#01 - Abril 2010

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Microchip

Microchip vai ser a identidade do pet

Felinos em Foco

Redes de Proteção: Também um ato de amor

Perfil Pet

Ano I - No 1- Abril/ 2010

Uma guerreira com nome de flor Nina Rosa conta um pouco de sua luta em prol dos animais

Brinquedos Bichanos

Brinquedos que os gatos adoram

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais.


Editorial Caros leitores, O projeto Conexão Pet foi pensado sempre com muito carinho para que você obtivesse as melhores informações sobre animais disponíveis no mercado. Por esse motivo, repensamos o projeto gráfico, tanto da revista virtual quanto do site para que você tenha uma experiência muito mais agradável em nosso portal. A edição de março fala sobre o amor das pessoas pelos seus pets, mesmo que eles sejam um tanto quanto inusitados como cobras e gambás. Os animais sempre nos surpreendem e são capazes de nos fornecer experiências incríveis. Conexão Pet em revista vai mostrar também o benefício que os animais podem levar à vida de idosos tornando suas vidas muito mais produtivas e divertidas. Temos ainda uma entrevista muito legal com Nina Rosa, a famosa ativista em prol da causa animal. Além dos assuntos tratados acima, ainda temos muito mais sobre o que falar nessa edição. Espero que vocês apreciem tanto a leitura quanto nós gostamos de fazer esta edição. Forte abraço, Vivian Lemos Editora vivian@conexaopet.com.br

Sumário

Expediente Múltipla Edições Ltda. Rua Conselheiro Laurindo, 600 cj.1101 CEP: 81020-230 Curitiba/PR Tel.: (41)3016-4843

Direção e Edição:

Vivian Lemos – MTB: 26122/RJ vivian@conexaopet.com.br

Criação e Design:

4

Pet Notas

12

Felinos em Foco

14

Fauna Ameaçada

24

Microchip

A revista virtual Conexão Pet em revista é uma publicação da Múltipla Edições. Todos os direitos reservados. Cópia de matérias são autorizadas desde que citada a devida fonte.

26

Animais e Idosos

32

Meu Pet é Diferente

Agradecimentos:

38

Perfil Pet

42

Ferrets

44

Brinquedos Bichanos

46

Vitrine Pet

Daniele Knofel daniknofel@gmail.com.br

Comercial:

Thaisa Costa comercial@conexaopet.com.br

Sugestões, críticas e dúvidas: faleconosco@conexaopet.com.br

Alessandra Mueler Danielle Menezes Márcia A. Marúcia Andrade Paulo Galvez Vera Máximo Yanê Carvalho


Editorial Caros leitores, O projeto Conexão Pet foi pensado sempre com muito carinho para que você obtivesse as melhores informações sobre animais disponíveis no mercado. Por esse motivo, repensamos o projeto gráfico, tanto da revista virtual quanto do site para que você tenha uma experiência muito mais agradável em nosso portal. A edição de março fala sobre o amor das pessoas pelos seus pets, mesmo que eles sejam um tanto quanto inusitados como cobras e gambás. Os animais sempre nos surpreendem e são capazes de nos fornecer experiências incríveis. Conexão Pet em revista vai mostrar também o benefício que os animais podem levar à vida de idosos tornando suas vidas muito mais produtivas e divertidas. Temos ainda uma entrevista muito legal com Nina Rosa, a famosa ativista em prol da causa animal. Além dos assuntos tratados acima, ainda temos muito mais sobre o que falar nessa edição. Espero que vocês apreciem tanto a leitura quanto nós gostamos de fazer esta edição. Forte abraço, Vivian Lemos Editora vivian@conexaopet.com.br

Sumário

Expediente Múltipla Edições Ltda. Rua Conselheiro Laurindo, 600 cj.1101 CEP: 81020-230 Curitiba/PR Tel.: (41)3016-4843

Direção e Edição:

Vivian Lemos – MTB: 26122/RJ vivian@conexaopet.com.br

Criação e Design:

4

Pet Notas

12

Felinos em Foco

14

Fauna Ameaçada

24

Microchip

A revista virtual Conexão Pet em revista é uma publicação da Múltipla Edições. Todos os direitos reservados. Cópia de matérias são autorizadas desde que citada a devida fonte.

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Animais e Idosos

32

Meu Pet é Diferente

Agradecimentos:

38

Perfil Pet

42

Ferrets

44

Brinquedos Bichanos

46

Vitrine Pet

Daniele Knofel daniknofel@gmail.com.br

Comercial:

Thaisa Costa comercial@conexaopet.com.br

Sugestões, críticas e dúvidas: faleconosco@conexaopet.com.br

Alessandra Mueler Danielle Menezes Márcia A. Marúcia Andrade Paulo Galvez Vera Máximo Yanê Carvalho


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

5

4

Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

6

7

É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

8

9

Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Pet Notas Cesar Millan abre uma fundação de resgate de animais em homenagem a seu falecido cão The Baltimore Sun

Há pouco tempo, o especialista em comportamento canino Cesar Millan perdeu Daddy, seu amado cachorro e braço direito no trabalho, tendo aparecido em mais de 50 episódios de O Encantador de Cães. Daddy, um pit bull que havia sobrevivido ao câncer, morreu tranquilamente, rodeado por sua família, com 16 anos de idade. O cachorro vivia com a família Millan desde os quatro meses.

Em homenagem a Daddy, o encantador de cães e sua família abriram uma fundação para resgatar animais em situação de emergência com seu nome. A Daddy’s Emergency Animal Rescue Fund irá ajudar cães vítimas de desastres (furacões, incêndios e outras catástrofes), desastres causados pelo homem e animais vítimas de abuso ou violência. Fãs que queiram contribuir com a Fundação Daddy podem visitar este website.

Pesquisa revela que tutores não se preocupam com a saúde dos animais como deveriam Tutores se preocupam mais com a estética do bicho do que com a saúde, foi o que mostrou uma pesquisa recente feita pela Comac (Comissão de Animais de Companhia) e pelo Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). Entre os tutores de animais de companhia, apenas 24% têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados os que fazem tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Já o número de animais que toma banho semanal é de 55%. No entanto, um pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de boas condições de saúde. Dos tutores submetidos à pesquisa, 16% revelaram ter preocupação com pulgas e carrapatos. Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, alerta o veterinário. Fonte: ANDA/R7

Fonte: ANDA/The Baltimore Sun

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Tartaruga cega viaja mais dois mil quilômetros para centro de animais deficientes BBC Santuário marinho Uma tartaruga cega encontrada na Grécia foi levada para um centro de animais marinhos na Grã-Bretanha onde será alimentada e monitorada. Batizada de Homero, a tartaruga foi transportada de avião por um trajeto de mais de 2 mil quilômetros acompanhada por uma equipe de especialistas. Como não pode caçar e se alimentar sozinha, o Blue Reef Aquarium, em Newquay, passa agora ser a sua “casa definitiva”. Homero, que pertence à espécie Caretta caretta, foi encontrada cega e com ferimentos na cabeça, provavelmente causados pela hélice de um navio. Seu nome é inspirado no poeta grego Homero, considerado o autor de Ilíada e Odisséia. “Nos primeiros dias vamos avaliar de perto sua condição e comportamento e também seu regime alimentar”, disse David Waines, diretor do Blue Reef Aquarium. “Se tudo estiver bem, ela será transferida para um gigantesco tanque de 250 mil litros onde será monitorada continuamente. Nossos funcionários vão alimentá-la e cuidar dela”, completou.

O Blue Reef Aquarium é o principal centro de resgate e reabilitação de tartarugas no Reino Unido. As tartarugas Nemo e Steve, que pertencem a mesma espécie de Homero, já passaram pelo centro e, depois de cuidadas, foram devolvidas ao seu ambiente natural, as Ilhas Canárias. A espécie Caretta caretta é popularmente conhecida no Brasil como “tartaruga-cabeçuda” e se caracteriza por ser um animal presente em águas mais quentes. Mas o centro não dedica cuidados especiais somente a tartarugas. Recentemente, um raro polvo da região do Mediterrâneo foi encontrado por pescadores e levado ao Blue Reef Aquarium. O polvo foi apelidado pela equipe do aquário como Inka. Além de cuidados especiais para animais resgatados, o Blue Reef também conta com um centro de reprodução marinha. O último nascimento registrado foi o de um trio de raias, após um período de gestação de seis meses.

Seu animal de estimação está obeso? Assim como é para os seres humanos, a obesidade põe em risco a vida dos animais. Quando um animal ingere continuamente mais calorias de que precisa fica com peso muito elevado e passam a sofrer uma deterioração visível na habilidade atlética e na aparência, segundo nutricionistas da Iams Company, fabricante de alimentos especializada em nutrição animal. Os riscos em cirurgias e de contrair diabetes também são maiores. O tema motivou um concurso no Reino Unido, em setembro do ano passado, para saber qual o animal de estimação que seria capaz de perder mais peso. A vencedora foi a

gata Amber, de 12 anos, que mora com a dona, Penny Faulkner, em Edimburgo. A gata estava 62% acima do peso. Ela perdeu 1,2 quilos, o equivalente a 17% de seu peso anterior. Segundo informações publicadas no site Planeta Bizarro, do portal G1, Amber sabia abrir a geladeira e roubava queijo e salmão defumado. A dieta, que se reumia basicamente em cortar os alimentos impróprios, foi recomendada por uma ONG. A dona ficou feliz com a diferença de comportamento da gata. "Ela não tem mais dificuldade para andar, dorme menos e já pode pular muros."

Fonte: ANDA/BBC

Divulgação/Iams Company

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É melhor prevenir A obesidade é mais fácil de prevenir do que de curar. Veja dicas para iniciar um programa de controle de peso no seu animal de estimação: - Consulte um veterinário antes de iniciar um programa de controle de peso para o seu animal; - Compre uma balança de bebê e pese o seu animal a cada duas semanas; - Alimente-o com alimentos pobres em gordura e ricos em carboidratos para restringir a ingestão de calorias disponíveis na gordura; - Elimine todas as guloseimas; - Aumente o nível de atividade do seu animal; - Tente combinar a hora das refeições com a hora da recreação jogando as migalhas do alimento do seu animal uma a uma; - Divida as porções diárias de alimento em várias refeições menores; - Seja paciente e persistente! Fonte: Blog Animal/ Gazeta do Povo

Ilhabela estuda criar ‘praia de cães’ a partir de 2011 Prefeitura não tem informações sobre local da nova praia no litoral de SP. Multa para quem vai a praia com cão pode chegar a R$ 6 mil. A Prefeitura de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, estuda liberar a partir de 2011 o acesso de cães a uma das praias do município. Atualmente, a cidade, assim como outros municípios litorâneos paulistas, possui leis que proíbem a presença de animais na areia e no mar e que punem os proprietários. Segundo a assessoria da prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos e não há até o momento informações sobre o local em que deverá ser criada a “praia dos cães”. A possível praia para cachorros divide a opinião de quem vive no litoral. Em Santos, a 72 km da capital paulista, a professora Leda Guerra, de 62 anos, acha a ideia desnecessária. “Eu trago meu poodle só para passear no calçadão”, afirma. Ela diz que, mesmo se houvesse uma praia específica para cachorros, não levaria seu animal. “Eu nunca entraria com ele na praia. Não acho legal, porque tem muitas crianças e nem todos gostam de cachorros”, disse. Dono de uma barraca na praia e proprietário de um cão, José Silva Jesus, de 41 anos, acha boa a ideia de ter uma praia para os animais no litoral de São Paulo. Para ele, um espaço exclusivo para cães coibiria a ação dos proprietários que levam seus pets para qualquer praia. “As crianças brincam na areia, sentam e os animais vêm, fazem xixi”, criticou.

Paulo Toledo Piza/G1

Apesar de todo o potencial turístico que uma praia livre para cães traz para uma cidade, tal projeto demanda investimentos. Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, inicialmente, as regras de convivência nessas áreas teriam de ser amplamente divulgadas aos donos dos bichos. Paralelamente a isso, a fiscalização por parte da prefeitura precisaria ser redobrada. No exterior, as dog beaches, como são conhecidas, têm regras rígidas que devem ser seguidas à risca -caso contrário, o dono e o cão são expulsos. “Não pode deixar o cachorro defecar na água. Tem de sair e, quando fizer, o dono precisa coletar rapidamente as fezes e levar para um local específico para descarte”, afirmou a médica veterinária Claudia Ferraz, do Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, cidade do litoral norte paulista.

