N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Capítulo
3
4. Noções de Ergonomia e Segurança do Trabalho Os engenheiros projetam produtos e sistemas a serem usados e operados por seres humanos.
Eles também projetam as tarefas a serem realizadas pelos seus
colaboradores na indústria de manufatura e nos escritórios. As operações podem ser feitas de forma otimizada e de forma não otimizada, e por isso é responsabilidade do engenheiro o projeto de locais de trabalho adequados que melhorem a produtividade dos empregados; e da confecção de produtos que possam ser operados eficientemente sem causar danos ou moléstias aos usuários.
Quantas vezes você sentou numa cadeira que era tão dura e com respaldo tão baixo que provocava dor nas costas, que não dava para ficar sentado mais de meia hora nela?
Quantas vezes (se você tiver uma certa idade) você viu uma pessoa de baixa estatura tentando se virar para conseguir olhar para a rua quando dirigia um fusca?
Se você trabalha com computador, mouse e teclado, você sente os pulsos e os braços formigando ou dormentes especialmente de noite? Como anda o seu pescoço e as suas costas?
Se você for uma pessoa descendente de europeus ou de países africanos, que possuem um tamanho avantajado, quantas vezes no ônibus você sentou ao lado de uma outra pessoa ficando com uma nádega para “fora” do corredor porque o banco era tão curto que só dava para dois anãos?
E as catracas com barra de acesso colocado nos metrôs que ficam sempre na incômoda altura dos seus testículos (se for homem)?
Você conhece alguém que tenha se acidentado no trabalho? Você sabia que se um funcionário seu se cortar levemente com uma chave de fenda, ele deve ser encaminhado a um posto de saúde interno ou externo, e que ele perderá o seu dia de trabalho?
Sabia que se o seu principal programador de software de computador desenvolver tendinite, ele terá que parar de trabalhar pelo menos duas semanas, e que essa será somente uma das tantas vezes que ele sofrerá uma crise, podendo ficar inválido por causa disso mesmo com 25 anos de idade?
Sabia que se os seus funcionários têm moléstias provindas da forma em que o seu trabalho é desenvolvido, eles rendem cada vez menos?
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
144
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Sabia que um trabalhador inválido é mais uma carga para o país, que deve ser mantido pelos impostos que você e as empresas pagam e que a competitividade econômica do país (e obviamente da sua empresa) é grandemente prejudicada por esta causa?
Você acredita no ditado que diz melhor prevenir do que remediar?
Sabia que 10 funcionários trabalhando em boas condições fazem o mesmo trabalho que 20 com moléstias do trabalho pelas más condições?
Sabia que existem técnicas para minimizar, prevenir e até erradicar a maioria dos problemas das questões citadas acima?
A ciência que trata do estudo do trabalho feito pelos seres humanos é chamado de ergonomia22. várias
áreas
de
A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que está baseada em conhecimento
tais
como
antropometria,
medicina,
biologia,
biomecânica, bioquímica, psicologia, direito e principalmente na Engenharia.
As
soluções criadas pelos engenheiros podem ser potencialmente prejudiciais para a sociedade se não forem tomados os cuidados necessários com a ergonomia. A seguir trataremos brevemente alguns tópicos considerados essenciais de conhecimento dos engenheiros.
4.1. A Antropometria A Antropometria trata do estudo e do registro das propriedades físicas dimensionais e biológicas do corpo humano. Durante a década de 1950 foram iniciadas várias pesquisas sobre o tamanho das pessoas.
Muitas pesquisas foram
originadas pelas instituições militares para elaborar as primeiras normas para as armas e equipamentos de combate. Desde então, a antropometria tem se mostrado uma ciência muito útil que ajuda os engenheiros e designers a produzir produtos que o publico geral possa utilizar. A maioria das tabelas de dados mostra as médias e os limites máximos e mínimos do tamanho dos seres humanos. Essas tabelas normalmente são definidas em 50% da população, 5% dos menores e 95% dos maiores respectivamente.
Os
tamanhos de homens e mulheres são normalmente separados porque existe uma grande diferença de tamanho entre eles. A Figura 4-1 mostra como varia a distribuição de tamanhos para a média da população mundial.
O percentual de 50% é a pessoa uma pessoa “média”.
maioria das populações, as pessoas ficam em torno da média. observa o gráfico para a extremidade direita,
Na
A medida que se
o número de pessoas com tamanhos
acima da média cai rapidamente e vice-versa quando se observa para a esquerda.
22
A definição da palavra ergonomia provém do grego nomos (estudo científico) e ergon (trabalho humano). Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
145
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-1 - Distribuição percentual da população humana pelo seu tamanho.
Por exemplo, imagine um valor médio de altura dos seres humanos ser em torno de 1,75 m. Até 1,80 m existe um grande número de pessoas que são grandes. Mas, indo para 2,00 metros o número de pessoas é muito pequeno na comparação. Um problema comum é quando as empresas projetam os seus produtos para o mercado interno e tentam colocá-lo em venda no mercado externo ao redor do mundo, e esquecem do fato que outras populações do mundo apresentam grandes diferenças dos seus dados antropométricos. Um exemplo conhecido é o controlador padrão XBox da Microsoft ® que foi comercializado no mundo todo. O projeto estava baseado no tamanho das mãos dos norte-americanos homens.
Lamentavelmente em países como o Japão, a média do
tamanho das mãos dos homens é consideravelmente menor e o XBox era muito grande para muitos japoneses. Subsequentemente teve que ser feito um controlador menor.
