comover 2022
Dedicado à Cauã da Silva Santos.
Apresentação Thiago Saraiva Cineclube Tia Nilda Diego Lima Comover: Quebra-Cabeça do Corpo Sema Exposição Cartaz ....................... Obras ....................... Registros ....................... A queda do meio e o retorno do começo Sara Matos Como ver as vivências transgêneras? Live pré-lançamento “Comover” entre criação, produção e curadoria Abertura da exposição + Roda de conversa
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Quebra-cabeça Dourado: Diálogos entre arte e comunidade Atividades arte-educativas
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Como a não-binaridade move experiências arte-educativas? Roda de conversa
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Memória e perversão: comovendo autobiografias dissidentes na fotografia Oficina
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Comovendo diálogos entre arte e libras Atividades arte-educativas Festa de Encerramento + Pré-lançamento do catálogo Montagem Registros Equipe Participações Agradecimentos
“Por quem nos comovemos se constrói & direciona a partir de como vemos & movemos coletivamente & deliberadamente nossos afetos.” Linn da Quebrada
Não conseguiria e nem quero afirmar com precisão em que momento o projeto Comover surgiu para mim. Desconfio que ele percorria os encanamentos velhos do meu prédio e por um cálculo físico não calculado, desembocou entre as gotas do meu chuveiro instalado durante a pandemia. Seria essa a explicação de todas as minhas ideias surgirem no banho... Há quem diga que, como qualquer pisciano, eu estaria mais próximo de um ambiente umidamente favorável. Desconfio também do s i l ê n c i o , esse que me acompanhou mais do que nunca em isolamento forçado. Com o passar dos dias, semanas, meses, anos… Ele ganhou espaço, tempo e temperatura como névoa, mesmo enquanto eu dormia mais para sentir menos as despedidas e angústias. O silêncio, os banhos ou os silenciosos banhos me fizeram pensar ainda mais sobre a minha existência no mundo, esse em que estou, mas não faço parte, apesar dele fazer parte de mim. Por isso me sinto incompleto?
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Qual a minha missão?
Onde quero estar? Com quem quero estar?
Poderei amar novamente? Serei amado?
Tem local? O que vou fazer no futuro?
O que posso fazer agora?
Esse messias é o próprio anticristo.
Como sobreviver fazendo arte?
Senhora, pode passar.
Não quero fazer nada? Não quero sair mais daqui…
Não sei se aguento me expor tanto no TCC, dói.
O mundo me assusta.
Quando estou na rua só quero voltar para casa…
Eu tenho nojo de tudo que você faz…
O que eu fiz todo esse tempo?
Vou descansar… Não consigo… …aquele garoto que parece uma menina. Deus, será que as pessoas não vão se conscientizar? Não consigo andar! Estou com medo Amigo, minha mãe se foi…
Quem sou eu?
Preciso de um banho!
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Reaprender a respirar, reconectar-me com o próprio corpo, jogar-me sem julgar, expandir a consciência, SER RIDÍCULO. As fortes dores na coluna, talvez, anunciavam os pesos velados do passado, a forma curva com que o mundo me fez caminhar até o presente. A ponto de meu corpo não querer que os pés descalços tocassem o chão. Seu tratamento em quase silêncio nos levou às novas confidências: amiga, eu me identifico como uma pessoa não-binária.
Desde quando me entendo por gente, expressão um tanto engraçada quanto mentirosa que adoro, pois como diria Jup do Bairro:
Não nascemos nada. Talvez nem humanos nascemos.
Nessa vida de ser coisa não-humana, nunca me identifiquei com a mulheridade ou a hombridade. De fato, algumas coisas do expressar aqui ou acolá, mas nunca um ou outro, nem o que se espera de um e do outro: “É menino!”. Sufocado como fumaça engarrafada em incubadora. Eu queria ser água de rio, transitar infinitamente por diversas paisagens, peles e telhados, porém nunca duas vezes da mesma forma.
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Me dei conta que não conhecia pessoas como eu, ou ao menos não tinha certeza de quem ao meu redor se reconhecia em desimagem e dessemelhança. Entre imagens de arte, leituras, letras de música e reflexões, a urgência do diálogo com seres palpáveis chegou. Então, passei timidamente a sondar os círculos ao meu redor e as suas intersecções maravilhosamente perversas: Sema, Mar, Rodrigo Masina, Alucas do Trópico Sul, Brune Ribeiro, Tuty… Passaram a ser minhas referências sem seguir a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). É curioso como reconhecer-se em outre possibilita quedas para cima, nos faz escapar das falsas seguranças ofertadas pelo mundo. Cuidado! Os encantos precedem as arapucas… Um novo dia após madrugada chuvosa amanhece empossado, antes da água penetrar os poros da terra e seguir seu curso. Necessitei empossar lugares e não via onde fazer parada. Afinal, onde seria seguro para com outras águas me misturar, nos contaminar? Partilhar experiências, afetos, silêncios e risos, descobrir como se moveram até aqui: sozinhas ou alcateia? Seria possível atravessar mentes e corações que morrem desidratados por ignorâncias, fobias e preconceitos?
