CIRCUITO REGIONAL DE
PERFORMANCE
BODEARTE de 04 a 09 de julho de 2011
coletivo es3 sandro souza silva grupo totem grupo estandarte amor experimental e araramboia de fogo projeto cadafalso projeto balbucio mary vaz c.i.p. charlene sadd Zmario jean sartief carol piñeiro beto leite joto gomo lúcio agra mandú performance art marcelo gandhi vinícius dantas arthur scovino ramilla souza tábata costa joão viannei
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apresentação................................. 4 programação.................................. 5 texto do programa......................... 9 performances............................... 11 vídeos............................................ 21 exposições.................................... 25 instalações.................................. 28 telepresença............................... 30 oficina.......................................... 32 fórum de performance................ 35 agradecimentos........................... 51 ficha técnica............................... 52
apresentação O I Circuito Regional de Performance BodeArte aconteceu em Natal (RN) de 4 a 9 de julho do ano de 2011 no TECESol, sendo uma produção independente do Coletivo de Diretores ES3 e do Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias. Entre os 5 dias de evento houveram apresentações artísticas, exposições fotográficas e videográficas, bate-papo com os artistas participantes, oficina e fórum de performance. Contamos nesta edição com a presença da Prof.ª Dr.ª Naira Ciotti enquanto ministrante de oficina e os Profs. Drs. Wellington Jr. e Lucio Agra enquanto performers, além de performances de cerca de 9 estados do nordeste e de fora dele na figura de performers como Mary Vaz (AL), Charlene Sadd (RJ/AL) e Maicyra Leão (SE) e coletivos como o Projeto CadaFalso (CE) e o Grupo TOTEM (PE) dentre vários outros. O I Circuito Regional de Performance BodeArte surgiu para suprir a necessidade de um mapeamento dos corpos em performance no nordeste brasileiro, para estabelecer através do mapeamento uma rede consciente de si e diversa em suas diferenças e contradições de cenário. É válido salientar que a nomenclatura de “regional” indica o enfoque do mapeamento promovido por seus produtores (voltado a performers da região Nordeste do Brasil), e não limitação espacial para aqueles que desejem participar do circuito. Durante o ano de 2011, após a realização do I Circuito, o Coletivo de Diretores ES3 tem viajado o Brasil em eventos como o Tubo de Ensaios da UNB e o PERFOR2 da Associação Brasil Performance levando os primeiros resultados do mapeamento realizado nesta edição do Circuito, tendo também uma palestra aprovada no edital de ocupação Projeto Cena Aberta, onde apresentou estes resultados na cidade sede do evento. Em 2012, além de estar produzindo a segunda edição do Circuito, o Coletivo ES3 estará viajando ao México para participar do Encuentro do Instituto Hemisférico de Performance levando as experiências de mapeamento e produção do evento.
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programação Dias 4 e 5 19h Oficina sobre performance “Diálogos Contínuos em Palcos Pós-Estruturados”, com a Prof.ª Dr.ª do Deart/UFRN, Naira Ciotti.
Dia 6 19h Bate-Papo com o tema “Processos Criativos em performance”, com os participantes. Aberto ao Público.
Dia 7 19h -”Outro Manifesto: Um Artista da Fome”, de Chrystine Silva (RN), -”O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum”, de Yuri Kotke (RN) -”Dançando às Avessas”, de Sandro Souza e Silva (RN).
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programação Dia 8 19h
Performances em telepresença Proposições para o Recôncavo nº 2, de Mandú PerformanceArt (BA)
Performances presenciais - Nicho Portal do Imaginarium, do Grupo Totem (PE). - Como se Chama o Nome Disso? (1), de Marinalva Moura (RN) - Como se Chama o Nome Disso? (2), de Lenilton Teixeira (RN) - Big Bang – Performance Literocínica, de Washington Hemmes, do Projeto Cadafalso (CE) - De Todos os Laços, de Tito de Andrea, do Projeto Cadafalso (CE)
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programação
programação Dia 9
Dia 9
19h
19h
Performances presenciais.
Performances em telepresença
- SM, de Jean Sartief (RN)
- O Que Pode a Performance no Nordeste?, de Lucio Agra (SP) Vídeo - Desencontros e Procissão, de João Viannei (RN) - Levando os Elepês de Gal pra Passear, de Arthur Scovino (BA) - O educador, de Marcelo Gandhi (RN/SP) - Subindo, Subindo, Subindo, de Vinicius Dantas (RN) - Interdito 2.0, de Tábata Costa (SP) Fotografia - Movimento-Momento: Fragmentos no Tempo, de Andre Bezerra e Chrystine Silva (RN) - Sob Controle, de Beto Leite e Carol Piñeiro (RN)
- Proto-Nostradamus, de Felipe Fagundes (RN) - Híbrida, de Sandro Souza e Silva (RN) - Fragmentos de um Anônimo, de Mary Vaz (AL) - Esqueci Meu Coração, do Coletivo Independente de Performance (AL) - Rei-de-ratos, de Wellington Jr. - Projeto Balbucio. - Rótulo – As Impressões do Corpo, de Charlene Sadd (RJ/AL) - Des Em Cacho, de Vitor Salessi (AL) - “Isto Não é Body Art!”, 2011, da série “Depilação Masculina”, de ZMario (BA) - Primeiro Estranha-se, Depois Entranha-se, de Carol Piñeiro (RN) - Os sintomas, de Joto Gomo (RJ)
Instalação - Amor Experimental – Volume Bode, de Amor Experimental e Aramboiadefogo (SP) - Bafo 2.0, de Felipe Gomez e Vinicius Dantas (RN) - A Sinceridade Pode Deixar Marcas Maiores, de Ramilla Souza (RN)
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texto do programa O que pode a performance no Nordeste? Lúcio Agra O que pode a performance em uma região brasileira como o Nordeste? Eu mesmo respondo: tudo. Justamente porque ali se desenha há centenas de anos um modo de proceder na arte que desconhece fronteiras. Que faz uso de um dos mais entranhados procedimentos da própria arte contemporânea (sem falar do quanto já o foi para a arte moderna) que é a paródia. A paródia e o pastiche, como queiram os teóricos do pós-modernismo. “A cada canto um governador cabana e vinha/não sabem governar sua cozinha/ e querem governar o mundo inteiro”. Gregório de Mattos destilava seu mal estar na “incivilidade” baiana inaugurando o uso popular do artifício barroco de alta erudição que Pound viria a chamar, séculos mais tarde, de exercício no estilo de um outro criador. Agora, bem recentemente, coisa de poucos anos, a performance redescobriu esse exercício. E redescobriu seu aspecto crítico que vai embutido: quem vê lê e “só existe leitura de outra leitura” (Lucrécia Ferrara, bakhtinianamente). O que move toda a cultura, e particularmente no Nordeste, é o desdobramento de muitas leituras. Por isso se fascinou Paul Zumthor com a cantoria nordestina, a ela que foi apresentado por Jerusa Pires Ferreira.
A performance, termo com o qual Zumthor conjugou uma nova teoria para ele, ela e para o dizer poético, é a intensidade verbivocovisual que o cantador precisa fazer mover com seu corpo no espaçotempo. Na beira do mar. Em competição com os sons da rua. Onde mais pensar em tal intensidade da performance, mais, em tal legitimidade dessa arte de artes, “Carrefour das artes”, Renato Cohen dixit. Por isso agora um movimento como esse da Bode Arte, todo legítimo, necessário para fazer de novo o percurso – performar – fazer acontecer de novo a ação que outrora arrancou o jovem baiano de dentro do sertão, o jovem Glauber que mudou o estereótipo do cangaceiro, o que somente décadas mais tarde voltaria a ser feito. A performance, a perna que faltava na trempe, a perna cabeluda, aquilo e só aquilo que pode explicar o que escapa ao balé folclórico, à macumba pra turista, à fajutice oficializada. Ou, como diria Bia Medeiros, fuleragem, termo também tão do nordeste, como as dúzias de comediantes cearenses, lutadores pernambucanos, poetas piauienses (tantos pernambucanos também), samba alagoano, desafios do Sergipe, forró do Rio Grande do Norte, machos e machas da Paraíba, rastas maranhenses, as terras que deram Souzândrade, Kilkerry, Maranhão Sobrinho, a casta de artistas estranhos e sofisticados a deitar linhas que dão num Jaime Fygura, num Yuri Firmeza, num Solon Ribeiro, 9
num Paulo Bruscky, coletivo Osso, Zé Mário, Maycira, SPA das Artes, Oriana, pá de gente estranha, louca de dar nó, séria, seríssima e sofisticadíssima, as terras que deram Torquato, Caetano, Gil, Zé Agrippino, Wally um baiano, um coco, dois baianos, uma cocada e mais vários outros novos e velhos. Quer dizer, já faz décadas que o Nordeste não só tem dado régua e compasso mas agora também é o tiro certeiro, e ao mesmo tempo seu alvo, da performance. Não tenho a menor dúvida disso. É preciso montar circuitos e fazer com que vejam nossa existência por demais recalcada no cotidiano artístico brasileiro. O neo-liberalismo neo-nazista está aí a deitar garras, erguendo e desvirtuando o que ele mesmo ergue, criando associações civis para depois manipulá-las com orçamentos vis e argumentos tristes que dizem serem elas a oportunidade da sociedade civil. Pois o governo já não mais pertence àqueles que o sustentam e pagamos impostos para o cabide dos burocratas. Então não adianta nada, somos nós mesmos que temos que fazer, descobrir que temos mais a ver com a Polônia, a Sérvia, Cingapura, México. jan Svidzinski, no seu extraordinário “Art Contextuel”: a performance implode nos lugares do mundo onde o prestígio tradicional da arte não existe. Performance periferia contra a lógica do centro/periferia. Afirmação do lugar distante. Tanto faz Gdansk ou Caruaru. Tanto faz Bratislava ou Caicó.