4 .1 .1 . Os Dados Antropométricos Estatísticos Os dados antropométricos estatísticos são bastante úteis, mas se deve ter muito cuidado na hora de usá-los.
A maioria dos dados são medidas do corpo
humano em posição estática, i.e., sentado numa cadeira ou parado em pé. Quando as pessoas se movimentam os seus tamanhos variam e por isso os dados geralmente não encaixam nos tamanhos realmente requeridos.
Por exemplo, quando as pessoas
caminham a sua altura aumentam cada vez que você empurra o pé para dar impulso. Existem casos de portas que foram projetadas para pessoas de até o 90% da distribuição, sendo que pessoas abaixo desse percentual batiam a cabeça quando caminhavam através da porta. Uma tabela de medidas Antropométricos de uma pessoa média é mostrada na Figura 4-2. O entendimento da maneira como as pessoas se relacionam com o seu meio é chamado de ergonomia.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
146
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-2 - Dados antropométricos de um ser humano médio (as medidas são em mm)
4.2. A Ergonomia A ergonomia é o estudo de diferentes ambientes em relação aos seres humanos. A ergonomia observa tudo o que nos rodeia e o que tem efeito em nós e estuda como podemos usar o nosso ambiente e como projetar ambientes artificiais que permitam a uma pessoa de operar certas ações de forma fácil e confortável. Um exemplo de como a ergonomia é a usada no projeto da cabine do piloto de uma aeronave, ou do ambiente de um motorista de um veículo de passeio. A ergonomia é usada para ajudar o projeto de produtos que sejam fáceis de utilizar, sendo uma ciência
interdisciplinar
que
inclui:
Antropometria,
Biomecânica,
Psicologia,
Engenharia e Design Industrial, Higiene e Segurança. Bioquímica, Direito e outras. Como exemplo veja o projeto do interior funcional de um veículo de passeio. Algumas questões importantes podem ser:
Quais as dimensões e a posição do volante?
Quais os tamanhos e distâncias dos pedais do acelerador e freio?
Quais as características da alavanca de câmbio?
Quais as dimensões do banco do motorista?
Quais as posições e distância do painel de controle e instrumentação do veículo?
Qual a altura do teto e do piso do veículo?
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
147
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-3 – Dimensões e massa de um motorista
OS PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS Todos os produtos projetados para o uso dos humanos, devem levar em conta as suas características morfológicas e funcionais desde o início do processo do projeto.
Figura 4-4 A Seleção do tamanho correto da alavanca ajuda a eficiência do agarramento. Com uma carga pesada pequena em diâmetro o usuário deverá desenvolver muita força
As atividades de trabalho devem permitir que o trabalhador adote posturas saudáveis e seguras. O esforço muscular deve ser feito pelos maiores conjuntos de músculos apropriados para o movimento. As atividades de trabalho devem ser executadas pelas articulações o mais perto possível do eixo cabeça, tronco e extremidades.
Figura 4-5 - O motorista deve estar a uma distancia confortável do volante, i.e., os braços do motorista não devem ficar totalmente esticados.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
148
N T
4.3.
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
As Doenças do Trabalho No início do século XVIII, os médicos notaram que os trabalhadores que
precisavam manter certas posturas do corpo durante longos períodos, desenvolviam problemas no sistema músculo-esquelético. Os dois elementos que influenciam o trabalho das pessoas são: O esforço estático: é o esforço do sistema músculo-esquelético requerido para manter uma determinada posição, ainda que confortável.
Por exemplo, sentado e
trabalhando com um computador: manter a cabeça e o tronco ereto requer de pequena ou grande quantidade de esforço estático dependendo da eficiência da posição do corpo escolhida. O esforço do movimento: é a quantidade de tensão que os nossos músculos geram. Por exemplo, inclinando a sua cabeça para a frente e para trás da posição neutra vertical, quadruplica a quantidade de força atuando na parte inferior nas vértebras do pescoço. A desconsideração dos fatores ergonômicos pode levar a desenvolver doenças no trabalho das pessoas.
A aplicação dos princípios ergonômicos nas práticas do
trabalho permite a prevenção e controle das doenças do sistema músculo-esquelético que surge dos movimentos e esforços repetitivos e/ou da má postura, ou postura forçada.
4 .3 .1 .
Doenças músculo-esqueléticas (DME)
É um termo da literatura científica que se refere de forma coletiva a um grupo de doenças e enfermidades que afetam o sistema músculo-esquelético.
Não existe
diagnóstico para as DMEs. Alguns exemplos são:
Tenossinovite e tendinite
Síndrome do Túnel Carpal
Degeneração, esmagamento ou ruptura dos discos vertebrais no pescoço ou nas costas.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
149
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
S
E
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-6 - Ergonomia para trabalhar com microscópios
As DMEs foram responsáveis por 34% dos dias de trabalho perdidos, 60% do custos e US$20 bi/ano de perdas para as indústrias norte-americanas no ano de 2002. O custo médio por caso de DME foi de mais de US$9,000.
D = 24 in
48 lbs
V = 8 in
H = 20 in
Muitas das DMEs são agrupadas em termos de traumas cumulativos ou repetitivos, ferimento por movimentos repetitivos ou síndrome de esforços repetitivos. As DMEs podem ocorrer:
Num único evento;
Levar semanas, meses ou anos para ser desenvolvidas;
Não produzir sintomas ou não aparecer nos exames médicos nos seus estágios iniciais;
Estar associada com fatores contribuintes presentes nas tarefas do trabalho, em casa ou nas atividades recreativa; e
Diferir nos sintomas e severidade de indivíduo para indivíduo mesmo com similares tarefas de trabalho e outras atividades.