Uma oportunidade era o que faltava, ainda estávamos distantes devido ao isolamento social. A oportunidade raspou no meu braço, a segurei com força: volta aqui, bixa! Em poucos dias, a escrita do projeto estava pronta - pronta seria de longe uma boa palavra, ela era o próprio Frankenstein! Fios, carne e emendas à mostra. Acredito que por estar assim, totalmente vulnerável, foi amparada pela velha rede de confiança: Ana, Dani, Maria, Babi, Themi (meu pai), Sara, Gabi Fadinha e Alïce. Estava formada a equipe de Comover, batizado pela sereia do (a) mar Linn da Quebrada, que nos abençoou pelos en-cantos de suas línguas bifurcadas. Assumi o desafio de comandar a frota, a produção geral de meses de trabalho e suor em silêncio, articulando cada detalhe com atenção, planilhas, carinho e dores torácicas. Novas alianças começaram a subir a bordo, dentre elas, minhas referências sem ABNT, para participações especiais envolvendo curadoria, apresentação musical e e atividades educativas. Além das que embarcaram pelas intersecções afetivas trazidas de outros mares e tempos, como Celeide, Letícia, Árvore e Gabrielle. E dos conhecidos e desconhecidos que apoiaram a produção do projeto à distância ou atuaram em serviços técnicos.
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Numa noite de domingo, a chuva caía sobre a lona da quadra. Do lado de lá, a telona de tecido projetava pela primeira vez o curta-metragem Tia Nilda. Do lado de cá, o público aplaudia de pé a trajetória e o legado apresentados pelo curta sobre a líder comunitária de Cordovil, bairro periférico do Rio de Janeiro, onde eu vivo desde os 4 anos. Diante daquela cena comovente em que realidade e ficção eram refletidas como uma só face, não tive dúvidas: Comover precisava nascer ali, na comunidade banhada pela bênção dourada da Tia Nilda. Seu neto, Diego, sentado na cadeira de plástico branco ouviu atentamente sem piscar a proposta do projeto. Finalmente, Comover ganhava seu lugar seguro para habitar, a sede do Cineclube Tia Nilda. É provável que você leia essas palavras inundadas de experiências e nadadas por muitas mãos após o encerramento da exposição que, entre tantas definições, é a minha primeira exposição individual e altar de muitos protagonismos dissidentes e periféricos. E sabe, posso ver daqui do passado que o projeto será um manancial de celebração à vida. Uma pronoia naval engenhada por Nhanderu. Desejo que você tenha vivido essa viagem com a gente! Finalmente, me pergunto onde será nossa próxima desembocadura. Enquanto isso, seguimos nos comovendo por onde e por quem nos derramarmos, mesmo em silêncio. Nesse final de percurso, eu escrevo em primeira pessoa do plural da alcateia, afinal, já não me sinto só, como quando Comover escorreu na minha pele pela primeira vez. Com vocês eu fui chuva, seremos mar, Gratidão por se lançarem de olhos fechados! Com amor, Thiago Saraiva
Artista e Produtor
CineClube Tia Nilda
O é um projeto cultural que tem como objetivo impulsionar, propagar e incentivar a cultura e o encontro social através do cinema nacional. O projeto foi fundado no ano de 2012 na comunidade do Dourado, bairro de Cordovil, Zona Norte do Rio de Janeiro, e realiza sessões de cinema, integradas com oficinas de arte e educação. O projeto é também uma homenagem à Nilda Campos de Lima, uma importante líder da comunidade do Dourado, onde nasceu e viveu por toda a sua vida. Tia Nilda, como ficou conhecida, atuou na expansão da comunidade, abrigando moradores e oferecendo auxílio aos mais necessitados. Na quadra de esportes do Dourado, aconteciam diversas festas e eventos organizados por ela, que tiveram extrema relevância no desenvolvimento social, cultural e afetivo do lugar. Hoje em dia, seu nome está presente na Clínica da Família e no CineClube do bairro. Tia Nilda representa dedicação, carinho e amor à comunidade. Durante a nossa trajetória no Cineclube Tia Nilda, além das sessões, realizamos diversas atividades culturais como oficinas e cursos em diversas linguagens artísticas para crianças, jovens e adultos, contemplando toda a comunidade. A nossa missão é proporcionar atividades culturais gratuitas, possibilitando a inclusão, visibilidade e protagonismo social dos moradores. A nossa visão é nos fortalecermos enquanto espaço cultural, para que continuemos apoiando a nossa comunidade através da arte, cultura e educação. Por fim, em 2022, o Cineclube completa 10 anos de atuação junto à comunidade e, como parte das comemorações, recebemos a primeira exposição de arte na nossa sede Comover: quebra-cabeça do corpo, que é também a primeira exposição individual de Thiago Saraiva. Diego Lima
Direção Cineclube Tia Nilda
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ComoVer
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quebra
O que constitui um corpo? Quais são as peças fundamentais para o seu pleno funcionamento e a sua legibilidade no mundo? Em tempos de tantas intervenções cirúrgicas, filtros virtuais e superexposição de imagens, podemos presumir que o ser humano obteve o controle de moldar o próprio corpo como nunca antes. Aquilo que antes era dado como natural hoje passa a ser contestado, bagunçado e até mesmo superado. Qual a linha tênue entre natureza, cultura e tecnologia? Aquilo que aprendemos desde cedo sobre corpos femininos e masculinos já não dá conta da pluralidade e fluidez que vai se espalhando ao nosso redor. Se fomos educades a seguir um livro de regras rígidas para a montagem das peças que formam o nosso corpo social, ao longo do tempo nos deparamos com a possibilidade de desobedecer qualquer instrução: podemos desordenar as nossas peças, misturá-las ou escolher quais serão usadas ou não.
