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evangelizando
MEIO AMBIENTE E ESPIRITUALIDADE Não há projeto do SOR - Serviço de Orientação Religiosa que não traga a questão ambiental para o centro. Defender o meio ambiente é cuidar da própria existência, e é a partir desse entendimento que cada um dos projetos se estrutura. “Partimos de algumas questões que são balizadoras, como pensar nos que virão, a valorização do coletivo em detrimento do individual e a solidariedade. Tudo isso passa necessariamente pela idéia de preservação do planeta”, argumenta Irmã Elda, coordenadora do SOR.
No Semear, os pequeninos da 3ª série se debruçam sobre a terra. Eles estudam tipos de solo e plantam com as próprias mãos sementes que vão resultar em vida fértil. “Plantamos girassóis e aprendemos que cada plantinha daquelas merece ser cuidada. É uma experiência que nos ensina que ficar em grupo é muito melhor que sozinho na frente da TV”, diz Beatriz Bezerra, a porta-voz de um grupo bem maior, formado pela Juliana, Mariana, Laura e tantas outras. O Projeto Acampamento é a melhor tradução desse contato com a natureza. Ali, alunos aprendem a viver com o essencial, em barracas de acampamento, longe dos descartáveis, dos supérfluos e dos espelhos. “Vi que tem tanta coisa que a gente possui e
não precisa. Foram 48 horas sem olhar para o relógio, sem computador, sem os eletrônicos e, quando passou, vi que poderia viver sem tudo isso. É um momento único em que aprendemos a ouvir o silêncio”, define Ruama Pinheiro, do 1º ano. Do Semear, passando pelo Mochilinha, Fórmula 1, Máscara, Geração, Fermentinho, Entre Amigos, Acampamento, 24 horas. Todos os projetos formam militantes anticonsumo; ensinam a respeitar ao próximo e a si mesmo; a cuidar do corpo e da alma e transgridem a idéia do tempo. “É uma experiência sublime desacelerar, abrir mão do movimento, do barulho da grande cidade e se permitir um pouco de silêncio e calma. Isso é viver intensamente”, diz Lívia Brandão, 1º ano.
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Para onde iremos? O que queremos? O que veremos? Muitas dúvidas nas mudanças da sociedade mundial. A moda que se adianta e que volta atrás: linhas, cores, estamparia, o curto, o longo, o logo, agora e às vezes nem sempre. A música não pára. A literatura da imaginação. Os brinquedos do tempo em que professor era aluno. SInCEramente, o que se viu nas salas de exposições foi uma verdadeira “enciclopédia mix”. Bem preparada, de uma diversidade cultural e investigativa que os alunos do Colégio Santa Cecília souberam, e muito bem, desenvolver e apresentar para quem estivesse curioso em desvendar o passado, o presente e um novo olhar para o que vem e para onde iremos. A moda e a matemática, pode? Sim! Caminham juntas. Passos que vão seguindo os tecidos estendidos. Traços, moldes, roupas e quando você menos espera... acaba na dança da passarela ao lado de “super stars”. O menino e seus brinquedos, o menino e seus filmes, o
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O SANTA CECÍLIA REPRESENTA O BRASIL NA EXPO 2008 Alunos do Santa Cecília se tornaram embaixadores juvenis do Brasil na Expo Zaragoza 2008. O convite do Governo brasileiro, inédito entre escolas do Brasil, levou 48 alunos do Santa Cecília a participar da Exposição Mundial que, nesta edição, envolveu 150 países. Zaragoza, na Espanha, foi o cenário da maior exposição de abrangência mundial que trata de assuntos emergentes. O tema de 2008 é “Água e desenvolvimento sustentável”. No dia 20 de junho, os alunos foram protagonistas do Brasil no espaço intitulado “Águas de Março”, reservado ao País. Eles conversaram com os visitantes sobre as condições dos nossos principais rios e a questão ambiental no Brasil, apresentaram um manifesto redigido por eles mesmos e ainda participaram de um chat para responder a perguntas de jovens em todo o mundo. Não é a primeira vez que o Santa Cecília comparece a uma Expo. O Colégio esteve nas Expos de Lisboa (1998), que tratava dos mares e oceanos; e de Hannover, que tinha como tema a tecnologia. Em julho, a Escola será representada por 48 estudantes e 5 educadores que estarão percorrendo os inúmeros pavilhões da megaexposição. Essa iniciativa faz parte de um roteiro bem maior chamado EURO, um projeto que ocorre desde 1994 e que já levou quase 400 expedicionários da Escola para um mês de viagem por diversos países do Velho Mundo. Nessa sétima edição do projeto, os países visitados foram Portugal, Espanha, Itália, Áustria, República Tcheca, Alemanha, Holanda, Suíça, Bélgica, França e Inglaterra. O grupo, que se formou desde março do ano passado e viajou em junho, preparou-se para a viagem pedagógica em reuniões mensais, durante as quais os alunos estudaram sobre as nações visitadas, sobre a União Européia e sobre arte, cultura e costumes do Continente.
