Percorrendo o olhar pela Universidade "Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que ao entrar numa exposição minha não saia a mesma."
-Sebastião Salgado Nossos dias são extremamente rápidos. Nosso tempo é corriqueiramente contado e crucificado. Precisamos a todo momento entregar as demandas que a sociedade nos impõe: acordar cedo, chegar no horário, tirar boas notas, comprar coisas, ter coisas. Esse ensaio fotográfico deu-me a oportunidade de dar uma pausa e rever o que eu acabei perdendo só olhando o que estava por cima. Durante essa trajetória pelos campus da Universidade Federal do Paraná, entrei em becos e vielas, garagens e lugares não muito frequentados. Quando estamos atrás apenas de tirar uma foto boa, que se encaixe no nosso roteiro metal, acabamos por também a perder os pormenores a nossa volta. Nessa jornada, percebi que apenas ao final do semestre, após praticar inúmeras fotos, aprender a mexer com a câmera e aprender em como a câmera mexe comigo. Nessas fotos busquei ao máximo correr meu olhar, tanto fotográfico quanto humano, para cima. Perdemos muito quando olhamos apenas para baixo com medo de tropeçar, ou quando a chuva começa a cair, se o sol estiver mais intenso, ou se estamos atrasados para o trabalho. Dei
o tempo que eu meus olhos precisaram para admirar tudo o que não havia admirado desde então. As construções arquitetônicas únicas da Universidade são de grande encanto aos olhos. A cada minuto que passei elevando o olhar e buscando formas, sentidos e algo que fosse bom para a câmera acabei por perceber de dentro dos prédios, os corredores, as escadarias, as janelas com vidros que você podia observar lá dentro todo o movimento das pessoas que dão vida a esse lugar. O foco não fica apenas ao que é grande, ao que passamos ao que avistamos fácil, mas sim passei a descortinar tudo o que havia dentro desses lugares, o quão cheio de vida é em cada recanto mas ainda sim o quanto é plácido, reconfortante e que nos faz ponderar sobre nossas vidas, sobre nossos sonhos e sobre o quão privilegiados somos em fazer parte desse organismo chamado Universidade.
Prédio Histórico Minha primeira parada foi a tão conhecida Santos Andrade, a Praça que a sua frente tem o Prédio Histórico da Universidade
Federal
do
Paraná.
Decerto que esse edifício dá ao largo um tom
único.
De
longe
esse
prédio
consegue ser uma das arquiteturas mais belíssimas de Curitiba, de perto vai ganhando forma e cada minúcia é encarado como algo esplêndido e que causa um profundo enleio. Todo o prédio é feito nos mínimos detalhes e faz referência ao tipo de construção grega com as colunas em tipo Coríntia em toda a sua extensão. Certamente que a minha primeira vontade foi de olhar para o alto e vi como o céu combina tanto com todos os detalhes. Para fazer essas fotos utilizei a técnica do contra-plongé, em que esse ângulo remete a grandiosidade, algo que está acima de nós tão majestoso. Minha preocupação maior foi de manter o paralelismo em todas as fotos para não causar estranheza.
Reitoria
Na Reitoria ou chamada Central, chamasse a atenção justamente pela arquitetura mais moderna mas ainda muito característica da época que foi fundada em agosto de 1958. Sempre foi um lugar de idas e vindas rápido e que pouco se faz uma pausa para prestar atenção em todos
os
reconfortante
cantos poder
de
lá.
fazer
Foi essa
parada e ver tanto manifesto ao adentrar e como as linhas curvas e retas se complementam bem. Para a Reitoria eu utilizei a técnica do P&B pois remete a algo mais crítico e mais social. O dia estava muito ensolarado e confesso que senti dificuldade em escolher apenas três fotos para compor a Reitoria.
Politécnico Quando fiz minha parada pelo politécnico já estava escurecendo. Mas eu realmente me sinto mais atraída por esse lugar quando anoitece: a forma como as ruas se iluminam, os passos largos e atrasados do alunos para suas aulas e toda a longa floresta e longos campos que rodeiam toda uma história. Não tem como passar por ali e não admirar toda essa extensão do politécnico e a facilidade de se perder a vista lá dentro. Ali no Setor de Ciências da Terra estava essa faixa e me chamou muito a atenção porque mesmo olhando para além do campus e toda a sua beleza e graciosidade, senti um momento de reflexão automática e pensei em tudo o que a Universidade estava passando. No Politécnico utilizei a técnica dos planos: Grande Plano Geral na primeira foto, onde eu fiquei admirada com as nuvens acima do edifício. Plano médio na foto da faixa amarela para pegar os detalhes mas ao mesmo tempo manter a maior aproximação com a faixa no seu tamanho real. E o plano geral, onde é possível observar os prédios, as árvores e até as calçadas mas que ao mesmo tempo se observa o final da rua e pessoas andando nelas.
Agrárias
No agrárias sempre passei correndo pelo simples fato de sempre estar atrasada. Mas nesse dia em que eu precisava tirar as fotos, depois de vários dias chuvosos e de tempo fechado, por um breve momento o tempo se abriu, o sol aqueceu tudo a volta e pude ver o quanto aquele campus e lindo. As vegetações e florais incorporaram-se no edifício e tomaram formas mesmo que simples, muito bonitas. Não encontrei dificuldades para tirar as fotos aqui, o verde da natureza, junto com o contraste do prédio combinaram muito bem, fiz parte apenas dos cliques. As técnicas utilizadas na primeira foram a dos terços e do plano medo, quis usar a calçada para direcionar o olhar até o floral abaixo da caixa d'água. Já na segunda utilizei apenas a do Plano médio, pois queria mostrar o todo, porém quando observei melhor na edição, vi que ainda seria possível lançar o olhar até o fundo, dentro do prédio. Na terceira foto, utilizei novamente a técnica do contra-plongé, pois a forma da ponta do prédio junto com a sujeira acumulada pela chuva mal escoada, dão ao Agrárias um ar envelhecido mas ainda sim de admirável beleza em relação aos outros campus.
Comunicação No campus de Artes, onde integram os cursos de Artes, design e comunicação, nota-se que ele e o menor em relação aos outros campus de Curitiba, mas isso não afeta em nada no seu charme. O campus estava coberta de folhas típicas das árvores e todo o edifício estava com cascas nas pinturas, mas que estavam muito bem conservados. O que me indagou pois me lembrava muito um colégio antigo no qual estudei e logo me veio uma nostalgia muito grande junto ao carinho que tive por estudar lá. Outra coisa que passou pela minha cabeça foi justamente por ser o campus que eu sempre sonhava em visitar e só via-o de longe, pensando que um dia eu estudaria ali. O curso que eu sempre amei foi Jornalismo e aquele seria o campus que passaria a minha vida acadêmica. Bom, não estou fazendo jornalismo, mas me conforta em saber que estou fazendo justamente aquilo que mais amo: escrever e poder dizer com minhas palavras os sentimentos e a vida a minha volta e poder retratar isso junto a fotografia que torna um alicerce construtivo e inspirador. Nesse campus eu utilizei a técnica da linhas divergentes na primeira e segunda foto e a do contra-plongé na terceira. Confesso que me segurei para não quebrar totalmente o paralelismo, senti que ia ficar muito bom, mas não quis causar estranheza!