Nº14
ESCOLHAS PUBLICAÇÃO PERIÓDICA TRIMESTRAL Nº14 MARÇO 2010 Distribuição Gratuita
CAPACITAÇÃO E EMPREENDEDORISMO SOCIAL ESPECIAL ENTREVISTA
ENTREVISTA A EDMUNDO MARTINHO Director do Instituto de Segurança Social
GUIA
COMO CRIAR UMA ASSOCIAÇÃO AGENDA ESCOLHAS
ESCOLHAS NO INDIEJUNIOR
PROGRAMA FINANCIADO POR: INSTITUTO DE SEGURANÇA SOCIAL / MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / IEFP - INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL / POEFDS - PROGRAMA OPERACIONAL EMPREGO, FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL / POSC - PROGRAMA OPERACIONAL PARA A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO / POPH - PROGRAMA OPERACIONAL DO POTENCIAL HUMANO (QREN/FSE)
Nº14 MARÇO2010
FICHA TÉCNICA
ÍNDICE
Programa Escolhas Delegação do Porto Rua das Flores, 69, Gab. 9, 4050-265 Porto Tel: (00351) 22 207 64 50 Fax: (00351) 22 202 40 73
P.01
EDITORIAL Coordenadora Nacional do Programa Escolhas, Rosário Farmhouse
P.02
ESCOLHAS.PT
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INOVAÇÃO ESCOLHAS – 4ª GERAÇÃO
P.04
FLASH
Delegação de Lisboa Rua dos Anjos, 66, 3º, 1150-039 Lisboa Tel: (00351)21 810 30 60 Fax: (00351) 21 810 30 79
P.05
CORREIO DO LEITOR
P.06
OPINIÃO Director do Programa Escolhas, Pedro Calado
P.07
ENTREVISTA ESPECIAL Edmundo Martinho
P.10
OPINIÃO Coordenadora da Zona Norte e Centro, Glória Carvalhais
P.11
PERFIL JOVEM Projecto Acreditar, Paulo Silva
P.12
ZONA NORTE E CENTRO EM DESTAQUE Projecto Escolha Viva II, Projecto GIRO, Projecto Multivivências, Projecto Escolhas de Ouro, Projecto Quero Saber
P.13
OPINIÃO Coordenadora da Zona Lisboa, Luísa Malhó da Cruz
P.14
PERFIL JOVEM Projecto TASSE, Almerindo
P.15
ZONA LISBOA EM DESTAQUE Projecto A Rodar, Projecto Comun “nik”acção, Projecto Orienta.te, Projecto BXB-PRO Jovem, Projecto Geração Cool
P.16
OPINIÃO Coordenador da Zona Sul e Ilhas, Paulo Vieira
P.17
PERFIL JOVEM Projecto Envolver, Tiago Canatário
P.18
MAPA DOS PROJECTOS APROVADOS 4ª GERAÇÃO DO PROGRAMA ESCOLHAS
P.20
ZONA SUL E ILHAS EM DESTAQUE Projecto Musepe, Projecto Despert@rNogueira, Projecto Aproxim@rte, Projecto @ventura, Projecto À Priori
P.21
ESPECIAL JOVEM Kedy Santos
P.22
OPINIÃO Gestor Nacional da Medida IV – Inclusão Digital, Rui Dinis
P.23
CID@NET Projecto Azimute 270º, Projecto Távola Redonda, Projecto Escolhas Vivas
P.24
PARCERIAS Escola Virtual nos projectos Escol(h)a Viva II e Percursos Alternativos
P.25
GRANDE REPORTAGEM Empreendedorismo Social
P.28
GUIA Como criar uma Associação
P.29
PEQUENA REPORTAGEM Capacitação – As artes Performativas como uma
E-mail: comunicacao@programaescolhas.pt Website: www.programaescolhas.pt Direcção: Rosário Farmhouse (Coordenadora Nacional do Programa Escolhas) Coordenação de Edição: Tatiana Gomes (tatianag@programaescolhas.pt) Produção e organização de conteúdos: Inês Rodrigues (inesr.consultores@programaescolhas.pt) Tatiana Gomes (tatianag@programaescolhas.pt)
Design: Atelier Formas do Possível ( www.formasdopossivel.com ) Colaboraram nesta edição: Pedro Calado Glória Carvalhais Luisa Cruz Paulo Vieira Rui Dinis Jovens destinatários de projectos Escolhas Fotografias: Joost De Raeymaeker, Inês Rodrigues, João Pujol, Jorge Ribeiro Infante e António Pereira Pré-impressão e impressão: Global Noticias Depósito legal: …. Tiragem: 112.000 exemplares Periocidade: Trimestral Sede de Redacção: Rua dos Anjos, nº 66, 3º Andar, 1150-039 Lisboa ANOTADO NA ERC
SOBRE O PROGRAMA ESCOLHAS O Programa Escolhas é um programa de âmbito nacional, tutelado pela Presidência do Conselho de Ministros, e integrado no Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, IP, que visa promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias étnicas, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.
Aprendizagem Maior – Associação Alkantara P.31
RESPONSABILIDADE SOCIAL Projecto Contas à Vida, Barclays Bank
P.32
OUTROS OLHARES Miguel Barros, Voluntário leva Aulas de Teatro a Loures
P.33
AGENDA ESCOLHAS IndieJunior’10
P.34
ESCOLHAS RECOMENDA “Estória, Estória... Do Tambor a Blimundo” e “Quando eu for Grande... Peripécias em Cabo Verde”
P.36
PERSONALIDADE Rita Cortez recebe Prémio Padre António Vieira
P.37
INICIATIVAS Projecto EVA – Exclusão de Valor Acrescentado
P.38
MURAL ESCOLHAS
P.40
OPINIÃO Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa Centro, Teresa Espírito Santo
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ESCOLHAS EDITORIAL
EDITORIAL
Rosário Farmhouse
Coordenadora Nacional do Programa Escolhas
Bem-vindos à 4ª Geração do Programa Escolhas! Ao iniciarmos a 4.ª Geração do Programa Escolhas não podemos deixar de referir que a sua continuidade se deve, em primeiro lugar, ao reconhecimento público dos sucessos alcançados nas anteriores gerações. Queremos, por isso, exprimir um especial agradecimento a todos os que com o seu esforço e dedicação contribuíram até agora para a consolidação deste Programa, que tem feito a diferença na vida de milhares de crianças e jovens. “Capacitação e Empreendedorismo” é a nova medida do Programa para esta 4.ª geração. Com esta orientação pretende-se contribuir para vencer um dos maiores desafios que se colocam à sociedade portuguesa: aumentar a capacidade técnica e científica dos seus recursos humanos e empreender novos caminhos para o desenvolvimento social e económico do País. Saúdo, assim, todos os Projectos que participam nesta 4.ª geração do Programa Escolhas desejando, aos novos, todos os sucessos que ambicionam e que motivaram a Vossa candidatura e, aos que vão continuar, a manutenção dos êxitos alcançados e a persistente vontade de excelência, que tem caracterizado o Programa Escolhas. O difícil contexto socio-económico vivido pela sociedade portuguesa, marcado pela profunda crise internacional dos últimos anos, representa sem dúvida um obstáculo para a concretização das justas aspirações de sucesso partilhadas pela grande maioria dos jovens que constituem o público-alvo do Programa Escolhas, mas em simultâneo representa também uma oportunidade para escolherem uma atitude pró-activa, onde a capacitação e o empreendedorismo se conjugam como aliados para a obtenção da vitória. A responsabilidade que nos foi confiada para os próximos três anos, que partilhamos com os mais de mil parceiros, é grande! Mas a confiança nos resultados que iremos obter é ainda maior! Bem-vindos à 4ª Geração do Programa Escolhas!
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ESCOLHAS .PT
ESCOLHAS.PT ACONTECIMENTO INTERNACIONAL
ANO EUROPEU DE COMBATE À POBREZA E À EXCLUSÃO SOCIAL
INQUÉRITO SITE ESCOLHAS O QUE ACHA DO NOVO WEBSITE DO PROGRAMA ESCOLHAS?
66,40% 24,20% 2,30% 2,30% 3,70%
Espectacular Bom Assim-Assim Fraco Fraquinho
Nota: votos contabilizados até às 12h de 11 de Março de 2010
“Acabemos com a pobreza já!” é o lema desta iniciativa da UE, lançada a 21 de Janeiro e que terminará no dia 17 de Dezembro de 2010. O objectivo é colocar o combate à pobreza no centro das prioridades dos Governos promovendo, sobretudo, o debate sobre as causas e as consequências da pobreza no espaço da União. Segundo o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, a nova estratégia de crescimento da União para 2010, vai apostar numa economia social mais verde, mais competitiva e mais inclusiva porque, argumenta, “a criação de emprego é a pedra angular contra a pobreza”.
TOP 3 NOTÍCIAS
NOVO WEBSITE DO PROGRAMA ESCOLHAS De 26 de Janeiro de 2010, dia em que foi lançado oficialmente o novo site do Programa Escolhas, a 11 de Março de 2010, este sítio recebeu 20.056 visitas e 14.102 pessoas acederam ao site.
As notícias mais consultadas no website do Escolhas
1 PROGRAMA INOV-SOCIAL QUE PROMOVE 1000 ESTÁGIOS PROFISSIONAIS
A notícia mais lida foi publicada em 18 de Fevereiro de 2010 e refere-se ao Programa Inov-Social que promove 1000 estágios Profissionais para jovens com idade até aos 35 anos, habilitados com qualificação de nível superior em Economia, Gestão, Direito, Ciências Sociais e Engenharia.
2 SEMINÁRIO ESCOLHAS 4ª GERAÇÃO
3 SITE PORTUGUÊS SOBRE O COMBATE À POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL www.2010combateapobreza.pt
O Seminário, que juntou representantes de todos os projectos Escolhas da 4ª Geração, teve como objectivo produzir novos recursos baseados na partilha do contributo de todos, veteranos e novos participantes do Escolhas.
A iniciativa, da responsabilidade da coordenação nacional desta efeméride, pretende contribuir para que 2010 se afirme como um momento de viragem na sociedade portuguesa.
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ESCOLHAS FLASH
FLASH ESCOLHAS
20 a 22 JANEIRO 2010 Vimeiro
SEMINÁRIO INICIAL DE FORMAÇÃO DE COORDENADORES DOS PROJECTOS ESCOLHAS - 4ª GERAÇÃO Cerca de 150 pessoas de todo o país juntaram-se no Vimeiro para prepararem juntas uma nova etapa do Programa. Em destaque esteve a produção de novos recursos baseados na partilha do contributo de todos, o conhecimento e a formação contínua, e também a agilização dos processos de gestão dos vários projectos, feita agora digitalmente e em rede, o que permite uma sintonia permanente entre as equipas de todo o país.
3 e 4 MARÇO 2010 Peniche
MONITORES CID@NET E DINAMIZADORES COMUNITÁRIOS PREPARAM-SE PARA A 4ª GERAÇÃO DO PROGRAMA ESCOLHAS
Cento e vinte e três monitores dos Centros de Inclusão Digital dos projectos Escolhas 4ª Geração reuniram-se em Peniche para juntos conhecerem e partilharem ferramentas tecnológicas que podem activamente contribuir para a inclusão social de crianças e jovens, num tempo em que as tecnologias de informação e comunicação dominam cada vez mais o sistema educativo e a integração profissional. Os dinamizadores comunitários, elos de ligação entre os projectos e as comunidades em que estes actuam, estiveram também reunidos pela primeira vez em Peniche para pensarem sobre as competências que podem pôr ao serviço das suas comunidades. Neste encontro foram trabalhadas as suas competências de liderança e participação cívica, com vista a potenciar o papel que desempenham nos projectos que integram.
GABINETE DE APOIO AO EMPREGO DO CNAI DISTINGUIDO NA EUROPA CONVENÇÃO DO ACIDI Nos dias 5 e 6 de Março de 2010, o ACIDI realizou uma convenção nacional em Vieira de Leiria. “Juntos na Diversidade” foi o mote do encontro, que conjugou uma reflexão aprofundada sobre a imigração em Portugal com momentos mais descontraídos. De acordo com os participantes, as grandes mais-valias de uma iniciativa deste tipo são as oportunidades de interacção pessoal e de conhecimento do crescente número de actividades que fazem parte da missão do ACIDI.
