Fascículo - SHIFT your ways - Grupo 8

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Design de Comunicação II Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

Índice

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Bruna Gomes nº 13303 Constança Gouveia nº 13273 Joana Cruz nº 13294 Madalena Galvão nº 13283

Introdução

Sobre Nós Violência contra as mulheres Logótico e Conceito

Violência Doméstica Causas e Origens Exemplos Consequências Erradicação

Violência do Quotidiano Causas e Origens Exemplos Consequências Erradicação

Violência Cultural Causas e Origens Exemplos Consequências Erradicação

Violência Psicológica/Emocinal Causas e Origens Exemplos Consequências Erradicação

Violência Física/Sexual Causas e Origens Exemplos Consequências Erradicação

Notícia

“Existe lugar na sociedade atual para a mulher no Design?”

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I


Introdução SHIFT your ways SHIFT (your ways) foi um grupo desenvolvido com o objetivo de erradicar a violência contra as mulheres no mundo inteiro, através da mudança de comportamentos sociais e da educação e reconhecimento dos diferentes aspetos que envolvem tudo isto. Consideramos a violência contra as mulheres algo extremamente importante de abordar, pela sua prevalência enorme, consequências gravíssimas e pelo problema de direitos humanos que é. Por isso decidimos explorar este problema, saber mais sobre ele, partilhar informações, educar, mudar comportamentos e mentalidades com o objetivo de erradicá-lo.

Porquê a violência contra as mulheres?

No processo de criação do nosso grupo e projeto, tivemos diversos aspetos em conta para podermos desenvolver uma identidade que pudesse facilmente transmitir os nossos valores e objetivos. Através dos círculos pretendemos simbolizar este ciclo/ padrão contínuo que é a violência na mulher (mulher essa que também pode ser representada pelo círculo) e o X que representa a quebra desse ciclo de violência, é símbolo de mudança, apelando à sua erradicação através da mudança de comportamentos e mentalidades, pretendemos por isso fazer parte dessa mudança, apelando a sociedade a “Shift Your Ways”. O uso do cor-de-rosa evoca noções de sensibilidade e feminilidade, que através do tom rosa choque (magenta) é energético não passando despercebido. É provocador e ousado, transmitindo a sensação pretendida de uma declaração, um Grito. O magenta enquanto cor vibrante, representa as declarações que queremos transmitir ao público acerca da Violência contra as Mulheres A tipografia utilizada foi a Impact (Designer: Geoffrey Lee; Ano de Criação: 1995), de forma a causar impacto e destacarse no logótipo, sendo ela própria criada de forma a ser impactante comparadamente com outras tipografias. “O propósito da letra era gastar o máximo de tinta possível.”

A violência contra as mulheres está presente em maior parte das sociedades mas passa grande parte das vezes depercebida, sendo também normalizada. Para termos noção da extensão deste problema, organizações como a WHO (World Health Organization) estimam que 1 em 3 mulheres no mundo inteiro já foram sujeitas a violência ou física e/ou sexual na sua vida. Está afetando negativamente as mulheres, tanto a nível físico, mental, sexual ou reprodutivo, por vezes a longo termo, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de condições como depressão, stress pós-traumático, ansiedade ou até situações fatais como suicídios ou homicídios. Um aspeto também extremamente grave é a falta de compreensão e ajuda por parte dos sistemas de saúde e judiciais, que estão grande parte das vezes mal preparados para lidar com os diferentes tipos de violência, reconhecê-los e dar apoio às vítimas. Existe também um forte aspecto social que afeta este problema de violência, que é muitas vezes ignorada, falsamente justificada, aceita e praticada sucessivamente, o que torna a situação ainda mais extrema. Para além disto, a situação de pandemia em que nos encontramos aumentou ainda mais a já enorme incidência de casos de violência, principalmente violência íntima e doméstica. Existem diversas organizações que ao longo dos anos têm tido um papel importante a espalhar informação e estratégias para erradicar a violência contra as mulheres, no entanto, ainda existe muito para fazer. A violência contra as mulheres é um problema enorme de direitos humanos e desigualdade de género e deve ser reconhecido como tal.

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Violência Doméstica De acordo com a Convenção do Conselho da Europa na prevenção e combate à violência contra mulheres e violência doméstica, a violência doméstica pode ser entendida como “todos os atos físicos, sexuais, violência psicológica ou económica que ocorrem dentro da família (pais, irmãos, entre outros) porém mais comum na unidade doméstica (entre ex ou atuais cônjuges)”.

