Chaguim Laktanim

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Currículo de Cultura Judaica para a Idade Infantil Festividades e comemorações judaicas AGÊNCIA JUDAICA DE INTERCÂMBIO CULTURAL REPRESENTAÇÃO NO BRASIL Representantes da Agência Judaica no Brasil Danny Wolach (2001 - 2004) Moshe Reskin (2004 - ...) Elaboração e orientação Ester B. Barocas Revisão Ester B. Barocas Rosely Mandelman Suely Pfeferman Produção Editora e Livraria Sêfer Projeto, produção e desenvolvimento gráfico Dagui Design Ilustrações Ivo Minkovicius Escrita e implementação a partir de Março de 2002. O material foi desenvolvido em duas etapas. Primeiro, somente com coordenadoras (sob orientação de Ester B. Barocas) e, em um segundo momento, juntaram-se as professoras (coordenadas por Ester B. Barocas e Rosely Mandelman), com o apoio de Suely Pfeferman.

São Paulo - 5765 / 2005 Copyright © 2005 by Agência Judaica de Intercâmbio Cultural

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Carta ao professor Caro(a) Leitor(a) A Educação deve ocupar um lugar preferencial na vida comunitária. Ela garantirá a continuidade da vida judaica. A realidade em muitas comunidades demonstra que, mesmo com problemas de assimilação ou demografia negativa, os marcos educativos propiciam e possibilitam, de fato, a formação e transmissão dos valores e cultura judaica através das gerações. É claro que a Educação deve começar desde o berço. A Agência Judaica, consciente da necessidade de fortificar estes marcos e fiel ao seu objetivo – constituir o elo de ligação entre o Estado de Israel, o judaísmo nas suas vertentes e os judeus no mundo, trouxe para si a tarefa de desenvolver um currículo unificado das Festas Judaicas para a Educação Infantil. Esta realização inédita, aglutinou os profissionais das Escolas Judaicas de São Paulo, dentro de um clima pluralista, de respeito pelas diversas correntes ali representadas. Assim, durante dois longos anos, educadoras reuniram-se, intercambiaram idéias, materiais e experiências sobre o tesouro mais prezado – as crianças, e a melhor forma de transmitir e vivenciar o judaísmo e o seu elo com Israel. O resultado que você, caro(a) leitor(a) apreciará a seguir, demonstra a qualidade da Educação Infantil de nossa comunidade. Cabe à Agência Judaica, quem tem o prazer de publicar este livro, cumprimentar à equipe de Gananot pelo belo trabalho realizado, ao ex-sheliach Danny Wollach que iniciou a tarefa, ao Jairo Fridlin pela sua colaboração e a todos aqueles que contribuíram para que hoje os profissionais da Educação Infantil Judaica de São Paulo e de todo o Brasil possam contar com este livro que, sem dúvida, se transformará num marco de consulta. Kriá Neimá (leitura amena) Moshé Reskin Representante da Agencia Judaica no Brasil

São Paulo, julho de 2005

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Educação Infantil nas Escolas (e seus sites) Diretoras e coordenadoras, professores e colaboradores

Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Beit Yaacov www.beityaacov.com.br Joyce Szlak Sarita Kreimer (Olami & E.M.I. Hebraica) Schmul Osher Begun, Rav Alberto Wakrat Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman Bialik www.bialik.g12.br Rosely Mandelman Ana Carolina Corsi Rosa Rivo Holzer Rebeca Sendrovich Maria de Fátima Simeliovich Liliana Daniela Albalá Rachel Wahba Shelly Blecher Escola Gani Talmud Thorá Hana Ende Ester Zweibil Roselea Becher Fleischmann Sheila Berditchevsky Bleich Thaís Wassefirer Hubner Sarita Copeliovitch Renata Khafif Essia Kuszer Frida Tawil Escola Maternal e Infantil Hebraica www.hebraica.org.br Ester Schwartzman Adriana Thaiz Abramczyk Renata Hitelman (Kitá Legal/Beit Yaacov) Olami www.hebraica.org.br Joyce Szlak Karen Ishay (Kitá Legal) Denise Krasilchik (Beit Yaakov) Simone Benzinsky Lermann (I.L.Peretz) Deborah Oksman (Renascença)

Colégio I. L. Peretz - Acrelbi (Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita) www.peretz.com.br Fany Cogan Barocas Linda Derviche Blaj Karina Joseph Levy Mônica Pipek Célia Liuchy Polster Isa Sandra Zajdenwerg Sonia Levinbuk Homenagem: Gita Lesser Z’L Sociedade Hebraico Brasileira Renascença www.renascenca.br Geni H. Oksman Chanoft Sandra Maghidman Ilana Waintraub Priscila Dahan Tamar Carina Dayan Renata Gross Mina Kramarsk

De 2003 em diante Beit Sêfer Shelanu Márcia Rochine Zitman (I.L.Peretz) Ensino Judaico Sul Sarita Municic Saruê Márcia Regina Cohen (Gani TT) Kitá Legal www.kitalegal.com.br Shirley Jungman Sacerdote Lais Katz (E.M.I. Hebraica) Patrícia Aparecida Lopes (E.M.I. Hebraica) Instituto de Ensino ABC Lubavitch www.lubavitch.org.br Chani Begun Mara Baroukh Miriam Bucks Márcia Eliezer

Este material foi elaborado e escrito para uso das escolas ficando proibida a venda do mesmo.

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Apresentação Foi um imenso e inenarrável prazer sentir-me parte de tão requisitado – pelas coordenadoras de Cultura Judaica das Escolas Judaicas - e fundamental Projeto para a Educação Judaica, razão de nossa continuidade. No entanto, por que começar com Educação Infantil? E… por que nós? Pensei que soubesse a resposta a princípio, mas só me ficou claro quando, em uma de nossas várias sessões, de Março de 2002 a Dezembro de 2003, ouvi Rav Henrique Begun citar… quando Moisés buscava alguém que guardasse as Leis. As crianças! Foram justamente os pequeninos, os escolhidos para guardar nossas Leis. De fato, apenas neles podemos depositar toda nossa confiança tendente à continuidade de nossos valores, tradições e povo. Apenas viabilizando-lhes os caminhos e abrindolhes espaços de busca que, sempre brincando como só eles aprendem, eles mesmos explorarão para além de seus limites, é que construirão e fortalecerão sua identidade judaica, o que lhes permitirá saber quem e o que são e aonde vão. … E, por que nós? Por nossa função e papel serem trazer Israel para a Diáspora, fortalecendo a idéia de este nosso país ser o referente universal para a Cultura Judaica. Devo, no entanto, ainda e principalmente, acrescentar e afirmar que, com toda a certeza, o que mais me entusiasmou e encantou não foi este estupendo futuro (que até posso prever, mas não garantir), mas sim o presente. Um trabalho que não nasceu como é hoje. A princípio, bem pouco pretensioso e mais no formato de grupo de estudo, mas que foi tomando corpo e forma e fortalecendo a nossa identidade, num permanente exercício de tolerância entre nossas diferenças e estilos (o que certamente implicou um considerável trabalho na compilação e revisão da obra toda), dado que as querências eram as mesmas. Lamentei-me muito e sempre que perdi uma destas inúmeras sessões, pois o envolvimento, a entrega, o esforço e o elan com que os profissionais (aliás maravilhosas pessoas) desenvolveram e realizaram esta obra, de incalculável valor foi o que me enfeitiçou e encantou de fato! Se desta 5a letra do alfabeto português – ‘e’, tanto nos pudemos elevar, quem dirá então da 5a letra hebraica, hey… Se me permitem, foi este um relacionamento deveras profundo e divino entre todos nós. Agradeço, muito e primeiramente, aos educadores, suas crianças e famílias, às sedes educativas que nos receberam com tanto carinho – Eitan, nossa Central Pedagógica, a saudosa Casa Hillel e, principalmente às escolas, sempre com um delicioso kibud orchim. Grata ainda estou à orientação profissional que tivemos dos curadores do MAM. Por fim, mas não menos importante, registro aqui a eterna dívida aos nossos patrocinadores que, fazendo um shiduch entre o talento educativo e a oportunidade, viabilizaram a realização da publicação deste livro. A parceria com todos estes profissionais e entidades foi o que, sem dúvida, construiu este trabalho. Não deixem este Projeto perecer – esta é apenas e tão somente a primeira parte de nosso Referencial Curricular de Cultura Judaica (a saber, Chaguim laktanim), de um total de quatro (as outras três sendo, (b) Ivrit laktanim, (c) Projetos educativos e (4) Sipurei hatanach). O que não falta é energia e empenho! Kadima, vamos em frente! Contamos com todos vocês! O que fica, e sei, não é um livro publicado, mas sim uma chama que não se apagará nos corações dos educadores, crianças, pais e outros profissionais envolvidos neste Projeto, cujo compromisso com a Cultura Judaica é incondicional. Bechatzlacha – ‘sorte e sucesso’, para todos os que acreditam na educação, como o caminho para manutenção de nossos valores e mesmo para nossa continuidade/eternidade!

Suely Pfeferman Diretora de Educação (2002 - 2004) – Agência Judaica

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Lista de conteúdos Apresentação Prefácio Introdução – Chaguim laktanim – por quê? Parte I: Festividades e Comemorações Capítulo I - Shana Tova umetuka betachanot Capítulo II - Iom Kipur, pedindo perdão aos amigos Capítulo III - Venham todos para a suka, brincar, comer e aprender! Capítulo IV - O fim é o princípio, nas rodas de Simchat Tora Capítulo V - Chanuka! Vamos festejar, brincando com o sevivon e comendo a sufgania Capítulo VI - Crianças e árvores, crescendo em Tu Bishvat Capítulo VII - Brincando de melech e malka, ao som dos raashanim Capítulo VIII - Ma Nishtana – O que difere esta noite de todas as outras? Capítulo IX - Iom Haatzmaut - Levante e caminhe por Israel, kum vehithalech baaretz Capítulo X - Lag Baomer já chegou: unidos em volta da medura Capítulo XI - Colhendo e dançando, Shavuot comemoramos!

Parte II: Anexos [1] Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, Brasil, MEC/SEF, 1998. 3vs. [2] Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6. (Parâmetros Curriculares para o Jardim-de-Infância, idades 3-6), Misrad hachinuch, hatarbut vehasport, haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, Israel; 1998. [3] Panorama sobre a abordagem de adequação ao desenvolvimento infantil (Developmentally Appropriate Practice1). [4] Modelo para a escrita de planejamento dos chaguim (festas). [5] Sugestões de jogos didáticos, com conteúdos das festividades. [6] Tabela de transliteração.

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Vide bibliografia


Prefácio A tarefa de apresentar um trabalho conjunto - um currículo sobre Cultura Judaica adequado à idade infantil - construído por educadoras do Ensino Infantil nas Escolas Judaicas, formais e complementares - requer uma mistura de doses generosas de chazon (modo de ver; visão), sensibilidade, tolerância, conhecimento, e... chutzpa (intraduzível!): Chazon, pois precisamos ser otimistas e acreditar com kavana (intenção) em um futuro sempre melhor, característica peculiar da educadora para a idade infantil que semeia frutos, que nem sempre ela própria colherá. Sensibilidade, pois lidamos com crianças na idade mais vulnerável de suas vidas, e com respectivas famílias. Tolerância, pois temos que, antes de tudo, reconhecer e respeitar as diferenças entre nós, acreditando no potencial positivo desta diversidade, que, aliada à diversidade que nos rodeia, oferecem, ambas, boas oportunidades, diárias e cotidianas, que devem ser cultivadas desde a idade infantil, contribuindo, assim, para um mundo de coexistência mais condescendente. Conhecimento, pois é preciso carregar, em nossa mala, além de uma bagagem considerável de saberes - gerais e específicos um bom bocado de inteligência emocional para conhecermos melhor as crianças, suas famílias e a comunidade, procurando adequar o ensino às crianças específicas que estudam em nossas escolas... E...finalmente, mas não menos importante, uma pitada caprichada de chutzpa para ousar, continuar a buscar, estudar, e nos atualizar, experimentando novos sabores e temperos, usando os mesmos ingredientes tradicionais típicos da Cultura Judaica... As Escolas Judaicas, formais e complementares, no Estado de São Paulo, por meio de suas representantes da Educação Infantil, cada qual com sua visão do que vem a ser “uma Educação Infantil Judaica de qualidade”, participaram, de forma ativa e dedicada, num processo de construção de um currículo conjunto, buscando oferecer respostas às seguintes questões: • Como tornar relevante a Cultura Judaica, considerando o contexto sócio-histórico local? • Como transmitir conteúdos, valores e atitudes que caracterizam a Cultura Judaica, de forma vivenciada e construtivista? • Quais seriam os conteúdos de Cultura Judaica mais adequados à idade infantil? • Quais seriam os conteúdos comuns às correntes do Judaísmo e como expressar justamente o que nos une? Para algumas destas questões, encontramos respostas (provisórias!); para outras, resolvemos continuar procurando e, para outras ainda, encontramos várias respostas, todas relevantes e passíveis de coexistência, respeitando as diversas opiniões e correntes que formam o mosaico da Cultura Judaica. Este processo teve como objetivos principais: • criar um espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação Infantil; • criar materiais curriculares relevantes e adequados ao contexto sócio-cultural local, considerando o Referencial Curricular Nacional de Israel, no que diz respeito à Cultura Judaica, o Referencial Curricular Nacional do Brasil, a Abordagem de Adequação ao Desenvolvimento e as Propostas Pedagógicas das próprias Escolas Judaicas participantes no projeto (de corrente tradicional e de tradicional-ortodoxa). • criar meios concretos para expressar o trabalho conjunto, realizado pelas diferentes instituições. Com o intuito de realizar tais propostas, foram criadas séries de encontros com educadoras, que serviram como espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação Infantil local. Um inventário dos materiais ligados à Cultura Judaica existentes nas escolas foi traçado e, gradativamente, as participantes (com listas de conteúdos, propostas de atividades e documentação de projetos) construíram materiais curriculares (planejados-desenvolvidos-refletidos-escritos-implementados), sendo esta publicação, um deles. Este trabalho expressa o momento atual da Educação Infantil nas Escolas Judaicas, e pretende deixar transparecer a importância da flexibilidade e da dinâmica, para com a escrita e implementação de currículos. Apresenta sugestões e propostas, que, em nenhum momento, pretendem ser únicas ou obrigatórias, mas que, por outro lado, demonstram concepções teóricas e práticas do que as escolas acham que venha a ser uma Educação Infantil Judaica de qualidade. Outra difícil tarefa deste grupo, a de expressar o resultado de um processo sócio-construtivista de um currículo - em sua essência dinâmico e flexível, de forma escrita, meio cultural estático, nos fez optar pela escrita de um livro, de grande praticidade para professores. Ainda que considerando as limitações deste meio, almejamos dar continuidade ao processo, realizando tanto a avaliação como a atualização periódicas de planejamentos e práticas. Para tanto, este material estará disponível no site da Agência Judaica do Brasil (www.agenciajudaica.com.br), em versão ampliada.

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Chaguim laktanim – por quê? A construção da identidade judaica inclui a transmissão de valores, tradições, costumes e atitudes, aceitos pelo povo judeu e passados de geração para geração. A criança que estuda na Escola Judaica, desde a mais tenra idade, tem a possibilidade de estar em contato com um entorno favorável à construção e à transmissão destes valores, por meio da interação de qualidade com educadoras, com outras crianças, e com objetos significativos à sua volta. Embora, neste material, tenhamos dado ênfase aos conteúdos e às estratégias de ensino-aprendizagem dos mesmos, gostaríamos de destacar o papel primordial da educadora, como mediadora de cultura. Sua função está ligada a seu comprometimento emocional para com a transmissão da Cultura Judaica, à sua valorização de temas e conteúdos, a seu conhecimento destes e a seu potencial pedagógico. Como conseqüência, valorizamos, neste trabalho em especial, o planejamento de atividades com potencial de construir vivências positivas, tendo, como eixo central, os temas e os conteúdos da Cultura Judaica. Este processo envolve a construção de um ‘ambiente psicológico’ favorável, trazendo, para dentro da escola, os símbolos e instrumentos culturais judaicos, preparando assim, uma ‘atmosfera judaica’, para que a criança possa ‘respirar’ Cultura Judaica. A repetição dos mesmos costumes e tradições, ano a ano, começando pelos costumes que a criança pode realizar de forma autônoma, na escola e com a família, até aqueles realizados no âmbito da comunidade e do povo, poderá construir sua identidade, seu sentimento de pertinência à família, ao grupo na escola, à escola, à comunidade e ao povo. A transmissão e a construção de valores, costumes e tradição, na escola, estão ligadas à conscientização da educadora de seu papel de mediadora educacional e cultural, de seu comprometimento em buscar e oferecer boas oportunidades para as crianças vivenciarem experiências de qualidade, que fortaleçam seus sentimentos, e de sua ligação com as pessoas e com a comunidade a qual pertence. O Estado de Israel representa uma referência fundamental para a identidade judaica e para o conhecimento da ligação espiritual entre os judeus de diversos lugares do mundo e aqueles que vivem em Israel. Um dos objetivos primordiais das instituições educativas da comunidade judaica tem sido a transmissão, aos mais jovens, do conhecimento de suas raízes e a pertinência ao povo judeu. Promover o conhecimento e a valorização da própria cultura possibilitará gerar, na criança, uma atitude de respeito pelas mais diversas manifestações expressivas de todos os povos. A Agência Judaica de Intercâmbio Cultural, com a iniciativa e a responsabilidade pela realização deste projeto, cumpre, assim, seu papel de mediadora entre o Estado de Israel e as educadoras que trabalham em Escolas Judaicas em países fora de Israel, buscando, incessantemente, promover a identidade judaica por meio de uma educação judaica de qualidade. Com o intuito de considerar os princípios que norteiam as propostas pedagógicas de cada escola participante no processo, escolhemos algumas propostas ligadas à Cultura Judaica, registradas em seus Projetos Pedagógicos, propostas estas que nos pareceram relevantes e significativas ao nosso eixo central, que é a Cultura Judaica:

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Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Beit Yaacov2 Há uma enorme responsabilidade em ensinar Judaísmo para crianças na Educação Infantil. Os ensinamentos devem ser levados até o universo de compreensão da criança. Percebendo seus significados e sua beleza, a criança abraçará, com alegria, os valores do Judaísmo. Transmitidos por profissionais competentes, para crianças nessa faixa etária, os valores do Judaísmo as acompanham para sempre. Na Beit Yaacov, os alunos se relacionam com o Judaísmo a partir do estudo do Tanach, de histórias, do Shabat e dos chaguim. A intensidade e a profundidade da relação devem ser decididas pela família. Visando a uma interação dos pais com temas estudados, a escola promove atividades ligadas ao Judaísmo, que são estendidas às famílias. O Calendário Judaico e seus chaguim trazem momentos de introspecção, alegria e de vivência do sentimento de família, muito importantes para a educação das crianças.

Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman (C.N.) Bialik A Educação Infantil no Bialik tem como palavra chave a vivência, por acreditarmos que, nesta faixa etária, é este o caminho para o desenvolvimento de uma identidade judaica. Vivenciar a cultura, a tradição, os costumes e a língua hebraica, conhecer as histórias do Tanach, o porquê dos chaguim e celebrar o Shabat – tudo isso certamente trará um sentimento de pertinência. As festividades e o Shabat são marcadores do tempo, que se diferenciam das atividades rotineiras, portanto, merecem atenção especial. Os pais, sempre presentes, são parceiros nestes momentos. Em cada chag, a escola se transforma e o próprio entorno educativo traduz o que nela acontece, possibilitando, então, que a criança perceba e sinta toda a sua mágica. Tornar Israel mais próximo também é uma das nossas metas, e isto é feito pela música, dança, literatura, filmes e troca de correspondência com crianças israelenses.

Escola Gani Talmud-Thorá (TT) Chanoch lanaar al pi darko, gam ki iazkin, lo iassor mimeno. Eduque uma criança conforme suas potencialidades levando-o a amar o conteúdo aprendido, especialmente em sua infância, para dele não se afastar na juventude.3 A filosofia da Escola Gani TT baseia-se na premissa de que não devemos ensinar e sim educar, pois as crianças constróem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O educador é o modelo vivo dos ensinamentos judaicos e chassídicos transmitidos, tornando acessíveis os elementos da cultura e religião, que enriquecem seu desenvolvimento e inserção na comunidade judaica e a participação na comunidade nacional. As atividades promovidas na escola ajudam no desenvolvimento integral de sua identidade, pois a criança é profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, embora também o marque, contribuindo para o desenvolvimento do grupo. A escola cumpre, entre outros, este papel socializador, propiciando o desenvolvimento das características da criança, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situação de interação. “...Cada tipo de criança existe por alguma razão e devemos auxiliá-la em seu desenvolvimento. Cada criança carrega consigo grandes riquezas, o potencial de todo um futuro. O modo como você (sic) educa uma criança não vai influenciar apenas a vida dela própria, mas também os filhos dela e suas vidas...”. “... Precisamos ser especialmente atentos em relação a incutir o sagrado nas crianças, a reverência que vem através da espiritualidade. As crianças têm um glorioso dom para perceberem (sic) que o aqui e agora, o mundo visível, nem sempre é o mais importante. Permita que a imaginação de uma criança vagueie, pois ela reconhece que todos fazemos parte de uma coisa superior a nós mesmos. As crianças têm, de forma inata, uma profunda ânsia pelo etéreo e um natural sentido de encantamento e fé, tão receptivo a questões espirituais...”4

Escola Maternal e Infantil (E.M.I.) Hebraica Princípios e valores da Educação Judaica A integração da criança, basicamente nos valores judaicos e na prática de suas tradições, faz parte incessante do nosso cotidiano. A vivência é feita por meio do conhecimento da história do povo judeu, seus costumes e tradições. A interação com pais e familiares, e com os diversos departamentos do clube, fazem parte da nossa proposta pedagógica, compartilhando e vivenciando datas importantes do calendário judaico. Propiciamos, assim, a troca de experiências e informações. Objetivos gerais da Cultura Judaica • Promover situações e vivência que possibilitem, ao aluno, o desenvolvimento das bases para a construção de sua identidade judaica; • Conhecer fatos marcantes da história do nosso povo, seus costumes e tradições e valores éticos; • Introduzir o ensino da língua hebraica, por meio de festas judaicas, desenvolvendo o vocabulário. 2 3 4

As escolas foram organizadas, na ordem alfabética de seus nomes Em Mishlei XXII-6 / Provérbios, capítulo 22, versículo 6 Citações extraídas do livro Rumo a uma vida significativa - A sabedoria do Rebe Menachem Mendel Schneerson

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Escola Complementar Olami Infantil A escola é um espaço de vivência judaica, não formal, cujo objetivo é proporcionar aos seus integrantes, ferramentas para a vivência do Judaísmo em toda sua plenitude. Assim, conhecem, sentem e se identificam com nossa cultura e aproximam-se da realidade judaica e israelense. A proposta do Olami consiste em uma variedade de projetos, abrangendo as áreas de: chaguim, ivrit (hebraico), identidade e valores judaicos e o Shabat. Os objetivos para o Gan (Jardim-deinfância): • Iniciação de vocabulário em ivrit por meio da estruturação de frases simples; • Reconhecimento e escrita do nome e • Reconhecimento dos nomes dos amigos.

Colégio I. L. Peretz – Acrelbi (Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita) O Colégio I.L. Peretz visa a uma formação multi e intra-disciplinar, humanística e científica sob a perspectiva privilegiada do Judaísmo, como forma de ver, sentir e viver a sua particularidade. Assim, é sua meta proporcionar a seus educandos os instrumentos da competência e da auto-realização pessoal, ao mesmo tempo em que os prepara para o desempenho da cidadania consciente, criativa e atuante no Brasil, na comunidade judaica e aonde quer que os caminhos de suas existências os levem. Considerando que o I. L. Peretz deve estar atento às reformulações pedagógico-didáticas exigidas pela globalização, pelo avanço tecnológico e pelas necessidades que o país tem para converter-se em uma nação avançada, esta instituição, como Escola Judaica, não pode prescindir da família - dos pais de seus alunos, na tarefa de educar judaicamente. Só a parceria família/ escola poderá proporcionar sentido na construção de uma identidade judaica responsável, consciente e aberta para o mundo, para que nossos jovens, ciosos de sua especificidade, conservem suas relações com as tradições, com a comunidade e com Israel.

Sociedade Hebraico Brasileira Renascença Sendo uma Escola Judaica, A Sociedade Hebraico Brasileira Renascença norteia seu projeto político-pedagógico em princípios e valores, baseados nos três aspectos da filosofia judaica “... sobre três pilares, sustenta-se o mundo: Tora (Leis), avoda (Trabalho) e gmilut chassadim (Justiça Social).”5 • Tora - este conhecimento se dá por meio do entendimento, análise, conclusão, apropriação e conceituação própria. Princípio da REFLEXÃO. • Avoda - assimilados os princípios da Tora, este se transforma em vivência e passa a aplicá-lo no cotidiano. Princípio da AÇÃO. • Gmilut chassadim - neste fundamento, o coletivo transcende o individual, como elo de união e compromisso com a sociedade. Princípio da TRANSFORMAÇÃO. Pelo trabalho com a Cultura Judaica, criamos condições, para que nosso aluno possa ter uma postura pró-ativa na comunidade, construindo sua identidade, descobrindo-se como parte importante e atuante de nossa cultura, por meio da apropriação de um língua comum e da história de recordação do passado. Reconhecendo os valores aprendidos, possibilita-se a continuidade da preservação da cultura. A participação ativa dos alunos em atividades faz com que eles sejam parte integrante do universo judaico inserido na sociedade.

Kitá Legal A Kitá Legal é um curso de Cultura Judaica, para crianças de 3 a 10 anos . Sendo um curso de educação complementar, a proposta da Kitá Legal é a de ensinar os principais aspectos da Cultura Judaica de maneira informal, lúdica e criativa. Os principais objetivos da Kitá Legal são: promover a construção da identidade judaica da criança e fortalecer o conhecimento sobre os fundamentos da Cultura Judaica - religião, tradição, costumes, história e personagens. Outras metas importantes da Kitá Legal são aproximar e envolver as famílias das crianças ao Judaísmo, criar momentos de grande vivência em torno dos conteúdos e ensinar um vocabulário básico do tema discutido, em hebraico. A prática obtida, nos 18 anos em que ministramos este curso, permite-nos avaliar que o método de ensino usado, que considera a chavaia (vivência positiva) - como fator primordial no ensino, pode levar a criança a adquirir uma rica experiência judaica. Neste sentido, procuramos trabalhar com os aspectos culturais e religiosos presentes nas histórias do Tanach (Bíblia), nos contos judaicos, nos principais chaguim (festas), nas tradições e costumes do povo judeu. Como parte da Cultura Judaica, a Língua Hebraica também está presente nas aulas, promovendo a aprendizagem de um vocabulário básico de acordo com cada tema proposto. As crianças maiores de 8 anos têm a oportunidade de aprender, de maneira lúdica, o alef-beit (alfabeto) e seu uso.

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Em Pirkei Avot / Ética dos Pais, capítulo 1, versículo 2


Instituto de Ensino Lubavitch “Ki haadam etz hassade.” “O homem é comparado à árvore do campo.” Assim com uma árvore, que, para crescer forte e saudável, deve ter sua semente nutrida desde a plantação, devemos também investir na educação de uma criança desde os seus primeiros anos de vida, para que cresça uma “árvore carregada de valores, Tora e mitzvot”. Cada orientação que damos a uma criança influenciará seu comportamento e caráter quando crescer. Como está escrito: “Ze hakatan gadol ihie” “Este pequeno, grande será.” No Instituto de Ensino Lubavitch, temos o prazer de oferecer, às nossas crianças, um ambiente judaico e chassídico, onde cada criança é individualmente valorizada e nutrida. Encorajamos cada uma a explorar o mundo, aprender a fazer parte de um grupo, e resolver problemas de maneira construtiva. O Lubavitch se empenha, constantemente, em criar um ambiente caloroso, alegre e amigável, com uma equipe de professores responsáveis, cujas prioridades são sempre o bem estar das crianças. O Instituto divide, com o lar, este importante papel de educar a criança, para que cresça feliz, interessada, responsável, com valores e temente a D’us. Vemos cada criança como um indivíduo, merecedor de respeito e atenção. E, para que ela cresça sabendo respeitar os outros, incentivamo-na a descobrir caminhos de comunicação e cooperação. Respeitando sempre as habilidades e personalidade de cada criança, nosso método de trabalho enfoca um crescimento saudável social e, emocionalmente, fundamental, para a criança aprender a crescer. Nestes primeiros anos da educação de uma criança, transmitimos noções básicas de iahadut (Judaísmo) e alfabetização, por meio de experiências e vivências. Garantindo a individualidade de cada uma, e respeitando os diferentes meios que cada criança procura para acessar seus conhecimentos - e para ajudarmos cada uma a identificar situações emocionais, e crescer forte para tomar decisões, construir uma personalidade e auto-estima positiva - trabalhamos e planejamos o nosso dia-a-dia, dentro das seguintes propostas: • Inteligências Múltiplas (baseando-nos na teoria de Howard Gardner, sobre as oito inteligências) • Inteligência Emocional (baseando-nos na teoria de Solowey sobre o Q.E.6) • Centros de Aprendizagem Cooperativa (baseando-nos na teoria de Horaa Mutemet, Ensino para a Diversidade) E, como fazemos isto? Com muito amor! “Palavras que saem do coração entram no coração” Além disso, acreditamos na lógica de que o/a professor/a que ensina com amor fará com que a criança o/a ame. A criança que ama seu/sua professor/a amará aquilo que ele lhe ensina. A criança que amar os valores da Tora amará, também, a Tora e D’us. Ou seja, o/a professor/a é um elo entre a criança e D’us!!! Quando D’us criou o homem, Ele disse: Faremos (no plural) o homem. Para que se torne “um homem”, a educação de uma criança depende de uma sociedade entre pais, educadores e D’us. Que possamos sempre ter muito sucesso nesta empreitada!!! As festividades judaicas representam um dos sinais que reunificam o povo judeu, transmitindo para todos, ao mesmo tempo, os mesmos valores, conteúdos e tradições, fazendo com que todos sintam, juntos, momentos únicos de espiritualidade e pertinência. A importância destes chaguim na Educação Infantil é inquestionável, e a conscientização da importância dos conteúdos adequados à faixa etária se vai expandindo. Os princípios que nos orientaram para o planejamento e a escrita deste material foram os da adequação dos conteúdos e das estratégias ao desenvolvimento infantil.

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Q.E. – Coeficiente de Inteligência Emocional

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O que é um chag? “As festividades elevam o homem do plano superficial do dia-a-dia, da mesma forma que as montanhas se elevam do nível da superfície da Terra”. Esta é a visão do grande poeta Chaim Nachman Bialik, um dos primeiros autores que escreveram em língua hebraica moderna para crianças na idade infantil, valendo-se de grande sensibilidade para tal. “Quem chega ao alto de uma montanha, seu horizonte fica maior e mais amplo, oferecendo novas proporções à sua vida”. Como acontece com quem se encontra no alto de uma montanha e respira um ar mais puro, segundo Bialik, o homem que celebra uma festa, um pico no tempo, eleva-se da rotina do dia-a-dia. Os chaguim, demarcados para o homem organizar seu calendário, valorizam o ciclo das estações e as mudanças que ocorrem na natureza. Festejando dias sagrados, em meio a dias normais, revela-se, no homem, a aspiração a se elevar a picos comemorativos, voltando no dia seguinte à rotina corriqueira. Para assinalar este pico no tempo usa-se, em hebraico, a palavra chag, cujo radical semita (de três consoantes) pode ser tanto chet guimel guimel (‫ )חגג‬como chet vav guimel (‫)חוג‬. Se considerarmos esta última, poderemos notar que transmite, também, a noção de chug, ou seja, um círculo, em torno do qual cada participante se situa em um ponto eqüidistante, possuindo todos a mesma importância em todos os pontos, e, assim, aumentando, a sensação de pertinência, segurança emocional e consolidando sua identidade cultural. Outra forma de explicar é considerar o radical chet guimel guimel, que deriva o verbo lachgog, cujo significado é festejar. Ou seja, por meio do chag, podemos festejar os fechamentos de alguns ciclos/círculos na vida do homem, e a abertura de outros novos.

Para que precisamos de chaguim? O chag é um dia especial e diferente de outros dias, que retorna a cada ano respeitando o calendário. Nestes dias, são realizadas cerimônias ou comemorações, atos simbólicos, designados a demarcar acontecimentos que tiveram sua origem na história, na religião ou na natureza. Sejam as origens do chag fontes históricas (guerras, conquistas, vitórias), fontes religiosas (a gênese do mundo, a Lei de Moisés), fontes ligadas ao homem e à sociedade ou fontes ligadas à natureza, o que transformará um dia normal em dia de chag será a importância que o homem e o povo lhe atribuírem. Cada povo cultiva suas festividades e comemorações, tecendo laços por entre suas fontes religiosas e históricas, e suprindo necessidades sociais, econômicas e culturais. Assim, cada festividade estará conectada diretamente à cultura de um povo, aos costumes, tradições, folclore e crenças. Cada chag é baseado numa idéia central, num eixo. É a própria realização deste chag, no entanto, que tem a função de trazê-lo à nossa consciência, por meio do uso de símbolos, motivos, sensações espirituais, além das cerimônias tradicionais e religiosas. Alguns elementos fundamentais que caracterizam um chag são: uma data demarcada ou convencionada no calendário (sugerindo a possibilidade da comemoração conjunta, cultivando a sensação de pertinência ao povo), os conteúdos e símbolos específicos (típicos para cada chag), a função deste chag na comunidade (uma oportunidade para nos reunirmos e nos sentirmos parte de um todo, com um objetivo comum), as preparações espirituais e materiais e a criação de um ambiente especial (a partir, p. ex., do uso de luzes – cada chag com sua luz, comidas especiais, roupas, enfeites e decoração, seguindo seus costumes), além da parte litúrgica (rezas, canções e versos, entre outros).

Qual o significado do chag para a criança na idade infantil? Desde a idade mais jovem, a criança desenvolve sua percepção, por meio do uso dos sentidos, para captar o que o ambiente e as pessoas significativas lhe oferecem. Os chaguim são excelentes oportunidades para alimentar os sentidos, fazendo com que a criança aprenda vivenciando, p.ex., a visão das cores das velas de Chanuka ou a sensação do calor da fogueira de Lag Baomer, o cozimento, aroma e sabor dos pratos típicos, o som do raashan, em Purim, das canções e rezas, a dança e a dramatização. Tudo isto faz com que a criança participe ativamente, tanto na preparação como na realização da festividade. Para a criança na idade infantil, o chag terá significado, dependendo do que vivenciar e absorver, ao participar de atos, atividades, brincadeiras e jogos, assim como da própria comemoração da festa, na escola e em casa. Os símbolos e motivos, repetidos a cada ano, despertam a curiosidade da criança, fazendo com que, gradativamente, vá conhecendo e se interessando por seus significados. Crianças na idade infantil se encontram nos estágios sensório-motor e pré-operacional, quando o aprendizado acontece pela ação direta com materiais e pessoas em seu entorno. Consequentemente, a forma mais adequada de ensinar crianças nesta idade é oferecer-lhes oportunidades, para vivenciarem experiências concretas, quando terão um papel ativo. O Judaísmo, compreendendo e sendo sensível às necessidades das crianças desde a idade mais jovem, proporciona vários meios concretos para envolvê-las em todos os chaguim, incentivando sua participação ativa, seja segurando velas em Chanuka, ajudando na construção da suka, seja balançando o lulav, beijando a Tora ou batendo os pés ao ouvir o nome de Haman na leitura da Meguilat Esther. Ano após ano, desde a mais tenra idade, retornando às mesmas ações e costumes, entoando as mesmas canções, provando as mesmas comidas tradicionais de cada festividade, dançando as mesmas danças, a tradição se vai tecendo e se fortalecendo e, ao mesmo tempo, constrói-se a memória do chag. Por meio da mediação significativa do adulto,

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acrescentam-se conteúdos e saberes, adequados ao nível de desenvolvimento da criança, oferecendo significado às suas sensações e emoções e, consequentemente, aprofundando sua identidade judaica a cada ano. O chag pode ser visto em várias dimensões. Podemos oferecer à criança a oportunidade de sentir-se ligada a acontecimentos importantes do passado de seu povo e, ao mesmo tempo, ser construtora participante deste povo, no presente, por meio da realização e comemoração da festividade. Por outro lado, pelo uso adequado dos símbolos, a criança poderá conhecer idéias e valores humanos sociais, que todo povo almeja para o futuro de seus filhos. Consequentemente, para cultivar tais dimensões, é reservado um papel central à instituição educacional judaica, no oferecimento de boas oportunidades para cultivar a cultura e a tradição do povo judeu. Do ponto-de-vista afetivo e emocional, o chag na idade infantil tem, como função, oferecer várias oportunidades para a criança sentir prazer, alegria e pertinência, por meio de vivências positivas, do jogo e da brincadeira. A criança, ao se encontrar com o mundo adulto, aprende gradativamente a interagir com ele, realizando rituais e costumes, vistos por ela como brincadeiras. Esta tem, no adulto, um parceiro constante, o que aumenta sua auto-estima e fortalece sua identidade. Ademais, a comemoração dos chaguim representa um marco no tempo, com pontos de referência especiais, assim ajudando a criança a construir seu próprio conceito de tempo. “Antes”, “depois”, “ano passado” - conceitos que possibilitam a organização pessoal da criança, tanto afetiva como cognitiva, auxiliam-na a se posicionar na seqüência periódica do tempo. Nesta faixa etária (3-6 anos de idade), temos que considerar que a dimensão histórica, baseada na percepção do tempo, ainda está em construção. Levando em conta as características do desenvolvimento da criança nestas idades, ao contarmos uma história, devemos colocar a ênfase na parte vivencial, sem nos atermos em demasia ao significado histórico ou à seqüência do tempo. Por meio da experiência que a criança vivencia, juntamente com sua participação ativa e a realização dos costumes, os acontecimentos interligar-se-ão e servirão, no futuro, de base para a construção do significado mais completo da história de cada chag. A chaguiga, ou festejo do chag, representa apenas uma parte do chag. Este, que começa ao anoitecer, continua até seu final, enquanto que a chaguiga tem seu tempo mais curto e definido. Este evento, de grande importância na instituição educacional, representa uma boa oportunidade para a criança participar ativamente, sentindo-se parte de um todo (hine ma tov uma naim, shevet achim gam iachad, Eis o que é bom e agradável, os irmãos sentados juntos), quando podemos transmitir mensagens, valores e costumes ligados ao chag e à tradição do povo.

Quais seriam os principais objetivos, ao festejarmos os chaguim na escola judaica de Educação Infantil? • Criar boas oportunidades para a criança vivenciar os costumes e tradições de cada festividade; • Fortalecer, na criança, a identidade judaica e a sensação de pertinência social; • Enfatizar a importância e o papel da tradição, da história e dos costumes; • Promover valores sociais, tais como liberdade, amor e ajuda ao próximo, responsabilidade social, honestidade e pertinência; • Oferecer boas condições para a criança sentir-se contente e satisfeita nas festividades; • Promover oportunidades para envolver a família da criança nas comemorações da escola; • Criar oportunidades para a criança conhecer os diferentes costumes das várias comunidades, promovendo a tolerância com todos.

A organização deste material A justificativa para o uso das obras, citadas como referencial teórico na Lista de Conteúdos, está ligada ao que entendemos que venham a ser os componentes de um currículo de Cultura Judaica para a Educação Infantil de qualidade, relevante e adequado ao contexto sócio-cultural local. O uso do Referencial Curricular de Israel se justifica pela relevância deste no que diz respeito aos conteúdos de Cultura Judaica adequados à idade infantil. O Referencial Curricular Nacional do Brasil nos serviu de guia e ligação com a cultura local. Já o estudo da Abordagem de Adequação ao Desenvolvimento nos tornou mais sensíveis às necessidades e características da idade infantil. Por fim, as Propostas Pedagógicas das Escolas Judaicas participantes nos nortearam quanto à necessidade de respeitarmos a diversidade e praticarmos a tolerância. Os exemplos descritos neste projeto são frutos de um processo que incluiu a divisão das festividades e comemorações entre as escolas, ficando cada uma responsável pela escrita de uma festividade, respeitando o modelo designado (vide Anexo 4). No processo de elaboração deste material, foram organizados encontros em datas próximas às festividades/ comemorações. A escola, responsável pela escrita da festividade/ comemoração do momento, recebeu a visita do grupo de participantes em sua escola. Segue, abaixo, a lista dos chaguim e das escolas responsáveis pela organização e escrita do material: Rosh Hashaná: Olami; Purim: I. L. Peretz; Iom Kipur: Ensino Judaico Sul; Iom Haatzmaut: Beit Yaakov; Sukot: Todas em parceria, revisão Lubavitch; Pessach: C. N. Bialik; Simchat Tora: Hebraica; Lag Baomer: Gani TT Chanuka: Todas em parceria, revisão Kitá Legal; Shavuot: Renascença Tu Bishvat: Esc. Gani TT;

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Os materiais, escritos pela equipe-autora, foram enviados às escolas a tempo, por correio eletrônico e, no encontro do grupo, cada escola acrescentou seus projetos/ atividades ao planejamento, já elaborado e registrado, da festividade/ comemoração, além de agregar o inventário de materiais de sua escola - tornando-se um material de todas, de inédita autoria coletiva. Para facilitar a elaboração de um material que permita à educadora colocar em prática os objetivos, desenvolvemos um modelo de escrita para todas as festividades, que tem, como proposta, servir como guia para o planejamento e organização dos conteúdos, temas e estratégias. Este modelo de escrita, que representa apenas uma sugestão, foi praticado por cada escola, em separado e em parceria com todas as escolas, em duas das festividades (Sukot e Chanuka). Os inventários, organizados segundo o material que cada escola possui, têm, como objetivo principal, abrir o leque de possibilidades para pesquisar materiais de outras escolas, além de servir como guias de materiais potenciais para cada chag. Seguindo um processo natural, esperamos que o próximo passo seja o de um trabalho mais intenso de parcerias entre as escolas, cada qual respeitando as diferenças e as características das outras, que, como afirmado anteriormente, tanto enriquecem a Cultura Judaica. Esperamos, com isso, poder contribuir para o planejamento e a organização do material referente à Cultura Judaica nas escolas de Educação Infantil e, principalmente, para ampliar as possibilidades dos educadores, com respeito à pesquisa e ao uso das atividades propostas. Finalmente, e não menos importante, esperamos que este trabalho favoreça e promova a construção da identidade judaica das crianças que estudam nas escolas infantis de Cultura Judaica, assim como a aquisição de saberes sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos rodeia.

Eize Chag Li

Que festa tenho eu

Eize chag li, eize chag li, Chag iachid umeiuchad li Gam hashemesh meira li haiom pi assara Eize chag li eize chag.

Que festa tenho eu Festa única e especial Até o sol também se ilumina, hoje, dez vezes mais Que festa tenho eu.

Or nerot, birkat oreach Chag sameach, chag sameach Hassimcha po ad hagag Eize eize eize chag Eize chag li, eize chag.

A luz das velas, a bênção de um visitante Boas festas, boas festas A alegria chega até o céu Que festa Que festa tenho eu.

Haprachim, haor haiain Hadima biktze haain Hachultza halevana Chag haiom bechol pina Eize chag li eize chag li.

As flores, a luz, o vinho A lágrima na pontinha do olho A blusa branca Hoje tem festa em cada canto Que festa Que festa tenho eu.

Iom shel chag kmo iom huledet Shir balev veor bacheder Mi sheba baruch haba Chag nifla toda raba Eize chag li eize chag.

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Dia de festa como aniversário Uma canção no coração, a luz iluminando a sala Quem vier, será bem vindo Que festa fabulosa, agradecidos, Que festa tenho eu.


Bibliografia

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Sugestões de sites http://www.education.gov.il/preschool http://www.users.ms11.net/ http://www.bluemountain.com http://www.members.iol.co.il/yakov http://www.chabad-lubavitch.com http://www.bible.co.il http://www.holidaynotes.com http://www.hareshima .com/ http://www.greetme.com http://www.snunit .k.12.il/subjects/holidays 1.html http://holidays.bfn.org http://www.geocities.com http://jajz-ed.org.il/ivrit http://www.angelfire.com http://www.jajz-ed.org.ul/festivals/index.html http://www.perpetualpreschool.com http://aish.com/holidays http://www.e-chinuch.com http://www.vjholidays.com http://www.lilmodebsimcha.com http://www.galim .org.il http://www.yahoo.com http://www.chagim .org.il http://www.walla.co.il http://www.holidayfestival .com http://www.nana.co.il http://www.holidays.net http://www.hop.co.il http://www.jewishmag.co.il http://www.jafi.org.il/hebrew/resource.html

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O livro disponibilizado na internet

O livro “Chaguim Laktanim” está disponível na internet no site: www.agenciajudaica.com.br na área “Educação”.


Rosh Hashana 19

Ă?ndice

Iom Kipur 37 Sukot 43 Simchat Tora 57 Chanuka 65 Tu Bishvat 85 Purim 99 Pessach 117 Iom Haatzmaut 137 Lag Baomer 153 Shavuot 163 Anexos 181 17



Rosh Hashana

SHANA TOVA UMETUKA BETACHANOT1

Fontes Bachodesh hashvii bechad lachodesh ihie lachem kol mlechet avoda lo taasu vehikravtem isha lAdo__nai. “E, no sétimo mês, no primeiro dia do mês, convocação de Santidade haverá para vocês: Nenhuma obra servil farão; dia de toque do shofar será para vocês.” (Números 23;1)

Becha Ado__nai tov veishar Ado__nai al ken iore chataim baderech: iadrech anavim. “...Por amor do Seu bem, Senhor Eterno / São do Eterno: ‘bondade’ e ‘retidão’, / Ilumine, por isso, os pecadores, / Nos caminhos que rumam para o bem...“ (Salmos 25)

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‘Tachanot’ significa ‘estações, postos ou paradas (no caso) temáticas’.

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Descrição da festa Rosh Hashana (cabeça do ano) é o Ano Novo Judaico, cuja comemoração oferece aos indivíduos a chance de refletirem, viabilizando-lhes eventuais modificações pessoais. Parece tratar-se de um sonho que se quer atingir - o sonho de um mundo melhor, destituído de maldade, onde viver com as respectivas famílias e amigos torna-se algo verdadeiramente bom e agradável. Denominado tishrei, o primeiro mês do ano judaico coincide, na maioria das vezes, com os meses de setembro ou outubro, em Israel, período de colheita, no qual o toque do shofar denota seu início. * O aspecto religioso A partir do primeiro dia de tishrei, começam os Iamim Noraim (Dias Temíveis), denominação atribuída aos dias entre Rosh Hashana e Iom Kipur, que acontecem nos dois primeiros e décimo dias deste mês, respectivamente. Devido à antiga dificuldade de identificar o início dos meses, ou do ano, por meio de reconhecimento visual da lua nova, rabinos determinaram que Rosh Hashana seria celebrado por dois dias, tanto em Israel como na diáspora. Ao contrário de outras festividades, Rosh Hashana não tem caráter agrícola. Sua comemoração destaca a relação do homem com D’us ou, mais especificamente, a aceitação do Reino do Divino, Que conhece e julga cada um de Seus servos. Trata-se de uma celebração voltada ao regozijo, durante a qual os homens recordam, com receio, seus feitos do ano, pois parte-se do princípio de que todos os atos exigem prestação de contas. O motivo da comemoração de Rosh Hashana compreende três momentos: passado, presente e futuro. O passado remete à Criação (Gênese) do primeiro homem (Adão) e, sendo assim, ao Criador cabe reinar e julgar todos os homens (aniversário da Criação). O presente refere-se à nossa expectativa, frente ao ‘Dia do Julgamento’, e o futuro visa à continuidade da crença e do Reinado de D’us. No ‘Dia do Julgamento’, as pessoas fazem seus inventários e acredita-se que o Eterno julga e decide o que irá acontecer com cada um, no ano que começa. O livro de rezas utilizado pelos judeus, durante todo este período, é chamado Machzor, que é uma criação coletiva de sábios judeus, que seguiram o mandamento talmúdico de Iiun Tfila, realizando, assim, uma imensa coletânea de seleções e paráfrases da Bíblia, da Mishna, da Gmara, dos Midrashim e do Zohar. Seu acervo litúrgico conserva o espírito do monoteísmo, expresso em suas orações e é direcionado à penitência e ao arrependimento. Tshuva significa, tradicionalmente, ‘retorno’: retorno aos valores e às práticas do Judaísmo. Ocorre quando os indivíduos deixam de cometer pecados e determinam, em seu íntimo, que mais não os farão, sendo que esta

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não se limita às más ações mas, também, aos maus pensamentos. As pessoas se reúnem para dar boas vindas a um novo ano, celebrar suas promessas, ponderar sobre suas responsabilidades e agradecer por novas oportunidades. No entanto, a decisão Divina, tomada em Rosh Hashana, não é, ainda, a decisão definitiva. Dispomos de dez dias para a introspecção, para o arrependimento das más ações, para nos comprometermos com objetivos importantes e rezarmos pela misericórdia de D’us. Se Rosh Hashana é o ‘Dia do Julgamento’, o Iom Kipur (Dia do Perdão) é o ‘Dia da Sentença’. O período de dez dias entre os dois marcos, incluindo-os, são os Iamim Noraim, considerados os ‘Dez Dias do Arrependimento’. O estatuto que rege estes dias: Fale aos filhos de Israel, dizendo: No sétimo mês, o primeiro dia do mês será para vocês descanso solene, memorial de toque de shofar, convocação de Santidade. Nenhuma obra servil farão; e oferecerão sacrifício queimado ao Eterno. E falou o Eterno a Moisés, dizendo: ‘O décimo dia deste sétimo mês é o ‘Dia das Expiações’; convocação de Santidade será para vocês, e afligirão suas almas e oferecerão sacrifício queimado ao Eterno”. E nenhuma obra farão neste mesmo dia, porque é ‘Dia das Expiações’, para expiar por vocês diante do Eterno, seu D’us. Porque toda alma que não se afligir neste mesmo dia será banida de seu povo. E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia, destruirei aquela alma do meio do seu povo. Nenhuma obra farão; estatuto perpétuo será para suas gerações, em todas as suas habitações. Dia de descanso solene é para vocês, e afligirei suas almas; aos nove dias do mês, à tarde, de uma tarde a outra, celebrarão seu dia de descanso. (Levítico 23; 24- 31,). Os principais temas das preces de Rosh Hashana e Iom Kipur são: a Majestade de D’us, Criador do universo; a fragilidade do homem e sua dependência da piedade Divina; a tshuva e as boas ações: sua importância na absolvição no julgamento; o sofrimento do povo judeu; o perdão e a confissão dos pecados (Machzor). Em Iom Kipur, o último desses ‘Dias Temíveis’, quando o sol se põe, o toque do shofar ecoa pelos cantos de todo o universo, anunciando o término do julgamento. Portanto, a sorte dos homens para o ano que se inicia já está selada. Na religião judaica, o arrependimento, nesse dia, dáse entre o homem e seu Criador e, de acordo com a Lei Judaica, visa ao futuro. Não existe nenhuma forma de confissão perante um ser humano. Confissão é o sussurro de toda uma congregação, feita em uníssono; não é o desabafo dos males de cada um, é a expressão de uma responsabilidade coletiva. O judeu não reza unicamente por seu bem-estar individual, mas por todo o povo, pois sabe que os filhos de Israel são fiadores uns dos outros.


Em Israel

Nomes da festa

A festividade se dá no início do outono, no mês de tishrei. Coincide com o início do ano letivo e, portanto, o início de um novo ciclo. Apesar disso, é uma festa com uma certa dualidade: marca o fim de um ano e início de outro. Esse tema é bastante explorado, pois Rosh Hashana, além de ser a primeira festa do calendário judaico, é, também, o momento em que podemos parar para fazer nossas reflexões sobre esse novo período que se inicia e sobre aquele que se encerrou.

Rosh Hashana É o dia em que o Ano Novo Judaico se inicia, ou seja, a ‘cabeça do ano’. Assim como a cabeça do homem é a parte do corpo que comanda todo o resto, Rosh Hashana é o momento crucial, que comandará o resto do ano de cada um. À idéia do tempo, unem-se conceitos de responsabilidade e de julgamento.

Mensagens das escolas

Iom Hadin (Dia do Juízo) Nesse dia, cada um comparece ao Tribunal (celestial), para um julgamento perante o Criador.

Sugerimos este texto para ser enviado aos pais antes de Rosh Hashana, a fim de refletirem sobre a importância da continuidade de nossa tradição, e da necessidade de união para a educação dos nossos filhos. As vozes do shofar Já sabiam nossos sábios antepassados que o homem aumenta a força de sua memória ao ver e ouvir. Diversos instrumentos musicais remetem o ouvinte a alegria, tristeza, luto, choro, receio ou animação. O principal objetivo do shofar é despertar e abalar os corações dos que o escutam. As vozes do shofar, entretanto, não são iguais. Soam de três maneiras diversas: a primeira, tkia, consiste num som simples; a segunda, trua, compõe-se de nove toques breves e a terceira, shvarim, compõe-se de três toques sucessivos, cada um dos quais é tão longo quanto os três sons breves no gênero trua, de maneira que shvarim equivale a nove toques. Alguns interpretam essas vozes, de acordo com o que os inspira. Assim, tkia, ou toque simples, seria motivo para alegria e admiração; trua, um toque atemorizador, e shvarim inspiraria alegria e tristeza ao mesmo tempo. Para abranger todas as sensações, é preciso tocar nas três vozes. Segundo um rabino contemporâneo, esses diversos toques do shofar recordam as três idéias fundamentais do povo judeu: a trua recorda a fé religiosa – seu tom é simples e reto como a religião judaica; shvarim recorda o destino do povo judeu, que nem sempre foi reto, mas quebrado e sacudido muitas vezes; trua lamenta, com seu tom elegíaco, a situação da Tora, que nem sempre foi próspera. O principal, no toque do shofar, é um convite para cancelarmos o ódio sem razão e despertar amor, união e paz.

Iom Trua (Dia do Soar) O dia em que se deve fazer soar o shofar.

Iom Hazikaron (Dia da recordação) Os sábios acreditavam que o toque do shofar, em Rosh Hashana, despertaria a recordação de arrependimento em cada pessoa.

Se existir guerra, que seja de travesseiros Se existir fome, que seja de amor Se for para esquentar, que seja do sol Se for para enganar, que seja o estômago Se for para chorar, que seja de alegria Se for para perder, que seja o medo Se for para cair, que seja na gandaia Se for para ser feliz, que seja para sempre. SHANA TOVA! (Olami)

ROSH HASHANA

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Símbolos e motivos, usos e costumes Shofar O shofar é um chifre de carneiro, utilizado como instrumento de sopro por homens e considerado um dos mais antigos, dado que já era conhecido e tocado na época de Moisés. Não se pode atribuir grande importância no campo musical ao shofar, pois não produz notas suaves ou delicadas. Entretanto, apresenta especial significado espiritual, uma vez que seu som induz à reflexão e ao arrependimento. Uma de suas principais funções é alertar para tanto o início como o término dos ‘Dias Temíveis’. Sua característica mais marcante é inspirar reverência por meio de seu ecoar, irradiando sentimentos de arrependimento e humildade. O motivo de ser confeccionado com um chifre de carneiro remete à época do patriarca Abrahão, mais especificamente, à passagem que trata do sacrifício de seu filho Isaac. A recordação de Akedat Itzchak (O Sacrifício de Isaac), em Rosh Hashana, serve como fonte de inspiração em relação ao auto-sacrifício e à entrega dos homens a serviço de D’us. No decorrer destes dias, são três os tipos de toque que escutamos: - tkia: som longo e uniforme; - shvarim: som entrecortado em três notas médias - trua: som entrecortado em nove sons mais curtos. Um dos maiores sábios judeus, Saadia Gaon (824-943), descreve mais alguns motivos, bastante significativos, para o toque do shofar, durante a celebração. Em Rosh Hashana, aniversário da Criação, suas funções são: • proclamar a soberania do Criador; • advertir o povo sobre o destino de sua vida; • lembrar a Revelação no Monte Sinai; • trazer a advertência e a exortação dos profetas; • lembrar o alarme da batalha, na Judéia, no decorrer da destruição do Templo; • inspirar reverência e temor; • lembrar o Dia do Juízo; • proclamar a redenção vindoura e breve restauração de Israel e • simbolizar a esperança pela redenção final e pela ressurreição.

*Rambam sustenta que a única razão para o toque do shofar, na sinagoga, é estimular o arrependimento, conforme aparece no Machzor: Acordem, vocês que dormem, e reflitam sobre suas ações; retornem e recordem a seu Criador. Aqueles que esquecem a verdade, com as necessidades da época, e perdem os anos, em busca por coisas banais e vazias que não beneficiam nem salvam; fixem-nos em suas almas e melhorem seu caminho e ações? Que cada um abandone seu mau caminho e seu mau pensamento e regresse a D’us, para que Ele possa ter misericórdia de vocês. O shofar, literalmente ‘chifre’. Foi tocado em várias ocasiões: pela primeira vez, no Har Sinai (Monte Sinai), quando da entrega das Tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos; ou, p. ex., na chegada da Lua Nova, no Beit Hamikdash, junto com as cornetas. Também em 1967, quando Israel reconquistou o Muro Ocidental (Kotel Hamaaravi ou Muro das Lamentações, como nos é conhecido), em Ierushalaim, ele foi tocado. Reza a tradição, ainda, que o Profeta Elias tocará o shofar, para anunciar a chegada do Messias.

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Em Rosh Hashana, o shofar é tocado em mussaf (serviço religioso, depois do almoço). A Tora ordena que toquemos o shofar no primeiro dia da festa, mas os sábios estenderam o costume, para que escutemos o toque do shofar também no segundo dia. Este instrumento representa a misericórdia de D’us para com os homens. Não é tocado no Shabat, apesar do toque ser considerado arte, e não trabalho. Seu toque representa a aliança entre D’us e o povo de Israel. Tapuach bidvash (maçã com mel) Na noite de Rosh Hashana , durante a refeição, costumamos comer alimentos que simbolizem a esperança de um ano bom e doce; por isso, comemos tapuach bidvash. Chala agula (pão trançado redondo) Simboliza a continuidade e o cíclico. E, especificamente em Rosh Hashana, simboliza o ano que está começando. Kartissei bracha (cartões de votos, bênçãos e congratulações) Cartões enviados entre familiares e amigos, nos meses de elul e tishrei (último e primeiro meses do ano judaico, respectivamente) até depois de Sukot, com desejos para um ano novo e doce. A origem deste costume é da metade do século XIX. Aparentemente, foi na Inglaterra que os cristãos começaram a imprimir e enviar mensagens de Natal e de Ano Novo. Este costume chegou aos Estados Unidos e, de lá, espalhou-se por todo o Ocidente, atingindo também os judeus. Os primeiros cartões que se destacaram por sua beleza foram os da Alemanha, E.U.A. e Polônia. Os temas variam de motivos religiosos, passando por ideais, até desejos pessoais. * O costume de elaborar votos de Shana tova (Bom Ano!) aparece, anteriormente, no livro Shulchan Aruch (‘Mesa Posta’, onde se expõem leis sobre os mais variados assuntos). Rosh shel dag (cabeça de peixe) Na véspera de Rosh Hashana, famílias judaicas tradicionais colocam sobre a mesa, a cabeça de um peixe, concretizando a idéia de início de ano. Há pessoas que costumam cozer guefilte fish (bolinhos de peixe), justamente por ter um formato redondo. Rimon (romã) Costuma-se comer rimon, em Rosh Hashana, pois há o desejo de que, no ano que está para começar, os direitos do ser humano se multipliquem, assim como a quantidade enorme de caroços/ sementes que existem dentro do rimon. *Machzor (livro de rezas, usado em Rosh Hashana e em Iom Kipur). Em hebraico, tal título significa ‘ciclo’. Nele, estão contidas orações, passagens bíblicas, talmúdicas e poemas religiosos. As orações apresentam três temas fundamentais da fé judaica: D’us é Rei, Juiz e Legislador.


*Tashlich (lançamento) É um costume realizado pouco antes do pôr-do-sol, na tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens de um rio, lago, mar, ou água corrente qualquer, onde quer que haja peixes. Preces são recitadas, seguidas pelo ato simbólico de agitar os cantos de nossas roupas e invertermos os bolsos em direção às águas, ‘lançando’ e, assim, ‘livrando-nos’ de nossos pecados. As preces despertam-nos pensamentos de arrependimento, dado que a situação nos remete à insegurança da vida do peixe e ao perigo de ele ser atraído pela isca, ou apanhado na rede do pescador. Nossa vida, também, está repleta de ciladas e tentações. Os três últimos versos do profeta Micha, recitados durante o tashlich, contêm a explicação para este costume: Quem é D’us como o Senhor, perdoando a iniqüidade e perdoando a transgressão aos herdeiros de Seu legado. Ele não reteve Sua ira para sempre, porque Ele Se regozija na bondade. Mais uma vez, Ele terá misericórdia de

nós. Ele suprimirá nossas iniqüidades; sim, vocês jogarão seus pecados às profundezas do mar. O Maharil (Rabi Moshe Halevi) nos fornece uma explicação mais completa sobre o tashlich. O midrash diz que, quando Avraham e Itzchak foram ao Har Moria (Monte Moriá), para a akeda (sacrifício), precisaram cruzar um rio, uma das formas que satan (o ‘espírito’ do mal) usou para impedi-los de cumprirem as ordens de D’us. A correnteza ameaçava levá-los, mas Avraham rezou: Salve-nos, D’us, pois a água atingiu nossas próprias vidas, e foram salvos da correnteza. Assim, diz Maharil, nenhum obstáculo deveria impedir-nos de obedecer às ordens de D’us. Aquele que puder mostrar o amor abnegado de Avraham, sua prontidão para morrer pela palavra Divina, pode estar certo de que seus pecados ‘serão jogados ao mar’. * A única mitzva concreta de Rosh Hashana é a de ouvir o shofar, no período diurno.

O significado de Rosh Hashana para crianças na idade infantil Esta festa, como a maior parte das festividades judaicas, é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança. Para facilitar o trabalho da professora de Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados à Rosh Hashana, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária. De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente. Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e na brincadeira e no uso de materiais criativos, as crianças poderão conhecer os símbolos da festividade: shofar, machzor, tapuach bidvash, kartissei bracha, chala agula e Beit Haknesset (casa de reunião ou sinagoga). Alguns costumes característicos de Rosh Hashana que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados. *Nesta faixa etária, a criança conhece a única mitzva básica: o toque do shofar. A realização da comemoração com a simbologia da festa e suas brachot na própria escola é importante, para a criança poder vivenciar o chag em sua plenitude. De 4 a 5 anos, quando a criança já possui uma compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. A criança pode aprender os nomes adicionais de Rosh Hashana e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. *Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais

profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais da festa, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot.

Conceitos importantes Beit Haknesset: sinagoga (casa de reunião) Rosh Hashana: ano novo chala agula: pão trançado redondo shana tova: Bom ano! dvash: mel shana tova umetuka: ano bom e doce! kartissei bracha: cartões com bênçãos shofar: chifre de carneiro rosh shel dag: cabeça de peixe

ROSH HASHANA

tapuach: maçã

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Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Rosh Hashana O trabalho realizado, por meio de tachanot é uma forma diferenciada de abranger determinados conteúdos, em diferentes graus de complexidade. A cada chag, os espaços se transformam em tachanot, de acordo com um tema específico. Para cada tachana, há uma professora responsável pela pesquisa e elaboração de atividades, de acordo com a faixa etária, criando novos desafios. As crianças podem fazer um rodízio entre as tachanot, vivenciando as atividades e enriquecendo-se com novas informações. A cada ano, a comemoração de Rosh Hashana por tachanot faz com que se pesquisem novas atividades, buscando, freqüentemente, renovar, fazer adequações necessárias e, ao mesmo tempo, preservar a tradição judaica. Com a prática, fica cada vez mais agradável comemorar desta maneira, mas a organização, para este tipo de atividade, é fundamental. As professoras trabalham em equipe e, em reuniões de planejamento, socializam suas diferentes idéias e práticas. Cada uma fica responsável por uma das tachanot. A própria pesquisa para organizar o material relevante é uma chavaia (vivência positiva). Na busca pelo material, a professora procura planejar a adequação para as diferentes faixas etárias. Todo ano, escolhe-se um tema central, que servirá de eixo e permeará todas as festas (Ex.: temas anteriores: liderança, família, busca da paz). Respeitando um costume tradicional, confeccionam-se kartissei bracha para as famílias, possibilitando, a todos os interessados, confeccionarem kartissim, oferecendo-lhes materiais, envelopes e selos. É possível organizar uma grande comemoração convidando uma companhia de teatro, alugando uma piscina de bolinhas, na qual são escondidas maçãs de plástico, e realizando uma competição, na qual quem trouxer o maior número de maçãs, ganha saches com mel. Outras atividades nas tachanot podem estar ligadas à culinária, planejando, para tal, a realização de receitas ligadas à Rosh Hashana, como, p. ex., torrões de açúcar. Costumam-se convidar, para tais eventos, outros grupos, para compartilharmos a comemoração, oferecendo-lhes papéis atuantes no evento.

Tachana musikalit: Dvash Escolhemos a canção Kapit shel dvash (uma colherzinha de mel), para ser trabalhada em todas as faixas etárias: Kapit shel dvash Kapit shel dvash, kapit shel dvash Ossa li et haiom. Kapit shel dvash, kapit shel dvash Mi rotze litom? Le____________ dvash Le____________ dvash Le____________ dvash Niten lo (la) dvash, dvash, dvash

Colherzinha de Mel Colherzinha de mel, colherzinha de mel ‘Me’ faz o dia. Colherzinha de mel, colherzinha de mel Quem quer experimentar? Para __________ mel Para __________ mel Para __________ mel Vamos dar mel, mel, mel.

De 3 a 4 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos mel, por meio dos sentidos. Descrição: Levar para a roda uma caixa-surpresa e, dentro, um pote de mel. Estimular as crianças a imaginarem o que há dentro da caixa, dizendo: “É algo que comemos em Rosh Hashana!” Ir, aos poucos, restringindo o leque de opções, dizendo que “É algo doce” e, mais adiante, que “É produzido por abelhas”. Ao descobrirem, poderão comprovar, colocando suas mãos para balançarem a caixa, sentirem o pote, ou mesmo cheirarem ou verem. Ao cantar a canção Kapit shel dvash, oferecer uma colher de mel para cada criança, ao citar seu nome. Materiais e recursos: caixa-surpresa, pote de mel, fita com a canção e um gravador.

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De 4 a 5 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos maçã com mel, por meio dos sentidos. Descrição: Pendurar a maçã num barbante e embebê-la com mel. Colocar a canção de fundo e convidar as crianças para tentarem morder a maçã, sem utilizarem as mãos. Quando a canção terminar, acaba o tempo de cada uma. Ao final, ela ganha a maçã. Materiais e recursos: caixa-surpresa, pote de mel, maçãs, barbante, fita com a canção e um gravador.

De onde vem o dvash? Conteúdos: dvash, um dos símbolos de Rosh Hashana Objetivos potenciais: ampliar o conhecimento sobre o mel. Descrição: a professora pode fantasiar-se de abelha, para enfatizar a importância do mel, para termos um ano doce como mel, e é possível visitar um apiário, para verificar a origem do mel. É costume degustar sal, açúcar, mel e limão, para experimentar os vários sabores: salgado, doce, azedo, entre outros. Materiais e recursos: mel, sal, açúcar, limão, entre outros; apiário; fantasia de abelha.

De 5 a 6 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos mel, por meio dos sentidos. Descrição: levar, à roda de crianças, um cartaz previamente preparado com a letra da canção, em forma de carta enigmática, a fim de trabalhar a pseudo-leitura. Dessa forma, uma gravura, ou mesmo uma colherzinha, substituirá a palavra kapit; uma gravura, ou um sachê de mel, substituirá a palavra dvash e os nomes das crianças (que já o reconhecem) serão incluídos na canção, antes que esta seja cantada ou tocada. Dar a oportunidade a todos para provarem o mel, cantando a canção Kapit shel dvash e oferecendo uma colher de mel para cada criança, ao citar seu nome. Materiais e recursos: cartaz elaborado pelo professor, fita com a canção e um gravador.

Tachanat Omanut: kartissei bracha De 3 a 4 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de enviarmos cartões (kartissim) em Rosh Hashana e sua mensagem. Descrição: trazer à roda de crianças um lindo kartis, em forma de maçã e sachês de mel (um para cada criança). Explicar que, assim como dita o costume da festa, todos recebem um cartão. Cada criança ganhará um sachê e provará o seu sabor, e a professora, então, desejará shana tova umetuka, um ano bom e doce. Depois, proporá que cada um produza seu kartis, para dar à sua família, escolhendo seu próprio papel para pintar com tinta guache, seguindo algumas opções dadas pela professora. Poderão ser no formato de tapuach ou pote de mel, levando em conta os símbolos mais próximos a eles. A mensagem trabalhada nos kartissim será shana tova umetuka, associando-a à bracha e à canção trabalhada anteriormente. Materiais e recursos: cartão em formato de maçã, sachês de mel em quantidade suficiente para todos na classe, papéis tipo cartolina ou color set, cortados em diferentes tamanhos e formatos, tinta guache de diversas cores.

De 4 a 5 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o antigo costume de enviarmos kartissim em Rosh Hashana e suas brachot. Descrição: antes da confecção dos kartissim, contar, para as crianças, a história do surgimento do costume de enviarmos cartões, utilizando, como recurso, a máquina de retro-projetor e fotos de kartissim antigos. Depois da exposição, questionar “O que é uma bracha?” “Para quem desejamos uma bracha?” “De que formas posso enviar uma bracha?”; “Quando faço uma bracha?” e apresentar os diversos tipos de brachot. Propor que cada um faça dois cartões - um para dar à sua família e outro, para um amigo. Os materiais poderão ser diversificados, uma vez que já são capazes de registrar os símbolos do chag. As mensagens trabalhadas nos kartissim serão aquelas que surgirem no início da atividade. Materiais e recursos: máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo cartolina ou color set cortados em diferentes tamanhos, tinta guache de diversas cores, canetinhas, lápis pastel ou de madeira.

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De 5 a 6 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de enviarmos kartissei bracha em Rosh Hashana e suas mensagens. Descrição: propor que as crianças trabalhem em duplas, a fim de confeccionarem um kartis para um grupo de crianças (que poderá ser outra classe), uma instituição ou escola, dependendo do tempo que se dispõe para explicar de que grupo se trata. Materiais e recursos: máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo cartolina ou color set, retalhos de outros tipos de papéis, como laminado ou camurça, tinta guache de diversas cores, canetinhas, lápis pastel ou de madeira, colas e tesouras. Shana tova umetuka!!! Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: ampliar o conhecimento, em relação ao costume de enviarmos cartões e mensagens de Rosh Hashana. Descrição: confecção e envio de kartissei bracha, enfatizando o costume de enviarmos cartões, com votos e mensagens de Shana tova. Este projeto pode envolver toda a escola, a família e a comunidade. Para que as famílias possam vivenciar o costume de envio de kartissei bracha, podemos preparar duas caixas de correios; uma interna, para que estes sejam distribuídos posteriormente para as crianças, e outra, para os kartissim serem enviados por correio para as casas. Colocando uma das caixas de correio na entrada da escola, as famílias são convidadas a enviar cartões aos seus filhos. Todas as crianças participam, e as maiores ficam responsáveis pela classificação e distribuição aos destinatários. Diferentes cores são designadas para cada faixa etária, para a confecção dos kartissei bracha. Desta maneira, cada criança tem a oportunidade de vivenciar este motivo de Rosh Hashana, o envio da mensagem de uma shana tova umetuka (e outros votos e mensagens para a família, as crianças e a comunidade) e, ao mesmo tempo, confeccionar kartissim. Um grande painel coletivo de kartissei bracha é construído na entrada da escola. Para tornar o costume de enviar kartissei bracha ainda mais próximo às crianças, pode-se trazer, para o pátio da escola, uma caixa de correio em seu tamanho original (emprestada dos Correios), e as crianças podem enviar cartões de Shana tova, individualmente ou com a ajuda das professoras, para amigos e familiares. Para enviar as cartas, podemos verificar se foram colocados os selos, se os pormenores importantes, como nome e endereço, entre outros, aparecem. Um carteiro dos Correios é convidado a vir à escola e a contar sobre seu trabalho, o trajeto das cartas até alcançarem seu destino, distribuindo selos para as crianças. Materiais e recursos: materiais criativos, papéis de carta, envelopes, selos, caixa original do correio, carteiro.

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Pesquisando kartissei bracha, aprendemos sobre a nossa história. Conteúdos: kartissei bracha, ao longo dos anos Objetivos potenciais: costumes e tradições, em torno de kartissei bracha. Descrição: pesquisar com as crianças o costume de enviar e receber kartissei bracha, desde o princípio deste costume até sua realização atual. Usando exemplos de originais de kartissei bracha, enviados de diversos lugares do mundo, desde o começo do século, procuramos concretizar, para as crianças, valores importantes deste chag, tais como desejar votos de “shana tova”, de que “sejamos incluídos no Livro da Vida”, de que “o ano que entra seja doce como o mel”, entre outros. Por meio da retro-projeção dos cartões, as crianças podem absorver, com mais facilidade, conteúdos, formas e a arte usada nos cartões, ao longo dos anos, todos ligados a Rosh Hashana. No período que vai de uma semana antes de Rosh Hashana até Iom Kipur, ocorre a troca de cartões, quando caixas de correio são colocadas no portão de entrada da escola. Materiais e recursos: coleções de kartissei bracha , retro-projetor, caixas de correio.


Tachanat bishul: chala agula Nesta tachana, as crianças terão a oportunidade de colocar a “mão na massa”, no cozimento das chalot agulot. É importante que, além de manusearem os ingredientes, percebam, também, a sua transformação. Para receita, ver anexos. De 3 a 4 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, os ingredientes para a execução da chala agula e perguntar “Qual a diferença entre esta chala e a chala de Shabat?” Anunciar que todos ajudarão. Antes, porém, poderão experimentar alguns ingredientes, como sal e açúcar, para que percebam a diferença. Materiais e recursos: ingredientes. De 4 a 5 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, a receita escrita, com figuras associadas aos ingredientes que utilizarão na produção da chala, para que possam, anteriormente à atividade, fazer a pseudo-leitura, percebendo a função da escrita. Durante a culinária, os ingredientes deverão estar expostos em cima de uma mesa e, as crianças, sentadas ao seu redor, de modo que todos vejam tudo. A cada ingrediente, uma criança é convidada a participar. Dar um pedaço de massa para cada criança e, no momento de enrolar a massa, lembrar da diferença em relação à chala de Shabat. Materiais e recursos: ingredientes, receita escrita com figuras recortadas de revistas. De 5 a 6 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, a receita escrita da chala, para que possam fazer leitura, percebendo a função da escrita. Durante a preparação, os ingredientes deverão estar expostos em cima de uma mesa e, as crianças, sentadas ao seu redor, de modo que todos vejam tudo. A cada ingrediente, uma criança é convidada a participar. Dar um pedaço de massa para cada criança e, no momento de enrolar a massa, lembrar da diferença em relação à chala de Shabat. Em outro momento, cada criança receberá a receita escrita, com um espaço, para que possa fazer algum tipo de registro, seja por meio do desenho ou da escrita. Materiais e recursos: ingredientes, receita escrita em cartaz e folhas individuais.

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Tachanat hassipur: shofar Por meio da história “Onde está o shofar?”, as crianças têm a oportunidade de entender a importância de escutar o shofar em Rosh Hashana. De 3 a 4 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: contar a história com fantoches e shofarot, enriquecendo este momento. Ao final desta atividade, montar um canto com os shofarot e outros objetos, para que as crianças tenham a oportunidade de manuseá-los. Materiais e recursos: fantoches, shofar e outros símbolos da festa, para a montagem do canto. De 4 a 5 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: contar a história, utilizando sucata, para que as crianças possam usar a imaginação. Após a história, discutir algumas questões: “Do que é feito o shofar?” ou “Quais os tipos de toques do shofar?”. Em outro momento, brincar com as crianças, escondendo o shofar em diferentes lugares da classe, para que o encontrem; utilizando a estrutura “Eifo hashofar?”, a fim de memorizá-la. Materiais e recursos: sucata, shofar. De 5 a 6 anos Confeccionando um shofar de verdade! Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o shofar, e conhecer como é preparado e confeccionado. Descrição: a atividade é organizada pelo Beit Chabad, que prepara uma equipe especializada, que ensina às crianças a confeccionarem um shofar de verdade. A atividade se inicia com explicações sobre os tipos de chifres passíveis de serem transformados em shofar e sobre os toques do shofar e seu significado no chag. Após a explicação, cada turma recebe o chifre, em seu estado “bruto”, e os orientadores começam a explicar as etapas : • O chifre deve ser serrado. Esta fase é perigosa para ser feita pelos alunos. Portanto, orientadores fazem e crianças assistem apenas. • Depois, é necessário “cavocar” o shofar, de modo que fique um vão em seu interior (retirando algumas cartilagens que sobraram dentro dele). • É necessário lixá-lo com uma lixa grossa (de papel). • Por último, é preciso envernizá-lo e esperar secar. Materiais e recursos: chifre, serra elétrica, lixa elétrica, lixa de papel, verniz.

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De 5 a 6 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: relembrar a história, utilizando sucata, para que as crianças possam usar a imaginação. Ao final dessas discussões, propor um momento de reflexão. Uma pessoa poderá ser convidada a tocar. Cada criança registrará alguma mitzva que tenha feito ou visto alguém fazer e, depois, compartilhará com o grupo. Por fim, a professora poderá reunir estes registros e transformá-los no livro da mitzvot. Em outro momento, o jogo de percurso Eifo hashofar? poderá ser realizado em grupo ou individualmente. O objetivo é chegar primeiro ao Aron Hakodesh. Cada grupo deverá jogar o dado, na respectiva vez, e andar o número de casas que o dado marcar. A cada jogada, um participante do grupo poderá tentar tocar o shofar, ganhando um bônus de 2 casas, caso consiga. Materiais e recursos: sucata, shofar, convidado, páginas para o registro, jogo de percurso Tocando e escutando shofar Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: reforçar a tradição de tocar e escutar o shofar. Descrição: continuando uma tradição da escola, os alunos do Ensino Médio visitam a Educação Infantil e tocam o shofar, durante o mês de elul, criando um clima de festividade. Ao escutarem o shofar, incentivam-se as crianças a refletirem sobre suas ações, registrando os desenhos e as falas, criando um portfólio conjunto que é compartilhado posteriormente por todos. Aproveitando o clima de introspecção, as crianças são convidadas a refletir sobre suas relações com seus amigos, suas famílias, sua escola, e o mundo. Materiais e recursos: shofar, material para registro, portfólio.


