A Voz

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A VOZ Recurso Escolhas

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Índice

Introdução ............................................................................................................... 3 2.

Enquadramento Conceptual do Recurso A Voz ................................................... 6

3.

Narrativa da Prática ........................................................................................... 9 3.1.

Integração na Bolsa de Saberes ................................................................. 11

3.2.

Formação de Enquadramento ................................................................... 12

Sessão Queremos Empreender ........................................................................ 12 Sessão Construção da síntese - (atitude de integração e reestruturação) .......... 12 Sessão Ideias inovadoras ................................................................................. 13 3.3.

Angariação e Prestação de Serviços ........................................................... 13

Princípios do serviço prestado ......................................................................... 14 Competências profissionais ............................................................................. 14 4.

Prática de Experimentação .............................................................................. 16

7.

Avaliação do Recurso ....................................................................................... 35 8.1.

Pistas de avaliação dos familiares ............................................................. 37

8.2.

Pistas de avaliação dos Parceiros .............................................................. 37

Considerações Finais .............................................................................................. 39 Bibliografia ............................................................................................................. 40

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Introdução Este recurso foi criado pelos projectos Arca de Talentos da Covilhã e o tu decides +… da Guarda financiados pelo Programa Escolhas. A ideia surge conjugando as dinâmicas criadas por algumas atividades de ambos os projetos que identificaram as seguintes problemáticas. - Fracos recursos financeiros da maioria da população - Necessidades formativas adequadas às expetativas e saberes dos jovens - Necessidade de uma resposta após a conclusão de Cursos de Educação e Formação de Jovens e Cursos de Educação e Formação de Adultos - Necessidades de acompanhamento aos idosos - Falta de serviços laborais reparações domésticas junto dos mais velhos. Por parte das instituições conseguisse apurar: - Pouca disponibilidade de recursos humanos para trabalhar as questões da animação sociocultural como contributo para um envelhecimento ativo. - Poucos recursos financeiros para recrutarem serviços especializados em determinadas áreas. Perante esta identificação de problemáticas e pensando em toda a riqueza do saber fazer dos jovens que adquirem nos cursos profissionais delineou-se uma bolsa de saberes numa prestativa de oferta e procura. Com a criação deste recurso pretende-se, por um lado, criar e disseminar soluções pragmáticas para algumas das dificuldades que os jovens encontram quando a escolaridade passa a representar um projecto distante e atingem uma idade de iniciar um trajecto profissional, por outro, incentivar a solidariedade de proximidade nas comunidades enquanto factor de coesão e estabilidade social. 3


O recurso Escolhas a VOZ foi concebido como uma bolsa de serviços para dar resposta a necessidades sociais. Ao conceber uma forma sustentável de criar uma prestação de serviços específicos enquadrados numa economia solidária e trabalhar na integração e na cidadania activa e participada dos participantes. Ao viver-se uma situação de crise financeira realça-se a fragilidade de princípios estruturantes da economia de mercado sendo a economia social uma vertente a ser explorada pois tem um elevado potencial para gerar riqueza e desenvolvimento. O envelhecimento da população, o individualismo em oposição à comunidade, o fraco número de recursos humanos nas instituições de apoio social, provocam um espaço em que jovens com os seus saberes possam encontrar um caminho para a solução de problemas sociais ligados ao envelhecimento. Necessita-se de facilitar a transferibilidade de conhecimento, responsabilidade social e ativação da capacitação dos jovens na resolução de necessidades individuais e coletivas do meio onde estão inseridos. A necessidade de criar mecanismos de empowerment na medida que se estimula a prestação de diversos serviços para a comunidade em particular para os idosos dá possibilidade de desenvolver e estimular um projeto inovador de empreendedorismo social através da bolsa de saberes como instrumentos de inclusão ativa. O projecto A VOZ cria esses mecanismos de empowerment na medida em que se estimula a prestação de diversos serviços especializados para a comunidade em particular para os idosos ou instituições de apoio à comunidade. Pretende-se desenvolver a estimulação para um projecto de auto-emprego ou de empreendedorismo social.