-cabeca do corpo
r A presente exposição, primeira individual do artista Thiago Saraiva, é composta por esses pequenos pedaços de seu corpo: espalhados pelo espaço, reinventados e ordenados de forma não linear. Juntos, constituem um grande quebra-cabeça que nos possibilita decifrar o universo particular do artista, em suas inquietudes e experimentações corporais. Olhos, língua, dedos, boca, mãos, cabelo, bigode, pés, unhas, dentes: pequenas engrenagens que em si mesmas já carregam uma série de preceitos sociais, estigmas e maneiras de comunicar mensagens. Aqui, elas se tornam mais do que pedaços de um todo, são protagonistas de suas próprias narrativas. E com isso, convidam também o público a praticar este exercício de emancipação: como eu gostaria de compor o desenho de meu próprio corpo, livre de regras? Como montar as peças desse corpo? Como ver um corpo?
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O público já é instigado a repensar e desmontar seu próprio corpo ao se deparar com a obra Ande como Homem (2019), uma instalação que consiste em um tecido de veludo roxo, bordado com a frase do título, que se estende da parede para o chão. O trabalho é ativado quando o público se dispõe a andar sobre ele, seguindo (ou não) a instrução da frase. Como o ato de andar é demarcado pelas normas sociais de gênero? Quando o gênero entra em questão, este ato não se limita apenas ao movimento básico dos pés, como também se estende no balanço do resto do corpo e chega até o olhar do outro. Movimentar-se em público, especialmente para corpos dissidentes, significa se expor às mais variadas leituras sociais, estranhezas e riscos de violência. E para corpos em que a masculinidade é esperada e imposta, o mínimo gesto que se desvie de um ideal de virilidade engessada já é passível de repreensão. Andar, falar, apertar a mão “feito homem” são demandas constantemente ouvidas desde muito cedo. Já no trabalho de Thiago, esse imperativo surge em um tom irônico: pessoas de todos os gêneros poderiam andar, desfilar, correr ou dançar como bem entendessem, propondo novos gestos fora do senso comum do que se entende por se movimentar, se portar e agir “como um homem”.
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CABEÇA A masculinidade compulsória também se mostra presente na obra (O)culto (2022), em que vemos uma fotografia emoldurada e coberta por um escuro tecido. Ao nos aproximarmos do trabalho, é possível perceber que se trata do retrato de uma pessoa, cujos olhos atravessam o pano e encaram o espectador: um olhar de alguém que parece pedir socorro. De fato, a fotografia em questão retrata o próprio artista quando criança, em uma situação em que foi vestido de uma farda militar pela escola onde estudava. A partir dessa imagem, Thiago propõe uma reflexão sobre os dispositivos de imposição de gênero aplicados ainda na infância, ao enfatizar o caráter compulsório daquela situação em relação a corpos com nenhum poder de escolha ou recusa. A instituição escolar cumpre seu papel disciplinador e autoritário ao moldar os ideais de gênero a serem seguidos: no caso, a figura do militar como expressão máxima da masculinidade cisgênera e heterossexual, bem como sintoma de um país ainda assombrado pelo legado da ditadura. O olhar confuso e inocente da criança evidencia o contraste produzido entre a fragilidade daquele corpo e toda uma ideologia retrógrada e violenta que aquela vestimenta simboliza.