Conhecendo um shofar no Beit Haknesset Conteúdo: história relevante sobre shofar Objetivos potenciais: conhecer o shofar, visitar o Beit Haknesset e escutar uma história sobre o shofar. Descrição: visitamos o Beit Haknesset com os pequenos, que lá escutam, pela primeira vez, o toque do shofar, atividade que se revela muito significativa. As crianças sentam-se sobre o chão, e as professoras contam uma história como, por exemplo, “O Bom Carneirinho” (um carneirinho que quis dar seu chifre, para servir de shofar). Neste período, o Beit Haknesset pode desempenhar um papel central, conhecendo os diversos elementos que o compõem e o papel de cada um destes. Posteriormente, podemos aproveitar esta visita, para montar, no museu da escola, uma exposição com fotos de sinagogas no mundo e artefatos utilizados nestas, trazidos pelas crianças. Materiais e recursos: Beit Haknesset, shofar e uma história, fotos de sinagogas, artefatos ligados a estes. Comemorando Rosh Hashana Conteúdo: comemoração de Rosh Hashana, com os símbolos já conhecidos. Objetivos potenciais: comemoração da festa, de forma lúdica. Descrição: as crianças são divididas em dois grupos, misturando todas as faixas etárias. Elas participarão de uma “caça ao tesouro”, cujo objetivo é trazer todos os símbolos já conhecidos para, juntos, construírem a mesa de Rosh Hashana. Para tal, serão utilizadas pistas que remetam as crianças às informações trabalhadas. Por exemplo: “Tenho três tipos de toques, sou tirado de um animal, quem sou eu? Estou escondido. Depois que a mesa já estiver posta, todos se sentarem, recitarem as brachot e comerem as comidas típicas, devo ser encontrado. Quem sou?”. Materiais e recursos: todos os símbolos (conhecidos) da festa. Sugestão: arrumar uma bela mesa, com todos os símbolos da festa para a comemoração.

Um ensaio ao vivo para Rosh Hashana Conteúdo: os símbolos da festa - rimon, a cabeça de peixe, tapuach bidvash, chala agula. Objetivos potenciais: vivenciar os costumes do chag, abençoando-os e experimentando-os Descrição: desde o primeiro dia de elul, já podemos sentir os preparativos para as grandes festas. Diariamente, o toque do shofar pode ser escutado, sinalizando que algo de diferente e profundo está por acontecer. Gradativamente, vivencia-se “ao vivo”, abençoando e experimentando os símbolos do chag: rimon, a cabeça de peixe, tapuach bidvash. As crianças relembram, com a ajuda da professora, tudo o que aprenderam sobre o chag e, parte por parte, montam a mesa especial para a comemoração. A cada símbolo nomeado, as crianças explicam seu significado, sua importância no contexto judaico e festivo. As brachot são recitadas, de acordo com a montagem da mesa, sempre com a participação das crianças. Podemos celebrar a chegada de Rosh Hashana, cantando e comendo tapuach bidvash, chala agula, e desejando, sempre, para todos, shana tova umetuka! Materiais e recursos: shofar, o romã, a cabeça de peixe, a maçã com mel, chala agula. Brincando e aprendendo sobre o tashlich Conteúdo: o tashlich (costume realizado, pouco antes do pôr-do-sol, na tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens de um rio, lago, ou algo semelhante, onde são recitadas preces, seguidas pelo simbólico agitar dos cantos de nossas roupas) Objetivos potenciais: vivenciar o costume do tashlich Descrição: a partir de um pequeno lago (com peixes), montado na escola para este objetivo, as crianças podem vivenciar o costume do tashlich (raramente praticado na escola). Materiais e recursos: um “pequeno lago” com peixes, montado em local próprio e adequado na escola.

Pesando nossas ações Conteúdo: a idéia de “pesar” nossas ações. Objetivos potenciais: vivenciar experiências ligadas à idéia de pesar boas e más ações, e construir a ligação com a balança neste contexto. Descrição: durante os “dez dias de penitência”, costumamos trazer uma balança e pesos, cada faixa etária vivenciando experiências adequadas à sua idade, explicando-lhes, assim, o que seriam boas e más ações, e para que serve a balança neste contexto. Podemos usar, também, uma balança caseira (feita com cabo de vassoura e pratos), para concretizar a idéia da importância de realizar *mitzvot, que “serão pesadas na balança”, no mês de elul, aproveitando, assim, para fortalecer noções de peso e equilíbrio. Materiais e recursos: balança e pesos.

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Atividades com a família e amigos Confeccionando kartissei bracha: uma oficina com os pais Conteúdo: kartissei bracha Objetivos potenciais: vivenciar um dos costumes de Rosh Hashana – receber e enviar kartissei bracha. Descrição: após a criação de um clima festivo na escola, usando os motivos do chag, com kartissei bracha entre outros, os pais serão convidados para uma oficina de confecção de kartissim e mensagens. Estes serão enviados pelo correio e, assim, tanto pais quanto crianças receberão e enviarão kartissei bracha. Podemos simular um correio, para o envio de kartissim de shana tova, além de caixas de correios nas salas-de-aula. Materiais e recursos: kartissim, materiais criativos, agência e caixas de correio simuladas.

Guefiltefish não é só assunto da vovó... Convidar avós para arregaçarem as mangas e prepararem o guefiltefish – para que revelem seus segredos. Contar o que se comia na casa de seus pais no chag. Quem será que consegue tocar o shofar? Convidar pais ou avôs para tocarem o shofar e contarem sobre o chag, na sua infância. Enviam-se bilhetes para os pais, avôs e irmãos, indagando “Você sabe tocar shofar?”, convidando-os para tocarem para as crianças, na escola, durante o mês de elul. Após o toque, os convidados podem deixar-nos mensagens sobre este momento. Dado o interesse que o shofar desperta nas crianças, realiza-se um rodízio, permitindo, assim, que cada família possa recebê-lo em casa, reforçando ainda mais o espírito do chag.

As mães nos ensinam a preparar um bolo de mel Convidar as mães para que, junto com as crianças, preparem um delicioso bolo de mel. As mães apresentarão os ingredientes. Depois, falarão dos aromas e sabores, antes e depois de assarem o bolo.

Registro de projetos Outras tachanot • calendário • Machzor • Beit Haknesset • tashlich • shofar

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Organização do espaço e dos materiais Rosh Hashana é uma festa com muitos símbolos. Necessitamos criar condições para que a criança possa entender e absorver esse clima da festa:

Caixa de Atividades Caixa, gaveta, cesta ou outros recipientes onde são oferecidos para as crianças menores (até 3 anos) os símbolos e apetrechos do chag (de maneira focalizada), e em níveis de abstração diferentes (concreto, simulado, de plástico, fotos, imagens, livros com gravuras). A mediação oral e afetiva da professora, neste tipo de atividade, é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimentos, instrumentos, entre outros. Após três anos de idade, estes objetos irão para o canto, montado especialmente para a festa. Preparar uma caixa (maior do que a de sapato), para ser usada como caixa de correio. As crianças prepararão kartissei bracha, umas para as outras. Nesta época, pode ser construído um canto fixo, com diversos materiais, para que as crianças possam preparar os kartissim de forma autônoma, os quais serão depositados numa caixa de correio. No dia do chag, a professora distribuirá os kartissei bracha produzidos (é importante verificar se todas as crianças têm, pelo menos, um kartis para receber, antes de distribuí-los).

Cantos Em todas as idades, é importante preparar o canto da festa com os símbolos. Esse canto pode abrigar fotografias e objetos verdadeiros. As crianças podem colaborar com a construção do canto, trazendo coisas de casa. Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ou móvel - para brincar, manipular, interagir, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos, álbuns de fotos, livros, entre outros. Cobrir a mesa com toalha branca, colocar maçãs de cores e tamanhos diferentes, pote de mel, romã, shofar, Machzor, kipa, talit e um kartis bracha grande da professora para as crianças.

Murais • ligado ao conteúdo Frase ou passuk em ivrit Ex: Shana tova umetuka (Um ano bom e doce!) Shana tova umevorechet (Um ano bom e abençoado!) Fotos dos símbolos de Rosh Hashana • com produções das crianças: confecção de kartissei bracha para os amigos (que ficarão em exposição até um dia antes de Rosh Hashana), dobraduras de shofar, colagem de uma sinagoga (trabalho coletivo). • com desenhos ou registros das crianças ligados à simbologia da festa. • com produções das crianças relacionados à canção “Kapit shel dvash” ou a canção escrita em forma de carta enigmática. • com kartissim enviados pelos pais a seus filhos.

Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • Confecção de kartissei bracha • Dobraduras do shofar com instruções para dobradura de shofar • Trabalho coletivo, por meio de colagem, de um Beit Knesset • Maquete de uma sinagoga (em grupos).

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • shofar • chala agula • kartissei bracha • rimon • Beit Haknesset • Menino/a comendo tapuach bidvash • dag • tapuach bidvash • Meninos/as entregando kartissei bracha • Machzor • tkiat shofar • menino/a comendo rosh shel dag

2. Sugestão de material didático Charadas Inventar: Quem sou eu e como me chamo? Mi ani uma shmi? Chida Iechida mi sheiakshiv hu Ieda. Exemplo: Sou quase redonda. Às vezes verde e às vezes vermelha? Mi ani uma shmi? tapuach!

3. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Rosh Hashana desperta em nós muitos sentimentos e sentidos. O doce cheiro do mel misturado ao frescor da maçã. A maravilhosa fragrância do pão de mel e da chala agula assando no forno... Isso sem falar do divino sabor deles. Dá ate água na boca! Selecionamos aqui algumas delicias que as crianças mais gostam de comer e que são fáceis de fazer.

Chala agula Ingredientes 50 g de fermento fresco 1 k de farinha de trigo 2 ovos ½ copo de óleo 1 colher (chá) de sal 5 colheres de açúcar 2 copos de água morna 1 gema para pincelar papoula ou gergelim para polvilhar

Modo de Fazer 1. Misturar o fermento com um pouco da água morna. 2. Colocar a farinha numa bacia, fazer um buraco no meio e colocar o fermento. 3. Cobrir com a farinha e deixar descansar por 10 min. 4. Acrescentar: ovos + óleo + sal + açúcar + água, aos poucos, e misturar até ficar uma massa lisa. 5. Trabalhar a massa por 5 min. e colocá-la novamente na bacia untada (coberta com pano) por 1 h. aproximadamente. 6. Moldar a massa em formato redondo. 7. Pincelar com ovo e polvilhar com papoula ou gergelim.

Geléía de Maçã Ingredientes 1 kg. de maçãs 1 copo de açúcar 2 copos de água

Modo de Fazer 1. Descascar, lavar e cortar (em 8) as maçãs. 2. Cozinhar na água e açúcar em fogo baixo por 1 hora ou até ficar consistente. 3. Guardar em geladeira.

Bolo de Mel Ingredientes 3 copos de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento em pó 1 colher de café de bicarbonato 4 ovos ½ copo de óleo 1 copo de mel 1 copo de açúcar 1 copo de chá forte

Modo de Fazer 1. Em uma tigela misturar: farinha + fermento + bicarbonato. 2. Bater: ovos + óleo + mel + açúcar. 3. Acrescentar aos poucos, a mistura da farinha, alternada com o chá. 4. Assar em forno pré-aquecido por 1½ h. aproximadamente.

BOM APETITE! BETEAVÓN!

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4. Histórias de Rosh Hashana Onde está o shofar? Há alguns anos, numa cidade tão pequena, da qual nem se sabe o nome, havia um único, mas muito bonito Beit Haknesset. Quando era shabat, ou havia alguma festa judaica, todos os moradores judeus daquela cidadezinha iam para este Beit Knesset, pois lá eles podiam rezar, cantar, comemorar as festas e encontrar-se com seus amigos e familiares. O Beit Haknesset ficava cheio de pessoas, principalmente em Rosh Hashana. Certa vez, na véspera de Rosh Hashana, as pessoas já haviam chegado e se cumprimentado, quando o Rabi começou a rezar em voz alta e todos o acompanhavam; cada um em seu Machzor. As crianças esperavam atentas o momento de ouvirem o toque do shofar. Chegou então o momento: o Rabi convidou o baal tokea, o homem que toca o shofar, para o momento mais esperado, quando, de repente, todos escutam: “Oh, não!” Ao invés de silêncio, o zum zum zum reinava. Todos perguntavam: “O que foi? O que aconteceu?” O Rabi perguntou a todos: “Onde está o shofar? Alguém mexeu aqui?” As pessoas não sabiam o que fazer para ajudar o Rabi.

Nem onde procurar. Até que Dani, um menino de 4 anos começou a chorar. Sua mãe pensou que fosse por causa do shofar que ele não escutaria e disse: - “Não chore Dani, assim que acharmos o shofar, você poderá escutá-lo!” - “Não é por isso que estou chorando, mamãe!” - “Então, o que é, está doendo alguma coisa?” - “Não mamãe, é que fui eu quem pegou o shofar!” - “Dani, não me diga uma coisa dessas, não pode ser!” - “Sim, mamãe, e ele está aqui no meu bolso; é que eu queria tocá-lo. Desculpe, mamãe!” - “Dani, não sou quem deve desculpá-lo. Vá até o Rabi e conte a verdade, peça desculpas!” Arrependido de ter pegado algo que não lhe pertencia, Dani foi até o Rabi e entregou-lhe o shofar, prometendo nunca mais fazer aquilo. O Rabi escutou suas desculpas e as aceitou, aproveitando para dizer a todos: “O que Dani fez não foi bom, mas foi um menino muito corajoso por contar a verdade diante de tanta gente. Graças à sua boa ação, podemos cumprir a principal mitzva de Rosh Hashana: tocar shofar!”.

O Bombeiro Há muitos anos, antes da existência do corpo de bombeiros e de seus dispositivos modernos contra incêndios, quando a maioria das casas era de madeira, o fogo representava algo terrível. Uma cidade inteira ou grande parte dela podia ser destruída pelas chamas. Quando começava um incêndio, todos deixavam seus afazeres e corriam para ajudar a apagar o fogo. Naquela época, existia uma torre, que era mais alta que os outros prédios da cidade, onde um vigia observava atentamente. Logo que surgia alguma fumaça ou fogo, ele tocava o alarme. Os moradores da cidade formavam, então, uma corrente humana entre o fogo e o poço mais próximo, passando baldes de água um para o outro, até apagarem o fogo. Certa vez, um rapaz, morador de um pequeno povoado, foi pela primeira vez à cidade. Pousou numa estalagem da periferia. De repente, ouviu o som de um clarim e perguntou ao estalajadeiro o que significava aquilo. “Onde quer que tenhamos fogo,” explicou o homem ao rapaz, “tocamos o clarim e o fogo é rapidamente apagado.” “Que maravilha!” – pensou o rapaz. “Que idéia sensacional levarei à minha aldeia!” Em seguida, o rapaz comprou um clarim. Quando retornou ao povoado, cheio de entusiasmo, reuniu os moradores. “Escutem, gente boa !” – exclamou – “não é mais preciso temer o fogo. Vejam como o apagarei rápido !” Dizendo isto, correu para o casebre mais próximo e botou fogo no telhado de palha. O fogo começou a se espalhar rapidamente. “Não se alarmem !” – gritou o rapaz. “Agora, observem-me.”

O rapaz começou a tocar o clarim com toda sua força, parando apenas para tomar fôlego e dizer: - “Esperem, isto apagará o fogo num instante !” Mas o fogo não parecia importar-se com a canção e pulava de um teto para o outro, até que todo o povoado começou a arder em chamas. Os moradores se puseram a repreender e xingar o rapaz: “Seu tolo!” – gritaram. “Pensou que um mero toque de clarim conseguiria apagar o fogo? O toque é apenas para acordar o pessoal que estiver dormindo ou chamar os que estão preocupados com seus afazeres para trazerem água do poço e apagarem o fogo !” Devemos ter em mente esta história, quando ouvimos o shofar, tocando várias vezes durante Rosh Hashana. Alguns podem pensar, como o rapaz do povoado, que o som do shofar, por si só, fará tudo por eles. Imaginam poder continuar adormecidos ou absortos em seus afazeres, sem necessidade de modificarem sua maneira de viver e a sua conduta diária. O shofar, tocado na sinagoga, vai lhes trazer, sem dúvida, um bom Ano Novo. Mas, como o clarim deste conto, o shofar também é o som do “alarme”. Transmite a seguinte mensagem: “Acordem, vocês que dormem, pensem em seus caminhos, voltem a D’us, apaguem o “fogo” que tenta destruir seus lares judaicos. Vão à Fonte das águas da Vida, à Tora e às Mitzvot. Apressem- se antes que seja tarde!” Por isso, imediatamente após o toque do shofar exclamamos: - “Feliz é o povo que compreende o significado do som do shofar; ele anda na Sua Luz, ó D’us!”

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Shana tova! Tatiana Belinky

Seidetudo e Seidenada são dois meninos que são o que seus nomes sugerem. O diálogo abaixo é um teatrinho que pode ser representado em qualquer espaço. As duas personagens entram em cena, cada uma de um lado. Seidetudo, mergulhado num livro; Seidenada, batendo bola no chão. Ambos distraídos, bumba! Dão o maior encontrão no meio, caindo sentados. Seidenada: Ó Seidetudo, que história é esta de derrubar a gente?! Seidetudo: Desculpe, Seidenada, foi sem querer. Seidenada: “Sem querer”, é? (Levanta-se). Quer apanhar, é isto? Seidetudo: Qual é cara, vai querer brigar? Seidenada: Eu vou mesmo. Prepare-se para apanhar, você me derrubou. Seidetudo: Mas você também me derrubou. Nem por isto quero brigar. Especialmente hoje. Seidenada: Especialmente hoje? Que que hoje tem de especial? Seidetudo: Você não sabe, Seidenada? Hoje é Rosh Hashana. Seidenada: Rocha+que? Que história é essa? Seidetudo: Você não sabe mesmo! Hoje é o NOSSO

Ano Novo! Seidenada: Ano Novo? “Nosso”? Eu não sabia... Seidetudo: Pois fique sabendo agora. O nosso Ano Novo se chama Rosh Hashana e é uma das festas mais importantes e sagradas do ano judaico. É quando se toca o Shofar na sinagoga para saudar o ano que entra e mostrar nosso amor. E todos os corações se enchem de esperança, e todos esquecem as brigas do ano que passou. Seidenada: Entendi! Foi por isso que você não quis brigar “especialmente hoje”? Seidetudo: Pois é. Ainda bem que você entendeu. E sabe de outra coisa? Hoje é um ótimo dia para tomar boas decisões para o Ano Novo. Pense nisto. Seidenada: Boa idéia. Vou decidir estudar mais neste ano, para não dar parte de ignorante, como hoje... Seidetudo: Parabéns, Seidenada. E eu vou tomar a decisão de brincar mais, além de estudar. Porque um bom judeu tem de estudar muito, mas também deve saber ser alegre! Feliz Rosh Hashana, Seidenada. Shana tova! (Abre os braços). Seidenada: (corre para ele) Shana tova, Seidetudo! Feliz Rosh Hashana! (entra canção alegre e os dois saem de cena, abraçados, pulandinho)

5. Brachot e psukím Bracha do shofar (Machzor) Baruch Ata, Ad-nai, Elokeinu Melech Haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu lishmoa kol shofar Abençoado é o Senhor, nosso D’us, Rei do universo, Que nos torna sagrados com Suas bênçãos e conclama-nos a ouvir o som do shofar

6. Canções e poemas • Ani ledodi vedodi li • Hashofar • Rosh Hashana • Avinu Malkenu • Igueret bracha • Shachachti lessaper

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• Bashana habaa • Iom Hakipurim • Shana chadasha • BeRosh Hashana • Kapit shel dvash • Madua beRosh Hashana

• Shana tova • Lechol chag • Shnem assar haierachim • Chodesh elul hine ba • Od shana avra • Tu tu tokea hashofar

• Eize chag li • Ma nevakesh • Bechodesh elul tokim bashofar bechol hatfilot • Hakaitz avar • Tfilá latov


Sugestão de sites www.chagim.org.il http://www.eifo.com.br/indexrel.html www.jajz-ed.org.il/so www.education.gov.il/rosh_hashana/index.html www.j.co.il www.greetme.com http://galim.org.il/holidays/rosh www.torahtots.com/holidays/rosh/rosh.htm http://www.holidays.net/passover/ www.jajaz-ed.org.il/so http://greetings.yahoo.com/browse/holidays www.j.co.il http://www.regards.com www.aish.com http://www.123greetings.com www.torahtots.co.il http://www.chabadcenters.com www.shemaiisrael.co.il www.chabad.org.br

Bibliografia Herman, D. Kol Chag Umoed. Israel Melamed, Rab. Meir M. A Lei de Moisés e as Haftarot. Ed. Templo Israelita Brasileiro Ohel Iaakov Nissim, R. Beshvilei hagan. Misrad Hachinuch Vehatarbut, Israel Vaad Hachinuch Nacional. As Grandes Festas. Iusim, H. Machzor leRosh Hashana. Ed. Planimpress Tzelelzon M. Tapuach bidvash. Israel Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechaguei tishrei. Israel Mea shirim rishonim, alef. Israel Meida taf. Mifgashim (Alef, Beit, Guimel). Misrad hachinuch vehatarbut, Israel Mikraot Israel chadashot. Misrad hachinuch vehatarbut, Israel Moadei Israel beartzo. Hamachlaká lechinuch uletarbut bagolá Iamim noraim. Hamachlaká lechinuch uletarbut bagolá A Lei de Moisés e as Haftarot. Trad. Rav Meir Matzliah Melamed. Ed. Templo Israelita Brasileiro Ohel Iaakov

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Iom Kipur

pedindo perdão aos amigos

Fontes “E o Eterno falou a Moisés, dizendo: Aos dez dias deste sétimo mês, celebra-se o dia das expiações, santa convocação será para vocês, e afligirão as suas almas...e nenhuma obra farão neste mesmo dia, porque é dia de expiações...porque toda alma que não se afligir neste mesmo dia será cortada de seu povo. E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia, destruirei aquela alma do meio de seu povo. Nenhuma obra farão, estatuto perpétuo será para suas gerações, em todas as suas habitações. Dia de descanso total será para vocês, e afligirão as suas almas. Aos nove dias do mês, à tarde, de uma tarde a outra, descansarão em seu Shabat.” (Lev. 23, 26-32)

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Descrição da data *O aspecto religioso O dia de Iom Kipur culmina no décimo dia de asseret iemei tshuva (os dez dias de arrependimento), os dez dias de preparação para a chegada do dia de Iom Kipur, 10 de tishrei. E, nesses dias, procuramos fazer o bem! D’us espera que nos conscientizemos da necessidade de praticar bons atos. E, dessa forma, que sejamos abençoados com um ano bom. Faz parte dessa preparação, a avaliação pessoal do próprio comportamento… E descobrir dentro de si o que se deve melhorar. Chegou o dia para perdoarmos o próximo e também para pedirmos desculpas por atitudes passadas. É o tempo de resolvermos as mágoas guardadas! É a chance de recomeçar, de deixar para trás as atitudes negativas e modificá-las. Essa é a tshuva (arrependimento). Esse é o sincero arrependimento oportuno desses dez dias. E, quando chega Iom Kipur, rogamos e esperamos pelo julgamento divino positivo. Durante os dez dias, concentramo-nos em nossas relações pessoais. Devemos dar ênfase ao respeito que devemos ter pelas pessoas.

Símbolos e motivos, usos e costumes Em Rosh Hashana, acredita-se que D’us nos inscreve no Livro dos Justos, e, em Iom Kipur, carimba-nos. Por isso, é costume desejar: Gmar chatima tova! (Que tenha um bom selo, ao final do veredicto). Antes de ir para a sinagoga, é costume o pai abençoar os seus filhos. O uso de roupa branca é uma antiga e consagrada praxe, que tem, por objetivo, recordar as mortalhas brancas (com as quais enterram os mortos) e tornar o coração mais humilde. A cor branca também representa pureza e simboliza a promessa profética: “Ainda que seus pecados sejam como a escarlata, tornar-se-ão brancos como a neve.” (Isaías 1, 18) Imediatamente depois de Iom Kipur, os preparativos para a festa de Sukot devem começar.

*Mitzvot Kaparot Erev (a véspera de) Iom Kipur é saudado pelo antigo costume de kaparot, realizado antes do raiar do dia. O homem, ou menino, apanha um galo; a mulher, ou menina, uma galinha. Seguram-nos nas mãos, recitando a bracha bnei adam e giram a ave nove vezes sobre a cabeça. A prece continua: “Seja esta a minha expiação...” Isto é feito, com o intuito de evocar um arrependimento sincero, para que não tenhamos destino semelhante ao da ave, graças à mercê de D’us, Que nos perdoa após o arrependimento verdadeiro. Em seguida, a ave é solta e enviada ao shochet (profissional religioso que abate animais para fins de uso), e o valor correspondente à ave é dado aos pobres. Este costume também pode ser feito com dinheiro. Tzom e toalete, num dia sagrado Em Erev Iom Kipur, costuma-se oferecer uma ceia e comer mais do que o habitual. Esta é realizada, para contrastar com o tzom (jejum) que mulheres e homens deverão realizar, a partir dos doze e treze anos de idade, respectivamente. O tzom dura vinte e cinco horas. É proibido comer ou beber, assim como lavar-se, passar cremes, óleos ou maquiagem, calçar sapatos de couro ou manter relações conjugais.

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Conceitos importantes tzom jejum tfila/ot prece/s, oração/ões ou reza/s tkia bashofar toque no shofar bakashat slicha pedido de perdão Beit Haknesset sinagoga casa de reuniões bracha/ot bênção/s; obs.: birkat, bênção de machzor livro de rezas, especial para Rosh Hashana e Iom Kipur talit xale de rezas tshuva arrependimento


Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Iom Kipur Kaparot Conteúdos: como a maioria das famílias ortodoxas costuma fazer kaparot com galo/galinha, sempre trazemos um galo para a escola e fazemos kaparot com as crianças Objetivos potenciais: (1) Mostrar para a criança como se realizam as kaparot e (2) Vivenciar o que é explicado a respeito. Enfatizamos que existem outros costumes de como realizar as kaparot e que todos estão corretos. Descrição: todas as crianças da escola juntam-se no pátio e procedemos com kaparot coletivas, com as crianças recitando as orações pertinentes. Materiais e recursos: Um galo e um espaço externo, de fácil limpeza. Chinelos Diferentes Conteúdos: as crianças fazem seus próprios chinelos para usar em Iom Kipur, ao invés de seus sapatos de couro. Objetivos potenciais: enfatizar que, neste dia, não usamos nossos sapatos de couro. Descrição: Apresentamos às crianças tachanot (estações) diferentes. Em cada tachana, são oferecidos diferentes materiais para a confecção de chinelos (ex: numa tachana - pantufas de pano, na outra, sandálias havaianas, e assim por diante). Materiais e recursos: diferentes materiais, como borracha, pano, espuma, molde dos pés em palmilhas, cola, lantejoulas, E.V.A., entre outros. Painel Indicador: ‘O que fazemos e o que não fazemos’ Conteúdos: um painel arredondado, com um ponteiro indicando ‘o que não se faz’ em Iom Kipur (comer, beber, usar sapatos de couro, tomar banho, passar hidratantes ou cremes) Objetivos potenciais: memorizar as proibições deste dia, que o difere de outras festividades. Descrição: após a conversa em roda, quando a professora recapitula, com as crianças, tudo o que não se faz em Iom Kipur, todos juntos confeccionam um painel giratório, com todas as proibições deste dia.

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Canções acompanhadas por atividades Conteúdo: Al take (canção sobre perdão e pazes) Objetivos Potenciais: Despertar a vontade, nas crianças, de fazerem as pazes! Descrição: Formam-se duplas. Trocam-se os colegas, a cada vez que toca a canção.

Al take (canção sobre perdão e pazes) Não bata

Al take

Não é agradável

Ze lo nae

Me dê uma mão

Ten li iad

E mais uma

Veod achat

Vamos ser bons amigos Chaverim tovim nihie Vamos ser bons amigos Chaverim tovim nihie

Birkat habanim - a bracha dos filhos Conteúdos: trabalhar com a bracha, recitada pelos pais, para abençoarem seus filhos, em erev Iom Kipur. Objetivos potenciais: explicar à criança, que este é um momento único, e muito especial e que o poder da bracha, em nosso povo, é algo muito forte. Descrição: a professora entrega, para cada criança, uma cópia da bracha. Cada criança faz sua própria moldura e a entrega aos pais.

Brachot e psukim Kol nidrei (todos as promessas), o serviço religioso que inicia o dia, seguindo o nome da histórica, significativa e emocionante oração, originária dos judeus marranos, na época da Inquisição. Neila (encerramento dos ‘portões’, pelos quais passam nossas sentenças) é a oração final, no dia seguinte ao de kol nidrei. Neste dia, somos comparados aos anjos, pois comportamo-nos igual a eles! Somente neste dia, quando falamos o Shma Israel (ouça, ó povo de Israel, uma oração diária que relembra o povo de Israel que seu D’us é Um, Único e Sagrado), tem, neste dia, o verso baruch shem kvod malchuto leolam vaed (Abençoado seja Seu Nome e consagrado, Seu Reino, para todo o sempre), recitado em voz alta. Durante o ano inteiro, o fazemos em voz baixa. Quando Moshe subiu no Har Sinai, aprendeu esta tfila com os anjos e a ensinou a todo o povo de Israel. Acredita-se que ele nos ensinou a falar num tom de voz mais baixo que a voz dos anjos, para sabermos que existe uma grande diferença entre homens e anjos. Somente em Iom Kipur, podemos igualar-nos a eles.

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Avinu Malkenu (nosso Pai, nosso Rei), é uma das mais antigas e consagradas tfilot de súplica, rezada durante os dez dias de tshuva. Esta consta do Talmud (Taanit, 25b), como sendo a tfila proferida pelo Rabi Akiva, em dias de jejum, tal como o Iom Kipur.

Avinu Malkenu Nosso Pai, Nosso Rei

Avinu Malkenu

(trecho da oração)

Conceda-nos a Sua graça e atenda-nos, ainda que careçamos de boas ações; Faça conosco justiça e bondade, e salve-nos!

Avinu Malkenu Chonenu vaanenu Ki ein banu maassim. Asse imanu tzdaka vachessed vehoshienu


A criança, com a palavra! A professora ensinou às crianças do maternal a tfila que recitamos, ao realizar as kaparot: ”Ze hatarnegol ielech lemita, vaani elech lechaim tovim... “ ( É esta a galinha que vai para a morte, enquanto eu caminho para a vida boa). Então, conta uma história que parodia este verso: Numa família de israelenses, quando a mãe de Iuval falou para os filhos irem dormir: Ieladim, lamita! (Crianças, para a cama!), Iuval logo respondeu: “Itzi ielech lamita, vaani elech lechaim tovim...” ( Itzi vai para a cama e eu vou para a vida boa). No hebraico , há um trocadilho entre lemita (para a morte) e lamita (para a cama). Mora, Iom Kipur é muito bom, pois, neste dia, minha mãe não engorda!

Anexos Histórias de Iom Kipur O pequeno David, em Iom Kipur Rivka Elitzur

Era Iom Kipur. O pequeno David estava sentado no Beit Haknesset, sobre o chão, aos pés de um homem idoso. Todas as cadeiras estavam ocupadas. Não havia nenhuma cadeira livre para o pequeno David sentar-se. O velho estava envolto no talit e rezava no Machzor. Não era o avô de David. David não conhecia aquele senhor. Não conhecia ninguém no Beit Haknesset. Então, por que rezava naquele Beit Haknesset? Onde rezava o pai de David? E a mãe? E Menachem, seu irmão mais velho? Todos rezavam em outro Beit Haknesset, ao lado de sua casa. E por que David foi rezar num lugar assim, tão longe? Por que foi a um lugar onde ninguém o conhecia? Vou contar-lhes o porquê: Em erev Iom Kipur, quando comiam a última refeição, antes do jejum, David disse: - Também vou jejuar! A mamãe disse: - Não David, você não pode jejuar. Menachem, o irmão mais velho, disse: - Você não vai jejuar; quando eu tinha sete anos, tampouco jejuei. David ficou quieto e não disse nada, mas pensou: “Eu vou jejuar! Vou jejuar de propósito!” Na manhã de Iom Kipur, David escapou do Beit Haknesset. Seu pai não o viu sair. Seu irmão Menachem tampouco sentiu que ele havia saído. As ruas estavam muito quietas.Todos estavam no Beit Haknesset. O pequeno David andou de rua em rua, até que se afastou muito do Beit Haknesset de seu pai. Ouviu o som da tfila saindo de outro lugar, entrou e sentou-se aos pés de um senhor idoso. É isso! Agora vocês entendem porque David sentou-se no Beit Haknesset, distante de sua casa, ao lado de um velhinho? Sentou-se e rezou. Passou uma hora, duas horas. David estava com muita fome e sede. Seu rosto estava pálido e ele estava cansado. O senhor olhou para o rosto do pequeno David e disse: - Onde está o seu pai, garoto? David se assustou; quis levantar-se e ir para outro lugar. Suas pernas estavam fracas e não conseguia andar. O velhinho disse: - Você está jejuando? David respondeu: - Sim, estou jejuando. O senhor sacudiu a cabeça e

disse: - Isto não é bom. Uma criança como você não precisa jejuar. E o seu pai? Ele concordou que você jejuasse? David se calou e abaixou a cabeça. - Isto não é bom, isto não é bom, disse o velhinho. Pelo jeito, o que você deve fazer você não faz, e o que não deve, faz. David olhou para o rosto do senhor, com seus grandes olhos, e não entendeu o que queria dizer. O velhinho disse: - Uma criança pequena não deve jejuar, mas deve obedecer ao seu pai. E continuou a rezar. O pequeno David pensou: “Isto não é bom, eu não estou agindo bem.” Levantou-se e pôs-se a andar. Correu e correu. De repente, viu, seu pai, ao longe, envolto no talit, andando na rua e olhando para todos os lados, procurando por David. - Papai, papai! David gritou e correu para o pai. - Onde você estava? Onde você estava? Todos nós procuramos por você. - Eu ... eu fugi ... queria jejuar. Desculpe, papai. Isto não foi correto. - Já o desculpei, filho; hoje é Iom Kipur, dia do perdão. Corra até a sua mãe, para que ela não se preocupe com você. O pequeno David estava com tanta fome, que sua mãe disse: - Quando você for um bar mitzva, você jejua o dia todo.

Sugestão: • Após contar a história, podemos abrir uma roda de conversa, com a pergunta: ‘O que aprendemos com esta história?’ • Abordar pontos importantes, como a explicação da data, o jejum para maiores de 13 anos e escutar os pais, entre outros.

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Bibliografia Halevy, Rav. D. O Ser Judeu, Guia para Observância Judaica na Vida Contemporânea; Organização Sionista Mundial, Departamento de Educação e Cultura Religiosa para a Diáspora, Jerusalém, 5745 (1985). Maagal Hashana. Livro 1, Sifriat Sharsheret. O som do shofar, Coleção Nossa Herança, Ed. Chabad, 1978.

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Sukot

Venham todos para a suka, brincar, aprender e festejar Fontes “Chag HaSukot taasse lecha shivat iamim, beossfecha migarnecha umiikvecha…vessamachta bechaguecha ... vehaita ach sameach.” “A festa das cabanas fará para você sete dias, quando tiver recolhido os produtos de sua eira e de sua vindima. E alegrar-se-á, em sua festa, você, seu filho, e sua filha... e será tão feliz” (Deuteronômio, 16:13,14)

BeSukot tishvu shivat iamim kol ezrach beIsrael ieshvu beSukot lemaan iedu dorotechem ki beSukot hoshavti et bnei Israel behotzii otam meeretz Mitzraim... E falou o Eterno a Moisés: Fale aos filhos de Israel, dizendo: aos quinze dias deste sétimo mês, festa das cabanas será, por sete dias, ao Eterno... Para que as suas gerações saibam que, nas cabanas, fiz habitar os filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito... (Levítico, 23: 33,44)

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Descrição da festa A festa de Sukot, é festejada no mês de tishei, o primeiro mês do ano judaico. Este chag, que ocorre no dia 15 deste mês, é festejado durante sete dias, e é uma das três festas chamadas de shalosh regalim (as três festas), juntamente com Pessach e Shavuot, pois o povo de Israel subia “a pé”, isto é, peregrinava até o Beit Hamikdash (Grande Templo), em Jerusalém. Sukot é caracterizada por ser uma festa alegre - alegria geral do povo e alegria interna da família, que ocupa um lugar especial entre as festividades. Em Sukot, costuma-se visitar ou mesmo habitar a suka, durante sete dias, como recordação da época em que bnei (o povo de) Israel, vagou pelo deserto, ao sair do Egito. Com o passar dos anos, a suka recebeu um significado mais espiritual, e tornou-se o símbolo da PAZ, da esperança de paz em todo o mundo. Shmini Atzeret (oitavo dia de reunião solene do povo) era, na Antigüidade, o último dia dos dias de sacrifício de Sukot, dia em que o povo de Israel se permitia fazer pedidos pessoais a D’us. *O aspecto religioso Nos dias de hoje, em Shmini Atzeret, vamos à sinagoga, onde ouvimos a prece das chuvas. Neste dia, também rezamos o Izkor (reza de recordação dos entes falecidos). Esta oração é feita em quatro ocasiões: Iom Kipur, no último dia de Pessach, no segundo dia de Shavuot e em Shmini Atzeret. A ligação do povo de Israel com sua terra e a ligação entre o povo judeu e seu passado histórico revelam o aspecto religioso da festividade. Relembra a época em que os judeus vagavam pelo deserto do Sinai, e tinham a proteção de D’us, por meio de ananei hakavod (nuvens de glória), que os cercavam e pairavam sobre eles, protegendo-os dos perigos e desconfortos do deserto.

Em Israel Assim como Pessach, em Israel, comemora-se Sukot durante 7 dias (fora de Israel, por 8 dias). O motivo se deve ao fato de que, na época do Beit Hamikdash, o calendário não era pré- fixado como hoje, mas eram os Sanhedrin (Tribunal Judaico) que decretavam o início do mês judaico (e, consequentemente, as festividades que incidiam naquele mês). Após decreto, os Sanhedrin enviavam mensageiros para avisarem os judeus, de todos os cantos de Israel, sobre o dia em que o mês começaria, para que cada um se preparasse para as festas. Como esses mensageiros demoravam a chegar à gola (Diáspora), na dúvida, os judeus consideravam 2 dias para o Rosh Chodesh (início do mês). Esta dúvida era levada até o dia das festividades, de forma que isto provocou termos, hoje, 2 dias a considerar como chag. O Estado de Israel, sendo um país pobre de fontes de águas naturais, depende sobremaneira das águas da chuva para sua sobrevivência. A chuva é vital não somente para a colheita da produção dos campos, mas também como fonte principal da água potável. Os agricultores ficam na expectativa das primeiras chuvas, que começam a chegar nesta época, e esperam que estas sejam chuvas abençoadas, ou seja, chuvas que cheguem no momento certo e na quantidade certa para a agricultura. Por tudo isso, chuvas e águas ocupam um lugar importante em Sukot, em seus costumes e tradições.

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Conceitos importantes chag sameach: Boas festas! suka; sukot: cabana(s) * suka kshera: cabana apta, adequada sukat shalom: cabana da paz schach: folhagem * hidur mitzva: elevação do preceito leishev (ieshiva) bassuka: sentar na suka vessamachta bechaguecha: que você festeje esta ocasião, e que seja feliz! arbaat haminim - etrog, lulav, hadas e arava: 4 espécies - cidra, tamareira, mirto e salgueiro ushpizin: recepção de visitas * tfilat halel: prece de louvor * tfilat hagueshem: oração da chuva Shmini Atzeret


Mensagens das escolas As lições que podemos aprender com a suka Confiança em D’us para o rico e para o pobre O mandamento da Tora, com relação à mitzva da suka diz: “Abandone a habitação permanente e ocupe uma morada temporária” . No contexto da experiência do deserto, até mesmo uma suka oferecia pouca segurança. A imensa, esturricada e arenosa vastidão, onde não havia alimento nem água, onde as serpentes e escorpiões eram um perigo constante (Deut. VIII:15), não se poderia tornar hospitaleira por paredes improvisadas e por uma sombra de sapé. A Tora fornece uma relação pormenorizada dos quarenta e dois acampamentos, quase igualmente desolados (Números XXXIII) e do freqüente risco de sede e fome, para tornar claro que a “confortável” sobrevivência de Israel durante quarenta anos só foi possível por causa da constante mercê de D’us, conforme demonstrado pela provisão diária de alimento e água (More Nevochim, Guia dos Perplexos). Ao deixar seu lar pela suka, o judeu relembra que sua sobrevivência, assim como a de seus antepassados, depende, em última instância, de forças que estão além de seu controle pessoal. Mesmo nos tempos modernos, com construções maciças e técnicas de segurança elaboradas, a combinação entre destrutividade humana e a sempre presente ameaça de um desastre natural torna claro que não existe, para o homem, refúgio mais seguro que sua frágil suka, desde que ele mereça a proteção Divina. O Rabino Samson Rafael Hirsch considera este aspecto da suka sensato, assim como encorajador. Para os poderosos e ricos a suka diz: “Não confie em sua fortuna; ela é transitória; pode abandoná-lo mais depressa do que chegou. Mesmo seu castelo não é mais seguro que uma suka. Se você está seguro, é porque D’us o protege, como o fez com seus ancestrais quando tinham apenas uma cabana a protegê-los contra as mais duras condições da terra. Que o céu estrelado que você vê pelo schach o ensine a construir seu castelo sobre firme fundação de fé em D’us e a perceber o Seu olhar benevolente, mesmo quando você fitar seu teto firme e isolado. Você pode fazê-lo, a opulência não irá cegá-lo perante o fulgor da beneficência de D’us.” Para pobres e oprimidos, a suka diz: Acaso é você mais desamparado que os milhões de seus ancestrais no deserto, sem alimento, água ou abrigo permanente? O que os sustentou? Quem por eles proveu? Que mão benevolente enxugou suas testas e aliviou suas preocupações? Olhe à sua volta para as frágeis paredes da suka, para as estrelas que se podem ver pelo teto farfalhante. Que ele o lembre que Israel se tornou uma nação vivendo em “mansões” como esta. Foram estes os palácios do “reino de sacerdotes da nação santa” (Êxodo XIX:6), lares onde se tornaram uma grande e Divina nação, desenvolveram a fé que sobrepujou o medo, e o conhecimento da palavra de D’us foi sua garantia para o amanhã – para todos os amanhãs.

A singularidade da suka Mitzva, a palavra da Tora para os Divinos preceitos que orientam e governam todos os aspectos de nossa vida, desde o momento em que nascemos até o último suspiro, tem dupla conotação - significa tanto “mandamento” como “conexão”. Ao ordenar-nos as mitzvot, D’us criou os meios pelos quais podemos estabelecer uma conexão com Ele. A mão que distribui caridade, a mente que pondera a sabedoria da Tora, o coração que se eleva na prece, mesmo o estômago que digere a matza ingerida na primeira noite de Pessach – todos estes tornam-se instrumentos da vontade Divina. Há mitzvot para cada membro, órgão e faculdade do ser humano, e mitzvot que governam cada área da vida, para que nenhuma parte permaneça à parte de nosso relacionamento com o Criador. É justamente nisso, em que reside a singularidade da mitzva da suka. Ao passo que outras mitzvot dirigem-se a um determinado aspecto da pessoa, a mitzva da suka fornece um meio pelo qual a totalidade do homem está engajada no cumprimento da vontade de D’us. A pessoa toda entra e habita a suka. “A suka é a única mitzva, na qual a pessoa entra até com as botas sujas de barro” - segundo um dito chassídico. A mitzva da celebração da festa de Sukot é diferente das demais mitzvot, pois é realizada com o corpo todo. Entramos na suka, ou seja, penetramos a mitzva. Pelos sete dias de Sukot, a suka é nosso lar – o ambiente para cada atividade e esforço humanos. Textos extraídos do Chabad News Tishei 5762 nº287 e Tishei 5747 nº 143 Enfatizamos a importância da criança em cada festividade. Quando D’us ofereceu a Tora ao povo judeu, pediu uma garantia de que cumpririam os mandamentos ao longo dos tempos. Os judeus ofereceram os patriarcas, e D’us não aceitou. Ofereceram, então, as matriarcas; D’us tampouco aceitou. Ofereceram os anciãos do povo, e D’us, ainda assim, não aceitou. Ofereceram, daí, as crianças. D’us logo as aceitou, pois crianças são o futuro de nosso povo, e têm um papel fundamental em todas as festividades. As crianças fazem parte da alegria da festa, em sua ajuda na construção da suka, ou ao enfeitá-la. É uma mitzva divertida para as crianças o fato de comerem “fora de casa” por sete dias, e a bracha dos arbaat haminim é uma mitzva “fácil de cumprir”. Portanto, sempre enfatizamos às crianças que fazem parte da celebração. (Gani TT & I.E. Lubavitch)

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Nomes da festa Chag HaSukot - Festa das cabanas, devido ao costume de sentarmos na suka durante os sete dias de festividade. Chag Haassif - Festa da Colheita, pois, em Israel, esta é a época da colheita, festejando o término de mais um período agrícola. É em Sukot, que termina a preocupação do agricultor, por estar feliz e satisfeito com os frutos esperados e trazidos por seu árduo trabalho, como está escrito na Tora: “vessamachta bechaguecha vehaita ach sameach!” (que você festeje esta ocasião, e que seja feliz). * Chag Zman Simchatenu - (Festa do Tempo de Nossa Alegria), pois celebra-se a mitzva da alegria. * Hoshana Raba - (a Grande Saudação), último dia da festa de Sukot, tem um destaque especial, ao qual os cabalistas imprimiram cunho e conteúdo especiais de santidade.

Símbolos e motivos, usos e costumes Os principais símbolos característicos deste chag são a suka e os arbaat haminim. Suka A suka está ligada ao costume e tradição de sentar-se na cabana, comemorando a saída do povo de Israel do Egito, rememorando a época em que eram nômades no deserto.

parte delas tem a sabedoria da Tora e outra, não. Há, ainda, aqueles que nem conhecem a Tora nem fazem boas ações, mas Deus não abre mão de nenhum, pois há lugar para todos. No entanto, somente todos unidos formam um povo verdadeiro.

* Suka kshera É a suka que preenche todos os requisitos religiosos necessários para tornar-se kshera: deve ter, no mínimo, três lados, deve ser erguida baixo a céu aberto, sua cobertura deve ser de folhagem natural, podendo ser usado seu caule ou folha colhido especialmente para fazer o schach. A suka deve ser coberta de forma que os raios do sol que penetrem não sejam maiores do que a sombra que a cobertura oferece, mas, de tal modo que, à noite, possamos ver as estrelas.

Sukat shalom (A Suka da Paz) * É costume começar a construir a suka logo após o Iom Kipur, para começarmos o ano já fazendo mitzvot. A suka é o símbolo de paz, na esperança de paz para o mundo. Nos tempos em que ainda existia o Beit Hamikdash, sacrificavam-se bois para se expiar dos pecados de todos os povos do mundo, rezavam para que não houvessem mais guerras, que reinasse a paz entre os povos em suas terras, que pudessem cultivá-las sem que sofressem necessidades. * As mitzvot incluem as brachot dos arbaat haminim, juntos, bem como sentar-se na suka, um lar frágil e temporário, onde o povo judeu demonstra toda sua confiança em D’us. É uma festa, cuja característica é a união do povo, ocasião em que se costuma convidar ushpizin (visitas) para participarem da mitzva de comer na suka. De acordo com a Tora, a festa de Sukot é uma festa de 7 - 8 dias, sendo o 1° e último dias chamados de Mikra Kodesh. Os dias intermediários, também alegres, são chamados de chol hamoed, e implicam algumas restrições de trabalho. Muitos seguem o costume de ficar acordados durante a noite inteira, estudando a Tora, recitando orações e lendo o quinto livro da Tora, Dvarim, também conhecido por Mishnei Tora (repetição da Tora), pois contém a recordação de grande parte dos Mandamentos da Tora. Durante as orações da manhã, recitam-se grande número de hoshanot e dão-se sete voltas. No final do serviço, cumpre-se o costume instituído pelos profetas - bater com um feixe de aravot no chão algumas vezes, em expressão de alegria e júbilo. Segundo tradição de várias fontes, especialmente nos ensinamentos chassídicos, este dia é considerado como a continuação dos “Dias Temíveis”, como um Dia de Julgamento, quando se costuma cumprimentar com votos de “gmar chatima tova”.1

Arbaat haminim as quatro espécies (etrog, lulav, hadas e arava) O etrog é uma fruta cítrica, cidra, com cheiro agradável e gosto; o lulav, a folha da tamareira, com gosto mas sem cheiro; o hadas, mirto (3 galhos desta folhagem), com cheiro mas sem gosto e a arava, salgueiro (2 galhos desta folhagem), sem cheiro nem gosto - todos juntos são os arbaat haminim. Acredita-se que estes símbolos, juntos, representam o povo de Israel unificado. Cada símbolo, separadamente, simboliza uma das características do povo judeu: o lulav, representa o que cresce no coração da tamareira, cujo fruto, a tâmara, é “doce como mel”, simbolizando, também, as pessoas que possuem a sabedoria da Tora. É uma árvore muito útil, suas palmas oferecem sombra, material para fazer cestos e cordas e, de seu tronco, é possível construir colunas e vigas para o teto. O etrog simboliza pessoas que fazem boas ações; a arava, simboliza pessoas do povo judeu que nem têm o conhecimento da Tora, nem fazem boas ações. O hadas simboliza aqueles que, além de terem o conhecimento da Tora, também fazem boas ações. *Em suma, o povo de Israel compreende pessoas muito diferentes; parte delas fazem boas ações, parte não; 1

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Vide Capítulo Iom Kipur, pedindo perdão aos amigos.


Simchat Beit Hashoeva

A expectativa da chuva O tema ‘água’ perpassa todas as festividades no Judaísmo e se expressa em diferentes cerimônias e costumes. De acordo com a tradição judaica, é em Sukot que D’us decide se o ano seguinte será de chuvas ou de seca. * Em Shmini Atzeret, reza-se a tfilat hagueshem (prece da chuva), para a chegada das chuvas e, pela importância que lhe é conferida, esta tfila é proferida em frente ao Aron Hakodesh (A Arca Sagrada) aberto. Nesta tfila, rememoram-se as boas ações de Avraham, Itzchak, Iaakov, Moshe e Aharon, que remetem à água e à chuva.

Nossos sábios, de abençoada memória, diziam: “Aquele que nunca viu esta alegria (Simchat Beit Hashoeva), jamais testemunhou júbilo em sua vida.” Como era esta celebração? Na segunda noite da festa de Sukot, todo o povo ia ao Beit Hamikdash. Os jovens cohanim2 subiam as escadas até onde estavam os candelabros de ouro, enchiam os bocais com azeite e os acendiam. Tão ofuscante era essa luz, que todos os pátios de Ierushalaim ficavam iluminados pela luz do Beit Hamikdash! Enquanto isso, os leviim tocavam seus instrumentos musicais e entoavam cânticos de louvor a HaShem3. Texto extraído do livro “Nossos Sábios Mostraram o Caminho” - Talmud Bavli, Suka 51b Tossefta, 4”, Editora Chabad

O significado da festa para crianças na idade infantil Para a criança que freqüenta a escola judaica de Educação Infantil, a comemoração de Sukot, está, assim como outras festas, ligada sobretudo à vivência e às experiências proporcionadas pela família, pela escola e pela comunidade. Nesta idade, é importante oferecer boas oportunidades para a criança conhecer gradativamente, os símbolos, a tradição e os costumes do chag, desde os objetos mais concretos até as idéias abstratas que permeiam cada chag. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Sukot, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual de Chag HaSukot. Além disto, por meio de experiências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, poderão conhecer parte dos símbolos do chag - a suka, o schach, os enfeites, os arbaat haminim. Alguns costumes característicos de Sukot, enfatizando o “aqui e agora” poderão ser vivenciados – sentar na suka, comer na suka, manusear os arbaat haminim, alegrar-se na suka. A história da festa poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas - “leishev bassuka” e as brachot. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão aprofundando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência da criança: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Sukot e seu significado, contados em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais. A criança pode aprender os nomes adicionais de Sukot e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. 2 3

* Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: de construção da suka, leishev bassuka, arbaat haminim, e as halachot (regras, preceitos). De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se pode abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados ao chag, os nomes especiais do chag, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas, ligadas à colheita. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot - ieshiva bassuka, suka kshera, ushpizin, hidur mitzva, arbaat haminim, as halachot básicas, e as brachot: tfilat halel, mitzvot de alegria, “vessamachta bechaguecha”.

Cohanim, uma das três tribos remanescentes de Israel – cohanim, leviim e israelim; sacerdotes, levitas e israelitas. HaShem; literalmente, o Nome – numa referência a D‘us, evitando dizer Seu Nome.

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Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Sukot Desenhar, construir e colar os arbaat haminim, os enfeites e a suka Conteúdos: conteúdos referentes a Sukot. Objetivos potenciais: expressão criativa e sistematização da informação referente a Sukot. Descrição: realização de produções infantis com materiais criativos ligados aos conteúdos de Sukot, em vários níveis de estruturação (desde a expressão livre até trabalhos focalizados nos motivos pertinentes). Materiais e recursos: materiais criativos que possibilitem a expressão das crianças, inclusive cores e materiais que possam expressar os conteúdos pertinentes (verdes, amarelos, marrons, beges). Vamos enfeitar a suka, colocando o schach e os arbaat haminim? Conteúdos: enfeitar a suka, usando habilidades relevantes. Objetivos potenciais: preparar enfeites para a suka, usando as habilidades específicas de recortar (tesoura), picotar, dobrar papéis, colar, pendurar, entre outros. Descrição: a professora, juntamente com crianças (e pais), prepararão enfeites para a suka, usando os símbolos e motivos de Sukot. Materiais e recursos: tesouras, papéis diversos, ricos e variados, cola e demais materiais para enfeitar a suka. Apreciar um quadro de Chagall, e construir uma suka bem legal. Conteúdos: reprodução de uma obra de arte plástica, de um artista judeu, com tema religioso, p. ex., Os “Tabernáculos”, ligando-a ao conteúdo pertinente. Objetivos potenciais: apreciação – observação e descrição da gravura de Marc Chagall (oportunidade para ampliar o conhecimento sobre o artista) e construção de uma suka com o uso de materiais criativos Descrição: “Crie você também a sua suka”, com possibilidades de uso de diferentes técnicas para a crianças escolherem: desenho (como a técnica/ conteúdo usados por Chagall), construção tridimensional, colagem... Materiais e recursos: reprodução do quadro de Chagall, papéis, tesouras, caixas (para a suka), papéis diversos, ricos e variados, cola e demais materiais para construir/ desenhar/ pintar a suka.

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Daniel, Tali e Tamar estiveram na suka, espere aí que já vou contar! Conteúdos: os motivos de Sukot e a história particular vivenciada pelo grupo. Objetivos potenciais: a construção de uma história de grupo (pequena comunidade), tendo como base os motivos do chag. Descrição: após o planejamento da professora das atividades ligadas à Sukot, esta registrará os vários momentos significativos do grupo, fotografando/ gravando; enfim, registrando em poucas palavras o ocorrido. Materiais e recursos: máquina fotográfica, fotografias das atividades significativas de Sukot realizadas pela turma e registro das principais vivências. Ex.: “Logo depois de Iom Kipur, a professora Márcia trouxe uma caixa fechada e mostrou às crianças (foto da caixa fechada na mesa com as crianças em volta). Todos queriam saber o que havia lá dentro. Foi aí, que a professora perguntou: (foto da professora ao lado da caixa). - Logo mais, teremos outra festa muito bonita. Dentro desta caixa, encontraremos algumas coisas que poderão lembrar-nos que festa é esta, e quais são seus símbolos. Quem quer abrir a caixa? (foto das crianças se amontoando em volta da caixa). - Ah! Todos querem: o Danilo, a Gabriela, o Ilan (os nomes de todas as crianças). - Bem, Daniel, você pode abri-la e escolher algum objeto (foto do Daniel pegando um martelo). - Daniel escolheu um martelo; quem lembra para que vamos precisar do martelo?” (e assim vai) SUGESTÃO: preparar um livro para cada criança da turma, além de uma exposição de livros de todas as turmas, na escola. IMPORTANTE: cada turma terá sua própria história, dependendo das atividades oferecidas. Todos usarão os mesmos motivos e símbolos de Sukot, que farão parte da experiência de todas as crianças. Brincando “de verdade” de Sukot Conteúdos: jogo dramático com símbolos e objetos ligados à festa. Objetivos potenciais: construção dos conceitos, ensino-aprendizagem de símbolos, costumes e tradição de Sukot por meio de jogos e brincadeiras Descrição: a professora e crianças montam uma suka usando uma caixa grande de papelão vazia e trazendo, para seu interior, bonecos e brinquedos miniaturas. As crianças brincarão de acordo com o que se faz geralmente na suka em Sukot (dar de comer para os bonecos, cantar com eles, comer, entre outras atividades). Materiais e recursos: uma caixa grande de papelão (de algum aparelho eletrodoméstico), bonecas, mesas, cadeiras, símbolos de Sukot (faz-de-conta) e demais brinquedos relevantes.


Suka kshera Conteúdos: regras para a construção da suka kshera. Objetivos potenciais: (1) aprender regras de construção de suka kshera, (2) mostrar, por meio de exposição conjunta das crianças, regras e proibições na construção da suka kshera. Descrição: a professora distribui as várias características (regras impressas e com imagens ilustrativas) do que vem a ser uma suka kshera, e o que é proibido na construção desta. As crianças constróem com suas famílias em suas casas as sukot (tridimensionais) e apresentam as sukot em miniatura em exposição para todas as crianças da escola. Materiais e recursos: as regras para a construção de uma suka kshera, material variado para a construção de sukot em miniaturas, a organização de uma exposição.

Uma história de Sukot: “Schach lassuka” (um teto para a suka) por Levin Kipnis Conteúdos: conhecimento de uma obra literária cujo conteúdo é relevante à Sukot e a elaboração de uma nova história em grupo (Obs: o uso de suportes concretos para contar a história pode acrescentar mais interesse à atividade). Objetivos potenciais: conhecer a história, tanto o texto escrito quanto as imagens, e construir, em grupo, uma nova história, tendo como base as imagens da obra original. Descrição: após o encontro e interação das crianças com a obra literária e a leitura da história pela professora, as crianças poderão rememorar o mesmo texto ou construir novo texto, diferente do original, usando as imagens apresentadas no livro. As crianças poderão gravar, pedir para a professora anotar seu texto, ou usar outro meio diferente de registro. Materiais e recursos: o texto (escrito e visual), materiais ou aparelhos para registrar.

Atividades com a família e amigos Na suka com os vovôs Conteúdos: a celebração do chag, crianças com avós, na escola Objetivos potenciais: estreitar os laços familiares entre crianças e avós, por meio de uma atividade ligada à festa de Sukot, na escola Descrição: após produzirem arbaat haminim com massa para modelar, as crianças e seus avós são convidados a participar juntos de uma comemoração típica, na qual o rabino abençoa o lulav e o etrog (verdadeiros). No final da comemoração, as crianças oferecem os símbolos modelados aos avós (Obs: esta atividade é mais adequada para os maiores). Materiais e recursos: massa de modelar, convites para os avós, arbaat haminim. Arbaat haminim Conteúdos: confecção dos arbaat haminim em papel. Objetivos potenciais: as crianças poderão brincar com os arbaat haminim e “praticar” a bracha. Descrição: os materiais necessários para a confecção de cada uma das quatro espécies são colocados em mesas separadas. As crianças são divididas em quatro grupos e passam pelas quatro mesas-tachanot (estações), confeccionando as quatro espécies. Materiais e recursos: Papel espelho amarelo para etrog, papel-cartão verde para lulav, papel espelho verde para hadas e papel crepom verde musgo, para arava.

Mi sheba – baruch haba (canção, cujo título significa quem chega, bem-vindo seja) Conteúdos: costume/mitzva de ushpizin, típico desta festividade. Objetivos potenciais: as crianças convidarão e receberão visitas na suka, praticando o costume/mitzva de ushpizin. Descrição: após ouvirem a história de como Avraham Avinu recebia bem suas visitas, as crianças poderão escolher seus amigos e convidá-los para virem à suka e, juntos, festejarem, enfeitando, cozinhando, saboreando a comida, tudo dentro da ‘cabana’. Materiais e recursos: convites, materiais para enfeitar a suka, materiais para preparar as guloseimas que se come na suka. É possível, também, preparar um ponche de frutas. Sukateinu...hassuka... Conteúdos: enfeite (em grupos) da suka e participação no lanche, dentro da suka, em grupo. Objetivos potenciais: cumprir uma das tradições de Sukot - enfeitar a suka, e realizar um dos costumes deste chag que é o de comermos juntos dentro da suka. Descrição: preparação dos enfeites para a suka, que serão colocados nesta. Posteriormente, as crianças comerão o lanche, com seu grupo, dentro da suka. Materiais e recursos: materiais para enfeite da suka e lanche.

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Todo mundo ajudando e a suka se vai montando… Conteúdos: atividade conjunta de pais. Objetivos potenciais: vivenciar a realização da tradição da construção conjunta de uma suka e da participação na cerimônia de abençoar os símbolos pertinentes, dentro da suka. Descrição: realização de oficina de enfeites, no mesmo dia da construção da suka, juntamente com os pais. Após o planejamento arquitetônico da suka por pais profissionais do ramo, opera-se a construção conjunta da suka e sua posterior decoração. As crianças maiores poderão desenhar o processo de construção da suka em etapas e fazer, posteriormente uma demonstração em transparências para os menores. Em um outro momento, pode-se convidar as famílias para um kidush bassuka, quando se pode oferecer bolo com café, fazer as brachot e mostrar um vídeo feito no dia da construção. Materiais e recursos: materiais de construção da suka, materiais para enfeites, lulav e etrog, transparências, caneta pilot permanente, vinho, símbolos de Sukot, ‘apetrechos’ para as brachot, convites para os pais.

Atividades em torno de habilidades

Organização do espaço e dos materiais

Para construir uma suka, temos que usar habilidades, como as de construir e enfeitar. Ao longo dos anos, a arte judaica se especializou na decoração da suka. Alguns colocam rendados, outros as sete primícias, frutas, entre outros; tudo com o intuito de transformar esta moradia temporária em um ambiente agradável e bonito.

Juntamente com a construção e embelezamento da suka, se podem planejar experiências inesquecíveis para a criança na escola de Educação Infantil. A seguir, apresentaremos sugestões para a organização do espaço e dos materiais:

Habilidades a desenvolver: • Martelar com pregos na suka (e em jogos de tabuleiro) • Carpintaria (martelo e pregos em madeira) • Construção de casas (bi e tridimensional) • Preparar enfeites com várias técnicas diferentes, para decorar a suka (com materiais da natureza, origami, dobraduras, bandeirolas, entre outros.)

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Exposição Exposição de várias sukot confeccionadas na escola ou em casa, junto com a família, com a participação de pais, avós, entre outros familiares. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da festa, com frase ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português, como, p. ex., Vessamachta bechaguecha ou Hine ma tov umanaim; descrição de alguma atividade vivenciada pelas crianças, que acompanhe a imagem (como, p. ex., Todo mundo ajudando, e a suka se vai montando); registro breve (meia página) do processo de elaboração e realização de determinada atividade ou produção; ligação deste grupo, neste ano, com a comemoração do chag, entre outros. E em imagens:”judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado; produções de crianças; fotografias de anos anteriores (resgate de memória) fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando: crianças, pais, a família toda na suka, abençoando lulav e etrog, arbaat haminim, comendo sentados, construindo-a ou em outra atividade relevante.


Registro de projetos Tema 1 Casas, moradias, habitações, coberturas para casas, refeições em família-grupo, atividades que fazemos juntos.

Tema 2 Ushpizin - Projeto planejado, em torno da história do costume/ mitzva de Sukot de receber visitas.

Textos para consulta: O que nos contam as Moradias, revista “Ciência Hoje” - Outubro 2001.

Textos para consulta da professora: • Ushpizin – explicação, material encontrado na internet (site: snunit, em hebraico). • História de Avraham e Itzchak (texto com pontos a serem ressaltados) - Visita que Avraham recebeu em sua tenda. • Ushpizin – Rei David. • Histórias de Iaakov, de Iossef e de Moshe e Aharon (trabalho com textos, destaque de pontos importantes na história, comentários, curiosidades).

Atividades • instigar a curiosidade das crianças por meio de imagens, fotos, quadros, entre outros, levantando questões e perguntas; • trazer fotos das casas onde as crianças moram, discutir aspectos relevantes: dentro/ fora, quartos, funções, objetos, entre outros; • usar material visual variado sobre a diversidade na moradia (tipos, lugares); • criação, construção de casas, desenho de moradias com materiais criativos; • brincar no “canto da casa”, com materiais ligados às moradias (jogo sócio-dramático); • brincar em torno do tema, com jogos de montar (Legos, cubos, blocos, entre outros); • realizar um passeio para uma fazenda (outro tipo de moradia), observar as diversas moradias que aparecem pelo caminho e, chegando lá, observar as moradias dos animais; • comentar, por volta de Rosh Hashana, sobre moradias do homem, chegando, em Sukot, às cabanas, acompanhando os estágios da construção de uma suka; • passar o dia dentro da suka, no dia da comemoração de Sukot, vivendo lá como se fosse em sua moradia; • realizar as mesmas atividades, dentro e fora da suka, e comparálas: deitar no chão e olhar para o céu, observar a natureza, comer, cantar, entre outros.

Atividades • discussão temática • construção de bonecos (os personagens) • dramatização • jogos • perguntas e idéias, de acordo com a faixa etária

P.S.: após a festividade, o projeto poderá ter continuidade, usando as vivências adicionais de Sukot.

Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • folhas secas, ramos, galhos para enfeitar: correntes, impressão, entre outros. • confecção de instrumentos musicais, com materiais da natureza para enfeitar e tocar dentro da suka. • confecção de lanternas, sanfonas, leques, entre outros, para a suka. • construção de móbiles de motivos de Sukot, frutas (das 7 espécies) e outras. • criação de convites para pessoas visitarem a suka (ushpizin).

A criança, com a palavra! A professora explicou sobre os ushpizin que visitam as sukot diariamente. No último dia de Sukot, Dani recebeu seus avós para jantar em sua suka. Recebeu-os, dizendo: Finalmente chegaram visitas que dá para ver!

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • lulav • masmer/im • tábuas de madeira para construção • arava • diferentes sukot • fazendo a bracha do lulav e etrog • hadas • enfeites para suka • “judaica” para sukot • etrog • patish • família sentada na suka • caixas para etrog • schach • crianças e pais construindo a suka

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola • Ponche • limonada • Geléia de etrog

BOM APETITE!!! - BETEAVÓN! -

3. Histórias de Sukot Um teto para a suka Levin Kipnis David estava preocupado desde o Iom Kipur até Sukot com a construção da suka, até que, finalmente, construiu uma. Pegou um serrote e um machado, e saiu para procurar folhas para cobrir o teto da suka. Encontrou a figueira e disse: “figueira, minha figueira, dê-me suas folhas para construir o teto da minha suka.” “Não, não, durante o ano todo, comeste de meus doces figos, agora, não cortes minhas folhas.” David foi até a oliveira. “oliveira, dê-me de suas folhas.” “Não, não, durante todo o ano, cultivei minhas azeitonas e, somente agora, estão ficando maduras. Justo agora você quer quebrar meus galhos?” Muito triste e cansado, David foi à romãzeira: “romãzeira, romãzeira, dê-me de suas folhas para o teto de mi-

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nha suka.” “Não, não, vermelhos e lindos romãs cultivei, vieram e colheram todos, fiquei nua, somente um pequenino romã restou, estou disposta a lhe dar o último romã que ficou, para enfeitar sua suka. David colheu o romã e foi até a tamareira: “Tamareira, minha tamareira, uma linda suka construí com quatro paredes, mas ainda não tenho teto. Fui até a figueira, pedi à oliveira, ao romã, mas eles não quiseram dar-me suas folhas. Quem sabe você me possa dar?” “Pois não, você está vendo aquelas folhas grandes e verdes, leve-as para você, no ano que vem, crescerão novas.” David ficou muito contente, pegou uma escada comprida, subiu e serrou alguns galhos. David terminou de construir a sua suka e a enfeitou com o romã, o lulav e o etrog.


Arbaat Haminim Era noite de Sukot. As árvores do jardim sussurravam: “Amanhã todas as crianças virão ao jardim... Com o que iremos presenteá-las, já que está chegando a festa de Sukot?” A Tamareira disse: “Eu darei às crianças, as minhas folhagens compridas, o lulav.” O etrog disse: “Darei meu fruto, cor de ouro, sem marcas, perfeito.” O hadas falou: “Eu, com minhas folhas, trarei cheiro para o coração das crianças.” Só o pequeno arava ficou num canto, sem participar

da conversa. As lágrimas foram descendo de seu caule e ele pensou: “Quem sou eu, um pobre arava, baixinho, feio, sem cheiro, sem gosto, sem beleza. Como presentearei as crianças?” De manhã, vieram as crianças. Os grandes subiram na tamareira, tiraram suas folhagens e pegaram lindos lulavim compridos e verdes. Outros colheram etroguim e os menores colheram suas folhas. Todas as plantas puderam presentear as crianças. As plantas grandes presentearam os grandes e as pequenas, os pequenos. Todas foram importantes na mesma medida.

Vamos construir uma suka! Alguns dias antes de Sukot, Rami reuniu-nos no pátio. “Amigos,” disse Rami, “brevemente festejaremos Sukot. Nós nos sentaremos em casa ou na suka?” “Na suka!,” disseram todos, “Na suka.” “Se é assim,” disse Rami, “vamos construir uma suka.” No pátio, havia muitas crianças, e todas queriam participar na construção da suka. Rami disse: “Vamos dividir o trabalho: as crianças maiores farão os trabalhos mais difíceis e as menores, as coisas mais fáceis.” Ficamos todos ao lado de Rami. Olhou-nos e disse: “Uri, Iossi e eu ergueremos as colunas da suka. Rina e Shula cortarão as folhagens para cobri-las. Dani e Nachum farão os enfeites.” E assim foi... Rami, Uri e Iossi foram até o depósito. Encontraram quatro colunas grandes, pegaram-nas e as colocaram no meio do pátio, fizeram buracos e neles enfiaram cordas. Pegaram um martelo e pregos e pregaram as colunas umas nas outras. Ao mesmo tempo, Rina e Shula pegaram uma escada e uma tesoura de jardineiro e foram até a tamareira. Nachum encostou a escada na árvore e Dani subiu e cortou as folhas. Dani e Nachum ficaram em casa fazendo enfeites. Cortaram e colaram, enfeitaram e prepararam. Fize-

ram longas correntes de papel, todas coloridas. Fizeram pinturas e desenhos e os coloriram com cores vivas. Os meninos terminaram de pregar as colunas, trouxeram panos e lençóis e os prenderam entre as colunas, e eis que a suka já possuía quatro paredes!!! Rina e Shula trouxeram as folhas da tamareira, puseram a escada ao lado da suka e cobriram seu telhado. Dani e Nachum trouxeram os enfeites, as correntes, os desenhos e as pinturas e penduraram tudo sobre as paredes da suka. A suka ficou enfeitada e muito bonita. Rina, uma das meninas do grupo, prontificou-se a buscar as quatro espécies: etrog, lulav, arava e hadas e os escondeu sob as folhagens. A suka ficou com um cheiro agradável. Uri trouxe uvas, limão e romãs e os pendurou em formato de menora. A suka ficou cheia de luz. Vieram todas as crianças da vizinhança ver a suka. Todos disseram: “Nunca vimos uma suka tão bonita e tão cheirosa.” À tarde, mamãe veio e preparou a mesa na suka. Estendeu a toalha branca e, sobre ela, colocou uma garrafa de vinho, uma chala e um castiçal com velas. Mamãe acendeu-as e fez a bracha. No céu, sorriam a lua e as estrelas.

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4. Brachot e psukim Em todos os dias de Sukot, exceto no Shabat, abençoam-se as quatro espécies. Pega-se o lulav na mão direita, o etrog na esquerda, com a ponta virada para baixo, e abençoamo-os. Depois da bracha, inverte-se o etrog, ficando sua ponta para cima, juntando as mãos (e as espécies). No primeiro dia de Sukot, além da bracha do lulav, recita-se a bracha ‘Shehechianu’. Da mesma forma, a primeira vez no ano em que alguém for fazer a bracha do lulav, seja no segundo ou no último dia, recitam-se as duas bênçãos. Bracha do lulav Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al netilat lulav. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou segurar o lulav.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos conservou em vida, nos amparou e nos fez chegar a esta época festiva.

Bracha da suka Baruch Ata Ad-nai Elokeinu Melech haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu leishev bassuka. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou sentar na suka.

BeSukot tishvu shivat iamim kol ezrach beIsrael ishvu bassukot lemaan idu dorotechem ki beSukot hoshavti et bnei Israel behotzii otam meeretz Mitzraim. Sentem-se por sete dias nas cabanas, todos os cidadãos de Israel, para que as próximas gerações saibam que Eu assentei o povo de Israel, após retirá-los do Egito.

Vessamachta bechaguecha vehaita ach sameach. Alegrem-se em sua festa e rejubilem-se de alegria.

Moadim lessimcha chaguim uzmanim lessasson Que sejam festas alegres, pois é hora de alegria.

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Eretz chita usseora veguefen veteena verimon eretz zait shemen udvash Terra de trigo e cevada, uvas, figos e romã; terra de olivas, azeite e mel.

Chag HaSukot taasse lecha shivat iamim beossfecha migarnecha umikvecha Que a festa de Sukot seja festejada durante sete dias, colhendo em seu celeiro e em seu vinhedo.

Senhores Pais:

Senhores Pais:

Dando continuidade ao tradicional costume de construirmos juntos a nossa suka, convidamos vocês para estarem na escola no dia 18/9, quarta-feira, a partir das 7h30. Neste dia, além da construção da suka, realizaremos uma oficina de enfeites. Importante: não esqueçam de trazer um martelo. Contamos com sua participação!!!

Convidamos vocês a estarem conosco em nossa suka, construída em conjunto, por todas as crianças da Educação Infantil. Será mais um momento de integração entre pais, filhos e escola, quando, juntos, faremos a bracha dos arbaat haminim (quatro espécies) e assistiremos ao vídeo da construção da suka e oficina de enfeites. Dividimos as classes em dois grupos, pela impossibilidade de recebermos todos em um mesmo dia, mas os pais que tiverem filhos em classes diferentes podem optar por uma data ou, se preferirem, comparecer às duas.

Informe-se sobre Sukot Desde a saída do Egito – e durante os 40 anos em que estiveram no deserto – os hebreus passaram a morar em sukot (cabanas), até a chegada a Israel. É para lembrar destes tempos, que comemoramos este chag durante sete/oito dias, tendo, por costume, fazer as refeições na suka, brincar, receber visitas nela. Uma vez dentro da suka, não se pode esquecer de fazer a bracha dos arbaat haminim – as quatro espécies. Elas simbolizam os diferentes tipos de pessoas que, quando juntos, tornam-se ainda mais importantes para ajudar a fazer um mundo melhor. É por isso que juntamos as quatro e tão diferentes espécies da natureza - lulav (tamareira), hadas (mirto), arava (salgueiro) e etrog (cidra), na hora da bracha, para que possamos todos conviver em harmonia. Para comemorar, nada melhor do que montar nossa própria suka, enfeitada pelas crianças... Chag Sameach!

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Canções e poemas • Arbaat haminim, de Mirik Snir, in Ani Bachaguim Ubaonot, p. 29 • Suka al hagag, por Ruth Teneh • Bassuka, por Léa Goldberg, in Ani bachaguim ubaonot, p. 28 • Bassuka shelanu • Patish masmer, por Emmanuel Harussi, in Ani bachaguim ubaonot • Iesh li suka • Suka uschach, por Levin Kipnis, in Mea Shirim • Hassuka • Orchim lachag, por Levin Kipnis, in Mea Shirim • Sukat Shalom • Shlomit bona suka, de Naomi Shemer, in Mea Shirim • A suka de Eitan • Sukati, de Yaakov Orland, in Mea Shirim

Sugestão de sites http://www.chelm.org/jewish/chags/sukkot/build.html http:www.sukah.co.il http://www.chabad.org.br http://www.milknhoney.co.il/torah/succah.html http://www.chabad.org http://www.education.gov.il/preschool http://www.e-chinuch.com http://galim.org.il/holidays/succot http://www.perpetualpreschool.com

Bibliografia Borenstein-Lasar, T. Sukot veSimchat Tora. Coleção Chaguei Israel, Revivim Hotzaa Laor. Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993. Cook, E. Jewish Artwork by Esky. ISBN: Preferred Publ. Services, 1994 Gur-Arie, M. A. Chaguim umoadim beIsrael. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim, 1990 Gur-Arie, M. A. Vehigadeta levincha. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim HaCohen, M. & HaCohen, D. Chaguim umoadim. Israel Hassochnut Haiehudit LeIsrael. Chag haSukot veSimchat Tora Israel. Misrad hachinuch vehatarbut. Gan haieladím beavodato, chelek alef. Israel, Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6 Misrad Hachinuch, hatabut vehasport, Haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, 1995 Manor, E., Shapira T., Marzel, P. The Illustrated, Interactive Dictionary for Children, De Nur Publ, Israel. 2001 Nissim, R. Beshvilei hagan Snir, M. e Teper, Y. Ani bachaguim ubaonot.Tel Aviv: Hotz. Hakibutz, Hameuchad, 1999 Tzarfati, M. Tchanim vepeiluiot benosse Chag HaSukot Ed. Miriam Tzarfati Tzarfati, M. Chag HaSukot, lemida peila Ed Miriam Tzarfati, 2001

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Simchat Tora

O fim é o princípio, nas rodas de Simchat Tora

Fontes Baiom Hashmini Atzeret tihie lachem; kol mlechet avoda lo taassu. No oitavo dia, haverá santa convocação para vocês, não trabalharão. (Vaikra1 23:36)

A festa de Simchat Tora não é citada diretamente na Tora ou no Talmud. Esta festa teve início na Galut2, na Babilônia, por volta do ano 1000, e está ligada ao costume local dos judeus de, a cada ano, terminar, nesta época, a leitura da Tora - o Pentateuco de Moisés. Naqueles dias, terminava-se de ler a Tora a cada três anos, ou três anos e meio. Somente depois que o costume de se ler a Tora espalhou-se pela Babilônia e foi aceito pelas comunidades judaicas em Israel e fora dela, a festa de Simchat Tora foi aceita por todo o povo de Israel.

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Vaikra; Levítico, o 3º livro do Pentateuco (Tora) Galut, o mesmo que Gola, significa Diáspora.