É tão estranho um quanto o outro. Estamos muito mais perto disso do que a enxúndia que se produziu na cultura de algumas cidades brasileiras vitimadas pelo sarampão neoconservador das famílias cristãs que estampam-se na bunda de seus carros a regozijarem-se por sua besteira. Precisamos cada vez mais desse exercício de estranheza para não permitir que prossiga a avalanche de fascismo que tem impedido artistas de fazerem seu trabalho. Já cansei de ouvir um caso por dia aqui em SumPaulo. Não tenho esperanças de melhora por aqui, não com esses donos da cultura, não com a lógica do puxa a arma ou o talão de cheques quando se fala de cultura. Performance há de ser o Nordeste. Eu creio nisso como creio nessa minha carne que vai se roendo. E deixem os Portugais morrerem à míngua. Eu quero é isso aí. Roberto Carlos é o rei do iê iê iê.
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per for man ces
sandro souza silva
chrystine silva
“Outro Manifesto - Um Artista da Fome” propõe um diálogo que relaciona performance arte, instalação artística e dança contemporânea. Investiga em seu processo criativo a fome como ponto central da experiência humana, a fome como parte da identidade do sujeito latino-americano, brasileiro, questionando como pensá-la no corpo do artista contemporâneo. Um trabalho que opera também a partir da obra de um dos principais escritores da literatura internacional, Franz Kafka, traçando neste diálogo o contato com um texto pouco conhecido do autor, “Artista da Fome”, que discutia há quase um século atrás o que significa ser artista e como o mundo responde a esta identidade
*Performer, bailarina e Atriz. Graduada em Teatro pela UFRN, é integrante atualmente do Coletivo ES3, e mestranda em Artes Cênicas.
outro manifesto - um artista da fome
“Dançando as avessas” é resultado de uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Corpo sem órgãos, loucura, transe, êxtase, dança às avessas e experiência limite são alguns dos temas tratados em uma encenação que mescla procedimentos do teatro, ...da dança e da performance arte. O universo paradoxal do corpo e da existência humana é apresentado utilizando-se da poética do escritor e encenador francês Antonin Artaud e da mítica hindu, com sua filosofia milenar.
*Ator-pesquisador e arte educador, graduado em Comunicação Social UFRN, graduando do curso de educação Artística e Mestre em Artes Cênicas.
dançando as avessas 12
projeto O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum
grupo estandarte de teatro
O projeto "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum" tira seu nome de um axioma filosofia tântrica, filosofia oriental que assume que tudo faz parte do uno, que a realidade no pode ser dividida. Dessa forma, os impulsos eróticos e sexuais fariam parte da ascensão espiritual. Partindo desse princípio, assumi que o erótico pode e deve aparecer no objeto artístico, e, numa proposta mais desafiadora, pode ser o foco central de uma obra.
"Como se chama o nome disso? 2" propõe uma ação de questionamento as nomenclaturas e seu status quo de limitação com relação a cena. Lança dessa maneira num jogo entre os integrantes do grupo e o próprio público questionamentos e supostas definições sobre a natureza da arte da performance e suas divergências e convergência com a cena de teatro, questionando antes de mais nada o poder do nome sobre o olhar que se lança sobre o corpo em cena.
O projeto "O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum" foi coordenado por Yuri Kotke, em trabalho com os performers Jota Mombaça, Paulo Oliveira e Ramilla Souza, e produzido pelo Coletivo ES3.
Grupo Estandarte de Teatro surgiu no ano de 1986 na cidade do Natal-RN, partindo da iniciativa de um grupo de jovens atores que desejavam estudar e pesquisar a cultura popular e levar o teatro às comunidades que não tinham acesso as casas de espetáculo oficiais.
O que está aqui está em todo lugar, o que não está aqui está em lugar nenhum
como se chama o nome disso? 2 13
tito de andréa - projeto cadafalso
marinalva nicácio
Em "Como se Chama o Nome Disso? 1", a performer está vestida de bailarina junto dos espectadores, carrega sapatilhas de ponta nos ombros e uma caixa de som nas mãos, as meias estão suspensas dos pés, os pés estão descalço. Ela vai até um canto do espaço de apresentação calça as meias e as sapatilha, liga a caixa de som, a partir da qual é emitida a música da ação. Me coloco na preparação em quinta posição do balé clássico, tento ficar nessa posição até acabar a música. Acabando a música a performer desliga o som, retira as sapatilhas, as coloca nos ombros, levanta a meia, fica com os pés descalço se integra ao grupo de espectadores.
Licenciada em Desenho e Artes Cênicas pela UFRN, e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação. É atriz do Grupo Estandarte de Teatro desde 2003.
como se chama o nome disso? 1
A performance "De Todos os Laços" consiste em um rito de passagem e de morte. O homem arma sua forca, seu espelho, troca de roupas, barbeia-se diante do espelho, sobre em seu caixote-palcocadafalso e lê sua carta, seu último dito, sua despedida e justificativa. Rompeu todos os laços com a humanidade até que construiu o último que não poderá ser rompido. Coloca o laço no pescoço, desce do palco e sai com a forca no pescoço. A corda, que não está amarrada, cede e ele segue adiante, indo, indo, indo.
Graduando em Letras pela UFC, é escritor e integrante do coletivo Projeto cadaFalso, um canal de pesquisa e experimentação da multi-linguagem, com sede e Fortaleza - Ceará.
de todos os laços 14
grupo totem
washington hemmes - projeto cadafalso
A encenação performática "Nicho-Portal do Imaginarium" é uma livre licença poética a partir da série de gravuras “Dos Seres Imaginários” de Airton Cardim, do “Livro dos Seres Imaginários” de Jorge Luiz Borges e das mitologias pessoais dos performers. Como outros trabalhos, o Totem mistura teatro, dança performance, artes visuais – as gravuras são superdimensionadas em projeções que se confundem com a iluminação e uma polifonia de vozes, uma instalação sonora, construída a partir de textos de Jorge Luiz Borges e Antonin Artaud. A polifonia de vozes cria uma atmosfera propícia para a execução da performance, que começa com caminhadas dançantes das performers.
Fundado em 1988, fundamenta-se principalmente nas propostas de Antonin Artaud, na Antropofagia Cultural de Oswald de Andrade, na Dança-Teatro de Pina Bausch, no pensamento de Carl Gustav Jung.
nicho-Portal do imaginarium
O corpo penetrando a linguagem. A explosão pelo prazer e a contenção pelo medo. O sagrado e o profano. A luz e o breu. O riso, o sexo, a morte, a arte, a fé, o mistério, o desejo e a impossibilidade de tudo isso. Eros e Tanatos. Criar ou destruir: haverá diferença?
Mestre em Lingüística pela UFC, é escritor, dramaturgo, e professor. é integrante e co-fundador do Projeto cadaFalso, um canal de pesquisa e experimentação da multi-linguagem, com sede em Fortaleza - Ceará.
big bang - performance literocínica 15
sandro souza silva
zmário
"Isto não é boy art", da série "Depilação Masculina", em essência, trata do corpo do homem contemporâneo: limpo, asséptico, sem suor e sem pelos! Refiro-me também ao “metrossexual”, o dito “homem que se cuida”, que vai ao centro de estética para pedicure, manicure, máscara facial, massagem relaxante, relaxamento capilar, maquiagem masculina e a depilação masculina! O homem deve ser belo!? Claro! Mas que corpo é este (da mulher e também do homem) excessivamente e artificialmente belo, plastificado, bombado, antitranspirante, limpíssimo, cheirossísimo, depiladíssimo? Ainda assim é corpo sem seus humores e cheiros tão próprios (feromônios); com as marcas do tempo que, inevitavelmente, marca; com as gordurinhas localizadas?!
O projeto "Híbrida" surgiu como uma intervenção poética da Familia Marmota de Teatro, no espetáculo "Esperando Híbrida" da Cia Xamã Tribal. Após esta apresentação continuou sendo apresentado em eventos enquanto intervenção solo. O texto utilizado é o poema "Aviso da Lua que Menstrua" da poetisa carioca Elisa Lucinda e trata do universo feminino a partir do ponto de vista da mulher. Entretanto essa mulher é apresentada na encenação enquanto um homem travestido, causando o estranhamento necessário para se discutir a questão de gênero (masculino/ feminino/ híbrido) em nossa sociedade.
Mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFBA, onde pesquisou a produção de Performance Arte na cidade de Salvador-Bahia. É artista performático e pesquisador da linguagem artística performance.
*Ator-pesquisador e arte educador, graduado em Comunicação Social UFRN, graduando do curso de educação Artística e Mestrando em Artes Cênicas.
isto não é body art - depilação masculina
híbrida 16
mary vaz
coletivo independente de performance - cip
"Fragmentos de um ANÔNIMO" é parte do processo criativo performático: ANÔNIMO (A). Onde a performer questiona o meu anonimato enquanto pessoa que saiu do campo para cidade. Ela faz uma trajetória poética dessas raízes impregnadas de folhas, matos... Nesse fragmento, a performer mostra uma máscara primeira, a máscara enraizada nas memórias desse corpo arrastando inúmeras impressões e sentidos ainda fincados numa terra de absoluta paz e de encontro com a natureza – a casa dela. Usando apenas um espelho, cola, folhas de árvore caídas, ela se coloca no espaço a serviço de um encontro entre performer/público.