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Já o trabalho Tríptico - Carnaval, O Mensageiro e Colo (2019) apresenta três vídeos em que o artista explora histórias, códigos e mediações ativadas pelo seu próprio cabelo em variados contextos. Em Carnaval, vemos suas mãos segurando e manipulando tufos de cabelo cortados, explorando a matéria como se moldasse uma escultura. Os gestos começam delicados e cuidadosos, mas ao passar do tempo se tornam mais rápidos e agressivos: os tufos vão mudando de textura e formando nós, que por sua vez vão sendo partidos pelas mãos raivosas em uma gradual tensão. Em O Mensageiro, vemos um plano da boca do artista, que ingere os tufos de cabelo e os mastiga. Ao longo da ação e do acúmulo de cabelo em sua boca, Thiago passa a balbuciar citações da Bíblia conhecidas por supostamente condenarem a homoafetividade. Por mais que a fala seja dificultada pela dada situação, as frases ainda se tornam compreensíveis, especialmente para aqueles já “familiarizados” com elas. Por fim, em Colo, o espectador já encontra um alento ao ser transportado para a casa do próprio artista, onde podemos vê-lo tendo seu cabelo cuidado e tratado por sua mãe. Tal imagem surge como um pouso suave e seguro após a densa e arriscada viagem provocada pelos vídeos anteriores. Carnaval e O Mensageiro trazem o cabelo como um elemento que evoca atritos, confrontos e violências estruturais, além de cutucar algumas convenções sociais que o rodeiam: o cabelo cortado, como uma parte do corpo que pode ser desprendida e se torna lixo, aqui pode se transformar em matériaprima e alimento. Para o artista, o tufo de cabelo, tão inconveniente e descartável, é ainda uma parte do eu, aberta a outras novas possibilidades. A parte do eu que pode ser esmagada, desembaraçada, repartida, mordida e deglutida. Um pedaço do corpo que serve de alimento para o próprio corpo, tal qual o corpo de Cristo, agredido e morto, é simbolizado pelo pão na Santa Ceia. 1 Colo, por sua vez, propõe o cabelo como elemento mediador 1
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus,
na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.” (1 Coríntios 11:23,24)
das relações interpessoais. Se considerarmos o cabelo uma parte de grande importância em nossa aparência, que afeta fortemente nossa autoestima, logo o ato de permitir que outra pessoa toque ou cuide dele requer um prévio acordo de confiança. No caso, o fato desse cuidado ser estabelecido entre o artista e sua mãe nos sugere que o cabelo se torna uma ponte onde se atravessa também o carinho e o afeto. Além disso, a ação simboliza diferentes tipos de conhecimento que poderiam ser transmitidos na relação de mãe para filho, como tradições familiares e saberes ancestrais, mas também a educação que orienta (ou impõe) as instruções de construção de nossos corpos. Uma relação de amor e cuidado que é também atravessada por conflitos de geração quando estas instruções passam a ser questionadas e subvertidas. Essa potência de união e amparo proporcionada pelo cabelo também está presente na obra Relação no Tempo (2019). Nesta videoperformance, Thiago e o performer Victor Dargains, utilizando roupas e acessórios semelhantes, procuram se equilibrar sobre dois tijolos com seus cabelos entrelaçados um no outro. Os movimentos de um reverberam no corpo do outro e o equilíbrio só se torna possível a partir da sintonia e interdependência dos dois corpos. Novamente, o artista brinca com as convenções sociais relacionadas ao cabelo, quando pensamos essa parte do corpo como um aspecto de nossa aparência que destaca nossa individualidade. Modelamos e cuidamos do cabelo de maneira que ele transmita, de certa forma, um pouco da nossa personalidade e nos diferencie das outras pessoas. Em Relação no Tempo, o cabelo cumpre uma função oposta: dois corpos, aparentemente semelhantes, dividem o mesmo cabelo e a partir dele se tornam um só. A consciência da necessidade de cooperação rompe a barreira da relação entre eu e o outro, provocando um espelhamento em que ambos os corpos se confundem e se misturam para que nenhum dos dois desabe e se machuque. Entretanto, esse acordo também perpassa suas individualidades: o que pode acontecer quando um dos corpos dá as costas ao outro, ou quando um quer disputar o controle sobre o conjunto? Qual a linha tênue entre o companheirismo e a competitividade para a sobrevivência do corpo-duplo?
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TRONCO O âmbito educacional surge mais uma vez na obra Arapuca (2022), que consiste em fotografias da mão do artista, com as unhas pintadas, emolduradas por pranchetas escolares. Cada foto retrata a mão realizando um sinal do alfabeto manual usado na Língua Brasileira de Sinais (Libras), de maneira que o conjunto das imagens forma a palavra “arapuca”. Neste trabalho, Thiago ativa diferentes possibilidades de se comunicar mensagens a partir dos gestos da mão, tanto na formação de códigos de um alfabeto quanto na questão das unhas como dispositivo de se performar o gênero. Ele toma como referência uma antiga brincadeira do ambiente escolar em que era perguntado às pessoas lidas como meninos “como você olha suas unhas?”. A resposta “automática” de cada pessoa, ao posicionar a própria mão de forma aberta ou fechada, determinaria quem era “bicha” e quem era “macho”. Podemos refletir, a partir desta brincadeira supostamente boba, como a masculinidade precisa ser afirmada, reforçada e comprovada a todo momento. Espera-se que pessoas lidas socialmente como homens não só demonstrem profundo orgulho de sua virilidade, como também rejeitem fortemente tudo que possa se desviar desse padrão. E para além da brincadeira citada, podemos lembrar também como o movimento das mãos é uma forma de comportamento frequentemente regulada em relação a corpos dissidentes. A maneira como uma pessoa gesticula, no senso comum, é um indicador se ela “dá pinta”: nossa condição de diferente é então denunciada e prontamente apontada como algo ridículo e vergonhoso que deve ser reprimido.
