Conceito AV#6

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Genes de gênio

A trajetória e o perfil dos Bernardes e Jacobsen, grandes nomes da arquitetura carioca e brasileira

Sérgio Rodrigues O guardião do mobiliário em entrevista, com tom de curadoria, sobre designers brasileiros

Santiago Calatrava Arquiteto, engenheiro e artista, o espanhol é um dos principais estruturalistas do mundo



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Ă­ndice


editorial

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ela sobrevivência de todos os clichês, sim: o Rio de Janeiro continua lindo! Seja nas curvas das montanhas que cercam a cidade, seja nas praias ou na beleza que se transforma em cheiro e sai por aí, perfumando todo o Rio, de janeiro a janeiro. Pelo chiado do sotaque, pela graça e pelo deboche num sinal fechado em Copacabana. O Rio de Janeiro continua sendo. Rio combina com Jorge Ben Jor , Velha Guarda da Mangueira e Marina da Glória. É Ipanema, Niemeyer e Chico Buarque. O Rio de Janeiro, fevereiro e março. É desfile de corpos dourados, de uma gente bamba, que tem a graça de ser carioca. Alô, alô, realengo, aquele abraço! Vale tudo: até se encantar com o calçadão de Copacabana. Rio é Bossa Nova. É o samba levado da Bahia pelas ciatas. Lá, eventualmente, largávamos o carro de banda e seguíamos a pé, afinal, seria uma desfeita não desfilar pelas ruas desta cidade que já foi Império. No histórico bairro de Santa Teresa, se perder não era escolha, mas obrigação, e a diversão ficou por conta de achar Fuscas aos berros: — Fuscaaaaaa!!!!!!!!! Só não vale perguntar quem ganhou... Entrevistamos Sérgio Rodrigues e Antônio Bernardo, conhecemos destinos de charmes impossíveis de não se apaixonar e, de quebra, fomos ofertados pelas melhores sensações gastronômicas... Como viver sem os menu degustações e as respectivas harmonizações? E Claude Troisgros, vem para a Bahia quando, afinal? Temos ainda Santiago Calatrava apresentando um projeto no Rio, o Museu do Amanhã. Os Bernardes e Jacobsen são descortinados por um perfil arquitetônico, profissional, emocional, afetivo... Nas nossas dicas dos sofás, um Zé Carioca é o grande anfitrião. Aos nossos leitores, fica a certeza de que esta é uma edição maravilhosa – e não precisamos dizer o porquê... Por fim, ainda tivemos um Cristo, abençoando, a todo o tempo, todas as coisas. Andrea Velame – editora coordenadora

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\\QUEM FAZ II

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Direção geral  Andréa Velame Design gráfico Tiago Nery Fotografia de arquitetura Marcelo Negromonte Produção  Thaís Muniz e Nyala Cardoso  Colunistas  Thaís Muniz e Lorena Ringoot Distribuição Salvador e São Paulo lustração Túlio Carapiá Impressão Vox Editora Revisão textual Lílian Reichert Secretária Mery Santos Departamento comercial comercial@programatudoav.com.br TUDO AV Editor-chefe de vídeo Eduardo Monteiro Assistente de produção Mário Fernandes Fotografia de capa Romulo Fialdini Fale com a redação producao@andreavelame.com.br


Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro... Estoumorrendodesaudades! Samba do Avi達o Antonio Carlos Jobim

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conceito arquitetura

Santiago Calatrava Por  tiago nery

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apóstolo ambicioso: esse era o São Tiago dos católicos. Heterodoxo, irredutível a fórmulas: este é Santiago Calatrava. É difícil estabelecer um perfil da arquitetura de Calatrava, devido à mega complexidade que envolve todas as coisas. É uma arquitetura caracterizada, repetidamente, por desvio de padrões. Ainda bem. Talvez por isso, e pela própria formação acadêmica do arquiteto – estudos que variam entre artes, arquitetura e engenharia –, é um dos protagonistas mais originais e completos da arquitetura contemporânea. Calatrava gosta de evidenciar o movimento das forças que animam as construções. Introduz soluções móveis e configurações dinâmicas, frequentemente, assimétricas. Em todos os projetos, enfrentou desafios complexos com soluções técnicas notavelmente simples e elegantes. As formações em engenharia e arquitetura estão aliadas para tanto. As soluções são inspiradas na natureza. O desenho também. É notório e inegável. As formas são transformadas através de complexas soluções técnicas, usando materiais modernos como aço e vidro. Desta forma, cria a síntese da luz, do espaço, do material, da forma e da estrutura. E, desta forma, o espetáculo está pronto. Dúvidas? o arquiteto Santiago Calatrava nasceu próximo a Valença, na Espanha, em 28 de julho de 1951. Licenciou-se em arquitetura na cidade de Valência, onde também frequentou o curso de urbanismo e de Belas Artes. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia civil. Fez cursos de pós-graduação em urbanismo e em engenharia civil. Tem Ph.D. em ciências técnicas do Instituto de Tecnologia Federal suíço e doutorado honorário das universidades: Politécnica de Valença, Universidade de Sevilha, Universidade de HeriotWatt em Edimburgo, e da escola de engenharia de Milwaukee. Em 1981, abriu estúdio profissional em Zurique, atualmente com sedes em Paris e Valência.

O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, um dos maiores estruturalistas da Europa

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as inspirações Em 1983 venceu a primeira competição: Stadelhofen Railway Station, em Zurique, onde tinha fixado seu escritório. Um ano depois, projeta a primeira ponte, dando início ao reconhecimento mundial ligado a esse tipo de construção. Em 1989 estabelece o seu segundo escritório, em Paris e em 1991, o terceiro, em Valencia. Com todos os estudos e conhecimentos adquiridos, Santiago Calatrava concilia duas matérias que nem sempre se unem facilmente, a Arte e a Engenharia, uma tirando partido da outra. Com os conhecimentos da Engenharia moderna e de suas tecnologias, consegue fazer com que pinturas, as inspirações, se tornem grandiosas obras de arte, como esculturas em grande escala. Eventualmente inspirado por formas como esqueletos, os trabalhos de Calatrava elevaram o desenho de certas obras de engenharia para novos patamares. Ele gosta de evidenciar o movimento das forças que animam as construções. Introduz soluções móveis e configurações dinâmicas, quase sempre assimétricas. Talvez por isso seja classificado como um dos mais ativos “estruturalistas” contemporâneos. Também gosta de dotar suas realizações de conotação surrealista. Em busca da inspiração primordialmente orgânica, assume muitos riscos na busca desse estilo próprio que se baseia na natureza. Em curta trajetória, já tem obras suficientemente importantes para ser mais que reconhecido. E é. Dotado de grande talento para o desenho, também se ocupa de pesquisas paralelas à arquitetura, tanto no campo do desenho de objetos como no da escultura.

Uma das obras mais impressionantes da Europa: a Cidade das Artes e das Ciências de Valência. Na foto, o Opera House

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A nossa visão é muito influenciada pela visão bíblica, segundo a qual ‘há qualquer coisa de divino em todos nós’. Isso significa que acreditamos na ideia de que em cada pessoa há algo de especial, de sagrado e de divino Santiago Calatrava

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as PONTES de calatrava Calatrava projetou pontes, escritórios, uma biblioteca, estúdio de televisão, teatros, armazéns e fez ampliação de estádios. É mais conhecido pelas numerosas pontes. Comentou que uma ponte é um ponto importante da referência em uma cidade, e pode ser usado para complementar a paisagem. Ponte, enquanto ligação intelectual, também lhe interessa. Em entrevista a Euronews, comentou: “Sou a favor de uma Europa de pontes multiculturais. A minha Europa é a Europa das pontes, porque é aquilo que faço. De qualquer forma, a história da Europa construiu-se com ligações, com pontes, desde os antigos mosteiros até a universidade”. E as referências, de onde vêm? Do berço de todas as civilizações, daquela que já foi desenhada como o centro do mundo. “Acho que aqui na Europa vivemos com muitas referências: encontramos nas igrejas uma parte da arte romana e vestígios que remontam ao tempo dos romanos. Depois, podemos encontrar uma parte gótica e, do outro lado da cidade, algo mais renascentista ou barroco. Aqui, vivemos em vários séculos. Já nos Estados Unidos é tudo mais contemporâneo, mais do nosso tempo”, comenta.

Ponte de Alamillo sobre o Rio Guadalquivir, construída para a Expo-92, em Sevilha

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Acima, o Planetarium, na Cidade das Artes. Autêntica cidade futurista integrada num parque urbano de 350.000 m², no antigo leito do rio Turia

“A arquitetura, segundo Vitrúvio, arquiteto romano, tinha 3 qualidades: a utilidade, a beleza e a solidez. Solidez significava também durabilidade, algo que permanece no tempo”, lembra Santiago do colega medieval que, com os estudos sobre arquitetura no século I a.C. inaugurou, posteriormente, as bases da arquitetura clássica, de onde vêm todas as coisas. Lá mesmo, no mundo antigo: Grécia e Roma. De lá pra cá, já se passaram alguns milhares de anos. E muita água já passou por baixo das clássicas pontes. E tantas outras surgiram depois. Acertou quem apostou em Calatrava como o responsável por algumas delas. Sobre religião, arquitetura e humanidade, o arquiteto multifacetado dispara: “a nossa visão é muito influenciada pela visão bíblica, segundo a qual ‘há qualquer coisa de divino em todos nós’. Isso significa que acreditamos na ideia de que em cada pessoa há algo de especial, de sagrado e de divino. Quer dizer que a arquitetura

Penso que uma das medidas importantes a tomar neste período de crise é de criar obras infra-estruturais novas, modernas. Santiago Calatrava

não é simplesmente um instrumento. Entendemos o sentido hereditário da arquitetura enquanto suporte da memória de uma época.” A assinatura Santiago Calatrava encontra-se em mais de 200 trabalhos: estudos, opiniões, concursos e projetos de várias dimensões. Estudos estes que vão desde interiores a grandes infraestruturas. Já teve trabalhos exibidos no

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Museu da Arte Moderna em New York e em outros museus em Londres, Tokyo, Moscou, Copenhague, Munich, Estocolmo, Rotterdam e Zurique. Além de tudo, também é autor de muitas realizações de grande porte, o que o angustia em determinadas horas. O arquiteto declara o inconformismo com as obras de grande porte, pois demandam grande aporte financeiro: “pena crer que a arquitetura está, muitas vezes, associada a conceitos financeiros e econômicos. Dizem, por exemplo, que o tempo de amortização de um investimento deve ser igual à taxa de juro que esse dinheiro me renderia numa conta bancária. É um raciocínio ridículo já que as obras nos sobrevivem”. Santiago é daqueles arquitetos que vão e voltam. Passado e futuro, para fazer o presente. Não é uma preocupação. Há preocupações. São vetores de um mesmo centro. Fatores ambientais, sociais, políticos e financeiros são variações de um único ofício: arquitetura. Sobre isto, comenta, enfático:


“de um lado, é preciso respeitar o aspecto ambiental. Hoje não estamos na mesma situação que há 30 ou 40 anos. Atualmente temos que fazer obras muito mais bonitas, mais funcionais e com um impacto ambiental bastante controlado. Penso que o custo destas obras não é nada ao lado dos milhares de milhões, talvez bilhões, que estão a injetar para regenerar uma economia puramente administrativa, de papel. Construir uma ponte, uma autoestrada, uma nova linha de alta velocidade, é um serviço que vai lá ficar para sempre, que oferece serviço aos cidadãos. E é essa relação que torna a obra muito mais barata.” Em tempos de crise, o arquiteto sugere: “penso que uma das medidas importantes a tomar neste período de crise é de criar obras infraestruturais novas, modernas. É uma ocasião única para levar estas infraestruturas até os locais mais isolados. Uma das coisas mais bem resolvidas da Espanha foi que a linha de alta velocidade não foi pensada para ligar Madrid a Barcelona, mas sim Madrid a Sevilha. Desta forma, evita o fenômeno que faz com que as regiões do sul, menos desenvolvidas, fiquem desligadas do norte, mais desenvolvido. É preciso continuar nessa direção”. Não se trata de construção. Há uma complexidade maior, que vai além do entorno, vai a quem não está na situação, mas precisa se incluir. Ele nos propõe a arquitetura estrutural, com apego grande ao detalhamento do material. Predomina também o valor dinâmico. Além da inquietude social, econômica e política. Ele rompe com o tradicional imobilismo das massas arquitetônicas. Propõe novos fluxos de gente. Reativa áreas, gera fluxo. Gera conflito, que leva ao crescimento. Viva a desordem. São obras que, dadas as formas, num suspiro, podem se mover. É a arquitetura tecnológica, sem ser técnica. É figurativa, sem ser formal. É bela, sem ser banal. Baseia-se no movimento, na transformação, na adaptabilidade. É como a vida: exótica, absurda, surreal, inacreditável. Pode acreditar. Amém ao apóstolo.

No museu de Arte de Milwaukee há uma estrutura móvel transparente que controla a luz solar

O museu realizou obras de ampliação e modernização do edifício atual na beira do lago Michigan

A Estação do Oriente: confluência da rede de transportes públicos da zona oriental de Lisboa

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Museu do Amanhã

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já que esta se trata de uma edição carioca, seguemse os fatos: o arquiteto espanhol vai idealizar, a pedido do município do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã. Um edifício sustentável e ecológico que se pretende tornar-se o novo ícone da cidade do Rio de Janeiro, como noticiou a imprensa brasileira. O convite partiu do presidente da câmara carioca, Eduardo Paes, quem deseja que a obra acolha a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, a ser promovido pelas Nações Unidas, no Rio de Janeiro em 2012. A cúpula, designada Rio+20, servirá para avaliar os resultados da Cimeira da Terra, também realizada no Rio, em 1992. O museu será construído na zona portuária do centro da cidade, uma área degradada que será revitalizada para os Jogos Olímpicos de 2016. Para tanto, o presidente da câmara do Rio garante que o projeto será completamente a favor da arquitetura sustentável. A proposta é que o museu fique localizado no Pier Mauá.