Os sintomas das DMEs podem ser são os seguintes:
Dor no movimento, pressão, exposição ao frio ou à vibração;
Mudança na cor da pele;
Adormecimento ou entorpecimento em qualquer braço, perna ou dedo, especialmente à noite;
Diminuição da capacidade de movimento;
Diminuição da força nas mãos;
Inchaço de uma articulação ou parte do braço, perna, mão ou dedo; Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
150
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Fadiga ou dificuldade de executar as atividades;
Sensação de calor.
As áreas mais problemáticas do corpo costumam ser as mãos, pulsos, cotovelos, ombros e a parte inferior da coluna vertebral.
4 .3 .2 .
Fatores de Risco no Local de Trabalho
Os fatores de risco dependem basicamente de três fatores: o trabalhador, o trabalho e o ambiente.
Figura 4-7 - Os fatores de risco
Os fatores de risco inerentes ao trabalhador são dependentes de características físicas, psicológicas, relacionadas ou não às atividades laborais. Os fatores de risco inerentes ao tipo de trabalho são os procedimentos operacionais, equipamentos, ferramentas e o desenho das estações de trabalho. Os fatores de risco do ambiente são o clima físico e o psico-social. O engenheiro deve se perguntar o seguinte:
Que fatores de risco o trabalhador pode encontrar no seu local de trabalho?
Quais fatores de risco são inerentes ao próprio tipo de trabalho (equipamentos, ferramentas, procedimentos)?
Que ações ou movimentos são necessários para completar uma tarefa?
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
151
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Quais são os fatores de risco que o ambiente impõe aos trabalhadores?
Figura 4-8 - Riscos potenciais
As atividades que envolvem um ou mais dos seguintes fatores ergonômicos de risco, de forma individual ou em combinação, podem contribuir para (ou resultar) em um aumento potencial de desconforto ou enfermidade:
Movimentos repetitivos prolongados;
Forças e pressões;
Condições estáticas e má postura;
Temperaturas baixas;
Vibração;
Má iluminação;
Móveis não projetados de forma ergonômica ou mal distribuídos;
Ruído.
Como você já sabe, é melhor prevenir do que remediar. Os Engenheiros em geral e os Engenheiros de Segurança do Trabalho são os responsáveis pela saúde dos seus funcionários, e cabem a eles as seguintes tarefas:
Identificar os possíveis problemas;
Reconhecer quando alguém está apresentando sintomas de uma DME;
Reconhecer estresse em contribuição para DME;
Treinar os trabalhadores em como usar as ferramentas e equipamentos de forma adequada;
uma
determinada
tarefa
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
com
potencial
152
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Assegurar que os empregados estão trabalhando na forma mais ergonomicamente possível.
AS POSTURAS DIFÍCEIS A postura do corpo determina como as juntas e os músculos são usados em uma atividade e a quantidade de força ou tensão que pode ser gerada e tolerada.
TRABALHO DE FORÇA Alguns
fatores
Figura 4-9 - Posturas difíceis
de
risco
são:
o
levantamento de pesos, postura para frente, aceleração dos movimentos, aumento do atrito, vibrações e o uso de ferramentas pequenas ou curtas.
OS MOVIMENTOS REPETITIVOS A fadiga e o forçamento da combinação tendãomúsculo
pode
se
acumular
se
os
movimentos
são
Figura 4-10 – Trabalho de força
repetidos com freqüência.
A DURAÇÃO A duração se refere à quantidade de tempo de exposição de uma pessoa a um fator de risco.
A FREQÜÊNCIA A freqüência se refere ao número de vezes que uma pessoa repete uma dada tarefa dentro de um determinado período de tempo. Figura 4-11 – Fatores de risco na indústria
ESFORÇO DE CONTATO O esforço de contato é o contato de forma repetida ou contínua com objetos duros ou com cantos vivos tais como mesas
de
trabalho
sem
bordas
arredondadas
ou
na
manipulação de ferramentas de operação manual com cabos pequenos.
AS VIBRAÇÕES
E n g e n h a r i a - U m a B r e v e I n t r o d u ç ã o – P a r t e IFigura V 4-12 - Esforço de153 contato
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Identifica a exposição à vibração local que ocorre quando uma parte específica do corpo fica em contato com um objeto vibrante, tal como uma furadeira elétrica. A exposição ao corpo vibratório pode ocorrer estando sentado ou de pé, perto do ambiente de operação de grandes sistemas vibrantes, tais como na operação de veículos pesados ou perto de grandes máquinas.
OUTRAS CONDIÇÕES As condições que podem influenciar a presença e a magnitude dos fatores de risco podem incluir:
Temperaturas frias;
Pausas e descansos insuficientemente curtos;
O ritmo de trabalho com máquinas e;
O trabalho não costumeiro ou não familiar (sem treinamento prévio).
Figura 4-13 – Máquinas que produzem vibração
FATORES DE RISCO DE ORIGEM PSICO-SOCIAIS As perguntas que devem ser feitas são: por que a probabilidade de acidentes ou doenças aumenta quando o esforço se torna esgotante? gerenciamento
e
que
tipo
Que práticas e políticas de de
comportamento
dos
trabalhadores podem causar esgotamento físico no local de trabalho?
Um exemplo da última pergunta é o excesso de
carga de trabalho. Figura 4-14 – Outras condições
FATORES PESSOAIS Além dos fatores de trabalho citados anteriormente, existem riscos específicos de cada trabalhador tais como a idade, a medicação, a nutrição, o gênero, os hobbies, o condicionamento físicos, o uso de álcool, drogas, tabaco e cafeína. Esses fatores de risco podem ser mitigados com programas de educação e de higiene e segurança do trabalho.