Atriz/Pesquisadora/Performer - Graduada em Artes Cênicas/ Teatro Licenciatura Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Há mais de três anos se dedica a trabalhar s e u c o r p o p o r m e i o d a dança/teatro/performance.
fragmentos de um anônimo (a)
"Esqueci meu coração" surge através de discussões sobre as relações humanasafetivas em busca dessa entrega, disputa e interminável procura da medida certa. Quatro garotas, um coração de pelúcia vermelho e algumas frases clichês; disputando este coração, rastejando-se, gritando, chorando, gargalhando, fazendo tudo o que se faz num relacionamento. O que o experimento transmite é tudo aquilo que sente em uma relação, amorosa ou não, tudo o que se vivência com o outro. Este trabalho conta com a orientação de Mary Vaz e Pâmela Guimarães. O CIP surgiu da vontade de um grupo de universitários em experimentar seus corpos através da linguagem da performance, orientados por Mary Vaz. A proposta é buscar autonomia do artista performático visando questões individuais que influenciam na cena performática.
esqueci meu coração 17
charlene sadd
carol piñeiro
Esta apresentação de " Rótulo: as impressões do corpo" foi dividida em dois fragmentos. No 1º fragmento a performer tem uma tigela contendo 2 litros de gelatina e um vídeo sobre o seu corpo projetando rótulos de diversos tipos de alimentos; A ação de comer se repete até que se acabe toda a gelatina ao som de panelas batendo e outros sons remixados. No 2º fragmento a ação também é uma ação repetitiva, onde o corpo passa aproximadamente sob a luz de um pedente (luminária) 8 minutos chacoalhando, deixando que o som que saia neste momento seja o choque do seu corpo com seu próprio corpo. Ainda neste fragmento a performer se esparadrapa com um rolo de fita de empacotamento, ficando com o corpo quase imóvel pela privação que a fita causa aos movimentos das pernas. É licenciada em Teatro, pela UFAL (2009) e possui Pós - Graduação em Artes e Educação pelo CESMAC (em andamento). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Performance.
rotulo: as impressões do corpo
Em "Primeiro Estranha-se. Depois Entranha-se", a performer tendo sua cabeça envolta por um colar elisabetano, a performer atravessa lentamente um percurso no qual exista uma rotatividade grande de pessoas, utilizando um vestido vermelho (com uma cauda de 2 metros) revestido com rótulos da marca CocaCola. O vestido reafirma e ressalta a união do sujeito com o próprio vício, como um casamento, uma procissão, e até mesmo um sacrifício. O colar elisabetano situado em seu pescoço, esconde sua identidade obtendo uma auto-anulação do ser e uma supervalorização do objeto de consumo perante a um ser irracional que só consome e é engolido pelo consumo. A performer então se localiza em baixo de uma estrutura de ferro contendo um galão de 20 litros de Coca-cola que serão despejados neste funil humano. É Performer , Atriz, Diretora, e Bailarina. Trabalha com Performance Arte desde 2008 como integrante do Projeto Disfunctorium – Intervenções Artísticas.
primeiro estranha-se. depois entranha-se 18
Amor experimental e araramboiadefogo
"Amor Experimental: Volume Bode" se constitui de uma caixa de papelão transpassada por conduítes. A brincadeira provocada trata de fazer a montagem na frente do público... ou com a participação do mesmo e em seguida, colocar a "caixa capacete" (cabeça de medusa) e sair andando, pulando, agachando e variando de velocidade... por entre o público. Uma vez assoprados os conduítes ,têm-se a produção de um espaço sonoro, um som que em uníssono lembra uma "passarada".
Fundado em 2006, o grupo surge da fusão em performance entre duas frentes artísticas que exercitam-se através de ações livres e efêmeras, dotadas de um caráter colaborativo, cujo interesse se baseia na afirmação de uma presença poética e tudo o que dela deriva.
amor experimental: volume bode
wellington jr. - projeto balbucio
Em "Rei-de-ratos" o performer tece uma rede unindo pessoas pelos cabelos; tantas quanto se disponibilizarem para a ação. Delicadas tranças formarão um aglomerado de corpos e pelos. “Ora, a aglomeração de animais provoca, no homem, um paroxismo de repugnância: fervilhar de vermes, ninho de cobras, ninho de vespas. Um fenômeno fabuloso (cientificamente comprovado? não sei) resume todo o horror das aglomerações de animais: é o rei-de-ratos: 'Quando em liberdade, os ratos – diz um antigo dicionário zoológico – estão, às vezes, sujeitos a uma doença das mais curiosas. Um grande número deles, como que soldados pelas caudas, forma o que o povo denominou o rei-de-ratos'” (BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso). É mestre e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, e professor adjunto do Instituto de Cultura e Arte ICA-UFC. Há seis anos, compõe, com outros artistas de Fortaleza (CE), o Projeto Balbucio.
rei-de-ratos 19
joto gomo
jean sartief
"Os Sintomas" é uma ação que traduz colocações inesperadas, sem ordem e sem desordem; Na performance o artista usa ataduras de finalidade médica e se envolve em elementos surpresa ou não, elementos encontrados no ato de realização da ação no momento de seu acontecimento. O tempo da ação é variável, podendo ter duração de horas como de apenas alguns minutos, estando este em dependência dos sintomas descobertos pelo corpo no espaço.
A performance "SM" é parte de uma provocação e pesquisa sobre o corpo e a sexualidade. O performer entra no espaço tocando um sino de sinalização de animais, o público acompanha então a entrada do performer completamente vestido de branco, ele se posiciona no espaço e cobre totalmente sua face com uma pasta branca. Coloca então em seu pescoço uma coleira com duas guias. Coloca o sino no chão e oferece as duas guias ao público, que por sua vez deve manipulá-las e assim conduzí-lo da forma e pelos caminhos que desejarem.
Graduado em Artes Visuais pela Faculdade Unibennett (RJ). Performer, curador, pesquisador e professor, nordestino, mas residente no Rio de Janeiro. Integra exposições em galerias nacionais.
Graduado em Comunicação Social pela UFRN, é Performer, fotógrafo, poeta, multiartista, já participou de diversas residências e salões a nível nacional.
os sintomas
sm 20
ví deos
vinícius dantas
tábata costa
Em "Subindo, Subindo, Subindo" o performer subindo uma escada infinitas vezes (looping). O espectador é convidado a comparar essa ação em edições de velocidade digitais e naturais. O vídeo pretende discutir os efeitos da interação do corpo humano com a tecnologia, as redefinições na percepção e ação do corpo mediado por suportes informáticos.
É artista multimídia natalense. Interessado em arte e tecnologia, hipermídia, transmídia, cultura pop, imagem em preto-e-branco, narração gráfica, sujeira, design e abraços.
subindo, subindo, subindo
A intervenção performática "Interdito 2.0" consiste em vedar olhos e boca com curativos (“band-aid”) e caminhar pelo espaço público, vulnerável à interação das pessoas. O trabalho começou como uma espécie de protesto mudo, que depois potencializou suas possibilidades na interação direta com pessoas em eventos e trocas artísticas e chegou nesta intervenção pública que é, ao mesmo tempo, uma intensa experiência de alterar a percepção do tempo, do espaço e dos outros. Em Interdito, há ainda um jogo de palavras: “inter” (entre, dentro) e “dito”, como uma referência a algo que está supostamente subentendido.
Formada em Educação Artística pela UNESP. Entre 2004 e 2008 fez parte do grupo Alerta! de performances e intervenções urbanas. Possui performances apresentadas em salões estaduais e nacionais.
interdito 2.0 22
arthur scovino
marcelo gandhi
Em "Levando os Elepês de Gal para Passear" o performer leva os elepês da cantora Gal Costa para passear com ele por onde for, fazê-los respirar novamente os ares das ruas onde, nos anos 80, transitavam das lojas para as casas, das casas para as festas, para outras casas, escolas... mostrá-los às crianças, adolescentes, adultos e idosos. Quem quiser pode colaborar com doações, para completar essa coleção que pretende ser uma instalação. A intenção é discutir poeticamente a relação arte-vidatempoespaço propondo participação de artistas, transeuntes, fãs, etc...
O vídeo "OEducador" trata do registro de uma ação performática da figura do Educador criada a partir de sua experiência como tal no ensino público. A figura criada questiona os modelos, os padrões... o que afinal é educação? A partir desse questionamento, o performer dá vazão esse alter ego, criando situações para lidar com ele.
Artista carioca, morando em Salvador desde 2009. Estuda na Escola de Belas Artes da UFBA. Investiga o pensamento em arte contemporânea produzindo videoarte, performance, fotografia e instalações.
É graduado em artes visuais pela UFRN, possui exposições, individuais e coletivas, e apresentações realizadas em contextos nacionais e internacionais.
levando os elepês de gal para passear
oeducador 23
joão viannei
"Desencontros e Procissão" é um vídeo arte que narra um romance durante um evento na cidade de Esperança/ PB. A procissão que pára a cidade foi o ponto de encontro dos dois personagens. O projeto propõe uma perspectiva do uso da imagem e da narrativa. Utiliza-se para tanto de uma técnica de narrativa que se deposita sobre a sequencialidade de documentos fotográficos.
Formado na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, participa de salões de artes visuais com obras nas diversas linguagens. É ainda produtor de clipes e vídeos promocionais, filmes de arte e documentários.
desencontros e procissão 24
ex posi ções
andré bezerra e chrystine silva
A exposição "Movimento Momento Fragmentos no Tempo» explora a relação entre o sujeito fotografado e mídia, expandindo essa relação no tempo através do movimentos dos corpos do performers sobre scanner de alta definição. Opera assim expansões, subtrações e fusões entre as formas do corpo, inserindo o tempo como dimensão fotografada e a ação do corpo como agente de uma edição em performance.