Causas e Origens A violência doméstica é uma expressão de desigualdade de género em relações de poder, estando ligado a problemas de dominação social e controlo financeiro. A situação financeira e o nível de pobreza pode afetar o seu aparecimento, tal como a existência de superioridade masculina, misoginia e desigualdade de gênero na sociedade. O agressor, de forma a manter esse controlo sobre a vítima, usa alguns fatores, abordados na roda de poder e controle, como: o abuso emocional, económico e sexual; o envolvimento de crianças; ameaças e intimidação; uso do privilégio masculino; isolamento social e a culpabilização da vítima. A violência doméstica pode ocorrer tanto por parte de um parceiro íntimo (marido, ex-marido, namorado, ex-namorado) como por parte de outros membros do círculo familiar (como avós, pais, irmãos, tios, primos, entre outros). A violência doméstica, engloba diferentes tipos de violências, diferenciando de vítima em vítima.

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Tipologias e como se manifestam Violência Física →- Abrange qualquer forma de violência física que um agressor pode infligir à vítima. Violência Sexual - Abrange qualquer comportamento em que o agressor força atos sexuais não desejados. Este abuso não se trata de sexo, mas de reividicação de poder. Perseguição→- Abrange qualquer comportamento que visa intimidar a vítima. Violência Financeira -→Abrange qualquer comportamento que mantenha o controle sobre as finanças e dinheiro da vítima. Violência Social -→Abrange qualquer comportamento que pretende controlar a vida social da vítima, incluindo o uso de tecnologia para controlar e perseguir. Violência Psicológica e Emocional - Abrangendo qualquer

comportamento do abusador que visa fazer a vítima sentir-se amedrontada ou inútil procurando controlar a mesma. Este tipo de violência é muito comum, estimando-se ocorrer em 1 a cada 4 mulheres, porém segundo a OMS, a maioria das sobreviventes de violência doméstica, de 55% a 95%, não divulga a agressão ou procura serviços de auxílio. Por ocorrerem em relacionamentos íntimos, muitas vezes não são reconhecidos como violência. Em muitos lugares do mundo, a violação conjugal ainda não é considerada uma violência contra a mulher por se considerar que o marido tem o direito de acesso sexual à sua esposa. A perseguição, também, só recentemente foi reconhecida como uma forma de violência e uma grave ameaça à vítima.

Behind Closed Doors, 1982, Donna Ferrato

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Consequências Físicas e Psicológicas A reação de cada mulher à sua situação de vitimização é única. Estas reações devem ser encaradas como mecanismos de sobrevivência psicológica que, cada uma, aciona de maneira diferente para suportar a vitimização. As consequências desta violência são extensas podendo ser subdivididas em dois tipos: físicas ou psicológicas. A nível físico algumas das consequências que podem ser provocadas, tanto resultado direto das agressões sofridas ou como respostas do corpo ao stress a que a vítima é sujeita, são: tensão arterial alta, perda de energia, dores musculares e dores de cabeça, problemas digestivos, afrontamentos, entre outras.

Relativamente às consequências psicológicas a que as vítimas estam sujeitas perante as agressões sofridas, embora de grande variedade e diferentes intensidades, consistem na diminuição da autoconfiança e confiança nos outros; tristeza ou depressão; nervosismo; ansiedade; pânico; pesadelos e sentimento de culpa. Também as crianças, enquanto vítimas ou testemunhas desta violência, experienciam consequências físicas e psicológicas como: agressividade e ansiedade; insegurança; distúrbios de saúde mental; problemas de atitude e conhecimento na escola; falta de habilidade na resolução de problemas.

“A woman doesn’t go on a first date, get punched in the face, and stay with this person. What happens is very calculating, very slow.” Como erradicar A violência Doméstica, não tem justificação possível, sendo obrigação de todos prevenir este acontecimento, erradicando a intolerância social; conscientizando sobre os seus impactos e promovendo uma cultura livre de violência, de direitos humanos, de igualdade e sem discriminação. Qualquer resposta para erradicar a mesma, só será bem-sucedida se for lidada com a consciência das desigualdades de poder e estereótipos que estão por trás da mesma, no entanto, existem estratégias para erradicar este tipo de violência. Educar e sensibilizar - como forma de erradicar a tolerância social devemos conscientizar as pessoas acerca dos seus impactos e promover uma cultura de não violência, que dá importância aos direitos humanos, à igualdade e não tolera a discriminação. Maior apoio e proteção à Mulher – devemos aumentar o apoio e proteção assim como ampliar e consolidar a intervenção em diferentes situações. É também importante qualificar profissionais e serviços para melhor intervenção e apoio às vítimas. Combater a impunidade – intervir junto dos agressores, promovendo uma cultura de responsabilização destes atos violentos. Incentivar a Denúncia – investigar, monitorar e avaliar as políticas públicas. É importante criar um ambiente seguro para maior denúncia por parte das vítimas, devendo-se apelar à denúncia enquanto direito e responsabilidade da vítima.