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“Sempre fui péssima em Física, mas nunca pensei, em toda a minha vida, que teria tanta dificuldade em definir o “tempo” quanto tive na EURO. A sensação de visitar três países em um dia e exclamar um já?! Quando alguém te indica as horas. Pode-se dizer que é aí onde a magia começa. Quando ela termina, não sei dizer, pois, para mim, ela permanece bem viva. Foram tantas as sensações e emoções vividas: andar em Florença e pisar no local onde, talvez, Da Vinci e Michelangelo tenham discutido algum dia ou visitar castelos e cidades medievais onde a história pulsa e se espalha a partir do que sobrou. Sinto-me realizada em dizer que a EURO foi a experiência mais maravilhosa que passei em minha vida.” Marina Porto Almeida (1º B)
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TRILHANDO CAMINHOS NORDESTINOS O Cariri abre a temporada de Viagens Pedagógicas do Santa Cecília. Alunos da 6ª série embarcam por caminhos que contam muito da história do nosso sertão: um mergulho na poesia do Patativa, a grandiosidade da Fundação Casa Grande, as muitas histórias de Padre Cícero, o esplendor natural da Chapada do Araripe. “É de uma riqueza incontestável conhecer a história do povo que teve sua Jaguaribara destruída e reconstruída; perceber que no Cariri as pessoas transmitem no gestual a fé e a esperança; contemplar a região no seu aspecto geográfico e histórico”, empolga-se Silvia Helena, do Serviço de Orientação de Turma (6ª série). Do Cariri para Pernambuco. A terra do frevo é o destino dos alunos da 5ª série que fazem uma imersão na cultura pernambucana, com seus maracatus, museus a céu aberto, projetos ecológicos e que conta sobre as origens da Congregação Damas no Brasil (é em Pernambuco que se encontra a primeira escola da congregação da qual o Santa Cecília faz parte).
Próxima parada, São Luís, capital do Maranhão: terra da valorização da cultura e dos ritos tradicionais e de uma beleza arquitetônica ímpar. “Ali, todo o povo sabe contar a história do tambor de crioula, do bumba-meu-boi. A cidade fica toda em festa, enfeita-se e incorpora os personagens do folclore”, descreve Silvia. Dali, parte-se para Alcântara, que, apesar da turbulenta travessia de barco, exprime por seus casarões históricos um importante período do Brasil. Para arrematar, os Lençóis Maranhenses, dunas e lagoas que se entrecruzam formando miragens paradisíacas. “Imaginei que no Cariri só tivesse cidades pobres e sem graça, e não é nada disso. Foi importante porque aprendemos sobre a cultura de um lugar histórico que muita gente esquece e não quer saber por ficar no interior do Ceará. Eu mesmo não queria ir e aprendi muito sobre a história do padre Cícero, da beata, sobre aquele período histórico. E achei uma região muito bonita.” Rodrigo Aguiar (6ª D)
VIAGENS PARADISÍACAS O Santa Cecília é uma das poucas escolas que incorporou educação ambiental ao seu currículo. “Isso sem sombra de dúvida é um dos diferenciais entre uma simples viagem e a expedição pedagógica quando nos referimos à educação ambiental. Normalmente, o aluno não se vê inserido em um contexto ambiental, muitas vezes não consegue ver o quanto o estudo da ecologia é importante para sua vida”, diz Rodrigo Forti, professor de Biologia e um dos organizadores da viagem à Chapada Diamantina. A viagem é, então, uma ferramenta poderosa nessa formação de novos ambientalistas. “O objetivo maior é despertar a consciência de preservação, fazendo com que os alunos compreendam que são parte do meio ambiente e precisam atuar positivamente nele. Disso depende a própria sobrevivência”, reforça Marcôncio Targino, professor de Biologia que já acompanhou as viagens para Fernando de Noronha, Delta do Parnaíba e Lençóis Maranhenses. Dos roteiros paradisíacos à realidade das grandes cidades, tudo passa pela questão ambiental e pode ser um grande laboratório natural. “Podemos estudar, nas cidades, a ecologia urbana muitas vezes esquecida por nós e talvez a que mais interessa diretamente. Em lugares como Chapada Diamantina e Fernando de Noronha, os alunos realmente conseguem sentir que o mundo a sua volta mostra sinais que, se preparados, conseguirão interpretar e assim tomar decisões que poderão garantir a nossa própria sobrevivência”, adverte Forti. Em toda a história do Planeta Terra, nunca uma espécie teve a capacidade de controlar a vida não só da sua população como também de todas as outras existentes. O futuro da espécie humana e de todas as outras depende diretamente ou
indiretamente de nossos atos de hoje. Haja responsabilidade! E também haja diversão e poder de contemplação: “Dentre todas as viagens pedagógicas, a Chapada Diamantina é, ao meu ver, uma das mais fantásticas e completas. Como eu costumo dizer, se Deus tem um lugar de descanso na Terra este seria a Chapada. Muitos alunos ficam fascinados com o que aprendem e com sua beleza natural. Não há coisa mais fantástica do que contemplar o Poço Encantado e pensar sobre a vida”, finaliza Rodrigo Forti.
