RECURSO ESCOLHAS ACADEMIA DE TALENTOS
FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO DO
EMPOWERMENT PESSOAL E SOCIAL em crianças e jovens de contextos socioeconómicos mais vulneráveis
1 Financiado por:
Co-Financiado por:
INDICE 1. Introdução …………………………………………………..……………….. 3 2. Enquadramento teórico concetual ………………………….…………. 5 3. Narrativa da Prática ………………………………………………………. 19 4. Elementos ilustrativos ……………………………………………….…… 38 5. Avaliação do Recurso ……………………………………………………...43 5.1. Resultados de Experimentação……………………………………..45 5.2. Análise de Critérios de Validação…………………………………..53 6. Considerações Finais ……………………………………………………….59 7. Bibliografia ……………………………………………………………………61 8. Anexos (Instrumentos e Ferramentas) ……………………………….64
2 Financiado por:
Co-Financiado por:
1.
INTRODUÇÃO
O RECURSO proposto surge da evidência comprovada pelos resultados positivos obtidos na implementação do programa Academia de Talentos dinamizada no âmbito do Projeto TU KONTAS (+ainda). Tendo como referência o paradigma ecológico, a metodologia de intervenção e segue as orientações dos modelos de educação não-formal e de educação pela arte, com a intenção de promover o desenvolvimento integral ao nível biopsicossocial das crianças e jovens - destinatários do projecto TK+ - numa perspectiva de capacitação, autonomia e inclusão social. Nome do projeto: TU KONTAS (+ainda) Principal área de atuação: Promoção de competências (pessoais, sociais e escolares) Área geográfica de atuação: Bairros do Esteval e da Caneira (freguesia e concelho de Montijo) Entidade promotora: Câmara Municipal de Montijo Departamento de Desenvolvimento Cultural, Social e de Saúde/ Divisão de Solidariedade
e
Promoção
da
Saúde/
Gabinete
da
Promoção
da
Interculturalidade (GPI) Principal área de atuação: Serviço Público Local Entidade Gestora: Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo (AFPDM) Principal área de actuação: Formação Profissional O Projeto TU KONTAS (+ainda) resulta de uma experiência de intervenção já conseguida na 3.ª geração do PE e de uma candidatura à 4.ª geração. Encontra-se em funcionamento no Bairro do Esteval, na freguesia e concelho de Montijo desde o início de 2007.
3 Financiado por:
Co-Financiado por:
O contexto de intervenção refere-se a um bairro social integrado na malha urbana da cidade de Montijo (Bairro do Esteval), com fogos de habitação social camarária nas imediações da sede de projeto e com grande incidência de famílias beneficiárias de RSI e de apoios ao nível da acção social, acumuladas com
situações
de
desemprego
e
desocupação,
sendo
muitas
delas
descendentes de imigrantes (países africanos). O projeto encontra-se sediado nas instalações do Centro Cívico do Esteval, estrutura criada pela autarquia, integrada no centro do bairro e esteticamente agradável pelas cores e formato arquitetónico, com a intenção de disponibilizar serviços aos residentes do bairro na medida em que se encontra afastado do centro da cidade. Para além das instalações do projeto estão presentes no bairro uma delegação da Junta de Freguesia (de momento inativa), cedida para as reuniões da Comissão de Moradores do Bairro do Esteval; um pólo da Biblioteca Municipal, um café/mercearia, sendo ainda uma das lojas disponibilizada para o grupo Coral do Montijo e outra para a Associação de Imigrantes de Montijo (parceira formal do projecto). Encontra-se também presente, uma entidade privada – Externato Espaço Verde - (também ela parceira formal do projecto) que desenvolve serviço de centro lúdico (ATL e pré-escolar) e que através de um acordo com a Segurança Social integra crianças em perigo de maior vulnerabilidade socioeconómica do bairro. Para além da Autarquia e a AFPDM (responsáveis pela promoção local e gestão) e das entidades residentes no bairro, o projeto otimizou parcerias com entidades concelhias (delegação da Cruz Vermelha e CPCJ Montijo) e com instituições com representatividade nacional nas áreas da juventude (Instituto Português da Juventude – IPJ) e da prevenção do consumo de substâncias psicoactivas (Instituto da Droga e da Toxicodependência - IDT). A missão geral do projeto TK+ prende-se com a promoção do sucesso escolar, do diálogo intercultural e do empreendedorismo pessoal e social das comunidades de intervenção.
4 Financiado por:
Co-Financiado por:
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO CONCETUAL Todo o projeto e em especial a dinâmica estabelecida com a Academia de Talentos que dá corpo ao RECURSO aqui apresentado assenta na missão global do Programa Escolhas que se refere à promoção da inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos sócio económicos mais vulneráveis, numa perspetiva de igualdade de oportunidades e reforço da coesão social. A Academia de Talentos inclui jovens de um território prioritário de intervenção do concelho de Montijo, procurando garantir a estes jovens novas oportunidades de aprendizagem no campo das artes performativas, novas oportunidades de desenvolvimento pessoal e social, novas oportunidades de interação com a comunidade. E na oportunidade aproveitada com sucesso reside o fundamento da igualdade de oportunidades e do reforço da coesão social, na medida em que estando no mesmo ponto de partida as crianças e jovens podem escolher o seu caminho. Citando Amartya Sen: “A liberdade está na nossa capacidade de escolher”, e só podemos escolher se tivermos pelo menos duas alternativas. O desenvolvimento do recurso aposta precisamente no pressuposto de alargar os horizontes dos jovens através da aprendizagem de experiências que de outra forma lhes estariam vedadas, apresentando-lhes alternativas e uma maior capacidade pessoal e social para decidir. De uma forma criativa, pretende-se envolver os jovens num projeto de desenvolvimento individual e num grupo que por sua vez apresenta um resultado à comunidade, através da criação e produção de espetáculos performance, contribuindo para a sua valorização pessoal enquanto atores e pessoas, a valorização do grupo e do próprio
território,
contribuindo
igualmente
para
a
desmistificação
de
estereótipos e preconceitos negativos associados à imagem dos territórios e consequentemente para uma maior coesão social. A apresentação de um produto – espetáculo – permite uma maior e melhor interação com a comunidade o que sem dúvida acentua e promove a 5 Financiado por:
Co-Financiado por:
coesão e a inclusão social, nomeadamente através da educação não formal e educação pela arte, empreendedorismo e capacitação. Assume-se a criação de dinâmicas associativas juvenis informais que incentivam a autonomização das crianças e jovens, bem como a promoção de iniciativas de serviço à comunidade pelos jovens, demonstrando contributos positivos para o seu território. São ainda incrementados projetos planeados, implementados e avaliados pelos jovens, promovendo a sua co-responsabilização por todas as etapas (nomeadamente a mobilização de recursos necessários à sua concretização), numa ótica de empreendedorismo e capacitação pessoal e social (MEDIDA V do Programa Escolhas). O desenvolvimento deste recurso fundamenta-se noutros princípios gerais da filosofia do Programa Escolhas na medida em que a intervenção obedece a um processo de planeamento estratégico em que é estabelecido um diagnóstico local atualizado regularmente de forma clara e consolidada, com definição de objectivos e metas semestrais/anuais e identificação de ações e atividades e o seu impacto nos problemas inicialmente identificados. Desenvolve uma prática inovadora no território, permitindo a experimentação de novas realidades a um grupo de crianças e jovens que de outra forma não teriam oportunidade de vivenciar, salientando as suas potencialidades e recursos, através de um conjunto de atividades estruturadas, da disponibilização de meios técnicos e humanos profissionais, garantindo a qualidade da intervenção, com um forte apelo à criatividade e inovação social. Também
de
uma
forma
inovadora
o
recurso
privilegia
a
heterogeneidade do grupo ao nível da idade, o que permite uma dinâmica criativa e diferente de inclusão social. Todo o processo de dinamização do recurso apela igualmente à diferença cultural quer ao nível individual, quer ao nível dos grupos intervenientes, criando sinergias de troca e diálogo intercultural, construindo pontes de comunicação entre diversos indivíduos e
6 Financiado por:
Co-Financiado por:
comunidades, salientando a importância e riqueza da diferença para o sucesso do resultado final. Tendo em consideração a importância do envolvimento de parcerias, o recurso resulta de um trabalho conjunto e articulado entre diversas entidades locais que reúnem sinergias para uma finalidade comum, envolvendo diversos recursos humanos e materiais: da autarquia local – Câmara Municipal de Montijo – no campo de atuação do departamento de desenvolvimento social, cultural e de saúde, da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo e do próprio Programa Escolhas. Enquanto opção metodológica, a participação ativa dos destinatários e da própria comunidade, é solicitada e conseguida em diversos momentos de intervenção do recurso, através da operacionalização de uma estratégia de fazer com e não para, permitindo resultados de sucesso ao nível da mobilização e do envolvimento efetivo nas dinâmicas estabelecidas por parte dos destinatários e de todos os intervenientes, nomeadamente os parceiros, num processo de capacitação e co-responsabilização, assumindo o potencial humano como um fim e um recurso. De forma complementar todo o percurso de implementação do recurso assenta num processo de mediação social, que valoriza uma política de proximidade e de intervenção pelos pares, de forma flexível e adaptável às necessidades dos destinatários. A revisão de literatura sobre a pertinência da implementação deste tipo de recurso, pode ser enquadrada e evidenciada nos seguintes estudos: 1. Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson; 2. Desenvolvimento das competências pessoais e sociais; 3. Educação não-formal; 4. Educação pelas artes; 5. Desenvolvimento do Kidpower & Empowerment; 6. Impacto de programas de natureza física/artística em contexto extra-escolar;
7 Financiado por:
Co-Financiado por:
1. Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson; Segundo a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson (1976, citado em Matos, 1997), em cada etapa do desenvolvimento ocorrem pressões do ambiente social que vão ser geradoras de conflito ou crise. Naquela que o autor enumera como a 4ª fase, dos 6 aos 12 anos de idade, verifica-se a entrada na escola e, consequentemente, uma importância crescente de ambientes físicos e sociais externos à casa/família e do grupo de pares; E este é um período de aprendizagem e de teste da competência pessoal e social. Nesta etapa, a criança tem maior facilidade em entender as regras e aceitar pontos de vista diferentes dos seus, o que possibilita a prática de jogos de regras, atividades desportivas, ou seja, passa-se de um contexto de brincadeiras entre pares para outro mais formal. Outros hábitos menos saudáveis podem caracterizar esta fase, tais como o sedentarismo (e.g. ver televisão) e desequilíbrios alimentares (e.g. obesidade). No entanto, a crescente autonomia e capacidade de iniciativa aumentam o contacto com o risco (de acidentes; abusos físicos, hábitos ou estilos de vida pouco saudáveis, entre outros). Erikson considera que a fase da adolescência (5ª fase) é um período particularmente decisivo na formação da identidade. Assim, é na adolescência que o indivíduo desenvolve os pré-requisitos de crescimento fisiológico, maturidade psicológica e responsabilidade social que o preparam para experimentar e ultrapassar a crise da identidade. A adolescência é uma etapa crítica do desenvolvimento, na qual ocorrem alterações fisiológicas e psicológicas importantes e decisivas. Neste período operam-se mudanças sociais, designadamente através da importância acrescida e da intensificação do estabelecimento de laços com os grupos de pares, que passam a alternar, de um modo progressivamente mais dominante, com a família enquanto fonte de referência (Senos, 1997). Contudo, apesar do afastamento em relação à casa e aos pais, estes continuam a desempenhar um papel importante. Segundo Danish (1997), o défice em competências pessoais e sociais compromete o desenvolvimento integral de um número crescente de 8 Financiado por:
Co-Financiado por:
adolescentes. Vários autores apontam a adolescência como a fase mais apropriada para o ensino de competências de vida (Danish, 1997, 1998, 1999, citado em Dias, Cruz & Danish, 2001). 2. Desenvolvimento das competências pessoais e sociais Segundo Gonçalves (2000) uma competência pessoal é um conjunto integrado e estruturado de saberes a que o indivíduo terá de recorrer e mobilizar para a resolução competente de várias tarefas com que é confrontado ao longo da sua vida, assumindo uma consciência crítica das suas potencialidades e recursos, bem como dos constrangimentos psicossociais em que se contextualiza, por forma a concretizar projectos viáveis nas várias dimensões da sua existência. Caballo (1987) define a competência social como sendo um conjunto de comportamentos do indivíduo, num espaço interpessoal, que revele sentimentos, desejos, opiniões, de acordo com determinada situação, respeitando os outros, e demonstrando capacidade de resolução de problemas imediatos, de forma a minimizar a ocorrência de problemas futuros. De acordo com Hops e Greenwood (1988) e Hops (1983) a falta de competência social conduz a dificuldades de relacionamento interpessoal sendo originada por uma deficiência ou falha no repertório comportamental do indivíduo. Também Spence (1982) referiu que o défice de competências sociais provoca dificuldades em situações de interação social tais como: criar amizades, aceitar críticas, saber lidar com situações de provocação, solicitar ajuda, demonstrar
resistência
à
pressão
dos
pares,
entre
outras.
Algumas
investigações indicam que as crianças que não conseguem atingir as competências sociais mínimas correm o risco de desenvolver, mais tarde, desadaptações ao nível do seu ciclo de vida (Katz et al., 1996). As crianças com mais elevados valores de conformismo são vulneráveis face a situações de pressão por parte dos adultos, alterando facilmente a sua opinião quando pressionadas pelo outro. Com vista a minorar os efeitos da vulnerabilidade (devido a razões genéticas ou biológicas, ou por motivos da sua
9 Financiado por:
Co-Financiado por:
história pessoal e social), deverá ser promovido, o mais precocemente possível, nas crianças e jovens competências pessoais e sociais. Para Matos (2005), a promoção de competências pessoais e sociais consiste em “ensinar a observar, ensinar componentes críticas (compreender as
situações, prever o que se tem de fazer e como fazer), trabalhar uma melhor realização com um mínimo de erro e de esforço”. (p.22). Segundo um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), a existência de uma figura de referência na vida do adolescente, a quem ele recorre se tem problemas, promove o seu desenvolvimento pessoal e social. Também será importante o sentimento de pertença a um grupo, uma vez que este permite a construção da identidade própria e grupal, a identificação com o grupo, a partilha de experiências e sentimentos sem o controlo dos adultos (Peixoto, Martins, Pereira et al, 2001). Deste modo, os estudos indicam que o risco de desajustamento poderá ser atenuado mediante a promoção de competências gerais e específicas que permitam o alargamento do seu reportório de comportamentos sociais, permitindo-lhes identificar situações e problemas, encontrar e implementar soluções, avaliar resultados e a manter ou alterar estratégias (Matos, 1997 a; Matos & Simões, 1999; Matos et al, 2000; Matos, 2001; Matos, 2002; Matos & Simões, 2003; Matos et al, 2003). 3. Educação Não-Formal O conceito de educação não formal envolve, como uma parte integrante do desenvolvimento de saberes e competências, um vasto conjunto valores sociais e éticos tais como os direitos humanos, a tolerância, a promoção da paz, a solidariedade e a justiça social, o diálogo intergeracional, a igualdade de oportunidades, a cidadania democrática e a aprendizagem intercultural, entre outros. Para além disto (e em função disto mesmo), a educação não formal coloca
a
tónica
no
desenvolvimento
de
métodos
de
aprendizagem
participativos, baseados na experiência, na autonomia e na responsabilidade de cada formando. É habitual dizer-se que, em educação não formal, a forma é
conteúdo. Os objetivos e as metodologias próprias das práticas educativas em 10 Financiado por:
Co-Financiado por:
contexto de educação não formal têm fortemente em conta o desenvolvimento e a experiência pessoal do educando no seu todo. Por isso, a educação não formal procura propiciar o enquadramento adequado para responder às aspirações e necessidades específicas do formando/educando bem como para desenvolver as suas competências pessoais, potenciando a sua criatividade. A educação não formal é portanto um caminho privilegiado por este recurso no campo da educação pela arte. Outros estudos relacionam o desenvolvimento psicossocial e a educação não formal. Não existe uma definição única sobre educação não formal, sendo ainda objeto de várias interpretações. Assume-se no entanto a distinção entre educação não formal e educação formal (ou ensino tradicional) em termos de estrutura, da forma como é organizada e do tipo de reconhecimento e qualificações que este tipo de aprendizagem confere, sendo encarados os processos de educação não formal como complementares aos de educação formal, devendo ser desenvolvida nesse sentido e ainda em articulação com a educação informal. A constante necessidade de formação mostra-nos que o desenvolvimento
de
competências
pode
ser
conseguido
através
da
aprendizagem em diversos contextos quer formais, não formais ou informais. A educação não formal é encarada como um processo de aprendizagem social, centrado no formando/educando, através de atividades que têm lugar fora do sistema de ensino formal e de forma complementar. Baseia-se na motivação intrínseca do formando e é voluntária e não hierárquica por natureza. Enquanto um sistema de aprendizagem, vem sendo prática comum sobretudo no âmbito do trabalho comunitário, abrangendo uma larga variedade de espaços de aprendizagem: das associações às empresas e às instituições públicas, do setor juvenil ao meio profissional, ao voluntariado e às atividades recreativas. A educação não formal tem pois formatos altamente diferenciados em termos de tempo e localização, número e tipo de participantes (formandos), equipas de formação, dimensões de aprendizagem e aplicação dos seus resultados. É importante sublinhar, no entanto, que o facto de não ter um 11 Financiado por:
Co-Financiado por:
currículo único não significa que não seja um processo de aprendizagem estruturado, baseado na identificação de objetivos educativos, com formatos de avaliação efetivos e atividades preparadas e implementadas por educadores altamente qualificados. É, aliás, neste sentido que a educação não formal se distingue mais fortemente da educação informal. A educação informal não é necessariamente organizada ou sequer orientada. De alguma maneira, a educação informal confunde-se com o processo de socialização dos indivíduos. Segundo a investigação de Luís Pinto (2007), no contexto específico dos projetos Escolhas, a Educação não-Formal (ENF) articula-se de forma complementar com a educação formal e informal. Esta articulação tem em vista, sobretudo, procurar propostas educativas complementares e alternativas, que contribuam no seu todo para o desenvolvimento de novas competências pessoais e sociais nas crianças e jovens participantes nos projetos. Procura-se, por um lado, colmatar as deficiências e as dificuldades do sistema formal de ensino e, por outro, fazer apelo aos contextos singulares de vivência dos jovens para estimular experiências significativas de aprendizagem. Neste sentido, mais do que um âmbito ou um contexto educativo, para os projetos Escolhas, o conceito de ENF designa frequentemente uma prática pedagógica, uma abordagem metodológica com características específicas, tida muitas das vezes como alternativa – essencialmente, alternativa ao sistema formal de ensino. Dessas características específicas destacamos: (1) a intencionalidade, sistematicidade e a especificidade da proposta educativa, (2) a sua estrutura e orientação pré-definidas, (3) a centralidade do aprendente na abordagem pedagógica, (4) a valorização da experiência como fator de aprendizagem, (5) a importância das relações de afetividade e proximidade, (6) o papel incontornável das atividades lúdicopedagógicas, (7) a promoção da participação ativa e voluntária em ambientes não hierárquicos, (8) a predominância da avaliação qualitativa, contínua e participada por todos, (9) a proposta educativa assente em valores sociais e humanos, (10) conducente a processos de transformação pessoal e coletiva.