O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural foi mais uma vez distinguido internacionalmente, através do Gabinete de Apoio ao Emprego do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, seleccionado para representar Portugal na final europeia dos European Enterprise Awards 2010. O projecto foi lançado pela Comissão Europeia com o objectivo de identificar e premiar as melhores práticas de iniciativa empresarial na Europa, estimulando o desenvolvimento económico e a criação de mais e melhor emprego a nível local.
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ESCOLHAS CORREIO DO LEITOR
CORREIO DO LEITOR Estas páginas são inteiramente dedicadas ao leitor. Para o efeito este espaço destina-se a textos e fotografias que os leitores queiram partilhar com o público em geral e que estejam relacionados com a missão do Programa Escolhas, a inclusão social de crianças e jovens residentes em territórios socialmente vulneráveis. Os textos deverão ser enviados devidamente identificados (Nome do autor, projecto ou a organização a que pertence e localidade) com um máximo de 70 palavras e deverão ser alusivos a temas relacionados com a missão do Programa Escolhas. As fotografias também deverão ser enviadas devidamente identificadas (Nome do autor, projecto ou a organização a que pertence e localidade) e acompanhadas por uma frase que caracterize/descreva a imagem enviada. Os textos e as fotografias devem ser enviados para o endereço: programaescolhas@gmail.com. A mensagem deverá conter expressamente no assunto a designação “Correio do Leitor” para melhor identificarmos o destino da mesma.
Participe nesta iniciativa e dê voz às suas ideias!
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ESCOLHAS INOVAÇÃO
4ª GERAÇÃO DO PROGRAMA ESCOLHAS Ser Capaz e Fazer. A Capacitação dos jovens e o Empreendorismo Social são as 2 grandes novidades desta 4ª Geração do Programa Escolhas, que vai passar a apoiar 140 projectos de inclusão social de crianças e jovens em todo o país. Vai ser possível intervir ainda em mais territórios e o objectivo é chegar a cem mil crianças e jovens residentes em contextos vulneráveis, continuando a trabalhar numa lógica de proximidade com as comunidades e a incentivá-las a unirem-se para resolver os seus problemas. Para isso, esta 4ª geração do Programa Escolhas conta com a colaboração de 1003 parceiros, entre escolas, associações e instituições várias. Segundo o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, o Programa Escolhas é “um dos programas mais eficazes das políticas sociais de proximidade”,”um programa de intervenção junto dos bairros mais difíceis, incluindo comunidades onde se concentram descendentes de imigrantes e minorias étnicas”, que tem sido “reconhecido internacionalmente como útil, porque faz apelo à mobilização das instituições e das iniciativas locais”. Com um orçamento de cerca de 38 Milhões de Euros, o Programa Escolhas fará nesta 4ª Geração uma aposta especial na área do empreendedorismo e capacitação de jovens visando a autonomia dos mesmos. A capacitação e autonomia dos jovens é assim uma das grandes apostas desta 4ª geração, procurando que os seus destinatários participem e se envolvam activamente nas acções promovidas pelos projectos. Pretende-se assim, que os jovens se apropriem progressivamente das dinâmicas iniciadas pelos projectos, que as completem e prossigam no futuro, assegurando desta forma a sustentabilidade do trabalho desenvolvido pelas diversas equipas do Escolhas. O objectivo é fazer cada vez mais dos jovens destinatários do programa “protagonistas” das soluções para os problemas das suas comunidades, que recorrem ao Escolhas como um recurso que os apoia e ajuda a viabilizar as suas ideias.
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ESCOLHAS OPINIÃO
Pedro Calado Director do Programa Escolhas
COMUNIDADES PREVENTIVAS Tradicionalmente, as abordagens às situações de comportamentos desviantes com menores passaram pela repressão – modelo intimidatório – centrando a recuperação na recriminação física e psicológica de quaisquer actos violentos. Esta é a lógica que deu origem aos reformatórios, sobre os quais a investigação produzida evidencia o carácter pouco eficaz e eficiente deste tipo de respostas. Outra abordagem – modelo de reabilitação – considera qualquer comportamento anti-social enquanto sintoma de uma patologia mais profunda. Este modelo centra-se no indivíduo, esquecendo frequentemente o contexto, bem como os próprios actos. Recorre frequentemente à terapia como forma de “tratamento” (Negreiros, 20011). Também aqui há pouca evidência de resultados. Nas últimas décadas, medidas de promoção da resiliência têm vindo a ser definidas enquanto novos paradigmas de intervenção. É neste modelo preventivo, baseado no exercício do
comportamento pró-social, que o Programa Escolhas tem apostado em parceria com as comunidades locais. É aprender-fazendo, com o apoio de modelos de referência positiva, que a fórmula melhor tem funcionado. A definição local de respostas simultaneamente punitivas (quando as regras são quebradas) e recompensatórias (quando as metas são cumpridas), com um forte cariz psicossocial (no mitigar dos problemas e na potenciação dos factores de sucesso), multidimensional (envolvendo diferentes contextos, agentes e perspectivas) e multinível (congregando diferentes níveis da administração, do central ao local) temse mostrado eficaz. Evita-se, numa primeira barreira de protecção, que muitos se percam a juzante. Nesta 4ª Geração serão mais de 1000 os parceiros que se mobilizaram para esta co-responsabilização. Criaremos, pela promoção de sinergias locais, comunidades preventivas onde crianças e jovens encontram uma primeira linha de protecção ao risco de exclusão. Uma
“É aprender-fazendo, com o apoio de modelos de referência positiva, que a fórmula melhor tem funcionado.” primeira barreira que corrige a tempo e que poupa recursos futuros demonstrando, igualmente, a sua eficiência2. Ao permitir que os jovens testem e definam os seus limites, reconheçam a existência de sistemas de recompensa e de mobilidade, mas igualmente de punição (a eficácia, no limite, do “se não cumprires, não podes ir ao Escolhas”), tem-se demonstrado ser possível o equilíbrio entre modelos de gestão dos comportamentos de risco, aparentemente, inconciliáveis. Ao possibilitar o exercício do socialmente ajustado, garante-se igualmente um equilíbrio ténue, mas necessário, entre punição e recompensa, entre direitos e deveres e entre mérito e suporte à coesão social.
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Negreiros, J. (2001) – Delinquências Juvenis, Lisboa, Editorial Notícias.
2
No limite, e face a dados tornados públicos pela Direcção Geral de Reinserção Social, bastará a cada projecto Escolhas evitar, anualmente, que um jovem se perca, para que toda a intervenção
se pague a si mesma (http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=638762).
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ESCOLHAS ENTREVISTA ESPECIAL Presidente do Conselho Directivo do Instituto da Segurança Social, Edmundo Martinho
EDMUNDO MARTINHO Edmundo Martinho é o actual Presidente do Conselho Directivo do Instituto da Segurança Social, ISS. Licenciado em Serviço Social, foi Presidente do Conselho de Administração da União das Mutualidades Portuguesas e Docente do Instituto Superior de Serviço Social, em Beja.
Programa Escolhas: Na sua opinião, quais são actualmente os principais problemas associados às crianças e jovens de contextos sociais mais vulneráveis em Portugal? Edmundo Martinho: A questão mais relevante, para além obviamente, daquilo que tem a ver com as condições materiais de vida como o rendimento, acesso à educação e cuidados genéricos, é sem dúvida a relação com o sistema escolar e com as qualificações, quer escolares, quer pessoais e sociais. Isto a par, na minha opinião, das questões habitacionais. Temos vindo a fazer um percurso, do meu ponto de vista errado, que tem sido a aposta nos bairros sociais. Acho que devemos de uma vez por todas proibir a construção de qualquer bairro social e canalizar
os recursos disponíveis para o apoio ao arrendamento nos tecidos urbanos normais, de maneira a evitar a concentração territorial e habitacional destes grupos, que é geradora de problemas. Continuamos a insistir neste modelo que do meu ponto de vista devia ser rapidamente interrompido pois é gerador de circunstâncias pouco adequadas para o crescimento das crianças. PE: Na estratégia da Segurança Social, este tipo de prevenção feita pelo Programa Escolhas é vista actualmente como uma prioridade? EM: A abordagem da prevenção, seguramente. Mas ela não se esgota no Programa Escolhas. Tenho uma relação muito especial com o Programa Escolhas porque ele já teve várias fases e eu
fui um dos autores da primeira versão que surgiu, na altura, em circunstâncias muito particulares. O que entendo é que este tipo de programas que aposta na qualificação social e familiar destes jovens, são programas com uma grande capacidade preventiva do risco e portanto, fazem todo o sentido e devem ser centrais nestes processos. O importante aqui é que eles se conjuguem com outras intervenções nos mesmos territórios, ou seja, que às vezes não andemos a acumular intervenções nos mesmos territórios, sobre as mesmas pessoas, que depois acabam por conflituar e em alguns casos introduzir efeitos perversos em relação àquilo que era pretendido. Não tenho dúvida que este tipo de programas são estratégicos no modo como
ESCOLHAS ENTREVISTA ESPECIAL
se abordam hoje as questões das vulnerabilidades. Este mais virado para os jovens e para as crianças, outros como os Contratos Locais de Desenvolvimento Social, vocacionados para outro tipo de cidadãos e de grupos, mas têm um peso estratégico central. PE: Houve um reforço considerável do investimento financeiro da Segurança Social nesta 4ª Geração. Como uma das principais fontes de financiamento do Programa Escolhas, como é que a Segurança Social avalia a intervenção que tem sido feita até agora, no terreno, pelos vários projectos? EM: A indicação que temos, é toda no sentido de dizer que a avaliação que se faz destes projectos é muito positiva. Mas não podemos criar a ideia de que estas situações se resolvem permanentemente através de projectos sucessivos. O projecto por definição é uma intervenção com princípio, meio e fim e quando começa, deve-se saber o que acontece no fim. Em determinadas circunstâncias, isso pode até significar a continuidade da lógica do projecto mas, sempre que seja possível, deve transformar-se numa lógica de respostas integradas e permanentes, para evitar a dependência constante de financiamentos que podem ou não ocorrer. PE: Para além do Programa Escolhas, a Segurança Social apoia também outras iniciativas no terreno? EM: Nós temos essencialmente dois tipos de iniciativas com esta configuração de projecto. Os Projectos Progride, que estão a chegar a uma fase em que serão remodelados ou terminarão, por terem esgotado o objecto da sua intervenção e depois temos os Contratos Locais de Desenvolvimento
“(…) este tipo de programas que aposta na qualificação social e familiar destes jovens, são programas com uma grande capacidade preventiva do risco e portanto, fazem todo o sentido (…)”
Social (CLDS), uma aposta que temos vindo a fazer nos últimos anos, que tem um papel muito agregador dos recursos que existem nas comunidades. Os CLDS têm eixos de trabalho obrigatórios, nomeadamente ao nível da empregabilidade e das qualificações das pessoas e das instituições. São instrumentos desencadeadores, não podem ser considerados instrumentos permanentes e a forma mais adequada de assegurar que isto acontece é a centralidade da Rede Social, que é hoje uma realidade em todos os concelhos de Portugal continental. É esta a instância adequada quer para o desenho do projecto, quer para a sua validação, quer para a sua avaliação e consequente correcção, se for caso disso, e continuidade. Se não houver esta capacidade de impregnar muito bem estes projectos na comunidade, corremos o risco de serem coisas que depois não são assumidas nem incorporadas nos objectivos das instituições. PE: Existe alguma articulação entre estes diferentes tipos de intervenção? EM: Os Contratos Locais de Desenvolvimento Social e os projectos do Programa Escolhas não se excluem mutuamente, a não ser que tenham o mesmo tipo de objectivos e se dirijam
ao mesmo tipo de pessoas ou grupos. A Rede Social é o elemento estruturante e agregador junto das intervenções, a única forma de lhes dar coerência. PE: No seu ponto de vista, qual é a grande mais valia do Programa Escolhas? O que o distingue de outros programas de inclusão social e qual é a chave do seu sucesso? EM: É o foco. Quanto mais focado é o programa, mais condições tem para poder ser bem sucedido. Sendo mais focado nos jovens e nas crianças, no desenvolvimento dos seus próprios recursos colectivos e pessoais, por um lado e por outro associando-se ao desenvolvimento dos territórios onde estes jovens vivem, o Programa tornouse muito bem dirigido àquelas problemáticas e grupos concretos e isso dálhe melhores condições de sucesso. PE: As crianças e jovens descendentes de imigrantes continuam a ter uma atenção especial do Escolhas nesta nova fase. O que lhe parecem ser as principais conclusões do trabalho desenvolvido até aqui? EM: O nosso grande desafio aqui, tem a ver com os mecanismos de integração destes jovens na sociedade portuguesa e para isso, a chave do sucesso desses
ESCOLHAS ENTREVISTA ESPECIAL
mecanismos está na escola e naquilo que é o percurso escolar e de ligação destes jovens com a realidade portuguesa e com o modo como a sociedade portuguesa se organiza. Isto aprendese na escola, em sentido alargado, desde a creche. Todos estes espaços de crescimento pessoal são muito importantes para o sucesso e eu penso que aí têm residido de certa maneira algumas vitórias que se têm conseguido com o Escolhas e com a sua articulação com o alargamento deste tipo de respostas. Os projectos, instrumentos de carácter mais mobilizador, estão associados a esta realidade. PE: As novas áreas estratégicas eleitas nesta nova Geração do Escolhas – Empreendorismo e Capacitação – parecemlhe áreas importantes a reforçar nas comunidades onde o Escolhas opera? EM: Não tenho nenhuma dúvida em relação às qualificações. A questão do empreendorismo, levanta-me mais dúvidas, porque naturalmente é uma dimensão muito importante. Parece-me clara a sua importância no sentido do desenvolvimento de características pessoais que tornam as pessoas participantes, críticas e activas. No sentido da criação de empresas acho que as dificuldades são muito grandes porque, obviamente, este não é o momento melhor para este tipo de soluções a não ser que as pessoas tenham já qualificações que lhes dêem à partida algumas garantias de poderem vir a ser bem sucedidas. Caso contrário, corremos o risco de avançar para um conjunto de soluções que, por serem mal sucedidas, podem ter um efeito perverso em todo o esforço de qualificação que foi feito e da criação de expectativas. Penso que este ponto tem que ser visto com alguma cautela e humildade em relação aos resultados esperados.