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Tiffanny Smith


Image by Peter Devito

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Violência d quotidiano Causas e origens A origem deste tipo de constante discriminação e violência contra as mulheres provém de uma sensação de poder e superioridade perante o sexo feminino que faz parte do dia-a-dia de todas as mulheres. Desde comentários indesejados nas ruas e no trabalho a estereótipos degradantes atribuídos às mulheres, estes são os pensamentos e comportamentos que permitem e contribuem para a propagação de outros atos ainda mais violentos tidos para com as mulheres. Dando destaque à trilogia de Raquel Freire, “Histórias das Mulheres do Meu País”, que conta a história de 12 mulheres incrivelmente diferentes, mas todas unidas por uma causa comum, a luta pelo Feminismo. Tendo em conta a temática, Violência no Quotidiano, torna-se principalmente pertinente o testemunho de Maria do Mar Pereira que, no seu trabalho, procurou expor o preconceito e sexismo presente nas universidades portuguesas, que faz parte do dia-a-dia de muitas jovens mulheres e que não é abordado com a devida gravidade. “Aqui eu só podia existir caladinha”, diz Maria a falar da razão pela qual optou por estudar fora de Portugal. Maria revelou também alguns exemplos de pequenos preconceitos que ainda têm um papel importante e que contribuem para a separação constante entre os sexos desde pequeninos, como por exemplo, a questão do cor de rosa e do azul, que são sempre associados às meninas e meninos, respectivamente, introduzindo assim um pensamento sexista às crianças desde de muito novos.

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Imagen retirada da conta @kierra_sarye (twitter)

A violência do quotidiano trata-se da violência contra as mulheres que é feita no dia-a-dia, e que por mais pequena que seja tem impacto na vida de todas as mulheres.


do Tipologias e como se manifestam Os exemplos deste tipo de violência fazem parte do dia-a-dia de muitas mulheres e abrangem de casos como: Abuso Moral e Sexual no Trabalho: Uma das referências que mais contribuiu para compreender o quão grave este problema realmente é, foi a reportagem feita pela ABC News, “Working women share stories of sexual harassment while on the job”. Através dos testemunhos vítimas compreende-se que não se trata de um comportamento pontual e que ocorre em todo o tipo empregos, desde de empregadas de mesa a camio-

nistas. Estas histórias revelam o desprezo e banalização de quem testemunha, ignorando tais comportamentos. Relativamente às vítimas em si, tendem a ficar em silêncio por vergonha ou medo, e quando finalmente ganham coragem de reportar estes abusos, raramente são tomadas medidas e precauções. Piropos: Através de movimentos como Chega de Fiu Fiu pode-se compreender a gravidade da problemática que é os piropos, muitas vezes banalizados. Abrange todo o tipo de comentários sexu-

ais indesejados e objetificadores de mulheres de diferentes idades, etnias, corpos e sexualidades, com os quais as mulheres são forçadas a lidar no seu quotidiano. Slut/Body Shaming: Dentro desta temática destacou-se principalmente a palestra de Martha Mosse, “The slut, the spinster and the perfect woman”, onde são explicadas as três formas como as mulheres são vistas na sociedade. “The perfect women” consiste na constante pressão para uma mulher cumprir os ideias de beleza que lhe são atribuídos. Consequentemente, the spinster é a recorrente lembrança de que à medida que a idade vai aumentando o seu propósito de ser casada e ter filhos vai se perdendo. Caso não cumpram esses requerimentos como mulher, muito provavelmente é porque na sua adolescência foram sluts, por exemplo, utilizavam roupas inadequadas ou batom vermelho desde novas. Estes tipos de pensamentos junto de imagens irrealistas e extremamente sexuais da figura feminina contribuem para o chamado body shaming e slut shaming, dos quais muitas mulheres e,principalmente, jovens são vítimas diariamente.

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Consequências Físicas e Psicológicas

Fotografia de Rotmi Enciso

As consequências desta violência consistem maioritariamente em consequências sentimentais e emocionais, mas podem também chegar a ter impactos físicos nas mulheres. Na palestra de Renee Engeln, “An epidemic of beauty sickness” é demonstrada como as mulheres e jovens de hoje em dia são constantemente pressionadas a atingir uma beleza ideal. Desde as imagens irrealistas publicadas online e em revistas, aos constantes comentários sexuais e superficiais sobre a aparência física, sendo recorrentemente bombardeadas com a sensação de que o seu papel na sociedade é simplesmente serem bonitas, “Beautiful is the most important, most powerful thing a girl can be”. Para solucionar esta problemática devemos alertar para a necessidade de reflexão e sensibilização do assunto.

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“We want to turn victms into survivors and survivors into thrivers” Tarana Burke

Movimento #Metoo fundado Tarana Burk Movimento #Metoo fundado porpor Tarana Burke

Como erradicar a violência do quotidiano Atualmente, têm sido tomadas várias medidas com o objetivo de erradicar este tipo de violência, desde campanhas e exposição nas redes sociais à lei do piropo. Numa reportagem da BBC news, “Catcalling: Women write in clak to stop street harassment”, é apresentado um movimento que não só pretende expor este tipo de comentários que as mulheres e jovens ouvem diariamente, mas também demonstrar a gravidade da situação, especialmente para aqueles que, por não passarem pelas mesmas experiências, não compreendem o impacto que podem causar na vida de todas as mulheres não sendo uma problemática de todo pontual. Através do uso das redes sociais, estas mulheres conseguiram criar um movimento capaz de chegar a mais pessoas e sensibilizá-las para a situação e permitir que outras vítimas se sintam confortáveis em expor as suas experiências. É importante salientar que cabe à sociedade ser educada para respeitar as mulheres, não sendo obrigação das mulheres aprender a lidar com este tipo de comentários.