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Doenças O veto aos cães e outros animais nas praias paulistas não é mera formalidade imposta por quem não gosta de bichos. Muito pelo contrário. A areia e o mar são locais nocivos à saúde do cachorro. O primeiro perigo é a desidratação. “Mesmo se o cão estiver sob o guarda-sol, o calor pode fazer com que ele fique desidratado ou sofra insolação”, relatou Cláudia. Quando isso acontece, o socorro deve ser imediato, já que o cão é mais sensível ao calor do que o homem. “Ele pode até morrer.” O cachorro também fica exposto ao risco de dermatites causadas pela umidade da areia e à diarreia por conta da água do mar. Banhistas também correm risco ao dividir a praia com os bichos. A principal enfermidade é o bicho-geográfico. Transmitido pelas fezes dos cães, essa larva entra pela pele e, na maioria das vezes, causa coceira e deixa marcas visíveis pelo corpo. Caso entre na corrente sanguinea da pessoa, o perigo aumenta consideravelmente. “A larva pode se instalar no globo ocular e causar cegueira”, alertou a veterinária.

inicialmente uma advertência. Se forem pegos novamente, levam uma multa de até R$ 1.485,50. Guarujá, destino de muitos turistas de fim de semana, a multa é das mais salgadas, chegando a R$ 6 mil, segundo a prefeitura. Em São Sebastião, cidade que possui praias badaladas como Maresias e Guaecá, o dono do cachorro pode ter o animal apreendido, além de pagar multa de R$ 156,07. Outras cidades litorâneas são mais brandas na punição ao dono infrator. Em Mongaguá, no litoral sul, há uma lei que proíbe cachorros e gatos na areia. Quem for flagrado com o pet por agentes do Departamento de Zoonoses é apenas orientado a levar embora o bicho. Caso se recuse, guardas municipais são chamados para apreender o animal. Fonte: G1

www.conexaopet.com.br/ Paulo Toledo Piza/G1

Multa Se o perigo de doenças não é motivo suficiente para desestimular donos de cães a levarem seus pets para a areia, multas e o risco de apreensão dos animais podem servir como freio aos proprietários. Em Ilhabela, por exemplo, proprietários de cães ou de outros bichos flagrados hoje nas praias por fiscais da prefeitura levam 10

comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Felinos em Foco

Redes de Proteção: Também um ato de amor Por Marúcia de Andrade Cruz*

Os gatos são muito curiosos, rápidos e territorialistas!!! Estas habilidades podem colocá-los em risco, pois uma janela aberta mostra muitas maravilhas do mundo lá fora!!!! Imaginem um pássaro voando, uma folha de árvore caindo, provocando o instinto de caça de seu companheiro!! A vontade de agarrar aquela “caça” é tal, que muitas vezes eles esquecem da altura... e escorregam... e acontece o acidente, que dependendo da altura pode trazer leves escoriações, poli traumatismos até a fatalidade da morte. Para evitar este susto, sofrimento para o bichano e muita tristeza para a família existem equipes especializadas em colocar as telas/redes nas janelas, e detalhe importante, em tooooodas as janelas!!! Pois sempre existirá um instante de esquecimento da tal janela sem tela/rede aberta, ou uma visita que inadvertidamente abre e esquece, ou não sabe que precisa manter fechada a janela!!! Inclusive quando a moradia é uma casa, principalmente em condomínios fechados, sempre é interessante telar as janelas e se possível a área externa também, para que não haja fugas e nem entradas de outros gatos, que muitas vezes adentram para alimentar-se e demarcam o território 12

urinando em paredes e objetos e intimidam os gatos moradores, e muitas vezes ocorrem brigas, com mordidas e arranhões, causando abscessos e até transmissões de vírus como o FIV, Vírus da Imunodeficiência Felina. Então, concluindo, as telas ou redes de proteção têm o objetivo de proteger mesmo nossos companheiros, pois vale lembrar que existem pessoas que não se agradam com a presença de animais, e algumas pessoas ainda podem machucá-los. CUIDE SEMPRE COM CARINHO E RESPEITO DO SEU COMPANHEIRO, POIS ELE DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DE VOCÊ!!!! LEMBRE-SE QUE SOMOS RESPONSÁVEIS PELO QUE CATIVAMOS, assim escreveu Saint- Exupéry, no livro Pequeno Príncipe.

* MV, MsC, Marúcia de Andrade Cruz (CRMV 4357/PR) Médica Veterinária, Clínica Veterinária Mania de Gato Professora Clínica de Gatos, UTP

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Felinos em Foco

Redes de Proteção: Também um ato de amor Por Marúcia de Andrade Cruz*

Os gatos são muito curiosos, rápidos e territorialistas!!! Estas habilidades podem colocá-los em risco, pois uma janela aberta mostra muitas maravilhas do mundo lá fora!!!! Imaginem um pássaro voando, uma folha de árvore caindo, provocando o instinto de caça de seu companheiro!! A vontade de agarrar aquela “caça” é tal, que muitas vezes eles esquecem da altura... e escorregam... e acontece o acidente, que dependendo da altura pode trazer leves escoriações, poli traumatismos até a fatalidade da morte. Para evitar este susto, sofrimento para o bichano e muita tristeza para a família existem equipes especializadas em colocar as telas/redes nas janelas, e detalhe importante, em tooooodas as janelas!!! Pois sempre existirá um instante de esquecimento da tal janela sem tela/rede aberta, ou uma visita que inadvertidamente abre e esquece, ou não sabe que precisa manter fechada a janela!!! Inclusive quando a moradia é uma casa, principalmente em condomínios fechados, sempre é interessante telar as janelas e se possível a área externa também, para que não haja fugas e nem entradas de outros gatos, que muitas vezes adentram para alimentar-se e demarcam o território 12

urinando em paredes e objetos e intimidam os gatos moradores, e muitas vezes ocorrem brigas, com mordidas e arranhões, causando abscessos e até transmissões de vírus como o FIV, Vírus da Imunodeficiência Felina. Então, concluindo, as telas ou redes de proteção têm o objetivo de proteger mesmo nossos companheiros, pois vale lembrar que existem pessoas que não se agradam com a presença de animais, e algumas pessoas ainda podem machucá-los. CUIDE SEMPRE COM CARINHO E RESPEITO DO SEU COMPANHEIRO, POIS ELE DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DE VOCÊ!!!! LEMBRE-SE QUE SOMOS RESPONSÁVEIS PELO QUE CATIVAMOS, assim escreveu Saint- Exupéry, no livro Pequeno Príncipe.

* MV, MsC, Marúcia de Andrade Cruz (CRMV 4357/PR) Médica Veterinária, Clínica Veterinária Mania de Gato Professora Clínica de Gatos, UTP

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

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outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Três primatas brasileiros estão na lista mundial dos 25 primatas mais ameaçados

A proximidade genética dos grandes primatas com o homem não lhes garante a mesma sorte da humanidade, quando o assunto é sobrevivência. A lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção em todo o mundo inclui vários de nossos ‘parentes’ próximos, como os gorilas, com os quais compartilhamos 98% dos nossos genes. A lista existe desde 2000, quando foi criada por Russel Mittermeier, da Conservação Internacional (CI), e William R. Konstant, do grupo de primatólogos da União para a Conservação Mundial (IUCN). Ela é periodicamente revisada nos congressos mundiais da Sociedade Internacional de Primatologia, aproveitando a reunião dos grandes especialistas que estudam primatas nos mais diversos países. Mudam os nomes da lista, conforme se aprofundam as pesquisas e surgem novas informações sobre a situação de cada uma das cerca de 620 espécies de primatas conhecidas. Mas ela não deixa de ser a ponta do iceberg, visto que, pelo menos

MADAGASCAR

outras 100 espécies, não incluídas entre as 25, também se encontram ameaçadas. O objetivo da lista é destacar as espécies que necessitam de ações de conservação mais urgentes e não estão recebendo a devida atenção nos seus países de origem ou na comunidade ambientalista internacional. A mais nova lista inclui primatas de 17 países. Madagascar e Vietnã são os dois territórios em situação mais crítica, com o maior número de espécies endêmicas na lista: quatro cada país. Depois figuram o Brasil e a Indonésia, com 3 espécies cada, seguidos do Sri Lanka e da Tanzânia, com 2 primatas cada. Colômbia, China, Guiné Equatorial e Quênia têm, cada um, uma espécie na lista. Costa do Marfim e Gana abrigam um primata que vive na região de fronteira, o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys linulatus) e as outras duas espécies - dois gorilas - se distribuem em mais de um país: o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) vive em Camarões e na Nigéria e o gorila-dasmontanhas (Gorilla beringei) é originário do Congo, Ruanda e Uganda.

De todos esses países, Madagascar é o que reúne maior diversidade em primatas. Ali vivem duas superfamílias inteiras de primatas bem diferenciados dos grandes símios, macacos, micos e sagüis do resto do planeta: as superfamílias dos lêmures (Lemuriformes e Indrioidea), representadas por primatas de gestos graciosos, olhos grandes, corpo esguio e cauda comprida, que se dividem em 5 famílias, 14 gêneros e 56 espécies conhecidas, entre as quais estão alguns recordistas em salto em distância. O lêmur-gentil (Prolemur simus), maior entre as espécies de lêmures que se alimentam de bambu, é um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Existem evidências de que a espécie originalmente se distribuía por toda a ilha, mas hoje sua população está restrita a pequenas áreas na região sudeste do país, devido à caça predatória e perda de hábitat. A pressão é a mesma sobre outra espécie da mesma famí-

lia, incluída na última lista: o lêmur-de-colarbranco (Eulemur albocollaris), habitante da mesma região sudeste de Madagascar. Os lêmures vivem nas imediações dos parques nacionais Ranomafana e Andrigitra, mas nem todos os grupos estão dentro dos limites das unidades de conservação, indicando que os parques deveriam ser ampliados, além de se criar um corredor entre eles para facilitar a comunicação entre os grupos e evitar o excesso de consangüinidade. Completamente branco e bem diferente das duas espécies anteriores, o sifakasedoso (Propithecus candidus) vive na região nordeste, nas imediações de uma reserva natural recentemente elevada à condição de parque nacional: Marojejy. Apesar da proteção oficial, cidades e vilas ficam muito perto dos limites da unidade de conservação e as florestas continuam sendo alteradas e os animais caçados. Estima-se que a população de sifakassedosos não chegue a mil exemplares. A quarta espécie de Madagascar listada é o sifaka-de-Perrier (Propithecus perrieri), de pelagem totalmente preta. A espécie habita uma área muito restrita de florestas secas do extremo norte da ilha, legalmente protegida em duas reservas especiais - Analamera e Ankarana - sendo que já há dúvidas se ainda existe algum grupo nesta última. É uma espécie que se alimenta de frutas, folhas e flores e vive em grupos de 2 a 6 indivíduos. As principais ameaças são a expansão da agricultura de subsistência; o corte de madeira para produção de lenha e carvão, e o garimpo de pedras preciosas. Um tabu local protegia a espécie contra a caça para consumo da carne, mas a extrema pobreza dos moradores daquela região começa a vencer o tabu, aumentando o risco de extinção dos silfakas.

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VIETNÃ A medicina tradicional do Sudeste Asiático é uma das ameaças mais importantes à sobrevivência do langur-de-dorso-negro (Trachypithecus delacouri), cuja população hoje está reduzida a cerca de 300 indivíduos, divididos em 19 grupos isolados, 4 dos quais sob alguma forma de proteção, nas reservas de Pu Luong, Hoa Lu e Van Long e no Parque Nacional Cuc Phuong, no Vietnã. Endêmica do país, a espécie foi observada em vida livre apenas em 1987, tendo permanecido sem registros desde 1930. Os animais são caçados para uso dos ossos, órgãos e tecidos, usados em diferentes ‘medicamentos’ populares. A proteção aos langures sobreviventes pede um manejo eficiente e fiscalização rigorosa. Uma parceria entre as autoridades locais e especialistas da Sociedade Zoológica de Frankfurt (Alemanha) tem obtido bons resultados com o maior grupo, de 50 a 60 indivíduos, que vive em Van Long. Habitante de Cat Ba, a maior entre as 3 mil ilhas da Baía de Halong, ao norte do Vietnã, o langur-de-cabeça-dourada (Trachypithecus poliocephalus) é uma espécie naturalmente rara. Vive na floresta úmida que cresce sobre a pedra-pome, nas terras mais altas da ilha, ameaçada pela construção de casas; expansão da agricultura de subsistência; coleta predatória de produtos florestais como lenha, ervas medicinais e mel silvestre e pelo crescimento desordenado do turismo. Sua população declinou vertiginosamente, de cerca de 2.700 indivíduos, nos anos 60, para 53 animais em 2.000. Algumas medidas iniciais de proteção elevaram a população para 59 indivíduos, porém são grupos isolados e, alguns, constituídos apenas de fêmeas. Descrito apenas em 1997, o langur-dacanela-cinza (Pygatrix nemaeus cinerea) foi

direto para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção. Os próprios espécimes usados na descrição científica haviam sido apreendidos por autoridades florestais na região central do Vietnã. Vive em florestas muito fragmentadas, nas montanhas, ameaçado pela perda de hábitat e caça. As estimativas apontam para uma população de apenas 600 a 700 indivíduos. Outra espécie rara, o langur-do-narizarrebitado (Rhinopithecus avunculus) chegou a ser considerado extinto devido aos escassos registros científicos entre sua descrição, em 1910, e sua redescoberta, em 1989. Atualmente se calcula que existam 300 deles, no distrito de Na Hang, região norte do Vietnã. A ameaça mais séria à sua sobrevivência é a construção de uma hidrelétrica, iniciada em 2002. Além da inundação de parte da área onde vive a espécie, a presença dos 10 mil trabalhadores da barragem, na região, aumentou a demanda por lenha e outros produtos florestais.