O edifício, sustentável e ecológico, deve tornar-se o novo ícone da cidade do Rio de Janeiro

O museu se instalará na zona portuária do centro da cidade. A área está entre as que serão revitalizadas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

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marcelo negromonte | grupo av


home styling

21 – alameda das espatódeas, 81  tel 71 3013-7996 loja conceito


conceito arquitetura

Genes de gênio Sergio que amava Claudio, que amava Thiago, que ama Cecedo, que ama Bernardo… Por  nyala cardoso

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Tuca ReinĂŠs

Da esquerda para direita: Thiago, Sergio e Claudio Bernardes. Logo abaixo, Bernardo e Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes

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Fotos Tuca Reinés

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ara Claudio, o segundo Bernardes de uma notável linhagem arquitetônica, escolas eram como pedras no sapato do estudante. Dizia que era impossível uma pessoa começar a trabalhar cedo e continuar na universidade sem enlouquecer. Abandonou duas faculdades e foi procurar dentro de si o que significava arquitetura. Mas havia, sim, uma escola: “a de Sergio Bernardes, meu pai”, blasonava. O escritório de Sergio era o refúgio polivalente do filho e de seu amigo e parceiro Paulo Jacobsen, o Cecedo. Ali roubavam papel manteiga e grafite. Também ali, na escola de casa, aprenderam que arquitetura se faz de dentro para fora, ao contrário do que ensinavam nas universidades. “É a partir da área onde vivemos que desenvolvemos uma casa, interagindo com o sol, a luz e o vento”, aludiu Claudio, certa feita, parafraseando o pai.

Projetos de Cláudio Bernardes e Paulo Jacobsen. Acima, mar e arquitetura se confundem na Casa da Maria Farinha, de 1993. À direita e na página ao lado, Casa da Palafita, 1987

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Casa JZ – Projeto BJA. No Condomínio Parque de Interlagos, na Bahia, arquitetura e natureza se fundem

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Casa JZ – Projeto BJA. Uma treliça de eucalipto foi criada na área de circulação dos quartos, sob um revestimento de fibra de dendê, valorizando luz e matéria prima naturais

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Fotos Leonardo Finotti

A arquitetura de Sergio Bernardes era pensada para o viver bem, sempre atenta aos benefícios que o espaço em questão pudesse proporcionar a quem dele usufruísse. O espetáculo contemplativo não era primado. Simplesmente acontecia, como consequência inevitável da sua tamanha dedicação ao fazer arquitetura. De uma curiosidade e determinação incansáveis, estava sempre empenhado em criar e encontrar soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas, fosse no desenvolvimento de uma casa unifamiliar, ou em projetos grandiosos que propunham mudanças drásticas na gestão político-administrativa de todo um Estado. Sergio realizou estudos augustos sobre temas como habitações populares, urbanismo e desenvolvimento político. Passou metade da vida esquadrinhando uma nova divisão políticoadministrativa para o Brasil, fundamentada em um rigoroso estudo sobre nossas águas fluviais. Planejou uma

infinidade de obras que não caberiam aqui mencionar, não por grau de importância, mas por falta de espaço físico. Por sua audácia, ganhou prêmios e apelido: o arquiteto da utopia. Audacioso, sim, por mérito. Quanto ao apelido, elucidou, certa vez: “Utopia é pensar que tal plano será realizado amanhã... Realismo é saber que pode ser feito”. Como todo grande gênio, Sergio Bernardes transpôs seu tempo. Bem por isso foi tantas vezes incompreendido. Mestre de uma arquitetura que não se curva a limitações, muito pensou, criou e se dedicou à posteridade. Faleceu aos 83 anos, quase um ano e meio depois de perder Claudio, o filho, numa estrada em Mato Grosso do Sul. O acidente automobilístico daquele infortunado 24 de outubro de 2003 que tirou a vida de Claudio Bernardes e deixou Paulo Jacobsen gravemente ferido, selou o fim de uma parceria de mais de 20 anos entre aqueles amigos. À soma de dois traços e muitas ideias foram construídos espaços que

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Sergio Bernardes definiu como “uma musicalidade composta pelo jogo do encontro de luz e sombra”. Claudio confessava fazer casas com amor. Não se preocupava em criar projetos para ganhar prêmios. “Faço projetos para vida”, dizia. A forma como transformavam, ele e o Paulo, matérias óbvias da terra como cipó, madeira, bambu e palha em despretensiosa sofisticação comovia. Comove. “Garimpeiro da poesia”, como foi definido pelo pai, Claudio buscava comunicar-se com o entorno sem agressões e só ficava inteiramente satisfeito quando percebia a natureza se apropriar da construção, como se oferecesse sua obra em agradecimento à permissão de ali, naquele cenário, acomodá-la. “Você implanta um caminho de pedras, aquela coisa bonitinha, esteticamente adequada... Mas eu só fico feliz quando o musgo impregna a pedra ou quando a craca gruda no pilar... Aí, sim, tenho a certeza de que a natureza está dialogando comigo”, declarou.


Leonardo Finotti

Casa FW – Projeto BJA. A obra dialoga com o entorno, como na Casa da Cascata, desenhada por Frank Lloyd Wright. Uma verdadeira escultura implantada na natureza

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Leonardo Finotti

Do título “parceiro da natureza”, Claudio gostava. Sentiase lisonjeado, até. Mas, o que mais caracterizava seu trabalho era, talvez, a negação dos modelos arquitetônicos estabelecidos, postura que o conduzia a uma arquitetura de formas únicas, inéditas. Jacobsen valida tal conjectura no livro “A Arquitetura de Claudio Bernardes”, que decifra o arquiteto e o homem, sob emocionante narração de Nirlando Beirão e as lentes cuidadosas do insigne fotógrafo Tuca Reinés: “Esse ‘desligamento’ das normas vigentes e do óbvio é o que melhor define Claudio; e, com isso, o seu trabalho, a sua vida e, principalmente, a sua força”, e completa: “Seu compromisso é com a vida”. A Cecedo, Claudio escreveu na dedicatória da mesma publicação: “Como é bom compartilhar esses mais de vinte anos em que dividimos a mesma mesa, somamos ideias, descobrimos novas notas musicais, e com elas montamos espaços que sempre comporemos a quatros mãos”. As duas mãos agora solitárias de Cecedo encontraram em Thiago Bernardes, filho de Claudio, um apoio confortante após a perda do amigo e sócio. “Lembro-me de que, quando fui visitá-lo no hospital, falamos sobre a necessidade de nos

ajudarmos dali em diante... Então chamei Cecedo para vir trabalhar comigo e começamos uma nova história naquele momento”, conta Thiago, que deixou claro, na mesma ocasião, não estar assumindo o lugar de ninguém. Arquiteto sem formação, pelos mesmos passos do pai, Thiago já carregava o peso do sobrenome, e mesmo por isso, tentou fugir da arquitetura. Acabou cedendo ao próprio talento, mas sempre buscou estabelecer um espaço profissional que o desassociasse de Claudio Bernardes. “Queria provar que minha arquitetura poderia acontecer sozinha”, diz. Aconteceu. Segundo Paulo, o tipo de atuação e a forma de projetar, com um e com outro, são totalmente distintos. Naturalmente, aos poucos, vão surgindo inevitáveis analogias. Assim como a antiga dupla, esta zela pelo conforto ambiental, numa arquitetura feita, novamente, de dentro para fora – legado de Sergio preservado pelas gerações. Paulo esclarece: “Por mais que as coisas se entrelacem, e eu acredito que existam pontos em comum, são escritórios completamente diferentes. Acho que agora é mais profissional, menos intuitivo experimental e mais experimental tecnológico”.

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Casa FW – Projeto BJA. Lado a lado podemos desfrutar da beleza arquitetônica deste projeto que seduz não só pela luz natural, mas também pelo impecável projeto luminotécnico

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desafio era ambicioso: unir duas arquiteturas divergentes, um palacete tombado do século XVII e o vizinho prédio modernista da praça Mauá, no Rio de Janeiro, que deveriam acomodar o MAR - Museu de Arte do Rio - e a Escola do Olhar. A solução foi magistral. Os arquitetos criaram uma praça suspensa na cobertura do prédio modernista que reúne todos os acessos, além de abrigar um bar e uma área para eventos de cultura e lazer. Um teleférico vai conectar o MAR ao Morro da Conceição e duas passarelas suspensas de estrutura translúcida fazem a intersecção entre os dois prédios. A cobertura suspensa, fluida, que simula a ondulação da superfície da água, é o marco do Museu e poderá ser vista desde longe, por quem vem pela praça Mauá ou mesmo de cima, para quem chega pelo Morro da Conceição.

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Casa RW – Projeto BJA. Na casa de Búzios, um espelho d’agua de seixos é integrado à piscina de azul absoluto

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Fotos Leonardo Finotti

Ao contrário da metodologia empírica e intuitiva do escritório Claudio Bernardes e Jacobsen, muito voltado para arquitetura de casas e interiores e concentrado a um pequeno número de profissionais, a atuação de Thiago e Paulo ultrapassa o segmento residencial e descentraliza funções, simplificando os meios e acelerando a produtividade. Hoje o BJA, Bernardes + Jacobsen Arquitetura, com base no Rio e outra em São Paulo, soma cerca de 50 profissionais. “Sempre achei que a alma do escritório de arquitetura é agregar gente boa para trabalhar... Isso dá maior independência e tempo para criação, enquanto a execução caminha com qualidade”, explica Thiago. Em 2005, Bernardo Jacobsen, filho de Cecedo integrou-se à equipe, depois de trabalhar por dois anos na França e Japão com o arquiteto Shigeru Ban. Bernardo, cujo nome sugere uma homenagem, lidera uma equipe de desenvolvimento de estudos responsável por todas as condicionantes dos projetos, do terreno à legislação. A principal característica do estúdio BJA é primar pela maneira como a peça arquitetônica se dispõe no ambiente, lançando mão dos benefícios do entorno, pondo isso acima da estética estrutural. “A implantação é a essência do nosso trabalho, o resto é consequência”, define Cecedo. Por outro lado, os sócios exploram a disposição de novas tecnologias construtivas, alcançando soluções estruturais antes pouco prováveis. Com sutileza e sensibilidade, impuseram sobre um terreno sinuoso do condomínio Parque de Interlagos em Salvador, na Bahia, uma moradia singular. A obra arquitetônica insinua uma gaiola suspensa forrada com tala de

dendê, envolta por uma malha de eucalipto disposta sobre pilares e, paradoxalmente, incita liberdade e propõe um íntimo diálogo com o ambiente. Doutro lado, beirando o mar fluminense, o projeto de Búzios hipnotiza. Os quase cinco mil metros de área construída revela uma arquitetura leve, sem soberbas. Explorando circulações abertas e jardins internos, toda estruturada em madeira de reflorestamento, a casa beneficia-se de uma ventilação natural que se entrelaça pelos espaços. E assim se dão todos, um a um, os projetos de Thiago Bernardes, Paulo e Bernardo Jacobsen: uma sucessão de êxtases visuais e sensitivos.

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Casa RW – Projeto BJA. Um pergolado, de madeira maciça, permite a entrada de luz natural no jardim interno da casa

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Fotos Leonardo Finotti

Entre estimadas semelhanças e imprescindíveis singularidades, a híbrida estirpe Bernardes Jacobsen rabisca a traços majestosos, em sua simplicidade e leveza, mais de seis décadas de história. Realizando desejos da imaginação, esses compositores de espaços orquestraram – e continuam regendo – harmoniosas sinfonias entre estética e funcionalidade, entre o belo e o confortável. Sergio, Claudio, Paulo, Thiago e Bernardo. As veias arquitetônicas de uma mestiça árvore genealógica que confirma o que os nomes já notoriamente evidenciam: genialidade vem de gen.

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Casa JH – Projeto BJA A continuidade visual permitida pelas portas de vidro foi controlada com a criação de um sistema de portas de madeira tabuadas que funcionam como brises verticais independentes

Casa JH – Projeto BJA A implantação da casa organiza-se em torno de um jardim interno criado no centro do terreno. A solução se converte em diferentes recursos distribuídos entre três pavimentos

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Fotos Leonardo Finotti

Fontes da matéria Livro Arquitetura Claudio Bernardes, DBA Artes Gráficas, 1999 Revista Projeto Design, no 270, ano 2002 e no 348, ano 2009 Estúdio BJA

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marcelo negromonte | grupo av projeto nathália velame

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Shopping Boulevard 161, loja 5 – 2o piso. Salvador BA – Tel: 71 3013-8320


marcelo negromonte | grupo av

Obras iniciadas para estar mais perto de vocĂŞ

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Estrada do Coco, Km 0 Lauro de Freitas, no 1176  Tel: (71) 3377-2777


João aRmeNTano por  tiago nery fotos Alain Brugier

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squeça tudo o que você já ouviu falar, viu e pensa sobre casas de rato. O conceito aqui é outro. Não se trata mais das antigas acomodações úmidas que permitiam uma série de armadilhas... Talvez um pedaço de queijo fresco, de repente um pedaço de madeira, sua armadilha armada, um veneno velado, uma vida ceifada... Ou, quem sabe, o quase luxo que os hamsters recebem mundo afora devido a vossa fofura, bom comportamento e higiene: uma gaiola de plástico, uma esfera para exercícios, água, comida e raspas de madeira. Definitivamente existe um mundo melhor. João Armentano foi a vanguarda da Casa Cor São Paulo 2010. Andando na contramão dos arquitetos participantes, brindou a todos com o inusitado. Impôs à organização da Casa Cor a condição de só participar do evento se lhe dessem o menor ambiente da mostra. Desejo atendido. Um lugar pequeno, com som de goteira pingando e luz difusa. Neste cômodo de 28 metros quadrados está o Porão do Rato. Não é para qualquer rato, tampouco para um rato qualquer. Essa criatura quase humana tem sala de ginástica e cômodos muito bem elaborados, onde pode-se ver Niemeyer, Picasso e os irmãos Campana. O trabalho de João é isso: originalidade, ousadia e irreverência. Como se diz na Bahia: um debohe.

“Bonito todo mundo faz, é óbvio, mas ser original e ser ousado é uma conquista de novas emoções”

“Quem usa muito o porão de uma casa? É uma personagem muito pequenininha..."

“Essa é uma mostra em que as pessoas fazem ambientes bonitos e revolucionários. Neste ano, pensei em pegar um ambiente inusitado, que eu nunca explorei”

“Porque, se o rato escolheu o porão de um arquiteto, ele deve ter alguma afinidade”

“Esse sonho do ratinho pode virar uma realidade”

Arte 46

Ratos Ratos Ratos


“Alguém lá no escritório falou assim: ué, por que é que a gente não faz um porão?”

Poesia

Não há limites para nossos sonhos....para nossa criação! Como ele diria...menos é mais, muito mais!

“Aí é que dá pra reparar que o menor ambiente da mostra, com 28 m2, na verdade, é o maior”

“Ele gostaria de trabalhar com arquitetura de interiores, de fazer decoração”

“Cada caixinha tem uma poesia, um movimento”

“Ah! Já sei. Ratos? Mas como assim?"

conceito arquitetura

ratos & prêmios Foi pensando nesse pequeno habitante que o arquiteto criou 14 pequenos ambientes. Assim, as pequenas salas e quartos ganharam referências, tanto do mundo lúdico como do mundo da arquitetura. Personagens de desenhos animados como Mickey Mouse e Tom & Jerry estão por todos os lados, seja em quadros de inspiração pop-art ou DVD’s que fazem parte da decoração. Toda essa irreverência de Armentano, que participa da mostra pela 13ª vez, rendeu ao escritório os prêmios de projeto mais original e projeto mais ousado na edição 2010 da Casa Cor.