Chapada Paisagens vi Paisagens contemplei Mas nunca te perdoei Por nunca te dizer que sempre te amei Amor e magia estão em todo canto É como se de uma bolha pudesse explodir cada recanto E ainda viver seu canto É como se na perfeição estivesse entrando Viver é a palavra que descreve a sensação de estar lá Viver o que jamais viveu Viver o que talvez você jamais viverá Chapada, aqui é meu lugar. Gabriela Nascimento Sabóia de Castro (9ª C)
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estamos por dentro
TEMPO PARA SER FAMÍLIA Um dia para esquecer compromissos, atrasar o relógio, sentar na grama, comer sem pressa, brincar de amarelinha... Este ano o Santa Cecília comemorou a décima edição de um projeto que tem gosto de pura infância: o “Projeto Vida - Brincando em Família”. Trata-se de um encontro que já é tradição na Escola e que, desde 1998, tem como maior desafio fortalecer a alegria de estar junto, em família. E não importa o tipo de família, podem vir os avós, enteados, a tia, a madrinha, o pai, a madrasta. O importante é reunir todo mundo para, juntos, dedicar o tempo às brincadeiras de outrora, como a corrida de saco, jogo de bila, carrinho de mão, bola de sabão, subida nas copas das árvores. E o décimo encontro trouxe como foco das reflexões a preservação do meio ambiente. O cenário escolhido foi o Parque Adahil Barreto, possibilitando um maior
contato com a natureza e com o outro, numa atitude de atitude de respeito à vida em todas as suas formas. Na programação, o tempo é pouco para as contações de histórias, caça ao tesouro, jogos tradicionais, estações diversas e um divertido piquenique. Na Estação Verde, espaço para plantar mudas e experimentar alguns tipos de chá: erva-doce, camomila e capim-santo. “A gente observa que, ao longo desses 10 anos, o maior diferencial do projeto é a possibilidade de sair dos espaços confinados como os shoppings e andar de pé no chão, respirar ao ar livre, brincar com os filhos. Freqüentar os parques, infelizmente, é hoje uma novidade, um hábito pouco comum, e é isso também o que a gente tenta resgatar”, avalia Leonília Souza, coordenadora da Educação Infantil e Ensino Fundamental.
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conhecendo as profissões
NOS BASTIDORES DA ESCOLA Não há quem não repare no brilho reluzente do piso do Santa Cecília, ou nas paredes lustrosas de pastilhas coloridas. É, mas por trás de tamanha limpeza e organização há um verdadeiro batalhão de funcionários “invisíveis” que fazem este espaço funcionar nos seus mínimos detalhes. Nos bastidores do Santa Cecília se revezam funcionários da limpeza, o pessoal do administrativo, a turma da segurança, cada um como peça de um quebracabeça perfeito. Todas as manhãs e tardes, Suely de Melo, a Sussu, percorre os corredores munida de seu carrinho de limpeza, não deixando passar nenhum resquício dos recreios agitados. “Trabalho aqui há 19 anos e me sinto em casa. O segredo da limpeza? Cada um sabe que tem que cumprir sua parte e, juntando num todo, chega-se ao objetivo final”, diz a responsável pela ala esquerda do bloco administrativo. No caminho de Sussu, na primeira porta à esquerda, fica a secretaria da Escola e, por 17 anos, Liduina Dourado, a Lidu, empresta seu sorriso e tranqüilidade ao trabalho burocrático e fundamental de organização de arquivos, documentação, produção de relatórios, censo escolar... “Gosto muito do atendimento ao público. É bom poder ajudar ao próximo. A minha vida inteira trabalhei em secretaria, e o Santa Cecília se diferencia por ser uma instituição muito humanizada, que se preocupa tanto com seus alunos como com seus funcionários”, avalia Lidu, que não perde atividades como a Semana Pedagógica e o Tríduo Santo. Em cena, quem dá suporte aos grandes eventos do Santa Cecília. Além de auxiliar a coordenação geral de serviços, Cleyton da Silva faz parte da equipe que põe de pé aqueles cenários cinematográficos da SICE e de tantas outras atividades da Escola. Antes do acender dos holofotes, ele se pendura em andaimes, faz e refaz o serviço até ver tudo deslumbrante para a noite de estréia. “É gratificante ver o resultado final do trabalho. As pessoas satisfeitas com aquilo que fizemos em grupo e com tanto esforço”, diz.