BRASIL Também descrito recentemente, em 1990, o mico-leão-de-cara-preta ou mico-leão-caiçara (Leonthopithecus caissara) é uma das espécies brasileiras incluídas na lista mundial. O pequeno primata vive no maior remanescente de Mata Atlântica, localizado entre o Paraná e São Paulo, na zona costeira. Estima-se que existam menos de 400 micos numa mancha florestal de apenas 300 km2. A captura ilegal, para abastecer o tráfico, e o desmatamento são as piores pressões, a par da derrubada seletiva de caixeta nas matas de restinga, entre as encostas da Serra do Mar e o mangue. A restinga também é um dos ecossistemas mais ameaçados pela especulação imobiliária, porque geralmente fica perto da praia e não necessita de aterramento, como o mangue.

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é mais uma espécie brasileira entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. A população que escapou à caça para consumo de carne e aos desmatamentos hoje soma algo em torno de 700 a 1.000 animais. Eles vivem em grupos isolados, em matas dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Um dos grupos mais importantes, de 225 indivíduos, habita a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Caratinga, em Minas Gerais, evidenciando a importância de proprietários e empresas privadas na conservação dos últimos grandes fragmentos de vegetação natural do Centro-Sul brasileiro. Ao contrário dos seus ‘parentes’ mais comuns, o macaco-prego-do-peitoamarelo (Cebus xanthosternos) não se adaptou à convivência com o homem e está entre as espécies endêmicas mais ameaçadas da Mata Atlântica. Nativo da Bahia e Minas Gerais, sofre com a excessiva fragmentação das florestas, ainda em curso, e com a caça. Em geral, os adultos são abatidos para consumo da carne e os filhotes adotados como mascotes. Uma população de 185 sobreviventes vive na Reserva Biológica de Uma, na Bahia, e não há estimativas seguras sobre o número de indivíduos em outros remanescentes florestais.

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SRI LANKA E TANZÂNIA

INDONÉSIA Até a chegada dos homens, há dois mil anos atrás, cobras e aves de rapina eram os únicos predadores dos langures do gênero Simias, endêmicos das Ilhas Mentawai, na Indonésia. Mas a caça predatória e a derrubada de florestas para a instalação de roças e vilas humanas dizimou as populações das 4 espécies desse gênero, sendo que o langur-dacauda-de-porco (Símias concolor) é o mais sensível ao desmatamento e corte seletivo de madeira. Como vive em áreas de concessão de madeireiras, estima-se que possa desaparecer em breve, se não forem tomadas medidas de proteção. Conhecido apenas na região nordeste de Bornéu, o langur-de-Hose ou langurcinzento (Presbytis hosei canicrus) já pode estar extinto, pois não há registros recentes de sua presença nas florestas onde vivia, excessivamente fragmentadas e alteradas pelo corte de madeira, assentamentos irregulares e uso do fogo.

Nem mesmo o Parque Nacional de Kutai, que deveria proteger esta e outras espécies do mesmo gênero, escapa aos impactos dessas atividades humanas. Outra espécie na lista dos 25 é um dos grandes símios geneticamente mais próximos do homem, o orangotangode-Sumatra (Pongo abelii). Suas populações atualmente estão restritas às florestas de terras baixas da ilha indonésia de Sumatra, divididas em 13 grupos, num total de 7.500 indivíduos. Alguns estudos recentes apontam a possibilidade de os orangotangos do norte e do sul dessa região pertencerem a espécies distintas, o que agravaria seu estado de conservação. A pressão mais séria vem das madeireiras: de acordo com os especialistas, algumas populações estão diminuindo ä razão de 15% ao ano, devido à alteração das florestas com o corte seletivo de árvores.

O langur-de-cara-vermelha (Semnopithecus vetulus nestor) e o lóris-esbelto (Loris tardigradus nycticeboides) são as duas espécies do Sri Lanka incluídas na lista mundial, ambas vivendo em áreas muito restritas, encurraladas pelos desmatamentos, coleta de lenha e produtos florestais e garimpo de pedras preciosas, inclusive dentro de parques nacionais. O langur-de-cara-vermelha vem sendo desalojado pela expansão da capital do país, Colombo, sua área original de ocorrência. Por ser um animal que vive no alto das árvores, ele precisa de uma floresta onde as copas se toquem e, portanto, não consegue sobreviver nas matas alteradas. Já o lóris-esbelto, um dos primatas mais raros do Sri Lanka, sofre também com a captura para o tráfico, visado como mascote por sua pelagem espessa e olhos grandes. Apenas quatro registros

científicos foram feitos desde 1937. A população remanescente, se já não foi extinta, vive em uma área inferior a 250 km2, na Planície de Horton. Das duas espécies da Tanzânia incluídas na lista, uma ainda nem tem nome científico. Trata-se de um galago das escarpas do Monte Rungwe, considerado distinto de outros primatas semelhantes do gênero Galagoides por suas vocalizações e fotografias. Observações feitas à distância mostram que esses galagos circulam entre plantas de banana selvagem, tendo freqüentemente o pêlo coberto por pólen, um indicador de que podem funcionar como polinizadores. A outra espécie da Tanzânia criticamente ameaçada é o mangabei-de-Sanje (Cercocebus sanjei), endêmico das montanhas Udzungwa, onde vivem mais 10 espécies de primatas. As principais ameaças são caça e perda de hábitat.

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CENTRO-OESTE AFRICANO

CHINA, COLÔMBIA, GUINÉ EQUATORIAL E QUÊNIA Sobre o primata chinês incluído na lista - uma espécie de gibão (Nomascus sp cf nasutus hainanus) - ainda há uma grande carência de informações, mas a perda de hábitat é a principal ameaça, a par do uso de partes do corpo em remédios tradicionais e afrodisíacos. Os primatas desse gênero vivem a maior parte de suas vidas na copa das árvores, em grupos familiares. Defendem seu território com vocalizações complexas, consideradas verdadeiras canções, que podem ser ouvidas a grandes distâncias. Na Colômbia, o macaco-aranhacastanho (Ateles hybridus brunneus) ocorre apenas entre os rios Cauca e Magdalena. Por se tratar de um primata grande e de baixa taxa de reprodução com um filhote por casal, a cada três ou quatro anos - a espécie é muito vulnerável aos desmatamentos, à degradação das florestas e à ação dos caçadores. Os conservacionistas sugerem o estabelecimento de um parque na Serrania San Lucas, área onde existem mais dois primatas que seriam igualmente beneficiados pela proteção: o sagüi-cinzento (Saguinus leucopus) e uma espécie local de macaco-barrigudo (Lagothrix lagothricha lugens). O colobo-vermelho-de-Pennant (Procolobus pennanti pennanti) habita exclusivamente a região sudoeste da ilha de Bioko, na Guiné Equatorial. Sua carne ainda é comercializada e a espécie é particularmente vulnerável à degradação de seu hábitat, assim como outros colobos das regiões ocidental e cen-

Nem a versatilidade na busca de alimentos, no chão de áreas alagadas, florestas ou culturas agrícolas livrou o mangabei-da-nuca-branca (Cercocebus atys lunulatus) da ameaça de extinção. O primata, aparentado com o mandril, vive a leste do rio Sassandra, na Costa do Marfim, e oeste do rio Volta, em Gana. A caça para consumo da carne é a pressão mais importante, fazendo da fiscalização nas áreas protegidas uma das medidas urgentes para afastar o risco de extinção.

tral da África, Isso torna o gênero o mais ameaçado do mundo, entre todos os grupos taxonômicos de primatas. Uma faixa de apenas 60 km de largura, onde ficam as matas de galeria do baixo rio Tana, no Quênia, abriga oito espécies de primatas, dos quais duas estão criticamente ameaçadas e um foi incluída na lista dos 25: o colobo-vermelho-do-Rio-Tana (Procolobus rufomitratus). A expansão da agricultura naquelas terras, no entanto, já tomou metade da área original de distribuição da espécie, que só vive ali (endêmica). Alguns grupos estão sendo realocados, mas faltam áreas protegidas.

Já as duas espécies de gorila consideradas criticamente mais ameaçadas - o gorila-de-Diehl (Gorilla gorilla diehli) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei) - sofrem com o comércio de troféus (mãos e cabeças empalhadas) e perda de hábitat. As populações do gorila-de-Diehl vivem numa estreita faixa de floresta densa da fronteira entre Camarões e Nigéria, praticamente sem proteção. Os governos dos dois países, no entanto, comprometeram-se recentemente com a conservação da espécie, ensaiando as primeiras medidas em parceria com a entidade ambientalista Wildlife Conservation Society (WCS). O gorila-das-montanhas é o maior primata do planeta, uma das espécies mais bem estudadas, mas, infelizmente, o conhecimento ainda não assegura sua sobrevivência. As estimativas de população variam muito: de 8.660 a 25.500 indivíduos, espalhados em 11 áreas isoladas. O grupo maior está

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a lista foi aprovada no último dia 18 de fevereiro, durante o 11o Congresso de Primatologia, em Porto Alegre. “A divulgação de uma lista como essa é importante para chamar a atenção da opinião pública sobre a necessidade de proteção dessas espécies”, afirma Pádua. “Listas como esta ajudam na criação de novas áreas de conservação; no aumento da proteção às áreas anteriormente criadas, e na realização de investigações mais acuradas da situação, além de despertar o interesse de 22

relativamente protegido nos parques nacionais Kahuzi-Biega e Maiko, no Congo.

Os mais ameaçados do Brasil A Sociedade Brasileira de Primatologia acaba de divulgar a primeira lista dos 10 primatas brasileiros mais ameaçados de extinção. A sugestão de elaborar a lista nacional foi de Claudio Valladares-Pádua, diretor científico do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e membro da Wildlife Trust Alliance. Ele trabalhou na avaliação do estado de conservação das espécies nativas com outros dois especialistas: Júlio César Bicca-Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e Anthony Rylands, diretor do Programa de Espécies Ameaçadas da Conservação Internacional. E

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novos pesquisadores para iniciar trabalhos com animais que necessitam de uma atenção especial”. Todas as espécies da lista brasileira são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção pela União para a Conservação Mundial (IUCN). Três delas - o mico-leão-caiçara, o macaco-prego-depeito-amarelo e o muriqui-do-norte estão também na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. De modo geral, a perda de hábitat é o problema mais sério para todas elas. O sagüi-de-duas-cores (Saguinus bicolor), por exemplo, ocorre numa pequena região da floresta amazônica, justamente onde está Manaus. Embora seja pequeno cerca de 20 cm, fora a cauda, de 30 cm e consiga se adaptar às matas secundárias ou abertas, perde cada vez mais espaço para a cidade. Para piorar sua situação, um outro sagüi do mesmo gênero - S. midas - têm invadido seu território, empurrado pelas alterações de sua área de origem. As duas espécies do gênero Cebus - C. kaapore e C. xanthosternus - vivem igualmente em áreas restritas e estão sofrendo com a alteração do uso das terras, sendo que este conseguia conviver bem com as plantações de cacau sombreadas pela floresta e, com a crise do cacau na Bahia, está perdendo sua ‘casa’. Os dois guigós Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrae - enfrentam o mesmo problema. O primeiro se distribuía originalmente entre a Bahia e Sergipe, mas perdeu muito terreno para a especulação imobiliária. O segundo está ainda pior, porque já vivia apenas em Sergipe. Além da perda de hábitat, a sobrevivência das duas espécies de bugio incluídas na lista - o guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul ululata) e o guariba-

barbado (Alouatta guariba guariba) ainda sofrem com a caça ilegal para o consumo de carne. Ambos são animais de médio porte - de 50 cm de altura - e normalmente são localizados devido às vocalizações em tom grave, ouvidas a cerca de 1,5 km de distância. Para os dois micos-leões incluídos na lista - o preto (Leontopithecus chrysopygus) e o de cara-preta ou caiçara (L. caissara) - a captura para o tráfico e a fragmentação da Mata Atlântica pela agricultura são as pressões mais sérias. Embora mais famosas, as outras duas espécies de mico-leão, que já foram objeto de diversas campanhas de conservação - o dourado (L. rosalia) e o de cara-dourada (L. chrysomellas) - não estão entre os 10 mais ameaçados porque sua situação é um pouco melhor do que seus ‘primos’ paulistas e paranaenses. “A escolha dos primatas que integram a lista depende de informações precisas e o fato de algumas espécies não entrarem não significa necessariamente que não estejam ameaçadas, significa apenas que outras estão em pior situação”, prossegue Cláudio Pádua. “Na última lista internacional, por exemplo, entraram algumas espécies do Vietnã e saíram outras. Não porque a situação destas melhorou, mas porque não se tinha nenhuma informação sobre o Vietnã antes e agora se viu que os primatas de lá estão sob grande pressão”. * Matéria originalmente publicada no site G1

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Microchip vai ser a identidade do pet Aplicação de microchips em animais teve início em Curitiba. Previsão é que até o fim do mês o serviço oferecido pela prefeitura esteja disponível a todos os interessados Com uma rápida agulhada, o médico veterinário introduz uma cápsula – um pouco maior do que um grão de arroz – no cangote da Meg. Sem dar o menor latido de choro, essa cachorrinha sem raça definida foi a primeira a receber um microchip de identificação, em uma ação pública da Prefeitura de Curitiba. A microchipagem, realizada no fim de outubro, em uma feira de adoção de animais promovida pela associação Cãopanheiro, de Curitiba, foi uma prévia de um serviço que estará disponível a todos até o fim de novembro. Isso caso não surjam novos entraves ao processo, ainda em curso, de compra dos leitores desses microchips. “Estaríamos operando normalmente desde agosto, mas por problemas na licitação dos aparelhos houve esse atraso”, explica Marcos Traad, diretor do Zoológico e da Rede de Proteção Animal de Curitiba, que é responsável pelo programa de implantação de microchips.