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Descrição da festa O oitavo dia de Sukot é conhecido pelo nome de Simchat Tora (comemorada no dia 23 de tishrei). Já não pertence à festa de Sukot, porém é uma continuação desta. Já não vigora a determinação de morar na suka; porém, esta continua armada, pois é determinado na Bíblia como dia de repouso e, portanto, não se pode desarmá-la já que isto seria trabalho. *O aspecto religioso Desde tempos muito antigos, é costume ler, a cada sábado nas sinagogas pela manhã, uma parte da Tora, texto este que é chamado de parashat hashavua (parábola da semana). A Tora começa em Bereshit3, cap.1, com o relato da criação do mundo. Termina, em Dvarim4 cap. 34, no qual se relata a morte de Moisés. Pois é na festa de Simchat Tora que se completa toda a leitura da Tora e, imediatamente, inicia-se de novo a leitura desta. É considerada uma grande honra entre os judeus acabar a leitura da Tora ou iniciá-la. O chatan Tora - noivo da Tora - é quem conclui a leitura em “vezot habracha” e o chatan Bereshit é quem inicia a leitura, em Bereshit. Em Simchat Tora, os rolos sagrados são retirados do Aron Hakodesh, são dadas sete voltas, as hakafot, pela sinagoga e, com muita emoção, as Torot são carregadas em meio a cantos e danças. No dia de Simchat Tora, todos são igualados, os mais sábios e os menos sábios, tendo todos a possibilidade de segurar e dançar com a Tora. Só homens a partir do Bar Mitzva são chamados para fazer a bracha da Tora. No dia de Simchat Tora, todas as crianças se unem em volta da bima (púlpito onde se fica de pé, e se reza, no centro da sinagoga), bem próximas do local onde se faz a leitura da Tora, são cobertas com um grande talit e, juntas, fazem a bracha da última parasha da Tora. Em Simchat Tora, lêem-se as últimas palavras da Tora. Sem parar, volta-se ao começo e lê-se as primeiras palavras da Tora. Essa continuidade é uma forma de demonstrar que os judeus nunca param de estudá-la. A última palavra da Tora é Israel e a primeira, Bereshit, que significa “no princípio”. Se unirmos a última letra de Israel e a primeira letra da palavra Bereshit, formaremos a palavra Lev, que significa coração.

Em Israel Em Israel, a festa de Simchat Tora é comemorada em Shmini Atzeret. Milhares de judeus vão ao Kotel Hamaaravi, o Muro das Lamentações5, para seguir cantando e dançando com os rolos da Tora nos braços, o mesmo acontecendo em todas as sinagogas do mundo.

Nomes da festa Simchat Tora – A alegria da Tora; onde simcha é alegria e Tora, Bíblia Judaica.

Símbolos e motivos, usos e costumes A Tora é composta por cinco livros: Bereshit, Shmot, Vaikra, Bamidbar, Dvarim. É escrita em pergaminho por um sofer stam (escriba). Possui alguns adornos, como keter Tora - coroa da Tora, iad - um ponteiro de prata em forma de mão que serve para ajudar na leitura, e meil - capa para a Tora. Em Simchat Tora, costumam-se distribuir bandeirolas, Torot pequenas e doces para as crianças. Em algumas sinagogas, costuma-se colocar uma maçã na ponta da bandeira e, em cima desta, uma vela acesa.

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Conceitos importantes • Aron Hakodesh arca sagrada • Beit Kaknesset sinagoga; literalmente, casa de Reunião • simcha alegria • sofer stam escriba • Tora Bíblia judaica • Chumashim Bereshit, Shmot, Vaikra, Bamidbar, Dvarim Os cinco livros da Tora Gênesis, Êxodos, Levítico, Números, Deuteronômio • keter Tora, iad, meil (adornos da Tora): coroa, mão, capa

Bereshit; Gênesis, o 1º livro da Tora. Dvarim; Deuteronômio, o 5º livro da . Literalmente, é muro ocidental (uma das partes da muralha que envolvia o Grande Templo (Beit Hamikdash).


O significado da festa para crianças na idade infantil Esta festa é marcada por sua alegria contagiante; a participação das crianças na festa na sinagoga é importante. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Simchat Tora, de acordo com as características da faixa etária: De 3 a 4 anos, a criança já pode identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual: Simchat Tora. Além disto, por meio de vivências baseadas na brincadeira, na música, na observação e no manuseio, a criança pode conhecer respeitosamente a Tora. De 4 a 5 anos, a criança já possui uma compreensão mais intuitiva, e não somente concreta; seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando. A criança poderá verificar como a Tora é escrita e decorada. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a ter uma compreensão mais profunda do significado dos costumes e dos símbolos. É possível contar sobre o sofer stam e sobre a importância da Tora, desta festa e os chumashim (5 livros) da Tora. *Nesta faixa etária, vale, também, enfatizar o significado dos conceitos Shabat Bereshit, chatan Tora, chatan Bereshit e hakafa/ot.

Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Simchat Tora Confeccionando a nossa Tora Conteúdos: histórias da Tora, a Tora. Objetivos potenciais: recordar histórias conhecidas da Tora, confecção da Tora. Descrição: mostrar para o grupo fotos de Torot e estimular o grupo a falar acerca do que é necessário para confeccionarmos a Tora e seus acessórios (iad, rimonim, keter, meil). Depois de confeccionada a parte externa (capa e acessórios), professora a relembrará, juntamente com as crianças, as histórias que já conhecem da Tora. Cada criança escolherá uma delas para fazer um desenho. Os desenhos serão colados, lado a lado, seguindo a ordem das histórias e, posteriormente, enrolados (como os dois rolos da Tora). Materiais e recursos: papéis coloridos diversos, canetas-hidrocor, cola, tesoura, fitaadesiva colorida, papel sulfite branco, adesivos coloridos, sucata (garrafas de plástico, rolos de papel higiênico, caixas de pasta de dente), Sefer Tora, fotos de Torot.

Chag sameach em Simchat Tora Conteúdos: comemoração e celebração de Simchat Tora. Objetivos potenciais: vivenciar na escola a celebração de Simchat Tora. Descrição: pode-se salientar que este chag fecha Chaguei Tishrei. Por mural ou slides, é possível relembrar, rapidamente com as crianças, o que aconteceu em cada uma das datas, fazendo perguntas simples: quem lembra o que fazemos em Rosh Hashana? Em Iom Kipur? E o que aconteceu em Sukot? Podemos conversar sobre a essência e importância de Simchat Tora, projetando imagens de vários tipos de Sefer Tora e de comemorações em sinagogas, nas ruas de Israel ou no kotel. Vale organizar hakafot, com todos dançando ao redor da Tora, segurando as tradicionais bandeiras. No final, com o intuito de garantir um contato mais próximo, a Tora é aberta e, em grupos, todos são convidados a se aproximarem. Materiais e recursos necessários: mural, slides (imagens do chag), série de perguntas, bandeiras.

Um canto para a Tora na escola Conteúdos: Aron Hakodesh. Objetivos potenciais: conhecer o lugar em que se guarda a Tora e sua localização na sinagoga, confecção do Aron Hakodesh. Descrição: levantar os conhecimentos das crianças: Quem já esteve na sinagoga? O que havia lá? Onde estavam guardadas as Torot? Depois, mostrar fotos de sinagogas, dando destaque ao Aron Hakodesh. Mostrar, ainda, o material disponível e dividir a classe em vários grupos, para a confecção de cortinas e enfeites. Materiais e recursos: caixa de sapato ou caixote de madeira (do tamanho de caixas de frutas de feira), papel cartão, tinta ou papel camurça, papel laminado, papel espelho – diversas cores, canetas-hidrocor, cola, tesoura, fita-adesiva colorido.

Atividade com o sofer stam Conteúdos: a Tora, sua importância e sua escrita especial. Objetivos potenciais: entrar em contato com o Sefer Tora e com o trabalho do sofer stam. Descrição: convidar um sofer stam para mostrar às crianças como se escreve a Tora. Ele traz todos os instrumentos necessários para escrever a Tora e mostra cada um: a pena, o pergaminho, explica sobre a tinta que deve ser natural (de plantas), além de falar sobre algumas das regras da escrita da Tora. As crianças escutam as explicações e podem elaborar várias questões. No final, o sofer escreve, num pedaço de pergaminho, o nome de cada criança, para que ela o leve como recordação desta atividade. Materiais e recursos: pergaminho, tinta especial, pena, mesa grande e confortável, cadeira, Sefer Tora.

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Conhecendo a Tora Conteúdos: Tora. Objetivos potenciais: conhecer a Tora, sua forma e conteúdo. Descrição: levar para a roda uma caixa enfeitada e dentro uma Tora. Contar para as crianças que, dentro da caixa, há um objeto muito importante e especial. Abrir a caixa e perguntar quem sabe o que é e onde já viu. Mostrar como é decorada, sua capa, mostrar os rolos da Tora, as letras em ivrit. Contar que, nela, existem muitas histórias bonitas e exemplificar as histórias já conhecidas pelas crianças Materiais e recursos: Tora, caixa. Confecção de bandeiras Conteúdos: confecção de bandeiras, dançar nas hakafot de Simchat Tora. Objetivos potenciais: fazer com que a criança demonstre interesse em ir à sinagoga para dançar com a sua bandeira e alegrar-se na festa de Simchat Tora. Descrição: oferecer às crianças diversos materiais, moldes e modelos, para que confeccionem suas próprias bandeiras. Materiais e recursos: cartolina, palito de churrasco, fita-adesiva, cola, canetas, tesouras, tintas, purpurina e desenhos ilustrativos de Tora, com pessoas dançando.

Confecção de uma almofada em forma de Tora Conteúdos: confecção de uma pequena Tora. Objetivos potenciais: confeccionar uma “pequena Tora” (almofada com desenho da Tora), para que cada criança tenha a sua para dançar na festa de Simchat Tora. Descrição: as crianças pintam sua Tora na almofada previamente costurada e recheada com espuma. Materiais e recursos: almofadas, cola auto-relevo e cola glitter, feltro. Bima e Aron Hakodesh com dramatização Conteúdos: uma bima e um Aron Hakodesh (montados na classe) e as crianças dramatizam as hakafot. Objetivos potenciais: familiarizar as crianças com o que ocorre na sinagoga na noite e no dia de Simchat Tora. Descrição da atividade: a professora e as crianças montam com uma mesa no centro da sala-de-aula), uma bima e, no armário, colocam uma cortina e todas as Torot de brinquedo (as crianças as trarão de casa). Com a professora direcionando (na brincadeira, a professora poderá ser “o rabino”), as crianças pegarão as Torot e dançarão ao redor da classe. Materiais e recursos necessários: Mesas, cortinas ou outros tecidos, Torot (de brinquedo).

Atividades com a família e amigos 1) As crianças preparam convites para todos os familiares e amigos irem à sinagoga no dia de Simchat Tora (no convite, algumas opções de sinagogas podem ser sugeridas, acompanhadas do horário da festa e de breve explicação). 2) Convidar um pai ou avô, para contar uma história da Tora.

Organização do espaço e dos materiais Montar um mural na classe com as produções das crianças relacionadas às histórias da Tora, que foram contadas na escola durante o ano; colocar diversas Torot trazidas pelas crianças e pela professora sobre a mesa. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da festa com frase ou passuk relevante: sissu vessimchu beSimchat Tora… e/ou imagens com: “judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado: fotos de sinagogas na festa, Torot, crianças com bandeiras e doces; produções de crianças:e desenhos de histórias da Tora.

- livros - a Tora

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Registro de projetos


A criança, com a palavra! Mora, precisa “rebobinar” a Tora para começarmos a estudá-la novamente?

Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • Bandeira de Simchat Tora • keter Tora • bandeira com maçã • Tora • iad • criança com Sefer Tora • Aron Hakodesh • Beit Knesset • hakafot

2. Receitas de “delícias” típicas para realizar na escola Simchat Tora não é uma festa da qual possamos destacar alguma comida típica. É, porém, costume distribuir balas e doces para as crianças. Sendo assim, é possível usar a imaginação e preparar diversas receitas açucaradas!

Uguiot (bolinhos ou docinhos) de chocolate em forminhas Ingredientes

Modo de Fazer

100 g de margarina vegetal 1 xícara de açúcar ½ colher (chá) de essência de baunilha 1 ovo 125 g de chocolate em barra 3 xícaras de farinha de trigo ½ colher (chá) de sal

1. Derreta o chocolate em banho-maria. 2. Misture a margarina vegetal, o açúcar e a baunilha, na batedeira. 3. Adicione o ovo e misture. 4. Acrescente o chocolate derretido. 5. Misture a farinha e o sal e adicione à mistura. Misture bem. 6. Modele a mistura em bolachinhas, utilizando forminhas com motivos judaicos, como Tora, luchot habrit6, letras em ivrit. 7. Coloque para assar numa forma untada em forno pré-aquecido por vinte minutos.

BOM APETITE! BETEAVÓN! 3. Sugestão de material didático sobre os conteúdos a. Como contar sobre a festa para as crianças “Ieladim, um dia muito alegre e especial chegou. Cantamos, dançamos e nos alegramos, pois, nesse dia, terminamos de ler toda a Tora! Do Aron Hakodesh, são tiradas as Torot e entoamos a canção ”Sissu vessimchu beSimchat Tora utnu kavod laTora.”7 Por que tanta alegria no dia de Simchat Tora? Escutem crianças, e saberão! Na Tora há 5 livros, os chumashim, com muitas histórias. Toda semana, no Beit Knesset, é lida uma pequena porção da Tora. Depois de um ano, em Simchat Tora, a última parte da Tora é lida. Por isso, nesse dia, alegramonos muito e todos sobem à Tora, até mesmo as crianças pequenas! Quando dizem “Kol hanearim” (Que venham todos os meninos!), quão grande é a alegria das crianças! Todos se cobrem com o talit, ouvindo a bracha. E sabem o que mais? As crianças ganham balas, chocolates e doces e também lindas bandeiras. Brincam e se divertem muito!”

b. Algumas curiosidades sobre Simchat Tora • Em Israel, Shmini Atzeret e Simchat Tora são festejadas conjuntamente no 8º dia de Sukot. Já nas comunidades fora de Israel, Simchat Tora é festejada no 9º dia. • O nome Simchat Tora não aparece no Talmud, mas sua origem é na antigüidade. • Esta festa está ligada a costumes que datam de Galut Bavel8. Lá, festejava-se o término da leitura da Tora a cada ano. Já em Israel, nesta mesma época, levava-se de 3 a 3 ½ anos para concluir a leitura da Tora. Sendo assim, em Israel, esta comemoração não era anual. Simchat Tora só se tornou chag, em Israel e nas comunidades de fora de Israel, no século 79, quando também recebeu os nomes: Iom Hasseder (Dia da Ordem) ou Iom Hassium (Dia da Conclusão). • O costume das hakafot já aparece na literatura litúrgica, em escritos do séc XVI (7 hakafot). • Hoje, costuma-se, em cada congregação, variar o número de hakafot, homenageando, assim, personalidades importantes da kehila (comunidade). *Ner mitzva veTora or! O acendimento das velas é um preceito e a Lei, Luz!

Luchot habrit; Tábuas da Lei. Palavras da canção/piut de shmini atzeret, Sissu vessimchu, Alegrem-se e contentem-se, em Simchat Tora, e respeitem a Tora! Galut Bavel refere-se, à Diáspora na Babilônia, pós-destruição do 1º Templo. 9 próximo ao término da época dos gueonim (sábios). 6 7 8

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4. Brachot e psukim Ki miTzion tetze Tora udvar Ad-nai miIerushalaim De Sião, propagar-se-á a Lei e, de Jerusalém, a palavra de D’us

Simchu na beSimchat haTora Alegrem-se, por favor, em Simchat Tora

5. Histórias de Simchat Tora O que me contou o sofer10 Perto de nossa casa, mora Shmuel, o sofer. Ele tem um quarto especial só para si e, lá, faz seu trabalho. Sempre quis saber o que faz o sofer, em seu quarto e qual seu trabalho. Um dia, quando estava brincando no pátio, a bola caiu de minha mão e rodou, até que caiu no terraço de Shmuel. É lógico que não entrei em seu terraço sem permissão. Porém, aproximei-me da porta e bati baixinho. “Sim, entre por favor.” Ouvi a voz do sofer. Abri a porta e entrei. O sofer estava sentado ao lado da mesa e estava ocupado com seu trabalho sagrado. “Desculpe,” falei envergonhado, “minha bola caiu em seu terraço.” “Garoto querido! Espere, por favor, alguns minutos,” respondeu-me o sofer, “porque não posso parar agora meu trabalho sagrado.” O sofer ficou sentado, escrevendo, e fiquei em silêncio ao seu lado, prestando atenção em seu trabalho. “Por acaso, já viu, alguma vez, como se escreve um Sefer Tora?” perguntou. “Não, nunca vi,” respondi-lhe. “Estou muito contente por poder ver alguém que se dedica a um trabalho tão sagrado.” O sofer sorriu com prazer e continuou me perguntando: “E por acaso sabe o que se escreve em um Sefer Tora?” “Sim, lógico! Todas as mitzvot da Tora estão escritas no Sefer Tora e, no Beit Haknesset, ouço como se lê o livro da Tora.” “Bom, bom, você é um bom garoto.”, disse-me. “Por isto, vou contar-lhe como é escrito um Sefer Tora.” Enquanto isto, o sofer concluiu seu trabalho e chamou-me para perto dele. Prestei atenção ao papel em que havia escrito e percebi que não era exatamente um papel. “Em cima do que se escreve um Sefer Tora?” perguntei. “Sobre folhas de pergaminho,” respondeu-me o sofer. “Estas folhas são extraídas do couro de um animal puro; o couro é bem limpo e preparado para ser utilizado em um Sefer Tora, até que “nasce” este pergaminho sobre o qual estou escrevendo.” “E com que caneta o Sefer Tora é escrito?” “É escrito com esta pena, tirada de um ganso e cuja ponta deve ser fina; esta ponta é molhada em uma tinta

preta.” Prestei muita atenção ao pergaminho que estava em cima da mesa e às letras pretas que sobressaíam. “Que bela letra!” Li surpreso. “Sim,” respondeu-me o sofer, “é uma letra especial para o Sefer Tora. Cada letra tem um formato específico e precisamos estudar muito para aprender, ao certo, de que forma devemos escrever as letras e como ajeitar as linhas. É um trabalho muito sagrado e, se D’us me livre, houver algum erro, todo o Sefer Tora será inválido e não poderão lê-lo na sinagoga. Também os pensamentos devem ser puros. Enquanto escrevo, penso o tempo todo sobre a grande mitzva que estou fazendo. Peço a D’us para não fazer nada de errado.” “E quando o senhor termina de escrever o Sefer Tora? “Perguntei. “É necessário muito tempo para escrever o Sefer Tora. Eu espero acabar, se D’us quiser, antes da festa de Shavuot.” “E o que o senhor vai fazer com o Sefer Tora quando terminar de escrevê-lo?” “As folhas de pergaminho serão costuradas uma na outra, de forma a ficar um único Sefer. Depois disso, suas pontas serão costuradas na “árvore da vida”, que são os bastões de madeira pelos quais seguramos o Sefer Tora. Então, uma bela cobertura será costurada para o Sefer e, com grande alegria, ele será levado para dentro da sinagoga.” “Que lindo! Teremos um Sefer Tora!” falei com alegria. Quando o sofer terminou sua história, abriu a porta e devolveu a minha bola. “Muito obrigado, muito obrigado!,” agradeci ao sofer e corri para casa. Com muita ansiedade, esperei pela festa de Shavuot. E eis que, pouco antes do chag, vi um aviso que dizia que, dentro de poucos dias, haveria o recebimento de um Sefer Tora. Como era grande a alegria!!! Homens, mulheres e muitas crianças vieram participar da alegria. Na frente de todos, iam as crianças, com tochas iluminando o caminho em honra da Tora. Atrás delas, vinham homens importantes, rabinos, justos, que traziam, debaixo de uma cabana enfeitada, o Sefer Tora. Eles eram seguidos por uma multidão que dançava e cantava belas canções em homenagem a Tora: “Sissu vessimchu beSimchat Tora, utnu kavod laTora.”

10 Referência a sofer stam (escritor que escreve especificamente escritos sagrados como Sifrei Tora – livros ou chumashim da Tora – de acordo com as iniciais em hebraico samech tav mem ‫ סתמ‬stam). O sofer stam pode também escrever os pergaminhos dos tfilin (filactérios) e mezuzot (rezas dos umbrais das portas das casas judaicas), escritos em letras assírias, de acordo com um procedimento especial. O sofer stam deve, ao realizar seu trabalho, guardar os preceitos de purificação e de intenção.

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6. “Fique por dentro” Simchat Tora (Alegria da Tora) É o dia em que se completa toda a leitura da Tora e, imediatamente, inicia-se de novo a leitura desta. É comemorada no dia 23 de tishrei. Em Simchat Tora, os rolos sagrados são retirados do Aron Hakodesh (arca sagrada, onde é guardada a Tora), são dadas sete voltas, as famosas hakafot, pela sinagoga e, com muita emoção, as Torot são carregados em meio a cantos e danças. No dia de Simchat Tora, todos são igualados, tendo a possibilidade de segurar e dançar com a Tora. Esta festa é marcada por sua alegria contagiante; a participação das crianças na festa na sinagoga é importante. Costumam-se distribuir doces, bandeirolas e pequenas Torot. Na escola, quando Simchat Tora se está aproximando, costumamos relembrar algumas histórias da Tora, que aprendemos durante o ano e confeccionar uma linda Tora, para nossa classe, usando desenhos das crianças. Também cantamos e dançamos.

A Alegria da Tora Simchat Tora é a época favorita para aqueles que gostam de um pouco de “carnaval” na sinagoga. Este costume, aparentemente, é conservado desde a Idade Média. As bandeiras que acompanham a procissão de Simchat Tora, as famosas voltas chamadas hakafot, servem como lembranças das 12 tribos de Israel. Essa festa comemora nossa contínua devoção à Tora e ao estudo do Judaísmo. Nesse dia, completa-se a leitura anual da Tora, e o ciclo é recomeçado imediatamente, em uma celebração parecida com uma cerimônia de casamento: a pessoa chamada para ler o último trecho da Tora do livro Dvarim (Deuteronômio) é denominada chatan Tora, “o noivo da Tora”, e a pessoa que renova o ciclo, lendo o capítulo de abertura do Gênesis, é chamada de “chatan Bereshit” ou “noivo do Gênesis”. Outros aspectos de Simchat Tora também são remanescentes de uma cerimônia de casamento, onde Israel é vista como se casando com a lei. Em Simchat Tora, todos recebem uma alia (a oportunidade de subir à Tora, dizendo uma bênção), uma honra especial. Nessa época, também as crianças que ainda não atingiram a idade de bar-mitzva são chamadas à Tora. Durante a aliá das crianças, os adultos do púlpito cobrem as cabeças com o talit, pois muitos deles aproximam-se da Tora pela primeira vez. As crianças, então, recitam uma bênção especial e observam a leitura da Tora e a continuação do ritual. Em seguida a isso, as tradicionais palavras são recitadas: Chazak, chazak venitchazek!, seja forte, seja forte, e que nos fortaleçamos uns aos outros.

Canções e poemas • Aguil veesmach beSimchat Tora • Ki miTzion tetze Tora • Chalaf shavua – Simchat Tora • Símchu na, beSimchat haTora • Eifo atem? Havu iadaim • Sissu vessimchu, piut leshmini atzeret (por Biniamin Caspi in Mea shirim) • Ein adir

SIMCHAT TORA

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Sugestão de sites http://www.chabad.org.br http://www.galim.org.il/holidays/succot/Tora3.html http://www.shemayisrael.co.il http://www.ou.org/chagim/shmini-Simchat/Simchat.htm http://learn.jtsa.edu/topics/kids/together/simchattorah/ http://www.aish.com http://www.chagim.org.il http://www.jajz-ed.org.il http://www.j.co.il http://www.kabbalah.com/ http://www.michmanim.co.il http://www.netaim.co.il http://www.mezuzahman.com

Bibliografia Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993 Cohen Grossman G. Jewish Art. Israel. Misrad hachinuch vehatarbut. Gan haieladim beavodato, chelek alef. Kreiman-Brill Rab. A. & Goldstein L. Tesouros da Tradição Judaica. Buenos Aires Nissim, R. Beshvilei hagan, madrich haavoda legan haieladim hamamlachti dati. Misrad hachinuch vehatarbut. Israel Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot leSukot veSimchat Tora. Israel Maagal Hashaná, chelek alef, elul, tishrei, Israel Enciclopédia Judaica

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Chanuka Chanuka! Vamos festejar, brincando com o sevivon e comendo a sufgania!

Fontes “E Iehuda Hamakabi e seus irmãos, com toda a comunidade de Israel, resolveram que a data de re-inauguração do altar deveria ser celebrada, ano após ano, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de kislev, com alegria e regozijo.” (I Macabeus1, IV, 57) “O Macabeu com seus companheiros, guiados pelo Senhor, reconquistaram o Templo e a cidade de Jerusalém. Demoliram os altares construídos pelos estrangeiros na praça pública e seus templos. Depois de purificar o santuário, construíram novo altar para os holocaustos. Tiraram fogo das pedras e ofereceram sacrifícios, após uma interrupção de dois anos. Acenderam também o fogo do altar de incenso e as lâmpadas, e apresentaram os pães. Em seguida se prostraram por terra e suplicaram ao Senhor que nunca mais os deixasse cair em tais desgraças. Caso voltassem a pecar, que ele os corrigisse com moderação, sem que fossem entregues em mãos de bárbaros e blasfemadores. A purificação do Templo aconteceu na mesma data em que tinha sido profanado pelos estrangeiros, isto é, no dia vinte e cinco do mês de kislev.” (2 Macabeus, X, 6) A fonte histórica desta festa aparece no Livro dos Makabim, que conta sobre a iniciativa tomada por Matitiahu e seus filhos: “Lutaremos por nosso espírito e por nossa Tora, e ele (Rei grego, Antiochos) fará com que estes guiem nosso caminho,” disse Iehuda Hamakabi, “não mais seremos passivos às leis que nos obrigam a praticar.” Acreditavam que, se lutassem e se sacrificassem para defender seu povo e sua religião, D’us os salvaria. Nas rezas recitadas nos dias de Chanuka, ao se acenderem as velas, e na bracha de agradecimento pela comida, são lembrados fatos históricos resumidos, enfatizando que os inimigos queriam que o povo de Israel esquecesse a Tora, mas D’us evitou que isto ocorresse. A reza de Chanuka não destaca propriamente esta iniciativa dos chashmonaim, mas sim o agradecimento e a exaltação a D’us pela salvação realizada. Já no Talmud, aparece o trecho que descreve “Um jarro de azeite...cujo conteúdo seria suficiente para iluminar por um dia apenas, mas aconteceu um milagre e o jarro durou por oito dias...” O motivo da luz, como símbolo central desta festividade, deixa transparecer o caráter “pelo espírito e através do milagre”, enfatizando a liberdade espiritual alcançada por judeus, como se a luz dos céus tivesse sido irradiada sobre eles. As velas de Chanuka, acesas todo ano nas casas de judeus em Israel e em todo o mundo, tornaram-se símbolo de um acontecimento muito importante na história do povo judeu, combinando mensagens de fé, heroísmo e milagre, cada qual enfatizando a mensagem e os valores que lhe forem mais adequados. 1

Macabeus, Makabim, equivale ao termo Chashmonaim (hasmoneus), que dá nome ao livro, em hebraico.

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Descrição da festa A festa de Chanuka é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança e para toda a família. Ao pesquisarmos as origens da festa de Chanuka, a Festa das Luzes é comemorada de acordo com o calendário judaico, no final do mês, em 25 de kislev, quando escurece mais cedo (em Israel) e não aparece a luz da Lua. No calendário judaico, é o dia em que a noite é a mais longa do ano, e o dia, mais curto. A Festa de Chanuka ressalta dois conteúdos importantes: a luta de uma minoria - os judeus liderados pelos Makabim, contra os gregos, uma maioria dominante e poderosa - e a vitória espiritual da fé judaica contra a cultura helenista, por meio do milagre do jarro de azeite que durou oito dias, daí o costume de acender a chanukia durante oito dias. O principal aspecto desta festa é a cerimônia de acender as velas toda noite – uma na primeira noite, duas na segunda, e assim por diante, para recordar o milagre no Beit Hamikdash, o Templo Sagrado. *O aspecto religioso A santidade da festa deriva do aspecto espiritual da vitória, e do milagre “do jarro de azeite”, quando uma pequena quantidade de óleo de oliva consagrado, que bastava para manter o candelabro aceso por um dia, durou oito dias.

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Em Israel

Mensagens das escolas

Como nas comunidades judaicas no mundo, a festa de Chanuka é celebrada, em Israel, durante oito dias. A mensagem de Chanuka, focalizada na restauração da soberania do povo judeu, é festejada em Israel, desde seu estabelecimento. O movimento sionista escolheu os Chashmonaim, heróis da festa de Chanuka, para simbolizar a luta de poucos contra muitos, representando a luta nacional-sionista, que se projeta em poemas, obras de literatura e canções do início do século 20, e na época de edificação do Estado de Israel. Valores como a responsabilidade do povo por seu próprio destino, ao invés de esperar somente pela salvação divina, foram realçados. Gradativamente, foram distanciando-se das idéias de fé e espiritualidade, embutidas nos feitos dos Chashmonaim, e enfatizando outros aspectos desta festa. Theodor Herzl, o pai do Sionismo moderno, escreveu em seu livro O Estado Judeu, de 1896: “Ali, acredito, uma maravilhosa geração de judeus ressurgirá. Os Makabim renascerão! Os judeus que ansiarem por um Estado terão o seu! Viveremos enfim como homens livres em nossa própria terra, e morreremos pacificamente em nossas próprias casas. O mundo será libertado por nossa liberdade – e tudo o que for conseguido ali, para nosso próprio bem-estar, contribuirá poderosa e beneficamente para o bem de toda a humanidade.”

A vitória dos Makabim sobre o exército de Antiochos II representou a vitória do espiritual sobre o material. Os Makabim estavam dispostos a superar qualquer dificuldade por um ideal. Bnei Israel se uniu, com o objetivo de manter a tradição, os costumes que gostariam de continuar seguindo e não se “helenizaram”. Assim como os Makabim lutaram e venceram todos os obstáculos e fizeram de Chanuka a festa das luzes, nós iehudim temos vários desafios a enfrentar. A LUZ de Chag HaChanuka nos traz energia, nos traz força. Chanuka é essencialmente a festa das luzes, luz no sentido amplo de esperança no futuro, de brilho interior e exterior. (Kitá Legal)


A Mística do Azeite O significado do óleo em nossa vida “Qualquer nutricionista, profissional de saúde, dietético, entre outros, dirá que o principal contribuinte para excesso de peso e distúrbios alimentares é a GORDURA!” Os judeus sempre souberam que a culpada era a gordura, apesar dos kuguels2 nadarem em óleo, a canja conter bolinhas de gordura em sua superfície e os latkes de batatas serem fritos em óleo. Cada guerra empreendida é basicamente por poder ou dinheiro, exceto uma. A batalha que os gregos travaram há mais de dois mil anos, foi promovida por causa do óleo. Mais precisamente, do azeite de oliva. Não era o dinheiro dos judeus que os gregos queriam. Se estivessem atrás da fortuna, teriam esvaziado o Templo Sagrado, pois os objetos do Beit Hamikdash tinham valor incalculável. Os gregos não assaltaram o Templo; eles o profanaram. Ofereceram porcos como sacrifícios no Altar, erigiram estátuas a seus deuses e deusas na área do Beit Hamikdash. E abriram as pequenas ânforas de azeite puro de oliva usado diariamente para acender a menora, candelabro de sete braços. Não foram os gregos tolos em deixar o tesouro e espoliar o óleo? Os gregos não queriam matar os judeus; muito pelo contrário, os deixaram viver. Sabiam, ao observar os primeiros dois mil anos de existência milagrosa, que não seríamos destruídos. E foram sábios, reconhecendo o fato. O que não podiam aceitar era que havia algo mais elevado do que a mente, mais sublime do que a sabedoria humana, maior do que suas deidades que, exceto pela imortalidade, eram iguais às pessoas. Tudo isso era simbolizado pela pureza do azeite. Os gregos não destruíram por completo o óleo, pois, ao fazê-lo, não teriam realizado sua meta final. Profanaram o azeite, rompendo o lacre. E sua mensagem para os

judeus era altissonante: “Vão em frente, usem o azeite impuro em sua menora, pois não acreditamos na existência da pureza. Espiritualidade não existe. Não há nada como um D’us Onisciente e Todo-Poderoso. O homem é o ápice; o entendimento do homem é o máximo; o vigor e força física do homem estão no auge.” Entretanto, os judeus se recusaram a ceder física ou espiritualmente aos gregos. Quando o Beit Hamikdash foi recapturado, os célebres Makabim buscaram uma ânfora de óleo ainda com o selo do cohen3. Sem outra opção, lhes foi permitido usar o óleo conspurcado. Não o fizeram, no entanto, pois teriam vencido a guerra, mas perdido a batalha. Assim como os gregos fizeram uma declaração ao profanar o óleo, os judeus pronunciaram outra tão convincente, ao se recusarem a usar o óleo. Bradaram: “Acreditamos que há algo mais elevado do que o intelecto humano; acreditamos no D’us Onisciente e Todo-Poderoso; acreditamos que o bem triunfará finalmente e que D’us trará a época quando tudo será totalmente puro, para todo o sempre.” O principal costume de Chanuka – acender a menora – gira em torno do azeite, comemorando assim o milagre da pequenina ânfora que durou não apenas um dia, mas oito, e celebrando a força do espírito judeu. O azeite concede, ainda, uma visão adicional da mensagem do óleo em nossa vida e, em particular, do milagre de Chanuka. O óleo, como o vinho, simboliza os segredos da Tora, os aspectos místicos do judaísmo.

Traduzido de “L’Chaim” Lubavitch Youth Organization, Brooklyn, NY (Gani TT)

Nomes da festa Chag HaChanuka A origem do nome Chanuka está ligada à inauguração (chanuka) do local designado para o sacrifício (chanukat hamizbeach), quando os judeus purificavam o Beit Hamikdash, e re-inauguravam o trabalho dos Cohanim. Durante oito dias, consertavam, renovavam e purificavam todos os instrumentos sagrados do templo. Chag Urim Um nome adicional, Chag Urim (Festa das Luzes), foi designado em homenagem ao milagre do jarro de azeite, que deveria durar somente um dia, mas durou oito, espalhando luz à sua volta.

2 kuguel & latke (respectivamente, doce de macarrão e bolinhos de batata, em fritura profunda), comidas típicas judaicas (ashkenazitas). Latke, leviva; plural, levivot. 3 Cohen; plural, cohanim – uma das três tribos remanescentes de Israel.

CHANUKA

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Símbolos e motivos, usos e costumes Chanukia, candelabro com oito receptáculos para lamparinas, além do shamash, a vela zeladora responsável pelo acendimento das demais e sempre a primeira a ser acesa, kad (jarro ou ânfora) em que se conservava o azeite de oliva, shemen zait – outro símbolo importante, para o acendimento das lamparinas e, por fim, as próprias velas, nerot (singular, ner), que usamos hoje, em substituição às lamparinas. Sufganiot e levivot – costuma-se comer bolinhos como as sufganiot (sonhos), e levivot (em iídiche, latkes) - bolinhos de batata fritos em óleo, para rememorar o milagre do jarro de óleo. Dmei Chanuka (dinheiro de Chanuka) - é costume dar presentes ou moedas para as crianças, para simbolizar o fato histórico de que, caso não tivessem os Chashmonaim vencido os gregos, não poderiam as crianças do povo de Israel continuar a estudar a Tora. Este costume se concretizou diferentemente nas diversas comunidades judaicas em todo o mundo, adaptando-se de acordo com os costumes locais. *Nessa época, também enfatizamos a mitzva de tzdaka e incentivamos as crianças a darem parte de seu dmei Chanuka para a tzdaka. O sevivon é um objeto adequado às crianças, que gostam de fazê-lo rodar, cantam as canções ligadas ao seu movimento e imitam-no, tanto no jogo simbólico, rodando e caindo “como o sevivon”, como em jogos didáticos cuja temática são os símbolos da festividade ou as letras do sevivon. De acordo com a tradição, o uso do sevivon, em Chanuka, remonta à época anterior a revolta macabéia. O sevivon é um pião composto por três partes: um pino, cuja função é impulsionar o pião para rodar; uma parte central – geralmente, um cubo; e um bico, onde o pião se apóia, quando roda. Na parte central, em geral, aparecem quatro letras hebraicas4: N G H P, gravadas, desenhadas ou coladas. Estas letras formam as iniciais da frase nes gadol haia po, um grande milagre aconteceu aqui. No Brasil, ou em quaisquer países que não Israel, a letra pei inicial da palavra po/aqui é substituída por shin – inicial da palavra sham/lá, referindo-se à distante Israel e aludindo ao milagre que ocorreu no Templo Sagrado de Jerusalém, onde uma lamparina, que seria suficiente para iluminar apenas durante um dia, durou oito dias. * Por seu formato, o sevivon simboliza a forma como D’us salvou os judeus milagrosamente, fazendo uma comparação com a festa de Purim, em que o milagre foi oculto: 1. O sevivon é segurado por cima, pois a salvação veio visualmente de cima, por meio de milagres. Já o raashan (reco-reco) é segurado por baixo, já que a salvação veio por milagres ocultos. 2. Em Chanuka, os gregos desejavam matar os judeus

espiritualmente, proibindo o cumprimento da Tora. Já, em Purim, Haman queria mata-los fisicamente, decretando o dia do extermínio. Os Rabinos observaram um fato curioso, em relação às quatro letras hebraicas usadas na diáspora: o valor numérico destas letras equivale a 358 (nun = 50, guimel = 3, hei = 5 letras, shin = 300), coincidindo com o total da soma das letras da palavra Mashiach5 (mem = 40, shin = 300, iud = 10 e chet = 8). O dreidel6 (Contribuição de Deborah Oksman) Ao buscar novas estratégias para eternizar a cultura judaica, nossos estudiosos perceberam a relação existente entre o brincar e o aprender, elegendo o dreidel como brinquedo tradicional judaico e incumbindo-lhe sua principal função: a de revelar dados significativos para a compreensão e a transmissão da importância da “Luz”, por meio de um midrash, baseado na passagem histórica relembrada durante a comemoração de Chanuka. Não foi encontrada nenhuma referência da origem exata deste brinquedo, inicialmente criado para adultos como jogo de azar. Sabe-se apenas que já era conhecido na Babilônia, Grécia Antiga e Roma, o que sugere a possibilidade de os Chashmonaim o conhecerem como um simples jogo, utilizado pelos gregos selêucidas durante a invasão. Durante a Idade Média, foi adotado pelos franceses e, finalmente, foi vinculado à cultura judaica na Alemanha. No século 19, os rabinos alemães decidiram relacionar as iniciais às regras do jogo, com o acróstico nes gadol haia sham, associando-o ao midrash e, finalmente, inserindo o dreidel no universo infantil. Seu formato é único e marcante, caracterizando-se por um pino que se encontra na parte superior, diferenciando-o dos demais piões. Deve ser de tamanho reduzido e confeccionado com madeira, seguindo preceitos bíblicos específicos. O movimento de rotação e o impulso proporcionam emoções ricas em significações, como jogar com o próprio destino, pois tudo emana de uma mesma raiz. Existem vários estudos, de difícil acesso, voltados aos aspectos místicos na Cabala. Brincadeiras - É costume antigo brincar com diferentes jogos durante Chanuka, sendo o mais conhecido entre eles, o sevivon. Brinquedo difundido entre os povos da antiguidade, o sevivon foi encontrado em forma de cubos, nas ruínas dos babilônios, nos túmulos egípcios, nas escavações gregas e romanas, parecidos em seu formato com o sevivon atual. Os sírios, no esforço de eliminar o judaísmo, proibiram reuniões de estudo da Tora: os infratores seriam punidos com a pena de morte. Para poderem continuar os estudos da Tora, os judeus resolveram fingir que essas reuniões eram apenas lazer. Assim sendo, cada vez que um fiscal se aproximava, eles se punham a girar o pião.

4 No sevivon, as letras latinas - N,G,H,S correspondentes às letras hebraicas ‫ – נגהפ‬são também iniciais de palavras de origem germânica, que significam: STEEL (coloque, junte à caixa), GANZ (caixa, todo a caixa é sua), HALB (metade, pegue a metade da caixa), NIGHTS (nada, você perdeu, não ganhou nada). Era, portanto, um jogo de sorte, cujo resultado dependia do lado em que caía o sevivon. 5 Mashiach; ungido ou escolhido, embora comumente traduzido por Messias. 6 O nome dreidel provém do iídiche, que, por sua vez, deriva do verbo alemão drehen, que significa girar, enquanto que em hebraico recebeu, do erudito Eliezer Ben Iehuda, o nome de sevivon.

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*Mitzvot Hadlakat nerot (acendimento das velas) Outro costume da festa de Chanuka é o acendimento das velas na chanukia durante oito dias, e a recitação das brachot e entoação de canções, que acompanham o ato de acendê-las. A hadlakat nerot é realizada para rememorar o acendimento da menora do Beit Hamikdash. A santificação das velas, como recordação do milagre do jarro, penetrou a tradição religiosa do povo judeu de tal maneira que, logo após a hadlakat nerot, acrescentamos a frase: “Estas velas são sagradas, e não temos a permissão para usá-las, e sim somente para observá-las...”, descrevendo o acendimento das velas com o intuito de propagar o milagre. Outro motivo para o acendimento das velas é que sua luz simboliza a vitória do espírito e a fé judaicas sobre os ídolos gregos. Na realização da mitzva de hadlakat nerot, deve-se

escolher um lugar próximo a um local público, para a divulgação do milagre, tanto próximo à janela quanto à entrada da casa, do lado esquerdo da porta. A chanukia deve ser posta no lado esquerdo da porta já que a mezuza7 está no lado direito. Assim ambos os lados ficam envolvidos de mitzvot. Na chanukia kshera, as velas deverão estar à altura dos olhos, nem muito altas, nem muito baixas, deverão estar em uma fileira reta, e não em alturas diferentes. As velas também deverão ter uma certa distância entre si, para que a chama de uma não se aproxime demasiadamente à da outra. A hadlakat nerot deve iniciar-se depois do pôr-do-sol, com o aparecimento das primeiras estrelas. As velas devem ser colocadas da direita para a esquerda de quem olha para a chanukia. Acendemos o shamash e, com ele aceso na mão direita, recitamos as brachot e iniciamos a hadlakat nerot, sempre da esquerda para a direita, para que sempre acendamos, primeiro, a vela do dia.

O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Chanuka, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente Chag HaChanuka. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: sevivon, chanukia, kad, shemen zait, nerot. Alguns costumes característicos de Chanuka, que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados, como participarem do acendimento das velas na chanukia e rodar o sevivon. As histórias da festa - a vitória dos Makabim e o milagre do jarro de azeite poderão, nesta idade, ser contadas de uma maneira geral e adequada à faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas de Chanuka: a participação no acendimento das velas e a bracha que acompanha o ritual. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Chanuka e seu significado, contados em linguagem simples, os elementos essenciais das histórias dos Makabim e do milagre do kad shemen zait. Nesta faixa etária, a criança já está apta para compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas: Chashmonaim, Makabim, Iehuda Hamakabi. A criança pode aprender o nome adicional de Chanuka, Chag Urim, e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e

pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: a mitzva de hadlakat nerot (lugar e época), recitar a bracha correspondente e o significado da chanukia kshera. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais da festa, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. Em Chanuka, além da história da vitória dos Makabim e do milagre do kad shemen, podemos enfatizar valores como a importância de sermos um povo autônomo e do amor ao povo. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot: a difusão do milagre de Chanuka, o tempo, o lugar, e como se devem acender as velas, a importância da fé na Tora, o cumprimento das mitzvot. As brachot ligadas à hadlakat nerot – “al hanissim”, “shehechianu”, “halel” - já podem ser conhecidas pelas crianças, recebendo significado no contexto social. As crianças já podem entender e usar conceitos relevantes à Chanuka, como baiamim hahem bazman haze (naqueles dias, neste momento), guiborim beiad chalashim (heróis, nas mãos dos fracos), rabim beiad meatim (muitos, vencidos por poucos).

7 Mezuza, pergaminho, com reza, escrita a mão por escriba, relembrando Bnei Israel que D’us é Um só e Único e Que protegerá suas casas. É colocada em pequena caixa decorada, que é pregada em altura pré-determinada, no umbral direito das portas das casas dos judeus.

CHANUKA

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Conceitos importantes • kad (shemen): jarro (de azeite) • leviva/ levivot: bolinho(s) de batata frito • Chanuka: inauguração • makabim: Macabeus • chanukia: candelabro de 8 braços + 1 • ner/nerot: vela(s) • *chanukia kshera: candelabro que segue os preceitos • sevivon/ svivonim: pião/ões • Chashmonaim: chashmoneus • shamash: vela ‘zeladora’ • dmei Chanuka: dinheiro de Chanuka • shemen zait: azeite de oliva • Iehuda Hamakabi: Judá, o Macabeu • sufgania/ sufganiot: sonho(s)

Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Chanuka Fazendo Arte - Criando uma chanukia Conteúdos: diferenças e semelhanças entre as chanukiot, em Chanuka, “Festa das Luzes”. Objetivos potenciais: elaborar e construir um dos símbolos de Chanuka, de forma criativa. Descrição: oficina de chanukiot (a partir de 3 anos), que poderá ser feita, em grupo, com a criação de uma chanukia com materiais criativos, sob a orientação e inspiração de uma artista plástica. A artista poderá explicar às crianças o que vem a ser a técnica (p. ex: papier-maché), mostrando as etapas e as possibilidades. As crianças praticam a técnica, e constróem chanukiot em grupo. Materiais e recursos: materiais necessários de acordo com a técnica escolhida, chanukiot.

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Confeccionando chanukiot Conteúdos: passeio para conhecer como são produzidas chanukiot. Objetivos potenciais: vivenciar uma experiência significativa, relevante à festa de Chanuka. Descrição: após acertos relevantes, as crianças irão para a fábrica e conhecerão as várias fases da construção de chanukiot. Materiais e recursos: preparativos para a visita (certificar anteriormente se o local de visitação, onde será realizada a oficina proposta para construção de chanukiot, é adequado à idade das crianças ou se há possibilidade das crianças participarem em algum dos estágios da construção das chanukiot). Para trabalho posterior, é importante registrar o que ocorre no passeio. As crianças poderão, ao voltar para a escola, construir chanukiot, ou brincar no jogo do faz-de-conta com chanukiot de brincadeira. Fábrica de chanukiot, Beit Chabad, São Paulo.


Sevivon, nerot e chanukia Festejando juntos o Chag HaChanuka! Conteúdos: atividades planejadas para a semana de Chanuka, considerando experiências e vivências das crianças na escola. Objetivos potenciais: festejar a festa de Chanuka, de forma vivenciada e adequada à idade das crianças. Descrição: como introdução para o chag, é possível aproveitar a construção arquitetônica da escola. A subida (de escadas) pode levar ao lugar da comemoração, designado para hadlakat nerot de Chanuka. Para a entrada festiva ao local, pode-se planejar a passagem das crianças por uma cortina confeccionada com os símbolos de Chanuka (svivonim, chanukiot, nerot, kad(im), entre outros), feitos de material emborrachado colorido, e pendurados em fios compridos desde o teto. O ambiente festivo, planejado e organizado, pode oferecer oportunidades para as crianças brincarem com svivonim (bi e tridimensionais) de Chanuka, e ser decorado com svivonim inflados, chanukiot e demais símbolos pendurados nas pontas de guarda-chuvas pendurados pelo teto. Materiais e recursos: materiais para a montagem do ambiente festivo, tendo, como motivo central, os símbolos de Chanuka.

Chanuka, do começo ao fim, festejada em nossa escola. Conteúdos: o festejo de Chanuka, de forma tradicional religiosa. Objetivos potenciais: a transmissão de conteúdos, mitzvot, brachot e tradições religiosas para as crianças, de forma adequada à idade. Descrição: o planejamento desta festividade incluirá a comemoração religiosa tradicional de Chanuka, e demais atividades ligadas: (1) canções e brachot (Holiday Greatest Songs e Shirei Chanuka), (2) produções com material de artes (Jewish Artwork by Esky, Learn as you color, Becker Joyce, Jewish Holiday Crafts, Arts & Crafts – Around the Jewish Calendar) e (3) jogos, como dominó com motivos de Chanuka (The Jewish Holiday Card Game) ou quarteto (Chaguei Israel Umoadav). Materiais e recursos: fontes bibliográficas para extrair as imagens: Almanaque do Tzivot HaShem, Chag veChaguiga Lapeutot, Gan Ieladim beavodato, Maagal Hashana, Mafteach Lagananot, Mindel Nissan, A História Completa de Chanuka, O Guia R. Steinmetz, Ed. Chabad, Integrating the Multiple Intelligence Theory into a Judaic Curriculum, Teacher’s Guide, For Summer Amps & Hebrew School, Rachel Zamir, Madrich tochnit haavoda laguil harach.

Uma pequenina luz, uma grande surpresa! Conteúdos: jogo de grupos, focalizando a idéia de que “uma pequena luz” pode influir nos resultados de todos. Objetivos potenciais: elaborar a idéia do uso de uma pequena luz (no caso, uma lanterna), como forma de influenciar um acontecimento. Descrição: as crianças brincarão em grupos, num ambiente organizado previamente, com vários estágios, onde serão pendurados balões. No interior destes balões, serão colocados bilhetes, uns com desenhos dos símbolos de Chanuka e outros, sem. Com a ajuda de lanternas, as crianças procurarão os balões que incluem os símbolos, estourando-os, e contando pontos para os símbolos encontrados. Materiais e recursos: balões inflados, bilhetes com e sem símbolos.

Meus dedos, lindas velas de Chanuka! Conteúdos: atividade com um dos símbolos de Chanuka – as nerot de ‘faz-deconta’. Objetivos potenciais: confeccionar e brincar com nerot de Chanuka. Descrição: as crianças confeccionarão nerot, tendo como base rolos-decabelo, que poderão, posteriormente, ser enfiados nos dedos. As crianças poderão participar ativamente, cantando, em grupo, e mexendo com os dedos, acompanhadas pelas as canções de Chanuka, que têm, como motivos, as nerot e a luz, p. ex. Chanuka chag iafe kol kach, Chanukia li iesh, Hanerot Halalu, Ner li, Banu choshech legaresh. Materiais e recursos: rolos-de-cabelo, materiais para enfeitar nerot, canções afins gravadas.

A história dos Makabim, representada em nossa escola. Conteúdos: conhecimento e elaboração do conteúdo histórico da festa de Chanuka, adaptado para a idade. Objetivos potenciais: conhecer o conteúdo da história de Chanuka, e elaborá-lo, por meio de uma oficina de confecção das fantasias, a serem utilizadas para a dramatização da história. Descrição: a atividade será planejada, considerando os componentes (a história de acordo com a idade das crianças, a oficina, e posterior dramatização da história). Materiais e recursos: a fonte histórica (Livros dos Macabeus: l (4,36 a 4,40) e ll (10, 1 e 10,9) e material para a confecção de fantasias dos Makabim (panos, lantejoulas, entre outros)

A leviva que saiu rolando um conto delicioso… Conteúdos: uso de material literário atual, que tem como motivo um símbolo de Chanuka, a leviva e degustação da mesma. Objetivos potenciais: elaborar um dos motivos de Chanuka, para crianças, de maneira adequada à sua idade (com fantasias e acessórios para dramatização), além de degustar levivot na escola. Descrição: apresentação de uma obra literária – “A leviva que saiu rolando”, primeiramente pela professora para as crianças e, posteriormente, pelas próprias crianças. Preparar e comer levivot. Materiais e recursos: conto – “A leviva que saiu rolando”, materiais para construir as fantasias e apetrechos para dramatizar. Ingredientes culinários para fazer as levivot (receita em anexo).

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Chanuka em tachanot é prá valer: brincar, contar, cantar, criar e...comer! Conteúdos: motivos e símbolos de Chanuka, elaborados de forma adequada às crianças. Objetivos potenciais: o aprendizado dos conteúdos de Chanuka através de experiências e vivências significativas para as crianças. Descrição: a organização das atividades planejada em tachanot temáticas, permitirá às crianças participarem ativamente na elaboração dos conteúdos de Chanuka, por meio de vivências significativas. As tachanot podem ser: sipur (história), shir (canção), mischak (jogo, brincadeira), omanut (artes), bishul (culinária). Materiais e recursos: a história de Chanuka, resumida e adaptada para a idade (em anexo), materiais para recriar símbolos de Chanuka, atividades com suportes para a ilustração e dramatização de canções e contos, material para cozimento. A casa do sevivon Conteúdo: casa temática para Chanuka, no formato de sevivon. Objetivos potenciais: unir, num ambiente agradável aos olhos das crianças, toda a vivência possível de Chanuka. Descrição: num primeiro momento, constrói-se uma casa de madeira no pátio. Sobre cada parede, aplica-se uma das 4 letras do sevivon e, no teto, um pino igual ao do sevivon. Dentro da casa, coloca-se uma chanukia ao lado da porta, uma mesa com sufganiot e outra, com latkes, nerot de Chanuka e shemen zait. Esta atividade pode ser acompanhada de brincadeiras no computador, com CD-rom contendo atividades relacionadas à Chanuka.

Materiais e recursos: casa de madeira, computador, CD-rom de Chanuka, chanukia, sevivon, shemen zait, nerot, sufganiot e latkes. Preparação de sufganiot e levivot Conteúdo: culinária das comidas referentes à festa. Objetivos potenciais: mostrar as crianças como são feitos estes alimentos e porque se associam à festa. Descrição: primeiramente, é importante listar, junto com as crianças, os ingredientes necessários. Depois, podem-se dividir as funções, cada qual executando seu trabalho, até ficar tudo pronto para ser frito. Uma vez fritas, é claro, todos saboreiam estas delícias conjuntamente. Materiais e recursos: ingredientes da receita em anexo, ralador, colher de madeira, espátula, toucas de TNT e luvas descartáveis. Fazendo o shemen zait zach Conteúdo: extrair o óleo da azeitona. Objetivos potenciais: explicar às crianças como é feito o óleo de azeite, e como era puro antigamente, pois era aproveitada apenas a primeira gota da cada azeitona. Descrição: usando um prensador de azeitona na classe, cada criança poderá vivenciar o processo de extração do azeite, manuseando as azeitonas e o instrumento. Materiais e recursos: prensador de azeitona, pote de azeitonas, luvas descartáveis e jarro para o azeite extraído.

Atividades com a família e amigos Na escola de noite e de dia? Comemorando Chanuka com a família! Conteúdos: experiências ligadas à Chanuka e às luzes que se vêem à noite na escola; a comemoração conjunta da festa com outras famílias Objetivos potenciais: vivência de experiências em grupo, à noite na escola, comemoração da festa de Chanuka, cumprindo costumes e tradições, juntamente com as famílias das outras crianças. Descrição: as crianças maiores são convidadas a dormir na escola e, para tal, são feitos os preparativos necessários. Cada criança traz uma chanukia a ser utilizada com seus pais no dia seguinte, e todos participam do jogo de “caça ao tesouro”, planejado em torno dos motivos e símbolos de Chanuka (luz e sombra, uso de lanternas, nerot, levivot, sufganiot). No dia seguinte, aliando o encerramento do ano letivo com a festa de Chanuka, as famílias sentam-se em volta de mesas, em lugares indicados por cartões já preparados de antemão com seus nomes, colocados ao lado de suas chanukiot. Recitam-se as brachot típicas de Chanuka, expressas de maneira envolvente e significativa para as crianças e suas famílias. Ao serem acesas as chanukiot pelas famílias, marca-se um momento mágico inesquecível - de vivência espiritual e conjunta de comunidade na escola:

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pais, crianças, educadores... Materiais e recursos: preparativos para as crianças dormirem na escola (saco de dormir, escovas de dente, pijamas, telefones de casa, brinquedos prediletos...), chanukiot, nerot, fósforos, “caça ao tesouro”, sufganiot... Cada família e sua chanukia, vamos festejar juntos Chag HaChanuka? Conteúdos: oficina de construção de chanukiot na escola, e posterior tfila/bracha das nerot, com a família. Objetivos potenciais: o “estar juntos” (shevet achim gam iachad) e hadlakat nerot. Descrição: cada família escolherá uma técnica para construir sua chanukia, e procederá com a construção. Posteriormente, haverá uma cerimônia de acendimento conjunto, com todas as famílias da classe sentadas, cada qual, ao redor de uma mesa redonda. Para finalizar, serão servidas sufganiot e levivot. Materiais e recursos: materiais relevantes para a construção de chanukiot (madeira, argila, metais, entre outros), organização do espaço de forma a transmitir o espírito da festa (decoração e música), sufganiot e levivot.


Como é bom estarmos juntos para cantar Viva o Chag HaChanuka! Conteúdos: coletânea de canções típicas de Chanuka, cantadas ou conhecidas das famílias das crianças, encontro de famílias na escola, para festejar a festa de Chanuka. Objetivos potenciais: coletar e montar um shiron (apostila com coletânea das canções), com canções conhecidas pelas famílias, festejar Chanuka, cantando as canções. Descrição: as famílias enviarão canções, vídeos, CDs, fitas, entre outros, com canções de Chanuka. A professora organizará um shiron e, no Chag HaChanuka, todos poderão cantar juntos, com a ajuda do shiron, dançando e comendo sufganiot e levivot. Para esta atividade, é aconselhado convidar alguém que toque órgão ou violão para acompanhar. É importante fotografar e registrar o evento. Materiais e recursos: cartas convidando os pais para participarem, elaboração e impressão do shiron, organização do ambiente, com decoração e música de fundo relevantes para a festa, sufganiot e levivot. Confeccionando nosso shamash Conteúdo: O que é shamash e qual sua função? Objetivos potenciais: conhecer a chanukia e seu simbolismo. Descrição: mostrar para as crianças diferentes chanukiot e observar seus shamashim. Depois desta observação, perguntar quais as diferenças, as semelhanças, explicando a função do ner do shamash. Oferecer material adequado (velas brancas, giz de cera colorido, entre outros), para que as crianças enfeitem as velas com giz de cera derretido e confeccionem 1 shamash para cada dia de Chanuka. Os shamashim criados pelos alunos também serão utilizados na comemoração de Chanuka. Materiais e recursos: 8 velas brancas por criança, giz de cera colorido, uma vela acesa, fixa em um prato para derreter o giz de cera, fósforo. As professoras deverão ficar bem atentas, para que os alunos não aproximem seus dedos das chamas.

Oficina de chanukiot para pais e filhos Conteúdo: produção conjunta de chanukiot, pais com filhos. Objetivos potenciais: integração pais/escola, produção de chanukiot que poderão ser usadas durante a festa. Descrição: convidam-se os pais para confeccionarem, junto com seus filhos, chanukiot para a festa. Cada pai/mãe, ao chegar, senta-se ao lado de seu filho e recebe uma base de madeira, podendo utilizar o material que é preparado e distribuído anteriormente pelas mesas. Materiais e recursos: bases de madeira, porcas (para prender as nerot), formas de empadas (para colocar azeite), moldes com desenhos e símbolos de Chanuka, tinta, cola, cola quente... Cantando e dançando, Chanuka comemoramos! Conteúdo: apresentação e dramatização de peça, canções e danças relatando a história de Chanuka para os pais. Objetivos Potenciais: vivenciar a história de Chanuka, por meio de canções e danças. Descrição: por duas semanas, as crianças ensaiam diariamente a apresentação que farão aos pais. No dia, pais, avós e amigos assistem à produção das crianças. No final da apresentação, as crianças ganham svivonim, dmei Chanuka e todos saboreiam sufganiot. Materiais e recursos: conteúdos ligados à história de Chanuka e materiais relevantes aos conteúdos selecionados.

Uma festa de Chanuka, que lembraremos para sempre! Conteúdos: festa de encerramento do ano letivo, em torno dos motivos de Chanuka, a Festa das Luzes. Objetivos potenciais: festejar a festa de Chanuka com as crianças e suas famílias na escola. Descrição: a festa, planejada com antecedência, pode incluir: entrada das crianças pela parte central, entoar e tocar canções de abertura da festa de Chanuka (Maoz Tzur), falas relevantes à Chanuka, canções tais como Sevivon sov, sov, sov e Dreidel, Chanuka chag iafe kol kach. Conta-se a história de Chanuka, adequando para a idade, e dançase com os apetrechos relevantes ao chag (velas, lenços transparentes coloridos, entre outros). Sufganiot e levivot não podem faltar! Materiais e recursos: carta convidando os pais, organização do ambiente, com decoração e música de fundo relevantes para a festa, falas e canções de Chanuka, história de Chanuka, e delícias para saborear.

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Atividades planejadas em torno de habilidades Habilidades • girar (o sevivon), rodopiar imitando o sevivon; • abrir massa com rolo, para cozer sufganiot; • trabalhar argila, para fazer kadim e chanukiot; • classificação (nerot e shamash, svivonim, chanukiot); • diferenciação (letras do sevivon, menora e chanukia); • contagem (de nerot, dos braços da chanukia); • concordância entre o número de nerot, o dia da comemoração de Chanuka, o número de velas a acender.

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Atividades • girar svivonim, rodar “como” svivonim (ao som de canções de Chanuka e parar/cair quando a música parar). • as crianças dançarão de acordo com os comandos da canção Mistovev hasevivon e, quando a palavra sevivon aparecer na canção, as crianças tocarão instrumentos musicais, preparados anteriormente para esta atividade; • confecção de svivonim, com palitos de fósforos e papel enrolado ao redor do palito; • confecção de svivonim, com dobraduras, tendo como base um pirulito e, nos lados, as letras; • atividade culinária: abrir a massa da sufgania, com rolo de abrir massa adequado à criança; abrir massinha e brincar de sufganiot de faz-de-conta; • exposição dos símbolos e fotos de Chanuka, trazidos das casas das crianças, após terem sido apresentados e pesquisados, conjuntamente, pela professora, crianças e famílias; • confecção de jogos didáticos, tendo como foco a diferenciação: entre as letras do sevivon, entre menorot e chanukiot, entre shamash e nerot, e atividades lúdicas posteriores com estes jogos (na escola e em casa); • realização de tradições na escola, costumes e mitzvot como, p.ex., hadlakat nerot de Chanuka; • construir, por atividades concretas, conceitos ligados à matemática, às ciências, à linguagem, entre outros, e aos símbolos de Chanuka: relação entre as 8 velas e o shamash, chanukia, extração de shemen zait, brincadeiras com palavras em ivrit e canções ligadas à Chanuka; • brincadeiras entre grupos, usando o sevivon como instrumento de competição: “o sevivon mais rápido”, “o que cai por último”, “o que gira por mais tempo”, “o que consegue o maior número de pontos (cada letra recebe um valor)”; • “Acerte o sevivon”; • “Mi iodea?” Um aluno sai da classe, e as crianças escolhem um personagem ou símbolo da festa. O aluno que saiu volta e, pelas perguntas, tenta descobrir o nome ou o símbolo escolhido. Os alunos só poderão responder “sim” ou “não”, e o número de perguntas deverá ser combinado de antemão; • pantomima - Prepara-se uma caixa contendo imagens dos símbolos de Chanuka, em papéis dobrados. As crianças deverão, cada qual em sua vez, sortear um papel e, em seguida, por meio de gestos, fazer com que os amigos descubram o nome do símbolo; • “o Jogo do Embaixador” - divide-se a classe em grupos e cada grupo escolhe um ‘embaixador’, que deverá receber da professora um símbolo, e representá-lo às crianças de outros grupos. O grupo que conseguir transmitir mais símbolos será o vencedor. • “o Jogo do Sim ou Não” - divide-se a classe em grupos, aos quais são apresentadas fotos referentes à festa de Chanuka. A professora deverá explicar oralmente cada foto. Se a explicação for relacionada à foto, deverão responder SIM; caso contrário, dirão NÃO. O primeiro que disser a resposta certa ganhará o ponto para seu grupo.


Organização do espaço e dos materiais

Registro de projetos

Caixas de atividades Providenciando caixas, gavetas, cestas, entre outros, onde serão oferecidos objetos, símbolos e apetrechos de Chanuka e, em diferentes níveis de abstração (concreto, simulado, de plástico, madeira, entre outros), fotos, imagens, livros com gravuras, entre outros), para crianças menores (de até 3 anos). A mediação oral e afetiva da professora neste tipo de atividade é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimento, tocar instrumentos, entre outros. Após a idade de três anos, estes objetos irão para o canto erguido especialmente para a festa de Chanuka.

Atividades • instigar a curiosidade das crianças por meio de imagens, fotos, quadros, textos visuais sobre Chanuka, levantando questões e perguntas. Pode-se usar fotos dos anos passados - de crianças da escola, de outras crianças, das famílias das crianças, de outras famílias, festejando Chanuka, brincando com os símbolos do chag, entre outros; • confeccionar chanukiot de diversos materiais, considerando as instruções para seu uso: madeira, argila, colagem, papier-maché, papel dourado, folhas laminadas, sucata... • confeccionar nerot (de maneira adequada às crianças do jardimde-infância); • criar, juntamente com as crianças, jogos com os símbolos do chag; • realizar brincadeiras/danças com lanternas; • dançar com lenços (como se fossem chamas), ao som de canções de Chanuka; • produzir sufganiot, reais e “faz-de-conta” (de massa de modelar), usando formas para biscoitos, no formato dos símbolos de Chanuka; • produzir obras a partir do uso de materiais criativos que lembram cores e transparência das luzes: desenho, colagem, pintura, massinha, argila, modelagem, entre outros.

Canto de Chanuka É importante providenciar um local na sala de aula, onde possamos expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, num canto fixo, tipo vitrine ou mural de parede, com mesa ao lado, onde possamos colocar os objetos. Os objetos, símbolos, brinquedos, jogos, estarão acessíveis para a criança poder brincar, manipular, atuar, “agir”. Os cantos poderão incluir álbuns com imagens, livros, objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos ou outros, caixas de atividades, entre outros. Este canto poderá ser organizado pela professora, junto com as crianças e seus familiares, a partir de materiais trazidos de casa pelas próprias crianças. No canto específico de Chanuka, poderemos colocar, p. ex., svivonim, chanukiot, livros de Chanuka.

Exposições Exposição de várias chanukiot e svivonim trazidos de casa, juntamente com fotos das famílias comemorando a festa de Chanuka. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da festa, com frase ou passuk relevante, p. ex: Kol echad hu or katan vechulanu or eitan ou Nes gadol haia po! e/ou em português, respectivamente: Cada um é uma pequena luz, mas, todos juntos, formamos uma luz potente ou Um grande milagre aconteceu aqui! E fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando Chag Hachanuka, entre outras.

Idéias de Projetos e/ou Temas • luz • luz e sombra • oliveira e óleo de oliva • sevivon • chanukia e menora • nerot Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • moldes vazados, com símbolos de Chanuka • imagens de Chanuka para colorir (Jewish Artwork by Esky) • imagens de Chanuka para colorir (Learn as your color) • confecção de svivonim, usando tiras de papel enrolado em palitos de fósforo; ou confecção de rodelas de 2-3 cm de raio, perfuradas no centro por um palito (de dentes), que será o bico onde se apoiará o sevivon ao girar. • construção e decoração de chanukia em grupo (com fotos) • confecção de vitrais com papel celofane de símbolos do chag (Chanuka window Deco Kit)

A criança, com a palavra! Shaya chegou em casa, contando que Anti-óculos era um rei muito mau, que não deixava os iehudim estudarem Tora.

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • chanukia • levivot (latkes) • criança girando sevivon • nerot/shamash • shemen zait • criança comendo sufganiot • sevivon • kad – shemen zait • Makabim • lamparina • família acendendo chanukia • dmei Chanuka

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Levivot (Latkes) Ingredientes

Modo de Fazer

4-5 batatas descascadas, raladas no lado grosso do ralador e espremidas (co- Misturar tudo, e fritar no óleo às colheradas. locando numa peneira e retirando o líquido) 1 cebola ralada (facultativo) 1 ovo 2 colheres de farinha ½ colherinha de fermento em pó sal e pimenta (facultativo)

Sufganiot Ingredientes

(Rendimento: 30 sonhos) Modo de Fazer

4 copos de farinha 3 colheres de óleo 1 pitada de sal 3 ovos 3 colheres de açúcar ¾ de copo de leite ou água 2 colheres de conhaque ou casca de limão ralada 40 g de fermento para pão, misturada com 1 colher de açúcar ¼ copo de água morna

1. Deixar o fermento, com a água e o açúcar, começar a borbulhar. 2. Colocar a farinha em uma vasilha funda, fazer um buraco no centro e juntar o resto dos ingredientes, misturando bem, mas sem socar. 3. Deixar fermentar, abrir a massa com rolo e cortar os sonhos com a ajuda de um copo. Fritar em óleo quente (bem longe das crianças...). 4. Podem ser recheados com doce de leite/geléia, ou cobertos com açúcar fino peneirados.

BOM APETITE! BETEAVÓN! 3. Sugestão de material didático O que são as sufganiot e qual sua origem? O livro Kadmoniot haTalmud e a arqueologia nos indicam o que se comia na época: um tipo de bolinhos doces e esponjosos, apreciados pelos helenos, chamados sufganin, cujo significado, em grego, é sfog (esponja). Era feito com mel, óleo e farinha branca, parecido com os sonhos comidos atualmente em Israel. Já as levivot, são apreciadas em todo mundo, e são feitas, geralmente, com batatas (que são historicamente mais recentes). Contam as lendas que quando os Makabim partiam para a guerra, seus familiares, na retaguarda, preparavam sua comida predileta: levivot de massa frita. Eram preparadas rapidamente, aquecidas, saborosas e satisfaziam, constituindo a principal comida dos guerreiros. Assim, bolinhos fritos de diversos gêneros, se tornaram a comida tradicional de Chanuka, embora variem de uma comunidade para outra. Geralmente fritas em óleo, comem-se sufganiot e levivot, para rememorar o shemen zait encontrado no Beit Hamikdash .

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Dinheiro de Chanuka Sholem Aleichem8

4. Peça de Teatro (para ser encenada):

Narrador Boa noite, amigos. Vou apresentar-me; sou Sholem Aleichem. Estou, esta noite, com vocês, para convidá-los a relembrar comigo uma das minhas peripécias de infância. Isto se passa por volta de 1900, numa pequena aldeia da Rússia. Logo irão conhecer minha família – meu pai, minha mãe, meu irmão Motel, minha irmã Odl, seu esposo, meus tios, Breine a empregada e, logicamente, eu, um pirralho muito inquieto. Bem, agora fechemos os olhos e recuemos no tempo: CENA I - (o pai rezando Maariv; Sholem e Motel no chão, brincando com o sevivon) Motel (O sevivon cai na letra shin). Mano, qual o significado do shin? Sholem (baixinho) Shin significa… Sheket! Você não está vendo que aba mitpalel? Pois então não interrompa! Motel (baixinho) Ah, Shalom, diga-me qual são os significados das letras do sevivon. Eu já me esqueci… Sholem Ah, seu cabeça-dura. Quantas vezes terei que repetir o mesmo? Nun significa nes, guimel é gadol, hei é haia e shin significa sham. Motel Mas o que quer dizer isto tudo? Sholem Bem, lá vai: Nes, é milagre e gadol, grande, entende? Motel Puxa, que sorte você tem por ser tão inteligente. Bem, e qual o significado de hei e shin? Sholem Hei e shin? Hei e shin querem dizer… bem… (asperamente) Será que você não vai ficar quieto? (apontando para o pai, que ainda reza.) Pai (Termina a reza, dirige-se para a mesa, pega uma vela da caixinha de velas para Chanuka e começa a rezar o aleinu leshabeach. Olha para as crianças e faz sinal com a mão para que estas se dirijam para a cozinha). Mm… mm… sheHu note shamaim veiossed haaretz, mm…. mm… Sholem (Olhando, curioso, para o pai, sem entender.) Aba, quer um fósforo? Pai (Repetindo o gesto) Mm…, mm…, nu, nu! Motel (Querendo ajudar o pai.) Aba, é um copo? Um prato? Una faca? Pai (Impacientemente) Corram, moleques, chamem a ima. Que ela também venha assistir a hadlakat nerot Chanuka! Sholem & Motel (Correndo para a cozinha.) ima, rápido, venha assistir a hadlakat nerot Chanuka! Nerot Chanuka! (A mãe aparece: mangas arregaçadas, enxugando as mãos no avental, arrumando os cabelos. Atrás dela, vem Breine, com o rosto sujo e brilhando, as mãos enroladas no avental). Mãe Oi, Elokim, que todas as casas sejam abençoadas como a nossa! (Desarregaça as mangas e arruma o lenço na cabeça.) Breine Oi, a broch! Nerot Chanuka! (Sholem e Motel riem de Breine, sem se controlarem.) Pai Sheket, ieladim! Mãe Za shtill! Por que riem tanto? Breine Deixe-os em paz. Estão rindo de mim, machashafim (carinhosamente)… Pai (Acende as nerot, recita a bracha.) Amen, amen… Breine Amen, amen…, que, no próximo ano, possa8

mos estar novamente todos unidos. Kel haRachaman! Pai (Entoa Hanerot halalu anu madlikim; todos andam pela sala). Sholem Bem, Motel! Motel Bem o quê? Sholem Vá! Chegou a hora! Vá e diga-lhe algo sobre o Chanuke guelt! Dmei Chanuka! Motel (Zangado.) E por que eu? Sholem Porque você é o menor, ora essa. Motel E o que tem isso? Vá você, que é o maior! Sholem (Pára e escuta a conversa das crianças. Vai até um armário e apanha uma caixa. De dentro dela, tira algumas moedas. Sholem e Motel disfarçam a ansiedade e vão para o canto oposto da sala.) Kinder, venham até aqui! Sholem (Devagar, vai até o pai.) Aba, o senhor me chamou? Motel (Também se aproxima devagar.) Aba, o senhor também me chamou? Pai (Sorrindo.) Eis aqui o vosso dmei Chanuka. Para você, Sholem, 6 kopkes e, para você, Motel, 2 kopkes. (As crianças olham para as moedas com alegria, dão-se as mãos e começam a dançar. Neste ínterim, entra o tio Beni, irmão do pai). Dod Beni (Sorrindo.) Chag Sameach! Pelo visto, ieladim, vocês já ganharam o dmei Chanuka do aba. Bem, venham, que vou dar-lhes a minha parte também. (Cheira o ar.) Humm, parece que sinto o cheiro de latkes! Será?! Ora, que tal jogarmos uma partida de damas? Pai Tudo bem, mas sem trapaças; não se recua pedra nem jogada! Dod Beni Combinado, mano; sem trapaças. Crianças, vão até a cozinha e tragam os feijões para usarmos como fichas. Motel, traga os pretos e, você Sholem, traga os brancos. (Enquanto isso, o pai pega o tabuleiro. Logo que as crianças voltam com os feijões e armam o jogo, pai e tio sentam-se à mesa.) Pai (Cantarola, hesita e joga.) Feito! Agora é a sua vez! Dod Beni Vá lá que seja! Uma jogada é uma jogada. E lá vai a minha jogada! (Sorri. Sholem e Motel se sentam a um canto, retiram as moedas do bolso e se põem a contá-las.) Sholem Eu tenho 12 moedas. E você? Motel Eu só tenho 8. ((Fazendo um muchocho.) Sholem (Todo satisfeito.) Bem, é que eu sou o mais velho. Mereço mais! Nasci primeiro, e o primogênito sempre deve ter mais! Você deveria ter sido mais inteligente e ter nascido antes de mim. Ai, então, você teria o mesmo tanto que eu tenho. (Silêncio.) Mano, o que você pensa dos chaguim? Qual a melhor de todas?

Adaptado por Geni H.O. Chanoft e revisado por Suely Pfeferman

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Motel (Pensa um pouco.) Ora, bolas! Como vou saber? Não sou o inteligente ou o que nasceu primeiro… Sholem Pois eu acho que é Chanuka. (Pensativo.) Motel E por que não Purim? Sholem Bem, primeiro, porque Purim é um só dia e Chanuka, oito: oito dias de chofesh do cheder! Sabe lá o que é isso? Segundo, porque hoje é Chanuka, e Purim, quem sabe quando será? Pai (Fala alto, acariciando a própria barba.) O que devo fazer agora? Se mexo aqui, ele vai para lá. E, se vou para lá, estou certo de que ele vem para cá. Acho que é melhor que eu vá para lá. (Realiza a jogada.) Dod Beni Aqui… aqui… e aqui! Pai Ai, como você é bobo, Beni! Você é um grande bobo! Dod Beni Bobo é você, meu irmão. e muito mais bobo do que você pensa. (Solta uma alta gargalhada. Tio Beni aproveita e mexe uma peça para trás.) Pai (Levanta-se e grita.) Assim não, Beni! O que foi que nós combinamos?

(Agarra a mão de Beni, para impedir a jogada.) Dod Beni (Zangado.) Essa é boa! Enquanto não completo a jogada, posso fazer o que quiser, andar para onde bem entender! Pai Nada disso! Mexeu, morreu! Combinamos não andar para trás e não mudar de idéia. Dod Beni Mudar de idéia, essa é boa! (Fazendo tom de pouco caso.) E quantas vezes aconteceu de também você mudar de idéia? Pai (Bem sério.) Eu?! É por essa e por outras que não gosto de jogar com você… Dod Beni (Em altos brados.) E quem é que o obriga a jogar comigo? Mãe (Vindo da cozinha, acompanhada por Breine, que carrega uma bandeja lotada de latkes.) Já estão brigando outra vez? Vocês dois, heim? Esqueçam disso e venham saborear os latkes antes que esfriem. Breine Venha, Sholem; venha, Motel! Os latkes estão esperando por vocês. (Os dois avançam na bandeja e o pai lhes dá umas bofetadas. Fecham-se as cortinas.)

Narrador Já foram apresentados alguns de meus familiares – gente simples, pacata, sempre procurando seguir todos os preceitos da nossa religião. Contudo, voltando à nossa história… Depois de levarmos os bofetões, fomos para o quarto, a mando de Breine, que nos queria muito bem. No quarto, cada um de nós, sentados sobre um lado da única cama, conversávamos sobre o dia passado e sobre aquele que seria o dia seguinte. CENA II - (Os dois deitados lado a lado, sobre um estrado coberto, no centro do palco, com só um pedaço da cortina aberta.) Narrador À noite, quando já estávamos deitados… Sholem Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Quanto acha que o dod Moshe Aron nos vai dar? Motel Como hei de saber? Acaso sou profeta? Sholem (Um pouco depois.) Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Será que existe alguém que tenha tantos tios e tias como nós? Motel Pode ser que sim; pode ser que não!!

Sholem (Mais um tanto depois.) Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Se é que você está dormindo, como é que me responde? Motel Você pergunta tanto, que tenho que responder, ora essa! Sholem (Um pouco depois.) Motel, você está dormindo? (Motel já não responde. Sholem, então, se vira e adormece. Os dois roncam profundamente.)