4 .3 .3 .
Os Trabalhos Manuais
As cinco atividades envolvidas nos trabalhos manuais são:
Levantar/Abaixar
Empurrar/Puxar
Balançar
Carregar
Segurar
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
154
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Levantar e Abaixar Levantar: é o fato de elevar uma masa de um nível inferior para um nível superior. Abaixar: é a ação de fazer força para descer uma masa de um nível superior para um nível inferior. Recomenda-se sempre levantar pesos em posições não mais baixas que os joelhos e não maior que os ombros.
Figura 4-15 - Técnica incorreta e correta de levantar um peso
Empurrar e Puxar Empurrar: é fazer força contra um objeto de forma a movimentá-lo para longe do nosso corpo. Puxar: é fazer força para trazer um objeto para perto do nosso corpo. Se for possível escolher, prefira sempre empurrar os objetos.
Figura 4-16 – Empurrar e puxar
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
155
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Balançar Balançar: é a ação de movimentar a parte superior do corpo de um lado para outro enquanto a parte inferior permanece numa posição relativamente fixa. O balanço pode acontecer também com o corpo inteiro em movimento.
Carregar Carregar
Figura 4-17 - Balanço
Carregar: é a ação de suportar ou agarrar um objeto enquanto haver o ato do movimento.
O peso do objeto se soma ao peso da
pessoa que está fazendo o serviço.
Figura 4-19 - Carregar objetos
Segurar Segurar: é o fato de suportar ou agarrar um objeto numa posição estática.
Figura 4-18 – Segurar objetos
Figura 4-20 – Sangue versus fluxo sangüíneo
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
156
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
4 .3 .4 . Esforço físico imposto ao sistema músculo-esquelético As forças compressivas nos discos L5 e S1 excedem os 250 kg ocasionando quatro vezes mais lesões que qualquer força menor que esse valor. O balanço na metade de um levantamento de uma carga amplifica essas forças na parte inferior da coluna. Os discos fornecem flexibilidade à espinha e atuam como absorvedores de impacto. A consistência do centro dos discos é parecida com a gelatina.
Eles são
rodeados por uma faixa de tecido parecido com a borracha, e que está aderido aos das vértebras.
Figura 4-21 - As vértebras da coluna vertebral
Figura 4-22 - A composição da coluna vertebral
A MECÂNICA DO CORPO NO LEVANTAMENTO DE PESOS Imagine que você deve levantar uma caixa de 25 kg, a uma distância horizontal da sua coluna de 50 cm. O corpo humano pode ser modelado de forma simplificada na forma de um sistema de alavancas como mostra a Figura 4-23. Para poder suportar uma carga de 25 kg a 50 cm, o sistema músculo-esquelético deve se fazer uma força equivalente a 250 kg (1/4 de tonelada). Por causa disso é importante diminuir a distancia da carga (DL) sempre que possível.
Figura 4-23 – Sistema de alavancas
Esforço (E)
Distância do Esforço (DE)
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
157
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Carga (L)
Distância da Carga (DL)
A Figura 4-24 mostra as fontes de força encima dos discos de L5 e S1. Aqui não foi colocado o impacto adicional de forças provenientes do balanço inclinação da carga e das costas.
Os esforços na parte inferior da coluna aumentam assim que
aumentam os seguintes ângulos:
A: Ângulo entre a vertical e a parte superior do tronco.
B: Ângulo entre o eixo do tronco e o braço.
C: Ângulo entre o braço e o antebraço.
Figura 4-24 – Fontes de força sobre os discos L5 e S1. O tamanho dos círculos indica a magnitude do esforço.
Algumas recomendações para levantar pesos de forma segura para prevenir lesões na coluna e nos músculos das costas incluem:
Verificar o objeto antes de tentar ser elevado;
Testar cada carga antes de ser elevada empurrando o objeto suavemente com as suas mãos ou pés para ver se ele se move com facilidade. Isso é uma indicação sobre o quão pesado ele é. Lembrar que tamanho pequeno nem sempre implica em carga leve.
Verificar se a carga está bem embalada.
Tenha certeza que o peso está balanceado e que a carga não se moverá dentro da embalagem. As peças soltas dentro de uma caixa podem ocasionar acidentes se a caixa estiver desbalanceada.
Verifique que é a carga é fácil de agarrar, antes de ser levantada. Se for necessário coloque alças para ajudar a levantar a carga com segurança.
Figura 4-25 – Levantando pesos com segurança
Veja se a carga está num local fácil de ser alcançada. Você pode sofrer lesões se você arquear a coluna quando estiver levantando uma carga que estiver sobre o nível da sua cabeça. Nesses casos use uma escada.
Verificar a melhor forma de levantar o objeto. Use movimentos suaves e leves. Movimentos rápidos e bruscos podem estressar os músculos das suas costas.
Mantenha o seu corpo de frente para o objeto enquanto ele é levantado. O Balanço durante o levantamento pode danificar as suas costas.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
158
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Manter a carga o mais perto possível do seu corpo.
Se for possível, levanta a carga com as suas “pernas”. Para fazer isto, dobre os joelhos para carregar o objeto, mantendo a coluna reta.
Figura 4-26 - Técnica correta e incorreta no levantamento de um objeto pesado.
Tente carregar o objeto no espaço existente entre os ombros e a sua cintura.