PE: Nesta 4ª Geração, a lógica dos projectos continua a passar pelo modelo de parcerias. Considera que esta nova forma de abordagem dos problemas contribui para a sustentabilidade das comunidades e territórios onde os projectos Escolhas se encontram sediados? EM: O modelo de parcerias está muito instalado na sociedade portuguesa, em particular neste domínio das iniciativas de carácter social. Considero que a parceria é instrumental. Aquilo que garante a sustentabilidade das intervenções nos territórios é um conjunto de factores que inclui as parcerias mas em primeiro lugar vem a clareza dos seus propósitos e depois ainda a clareza quanto ao que se pretende, quais os produtos que queremos para um determinado projecto. A construção da parceria deve ter isso em conta. Isto não é indiferente ao modo como construímos as parcerias. Portanto a parceria por si só não é um remédio milagroso, há um conjunto de factores que deve ser considerado. Não é por estarmos todos juntos que chegamos melhor a um determinado sítio, porque se não sabemos onde queremos ir, limitamo-nos a ir juntos sem saber para onde. A parceria é sem dúvida uma metodologia de trabalho importantíssima, que introduziu em Portugal alterações muito significativas na forma de trabalhar estas áreas sociais, mas não é suficiente. É preciso que à parceria corresponda uma grande clareza de objectivos do projecto e uma gestão cuidadosa nas formas de manter a participação muito activa por parte dos diferentes parceiros. PE: Estamos num tempo de grandes mudanças, a médio prazo, quais vão ser os principais desafios de intervenção da Segurança Social? EM: O desafio mais importante e mais
“O país precisa muito destes jovens e precisa deles enquanto cidadãos plenos, plenamente integrados e qualificados.”
difícil é talvez saber como conseguiremos contabilizar as exigências do ponto de vista de alguns equilíbrios estruturais da sociedade portuguesa, nomeadamente o equilíbrio global das nossas contas, com a necessidade imperiosa de proteger os mais vulneráveis que nestas circunstâncias tendem a aumentar, quer em número, quer na intensidade da vulnerabilidade. São coisas por vezes incompatíveis. De qualquer maneira é nisso que estamos a trabalhar, nesta altura é o nosso grande objectivo. PE: Que recomendações deixaria aos leitores da Revista Escolhas, nomeadamente às crianças e jovens integrados na 4ª Geração do Programa Escolhas? EM: Aproveitem bem todas as oportunidades! Quer aquelas que eles próprios criam, através da sua capacidade associativa e de iniciativa, quer também todas aquelas oportunidades que estes projectos vão criando. O país precisa muito destes jovens e precisa deles enquanto cidadãos plenos, plenamente integrados e qualificados. Essa qualificação, sendo naturalmente uma mais-valia para o país, é também sem dúvida uma mais-valia para eles e para as suas famílias.
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ESCOLHAS OPINIÃO
Glória Carvalhais
E4G SUBLIME MISSÃO O dia 1 de Janeiro de 2010 marca o arranque oficial da 4ª Geração do Programa Escolhas que durará o triénio 2010/2012. Nesta nova geração do programa, foram aprovados 130 projectos para todo território nacional que apostarão, e em muitos casos, continuarão a apostar, em áreas tão importantes como a educação formal e não formal, formação profissional, cívica e comunitária e a inclusão digital. Mas esta geração é ela, também, nova e inovadora porque abraçará um novo desafio, estando orientada para o desenvolvimento das questões do empreendedorismo e da capacitação profissional. Tanto a formação como o empreendedorismo são entendidas pelo programa como ferramentas, cada vez mais, necessárias para que os destinatários e beneficiários sejam capazes de enfrentar os tempos conturbados e de mudanças constantes e aceleradas em que vivemos. O empreendedorismo pode, assim, e na sua vertente inclusiva, - denominado por alguns autores como empreendedorismo inclusivo - construir uma alternativa para pessoas em que as condições de partida podem dificultar a sua
Coordenadora da Zona Norte e Centro
“Esta maior capacitação e autonomização dos públicos-alvo, é, sem dúvida, um dos desafios mais importantes para o E4G.” inserção profissional, mas que, pelas suas aptidões e características ou por via do estimulo da sua participação em actividades/programas de apoio podem gerar situações de autonomização, logo, de mais inclusão. O empreendedorismo é, assim, uma atitude comportamental que pode contribuir para a redução das desigualdades e combater a pobreza. Esta maior capacitação e autonomização dos públicos-alvo, é, sem dúvida, um dos desafios mais importantes para o E4G. E como já fui referindo em anteriores artigos, também aqui o sucesso destas iniciativas depende de uma atitude social colectiva. Nesse sentido, só com acções concertadas e coordenadas entre os diversos actores da sociedade aos mais diversos níveis se poderá ser eficaz. Assim sendo, há que trabalhar essa atitude junto das famílias, das escolas
e da sociedade em geral, por forma a combater o pessimismo, o negativismo e o conformismo, muitas vezes, instalado na nossa sociedade. E como é natural, para que o empreendedorismo seja uma realidade, há que sonhar! E, portanto, teremos que estar sempre atentos aos nossos destinatários. São eles a razão das nossas acções, e assim para todos aqueles que connosco vão caminhar ao longo destes três anos, há que lhes devolver ou desenvolver a capacidade de sonhar e acreditar. Há que cultivar a confiança neles próprios, nas suas vocações e capacidades. Há que abandonar os paternalismos, a subsídio-dependência e a mania de focalizar nos fracassos, mobilizando-nos para ajudar quem arrisca e se arrisca a ter sucesso. Importará, ainda, divulgar esses sucessos como forma de generalizar uma atitude social positiva face ao empreendedorismo.
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ESCOLHAS PERFIL JOVEM
ZONA NORTE E CENTRO
PROJECTO
ACREDITAR
Eu conheço o Programa Escolhas há muito tempo (2002 – Escolhas – 1ª Geração), conheci através da Soninha, no Bairro. Ela dinamizava uma actividade com os jovens mais velhos, os “jovens escolhas”. Nós, os mais novos, pedimos-lhe para integrar também esse grupo ou para criar um diferente, queríamos manter-nos ocupados e fazer coisas diferentes. Quando comecei a frequentar as actividades do projecto tinha vontade de me ocupar e sentia necessidade de “endireitar a vida”, pois o caminho que estava a seguir não era o mais correcto. Esperava conhecer outras pessoas, partilhar experiências e procurava algum apoio e orientação. Lembro com saudades algumas das actividades que fazíamos, mas aquilo que me marcou mais foi uma viagem que fizemos, de vários dias, para uma terra perto do Gerês com outros grupos de jovens do Programa Escolhas. Tínhamos todos uma actividade em comum, o “Muay Thay”. Foram dias intensivos, acordávamos cedo para treinar Muay Thay mas também fazíamos outras coisas, foi mesmo fixe. Conhecemos outras zonas, outras pessoas, andámos de barco… O facto de sair do bairro já foi muito bom, alterámos logo o estado de espírito. Foi um espectáculo!
“Quando comecei a frequentar as actividades tinha vontade de me ocupar e por outro lado sentia necessidade de “endireitar a vida”, pois o caminho que estava a seguir não era o mais correcto. Esperava conhecer outras pessoas, partilhar experiências e procurava algum apoio e orientação.”
Depois disto o Programa Escolhas continuou em Aldoar, mas integrado na escola, com o Projecto Acreditar. Continuei a ser orientado pelos técnicos que me colocaram numa turma PIEF (Plano Integrado de Educação Formação). As aulas eram dadas na Associação de Ludotecas do Porto. Foi muito importante para mim. Terminei o 6º ano e depois fiz o 9º ano com especialização em “Electricidade”, que foi aquilo que sempre quis. Após isto procurei trabalhinho e comecei a trabalhar no duro. Entretanto fui pai e arranjei a minha casa, consertei-a toda. Neste momento tenho três filhos e estou aflito porque não quero que eles passem pelo que
eu passei, mas estou a trabalhar e não estou a receber o ordenado, o que é muito mau! Hoje em dia mantenho contacto com as pessoas que trabalham no Projecto Acreditar porque gostei da experiência. Aconselho a todos que participem… Na minha vida foi uma volta de 360º. Encontrei outra compreensão, professores mais tolerantes, pessoas com quem falar sobre o futuro. Agradeço a todos por me terem apoiado na mudança que ocorreu na minha vida. Paulo Silva, 21 anos
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ESCOLHAS ZONAS EM DESTAQUE
ZONA NORTE E CENTRO PROJECTO ESCOLHA VIVA II
PROJECTO MULTIVIVÊNCIAS
Formação para Empreendedores Sociais e um Concurso Anual, “Empreende Tu!”, em destaque no Projecto NC062 Escol(h)a Viva II, no Fundão. Estas iniciativas visam a promoção de campanhas promovidas pela Comunidade e para a Comunidade, no sentido de solucionar problemas de ordem social, criando novas soluções e oportunidades e incutindo na comunidade uma atitude positiva e de participação cívica que é estimulada junto dos jovens e das suas famílias.
O Projecto Multivivências, que intervém junto de crianças, jovens e famílias da comunidade cigana do concelho de Espinho aposta num espaço dedicado às mulheres, no qual é promovida a aquisição de competências pessoais, sociais e profissionais. A ideia é partilhar experiências e nele são abordadas e desenvolvidas áreas tão diversas como a gestão doméstica, trabalhos manuais, culinária, saúde, entre outras. O Projecto desenvolve a sua intervenção em três eixos prioritários, a escola, o emprego e a cidadania activa.
Fundão
PROJECTO GIRO GENTES E IDENTIDADES, RESPOSTAS E OPÇÕES Vila Verde
Espinho
PROJECTO ESCOLHAS DE OURO Lamego
Construir projectos de vida individuais, que quebrem ciclos geracionais de pobreza e exclusão social é o objectivo do Projecto “Giro”- Gentes e Identidades, Respostas e Opções – que trabalha com crianças e jovens que pertencem maioritariamente à etnia cigana. Sediado no Concelho de Vila Verde, este projecto trabalha na capacitação e valorização dos seus destinatários, mobilizando para isso sinergias locais, com vista à sua promoção e inclusão escolar e profissional.
