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DESEMPENHO DE MERCADO
by CNseg
O Setor de Seguros, sem Saúde e DPVAT, encerra o sétimo mês do ano com crescimento acumulado de 16,8% comparado ao mesmo período do ano anterior, movimentando mais de R$ 172 bilhões em prêmios de seguros, contribuições de planos de previdência e faturamento de capitalização.
Em julho, o montante de R$ 27,4 bilhões (sem Saúde e DPVAT) foi 3,2% maior do que o mesmo mês em 2020. No gráfico abaixo, observa-se a evolução do setor de seguros pela ótica de doze meses móveis (em relação ao mesmo período do ano anterior) e verifica-se que, após o movimento de forte recuperação a partir de março/2021, os diversos segmentos do setor de seguros mostram uma trajetória de estabilidade. O setor (sem Saúde e DPVAT) e os segmentos de Cobertura de Pessoas e de Danos e Responsabilidades mantêm pelo terceiro mês consecutivo crescimento de dois dígitos, com taxas de 11,9%, 12,4% e 13,0%, respectivamente. Em Capitalização, a recuperação tem ocorrido em menor intensidade, mas segue em trajetória positiva com 3,8% de crescimento nos 12 meses findos em julho.
DESEMPENHO DO SETOR – POR SEGMENTO
Var. % Arrec. em 12 MM
Fonte: Susep
O segmento dos seguros de Danos e Responsabilidades, nos sete meses do ano, arrecadou um montante de quase R$ 50 bilhões, com avanço de 14,5% sobre o mesmo período de 2020. Em julho, a arrecadação em prêmios alcançou R$ 7,9 bilhões, representando crescimento de 10,0% sobre julho do ano anterior.
O seguro Automóvel (R$ 3,4 bilhões) registrou, em julho, alta pelo sexto mês consecutivo, avançando 5,4% em relação ao volume de prêmio observado em julho de 2020. O estudo “Tendências e Desigualdades da Mobilidade Urbana no Brasil: o uso do transporte coletivo e individual”1, divulgado recentemente pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que, nas últimas duas décadas, observou-se queda na demanda por transporte público, especialmente nas grandes cidades brasileiras e que há tendência de aumento na mobilidade via transporte individual motorizado, acelerada pela pandemia. A taxa de motorização, isto é, número de veículo por habitante nas regiões metropolitanas brasileiras dobrou entre 2001 e 2020, passando de 0,2 para 0,4 veículos/habitantes. Entretanto, a frota segurada ainda apresenta baixo percentual de penetração (em torno de 20% em 2019). Com a publicação da Circular nº 639/20212, que simplifica e flexibiliza a contratação do seguro Automóvel, há grande
expectativa de que esse percentual avance.
Os seguros Patrimoniais movimentaram, em julho, R$ 1,6 bilhão em prêmios, crescendo 11,6% sobre o mesmo mês de 2020. Os seguros Massificados, que representam mais de 60% dos seguros Patrimoniais, arrecadaram, em julho, R$ 1,0 bilhão em prêmios, aumento de 13,0% sobre o mesmo mês do ano anterior. Dentro desse grupo, o ramo Riscos Diversos, no qual são englobados vários tipos de seguros, tais como: equipamentos portáteis (celulares e notebooks), bicicletas e patinetes, tem se destacado. Em julho, houve crescimento de 32,4% no volume de prêmio, após avanço de 72,2% e 72,8% em junho e maio de 2021, respectivamente, comparados aos mesmos meses de 2020. Os seguros para Grandes Riscos (R$ 525,0 milhões) cresceram, em julho, 5,5% e os Riscos de Engenharia (R$ 49,5 milhões) avançaram 72,2%, ambos comparados ao mesmo mês do ano anterior. O seguro Habitacional avançou 10,4% no sétimo mês do ano, arrecadando mais de R$ 420 milhões em prêmios. O Índice FipeZap3, que acompanha o comportamento do preço médio de venda de imóveis residenciais, subiu pelo 4º mês consecutivo, com taxa de 0,64% em julho. Esse resultado é a maior variação mensal desde agosto de 2014, quando houve alta de 0,68% no índice.