“Em África diz-se, quando morre um ancião, que desaparece uma biblioteca. Talvez o provérbio varie de continente a outro, mas o seu significado é igualmente certo em qualquer cultura. As pessoas idosas são intermediárias entre o passado, o presente e o futuro. Sua sabedoria e experiência constituem verdadeiro vínculo vital para o desenvolvimento da sociedade”.

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Discurso do Sr. Kofl Annan, Secretário-geral das Nações Unidas, na II Assembleia sobre o Envelhecimento realizada em Abril de 2002 pela Organização das nações Unidas em Madrid, Espanha Com o aumento da esperança média de vida torna-se cada vez mais necessário encontrar um conjunto de condições para o bem-estar de cada indivíduo. Os estabelecimentos de Apoio ao Idoso assumem hoje em dia o papel que outrora pertencia às famílias. Cabe-lhes o desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, despertando um estímulo permanente da vida mental, física e efetiva. O envelhecimento deve ser encarado como um processo de degradação progressiva e diferencial. O envelhecimento afecta todos os seres vivos, o termo natural é a morte do organismo, condição que é atingida pela degradação a nível biológico, psicológico e sociológico. A integração social do idoso depende muito das condições familiares que o rodeiam. Se estas são dinâmicas, positivas e apontam para uma boa integração nas actividades colectivas, a integração do idoso na sociedade que o rodeia será bastante mais fácil.

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2. Enquadramento Conceptual do Recurso A Voz A participação tem sido utilizada por diversos autores e pensamentos como um método fundamental. As razões que são invocadas para justificar a participação como fundamental é Rego (2004) diz-nos “(…) mediante a participação, os membros organizacionais podem canalizar as suas ideias, criatividade, informação e conhecimentos para as decisões e planos de mudança – assim lhes conferindo maior potencial de eficácia” a par desta ideia evidencia que o individuo ao participarem no processo de preparação da mudança, os membros organizacionais tendem a empenhar-se mais na execução das práticas da mudança. É defendido que os membros de uma equipa não devem ser apenas uma mera correia de transmissão das decisões, há que valorizar de forma global cada etapa, cada interveniente, cada ambiente do processo de mudança. A complexidade do processo de participação traz vantagens para a promoção da qualidade das decisões e dos planos de mudança, traz de igual modo uma exigência de tempo que pode levar a atrasos nas decisões e na implementação dos planos de mudança. Se a participação confere uma tomada de consciência da mudança e as razoes que a justificam, afastando receios e dúvidas requer tempo e disponibilidade de cada interveniente para participar no processo.

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A economia social constitui uma alternativa a visões redutoras da economia. Esta encontra as suas raízes no contexto da crise e degradação das condições de vida das classes trabalhadoras que marcaram o século XIX onde se verificou o fracasso do bemestar material proporcionado pelo liberalismo económico assente na livre iniciativa e na concorrência.

A viver-se uma situação de crise financeira realça-se a fragilidade de princípios estruturantes da economia de mercado sendo a Economia Social uma vertente a ser explorada pois tem um elevado potencial para gerar riqueza e desenvolvimento. Para além de manterem uma rede de apoio social constante geram emprego e em vez de procurarem o lucro desmedido procuram a maximização da qualidade dos serviços prestados aos sócios e/ou utentes procurando alcançar objetivos de interesse geral e de natureza social. Em relação à ética e à responsabilidade social contribuem para a pacificação social, desenvolvimento sustentado e coesão social. Perante a realidade surge cada vez mais espaço para que do capital social seja a base para a promoção do empreendedorismo social quer de iniciativas empresariais de micro tamanho, particularmente no contexto do novo papel da inovação, do conhecimento e da aprendizagem. O capital social deve ser visto como um responsável pelo crescimento de um território (principalmente sustentável e equitativo) surgindo da solidariedade humana, entidades/empresas e instituições públicas. A exigência de um desenvolvimento sustentável é contribuir em prol de um desenvolvimento econômico eficiente, eficaz e adequado à realidade local e regional. É nas relações, redes e estruturas sociais, que se

