I - Descobrindo a Engenharia: A Profissão - Capítulo 10

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Capítulo

10

10.Aplicações Militares 10.1. A Engenharia Militar Trata-se, provavelmente, da mais antiga especialidade das engenharias, uma vez que a engenharia civil não foi reconhecida como tal até o século XVIII. Dize-se que o primeiro a se autodenominar engenheiro civil foi o inglês John Smeaton (1761). A engenharia militar se ocupa, em geral, da construção de fortificações, estradas, ferrovias, pontes, construção e restauração de portos, aeródromos, depósitos militares, campos de minas, colocação e remoção de obstáculos e armadilhas, assim como da construção e funcionamento de fábricas, serragens e canteiros. Os engenheiros de assalto seguem de perto a primeira onda de ataque a fim de eliminar minas e obstáculos e de se encarregar das demolições necessárias.

Figura 10-1 – Soldados abordando um helicóptero CH-46 Sea Knight no porta-aviões USS Saipan.

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Um pouco de história

A missão principal da engenharia na antiguidade consistia na construção de cidades amuralhadas como a da Babilônia, ainda que os egípcios preferissem construir muros fronteiriços e fortificar acampamentos provisórios.

Os Assírios se distinguiram pelas


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agressivas operações de cerco, nas que empregaram linhas de fortificação, baluartes, rampas, aríetes e bestas e minas. Antes do descobrimento dos explosivos, os sitiadores abriam túneis por baixo das fortificações.

Seguidamente ateavam fogo nas madeiras que sustentavam as paredes e

tetos, o que ocasionava o seu colapso.

A Pérsia se fez famosa pelos seus sistemas de

estradas e pontes, além da construção dos primeiros navios.

A Grécia aperfeiçoou a

catapulta, a besta e outros engenhos, que eram bem conhecidos na época, assim como o uso de torres movem. Alexandro organizou um trem de cerco. Os romanos levaram a arte do cerco a tal grau de perfeição que não foi superado até a época de Vauban. Utilizavam trincheiras de aproximação, defesas móveis e fortificações, torres de cerco transportáveis com pontes levadiças, fazendo grandes progressos na arte de construir túneis e máquinas de guerra.

As calçadas romanas foram construídas tão

fortemente que muitas ainda se encontram em uso, nos dias de hoje; a Via Ápia foi a rota 6 da IIa. Guerra Mundial.

As pontes romanas constituem-se verdadeiros alardes da

engenharia; como o construído sobre pilotes por César sobre o rio Reno, por Trajano sobre o rio Danúbio (usando arcos de madeira com 20 lances de pedra e comprimento de 914 m) e o dos tonéis flutuantes de Maximiano, em 238, podem servir de eloqüentes amostras. Na Idade Média, a atividade da engenharia se centrou na construção de castelos que chegaram a ser inexpugnáveis frente aos elementos ofensivos da época.

Muito antes, a

China tinha construído a sua Grande Muralha e o seu Grande Canal e imperador Kaotsung tinha experimentado as pontes suspensas.

Figura 10-2 – A Grande Muralha da China é a maior estrutura feita pela humanidade, com 2400 km de extensão. Construída nos anos de 221 a 204 AC pelo imperador Shih-huang-ti. As medidas são em média de 6

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metros de largura base, 3.7 m de largura na pare superior, 7.6 m de altura e torres de vigia a cada 180 m com 12 m de altura1.

O descobrimento da pólvora introduz mudanças substanciais nos sistemas de fortificação. A contra-escarpa e os bastiões foram utilizados nos temos de Albrecht Dürer e Leonardo da Vinci, verdadeira autoridades em matéria de fortificação. Sébastien Le Prestre de Vauban antes da sua morte em 1707 dirigiu quarenta cercos com sucesso e defendeu 160 praças fortes.