Sim, queria envolver o visitante nesta atmosfera mágica. O projeto de iluminação e sonorização foi pensado para interagirem e se valorizarem mutuamente

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conceito arquitetura

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Rato de rua Irrequieta criatura Tribo em frenética proliferação Lúbrico, libidinoso transeunte Boca de estômago Atrás do seu quinhão Ode aos ratos – Chico Buarque

Em cada uma das caixinhas, miniaturas se misturam a objetos em tamanho real, um mix perfeito

“Eu acordava durante a noite recebendo vários insights desse cliente, que é muito criativo... E ele queria um estar social, uma cozinha, o dormitório, ele tem lá o estúdio de trabalho, o dormitório das crianças, uma casa completa”

Rato de rua Aborígene do lodo Fuça gelada Couraça de sabão Ode aos ratos – Chico Buarque

Acima, o dormitório das crianças, comprovando a mistura de materiais e de proporções. Caixinhas de fósforo se tornaram a cama dos pequeninos

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conceito arquitetura

“O homenageado não teve medo de errar. Fez composições de papéis, de pisos, de cerâmicas, tudo pequenininho...

Rato Rato que rói a roupa Que rói a rapa do rei do morro Que rói a roda do carro Que rói o carro, que rói o ferro Que rói o barro, rói o morro Rato que rói o rato Ra-rato, ra-rato Ode aos ratos – Chico Buarque

Na sala de estar, tapete de Pop Art e fotografia do artista plástico Pablo Picasso, apoiada no chão

Rato ruim Rato que rói a rosa Rói o riso da moça E ruma rua arriba Em sua rota de rato Ode aos ratos – Chico Buarque

Acima, visão geral do ambiente de João Armentano, o Porão do Rato, na Casa Cor São Paulo 2010

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Sergio Rodrigues Por  tiago nery fotos  marcelo negromonte

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érgio Rodrigues está gripado. As últimas campanhas de vacinação o deixaram assim: febril, cansado. Malditos efeitos colaterais. Era uma manhã quase fria de sexta-feira e o Rio de Janeiro estava confuso, sublime, congestionado e com um céu de muitos tons. Um atraso bobo e eis que surge ele, justificando a demora, pedindo desculpas, como se precisasse... Tem gente que pode tudo, pensei em dizer, mas quietei. Aparece sereno, um guardião, como sugere a etmologia de Sergio em latim. As muitas cadeiras de autoria dele estão pelo caminho, desde a entrada, montando a cena, dando lugar para o mestre passar no sobrado da rua Conde de Irajá, em Botafogo.

Estudos de 1957 para o desenho da Poltrona Mole

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Sergio veste jeans escuro, blazer de veludo cotelê, camisa social branca, impecavelmente engomada, sapatênis de couro preto, boina e meias verde-pistache. Anda calmamente, inspira sossego. Os óculos e a bengala não poderiam ser acessórios mais adequados a este jovem senhor, que cruza as pernas à frente e descansa as mãos sobre a bengala num mesclar de ângulos retos e agudos. Estávamos ali para uma curadoria com o mestre sobre novos designers. Queríamos ouvir e ainda bem que ele falava. Dá aula sem querer, todos querem aprender. Fala sobre especificações técnicas, planeja lançar uma nova cadeira. Inevitável se orgulhar de estar ali. Ele comenta sobre o começo do desenho de mobiliário. Fala que tínhamos um Brasil com arquitetura de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e usávamos mobiliário europeu. Quando indagado do porquê Niemeyer ter desenhado pouco mobiliário, responde, sem hesitação: “não era a praia do Oscar desenhar móveis. Ele não era desenhista de móveis, mas sentia a necessidade e a falta que eles faziam, principalmente para a arquitetura”. Era incoerente, como hoje, e nos damos conta que certas coisas nunca mudam. “A arquitetura de interiores no Brasil representava muito a Bauhaus”, explica. Na rua Barata Ribeiro, em Copacabana, conheceu Joaquim Tenreiro e, ao conversar com ele, ouviu um sonoro: “você não vai copiar meus móveis, não é?” A Barata Ribeiro era a vanguarda do mobiliário; por lá circulava também Niemeyer, que encomendou a Tenreiro o mobiliário de uma casa pelos lados da Cataguases. É quando Sergio comenta que Tenreiro criava, lançava tendência, e não simplesmente copiava ou se inspirava. “Ele era sisudo, não ria à toa”, comenta Sergio. Em 1955 abriu a loja Oca, representando os móveis da Forma, sendo o primeiro brasileiro a representar esta marca. A Oca também funcionava como Galeria de Arte e foi lá onde fizeram um exposição com o fotógrafo Otto Stupakoff, responsável por fotografar a construção de Brasília, a pedido do arquiteto Oscar Niemeyer. Foi também percursor da fotografia de moda no Brasil, ao fotografar a atriz Duda Cavalcanti, “a pioneira” garota de Ipanema, com uma roupa do estilista Dener Pamplona. MAIS DESIGNERS Seguimos a entrevista, ele fala sobre Geraldo de Barros. Lembra que, por conta das constantes viagens a SP, devido a representação da Forma, acabou por conhecê-lo. Sobre Geraldo, lembra: “ele tinha uma firma, que era muito simpática e fazia pesquisa. Nada sofisticado. Era a época que estava sendo necessário mobiliário para apartamentos pequenos. Além de fazer obras de arte ótimas, ele fazia desenho de mobiliário. O contato maior que tive foi com a firma dele que, mais tarde, utilizei para fazer protótipos de alguns de meus trabalhos”. Os arquitetos brasileiros descobriram Zanine, arquiteto não diplomado que fazia maquetes dos grandes arquitetos da época. “Era uma arquitetura simples, com quase nada de sofisticação, inclusive, passou a ser sofisticada, por ter toques que poderiam ser utilizadas no Brasil colonial.

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Às 10h55 Vera, sua esposa, interrompe a entrevista. Surge sem avisar e pergunta se precisamos de alguma coisa. Desde já, deixa biscoito e café e sai. Água já tinha. “Não tenho seguidores”, dispara Sergio. Desde a década de 1970, quando surgiram firmas com marceneiros que se diziam designers, muitos já diziam que o tinham como inspiração. E aí as publicações diziam que surgiu mais uma “Oquinha”, em referência a loja de Sergio. Zanine Caldas disse que o filho nao poderia se formar em design e se tornar um designer de verdade sem que antes trabalhasse com ele. Zanini de Zanine passou um ano com o mestre Rodrigues. Sobre Guto Índio da Costa, ele comenta: “muito bom, figura importantíssima. É um dos poucos que a gente pode chamar de designer. O designer é um profissional que cria para qualquer finalidade, para qualquer coisa. Se mandarem ele fazer um ventilador, ele faz. Se mandarem fazer uma agulha, faz também. Pai, mãe, irmã e filho: “todos geniais. Os chamo de tribo”, diz, aos risos. Pergunta sobre um restaurante em Salvador que gostava de frequentar. Lembramos que ele fechou. “Fechou por que era bom”, dispara. Tem razão. Ao visitar a Bahia recentemente, se deparou num restaurante com falsificações dos móveis dele. Em São Paulo há mais outros. Todos requintados, vale salientar. “Saí de lá enojado”. Comenta sobre a falta de respeito com os designers, com o pouco caso com o autor. Tem razão de novo. São mais de 50 anos de dedicação. A conversa esquenta. Todos palpitam. Vera, a esposa, é incisiva: “vou denunciar, vamos dar um basta nisso, meu bem”. Ele não reage, mas acata. Tenta contornar, prefere não brigar. Pensa em todos os lados, é cauteloso. “Mas, e se não for por aí?”, pergunta, quase silencioso. É uma explosão de simplicidade. Fala também sobre Verônica Rodrigues (a filha), também designer de móveis. “Não é por ser minha filha, não. Se ela já não está fazendo, vai fazer coisas muito melhores do que eu, com certeza. Ela tem uma dedicação absoluta para isso. O primeiro trabalho que eu vi dela foi o biombo colocado num evento e que ela não me mostrou, eu só vi a peça quando foi apresentada pela Saccaro. Quanto à arquitetura, nós trabalhamos juntos, ela tem saídas bastante grandes, observa e percebe coisas relativas a arquitetura. Eu gosto mais da habitacional, pois não sou amante de edifícios nem de obras grandes.” Rejane Carvalho, a quem chama de “menina espetacular”, tem trabalho “muito delicado e muito bom”. A arquiteta e designer gaúcha, que produz peças cujo diferencial está nos materiais e nas formas, está sempre buscando originalidade e valorizando a regionalidade. Desenvolve projetos residenciais, empresariais, bem como atua na área industrial e comercial. Sergio diz: “Rejane fala uma linguagem que é aceita por todos os comerciantes, mas não só comerciantes, digo os que tratam de bons móveis, como João Caetano, que é uma das figuras mais importantes da área. E Cláudia Moreira Sales? Tem detalhes, segundo Sergio, que são somente dela, de mais ninguém, reconhecíveis facilmente.

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DE FAMÍLIA Tanta modéstia até tenta esconder o clã de talento sem fim dos rodrigues. Sergio Rodrigues vem de família. Jornalistas (Mário, Paulo, Augusto), desenhistas (Irene), atriz (Dulce), cineasta (Milton), além do dramaturgo, escritor e jornalista Nelson Rodrigues, de quem é sobrinho. Sobre Sergio, Millôr escreveu no prefácio do livro do designer: “Não é à toa que o nome oficial do Maracanã é Mário (Rodrigues) Filho, irmão de Nelson, tio de Sergio. Quer dizer, Sergio Rodrigues não é um cístron solitário, surgido a esmo no limbo da criatividade. Pegou de um o talento visual, do outro a capacidade de formalizar, de um terceiro a tara da individualização – roubou toda a familia. Deu no que deu”.

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Alameda das Espatódeas  no 201 – Salvador BA  Tel: |71| 3272-0535  comercial@omnilight.com.br

Marcel Wanders

para Omni Ligth

59 grupo av


marcelo negromonte | grupo av

Shopping Apipema Center Poire Paradoxus Paseo Itaigara 2o piso 71 3353-3604  e 71 9987-7439

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marcelo negromonte | grupo av

Champanheira em prata Christofle e colares Nádia Taquary

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Shopping Iguatemi  Shopping Barra  Salvador Shopping 71 3450-5925 71 3267-2334 71 3878-2979


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New York conceito viagem

Mandarin

Por  Tiago nery

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destino de conceito viagem charme

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fotos Tuca Reinés

É

na torre norte do Time Warner Center, no Columbus Circle, que está o hotel Mandarin Oriental New York. O prédio é um daqueles cujaa adequação se faz perfeita na cidade. Alto, majestoso, espelhado, imponente. Localizado na Columbus Circle, marco de Manhattan, está na intersecção da Broadway, Central Park West, Central Park South e Eighth Avenue. Está a alguns passos de restaurantes requintados, centros de compras e entretenimento, incluindo o teatro da Broadway e o Lincoln Center. É diretamente conectado com o centro comercial do Time Warner Shopping Center e se eleva sobre os escritórios e pontos de vendas, proporcionando um das melhores vistas do Hudson Park e do Central Park. O hotel possui 248 elegantes suítes, todas com vista deslumbrante da

cidade. Os quartos têm linha elegante e minimalista e, o que mais se destaca no design, são as janelas que vão do chão até o teto, permitindo ao hóspede o poder de descortinar New York. Os quartos que fazem “esquina” parecem especialmente suspensos no ar sobre o centro de Manhattan. Os banheiros são outra atração à parte, com banheiras de mármore e, nas suítes, enormes vitrôs proporcionam vista do rio Hudson e do parque. Dentre as instalações, pode-se destacar o Asiate, restaurante do hotel, projetado pelo designer de interiores Tony Chi; o Lobby Lounge, com vista do Central Park e o centro de fitness, com piscina de 75 metros de raia, além da Suíte Presidencial: palaciana por essência, cilíndrica e em vidro. Se há uma cidade para hotéis deste nível, ela certamente é New York.

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Na foto acima, um dos quartos que fazem “esquina” e parecem estar especialmente suspensos no ar sobre o centro de Manhattan Dentre as instalações, pode-se destacar o Asiate, restaurante do hotel, projetado pelo designer de interiores Tony Chi


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fotos Tuca Reinés

Na página ao lado, acima, destaque para o uso das cores em contraste com o perfil monocromático de New York

Na página ao lado, a adega apresenta toda a transparência necessária para dar charme e requinte em mais esse hotel da rede Mandarin

Ao lado, o centro de fitness, que conta com impressionante piscina de 75 metros de raia

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Tom McWilliam

conceito viagem

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The Surrey New York Tuca Reinés

Por  Tiago nery

E

le está localizado no melhor zip code de New York: Park Avenue / Madison / 5ª Avenue, próximo ao Central Park. O prédio é um original de 1928. Criado como um hotel-residência, o Surrey antigo era lar de muitas das celebridades mais excêntricas de NY... JFK, Bette Davis e Claudette Colbert eram algumas delas. Para a reforma, foram investidos cerca de US$ 60 milhões de dólares. A aclamada designer de interiores Lauren Rottet voltou as atenções especialmente para manter a integridade desta história, preocupando-se em aliá-la à modernização. Fotografias em preto e branco e obra de arte de artistas como Claus Oldemburg dividem a cena com móveis antigos em tons de prata com desenhos grafitados em preto, arte de Jimmie Martin. O Surrey é um Pet Friendly Hotel. Isso quer dizer que você pode levar o seu cachorro para se hospedar com você, basta colocar a plaquinha na porta “Pet in room”. Nos escritórios, já é comum as pessoas levarem os animais... Isso rendeu em NY uma nova profissão: os dog walkers, quem leva os dogs para passear por módicos US$ 25 dólares por hora.

No lobby do hotel, móveis clássicos contracenam com móveis modernos na construção histórica

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Tuca Reinés

conceito viagem

Tuca Reinés

Tom McWilliam

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Tuca Reinés

Tuca Reinés

Para brindar as sensações, a opção é jantar em uma das mesas do Café Boulud, do aclamado chefe Daniel Boulud

Para o hóspede, várias opções. Ele pode se entreter no jardim do terraço privado, entregandose a uma massagem relaxante no Spa

Na página ao lado, no lobby, destaque para a peça clássica com aplicação de grafite, obra do artista plástico Jimmy Martin

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Nos quartos, cores sóbrias, móveis retos e o uso clássico do branco sem chances para erro. No detalhe, acima, poltrona retrô em couro marrom

Na página ao lado, destaque para o trabalho nas portas, que mescla o clássico e o sofisticado

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Acontece no mundo New York por Lorena Ringoot 42 Rue des Lombards, 7º

New York continua sendo a cidade que nunca dorme. Na Big Apple, milhões de pessoas andam apressadamente, de um lado para o outro, buscando todas as coisas o tempo todo. E nela cabe quase tudo. Com vocês, um pouco de um dos corações do mundo! Cachoeira do Roncador

Trump Soho Hotel

ABC Kitchen O novo restaurante do famoso chefe francês Jean-Georges, dentro da loja ABC home. O chefe utiliza na cozinha os produtos orgânicos da feira mais badalada de New York, a da Union Square.