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proporcionam acções de empreendedorismo, valorizando a actividade dos intervenientes participantes. O mais recente conceito de economia social foi elaborado na Carta de Princípios da Economia Social promovida pela Conferência Europeia permanente das Cooperativas, Mutualista e Fundações onde se menciona a base da actuação da Economia Social: a primazia do indivíduo e do objectivo social sobre o capital; associação voluntária e aberta; o controlo democrático pelos membros; a combinação dos interesses dos sócios, dos usuários e do interesse geral; a defesa e a aplicação do princípio da solidariedade e da responsabilidade; gestão autónoma e independente do sector público; os excedentes são usados na busca do desenvolvimento sustentável.

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3. Narrativa da Prática

O Manual do recurso A Voz incorpora: - Definição dos conceitos orientadores que sustentam a finalidade do manual e a intervenção social que com ele se pretende estimular; - Sessões temáticas, dinâmicas de grupo, documentação de organização. A iniciativa A VOZ opta por uma metodologia activa com base na participação dos envolvidos. Os jovens que integram o A VOZ dinamizam em conjunto a bolsa de saberes. Para criar uma coesão e estratégia de grupo são efectuados 3 passos indispensáveis para que o desenvolvimento da iniciativa tenha sustentabilidade: 1. Integração na Bolsa de Saberes 2. Formação de enquadramento 3. Angariação e prestação de serviços

As relações dos jovens com a família e na comunidade, na sua maioria das vezes são conflituosas e muitas vezes vividas de forma dolorosa. Os jovens reconhecem e demonstram desacordo com a concepção de vida dos pais, modelo que estes querem impor ao jovem. Muitos jovens sentem dificuldades em se conectar com a escola como meio de dinâmica social. No seio familiar pode-se não valorizar a escola condicionando o valor da escola como factor de valor acrescentado para modificar o rumo a que estes jovens à partida estão condicionados. A promoção de atividades para a comunidade dá simultaneamente respostas às necessidades sentidas pelos próprios jovens e aos bloqueios locais.

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Os jovens são canalizados perante a consciencialização das suas próprias necessidades, quando a escola deixa de fazer sentido ou mesmo quando não está motivado para a sua continuação, a bolsa de saberes corresponde a uma saída para a valorização individual e colectiva. Numa ótica de participação e de reforço do empowerment para a prática de uma cidadania ativa o exercício dos serviços da bolsa de Saberes é realizado preferencialmente no seu local de residência, no caso de essa situação não de efetuar cabe ao utilizador do serviço fornecer o transporte. Há que referir neste momento que parcerias com a Junta de freguesia podem contribuir para ultrapassar este constrangimento. A divulgação foi feita através dos parceiros e da entidade que acolhem a iniciativa A Voz. A oferta e a procura são geridas pelos próprios jovens sob orientação do técnico, pois são eles que melhor conhecem o local e as dinâmicas do próprio bairro. O registo é feito no formulário Gerir Oferta e Procura da Bolsa de Saberes. Cada jovem tem um registo das atividades que realiza através de formulário próprio, dos trabalhos que realiza, que auxilia a gestão global dos trabalhos realizados. Os utilizadores do recurso são técnicos de projectos de carácter social e jovens a partir dos 16 anos com saberes e conhecimentos para desenvolver uma actividade. Preferencialmente jovens que realizaram um Curso de Educação e Formação de Jovens (CEF) ou Programa Integrado de Educação e Formação. Jovens do projeto que frequentam as oficinas artísticas de cada projecto. Os utilizadores jovens devem possuir competências e apetências diferentes para criar uma bolsa diversificada de saberes. O requisito da frequência de um CEF ou de um PIEF tem importância na medida que este recurso pode fornecer uma resposta concreta à formação educativa que adquiriram dando a cada jovem uma capacidade realizadora aos saberes individuais.