Mestranda em Artes Cênicas e Licenciada em Teatro pela UFRN, atua também como performer e bailarina residente na cidade do Natal – RN. Integrante do Coletivo ES3, apresentou performances suas em diversos circuitos e salões Em Natal, bem como em instâncias regionais e nacionais. Mestrando em Artes Cênicas eLicenciado em Teatro pela UFRN, atua também como performer e artista visual Integrante do Coletivo ES3, apresentou performances suas em diversos circuitos na cidade do Natal, bem como em instâncias nacionais e internacional.
movimento-momento: fragmentos no tempo
maicyra leão
A proposta de "Ação estática - registros de performance na rua de Maicyra" é apresentar imagens (fotos) de performances já realizadas anteriormente. A mostra reunirá registros de 4 performances realizadas entre 2006 e 2009, sendo elas: Experimentos Gramíneos, Picola-Psicose Colateral, Luto e Guarda-corpo.
Coordenadora do Núcleo de Teatro da Universidade Federal de Sergipe, doutoranda do Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia e Mestre em Arte Contemporânea, pela Universidade de Brasília. Realizou exposições e residências artísticas, nacionais e internacionais.
ação estática - registros de performance na rua de maicyra 26
beto leite e carol piñeiro
A exposição fotográfica "Sob Controle" parte dos registros de uma intervenção urbana. No trabalho os artistas espalham pelas paredes da cidade acessórios de computação, que aparentam ter alguma funcionalidade, ou subvertem o conceito do funcionamento de alguns aparelhos já existentes. Os equipamentos anexados nas paredes não funcionam. O conceito tem a ver com Computação Pervasiva, com essa urbanização que se mecaniza e deixa seus usuários cada vez mais distantes da compreensão do seu funcionamento.
Beto Leite, é jornalista, designer gráfico e quadrinista. Trabalha a 6 anos na área, já publicou várias reportagens em quadrinhos na revista on-line Catorze, atualmente está fazendo pós graduação em Artes Visuais. Carol Piñeiro é performer , atriz, diretora, e Bailarina. Trabalha com Performance Arte desde 2008 como integrante do Projeto Disfunctorium – Intervenções Artísticas.
sob controle 27
ins ta la ções
felipe gomes e vinícius dantas
ramilla souza
"BAFO 2.0" propõe experiências meditativas baseadas na possibilidade de comunicação da atividade respiratória das pessoas. O sistema, sensível ao ar que sai através das narinas de seus “usuários”, traduz ritmos pulmonares em arranjos luminosos. A interface da instalação interativa proposta para o BodeArte compõe-se de uma máscara em forma de tromba luminosa flutuante, equipada com sensores elétricos ligados a um microcontrolador (Arduino).
A instalação traça um paralelo entre a pesquisa da artista sobre sua própria sexualidade e a infância da mesma. As imagens utilizadas são do artista inglês Trevor Brown e fotos pessoais da artista.
Felipe Gomes, atua em projetos transdisciplinares envolvendo sistemas interativos, microcontroladores, sensores eletrônicos e desenvolvimento de softwares. Vinícius Dantas é artista multimídia natalense. Interessado em arte e tecnologia, hipermídia, transmídia, cultura pop, imagem em preto-e-branco, narração gráfica, sujeira, design e abraços.
bafo 2.0
Formada em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Participou de diversas encenações teatrais independentes na cidade do Natal.
a sinceridade pode deixar marcas maiores 29
tele pre sen รงa
mandú performance art
"Proposições para o Recôncavo n° 2" é a reunião de ações que remetem à memória, ao imaginário do Recôncavo da Bahia. Essa região é marcada pela forte matricialidade afro. No período colonial consistiu num grande sítio da cana de açúcar e, conseqüentemente, um lugar escravocrata. A memória e os materiais estão presentes nesse trabalho que será realizado por meio de telepresença – também numa proposta deglobalização do Recôncavo, esgarçando oslimites entre o local e o global, e entre a matricialidade e a tecnologia.
Mandu Performance-Art é o grupo de pesquisa e poéticas artísticas em performance composto por Tiago Sant’Ana, Violeta Martinez, Flávia Pedroso e Julio César Sanches. O grupo tem sede no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
proposições para o recôncavo n° 2
lúcio agra
A performance, a perna que faltava na trempe, a perna cabeluda, aquilo e só aquilo que pode explicar o que escapa ao balé folclórico, à macumba pra turista, à fajutice oficializada. Ou, como diria Bia Medeiros, fuleragem, termo também tão do nordeste, como as dúzias de comediantes cearenses, lutadores pernambucanos, poetas piauienses (tantos pernambucanos também), samba alagoano, desafios do Sergipe, forró do Rio Grande do Norte, machos e machas da Paraíba, rastas maranhenses, as terras que d e r a m S o u z â n d r a d e , K i l k e r r y, Maranhão Sobrinho, a casta de artistas estranhos e sofisticados a deitar l i n h a s ( Tr e c h o d o t e x t o d e Apresentação do Circuito). Performer, professor e pesquisador. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Atualmente professor adjunto da PUC-SP na Graduação em Comunicação e Artes do Corpo (habilitação em performance).
o que pode a performance no nordeste? 31
ofi ci na
naira ciotti Como evento voltado ao trabalho com performance arte na região Nordeste do país, o I Circuito Regional de Performance BodeArte b u s c o u e m s e u desenvolvimento dar conta de múltiplos aspectos de experiência nessa linguagem artística, preocupando-se não apenas com o espaço político, comunicativo, artístico, e tantos outros que compreendeu em seu interior, como também com a esfera pedagógica, uma pedagogia da performance para ser vivida nos dois primeiros dias do evento. Nesse intuito foi realizada uma oficina ministrada pela Prof.ª Dr.ª Naira Ciotti, que gentilmente atendeu ao convite da produção do Circuito.
Naira Ciotti é professor-performer, com Bacharelado e Licenciatura em História pela Universidade de São Paulo (1983). Mestrado concluído em 1997 com o título O híbrido professor-performer: uma prática sob a orientação da Prof. Dr. Ana Cristina Pereira de Almeida. Desenvolveu pesquisa de doutorado sob a orientação dos professores Renato Cohen e Christine Greiner sobre questões da performance arte, Arte Contemporânea na tecnocultura, a rede, a memória do corpo e os museus de arte denominado "O museu como mídia: performance e espaço colaborativo." em setembro de 2005 no Programa de Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Pesquisadora das Vivências Corporais na obra de Lygia Clark desde 1994, inclusive com visita à X Documenta de Kassel Alemanha, 1997. Estudos sobre a arte da performance com o diretor e professor Dr. Renato Cohen, visitas aos centros de Documentação em Arte Contemporânea Dia Center of Arts, Lincoln Center e Depto de Performance Studies Tisch School- N. Y University, em 2002. Participou do VII Encontro do Instituto Hemisférico de Performance e Política: Cidadanias em cena: entradas e saídas dos direitos culturais, na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, entre 21-30 de agosto de 2009. Menção honrosa como orientadora de iniciação científica, 61ª Reunião Anual da SBPC, julho de 2009 - UFAM, Manaus/AM e como orientadora de projetos de Encenação em Quadrienal de Cenografia de Praga 2011. Atua desde 1994 como performer na cena artística, entre seus trabalhos, os mais conhecidos foram: a performance Imanência, curadoria de Renato Cohen, uma permanência de oito dias, realizada por oito performers, na Casa das Rosas, São Paulo, 1997; Leitos Memória-tatuada, criação colaborativa com o poeta erhi Araújo, no SESC Pompéia, em 2006; VOX2TEXT, no SESC Pinheiros, em 2008, com a colaboração de erhi Araújo, Otávio Donasci, Artur Matuck e Lúcio Agra. Coordenadora pedagógica e professora-pesquisadora no Curso de Comunicação das Artes do Corpo, PUC/SP de 2005 a 2008. Atualmente desenvolve as pesquisas: EMA: Emergências Artísticas e Pedagogias da Performance no Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas PPGARC, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde publicará seu primeiro livro, intitulado O híbrido professor-performer.
oficina Diálogo contínuo em palco pós estruturados 33
naira ciotti
release "Apesar do termo Performance parecer uma palavra estrangeira e intraduzível, as estratégias performáticas estão profundamente enraizadas nas Américas desde a sua origem, sem dúvida, o vocabulário se refere a aqueles saberes corporais, mantém um vínculo forte com as Artes Visuais, Arte de Ação, Arte efêmera- e com as tradições teatrais. Como um termo teórico, mais do que como um objeto ou uma prática, é algo novo no campo de estudos da arte contemporânea. Enquanto no Estados Unidos surgiu como um movimento de mudanças nas antigas divisões disciplinares, com o objetivo de abarcar objetos de pesquisa que previamente excediam os limites acadêmicos- por exemplo- a estética da vida cotidiana". "Não está- como o termo teatro, carregado de séculos de evangelização colonial ou atividades de normalização. Reconhecer a competitividade essencial da performance é propor um diálogo contínuo, uma variedade de mapeamentos do conceito, onde alguns serão sobrepostos, outros divergentes. " Naira Ciotti
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f贸 rum
Práticas Artísticas em Performance Arte: Processos Criativos e Estratégias de Sobrevivência O Fórum de Performance é um instrumento de democratização, conjunção e debate de questões que partem da experiência de cada performer em sua trajetória para confluir em direção a políticas e ações mais amplas. Reunindo contribuições de participantes do Circuito e de interessados em performance arte e arte contemporânea, o Fórum proporcionou uma paralaxe do cenário de produção da performance no Brasil, permitindo a visualização e modificação de estratégias no espaço do processo individual e cada artista, ou na dinâmica de grupo de cada coletivo. Utilizando estratégias proporcionadas pelas redes sociais o Fórum teve transmissão on-line em tempo real, permitindo mesmo aqueles que se encontravam distantes no momento de sua ocorrência a integração e acompanhamento das discussões. Colocar práticas em performance, evidenciar cenários brutalizados ou modificados por práticas, extrapolar a experiência isolada, aproximar estratégias de sobrevivência e identificação, esnobar homogeneidades tardias em cenários que se tornam cada vez mais complexos, retirar os panos quentes entre o nome do Nordeste e a performance arte, reconhecer a falta de escolas e confrontá-la com uma pedagogia da performance advinda de um corpo que compartilha e se encontra com outros, encorajar os deslocamentos de olhares que alteram paisagens e territórios com sua percepção, abrir feridas para retirar o corpo de um estado de estagnação, esse é o papel do Fórum de Performance no Circuito Regional de Performance BodeArte.
