histĂłria ambiental
O Aderno que queria ser um pinheiro de Natal LĂdia Dias
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Esta história tem por objetivo principal a disseminação do extraordinário Património Natural existente na Mata Nacional do Bussaco, do qual se destaca um habitat precioso - o Adernal – Habitat Único no Mundo. Trata-se de uma formação com plantas autóctones que conserva as características típicas da floresta primitiva que existia nesta região, antes da ocupação humana. Esta pequena fração de 9 hectares encontra-se localizada no Sudoeste da Mata e está dominada por adernos de porte arbóreo notável. Aderno Phillyrea latifolia
Ficha técnica Título História Ambiental “O Aderno que queria ser um pinheiro de Natal“ Edição Câmara Municipal da Mealhada Design Gráfico Divisão de Comunicação, Eventos e Relações Externas Redação Lídia Dias
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O aderno é um arbusto ou pequena árvore que pertence à família Oleaceae, assim como a oliveira Olea europaea. Apresenta-se sempre verde e pode medir até 15 m de altura. É uma espécie característica das florestas e matagais mediterrânicos, associada a locais húmidos. Na Mata Nacional do Bussaco destacam-se os magníficos exemplares de porte e idade notáveis, que existem na Floresta Relíquia, próximo da Cruz Alta. A copa é arredondada e o tronco é muito ramificado e tortuoso. Possui folhas simples, rígidas, de margem dentada ou serrada, verde-escuras, na página superior, e verde-claras, na inferior. As flores são pequenas, branco-esverdeadas e florescem de fevereiro a maio. Os frutos são pequenas drupas carnudas, globosos, com cerca de 1 cm de diâmetro, inicialmente verdes e, quando maduras negras. Frutificam entre setembro e outubro.
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O Aderno que queria ser um pinheiro de Natal
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Era noite de Natal. No cÊu, as estrelas cintilavam e a lua iluminava tudo em redor. Algumas årvores tinham perdido as suas folhas, mas a floresta continuava a apresentar grande beleza. Por todo lado, havia bagas de azevinho que salpicavam de vermelho o verde da vegetação.
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Com o frio e a chuva, muitos animais jรก se tinham recolhido para hibernar. Eram poucos os que se arriscavam a sair da toca quentinha.
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A noite estava sossegada, só se ouviam corujas e mochos a piar. Tudo estava tranquilo até, que, no meio do silêncio, se ouve um choro: - Oh… Que vida triste a minha… O mocho Sabichão, admirado por ouvir tal comentário, voou até à árvore insatisfeita e perguntou: - Que se passa contigo? Porque é que estás tão triste com a tua vida?
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- Ainda perguntas? Por acaso tu sabes o meu nome? Sabes quem eu sou? - Hum… agora que me perguntas isso… realmente não sei como te chamas. As tuas folhas são parecidas com as da oliveira, mas o teu fruto é bem mais pequeno que as azeitonas e os teus ramos são mais longos e retorcidos. És estranha, não sei mesmo que árvore és. 8
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- Não sabes Sr. Sabichão? Pois bem… eu sou da família das oliveiras, mas não sou uma oliveira. Nem para dar azeitonas sirvo. Estás a ver… Ninguém me conhece e não sirvo para nada, nada. - Tem calma. Deixa-me ver no meu quadro inteligente se te pareces com uma oliveira. Pois, não és mesmo uma oliveira. Mas não desanimes. Deve haver uma razão para as pessoas não te conhecerem. Vá, diz lá, como te chamas? - Prometes que não vais gozar com o meu nome? 11
- Prometo. Diz lá! - Eu sou o Aderno. - Aderno? Nunca tal ouvi. Mas é fácil decorar porque rima com caderno e assim já não me esqueço do teu nome. - Estás a ver como eu tinha razão! Ninguém sabe o meu nome, ninguém me conhece. Mais valia nem existir. 12
- Calma! Não sejas tão radical, Aderno. Se as pessoas não te conhecem é porque tu és uma árvore rara. E tudo o que é raro é especial. Logo, tu és especial. - Como é que eu posso ser especial se ninguém me conhece e nem sabem que eu vivo num adernal!