Estrada do Coco – Km 8

Union Square

Weigh To Go Pensei nos brasileiros que sempre querem pesar a mala. Acabou de ser lançado no mercado um luggage tag que pesa a sua mala. Uma ideia muito engenhosa. Para conferir o peso: www.quirky.com Ribeira Pulino’s Pizza Bar Do mesmo proprietário do Balthazar, Pastis, Minetta Tavern e Schiller’s. Quattro Novo italiano no Trump Soho Hotel

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Metropolitan Museum of Art A exposicão do momento é o Big Bambu, no terraço do museu, até dia 31 de outubro. Uma escultura imensa e interativa, pois você pode andar por ela e ver o pôr-do-sol no Central Park. Além de tudo, ainda pode desfrutar de um martini ou outros drinks com uma vista deslumbrante nesse verão. www.metmuseum.com


Amedeo É uma lojinha minúscula perdida no Upper East Side, com peças que a vovó iria adorar. Lembrei quando eu ganhei um broche clássico de camafeu (foto). E agora acabei de encontrar a nova geração... Dê uma olhada nessa arte e técnica com origem na pequena cidade italiana de Torre del Greco, na Baía de Nápoles, onde conchas do mar e corais são lapidados para formar broches, anéis e outras pecas. Lojas em NYC, Itália e Japão.

Lady M Cake Boutique Uma lojinha linda só de tortas. A pedida principal da casa é o “mil crepes”, uma torta difícil de encontrar e muito cotada na área. A decoração é perfeita: toda em mármore, vidro e tons de branco, bem simples, voltando toda a atenção para as maravilhosas tortas. www.ladymconfections.com

Editions De Parfums - Frederic Malle Para quem gosta de perfumes de verdade, aqui é o paraíso. Os perfumes são de outro mundo, veja pelos nomes... Une Rose (Uma Rosa) é o cheiro de uma rosa de verdade com cheiro de terra, trufas e rosa da Turquia. Dans tes bras (Nos seus braços)... Não precisa falar mais nada... French lover (O amante francês) todo mundo gostaria de ter um... Cada perfume é criado por um artista perfumista traduzindo a linha de perfumes em uma seleção complexa e inesquecível. O detalhe especial da boutique são cilindros onde você entrar para sentir o seu perfume favorito no ar. www.editionsdeparfums.com Central Park Marea O templo do crudo e dos frutos do mar. O restaurante tem um menu à la italiana e funciona em um ambiente que, definitivamente, é refinado.

Wurkin Stiffs Uma nova linha de collar stays e abotoaduras. Alegres e feitas por um designer americano que mora no Japão, elas podem ser encontradas na Bloomingdale’s. www.wurkinstiffs.com

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Madison Avenue

Rio Paraguaçu

Solange Azagury-Partrigde É uma pequena joalheria muito especial. A designer é uma inglesa que faz peças únicas, criativas e bem humoradas. Ela também lançou um perfume muito especial chamado “Stoned”, que tem duplo sentido. A tradução seria “pedra”, mas em gíria quer dizer “ligado”. O humor está em muitas de suas criações. Uma das mais conhecidas é o “Hot Lips” ou “lábios quentes”, um anel que tem uma edição RED para ajudar a campanha da Aids na África. A nova coleção para noivas se chama “Tough Love”, mais uma coleção cheia de criatividade. Os diamantes são totalmente demais... Os anéis Withcy e Solaris, em ouro branco e diamantes, são peças únicas. O Union Jck - a bandeira inglesa também é um anel muito astral. Vale a pena conhecer a coleção dessa artista e visitar a loja super cool na Madison Avenue. www. solangeazagurypartrigde.com


conceito viagem

Hotel Fasano Por  andréa velame Por  romulo fialdini

Ipanema já foi versada e cantada. Nos anos 1960, a cultura era embalada ao som do mar e as garotas enchiam as calçadas de charme e beleza. Aqui, é impossível não se apaixonar!

O

Hotel Fasano Rio de Janeiro combina charme e sofisticação. Localizado no coração de Ipanema, no endereço mais cobiçado do Rio, com design moderno e serviço eficiente, foi projetado pelo badalado arquiteto e designer Philippe Stark. Tudo no hotel, desde os móveis estilo anos 1950 e 1960, até os uniformes vintage criados por Ocimar Versolato, foi pensado para repercutir a gloriosa época da Bossa Nova, os anos dourados de Ipanema, quando o bairro florescia como o mais charmoso do Rio. Um capítulo à parte do hotel Fasano é, sem sombra de dúvidas, a vista privilegiada da Praia de Ipanema, do morro dois irmãos, do Cristo Redentor. Elementos que nos fazem reiterar a beleza singular da cidade maravilhosa! Salvador em breve será um dos endereços onde o Grupo Fasano se prepara para aportar. Até lá. Ou aqui.

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Tuca Reinés

destino de conceito viagem charme

O corredor do hotel se apresenta em forma geométrica com clássicos do design, como a poltrona UP-5, do designer Gaetano Pesce, logo acima

Madeira, vidro, mármore e pedras foram utilizados nos móveis e nos pisos da construção de oito andares. Ao invés de paredes, cortinas brancas

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O Hotel Fasano Rio de Janeiro exibe uma grande coleção de móveis de Sérgio Rodrigues e designers clássicos internacionais. Chique e aconchegante

O Hotel Fasano faz parte do conceituado grupo “The Leading Small Hotels of the World”, sendo um dos mais luxuosos e badalados do Rio de Janeiro

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conceito viagem

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marcelo negromonte | grupo av

Shopping Boulevard 161 Salvador BA Tel: |71| 3354-3232

Eu adoro ser Única Adélia Estevez para

Única Persianas

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conceito viagem

Hotel Santa Teresa Por  andréa velame fotos  tuca reinés

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A piscina de borda infinita com desenho orgânico proporciona aos hóspedes o deslumbre do mais variados tons de azul no belo mar caribenho

A

berto em setembro de 2008, o Hotel Santa Teresa fica em um casarão tombado da antiga Chácara dos Guimarães, datada de 1850. Em um espaço de 4.000 m2, cercado por jardins tropicais, palmeiras e árvores frutíferas, a visão alcança a Baía de Guanabara, o Cristo Redentor e as montanhas da serra de Teresópolis. Depois de três anos de recuperações, o estilo original do casarão foi cuidadosamente preservado para abrigar o lobby e os 44 apartamentos personalizados. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo escritório de Camacho & Bittencourt. Todos os detalhes foram pensados para garantir conforto e requinte, com um tom de brasilidade. O projeto de interiores é assinado pelo francês François Delort, que soube mesclar características africanas com elementos do nordeste brasileiro. A coleção de peças foi criteriosamente selecionada e passeiam entre móveis do designer carioca Sérgio Rodrigues e o artesanato mineiro da Ophicina de Agosto.

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conceito viagem

A escolha dos artistas plásticos e designers inspiram um ambiente ecoétnico

muitas fibras de coco, bananeira, barro, ardósias e madeiras de lei. Elementos diferentes personalizam cada um dos quartos, criando uma experiência única

No lobby do hotel, na página ao lado, destaque para a poltrona Diz, do designer carioca Sérgio Rodrigues

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reconhecimento

Relais & Châteaux

N

o começo de janeiro, a associação de hotéis de charme Relais & Châteaux, criada na França em 1954, anunciou seus mais novos membros. São seis e, entre eles, o primeiro hotel no Rio de Janeiro com este selo: o Hotel Santa Teresa. A rede Relais & Châteaux tem uma coleção exclusiva com mais de 480 hotéis de charme e restaurantes em 58 países. No Brasil, apenas a Pousada Estrela D’Água, na Bahia, e o Resort Ponta dos Ganchos, em Santa Catarina, integram o grupo, que tem como característica principal uma mistura especial de sofisticação e regionalismo, como é o caso do Hotel Santa Teresa, cujos ambientes refletem fortemente a cultura brasileira. Na França, por exemplo, um dos membros é o Château de La Chèvre d’Or, na Riviera francesa, onde a porcelana Limoges convive com a rusticidade do castelo medieval. Para ingressar no grupo, a seleção é rigorosa.

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conceito viagem

Nos jardins, foi instalada uma piscina com 25 metros de raia, revestida de ardósia verde lustrada, reiterando mais uma vez a preocupação de não agredir a natureza

O elemento contemporâneo foi inserido de forma absolutamente neutra, para que não concorresse com a deslumbrante vista da Baía de Guanabara

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Bahia • Sergipe • Alagoas |

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3205-5000


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Nas suítes principais, móveis e revestimentos em madeira. Algumas varandas contam com vista do jardim e vista para a Baía de Guanabara

destino de charme

Mama Ruisa Por  andréa velame fotos  marcelo negromonte

U

m endereço com inspiração franco-brasileira, um hotel de charme em Santa Teresa, com 7 apartamentos, uma experiência singular para aqueles que buscam privacidade e clima de casa. O mobiliário das décadas de 1950 e 1960, exemplares originais dos designers Sérgio Rodrigues e Ricardo Fasanello, misturam-se a louças de família. Um carioca com sotaque francês ou um francês com sotaque carioca. Pode escolher, tanto faz. O café da manhã à borda da piscina e à sombra das palmeiras, com pássaros e paisagens paradisíacas, torna o Mama Ruísa um local acolhedor para sua estada no Rio. Privacidade, simplicidade e conforto certamente definem a linguagem do Mama Ruisa. A casa, elegante e sofisticada, está situada no coração de Santa Tereza, oferecendo diversas vistas deslumbrantes da Baía da Guanabara e à curta distância dos principais pontos de interesse da cidade. O recuo do terreno, que corta duas ruas, formando um vértice na esquina, descortina o bairro em diferentes vistas.

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Acima, detalhes da sofisticação do hotel. A localização, também privilegiada, permite aos hóspedes deslocarem-se pelo Rio de Janeiro sem maiores problemas. O hotel está próximo cerca de 20 minutos do aeroporto internacional, a 15 minutos das praias de Copacabana e Ipanema, 10 minutos do centro histórico (Convento de Santo Antônio, igrejas históricas, centros culturais, centro de lazer da Lapa e diversas outras opções) e da Lapa, o coração das casas de samba e da boêmia carioca, onde coabitam o alternativo e o sofisticado. Há opções para todos os gostos

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~ Gastronomia ~

Por  nyala cardoso, Thaís muniz & tiago nery

A

lguns dias de Rio de Janeiro e muitas experiências sensoriais. Dizemos sensoriais porque não se tratava tão somente de paladar, um único sentido. Todos os cinco eram explorados. Desde o visual, elementar, perpassando pelos jogos de talheres no tato, o cheiro despertando o olfato, até a audição, que se embebia da sonoridade de nomes e explicações pra lá de indispensáveis, desde agora. Segundo Vidts, “os hábitos culinários de uma região são o melhor caminho para conhecer sua herança cultural.” E, no Rio, foi assim, provou por que foi capital do Império. Vidts completa: “comida não mente jamais.” Alguém contestaria?

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Alessando & Frederico

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ara acabar em Pizza, nada como o Alessandro & Frederico, uma pizzaria (bem) “nascida e criada em Ipanema”. Além das tradicionais, feitas com primor, o Chef Gennaro Cannone criou as pizzas Bianches, que não levam molho de tomate e, por isso, são mais leves. Coloquem na lista a de camarão com aspargo fresco, queijo pecorino e rúcula. É divina! De sobremesa, a pizza de Nutella com pêra ao vinho dispensa comentários. E há ainda as gourmet, todas inéditas e feitas com ingredientes exclusivos como a Tarfutada, que leva mozarela de búfala, queijo stracciatella e lascas de trufa negra. Troppo Buonno! Eco! Rua Garcia D’Ávila, 151 – Ipanema. Tel: 21 2522-6025 e 21 2522-5414 São Conrado Fashion Mall - Estrada da Gávea, 899/ loja 101 D, São Conrado. Tel.: 21 3322-1455 e 21 3322-4777. www.alessandroefrederico.com.br

Prima Press

Aprazível

A

o adentrar o restaurante Aprazível, localizado no charmoso bairro de Santa Teresa, à rua Aprazível, número 62, tem-se a sensação de chegar a um pedacinho de floresta sofisticada. Talvez seja pela quantidade de árvores frondosas e centenárias, ambientação aconchegante, com gazebos e palafitas de madeira e móveis feitos sob medida para aquele local, que tem como vista a Baía de Guanabara. Mesclando os sabores múltiplos da culinária brasileira, o cardápio foi construído de forma que privilegia os produtos naturais. A pupunha, por exemplo, é uma forte aliada do cardápio Aprazível. A palmeira amazônica, diferente das demais espécies de palmito, é considerada ecológica porque, mesmo depois de cortada, ela brota e cresce. O restaurante, projetado em ambientes diferenciados, se divide em vários níveis: primeiro pátio, segundo pátio, salão, bar, gazebo, palafitas, varanda e cachaçaria. Uma vez instalado, vale a pena experimentar as variações que a culinária brasileira tem a nos oferecer. Rua Aprazível, 62, Santa Teresa. Telefone: 21 2508-9174 e 21 2507-7334 Horário: 12h/1h (dom. 12h/19h; fecha seg. Lugares: 160

Érik Barros Pinto

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Astor

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ão bastava estar localizado numa charmosa esquina da Avenida Vieira Souto e ser o único bar frente-mar de Ipanema. O Astor trouxe para a capital carioca todo o charme que o faz um dos pontos de encontro mais badalados de São Paulo. Inspirado nas antigas brasseries, o bar respira boemia, da mesa à decoração. O chão de ladrilhos e as paredes repletas de espelhinhos e fotografias dos bares mais tradicionais do Rio de Janeiro – uma homenagem à noite carioca – criam uma atmosfera envolvente. No cardápio, pratos que agradam gerações como a Feijoada e o generoso Picadinho que fez fama no Astor. Para bebericar, há toda a coqueteleria clássica ou você pode provar um drink especial como o Vésper, criado pelo espião James Bond em “Cassino Royale”. Ipanema ainda é, no Rio de Janeiro, um daqueles lugares que preservam o espírito, a alma e o jeito de ser do carioca. Poucos lugares são tão agradáveis para beber algo do que um bar a beira mar, em Ipanema. Avenida Vieira Souto, 110 – Ipanema. Telefone: 21 2523-0085 Horários: ter a qui 18h às 2h. sex e sab 12h às 3h e dom 12h às 19h Lugares: 289 lugares