Vá por partes. Faça pequenos intervalos entre levantamentos se você tem que carregar um grande número de objetos.
Não se sobrecarregue. Não tente levantar peso demais para você. Se você sentir que está muito pesado, então o objeto é muito pesado para você.
Tenha certeza que há espaço suficiente para levantar o objeto de forma segura. Limpe o espaço ao redor do objeto antes de levantálo.
Observe ao redor do objeto antes do Figura 4-27 - Uso de carrinhos levantamento e sempre olhe ao redor do seu caminho se o estiver carregando. Tenha certeza que você enxerga onde está caminhando. Saiba de antemão onde a carga deverá ser descida.
Evitar caminhar em superfícies escorregadias ou irregulares enquanto estiver carregando alguma coisa.
Peça ajuda antes de levantar uma carga pesada. Use um carrinho ou um mecanismo de elevação se possível.
Determinar qual é o valor máximo de carga, de acordo com as seguintes características: o peso do objeto a ser levantado; a posição da carga com respeito ao corpo, ponto inicial e final, e distâncias verticais e horizontais; a freqüência de levantamentos por minuto; a duração do levantamento (ocasional = menor que 1 hora/dia; contínua = mais que 1 hora/dia)
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
159
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-28 - Limites máximos de peso e distância para o levantamento de cargas
TRABALHANDO SENTADO No caso de trabalho sentado, os itens de uso geral devem ficar num raio de 40 cm do trabalhador.
No caso de itens pesados, esses devem ficar na frente do
trabalhador. Deve se evitar a inclinação para pegar algum item. A posição de sentado comprime 40% a mais o disco lombar L3 que no estado em pé, e de 80% a mais durante uma flexão. Além disso, a postura sentado estática aumenta a fadiga geral do corpo.
TRABALHANDO EM PÉ Este tipo de trabalho é comum nos operadores de máquinas e em estações de trabalho.
Às vezes é requerido o deslocamento entre duas ou mais áreas para
completar uma determinada tarefa. Podem ser exercidas forças grandes e até ter que carregar cargas pesadas. Deve tentar se limitar ao máximo a inclinação para frente do tronco. Recomenda-se o uso de barras de apóio com altura ajustável para minimizar o esforço feito em pé, além do uso de apoios inclinados para o descanso dos pés e evitando posturas que reduzam a fadiga. O trabalho em pé está associado ao aumento de lordoses (curvatura na parte inferior da coluna), aumento na pressão na parte posterior do espaçamento lombar dos discos da coluna e em moléstias e fadiga nos pés pela pressão em superfícies muito duras.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
160
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
4.3.5.
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Trabalhando no Escritório
Muitas atividades das empresas e dos engenheiros é o trabalho com computadores. Alguns fatores devem ser levados em conta para evitar o surgimento das DMEs, dentre elas: postura, cadeira, escrivaninha, monitor do computador, mouse e os acessórios ergonômicos. Se possível, o trabalho deve ser projetado para permitir a inclusão de tarefas que não envolvam o movimento repetitivo e dinâmico dos músculos. Em geral, não deve se ultrapassar as 4 horas de digitação por dia, fazendo pausas de 3 minutos a cada 30 de digitação. Essas pausas devem incluir o movimento do corpo para evitar a fadiga nas costas ficando em pé e caminhando um pouco, por exemplo.
Figura 4-29 - Fatores de risco no trabalho de escritório
A Postura
Os pés devem ficar apoiados no chão, ou em um apóio especial (joelhos dobrando a perna num ângulo de 90º)
Não deve haver nenhuma pressão ocasionada pela parte frontal da cadeira nas sob as coxas.
A parte superior do corpo deve ficar ereta com a parte inferior da coluna firmemente apoiada num respaldo.
Os ombros devem ficar relaxados e não arqueados.
Figura 4-30 - Posição correta dos braços para trabalhar com um teclado
Os cotovelos e a parte superior dos braços devem ficar perto do corpo.
A cabeça deve ficar ereta ou levemente inclinada para a frente com o mínimo de esforços do pescoço. Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
161
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Os antebraços devem ficar horizontais e os pulsos devem ficar retos enquanto os dedos tocam o teclado.
Figura 4-31 - Forma correta e incorreta de trabalhar com um teclado
A Cadeira
Deve ser estável com base em forma de estrela de cinco pontas.
Deve ser ajustável na altura e apropriada à escrivaninha.
Deve ser estável, com ajuste de apóio das costas ajustável.
Deve rolar livremente quando usada em carpetes ou deslizar em superfícies duras.
Os apoios nos braços não são recomendados porque interfere com a habilidade de mover a cadeira perto o suficiente da escrivaninha.
As Escrivaninhas
Prefira mesas de trabalho com altura ajustável. A altura da parte superior da superfície de trabalho deve ficar entre 580 mm e 730 mm acima do nível do chão. As mesas com alturas fixas, devem ter entre 680 mm e 720 mm.
A área mínima de trabalho deve ser de 1500 mm x 900 mm e a espessura máxima da mesa, 25 mm.
O volume espacial para os braços mínimo deve ser de 800 mm de largura x 550 mm de profundidade x 580 mm de altura.
A distância da visão de trabalho deve ficar entre 350 mm e 780 mm.
Não devem apresentar cantos vivos, saliências e nem superfícies ásperas.
É recomendado que a superfície de trabalho seja contínua devido ao uso do mouse e teclado.
Os Monitores de Vídeo
Recomenda-se que a tela seja colocada a aproximadamente a distância de um braço do usuário.