Narrador E, depois destes vais e vens, adormeci. Adormeci e sonhei. Sonhei que Breine entrava em nosso quarto e que trazia consigo uma bandeja fumegante, cheia de rublos, rublos dourados. Motel engolia estes rublos a bons bocados, como se fossem bolinhos, como se fossem latkes. “Motel, grito com todas minhas forças, ‘Elohim sheBaShamaim!, o que pensa que está fazendo? Comendo rublos?” Acordo de repente, cuspo três vezes no chão e penso: “Foi só um sonho…” e volto a adormecer. (Música; troca de cenário.) CENA III - (Mãe prepara os dois meninos para uma visita.) Narrador No dia seguinte… Sholem ima, shalom. Nós vamos visitar dod Moshe Aron e doda Pessie. Mãe Venham vestir os agasalhos! (Enrola os cachecóis nas crianças.) Shalom, e não se demorem! (As crianças saem, rodopiam, cantam e chegam à casa de Dod Moshe Aron. Entram.) Sholem e Motel Shalom, dod Moshe Aron. Shalom, doda Pessie. Chag Sameach! Pessie (Beija-os, abraça-os, pega seu avental na mão e lhes assoa os narizes.) Assoem, assoem bem forte! (Assoam.) Mais, mais um pouco. Bem, agora, vamos tirar os casacos e os cachecóis. Como está o papai?

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Sholem Vai bem. Pessie E a mamãe? Motel Vai bem. Pessie Preparou os gansos? Sholem Preparou. Pessie Derreteu a gordura? Motel Derreteu. Pessie Fez latkes? Sholem Fez. Pessie Dod Beni esteve lá? Motel Esteve. Pessie Jogaram damas?


Sholem Jogaram. Pessie Discutiram? Motel Discutiram. Pessie Muito bem, crianças sabidas. Ah! Mas já sei porque vieram. É por causa do Chanuke guelt, não? (As crianças se entreolham e não dizem nada. Pessie se dirige ao marido, gritando) Moshe Aron! Chanuke guelt para as crianças! Moshe Aron Hã? Quê?! Pessie Chanuke guelt para os meninos!

Moshe Aron Não grite! Não sou surdo! (Voltando-se para as crianças.) Ahá! Querem Chanuke guelt, não?! E o que vão fazer com ele? Vão gastar, né? Mas ouçam bem ao dod. Não gastem! Não gastem nada. (Pensando e se dirigindo à Pessie.) É assim que se estragam as crianças. Logo tornam-se homens esbanjadores. Mas não gastem nada. Guardem, ouviram? (Vai a um canto da sala, põe a mão no bolso, tira algumas moedas e se volta para as crianças.) Crianças, eis o vosso Chanuke guelt, chag sameach! Dêem lembranças ao aba e à ima’. (As crianças saem.)

Narrador E, assim, saímos. Queríamos muito ver as moedas que dod Moshe Aron nos havia dado, mas o frio era tanto, que não tínhamos coragem de tirar as mãos do bolso. Então, sob e sobre a neve, rumamos até a casa de dod Itzi, o tio com o qual papai não conversa. Há muito tempo, haviam brigado. Todavia, mesmo assim, nas Grandes Festas, costumam ocupar cadeiras vizinhas no Beit Haknesset e comparecem às festas que têm lugar na casa de cada um. Enfim, são irmãos; amam-se fraternalmente, mas não se conversam. Ainda assim, dod Itzi e doda Beile nos receberam muito bem, serviramnos sufganiot, deram-nos Chanuke guelt e desejaram-nos chag sameach. Depois, lá fomos nós para a casa de dod Beinish e doda Iente. Estes, bem, não os descreverei. Vejam por si mesmos que família alegre!!! CENA IV - (Na casa de dod Beinish e doda Iente..) Doda Iente Crianças, parem de se bater! Kadoches, Feije, Guitel, parem de gritar! Golde, venha cá comer; logo seu pai estará de volta do Beit Haknesset. Shtill, misse meshine! (Puxa os cabelos.) Sholem e Motel Shalom, doda! Chag sameach! Doda Iente Entrem, kinder. Como vão? Como está o

aba? E a ima? Dod Beinish (Ao entrar, reina o silêncio.) Chag sameach! Como vão, Sholem e Motel? Motel Bem, toda! Sholem Shalom, dod! Chag sameach! Narrador Depois desta loucura, saímos.

CENA V - (Na casa da irmã Odl e seu marido Sholem Zeidl.) Narrador Agora, faltava-nos ir à casa de nossa irmã Odl, a chorona. Desde que me conheço por gente, lembro-me dela sempre choramingando. Já nosso cunhado Sholem Zeidl era seu oposto. Sempre bem-humorado, nunca deixava escapar uma oportunidade de dar-nos um piparote, ora no nariz, ora na orelha. Bem… ei-los! Sholem Em casa, vai tudo bem. Motel Dod Beni este em casa e brigou com o aba como sempre… Odl (Novamente choramingando.) Ah, que bom! Que no próximo ano, tudo isto volte a acontecer… Venham, vou dar-lhes balas e mais Chanuke guelt. (Dá-lhes, beijaos e lhes diz: ) Shalom! Chag sameach, sigam em paz! Sholem Zeidl Shalom, kinder! (E lhes dá mais dois piparotes.) Odl (Choramingando.) Chega, Sholem Zeidl!

Sholem Zeidl Olhem só quem vem aí! Como vão vocês? Fizeram muito bem em vir. Preparei Chanuke guelt para vocês. (Tira as moedas do bolso.) Venham até aqui. Aqui está! (Dá as moedas e, enquanto contam, aproveita para dar um piparote em cada um. Entra Odl.) Odl (Choramingando.) Pare com isso, Sholem Zeidl. Deixe os meninos em paz. (Abraça-os e os puxa para a frente.) Como vai o aba? E a ima? E a Breine? Dod Beny esteve em casa? Motel Ô, mana, faça uma pergunta de cada vez! CENA VI - (De volta à casa de Sholem e Motel.)

Narrador Saímos de lá, corremos alegres para casa, ansiosos por contar nosso tesouro. Refugiamo-nos num canto da sala, tiramos nosso Chanuke guelt dos bolsos e nos pusemos a contá-lo. Sholem Motel, deixe-me contar primeiro, depois você conta o seu. Bem, 2 kopkes mais 2 rublos, mais 15 groshens, mais 2 piatkes…? (Fica pensando.) Motel (Impaciente, começa a contar também.) Bem, 2 piatkes, mais 1 kopke, mais 3 rublos, mais 10 groshens… quanto é isso, Shalom? Sholem Não me interrompa, Motel! Tenha paciência… Zain Shtil!

Todos (Todos os familiares entram, rodeiam a mesa e começam a acender as nerot da chanukia, cantam canções da festa. As crianças levantam-se e se aproximam. Também o narrador se aproxima. Apagam-se todas as luzes. Permanecem acesas apenas as velas e as lanternas.) Que D’us nos proteja e defenda; Que nos livre sempre do mal; Como bênção de vossa luz, Dai-nos, Senhor D’us, felicidade, e oremos pela paz!

FIM

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5. Histórias de Chanuka Breve história de Chanuka9 Há muitos anos, o povo judeu vivia em Israel. Porém, nesta época, Israel era dominado pelos gregos. Mesmo não podendo governar suas terras, os judeus viviam bem, estudavam a Tora, celebravam o Shabat e iam ao Beit Hamikdash. O Beit Hamikdash era um Grande Templo, que ficava em Jerusalém, onde judeus rezavam e guardavam a Tora, o que tinham de mais importante, no Aron Hakodesh. Lá, ficava também uma linda menora de ouro, que era acesa todos os dias pelo cohen, que usava óleo guardado em jarros, para acendê-la. Entanto, infelizmente, os judeus não conseguiram viver em paz por muito tempo. O rei da Grécia, Antiochos, não respeitava os judeus, seu D’us, nem seus costumes. Então, ordenou a seus soldados que entrassem no Beit Hamikdash e roubassem todos os objetos sagrados. Os objetos que não pudessem ser levados seriam destruídos! Os gregos, colocaram a estátua de um deus grego no altar, e quem tentasse impedi-los teria que enfrentar os fortes soldados do exército grego montados em seus enormes elefantes. O povo tentou reagir, porém os gregos eram mais fortes. Antiochos, então, ficou furioso, e fez um decreto proibindo os judeus de rezarem, celebrarem o Shabat e estudarem a Tora. Antiochos queria que os judeus acreditassem no deus dos gregos e que seguissem a sua religião. E proclamou: “Quem desobedecer minhas ordens, será castigado.” Os judeus passaram a esconder-se para estudar a Tora, celebrar o Shabat e rezar. No entanto, era muito perigoso desrespeitar as ordens do rei. Quando algum soldado se aproximava de um judeu, este fingia estar jogando o sevivon para disfarçar e não ser descoberto. Em toda a terra de Israel, já se sabia das ordens do Monarca Antiochos. Em uma pequena aldeia chamada Modiin, os moradores eram agricultores e cuidavam de seus campos e colheitas. Era ali que vivia Matitiahu Hachashmonai, e seus cinco filhos: Iochanan, Shimon, Iehuda, Eleazar e Ionathan. Matitiahu era o homem mais velho, mais sábio e o mais respeitado na cidade de Modiin. Um dia, a paz de Modiin foi quebrada, quando alguns soldados gregos chegaram e colocaram a estátua de um ídolo e um porco no meio da praça e proclamaram as ordens do Rei Antiochos: “Todo judeu precisa converter-se!”, “É proibido estudar a Tora!”, “É proibido aos judeus respeitar o Shabat!”, “E todos devem curvar-se diante da estátua do deus grego!” Um soldado disse: “Ordeno que todos se curvem diante da estátua, agora!”

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Todos os habitantes de Modiin ficaram imóveis, quando, então, ouviu-se a voz de Matitiahu Hachashmonai: “Meu D’us é um só!” E então, Matitiahu destruiu o altar e ordenou a seus filhos que atacassem os gregos, e toda a cidade se juntou a eles e conseguiram combater aquele grupo de soldados. Entretanto, os habitantes de Modiin sabiam que os gregos voltariam com mais soldados e com mais armas… Daí, perguntaram a Matitiahu Hachashmonai, o que fazer. Matitiahu Hachashmonai disse: “Vamos para as montanhas e, lá, nos esconderemos nas cavernas; lá poderemos continuar a estudar a Tora e a treinar para enfrentar os gregos. E assim fez o povo de Modiin. Escondidos nas cavernas, fizeram armas de pedras e treinaram muito para a guerra contra os gregos. Iehuda Hamakabi, filho de Matitiahu Hachashmonai, inteligente e muito corajoso, era o general do exército judeu. E então, depois de um tempo, começou a guerra. O exército de Iehuda Hamakabi, apesar de pequeno e portando armas simples, surpreendeu os gregos que eram muito numerosos. Sabendo como o exército judeu era imbatível, Antiochos convocou Lisias seu melhor general. Os guerreiros de Iehuda Hamakabi rezaram para D’us pedindo forças. Assim, derrotaram os gregos, expulsando-os para sempre de Israel. Os Makabim libertadores foram para Jerusalém, onde encontraram o Beit Hamikdash sujo e abandonado. Começaram, então, a consertar e a restaurá-lo. Todos ajudaram até que o Beit Hamikdash ficou limpo, bonito de novo e purificado. Em 25 de kislev, estavam todos prontos para Chanukat Habait, todos vestidos com roupas de festa foram para o Beit Hamikdash. Iehuda Hamakabi preparou a menora de ouro e, quando foi procurar o óleo para acendê-la, não o encontrou. Todos ficaram muito tristes, pois sabiam que, para fazer mais óleo, demorariam muitos dias. Não se conformaram e procuraram, procuraram, até que encontraram um kad pequeno de óleo, mas não ficaram totalmente felizes, pois o óleo só duraria um dia. E ainda precisariam de 7 dias para produzir o novo óleo. Então, aconteceu o milagre! Todos os dias, o jarro de óleo se enchia sozinho, durando assim, oito dias e, durante estes dias, conseguiram produzir mais óleo. Desde então, a partir de 25 de kislev, comemoramos a vitória dos corajosos Makabim durante oito dias. Mesmo sendo poucos contra um batalhão de gregos, venceram, fazendo assim com que todo judeu pudesse continuar a seguir sua religião.

História resumida e adaptada para a idade de 3 a 6 anos. Para a idade de 3 anos, a professora deverá adequar a história de acordo com o grupo.


O sevivon que não queria girar O dia amanheceu e, com ele, um monte de coisas também despertou. O sevivon também acordou, pois já estava dormindo há bastante tempo: “Ah! Puxa a vida!” disse o sevivon, “Dormi bastante, também, pudera! A festa de Chanuka foi há quase um ano atrás. Mas logo logo, Chanuka vai chegar de novo e, aí, terei novamente muito trabalho. Pessoal, acorda! A festa de Chanuka está chegando e temos que nos aprontar.” As personagens acordaram espreguiçando-se. Um por um, se vão apresentando, arrumando-se e limpando-se, limpam os olhos e perguntam o que foi que aconteceu: “Está chegando a festa de Chanuka, temos que nos preparar”, disse o sevivon, “Olhem como estou cheio de poeira, tenho que me limpar.” O sevivon soprou, limpou as quatro letras, deu uma voltinha e viu que ficou mais bonito e arrumado. Só que estava triste. Olhando para seu corpo, pensou... Essas letrinhas... de que adianta tê-las à minha volta, se ninguém nem sabe o que querem dizer... Nem tenho vontade de rodar nesta festa de Chanuka. Todos a uma só voz se espantaram: “O quê? Você não vai girar em Chanuka? O que faremos sem você?” “Não me importa, não vou girar de jeito algum...”, disse o sevivon. “Que tal se lhes torcessem o cabinho? Como vocês se sentiriam se os fizessem girar em torno do seu próprio nariz, sim... ficando tonto, tonto, até cair?” A chanukia exaltada respondeu: “Ah é? E o que você tem a dizer de mim que tenho velas quentes derretendo sobre mim, esquentando-me e sujando-me com cera derretida? Se alguém tem motivos para queixas, este alguém sou eu...” “Quem tem motivos para queixas sou eu. Sou a batata, descascada, batida, ralada e mexida até virar bolinhos, as levivot de Chanuka. Mas vale a pena, pois é para a festa de Chanuka.” “Imaginem só vocês - sou a sufgania, a mim, abrem no meio, enchem-me de creme e fico toda lambuzada. Não é fácil, mas para a festa de Chanuka vale a pena...” “Não é fácil ser ner de Chanuka, também me acendem e me derreto de tanto calor. Mas tudo vale a pena, pois é Chanuka...” “E em mim, colocam o óleo quente e aí fico todo oleoso, tendo que ficar durante toda a festa de Chanuka sem tomar banho... mas, se é para a festa de Chanuka, vale a pena...” “Está vendo sevivon, não vejo motivos para que você

se queixe tanto assim, afinal de contas, sua vida não é das piores, todos têm seus problemas, mas nada é mais importante do que a festa de Chanuka.” Finalmente, a noite de Chanuka chegou. A chanukia estava toda orgulhosa no parapeito da janela. A vela sobre ela estava toda orgulhosa, já de cabeça erguida para ser acesa. As levivot estavam quentes, esperando para serem comidas sobre a mesa. As sufganiot estavam cheias de creme, também esperando para serem saboreadas. O kad estava brilhando sobre a mesa enfeitando-a. A mãe fez a bracha, e todos disseram: “Amen.” A mãe desejou a todos “Chag Sameach!”, e entoaram todos as canções de Chanuka. A menina pegou o sevivon e o girou pelo cabinho. “Vejam só! Este sevivon não está girando!”, disse ela, “Alguma coisa deve estar errada!” A mãe pediu para experimentar, mas o sevivon não girava e sempre caía... A chanukia pediu ao sevivon: “Levante-se e gire, é Chag HaChanuka!” O sevivon retrucou: “Não quero, não vou girar.” A batata: “Por favor, sevivon, veja se muda de idéia!” Todos os objetos juntos: “Gira, gira, gira.” O sevivon: “Não, não e não. Não quero e pronto!” A mãe pegou o sevivon e o examinou: “Acho que já descobri o que há de errado com este sevivon. Olhe! Você está vendo estas letras nos lados do sevivon? Você sabe o que elas significam?” A menina: “Não, não sei não, conta para mim?” A mãe: “ Esta é a letra nun, que significa nes, milagre, esta é a guimel, de gadol, grande; esta é a hei, de haia, aconteceu; e este é o shin, de sham, lá – todas juntas querem dizer nes gadol haia sham - um grande milagre aconteceu lá.” O sevivon: “Um milagre! Eu represento um milagre!” E começou a girar devagarzinho. A menina animou o sevivon: “Vamos lá sevivon, gire bem bonito...” O sevivon deu uma volta, e mais uma volta e deu um grande pulo. Ele era o sevivon mais feliz do mundo, girava e girava, saltitando ao redor das crianças. Todos os objetos se juntaram em volta do sevivon e começaram a girar com ele... E juntos cantaram e dançaram e desejaram um alegre e feliz Chanuka.

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A chanukia do vovô I. Gutman Rami e Ruth têm uma bela chanukia em casa. A chanukia já tem muitos anos, é uma chanukia feita de cobre. - Papai, Rami perguntou, de onde temos esta chanukia? Quem a deu para nós? - Esta chanukia, o avô de vocês me deu quando eu era um garoto. O vovô contou, que esta chanukia foi feita há cem anos e talvez até mais. Meu próprio avô acendeu nela, as nerot de Chanuka. O pai de Rami disse ainda:”Vocês também, crianças, meus netos também irão cuidar da chanukia, desta chanukia antiga, e nela acenderão as nerot de Chanuka. Antes da festa de Chanuka, Rami chamou Ruth: “Ve-

nha Ruth, vamos limpar a chanukia e fazê-la brilhar.” As crianças limparam e esfregaram a chanukia muito bem; lustraram até que ela brilhasse como a luz do sol, quase como o ouro. As crianças ficaram muito felizes por conseguirem obter tamanho sucesso em seu trabalho. Na primeira noite de Chanuka, o pai chegou em casa, e viu, de repente, que no patamar da escada, a velha chanukia de seu avô estava reluzindo. E ficou feliz, muito feliz. Deu um beijo em Rami, deu um beijo em Ruth e falou: - Obrigado crianças, vocês fizeram muito bem! Quem dera que o vovô pudesse ver como vocês lustraram bem a chanukia, ele também ficaria muito feliz.

6. Brachot e psukim Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu lehadlik ner shel Chanuka. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com seus mandamentos e nos ordenou acender a vela de Chanuka.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Sheassa nissim laavotenu baiamim hahem bazman haze. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que fez milagres a nossos pais, naqueles dias, nestes tempos.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que nos conservou em vida, nos sustentou e nos fez chegar a estes tempos.

Maoz tzur ieshuati, lecha nae leshabeach, tikon beit tefilati, vesham toda nezabeach Leet tachin matbeach, mitzar hamnabeach Az egmor beshir mizmor Chanukat hamizbeach. Ó Rocha inabalável, fonte do meu socorro, ao Senhor é bom louvar. Estabelece a casa das minhas orações, para que ali Lhe ofereçamos nossa gratidão. Na época em que apagar os vestígios do inimigo impetuoso, jubilaremos, em hino, proclamando a restauração do Seu altar.

- Chanuka chag haor - Chag urim sameach - Kol echad hu or katan kulanu or eitan. Chanuka Festa da Luz Festa das Luzes alegre Todos somos uma luz potente cada um é uma pequena luz

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Hanerot halalu anu madlikim al hanissim veal haniflaot veal hatshuot veal hamilchamot sheassita laavotenu baiamim hahem bazman haze, al iedei kohanecha hakdoshim; vechol shmonat iemei Chanuka hanerot halalu kodesh hem, veein lanu reshut lehishtamesh bahem, ela lirotam bilvad, kdei lehodot ulehalel leshimcha hagadol al nissecha veal niflotecha veal ieshuatecha. Estas velas nós acendemos por causa dos milagres, maravilhas, salvações e guerras, que fez aos nossos antepassados, naqueles dias, nestes tempos, pelas mãos dos Seus santos sacerdotes. Por isso, estas velas são sagradas todos os oito dias de Chanuka; não estamos nós autorizados a fazer qualquer outro uso delas senão o de apreciá-las, a fim de que possamos oferecer agradecimentos a Seu nome por Seus milagres, obras maravilhosas e salvação.

7. “Fique por dentro” Chag HaChanuka (A Festa da Inauguração), será comemorada no dia 24 de kislev; este ano, será no dia 08 de dezembro (dia 07 é véspera (erev); portanto, a 1ª vela). Esta festa é conhecida como a Festa das Luzes, quando acendemos, por 8 dias, as velas da chanukia, para lembrarmos nestes dias a vitória de exército dos macabeus contra os gregos, e a re-inauguração do Beit Hamikdash de Ierushalaim. A palavra chanuka significa, inauguração; daí, o nome da festa. Neste ano, durante as aulas, as crianças, depois de ouvirem a história de Chanuka, fizeram o seu próprio sevivon, para levar para casa e brincar, durante os dias de Chanuka. No sevivon, um tipo de pião, estão gravadas as letras hebraicas - nun, guimel, hei, pei (ou shin) – lembrando: nes gadol haia pó (ou sham), ou seja, um grande milagre aconteceu aqui (ou lá). A comemoração coletiva da festa incluiu o acendimento da chanukia e a apreciação de sufganiot (sonhos), costumes de Chanuka.

CHAG SAMEACH! Como acender as velas de Chanuka? Acendemos oito velas, uma a cada noite, durante a festa de Chanuka. A chanukia, porém, tem nove velas. Uma delas, o shamash, é destacada das demais, acesa todos os dias e usada para acender as outras. As velas devem ser colocadas da direita para a esquerda, mas devem ser acesas da esquerda para a direita. As preces são recitadas, a cada noite, segurando o shamash aceso. As demais deverão ser acesas imediatamente após as bênçãos. As primeiras duas bênçãos são recitadas todas as noites; a terceira só é pronunciada na primeira noite (vide página anterior).

CHAG SAMEACH!

Canções e poemas • Anu Nossim Lapidim • Banu choshech legaresh, S. Tanahi • Kad katan, A. Ashman • Chanuka chag iafe kol kach • Chanukia li iesh, S. Gluzman • Chanuka song, I have a little dreidel • Hanerot halalu • Hava narima, L. Kipnis • Iemei HaChanuka

CHANUKA

• Levivot bevakasha, L. Naor • Lichvod HaChanuka • Maoz tzur ieshuati • Mi imalel • Mistovev hasevivon • Ner li, L. Kipnis • Sevivon katan • Sevivon, sov sov sov • Sheket sheket, E. Harussi • Sipur Hasevivon

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Sugestão de sites http://www.education.gov.il/preschool http://www.chaguim.org.il/chanukkah.html http://www.bluemountain.com/ http://Chanuka.com http://galim.org.il/holidays/Chanuka http://www.Chanukah97.com http://www.chabad-lubavitch.com/lights/ http://www.holidaynotes.com http://www.greetme.com http://www.draydelhouse.com http://rats2u.com/christmas/hanukkah_index.htm http://holidays.bfn.org/xmas/Chanuka.html http://jajz-ed.org.il/ivrit/hanuka/index.htm http://www.jajz-ed.org.ul/festivals/hanuka/index.htm http://aish.com/holidays/Chanukah/ http://www.vjholidays.com/Chanukah/ http://www.geocities.com/Heartland/7997/Hanukkah.htm http://www.angelfire.com/ma/1stGrade/pageh.html http://www.geocities.com/enchantedforest/dell/7376/

Bibliografia

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Tu Bishvat

Crianças e árvores crescendo juntas Fontes …beechad bishvat Rosh Hashana lailan kedivrei Beit Shamai, Beit Hilel omrim bechamisha assar ba… … No primeiro dia de shvat, comemora-se o Rosh Hashana da árvore, de acordo com Beit Shamai, e no dia quinze, de acordo com Beit Hilel… (Mishna Massechet Rosh Hashana perek alef, mishna alef)

…bachamisha assar bishvat Rosh Hashana leilan… …o décimo-quinto dia do mês de shvat é o ano novo da árvore. (Mishna Rosh Hashana 1,1)

*A árvore na religião judaica Um laço baseado em um carinho e apreço especiais se reflete no conteúdo das fontes literárias religiosas: na Bíblia, assim como no Talmud e nos midrashim. As Escrituras proíbem expressamente o abate de árvores frutíferas, inclusive em tempos de sítio ou de guerra, nos tempos que, baixo à tensão do perigo, nem sempre se é meticuloso no cuidado de hábitos ou maneiras culturais e no controle dos instintos. Não somente a vida do homem é importante no Judaísmo, como também a das árvores, especialmente aquelas que dão frutos, já que servem à sobrevivência humana. A exceção reside em que, em tempos de emergência, fica permitido o abate de árvores que não dão frutos. Podemos ver que há um trato especial para as árvores, que foram especialmente contempladas na legislação bíblica.

O Homem é comparado à árvore Árvores frutíferas, sobre as quais a Tora tem tanto cuidado, têm sua comparação ao homem frutífero, ou seja, aquele que não vive só para si, mas sim produz e providencia alimento e sustentação para o próximo. O melhor protótipo deste é o professor, que tem o mérito e a responsabilidade de ser uma árvore frutífera, de produzir frutos doces, saudáveis, belos, e, principalmente, que contenham a semente que levará adiante esta cadeia do conhecimento e conduta.

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Descrição da festa * Tu Bishvat é, em Israel, o “aniversário” oficial das árvores, comemorado no décimo quinto dia do mês de shvat. A data do ano novo das árvores foi designada por chachamenu (nossos sábios) de Israel em Tu Bishvat, seguindo sua observação à natureza. Após observar o clima e sua influência sobre a natureza, repararam que, em Israel, no mês de shvat, chovia o maior volume, comparando à quantidade do ano inteiro, e que, nesta época, as árvores, tendo absorvido a água das chuvas do ano anterior, começariam novamente a florescer e a dar frutos. Tu Bishvat é considerado o início do ano das árvores, pois é o ponto médio do inverno em Israel: a força do frio diminui, a maioria das chuvas do ano já caiu e a seiva das árvores começa a subir. Como resultado, os frutos começam a se formar. A fruta que já estava madura antes de Tu Bishvat foi nutrida na estação chuvosa anterior. O cálculo dos anos de uma árvore é necessário para a realização das diversas mitzvot da Tora: maasrot – o dízimo dos frutos de cada ano; orlo – proibição de comer frutas de árvores nos três primeiros anos; revai – redenção dos frutos no quarto ano; shmita – o ano sabático. Este dia possui um significado especial, pois o ser humano é comparado à árvore, conforme escrito na Tora: “Pois o homem é como uma árvore no campo”. A árvore está constantemente crescendo e, assim, devemos nós também crescer; a árvore produz frutos e, assim, devemos também produzir frutos. Em Tu Bishvat, devemos renovar nosso crescimento pessoal, assim como as árvores que começam a retirar umidade da terra: raiz = em conexão à fonte = fé tronco, corpo principal = estudo e cumprimento da Tora fruto, o resultado = influência positiva.

Em Israel Atualmente, no dia quinze do mês de shvat, celebra-se Tu Bishvat, o ano novo das árvores, plantando árvores e comendo frutas típicas e tradicionais de Israel, evidenciando a ligação íntima do povo judeu com a sua terra e seu profundo amor às árvores. Com o começo do re-assentamento em Israel, esta festividade tornou-se a festa do plantio da árvore, que simboliza a vontade do povo de se enraizar em sua terra. Daí por diante, o plantio de árvores ficou sendo o motivo central desta festividade. Como o plantio de árvores, em volta da maioria das escolas, já se completou, esta festividade recebeu um significado adicional, comemorando, também, o Dia da Preservação à Natureza, realizando o costume de sair e passear na natureza. Israel é um dos poucos países que, neste começo do século 21, tem mais árvores do que no princípio do século passado. Desde que foi plantada a primeira árvore no Bosque Ben Shemen, em 1908, os bosques cumpriram muitas funções na história de Israel. Primeiro, e sobretudo, cuidar das terras nacionais, proporcionando ocupação a milhares de novos imigrantes que trabalharam em obras de reflorestamento. Consequentemente, o bosque e a árvore, passaram a simbolizar a volta à Terra de Israel. A partir de 1949, após o surgimento do Estado de Israel, a Knesset - Parlamento de Israel também comemora seu aniversário neste dia.

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Mensagens das escolas Homens e plantas O homem é como a árvore Tu Bishvat é o Ano Novo das Árvores, uma festa comemorada com o cumprimento de vários costumes. Chachamenu os associam à frase: “O homem é como a árvore do campo”, pois a analogia entre árvore e homem é tão fundamental para nossa personalidade, que os seres humanos celebram o Ano Novo das Árvores. Há aspectos básicos em uma árvore: raízes, tronco, galhos, folhas e frutos. As raízes não são visíveis. Entretanto, são elas que sustentam a estrutura da árvore e lhe permitem suportar fortes ventos. Pelas raízes, a árvore retira a maior parte de sua nutrição. O tronco e os galhos representam a porção maior da árvore; são a parte, onde o crescimento é refletido e são aquilo que faz a árvore atraente a quem a vê. Contudo, não são o propósito supremo da árvore. O propósito máximo da árvore é seu fruto, pois é o fruto que beneficia o outro e contém as sementes que provêem as espécies com potencial para posteridade. Possuímos uma símile para cada um destes aspectos em nossa personalidade. As raízes representam o potencial de fé, qualidade espiritual que liga o homem a D’us, a fonte de sua nutrição. À medida que alguém cresce e se desenvolve espiritualmente, continuamente conta com seus fortes laços de fé como apoio. O tronco, os galhos e as folhas representam o estudo da Tora e a expressão dos valores judaicos na conduta diária. Estes são os meios que permitem a alguém crescer e desenvolver. E são estas atividades que lhe geram beleza interior e o tornam atraente aos outros. A realização suprema da pessoa, contudo, são seus frutos, seu desenvolvimento com os outros: primeiro e acima de tudo, com sua própria família, as sementes que planta, mas também com quem vive a seu redor. Por meio destes esforços, uma árvore gera outra; uma pessoa é capaz de inspirar um colega a imitar seu exemplo, estabelecer uma base de fé. Crescimento constante Há uma dimensão positiva singular para o crescimento potencial das plantas. Em oposição aos animais ou humanos, cujo crescimento físico cessa a uma determinada idade, as plantas crescem continuamente; sua vida e crescimento são intrinsecamente relacionados. Em particular, tal qualidade se relaciona às árvores, pois dentro do reino vegetal são elas que crescem altaneiras em direção ao céu, exibindo o potencial de crescimento muito mais

que as outras plantas. Esta é uma qualidade que nós, humanos, devemos procurar imitar. Embora o crescimento físico possa cessar, devemos lutar por continuar a crescer intelectual e espiritualmente, sem parar de desenvolver o potencial humano. Enraizado na fonte O potencial de crescimento das plantas é caracterizado por uma qualidade única. Embora uma planta continuamente cresça para o alto, sempre permanece ligada à sua fonte de alimento, o solo. Em oposição a animais e humanos, que se movem livremente para que vicejem e floresçam, as plantas devem continuar firmemente enraizadas. Este conceito também pode servir como analogia ao desenvolvimento pessoal. A fonte de um judeu é a herança da Tora e, como acima mencionado, as raízes são uma analogia para o potencial de fé. À medida que crescemos e nos desenvolvemos como indivíduos, é exigido que muitos de nós passem grande parte do tempo em ocupações e preocupações além da esfera imediata da Tora. Quando podemos florescer em tais situações? Apenas quando a fé nos mantém firmemente enraizados na herança da Tora. Há uma outra dimensão significativa sobre o crescimento das árvores. Ao contrário de outras plantas, as árvores vicejam por todo o ano. Não apenas são capazes de suportar diferentes estações e mudanças climáticas, como também crescem o tempo todo. Esta é também uma lição que pode ser aplicada à nossa vida. Devemos procurar ver cada situação como tendo o potencial de contribuir para o crescimento e tentar desenvolver a flexibilidade interna, que nos permite responder positivamente a transições e mudanças. Como mudas crescem e vicejam Tu Bishvat, como outras festas judaicas, possui uma conexão especial com crianças. São elas que praticam o costume de comer os frutos de Tu Bishvat com alegria e entusiasmo. Aqui também há uma lição aplicável à nossa vida. Assim como uma pequena melhoria numa muda produz uma grande melhoria na planta, que subseqüentemente cresce dela, da mesma forma, uma pequena melhoria na educação das crianças as afeta por toda a vida. (Texto extraído do Chabad News nº 230, adaptado de Likutei Sichot, vol. XVII) – Gani TT

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Nomes da festa O significado do nome Tu Bishvat, na junção das letras ‫( ט‬tet) e ‫(ו‬vav), que têm valor numérico 9 e 6, respectivamente, totalizando 15, e ‫( בשבט‬Bishvat), que significa, “no mês de shvat”. Daí, a comemoração acontecer no dia 15 do mês de shvat. Rosh Hashana lailanot (Ano Novo das Árvores) Ano novo do dízimo de frutas das árvores, e contagem de sua idade. Pelas diferentes maneiras de praticarem a festa, atualmente, apresenta novos nomes, como: Chag Netiat Hailanot (Festa do Plantio da Árvore) ou Chag Hanetiot (Festa do Plantio). Chag Hashkedia (Festa da Amendoeira) A origem deste nome vem da árvore da amêndoa (shaked, shkedia), e foi escolhido por sua característica especial de ter frutos que se mostram esforçados e persistentes, florescendo a cada ano com flores rosas ou brancas, até mesmo antes da época que as outras árvores dão suas flores. Seu florescimento dura 10-14 dias apenas, mas seus frutos amadurecem cinco meses mais tarde, no final do verão. Iom Shmurat Hateva (Dia da Preservação à Natureza)

Conceitos importantes • etz: árvore • shoresh: raiz • gueza: tronco • anaf(im): galho(s) • ale/im: folha(s) • pri/perot: fruto/a(s) • perach/prachim: flor(es) • garin(im): grão(s)

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Símbolos e motivos, usos e costumes Tu Bishvat é celebrada, saboreando frutos. Costuma-se apreciar várias espécies de frutas, algumas da nova estação, para poder recitar a bracha de shehechianu. É costume comer, especificamente, dos frutos pelos quais Eretz Israel é enaltecida: os shivat haminim. A celebração cabalística de Tu Bishvat, originária de Tzfat, toma a forma de um seder1, similar ao seder de Pessach. Certas frutas são ingeridas numa dada ordem. Segue abaixo a proposta de um guia para o seder de Tu Bishvat: 1- Prepare uma mesa festiva com toalha, velas e flores; 2- Comece servindo bolo ou outro alimento saboroso que leve farinha, recitando a bracha “bore minei mezonot”; 3- Sirva vinho ou suco de uva, após o bolo, com a “bracha bore pri hagafen”; 4- Recite, em seguida, a bracha da fruta, “bore pri haetz”, saboreando, em primeiro lugar, as frutas pelas quais Eretz Israel é enaltecida, ou o fruto de sua preferência, seguidas pelos frutos, conforme a ordem dos 12 primeiros frutos, abaixo:

1. chita (trigo) é a base de sustento, mas demanda trabalho para crescer, ser colhido e processado. (seora, cevada, embora não incluída neste seder, é uma das sete espécies pelas quais Israel é abençoada. Usada com freqüência para alimentar animais, sua designação para o omer2 inspira nossos esforços para subjugar os instintos animalescos). 2. zait (azeitona) fornece o melhor shemen (óleo) quando o fruto é esmagado. O azeite flutua sobre outros líquidos. 3. tamar (tâmara) é freqüentemente uma metáfora para a retidão, pois a tamareira é alta e frutífera. Ademais, a tamareira é resistível à mudança de ventos, assim como o povo judeu. 4. guefen (uva) pode ser transformada em diferentes tipos de alimentos (passas) e bebidas (vinho); assim, também, cada judeu tem o potencial de êxito em algum aspecto de Tora e cumprimento das mitzvot, e pode ser especial à sua maneira. 5. teena (figo) deve ser colhido assim que amadurece, pois logo estraga. Do mesmo modo, devemos ser rápidos nas mitzvot à mão, antes que a oportunidade se vá. 6. rimon (romã) tem 613 sementes, coincidente ao número de mitzvot da Tora. Tente contar! Mesmo o judeu menos cumpridor de mitzvot está repleto de méritos, assim como uma romã cheia de sementes. 7. etrog (fruta cítrica) é considerado extremamente belo e é importante à época de Sukot. O etrog permanece na árvore durante todo o ano, beneficiando-se de todas as estações, ensinando que o judeu deve ser judeu durante o ano todo. 8. tapuach (maçã) leva 50 dias para amadurecer. Também os judeus amadureceram durante os 50 dias entre Pessach e Shavuot. Assim como a macieira produz frutos antes das folhas, assim os judeus cumprem mitzvot, sem o pré-requisito da compreensão, como disseram na outorga da Tora: naasse venishma (“faremos” e, depois, “entenderemos, escutaremos”). 9. egoz (noz) divide-se em quatro partes, correspondentes às letras do tetragrama (do nome de D’us) e às quatro “rodas da Carruagem Divina”3. Como as nozes têm duas cascas, uma dura, outra mole, que devem ser removidas, assim também devemos sofrer a circuncisão física e espiritual. 10. shaked/shkedia (amêndoa) significa entusiasmo em servir a D’us, pois a amendoeira é sempre a primeira a florescer. É por isso que o cajado de Aharon fez brotar especificamente amêndoas. 11. charuv/im (alfarroba) demora mais para crescer do que qualquer outra fruta. Lembra-nos da necessidade de investirmos muitos anos no estudo da Tora, para alcançarmos entendimento claro e valioso. 12. agas/sim (pera(s)) de diferentes cepas ainda mantêm muita afinidade. Ensinanos a importância da união.

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Seder; literalmente ordem. No contexto, refere-se a uma refeição, que segue determinada ordem de cumprimento de mitzvot. Omer, contagem para a colheita. Carruagem Divina refere-se ao relato bíblico sobre o profeta Ezequiel.

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*Mitzvat Hanetia O plantio de árvores, mitzvat hanetia, é a primeira mitzva ordenada a bnei Israel, ao chegarem a Eretz Cnaan. *Shmira al pri A mitzva de proteger o fruto, shmira al pri, ao mesmo tempo que proíbe arrancar ou destruir árvores, também proíbe abandoná-las até que sequem. *Mitzva lo taase O mandamento proibitivo, mitzva lo taasse, nº 529 estabelece que “Não destruirá árvores frutíferas”, em parashat Shoftim, cap. 20, versículos 19-20, sobre preserva-

ção da natureza. A Tora proíbe que se cortem árvores, mesmo no intuito de sitiar uma cidade. *Mitzva bal tashchit A proibição de destruir, bal tashchit se estende, inclusive a rasgar, queimar roupas, quebrar qualquer objeto sem necessidade, com a intenção de evitar o desperdício. Essa mitzva tem, por finalidade, refinar nossa alma, no sentido de valorizar o que é bom e útil e, assim, afastar a maldade e o estrago. É este o caminho dos justos: amar, conseguir a paz, usufruir tudo o que Hashem criou. Entristecem-se com a perda de algo mínimo, empregam todos os seus esforços para salvá-lo do desperdício.4

O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora de Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados à Tu Bishvat de acordo com os três anos que a criança freqüenta o jardim-de-infância (de 3 a 6 anos):

De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Tu Bishvat. Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer os símbolos do chag: shivat haminim (7 espécies: chita; seora; guefen; teena; rimon; zait; tamar), diferentes tipos de árvores e frutas. Partes da árvore: raiz, tronco, galhos, folhas, fruto, e cuidados com as plantas. Alguns costumes característicos da festa de Tu Bishvat, poderão ser vivenciados pelo olfato, observação, comparação de forma, tamanho, cor e degustação de frutas; observação de árvores em diferentes fontes. * Nesta faixa etária, a festa poderá ser trabalhada de maneira exploratória e concreta adequada à idade. Dá-se o início o conhecimento da mitzva de seudat Tu Bishvat, as brachot anteriores aos alimentos e a “bracha al pri haetz”. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a festa de Tu Bishvat e seu significado, contados em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais, como cuidados com as árvores e com alimentos, não os desperdiçando. A criança pode aprender os nomes adicionais de Tu Bishvat: Rosh Hashana Lailanot e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. Além dos nomes das frutas, as crianças já podem conhecer suas características, assim como a

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Sefer Hachinuch (Livro da Educação).

árvore, suas partes e características, e valores como a importância do cuidado com a árvore. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: seudat Tu Bishvat, o plantio, aprender que há e quais são as brachot anteriores aos alimentos; a bracha “bore pri haetz” e a importância do cuidado com as plantas. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados ao chag, os nomes especiais do chag. Além do nome usual da festa, Tu Bishvat e seu significado, pode-se usar o nome especial, Rosh Hashana Lailanot, explicando a importância da árvore e do bosque para o homem e para a natureza. É adequado, também, conversar sobre os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, como p. ex., plantar árvores, enfatizando a importância destas para o homem, sua vida, para a paisagem, além de incentivar atividades agrícolas relevantes. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot e, além das mitzvot de seudat Tu Bishvat, realizam-se as mitzvot ligadas com Eretz Israel: a mitzva do plantio, e os cuidados com as plantas (shmira al pri), maasser, orla, revia, shmita. Nesta fase, a criança já pode conhecer as brachot anteriores aos alimentos e a ordem em que devem ser recitadas, além dos shivat haminim.


Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Tu Bishvat Comemorando e plantando em Tu Bishvat Conteúdos: comparação de diferentes plantas, pela visualização e experimentação. Objetivos potenciais: desenvolver a capacidade de observar e identificar os processos de desenvolvimento de uma planta. Descrição: (1) plantação de batata doce: fincar palitos de churrasco de cada lado da batata e apoiá-la em recipiente, mantendo só uma parte da batata em contato com a água; (2) plantação de feijão: colocar um pouco de algodão molhado e 3 grãos de feijão, no máximo, em recipiente pequeno como, p. ex., copo descartável. Manter o algodão sempre úmido e não encharcado de água; (3) Registro do crescimento das plantas. Materiais e recursos: fotos de plantas, material para plantar, diversas sementes e tubérculos. Saboreando e aprendendo em Tu Bishvat Conteúdos: comparação dos shivat haminim, por visualização e degustação. Objetivos potenciais: reconhecer os processos de transformação de alguns dos shivat haminim em alimento manufaturado. Descrição: fazer um bolo; fazer suco de uva. Materiais e recursos: utensílios e ingredientes para o bolo e o suco. Visitando um parque ou pomar em Tu Bishvat Conteúdos: visitação de parque ou pomar, observação direta de folhagens, tipos de troncos, tipos de árvores ou pés. Objetivos potenciais: vivenciar a natureza e o prazer que proporciona. Descrição: dar um utensílio para crianças coletarem amostras de folhas e frutos; registrar com máquina fotográfica as árvores, criar desenho de observação. Materiais e recursos: utensílios, máquina fotográfica, papel, prancheta, lápis colorido, entre outros. Mitzva de shmita Conteúdos: entrar em contato com a mitzva, pela vivência. Objetivos potenciais: as crianças vivenciarão a mitzva de shmita. Descrição: as crianças, juntamente com a professora, confeccionarão a linha do tempo, colocando todos os meses ano a ano, um embaixo do outro, para perceberem a contagem. Materiais e recursos: papel craft, canetas, entre outros.

As árvores de nossa escola. Conteúdos: observação das várias espécies de árvores. Objetivos potenciais: entrar em contato com a natureza, via comemoração de Tu Bishvat. Descrição: pesquisar quais árvores há na escola, e observar o tronco, as folhas e os frutos. Materiais e recursos: árvores, lupas e luvas. Adriano e o velho plantador Conteúdos: o conto de “Adriano e o velho plantador” (adaptado de Vaikra Raba, em anexo) Objetivos potenciais: a importância da preservação das árvores para as futuras gerações. Descrição: roda de conversa – (1) Contar a história, com linguagem apropriada para crianças de 5 a 6 anos. Pode-se perguntar: O que esta história nos ensina? (2) Por que se plantam árvores? (3) A quem trazem benefícios? (4) Por que uma pessoa tão idosa se preocupou em plantar, se provavelmente não colheria os frutos? (5) O que ele pensou? (6) É certo preocupar-se com gerações futuras? (7) De que formas podemos ajudar gerações futuras? Atividades – (1) Listar as conclusões da roda de conversa e fazer um texto coletivo da classe, tendo a professora como relatora; (2) Dramatizar a história e fotografá-la; (3) Desenhar a história, com a figura de Adriano; (4) Falar sobre a festa: significado e costumes; (5) Mostrar fotos de árvores de Israel; (6) Plantar uma muda em vaso e fotografá-la; (6) Pedir que tragam folhas de casa, para produzir decalques de folhas; (7) Plantio virtual: www. clickarvore.com.br e (8) Montar um álbum: (página A) Colagem, na capa, do nome Tu Bishvat, em hebraico, e decoração a gosto; (pg. B) Desenho da história com a figura de Adriano; (pg. C) Texto coletivo sobre a história; (pg. D) Decalque de folhas (colocar folhas debaixo da página branca e passar lápis de cera deitado); (pg.E) Xerox da foto do plantio, com o texto: O que aprendi sobre Tu Bishvat? Materiais e recursos: papel, cola, folhas de árvores, decalques, muda de planta, fotos de árvores, ‘tijolo’ ou lápis de cera. Grão e farinha Conteúdos: conhecer as diferenças entre grão e farinha. Objetivos potenciais: manuseio dos grãos e conhecer o processo da transformação Descrição: visita a uma fábrica de farinha ou a uma plantação de trigo. Materiais e recursos: vídeos; fotos; canto – vitrine: com trigo seco, os grãos e as farinhas.

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Mitzva de maasser Conteúdos: conhecimento da mitzva pela vivência. Objetivos potenciais: pelo manuseio com massa de modelar, as crianças terão oportunidade de trabalhar com a contagem e entender a mitzva de maasser. Descrição: as crianças confeccionarão frutas e formarão grupos de 10 em 10, retirando o maasser (originalmente, o maasser deve ser queimado, cabe a cada escola decidir se oferece ou não esta experiência). Materiais e recursos: massa para modelar (que poderá ser substituída por papel, massa de farinha ou frutas de verdade, entre outros).

Atividades com a família e amigos Cesta de Tu Bishvat Conteúdos: convidar pais e pedir que tragam uma fruta de casca dura como maracujá, grapefruit, melão ou moranga/abóbora para, juntamente com seus filhos, montarem uma cesta de Tu Bishvat. Objetivos potenciais: pais e filhos trabalharem juntos. Descrição: (1) mostrar a maneira de cortar as frutas para que fiquem em formato de cesta: cortar apenas 2 abas laterais deixando o centro como alça; (2) Cavar, retirando a polpa, separando para ser usada posteriormente como suco, salada de fruta ou doce com a moranga; (3) Secar bem a parte interna, revestir com papel filme. Todos receberão cravo, canela, flores naturais ou artificiais, pequenos enfeites usados em decoração, e frutas secas dos shivat haminim, para decorarem e montarem a cesta que levarão para casa.

Atividades planejadas em torno de habilidades Habilidades • percepção gustativa: experimentar frutas • percepção olfativa: sentir os diferentes cheiros de frutas e/ ou flores • percepção visual: cores e formas distintas de flores e frutos • percepção tátil: texturas diferentes de folhas e flores, terra seca, terra úmida • classificação (plantas, flores, frutos) • seqüência lógica (crescimento da árvore) • contagem (grãos, sementes, pétalas) • ampliação do vocabulário. Atividades • gustativa: tomar frutas dos shivat haminim, para experimentá-las individualmente; depois, montar salada de fruta. • olfativa: ter em mãos diferentes folhas e flores - para perceber se têm cheiros iguais ou diferentes, se são bons ou ruins; se se assemelham a outros cheiros, aromas, perfumes, e diferentes frutas, para perceber se têm ou não cheiro. • visual: selecionar plantas iguais por seu formato; selecionar flores iguais pela cor. • tátil: sentir folhas e flores, e selecioná-las pelo aspecto espesso, espinhoso ou macio. Compará-las com outros objetos como algodão e lixa, entre outros. • classificação: juntar todos os elementos e pedir para que separem por cores, textura, espessura e forma. • seqüência lógica: observar o plantio, crescimento e desenvolvimento das plantas, descrever a seqüência lógica, por desenhos, jogos ou até dramatização com o corpo. • contagem: separar grãos e sementes, montando gráfico que marque quantos há em cada pote, em qual há mais, menos ou igual quantidade. A cada acréscimo de grãos ou sementes, completar o gráfico. • ampliação do vocabulário: por histórias e jogos.

Organização do espaço e dos materiais Caixas de atividades Caixa, gaveta, cesta, ou outros recipientes, onde são oferecidos, para as crianças menores (até 3 anos) os símbolos e apetrechos de Tu Bishvat (de maneira focalizada), e em níveis de abstração diferentes (concreto, simulado, de plástico, fotos, imagens, livros com gravuras). A mediação oral e afetiva da professora, neste tipo de atividade, é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimentos, instrumentos, entre outros. Após três anos de idade, estes objetos irão para o canto, montado especialmente para Tu Bishvat. Canto Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ ou móvel - para brincar, manipular, interagir com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros, e, nesta festa, diferentes tipos de frutas, folhas, sementes de trigo e cevada e as respectivas farinhas, galhos, e o que puderem trazer dos shivat haminim, além de objetos para o registro da experiência do plantio, entre outros.

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Exposição: de cestas confeccionadas pelas crianças junto com seus pais e irmãos. Mural Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo do chag, com frase ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português, p. ex.: eretz chita, seora, guefen, teena, rimon, eretz zait vetamar - Uma terra de trigo e cevada, uva, figo e romã; uma terra de azeitona e mel (de tâmara); descrição de alguma atividade vivenciada pelas crianças, que acompanhe a imagem; registro breve (meia página) do processo de elaboração e realização de determinada atividade ou produção; ligação deste grupo, neste ano, com a comemoração do chag, entre outros. E “judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado: (a) prender no mural diferentes tipos de materiais de árvores; (b) utilizar galhos fincados em uma base, formando uma árvore, acrescentando frutos; (c) fotos ou representações tridimensionais dos shivat haminim; produções de crianças; fotografias de anos anteriores (resgate de memória): fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando Tu Bishvat; atividade coletiva: montar um tronco com vários galhos e colocar foto de cada aluno.


Registro de projetos Temas • frutas: as que nascem em árvores e as que nascem em pés; tipos de sementes; fazer um levantamento das frutas que têm caroços de tamanhos diferentes, das que se come a semente, das que podemos comer com casca e das frutas, cujas cascas desperdiçamos e cujas polpas apreciamos; • culinária; • trigo e a manufatura da farinha; • estudo sobre árvores e sua importância; • atributos: espessura, tamanho, idade da árvore.

possam acompanhar o desenvolvimento da planta; • dramatizar o crescimento da planta do feijão: dividir a classe em 3 grupos: sementes: as crianças ficam encolhidas no chão; chuva: outro grupo de crianças joga papéis brilhantes representando a chuva; sol - outro grupo de crianças usa, nos pulsos, papéis amarelos amarrados, representando raios de sol. A dramatização pode ter fundo musical; • fazer doces, salgados, saladas de frutas, pães, bolos, biscoitos; • representar tipos de frutas com recorte, colagem, massa para modelar, argila, entre outros.

Atividades • visitar feira livre, sacolão ou quitanda; • abrir diferentes tipos de frutas, comparando as sementes, a polpa, as cascas, as cores, as características; • visitar pomares, indústrias de farinhas, padarias, confeitarias, entre outros; • plantar sementes e/ ou tubérculos, em lugar onde as crianças

Integração com o projeto anual da escola O projeto “não desperdício” - bal tashchit, proibição da Tora de não desperdiçar - pode ser ligado ao tema da preservação do meio ambiente. Em Tu Bishvat, por meio de todas as atividades citadas acima e da compreensão das mitzvot de shmita e orla, formamos os valores sobre o tema.

A criança, com a palavra! “Quem sabe quais são as sete espécies da Terra de Israel?” perguntou a professora para seu grupo. “Eu sei,” respondeu Yoni, acompanhando o que via na mesa: “trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e barata (referindo-se à tâmara seca)!”

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • etz,etzim - árvore/s • shkedia porachat - amendoeira florescendo • crianças plantando • instrumentos ligados ao plantio

2. Receitas de “delícias” típicas para realizar na escola Tâmaras recheadas Ingredientes

Modo de Fazer

Tâmaras Nozes Açúcar 3-4 colheres 1 clara de ovo

1. Tirar os caroços das tâmaras. 2. Amassar bem as nozes até virarem uma pasta. 3. Misturar com o açúcar e a clara, misturar bem e fazer pequenas bolinhas. 4. Colocá-las dentro das tâmaras e arrumar sobre um prato. Obs: O recheio pode ser alterado, de acordo com as frutas disponíveis (coco, amêndoas, entre outras)

Biscoitos de Tu Bishvat Ingredientes

Modo de Fazer

200g de margarina amolecida ½ copo de açúcar 3 colheres de água 3 colheres de suco de limão 3 copos de farinha 1 colher de fermento em pó Para enfeitar: nozes ou amêndoas

1. Untar uma forma retangular. 2. Misturar os ingredientes numa massa homogênea, deixando por 2 horas na geladeira. 3. Esquentar o forno em 180º. 4. Enrolar em bolas pequenas, e apertá-las no tabuleiro com a ajuda de um garfo. 5. Colocar as nozes ou amêndoas no centro de cada bolinha. 6. Assar por 20 minutos ou até que os biscoitos estejam dourados.

BOM APETITE! BETEAVÓN! 3. Sugestão de material didático para professores Um encontro frutífero baseado em artigo escrito por Ester Barocas e Mirush Koltin, em revista editada pela Central Pedagógica da Michlelet HaNegev. Vamos a um encontro muito especial, mas, por enquanto, é segredo... Quem vocês acham que vamos encontrar? Interessante... No caminho, poderemos oferecer algumas dicas e ver se alguma criança vai conseguir descobrir que tipo de encontro vamos ter. O encontro será com... uma árvore (já escolhida previamente). Da escola até a árvore escolhida, as crianças poderão recolher as pistas/tarefas que estarão em vários pontos do trajeto, podendo ser, p. ex., (a) partes de um quebracabeça de árvore que completaremos gradativamente, ao nos aproximarmos dela, ou (b) transparências com as partes da árvore desenhadas, cuja superposição montará a árvore. Outra possibilidade é que as crianças adivinhem, de acordo com as dicas ligadas às árvores (como, p.ex., “é verde”, “é bem alta”, “é vertical”, “oferece sombra”, entre outras). É aconselhável que, ao lado da árvore, haja algum adulto (professora, um pai ou o jardineiro), esperando a chegada das crianças. Esta pessoa poderá ser a mediadora entre a árvore e as crianças, podendo contar para as crianças, p. ex., alguma história sobre a árvore ou

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uma lenda ligada a certo tipo de árvore. Quando encontrarmos com a árvore, poderemos (a) usar todos nossos sentidos, para conhecermos melhor a árvore; (b) juntar tudo o que estiver no chão, em volta da árvore: os frutos, as folhas, ramos e gravetos, entre outros, e levá-los para a classe; (c) saborear seu fruto ou preparar alguma “delícia” com o fruto de tal árvore: doce, geléia, salada de frutas, fruta recheada, entre outros; (d) observar o formato das folhas, sentir sua espessura, sua textura (p. ex., será lisa ou ondulada? Flexível ou não? Fina ou grossa? Com seus veios sobressaindo? É alongada ou arredondada? Com o que se parece? É formada de pequenas folhinhas ou de uma folha só?); (e) verificar caule, frutos, galhos, flores (ex. Qual cheiro estamos sentindo? É agradável? Forte? Delicado?); (f) ouvir sons e vozes da natureza – pássaros, abelhas, frutos caindo, vento nos galhos e folhas; (g) fotografar a árvore, a árvore com as crianças, partes da árvore, entre outros; (h) criar, na classe, uma produção coletiva, com o que cada um escolher do “tesouro” que trouxemos; (i) criar livremente ou tentar “reconstruir” a árvore que visitamos, de memória; (j) compará-la com a foto que tiramos no local;


(k) desenhar nas próprias folhas, ou em papel colocado sobre elas, para conseguir extrair a textura; (l) pintar as folhas e imprimi-las em papel ou tecido; (m) criar esculturas com partes da árvore e palitos (árvores, animais, veículos, entre outros); (n) montar móbiles para enfeitar a classe;

(o) enfiar folhas secas em um fio e enfeitar a classe; (p) construir jogos de memória, com as folhas secas coladas em papel e plastificadas; (q) contar a história desde que saímos da escola, registrar as várias paradas e atividades que fizemos, e resumir este encontro especial – um encontro frutífero com a árvore.

4. Histórias de Tu Bishvat Juntos, é muito mais gostoso

Conto adaptado, por Ester Barocas, a partir de outro, Shisha bessakik; Seis num saco pequeno, por Levin Kipnis.

Era uma vez um saco, transparente, leve como uma pena, que foi levado pelo vento por uma janela aberta, e foi cair sobre a terra, perto de uma parreira. Aproximouse dele, uma amêndoa amarelada, dourada, e bateu! - Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? Nenhum ruído se ouviu lá de dentro. A amêndoa, rapidamente, pulou para dentro do saquinho. Veio a tâmara, ruivinha, bateu e disse: - Toc-toc-toc! Quem está aí no saquinho? - Sou eu, amêndoa-dourada; e você, quem é? - Sou a tâmara-ruivinha, posso entrar? - Mas é claro, seja bem vinda. E a tâmara pulou para dentro do saquinho. Veio um tamarindo, alto e magro e, com voz trêmula, gritou: - Toc-toc-toc! Toc-toc-toc! Quem está aí no saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - E eu, a tâmara-ruivinha! E você, quem é? - Sou o tamarindo-espigado; posso entrar? - Mas é claro, seja bem vindo. E o tamarindo pulou para dentro do saquinho. Um senhor, aproximando-se elegantemente, o Sr. FigoGargarejo, bateu e disse:

- Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - Eu, a tâmara-ruivinha! - E eu, o tamarindo-espigado. E você, quem é? - Sou Sr. Figo-Gargarejo; posso entrar? - Mas é claro, seja bem vindo. E o figo pulou para dentro do saquinho. Veio a laranja, fruta de classe, rolando que nem uma bola. - Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - Eu, a tâmara-ruivinha! - Eu, o tamarindo-espigado! - Eu, Sr. Figo-Gargarejo! E você, quem é? - Sou a laranja, fruta de classe, posso entrar? - Mas é claro, seja bem vinda. E a laranja pulou para dentro, enchendo todo o saquinho. O pequeno Gadi levantou bem cedinho, para cumprimentar as árvores, pois era Tu Bishvat. Gadi achou o saquinho de frutas, com todas as frutas juntinhas, e ficou muito contente. Tomou o saquinho e o levou para a escola, para comemorar Tu Bishvat, junto com os amiguinhos, como fizeram as frutas no saquinho.

Tamar e os savionim Tamar e savionim (sendo este último o nome de uma flor), A Semente de Rabanete e Pinheiro Insatisfeito são contos traduzidos e adaptados do livro: Tzarfati, M. & Michlalon Niv Tzion, Tchanim Upeiluiot Lechag HaChanuka veTu Bishvat, Israel 2002. Esta é a história de uma menina chamada Tamar, que se mudou para um novo lugar, e não tinha muitos amiguinhos, pois ainda não sabia falar muito bem a língua deste novo lugar. Certo dia, Tamar foi brincar no pátio de sua casa e aí encontrou uma flor amarela. Contente com o achado, Tamar cuidou da flor, regan-

do-a diariamente. Noutro dia, quando foi procurá-la, viu que a flor tinha desaparecido. Mas que surpresa! Em seu lugar, apareceu, no caule da flor, uma “cabeça branca como a de um vovô”. Estas eram as sementes da flor. Tamar assoprou, espalhando todas as sementes. No ano seguinte, logo após as primeiras chuvas, floresceram muitas flores, que Tamar chamou de savionim (palavra derivada de saba, vovô), pois eram parecidas com a cabeça branca do vovô. Ela ficou muito feliz, pois ganhou muitas ‘amiguinhas’ e não se sentiu mais tão sozinha.

A Semente de Rabanete Um menino pequeno, semeou uma semente de rabanete, e todo dia ia regá-las. Ninguém em casa acreditou que iria crescer alguma coisa, nem o pai, nem a mãe e nem os irmãos, mas mesmo assim o menino continuou a cuidar e a regar a semente diariamente.

Qual não foi a surpresa quando foi nascendo e crescendo um lindo rabanete, que ficou tão grande que o menino, teve que pedira a ajuda do seu irmão, de sua mãe e de seu pai para colhê-lo. Todos comeram uma deliciosa salada de rabanete.

TU BISHVAT

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O Pinheiro Insatisfeito Certo pinheiro vivia muito descontente, pois tinha muita inveja das folhas das outras árvores. Chorava muito e implorava, pedia tanto, que seu pedidos eram atendidos. Uma vez, pediu folhas de ouro, mas logo vieram ladrões e lhe roubaram todas as folhas; depois pediu folhas de vidro, mas na primeira ventania, todas as folhas se quebraram; pediu folhas tenras e deliciosas, mas o

primeiro rebanho que passou, comeu todas as folhas, sem deixar ao menos uma. Assim, finalmente o pinheiro entendeu que as suas folhas, finas e pontiagudas eram as que mais lhe ajudavam a se defender de todos os perigos, e deste momento em diante, começou a achá-las muito bonitas e úteis, e não quis trocá-las por outras.

Adriano e o Velho Plantador Conto adaptado de Vaikra Raba, retirado do livro Sipurim miamim avaru, in Reisman, Ofra org.; Leket agadot chazal leguil harach, Israel 2000, traduzido por Rosely Mandelman

Há muitos anos, os romanos governavam Israel. O Imperador romano Adriano era um homem forte e rico, que habitava um palácio maravilhoso. Gostava das paisagens do país e costumava passear por ele. Certa vez, Adriano passeava em Tiberíades, ao lado do Lago Kineret, e, de repente, viu um homem velhinho abaixado e fazendo buracos para plantar árvores. Surpreendeu-se Adriano ao ver um velhinho, suando, trabalhando tão pesado. Dirigiu-se a ele caçoando: “Vovô! Se tivesse se esforçado e tivesse trabalhado quando era jovem e forte, não necessitaria trabalhar na velhice; poderia sentar agora, descansar e aproveitar das árvores.” O velho ficou ereto e viu Adriano, o Imperador, parado à sua frente. Estava vestindo roupas reais e, ao seu redor, estavam seus servos abanando os leques para afastar o forte calor daquele dia. Respondeu o ancião: “Sua Alteza, trabalhei também quando era jovem, mas eu não paro de trabalhar hoje tampouco. Agradeço a D’us por poder, também agora em minha velhice, trabalhar, e satisfaçome com o que D’us me deu.” O Imperador Adriano perguntou ao homem: “Quantos anos tem, vovô?” Respondeu o velho: “Estou com cem anos.” Riu o Imperador e falou: “Você está com cem anos e cava buracos para plantar árvores? Será que pensa em viver muitos anos mais, e conseguir comer dos frutos dessas árvores? Não vale a pena trabalhar tão pesado, pois não vai mesmo aproveitar delas.” Respondeu-lhe o velho com prazer: “Sua Alteza, pode ser que D’us queira dar-me muitos anos de vida a mais e eu consiga comer dos frutos das figueiras que planto. Se não, meus filhos aproveitarão dos frutos das árvores. Quando vim ao mundo, encontrei árvores plantadas por meus antepassados; assim, também eu planto para meus filhos e para os filhos de outras pessoas. O homem não se deve preocupar somente consigo, deve preocupar-se com seus filhos e com as gerações futuras.” Adriano ouviu as palavras do velho e pensou consigo mesmo: “Que velho inteligente tenho à minha frente e o desmereci.” E disse ao velho: “Se conseguir comer dos frutos das árvores que planta agora,

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por favor, avise-me.” Passaram-se muitos anos, e o velho ainda vivia. Mais encurvado, rugas profundas apareceram em seu rosto e suas mãos tremiam. As árvores cresceram e deram figos. Certo dia, o velho se lembrou: “Chegou a hora de eu atender o pedido do Imperador e avisá-lo que consegui comer dos frutos das árvores que plantei.” O velho encheu a cesta de figos e foi ao maravilhoso palácio do Imperador. No portão do palácio, estavam os guardas vestidos em seus uniformes e não o deixaram entrar. Disse-lhes o velho: “O Imperador Adriano me convidou.” Os guardas abriram o portão e o conduziram até o salão onde se recebiam as visitas. No canto do salão, estava sentado o Imperador em seu trono. Aproximou-se o velho. O Imperador não o reconheceu e perguntou: “Quem é você e qual é a sua história?” Respondeu-lhe o velho: “Sua Alteza, há muitos anos, o senhor me encontrou em Tiberíades, ao lado do Lago Kineret. Viu que eu cavava para plantar árvores. Zombou de mim, pensou que não alcançaria comer dos frutos, e me pediu que, se eu vivesse para conseguir isto, viesse avisá-lo. E eis que D’us me abençoou com muitos anos, e pude provar do gosto doce dos figos. Agora, trouxe figos para o senhor, para que também se delicie com eles.” Assim disse o velho e ofereceu a cesta de figos ao Imperador, com suas mãos trêmulas. Emocionou-se o Imperador com a aparência do homem e lembrou-se do encontro. Chamou seus servos e lhes disse: “Tragam uma cadeira de ouro para que o velho possa sentar-se. Peguem sua cesta, tirem de seu interior os figos e coloquem, em seu lugar, moedas de ouro.” Espantaram-se os servos com o porquê do velho judeu merecer uma honra tão grande, e perguntaram ao Imperador. Explicou-lhes Adriano: “Se D’us honrou este homem, dando-lhe tantos anos de vida e profunda sabedoria para compreender que o homem se deve preocupar com seus filhos e com os filhos de seus filhos que viverão depois de sua morte, é claro que também devo honrá-lo.”5

Obs.: Adriano foi o Imperador de Roma, entre os anos 117 e 138. Viveu há mais de 1800 anos.


5. Brachot e psukim Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até estes tempos.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam hamotzi lechem min haaretz. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que faz brotar pão da terra.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore minei mezonot. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria diversas espécies de alimentos.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri hagafen. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da vinha.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri haetz. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da árvore.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri haadama. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da terra.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehakol nihia bidvaro. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, por meio de Cujo verbo tudo veio a existir.

Passuk em parashat shoftim, cap. 20, vers. 19-20 Não destruirá árvores frutíferas

6. “Fique por dentro” Sentido contemporâneo A comemoração e exaltação da natureza, por meio das árvores, em Tu Bishvat, demonstra a atualidade de nossa tradição milenar. O problema ecológico e a agressão à natureza são freqüentes, hoje em dia, fazendo com que devamos enfatizar e cultivar nossas raízes agrícolas e ecológicas, ligadas à religião, promovendo a defesa da natureza. Devemos, portanto, cada um a seu modo, no lar ou fora dele, louvar, proteger e cuidar das árvores e das plantas (mesmo que seja um simples vaso), como símbolo da ligação e do compromisso de nosso povo com a natureza.

Canções e poemas • Chag haiom lagan • Kach shotlim shatil • Haetz • Kol hagan lavash lavan • Hashkedia porachat • Shir hashtil • Kach holchim hashotlim • Tu Bishvat higuia

TU BISHVAT

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Sugestão de sites http://www.galim .org.il/tubishvat http://www.ort.org.il/year/2bshvat http://www.brosh-music.co.il http://www.123greetings.com http://www.kosher.co.il/times/hebrew http://www.jewishfamily.com http://www.aish.com/holidays http://www.chagim .org.il http://www.holidays.net/ http://www.jajz-ed.org.il http://www.galim.org.il/holidays/15shvat http://www.matar.ac.il/zmanim/previous.asp http://www.ualberta.ca/~yreshef/tuintro.htm http://www.ohr.org.il/special/tubshvat/index.htm http://www.torah.org/learning/yomtov/tubshvat.htm http://www.learn.jtsa.edu/topics/kids/together/tubshevat/ http://www.akhlah.com/holidays/tubshvat/tu_bshvat.asp http://www.chabad-lubavitch.com http://www.ourworld.compuserve.com/homepages/Susieq/2bshvat.htm

Bibliografia Becker, J. Jewish holiday crafts. A Bonim activity book. N. Y. 1977 Cohen, L. Chag vechaguiga lepeutot. Israel. 1993 Nissim, R. Beshvilei hagan. Tochnit avoda legan haieladim hamamlachti dati, chelek beit. Misrad Hachinuch Vehatarbut. Israel. 5755 Nissim, R. Gan haieladim beavodato, chelek alef tochnei Shabat umoed. Misrad Hachinuch vehatarbut, Israel. 5737 Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechag HaChanuka veTu Bishvat. Michlalon Niv Tzion, Israel, 2002. Vaadat hachinuch shel haganim hacharidim Bnei Brak. Tu Bishvat ubrachot. Chomer ezer legananot umorot leguil harach, shvat, 5745. Zamir, R. Madrich tochnit haavoda leguil harach. Israel. 5748 (1988) Chabad News nº 230 e 242, Editora Chabad Lilmod ulelamed, choveret ezer legananot, lamorot leguil harach, chodesh shvat, Chabakuk, Israel Mafteach lagananot, choveret nº3. Israel

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Purim

Brincando de melech e malka, ao som de raashanim Fontes Al ken haiehudim hApruzim, haioshvim bearei haprazot, ossim et iom arbaa assar lechodesh adar, simcha umishte veiom tov; umishloach manot, ish lereehu. Vaichtov Mordechai, et hadvarim haele; vaishlach sfarim el kol haiehudim, asher bekol medinot hamelech Achashverosh hakrovim veharechokim. Lekaiem aleihem lihiot ossim et iom arbaa assar lechodesh adar, veet iom chamisha assar bo: bechol shana veshana. Também os judeus das cidades abertas, que habitavam as cidades sem muralhas, fizeram do dia catorze do mês de adar, dia de alegria e de banquetes, e dia de festa e de mandarem presentes de alimentos uns aos outros. Mordechai escreveu isto e enviou cartas a todos os judeus que se encontravam em todas as províncias do Melech Achashverosh, aos de perto e aos de longe. Ordenou-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos. (Meguilat Esther - cap. 9, vers. 19,20,21)

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Descrição da festa A história de Purim encontra-se na Meguilat Esther, o livro de Esther, no Tanach. A leitura desta faz parte da tradição da festa de Purim e pode ser ouvida, em cerimônia festiva, na sinagoga e em demais comemorações coletivas. Esta festa é celebrada no décimo quarto dia do mês de adar. Não se sabe exatamente a data dos fatos descritos na Meguila. Há, ainda, a hipótese de ser uma história narrada com elementos típicos do século 5 a E.C. na Pérsia. * O aspecto religioso Precede a festa, um dia de jejum, chamado Taanit Esther (Jejum de Esther), como recordação do perigo de vida que correram os judeus. O traço distintivo do ofício religioso de Purim é a leitura de Meguilat Esther e a oração de agradecimento de Purim, pela milagrosa derrota de Haman. Lê-se, também, o capítulo do Êxodo, que relata a luta contra os amalequitas, pois Haman é citado como descendente daqueles inimigos de Israel. Na sinagoga, desenrolamos a Meguila e a dobramos em quatro, imitando a carta que Mordechai enviou a todas as províncias proclamando, pela primeira vez, a festa de Purim, na Pérsia (Meguilat Esther – cap. 9, 28, vers. 9, 29). A partir do terceiro capítulo, sempre que se anuncia o nome de Haman, as crianças tocam o raashan em sinal de indignação. Mordechai convidou os judeus a darem esmola aos pobres e, hoje em dia, na véspera de Purim, isto ainda este costume ainda é preservado.1

Em Israel Comemora-se esta festa, realçando a alegria de Purim. As crianças se fantasiam tanto como as personagens da Meguilat Esther, como outras personagens cômicas, palhaços e personagens de histórias atuais do universo infantil. Promove-se os costumes de enviar mishloach manot entre as famílias e nas escolas, e de presentear pessoas carentes. No jardim-de-infância costuma-se realizar desfiles de fantasia – a Adloiada, e cada cidade organiza este tipo de evento em sua rua principal que se veste de maneira festiva especialmente para a comemoração.

Mensagens das escolas Mordechai teve fé na salvação e acreditou na importância de tomar uma atitude. Foi a determinação de Mordechai que impulsionou Esther a se responsabilizar pelo que era seu, apesar de imaginar que tal ato poderia acarretar conseqüências não muito agradáveis. A exemplo da história de Purim, pode-se refletir a respeito da esperança de encontrarmos sempre uma saída, mesmo em situações mais difíceis. Esta é uma mensagem de fé, que podemos transmitir às crianças. (I.L. Peretz)

Nome da festa Chag Purim Vem da palavra pur, do hebraico, que significa “sorteio”, pois, por sorteio, Haman escolheu o dia em que o povo judeu seria aniquilado.

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Adaptação da apostila Vaad Hachinuch Nacional, 1986.

Conceitos importantes • oznei Haman: doce típico de Puri • Purim: Nome da festa, (sorteio(s)) • chag Purim sameach: Feliz festa de Purim! • raashan: reco-reco • Shushan, habira: Shushan, a capital • armon: palácio • matanot laevionim: presentes a desfavorecidos • massecha/ot: máscara(s) • mishte; seudat Purim: refeição festiva • tachposset/ot: fantasia(s) • mishloach manot: envio de porções • meguilat Esther: rolo de Esther


Símbolos e motivos, usos e costumes Raashan É um instrumento sonoro (reco-reco) utilizado na Sinagoga durante a leitura da Meguilat Esther. Toda vez que o leitor pronuncia o nome de Haman, aquele que tramou contra os judeus, o instrumento é tocado. A idéia deste costume é a de apagar simbolicamente Haman da nossa memória, através do barulho dos raashanim. Mishloach manot É um dos costumes de Purim e está baseado no texto da Meguilat Ester. *Uma das mitzvot de Purim, quando enviam-se manot (porções) de alimentos como presente aos amigos no decorrer do dia de Purim, enfatizando o mérito da união e amizade judaica. Meguilat Esther O rolo de Esther, com a história de Purim. *Kriat hameguila: e costume/mitzva ler e/ou ouvir a leitura da Meguilat Esther, contando a história de Purim. Deve-se ouvir atentamente a leitura da Meguila na noite de Purim, e uma vez mais no decorrer do dia de Purim. O leitor recita três bênçãos e os ouvintes respondem amen para cada uma. Oznei Haman Preparar, comer e enviar - oznei Haman - doce feito no formato de um triângulo (“a orelha de Haman”) recheada com geléia. Matanot laevionim “Presentes aos pobres”. Uma vez que todos, ricos e pobres igualmente, foram salvos do perigo mortal, Mordechai desejava assegurar que mesmo o pobre tivesse os meios para fazer uma comemoração nessa festa. Portanto, ele ordenou que fosse dada caridade, de modo que todos os judeus, independente de sua posição financeira, pudessem celebrar Purim com alegria. .

Seudat Purim - mishte Participar de uma ceia festiva. Faz-se uma refeição que deve conter pão e carne (sem recitar o Kidush), para celebrar o espírito da festa de Purim, com familiares e amigos reunidos. Inicia-se a refeição ainda durante o dia. Como parte das comemorações, bebe-se vinho para comemorar a vitória da sobrevivência do povo judeu. Este costume aparece em alguns momentos na Meguila, como quando Esther foi coroada rainha e houve uma festa regada a vinho. Usar fantasias Faz parte do espírito da festa usar fantasias, máscaras ou simplesmente um adereço engraçado, como nariz ou dentes postiços. Em Purim, vale tudo em termos de fantasias. É costume fantasiar-se em lembrança à transformação da aniquilação em salvamento. Atualmente, muitas crianças fantasiam-se de palhaços para simbolizar a alegria da festa. A história de Purim nos transporta para um mundo de reis e rainhas. Usar coroas e cetros faz com que possamos nos sentir como o “Melech Achashverosh” (o Rei) a “Malka Vashti” ou “Esther” (a Rainha). Adloiada Costume atual de realizar um desfile com fantasias, baseado no costume de beber vinho ad lo iada ou seja, estar em tal estado de êxtase após beber o vinho, que já nem se lembre de mais nada. *Taanit Esther (jejum de Esther) Tal qual nos relata a Meguilat Esther, no dia em que o Povo de Israel deveria ser aniquilado pelos seus inimigos, isto é, no dia 13 do mês de adar, os judeus conseguiram sua salvação vencendo o adversário. É por isso que o dia 13 de adar foi declarado como sendo o dia do jejum, em memória da petição que a Rainha Esther conseguiu para o povo.

PURIM

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O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Purim, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Chag Purim. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: oznei Haman, raashan, tachpossot de melech e malka, coroas e cetros. Alguns costumes característicos de Purim que enfatizem o “aqui e agora” poderão ser vivenciados: preparar mishloach manot e comer oznei Haman. A história da festa poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas: mishloach manot, seudat Purim, kriat hameguila. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como ouvir a Meguila, tocar o raashan, fantasiarse, usar coroas, cetros e massechot, preparar mishloach manot, comer oznei Haman. Nesta época, a criança já pode entender a história de Purim e seu significado, sorteio, contada em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas: Melech

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Achashverosh, Malka Vashti e Malkat Esther e cenas da história. A criança pode aprender os símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: kria bameguila, seudat Purim, mishloach manot, matanot laevionim. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu - ouvir a Meguila, prestando atenção para tocar o raashan ao ouvir o nome de Haman, fantasiar-se de melech ou malka, usando coroas e cetros, massechot e tachpossot. Já pode também preparar mishloach manot, confeccionar e comer oznei Haman. Revela curiosidade em conhecer a história de Purim que se encontra na Meguilat Esther, enfatizando conceitos como Melech Achashverosh, Malka Vashti e Malkat Esther, palácio, entre outros, e valores ligados à festa e aos costumes aceitos pela comunidade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados à festa, e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados. *Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot, como mishloach manot, seudat Purim, kriat hameguila, matanot laevionim.


Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Purim Melech, malka e a Meguila; o importante é continuar a contar… Conteúdos: história resumida de Purim, meguilat Esther. Objetivo potencial: conhecer a história de Purim e os costumes da festa. Descrição: contar a história resumida da Meguila, de acordo com a faixa etária de seu grupo, usando bonecos, fantoches, entre outros. As crianças maiores poderão preparar os bonecos e o cenário e contar a história de Purim para os menores, representando-a. As crianças preparam, em grupos, uma Meguila, juntando cenas diferentes desenhadas ou confeccionadas, de acordo com o desenrolar da história. Pode-se realizar uma exposição das diferentes meguilot confeccionadas. Materiais e recursos: Meguilat Esther original, materiais criativos e sucatas para realizar bonecos, cenário e fantoches da Meguila, tachpossot e acessórios. Obs.: É importante a professora ter sempre próximo a si a Meguilat Esther, para que possa consultá-la e mostrá-la às crianças. Chag Purim está chegando! Conteúdos: experiências e vivências com personagens de Purim. Objetivo potencial: entrar em contato com o histórico da festa por meio de atividade participativa da criança. Descrição: as crianças podem trabalhar em grupos, criando objetos e apetrechos de melech e malka ligados a Purim, ktarim, mantos, cetros e vários outros acessórios, que caracterizam os personagens da Meguila, vestindo bonecos feitos de meias, que serão as personagens da Meguila ou as próprias crianças. As mais velhas recebem a incumbência de maquiar as crianças menores; outras são maquiadas pelas próprias professoras. Quando todos ficam prontos, cantam e dançam as canções de Purim, além de outras danças israelenses (tais como Kadma eretz). No encontro, resume-se o que foi feito na escola, ligado ao chag, recontando, juntos, parte por parte, a história de Purim. No final, saboreiam-se os oznei Haman. Materiais e recursos: caixas com materiais criativos, que inspirem as crianças na criação de enfeites para os personagens como: meias, jornais, papéis coloridos, cola, lã, materiais dourados e prateados e outros, maquiagem, oznei Haman. Armon (palácio) Conteúdos: a vida nos palácios, ligando ao histórico de Purim. Objetivo potencial: conhecer a vida no palácio, para que as crianças possam compreender a história de Esther (Meguilat Esther - cap.1,6 ao cap. 3,1). Descrição: neste trecho, encontramos a descrição pormenorizada da riqueza dos ornamentos do palácio. Para as crianças de 2 a 4 anos, é

importante trabalhar com a apreciação de diferentes imagens de palácio. Antes de montar um ambiente e construir um palácio, fazer uma pesquisa em livros, na escola e em casa. Pedir às crianças que tragam o material pesquisado com os pais. Já, para as crianças de 4 a 6 anos, dar ênfase às diferentes moradias. Trabalhar com pormenores e especificações dos palácios, tais como dormitórios, torres e cozinha, entre outros. Materiais e recursos: caixas de papelão e sucata. Trono Conteúdos: a vida no palácio e, em especial, o trono, ligando a Purim. O que representava o trono? (Meguilat Esther - cap. 3,1) Objetivo potencial: compreender, pela leitura da Meguila, do ambiente e das dramatizações, as situações que o melech passava no trono. Descrição: construir um trono na classe que possa ser mais um ambiente para se contar um recorte da história, e acrescentar as vestimentas relativas ao tema enriquecendo a dramatização. Materiais e recursos: poltrona ou cadeira, tecido, tapete e tule colorido. Vestimentas de melech e malka. Édito real “Mesmo as princesas de Paras e Madai, ao ouvirem o que fez a malka, dirão o mesmo a todos os príncipes do melech; e aí haverá muito desprezo e indignação”. (Meguilat Esther – cap. 1,18) “E foram chamados os escrivãos do melech, no décimo terceiro dia do primeiro mês e, segundo ordenou Haman, tudo se escreveu ao sátrapas do melech, aos governadores de todas as províncias e aos ministros de cada povo; e cada província no seu próprio modo de escrever, e a cada povo na sua própria língua. Em nome do Melech Achashverosh se escreveu, e com o anel do melech se selou”. (Meguilat Esther - cap. 3, 12) Conteúdos: leis e regras em situações do dia a dia fazendo a correspondência com a referência da Meguila. Objetivo potencial: compreender a função das leis que aparecem na história de Purim. Descrição: fazer um paralelo com nossas leis, regras e estabelecer as do grupo, trabalhando com o senso de responsabilidade da rotina da escola. Materiais e recursos: material para a escrita de regras da classe. Buscar, em outras fontes, leis como as de trânsito e/ou escola, entre outras. “Livro das memórias” “Investigou-se o caso, e era fato; e ambos foram pendurados numa forca e foi escrito no livro das crônicas, perante o melech” (Meguilat Esther – cap. 2, 23) “Naquele dia, não conseguiu o rei dormir; e mandou trazer o livro das memórias, as crônicas, e elas foram lidas diante do melech” (Meguilat Esther – cap. 6,1)

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Conteúdos: a função do registro, na história de Purim. Objetivo potencial: compreender a importância do registro na história de Purim. Descrição: o “Livro das Memórias” registrava todos os acontecimentos do Reino e, algumas vezes, era lido pelo melech, durante a noite, quando não conseguia dormir. Aqui, há um ‘gancho’ para explorar a importância do registro, tanto pela escrita quanto pelas fotos ou desenhos, sendo possível construir o livro das memórias da classe. Pode ser interessante explorar o sono, a hora de dormir, e os recursos que cada um utiliza, quando tem dificuldades para dormir, retomando sempre o recorte da história que se refere ao livro da vida. Materiais e recursos: papel e diversos tipos de lápis, álbum de fotografia da classe. Obs: A importância do registro pode ser mais um aspecto da história a ser trabalhado com as crianças, que iniciam seu processo de escrita do próprio nome (a partir dos 4 anos). Seudat Purim “Os judeus das cidades abertas, que habitavam as cidades sem muralhas, fizeram, do dia catorze do mês de adar, dia de alegria e de banquetes, e dia de festa e de enviarem presentes de alimentos uns aos outros.” (Meguilat Esther – cap.9, 19) Conteúdos: a seuda do Melech Achashverosh (que costumava oferecer muitas seudot) Objetivos potenciais: Conhecer a história de Purim, a partir do recorte de como se caracteriza uma seuda/mishte. Descrição: Será que o grupo pode preparar uma seuda? (1) Ler, para as crianças, na Meguilat Esther, como eram os banquetes do Melech Achashverosh; (2) Perguntar para as crianças o que precisam para fazer um banquete; (2a) Elaborar convite, mostrando vários tipos para que possam entender a função deste portador de texto; (3) Simular um banquete cheio de comes e bebes, oferecendo à criança uma vivência de como podem ter sido as seudot de Achashverosh. As crianças vestir-se-ão com fantasias bem bonitas e chiques. Algumas farão o papel de garçons, outras, de fotógrafos; outras, de barmen e outras, de convidados da festa. Fazer do banquete um momento especial, para que as crianças possam participar do processo de organização. As crianças poderão dramatizar, utilizando toalhas, pratos, copos; (4) Preparar pratos que serão servidos no banquete – professora junto com crianças, relacionando ingredientes necessários, dividindo funções (um abre o ovo, outro acrescenta farinha; outro o óleo) e, quando a massa estiver pronta, oferecer um pedaço de massa para abrir e rechear com uma colher de geléia para cada criança. Fecha-se a porção recebida em três partes e leva-se para assar. Materiais e recursos: 1- Papéis e materiais de escrita e decoração para fazer os convites; 2- Ingredientes para as receitas dos pratos que serão servidos no banquete (bebida, canapés, pipoca, doces e salgados); 3- Acessórios para o banquete, como toalha para mesa, copos e pratos de plástico, diferentes dos que são utilizados no dia-a-dia; 4 - Fantasias e materiais da sala-de-aula.

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Em Purim, troca-troca, sorteio e boa ação fazem parte da nossa tradição! Conteúdos: costume/mitzva de Purim: o mishloach manot, matanot laevionim Objetivo potencial: vivenciar os costumes, sorteio e realização de boas ações, que caracterizam a festa de Purim. Descrição: após um sorteio dos nomes das educadoras da escola, haverá uma troca de mishloach manot, além de entrega de cestas com mantimentos para os funcionários da escola. Materiais e recursos: alimentos preparados e trazidos pelas educadoras. Cestas de mantimentos. Convite à equipe pedagógica (modelo aqui, abaixo) Obs.: Esta é uma atividade para os adultos - equipe pedagógica. No próximo dia 17/3 (2ª feira), realizaremos, entre as professoras, o mishloach manot, importante costume/mitzva de Purim, que consta da Meguila. Para isso, cada professora deverá montar, em casa, uma cesta contendo uma fruta, algum alimento feito de farinha e uma bebida, e trazê-la no dia da comemoração. Realizaremos o sorteio antes da troca das manot. Participem! Além de um importante costume judaico, esta também é uma forma de integração do grupo. Pedimos, ainda, que cada professora traga um item a mais (bebida ou comida), para compor o matanot laevionim, outro importante costume de Purim, que tem por objetivo presentear pessoas menos favorecidas. Mishloach manot coletivo, vamos preparar... E vamos fazer tzdaka... Conteúdos: costume/mitzva de enviar manot. Objetivos potenciais: conhecer e vivenciar o costume de mishloach manot e a mitzva da tzdaka; preparar vários kits para mishloach manot, com as crianças, além da execução do mishloach manot, que podem ser enviadas para diversas entidades, revelando o quão importante é a contribuição de cada criança. Descrição: pedir às crianças que separem brinquedos e livros seus, que gostariam de doar, em Chag Purim, às crianças que não têm condições de comprar tais objetos. As crianças poderão também trazer de casa algum alimento não perecível, para ser colocado numa caixa grande (na entrada da escola). Estes alimentos poderão ser distribuídos em cestas que, juntamente com os oznei Haman, serão embrulhados em papel celofane. Estas manot serão distribuídas para entidades de tzdaka. É importante redigir uma carta, com os alunos na escola, desejando algumas brachot. Materiais e recursos: brinquedos e livros infantis usados (em bom estado) , alimentos não perecíveis, oznei Haman, caixa grande, cestas, papel celofane, papel, lápis, canetas (para as cartas), embalagens apropriadas para as doações.


Chag Sameach! Comemorações de Purim A comemoração de Purim pode ser uma grande festa: 1- O início pode ser marcado por um encontro entre todas as turmas, no qual acontecerá: • Leitura de um trecho da Meguila, para as crianças fazerem barulho com o raashan no momento em que se pronuncia o nome de Haman; • Apresentação das canções de Purim; • Baile de Purim 2- Oficinas É interessante juntar todo o grupo da escola, em um espaço maior, para que as crianças possam interagir em oficinas: • keter • raashan • tatuagem • mensageiro do melech • boneca Malkat Esther Dentro de uma caixa, colocar objetos da Malkat Esther e um grande boneco feito de meia. Um grupo de crianças enfeitará este boneco, que estará presente durante toda a festa. 3- Quatro tachanot de jogos e atividades Tachana dos mensageiros “Os homens do correio, pela ordem do melech, partiram apressadamente, e a lei se proclamou na capital Shushan; o melech e Haman se sentaram a beber, mas a cidade de Shushan estava perplexa”. (Meguilat Esther – cap. 3,15) Ao passar por essa tachana, o grupo será dividido em três subgrupos. Cada subgrupo deverá escolher 2 mensageiros (1 para o começo da fila e um para o final). Os mensageiros serão responsáveis por carimbar e entregar a mensagem para os mensageiros, que estarão nos postos. Tachana do armon das mulheres “Ao chegar o prazo de cada moça vir ao Melech Achashverosh, depois de tratada segundo as prescrições das mulheres, por doze meses, pois assim se embelezavam, seis meses com óleo de Mor e seis meses com especiarias, e com ungüentos em uso entre as mulheres.” (Meguilat Esther – cap. 2,12) Na classe estarão escondidos vestidos, meias, sapatos, jóias, coroas, perfumes, óleos e adornos (no mínimo 2 de cada). As crianças deverão procurar os objetos e vestir 2 bonecos grandes de pano, conforme forem encontrados os objetos. Atenção: este não é um jogo de competição. O grupo todo elegerá a malka (boneco), que poderia representar Malkat Esther. Ao final, deverão despir os bonecos para o próximo grupo e esconder as roupas e acessórios. O último grupo deverá levar o boneco vestido para o banquete. Tachana de seudat Purim “Porém, os judeus que se encontravam em Shushan se ajuntaram nos dias treze e catorze; e no dia quinze descansaram, e o fizeram dia de banquetes e de alegria”. (Meguilat Esther – cap 9,18)

O grupo será dividido em dois subgrupos. Cada um deles receberá duas caixas, uma vazia e outra cheia. Na caixa cheia, haverá objetos pertencentes à mesa de uma seudat Purim, tais como guardanapo, talheres, pratos, flores entre outros e, misturados a eles, objetos diversos, tais como livros, lápis, embalagens, sapatos entre outros. O jogo consiste em classificar os objetos e arrumar a mesa da seudat Purim. Os subgrupos com as respectivas professoras deverão organizar-se em roda e, no meio dela, estarão dispostas as duas caixas. Uma criança por vez pegará um objeto da caixa e o classificará. Se pertencer à mesa da seudat Purim, deverá colocá-lo sobre a mesma (que já estará com a toalha). Caso contrário, deverá colocá-lo na caixa vazia. Ao final, as professoras, juntamente com as crianças, verificarão se os objetos colocados na mesa realmente pertencem à seudat Purim, e que mesa é a mais completa e bem arrumada. Pode ser muito agradável, se as crianças puderem comer, depois da brincadeira. Tachana do pur “No primeiro mês, que é o mês de nissan, no décimo segundo ano do Melech Achashverosh, lançou-se um pur, isto é, um sorteio perante Haman, dia a dia, mês a mês, até o décimo segundo mês, que é o mês de adar. Então, disse Haman ao Melech Achashverosh: Existe um povo, espalhado e disperso entre os povos, em todas as províncias do seu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre…” (Meguilat Esther – cap. 3, 7 – cap.3, 8) Neste jogo, as crianças participam divididas em pares. No chão haverá a marcação de 6 percursos gigantes. Em cada ponta do percurso haverá uma criança (do par) identificada pelo mesmo personagem da história de Purim e receberá um símbolo representativo. Um dado gigante conterá os símbolos dos seis personagens. Cada vez que uma dupla tirar o seu personagem as duas avançarão uma casa no percurso. Ganharão o jogo, as duplas que se encontrarem primeiro no centro do percurso. 4- Contador de histórias Sala arrumada com tapete grande tipo persa e almofadões. Caracterização do contador de histórias (roupa de Sultão – pode ser alugada ou adquirida em lojas de fantasia). 5- Trono • poltrona • tule • veludo vermelho para forrar as poltronas • 2 banquinhos ou almofadões gigantes para descanso dos pés • tapetes, passadeira vermelha • baú com jóias do armon (bijuteria que as mães não usam mais) 6- “Caça ao Tesouro” Os objetos a serem encontrados deverão ser os símbolos da festa.

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Quem quiser desfilar e brincar, venha para o bloco do Adloiada! Conteúdos: adloiada, desfile típico da festa de Purim. Objetivos potenciais: conhecer as personagens da Meguilat Esther, e realizar o costume de Purim, a passeata tradicional da Adloiada. Descrição: após a construção das personagens típicas de Purim ou outras fantasias escolhidas pelas crianças, estas são convidadas a participar na parada denominada Adloiada, desfilando pela escola ou pelo bairro. Materiais e recursos: a Meguila, imagens como aparecem nas artes visuais, fantasias, materiais para confeccionar fantasias. Mordechai, a cavalo, na escola! Conteúdos: história da Meguilat Eshter, e os papéis de Mordechai e Haman. Objetivos potenciais: andar a cavalo como Mordechai e puxar o cavalo como Haman, mostrando às crianças como foi a sensação de Mordechai, ao dar uma volta no cavalo do melech, e a de Haman, ao levar Mordechai montado. Descrição: após contar a história da Meguila, destaca-se a parte em que Haman teria levado Mordechai, montado no lombo de um cavalo, para dar uma volta na cidade, mostrando, assim, o que pode acontecer com quem engana o melech. Cada criança poderá dar uma volta num cavalo (pônei) pelo pátio da escola, vestidos com roupa e coroa de melech. Materiais e recursos: cavalo (dois pôneis deverão ser alugados especialmente para a ocasião), roupas de melech, coroa e demais acessórios. Purim, Purim sameach! Conteúdos: concretizar, na escola, o costume de alegrar-se na Festa de Purim Objetivos potenciais: vivenciar, na escola, a Festa de Purim, ajudar a criança a experenciar como é a vida dentro de um palácio. Descrição: esta atividade inclui a construção de um cenário especial, montado pelas crianças junto com as professoras: o palco da praça da cidade de Shushan, decorado com tules, almofadões, cadeiras altas, divã, como se fosse um palácio. Constrói-se um portão com papelão e placas de polionda, para sugerir a entrada do palácio onde Melech Achashverosh receberá as crianças. A decoração do local pode incluir candelabros, brasões e máscaras.

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Ma iesh baarmon? (O que há em um palácio?) Pode-se montar um espaço temático, e as crianças são convidadas a trazer de casa tudo que possa haver num palácio, para que possam imaginar como viviam Achashverosh e Vashti, e como Esther provavelmente vivia. Para a seudat Purim, as mesas, dispostas em forma de U, serão arrumadas pelas crianças, que disporão taças, bandejas e oznei Haman. As crianças poderão chegar fantasiadas à escola, com fantasias de sua preferência. No centro da praça, é colocado um grande tapete vermelho como passarela, onde as candidatas à Malkat Esther desfilam para o rei após seudat Purim. Algumas professoras também são candidatas e desfilam com as crianças. Depois da coroação da rainha, o rei convida todas as crianças que quiserem para desfilar na passarela, em suas fantasias, mostrando-lhes a importância de se fantasiarem em Purim. O encerramento da comemoração é feito com muito confete e serpentina, cantando e dançando as canções de Purim. Materiais e recursos: cenário com palco da praça da cidade de Shushan, tules, almofadões, cadeiras altas, divã, portão de papelão e placas de polionda, candelabros, brasões e fantasias, mesas dispostas em forma de U, taças, bandejas, oznei Haman, tapete vermelho, confete e serpentina. Vamos brincar e festejar Conteúdos: jogos e brincadeiras com os conteúdos de Purim. Objetivos potenciais: festejar Chag Purim por meio de jogos e brincadeiras. Descrição: no dia da Festa de Purim, as professoras chegam à escola fantasiadas. A festa poderá ser realizada no pátio, onde são montadas (1) barracas com jogos (Acerte a boca do leitzan, Jogo de argolas, Trilha (feita no chão), onde as próprias crianças são os peões, Pescaria, Acerte nas latas. Malabarismo e Gincana) e (2) oficinas (a) confecção de raashanim, (b) ktarim, (c) maquiagem, (d) confecção de balão - decoram balão cheio com olhos, boca, nariz, pés e mãos e (d) preparação de mishloach manot - enfeitando um pratinho, colocando guloseimas e fechando com papel celofane). As crianças podem, também, participar de (3) atividades (a) passeio de pônei, (b) ouvir histórias, contadas por professoras, (c) assistir a filmes Parpar Nechmad de Purim e Shirim Ktanim e (d) realizar a troca de manot, por meio de um pur, presenteando umas às outras. Materiais e recursos: materiais para (1) montagem de barracas no pátio; (2) oficinas (raashan, maquiagem, ktarim); (3) jogos e brincadeiras; (4) atividades (pônei, balões, pratinhos, guloseimas e papel celofane para manot, além dos filmes Parpar Nechmad de Purim, e Shirim Ktanim).


Atividades com a família e amigos Aba, ima veieladim, todos juntos participam do Chag Purim. Conteúdo: comemoração da festa de Purim com os pais. Objetivos potenciais: participação ativa dos pais na elaboração e na realização de componentes da festa de Purim. Descrição: em cada festa na escola, os pais de um dos grupos podem ser convidados para participar ativamente, com a confec ção de tachpossot e cenários, preparação de mishloach manot e atuação em teatro (p. ex., dramatização da “História dos Macacos e os Chapéus” de M. Eilon e R. Saporta), além da realização de um coral que entoa canções da festa. A criação de chapéus é parte da elaboração das tachpossot de Purim (confecção de apetrechos típicos, usando materiais ricos e interessantes – coroas de reis e rainhas, chapéus de Haman e de Mordechai, de palhaços, entre outros), usados no desfile típico de Purim, a Adloiada, e posteriormente. Materiais e recursos: cada grupo usará os materiais relevantes ao tipo de atividade a que pertence, como p. ex.: cartolinas, papéis coloridos, dourados e prateados, tesoura, cola, enfeites, entre outros. Obs: convidar pais ou avós para fazerem oznei Haman (receita em anexo), na escola com as crianças, e prepararem mishloach manot.

Atividades planejadas em torno de habilidades • sorteios • origami, dobraduras de papel - para mishloach manot • tocar instrumentos específicos que possam produzir sons fortes (raashanim).

Organização do espaço e dos materiais Cantos Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos: móvel - para brincar, manipular, “agir”, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros. No caso, armon (caixa

de papelão), Meguilat Esther, objetos de melech/malka, raashan e objetos que emitam sons. Exposições • máscaras • objetos que produzem barulho (para os momentos, em que se pronuncia o nome de Haman) • coroas • fotos das crianças de anos passados fantasiadas • fotos dos familiares fantasiados • fotos das famílias, com receitas dos doces de Purim. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo da festa expõem-se: trabalho coletivo, com cena alusiva à festa; bonecos de pano dos personagens da história; enfeites coloridos como massechot, raashanim, serpentina; imagens de reis, de rainhas, palácios persas e ceias; fotos de comemorações ou outras fotos referentes à festa. Registro de projetos • Palácios • Édito • Diário (livro da vida) • Melech/malka • Seudat Purim. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites Fazendo arte, confeccionando: • palácio com caixas de papelão • cestas para mishloach manot • fantoches dos personagens da festa, utilizando colher de pau ou meias • personagens da história, com retalhos de tecidos e madeira. • persona gens da história, com bonecos de balões. • personagens de Purim com garrafas de refrigerante, colocando-os num palácio, feito de caixa de papelão (garrafas vazias de refrigerante de 2 litros, sucata, materiais para colagem, cabelo artificial, bom-bril, algodão e etiquetas redondas) • coroa de papel do Melech Achashverosh e da Malkat Esther • máscaras de saco de papel, cartolina ou papier maché • raashan – instrumento pode ser feito com sucata • trono do melech com tecidos • adereços da malka, colando miçangas.

A criança, com a palavra! Mora, hoje você tá parecendo uma Vashti; às vezes, você parece uma Malkat Esther! Numa turma do Infantil III (de 2 a 3 anos), as crianças construíram um palácio, após terem ouvido a história de Purim e observado imagens. Com tecidos e adereços de melech e de malka, todos puderam dramatizar. Durante as atividades, foram feitos registros das falas: Caio: “Olha, o armon! ” Arthur: “Tem escada neste armon? ” Gabriel: “E aqui, o que é mora?” Mora: “É o lugar onde o melech e a malka fazem os banquetes!” Graziela: “Olha, a rainha está de coroa!” Esther: “E de vestido bonito!”

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • oznei Haman • Mordechai sendo levado por Haman • Shushan, habira • leitzan/im • raashan • massechot • melech/mlachim • Meguilat Esther • coroas e cetros • malka/ot • cálice e vinho • adloiada

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Oznei Haman (60 biscoitos) Ingredientes da massa 250g de margarina sem sal 1 ½ copo de açúcar 4 ½ copos de farinha de trigo 4 ovos 1 colher (sopa) de fermento em pó

Modo de Fazer 1. Misturar farinha de trigo, açúcar e fermento em pó. 2. Acrescentar a margarina, cortada em pedaços, misturando até formar uma farofinha. 3. Colocar os ovos e trabalhar a massa até que fique homogênea. 4. Enrolar a massa em bolas, como brigadeiros grandes e achatá-las, formando pequenos círculos. 5. Colocar um pouco de geléia no centro de cada uma e fechá-la como esfiha. 6. Colocar em forma untada e levar ao forno por 30 minutos.

Ingredientes da massa 1 copo de geléia de sua preferência

Oznei Haman (em iídiche, Humentaschen) Ingredientes 1 tablete de manteiga ou margarina sem sal 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro 2 gemas 3 colheres de sopa de água bem gelada 1 ½ (copo)de farinha Geléia de amora, morangos, damasco ou uva Manteiga e farinha para untar e enfarinhar a forma

Modo de Fazer 1. Bata a manteiga e o açúcar até formar uma massa lisa. 2. Junte as gemas, misture muito e junte a água gelada. 3. Gradualmente, acrescente farinha e misture, até que se forme uma bola de massa. 4. A massa vai à geladeira, coberta com plástico, por muitas horas ou mesmo uma noite inteira. 5. No dia seguinte, tire a massa da geladeira. Acenda o forno a 350oC; unte e enfarinhe a forma. 6. Divida a massa em dois, pegue uma das partes e devolva à geladeira. Cubra uma superfície com farinha, abra a massa com cuidado. 7. Corte em círculos, usando um copo. Em cada círculo, coloque 1 colher de sopa de geléia. CUIDADO, não acrescente recheio demais, porque poderá vazar. 8. Feche os círculos na forma triangular. Passe o oznei Haman na farinha, bem de leve. 9. Coloque-os na forma, com a distância de ½ centímetro entre eles. 10. Asse por 15 minutos, ou até ficarem dourados nas pontas.

BOM APETITE! BETEAVÓN!

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3. Sugestão de material didático Charadas de Purim As charadas são brincadeiras que estimulam as crianças a descobrirem cenas da história. 1)Mora no armon. Usa keter. Senta no trono. É poderoso. Quem é ele? R: melech 2) Reina em Shushan. Gostava de fazer muitas festas e tem uma ex-esposa/rainha que se chama Vashti. Qual seu nome? R: Melech Achashverosh 3) Tem muita comida. Tem muito vinho e bebida. Acontece no armon. O que é o que é? R: Banquete real 4) Quem é, quem é, que é a bela que o melech manda buscar para o banquete real e se recusa a vir? R: Vashti 5) Melech zangado. Melech irado. E também desprezado. O que fazer, o que fazer? A quem recorrer? R: Ao conselho 6) Com o seu jeito meigo e delicado conquistou logo Hagai, o camareiro do armon, que deu um quarto especial com mordomias. Quem sou eu? R: Esther 7) Quem ficava numa casa de mulheres, recebia banhos, óleos, perfumes e lá passava 12 meses até ir ao encontro do melech? R: As moças solteiras e de boa aparência. 8) Também estive na casa das mulheres e quando fui chamada pelo rei causei-lhe encantamento. Logo em seguida um banquete onde o rei me apresentou e eu já usava a coroa. Quem sou? R: Esther 9) Nele, o melech escrevia muitas coisas importantes e uma delas foi quando Esther contou sobre camareiros que queriam matar o melech. Quem sou eu? R: Livro das memórias 10) Quando eu passava o povo se inclinava, quem sou eu? R: Haman 11) Estava de luto, sentado na porta do armon com roupas rasgadas e sujas de cinzas. Quem sou eu? R: Mordechai 12) “Ad chatzi hamalchut veitmaten lach” Quem disse isso? R: Achashverosh para Esther 13) Fui convidado para um banquete, juntamente com meu ministro. Quem sou eu? R: melech 14) Haman quer matar todos os judeus. Preciso salvar o meu povo. Convidei Haman e Achashverosh para 2 seudot e, só na 2ª, falei o que queria. Quem sou eu? R: Esther

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Purim no maternal

Malka Hass (trad. Ester Barocas)

Durante o ano inteiro, nós, educadoras de crianças na idade infantil, empenhamo-nos em criar um ambiente educacional psicologicamente seguro e estável, adequado ao desenvolvimento emocional e intelectual da criança pequena que freqüenta a escola. O que acontece em Purim? Por que os pequeninos do maternal choram tanto? Em Purim, todo o ambiente em volta das crianças muda: a escola fica mais enfeitada, muitas vezes até irreconhecível, as pessoas se fantasiam e se maquiam e, muitas vezes, usam máscaras. Será que a criança pequena pode entender o que é uma máscara? ‘Máscara’ é um conceito adulto e não é apropriado ao nível de desenvolvimento intelectual da criança pequena, pois seu significado principal é o da ocultação da identidade. Geralmente, adultos e crianças mais velhas apreciam a mudança e a descontração que uma máscara possibilita. O mesmo não ocorre com os pequenos, pois estes não estão ainda seguros nem da sua identidade e nem da de seus pais ou irmãos, ou seus relacionamentos com eles. Muitas vezes, os pequenos receiam até mesmo que sua mãe ou seu pai possa desaparecer repentinamente. Se até mesmo uma mudança feita por meio de maquiagem pode despertar ansiedade numa criança, tanto mais uma fantasia ou máscara, que escondem totalmente a identidade. Sendo assim, num dia cheio de emoções, como acontece em Purim, no qual ocorrem tantas mudanças em seu ambiente de vida, é aconselhável que professoras e pais procurem conservar suas identidades, para dar à criança o apoio necessário e, assim, ajudá-la a orientar-se. O discernimento entre a realidade e a fantasia ainda está em desenvolvimento e, geralmente, é inútil tentar explicá-lo. Com o tempo, com as várias experiências e vivências na escola, em casa, na rua, entre outros, a criança aprenderá a diferenciar entre os dois. O que podemos fazer para que os pequenos não chorem em Purim, e para que uma festividade tão linda contribua para o desenvolvimento da atividade da criança na escola? E quanto à fantasia? Começar a fantasiar os pequeninos, gradativamente! Mas qual seria a idade ideal para prepararmos fantasias de verdade para as crianças, sem que estas tenham medo?

A fantasia é um símbolo de algo ou de alguém que já conhecemos, sobre quem já temos algum conceito. Fantasiar-se em Purim significa entrar num jogo simbólico. Consequentemente, depois de as crianças começarem a brincar de jogo dramático-simbólico, já poderão fantasiar-se sem medo, entendendo a brincadeira. A própria professora, que vivencia juntamente com as crianças experiências na escola, poderá observá-las brincando, e retirar do próprio jogo, as idéias para as fantasias de Purim: • Uma das crianças esteve no hospital ou no médico. Portanto, é possível brincar de “médico e enfermeira”; • A professora casou-se. As crianças podem, então, brincar de “noivo e noiva”; • Depois de cuidar de coelhinhos ou ratinhos brancos, as crianças podem fazer o papel dos ratinhos ou coelhinhos. Cada professora poderá encontrar idéias para fantasias - alegres, fáceis de preparar e confortáveis - que simbolizem conceitos que os pequenos já começaram a construir. Este tipo de fantasia poderá promover as crianças em sua habilidade de brincar no jogo simbólico, passado Purim. E, assim como acontece com crianças pequenas que gostam de trabalhar juntas com argila ou pintura a dedos, elas também vão gostar de fantasiar-se juntas em Purim. Desta forma, uma dará apoio a outra e se sentirá mais segura neste dia, que já é cheio de excitação. Em Purim, muda toda a organização à qual as crianças estão acostumadas - do tempo, do espaço e das pessoas. O papel da professora de crianças na idade do maternal é conservar, o máximo possível, a programação, com a plena colaboração dos pais, para as crianças que possam orientar-se. O mesmo se pode dizer quanto ao horário, enfeite da classe, e a festa em si. Cada professora poderá encontrar uma maneira de flexibilizar seu programa, adequando-o às possibilidades das crianças de seu grupo. Se for resolvido que os pequenos participarão de alguma festa maior na escola, a professora deverá planejar evento, de forma que cada criança fique perto de um adulto que ela conheça, que possa defendê-la e ajudála a se orientar no mundo ao seu redor, até mesmo em Purim.

CHAG PURIM SAMEACH!!!

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4. Histórias de Purim História de Purim, resumida. Há muito tempo, em uma cidade denominada Shushan, vivia um melech chamado Achashverosh e uma malka que se chamava Vashti. Certo dia, o melech fez um banquete para apresentar a sua esposa. Ele a chamou para mostrá-la aos convidados, mas Vashti se recusou. O melech ficou bravo e mandou Vashti embora de Shushan. O melech tinha um problema, ele precisava de outra malka. Convidou, então, as moças da cidade para virem ao armon e uma delas seria escolhida para ser a nova malka. Elas foram bem cuidadas e embelezadas. O melech escolheu Esther para ser sua malka, sem saber que era judia. O melech tinha um ajudante, o primeiro ministro, que se chamava Haman. Ele não gostava do povo judeu, pois Mordechai, um judeu, não o reverenciava. Planejou puni-los e sorteou (realizando o Pur-Purim) o dia para castigá-los. Haman mentiu ao melech, dizendo que este

povo não obedecia suas leis. Malkat Esther tinha um primo chamado Mordechai, que descobriu os planos de Haman e pediu a Esther que tentasse salvar o povo judeu. Esther tinha medo de falar com o melech, pois ele poderia ficar bravo se esta fosse falar com ele sem ser chamada. Ela acabou criando coragem e pediu ao melech para suspender os planos de Haman, confessando sua identidade judaica. Ao descobrir que Haman lhe tinha mentido, decidiu puni-lo, forçando Haman a reverenciar Mordechai, da mesma forma que Haman queria ser reverenciado por este: ”Assim se faz ao homem a quem o melech deseja honrar”. O melech garantiu, então, à Malkat Esther, que nem seu povo, nem ela sofreriam conseqüências. Esther, Mordechai e o povo judeu ficaram tão felizes, que comemoraram com seudot e com mishloach manot, uns aos outros, além de matanot laevionim.

Era uma vez…. em Purim - uma história de chapéus Conto escrito por M. Eilon e R. Saporta, adaptado por Léa Cohen para a idade infantil, no livro Chag vechaguiga Lapeutot ; trad. Ester Barocas. Certa vez, um rapaz trabalhou três dias e três noites, preparando chapéus para Purim. Os chapéus eram diferentes e interessantes; todos coloridos e enfeitados com papel dourado e prateado. Quando terminou, escolheu um dos chapéus, alto e grande, e o colocou em sua cabeça. O resto dos chapéus, o rapaz colocou num grande saco; pôs o saco nas costas, e saiu para o centro da cidade, para vendê-los. Em seu longo caminho, passou o rapaz por uma floresta e, sentindo-se cansado, retirou o saco de suas costas, deitou-se na grama macia e adormeceu. Na floresta, havia muitos macacos. Viram o chapéu colorido que estava na cabeça do rapaz, e se juntaram em torno dele e ficaram observando. Um dos macacos reparou que, embaixo da cabeça do rapaz que dormia, havia um saco. Abriu o saco e virou tudo o que havia em seu interior. No mesmo momento, os outros macacos, pegaram todos os chapéus, e os colocaram em suas cabeças, pularam para os galhos das árvores e começaram a gritar e a fazer a maior algazarra. Com o barulho, o rapaz acordou, abriu seus olhos e viu os macacos pendurados nas árvores. Todos usavam os chapéus que ele havia confeccionado para Purim. O rapaz, surpreendido com o que estava acontecendo, olhou para dentro do saco e reparou que estava vazio. Havia trabalhado bastante; ficou bem

chateado, e parou uns momentos para pensar no que deveria fazer, “Acho que pedirei os chapéus; quem sabe, os devolvem?” O rapaz começou a fazer movimentos para os macacos, mexendo seus braços, com gestos de quem pedia os chapéus, mas os macacos, que gostam de imitar os gestos dos outros, começaram a mexer os braços em frente ao rapaz, exatamente como este fazia. “Ufa! Estes macacos não estão entendendo nada do que estou pedindo,” refletiu o rapaz, “acho que começarei a ameaçá-los; quem sabe ficam com medo de mim, e me devolvem os chapéus.” Pegou uma pedra e jogou nos macacos. Fizeram os macacos o mesmo: pegaram nozes das árvores, abriramnas e jogaram as cascas no rapaz. Este chegou à conclusão de que não conseguiria fazer nada, para que os macacos lhe devolvessem seus chapéus, e que já podia considerá-los perdidos. Ficou muito bravo e, no meio de sua raiva, tirou o chapéu que estava em sua cabeça, jogou-o na frente dos macacos, e disse: “Peguem! Podem pegar este aí também!” De repente, os macacos, da mesma maneira que o rapaz agiu, tiraram os chapéus e jogaram-nos na frente do rapaz. Mais do que rápido, juntou todos os chapéus para dentro do saco, colocou o saco nas costas, e continuou seu caminho alegre e contente.

PURIM

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Uma adaptação da história de Purim A história que agora vamos contar está escrita em um livro muito especial, a Meguilat Esther, que se encontra no Tanach. Há muitos e muitos anos, os judeus viviam espalhados em vários lugares do mundo. Esta história aconteceu em uma cidade chamada Shushan, na Pérsia. Nesta cidade, havia um palácio e, neste palácio, morava um melech, o Melech Achashverosh. Havia também uma malka, que se chamava Vashti. No palácio, o melech fazia muitos banquetes, com muita comida e muito vinho. Certo dia, ele oferecia um banquete para seus convidados e Malka Vashti oferecia outro banquete para seus convidados. Então, o melech quis que a malka viesse ao seu banquete e desfilasse, para que todos seus convidados vissem como era bonita. Pediu aos seus sete camareiros que fossem buscá-la, mas ela recusou-se a ir. O melech ficou muito bravo, consultou seus conselheiros e resolveu que Vashti não mais seria malka, e seu reino seria dado a outra, melhor do que ela. Quando o melech estava mais calmo, lembrou-se de Vashti e os conselheiros lhe sugeriram procurar outra esposa. Passou, então, uma lei real, e foram reunidas muitas moças bonitas que moravam por lá. Foram levadas ao palácio, permanecendo por um ano, recebendo tratamento de beleza. No meio dessas moças, veio Esther, que era iehudia, e que era órfã de pai e mãe. Quem cuidou dela, como se cuida de uma filha, foi um primo mais velho que se chamava Mordechai. O melech chamou as moças, uma a uma, para conhecê-las. Esther foi escolhida pelo melech, que a amou mais que todas. Tornou-a malka e ofereceu, então, uma grande seuda, o banquete de Esther. Mas Esther não lhe contou que era judia. Guardou esse segredo, conforme Mordechai havia ordenado. Todo dia, Mordechai passava pelo pátio da casa das mulheres, no palácio, para saber como Esther estava e, certo dia, estava diante do portão real e escutou dois guardas tramando a morte do melech!!! Contou a Esther, que contou ao melech, que, após mandar investigar o caso, conseguiu salvar-se e mandou enforcar os guardas. Este fato ficou registrado no livro das crônicas do melech, onde anotava todos os acontecimentos importantes do reino. Melech Achashverosh tinha ministros, pessoas que lhe davam conselhos. Às vezes, escutava o que seus conselheiros falavam e, às vezes, decidia sozinho o que fazer. Haman era um dos ministros que se foi tornando cada vez mais importante para o melech. Prova disso é que foi elevado em sua cadeira. O melech ordenou que, quando Haman passasse, todos os servos que ficavam diante do portão real deveriam inclinar-se e ajoelhar-se. Mordechai não obedecia e, quando lhe perguntaram porque não o fazia, respondeu: sou judeu. As pessoas que ficavam por perto se incomodaram com o fato de Mordechai não se ajoelhar e contaram para Haman. Haman ficou com muita raiva e resolveu matar todos os iehudim. Precisava da autorização do melech para fazer isto; então, fez um plano para convencer o melech, que concordou e passou nova lei real, autorizando que matassem todos os judeus. Para saber o dia certo em que isto aconteceria, jogou a sorte (pur), que determinou dia 13 de Adar.

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A verdade, no entanto, é que os judeus se salvaram. Vou contar como ... Quando Mordechai ficou sabendo desta lei, valendo-se de um plano, fez com que Esther também soubesse e ordenou que ela falasse com o melech. Ela mandou dizer ao povo que iria jejuar por três dias e que o povo também jejuasse com ela. Esther precisou ser muito corajosa, para procurar o melech sem ter sido chamada, e também para contar-lhe a verdade… que era judia. Esther vestiu suas roupas reais e foi procurar o melech. Ele estendeu o cetro de ouro - que era o sinal para que ela entrasse e disse: “Dar-lhe-ei até metade do Reino” (ad chatzi hamalchut). Neste momento, ela convida o melech e Haman para um banquete. Os dois compareceram ao banquete, mas Esther não falou o que queria. Convidou para um segundo banquete, no dia seguinte. Haman ficou todo orgulhoso, mas continuava com raiva de Mordechai; então, mandou armar o local para enforcá-lo. Vocês se lembram quando Mordechai, por meio de Esther, salvou o melech daqueles soldados? Pois é… Certa noite, o melech estava com insônia, pegou o livro de crônicas e leu que Mordechai o havia salvado. Chamou Haman e perguntou o que deveria se fazer a um homem a quem o melech deseja honrar. Haman pensou que o melech queria homenageá-lo e respondeu que esse homem deveria receber roupas reais, a coroa do melech e o cavalo do melech e que, montado no cavalo, deveria ser puxado pelas ruas de Shushan. Na verdade, quem puxou o cavalo por toda a cidade foi Haman. E quem estava montado no cavalo? Mordechai !!! Mesmo com muita raiva, Haman não podia deixar de ir ao banquete. E, desta vez, finalmente Esther falou para o melech que algo terrível estava para acontecer. Revelou que era prima de Mordechai e contou que ela e seu povo, os judeus, seriam exterminados. O melech perguntou quem havia mandado fazer isto e ela disse que foi Haman. O melech ordenou, então, que Haman fosse enforcado. Isto era suficiente para salvar os judeus? Não, pois a lei ainda vigorava. Esther pediu que o melech salvasse seu povo e ele respondeu que não poderia cancelar esta lei. Entretanto, o melech deu o anel real a Mordechai, que assumiu, então, um cargo importante e pôde criar novo plano para salvar os judeus. Mordechai passou nova lei, selando-a com o anel real, dizendo que cada judeu poderia defender-se quando atacado. Houve luta, porque as pessoas de ambos os lados agiram segundo as leis. Vocês se lembram que Haman passado uma lei para que os judeus fossem mortos?! Pois é; muitos fizeram como a lei de Haman; outros fizeram como a lei de Mordechai. A luta durou dois dias e muitas pessoas morreram. Depois de terminada a luta, os judeus se reuniram, com grande alegria, para comemorar a vitória e enviaram presentes uns aos outros. Mordechai escreveu cartas aos judeus, para que comemorassem todos os anos, como naquele dia, lembrando que se viram livres do inimigo e que a tristeza se havia convertido em alegria. Como os judeus foram salvos, e Esther e Mordechai muito corajosos, comemoramos Chag Purim, com muita alegria!


O Pequeno Vovô Alguns dias antes de Purim, Oded disse à sua mãe: “Mãe, por favor me compre uma máscara com uma barba branca, eu quero me fantasiar de vovô.” A mãe de Oded respondeu: “Está bem.” Saiu e comprou uma massecha com uma barba branca. Na festa de Purim, Oded vestiu o casaco grande de seu pai, colocou na cabeça seu velho chapéu, vestiu a massecha com a barba branca, segurou na mão uma bengala pesada, e saiu. Andou, andou, até que chegou na casa do vovô Avraham e bateu à porta. “Quem é?” perguntou a vovó.

“Sou eu!” respondeu Oded, com voz grossa e rouca, como é típico da voz de um idoso. Vovô ouviu a voz e disse à vovó: “Vovó, há um senhor batendo à porta; abra, por favor!” Vovó abriu a porta: “Bem vindo!” Oded entrou e disse: “Eu sou o vovô, dêem-me um presente!” Só que, desta vez, Oded ficou emocionado e esqueceu-se de modificar a voz. Na hora, vovô e vovó reconheceram-no, festejaram e ofereceram-lhe um ozen Haman.

5. Brachot e psukim Antes da leitura da Meguila, o leitor recita três bênçãos e os ouvintes respondem amém para cada uma: Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al mikra Meguila. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que realizou milagres para nossos antepassados, naqueles dias, correspondentes a esta época.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, sheassa nissim laavotenu baiamim hahem bazman haze. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que realizou milagres para nossos antepassados, naqueles dias, correspondentes a esta época.

Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos deu a vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.

A seguinte bracha é recitada após a leitura da Meguila. Baruch ata Ad-nai Elokenu melech haolam, harav et rivenu, vehadan et dinenu, vehanokem et nikmatenu, vehanifra lanu mitzarenu, vehameshalem guemul lechol oivei nafshenu. Baruch ata Ad-nai, hanifra leamo Israel mikol tzareihem ha’kEl hamoshia. Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que lutaste por nós, julgaste a nossa causa, tomaste a vingança por nós e pagaste o merecimento a todos os inimigos da nossa alma e retribuiste o mal que nos fizeram os nossos inimigos. Bendito sejas Tu, Eterno, que retribuis o mal que fazem ao povo de Israel, ó Deus salvador.

PURIM

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6. “Fique por dentro” Srs. Pais, No dia 25 de março (6ª feira), comemoraremos Purim com nossos alunos. Neste dia, as crianças poderão vir sem uniforme ou fantasiadas. Para as que não possuem fantasias, sugerimos que confeccionem adornos, utilizando materiais caseiros, tais como: papéis, retalhos de tecidos, sucatas, entre outros. Usem sua criatividade e a de seus filhos; não é necessário comprar nada.

Contamos com a sua colaboração, aproveitamos para lhes desejar CHAG PURIM SAMEACH! PURIM Para lembrarmos a história da malka (rainha) e do melech (rei) Achashverosh, organizamos uma grande festa na Sinagoga, onde escutamos a leitura da Meguilat Esther. Ao ouvirmos o nome do malvado 1º Ministro, Haman, devemos fazer muito barulho com o raashan (reco-reco), mas, ao ouvirmos o nome de Mordechai - primo da Malkat Esther, nós nos lembramos de como ele foi importante para que os iehudim pudessem vencer mais uma perseguição. Comer oznei Haman, usar fantasias (tachpossot) e máscaras (massechot) e tocar e escutar o raashan fazendo barulho, além de comer e beber bem, são costumes desta festa. Outro ponto central é a distribuição de cestas de alimentos (mishloach manot) e, neste ano em especial, empenhamo-nos muito para arrecadar uma grande quantidade de brinquedos e livros para doarmos. Para comemorarmos Purim, na aula com as crianças, proporcionamos diferentes atividades para cada turma: fizemos oznei Haman e nos fantasiamos para um divertido baile. Todos puderam brincar com o raashan, enquanto escutavam a história.

Caros pais, Nas noites de segunda-feira e terça-feira (dias 22 e 23/03) , comemoraremos a festa de Purim. Estamos enviando-lhes um texto para que possam refletir sobre alguns conceitos de Chag Purim. Vocês poderão encontrar, aqui, também os costumes e uma gostosa receita de oznei Haman para fazer com seus filhos. Desejamos a todos um Chag Purim Sameach! Purim, na verdade, parece muito com um quebra-cabeças ou, talvez, com um baile de máscaras. Só conseguimos perceber o todo coerente, ao unirmos todos os pedaços, que estão meio misturados, ou ao serem retiradas as máscaras. Purim parece ser a mais descontraída e alegre de nossas festas – mas, em sua essência, encontram-se dois tópicos muito duros e sombrios: a opressão e o possível extermínio de um povo. A Rainha Esther parece ser ape-

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nas mais uma das candidatas ao posto vago de rainha da Pérsia, mas, na verdade, é outra pessoa. Mordechai parece apenas ser mais um dos muitos que circulam pelo palácio, mas seu papel surge como muito mais importante. O rei Achashverosh parece ser apenas um déspota pouco ou nada esclarecido e não razoável, pois não consegue conviver com a independência de Vashti, mas ouve as palavras de Esther e aceita suas sugestões. Assim como um quebra-cabeças, ao juntarmos as peças, vemos que a Meguila é muito mais que uma historinha de uma intriga palaciana de um país desconhecido. Para celebrar Purim intensamente, precisamos mudar nossa aparência e colocar roupas e máscara que não são nossas do dia-a-dia. Purim é uma festa com muitos significados e costumes/mitzvot de: • mishloach manot - presentear cestas com comida e presentes. • matanot laevionim - presentear os pobres e as pessoas de idade, com roupas, comida e outros. • fantasias - usar fantasias, máscaras ou algum adereço engraçado - vale tudo em termos de fantasia. • leitura da Meguila - ler a Meguila, ficando todos prontos para fazer muito barulho a qualquer menção do nome de Haman. • raashan - (reco-reco) usaro para fazer barulho, sempre que se ouve o nome de Haman, ao ser lida a Meguilat Ester. • jantar festivo - beber e alegrar-se (Iemei mishte vesimcha), comemorando com jantar festivo. • Oznei Haman Ingredientes: 1 tablete de margarina ou manteiga sem sal, 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro, 2 gemas, 3 colheres de sopa de água bem gelada, 1 xícara e meia de farinha, geléia de amora, morango, damasco ou uva, manteiga e farinha para untar a forma e farinha para abrir a massa. Modo de fazer: (1) Bater a manteiga e o açúcar até formar uma massa lisa; (2) Juntar as gemas, misturando bem; (3) Juntar a água gelada e, gradualmente, a farinha, misturando até formar uma bola de massa; (4) Colocar a massa coberta com plástico na geladeira por uma noite; (5) Ligar o forno em 350oC; (6) Abrir a massa e cortá-la em círculos usando um copo; (7) Colocar, em cada círculo, uma colher de sopa de geléia, fechando num triângulo;p (8) Passar levemente na farinha, arrumar numa assadeira untada e enfarinhada, deixando espaço entre eles e assar por 15 min.


Canções e poemas • Ani Purim (por Levin Kipnis) • Chag Purim (por Levin Kipnis) • Purim Sameach • Haleitzan (por Sara Levi-Tanai) • Shir Hamassechot • Iesh li raashan • Shir haraashan • Leitzanim ktanim anachnu • Shoshanat Iaakov • Mishenichnas adar • UMordechai iatza • Mischak Purim • Iom tov lanu

Site de canções (sem as letras): www.postcards.org/postcards Site de canções (com as letras, em hebraico): www.hamachonhabeinkibutzi.co.il

Palhacinho alegre de Purim O palhacinho alegre de Purim Faz palhaçadas e roda, roda assim Pula pra frente e pula pra trás Bate palminhas trá lá lá lá lá lá Rash, rash, rash, rash O reco-reco faz Com os seus guizos faz blim, blim, blim, blim, blim Festa alegre é a festa de Purim Festa alegre é a festa de Purim

Palhacinho Bonitinho Palhacinho bonitinho Venha, venha cá Hoje é Purim Vamos já brincar Pegue a sua máscara E o seu reco-reco Rash, rash, rash, rash, rash Vamos já brincar.

Palhacinho Dengoso Um palhacinho dengoso Bate ligeiro com as mãos Um palhacinho dengoso Dá três pulinhos no chão Um palhacinho dengoso Bate seus guizos assim: plim! plim! Vira os olhinhos assim Blim! blim! blim!

Palhacinho Venham, venham todos Ver o palhacinho Que saiu de casa Em seu cavalinho A tocar corneta A fazer piruetas Venha, venham todos Ver sua careta!

PURIM

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Sugestão de sites http//:www.education.gov.il/preschool http//:www.regards.com http//:www.chaguim.org.il http//:www.chabadcenters.com http//:www.bluemountain.com http//:www.holidays.net http//:www.galim.org.il/holidays http//:www.museumofcostume.co.uk http//:www.holidaynotes.com http//:www.613.org/Purim.il.html http//:www.greetme.com http//:www.ort.org.il/year http//:www.Purim.co.il http//:www.theholidayspot.com http//:www.holidays.net/Purim http//:www.torah.org

Bibliografia Barak, B. Bechen uvekalut 4. Israel, Gedera: Talmor. 1993 Cashman, G. F. Jewish Days & holidays. Ilustrated by Alona Frankel. 1979 Devir, O. Hop chagagti. Israel. FISESP (Federação Israelita do Estado de São Paulo). Chag Vemada - Trabalhando com Ciências no GAN. Golan, M. Origami, kipulei niar. Israel, 1994 Gordon, U. Chag Purim. hotzaat Avivim, Hasochnut Haiehudit Leretz Israel, Tel Aviv HaCohen, Harav M. & HaCohen, D. Chaguim umoadim, Israel Handelman, M. S. Jewish Every Day. A.R.E. Publishing, Inc. Denver, Colorado. 2000 Lazar-Mor, T. Shai Lechag Purim. Israel Metzeger, Harav I. Meguilat Esther. Israel, Tel Aviv: 1989 Morag, H. Chetz Vakeshet. Nir - Ianiv, N. Chaguei Israel. Israel. Nir -Ianiv, N. Tmunot Messaprot – Chaguei Israel laguil harach. Israel, Iehoshua Arenstein, hotzaat sfarim Iavne, Tel-Aviv. 1982 Schlesinger, H. C. Tradições e Costumes Judaicos. Editora S. Singol - Buenos Aires – RJ - 1951 Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lePurim. Israel. 1993 Enciclopédia Judaica

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Pessach

Ma Nishtana? O que difere esta noite de todas as outras? Fontes Lemaan tizkor et iom tzeetcha meretz Mitzraim kol iemei chaiecha. (Nela não comerás levedado; sete dias nela comerás pães ázimos, pão de aflição (porquanto apressadamente saíste da terra do Egito)), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egito, todos os dias da tua vida.

Vehigadta levincha baiom hahu leemor. E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que o SENHOR me tem feito, quando eu saí do Egito.

Bechol dor vador, chaiav adam lirot et atzmo keilu hu iatza miMitzraim A cada geração, devemos sentir como se nós mesmos tivéssemos saído do Egito.

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Descrição da festa Pessach, vem de passach – saltar, pular, lembrando a passagem de D’us sobre as casas dos judeus no Egito, poupandoos das pragas que lançou sobre os egípcios. Pessach é uma festa ligada à formação do povo de Israel - de “bnei Israel”, tornamo-nos “am Israel”, tendo à frente o líder Moisés. Um dos valores característicos de Pessach, importante ressaltar, é o valor da liberdade para um grupo de pessoas que vivia sob o jugo do Faraó no Egito, e que continua sendo atual, valor tanto particular como universal. A festa de Pessach – celebrada por 8 dias, quando fora de Israel, e 7, em Israel – possui, como ponto central, a realização do seder, jantar especial que, pela simbologia, conta toda a história da escravidão e da conquista da liberdade. A realização do seder; que significa ordem, é um jantar que segue uma ordem determinada, contando a história da saída do povo judeu do Egito, atende à máxima da hagada, “vehigadeta levincha” – “e contarás ao seu filho”. As crianças têm papel importante e cabe a elas a realização das kushiot, as perguntas que constam da Hagada. Apesar do seder ser geralmente longo, se comparado a outras refeições familiares, vários costumes realizados neste fazem com que as crianças fiquem atentas e não durmam: mostrando e abençoando os alimentos simbólicos da keara de Pessach, bebendo os quatro copos de vinho, separando mais um para Eliahu Hanavi, entoando canções alegres, procurando o afikoman, escondido durante o seder e lendo nas hagadot, geralmente ilustradas e coloridas.

Em Israel Conceitos importantes • seder Pessach: refeição de Pessach • kearat haPessach: prato de Pessach • leil hasseder: noite da comemoração • iain: vinho • Chag HaPessach: festa de Pessach • kos Eliahu Hanavi: taça do Profeta Elias • Chag Haaviv: festa da primavera • arba kossot: quatro taças • Chag Hamatzot: festa de pães ázimos • matza/ot: pão/ães ázimo(s) • Chag Hacherut: festa da liberdade • afikoman: matza escondida • chag sameach: Boas festas! • beitza/im: ovo(s) • Hagada shel Pessach: livro de rezas de Pessach • charosset: purê - maçã e nozes • kushiot: perguntas de Pessach • zroa: osso • kasher lePessach: kasher • karpas: salsão • *bdikat e *biur chametz: Verificação de fermentados • maror: raiz forte • esser hamakot: 10 pragas • chazeret: erva amarga • eved/avadim: escravo(s) • egozim: noz/es • teva: cesto de Moisés • sne boer (baesh veenenu ukal: sarça ardente (que não queima)

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Pessach em Israel, acontece na estação da primavera, já que a festa é comemorada no mês de nissan. Saímos do Egito, em nissan - é esta a estação do ano, que traz a renovação e o renascimento das flores, combinando com o renascimento de um povo, que sai da escravidão para a liberdade. Este é o mês que abre a temporada agrícola em Israel, acentuando a ligação do homem com a terra, do povo judeu com a terra de Israel e do povo judeu com D’us.

Mensagens das escolas A energia do seder Ao comemorar nosso êxodo do Egito, Pessach reflete a libertação da alma das coerções psicológicas e emocionais representadas pelo “Egito”. Aliás, a palavra hebraica para Egito, Mitzraim, pode ser também traduzida por “inibições” ou “restrições”: metzarim. Todos nós combatemos inibições interiores e exteriores, que reprimem nosso crescimento e impedem que utilizemos ao máximo o nosso potencial. Podemos ficar paralisados pelo medo, vergonha, culpa, ressentimento, vícios. Podemos carecer da habilidade de amar, sonhar, chorar e relaxar nossas defesas, ou ficar escravizados por impulsos e sentimentos doentios de inveja, animosidade e amargura. Neste sentido, todos nós nos encontramos num ou noutro tipo de “Egito”, e o seder nos oferece a oportunidade de abandonar nosso Egito pessoal e caminhar em direção à Redenção. Abrimos nossos corações e acolhemos cordialmente em nossas vidas a energia Divina da libertação. Extraído do Chabad News – Nissan 5763 (Gani TT)


A busca da Liberdade Moacyr Scliar O Êxodo do Egito é uma passagem dramática na história bíblica, uma verdadeira inflexão na trajetória do povo judeu, que, neste momento, se mostra digno da denominação de “povo eleito”. E isto acontece não porque ele será o objeto de uma eleição. Não se trata de uma eleição nos moldes de hoje, com campanhas e voto eletrônico; não, trata-se de uma opção silenciosa, mas nem por isso menos eloqüente. Uma eleição em que, parafraseando uma expressão moderna, o povo votará com os pés, em que ele mostrará sua vontade, a sua esmagadora vontade, com uma grande marcha – a marcha rumo a uma terra, e rumo também a uma consciência grupal. Eloqüente instante em que a palavra “liberdade” adquirirá um significado concreto. A liberdade tem um mote – “deixe meu povo sair” - e tem um gesto: é preciso atravessar o mar, e depois o deserto, para ir em busca do sonho. O relato do Êxodo envolve elementos míticos (ou uma interpretação mítica de fenômenos naturais), mas não se esgota nisso. De fato, a saída é relativamente rápida. Longo, porém, será o período em que os hebreus vagarão pelo deserto: quatro décadas, o tempo necessário para que uma geração dê lugar a outra. Também nisto - talvez

muito mais nisto – o texto bíblico se revele educativo. A liberdade não depende apenas do arroubo de um líder ou de um governante. A liberdade resulta de um processo de amadurecimento. É significativo que, para os hebreus, esta fase tenha tido como cenário o deserto, um lugar árido, de poucos acidentes naturais, e onde as pessoas estão constantemente vendo-se umas às outras. Esta convivência sem barreiras é uma condição essencial para o pacto social que consolidará a liberdade. A libertação pode ser instantânea; a incorporação da idéia de liberdade tarda mais tempo. Mas é irreversível. Mais do que uma celebração judaica, o Pessach é universal. Porque a liberdade continua sendo um bem relativamente escasso em nosso planeta. Não se trata apenas dos regimes totalitários que vigem em grande número de países; trata-se também de outros tipos de liberdades. Trata-se de livrar o ser humano da miséria, da doença, da exploração. “Deixe meu povo sair” é um brado que continua ecoando em nosso tempo. O direito à liberdade precisa ser constantemente reafirmado. E Pessach é uma grande ocasião para isto. (Bialik)

Nomes da festa Chag HaPessach Nome principal, usual e freqüente, vem do hebraico e quer dizer ‘pulou, passou’, pois D’us “passou” pelas casas dos judeus no Egito, para que não morressem seus primogênitos, uma das dez pragas do Egito (Shmot, capítulo XII, versículo 23). Chag Haaviv A festa da primavera. Chag Hamatzot A festa das matzot, ou pães ázimos, único alimento dos judeus, ao saírem do Egito. Chag Hacherut A festa da liberdade.

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Símbolos e motivos, usos e costumes Matza/ot Pão ázimo, confeccionado sem levedura, que se come durante a semana na qual se comemora a festa de Pessach, como lembrança à massa que não fermentou quando os judeus saíram, com pressa, do Egito. Hagada shel Pessach O livro que conta a história da saída do Egito, pelos mais velhos às crianças, durante o seder de Pessach, com recitações em coro, canções e trechos para serem declamados por crianças e adultos. Leil hasseder (noite a celebração de Pessach) Ponto culminante da celebração de Pessach, inclui a leitura da Hagada, que se traduz na narração da escravidão e do Êxodo de Egito, contada pelos membros da família e pelos convidados ao redor da mesa festiva. Neste seder, realizado na primeira noite de Pessach em Israel e nas duas primeiras noites de Pessach fora de Israel, a família se reúne para saborear os alimentos tradicionais da festa, adequados ao trecho da história que está sendo contado. * É mitzva recitar no seder as três palavras: Pessach, matza e maror. Kearat haPessach Bandeja, prato especial, com lugares designados para os alimentos simbólicos de Pessach, que a compõem: charosset, maror, zroa, beitza, karpas, chazeret, cada qual com seu significado e ligação a Pessach. Kearat haPessach tornou-se, com o passar dos anos, um objeto onde a arte judaica se pode manifestar, expressando o encontro entre os motivos judaicos típicos da festa com a expressão artística do artesão/ artista, que usou materiais e instrumentos que se achavam à sua volta.

1. zroa, osso, é o símbolo do sacrifício pascal, que ocorria na época do Beit Hamikdash. Utiliza-se um osso de frango, queimado na brasa, ave que nunca foi ofertada como sacrifício. 2. beitza, ovo, representa a oferenda da festa, mas também é símbolo de luto. É colocado cozido, inteiro, com a casca. Antes de ser servido na refeição, é descascado e saboreado, após mergulhado em água salgada. 3. e 6. maror e chazeret, raiz forte e erva amarga. São ingeridas, em lembrança aos tempos amargos sofridos por bnei Israel, enquanto escravos. Coloca-se alface romana e raiz forte. 4. charosset, um purê de maçãs raladas, tâmaras e/ou passas, misturado com nozes, canela e/ou gengibre, com um pouco de vinho, que se assemelha à argamassa na qual trabalhavam nossos antepassados. 5. karpas, salsão (podendo ser substituído por cebola, rabanete ou batata cozida). É mergulhado em água salgada antes de ser saboreado, para simbolizar as lágrimas derramadas na época da escravidão.

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Afikoman O maior pedaço da matza, que fica no meio das três matzot colocadas juntas, e que representam a junção das tribos do povo judeu: Cohen, Levi e Israel. Outra explicação para as três matzot lembra os patriarcas Avraham, Itzchak e Iaakov, aludindo às mitzvot de hospitalidade (hachnassat orchim), como está descrito no episódio de Avraham, com os três visitantes que vieram anunciar a gravidez de sua esposa (Bereshit, 18:6). É costume esconder o afikoman, para as crianças o procurarem, fazendo-as ficarem acordadas durante o longo seder. Ao final, costuma-se também presenteá-las. *É costume/mitzva não comermos mais nada após o afikoman, para ficarmos com o gosto deste na boca. Arba kossot São os quatro copos de vinho, bebidos durante o seder. Muitas são as explicações para os arba kossot, entre elas, as quatro expressões de “redenção”, mencionadas na Tora, com relação à saída do povo judeu de Egito, ou os méritos de bnei Israel no Egito, que mantiveram seus nomes hebraicos, permaneceram leais a D’us, falaram a língua hebraica e levaram uma vida moral. Kos Eliahu Hanavi É costume tradicional de Pessach, num determinado momento do seder, encher um copo de vinho para o profeta Eliahu. Abre-se a porta, para que ele possa entrar, simbolizando, com este costume, a chegada de uma nova era de paz e compreensão entre os povos. Kushiot São as perguntas feitas na canção Ma nishtana?, que consta da Hagada, constituída de perguntas retóricas, cantadas pelas crianças e respondidas, em coro, pelos participantes no seder de Pessach, cumprindo, assim, o costume de contar, para as crianças, a história da saída de Egito.

Egozim Brincar com egozim (nozes) é um costume antigo, que remonta aos tempos de Rabi Akiva. *Bdikat e biur chametz É a verificação do chametz por toda a casa e pertences pessoais, buscando por todo produto fermentado, na noite anterior a Pessach (salvo se for Shabat, quando é antecipada para a noite anterior), pois este tipo de alimento (cujos ingredientes sejam grãos de trigo, centeio, cevada e aveia e, portanto, sujeitos a um processo de fermentação ao entrarem em contato com a água) é proibido durante a festa. É costume espalhar dez pedaços de pão seco, embrulhados, em diferentes lugares da casa para serem achados durante a vistoria, à luz de vela. Na manhã anterior a Pessach, após às 9h30, não mais é permitido comer chametz, e sua posse é proibida após às 10h30. O que for encontrado deve ser embrulhado e isolado para ser queimado na manhã seguinte. Alimentos usados durante o ano e não kasherizados devem ser guardados em armários trancados e, por procuração entregue a um Rabino, devem ser vendidos a um não judeu, caso não tenham sido queimados. Antes da busca recita-se a bracha: Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al biur chametz. Quando a busca estiver terminada recita-se: “Todo fermento ou qualquer produto fermentado em meu poder que não vi ou removi, e de que não tenho consciência, seja considerado sem valor e sem dono, como o pó da terra.” Durante a semana de Pessach, troca-se o pão, que é chametz pela matza, que é kasher lePessach, e apenas comem-se alimentos kasher lePessach. *Maot chitim Antigo costume de contribuir com dinheiro para, posteriormente, ser distribuído entre os pobres, para que pudessem comprar matzot e outros alimentos necessários para Pessach.

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O significado da festa para crianças na idade infantil Chag haPessach, como a maior parte das festividades judaicas, é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança, possuindo ainda um histórico bastante extenso. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Pessach, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Chag HaPessach. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, na música, na culinária e na experimentação, poderão conhecer parte dos símbolos da festa: matza, Hagada, kearat haPessach, iain, egozim e afikoman. Alguns costumes característicos de Pessach que enfatizem o “aqui e agora” poderão ser vivenciados. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas: bdikat chametz, biur chametz, leil hasseder, kushiot, afikoman, arba kossot, todas vivenciadas. A realização de sdarim na própria escola é importante, pois poder participar desta cerimônia, com seus colegas, fará com que as crianças se sintam à vontade, quando estiverem com suas famílias, reconhecendo e identificando os símbolos e os rituais. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando (acrescenta-se kos Eliahu Hanavi, maror e charosset), assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Pessach e seu

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significado, contada em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas (segue sugestão da história de Pessach adaptada). A criança pode aprender os nomes adicionais de Pessach e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos (mitzvot de bdikat chametz, biur chametz, leil hasseder, kushiot, afikoman, arba kossot), não somente vivenciadas mas também comentadas e exemplificadas, além da importância de Moshe, como líder de nosso povo. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: a história da festa e seu significado(segue sugestão da história de Pessach adaptada), os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais do chag, os nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot básicas e seus conceitos, (mitzvot de bdikat chametz, biur chametz, leil hasseder, kushiot, afikoman, arba kossot), não somente vivenciadas, mas também comentadas, exemplificadas e comparadas.


Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Pessach Bdikat e biur chametz , na escola Conteúdos: bdikat e biur chametz. Objetivos potenciais: vivenciar bdikat e biur chametz, na escola. Descrição: a professora, juntamente com as crianças, cortam, embrulham e espalham migalhas de pão pela sala. Depois, com a ajuda de uma vela, colher de pau e pena, procuram e realizam a cerimônia de bdikat e biur chametz. Materiais e recursos: 10 pedaços de pão, velas, colher de pau, fósforos e penas. Pessach na escola. Preparando e realizando o seder Conteúdos: o seder, com seus símbolos e rituais Objetivos potenciais: entrar em contato com o chag, pelos símbolos e ritual. Perceber a importância de incluir todos os elementos necessários para esta refeição especial, o seder. Descrição: mesclar as séries participantes do seder e dividir as funções entre elas. Uma turma limpa o espaço a ser utilizado (antes, realizar uma lista do que deve ser limpo), com vassouras e panos; outra arruma a mesa, colocando toalha, kossot e pratos e distribuindo neles os alimentos. Após a arrumação, chega a hora de se trocarem para a festa, usando roupas de festa trazidas de casa. Durante o seder, cada série pode tem um papel especial: os de 6 anos podem dramatizam a história; os de 5 cantam Eliahu Hanavi, acompanhados por instrumentos musicais; os de 4 dramatizam avadim hainu, seguindo a seqüência da Hagada. Materiais e recursos: roupas de festa, mesas, vassouras, panos de limpeza, toalha, copos, pratos, guardanapos, elementos de um seder (keara, kos Eliahu Hanavi, iain, alimentos, afikoman, entre outros). Obs: Deve-se realizar o seder dos alunos de 2 e 3 anos, em separado, por não conhecerem a história e por terem um tempo menor de concentração. Uma possibilidade é apresentar os elementos com a ajuda de fantoches. Continue a tradição Recriando a história de Pessach e fazendo parte dela Conteúdos: a história da hagada e as brachot. Objetivos potenciais: construir um dos grandes símbolos de Pessach: a história da Hagada. Desenvolver a atenção e a habilidade de re-contar uma história conhecida. Descrição: contar a história em capítulos e criar um reconto coletivo da classe. Depois, fotografar as crianças em cenas da história e recitando as brachot. A professora poderá fotografar e fotocopiar, e posteriormente montar um livro e assim cada classe/ aluno poderá ter o seu próprio livro. Pode-se preparar as mesas com toalhas rendadas, para que se complete o cenário. Materiais e recursos: fotografias das crianças, toalhas rendadas de papel, tintas e lápis.

Exposição de Hagadot Conteúdos: Hagadot de Pessach Objetivos potenciais: observar diferenças e semelhanças entre diferentes Hagadot e estreitar os laços casa-escola, já que as Hagadot são emprestadas pelas famílias Descrição: sensibilizar o grupo a respeito das Hagadot e enviar bilhetes, solicitando das famílias o envio de Hagadot. Arrumar uma mesa, com uma bonita toalha, feita pelas crianças, e colocar sobre ela as Hagadot trazidas de casa. Antes, cada aluno conta a origem de sua Hagada – a quem pertence, de onde veio, e tudo o mais que souber. Materiais e recursos: bilhetes, mesa, toalha, Hagadot trazidas de casa. Obs.: devolver as Hagadot, antes do início de Pessach. Todas as faixas etárias podem participar. A arte sempre presente Conteúdos: releitura de uma reprodução ligada ao conteúdo de Pessach. Objetivos potenciais: desenvolver o olhar do aluno e sensibilizá-lo para as várias expressões artísticas, em torno dos conteúdos de Pessach. Descrição: observação de uma obra, que inicialmente estará coberta e somente com algumas janelas abertas. As demais serão abertas gradativamente, uma a uma, com o intuito de aguçar a curiosidade da criança, por perguntas tais como: o que estamos vendo? O que será que há debaixo do pano? Depois, cada criança será convidada a fazer a sua criação. Materiais e recursos: reprodução, pano, papéis e tintas, lápis, entre outros. Obs: esta atividade pode ser oferecida para crianças de 5 anos. Colocando a mão na massa, ops! Na matza. Conteúdos: a matza. Objetivos potenciais: conhecer os ingredientes da matza. Descrição: organizar a “fábrica de matza” ao ar livre, em local reservado e aconchegante. Fazer a sensibilização, entoando canções de Pessach, aquecendo as mãos (com brincadeiras) para, em seguida, cada um fazer a sua matza. Ao terminar, cada série decide qual a melhor forma de fazer o registro: escrevendo a receita, desenhando, fotografando, ou de outra forma. Também é possível realizar experiências, usando fermento para ver o que ocorre. Materiais e recursos: churrasqueira com grelha, carvão, paus de vassoura cortados em 4, carretilhas de pastel, farinha e água, mesas, bancos. Aventais podem ser confeccionados ou trazidos de casa. Obs: a atividade serve para todas as idades.

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Levando charosset para casa Conteúdos: charosset Objetivos potenciais: conhecer os ingredientes do charosset. Descrição: preparar charosset, enfeitar um vasilhame, colar uma etiqueta (charosset escrito em hebraico) e levar para casa com a receita. Materiais e recursos: ingredientes (vide seção receitas), vasilhame, etiqueta. Chag haPessach betachanot Conteúdos: conteúdos típicos de Pessach, histórico e costumes, cada faixa etária trabalhando num enfoque distinto. Objetivos potenciais: cumprir os costumes e tradições do chag, por meio de atividades em tachanot. Descrição: professoras trabalham juntas no desenvolvimento dos conteúdos do chag, enfocando histórico e costumes: Moshe bateva, sne boer, Moshe uParo, saída do Egito, a mesa do seder. Prepara-se, com as crianças, ambiente central, usando objetos, cores e materiais que remetam aos temas cuidados. Com o uso de tintas, as crianças marcam suas pegadas simulando a passagem de bnei Israel no deserto. Usando de movimento e pantomima, as professoras dramatizam os conteúdos relevantes. Após a atividade conjunta nas tachanot, a história é recontada nas classes. Materiais e recursos: mesas, tachanot, materiais - ligados aos conteúdos, tradições e costumes, papel craft, areia e pedrinhas. A Hagada de Pessach de cada classe Conteúdos: Hagada de Pessach Objetivos potenciais: vivenciar a história, os motivos, os símbolos e os costumes, fotografando as crianças em suas dramatizações, para a confecção da Hagada. Descrição: confeccionar a Hagada de Pessach, cada classe com conteúdos e técnicas relevantes, fotografando as crianças em atividades e montando, no final do processo, as Hagadot referentes à cada classe. Na época anterior ao chag, as crianças ‘vivem’ as histórias, costumes e tradições de Pessach; a professora fotografa-as: lavando as mãos e aprendendo as brachot, preparando toalhas para as mesas das bonecas, confeccionando sacos para o afikoman, preparando vinho, entre outros. Estas fotos farão parte das Hagadot, exclusivas de cada classe. Materiais e recursos: papéis, materiais gráficos e artísticos relevantes, máquina fotográfica. Obs.: No dia da comemoração do seder de Pessach na escola, as crianças deverão vir vestidas de maneira festiva, realizando o seder conjunto, com todas crianças e professoras. Um passeio kasher lePessach Conteúdos: visita à fábrica de matzot Objetivos potenciais: vivenciar o processo da produção de matza.

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Descrição: as crianças farão um passeio e conhecerão todo o processo de fabricação de matzot. Materiais e recursos: máquina fotográfica e apetrechos necessários para passeio. Um seder de Pessach interativo Conteúdos: seder de Pessach Objetivos potenciais: vivenciar o seder de Pessach, com a participação ativa de crianças e adultos. Descrição: crianças e professoras participarão num grande seder de Pessach, realizado na escola, dramatizando partes da Hagada, brachot e costumes tradicionais. Materiais e recursos: objetos referentes às partes da Hagada, escolhidas para serem dramatizadas, além dos componentes da mesa preparada para o seder de Pessach na escola Obs.: crianças menores podem participar em pequena parte do seder ou em uma breve comemoração, planejada adequadamente. Confecção do mural da escola Conteúdos: trechos da história de Pessach – avadim, Moshe bateva, sne boer, esser hamakot. Objetivos potenciais: incentivar a criança a ilustrar cartazes relacionados ao tema. Descrição: a atividade é iniciada em roda de conversa, continuando em grupos de trabalho. Explicar que os grupos farão parte da história que, depois, comporão um grande mural coletivo, com histórias de Pessach. Materiais e recursos: diferentes papéis e materiais criativos. Brincadeiras com nozes (egozim) • corre-cutia • espalhar egozim pelo chão para que andem em volta, sem pisar • embrulhar as egozim com papel de bombom colorido e classificá-las • “noz ao cesto” • adivinhe quantas egozim tenho mão? • criar com as cascas: cesta do Moshe, casco da tartaruga, joaninha, entre outros. • caixa com duas cores – coloque a noz na sua “casinha”, de acordo com a cor correspondente. • “quem consegue carregar mais egozim sem deixar cair?” Contagem – quem conseguiu mais e menos – registro no papel • com dados: o número que cair, coloca na caixa a quantidade correspondente de egozim • com 2 dados: 1 com cores (azul, vermelho, amarelo e verde) e outro com números – jogam-se os dados e colocam-se cor e quantidade correspondentes de egozim (embrulhadas com papel de bombom) – registro no papel Obs.: adequar à faixa etária.


Atividades com a família e amigos Pergunte aos seus pais Conteúdos: entrevista com pais sobre costumes e tradições de Pessach. Objetivos potenciais: perceber diferenças e semelhanças nas formas de comemoração das famílias. Descrição: realizar, como “lição de casa”, entrevistas com os pais. Sugerir que pais desenhem e/ ou escrevam suas respostas. Sugestão de perguntas: Costumavam brincar com egozim quando eram pequenos? Procuravam o afikoman? Encontravam? Como era? Que lembranças têm da festa?Comparar com as brincadeiras atuais das crianças. Seder de Pessach na escola, um seder muito em família Conteúdos: seder, com seus símbolos e rituais. Objetivos potenciais: convidar pais ao seder, ao contrário do que ocorre em casa, quando as crianças são as convidadas. Agora, serão elas as responsáveis e anfitriãs. Descrição: confeccionar convites para que os pais venham ao seder; preparar o mesmo, exatamente como foi descrito na atividade “Pessach na escola – Preparando e realizando o seder” Materiais e recursos: mesas, vassouras, panos de limpeza, toalha, kossot, pratos, guardanapos, elementos do seder (keara, kos (Eliahu), iain, alimentos, afikoman, entre outros), materiais para a confecção do convite. Proposta para seder de Pessach (vide seção de brachot) • a cerimônia começa com o kidush (ou bracha do iain) que expressa graças pela festa. • a seguir serve-se o karpas (cebola ou batata). • pai segura então as 3 matzot, que tem à sua frente, quebra a do meio em dois pedaços e reserva o maior para distribuí-lo no fim da noite, o afikoman

• inicia-se a leitura da Hagada de Pessach com o “Ma nishtana?” • em seguida, recita-se a bracha sobre a matza. • coloca-se um pouco de raiz forte num pedaço de matza e pronuncia-se a bracha. Quando terminamos de ler a Hagada, é costume dizer uns aos outros “leshana habaa biIerushalaim.” Igual e diferente: o seder de Pessach na escola e com a família Conteúdos: continuando naturalmente o tema da família, construído anteriormente com as crianças, enfoca-se o ângulo do seder de Pessach, refeição realizada com a família. Objetivos potenciais: vivenciar o seder de Pessach, seus costumes e tradições, na escola, comparando o que é comum, ou diferente, na escola e com a família, de acordo com o desenvolvimento das crianças. Descrição: preparar um seder de Pessach na escola, com Hagada e todos os símbolos e costumes relevantes. Vivenciar as várias etapas do seder e compará-las ao que as crianças vivem em família. Materiais e recursos: mesas, toalha, kossot, pratos, guardanapos, elementos do seder (keara, kos (Eliahu), iain, alimentos, afikoman, entre outros). Confecção de livro de receitas Conteúdos: receitas de Pessach Objetivos potenciais: fortalecimento do elo casa-escola, pela valorização de diferentes costumes Descrição: coleta de receitas de mães e avós dos alunos. Materiais e recursos: elaboração de página padronizada, a ser enviada para casa, solicitando que escrevam e/ou desenhem sua receita de Pessach. No final, cada professora elege a forma de encadernação.

Organização do espaço e dos materiais Descrever o que é relevante e significativo nesta festividade, com sugestões em relação à organização de: Cantos Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ ou móvel - para brincar, manipular, interagir, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros, caixas de atividades com objetos para manipular, entre outros. Ex: montar uma mesa de Pessach, atrás da qual haverá um mural (com fotos dos familiares como se fossem convidados da festa). Colocar, nesta mesa, todos os elementos de um seder, além de egozim para brincar, como p. ex., Hagadot para as crianças manusearem. Ao lado, podem-se oferecer jogos alusivos ao chag. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo do chag, com mensagem ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português como ledor vador; de geração em geração e Chag HaPessach, Chag Haaviv e/ou imagens com “judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados ao passuk citado: fotos de flores de Israel, para que as crianças “sintam” um pouco a primavera de lá; produções de crianças, em duplas ou trios, de partes do histórico, construindo assim uma grande Hagada coletiva.; fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando a festa, entre outras.