12 Financiado por:
Co-Financiado por:
O conjunto destas características pedagógicas articuladas entre si, proporciona um contexto de aprendizagem que favorece o desenvolvimento de determinadas competências – essencialmente pessoais e sociais – que a escola, por si só, tem dificuldade em desenvolver. É neste contexto educativo que, segundo os projetos Escolhas, melhor se operam processos de transformação pessoal e coletivos com vista à inclusão social das crianças e jovens com quem trabalham. Estas transformações têm como base um conjunto de valores sociais e humanos dos quais se destacam a igualdade de oportunidades, a solidariedade, a cooperação, a coesão social, a valorização das diferenças, a cidadania ativa e a democracia participativa. 4. Educação pela Arte A educação pela arte, deve ser entendida como um caminho para a formação do Ser, da pessoa no seu todo: realçando o desenvolvimento da personalidade; do carácter; da imaginação; da criatividade; da expressão e, entre outros, a iluminação do Ser (Associação Portuguesa de Educação pela Arte). A arte permite estimular a aprendizagem e imprimir um ritmo mais criativo, livre e lúdico ao processo de ensino / educação. Para Herbert Read (1943) a arte abraça dois princípios fundamentais: 1) A Forma: É uma função da perceção. O princípio de forma resulta na nossa atitude em relação ao que nos envolve, do aspeto objetivo universal e de todas as obras de arte. 2) A Criatividade: É uma função da imaginação. O princípio da criatividade, próprio da mente humana, leva à criação de símbolos, de mitos e fantasias, cuja existência é universalmente reconhecida pelo princípio da forma. Existe nesta ambivalência de princípios, que se aproxima a um jogo dialetal, onde se revêm todos os aspetos psíquicos da experiência estética, mas esta abarca todo um processo: Biológico (o corpo) e o Social (o grupo, a comunidade).
13 Financiado por:
Co-Financiado por:
A Educação pela arte, potencia o desenvolvimento de competências ao nível: Físico, ou seja, “o trabalho criativo realizado pela criança, revela o seu desenvolvimento físico, através da sua capacidade de coordenação visual e motriz, pela forma como controla o seu corpo, guia o seu grafismo e executa certos trabalhos” (Lowenfeld & Britain,1970, p.29). Criativo, ou seja, o potencial criativo de cada um deve ser estimulado e desenvolvido, de forma a proporcionar atitudes de participação ativa e inovadora, face às necessidades do mundo em que vivem. Estético, ou seja, o desenvolvimento do espírito crítico, o conhecimento de códigos que permitem a leitura da obra de arte como um meio de organizar o pensamento, os sentimentos e as perceções numa forma de expressão que sirva para comunicar aos outros estes pensamentos e sentimentos” (Lowenfeld & Brittain, 1970, p. 34). Cognitivo, ou seja, a aprendizagem e desenvolvimento de capacidades relacionadas com a construção do saber, cujas implicações benéficas contribuem para o crescimento harmonioso do aluno, uma vez que integram conhecimento, expressão e descoberta individual. Emocional, ou seja, a oportunidade de vivenciar situações que conduzem à expressão de sentimentos, emoções e de afirmação da própria identidade (Gardner, 1990, p.124). 5. Desenvolvimento do Empowerment & Kidpower De acordo com Rappaport (1987), o empowerment é “um processo ou
mecanismo através do qual as pessoas, as organizações e as comunidades podem assumir o controlo sobre as suas próprias vidas”. A perspectiva de empowerment, num contexto comunitário consiste em “identificar, facilitar ou criar contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam ser compreendidas, ter uma voz e influência sobre as decisões que lhes dizem directamente respeito ou que, de algum modo, afectam as suas vidas”. Nesta perspectiva, o empowerment é considerado simultaneamente um ganho 14 Financiado por:
Co-Financiado por:
pessoal (para cada indivíduo implicado no processo), uma experiência comunitária e um objetivo orientado para a intervenção social. O processo de empowerment implica que a aquisição de novas competências seja um processo natural nos contextos quotidianos ao invés da obtenção da informação dada por profissionais especializados. Consequentemente,
devem
ser
favorecidas
as
oportunidades
de
aprendizagem e o exercício de competências identificadas como necessárias. Significa também a capacidade de encontrar soluções a nível local, fortalecendo as estruturas e a ligação entre os indivíduos e o sistema social, incluindo vizinhos, familiares, igrejas, clubes e associações de voluntários. (Ornelas, 2008). A participação das pessoas no seu próprio processo de empowerment é essencial para a compreensão do seu significado que é operacionalizado na relação entre os indivíduos, as organizações e a comunidade. A ideia de participação social é, assim, um fator relevante na definição de empowerment. O empowerment é um constructo multidimensional, que envolve uma perspectiva de mudança da base para o topo (bottom-up), e varia com os contextos em que tem lugar. O empowerment é iminentemente interativo, pelo que ocorre em contextos coletivos e constitui-se como um processo e não como um estado fixo (Ornelas, 2008). Partindo deste pressuposto, Banks (1991) defende a implementação do que denomina “Kidpower”, através do processo de empowerment. Para tal, preconiza que haja uma redefinição dos currículos escolares, de forma a promoverem a participação ativa das crianças o mais precocemente possível na construção de um mundo melhor. Tem
como
principal
objetivo
facilitar
o
desenvolvimento
de
conhecimentos, atitudes e comportamentos que conduzam as crianças e adolescentes a refletir, observar, discutir e questionar o que os rodeia, assim como os problemas com que se deparam no dia-a-dia. Hahn (1984) considera que, a partir deste processo, as crianças poderão tornar-se mais confiantes em si próprias e nos seus julgamentos, sentirem-se mais seguras na tomada de 15 Financiado por:
Co-Financiado por:
decisões difíceis e acreditarem na sua inter-relação com os outros (cit. Por Pang, 1991). A ausência de participação é um fator potenciador de sentimentos de insegurança, impotência e alienação, pelo que a participação ativa tem associada a sensação “de ser capaz de controlar aquilo que se pensava estar fora do alcance” (Soares & Tomás, 2004, p.150). O desenvolvimento da capacidade crítica nas crianças e adolescentes parece ser um bom preditor de escolhas saudáveis (Loureiro, 2004). Isso implica que seja reconhecido o direito destes expressarem os seus pontos de vista, dando-lhes a oportunidade de observar, aprender, julgar e escolher por si próprios. Segundo esta autora, a capacidade crítica desenvolve-se a partir da reflexão contínua sobre diferentes situações e da tomada de consciência sobres os seus pensamentos e emoções, confrontando-os posteriormente com os conhecimentos adquiridos sobre o assunto. O reconhecimento da participação das crianças e adolescentes implica, segundo Capucha (1998), uma mudança de mentalidades das pessoas, famílias e profissionais que lidam com a infância e adolescência, de forma a serem iniciados processos que permitam o exercício dos direitos de cidadania e participação social (cit. por Soares & Tomás, 2004). Para tal, torna-se necessária a garantia de uma dupla consciencialização: das crianças, como sujeitos de direitos ativos e participativos; e dos adultos, enquanto promotores e incentivadores da construção de espaços onde as crianças se desenvolvam nessa perspectiva (Ibidem). A crescente pesquisa efetuada no âmbito da Sociologia da Infância influenciou a definição de políticas em torno deste novo paradigma. Segundo Pang (1991) o empowerment pode ser usado nas crianças e adolescentes de forma a estimular as suas mentes, criatividade, capacidades e entusiasmo para participarem nas suas comunidades. Esta autora alerta que o exercício de cidadania não se focaliza apenas no direito de voto dos cidadãos adultos. Pelo contrário, as crianças podem aprender e desenvolver as suas capacidades para produzirem mudança. 16 Financiado por:
Co-Financiado por:
6. Impacto de programas de natureza artística em contexto extraescolar; A evidência empírica citada por Wright (2006), revela que nos Estados Unidos e Canadá os jovens que participam em programas/projetos com atividades extra-escolares direccionados para as artes e exercício físico demonstram uma melhoria ao nível do seu desenvolvimento psicossocial (Wright, Jonh, Offord, Duku, Rowe & Ellenbogen, 2006; Scott-Little, Hamann & Jurs, 2002), dos resultados escolares (Pierce, Hamn, et vandell, 1999), um auto-conceito mais positivo (Quane & Rankin, 2001), e um melhor domínio das emoções, motivações e frustrações (Goleman, 2003). Os
resultados
também
mostram
que
programas
extra-escolares
direcionados para a educação pelas artes, podem ser uma mais valia na prevenção da delinquência juvenil (Wright, 2006), no desenvolvimento global da personalidade ao nível físico, emocional, cognitivo e social (Forquin, 1982), na harmoniosa integração do individuo na sociedade (Forquin, 1982), e também, como forma de ultrapassar diferenças, destacando em particular o contributo de cada individuo para o respeito e conhecimento de outras culturas, numa perspetiva de formação multicultural (Eisner, 1997; Dobbs, 1998). Segundo alguns autores, a educação não formal aliada à educação pela arte, proporciona às crianças e jovens (em particular às de maior vulnerabilidade de exclusão social), a oportunidade de vivenciarem e experimentarem atividades lúdico-artísticas, que criam situações onde as desvantagens e as desigualdades sociais e culturais se atenuam ou mesmo se dissipam (Pessanha, 1997). Tendo por base as recomendações da UNESCO (1996) ao nível da educação ao longo da vida, a equifinalidade da educação não-formal e da educação pela arte, nas atividades extra-curriculares (Academia de Talentos) com as crianças e jovens, deverá desenvolver as seguintes aptidões pessoais, sociais e artísticas: Aprender a Conhecer, através da motivação da vontade de aprender e adquirir novos conhecimentos e ajudar na apreensão e utilização 17 Financiado por:
Co-Financiado por:
desses mesmos conhecimentos no seu projeto de vida; Aprender a Fazer, através do conhecimento e desenvolvimento de técnicas que favorecem a comunicação assertiva e a auto-expressão espontânea e criativa; Aprender a Viver Juntos, através da promoção de trabalhos de grupo que incentivam a cooperação, empatia e a melhoria das relações interpessoais. Aprender a Ser, através do desenvolvimento do auto-conhecimento, da desconstrução de estereótipos negativos e da consciencialização do Eu para o seu propósito de vida. O circuito de implementação e avaliação da Academia de Talentos assenta precisamente nos 4 níveis de desenvolvimento estratégico interligados entre si: conhecimento (saber-saber); atitudes (saber-ser); comportamento (saber-fazer) e relação (saber-estar com o outro).
18 Financiado por:
Co-Financiado por:
3.
NARRATIVA DA PRÁTICA
FASE I _ AUDIÇÃO inclusiva e ESPETÁCULO inicial
OBJETIVOS: Promover a mobilização e participação das crianças e jovens no processo de inscrição na Academia de Talentos, a partir da valorização das competências individuais nas mais diversas áreas culturais: dança, representação, música e canto e outras áreas mais ligadas ao desporto. Desenvolvimento de competências pessoais, sociais e artísticas ao nível do relacionamento interpessoal no grupo, valorização da diferença e das competências individuais bem como da expressão física e vocal. Quadro I - ESTRUTURA DE IMPLEMENTAÇÃO:
SELEÇÃO DE PROFISSIONAIS DE TEATRO
•Agendamento de reuniões •Receção, análise e seleção de propostas
DIVULGAÇÃO DO CASTING FORMAL NO TERRITÓRIO DE INTERVENÇÃO
•Criação de cartazes alusivos ao Casting Formal
RECEÇÃO DE PRÉ INSCRIÇÕES
•Inscrição (nome e contacto) e agendamento de entrevista individual
ENTREVISTAS INDIVIDUAIS
CASTING FORMAL
•Preenchimento da Ficha de Casting (anexo) •Apresentação de um talento individual ou em grupo •Apreciação e orientação do júri •Marcação da sala de espetáculos •Definição dos critérios de avaliação (anexo) •Alinhamento do Casting Formal (anexo) •Elaboração do convite aos elementos do júri •Apresentação de um talento individual ou em grupo •Aprovação e atribuição de uma pontuação a cada participante (anexo) •Ingresso dos participantes na Academia de Talentos
19 Financiado por:
Co-Financiado por:
Quadro II – Programa de Formação em Dança e Interpretação
PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM DANÇA E INTERPRETAÇÃO 1ª GALA DA ACADEMIA DE TALENTOS
•Marcação de sala de espetáculos •Divulgação no território de intervenção e na comunidade (cartazes, muppies, meios de comunicação social local, projetos do PE) •Venda de bilhetes
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
•Apresentação/aprovação de propostas •Orçamento da viagem •Angariação de fundos •Reserva da Residência •Marcação do transporte •Elaboração de plano de actividades que contemple dinâmicas de grupo na área das competências pessoais, sociais e artísticas
Quadro III - ACTIVIDADES e DURAÇÃO:
• 2 sessões X 90 min/cada
ENTREVISTAS INDIVIDUAIS
• 1 sessão X 120 min
CASTING FORMAL FORMAÇÃO EM DANÇA E INTERPRETAÇÃO
• 10 sessões X 90 min/cada • 1 sessão X 30 min
I GALA ACADEMIA DE TALENTOS
• 4 dias
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
Quadro IV - PLANO DE FORMAÇÃO DANÇA/INTERPRETAÇÃO 2010 Workshops de Dança Sessão
Duração
Tema
Conteúdos
O Corpo e as duas potencialidades
1-Introdução 2-Evolução histórica da dança com enfoque principal sobre a dança clássica, dança contemporânea e dança teatral 3- Doze movimentos básicos da dança (Laban) para que possam ser recorrentemente utilizados e conjugados ao longo dos jogos 4-Dança como uma forma de “andar sofisticado”
Sessão 1 90 min
20 Financiado por:
Co-Financiado por:
5-Exploração das várias dinâmicas no andar. Sessão 2
Sessão 3
Sessão 4
Sessão 5
90 min
Eu e o Outro
1-Relações. 2-Trajectórias e pares de olhos fechados 3-Marionetas e pares/massagem corporal 4-Marionetas em grupo 5-Cristais
90 min
Dançar com objectos
1-Técnicas de improvisação para uma maior confiança 2-Planos 3-Paredes 4-Marcas
90 min
Do Movimento Quotidiano à Dança
90 min
Do Movimento Quotidiano à Dança II
1-Mostra de vídeos 2-Cadeiras 3-Embrulhar na roupa 4-Dia a dia (quem não dança!?) 1-Embrulhar na roupa 2-Dia a dia (quem não dança!?)
Quadro V – Workshops de Interpretação Workshops de Interpretação Sessão
Sessão 1
Sessão 2
Sessão 3
Sessão 4
Sessão 5
Duração
Tema
90 min
O Corpo Expressivo
90 min
90 min
90 min
90 min
O Treino do Actor/Equilíbrio
Equilíbrio/ Oposição
Fagmentação/ Negação
A Energia do Actor
Conteúdos Acções quotidianas e acções extra-quotidianas A redescoberta do movimento Reflexão final
Presença do actor e corpo dilatado Postura e posição inicial Pré-expressividade Princípio do equilíbrio Reflexão final
Postura e posição inicial Princípio do equilíbrio (continuação) Princípio da oposição Reflexão final
Postura e posição inicial Princípio da Fagmentação Princípio da Negação Reflexão final
Postura e posição inicial Energia Corpo decidido Reflexão final
21 Financiado por:
Co-Financiado por:
RECURSOS: Equipa técnica constituída por 3 formadores na área do teatro, dança e canto com o apoio da equipa técnica de projeto (técnicos psicossociais). Espaços de implementação - sala para entrevistas, sala polivalente para ensaios, sala de espetáculos com palco e outros recursos materiais como o guião de entrevista/ ficha de inscrição, fita métrica, rádio CD, ficha de alinhamento do casting formal.
Numa primeira fase (Março/2010 a Agosto/2010), fizeram-se reuniões com vários profissionais de Teatro de modo a contratar uma equipa para dinamizar a atividade em questão. O Teatro do Elefante apresentou a proposta mais viável para a realização da iniciativa. Para a captação e motivação dos destinatários desenvolveu-se uma estratégia de divulgação no território de intervenção da academia através de cartazes alusivos ao casting formal, que teve lugar numa sala de espetáculos reconhecida - Cinema Teatro Joaquim de Almeida - e inscrição prévia a partir de entrevistas individuais, realizadas na sede do projeto, pela equipa técnica responsável. Propôs-se às crianças e jovens que se inscreveram, a apresentação de um talento individual ou em grupo em qualquer área artística, sem limite à criatividade e numa faixa etária abrangente prevista entre os 6 e os 18 anos de idade. Esta estratégia permitiu a inscrição de cerca de 30 crianças e jovens com diferentes propostas criativas no âmbito da dança, representação, desenho, canto, música/ percussão e parkour.