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3.1.

Integração na Bolsa de Saberes

Consiste no processo de integração do jovem no programa A Voz que passa por uma sessão individual para registo das competências e saberes. Deve-se evidenciar ao maior pormenor toda a trajetória escolar e vivencial que permitam identificar as competências para o serviço que se propõem a desenvolver através de um formulário de identificação.

A inscrição dos jovens na Bolsa de Saberes caracteriza-se por um dinamismo indutivo, permitindo tempo para a experiência e o crescimento em que a participação de cada voluntário para a construção global é fundamental.

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3.2.

Formação de Enquadramento

Cada sessão deve até 2 horas, cada jovem deve apreender a dinâmica do funcionamento da Bolsa de Saberes, cada rosto do grupo é a imagem de marca do serviço de excelência. O número de sessões deve ser de acordo com a necessidade do grupo/jovem.

Sessão Queremos Empreender

- Dinâmica e organização do A VOZ - Conceitos de grupo e cooperação Quem sou eu?

Quem é o outro? A relação entre o eu e os outros? Porquê participar na Bolsa de Saberes? Quais as razões ideais? Quais as razões reais?

Sessão Construção da síntese - (atitude de integração e reestruturação)

- Estabelecimento de princípios na prestação dos serviços Entrega generosa do melhor de si mesmo, atuando com profissionalismo, humanidade e eficácia nas tarefas solicitadas.

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Prestar ao público alvo uma ajuda por um valor simbólico embora justo da prestação de serviço. Reconhecer, respeitar e defender ativamente a dignidade pessoal do público alvo, conhecendo e acatando a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Confidencialidade e descrição na informação dos destinatários Fomentar no público alvo o sentido de crescimento pessoal e a sua autonomia Potenciar no público alvo competências que lhe permitam ser actor do seu desenvolvimento pessoal

- Regras de funcionamento Informar o público alvo de forma objetiva, tendo em conta as circunstâncias e necessidades pessoais. Conhecer e compreender as necessidades e problemas do público alvo, adequando a metodologia de intervenção. Orientações financeiras (5% das receitas reverte para a organização/projecto de acolhimento da iniciativa a Voz).

Sessão Ideias inovadoras

Enquadramento – O Ideal o Possível e o Necessário Interligação das atividades do A VOZ com as necessidades da comunidade. Oferta de serviços – criação da bolsa de serviços Estratégias de marketing e procura de novos nichos de mercado.

3.3.

Angariação e Prestação de Serviços

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Nesta etapa inclui-se a divulgação de serviços na tentativa de angariação dos serviços. A estratégia adotada foi recorrer à transmissão da informação através dos canais de parcerias formais e informais que os projetos dinamizam. Uma outra perspectiva é que este recurso é um a alavanca para a mudança na vida de cada jovem. Cabe ao técnico de projeto encontrar um mecanismo de inserção e de motivação para o jovem participar. A Bolsa de Saberes será sempre adequada aos saberes dos jovens que a integram, assim como existe a possibilidade de adquirir novas competências mediante a observação de novas necessidades. A bolsa pode funcionar como um motor para o aumento de competências em determinada área. A divulgação do serviço assenta num conjunto de princípios e de competências que os jovens devem possuir para garantir a capacidade de se manter no “mercado”.