Ainda relativamente ao papel das redes sociais sobre esta problemática, temos como exemplo algumas contas de instagram como Feminist, que sendo apenas um exemplo de muitos outros perfis nas redes sociais que procuram promover o feminismo e combater a atual desigualdade para com as mulheres, e ajudar na erradicação da violência contra as mulheres através de publicações com conteúdo informativo e representativo do que as mulheres passam diariamente, contribuem para a sua consciencialização na sociedade. Outra medida que foi tomada foi a Lei contra o Piropo, tirando partido de uma notícia do Diário de Notícias sobre o tema, é fácil compreender as boas intenções ao implementar esta medida de forma a solucionar este problema ainda presente nos dias de hoje, porém são raros os casos onde as consequências são realmente postas em prática, sendo assim um bom ponto de partida para a luta contra a violência sobre as mulheres, porém não sendo o fim desta luta e ainda não se demonstrando como solução.

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Violência Cultural A definição de violência cultural pode ser descrita de diversas formas, mas é essencialmente identificada quando um aspecto inerente a uma certa cultura é utilizado como forma de legitimar violência física, emocional, sexual ou psicológica. O autor John Galtung abordou este conceito de violência cultural e como esta se relaciona com a violência estrutural, exercida por uma estrutura social ou instituição social e com a violência direta. O autor diz que violência cultura faz com que a violência direta e estrutural pareçam aceitáveis, pois muda as ideias de moral e de errado para justificável. Quando a violência é normalizada a realidade torna-se “opaca” às pessoas, de forma a que não se reconheça um ato como violento.

Causas e Origens As causas e origens deste tipo de violência podem variar dependendo do contexto social e cultural na qual está presente. Grande parte das vezes o aparecimento desta violência provém de tradições ou normas sociais associadas a certas culturas, no entanto, a causa e origem dessas tradições pode ser complexa e diferente de caso para caso. A desigualdade de género exacerba os valores e o controlo da liberdade das mulheres e meninas tanto a nível sexual, psicológico ou social. Existem vários tipos realizados ao longo dos anos para tentar compreender as origens das tradições e cultura que propaga a violência contra as mulheres, algumas das conclusões são que o controlo sexual e físico das mulheres tem

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um impacto, a noção de moral que é associada à mulher e às suas ações e corpo. As desigualdades entre classes sociais e a distinção entre as mesmas também tem um papel na prática de certas tradições de violência cultural. Existe também uma pressão a nível social para que essas práticas continuem, para que as mulheres e meninas possam ser “integradas na sociedade”, sendo que muitas vezes quando existem oposições à violência cultural as pessoas são rejeitadas pela própria comunidade. Além de as origens serem bastante complexas por vezes, é a partir delas que podemos compreender como cada tipo de violência cultural se desenvolveu e quais os aspetos chaves que contribuem para a sua propagação e continuação.


Tipologias e como se manifestam Alguns dos exemplos de práticas desta violência são: Femicídios - homicídios que ocorrem com base no género da vítima, ocorrendo no mundo inteiro mas tendo enorme prevalência em países da América Latina. O femicídio geralmente é perpetrado por homens, mas às vezes as mulheres da família podem estar envolvidas. A maioria dos casos de femicídio são cometidos por parceiros ou ex-parceiros e envolvem abuso contínuo em casa, ameaças ou intimidação, violência sexual ou situações em que as mulheres têm menos energia ou menos recursos do que seu parceiro. Outro tipo de violência cultural é a mutilação, que pode ser tanto genital ou noutras partes do corpo e ocorre com base em tradições, muitas vezes como forma de controlar a sexualidade das mulheres e a sua liberdade e mobilidade. Alguns exemplos de mutilação são mutilação genital feminina, que está ligada ao controlo sexual da mulher, ou “breast ironing” que consiste numa prática de mutilação do peito de meninas, com o objetivo de tentar prevenir assédio sexual e atenção masculina. Rape Culture - Ambiente social e cultural que normaliza a violência contra as mulheres de forma sistemática, com maior prevalência nos países menos desenvolvidos, porém, pode-se encontrar presente por todo o mundo. O estigma em relação à violação está presente mesmo dentro de uma cultura que normaliza este ato, levando à culpabilização das vítimas, que para além de não receberem apoio são muitas vezes postas de parte e criticadas, como se a culpa da ocorrência das violações permanecesse nas mulheres. Existem até certas noções culturais dentro da Rape Culture que são altamente perigosas como a