22 Financiado por:
Co-Financiado por:
Com base na audição inicial e com critérios de avaliação claramente identificados, fez-se o alinhamento de uma apresentação formal no Cinema Teatro Joaquim de Almeida, em contexto de espetáculo aberto à comunidade, perante um júri com três elementos das áreas do teatro, dança e música e um convidado reconhecido da área da publicidade. Fez-se a divulgação do espetáculo através de cartazes e de meios de comunicação social local e elaboraram-se convites aos elementos do júri. Esta apresentação teve lugar no dia 10 de Abril de 2010 e contou com a presença de todos os inscritos na audição inicial, bem como a assistência dos encarregados de educação, familiares e amigos das crianças e jovens participantes. Na sequência do espetáculo foi atribuída uma pontuação individual aos participantes com base nos critérios previamente estabelecidos e com indicações por parte do júri, de potenciais estratégias de melhoria. Todos os participantes foram admitidos, assumindo uma atitude inclusiva e de ponto de partida para o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e artísticas. O trabalho formativo com o grupo de crianças e jovens admitidos desenvolveu-se de acordo com um Plano de Formação em Dança/Interpretação (ver Quadro 1), através de 10 sessões de trabalho de noventa minutos e periodicidade
semanal
(intensificada
nas
duas
semanas
anteriores
ao
espetáculo com ensaios de dia inteiro na sala de espetáculos do cinema teatro). Nas sessões promoveu-se a aprendizagem, o ensaio de técnicas de expressão corporal e desinibição, a expressão vocal e uma introdução à interpretação com a finalidade de apresentação de um espetáculo com predomínio destas técnicas de expressão, intitulado FAME.
23 Financiado por:
Co-Financiado por:
A escolha do musical FAME para a primeira gala teve subjacente a ideia da conquista de um lugar para desenvolver os talentos individuais. Esta opção teve um resultado positivo na motivação e manutenção do grupo na iniciativa Academia de Talentos. Os ensaios realizados na sua maioria ao sábado entre as 15h e as 17h, foram dinamizados em diversos locais, nomeadamente na sede do projeto, pavilhão polivalente, sala de espetáculos de uma coletividade e cinema teatro. Reforçamos que os ensaios funcionaram melhor no espaço do cinema teatro, onde foi possível assegurar as condições técnicas e logísticas desejáveis ao ambiente do espetáculo. Para a divulgação do evento foi criada uma imagem associada à peça, divulgada através de cartazes, muppies, meios de comunicação local e projetos do Programa Escolhas. O espetáculo foi apresentado a 3 de Julho de 2010 com uma assistência de cerca de 200 pessoas, representantes da comunidade, encarregados de educação, familiares e amigos das crianças e jovens atores. Posteriormente ao espetáculo o grupo participou no Festival de Danças do Mundo - Andanças, realizado no período de 2 a 5 de Agosto em S. Pedro do Sul, continuando o processo formativo no contexto de “residência artística”, promovendo o contato com realidades de sucesso do ponto de vista artístico e oportunidade de experimentação de técnicas variadas. Para a concretização desta iniciativa foi essencial o trabalho empreendedor por parte do grupo na planificação e avaliação da viagem. O grupo mostrou-se proativo na angariação de fundos, através de: venda de bilhetes para o espetáculo, venda de rifas de uma bola de futebol autografada pelos jogadores do Sporting, sorteio de um fim de semana numa pousada da juventude e mercado escolhas (venda de roupa e objetos de bijuteria a preços simbólicos, doados por lojas do comércio local).
24 Financiado por:
Co-Financiado por:
FASE II _ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO POÉTICO OBJETIVOS: Desenvolvimento de competências pessoais, sociais e artísticas ao nível do relacionamento interpessoal no grupo, valorização da diferença e das competências individuais ao nível da interpretação do texto poético, reação a estímulos sonoros e musicais e transposição do discurso literário para as linguagens próprias do espetáculo teatral. Quadro VI - ESTRUTURA DE IMPLEMENTAÇÃO:
RECEÇÃO DE NOVAS INSCRIÇÕES
•Preenchimento da ficha individual •Breve apresentação de talento
PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM ARTES PERFORMATIVAS PARTICIPAÇÃO EM ACTIVIDADES COMPLEMENTARES
REALIZAÇÃO DA II GALA
APRESENTAÇÕES PÚBLICAS
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
•Workshops de dança •Participação em peças de teatro •Concertos •Marcação de sala de espetáculos •Divulgação no território de intervenção e na comunidade (cartazes, muppies, meios de comunicação social local, projetos do PE) •Venda de material de merchandising do Projecto
•Receção e apreciação de convites •Organização do grupo •Realização de ensaios •Marcação de transporte
•Apresentação/aprovação de propostas •Orçamento da viagem •Angariação de fundos •Reserva da Residência •Marcação do transporte •Elaboração de plano de actividades que contemple dinâmicas de grupo na área das competências pessoais, sociais e artísticas; breve apresentação da actividade na comunidade local
25 Financiado por:
Co-Financiado por:
Quadro VII - ACTIVIDADES e DURAÇÃO: PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM ARTES PERFORMATIVAS
• 26 sessões X 90 min/cada
II GALA ACADEMIA DE TALENTOS
• 1 sessão X 40 min
ACTIVIDADES COMPLEMENTARES
• bimensal
APRESENTAÇÕES PÚBLICAS RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
• 2 por espetáculo • 3 dias/ anual
Quadro VIII - PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM ARTES PERFORMATIVAS 2010/2011 Módulos
Duração
Tema
Módulo 1
3 Sessões de 90 min/cada
Relações Proximidade Grupo
Módulo 2
3 Sessões de 90 min/cada
Começar pelo Fim. DEFINIÇÃO PARTILHADA DO PERCURSO
Improvisação, interpretação de textos e leituras em voz alta (técnicas de narração) – exploração vocal e rítmica do poema. Dinâmicas de grupo ao nível da confiança e da capacidade de expressão físicomotora.
Módulo 3
6 Sessões de 90 min/cada
A música, elo de ligação entre a língua e a linguagem.
Improvisação, interpretação de textos e técnicas de canto. Exploração vocal e rítmica do poema. Dinâmicas de grupo ao nível da capacidade de expressão física e de movimento
Módulo 4
4 Sessões de 90 min/cada
Improvisação, estímulo para criatividade
Dinâmicas de grupo ao nível da capacidade de expressão física e do movimento. Improvisação sobre a relação corpo/ objetos.
E Módulo 5
Módulo 6
Módulo 7
4 Sessões de 90 min/Cada
depois
Liberdade,
Conteúdos de no
a
da mais
Pessoa. Criação de cenas paralelas
Relações de confiança e proximidade, nomeadamente ao nível da observação e imitação do outro, jogos de confiança e de desenvolvimento da acuidade sensorial (tato, olfato, visão e audição).
Improvisação, interpretação de textos e técnicas de dramaturgia (do texto narrativo ao texto dramático) e de encenação. Fixação do texto e definição de espaços cénicos.
10 Sessões de 90 min/cada
Os protagonistas e o coro.
Interpretação de textos e técnicas de criação de personagens – fisicalidade e gestualidade, perfil físico e psicológico. Exploração vocal e rítmica do poema. Dinâmicas de grupo ao nível da capacidade de expressão físico e de movimento. Improvisação sobre a relação corpo do próprio com objetos.
2 Sessões de 90 min/cada
O seu a seu dono. Apresentação pública do Espetáculo
Improvisação, interpretação de textos e técnicas de canto. Exploração vocal e rítmica do poema. Dinâmicas de grupo ao nível da capacidade de expressão física e de movimento. Improvisação sobre a relação corpo do próprio com objetos.
26 Financiado por:
Co-Financiado por:
RECURSOS: Equipa técnica constituída por 3 formadores na área do teatro, dança e canto com o apoio da equipa técnica de projeto (técnicos psicossociais). Espaços de implementação - sala polivalente para ensaios, sala de espetáculos com palco e outros recursos materiais como o plano de formação e materiais usados na formação em sala e no espetáculo: rádio leitor de CD, CD’s, cadeiras, mesas, bola, novelo de trapilho, vendas, baralho de cartas, bandeja e copos, Poema Liberdade, de Fernando Pessoa, Poema Gato que
brincas na rua, de Fernando Pessoa e canções: A Fisga; Postal dos Correios; Solta-se o beijo; Nem às paredes confesso.
Numa segunda fase (Setembro/2010 a Setembro/2011) abriram-se novas inscrições, dando continuidade ao plano de formação. Com a finalidade de apresentação de um espetáculo orientado para a representação teatral, desenvolveu-se um programa de formação em artes performativas estruturado (ver Quadro 2) entre Setembro de 2010 e Abril de 2011 e que resultou na apresentação da II Gala da Academia de Talentos – “Gato que Brincas na Rua, de Fernando Pessoa e alguns heterónimos”. Integrado no programa de formação em artes performativas, as crianças e jovens participaram em atividades de caráter complementar: Oficina de Dança e Movimento (12 e 15 de Outubro de 2010, dinamizada pelo CTJA); Planalto - espetáculo de dança (16 de Outubro de 2010, CTJA); Operação Triunfo (27 de Novembro de 2010, RTP); Ensaio Público (19 de Março de 2011, no âmbito das comemorações do mês do teatro, Setúbal).
27 Financiado por:
Co-Financiado por:
O espetáculo estreou no dia 16 de Abril de 2011, no CTJA, com uma assistência de cerca de 260 pessoas, representantes da comunidade, encarregados de educação, familiares e amigos das crianças e jovens atores. Salienta-se a participação especial do Conservatório Regional de Artes do Montijo que conferiu ao espetáculo apontamentos de música clássica. O reconhecimento da Academia de Talentos como um recurso da comunidade desencadeou uma série de convites para a realização de várias apresentações públicas: na Escola Profissional de Montijo, com um excerto de “Gato que brincas na rua… de Fernando Pessoa e alguns heterónimos” a 2 de Junho de 2011, no âmbito do Fórum “Juntos pelo bem estar e desenvolvimento solidário”); nas Festas Populares de S. Pedro do Montijo, a 1 de Julho de 2011. No culminar desta fase as crianças/jovens continuaram a sua formação em contexto residencial na Pousada da Juventude de Alcoutim. Pretende-se com a atividade realizar um conjunto de dinâmicas de grupo nas áreas das relações interpessoais e comunicação e aplicação das competências artísticas. Para a concretização desta iniciativa destaca-se a capacidade empreendedora do grupo na planificação e avaliação da viagem e na angariação de fundos com a realização do mercado escolhas (venda de roupa e objetos de bijuteria a preços simbólicos, doados por lojas do comércio local) bem como de comercialização de produtos de merchandising do projeto. Em Setembro de 2011, retomou o plano de formação para a criação do novo espetáculo a apresentar em Abril de 2012.
28 Financiado por:
Co-Financiado por:
De acordo com os recursos utilizados no âmbito da implementação deste recurso
pelo
período
experimental
de
2 anos,
com
um
grupo
de
aproximadamente 15 jovens, são aqui apresentadas as principais despesas inerentes, caso todas elas fossem suportadas por financiamento direto. Quadro IX – Orçamento / Rubricas ORÇAMENTO (2 ANOS) Rubricas
Valor (em €)
Recursos humanos
6000€ Formadores
6000
Espaços
2860€
Sala de espetáculo (2 espetáculos e ensaios em palco) Sala de formação (formação em sala) Residência artística
2500 360 2780€
Alojamento Transporte (combustível) Alimentação
1350 460 970
Material de consumo de atividades
1000€
Material de desgaste
1000
Divulgação Espetáculos – 1500€ Convites Bilhetes Cartazes Muppies
100 500 400 500
Outras deslocações (Apresent. Públicas e atividades complementares)
580€
Transporte
580€
Total
14 720€ 29
Financiado por:
Co-Financiado por:
Quadro X - CRONOGRAMA GERAL de IMPLEMENTAÇÃO
1ª FASE Atividades
2ª FASE
3ª FASE
2010 Meses
M
A
M
J
J
A
2011 S
O
N
D
J
F
M
A
M
J
J
2012 A
S
O
N
D
J
F
M
A
Entrevistas individuais Casting Aberto Cineteatro Workshop de Dança Workshop Interpretação I Gala Academia de Talentos – FAME Festival Andanças Programa de Formação em Artes Performativas II Gala Academia de Talentos - Gato que Brincas na Rua Workshop Animação de Rua Formação residencial Pousada da Juventude de Alcoutim Workshop Artes de Circo Ensaios para a Gala III Gala da Academia de Talentos
30 Financiado por:
Co-Financiado por:
O Processo Formativo Os primeiros passos do processo formativo centram-se na definição de um desenho que sirva os propósitos da parte final do espetáculo. Começar pelo fim para, posteriormente, melhor definir o percurso, as linguagens, os processos e os recursos a explorar, deve ser por essa razão uma das primeiras opções metodológicas. Falta, então, escolher os indutores. Próxima dos grupos de jovens, a música e os ritmos rap, bem como a cultura hip hop, em geral, são escolhidos como pontos de partida para a criação do espetáculo. O tema genérico consiste na obra poética de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos. Assim, iniciamos os ensaios com um poema sobre os livros e os atos de
leitura, aliando esta ideia-objeto ao conceito de liberdade - palavra-título do poema escolhido. Todo o espetáculo, no processo da sua criação, é conduzido no pressuposto de que toda a poesia tem uma relação íntima com a própria vida, ainda que o transmita de forma metafórica e por essa via, aparentemente, indireta e elaborada, na forma do seu discurso. Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa… Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta 31 Financiado por:
Co-Financiado por:
A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! (…) Nem sempre estamos conscientes, nos atos quotidianos do dia a dia, da musicalidade da língua, da diversidade (e, por conseguinte, riqueza) das sonoridades, que se oferecem a partir do interior das palavras que proferimos. Na representação teatral, tal como no desenrolar regular da vida, nos dias comuns, nem tudo o que se encontra em jogo é racional. O teatro, em particular, procura revelar o lado orgânico daquilo que dizemos e ou fazemos. A integração da música na representação teatral estimula outros modos, outras formas de expressão. Ajuda, desse modo, a encontrar outras vias para atingir esse ponto chave da comunicação e convenção teatrais, a organicidade. A música sublinha ou opõe-se à ação. Ela sugere e ou cria ambiências. Completa e complementa a narrativa. Destrói convenções e a ilusão teatral, quando transporta o espetador para um universo estranho ao seu quotidiano. Altera, sobretudo, as dinâmicas da vida comum, da fala e do ritmo respiratório, das direções do olhar, da circulação e do movimento do corpo. Conjugar música e musicalidade da língua, através da poesia de Fernando Pessoa, seria o desafio de diversas sessões de improvisação e trabalho de detalhe. Depois, na apresentação pública do espetáculo, diversas cenas seriam acompanhadas por músicos, executando a sua arte ao vivo, contribuindo para as suas ambiências sonoras. Sugeriram e ajudaram a criar novas leituras para as palavras escritas por Pessoa. Promoveram interpretações únicas e exclusivas do espetáculo, enquanto objeto artístico diferente de todos os anteriores. Original na sua estrutura e partes constituintes. Os livros devem entrar no corpo, fazer parte dele como a tristeza ou a alegria. O livro é percecionado através da visão e do tato. Mas também pode 32 Financiado por:
Co-Financiado por:
sê-lo através da audição, quando é lido em voz alta. Ou, ainda, através do olfato quando, por exemplo, a (hum)idade lhe confere os odores dos lugares onde são armazenados. Mas o livro pode, igualmente, sugerir sabores quando, entre outras possibilidades, evoca os nossos pratos favoritos ou revela gulosas (ou amargas) receitas culinárias. Na tentativa de explorar o livro enquanto objeto, por conseguinte, na sua dimensão primária e material, começámos pelo jogo de equilíbrios. Prosseguimos, depois, no sentido da exploração dos níveis – alto, médio e baixo. Cabeça, ouvidos, boca e olhos. Umbigo, vísceras e nádegas. Calcanhares, planta e dedos dos pés. Mas também o experimentámos de pé, explorando a verticalidade. Sentados, em posição de descanso. E deitados, alongando-nos na plena horizontalidade do ócio. Sempre com a presença do livro, um livro-objeto-corpo material e pessoal. O livro que se encontra presente no triângulo formado por espaço, corpo e objeto. Tratava-se de transformar o espaço de ensaios sem, no entanto, alterar a sua configuração. Fazendo, apenas, circular os corpos dos jovens atores transportando livros, como se tratassem dos seus livros de cabeceira. À vez, cada um dos atores fixou o seu corpo-livro num ponto da sala de ensaios. Apoiou o corpo, sentando-se aleatoriamente no pavimento da sala. Ou deitando-se, aconchegando esse corpo único junto de um banco ou de uma cadeira da mesma sala. Outros, apenas, inclinaram a cabeça, elevaram os braços e dirigiram as mãos para um espetador, até então, imaginário. Tal como na poesia Fernando Pessoa com os seus heterónimos nos apresenta diversas personalidades, o teatro pode re(a)presentar ações paralelas. Fá-lo de modos diversos, explorando as metafóricas palavras e imagens do poeta em cenários comuns, retirados e destacados da banalidade do nosso quotidiano. O gato que, apesar de se tratar de um animal domesticado,
parece
preservar
o seu
ancestral
caráter
independente,
conquistou rapidamente o seu espaço no texto e no espetáculo. A rua, de Gato
que brincas na rua, é o elemento que nos surge como unificador das experiências dos jovens e crianças do bairro. No futebol, tal como o gato 33 Financiado por:
Co-Financiado por:
persegue o novelo de lã, os jogadores ambicionam dominar a sua bola. Procuram, no entanto, contrariamente ao gato brincalhão, conduzi-la ao objetivo final, que consiste na introdução dessa bola na baliza dos adversários. Desse modo marcam o golo-ponto necessário para obter a sua vantagem. Ou, no final do jogo, a vitória. E, no entanto, trata-se de um jogo. Tal como o teatro, o futebol tem regras e convenções, geridas por cada jogador numa simbiose entre a sorte e o engenho ou arte. No estádio, como acontece na realidade profissional das práticas artísticas-teatrais, a vitória representa mais do que a realização de um objetivo pessoal. Através dela os futebolistas, tal como o artista profissional o consegue através do êxito do seu desempenho, obtêm um prémio. Um prémio pecuniário, correspondendo ao valor da troca. Ao maior ou menor grau de satisfação do espetador corresponderá um determinado valor. Todavia, o gato que brinca com o seu novelo de lã, tal como o jovem que joga futebol na rua do bairro onde vive, não procuram outra coisa que não seja a sua própria satisfação. A sua atividade tem um caráter estritamente de divertimento, sendo-lhe atribuído um valor de uso que, em alguns casos, tem como base a partilha. Nesse divertimento podemos, também, encontrar fatores de desenvolvimento de competências. Umas serão pessoais, outras possuem uma dimensão social. Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tudo Porque nem sorte se chama. És feliz porque és assim Todo o nada que és é teu. Eu vejo-te e estou sem mim, Conheço-te e não sou eu. Na história do teatro e, em particular, na evolução do texto dramático encontramos diferentes modelos estruturais, correspondendo com maior ou 34 Financiado por:
Co-Financiado por:
menor intensidade aos parâmetros estéticos e de produção cultural, das diferentes épocas e períodos históricos. O texto didático de Brecht (re)integrou o coro na sua tentativa de criar estranheza no drama-ação. Brecht procurava estimular a reflexão, eliminando a “ilusão teatral”, ou o possível alheamento do espetador em relação à sua própria realidade. Se o teatro tem uma importante dimensão
de
divertimento,
ele
não
pode
descurar
uma
componente
pedagógica, intrinsecamente ligada à sua ação coletiva-social. Os atores, bem como os espetadores, encontram-se em conjunto nos mesmos espaço e tempo, partilhando uma experiência comum. Para além dos aspetos relativos à estrutura do texto, outras vias nos permitem atingir esse efeito de estranheza. A introdução de canções, sublinhando e ou comentando as ações das cenas-quadros, anteriores ou por suceder, criação situações em que o espetador é estimulado a reagir, quer física quer intelectualmente, aos acontecimentos. A encenação das cenas paralelas, já referidas, por exemplo, faz-se através da sequência em que Solta-
se o beijo é cantado depois de ser dito o poema Gato que brincas na rua. A movimentação do grupo de atores é igualmente um elemento através do qual se procura estabelecer a ligação entre os dois “mundos” – animal e humano, através do ato de brincar-jogar. Explorar ou otimizar recursos individuais e torná-los determinantes para o resultado final, o produto do coletivo. Estimular os contributos pessoais, e a retribuição/solidariedade do grupo para com cada indivíduo-participante. Durante o processo de criação do espetáculo os participantes tiveram oportunidade de desenvolver competências técnicas, no campo das artes dramáticas. A distribuição de papéis e, sobretudo, das frases-falas pertencentes a cada uma das personagens tem grande importância nas práticas teatrais com grupos de crianças e jovens. Evitar protagonismos excessivos ou uma exigência técnica demasiado pesada face à inexperiência, habitualmente, comum a muitos dos atores, deve ser uma prioridade, uma preocupação e um objetivo a 35 Financiado por:
Co-Financiado por:
perseguir. Na tentativa de uma distribuição equilibrada entre os diversos elementos do grupo, não pudemos deixar de ponderar as suas diferenças. O grupo é constituído por crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 8 e os 18 anos. Pessoas em diferentes estádios do seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional, com diferentes experiências existenciais e oriundas de diversas realidades familiares. Embora residam no mesmo bairro, o que lhes confere um conjunto de experiências comuns, vivem em diferentes núcleos familiares, frequentam diversas escolas e convivem com distintos grupos de amigos. Se para alguns, Fernando Pessoa não era um desconhecido, para outros o seu nome era uma absoluta novidade. Enquanto um pequeno grupo reconhecia, aqui ou ali, um verso ou até um pouco mais, a maioria recebia cada poema, ou excerto, com grande curiosidade. As trocas, nesta fase do processo, apresentavam-se como parte essencial das estratégias de animação. O poeta e a sua poesia nunca foram apresentados pelos animadores do grupo, mas sim pelos pares – sobretudo, pelos mais velhos – mais informados sobre a vida e obra de Fernando Pessoa. A articulação entre práticas artísticas, animação comunitária e educação foi efetiva, saudável e eficaz. Promoveu a troca de conhecimentos, entre as diferentes faixas etárias, e expandiu de forma holística o universo do referencial cultural do grupo. Já aqui ficou registado que se
verificaram,
igualmente,
em
diversos
momentos
do
processo,
desenvolvimentos nos campos das competências pessoais e sociais. Este é, talvez, um dos territórios mais subjetivos, cujos elementos de aferição apenas se evidenciam em prazos de média ou longa distância no tempo. Cremos, no entanto, que não exageramos nas nossas observações destacando as diferenças de atitude de um dos participantes mais velhos. Foram-lhe atribuídas responsabilidades, quer ao nível do texto dito, quer ao nível do texto cantado, que desempenhou de forma muito confiante.