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Registro de projetos • Família, já que esta festa anuncia a reunião familiar em torno da mesa do seder. • Egito, (sugestão: visita ao Museu de Arqueologia e Etnografia da USP). • É uma boa oportunidade para o trabalho com coleções: de pedras, de pirâmides, de flores secas, entre outros. • Pesquisa sobre ovelhas – visita à Biblioteca da escola, trazer material de casa – classificar o animal: descrição, o que come, características, entre outros. • Moshe bebê – confeccionar com as crianças de 2 a 4 anos um Moshe de pano e com ele trabalhar o recorte da história e os cuidados com o bebê. • Moshe líder de um povo – Moshe pastor foi uma das facetas do líder. Pesquisar com as crianças que líderes eles conhecem e comparar campo e cidade. Textos para consulta das professoras acerca do projeto.

A criança, com a palavra! Professora: Moshe foi escondido por sua mãe para que os soldados do Paro (Faraó) não o levassem e... Aluno: ... e o armário estourou!!! Professora: que armário? Aluno: o armário em que o Moshe estava escondido! Ele cresceu, cresceu e quebrou o armário! Moshe era uma pessoa legal!!! Ele levou os iehudim para outro lugar... Para Israel !!! Quando a professora perguntou como se chamava o irmão de Moshe Rabenu, ninguém se lembrava. Então, a professora resolveu dar uma dica: AHA... E Naty logo disse que se lembrava: - Eu sei, mora, AHA...SHVEROSH!!!

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Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • matza • maror • criança comendo matza • Hagada • kearat HaPessach • iain • afikoman • kos Eliahu Hanavi • egozim • mesa do seder de Pessach • pote de charosset • arba kossot iain

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Matza Ingredientes da massa 4 copos de farinha 1 copo de água gelada

Modo de Fazer 1. Misturar os ingredientes, 2. Bater a massa com a mão, abrir com rolo de madeira e passar carretilha para fazer os furos. 3. Assar imediatamente. 4. Procurar fazer tudo em menos de 18 min..

Charosset Ingredientes Maçã Nozes Vinho Açúcar Canela (opcional)

Modo de Fazer 1. Ralar a maçã; 2. Picar as nozes; 3. Misturar com vinho e açúcar e a canela, se quiser.

Brigadeiro de Pessach Ingredientes ½ copo de açúcar 200 gramas de margarina sem sal ½ copo de vinho doce 1 e ½ copo de farinha de matza 3 colheres (sopa) de cacau natural

Modo de Fazer 1. Misturar todos os ingredientes até formar uma massa que possibilite formar bolinhas de brigadeiro. 2. Enrolar e passar no cacau. Obs: Se quiser, pode passar metade em coco ralado, arrumando em uma bandeja, em seqüência, ou imitando um tabuleiro de xadrez.

Torta de maçã ralada Ingredientes para o fundo

Modo de Fazer

125g de manteiga 125g de açúcar 4 colheres (sopa) de farinha de matza 1 ovo sal

1. Fazer a massa da torta misturando a manteiga, o açúcar, a farinha de matza peneirada, o ovo e uma pitada de sal. 2. Forrar o fundo de uma fôrma de abrir, reservando um pouco de massa para as beiradas. 3. Assar no forno até ficar dourada. 4. Para o recheio, bater as gemas com o açúcar, juntar as maçãs raladas, o suco e a casca de limão, a farinha de matza peneirada e amêndoas raladas. Ingredientes para o recheio 5. Acrescentar as claras em neve. 6. Colocar o restante da massa reservada para as beiradas da fôrma, encher o recheio e assar em forno brando. 5 maçãs 5 colheres (sopa) de farinha de matza 3 ovos 200g de açúcar 1 limão

Receita do vinho Ingredientes 1kg de açúcar 3kg de uva preta

Modo de Fazer 1. Amassar bem as uvas com casca (usar luvas cirúrgicas), e acrescentar o açúcar. 2. Despejar a mistura em um garrafão. 3. Tampar bem e deixar fermentar por aproximadamente 30 dias. Durante este período recomenda-se movimentar o garrafão. 4. Coar após 30 dias e estará pronto para consumo.

BOM APETITE! BETEAVÓN!

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3. Sugestão de material didático Ser livre Sabemos muito bem do trabalho que temos para organizar a semana de Pessach. As mudanças são tão grandes que, quando termina o chag, sentimo-nos como se estivéssemos voltando de uma viagem. E surge então a pergunta: Ma nishtana? O que mudou? O que mudou em nossas vidas depois de cumprirmos todos os rituais da noite do seder? Que liberdade é esta que procuramos atingir? Nossos sábios nos ensinam que cada um tem sua escravidão e liberdade pessoal. Escravidão, quando estamos sujeitos à vontade dos outros e, liberdade, quando podemos realizar nossas próprias vontades. Escravidão, quando estamos entregues a um conjunto de valores, relacionamentos e a um meio de vida estranhos ao nosso ser. Liberdade, quando conservamos nosso próprio caráter, nossos princípios religiosos, nosso modo de vida

característico. Podemos estar livres ainda no exílio; porém, quando perdemos nossas próprias características, perdemos nossa independência. Às vezes, o mundo moderno procura determinar nossos valores, caráter e relações, encobrindo os verdadeiros valores da religião, da tradição e da Tora. Para conseguirmos nossa liberdade, precisamos recuperar nossa própria essência, caráter e maneira de pensar. Pelas leis e costumes da noite do seder, o que realmente enfatizamos é que “ontem, fomos escravos e hoje, somos livres”. Enquanto recitamos a Hagada, relembramos e compreendemos o que nela está escrito, cumprindo o que ela nos diz: “e contarás ao teu filho...”. É uma grande oportunidade para tentarmos atingir nossa verdadeira liberdade. Adaptado do texto do Rabino Adin Even Yisrael-Stenzalts

4. Histórias de Pessach A história da saída do Egito Adaptada do livro Chag vechaguiga lapeutot, de Lea Cohen. O povo de Israel (bnei Israel) trabalhava muito, muito pesado mesmo, para o Faraó, um tipo de rei do Egito. Moshe queria tirá-los de lá e trazê-los para Eretz Cnaan, mas o Faraó não concordava. Então, os egípcios receberam dez pragas e, no final, desistindo, o Faraó deixou-os

sair do Egito. O povo de Israel fugiu correndo e, não podendo esperar que o pão fermentasse, fizeram as matzot. Para nos lembrarmos da saída do Egito, festejamos Chag HaPessach, comendo matzot por 8 dias – recordando as matzot que o povo de Israel comeu ao sair do Egito.

Adaptação da história para crianças aos 4 anos baseada em textos de Ofra Reizman Capítulo I Assim como a história de Purim, esta história está no Tanach, e também mereceu um livro à parte e especial, a Hagada de Pessach. Aconteceu há muito tempo, mas há muito tempo atrás mesmo, em um país chamado Egito, que fica pertinho de Israel. Quem mandava naquele país era o Paro, um tipo de rei naquela época. Era ele quem decidia o que deveria ser feito. Muitos hebreus moravam no Egito e o Paro começou a ficar preocupado que, se começasse a haver muitos hebreus, acabariam tomando conta do país. Começou a ordenar que fizessem trabalhos muito pesados, cada vez mais difíceis, até que se tornaram escravos. Deviam trabalhar sem descanso, mesmo quando estavam cansados. Quando paravam, muitas vezes, vinham os guardas do Paro e batiam neles. Construíam tijolos e, com estes tijolos, pirâmides. Carregavam pedras enormes!!! Mas o Paro não ficou satisfeito só com isto. Continuou preocupado, achando que os hebreus tomariam conta de Egito. Olhem só o que fez: baixou uma ordem, que dizia que sempre que nascesse um nenê menino hebreu, este deveria ser jogado no rio, mas era uma coisa tão horrível que ninguém queria fazer. Vou contar a história de um menino que se salvou, cresceu e fez muitas coisas importantes. Chamava-se Moshe. Quando nasceu, é claro que sua mãe não quis jogá-

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lo ao rio. Escondeu-o por três meses, até que não pôde mais. Preparou uma teva, um cesto especial, e o colocou dentro. Sua irmã, Miriam, levou a teva e colocou-a às margens do rio Nilo. Depois, escondeu-se por detrás das plantas, para ver o que aconteceria. De repente ... apareceu a filha do Paro para tomar banho. Viu o menino chorando, tomou a cesta para si e resolveu salvá-lo. Capítulo II Os hebreus continuavam sendo escravos. Moshe cresceu e, certo dia, viu um guarda açoitando um escravo; foi defendê-lo e, na briga, acabou matando este guarda. Ficou tão assustado e amedrontado, que fugiu. Na fuga, conheceu Tzipora, desposou-a e tornou-se pastor de ovelhas. Num belo dia, escutou a voz de D’us, Que lhe pediu: Volte, procure seu irmão Aharon e salve os hebreus, que são seu povo! Após encontrar Aharon, Moshe e ele foram juntos ter com o Paro: “Deixe meu povo ir!” Sabem o que Paro respondeu? Não!!! Moshe, então, voltou a falar com D’us e D’us lhe disse para não desistir. Novamente, junto com Aharon, Moshe foi falar com Paro. Outra vez, respondeu que não. Daí, D’us começou a lançar pragas, esser hamakot, sobre os egípcios. Cada vez que Paro dizia não, caía uma nova praga sobre seu povo. E foram elas:


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dam (sangue) - em todo lugar onde havia águas, estas se transformavam em sangue. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem do Egito.

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tzfardea (rãs) - apareceram rãs por todas as partes. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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kinim (piolhos) - imaginem a coceira na cabeça! E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

4

arov (animais ferozes) - por todos os lugares. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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dever (peste) - nos animais e nas pessoas. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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shchin (sarna) - coceira pelo corpo todo. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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barad (chuva de pedras). E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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arbe (gafanhotos) – comendo toda a plantação. E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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choshech (escuridão total). E Paro continuou não deixando os hebreus saírem.

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Até que veio a pior de todas as pragas: makat bechorot (a morte dos primogênitos!) Só aí, quando Paro viu que seu filho havia morrido, falou: Podem ir!!!

Capítulo III - Epílogo Os hebreus temeram que o Paro pudesse arrependerse e foram embora rapidamente. Levaram o rebanho e poucas coisas mais. Na última hora, o Paro, arrependeuse e mandou os guardas atrás dos hebreus. Ao se virem diante do Iam Suf, o Mar Vermelho, sentiram que deve-

riam atravessá-lo prontamente. Moshe ergueu seu cajado e o mar se abriu. Todos os hebreus conseguiram passar. Quando os egípcios chegaram, o mar se fechou. Assim, os hebreus conseguiram tornar-se livres. Por causa do legado e da alegria da liberdade, celebramos Pessach.

Adaptação da história para crianças de 5 e 6 anos baseada em textos de Ofra Reizman Capítulo I: Início da escravidão Shmot (Êxodo, cap. 1 – vers. 1 a 22) Vocês se lembram que Iossef, sua família e mais algumas pessoas saíram de Canaã e foram morar no Egito?! Ficaram morando lá, na cidade de Goshen. Muito tempo se passou desde aquela época, e Iossef e sua família morreram. Bnei Israel aumentaram e se multiplicaram, tornaram-se fortes e tão numerosos no Egito, que era até difícil contá-los. O Paro, que gostava de Iossef, morreu e um novo Paro tornou-se o rei do Egito. Ele não conhecia Iossef, nem seus descendentes, e nem sabia das coisas boas que ele havia feito. Este Paro, quando começou a ver que havia muitos de bnei Israel, que estavam tornando-se numerosos, ficou com medo que pudessem tornar-se seus inimigos, colocando-se contra ele. Pensando nisto, resolveu tomar algumas atitudes: • Implantou muitos impostos; os hebreus deviam pagar muito e ainda tinham que construir cidades. Mesmo

assim, os hebreus continuaram a multiplicar-se. • Depois, ordenou que trabalhassem muito pesado, sem tempo para descansar, no campo e na cidade. Tinham que trabalhar com barro e carregar tijolos, com guardas tomando conta. Se resolvessem parar um pouco para descansar, apanhavam destes guardas. Mesmo assim, os hebreus continuaram a multiplicar-se. • O Paro, então, toma uma outra atitude: manda que as parteiras das mulheres hebréias matem todos os bebês meninos dos judeus. Só que elas não obedecem, porque ficam com medo de D’us. • Por fim, manda que joguem todos os bebês meninos dos hebreus às águas rio Nilo, permitindo que vivam as meninas. Esta atitude é horrível e é claro que as mães tinham medo. Deve haver muitas histórias de mães que salvaram seus bebês, mas contarei a história de um bebê que se salvou e que, quando cresceu, tornou-se muito importante para os hebreus: Moshe.

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Nesta atividade pode-se: • utilizar o Tanach; • utilizar fotos do Egito, mostrando escravos trabalhando. • levantar questões como: o que acham deste tipo de trabalho? • Cantar a música avadim hainu. Capítulo II: O nascimento de Moshe (Shmot, cap. 2 – vers. 1 a 10) Hoje, contarei como Moshe, o nenê, foi salvo... Vocês se lembram daquela lei que o Paro fez ... para jogar os meninos hebreus que nascessem no rio? Pois é, em Goshen, morava uma família: Amram, o pai, Iocheved, a mãe, Aharon e Miriam, os filhos. Nasceu, então, mais um filho, um menino, e a mãe viu que era ‘bom’. Não queria jogá-lo ao rio e o escondeu por 3 meses. No entanto, três meses depois, não mais era possível esconder o nenê. Fizeram, então, uma teva, um cesto especial, feito com junco, betume e pez, e a colocaram, com Moshe dentro, às margens do rio Nilo. A irmã do nenê, Miriam, ficou para ver, de longe, o que aconteceria com ele. Nesta hora, a filha do Paro foi com suas criadas banhar-se no rio Nilo. Viu a cesta e mandou que uma de suas criadas a pegasse. Quando a abriu, viu que havia um nenê que estava chorando e ficou com pena. Logo percebeu que era um menino dos hebreus. Miriam, que tudo viu, foi perguntar-lhe se queria que fosse chamar uma ama, entre as hebréias, para cuidar dele. Quem é que ela foi chamar?! A Iocheved, que era a mãe de verdade!!! Quando Iocheved apareceu, a filha do Paro falou: leve o menino, pagarei um salário para que cuide dele e lhe dê de mamar. Assim foi feito, Iocheved cuidou do nenê. Quando já era grande, levou-o para a filha do Paro, que o adotou e o chamou de Moshe, que quer dizer, das águas foi tirado (min hamaim meshitihu). Nesta atividade pode-se: • comentar que, no Tanach, está escrito que o nenê era bom (tov hu). Refletir sobre o que será que isto quer dizer? • discutir porque não era possível esconder o nenê, após os 3 meses de idade. • mostrar foto do Rio Nilo, explicando que é o maior rio do Egito. • cantar a música dumam shata. Capítulo III: Moshe mata e foge para Midian (Shmot, cap. 2 – vers. 11 a 22) Vocês se lembram que Moshe foi levado para o palácio e que a filha do Paro o adotou? No Tanach, não se explica como ele passou o tempo na casa da mãe verdadeira mas, a partir daí, ele passou a viver no palácio. Um dia, quando Moshe já era grande, saiu do palácio e, passeando por Goshen, viu um homem egípcio, parecendo um guarda, batendo um homem hebreu, que deveria ser um escravo. Olhou para um lado, olhou para o outro, e viu que não havia ninguém. O que fez? Matou o homem egípcio e escondeu-o na areia. No dia seguinte, quando novamente saiu do palácio,

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viu dois hebreus brigando. Perguntou ao homem que batia: Por que você está batendo nele? O homem respondeu: Quem é você para me dizer uma coisa destas? Você vai me matar do mesmo jeito que matou o homem egípcio? Neste momento, Moshe ficou com medo, porque viu que sabiam do caso, sabiam que havia matado um homem!!! O Paro também ficou sabendo do caso e quis matar Moshe, que fugiu de Goshen e foi para outra cidade, Midian. Ao chegar lá, logo procurou o poço da cidade. O chefe desta cidade tinha 7 filhas e elas vieram tirar água do poço para darem ao rebanho. Voltaram rápido para casa e o pai delas, Itro, espantou-se e perguntou: Por que voltaram tão cedo? Elas explicaram que tinha um homem egípcio que as tinha salvado de outros pastores e que tinha tirado água do poço para elas. Moshe era egípcio? Por que pensaram que era? O pai falou: Onde está este homem? Chamem-o aqui para darmos pão para ele comer! Moshe foi para casa e, passado um tempo, acabou casando-se com Tzipora, uma das filhas de Itro. Tiveram um filho, a quem chamaram Guershon. Nesta atividade pode-se: • mostrar imagem do soldado batendo no hebreu. • mostrar imagem do poço, explicando a função que tinha nesta época. • mostrar fotos de ovelhas. • conversar sobre o comportamento de Moshe ao matar o soldado e ao ajudar as moças que nem conhecia. • conversar sobre o comportamento de Itro ao convidar Moshe. Capítulo IV: a sarça ardente (sne boer) (Shmot, cap. 3 – vers. 1 a 22 e cap. 4 – vers. 1 a 17) Moshe viveu em Midian e tornou-se pastor de ovelhas. Um dia, saiu com o rebanho de Itro e, de repente, viu uma coisa incrível! Moshe pensou: O que é isto? Aproximou-se do lugar e viu um arbusto queimando, com fogo, mas o fogo não queimava! Não se transformava em cinzas, mas queimava o tempo todo! Como podia ser?! Era o anjo de D’us! Moshe ficou curioso para ver o que era e aproximou-se devagar, devagar. D’us viu que ele estava se aproximando e o chamou: Moshe, Moshe. Moshe respondeu: Estou aqui. E a voz disse: Tire suas sandálias, porque a terra é santa. E a voz continuou: Eu sou seu D’us, o D’us de seu pai, de Avraham, Itzchak e Iaakov. Moshe escondeu o rosto, porque ficou com medo de olhar direto na face de D’us. A voz continuou: Eu ouvi meu povo implorando, porque não agüenta mais sofrer no Egito. Vai, Moshe, tire meu povo do Egito!!! Moshe ficou surpreso e disse: Quem sou eu, para falar com o Paro e tirar bnei Israel de Egito? D’us respondeu: eu estarei com você e este será o sinal que fui eu que te mandei. Mas Moshe falou: Quando eu falar para o povo que vou tirá-lo do Egito e eles me perguntarem qual é o seu nome, o que responderei? D’us disse: Diga que fui Eu Quem lhe mandei. Diga que o D’us de Avraham, Itzchak e Iaakov foi Que o


mandou. Diga que os levarei para uma terra boa, que jorra leite e mel. Mas Moshe falou: Eles não vão acreditar em mim! D’us então falou: O que é isto em suas mãos? Moshe respondeu: É um cajado. D’us falou: Jogue-o no chão. Quando Moshe fez isto, o cajado transformou-se em uma cobra e fugiu. D’us falou: Pegue-a pela cauda e quando Moshe fez isto, a cobra transformou-se de novo em cajado. D’us fez isto para que Moshe acreditasse que estava com ele. Mesmo assim, Moshe falou que tinha dificuldades ao falar, que não conseguiria falar direito. D’us fala, então, para ele leva seu irmão Aharon, junto com ele e que Aharon falaria por ele. Nesta atividade pode-se: • assistir a vídeo de pastores • mostrar fotos de ovelhas Capítulo V: Moshe volta ao Egito: o encontro com Aharon e com o povo (Shmot, cap. 4 – vers. 18 a 23, 27 a 31) Moshe, depois do encontro na sarça ardente, volta para casa, em Midian, e conta a Itro que vai salvar seu povo. Itro fala: Vai em paz. Outra vez, D’us conversa com Moshe e diz que ele pode ir tranqüilo, pois todos aqueles que procuravam por ele já tinham morrido. Moshe pegou sua mulher, seus filhos e foi embora. Não esqueceu de pegar o cajado, aquele que se transformou em cobra! Saiu de Midian e tinha um longo caminho pela frente. E D’us disse a ele que mostrasse ao Paro os sinais que provavam que Ele estava com Moshe. D’us, então, falou com Aharon: Vá ao deserto para encontrar-se com seu irmão. Aharon foi, se encontrou com Moshe em um monte e se beijaram. Neste momento, Moshe contou a Aharon tudo o que D’us lhe havia dito e também sobre os sinais que havia dado. Os dois foram juntos, juntaram os idosos de Israel e Aharon repetiu para o povo tudo o que Moshe havia falado, e também mostrou os sinais. O povo acreditou neles!!! Nesta atividade pode-se: • refletir: como será que Moshe e Aharon se sentiram ao se encontrarem depois de tanto tempo? Capítulo VI: o encontro com Paro e as pragas (Shmot, cap. 5 – vers. 1 a cap. 12 – vers. 33) Moshe e Aharon foram até o Paro: Nosso D’us disse, liberte Meu povo!!! O Paro respondeu: Quem é esse D’us de vocês para me mandar libertá-los?! Não libertarei seu povo!!! O povo é numeroso e trabalha!!! Não libertarei!!! E mandou o povo fazer trabalho mais pesado ainda!!! D’us vendo isto, falou para Moshe que tiraria Seu povo

e o levaria para Cnaan, e que deveriam voltar para falar com o Paro. Sabem quantos anos eles tinham? Moshe tinha 80 anos e Aharon, 83. Os dois foram falar com o Paro e fizeram o sinal com o cajado, para que o Paro acreditasse que D’us estava com eles. Mas o Paro tinha feiticeiros, que fizeram a mesma mágica. E o coração do Paro endureceu-se e não deixou o povo sair. D’us, então, manda as pragas. Primeiro, veio sangue, e toda a água do Nilo se transformou em sangue. Nem assim, o Paro deixou eles saírem. Daí, veio a segunda praga, rãs, nas casas, nas camas, nos fornos, em todo lugar. Nem assim, o Paro deixou eles saírem.Vieram os piolhos. Nem o povo todo se coçando, Paro deixou eles saírem. Aí animais selvagens, menos em Goshen e nem assim, o Paro deixou eles saírem. Peste que matou os animais, menos os de bnei Israel. Nem assim, o Paro deixou-os saírem. Sarna e nem assim, o Paro deixou eles saírem. Chuva de pedras, e nem assim, o Paro deixou eles saírem. Gafanhotos e nem assim, o Paro deixou eles saírem. Escuridão total e absoluta e nem assim, o Paro deixou eles saírem. Veio, então a pior praga de todas, morte dos primogênitos. D’us mandou que todos bnei Israel deveriam passar um pouco de sangue de cordeiro nos batentes de suas portas, pois assim os filhos deles não morreriam. Nesta hora, quando morreu o filho do Paro, ele enfim concordou que o povo saísse e mandou que pegassem rápido todas as suas coisas, seus rebanhos e familiares. Nesta atividade pode-se: • Explicar que o sangue era para ser passado, onde hoje se afixa a mezuza. Capítulo VII: a saída do Egito e a passagem pelo Mar Vermelho Shmot, cap. 13 até cap. 15 Com medo que Paro se arrependesse novamente, o povo de Israel, liderado por Moshe, pegou rapidamente suas coisas, inclusive os pães que estavam assando e que não tiveram tempo de fermentar. Para indicar o caminho, D’us fez uma coluna de nuvem para guiá-los de dia e uma coluna de fogo para guiá-los de noite. Chegando ao Mar Vermelho (Iam Suf), D’us falou para Moshe levantar seu cajado e o encostasse no mar. Assim, o mar se abriu. Atrás deles, vinham os egípcios que, a mando do Paro, queriam impedir a saída do povo judeu. Quando os egípcios tentaram atravessar o mar, o mar se fechou sobre o exército de Paro. Para nos lembrarmos da libertação do nosso povo, comemoramos Pessach e, como o pão não fermentou, comemos matza. Nesta atividade pode-se: • conversar sobre o que sentiram as pessoas ao se virem livres. • conversar sobre a importância da liberdade.

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Moshe e o cabritinho conto adaptado por Lea Cohen, Chag vechaguiga lapeutot Moshe era pastor de um rebanho de cabras. Certa vez, um cabritinho fugiu do rebanho, e Moshe correu para procurá-lo. O cabritinho saiu correndo e Moshe, atrás dele; o cabritinho correndo e Moshe, atrás, até que chegaram a um poço d’água. O cabritinho parou ao lado do poço para beber. Moshe ficou olhando o cabritinho beber, e disse: - Eu não sabia que fugiu porque estava com sede. Será que você está cansado, meu pequeno cabritinho?

perguntou Moshe. O cabritinho respondeu: - Bééé...bééé... Moshe levantou o cabritinho e colocou-o sobre seus ombros. Ia andando e acariciando o bichinho, andando e acariciando.... Vendo este gesto, o pessoal do povo disse para Moshe: - Você tem piedade para tratar assim do cabritinho, portanto, poderá tomar conta de seu povo e ser seu líder.

5. Brachot e psukim • Kidush: Baruch Ata Ad-nai, Elokenu Melech haolam bore pri hagafen (bracha do iain)

• Para karpas: Baruch Ata Ad-nai, Elokenu Melech haolam bore pri haadama.

• Para matza: Baruch Ata Ad-nai, Elokenu Melech haolam Hamotzi lechem min haaretz. Baruch Ata Ad-nai, Elokenu Melech haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al achilat matza.

• Para maror: Baruch Ata Ad-nai, Elokenu Melech haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al achilat maror.

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6. “Fique por dentro” Senhores Pais: Outra festa se aproxima e é como diz a tradicional canção: simcha raba, simcha raba, aviv higuia, Pessach ba; muita alegria, a primavera chegou (obs.: em Israel), Pessach está chegando. O primeiro seder acontecerá no dia 16/4 à noite, mas nós, do Infantil, desde o dia 24/3, já estamos convivendo com hagadot, egozim, canções, histórias, e outras tantas atividades. Em Purim, contamos com os pais das crianças dos Grupos 1 em nossa comemoração. Agora, nossos convidados especiais são os pais dos alunos dos Grupos 3. Queremos compartilhar com vocês algumas das nossas atividades. Segue programação abaixo. Atenciosamente A Equipe do Infantil Data

Atividade

Grupo Envolvido

18/4 - 2ª feira

• Conhecendo a keara • Explorando todos os elementos deste prato especial

Todos os grupos

Importante

• Visita ao MAE Museu de arqueologia e etnografia da USP 19/4 - 3ª feira

• Conhecendo mais de perto a arte e os mistérios do Egito

Grupos 3

20/4 - 4ª feira

• Culinária - brigadeiro de Pessach

Maternal

20/4 - 4ª feira

• Culinária - charosset

Grupo 1

21 e 22/4 - 5ª e 6ª feiras 23/4 - érev Pessach

• Fábrica de matza, na escola

Todos os grupos

26/4 - 3ª feira

• Cinema - canções de Pessach

Maternal e Grupo 1

27/4 - 4ª feira

• Cinema - Moisés

Grupos 2, Grupos 3 e Prés

28/4 - 5ª feira

• Seder interno - 7h30 às 9h Local: salão do Colégio

Grupos 3 Pais dos alunos dos Grupos 3

29/4 - 6ª feira

• Limpeza das classes e biur chametz

Todos os grupos

2/5 - 2ª feira

• seder interno

Grupo 2B, Pré-C e Pré-D

• seder interno

Maternal e Grupos 1 Grupo 2A Pré A e Pré B

3/5 - 3ª feira

Pedimos que, neste dia, venham com roupas brancas ou festivas.

Pedimos que, neste dia, venham com roupas brancas ou festivas.

Pedimos que, neste dia, venham com roupas brancas ou festivas.

Pessach tem vários nomes e, entre eles, Chag Haaviv, a festa da Primavera. Então, aqueles que quiserem podem trazer flores para enfeitar a mesa do seder. Importante: são várias as datas dos sdarim. Somente no dia do seder da própria turma, o aluno poderá vir sem uniforme.

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Caras famílias Pessach está chegando. Já estamos sentindo todos os preparativos. É um desejo da Escola poder ficar perto de vocês nos diferentes chaguim (festividades judaicas). Por isso, em Pessach, achamos interessante enviar-lhes um guia sobre as partes do seder, para que todas as famílias possam ter a oportunidade de enriquecer sua vivência judaica, de acordo com a Hagada estudada por seus filhos. Chag HaPessach kasher vesameach! • Kadesh Para que transformemos a mesa em que comemos em uma máquina do tempo, começamos falando as palavras do kidush. Esta bracha do vinho marca o início do feriado de Pessach e brindamos, com D’us, o início de uma época especial. Na Tora, D’us fez quatro promessas ao povo judeu: “Eu os tirarei”, “Eu os salvarei”, “Eu os redimirei” e “Eu os tomarei por meu povo” (Êxodo, 6:6 – 7). Assim, também no seder, há quatro copos de vinho; cada copo simboliza uma das promessas e, com o primeiro copo, começamos o caminho rumo à Liberdade. • Urchatz Urchatz é uma lavagem ritual e nada tem a ver com higiene: tem a ver com limpeza espiritual. É um ato de preparação para o seder, e é o único ritual que fazemos antes de começar o seder. • Karpas Karpas, o salsão, é um aperitivo, o primeiro gostinho da refeição e deixa-nos com a expectativa do que está por vir. Pessach é uma festa da primavera, pois esta é a estação vigente em Israel nesta época. A essência da primavera é o crescimento de vegetais verdes e, então, tomamos uma folha verde e mergulhamos na água com sal antes de comê-la. O gosto com o qual o seder se inicia é o gosto das lágrimas (da água salgada), que estimula nossa memória, para relembrarmos a escravidão. Começamos a retornar, em nossa máquina do tempo, mergulhando o karpas nas dores do Egito. Pode-se usar a batata, cebola ou rabanete. • Iachatz Este é um ritual sem palavras. Tomamos a matza do meio das três matzot do seder e a quebramos ao meio, escondendo metade. Esta metade é chamada afikoman e será escondida para que as crianças a “redimam” depois. Todos sabem que quem a encontrar receberá uma recompensa. A história de Pessach também é contada pelo afikoman. Matza é feita apenas de farinha e água; é o alimento mais simples que pode existir, sendo chamada de lechem oni, o pão da aflição. A mágica de Pessach está na comida mais básica, farinha e água, onde encontramos a Liberdade. • Maguid Maguid, do mesmo radical hebraico da palavra Hagada, significa, relato. Em quatro passagens, a Tora fala da mitzva de contar a história da saída do Egito: Êxodo 12:26, 13:8 e 13:14 e Deuteronômio 6:20. O Maguid é composto por 12 textos que contarão a história. Um desses textos é o Ma Nishtana, as quatro perguntas, feitas pela criança mais jovem no seder. O caminho para a Liberdade começa com perguntas. Quando a Tora nos diz, quatro vezes, para contar a história, ela nos leva a responder perguntas: “Quando seu filho perguntar...Você deverá responder... Fomos escravos do Faraó no Egito e D’us nos retirou de lá ...” (Deut: 6:21). • Rachtza Estamos livres; já saímos do Egito. Já podemos celebrar! Rachtza é um ritual de purificação: lavamos as mãos mais uma vez., recitando a bracha correspondente e, então, estamos prontos para comer. • Motzi Qualquer refeição judaica começa com pão, quando recitamos uma bracha, agradecendo a D’us por fazer os alimentos saírem da terra. • Matza A bracha é um ponto de luz, chamando nossa atenção para um momento todo especial. O momento de comer a matza é um desses: traz consigo o sabor da aflição e da libertação, ao mesmo tempo. Estas duas brachot são recitadas juntas. Trocamos a experiência diária de comer pão, pela experiência singular de sentir o primeiro gosto da matza daquele ano. • Maror Quando comemos maror, a raiz forte, primeiro assustamo-nos com seu gosto muito amargo. Na segunda dentada, já estamos até vermelhos! Com sua amargura, o maror traz a memória da experiência da escravidão. • Korech Em Pessach, muitas transformações acontecem. É a lembrança da escravidão nos conduz à libertação. O pão da aflição transforma-se no pão da liberdade. Hilel transforma a história de Pessach em um sanduíche. De uma só vez, provamos o amargo do maror e da escravidão, o doce do charosset, que lembra a argamassa do trabalho, e a matza, o pão ázimo não fermentado. • Shulchan Orech O primeiro seder da história foi uma refeição familiar. Junto ao korban, sacrifício, de Pessach, sentavam e falavam sobre a Liberdade que acabara de começar e sobre a redenção que viria. Fazemos o mesmo, hoje. Comer juntos é a essência da celebração. • Tzafun Há pouco, o afikoman foi escondido; as crianças esperaram um bom tempo até que pudessem agir. O afikoman, serve, também, para mantê-las interessadas e curiosas durante o seder. Quem encontra o afikoman recebe um presente

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(afikoman, em grego, significa sobremesa). • Barech Pessach fala, também, sobre o futuro. A esperança é a chave para a Liberdade. Os judeus passaram por muitos Egitos diferentes. Cada um de nós tem a sua própria experiência de escravidão. A redenção do Faraó é a prova de que outras redenções virão. Como todas refeições judaicas, o seder termina com birkat hamazon, a benção após as refeições. Essa é a terceira bênção, a que nos lembra a promessa Divina “Eu os redimirei”. • Halel Eliahu Hanavi é o símbolo do futuro judaico. É o profeta que nunca morreu; a lenda garante que voltará para anunciar a redenção final. Também simboliza a era da Paz, Liberdade e Prosperidade que virá. No seder, deixamos um quinto copo para Eliahu. Halel exalta D’us, agradecendo-lhe pelas redenções que conhecemos e pela esperança pelo futuro. • Nirtza A quarta promessa de D’us determinou uma relação: “Eu os tomarei por Meu povo”. A quarta bênção, portanto, celebra esta promessa. Nossa experiência nos uniu como um povo ligado a uma visão histórica de D’us. O seder termina com nosso pedido a D’us: Leve Seu povo logo, logo, para comemorar Pessach em Ierushalaim.

Canções e poemas • A farinha tão branquinha • Avadim hainu • Chag haPessach, Chag Haaviv • Betzet Israel • Dumam shata • Chad gadia • Moshe bateva (Kadish Yehuda Silman) • Daienu • Simcha raba (Bilha Yafe) • Echad mi iodea • Kadesh urchatz (na melodia do Adon Olam) • Ma nishtana • (Na melodia de Frére Jacque): Chag HaPessach (2) • Hine ba (2) • Kol haieladim (2) • Ochlim matza (2)

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Sugestão de sites http://galim.org.il/holidays/passover http://www.education.gov.il/moe/hagut/pesach http://www.ohmygoodness.com http://www.hagim.nana.co.il/2001/musaf http://chagim.org.il/pesach.html http://www.jewishmuseum.org http://www.chabadcenters.com http://hagim.nana.co.il/2001/musaf http://www.passover.net/ http://www.holidays.net/passover/ http://www.regards.com http://www.kosher.co.il/times/hebrew http://greestsomeone.com http://greetings.yahoo.com/browse/Holidays/Passover/ http://www.123greetings.com

Bibliografia Hagada shel Pessach Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot Israel. Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6, Misrad Hachinuch, Hatarbut vehasport, Haagaf Lechinuch Kdam Iessodi, Jerusalém, 1995 Reizman, O. Ietziat Egito umatan Tora. Israel Chabad News O Guia - fundamentos judaicos para iniciantes – Editora Chabad Revista Nascente, ano 3, número 17

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Iom Haatzmaut Levante e caminhe por Israel... Kum veithalech baaretz.. Fontes Iom Haatzmaut tem um significado muito especial; é um momento de mudança na história do povo judeu. A ligação entre bnei Israel e Eretz Israel é fruto da promessa de D’us aos patriarcas, conforme descrito na Tora: Para Avraham - a promessa de que toda a Terra de Canaã pertenceria a ele e a seus descendentes para a eternidade. “À sua semente, darei esta terra.” (Bereshit 12, 7) “Alce agora seus olhos, e olhe desde o lugar onde você está, para o norte, e para o sul, oriente e ocidente; porque toda a terra que vê, a você darei e à sua semente, para sempre.” (Bereshit 13, 14-15) “E dar-lhe-ei, e à sua semente depois de você, a terra das suas peregrinações, toda a terra de Canaã para possessão perpétua; e serei para ela (sua semente) o seu D’us.” (Bereshit 17, 8) Para Itzchak - a promessa da terra que ele ocupa. “Não desça ao Egito; more na terra que lhe apontarei. Peregrine nesta terra, e estarei com você, e abençoá-lo-ei; que a você e à sua semente darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Avraham seu pai.” (Bereshit 26, 2-3) Para Iaakov - a promessa da terra, quando recebe a benção dos pais. “A terra sobre a qual você jaz, a você a darei e à sua semente. E será a sua semente como o pó da terra, e o fortalecerá, ao oeste, ao leste, ao norte e ao sul; e por você serão benditas todas as famílias da terra, e por sua posteridade.” (Bereshit 28, 13-14). Para Moshe - a promessa de manter o pacto com os patriarcas para seus descendentes. “Porque o Eterno, seu D’us, lhe traz a uma boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes e de abismos, que há nas suas colinas e nos seus montes; terra de trigo e de cevada, e de videira, e de figueira, e de romãzeira; terra de oliveira que dá azeite, e de tamareira” (Dvarim 8, 7-8) E, nas mãos de Iehoshua, o ajudante de Moshe, realiza-se a promessa de D’us a nossos patriarcas e a Moshe Rabenu. Ele conquista a terra e a entrega para que bnei Israel a colonize. “ E agora, levante-se, atravesse este Jordão, você e todo este povo, para ir à terra que Eu lhes dou, aos bnei Israel. Todo o lugar que pisar a planta do seu pé, vô-lo tenha dado, como disse a Moshe. Desde o deserto e este Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos hititas, e até o grande mar, do lado do poente do sol, será seu termo.” (Iehoshua 1, 2-4). A promessa da terra e de proliferação vêm entrelaçadas uma na outra, por serem a condição necessária para a criação de uma nação. O povo judeu viveu na Terra de Israel uma etapa significativa de sua longa história. Nela, formou-se sua identidade cultural, religiosa e nacional. Aí, manteve ininterrupta, por séculos, sua presença física, mesmo depois do exílio forçado da maioria do povo. Durante os longos anos de dispersão, o povo judeu jamais rompeu ou esqueceu a forte ligação com sua terra.

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Descrição da festa Iom Haatzmaut, ou Dia da Independência, ocorrido no dia 5 de iar de 1948, é a festa nacional do povo judeu. É o dia, no qual foi declarado o estabelecimento de Medinat Israel, o Estado de Israel. Por isso, é a mais jovem das festas. * O aspecto religioso A oração pela paz em Israel Nos primeiros dias da fundação do Estado de Israel, alguns rabinos importantes da época se reuniram e, juntos, elaboraram uma versão de reza para a paz no país. Várias sugestões foram dadas por intelectuais, entre eles, o escritor Shai Agnon. A versão escolhida foi incluída nas rezas contidas no Sidur “Rinat Israel” e é usada em algumas comunidades.

Em Israel Iom Haatzmaut tem significado muito especial para todo o povo judeu, mas, principalmente, para os israelenses. Por esta razão, este é o único feriado nacional em Israel. Nos primeiros anos da fundação do Estado, a principal atração era a parada militar e o desfile das diversas divisões de Tzahal (acróstico hebraico para Tzva Hagana LeIsrael, Exército de Defesa de Israel), realizada nas grandes cidades, para exibição dos novos equipamentos militares. Atualmente, apenas apresentam-se a aeronáutica, em exibição aérea festiva nos céus de Israel, e a marinha, em demonstração ao longo da costa israelense. Também estão abertas todas as bases do Tzahal para visitação. Iom Haatzmaut inicia-se na noite de 5 de iar, com a cerimônia de encerramento de Iom Hazikaron (Dia da Recordação). Esta é realizada no pátio do túmulo do Biniamin Zeev Herzl, o visionário do Estado de Israel, em

Har Herzl, o Monte Herzl em Jerusalém. São acesas 12 tochas, para expressar as conquistas do Estado e de seus cidadãos, nos diversos campos de cultura. A bandeira é hasteada no topo do mastro e uma demonstração de fogos de artifício encerra este evento. Na noite de Iom Haatzmaut, os israelenses costumam festejar nas ruas. Nos centros das grandes cidades, são montados palcos para apresentações artísticas de canções e danças israelenses. Durante o dia, são realizados vários eventos importantes, como o Concurso Mundial de Tanach, a distribuição de prêmios para os soldados que se destacaram, realizada pelo Presidente do Estado, e a comemoração de reconhecimento aos cidadãos que mais se destacaram, em conquistas nas áreas social, cultural e das ciências. A maioria dos israelenses aproveita este dia para passeios, piqueniques e churrascos ao ar livre.

Conceitos importantes • deguel Israel: bandeira de Israel • Mapa (t/shel) Israel: mapa de Israel • Hatikva: “A Esperança” (hino) • semel hamedina: símbolo do país • menora veanfei zait: menora e galhos de oliveira • Iom Haatzmaut: “Dia da Independência” • ivrit: hebraico • shalom: paz • kachol velavan: azul e branco • shekel, shkalim: nome da moeda • Maguen David: Estrela de David • Tel Aviv, Kineret, Ierushalaim, Iam Hamelach, Haifa, Eilat, Hermon: (locais em Israel) • Medinat Israel: Eretz Israel • Estado de Israel: Terra de Israel

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Mensagens das escolas Sugerimos este texto para ser enviado aos pais na época de Iom Haatzmaut, a fim de refletirem sobre a atual importância de Medinat Israel para os judeus. O meu país Efraim Kishon, resumida e traduzida por Ora Kuperszmidt. • Este é um país tão pequeno, cujo tamanho nos mapas do mundo nem é suficiente para abrigar seu nome, nele escrito. • Este é um país em que a mãe aprende a língua materna com os filhos. • Este é o único país do mundo, em que estrangeiros contribuíram para a sua fundação.

• Este é um país, onde se escreve hebraico, lê-se inglês e fala-se iídiche. • Este é um país, onde cada um pode falar o que acha e ninguém é obrigado a concordar. • Este é um país que produz menos do que se come e, justamente nele, ninguém ainda morreu de fome. • Este é um país, onde os ministros chamam-se simplesmente Moshe ou Igal. • Este é um país que vive sempre em perigo, mas seus habitantes têm úlcera por causa de seus vizinhos de cima. • Este é um país, onde cada ser humano é soldado e cada soldado é um ser humano. • Este é o único país em que posso viver. • Este é o meu país. (Beit Yaacov)

Nomes da festa A origem do nome Iom Haatzmaut está ligada à independência. Iom, significa dia. Já, atzmaut vem do shoresh (radical de três letras, típico em línguas semitas).‫מ‬.‫צ‬.‫ ע‬que, em português significa pessoa independente, autônoma, livre e que não depende da ajuda dos outros. Daí, temos a idéia de país independente, que não está politicamente subordinado a outro. A independência surge da força interna e externa do povo e da capacidade de se manter autônomo.

Símbolos e motivos Deguel Israel O grande líder, Biniamin Zeev Herzl, inspirou o povo judeu para a criação de um deguel, a bandeira nacional, como qualquer nação livre possui. Sugeriu que fosse branca, representando uma vida nova e limpa, livre de perseguições e, sobre ela, sete estrelas douradas, que representariam as sete horas de trabalho diário, pois acreditava que, somente pelo trabalho, conquistaríamos novamente a nossa pátria. Já seu parceiro, David Wolfsohn, sugeriu que o deguel fosse branco com duas faixas azuis, inspiradas no desenho do talit (tipo de xale retangular que envolve os ombros dos homens durante as rezas na sinagoga), que protegeria a nova nação judaica. No centro, propôs um maguen David (literalmente, o Escudo de David, mas que traduzimos por Estrela de David), na cor azul. Na Cabala, o maguen David tem um significado muito forte e profundo, sobre a ligação entre D’us e Seu povo. Algumas fontes dizem que este símbolo aparecia gravado no escudo do Rei David. É interessante notar que a letra grega delta (equivalente ao dalet, em hebraico) se parece com um triângulo ∆ e o nome de David apresenta tal letra duas vezes. Ficou, então, estabelecido que tal maguen integraria o deguel, por simbolizar a vitória de David sobre Golias, o “fraco” contra o “forte”, ou de poucos contra muitos. A partir do século 19, o maguen

David aparece como símbolo judaico principal, em batei knesset, cemitérios e locais públicos judaicos. O deguel simboliza a união do povo. O fundo branco simboliza a vida nova e pura, o shalom e a harmonia em Israel. As duas listras azuis podem também simbolizar os dois lados do Iam Suf, o Mar Vermelho. É o símbolo oficial principal do país, sendo hasteado em edifícios governamentais em Israel, representações de Israel no exterior, embarcações marítimas e aéreas que atravessam as fronteiras de Israel, nas cidades, em eventos e festas e em cerimônias oficiais. A bandeira é hasteado no topo do mastro diariamente, exceto em dias de recordação e luto, nos quais é baixado a meio mastro. Semel hamedina O semel hamedina, emblema oficial do Estado de Israel é uma menora (candelabro de 7 braços), ladeada por dois anfei zait (ramos de oliveira). Sob eles, está escrito “Israel”. Aparece em todos os documentos governamentais oficiais, tais como carteira de identidade ou passaporte. A menora do símbolo nacional nos remete à menora de ouro do mishkan (tabernáculo) e, mais tarde, do Beit Hamikdash que foi, por muitas gerações, o símbolo da existência do povo judeu. A menora do Segundo Grande Templo, ou mais provavelmente uma de suas réplicas,

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foi levada por Tito, imperador romano, para sua capital, Roma. Lá, esta cena está gravada na pedra superior das ruínas do “Arco de Tito”. Segundo a Cabala, a menora é comparada à árvore da vida. Seus sete braços simbolizam os sete dias da criação e as sete emoções do nosso coração, a saber, amor e benevolência, justiça e disciplina, harmonia e bom senso, durabilidade e constância, humildade e esplendor, união e fundamento, liderança. A menora de sete braços tem a sua forma muito parecida com uma planta, conhecida na antigüidade pelo nome moria. O profeta Zacarias, em sua 5a visão, descreve a menora veanfei zait:: “... Vejo um candelabro de ouro e, em cima dele, um vaso para azeite; há sete lamparinas no candelabro, e há sete tubos por onde o azeite chega até as lamparinas. Perto do candelabro, vejo duas oliveiras, uma de cada lado. Perguntei, então, ao anjo: - Meu senhor, o que quer dizer isto? - Você não sabe? – ele perguntou. Então, explicou: - As sete lamparinas representam os sete olhos do D’us Eterno, que tudo vêem, tudo o que se passa no mundo. E os dois ramos de oliveira representam os dois homens que foram escolhidos e ungidos para servirem o Senhor no mundo inteiro...” Os anfei zait (galhos de oliveira) são lembrados na Tora (Bereshit 8, 11), na história do dilúvio, onde está escrito que a pomba retornou para o Aron Hakodesh trazendo, em seu bico, um anaf zait, representando que as águas haviam baixado e que a paz reinava novamente sobre a terra. Desde então, a oliveira representa o anseio de Israel pela paz. O óleo era utilizado para acender as lamparinas da menora no mishkan e no Beit Hamikdash. Posteriormente, foi também utilizado para ungir os reis de Israel e seus sacerdotes.

Hachrazat Haatzmaut e meguilat Haatzmaut Numa sexta feira, 5 de iar de 1948, no dia em que expiraria o mandato britânico sobre a Palestina, reuniramse, no Museu de Tel Aviv, os representantes do conselho nacional e representantes do movimento sionista e declararam o estabelecimento de Medinat Israel em Eretz Israel (Terra de Israel). Este texto é conhecido como Hachrazat Haatzmaut, a Declaração da Independência, escrita na meguilat haatzmaut (rolo). Himnon O hino nacional de Israel, o Hatikva (a esperança), foi escrito pelo poeta Naftali Hertz Imber, em 1878, na Romênia. Há quem afirme que foi alguns anos depois, quando ele já morava em Israel. O himnon foi escrito, originalmente, como himnon do movimento sionista com várias estrofes, mas só duas foram aceitas como hino nacional. A melodia teve influência do hino polonês. Hatikva representa o anseio e a esperança do povo judeu por sua volta a Tzion (Sião, outro nome atribuído a Jerusalém). O vocábulo hino, de origem grega, significa canção de cunho nacionalista ou religioso. É geralmente entoado em ocasiões solenes, como ao hastear o deguel, representando a fidelidade das pessoas a uma causa comum.

A ESPERANÇA

Enquanto no fundo do coração Palpitar uma alma judaica E em direção ao Oriente O olhar voltar-se a Tzion, Nossa esperança ainda não estará perdida, Esperança de dois mil anos: De ser um povo livre em nossa terra, A terra de Tzion e Jerusalém.

HATIKVÁ

Kol od balevav penima Nefesh iehudi homia Ulfaatei mizrach kadima Ain leTzion tzofia Od lo avda tikvateinu Hatikva bat shnot alpaim Lihiot am chofshi beartzeinu Eretz Tzion vIerushalaim.

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O significado da festa para crianças na idade infantil Esta festa como a maior parte das festividades judaicas, é rica em conteúdos, símbolos, canções, jogos e brincadeiras para a criança. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensinoaprendizagem dos conteúdos ligados a Iom Haatzmaut, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Iom Haatzmaut. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo, na brincadeira, na música, na culinária e na experimentação, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: deguel Israel, menora e as cores da bandeira de Israel - kachol velavan (azul e branco). Alguns costumes característicos do chag que enfatizem o “aqui e agora” poderão ser vivenciados. A história da festa poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. A criança desta faixa etária necessita estar em contato com aspectos mais concretos do chag. Para que isto ocorra, é necessário planejar o ambiente da escola, usando, no caso, kachol velavan, para que ela possa associar estas cores ao deguel e a Israel.

De 4 a 5 anos, quando a criança já possui uma compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos vão se ampliando, podendo-se acrescentar a menora como símbolo de Israel. A criança pode aprender o significado de Iom Haatzmaut além dos significados dos símbolos do Estado de Israel. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a ter uma compreensão mais profunda do significado dos costumes e dos símbolos relevantes que têm valor ao povo judeu, tendo a curiosidade de conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se pode abordar com as crianças desta idade são: o histórico de Iom Haatzmaut e seu significado (segue sugestão de histórico básico que deverá ser adaptado à faixa etária da criança), os valores morais e nacionais ligados à festa. Nesta idade podemos estar acrescentando um tema atual e muito discutido, que é o tema da paz. A criança poderá entrar em contato com os vários tipos de pessoas que fazem parte da população israelense, suas características, costumes e diferenças. A partir desta caracterização, pode-se levantar a questão do respeito pelas diferenças.

Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Iom Haatzmaut Iom Haatzmaut Conteúdos: ligados a Iom Haatzmaut adequados à faixa etária, vivenciados pelas crianças. Objetivos potenciais: levantamento de informação e de conteúdos sobre Iom Haatzmaut, por meio de experiências diretas com textos e objetos. Descrição: Apreciação e interação com textos e materiais visuais e escritos, oferecidos como experiências para as crianças. Materiais e recursos: histórias, fotografias, quadros e livros. Deguel kachol lavan Conteúdos: deguel Israel (bandeira de Israel). Objetivos potenciais: familiarização com este símbolo do Estado de Israel, o deguel Israel, suas cores e formato. Criação de um deguel kachol velavan - deguel Israel. Descrição: (1) Sensibilizar o grupo acerca da necessidade de pensar num deguel para um país que acaba de ser criado. Para tal, a professora poderá desafiar seu grupo: “Todos nós acabamos de criar o Estado de Israel, mas um país necessita um símbolo, que todos reconheçam como sendo daquele país. O primeiro passo, então, é criar um deguel. Agora, cada um de nós criará um deguel kachol velavan.” Depois que as crianças confeccionarem as bandeiras, a professora poderá retomar o histórico da seguinte forma: “Lem-

bram-se de quando Herzl juntou seus conhecidos sionistas numa grande reunião, para planejarem como criar o Estado Judeu na Palestina? Nesta reunião, Herzl disse: ”Queremos construir um Estado Judeu, mas não temos deguel.” Pensou consigo mesmo: “Que bandeira teremos? Quem sabe uma bandeira branca, com estrelas de ouro?” Só que, de repente, um de seus conhecidos levanta-se e diz: “Mas temos uma bandeira!” “Qual bandeira?” perguntou Herzl. O senhor pegou, então, seu talit e disse: “Vejam nossa bandeira! Os judeus colocam seus talitot para rezar; nossa bandeira será como o talit: uma bandeira branca e, sobre ele, duas listras azuis e, no centro, o maguen David. (2) Mostrar a bandeira de Israel, observar suas cores, seu formato. Depois, dar o material necessário para que as crianças costurem uma bandeira de Israel. Os tecidos podem ser substituídos por tela de bordar; assim, ao invés de costurarem a bandeira, as crianças a bordam com agulha grossa e linha de bordar (não sem antes riscarem o desenho na tela). O trabalho pode ser individual ou em duplas, trios ou grupo. O material fica ao alcance das crianças (5 anos), que bordarão tiras, cada dia um pouco. No final, estas tiras poderão ser aplicadas pela professora, em um grande tecido branco, formando, assim, uma bandeira coletiva. Após a confecção, pode haver o hasteamento da bandeira de Israel. (3) A posteriori, é possível montar o canto do bordado. Materiais e recursos: papel sulfite branco, cartolina, papéis e adesivos azuis e brancos de diversas formas e texturas, canetinhas, guache, lã e tecido nas cores azul e branca, linha e agulha (usar agulha mais grossa para que as crianças não se machuquem), telas, talagarça, agulha sem ponta. Sugestão: Mostrar um talit para as crianças.

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Conhecendo o mapa, “andando” por Israel Conteúdos: mapa de Israel, conhecimento das belezas de Israel. Objetivos potenciais: entrar em contato com o mapa de Israel e as diversas regiões de Eretz Israel, lugares importantes, históricos, bonitos e interessantes. Descrição: colocar, na classe, fotos de Israel relacionadas a Ierushalaim, Tel Aviv, ao midbar (deserto), merkaz (centro), tzafon (norte), darom (sul), mizrach (leste) e maarav (oeste). Tocar canção relacionada a Israel. As crianças poderão andar pela kita, observando fotos e procurando escolher a que mais gosta. Quando a canção parar, a criança escolhe a foto e pára diante dela. Perguntar para a criança por que escolheu a foto. A partir daí, revelar que estas fotos são de Israel e de suas diferentes regiões. Localizar Israel no mapa mundi e, depois, mostrar o mapa de Israel localizando suas regiões. Cada criança poderá ganhar um mapa de Israel de cartolina. Lançar, daí, a seguinte questão: “Que lugares gostariam de visitar em Eretz Israel?” Cada criança escolherá um lugar e desenhar em seu mapa, p. ex., aspectos do lugar ou quem ela gostaria de levar para este lugar? A professora a ajudará na caracterização dos lugares. Montar um grande percurso de tzafon a darom de Israel, com fotos dos lugares marcantes e importantes. Com o auxílio de um dado, as crianças locomover-se-ão de um local a outro; serão as peças do jogo. Jogar em grupos de diferentes cores. Materiais e recursos: mapa de Israel, cartolina, canetinha, lápis colorido, fotos de Israel, gravador, canção Kum vehithalech baaretz, dado, fotos e figuras de lugares em Israel e fita crepe. Obs.: Adequar à faixa etária. Variação: contornar, com lápis ou canetas, vários mapas de Israel. Dividir a turma em vários sub-grupos; cada um preencheria estes mapas com um símbolo. Hakol Patuach Conteúdos: “viagem para Israel” pela canção Hakol Patuach (Tudo aberto), por Naomi Shemer. Objetivos potenciais: conhecer os lugares importantes em Israel, mencionados na canção. Descrição: pelo vídeo desta canção, fotografias, histórias, jogos e culinária, fazer um paralelo entre os lugares em Israel que aparecem na canção e lugares, com as mesmas características no Brasil: (a) Tel Aviv e São Paulo, para mostrar o dia-a-dia de uma cidade grande; (b) Eilat e Santos, por causa da praia e aquário; (c) Afula e Salvador, em função das comidas típicas (falafel e vatapá); (d) Lago Kineret e o lago do Ibirapuera; (e) Monte Hermon e Morro do Elefante (em Campos de Jordão), devido ao teleférico. Neste último, as crianças participam de um treinamento para a escalada no Monte Hermon. Este pode ser realizado em uma praça: o objetivo é passar por dentro de uma corda em formato de teia de aranha, sem encostar nesta. Ultrapassar de uma árvore para a outra, por cordas suspensas, amarradas nos troncos destas. Para finalizar, rolar no “Monte” e deslizar, por uma corda fixa na árvore. Materiais e recursos: filme de vídeo com a canção Hakol Patuach, fotografias, histórias, jogos e comidas típicas, corda em formato de teia de aranha, corda fixa na árvore.

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Um canto e uma exposição sobre Israel Conteúdos: beleza de Israel, com os símbolos do chag, objetos de Israel Objetivos potenciais: desenvolver o olhar do aluno e sensibilizá-lo para a beleza de Israel e sua independência. Observar a diversidade de objetos e estreitar os laços casa-escola, já que os objetos são emprestados pelas famílias. Descrição: sensibilizar o grupo a enviar bilhetes, solicitando os objetos. Arrumar uma mesa com toalhas azuis e brancas, para uma exposição na escola ou na sala, usando fotos de Israel e os símbolos. Cada aluno poderá contar que objeto trouxe, sua origem e como o adquiriu Materiais e recursos: bilhete, mesa e toalhas azuis e brancas, objetos, livros, fotos, catálogos e tudo o que houver sobre Israel. Obs.: é importante lembrar de devolver os objetos, imediatamente após a comemoração de Iom Haatzmaut na escola. Todas as faixas etárias poderão participar. Fazendo arte em Iom Haatzmaut Conteúdos: a menora (veanfei zait) como símbolo do Israel. Objetivos potenciais: familiarização com este símbolo de Iom Haatzmaut, com atividade artística. Descrição: explicar o que é a menora como símbolo. Depois, oferecer fotos e gravuras, nas quais o objeto aparece, para que notem diferenças e semelhanças. Depois, projetar o vídeo de um artista trabalhando na escultura de uma menora e pedir que observem a foto da menora criada por Iaakov Agam, artista israelense contemporâneo. Por fim, pode-se sugerir que cada criança crie, com argila, sua própria menora, salientando que prestem atenção ao número correto de braços. Materiais e recursos: argila, fotos, gravuras e vídeo, foto da menora criada por Iaakov Agam - parte do set Marot (coletânea de imagens de produções de artistas israelenses).. Obs.: atividade sugerida para crianças a partir de 5 anos. Fazendo arte israelense por mosaico Conteúdos: mosaico. Objetivos potenciais: sensibilizar o grupo para este tipo de arte, característica de Israel, e desenvolver no aluno um olhar mais amplo em relação às diversas expressões artísticas. Descrição: mostrar a foto de um mosaico de Israel e estimular o grupo a tentar descobrir como é feita esta arte. Depois disto, explicar que o mosaico é uma forma de arte, na qual são utilizadas ladrilhos minúsculos, por meio dos quais se criam diferentes desenhos. Estes desenhos eram usados para decorar pisos e paredes de casas, batei knesset, palácios e outros lugares públicos. Os desenhos podem ser simples ou elaborados, sobre diferentes temas, como natureza, história, mitologia, heróis históricos ou lendários. O grupo poderá criar seus próprios mosaicos a partir de desenhos livres. Materiais e recursos: cola, papel cartão, canetinhas, quadrados cortados de EVA de diversas cores.


Broches da Independência Conteúdos: símbolos de Medinat Israel. Objetivos potenciais: expressão criativa e sistematização da informação, referentes aos símbolos de Iom Haatzmaut. Descrição: produzir broches com matéria EVA e materiais criativos, ligados ao conteúdo do chag; no caso, Simlei Medinat Israel. Materiais e recursos: diversos materiais que possibilitem a expressão das crianças.

Criando artesanato israelense Conteúdos: montar colares e pulseiras. Objetivos potenciais: perceber a beleza dos colares e das pulseiras em azul e branco. Descrição: oferecer miçangas e contas azuis e brancas para os alunos, para que montem colares, alternando as cores. Materiais e recursos: miçangas, contas e fios. Obs.: adaptar o tamanho das miçangas e contas à faixa etária.

Cantando em Israel Conteúdos: canção Eretz Israel Sheli (Minha Terra de Israel) Objetivos potenciais: sensibilizar a criança, com o relato da criação de Medinat Israel. Descrição: escutar a canção e mostrar a construção de Israel, passo a passo. Conversar com as crianças sobre o que significa construir uma casa, uma escola, um pais. Materiais e recursos: canção gravada e imagens das figuras correspondentes.

Misturando kachol velavan Conteúdos: cores da bandeira de Israel: kachol velavan Objetivos potenciais: procurar desenvolver o olhar do aluno e sensibilizá-lo para as várias expressões artísticas criadas a partir das cores da bandeira de Israel. Descrição: distribuir pratos para as crianças pingarem guache azul e branca na cola branca, colocando no prato. O aluno poderá segurar o prato com as duas mãos, movimentando o conteúdo das tintas, misturando as cores, esperando secar e retirando do prato a mistura de tinta já seca. Materiais: conta-gotas, guache azul e branca, cola branca e prato descartável liso.

Vamos às compras Conteúdos: o que comprar e como usar o dinheiro israelense, os shkalim (no singular, shekel). Objetivos potenciais: conhecer o dinheiro israelense e perceber o que é possível comprar com ele. Descrição: montar prateleiras com produtos escritos em ivrit. Elaborar uma lista de compras, fornecendo dinheiro para adquirirem os produtos. Materiais e recursos: produtos, notas e moedas. Obs.: adaptar à faixa etária. Mensagens de paz para Israel Conteúdos: mensagens de paz para Israel. Objetivos potenciais: sensibilizar os alunos com mensagens de paz para Israel. Descrição: montar um mural onde os alunos colarão, elaborarão ou desenharão mensagens de paz, saúde, alegria e prosperidade para Israel. Materiais e recursos: mural branco, canetas coloridas, papéis coloridos, cola e tesoura. As aventuras de Dubi em Israel Conteúdos: conto “As Aventuras de Dubi em Israel”, por Ilan Brenman Objetivos potenciais: vivenciar uma história de Iom Haatzmaut, adequada para a idade. Comemorar o chag. Descrição: contar a história, usando um mural, onde se expõem as personagens, dramatizando. Materiais: conto, as personagens (com velcro), bolo, enfeites azuis e brancos.

Pipas da Paz Conteúdos: “Pipas da paz!” Objetivos potenciais: proporcionar ao grupo momentos de reflexão sobre o tema shalom, além dos valores que acompanham o tema. Descrição: contar a história A pipa da paz, por Ana Muylaert, para o grupo. Propor a realização de uma pipa, na qual cada criança desenha, escreve ou cola sua mensagem de shalom para Israel ou para o mundo. Depois de confeccionada, as crianças poderão empinar a ‘pipa da paz’. Materiais e recursos: papel cola, tesoura, palito de churrasco, barbante, canetinhas. Obs.: atividade proposta para crianças de 5 anos de idade. Um Mar Morto bem vivo Conteúdos: noções sobre o Iam Hamelach, Mar Morto. Objetivos potenciais: ampliar o conhecimento sobre Israel, realizando um projeto sobre o Iam Hamelach. Descrição: aproveitando a gentileza de uma mãe, que enviou para a escola saquinhos de lama do Mar Morto, sugere-se um projeto baseado no tema. Como lição-de-casa, propor que pesquisem em livros e internet, ou que entrevistem pessoas da família, para que cedam fotografias e contribuam com suas impressões e/ou conhecimentos. Como fechamento da atividade, as crianças poderão passar a lama sobre o corpo. Materiais: lama do Mar Morto, bilhete da lição-de-casa. Sugestão: Trazer vídeos e imagens do Mar Morto.

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Viajando de faz-de-conta para Israel, mas aprendendo de verdade! Conteúdos: simulação de uma viagem de avião para Israel, saudação característica de quem mora em Israel e recebe visitantes - Hevenu shalom alechem (Trouxemos a paz para vocês) Objetivos potenciais: vivenciar momentos ligados a Israel e ao Iom Haatzmaut, vivenciar o uso de uma mensagem de shalom. Descrição: as crianças brincam de viajar para Israel, simulando desde as passagens até a viagem. Com a ajuda dos pais, monta-se um avião com caixas de papelão pintadas, no qual as crianças podem entrar e cantar a canção Hevenu shalom alechem. Materiais e recursos: postais, fotografias, bilhetes, passagens, “coisas” de avião..., a canção, caixas de papelão. Festejando Iom Haatzmaut na escola Conteúdos: comemorar o aniversário de Israel. Objetivos potenciais: vivenciar momentos ligados a Israel e ao Iom Haatzmaut. Descrição: (1) Festejar Iom Haatzmaut, por meio de oficinas: confecção de bandeira coletiva; (2) Erguer cantos com vivências ligadas a brincadeiras, livros infantis israelenses, jogos, todos com motivos de Israel - reproduções de artistas israelenses, fotografias de flores e árvores de Israel e pôsteres de lugares em Israel, colocados nas paredes, servindo como fundo para criar um ambiente inspirador; (3) Enfeitar mesas com toalhas azuis e brancas, oferecendo às crianças diversas comidas israelenses como falafel, homous, entre outros; (4) Apresentar crianças do Ensino Fundamental, em danças israelenses para os colegas da Educação Infantil; (5) Servir, ao final da celebração, um grande bolo com as cores da bandeira; no encerramento, balões azuis e brancas são soltos. Materiais e recursos: Para as oficinas planejadas - jogos, brinquedos, livros, comidas; enfim, tudo o que é relevante para concretizar o que é Israel, de maneira adequada à faixa etária. Michtav lachaial (carta ao soldado) Conteúdos: carta a um chaial. Objetivos potenciais: conhecer a sociedade israeli e sua realidade, por meio da tzava/ Tzahal (Exército/Exército de Defesa de Israel) Descrição: Contar histórias de soldados e guerras que ocorreram em Israel, mostrando às crianças a importância da tzava neste país. Depois, cada aluno poderá desenhar/ escrever um michtav lachaial, em Israel, que serão expostas em um mural coletivo. Materiais e recursos: histórias, papéis coloridos, canetas coloridas e mural Obs.: atividade proposta para crianças de 5 e 6 anos. A proposta pode ser substituída por uma carta escrita para uma pessoa de Israel.

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“Paz é a gente que faz” Conteúdos: mensagens de paz, como um dos motivos de Iom Haatzmaut. Objetivos potenciais: desenvolver a conscientização da importância de cada um de nós promover a paz. Descrição: incentivar as crianças a expressarem alternativas para alcançar a paz, cada um de acordo com sua percepção do que vem a ser shalom. Realizar caminhada comemorativa pela escola - a “Caminhada da Paz”. Materiais e recursos: materiais artísticos para as crianças se expressarem criativamente. Buscando a Paz Conteúdos: comemoração de Iom Haatzmaut. Objetivos potenciais: comemorar o chag de forma vivenciada. Descrição: dividir as crianças em dois grupos, usando a estratégia do jogo “Batalha-Naval”, em tamanho grande, para jogarem, tentando descobrir um o que o outro planejou. Ao final, montar o vocábulo ‘paz’, em hebraico, SHALOM - ‫שלום‬. As crianças realizam produções coletivas, pintando tecidos, para compor um mapa ou bandeira de Israel. Realizar cerimônia de hasteamento do deguel Israel, para o encerramento. Materiais e recursos: o jogo “Batalha-Naval” (em tamanho grande), tecido, tintas, deguel. Procurando a sua metade Conteúdos: simlei Israel; símbolos de Israel. Objetivos potenciais: Familiarizar a criança com simlei Israel. Descrição: Há 24 cartões, com 12 figuras que devem ser completadas. A classe será dividida em grupos pequenos; cada grupo receberá alguns cartões e deverá completar o maior número possível de figuras, encontrando sua outra metade e fazendo a troca com outros grupos. Para tal, deverão nomear as figuras que desejarem trocar. Materiais e recursos: cartões plastificados com simlei Israel cortados ao meio Obs.: atividade proposta para crianças a partir de 4 anos. Pode-se utilizar o mesmo material para o jogo da memória com crianças a partir dos 3 anos.


Hagan roked beIom Haatzmaut (O jardim-de-infância dança em Iom Haatzmaut) Objetivos potenciais: • relacionar aula de dança israeli com festa de Iom Haatzmaut. • proporcionar às crianças contato com canções do chag • demonstrar a ideologia e realidade dos pioneiros na época de colonização de Israel. • mostrar e contar a história das comunidades agrícolas de Israel (kibutzim e moshavim). • aprender sobre o chag com fantasias e dramatizações. Estratégias: • ambientalizar a sala, para a realização da atividade, de maneira que fique parecida a um kibutz (ou moshav). • preparar na classe 5 tachanot (estações) de ‘empregos’ comuns em kibutzim: agrícola, galinheiro, cozinha, colheita e estábulo. • espalhar ou pregar, nas paredes, símbolos do judaísmo: maguen David, menora, bandeira, entre outros. Obs.: Deverá haver 3 símbolos para cada criança. Descrição: • as crianças inventam movimentos de trabalho, relacionados a cada tachana (com canção de Iom Haatzmaut). • o grupo é dividido em 5 sub-grupos, identificá-los com uma cor diferente e cada um começa a inventar movimentos representativos de cada estação, ao som de outra música de Iom Haatzmaut. • a canção pára; então, cada criança se dirige a um símbolo de Israel e o coloca no centro da kita. As crianças formam uma roda ao redor destes símbolos e, com a canção escolhida, como “símbolo” da atividade, começam a dançar em roda e de mãos dadas. • a canção recomeça; daí, cada grupo vai a outra estação e a atividade recomeça. Finalização: Terminada a vivência, sentamo-nos para avaliar e finalizar a atividade. A idéia é enfatizar que, no começo da formação de Medinat Israel, os judeus eram muito unidos, trabalhavam com um ideal comum e que, ao final de longo e árduo dia de trabalho, reuniamse numa praça, num local central do kibutz, ou até mesmo ao redor de uma fogueira, para se confraternizarem e passarem momentos agradáveis juntos. Nestes momentos, dançavam de mão dadas, comemorando mais um dia de alegrias, luta e união. Outras sugestões: Algumas danças existentes de rikudei am, relacionadas a Israel, podem ser adaptadas para essa faixa etária, tais como: hadeguel sheli, Eretz Eretz, hine ma tov, entre outras.

Atividades com a família e amigos Um encontro emocionante Conteúdo: dia em que foi proclamado o Iom Haatzmaut Objetivos potenciais: contar a história do dia de Iom Haatzmaut. Descrição: convidar alguém que esteve presente em Israel no dia do Iom Haatzmaut para um encontro com as crianças. Uma mensagem de paz Conteúdos: paz, segundo a crônica de Efraim Kishon, “O meu País”. Objetivos potenciais: envolver os pais em um dos motivos de Iom Haatzmaut – a esperança da paz Descrição: enviar carta aos pais, com o texto de Efraim Kishon, e um pedaço de papel-cartão vazio, pedindo-lhes para confeccionarem e enviarem mensagem de shalom. Com estas mensagens de todos os pais, constrói-se um grande mural. Obs.: Idéias semelhantes: cada família pode confeccionar uma flor para Israel. Outra idéia, um bonequinho que, somado a todos os outros recebidos, formou uma grande corrente pela paz. Materiais e recursos: crônica de Efraim Kishon, papel-cartão. Pergunte aos seus avós De onde vieram? Vocês gostariam de terem vivido em Israel? Se hoje pudessem escolher outro lugar para viver, quais lugares escolheriam? Sugestão: pedir fotografias e/ou vídeos, para acompanhar a fala das crianças.

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Organização do espaço e dos materiais Exposição Israel na escola : desenvolvendo o olhar… Expor a beleza de Israel, com os símbolos do chag, livros, catálogos, fotos e objetos de Israel, e tudo o mais que houver sobre Israel. A diversidade de objetos emprestados pelas famílias estreitam laços casa-escola . Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural do chag, com mensagens de saúde, prosperidade, alegria e paz sobre Israel; cartas, escritas pelas crianças, aos soldados em Israel – michtav lachaial e imagens como: produções de crianças: Ex: (1) montar um mural na classe com os trabalhos das crianças relacionados à canção Eretz Israel sheli iafa vegam porachat” ou (2) confecção de bandeiras, reprodução de obras de pintores israelenses; fotografias de lugares e regiões de Israel; fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias que já viajaram para Israel, festejando o chag, se possível.

Registro de projetos • “Soldado por um dia” • As diferentes origens dos judeus • "Bandeiras" • Correspondência com crianças de Israel. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • dobraduras: de 2 triângulos para a formação do Maguen David • correntes com tiras de papel crepom azul e branco

Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • deguel • pita com falafel • laranjas/ eshkoliot (grapefruit) • crianças com bandeiras • paisagens de Israel • livro escrito em ivrit • semel hamedina (símbolo) • moedas e notas (shkalim) • beigale

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Israel é o lar de uma população muito diversificada, com os mais variados antecedentes étnicos, religiosos, culturais e sociais. Toda esta população trouxe consigo costumes de seus países de origem. Entre estes costumes, não podemos deixar de ressaltar os costumes culinários. Escolhemos duas receitas: uma típica sefaradi e outra típica ashkenazi.

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Falafel Ingredientes

Modo de Fazer

1 copo de grão de bico 1 copo de favas 2 dentes de alho amassados ½ maço de cebolinha verde bem picada ½ maço de cheiro verde bem picado 1 colher de café de cominho ½ colher de café de fermento em pó Sal e pimenta, a gosto Óleo para fritar

1. Deixar de molho o grão de bico e as favas por 24 horas. 2. Coar e triturar. 3. Juntar com o resto dos ingredientes e misturar bem novamente no triturador. 4. Deixar descansar por 30 m. 5. Formar bolinhos e deixar descansar mais 15 m. 6. Fritar em panela funda com bastante óleo até dourar.

Beigale Ingredientes

Modo de Fazer

4 copos de farinha 1 colher de sobremesa de sal 2 colheres de sobremesa de açúcar 1 copo de água fervente 40 g de fermento fresco

1. Misturar o fermento com água e deixar descansar por 10 minutos. 2. Acrescentar o açúcar, o sal e 2 copos de farinha. Amassar bem. 3. Acrescentar mais um copo de farinha. 4. Trabalhar a massa por 5 minutos, acrescentando aos poucos o restante da farinha. 5. Deixar descansar por 2 horas. 6. Formar o beigale, e cozinhar na água fervente com sal, até subir à superfície. 7. Tirar, deixar escorrer toda a água. 8. Assar em forma untada, por 15 minutos, em forno médio. Obs: Pode passar gema batida com gergelim ou papoula.

BOM APETITE! BETEAVÓN! 3. Sugestão de material didático

A) Inventando charadas Quem sou eu e como me chamo? Mi ani uma shmi? Chida Iechida mi sheiakshiv hu ieda Exemplo: Sou branca com duas listas azuis e no meio Maguen David? Mi ani uma shmi?

B) Texto da Hachrazat Haatzmaut (meguilat Haatzmaut) - Declaração da independência Na sexta feira, 5 de iar de 1948, no dia em que expiraria o mandato britânico sobre a Palestina, reuniram-se, no Museu de Tel Aviv, os representantes do conselho nacional e representantes do movimento sionista, que declararam o estabelecimento do Estado Judeu em Eretz Israel. Este texto é conhecido como Hachrazat Haatzmaut – documento que engloba três partes: • Um resumo da história do povo judeu, sua forte ligação com Eretz Israel e seu direito natural a ela. • A declaração do estabelecimento de um Estado Nacional Judaico a ser reconhecido no seio das nações. • A aspiração por um Estado Judeu democrático, baseado na liberdade, justiça e paz. “... Eretz Israel foi a terra natal do povo judeu. Aqui tomou forma sua identidade espiritual, religiosa e política. Foi aqui que, pela primeira vez, os judeus se constituíram em estado, criaram valores culturais de significação nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros. ... os judeus se empenharam, de geração em geração, no ideal de se restabelecerem em sua antiga pátria. ...fizeram florir os desertos, reviveram a língua hebraica, construíram cidades e povoados e criaram uma comunidade próspera, controlando sua própria economia e cultura, procurando a paz, mas sabendo como se defender... O Estado de Israel estará aberto à imigração judaica... fomentará o desenvolvimento do pais em benefícios de todos os seus habitantes; basear-se-á nos princípios de liberdade, justiça e paz, conforme concebido pelos profetas de Israel; assegurará completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos os seus habitantes, sem distinção de religião, raça ou sexo; garantirá a liberdade de culto, consciência, língua educação e cultura; protegerá os lugares santos de todas as religiões; e se manterá fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas. Estendemos nossa mão a todos os estados vizinhos e a seus povos, numa oferta de paz e boa vizinhança, e lhes apelamos a estabelecer liames de cooperação e ajuda mútua com o povo judeu soberano estabelecido em sua própria terra...”.

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4. Histórias de Iom Haatzmaut A História da criação de Medinat Israel1 Capítulo I Saída do Egito até a chegada na Terra Prometida Vocês se lembram de quando o povo judeu saiu do Egito, junto com Moshe, para irem a Eretz Cnaan? Não foi à toa que ele se dirigiu a Cnaan. D’us já havia prometido aquelas terras a Avraham, a seu filho, Itzchak e ao filho de seu filho, Iaakov. Finalmente depois de 40 anos de os hebreus terem caminhado pelo deserto, e lá terem recebido a Tora com suas leis e costumes, chegaram a Cnaan e conheceram a Terra tão prometida por D’us ao povo judeu, Eretz zavat, chalav udvash – a terra donde jorra leite e mel… Ao chegaram a Cnaan, os hebreus começaram a trabalhar como agricultores e artesãos. Muitos anos após a morte de Moshe, foi escolhido um rei entre os hebreus para reinar na Terra Prometida. Sabem quem era? David, que construiu a cidade de Ierushalaim. Depois de David Hamelech, seu filho Shlomo sucedeu-o como rei. Shlomo, por sua vez, construiu o Beit Hamikdash, o Grande Templo em Ierushalaim, que era a Sinagoga central, onde rezavam os hebreus, o lugar mais importante para bnei Israel. Capítulo II Destruição do Beit Hamikdash e a vida lá fora Naquela época, muitos povos quiseram conquistar, comandar a Terra Prometida, pois, antigamente, era comum um povo querer tomar conta do país do outro. Assim, seriam mais poderosos e fortes ou, pelo menos, assim pensavam. Bnei Israel viviam tranqüilamente na Terra Prometida, então chamada Judéia, mas, certo dia, o povo da Babilônia invadiu Israel e destruiu o Beit Hamikdash. Muitos hebreus começaram a ir embora da Judéia para morar em outros lugares, pois não mais poderiam viver como antes na Terra Prometida. Foram embora morar em outros países, sempre sentindo saudades dos tempos em que viveram na Judéia e sempre sonhando em voltar a morar lá. Resolveram, então, unir-se para voltar à Terra Prometida. Foi a partir daí que muitos hebreus começaram a voltar a viver lá.