Daniel Jacob

Bar dos Descasados

S

ob os arcos da senzala duma histórica fazenda colonial - onde hoje impera o Hotel Santa Teresa -, acomoda-se o gostoso e aconchegante Bar dos Descasados. Decorado com camas dossel e móveis de madeira natural, o bar convidava, quase dengoso, a nos atirarmos ali para bater papo. Resolvemos fazer um “esquente” ali antes de sair para bailar, bebericando alguns drinks exclusivos. O ambiente era tão agradável que nem vimos o tempo passar e a noite acabou sendo ali mesmo. Uma delícia! Não é à toa que o lounge se tornou um dos points da cidade maravilhosa! Destaque para as cores, e, para a iluminação, que fazem deste bar um local cênico, seja para estar com amigos ou a dois. Rua Almirante Alexandrino, 660, Santa Teresa. Tel: 21 3380 0240 Horário: 12h/0h (sex. e sáb. até 1h). Lugares: 100

Tuca Reinés

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Londra

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epois da certeza de estar hospedado em um dos melhores endereços do Rio de Janeiro, o Hotel Fasano, soubemos do Londra, já existente no endereço paulistano do Hotel. Lounge Bar e Baretto, com ambiente intimista, abre todos os dias resgatando o rock clássico, além de oferecer pockets shows com programação variada. O menu oferece drinks incríveis e a cozinha, comandada pelo chef Luca Gozzani, traz algumas delicinhas que pedem para ser degustadas. A decoração das paredes fica por conta das capas de LP´s clássicos do rock´n roll e poltronas super confortáveis. No fundo do salão a bandeira da Inglaterra, em cores Fluminenses, te dão a certeza de estar no Rio de Janeiro. Romulo Fialdini

Avenida Vieira Souto, 80 – Ipanema. Telefone 21 3202-4042

Tèréze

S

ofisticado e casual, o Térèze, restaurante do Hotel Santa Teresa, é frequentado pela alta sociedade Carioca e tornou-se referência gastronômica do Rio de Janeiro. A harmoniosa mistura entre madeira de demolição e aço cria uma decoração EcoChique e a cozinha, assinada pelo Chef francês Damien Montecer, traz a saborosa culinária francesa com um toque que Brasil. E, para quem quer algo mais exclusivo, o restaurante prepara um jantar a velas num charmoso gazebo ao ar livre, na beira da piscina, debruçado sobre a Baía e as infindáveis luzes da cidade do Rio de Janeiro. Um espetáculo à parte. O restaurante fica em uma parte mais baixa do terreno principal do Hotel Santa Teresa. Para entrar no restaurante, pode-se ir pela parte de baixo, pelo outro lado da entrada principal, na rua paralela. Os móveis são de madeira, com linhas simples e tons naturais, que completam a vista do alto do Rio... Rua Almirante Alexandrino, 660, Santa Teresa. Telefones 21 3380 0200 e 21 2222 2755 Horário: 12h/16h e 20h as 0h (sex. e sáb. até 1h) Lugares: 120

Tuca Reinés

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Olympe

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entamos à mesa do restaurante Olympe, comandado pelo Chef Claude Troisgros, idealizando um manjar de deuses. Modesta aspiração. A experiência daquela noite foi além. Transcendeu toda e qualquer fantasia que a imaginação pudesse alcançar. O Menu Confiance não se anunciava, fazia mistério. E, a cada surpresa, os olhos se fechavam involuntariamente, levando à convicção de ser insuperável aquele inédito sabor. Novo ledo engano. Não tão somente um, mas todos os sentidos eram continuamente surpreendidos, numa alquimia de sensações. Sob cuidadosa explicação

do Chef Tomás Troisgros, filho de Claude, começamos a degustação pelo Amouse-Bouche, nem de longe um simples creme de milho. Logo, o Mil Folhas de palmito pupunha com ceviche de vieiras, mousse haddock e ovas de salmão mesclava diferentes texturas e sabores. Uma espuma de batata com Bacalhau Imperial ao azeite de trufas brancas que dissolvia na boca antecedeu o Ravioli de batata baroa com pinoles e flor de sal. Divin, divino! Em seguida, Filet de Cherne com banana caramelada e foie gras e o Canon de Cordeiro envolto com shitake ao molho de açaí e batata souflée, que nos deixou sem palavras. Para

finalizar, Fondant de chocolate ao leite com frutas vermelhas e o inexplicável Crepe Passion com calda de maracujá. Tudo sob cuidado de um atendimento impecável e perfeita harmonização, com merecido destaque ao Côte Roannaise, bendito vinho Gamet, para nossa surpresa (mais uma), produzido pela família Troisgros, na França. Ah, se pudéssemos, neste exato instante, reviver aquela degustável poesia... “Foi, indiscutivelmente, a melhor experiência gastronômica da minha vida”, declarou Andréa. “Aqui é o céu?!”, brincou Thaís. A todos nós restou uma insistente indagação: como viver sem Claude Troisgros?!

Rua Custódio Serrão, nº 62, Jardim Botânico. Telefone: 2539-4542 Horário: 19h30/0h30 (sex. almoço 12h/16h e jantar normal; fecha dom) Lugares: 44. www.claudetroisgros.com.br

Alexander Landau Adriana Lorete

Alexander Landau

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CT Brasserie

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CT Brasserie, inaugurada em novembro de 2008, tem o conceito das tradicionais brasseries parisienses, que aguçam o espírito bom vivant e o lado gourmet da vida. Um ambiente sofisticado e informal de perfume art noveau, onde nós, após nos deliciarmos com o que líamos no cardápio, observávamos a leveza artística com que os pratos eram preparados, porque lá a cozinha é aberta. A cortina de vidro permitiu que nos deleitássemos sobre o mar de verde da Pedra da Gávea. No grande espelho do salão, letras em cores de bandeira francesa anunciavam a sugestão do chef que Troisgros sabiamente importou da França para comandar aquela equipe: Didier Labbé. Ao final das entradas era engraçado ver como cada um tinha a certeza de que o seu era o melhor e, na verdade, o erro era algo que passava longe dali. Depois do luxo dos pratos principais, que passearam entre risottos e bife de chorizo, já não remanescia qualquer suposta dúvida: realmente, não dá mais para viver sem Claude Troisgros.

Estrada da Gávea, nº 899, Gávea – São Conrado Fashion Mall Tel: 21 3322-1440. Horário: 12h/11h30 (sex. e sáb. até 12h30). Lugares: 84

Adriana Lorete

Celeiro

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rinta anos já se passaram desde que a matriarca Rose Herz e suas filhas, Lúcia e Bia, produziram as primeiras fornadas de um bolinho de cenoura que eram vendidos, a princípio, nas areias de São Conrado. A partir daí, abriram uma delicatessen no Leblon, que em pouco tempo se tornou o badalado Celeiro. A clientela cativa passa desde celebridades globais a descolados e moderninhos que vão à rua Dias Ferreira, no Leblon, em busca de alimentos saudáveis e gostosos. Não é difícil supor o porquê do sucesso: o grande bufê exibe misturas criativas e coloridas, feitas com verduras, legumes e grãos controlados pelas proprietárias, que estão sempre atentas às misturas e às possibilidades de oferecer o melhor em alimentos orgânicos. Rua Dias Ferreira, 199, Leblon. Telefone: 2274-7843 Horário: 10h/18h (fecha dom). Lugares: 60

Nana Moraes

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Eça

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m pleno centro do Rio de Janeiro, na Avenida Rio Branco, no subsolo da loja da H. Stern, está instalado o Eça. Ponto de encontro dos executivos da região, o restaurante tem a elegância despretensiosa daqueles que, mesmo apressadamente, sabem apreciar um bom menu. O cenário remete à elegância do escritor português Eça de Queiroz que, além de boas palavras, cultivava os prazeres também da boa mesa - e dos vinhos, como não... Por esse cenário, abaixo do frisson de um centro comercial de uma das maiores cidades do Brasil, circulam as criações do belga Frédéric De Maeyer. Ele faz receitas próprias e de bela apresentação, seguindo a clássica escola francesa sem perder de vista ingredientes e tendências da gastronomia contemporânea. Nos deliciamos com um menu degustação acompanhado de harmonização: vinhos certos para cada prato. Um luxo ofertado a poucos, reconhecemos. Como sugestões de entrada: salmão em vienoise de wasabi com macarrão de palmito pupuia fresco e molho thai. No prato principal, aproveite o clima marítimo do Rio e vá de Bacalhau do Eça com batatas ao forno e alho poró. Mas, não se preocupe: há novidades incluídas diariamente no cardápio. A experiência não é completa sem as sobremesas feitas com chocolate belga, mais uma especialidade do cozinheiro. Pot au chocolat se trata de um souflé de chocolate quente com sorvete de baunilha. É de comer rezando. Pra finalizar em grande estilo, lembre-se que estamos falando do Centro, portanto, não arrisque ir de carro, pra não pagar o pecado antecipadamente. Avenida Rio Branco, 128, Centro. Telefones: 2524-2401 e (21) 2524-2399 Horário: 12h/16h (fecha sáb. e dom). Lugares: 85

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Thaís Muniz

cool hunter

Birô de estilo

Branco, estampe o preto!

B

ranco, estampe o preto. Típico duo que nunca fica démodé, preto e branco se encaixam e quase nos fazem esquecer que um é ausência de cor, e o outro, ausência de luz. Ausência nada. Não falta nada. O encaixe deles é perfeito, e o resultado é uma pandemia de estampas, sketchs, patterns e rabiscos que deixam rastros.

Ashley Rowe A estilista Ashley Rowe criou uma edição limitada de estampas de nome Splatter T Paint, onde ela trabalha com respingos de tinta em T-shirts, meias, blusas, blazers, e o resultado é lindo!  www.ashleyrowe.com

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Poltrona Lovers A poltrona Lovers recebeu uma nova estampa, criada com exclusividade pela dupla do Mulheres Barbadas para a MiCasa. A Lovers tem um sistema de som integrado para ser plugado ao iPod. Os braços têm caixas lateriais, enquanto os subwoofers, instalados sob o assento, proporcionam uma experiência incrível para ouvidos apurados. Essa nova versão tem ainda uma entrada de energia, que é ideal para laptops e celulares. Fantástico! www.micasa.com.br

Brian Atwood Ex-Versace, o designer Brian Atwood tem uma relação quase espiritual com os calçados que cria. São irresistíveis e com “Efeito Cinderela”: transformam o rosto da mulher que desliza os pés sobre eles. Are majestics!

Paper Chair Mathias Bengtsson Criada por Mathias Bengtsson, a Paper Chair é resultado de um processo artesanal e digital ao mesmo tempo. Milhares de folhas de papel estão em camadas, sem nenhuma estrutura interna para criar a escultura são apenas folhas e parafusos. Fusion entre arte, artesanato e design

www.brianatwood.com

www.bengtssondesign.com

Emilio Pucci Bag Com uma pegada rocker, a bolsa de alças metálicas foi desenhada por Peter Dundas para Emilio Pucci e faz parte da pré-coleção “Italian riviera”, primavera/ verão 2010. www.colette.fr

Fixin’ the world Os designers da Studio Selab criaram uma caixa de ferramentas pra lá de estilosa. Toda em madeira e pintada a mão, tem ainda mais estampa surpresa no interior. www.seletti.it

Discus O artista plástico Tofer Chin, de Los Angeles, foi convidado pela trendsetter e designer de interiores Kelly Wearstler para desenvolver uma pintura nessa escultura em tamanho real de um atirador de discos. www.toferchin.com

Commode Buffet Louis XV O clássico xadrez preto e branco desta vez foi aplicado sobre este móvel, que tem desenho de cômoda, enquanto releitura de cômoda antiga, e serve também como móvel buffet. Destaque para os apliques em dourado nas laterais em forma de afrescos www.shopad.net

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Prada Alphabet A Prada se uniu ao escritório francês M/M e criou o Pradalphabet: série limitada de t-shirts, com letras que formam o nome da marca. Cada peça vem com uma caixa que contém um livreto com os detalhes das 26 letras do alfabeto.

Wrecking Ball Lamp Feita em bronze sólido, foi criada pela dupla do Studio Job e faz parte de uma coleção que teve como inspiração a indústria, surgindo guindastes, mascaras de gás e avisos de alerta com muito mais estilo.

www.prada.com

www.studiojob.nl

Jimmie Martin Conheci o trabalho da dupla Jimmie Karlsson & Martin Nihlmar através do hotel de luxo The Surrey, em Nova York. Eles fornecem um showcase super eclético que combina o decadente e peculiar com o nostálgico e urbano. Há uma coerência rara de peças sofisticadas, ajustadas a elementos de design sexy e moderno.

Kadrega Os designers da Studio Selab estilizaram a simples cadeira dobrável ao aplicar sobre ela a estampa clássica da Chanel de Pied de Poule.

www.jimmiemartin.co.uk

www.seletti.it

Martin Margiella A francesinha Lês Ateliers Ruby convidou Martin Margiela para assinar à nova estampa da marca, com desenho de cada um dos funcionários da Maison. O resultado foi um ar de sketch em capacete antigo. www.boutiqueruby.com

Fornasetti O designer italiano Piero Fornasetti (1913-1988) levou objetos do cotidiano ao máximo do estilo. A série mais famosa é a “Tema & Variazioni”: um enigmático rosto de mulher foi escolhido como arquétipo clássico. A musa é Lina Cavalieri, soprano de ópera italiana do século 19, que teve seu rosto impresso em mais de 500 variações, dentre cinzeiros carrinhos, guarda-chuva, bandejas e etc. Barnaba Fornasetti, filho do mestre, dá continuidade à criação. Emilio Pucci Peter Dundas imagina a mulher Pucci como um fã de rock nômade ", um pouco selvagem. Para esta coleção, ele é inspirado por silhuetas dos anos 70 www.pucci.com.br

www.fornasetti.com www.poeiraonline.com

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Blusa – Vitorino Campos Short – Juliana Jabour Acessorios – Fabrizio Gianone

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Super Bacana por Tiago nery edição de moda josé almir jr. & marcelo gomes fotografia  michel rey

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Nas calçadas, de Ipanema ou de Copacabana, eis que surge a nossa Superbacana. Como os tais estilhaços sobre Copacabana, musicados por Caetano Veloso, ela é o mundo em Copacabana! Alguém negaria que é tudo em Copacabana, Copacabana? E não é só: o mundo explode longe, muito longe, o sol responde, o tempo esconde, o vento espalha e as migalhas caem todas sobre... Copacabana, me engana... E ela, Superbacana, vai sonhando, até explodir colorido, no sol, nos cinco sentidos... Nada no bolso ou nas mãos!