Novamente, aqui a escola se mostra um ambiente que também nos alfabetiza nos códigos de gênero, onde construímos nossas primeiras interações com o coletivo, aprendemos aquilo que é socialmente aceito ou não e somos constantemente instruídes a montar nossas peças da maneira “adequada”. Aprendemos que a unha, por exemplo, se torna uma parte do corpo que cumpre a função de delimitar fortemente a separação binária de gênero: o ato de deixar as unhas crescerem e pintá-las é, convencionalmente, associado ao gênero feminino. Segundo o artista, sua experiência pessoal de ter adotado essa prática em seu cotidiano provocou “questionamentos e olhares” em relação a seu corpo no meio familiar e na rua. Thiago propõe em seu trabalho uma nova lição ao evocar o âmbito escolar e confrontálo com uma experimentação de liberdade tão reprimida em um ambiente como esse, principalmente quando levamos em conta os inúmeros casos de pessoas trans que não conseguiram concluir sua formação por conta da intensa violência sofrida nessas instituições. Um outro tipo de “arapuca” está presente na obra Ensaio para armadilha nº 5 (2020), um díptico de fotografias integrante de uma série de trabalhos onde Thiago cria a figura de uma “criatura cabeluda”, com a qual experimenta as suas relações com o espaço. Segundo o artista, “sua criação toma como referência a lenda de Curupira, entidade de origem indígena, protetora das matas brasileiras, que engana caçadores com seus pés invertidos para trás”. Em seu trabalho, a criatura cabeluda apresenta uma aparência ambígua ao apresentar, na primeira fotografia, uma cabeça sem rosto, coberta por um longo cabelo preso. Podemos identificar que seu corpo está posicionado de frente para o espectador pelos peitos aparentes, enquanto sua cabeça parece estar na posição inversa, tal qual os pés de Curupira. Já a segunda fotografia nos provoca uma surpresa quando a criatura nos mostra a língua,
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atravessando os fios de cabelo e revelando uma boca escondida. O ato de mostrar a língua é geralmente associado a um comportamento irreverente: quando queremos provocar alguém (especialmente em um contexto infantil), quando estamos fazendo careta para uma foto, mas também como uma forma de seduzir outra pessoa. Talvez esta seja a armadilha da criatura cabeluda: o corpo ambíguo que brinca, atrai, provoca, confronta e causa tantos estranhamentos. Thiago também cria outros corpos esquisitos na obra Casa de Oleiro (2018-), em que o artista fotografa partes do corpo de pessoas em seus quartos e as manipula digitalmente por meio de cortes, espelhamentos e colagens. Baseado no famoso livro Frankenstein, de Mary Shelley, o trabalho redireciona as ligações entre mãos, braços, barriga e cotovelos formando criaturas fantásticas. Ao considerarmos que essas fotografias foram realizadas em um contexto de intimidade entre o artista e as pessoas retratadas, podemos pensar em como nossas relações nos dias de hoje são constantemente mediadas pelo ato de tirar fotos de partes do nosso corpo. A fotografia, hoje um recurso amplamente mais acessível, se torna um instrumento central de seduzir e estabelecer uma relação de intimidade com outra pessoa, seja pela exposição pública constante de nossa imagem nas redes sociais, pela troca de fotos íntimas com pessoas que desejamos ou até mesmo pela venda desse tipo de fotos como uma forma de trabalho e sustento.
Por fim, Casa de Oleiro ecoa o próprio conceito que permeia esta exposição como um todo: como podemos então imaginar novas formas possíveis de montar e (des)organizar o corpo? Até onde vai nossa liberdade e autonomia sobre ele? Até que ponto estaríamos reféns de uma estrutura que determinou quais corpos serão legíveis? Quais corpos serão passíveis de afeto, desejo, amor e acolhimento? Esses corpos, corpas e corpes que querem mais do que ser vistos, porque visibilidade somente não vai pagar as contas. Como então ver, ler, compreender, respeitar, cuidar e amar nossas corpas? Sema
Curadoria
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Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretraria Municipal de Cultura apresentam
EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL
THIAGO SARAIVA
QUEBRA-CABEÇA DO CORPO CURADORIA
Sema
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JUNHO
2022
CINECLUBE TIA NILDA
Rua José Lopes, 66 - Cordovil sex e sáb, de 14h às 20h ENTRADA FRANCA
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(o)culto
fotografia analógica, moldura e tecido 55 x 42 cm 1995 - 2022
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Arapuca
fotografias digitais impressas sobre papel e pranchetas 34 x 300 cm 2022
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Ensaio para armadilha nº 5
fotografias digitais impressas sobre papel díptico 30 x 45 cm 2020
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Ande como homem
veludo bordado e varal instalação 100 x 70 cm 2019
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Carnaval www.youtube.com /watch?v=rdAkjQk7fKw&t=26s
vídeo 5’ 2019
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o Mensageiro www.youtube.com /watch?v=Fy6d27ptumY
vídeos 7’ 2019
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Colo www.youtube.com /watch?v=cQWS7ilN_pk
vídeo 7’ 2019
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Relação no tempo vídeo em looping 2019
www.youtube.com /watch?v=m1e-lBUcaSM
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Casa de oleiro
colagens digitais impressas sobre papel fotografias 50 x 95 cm 2018