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Obs.: este histórico é mais adequado para crianças de 5 a 6 anos

Capítulo III Volta à Terra Prometida Quando os judeus voltaram à Judéia, quem reinava lá eram os ingleses que não deixavam os hebreus entrarem no país, então chamado Palestina. Só que a vontade de voltar dos judeus era tão grande que, mesmo assim, tentavam entrar no país de várias maneiras. Como acham que os hebreus poderiam entrar no país, sem que os ingleses os descobrissem? Chegavam à noite em navios, e ninguém os via! Além dos ingleses, alguns árabes, que viviam lá nesta época, tampouco queriam que os judeus voltassem a morar no país. Mesmo assim, muitos judeus conseguiram voltar. Ao novamente chegarem na Palestina, a vida lhes foi muito difícil. A terra para plantar não era boa, não tinham onde morar e, às vezes, nem o que comer. Mas queriam viver lá! Queriam uma terra, na qual pudessem fazer suas próprias leis, dar às crianças a melhor educação; uma terra na qual pudessem tomar suas próprias decisões. E a vontade de ter um governo judeu em Israel foi crescendo… Capítulo IV A criação do Estado Judeu Depois de muita luta por lá, o mundo resolveu fazer uma votação para decidirem sobre a criação ou não de um Estado Judeu, para os judeus, que tanto haviam sofrido na Segunda Grande Guerra. Todos os países foram chamados para participarem desta votação. A decisão determinava a divisão do Estado: o litoral para os árabes, a parte central para os judeus, e uma terceira parte para os palestinos que lá viviam. Os judeus ficaram muito contentes, saíram às ruas para comemorar. Foi uma grande alegria. Os árabes, porém, não ficaram tão contentes, pois queriam a terra toda para si. Foi aí que resolveram atacar os judeus, o que desencadeou a Guerra da Independência. Felizmente, os judeus ganharam esta guerra e, finalmente, puderam viver em paz e construir seu próprio país, que passaram a chamar de Israel, em homenagem ao nome que Iaakov recebeu, após seu sonho de luta com os anjos e a escada.


A pipa da paz

Ana Muylaert

Com apenas sete anos de idade, Zezé da Silva já é muito famoso na favela onde mora. É famoso por ser o melhor e mais rápido construtor de pipas da região. Todo mundo sabe. Se tem papel de seda colorido, faz verdadeiras obras de arte. Pipas com formas de pássaros, de anjos, de flores, de bichos. Mas se por acaso Zezé não tem nada, não há problema. Ele constrói pipa até com resto de lixo. Na hora de empinar, Zezé também é mestre. Em dia de Sol, mantém a pipa no ar, por toda a tarde. E, com a mão esquerda, ainda ajuda os colegas. É claro que, se estiver chovendo, fica tudo um pouco mais difícil. No entanto, Zezé nunca desiste. Já empinou pipa até em dia de ventania. Ele tem prática. Entende de vento e de linha. E tem perna para correr. É por isso que Zezé é famoso na favela! Porque, além de ser o melhor levantador de pipas da região, é simpático e gosta de ajudar todo mundo. Infelizmente, há uma pessoa que não gosta de ver Zezé levantando pipa. Justamente a Dona Lurdes. Justamente a mãe de Zezé. Xi! Dona Lurdes odeia ver o filho no campinho a tarde inteira. Acha que levantar pipa é uma coisa inútil. O problema é que o Zezé acha que levantar pipa é a melhor coisa do mundo. Daí, ela diz que ele tem que ir prá casa fazer lição. Zezé argumenta que fará lição à noite, depois da novela. Ela, então, diz que vai rasgar a pipa dele. E ele, daí, diz que fará outra. E a briga nunca tem fim. Ou melhor, o fim da briga foi ontem. É. Foi ontem que a briga acabou. Dona Lourdes tinha acordado com uma baita dor de dente. Então, a vizinha dela, Dona Celina, deu o endereço de um dentista muito bom e barateiro, lá no centro da cidade. Como Dona Lourdes não tinha com quem deixar o filho, resolveu levar o menino consigo. Depois do almoço, Zezé e sua mãe tomaram o ônibus e desceram lá perto da Praça Ramos, atrás do teatro Municipal. O dentista ficava no outro lado do Viaduto do Chá. Os dois saíram andando juntos pelo vale do Anhangabaú. Depois de cruzarem o viaduto, Zezé já estava ficando zonzo de tanto andar no meio daquela multidão, quando, de repente, viu um videogame novíssimo, sendo instalado na vitrine do Mappin.

É claro que não agüentou e parou para ver. Só que sua mãe não percebeu que ele parou e continuou andando em direção ao dentista. Quando o Zezé virou pra trás... sua mãe tinha sumido! Zezé ficou apavorado. Sem saber o que fazer, correu prá direita. Encontrou mais de mil pessoas, mas não viu sua mãe. Daí, correu pra esquerda, mas tampouco a encontrou. Então, no meio do povo, Zezé viu uma mulher, com um vestido igualzinho ao de sua mãe. Ficou animado e saiu correndo atrás dela, berrando. -Manhêêê! Só que a mulher nem olhou para trás. Era apenas uma mulher com um vestido igual ao de sua mãe. Nessa hora, Zezé teve a certeza de que estava perdido. Triste e solitário, sentou-se no meio fio e começou a chorar. - E agora? O estômago do Zezé começou a roncar. Seus pés começaram a doer, de tanto andar e correr e procurar. Resolveu, então, olhar pro céu, prá pedir ajuda prô seu anjo da guarda. Quando pousou suas vistas na primeira nuvem que passava, teve uma idéia! Resolveu colocar sua idéia em prática. Primeiro, foi até o carrinho de vendedor de algodão doce. Lá, catou dois palitos sujos no chão. Depois, entrou num boteco e pegou alguns guardanapos de papel de seda. Na agência de correios, pegou um pouco de cola. Prá finalizar, pediu um pedaço de linha para um camelô (E, como havia sido simpático, o camelô lhe deu o que pediu.). Em seguida, Zezé pegou todo este material, sentou na calçada e construiu uma singela pipa branca. Foi p’rô meio do viaduto do Chá, pegou bastante impulso e... empinou a sua pipa! A pipa voou leve e sorridente por mais ou menos dois minutos. Dona Lourdes, que estava desesperada conversando com um policial na Praça do Patriarca, do outro lado do viaduto, viu a pipa branca pairando em cima da multidão, berrou: - Acheeeeeeeei! E foi assim que, em menos de dois minutos, Zezé se fez encontrar, no meio de tanta gente. E foi assim que a eterna briga entre ele e a sua mãe finalmente acabou.

Maguen David notzetz O livro “A estrela brilhante de David” é parte da série Nitzanim, para crianças de 6 anos. A apresentação do texto poderá ser com ilustrações em tamanho A3, a fim de trabalhar a pseudo - leitura.

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5. Tfilot, brachot e psukim Tfila lishlom hamedina (Oração pela Paz no Estado de Israel) “Avinu shebashamaim, Tzur Israel vegoala, barech et Medinat Israel, reshit Tzmichat geulatenu. Haguen aleha beevrat chasdecha ufros aleha sukat shlomecha ushlach orcha vaamitecha lerasheha, sareha veioatzeha vetakenem beetza tova milfanecha. Chazek et iedei maguinei Eretz kodshenu, vehanchilem Elokenu ieshua vaateret nitzachon teatrem, venatata shalom baaretz vesimchat olam leioshvaha...” “Nosso Pai Que está no céu, Rocha de Israel e seu Redentor. Abençoe o Estado de Israel, princípio do crescimento da nossa redenção. Ampare-o com Sua benevolência e estenda sobre ele a tenda da Sua paz. Envie Sua luz e Sua verdade aos seus dirigentes, ministros e conselheiros, encaminhando-os com Seus bons conselhos. Fortifique as mãos dos defensores da nossa Terra Santa e faça-os herdar, ó nosso D’us, a salvação, coroando-os com glória. Proporcione paz na terra e alegria eterna aos seus habitantes...”

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6. “Fique por dentro”

Dia da Independência do Estado de Israel! Foi conquistada no dia 14 de maio de 1948. Neste dia, ouvia-se pelo rádio a mais importante declaração: estava oficialmente criada Medinat Israel – o Estado de Israel. Pelo calendário judaico, esta data é comemorada em 5 de iar. Nossos alunos puderam, em nossas aulas, conhecer um pouco sobre Israel, por meio de jogos, fotos e histórias verídicas, além do deguel (bandeira) kachol velavan

(azul e branca). Em nossa comemoração de Iom Haatzmaut, hasteamos o deguel Israel e cantamos Hatikva (hino nacional de Israel). O grande final foi, sem dúvida, o mais divertido e interessante: uma viagem de faz-de-conta a Israel, com muita imaginação e direito a malas, avião, lanchinho e até uma ida e colocação de bilhetinhos no Kotel Hamaaravi (Muro das Lamentações).

Canções e poemas • Alpaim shana • Hatikva • Ani vehadeguel • Ialdei kol haolam • Leartzi iesh iom huledet • Chag li • Ieladim tzoadim • Machau kapaim • Deguel Israel • Ierushalaim • Menora veanfei zait • Deguel li baiad • Im tirtzu ein zo agada • Siman sheba hechag • Dgalim • Iom huledet lamdina • Shaiara LIerushalaim

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• Dgalim baaretz • Ionat hashalom • Shalom katan • Eretz Israel sheli • Israel • Tapuach zahav • Eretz ktantana • Israel chogueguet • Tziarti tziur al shalom • Etaiel beIsrael • Israel sheli veshelach • Tzivei hadeguel • Garim beIsrael • Kachol velavan • Zo haaretz sheli • Hadeguel sheli • Kol haaretz dgalim


Sugestão de sites http//:www.chaguim.org.il http//:www.education.gov.il/preschool http://www.j.co.il http//:www.galim.org.il/holidays http://www.jajz-ed.org.il/so http//:www.theholidayspot.com http//:www.holidaynotes.com http//:www.bluemountain.com

Bibliografia Alon A. Meagada lemedina. Israel Barak B. Bechen uvetaam netapeach socharei omanut vetarbut. Israel Barak B. Bechen Uvekalut 5, iar- sivan. Israel Herman, D. Kol Chag Umoed. Israel HaCohen M. Harav & D. HaCohen. Chaguim umoadim. Hotzaat Meter. Israel Nissim, R. Beshvilei hagan, Madrich haavoda legan haieladim hamamlachti dati Misrad Hachinuch Vehatarbut. Israel Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot leIom Haatzmaut. Israel Iovel leIsrael, madrich laganenet (+ fotografias). Misrad hachinuch hatarbut vehasport, haminhal hapedagogui. Israel Meidataf Migola Legueula. Hassochnut Haiehudit. Israel Mifgashim (Alef, Beit, Guimel). Misrad hachinuch hatarbut vehasport. Israel Mikraot Israel chadashot. Misrad hachinuch hatarbut vehasport. Israel Moadei Israel veartzo.Hamachlaka lechinuch uletarbut bagola. Israel Moshitim iad leshalom. Misrad hachinuch hatarbut vehasport, Israel Conhecendo, estudando e vivendo Israel. Centro Pedagógico de S. Paulo. Brasil O Estado de Israel – 100 Anos de Sionismo. Edição Comemorativa. S. Paulo. Brasil O Estado Judeu. Theodor Herzl. Ed. Sefer. S. Paulo. Brasil A história de uma história. Anat Slomka . Centro Pedagógico de São Paulo. Brasil Iom Haatzmaut: Da Independência à esperança da paz A Literatura de Israel. Desirée Nacson. S. Paulo. Brasil Realidades de Israel. Centro de Informações de Israel

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Lag Baomer

Unidos com alegria em volta da medura Fontes Embora seja uma festividade central e diversificada, o chag de Lag Baomer não é lembrado nem na Tora, nem na Mishna nem na Gmara, e nem mesmo na Literatura dos gueonim1, escrita posteriormente. É lembrado na literatura ligada à halacha2, mas não como dia especial, e sim como uma data de transição entre uma época e outra: comemoração em honra a Rabi Shimon Bar Iochai. Chochmei Hakabala História de Rabi Akiva: Sifrei halacha harishonim

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O Talmud (Mishna + Gmara) e os escritos dos gueonim compõem vasta e rica literatura de exegese bíblica. halacha, lei judaica.

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Descrição da festa Lag Baomer é o trigésimo terceiro dia da contagem do omer. A contagem dos quarenta e nove dias, que começa no 2º dia de Pessach e termina em Shavuot, é denominada sfirat haomer, ou seja, a contagem do omer. A primeira contagem realizada por nosso povo ocorreu na saída do Egito, sendo motivada pela forte ansiedade com que esperavam para receber a Tora. Bar Kochva A revolta de Bar Kochva, que comandando um grupo de jovens judeus, conseguiu libertar Jerusalém do jugo do imperador Adriano. Os romanos porém acabaram derrotando o líder judeu e seus homens. * O aspecto religioso Atualmente, contamos estes dias como preparação para recebermos, ‘novamente’, a Tora. Por que o trigésimo terceiro dia (Lag) do omer foi ressaltado? Na época após a destruição do 2o Beit Hamikdash, aconteceu algo trágico em meio à sfira, associado ao Rabi Akiva e seus discípulos. O famoso Rabi Akiva contava com 24.000 alunos. Por uma série de razões, discutiam e não viviam em harmonia, não se respeitando mutuamente. Então, uma praga espalhou-se durante os dias da sfira e muitos deles morreram. Bnei Israel lamentaram a perda de tan-

Em Israel Atualmente, costumam-se fazer passeios por bosques, florestas ou campo e brincar com arco e flecha, festejando-se em volta da fogueira. *Em Meron (que fica na Galiléia, ao norte de Israel), local onde Rabi Shimon Bar Iochai foi sepultado junto a seu filho Rabi Elazar, milhares de pessoas alegram-se ali com extraordinário entusiasmo no estudo da Tora, nas rezas, na dança e no canto, que se elevam aos céus, e com acender de tochas cujas chamas são visíveis à grande distância. Os pais trazem seus filhos, que na proximidade desta data completam três anos de idade, para cortarem seus cabelos pela primeira vez ali, iniciando-os assim, na educação judaica formal.

Rabi Akiva tinha 24.000 alunos. Ao ensiná-los, cada um convertia o conhecimento para seu próprio padrão mental. Cada um valorizava tanto seu ensinamento e estava num nível tão elevado, que não podia tolerar um enfoque diferente. Um escutava Rabi Akiva ensinando chessed (bondade), outro escutava gvura (severidade). Cada um acreditava que o outro perdeu algo e, assim, a missão de cada um tornou-se uma empreitada de convencer o outro de sua deficiência, e vice-versa. Há um conceito no chassidismo sobre mashpia e mekabel – doador e receptor, respectivamente. mashpia refere-se a quem dá e mekabel a quem recebe. Uma manifestação física desta noção espiritual é o caso do homem e da mulher. Quando procriam, o homem é o doador e a mulher, a receptora. Este processo existe em toda Criação. Na Educação, o professor é o mashpia; o

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tos sábios, mas, no trigésimo terceiro dia do omer (aos 18 de iar), a praga se dissipou. Este dia, portanto, tornou-se festivo. Nas sete semanas de sfirat haomer, são proibidas atividades alegres, tais como casamentos, escutar música, entre outras, exceto em Lag Baomer, quando voltam a ser permitidas. Neste dia, lembramos também de Rabi Shimon Bar Iochai, um dos discípulos de Rabi Akiva, que ficou escondido dos romanos numa caverna, por treze anos, estudando Tora. Autor da obra sagrada denominada Zohar, que nos revela muitos segredos da Tora, este Rabi faleceu em Lag Baomer. Sabendo que sua missão neste mundo já estava terminada, pediu que este dia fosse celebrado com muita alegria. Muitas velas são acesas nas sinagogas e costuma-se acender uma grande fogueira, em sua homenagem. As crianças são levadas a passeios pelos bosques e campos, para brincarem com arcos e flechas de madeira, lembrando a época em que os alunos do Rabi Akiva saíam aos campos, aparentemente para jogos e brincadeiras, para poderem estudar a Tora em paz, longe dos romanos. Desta maneira, Lag Baomer tornouse um dia em memória de Rabi Shimon Bar Iochai.

Conceitos importantes • chetz vakeshet: arco e flecha • talmidim: aluno(s), discípulo(s) • medura: fogueira • charuvim: alfarroba • esh: fogo • etz: árvore • tiul: passeio, excursão • romaim: romanos • meara: caverna

Mensagens das escolas aluno, o mekabel. Para o fluxo da vida atual, ambos devem estar lá; sem um deles, há esterilidade. Cada um dos adeptos de Rabi Akiva era mashpia e nenhum era mekabel. Ninguém se interessava em ouvir o outro. Todos acreditavam ter ouvido Rabi Akiva. Cada um insistia em seu próprio modo e achava estar agindo certo; mas a realização da vida requer que o homem seja mekabel e, ao mesmo tempo, mashpia. Assim, toda a grandeza de ser discípulo de Rabi Akiva, que pregava o valor de Ahavat Israel (amor ao próximo) foi anulada: veahavta lereacha kamocha, Rabi Akiva omer, ze klal gadol baTora. E amarás ao seu próximo como a si mesmo, diz Rabi Akiva: este é um princípio maior na Tora. Texto extraído do Chabad News nº 270, traduzido de “The ladder up”. (Escola Gani Talmud Tora)


Nomes da festa O nome do chag Lag Baomer explica-se pela contagem do omer são os quarenta e nove dias contados, a partir do 2º dia de Pessach, quando se trazia a oferenda do omer ao Beit Hamikdash, até Shavuot, quando da entrega da Tora. Lag é escrito, em hebraico, com duas consoantes ‫ = ל‬30, ‫ =ג‬3, que se traduz no trigésimo terceiro dia de sfirat haomer. O número 33 (lag) é uma medida de grãos da nova colheita de cevada oferecida a D’us.

Símbolos e motivos, usos e costumes Medura Costumamos acender uma grande medura (fogueira), em lembrança ao Rabi Shimon Bar Iochai, por ter sido um grande rabino, que iluminou o mundo com suas explicações sobre a Tora. Chetz vakeshet Para despistar os romanos, a criança saía com seu chetz vakeshet, arco e flecha, como se fosse brincar na floresta, ao invés de estudar Tora, assim como os discípulos de Rabi Akiva. Meara Devido ao fato do grande discípulo de Rabi Akiva, Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho Rabi Elazar terem ficado estudando a Tora, escondidos dos romanos, numa meara, caverna, por 13 anos, esta permanece como um símbolo do chag.

* Charuvim e maaian D’us operou um milagre colocando uma árvore de charuvim (alfarroba) e um maaian (fonte) d’água, diante da caverna, para que Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho saciassem sua fome e sede, durante os anos em que permaneceram ali. Ahavat Israel Conforme mencionado anteriormente, os alunos de Rabi Akiva não viviam em harmonia, não se respeitando mutuamente. Para relembrar a peste que sofreram, e explicar a importância de vivermos em harmonia, enfatizase o valor, tão pregado por Rabi Akiva, de Ahavat Israel, ou seja, o amor ao próximo. Valorização da Tora Podemos aprender, da história de Rabi Akiva e de Rachel, sua esposa, o quão importante é abdicar de valores materiais para estudarmos a Tora. Aprendemos de Rabi Akiva, que mesmo com quarenta anos de idade, não se inibiu de aprender Tora com crianças pequenas.

O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Lag Baomer, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Lag Baomer. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: chetz vakeshet, medura, meara, charuvim. Alguns costumes característicos de Lag Baomer, que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados, como dançar a volta da fogueira (simulação), brincar com arco e flecha, entrar e sair da caverna. A história da festa, sobre a vida de Rabi Shimon Bar Iochai e sua permanência na caverna, poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas: o primeiro corte de cabelo dos meninos aos três anos de idade; os principais pontos da história de Rabi Akiva, a mitzva de Ahavat Israel, e começar sfirat haomer. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus

conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Rabi Shimon Bar Iochai, e o significado do Chag Lag Baomer, contada em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas. A criança pode aprender nome do chag, Lag Baomer e seu contexto relacionado a sfirat haomer, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo, como chetz vakeshet, medura, meara, charuvim, além das regras de construção da fogueira e o cuidado com o fogo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: leis de sfirat haomer; mitzva do primeiro corte de cabelo dos meninos aos três anos de idade; os principais pontos da história de Rabi Akiva e sua esposa Rachel, Rabi Akiva e seus discípulos, a mitzva de Ahavat Israel e a ligação com a Tora. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re-

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levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer as histórias do chag, sobre Rabi Shimon Bar Iochai e Rabi Akiva e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade, como o acendimento da fogueira e a brincadeira do arco e flecha. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados ao chag, os nomes especiais do chag, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas.

Em Lag Baomer, podemos enfatizar valores como amor à terra, luta pela liberdade espiritual, o significado de sfirat haomer relacionando-o ao nome do chag e as regras de construção da fogueira, além dos cuidados com fogo, jamais deixando de lado princípios fundamentais, como Ahavat Israel e lo habaishan lamed (o tímido não aprende). * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot: leis de sfirat haomer; mitzva do primeiro corte de cabelo dos meninos aos três anos de idade; a mitzva de Ahavat Israel e a ligação com a Tora.

Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Lag Baomer Construindo e comemorando com a medura Conteúdos: a fogueira. Objetivos potenciais: conhecer os componentes de uma fogueira e os cuidados necessários. Descrição: recolher pela escola, professora e crianças juntas, gravetos de árvores. Ao voltar para a kita, pintar uma base com tinta marrom e colar os gravetos. Em seguida, enfeitar, com papel celofane vermelho e amarelo, representando o fogo. No final, as crianças dançam à volta da fogueira, entoando canções de Lag Baomer. Materiais e recursos: uma base em qualquer material resistente, tinta, gravetos, papéis celofane amarelo e vermelho, cola, tesoura, pincéis. Brincadeira na caverna Conteúdos: história de Rabi Shimon Bar Iochai (R’ashbi). Objetivos potenciais: vivenciar os momentos de Rabi Shimon Bar Iochai na meara e brincar de esconde-esconde. Descrição: confeccionar, junto com as crianças, uma simulação de caverna, um riacho e uma árvore, num canto da classe. Posteriormente, escondidas dentro da caverna junto com a professora, as crianças escutarão histórias de Rabi Shimon Bar Iochai. Materiais e recursos: papel craft ou papelão, que poderá ser pintado pelas crianças, carteiras ou mesas. Brincando com as mitzvot de Ahavat Israel no campo Conteúdos: mitzvot de Ahavat Israel: bikur cholim (visita aos doentes); hachnassat orchim (receber visitas); mipnei seiva takum (respeitar os mais idosos). Objetivos potenciais: entrar em contato com as mitzvot, pelo desenvolvimento de habilidades artísticas e montagem de um quebra-cabeças. Descrição: (a) Colar foto ou gravura de cada mitzva em cartolina (uma cor para cada mitzva), recortá-la em forma de quebra-cabeças; (b) determinar uma cor para cada classe; (c) Espalhar as peças pelo cam-

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po; (d) Encontrar as peças (devemos encorajar às crianças a ajudarem também as colegas de outras classes praticando, efetivamente, a mitzva de Ahavat Israel); (e) Montar o quebra-cabeça, cada grupo com a ajuda da professora, descobrindo qual é sua mitzva; (f) Desenvolver uma atividade artística, como música, dramatização, poesia sobre seu tema, para apresentarem aos outros grupos. Materiais e recursos: gravuras ou fotografias (no tamanho de cartolina) de mitzvot de Ahavat Israel, cortadas no formato de quebra-cabeça.

Atividades com a família e amigos Piquenique de Lag Baomer com os pais Conteúdos: piquenique de Lag Baomer. Objetivos potenciais: festejar Lag Baomer envolvendo a família. Descrição: realiza-se um piquenique de confraternização de Lag Baomer em um ambiente arborizado, com fogueira, músicas e danças israelenses. Materiais e recursos: preparativos para a fogueira e o piquenique. Neste piquenique, pode-se, também realizar a confecção de arco e flecha com a ajuda dos pais. No caso de Lag Baomer cair num domingo, convidar os pais para organizar um churrasco e planejar atividades integradas com seus filhos, como por ex: salto em altura em cima do fogo, tiro ao alvo com chetz vakeshet ou bolas, dramatização sobre partes da história, esconde-esconde, etc.

Atividades planejadas em torno de habilidades • procurar e classificar gravetos • montar fogueira • perceber a diferença entre quente e frio • observar o fogo • brincar de esconder numa caverna • montar com argila ou sucata uma caverna • dançar e cantar músicas de Lag Baomer


Organização do espaço e dos materiais Cantos Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ ou móvel - para brincar, manipular, interagir, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros, entre outros. O canto de Lag Baomer pode, p. ex., ser montado pelas crianças juntamente com a professora, a partir de materiais trazidos de casa, tais como livros, jogos, gravetos, medura de faz-de-conta, caverna. Exposições • fogueiras • maquete de Lag Baomer: crianças à volta da medura • maquete do local onde Rabi Shimon Bar Iochai ficou escondido: meara, maaian, e etz charuvim Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural do chag, com frase ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português, como p. ex. simcha missaviv lamedura (a alegria, em volta da fogueira).

E/ou imagens como: produções de crianças: uma fogueira e a figura do tamanho real de seus corpos com a foto de seus rostos colados, à volta da fogueira; fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando Lag Baomer. Registro de projetos • fogo • cavernas • integração com o projeto anual da escola. Algumas escolas têm, como eixo principal, o Amor ao Próximo e Amor pela Tora, princípios enfatizados na história de Rabi Akiva. Sua decisão e esforço de iniciar o estudo da Tora, mesmo com 40 anos de idade, e seu enfoque durante sua vida no assunto de Ahavat Israel, como está escrito, Veahavta lereacha kamocha, amar Rabi Akiva, ze klal gadol baTora, ajuda-nos a fortalecer esta forma de viver. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • figura de fogueira em acetato • figura de fogueira em emborrachado

A criança, com a palavra! Exaustos, após um dia inteiro no Sitiolândia, a professora pergunta, ainda no ônibus, quem gostou do tiul. Maurício responde: Eu gostei, mas eu procurei em todas as cavernas, e não encontrei o Rabi Shimon Bar Iochai!

Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • Tora • chetz vakeshet • meninos brincando de chetz vakeshet • fogueira • chamas de fogo • menino subindo o Har Sinai (representação de sfirat haomer) • charuvim • meninos recolhendo madeira • Rabino contando histórias à volta da medura • caverna • caixa de fósforos (cuidados com esh)

2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola • Milho • batata doce • batata inglesa • cebola na medura

BOM APETITE! BETEAVÓN!

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3. Sugestão de material didático Adivinhações de Lag Baomer Quem sou eu? Sou pesada e dura Bem difícil de cortar Comigo fazem muitas coisas Sem elas não podemos ficar. (madeira)

Quem sou eu? Sou grande e escura Nem sempre sou encontrada Acolhi uma família Que aqui ficou como sua moradia. (meara)

Quem sou eu? Quente e ardente Posso ajudar, mas também posso atrapalhar Friccionando pedra com outra Surjo rápido, num faiscar. (esh)

Quem sou eu? Fui aluno de um grande Rav E, com ele, muito aprendi Porém, por causa dos romanos Por longo tempo me escondi. (Rabi Shimon Bar Iochai, o R’áshbi)

Quem sou eu? Desde cedo, fui pastor, mas com o tempo deixei de ser. Aprendi, com muito esforço, Tora e mitzvot que são o que me fez bem. (Rabi Akiva)

Quem sou eu? Tenho uma ponta para acertar Tenho um keshet que me conduz Brincavam comigo para disfarçar O estudo importante da Tora. (chetz)

4. Histórias de Lag Baomer Rabi Akiva e sua esposa Rachel Aos 40 anos de idade, Rabi Akiva ainda não tinha estudado a Tora. Todos os dias, estava ocupado com seu trabalho. Era pastor do gado de Kalba Savua. E quem era Kalba Savua? Um senhor rico, dos mais ricos de Ierushalaim. Tinha uma casa maravilhosa, que mais se assemelhava ao palácio. E quem não conhecia Kalba Savua? Em sua casa, distribuíam comidas e bebidas a todos os que entrassem. Mesmo que alguém entrava faminto como um cachorro, saía de lá savea (satisfeito); daí que passaram a chamá-lo Kalba Savua! Mas não eram só os pobres que iam à casa de Kalba Savua. Muitos sábios estavam entre seus visitantes, pois era um homem que honrava a Tora e seus estudiosos. Nesta casa, cresceu Rachel, filha de Kalba Savua. Estava acostumada a muita riqueza, belas roupas e comidas finas. Muitos servos estavam prontos a satisfazer todos os seus desejos. Desde criança, estava habituada a escutar ditos da Tora. Aliás, o que mais ela apreciava era estudar a Tora. Kalba Savua decidiu que sua filha Rachel se casaria com um dos jovens ricos e estudantes de Tora. Mas Rachel não escolheu nenhum deles. Escolheu um pastor, Akiva, que não havia estudado, nem era rico; jovem, tampouco era. Aos olhos de muitas pessoas, Akiva não era mais do que um homem muito simples, mas Rachel enxergou nele um homem muito humilde e discreto, e que

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‘tinha mais cabeça’ do que muitos dos outros rapazes. Pensava consigo, Rachel: “Só não pôde estudar até agora, por causa de sua pobreza. Se tivesse estudado, teria sido superior a todos com sua inteligência e sua bondade.” Perguntou-lhe Rachel: “Se eu for sua esposa, estudará Tora?” Ao que, Akiva respondeu que sim. Os dois se casaram em segredo, pois Rachel sabia que seu pai não concordaria com este noivo. Mas Kalba Savua acabou sabendo. E como ficou bravo ao saber que sua filha Rachel, bela e inteligente, casou-se com um pastor que nunca havia estudado nada! Como era grande sua tristeza! “Saia já de minha casa!” ordenou a Rachel, “e prometo que receberá nada do tudo que tenho!” Assim, Kalba Savua expulsou sua filha de casa. E ela saiu. Nada mais possuía da enorme riqueza de seu pai. Lá fora estava frio; não tinham, Akiva e Rachel, nem casa onde morar. Alugaram um estábulo e lá moraram. Akiva sentia muito pela pobreza de Rachel, sua esposa, que estava acostumada a uma casa bonita e quente, cheia de coisas boas. Agora, tremia de frio, e seus cabelos estavam cobertos de palha, ao invés das lindas jóias que possuía em casa de seu pai. Disse-lhe, então: “Se pudesse, dar-lhe-ía Ierushalaim shel zahav (Jerusalém de ouro). No contexto, é uma jóia


de ouro, com a imagem de Ierushalaim gravada sobre ela). Veio Eliahu Hanavi, disfarçado como pobre e bateu à porta do estábulo. Veio consolá-los e mostrar-lhes que sempre há pessoas ainda mais pobres: “Dê-me um pouco de palha!” pediu a Akiva, “minha esposa deu à luz, e não temos palha para ela deitar-se e esquentar-se um pouco.” Deram-lhe palha e Rabi Akiva disse à sua esposa: “Veja, há pessoas ainda mais pobres do que nós; tão pobres que nem palha têm.” Mas a verdade é que Rachel nem precisava deste consolo, pois era uma pessoa muito forte: “Vá a um Beit-Midrash3 e estude Tora! disse ela. E não se preocupe comigo. Posso arranjar-me sozinha.” Rabi Akiva foi e estudou por 12 anos com grandes sábios, com Rabi Eliezer Ben Hurkanos e Rabi Iehoshua Ben Hanania. Estudava dia e noite. Destacou-se muito em seus estudos, como Rachel já esperava. Para sustentar-se, ele cortava lenha e as vendia na feira. E, nesse meio tempo, Rachel vivia entre os pobres, nem pão era constante sobre sua mesa. Por todos estes anos, Rabi Akiva não voltou à sua casa, como haviam decidido entre eles dois. Às vezes apenas, enviava um pouco de dinheiro, do pouco que ganhava. Passados estes 42 anos, Rabi Akiva voltou com seus 12.000 alunos, que sempre o acompanhavam. Foi à casa de Rachel e, por detrás da porta, ouviu um homem mau falando para ela: “Seu pai estava certo em expulsá-la de sua casa. De fato, casou-se com um homem que não é adequado para você. E como se isto não bastasse, ele também a abandonou por 12 anos!” Rachel respondeu ao homem: “Se ele me tivesse escutado, teria ficado mais 12 anos no Beit Hamidrash para estudar ainda mais !” Quando ouviu Rabi Akiva as palavras de sua esposa, disse a si mesmo: “Rachel me deu permissão. Estudarei mais!” Não entrou Rabi Akiva em sua casa, e sim voltou a estudar mais doze anos e tornou-se um grande sábio. Quando finalmente voltou, e foi para Ierushalaim, desta feita com 24.000 alunos, as pessoas da cidade saíram ao seu encontro todas, para honrá-lo, pois era um homem muito importante. Também Rachel, sua esposa, saiu ao seu encontro. Disseram a ela, suas vizinhas: “Rachel, com

estas roupas simples, vai ao encontro de seu marido? Vista um vestido bonito e se enfeite com jóias!” Mas Rachel disse: “Rabi Akiva, meu marido, é bondoso e inteligente. Não se importará ainda que eu vá em roupas simples.” Para aproximar-se dele, teve que afastar muitos alunos que o rodeavam, caiu em seus pés; ria e chorava. Os alunos viram que uma mulher pobre estava junto de seu honrado Rav e começaram a afastá-la dele, mas logo Rabi Akiva reconheceu-a e disse: “Agradeçam a ela! O que é meu e o que é de vocês é dela também. Tudo o que estudei e ensinei a vocês, devemos a ela, que me mandou estudar Tora e sofreu por minha causa.” Kalba Savua também soube que um grande sábio encontrava-se Ierushalaim. Há muito tempo, já se havia arrependido da promessa que havia feito quando estava bravo. Muitas vezes, pensou na desgraça em que se encontrava sua pobre filha, e não podia ajudá-la. Agora, disse para si mesmo: “Perguntarei ao sábio, que está em nossa cidade, se pode desfazer minha promessa. Assim, poderei ajudar minha filha em sua pobreza.” Kalba Savua foi ter com Rabi Akiva sobre sua promessa, e não reconheceu que este era o homem que havia trabalhado para ele como pastor, por muitos anos. Rabi Akiva logo viu em seu rosto o quanto se havia arrependido por sua promessa. Perguntou-lhe: “Se soubesse que o marido de sua filha Rachel, um dia, seria um grande sábio e estudante de Tora, ainda assim teria feito esta promessa?” “Não, não! disse Kalba Savua, se soubesse um só versículo, ou ao menos uma halacha, com certeza não teria feito esta promessa.” “Então é possível desfazer sua promessa. Sou eu o noivo de sua filha: Akiva o pastor.” Escutou Kalba Savua, caiu a seus pés e beijou-os. Estava, agora, muito feliz. Logo dividiu sua riqueza e deu a metade a Rabi Akiva. E Rabi Akiva cumpriu sua promessa a Rachel. Agora, como era rico, comprou-lhe a mais bela jóia que existia naquela época: Ierushalaim shel zahav! Para Rachel, no entanto, o mais importante mesmo foi o estudo da Tora por Rabi Akiva, durante o longo período de pobreza que viveram.

A história de Rabi Shimon Bar Iochai Era uma vez um grande sábio cujo nome era Rabi Shimon Bar Iochai (R’ashbi). Tinha um filho, também justo, cujo nome era Elazar. Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho estudavam Tora dia e noite. Naquele tempo governavam, na Judéia os romanos. Isto era muito ruim para os judeus, já que os romanos causaram muitos problemas e baixaram diferentes e estranhos decretos sobre os judeus. Certa vez, decretaram que os judeus não mais poderiam estudar Tora; noutra, ordenaram não observar o Shabat. Os romanos sempre pensavam como poderiam atrapalhar mais aos judeus, no cumprimento de suas mitzvot. E quem não os escutasse, ou falasse algo contra eles, receberia um castigo duro. Por isso, os judeus temiam-nos e não queriam dizer nada contra. Certa vez estava Rabi 3

Shimon Bar Iochai sentado com outros dois sábios de Israel, Rabi Iehuda e Rabi Iossef; conversando a respeito dos decretos que lhes haviam sido impostos pelos romanos. Disse, então, Rabi Iehuda: “Também coisas agradáveis nos fizeram os romanos”: Construíram caminhos e lojas, pontes e piscinas. Escutou Rabi Iossef estas palavras e calou-se. Não queria desacreditar dos malvados romanos, mas teve medo de falar contra eles. Mas Rabi Shimon Bar Iochai não temia. Lembrava-se todas as desgraças que os romanos traziam aos judeus: O Beit Hamikdash, queimaram; dos sábios que estudavam Tora não tinham pena e não lhes permitiam cumprir as mitzvot da Tora. Respondeu Rabi Shimon Bar Iochai: “Esses romanos são malvados, e tudo o que fizeram foi só para seu próprio bem; todas

Beit Midrash; local onde se estuda Tora.

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estes decretos que baixaram são ruins para nós”. As palavras de Rabi Shimon Bar Iochai chegaram aos ouvidos do tzar romano; este ficou muito bravo com Rabi Shimon Bar Iochai e, imediatamente, mandou matá-lo. Ao escutar isto, Rabi Shimon Bar Iochai escondeu-se no Beit Hamidrash com o seu filho Elazar. Dia e noite, estudavam a Tora no Beit Hamidrash sem saírem de lá, para que os romanos não os vissem nem descobrissem seu esconderijo. Às escondidas, a esposa de Rabi Shimon Bar Iochai lhes trazia pão para comer e água para beber. Assim, passou um tempo até que Rabi Shimon Bar Iochai soube que os romanos dobraram suas buscas, e entendeu que caso não se escondesse num lugar mais seguro, os romanos poderiam capturá-lo. Fugiram, então, dali, Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho para um lugar longe, longe, até a floresta Pekiin. Lá, esconderam-se numa caverna e ninguém sabia onde estavam. De onde tinham comida para comer nessa caverna? Afinal, ninguém sabia que lá se encontravam… D’us lhes fez um grande milagre! Ao lado da caverna, da noite para o dia, cresceu uma árvore de alfarroba e, nela, cresceram frutas maduras. E de onde tinham água para beber? Quando entraram na caverna, ouviram um barulho shik, shak, shik, shak... De água! Que grande milagre D’us lhes fez? Uma fonte de água pura e doce saía da caverna. Alegraram-se Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho e agradeceram a D’us, o Santo, Bendito seja! por Sua bondade. Comeram dos charuvim, beberam da água da fonte e cuidaram de suas roupas, para que não se rasgassem, já que não tinham outras roupas para se trocarem. Seus corpos emagreceram, mas eles nem se importaram com isso, já que, na caverna, podiam estudar Tora sossegados. Nesse lugar, ninguém os atrapalhava; assim, puderam aprender (muito) e conseguiram entender coisas que outros sábios não entenderam. Estiveram na caverna por 12 anos e Eliahu Hanavi ia até onde estavam e lhes contava segredos da Tora. Passados 12 anos, veio Eliahu Hanavi, parou na frente da caverna e lhes disse: “Quem avisará Rabi Shimon Bar Iochai que o rei romano morreu e o decreto foi cancelado?” Ouvindo isto, Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho se alegraram muito e

abandonaram a caverna. Ao saíram da caverna viram o quê? Viram pessoas muito ocupadas, fazendo trabalhos difíceis, arando e plantando todo o dia: “Como é que podem fazer isto? Todo o dia só trabalhar e não estudar Tora?” Ouviu Rabi Shimon Bar Iochai uma voz dos céus que lhe disse: “Voltem para a caverna”. Voltaram Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho para a caverna e ficaram lá mais um ano. Passado este ano, ouviu Rabi Shimon Bar Iochai outra voz dos céus, que lhe disse: “Saiam da caverna!” Saíram, então, Rabi Shimon Bar Iochai e seu filho da caverna. E o que foi que viram? Um homem idoso; em suas mãos, dois pacotes com mirtos [folhagens]) cheirosos, e o homem corria porque era véspera de Shabat e, em pouco tempo, o Shabat começaria! “O que são estes mirtos nas suas mãos?” perguntou-lhe Rabi Shimon Bar Iochai. “Em honra do Shabat!” respondeu-lhe o homem idoso. “E por que precisa de mirtos?” “Estes dois mirtos” respondeu-lhe o homem idoso, “são um pela palavra lembrar e outro, pela palavra cuidar, no sentido de observar o dia do Shabat. Alegrou-se Rabi Shimon Bar Iochai muito e falou para o seu filho: “Olhe como bnei Israel gostam das mitzvot e como as observam! Se for assim, vale a pena sairmos da caverna para ficar junto aos bons judeus. Voltaram Rabi Shimon Bar Iochai e Rabi Elazar, seu filho, a morar com os judeus e ensinaram-lhes a entender os ensinamentos da Tora, assim como eles mesmos conseguiram estudar e entender quando estavam na caverna. E foi desta forma que muitos judeus começaram a estudar e entender os grandes ensinamentos da Tora. E devido a este grande justo, Rabi Shimon Bar Iochai, que trouxe muita luz ao mundo, luz da Tora, aconteceram coisas boas para os judeus. Nos dias de Rabi Shimon Bar Iochai, não foi visto o arco-íris. Este é um bom sinal para os judeus, já que D’us, o Santo, Bendito seja! defende-os devido ao grande justo. No dia de Lag Baomer, morreu o justo Rabi Shimon Bar Iochai. Antes da sua morte, ensinou muitos segredos da Tora a seus discípulos; deu-lhes, também, o Livro Sagrado que redigiu, o Sefer haZohar.

5. Brachot e psukim “Veahavta lereacha kamocha, amar Rabi Akiva, ze klal gadol baTora”. E amarás ao seu próximo como a si mesmo, diz Rabi Akiva: este é um princípio maior na Tora.

“Vaamartem ko lechai, Rabi Shimon Bar Iochai” E foi dito Viva o Rabi Shimon Bar Iochai.

“Lo habaishan lamed” (in Pirkei Avot, cap. II, vers. 5) A pessoa tímida não pode aprender.

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6. “Fique por dentro” O que é Lag Baomer e como o celebramos?

Lag Baomer é o 33º do omer, que é o período entre Pessach e Shavuot. Neste dia, a praga que estava matando os discípulos de Rabi Akiva cessou. Também é o dia do aniversário de falecimento de Rabi Shimon Bar Iochai, R’ashbi, o autor do Zohar, livro básico da Cabala, o misticismo judaico. De acordo com a tradição, no dia de seu falecimento, o dia estava repleto de uma forte luz, de grande alegria pela sabedoria secreta que havia revelado a seus discípulos no Zohar. Em Israel, acendem-se grandes fogueiras por todo o país. Desde Pessach, as crianças costumam juntar gravetos e panos velhos para montarem fogueiras, que são acesas ao escurecer, enchendo o céu de chamas e fumaça. A fogueira simboliza tanto a luz da sabedoria de R’ashbi trazida ao mundo, assim como a vela pela memória de seu falecimento. Cortes de cabelo e casamentos costumam ser feitos nesta data e há muitas festividades, acompanhadas de música, danças e canções. Por que o nome Lag Baomer? Toda letra hebraica apresenta um valor numérico. P. ex., o alef corresponde a 1, o beit a 2 e, assim por diante, por unidades; depois, por dezenas e, depois, por centenas. As duas letras hebraicas lamed (30) e guimel (3) somam 33. Portanto, Lag Baomer, significa o 33º dia do omer. A palavra omer significa “feixes” ou “ramos” e refere-se à oferenda de feixes de cevada trazida ao Templo Sagrado (Beit Hamikdash), no segundo dia de Pessach, marcando a colheita da safra de cevada. O período deste dia até Shavuot (o aniversário da outorga da Tora, também conhecida como Festa da Colheita) é denominado omer. É um período de reflexão sobre como encaramos e tratamos nosso semelhante e sobre as tragédias que nos aconteceram pelo ódio infundado entre nossos irmãos judeus. Na próxima semana, estaremos comemorando Lag Baomer. Contaremos a história de Rabi Akiva e seus alunos – que se escondiam na floresta para estudarem a Tora – e falaremos da importância que estas pessoas tiveram para mantermos nossas tradições vivas A comemoração não poderia ser outra: um piquenique numa caverna, numa floresta, ouvindo histórias, mas sempre atentos para não sermos descobertos. Se o inimigo aparecer, fingiremos que estamos somente caçando com o nosso chetz vakeshet (arco e flecha).

Canções e poemas • Oi oi assur lagueshet • Haiom Lag Baomer • Amar Rabi Akiva • Esh, esh medura

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Sugestões de sites www.education.gov.il/moe www.chagim.org.il/lagbaome.html www.kosher.co.il/times/he www.users.ms11.net/~israel_e/azhmaot.html www.ort.org.il/year

Bibliografia Agranoff, T. Jewish holiday crafts. Cohen. L. Chag vechaguiga lepeutot. Israel. 1993 Zamir, R. Madrich tochnit haavoda leguil harach. Gan haieladim beavodato, chelek alef Lilmod ulelamed, choveret ezer legananot, sefirat haomer . Maagal hashana, chelek dalet, Íar ad Av. Miftach lagananot, choveret nº 5. Teacher’s guide for Summer Camps & Hebrew Schools, Hachai publishing. Tochnit haavoda legan haieladim hamamlachti dati “Beshvilei Hagan”, chelek beit. Almanaque do Tzivot HaShem. Beit Chabad Morumbi.

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Shavuot

Colhendo e dançando, Shavuot comemoramos! Fontes As Primícias da Terra e da Ética Social “Sete semanas contará para você; desde que a foice cortar o omer, começará a contar sete semanas. E fará a festa das semanas ao Eterno, seu D’us; o que puder dar de sua mão, dará, como o houver abençoado o Eterno, seu D’us. E alegrarse-á diante do Eterno, seu D’us, você e seu filho, e sua filha, e seu servo, e sua serva, e o Levita que está nas suas cidades, e o peregrino, e o órfão, e a viúva, que está no meio de si, no lugar que escolher o Eterno, seu D’us, para ali fazer habitar o Seu Nome. E recordar-se-á que servo foi no Egito; e guardará e fará estes estatutos:” (Deuteronômio 16, 9 -12) “Shiva Shavuot tispor lecha meachel charmash bakama tachel lispor shiva Shavuot: veassita chag Shavuot laAd-nai Elokecha missat nidvat iadecha Asher titen kaasher ievarechecha Ad-nai Elokecha: vessamachta lifnei Ad-nai Elokecha Ata uvincha uvitcha veavdecha veamatecha vehalevi asher bisharecha vehaguer vehaiatom vehaalmana asher bekirbecha bamakom asher ivchar Ad-nai Elokecha leshakan shmo sham: vezacharta ki aved haita beEgito veshamarta veassita et hachukim haele:” (Dvarim 16, 9 a 12) Mais fontes...: Shmot 34, 22; Shmot 23; Shmot 19 e 20; Vaikra 23, 15 – 22; Dvarim 26, 1 – 2; Dvarim 16, 16 – 17

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Descrição da festa Chag HaShavuot surgiu como uma celebração da colheita da chita (trigo); os pães eram levados como sacrifício ao Beit Hamikdash, simbolizando o início da colheita. A importância dada ao alimento cotidiano é universal em todos os credos, o povo judeu destaca este acontecimento com muita ênfase. O povo de Israel recebeu a imposição de celebrar o Chag HaShavuot quando ainda estava no deserto, em terras estranhas, quando ainda sentiam em suas bocas o gosto amargo da escravidão. E, no Har Sinai (Monte Sinai), ao receber as Leis, escuta como deverá se comportar na colheita dos cereais em sua Terra, após nela estabelecer-se. Como antes, terá que sacrificar-se e, somente depois, começar a colheita. Ao plantar e ao colher, lembrar-se-á dos anos de escravidão, para que as gerações vindouras saibam e sintam por si próprias a pobreza e o exílio, pois assim vivia o povo judeu no passado. A alegria do chag provém, antes de tudo, da ajuda e de Ahavat Israel. Tanto o pobre como o rico têm direito ao pri haadama, o fruto da terra. A bendição da terra é natural e se estende tanto sobre aqueles que possuem mais, como aqueles que são obrigados a colher no campo dos outros. O conteúdo de Meguilat Ruth, o Livro de Ruth, que é lido nos Batei Knesset em Shavuot, refere-se ao período das colheitas e destaca Ahavat Israel, conforme a conduta de Boaz com Ruth, pobre e estrangeira. Shavuot e a colheita do trigo estão relacionadas a Eretz Israel e ao Beit Hamikdash. Mesmo depois da destruição do Beit Hamikdash e impossibilitados de realizar sacrifícios, a festividade segue sendo celebrada com alegria e devoção. Em Shavuot, 50 dias após o êxodo do Egito, bnei Israel encontram-se junto ao har Sinai e recebem o texto da Tora das mãos de Moshe Rabenu. Atualmente, os ornamentos colocados no Beit Haknesset, durante os festejos, acrescentam ao lugar uma nota de alegria e satisfação. As flores e o verde agregam beleza e colorido à alegria dos participantes nas tfilot.

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*O aspecto religioso Shavuot é observada pelos ortodoxos com estudos religiosos e, em Ierushalaim, por uma concentração maciça de fiéis no Kotel Hamaaravi. Nas sinagogas, na véspera do primeiro dia, são lidos trechos da Tora e de outros livros do Tanach. Na manhã seguinte, a leitura do poema Akdamot transmite a idéia da revelação do har Sinai. Na manhã do segundo dia, é lida a Meguilat Ruth, sendo a história de Ruth, de Moav, uma das mais bonitas de toda a literatura do Tanach. Descreve a amizade, o amor e a dedicação de duas mulheres – Ruth e Naomi. Exalta a lealdade - lealdade à própria família, que planta, nos seres humanos, a semente da confiança, da fé e da lealdade que uns têm nos outros, crescendo, assim, a sólida lealdade do homem para com D’us. Enquanto viverem, os homens vibrarão com as palavras de Ruth, a viúva do filho de Naomi: Não me instes para que a deixe, e volte e não a siga; Porque aonde quer que vá, irei eu; Onde quer que pouses, pousarei eu; O seu povo será o meu povo, E o seu D’us, o meu D’us. A história de Ruth é ainda mais encantadora, porque apresenta vivo contraste com os tempestuosos tempos dos Shoftim, Juízes, durante os quais se passa - tempos tão obscurecidos com guerras e feitos cruéis. Houve anos, porém, naquele período, em que os judeus não estavam empenhados em guerras, quando colhiam (segavam) nos campos e trabalhavam em suas aldeias. O povo simples muitas vezes passava fome e aflição, e sofria com a separação das famílias, e até com a morte. Sem fé ou lealdade mútuas que os sustentassem, a vida lhes teria sido muito mais difícil. Além disso, os ricos auxiliavam aos pobres. deixando os cantos dos campos e tudo o que caía das mãos dos segadores, para os pobres, isto é, para que eles respigassem (o direito de respigar era ditado por lei bíblica). A história de Ruth, repleta de paz e de beleza, se passa em Eretz Israel. Há nela o doce calor da terra, podemos “ver” o trigo e os cereais em campos ondulantes, e ouvir o canto dos respigadores que manejavam as foices. Meguilat Ruth relembra os velhos tempos do nosso povo e alguns de seus costumes. No final, conta como David, o rei maior de Israel, descende da adorável Ruth, a moabita.


Em Israel

Mensagens das escolas

A colheita em Eretz Israel começava com a da seora (cevada), no segundo dia de Pessach e, findos os 49 dias da contagem do omer, entre Pessach e Shavuot, a chita (trigo) já está madura para a colheita, e é chegado Chag haShavuot. Com a volta dos judeus à Eretz Israel, reiniciou-se a tradição de que crianças de todos os cantos de Israel ofereciam os bikurim, primícias de frutas e verduras do solo, à KKL1, em Ierushalaim. As crianças chegavam com seus cestos repletos de frutos da terra, como símbolo dos bikurim e como identificação do povo com as tradições antigas e o desejo de mantê-las vivas. Em muitos países fora de Medinat Israel, este desejo de continuar a tradição dos bikurim também acontece, e os frutos são distribuídos entre os mais necessitados. Em Israel atualmente, a festa de Shavuot readquiriu seu caráter de festa campestre. Como nos tempos bíblicos, muitas crianças chegam com seus cestos repletos de frutos, como símbolo dos bikurim levados a Ierushalaim, e como identificação do povo com as tradições antigas e o desejo de mantê-las vivas. Em Ierushalaim, oferecem-nas ao KKL. Nos kibutzim, Shavuot marca o auge da colheita de cereais e o amadurecimento das primeiras frutas nos campos, inclusive dos shivat haminim mencionados no Tanach (chita, seora, guefen, teena, rimon, zait, tamar). Em muitos kibutzim, realizam-se grandes cerimônias de bikurim, que incluem exposições de máquinas agrícolas, e amostras da colheita do campo e, inclusive, os pais apresentam as crianças que nasceram no último ano. Em muitos jardins-de-infância, atualmente, trocam-se cestos de bikurim, além de realizarem o costume de oferecer cestos a alguma instituição para idosos.

Lições para a vida ensinadas pelos pássaros (gansos): 1. Cada pássaro, quando bate suas asas, cria um vácuo para o pássaro que vem atrás. Isso facilita o vôo do de trás. Voando numa formação em V, o bando todo consegue voar 71% a mais do que se cada pássaro voasse sozinho. Lição: Pessoas que compartilham uma mesma direção e tem senso comunitário, podem chegar aonde pretendem mais rápido e mais facilmente ao viajarem (viverem) confiando umas nas outras. 2. Toda vez que um ganso sai da formação, ele subitamente sente o arrasto e a resistência do ar ao tentar voar sozinho. Então volta rapidamente à formação, tomando vantagem do vácuo do pássaro que está imediatamente à sua frente. Lição: Devemos permanecer “em formação” com aqueles que encabeçam o caminho que desejamos seguir. Caso contrário, podemos ser arrastados para longe. 3. Quando o ganso que lidera os demais se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso toma sua posição. Lição: Vale a pena revezar com aqueles que fazem as tarefas difíceis, compartilhando a liderança, porque as pessoas, como os gansos, dependem umas das outras. 4. Os gansos da parte de trás da formação grasnam para os da frente, encorajando-os a manter sua velocidade. Lição: Devemos nos assegurar que nosso “grasnado” lá do fundo é encorajador – não algo menos útil. 5. Quando um ganso fica doente ou ferido, dois gansos saem da formação e o acompanham para baixo, para auxiliá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que esteja apto a voar novamente ou morra. Então partem novamente, tentando alcançar o bando original ou entrando em um novo bando. Lição: Devemos acompanhar o próximo nos momentos difíceis, protegendo-o e ajudando-o a recuperar-se. (Renascença)

1

KKL, Keren Kaiemet Leisrael; Fundo para Israel, é a entidade responsável por plantação de árvores por todo o país.

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Nomes da festa Chag HaShavuot Festa das semanas, que conclui o período de sete semanas desde o segundo dia de Pessach, a partir do qual procedemos com sfirat haomer. Assinala o começo da colheita do trigo. Chag HaBikurim O vocábulo bikur(im) compartilha seu radical com bechor, que, como vimos em Pessach, significa primogênito. É a festa da oferenda das primícias, ou primeiras frutas que, na Antiguidade, eram levados de todos os cantos da Terra Prometida, ao Beit Hamikdash, com grande pompa e alegria. Zman Matan Toratenu ou Chag Matan Tora Festa da entrega das leis (Tora), relembrando a entrega solene dos Dez Mandamentos a Moshe e o pacto feito com bnei Israel. Chag HaKatzir Este nome nos faz entender este chag como a festa da colheita (da chita). O início da colheita era assinalado por este chag, que representava o agradecimento pela dádiva da terra e, portanto, é também a festa do pão. Pentecostes Palavra grega que, significando qüinquagésimo, e adequa-se para Shavuot, pois, então, celebramos o 50º dia após o início de sfirat haomer, já mencionado na primeira noite de Pessach.

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Conceitos importantes • alia lareguel: peregrinação • zait/zeitim: oliva/s • bikurim: primícias • rimon: romã • Chag HaBikurim: Festa das Primícias • sal/im: cesto/s • Chag HaShavuot: Festa das Semanas • seora: cevada • Chag HaKatzir: Festa da Colheita • shibolet: espiga • Zman Matan Toratenu ou Chag Matan Tora: Festa da Entrega da Tora • shivat haminim: sete espécies • chita: trigo • tamar/tmarim: tâmara/s • guefen: uva • teena: figo • lechem: pão • tene: oferenda • Luchot HaBrit: Tábuas da Lei • shloshet haregalim os 3 chaguim: Sukot, Pessach e Shavuot • maachalei chalav: comidas lácteas • Meguilat Ruth: História de Ruth • pri/perot haadama: fruto da terra • sfirat haomer: contagem do omer • perach/prachim: flor/flores • omer: as 7 semanas entre Pessach e Shavuot • E mais os nomes dos legumes, verduras e frutas que fizerem parte das diversas atividades


Símbolos e motivos, usos e costumes Shivat haminim

Costuma-se dizer que a Terra Prometida foi abençoada com os shivat haminim de frutas do campo e das vinhas, que representam a base da alimentação do homem, a saber:

1

chita - trigo, cereal, cujo cultivo é antiqüíssimo, serve como elemento básico da alimentação humana. Afirma-se que é originário do Oriente Médio. Seu plantio foi intenso na Antiguidade, assim como o é na Israel moderna.

2

seora - a cevada, assim como o trigo, também pode ser considerada um dos cereais mais antigos conhecidos pelo homem. Na Antiguidade, como nos dias de hoje, era plantada em todos as regiões de Eretz Israel.

3

guefen - uva, encontrada na Antiguidade e descrita na literatura, junto com seu produto primeiro, o vinho. A cultura da uva praticada antes da conquista de Cnaan, foi uma das bases agrícolas daquela época. Os membros da 1ª alia, imigração para Israel, renovaram sua cultura em Eretz Israel.

4

teena - figo, fruta antiqüíssima, encontrada na Arábia Meridional, trazida por tribos nômades até o Mediterrâneo e, de lá, levada ao ocidente pelos fenícios. Nossos antepassados encontraram o figo como cultura mantida nos tempos da dispersão e foi retomada com a volta do povo a Eretz Israel.

5

rimon - romã, fruto de origem persa, antiqüíssima, encontrada pelos hebreus como cultura, em Cnaan. Muitas regiões e localidades da Antiguidade receberam o nome de romã.

6

zait - azeitona, quando os hebreus chegaram a Cnaan a encontraram em larga escala. O rico óleo dela extraído foi uma das bases alimentares daquela época. Como referência a ela, Eretz Israel denominou-se Eretz shemen zait, a terra do óleo de oliva.

7

tamar - tâmara, fruta encontrada nas regiões do Mediterrâneo assim como nas regiões desérticas, onde serve, até hoje, como base alimentar. Na Israel moderna, a tâmara está sendo plantada em maior escala.

Asseret Hadibrot, os Dez Mandamentos, e seu valor universal As Leis Divinas não existem apenas para os judeus, depositários da Tora, mas para muitos povos, nas escolas, nos templos e igrejas onde se lê a Bíblia e se cantam os Tehilim, Salmos, em louvor a D’us. As Leis estão vivas nas grandes constituições fundadas sobre os pilares da justiça e da igualdade proclamados no har Sinai e adotados pela humanidade civilizada; vivem na literatura universal e nas mais famosas obras de arte. Em todo o mundo, os Dez Mandamentos têm encontrado ressonância e se têm imposto como fundamento moral. Bnei Israel festejam Shavuot com orgulho, porque se sentem mensageiros dos sábios Ensinamentos Divinos e herdeiro dos Livro Sagrado, a Tora. As palavras “Asher bachar banu mikol haamim venatan lanu et Torato” significam que D’us nos escolheu entre todos os povos e nos deu a Tora. Estas palavras, pronunciadas na bendição da Tora no Beit Haknesset, não representam expressão de vaidade, mas sim uma recordação, renovada anualmente, de sua missão espiritual: a de salvaguardar, pelos séculos, esse tesouro de ética e sabedoria, que foi confiado ao povo judeu, ao pé do Har Sinai.

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Comer derivados de leite Este costume é realizado, para enfatizar o que foi descrito no Shir Hashirim, Cântico dos Cânticos, escrito pelo melech Shlomo, onde diz que Tora é tão doce como o mel e tão nutritiva como o leite, em “mel e leite há sob sua língua”. Portanto, na celebração do dia do recebimento da Tora, nos lares, costuma-se preparar comidas especiais à base de leite e adoçadas com mel. Outra razão deste cardápio lácteo é que se supõe que, no dia da entrega da Tora, bnei Israel voltaram extremamente cansados ao acampamento e, incapazes de preparar uma refeição formal, tomaram de qualquer prato de leite e queijo, comida típica entre pastores, e dele se alimentaram. Acredita-se ainda que foi neste dia que bnei Israel ouviram, pela primeira vez, as leis da kashrut e, como não tiveram tempo de preparar comidas kasher de carne, prepararam comidas de leite, cujo preparo é mais fácil e rápido. É costume, também, comer os shivat haminim, além de usá-los para receitas culinárias, típicas do chag, como pão, bolos, levivot, biscoitos, salada-de-frutas, pudins e mingaus. Cestos Em muitas escolas judaicas do mundo todo, as crianças preparam cestos com frutas e legumes, coroas de flores e relembram, por meio de canções, danças e dramatizações a alia bareguel, peregrinação, e a entrega de bikurim, assim como nossos antepassados traziam para Jerusalém, ao Beit Hamikdash.

Mitzvot *Kriat Meguilat Ruth É costume ler quatro capítulos da Meguilat Ruth, em Shavuot, antes mesmo de ler a Tora, pois acredita-se que esta data marca também o dia da morte do rei David. No começo da Meguila, é contada a história dos antepassados de David, que pertence à família da qual, acredita-se, descenderá o Mashiach, o ungido (escolhido) ou Messias. *Tikun leil Shavuot No recebimento da Tora, conta-se que Moshe deve ter conduzido bnei Israel por três dias, antes do dia em que isto realmente aconteceu. Após grandes preparativos para o importante evento, como Moshe não aparecia, o povo ficou indiferente. Para “consertar”, simbolicamente, a indiferença mostrada por bnei Israel, que ficou esperando pela volta de Moshe portando a Tora, costuma-se ficar acordado, durante toda a noite anterior e a noite de Shavuot, para estudar a Tora, lendo o Tikun leil Shavuot, que é uma compilação do Tanach, da Mishna e do Talmud.

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* Espirrar água Este costume é realizado em comunidades que vieram ao Oriente Médio, quando as pessoas espirram água umas às outras, relembrando que a Tora é comparada à água: maim chaim - água que representa a vida. *Introdução da criança no estudo da Tora Em comunidades originárias da Europa Oriental, realiza-se tal costume em forma de cerimônia: quando o menino completa cinco anos, seu pai o leva para o Beit Haknesset, em Chag Matan Tora, e o entrega ao rabino, que lhe mostra um pergaminho com as primeiras letras do alfabeto, alef-beit. O rabino lê para a criança as letras de frente para trás e de trás para a frente, espalhando mel por sobre as letras, para a criança provar e sentir que as palavras da Tora são doces como o mel. Para encerrar, é também costume comer o bolo do har Sinai, bolo de mel com amêndoas e passas. As crianças que aprenderam a ler começam, neste dia, a estudar o chumash, Pentateuco, ou os 5 primeiros livros do Tanach. * Ouvir a leitura das Asseret Hadibrot A Revelação no har Sinai foi uma experiência profunda que inspirou reverência. Todo o Universo, dizem nossos sábios, tremeu com o forte som do toque do shofar. Trovões e relâmpagos cruzaram os céus. De repente, o silêncio. Para que se torne concreta para as crianças a importância deste acontecimento, a escolha do povo, a escolha do local e do tempo, sendo que nosso objetivo é que a criança sinta a ligação e a pertinência a bnei Israel e sua cultura, podemos usar alguns comentários que foram escritos por nossos sábios, z”l (zichronam livracha, de abençoada memória): a situação era tão emocionante que o mundo todo: seres vivos, o mar, o vento e os anjos ficaram estagnados, paralisados. E, no meio do silêncio absoluto, ouviram-se vozes e raios e um som de shofar muito alto. Naquele instante, foram entregues por Moshe Rabenu, que havia escalado a montanha, as Asseret Hadibrot, que são os princípios da nossa religião. E todo o povo via os trovões e as tochas e o som do shofar, e o monte fumegante; e viu o povo, e tremeu, e ficou de longe. (Êxodo, 20, 18) ve kol haam roim et hakolot veet halapidim ve et kol hashofar veet hahar ashan vaiar haam vaiane vaiaamdu merachok. (Shmot, 20,18) Quando D’us deu a Tora, O pássaro não piou, A ave não voou, O boi não mugiu, Os anjos não voaram, O mar não estremeceu, Os pactos não falaram, Ao contrário- o mundo silenciou e ensurdeceu, E saiu a VOZ: “EU SOU O SEU D’US!” (Shmot Raba, 29, 9)


O significado da festa para crianças na idade infantil Assim como outros chaguim do calendário judaico, também Shavuot é rica em simbologia, histórias e costumes. Os conceitos bikurim, matan Tora e katzir serão introduzidos nas rodas de histórias, vídeos, jogos e em visita à sinagoga, para que as crianças possam ver um Sefer Tora. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Shavuot, e enfocar os vários aspectos, ou seja, adequar as atividades de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e nomear a festa Chag HaBikurim. Além disto, por meio de vivências baseadas em arte, jogos diversos, na brincadeira, em dramatizações, filmagens, contos, trilhas, culinária, modelagem, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: sal/im (cesto), tene (oferenda), zer (guirlanda), bikurim (primícias). Alguns costumes característicos de Shavuot que enfatizem o “aqui e agora” poderão ser vivenciados, como a preparação de maachalei chalav (comidas de leite). A história da festa poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas. Podem-se contar histórias curtas, com acontecimentos passados no har Sinai, salientando símbolos como os luchot habrit. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Shavuot e seu significado, contada em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas. A criança pode aprender nomes adicionais de Shavuot e seu contexto, além dos símbolos e costumes do chag e seus significados, como enfeitar o ambiente com folhagens verdes (kishut beierek), que podem ser vivenciados

pela família e pelo ambiente próximo. É possível resgatar conhecimentos prévios, poderemos introduzir os conceitos de sfirat haomer, os shivat haminim e a alia lareguel. Nesta etapa, além de contar histórias curtas, dos acontecimentos que se passaram no har Sinai, é possível explicar o significado do dito naasse venishma (Realizaremos e escutaremos). É adequado conversar com as crianças a respeito de alguns mandamentos e seus significados, enfatizando a importância da leitura da Tora e das Asseret Hadibrot. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu significado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais do chag, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. Acrescentamos o conceito de Chag Matan Tora, resgatando assim a festa de Pessach, trabalhando a seqüência histórica e o significado das leis para a formação de um povo (grupo social). A análise dos dez mandamentos poderá motivar a discussão de combinados da classe e da necessidade destes. A história da Meguilat Ruth poderá ser contada, adaptando o conteúdo para a idade das crianças. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o significado das mitzvot de “halel” e “shehechianu”, além da importância de Tikun Shavuot (cerimônia religiosa típica de Shavuot). É possível conversar com as crianças sobre o que se passou em har Sinai, na época da entrega da Tora, a aliança (brit) entre D’us e Israel – naasse venishma, as Asseret Hadibrot e completar os shloshet haregalim (os 3 chaguim, nos quais se peregrinava a Jerusalém: Sukot, Pessach e Shavuot).

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Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Shavuot. Com a mão na massa Conteúdos: receitas à base de leite. Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comer derivados de leite e “colocar a mão na massa”. Descrição: preparar a atividade entoando a canção Eretz zavat chalav udvash. Em seguida, separar os ingredientes nomeando-os em hebraico. Passar à elaboração da culinária. Assar a massa no forno, fazendo o registro da receita, de várias formas, por meio de colagem de rótulos, escrita, desenho ou fotos. A última etapa será a degustação. Materiais e recursos: espaço adequado, forno elétrico, tigelas, batedeira, liquidificador, colher de pau, formas, aventais e ingredientes que fazem parte das receitas. Obs: Dependendo da receita, esta atividade poderá ser desenvolvida com todas as faixas etárias. Saleinu al ktefeinu (Nossas cestas sobre nossos ombros) Conteúdos: cesta para colocar os bikurim. Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de preparar cestos que comportem bikurim. Descrição: Contar, na roda, uma história sobre alia lIerushalaim e a entrega dos bikurim, acompanhada de figuras ilustrativas. Oferecer, em seguida, diversos materiais para que as crianças montem seus cestos e frutas que serão levadas para casa, na véspera do chag. Materiais e recursos: caixas de diversos tamanhos e modelos, potes vazios de margarina ou sorvete, quadrados de E.V.A., folhas de RX, massa de modelar, papel jornal, cola branca, barbante, fita ou fitilho largo, fita dupla face, grampeador, papel crepom colorido, forminhas de brigadeiro e “bailarinas” Obs.: crianças de 2-3 anos utilizarão, de preferência, embalagens já estruturadas, enquanto as de 4-5 montarão suas próprias. Olim lierushalaim (Indo para Jerusalém) Conteúdos: costume de oferecer bikurim, relacionando-o com a comemoração de Iom Ierushalaim. Objetivos potenciais: entrar em contato com o chag, por meio deste costume central, com o ritual que remete aos tempos do Beit Hamikdash. Descrição: esta atividade deve envolver todos os alunos, inclusive os do Fundamental. Acontece num espaço grande, que se transforma na cidade de Ierushalaim. Sua duração é de mais ou menos 3 horas. Os alunos mais velhos poderão representar os cohanim2 que receberão os bikurim, a serem entregues pelos alunos menores. Toda a comemoração poderá seguir os rituais narrados no livro Dvarim. Os alunos serão divididos em 7 grupos, simbolizando shivat haminim. Cada grupo tem como motivo os bikurim, uma das espécies 2

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que serão entregues a um cohen, que se coloca diante de um dos portões simbólicos de Ierushalaim. Toda a comemoração é acompanhada de canções, danças, ginástica rítmica e brachot alusivas à festa de Iom Ierushalaim e Shavuot. Terminada a comemoração, os alunos participam de uma gincana preparada pelos alunos do Fundamental 2. Materiais e recursos: a preparação externa exige certo tempo de antecedência e mãode-obra adulta. Os pais poderão ser convocados para ajudar nesta preparação. Sugestão: preparar canções, rodas ‘dançadas’, quando cada turma poderá escolher uma das espécies ou símbolos, p. ex. cestos, enfeites (kishut beierek), que usarão na comemoração. Obs.: sugerimos que apenas os alunos de 5/6 anos) devem participar desta longa comemoração. Já, para outros graus, a comemoração durará mais ou menos 40m’ e será menos complexa. Poderão formar rodas ‘dançadas’, cantar e trocar (inter-classes) cestos de bikurim, além de lanchar frutas e guloseimas que receberão nos cestos. Vamos à feira Conteúdos: frutas e verduras. Objetivos potenciais: por meio desta atividade simbólica, entrar em contato com um dos costumes do chag, preparando o cesto de bikurim, com frutas e legumes. Descrição: dois dias antes desta atividade, cada aluno escolherá a fruta ou o legume que gostaria de trazer à feira. Também começam a enfeitar com verde e folhagens a barraca da classe, de acordo com suas frutas e legumes. No dia da atividade, cada aluno receberá dinheiro de faz-de-conta e trará de casa uma sacola ou carrinho de feira para poder transportar suas “compras”. As professoras assumem o papel de vendedoras e os alunos circulam, “comprando” o que quiserem. Terminadas as compras, os alunos voltam para as classes, onde farão, com parte de suas compras, salada de frutas e de legumes, que saborearão na classe. O restante, levarão para casa. Materiais e recursos: mesas que serão transformadas em tabuleiros para comportar frutas e legumes, separadas por espécies, bolsas, cestos, dinheiro de faz-de-conta, tabuletas com preços e folhagens para as barracas. Brincando com os “combinados” da kita, comemoramos Chag Matan Tora Conteúdos: combinados da classe, comparados às asseret hadibrot. Objetivos potenciais: elaborar os combinados, confeccionar os luchot habrit, e comemorar Chag Matan Tora. Descrição: elaborar os combinados da classe, confeccionar os luchot habrit com desenhos das crianças e comemorar, ao final, Chag Matan Tora. Materiais e recursos: materiais criativos para construir os luchot habrit, e para registrar os combinados.

cohanim, sacerdotes (uma das três tribos remanescentes de Israel, citadas anteriormente). Singular, cohen.


Brincando no Har Sinai, comemoramos Chag Matan Tora Conteúdos: conteúdos específicos de Shavuot: Chag Matan Tora, bikurim, ktzir chitim. Objetivos potenciais: vivenciar conteúdos do chag por meio de dramatização. Descrição: crianças escolherão as personagens que desejam dramatizar, e participarão, de forma ativa, na dramatização do recebimento da Tora no Har Sinai. No final, dançarão e apreciarão comidas típicas do chag. Materiais e recursos: efeitos para a simulação do Har Sinai e coreografia relevante. Comidas típicas da festa. Construindo Har Sinai e recebendo a Tora Conteúdos: bnei Israel beHar Sinai, beMatan Tora. Objetivos potenciais: construir uma montanha, e dramatizar Matan Tora. Descrição: com um poncho, professora e crianças constroem Har Sinai, acrescentando flores. E, com fundos de garrafas de plástico, bonecos e caixas-de-fósforos, montam a coreografia para Matan Tora. Materiais e recursos: poncho, flores, fundos de garrafas, caixas-de-fósforos, bonecos, entre outros. Comemorando Shavuot com arte Conteúdos: reproduções de Rembrandt e Michelangelo, ligadas ao tema. Objetivos potenciais: desenvolver o gosto pela arte, conversar sobre o conteúdo das obras-de-arte. Descrição: salientando sempre que Tanach não contém imagens, ao contarmos sobre Matan Tora, podemos dizer que Moshe e este acontecimento foram tão importantes, que artistas famosos decidiram usar sua imaginação e habilidade artística para retratá-los. Rembrandt o fez pela pintura e Michelangelo, pela escultura. Motivar as crianças para observarem estas obras e criarem, com diferentes materiais, seu próprio Moshe. Materiais e recursos: reproduções acima citadas, que constam do set que acompanha o livro de Ofra Reisman; argila, papéis coloridos, cola, giz de cera, entre outros.

Naasse venishma (Realizaremos e escutaremos) Conteúdos: concretização da expressão: naasse venishma. Objetivos potenciais: vivenciar a lenda em torno desta expressão. Descrição: contar a história, na qual D’us oferece a Tora a diversos povos, mas apenas bnei Israel aceita recebê-la, enfatizando a mensagem que se expressa nesta frase. Materiais e recursos: história e apetrechos para dramatização. Um piquenique delicioso com maachalei chalav Conteúdos: a idéia da comparação do chalav com a Tora, piquenique com maachalei chalav. Objetivos potenciais: vivenciar, de maneira gostosa, o costume de saborear maachalei chalav, em Shavuot, enfatizando que, após Matan Tora, bnei Israel comeram uma refeição de chalav, pois ainda não conheciam as leis da carne kasher. Descrição: comemorar Shavuot, saboreando algum produto de leite. Cada criança traz de casa algum produto de leite. Esta atividade pode ser realizada no pátio, num grande piquenique. Materiais e recursos: comidas e guloseimas de leite (requeijão, bolo, sucrilhos, ‘Toddynho’, brigadeiro), uma toalha grande para estender no chão. Levando bikurim leBeit Hamikdash bIerushalaim Conteúdos: shivat haminim. Objetivos potenciais: vivenciar conteúdos de Shavuot. Descrição: cada nível escolherá dois dos shivat haminim, e todas as classes trarão frutas para os cestos que serão oferecidas aos funcionários da escola. As crianças brincarão com coroas de flores, simbolizando a festa dos bikurim. No dia de Shavuot, as crianças vão ao Beit Haknesset da escola, simulando uma alia bareguel para o Beit Hamikdash. Para comemorar Iom Ierushalaim, realiza-se um Kabalat Shabat coletivo, no qual cada classe participa, representando um dos aspectos relevantes. No Kabalat Shabat, são oferecidas comidas típicas, como burekas de queijo, salada de frutas, chantilly. Materiais e recursos: shivat haminim, frutas, verduras, flores, comidas típicas de Shavuot.

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Atividades com a família e amigos Shavuot e Bikurim comemorando com pais, do começo ao fim! Conteúdos: conteúdos do chag, por meio de tachanot (estações). Objetivos potenciais: vivenciar ativamente os conteúdos do chag, com os pais. Descrição: convidar os pais, para que participem com seus filhos, de atividades como produção de salada-de-frutas, oficinas de coroas de flores e enfeite com folhagens, brincadeiras e jogos, entre outros, com a temática de Shavuot. Materiais e recursos: bilhete convidando pais, organização dos materiais para tachanot, confecção de cartazes explicativos de cada atividade. Obs.: as coroas confeccionadas poderão ser utilizadas na comemoração. Coroas de bikurim que vão e voltam Conteúdos: coroas de bikurim (um dos costumes do chag) . Objetivos potenciais: confeccionar coroas em casa, com participação dos pais. Descrição: cada criança leva para casa três tiras de cartolina e os pais as ajudam a enfeitá-las, transformando-as em coroas. Estas coroas serão utilizadas na comemoração, tanto pela criança como por seus pais. Materiais e recursos: bilhete explicativo da atividade, tiras de cartolina. Concurso de cestos de bikurim Conteúdos: enfeitar cestos de bikurim com os pais. Objetivos potenciais: integrar os pais nas atividades da escola, vivenciar Chag HaBikurim. Descrição: as crianças deverão preparar em casa, com o auxílio dos pais ou irmãos mais velhos, cestos de bikurim. Na manhã seguinte, fazem uma passeata pela escola, cada um carregando seu cesto. Materiais e recursos: sucatas e materiais para decorar cestos de vime. Dramatização da história das montanhas Conteúdos: apresentação e dramatização do midrash da história das montanhas. Objetivos potenciais: viabilizar a visualização deste midrash. Descrição: um grupo prepara a apresentação da história, ensaiando por alguns dias e, na véspera de Shavuot, apresenta-se para as demais classes.