Ela deve ficar diretamente na frente do usuário, e nunca de lado.
A parte superior da tela e a inferior devem poder ser lidas sem ter que inclinar a cabeça.
Não deve apresentar ofuscamentos e nem reflexões.
Mouse
Figura 4-32 - Contra-exemplo
Para minimizar a fadiga quando utilizar
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
162
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
o mouse:
Colocar o mouse no mouse pad pare restringir a área de movimento da mão e do braço.
Assegurar que o mouse está sendo utilizado sem dobrar o pulso.
O mouse pad deve ser colocado tão perto for possível do teclado para evitar esticar o braço fato que pode ter impacto nos músculos dos cotovelos, ombros e no pescoço.
Prefira o uso de um teclado com touch-pad embutido.
O Telefone Deve estar colocado no lado não-dominante e se for utilizado com certa freqüência, a menos de 35 cm de distância.
Se o uso do telefone for uma das
principais tarefas, prefira o uso de um telefone com suporte de cabeça.
Acessórios ergonômicos Considerar
os
seguintes
acessórios
para
tentar
melhorar
os
fatores
ergonômicos:
Descanso para os pés.
Apóio vertical para documentos.
Base para o monitor com altura ajustável.
Filtro de tela.
Outras atividades repetitivas ou posturas Verifique outras ações repetitivas e posturas constantes. Por exemplo:
Atividades de laboratório de química: uso de pipetas.
Tarefas gerais: martelagem constante; levantamento repetitivo de cargas.
Tarefas eletrônicas: soldagem.
Iluminação
Os níveis de iluminação devem ser baseados na norma correspondente.
Alguns valores típicos são:
Iluminação de fundo: 200 Lux
Trabalho rotineiro de escritório (digitação, preenchimento): 400 Lux
Trabalho com pouco contraste (leitura de rascunhos): 600 Lux
A iluminação em excesso deve ser minimizada com difusores e as fontes devem ficar de lado e não de frente para evitar reflexões.
As janelas devem ser usadas do lado do usuário se possível e não diretamente atrás ou na frente da tela.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
163
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Figura 4-33 – Fatores a serem levados em conta no projeto de uma estação de trabalho
Ventilação
O movimento do ar de menos de 0.1 m/s pode deixar a sala abafada enquanto que o movimento de ar de mais de 0.2 m/s causa a sensação de correntes de ar.
As normas tipicamente definem valores de ventilação mecânica para uma qualidade aceitável do ar de no mínimo 10 litros/s/pessoa e em espaços gerais de escritórios de 10 litros/s para cada 10 m2 de área.
Climatização
Uma faixa de temperaturas confortável para o trabalho sedentário está entre 21ºC e 24ºC.
A faixa ótima de umidade relativa é de 40% a 50%. A umidade relativa abaixo de 20% causa a secagem dos olhos, nariz e garganta, além de provocar cargas elétricas estáticas. A umidade acima de 80% pode ocasionar fadigas.
As correntes de ar em torno do pescoço e pés podem ocasionar contração muscular.
4 .3 .6 .
Estratégias de Controle de Acidentes
As estratégias de controle devem ser adotadas de forma imediata para corrigir condições
potenciais
de
acidentes
de
comportamentos
inseguros.
Existem
basicamente dois tipos de controles básicos e que são o controle de Engenharia e o de Administração.
Os controles de engenharia reduzem e até eliminam os perigos
existentes pelo re-projeto e/ou substituição de equipamentos, incluindo:
A forma de transporte dos materiais, peças e produtos;
Alterando o processo ou produto para reduzir a exposição do trabalhador a fatores de risco;
Alterando o layout da estação de trabalho;
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
164
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
Mudando a forma de manipulação das peças, ferramentas, máquinas e materiais;
Mudando o desenho das ferramentas;
Alterando os materiais e os mecanismos de fixação;
Mudando a seqüência e forma de montagem;
Os controles de administração reduzem a exposição a perigos pelo controle dos comportamentos através do projeto dos procedimentos de trabalho, cronogramas de tarefas e uso de equipamentos de proteção. Alguns exemplos incluem:
Variação ou diversificação do tipo de trabalho para manter distância de certos fatores de risco tais como movimentos repetitivos, posturas estáticas e incômodas, etc.
O treinamento no reconhecimento de fatores de riscos das DMEs e fornecimento de instruções que facilitem a demanda das tarefas.
Ajuste do ritmo de trabalho para evitar o risco de movimentos repetitivos e fornecer ao trabalhador mais controle do processo do seu trabalho.
Redução das horas extras.
Rotação de trabalhadores entre vários tipos de serviço que requeiram demandas físicas diferentes para reduzir os esforços nas costas e em outras regiões do corpo.
Promover no cronograma de tarefas mais intervalos para permitir o descanso e a recuperação das funções motoras.
4.3.7. Os Programas Ergonômicos nas Empresas As empresas mais inteligentes executam programas constantes de Higiene e Segurança do Trabalho junto aos seus colaboradores, clientes, fornecedores e a sociedade em geral, para aumentar a sua produtividade.
Esses programas são
baseados nos princípios ergonômicos e na avaliação de riscos das operações específicas. Alguns benefícios dos programas ergonômicos são os seguintes:
Diminui a freqüência de acidentes de trabalho
Melhora a moral dos empregados
Para cada R$ 1 investido em re-projeto de tarefas e de operações de engenharia, são poupados entre R$ 11 a R$ 35 em custos de produção.
Aumento da produtividade, causando aumento nos lucros.
Diminuição dos custos dos seguros.