1 Fonte: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=38362&catid=1&Itemid=7 2 Fonte: http://novosite.susep.gov.br/noticias/susep-simplifica-seguro-auto-a-partir-de-1o-de-setembro/ 3 Fonte: https://fipezap.zapimoveis.com.br/
Os seguros de Transportes cresceram 22,5% em julho sobre o mesmo mês do ano anterior, totalizando R$ 338,7 milhões em prêmios. Tal resultado positivo tem sido influenciado pelo seguro para Transportador, que representa mais da metade da arrecadação do grupo e avançou 38,6% no mês na comparação mensal interanual. O Índice da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que mede o movimento de veículos leves e pesados nas rodovias do País, mostra que o fluxo de veículos pesados já retornou ao nível pré-pandemia, registrando 167 pontos em julho (em abril/2020, o índice chegou a 117 pontos). A análise do índice correlacionada com a arrecadação dos seguros de Transporte mostra que o índice tem certo poder antecedente ao desempenho do seguro, pois, como pode ser visto no gráfico abaixo, um movimento do índice em um mês reflete no resultado dos seguros de Transporte mo mês seguinte.
Transportador, Embarcador Nacional e Embarcador Internacional X Índice ABCR
(em var. %)
Fontes: Susep e ABCR
Seguindo no segmento dos seguros de Danos e Responsabilidades, os de Crédito e Garantia (R$ 450,3 milhões), após o expressivo crescimento em junho (50,4%), apresentaram queda de 15,1% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
O seguro de Garantia Estendida movimentou R$ 271,5 milhões em julho, avançando 23,5% sobre julho de 2020. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, em julho, mostrou que o volume de vendas no comércio varejista subiu 5,7% sobre julho de 2020. Entretanto, as vendas de móveis e eletrodomésticos, importante indicador para o seguro Garantia Estendida, surpreenderam e recuaram 6,3% e 14,8%, respectivamente, indicando que a evolução do Garantia Estendida no mês pode estar atribuída, principalmente, a uma depreciada base de comparação – em julho de 2020, o produto apresentou recuo 14,5% em relação a 2019.
Os seguros de Responsabilidade Civil cresceram 19,6% em julho (R$ 250,6 milhões), acumulando um avanço de expressivos 34,7% nos sete primeiros meses do ano, comparados ao mesmo período de 2020. O seguro contra Riscos Cibernéticos, inserido dentro desse grupo, segundo codificação da Susep, movimentou mais de R$ 9,5 milhões em prêmios em julho de 2021, volume 213,7% superior àquele observado no mesmo mês de 2020. Ou seja, o produto mais que triplicou a sua arrecadação em relação a julho de 2020. A evolução do produto que busca proteger os segurados contra a perda financeira causada por ataques cibernéticos se dá pelo significativo aumento de ações maliciosas de hackers ao longo da pandemia da Covid-19. Segundo dados levantados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e publicados pelo Monitor Mercantil4 , os referidos incidentes cresceram 220% no primeiro semestre deste ano em relação a 2020. Só os ataques de ransonware (sequestro de dados com exigência de resgate financeiro) cresceram 85% no País no supracitado período.
O seguro Rural movimentou, em julho, quase R$ 950 milhões, avançando 45,0% em relação a julho de 2020. A projeção do crescimento do PIB Agropecuário de 2021, divulgado pelo IPEA5, sofreu redução, passando de 1,7% para 1,2%. O Instituto pontuou que as “reduções nas estimativas de produtividade e produção no milho e um cenário menos favorável para a produção de leite foram os motivos considerados para os ajustes feitos pelos pesquisadores do Grupo de Conjuntura do Ipea” e que ainda há efeitos residuais do fenômeno climático La Niña sobre algumas culturas como, por exemplo, a de cana-de-açúcar. Para 2022, os pesquisadores aumentaram marginalmente a projeção de crescimento, passando de 3,3% para 3,4% em razão das expectativas positivas de crescimento da pro-
dução da soja e do milho, conjugada com a recuperação da produção de bovinos (após dois anos consecutivos de queda).
