundos comunitários) visa o reforço da centralidade da cidade de Montijo. A zona de intervenção proposta insere-se no centro histórico da cidade de Montijo e na Frente Ribeirinha. Uma área urbana abrangida por cerca de 54,5 ha, sendo a área de intervenção de cerca de 18 ha. A área de intervenção abrange os edifícios dos Paços do Concelho, da Junta de Freguesia de Montijo, a Casa da Quinta do Pateo de Água, o Mercado Municipal, a Praça Gomes Freire de Andrade, o espaço público e edifício do Cais dos Vapores e o Parque Ribeirinho. As acções de divulgação e promoção dos espaços intervencionados, que se materializaram em eventos de carácter desportivo e cultural envolvendo todos os parceiros, perfazem um investimento aproximado de 635 mil euros. A candidatura vem na continuidade das intervenções já realizadas, quer no centro histórico, quer na Frente Ribeirinha.
Projectos a desenvolver*: Parque Ribeirinho da Cidade O Parque Ribeirinho compreenderá obras de recuperação do espaço em termos ambientais e a criação de zonas pedonais e de ciclovia. Está distribuído por uma zona de 13,7 ha (desde o antigo Posto da Guarda Fiscal às antigas salinas da família Lei* obras a realizar pela Câmara Municipal de Montijo
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REFORÇO DA CENTRALIDADE DA CIDADE te) e custará 1.300.000 euros. Com esta intervenção pretende-se a recuperação do sapal e das antigas marinhas com recuperação ambiental e paisagística da linha de água. A zona onde se instala a Feira nas Festas Populares de São Pedro será requalificada e arborizada. Dentro do jardim existirá alguns espaços comerciais.
Praça Gomes Freire de Andrade A Praça Gomes Freire de Andrade é uma das maiores e mais importantes praças de Montijo. Com a requalificação da Praça pretende-se a criação de espaços verdes, de zonas pedonais e a eliminação das barreiras arquitectónicas. O projecto abrange uma área de 1,8 ha e o investimento será de 1.757.341,78 euros.
Com a renovação de pavimentos o objectivo é torná-la mais pedonal, de modo a valorizar esteticamente a praça e os edifícios envolventes, nomeadamente, o edifício dos Paços do Concelho e o Mercado.
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obras
Edifício dos Paços do Concelho No edifício dos Paços do concelho serão executados um conjuntos de obras de recuperação e reconversão, que reabilitarão o edifício, mas também a sua envolvente e o próprio centro histórico, uma área de 1356 m2. Um investimento total de 350 mil euros a executar pela Câmara Municipal de Montijo. A autarquia irá manter a traça original do edifício histórico. A intervenção passará pela substituição de coberturas, colocação de uma central de ar condicionado e instalação de um elevador panorâmico, de acesso ao 1.º piso, na parte de trás do edifício.
Mercado Municipal O Mercado Municipal sofrerá obras de recuperação, limpeza e pintura do edifício. Serão melhoradas as acessibilidades para indivíduos com mobilidade condicionada e criadas novas instalações sanitárias, que contemplem a sua utilização por deficientes. O mercado ocupa uma área de 2.780 m2 e a intervenção terá o custo de 945 mil euros. A reabilitação passará por uma inter-
venção no pavilhão das frutas e legumes, zona dos talhos e exterior, que contemplará renovações nas instalações eléctricas, condutas e canalização. As bancas de vendas dos produtos hortícolas e frutas serão modernizadas. A obra contemplará ainda a pintura geral do edifício, a renovação do piso na área do peixe e a requalificação do pátio interior.
Antigo edifício da Junta de Freguesia de Montijo
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um investimento de 630 mil euros. A obra vai dar continuidade ao programa de requalificação da frente ribeirinha, com a criação de uma nova entrada para o espaço do estacionamento, alargamento dos passeios para possibilitar a colocação de esplanadas, melhoria da iluminação pública e das acessibilidades ao local. O antigo edifício da Transtejo vai ser requalificado em parceria com a Administração do Porto de Lisboa e adaptado a um Clube Náutico, que será gerido pelo Clube Atlético de Montijo.
Será realizada a recuperação, reabilitação e estruturação do edifício (ex-sede da Junta de Freguesia de Montijo) e do espaço público envolvente. A intervenção contempla uma área de 600 m2 e o investimento previsto de 175 mil euros.
Espaço Público e Edifício do Cais dos Vapores A requalificação do espaço público contempla a zona do antigo bingo, Rua Miguel Pais e o antigo edifício da Transtejo. Abrange uma área de 1,2 ha e representa
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obras
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Nova Escola avança a bom ritmo As obras da Escola Básica 123 JI – Bairro do Areias/Esteval decorrem a bom ritmo. A estrutura já está de pé e estão a ser colocados os sistemas de esgotos e água. O edifício, que está a ser construído entre a Rua Leitão de Barros e a Rua Palmira Bastos, visa colmatar uma lacuna na rede de equipamentos escolares da cidade de Montijo, uma vez que a única escola de 2.º ciclo na cidade – escola Básica D. Pedro Varela está sobrelotada.
POLIDESPORTIVO DO ALTO DAS VINHAS GRANDES Já se iniciaram as obras para a construção de mais um polidesportivo no concelho. Desta vez, será no Alto das Vinhas Grandes junto à escola básica do Afonsoeiro. Esta obra vem colmatar a falta de infra-estruturas desportivas na zona. O polidesportivo está a ser colocado junto a uma escola com o propósito de incentivar os mais novos à prática desportiva.
PARQUE URBANO DAS PISCINAS EDIFÍCIO MULTIUSOS DE PEGÕES Estão a decorrer as obras do Edifício Multiusos de Pegões. Recorde-se que o novo edifício, que irá albergar a Junta de Freguesia de Pegões, contemplará ainda um auditório, um pólo de biblioteca e espaço internet.
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A obra na zona adjacente às Piscinas Municipais está em desenvolvimento. Estão a ser colocadas as calçadas e realizadas obras de drenagem. Assim que possível serão colocados os equipamentos desportivos e o parque infantil. A etapa seguinte será a plantação de árvores e sementeira de relvados. A inauguração deste espaço está prevista para o Dia da Cidade – 14 de Agosto.
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