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Materiais e recursos: fantasias e outros materiais para a apresentação da história. Obs.: da mesma forma, é possível apresentar a história dos povos (apresentação de Moshe oferecendo a Tora a outros povos e a aceitação por parte de bnei Israel, os hebreus). Uma alia bareguel de bikurim de faz-de-conta Conteúdos: simulação de alia bareguel (peregrinação). Objetivos potenciais: vivenciar um dos costumes de Shavuot, a alia bareguel lIerushalaim. Descrição: crianças, professoras, funcionários e pais, usando coroas, darão a volta no quarteirão da escola, simulando uma alia bareguel lIerushalaim. Esta caminhada termina no salão, onde tem início a comemoração do chag e todos depositam seus bikurim, que, mais tarde, poderão ser doados aos funcionários da escola. Materiais e recursos: bilhete pedindo para que tragam 2 ou 3 frutas ou legumes. Chá com os avós, lendo Meguilat Ruth Conteúdos: atividade conjunta para crianças e avós, Meguilat Ruth. Objetivos potenciais: passar uma tarde agradável com avós, ressaltando que Ruth foi uma das avós de David Hamelech. Descrição: avós são convidadas a tomar um chá na escola com as crianças. Nesta ocasião, a professora conta Meguilat Ruth. Materiais e recursos: chá, flores, vasos, espuma floral, folhagens, e um saboroso lanche para finalizar a atividade. Confeitando Har Sinai Conteúdos: bolo em forma de Har Sinai. Objetivos Potenciais: trabalhar com culinária, fazendo um bolo transformar-se em Har Sinai. Descrição: num dia, as crianças fazem um bolo retangular. Podem fazer um bolo grande para apresentar para a escola, no chá de avós, ou bolos individuais, para cada criança. No dia seguinte, as crianças decoram o bolo. Primeiramente, passam creme de chocolate e, por cima, jogam coco ralado misturado com corante verde. É, também, possível enfeitá-lo com balas-jujuba (como se fossem flores). Por fim, espetam dois biscoitos wafer, como se fossem as luchot habrit. Material e recursos: ingredientes para os bolos, creme de chocolate, coco ralado, corante verde, bolachas wafer, balas-jujuba, bandejas de papelão.


Registro de projetos • Projeto de continuidade de Pessach com Shavuot, desde a saída de Egito até o Har Sinai, planejando a coreografia relevante (craft na areia, pirâmides, bonecos simulando bnei Israel caminhando pelo deserto) . • Sugestão para a integração com o projeto anual da escola sobre ecologia, salientando a plantação de frutas e verduras. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • tear com elásticos coloridos. • objetivos: percepção visual, coordenação motora e orientação espacial. Trata-se de uma placa de compensado, onde está desenhado uma flor, fruta, ou legume contornado por pregos, para passar o elástico, formando-o e visualizando-o. A criança recebe vários elásticos coloridos, ou de uma cor só. Deverá encaixá-los nos ângulos da figura até conseguir formá-la, podendo formar, também, outras figuras. • dobraduras diversas (para 5-6 anos) • cesta ou sacola de feira, maçã, pêra, chuchu, abacaxi, cenoura, queijo, tulipa, banana, cacho de uvas e outros. • bonecos emborrachados para mural. • cesta de material emborrachado (EVA) para teatro.

A criança, com a palavra! Após a história, contada pela professora, sobre D’us ter oferecido a Tora a outros povos (que a recusaram), antes de entregá-la aos bnei Israel, Leivi, ao voltar para casa, foi direto para a cozinha tirar satisfação com a cozinheira: Fátima, por que vocês disseram não?

Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • chita: trigo • zait/zeitim: azeitona/s • luchot habrit: tábuas da Lei • rimon: romã • tamar/tmarim: tâmara/s • tene: oferenda • seora: cevada • shivat haminim: sete espécies • lechem: pão • guefen: uva • bikurim: primícias • maachalei chalav: comidas lácteas • teena: figo • shibolet: espiga • perach/prachim: flor/flores

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2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Kreplach de Queijo Ingredientes da massa Modo de Fazer 1 ovo 1. Abrir a massa, não muito fina, com rolo sobre um tampo polvilhado com farinha. 1 copo de farinha de trigo sal e água o suficiente para amassar 2. Cortar círculos com copo. Ingredientes para o recheio Queijo fresco amassado temperado com sal e pimenta síria ovos pão umedecido no leite

3. Rechear cada círculo e fechá-lo como pastel. 4. Deixá-los secarem e cozinhar em bastante água temperada com sal. 5. Escorrer, passar na manteiga derretida e servir com queijo parmesão ralado.

Torta de Ricota Rápida Ingredientes 4 ovos, com claras em neve ½ kg de ricota 1 lata de leite condensado 2 latas de leite comum 3 colheres de maizena 4 colheres de açúcar, raspas de limão e passas

Modo de Fazer 1. Misture tudo no liquidificador, exceto as claras em neve, que deverão ser encorpadas à mistura sem bater. 2. Mexer delicadamente. 3. Untar forma retangular média com manteiga, despejando a massa sobre ela. 4. Levar ao forno quente por +/- 45’.

Blintzes (panquecas) Ingredientes da massa 2 ovos 1 copo de leite 1 copo de farinha 1 colher de chá de sal Ingredientes para o recheio Queijo ricota amassado cebolinha verde pimenta síria e sal

Modo de Fazer 1. Bater todos os ingredientes no liquidificador. 2. Deixar descansar. 3. Untar, levemente, uma pequena frigideira. 4. Levar ao fogo, com a concha, derramando pequenas quantidades de massa. 5. Fritar de um lado e, depois, virar, não deixando que a panqueca core muito. 1. Rechear as panquecas. 2. Arranjá-las num pirex fundo. 3. Jogar creme-de-leite por cima. 4. Levar ao forno para o queijo derreter. 5. Servir quente.

Pizza de bolacha água e sal Ingredientes Bolacha água e sal molho de tomate orégano fatias de muzzarela

Modo de Fazer 1. Passar um pouco de molho de tomate nas bolachas água e sal. 2. Salpicar orégano. 3. Colocar fatias de mussarela por cima. 4. Levar ao forno até o queijo derreter.

BOM APETITE! BETEAVÓN!

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3. Sugestão de material didático Asseret Hadibrot 1. Eu sou o Eterno seu D’us, que lhe tirei da terra de Egito, da casa dos escravos. 2. Não terá outros deuses diante de mim. 3. Não fará para si imagem de esculturas, figura alguma do que há em cima, nos céus, e abaixo, na terra, nem nas águas, debaixo da terra. Não tomará o nome do Eterno seu D’us em vão. 4. Observe o dia de sábado para santificá-lo. Seis dias trabalharás, mas o sétimo dia é o Shabat do Eterno, seu D’us: não fará nenhuma obra, você ou seu filho, ou sua filha; seu servo, ou sua serva, ou seu animal e seu peregrino, que estiver em suas cidades. 5. Honrará seu pai e sua mãe, para que se prolonguem seus dias sobre a terra. 6. Não matará. 7. Não cometerá adultério. 8. Não furtará. 9. Não levantará falso testemunho contra seu próximo. 10. Não cobiçará a casa do seu próximo, a mulher do seu próximo ou tudo o que seja de seu próximo.

A importância das crianças na festa

Os Fiadores (Extraído da Agada) Em um dos livros antigos, escreve-se sobre o tempo em que D’us se dispôs a dar Sua Tora aos bnei Israel. Quando Israel estava pronto para receber esse precioso presente, o Santo Bendito seja, disse: ”Dar-lhes-ei minha Tora; tragam-me primeiro, porém, bons fiadores, para que Eu possa estar seguro que de a guardarão fielmente.” E bnei Israel responderam: “Nossos pais serão fiadores: Avraham, Itzchak e Iaakov”. E D’us disse: “Seus pais não são por Mim aceitos. Nem Avraham, nem Itzchak, nem Iaakov são por Mim aceitos. Ofereçam-me bons fiadores e lhes darei a Tora”. Então, bnei Israel disseram: “Senhor do Universo, oferecemo-Lhe nossos profetas como fiadores.” D’us, porém, replicou: “Os profetas não são por Mim aceitos. Tragam-me bons fiadores para que Eu lhes dê a Tora.” Bnei Israel, daí, disseram: “Que nossos filhos e os filhos de nossos filhos sejam nossos fiadores!” E o Santo Bendito seja disse: “Seus filhos e os filhos de seus filhos são bons fiadores. Por eles, dar-lhes-ei a Tora.”

Shavuot, festa campestre e religiosa O caráter mais antigo de Shavuot é o de festa campestre. No mês de sivan, inicia-se e se conclui o colheita de cereais. Um momento de grande importância, na vida do povo dedicado ao cultivo da terra, não poderia transcorrer sem agradecimento a D’us ou sem a exteriorização desta gratidão. Assim, eram separados os bikurim dos produtos que eram extraídos do solo, para serem levados como oferenda. Nos tempos do Beit Hamikdash, Templo Sagrado, Shavuot se caracterizava pelas aliot bareguel. Grandes grupos de agricultores chegavam de todas as províncias e o país adquiria um aspecto animado e pitoresco. Os peregrinos se organizavam em longas caminhadas e se dirigiam a Ierushalaim, acompanhados, durante o trajeto, por alegres sons de flautas. Em cestos decorados com fitas e flores, cada um conduzia sua oferenda; bikurim de chita, seora, guefen, teena, rimon, zait e tamar. Produtos que deram renome ao solo de Eretz Israel. Ao chegarem a Ierushalaim, eram acolhidos com cânticos de boas-vindas e entravam no Beit Hamikdash, onde faziam a entrega dos seus cestos ao cohen. A cerimônia se completava com hinos de toques de harpas e outros instrumentos musicais.

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4. Histórias de Shavuot A raposa e o pão Adaptação do conto de Leon Tolstoi, no livro de L. Cohen, Chag vechaguiga lapeutot. Certo lavrador colheu frutas no campo, durante toda a manhã, até que se cansou tanto, que sentou-se para descansar. Uma raposa saiu de um bosque próximo ao local onde o lavrador trabalhava, aproximou-se e disse: - O que está comendo? - Pão, respondeu o lavrador. - Dê-me um pedaço, nunca provei pão antes. O lavrador lhe deu uma fatia. - Hum... que gostoso, disse a raposa. Também quero fazer um pão desses para mim. Como se faz? - Antes de mais nada, pegue um arado e are o campo. - E aí? Terei o pão? - Não, ainda não. Depois, você limpa a terra... - E tenho pão! - Espera aí, você nem semeou ainda! - E aí, então, terei pão!

- Não. Aí choverá, as sementes brotarão durante o inverno e, mais ou menos em Shavuot, amadurecerão. - E aí, já vai dar para comer o pão? - Não, aí você colhe e traz a colheita para o celeiro... - E come o pão! - Não, não... você ainda precisa retirar os grãos, juntálos, moê-los e fazer a farinha. - E finalmente, já se pode comer o pão? - Dali a pouco. Da farinha, faça uma massa, trabalhe-a bem, faça um filão de pão e coloque-o no forno para assar. - E aí, terá pão? - Sim, aí você pode cortar um pedaço de pão e comer. A raposa pensou e pensou e disse: - Eu, heim, é muito difícil, um processo muito longo; pode deixar a gente doido. É melhor eu ir andando prá procurar uma galinha. E lá se foi ela.

Har Sinai Extraída do livro Ma assaper laieled, vol. 2. Har Sinai Beshaa sheratza HaKadosh Baruch Hu latet et haTora leam Israel, hitchilu heharim lariv beineihem. har haCarmel amar: “Ani kol kach iafe, gavoa venechmad lemare. Bevadai alai iten haShem Et haTora leamo Israel.” Ana lo har Tabor: “Lo alecha, ki im alai! Ani ioter iafe! Ani ioter nae!” HItravrev gam har Bashan: “Lo alecha, Lo alecha, Habitu ureu!” Haiesh od har iafe kamoni?! Kach ravu heharim beineihem, ravu vehitkotetu, verak har Sinai amad besheket veshatak. Harei ani kol kach katan! Chashav. Amar HaKadosh Baruch Hu Al ma tarivu harim gueim? Lo alecha har Bashan! Velo alecha har Carmel! Vegam lo alecha har Tabor! Rak al har Sinai heanav Iten haKadosh Baruch Hu et haTora lebanav!” Hirkinu heharim et rasheihem bebusha al gueutam hatipshit. Veal har Sinai hitzmiach HaKadosh Baruch Hu essev ufrachim iafim lichvod matan Tora.

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O Monte Sinai No momento em que D’us, o Todo Poderoso, quis entregar a Tora para o povo de Israel, os montes começaram a brigar entre si. O Monte Carmel disse: Eu sou um monte tão lindo, alto e de ótima aparência. Com certeza D’us entregará a Tora para o povo de Israel, sobre mim.” Ao que o Monte Tabor respondeu: “Não sobre você, mas sim sobre mim! Eu sou mais belo! Eu sou mais bonito!” E o Monte Bashan também não deixou de se gabar: “Nem sobre você, e nem sobre você, e sim sobre mim! Esperem e vocês verão!” Teria algum monte mais lindo do que eu? E assim brigavam os montes entre si, brigavam e discutiam, e somente o Monte Sinai ficava em silencio quieto. Eu sou tão baixinho... pensava. Foi então que D’us falou: “Sobre o que vocês, montes vaidosos estão a discutir? Nem você Monte Bashan! E tampouco você Monte Carmel! E também não você Monte Tabor! Somente sobre o Monte Sinai que é modesto, D’us entregará a Tora a seus filhos.” Os montes baixaram a cabeça de vergonha por sua boba vaidade. E D’us fez com que florescesse no Monte Sinai uma linda grama e lindas flores em homenagem ao recebimento da Tora.


5. Brachot e psukím A seguinte bracha é recitada após a leitura da Meguilat Ruth: Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam, harav et rivenu, vehadan et dinenu, vehanokem et nikmatenu, vehanifra lanu mitsarenu, vehameshalem guemul lechol oivei nafshenu. Baruch Ata Ad-nai, hanifra leamo Israel mikol tzarehem hak’El hamoshia.” Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que nos conservou em vida, nos sustentou e nos fez chegar a estes tempos.

Eretz natna ievula, eretz zavat chalav udvash A terra produziu, a terra do ......, leite e mel Vechag HaShavuot taasse lecha E comemore a festa de Shavuot Pri gani hine heveti, melo hatene rav peer O fruto do meu pomar, eu trouxe, e o cesto cheio de maravilhas. Hazorim bedima berina iktzoru Os que semeiam com lágrimas, com alegria colherão

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6. “Fique por dentro” Caros Pais, Shavuot é a última festa judaica do primeiro semestre. Em Shavuot, cada um de nós recebe a Tora e seus ensinamentos. Estamos enviando-lhes alguns textos para compartilharem em família. Chag Sameach! Quais são os Dez Mandamentos? 1. Sou o senhor seu D’us 2. Não fará imagens nem ídolos para adorar 3. Não jurara em falso em Meu Nome 4. Observe o dia de Shabat para santificá-lo 5. Respeite seu pai e sua mãe 6. Não matará 7. Não cometerá adultério 8. Não roubará 9. Não dará falso testemunho 10. Não cobiçará nada que pertença ao seu próximo. PARA REFLETIR... Os Dez Mandamentos constituem a base ética da civilização humana, a essência da Tora (Lei) e do Judaísmo. Moisés subiu ao Monte Sinai para receber a Tora, que exigiu ascensão e elevação. Simbolicamente, todo o povo elevou-se com Moisés. Elevaram-se quando responderam naasse venishma – realizemos e, depois, escutemos. Compreenderam que viver é atuar, que a existência se fundamenta na realização de valores, e não na mera divagação filosófica. Atuar e escutar significa realizar e refletir. Formalmente, os Dez Mandamentos se distribuem em duas partes, correspondentes às duas pedras onde foram talhados. Os primeiros cinco mandamentos se referem às relações do homem com D’us. Os cinco restantes não mencionam D’us absolutamente; portanto, referem-se, exclusivamente, às relações do homem com o homem. O Decálogo, no entanto, é pleno. No Judaísmo, a idéia ética é total e absoluta. As duas partes se complementam e se exigem reciprocamente. A existência humana deve desenvolver-se em duplo plano: relação com D’us e relação com o próximo. O mesmo indivíduo que, em Shavuot, oferece as primícias e fala a D’us é o mesmo que, minutos mais tarde, haverá de alegrar-se com seu próximo. Ambos atos configuram uma idêntica realização vital; cada um deles tomados separadamente e de forma isolada é imperfeito. O homem criado segundo o Gêneses, a imagem e semelhança de D’us deve realizar essa unidade em sua própria existência e ser, ele próprio, uno, integro, sem fragmentações parciais ou relativas.

Canções e poemas • Salenu al ktefenu • Bikurim • Ieladim tzoadim • Chag HaBikurim • Pri gani • Olim lierushalaim • Bechag HaShavuot • Zemer chag • VeZot HaTora • Lach Ierushalaim • Hine ma tov • Shibolet basade • Kshekiblu et haTora

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• Iom shel ziv • Chag laemek • Eretz zavat chalav udvash • Mi barechev • Shibolim hivshilu • Bechag HaShavuot taasse lecha • Navi bikurim • Zerim beShavuot • Bechag HaShavuot kibalnu matana • Vehaer eineinu • Tov tov lilmod Tora • Shma bni mussar avicha veal titosh Torat imecha • Al shlosha dvarim haolam omed al haTora, veal havodá veal gmilut chassadim


Sugestões de sites http://chagim.org.il http://galim.org.il/holidays/Shavuot http://haguim.nana.co.il http://www.holidays.net/Shavuot http//:www.j.co.il http//:www.education.gov.il/preschool http//:www.regards.com http://www.jewishworldcenter.com http//:www.Torah.org http://www.chabadnews.com.br http//:www.aish.com http//:www.chabadcenters.com http://www.ort.il/year/Shavuot http//:www.bluemountain.com http//:www.Torahots.com http//:www.holidaynotes.com http//:www.jajz-ed.org.il/so http//:www.theholidayspot.com http//:www.shemayisrael.co.il

Bibliografia Ariel, Z. Sefer hechag vehamoed Israel. Israel. Hotzaat Am Oved ,Tel Aviv, 1967 Berker, M. MiPessach leShavuot. Israel Barak, B. Bechen uvekalut. Israel Sela, I. Chag HaShavuot. Biblos. Israel Gorbitz, I. e Navon, S. Ma assaper laieled, chelek sheni. Hotzaat Amichai Tel Aviv. Israel. Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechag HaShavuot. Hotzaat Dani Sfarim baal. Israel. Gur-Arieh, M. Vehigadeta levincha, al chaguim umoadim beIsrael. Sifriat Hapoalim. Israel. Lexicon letodaa iehudit – Havai uminhaguim. Massada. Tanach Agenda Judaica de datas tradicionais e nacionais, Na’amat Pioneiras São Paulo, 1993 As primícias da Colheita do Trigo, Antologia de fontes de Shavuot, KKL A Feira – brincando com dobradura, Gláucia Lombardi, Ed. Paulus A história de Shavuot, Congregação Monte Sinai Comemorando Shavuot, Beith Chabad, “Egito, percorrendo os caminhos de Moisés”, Terra - ano 10, no. 4 (abril/2001) “Shavuot, o que é a Tora?” Morasha, junho/2000 Shavuot na Pré-escola, apostilas da Organização Sionista Unificada do Brasil

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Anexos

Estes anexos foram adicionados, com o objetivo de concretizar alguns dos fundamentos teóricos e práticos, que serviram como base para a escrita deste material. Sendo assim, poderá ser usado para oficinas de planejamento, para discussões relevantes, bem como para a prática cotidiana. Recomendamos, se possível, usar as fontes bibliográficas em seu formato original, pois estes anexos representam “recortes” que, embora focalizados nas necessidades de nosso projeto, implicam limitações por terem sido extraídos de seu contexto.

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Anexo 1 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, Brasil, MEC/SEF, 1998. 3 vols. A seguir, reproduziremos alguns trechos retirados do Referencial Curricular, que nos serviram de inspiração e guia para o desenvolvimento de nosso projeto.

Apresentação A construção de conhecimentos se processa de maneira integrada e global e há inter-relações entre os diferentes eixos, sugeridos para serem trabalhados com as crianças. A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade. (…) planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas que considerem a pluralidade e diversidade étnica, religiosa, de gêneros, social e cultural das crianças brasileiras (…). (vol. 1, Introdução) Considerando as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de zero a seis anos, a qualidade das experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania deve estar embasada nos seguintes princípios: • o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.; • o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; • o acesso das crianças aos bens sócio-culturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; • a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; • o atendimento aos cuidados essenciais, associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (vol. 1, p. 13) Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a educação para as crianças pequenas deva promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser indivisível, as divergências estão exatamente no que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses aspectos. (vol. 1, pp. 17-18) A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que

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possuem de ter idéias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constróem o conhecimento, a partir das interações que estabelecem com outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim em fruto de um intenso trabalho de criação, significação e re-significação. (Nota: A concepção de construção do conhecimento, pelas crianças em situações de interação social, foi pesquisada com diferentes enfoques e abordagens, por vários autores, entre eles: Jean Piaget, Lev Semionovitch Vygotsky e Henry Wallon. Sob o nome de construtivismo, reúnem-se idéias que preconizam tanto a ação do sujeito, como o papel significativo da interação social no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança.) (vol. 1 p. 21-22) As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos. Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina, entre outros estudos, possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil, apontando algumas características comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças. As novas funções para a educação infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento, que consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais, que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma. (vol. 1 p. 23) Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens, orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal,


de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. Para atingir os objetivos (...), e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades sócio-culturais. (vol. 1 p. 25) A brincadeira é uma linguagem infantil, que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar, é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata, de tal forma a atribuir-lhe novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada. (vol. 1 p. 25) O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências, que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essa categorias incluem: • movimento e as mudanças da percepção, resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; • a relação com os objetos e suas propriedades físicas, assim como a combinação e a associação entre eles; • a linguagem oral e gestual, que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; • os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, • os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. Essas categorias de experiências podem ser agrupadas em três modalidades básicas, quais sejam, brincar de fazde-conta ou com papéis, considerada atividade fundamental, da qual se originam todas as outras; brincar com materiais de construção e brincar com regras. As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogo s tradicionais, didáticos, corporais, entre outros, propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica. É o adulto, na figura do professor portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar

o campo das brincadeiras na vida das crianças. Conseqüentemente, é ele quem organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. Por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais de que dispõem. (vol. 1, p. 28) A intervenção intencional, baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado para brincar, permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar situações, para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada, propiciando às crianças a possibilidade de escolherem temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção. Assim, elaborarão, de forma pessoal e independente, suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. Nessa perspectiva, não se devem confundir situações nas quais se objetivam determinadas aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos e atitudes explícitas, com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados de uma maneira espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente aqueles que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o professor tenha consciência de que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois há objetivos didáticos em questão. (vol. 1, p. 29) As crianças, desde que nascem, participam de várias práticas sociais no seu cotidiano, dentro e fora da instituição de educação infantil. Dessa forma, adquirem conhecimentos sobre a vida social no seu entorno. A família, os parentes e os amigos, a instituição, a igreja, o posto de saúde, a venda, a rua, entre outros, constituem espaços de construção do conhecimento social. Determinados conteúdos, pertinentes às áreas das Ciências Humanas e Naturais, sempre estiveram presentes na composição dos currículos e programas de Educação Infantil: • Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções, que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outras; • Conhecimento de modos de ser, viver e trabalhar de alguns grupos sociais do presente e do passado; • Identificação de alguns papéis sociais existentes em seus grupos de convívio, dentro e fora da instituição; • Valorização do patrimônio cultural do seu grupo social e interesse por conhecer diferentes formas de expressão cultural. (vol. 3, pp.181-182)

ANEXOS

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Anexo 2 Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6 (trad. Rosely Mandelman: Parâmetros Curriculares para o Jardim-deInfância de Israel, idades 3-6). Misrad hachinuch, hatarbut vehasport, Haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, Israel, 1998. Obs: O acréscimo do asterisco (*) denota a adaptação à educação tradicional religiosa brasileira.

TRADIÇÃO E FESTIVIDADES JUDAICAS NA ESCOLA TRADICIONAL (pp. 126 - 129) A tradição inclui valores nacionais, costumes e comportamentos, aceitos pela sociedade, e que são transmitidos de geração em geração. As festividades são datas especiais, que se diferenciam do curso normal do tempo. Nestes dias diminuem as atividades rotineiras que dão lugar a cerimônias e atividades simbólicas criadas para assinalar acontecimentos especiais, cuja origem está na história, na religião ou na natureza. As festividades fortalecem a unicidade emocional e social do povo. A relação com as festas desde a tenra idade possibilita a continuidade da existência dos valores do povo. A escola de Educação Infantil, como transmissora de valores sociais, ética e tradição, tem como função importante propiciar a descoberta da criança do conjunto de costumes das festividades e de seu racional.

PREMISSAS BÁSICAS 1. As festividades representam marcos no ciclo da vida, possibilitando pausas temporárias; elas representam o símbolo do término de uma época e início de uma nova, e dão significado para a existência e a renovação. 2. A atividade cerimonial da festividade, envolta em significado tradicional, é fonte de um sentimento de participação e pertinência à coletividade, que se ocupa dessa mesma vivência. 3. Através da vivência nas festividades e de sua base tradicional-social-nacional são revelados à criança os valores da sociedade. 4. As festividades dão à vida do indivíduo ritmo, cor e som e o expõem aos símbolos relacionados às estações do ano e à natureza que se transforma e se renova. 5. A comemoração e a alegria são partes inseparáveis da festividade; elas possibilitam a libertação e o alívio da carga emocional decorrente da vida rotineira. 6. A criança na tenra idade absorve de forma sensorial os costumes da festa e os preceitos da tradição. 7. A divisão do tempo contínuo e ritmado por meio do Shabat e pelas festividades possibilita à criança a percepção cíclica da natureza e da vida do Homem. 8. A tradição e o calendário das festividades representam uma projeção das origens do povo e de sua criação através das experiências na diáspora até o seu assentamento na sua terra, como Estado soberano. 9. As festividades e suas histórias são recortadas das histórias da Bíblia e da história do povo e se juntam na memória coletiva do povo. 10. O desenvolvimento do povo em sua terra e a consolidação de uma tradição nacional causam mudanças na percepção e nos costumes dos antepassados ligados às festividades em volta da natureza e do trabalho, e cerimônias e costumes dos antepassados recebem um novo significado. OBJETIVOS 1. Cultivo da ligação ao povo judeu e compreensão dos símbolos das festividades e seus significados. 2. Transmissão de valores sociais como liberdade, integridade, relacionamento positivo do homem com seu semelhante, ajuda mútua, descanso para todos. 3. Cultivo da capacidade de sentir alegria em dia de festa (iom tov). 4. Cultivo do conhecimento dos costumes de comunidades diferentes e da tolerância para com elas. 5. Cultivo da identidade e do sentimento de pertinência social-nacional e tradicional da criança. 6. Transmissão dos históricos, nos quais se baseiam as festas judaicas e o esclarecimento da relação com a natureza e com o clima. 7. Conhecimento da importância da tradição e das festividades na conservação da unidade do povo e de sua existência no decorrer de milhares de ano de diáspora.

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TRADIÇÃO E FESTIVIDADES JUDAICAS NA ESCOLA TRADICIONAL - ÁREAS (p. 129) Áreas

Gradação dos conteúdos de acordo com a complexidade

Nomes

Nome usual e freqüente.

Nomes adicionais e seu contexto.

Nomes especiais e nomes originais e seus significados.

Símbolos

Símbolos em uso pela criança.

Símbolos no ambiente da criança: em casa, na escola, no bairro.

Símbolos com significado de valor nacional.

Costumes

Costumes realizados pela criança.

Costumes aceitos pela família e pelo ambiente próximo.

Costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados.

A história

O “aqui e o agora” ao redor dos costumes da festa.

História em linguagem simples. Valores sociais

A história e seu significado. Valores morais e nacionais ligados à festa.

Símbolos e costumes.

Fatos históricos e seus significados. Atividades agrícolas.

A ligação com a natureza e com a agricultura

TRADIÇÃO E FESTIVIDADES NA ESCOLA TRADICIONAL RELIGIOSA (pp. 130 - 137) O Shabat e as festividades constituem um elo inseparável na vida do povo e sua terra. Refletem a formação do povo e seu desenvolvimento e expressam a continuidade das gerações desde então. O Shabat e as festividades estão repletos de conteúdos espirituais e valores retirados da Tora de Israel e de sua cultura e unificam todas as camadas do povo. O calendário judaico, o Shabat e as festividades são a fonte para a construção de um rico mundo interior e da vivência religiosa judaica e representa a base para o desenvolvimento da crença, cumprimento das mitzvot com amor, tendo como meta a percepção do mundo religioso nacional. PREMISSAS BÁSICAS 1. O Shabat e as festividades fortalecem a crença em D’us e na sua Tora. 2. O Shabat e as festividades alimentam e enriquecem a vida emocional da criança e variam sua rotina diária. 3. A periodicidade do Shabat e da festividade fortalece na criança a segurança e desenvolve nela o ritmo do calendário judaico. 4. Cada festividade possui conteúdo e característica próprios, expressados nas mitzvot, costumes e tradições. 5. As festividades fortalecem na criança a ligação com a natureza do país e com sua paisagem. 6. A criança absorve a vivência da festa através de três instâncias: da emocional – através da vivência religiosa e familiar; da concreta – através do cumprimento das mitzvot; do conhecimento – através do esclarecimento das mitzvot. OBJETIVOS 1. Desenvolvimento da crença no Criador, que transmite à todos a quem criou sua benção e benevolência. 2. Desenvolvimento da relação de santidade e amor com o Shabat e com a festividade. 3. Desenvolvimento da crença em D’us, na sua proteção e em seus milagres. 4. Transmissão da segurança no amor de D’us pelo seu povo. 5. Desenvolvimento do sentimento de pertinência ao povo de Israel. 6. Fortalecimento do vínculo e do amor por Israel, pela natureza do país, sua paisagem e seus lugares. 7. Cultivo pela expectativa de redenção, pela reunião das diásporas, pela vinda do Messias e pela reconstrução do Templo. 8. Transmissão dos hábitos de cumprimento das mitzvot concretas e específicas do Shabat e de cada festividade. 9. Despertar da vontade e do sentimento da necessidade das orações de agradecimento a D’us por sua justiça e pelos seus milagres. 10. Conhecimento dos símbolos das festividades e de seus costumes. 11. Transmissão do conhecimento sobre a essência do Shabat e das festividades, de suas características e de suas histórias. 12. Transformar em rotina as bênçãos ligadas ao Shabat e às festividades. 13. Aquisição das mitzvot ligadas ao Shabat e às festividades e compreensão da variedade de mitzvot e halachot. 14. Aquisição de palavras, conceitos e expressões ligadas ao Shabat e às festividades. 15. Transmissão das mitzvot entre o Homem e D’us e entre o Homem e seu semelhante e o hábito de cumpri-las. 16. Recebimento da sensação do aspecto cíclico do calendário judaico, de seus meses e suas festividades.

ANEXOS

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TRADIÇÃO E FESTIVIDADES JUDAICAS PARA A ESCOLA TRADICIONAL RELIGIOSA (p.133)

Seqüência de desenvolvimento Identificação e nomeação. Conhecimento dos costumes e símbolos importantes. Alcances esperados

Conhecimento da história da festa. * Conhecimento das mitzvot (preceitos) básicas.

Compreensão intuitiva. Conhecimento de costumes e símbolos. Conhecimento da história da festa. *Conhecimento de mitzvot e halachot (leis).

Início da compreensão do significado dos símbolos. Conhecimento dos costumes e símbolos e seu sentido. Conhecimento da história da festa e seu significado. Conhecimento das origens do pensamento ligado à festividade. *Compreensão do significado das mitzvot e halachot básicas.

Gradação dos conteúdos de acordo com a complexidade (p. 134)

Iamim noraim (Rosh Hashana e Iom Kipur)

Sukot e Simchat Tora

Símbolos e costumes: shofar, tapuach bidvash, machzor, rimon, kartis bracha. *Mitzvot: tfila, tkia beshofar, birkat shana tova, tzom, bakashat slicha.

Símbolos e costumes: suka, folhagem, enfeites, arbaat haminim (quatro espécies), hakafot, bandeira. *Mitzvot: “ieshiva bassuka” e a bracha.

Chanuka

Símbolos e costumes: chanukia, kad, sevivon, nerot Chanuka, shemen zait, sufgania, leviva. História do Beit Hamikdash e os hashmonaim. * Bracha de acendimento das velas.

Frutas de Israel. Partes da árvore: raiz, galhos, folhas, fruto. Tu Bishvat

*Mitzvot: seudat Tu Bishvat. *Brachot: bracha “al pri haetz”.

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Conceitos e conteúdos: Rosh Hashana, Iom Kipur, slichot. *Mitzvot básicas. tfila, tkia beshofar, birkat shana tova, tzom, bakashat slicha *Costumes: birkat shana tova, bakashat slicha, maassim tovim, birkat iehi ratzon. Conceitos: ieshiva bassuka, arbaat haminim. *Mitzvot: construção da suka, “leishev bassuka”, arbaat haminim.

Significado dos conceitos: Rosh Hashana, asseret iemei tshuva, Iom hakipurim, machzor. *Mitzvot: tfilat bakasha, slichot, kol nidrei, neila, tkiat shofar, jejum, “shehechianu”. *Costumes: demonstração de arrependimento, pedido de desculpas, boas ações, birkat “iehi ratzon”, birkat ktiva vechatima tova, refeição que interrompe o jejum. Significado: ieshiva bassuka, ushpizin, arbaat haminim. *Suka kshera, hidur mitzva. *Brachot. *Tfilat halel, mitzvot da alegria, “vessamachta bechaguecha”. * Conceitos: término da leitura e reinício, Shabat bereshit, chatan Tora, chatan Bereshit, hakafot.

Símbolos e costumes e seus significados. Os elementos centrais da história da festa. *Bracha de acendimento das velas. *Mitzvot: hadlakat nerot (acendimento das velas) - lugar e tempo, chanukia kshera.

Frutas de Israel e suas características. A árvore e suas partes. O cuidado com a árvore. *Mitzvot: de plantio, refeição. * Bracha “al pri haetz”.

Conceitos: “baiamim hahem bazman haze”, “guiborim beiad chalashim” que indefesos, “rabim beiad meatim”. *História da festa e ênfase nos valores: ligação, cumprimento das mitzvot, liberdade, amor à terra. *Mitzvot: difusão do milagre, o tempo, o lugar e a forma de acendimento da chanukia. * Brachot ligadas ao acendimento das velas e “al hanissim”,“shehechianu”, “halel”.

Nome e significado: Tu Bishvat. Árvore, bosque e floresta: importância para o homem e a natureza. *Mitzvot: mitzva do plantio. *Brachot:” hanehenin”, “shehechianu”, “bal tashchit”.


Purim

Símbolos e costumes: meguila, raashan, massecha, tachposset, ozen Haman. Os personagens na história da Meguila. * Mitzvot: mishloach manot, seudat Purim, kriat hameguila. Símbolos e costumes: matza, maror, charosset, Hagada, kearat haPessach.

Pessach

Elementos centrais da história da saída do Egito. *Mitzvot: bdikat chametz, biur chametz, leil seder, kushiot, afikoman, arba kossot.

Iom Haatzmaut

Símbolos: deguel, semel hamedina. História da festa. *Mitzvot: tfila pela paz no país - primeiro versículo.

Lag Baomer

Símbolo e costume: medura. Histórias de Rabi Shimon Bar Iochai.

Símbolos e costumes e seus significados. Leitura da Meguila e o milagre de Purim. *Mitzvot: kria bemeguila, seuda, mishloach manot, matanotlaevionim.

História da Meguila e idéias centrais: o milagre – “venahafoch hu”, perigo do exílio, união do povo e ajuda mútua. Significado dos costumes da festa. O conceito: “baiamim hahem bazman haze”. *Mitzvot: compreensão do significado das mitzvot da festa. * Bracha “al hanissim”.

Nomes da festa.

Símbolos e costumes: hagada, kearat haPessach, leil haseder.

História da saída do Egito e idéias principais: cumprimento da promessa, “beiad chazaka ubezroa netuia”, pragas do Egito, saída do Egito. Sfirat haomer como expectativa para a entrega da Tora.

História da saída do Egito. *Mitzvot e os motivos para cumpri-las.

*Mitzvot, seu significado e “bal ira uval imatze”.

Símbolos do país: deguel, semel, Meguilat Haatzmaut, himnon. História da fundação do país em linhas gerais. *Mitzvot: tfila pela paz no país - primeiro versículo; tfila pela paz dos soldados do exército de Israel - primeiro versículo.

A medura: regras de construção e cuidado. Histórias de Rabi Shimon bar Iochai.

Símbolos da festa e seus significados. Perspectivas desde a promessa até a fundação do país. A pátria: salvação e começo do florescimento. Independência política: primeiros conceitos. O país e sua capital. * Mitzvot: tfila pela paz no país, “halel”; tfila pela paz dos soldados do exército de Israel.

Histórias de Rabi Akiva e Rabi Shimon Bar Iochai e pontos centrais: ligação com a leitura da Tora, amor à terra, luta pela liberdade espiritual, auto suficiência exígua e *cumprimento das mitzvot. Valores: “veahavta lereacha”, “lo habaishan lamed”. Regras e meios para o cuidado e segurança no tempo de manuseio do fogo. *Hilula de Rabi Shimon Bar Iochai.

Iom Ierushalaim

Símbolos de Ierushalaim. Marcos na cidade: Kotel Hamaaravi, Knesset, Migdal David, Beit Hanassi. Músicas de Ierushalaim.

Símbolos da cidade em épocas diferentes. Ierushalaim - a capital. Locais especiais na capital. Músicas de Ierushalaim.

Importância da cidade como capital de Israel e símbolo de união do povo. Sítios arqueológicos. Nomes da cidade: Ir Hakodesh, Birat Hanetzach, Ir Hashalom, Ir David, Tzion, Tiferet Israel. Significado de locais especiais: Kotel Hamaaravi, Har Hatzofim, Har Hertzl, Beit Hanassi, Knesset. Vegetação característica da cidade. * Ierushalaim nas rezas e brachot.

Shavuot

História passada no Har Sinai. Costumes: maachalei chalav, enfeites com folhagens.

História passada no Har Sinai e significado do dito “naasse venishma”. Os cinco primeiros mandamentos. Costumes: maachalei chalav, kriat asseret hadibrot.

O acontecido no Har Sinai: entrega da Tora. A aliança entre Deus e Israel (“naasse venishma”). asseret hadibrot. Significado dos cinco primeiros mandamentos. Shalosh regalim. *Mitzvot: “halel”, “shehechianu”. *Tikun Shavuot.

ANEXOS

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Anexo 3 Panorama sobre a abordagem de adequação ao desenvolvimento infantil (Developmentally Appropriate Practice) As abordagens sobre educação se diferenciam umas das outras, pela ênfase que se coloca em suas diversas considerações. Estas considerações englobam crenças, idéias e atitudes, concepções de mundo sobre o que vem a ser a criança e sobre o trabalho do educador, além de aspectos práticos que emergem dos fundamentos teóricos. As filosofias concernentes à idade infantil se caracterizam por duas concepções antagônicas principais: 1. a abordagem tradicional, que considera a educação como o ato de transmitir conhecimentos de geração para geração; 2. a abordagem atual, que considera a educação como um ato de apoiar e guiar a criança em seu processo de desenvolvimento pessoal. A abordagem de adequação ao desenvolvimento infantil, coloca a ênfase no desenvolvimento das capacidades e das habilidades do sujeito e tem, como objetivo principal, a busca para o alcance de potenciais. O conteúdo é, antes de mais nada, um meio; meio este usado ao mesmo tempo em que se fortalecem as funções nas várias áreas de desenvolvimento: sócio-emocional, cognitivo, motor e da linguagem. A própria divisão em áreas é artificial, e é usada somente para propósitos didáticos e de planejamento. O que ocorre, na realidade, é que a aprendizagem em uma área influi às demais.

Um programa educacional, adequado ao desenvolvimento infantil, inclui duas dimensões: a. adequação às normas de desenvolvimento – ou seja, às características universais do desenvolvimento infantil; b. adequação à criança individual como parte do grupo – a definição do que sabemos e aprendemos sobre a origem da família e da cultura de cada criança, sobre suas aptidões, suas necessidades individuais e sobre seus interesses no grupo. A abordagem de adequação ao desenvolvimento é baseada em decisões feitas com base no olhar cuidadoso, na escuta, na observação que a educadora faz das crianças e no cuidado que esta cultiva em não generalizar suas expectativas, no tocante ao aprendizado de conceitos e conteúdos, da mesma maneira e com a mesma rapidez, para todas as crianças. Estas resoluções se baseiam tanto em acontecimentos na instituição educacional, como em interações, que ocorrem entre crianças do grupo e adultos e crianças entre si, levando a educadora a considerálas, como oportunidades de ensino-aprendizado. Os seguintes marcos de desenvolvimento físico, de crianças entre 3 e 5/6 anos, são baseados em Bredekamp, S. Copple, C., Eds. Developmentally Appropriate Practice, NAEYC, 1998:

Marcos no desenvolvimento físico de crianças de 3 e 5/6 anos Desenvolvimento físico Para crianças entre 3 e 5/6 anos de idade O ritmo e o índice de crescimento variam de uma criança para outra, mas a maioria delas passa a aparentar um corpo menos pesado (eram anteriormente mais rechonchudos). O crescimento do corpo se processa, principalmente, no tronco e nos pés. O ritmo de crescimento físico é constante, mas menos rápido do que nos três primeiros anos. Em média, durante o período de 3 a 6 anos, crianças ganham de 3 a 4 quilos por ano, variando, consideravelmente, de uma criança para outra, e também entre crianças de diferentes grupos étnicos. Geralmente, a criança apresenta uma certa defasagem com relação à sua auto-imagem, considerando o crescimento de seu corpo. Aprender como monitorar seu corpo no espaço representa um verdadeiro desafio para a criança nesta faixa etária, podendo ocorrer vários erros de julgamento, frutos da falta de consciência de suas atuais mudanças, no que diz respeito ao tamanho (como acontece quando a criança não acredita que sua blusa favorita já não lhe serve mais), e da falta de planejamento referentes às habilidades motoras (como ocorre quando a criança escolhe o caminho mais difícil para conseguir chegar a algum lugar).

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Desenvolvimento da maturidade, sentidos e percepção Para crianças entre 3 e 5/6 anos de idade Mudanças menos visíveis ocorrem, também, em crianças entre 3 e 5/6 anos: o cérebro cresce de 75% a 90% do tamanho adulto, durante estes anos, a coordenação melhora a cada ano, assim como a lateralidade (cada hemisfério do cérebro desenvolve funções separadas e inter-conexões) e a melanização (processo de inserção de gordura no sistema nervoso) quase completa até os 6 anos. O uso das mãos já está bem desenvolvido por volta dos 4 anos de idade, apesar do pulso ter cartilagem que apenas endurecerá e ossificar-se-á por volta dos 6 anos, sobrepondo certas restrições de habilidade em motricidade fina. Por conseguinte, a maioria das crianças nesta faixa etária não pode fazer um movimento circular completo com o pulso, como o que usamos na escrita cursiva; sendo assim, ainda não possuem a força necessária para se pendurar em barras horizontais que ultrapassem suas cabeças. Os 20 dentes de bebês, ou decíduos já nasceram até os 3 anos. Este processo de crescimento e maturação promove muitas habilidades novas em todas as áreas de desenvolvimento. Para a maioria das crianças, os sentidos de visão, tato, olfato, paladar e audição já estão bem desenvolvidos no período da pré-escola. Com isso, crianças nesta faixa ainda possuem certa hipermetropia e ainda estão desenvolvendo sua coordenação da visão binocular.

Os marcos de desenvolvimento motor e lingüístico, em crianças entre 3 e 5/6 anos, são baseadas em Shores, E. Grace, C. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para o professor. P.A.: Artmed, 2001, pp 69- 75. Desenvolvimento motor amplo – expectativas Para crianças de 3 a 4 anos Caminha sem olhar para os pés; caminha de costas; corre com passos parelhos; vira-se e pára sem problemas. Sobe escadas sem alternar os pés, usando o corrimão para dar equilíbrio. Pula de degraus e objetos baixos; não avalia corretamente ao pular sobre objetos. Demonstra coordenação evoluída; começa a mexer pernas e braços para embalar o balanço ou andar de triciclo, esquecendo-se, às vezes, de olhar a direção nessas ações e tromba em objetos. Percebe altura e velocidade de objetos (como uma bola atirada), mas pode ser claramente corajosa ou receosa, sem um senso realista de sua própria capacidade. Equilibra-se instavelmente em um pé só; balança-se com dificuldade na barra (baixa - 10 cm de espessura) e olha os pés. Brinca ativamente (tentando acompanhar as crianças com mais idade) e necessita de repouso; sente-se fatigada com facilidade e torna-se irritada caso esteja muito cansada.

Para crianças entre 4 e 5 anos de idade Anda nos calcanhares, salta desigualmente; corre bem. Equilibra-se em um pé por 5 segundos ou mais; domina a barra baixa (10 cm de espessura), mas tem dificuldade em equilibrar-se na barra de cinco centímetros, sem olhar para os pés. Desce degraus, alternando os pés; avalia adequadamente, ao colocar os pés em estruturas de escalar. Desenvolve capacidade de julgar o tempo suficiente para pular corda ou brincar com jogos que exigem reações rápidas. Começa a incorporar movimentos coordenados para subir no trepa-trepa ou para pular de um trampolim baixo. Demonstra melhor julgamento e consciência de suas limitações e/ou conseqüências de comportamentos inseguros; ainda necessita de supervisão ao atravessar a rua ou para se proteger em certas atividades. Exibe maior resistência em longos períodos de alta energia (necessitando maior consumo de líquidos e calorias); às vezes, torna-se super-excitada e menos auto-controlada em atividades de grupo.

Para crianças entre 5 a 6 anos de idade Caminha rapidamente de costas; pula e gira com agilidade e velocidade; consegue incorporar habilidades motoras em jogos. Caminha bem sobre a barra de cinco centímetros; pula sobre objetos. Salta bem; mantém uma abertura regular ao caminhar. Salta sobre vários degraus; pula corda. Escala bem; coordena movimentos para nadar e andar de bicicleta. Demonstra julgamento e percepção desigual; evidencia confiança ao agir em certas ocasiões, mas aceita os limites e segue regras. Demonstra altos níveis de energia; raramente demonstra fadiga; considera a inatividade difícil e busca jogos e ambientes ativos.

ANEXOS

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Desenvolvimento motor fino – expectativas Para crianças entre 3 e 4 anos de idade Coloca peças grandes em jogos de pinos e contas grandes em fios; serve líquidos, praticamente sem derramá-los. Constrói torres com blocos; monta objetos com facilidade. Cansa facilmente, caso muita coordenação motora seja exigida. Desenha formas, como o círculo; começa a desenhar objetos, como uma casa ou uma figura; desenha relacionando-se com outras crianças. Segura lápis ou caneta hidrográfica com os dedos, e não mais com a palma da mão. Despe-se sem auxílio, mas necessita de ajuda para se vestir; desabotoa com destreza, mas abotoa lentamente.

Para crianças entre 4 e 5 anos de idade Utiliza pinos pequenos; coloca contas pequenas em fios (e consegue fazê-lo, seguindo um padrão); despeja areia e líquidos em pequenos potes. Constrói estruturas de blocos complexas, que se estendem verticalmente; demonstra julgamento espacial limitado e tende a derrubar objetos. Aprecia manipular objetos que tenham partes pequenas; gosta de usar a tesoura; pratica uma atividade várias vezes para adquirir domínio. Desenha combinações de formas simples, desenha pessoas com, no mínimo, quatro partes e objetos que são reconhecíveis para o adulto. Despe-se e veste-se sem auxílio adulto; escova os dentes e penteia o cabelo; raramente derrama resíduos, ao usar o copo ou a colher; coloca cadarços nos sapatos e cordões/fitas nas roupas, mas ainda não consegue amarrá-los.

Para crianças de 5 a 6 anos Bate em prego com martelo; utiliza a tesoura e a chave de fenda sem auxílio. Utiliza o teclado do computador. Constrói estruturas de blocos tridimensionais; monta um quebra-cabeças de 10-15 peças com facilidade. Gosta de desmontar e remontar objetos; veste e despe bonecos. Tem conhecimento de esquerda e de direita, mas, às vezes, confunde-se. Copia formas; combina mais de duas formas geométricas em desenhos e em construções. Desenha pessoas; escreve com dificuldade, usando letra de forma - quase todas reconhecíveis por adultos; inclui um contexto ou uma cena nos desenhos; escreve seu primeiro nome em letra de forma. Fecha casacos com zíper; abotoa bem; amarra sapatos com supervisão adulta, veste-se com facilidade.

Desenvolvimento das habilidades de comunicação e de linguagem – expectativas Para crianças entre 3 e 4 anos de idade Demonstra um aumento constante de vocabulário, de 2.000 a 4.000 palavras; tende a generalizar significados, excessivamente, e a criar palavras para satisfazer necessidades. Utiliza sentenças simples de, no mínimo, três ou quatro pal avras, para expressar necessidades. Pode ter dificuldade em alternar o turno em conversas; muda de assunto rapidamente. Pronuncia palavras com dificuldade; confunde palavras. Gosta de rimas e aprende letras de canções, que apresentam muitas repetições. Adapta, aos ouvintes, a fala e o estilo de comunicação não-verbal, de maneiras culturalmente aceitas, embora precise, ainda, ser lembrada do contexto. Pergunta muito quem, o quê, onde, e por quê, mas revela confusão ao responder certas questões (principalmente por quê, como, e quando). Usa a linguagem para organizar seu pensamento, conectando duas idéias, por meio da combinação de sentenças; exagera no uso de palavras temporais como antes, até ou depois. Consegue contar uma história simples, mas necessita refazer uma seqüência, para colocar uma idéia na ordem dos eventos; esquece, com freqüência, a moral da história e concentra-se mais em suas partes favoritas.

Para crianças entre 4 e 5 anos de idade Expande seu vocabulário, para uma média de 4.000 a 6.000 palavras; demonstra maior atenção em usos abstratos de palavras. Fala, geralmente, usando frases de 5 a 6 palavras. Gosta de cantar canções simples; conhece muitas rimas e brincadeiras. Fala em frente de um grupo de pessoas, com certa hesitação; gosta de contar experiências e de falar da família. Usa comandos verbais para pedir algo; começa a caçoar dos outros. Expressa emoções por meio do uso de gestos faciais e busca ler expressões corporais nos outros. Consegue controlar o volume da voz por períodos de tempo, se for lembrada; começa a reconhecer o contexto. Utiliza estruturas mais avançadas de sentenças, como locuções relativas e orações interrogativas

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(Ela é legal, não é?), e experimenta construções novas, criando dificuldades de compreensão para o ouvinte. Tenta comunicar mais do que seu vocabulário permite; força e inventa palavras para criar significados novos. Aprende vocabulário novo rapidamente, caso seja relacionado com sua experiência própria (P. ex.: Levamos o cachorro para passear com um cinto. Ah é, era uma coleira; levamos o cachorro para passear com uma coleira.) Consegue repetir uma instrução, em cinco etapas, ou elaborar a seqüência de uma história.

Para crianças de 5 a 6 anos Emprega um vocabulário de 5.000 a 8.000 palavras, com trocadilhos freqüentes; pronuncia palavras com pouca dificuldade, exceto sons específicos, como lh ou r1. Utiliza sentenças mais complexas e completas (P. ex.: Sua vez acabou, agora é minha vez!). Espera sua vez em conversas, interrompendo outros com menos freqüência; escuta outra pessoa falando, caso a informação seja nova e de seu interesse; demonstra vestígios de egocentrismo na fala, p. ex., ao supor que o ouvinte entenderá o que diz (ao falar “ele me disse para fazer”, sem referentes aos pronomes). Compartilha suas experiências verbalmente; sabe a letra de muitas canções. Gosta de representar papéis, exibe-se em frente a pessoas ou torna-se imprevisivelmente tímida. Lembra linhas de poemas simples e repete sentenças inteiras e expressões de outras pessoas, incluindo espetáculos e comerciais da televisão. Demonstra habilidade em usar meios de comunicação convencionais, com tom e inflexão apropriados. Utiliza gestos não verbais, como certas expressões faciais, ao brincar com os amigos. Já pode contar e re-contar histórias com habilidade; gosta de repetir histórias, poemas e canções; gosta de representar peças de teatro ou histórias.

Demonstra crescente fluência na fala, ao expressar idéias.

Desenvolvimento cognitivo de crianças entre 3 e 5/6 anos de idade em Bredekamp, S. Copple, C., (Eds.) Developmentally Appropriate Practice, NAEYC, 1998. Como foi visto nas descrições feitas com relação ao desenvolvimento físico e ao desenvolvimento da linguagem (e como acontece no desenvolvimento sócioemocional), nos anos da pré-escola e jardim-de-infância, ocorrem mudanças dramáticas também no plano cognitivo. A cognição de crianças entre 3 e 6 anos de idade é, qualitativamente, diferente daquela de crianças entre o nascimento e 3 anos de idade, pois, então, já adquiriram as habilidades lingüísticas e de representações mentais. Podem, p. ex., pensar em acontecimentos que ocorreram há algumas semanas, assim como naqueles que ainda não aconteceram. Apesar de os processos que ocorrem no pensamento, no raciocínio e na memória continuarem a sofrer mudanças e se transformarem até por volta dos 7 anos de idade, entre os 3 e os 5, a capacidade cognitiva crescente possibilita-lhes a atuação em atividades de estudo-aprendizado e em relações sociais mais sofisticadas. Os saberes dos profissionais da Educação Infantil sobre o desenvolvimento cognitivo da criança baseiam-se em três amplas perspectivas teóricas: (1) a teoria de Piaget, que descreve estes anos como sendo a etapa pré-operacional (1952), (2) a teoria sócio-cultural de Vygotsky (1978), e (3) as teorias de processamento de informação, sobre a habilidade da memória de curto e longo prazos e sobre o uso de estratégias cognitivas em crianças na idade infantil (Siegler, 1983; Seifert, 1993). Pesquisas ligadas a cada uma destas teorias, entre outras, encontram-se nos fundamentos atuais da prática na idade infantil. Entre as maiores contribuições do trabalho de Piaget, está, hoje em dia, o reconhecimento, largamente aceito, de que a criança na idade infantil constrói ativamente seus próprios conhecimentos de conceitos e “operações”

(tais como causa e efeito, número, classificação, seriação e raciocínio lógico). Esta perspectiva construtivista na cognição enfatiza a necessidade da criança de agir em objetos, interagir com pessoas, e pensar e refletir sobre suas experiências. Grande parte da pesquisa de Piaget identificou os caminhos, nos quais o raciocínio e a habilidade de aplicar tais operações em crianças na idade pré-escolar são menos maduros do que em crianças mais velhas, pois crianças mais jovens tendem a enxergar o mundo, a partir de seu próprio e egocêntrico ponto-devista e confundem a aparência com a realidade (um biscoito inteiro quebrado em pedaços pode, p. ex., parecer maior do que um que não esteja quebrado). Apesar de pesquisadores acharem que os processos operacionais se desenvolvem gradualmente na idade pré-escolar, em contraste àqueles que aparecem abruptamente ao final desta faixa etária, conforme foi proposto por Piaget, pesquisas mais recentes dão suporte à sua visão, afirmando que há limites nos processos cognitivos da criança nesta faixa etária. Tais pesquisas concluem que, ao oferecermos tarefas de seleção, classificação e seqüência, simplificadas e altamente relevantes às suas experiências, as crianças revelam melhor desempenho do que aquelas nos cenários de Piaget - menos familiares e menos significativos para elas (vide Seifert 1993; Sroufe, Cooper, & De Hart 1993; Berk 1996). Gelman e Meck (1983) mostraram, p. ex., que crianças, sob certas condições (contando bonecas, no caso de sua pesquisa), aos 3 anos, já reconhecem que (1) cada item num conjunto se deve combinar com um nome diferente de número, (2) números devem ser nomeados numa certa ordem consistente, e que (3) o último número dá o nome especial a todo o conjunto. Estas mesmas crianças ainda não conse-

1 No texto original, em inglês, os sons específicos apontados foram l ou th, muito provavelmente aqueles nos quais as crianças encontram dificuldades para sua reprodução.

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guem demonstrar conhecimento sobre correspondência de um para um, pois, provavelmente, falta-lhes a compreensão básica deste conceito de número. Os trabalhos de Vygotsky (1978) e Berk e Winsler (1995) iluminam o papel do desenvolvimento da linguagem e a interação social no desenvolvimento cognitivo. De acordo com Vygotsky, crianças pequenas freqüentemente usam um discurso pessoal, ao tentar realizar uma tarefa em sua “zona do desenvolvimento proximal”. Ou seja, além de seu nível de funcionamento atual, mas possível de ser alcançado com a ajuda de outra pessoa ou com andaimes que lhe dêem suporte. Dicas, perguntas e outras formas de ajuda são oferecidas por adultos ou por outras crianças. Quando a criança , p. ex., luta para encaixar uma peça de um quebra-cabeças, ao invés de mostrar-lhe, diretamente, como completar o jogo, colocando a peça no lugar, o adulto pode falar “Que cor é esta? Onde você vê esta cor no quebra-cabeças?” ou “Experimente virar a peça de outro modo.” Vygotsky demonstrou que grande parte da compreensão da criança ocorre, primeiramente, quando está em comunicação com outras pessoas Depois, aparece no discurso pessoal e, finalmente, é internalizada como pensamento. Teóricos na área de processamento de informação consideram as diferenças no desempenho das crianças, em termos das mudanças que ocorrem, como respostas a estímulos, guardando informação na memória de curto prazo, armazenando-a e recuperando-a da memória de longo prazo, como também outros aspectos do processamento de informação. Certas diferenças nestas capacidades estão relacionadas com a idade. Apesar de restrições acerca dos limites da capacidade da criança de processar informação, suporte e supervisão apropriados, por parte do adulto, podem fortalecer as habilidades de processamento da criança. Comparado ao desenvolvimento físico e lingüístico, o desenvolvimento cognitivo da criança é menos fácil de ser observado. Um visitante que passa por uma pré-escola ou jardim-de-infância não poderá, simplesmente, observar e ouvir, para poder fazer anotações pormenorizadas sobre as habilidades motoras de uma criança, sobre a produção de vocabulário ou sobre a extensão de uma frase. Para entender como crianças pensam, lembram, raciocinam ou resolvem problemas, é necessário que estas se empenhem em tarefas, em que estas habilidades sejam requeridas e, só então, imaginar estratégias para avaliar o que sabem e como pensam. Está provado que a avaliação cuidadosa do desenvolvimento cognitivo da criança é mais difícil do parece. Como a maioria dos educadores sabem, crianças parecem saber ou conhecer mais, ou menos, do que realmente podem. Muitas crianças na idade de pré-escola podem, p. ex., estar aptas a contar até 20 ou mais; uma criança pode até contar um grupo de 8 objetos, mas, quando lhe pedimos “Mostreme 8”, ela aponta justo para o último objeto do conjunto (Kamii, 1982). Características do pensamento de crianças entre 3 e 5/6 anos de idade Dos 3 aos 5/6 anos de idade, a criança continua a desenvolver as principais áreas da cognição. A seguir,

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apresentamos um resumo das características do pensamento, habilidades do processamento de informação e o desenvolvimento da cognição social da criança, durante os anos de pré-escola e jardim-de-infância. Pensamento simbólico A mudança mais óbvia, desde os dois anos de idade, é o crescimento extraordinário na capacidade de a criança representar, mental e simbolicamente, objetos concretos, ação e eventos. Esta habilidade é mais aparente no vasto crescimento na linguagem, que permite às crianças na idade pré-escolar ligarem o pensamento à ação. Aos dois anos de idade, p. ex., crianças repetem o mesmo “erro” e imaginam coisas por meio da ação direta sobre os objetos e pessoas. As mais velhas, no entanto, já podem pensar adiante e antecipar as conseqüências de suas ações físicas. Esta habilidade crescente de usar representação mental permite à criança planejar antes de agir, e suas atividades tomam um caráter mais planejado e dirigido para um objetivo (Friedman, Scholnick, & Cocking 1987). A capacidade de pensamento simbólico crescente, da criança na pré-escola, fica aparente no aumento significativo do uso do jogo do faz-de-conta, que se vai tornando mais bem elaborado e cooperativo. O envolvimento no jogo sócio-dramático, por sua vez, fortalece a memória, a linguagem, o raciocínio lógico, a imaginação e a criatividade da criança. Egocentrismo, centrismo e concretismo O pensamento da criança na idade pré-escolar e de jardim-de-infância continua a ser influenciado por seu egocentrismo – a tendência de considerar somente o seu ponto-de-vista, e pelo centrismo, que é a focalização da atenção em um elemento de uma situação, ignorando todos os demais. Estas características influenciam bastante o pensamento e o raciocínio da criança. Crianças na idade infantil têm, p. ex., dificuldades em entender como o mundo é visto por outras pessoas, assumindo que estas pessoas olham e experimentam as coisas da mesma maneira que elas. O egocentrismo está ligado a muitas coisas deliciosas e divertidas que crianças fazem e dizem (como a criança que oferece seu cobertor para a mãe, quando ela está triste ou doente, acreditando que será confortada pelo mesmo objeto que lhe conforta). O egocentrismo também limita a capacidade da criança de raciocinar logicamente ou de realizar certas operações que crianças maiores e adultos acham simples. O concretismo é a tendência da criança em idade infantil a focalizar aspectos tangíveis e observáveis dos objetos, como fica claro em seu uso de linguagem. Uma criança pode, p. ex., usar a palavra cabeludo/peludo, ao referir-se tanto à película do pêssego quanto a uma manta, mas tem dificuldade em aplicá-la para algo abstrato, como, p.ex., “pensamento cabeludo”. Raciocínio Crianças em idade infantil caracterizam-se por raciocinar do particular para o particular (“Meu cachorrinho é manso; portanto, este cachorrinho é manso”). Têm, também, tendência a presumir uma relação causal, caso dois


eventos sejam associados, com relação ao tempo ou de outra forma, pondo o foco em atributos que são superficiais aos eventos, aos quais estão, de fato, ligados. Uma criança de 4 anos que viaja de avião pode, p. ex., perguntar a outro passageiro ‘Você também está indo para a casa da minha avó?’. Outra criança de 4 anos pode dizer ‘O carro do meu pai é maior do que o do seu; portanto, podemos viajar mais rápido nele.’ Com o tempo, a capacidade de raciocinar da criança torna-se mais lógica. O raciocínio da criança na idade infantil é, também, influenciado por sua tendência ao pensamento mágico e ao animismo – ou seja, dá qualidades vivas aos objetos inanimados. Estas perspectivas levam em conta vários medos típicos nesta faixa etária. Por exemplo, o trovão sendo D’us Que está bravo, ou o aspirador de pó, um monstro. Aquisição de conceito Na idade infantil, crianças organizam informação em conceitos (p.ex., carro ou cadeira), baseadas nas atribuições que definem um objeto ou uma idéia (quatro rodas e você pode viajar nele ou quatro pés e você pode sentar nela, respectivamente). Podem, também, descrever objetos por sua aparência e ações (o ‘grande’, p. ex., quer dizer cachorro). Por volta dos 5 anos, crianças já são capazes de realizar a correspondência de um para um, mas seu conceito numérico ainda não está completamente desenvolvido. Podem confundir-se, quando, p.ex., comparam o mesmo número de objetos arrumados em filas mais compridas ou mais curtas (como na tarefa de conservação de Piaget). Embora crianças na idade pré-escolar tenham desenvolvido grande quantidade de conceitos, ainda encontram dificuldade em usar conceitos, tais como tempo, espaço ou idade, na organização de suas experiências. Classificação Dos 3 aos 5/6 anos de idade, crianças manifestam interesse crescente em números e quantidade (contando, medindo, comparando), em atividades mais complexas de combinação e classificação. Em tarefas de selecionar objetos em uma classe, crianças de 3 anos persistem na dificuldade em considerar somente um aspecto destes. Outros atributos tendem a distraí-las no uso de uma só dimensão de forma consistente durante a tarefa. Crianças em idade pré-escolar ainda têm dificuldade em tarefas de seriação, como montar um conjunto de seis ou oito pinos, em ordem crescente de tamanho. Considerando que crianças estão justamente começando a entender a relação parte/ inteiro e relações hierárquicas, podem ter ainda dificuldade em entender que um objeto pode estar em mais de uma classe (“Isto não é uma fruta, é uma maçã!”) ou, ainda, para reconhecer que, somando 6 meninas a 5 meninos, há mais pessoas do que meninas. Por volta dos 4 ou 5 anos, crianças selecionam e classificam, usando mais do que um atributo para um mesmo objeto (p.ex., cor e tamanho). Processamento de informação de crianças entre 3 e 5/6 anos de idade

Durante a idade infantil, a atenção e a memória da criança não estão ainda inteiramente desenvolvidas; daí, certas limitações em sua capacidade de raciocinar e resolver problemas. Crianças na idade infantil, em comparação a crianças na idade da escola fundamental, apresentam dificuldade na concentração em pormenores e são mais propensas à distração (Day 1975; Anderson & Levin 1976; Miller 1985), especialmente quando lhes pedem que ouçam passivamente ou para trabalhar em uma tarefa pré-concebida. Nesta faixa etária, a atenção se sustenta por um tempo maior e é mais planejada (Cocking & Copple 1987); ao menos quando se leva em conta o interesse da criança. Embora pedidos do adulto, no gênero “Prestem atenção!” ou “Ouçam!”, não ajudem muito, desafios mais específicos (“Quais são os dois mais parecidos?”) poderão proporcionar certa estruturação, necessária para oferecer tarefas, de maneira que a criança consiga completá-las. Crianças na idade infantil têm pouca capacidade de recordar e enumerar informações, se não estiverem envoltas em contextos significativos (Istomina 1975; Murphy & Brown 1975). De forma diferente das crianças maiores, crianças na idade infantil não fazem uso efetivo de estratégias de memória, como, p.ex., tentar listar ou agrupar itens por categorias significativas (Perlmutter & Myers 1979; Waters & Andreassen 1983). Mesmo quando adultos tentam ensinar estas estratégias para melhorar a memória, crianças na idade infantil não as aplicam de forma automática ou exata em situações que requeiram o uso da memória. O concretismo e o egocentrismo continuam a fazer com que as crianças continuem a estar aptas a entender e lembrar relações, conceitos e estratégias que elas adquirem por meio de experiências diretas e significativas. Crianças na idade pré-escolar que, por um lado, não podem relembrar os vários passos em uma dada direção, mas que, por outro lado, já conseguem relatar, até mesmo em seqüência, eventos específicos de experiências importantes - se estas ocorreram há mais ou menos um ano (p. ex., uma viagem de avião, uma visita a um parque temático). Parte do progresso da memória de longo-prazo está ligada ao aumento do uso da criança de estratégias de organização, além de sua capacidade de memória, que se libera, em virtude da conquista de formas de comportamentos de rotina – horário e outros – em situações que já lhe são conhecidas (Schank & Abelson 1977; Nelson 1978; Frese & Stewart 1984). Cognição social A interação social tem um papel importante no desenvolvimento cognitivo da criança. Crianças constróem sua compreensão de um conceito, quando interagem com outras pessoas, e não isoladamente. No desenvolvimento da sua noção de “escola”, p.ex., a criança usa o que ouve pessoas falando sobre escolas, vendo o que as pessoas identificam como sendo escolas, e ouvindo histórias que as pessoas lhes contam. Suas idéias iniciais podem ser desafiadas, confirmadas, elaboradas, ou alteradas por interações subseqüentes com crianças de sua idade, com crianças mais velhas, ou com adultos. Este processo é conhecido como a construção social do conhecimento

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(Vygotsky 1978; vide tb. Shantz 1975,1982). Quanto mais a memória e outros aspectos da cognição vão progredindo e melhorando, tanto mais o relacionamento com os outros vai sendo afetado. De suas experiências e interações, crianças descobrem que outras pessoas oferecem diferentes pontos-de-vista, que desafiam e começam a quebrar seu egocentrismo. Quando a criança consegue vencer suas perspectivas egocêntricas, tem mais sucesso

em interagir com outras pessoas, embora nem sempre use tal conhecimento de forma consistente (Flavell et al, 1968; Shantz 1975). Mais uma vez, a natureza altamente integrada do desenvolvimento e da aprendizagem fica evidente. A cognição da criança afeta sua interação social e suas interações afetam sua cognição. Estes novos desenvolvimentos têm implicações para o desenvolvimento social, emocional e moral.

Desenvolvimento sócio-emocional – expectativas2 Para crianças entre 3 e 4 anos Dependendo, em parte, da experiência anterior com os colegas, a criança pode observar ou imitar brincadeiras, até se aproximar de outras crianças, ou, ainda, brincar de forma associativa (ao lado de um amigo, conversando e usando brinquedos, mas com intenções de comportamento individuais separadas). Demonstra dificuldade em esperar sua vez e em dividir objetos; as atividades trocam de forma com freqüência, durante um período de brincadeiras; não demonstra habilidade em resolver uma situação social, caso ocorra algum conflito. Brinca bem com os outros e responde positivamente, caso existam condições favoráveis, em termos de materiais, espaço e supervisão (menos provável que se engaje em comportamento pró-social, quando faltar algum desses elementos). Coopera mais do que quando era menor e tenta agradar aos adultos (pode passar a chupar o dedo, empurrar, bater e chorar, caso esteja infeliz com o resultado de uma situação social). Consegue atender a pedidos simples; gosta, por vezes, de ser tratada como uma criança de mais idade, mas ainda pode colocar objetos perigosos na boca ou desaparecer caso não seja supervisionada cuidadosamente. Expressa sentimentos intensos, como medo e afeição; demonstra senso de humor simplório, mas encantador.

Para crianças entre 4 e 5 anos de idade Ainda realiza brincadeiras associativas. Demonstra dificuldade em compartilhar – alguns mais que outros, mas começa a entender que cada um tem sua vez e brinca com jogos simples em grupos pequenos. Torna-se brava facilmente, caso, por vezes, as situações não se desenvolvam conforme deseja; agora, prefere brincar com os outros com mais freqüência; procura resolver interações negativas, embora não possua as habilidades verbais para resolver todos os tipos de conflitos. Começa a oferecer objetos espontaneamente para os outros; deseja agradar aos amigos; elogia as roupas ou os sapatos dos outros; demonstra prazer em ter e viver com amigos. Manifesta explosões ocasionais de raiva, mas está aprendendo que atos negativos causam sanções negativas; começa rapidamente a justificar um ato agressivo (“Ele me bateu primeiro”). Sabe, cada vez mais, quais comportamentos de auto-controle são esperados, mas demonstra dificuldades ao completar uma tarefa ou desvia-se facilmente dela, esquecendo o que foi pedido, a menos que seja lembrada; gosta de vestir-se; serve-se de suco ou lanche; mantém-se limpa sem supervisão constante, mas não é capaz de esperar por muito tempo, independentemente do resultado esperado. Demonstra maior habilidade em controlar sentimentos intensos, como medo e raiva (sem mais chiliques); às vezes, ainda necessita de adultos para ajudá-la a expressar-se ou a controlar sentimentos.

Para crianças entre 5 e 6 anos Gosta de fazer representações dramáticas com outras crianças. Coopera bastante; forma pequenos grupos, que podem optar por excluir um colega. Entende o poder de rejeitar alguém; ameaça verbalmente acabar com amizades ou selecionar outras (“Você não pode vir à minha festa de aniversário!”); tende a ser ‘mandona’ com outras crianças; por vezes, juntando líderes demais, para poucos seguidores. Aprecia a companhia de outras crianças e pode comportar-se, de maneira receptiva e simpática; brinca e caçoa para ganhar atenção. Demonstra menos agressividade física; utiliza insultos verbais ou ameaça bater em alguém com mais freqüência. Sabe seguir ordens; é capaz de mentir, para não admitir que não seguiu as regras; pode ser facilmente encorajada ou desencorajada. Veste-se e come com pouca supervisão; muda facilmente para comportamento mais infantil, quando as normas de grupo não forem apropriadas.

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in Shores, E. Grace, C. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para o professor. P.A.: Artmed, 2001, pp 69- 75


Considerações para com a diversidade individual e cultural3 Publicar uma descrição de desenvolvimento e de aprendizagem típicos, como foi trazida neste material, engloba certo risco. A tomada de posição da NAEYC (National Association for the Education of Young Children), com relação a uma prática adequada ao desenvolvimento, enfatiza que as variações individuais e culturais são a norma, e não a exceção. Um maior número de estudos sobre o desenvolvimento da criança e sobre as práticas na idade infantil, em culturas que se entrelaçam, demonstram que muitas das idéias sobre o desenvolvimento infantil previamente estabelecidas já não servem mais (Tobin, Davidson, & Wu 1989; Mallory & New 1994; Woodhead 1996). A pesquisa limitada entre culturas e a variação significativa entre crianças deixam-nos numa estranha posição, ao descrever características e expectativas, ainda que com grande margem de tolerância. Estas descrições são usadas de maneira errônea, para categorizar ou colocar crianças individuais em determinados níveis. Embora a NAEYC reconheça os enormes efeitos de fatores individuais e culturais no desenvolvimento, existem provas contundentes de similaridades entre crianças da mesma idade nas diversas culturas (p.ex., em Weikart 1995). O princípio da idade infantil difere de seus meados, assim como da adolescência e da idade adulta. Infelizmente, a falta de reconhecimento do aprendizado da criança na

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idade infantil e das características do desenvolvimento infantil ainda resulta em práticas, programas e políticas que, no melhor dos casos, perdem grandes oportunidades para dar suporte ao desenvolvimento da saúde e, no pior dos casos, prejudicam as crianças. Como Lílian Katz (1995) sempre lembra educadores, as mais importantes decisões se traduzem em escolhas erradas e, muitas vezes, é necessário escolher “um erro que seja o menos pior”. Sendo assim, escolhemos, nesta publicação, o ‘erro’ de oferecer um perfil generalizado da criança em diferentes idades e, ao mesmo tempo, buscar corrigi-lo, fazendo com que os leitores se lembrem de crianças reais, que vivem em casa e na escola; cada qual diferente da outra. Daniel, Melissa, José Rafael, Deborah e Rodrigo são crianças que conhecemos. A diversidade sem fim é o que faz interessante a idade infantil e o motivo pelo qual bons professores gostam de lecionar para crianças nesta idade, pois cada criança, cada grupo de crianças, é diferente. Observação: O uso de tabelas de desenvolvimento por nós, educadoras de educação infantil, pode ajudar a antever os estágios de desenvolvimento, mas também permite variações individuais no estilo da aprendizagem. Além do mais, permite-nos, também, ser suficientemente abertas em nossas abordagens, para responder a todos os campos de desenvolvimento simultaneamente.

in Bredekamp, S. Copple, C., Eds. Developmentally Appropriate Practice, NAEYC, 1998

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Anexo 4 Modelo para a escrita de planejamento dos chaguim Título Fonte (no Tanach ou escrituras)

Descrição da festa * O aspecto religioso

Em Israel Mensagens das escolas (facultativo)

Nomes da festa Símbolos e motivos, usos e costumes *Mitzvot

O significado de (nome da festa) para a criança na idade infantil

Para facilitar o trabalho da professora de Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados à ___ (nome da festa), de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária. De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente. Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e na brincadeira e no uso de materiais criativos, as crianças poderão conhecer os símbolos da festividade. Alguns costumes característicos de ___ (nome da festa) que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados. A história da festa, nesta idade, poderá ser contada de maneira adequada à faixa etária. *Nesta idade tem início o conhecimento das mitzvot básicas de ___ (nome da festa). De 4 a 5 anos, quando a criança já possui uma compreensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de ___ (nome da festa) e seu significado, contada em linguagem simples,

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além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas. A criança pode aprender os nomes adicionais de ___ (nome da festa) e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos relevantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais da festa, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. * Nesta faixa etária,a criança já compreende o significado das mitzvot.


Conceitos importantes

Conceitos e vocabulário que pretendemos garantir.

Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de (nome da festa) Atividade Conteúdos Objetivos potenciais Descrição Materiais e recursos Atividades com a família e amigos Atividades planejadas em torno de habilidades Atividades relevantes, usando os conteúdos de (nome da festa) Registro de projetos • Temas (ligados, relevantemente a (nome da festa) • Atividades • Textos para consulta dos professores acerca do projeto • Sugestão para a integração com o projeto anual da escola Organização do espaço e dos materiais Planejamento e organização do entorno educativo: caixas de atividades, cantinhos, exposições, murais ou painéis, considerando as “cem linguagens4” de expressão. Murais ou painéis incluindo frase ou passuk relevante em hebraico e/ou português, descrição de alguma atividade vivenciada pelas crianças, imagens, fotos, “judaica” (arte/artesanato judaicos de caráter estético e funcional), desenho ou reproduções artísticas ligados à frase. Outras possibilidades seriam: mural com as produções das crianças e registro breve (meia página) do processo de elaboração destas produções e a ligação com a comemoração da festa com este grupo, mural de fotos de outros anos (resgate de memória): das crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando a festa, entre outras.

A criança, com a palavra!

Lugar para registrar as falas/”tiradas” das crianças relativas a (nome da festa) anotadas durante as atividades.

Anexos

Imagens para construir jogos Desenhos/ fotos (dos símbolos, tradições, usos e costumes, *mitzvot). Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Sugestão de material didático Histórias de (nome da festa) Conteúdos adequados e adaptados à faixa etária.

*Brachot e psukim “Fique por dentro” Interação/ informação sobre o chag para as famílias

Canções e poemas Sugestão de sites Bibliografia Inventário de materiais das escolas

Poderá ser encontrado no site da Agência Judaica (www.agenciajudaica.com.br). 4 referência ao livro As cem linguagens da criança, EDWARDS, C.;GANDINI, L.: FORMAN, G., vide bibliografia, aqui usado com o significado de várias formas de expressão da criança.

ANEXOS

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Anexo 5 Sugestões de jogos didáticos, com conteúdos das festividades 1. Jogo da memória - com imagens, com imagens e palavras (cartas e cartelas). 2. Loto com imagens, com imagens e palavras (cartas, cartelas e fichas). 3. Bingo com imagens (cartas, cartelas e fichas). 4. Trilhas - simples e com tarefas (cartas, cartelas, piões, dados). 5. Quadras (cartas com imagens ligadas entre si). 6. “Ma chasser?” (O que está faltando?) (objetos e/ou cartas). 7. Construção de seqüências (cartelas com seqüências de ações ou de um texto). 8. Cartelas com imagens e tarefas ligadas com a linguagem oral (pode-se sortear e, de acordo com a imagem, a criança realizará a tarefa ou dirá os blocos de linguagem, nomes, alguma frase em hebraico relevante ao texto ou associada à sua vivência, entre outros.). 9. Quebra-cabeça (com texto visual e escrito).

Anexo 6 Tabela de transliteração (mudo) B V G ou GU D H V Z CH ( como rr, gutural) T I K CH (como rr) CH (como rr) L M M N N S (no início ou no final de palavras) ou SS (quando estiver entre duas vogais) (mudo) P F F TZ TZ K R SH S (no início ou no final de palavras) ou SS (quando estiver entre duas vogais) T

Nota: optamos por retirar os acentos das palavras transliteradas, para facilitar a leitura.

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‫א‬ ‫ב‬ ‫ב‬ ‫ג‬ ‫ד‬ ‫ה‬ ‫ו‬ ‫ז‬ ‫ח‬ ‫ט‬ ‫י‬ ‫כ‬ ‫כ‬ ‫ך‬ ‫ל‬ ‫מ‬ ‫ם‬ ‫נ‬ ‫ן‬ ‫ס‬ ‫ע‬ ‫פ‬ ‫פ‬ ‫ף‬ ‫צ‬ ‫ץ‬ ‫ק‬ ‫ר‬ ‫ש‬ ‫ש‬ ‫ת‬




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