ideia de “violação ser consensual” pela falta de educação acerca do consentimento sexual e pela falta de leis que definem o ato de violação como crime. A influência dos mass media contribuiu também para a normalização da violência contra as mulheres. Trokosi - é um sistema religioso presente em países como o Gana, no qual famílias dão as suas filhas a um santuário para compensar um crime cometido por um membro da família. As meninas e mulheres são obrigadas a realizar trabalho forçado e sofrem de abusos físicos, sexuais e mentais. Os membros da família poderão considerar o ato de obrigar uma menina ou mulher a passar por esse trauma como justificável, pois é feito com o intuito de compensar a falta de moralidade de outra pessoa. Casamento forçado - Consiste no casamento de meninas menores de idade, retirando a sua oportunidade a educação, liberdade e expressão pessoal. O casamento infantil forçado é uma grave violação dos direitos humanos e uma barreira à saúde e ao bem-estar social das meninas. Algumas meninas tão jovens quanto 8 ou 9 são forçadas a trocar a infância por uma vida definida pelo isolamento, violência e doença. Crimes de Honra - Atos violentos que ocorrem quando uma mulher supostamente desonra a sua família. Podem variar desde homicídios, violações, tormentos físicos e psicológicos, entre outros. Este tipo de violência pode ser identificado como femicídio quando ocorre o assassinato de uma mulher. Estes atos são muitas vezes considerados justificáveis pela associação à questão moral, complicando a percepção da violência como um crime ou algo errado.

Breast Ironing, imagens de Gildas Paré

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Consequências Físicas e Psicológicas No que toca a femicídios existem sempre consequências fatais pois resulta na morte da vítima e afeta as famílias que ficam traumatizadas com o assassinato do seu ente querido. A mutilação não tem benefícios para a saúde e prejudica meninas e mulheres de várias maneiras. A mutilação genital, por exemplo, envolve remover o tecido genital feminino saudável e normal, interferindo com as funções dos corpos das meninas e das mulheres. Pode levar a riscos imediatos para a saúde, bem como uma variedade de complicações de longo prazo que afetam a saúde e o bem-estar físico, mental e sexual das mulheres ao longo da vida. Alguns dos efeitos são dor imediata e/ou crónica; hemorragias; infeções gerais; infeções genitais crónicas; infeções urinárias; morte e problemas de saúde mental devido ao trauma. Trokosi tem efeitos traumáticos nas mulheres e meninas, tanto a nível físico como a dor física, mas também a nível psicológico, pois o trauma dos acontecimentos a que são sujeitas podem levar ao desenvolvimento de stress pós traumático, depressão e ansiedade. O casamento forçado tem consequências graves pois impede as meninas de seguirem com a sua educação e retira-lhes qualquer tipo de liberdade e poder de escolha que deveriam de ter, resultando mais uma vez em traumas psicológicos, depressão, ansiedade ou danos físicos visto que muitas vezes as meninas sofrem de violência doméstica simultaneamente. É uma violação dos direitos humanos que tem um efeito extremamente negativo na vida das meninas e na sociedade ao continuar a proibir a independência e educação a que elas têm direito.

“I was only 10 or 11 years old, when my father decided to circumcise me.” Purity Soinato Oiyie

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De forma a Erradicar Ao longo dos anos foram desenvolvidas diferentes estratégias para erradicar cada tipo de violência cultural, além de no final muitas delas estarem interligadas. No que toca ao femicídio tem de se fortalecer a vigilância e triagem de feminicídios e violência íntima e encorajar a uma conscientização da população, da polícia e das equipes de saúde. Outras estratégias são: intervir em casos de violência íntima visto que estes levam em grande parte à ocorrência de femicídios; criar leis mais rígidas sobre armas e fortalecer a vigilância, pesquisa, leis e conscientização sobre assassinatos em nome da ‘honra’. Em relação ao casamento forçado é importante aumentar a conscientização e o compromisso entre pais, professores, líderes religiosos e outros adultos influentes para erradicar o casamento infantil forçado e trabalhar com jovens para prevenir o casamento infantil forçado. Finalmente, qualquer esforço que vise acabar com o casamento infantil forçado deve abordar como fortalecer as meninas programas de educação para garantir que as meninas permaneçam na escola e aprendam o suficiente para os pais considerarem isso vale a pena adiar seu casamento. A educação é o fator mais importante associado a meninas que se casam antes dos 18 anos, de acordo com um estudo do ICRW de 2007. Os esforços para eliminar a mutilação genital feminina concentram-se no: fortalecimento da resposta do setor de saúde; gerar conhecimento sobre as causas, consequências e custos da prática, incluindo como abandonar a prática, e como cuidar de quem vivenciou a MGF e desenvolver ferramentas de advocacia a nível internacional, regional e esforços locais para acabar com a MGF, incluindo ferramentas para formuladores de políticas e defensores para estimar a saúde. Nos outros tipos de violência as estratégias são algo semelhante. O aspeto que vemos em comum na erradicação de qualquer tipo de violência cultural é a importância da educação. Educação para as mulheres para que estas possam ser independentes e para eliminar as desigualdades; Educação dos profissionais de saúde, polícia e do sistema legal; Educação das comunidades para que as pessoas compreendam a gravidade dos diferentes tipos de violência.