36 Financiado por:
Co-Financiado por:
Noutra experiência, apenas alguns meses antes deste projeto, mostravase tímido e, normalmente, calado sem se destacar dos restantes elementos do grupo. Prestável, sim, e sempre disponível para apoiar nas atividades mas, apenas, quando a colaboração lhe era solicitada. Neste projeto, este elemento conquistou um notável protagonismo, através do seu desempenho e da sua capacidade de iniciativa. Não só interpretou um conjunto de textos muito diversificado, com elevado grau de segurança, como cantou diversos temas, mostrando confiança no seu próprio trabalho e do grupo.
37 Financiado por:
Co-Financiado por:
4.
ELEMENTOS ILUSTRATIVOS
Entrevistas individuais / Casting Informal
Casting Formal Aberto no Cine-Teatro Joaquim de Almeida
Workshop de Danรงa
38 Financiado por:
Co-Financiado por:
Workshop de Interpretação
I Gala da Academia de Talentos: Tema “Fame”
Festival Danças do Mundo – ANDANÇAS
39 Financiado por:
Co-Financiado por:
Programa de Formação em Artes Performativas
Formação Residência na Pousada da Juventude Praia da Areia Branca
Ensaio Aberto à Comunidade de preparação da II Gala
40 Financiado por:
Co-Financiado por:
II Gala da Academia de Talentos: Tema “Gato que brincas na rua…”
Workshop Animação de Rua
Formação Residência na Pousada de Juventude de Alcoutim
III Gala da Academia de Talentos: “Do meu Bairro ao pôr do sol…”
41 Financiado por:
Co-Financiado por:
Suportes de divulgação das iniciativas
42 Financiado por:
Co-Financiado por:
5.
AVALIAÇÃO DO RECURSO A Academia de Talentos surge da necessidade de motivar as crianças e
jovens para iniciativas de cariz sócio cultural, como estratégia para o próprio desenvolvimento e valorização pessoal e social assente num programa de artes performativas para a promoção de competências artísticas. Surge no âmbito da candidatura ao PE na 4.ª geração incluída numa estratégia global de inclusão social
para
destinatários
do
projeto
residentes
em
territórios
sócio
economicamente mais vulneráveis.
Enquanto
ferramenta
para
a
promoção
do
desenvolvimento
biopsicossocial, surge no contexto de intervenção do projeto com vista a dar resposta às necessidades, interesses e potencialidades identificadas nos destinatários/beneficiários (ao nível pessoal, social e comunitário) através de uma metodologia investigação-acção participativa com recurso a observação participante, entrevistas semi-estruturadas (focus group) e instrumentos de avaliação da auto-estima e balanço de competências. Face ao exposto, evidenciamos nos destinatários/beneficiários um nível baixo ao nível das competências consideradas fulcrais ao nível do desenvolvimento
psicossocial
(auto-conceito,
auto-controlo
emocional,
tolerância à frustração, empatia, cooperação, confiança, assertividade) e do empreendedorismo
(motivação,
liderança,
criatividade,
auto-eficácia,
expectativas de resultado, iniciativa, compromisso, autonomia). No início do projeto verificamos no diagnóstico preliminar: um autoconceito abaixo da média - aplicação do questionário AFA/Forma A – autoconceito (académico, social, emocional e familiar); um nível baixo de liderança (dificuldade em mobilizar e incentivar o grupo); nível suficiente de tolerância à frustração (precisa de incentivos para não desistir perante as dificuldades); nível baixo de criatividade (revela pouca imaginação e imita apenas o que já 43 Financiado por:
Co-Financiado por:
existe) – aplicação de uma escala de balanço de competências (inicial, esperada, adquirida). Salientamos ainda os fracos estímulos existentes ao nível da participação social e cultural nas crianças e jovens e nos familiares, existindo uma cultura de bairro fechada que se coaduna e alimenta de preconceitos relativos à imagem negativa estereotipada do bairro e dos destinatários, assim como, a inexistência de oferta e oportunidades acessíveis aos seus interesses e necessidades. Os objetivos da implementação do recurso pretendem de uma forma geral contribuir para a melhoria da qualidade de vida e promoção da inclusão social nos territórios de maior vulnerabilidade social, nomeadamente no que concerne ao desenvolvimento biopsicossocial e das competências empreendedoras dos destinatários através de uma metodologia de educação pela arte e de educação não formal, direcionadas para o aumento do
empowerment pessoal e social. Com a participação regular de um grupo de 20 destinatários entre os 8 e os 18 anos nas iniciativas da Academia de Talentos, prevê-se resultados ao nível de: 1. Desenvolvimento do auto conceito de uma forma global (aumento do nível, de acordo com o questionário AFA/Forma A); 2. Desenvolvimento de competências empreendedoras nomeadamente no que concerne à liderança, tolerância à frustração, criatividade e autoestima (aumento do nível de acordo com a escala aplicada); 3. Desenvolvimento
de
competências
artísticas
na
área
da
representação/teatro, artes de palco e artes circenses/animação de rua (de acordo com as competências observadas nos castings iniciais e no espetáculo). 4. Desenvolvimento do empowerment através da manifestação de uma consciência crítica, participativa e transformadora do meio que a rodeia.
44 Financiado por:
Co-Financiado por:
Outros potenciais resultados podem verificar-se ao nível do aumento do sentimento de pertença, da melhoria da perceção da comunidade acerca da imagem do bairro e consequente desmistificação de preconceitos relativos aos territórios de intervenção. Outro resultado possível prende-se com o desenvolvimento de eventuais vocações profissionais ao nível artístico. Para concretização dos objectivos e resultados esperados as estratégias de implementação do recurso prendem-se com: 1. Participação num programa de formação em artes performativas (Quadro 1 e 2) que contempla ensaios regulares/semanais. 2. Criação e produção de um espectáculo performance anual – Cinema Teatro Joaquim de Almeida. 3. Participação numa actividade de ¾ dias em contexto de residência artística (anual). 4. Fruição de uma programação cultural (espetáculos, teatro, cinema, exposições, museus) enquanto espetadores com periodicidade bimensal; 5. Apresentação do espetáculo em regime de itinerância, após a estreia, em diversas iniciativas promovidas na comunidade ou participação em outros projetos artísticos.
5.1) Resultados de Experimentação São trabalhadas as competências artísticas descritas no programa de formação, ao nível da interpretação, da expressão corporal, da dança, artes de circo e animação de rua. São trabalhadas competências pessoais e sociais como a auto estima, liderança, tolerância à frustração, criatividade e trabalho em equipa.
45 Financiado por:
Co-Financiado por:
É
conseguido
o
envolvimento
dos
pais,
familiares
e
encarregados de educação através do apoio no ensaio de cada papel, preparação dos figurinos, mobilização de outros para assistir aos espetáculos. O projeto é desenvolvido a 2 anos, sendo que em cada ano prevêse a apresentação de um espetáculo e a sua posterior replicação (na totalidade ou em parte) integrados noutros eventos públicos (semana da inclusão EPM, Fórum da Rede Social, Festas Populares de S. Pedro, atividades várias no bairro ou noutras instituições parceiras). Este trabalho surge de um trabalho conjunto entre a equipa de projeto e a equipa do teatro do elefante (companhia de teatro profissional de Setúbal), que conta com um encenador/diretor artístico, responsável de produção, responsável de comunicação e responsável técnico. São envolvidos professores especializados, nomeadamente ao nível da dança e do teatro. O processo de experimentação permite-nos igualmente refletir sobre as
fragilidades
do
processo
de
intervenção
e
consequentemente
na
implementação do recurso. Neste sentido, é possível enumerar um conjunto de situações menos favoráveis para as quais foram sendo encontradas respostas alternativas e formas de resolução. Essas situações enquadram-se ao nível da logística e condições físicas de implementação e da participação efetiva dos jovens. Ao nível das condições logísticas, as questões relacionaram-se com a disponibilização de estruturas/espaços adequados aos ensaios, na medida em que na ausência de alternativas para o transporte de crianças, tinha de ser garantido um local nas imediações/ou dentro do bairro, contendo uma sala com condições acústicas e de tamanho adequado às atividades a desenvolver; ter disponível um palco por forma a simular o mais possível as condições do espetáculo. 46 Financiado por:
Co-Financiado por:
Assim foram utilizados para este efeito duas estruturas da comunidade, uma delas sediada no bairro – uma sala polivalente sem palco – pertencente a uma Instituição Particular de Solidariedade Social e uma outra pertencente a uma coletividade do movimento associativo concelhio, - sala com palco - nas imediações do bairro. A título excecional e nas proximidades da data dos espetáculos, os ensaios foram realizados no Cinema teatro (a cargo da entidade promotora do projeto), sala de espetáculos tradicional que desde o início ficou definida como local para a apresentação pública das galas. Apesar da solução encontrada para a concretização de todos os ensaios, o processo de experimentação levou-nos a concluir que o trabalho seria imensamente facilitado se todos os ensaios fossem realizados na sala onde iria decorrer o espetáculo, na medida em que reúne todas as condições cénicas (apoio técnico) necessárias ao produto final. A possibilidade da gala se tornar parte integrante/enquadrada na programação interna do cinema teatro, tornando-se uma coprodução, seria muito vantajoso. Para a execução importa salientar algumas condições essenciais e distintivas para o seu funcionamento. Salienta-se contudo que o trabalho realizado em prol do empowerment pessoal e social das crianças e jovens provenientes de contextos sócio económicos mais vulneráveis pode funcionar mediante a gestão e mobilização de parcerias locais e outras, que certamente facilitam o processo de implementação do ponto de vista técnico e financeiro. No caso da ação da Academia de Talentos, aqui descrita, assinalase a agilização do processo através do comprometimento e estabelecimento de parcerias locais e dos próprios destinatários e beneficiários para a prossecução dos objetivos.