Tira-dúvidas

Confira algumas questões sobre o novo dispositivo: Do que é feito o microchip? É um microcircuito – sem bateria ou GPS –, com um código numérico, identificável por um escâner (leitor). Do tamanho de um grão de arroz, a pecinha é envolta por uma cápsula de biovidro cirúrgico, que dura por mais de 100 anos. Como é aplicado? Primeiro ele é introduzido em uma agulha esterilizada. Com uma seringa especial, o veterinário introduz o aparelhinho na cernelha do bicho, área que possui bastante tecido adiposo e pouca terminação nervosa. O processo é rápido, causa pouca dor e, por isso, não é usado anestesia. O animal corre algum risco de saúde? O risco é mínimo e até hoje não existe notícia de que o microchip tenha causado problemas de saúde, informa o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná.

Se tudo der certo, em algumas semanas a implantação dos microchips será feita em 29 clínicas veterinárias conveniadas pela Prefeitura, que cobrarão R$ 9 pelo chip, sem custo pelo serviço de aplicação. A lista de clínicas estará no site www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br. O chip implantado nos animais é um microcircuito contendo um código único, que depois é identificado por um escâner que emite uma onda de rádio sobre ele. Tal como um documento de identidade, o número do chip é registrado no site da Rede de Proteção Animal, junto com informações como nome, raça, ficha médica do bicho e endereço do dono. “Se a minha cachorra um dia se perder e alguém levá-la até uma das clínicas que tenham leitores de chip, as pessoas poderão entrar em contato comigo”, explica o operador de máquinas Washington Cornachini, satisfeito por ter microchipado a cachorrinha Meg logo que a adotou, na própria feira. A disseminação dos chips também vai propiciar à prefeitura um maior controle sobre a população animal. “Saberemos, com mais precisão, quantos bichos existem em Curitiba, onde eles estão e que doenças eles têm”, afirma Marcos Traad. O diretor do Zoológico lembra ainda que, com o equipamento, será mais fácil cobrar da população uma guarda responsável, identificando os donos que maltratam e abandonam seus bichos.

Serviço:

Antes de aplicar o microchip, é preciso cadastrar as informações do animal e seu dono no site www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br. Bichos que já têm outros tipos de microchips também podem ser cadastrados no sistema da prefeitura. * Matéria originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo

Fonte: Rede de Proteção Animal de Curitiba.

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Microchip vai ser a identidade do pet Aplicação de microchips em animais teve início em Curitiba. Previsão é que até o fim do mês o serviço oferecido pela prefeitura esteja disponível a todos os interessados Com uma rápida agulhada, o médico veterinário introduz uma cápsula – um pouco maior do que um grão de arroz – no cangote da Meg. Sem dar o menor latido de choro, essa cachorrinha sem raça definida foi a primeira a receber um microchip de identificação, em uma ação pública da Prefeitura de Curitiba. A microchipagem, realizada no fim de outubro, em uma feira de adoção de animais promovida pela associação Cãopanheiro, de Curitiba, foi uma prévia de um serviço que estará disponível a todos até o fim de novembro. Isso caso não surjam novos entraves ao processo, ainda em curso, de compra dos leitores desses microchips. “Estaríamos operando normalmente desde agosto, mas por problemas na licitação dos aparelhos houve esse atraso”, explica Marcos Traad, diretor do Zoológico e da Rede de Proteção Animal de Curitiba, que é responsável pelo programa de implantação de microchips.

Tira-dúvidas

Confira algumas questões sobre o novo dispositivo: Do que é feito o microchip? É um microcircuito – sem bateria ou GPS –, com um código numérico, identificável por um escâner (leitor). Do tamanho de um grão de arroz, a pecinha é envolta por uma cápsula de biovidro cirúrgico, que dura por mais de 100 anos. Como é aplicado? Primeiro ele é introduzido em uma agulha esterilizada. Com uma seringa especial, o veterinário introduz o aparelhinho na cernelha do bicho, área que possui bastante tecido adiposo e pouca terminação nervosa. O processo é rápido, causa pouca dor e, por isso, não é usado anestesia. O animal corre algum risco de saúde? O risco é mínimo e até hoje não existe notícia de que o microchip tenha causado problemas de saúde, informa o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná.

Se tudo der certo, em algumas semanas a implantação dos microchips será feita em 29 clínicas veterinárias conveniadas pela Prefeitura, que cobrarão R$ 9 pelo chip, sem custo pelo serviço de aplicação. A lista de clínicas estará no site www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br. O chip implantado nos animais é um microcircuito contendo um código único, que depois é identificado por um escâner que emite uma onda de rádio sobre ele. Tal como um documento de identidade, o número do chip é registrado no site da Rede de Proteção Animal, junto com informações como nome, raça, ficha médica do bicho e endereço do dono. “Se a minha cachorra um dia se perder e alguém levá-la até uma das clínicas que tenham leitores de chip, as pessoas poderão entrar em contato comigo”, explica o operador de máquinas Washington Cornachini, satisfeito por ter microchipado a cachorrinha Meg logo que a adotou, na própria feira. A disseminação dos chips também vai propiciar à prefeitura um maior controle sobre a população animal. “Saberemos, com mais precisão, quantos bichos existem em Curitiba, onde eles estão e que doenças eles têm”, afirma Marcos Traad. O diretor do Zoológico lembra ainda que, com o equipamento, será mais fácil cobrar da população uma guarda responsável, identificando os donos que maltratam e abandonam seus bichos.

Serviço:

Antes de aplicar o microchip, é preciso cadastrar as informações do animal e seu dono no site www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br. Bichos que já têm outros tipos de microchips também podem ser cadastrados no sistema da prefeitura. * Matéria originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo

Fonte: Rede de Proteção Animal de Curitiba.

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Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

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Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

29

28

Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

30

www.conexaopet.com.br/ comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

26

Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

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28

Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

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Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

26

Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

29

28

Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

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www.conexaopet.com.br/ comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

26

Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

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Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

30

www.conexaopet.com.br/ comercial@conexaopet.com.br/ telefone (41)3016-4843


Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

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Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

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Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

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Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

26

Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

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28

Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

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Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

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Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

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Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

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Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

34

Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

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Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

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Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

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Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

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Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

32

Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

34

Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

36

Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

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Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

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Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

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Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Danielle Menezes e seus vários pets diferentes: Danielle Menezes é mesmo uma mulher de coragem. Enquanto a maioria das mulheres sai correndo ao ver uma aranha ou uma cobra, Danielle faz questão de ficar tão próxima dessas criaturas que até mesmo as adotou como pet. Mas, por favor, não deixem a Danielle sozinha com uma barata! E olha que isso tudo começou ainda na infância, como ela mesmo nos conta:

Meu Pet é diferente!

Conheça pessoas que têm uma história especial com companheiros para lá de especiais Por Vivian Lemos

Muita gente tem um animal de estimação para chamar de seu... muitas vezes nossos companheiros de quatro patas nos dão muitas alegrias e...opa! Peraí! E quando os nossos pets não têm quatro patas? E quando eles sequer têm patas? Muita gente escolheu como bichinho de estimação uma cobra, um hamster ou até mesmo um gambá! Conexão Pet foi atrás dessas histórias de amor diferente e mostrou que nem só cães e gatos fazem a alegria dos humanos apaixonados por seus companheiros do mundo animal. Nas próximas páginas, você vai conhecer muitas histórias divertidas e emocionantes.

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Danielle Menezes - Não sei quando decidi ter um pet diferente... minha primeira aranha eu tive com nove anos (eu estava na quarta-série do colegial), logo depois ganhei minha primeira cobra. Acho que aconteceu e depois daquilo eu me apaixonei mais ainda por bichos diferentes. (Minha mãe diz que quando eu era pequenininha - dois anos- eu guardava bichos como lesmas, piolhos de cobra e minhocas na gaveta das roupas). “Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA”. Conexão Pet - Os pets diferentes são carinhosos? Como é a relação com um bichinho diferente? Danielle Menezes - A relação com um bicho diferente é muito legal, não posso dizer que eles são carinhosos, mas eles realmente te compreendem e te escutam. Acho que o pet exótico mais carinhoso que eu já tive foi uma iguana e as tartarugas e o mais mal humorado foi uma aranha caranguejeira chamada LARACNA e uma cobra urutu-do-brejo chamada SOGRA. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com cada um desses pets? Danielle Menezes - Os cuidados variam muito de pet para pet, você não pode cuidar de aranha da mesma forma que cuida de um lagarto. Cada espécie

necessita de cuidados diferentes (ambientação do terrário, temperatura, alimentação, manuseio). Mas os cuidados básicos são: atentar para o bem estar do animal, alimentação e cuidados com a saúde animais silvestres ou exóticos cativos são bem mais suscetíveis a doenças. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação aos seus pets diferentes? Danielle Menezes - Acho que a mais engraçada era a relação entre meu quero-quero e meu cachorro. Onde estava um, estava o outro. A Mina (quero-quero) vivia atrás do Backa (cachorro) para implicar com ele. Se ele deitava, ela brigava; se ele ia latir no portão, ela brigava; se ele deitava no caminho dela, ela literalmente passava por cima dele. Às vezes eles dormiam na mesma casinha; às vezes a Mina tirava o Backa da casinha (eram como dois irmãos, sempre brigando e sempre juntos). Tenho outras histórias também: minha iguana morreu quando eu me casei; tinha uma aranha macho que só gostava do meu marido e quando ele chamava a aranha o atendia; conheci meu marido por conta de um pet exótico (o Jack Cupido, meu quero-quero macho); o Smaug, minha cobra d'água era convulsivo e em um de seus ataques epiléticos ele caiu no pote de água e estava se afogando e quando eu fui salvá-lo, ele me mordeu e eu vim a descobrir o efeito do veneno de uma cobra "sem veneno". Teve uma vez que eu fui transferir uma cobra de terrário e tinha uma barata no terrário novo da cobra e eu não vi (eu morro de MEDO de baratas), quando eu abri o terrário, a barata saiu voando, eu me agarrei na cobra e comecei a gritar e a chorar em pânico, a casa toda veio ver o que aconteceu; eu não consegui nem falar de tanto medo, só lembro de ouvir meu pai dizendo: "viu eu falei que um dia um bicho desses ia te morder...", mas quando ele viu a barata na parede, só tirou o sapato e matou ela e depois balançou a cabeça em sinal negativo e sem dizer um palavra todos saíram da sala. Acho que aquele dia até a cobra se assustou.... se eu for puxar pela memória posso até escrever um livro....

Alessandra Mueller e Raja Han: Alessandra Mueler é outra mulher de coragem e não foge de um animal exótico, tanto que seu bichinho de estimação, Raja Han, é uma jiboia. A história de amor entre Alessandra e as cobras começou ainda na escola, durante uma aula de biologia. Infelizmente, a mãe de Alessandra não permitiu que a menina tivesse uma cobra em casa, então ela teve que esperar um pouquinho pela companhia de seu réptil preferido. Ela nos conta agora um pouco dessa paixão:

Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Alessandra Mueler - Comecei a me interessar por cobras na quarta série. Durante uma aula de biologia, o professor levou algumas cobras na sala de aula e desde então eu comecei a me aprofundar no assunto e procurei saber detalhes para ter um bicho tão exótico. Claro que na época minha mãe não deixou DE FORMA ALGUMA ter uma cobra em casa, então tive de esperar um pouco até ir morar sozinha e poder ter meu bichinho “Uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!” 33

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Conexão Pet- A jiboia é um animal carinhoso, como é a relação com um bichinho diferente? Alessandra Mueler - Não sei se poderia chamá-lo de carinhoso, mas posso garantir que ele me reconhece! As cobras são 100% surdas, por isso tudo o que ouvem e vem é através da língua, por isso acredito que reconheça meu cheiro e o timbre da minha voz. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a jiboia? Alessandra Mueler – O dia-a-dia é bem simples. Ela come somente duas vezes por mês e defeca somente duas vezes por mês. Tem que ter um terrário (igual a um aquário, mas com terra e não água), com um pote de água, luz e, de preferência, uma pedra de aquecimento. Não podemos deixar de pensar que os répteis são pecilotérmicos e não se aquecem sozinhos, por isso necessitam de uma fonte de calor. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação ao seu pet diferente? Alessandra Mueler - Olha... não tenho nenhuma história incrível, mas uma vez ele fugiu do terrário e ficou desaparecido por dois meses, e quando eu fui encontrá-lo estava no roda-pé do meu apartamento, morrendo de fome e querendo dar o bote em qualquer coisa que se movimentava! Ainda bem que era bem pequeno ainda!