“Change cannot come from talking to the converted in conference rooms. We must work with religious and traditional leaders, communities of men, boys and parents who think differently.” Jaha Dukureh

Mariana’s Parents in their home , pais de uma vítima de femicídio Image via VICE NEWS

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Violência Ps e Emocional Segundo a Ordem Dos Psicólogos, a violência emocional e a violência psicológica correspondem a um conjunto de atos verbais e não verbais, repetidos ou isolados, usados com a finalidade de causar dano ou sofrimento emocional e psicológico na vítima, sendo que os agressores são maioritariamente indivíduos próximos da mesma, ocorrendo com maior incidência em relações de intimidade. Portanto, existe uma maior prevalência nos casos em que o agressor é o parceiro/a, embora também possam ser um colega de trabalho, chefe, familiar, amigo, entre outros.

Causas e origens A sua origem e causa, surge da necessidade de controlo e senso de poder por parte do agressor sob a vítima, devido à noção de papéis de género estereotipados que promovem a desigualdade entre os sexos, contribuindo para a desumanização e objetificação do outro, onde quem agride não perceciona a vítima como alguém “igual”, sem autonomia, escolhas e decisões, emoções e necessidades, sentido-se superior. Também poderá ser consequência de falta de autoestima por parte do agressor ou devido ao facto da ideia de poder e autoridade lhe proporcionar satisfação. Tendencialmente, estes comportamentos são aprendidos e experienciados em situações familiares, com influências sociais ou culturais, sendo que esses parâmetros não justificam o uso de comportamento violento, dado que é uma decisão toma-

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da pelo abusador. Este poderia ter quebrado o ciclo em vez de lhe proporcionar continuação e é de extrema pertinência relembrar que este tipo de violência não é justificável. Existem também alguns aspetos que podem atenuar estes comportamentos e tendências tais como o consumo de substâncias psicoativas, embora não sendo a principal causa de tal. Consequentemente, são desenvolvidas diversas táticas abusivas que desconstroem fatores igualitários existentes na relação, com o intuito de persuadir o seu parceiro a acreditar que é inferior, gerando esta dinâmica de poder desproporcional entre ambos os indivíduos, tal como é descrito na Power and Control Wheel (Roda do Poder e Controlo), desenvolvida pela National Center on Domestic and Sexual Violence.


sicológica l Tipologias e como se manifestam

“It was much easier to explain the veil than to answer questions about the wounds.” Pawan Mishra

Gerolamo Auricchio/EyeEm, via Getty Images

A violência emocional e psicológica pode ser manifestada de várias formas. Segundo a Ordem dos Psicólogos, dentro dos inúmeros comportamentos abusivos, os mais comuns são exibidos através da desvalorização da vítima, dos seus interesses, sentimentos e pensamentos, da intimidação e humilhação da mesma, do uso de termos ofensivos (abuso verbal), danos de propriedade, uso de animais e crianças como tática de manipulação, controlo coercivo/extremo em várias áreas da sua vida pessoal, retirando-lhe qualquer senso de independência, difamação, perseguição e isolação propositada. Dentro do vasto leque de táticas manipulativas usadas, uma das que mais se destaca é o “Gaslighting”, cujo termo surgiu após a apresentação da peça que deu origem às duas adaptações cinemáticas, com o mesmo nome, Gaslighting 1940 e 1944. Segundo diversos estudos tais como o The Sociology of Gaslighting de Paige L. Sweet, para a American Sociological Association (2019) esta tática manipulativa consiste princi-

palmente na distorção da realidade e percepção da vítima, fazendo com que esta questione a sua sanidade, pensamento crítico e memória, gerando sentimentos depressivos e de grande ansiedade e insegurança, causando uma forte dependência no agressor. É bastante difícil de identificar e existem diferentes tipologias da mesma, manifestando-se através da negação da existência de eventos por parte de quem abusa, da descredibilização dos pensamentos da vítima e do uso estratégico de estereótipos contra a mesma. Algumas estratégias tais como, constantemente registar acontecimentos (através de fotografias, gravações, diário, etc.) para comprovar os mesmos e recolher provas, mantendo estas num sítio em que o agressor não tenha acesso, falar com alguém de confiança e mandar estes registos à mesma, arranjar um segundo telemóvel e exercer um plano e uma mochila de emergência no caso de fuga, podem ajudar no combate a este tipo de abuso.