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Na divisa da alternância dos extremos tentando nivelar-se: esquiva, o corpo de face dupla ensaia a cair, para aperfeiçoar-se na queda, calcanhares trocados, cambaleado, golpeia ser da mata e guardião da floresta respira o ópio ser amputado, toca o sagrado e o profano, o delírio e a lucidez, ser inexato, revira o revirado, toca o intocável, consome e é consumido por suas ruínas, circunda nos territórios inquietos da pulsação navega nas regiões que a dúvida proporciona cruas, sem garantias, sem nomes. * Corpo degenerado, mora na falsa conjectura de que come e é comido come e é cuspido no ofendículo de si, olhos condensados, voltados para dentro de seus mistificados horizontes, ergueu-se na corda bamba cinco andares nas costas: a impotência a perturbação a angústia a falência e a sobrevivência no miolo de seus frutos danosos, cambaleia, tomba, treme, tem sede de chão. *
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A queda do meio
e o retorno do comeco
Bicho amedrontado comportamentos valentes, imprudentes, ensaiados conduzido pela autonomia, não anda em manada entorna as armações demarcadas, repetindo os mesmos velhos estágios, consumido dentro de sua busca de atingir e, é atingido, vulnerável nos seios da tormenta, fracassa é uma obsessão por programar armadilhas nas suas falhas tentativas de chegar lá, não conclui o que deu-se largada. ***
Sara Matos
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Como ver as vivencias tran ˆ
LIVE Pré-lançamento 31.05.2022
nsgeneras? ˆ Em live de pré-lançamento de Comover: quebra-cabeça do corpo, Mar (atriz e produtora goiana da Cia Pneuma) e Tuty Coura (estudante de psicologia e cocriadora norte-mineira do Coletivo Trans Não-binárie) compartilharam com o público um pouco de suas experiências íntimas e profissionais acerca da transgeneridade. A mediação da conversa foi feita por Thiago Saraiva e interpretada em Libras por Árvore.
www.youtube.com /watch?v=d1GvDPBNwDM
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Comover entre criacao, ˜ produc ‘
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Abertura + Roda de Conversa 10.06.2022
ao ˜ e curadoria.
Na abertura da exposição, curador e artista de Comover: quebra-cabeça do corpo, Sema e Thiago Saraiva conversaram com o público acerca dos processos que se desencadearam antes e durante o projeto, dando destaque para temas como carreira, mercado de arte e territórios. O bate-papo foi interpretado em Libras por Árvore.
www.youtube.com /watch?v=tx0oqSTbEU8
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quebra-cabeca dialogos entre ar ´
Atividades 10+11.06.2022
dourado: rte e comunidade.
A partir da participação espontânea de crianças e adolescentes da favela do Dourado (Cordovil), Thiago Saraiva e Árvore realizaram bate-papos e dinâmicas educativas que aspiraram estimular a imaginação, a reflexão crítica e a partilha coletiva do público infanto-juvenil.
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Como a nao-bin ˜ experiencias art ˆ
Roda de conversa 17.06.2022
aridade move te-educativas?
Brune Ribeiro (educadora museal) e Árvore (arte-educadore de Comover) conversaram com o público sobre como criar intersecções entre arte-educação e a não binaridade de gênero, dando destaque para temas como crítica institucional, público de arte e território. O bate-papo foi mediado por Thiago Saraiva e interpretado em Libras por Letícia Julião.
www.youtube.com /watch?v=AAYam8QoLyI
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Memoria ´ e perve comovendo auto dissidentes na fo
Oficina 18.06.2022
ersao: ˜ obiografias otografia. A partir dos estudos sobre a palavra “perversão”, Rodrigo Masina Pinheiro ministrou uma aula de fotografia abrangendo a produção imagética e memorial de narrativas dissidentes. A atividade foi destinada ao público ouvinte e surdo sinalizante, sendo interpretada em Libras pela dupla Letícia Julião e Árvore.
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quebra-cabeca dialogos entre ´
: comovendo arte e libras.
Como parte da programação da exposição “Comover: quebra-cabeça do corpo”, Árvore mediou uma experiência virtual de imersão nas obras de Thiago Saraiva visando ampliar diálogos entre a poética do artista e as percepções do público. A atividade foi destinada às pessoas sinalizantes, tanto PCDs auditivas quanto ouvintes.
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festa de encerr pre-lancamento ´ ‘
amento + o do cAtalogo. ´ No último dia da exposição, aconteceu o pré-lançamento do catálogo com a participação de Bárbara Andrade (revisão de textos), Alice Ferraro (diagramação) e Thiago Saraiva (artista e produção geral). A festa de encerramento foi comandada por DJ Alucas do Trópico Sul e DJ Deseo (Chile) que colocaram todo mundo para se mover ao som e performances especiais.
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Thiago Saraiva é filho de migrantes nordestinos, artista e produtor de Comover. Vive e trabalha em Cordovil, periferia do Rio de Janeiro. Graduado em História da Arte pela Escola de Belas Artes - UFRJ, com intercâmbio internacional em artes pela Universidad Nacional de Córdoba. Possui formação artística pela Escola Livre de Artes (Galpão Bela Maré) e pelo PalavraCorporalidade.lab (Laencasa). Seus processos incorporam questões sobre memória, gênero e fabulação, tendo interesse em especial por formular modos de amparo, fuga e emboscadas por meio de vivências coletivas, instalações, fotos e vídeo-cenas. No Brasil, já expôs no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Espaço Cultural Oasis e Centro Cultural Phábrika, dentre outros. Ademais, coproduziu e curou A semana de histórias das artes e coorganizou o livro À margem? Ensaios sobre histórias das artes. E por fim, participou de exposições internacionais como Acciones Intermitentes e Distorsión Ficticia.