PROJECTO QUERO SABER Covilhã
O Projecto Escolhas de Ouro, em Lamego, dá uma atenção especial aos pais dos seus destinatários. Para isso foi criada a Oficina da Parentalidade, onde é feita uma abordagem ecosistémica e positiva do papel a desempenhar pelos encarregados de educação no desenvolvimento integral das crianças e jovens. A sensibilização e promoção do sucesso escolar e a prevenção do abandono precoce do ensino são outras duas áreas em que aposta este projecto, sobre as quais os pais são também sensibilizados e ajudados a contornar dificuldades.
O empreendorismo entre os jovens, também pode ser promovido através de jogos e se forem eles a fazê-los ainda melhor. É esta a ideia do Projecto “Quero Saber” em Tortosendo, na Covilhã, que tem entre os seus parceiros um centro de formação profissional e uma cooperativa de consultoria e intervenção social. Os jogos vão ser construídos por uma equipa de doze jovens, orientados pela equipa técnica do projecto e depois serão distribuídos nas escolas da região.
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ESCOLHAS OPINIÃO
Luísa Malhó da Cruz Coordenadora da Zona de Lisboa
RUMO AO SUCESSO Numa nova etapa do Programa Escolhas que tem como mote “4ª Geração: Uma Escolha com Futuro”, muitos são os desafios que se colocam diariamente a todos nós. Desafios transversais a todos os projectos que trabalham na área social, quer sejam ou não financiados pelo Programa Escolhas, desafios que se colocam a todos os que pretendem contribuir para uma sociedade mais justa, plural e igualitária. Cada projecto local apresenta uma especificidade muito própria, assente num diagnóstico de necessidades e em metas que pretende alcançar, mas os desafios acabam por ser semelhantes a todos e assentam em algumas das seguintes premissas: Destinatários/Beneficiários – fomentar a motivação, o envolvimento, a participação e capacitação dos públicos, de forma permanente e activa ao longo de toda a intervenção; Consórcio – garantir a participação e envolvimento efectivo dos parceiros, potenciando o sentimento de pertença entre todas as entidades envolvidas, numa visão integrada e partilhada, garantindo a disponibilização de recursos
“(...) desafios que se colocam a todos os que pretendem contribuir para uma sociedade mais justa, plural e igualitária.”
que venham a constituir-se como maisvalias para a prossecução dos objectivos delineados; Formação Profissional e Empregabilidade – incrementar respostas formativas adequadas e direccionadas a estes públicos, tendo em vista a inserção profissional e futura integração no mercado de trabalho; Empreendedorismo – apostar na capacitação das comunidades tornando-se necessário promover a sua participação e envolvimento nos processos de mudança social, materializando-se, nomeadamente, através do desenvolvimento de projectos promovidos pelos jovens. Este será, sem dúvida, um dos grandes objectivos de toda a intervenção, tanto na mobilização e co-responsabilização dos jovens, bem como no envolvimento das comunidades;
Sustentabilidade – potenciar as dinâmicas locais emergentes tendo em vista a continuidade da intervenção pós financiamento do PE. A autonomização dos jovens, a aposta na sua tomada de decisão, a constituição de grupos (in)formais, a convergência de parcerias estratégicas entre sector público e privado, poderão representar algumas formas de sustentabilidade das dinâmicas de acção. Estes são alguns dos desafios que se colocam às equipas técnicas e respectivos consórcios, desafios que serão ultrapassados com dedicação, esforço e persistência. Cabe a todos, de forma consciente ir avaliando e (re) definindo a intervenção. Juntos iremos rumar ao sucesso!
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ESCOLHAS PERFIL JOVEM
ZONA LISBOA
PROJECTO
TASSE
Olá o meu nome é Almerindo, tenho 17 anos e frequento o projecto TASSE desde 2005, o ano em que se deu a sua abertura. Antes de entrar no projecto Tasse era um miúdo muito rebelde, estava sempre a chumbar, a faltar às aulas quando me apetecia e a meter-me sempre em confusões. Mas desde que entrei no Tasse tenho vindo a evoluir as minhas capacidades para fazer outras coisas que eu não sabia. Com a ajuda do Tasse fui capaz de perceber que nele havia pessoas que me queriam ajudar nos trabalhos de casa e explicar-me coisas novas que eu não sabia nem percebia. Com toda essa ajuda, hoje eu sou um jovem que anda no 9º ano e participa num projecto que pode vir a melhorar o meu bairro, e quero que o Tasse continue a ajudar os mais novos como me ajudou a mim. Para mim o Tasse é um exemplo de inovação porque ajuda a inventar coisas novas, bem como criá-las ou construi-las; já na criatividade também podia dizer que é outro exemplo porque no Tasse nós podemos demonstrar as nossas capacidades ou criações que fazemos sozinhos.
“(...) hoje eu sou um jovem que anda no 9º ano e participa num projecto que pode vir a melhorar o meu bairro”
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ESCOLHAS ZONAS EM DESTAQUE
ZONA LISBOA PROJECTO A RODAR
PROJECTO ORIENTA.TE
O futebol foi eleito pelo Projecto “A Rodar”, na Amadora, como escola de competências individuais e sociais. A equipa técnica, que se dedica à promoção de crianças e jovens em risco e sujeitos a medidas de protecção, acolheu a ideia de fundar uma escola, que veio de dois voluntários moradores no bairro, onde se destaca a etnia cigana. Os jogos juntam grandes e pequenos e têm contribuído para uma melhor ligação entre a escola e a comunidade, facilitando a gestão de conflitos e assegurando uma melhor comunicação com as famílias. A criação de hábitos de vida saudáveis, a capacitação e o combate ao absentismo têm sido outras vantagens dos treinos.
O Projecto Orienta.Te em Rio de Mouro, Sintra, quer envolver no seu trabalho todas as instituições locais que se lhe associaram e toda a comunidade, procurando tornar visível e participado o trabalho de inclusão que desenvolve. Esta participação estende-se aos jovens destinatários, que irão ter assembleias trimestrais, nas quais deverão fazer propostas de actividades, que se venham progressivamente a tornar autónomas e sustentáveis.
Amadora
Sintra
PROJECTO GERAÇÃO COOL PROJECTO GIRO COMUN“NIK”ACÇÃO Seixal
Usar as novas Tecnologias de Informação e Comunicação para combater o isolamento social e a estigmatização, é a principal inovação apresentada nesta 4ª Geração do Escolhas pelo Projecto Comun”Nik”Acção, da Khapaz - Associação Cultural. A intenção é potenciar o desenvolvimento integral das comunidades da Quinta da BoaHora e Quinta do Cabral, na Arrentela – Seixal. As Redes Sociais serão usadas como ferramentas privilegiadas de comunicação para ajudar a unir as pessoas.
PROJECTO BXB-PRO JOVEM Moita
Almada
No Projecto Geração Cool, em Almada, trabalha-se em co-autoria. As entidades que constituem a parceria do projecto, a equipa técnica e especialmente as crianças e jovens seus destinatários, são todos, a níveis diferentes, co-autores das oficinas de trabalho lúdico-pedagógicas que ali se realizam. As actividades têm nomes como Putos do Bairro, Lounge Cooltural, Palcool dos Artistas e Espaço Redacção_cool.pt e nelas é atribuído aos jovens o papel principal. A ideia é descobrir e valorizar potencialidades e para isso é-lhes pedido que planeiem, criem, dinamizem e avaliem o que vai acontecendo.
“Participação” é o lema do Projecto BxB-PRO JOVEM, situado na Baixa da Banheira, Concelho da Moita. As crianças e jovens são convidados a participar na planificação das actividades que vão acontecendo, participando no seu desenho, implementação e avaliação. Procura-se desta forma promover e reforçar as suas competências, em programas que levam sempre em conta os interesses e necessidades das comunidades e respeitam a diversidade cultural do território.
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ESCOLHAS OPINIÃO
Paulo Vieira Coordenador da Zona Sul e Ilhas
ESCOLHAS 4ª GERAÇÃO
UMA APOSTA NA MOBILIZAÇÃO, PARTICIPAÇÃO E EMPOWERMENT Segundo Victor Hugo, escritor e poeta francês do século XIX ‘Não há nada como um sonho, para criar o futuro’. Mas será apenas o sonho ou a visão do cenário ideal suficiente? Não, não será certamente suficiente, precisamos de acções e estratégias concertadas, um conjunto de actividades promotoras de competências variadas, em suma… precisamos de Projectos Escolhas!
Entre os objectivos da intervenção, encontra-se a missão de promover a igualdade de oportunidades, através da promoção do acesso a uma ampla gama de recursos, sendo que esta geração aposta de uma forma clara, no reforço da participação e na valorização do papel dos jovens, sobretudo através da Medida V, focalizada no empreendedorismo e na capacitação.
A 4.ª Geração, para além de muitas novidades e inovações do ponto de vista da sua estruturação, apresenta-nos uma nova configuração no que diz respeito às zonas onde os projectos estão inseridos, com base nas unidades territoriais para fins estatísticos (NUTS II). Assim a Zona Sul e Ilhas, passou a contar com 26 projectos, sendo que 12 estão no Alentejo, 10 no Algarve, três na Madeira e 1 nos Açores.
A Medida V oferece aos jovens a possibilidade de poderem implementar as actividades por eles pensadas, fomentando o surgimento de ideias criativas e sobretudo inovadoras à imagem de uma geração escolhas, aproveitando da melhor forma esta oportunidade concreta para promoverem a mudança nos seus contextos e gradualmente ganharem ferramentas e competências nesta área.
Verifica-se existir uma grande diversidade, ao nível dos contextos de intervenção, destinatários e problemáticas, observando-se uma vontade comum por parte dos envolvidos na transformação dos projectos, enquanto lugares potenciadores de aprendizagem, experimentação e capacitação.
‘Diz-me e eu esquecerei, ensina-me e eu lembrar-me-ei, envolve-me e eu aprenderei’. Os preceitos na base deste antigo provérbio chinês, relembramnos da importância de apostarmos em intervenções que potenciem um maior envolvimento e participação dos públicos com os quais trabalhamos. Apenas
podemos garantir que as mudanças conseguidas são um reflexo da vontade colectiva, se envolvermos os indivíduos na definição e implementação dos objectivos de mudança, seja qual for a temática em causa, garantindo uma participação efectiva dos que estão directamente implicados enquanto destinatários ou beneficiários. Com uma forte aposta na mobilização e participação por parte dos projectos, acreditamos ser possível a construção de percursos que conduzam ao empowerment dos jovens, através do desenvolvimento das suas competências, formando jovens capazes de agir e promover a mudança, defendendo os seus interesses e das suas comunidades. Esperamos que ao longo desta geração, os projectos consigam com sucesso, realizar a intervenção proposta, contribuindo para a melhoria das realidades locais, nunca esquecendo o contributo fulcral dos mais novos ao longo do processo, pois estes mais do que destinatários ou beneficiários podem e devem ser actores centrais e aí os ganhos serão certamente maiores para todos.
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ESCOLHAS PERFIL JOVEM
ZONA SUL E ILHAS
PROJECTO
ENVOLVER O meu nome é Tiago Canatário, tenho 17 anos e estou a frequentar o Curso de Tratador e Desbastador de Equinos em Nisa. Para mim criatividade é ter ideias novas para através delas poder resolver situações e problemas. Inovação, embora se pense que é parecido com criatividade, é diferente. Inovar é arranjar outras soluções e através de ideias diferentes tornar algumas situações que já não são muito agradáveis, ou que já não fazem sentido, mais interessantes. O primeiro contacto que tive com o Projecto Envolver foi através do CID@Net que estava na nossa escola. Era aí que eu procurava alguma ajuda para os trabalhos que tenho que fazer na escola, e ia à net ver dos temas que tinham a ver com o trabalho.
Neste momento estou a frequentar um Curso de Educação Formação que falei no princípio, que foi criado em 2008 pelo projecto Envolver, o Agrupamento de Escolas de Nisa e a Câmara Municipal de Nisa, que nos dá o transporte para a Coudelaria Ribeirinho Paralta, onde temos as aulas práticas. Este curso para mim foi muito inovador porque antes de ele existir já não gostava da escola nem estava interessado, o que fazia com que muitas vezes faltasse. O que o torna tão diferente do ensino normal, é ter uma parte teórica e uma parte prática. Para mim é muito melhor poder estar com os cavalos nas aulas práticas, faz com que o curso seja muito mais giro. Outra coisa boa é que aprendo coisas que de certeza posso vir a usar no futuro. Além disso, é bom termos a relação que temos com os nossos professores, porque nos sentimos muito mais próximos deles, e temos muito mais apoio. Ser um grupo mais pequeno que nas
“Inovar é arranjar outras soluções e através de ideias diferentes tornar algumas situações que já não são muito agradáveis, ou que já não fazem sentido, mais interessantes.”
turmas normais também faz com que entre colegas nos demos melhor. Para além disso acho-me hoje em dia mais responsável porque também é importante sabermos como é a vida quando se trabalha.