Márcia A. e Brad A história de Márcia e Brad é triste e hilária ao mesmo tempo. A empregada de Márcia, viu o gambazinho filhote caído em uma rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. Márcia foi até o local e levou o bichinho para casa, dando o nome de Angelina Jolie, já que ao falar com uma veterinária ao telefone, a mesma julgou que o animal fosse uma fêmea. Após dois meses, a veterinár ia viu as fotos do gambá e constatou que ele era macho, por isso mudaram ser nome para Brad, o que provocou muitos risos. Brad dorm e o dia todo, acorda pelas 21h e começa a comer. Ele adora polpa de frutas, lichia e caqui.

Infelizmente Brad está com uma paralisia em uma das patas. Márcia fez diversos exames o levou ao neurologista veterinário e este acha que é praticamente impossível que Brad volte a andar normalmente. A dúvida é se ele sente dor ou não. Vamos torcer para que Brad se recupere logo!

Vera Máximo e Filomena Gatos e ratos convivendo em harmonia na mesma casa? Isso é possível? Na casa de Vera Máximo, a resposta é sim. Vera sempre teve muitos gatinhos, mas toda vez que olhava a simpática carinha de um hamster, tinha vontade de levá-lo para casa. Até que um dia não resistiu e levou a simpática Filomena para seu lar, uma lindinha hamster síria. Vamos conhecer a história de amor entre Vera e sua pequena roedora: Conexão Pet - Quando decidiu ter um pet diferente? Vera Máximo - Eu sempre tive muitos gatinhos, sempre amei animais, mas quando via um hamster meu coração se enchia de vontade de ter um, até que não resisti e trouxe a Filozinha pra casa.

Conexão Pet - A Filomena é carinhosa, como é a relação com um bichinho diferente? Vera Máximo- A Filomena, carinhosamente chamada de Filozinha, é um encanto, muito querida e carinhosa, quando tocamos nela, logo ela se vira de costas pra coçarmos a barriguinha, ela adora! A nossa relação com a Filó é de muito carinho, ela é super delicada, é o neném da casa e tem muita atenção, ela gosta de ser chamada pelo nome, sente a nossa presença e vem saber o que está acontecendo, por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles. Conexão Pet - Quais são os cuidados no dia-a-dia com a Filomena? Vera Máximo - É muito fácil cuidar de um hamster, ela precisa de uma gaiola segura e espaçosa, precisa de rodas de exercício, brinquedos, uma casinha pra dormir, bebedouro com água fresca e trocada diariamente. Sua alimentação também é simples, existem no mercado rações próprias que contêm as vitaminas e proteínas que ela necessita. Ela também gosta muito de amendoim, sementes de girassol, brócolis e cenoura. Os hamsters são excelentes bichinhos de estimação, pois além de muito queridos, são de fácil manejo e cuidados, podendo ser transportados tranquilamente em viagens, dormem praticamente o dia todo, suas atividades são noturnas, praticam exercícios, comem e brincam durante a noite. Conexão Pet - Tem alguma história curiosa ou engraçada para contar em relação à Filomena? Vera Máximo - A Filomena tem hábitos de higiene muito interessantes, além dos seus banhos diários, ela lambe todo o corpinho feito “Por incrível que pareça, ela não tem medo dos gatos, e, como meus gatos são muito dóceis, eles chegam perto da gaiola e ficam cheirando a Filó, ela gosta e se aproxima deles”.

um gato, lava suas mãozinhas e pezinhos, orelhas, cabeça, ela tem mania de levar papel higiênico pra sua casinha. Descobrimos que ela leva o papel pra fazer xixi em cima, achei o máximo, assim nunca está molhada sua casinha, ela vai trocando de papel, quando está sujo, põe pra fora da casinha e busca papel limpinho só pra fazer suas necessidades! A Filó é uma graça!

Yanê Carvalho e Frodo Yanê trabalhava no Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFPR. Um dia chegou lá um porquinho da índia, com suspeita de Leishmaniose. Este laboratório é referência nacional no diagnóstico desta doença em porquinhos da índia. Colocaram ele em uma caixa pequena (40 x 20 cm) com sepilho, bebedouro e ração jogada dentro. Como já se pode prever, Yanê se apaixonou pelo porquinho da índia e o resto da história, ela mesma relata: “No início eu nem quis olhar, pois me apego fácil, mas não teve jeito, no mesmo dia já estava lá, olhando aquela coisinha naquela caixa pequena demais para ele. No segundo dia propus à minha amiga laboratorista – Vamos colocá-lo na gaiola maior, eu me responsabilizo por limpar. Eu não sabia nem pegar aquela coisinha, tinha medo que me mordesse. Já na gaiola maior todo dia eu levava ração, cenoura, verdinhos e conversava com ele. O diagnóstico da doença deu negativo e mais tarde descobri que era sarna. Uma semana depois ele já me conhecia, quando entrava no laboratório e dizia - Bom dia! – para meus colegas, ele gritava Cuí, cuí! 35

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Estávamos em dezembro, próximo das festas de fim de ano, o laboratório iria fechar e... o que fazer com aquele porquinho? As professoras responsáveis me ofereceram e emprestaram a gaiola. Decidi ficar com ele, a princípio até encontrar um dono. Em casa ele ficava na sua gaiola, que eu levava para o sol, para meu quarto, pois tinha um coelho que estava doente e não ia muito com a cara do porquinho. Batizei-o de Frodo (personagem do “Senhor dos Anéis”), por causa dos pezinhos, peludos em cima e embaixo rechonchudos e rosa como pés de humanos! Meu amado coelho morreu um mês depois, e na tristeza tirei Frodo da gaiola e coloquei no meu colo, ele ficou lá aninhado, não mordeu, não quis fugir, e assim começamos a interagir mais de perto, ele foi morar no banheiro externo em uma casinha que fiz para ele, e nos dias de sol fica no jardim, um avanço, para quem saiu de uma caixinha! E eu que pensava que porquinho da índia era tão expressivo quanto isopor! Este menininho só falta falar! Ele pede por comida, adora um colinho, dá lambidinhas na minha mão, quando gosta de algo ronrona e pede carinho jogando a cabeçinha para trás. E meus quatro cachorros (de rua, adotados) o tratam como mais um cachorrinho na casa. Mas é um bebê, acostumou a dormir em paninhos que todo dia tenho que trocar e lavar, pois porquinhos fazem pipi e cocô na cama! (Na casinha, no banheiro, em você! Acho que é por isso que os chamam de porquinhos!)

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Eu não sabia que gostava tanto dele, recentemente teve um abscesso no pescoço o que me preocupou e obrigou a levá-lo durante sete semanas ao veterinário. Toda segunda-feira colocava em uma bolsa e tomava dois ônibus até a clínica. Depois de curativos e também do tratamento contra a sarna ele está melhor do que antes. Em uma dessas viagens, o ônibus deu uma freada para evitar um acidente, e eu, outros passageiros que também estavam de pé e a bolsa com o Frodo dentro(!) fomos parar no chão! Enquanto eu caia só pensava em uma coisa: nem eu nem ninguém podemos cair em cima da bolsa! Quando o ônibus parou, eu estava deitada no chão do ônibus, sentei e puxei a bolsa, tirei o Frodo de dentro e perguntei para aquela coisinha de olhos arregalados de susto – Você está bem meu amor? - Sob olhares curiosos dos passageiros do ônibus! Nos primeiros dias do tratamento, coloquei-o para dormir no meu quarto, pois segundo a veterinária, os medicamentos poderiam ter reações adversas (até matar!). Com o antibiótico correu tudo bem, mas o antiinflamatório provocou um surto psicótico! Ele passou a noite inteira dando voltas pelo quarto e dando gritinhos! E quando eu o segurava ele gritava mais! Só parou pela manhã quando enfim dormiu entre as minhas mãos e eu também, tive 20 minutos de sono! Graças a São Francisco ele está cada dia mais fofo!”

Seja o seu pet diferente ou não,

o importante é tratá-lo com muito

amor, responsabilidade e carinho,

que ele, seja de que espécie for, irá retribuir todo o seu afeto dando muitas alegrias e motivos

de risada em sua casa!

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Uma guerreira com nome de flor

públicas; o especismo, que tenta colocálos em plano inferior ao humano; a ganância do ser humano que tenta transformar os animais e seus cadáveres - inteiros ou em partes - em produtos comerciáveis; os cursos sobre meio ambiente em nosso país, que praticamente não contemplam os animais (a menos que estejam em extinção).

Nina Rosa conta um pouco de sua luta em prol dos animais

Por Vivian Lemos Nina Rosa Jacob, segundo suas próprias palavras, já foi fumante, onívora e bem menos consciente da sua responsabilidade como ser humano do que é hoje. Talvez por isso, ela resolveu fundar em 2000 o Instituto Nina Rosa, uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela defesa e conscientização dos direitos dos animais. Nina também produziu os vídeos A Carne é Fraca, Fulaninho o Cão que Ninguém Queria, Não Matarás, entre outros. Editou os livros Alternativas ao uso de animais vivos na educação - pela ciência responsável, de Sérgio Greif e Vozes do Silêncio - cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção, de João Epifânio Regis Lima. Para falar mais sobre seu trabalho e sobre as condições dos animais no Brasil, Nina Rosa concedeu uma entrevista exclusiva ao Conexão Pet que você confere a seguir: Conexão Pet- Quando e como iniciou seu trabalho em prol da defesa dos animais? Nina Rosa- Comecei a me dedicar aos animais após a morte de minha cadela e companheira Chica, em 1994. Tinha na época 50 anos de idade. Conexão Pet - Qual é a maior dificuldade de atuar com a causa animal no Brasil? Nina Rosa - A falta de cultura - principalmente de nossos dirigentes - quanto aos direitos dos animais e consequentemente de políticas

Conexão Pet- Acredita que as leis que combatem os maus tratos a animais no Brasil são muito brandas ou não são cumpridas? Nina Rosa- Ambos. As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas - mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia. Raramente se consegue uma condenação por maus-tratos ou abandono, e quando isso ocorre, se houver multas, o valor das mesmas não é direcionado para a educação humanitária ou prevenção de maus-tratos. As penas são muito brandas e pouco aplicadas (em geral alguma prestação de serviço não ligada a animais). É necessário criar-se uma Delegacia do Animal - a exemplo da Delegacia da Mulher - onde as denúncias possam ser

Conexão Pet - Em sua opinião quais são as maiores causas de maus tratos a animais? Nina Rosa - A impunidade, a ignorância, a negligência, a falta de conexão das pessoas com seu ser interior e consequentemente com sua sensibilidade e sua capacidade de ser compassivo; a falta de uma cultura de respeito à Natureza como um todo, de valorização da vida animal; a falta do conhecimento de que o Planeta é composto pelos reinos mineral, vegetal, animal/ humano e que todos têm igual direito à vida, à liberdade, ao respeito, ao seu espaço nesta Terra, que muito antes dos humanos já era habitada pelos outros reinos.

“As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia”.

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Conexão Pet- O Instituto Nina Rosa promove palestras para crianças? Como funciona esse trabalho? Nina Rosa- O INR produz material educativo sobre defesa animal, consumo sem crueldade e vegetarianismo em vídeos e publicações, que fornecem sensibilização e informação para crianças e adultos, que podem ser postados para qualquer parte do Brasil ou fora dele. Além disso, quando convidado, oferece palestras tanto para crianças quanto para adultos, seja em escolas, universidades ou grupos de pessoas.

Conexão Pet - O Supremo Tribunal de Justiça proibiu a utilização de métodos cruéis para sacrificar animais nos Centros de Controle de Zoonoses. A que se deve o fato de o Brasil ainda utilizar a prática de sacrifício de animais saudáveis em vez de investir maciçamente na educação da população? Nina Rosa- Falta de vontade política, de justa distribuição de verbas, de interesse (os animais não votam). Mas isso vai mudar. A sociedade, cada dia melhor informada, já não admite mais tais abusos. Manifestam-se. Conhecem melhor seus direitos e os direitos dos animais. E essas pessoas votam.

“Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos”.

Conexão Pet- Como devemos conscientizar as crianças para que elas sejam justas com os animais? Nina Rosa- Pelo exemplo. Não se conhece forma mais eficaz de ensino do que o exemplo.

Conexão Pet - Para que nossos leitores entendam melhor a questão, gostaria que você comentasse as alternativas que já estão sendo utilizadas para combater a vivissecção: Nina Rosa Indico o site: www.internichebrasil.org onde poderão ter respostas técnicas .

Conexão Pet - Como as pessoas podem ajudar a proteger e melhorar a vida dos animais? Nina Rosa - Enxergando-os e tratando-os como seres dignos de respeito, amor, dedicação. Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos.

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respeitadas, averiguadas e os crimes punidos. Uma das mais abrangentes leis de defesa dos animais a 9605/98, cujo artigo 32 veda a crueldade contra os animais, corre o risco de ter os animais domésticos e domesticados retirados de sua proteção, deixando os mesmos sem amparo legal para todo o tipo de abusos. Essa alteração só interessa a quem ganha dinheiro explorando animais em rodeios, circos, testes e outros.