Evita acidentes e doenças antes delas ocorrerem.
Alguns exemplos do mundo real:
A empresa Deere & Co, em 1979 depois de uma tentativa de prevenção de acidentes chegou à conclusão que os métodos de prevenção utilizados foram insuficientes para alcançar os resultados desejados. Então, foi criado um programa ergonômico com envolvimento intensivo de todos os
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
165
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
colaboradores. Esse programa resultou na redução de mais de 83% das moléstias de coluna vertebral e reduziu a composição dos custos de trabalho em 32% no ano de 1984.
4.4.
No Dodger Stadium foram re-projetadas duas lancherias ao custo de US$ 40000, reduzindo a média do tempo atendimento por cliente em 8 segundos e aumentando o faturamento em US$1200 por lancheria por jogo, melhorando também a satisfação dos clientes. O re-projeto se pagou nos próximos 33 jogos.
Evitando acidentes de trabalho Existem outros fatores críticos no ambiente de trabalho que podem ocasionar
acidentes nos trabalhadores, entre elas podemos citar: cargas suspensas, líquidos e gases tóxicos, ferramentas cortantes e perfurantes, materiais quebradiços, massas em movimento de rotação e translação, eletricidade, umidade, materiais quentes e muito frios, deslizamento de terra e de material granulado, radiação ionizante e não ionizante, incêndios e explosões. Nas suas atividades, os trabalhadores deverão usar o EPI23 adequado para evitar qualquer lesão devida a fatores de risco existentes no local de trabalho. O fornecimento do EPI e a educação do seu uso são de responsabilidade da empresa (do engenheiro responsável), porém a forma do seu uso e a manutenção do mesmo são responsabilidades do trabalhador.
AS CARGAS SUSPENSAS É bastante comum suspender massas para efetuar manutenção de máquinas ou para deslocamento das mesmas.
Às vezes o transporte e elevação são de
mercadorias num almoxarifado. Recomenda-se que ninguém fique a uma distância horizontal inferior à altura da carga suspensa, i.e., para uma carga suspensa a 4 metros de altura, nenhum trabalhador deverá ficar a menos de 4 metros de distância horizontal do eixo da carga.
Recomenda-se o uso de capacete para serviços onde
algumas pessoas podem estar trabalhando em escadas e outras embaixo delas.
OS LÍQUIDOS E GASES TÓXICOS Muitas empresas de manufatura utilizam líquidos e gases que dependendo das suas quantidades e concentrações podem ser tóxicos.
No caso de líquidos tóxicos
devem ser usados equipamentos de proteção tais como luvas e sapatos com materiais e sola resistente aos mesmos. Os trabalhadores devem tentar evitar tocar em líquidos derramados.
Alguns líquidos podem liberar gases tóxicos quando em contato com
algum material não inerte. Recomenda-se evitar cheirar qualquer substância líquida. No caso de gases tóxicos devem ser usadas máscaras de proteção com filtros de carvão ativado e outros dependendo do tipo de substância química.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
Alguns gases são
166
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
capazes
S L
de
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
corroer
as
roupas
de
poliéster,
assim
como
alguns
líquidos
desengordurantes atravessam um calçado tipo tênis e são capazes de derreter a pele.
AS FERRAMENTAS CORTANTES E PERFURANTES O uso cuidadoso das ferramentas cortantes e perfurantes é uma prática obrigatória. Recomenda-se o uso de luvas de couro ou de malha de aço para trabalhar com este tipo de ferramentas além de calçado de couro com ponteira de aço e sola de borracha especial. Os óculos de proteção também são itens obrigatórios na proteção contra pedaços de metal ou outro material que possa se desprender durante a operação da ferramenta.
Outros itens de proteção são as roupas de algodão de
mangas longas e calças compridas.
MANIPULAÇÃO DE MATERIAIS QUEBRADIÇOS E AFIADOS E PONTIAGUDOS A manipulação de vidros, cristais, peças metálicas sem acabamentos e até papel, podem cortar a pele, músculos, tendões e às vezes até ossos. Para manipulação destes materiais se recomenda o uso de luvas de couro, malha de aço, além de botas e roupas adequadas.
MASSAS EM MOVIMENTO DE ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO Um fator de risco nas indústrias são as massas em rotação tais como motores, redutores e outros, e as massas em translação, tais como veículos, robôs e partes operativas das máquinas. Nunca se deve colocara as mãos em nenhuma máquina que estiver acionada, nem para sentir a temperatura de trabalho. Mesmo que um eixo de máquina pareça parado, ele poderá vir a funcionar de repente, de forma automática e sem aviso prévio.
As vezes um rotor está funcionando mas visualmente parece
parado, devido a um sincronismo de freqüência entre a iluminação fluorescente e a oscilação mecânica, num fenômeno conhecido como efeito estroboscópico.
Este
fenômeno é evitado pelo uso de reatores eletrônicos.
A ELETRICIDADE A energia elétrica é um fator que pode ocasionar a morte de uma pessoa, se for atravessada por uma corrente superior aos 25 mA, e não for socorrida adequadamente nos próximos 5 minutos. Fios desencapados ou danificados, contatos sem proteção, falhas, aterramento inadequado das máquinas e instalações, podem provocar lesões permanentes nos trabalhadores. Recomenda-se o uso de botas com sola de borracha e luvas para isolar o trabalhador especialmente em locais úmidos de trabalho. Em sistemas de alta tensão um trabalhador pode levar uma descarga elétrica mortal a 5 metros ou mais de distância, diretamente pelo ar. 23
EPI: Equipamento de Proteção Individual. Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
167
N T
O R
Ç A
Õ B
E
S
A
L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
UMIDADE
A umidade pode provocar diminuição da resistência elétrica dos dispositivos isolados
eletricamente
assim
como
deixar
o
piso
escorregadio
e
facilitar
o
espalhamento de algum líquido tóxico que porventura tenha sido derramado por acidente. Usar sempre botas com sola de borracha e com desenhos que aumentem o atrito.