Diego Lima iniciou seus estudos nas Oficinas de Audiovisual do Circo Voador em 2007. Na casa, gravou shows como a primeira apresentação de Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e de bandas como: Nação Zumbi, The Cult, The Wailers, Justice e Bad Brains. Como fotógrafo, operador de câmera, editor e produtor cultural, participou de diversas produções de vídeo com a produtora MOOV, viajando por vários estados do país. Rio Parada Funk, Eu Amo Baile Funk, Pimpolhos da Grande Rio, Articulação Teatro de Animação, Companhia Trinca Rua estão entre outros trabalhos que assinou. Desde 2012, idealiza e realiza o CineClube Tia Nilda no bairro de Cordovil, subúrbio do Rio de Janeiro.
Sema vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ. Bacharel em Artes Visuais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atualmente cursa o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes da mesma instituição. Pesquisa a relação dos estudos cuir/queer com as artes visuais, a metalinguagem da videoarte e questões do artista enquanto profissão. Já participou de exposições na Galeria Anita Schwartz, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, na Galeria Oasis, no Centro Cultural Phábrika, dentre outros.
Sara Matos vive e trabalha no Rio de Janeiro, graduanda em bacharel em Artes Visuais Escultura pela EBA-UFRJ. Carioca sem sotaque, a favor do conhecimento livre, poetisa, artista plástica. Se interessa por microbiologia, inteligência artificial, arte eletrônica, filosofia e literatura. Permeia por fatores da cultura digital como banco de dados, capitalismo da vigilância, segurança da informação e obsolescência programada. Atua através das linguagens de arte generativa, arte sonora, poesia, desenho, escultura, corpo, foto e videoarte.
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Árvore é uma pessoa não binarie, pansexual, graduande em pedagogia, pesquisadore na área de gênero e educação. Intérprete de Libras, poeta, artista visual, educadore, Slammaster e coordenadore de acessibilidade do Slam 188 e Slammaster do Slam Orgasmo.
Mar é Atriz, produtora e intérprete de Libras. Formada no Curso Básico de Teatro pela Escola de Teatro de Anápolis (2013-2015), graduada em Teatro pela Universidade Federal de Goiás (2017-2021) e estudante do curso técnico em Direção Teatral pela SP Escola de Teatro (2021). Integrou a Companhia Anapolina de Teatro de 2015 a 2017 atuando nos espetáculos: Refazendo Nuvens (2015), O castelo de Mulumi (2016), Coralinando (2016) e Performance Vitrini (2017). É integrante da Companhia de Teatro Pneuma, na qual trabalhou como elaboradora de projeto, atriz e produtora do espetáculo A cantora careca de Eugène Ionesco, que estreou em 2017, aprovado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás (FAC-GO). Em 2020, esteve na atuação e produção do projeto Oficinas Artísticas para a formação de intérpretes, também fomentado pelo FAC-GO. Em 2021, elenca a ficha técnica do projeto Ações Formativas em Espaços Públicos de Anápolis, apoiado pelo Fundo Municipal de Anápolis, também na atuação, produção e interpretação em Libras. Em 2022 escreve e aprova o projeto de montagem do Solo Meia xícara e Só pela Lei Aldir Blanc, fazendo circulação em diversas cidades de Goiás, além de festivais. No audiovisual, atuou em um videoclipe (2018), em um curta documentário (2020) e, atualmente, faz direção de elenco de um curta (2022). Na trajetória com a Língua Brasileira de Sinais, formou-se no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez.
Tuty Coura é estudante do 10° período de Psicologia da PUC Minas, integrante do Diretório Acadêmico Escípio Cunha Lobo, do Coletivo Trans Não-Binárie, do Movimento Autônomo Trans de BH, da Comissão Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual (CRP-MG), da Comissão de Direitos Humanos do CRP-MG e da Articulação Nacional de Psicólogues Trans (ANP Trans), realiza estudos na área de gênero, arte, psicologia social, educação e saúde mental. Militante antimanicomial em defesa do SUS e do fortalecimento dos equipamentos de saúde mental, além de realizar trabalhos com pintura (tinta acrílica em tela), performance e poesia. Norte-mineire, trans não binárie, de barba e negre.
Brune Ribeiro da Silva Uma bicha preta trans não binária, pansexual, carioca suburbana, macumbeira e não monogâmica. Historiadora da Arte (Escola de Belas Artes/UFRJ) e mestranda em Artes Visuais (Programa de Pós Graduação em Artes Visuais/UFRJ), pesquisa as contribuições de artistas-educadoras na revisão e construção crítica da história e teoria da arte. Pesquisadora no grupo de pesquisa Educação Museal: conceitos, história e políticas (Museu Histórico Nacional/CNPq). Educadora Museal há sete anos, colaborou com diversas instituições culturais como Museu da Chácara do Céu, Museu de Arte do Rio, Museu Histórico Nacional e Galpão Bela Maré. Atualmente, é educadora no Museu do Amanhã. Está gestora da Rede de Educadores em Museus e Centros Culturais do Rio de Janeiro (REM-RJ) e colabora com a Rede de Educadores em Museus do Brasil (REM-BR). Curadora das exposições Íris, no Atelier Sanitário, e 50 anos de Stonewall e os direitos da população LGBTQI+ no Brasil, no EJJ/UFRJ, ambas em 2019. Participa da Residência de Curadoria, na Casa da Escada Colorida, e da Pemba: Residência Preta, no Sesc.