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Consequências Físicas e Psicológicas

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explosões de raiva/surtos de irritabilidade, distúrbios alimentares, entre outros. As consequências provocadas afetam por completo a vida de quem é afetado e a sua segurança. É por isso, importante destacar o facto de que a culpa nunca é da vítima e de que estes tipos de violência não são “menores” em comparação aos demais. Ao aprender a identificar alguns dos sinais desta violência, poderá ser possível minimizar os danos causados, sendo então alguns destes : Controlo excessivo/coercivo por parte do agressor, este dizer o que deve vestir/ não vestir; justificações constantes sobre onde esteve/o que fez; definir com quem pode e não estar; aceder a contas pessoais/ telemóvel, etc.; diversas ameaças e tentativas de manipulação, isolamento e intimidação; insultar e desprezar.

I’M TIRED, imagem de Paula Akpan and Harriet Evans

Tal como é indicado pela Ordem dos Psicólogos no artigo Covid-19: Violência Emocional e Psicológica e em The Impact of Different Forms of Psychological Abuse on Battered Women, de Leslie A. (1999) , existem diversas consequências causadas por estes tipos de violência, sendo algumas de curto prazo, como o surgimento de sentimentos de desespero e vergonha, medo e confusão, tensão muscular e dor nas articulações, dificuldade de concentração, entre outras. Porém, alguns efeitos são de longo prazo, onde as vítimas podem desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, PTSD e insónia, insegurança e isolação assim como sentimentos de culpa e desconfiança, grande dificuldade em confiar nos outros e em estabelecer relações. Também poderá causar outros efeitos como a dor crónica, profunda falta de autoestima, pensamentos intrusivos e


Protestantes egípcios durante um protesto no Cairo contra o abuso sexual 12/02/2013, Imagem de Khaled Desoukiafp.

“It’s important to work individually while working collectively to heal and transform our society.” Aishah Shahidah

Soluções e medidas De acordo com dois artigos da World Health Organization e com a TED Talk apresentada pela Dra. Alice Han, algumas das medidas de prevenção e intervenção para erradicar estes comportamentos abusivos, é através da promoção da igualdade de género, da criação de procedimentos estipulados/ formação indicada para apoio de vítimas de violência psicológica e emocional dada às autoridades competentes e profissionais de saúde, sendo estes dos primeiros a ter contacto com as vítimas. Também é pertinente uma maior divulgação de informação acerca das suas tipologias/ sinais e reconhecimento destes tipos de violência. Tal como na erradicação da violência de género no geral, é importante a sensibilização/educação dos mais novos para evitar novos ciclos de abuso e um acesso mais facilitado a associações que possam prestar auxílio. Duas figuras femininas de destaque no combate à violência de género são Maria José Magalhães, presidente da UMAR e a psicóloga e ativista Aaronette White.

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Violência F e Sexual Violência Sexual entende-se por qualquer ato de abuso sexual, desde violação na qual o agressor força atos sexuais não desejados, a mutilação genital, e a violência física entende-se por qualquer forma de violência infligida na vítima, desde maus tratos físicos ao femicídio.

“If you are silent about your pain, they’ll kill you and say you enjoyed it.” Zora Neale Hurston

Causas e Origens As causas e origens por detrás deste tipo de violência partem do mesmo princípio de uma sensação de poder sobre o outro, mas que neste caso chega a existir agressão seja esta física ou sexual, desde maus tratos físicos e violação ao feminicídio. Algumas das referências importantes mencionar são o artigo jornalístico da revista Máxima, que explica claramente todo o que está por detrás de todos os tipos de violência contra as mulheres, e o artigo da WHO, World Health Organization, “Violence Against Women”, que explica ao pormenor não só as causas e consequências destes acontecimentos, mas que tambem aborda e expõe uma grande variedade de exemplos de violência contra as mulheres.

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Física Tipologias e como se manifestam Alguns dos exemplos desta violência são a ofensa à integridade Física; o Femicídio ,definido como um homicídio baseado no género da vítima; Maus tratos físicos; Mutilação Genital; Sequestro e Violação. Sendo este último exemplo uma das formas de violência mais recorrentes, é importante mencionar filmes documentais como o The Hunting Ground de Kirby Dick. Neste documentário, são expostos os casos frequentes de violência sexual que se davam nos campos universitários nos Estados Unidos da América, sendo estes espaços, como o título propõe, o “hunting ground”. Este filme é um excelente de exemplo do impacto da violência sexual, e a indiferença com que é tratada pelas instituições

universitárias, sendo o agressor escondido ou as vítimas ameaças em muitos dos casos. Esta negligência por parte das instituições levou os estudantes e vítimas destes crimes a agirem perante o problema, como a fotografia demonstra. Sendo a parte mais chocante deste documentário, a perceção de que a maioria dos agressores eram outros estudantes universitários, que fazem parte de uma geração que à partida estaria mais sensibilizada para a questão da discriminação e agressão para com as mulheres. Esta perspetiva rapidamente muda ao ouvir um destes alunos numa entrevista em relação ao tema dizer “just because a women said no and you have sex, are you really a rapist?”, o que só demonstra que este problema não está ultrapassado e que ainda está na nossa sociedade.