A arrecadação do segmento de Cobertura de Pessoas ultrapassou R$ 100 bilhões no acumulado até julho, expansão de 19,3% sobre o mesmo período de 2020. Em julho, entretanto, a arrecadação de R$ 17,5 bilhões levou a uma alta bem mais modesta de 0,5% na comparação com julho do ano anterior.
Os Planos de Risco totalizaram R$ 4,4 bilhões em prêmios em julho, crescimento de 6,3% sobre o mesmo mês do ano anterior. O seguro Viagem (R$ 22 milhões) avança pelo quarto mês consecutivo, com alta de 48,8% em julho, continuando a mostrar consistente recuperação depois de um forte período de quedas devido à pandemia da Covid-19 e às restrições impostas como medidas de controle. É sabido que uma base de comparação mais fraca em 2020 influencia diretamente o resultado neste ano, no entanto, as perspectivas para o produto se mantêm positivas ao passo que a pandemia começa a arrefecer, e as fronteiras entre os países começam gradativamente a ser abertas. Segundo dados do Google Trends, a pesquisa pelo termo “Seguro Viagem” tem crescido desde abril deste ano, chegando ao pico de buscas em setembro.
Os Planos de Acumulação (R$ 12,8 bilhões) registraram queda de 1,4% nas contribuições, no entanto, nos sete primeiros meses do ano,
têm apresentado forte resultado positivo, com avanço de 21,6% em relação a 2020. A Família VGBL acumula evolução de 23,2% em 2021, em relação ao mesmo período de 2020. Já pela ótica mensal, os referidos planos apresentaram decréscimo de 1,8% em sua arrecadação em relação a julho do ano passado. O mesmo movimento pôde ser observado no estoque de participantes dos planos da Família VGBL que, em julho de 2021, tinha um total de 11,7 milhões pessoas, cerca de 1% a menos que o mesmo mês de 2020, uma perda de mais de 107 mil participantes. Ademais, não se pode esquecer que estamos vivendo em um cenário de inflação elevada; logo, o resultado superlativo para o ano e as expectativas para os próximos meses precisam ser analisados com cautela, uma vez que a renda real per capita do brasileiro decresceu cerca de 7% no trimestre móvel findo em junho deste ano em relação à 2020, último dado divulgado pela PNADc, pesquisa do IBGE.
Os Títulos de Capitalização acumulam, no ano, crescimento de 7,4%, sobre o mesmo período do ano anterior, com 13,6 bilhões em faturamento líquido. No desempenho mensal, os Títulos faturaram mais de R$ 2 bilhões em julho, crescimento de 1,6% em relação ao mesmo mês em 2020. O resultado de julho mostra forte desaceleração em relação à métrica do mês passado, quando o crescimento foi de 12,5%. O mesmo movimento também pôde ser observado em relação ao volume de depósitos em poupança, divulgado pelo Ban-
co Central, que guarda relação direta com arrecadação dos Títulos de Capitalização e, em julho, avançou 6,5% em relação a 2020 – 2,7 p.p. a menos em relação à métrica do mês anterior e 4,4 p.p. a menos em relação a maio. A relação entre os indicadores foi brevemen-
Em Saúde Suplementar, o número de beneficiários continua evoluindo e chegou a 76.343.053 em julho, crescimento de 5,8% em relação a julho de 2020 (72.167.215). O número de beneficiários dos planos médico-hospitalares cresceu 3,4%, passando de 46.801.661 te interrompida pelo período mais crítico da pandemia, quando a poupança precaucional foi um movimento bem difundido na população. No entanto, dados mais recentes começam a indicar uma normalização dessa relação, conforme ilustrado no gráfico a seguir.
em julho de 2020 para 48.413.620 em julho deste ano. Nos planos exclusivamente odontológicos, houve avanço de 10,1% na mesma comparação mensal (saindo de 25.365.554, em julho de 2020, para 27.929.433, em julho de 2021).
TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO X DEPÓSITOS DE POUPANÇA
(em var. %)
Fonte: Susep
Fontes: Susep e Bacen