47 Financiado por:
Co-Financiado por:
Assim, importa analisar cada etapa do ponto de vista da sua importância e das alternativas experimentadas ou a experimentar para a sua implementação por forma a tornar o processo exequível e eficiente, mantendo a qualidade de implementação com a menor necessidade de financiamento. Relativamente aos recursos humanos aqui implicados importa salientar a existência de um contrato anual (renovado trimestralmente) com uma Companhia de Teatro Profissional, com a disponibilidade rotativa de 3 formadores na área do teatro, dança e do canto, com periodicidade semanal. Pensamos que a aprendizagem das artes é mobilizadora do grupo, no entanto este processo pode ser facilitado com a angariação de formadores em diferentes áreas ora em regime de voluntariado – Bolsa de Voluntários da Autarquia – ora com a inclusão dos destinatários em atividades já dinamizadas nestas áreas por outros parceiros como o Conservatório Regional de Artes do Montijo (dependente da entidade gestora do projeto) ou outras no âmbito do movimento associativo e/ou IPSS´s. É importante o apoio técnico e /ou logístico para acompanhar o desenvolvimento das atividades que neste caso são os técnicos do projeto mas que poderão ser outros recursos na área psicossocial e cultural. Os espaços utilizados para a formação foram cedidos pelo próprio projeto (espaços da autarquia) e pelos parceiros formais (Externato e Associação de Imigrantes) e informais (Centro Social do Esteval e Sociedade Recreativa), não tendo registado nenhum custo de utilização dos mesmos. Para a realização de espetáculos e ensaios em palco foi utilizada a sala do Cinema Teatro Joaquim de Almeida, estando salvaguardado o apoio técnico básico para a realização do espetáculo, sendo igualmente uma sala cedida sem custos diretos para a dinâmica da academia de Talentos, pela autarquia. Poderá ser utilizada qualquer sala de espetáculos, com a finalidade e capacidade de realização de uma apresentação pública à comunidade. 48 Financiado por:
Co-Financiado por:
Os materiais de consumo de atividades dizem respeito a materiais de desgaste para a dinamização das sessões de formação e aquisição de alguns adereços para a realização de espetáculos. Estes materiais podem ser angariados junto dos parceiros do projeto ou até mesmo com o apoio dos encarregados de educação e dos próprios destinatários que entre si se organizam para disponibilizar o material necessário. A conceção gráfica de materiais de divulgação para efeitos de marketing e comunicação com o exterior/ comunidade e mobilização de público para os espetáculos foi assegurada pela Divisão de Comunicação e Relações Públicas da autarquia, partindo originalmente de uma proposta dos jovens participantes. Uma opção mais acessível passa muitas vezes pela criação dos suportes e pela sua utilização digital (sem impressão) o que reduz substancialmente os custos. A utilização dos sites (CMM/ EPM/ projeto…) e da página de fãs do facebook do projeto, são alternativas muito funcionais para a passagem da informação e divulgação das iniciativas. Para a fuição de um programa cultural enquanto espetadores e realização de apresentações públicas em diversos locais da comunidade é necessário a deslocação do grupo e um gasto com transporte. Neste âmbito são exploradas
alternativas
de
conjugação
da
disponibilidade
de
alguns
encarregados de educação com viatura própria, utilização de transportes públicos, pedidos de utilização do autocarro à autarquia, Escola Profissional e Juntas de Freguesia. São ainda exploradas alternativas junto de empresas privadas locais com pedidos de patrocínio enquadrados na responsabilidade social das empresas. A realização de formações residenciais (residência artística) são estratégias apelativas para a consolidação do grupo e das estratégias de aprendizagem. São igualmente oportunidades para um trabalho ao nível da iniciativa e das competências empreendedoras dos jovens participantes, sendo 49 Financiado por:
Co-Financiado por:
incrementada a participação ativa desde a planificação, desenvolvimento e avaliação das ações. Dado que são atividades com custos elevados, prevê-se a angariação de fundos por parte dos jovens tendo já sido implementadas estratégias ao nível da venda de produtos de merchandising, organização de atividades de cariz intercultural abertas à comunidade, pedidos de colaboração ao comércio local para angariação de produtos de stocks antigos (roupa, sapatos, artigos de decoração…) para venda a preços simbólicos em atividades de rua _ mercado
escolhas. Outras formas de angariação de fundos foram ensaiadas como a venda de rifas para cabaz da Páscoa, venda de rifas para sorteio de bola de futebol autografada pelos jogadores do Sporting, sorteio de um fim de semana em Pousada da Juventude cedido pelo IPJ. Os dias dos espetáculos (GALAS da Academia) são igualmente momentos de partilha com a comunidade, sendo angariadas verbas através de contributos cedidos pelos espetadores (contributo livre e venda de bilhetes a preços simbólicos). De uma forma global, na primeira geração, ainda sem a proposta concreta da Academia de Talentos, registou-se uma fase de aproximação mútua dos jovens ao projeto e a experimentação de diversas atividades de caráter lúdico-pedagógico no campo das expressões, nomeadamente ao nível de diferentes tipos de dança, workshops de representação e teatro e outras modalidades inerentes à expressão corporal e psicomotora (cinestésica) como a capoeira e ioga. Foi ainda realizado um trabalho ao nível do alargamento do horizonte de experiências interpessoais dos jovens e conhecimento de novas realidades, através da realização de intercâmbios com outros projetos (Programa Escolhas), participação em iniciativas interculturais e intergeracionais. A 50 Financiado por:
Co-Financiado por:
componente individual foi sendo igualmente trabalhada desde o início, tendo por base programas (in)formais de promoção de competências pessoais, sociais e escolares procurando incutir de forma transversal o respeito por si próprio, pelo outro e pelo espaço comum. Na 4.ª geração do PE, a proposta no campo da educação pela arte foi mais concreta, procurando promover a formação específica no campo das artes performativas e um cruzamento com as competências que apelam ao espírito empreendedor, capacitação e autonomia. Este trabalho continua a ser cada vez mais complementado com o acompanhamento individual e familiar dos destinatários, tendo por base o objetivo comum de definir projetos de vida específicos, mais ambiciosos e adequados à realidade de cada criança e jovem. Uma das atividades centrais e transversais a toda a dinâmica criada junto dos destinatários refere-se ao ESPAÇO INDIVIDUAL, pelo contexto de acompanhamento privilegiado e aconselhamento individual junto de cada criança e jovem procurando fazer a melhor ligação ao contexto familiar e escolar, com contactos (in)formais, (in)diretos e regulares com os diretores de turma e encarregados de educação. É igualmente comum a ligação familiar direta entre jovens, sendo muitos deles irmãos ou primos entre si. Esta circunstância é tida em conta na avaliação e planificação da intervenção individual e na proposta operacional de cada projeto de vida. Refere-se igualmente a um espaço onde os encarregados de educação e por vezes outros familiares diretos procuram espontaneamente para partilhar as suas emoções (negativas e positivas), episódios da vida quotidiana, assim como, aconselhamento nas mais diversas situações da vida dos próprios e da educação das crianças e jovens. Para cada jovem existe um técnico de referência/ tutor para criação de uma maior proximidade e relação de confiança, fundamental para o sucesso 51 Financiado por:
Co-Financiado por:
da intervenção. É um recurso importante para aferir necessidades específicas, gerir expectativas e adequar as estratégias e metodologias de intervenção, de forma intencional. A intervenção de proximidade pelos pares é uma estratégia central e transversal adotada no contexto de intervenção do projeto desde o seu início. Procurou-se assegurar a formação de jovens mais velhos (reconhecidos pelos outros como lideres naturais) enquanto mediadores, com o intuito de assumirem perante os demais uma postura de liderança positiva na modelagem de comportamentos (de promoção da saúde), gestão e resolução de conflitos e no relacionamento interpessoal promotor de uma sã convivência entre todos. Desta dinâmica inicial que passou a ser integrada enquanto prática transversal, os jovens mais assíduos no projeto e com maior maturidade assumem um comportamento de mediação junto dos novos jovens participando ativamente no processo de integração dos novos destinatários e de outros menos assíduos, constituindo por si uma influência positiva no contexto do próprio bairro. Com a identificação com os demais, os jovens vão se “filiando” ao projeto, encontrando no seio do bairro um espaço de identificação positiva, em detrimento da proximidade de outros grupos com comportamentos mais desviantes. No contexto específico da Academia de Talentos, pela natureza do trabalho realizado, o grupo de jovens participantes acabou por estabelecer laços de confiança, coesão e convivência muito ricos do ponto de vista interpessoal, assumindo-se muitas vezes como mediadores junto de outros jovens e com uma cultura dentro do grupo de encorajamento e valorização mútuos, com uma grande capacidade de auto e heteroavaliação construtiva, com uma linguagem (código linguístico) e comunicação comuns. 52 Financiado por:
Co-Financiado por:
O contexto formativo da Academia, constituindo-se como um espaço protegido de formação, trabalham-se muitas vezes situações familiares e escolares difíceis vivenciadas pelos jovens que depois se transferem para a “vida real” com uma maior capacidade de adaptação. Destacamos a importância de um envolvimento mais efetivo dos próprios residentes do bairro e outros representantes da comunidade no âmbito da educação (professores e pares), saúde, serviço público, solidariedade e intergeracionalidade, apelando a uma maior interação do grupo com a comunidade. A possibilidade dos destinatários poderem fruir de uma programação cultural (espetáculos, teatro, cinema, exposições, museus) mais diversificada, enquanto espetadores; dentro da própria comunidade, de forma gratuita, levanos a uma articulação com as estruturas da comunidade, por forma a que participem em atividades culturais do concelho (com regularidade bimensal). A dinamização do recurso de forma integrada noutros projetos artísticos, que permita apresentações públicas, leva a que surjam solicitações da comunidade e dos parceiros sociais. Este tipo de iniciativas permite a desconstrução de uma imagem menos positiva do bairro junto da comunidade. 5.2
Análise de Critérios de Validação
A experimentação das actividades permitiu um amadurecimento do modelo
e
intervenção
e
uma
análise
sistematizada
das
verdadeiras
potencialidades e dificuldades inerentes ao processo de implementação, bem como das evidências de sucesso relativas à inovação das práticas, à sua pertinência e utilidade, à capacitação e autonomia que promovem nos destinatários e ao seu potencial de transferibilidade. (contextualizar melhor os critérios). 53 Financiado por:
Co-Financiado por:
Assim, salientamos enquanto potencialidades e oportunidades do processo de intervenção e consequentemente do recurso aqui apresentado, aspetos que se relacionam com o formato dado à intervenção e às questões de organização, heterogeneidade e dinâmica do grupo que lhe conferem um caráter inovador. A constituição do grupo por crianças e jovens de diferentes faixas etárias estendendo a sua abrangência dos 8 aos 18 anos, bem como a existência de laços familiares entre os participantes – 5 grupos de irmãos – confere-lhe um caráter diferenciado e muito enriquecedor do ponto de vista das competências relacionais promovidas e da própria dinâmica do grupo. Este tipo de iniciativas não estava disponível no território de intervenção, criando pela primeira vez, de forma estruturada e consistente a oportunidade de experienciar um processo de aprendizagem no campo artístico que de outra forma lhes seria vedada, sendo ao mesmo tempo potenciadora do eventual aparecimento de talentos até então desconhecidos e negligenciados pelo próprio e pela família. Aparece como um recurso acessível e gratuito, potenciador da igualdade de oportunidades e inclusão de crianças e jovens de territórios sócioeconomicamente mais vulneráveis, de diferentes faixas etárias, níveis de escolaridade, género e culturas diferentes. As estratégias utilizadas para a formação
dos
participantes
que
contemplam
diversas
metodologias
complementares ao nível da educação não formal e pela arte apelando a diversos recursos disponíveis ao nível técnico e artístico e ao nível da utilização de espaços comunitários/recreativos para realização de ensaios e espetáculos. Nestas metodologias destacamos a polivalência e complementaridade de estratégias e de diferentes áreas do saber (conhecimentos, atitudes e comportamentos) que assentam na formação artística e cultural (teatro, dança, 54 Financiado por:
Co-Financiado por:
música, canto), cujos destinatários assumem o papel de atores e o papel de espetadores. Destacamos ainda no caráter inovador do recurso, a sua capacidade em articular na sua implementação diferentes estruturas e serviços já disponíveis na comunidade como é o caso do Cinema Teatro Joaquim de Almeida (CTJA) e do Conservatório Regional de Artes do Montijo (CRAM). Ambos evidenciam a sua presença nos momentos de espetáculo, o primeiro pela cedência de espaço e condições técnicas e o segundo pela participação especial integrada no próprio espetáculo da Academia. Com especial destaque apresentamos como inovador ao nível das práticas locais o envolvimento efetivo dos familiares próximos na dinâmica criada através da participação nas estratégias de angariação de fundos, apoio no estudo necessário para o espetáculo, disponibilização de materiais e indumentárias, espetadores atentos, manifestação de agradecimento face aos resultados do espetáculo e consequente maior proximidade e confiança com a equipa técnica de projeto. Por último mas de grande importância, destacamos o nível de compromisso dos destinatários face à sua participação ativa, manifestada quer pela assiduidade e pontualidade às iniciativas, quer pela abertura às propostas de atividades e empenho no cumprimento das tarefas individuais e de grupo. (INOVAÇÃO) O recurso contempla uma abordagem ecológica integrada, na medida em que contempla uma intervenção ao nível das variáveis individuais, da mediação pelos pares, do envolvimento da família, da intervenção em contexto de bairro e na interação com a comunidade. Todo o trabalho é centrado nas pessoas que vão estar em palco e na individualidade de cada um e no saber estar em grupo, com respeito pelas necessidades e potencialidades de cada um e pelos próprios ritmos de 55 Financiado por:
Co-Financiado por:
aprendizagem. Este trabalho visa dar resposta às necessidades identificadas ao nível da desvalorização pessoal e social percebida pelos próprios destinatários. É potenciado o desenvolvimento psicossocial destes jovens que aparecem mais valorizados quer por eles mesmos (auto-conceito mais positivo) quer por familiares próximos, pelos pares e pela comunidade. Esta valorização atua como facilitadora da aprendizagem das competências relacionais e empreendedoras. Um aspeto saliente neste domínio relaciona-se com o fato de todo o processo de aprendizagem apresentar em cada fase um produto final (apresentação pública/ GALA), tendo bem definido o ponto de partida, o processo e o produto final, apresentando uma resposta concreta em termos de inclusão social. A pertinência do recurso, também se materializa na sua capacidade em mobilizar e otimizar parcerias e recursos locais procurando a sua sustentabilidade, através da cedência de espaços, apoio nas deslocações e impressão de material gráfico e de divulgação. A apresentação pública à comunidade alerta para a desconstrução de uma imagem menos positiva por vezes associada ao bairro e contribui para uma associação positiva e de sucesso aos residentes e ao bairro enquanto território. Aqui salientamos o investimento já desenvolvido e o reconhecimento já conquistado na comunidade, evidenciado pela participação do grupo noutros projetos artísticos e das apresentações itinerantes realizadas após a estreia do espetáculo Gato que Brincas na Rua. (PERTINÊNCIA) Atuando efetivamente sobre os destinatários, o recurso coloca em destaque os ganhos em termos de reconhecimento de competências, autonomia pessoal e valor social resultantes da sua utilização.
56 Financiado por:
Co-Financiado por:
O processo de implementação permite a aferição de expetativas mais realistas face ao sucesso na medida em que valoriza o processo de aprendizagem, acentua o seu caráter progressivo, demorado e desafiante, contrariando a ideia de resultados imediatos e fáceis. De
forma
complementar
conquista
ganhos
ao
nível
do
desenvolvimento de competências e da valorização pessoal e social percebida, muitas vezes referindo-se a competências que avaliavam como inatingíveis ou indisponíveis. No âmbito das competências destacam-se as relacionais e empreendedoras ao nível da iniciativa, coperação, gestão de prioridades e tomada de decisão, criatividade, auto-regulação emocional/ tolerância à frustração, assertividade, auto-eficácia e auto-confiança (auto-conceito mais positivo). É igualmente percecionado um sentimento de pertença mais acentuado a um grupo com valor positivo e consequente valorização da identidade pessoal e social, com centração nas potencialidades de cada um. A operacionalização do recurso permitiu um melhor conhecimento pelos destinatários dos recursos disponíveis na comunidade e das dinâmicas subjacentes permitindo uma atitude mais proativa nomeadamente ao nível das parcerias formais/informais estabelecidas com a Associação de Imigrantes do Montijo, Externato Espaço Verde, Clube Desportivo e Recreativo “Os Unidos”, Centro Social do Esteval, Câmara Municipal de Montijo, Escola Profissional de Montijo, Companhia de Teatro do Elefante, Cinema Teatro Joaquim de Almeida. (UTILIDADE) O recurso tem um potencial acrescido no que respeita ao desenvolvimento e consolidação de competências promotoras do empowerment pessoal e social, através de um processo de aprendizagem, assimilação, aplicação e generalização a outros contextos de relacionamento interpessoal e em comunidade, dos jovens destinatários. Os jovens destinatários desenvolvem 57 Financiado por:
Co-Financiado por:
competências de mediação e intervenção pelos pares, constituindo-se eles próprios modelos de incentivo à participação dos demais. A implementação do recurso confere aos beneficiários finais a noção de suporte social, na medida em que há uma perceção de segurança e autoconfiança face à utilização dos recursos disponíveis. Constata-se igualmente junto dos participantes a existência de um compromisso espontâneo e uma atitude responsável que se repercute na assiduidade e empenho na realização das tarefas, assente na auto-confiança e na liberdade de escolha. É promovido um trabalho ao nível das competências empreendedoras como a criatividade, a tolerância à frustração/auto-controle emocional e à tomada de decisão, cujo desenvolvimento permite uma melhor autonomia face às situações de vida com que se vão deparando, com generalização das aprendizagens para outros contextos. A concretização de espetáculos performance enquanto resultado de um processo de formação estruturado potencia a perceção de auto confiança, auto eficácia e o desenvolvimento de um auto-conceito mais positivo. Registase ainda a dinamização do recurso de forma integrada noutros projetos artísticos, com apresentações públicas posteriores à estreia por solicitações da comunidade e parceiros sociais. Todo o processo tem permitido um amadurecimento do grupo, sendo relevante uma mudança de atitude face a novos desafios e a uma participação mais efetiva nas restantes iniciativas do projeto, bem como o desenvolvimento do sentido de oportunidade e iniciativa. Destaca-se ainda todo o trabalho realizado em prol da planificação e implementação das residências artísticas, onde se destaca a participação ativa dos jovens na angariação de fundos para a sua concretização. Um produto 58 Financiado por:
Co-Financiado por:
último desta iniciativa pretende-se que seja a constituição de uma Academia com uma programação própria e que promova espetáculos organizados, e que para além de recursos humanos mais diferenciados ao nível técnico, seja igualmente
conduzida
por
jovens
empreendedores.
(CAPACITAÇÃO/AUTONOMIA) A sistematização desta experiência, a partir de um suporte digital (pen), narrativas de práticas com recurso a esquemas, com identificação clara de evidências de resultados ao nível da experimentação, com diversos anexos e instrumentos de apoio, a flexibilidade da sua aplicação em contextos de intervenção
social
confere-lhe
a
possibilidade
de
ser
replicada.
(TRANSFERIBILIDADE)
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O recurso aqui apresentado enquanto uma Ferramenta para a Promoção
do Empowerment
Pessoal e Social de crianças e jovens provenientes de
contextos sócio económicos mais vulneráveis, tem por base toda uma dinâmica criada e consolidada ao longo de 5 anos de implementação do projeto Tu
Kontas, desde 2006, no âmbito da 3.ª Geração do Programa Escolhas, tendo como referência a educação não-formal e uma metodologia de educação através da arte. A Academia de Talentos tem sido uma experiência inovadora do projeto desde Janeiro de 2010, que pelos resultados que apresenta ao nível da participação efetiva de crianças e jovens destinatários, pela interação com a comunidade e pelo impacto que tem evidenciado ao nível do desenvolvimento biopsicossocial dos jovens, foi considerada uma prática de sucesso pertinente capaz de ser operacionalizada num formato de recurso a ser replicado noutros contextos ao nível da intervenção social com populações mais vulneráveis do ponto de vista socioeconómico. 59 Financiado por:
Co-Financiado por:
Para facilitar a compreensão dos utilizadores no manuseamento deste recurso, foi feito um esforço na sistematização da informação de forma simples e de apreensão direta do relato feito na Narrativa de Prática, sendo elencado um Guia de implementação do recurso possibilitando assim que se aceda aos procedimentos práticos sem que estejam enquadrados num dado território e numa dada população-alvo. Foi ainda realizado um trabalho de avaliação do recurso, considerando de forma complementar quer a análise os resultados de experimentação, quer a matriz de análise dos critérios de validação, considerando sempre que possível dados quantitativos e qualitativos. Pretendese também, que este guião de largo espectro, seja passível de ser adaptado a diferentes públicos e por entidades com diferentes culturas organizacionais. A sua finalidade é a promoção do empowerment daqueles com quem e para quem trabalhamos.
60 Financiado por:
Co-Financiado por:
7. Bibliografia
Banks, J. A. (1991). A Curriculum for Empowerment, Action, and Change. In C. E. Sleeter (Eds.), Empowerment through multicultural education Albany: State University of New York. p.125-141.
Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Caballo, V. (1987). Teoria, Evaluation y entrenamiento de las Competências
sociales. Valencia: Promolibro. Dias, C., Cruz J. & Danish, S. (2001). O desporto como contexto para a aprendizagem e ensino de competências de vida: programas de intervenção para crianças e adolescentes. Análise Psicológica, XIX (1), 157-170. Educação e Cultura, Ministério da (1999) A Educação Artística e a Promoção das
Artes, na Perspectiva das Políticas Públicas: Relatório do Grupo de Contacto entre os Ministérios da Educação e da Cultura: Lisboa.
Green, J. & Thorogood, N. (2004). Qualitative Methods for Health Research. London: Sage.