Vestido – Botswana Cinto – Corporeum Brincos e anéis – Fabrizio Gianone Pulseira – Iódice Sapato – Abx Contempo

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Vestido – Shop 126 Brincos e pulseiras cristal – Trudy´S Pulseiras Copacabana – Francesca Romana Sapatos – Mara Mac Bolsa – Fabrizio Gianone


Jaqueta e Bermuda – Forum Regata – Corporeum Sapato – Francesca Giobb para Paradoxus Brincos –Abx Comtempo

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Top – Corporeum Blusa de Renda – Collci Calça – Ellus Pulseiras – Francesca Romana Brincos – Abx Contempo


Jaqueta - Armani Jeans para Paradoxus Body - Botswana Sapatos - Corporeum Pulseira Copacabana e colar - Francesca Romana Pulseiras cristal - Trudy´S

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Calca - Alphorria Blusa e bolsa - Mara Mac Sapatos - Abx Contempo Brincos - Trudy´S Pulseira e pingente de chifre - Francesca Romana

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Top – Cavendish Saia, sapatos e bolsa – Puramania Acessórios – Fabrizio Gianone

Ficha técnica • Beleza Ricardo Brandão • Arte e tratamento de imagem Rodrigo Andrade – Estúdio Roda • Modelo Amanda Gresser –Mega Model Brasil

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Blusa e faixa – Luciana Galeão Saia – Cavendish

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ÓCULOS O modelo preferido de Zanini é o aviador. Ele usa um modelo reestilizado da Gucci

COMPANHIA A máquina fotográfica é companheira inseparável de Zanini de Zanine. Seja no cotidiano, sejam nas viagens

COLADO O que não desgruda de você no cotidiano? “Música!”

conceito close

Zanini de Zanine Ele cresceu em um universo onde a criação sempre esteve sentada à mesa. Filho do arquiteto autodidata José Zanine Caldas, é designer da marca Doiz. Esse garoto carioca de trinta e poucos anos é um dos grandes designers da cena brasileira. Timidamente belo, herdou do pai uma inquietação natural, que lhe rendeu diversos prêmios. Sua simplicidade encanta. Dá uma olhada... POR  thaís muniz  foto / still marcelo negromonte

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O QUE TOCA? Ultimamente, tenho ouvido PhoenixLisztomania (foto), The Strokes , Luís Melodia acústico...


obra de arte? “Gosto muito desta minha escultura e do escultor Sergio de Camargo”

COLEÇÃO Zanini sugere uma coleção adequada ao seu ofício. “Gostaria de colecionar assentos. Poltronas, cadeiras, bancos...”

souvenirs “Meus melhores souvenirs de viagens são as fotos mas na última ida ao Salão de Milão, passei em Veneza na volta e trouxe uma metro estilizada, muito bacana”

LIVROS & EMOÇÃO “Um livro de que gosto muito é o Móvel Moderno no Brasil de Maria Cecília Loschiavo. É uma pesquisa muito consistente sobre o mobiliário brasileiro. Me emocionei quando Sérgio Rodrigues – com quem estagiei por um ano – me deu o livro sobre o trabalho dele com dedicatória

PREFERIDO Um dos móveis preferidos de Zanini de Zanine é a poltrona Voido, do designer israelense Ron Arad PERFUME Que cheiro ele tem? “Tô usando Issey Miyake”

FILME PARA PENSAR “A Goodbye Bafana assistiria mais de mil vezes. Relata a amizade do Mandela com o carcereiro dele. Muito bom pra repensar sobre tolerância...”

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conceito passaporte

Bem mais Berlim

“Aqui não é a Alemanha”, me avisou um amigo que, há oito anos, trocou a cidade natal por Berlim e não aceita devolução. De fato, a impressão que dá é de que aquela cidade está perdida num universo paralelo. Não pertence a país algum. Andar pelas ruas cinematográficas, passar um domingo entre o mercado de pulgas e o famoso karaokê do Mauerpark ou ir à Parada Gay sob um sol quente, às nove da noite, e levar cantada de um policial, dão a sensação de se ter encontrado a liberdade em estado bruto. Muito mais do que a besta liberdade de andar por onde quiser e vestir o que quiser. É coisa que só quem ergueu e derrubou um muro pode entender.

Por  joana rizério

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Tacheles

A Torre de Babel da modernidade fica lá

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acheles, em hebraico, significa comunicar-se. E nada mais adequado do que falar de comunicação no centro cultural mais famoso e interessante de Berlim, a capital mundial da arte urbana contemporânea. No meio do Mitte – antigo bairro judeu e ponto de encontro de amantes da arte – o Tacheles funciona em um prédio que foi sede de escritórios da administração do partido nazista, na charmosa Berlim oriental. O prédio foi ocupado no ano se-

guinte à queda do muro por um grupo de jovens artistas de várias partes do mundo. Rapidamente, cada canto do Tacheles se transformou em uma galeria. Uma das que merece destaque é a de Tim Roeloffs, artista holandês que faz colagens com recortes de fotografias, rostos famosos, filmes e todo o tipo de objeto bidimensional possível. O resultado impressionou até Donatella Versace, que firmou uma parceria com Tim e fez quatro vestidos estampados com seus quadros.

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De fora, o centro cultural inspira pura anarquia, e isso é constatado no instante em que se passa pela porta. Não existe controle, porteiro ou ingresso. Paredes absolutamente repletas de cartazes, pichações, janelas quebradas, escadarias mambembes: tudo indica que se pode seguir em frente, embora não exista qualquer tipo de aviso pelos andares. “Você pode entrar em qualquer lugar, desde que a porta esteja aberta. Esta é a única lei aqui”, explicou um jovem que passava.


Q

Frida Kahlo volta às origens Maior exposição da história da artista é montada em Berlim

Fotos Joana Rizério

Joana Rizério

uem poderia imaginar que a mais latina das pintoras, Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, mais conhecida como Frida Kahlo, era filha de um alemão? Não por isso, a inquieta Berlim, capital da Alemanha, foi a cidade escolhida para abrigar a exposição Frida Kahlo Retrospective, a maior já feita sobre sua obra. A mostra traz mais de 120 pinturas e desenhos da artista que, combinando altas doses de cor e dor, tornou-se a pintora mais importante da primeira metade do século XX. Obras nunca vistas e algumas que chegaram a ser consideradas perdidas estão na mostra, que tem destaque para o último trabalho da artista, mostrado pela primeira vez nesta exposição. Assinada pela curadora Helga Prignitz-Poda, Frida Kahlo Retrospective está em exibição no museu Martin Gropius Bau até 9 de agosto. Entre 1° de setembro e 5

Não se reprima!!! Purpurina. Confete. Peruca. Pluma. Bemvindo à melhor parada gay do mundo!

É

na Bradenburger Tor, um dos cartões postais mais lindos de Berlim, que a Christopher Street Day Parade – ou, simplesmente, a Parada Gay de Berlim – acontece. Em junho, no altíssimo verão europeu, sob um sol de invejar os trópicos, dá até para ver trio elétrico, no melhor estilo de carnaval soteropolitano. Estandes de comes e bebes e ambulantes vendendo todo tipo de acessório louco abastecem a multidão, que só quer saber de desfilar, beber, rir e dançar sem parar. O raro bom humor de quem só sente o sol queimar dois meses por ano é a senha para uma das festas mais bonitas do verão em Berlim.

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de dezembro, parte da exposição será exibida no Bank Austria Kunstforum, em Viena, Áustria. Depois que Hollywood popularizou a vida da pintora no filme Frida, de Julie Taymor (2002), o mundo inteiro se identificou com as cores, a personalidade, o humor, a angústia e a riqueza de detalhes na obra e na vida da mexicana. Dá para entender o impacto da arte de Frida no livro de assinaturas da exposição – são centenas de desenhos e declarações de amor à artista, feitos em todos os idiomas possíveis, por mulheres e homens de várias idades. O famoso acidente entre um trem e o bonde em que Frida, aos 18 anos, viajava, marca o início da sua vida como pintora. Com sérias lesões por todo o corpo, sobretudo na coluna, Frida passou meses em uma cama, usando um colete ortopédico que foi sua primeira tela. E este colete, pintado por Frida, também está na exposição.

Pasme com o Sandsation Não é escultura, é monumento!

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excelente e intraduzível título para o festival de esculturas gigantes de areia, Sandsation – algo como “sensação de areia” –, não deixa a desejar quando se vê do que se trata. As obras de mais de 5 metros de altura, esculpidas por diversos artistas de todo o mundo, deixam os mais de 120 mil que visitam a exposição todo ano boquiabertos e cheios de perguntas – afinal, eles co-

meçam a fazer por cima ou por baixo? E como é possível areia virar isto? Realmente, é tanto detalhe que, se a areia fosse branca, passaria por escultura de mármore. O imperdível International Sand Sculpture Festival acontece todos os anos desde 2003, sempre durante o verão. Em 2010, as esculturas ficam no espaço aberto O2 World até o dia 29 de agosto. Mais informações no site: www.sandsation.com

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IN LOCO

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Cliente baiano, arquiteto paulista, residência carioca por ANDREA VELAME fotos Romulo fialdini

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ma escultura em mármore, colunas em acrílico maciço recebem vaso de murano da Passado Composto . Um projeto atemporal, mesclado com muita sofisticação, características do arquiteto Roberto Migotto, quem transita com absoluta maestria pelo estilo. Um casal de baianos, com arquiteto paulista, escolhe o Rio de Janeiro como endereço para sua residência. Dois apartamentos foram integrados para prevalecer o conforto de grandes áreas. Apaixonados por arte, arquitetura, antiquariato e design, este apartamento foi elaborado para receber amigos com o que existe de melhor no segmento das artes decorativas. Ao lado, console Alberto Moraes, com poltronas de estilo Renée Behar.

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IN LOCO

Acima, porta desenhada pelo arquiteto, espelho Luís XV, banco TSÉ, da Érea, e tela de Daniel Senise só reiteram a paixão do proprietário pela arte

Poltrona estilo Ivy recebe seda cinza, criando o contraste do clássico com o contemporâneo. O sofá Arne B&B Itália em tecido brocado branco

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Um sofá em seda branca, de estilo Renée Behar, é ladeado por uma mesa Gueridon Império Ivy com candelabro bronze aplicado com cristais

O café da manhã é o grande privilégio deste apartamento. Na mesa, destaque para o o arranjo em rosas brancas no vaso ânfora Saint Louis

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IN LOCO

No detalhe, mesa Saarinen, customizada por João Migotto, em lâmina de ouro, recebe coleção de adornos e abajur em murano Renée Behar

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Poltrona Hans Wegner divide a cena com tela de Ianeli


IN LOCO

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A mesa de jantar

IN LOCO

Rosas brancas e vasos de cristal

em resina poliéster branca tem 4m x 1.8m. Ela recebe 10 cadeiras com capa e poltronas de estilo na cabeceira. Um lustre antigo de Juliana Benfatti faz parte da composição do jantar, que recebe tela do artista Antônio Dias

modelo Ânfora Saint Louis complementam o cenário irretocável do Rio de Janeiro. Na página ao lado, tela de Antônio Dias, com lustre antigo de Juliana Benfatti, cria pano de fundo para o jantar

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IN LOCO

Tons neutros caracterizam os quartos de Roberto Migotto. Para este projeto, utilizou revestimento adamascado nas paredes e o banco Apolo

Acima, chaise Ela em couro, da Montenapoleone, proporciona conforto e sofisticação. A Luminária de chão Melampo compõe o ambiente

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Os carrinhos gaveteiros espelhados fazem a diferenรงa no banheiro. Madeira, mรกrmore, espelho e vidro foram os materiais utilizados no projeto

No banheiro dela, Migotto escolheu penteadeira em espelho, poltrona Mademoiselle da Kartel e banqueta Teka em inox com espelhos venezianos

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IN LOCO

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Arquitetura contemporânea inspirada na década de 50 por Tiago Manarelli e Ana Paula Guimaraes por ANDREA VELAME fotos mayra bernardina & inês antich

U

ma concepção moderninha, com arquitetura contemporânea, ausência de cor e equilíbrio nas escolhas. Piso de madeira cumaru, pé direito duplo e escada escultórica fazem deste projeto um exemplar atemporal. Poltronas giratórias brancas, mesa de centro longuilínea e luminária da Micasa integram-se ao jantar e home. Um apartamento antigo, repaginado para uma jovem proprietária, que transformou uma das suítes em gabinete e a outra em academia. O jantar recebeu painel de madeira, dando volume interessante ao projeto. O móvel bar desenvolvido pelos profissionais tem toque de personalidade e vanguarda. O quarto do casal recebeu poltrona giratória com estampa da Pucci, dando um clima fashion e feminino. No gabinete, a dupla trouxe o amarelo, tonalidade característica do designer Guilherme Torres, quem assina a mesa. O preto e a transparência também foram utilizados neste projeto, que alcançou o resultado muito especial.

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IN LOCO

Na área social do apartamento, foi utilizado piso em madeira cumaru e um volume no forro proporcionando, assim, aconchego ao ambiente

No outro plano, o móvel bar foi desenvolvido a partir do buffet da sala de jantar, criando uma solução mais moderna e contemporânea

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Na área do home, conforto foi priorizado, com o uso sofá em L, em camurça cinza. O tapete e a mesa de centro Tao dialogam com este espaço

No fundo do sofá, um nicho em madeira subdivide o living do home

Acima, flores, adornos e coleção de livros de moda e arquitetura

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No gabinete, a dupla

IN LOCO

trouxe o amarelo, tonalidade característica do designer Guilherme Torres, quem assina a mesa. O preto e a transparência também foram utilizados neste projeto

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O quarto do casal, em tons de branco, cinza e rosa, recebeu poltrona girat贸ria com estampa da Pucci, dando um clima fashion e feminino

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IN LOCO

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Um loft à beira-mar... por Mário Figueiredo e Aline Cangussú por ANDREA VELAME fotos marcelo negromonte

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ário Figueredo e Aline Cangussú tiveram como desafio criar um projeto para um casal que estava trocando um apartamento de 400 m2 por um de 130 m2 debruçado sobre a Baía de Todos os Santos. A ideia deste apartamento era criar um espaço para usufruir a beleza natural da cidade, com vista para o Forte São Marcelo. Receber e cozinhar faz parte do hobby das donas da casa. Madeira de demolição, mármore perfect white, poltronas giratórias e detalhes de gradis em ferro transformaram este projeto em um exemplar contemporâneo! O mobiliário da Home Design e da Home Design Casual definiram o estilo dos clientes e profissionais, que optaram por uma produção elegante e sofisticada, utilizando coleção de castiçais em prata, tela do artista plástico Sergio Ferro e esculturas de Eliana Kértesz.