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Uma guerreira com nome de flor

públicas; o especismo, que tenta colocálos em plano inferior ao humano; a ganância do ser humano que tenta transformar os animais e seus cadáveres - inteiros ou em partes - em produtos comerciáveis; os cursos sobre meio ambiente em nosso país, que praticamente não contemplam os animais (a menos que estejam em extinção).

Nina Rosa conta um pouco de sua luta em prol dos animais

Por Vivian Lemos Nina Rosa Jacob, segundo suas próprias palavras, já foi fumante, onívora e bem menos consciente da sua responsabilidade como ser humano do que é hoje. Talvez por isso, ela resolveu fundar em 2000 o Instituto Nina Rosa, uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela defesa e conscientização dos direitos dos animais. Nina também produziu os vídeos A Carne é Fraca, Fulaninho o Cão que Ninguém Queria, Não Matarás, entre outros. Editou os livros Alternativas ao uso de animais vivos na educação - pela ciência responsável, de Sérgio Greif e Vozes do Silêncio - cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção, de João Epifânio Regis Lima. Para falar mais sobre seu trabalho e sobre as condições dos animais no Brasil, Nina Rosa concedeu uma entrevista exclusiva ao Conexão Pet que você confere a seguir: Conexão Pet- Quando e como iniciou seu trabalho em prol da defesa dos animais? Nina Rosa- Comecei a me dedicar aos animais após a morte de minha cadela e companheira Chica, em 1994. Tinha na época 50 anos de idade. Conexão Pet - Qual é a maior dificuldade de atuar com a causa animal no Brasil? Nina Rosa - A falta de cultura - principalmente de nossos dirigentes - quanto aos direitos dos animais e consequentemente de políticas

Conexão Pet- Acredita que as leis que combatem os maus tratos a animais no Brasil são muito brandas ou não são cumpridas? Nina Rosa- Ambos. As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas - mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia. Raramente se consegue uma condenação por maus-tratos ou abandono, e quando isso ocorre, se houver multas, o valor das mesmas não é direcionado para a educação humanitária ou prevenção de maus-tratos. As penas são muito brandas e pouco aplicadas (em geral alguma prestação de serviço não ligada a animais). É necessário criar-se uma Delegacia do Animal - a exemplo da Delegacia da Mulher - onde as denúncias possam ser

Conexão Pet - Em sua opinião quais são as maiores causas de maus tratos a animais? Nina Rosa - A impunidade, a ignorância, a negligência, a falta de conexão das pessoas com seu ser interior e consequentemente com sua sensibilidade e sua capacidade de ser compassivo; a falta de uma cultura de respeito à Natureza como um todo, de valorização da vida animal; a falta do conhecimento de que o Planeta é composto pelos reinos mineral, vegetal, animal/ humano e que todos têm igual direito à vida, à liberdade, ao respeito, ao seu espaço nesta Terra, que muito antes dos humanos já era habitada pelos outros reinos.

“As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia”.

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Conexão Pet- O Instituto Nina Rosa promove palestras para crianças? Como funciona esse trabalho? Nina Rosa- O INR produz material educativo sobre defesa animal, consumo sem crueldade e vegetarianismo em vídeos e publicações, que fornecem sensibilização e informação para crianças e adultos, que podem ser postados para qualquer parte do Brasil ou fora dele. Além disso, quando convidado, oferece palestras tanto para crianças quanto para adultos, seja em escolas, universidades ou grupos de pessoas.

Conexão Pet - O Supremo Tribunal de Justiça proibiu a utilização de métodos cruéis para sacrificar animais nos Centros de Controle de Zoonoses. A que se deve o fato de o Brasil ainda utilizar a prática de sacrifício de animais saudáveis em vez de investir maciçamente na educação da população? Nina Rosa- Falta de vontade política, de justa distribuição de verbas, de interesse (os animais não votam). Mas isso vai mudar. A sociedade, cada dia melhor informada, já não admite mais tais abusos. Manifestam-se. Conhecem melhor seus direitos e os direitos dos animais. E essas pessoas votam.

“Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos”.

Conexão Pet- Como devemos conscientizar as crianças para que elas sejam justas com os animais? Nina Rosa- Pelo exemplo. Não se conhece forma mais eficaz de ensino do que o exemplo.

Conexão Pet - Para que nossos leitores entendam melhor a questão, gostaria que você comentasse as alternativas que já estão sendo utilizadas para combater a vivissecção: Nina Rosa Indico o site: www.internichebrasil.org onde poderão ter respostas técnicas .

Conexão Pet - Como as pessoas podem ajudar a proteger e melhorar a vida dos animais? Nina Rosa - Enxergando-os e tratando-os como seres dignos de respeito, amor, dedicação. Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos.

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respeitadas, averiguadas e os crimes punidos. Uma das mais abrangentes leis de defesa dos animais a 9605/98, cujo artigo 32 veda a crueldade contra os animais, corre o risco de ter os animais domésticos e domesticados retirados de sua proteção, deixando os mesmos sem amparo legal para todo o tipo de abusos. Essa alteração só interessa a quem ganha dinheiro explorando animais em rodeios, circos, testes e outros.

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Uma guerreira com nome de flor

públicas; o especismo, que tenta colocálos em plano inferior ao humano; a ganância do ser humano que tenta transformar os animais e seus cadáveres - inteiros ou em partes - em produtos comerciáveis; os cursos sobre meio ambiente em nosso país, que praticamente não contemplam os animais (a menos que estejam em extinção).

Nina Rosa conta um pouco de sua luta em prol dos animais

Por Vivian Lemos Nina Rosa Jacob, segundo suas próprias palavras, já foi fumante, onívora e bem menos consciente da sua responsabilidade como ser humano do que é hoje. Talvez por isso, ela resolveu fundar em 2000 o Instituto Nina Rosa, uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela defesa e conscientização dos direitos dos animais. Nina também produziu os vídeos A Carne é Fraca, Fulaninho o Cão que Ninguém Queria, Não Matarás, entre outros. Editou os livros Alternativas ao uso de animais vivos na educação - pela ciência responsável, de Sérgio Greif e Vozes do Silêncio - cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção, de João Epifânio Regis Lima. Para falar mais sobre seu trabalho e sobre as condições dos animais no Brasil, Nina Rosa concedeu uma entrevista exclusiva ao Conexão Pet que você confere a seguir: Conexão Pet- Quando e como iniciou seu trabalho em prol da defesa dos animais? Nina Rosa- Comecei a me dedicar aos animais após a morte de minha cadela e companheira Chica, em 1994. Tinha na época 50 anos de idade. Conexão Pet - Qual é a maior dificuldade de atuar com a causa animal no Brasil? Nina Rosa - A falta de cultura - principalmente de nossos dirigentes - quanto aos direitos dos animais e consequentemente de políticas

Conexão Pet- Acredita que as leis que combatem os maus tratos a animais no Brasil são muito brandas ou não são cumpridas? Nina Rosa- Ambos. As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas - mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia. Raramente se consegue uma condenação por maus-tratos ou abandono, e quando isso ocorre, se houver multas, o valor das mesmas não é direcionado para a educação humanitária ou prevenção de maus-tratos. As penas são muito brandas e pouco aplicadas (em geral alguma prestação de serviço não ligada a animais). É necessário criar-se uma Delegacia do Animal - a exemplo da Delegacia da Mulher - onde as denúncias possam ser

Conexão Pet - Em sua opinião quais são as maiores causas de maus tratos a animais? Nina Rosa - A impunidade, a ignorância, a negligência, a falta de conexão das pessoas com seu ser interior e consequentemente com sua sensibilidade e sua capacidade de ser compassivo; a falta de uma cultura de respeito à Natureza como um todo, de valorização da vida animal; a falta do conhecimento de que o Planeta é composto pelos reinos mineral, vegetal, animal/ humano e que todos têm igual direito à vida, à liberdade, ao respeito, ao seu espaço nesta Terra, que muito antes dos humanos já era habitada pelos outros reinos.

“As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia”.

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Conexão Pet- O Instituto Nina Rosa promove palestras para crianças? Como funciona esse trabalho? Nina Rosa- O INR produz material educativo sobre defesa animal, consumo sem crueldade e vegetarianismo em vídeos e publicações, que fornecem sensibilização e informação para crianças e adultos, que podem ser postados para qualquer parte do Brasil ou fora dele. Além disso, quando convidado, oferece palestras tanto para crianças quanto para adultos, seja em escolas, universidades ou grupos de pessoas.

Conexão Pet - O Supremo Tribunal de Justiça proibiu a utilização de métodos cruéis para sacrificar animais nos Centros de Controle de Zoonoses. A que se deve o fato de o Brasil ainda utilizar a prática de sacrifício de animais saudáveis em vez de investir maciçamente na educação da população? Nina Rosa- Falta de vontade política, de justa distribuição de verbas, de interesse (os animais não votam). Mas isso vai mudar. A sociedade, cada dia melhor informada, já não admite mais tais abusos. Manifestam-se. Conhecem melhor seus direitos e os direitos dos animais. E essas pessoas votam.

“Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos”.

Conexão Pet- Como devemos conscientizar as crianças para que elas sejam justas com os animais? Nina Rosa- Pelo exemplo. Não se conhece forma mais eficaz de ensino do que o exemplo.

Conexão Pet - Para que nossos leitores entendam melhor a questão, gostaria que você comentasse as alternativas que já estão sendo utilizadas para combater a vivissecção: Nina Rosa Indico o site: www.internichebrasil.org onde poderão ter respostas técnicas .

Conexão Pet - Como as pessoas podem ajudar a proteger e melhorar a vida dos animais? Nina Rosa - Enxergando-os e tratando-os como seres dignos de respeito, amor, dedicação. Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos.

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respeitadas, averiguadas e os crimes punidos. Uma das mais abrangentes leis de defesa dos animais a 9605/98, cujo artigo 32 veda a crueldade contra os animais, corre o risco de ter os animais domésticos e domesticados retirados de sua proteção, deixando os mesmos sem amparo legal para todo o tipo de abusos. Essa alteração só interessa a quem ganha dinheiro explorando animais em rodeios, circos, testes e outros.

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Uma guerreira com nome de flor

públicas; o especismo, que tenta colocálos em plano inferior ao humano; a ganância do ser humano que tenta transformar os animais e seus cadáveres - inteiros ou em partes - em produtos comerciáveis; os cursos sobre meio ambiente em nosso país, que praticamente não contemplam os animais (a menos que estejam em extinção).

Nina Rosa conta um pouco de sua luta em prol dos animais

Por Vivian Lemos Nina Rosa Jacob, segundo suas próprias palavras, já foi fumante, onívora e bem menos consciente da sua responsabilidade como ser humano do que é hoje. Talvez por isso, ela resolveu fundar em 2000 o Instituto Nina Rosa, uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela defesa e conscientização dos direitos dos animais. Nina também produziu os vídeos A Carne é Fraca, Fulaninho o Cão que Ninguém Queria, Não Matarás, entre outros. Editou os livros Alternativas ao uso de animais vivos na educação - pela ciência responsável, de Sérgio Greif e Vozes do Silêncio - cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção, de João Epifânio Regis Lima. Para falar mais sobre seu trabalho e sobre as condições dos animais no Brasil, Nina Rosa concedeu uma entrevista exclusiva ao Conexão Pet que você confere a seguir: Conexão Pet- Quando e como iniciou seu trabalho em prol da defesa dos animais? Nina Rosa- Comecei a me dedicar aos animais após a morte de minha cadela e companheira Chica, em 1994. Tinha na época 50 anos de idade. Conexão Pet - Qual é a maior dificuldade de atuar com a causa animal no Brasil? Nina Rosa - A falta de cultura - principalmente de nossos dirigentes - quanto aos direitos dos animais e consequentemente de políticas

Conexão Pet- Acredita que as leis que combatem os maus tratos a animais no Brasil são muito brandas ou não são cumpridas? Nina Rosa- Ambos. As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas - mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia. Raramente se consegue uma condenação por maus-tratos ou abandono, e quando isso ocorre, se houver multas, o valor das mesmas não é direcionado para a educação humanitária ou prevenção de maus-tratos. As penas são muito brandas e pouco aplicadas (em geral alguma prestação de serviço não ligada a animais). É necessário criar-se uma Delegacia do Animal - a exemplo da Delegacia da Mulher - onde as denúncias possam ser

Conexão Pet - Em sua opinião quais são as maiores causas de maus tratos a animais? Nina Rosa - A impunidade, a ignorância, a negligência, a falta de conexão das pessoas com seu ser interior e consequentemente com sua sensibilidade e sua capacidade de ser compassivo; a falta de uma cultura de respeito à Natureza como um todo, de valorização da vida animal; a falta do conhecimento de que o Planeta é composto pelos reinos mineral, vegetal, animal/ humano e que todos têm igual direito à vida, à liberdade, ao respeito, ao seu espaço nesta Terra, que muito antes dos humanos já era habitada pelos outros reinos.

“As leis que defendem os animais são praticamente desconhecidas mesmo dos profissionais que deveriam se pautar nelas, como os delegados de polícia”.