Princípios do serviço prestado - Qualidade e simpatia na prestação do serviço; - Respeito e preocupação pelas pessoas e pelo meio ambiente - Transparência da prestação do serviço - Estabelecimento de relações estáveis e de longo prazo - Formação contínua - Contribuição para a activação dos direitos fundamentais dos envolvidos

Competências profissionais

Esta bolsa de serviços foi pensada assentando num universo de jovens que pertencem aos projectos Arca de Talentos e tu decides + e frequentaram ou frequentam na sua

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maioria cursos de educação e formação ou mesmo cursos de formação profissional, muito direcionados para profissões e saberes concretos, ex.:

SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS PELA BOLSA DE SABERES Fotografia

Hotelaria

Carpintaria

Jardinagem e Floricultura

Electricidade

Impressão

Informática

Construção Civil

Multimédia

Animação Sociocultural

Cozinha

Serviço de Bar

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4. Prática de Experimentação

Caso 1 – Bolsa de Saberes na informática e criação de trabalhos gráficos.

Jovem que frequentou CEF de Impressão durante 3 anos. Quando concluiu o 9º ano não encontrou motivação para continuar a sua formação escolar. Os últimos três anos foram bastantes inconstantes relativamente à assiduidade. A própria escola não o encaminhou para qualquer resposta escolar pelo facto que não reconhecia nenhuma motivação. Havia a possibilidade de continuar a sua formação profissional na área da informática, houve uma tentativa nesse curso profissional durante 4 meses, mas acabou por ser afastado por faltas. Foi estabelecido com o jovem um acordo com o jovem para realizar trabalhos gráficos para bares e cafés. A primeira experiência ocorreu através do projeto: o contacto com a empresa foi feito numa primeira etapa pelos técnicos de projeto e após o jovem foi incluído na discussão e nas decisões em que se estabelecia o acordo. O pagamento do serviço em criar um cartaz para a reabertura de espaço de bar foi acordado com o jovem na cedência de material informático (pc e pen) material que o jovem não possuía. Os seguintes trabalhos seriam reembolsados em valor pecuniário.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Autonomização para outros trabalhos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Responder a necessidades de mercado.

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Caso 2 – Bolsa de Saberes na área da música

A área da música surgiu através de atividades dinamizadas pelo projeto Arca de Talentos, através da criação de uma banda de música pop e um grupo de percussão. Após algum tempo de consolidação de conhecimentos, tornou-se para os jovens necessidade de mostrar os conhecimentos adquiridos. Com a capacidade de fazer apresentações iniciou-se a experiencia de através do voluntariado realizar animações em lares, centros de dias, escolas, juntas de freguesias, entre outros. Com o aperfeiçoamento e o investimento na aprendizagem, como de uma forma natural os grupos começaram uma actividade muito ligada à organização de eventos culturais. O pagamento destes serviços começou inicialmente a realizar-se através de materiais para enriquecimento de instrumentos. Mais tarde houve espaço para existir duas formas de pagamento dos serviços: em materiais ou em numerário.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Intensificar e desenvolver uma área artística (como frequentar outras estruturas que permitem mais conhecimento musical); - Autonomização para outros trabalhos artísticos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização.

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Caso 3 – Bolsa de Saberes na área de dança

A área da dança surgiu através de actividades dinamizadas pelo projeto tu decides+…, através da criação de um grupo de hip-hop. Após algum tempo de consolidação de conhecimentos, tornou-se para os jovens necessidade de mostrar os conhecimentos adquiridos. Com a capacidade de fazer apresentações iniciou-se a experiência de através do voluntariado realizar animações em lares, centros de dias, escolas, juntas de freguesias, entre outros. Com o aperfeiçoamento e o investimento na aprendizagem, como de uma forma natural os grupos começaram uma actividade muito ligada à organização de eventos culturais. O pagamento destes serviços começou inicialmente a realizar-se através de materiais para enriquecimento de instrumentos. Mais tarde houve espaço para existir duas formas de pagamento dos serviços: em materiais ou em numerário.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Intensificar e desenvolver uma área artística; - Autonomização para outros trabalhos artísticos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sentidas por organizações locais; - Aproximação intergeracional.