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As poltronas giratórias de Charles e Ray Eames foram revestidas em tecido da Designers Guild, que se integram à área social do apartamento

Painel em madeira de demolição e móvel em laca autobrilho branca contrasta com a linguagem contemporânea solicitada pelos clientes

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Uma coleção de castiçais Uma tela de Sergio Ferro,

e candelabros de prata e pendente em cristal Baccarat determinam o toque sofisticado ao projeto do apartamento

sofás e mesa de centro da Home Design dividem espaço com a cortina em linho, customizada pela proprietária

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A cozinha transforma-se em espaço gourmet, onde bancadas de corian, vidro, madeira de demolição, couro e palhinha definem o conceito

A base da mesa em ferro nos reporta aos antigos gradis coloniais

Aparador em laca branca da Home Design, revisteiro e espelho

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IN LOCO

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2 lofts Projeto:

Local: Soho New York

Desafio: Buscar identidade

Diferencial: Luminotecnia

Paixão: Arte

Quem assina: Adam Hayes & Mark Kroeckel por ANDREA VELAME fotos Openshop

O morador deste loft divide o seu espaço com liberdade, transitando pelos cinzas claros e escuros e com o cão, fiel escudeiro

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IN LOCO

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Piso em madeira clara e colunas em ferro déco. Elementos da década de 1950 fazem deste loft o verdadeiro conceito nova-iorquino. O proprietário é apaixonado por arte contemporânea, literatura e cinema.

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No mesmo prĂŠdio estĂĄ localizado esse outro loft, com interiores da mesma dupla Adam e Mark. Novas propostas e novos conceitos

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Neste outro loft vive um apaixonado por POP ART, que prefere as madeiras escuras, que descarrega as energias no esporte preferido, o boxe, e adora cozinhar para os amigos, mas o seu maior hobby ĂŠ garimpar luminĂĄrias!

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Scallop_T.Schaue

conceito gastronomia

As musas de Boulud Por  nyala cardoso

“Sou bastante ligado a lembranças gastronômicas. Há quem passe a maior parte do tempo dissecando a comida em vez de apreciá-la. Não como com o cérebro, prefiro o prazer” – Daniel Boulud

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L

a Tradition, La Saison, Le Potager e Le Voyage. Não, esses não são os títulos de uma saga cinematográfica francesa, ainda que os nomes, pronunciados com a devida garbosidade do sotaque gaulês, nos remetam a algum filme de arte europeu ambientado no século XIX. Las femmes aí citadas são (creiam!) as quatro seções temáticas do surpreendente menu do Café Boulud, o segundo restaurante do conceituado Chef franco-americano Daniel Boulud. La Tradition reverencia a clássica cozinha francesa. La Saison oferece pratos em harmonia com as estações do ano. Le Potager enaltece a horta e suas especialidades. Le Voyage é um passeio à la Daniel pelas diversas cozinhas do mundo. E a cada uma o Chef dedica particular atenção e desvelo, tornando-as, idolatradas musas gastronômicas do Boulud!

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Daniel é menino do campo. Cresceu lá, numa fazenda perto de Lyon, em meio a patos e pomares. Enquanto sua mãe cozinhava, o pai e os tios cuidavam da plantação. Daniel preferia ficar em casa. Gostava de sentir a transformação dos aromas que vinham da cozinha. Talvez por isso seu gosto pela culinária tenha despertado logo cedo. Ainda jovem, depois de ser indicado como o melhor aprendiz de cozinha do país, foi receber treinamento com os mais renomados Chef’s franceses da época. Mudou-se logo para os Estados Unidos, onde trabalhou como chefeexecutivo do prestigiado restaurante Lê Cirque, de Nova Iorque. Em 1993 Daniel já estava preparado para abrir seu primeiro restaurante: o homônimo Daniel Boulud que, recentemente, recebeu as prestigiosas três estrelas do Guia Michelin. Inegável destino de prestígio, o très chic restaurante do Daniel está acomodado bem no coração de Manhattan e oferece uma intrigante combinação da elegante culinária francesa contemporânea com a fremente e excitante energia de New York City. Daniel respeita e enaltece a cozinha francesa à mesma ocasião em que derruba as barreiras impostas por ela, reinventando-a de maneira extravagante e inédita. Em deferência à grandiosidade da natureza, seus menus mudam com frequência, beneficiando-se da sazonalidade dos produtos, refletindo os melhores sabores de cada temporada. "Meu sonho", declara Boulud, "é dar aos meus convidados uma experiência gastronômica que desperte todos os sentidos. Em DANIEL, eu quero que eles simplesmente esqueçam o mundo lá fora...” Todos os sentidos também são pretensiosamente aguçados no Café Boulud, um restaurante mais casual, mas igualmente distinto, com uma decoração que homenageia o modernismo elegante da Paris de 1930. O primogênito ocupa a antiga casa de Daniel em Manhatan e uma filial foi inaugurada em 2003 na cidade de Palm Beach, Flórida. O nome vem do pequeno café que sua família manteve por mais de 100 anos em Saint-Pierre de Chandieu, perto de Lyon.

Owen Franken

No detalhe da foto acima, a concentração do Chef Daniel Boulud durante a alquimia do seu ofício

O pequeno Daniel, quando criança, adorava brincar com os animais criados na fazenda da família

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M. Price

À direita, o Turkey Sandwich, com as iniciais DB do chefe em formato de orelhas. E, à esquerda, a joia de sobremesa feita de avelãs em detalhes

Também dessas raízes vem a reverência à tradicional cozinha francesa, o respeito à sazonalidade dos ingredientes e a paixão pelo poder balsâmico das hortaliças. Tais heranças, unidas ao dilatado e heterogêneo conhecimento gastronômico provindo das tantas viagens feitas por Daniel ao redor do mundo, fez o Chef criar, especialmente para o Café Boulud, o menu das quatro musas. Em La Tradition, os clássicos não são imutáveis, e Daniel prepara um tradicional prato francês como o pot au feu com ingredientes americanos, encantando uma clientela com diferentes gostos e afetos culinários. "La Saison", ou “A Temporada”, se beneficia da estreita relação que Daniel

Acima, destaque para o descolado DB Burger, que é a sensação do Bristrô Moderne do Boulud

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E. Laignel

conceito gastronomia

Gerenciada pelo Sommelier Madrigale Michael, a adega do bar Boulud, de New York, impressiona pelo tamanho e pelo projeto de interiores

mantém com os agricultores mais dedicados do país. Prova disso nos cede o Chef carioca Rodolpho Leonardo, que trabalhou com Daniel no Café Boulud de Palm Beach: “Daniel é conhecido por não dar ponto sem nó. Extremamente profissional, usa somente os melhores produtos e possui contatos íntimos com seus fornecedores, que o respeitam muito e só entregam produtos de extrema qualidade, muitas vezes, oferecendo produtos exclusivos”. Rodolpho ainda acrescenta: “O respeito que existia lá com relação ao alimento é algo que até hoje só vi lá mesmo. Por exemplo, nada tocava as tábuas de corte que não fossem os alimentos e a faca... Lá, disciplina é fundamental e o amor pela gastronomia também.”

Mesa de degustação de vinho: disputadíssima

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Le Potager, “O Jardim” das musas, oferece cardápio vegetariano e, na maioria dos casos, muito leves. A preparação de cada vegetal, com zeloso respeito ao seu autêntico sabor é o desafio favorito de Daniel como chef. Por fim, “Le Voyage”, fruto das andanças que levaram Daniel a descobrir os exóticos sabores do mundo. Através de seus traquejos e anelos culinários, o Chef reinventa receitas de outras culturas e tradições, criando sabores inéditos. No menu de sobremesas, Daniel e o pâtissier Rafael Haasz trabalham juntos para criar pratos em harmonia com as quatro musas. Em La Voyage, os postres são música para o paladar, acentuados com especiarias exóticas numa nota doce.


“A minha cozinha é impulsionada pelo sabor e pela certeza de que sempre há uma alma na comida.” Daniel Boulud

Daniel tem ainda outros tantos restaurantes e endereços charmosos. O DB Bistro Moderne, localizados em Midtown com filial em Singapura, é uma espécie de bistrô moderno parisiense, contemporâneo e informal. Alí, Daniel veste pratos populares como chouriças e hambúrgueres com traje prêt-àporter. Sobre o Bar Boulud instalado na Broadway e seu mais recente rebento, inaugurado em maio deste ano no Man-

darin Oriental de Londres, Daniel discorre: "Queremos compartilhar a nossa abordagem amigável e casual ao vinho com os nossos clientes". A cozinha do Bar Boulud conserva a incontestável qualidade dos outros restaurantes, mas o ponto de exclamação é a mesa de degustação redonda com um nicho de corte no centro, onde um sommelier conduz a degustação de vinhos íntimos. Daniel coordena ainda sua Maison

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Boulud em Pequim e o Lumière – Bistrô Modern, considerado um dos melhores endereços da cosmopolita Vancouver. O segredo para conseguir se autoadministrar, além de gerenciar tantos negócios e uma equipe tão grande, Daniel revela sem rodeios: “É necessário ser bom e humilde ao mesmo tempo. Muitos chefs têm problema de ego... Se eu quiser ser o mais perfeccionista do mundo, nunca serei feliz.”


conceito viagem

Mandarin Oriental Miami Por  andréa velame Por  George Apostolidis e Doug Castanedo

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O

Mandarin Oriental de Miami completou 10 anos em 2010. Localizado na Brickell Avenue, em Downtown, reitera o serviço peculiar da marca Mandarin. Vários são os motivos que fazem do Mandarin Miami um hotel singular: a localização perfeita, dentro do mar, uma praia privativa para os hóspedes e uma pista de Cooper no entorno do hotel, com um percurso de 1,6 milhas ao lado do mar, associados ao conforto dos quartos e ao café Sambal.

Na comemoração dos 10 anos do Mandarin Miami, as suítes presidenciais foram reestruturadas. O SPA do hotel lhe proporciona sensações, oferecendo aos hóspedes mais do que massagens relaxantes, um encontro consigo mesmos. Um serviço singular de concierge oferece respostas imediatas para todas as dúvidas e solicitações. Um serviço de locação de carros de luxo é feito dentro do hotel, onde na garagem você pode escolher entre a modernidade de um Mini Cooper con-

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versível e a velocidade de super marcas como Ferrari e Aston Martin. Falar da gastronomia e do restaurante Azul é falar do privilégio de um menu degustação preparado pelo chefe Clay Conley, que proporcionou sensações incríveis. Outro grande diferencial do Mandarin é o bar onde 250 tipos de Martini são preparados. A arquitetura contemporânea do hotel, associado a um conforto, tradição e serviços perfeitos, fazem do Mandarin uma experiência só comparada a uma próxima viagem. Na próxima edição, dividiremos com vocês todas estas características, associadas ao design de Patrícia Urquiola que assina o projeto do Mandarin Barcelona, nossa próxima parada!


conceito viagem

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Na página ao lado, a pista de Cooper no entorno do hotel, que conta com um percurso de 1,6 milhas ao lado do mar de Miami

Acima, detalhe de um dos quartos do Mandarin Oriental Miami, com as já características cortinas de vidro que permitem ao hóspede descortinar a vista da cidade

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destino de charme

Rosewood Litlle Dix Bay Por  andréa velame Por  Jean-Philippe Piter

É impossível não se render aos encantos. Aqui, são experiências visuais e sensoriais. Assim é o Litlle Dix Bay, destino exclusivo, localizado no mar do Caribe, um dos melhores do mundo

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araíso. Essa seria a palavra que definiria o Litlle Dix Bay, um resort localizado em um país de apenas 28 mil habitantes, nas Ilhas Virgens Britânicas. O Litlle Dix Bay valoriza a natureza como premissa e procura que as construções se tornem elementos complementares dela. Vegetação rica, mar de azul profundo e o serviço inesquecível fazem do Litlle Dix um dos melhores resorts do Caribe. Ele pertenceu à família Rockfeller, que elegeu aquele lugar o mais privativo, natural e belo do mundo. Foi ali que, em 1964, foi criado o pavilhão central do resort, com movimento nos telhados utilizando taubilhas. Neste espaço, temos hoje o Pavillion Restaurant, cuja programação variada oferece de buffet asiático a festival de lagosta, sempre sob a coordenação do chefe indiano Hemanndt Dadlani, 32, que há 3 coordena um staff de 48 pessoas na equipe. Segundo

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Dadlani, “o que faz da gastronomia do Litlle Dix Bay especial é a possibilidade de realizar a autêntica cozinha fusion, utilizando elementos asiáticos, indianos e caribenhos”. Todas essas cozinhas são dos trópicos, o que torna os ingredientes muito parecidos. Dadlani finaliza convidando os brasileiros a conhecerem uma gastronomia única, com os ingredientes frescos do Caribe, com influências indiana e asiática. INVESTIMENTOS Nos últimos 5 anos, o Litlle Dix Bay investiu em ampliações e restaurações.

Foi criado um SPA com 10 quartos de massagens, onde desfrutamos da bela vista do Caribe. As quadras de tênis e a área fitness também receberam renovações. Dentro do complexo, com 100 unidades, há 2 casas, vilas privativas à beira-mar com 2 e 3 quartos, piscina privativa, cozinha e área de lazer. Existem também as vilas nas montanhas, para usufruir ao máximo da vista. O cenário é de filme, com um mar que não vale deixar de repetir: é absolutamente azul. Carros de golf ficam à disposição dos hóspedes para transitar pelo resort. Várias programações são ofere-

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cidas aos hóspedes, entre elas, um coquitel “El mari caribenho” no final da tarde, para desfrutar a beleza da vista acompanhada pelo voo das gaivotas. Não precisa dizer que o Litlle Dix Bay é perfeito para casais apaixonados. O ator Dado Dolabella escolheu o destino como o seu preferido para passar a lua de mel. E o empresário proprietário do Google fechou o complexo para um casamento privé. Este é um destino que vale a pena conferir. Há ainda o grande diferencial: o clima dos trópicos faz do Caribe um dos destinos de sol durante os 12 meses do ano.


destino de charme

A arquitetura do local é absolutamente integrada a natureza intocada. As construções da década de 1960 se misturam a novas contruções feitas para a instalação do hotel

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destino de charme

Acima, o detalhe para a despretensão do lençol jogado na cama. Cores claras e muita madeira, para proporcionar o máximo de aconchego

Na página ao lado, o chuveirão está localizado integrado ao banheiro. Uma porta no box permite que o hóspede tome banho na área externa

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Jacob Termansen


destino de charme

Ao lado, o olhar atento do chefe indiano Hemanndt Dadlani, 32, quem coordena um staff de 48 pessoas na produção de delícias no resort

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Alécio de Andrade

fotógrafo

conceito arte

Rio – Paris por  tiago nery

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elativamente desconhecido do público contemporâneo, Alécio de Andrade nasceu em 1938, no Rio de Janeiro, e viveu em Paris de 1964 até 2003, ano em que morreu. Exímio pianista amador, também escreveu poemas premiados antes de se dedicar exclusivamente à fotografia. Influenciado pelo amigo íntimo Henri Cartier-Bresson, o trabalho de Alécio tornou-se marcado pelo registro em preto-e-branco e ausência de retoques e flashes. Em Paris, fotografou de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre a Vinícius de Moraes; de Rubem Braga a Di Cavalcanti, além de Salvador Dali, Michel Foucault e muitos outros escritores, intelectuais, etc. Trabalhou sob encomenda para a agência Magnum, da qual foi membro associado entre 1970 e 1976. Colaborou com revistas nacionais como Fatos e Fotos, Istoé, Jornal do Brasil e Manchete, além de estrangeiras como Elle, L’Express, Le Monde, Le Nouvel Observateur, Libération, Lui, Marie-Claire, Photo, Réalités, Le Figaro, Stern, American Photographer, Fortune e Newsweek. As fotografias deste livro que apresentamos são registros feitos no Museu do Louvre, em Paris. Atualmente, o acervo de Alécio reúne cerca de 4 mil contatos e 120 mil negativos em preto-e-branco, além de 3 mil cromos. Sobre este trabalho, o fotógrafo declarou em vida: “O traço comum das fotografias que apresento talvez seja desenvolver a esse lugar tão visitado a presença e a intimidade do olhar daquele ou daqueles que, tendo vindo admirar quadros ou esculturas, muitas vezes só enxergam pouca coisa mas, de um momento para o outro, podem viver o encontro com uma obra ou mesmo um detalhe que irá comovê-los mais que qualquer coisa.”