Hops, H. (1983). Children´s social competence and competencies: current research practice and future directions. Behavior Therapy, 14, 3-18. Hops, H., Greenwood, C. (1988). Social competence deficits. In E. Mash & L. Terdal (Ed.), Behavior assessment of childhood disorders (2ª edição). New York: Guilford Press. 61 Financiado por:
Co-Financiado por:
Jardim, J., & Pereira, A. (2006). Competências Pessoais e Pessoais – Guia
Prático para a Mudança Positiva. Porto: Asa Editores. Matos, M. G. (1997). Comunicação e Gestão de Conflitos na Escola. Lisboa: Edições FMH. Matos, M.G. (2005). Comunicação, Gestão de Conflitos e Saúde na Escola. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Ornelas, J. (2008) Psicologia Comunitária: Teoria do Empowerment.. Ed. Fim de Século. Cap. 3. p. 46-58. Pang, V. O. (1991).Teaching children abaut social issues: Kidpower. In C. E. Sleeter (Eds.), Empowerment through multiculture education. Albany: State University of New York. p.179–197 Pinto, L. (2007). Educação Não-Formal: um contributo para a compreensão do conceito e das práticas em Portugal. Tese de Mestrado em Educação e
Sociedade. ISCTE-IUL. Lisboa. Rappaport, J. (1987). Terms of Empowerment/exemplars of prevention: toward a Theory of Community Psychology. American Journal of Community
Psychology. 15 82), p. 121 – 148. Read, H. (1982) A Educação pela Arte. Edições 70: Lisboa. Senos, J. (1997). Identidade Social, auto-estima e resultados escolares. Análise
Psicológica, 16 (1), 123-137.
62 Financiado por:
Co-Financiado por:
Soares, N. F. & Tomás, C. (2004). Da emergência da participação à necessidade de consolidação da cidadania da infância… Os intrincados trilhos da acção, da participação e protagonismo social e político das crianças. In M.
Sarmento
e
A.,
Cerisara.
Crianças
e
Miúdos: Perspectivas
Sociopedagógicas da Infância e Educação. Porto: Edições Asa. p.135161. Spence, S. & Matos, M. (2000). Intervenções Preventivas com Crianças e Adolescentes. In M. Matos, C. Simões & S. Carvalhosa (Eds.).
Desenvolvimento
de
Competências
de
Vida
na
Prevenção
do
desajustamento Social. Lisboa: Edições FMH. Sousa, A. B. (2003) Educação pela Arte e Artes na Educação. Colecção Horizontes Pedagógicos, Edição Instituto Piaget: Lisboa. Wright, R. et al. (2006). Youth development and community-based art programs: An exploratory study. Canadian Social Work, 8 (1), 128-139.
63 Financiado por:
Co-Financiado por:
8.
Anexos (Instrumentos e Ferramentas)
Pag. Anexo 1 - Ficha de caracterização do Recurso Escolhas………………..……………65 Anexo 2 - Apresentação em PowerPoint do Recurso Escolhas………………………72 Anexo 3 - Grelha de Acompanhamento………………………………………………………81 Anexo 4 - Ficha de Validação do Recurso Escolhas………………………………….….84 Anexo 5 - Matriz de análise dos critérios de validação (focus group – jovens).85 Anexo 6 - Análise SWOT…………………………………………………………………………..90 Anexo 7 - Alinhamento do Casting………………………………………………………….…91 Anexo 8 - Ficha de Casting……………………………………………………………………….92 Anexo 9 - Critérios de apreciação………………………………………………..…………….94 Anexo 10 - Alinhamento da I Gala – Fame………………………………………………....95 Anexo 11 - Alinhamento da II Gala - Gato que brincas na rua…………………..….99 Anexo 12 - Balanço de competências…………………………………………………….…108 Anexo 13 - AFA – Auto conceito – Forma A……………………………………………….109 Anexo 14 - Registos de presença……………………………………………………………..111 Anexo 15 - Currículos dos Formadores……………………………………………………..112
64 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 1
1.Actividade
Ficha de caracterização do Recurso ESCOLHAS -11. Indique a actividade no âmbito da qual o Recurso Escolhas será produzido:
2.Área estratégica de intervenção do Recurso Escolhas
ACADEMIA DE TALENTOS 2. Assinale a área estratégica de intervenção do Recurso Escolhas: a) Inclusão escolar e educação não formal;
X
b) Formação profissional e empregabilidade; c) Dinamização comunitária e cidadania; d) Inclusão digital; e) Empreendedorismo e capacitação.
X
3.Caraterização técnica do Recurso Escolhas
3. Assinale a caracterização técnica que mais se adequa ao Recurso Escolhas: Recursos de suporte à motivação, (re)socialização, mediação, inserção social e profissional e de acompanhamento de públicos em situação de vulnerabilidade
X
Modelos e suportes de informação e orientação profissional, de marketing profissional e de marketing pessoal Referenciais de formação, sistemas de desenho e concepção de soluções formativas (ISD), planos e programas, cursos de formação profissional e conteúdos pedagógicos Estratégias e dispositivos de ensino/aprendizagem, métodos e técnicas de formação/ animação e tutoria pedagógica; metodologias de implementação de redes de conhecimento e de comunidades de aprendizagem Recursos de apoio à aprendizagem (baterias de estudos de casos, simuladores pedagógicos, packages de (auto)formação, baterias de ajudas ao trabalho, etc.) Referenciais de apoio à criação e desenvolvimento de iniciativas empresariais; bolsas de ideias de investimento Referenciais de animação de redes de consórcio Outros Recursos ____________________________________________________
65 Financiado por:
Co-Financiado por:
Ficha de caracterização do Recurso ESCOLHAS -24. Assinale a tipologia de suporte do Recurso Escolhas: 4.Tipologia de suporte
a) Manual/livro; b) Pen;
X
c) CD-ROM; d) Vídeo; e)Áudio; f) WebSite; g) Package pedagógico; h) DVD i) Outros
5. Utilizadores
5.1 Quais os utilizadores do Recurso Escolhas? a) Técnicos do Projecto
X
b) Coordenadores de projecto
X
c) Crianças dos 6 aos 10 anos d) Crianças dos 11 aos 13 anos e) Jovens dos 14 aos 18 anos f) Jovens dos 19 aos 24 anos g) Outros. Quais? ___________________________
6.Destinatários e beneficiários
6.1. Assinale os destinatários/beneficiários do Recurso Escolhas: a) Jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis
X
b) Jovens descendentes de imigrantes e minorias étnicas c) Jovens com abandono escolar precoce; d) Jovens sem escolaridade obrigatória; e) Jovens que estão ou estiveram sujeitos a medidas tutelares educativas e ou medidas de promoção e protecção; f) Crianças e jovens residentes em territórios com maior índice de exclusão e com poucas respostas institucionais g) Outros. Quais? __________________________________________________
66 Financiado por:
Co-Financiado por:
Ficha de caracterização do Recurso ESCOLHAS -37.1. A que problema pretende responder o Recurso Escolhas?
São identificadas necessidades ao nível do desenvolvimento psicossocial e da capacidade de empreender ao nível pessoal e social. Salientamos um baixo nível de auto-estima e um auto-conceito pouco positivo e baixa iniciativa por parte das crianças e jovens residentes no território de intervenção (bairro social) com situações de vulnerabilidade pessoal, familiar e social.
7. Objectivos do Recurso
A baixa iniciativa relaciona-se um com baixo nível de estímulo ao nível social e cultural (poucas oportunidades de acesso) e consequentemente com um baixo nível de competências sociais ao nível do relacionamento interpessoal como a liderança, autoregulação emocional (tolerância à frustração) e criatividade. Existem ainda preconceitos relativos à imagem dos bairros e dos residentes que reforçam a baixa participação dos mesmos na comunidade. 7.2. Que objectivos podem ser alcançados através do Recurso Escolhas? (para que serve o Recurso Escolhas?) Os objectivos gerais do recurso prendem-se com a promoção da inclusão social e igualdade de oportunidades de crianças e jovens residentes em territórios mais vulneráveis do ponto de vista sócio económico, através de metodologias de educação não formal e educação pela arte potenciando a sua capacidade de empreender ao nível pessoal e social. Ao nível mais específico pretende-se, com um grupo de crianças e jovens entre os 8 aos 18 anos: 1. Desenvolvimento de um auto-conceito mais positivo; 2. Desenvolvimento de competências de base para uma atitude mais empreendedora como a liderança, criatividade auto-regulação emocional (tolerância à frustração); 3. Desenvolvimento de competências de expressão artística nas áreas do teatro, dança, música e canto. 7.3. Qual a utilidade imediata para os destinatários/beneficiários do Recurso Escolhas?
67 Financiado por:
Co-Financiado por:
Relativamente à utilidade imediata para os destinatárias do Recurso destaca-se: Aprendizagem de competências artísticas no campo das artes performativas; Melhoria do relacionamento interpessoal, da coesão de grupo e do trabalho em equipa; Valorização dos talentos e competências individuais; Sentimento de pertença a um grupo com valor positivo; Valorização da identidade pessoal e social; Maior conhecimento e proximidade a recursos e serviços da comunidade.
8.1. Breve resumo do Recurso Escolhas - súmula do conteúdo tratado, estratégia de comunicação, duração, dimensões, etc.
8.Resumo/ principais conteúdos
O Recurso tem por finalidade o desenvolvimento de projectos de formação e educação pela arte, promovendo e valorizando competências artísticas, sociais e técnicas específicas, junto de crianças e jovens entre os 8 e os 18 anos provenientes dos territórios de intervenção do projecto. O âmbito da actividade desta academia centra-se preferencialmente no campo das artes performativas, sendo proporcionados aos participantes experiências no âmbito da educação artística, fomentando a formação pessoal e social, através da exploração de materiais e aprendizagem activa de técnicas específicas, sendo estimulado o desenvolvimento de eventuais vocações profissionais. A sua dinamização contempla sessões com regularidade semanal realizadas em grupos de 12 a 16 participantes) tendo por base metodologias de trabalho centrado no indivíduo e no grupo, organizadas por ano letivo iniciando a 1.ª fase com um processo de captação e selecção através de castings, implementação de um programa de formação que contempla sessões em sala, formação residencial e fruição de um programa cultural. Culmina com a realização de uma apresentação pública/ Gala anual em que o grupo de participantes tem oportunidade de apresentar produtos artísticos desenvolvidos durante o período de formação. Este trabalho surge de um trabalho conjunto entre a equipa de projecto e a equipa do teatro do elefante (companhia de teatro profissional de Setúbal), que conta com um encenador/director artístico, responsável de produção, responsável de comunicação e responsável técnico. São envolvidos professores especializados, nomeadamente ao nível da dança e do teatro, música e canto. As principais estratégias utilizadas são: 1) Mobilização de participantes (Entrevistas e Casting) 2) Programa de Formação em sala 3) Fruição de uma programação cultural enquanto espetadores 4) Criação e produção de espectáculos performance 5) Formação em contexto residencial 68 Financiado por:
Co-Financiado por:
6) Participação em projectos artísticos (articulação com outras estruturas) Principais resultados: Melhoria das competências pessoais, sociais e artística; Maior interacção dos jovens destinatários com a comunidade e consequente melhoria da imagem dos mesmos e dos territórios de intervenção (desmistificação de preconceitos), através da apresentação de espectáculos à comunidade e do reconhecimento das competências do grupo. Os espetáculos são apresentados no formato de GALA em salas reconhecidas (cinema teatro joaquim de almeida). Após a estreia do espetáculo, o grupo participa em outros acontecimentos culturais na comunidade, com replicação do mesmo na íntegra ou em parte. Prevê o envolvimento dos pais, familiares e encarregados de educação através do apoio no ensaio de cada papel, preparação dos figurinos, mobilização de outros para assistir aos espectáculos. Salientamos o empenho e compromisso observado nos jovens participantes com incremento das suas competências e empowerment pessoal e social.
Ficha de caracterização do Recurso ESCOLHAS -48.2. Em que é que o Recurso Escolhas se diferencia (é inovador) de outros recursos existentes?
8.Resumo/ principais conteúdos
O recurso é inovador na medida em que: a) Prevê a sua dinamização com um grupo heterogéneo do ponto de vista da idade, origem cultural, escolaridade e com laços familiares entre eles conferindo-lhe uma dinâmica própria. b) Acessível e gratuito a crianças e jovens dos territórios sócio económicos vulneráveis num projecto artístico conjunto com apresentação de espetáculos performance abertos à comunidade. A possibilidade de fomentar a médio prazo vocações profissionais no campo das artes. c)
A orientação e encenação artística do projecto ser realizada por uma companhia de teatro profissional, conferindo profissionalismo e uma seriedade ao processo com a qual os jovens nunca tiveram contacto prévio, com um programa de formação diversificado e integrado com recurso a várias áreas artísticas.
d) Co- construção do projecto artístico com os contributos dos destinatários, são desenvolvidas e postas em destaque competências pessoais, sociais e artísticas que de outra forma não apareceriam tão evidenciadas. e) Empenho e compromisso dos destinatários com a participação na Academia de Talentos (assiduidade e empenho no cumprimento das tarefas).
69 Financiado por:
Co-Financiado por:
8.3. Como serão envolvidos os destinatários e os parceiros na concepção e eventual validação do recurso Escolhas? As crianças e jovens destinatários são os principais protagonistas deste recurso. Desta forma estarão envolvidos em todo o processo desde a concepção gráfica e organização do documento de apoio (narrativa e guia de implementação) recolha e organização de instrumentos e materiais de apoio; personalização da imagem da pen. Foram igualmente auscultados através de um focus group para recolha de evidências dos critérios de validação. Os parceiros forma igualmente auscultados para a avaliação do recurso através do preenchimento da ficha de validação.
8.4. Como é que o Recurso Escolhas irá promover a autonomia e responsabilização dos destinatários/beneficiários? Assimilação de aprendizagens ao nível das competências pessoais, sociais e artísticas com generalização a outros contextos de relacionamento interpessoal e em comunidade dos jovens destinatários. Todo o processo de aprendizagem envolve um processo de responsabilização pessoal e do grupo, sendo o processo de aprendizagem e a participação assídua nas sessões um requisito para a participação no espectáculo final. Todo o processo de encenação e criação do espectáculo é desenvolvido pelos destinatários, sendo promovido o papel e responsabilidade de cada um para o resultado/ sucesso do grupo (percepção de auto-eficácia com a concretização do espetáculo). Jovens participantes são importantes mediadores junto de outros jovens, na medida em que são percepcionados de forma positiva pelos outros. Percepção de suporte social pelos participantes relacionado com um sentimento de pertença ao grupo (com valor positivo), afirmando a auto-confiança dos jovens e as competências ao nível do empreendedorismo (criatividade, tolerância à frustração/ auto-regulação emocional e liderança). Reconhecimento por parte da comunidade a partir da dinamização do recurso de forma integrada com outros projetos artísticos (apresentações públicas posteriores à estreia) por solicitação de outros parceiros sociais. Desenvolvimento do sentido de oportunidade a partir de uma mudança de atitude face a novos desafios – participação mais efetiva e espontânea noutras actividades do projeto. Participação ativa na dinamização de iniciativas de angariação de fundos para a realização de residências artísticas. 70 Financiado por:
Co-Financiado por:
Ficha de caracterização do Recurso ESCOLHAS -5-
11.Divulgação do Recurso Escolhas
10.Acessibilidade
9.Metodologia de aplicação e/ou exploração pedagógica
9.1. Em que contexto/ambiente organizacional deve ser explorado/apresentado o recurso Escolhas? Em instituições da rede social concelhia, em especial as que trabalham com crianças e jovens numa perspectiva de capacitação e empreendedorismo, bem como os projectos escolhas e outros direccionados para a inclusão social de crianças e jovens (em especial os provenientes de contextos sociais mais vulneráveis). 9.2. Quais os requisitos exigidos aos utilizadores do Recurso Escolhas? (que competências são necessárias para a utilização do Recurso Escolhas, tendo em conta a sua tipologia de suporte, nível de complexidade… p.ex. no caso de se tratar de um manual em suporte de CD, exigirá o recurso a um computador, competências de leitura e de utilização de computador)
Um computador com entrada USB, competências de leitura e competências básicas em TIC (para consulta da pen, onde estarão presentes o vídeo alusivo ao espectáculo e o manual de utilização do recurso). Para a replicação do recurso são necessários perfis técnicos, nomeadamente ao nível da encenação, teatro e dança, bem como a existência de equipas com intervenção de proximidade no terreno. É ainda necessário apoio técnico para a realização de espectáculos e a existência de espaços adequados para a realização de ensaios e espetáculos. 10.1. Indique as formas de acesso ao Recurso Escolhas que vão ser disponibilizadas: (em que locais vai estar disponível o Recurso Escolhas, quem lhe poderá aceder e de que forma?)
O recurso será disponibilizado às equipas técnicas dos projectos e distribuído em contextos formativos. Aos restantes parceiros sociais e outras instituições potencialmente utilizadoras, a distribuição também será realizada em contexto de formação. 11.1. Que acções vão ser desenvolvidas para divulgar o Recurso Escolhas? Divulgação no site do projecto, apresentação pública do recurso, divulgação em actividades do projecto, redes sociais, programas de formação contínua do PE. 11.2. Conhece algum território /projecto Escolhas que possa beneficiar e utilizar este recurso?
Todos os projectos do PE poderão ser potenciais utilizadores.