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ESCOLHAS
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ESCOLHAS
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ESCOLHAS ZONAS EM DESTAQUE
ZONA SUL E ILHAS
PROJECTO MUSEPE
PROJECTO APROXIM@RTE
Actividades artísticas para alunos, professores, pessoal não docente e famílias, é uma das propostas do Projecto MUSEpe, instalado no Bairro da Cruz da Picada em Évora, que trabalha a inclusão social através da arte. Os convites limitavam-se antes apenas ao meio escolar, mas na 4ª Geração do Escolhas passam a ser abertos a toda a comunidade como um desafio educativo e formativo. A inclusão digital, formação para uma cidadania mais activa e cursos de alfabetização, fazem também parte da acção mais alargada deste projecto.
Em Lagos, o Projecto Aproxim@rte, através do Teatro Experimental da cidade, procura aproximar as várias comunidades residentes na região, dinamizando oficinas regulares directamente ligadas ao Universo do Teatro e das Artes em geral, como o Circo, a Música, a Animação, o Corpo, o Gesto, entre outras. Apostando desta forma na educação não formal, o Projecto assume-se assim como um parceiro privilegiado no combate ao abandono escolar e exclusão social de crianças e jovens.
PROJECTO DESPERTAR@NOGUEIRA
PROJECTO @VENTURA
Évora
Camacha
“Despertar@Nogueira” é um projecto destinado a crianças e jovens em risco de exclusão social na Camacha, ilha da Madeira que visa promover a Educação e Formação, ajudando a despertar valores, potencialidades e escolhas que contribuam de forma efectiva para a realização de projectos de vida. No âmbito do projecto será criado um espaço chamado “Lanch&Net”, onde os jovens irão treinar as competências que adquirem durante a formação, têm internet grátis e onde se realizam também actividades sociais, culturais e recreativas que envolvem toda a comunidade.
PROJECTO À PRIORI Sines
Lagos
São Brás de Alportel
O Projecto @ventura em São Brás de Alportel, promove nesta quarta geração o primeiro orçamento participativo – de carácter deliberativo - de crianças e jovens na Europa. Os jovens participam na identificação de prioridades para o Concelho e podem vir a deliberar sobre um investimento ou um projecto até ao montante máximo de cinco mil Euros. O investimento seleccionado será concebido, implementado e avaliado pelos jovens envolvidos, que contarão com o apoio técnico da equipa do Projecto e dos diferentes serviços da Câmara Municipal, um dos parceiros do Projecto.
Trabalhar a motivação através de um cartão de pertença, onde se vão anotando pontos que fazem progredir, foi a ideia que surgiu no Projecto “À Priori”, em Sines, para incentivar os jovens e crianças a experimentarem novas actividades para as quais nem sempre têm curiosidade. As actividades mais apetecíveis beneficiarão os que mais participam, que irão subindo de estatuto em cerimónias de graduação especialmente realizadas para o efeito.
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ESCOLHAS ESPECIAL JOVEM ESCOLHAS Técnico do Projecto Esperança, Kedy Santos
Devolver o respeito às pessoas e fazê-las descobrir aquilo de que são capazes
KEDY SANTOS TÉCNICO DO PROJECTO ESPERANÇA O Kedy lembra-se bem de quando aos 16 anos chegou ao bairro da Quinta do Mocho, vindo de S. Tomé e Príncipe, das saudades da natureza com que cresceu e da falta de espaço que sentia naqueles prédios amarelos, “uma espécie de ilha africana em Sacavém, onde as pessoas tinham má fama e os outros não iam”. Conta que esta carga pesada fazia com que muitos se fechassem ou enveredassem pela revolta. Mas no seu caso diz que escolheu não fazer nada disto, “olhar para o lado bom do bairro e esperar pela sua vez”. Diz que os pobres do mundo têm muitas coisas para partilhar e que uma delas “é a capacidade de valorizar o que têm, por muito pouco que seja”. No seu caso, trazia também uma mania antiga de “querer melhorar as coisas à sua volta, porque gosta de ver contentes aqueles que o rodeiam”. A música foi uma das suas apostas e na banda “Império Suburbano” com outros 15 jovens, discutia ideais e os problemas do bairro que depois, todos juntos, transformavam em letras de músicas. Começaram a sair, a dar concertos fora para melhorar a imagem do bairro e
um dia apareceram na Televisão. Esse dia, conta o Kedy, foi como quebrar uma barreira e foi também um choque para as pessoas do bairro. Novos e mais velhos começaram a olhar para eles de outra maneira e a perceber que não era impossível serem reconhecidas e que, apesar de tudo, “valia a pena acreditar”. A banda ensaiava num espaço cedido pelo Projecto Esperança do Escolhas e foi aí que começou a ligação do Kedy ao Programa. Começou a fazer a ponte entre os técnicos e os jovens do bairro e em 2007 foi convidado para ser Me-
diador Sociocultural, alargando a sua missão também às escolas da zona. Sempre agarrado ao passaporte da música, foi conhecendo cada vez melhor os moradores e diz que hoje, “neste bairro onde os sonhos pareciam estar mortos” está tudo muito mais pacífico e já é fácil chegar aos jovens e mostrar-lhes alternativas de vida. Em 2010 tornou-se Dinamizador Comunitário do Projecto Esperança e renovou a sua dedicação ao trabalho na Quinta do Mocho, que agora divide com os estudos em engenharia química.
“olhar para o lado bom do bairro e esperar pela sua vez”.
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ESCOLHAS OPINIÃO
Rui Dinis Gestor Nacional da Medida IV Inclusão Digital
RUMO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS
INTERNET
AMEAÇAS E OPORTUNIDADES Num momento em que se intensifica na nossa sociedade a discussão sobre as questões da segurança na Internet, nomeadamente no que concerne ao público infantil, julgo ser interessante voltar de alguma forma a esse assunto. Segundo dados do estudo Netpanel da Marktest apresentado em Fevereiro passado, como resposta à pergunta “Por onde navegam as crianças portuguesas?”, 572 mil crianças entre os 4 e os 14 anos acederam à Internet em 2009 a partir de suas casas. Surpreendente ou não, este número deixa no ar algumas perguntas. Desde logo, qual a relevância desta realidade? E depois, como perspectivar futuramente esta mesma realidade? Neste estudo e de uma forma muito sucinta, os sítios mais visitados pelas crianças portuguesas centram-se em cinco tipos: 1) redes sociais; 2) motores de busca; 3) vídeos; 4) jogos; 5) portais generalistas. No que toca a páginas visitadas em 2009 por crianças dos 4 aos 14 anos, o destaque vai inteiro para a rede social HI5, de longe a mais visitada pelos pequenos cibernautas lusos (684.823 páginas visitadas); seguindose o google.pt (376.546); o youtube.com (228.039) – sítio onde os pequenos
“Só encarando a Internet com seriedade e disponibilidade é possível manter uma atenção activa face às ameaças e uma atenção proactiva face às oportunidades.”
cibernautas mais tempo despendem; o tribalwars.com.pt (191.822); e o ogame.com.pt (123.699) – os 10 primeiros lugares ficam completos com os domínios live.com, tribalwars.com.br, Google.com, sapo.pt e travian.pt. Se a curiosidade existe, ela está essencialmente na percepção do sentido dado a cada uma destas visitas. Seria interessante saber que palavras são pesquisadas, que vídeos são vistos ou o que se procura num enorme portal como o Sapo.pt. Pois bem, baseemonos numa dupla análise centrada apenas nas ameaças e nas oportunidades desta nova realidade. É disso que estamos a falar, de uma realidade verdadeiramente marcada por estes dois sentidos. Se em termos gerais é claro o predomínio dos sítios de jogos, em termos individuais é o HI5 que predomina e que continua a levantar muitos dos
alertas no sentido da ameaça. Mas haverá espaço para a oportunidade em sítios como o HI5? Acredito que sim mas é necessário dar-lhe atenção; muita atenção. Se a presença da Internet nos nossos dias se tornou uma realidade incontornável, quase inquestionável, o passo seguinte terá de ser dado sem dúvida no sentido da educação. Só a verdadeira assunção desta realidade permitirá aceitá-la como verdade, levando a escola, por exemplo, a assumi-la intrinsecamente como sua. E se a escola a assume como sua, não há razão para as famílias e para a comunidade não o fazerem também. Só encarando a Internet com seriedade e disponibilidade é possível manter uma atenção activa face às ameaças e uma atenção proactiva face às oportunidades.
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ESCOLHAS CID@NET
CID@NET ZONA NORTE E CENTRO
INTERNET: TROCA-SE UTILIZAÇÃO LIVRE POR USO DIDÁCTICO Em Peniche, no Projecto Azimute 270º, há um sistema de créditos que dá direito ao uso livre da Internet. Quem participa nas actividades do Projecto vai somando pontos que depois pode usar a seu gosto. A lista de opções é extensa: contribuir para os conteúdos do blogue do projecto, participar em desafios sobre pesquisa orientada na internet, receber formação em informática, participar num grupo de jovens ou passar algum tempo a fazer jogos didácticos dos quais resulte algum tipo de aprendizagem. A ideia é combater a info-exclusão e formar ao mesmo tempo para um uso criativo das novas tecnologias, que passe pela capacidade de descobrir sempre coisas novas.
ZONA LISBOA
RÁDIO ON-LINE DO ESCOLHAS EM CANEÇAS A ideia partiu de um dos jovens destinatários do Projecto Távola Redonda, que se lembrou que através de uma rádio online, poderiam divulgar a música e as actividades que se fazem no projecto, criar um programa de músicas pedidas, alargar a participação em actividades temáticas e muitas outras surpresas em directo. A rádio Távola On pode ser ouvida todas as sextas feiras, entre as 15h e as 18h, no link: http://radiotavolaredonda.listen2myradio.com/
ZONA SUL E ILHAS
CIDADÃOS E JORNALISTAS NO PROJECTO “ESCOLHAS VIVAS” EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Fazem tudo sozinhos: têm as ideias, pesquisam, tratam dos textos, das imagens, fazem entrevistas e por fim imprimem o jornal. A equipa técnica do projecto só coordena a produção. O Jornal Escolhas Vivas é depois distribuído, como encarte, num jornal da região. Primeiro os conteúdos eram só sobre o Projecto, mas nesta 4ª Geração, a ideia é abrir mais à comunidade e a partir das actividades que aí vão acontecendo falar sobre assuntos de interesse geral. Com esta ideia, para além de se trabalharem competências de pesquisa, estrutura e apresentação de trabalhos e comunicação, os jovens são também sensibilizados para uma utilização segura da Internet.
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ESCOLHAS PARCERIAS
ESCOLA VIRTUAL CONTRIBUI PARA O SUCESSO ESCOLAR DOS PARTICIPANTES DOS PROJECTOS ESCOLHAS
A Porto Editora no âmbito da sua política de responsabilidade social estabeleceu um acordo de cooperação com o Programa Escolhas que permite disponibilizar aos projectos Escolhas o acesso gratuito à plataforma de aprendizagem, Escola Virtual. Com uma orientação vocacionada para a auto-aprendizagem dos alunos, esta ferramenta pioneira a nível nacional, usa um modelo de formação à distância e métodos de estudo e acompanhamento atractivos e eficazes que têm vindo a ser aperfeiçoados todos os anos lectivos. No âmbito dos projectos Escolhas, a Escola Virtual é utilizada no âmbito da Medida IV - Medida de Inclusão Digital, nos espaços CID@NET (centros de inclusão digital). No Fundão, este ano, o Projecto “Esco(h)a Viva” decidiu começar a utilizar a plataforma nas escolas da Serra da Gardunha e do Telhado. Com turmas muito pequenas e alunos de contextos sociais fragilizados, sem acesso generalizado a computadores, o impacto está a ser muito visível, sendo clara a progressão na aprendizagem. O mesmo acontecia já nas instalações do projecto, onde começou a utilização desta forma mais lúdica de ensinar, que abre também os horizontes para um uso mais criativo e pedagógico das novas tecnologias.