*As fotos que ilustram esta matéria estão presentes no livro O Louvre e seus visitantes, publicado em 2009 pelas editoras Instituto Moreira Salles e Lepassage

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O Louvre e seus visitantes Instituto Moreira Salles e Le Passage Paris-New York Editions, 2009, 184 p


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conceito design

Antonio Bernardo

O designer, o artesão

Por  nyala cardoso fotos  Bruno Veiga

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esenhador de joias, artesão, visionário e autdidata, o brasileiro Antonio Bernardo registrou seu nome na história do design mundial. Desde o início, surgiu como autor de um produto vanguardista, que rompia com os paradigmas do tradicionalismo, sobejando personalidade, criando joia rara. No atelier que mantém na Zona Sul do Rio de Janeiro, Antonio dedica-se a cada etapa do desenvolvimento de uma peça, estudando forma, textura e movimento. O seu processo produtivo não obedece a regras de criação, não é sazonal, nem segue modismos. As peças vão acontecendo natural e continuamente, como se uma fosse o desdobramento da outra. E é assim desde a primeira, um exercício perene estimulado por um processo criativo empírico e sensorial.

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O designer desenvolve peças ousadas e originais para personagens de novelas, filmes e desfiles, projeta e concebe belíssimas esculturas que prefere chamar de “objetos experimentais” e, por suas criações, cativou diversos prêmios e tornou-se conhecido e admirado mundialmente


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A loja Antonio Bernardo, na rua Garcia D’Ávila do Rio de Janeiro, impressiona pela elegância à medida que vai se mostrando acolhedora e receptiva. Já na vitrine, miniaturas de “Antonios” feitas em gesso apresentam, de maneira criativa e divertida, um quinhão das joias criadas pelo designer, como se ele estivesse ali, contemplando cada peça, incitando a um deleite visual. Logo na entrada, um novo convite provoca surpresa e contemplação: um enorme cofre de madeira, pejado de pequenas gavetas entreabertas que recebem preciosidades e guardam história. Desenhado pela mãe de Antonio e utilizado durante muitos anos na loja de ferramentas para ourivesaria de Rudolf Herrmann, seu pai, o móvel é hoje uma espécie de cofre visitado que concita a um agradável passeio pela veia criativa de um dos maiores designers de joias contemporâneos. Desde menino, Antonio convivia com maçaricos, soldas e outras ferramentas comercializadas pelo pai. Sentia-se familiarizado com as engenhocas. Com o apoio fremente de Rudolf para que o filho seguisse seus passos, não era difícil imaginar que caminho Antonio iria trilhar. “Mas, eu precisava ingressar na faculdade e, como gostava de desmontar coisas e entender como elas funcionavam, resolvi fazer engenharia mecânica”, conta o designer. Quando passou no vestibular, o pai o presenteou com uma pretensiosa viagem para estudar na Europa. Ao retornar ao Brasil, depois de um intenso ano de excursão intelectual e produtiva no velho mundo, numa época em que a Europa era bem mais avançada tecnologicamente que o Brasil e essas tecnologias atravessavam o Atlântico a morosos passos, a faculdade de engenharia lhe parecia entediante. Nas abas do conflito acadêmico, Antonio dedicava um tempo progressivo na empresa do pai. “Um dia tomei coragem, desenhei minha primeira peça e pedi a um ourives amigo que a executasse”, discorre. Era um anel de prata composto por dois aros independentes que se encaixavam de diferentes maneiras. “Quando chegou, ansiei imediatamente

Formados por uma única chapa sinuosa, os brincos Envolvente revelam um desenho leve e sensual

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desenhar o segundo, depois o terceiro e não parei mais”. Logo passou a acompanhar o processo produtivo de suas peças até começar a fazer as próprias joias. Hoje Antonio acastela dezessete lojas pelo Brasil - uma bem-sucedida progênie iniciada em 1981 - e insiste que sua empresa não tem um planejamento estratégico de crescimento quantitativo. “É um processo orgânico. À medida que vão surgindo oportunidades e abrindo-se espaços, vamos ocupando esses espaços”, aclara. Sempre desenvolvendo seu ofício de maneira empírica, Antonio passa horas “martelando, cortando, cerran-


do, limando”, como costuma dizer. Para ele, a prática é o almo da criação. "Pela experimentação, você consegue resultados que nunca conseguiria representar em sua cabeça", define. Preocupase, especialmente, em dar às suas joias um sentido maior que de um adorno. As alianças “Atração” ratificam essa afirmação: são dois aros com ímãs internos que se atraem. “O que seria o início de uma relação senão a atração mútua entre duas pessoas?”, indaga. E, assim, entre joias e reflexões, vamos decifrando Antonio Bernardo, um exímio e incansável artesão nato que materializa sensações através de sua arte.

Os premiados anéis Expand (esquerda) e Puzzle (direita)

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conceito indica

sofá literário

Sofás

Desvendamos os universos de alguns convidados para saber o que neles habita. Livro, música e cinema, vamos compartilhar!

Um clássico, para mim é o “Amor nos tempos do Cólera”, do Gabriel García Márquez, pois dá alma a uma história de amor com sua narrativa envolvente. O último livro lido foi “Armas, germes e Aço”, que tenta entender o porquê algumas sociedades tornaram-se prosperas, e outras não. Achei interessante porque nos leva a refletir e olhar para a história e passado como forma de entendermos comportamentos de hoje. Fernanda Yamamoto, estilista

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O “Amor nos tempos do Cólera”, de Gabriel García Márquez é um dos meus livros de cabeceira. De tempos em tempos, não resisto à história de amor de Florentino por Firmina Daza e leio de novo. O livro narra a história dos dois, que passam 53 anos, quatro meses e 11 dias vivendo esse amor, quase que sem contato nenhum. Florentino conhece Firmina na juventude e passa todo esse tempo tentando conquistá-la. E ela, firme e resistente. A delicadeza com que este genial escritor, que já ganhou um prêmio Nobel de Literatura, narra a história é muito bacana e nos faz acreditar que amar é sempre possível. É o meu livro favorito. O último livro que li foi Aconteceu em Woosdstock, de Elliot Tiber, um dos responsáveis pela realização do antológico festival de rock. Para salvar a família da falência e conquistar o amor do pai, o americano cede seu hotel e uma área na fazenda de um amigo para a realização do festival. O livro, que já virou filme, é emocionante sem ser piegas, engraçado sem ser chulo. Vale a pena lê-lo. Ronaldo Jacobina, jornalista


sofá musical

sofá com pipoca

Apocalipse Now!, Do Coppola, é um clássico, um filme genial da geração dos anos 70 na guerra. A super produção quase foi à falência. Na época, tudo era filmado e não tinha truques de computação. Bom também é o making of do filme disponível em DVD. A cena do surf na onda da fragatta de guerra americana é sensasional! Vick, Cristina, Barcelona, do Woody Allen, sem dúvida, é o filme que mais me entusiasmou nos ultimos tempos. É sexy, cultural, aventureiro, gostoso de ver! É muito os dias de hoje. Tuca Reinés, fotógrafo O filme que, para mim, é um clássico, e eu gosto de ver em casa de vez em quando é “E o vento levou”. Foi filmado em 1935. Gosto dele porque mostra uma mulher corajosa, falsa, sedutora e implacável, que encontra força na terra das suas raízes, na família e depois renasce com coragem, otimismo e esperança. Eu aprendi com Scarlet O’Hara: nunca desista. Um filme fascinante é Amantes, de James Gray, com uma interpretação soberba e contida de Joaquin Phoenix como um doente bipolar com tendência ao suicídio, apaixonado e desesperado. Aprender a viver novamente depois do amor perdido, sonhado, impossível... Ele te ensina a não morrer. Isabel Capdevila, professora de línguas e literatura, bailarina de Bollywood e galerista

Um clássico que escutei sem parar durante uma determinada época e reescuto sempre é o CD “Ella in Budapest”. Trata-se de um CD de jazz da Ella Fitzgerald que foi gravado em Budapeste e ao vivo. A qualidade do registro é excelente para a época e Ella encontrase na sua melhor forma: leve, feliz e com uma voz absurdamente cristalina e precisa. Neste CD, Ella canta canções imperdíveis como Garota de Ipanema, I’ll never fall in love again, Cabaret, Raindrops keep falling on my head, etc.. Recentemente, tenho ouvido muito o novo CD de Charlotte Gainsbourg, o IRM. Charlotte é filha do poeta e cantor francês Serge Gainsbourg e da atriz Jane Birkin, aquela que batizou a bolsa Birkin da maison francesa Hermès. Por que gosto? Cool e contemporânea. E esta conexão dela com a moda me atrai. Roberio Sampaio, estilista Um clássico imperdível é o album Todos os Olhos, de Tom Zé. É delicioso perceber como ele joga com a humanização de seres inanimados e vice-versa, provocando a reflexão de uma maneira gostosa e divertida. Coisa de gênio! Uma descoberta recente foi o francês Ben l’Oncle Soul que, além de ter uma voz maravilhosa, faz um Soul de altíssima qualidade e tem algumas versões inacreditáveis de músicas como Barbie Girl (Acqua). Ele também deu uma repaginada na música Crazy, do Gnarls Barkley. Sensacional. Da Redação

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Serviço Bar Astor – Av. Vieira Souto, 110, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 2523-0085  www.barastor.com.br  §  Bar dos Descasados – Rua Almirante Alexandrino, 660, Santa Teresa - Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 22222755 www.santa-teresa-hotel.com  §  Bareto Londra – Avenida Vieira Souto, 80, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ - Brasil (Hotel Fasano) (21) 3202-4000  www.hotelfasano.com.br  §  Restaurente CT Brasserie – Estrada da Gávea, 899, 3º andar, (Fashion Mall), São Conrado, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 3322-1440  www.ctbrasserie.com.br  §  Fasano Hotel e Restaurante – Av. Vieira Souto, 80, Ipanema - Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 3202-4000  www.fasano.com. br  §  Home Design – Av. Paulo VI, 1186, Pituba, Salvador, BA - Brasil. Tel.: (71) 3503-5959  www.homedesign.com. br  §  Home Design Casual – Rua Várzea de Santo Antônio, 600, Caminho das Árvores, Salvador, BA - Brasil. Tel.: (71) 3358-0400 www.homedesigncasual.com.br  §  Hotel Santa Teresa – Rua Almirante Alexandrino, 660, Santa Teresa Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 3380-0200  www.santa-teresa-hotel.com  §  Hotel Little Dix Bay – www.littledixbay. com  §  Hotel Charming Mama Ruisa – Rua Santa Cristina, 132, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 22421281 www.mamaruisa.com  §  Hotel Mandarin Oriental Miami – www.mandarinoriental.com/miami  §  Hotel Mandarin Oriental New York – www.mandarinoriental.com/newyork  §  Marcato – Alameda das Espatódeas, 149, Caminho das Árvores - Salvador, BA - Brasil. Tel.: (71) 3341-1555  www.marcato.com.br  §  Micasa – Rua Estados Unidos, 2109, Jardim América, São Paulo, SP - Brasil. Tel.: (11) 3088-1238  www.micasa.com.br  §  Restaurante Olympe – Rua Custódio Serrão, 62, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 2539-4542  www.claudetroisgros.com.br  §  Restaurante Alessandro & Frederico – Estrada da Gávea, 899 - loja 101 D (Fashion Mall), São Conrado, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 3322-4777  www.alessandroefrederico.com.br  §  Restaurante Aprazível – Rua Aprazível, 62, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 2508-9174  www.aprazivel.com.br  §  Restaurante Celeiro – Rua Dias Ferreira, 199, Leblon, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 2274-7843  www.celeiroculinaria.com.br  §  Restaurante Eça – Av. Rio Branco, 128, Centro, Rio de Janeiro, RJ - Brasil (subsolo da H. Stern). Tel.: (21) 2524-2300  www.hstern.com.br/eca  §  Hotel The Surrey – www.thesurrey.com  §  Tuca Reinés Photography Tel.: (11) 3061-9127. www.tucareines.com.br

Profissionais Adam Hayes e Mark Kroeckel – Openshop Studio, 21 Murrey, 3º piso, New York, NY - EUA. Tel.: 212 5841180  www. openshopstudio.com  §  Ana Paula Guimarães e Thiago Manarelli – Rua Jequié, 23, Rio Vermelho , Salvador, BA Brasil. Tel.: (71) 3341-8744  www.mgarquitetos.com  §  Guilherme Torres – Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 338, São Paulo, SP - Brasil. Tel.: (11) 4063-6073  www.guilhermetorres.com.br  §  João Armentano – Rua Fidêncio Ramos, 101, 14º andar, São Paulo, SP - Brasil. Tel.: (11) 3048-1299  www.joaoarmentano.com.br  §  Mario Figueiredo e Aline Cangussú – Rua Leonor Calmon, 44, edf. Empresarial Cidade Jardim, sl 901, Candeal, Salvador, BA - Brasil. Tel.: (71) 3452-5220  www. cfarquitetos.com.br  §  Roberto Migotto – Rua Bastos Pereira, 54, São Paulo, SP - Brasil. Tel.: (11) 3885-2024  www. robertomigotto.com.br  §  Sergio Rodrigues – Rua Conde de Irajá, 63, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ - Brasil. Tel.: (21) 2539 - 0393  www.sergiorodrigues.com.br

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