71 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 2 - Apresentação em PowerPoint do Recurso Escolhas
72 Financiado por:
Co-Financiado por:
73 Financiado por:
Co-Financiado por:
74 Financiado por:
Co-Financiado por:
75 Financiado por:
Co-Financiado por:
76 Financiado por:
Co-Financiado por:
77 Financiado por:
Co-Financiado por:
78 Financiado por:
Co-Financiado por:
79 Financiado por:
Co-Financiado por:
80 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 3
81 Financiado por:
Co-Financiado por:
82 Financiado por:
Co-Financiado por:
83 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 4
84 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 5 - Matriz de Análise de Validação dos Critérios – Academia de Talentos CATEGORIA (Critérios de Validação) 1. Inovação
SUB-CATEGORIA (Evidências de cada critério) Empowerment Pessoal e Social; Originalidade Heterogeneidade do grupo;
Do Individual para o colectivo;
Educação Não Formal; Educação pelas Artes; Desenvolvimento de competências artísticas
Articulação com o CRAM e CTJA
2. Pertinência
Modelo Ecológico Integrado
Exemplo das Evidências de cada critério (qualitativas & quantitativas) “Agora não tenho medo de dizer aquilo que sinto e penso…” “(…) na escola aceitei ser delegado de turma.” “(…)achei giro ter muitas actividades que nunca tinha feito.” “Nunca vi nada assim no Bairro (…) é uma coisa nova (…)” “(…) somos um grupo engraçado com idades diferentes.” “(…) os mais velhos ajudam muitas vezes os mais novos (…)” 20 crianças/jovens (14 raparigas e 6 rapazes); com idades dos 8 aos 18 anos (média de idades: 13 anos); 3 descendentes de imigrantes (etnia africana); todos os níveis de EB (1º, 2º, 3º ciclo) e secundário. “(…) no meu primeiro casting fui cantar sozinha, e depois fiquei no grupo dos que queriam aprender a cantar melhor”. 30 Entrevistas individuais de exploração livre dos talentos, interesses, perfil físico (medidas e peso), expectativas, horários e compromisso. Apresentações colectivas de temas escolhidos pelos destinatários no CTJA (dança, teatro, parkour, desenho e canto, percussão). “Aprendemos coisas muito boas que não nos ensinam na escola (…)” “Fazemos jogos e aprendemos ao mesmo tempo (…)” “(…) através do teatro e da música consigo expressar-me melhor” “(…) sinto que tenho mais imaginação para resolver os problemas” (…) arte circense aliada a animação de rua (andas, modelagem de balões, pinturas faciais, construção de máscaras e cabeçudos, malabarismo), “(…) aprendemos a colocar a voz, a conhecer os ritmos (…) sentir o movimento (…) a saber esperar pela nossa vez, a dançar, a olhar (…)” “(…) foi fixe ter músicos de outra escola a tocar ao mesmo tempo que nós cantávamos (…) foi no grande palco do Cine-Teatro do Montijo” 7 Músicos de referência do Conservatório Regional de Artes de Montijo, colaboram na realização do espectáculo “Gato que brincas na Rua”, da II Gala da AT, no Cine-Teatro Joaquim de Almeida. “(…) gostei de ver no dia do espectáculo, os meus amigos, a minha família, os colegas, os professores e as pessoas do meu bairro”
Fontes de verificação Focus Group Focus Group Fichas de Inscrição Focus Group Entrevistas individuais Fotos / vídeo Casting Formal Sumário das sessões Focus Group Relatório de Avaliação Focus Group Focus Group Fotos / Vídeo II Gala da AT 16 Abril 2011 Focus Group
85 Financiado por:
Co-Financiado por:
Envolvimento dos Destinatários, Pares, Família e Comunidade; “ (…) fui para a Academia porque gosto de dançar, mas também descobri que tenho jeito para Teatro (…) estou aprender o que gosto” “os professores têm muita paciência (…) há uns mais avançados que outros (…) às vezes engano-me na dança, mas ninguém goza comigo” Noticias no Jornal de Montijo; site da Câmara; Revista Instantes da EPM; Site do Projecto; Site do Programa Escolhas; Facebook. “lá na escola ficaram admirados pela Academia no Bairro do Esteval...” “… ler no jornal que a Academia é no Bairro do Esteval é muito bom”
Programa ajustado às Necessidades. e Interesses; Respeito pelo Ritmo de cada Um; (Re)constrói estereótipos positivos;
CATEGORIA (Critérios de Validação) 2. Pertinência
SUB-CATEGORIA (Evidências de cada critério)
Exemplo das Evidências de cada critério (qualitativas & quantitativas)
Desmistificação de estereótipos/preconceitos negativos (Bairro) Mobilização e Optimização Recursos Locais
3. Utilidade
Gratuitidade e acessibilidade;
“(…) te
Promoção do Desenvolvimento Biopsicossocial; Sucesso / Desempenho Escolar (generalização das aprendizagens) Percepção de Sentimento de Pertença positivo; Valorização Identidade Pessoal e Social; Centrado nas potencialidades; Percepção de competências empreendedoras (processo) Conhecimento e usufruto de Recursos Externos Percepção de ligações afectivas + estáveis / Empatia
“(…) antes o Bairro tinha má fama, de roubos e lutas, agora começam a ver que também fazemos coisas boas”; “(…) eu gosto de viver aqui” Contacto e articulação com ASSIM, ACBF; CMM; Unidos; CTJA; EPM “(…) já fizemos ensaios e actuações em sítios diferentes”; “Nunca tinha entrado nos UNIDOS, o espaço é grande e gostei de ensaiar lá”. “Temos muita sorte por ser no Bairro (…) uma academia perto de casa, e que ainda por cima os meus pais não precisam de pagar” “aprendemos a comunicar com o corpo (…)”; “a minha mãe diz que ando mais alegre (…)”; “fiz novas amizades e gosto dos professores” “na disciplina de Português estamos a falar sobre Fernando Pessoa, e eu lembrei-me logo do espectáculo que fizemos sobre o poema “gato que brincas na Rua” (…) foi mais fácil estudar para os testes (…).” “não sabia que havia pessoal tão curtido no bairro, passava por eles mas não lhes falava” (…); “acho que o nosso grupo é fixe e famoso ”; “(…) somos muito unidos”; “(…) ser do Esteval é fixe.” “(…) o professor percebeu logo no inicio que eu tinha jeito para o teatro, e ajudou-me a saber exprimir-me melhor”. “(…) penso que os outros me acham mais confiante quando falo” “(…) salientamos o empenho e compromisso que as crianças e jovens estabeleceram em prol da Academia” “ (…) vou à biblioteca do bairro procurar livros sobre poemas” “ (…) acho que os outros sabem que gosto sempre deles, apesar de
Convites Focus Group Focus Group Comunicação Social Local Focus Group
Fontes de verificação Focus Group E-mails Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Relatório de Avaliação Focus Group Focus Group
86 Financiado por:
Co-Financiado por:
Percepção da Auto-Regulação / controlo emocional Percepção de Expectativas realistas
Percepção de um Auto-Conceito mais positivo Percepção de Auto-Eficácia Percepção da Valorização pessoal percebida Percepção das Competências psicossociais adquiridas & percebidas
Desenvolvimento de competências pessoais e sociais: - liderança; - tolerância à frustração; - criatividade; - Auto-estima
Melhor gestão do tempo (prioridades e compromisso)
às vezes não concordar com as ideias deles.” “(…) antes enervava-me com facilidade, agora conto até 10 e respiro fundo para acalmar-me.”; “(…) aprendi a pensar melhor antes de fazer” “(…) acho que um dia poderei vir a ser cantor, mas prefiro viver um dia de cada vez.” “(…) quero acreditar que com esforço poderei lá chegar” “Penso que os outros ficaram muito contentes com o meu empenho” “Julgava que não conseguia, mas afinal correu muito bem e fiz tudo” “Descobri que tenho muito mais valor (…)”; “(…) sinto-me orgulhoso” “Sinto que sou mais responsável (…)”; “sou menos indecisa”; “assumo os meus erros”; “falo menos e escuto mais” (…); “(…) confio mais” O nível de competências adquiridas do grupo, revela que a maior parte das crianças e jovens (75%) adquiriu um nível 3 (Bom) de liderança (mobilização e incentivo do grupo com o apoio de um par) e um dos jovens (8,33%) revelou um nível 4 (Muito Bom) de liderança (é reconhecido/a como líder, e consegue facilmente mobilizar e incentivar o grupo); A maior parte das crianças e jovens (83,33%) revela um nível 3 (Bom) de tolerância à frustração (Esforça-se por não desistir logo à primeira dificuldade ou insucesso); dois dos jovens (16,67%) revela um nível 4 (Muito Bom) de tolerância à frustração (é persistente e não desiste facilmente perante as dificuldades, dando o seu melhor). A maior parte das crianças e jovens (66,67%) revela um nível 3 (Bom) de criatividade (expressa ideias imaginativas e inovadoras apenas quando lhe é solicitado) e 3 jovens (25%) revela um nível 4 (Muito Bom) de criatividade (Expressa com iniciativa as suas ideias inovadoras e propõe alternativas e jogos); A maior parte das crianças e jovens (58,33%) revela um nível 3 (Bom) de auto-estima (oferece-se como voluntário apenas quando é solicitado e depende das situações) e 2 jovens (16,67%) revela um nível 4 (Muito Bom) de auto-estima (tem iniciativa própria para se oferecer como exemplo/modelo em qualquer situação). (…) no balanço do nível de competências iniciais que a maior parte das crianças revelava um nível baixo de liderança, e criatividade e suficiente de tolerância à frustração e auto-estima.” (…) Já uso a agenda Tk para marcar os meus compromissos”; (…) aviso com antecedência quando não posso ir”.
Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Focus Group Escala de Balanço de Competências; Relatório de Avaliação
Focus Group
87 Financiado por:
Co-Financiado por:
Despiste e orientação vocacional / profissional 4. Capacitação / Autonomia
Participação Eventos (multi)culturais;
Apresentações Publicas (espectáculo performance anual)
Reconhecimento da comunidade; Mediação e intervenção pelos pares Suporte Social (in)formal Percebido Sentido de Oportunidade Cidadania: Direitos & Deveres (compromisso & responsabilidade) Empreendorismo (angariação fundos)
“Os professores dizem que devia seguir Teatro”; “Tenho jeito para aprender e ensinar música”; “(…) quero ser animador sociocultural”. “A Academia recebeu diversos convites de várias instituições assinalando a presença em Setúbal, num ensaio público no âmbito das comemorações do mês do Teatro, em Março de 2011, na Semana de Inclusão Social, realizada na Escola Profissional de Montijo no dia 12 de Maio de 2011; na Sessão de abertura do II Fórum Rede Social e Montijo Saudável, no dia 2 de Junho de 2011. (…) presença efectiva no programa das “Festas Populares de S. Pedro” no Montijo, onde foi realizada animação de Rua pelos nossos participantes”. “Foram apresentados 4 espectáculos abertos aos encarregados de educação/outros familiares e à restante comunidade, o primeiro referente ao Casting Formal, o segundo a uma I Gala onde foram incluídas os talentos da dança, teatro e canto, inspirado no musical Fame, um terceiro momento com um ensaio público e o quarto alusivo à II Gala com o espectáculo “Gato que Brincas na Rua…de Fernando Pessoa e alguns heterónimos” “(…) envolvimento e participação de pais, encarregados de educação e restantes familiares” “(…) às vezes a minha irmã quer ficar em casa e eu convenço-a a vir aos ensaios”; “(…) incentivo os meus amigos a não desistir” Companhia de Teatro Profissional do Elefante; Cinema Teatro Joaquim de Almeida; Escola Profissional de Montijo; Comércio local do concelho; Famílias; Câmara Municipal de Montijo; Unidos; ACBF. “no inicio hesitei em participar na Academia, mas depois achei que não tinha nada a perder”; “(…) vou aproveitar ao máximo porque não é todos os dias que aparece uma Academia no Bairro”. “na Academia percebemos porque são importantes as regras e nunca faltar” (…) se alguém falta ou se porta mal o ensaio já não corre bem (…) precisamos uns dos outros”. “(…) angariação de fundos pelos jovens participantes, através da venda de bilhetes à comunidade para o próprio espectáculo, vários pedidos de patrocínio entre os quais se destaca o sorteio (com venda de rifas) de uma bola de futebol do Sporting Clube de Portugal autografada pelos jogadores e sorteio de um fim de semana numa
Focus Group
Relatório de Avaliação;
Relatório de Avaliação
Relatório de Avaliação Focus Group Relatório de Avaliação Focus Group Focus Group Relatório de Avaliação
88 Financiado por:
Co-Financiado por:
Retiros em contexto de residência artística com formação livre.
5. Transferibilidade
Suporte digital (cd ou pen); Utilizadores - equipas técnicas de intervenção social e comunitária
pousada da juventude, gentilmente cedido pelo IPJ, ainda se realizaram 3 dias de “Mercado Escolhas”, venda de vestuário e acessórios, cedidos pelo Comércio Local do Concelho.” “ (…) venda de produtos de merchandising do projecto em actividades gerais da rede social em que o projecto estava representado como a Semana da Inclusão, Fórum Juntos pela Solidariedade e Festas Populares de S. Pedro.” (…) a Academia de talentos foi complementada com o planeamento e organização de três viagens pelos próprios participantes – actividade I have a dream -, que se realizou no inicio do 2.º semestre (6 a 9 de Agosto de 2010 – Festival Andanças), com um 2º momento em Setembro (1 e 2 de Setembro de 2010 – Acampamento Peniche) e um 3º Momento (20 a 22 de Dezembro de 2010- Pousada da Areia Branca). Utilização pratica e funcional para os utilizadores e de grande capacidade de armazenamento e organização da informação, constituindo-se um veículo de fácil disseminação e acesso. Proximidade privilegiada junto das crianças e jovens de contextos socioeconómicos mais vulneráveis.
Relatório de Avaliação
Narrativas práticas e esquemáticas; Linguagem acessível e exemplificada; Recurso a imagens e esquemas; Instrumentos de apoio em anexo; Critério de inclusão - Heterogeneidade dos destinatários / beneficiários (sexo, idade (8-18 anos), etnia, escola);
89 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 6 - ANÁLISE SWOT Potencialidades
Diversidade de estratégias e metodologias | Oportunidade de experienciar aprendizagens no campo artístico. Recurso gratuito e acessível | Envolvimento dos familiares / Proximidade com a equipa técnica. Compromisso dos destinatários / participação ativa. Abordagem ecológica integrada / Trabalho centrado nas pessoas e na individualidade de cada um. Potencia a valorização pessoal e social | Apresentação de um produto final visível. Mobilização / otimização de parcerias, procurando a sua sustentabilidade. Desconstrução da imagem do bairro / associação positiva ao território. Reconhecimento de competências | Sentimento de pertença à comunidade / grupo / família; Potencia desenvolvimento, consolidação de competências promotoras do empowerment pessoal e social; Desenvolvimento de competências de mediação e intervenção; Potencia a construção de modelos de incentivo à participação dos demais; Fundamentação teórico-prática apoiada em revisão de literatura / evidência científica; Perceção positiva do Suporte Social (In)formal (percebido e oferecido); Promove o coping social ou comunal | Promove oportunidades e iniciativa; Promove a participação ativa na angariação de fundos para a realização de residência artística; Potencia a constituição de uma academia com programação própria e capaz de promover espetáculos.
Oportunidades Heterogeneidade e dinâmica do grupo; Envolvimento de crianças e jovens de minorias étnicas (ciganos); Dinamização do recurso de forma integrada noutros projetos artísticos com apresentações públicas, por solicitações da comunidade e parcerias sociais; Articulação com as diferentes estruturas e serviços na comunidade (Stakeholders); Envolvimento e participação das estruturas no próprio espetáculo; Fruição da programação cultural nas estruturas da comunidade; Utilização de Recursos ao nível técnico e artístico nos espaços comunitários para a realização do espetáculo.
Dificuldades Condições logísticas (sala com condições acústicas e palco); Manutenção da participação efetiva (assiduidade / pontualidade) dos jovens; Ausência de alternativas para o transporte do grupo (menores de 16 anos) e de condutor habilitado; A necessidade de apoio técnico de suporte ao espetáculo; Gestão de horários: articulação com outras actividades extra-escolares (futebol…); Gestão das expetativas e prioridades nos jovens; Grupo de jovens semi-aberto.
Ameaças Restrições / ausência de orçamento; Falta de reconhecimento da comunidade; Falta de envolvimento do grupo no processo formativo; Falta de envolvimento das estruturas da comunidade; Falta de envolvimento efetivo dos familiares + próximos; Falta de compromisso / identificação por parte dos destinatários; O recurso envolver custos de participação. Dispersão geográfica dos destinatários;
90 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 7 - Alinhamento do Casting
91 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 8
92 Financiado por:
Co-Financiado por:
93 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 9
94 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 10 - Alinhamento da I Gala “Fame” FAMA . Primeiros Passos Teatro Musical CENA 1 Um cartaz afixado na parede de uma rua anuncia a data das audições para selecção de alunos da nova escola de artes performativas. Dois jovens decidem candidatar-se e inscrevem-se. Ana Dá-me isso Bela Vem tu cá apanhar. Ana Dá-me isso, já! Cris Calma. Uma coisa de cada vez. Ana Não tem piada. Bela …depende do ponto de vista. Ana Vou sentar-me aqui, e tu vens dar-me isso. Bela Não! Já disse, tens de me apanhar. Ana Chega. Dou-te um minuto… Cris E se fossem 60 segundos?! Ana É a mesma coisa. Bela …depende do ponto de vista. Ana „tá bem! dá-me isso. Bela Ahn? (Pausa. Lê cartaz, para si.) Toma lá. Cris Que se passa? Bela Olha para este cartaz. Ana Que tem? Bela …é uma coisa interessante. Ana Pode haver alguma coisa mais interessante, p‟ra além de me roubares? Bela Claro que sim, estúpido. Cris Então, o que é que diz aí? Bela Não sabes ler? Cris Audições… Bela …para uma escola de artes… Ana Que é que isso interessa? Bela Não „tás a ver? Ana A ver o quê? Bela Meu… podemos representar, cantar, dançar… Cris Mas isso já nós fazemos. Ana Na rua… Cris Claro. Bela Mas nesta escola podemos fazer num teatro, num palco a sério. Ana Sim? Ah, „tou mesmo a ver-te de tutu e sapatilhas de pontas. Bela Eu?!... que estupidez. Cris Pois é, mas tu não contes comigo. Bela Ahn? Tu não vens? Cris Nem que me pagassem um grande almoço… (faz gesto de recusa) Ana E um gelado? 95 Financiado por:
Co-Financiado por:
Cris
(brinca) Nesse caso… (muda expressão) não, nunca. Nem pensar!