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Conexão Pet- O Instituto Nina Rosa promove palestras para crianças? Como funciona esse trabalho? Nina Rosa- O INR produz material educativo sobre defesa animal, consumo sem crueldade e vegetarianismo em vídeos e publicações, que fornecem sensibilização e informação para crianças e adultos, que podem ser postados para qualquer parte do Brasil ou fora dele. Além disso, quando convidado, oferece palestras tanto para crianças quanto para adultos, seja em escolas, universidades ou grupos de pessoas.

Conexão Pet - O Supremo Tribunal de Justiça proibiu a utilização de métodos cruéis para sacrificar animais nos Centros de Controle de Zoonoses. A que se deve o fato de o Brasil ainda utilizar a prática de sacrifício de animais saudáveis em vez de investir maciçamente na educação da população? Nina Rosa- Falta de vontade política, de justa distribuição de verbas, de interesse (os animais não votam). Mas isso vai mudar. A sociedade, cada dia melhor informada, já não admite mais tais abusos. Manifestam-se. Conhecem melhor seus direitos e os direitos dos animais. E essas pessoas votam.

“Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos”.

Conexão Pet- Como devemos conscientizar as crianças para que elas sejam justas com os animais? Nina Rosa- Pelo exemplo. Não se conhece forma mais eficaz de ensino do que o exemplo.

Conexão Pet - Para que nossos leitores entendam melhor a questão, gostaria que você comentasse as alternativas que já estão sendo utilizadas para combater a vivissecção: Nina Rosa Indico o site: www.internichebrasil.org onde poderão ter respostas técnicas .

Conexão Pet - Como as pessoas podem ajudar a proteger e melhorar a vida dos animais? Nina Rosa - Enxergando-os e tratando-os como seres dignos de respeito, amor, dedicação. Seres que estão à mercê dos desequilíbrios e da ganância dos humanos e precisam de proteção. Sozinhos não têm como se defender da exploração a que são submetidos.

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respeitadas, averiguadas e os crimes punidos. Uma das mais abrangentes leis de defesa dos animais a 9605/98, cujo artigo 32 veda a crueldade contra os animais, corre o risco de ter os animais domésticos e domesticados retirados de sua proteção, deixando os mesmos sem amparo legal para todo o tipo de abusos. Essa alteração só interessa a quem ganha dinheiro explorando animais em rodeios, circos, testes e outros.

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Confundidos com furões, ferrets começam a conquistar brasileiros Quando o advogado Marcelo Laudisio chegou em casa com um ferret, a família levou um susto. Afinal, todos estão acostumados com cães e gatos como animais de estimação. Confundido com um furão, o bichinho estranho e meio desengonçado logo conquistou a todos. Oito anos depois, a família possui três ferrets. O amor é tanto que a dona da casa, a pediatra Sílvia Laudisio, tatuou a imagem do animal no ombro esquerdo. "Eles são apaixonantes." Bons animais de companhia, os importados ferrets, confundidos com os populares furões, começam a conquistar os brasileiros Júnior, 5, Babi, 3, e Téo, 1, passam o dia em uma gaiola própria para ferrets. À noite, ainda cheios de energia, o trio é liberado e brinca livremente no quintal do sobrado da família, ao lado da gata Garfilda, 2, e das cadelas Nikita, 4, e Kika, 2. "Todos se dão bem. Nunca tivemos problemas", conta a advogada Cláudia Laudisio, 25, irmã de Marcelo. Os ferrets têm um comportamento peculiar. "Em geral, eles são agitados. Gostam muito de brincar, saltar e explorar o ambiente. Adoram receber colo, mas, ao mesmo tempo, são independentes", explica André Grespan, 35, proprietário da clínica Wild Vet, especializada em animais exóticos. "São uma mistura de cão e gato."

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crédito: Newton Santos/Hype/Folha Imagem

A curiosidade é uma característica marcante do ferret, e pode ser perigosa. "Eles adoram se enfiar em buracos, por isso todo o cuidado é pouco com banheiros e áreas de serviço, gavetas e até janelas", diz André. Fácil de lidar, o ferret é uma ótima opção para quem vive em apartamento -ocupa pouco espaço, exige manutenção simples e aprende rápido a fazer suas necessidades nos locais indicados. "No dia a dia é somente água, comida e limpeza da casinha. Só não aconselho deixá-los soltos pela casa quando estiverem sozinhos", alerta André. Uma dificuldade para os criadores é a falta de veterinários especializados. Assim como outros pets, eles devem ser vacinados contra cinomose e raiva, mas com vacinas próprias. Deve-se também evitar o contato do ferret com pessoas gripadas, pois ele é suscetível a gripe humana.

Pet importado O ferret (Mustela putorios) é popularmente conhecido como furão no Brasil. Apesar dos dois nomes serem usados como sinônimos, eles representam bichos diferentes. O ferret é um animal de estimação exótico importado dos EUA, já o furão (Galictis cuja) é brasileiro. Não se tem notícia da criação doméstica do furão no Brasil, mas ela é controlada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A advogada Cláudia Laudisio, 25, e sua mãe, Sílvia, com seus ferrets de estimação, que brincam com uma gata e duas cadelas. Segundo as regras do órgão, os ferrets precisam ser castrados ainda nos EUA, e só podem ser comercializados no Brasil por locais licenciados. Além disso, eles devem ter retiradas as glândulas de odor. "Eles são uma espécie de gambazinho, por isso é feita a extração", diz André. Apesar de pouco comum no Brasil, a domesticação dos ferrets é antiga. Segundo historiadores, o animal é originário do Egito, onde era usado para caçar pequenos roedores há mais de 2.000 anos. A habilidade de caçador também foi o que os levou para os EUA, por serem usados para eliminar ratos nos navios. Por lá, é comum ter um ferret de estimação. Segundo estimativas, é o pet de cerca de 9 milhões de lares americanos. Tornou-se o terceiro animal mais vendido em pet shops nos EUA, perdendo apenas para cães e gatos. No Brasil, os ferrets começaram a

crédito: Newton Santos/Hype/Folha Imagem

chegar no final dos anos 1990, mas ainda são pouco disseminados. "Há cinco anos, houve um aumento nas vendas, mas a maioria das pessoas nunca viu um ferret na vida", afirma André. Devagar, eles vão ganhando terreno. A importadora Propet não divulga o número de animais que traz para o país, mas informa que são algumas centenas por ano. Na clínica Pet Place, há 1.500 desses "clientes" cadastrados. "Quem tem um sempre acaba comprando outros", afirma o veterinário Renato Miracca, 44. Por serem agitados e demandarem atenção, proprietários experientes aconselham a criá-los em duplas. "Um ferret dá o mesmo trabalho que dois, e dois dão menos trabalho que um cão ou um gato", resume a fisioterapeuta Elisa Shigeoka, 34, que tem no currículo cinco bichinhos. Ela aplaude a popularização, mas se ressente de uma coisa. "Eles morrem rápido." O ferret frequentemente é acometido de tumores na velhice. Vive entre seis e dez anos. Metade do tempo médio de vida de gatos e cães. * Matéria originalmente publicada no site do jornal Folha de São Paulo

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Confundidos com furões, ferrets começam a conquistar brasileiros Quando o advogado Marcelo Laudisio chegou em casa com um ferret, a família levou um susto. Afinal, todos estão acostumados com cães e gatos como animais de estimação. Confundido com um furão, o bichinho estranho e meio desengonçado logo conquistou a todos. Oito anos depois, a família possui três ferrets. O amor é tanto que a dona da casa, a pediatra Sílvia Laudisio, tatuou a imagem do animal no ombro esquerdo. "Eles são apaixonantes." Bons animais de companhia, os importados ferrets, confundidos com os populares furões, começam a conquistar os brasileiros Júnior, 5, Babi, 3, e Téo, 1, passam o dia em uma gaiola própria para ferrets. À noite, ainda cheios de energia, o trio é liberado e brinca livremente no quintal do sobrado da família, ao lado da gata Garfilda, 2, e das cadelas Nikita, 4, e Kika, 2. "Todos se dão bem. Nunca tivemos problemas", conta a advogada Cláudia Laudisio, 25, irmã de Marcelo. Os ferrets têm um comportamento peculiar. "Em geral, eles são agitados. Gostam muito de brincar, saltar e explorar o ambiente. Adoram receber colo, mas, ao mesmo tempo, são independentes", explica André Grespan, 35, proprietário da clínica Wild Vet, especializada em animais exóticos. "São uma mistura de cão e gato."

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crédito: Newton Santos/Hype/Folha Imagem

A curiosidade é uma característica marcante do ferret, e pode ser perigosa. "Eles adoram se enfiar em buracos, por isso todo o cuidado é pouco com banheiros e áreas de serviço, gavetas e até janelas", diz André. Fácil de lidar, o ferret é uma ótima opção para quem vive em apartamento -ocupa pouco espaço, exige manutenção simples e aprende rápido a fazer suas necessidades nos locais indicados. "No dia a dia é somente água, comida e limpeza da casinha. Só não aconselho deixá-los soltos pela casa quando estiverem sozinhos", alerta André. Uma dificuldade para os criadores é a falta de veterinários especializados. Assim como outros pets, eles devem ser vacinados contra cinomose e raiva, mas com vacinas próprias. Deve-se também evitar o contato do ferret com pessoas gripadas, pois ele é suscetível a gripe humana.

Pet importado O ferret (Mustela putorios) é popularmente conhecido como furão no Brasil. Apesar dos dois nomes serem usados como sinônimos, eles representam bichos diferentes. O ferret é um animal de estimação exótico importado dos EUA, já o furão (Galictis cuja) é brasileiro. Não se tem notícia da criação doméstica do furão no Brasil, mas ela é controlada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A advogada Cláudia Laudisio, 25, e sua mãe, Sílvia, com seus ferrets de estimação, que brincam com uma gata e duas cadelas. Segundo as regras do órgão, os ferrets precisam ser castrados ainda nos EUA, e só podem ser comercializados no Brasil por locais licenciados. Além disso, eles devem ter retiradas as glândulas de odor. "Eles são uma espécie de gambazinho, por isso é feita a extração", diz André. Apesar de pouco comum no Brasil, a domesticação dos ferrets é antiga. Segundo historiadores, o animal é originário do Egito, onde era usado para caçar pequenos roedores há mais de 2.000 anos. A habilidade de caçador também foi o que os levou para os EUA, por serem usados para eliminar ratos nos navios. Por lá, é comum ter um ferret de estimação. Segundo estimativas, é o pet de cerca de 9 milhões de lares americanos. Tornou-se o terceiro animal mais vendido em pet shops nos EUA, perdendo apenas para cães e gatos. No Brasil, os ferrets começaram a

crédito: Newton Santos/Hype/Folha Imagem

chegar no final dos anos 1990, mas ainda são pouco disseminados. "Há cinco anos, houve um aumento nas vendas, mas a maioria das pessoas nunca viu um ferret na vida", afirma André. Devagar, eles vão ganhando terreno. A importadora Propet não divulga o número de animais que traz para o país, mas informa que são algumas centenas por ano. Na clínica Pet Place, há 1.500 desses "clientes" cadastrados. "Quem tem um sempre acaba comprando outros", afirma o veterinário Renato Miracca, 44. Por serem agitados e demandarem atenção, proprietários experientes aconselham a criá-los em duplas. "Um ferret dá o mesmo trabalho que dois, e dois dão menos trabalho que um cão ou um gato", resume a fisioterapeuta Elisa Shigeoka, 34, que tem no currículo cinco bichinhos. Ela aplaude a popularização, mas se ressente de uma coisa. "Eles morrem rápido." O ferret frequentemente é acometido de tumores na velhice. Vive entre seis e dez anos. Metade do tempo médio de vida de gatos e cães. * Matéria originalmente publicada no site do jornal Folha de São Paulo

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Brinquedos

que os gatos adoram Objetos fabricados de forma caseira, e que não representam perigo ao animal, são diversão garantida para os felinos Brinquedos leves, fáceis de serem movimentados, são a distração preferida dos gatos. Uma simples bola de papel, seja de alumínio, folha de caderno ou saco de pão amassado, é capaz de fazer a alegria dos felinos por horas e horas. Outros objetos aparentemente sem utilidade para os donos servem para variar a coleção de brinquedos. Veterinários indicam espiral de caderno, sacolas plásticas amarradas, pena artificial e caixas de papelão (para simular tocas). Com um pouco mais de trabalho, uma meia velha é transformada em uma bola de meia, que poderá durar por bastante tempo. Segundo a médica veterinária Tatiana Takeko, proprietária do pet shop Cantinho do Gato, tudo o que tem uma cordinha pendurada também chama a atenção. Mas ela faz um alerta: brincadeiras com objetos que tenham fios soltos, como os novelos de lã, ou muito pequenos, como cotonetes, de vem ser supervisionadas. “Como a língua do gato é bastante áspera, muitas vezes a linha enrosca. Na tentativa de expelir, o bicho acaba engolindo a linha. De pendendo do fio, como o dental, po de cortar a alça intestinal”. Se acontecer de o animal engolir, o importante é não puxar o fio, principalmente se não souber o volume