OS MATERIAIS QUENTES E MUITO FRIOS Nas indústrias em geral sempre há zonas quentes tais como tubulações de vapor de água, fornos, sistemas de fundição e outros.
As proteções para estes
ambientes são roupas grossas que protejam as pernas e os braços, botas de couro, luvas, óculos de proteção e às vezes roupas especiais. Existem também sistemas muito frios tais como refrigeradores, frigoríficos, tubulações de nitrogênio líquido e outros, onde o trabalhador deve ser protegido por roupas, calçados especiais, óculos e luvas.
OS DESLIZAMENTOS DE TERRA E DE MATERIAL GRANULADO Alguns processos tais como em silos, moinhos, indústrias de cimento, indústria de alimentos, minas,
grandes construções e outras aplicações de
engenharia, o trabalhador deve ser protegido do acontecimento de um eventual soterramento.
Podem ser usadas máscaras de oxigênio e práticas adequadas para
minimizar o acontecimento de algum acidente.
O RUÍDO As máquinas em geral, quanto mais componentes e maiores forem, produzem maior vibração mecânica, sendo uma parte da mesma conduzida através do ar. Nesses casos é obrigatório o uso de protetores auriculares para não perder o sentido da audição.
A RADIAÇÃO IONIZANTE E NÃO IONIZANTE As radiações ionizantes são aquelas geradas de fontes de raios ultravioleta, raios X e raios gama. Este tipo de equipamento é utilizado na indústria eletromédica, na manutenção de caldeiras e outros componentes mecânicos, e na geração de energia elétrica de origem termonuclear.
Para prevenir doenças devem ser usados
equipamentos e roupas especiais, normalmente com revestimento de chumbo. Para a proteção das radiações ultravioleta, para atividades ao ar livre, deve ser usado um chapéu para proteger o rosto, pescoço e nuca; bloqueador solar, óculos de cristal ou plástico com proteção UV e roupas de manga e calça comprida, assim como luvas e
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
168
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
calçados apropriados.
No caso de operação com equipamentos de solda, deve ser
usada a proteção de máscara especial, além de luvas para manipular o eletrodo de solda.
Figura 4-34 - Trabalhador operando um equipamento de solda vestindo o EPI adequado.
A radiação não ionizante é aquela proveniente de sistemas de transmissão de microondas e de campos elétricos e magnéticos de grande intensidade, porém de baixa freqüência proveniente de transmissão em alta tensão da energia elétrica.
As
microondas podem provocar leucemia e outros tipos de câncer derivados de mutações das células, nas pessoas que expostas desde muito jovens e por muitos anos a grandes intensidades de campo eletromagnético como o gerado pelas antenas transmissoras de sistemas de telefonia celular e de sistemas de transmissão via satélite. As leis que limitam a potência e a distância desse tipo de radiações estão cada vez mais estritas. As doenças produzidas pelos campos eletromagnéticos das redes de transmissão de energia elétrica estão sob estudo, e não se descarta a possibilidade de aumento da probabilidade de casos de leucemia e outros tipos de deformações do DNA em crianças em desenvolvimento que estiverem expostas constantemente a este tipo de radiação de baixa freqüência. Para os trabalhadores que possam ficar expostos a este tipo de radiação recomenda-se o uso de salas com revestimento metálico de malha aterrada na forma de uma gaiola de Faraday.
OS INCÊNDIOS E EXPLOSÕES Muitas
indústrias
que
trabalham
com
materiais
combustíveis
podem
apresentar o risco de incêndio e até explosões. Os trabalhadores devem ser treinados para reagir a este tipo de situação que é específica do tipo de acontecimento e do tipo de indústria. Em geral os trabalhadores devem ser treinados sobre os diferentes tipos de extintores e de riscos aos quais poderão estar expostos. Até a sujeira acumulada no forro da empresa pode ser a causa de uma explosão generalizada.
AS QUEDAS As quedas são as principais causas de lesões nas indústrias. Muitas quedas acontecem de alturas elevadas e outras por escorregamento. Quando o operador trabalhar em escadas, andaimes ou em outro dispositivo de elevação, é obrigatório o Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
169
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
uso de cinto de segurança. Também deve ser usado um calçado adequado para evitar escorregamento em pisos úmidos e escadas de acesso.
RISCO BIOLÓGICO
4.5.
Exercícios a. Listar as formas de reduzir os riscos associados com a ação de: a. Levantar e abaixar. b. Puxar e empurrar. c. Balançar o corpo. d. Carregar objetos. e. Segurar objetos. b. Observando as fotografias da Figura 4-35, comentar que tipo de controle (de engenharia ou de administração) deve ser considerado para corrigir o potencial de lesões e acidentes.
Figura 4-35 – Controles de engenharia e de administração da operação
c. Analisar os antes e depois das seguintes figuras:
f.
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
170
N T
O R
Ç A
Õ B
E A
S L
D H
E
E
R
G
O
N
O
M
I
A
E
S
E
G
U
R
A
N
Ç
A
D
O
O
g.
h.
4.6.
Referências Bibliográficas
Engenharia - Uma Breve Introdução – Parte IV
171