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Caso 4 – Bolsa de Saberes de carpintaria

A carpintaria surgiu como ferramenta para esta bolsa de saberes por um lado conhecimentos pelos Cursos Educação e Formação, por outro a experiência que o projecto Arca de Talentos teve com a abertura de um Gabinete de Intervenção Social que necessitou de mobiliário e equipamento. Foram os jovens do projecto responsável por toda a recuperação dos móveis necessários para o espaço. Esta tarefa foi a melhor publicidade que os jovens necessitaram. A partir daquele momento foram surgindo pedidos para melhoramentos ou pequenos arranjos. A maioria das pessoas que solicitaram este apoio eram idosos e não possuem uma rede familiar que possam ter algum auxílio. Este serviço foi aquele que mais dificuldades tiveram em ser remunerado pelas condições financeiras que os utilizadores dos serviços possuem.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Intensificar e desenvolver uma área artesanal; - Autonomização para outros trabalhos artísticos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sociais; - Aproximação intergeracional; - Co-responsabilização na resolução de problemas sociais.

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Caso 5 – Bolsa de Saberes de apoio direto ao indivíduo

Este é um serviço que consiste um acompanhamento pontual e na resposta social a pequenas dificuldades do dia-a-dia que idosos sentem. Os jovens apoiam na realização de compras, numa mudança de mobília, entre outras pequenas tarefas pontuais. Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Autonomização para outros trabalhos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sentidas por organizações locais; - Aproximação intergeracional; - Co-responsabilização na resolução de necessidades sociais.

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Caso 6 – Bolsa de Saberes de Informática

A área da informática surgiu na bolsa através de conhecimentos do Cursos de Educação e Formação e pela formação da Microsoft. Os jovens auxiliam os mais velhos a ter um contato com a informática, assim como ajudam a utilizar algumas ferramentas informáticas que lhes permitem resolver algumas necessidades, exemplo obtenção de declarações nas finanças online, no portal da saúde entre outros.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Autonomização para outros trabalhos artísticos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sentidas por organizações locais; - Aproximação intergeracional; - Co-responsabilização na resolução de necessidades sociais.

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Caso7 – Bolsa de Saberes de apoio direto ao indivíduo

Este é um serviço é dinamizado pelo jovens do projeto tu decides +... consiste num acompanhamento pontual aos idosos que vivem sem apoio familiar. Os jovens apoiam na realização do corte e armazenamento de lenha assim como outros trabalhos agrícolas. O pagamento destes serviços resulta em géneros ou em numerário.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Autonomização para outros trabalhos; - Iniciar uma actividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sentidas por organizações locais; - Aproximação intergeracional; - Co-responsabilização na resolução de necessidades sociais.

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Caso 8 – Bolsa de Saberes de oficina de reparação Informática

A oficina surgiu na bolsa através de conhecimentos da Formação Cisco da Microsoft promovida pelo projeto tu decides+.... Os jovens possuem competências para resolver problemáticas ao nível da informática. Exemplo desta atividade são as reparações de hardware e software.

Resultados do processo: - Evidenciar e confirmar os saberes individuais; - Autonomização para outros trabalhos informáticos; - Iniciar uma atividade que pode resultar na profissionalização; - Evidenciar que com o nosso esforço podemos alcançar resultados práticos que influenciam o nosso dia-a-dia; - Resposta a necessidades sentidas por organizações locais; - Aproximação intergeracional; - Co-responsabilização na resolução de necessidades sociais. Instrumentos e Ferramentas Utilizadas

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FICHA DE INSCRIÇÃO BOLSA DE SABERES

I. Identificação Nome: _________________________________________________________________ Data de Nasc. ___/__/____, B.I. nº __________ de ________ Contribuinte nº____________ Natural da Freguesia__________________ Concelho ______________________________ Morada______________________________________________________________________ Freguesia__________________________ Código-Postal______________________________ Contacto(s) ________________________ E-mail ___________________________________ II . Informações Adicionais Habilitações Literárias_______________________________ Cursos e Formação profissional ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Experiências de vida:

(utilize este espaço para informações de, saberes, hobbies, cursos de formação, etc)

Quais os serviços que gostarias de realizar na Bolsa de Saberes? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 29


FICHA DE ACOMPANHAMENTO

Nome do prestador de Serviço:_____________________________________________

Descrição das ocorrências a registar durante o serviço prestado Indicar a localidade onde foi realizado o serviço

Rubrica do

Nome de Utilizador Data

Utilizador

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GERIR A OFERTA E A PROCURA - A VOZ

Serviรงo solicitado

Quem contacta

Quando

Responsรกvel pela resposta

Quem as

Quando

contacta

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DINÂMICAS PARA A FORMAÇÃO

Qual é a tua causa?

Onde é que vais realizar o teu projecto?

Equipa de Trabalho

Explica o teu Projecto

Qual é o teu plano de acção?

Como os outros podem ajudar?

Dinâmicas para a formação 32


O Meu Bras達o Nome: Meu perfil

Os meus objectivos de vida

As minhas maiores Qualidades

As minhas Qualidades a melhorar

Um Lema para a Minha Vida

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Para Conheceres os Outros é Preciso te Conheceres

Quem sou eu? _________________________

Evidência e realça uma caraterística tua nas seguintes temáticas: Física ________________________________________________________________ Psicológica __________________________________________________________ Relacional __________________________________________________________ Familiar ____________________________________________________________ Laboral ____________________________________________________________ Desportiva __________________________________________________________ Habilitações _________________________________________________________ Artísticas ___________________________________________________________

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7. Avaliação do Recurso O processo de avaliação assume uma metodologia faseada, modelo já testado no âmbito de outras atividades levadas acabo pelos projetos envolvidos e que permite a monitorização dos resultados obtidos assim como, quando necessário, as correções e reajustamentos a implementar para atingir os objetivos propostos. Desta forma, o processo avaliativo deve guiar-se pelos seguintes passos: Avaliação de diagnóstico - Antes da delineação do recurso A Voz, realizou-se um diagnóstico à problemática associada à empregabilidade dos jovens e ao envelhecimento dos meios em que ambos os projetos se dinamizam. Permitiu detetar as situações consideradas problemáticas e passíveis de melhoria. Este diagnóstico indicava a necessidade de criar atividades e iniciativas que fossem de encontro com as necessidades da população envolvida. Avaliação processual – procedeu-se à avaliação de todas as atividades implementadas de forma a ponderar se as mesmas correspondem às expetativas dos destinatários e de que forma podem ser melhoradas. Para tal, foram utilizados instrumentos como inquéritos por questionário que permitiram identificar constrangimentos e ajustar a intervenção tendo em conta a opinião dos públicos. Avaliação final – Esta etapa, funcionará como sistematização dos resultados, utilizando inquéritos e entrevistas de avaliação individuais, coletivas e registos de assiduidade. Pretende-se assim, pela análise dos dados recolhidos e tratados, perceber em que medida foram alcançados os objetivos. Em forma resumida a atividade realizada no âmbito do recurso A Voz foram identificadas as seguintes pistas que serviram para o trabalho futuro: - As maiores dificuldades sentidas debatem-se com a aceitação deste tipo de iniciativa assim como com o valor justo a utilizar, fixação de preçário (rendimentos baixos da comunidade);

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- As instituições criam algumas resistências em aceitar o serviço (falta de confiança nos jovens); - Verificaram-se dificuldades ao nível dos com os transportes, principalmente no projeto tu decides +... com as freguesias rurais que não possuem uma fluente ligação rodoviária. Este transporte foi na maioria das vezes assegurado pelos próprios projetos que dinamizaram esta iniciativa. Durante o processo foram estudadas e delineadas algumas estratégias de combate a estes constrangimentos: Obstáculo: Fixação de preçário Formas de Superação: Pagamento dos materiais por parte do cliente; Criar um preço justo de acordo com a qualidade do serviço; Obstáculo: Instituições criam algumas resistências em aceitar o serviço Formas de Superação: “cheque-oferta” para dar a conhecer o trabalho; Criar mecanismos de confiança perante o serviço a desenvolver; Obstáculo: Condicionamento dos transportes Formas de Superação: Negociar com o cliente; Encontrar novas parcerias

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8.1.