A plataforma de educação on-line, da Porto Editora, está a mudar a forma de olhar para os estudos em muitos projectos
“(...) o facto de esta ferramenta ilustrar visualmente as matérias dadas nas aulas é uma grande ajuda para os alunos com dificuldades (...)”
O projecto “Percursos Alternativos”, na Benedita, também trabalha com a Escola Virtual desde a 3ª Geração do Escolhas, ajudando directamente os alunos sinalizados pelas professoras, ou cedendo o acesso à plataforma a tutores, colegas de turma mais adiantados, que ajudam aqueles que têm mais dificuldades. Nas instalações do projecto também há acesso à Escola Virtual e Diana Coelho da equipa, conta que o facto de esta ferramenta ilustrar visualmente as matérias dadas nas aulas é uma grande ajuda para os alunos com dificuldades, que conseguem apreender assim mais facilmente os assuntos. Outra vanta-
gem, é a possibilidade de os alunos se poderem auto-corrigir automaticamente, o que os ajuda a perceber onde estão a errar e lhes dá uma ideia clara do avanço no estudo, contribuindo deste modo também para a sua autonomia. Neste projecto quem quer uma senha de acesso tem que se comprometer a fazer um determinado número de aulas por mês, para que não haja desperdício de recursos. No universo Escolhas, a plataforma Escola Virtual é disponibilizada gratuitamente a todos os projectos que a solicitem.
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ESCOLHAS GRANDE REPORTAGEM
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
NOVAS RECEITAS PARA MUDAR O MUNDO Parecem ser completamente utópicos mas também completamente práticos e em vez de cartazes e protestos preferem acção e resultados. Não se limitam a nomear os problemas, procuram antes soluções e por vezes resolvem-nos. Representam uma tendência global que dá pelo nome de Empreendorismo Social, definida pela Harvard Business School como “a busca de oportunidades para além dos recursos que actualmente se controlam”. Numa palavra: mudança. Com o mundo ainda a tentar sair de um dos piores colapsos financeiros de todos os tempos, empresas a falir e os bancos a limitarem o acesso ao crédito, junto dos empreendedores sociais não é difícil encontrar entusiasmo, optimismo e uma vontade imensa de explorar novas oportunidades. Parecem estar
“Num mundo em que a mudança está a aumentar exponencialmente, a única forma de a acompanharmos é todos termos uma mentalidade de empreendedores sociais” convictos de que chegou a sua hora. Bill Drayton, um dos pioneiros desta área e fundador da Ashoka, uma associação que investe em ideias inovadoras e práticas capazes de gerar mudanças com alto impacto social, diz que “Num mundo em que a mudança está a aumentar exponencialmente, a única forma de a acompanharmos é todos termos uma mentalidade de empreendedores so-
ciais”. Aquilo que na realidade é comum a todos, parece estar a emergir com uma força nova, entre o sector público e o sector privado. Surge uma nova forma de gerir e gerar recursos com objectivos sociais. A ideia é imprimir nas instituições sociais, formas de gestão que lhes permitam ser sustentáveis e cumprirem eficientemente a sua missão.
COMEÇAR POR COISAS PEQUENAS
SABIA QUE...
Em Caneças, no projecto Távola Redonda, um dos 130 actualmente financiados pelo Programa Escolhas, o empreendorismo é ensinado quase sem se ver. Dos cerca de 300 jovens inscritos, só vai quem quer e o horário também é livre, mas quando se está presente há regras e auto-organização. Quem gosta de desenhar fica encarregue de fazer os cartazes das actividades, os que gostam de dança ou teatro organizam e ficam responsáveis por grupos nestas áreas, quem tem jeito para máquinas recicla computadores e telemóveis que depois são vendidos a custos reduzidos e ajudam a financiar novas ideias para o projecto. Aqui não há visitas. Todos aproveitam aquilo que o projecto tem para dar, mas todos contribuem também e são responsáveis por o que ali vai acontecendo.
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ESCOLHAS GRANDE REPORTAGEM
“Os empreendedores sociais não se contentam em dar um peixe ou ensinar a pescar. Não descansam até terem revolucionado toda a indústria da pesca”.
NOVAS FORMAS DE RESOLVER PROBLEMAS Para os empreendedores sociais, a crise que o mundo atravessa representa uma ocasião rara de reinventar o papel da economia de um sistema anónimo e complexo, para um novo modelo mais ágil, directo e transparente, assente na criatividade, no qual pessoas com diferentes percursos se juntam e aprendem a colaborar - em vez de competir - com o objectivo de contribuir para aquilo que é comum. Um pouco por todo o mundo, pessoas altamente empenhadas, organizadas em pequenos grupos, estão a reorganizar a forma como se trabalha, mudando atitudes e modelos de negócio, acrescentando
valor, ética e inovação a antigas receitas que já provaram ter deixado de ser eficazes nos tempos que correm. Com ambição e persistência elegem como alvos a abater os grandes problemas que afectam as sociedades contemporâneas, procurando mudar a base do sistema. São pioneiros em inovação social. Em vez de transferir a resolução dos problemas para o Estado ou esperar que eles sejam resolvidos pelas empresas, tomam a iniciativa, procuram novas abordagens e soluções e motivam os outros a seguirem-nos. Partem de ideias acessíveis e simples, baseadas na ética e empenham-se de-
pois em reunir apoios e parcerias, que maximizem o seu impacto nas comunidades, através de uma replicação em larga escala, investindo assim, a prazo, numa dinâmica alargada de mudança positiva. A sociedade civil, parece estar a começar a descobrir agora aquilo que o mundo dos negócios já sabe há muito tempo: que não há nada mais poderoso, do que uma nova ideia, nas mãos de um bom empreendedor. Como refere Bill Drayton, “Os empreendedores sociais não se contentam em dar um peixe ou ensinar a pescar. Não descansam até terem revolucionado toda a indústria da pesca”.
EDUCAR PARA FAZER A DIFERENÇA O EMPREENDORISMO NO PROGRAMA ESCOLHAS “Aqueles que estão interessados em mudar a cultura portuguesa para a tornar mais empreendedora e criativa devem compreender que a construção desse modelo social tem que envolver toda a gente. O sistema de ensino, os meios de comunicação e os modelos positivos da comunidade, são essenciais para promover atitudes positivas em relação ao empreendorismo”. A afirmação é de Dana T. Redford, Professor da Universidade de Berkeley na Califórnia que se prepara para lançar no próximo mês de Outubro, em parceria com o Escolhas e com a Universidade Católica, um manual de formação em empreendorismo “Uma Escolha de Futuro”. É sua convicção que “uma edu-
cação empreendedora, deve envolver os jovens em todos os níveis do sistema de ensino e incluir também a formação profissional e a educação de adultos. Uma boa prática de ensino é o desenvolvimento de iniciativas que incluam a aprendizagem pela realização – aprender, fazendo – em que os jovens enfrentam o mundo real e experienciam actividades empreendedoras.” Este projecto surge no âmbito de uma nova medida, que se estreia nesta quarta geração do Escolhas, dedicada precisamente ao Empreendedorismo e a Capacitação. Pedro Calado, Director do Programa, explica que esta nova aposta se destina a dar estrutura, suporte e escala a uma tradição que vem já desde o início
do Escolhas, de valorizar as potencialidades dos jovens e das comunidades em que estão integrados, dotando-os de competências que lhes permitam ser pró activos na descoberta de oportunidades que no futuro contribuam para a sua autonomia, resolvendo ao mesmo tempo problemas locais. Ao longo dos últimos anos, os projectos têm funcionado como incubadoras de competências informais, e não só, que muitas vezes vieram a dar origem a pequenos negócios ou micro empresas. O Escolhas aposta agora em levar mais longe toda esta aprendizagem, que vai de encontro às actuais necessidades do país e que já foi testada por muitos jovens do Programa.
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ESCOLHAS GRANDE REPORTAGEM
PORTUGAL A DESPERTAR PARA O 3º SECTOR Segundo Miguel Martins, Director Executivo do Instituto de Empreendorismo Social em Portugal, 2007 foi um ano de viragem nesta área. Na sequência da realização do 1º Congresso de Empreendorismo Social assistiu-se a uma explosão de criatividade e termos como ”inovação social” e “empreendorismo” entraram definitivamente no vocabulário dos agentes que trabalhavam no sector social. IPSS, Misericórdias, Igreja, Estado e Universidades viraram definitivamente as atenções para o que se estava a passar no resto do mundo. Foi também criada uma associação sem fins lucrativos – o Instituto de Empreendorismo Social (IES) – que agrega diversas entidades, como a Fundação EDP ou o Grupo Santander Totta, apostadas em estimular e desenvolver por cá esta nova área. Por todo o lado procura-se inovação. Nas instituições, começa a juntar-se agora uma nova geração de profissionais altamente qualificados, na faixa etária dos 40 anos, que procuram uma nova motivação em valores diferentes, fora do mundo empresarial. Há também
SABIA QUE...
“(...) uma nova geração de profissionais altamente qualificados, na faixa etária dos 40 anos, cansados do mundo empresarial procuram uma nova motivação em valores diferentes.” quem pertença a uma geração mais global e esteja a chegar de fora, trazendo know how e novas abordagens para o terreno. Começa a existir uma força nacional com grande competência nesta área. Miguel Alves Martins, espera grandes novidades no sector durante os próximos dois anos. Diz que “O Estado parece ter despertado definitivamente para esta nova realidade, reconhece-a já claramente e começou a adoptar medidas concretas que impulsionam e estimulam o sector”. Um bom exemplo desta realidade é o projecto de formação “Promoção do Empreendorismo Imigrante”, lançado pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. De acordo com a sua responsável, Ana Couteiro, “em 2009 passaram pelos cursos de capaci-
tação na área de apoio à criação de negócios 150 pessoas, das quais cinco já criaram a sua própria empresa, estando outras ainda em fase de constituição”. Por outro lado, acrescenta Miguel Alves Martins, “As universidades estão a dedicar-se também à área social, produzindo conhecimento e criando diversos cursos e as empresas estão a sentir a necessidade de integrar esta tendência”. Na sociedade civil começam a surgir grupos e movimentos, que espontaneamente se juntam a esta corrente e se reúnem para trocar ideias, experiências e criar redes. Actualmente há já múltiplas parcerias de instituições portuguesas com entidades que são referências globais no sector e já não é raro haver portugueses em palcos internacionais desta área.
UM EMPREENDEDOR SOCIAL PRÉMIO NOBEL DA PAZ Muhammad Yunus, revolucionou a economia ao fundar o Banco Grameen Bank, que apoia os esforços na criação de desenvolvimento económico e social através de projectos de microcrédito que servem para ajudar as pessoas mais carenciadas a obter financiamento para os seus negócios conseguindo assim tornarem-se financeiramente autónomos. O modelo foi já replicado em mais de 60 países, incluindo Portugal.
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ESCOLHAS GUIA
COMO CRIAR UMA ASSOCIAÇÃO? As associações são organizações, geralmente sem fins lucrativos, espaços de participação cívica em que a lógica da competição é substituída pela cooperação entre pessoas com interesses comuns. Primeiro passo: Reúna-se com um grupo de amigos com o mesmo objectivo ou interesse: grupos de moradores, pessoas da mesma profissão, colegas de actividades recreativas e culturais ou amigos com projectos comuns e comecem a pensar sobre o que pretendem para a vossa associação. Órgãos da associação: Uma associação é constituída por três órgãos: Assembleia Geral, órgão máximo da associação a quem compete nomeadamente, a aprovação do plano de actividades, a aprovação e alteração dos estatutos e a aprovação do relatório de actividades, Direcção, o órgão executivo que tem como principal função a gestão da associação e o Conselho Fiscal, que controla as contas da associação. Assembleia Geral: Já com o projecto de estatutos, as regras que a associação terá que cumprir no futuro, e o nome da associação, o passo seguinte é convocar uma reunião com todos os elementos do grupo, a qual será a primeira Assembleia Geral, em que devem ser eleitos os elementos dos órgãos sociais (Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal). Registo: Com a acta da Assembleia Geral, os Estatutos e os Bilhetes de Identidade dos elementos dos corpos sociais, a associação deve ser inscrita no Registo Nacional de Pessoa Colectiva onde lhe será atribuído um número fiscal. Registo Nacional de Associações Juvenis: Para que uma associação seja considerada uma associação juvenil, e usufruir dos benefícios desse estatuto, tem que ser inscrita no Registo Nacional de Associações Juvenis, junto do IPJ. Terá que ter 75% dos associados com idade igual ou inferior a 30 anos e na Direcção pelo menos 60% de membros com idade igual ou inferior a 30 anos. Deverá ainda desenvolver actividades que resultem do seu carácter juvenil. Mais informações em: www.portaldocidadao.pt, http://juventude.gov.pt e www.associacaonahora.mj.pt
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ESCOLHAS PEQUENA REPORTAGEM
CAPACITAÇÃO AS ARTES PERFORMATIVAS COMO UMA APRENDIZAGEM MAIOR
As novas realidades trazidas pela globalização e pelas suas trocas aceleradas são um novo material cultural que a Associação Alkantara tem por missão divulgar, contribuindo assim para o enriquecimento da cena artística contemporânea. Na Cova da Moura, a forte identidade cultural dos seus habitantes e a vontade grande que têm em a preservar, levaram a Associação a lançar um projecto de capacitação para jovens, nas áreas da dança e do teatro. Inicial-
mente a ideia era dar apenas formação, mas depois acabaram por se reunir várias vontades que permitiram levar mais longe o projecto e preparar também duas criações originais. Com o apoio do Programa Escolhas através do projecto Nu Kre Bai Na Bu Onda, do Ministério da Cultura, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Associação Cultural Moinho da Juventude, entre outros, o projecto arrancou em 2007, dando início à formação na área da dança e do teatro.