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- Pois, tu que te julgas um sabichão, afinal não sabes o que é um aderno nem um adernal. Mas eu passo a explicar. Como é que se chama um conjunto de pinheiros? - Pinhal. 14
- Um conjunto de eucaliptos? - Eucaliptal. - E um conjunto de adernos? - Ah. Um conjunto de adernos é um adernal. Já estou a perceber. - Boa Sr. Sabichão, é isso mesmo. Eu e os meus amigos adernos formamos um adernal. 15
- Ok, já percebi. Sabes, eu sou inteligente, aprendo muito rápido. Mas há uma coisa que eu ainda não entendi. Porque é que tu estás tão desanimado e revoltado com a vida? - Olha, sinto-me um inútil. Não sirvo para nada. Quem me dera ser um pinheiro. A esta hora estaria numa casa quentinha, enfeitado com bolas coloridas e com luzinhas, a guardar os presentes de Natal. Mas não, estou aqui ao frio ... grrrrrrrr...
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- Então tu achas que é melhor ser um pinheiro? - Eu preferia ser um pinheiro, pelo menos estava todo enfeitado. - Mas sabes que ser pinheiro de Natal é muito triste? Esses pinheiros são cortados da floresta para estarem decorados apenas durante alguns dias. Depois, quando passa o Natal, jogam-nos fora. - A sério? As pessoas fazem isso aos pinheiros? - Podes crer! Ainda há muitas pessoas que o fazem. - Mas eu pensei que as pessoas gostassem dos pinheiros. Levam-nos para casa e até os enfeitam. Mas afinal, depois jogam-nos fora, como se fossem lixo? 19
- Infelizmente, é isso mesmo. Todos os Natais, milhares de pinheiros são cortados das florestas e, assim que passa o Natal, são jogados fora acabando por morrer. - Que horror. E eu aqui a lamentar a minha vida… triste porque as pessoas não me conheciam. Ufa…prefiro que não me conheçam do que me cortem e façam de mim um Aderno de Natal. - Mas nem todos os pinheiros de Natal são árvores naturais cortadas da floresta. Há muitas pessoas que já compram pinheiros artificiais que imitam muito bem os da floresta. 20
- Espera. Agora não percebi. Afinal, há pinheiros de Natal que não são cortados da floresta? - Sim. Esses pinheiros artificiais podem ser usados durante muitos Natais.
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- Hum… então, mas esses pinheiros também dão para enfeitar? - Sim, dão. E estão sempre verdinhos. Quando passa o Natal, as pessoas colocam-nos novamente em caixas e, no Natal seguinte, voltam a utilizá-los. - Ena, que fixe. Assim, as pessoas não precisam de cortar pinheiros na floresta para ter a sua árvore de Natal. Brutal.
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- Ainda queres ser um pinheiro de Natal? - Deves estar a gozar… Se é para estar decorado apenas alguns dias e depois morrer seco, mais vale ser um Aderno raro e especial. - É isso mesmo Aderno. Mas tive uma ideia. Se a tua vontade é seres decorado, vou pedir a colaboração de uns amigos.
Já volto.
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O mocho Sabichão chamou alguns animais e falou-lhes do seu plano, que logo colocaram em ação. As aranhas teceram grandes teias em volta dos ramos do Aderno, que, com a luz da lua, pareciam verdadeiras fitas de Natal. Os pirilampos fizeram um grande esforço e lá conseguiram piscar, iluminando com as suas lanternazinhas. Os pássaros trouxeram no bico bagas vermelhas de azevinho e os esquilos recolheram algumas bolotas e pinhas que espalharam por toda a copa do Aderno.
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Com a ajuda de todos a noite tornou-se ainda mais mágica com o Aderno de Natal a destacar-se de todas as outras árvores floresta. ainda mais Com a ajuda de todos, a noitedatornou-se E foi destemágica, modo que à sabedoria comgraças o Aderno de Natale engenho do mocho sabichão de e atodas colaboração outros daanimais que o a destacar-se as outrasdosárvores floresta. Aderno se transformou na árvore mais belae eengenho admiradadona E foi deste modo que, graças à sabedoria floresta. dos outros animais, mocho Sabichão e à colaboração o Aderno se transformou na árvore Natal!na floresta. mais bela e Feliz admirada
Feliz Natal! 27
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