Pistas de avaliação dos familiares

A recetividade dos familiares dos jovens envolvidos foi um crescendo, as desconfianças e por vezes a falta de credibilidade no trabalho desenvolvido pelos jovens não era muito favorável aos olhos dos próprios familiares. Esta postura trouxe algumas dificuldades aos jovens para existir a autoconfiança suficiente para iniciar a iniciativa. Coube aos técnicos motivar e explorar o conceito junto de jovens e familiares. Após a concretização real das atividades esta posição foi-se alterando ao longo do processo, sendo os pais a motivar e a proporcionar a participação e a divulgação dos serviços realizados pela Bolsa de Saberes. Esta aceitação e valorização pelos pais criou motivação, entusiasmo e autoconfiança junto dos jovens envolvidos na Bolsa de Saberes.

8.2.

Pistas de avaliação dos Parceiros

Os parceiros fundamentais para o sucesso desta iniciativa ao proporcionar um trabalho efetivo na montagem, divulgação e concretização das atividades. No início do processo foram responsáveis pelas solicitações de prestação de serviço, funcionando como experimentação para os próprios jovens. Para esta iniciativa foram acionados os seguintes parceiros: - Institucionais: Juntas de Freguesias, Agrupamentos de Escolas, Associações Recreativas, Instituição de Segurança Publica e Segurança Social. - Particulares

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Empresas na área da construção civil, dos têxteis, farmacêutica, centros de formação, Núcleo Empresarial da Região da Guarda. São os parceiros que asseguram alguma da sustentabilidade para que esta iniciativa permaneça no território apoiando a comunidade local.

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Considerações Finais O Recurso Escolhas A VOZ reúne caraterísticas de inovação para criar experiências profissionais junto de jovens que concluem cursos de forma, de forma a prestar serviços

e

gerar

receita.

Sendo

uma

prática

de

abordar

questões

do

empreendedorismo social e economia solidária e responsabilidade social. Oferece aos jovens envolvidos o exercício de uma atividade profissional e, por outro lado oferece serviços de qualidade e baixo custo que correspondem às necessidades da população envolvente. A criação deste serviço da Bolsa de saberes implica competências empreendedoras ao nível da criação de diversas áreas de intervenção, responsabilidade, planeamento, organização, gestão de recursos materiais, financeiros e humanos, comunicação e divulgação dos serviços, ou seja, trabalha-se a capacitação e autonomização dos jovens na sua inserção profissional e social. Como também é possível valorizar a promoção da cidadania ativa e reforço do empowerment.

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Bibliografia

Garcia-Canclini, Néstor. "O Consumo Serve Para Pensar" in Consumidores e Cidadãos conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro, Ed UFRJ, 1997, 3ª. ed, pp. 5170. JACOB, Luís. Animação de Idosos Actividades, Porto, Ambar, 2007. José Marcos Froehlich, (org.). Novas Identidades, Novos Territórios – aproveitando os recursos culturais para o desenvolvimento territorial. PERES, Américo e Marcelino Lopes (coord.). Animação, Cidadania e Participação, Associação Portuguesa de Animação e Pedagogia, 2006. PINTO, Avelino Catarina Soares, Fernanda Vaz, Olinda Marques. Interagir - Técnicas de animação, Lisboa, Edições Salesianas, 2003. RUIVO, Fernando (2002). “Poder Local e Exclusão Social – Dois Estudos de Caso de Organização Local da Luta contra a Pobreza”, Coimbra: Quarteto Editora

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