Aperfeiçoou o sistema de linhas de trincheira sucessivas e paralelas,

unidas por ramais de comunicação, e deu um grande impulso ao sistema de baluartes. Na mesma época, outro notável mestre na arte do cerco, Manno Coehorn, inventou o morteiro que leva o seu nome. Em 1866, os franceses utilizaram a pólvora sem fumaça e os altos explosivos. Quando foram testados os projéteis a base de melinita, as paredes das fortificações foram derrubadas. Nas novas fortificações, um anel de fortes independentes substituiu o antigo recinto de muro contínuo, e as defesas se colocaram a uma distância maior. Em 1890, o gerneral Brialmont, rendeu Lieja por meio de um anel de 12 fortes colocados a intervalos de 4 e 6 km da cidade. Inventou torres temporárias e cúpulas de aço e cimento. Na França, Belfort, Epinal, Verdún e Toul seguiram estes sistemas. A queda de Lieja em 1914 pelo uso dos obuses germanos de 42 cm produz uma grande consternação, ainda que o sistema de trincheiras planejadas por Brialmont não tinham ainda sido construídas. Somente por algum tempo se confiou nas fortificações de campanha até o fracasso dos alemães ante Verdún em 1916, que reavivou a fé nas fortificações permanentes. Entre os anos de 1928 e 1939 os franceses construíram a Linha Maginot, como uma prolongação ao longo da fronteira belga denominada "pequena Maginot". André Maginot, a quem a linha deve o seu nome, projetou uma série de fortalezas como base de operações de campanha e não somente como recintos inexpugnáveis.

Os engenheiros alemães completaram a sua

própria Linha Sigfrido.

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Figura 10-3 – A engenharia militar envolve uma ampla gama de atividades diversas, tais como, o projeto de armamento especializado ata a construção de monumentos nacionais. Em tempos de guerra, os engenheiros se envolvem em outras atividades, tais como, na construção de hospitais temporários e na manutenção da comunicação entre as tropas e os centros de comando2.

10.1.2. A 2a. Guerra Mundial A

técnica

da

engenharia

militar

experimentou

grande

desenvolvimento,

especialmente na guerra anfíbia e aérea. A construção e reparação de pistas de pouso se constituíram no primeiro objetivo. A utilização em grande escala de minas terrestres fez com que as principais missões dos engenheiros militares consistissem no levantamento das mesmas.

Aumentaram ao mesmo tempo as demolições, com o que a bomba de super-

demolição de TNT passou a ser um dos principais símbolos dos soldados da engenharia. A limpeza dos portos também foi de particular importância. A construção na Inglaterra de um porto que pudesse ser transportado até as praias da Normandia para prestar um serviço neste local, permitiu um triunfo da engenharia militar e naval. A partir da 2ª. Guerra Mundial e com a experiência dela adquirida, a arma dos Engenheiros tem continuado o aperfeiçoamento dos seus elementos de combate.

Os

elementos principais com que contam um batalhão de engenheiros em geral são: um bulldozer montado num carro, dois tratores (um de 2,5 t e outro de 5 t), um bote de assalto de 4,86 m, uma ponte fixa de alumínio de 12,74 m, um caminhão com guindaste e arado, um trator com rebocador angular, um sistema de purificação de água, um aparelho para medir radioatividade e diversos aparelhos de rádio e computação.

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A Profissão

Este ramo da engenharia se ocupa com a aplicação da ciência da engenharia para propósitos militares. Ela é geralmente dividida em Defesas Terrestres Permanentes e em Engenharia de Campanha. Na guerra, os batalhões de engenharia têm sido utilizados para construir portos, molhes, armazéns e pistas de pouso. A Engenharia Militar tem se constituído uma ciência cada vez mais especializada, resultando em sub-disciplinas separadas da engenharia, tal como, a artilharia que aplica os conhecimentos da engenharia mecânica para o desenvolvimento de armas; da engenharia química para o desenvolvimento de propelentes; e da engenharia elétrica para resolver os problemas de sistemas de guia em mísseis, satélites, computação, radar, telefonia, rádio e outras comunicações. No Brasil, os engenheiros militares ajudam na construção e manutenção de estradas e barragens.

Esta profissão não é regulamentada pelo sistema CONFEA/CREA, sendo

cursada exclusivamente nas escolas militares para profissionais que optaram pela carreira militar.

Figura 10-4 - Hovercraft militar.

10.2. Exercícios a. Faça um resumo sobre a importância da engenharia militar para a sociedade. b. Faça um relato da usa visão sobre a interação da sua engenharia com a engenharia militar. c. Descubra o nome de uma empresa que trabalha na área da engenharia militar.

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d. Pesquisar quais as universidades que oferecem esse curso.

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