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Em matéria de esforço, Walderney de Souza merece medalha de ouro. Funcionário da portaria dos alunos, ele começou como zelador e hoje exibe a publicação de capa dura, resultado da pesquisa que desenvolveu e lhe deu o diploma de historiador pela UVA. “A minha meta agora é estudar para concurso público e trabalhar em sala de aula. Já sei que tenho talento para lidar com as pessoas, e isso é muito importante.”
Equipe do Diga Lá
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diga lá
“You say you want a revolution. Well, you know We all wanna change the world.” Lennon e McCartney
PARA ONDE IREMOS MESMO? Estamos cansados de ouvir dizer que pensamentos positivos geram coisas positivas. Mas, quando a juventude atual se vê diante de guerras por disputa de poder, torturas infligidas aos pequeninos, às mulheres e aos idosos, além de um preconceito difícil de ser superado, fica difícil acreditar que dias melhores virão.
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Diante disso, o Diga Lá! andando pelos corredores de quadradinhos coloridos - teve a “missão” de coletar idéias e teorias dos alunos do Santa Cecília para responder à pergunta que é lema da XX SICE: “Para Onde Iremos?” Da ponderação ao mais profundo pessimismo, várias foram as respostas encontradas. “Olhando pelo lado positivo, a tecnologia estará mais presente, os adultos serão mais conscientes de sua posição no mundo, teremos combustíveis alternativos, a energia solar estará mais em uso e as indústrias serão mais desenvolvidas, diminuindo a poluição no mundo”, disse Ana Beatriz Rebouças, do 1º ano B. A dificuldade que temos em crer que mudanças ocorrerão para melhorar a condição humana no planeta também se refletiu nos depoimentos: “Existe a diferença de onde iremos para onde queremos ir. Para ter alguma coisa que se preze, precisamos idealizar para tirar o melhor daquilo. O mundo precisa de idealismo, de pessoas que acreditem em utopias”, suscitou Daniel Mamede, do 3º ano A. De fato, é complicado sonhar com uma situação mais humana se ficamos presos a uma realidade nada agradável. É comum que os mais novos, devido às notícias, aos exemplos distópicos, percam a “vontade” de sonhar. A utopia por um mundo melhor tem sumido das cabeças mais jovens. A pergunta mais comum, no momento tenso em que se vive, está carregada de um caráter individualista: o importante é “para onde irei?” e não “para onde iremos?”. “Daqui a um tempo, deve ocorrer uma mudança que leve as pessoas a perceberem que, da maneira egoísta que vivemos, não dá”, foi contundente Humberto Miná, também do 3º A. Essa saída do plano pessoal para o coletivo é urgente, já que, pensando apenas no próprio bem, esquecemos o coletivo e passamos por cima de tudo. “Pode parecer clichê, mas cada gesto vale muito para o destino do planeta.
Somos nós, os jovens de hoje, que decidiremos o futuro de amanhã, e é muito triste não ter a certeza se esse amanhã existirá”, disse Marcela Baquit, do 1º ano B. “Essa geração que está vindo agora vive uma crise de valores. As anteriores se manifestavam e lutavam. A nossa sabe dos problemas, mas não luta para resolvê-los. Acostumamo-nos com a acomodação”, argumentou Sarah Sant'Anna, do 2º ano A. Alerta à classe média: uma vida confortável pode trazer o risco da insensibilidade. “Daqui a um tempo, com o aumento do medo da violência, as pessoas vão ficar cada vez mais trancadas e isoladas em suas casas e condomínios, que oferecem serviços de supermercados, escolas e lojas diversas”, disse Mariana Moura, do 1º ano B. O encarceramento leva ao distanciamento entre as pessoas e acentua o individualismo. Atrelado a isso, é mais fácil ainda que se apeguem ao seu mundo e não queiram abrir mão dele, afinal, “não tenho nada a ver com isso”. Apesar da conjuntura, é triste perceber que quem é normalmente responsável pelas grandes mudanças de pensamento está apenas prevendo catástrofes sem se preocupar com o que pode fazer para evitá-las, até por acreditar que “o mundo não tem mais volta”, como disse Mariana Lisboa, da 5ª série C. Afinal, onde está a força característica da juventude? Será que a acomodação e a alienação tomaram um espaço maior em nossas vidas do que a coragem de fazer diferente? As perguntas estão lançadas, agora cabe a nós respondê-las. *O Diga Lá é um grupo de estudantes do Santa Cecília que discute comunicação, cultura, participação e outros temas.
Daniel: 1o lugar em Medicina na UFC - Fortaleza
Alguns destaques em 2008