Fields of Light Photography

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“I want women to know that they deserve a life of respect, dignity and freedom.” Samra’s #SurvivorStories

Consequências Físicas e Emocionais

Soluções e Medidas

Existe geralmente, um conjunto de consequências de carácter psicológico, físico e social que se manifestam após a vitimização. Os efeitos físicos incluem não apenas os resultados diretos das agressões sofridas pela vítima (fraturas, hematomas), mas também consequências do stress a que é sujeita. As consequências podem variar desde medo diário, insegurança, nervosismo, ansiedade e pânico, sentimentos de culpa, tensão arterial alta ou eventual trauma. Estas consequências podem por vezes surgir também da conciliação de vários tipo de violência a que a vítima é sujeita, sendo muitas vezes vítimas de mias do que uma violência.

Embora um percurso longo, a erradicação desta violência deve ser impulsionada através da incentiva à denúncia; o combate à impunidade dos agressores e a educação e sensibilização da problemática. Alguns exemplos de movimentos e mulheres que têm impactado positivamente esta luta são, por exemplo, o movimento #MeToo. Tarana Burke, fundadora deste movimento, tem como objetivo acabar com o poder e privilégio que o sexo masculino tem sobre as mulheres, salientando que este movimento não é contra aos homens, de como tem sido acusado, mas sim contra a violência e a favor das pessoas, em especial de todas as vítimas de assédio sexual, maioritariamente mulheres. Cheryl Araújo, foi vítima de uma das agressões sexuais mais divulgadas da década de 1980. A 6 de Março, Araújo entrou num bar para comprar cigarros. Ao sair do bar, um homem agarrou-a por trás, acabando a ser violada em grupo (gang rape) enquanto outros olhavam. Apenas passado mais de duas horas é que Araújo conseguiu escapar sendo acolhida por três homens que a ajudaram. Quatro homens, foram acusados de agredir Araújo. Outros dois, foram acusados de incitar a violação e impedir que o barman interferisse. Os quatro acusados foram condenados a cumprir entre 6 e 12 anos de prisão, embora os restantes foram absolvidos. O julgamento dos violadores de Cheryl Araújo, foi notável por ser o primeiro caso judicial desse tipo a ser televisionado, chamando atenção à problemática e tornando-se notícia nacional.

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EXISTE NA SOCIEDADE ATUAL LUGAR PARA A MULHER NO DESIGN? Notícia ENCICLOPÉDIA DE MULHERES — PERCURSOS

Que métodos historiográficos são esses? Através do sistema patriocal e na construção do que é constantemente feminino, a sociedade foi afastando as mulheres de muitas partes da vida profissional. Este sistema considera que as mulheres têm características próprias do seu género que determinam a sua habilidade no campo do design.

O evento, organizado pelos professores da unidade curricular de Design de Comunicação II da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, visa à reflexão sobre o feminismo e a sua interseção com o campo do Design de Comunicação através de cinco testemunhos autónomos transmitidas via live Como convidada da 5ª e última palestra, Isabel Duarstreaming, que partilham as suas experiências e inquietações te é designer de comunicação, natural do Porto e a viver face à presença da mulher na sociedade contemporânea. e trabalhar em Londres desde 2011, onde tem trabalhado maioritariamente design editorial. Fez parte da equipa de design de revistas como Eye, ArtReview e ArtReviewAsia e do jornal The Telegraph. Depois de se aperceber da constante de trabalhar sempre em estúdios dirigidos por designers do sexo masculino, levou a questionar-se do motivo de não haver mais mulheres a exercer cargos elevados no design. Por esse motivo, juntamente com Olinda Martins tem vindo a desenvolver, “Women have been involved with design in a com a bolsa Criatório, o projeto Errata (“de forma a propor variety of ways. Yet a survey of the literature uma errata à história”). of design history, theory, and practice would Numa revisão feminista à história do design gráfico porlead one to believe otherwise. Women’s in- tuguês, Isabel tem como objetivo dar visibilidade ao trabae histórias de mulheres designers e descobrir as razões terventions, both past and present, are con- lho para o seu esquecimento e de alguma forma evitar omissistently ignored. (...) these silences are not sões semelhantes no futuro. Esta revisão culmina numa accidental and haphazard; rather they are exposição com trabalhos de quatro mulheres designers the direct consequence of specific historio- portuguesas do século XX, Maria Keil (1914-2012); Alda Rosa (1926); Cristina Reis (1945); e Cândida Teresa Ruivo graphic methods.” (1955), que será apresentada a 27 de agosto de 2021 no GaCheryl Buckley, Made in Patriarchy: Towards a Feminist Analysis of binete Gráfico do Museu da Cidade do Porto.

MULHER NO DESIGN

Por que razão são as mulheres raramente mencionadas na história do design?

Women and design, 1986.

Designers Portguesas: Maria Keil, Alda Rosa, Cristina Reis e Cândida Teresa Ruivo (esquerda para a direita)

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