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engolido. “Se estiver preso ao intestino poderá machucar. Leve ao veterinário para fazer uma radiografia”, diz Tatiana. Além de divertirem os gatos, os brinquedos podem evitar que móveis sejam danificados. Os felinos sentem a necessidade de arranhar objetos. Por três motivos, segundo Tatiana: ter sensação agradável, gastar as unhas e demarcar território. “Um tronquinho de madeira enrolado com sisal ou tapete feito de papelão servem como arranhador. Evitarão que estraguem o sofá”. No caso do tronco com sisal, a base tem de ter boa estabilidade, pois os gatos gostam de se pendurar. A brincadeira também espanta o estresse. Conforme a médica veterinária Bianca Ricci Borba, do Hospital Veterinário Batel, assim como os cachorros, os gatos precisam se exercitar. “Para eles a intensidade é menor. Uma brincadeira para um gato já é uma forma de exercício físico”. Segundo Bianca, o período noturno é quando eles estão mais ativos. Serviço: Pet Shop Cantinho do Gato. Fone (41) 30774133. Hospital Veterinário Batel. Fone (41) 3039-6644. *Matéria originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo

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Brinquedos

que os gatos adoram Objetos fabricados de forma caseira, e que não representam perigo ao animal, são diversão garantida para os felinos Brinquedos leves, fáceis de serem movimentados, são a distração preferida dos gatos. Uma simples bola de papel, seja de alumínio, folha de caderno ou saco de pão amassado, é capaz de fazer a alegria dos felinos por horas e horas. Outros objetos aparentemente sem utilidade para os donos servem para variar a coleção de brinquedos. Veterinários indicam espiral de caderno, sacolas plásticas amarradas, pena artificial e caixas de papelão (para simular tocas). Com um pouco mais de trabalho, uma meia velha é transformada em uma bola de meia, que poderá durar por bastante tempo. Segundo a médica veterinária Tatiana Takeko, proprietária do pet shop Cantinho do Gato, tudo o que tem uma cordinha pendurada também chama a atenção. Mas ela faz um alerta: brincadeiras com objetos que tenham fios soltos, como os novelos de lã, ou muito pequenos, como cotonetes, de vem ser supervisionadas. “Como a língua do gato é bastante áspera, muitas vezes a linha enrosca. Na tentativa de expelir, o bicho acaba engolindo a linha. De pendendo do fio, como o dental, po de cortar a alça intestinal”. Se acontecer de o animal engolir, o importante é não puxar o fio, principalmente se não souber o volume

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engolido. “Se estiver preso ao intestino poderá machucar. Leve ao veterinário para fazer uma radiografia”, diz Tatiana. Além de divertirem os gatos, os brinquedos podem evitar que móveis sejam danificados. Os felinos sentem a necessidade de arranhar objetos. Por três motivos, segundo Tatiana: ter sensação agradável, gastar as unhas e demarcar território. “Um tronquinho de madeira enrolado com sisal ou tapete feito de papelão servem como arranhador. Evitarão que estraguem o sofá”. No caso do tronco com sisal, a base tem de ter boa estabilidade, pois os gatos gostam de se pendurar. A brincadeira também espanta o estresse. Conforme a médica veterinária Bianca Ricci Borba, do Hospital Veterinário Batel, assim como os cachorros, os gatos precisam se exercitar. “Para eles a intensidade é menor. Uma brincadeira para um gato já é uma forma de exercício físico”. Segundo Bianca, o período noturno é quando eles estão mais ativos. Serviço: Pet Shop Cantinho do Gato. Fone (41) 30774133. Hospital Veterinário Batel. Fone (41) 3039-6644. *Matéria originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo

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Vitrine Pet

ALCON RÉPTEIS REPTOLIFE 75 gr Pet Center Marginal Alcon ReptoLife, na forma de sticks, é um alimento completo para répteis aquáticos. por R$ 11,90

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GAIOLA RTR HAMSTER Pet Center Marginal Gaiola RTR Hamster é a gaiola que seu pet precisava!

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Doutores da alegria e da amizade Dizer que eles são fiéis é pouco para descrever o que um animal de estimação significa na vida de pessoas mais velhas. A companhia de um bichinho melhora a autoestima, traz alegria e estimula a prática de exercícios “Os animais de estimação funcionam como um suporte emocional. Com o tempo, acumulamos perdas afetivas, físicas e até de papel na sociedade. A companhia de um mascote dá estabilidade e faz com que a pessoa recupere funções”, explica Ceres Berger Faraco, médica veterinária, doutora em psicologia e autora de trabalhos sobre terapia assistida por animais.

Cuidados

A saúde do idoso é frágil e precisa de algumas medidas para evitar acidentes

Quedas

Cachorros muito pequenos podem fazer com que o idoso tropece em casa. É preciso educar o animal e deixar os cômodos sem obstáculos.

Unhas bem cortadas

A pele da pessoa mais velha é frágil e pode machucar facilmente. As unhas dos animais devem estar sempre aparadas para evitar acidentes.

Sol

É sempre bom lembrar: passeios devem ser feitos em horários em que o sol é mais fraco, no início da manhã ou no fim da tarde. Isso vale para o idoso e para o cão. Também é preciso usar protetor solar.

Mordidas

Alguns cães têm o hábito de morder. O costume é mais comum nos de pequeno porte. A única solução é o adestramento. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

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Na alegria e na tristeza Um animal de estimação trata da mesma forma as crianças, os jovens ou idosos. Ele ouve todas as histórias sem criticar e, se preciso, não liga de passear todo dia no mesmo lugar. “É uma amizade incondicional, eles aceitam o dono indiscriminadamente e demonstram afeto sempre. O resultado é a promoção da autoestima”, afirma a médica veterinária Ceres. A alegria que os pequineses Nuno, Nina e Bebel trazem para a vida de Norma Amaral, de 70 e poucos anos (como ela gosta de dizer), pode ser percebida em dois minutos de conversa. É só ouvi-la contar sobre quando Nina, de 3 anos, brinca de esconde-esconde ou quando os três resolvem sentar no sofá na hora do noticiário da tevê. “Eles assistem comigo. Cada um tem seu lugar no sofá. Às vezes, Bebel, de 1 ano, quer pegar o lugar de outro e dá briga”, conta. Norma mora sozinha e não consegue mais imaginar sua vida sem os cachorrinhos. “Só quem tem sabe a alegria que eles podem dar. É só chegar em casa e ver que estão me esperando e o dia fica mais bonito. Não vou dizer que eles não me dão trabalho, porque dão sim, mas é compensador.” Vivian Hauer, de 77 anos, também não consegue imaginar como seriam suas manhãs sem a cantoria animada do seu canarinho de 4 anos. O nome dele? Roberto Carlos. “Quando ganhei o Roberto logo vi que ia ser um ótimo cantor, então dei o nome. Ele anima a casa. Já tive outros passarinhos, mas eles não viveram muito tempo. Espero que o Roberto viva muito ainda.”

Amigo ideal Não importa se é um cachorro de raça ou um vira-latas, um gato ou mesmo um passarinho. A preferência por um ou outro depende dos hábitos da pessoa. Saiba como escolher o companheiro perfeito:

Tamanho:

O porte é definitivo na hora de adotar o animal. Cães de raça grande são muito fortes e podem arrastar o idoso em uma caminhada. O ideal são as raças médias, de mais ou menos oito quilos.

Idade:

Filhotes, não! Além de ter de educar o animalzinho, vai ser difícil acompanhar o ritmo dele. Cães adultos são mais indicados. Que tal adotar um vira-latas mais velho? A vantagem de ter cães adultos, de 5 ou 6 anos, é que tanto o dono quanto o animal estarão no mesmo ritmo.

Raças:

Alguns cães de médio porte são muito agitados, como o beagle e o cocker spaniel. Essas raças precisam ser educadas. Lhasa apso, poodle ou mesmo os cães de focinho curto – pug e buldogue inglês – são mais tranquilos.

Bichano:

Gatos também demonstram carinho, mas não gostam de passear e são menos sociáveis. Por isso são os amigos ideais de idosos que têm menos mobilidade e não podem andar muito.

Pequeninos:

Os pássaros podem ser ótimos companheiros, principalmente as espécies que têm o costume de cantar, como canário ou pintassilgo. A calopsita também é uma boa opção, pela interação com o dono. Fontes: Cristina Coelho Neto, médica veterinária do Consultório Veterinário Vetclin; Roberto Luiz Lange, médico veterinário da Clínica Santa Mônica.

Além de mandar a solidão embora, quem tem um animal de estimação tem uma rotina mais saudável. Imagine o quanto é preciso se movimentar para cuidar de um bichinho: colocar comida, limpar a casa ou gaiola, brincar. “São estímulos para as atividades físicas. Isso pressupõe um ganho em mobilidade”, afirma Ceres. Recuperar funções pode significar um recomeço. “É um novo sentido para a vida do idoso, que geralmente fica bastante tempo sozinho. Faz com que ele sinta menos a ausência de familiares e também se considere útil para alguém”, diz Fernanda Cidral, psicóloga clínica e terapeuta. Não é à toa que existem vários estudos científicos que comprovam os benefícios que um animal de companhia pode trazer à saúde do idoso, entre eles a melhoria de quadros de doenças crônicas, como diabete ou hipertensão. A médica veterinária Leticia Séra Castanho, fundadora e coordenadora do Projeto Amigo Bicho, de Curitiba, promove encontros entre animais e idosos em tratamento de mal de Alzheimer ou Parkinson. “Há uma melhor resposta a terapias de um modo geral, porque aumenta a resposta imunológica e a sensação de bem-estar. Ao contar as histórias de seus animais e falar sobre o passado, os idosos estimulam a memória. Quando eles escovam os pelos dos cachorrinhos ou fazem carinho, treinam a coordenação motora.” 27

O vínculo entre o idoso e o animal de estimação pode ser muito mais forte do que em outras fases da vida. “O animal torna-se a própria família da pessoa”, diz a psicóloga e terapeuta Fernanda. O medo de perder o amigo animal pode ser maior, mas deve ser enfrentado da mesma forma, como em qualquer outra fase. “É preciso lidar com o luto. É bom sempre olhar pelo lado positivo, para o que o idoso ganhou com a convivência.” Há também o outro lado: o risco de o bichinho perder o dono. “As pessoas precisam pensar por outra perspectiva, no lado do animal, que também sofre. Há o risco das duas coisas acontecerem e a família deve estar preparada para adotar esse animal ou dar suporte caso o idoso perca seu amigo”, afirma Ceres. u

Parceiro de vida saudável O companheiro de caminhada de Luiz Fernando Ribeiro de Campos, 65 anos, é Pudim, um yorkshire terrier de 8 anos e meio. Os dois andam, em média, uma hora por dia. Antes de o yorkshire ser adotado pela família, há três anos, Luiz não tinha o hábito de caminhar. “Ele precisa caminhar e eu também. É um incentivo. Passei a ir com ele e criei o hábito.” A médica veterinária Cristina Coelho Neto, do Consultório Veterinário Vetclin, considera a caminhada uma das melhores formas de o cachorro e o dono compartilharem momentos de lazer e se exercitarem. “O idoso se anima e se cuida mais porque precisa estar bem para acompanhar o cachorro. Ele sabe que o bichinho depende dele.” O médico de Luiz Fernando ficou feliz com a rotina trazida pelo yorkshire. Depois de dez anos, a diabete e a hipertensão estão controladas. “A atividade física foi fundamental. Quando Pudim desanima, pego ele no colo e continuo caminhando, mas normalmente nós dois seguimos o mesmo ritmo, ele é ligeirinho.”

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Mais sociáveis Não falta assunto para quem tem animais de estimação. É por isso que os especialistas dizem que eles são como facilitadores sociais. “É diferente passear sozinho e com um cachorro, por exemplo. Sempre vai ter alguém para perguntar alguma coisa ou trocar experiências. Assim essas pessoas acabam aumentando o círculo de amigos”, diz a médica vererinária Ceres Faraco. Quando Lilian Nogueira resolveu comprar um gatinho persa para a sua mãe, Marlene Gon çal ves Dias, de 73 anos, a ideia era que ela se sentisse menos sozinha. “Eu viajava muito e ficava preocupada. No começo, ela não gostou, mas foi só eu levar Joy para casa e vi que se dariam bem. Ela briga, brinca com o gato, educa. Antes minha mãe era mais quietinha e fechada, hoje está bem mais ativa.” Marlene concorda: “Fico mais alegre com Joy”. Agora Lilian não viaja tanto, mesmo assim, quem cuida de tudo, inclusive dos mimos, é sua mãe. “Refogo almeirão e escarola para misturar na ração, ele gosta muito.” A psicóloga Fernanda Cidral alerta para o fato de que a pessoa mais velha não deve se restringir somente à relação com o animal e evitar o contato com outras pessoas. “Um cachorro não vai substituir a família ou os filhos. O contato humano é indispensável. A pessoa pode dosar isso e não se fechar muito, mas aproveitar o contato para treinar habilidades sociais, como se comunicar ou demonstrar afeto.” * Esta matéria foi originalmente publicada no site do jornal Gazeta do Povo.

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