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ESCOLHAS PEQUENA REPORTAGEM
DESCOBERTAS DE PARTE A PARTE
A IMPORTÂNCIA DE SE SER CAPAZ
A equipa técnica sabia que teria pela frente uma realidade social específica, à qual teria que se adaptar. Carina Lourenço, responsável do projecto pela Associação Alkantara refere que “A parte lúdica era aquilo que mais interessava aos jovens e houve uma grande resistência à exigência” mas o objectivo era deixar uma marca e para isso era exigido a todos um nível profissional. Para os jovens, trabalhar arduamente sem ver logo os resultados, foi a primeira grande ameaça à sua motivação. Foi preciso uma enorme entrega para manter a regularidade do esforço que muitas vezes os deixava cansados e frustrados. Para ultrapassar estes obstáculos foram trabalhadas, quase de raiz, competências fundamentais como cumprir horários, não faltar às formações, manter o compromisso assumido com o projecto e resolver conflitos. A insistência da regularidade a prazo sempre com as mesmas pessoas e o longo prazo que diluiu o prazer da novidade ajudou-os a programarem-se no tempo, a organizarem-se e a se estruturarem. O lado informal da aprendizagem acabou por se tornar num dos seus lados maiores. Carina conta que “o trabalho acabou por avançar apoiado numa dinâmica de tentativa – erro, avanços e recuos, de repensar e insistir. Quando alguma coisa falhava, parava-se tudo e falavam o tempo que fosse preciso, até já não haver mal entendidos e o trabalho poder continuar outra vez”. E foi graças a esses patamares sucessivos de entendimentos que, apesar dos altos e baixos, evoluíram juntos. O compromisso entre todos foi sendo assumido em fases sucessivas, que envolveram muitos desafios ao nível da negociação. A ideia foi sempre encontrar uma sintonia e confiança entre todos que permitisse a realização do projecto não como uma coisa imposta, mas como um trabalho conjunto. Mas ficou claro desde o início que a essência do projecto, os seus objectivos e identidade não seriam postos em causa.
O medo de não conseguir, a incapacidade de confiar e a insegurança que leva a não querer correr riscos, sempre latentes nestes jovens, foram as maiores forças de bloqueio a enfrentar. A presença de pessoas que vinham de fora do bairro, por si só, já os obrigava a olhar para fora de uma maneira nova e a encararem o desconhecido, mas foi preciso ajudá-los diariamente a largar estratégias de defesa, a acreditar e ousar sair das suas zonas de conforto habituais. Carina recorda que “a coreografia da dança tinha umas partes ensaiadas previamente, mas incluía também momentos de improviso e exploração de movimentos e muitas coisas foram abandonadas, por toda aquela espontaneidade as fazer sentir expostas e inseguras”. Também aqui foi havendo negociações que abriam o caminho à criatividade, num trabalho duro e árduo para quem ajudava e para quem era ajudado. Aos poucos, foi-se encontrando um equilíbrio confortável e realista para todos. E depois veio a surpresa e o espanto de serem capazes, de afinal estarem a conseguir superar-se e a alargar horizontes. As residências artísticas foram contributos muito importantes para dar estes pequenos grandes
passos para fora de si próprios, de uma forma mais protegida e descontraída. Ambos os grupos tiveram estes tempos especiais, num espaço artístico, no qual era privilegiada a novidade e a descoberta de novas possibilidades fora das suas rotinas habituais. Estas experiências de maior liberdade, concentradas no tempo, acabaram por ser um recurso importante, que alimentou os tempos mais áridos, com mais trabalho, em que nem sempre havia tanto prazer. No final dos três anos de formação, esta espécie de combate entre todos e com todos, subiu ao palco para se mostrar. Os estigmas desta população fragilizada, transformados em material de trabalho, tiveram uma óptima reacção do público e excelentes críticas, que ilustram bem a frescura e novidade que o projecto acrescentou à cena artística. Para os jovens, foi a altura de se renderem à evidência dos aplausos e largarem a incredulidade que sempre teimou em os perseguir. Começaram por curiosidade, para ver como seria fazer “coisas a sério” e aquilo que descobriram, fez com que vários deles pensem hoje em dedicar-se mais a estas áreas. A Associação Alkantara está em período de balanço, ainda a organizar esta aprendizagem que, também para os técnicos envolvidos, foi muito maior do que se supunha à partida.
DESTAQUE LIVRO E DVD SOBRE O PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM DANÇA E TEATRO DO PROJECTO “NU KRE BAI NA BU ONDA” Este trabalho resulta da memória de um projecto que reflecte sobre as diversas dimensões humanas e artísticas que foram tocadas nestes três anos de aprendizagem e pretende ser uma partilha de conhecimento para outras entidades que trabalhem nesta área. O DVD e Livro do Programa de Formação em Dança e Teatro do projecto Nu Kre Bai Na Bu Onda será apresentado no Festival Alkantara que decorrerá entre 21 de Maio e 9 de Julho, em Lisboa, e acolherá cerca de 30 performances de dança e teatro, oriundos de mais de 20 países. Histórias globais e locais a partir das quais haverá conversas sobre estes tempos tão novos e desconcertantes que se tentarão compreender melhor. Para mais informações ver: www.alkantara.pt
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ESCOLHAS RESPONSABILIDADE SOCIAL
CONTAS À VIDA
LIDAR COM O DINHEIRO SEM PROBLEMAS Conhecer recursos e serviços financeiros úteis para o dia-a-dia e desenvolver aptidões pessoais e sociais para um projecto de vida actual e a médio prazo.
Em 2008 o Barclays Bank e o Programa Escolhas lançaram oficialmente em Portugal o projecto “Contas à Vida – Lidar com o Dinheiro Sem Surpresas”, um projecto exclusivo de Literacia Financeira, com o objectivo de combater ciclos de privação e promover a qualidade de vida. O projecto promove a inclusão financeira e social de jovens, entre os 14 e 18 anos, provenientes de contextos sócio económicos mais desfavorecidos, ajudando-os a lidar com os desafios financeiros que enfrentam no dia-a-dia, ensinando-os a descobrir caminhos que lhes permitem alcançar a independência financeira e os conduzam a um futuro mais promissor. Ao longo de seis aulas estes jovens têm a oportunidade de aprender sobre o papel e a importância do dinheiro e de adquirir competências essenciais na área financeira, que lhes permitam conhecer os recursos e serviços financeiros úteis para o seu dia-a-dia e desenvolver aptidões pessoais e sociais para o seu projecto de vida actual e a médio prazo.
Este programa foi lançado no seguimento da política de Responsabilidade Social do grupo Barclays, uma iniciativa do programa internacional “Banking on Brighter Futures”, que escolheu o projecto nacional para ilustrar um caso de sucesso de intervenção na comunidade a este nível. Foi assim desenvolvida uma parceria com o Programa Escolhas e ao longo de 2 fases distintas, este programa contou com a participação de 42 Voluntários Colaboradores do Barclays, de todo o País, tendo sido apoiados 530 Jovens provenientes de 37 projectos do Escolhas. Cada Voluntário tem o apoio de um Facilitador local, dos projectos Escolhas e desenvolve, ao longo de seis semanas, um programa de actividades onde se exploram conceitos de literacia financeira, nomeadamente “Eu e o Dinheiro”, “Uma Refeição Poupada”, “O Desafio do Dinheiro”, “A Conta Certa” e “Objectivos de Vida”, que permitem que os jovens possam aprender, de uma forma muito participativa e em Equipa, a avaliar e escolher serviços financeiros e a lidar com situações de esforço financeiro.
Em 2010, o Programa Escolhas e o Barclays voltam a juntar-se para a terceira fase do projecto “Contas à Vida”, a que se vão juntar alguns dos novos projectos da 4ª Geração do Escolhas. As sessões de formação começam em Abril e vão consistir em seis módulos de uma hora cada. Em cada projecto haverá um facilitador que será formado pelo Barclays e que será co-responsável pela dinamização das sessões e mobilização dos participantes.
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ESCOLHAS OUTROS OLHARES
VOLUNTÁRIO LEVA AULAS DE TEATRO A LOURES A peça “Romeu e Julieta” de Shakespeare, transformou vários bairros e grupos diferentes, num só espectáculo, que ensinou todos a trabalhar em equipa.
Miguel Barros, foi voluntário nos tempos da Universidade e uns anos mais tarde quando já fazia Teatro, tendo conhecido o Programa Escolhas, disponibilizou-se para dinamizar alguns ateliers para jovens. A ideia era que estes escolhessem um tema e escrevessem textos para uma peça que representariam depois. Na sua opinião “o teatro serve precisamente para trabalhar e exorcizar os problemas do quotidiano e para ajudar as comunidades a reflectirem sobre si próprias”. Foi-lhe então proposto que criasse um grupo de teatro para os jovens do Projecto Esperança, na Urbanização Terraços da Ponte, mas a ideia acabou por ser depois alargada também aos outros quatro projectos Escolhas 3ª Geração do concelho de Loures, o Projecto À Bolina (Prior Velho), “Juntos Construímos
Mais” (Apelação), “Construindo Novas Cidadanias” (Zambujal) e “Sai do Bairro Cá Dentro” (Catujal). Desde cedo apercebeu-se das rivalidades entre bairros e dos problemas que acabavam por resultar desta tensão e diz que “foi impossível não se lembrar da peça West Side Story ou de Romeu e Julieta e de tantas coisas sem sentido que muitas vezes se transformam em fonte de sofrimento”. Juntar jovens vindos de sítios diferentes numa única exibição, pareceu-lhe ser um desafio irrecusável. Os castings foram um sucesso, mas ao princípio os grupos eram fechados, desconfiados e divididos por bairros, etnias e idades. O tempo, as aulas e os objectivos comuns, mostraram-lhes no entanto que afinal eram muito mais parecidos do que imaginavam e os atritos foram desaparecendo, até culminarem num espectáculo conjunto, onde aprenderam
a vencer disputas fúteis com Romeu e Julieta. Miguel Barros, espera agora que este colectivo que cresceu com ele, “feito de brilhantes contadores de histórias, cheios de expressividade e de experiências, continue a colaborar e a mostrar o que vale” e já tem projectos para o futuro.