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Alucas do Trópico Sul nasceu bicha e mestiça em Ituiutaba - MG. Mudou-se para o Rio de Janeiro em agosto de 2011. Em 2014, descobriu a cena de música eletrônica alternativa e consequentemente, a pista de dança. De lá pra cá frequentou diferentes pistas que foram a escola na qual Alucas desenvolveu trabalhos de performance, além de uma sensibilidade para a mixagem. Em 2019 começa seus trabalhos como DJ, com apoio da Comuna, onde participou dos encontros CORO-NOITE, que propunha discutir e aprofundar a reflexão sobre a cultura noturna de música eletrônica, além do Desvio, talvez o espaço cultural mais importante da geração de Alucas, onde desenvolveu projetos como Piloto. Ainda em 2019, começa a trabalhar no bar da festa Domply, coletivo no qual mais tarde integraria como produtora. Alucas também foi assistente da produtora e cineasta Rejane Zilles e do cantor e compositor Jards Macalé. Atualmente, além de produzir a festa Domply e se apresentar como DJ, Alucas também assina a curadoria do Flora Bar, no Selina de Copacabana. Já produziu e lançou 1 álbum e outros 6 EPs de forma independente. Também contribuiu na coletânea Rave RJ vol. II.
Rodrigo Masina Pinheiro é cineasta e fotógrafe nascide e criade entre Vila da Penha e Inhaúma, no Rio de Janeiro. Utiliza diversos meios em seu trabalho, como a fotografia, o filme-ensaio e a escrita. Sua série intitulada GH, Gal e Hiroshima, feita em colaboração com a artista Gal Cipreste Marinelli, é atualmente umas das 10 finalistas ao prêmio Louis Roederer Discovery Award no Les Rencontres d’Arles 2022 e foi indicada para o prêmio principal do Gomma Photography Grant. Em 2021, foi premiade com o primeiro lugar no PH MUSEUM Grant e selecionade para o Prêmio Pierre Verger, Bahia. Sua pesquisa aborda a infância lgbtia+ e as autobiografias do corpo desobediente de gênero apesar dos regimes heterossexistas, subjetividades encarceradas e dos diversos processos de mutilação narrativa.
Youtube
www.youtube.com/channel /UC9K0HV_OglDJB-p_PYmt7jw
@comover.comover
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equipe comove
produção geral THIAGO SARAIVA assistência de produção ANA COUTINHO curadoria SEMA arte-educação e interpretação em Libras ÁRVORE LETÍCIA JULIÃO comunicação e estilo EMILIA ALCOFORADO identidade visual e mídias sociais DANIEL BARBOZA diagramação do catálogo ALÏCE FERRARO revisão de texto BÁRBARA DE ANDRADE fotografia CELEIDE MARTINS GABRIELLE SOUZA
audiovisual GABRIEL CAETANO SARA MATOS projeto 3D de planta baixa JEFF ESTEVÃO montagem e iluminação THEMI FILHO equipamento de som DIEGO LIMA equipamento de iluminação ESCAMBO CULTURAL transporte FLEMINCIO MACAMBIRA faixas de ráfia NILDO carro de som GIL costura LUISA BARBOZA
equip cineclub tia nild
direção DIEGO LIMA coordenação de projetos LUNA LEAL produção local
oficina de arte
ÁRVORE BRUNE RIBEIRO MAR TUTY COURA dj ALUCAS DO TRÓPICO SUL DESEO
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rodas de conversa
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RODRIGO MASINA PINHEIRO
articipacoes speciais
KAROLYNNE CAMPOS
agradecimento especiai
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA FAVELA DO DOURADO CINECLUBE TIA NILDA MARINALVA ALVES ANDERSON BARRETO VICTOR DARGAINS ALESSANDRA FARAH ANGELA AYNI TIAGO GUALBERTO MARISA MELO (AUTOMÁTICA) MARISE FIGUEIRA (NAPROCULT) TAMÍRES (MOLDURAX) LUIZ (FINE ART RIO) VALQUIRIA RIBEIRO YARA (PRAYA) BARBARA PORTELA (PRAYA) IDRIS BAHIA (ESCAMBO CULTURAL) CAROL LACAVE INÁ IVAN MOURA (GRUPO PRIORI) RICARDO ÁGATA LIMA JOÃO MARCOS EDSON DORNA MARCOS (CAÇULA) VITOR RIBEIRO KHÁOS PROJETO SURDOS CLICK MUSEUS CASA 1 RUAS DA ZN CARIOCA DOURADO INFORMA