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relato do fórum *O TEXTO A SEGUIR É UMA LIVRE ESCRITURA POÉTICA, CONTRADITÓRIA, DESMEMBRADA, FULERA E NÔMADE DOS PONTOS DISCUTIDOS E CONFRONTADOS DURANTE O FÓRUM DE PERFORMANCE ACONTECIDO EM NATAL, QUE CONTOU COM AS PRESENÇAS DO COLETIVO ES3, RODRIGO BICO, BETO LEITE, CAROL PIÑEIRO, JOÃO VIANNEI, JEAN SARTIEF, LENILTON TEIXEIRA, VINÍCIUS DANTAS, RAMILLA SOUZA, SANDRO SOUZA SILVA, ALÉM DO ACOMPANHAMENTO ON-LINE DE PERFORMERS DE OUTROS ESTADOS VIA TRANSMISSÃO EM TEMPO REAL DA DISCUSSÃO.
Como sobreviver do esforço de viver em performance na região nordeste? Confrontar os espaços inóspitos com a união e a parceria, seguir por outras vias para financiar seu trabalho, um emprego em outro espaço, uma dificuldade encontrada em tantas artes, como conseguir apoio financeiro aos projetos e performances, tão fora dos limites da melhora de imagem do patrocinador, tão cheia de problemáticas ênfases em obscuridades, assim chamadas pelo olhar de um bom gosto aparentemente naturalizado, sem indústria, sem mercado, muitas vezes todos isolados performando e perfodendo-se na mesma cidade, na mesma região, numa mesma américa latina; para onde correm as estratégias, ou os planos para uma desplanificação dos itinerários, dos resultados? As escolhas produzindo uma massa bestial de práticas distintas para se criar a performance, práticas que tantas vezes não se encontram. Sim o encontro como possibilidade de processar a inteligência, a emergência de tantos performers e coletivos em processo, movendo suas pesquisas, suas ações de vida, suas éticas intrincadas, suas decisões afirmadas, seus riscos compartilhados, o encontro entre corpos, a experiência primeira, obscena, contaminadora, o entre-corpos, o pele-a-pele de paisagens tão distantes quanto vizinhas dos contextos de produção em que cada performer crava sua travessia, seu trabalho. É preciso chamar a performance pelo nome, e deixar que o nome da performance fuja de ser chamado de apenas uma coisa. Afinal o que é um nome? Se outro nome déssemos a rosa, deixaria ela de ser financiada por editais públicos? Provavelmente. A insígnia das artes visuais ou cênicas, não cobre mais o vasto
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relato do fórum território de corpos em performance no nordeste, ou no Brasil. As menções no corpo do texto de editais a performance como uma ramificação, ou mesmo a performance escondida muitas vezes pelas categorias indigentes (como outros, áreas relacionadas, expressões contemporâneas) em que se deve deduzir que se encontraria uma lacuna para encaixar uma proposta de performance para este ou aquele edital. Ações independentes, colaboração ao limite, assim são a grande maioria dos espaços de encontros possíveis entre performers. As práticas de cada performer e coletivo em performance formadas no ato de vivê-las, lidando com o fato de que não se ensaia a vida, práticas e soluções, práticas provisórias para problemas que urgencialmente surgem numa prática não familiar ao olhar dos passantes na rua, dos policiais na esquina, práticas construídas e possíveis de investigar na história de cada processo, o corpo do performer como livro de seus saberes, como fronteira entre o que se supõe e o que se vive no trabalho em performance nesse ou naquele espaço do país. Discutir, expor a si mesmo em direção a redes temporárias, mas resistentes, de performance, encontrar o desequilíbrio e a mudança de olhar no corpo-experiência do outro ao dizer o que se faz, como se faz, para quê se faz em cada espaço a performance, fulerar os obstáculos com a tomada de direções diferentes, para a colisão com o problema, para difusão do problema, para o raio que o parta!
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arthur scovino (BA) Sou carioca e moro em Salvador desde 2009, quando entrei na Escola de Belas Artes da UFBA. Ainda que minha curiosidade e inspiração sempre estivessem no nordeste, entendi que somente a vivência faria sentido para tudo que buscava em minha produção. Artistas como Ayrson Heraclito, Zmário e Paulo Brusque são exemplos da fusão arte-vida-tempo-espaço que me inspiram e justificam essa troca da centralizada cena artística RJ/SP pela pluralidade nordestina que briga por mais espaço no resto do Brasil. Já trabalhava com performance para vídeo e fotografia, mas pude entender realmente o que eu produzia quando cheguei em Salvador. Convidei dois amigos da Escola de Belas Artes, Gabriel Guerra e Carol Santana, para participar de um coletivo, o Grupo Mi_Zera, onde vivenciamos arte contemporânea através de ações que caminham juntamente com nossa ideologia, personalidade e expectativas pro futuro como jovens artistas brasileiros. Vivemos um momento em que surgem diversos coletivos de performance, atestando uma preferência atual por essa linguagem, na qual artistas do mundo inteiro expressam suas poéticas costuradas em suas próprias vidas, e, ao mesmo tempo, em grupo, interagindo não somente com o público, mas com outros artistas, outras vidas. Percebo que festivais e eventos de performance têm sido lugares fundamentais para o pensamento em arte contemporânea. Essa sempre foi minha relação com a arte. Está em mim o tempo inteiro e não somente quando produzo telas ou esculturas que possam ser expostas em galerias, ou comercializadas. A performance é minha poesia visual, uma marca de meu processo artístico que agora as Instituições oficializam, mas que sempre foi visto e percebido por quem me conhece.
A ação "Levando os elepês de Gal para passear", que realizei no Circuito, ilustra esse depoimento, onde além da arte e da perfomance, confesso que consiste basicamente em algo que não cabe em mim sozinho e por isso divido, me transformando em exposição ambulante pelas ruas das cidades e convidando as pessoas para interAÇÕES originais e sem manual de instruções onde quer que estejam. A.S.
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marcelo gandhi (rn / sp) Tenho feito performance desde a época da universidade (1995) o que antes era um espaço destinado a novas linguagens, hj vejo, não uma banalização da mesma, mas sim, do ano 2000 pra cá, um interesse gigante De jovens artistas em se dedicar a prática de performar, cito no RN o trabalha do oxente que no início dos anos 80 realizava intervenções E ações cujo caráter fugaz e efêmero Da obra, deixava claro que a obra não era o produto final e acabado, e sim o processo (guaraci,civone,sayonara), pensar Com A internet, tudo muda a capacidade de troca De informações e circulação das obras Fica infinita Pode se falar em grupos Independentes como o empresa de Goiânia Ou ações individuais como a minha, vivemos uma época de grande descentralização, a periferia vem para o centro e viceversa, o grande desafio é a capacidade de articulação e mobilidade que o artista necessita afim de que ele circule o quanto puder, e pra isso chega de romantismo, instituições Bancos Corporações Cabarés Bicheiros Pais de santo O papa Gughenhaim Moma Masp
Quanto mais contaminar melhor. Desafios sempre A ç õ e s também O mundo do filesharing é o mundo Da performance. Tags - grupo oxente Grupo empresa , grupo fluxos , Bia Medeiros , zona de artenacciom, festival performance fora do eixo, the mans group , comandante marcos, Madonna, Lady Gaga, Selma do Coco, Marina Abramovic. M.G.
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projeto cadafalso (ce) A arte como forma de sobrevivência. É preciso sobreviver. Escapar por uma porta qualquer. Destruir tudo num desastre iminente, tal qual nuvem sempre pronta e disposta, espraiada céu acima, cheia de descargas elétricas possíveis. Nuvem tempestade, ameaça de desastre, possibilidade. Como a terra, sempre líquida por dentro, se convulsionando toda, ameaçando sua aparente solidez, sua forjada unidade. É preciso sobreviver e, para isso, eu preciso da destruição. Não cria com neuroses, criar é sempre um ato de saúde. A arte é a afirmação desse desastre próximo, sempre sorrateiro, esquinoso, reptiliano. Esse desastre-desmoronamento que permite destroços, que dá a eles autonomia, autoridade individual e voz nova, para que gritem, para que falem: mil novas vozes. Não se salva a si mesmo com a arte. Nem a ninguém. A arte não se presta a salvar, esse papel é de outros. O artista já está salvo. A criação é sua própria condição de graça, sua cosmogonia, sua liturgia. A arte não leva à salvação. Chega-se a arte o salvo. É imperativo que se afirme a sobre-vivência. Vivo logo crio, escrevo e apresento mundo, destruo tudo, deixo que se fale por si, dou voz e perco a minha. Depois de mim tudo que fiz não se importará mais comigo. Eis a minha possibilidade de vida e minha condição para tal. Minha neurose consiste na não-criação de arte. Concordo com Lispector, estou morto quando não-artista. Crio para viver sobre tudo. Sobreviver, poder manter-me vivo, o mínimo possível ao máximo. Eis a função da arte? Sua função mínima e sem valor. Vivo através dessa eterna afirmação sem memória: a arte: este desastre.
Eis um homem. Pode-se vê-lo e o tocar. Ele respira, come, anda, compra, sua, trabalha, vê, ouve, tem opiniões, medos, reclamações. Ele acredita ou não em deus. É amado ou não o é. É ou não feliz. Não importa. Sua morte está decretada e ele a ela não perdurará. Está morto. Apenas o tempo o separa disso. Apenas na arte não sou esse homem. Apenas ela me nega o direito de morrer e me perdura. Sobrevivo sobre tudo. Ela me inutiliza. Tira-me da esfera do saber, me toma os valores. Sade pode rir. Estou inútil como a própria arte. Eternamente vivo e sobrevivente, mas apenas se eu me der a esse sacrifício. A morte pelo nome. Dentro desse estado de coisa que convencionei chamar de pós-modernidade – mas que possui nomes tão cambiáveis como (quase) tudo em seu seio de rio caudaloso – encontro na performance uma ferramenta de desastre, desarticulação, desconstrução. Uma forma de re-significar, de destruir algo – eu, o próximo, o espaço, as relações – para, de suas ruínas, ressurgir fênix com algo de novo, apresentar da ruína um novo canto. Uma nova possibilidade. Ataco terrorista o cotidiano, o sentido real das coisas – que tenho eu com isso tudo? –. Tudo desmorona. A realidade se dissolve. O tempo se revoluciona sobre seu próprio eixo. Estamos, agora, diante do novo instaurado, inaugurado, nova relação de tudo. Mortos sobreviventes, sem memória, com todo o direito a esquecer. Abstrair. Crio, logo existo. E morro. Tito de Andrea Machado, Washington Hemmes.
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grupo totem (pe)
Não somos moda nem comércio Somos vida Os críticos de todas as tendências desde já estão perdoados Não nos classifiquem nem nos coloquem em categorias errarão com certeza A perspectiva é performática vamos continuar mixando linguagens fazendo arte se Deus quiser e o Diabo deixar
O Totem preenche lacunas e silêncios. Existe! É um corpo vivo de solidariedade e comunidade histórica pós-anárquica. Não procura o falso brilho do ouro de tolo. Corre riscos por inserir-se nas fronteiras violando territórios, desrespeitando as normalidades que abarrotam as prateleiras do supermercado cultural. O Totem aposta nos que contestam as formas hegemônicas de dominação, nos que não aceitam descaracterizar-se, nem negam seus princípios. Nos que lutam para abrir caminhos. Nos que se queimam. Nosso lema é independência. Nadamos contra a corrente que domina as consciências, que mapeia sons, imagens e informações para disciplinar corpos e mentes. Não admitimos mãos nos nossos ombros para nos dirigir, nem comemos na mão de ninguém. Fazemos Arte sem concessões. Fred Nascimento.
O que somos? Não sabemos com certeza. E então?
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Cip - Mary vaz (Al) Ÿ O Coletivo Independente de Performance – CIP atualmente
residente na cidade de Maceió – Al, surgiu da vontade de um grupo de recém universitários em experimentar seus corpos através da arte da performance – tendo- a e entendendo-a como uma prática modificadora de arquétipos dentro da Universidade e transformadora de princípios construídos através do teatro. Por meio de um convite feito por Mary Vaz, atriz/performer já formada pela própria Universidade Federal de Alagoas – UFAL nos transportamos para o âmbito da performance arte sob seu comando e orientação dentro do coletivo. Visto, porém, que a proposta aqui é um trabalho voltado para a autonomia do performer com seu trabalho e suas questões individuais. O formato do Coletivo é bem simples e autônomo. Pensar em arte no estado no qual estamos inseridos é pensar em mil possibilidades de desdobramentos. Seguindo então uma proposta de uma livre prática das ações performáticas, defendemos o direito de expressão e tomamos para nós a estratégia de criação a partir do que nos é mais notório: as ruas, as praças, os pátios... Ainda possuímos aqui em Maceió, o espaço da Universidade onde nos encontramos três vezes por semana para nossos experimentos. Nosso fazer artístico não é tão fácil como aparenta, nos barramos em um monte de dificuldades e barreiras que nos entristece. Não temos leis de incentivo cultural. Nem municipal e nem estadual. E como se isso não fosse suficiente não temos o reconhecimento ainda fincado da arte da performance no estado. Ainda, chega para as pessoas/público como algo diferente e encandeado.
Enquanto produção existem muitos trabalhos sendo realizados mesmo sem incentivo e sem tanto reconhecimento. Nosso coletivo desponta como uma possibilidade inovadora dentro da cidade se tratando da arte da performance. Temos aflorado esse campo de pesquisa e buscado através dos nossos experimentos mostrar outra forma de trazer conhecimento, questionamentos sociais e afins. Ainda que para isso tenhamos que nos jogar na cena performática alagoana a seco, literalmente. Nos mantemos do nosso próprio bolso e não contamos com nenhuma ajuda financeira de empresas ou até mesmo do estado, e pouco recebemos da Universidade. Eu, Mary Vaz retomo e reafirmo as questões do grupo mesmo porque nossas vivências se entrelaçam nesse mesmo contexto da arte alagoana. Com relação a este foco de discussões e interlocuções compartilhamos das mesmas dificuldades e estamos caminhando neste labirinto de descoberta e travando parcerias com outros grupos mais antigos de teatro dentro do estado, visando uma colaboração de trabalhos e acúmulo de produção artística. Unindo forças e mergulhando nos editais nacionais concorrendo com trabalhos de todo o país de igual para igual e fluindo entre os espaços e rompendo barreiras geográficas para criar redes discussões e fomentar nossa própria produção. Numa oportunidade como esta de expansão e troca é que a arte alagoana vem crescendo e se consolidando no mercado nordestino e brasileiro além de promover a situação atual do teatro de grupo. M. V. CIP
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zmário (ba) Ÿ O artista deve ser belo!? Ÿ Na arte contemporânea, o corpo aparece nas manifestações da
body art e em performances resignificado e redimensionado pela exaustiva exploração de seu potencial estético e biológico, associado ao uso das tecnologias: o corpo pós-moderno, fragmentado, esteticamente modificado, virtual. Desde os movimentos de vanguarda do início do século XX, passando pela action painting (décadas de 1940 e 1950); os happenings de Allan Kaprow e Wolf Vostell, entre outras expressões da década de1960; as ações do grupo Fluxus até às performances da década de 1970, notamos a recorrência da imagem do corpo representado como tema e também apresentado como o próprio objeto de arte. A partir daí, a participação do espectador passa a ser convocada, sua presença e sentidos valorizados, conduzindo à interatividade característica da arte tecnológica na atualidade. Ÿ A importância dada ao corpo na sociedade contemporânea, onde as noções de espaço público e privado, sujeito e objeto, o eu e o outro são mais evidenciadas, remete à imagem de um corpo político e crítico. Na atualidade, este corpo tem sido explorado como elemento estético, artístico, e até como instrumento bélico – o corpo arma, o homem bomba – também como máquina, redimensionado pelo uso de próteses tecnológicas. Este corpo atual, “transpassado por tecnologias”, é, paradoxalmente, limitado pela intolerância característica de um poder global e hegemônico. Este corpo expressa a sociedade contemporânea em sua complexidade e fragmentação, onde signos culturais, identitários, políticos, coexistem sobre uma pele escamada e com grande potencial de transformação. Este corpo concentra em si a capacidade de síntese de uma cultura predominantemente urbana, que ainda busca estabelecer uma relação mais equilibrada com o mundo artificial.
Um dos registros da série “Depilação Masculina. Tórax DM”, 2010, (ver página 16) se aproxima dessas expressões da body art e também da produção do artista carioca Marcos Chaves em sua forma, porém, em seu conteúdo, as distâncias são evidentes como pelos brancos sobre a superfície de um corpo beirando a maturidade. Enquanto este artista, através da linguagem fotográfica, registra seu torso depilado em forma de círculo, à altura do tórax, em negativo e positivo – o que faz lembrar o próprio processo de revelação na fotografia, trato de explorar a depilação corporal como um processo, uma produção que se desdobra ora em ação, ora em performance. Logo, o que resta de tudo isso também é o registro fotográfico já que os pelos crescem a cada instante e a cada instante já não são os mesmos, já não sou o mesmo... mas ainda assim o artista deve ser belo!? Essa produção, em sua essência, trata do corpo do homem contemporâneo, limpo, asséptico, sem suor e sem pelos! Refirome também ao “metrossexual”, o dito “homem que se cuida”, que vai ao centro de estética para pedicure, manicure, máscara facial, massagem relaxante, relaxamento capilar, maquiagem masculina e a depilação masculina! O homem deve ser belo!? Claro! Mas que corpo é este (da mulher e também do homem) excessivamente e artificialmente belo, plastificado, bombado, antitranspirante, limpíssimo, cheirossísimo, depiladíssimo? Ainda assim é corpo sem seus humores e cheiros tão próprios (feromônios). Gosto de ver as gotículas de suor sobre minha pele durante uma caminhada pelas ruas, durante as pedaladas na bicicleta. Gosto de meus pelos compridos, cumprindo seu dever de crescer, crescer e aparecer. Desconfio que eu seja peludo por dentro também...
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zmário (ba) E por falar em corpos seminus, perfumadamente transpirantes em caminhadas, denuncio os olhares dos homens musculosos que, com seus tórax e barrigas totalmente depilados, olhavam e “reolhavam” com estranhamento o meu “toraxzinho” e minha barriguinha (sem tanquinho) parcialmente depilados desfilarem pela orla da cidade. Os homens e o artista devem ser belos!? (Até mesmo no fim de semana, na orla soteropolitana!?). Como já foi destacado na série “Depilação Masculina”, temos dois elementos que se “con-fundem”: são eles artista e obra. Já o público poderá ser aquele que presencia a ação no espaço urbano no momento em que está sendo apresentada ou, de maneira diversa, aquele público virtual que acessa a imagem estática na rede mundial de computadores. A obra também é caracterizada pelo processo e trânsito do espaço público para a galeria virtual. E ainda assim, em ambiente virtual, o artista deve ser belo!? Alguns amigos virtuais que acessaram as imagens do tórax e barriga depilados, num dos álbuns de minha página no Facebook, assim reagiram:
Desde Duchamp com a obra “Tonsure”, 1919 (fig. 2), passando pela performance de Marina Abramovic “Art must be beautiful, artist must be beautiful”, 1975, até os desdobramentos contemporâneos da body art, o artista contemporâneo tem reivindicado a presença do corpo do homem comum na arte e no nosso cotidiano que a cada dia perde em espontaneidade e liberdade; tem apresentado um corpo humano, essencialmente animal, com odor e suor sobre a pele. A arte da performance e a body art colocam em evidência o corpo natural frente ao corpo artificial. Em sua fragilidade, o corpo sempre apresenta esta condição animal ainda que adaptada aos signos civilizatórios. Este é o corpo presente na produção “Depilação Masculina” (body art in progress) e no desdobramento da série apresentada como proposta para o Circuito Bodearte 2011: “Isto não é body art!” José Mário Peixoto dos Santos Z.
- me dá ginje¹, que agonia! - curti! - isto é arte? - uó! - uó rapado deve ser legal! - body art radical! ___________________________ ¹Arrepio ou desconforto neurológico provocado por um ruído ou sensação táctil.
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Charlene sadd (al) QUE ME MOBILIZA A CRIAR? Acredito na subversão da arte em busca de uma sociedade sempre renovada à medida que seus valores não correspondem com as necessidades de uma relação saudável entre humanos. Acredito e compactuo com a quebra de estruturas tradicionais que a performance propõe para uma ação cênica, indo muito mais além da representação, de uma representação cristalizada, e pensando no ato como um todo, na sua integralidade; Sendo sua questão primordial - para mim- a vida, “tudo é uma questão de vida”. A maneira que a performance passou a ser uma escolha consciente foi justamente quando essa ficha caiu, que nada poderia ultrapassar a vida vivida. O trabalho sobre mim mesma foi que possibilitou este encontro com a performance. “Acima de tudo, de tudo mesmo, está o viver, a própria vida vivida. É nela que temos a nossa referência máxima - Ela constitui, ao mesmo tempo, a referência e o contexto para os nossos valores”. (FAYGA OSTROWE). Muitas das minhas escolhas foram pautadas por uma apreensão de que minhas experiências pudessem ser autênticas, coerentes com meus pensamentos e anseios. Procurei assim para mim uma prática artística que correspondesse não somente esteticamente, mas também de forma ética. Vivencio por meio da performance um lugar de exploração pessoal e artística. Este lugar de descoberta foi na verdade revelado, ou melhor, escavado por meio dos treinamentos que tive junto a Cia. LTDA de Maceió – AL, a qual integrei de 2006 a 2010; Aliada ao treinamento tiveram leituras muito importantes, basilares. A primeira grande leitura foi do livro Teatro Pobre de Jerzy Grotowski, e outros materiais que obtive sobre ele como palestras, artigos e dentre outras leituras sobre o corpo na arte. A prática de treinar concomitante a leituras sempre me abriram muitas possibilidades de repensar a própria prática.
Posso dizer que meu modo de “operar” é: Investigar com meu corpo e buscar referências: um livro, uma obra em vídeo, em fotos, as referências mais variadas possíveis para o aprofundamento de meu trabalho, mas sem dúvida o corpo assume o lugar de destaque. Sendo O Corpo, agindo por meio do corpo – o corpo como configurador da experiência sensível - é que consigo pensar numa possível autonomia humana. “Então o corpo é o primeiro momento da experiência humana, E antes de ser um 'ser que conhece', o sujeito é um 'ser que vive e sente'”. (ARANHA). É preciso conhecer o corpo, quebrando-lhe as resistências e possibilitando, assim, o domínio de si (e não só o corpo na ideia de corpo-objeto). É preciso conhecer também o espírito, para que dele nos apropriemos. Mas, a ação espiritual que se pede, só pode ser possível por meio de uma totalidade de um ser que é corpo e espirito ao mesmo tempo, nesta perspectiva de trabalho não cabem às dicotomias. “O corpo nunca é dado ao homem como mera anatomia: o corpo é a expressão dos valores sexuais, amorosos, estéticos” (ARANHA); Podemos dizer sociais também. O que busco é justamente isso, me articular a tal ponto que possa me reconhecer enquanto pessoa autônoma, investindo em uma técnica de si. Uma técnica de si seria como nos fala Foucault, um meio pelo qual os homens elaboram um conhecimento sobre eles mesmos. Ao longo da história muitas técnicas de si foram sendo elaboradas e técnicas que consistiam em coisas a praticar, não é um conhecimento de si obtido longe da experimentação de si. Pensar no meu trabalho, o que para mim é imprescindível a um processo de crescimento orgânico é pensar:
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Charlene sadd (al) Ÿ No corpo como fonte intrínseca da criação – No campo das artes
Ÿ No controle do espírito pelas formas – “O performer deve
se faz necessário adentrar numa esfera não tão restrita e muitas vezes miserável como nos apresenta o nosso dia-a-dia, mas numa esfera diferente para falarmos de coisas que não se fala, para vivermos o que não se vive, e o corpo tem pressa e sente a necessidade dessas experiências que o faça transformar-se a si mesmo. Jorge de Sena – poeta português do início da década de 40 - nos fala muito bem dessa urgência do corpo: “O corpo não espera. Não. Por nós ou pelo o amor. Este pousar de mãos, tão reticente e que interroga a sós a tépida secura acetinada, que palpita por adivinhada em solitários movimentos vãos; este pousar em que não estamos nós, mas uma sede, uma memória, tudo o que sabemos de tocar desnudo, o corpo que não espera este pousar que não conhece, nada vê, nem nada ousa temer no seu temor agudo... Tem tanta presa o corpo! E já quando um de nós ou quando o amor chegou”. O que ser quer com o corpo, neste tipo de trabalho é: que a criação operada e encarnada por ele provoque esse despertar, de que o corpo tem pressa, ele não espera por nós, porque uma vez perdida uma experiência, é perdida também uma oportunidade de entendimento sobre quem este corpo realmente é ou não o é. O corpo se perde quando privado de conhecimento. O engajamento do performer é esse rumo a uma posse de conhecimento extra, e o seu trabalho é, a meu ver, contagiar as pessoas de que existem universos dentro de nós que se fazem ainda desconhecidos. O corpo tem pressa, e por muito tempo ele foi e ainda é privado por conta de um pensamento cartesiano arraigado na nossa cultura ocidental. O corpo tem pressa para se manifestar enquanto matéria espiritual.
trabalhar numa estrutura precisa. Fazendo esforços, já que a resistência e o respeito aos detalhes é o regime que permite tornar presente o Eu – EU. Don't improvise please! É preciso encontrar ações simples, mas tomando o cuidado para que elas sejam dominadas e que isso dure. Senão, não se trata do simples, mas do banal”. (GROTOWSKI). A expressão do espírito da maneira como ocorre na performance, ou em outros meios que o excitam, como nas religiões, principalmente nas que não esquecem do valor do corpo em seus ritos, como as afro-brasileiras e tantas outras, é um acontecimento de grande raridade e efemeridade. Portanto, cada momento, cada gesto, e cada ação produzida têm um valor inestimável. Os lugares a que se podem chegar nessa investigação corpo-espírito, as profundezas humanas desconhecidas numa vida cotidiana automatizada, os risos nunca experimentados antes, sensações, olhares momento de êxtase, de entrega, momento de transgressão que no dia-a-dia não tem espaço, tudo isso tem lugar garantindo – mediante ao compromisso do performer – no ato performático. As coisas do espírito não são de fácil expressão. Há que se dar tempo para o que nos é obscuro se revele no ato, ou que criemos um olhar capaz de ver o próprio escuro e apresentá-lo como tal, sem necessariamente converter este escuro em luz. Essa na verdade é uma proposição do Giorgio Agamben quando fala que contemporâneo é aquele que consegue “manter fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente (...). Uma primeira resposta nos é sugerida
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Charlene sadd (al) pela neurofisiologia da visão. O que acontece quando nos encontramos num ambiente privado de luz, ou quando fechamos os olhos? O que é escuro que então vemos? Os neurofisiologistas nos dizem que a ausência de luz desinibe uma série de células periféricas da retina, ditas precisamente off-cells, que entram em atividade; produzem aquela espécie particular de visão que chamamos de escuro. O escuro não é, portanto, um conceito privativo, a simples ausência da luz, algo como uma não-visão, mas o resultado da atividade das off-cells, um produto da nossa retina ”. Converto tal pensamento para essa ideia de apreensão do espírito pelas formas e enxergando não a superfície, mas criando habilidades para enxergar o que pertence ao que não se ver tão facilmente diante de tanta luminosidade em que vivemos. Vivemos numa sociedade espetacular, em que tudo é possível de exibição; estão aí as redes sociais somente como um dos índices desse pensamento. Há que se investir horas de trabalho, paciência, desprendimento para conhecer intimamente os medos, travas. Há que se articular no caso do performer o indizível, o obscuro em ações, por meio do artifício, da técnica, das formas, para que o espírito em toda a sua complexidade emerja. “Quanto, mais nos absorvemos no que está escondido dentro de nós, no excesso, na revelação, na autopenetração, mais rígidos devemos ser nas disciplinas externas isto que dizer a forma, a artificialidade, o ideograma, o gesto. Aqui reside todo o princípio da expressividade”. (GROTOWSKI). Ÿ No entendimento de que ação cênica é um ato de doação e que só acontece quando viabilizada pelo amor – Como lugar de encontro sensível, provocador e aberto a performance nos possibilita relacionamentos na mesma proporção, essa é a intenção. Podemos ver isso se manifestar como intuito em muitas outras linguagens artísticas, como é o caso de Denise Stoklos com
seu teatro essencial: “Teatro essencial é aquele que o ator, é o autor, diretor, e coreógrafo de si mesmo. Seus instrumentos são o corpo, com o corpo ele desenha o espaço, com sua voz ele mostra o afeto do personagem, e com o seu pensamento, sua memória, sua intuição ele constrói a dramaturgia isso é, ele une a voz e o pensamento. Seus temas sempre serão sobre a natureza humana, por tanto universais, inadiáveis daí políticos. A intenção é que o público sai do teatro sempre revigorado, em suas lutas por liberdades e amor, afinal é para isso que estamos aqui”. (STOKLOS). Acredito numa arte que busca o que em nós é oculto, procurando romper com a ideia de promover uma sociedade que vive no “tempo dos camaleões”: “(...) Dupla linguagem, dupla moral: uma moral para dizer outra para fazer”. (Quo Vadis_?_...www.espacosacademicos.com.br/035/35clopes.htm). Para sobrevivência da arte como toda é muito mais essencial o encontro entre seres perceptíveis ou seres que estão em busca dessa perceptibilidade, sendo mais importante do que qualquer outro elemento artístico dito estruturante. Uma ação cênica, um ato performático não se basta em si, ele não concretiza com a produção e a realização do mesmo, mas no momento em que ambos: Performer e público se vêem “nus” diante do outro, podendo ver seus medos, suas mesquinharias, suas faltas consigo mesmos, podendo ver sua própria impotência; pois como diz Agamben: “Nada rende tantos pobre e tão pouco livres como este estranhamento da impotência. Aquele que é separado do que pode fazer, pode, todavia, resistir ainda, pode ainda não fazer. Aquele que é separado de sua impotência perde em contrapartida, antes do mais a capacidade de resistir”. (AGAMBEN).
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Charlene sadd (al) Essa entrega é permitida pelo mais nobre dos sentimentos – a meu ver – o amor: “Amar significa abrir – se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo numa amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que se incorpora no outro, o companheiro no amor”. (BAUMAN). A coragem que se precisa para fazer um ato total, de verdadeira entrega pode ser encontrada no amor, ele permitirá tamanha abertura. Por meio dele teremos forças para descer sobre nossas próprias profundezas psico-afetivas, e torna-las possíveis de conversação. “O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo”. (BAUMAN). Ÿ Na certeza de que somente pelo movimento podemos ganhar consciência e que essa ideia de consciência é imprescindível para o ganho de novos espaços cênicos - A consciência está sempre ligada ao conhecimento, compreensão, iluminação, ao despertar do ser humano; ela sempre propícia momentos em que o ser toma posse dele mesmo por meio de uma ação reflexiva. É tão forte a ação da consciência sobre quem a toma que é por meio dela que sabemos saber; não seria possível nenhuma forma de conhecimento sem a consciência de que temos esse conhecimento, de que conseguimos compreender esse conhecimento: “Desde seus mais humildes princípios, consciência é conhecimento, conhecimento é consciência, não menos interligados do que a verdade e a beleza para keats”. (DAMÁSIO).
Ela gera uma cadeia de emergências cerebrais que validam a existência humana: “O anel reflexivo engendrado pela consciência produz, conforme a atenção do sujeito, a consciência de si, a consciência dos objetivos do seu conhecimento, a consciência do seu pensamento, a consciência da sua consciência. Esse anel reflexivo constitui um meta nível que permite um pensamento do pensamento capaz de retroagir sobre o pensamento, assim como a consciência de si permite retroagir sobre si”. (DAMÁSIO). A consciência é essencial à existência humana e, todo mundo possui essa faculdade, mas, não existe a CONSCIÊNCIA, como lugar a se chegar e do qual não se sairá jamais. “Não é de forma nenhuma uma instância fixa e estável; está sujeita a todos os erros possíveis do conhecimento humano. Frágil e incerta como uma chama de uma vela, pisca, oscila, pode desaparecer ou iluminar-se. O menor sopro pulsional pode apaga-la; corre o risco de ser alterada por um mínimo desarranjo químico da maquinaria cerebral. Trata-se de uma vigilante vacilante”. (MORIN). Com isso entendemos que é possível se ter tomadas de consciência em vários momentos de nossas vidas e não ter A tomada; permitindo assim criar estados de consciência, gerando níveis de consciência que se ampliam, e que geram outros níveis; esses vários estados, por sua vez, permitirão o aparecimento de uma grande rede de consciência. Mesmo sendo a consciência uma faculdade humana, é certo que esses níveis do qual falamos depende de um processo de investimento, não é algo dado; A consciência precisa ser
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Charlene sadd (al) alimentada. “A consciência sempre emerge nas interdependências. O pensamento aciona a inteligência e se autoilumina pela reflexividade (consciência). A consciência controla o pensamento e a inteligência, mas, necessita ser controlada por eles. A consciência precisa ser controlada ou inspirada pela inteligência, a qual necessita de tomadas de consciência”. (DAMÁSIO). Na medida que se amplia um nível de consciência, o ser se amplia de forma conjunta, o ser é a sua consciência. A ampliação do ser para a performance que tem como base não uma representação do humano por meio do personagem mais o próprio humano, ou seja, o sujeito na ação, é de fundamental importância porque dependerá dele a criação do processo artístico. À medida que o performer se alarga, sua criação penetrará novos espaços de consciência, gerando novas criações também. No trabalho do performer a premissa da ação, de construir para desconstruir e tornar a construir – que é justificada pela relação que esta linguagem estabelece com o tempo, não de continuidade, mas de valorização do instante presente com um momento que comporta experiência. Estando não no que passou ou no que virá, mas percebendo onde estamos no agora - é que gera consciência, por meio da ação no agora, para perceber o agora. Sem movimento nada pode ser realizado na vida e no ato performático, nada pode ser absorvido, percebido, reconhecido; sendo assim o performer pouco terá a oferecer. Ainda, “a consciência permite não somente a reflexão do espírito sobre todas as coisas e a vigilância crítica, mas também a mediação”. (MORIN, 2005). Para o performer talvez seja essa a maior finalidade da consciência: a mediação, ter consciência não somente para conhecer ou saber–se conhecedor, mas para torná-la mediadora entra as coisas, fatos e pessoas, sendo ele um fazedor de pontes, mediador num encontro entre performer e público.
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agra deci men tos
AO COLETIVO OSSO DA BAHIA PELA ATENÇÃO E COLABORAÇÃO; A PEDRX APESAR DA DISTÂNCIA QUE NÃO PERMITIU SEU PERFORMAR; AO NÚCLEO DO DIRCEU DE PIAUÍ PELO ESFORÇO E CARINHO PARA COM O CIRCUITO; A RODRIGO MUNHOZ POR SER UM SUPERBODE; A JOTA MOMBAÇA POR SUA COLABORAÇÃO COM ZMÁRO; AOS IRMÃOS DE ALAGOAS: CIP, MARY, PÂMELA, CHARLENE, PELO SEU FIEL CARINHO, ATENÇÃO E DEDICAÇÃO;
UM GRANDE ABRAÇO PERFODEDOR! AOS PARCEIROS DA FOTOGRAFIA E VÍDEO PELA SUA ATENÇÃO A ESTE ACONTECIMENTO; A PROFESSORA NAIRA CIOTTI PELO ESPÍRITO EM PERFORMANTE; AO PROFESSOR LÚCIO AGRA PELO APOIO EMBODEADO; A PROFESSORA BIA MEDEIROS, POR EXISTIR; A TODOS QUE COMPRARAM ESSE SONHO PARA SI POR UM LEVANTE DA PERFORMANCE ARTE NO NORDESTE, QUE HÁ TEMPOS JÁ COMEÇOU.
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ficha técnica PRODUÇÃO:
COLETIVO ES3
FACETAS, MUTRETAS E OUTRAS HISTÓRIAS
DESIGNER GRÁFICO (CATÁLOGO): ANDRÉ BEZERRA. ASSESSORIA DE IMPRENSA: RAMILLA SOUZA. FOTOGRAFIAS NO CATÁLOGO: PÂMELA GUIMARÃES RODRIGO SENA THAMISE CERQUEIRA JEAN SARTIEF.
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