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ESCOLHAS AGENDA
JANEIRO2010
PROGRAMA ESCOLHAS
NO FESTIVAL INDIE LISBOA 2010 À semelhança de anos anteriores, o Programa Escolhas estabeleceu uma parceria com a produção do INDIE LISBOA 2010, nomeadamente com o IndieJúnior Escolas e com o IndieJúnior Famílias, que permite o acesso dos projectos Escolhas às sessões do festival gratuitamente. A parceria permitirá ainda a participação de pais e filhos nas sessões famílias. Este festival internacional de cinema independente, que decorre entre os dias 23 de Abril e 2 de Maio, organiza um conjunto de sessões adaptadas a um público mais novo, num espaço de aprendizagem, no qual é possível conhecer filmografias variadas, oriundas de países e culturas diferentes, sobre temas que vão desde a cidadania à educação sexual e ambiental, passando pela música e pela descoberta de novas formas artísticas. O desenvolvimento do sentido crítico é outra das apostas do INDIE, que mais uma vez este ano incentiva o voto do público. As experiências anteriores mostram um grande interesse e adesão por parte de muitos projectos Escolhas e este ano, temas como o desenvolvimento, a integração e a inclusão social, vão estar em foco numa sessão especialmente dedicada ao Programa, na qual está também já confirmada a estreia do filme “A Desconfiança” de Ricardo Almeida, rodado na sequência de um workshop de cinema realizado no âmbito dos workshops de Páscoa “Escolhas na Primavera” promovido pelo Programa Escolhas, no qual participaram jovens dos projectos “Gaiato Escolhe”, “Terço em Movimento”, “Metas”, “Pular a Cerca” e “Raiz”. Esta sessão irá ter lugar na sala 1 do Cinema São Jorge, no dia 27 de Abril às 14h e será seguida de um debate, que terá entre os seus convidados o realizador João Salaviza, vencedor, com o filme “Arena”, do prémio para melhor curta-metragem no IndieLisboa’09 e da Palma de Ouro do festival de Cannes.
Sessão Programa Escolhas 27 de Abril Cinema São Jorge
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ESCOLHAS RECOMENDA
NOVO LIVRO DE HISTÓRIAS TRADICIONAIS DE CABO VERDE Celina Pereira, cantora e contadora de histórias, acaba de lançar um novo audio-livro, com o apoio do ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, através do Programa Escolhas
“A interacção entre a música e as histórias, cria uma certa magia que toca todas as crianças”
Com ilustrações de Roberto Chichorro, pintor e ilustrador Moçambicano, o livro “Estória, Estória ... Do Tambor a Blimundo”, faz renascer a história tradicional do Boi Blimundo, figura central do imaginário infantil cabo-verdiano, contribuindo desta forma para preservar a memória oral popular. Escrito em 4 línguas/dialectos: Português, Inglês, Francês e Crioulo, o livro poderá ser utilizado por técnicos e professores e é uma verdadeira ferramenta didáctica e linguística, destinado a facilitar o diálogo entre crianças de universos multiculturais diferentes. Celina Pereira lançou o primeiro livro em 1991 e a partir daí nunca mais deixou de divulgar as histórias do seu país. Assume quase como uma missão partilhar assim
a cultura, tradição e identidade do seu povo. As crianças “viciadas em ecrãs” são o seu público preferido. Gosta de as ver redescobrir o crioulo, o orgulho das suas raízes e rende-se à curiosidade com que cercam de perguntas as histórias que lhes conta. Quer ser um contraponto aos tempos acelerados em que vivemos e contribuir para que através da partilha de histórias se fortaleçam os laços entre as pessoas e a cultura não se perca. Para isso, continua a pesquisar a tradição, em grande parte oral, de Cabo Verde e a transforma-la em histórias que às vezes também canta, porque para si a música é o melhor embrulho, pois como explica: “A interacção entre a música e as histórias, cria uma certa magia que toca todas as crianças”.
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ESCOLHAS RECOMENDA
O novo livro de Evelinda Ferreira é muito mais do que uma história. Quer ser um contributo para a formação de crianças e jovens e apontar caminhos que ajudem a quebrar ciclos de exclusão social.
“PERIPÉCIAS EM CABO VERDE” É um livro lúdico pedagógico, destinado a um público mais novo, mas que interessa também a professores e técnicos de educação. No conto, um conjunto de crianças do Casal da Boba de origem portuguesa e cabo-verdiana vivem peripécias engraçadas. O João, a Jessica, a Erica e os restantes elementos do grupo dos 16 reúnem-se durante as férias de Verão, quase diariamente e a avó Dédé conta-lhes uma história maravilhosa de Cabo Verde, mas essa história tem uma mensagem, que eles vão ter de decifrar. O João tem de partir subitamente para Cabo Verde, com a avó Dédé. Um homem misterioso persegue-os desde Lisboa até às ilhas de Santiago e de S. Vicente.
“Cá e lá, as crianças vivem peripécias divertidas que as levam à solução de vários mistérios e também com situações complicadas que as fazem pensar.” A autora contou com a colaboração de uma prestigiada contadora de histórias da Cidade da Praia, Nha Balila, e a sua intenção foi ajudar a reflectir sobre o mosaico de culturas que são hoje muitas sociedades contemporâneas. Evelina Ferreira dedica este livro às crianças em geral e diz que “elas são as grandes beneficiárias deste tipo de conto, que introduz a nível literário inovações, do ponto de vista do tratamento das temáticas multiculturais de uma
sociedade que é movida por tensões, muitas delas provocadas exactamente porque não existe um diálogo intercultural correcto”. A este nível, acrescenta, “ainda fazem falta produtos pedagógicos e educativos.” Contendo um glossário de crioulo cabo-verdiano e fichas de actividades, o livro “Peripécias em Cabo Verde” lançado pela Editora Guerra e Paz é o 2º da colecção “Quando eu for grande”.
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ESCOLHAS PERSONALIDADE
O prémio, atribuído pelo Centro Universitário Padre António Vieira, destaca uma personalidade no campo dos direitos humanos, do diálogo Intercultural e Inter-religioso.
COORDENADORA DO PROJECTO TASSE GANHA “PRÉMIO VIEIRA” A Irmã Rita Cortez, da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, está à frente do projecto “Tasse”, que existe desde 2005 no bairro da Quinta da Fonte da Prata, na Moita do Ribatejo, onde tem como principal objectivo prevenir o abandono escolar. PE: Que significado é que teve para si este prémio? RC: Para além do reconhecimento do trabalho da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, este foi um prémio para as crianças e as famílias do bairro, que nem sempre são notícia nos meios de comunicação social por boas razões. É um reconhecimento positivo de que estas pessoas existem. Houve um ambiente geral de contentamento nas ruas, os jovens mais velhos do Projecto sentiram-se parte deste prémio e ficaram
felizes e em geral a equipa toda esteve de parabéns. Não foi um prémio personalizado em mim. PE: Como é que avalia o impacto que o Projecto Tasse tem nesta zona da Moita do Ribatejo? RC: O impacto pode-se medir a dois níveis: a um nível mais directo, nas crianças que estão a crescer, nos jovens mais velhos que mudaram a maneira de olhar para a escola e para o futuro e percebem hoje que podem ter uma vida diferente daquela que os seus pais têm. Em termos de comunidade, sentimos que o Projecto é cada vez mais reconhecido e ganhou já um espaço próprio nesta região, onde é visto como um lugar onde há respostas. As pessoas e também as instituições dirigem-se a nós. Há um impacto alargado na região.
PE: Que aspecto gostaria de destacar no modelo de intervenção do Programa Escolhas? RC: A marca que mais sobressai no Programa Escolhas, na minha opinião, é a forma positiva com que encara os problemas, a que se junta sempre um olhar de esperança. É a capacidade de detectar as dificuldades, enfrentá-las e superá-las, com uma exigência positiva. Esta é uma maneira de estar que é comum também à Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, a que pertenço. A proximidade, o facto de os projectos estarem nas comunidades, é outra mais valia, porque gera uma confiança entre as equipas e os destinatários que é fundamental para o sucesso deste trabalho.
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ESCOLHAS PROJECTO EVA
EVA EXCLUSÃO DE VALOR ACRESCENTADO Como a arte e a cultura podem contribuir para a inclusão social e como o mundo artístico se pode aproximar dos territórios mais excluídos
Integrado no programa oficial do Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social, o Programa Escolhas, em parceria com o Clube Português de Artes e Ideias, irá desenvolver o projecto EVA – Exclusão de Valor Acrescentado, que visa explorar a dimensão social da prática artística como instrumento de mediação e reflexão. O Projecto quer ser uma espécie de laboratório, em que pessoas das mais diversas origens, desde filósofos a padres, passando pela academia e pelas pessoas que trabalham no terreno, cineastas e protagonistas da alta cultura se juntam, para partilharem pontos de vista e boas práticas. O programa inclui conferências, master classes, fóruns e ainda sete residências artísticas em sete bairros da cidade de Lisboa, que para além de serem mais um espaço de reflexão e de terem por objectivo levar novas competências aos jovens dessas comunidades, servirão também para criar novas peças artísticas que representem um contributo seu para a cidade. Esta ideia parte com a ambição de se constituir como uma pesquisa não estandardizada, com uma orientação metodológica destinada à acção, mas também parte com o propósito de reflectir sobre as práticas artísticas nesta área, que não são imunes à contaminação da contemporaneidade, à quebra de distâncias e de territorialidades, à transformação, modificação e constantes mutações que alteram em várias escalas a geografia social.
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ESCOLHAS MURAL
MURAL ESCOLHAS
“Gosto de trabalhar com as pessoas e fazer algo útil para que se sintam bem” (Liliana) “Gosto de ver a felicidade deles a conseguirem fazer as coisas” (Cláudio)
Imagens do I Encontro Nacional de Monitores CID@NET e Dinamizadores Comunitários. Peniche, 3 e 4 de Março 2010
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ESCOLHAS
“Não consigo ver os outros mal e não fazer nada” (Ana Sofia) “Tive uma infância com dificuldades e quero ajudar os outros a não passarem pelo mesmo” (Cláudio)
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ESCOLHAS OPINIÃO CONVIDADO
TERESA ESPÍRITO SANTO
“ Os olhos dos projectos Escolhas são decisivos para nos ajudarem a ajustar a nossa intervenção.”
Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa Centro Geógrafa de formação, vem do ensino onde sempre a preocuparam as realidades que estão por trás do insucesso escolar. Em 2005 aceitou o desafio de presidir a maior Comissão do país, que só em 2009 teve 1.715 processos. É uma das entidades parceiras da 4ª Geração do Programa Escolhas com quem mantém uma sinergia especial. Como vê esta articulação dentro da Administração Pública entre o Programa Escolhas e a Comissão que preside? O balanço que faço desta colaboração é muito positivo pois as nossas missões são complementares. A prevenção feita pelos Projectos é para nós uma enorme mais-valia, pois muitas vezes evita situações que se poderiam vir a complicar se não houvesse esta intervenção precoce. É importante destacar também nesta colaboração, a articulação entre dois serviços públicos que ilustra bem que não é possível agir concertadamente sobre a realidade, se cada de-
partamento só olhar para si. Há coisas a melhorar, sempre, mas existe uma grande abertura das duas partes, espírito crítico, espontaneidade e pró actividade, que se vê depois no terreno. Pode concretizar de que forma acontece esta colaboração? Os projectos trabalham directamente com as populações e são para nós veículos facilitadores de intervenção. As equipas técnicas dos projectos conhecem muito bem a realidade onde actuam e passam essa informação à Comissão, que não tem disponibilidade nem meios para ter este conhecimento tão directo. Os olhos dos projectos Escolhas são decisivos para nos ajudarem a ajustar a nossa intervenção. Por outro lado, os programas mais informais e menos teóricos que são desenvolvidos por muitos Projectos, contribuem de forma muito positiva para a reintegração escolar e sucesso de muitos jovens, que estão com medidas de promoção e pro-
tecção e têm grandes dificuldades com os modelos tradicionais. Estes Projectos têm a preocupação de se ajustar à sua realidade e de lhes propor alternativas inclusivas. Com criatividade e apostando na sua valorização, tornam “apetecíveis” outras escolhas, que de outra forma são difíceis de aceitar pelos destinatários e suas famílias. Pessoalmente o que é que leva desta experiência à frente da Comissão? É a aprendizagem do respeito imenso pelas dificuldades e pela forma como a vida se conjuga para transformar em verdadeiros heróis tantas destas crianças. A sua capacidade de resistência é verdadeiramente sublime. E estou a falar de meninos transversais a todas as classes da sociedade. Mas penso que o maior desafio vai ser voltar a ser reintegrada na escola, com tudo o que sei agora sobre os bastidores das vidas destas crianças. O maior desafio vai ser abraçar ainda mais as raízes destes problemas. Ser capaz de lidar com isso.
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ESCOLHAS
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Este Programa é Financiado por: Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, através do Instituto da Segurança Social Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) Fundo Social Europeu - Programa Operacional Potencial Humano (POPH) Ministério da Educação
Apoios: Porto Editora, Microsoft Unlimited Potencial, Cisco Networking Academy, Fundação PT
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