CENA 2 No primeiro dia das audições apercebem-se da existência de um grande número de candidatos. E um deles encontra-se doente. A sua voz está rouca, e … Bela Então, sempre vieste? Cris „Tou aqui mas não mudei de ideias. Ana Cala-te, vais ver que até podes gostar. Cris Gostar do quê? Desta fila de gente, à espera?!... Bela Ena, meu. „Tá mesmo muita gente. Cris Vamos embora daqui. Nós não temos hipótese. „Inda por cima… Ana (interrompe) É verdade… são mesmo muitos. Cris Pois é. „Tá na altura de retirar. Ana Espera lá. Não vamos desistir, agora, quando já chegámos aqui. Cris Nunca é tarde… (faz gesto de sair) Ana …nem é cedo. Vamos tentar a nossa sorte. Cris O quê?! Já ouviste a minha voz?... Bela Que tem a tua voz? Cris …rouca… e a primeira audição é mesmo a de canto. Ana Azar. Não saio daqui, até que a tua voz fique boa. Cris Goza, goza. Se fosse a tua… Bela Tomava uma vacina qualquer… Ana Uma vacina?! Bela Ou um copo de água, tanto fazia. (ouve-se o nome de um deles, através das colunas da sala de espera) Cris Ok, chamaram-me…e agora? Bela Agora? Arrasa-os. CENA 3 …a prova de canto não corre bem. Não desistem e, apesar dessa dificuldade, procuram ficar entre os finalistas. (fazem prova) Bela Então, como correu? Cris Nada bem. Mesmo nada bem… Bela Porquê? Os nervos atacaram? Cris Não propriamente. A garganta arranhada não ajudou nada. Nada, nada. Ana Ah, claro. Toma umas pastilhas. Cris Agora… só o suicídio… Ana Nã, nã, nã… ou entramos, agora, ou voltamos para o ano. Cris Por mim, entrava já. Bela Assim é que é falar! CENA 4 Na prova de dança – que decorre no segundo dia – um deles tem um acidente e fica magoado. (prova de dança) Bela (cai no chão e grita) Aaaaau! Di Que se passa? Estás magoado? (juntam-se à sua volta) 96 Financiado por:
Co-Financiado por:
Bela Não foi nada, eu posso continuar. PROF1 Tens a certeza? Bela Absoluta. Vou continuar, quer ver? (tenta levantar-se, mas as dores são fortes) PROF1 Estás a coxear, não vamos permitir que continues. Bela Oh, mas isto não é nada. PROF1 Já tiveste a tua oportunidade. Já demonstraste aquilo de que és capaz… Bela E isso quer dizer o quê? PROF1 Neste momento, quer dizer apenas que não estás em condições físicas para continuar nesta audição. Por isso, podes sair. Bela Mas eu só queria saber… AUX Os resultados são conhecidos amanhã. CENA 5 Participam, finalmente, na prova de interpretação, que realizam no terceiro dia. Tudo corre bem, apesar de um deles se encontrar magoado. (prova de interpretação) PROF2 Aquilo que vos pedimos que interpretem é simples. Estão um Diabo e um Anjo em duas barcas, junto a uma praia e chega um Parvo… reconhecem a história? (alguns candidatos acenam com as cabeças, confirmando) O Parvo pede que o deixem entrar, mas nenhum dos dois barqueiros permite que ele entre. Embora o Parvo proteste, o Anjo e o Diabo deixam-no abandonado na praia e partem para o alto mar. E é tudo. Agora, improvisem. (improvisação) Ana Entrem, entrem na minha barca. A barca mais bonita e mais alegre. Há música todo o dia e noite. O ambiente é escaldante e nunca se queixaram de frio… Ella Pois vais alegre, sim senhor… agora, contas anedotas e fazes trocadilhos com os sentidos das palavras… mas não confies tanto na sorte. Ana A sorte?... Eu trato disso, minha senhora. Cada um trata de si, neste lugar de ninguém. (curto silêncio) E por falar de ninguém, aí vem alguém que te quer abraçar. Ella Abraçar, não é possível. Sou um Anjo dedicado à vida no céu e ao trabalho na terra. Ana Mas o Amor também te fazia bem. Ora tira umas férias desse pudor. Funny Oó das barcas… Ana Quem vem lá? Funny Sou eu, bem se vê. Ana Eu, quem? Que não vejo alma, nem de besta, nem de gente? Funny Eu, Besta não sou. Nem alguma vez fui Gente. Deram-me outro nome, o de Parvo… e este chapéu para afastar a chuva e esconder-me do sol. Ana Que lindo chapéu… empresta-mo para dar um passeio com ele? Funny Emprestar?... Até to dava, se me deixasses entrar e encostar os ossos num canto desse navio. Ana Ah… obrigado pelo “navio”, mas não pode ser! Os ossos ainda iam, mas a pele cheira mal. Funny Que te fez a minha pele, porco cornudo? Ana Está verde de tão podre e azul de tão gasta. Funny Oó meu sacana chifrudo, quem te disse que quero embarcar? Vai à tua vida e não me lixes com essa treta da limpeza. Já olhaste para o teu bigode? Há quanto tempo
97 Financiado por:
Co-Financiado por:
não o lambes com essa saliva nojenta? (desvia-se na direcção do Anjo) Oó lindo Anjo branquinho, para onde vais sozinho? Ella Mais vale só que mal acompanhado… Funny Pois, talvez tenhas razão. Mas podendo viajar juntos, não devíamos perder esta oportunidade. Ella Já vi que tens resposta para tudo, mas aqui não te posso levar. Funny Porquê? Se tens tantos lugares vazios e eu sou, só, um pobre Zé ninguém!? Ella Não me queiras envergonhar à frente desse monstro do lado. Já te disse que aguardo outras figuras, mais dignas de viajar. Funny Mas eu conheço as marés, fui marinheiro noutros tempos. E também sei remar, cantar e trovejar… (faz sons com as axilas) Ella Então devias ir a um concurso da televisão onde se canta ou dança, ou se faz qualquer outra coisa parecida. Porque aqui não tens lugar. Funny Ora bolas, merda e cagalhão. Vesti eu um fato novo para aqui vir parar. (senta-se no chão) CENA 6 No fim deste dia de audições são divulgados os nomes dos alunos seleccionados. Os seus nomes constam nessa lista. CENA 7 No primeiro dia de aulas participam na recepção aos novos alunos, conhecem os professores e a escola, em geral. Ouvem os discursos de inauguração proferidos pelos professores e convidados. Dirigem-se para as salas de aula e comentam diversas situações que acontecem durante o dia. CENA 8 Segundo dia de aulas. Na rua, chove. E o som da chuva a cair na calçada sugere ritmos e uma coreografia, na aula de dança. Em música, a voz é preparada para o canto. Uma turma organiza-se em coro. No intervalo, os sons dos instrumentos musicais e as vozes de alguns alunos confundem-se com os passos de dança dos outros. No fim, todos estão muito animados. Fazem uma festa no corredor da escola.
98 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 11 - Alinhamento da II Gala “Gato que Brincas na Rua” I QUADRO - Gato que brincas na rua (Entram, um a um, e colocam-se em posição de gato. Entra Pedro com bola, joga até ao centro. Restantes procuram tirar-lhe a bola. Em fundo, música de “Solta-se o Beijo”. Entra Catarina pela direita alta, dirige-se para centro.) Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tudo Porque nem sorte se chama. (Entra Alexandra pela esquerda alta, dirige-se para centro.) És feliz porque és assim Todo o nada que és é teu. Eu vejo-te e estou sem mim, Conheço-te e não sou eu. (Catarina, Alexandra e Pedro cantam “Solta-se o Beijo”.) Espreito por uma porta encostada Sigo as pegadas de luz Peço ao gato “xiu” para não me denunciar Toca o relógio sem cuco Dá horas à cusquice das vizinhas e eu Confesso às paredes de quem gosto Elas conhecem-te bem Aconchego-me nesta cumplicidade Deixo-me ir nos trilhos traçados Pela saudade de te encontrar Ainda onde te deixei Trago-te o beijo prometido Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar Abraças a guitarra e voas para além da lua Amarro o beijo que se quer soltar Espero que me sintas para me entregar A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha A dança do teu ombro… E nesse instante em que o silêncio É o bater do coração Fecha-se a porta Pára o relógio As vizinhas recolhem Tu olhas-me… 99 Financiado por:
Co-Financiado por:
Tu olhas-me… Trago-te o beijo prometido Sei o teu cheiro, mergulho no teu tocar Abraças a guitarra e voas para além da lua Amarro o beijo que se quer soltar Espero que me sintas para me entregar A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha A dança do teu ombro… E, nesse instante em que o silêncio É o bater do coração Fecha-se a porta Pára o relógio As vizinhas recolhem Solta-se o beijo, o gato mia… Solta-se o beijo, o gato mia… Solta-se o beijo, o gato mia… Tu olhas-me… Tu olhas-me… Solta-se o beijo, o gato mia… Solta-se o beijo, o gato mia… Solta-se o beijo, o gato mia… Espreito por uma porta encostada Sigo as pegadas de luz Peço ao gato “xiu” para não me denunciar (Saem todos, de costas.) QUADRO – Poetar (Em cena estão Bruno, sentado na mesa na direita média, Bruna e Patrícia, sentadas na mesa na esquerda alta. Bruno diz:) Quero compor um poema Onde fremente Cante a vida Das florestas das águas e dos ventos. Que o meu canto seja No meio do temporal Uma chicotada de vento Que estremeça as estrelas Desfaça mitos E rasgue nevoeiros - escancarando sóis! (Bruna diz:) 100 Financiado por:
Co-Financiado por:
Às vezes tenho ideias felizes, Ideias subitamente felizes, em ideias E nas palavras em que naturalmente se despegam… Depois de escrever, leio… Porque escrevi isto? Onde fui buscar isto? De onde me veio isto? isto é melhor do que eu… Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?... (Patrícia diz:) O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. (Joana e Alexandra cantam “Nem às paredes confesso”.) De quem eu gosto nem às paredes confesso E nem aposto Que não gosto de ninguém Podes rogar Podes chorar Podes sorrir também De quem eu gosto Nem às paredes confesso. QUADRO - Cartas de amor (Alexandra e Pedro simulam discussão. Catarina entra pela direita alta, dirige-se para esquerda baixa. Diz:) Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo Cartas de amor, Como as outras, 101 Financiado por:
Co-Financiado por:
Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser, Ridículas. Mas afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor é que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia, Sem dar por isso, cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor é que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) QUADRO – GUARDADOR DE REBANHOS (Bruno sentado na mesa na direita média. David entra pela esquerda baixa, dirige-se para mesa na direita. Come maçã. Diz:) Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. (Bruno diz:) «Olá, guardador de rebanhos, Aí à beira da estrada, Que te diz o vento que passa?» (David senta-se. Diz:) 102 Financiado por:
Co-Financiado por:
«Que é vento, e que passa, E que já passou antes, E que passará depois. E a ti o que te diz?» (Bruno distribui cartas de jogar. Jogam os dois. Bruno diz:) «Muita cousa mais do que isso. Fala-me de muitas outras cousas De memórias e de saudades E de cousas que nunca foram.» «Nunca ouviste passar o vento. O vento só fala do vento. O que lhe ouviste foi mentira, E a mentira está em ti.» (Bruno e David cantam “A Fisga”. Continuam o jogo.) Trago a fisga no bolso de trás E na pasta o caderno dos deveres. Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz De escolher o melhor dos dois saberes. Meu pai diz que o Sol é que nos faz; Minha mãe manda-me ler a lição Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz, Faz-me falta ouvir outra opinião. Eu até nem sequer sou mau rapaz, Com maneiras até sou bem mandado. Mestre-escola diga lá se for capaz, P'ra que lado é que me viro. P'ra que lado? Trago a fisga no bolso de trás E na pasta o caderno dos deveres. Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz De escolher o melhor dos dois saberes. (Bruno diz:) Eu nunca guardei rebanhos, Mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar. (Terminam o jogo.) Toda a paz da Natureza sem gente (Levantam-se. Despedem-se.) Vem sentar-se a meu lado. (David afasta-se. Dirige-se para mesa na esquerda alta.) Mas eu fico triste como um pôr de sol Para a nossa imaginação, 103 Financiado por:
Co-Financiado por:
Quando esfria no fundo da planície E se sente a noite entrada Como uma borboleta pela janela. (Bruno avança para frente do palco.) Mas a minha tristeza é sossego Porque é natural e justa E é o que deve estar na alma Quando já pensa que existe E as mãos colhem sem ela dar por isso. Como um ruído de chocalhos Para além da curva da estrada, Os meus pensamentos são contentes. Só tenho pena de saber que eles são contentes, Porque, se o não soubesse, Em vez de serem contentes e tristes, Seriam alegres e contentes. Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais. (Bruno para na frente do palco. David, sentado na esquerda alta. Diz:) Não tenho ambições nem desejos. Ser poeta não é uma ambição minha. (Bruno regressa à mesa na direita média.) É a minha maneira de estar sozinho. E se desejo às vezes, Por imaginar, ser cordeirinho (Ou ser rebanho todo Para andar espalhado por toda a encosta A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo), É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz E corre um silêncio pela erva fora. (Bruno diz:) Quando me sento a escrever versos Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos, Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, Sinto um cajado nas mãos E vejo um recorte de mim No cimo do outeiro, Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias, Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho, E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz E quer fingir que compreende. (Entram todos, de mãos dadas. Dirigem-se ao fundo.) Saúdo todos os que me lerem, Tirando-lhes o chapéu largo Quando me vêem à minha porta Mal a diligência levanta no cimo do outeiro. 104 Financiado por:
Co-Financiado por:
Saúdo-vos e desejo-lhes sol, E chuva, quando a chuva é precisa, E que as suas casas tenham Ao pé duma janela aberta Uma cadeira predilecta Onde se sentem, lendo os meus versos. E ao lerem os meus versos pensem Que sou qualquer cousa natural – Por exemplo, a árvore antiga À sombra da qual quando crianças Se sentavam com um baque, cansados de brincar, E limpavam o suor da testa quente Com a manga do bibe riscado. QUADRO – A maior riqueza (Todos no fundo, de mãos dadas. David e Bruna entram pela direita média. David diz:) O Tejo é o mais belo rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem, E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele. (Bruna diz:) Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo… Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura… Nas cidades a vida é mais pequena 105 Financiado por:
Co-Financiado por:
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. (Patrícia e Bruno cantam “Postal dos Correios”.) Querida mãe, querido pai. Então que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer Entre dias que passam menos mal Em vem um que nos dá mais que fazer Mas falemos de coisas bem melhores A Laurinda faz vestidos por medida O rapaz estuda nos computadores Dizem que é um emprego com saída Cá chegou direitinha a encomenda Pelo "expresso" que parou na Piedade Pão de trigo e linguiça pra merenda Sempre dá para enganar a saudade Espero que não demorem a mandar Novidade na volta do correio A ribeira corre bem ou vai secar? Como estão as oliveiras de "candeio"? Já não tenho mais assunto pra escrever Cumprimentos ao nosso pessoal Um abraço deste que tanto vos quer Sou capaz de ir aí pelo Natal
QUADRO - Liberdade (Bruna diz:) Ao entardecer, debruçado pela janela, E sabendo de soslaio que há campos em frente, Leio até me arderem os olhos O livro de Cesário Verde. Que pena que tenho dele! Ele era um camponês Que andava preso em liberdade pela cidade. Mas o modo como olhava para as casas, E o modo como reparava nas ruas, E a maneira como dava pelas cousas, É o de quem olha para árvores, E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando E anda a reparar nas flores que há pelos campos… (Joana diz:) Por isso ele tinha aquela tristeza Que ele nunca disse bem que tinha, Mas andava na cidade como quem anda no campo. É triste como esmagar flores em livros 106 Financiado por:
Co-Financiado por:
E pôr plantas em jarras… (Pedro diz:)) Há mais de meia hora Que estou sentado à secretária Com o único intuito De olhar para ela. (Patrícia diz:) (Estes versos estão fora do meu ritmo.) (…) Tinteiro grande à frente. Mais para cá papel muito limpo. Ao lado esquerdo um volume da “Enciclopédia Britânica”. Ao lado direito – Ah, ao lado direito A faca de papel com que ontem Não tive paciência para abrir completamente O livro que me interessava e não lerei. (Nádia diz:) Quem pudesse sintonizar tudo isto! (Todos cantam:) Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa… Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças… Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca.
107 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 12
108 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 13
109 Financiado por:
Co-Financiado por:
110 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nยบ 14
111 Financiado por:
Co-Financiado por:
Anexo nº 15 Rita Sales Nasce em 1973. Frequenta em 2005/06 a Especialização em Estudos de Teatro na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Terminada a Licenciatura em Educação de Infância na ESE de Setúbal, é em 2003 Bolseira do Centro Nacional de Cultura, com um projecto de Teatro para Bebés. Em 2006/08 frequenta o Curso Geral de Jazz na Escola de Jazz do Seixal, tendo como instrumento principal a voz. Participa em diversos workshops de teatro tendo trabalhado com Angela Pinto, Patrícia Portela, Eugénio Barba e Odin Teatret, Mathias Popp, Abraxa Teatro, Ecaterina Buzoianu, Marcia Haufrecht, Tim Torn, Instituto de Expressão Teatral de Antuérpia, Filipe Crawford, Jorge Silva Melo. Possui, igualmente formação e experiência no âmbito das técnicas vocais, canto, artes circenses e cerâmica. Foi responsável por diversos projectos internacionais, como The Great Dragon’s Parade–European Myths and Legends, apoiado pelo Programa Cultura 2000. É fundadora, actriz e co-responsável pela Produção do Teatro do Elefante. Fernando Casaca Nasce em Maio de 1963, em Setúbal. É mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Possui a Licenciatura em Teatro e Educação, pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. É Director Artístico do Teatro do Elefante, desempenhando também as funções de Professor, na Escola Superior de Educação de Setúbal. Inicia a sua actividade profissional em 1984. É autor de textos, encenador e actor em diversos espectáculos teatrais. Recebe em 1998 os apoios para Jovens Criadores, do Ministério da Cultura, e Novos Encenadores, da Fundação Calouste Gulbenkian. Participa também em seminários, workshops e conferências, tendo trabalhado com Eimuntas Nekrosius, Guennadi Bogdanov, José Manuel Mendes, Béatrice Picon-Vallin, Eugenio Barba, Ecaterina Buzoianu, Mathias Poppe, Graça Corrêa, Marcia Aufrecht, Filipe Crawford, Aldona, Bob Wilson, Ricardo Salvat. 112 Financiado por:
Co-Financiado por:
Ana Stylita Nasce em 1987. Frequenta em 2006/07 a Licenciatura em Dança – Criação e Interpretação, na Escola Superior de Dança. Frequenta actualmente a Licenciatura em Promoção Artística e Património, na ESE de Setúbal, bem como a Escola Superior de Dança, do Instituto Politécnico de Lisboa. Entre 2001 e 2006 integrou o grupo de dança jazz EnContra Dança. Em 2009 frequentou o Workshop de Teatro, com Célia David. Participou em variados workshops de Dança, onde trabalhou com Pedro Paz, José Batista, Jorge Silva Melo, Elsa Santos, Teresa Caldeira, Manz Produções, entre outros. Actualmente desempenha funções como orientadora de sessões teórico-práticas de dança e de expressão corporal; é professora de Dança Jazz e Contemporânea, Dança e Movimento, Dança para Pais e Filhos, Stretching, Body Balance, etc. Colabora com o Teatro do Elefante, desde 2009 como formadora de Dança na Escola de Artes Performativas.
113 Financiado por:
Co-Financiado por: